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BIO LOGIA Prática VIII Profa Ms. Débora Amorim Gomes da Costa Maciel 2 a edição | Nead - UPE 2013

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BIOL O G I A

P r á t i c a V I I I

P r o f a M s . D é b o r a A m o r i m G o m e s d a C o s t a M a c i e l

2a edição | Nead - UPE 2013

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife

Xxxxxxxx, Xxxxxxxx XxxxxxxxXxxxxxxxxxxx / Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx. – Recife: UPE/NEAD, 2009.

24 p.

ISBN - xxxxxxxxxxxxxxxxx

Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx Xxxxxxxx

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

ReitorProf. Carlos Fernando de Araújo Calado Vice-ReitorProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

Pró-Reitor AdministrativoProf. Maria Rozangela Ferreira Silva

Pró-Reitor de PlanejamentoProf. Béda Barkokébas Jr.

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Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional e ExtensãoProf. Rivaldo Mendes de Albuquerque

NEAD - NÚCLEO DE ESTUDO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Coordenador GeralProf. Renato Medeiros de Moraes

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Coordenação de CursoProf. José Souza Barros

Coordenação PedagógicaProfa. Maria Vitória Ribas de Oliveira Lima

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Edição 2013Impresso no Brasil

Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo AmaroRecife / PE - CEP. 50103-010Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664

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Prática Pedagógica Viiitrabalho de conclusão de curso: Monografia

Profa Ms. Débora Amorim Gomes da Costa Maciel Carga horária I 60 H

obJetiVo geral

Construir com os alunos pesquisadores mo-mentos de sistematização e integração dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, possibilitando a construção e apresentação do trabalho monográfico.

obJetiVos esPecÍficos

• Aprofundarosconhecimentosnaáreadeinteresse dos alunos, em consonância com as linhas de pesquisa do curso;

• Proporcionar aos acadêmicos a definiçãodo tipo de pesquisa que se deseja desen-volver;

• Orientaroseducadosquantoaolevan-tamento de dados e ao processo de aná-lise dos materiais coletados na pesquisa.

introduÇão

Caro aluno, estaremos juntos neste módulo de Prática VIII, construindo o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Antes de apresen-tarmos os caminhos a serem trilhados, gosta-ríamos de falar sobre um dos elementos es-senciais na vida do pesquisador: a curiosidade. É ela que nos faz perguntar, conhecer, atuar, reconhecer. Logo, podemos dizer que o pes-quisador é, por natureza, um curioso. Ele está buscandodescobriralgo, investigaroporquêde determinado fenômeno etc.

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Um ruído, por exemplo, pode provocar minha curio-sidade. Observo o espaço onde parece que se está verificando. Aguço o ouvido. Procuro comparar com outro ruído cuja razão de ser eu já conheço. Investigo melhor o espaço. Admito hipóteses várias em torno da possível origem do ruído. Elimino algumas, até que chego a sua explicação (FREIRE, 1996, p.33).

A curiosidade descrita por Freire nos mostra a essênciadoMétodoCientífico.Aobuscarmosanalisar um fenômeno, mobilizamos a curiosi-dade, ela convida a imaginação, a intuição, as emoções, a capacidade de conjecturar, ou seja, faz-nos levantar hipóteses sobre os elementos que promovem o fenômeno em estudo. Bus-camos analisar esses elementos, compará-los com outros que conhecemos, assim como Frei-re fez ao perceber o ruído, isolando-o, com-parando-o com fatores que já conhecia, nós isolamos as causas promotoras dos fenôme-nos e analisamos apoiados no suporte teórico para a análise. Esse caminho é necessário para chegarmos à razão de ser do nosso objeto de pesquisa.

Quero convidá-lo, agora, a recordar os conteú-dos trabalhados nos módulos de Metodologia Científica, de Prática VI e de Prática VII. Nesses módulos, você teve contato com a primeiraetapa que antecede a realização da pesquisa, a fase da formulação e do planejamento do pro-jeto. Essa etapa é composta pela escolha do assunto, levantamento do material bibliográ-fico, elaboração do problema de investigação, delimitação das questões que determinam os objetos de estudo e a investigação bem como as produções bibliográficas relacionadas ao as-sunto estudado.

A bibliografia coletada permite a organização e a formulação de sínteses de leitura, facilitan-do a revisão da literatura. Essa atividade torna possível verificar a viabilidade e as limitações do estudo, com a indicação de suas variáveis e hipóteses e, conseqüentemente, a estipulação dos objetivos e a definição do método e dos processos a serem empregados no trabalho (amostra, instrumentos, procedimentos, técni-cas, estatísticas etc.).

Assim, o seu Projeto de pesquisa desenvolvido na fase de formulação e planejamento perde o caráter de Projeto e se transforma em Pesqui-sa. Para auxiliar nessa construção, apresentare-

mos exemplos de pesquisas realizadas por alu-nos do curso de Pós-graduação Lato Sensu da Universidade de Pernambuco e Stricto Sensu de outras instituições. Nosso objetivo é ajudá--lo a compreender o desenho metodológico dos trabalhos científicos, promover espaços de reflexão sobre as possibilidades de análise e interpretação de dados e orientá-lo na finali-zação e divulgação dos novos conhecimentos desenvolvidos, enfim, a publicização do que vocêdescobriucomasuacuriosidade.

O módulo de Prática VIII será composto por trêsnovasetapas.Neleveremosafasedede-senvolvimento e execução da pesquisa, que constitui o momento da realização propria-mente dita da investigação, a coleta dos da-dos; a fase de análise e construção do traba-lhofinal,naqualvocêdivulgaráosresultadosobtidos com o estudo desenvolvido para a co-munidade científica e para os profissionais de sua área de atuação.

Nos capítulo a seguir, apresentaremos a meto-dologiadepesquisaaplicadaemciênciashu-manas e sociais, por considerarmos que ambas dão suporte à linha de pesquisa do programa, asaber:EnsinodasCiênciasBiológicas;Didáti-cadasCiênciasBiológicas;HistóriadaBiologia;AsCiênciasBiológicasnaEducaçãodeJovenseAdultoseTecnologiadaEducaçãoemCiênciasBiológicas.

No processo curioso de construção monográfi-ca,convidovocêamanusearepesquisarlivros,dicionários, sites, revistas científicas e/ou espe-cializadas, monografias, dissertações, teses, anais de congresso, bancos de dados infor-matizados, periódicos etc. Essas fontes darão suporteparaquevocêconstruaoseutrabalhoe serão úteis na sistematização dos fundamen-tos teóricos que nortearão a análise e a discus-sãodoquevocêinvestiga.Valesalientarque,nesse processo de busca, é importante que as referências e bibliografias sejam atualizadas,salvo os livros clássicos cujas publicações sejam antigas. Procure visitar fontes atuais, porque permitiráavocêeaoseuleitorteremcontatocom uma discussão atualizada sobre o tema.

Mãos à obra, pesquisador!

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(re) Pensando a Pesquisa

Profa Ms. Débora Amorim Gomes da Costa Maciel Carga horária I 10 H

obJetiVo geral

Resgatar elementos que abordem os funda-mentos e a construção da pesquisa científica.

obJetiVos esPecÍficos

• Refletirsobreadefiniçãodoobjetodein-vestigação;

• Consolidarahipótesedapesquisa.

introduÇão

Neste capítulo, buscaremos ajudá-lo a refletir sobre os passos que foram dados em direção à construção de seu projeto de pesquisa. Para isso, resgataremos elementos já discutidos em capítuloanteriores,afimdefavorecê-loasiste-matizar informação e evidenciar os caminhos que serão necessários trilhar rumo à efetivação de sua investigação.

1. Pesquisa e PesquisadorNa construção de seu projeto de pesquisa, algu-mas perguntas necessitaram ser respondidas:

a) O que pesquisar? b) Por que pesquisar?c) Para que pesquisar?d) Como pesquisar?e) Quem pesquisar?

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8Apartirdessasquestões,vocêsinalizouoquedesejava pesquisar e evidenciou o seu objeto de curiosidade. Construindo um trabalho de conclusão de curso, os alunos Éder Amorim e Vivian Amorim, por exemplo, também tiveram que responder a essas questões. Eles decidi-ram investigar o uso da água no município de Cupira/PE. Para isso, apontaram um problema: a água potável, que chegava às torneiras das casas dos moradores do referido Município, não estava sendo utilizada de forma racional. A partir desse problema, eles levantaram uma hipótese: a água está sendo mal utilizada por falta de educação ambiental da população. A partir da hipótese, iniciaram sua investigação.

Comovocêsabe,ahipóteseéocaminhoquedeve levar a uma teoria. Observe o papel dela:

Fonte: Jim Davis. http://images.google.com.br

os resultados obtidos pelo pesquisador, dada a experimentação/ investigação, comprovam a hipótese, então estará formulada uma nova teoria. Mas, e se, após a experimentação/inves-tigação, a hipótese não for confirmada, dei-xou-se de produzir um novo conhecimento? Certamente que não. Então, podemos concluir que a hipótese é uma possibilidade de se res-ponder a um problema, entretanto os dados queseapresentampodemnegaroquevocêacreditava inicialmente.

No processo de afirmação do que desejamos pesquisar, járespondemosoporquê,ouseja,justificamos a escolha do objeto da pesquisa, da metodologia escolhida, do campo de pes-quisa, dos sujeitos de investigação, dentre ou-tros. Ainda na justificativa, devemos apontar a relevância da investigação para a comunidade acadêmica e para a sociedade, enfim, sinali-zar a importância do seu trabalho. Os alunos acima citados justificaram a sua pesquisa, evi-denciando a necessidade de despertar a co-munidade para os danos da má utilização da água, prática que contribui para a sua provável escassez, em tempos vindouros.

a) E a sua pesquisa em que será relevante?

b) Comqualobjetivo,vocêbuscapesquisarotema escolhido?

Quando justificamos a investigação, buscamos responder com qual objetivo queremos pesqui-sar? O objetivo da pesquisa visa dar respostas ao problema apontado. Éder e Vivian Amorim, por exemplo, afirmaram que o objetivo de sua pesquisa era conscientizar a população sobre a utilização da água de modo racional. Para atingir o objetivo da pesquisa, eles necessita-ram investigar o que a população sabia sobre a água e, a partir dessa sondagem, ministrar pa-lestras, cujo propósito era a conscientização.

Ao respondermos sobre o objetivo da pes-quisa, precisamos descobrir como a realiza-remos, qual(is) instrumento(s) será(ão) mais adequado(s), qual modalidade de análise será apropriada. Estamos falando do passo-a-passo que será dado, para que a pesquisa aconteça. Isso também pode ser chamado de procedi-mentos metodológicos1 Lembre-se: a escolha de um método inadequado inviabiliza a des-

No quadrinho acima, John se depara com um problema, o peso de Garfield; a partir daí, levanta umahipótese “Se você comesseme-nos,vocêpesariamenos”.AhipótesedeJohnexplica um fato, o excesso de peso do gato. Essa explicação pode prever outros aconteci-mentos decorrentes da hipótese. John poderia dizer que Garfield, por comer muito, adquiriria problemasemconseqüênciadaobesidade.Abusca de maior entendimento da questão leva Garfield a pensar na testagem. A testagem compreende a análise, a avaliação e a inter-pretação dos dados em relação à hipótese. Se

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9coberta de resultados satisfatórios, por isso é importante definir o tipo de pesquisa e a esco-lha do instrumental ideal a ser utilizado, para, então, proceder à investigação e chegar à con-clusão de seu trabalho.

saiba Mais

1 - Também chamamos de Metodologia.

As informações acima trazidas desenham os caminhos da primeira fase de seu trabalho, em quevocê a) reconheceu e formulou o problema da

pesquisa; b) selecionou seu objeto de investigação;

c) definiu seus objetivos e hipóteses.

A partir do módulo VIII, seguiremos rumo à análise e à interpretação dos dados, frutos da sua investigação/verificação. Visamos ajudá-lo a traçar e/ou reforçar o desenho metodológico a ser seguido por sua investigação. Para tanto, sinalizaremos técnicas de coletas e métodos de análise dos dados, de modo a orientá-lo na execução de seu trabalho monográfico. É im-portante lembrá-lo de que nossa intenção não é apresentar todas as técnicas, instrumentos e métodos evidenciados pelas bibliografias que abordam o tema Pesquisa Científica, mas tra-zer modelos recorrentes nas pesquisas desen-volvidasnaáreadaeducação,vistoquevocê,biólogo em formação, está sendo preparado paraadocência.

referÊnciaAMORIM, Éder Brito; AMORIM, Vivian R.B. Educação Ambiental: conscientização do uso racional da água potável na escola estadual Ezequiel Bertino de Almeida no município de Cupira/Pe. 2008. 24p. Trabalho de conclusão de curso (Pós-graduação Lato Sensu em Estu-do da Biologia) Universidade de Pernambuco.

FREIRE, Paulo. A Pedagogia da Autonomia: Sa-beres necessários à prática educativa. 21. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LAVILLE, Christian e Jean DIONNE. 1999. “Opercurso Problema-Pergunta-Hipótese”.In A Construção do Saber: manual de metodo-logiadapesquisaemCiênciasHumanas.PortoAlegre: Artmed, 1999.

sugestÕes de siteshttp://www.crbio7pr.org.br/codigo-de-etica--do-biologo

www.cfbio.org.br/instituicao/cod_etica.asp

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ProcediMentos de coleta de dados

Profa. Ms. Débora Amorim Gomes da Costa Maciel Carga horária I 25 H

obJetiVo geral

Refletir sobre a fase da coleta de dados, to-mando-a como estrutural para o desenvolvi-mento da investigação científica.

obJetiVos esPecÍficos

Reconhecer os instrumentos de coleta de dados e suas possibilidades de uso.

introduÇão

Na construção1 de sua monografia, a de-finição de como você procederá à coletade dados é condição Sine qua non para o seu desenvolvimento. Para Laville e Dione (1999, p.131), a “verificação deve determi-nar as informações2 que serão necessárias, as fontesm4 às quais recorrer e a maneira de recolhê-las e analisá-las para tirar conclu-sões”.Deacordocomosautores,ahipóteselevantada por sua pesquisa ditará, em gran-de parte, a sua forma de investigação.

saiba Mais

1 - Tenha em mãos alguns manuais que tratam de metodologia da pesquisa, a fim de ampliar as possibilidades de investigação. 2 - Atenção: toda pesquisa necessita de infor-mações bibliográficas. A pesquisa bibliográfica abrange toda bibliografia que trata do tema de estudos, desde publicações avulsas, boletins, jor-nais, revistas, livros, pesquisa, monografias, teses, material cartográfico até meios de comunicação.

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123 - Uma das fontes de dados para a sua Pesquisa pode ser de base Documental. A pesquisa Documental diz respeito a toda afontedeinformaçõespré-existentesquetratamdoquevocêsedispôsainvestigar.Odocumentopodeseralgoqueserealize de forma escrita (documentos impressos) ou através de recursos sonoros e visuais (DVD, imagens, filmagens etc).

A seguir, vejamos os instrumentos e métodos possíveis de serem usados para a coleta de matérias da pesquisa:

1 obserVaÇão

Fonte: Quino. http://images.google.com.br

Observar faz parte do nosso cotidiano, mas, para que ela se configure enquanto prática científica, é necessário que obedeça a certos critérioseàsexigências.ComoafirmaLavilleeDione (1999), a observação deve ser

a) posta a serviço de um objeto, de questões ou hipóteses e não, de uma busca eventual;

b) rigorosa, para ser confiável e validada.

No processo de observação, várias técnicas po-dem ser utilizadas, a saber: observação estru-turada; observação pouco ou não-estruturada e técnicas intermediárias de observação.

1.1 obserVaÇão estruturada

A observação se configura estruturada, quan-do o observador tem a seu dispor aspectos da situaçãodefinidoscomantecedênciaeparaosquais são “previstos modos de registros sim-ples, rápidos que não apelam para a memória equereduzemosriscosdeequívocos”(LAVIL-LE e DIONE, 1999, p.178). Para os autores, o tratamento dos dados se dá de forma simples, pois se apresentam uniformizados, o que favo-rece a utilização de instrumentos estatísticos.

Demodosimples,pensemosquevocêrecordasua fase de ensino médio e lembre-se de que naquele tempo não havia, de sua parte, o inte-

resse em estudar os conteúdos explorados nas aulas de biologia. Hoje, futuro biólogo, aquele fatoaindaoincomodaevocêdecideobservaraulas de biologia, em busca de compreender se a forma como os conteúdos estão sendo tratados favorece a compreensão dos alunos e osestimulaaestudar.Nessainvestigação,vocêdecide realizar uma observação-estruturada.

Para a efetivação desse modelo, será necessá-ria a construção de duas grandes categorias de informações:

a) Contexto de produção, que diz respeito à descrição do local/escola (pública ou pri-vada; estrutura física, público-alvo, dentre outros), das pessoas que serão observadas (alunos - série e idade; professores – forma-ção, anos de experiência, dentre outros).

b) Comportamento dos alunos e professores. Nesta categoria, você registrará todas asinformações observadas na sala de aula. Elementos, como o conteúdo, foram abor-dados pelo docente até a reação dos alu-nos frente ao que foi posto.

As informações deverão ser registradas em uma grade de observação, seguindo-se as orientações de marcação dos campos que cor-respondem ao que está sendo observado, da posição em uma escala e, por vezes, da com-

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COMPORTAMENTO DOS ALUNOS FRENTE AOS CONTEÚDOS DE BIOLOGIA

1. Quadro geral de observação

a) Identificação da Escola_________________________________

b) Órgão financiador( ) público ( ) privado ( ) outros

c) Estrutura Física ( ) Alvenaria ( ) Taipa ( ) Lona

2. Descrição dos alunos observados

a) Idade _______________________________10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

3. Descrição da sala observada

a) Iluminação( ) Boa ( ) Média ( ) Fraca

b) Disposição das cadeiras ( ) Fila indiana ( ) Grande círculo ( ) Meio círculo

4. Professor e conteúdo disciplinar

a) Escreve o conteúdo no quadro e faz breve explicação ( )

b) Apenas escreve, no quadro, o conteúdo da aula ( )

c) Aprofunda as questões, articulando o conteúdo com o dia-a-dia dos alunos ( )

d) Outros comentários ______________________________________

5. Comportamento dos alunos frente ao conteúdo

a) Atentos às explicações ( )

b) Parte dos alunos atentos, enquanto outros conversa-vam ( )

c) Alunos conversando, sem que o professor interferisse ( )

d) Outros comentários

Esta tabela é um exemplo ilustrativo, construído com a finalidade de oportunizar o aluno a visualizar um modelo de grade de observação, sem, no entanto, se comprometer a trazer todas as informações necessárias à exploração do tema de pesquisa a qual serviu de modelo. Convém lembrar que é necessária, para a realização da pesquisa, a construção de uma grade precisa e detalhada, a fim de que se possa capturar as informações desejadas.

1.2 obserVaÇão Pouco ou não-estruturada

Digamos que, para investigar as aulas de bio-logia, você opte pela observação pouco ounão-estruturada. Neste modo de observação, como o seu nome sinaliza, não há uma estru-tura pré-definida como no modelo anterior, entretanto há uma forma de orientação da ob-servação, visto que a hipótese da pesquisa está presente, mesmo que de forma menos clara.

A observação participante se configura como exemploclássico.Nestaestratégia,vocêdeve-

rá se inserir na dinâmica do grupo que deseja conhecer, o que configura abordagem dita de cunho etnográfico (LAVILLE e DIONE, 1999)4.

saiba Mais

4 - Na pesquisa de cunho etnográfico, o pesquisador se insere no ambiente do sujeito investigado, bus-cando, por meio da observação próxima e precisa, informações sobre seu comportamento. A origem da PesquisaEtnográficaremontadasexperiênciasdean-tropólogos que conviviam com tribos indígenas para observarem o comportamento daquela comunidade e interpretarem seus medos, rituais e hábitos.

Fonte: Fernando Gonzales. http://images.google.com.br

plementaçãodasquestõesatravésdelinhasdeixadasembranco.Aseguir,vocêveráoesboçodeuma grade de observação.

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14Como você vê na imagem acima, o ratinhoparticipa da vida dos demais no papel de lei-tor. Nesse papel, ele/pesquisador/observador se envolve com a situação de forma direta e pessoal, o que caracteriza uma abordagem de cunho etnográfico. A inserção do pesquisador junto as seus sujeitos é uma das críticas fei-tasaessegênerodepesquisa.Algunsteóricosafirmam que a inserção e a participação ativa do pesquisador podem influenciar os partici-pantes, modificando a situação e o comporta-mento delas. Neste modelo de pesquisa, durante a obser-vação, o pesquisador não tem como anotar a dinâmica do grupo. Nesse caso, conta com a sua memória para registrar, de forma detalha-da, o que se passou imediatamente ao término de sua observação, pois o acúmulo de sessões de observação pode resultar em perda de in-formações.

Dois tipos de notas podem ser realizadas pelo observador em seu registro: notas descritivas e notas analíticas. A primeira diz respeito às anotações feitas no processo de observação, as indicações lembradas algum tempo de-poisdaocorrênciadaobservaçãobemcomoos densos relatórios que são construídos, con-tando, também, com a máxima neutralidade do observador. A segunda se junta à primeira, mas com um elemento novo, as impressões pessoais do pesquisador. O registro/lembretes, por sua vez, ocorre fora do ambiente de ob-servação.

1.3 tÉcnicas interMediárias de obserVaÇão

Se sua opção for por modelos intermediários de observação,vocêteráqueadaptaratécnicaàsituação, aos objetivos perseguidos, enfim, as suas intenções. Antes de observar e registrar a dinâmica do grupo-sala/professor etc., vocêpoderá se integrar no grupo e, aos poucos, es-truturar sua observação, de modo que esta seja mais elaborada, ou então, fazer a junção das duas práticas (estruturada/não-estruturada).

A observação não se apresenta como uma téc-nica exclusiva, visto que pode se unir a outras técnicas e instrumentos, como, por exemplo, a entrevista. Seja qual for a sua escolha, é funda-

mentalquevocêatenteparaoqueestásendopesquisado. Sua hipótese orientará o processo de busca, por isso é necessária a sua atenção a “tudo o que diz respeito a sua hipótese e não simplesmente selecionar o que lhe permite confirmá-la”(LAVILLEeDIONE,1999,p.182).

A seguir, trazemos sugestões de planejamento para a observação:

a) Antes de iniciar o processo, visite o local a ser observado, para se familiarizar com o espaço de pesquisa;

b) Planejecomantecedênciaoqueobservará.

Lembre-se: mesmo que a sua observação seja pouco ou não-estruturada, é necessá-rio o planejamento. A hipótese da pesqui-sa favorece esse encaminhamento.

c) Peça autorização às pessoas participantes,

caso deseje utilizar registros i cono -gráficos (fotografias, filmes, vídeos entre outros).

d) Procure fazer as anotações descritivas e

analíticas o mais cedo possível.

2. questionários Vejamos como os modelos de questionário5 po-dem ajudar o pesquisador na coleta dos dados.

saiba Mais

5-Notrabalhocomquestionário,vocêpoderáapre-sentar aos sujeitos pesquisados os propósitos de sua pesquisa através de uma carta de explicação. Nela devem conter: •Finalidadedapesquisa;•Instruçõesdepreenchimento;•Instruçõesparadevoluçãodoquestionário;•Agradecimentoaosujeitoparticipante.

2.1 questionário PadroniZado

Este instrumento consiste na construção de uma série de perguntas sobre o tema visado que serão escolhidas em função da hipótese. Podemos exemplificar duas formas de estrutu-ração de questionário padronizado. A primeira consiste na elaboração de questões em que o

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15interrogado terá uma opção de respostas, para evidenciar a sua opinião. A segunda é a for-mulação de enunciados em que o interrogado apontará se concorda plenamente, está em to-tal desacordo, ou se não tem opinião sobre o enunciado posto, etc.

A aplicação desses modelos é vantajosa, pois oferece ao pesquisador um direcionamento mais objetivo na categorização dos dados, vis-to que o próprio questionado aponta sua es-colha, logo o pesquisador não precisará estar interpretando o que se quis dizer com determi-nada resposta.

Podemos citar alguns pontos que dificultam a aplicação do questionário para a coleta dos dados, dentre eles pode estar à ocultação das respostas que realmente condigam com o pensamento do entrevistado. Outro complica-dor é o falseamento da resposta, em virtude de não aparecer, na lista, respostas que se enqua-dram no seu pensamento. Por isso, a presença de indicadores, tais como: “não pode respon-der”e“nenhumadessasrespostas”,ajudamopesquisador a perceber que há necessidade de ampliação de possibilidades de respostas. Es-ses e outros problemas podem aparecer ao ser utilizado o questionário padronizado.

atiVidade

1. Pesquise modelos de questionário cuja estrutura seja padronizada. Em segui-da, elabore algumas questões, conside-rando o objeto de sua pesquisa. Após a construção, apresente a atividade para o grupo-sala, a fim de que avaliem sua produção.

2.2 questionário coM resPostas abertas

Este modelo é composto por questões unifor-mizadas, entretanto não são oferecidas opções de respostas. Nele, o questionado poderá emi-tir opinião pessoal. Entretanto, como não há respostas pré-definidas, o pesquisado, frente a uma questão ambígua, poderá não compre-ender o que se pede, visto que não tem mais umareferênciaparaguiarasuaopinião.

Para a análise dos dados, o pesquisador deverá criar categorias e interpretar esses dados em função dessas categorias. A comparação entre os sujeitos será outro exercício que demanda-rá habilidade do pesquisador para agrupar as respostas.

A seguir, vejamos o exemplo dos alunos Edval-do e Maria José de Senna que, para investiga-rem o tema Educação Ambiental, optaram em aplicar um questionário com respostas abertas.

UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPECURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU-SENSU EM

PROGRAMAÇÃO DO ENSINO DA BIOLOGIA

Nome (opcional):

1) Comovocêcompreendeodesenvolvimentodotema educação ambiental no trabalho escolar?

2) Vocêjádesenvolveucomosseusalunos alguma

atividade cujo enfoque tenha sido a educação ambiental? Diga-nos o que motivou o trabalho e como foi desenvolvido.

Fragmento do trabalho monográfico intitulado Educação Ambiental: re-flexões sobre o fazer docente.

Gostaria de chamar a sua atenção para a ela-boração das perguntas que irão compor o questionário. Observe que elas devem ser for-muladas de forma neutra, ou seja, o seu posi-cionamento não deve ser evidenciado. Cuide para que não haja questões que constranjam o pesquisado ao oferecer respostas que não cor-respondem ao que pensam, como por exemplo:

a) Vocêachanecessáriooprofessordebiolo-gia estar freqüentando cursos de formação em serviço?

Certamente este sujeito jamais responderá ‘não’. O que está em jogo são as represen-taçõesquevocêcriarásobreele,apartirdasrespostas dadas. Logo, mesmo que ele, por-ventura, considere ‘desnecessário’ freqüentar cursos de formação continuada, a sua respos-ta será positiva. Portanto, sugiro que a ques-tão seja elaborada, de forma que o oportu-nize a expressar-se livremente, sem forçar-lhe a dar respostas, apenas, para satisfazer a sua curiosidade.

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16Vale lembrar que, na construção do questio-nário, o pesquisador pode unir elementos de padronização(respostas fechadas) e fazer uso de respostas aberta, dando ao questionado certa liberdade para responder de acordo com assuasreferências(LAVILLEeDIONE,2007).

atiVidade

1. Reformule a questão abaixo de modo que o questionado se sinta livre para expressar o que pensa:

a) Você acha necessário o professor debiologia estar freqüentando cursos de for-mação em serviço?

2.3 entreVistas

A entrevista é uma atividade que envolve dois ou mais sujeitos. Seu objetivo é sempre o de que-rer obter informações da pessoa entrevistada6. A seguir, conheceremos alguns modelos de entrevistas possíveis de serem utilizados, para coletardadosnaspesquisasacadêmicas.

saiba Mais

6 - No trabalho de coleta de dados, o gravador é um dos recursos necessários para registrar as informa-ções. Outros recursos podem ser agregados, como, por exemplo, a vídeo-gravação. Porém, só faça uso de qualquer recurso, seja gravador de voz ou ima-gem, com a autorização do entrevistado.

2.3.1 ENTREVISTA ESTRUTURADA

Este instrumento é construído de modo uni-formizado, como o questionário, havendo opções de respostas determinadas. As per-guntas, em vez de serem apresentadas aos entrevistados por escrito, são lidas pelo entre-vistador, e as respostas são anotadas por ele mesmo (CHIZZOTTI, 2000).

2.3.2 ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Neste modelo, o entrevistador pode flexibili-zar as questões, construindo novas perguntas no decorrer da entrevista bem como alterar a ordem em que as questões foram elabora-das. A introdução de novas questões, como, por exemplo: Por quê? Como? Você poderia

me dar um exemplo? ajudam a aprofundar as respostas, trazendo, dessa forma, maior escla-recimento.

Mas, atenção, essa flexibilização promove a perda da uniformização. Para Laville e Dione (2007, p.188), com a plasticidade desse mo-delo “as medidas e recursos à aparelhagem estatística tornam-se mais difíceis, se não im-possíveis”.Asdiferençasqueocorremdeumentrevistado para o outro dificultam o pro-cesso de comparação, visto que haverá novas perguntas e novas respostas a cada sujeito en-trevistado. Se considerarmos os estudos que envolvem um grande número de participantes, o modelo semi-estruturado não é conveniente.

REFLEXÃO

Imagine que sua pesquisa vai ser realizada em uma escola. Nela, você vai entrevistar umaclasse composta por sessenta (60) alunos. Na escolha do instrumento de coleta de dados, você optou pela entrevista semi-estruturada.Responda:

• Oquevocêpodeesperardecadaaluno? • Seráquetodosresponderãodeformasa-

tisfatória, não havendo necessidade de construir novas questões e/ou avançar nas próximas perguntas, visto que algumas questõesnaseqüêncacia foramrespondi-das pela anterior?

• O que fazer com essa multiplicidade de

respostas e novas ques-tões criadas em função dos entrevistados?

Atenção, na hora de escolher o(s) instrumento(s) mais adequado(s) à construção de sua mono-grafia, considere os aspectos que podem favo-recer e ou dificultar a análise de seus dados.

2.3.3 ENTREVISTA PARCIALMENTE ESTRUTURADA Neste modelo, são eleitos temas centrais de investigação. As questões são preparadas an-tecipadamente, porém, de forma aberta. Há flexibilidade suficiente para a retirada e o acrés-cimo de alguma pergunta do roteiro. Exempli-ficaremos a entrevista estruturada, tomando

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17como referência uma das linhas de pesquisado curso: AsCiênciasBiológicasnaEducaçãode Jovens e Adultos.Emsuainvestigação,vocêdeseja investigar

a) como os alunos compreendem o papel da disciplina‘ciênciabiológica’emsuaforma-ção profissional.

b) se os conteúdos abordados promovem

aprendizagem significativa.

Em busca de resgatar as dimensões desse su-jeito enquanto ser histórico, portanto situado, vocêpreparaquestões,umaparacadaeixote-mático (formação profissional, conteúdos dis-ciplinares/aprendizagem significativa) que aju-dem o entrevistado a exprimir-se com liberdade.

Nomomentoderealizaçãodaentrevista,vocêcomeçará perguntando e, no decorrer do even-to, improvisando suas intervenções em função das respostas do seu entrevistado. O objetivo é capturar, de forma qualitativa, as impressões dos sujeitos.

2.3.4 ENTREVISTA NÃO-ESTRUTURADA Neste modelo, o entrevistador propõe um tema a ser desenvolvido no decorrer da con-versação. As questões emergem do contexto imediato, havendo por parte do entrevistador um encorajamento e uma orientação na par-ticipação do interlocutor. Há casos, segundo Laville e Dione (1999), em que o entrevistador não prepara perguntas precisas para realizar a entrevista. Ainda que o caráter não-estru-turadodêaimpressãodequeestásendorea-lizado, algo de forma desordenada, sabemos que o pesquisador a desenvolve em função da necessidade de seu projeto, havendo, portan-to, certo tipo de preparação.

sugestÕes de PlaneJaMento Para confecÇão e realiZaÇão da entreVistaa) Observe se o entrevistado escolhido real-mente tem as informações de que vocênecessita;

b) Dependendo do tipo de entrevista, prepa-recomantecedênciaasperguntasaseremfeitas ao entrevistado e defina a ordem em que elas devem acontecer;

c) Realize um pré-teste, ou seja, antes de se

encontrar com o entrevistado escolhido, entreviste alguém que pode contribuir com seu trabalho, dando sugestões sobre sua postura bem como sobre as questões quevocêelaborou;

d) Estabeleça com o entrevistado uma re-

lação amistosa, não se posicione frente às idéias dele, procurando deixá-lo livre para se colocar. Para não dificultar a re-lação, não demonstre insegurança ou admiração excessiva diante das respostas dele. Seja objetivo em suas perguntas, pois entrevistas longas podem se tornar cansativas.

e) Leve consigo um caderno de registro para

ir anotando as informações do entrevista-do, entretanto não o deixe ficar esperando suapróximaindagação,enquantovocêes-creve. Como já advertimos, só utilize recur-sos de gravação de imagem ou áudio com a autorização do entrevistado.

f) Mesmoque você tenhagravadoa entre-vista, é importante que faça um relatório. Nele, elementos que não foram gravados em áudio, tais como comportamento e gestos dos entrevistados, ante as pergun-tas, podem ser registrados.

Sevocêescolheraentrevistacomoinstrumen-to de investigação, observe

g) se a entrevista consegue apreender os ele-mentos necessários a sua investigação (res-posta para a hipótese);

h) quem são os participantes da entrevista (selecione pessoas que realmente tenham o conhecimento necessário para satisfazer suas necessidades);

i) quantos participantes são pretendidos.

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atiVidade

1. A partir das informações apresentadas neste capítulo, retomemos a pesquisa dos alunos Éder e Vivian Amorim. Apontemos instrumentos de pesquisa viáveis para in-vestigar o uso racional da água pelos mo-radores de Cupira-PE.

Pensemos:

a) Qual(is) instrumento(s) de pesquisa fa-voreceu a descoberta do que a população sabia sobre a água? b) Será que todos os moradores de Cupi-ra/PE precisariam ser investigados para que a hipótese da pesquisa fosse respondida?

2. Agora, pensemos em sua pesquisa:

a) Quais dos instrumentos citados podem se adequar a sua coleta de informações? b) Será que mais de um modelo seria viá-vel? Quais?

Apresente suas respostas para o grupo-sala.

referÊnciasAMORIM, Éder Brito; AMORIM, Vivian R.B. Educação Ambiental: conscientização do uso racional da água potável na escola estadual Ezequiel Bertino de Almeida no município de Cupira/Pe. 2008. 24p. Trabalho de conclusão de curso (Pós-graduação Lato Sensu em Estu-do da Biologia) Universidade de Pernambuco.

CHIZZOTTI, Antonio. PesquisaemCiênciasHu-manas e Sociais. São Paulo: Cortez, 2000.

LAVILLE, Christian e Jean DIONNE. 1999. “O percurso Problema-Pergunta-Hipótese”. In AConstrução do Saber: manual de metodologia dapesquisaemCiênciasHumanas.PortoAle-gre: Artmed, 1999.

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trataMento, análise e interPretaÇão dos dados: das inforMaÇÕes à conclusão

Profa. Ms. Débora Amorim Gomes da Costa Maciel Carga horária I 25 H

obJetiVo geral

Apresentar as possibilidades de tratamento, análise e interpretação dos dados, em busca de favorecer a conclusão do trabalho mono-gráfico.

obJetiVos esPecÍficos

• Refletirsobreaorganizaçãodosdadosco-letados;

• Discutiralgumaspossibilidadesdeanálisedos dados.

introduÇão

Chegamos ao estágio em que muitos pesqui-sadores apontam como sendo a última fase da pesquisa, mas, por vezes se enganam, vis-to que ele pode evidenciar algumas falhas no percurso de construção, tais como:

a) dados insuficientes para se chegar a algu-ma conclusão;

b) falta de clareza do problema, dos objeti-vos e das hipóteses da pesquisa;

c) fundamentação teórica insuficiente para a análise dos dados.

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20Essasfalhassinalizamquevocêteráqueretor-nar à fase em cujo desenvolvimento houve de-ficiência.Deixaraslacunasemqualquerdessassituações implica má qualidade ou impossibili-dade de efetivação de seu trabalho monográ-fico, portanto, fique atento.

1. consideraÇÕes sobre a análise e a interPretaÇão dos dados A fase de análise dos dados1 ou, como muitos autores costumam chamar, análise e interpre-tação, descrição e interpretação, configura-se como o momento de compreender os dados que foram coletados, confirmar ou negar as questões levantadas (hipóteses da pesquisa) e ampliar o conhecimento sobre o tema pesqui-sado, sempre considerando o contexto cultural em que está situada a investigação (GOMES, 2004).

saiba Mais

1 - Defendemos que a análise abrange a interpreta-ção, portanto, ambas ocorrem ao mesmo tempo.

Osdadoscoletadosporvocêsãomateriaisbrutos que necessitam ser tratados/prepa-rados, para que surja um novo saber. A or-ganização desses materiais pode ser feita através da descrição, transcrição, ordena-ção, codificação, agrupamento em catego-rias entre outros, para, em seguida, proce-der às análises e interpretações e se chegar às conclusões.

De acordo com Laville e Dione:

Análise e interpretação estão intimamente ligadas: de hábito, fazem-se conjuntamente, em uma opera-ção em que a fronteira entre as duas é, muitas vezes, impossível de traçar com precisão, salvo em alguns estudos em que a análise consiste essencialmente na aplicação de testes estatísticos cujos resultados são interpretados em seguida, em uma seção à parte (1999, p.197).

Mas, mesmo com essa aparente separação, no processo de agrupamento dos dados e classifi-cação por categorias, supõe-se uma junção da análise e da interpretação. Temos que conside-rar a distinção entre as duas fases, mas con-siderando que não há evidentes demarcações entre elas.

Analisemos o exemplo a seguir:

(C1/L3/U2:68) Os jornalistas fazem constantemente entrevistas coletivas. Vocês sabem o que é isso? É uma entrevista em que vários repórteres fazem perguntas a uma pessoa, sobre um ou vários temas. Identifiquem quais são os alunos da turma que têm irmão menor. Qual desses aceita ser entrevistado sobre como é ter um irmão menor?

O voluntário deve ir para frente da turma. Os colegas serão os repórteres, fazendo perguntas sobre como é ter irmão menor. Sigam as regras:

• Quemquiserfazerpergunta,devepedirapalavraeesperarasuavez.

• Escolhamperguntas interessantes,queajudemaesclarecerbemoqueoentrevistadopensasobreterirmão menor.

• Outrosalunosdaturmaquetambémtêmirmãomenorenãoconcordaremcomalgumarespostadoen-trevistado devem expor sua opinião diferente e pedir ao entrevistado que defenda a sua.

(MP/C1/L3/U2:68)Oobjetivodaatividadeédesenvolver,nosalunos,ashabilidadesdeformular,deimprovisoe numa situação de entrevista mais formal que da interação cotidiana que mantém entre si, perguntas a um colega em condições de dar um depoimento sobre o tema da discussão. Por sua vez, os alunos entrevistados terãoaoportunidadededesenvolverhabilidadedeouvir, comatenção,asperguntasque lhes são feitaserespondê-las com pertinência, dando um depoimento coerente e bem estruturado (...).

Neste exercício dirigido ao aluno, a preocupação da C1 parece estar ligada a aspectos, como: a) definição do gênero textualentrevista;b)ativaçãodosconhecimentospréviosdosalunos; c)preparaçãoparaa realiza-ção da atividade; d) consideração sobre os princípios da organização dos turnos conversacionais. Quanto às orientações dadas aos professores, surgem encaminhamentos, tais como: e) consideração sobre a esfera de produçãodogênerotextual;f)observaçãoparaasregrasdeconvíviosocial.

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21Os elementos acima destacados evidenciam o caminho pensado pela atividade no sentido de introduzir o alu-nonousodeumgênerotextualdedomíniopúblico,a“entrevistacoletiva”,assimcomodeorientá-loquantoa sua produção. A proposta sugere uma atividade de produção textual que considere a necessidade de o aluno seexpressar,observandoocontextodeprodução,aadequaçãodogênerotextualàsituaçãocomunicativaeaos objetivos da interlocução.

Comosuporteparaodesenvolvimentodogênerotextual,osconhecimentospréviossãoacionados,demodoque as informações trazidas pelo aluno sejam aproveitadas, favorecendo a mobilização dos conhecimentos lingüísticos, textuais e de mundo, ativando assim, diferentes estratégias (KLEIMAN, 1995). Considerar os co-nhecimentos prévios do aluno é um importante princípio para se trabalhar com os diferentes conteúdos de ensino, nas diferentes áreas de conhecimento (BRASIL, 1996).

Paragarantirqueogêneroentrevistacoletivasejarealizadodeformaeficiente,aC1chamaaatençãoparadoispontos fundamentais no processo de interação, a observância para os princípios da conversação em que “fala umdecadavez”(MARCUSCI,1999,p.19)eodesenvolvimentodahabilidadedaescutaatenta(BRASIL,1996).Essas são regras do intercâmbio comunicativo que devem ser aprendidas em contextos significativos, tendo funçãoesentidoparaoalunoenãoquesejamapenassolicitaçãoeexigênciadoprofessor...

Fragmento da dissertação de mestrado intitulada Livros Didáticos de Língua Portuguesa: propostas didáticas para o ensino da linguagem oral.

atiVidade

1. A partir deste fragmento, tente identificar a análise e a interpretação dos dados. De certo,vocêsentiudificuldade,eissoéna-tural, pois, como afirmamos, tanto a aná-lise quanto a interpretação encontram-se em situações limítrofes. Alguns autores buscamdesenharoprocessoemtrêsfases:

a) Preparação (fase de agrupamento/arru-mação dos dados); b) Análise (diálogo entre os fundamentos teóricos e os dados obtidos); c) Interpretação (explicação dos dados).

Esta é uma tentativa de demarcar os pas-sos dados pelo pesquisador, mas nem sem-pre conseguimos discernir, com clareza, a demarcação delas.

2. trataMento e interPretaÇão dos dados Os dados, em sua fase inicial de tratamento, podem aparecer através de letras e palavras. Estas compreendem os discursos presentes em documentos oficiais, livros didáticos e outros suportes textuais, questionários ou entrevistas abertas. A forma numérica advém de instru-mentos estruturados ou padronizados, como

a grade de observação, o questionário. Esta, por sua vez, oportuniza o tratamento e a aná-lise com a ajuda dos instrumentos estatísti-cos. Vale salientar que, embora apresentados numeri-camente, ao interpretarmos os dados de forma contextualizada e implicada na dinâ-mica social mais ampla, a análise configura-se qualitativa1.

análise estatÍsticados dados A análise estatística2 configura-se como um instrumento que ajuda a melhor compreender e explicar os fenômenos e as situações. Para a construção de um novo saber, é necessário que a estatística seja utilizada de forma reflexi-va,demodoquevocênãosedesviedoobjeti-vo que é resolver alguns problemas, responder perguntas, verificar hipóteses.

saiba Mais

1 - a Pesquisa Qualitativa tem como foco principal o processo da análise, não se detendo a uma quantifi-cação de dados (tratamento estatístico), mas conside-rando a relação dinâmica entre mundo real e sujeito.

2 - a Pesquisa Quantitativa abraça o tratamento dos dados estatísticos, promovendo a classificá-los e or-ganização dos dados através de métodos estatísticos.

Na organização do material que serão tratados estatisticamente,énecessárioquevocê

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22a) verifique se os dados coletados realmente

servem à sua pesquisa. Caso eles estejam incompreensíveis, incompletos e inade-quados, elimine-os;

b) codifique e ordene, em categorias, cada

dado coletado; c) transcreva os dados de forma clara, de

modo a proceder à análise e à interpretação.

Para a efetivação do processo de análise, é ne-cessário que os dados sejam

• caracterizados;• testadosestatistcamente;• interpretados.

atiVidade

1. Pesquise modelos de trabalhos científicos cuja base de análise seja estatística, procu-rando identificar como o(a) autor(a) carac-terizou, testou e construiu uma interpreta-ção sobre eles. Em seguida, socialize suas respostas com a turma.

análise de conteÚdoA análise de conteúdo, segundo Minayo (1999, p. 21, 22), compreende “o universo de signifi-cados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes”,avançandonosentidodebuscarcon-templar, de forma aprofundada, o mundo dos significados das ações e relações humanas.

A análise de conteúdo permite que você ex-traia significações de diferentes documentos. Osdadosquevocêcoletounecessitamserana-lisados, portanto é necessário fazer um estu-do minucioso dos conteúdos, das palavras e das frases, procurando resgatar o sentido, as intenções; estabelecer comparações e avalia-ções, desprezando o que não for do interesse da pesquisa, identificando as intenções do do-cumento e selecionando-os de acordo com as idéias principais.

A análise de conteúdo pode se aplicar a uma grande diversidade de materiais, como permite abordar uma diversidade de objetos de investigação: atitudes, va-lores, representações, mentalidades, ideologias, etc. (LAVILLE e DIONE, 1999, p.214).

Os objetos de investigação citados pelos au-tores podem ser compreendidos/investigados nas linhas de pesquisa ofertadas pelo progra-ma. Em cada uma delas, a investigação pode-rá capturar os elementos que subjazem aos documentos/sujeitos da análise. Na análise de conteúdo, vocêpoderá fazerusodeumaabordagem qualitativa ou de uma abordagem quantitativa; as suas intenções e a natureza dos discursos serão responsáveis pelo encami-nhamento para a pesquisa.

Para organizar os seus dados, é necessário que vocêfaçaumrecortedosconteúdosparaagru-par os elementos recortados em função de sua significação/sentido, configurando, dessa for-ma,aconstruçãodecategorias.Você,enquan-to pesquisador, deverá se deter, sobretudo, em palavras-chaves ou frases que traduzam idéias ligadas a sua investigação.

No processo de categorização dos seus dados, énecessárioquevocêadoteumcritério,sejaele partindo da palavra, da frase, entre outros elementos presentes no texto. Outro elemen-to indispensável refere-se ao fato de que não podem ser desprezadas as respostas dadas pelo(s) sujeito(s) da pesquisa, por isso dizemos que as categorias devem ser exaustivas. O últi-mo tópico diz que não pode haver categorias que abarquem mais de uma resposta, logo as categorias se excluem.

Vejamos como os alunos Maria Patrícia Grigó-rio Leite e Miquéias Manoel da Silva procede-ram à análise de conteúdo. Após a coleta dos dados realizada através de um questionário, os alunos buscaram compreender, através do discurso de diferentes sujeitos, se o ensino das ciênciasnaturaisvivenciadoporeles,aolongode sua vida escolar, favorece uma aprendiza-gem significativa.

Para agrupar os elementos e construir as cate-gorias, os pesquisadores atentaram para frases/palavras contidas nos discursos dos sujeitos en-trevistados,cujaessênciaapresentavaunidade.

Observe as frases/palavras abaixo, fragmentos das falas dos entrevistados:

A1 - “Ciências é o estudo do meio ambiente, dos animais, das pessoas, das plantas e o tra-tamento das doenças”.

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23A6 - “É o estudo da natureza e de novas des-cobertas”.

A11- “É uma matéria muito importante, foi através de ciências que aprendi o que significa plantas, animais, etc.”.

ATENÇÃOA apresentação de letras seguidas de nume-ração, ex: A11, representam, respectivamente sujeitos e ordem de aplicação do questionário.

Os pesquisadores classificaram os discursos em uma categoria, a saber: Ciências Natu-rais: compreensão do conceito. Desta forma, os pesquisadores identificaram que na fala dos entrevistados havia uma definição pesso-alparaoconceitodeciênciasnaturais.Aindaqueelesnãoapresentassemdefiniçõesacadê-micas, suas falas transpareciam uma significa-ção plausível e compreensão do objeto da área supracitada.

atiVidade

1.Vejamossevocêconseguefazeromesmomovimento que os alunos fizeram:

• A40 - “Os assuntos que a professoramostra no livro, eu já entendo e conhecia alguns,poismeuspaisfalamemcasa”.

•A58-“Aminhaprofessorada4ªsériefalavadesseassunto;aprendisobreosplanetas”.

•A60-“Vocêdescobrecoisasnodia-a-diaquenemimaginava”.

As inferências sobre as unidades de análisesugerem a subjetividade, elemento ignorado por alguns autores, mas acreditamos que exis-te subjetividade em todas as pesquisas. Nesse processo, também se deve considerar o que não está dito no texto, é o que chamaremos de elementos ocultos ou discurso implícito, pois em si apresentam sentidos, favorecendo escla-recer o que está dito e favorece na construção do sentido do conteúdo (MORAES, 1999; MI-NAYO, 1994).

As unidades construídas a partir das falas po-dem ser tratadas de forma estatística; para

isso,vocêpoderáenumeraraspalavrasouasfrases. Os dados numéricos são submetidos aos diversos tratamentos estatísticos com a fi-nalidade inicial de descrever os dados, para,em seguida, verificar a hipótese da pesquisa.

De acordo com Laville e Dione:

Essas análises estatísticas devem prolongar-se através da interpretação dos novos números, índices e coefi-cientes que delas emergem: é o momento de retornar ao sentido aquele em que o pesquisador explica o que se deve entender dos resultados obtidos, a signi-ficação que se pode atribuir-lhes, o que traduzem do conteúdo inicial, o que indica do valor das hipóteses acumuladas (1999, p.226).

Outra opção é a construção das unidades atra-vés de temas, entretanto, ocorrem dificuldades em sua elaboração, pois eles nem sempre es-tão delimitados com clareza e, por vezes, estão misturadosaoutros.Sevocêoptarpelostemasedesejatomarconsciênciadaimportânciadecada um, é necessário ir alémda freqüênciacom que aparecem, mas precisa melhorar a suaocorrênciaatravésdamarcaçãodeminu-tos de gravação, em número de linhas ou pa-rágrafos. Essa conversa com os dados sem a intermediação estatística3 captura as nuanças de sentido e especificidade que escapam ao que pode ser medido.

No processo de análise4 após a tomada de de-cisão sobre a forma de tratamento dos dados, é imprescindível que você retome os funda-mentos teóricos de seu trabalho, procurando dialogar sobre os conhecimentos trazidos atra-vés da análise dos dados com os já existentes. Este diálogo pode ratificar sua hipótese inicial bem como gerar uma processo de reformula-çãosignificativa.Oimportanteéquevocêtireas conclusões e apresente suas respostas, o que dará origem a um novo saber5.

saiba Mais

3 - de acordo com Laville e Dione (1999), o interesse pelaenumeraçãodaocorrênciadaspalavras,expres-sões, frases ou enunciados freqüentemente faz com que se abandone o contexto em que elas aprecem, por isso é necessário, muitas vezes, atentar para os elementos contextuais.

4 - a descrição dos resultados não implica análise, visto que esta só acontece no movimento dialógico dos dados da pesquisa com os fundamentos teóricos.

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245 - a sua análise deve fomentar novos temas que po-dem ser explorados em outras investigações.

atiVidade

1. Em uma pesquisa intitulada Ciências Na-turais e Aprendizagem Significativa: o que dizemosalunosde5ªsériedoensinofun-damental do município de Cupira – PE, os estudantes Maria Patrícia Grigório Leite e Miquéias Manoel da Silva, movidos pelo problema e pela hipótese6 de sua pesquisa, concluíram que a análise de conteúdo era a modalidade mais adequada. Vejamos

•Quemeramossujeitosinvestigados? •Atravésdafala(discurso)dessessujeitos,

os pesquisadores poderiam descobrir os motivos que estavam promovendo o de-sinteressepelasaulasdeciênciasnaturais?

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6 - PROBLEMÁ E HIPÓTESEOsalunosquefreqüentamasaulasdeciênciasnatu-rais sentem dificuldade de apreender os conteúdos trabalhados na disciplina. Acreditamos que esse fe-nômeno seja motivado, porque a aprendizagem dos conteúdos não acontece de maneira significativa.

Se acreditamos que os motivos, as aspirações, as crenças, os valores e as atitudes se apresen-tam nas falas/discursos, nos documentos, nos textos produzidos por seres humanos, temos que considerar que a preocupação dos inves-tigadores em orientar sua pesquisa, de acordo com perspectiva da Análise de Conteúdo, res-pondeu de forma satisfatória as demandas de sua investigação. Mas, se analisarmos outras modalidades de pesquisa , quais sugestões po-deríamos ofertar aos nossos pesquisadores?

Debata em pequenos grupos e socialize a sua resposta com o grupo-sala.

Para concluir...

Chegamos à etapa final de sua pesquisa, aque-laemquevocêsocializaráosresultados.An-tes, um outro procedimento é aconselhável, retome os encaminhamentos ofertados pelo módulo de Metodologia Científica e atente para as orientações e normas técnicas de cons-

trução do trabalho científico, pois o desvio das orientações pode comprometer a qualidade de seutrabalhoacadêmico.

Desejo-lhe uma excelente monografia, pesqui-sador!

referÊnciasCOSTA, Débora Amorim Gomes da. Livros di-dáticos de língua portuguesa: propostas didá-ticas para o ensino da linguagem oral. 2006. 107. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco/Centro de Educação, Recife.

LAVILLE, Christian e Jean DIONNE. 1999. A Construção do Saber: manual de metodologia dapesquisaemCiênciasHumanas.PortoAle-gre: Artmed, 1999.

LEITE, Maria Patrícia Grigório e SILVA, Miquéias M. CiênciasNaturaiseAprendizagemSignifi-cativa:oquedizemosalunosde5ªsériedoensino fundamental do município de Cupira – PE. 2008. 43p. Trabalho de conclusão de curso (Pós-graduação Lato Sensu em Estudo da Bio-logia) Universidade de Pernambuco.

GAMBOA. Silvio Sánchez. Quantidade-Qua-lidade: para além de um dualismo técnico e de uma dicotomia epistemológica. In: SANTOS FILHO, José Camilo dos; GAMBOA, Silvio Sán-chez (org.). Pesquisa Educacional: quantidade--qualidade. 2. ed. São Paulo, Cortez, 1997.

GOMES, Romeu. A análise de dados em pes-quisa qualitativa. In: MINAYO, Maria C. Souza (org). Pesquisa Social: teoria, método e criativi-dade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

MINAYO, Maria C. Souza (org). Pesquisa So-cial: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

MORAES, R. Análise de conteúdo. In: Edu-cação. Porto Alegre. Ano XXI nº 37, março: 1999.