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BARROCO: COLEÇÃO ANGELA GUTIERREZ

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Shirlene Vila Arruda - Bibliotecária)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLAOrganização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

Barroco: coleção Angela Gutierrez / Instituto Arte na Escola ; autoria de Elaine Schmidlin ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2010.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 144)

Foco: CT-B-14/2010 Conexões TransdisciplinaresContém: 1 DVD ; Biografias; Glossário ; BibliografiaISBN 978-85-7762-049-4

1. Artes - Estudo e ensino 2. Arte barroca - Brasil 3. Barroco mineiro 4. Arte sacra 5. Coleção de arte I. Schmidlin, Elaine II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

BARROCO: COLEÇÃO ANGELA GUTIERREZCopyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Elaine Schmidlin

Revisão de textos: Nelson Luis Barbosa

Padronização bibliográfica: Shirlene Vila Arruda

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Cesar Millan de Brito

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

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DVDBARROCO: COLEÇÃO ANGELA GUTIERREZ

Ficha técnicaGênero: Documentário.

Palavras-chave: Escultura; literatura; mobiliário; coleção; mu-seu; restauração; formação de público; história do Brasil; arte barroca brasileira; arte sacra; heranças culturais; preservação e memória.

Foco: Conexões Transdisciplinares

Tema: O barroco no Brasil apresentado a partir da coleção privada da colecionadora Angela Gutierrez.

Personalidades abordadas: Angela Gutierrez, Affonso Roma-no de Sant’Anna, Aleijadinho, Ariano Suassuna, José Alberto Nemer, Manoel da Costa Athaide, entre outros.

Indicação: A partir do 6º ano do Ensino Fundamental.

Nº da categoria: CT-B-14

Direção: Zelito Viana.

Realização/Produção: Mapa Filmes, Rio de Janeiro.

Ano de produção: 2004.

Duração: 24’.

Coleção/Série: Arte para todos.

SinopseAs esculturas religiosas de Santanas são mostradas neste do-cumentário pela colecionadora Angela Gutierrez, que ressalta a importância da preservação e exibição desse acervo ao público. São peças que contam a história da arte barroca brasileira por um olhar sensível às narrativas religiosas da fé católica e aos costumes de uma época. Os poetas Ariano Suassuna e Affonso Romano de Sant’Anna valorizam a cultura brasileira e a alma barroca presentes em nossa arte. Assim, este documentário

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mostra como se formam os acervos de colecionadores, as escolhas e motivações para aquisições de peças.

Trama inventivaPonto de contato, conexão, enlaçado em Os olhos da Arte com um outro território provocando novas zonas de contágio e reflexão. Abertura para atravessar e ultrapassar saberes: olhar transdisciplinar. A arte se põe a dialogar, a fazer contato, a contaminar temáticas, fatos e conteúdos. Nessa intersecção, arte e outros saberes se alimentam mutuamente, ora se com-plementando, ora se tensionando, ora acrescentando, uns aos outros, novas significações. A arte, ao abordar e abraçar, com imagens visionárias, questões tão diversas como a ecologia, a política, a ciência, a tecnologia, a geometria, a mídia, o incons-ciente coletivo, a sexualidade, as relações sociais, a ética, entre tantas outras, permite que na cartografia proposta se desloque o documentário para o território das Conexões Transdisciplinares. Que sejam estas então: livres, inúmeras e arriscadas.

O passeio da câmeraO documentário inicia com um trecho do filme Aula espetáculo, de Vladimir Carvalho, em que Ariano Suassuna faz reflexões sobre o cartaz de uma exposição ocorrida no Museu de Arte de São Paulo (Masp). Imagens de santos barrocos mineiros in-troduzem o depoimento do professor de História Chico Alencar, comentando sobre o século XVIII na região de Minas Gerais. Imagens de Mestre Athaide e de igrejas barrocas antecedem o depoimento do crítico de arte Angelo Oswaldo, falando sobre o surgimento do barroco na Europa e no Brasil. O poeta Affonso Romano de Sant’Anna comenta sobre nossas raízes barrocas na arquitetura brasileira. Músicas populares e eruditas acentuam a “alma barroca” ao longo de todo o documentário.

A imagem de Ouro Preto/MG inicia a apresentação de Angelo Oswaldo no Museu do Oratório, apresentando as coleções de santos e oratórios barrocos. A colecionadora Angela Gutierrez

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fala sobre as relações que as peças de sua coleção despertam no observador. Chico Alencar comenta sobre a sociedade bra-sileira da época; e o artista plástico José Alberto Nemer fala sobre a importância social do colecionador. A apresentação da coleção de Santanas pela colecionadora Angela Gutierrez e imagens do Museu de Artes e Ofícios (MAO) de Belo Horizonte, numa antiga estação rodoviária, abrem o depoimento de Angelo Oswaldo historiando a fundação do museu e de seu acervo. Angela Gutierrez nos mostra sua fazenda em Inhaúma/MG com peças que exibem as formas de trabalho do Brasil daquela época, intercaladas a outros depoimentos sobre o barroco mineiro e o sentido de preservação e memória.

A música Se eu quiser falar com Deus, de Gilberto Gil, e as imagens de 1978 de Pedro de Moraes no filme de Joaquim Pedro de Andrade, O Aleijadinho, finalizam o documentário com a voz do diretor do documentário Zelito Viana pedindo nossa atenção para a beleza da luz, o rigor do enquadramento e a su-tileza dos movimentos desses planos fílmicos. Esses aspectos podem ser ampliados no foco das Linguagens Artísticas e em Forma-Conteúdo. As questões referentes a preservação cultu-ral, memória, história e sociedade presentes no documentário podem ser aprofundadas com foco em Patrimônio Cultural e Conexões Transdisciplinares, além dos territórios de Mediação Cultural e Saberes Estéticos e Culturais.

Os olhos da ArteO barroco surgiu na Itália no final do século XVI, repercutiu em toda a Europa e nas Américas durante os séculos XVII e XVIII. Chega ao Brasil por meio das ordens religiosas, especialmente dos jesuítas, franciscanos e beneditinos, no início do século XVII e teve seu apogeu no século XVIII em Minas Gerais, decorrente especialmente da riqueza do ouro e de diamantes nessa região. As igrejas impressionavam os fiéis fortalecendo a catequização e formando uma cultura colonial. Caracteriza-se pela dramaticidade das linhas curvas em oposição à forma retilínea e racional do período neoclássico.

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Aleijadinho - O carregamento da cruz, 1796-1799 (obra integrante da Via Crucis)madeira policromada Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas do Campo/MG

Mestre Athaide - A última ceia, 1828óleo sobre telaSantuário do Caraça, Santa Bárbara/MG

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Segundo Affonso Romano de Sant’Anna, o barroco brasileiro poderia ser uma relação entre o civilizado racional e o selvagem que só acentuaria a “alma barroca” na arquitetura e nas artes. A sinuosidade da linha curva e a “mão africana” no gesto do barroco encontram-se no trabalho escultórico de Antônio Fran-cisco Lisboa, o Aleijadinho, filho de escrava africana e arquiteto português. Na pintura, o barroco atinge a plenitude no trabalho de Manoel da Costa Athaide, o Mestre Athaide.

Hoje podemos encontrar peças barrocas originais graças ao trabalho também desenvolvido por colecionadores como Angela Gutierrez, trazendo a questão da importância da preservação e da memória para o patrimônio cultural. No documentário, o artista plástico José Alberto Nemer comenta sobre a importância social do olhar etnológico do colecionador. A coleção iconográfica de 240 Santanas do século XVII a XIX, pertencente à colecionadora Angela Gutierrez, revela uma for-ma de ordenamento que aponta as raízes culturais, religiosas e sociais presentes em momentos históricos diversos. Com familiaridade sobre o tema, a colecionadora fala de sua devoção a Santana, protetora da família e da fecundidade, salientando a feminilidade de suas vestimentas e a forma como é concebida em suas estruturas formais. Uma estrutura que revela uma prática cultural e religiosa que se impregna nas peças e retorna na linguagem do discurso museográfico

O olhar sensível é revelado pelo recorte da coleção realizado pela colecionadora

Angela Gutierrez que comenta: aprendeu a colecionar com seu pai, Flávio Gutierrez, que a ensinou a coletar buscando quase arqueologicamente nas fazendas de Minas Gerais as peças para sua coleção. Coletar, ordenar, colecionar e narrar torna-se uma complementaridade que desvela o discurso da memória e da preservação patrimonial que, com o recorte, aponta também para uma relação sensível e afetiva.

Nos passos iniciados por seu pai, Angela formou ainda a maior coleção de oratórios coloniais (veja o documentário Oratórios de Minas na DVDteca Arte na Escola) com mais de 300 peças.

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Não os guardou em casa. Construiu, em Ouro Preto, o Museu do Oratório e doou todas as peças ao patrimônio público.

A importância dos colecionadores para a preservação do patrimônio cultural assume diferentes formas em cada mo-mento histórico, compondo um complexo sistema de marcas definidoras da identidade cultural humana. Além da forma de trabalho da época colonial brasileira, as peças da coleção de Angela Gutierrez revelam,ainda um tempo histórico pontuando relações de gênero, desvelando posicionamentos femininos e o trabalho escravo no âmago daquela sociedade. As relações entre espectador e coleção despertam memórias afetivas e pos-sibilitam refletir sobre traços culturais em diversas sociedades. O sentido de coletar passa também a ser o de falar, que remete a experiências de linguagem reveladoras de práticas sociais em seu sentido originário.

Todo objeto ou coleção de objetos cujo valor simbólico ultrapassa seu sentido funcional passa a ser considerado patrimônio cultural, como é o caso da coleção de Santanas de Angela Gutierrez.

Para Fernando Magalhães, o conceito de patrimônio é atado à questão da memória que dá corpo ao sentimento de pertenci-mento. Nas sociedades moderna e pós-moderna caracteriza-das pela efemeridade, pela produção e destruição de bens, a preservação do patrimônio se tornou um importante meio de transmissão e conservação da memória cultural e social. A educação patrimonial inserida na escola é uma realidade que merece ser observada com um olhar estendido não só para as grandes obras, mas para tudo o que envolve a preservação e a memória do cotidiano, também escolar.

O passeio dos olhos do professorCom a plasticidade de suas imagens e os depoimentos de agentes culturais, o documentário sugere uma série de pos-sibilidades de experimentações poéticas com enfoque na co-leção, na memória e preservação do patrimônio cultural. Seria interessante registrar as impressões em um diário de bordo

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antes do planejamento pedagógico. Para tanto, sugerimos uma pauta do olhar.

Como o documentário toca você?

Que perguntas e questionamentos sobre arte barroca foram instigados pelo documentário?

Os depoimentos dos agentes culturais disponibilizados no DVD podem sugerir alguma proposta pedagógica?

O que você conhece sobre imagens sacras? Existem imagens sacras em sua casa? E na casa de seus alunos?

O diretor do documentário aponta uma série de possibilidades relativas à linguagem do DVD. Como você observa isso ao assistir ao documentário?

Como a música se torna um componente estético da própria linguagem do DVD?

No depoimento da colecionadora percebemos sua relação de familiaridade com os objetos de sua coleção. O que você pode destacar na sua relação com os objetos da coleção?

José Alberto Nemer fala sobre a importância do olhar social do colecionador. Como você abordaria essa questão?

Para você, que aspectos dos diferentes comentários sobre o barroco e a arte sacra podem ser abordados nos territórios de Patrimônio Cultural e Conexões Transdisciplinares?

Após apreciação e registro do documentário em seu diário de bordo, amplie seus focos revendo suas anotações e proponha uma pauta do olhar para os seus alunos.

Percursos com desafios estéticos

O passeio dos olhos dos alunosAlgumas possibilidades de entrada no documentário:

Antes da exibição do documentário, como proposição

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pedagógica, você pode instigar o olhar do seu aluno para o documentário com propostas de experimentações a partir de suas próprias anotações no diário de bordo e das sugestões do mapa potencial. O enfoque contextual e a problematiza-ção de conceitos trazidos pelo mapa e por suas anotações são essenciais para impulsionar o aluno para as ações a serem desenvolvidas após a apreciação do documentário. As sugestões apresentadas são propostas que podem ser ampliadas ou mesmo reinventadas.

As coleções são abordadas no documentário como forma de registro da memória barroca. O que seus alunos colecionam? Figurinhas, tampas de garrafa, pedrinhas? Outros objetos? Você pode problematizar esse conceito buscando também o sentido da coleta como forma de organizar uma coleção. Coletar e categorizar objetos podem ser um exercício interessante. Para viver a experiência de um colecionador os alunos podem escolher algo do cotidiano e com estes objetos coletados buscar critérios para o desenvolvimento de possíveis coleções. Esta ação pode instigar o olhar deles para a exibição do documentário a partir da apresentação da coleção de Santanas pela colecionadora Angela Gutierrez, junto com imagens do Museu de Artes e Ofícios de Belo Horizonte.

Seus alunos costumam participar de rituais religiosos? Quais são os seus objetos de crenças e de crendices? Há um lugar especial, “cantinhos” de religiosidade em suas casas para esses objetos? Essas questões podem desencadear uma conversa com eles para gerar uma proposta de criação de um “canto” coletivo a ser construído na sala de aula para abrigar os objetos que os alunos trouxerem de casa. No espaço criado, quais objetos chamam mais a atenção? A qual imagética religiosa pertencem? A leitura do “canto” pode ser uma preparação para a exibição do documentário.

O que sabem os alunos sobre preservação e memória? Proponha uma investigação sobre esse assunto, problemati-zando: quais são os diferentes métodos de conservação e de

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restauro utilizados para tratar materiais diversos, como papel, madeira, tecido, entre outros? Quais os diversos fatores de risco e as medidas que devem ser adotadas para sua prote-ção? O resultado da pesquisa pode ser socializado por meio de painéis, movendo uma conversa sobre as descobertas dos procedimentos específicos da conservação e restauro. Em seguida, exiba o segundo bloco do documentário, quando o restaurador Adriano Ramos fala sobre sua profissão e sobre as viagens das peças do museu. Ele diz que o restaurador é “um médico”. Os alunos concordam ou não com isso? Sustentam ou defendem quais pontos de vista?

Para a exibição do documentário, oriente os alunos para, com papel e lápis na mão, anotarem tudo o que acharem mais interessante, o que lhes chamar a atenção, o que lhes causar estranhamento. Após a exibição, para socializar es-sas impressões, proponha um mapeamento a ser feito em grupo. Na leitura do mapeamento, quais são as impressões semelhantes e quais as diferentes? Dessa percepção, o que suscita neles interesses e ideias para continuar um projeto a partir do documentário?

Desvelando a poética pessoalO documentário impulsiona o olhar sensível para a poética barroca. As linhas curvas são a essência desse processo. No documentário, a colecionadora Angela Gutierrez conta com sensibilidade sobre sua relação com as peças de sua coleção comentando seu processo de coleta e organização. Essas ques-tões podem ser geradoras de experimentações de processos de criação reveladoras de poéticas pessoais.

Conheça com seus alunos o trabalho de um colecionador em sua cidade e/ou local. Procurem prestar atenção nas relações sensíveis que envolvem a construção das coleções. Pesquisar como se dá o processo da coleção é importante por envolver a coleta, a categorização e o sistema discursivo de práticas culturais e sociais. Descobrir em sua cidade objetos

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criação de instituições

política cultural

cinema

espaços sociais do saber

agentes

bens simbólicos

bens patrimoniais materiais;museu; cultura brasileira

PatrimônioCultural

preservação e memória

linguagensconvergentes

qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

Forma - Conteúdo

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

Linguagens Artísticas

história do Brasil, cidades, geografia, iconografia religiosa,contexto cultural e político, questões étnicas

meiostradicionais

artesvisuais

linha, forma, luz e sombra

arte barroca brasileira; arte sacra

elementos davisualidade

BARROCO: COLEÇÃO ÂNGELA GUTIERREZ

escultura, pintura, fotografia, cinema, literatura, música

moda, arquitetura, mobiliário

acervo, restauração, coleção, políticas culturais, heranças culturais

formação de público MediaçãoCultural

experiência estética

colecionador, crítico de arte, diretor de museu, obra

Museu do Oratório, Museu de Artes e Ofícios

ilusão de profundidade, dramaticidade, movimento; tridimensionalidade

temáticas

religiosa, trabalho, universo feminino

relações entre elementosda visualidade

elementos da visualidade

ângulos, enquadramento, movimento da câmera, planos

Linguagens artísticas Av_meios tradicionais: escultura; pintura; fotografia; cinema; literatura; música;linguagens convergentes: moda; arquitetura; mobiliário

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que possam revelar traços culturais pode ser uma maneira propositora de coleções diversas. Instigar o olhar sensível ao objeto cotidiano pode ser provocador de uma poética pessoal. O registro das peças em fotografias ou mesmo em forma de instalação pode ser uma maneira poética reveladora de sentidos diversos.

Um passeio pela sua cidade e/ou local pode sugerir um movimento de busca do olhar, a sinuosidade da linha, as sensações e percepções singulares. Que tal parar junto a uma praça ou outro lugar para registros em desenhos que busquem indicar as linhas curvas na paisagem urbana. Os esboços podem ser revisitados em sala de aula em um grande painel que pode revelar a cidade de forma imaginária. Após assistirem ao documentário, com um olhar mais aguçado os alunos podem procurar traços barrocos na arquitetura religiosa, estabelecimentos comerciais etc. A reinvenção dos desenhos ou registro fotográfico, esboços, ou outras formas poéticas pode ser experimentada em uma série de exercícios.

Ampliando o olharNesta proposição cabe a ampliação de assuntos já tratados ante-riormente, propondo novas trilhas nos caminhos pedagógicos.

Uma visita ao site Santanas – coleção Angela Gutierrez para ver as fotos das imagens da coleção de Santanas pode provocar exercícios de olhar, de percepção e desenho. São observações que ampliam leituras, maneiras de ver e ser; permitem conversar para entender as manifestações culturais e como se veem o sagrado e o profano na sala de aula, na escola, na comunidade.

Na comunidade, de forma geral, podemos encontrar críticos de arte, artistas plásticos, professores, poetas, colecionado-res. Propor aos alunos conhecer os lugares onde trabalham essas pessoas ligadas à arte seria uma forma de ampliação dos conhecimentos sobre o trabalho desenvolvido por eles.

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Agendar visitas a ateliês de artistas plásticos, observar o trabalho do colecionador em museus ou outros locais, co-nhecer trabalhos de críticos de arte também encontrados em jornais ou catálogos de exposição são ações propositoras de novos trajetos pedagógicos. Os depoimentos de agentes culturais como crítico de arte, artista plástico, colecionador, mostrados no documentário, podem ser ampliados com ex-periências vivenciadas no cotidiano escolar. Que tal propor ações a serem experimentadas com a forma de trabalho de cada um deles? Organizar coleções, comentar sobre a forma da organização estética, propor uma ação educativa a partir das coleções podem ser maneiras de apropriação ampliada do conhecimento.

O foco das linguagens artísticas, como a escultura, pode ser uma proposição interessante na ampliação de repertório. No documentário são apresentadas esculturas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, hoje consideradas Patrimônio Cultural da Humanidade. A mestiçagem de Aleijadinho, mulato brasileiro, pode ser visualizada em suas obras como um pro-duto branco e negro, uma relação ao mesmo tempo erudita e popular, como comenta Chico Alencar no documentário. Ofereça aos alunos imagens de esculturas de Aleijadinho. O que eles percebem nelas em relação à linguagem do barroco? Depois da leitura, os alunos podem criar com argila as formas sinuosas e rebuscadas do barroco brasileiro na recriação de oratórios e santos.

Consulte na DVDteca Arte na Escola o documentário Oratórios de Minas, que apresenta o Museu do Oratório, em Ouro Preto/MG, seu acervo também da colecionadora Angela Gutierrez, o trabalho de conservação e restauro e os contextos culturais e sociais dos oratórios. Em que este documentário modifica o modo de pensar dos alunos sobre o barroco e a arte sacra? Que conexões eles fazem entre os dois documentários exibidos?

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Conhecendo pela pesquisaA apreciação do documentário pode instigar pesquisas em di-versos territórios sobre arte e cultura que você pode encontrar no mapa potencial. Suas anotações no diário de bordo podem também sugerir trajetos com a pesquisa.

A parte sonora do documentário apresenta músicas de Milton Nascimento, Gilberto Gil, Egberto Gismonti, entre outros. Que tal propor uma pesquisa sobre a música popular brasileira envolvendo os compositores apresentados no documentário? Você pode propor uma aula musical na qual a escuta atenta pode desencadear inúmeros questionamentos que poderiam levar ao documentário. Você pode solicitar aos alunos que realizem associações entre músicas e imagens e/ou objetos. Essa experimentação pode potencializar um olhar e uma escuta sensíveis para uma nova exibição do documentário.

O Estado de Minas Gerais e suas cidades são uma parte da própria história do barroco brasileiro, e muitas dessas cidades hoje são consideradas patrimônio cultural da humanidade. Uma pesquisa histórica sobre preservação, memória do patrimônio histórico brasileiro pode desencadear um olhar apurado ao documentário. Você pode iniciar sua pesquisa com um olhar para a sua cidade e/ou local buscando na arquitetura e em lugares institucionais (museus, centros culturais) o sentido da preservação e da memória. Que tal solicitar aos alunos uma pesquisa visual sobre a estética da arquitetura de seu local utilizando o recurso do vídeo? A pesquisa sonora anterior pode fazer parte dessa proposta.

No foco das Linguagens Artísticas, a literatura é uma das questões sugeridas pelo mapa potencial. O documentário apresenta o poeta mineiro Affonso Romano de Sant’Anna, autor do ensaio “Barroco: alma do Brasil”, e o escritor pa-raibano Ariano Suassuna, autor de Auto da Compadecida. Ainda no documentário, o professor de História Chico Alencar cita o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Uma pesquisa sobre poesia, sonetos, contos desses autores

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brasileiros pode ser experimentada por vocês. Uma pesquisa sobre poetas do período barroco pode ser uma encomenda em parceria com o professor de Português. A escrita poética pode instigar momentos de criação e potencializar as relações entre a poesia e as artes visuais.

O mobiliário e a arquitetura apresentados no documentário podem sugerir pesquisa sobre peças decorativas e arquite-tura religiosa barroca. Aprofundar o tema pela pesquisa pode trazer a religiosidade e as formas de viver em sociedade da-quela época. Rever o documentário pode ajudar na proposta da pesquisa. Na Bibliografia você pode encontrar sugestões que abordam o barroco mineiro e a sociedade da época.

A pesquisa sobre a história do Brasil presente no território Conexões Transdisciplinares pode ser desdobrada para aprofundar conhecimentos sobre a Inconfidência Mineira. O controle fiscal na segunda metade do século XVIII e a es-cassez nas jazidas de ouro de Minas Gerais foram fatores importantes para o movimento da Inconfidência Mineira, símbolo e marco da resistência nacional. Os costumes e as formas de trabalho da época podem ser contemplados nessa pesquisa. Essa proposta proporciona contatos interdisciplinares com as áreas de História, Geografia e Ciências Sociais.

No documentário, Affonso Romano de Sant’Anna comenta sobre nossas raízes barrocas na arquitetura a partir de uma leitura comparativa entre a imagem colonial do Mercado de Diamantina e o Palácio da Alvorada. O poeta salienta a preferência pela linha curva em detrimento do quadrado e do racional, entre o civilizado racional e o selvagem barroco, comentando que a elipse originada dessa relação é “semio-ticamente” a essência do barroco, ou seja, uma mestiçagem estilística. Nessa relação, a potência da diferença cria novas formas inventivas que podem ser aprofundadas no território Forma-Conteúdo e em Linguagens Artísticas. As arquiteturas de Diamantina e de Brasília podem ser o início de uma inves-tigação estética formal da construção urbana brasileira.

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O território Patrimônio Cultural e seus desdobramentos com enfoque em museus, coleção, preservação e memória pode ser propositor de trajetos de pesquisa. O documentá-rio apresenta o Museu do Oratório de Ouro Preto/MG, as coleções de Angela Gutierrez e depoimentos sobre cultura barroca. A experiência com o sentido de coleção, preservação e memória pode ser incentivada a partir de visitas a museus, espaços culturais, matérias jornalísticas e entrevistas com pessoas da comunidade, ampliando conceitos e aprofun-dando conhecimentos. Se os seus alunos já visitaram as cidades históricas mineiras, que outros aspectos podem ser relembrados em relação à preservação patrimonial? O documentário Oratórios de Minas pertencente à DVDteca Arte na Escola pode ser provocador de outras trilhas peda-gógicas no território do Patrimônio Cultural.

Amarrações de sentidos: portfólioAs proposições pedagógicas oferecem experimentação, am-pliação e aprofundamento de conhecimentos em vários terri-tórios de arte e cultura. Os desdobramentos das proposições vivenciadas podem ser iniciados por meio de uma conversa com seus alunos sobre as conexões realizadas. Isso pode ser efetivado pelo registro de palavras-chave feito por grupos de alunos, desencadeando formas de agrupar as proposições rea-lizadas. Essa forma de desdobrar as amarrações de sentidos possibilita uma compreensão do que seria o enfoque de uma coleção, um dos focos do documentário. Categorizar, coletar as produções e rearranjar novas formas de expor os trabalhos é uma maneira de potencializar o sentido de coleção presente neste documentário. Os registros fotográficos de peças de coleção podem compor a criação de um “livro de artista”. Da mesma maneira, os esboços e desenhos sobre a presença do traço barroco na arquitetura. Outra forma seria selecionar as produções realizadas categorizando-as pela experimentação e pela pesquisa. As escolhas dos trabalhos poderiam ter o foco em Forma e Conteúdo, observando na experimentação o enqua-

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BARROCO: COLEÇÃO ANGELA GUTIERREZ

dramento, a luz e a sutileza das curvas. As pesquisas realizadas podem ser coletadas pelos temas abordados (história do Brasil, arte barroca, arte sacra, memória e preservação, entre outros), e desdobradas pelos métodos de pesquisa (entrevistas, matérias jornalísticas, sites, publicações). Outras formas de catalogação das produções artísticas podem ser (re)inventadas por vocês.

Valorizando a processualidadeO processo experimentado na catalogação e categorização dos trabalhos artísticos pode ser desencadeador de reflexões sobre o conhecimento apropriado por todos vocês. Questionar em grande grupo sobre os momentos significativos dessa experi-ência pode revelar o que aprenderam nos trajetos pedagógicos percorridos com o documentário. Perceber os avanços no co-nhecimento sobre arte barroca brasileira, arte sacra, patrimônio cultural, memória, preservação e coleção é ponto a ser destacado neste processo. O olhar sensível à preservação cultural pode ser um dos enfoques dessa avaliação observando a relação de seus alunos com as peças de museus e espaços culturais visitados por vocês ou mesmo com os objetos históricos de seu cotidiano. Houve mudanças nessa relação? Qual a reação do seu aluno na visita ao museu? O sentido de coleção foi transformado com essa experiência? O diário de bordo do professor pode contribuir com outras questões para essa avaliação. Outros possíveis percursos pedagógicos podem vir a aparecer nas conversas de vocês e ser rearranjados em novas proposições. Destacar os sentidos adquiridos após a apreciação do DVD e perceber o que os alunos aprenderam nos trajetos oferecidos são questões importantes nessa avaliação.

Personalidades abordadasAffonso Romano de Sant’Anna (Belo Horizonte/MG, 1937) - Destaca-se como poeta, cronista, professor e jornalista. Doutor em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com diversas obras poéticas publicadas entre poesia, crônica, prosa e ensaios. Sua produção diversificada pensa o Brasil e a cultura de seu tempo.

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Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa - Vila Rica, atual Ouro Preto/MG, 1730-1814) - Escultor, entalhador (madeira e pedra-sabão), filho de Manuel Francisco Lisboa e sua escrava africana Isabel. É considerado o maior ex-poente da arte barroca em Minas Gerais e no Brasil da época colonial. Toda sua obra foi realizada em Minas Gerais, especialmente nas cidades de Ouro Preto, Sabará, São João Del Rei e Congonhas do Campo. Suas obras mais conhecidas estão na Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos de Congonhas do Campo.

Angela Gutierrez (Belo Horizonte/MG, 1951) - Empresária, colecionadora de arte e empreendedora cultural. Atua como presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), responsável pela gestão do Museu do Oratório e do Museu de Artes e Ofícios. Pesquisadora do barroco brasileiro, especializada em arte sacra e membro de diversos conselhos consultivos na área cultural e patrimonial. O ICFG é uma organização do terceiro setor com o objetivo de preservar, difundir e valorizar o patrimônio cultural brasileiro, além de desenvolver projetos editoriais e educacionais.

Ariano Suassuna (João Pessoa/PB, 1927) - Dramaturgo, romancista e poeta. Autor consagrado de inúmeros romances, poesias e peças teatrais, sendo das mais célebres o Auto da Compadecida, de 1955, considerado o texto mais popular do moderno teatro brasileiro. Em 1990, toma posse na Aca-demia Brasileira de Letras, ingressando depois nas Academias de Letras de Pernambuco (1993) e da Paraíba (2000). Ariano é o idealizador do Movimento Armorial, que tem como proposta criar arte erudita a partir de elementos da cultura popular nordestina, abarcando todas as expressões artísticas.

José Alberto Nemer (Ouro Preto/MG, 1945) - Desenhista, artista gráfico, curador. Foi professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG) e da Sorbonne, em Paris, atuando como docente em diversos Festivais de Inverno da UFMG. Diretor do Museu de Arte da Pampulha em Belo Horizonte. Possui diversas premiações nacionais, tendo sido curador de várias mostras. Membro da Associação Internacional de Artes Plásticas da Unesco, considerado pela crítica um dos artistas brasileiros mais representativos da década de 1970.

Manoel da Costa Athaide (Mestre Athaide - Mariana/MG, 1762-1830) - Pintor, dourador e entalhador. As obras atribuídas a Athaide consistem das pinturas dos forros das naves da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto, das capelas-mores de Santo Antônio de Itaverava e de Santa Bárbara, além do forro da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Mariana e do painel A Última Ceia, no Colégio do Caraça. Athaide era contemporâ-neo de Aleijadinho. Em suas obras observam-se referências aos modelos bíblicos. Sua técnica é marcada pelo perfeito desenho de perspectiva e corpos em escorço e em harmonia cromática. Ficou conhecido também por seus anjos e virgens mulatos cuja inspiração teria encontrado em sua companheira e seus filhos.

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material educativo para o professor-propositor

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GlossárioMestiçagem estilística – Designa processo de hibridação de estilos. Se-gundo Canclini, o termo mestiçagem associa-se ideologicamente a processos raciais. No documentário, o termo aproxima-se da designação do mestiço Aleijadinho, filho de escrava negra e arquiteto português. Fonte: GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: Edusp, 1998.

Olhar etnológico – Derivado de etnologia que compreende reflexões e interpretações de realidades culturais. Conceito da metodologia da ciência antropológica. Fonte: GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis: Vozes, 1998.

Preservação – “é uma consciência, mentalidade, política (individual ou co-letiva, particular ou institucional) com o objetivo de proteger e salvaguardar o Patrimônio. Resguardar o bem cultural, prevenindo possíveis malefícios e proporcionando a este condições adequadas de ‘saúde’. É o controle ambiental, composto por técnicas preventivas que envolvam o manuseio, acondicionamento, transporte e exposição.” Fonte: SÁ, Ivan Coelho de. Oficina de conservação preventiva de acervos. Porto Alegre: Museu do Comando Militar do Sul, 2001. p. 3, p. 42.

Santana – No catolicismo, o culto a Santana reproduz o sentimento ancestral da relação do poder gerador da terra com o da mulher, e, ao mesmo tempo, encarna outro culto da Antiguidade, que é a reverência aos antepassados, ao conhecimento que se transfere de geração para geração, por isso denomi-nada como “Mestra” ou “Guia”. De sua descendência nasce o Salvador da Humanidade, como da semente nascem o trigo e a uva, que geram o pão e o vinho, os alimentos que mantêm a vida: o corpo e o sangue do Cristo. Santana é sempre representada como uma mulher madura, serena, transmitindo seu conhecimento ou guiando a Virgem Maria pelas mãos, quando não a traz no colo. Fonte: SANTANAS - coleção Angela Gutierrez. Disponível em: <http://www.santanas.com.br/maeancestral.html>. Acesso em: jun. 2009.

BibliografiaALENCAR, Chico; CARPI, Lucia; RIBEIRO, Marcus Venicio. História da sociedade brasileira. Fortaleza: Ao Livro Técnico, 1994.

BLOM, Philipp. Ter e manter: uma história íntima de colecionadores e coleções. Rio de Janeiro: Record, 2003.

BOYER, Marie-France. Culto e imagem da Virgem. São Paulo: Cosac & Naify, 2000.

CAMPOS, Adalgisa Arantes. Introdução ao barroco mineiro. Belo Horizonte: Crisálida, 2006.

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KELLY, Celso. A explosão do Barroco e Aleijadinho, o gênio mineiro. In: ARTE no Brasil: cinco séculos de pintura, escultura, arquitetura e artes plásticas. São Paulo: Abril Cultural, 1979. v. 1.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1996.

LEMOS, Maria Alzira Brum. Aleijadinho: homem barroco, artista brasileiro. Rio de Janeiro: Garamond, 2008.

MACHADO, Lourival Gomes. Barroco mineiro. 4.ed. São Paulo: Perspec-tiva, 2003.

MAGALHÃES, Fernando. Museus: patrimônio e identidade, ritualidade, educação, conservação, pesquisa, exposição. Porto: Profedições, 2005.

MARCHALL, Francisco. Epistemologias históricas do colecionismo. Revista Episteme, Porto Alegre, n. 20, p. 13-23, jan./jun. 2005.

MENDES, Nancy Maria (Org.). O barroco mineiro em textos. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

SOUSA, Alberto. A invenção do barroco brasileiro: a igreja franciscana de Cairu. João Pessoa: Ed. Universitária/UFPB, 2005.

TIRAPELI, Percival. Arte colonial: barroco e rococó: do século 16 ao 18. São Paulo: Ed. Nacional, 2006.

Webgrafiaos sites a seguir foram acessados em 6 mar. 2009.

AFFONSO Romano de Sant’Anna. Disponível em: <http://www.affonso-romano.com.br>.

ARIANO Suassuna. Disponível em: <http://www.arianosuassuna.com.br>.

CIDADES históricas brasileiras. Disponível em: <http://www.cidadeshis-toricas.art.br>.

MUSEU de Artes e Ofícios. Depoimentos em vídeo. Disponível em: <http://www.mao.org.br/port/depoimentos.asp>.

MUSEU do Aleijadinho. Disponível em: <http://www.starnews2001.com.br/aleijadinho.html>.

PATRIMÔNIO cultural. IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: <http://www.iphan.gov.br>.

POR DENTRO do Barroco. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/barroco/obra1.html>.

REVISTA do Patrimônio. IPHAN. Disponível em: <http://www.revista.iphan.gov.br>.

SANTANAS - coleção Angela Gutierrez. Disponível em: <http://www.santanas.com.br>.

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