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ARTIGO ORIGINALARTIGO ORIGINALARTIGO ORIGINALARTIGO ORIGINALARTIGO ORIGINAL
A GINSTICA LABORAL NAPROMOO DA SADE E
MELHORIA DA QUALIDADE
DE VIDA NO TRABALHOTHE LABOR WORK OUT TO PROMOTE THE HEALTH
AND THE QUALITY OF LIFE AT WORK
ADELARAPARECIDO SAMPAIO JOO RICARDO GABRIEL DE OLIVEIRAMestre em Educao (PUCRS), Professor na Faculdade Centro Especialista emAvaliao e Prescrio de Exerccio Fsico (UEL),Mato-grossense (FACEM) e na Unio do Ensino Superior de Professor na Faculdade Centro Mato-grossense (FACEM).Nova Mutum (UNINOVA).
Resumo: A ginstica laboral na preveno de doenasocupacionais vem sendo alvo de estudos e ganha terreno apartir do advento da era industrial, a acelerada incorporaodas novas tecnologias de automao, associadas s novas
formas de organizar o trabalho e na medida em que as Lesespor Esforos Repetitivos (LER) e Distrbios OsteomuscularesRelacionados ao Trabalho (DORT) so evidenciados. Nessetrabalho, desenvolvemos um breve histrico e analisamosaspectos relacionados com a ginstica laboral, as LER/DORTem diferentes mtodos dessa ginstica, bem como osresultados positivos obtidos em alguns exemplos napromoo de benefcios tanto para o trabalhador quanto paraa empresa. Alm de prevenir as LER/DORT, se destaca porapresentar resultados mais rpidos e diretos na promoo dasade e melhoria da qualidade de vida para o trabalhador.
Abstract: The labor workout helps to prevent theoccupational diseases, it has been studied and it is gainingterrain from the beginning of the industrial era, the fastincorporation of the new technologies of automation,
associated to new ways of organizing the work and as far asthe Repetitive Strain Injuries (RSI) and the Work-relatedMusculoskeletal Disorders (WMD) are evidenced. In thispaperwork we have developed a brief historic and analyzedaspects related to the labor workout, the RSI/WMD indifferent methods of this workout, as well as the positiveresults obtained in some examples to promote benefits bothfor the worker and for the company. Besides preventing theRSI/WMD, it presents faster and more direct results on thepromoting of the health and the improvement of the lifequality to the worker.
Palavras-chave:Ginstica Laboral; LER; DORT; Qualidade deVida. Keywords: Labor Workout; Repetitive Strain Injuries; Work-related Musculoskeletal Disorders; Life Quality.
Caderno de Educao Fsica (ISSN 1676-2533) Marechal Cndido Rondon, v.7, n.13, p. 2. sem. 200871-79,
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1 INTRODUO
Investir na qualidade de vida voltada aos
funcionrios nas empresas se constitui hoje uma das
principais aes para a preveno de problemas oriundos
do exerccio laboral que, em condies inadequadas, podem
ocasionar, pelo excessivo ritmo de trabalho, grandes males
sade dos trabalhadores. Atualmente, em um pas como
o nosso, infelizmente, as questes relacionadas com a
adequao econmica dos ambientes de trabalho ainda
esto longe de ser realidade. Existem bons exemplos de
empresas e instituies que oferecem a seus colaboradores
melhores condies para o trabalho, mas uma grande parte
ainda persiste em conduzir seus planejamentos baseados
no que os trabalhadores podem produzir, no investindo
em melhorias para promover a qualidade de vida de seus
funcionrios.
Os programas de promoo da sade e melhoria
da qualidade de vida, designadamente por meio da ginstica
laboral nos locais de trabalho, esto se tornando
indispensveis e que devem integrar a cultura das
empresas.
Existe um crescimento, embora ainda lento, do
pensamento no meio empresarial de que a melhoria da
qualidade de vida dos funcionrios est intimamente ligada
maior produtividade, de forma que investir no capital
humano deve fazer parte de toda empresa na atualidade.
Silva e Marchi (1997) nos apresentam dois
pr incipa is desafios (dentre outros) para o mundo
empresarial: o primeiro est relacionado necessidade de
uma fora de trabalho saudvel, motivada e preparada
para a extrema competio atualmente existente; o
segundo a capacidade da empresa responder demanda
de seus funcionrios em relao a uma melhor qualidade
de vida. Estas variveis, segundo os autores, esto
profundamente interligadas e induzem as empresas a
investir mais na implementao de programas de qualidade
de vida.
Na perspectiva de contribuir com a questo, nos
propusemos a condensar algumas idias que nomeiam a
ginstica laboral como promotora da sade e melhoria das
condies de trabalho, contribuindo na preveno e na
reduo das Leses por Esforos Repetitivos (LER) e
dos Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT), que so as maiores causas de afastamento nas
empresas alm de melhorar o relacionamento interpessoal,
reduzir acidentes de trabalho e, conseqentemente,
aumentar a produtividade, gerando um maior retorno
financeiro para empresa.
2 DISTRBIOS OSTEOMUSCULARESRELACIONADOS AO TRABALHO (DORT) ELESES POR ESFOROS REPETITIVOS (LER)
As Leses por Esforo Repetitivo (LER) ouDistrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT) so os designaes que podem levar a ocorrncia
de afeces de msculos, tendes, sinvias (revestimento
das articulaes), nervos, fscias (envoltrio dos msculos)
e ligamentos, isoladas ou combinadas, com ou sem
degenerao de tecidos. Elas atingem principalmente
mas no somente os membros superiores, regio
escapular (em torno do ombro) e regio cervical. Tm
origem ocupacional, e decorrem, de forma combinada ouno, do uso repetido ou forado de grupos musculares e
da manuteno de postura inadequada
(FUNDACENTRO, 2007).
Segundo Ribeiro (1997, BARBOSA et al., 1997)
na tentativa de tornar mais fcil e abrangente a avaliao
clnica, o termo LER amplamente utilizado e conhecido,
mas existem outros comumente utilizados como: Leses
por Traumas Cumulativos (LTC), que so definidas como
desordens dos tecidos moles causadas por esforos emovimentos repetidos. Apesar de poder ocorrer em quase
todos os tecidos do corpo, os nervos, tendes, bainhas
tendneas e msculos da extremidade superior so os mais
acometidos. Estas leses podem ser causadas pela
utilizao biomecanicamente incorreta dos msculos,
tendes, fscias ou nervos, que resultam em dor, fadiga,
queda do rendimento no trabalho e incapacidade
temporria, podendo evoluir para uma sndrome dolorosa
crnica, nesta fase agravada por todos os fatores psquicos
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(no trabalho ou fora dele) capazes de reduzir o limiar de
sensibilidade dolorosa do indivduo.
Historicamente o primeiro relato a associar queixas
dolorosas nos membros superiores a tipos de atividade de
trabalho foi feito, provavelmente, por Ramazzini, em 1713.
Apesar desta primeira associao datar do sculo XVIII,
s recentemente o assunto despertou interesse mundial
(FUNDACENTRO, 2007; MARTINS, 2001).
Talvez, a mais significativa das diferenas seja que
as LER so um modo bem mais raro de adoecer, posto
que, antes do sculo XIX, a escrita como trabalho era
uma atividade de um nmero bem pequeno de pessoas.
No primeiro ciclo da revoluo industrial (1770/1870), o
carter ocupacional restrito, tanto da escrita como das
LER, permaneceu, mesmo quando em 1830, a pena de
ave foi substituda pela palha de ao, tornando mais veloz
o trabalho de escrever e mais freqentes os casos das
doenas (RIBEIRO, 1997).
Tipos de esforos parecidos vieram a vitimar, de
modo semelhante, duas outras novas categorias de
trabalhadores assalariados, a dos mecangrafos/
datilgrafos e a dos telefonistas. Desde 1918, na Sua, os
trabalhadores dessas duas categorias, que adoeciam de
LER eram indenizados pelos empregadores (BAADER,
1960).
Segundo Figueiredo e MontAlvo (2005) e Ribeiro
(1997), o Japo, que mais precoce e velozmente avanou
em termos de automao e racionalizao do trabalho, foi
o primeiro a se dar conta da gravidade da situao no
final da dcada de cinqenta.
Os que historiam a evoluo dos distrbios crvico
braquiais de natureza ocupacional (OCD), nome da doena
no pas, afirmam que sua expanso foi devido elevada
sobrecarga do trabalho intensivo e em alta velocidade,
exigida por mquinas operadas manualmente, jornadas
longas de trabalho contnuo, aumento individual das tarefas
que requeriam movimentao exagerada dos dedos e dos
outros segmentos dos membros superiores,
empobrecimento do contedo do trabalho, controle rgido
das chefias e reduo do repouso e do lazer. Segundo
eles, de 1,6 milho de trabalhadores, 10% em mdia, eram
sintomticos. A maior prevalncia (21%) foi encontrada
em trabalhadores da linha de montagem. A terceira
categoria mais atingida, com uma prevalncia de 9% foi a
de escriturrios (NAKASEKO et al. apudRIBEIRO,
1997).
No rastro da acelerada incorporao das novas
tecnologias de automao, sempre associadas s novas
formas de organizar o trabalho, as LER ganharam os pases
industrializados, com os nomes de cumulative trauma
disorders (CTD), repetitive strain injury (RSI),
occupational overuse syndrome (OOS), occupational
cervicobrachial disorders (OCD) e lsions attribuibles
au travail rptitif(LATR), respectivamente nos Estados
Unidos, Austrlia, Alemanha e pases escandinavos e
Canad (KUORIKA et al. apudRIBEIRO, 1997).
Com o advento da era industrial, teve incio o
processo de fabricao de produtos em massa, e a
crescente especializao dos operrios no sentido de
melhorar a qualidade, aumentar a produo e diminuir
custos. Essa especializao levou os trabalhadores a
executarem funes especficas nas empresas, com a
realizao de movimentos repetitivos, associados ao
esforo excessivo, levando muitos indivduos a sentir dores.
As LER/DORT so, atualmente causa de muitos
debates quanto nomenclatura, ao diagnstico e ao
tratamento. H os que no acreditam em sua existncia,
e os que ainda no se convenceram. O fato que existem
inmeros trabalhadores com queixas de dor atribudas s
suas funes. A patologia reconhecida pela atual
legislao brasileira, gerando grande interesse pela
medicina.
O termo Leses por Esforos Repetitivos (LER),
adotado no Brasil, est sendo, aos poucos, substitudo por
Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT). Essa denominao destaca o termo distrbio
ao invs de leses, o que corresponde ao que se percebe
na prtica: ocorrem distrbios em uma primeira fase
precoce, tais como fadiga, peso nos membros e dor,
aparecendo, em uma fase mais adiantada, as leses
(BARBOSA et al., 1997; MENDES, 1998; PINTO e
VALRIO, 2000).
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Distrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho so doenas ocupacionais relacionadas a leses
por traumas cumulativos. So o resultado de uma
descompensao entre a capacidade de movimento da
musculatura e a execuo de movimento rpido e
constante (MARTINS e DUARTE, 2001; OLIVEIRA,
2006). Esses distrbios atingem, atualmente, trabalhadores
de diversas reas. Especialistas em medicina do trabalho
estimam que 5 a 10% dos digitadores so portadores de
LER/DORT. Na Frana, este j o maior motivo de
afastamento do trabalho e de comprometimento da
produtividade (BARBOSA et al., 1997).
Segundo a Organizao Mundial do Trabalho (OIT),
os pases arcam com custos mdios equivalentes a 4% de
seu Produto Interno Bruto (PIB), a cada ano, em
decorrncia de acidentes de trabalho, de tratamento de
doenas, de leses e de incapacidades relacionadas ao
trabalho (ANDRADE, 2000).
Partindo da mesma idia, Teixeira (2001) confirma
que entre trabalhadores brasileiros, 80 a 90% das doenas
ocupacionais, desde 1993, esto relacionadas aos distrbios
osteomusculares decorrentes de problemas de trabalho.
O mesmo autor relata os valores da perda econmica
decorrente de acidentes de trabalho calculado em 20 bilhes
de reais, ou seja, 2% do PIB nacional, e os Distrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho tm uma
ocorrncia de 70% entre as doenas ocupacionais.
Um estudo, desenvolvido por Miranda e Dias (1999)
constatou que 20% das LER/DORT registradas no
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ocorrem em
funcionrios que trabalham como caixa de bancos,
conforme a seguir.
Tabela 1 Distribuio dos trabalhadores portadores de LER, segundo funo, Salvador-BA.
FUNO %
1. CAIXA DE BANCO 20,0
2. ESCRITURRIO 14,3
3. AUXILIAR ADMINISTATIVO 10,1
4. CAIXA DE SUPERMERCADO 8,6
5. DIGITADOR 8,1
6. ATENDENTE 4,3
7. OPERADOR INDUSTRIAL 3,8
8. TELEFONISTA 3,4
9. AUXILIAR DE PRODUO 3,2
10. SECRETRIA 3,1
Fonte: Miranda e Dias (1999).
Em um outro estudo, desenvolvido pela Folha de
So Paulo (2001), verificou-se que, dos 310.000
trabalhadores paulistanos diagnosticados pelos mdicos,
14% eram portadores de LER/DORT, sendo 6% dos
trabalhadores da cidade de So Paulo, ou seja, 4% da
populao. Dessa forma, fica evidente que se as entidades
que envolvam governo, empresrios, mdicos, entre outros,
no tomarem providncias com relao a esse problema,
em um futuro prximo, teremos um grande nmero de
pessoas afastadas do trabalho, gerando cifras milionrias
em custos com aposentadorias, com tratamentos de
problemas, como os ndices destacados a seguir.
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Figura 1 Trabalhadores com diagnstico de LER/DORT emSo Paulo-SP.
Fonte: Folha de So Paulo (2001)
Baseado nesses resultados interessante notar que
os fatores contributivos mais importante das LER/DORT
so: fora, repetitividade e velocidades de movimentos
como clculos, digitao, escrita, atendimento ao telefone,
entre outros (FORNASARI et al., 2000).Outro dado alarmante que, aproximadamente, 75
a 90% dos custos mdios nas empresas so devido aos
doentes com lombalgias crnicas, o que tambm poder
desencadear os distrbios osteomusculares relacionados
ao trabalho (KSAN, 2003).
3 HISTRICO DA GINSTICA LABORAL
Do mesmo modo que no caso da LER/DORT, ha necessidade de se colocar um pequeno histrico sobre a
origem da ginstica laboral. O primeiro registro de ginstica
de pausa foi registrado na Polnia em 1925 e, depois, no
Japo em 1928. Outros pases como a Blgica e Frana
tambm apresentam um histrico no pioneirismo da adoo
da Ginstica Laboral.
Na Polnia, operrios se exercitavam com uma
pausa adaptada a cada ocupao particular. Alguns anos
depois esta ginstica foi introduzida na Holanda e Rssia.
No incio da dcada de 60, ela comeou a ser praticada
naAlemanha, Sucia, Blgica e Japo. Os Estados Unidos
adotaram a Ginstica Laboral em 1968. (LIMA apud
FIGUEIREDO e MONTALVO, 2005; REVISTA
CONFEF, 2004).
No Japo, segundo Alvarez apud Figueiredo e
MontAlvo (2005), era aplicada diariamente nos
funcionrios dos correios visando a descontrao e o
cultivo da sade, contemplando que aps a Segunda
Guerra Mundial, o hbito foi difundido por todo o Japo.
No Brasil, asprimeiras manifestaes de atividades
fsicas entre funcionrios foram em 1901, mas a ginstica
laboral teve sua proposta inicial publicada em 1973.
Algumas empresas comearam a investir em
empreendimentos com opo de lazer e esporte para os
seus funcionrios, como a Fbrica de Tecidos Bangu a
pioneira e o Banco do Brasil, com a posterior criao da
Associao Atltica do Banco do Brasil (REVISTA
CONFEF, 2004).
Conforme tem sido registrado no Caderno Tcnico-
Didtico SESI Ginstica na Empresa (2006), em 1973, a
Escola de Educao Fsica da Federao dos
Estabelecimentos de Ensino de Novo Hamburgo-RS
(FEEVALE), torna-se a pioneira da Ginstica Laboral com
o Projeto Educao Fsica Compensatria e Recreao,
elaborada a partir de exerccios fsicos baseados em
anlises biomecnicas. Em parceria com a FEEVALE,
em 1978, o SESI/RS desenvolveu o Projeto Ginstica
Laboral Compensatria. Ainda em 1978 em Betim-MG,
na fbrica FIAT de automveis, iniciou-se o Programa
de Ginstica na Empresa fundamentado nos princpios
da Ginstica Laboral. Este programa do SESI abrange
todo o pas atualmente.
4 CONCEITOS E DEFINIES DA GINSTICALABORAL
A ginstica laboral uma atividade desenvolvida
por meio de exerccios especficos de alongamento, de
fortalecimento muscular, de coordenao motora e de
relaxamento, realizados nos diferentes setores ou
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departamentos da empresa, tendo como objetivo principal
prevenir e diminuir os casos de LER/DORT (OLIVEIRA,
2006).
Segundo Martins e Duarte (2001), so exerccios
efetuados no prprio local de trabalho, com sesses de
cinco, dez ou quinze minutos, tendo como principais
objetivos a preveno das LER/DORT e a diminuio do
estresse, atravs dos exerccios de alongamento e de
relaxamento.
A ginstica laboral consiste em exerccios
realizados no local de trabalho, atuando de forma
preventiva e teraputica, enfatizando o alongamento e a
compensao das estruturas musculares envolvidas nas
tarefas ocupacionais dirias (CAETE et al., 2001 apud
POLITO; BERGAMASCHI, 2002).
Seguindo a mesma idia, Picoli e Guastelli (2002)
definem a ginstica laboral como atividade fsica realizada
no prprio local de trabalho, com exerccios elaborados
para compensar e prevenir os efeitos negativos da LER/
DORT, das dores na coluna, dos desvios de postura e de
outros problemas.
Lima (2004) conceitua a ginstica laboral como a
prtica de exerccios, realizada coletivamente, durante a
jornada de trabalho, prescrita de acordo com a funo
exercida pelo trabalhador, tendo como finalidade a
preveno de doenas ocupacionais, promovendo o bem
estar individual, por intermdio da conscincia corporal:
conhecer, respeitar, amar e estimular o seu prprio corpo.
Para Figueiredo e MontAlvo (2005), a ginstica
laboral uma atividade fsica realizada durante a jornada
de trabalho, com exerccios de compensao aos
movimentos repetitivos, ausncia de movimentos, ou a
posturas desconfortveis assumidas durante o perodo de
trabalho.
A ginstica laboral tem sido classificada, por diversos
autores, de formas diferentes, gerando certa confuso com
relao aos seus objetivos de execuo. Observar-se-,
nesta reviso, as diferentes opinies de autores referentes
ginstica laboral classificada em 4 tipos: preparatria,
compensatria, de relaxamento e corretiva.
1. Ginstica laboral preparatria: Atividade fsica
realizada antes de se iniciar o trabalho, aquecendo e
despertando o funcionrio, com objetivo de prevenir
acidentes de trabalho, distenses musculares e doenas
ocupacionais (DIAS, 1994). Targa (apudCAETE, 2001)
define como ginstica preparatria ou pr-aplicada como
um conjunto de exerccios que prepara o indivduo
conforme suas necessidades de velocidade, de fora ou
de resistncia para o trabalho, aperfeioando a
coordenao. Pode-se, entretanto, notar que a definio
mais adequada para ginstica laboral preparatria so
exerccios realizados antes da jornada de trabalho, com
objetivo principal de preparar o indivduo para o incio do
trabalho, aquecendo os grupos musculares solicitados em
suas tarefas, despertando-os para que se sintam mais
dispostos (ALVES e VALE 1999; OLIVEIRA, 2006).
2. Ginstica compensatria: Tem sido definido por
Kolling (1980), um dos precursores da ginstica laboral
no Brasil, como a ginstica que tem por objetivo,
precisamente, trabalhar os msculos que esto sendo
utilizados com mais freqncia na jornada de trabalho e
relaxar os msculos que esto em contrao durante a
maior parte da jornada de trabalho. Partindo desse ponto
de vista, fica claro que em um programa de ginstica
laboral compensatria necessrio fortalecer os msculos
mais fracos, ou seja, os menos usados durante a jornada
de trabalho, alm de alongar os mais solicitados,
proporcionando, dessa forma, compensao dos msculos
agonistas para com os antagonistas de forma equilibrada.
Assim sendo, exerccios fsicos realizados durante ou aps
a jornada de trabalho atuam de forma teraputica,
diminuindo o estresse atravs do alongamento e do
relaxamento (MARTINS, 2001). Sendo da mesma opinio,
Mendes (2000) e Oliveira (2006) definem ginstica
compensatria como exerccios fsicos praticados durante
o expediente de trabalho, normalmente aplicando-se uma
pausa ativa de 3 a 4 horas aps incio do expediente, tendo
como objetivo aliviar a tenses e fortalecer os msculos
do trabalhador.
3. Ginstica laboral de relaxamento: de grande
importncia desenvolver exerccios especficos de
relaxamento, principalmente em trabalhos com excesso
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de carga horria ou em servios de cunho intelectual.
Nesse sentido, Mendes (2000) confirma que a ginstica
laboral de relaxamento, praticada ao final do expediente,
tem como objetivo relaxar o corpo e, especificamente,
extravasar tenses das regies que acumulam mais tenso.
Assim, exerccios praticados aps o expediente de trabalho
tm como objetivo proporcionar relaxamento muscular e
mental aos trabalhadores (OLIVEIRA, 2006).
4. Ginstica laboral corretiva: Tem sido registrado por
Targa (apud CAETE, 2001), que a finalidade da
ginstica laboral corretiva estabelecer o antagonismo
muscular, utilizando exerccios que visam fortalecer os
msculos fracos e alongar os msculos encurtados,
destinando-se ao indivduo portador de deficincia
morfolgica no patolgica e sendo aplicada a um grupo
reduzido de pessoas. Entretanto, a ginstica laboral
corretiva visa combater e, principalmente, atenuar as
conseqncias decorrentes de aspectos ecolgicos
ergonmicos inadequados ao ambiente de trabalho
(PIMENTEL, 1999).A aplicabilidade dessa ginstica tem
como objetivo trabalhar grupos especficos dentro da
empresa, em conjunto com a rea da medicina do trabalho,
da enfermagem e da fisioterapia, com a finalidade de
recuperar casos graves de leses, de limitaes e de
condies ergonmicas.
5 BENEFCIOS DA GINSTICA LABORAL
A ginstica laboral proporciona benefcios tanto para
o trabalhador quanto para a empresa. Alm de prevenir a
LER/DORT, ela tem apresentado resultados mais rpidos
e diretos como a melhora do relacionamento interpessoal
e o alvio das dores corporais (GUERRA, 1995; MENDES,
2000; OLIVEIRA, 2006).
Um estudo desenvolvido no Banrisul Banco do
Estado do Rio Grande do Sul e na Petroqumica Triungo,
no perodo 2003 a 2006, registrou-se uma reduo de 44%
dos novos casos de LER/DORT aps a implantao da
Ginstica Laboral (REVISTA CONFEF, 2007).
Partindo desse pressuposto, evidncias tm
demonstrado que a ginstica laboral, em mdia, aps trs
meses a um ano de sua implantao em uma empresa,
tem apresentado benefcios tais como: diminuio dos
casos de LER/DORT, menores custos com assistncia
mdica, alvio das dores corporais, diminuio das faltas,
mudana de estilo de vida e, o que mais interessa para as
empresas, o aumento da produtividade, conforme
apresentado a seguir.
Quadro 1 Resultados positivos de programas de ginstica laboral segundo os autores.
FONTE EMPRESAS
Alves e Vale (1999)
Faber-Castell - houve diminuio nos casos de LERNEC do Alves Brasil - diminuio de 40% do volume de queixas de dores corporais.Siemens - reduo de 60% de reclamaes de dores corporais.Atlas Copco Brasil - diminuio de 20% no nmero de acidentes de trabalho.
Pavan e Michels (apud Mendes e Leite,2004)
Em duas empresas alimentcias do Sul do pas aumentou a produo em 27% (passou de 30para 38 frangos por minuto). Aps doze semanas da implantao da ginstica laboral, houveuma diminuio de 40% dos acidentes do trabalho.
Oliveira (2006), Revista "Isto " Xerox do Brasil - aumento da Produtividade em at 39%.
Revista Economia e Negcio (2001) Embraco - queda no nmero de casos confirmados de LER de 46, em 1997, para cinco, em1999.
Ferreira (1998) Cecrisa - em 1 ano de implantao do programa, constatou-se um aumento em torno de 17%na produtividade e uma diminuio das ausncias e de afastamentos em torno de 70%.
Martins e Duarte (2001)
Dona-Albarus (Gravata-RS) - aps 3 meses de ginstica laboral, houve uma diminuio de46% dos acidentes ocorridos e de 54% da procura ambulatorial- traumatoortopdica.Eletrnica-Selenium - em 6 meses de ginstica laboral, o ndice de absteno ao trabalho
decresceu 86,67%, as dores corporais diminuram em 64% e 100% dos trabalhadoresafirmaram estar mais dispostos a realizar suas tarefas.
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de grande importncia prtica e terica no levar
em considerao o aumento de produtividade de uma
empresa baseando-se s na ginstica laboral, mas sim por
um conjunto de atributos que envolvem a ginstica, a
ergonomia, a produtividade, os benefcios e o investimento
em qualidade de vida.
Neste sentido, a implantao de um programa de
ginstica laboral busca despertar nos trabalhadores a
necessidade de mudanas do estilo de vida e no apenas
de alterao nos momentos de ginstica orientada dentro
da empresa. Segundo Nahas e Fonseca (2004), do ponto
de vista empresarial, desenvolver aes de promoo da
sade e da qualidade de vida para os trabalhadores
representa um investimento com retorno garantido a mdio
e longo prazo. Trabalhadores bem informados e
conscientes de que seus comportamentos podem
determinar o risco maior ou menor de adoecer (ou mesmo
de ficar incapacitado ou morrer precocemente) so,
certamente, mais saudveis, produtivos e, possivelmente,
mais felizes.
importante entender neste sentido que aes
isoladas no surtiro o efeito desejado. Existe a
necessidade de um conjunto de melhorias que devem ser
adotadas, como por exemplo, modificao do processo de
trabalho, instituio de revezamentos ou rodzios, realizao
de anlises ergonmicas dos postos de trabalho e
adequao dos instrumentos ou equipamentos de trabalho,
alm de outras medidas que influenciaro positivamente
no estilo de vida.
6 CONSIDERAES FINAIS
Vrias evidncias demonstram a importncia da
ginstica laboral na preveno de doenas ocupacionais,
tais como LER/DORT, reduo dos acidentes de trabalho
e das faltas, bem como, o aumento da produtividade, a
diminuio dos gastos com assistncia mdica e,
conseqentemente, um maior retorno financeiro para as
empresas. Porm, com relao a LER/DORT, h um
grande nmero de trabalhadores portadores dessas
doenas e em muitos casos no h ainda os investimentos
necessrios para o exerccio da ginstica laboral no sentido
da preveno das doenas ocupacionais. Dessa forma, a
ginstica laboral um recurso para fazer frente ao
problema, pois considerado um exerccio fsico eficaz
na preveno de doenas relacionadas ao trabalho que
pode promover a sade e melhorar a qualidade de vida do
trabalhador. Entretanto, interessante notar que a
ginstica, por si s, no ter resultados significativos se
no houver uma elaborada poltica de benefcios sociais,
alm de estudos ergonmicos, da colaborao de
encarregados setoriais, tcnicos de segurana do trabalho,
dos mdicos ocupacionais e dos profissionais de recursos
humanos.
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Correspondncia:
Autor: Adelar Aparecido Sampaio
Endereo: Travessa das Hortnsias, 363, Jardim Bela Vista,
SorrisoMT, CEP78890-000
E-mail: [email protected]
Recebido em: 04/11/2008
Revisado em: 06/02/2009
Aceito em: 26/02/2009
Caderno de Educao Fsica (ISSN 1676-2533) Marechal Cndido Rondon, v.7, n.13, p. 71-79, 2. sem. 2008
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