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BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 24 nº 273 | Fevereiro - 2018 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP FEVEREIRO 2018

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BOLETIM DO

LEITEUma publicação do CEPEA - ESALQ/USPAno 24 nº 273 | Fevereiro - 2018Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP FEVEREIRO

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BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 273

CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

A valorização de 3,7% do leite UHT na primeira quinzena de fevereiro trouxe certo alívio ao setor leiteiro, que amar-

ga consecutivas quedas de preços no campo. Em janeiro/18, o valor do leite pago ao produ-tor caiu 1,74% em relação ao mês anterior e registrou o menor patamar real desde feverei-ro/10, a R$ 0,9832/litro (“média Brasil”, sem frete e sem impostos, que tem como base BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS). Diante disso, produ-tores se questionavam se esse era o piso de preço ou se a média cairia ainda mais. Assim, a recente recuperação no preço do UHT pode si-nalizar uma alta no valor a ser pago no campo. O leite UHT é o derivado mais consumido do Brasil e um dos pilares de formação de preços do leite no campo, servindo como um termôme-tro para o setor. No atacado do estado de São Paulo, o valor médio do UHT negociado saltou de R$ 1,96/litro em 1º de fevereiro para R$ 2,03/litro no dia 15 de fevereiro, se aproximando do patamar verificado no início de dezembro/17. De acordo com pesquisas do Cepea realizadas com o suporte financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), essa alta dos preços do UHT vem sendo verificada desde a segunda quin-zena de janeiro e está atrelada inicialmente, à tentativa das indústrias em recuperar a margem, que vem sendo espremida desde o ano passado. A manutenção da valorização do UHT na pri-

meira quinzena de fevereiro, por sua vez, sinali-za um maior equilíbrio entre demanda e oferta. Colaboradores consultados pelo Cepea ainda consideram o consumo enfraquecido, sobretudo por conta do período de férias e de carnaval. No entanto, o aumento das cotações tem sido absorvido pelo consumidor sem grande necessidade de promoções, que vinham sendo praticadas regularmente. Além disso, a amplitu-de entre os preços do UHT coletados pelo Cepea diminuiu, devido à alta mais intensa no valor mí-nimo (de 11,1%) frente ao máximo (que subiu 1,84%). Essa menor disparidade entre os valo-res pode indicar um reaquecimento da demanda, favorecida pela maior estabilidade econômica. No campo, a oferta de leite também tem se regularizado. Ainda que, tipicamente, o verão seja um período de maior captação de leite por conta das chuvas, os baixos preços praticados nos últimos meses têm resultado em desace-leração da produção. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) aumentou 0,2% de no-vembro/17 para dezembro/17 na “média Brasil e o levantamento do Cepea sobre o mercado em fevereiro, ainda em andamento, tem confir-mado essa tendência de crescimento controlado da produção. O menor volume no campo deve refletir no processamento de lácteos, aliviando pressões de estoque do UHT e possivelmen-te mantendo a tendência de alta nos preços.

Valorização do UHT sinaliza retomada de preços no campo

Equipe Leite: Natália Salaro Grigol - Pesquisadora do Projeto Leite

Equipe de Apoio | Lucas Henrique Ribeiro, Caio Monteiro, Aline Pires e Frederico Delle Ilenburg

Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto GrãosEquipe de Apoio | André Sanches, Débora Kelen Pereira da Silva, Isabela Rossi, Carolina Sales, Raphaela Spolidoro, Beatriz Massola e Márcia Ferreira

EXPEDIENTE Editora Executiva: Natália Salaro GrigolPesquisadora do Projeto Leite

Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: 49.148

Editores Cientí� cos: Prof. Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros e Prof. Sergio De Zen

Revisão:Bruna Sampaio - Mtb: 79.466Nádia Zanirato - Mtb: 81.086Flávia Gutierrez - Mtb: 53.681

Contato:(19) 3429-8834 | [email protected]

Endereço para correspondência:Av. Centenário, 1080 | Cep: 13416-000 | Piracicaba/SP

O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USPA reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida desde que citados os nomes dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea e a devida data de publicação.

LEIT

E AO

PRO

DUTO

R

Por Natália Grigol

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3CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 273

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Grá� co 1 - ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite – DEZEMBRO/17 (Base 100=Junho/2004)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Grá� co 2 - Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de janeiro/18)

2015

2017Jan/180,9832

0,85

0,95

1,05

1,15

1,25

1,35

1,45

1,55

1,65

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

R$/L

itro

MÉDIA BRASIL PONDERADA LÍQUIDA (BA, GO, MG, SP, PR, SC, RS)VALORES REAIS - R$/LITRO (Deflacionados pelo IPCA de jan/18)

Média2005 a 2017

2014

2016

206,71

90

110

130

150

170

190

210

230

ago/

04jan

/05

jun/

05no

v/05

abr/

06se

t/06

fev/

07ju

l/07

dez/

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/14

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14jan

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jun/

15no

v/15

abr/

16se

t/16

fev/

17ju

l/17

dez/

17

ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP - Estadual PTL-IBGE

Patamar de dezembro de 2016 )188,54(

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LEITE AO PRO

DUTOR

Tabela 1 - Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em JANEIRO/18 referentes ao leite entregue em DEZEMBRO/17

Tabela 2 - Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Preço BrutoInclusos frete e CESSR (ex-Funrural)

Preço LíquidoVar%Bruto

Var%Líquido

Mesorregião Máximo Mínimo Médio Máximo Mínimo Médio % %

RSNoroeste 1,2254 0,9045 1,0859 1,0990 0,8805 0,9673 -0,56% -0,62%

Centro-Oriental 1,1741 0,8946 1,0831 1,0622 0,8080 0,9915 0,00% 0,00%

Média Estadual - RS 1,2041 0,8702 1,0546 1,0901 0,8329 0,9486 -0,41% -0,46%

SC

Oeste Catarinense 1,2140 0,8810 1,0597 1,1119 0,7863 0,9610 1,90% 1,90%

Norte Catarinense/Vale do Itajaí 1,1949 0,8010 1,0041 1,0781 0,6914 0,8896 -1,07% -1,51%

Média Estadual - SC 1,2050 0,8832 1,0530 1,1013 0,7865 0,9524 1,39% 1,34%

PR

Centro Oriental Paranaense 1,2014 0,9951 1,1306 1,1701 0,9738 1,0994 0,00% -0,87%

Oeste Paranaense 1,1573 0,9649 1,0651 1,0713 0,8723 0,9774 -3,67% -3,22%

Norte Central Paranaense 1,2212 0,9781 1,1132 1,0747 0,8410 0,9669 0,67% -0,23%

Sudoeste Paranaense 1,1978 0,9482 1,0250 1,0653 0,8331 0,9082 0,55% 0,34%

Média Estadual - PR 1,1779 0,9777 1,0709 1,0799 0,8856 0,9775 -1,01% -1,16%

SP

São José do Rio Preto 1,3226 0,9018 1,2090 1,2026 0,7913 1,0916 -1,94% -2,67%

Campinas 1,3530 1,2152 1,2900 1,2924 1,1277 1,1490 -0,03% -0,05%

Vale do Paraíba Paulista 1,3598 1,0765 1,2300 1,3057 1,0164 1,1543 -2,03% -2,23%

Média Estadual - SP 1,2646 0,9775 1,1623 1,1840 0,8980 1,0709 -1,67% -1,89%

MG

Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba 1,2457 0,9484 1,1055 1,1440 0,8452 1,0017 -2,96% -3,19%

Sul/Sudoeste de Minas 1,2436 0,8483 1,0989 1,1463 0,7567 1,0102 -3,13% -3,02%

Vale do Rio Doce 1,2867 0,9284 1,1185 1,1628 0,8126 0,9984 -0,86% -1,89%

Metropolitana de Belo Horizonte 1,4052 0,8400 1,1621 1,2831 0,7306 1,0455 -3,32% -3,80%

Zona da Mata 1,1312 0,8836 1,0133 1,0455 0,7826 0,9202 0,44% 0,04%

Média Estadual - MG 1,2687 0,9028 1,1114 1,1623 0,7996 1,0062 -2,57% -2,93%

GOCentro Goiano 1,2074 0,9523 1,0260 1,1206 0,8209 0,8957 -1,35% -2,65%

Sul Goiano 1,1929 0,8299 0,9955 1,0796 0,7267 0,8908 -2,50% -2,89%

Média Estadual - GO 1,2074 0,8746 1,0261 1,0954 0,7542 0,9052 -2,13% -2,80%

BACentro Sul Baiano 1,1619 0,8742 1,0862 1,0380 0,7569 0,9640 0,72% 0,79%

Sul Baiano 1,3849 0,8009 1,1482 1,2647 0,6936 1,0334 -0,60% -0,59%

Média Estadual - BA 1,3403 0,9036 1,1707 1,2002 0,7733 1,0345 -1,51% -1,79%

MÉDIA NACIONAL - Ponderada 1,2325 0,9113 1,0874 1,1283 0,8215 0,9832 -1,46% -1,74%

RJSul Fluminense 1,3447 1,0132 1,1256 1,2706 0,9324 1,0436 -1,52% -1,74%

Centro 1,1228 1,0649 1,1072 1,0683 0,8732 0,8847 -1,00% -0,62%

Média Estadual - RJ 1,1924 0,9465 1,0658 1,1393 0,8678 0,9789 -1,54% -0,66%

MSLeste 1,1171 0,7687 0,9657 0,9547 0,6141 0,8126 -6,29% -7,06%

Sudoeste 1,1816 0,9130 1,0357 1,0886 0,8211 0,9433 0,04% 8,25%

Média Estadual - MS 1,0981 0,8312 0,9653 0,9688 0,7059 0,8397 -4,21% -1,58%

ESSul Espírito-santense 1,1555 1,0452 1,0991 1,1486 1,0387 1,0922 0,03% -0,06%

Média Estadual - ES 1,2504 0,9891 1,1950 1,1896 0,8925 1,0959 3,78% 3,12%

CE

Sertões Cearenses 1,3349 1,0881 1,2260 1,3108 1,0680 1,2056 -1,35% 0,27%

Metropolitana de Fortaleza 1,3999 1,2196 1,3614 1,3097 1,1334 1,2720 1,26% 1,16%

Centro Sul Cearense 1,2749 1,0716 1,1510 1,2456 1,0470 1,1245 0,01% 0,01%

Média Estadual - CE 1,2755 1,0776 1,1835 1,2380 1,0372 1,1433 0,12% 0,76%

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BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 273

LEITE AO PRO

DUTOR

O preço do leite UHT negociado em janeiro no mercado ataca-dista do estado de São Paulo registrou uma nova menor mé-dia real da série histórica do Cepea, iniciada em março de

2010, de R$ 1,88/litro. Essa média é também 2,8% menor que a de dezembro e ainda 22,6% inferior à do mesmo período de 2017 (va-lores deflacionados pelo IPCA de jan/18). Embora o preço mensal tenha recuado, o Indicador Diário do Cepea, realizado com o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), re-gistrou consecutivas altas a partir de meados de janeiro, o que re-sultou na valorização de 3,23% do derivado no acumulado do mês. Segundo pesquisas do Cepea, no último dia útil de janeiro, o preço médio do UHT teve média de R$ 1,95/litro, 5,3% acima do observado no primeiro dia útil do mês. Esse movimento de alta, que vem ganhando força, persistiu na primeira quinzena de fevereiro e, no dia 15, o preço do derivado registrou média de R$ 2,03/litro.

Esse cenário também foi observado no mercado do quei-jo muçarela, que registrou alta acumulada de 0,89% em janeiro. O preço do derivado teve média de R$ 14,34/kg no mês passado, li-geira alta de 0,15% frente à do mês anterior, mas baixa de 4,82% se comparada à de jan/17. Segundo colaboradores do Cepea, a alta nos preços do UHT e da muçarela negociados no atacado do estado de São Paulo é uma tentativa da indústria de elevar margens, além de refletir uma ligeira recuperação da demanda. A pesquisa quinzenal dos derivados de leite realizada pelo Cepea também reforçou as expectativas de recuperação do setor para os próximos meses. Na região Sudeste, as cotações do leite cru (spot) subiram 2,02% de dezembro para janeiro, superando a valo-rização nacional do produto no período (0,27%). Além disso, vale destacar que a manteiga (200g) segue valorizada, fechando com mé-dia de R$ 23,69/kg em janeiro, elevação de 1,34% frente a dez/17.

Média de janeiro do UHT cai, mas Indicador diário sobe

DERI

VADO

S

Por Aline Pires e Frederico Ilenburg

Fonte: Cepea-Esalq/USP e OCB.Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.

Fonte: Cepea-Esalq/USPNota: Valores reais, deflacionados pelo IPCA de janeiro/2018.

Variações em termos reais (de� acionados pelo IPCA de janeiro/2018)Cotação diária - atacado do Estado de São Paulo

Média de preços em janeiro/18

Variação (%) em relação ajaneiro/17

Variação (%) em relação a dezembro/17

Leite UHT R$ 1,88/litro -22,6 % -2,8 %

Queijo muçarela R$ 14,34/kg -4,82% 0,15 %

Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados no mercado atacadista e as variações no mês de janeiro/18 em relação a dezembro/17

ProdutoGO MG PR RS SP Média Brasil

Dez Jan % Dez Jan % Dez Jan % Dez Jan % Dez Jan % Dez Jan %

Leite pasteurizado 2,20 2,19 -0,57% 2,12 2,07 2,00 2,01 1,92 -4,09% 2,88 2,77 -3,77% 2,21 2,21 0,21% 2,27 2,22 -2,36%

Leite UHT 2,03 1,96 -3,26% 2,01 1,89 1,81 1,98 1,88 -4,84% 1,90 1,87 -1,53% 1,87 1,91 2,10% 1,93 1,89 -2,42%

Queijo prato 15,21 15,92 4,64% 19,01 18,74 18,62 15,05 15,27 1,49% 15,99 15,20 -4,94% 16,60 16,69 0,53% 16,32 16,34 0,13%

Leite em pó int.(400g) 14,49 14,81 2,21% 16,94 16,42 15,81 16,82 17,17 2,10% 17,10 18,07 5,71% 14,83 14,37 -3,13% 15,93 16,05 0,72%

Manteiga (200g) 26,01 25,25 -2,94% 24,29 23,58 24,07 22,43 22,19 -1,11% 23,96 23,59 -1,51% 23,63 23,36 -1,12% 23,92 23,69 -0,96%

Queijo muçarela 14,69 14,90 1,38% 16,86 16,66 16,40 13,92 14,44 3,69% 14,59 14,19 -2,78% 14,13 14,30 1,17% 14,80 14,84 0,29%

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MERCADO

INTERN

ACION

AL

Fraca demanda interna reduz importações em janeiroPor Lucas H. Ribeiro

As importações de lácteos recuaram no primeiro mês de 2018 frente a dezembro do ano passado. Em janeiro, o País inter-nalizou 64,6 milhões de litros em equivalente leite, volume

14,2% menor em relação a dezembro/17 e 57,3% abaixo do de ja-neiro/17. A demanda enfraquecida no mercado doméstico limitou as compras externas de leites em pó e queijo muçarela, principalmente. Ainda assim, o principal produto adquirido pelo Bra-sil continuou sendo o leite em pó, com a entrada de 42,4 milhões de litros em equivalente leite (65,5% do total importado) em ja-neiro. Os países que mais exportaram esse produto para o mer-cado nacional foram a Argentina (74,5% do total de leite em pó importado) e Uruguai (12,3% do total). Ainda que o preço desse produto tenha se mantido praticamente estável, o volume de im-portação é cada vez menor, devido à baixa demanda nacional, com queda de 24,1% em relação ao mês anterior e queda acu-mulada de 60% de janeiro de 2017 ao mesmo mês deste ano. Em segundo lugar na pauta das importações estão os quei-jos, com a entrada de 19,7 milhões de litros em equivalente leite do produto, alta de 24,4% em relação à dezembro, volume que represen-ta 30,5% do total de lácteos importados. Os principais países vende-dores de queijos ao Brasil foram a Argentina e o Uruguai, com 51,3% e 39,1% do total adquirido, respectivamente. Com a oferta elevada de muçarela no mercado doméstico, a pauta de importações de queijos vem se modificando, com maior entrada de produtos de maior valor agregado, como os queijos frescos e de massa fundida, o que elevou o

preço médio desse grupo de lácteos em 15,3% nos últimos 12 meses. Em relação às exportações, 5,3 milhões de litros em equiva-lente leite foram negociados no mercado internacional, volume 33,7% menor que o do mês anterior e 51% abaixo do de janeiro de 2017. Quan-to à receita obtida com os embarques, a queda foi de 27,9% em relação a dezembro e de 51,1% comparado ao primeiro mês do ano anterior. Os queijos estão em primeiro lugar dentre os principais produtos exportados, com 2,3 milhões de litros em equivalente leite (43,3% do total embarcado) em janeiro, queda de 15,9% em rela-ção ao mês anterior. Os principais países a adquirir o produto foram Taiwan (19,6% do total de queijos exportados), o Chile (19,3% do total) e a Rússia (16,2%). O segundo produto mais negociado no mercado externo foi o leite condensado, com 2,2 milhões de litros em equivalente leite (42,6% do total embarcado), alta de 85,4% em relação ao mês anterior. Os principais países compradores deste pro-duto foram a Angola (43,9% do total do produto), Tunísia (26,1% do total) e Trinidad e Tobago (11,5% do total). Em terceiro lugar estão os leites fluídos (categoria representada principalmente pelo creme de leite), com embarques de 573 toneladas (27,8% do total expor-tado) – 43% desse volume foi enviado aos Emirados Árabes Unidos. No saldo da balança comercial, houve déficit de 59,3 mi-lhões de litros em equivalente leite em janeiro, redução de 11,9% frente a dezembro. Porém, devido à importação de lácteos de maior valor agregado, a redução do déficit da balança comercial em valor foi de 1,2%, com saldo negativo de US$ 25,2 milhões.

Notas: (2). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Secex / Elaboração: Cepea.

Notas: (1). Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros.Fonte: Secex / Elaboração: Cepea.

1 A categoria “leites em pó” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 4021010; 4022110; 4021090.² A categoria “queijos” considera os seguintes NCM definidos pela Secex: 04061010; 04061090; 04062000; 04063000; 04064000; 04069010; 04069020; 04069030; 04069090.

Tabela 1 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ - JANEIRO/18

Produto Volume (mil

litros de leite)

Janeiro/18 - dezembro/17

Participação no total im-portado em janeiro/18

Janeiro/18 –

janeiro/17

Total 64.642 -14,2% - -57,3%

Leite em pó (integral e desnatado)

42.358 -24,1% 65,5% -64,1%

Queijos 19.727 24,4% 30,5% -39%

Manteiga 681 194% 1% -35%

Leite modificado 1.681 -47,5% 2,6% 3556%

Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ - JANEIRO/18

Produto Volume (mil

litros de leite)

Janeiro/18 - dezembro/17

Participação no total im-portado em janeiro/18

Janeiro/18 –

janeiro/17

Total 5.315 -33,7% - -51%

Leite em pó (integral e desnatado)

26 -98,6% 0,5% -95,2%

Leite condensado 2.263 85,4% 42,6% -63,1%

Queijos 2.303 -15,9% 43,3% 12,3%

Leite modificado 14 -98,7% 0,1% -98,8%

Leite fluido 573 -20,3% 10,7% -32,8%CU

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7CEPEA - CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

BOLETIM DO LEITE | FEVEREIRO DE 2018 - ANO 24 - Nº 273

MERCADO

INTERN

ACION

AL CUST

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Alta nos custos de produção desanima produtores leiteirosPor Caio Monteiro

Os custos de produção da pecuária leiteira iniciaram 2018 em alta, dando continuida-de ao movimento observado desde outu-

bro de 2017. O aumento dos custos se contra-põem aos preços baixos pagos pelo litro do leite aos produtores e desestimulam a produção. De dezembro/17 para janeiro/18, o custo operacional efetivo (COE), que considera os gastos correntes da propriedade na “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), subiu 0,88% e o custo operacio-nal total (COT), que engloba pró-labore e depre-ciações, teve alta de 0,81%. A elevação nos custos esteve atrelada, principalmente, às valorizações dos concentrados, da suplementação mineral, dos combustíveis e da mão de obra. Por outro lado, a queda de 4,16% nos custos da construção civil e de 0,93% nos preços das sementes forrageiras limitaram o movimento de alta do COE e do COT. O preço do concentrado (22% de PB), prin-cipal insumo da pecuária leiteira, registrou leve alta de 1,17% em janeiro na “média Brasil”, de acordo com a pesquisa do Cepea, que monitora as cotações dos insumos nas casas agropecuárias. Os estados que registraram as maiores valoriza-ções desse insumo foram Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, de 3,09%, 0,91% e 0,32%, res-pectivamente. Segundo colaboradores do Cepea, esse reajuste é consequência da recente valoriza-ção do milho no mercado interno. A relação de troca média do concentrado em janeiro foi de 56,06 litros de leite para se adquirir uma saca de 40 kg. Em janeiro de 2017, a relação era de 51,75 litros, ou seja, houve uma diminuição do poder de compra, que, por sua vez, está relacionada di-retamente com a queda na receita do produtor.

A alta de 2,39% nos preços dos com-bustíveis na “média Brasil” em janeiro também influenciou o aumento nos custos de produção. Essa foi a sexta valorização consecutiva do insu-mo – desde agosto de 2017, a valorização acu-mulada é de 12,55%. Os reajustes são derivados da política de taxação sobre os combustíveis ado-tada pelo governo federal e da nova política de preços praticados pela Petrobras. Consequente-mente, as operações que envolvem o uso de má-quinas agrícolas e as operações mecânicas den-tro da propriedade se tornaram mais onerosas.MÍNIMO – O reajuste de 1,81% do salário mínimo nacional a partir de 1º de janeiro im-pactou nos custos da pecuária leiteira dos es-tados da Bahia, Goiás e Minas Gerais. Para o estado de São Paulo, que tem salário mínimo regional, o reajuste já foi definido em 2,99%. Para Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Pa-raná, que também possuem mínimo regional, ainda não há previsão para a data do reajuste.FUNRURAL – A nova alíquota do Funrural para o empregador rural pessoa física passou a valer a partir de 1º de janeiro – a taxa, que antes era de 2%, foi reduzida para 1,2%. A diminuição não afeta o recolhimento para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), de 0,2%, e o destina-do ao Risco Ambiental do Trabalho (RAT), contri-buição previdenciária para trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho, de 0,1%. Sendo assim, o total recolhido na comercialização passou de 2,3% para 1,5%. Para o produtor, a redução de 0,8 ponto percentual reflete positivamente na receita e, consequentemente, na margem do seu negócio.

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MILHO: Com maior oferta, cotações recuam 3% em Campinas

Após as altas registradas no encerramento de 2017, os preços do milho recuaram novamente em 2018. As quedas estão atreladas principalmente à maior oferta do cereal proveniente da colhei-ta de verão no Sudeste e no Sul do País, que pressiona ou impede uma reação mais forte das cotações.

Além disso, em alguns momentos de janeiro, vendedores do Centro-Oeste brasileiro se mostra-ram mais dispostos a negociar, o que também limitou as valorizações. Porém, com o avanço do mês, produ-tores da região voltaram-se à colheita de soja, diminuindo o ritmo de comercialização do cereal nessa praça. Nesse cenário, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) fechou o dia 31 de janeiro a R$ 32,77/sc, recuo de 3% frente ao fechamento de 28 de dezembro de 2017. Po-rém, na média de janeiro, o Indicador foi 1% maior que no mês anterior, fechando a R$ 32,70/sc. No campo das regiões Sul e Sudeste, as atenções no mês passado voltaram-se para a colheita das lavouras de verão e o semeio da segunda safra de milho. No Rio Grande do Sul, a colheita havia alcança-do 22% da área estimada no final de janeiro, segundo a Emater/RS, refletindo as adversidades climáticas durante o mês. No Paraná, o excesso de chuvas atrasou a colheita, que está prevista para começar neste mês. No inte-rior paulista, os trabalhos de campo ganharam ritmo apenas no final de janeiro, também devido às precipitações. Quanto ao semeio da segunda safra, o excesso de chuvas também preocupa. Isso por-que o grande volume de precipitações em janeiro atrapalhou a colheita de soja, o que pode atrasar a ja-nela ideal de semeio do milho em Mato Grosso. Até o final do mês passado, apenas 7,1% da área ha-via sido semeada no estado mato-grossense, 3% menor que no mesmo período de 2017, segundo o Imea.

FARELO DE SOJA: Firme demanda eleva preços externo e interno

Diante da baixa disponibilidade de soja em grão no Brasil e do menor processamento da oleaginosa na Argentina, a demanda por farelo de soja se sobrepôs à oferta na primeira quinzena de fevereiro. Com isso, os valores desse derivado subiram com força nos Estados

Unidos e no Brasil, principais concorrentes da Argentina nas exportações do farelo. Os preços do grão, por sua vez, também foram impulsionados nos mercados norte-americano e brasileiro. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o primeiro vencimento (Mar/18) do fare-lo de soja subiu significativos 10,6% na primeira quinzena do mês, indo para US$ 373,70/tonelada curta (US$ 411,93/t) na quinta-feira, 15, o maior patamar diário desde 15 de ju-lho de 2016, em termos nominais. Considerando-se o primeiro vencimento na CME, a con-tribuição do farelo na margem de lucro das indústrias está em 70,8%, a maior desde ju-lho de 2017, enquanto a do óleo está em 29,2%, resultando em receita total de 21,4%. No Brasil, os preços do farelo atingiram os maiores patamares desde 2016 em grande parte das regiões acompanhadas pelo Cepea. Considerando-se a mé-dia das praças acompanhadas, houve forte alta de 8% na primeira quinzena deste mês. Segundo dados da Secex, a média diária das exportações de farelo no iní-cio de fevereiro está 58,15% superior à de fevereiro/17 e 21% acima da de janeiro/18.

Por Carolina Camargo Nogueira Sales

MIL

HO E

FAR

ELO

DE

SOJA

jan/18 32,70

(R$/sc de 60 kg)

jan/18 1.004,88

(R$/tonelada)

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Por Raphaela Spolidoro