Bem Estar Animal - Conceito e questões relacionadas - revisão

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    BEM-ESTAR ANIMAL: CONCEITO E QUESTES RELACIONADAS REVISO(Animal welfare: concept and related issues Review)

    BROOM, D.M.1

    ; MOLENTO, C.F.M.2

    1Department of Veterinary Medicine, University of Cambridge, Madingley Road, Cambridge CB3 OES, ReinoUnido [email protected];

    2Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Paran, R. dos Funcionrios, 1540, CEP 80035-050, Curitiba, Paran - [email protected].

    RESUMO Bem-estar um termo de uso corrente em vrias situaes e seu significado geralmenteno preciso. Entretanto, definio objetiva de bem-estar faz-se necessria para a utilizao cientficae profissional do conceito. Bem-estar deve ser definido de forma que permita pronta relao comoutros conceitos, tais como: necessidades, liberdades, felicidade, adaptao, controle, capacidadede previso, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tdio, estresse e sade. Objetiva-se na

    reviso apresentar uma definio de bem-estar animal atendendo os critrios mencionados, associadaa uma explicao sobre a avaliao do bem-estar animal. Espera-se oferecer ao leitor uma basepara o entendimento desta nova cincia, indispensvel aos profissionais cujo trabalho gira em tornoda interao entre seres humanos e animais.

    Palavras chave: bem-estar animal, estresse, necessidades, sade, sofrimento.

    ABSTRACT Welfare is a word widely used by public in many situations and its meaning is often notprecise. However, an objective definition is needed if the concept is to be used scientifically andprofessionally. Moreover, welfare has to be defined in such a way that it can be readily related to otherconcepts such as: needs, freedoms, happiness, coping, control, predictability, feelings, suffering, pain,

    anxiety, fear, boredom, stress and health. This review presents a definition of animal welfare whichsatisfies these criteria, as well as explaining how to assess welfare. Its main objective is to offer thereader a basis for an understanding of this new science, which is essential to those whose work centreson the human-animal interaction.

    Key words: animal welfare, health, pain, stress, suffering.

    Introduo

    No Brasil, a profisso mdico-veterinria estpassando por uma transformao significativa:

    atender crescente valorizao do bem-estardos animais, com uma demanda deconhecimento e atuao nesta reareconhecida em vrios nveis. O ConselhoFederal de Medicina Veterinria vem fomentandoo bem-estar animal atravs de publicaes(MOLENTO, 2003) alm de criar a Comissode tica e Bem-estar Animal (Cebea). Segundoo Ministrio da Educao e Cultura (2000), asociedade espera do mdico veterinrio umperfil profissional de comprometimento com a

    sade e o bem-estar animal. Embora a cinciado bem-estar animal contemple um histrico dealgumas dcadas em alguns pases, existe aindaescassez de literatura especfica em lngua

    portuguesa. Assim, so apresentados abaixoconceitos bsicos do bem-estar animal comocincia. Inicialmente apresenta-se a definiode bem-estar e, na seqncia, discusso em

    relao a outros conceitos relevantes, tais comoestresse, necessidades e sentimentos dosanimais. Ao final, tem-se um relato decircunstncias nas quais o bem-estar pode serprecrio e uma breve discusso sobre apercepo pblica de situaes nas quais obem-estar reduzido constitui um problema tico.

    Requisitos para a definiode bem-estar animal

    Bem-estar um termo utilizado para animais,incluindo-se o ser humano. considerado deimportncia especial por muitas pessoas; porm,requer uma definio estrita se a inteno a

    Archives of Veterinary Science v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004

    Printed in Brazil ISSN: 1517-784X

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    sua utilizao de modo efetivo e consistente. Umconceito claramente definido de bem-estar necessrio para utilizao em medies

    cientficas precisas, em documentos legais e emdeclaraes e discusses pblicas. Para que obem-estar possa ser comparado em situaesdiversas ou avaliado em uma situaoespecfica, deve ser medido de forma objetiva.A avaliao do bem-estar deve ser realizada deforma completamente separada deconsideraes ticas. Uma vez terminada aavaliao, esta prov as informaesnecessrias para que decises ticas possamser tomadas sobre uma dada situao.

    Um critrio essencial para a definio de bem-estar animal til que a mesma deve referir-sea caracterstica do animal individual, e no a algoproporcionado ao animal pelo homem. O bem-estar do animal pode melhorar como resultadode algo que lhe seja fornecido, mas o que se lheoferece no , em si, bem-estar. O termo bem-estar pode ser utilizado s pessoas, aos animaissilvestres ou a animais cativos em fazendasprodutivas a zoolgicos, animais deexperimentao ou animais nos lares. Osefeitos sobre o bem-estar incluem aqueles

    provenientes de doena, traumatismos, fome,estimulao benfica, interaes sociais,condies de alojamento, tratamentoinadequado, manejo, transporte, procedimentoslaboratoriais, mutilaes variadas, tratamentoveterinrio ou alteraes genticas atravs deseleo gentica convencional ou porengenharia gentica.

    Bem-estar deve ser definido de forma quepermita pronta relao com outros conceitos,tais como: necessidades, liberdades, felicidade,

    adaptao, controle, capacidade de previso,sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo,tdio, estresse e sade.

    Definio de bem-estar animal

    Se em dado momento um indivduo no temproblemas para resolver, este indivduoencontra-se provavelmente com bonssentimentos, fatos que seriam indicados naanlise de parmetros fisiolgicos do estado

    mental e do comportamento. Outro indivduopode passar por problemas, cuja magnitude eleno consiga enfrentar. Enfrentar com sucesso

    implica em ter controle da estabilidade mental ecorporal. A dificuldade prolongada em se obtersucesso ao enfrentar uma dada situao, resulta

    em falncia no crescimento, na reproduo eat em morte. Um terceiro indivduo podesobrepujar problemas com dificuldade utilizandouma gama de mecanismos de adaptao. Osegundo e o terceiro indivduos tm altaprobabilidade de demonstrar alguns sinaisdiretos de sua falncia ou dificuldade naobteno de sucesso ao enfrentar o problema.Muito provavelmente eles tambm experimentamsentimentos ruins associadas sua situao. Obem-estar de um indivduo seu estado emrelao s suas tentativas de adaptar-se ao seuambiente (BROOM, 1986). Esta definio refere-se a uma caracterstica do indivduo em um dadomomento. A base do conceito quo bem oindivduo est passando por uma determinada fasede sua vida, encontrando-se maiores detalhes nosrelatos de BROOM (1991a; 1993; 2001) eBROOM e JOHNSON (1993). O conceito refere-se ao estado de um indivduo em uma escalavariando de muito bom a muito ruim. Trata-se deum estado mensurvel e qualquer avaliao deveser independente de consideraes ticas. Ao se

    considerar como avaliar o bem-estar de umindivduo, necessrio haver de incio um bomconhecimento da biologia do animal. O estado podeser bom ou ruim; entretanto, em ambos os casos,alm das mensuraes diretas do estado doanimal, devem ser feitas tentativas de se medir ossentimentos inerentes ao estado do indivduo.

    A avaliao do bem-estar encontra-se resumidana TABELA 1, sendo que os indicadores de bem-estar esto listados na TABELA 2. A maioria dosindicadores auxilia a localizao do estado do

    animal dentro da escala de muito bom a muito ruim.Algumas medidas so mais relevantes aosproblemas de curto-prazo, tais como aquelasassociadas a manejo ou a um perodo breve decondies fsicas adversas, enquanto outras somais apropriadas a problemas de longo-prazo.BROOM (1988), FRASER e BROOM (1990),BROOM e JOHNSON (1993) e BROOM eZANELLA (2004) proporcionam discussesdetalhadas sobre medidas de bem-estar animal.

    Alguns sinais de bem-estar precrio so

    evidenciados por mensuraes fisiolgicas. Porexemplo, aumento de freqncia cardaca,atividade adrenal, atividade adrenal aps desafio

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    com hormnio adrenocorticotrfico (ACTH) ouresposta imunolgica reduzida aps um desafiopodem indicar que o bem-estar est mais

    reduzido que em indivduos que no mostrem taisalteraes. Resultados das mensuraesfisiolgicas devem ser interpretados comcuidado, assim como aqueles de outras medidasdescritas neste texto. O impedimento da funodo sistema imune, assim como algumas outrasalteraes fisiolgicas, podem indicar estadopr-patolgico (MOBERG, 1985).

    Mensuraes do comportamento tmigualmente grande valor na avaliao do bem-estar. O fato de um animal evitar ou esquivar-sefortemente de um objeto ou evento forneceinformaes sobre seus sentimentos e, emconseqncia, sobre seu bem-estar. Quantomais forte a reao de esquiva, mais pobre sero bem-estar durante a presena do objeto ou dofato. Um indivduo que se encontraimpossibilitado de adotar uma postura preferidade repouso, apesar de repetidas tentativas, serconsiderado como tendo um bem-estar maispobre que outro cuja situao permite a adooda postura preferida. Comportamentosanormais, tais como estereotipias,

    automutilao, canibalismo em sunos, bicar depenas em aves ou comportamentoexcessivamente agressivo indicam que oindivduo em questo encontra-se em condiesde baixo grau de bem-estar.

    Em algumas das avaliaes fisiolgicas ecomportamentais citadas pode tornar-se bvio queo indivduo esteja tentando enfrentar situaesadversas, e a extenso destas tentativas pode sermensurada. Em outros casos, entretanto, algumasrespostas so simplesmente patolgicas e o

    indivduo no consegue sucesso ao enfrentar asituao. Em ambos os casos, o parmetro indicabem-estar pobre.

    Doena, ferimento, dificuldades de movimentoe anormalidades de crescimento so todosindicativos de baixo grau de bem-estar. Se doissistemas de criao forem comparados em umexperimento e a incidncia de qualquer um dositens mencionados for significativamente maiorem um deles, o bem-estar dos animais ser piorneste sistema. O bem-estar de um animal doente

    sempre mais pobre que o bem-estar de umanimal que no est doente; porm, muito aindah de ser estudado sobre a magnitude dos

    efeitos de doena sobre o bem-estar. Pouco sesabe sobre o grau de sofrimento associado amuitas doenas. Um exemplo especfico de um

    efeito das instalaes que leva ao bem-estarpobre a conseqncia de uma reduo severada possibilidade de se exercitar. Estudosconduzido em galinhas, as aves impossibilitadasde exercitar suficientemente suas asas e pataspor estarem alojadas em gaiolas industriaisapresentavam ossos consideravelmente maisfracos que as aves em sistemas com poleiros,que se podiam exercitar (KNOWLES e BROOM,1990; NORGAARD-NIELSEN, 1990). De formasimilar, MARCHANT e BROOM (1994, 1996)observaram que porcas em gaiolas individuais,apresentavam os ossos das patas com apenas65% da fora dos ossos das porcas alojadasem sistemas de grupo. A fraqueza verificada naossatura indica que os animais estosobrevivem com menos sucesso em seu meioambiente, sinalizando que o bem-estar maispobre nos sistemas mais confinados. Se osossos dos animais mencionados quebrarem-se,haver dor considervel e o bem-estar estarainda mais comprometido. A dor pode seravaliada por averso, medidas fisiolgicas,

    efeitos de analgsicos, entre outros (DUNCANet al., 1991), ou pela existncia de neuromas(GENTLE, 1986). Quaisquer que sejam asmedies, os dados coletados em estudos debem-estar animal fornecem informaes sobre aposio do animal em uma escala de bem-estar,variando de um grau muito alto at muito baixo.

    A maioria dos indicadores disponveis deelevado grau de bem-estar obtida a partir deestudos, que demonstraram prefernciaspositivas dos animais. Os estudos iniciais desta

    linha de pesquisa incluem os de HUGHES eBLACK (1973), os quais demonstraram quepoedeiras frente a uma possibilidade de escolhaentre diferentes tipos de piso, no fizeram aescolha prevista pelos bilogos. medida queas tcnicas de experimentos de prefernciaevoluram, tornou-se evidente que mensuraesanteriores de intensidade de preferncia faziam-se necessrias. Utilizando-se do conhecimentode que marrs preferem deitar-se prximas outras marrs, VAN ROOIJEN (1980)

    disponibilizando-lhes a escolha entre diferentestipos de piso prximos ou distantes de outrasmarrs. Titulando a preferncia pelo piso oposta

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    preferncia social, o autor obteve maioresinformaes acerca da intensidade daspreferncias. Um exemplo adicional de teste de

    preferncia, no qual se util izou ocondicionamento operacional com diferentespropores de reforo, relatado no trabalhode AREY (1992). Porcas pr-parturientespressionavam um painel para ter acesso a umasala contendo palha ou outra sala contendoalimento. At dois dias antes do parto as porcaspressionaram muito mais frequentemente parater acesso ao alimento do que palha. Nestemomento, o alimento era mais importante paraas porcas do que a palha para manipulao ouconstruo do ninho. Entretanto, no dia anteriorao parto, quando normalmente seria construdoum ninho, as porcas pressionaram o painel comsimilar freqncia para obteno de palha e decomida. Outro indicador do esforo atravs doqual um indivduo est disposto a passar paraobter um determinado recurso o peso de uma

    porta a ser levantada. MANSER et al. (1996),estudando os pisos preferidos por ratos delaboratrio, observaram que os ratos levantaram

    uma porta mais pesada para ter acessar um pisoslido objetivando descansar que para teracesso a um piso de arame. Os mtodos deavaliao da fora de motivao so explicadospor KIRKDEN et al. (2003).

    O terceiro mtodo genrico para avaliao debem-estar descrito na TABELA 1 consiste em semedir que tipos de comportamento e outrasfunes no podem ser realizados em condiesespecficas de manuteno dos animais. Galinhaspreferem bater suas asas de vez em quando;porm, este comportamento impossvel emgaiolas industriais. Bezerros criados paraproduo de vitela e alguns animais de laboratrioengaiolados tentam exaustivamente limpar-se,porm isto no possvel em baias ou gaiolasmuito pequenas, ou em gaiolas metablicas eaparelhos de conteno.

    TABELA 1 RESUMO DA AVALIAO DE BEM-ESTAR1.

    1Adaptada de BROOM e JOHNSON (1993).

    Em qualquer avaliao de bem-estar, necessrio levar em conta as variaes

    individuais ao se enfrentar adversidades e nosefeitos que as adversidades exercem sobre osanimais. Quando sunos so confinados embaias ou presos por amarras por longo tempo,uma proporo dos indivduos evidencia altosnveis de comportamento estereotpico,enquanto outros tornam-se extremamenteinativos e no-responsivos (BROOM, 1987). Amedida que o tempo de exposio determinadacondio passa, pode haver alterao naquantidade ou tipo de comportamento anormal

    (CRONIN e WIEPKEMA, 1984). Em ratos ecamundongos, sabe-se que respostas

    fisiolgicas e comportamentais diferentes sodemonstradas em um indivduo confinado com

    um animal agressivo; as respostas foramcategorizadas como enfrentamento ativo epassivo (VON HOLST, 1986; KOOLHAAS et al.,1983; BENUS, 1988). Animais ativos lutamvigorosamente enquanto aqueles passivos sesubmetem. Um estudo das estratgias adotadaspor marrs em uma situao social competitivamostrou que algumas porcas foram agressivase obtiveram sucesso, uma segunda categoriade animais defendeu-se vigorosamente quandoatacado, e uma terceira categoria de porcas

    evitou o confronto social sempre que possvel.Estas categorias de animais mostraram

    Mtodos gerais Avaliao

    Indicadores diretos de bem-estar pobre

    Testes de:a) esquiva

    b) preferncia

    Medida da possibilidade de expresso decomportamento normal e de outras funesbiolgicas

    Grau de pobreza

    Grau em que:a) os animais tm de conviver com situaesou estmulos dos quais preferem esquivar-seb) encontra-se disponvel aquilo que fortemente preferidoGrau de privao de desenvolvimentocomportamental, fisiolgico e anatmiconormal

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    diferenas nas respostas das adrenais e em seusucesso reprodutivo (MENDL et al., 1992).Como resultado das diferenas extensivas s

    respostas fisiolgicas e comportamentais aosproblemas, necessrio que qualquer avaliaode bem-estar inclua uma variada gama demensuraes. Igualmente deve-se aprimorar oconhecimento das formas de associaes entreas diferentes variveis e suas conseqnciasem relao severidade do problema.

    Bem-estar deduzido a partir demensuraes e de variveldentro de uma amplitude

    Se o bem-estar fosse visto como um estadoabsoluto, entendido como existente ou no,ento o concei to de bem-estar ser iapraticamente intil ao se discutir os efeitos devrias condies de vida e de procedimentose o bem-estar de um indivduo pode melhorar

    nesta escala, tambm deve ser possvel aobem-estar movimentar-se no sentido oposto,descendo na escala. H muitos cientistas

    trabalhando na avaliao do bem-estar animale que aceitam uma melhoria ou piora do bem-estar. Desta forma, no lgico utilizar oconceito de bem-estar como um estadoabsoluto ou limitar o termo poro boa daescala. O bem-estar tanto pode ser adequadoou bom assim como pobre ou ruim. Ainda incipiente a utilizao de adjetivos para umaqual i f icao do bem-estar em l nguaportuguesa e espanhola. Para se evitar umaexpresso que cause choque de vocbulos nalngua portuguesa, sugere-se utilizar bem-estar adequado e bem-estar pobre, oualternativamente alto e baixo grau de bem-estar, apesar de bem-estar bom e bem-estar ruim const i turem expressescient i f icamente vl idas e ut i l izadascomumente na lngua inglesa.

    TABELA 2 PARMETROS PARA MENSURAO DE BEM-ESTAR1.

    Demonstrao de uma variedade de comportamentos normaisGrau em que comportamentos fortemente preferidos podem ser apresentadosIndicadores fisiolgicos de prazer

    Indicadores comportamentais de prazerExpectativa de vida reduzidaCrescimento ou reproduo reduzidosDanos corporaisDoenaImunossupressoTentativas f isiolgicas de adaptaoTentativas comportamentais de adaptaoDoenas comportamentaisAuto-narcotizaoGrau de averso comportamentalGrau de supresso de comportamento normal

    Grau de preveno de processos fisiolgicos normais e de desenvolvimento anatmico1Adaptada de BROOM e JOHNSON, 1993.

    A perspectiva de bem-estar como um termoque se refira somente a algo bom ou gerador deuma vida melhor ou mais prefervel(TANNENBAUM, 1991) no pertinente se ainteno a utilizao cientfica e prtica doconceito. FRASER (1993), referindo-se ao bem-estar como o estado do animal, advoga aavaliao do bem-estar em termos do nvel de

    funes biolgicas tais como ferimentos, m-nutrio, grau de sofrimento e quantidade deexperincias positivas. Entretanto, apesar de

    utilizar o termo bem-estar para se referir a umaescala de quo boa a condio do animal ,algumas de suas afirmaes explicando bem-estar implicam somente em um estado bom doanimal, uma limitao que no lgica nemdesejvel. FRASER (1993), entretanto, segueBROOM (1986) e BROOM e JOHNSON (1993)ao traar um paralelo com o termo sade, que

    na verdade abrangido dentro do termo bem-estar. Assim como bem-estar, sade podereferir-se a uma gama de estados e pode ser

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    qualificada como boa ou pobre (BROOM eKIRKDEN, 2004). Sade tambm pode implicarem ausncia de ferimentos ou doenas. Bem-

    estar tem a mesma conotao de uso coloquial;porm, ao se utilizar o termo de forma precisa,deve significar toda a amplitude de estadospossveis e deve ser possvel fazer aluso abem-estar pobre e bem-estar adequado.

    Bem-estar e necessidades

    Os animais tm vrios sistemas funcionais, osquais controlam a temperatura corporal, o estadonutricional, as interaes sociais e outros(GUYTON e HALL, 2002; BROOM, 1981). Emconjunto, estes sistemas funcionais permitem queo indivduo controle suas interaes com o seumeio ambiente e, desta forma, mantenham cadaaspecto de seu estado dentro de uma variaotolervel. A alocao de tempo e de recursos adiferentes atividades fisiolgicas oucomportamentais, seja dentro de um sistemafuncional ou por interao de sistemas, controlada por mecanismos motivacionais.Quando um animal se encontra em desajustehomeosttico real ou potencial, ou quando tem de

    executar uma ao devido a alguma situaoambiental, diz-se que este animal tem umanecessidade. Assim, uma necessidade pode serdefinida como um requerimento, que fundamentalna biologia do animal para a obteno de umrecurso em particular ou para responder a um dadoestmulo corporal ou ambiental (BROOM eJOHNSON, 1993). Quando as necessidades noso satisfeitas, o bem-estar mais pobre que emsituaes nas quais as necessidades sosatisfeitas. O grau de pobreza de bem-estar

    varivel e isto tem de ser avaliado cientificamente.Existem necessidades de recursos emparticular, tais como gua ou calor; entretanto,os sistemas de controle nos animais evoluramde tal forma que o modo de obteno de umobjetivo especfico tornou-se importante. Oanimal pode necessitar realizar um determinadocomportamento, podendo ser seriamenteafetado na impossibilidade de executar talatividade, mesmo na presena do objeto final daatividade. Por exemplo, ratos e avestruzes

    trabalham no sentido de realizar aes queresultaro na obteno de alimentos, mesmo napresena do alimento. Da mesma forma, porcos

    necessitam fuar no solo ou em algum substratosimilar (HUTSON, 1989), galinhas necessitambanhar-se em areia (VESTERGAARD, 1980) e

    ambas espcies necessitam construir um ninhoantes do parto ou postura (BRANTAS, 1980;AREY, 1992). Em todos estes exemplos, anecessidade em si no fisiolgica oucomportamental, porm a necessidade somenteser satisfeita quando algum desequilbriofisiolgico for prevenido ou corrigido, ou quandoum comportamento em particular for realizado.

    Algumas necessidades so associadas asentimentos, que tambm podem ser chamadosde experincias subjetivas, e estes sentimentosprovavelmente se alteram quando a necessidade satisfeita. Se a existncia de um sentimentoaumenta as chances de realizao de uma aoadaptativa por parte do indivduo e, desta forma,aumenta as chances de sobrevivncia, acapacidade de experimentar tal sentimentoprovavelmente evoluiu atravs de seleo natural.Ainda, se o estado de um indivduo em certascondies desejvel do ponto de vista evolutivo,provavelmente o indivduo estar propenso a terbons sentimentos em tais circunstncias. Por outrolado, se o estado tal que deva ser alterado

    imediatamente, provavelmente estar associadoa sentimentos desagradveis, que por sua vezmotivaro esquiva ou alguma outra ao. Ossentimentos so parte de um mecanismo para seatingir um objetivo, exatamente da mesma formaque respostas adrenais ou regulaocomportamental da temperatura corporal somecanismos para se atingir um objetivo.

    Quando no existem necessidades imediatase o bem-estar do animal adequado, o animalprovavelmente experimenta sentimentos

    positivos. Da mesma forma, quando existemnecessidades no satisfeitas e o bem-estar pobre, freqentemente haver sentimentosruins. Os sentimentos geralmente resultam emalterao de preferncias; conseqentemente,as preferncias podem fornecer informaesteis a respeito das necessidades. Outrasinformaes sobre necessidades so obtidaspela observao de anormalidadescomportamentais ou fisiolgicas, as quaisresultam de necessidades no satisfeitas.

    As necessidades variam em urgncia e asconseqncias caso no sejam satisfeitasvariam desde aquelas que ameaam a vida at

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    outras relativamente incuas em curto prazo.BROOM e JOHNSON (1993) exploram oassunto com maiores detalhes. Esta gama de

    importncia das necessidades expressa emlngua alem atravs de duas palavrasdiferentes: Bedarf e Bedrfniss. Bedarf umanecessidade que tem de ser satisfeita para quea vida continue, enquanto Bedrfniss umanecessidade que o indivduo deseja ter satisfeita.Sabendo-se que preferncias marcantes de umindivduo pela presena ou ausncia dedeterminado recurso ou atividade geralmenteesto relacionadas a itens importantes para osucesso biolgico do indivduo em questo, umaBedrfniss deve ser considerada de formacuidadosa em relao ao bem-estar.

    Bem-estar e sentimentos

    Os sentimentos subjetivos de um animalconstituem uma parte extremamente importantede seu bem-estar (BROOM, 1991b). O sofrimento um sentimento subjetivo negativo desagradvelque deve ser reconhecido e prevenido sempre quepossvel. Entretanto, apesar de existirem muitasformas de se medir ferimentos, doenas e

    tentativas fisiolgicas e comportamentais deadaptao ao ambiente, poucos estudos relataminformaes sobre os sentimentos dos animais.Informaes a respeito dos sentimentos podemser obtidas atravs de estudos de preferncia;entretanto, devem ser complementadas com asoutras informaes de bem-estar mencionadasacima.

    Como j mencionado, os sentimentos soaspectos da biologia de um indivduo quedevem ter evoludo para auxiliar o indivduo a

    sobreviver (BROOM, 1998), exatamente damesma maneira que ocorreu a evoluo deaspectos de anatomia, f is iologia ecomportamento. Assim, no seria lgicoenfocar apenas sentimentos, excluindo outrosmecanismos, quando se define bem-estar.Tambm possvel, como em qualquer outroaspecto da biologia de um indivduo, quealguns sentimentos no confiram nenhumavantagem ao animal, sendo apenasepifenmenos da atividade neural (BROOM e

    JOHNSON, 1993). Se a definio de bem-estar fosse restrita aos sentimentos de umindivduo, como proposto por DUNCAN e

    PETHERICK (1991), no seria possvel sefazer referncia ao bem-estar de uma pessoaou de um indivduo de outra espcie que no

    tenha sentimentos por estar dormindo,anestesiado, medicado ou sofrendo de umadoena que afete a conscincia. Um problemaadicional, caso somente sentimentos fossemconsiderados, que uma grande poro daevidncia cientfica sobre bem-estar, taiscomo a presena de neuromas, respostasf is iolgicas extremas, anormal idadescomportamentais, imunossupresso, doena,incapacidade de crescer ou se reproduzir, ouainda reduo da expectativa de vida, noseria considerada evidncia de bem-estarpobre a menos que se pudesse demonstraruma associao destes estados asentimentos ruins. Evidncias sobresentimentos devem ser consideradas, poisso importantes na avaliao do bem-estar;porm, negl igenciar tantas outrasmensuraes seria ilgico e prejudicial avaliao do bem-estar e, conseqentemente,s tentativas de se melhorar o bem-estar.

    Em algumas reas da pesquisa em bem-estar animal, a identificao experimental das

    experincias subjetivas de um animal difcil.Por exemplo, difcil avaliar os efeitos dediferentes procedimentos de insensibilizaoao abate empregando-se testes depreferncia. Os efeitos das doenas tambmso difceis de se avaliar utilizando testes depreferncia. Tambm existem problemas nainterpretao de preferncias ao se testaralimentos e medicamentos potencialmenteperigosos. Entretanto, pesquisas sobre asmelhores condies de alojamento e manejo

    de animais podem ser amplamentebeneficiadas por estudos de preferncias, asquais fornecem informaes sobre asexperincias subjetivas dos animais. Ambos,os estudos de preferncia e o monitoramentodireto do bem-estar exercem funo centralna pesquisa sobre bem-estar animal.

    Bem-estar e estresse

    A palavra estresse deve ser utilizada para

    descrever aquela poro do bem-estar pobreque se refere falncia nas tentativas deenfrentar as dificuldades. Se os sistemas de

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    controle que regulam a homeostasia corporal eas respostas aos perigos no conseguemprevenir uma alterao de estado alm dos

    nveis tolerveis, atinge-se uma situao deimportncia biolgica diferente. A utilizao dotermo estresse deve ser restrita a seu usocomum para se referir a efeitos deletrios sobreum indivduo, como detalhado por BROOM eJOHNSON (1993). Uma definio de estressesimplesmente como um estmulo ou evento queprovoque atividade do crtex da adrenal no temvalor cientfico nem prtico. Um critrio precisopara o que adverso a um animal difcil deser estabelecido, mas um indicador aexistncia, rel ou potencial, de um efeito naadaptao biolgica. O estresse pode serdefinido como um estmulo ambiental sobre umindivduo que sobrecarrega seus sistemas decontrole e reduz sua adaptao, ou parece terpotencial para tanto (FRASER e BROOM, 1990;BROOM e JOHNSON, 1993; BROOM, 1993).Ao se utilizar esta definio, a relao entreestresse e bem-estar fica muito clara. Emprimeiro lugar, considerando-se que bem-estarse refere a uma gama de estados de um animal,desde muito bom at muito ruim, sempre que

    existe estresse o bem-estar tornar-se pobre.Em segundo lugar, estresse refere-se somentea situaes nas quais existe falncia deadaptao, porm bem-estar pobre se refere aoestado de um animal, seja em condies ondeexiste falncia de adaptao ou quando oindivduo est encontrando dificuldades em seadaptar. importante que este ltimo tipo debem-estar pobre seja includo na definio debem-estar, assim como as ocasies nas quaishaja estresse. Por exemplo, se uma pessoa

    est em profundo estado depressivo ou se umanimal porta uma doena debilitante, mas existerecuperao completa sem efeitos em longoprazo sobre a sade e adaptao, ainda assimseria apropriado afirmar que o bem-estar dosindivduos estava pobre durante a depresso oua doena (BROOM, 2001).

    Avaliao do bem-estar e tica

    Medies cientficas podem ser utilizadas em

    uma investigao de bem-estar, como porexemplo em uma comparao de diferentesprocedimentos de transporte de animais.

    Entretanto, uma questo pertinente em taisestudos at que ponto as fases dainvestigao dependem de consideraes

    ticas, ou mesmo se existe tal dependncia.TANNENBAUM (1991) argumenta que bem-estar um conceito no qual valores estoenvolvidos de forma intrnseca, no sendopossvel separar aspectos que envolvem ticadaqueles que no a envolvem. Entretanto, este um uso confuso do termo valores, e noprov uma base para a cincia do bem-estaranimal.

    Existem quatro componentes em um estudo,por exemplo, sobre mtodos de transporte deanimais de produo. O primeiro a deciso deque existe um problema. Esta etapa envolveconsideraes ticas. Por exemplo, considera-se que o bem-estar de animais de produo nodeve ser muito pobre e que o bem-estar podeser pior em uma determinada maneira detransporte que em outra. O segundo componenteem um estudo talvez seja realizar umacomparao cientfica do bem-estar dos animaisdurante estes mtodos de transporte. Nestaetapa, a nica considerao tica que ocientista deve ser o mais objetivo possvel na

    seleo das mensuraes a serem tomadas ena conduo do experimento. O cientista deveter o cuidado de utilizar toda a informaodisponvel sobre a biologia do animal e osprovveis efeitos ambientais sobre o animal aoselecionar os parmetros a serem medidos. Oterceiro componente, a coleta e anlise dosdados, da mesma forma que o segundo, deveser objetivo e independente de quaisquerposturas ticas a respeito de qual mtodo detransporte mais desejvel. Quando a pesquisa

    cientfica termina e os resultados soapresentados, decises ticas podem sertomadas, constitundo este o quartocomponente. Valores ticos esto envolvidosnos primeiro e quarto componentes do processo,porm somente valores cientficos devem estarenvolvidos nos componentes dois e trs.

    Problemas de bem-estar animal reais epercebidos pelo pblico

    O pblico geralmente sensibiliza-se porrelatos de dor ou imagens perturbadoras ebizarras de animais com os quais as pessoas

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    Bem-estar animal: conceito e questes relacionadas Reviso

    identificam-se prontamente. O co ou cavaloferido ou desnutrido causa uma resposta maiorde uma pessoa leiga que um rato, ovelha ou

    galinha com problema similar. O termo bem-estarrefere-se a todos os animais, mesmo napresena das variaes na sofisticao dosmecanismos de controle da vida e,conseqentemente, nas variadas formas emque o bem-estar pode ser pobre.

    A natureza da utilizao humana de um animalou de sua interao com ele no tem efeito algumsobre a extenso da capacidade do animal desofrer ou de ser afetado adversamente dequalquer outra forma (BROOM, 1989). Existe umatendncia ilgica das pessoas apresentarem maiorpreocupao com animais de estimao que comanimais mantidos em altas lotaes ou largamenteisolados do pblico. Ao se imaginar um coelhoapresentando um certo grau de ferimento oudoena, deve-se lembrar que seu bem-estar pobre na mesma medida, seja ele um animal decompanhia, de laboratrio, de produo ousilvestre.

    As influncias mais importantes sobre o bem-estar da maioria dos animais so as condiesde vida durante a maior parte de sua vida. Desta

    forma, se o bem-estar de um animal pobredevido instalaes inadequadas, trata-se desituao pior que um evento doloroso de curtadurao. Uma medio de quo pobre o bem-estar , multiplicado pela durao destacondio fornece uma indicao da magnitudegeral do problema para aquele indivduo(BROOM e JOHNSON, 1993). Assim, o piorquadro seria a presena de profundosproblemas por longo tempo.

    Se o bem-estar individual pobre, quanto maior

    o nmero de animais afetados maior o problema.A categoria de maior nmero de animais com osquais o ser humano interage a de animais deproduo, mas tambm existem nmerossubstanciais de animais classificados comopestes, de companhia, de caa, de laboratrio ede zoolgico (BROOM, 2002).

    luz das consideraes acima, e tambmse considerando o fato de que existem maisgalinhas que qualquer outro animal domstico,os problemas de bem-estar mais severos

    parecem ser problemas de patas em frangosde corte e aqueles conseqentes doconfinamento de galinhas poedeiras em

    gaiolas industriais. A seguir, tem-se oconfinamento de porcas em baias e amarrase de bezerros em gaiolas pequenas, doenas

    em bezerros jovens e leites, doenas emtanques de trutas, mastite e claudicao emvacas de leite e problemas de patas em peruse ovinos. A inadequao das possibilidadesde estimulao nas condies de manutenode roedores e coelhos de laboratrio umproblema importante, enquanto procedimentoslaboratoriais dolorosos so importantes emum nvel inferior quele dos problemasresultantes das instalaes. Antes de sepensar em procedimentos laboratoriais, deve-se considerar os efeitos do transporte sobreos animais de produo, de doenas notratadas em animais de estimao e dearmadilhas dolorosas e caa a tiros deanimais s i lvestres, incluindo peixes.Procedimentos em animais de produo,como castrao, corte de cauda e descornageralmente tm efeitos severos, assim comoo corte de cauda ou qualquer outra dasonipresentes muti laes em ces. Anegligncia e a crueldade deliberada para comanimais domsticos so classificados ao final

    desta lista de problemas. Ainda mais abaixose enquadram as condies de manutenode animais de zoolgico e de circo e asconseqncias de mtodos agressivos detreinamento de cavalos, ces e outrasespcies.

    Esta lista de severidade das reas-problemaem bem-estar animal centrada no ponto devista dos animais e no se encontra na mesmaordem de uma lista baseada na percepo damaioria das pessoas. claramente desejvel

    que as pessoas sejam informadas a respeitoda importncia do bem-estar animal, comoavaliar bem-estar de forma cientfica e em quereas se encontram os problemas maisseveros.

    Concluso

    Os profissionais que trabalham com animaisenfrentam hoje trs desafios emanando depreocupaes com bem-estar animal: (1)

    reconhecer que a evoluo social alterou asrelaes entre o ser humano e os animais,freqentemente em detrimento dos ltimos, e que

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    BROOM, D.M. e MOLENTO, C.F.M.

    deve-se rever esta situao; (2) manter-seinformado sobre as explicaes que a cincia vempropondo para determinadas respostas dos

    animais a alguns problemas que os mesmosenfrentam; e (3) refinar as formas de se medir ograu de bem-estar dos animais, para que estasavaliaes possam ser utilizadas no sentido dese aprimorar as relaes entre seres humanos eanimais, at que se atinja um nvel consideradoapropriado por uma sociedade informada e justa.Esta reviso enfocou o conceito de bem-estaranimal visando alicerar uma definio objetiva dotema, para permitir ao leitor uma iniciao cinciado bem-estar animal.

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    Recebido para publicao: 30/06/2004Aprovado: 29/10/2004