Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

10
( 1\ ' r I "III II I A s 'Vtti1110S til' Jl1j<J/'1111110$ buscam O S bruxos intra o s inillligos I D ev em os a go r a a bo rd ar abr ux ar ia d e u ma f or ma m ai s o bj et iv a, pois clu 11111 modo de comportamento, tanto quanta urn modo de pensamento. () 1('11111 tern 0 di reito de perguntar 0 q ue f az u rn za nd e qu an do e embruxado, ~'(JIIHI descobre quem 0 esta embr uxando, como manifesta seu ressenti mcnro, !j'b m ed id as t oma p ar a s e p ro te ge r e q ue s is t ema de c on tr o le i ni be uma I'el:lllll~f II violenta. Soment e sepode exigirvinganca ou inde ni zacao por danos ca usados II('lil br uxaria quando 0 inf ortunio sof rido e amo rt e d e a lg ue m. N as p er d as nW1I11 re s, tudo 0 q ue s e p o de f aze r e apontar 0 b ru xo e pe rs u ad i- lo a i nt er ro nu nu s ua inf lu en ci a n ef as ta , Q u and o u rn h om em s of re u ma p er da i rr ep a ra vcl, I (II tanto, e i nu ti l l ev ar a qu es tao a di an te, j a qu e n ao p od e o bt er compensacnn, I' q ue u rn b ru xo n ao po de d es fa ze r 0 que ja foi feito. Em tais circunst anci as, 11111 z an d e la me nt a su a d esv en tu ra e c ul pa a b ru xa ri a em geral; mas e improvdv II q ue se e sf or ce p o r id ent if ic ar u m b ru xo de t er mi na do , p oi s 0 acusado neg' 1 '1 sua responsabilidade ou dira que nao tem consciencia de ter feito ma] a It ! g ue m: e q ue, se 0 fez, foi invol untariamen e, 0 que e le l am e nt a m ui to ; de quul q ue r f or ma , a v it im a f ic a n a m es ma . Ma s quando 0 inforninio e a ind a i nci pi en te , h a b oas r az oe s p ar a unlll i de nt i fi c ac ao imedi at a d o b r ux o, p oi s e st e p od e s e r p er su ad id o a i nt er ro m IW I s ua b ru xa ri a a nt es q ue a s c o i sa s s e a gr av em . S e a c as :a e sc as se ia n o f i na l da C !H tacao, e i nu ti l d es co br ir os b ru xo s q ue a e s pa n ta ra m; m as n o a ug e d a e st ac ae , a i de nt if ic a ca o d os b ru xo sp od e a ss eg ur ar u rn b or n r es ul ta do . Seum ho me 11 1 mordido por uma cobra vene osa, ele fica bom logo ou morre. Quando ~r cura , de n ad a a di an ta c on su lt ar o s o ra c ul os para sabe r 0 nome do bruxo rc~' p on sa ve l p el a m or di da . M as s u rn h om em c ai d oe nt e, e a do e nc a p ro me te SCI' seria e dernor ada, entao seusparent es buscam 0 b ru xo r es po ns av el p ar a q ue II balanca pese mais do lade da cura que da morte. Mais adia nt e explicaremos a mane ir a pela qual oper am os or aculos, Aqul f al ar em os a pe na s d os v er ed ic to s c om o p ar te d o m ec an is mo s oc ia l d e c on tr ol e da bruxar ia. E e vi de nte que , q ua nd o u rn b ru xo e de nunciado pelos or aculos , 111111\1111 II(·tlU" II , pn II hllII (1111 I" )II III IIH III t' NI'III 11111"1111\ 1 1 II 1 11 11 1 llillillill 011[11 1 MIIII dlKldd ul l' ur u ntuque 10 > OLI b e rn . . 'SI II' "11111 f II II n, N lt lH IH Iii IH 1'111 (1'''IIb! 11111111 ' 1 1 (1 .' q ll outros .stra- ,I>,ldlllllll'l' IlIdlqlll'lll 111111 lllhl por d 'liP rlto e i nv ja,; c os Azande I 11'"" 1 d 1'111111 p('IIW ml n It'll I < OM b ru xos q ue lh s prcjudicam, se n ao IHI 1IIIIhllllttii hIli ,Ill, IIjJoilltfuH nu autoricladc polttica, d e c on tr ol e d o I II I II 111111 III utc lrtuhrur ljll ' IIU) c st ar no s t ra ta nd o d e c ri mes p as s iv e is tt It III 1 1 11 1 1 1 % 1I1 1 ~,ls I,; punidos, nCl11 de deitos civis para os quais se It II !llllH Im l 'llimyllo legal. A nilo ser que urn bruxo r eal me nte m at e II 111 1111'1i Iv 111)1'0 ·csiS.~-IQ n o tr ib un al d e ur n p rin ci pe; e n ao r eg is- II,plt I 1 11 II !It' IlI'llxo,q p un ido s po r t ere rn c aus ad o ou tr os da no s. Al - II " "11 , pl ll l III, diHS iram-me que antigarnente um favorito da corte I I Ilth11l1Jl111!'l1l 'iI' a o nc ed er -I he i nd en iz ac ao p el a pe r da t ot al , p or II" liill, d 1III'o1h 'ittl de eleusi na. It'" HIIII' Ii 'H~II'Il() ues te cap itulo e portanto 0 costumeiro, no qual a IIII '"lhl~ ( j 1'-() s c ol oc a. D es de q ue a p ar te o fe nd i d a e 0 b ru xo ob - I I,,, IIII ~'!lI'I' "I' IS de cornp ortamento, 0 inci de nt e estara ence rr ado j d'llli 1 II'(I~' d e palavras asperas e muito menos olp s; na verda- lilt III III II I ' 11 m HI S relacoes entr e aspartes fiquem estremecidas. Voce lltl 1 1 1 1 tiP II,till' t1 um b rux o q ue t he de ix e e m p az e po de i nc lu si ve a vi - I 'II". I II (I'll p ur en te m or ra , e le s er a a cu sa do d e a ss as si na te , m as n ao I Ii I II I In I HI 1hzir-lhe m al . P oi s u rn b ru xo e tambem urn companhe ir o 11" I I II III m to n ~. o es ti ve r m at an do a s p e ss oa s, t er n 0 dire it o devi ver , II I,tI, 1 nulo, 0 bruxo, p or s eu l ad o, de v s egu ir 0 costume e desfazer I II 1,1 III uuulo a ss im sol ic i ta do por aque le s a q ue m e la e st a p re ju di ca n- 1111 1 1 '1 1 1 1 ' Il l ! If il l' disse ur n bruxo, perderia prestigi o, poderia ser proces - t .Idllli II() tr i bu na l e a in da por c im a e st ar ia d es pe rt an do m ai s r an co r II 11 1 11I'11 1W : o objetivo de todo 0 pr oc edime nt o c os tu me ir o, ao con- II ,II I II II' I'\85 nt im ent os e fazer com que 0 b ru xo r et ir e s ua b ru xa ri a II , tI , 11111 P 'dido c or te s p ar a q ue ce ss e d e mo le st ar su a vi ti ma a p ar tir IIIlIllllll1l0.E or outro lado, se urn bruxo recusar-se a atender a uma II I h ' In n o s termos tradicionais, el e perdera presti gi o, esta ra admitin- II 11111 III t' IHU:l c ul pa . e c or re ra g ra ve r is co , p oi s s e c a us a r a m or te d e s ua s , If 11'II II I vitavel retaliacao. 2 ,, , \ I' huuginar que os Azande consul tem 0 o rac ul o d e v en en o a u me s- til 11111 u ra ls ba ra tos e a ce ssi ve is p or q ual qu er d uv id a ou i nf or tu ni o. A

Transcript of Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 1/10

( 1\' r I "III II I

As ' V t t i1110S til ' J l 1 j < J / ' 1 1 1 1 1 1 0 $

buscam O S bruxos i n t r a os i n i l l l i g o s

I

Devemos agora abordar abruxaria de uma forma mais objetiva, pois clu 1 1 1 1 1

modo de comportamento, tanto quanta urn modo de pensamento. () 1 ( ' 1 1 1 1 1

tern 0 direito de perguntar 0 que faz urn zande quando e embruxado, ~'(JIIHI

descobre quem 0esta embruxando, como manifesta seu ressentimcnro, !j'b

medidas toma para seproteger e que sistema de controle inibe uma I'el:lllll~f II

violenta.

Somente sepode exigirvinganca ou indenizacao por danos causados II('lil

bruxaria quando 0 infortunio sofrido e a morte de alguem. Nas perdas nW1 I11

res, tudo 0 que sepode fazere apontar 0 bruxo e persuadi-lo a interronunu

sua influencia nefasta, Quando urn homem sofre uma perda irreparavcl, I (II

tanto, e inuti l levar a questao adiante, ja que nao pode obter compensacnn, I'

que urn bruxo nao pode desfazer0que ja foi feito. Em tais circunstancias, 1 1 1 1 1

zan de lamenta sua desventura e culpa a bruxaria em geral; mas e improvdv II

que se esforce por identificar um bruxo determinado, pois 0 acusado neg ' 1 '1

sua responsabilidade ou dira que nao tem consciencia de ter feito ma] a It !

guem: e que, se 0 fez, foi involuntariamente, 0que ele lament a muito; de quul

quer forma, a vitima fica namesma.

Mas quando 0 inforninio e ainda incipiente, ha boas razoes para unlllidentificacao imediata dobruxo, pois este pode ser persuadido a interrom IW I

sua bruxaria antes que ascoisasse agravem. Sea cas:aescasseia no final da C !H

tacao, e inutil descobrir osbruxos que a espantaram; mas no auge da estacae,

a identificacao dos bruxospode assegurar urn born resultado. Seum home 11 1

mordido por uma cobra venenosa, ele fica bom logo ou morre. Quando ~r

cura, de nada adianta consultar os oraculos para saber 0nome do bruxo rc~'

ponsavel pela mordida. Masse urn homem cai doente, e a doenca promete SCI '

seria e dernorada, entao seusparentes buscam 0bruxo responsavel para que II

balanca pese mais do lade da cura que da morte.

Mais adiante explicaremos a maneira pela qual operam os oraculos, Aqul

falaremos apenas dos veredictos como parte do mecanismo social de controle

da bruxaria. E evidente que,quando urn bruxo e denunciado pelos oraculos,

1 1 1 1 1 1 \ 1 1 1 1 I I ( · t l U " II , pn II hllII ( 1 1 1 1 I" )IIIIIIIHIIIt' N I ' I I I 1 1 1 1 1 " 1 1 1 1 \ 1 1

I I 111111llillillill 011[11 1 MIIII dlKldd ul l' ur u ntuque 10 > OLIb e rn . . 'SI II'

" 1 1 1 1 1 f I I II n, N lt lH IH I i i I H 1 ' 1 1 1 ( 1 ' ' ' I I b ! 1 1 1 1 1 1 1 1 '1 1 (1 .' q ll o u t r o s .stra-

,I>,ldlllllll'l' IlIdlqlll'lll 111111lllhl por d ' liP r l to e inv ja,; c os Azande

I 11 '""1d 1 ' 1 1 1 1 1 1 p('IIWml n It'll I < OM b ru xos q ue lh s p r cjud icam, se nao

IHI 1IIIIhllllttii hIli ,Ill, IIjJoilltfuH nu autoricladc polttica, de controle do

I II I II

111111 III utc l r t u h r u r ljll ' IIU) cstarnos tratando de crimes passiveis

tt It I I I 1 1 11 1 1 1 % 1I 1 1 ~, l s I,; punidos, n C l 1 1 de deli tos civis para os quais se

It II !llllHIm l 'llimyllo legal. A nilo ser que urn bruxo realmente mateI I 1 1 1 1 1 1 1 '1 i Iv 1 1 1 ) 1 ' 0 · c s i S . ~ - I Qno tr ibunal de urn principe; e nao regis-

I I , p l t I 1 11 II !It' IlI'llxo,q punidos por terern causado outros danos. Al-

II ""11 , pl ll l III, d i H S iram-me que antigarnente um favorito da corte

I I I l t h 1 1 l 1 J l 1 1 1 ! ' l 1 l 'iI' a onceder-Ihe indenizacao pela perda total, por

II" liill, d 1III'o1h 'ittl de eleusina.

It'" HIIII' Ii 'H~II'Il()ueste capitulo e portanto 0 costumeiro, no qual a

I I I I '"lhl~ (j1'- ( ) s coloca. Desde que a parte ofendida e 0 bruxo ob-

I I , , , I I I I ~'!lI'I'"I'ISde cornportamento, 0 incidente estara encerrado

j d'llli 1 II'(I~'d e palavras asperas e muito menos golpes; na verda-

lilt I II I II I II '11mHIS relacoes entre aspartes fiquem estremecidas. Voce

l l t l 1 1 1 1 tiP II,till' t1 um bruxo que the deixe em paz e pode inclusive avi-I 'II". III(I'll purente morra, ele sera acusado de assassinate, mas nao

I IiIII I In IHI 1 h z i r - l h e mal. Pois urn bruxo e tambem urn companheiro

11" II II IIImto n~.oestiver matando aspessoas, tern 0 direito de viver

, III,tI,1 nulo, 0 bruxo, por seu lado, deve seguir 0 costume e desfazer

I I I 1 ,1 IIIuuulo assim solicitado por aqueles a quem ela esta prejudican-

1 1 1 1 1 1 '1 1 1 1 ' Il l ! If il l' disse urn bruxo, perderia prestigio, poderia ser proces-

t .Idllli II() tribunal e ainda por cima estaria despertando mais rancor

II 11 1 11I '11 1W : o objet ivo de todo 0 procedimento costumeiro, ao con-

II ,IIIII II' I'\85 ntimentos e fazer com que 0 bruxo retire sua bruxaria

II , tI , 1 1 1 1 1 P 'dido cortes para que cessede molestar sua vitima a partir

IIIlIllllll1l0.E or outro lado, se urn bruxo recusar-se a atender a umaII I h ' In n o s termos tradicionais, ele perdera prestigio, estara admitin-

II 1 1 1 1 1 III t' IHU:lculpa.e correra grave risco, pois secausar a morte de suas

, If 1 1 ' I I II I vitavel retaliacao.

2

,,, \ I' h u u g i n a r que os Azande consultem 0oraculo deveneno au mes-

til 1 1 1 1 1 urals baratos e acessiveis por qualquer duvida ou infortunio. A

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 2/10

'I

vit i 1 ( 1 11 '1 11 t il'1 I11 N I' 1 1 '1 ( 1 11 1 1 11 11 11 11 I i 1 11 11 11 11 11 11 11 11 1 ( 1 !l 1I • ( ' 1 1( 11 11d o II II' I

qu ? III S .mprc ImlXIII'lillltII' 1 ,1 1I1111,, , ,dvlllllllil 'l h i dll v lu.U m h u n II I

scm] rc f:1Z inimigos IHIO po , ' ' 11 1 11 ( ) 1 " 11 1 11 1 1( 0 "" II ( [ (1111 I1 l 'I lUl l 1 ' 0 1 ' bruxa-

ria. E p r ec is e ap rc ndcr a onvlv 'I' 01 II () J' I 'II, Pili ' u , q UI I n III u In zu 11 lc d iz

que determinada perda que sofrcu S' d 'v , ( h rux 11 '11, \1 , ' s l ' ( \ S i I 1 ~ p l c S 1 1 1Cn l " l '

manifestando seu desapontamento por meio dus mun if stac es usuais que

tais situacoes evocam; nao sedeve supor que ele esteja ernocionalrnente abala-

do, ou que vai correr para descobrir quem sao osbruxos responsaveis por S CL I

infortunio. Em noventa por cento dos casos, nada faz. Ele e um fi16sofo e sabcque, na vida, 0 mal deve ser aceito junto com 0 bem.

o zande so consulta oraculos e adivinhos sobre a bruxaria quando suasaude e afetada e em seus empreendimentos sociais e econornicos mais series,

Em geral ele os consulta a respeito de possiveis infortunios vindouros, pois

esta preocupado sobretudo em saber se determinadas empresas podem ser

iniciadas com seguranca, ou seja existe alguma bruxaria arneacando-as mes-

mo antes de comecadas, Por exemplo: um homem deseja'enviar seu filho para

ser educado como pajem na corte do rei, ou deseja fazer uma viagem ate os

Bongo, ao norte do reino de Gbudwe, para conseguir carne ou 6leo da arvore-

manteiga; os projetos podem terminar em desastre se a bruxaria os ameaca.

Caso 0 oraculo diga que tais projetos nao sao auspiciosos, ele os abandon".Ninguem 0 censurara por tal desistencia, uma vez que seria suicidio prosse-

guir quando 0 oraculo de veneno pronunciou um veredicto adverso. Nos

exemplos citados, ele tanto pode desistir de seus projetos quanta esperar um

ou dois meses, e entao consultar novamente os oraculos; ai talvez eles forne-

~am um veredicto diferente, pois a bruxaria pode nao mais estar ameacando

seus planos, Um homem pode ainda, digamos, desejar mudar sua residencia,

semear sua principal roca de eleusina, ou cavar um fojo para caca, e consulta

os oraculos sobre os locais mais indicados. Ele pergunta: devo construir mi-

nha casa neste lugar? Devo preparar este pedaco de terra para minha planta-

cao de eleusina? Devo cavar um fojo neste ponto? Se0oraculo de veneno sc

pro nun cia contra um local, ele pode perguntar sobre outros.ate surgir 0vere-

dicto de que um deles e auspicioso e nao havera perigo para a saude de sua fa-milia ou para 0 sucesso da empresa. De nada adianta esfalfar-se em construir

uma nova residencia, derrubar mato para abrir asrocas, ou cavar urn fojo lar-

goe fundo para elefantes sea pessoa sabe que a empresa esta condenada antes

mesmo de comecar. Se a bruxaria assegura de antemao 0 fracasso, por que

nao escolher outro sit io, no qual 0 esforco colhera seu justo prernio? Um ho..

mem quer casar com uma jovem e consulta 0oraculo deveneno para saber s '

o casamento sera um sucesso, ou se a esposa morrera em sua casa logo nos

1 1 11 1 11 1 I I I lion d"llill

II 111\,1 1 1 1 1 PI'ill( 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 ' '0, I'll 1 1 1 1 1 1 1 II 1 1 1 1 1 1 III IIIIIIIII~IIdi'pi 'I I

" " 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I () II· 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 I II I'll 0 ~ II ' pwll' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (I ! I I I l l i l l . 011)'(' 1 1 1 1 1 \

1 t dl'llIlIlllI'l't' ('UIIIO ( P) v ;llll~ < I' 11'(' pl' IIId •hll~III' 1 1 0 Illulo, () '1,llIdl'

, Ilqll I r n h r I'quulfllll'IIX()H, 'III P 1I'll'liI II', 'II () 1 I 1i (' II ~' lI ll d( lIWU I 't ll ll l' o

· 1 1 11 1I! IIlu! P"I'lIllll () I ' l' IHl ldi ,10M 1Ct'SH I I' ' Il l HilI llldillmd<lml' l'()IIII' I d',

111 1 ' " 1 , , I I l l l t l l ' t'OllVl\I'IlHlo e01l1o,~ bI ' I IXOH, rlclx 11iHcoiN IN 'NI'I'JII' 'Il l LIm pnuro,

, 1 1 11 1 11 VIII In I ( , ( ) ll lH I I 1 11 1' O, H) I' tl ' U lo s p uru lin h e r Il ' Iindu h l,n'igo n vistu, Ill! H '

'I iii I Ilh q • I Ilrupo P 11 '11o H S f 1 1 1 1 in t o. P o ls 'il1LII'iI 'iHH H-S O l11l1 n1U JOY ' 1 1 1

I 'h . 'U lI !· I(-I' n iH i rr u 0 , v ai r nor r 'I' S ' I '8pos<1-10.

IIII,· ohl! 'I'V II' (jll , quando lim z a nd afirma qu Lim mprcen I imcnro

I t 1IIII Itx I 10 , I po -I star m nt indo. 0 J1 l0 n ao se espera qu algu m

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ,lin 1 01 r] '(1 to s isso a arretar desastre, 0 j ito rnais f,~ iJ de fug l r

I II I " '1 ,( \1 ' Ill;os oraculos informaram que voce morrera se insistir 1 1 < 1 "Ill-

I' II N lIf{LI In 1 o d esperar que voce corra 0 risco. Em vista disso, a s v Z '8

1 1 1 1 1 1 M ' d I bm-'6 alheia, Sevoce nao quer man dar seu fi lho para ser paj '111

III 11111 11 '11I. 1, 'olupanhar Ul11 amigo ate os Bongo, dar sua filha em casamen-

III lit 1 I1 ( , l l l nqu m voce a prometeu, ou deixar sua esposa visitar os par 11 -

1 1 1 1 iii 1 1 1 ' al gar que os oraculos pressagiam a morte como resultado

I I I l lpl" '11 limentos. Esses circunl6quios, porem, permitem-lhe adiar,I I 1 1 1 1 IIlHII'd f ini tivamente de suas obrigacoes; as pessoas com quem vo

1 1IlIIIPl'Oll1 tide - 0 rei, 0 amigo, 0 futuro genro, ossogros - , todas elas,

" 1 1 1 11 1 1 1 [1 1 1 ' O S proprios oraculos para verificar as alegadas declaracoes do

111111 I uln, g m es mo que as declaracoes dos oraculos delas concordem com

II' \'''1 III ntirosamente afirmou serem asdeclaracoes do seu oraculo, isso

h i l i 1 1 1 1 1 d snas obrigacoes apenas por algum tempo. As pessoas envolvidas

1 1 11 11 11 11 ' ) providencias para descobrir 0 bruxo que ameaca seu futuro, e

1 1 1 1 1 1 I VI'I' 'In convencido essebruxo a retirar a influencia, voce vai ter que

I ll tll 1 1( 11 1'1 \ desculpa. Assim, vemos que os oraculos sao meios de impor

"11111111111 mtos, mas sua autoridade pode ser impropriamente usada para

" . ' 1 1 1 1 1d 'v r. Nao obstante, nenhum zande afirmaria que um oraculo

1 1 1 & 1 1 dl~\r nte do que realmente disse. Se um individuo quer mentir,

I l i d , II I'obtido uma declaracao oracular sem ter de fato consultado ora-

I t 1 ' 1 1 1 1 1 1 ,

3

, , 1 1 . ) '1,lInd consulta os oraculos a respeito de sua pr6pria saude e entra

1 1 1 1 , 1 1 0 'om osbruxos segundo certas etapas costumeiras. Os parentes ou

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 3/10

", , , , ,

11 (11111111 de w n d()(1IlttJ d II 1 111 1 I fl q llllill III 1 1 1 1 tH llh"I!XllldU ' ' - I ll ' i l II' () do

bruxo qu ' e I > 8 ) sou p r o c xllm ntu, M il 1 1 1 1 1 1 1 0 1 \ ' 1 . mdt· t ILH,' t . \ S I l I O ' l l l p'I'lbitli

sau de costu mam con su ltar u m dol' 01'1 ' 1 I 1 ( l~ 11011l1 il o d Icada m S 1'01'11 sn b 'J'

como estara sua saude naquele pcrfodo; pude Ilot II' que, ern cada consul ta ao

oraculo de atrito," um homem quase invur iuvc lmcnte pergunta se morrcra

em futuro pr6ximo. Se 0oraculo disser que alguem esta ameacando sua saudc

e que ele morrera em breve, 0homem voltara para casaabatido, pois osAzan-

de nao dissimulam sua ansiedade em tais circunstancias, 0 mais alegre de

meus amigos zande ficaria deprimido ate que tivesse anulado 0 veredicto do

oraculo, fazendo com que 0 bruxo que 0 ameacava se aquietasse. Duviclo,

contudo, que jamais algum zande tenha morrido ou ficado seria e dernorada-

mente perturbado pelo conhecimento de que estava embruxado; nunca depa-

rei com um caso de morte por sugestao desse tipo.

Um zande que esta doente ou foi informado pelos oraculos de que esra

prestes a cair doente sempre dispoe de meios para enfrentar a situacao. Consi-

deremos a atitude de um homem que esta perfeitamente bem de saude, mas

que sabe de antemao que ira adoecer, a menos que reaja it bruxaria. Ele nao

convoca um curandeiro nem toma remedies, mas todo 0 resto de seu COl11-

portamento ritual e 0 mesmo que seguiria caso estivesse realmente doentc,

Ele procura um parente ou amigo que possua algum oraculo de veneno e pc "de-Ihe que 0 consulte em seu nome. Ap6s conseguir algumas galinhas, ele c

seu amigo esgueiram-se para um lugar sossegado no mato, onde realizarn

uma sessao oracular. 0homem cuja saude esta arneacada trouxe consigo umu

asa da ave que morreu como progn6stico nefasto para 0mes entrante. Coloca

a asa no chao, diante do oraculo de veneno, para mostrar concretamente tI

este a natureza das questoes que the serao colocadas. Os dois amigos dizern

entao ao oraculo de veneno que desejam um progn6stico mais detalhado do

que 0ja disponivel, que vierarn apresentar certos nomes diante dele e querel11

saber qual dessas pessoas pretende prejudicar a saude do consulente. Toman:

de uma galinha, em nome de uma pessoa, despejam 0veneno em sua goela e

perguntam ao oraculo deveneno see essehomem 0bruxo ou nao. Se0oracu-

10 diz que aquela pessoaem particular nada tem a ver com a saude do consu-

lente, entao tomam de uma segunda galinha, em nome de uma segundu

pessoa, e repetem 0 teste. Quando 0 oraculo mata uma aveIigada ao nome ell ,

um homem, ou seja, declara que e este 0homem que vai causar a doenca do

consulente no mes que comeca, elesentao perguntam seeste e 0unico bruxo

a ameacar seu bem-estar, ou se ha outros no horizonte. Se 0 oraculo diz qLI!

* Rubbing-board oracle; ver adiante. (NT)

, , Itl t/ , 1 1 I 1 , t 1 1 1 1 1 1 " / ,, /11 ,11" ,, /" I I \ 'I ,1/1 "I I J l I II / 1 ' "

I I i l 1 1 11 1 11 1 1; 1, " ,, d!'Vlll1l ( 1 1 i 1 n O II, 1 0 1 1 1 '1 I f il l 1 1 1 ' I l i I I I lill1, 11111 II t\ H I ln O 1 1I 1V ! ;, 1'

111·1! I ! ! I ~ I " l l Il Id t, d p I'(II'HI III III , p i l l llw i 'H I I)d (1 pl l Nl "h ll l 1111111( '1it' lodos Oil

lit !lAWI '1111'euu lII'l1o II dm'Il~1ldo ('om tt l 'fllt', l i v i d 'nll'lll III I lin nvolve

1111111I 1It , t i l l !'IllllllilillN 'Ill vr dol' l d i III 1.,~()IMt't 'lillvtlll co ns um ln d o h orn s e rn

Iq I1 1 1 1 1 u l VIl I' 111It'){t'l'II~'llO. MIIM UI II ZH l i d ' 1110 c o u s l d e r u ' s l " kiln. tempo per-

d ld ll l i l l I I I t' 10p ro cu ru nd u e v l I II I' mules c d < . : N V inrurus, talvez ate a morte, que

t I 1 11 11 Illlv lli v eil! e rn quulsquer < H I Irn s c lr . un s t an c ia s ,

1 1 1 1 1 h O l I1 t '1 1 1 qu i.!S(l~ rcalmcntc do ntc , e nao apenas apreensivo com 0

1111I I . , lllulllS V 'Y,'S sc recolhe a U l1 J . a cabana de palha no mato onde pode seI!!lld!11 lin l r r u x a r i a . f: a partir desse abrigo secreto que organiza sua defesa.

I ' , d. I I 1 1 11 1 ! J I I I " ll t . proximo, a um genro, ou a alguma outra pessoa em quem

1 1 1 1 1 1 1 1 p l ' ('onsultc 0 oraculo de veneno em seu nome. Essa pessoa fara ao

H ·1 , 1 1 1 1 1 I I 1 1 l . .smas perguntas que indiquei acima, salvo que, agora, 0 que se

I I ' 1 1 1 1 1 1 1 1 quem sta realmente prejudicando 0 doente, e nao quem ira fa-

III 1 I 1 1 1 1 1 t U l ' o ,

I jlllillt l(~ [u osAzande eonsultam 0 oraculo deveneno, mas 0 provavel e

I I l f 1 1 1 1 I t q u l s e s se iniciern com uma consulta ao oraculo de atrito, 0 qual

1 1 " 1 1 1 1 1 1 1 d ntr um grande numero de nomes, varios bruxos que podem ser

1IIIllll11V'illl e la doenca. Se0 homem e pobre, elevai entao colocar osnomes

II I Ie IIHlIlo I' '10 oraculo de atr ito diante dos oraculos das terrnitas, mas, seHI I1111n bC 'I' veneno oracular e galinhas, utilizara 0 Dracula de veneno.

r ~llj 1 !Ill 'm ntrar aqui nos complicados detalhes tecnicos dos oraculos,

II IIllilillUJ'l10S que 0oraculo do atrito tenha escolhido 0nome do bruxo

llllll"l v e l , que 0oraculo de veneno tenha confirmado esseveredicto e que

1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I Ilh 1 I ' 1 ~ declarado que apenas aquele homem esta causando a doenca

III I 'IIJIlI II \ busca informacao, Existem entao duas linhas de acao abertas

1.11 1 1 1 1 • /j '1:I.S parentes. Descreverei primeiro a menos usual . Devemos

1 1 1 1 1 1 1 'Ill os Azande precisam evitar uma briga aberta com 0bruxo, pois

u II 1 1 ' I I I I ' i a mais, e talvez fizesse com que ele levasse 0doente a morte; de

I hPIlII lunua, isso envolveria os agressores em serias dificuldades sociais e

I • II ,

IltI" sim, eles podem de kuba, proferir uma oracao publica, em que

It n u u ill '( 0 nome do bruxo que esta prejudicando 0parente deles, mas

II "' ' 1 1 1 1 ' 1 ' 'm desmascara-lo e,com isso, envergonha-Io: portanto, como 0

It ~ 1 1 t ' t u u d o , esperam que ele retribua a gentileza deixando seu parente

I 1 / ", to procedimento e especialmente adequado quando 0bruxo e uma

1 1 . 1 tI " IH)l'Ii~ao social , que eles nao desejam afrontar , ou alguern que goze

u It III' l~~'0e estima de seus companheiros e eles nao desejam humilhar.

III II III lnpreendera pela oracao que se trata dele, enquanto os demais

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 4/10

fill

Olltlill" (I Ii nonuu l J lill 1'"1 I"dl', 1d lit III II 1 ' 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t

( 1 1 ' 1 1 1 1 Ii '0 , In W)(1 p ol lop I dll O lllll lln lliv I I '" '1 ,( 1 11 1 11 11 1 1 II I

nho 1' 1 r m i l l l R '1In~lIl1ll1 Willi l p ,l I tiO I " 1 1 11 ! 11till II I'" 1 1 1 1 illlf lllH I

dosvil' ,inhos.Todosn·ol'I' l ' l1lil11'111I1111'1I1 ,pol !'II'Hlltt IIllh III

da quando algurn a nim al' n v is tu do , Oil quundn 1 1 1 1 1 1 1 (1 1 1 1 'I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 "

berto de emboscada no matugnl, 0 orudor i't'p~k svu 1 1 1 '1 1 1 V I II 1 1 1 1 " I

diz a seus ouvintes que ni10 e por ca~IS<1'lIlll 1 1 1 1 1 1 1 0 1 !III" Wi II II , 1 1 ' 1 1

mas sim porque l he s q u er falar de b ru xu riu . 0 tcx to III '1l'Hlill 1 111111 It!

que se passa:

Hai! Hai! Hai! N ao e um animal, Oh! N do 'lim ;1I1i 111 1 1 1 ,

oraculo deatrito, e elemedisseque aqucles hom ' IIH Ill' w i l n ! 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 " . Ifl

rente nao estao longe, elesandam por perto, c qu '~11() ( ' H H l ' 1111111_1 1 1 1 1

estao matando meu parente. Agorael quero honrr i - los , dll"' lltlllll h' I

que nao revelareiseu nome [0 nome do bruxo ],Nuo() d(lllllill 1 1 1 1 ' , I

ouvidos, ouvira 0 que estou dizendo. Semeu parent' 1 1 1 ( ; 1 1 ' 1 " ' 1 ' , 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

entao alguernmorrera, emeu nome ficaramanchado Iorqu« p , 1 I 1 1 I till II

por issoque estou lhesdizendo que, semen parentc ont inuur dlllllh II

rer, certamente revelarei0nome dessehomern, para que1010 M (I~Illlllllil I

que souvizinho devoces,nunca senti cobicapeloque t III C lllll lI llI lll l ,1

mostrei ma vontade contra homemnenhum; nao corncti "d ull! I 1 11 11 11 1

de ninguem: nao matei 0 filho de ninguern: nao roubci os IWI I i l il I I It I l

mens; nao fiznenhuma dessascoisasque despertariarn 0 1 " <1 11I ll ' t il 11111I

contra rnim. Oh, suditos de Gbudwe, vocessaomesmo h O nW I1 N il l' li lt

Por que estao matando meu parente? Seelefezalgo de mal,devlumIII I

mim, dizendo: 'Seu parente provocou vinganca contra si II) '.~1ll(1'. t Jll Il ~

nemmeu parente. Foi assim que falei, Faleiate demais, Para 0 1 10 11 11 i ll 1 1 1 1

ouvidos,basta quesedigamurnaspoucas paIavras,eeleascs 'lilli, I " ' 1 1 1 1 1 j

faleipara voces,nao youmais sobrecarregar minha boca, 111(\~ dllljlllllill

apontarei quem e essehomem e exporei seu rosto, Todos voc S 0 1 1 \' 1 1 ,1 1 1 '

minhas palavras, Esta terminado,

I ()II '(J I()~ 1111 nil I I 1 I 11 L' /1

('I' ' IHI) pU '(Insi·

1 1 1 1 1 11I~llll 1'111 '1 1 1 ' II I i ll ' l l l I I v i I " l ! r I l X O H l Icita a

III( II l i l t dt · VI;' IIt' I10 1 (Hil' ipoutnr ur n au var ies

I I 1 1 1 1 1 1 1 111 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 , 0 pro" lim ' 1 . 1 1 0 ( ) rn S 1 1 1 0 , seja

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 , : " 1 1 1 H ' I I I H lI d IllV' (jLI' rnorreu quando se

1 1 1 1 III I II II" I H ' ln ~ H ( ' do 1 1 1 1 1 1 1 g r av e to pontudo, a r r u -

I 1111111" III II I N l l l t ' , ' 1\ '1 ' O il .onsulcntes levam para casa

II II' 1 I 1 1 ! I t dll dlwlIl 'j v a a asa cn tao ao delegado de um111111 1 1 1 1 1 III II' P' ~'All ic .ssivcl, a l i a s , de nao gostaria de

\I 111111 '11111 Pl ' I II I ' I10 as o d 'ss t ipo, Urn delegado nao se

1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 " 1 II ' d lu dn c o r n tais pedidos. Embora nao re-

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 , I, 0 1 1 'ita 0 s sa o um tributo a sua irnpor-

I 1 1 ' 1 1 1 / 1 1 I III II It I - l a s,

t I'll 1 1 1 1 1 1 II ' I I U H P s do delegado e agacha-se para infor-

It "I Iii I 1 1 ' 1 I l u z n n d , el e comecabem do principio, con-

1 1 11 1 1 1 11 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 'n ~ ( )~ l doente, quais foram as declaracoes

1Iltilill 'III •qun] 0veredicto do oraculo deveneno. Pede

II 1 I 1 IIIKII1 1 1 'on') a asa para notificar 0 bruxo de que 0

II filii 1 1 1 ' 1 ,Iit.lheparadesistirdeperseguiroparen-

I I 1 I 1 1 t · O N i n t e r ssados entrem diretamente em contato

j 1 1 1 1 1 1 1 1 1 d () d o d legado do principe; mas se assim fize-

III I II I 1 1 1 1 1 d \ itrito que escolha um mensageiro adequado

1 1 1 1 1 II, I tunls nvisudo que des atuern com a intermediacao

1 1 1 1 1 I I , I 1 " posi9t 0 oficial da peso a acao deles. 0 delegado,1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 intregar a asa de galinha ao bruxo; 0mensa-

III II I I I 1 I1 1 ( ) .omportamento do bruxo ao recebe-Ia. Mas

I III Iii II ulo, d legado provavelmente consulta 0 oracu-

I" I 'III 1 1 1 11P ssoa mais indicada para a missao. E bom

, 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 i l L 'S S assuntos sem antes obter uma declaracao

I Iii. II ", ( unndo 0delegado seassegurou, pelo oraculo de

fill 1 1 1 1 1 1 1 1 homcm e urn mensageiro auspicioso, ele 0 despa-

II Itilil 1 ' 1 1 1 ' 1 1 1 residencia do bruxo. Ao chegar, 0 mensageiro

1 1 1 1 1 1 , " 1 1 1 1 1 'do bruxo, e diz simplesmente que 0 delegado 0

I. , 1 1 1 1 1 1 1 1 \ I d fulano de tal. EIe trata 0 bruxo com respeita,

1 1 1 1 ,I ullnn l uada daquilo e da sua conta. Quase invariavel-

1 li t II 1 1 1 1 1 -smente que nao tem consciencia de ter prejudica-

III verdade que fez mal ao homem em questao, ele sente

III 11111III' Ieque esta perturbando essehomern, com toda

Se 0 bruxo nao ficar convencido pOI uma oracao dessas c I • q III' 1h

sar suas atividades, osparentes do doente recorrem a um proccsso qlll t

mente empregado logo depois que 0oraculo de veneno 0 iden rif tr uu , ~ II

precedido pOI uma oracao publica. Pois uma oracao s6 e feita s I ' " ' 'I Iconveniente e tiver sido previamente autorizada pelo oraculo d t ' III I

procedimento normal e coIocar os nomes de todos ossuspeitos cliolll' li t

culo de atr ito e deixar que de selecione os culpados de terem causndu u I

c;:a.Seurn homem esta gravemente enfermo, osparentes imediararu 'liI ,

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 5/10

II

4

1" II " , 1 1 1 1 " , I I I I I I I I I f I

e '1'( ' 1' ,( 1 ~ ' I' V L I' ( . : 1 1 1 ' ( , . 1 1 ' II' 1 ' , IH I I ( 1 I 1 do 1 1 I 1 1 ! i o tI " I I I I I 1 I I~

salle! 'r'Ji ' k in I ' p II' \ () do 'Ill 'j 'llnlW l i l t ! 1 1 \ II I I HI II

a g u a . Pede a S P O S , I l I n 1 1 ' a h n ~ ' 1 1 de f\lIl,IOIIII \ 1 1 1 1 Hoi" 1 \ 1 1

ela e depois sopra-a en ; huv .iro { Inn ~()br~ 1 \ 1l.'11 dl ' H 11 uhuu 1 11 1 1 ' 1 "

guida declara em voz alta, p a r a q u ' ( ) l11( lI1St lp, ' i r o O il,' \ I' 1 0 1 1 1 1 1 1 1 'II

lavras, que se ele e um bruxo, ignorava lui ~olldj\'lO,~' lilli' 1 1 1 1 1 1 !llhi I

mal ao doente por querer. Diz que esta int 'rp 'Inml!) II h i (llIllI II1IIIprio ventre, suplicando-lhe que setome frin(Inativu), i 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I

seu coracao, e nao apenas de seus labios,omensageiro entao retorna ao delegado, ontu-lhc () 1 ' 1 1 11111" IIItestemunhou, e 0 delegado inform a aos parcntcs do dlli'lIl' 11111 1 > 4 1

que 0 incumbiram foi desempenhada. 0mensa 1iro nuo 1'1'11"" Plli'll'

seu servico e considerado urn ato de cortesia com 0d 'k'~ HIe)I'll Ihll III

doente. Avitima e seus amigos esperam ansiosamente " ' l e 'U I l I Ii II III 'II

o efeito da entrega da asa de galinha ao bruxo. Se 0 do ' I l l ' III0 1 1 1 11 ~ llill

cuperacao, eles enaltecem 0 oraculo de veneno por sun 1 ' 1 " 1 1 " 1 , 1 1 1 ' 1 1 1 I

nome do bruxo e,assim, ter permitido 0restabelecimcnlo do dlll'lllt

doenca persiste, eles iniciam uma nova rociada de consultas HIill III"

desejam saber se 0 bruxo estava apenas simulando art" p'IHI 1111'IIili

nua tao hostil como antes, ou se, nesse meio tempo, outro hl'llllO f i l i i

cena para incomodar seu parente e agravar-lhe a doenca. lim 11 \ l IHII I II

a apresentacao formal de asasde galinha continua sendo f ci tn c ar u u uu I

do delegado de urn principe.

Embora no passado osprincipes porvezes tenham torna 1 0 1 1 1 1 ' " d'l

drasticas para garantir sua propria seguranca, os procedimentos I 1 1 1 1 1 1 1

tos sao de uso rotineiro em cada secao da sociedade zande e m 1 1 1 1 1 '

doenca. As chances de uma acao violenta por parte dos par '111'Idll II I

sao minimizadas pela rotina caracteristica do processo, pois, S~'II III f'dos de agir estabelecidos e de valor normativo, as pessoas ]1 0 1'('II.tIl1l

muito raramente, em atuar de outro modo.

H id 'I -n tl' p a I'll 01 i ml 11 0 r de

\I I IIl1l1pllll ~ lIlt prcclso S 'I' ~llPtil', I· produzir uma

IIII I 1 1 1 11 1 1 1 1 11 1 ( '1 1 1 l b' II S[ \S S C o ut r o I' bruxaria sem ba-

1110 10 (II' culo de v '11 'no, OLl pelo menos no

1 1 I 1 1 i l l I J ' i 1 l 1 l l dJ t c n r u t l v a , c talvez ele ate saisse ma-

11"1 " ' U l t I II 1 1 ' t 1 I l I t ' H d e u r n nfcrrno em geral convidam

II It 1 1 1 1 111I II t I ' l I 1.111 ' PI' 'S nt quando consultam 0 ora-

'jl "' Iliid 1 '1 I IN,lm, utestar que 0 oraculo foirealmente

I 1 1 1 1 'III III.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I. P 1 1 ' 1 ' SII..0 criar animosidade reciproca

II 1 11 1 1 1 11 1 1 'I" - o r u t n u a r vivendojuntas, como vizinhas,

II, 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Ii I t! r .T ur nb em e de interesse mutuo que evi-

I I 'III II • I II 111mI0 por L1111aazao rnais imediata e direta.

I. 1,"1 11 I (I col(qu' 0 bruxo em boa disposicao de animo

1 1 1 1 1 1 1 1 III Iml s, bruxo, por sua vez, deve sentir-se agra-

, 1,,1111 1 III' OpI' V niram tao educadamente do perigo

IIIII lcmhrar que, como a bruxaria nao tern existencia

1" t i l l lilli' ('1111 ruxou outrem, mesmo quando tern cons-

( I I I 1 I1 1t 1 . A ll In srno tempo, acredita firmemente na exis-

1111 "11, 111 10oraculo deveneno, de forma que, quando

lill 1 1 1 I ( indo urn homem por bruxaria, ficara pro-

d ll 1 1 1 1 1 l t ' I' lI i 10avisado a tempo. Se0 deixassem matar 0

li t II Ill! I ' w , i [ 1 , ele inevitavelmente seria vrtima de uma

I II I t , d "II lndl '8. ao de urn veredicto oracular , fei to pelos

f 1 1 1 l 1 i ,It I hili 0 que 0 fez ficar doente, salva-se a vida tanto

"I" "" 11111 o, I at 0 aforismo zande: "Aquele que sopra agua

Alem do comportamento cortes de ambas as partes ser costume 1 1 1 1

portanto a natureza compulsoria de toda acao habitual, existent 0 1 1 1 1 ' I

res que contribuem para eliminar 0 conflito: a grande autoridad 'dllill

de veneno - e inutil protestar contra suas declaracoes; 0 ernpr 'Hllih II

mediarios entre as partes, 0que asdispensa de seencontrarem no 1111111

toda a questao; a posicao social do delegado de urn principe, visto qUIIII'

t I II II 1'-0de um bruxo quando sopra urn jorro d'aguaI I 1 11 11 ' H t llnha colocadaa seus pes pelo mensageiro de urn

I I, I 1 1 1 1 1 ( ) sopra agua, ele "esfria" sua bruxaria. Em razao

I 1 '1 1 1 1 1 I I 'qu 0 enfermo serecobrara e que ele mesmo esca-

I 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 (I~ Azande sustentam firmemente que a mera acao

1 1 1 11 I I III V tiot' em si, caso 0 bruxo nao deseje sinceramente que

II I , 1 :1 111 1 lsso asseveram 0 carater moral evolitivo da bruxa-

1 1 1 1 1 1 1 1 1 III I vesoprar agua com 0coracao, nao apenas com os

1 11 '1 I I I Hill Ia boca nao encerra 0 assunto; mas se a agua vern

I I I tl I 01 l , . 0 , e este e 0 verdadeiro soprar agua."

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 6/10

' L' II P I' () ' ' M H O d' ' ( l I l I l ' l l l t t l l l ' , I I 1 1 I II I II 'III 1 1 1 1 I '('V I 1 11 111 11 d ill 'Ill '

utllizad o rn silll tl,~ 'S de do 11 , 11 1 1 1 1 'I1"llId I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 J il ' II~ d{)(,'I1\;'1 II II' I

um homem que no m em en to pod (' (' 1 1 1 1 ' 1'111 p " 1 1 1 I I I 1 1 ' 1 I " H I' (lim b ~ 11 1 ( -

usado para 0 insucesso na caca OLi 'Ill outr I ntlv d o I 'Oll ml '0, est 'jn cstu

em curso ou sejaplanejada quando os 01" , culos pr • I i1 , im II 1I f r o , ISSO ant .ci

padamente. Sem duvida a grande maioria de asasd galinha apresentadas a() ,~

bruxos sao por motivo de casos de doenca. Enquanto 0doente continua vivo,

seus parentes fazem todos os esforcos polidos para persuadir os bruxos r 'S

ponsaveis a desistirem de suas predacoes noturnas. Ate ai nenhuma infracilolegalmente reconhecida foi cometida. Morrendo 0 doente, porem, a situacuo

muda completamente, pois entao seus parentes seveem compelidos a sevin-

gar. Interrompem-se todas as negociacoes com os bruxos e tomam-se provi-

dencias imediatas para a execucao da vinganca.

5

Minha compreensao dos sentimentos dos Azande quando embruxados foi

ajudada por uma participacao, ao menos relativa, em experiencias semelhan-

tes. Tentei adaptar-me a sua cultura, levando a vida de meus anfitrioes tantoquanta fosse conveniente, partilhando suas esperancas e alegrias, desanimos '

sofrimentos. Sob muitos aspectos, minha vida era igual a deles: contrai suas

doencas, usei de suas fontes de alimento e adotei ao maximo possivel sells

pr6prios padroes de comportamento, com asresultantes amizades e inimiza-

des. Mas foi na esfera da bruxaria que tive mais sucesso em "pensar como ne-

gro", ou melhor dizendo, "sentir como negro": Eu tarnbem me acostumei II

reagir aos infortunios no idioma da bruxaria e freqiientemente precisei me es-

forcar para controlar meu pr6prio apelo a desrazao.

Vimos anteriormente como a bruxaria participa de todos os infortunios,

Infortunio e bruxaria sao basicamente a mesma coisa para um zande, pois C

apenas em situacoes de infortunio ou em antecipacao a ele que a nocao de

bruxaria e evocada. Em certo sentido, pode-se dizer que bruxaria e infortu-

nio, que 0metodo de consultas oraculares e apresentacao de asasde aves e 0

canal socialmente prescrito da resposta ao infortunio e que a nocao de um a

atividade-bruxaria e 0substrato ideo16gico necessario para dar coerencia 16-

gica a tal resposta.

• No original, t h in k in g b l a ck e f ee li n g b l a ck . (N.T.)

'111111111 I I 1 1 11 11 1 11 1 1 hili I I I I II J I 1 1 1 1 Idll 1 1 1 1 1 1 v~ldll pili lid II , !IV 1 1,1 1 \ 1 1 1 ' ,

1 " 1 1 , 1 1 , ! t i l l 1 1 1 1 1 1 1 . , .11 1 1111 ) I I I I 1I11I1~, Ii i I (I I 1 1 1 1 1 1 1 pi I I I , n In II 1 1 1 1 1 ' I I ' ,

1 1 11 1 11 1 11 ,1 1 11 1 ' / , 1 1 1 ( 1 ' till ' l o l l " UI I I I l tlO I 'I I 'I ! l1 ) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 li lt \ p l 1 ~' lI l l1 NO h l ' l '

II I II I h ' 1 I 1 1 1 0 h r h l l l d u d o t i l ' ( J e i l 10, I I. ll ' 1 1 \ 1 ) (' 1 1 1 1 1 II ) 1 1 [ 1 1 1 1 ' i l l ( 1 OUI!'()H 1 1 ' 1 1 1 ' 1 1 1

III l,~', 1' 1 ( 1 1 1 1 'UII p l ' O b l ' l 1 l l S 'Norl'illH'lilOIl) I I V ) 1 11 (. 1 0 su 1 bou I IM( ', E I'

t i l l qllll, ( ' Ii II' !' I 'OJ OM pnhn's i l' n o o li i .IOj qu " ' H L l l l r I, pnsi : 0 SO ial,

Ii 1 1 1 1 ! 1 111 ' I I' () ln v 'jn de suu uutoridud '; s bon ito, que o sm e n os fa vo -

I I dll,. IIII H I '(111H' d e s u n I'PIli" ncin; s e ' Lim cacador, musico, lutador OU

'I ItllIl 111 l11110NO) qu 'S '1'0 obj to du md vonrade dos rnenos dotados; e setem

I 1 1 1 1 1 1 1\l1l~1 I' ...eu prtn i l lcs L1svj~inhos)queseradetestadoporseu

lit I HIli ( 1 1 l ( ) 1 ulnr idadc.

I lt l~ 1 1 11 '( 1 ' 1 rotinciras da vida ha muita oportunidade para atritos. Dentro

I" IllIpll dom sli 0, sao frequentes as possibil idades de mal-estar entre

lit I .II ruulh 'I' , ntre co-esposas, em funcao da divisao do trabalho e dos

1 11 11 11 11 I ' nuls, I ntre seus vizinhos, um homem pode estar certo de ter ini-

til".. IU llln N "I " rtos quanta declarados; talvez tenha havido disputas sobre

I ,I II II)~II0IIde caca: talvez ten ham surgido suspeitas sobre asintencoes de

1 1 I 1 1 t 1 1 III I I ilv z alguma rivalidade nas dancas, talvez setenham pronuncia-

I I 1 1,1111ii. lrrcfl tidas que depois foram repetidas a outros. Urn homem

I III, III II II'q1I erta cancao se referia a ele. Ou talvez tenha sido insultado

'" , q 1 1 1 1 1 'lid o n a corte. Ou pode ter urn rival disputando os favores de um

I "III Ili', ( 1Ii lquer palavra maldosa, ato perverso ou insinuacao sao guarda-

III 111111\('111rla para posterior retaliacao, Basta que urn principe demonstre

I II II 11It)I1 um de seus cortesaos, urn marido por uma das esposas, para

I I I I tI " P " '!',m.dosetestem 0 escolhido. Inumeras vezes constatei que basta-

i II I~I H'll roso ou apenas muito amigavel com urn de meus vizinhos para

I III I IS S imediatamente apreensivo quanta a bruxaria; e qualquer im-

I ~ I I I qu' o atingisse era atribuido ao ciume que minha amizade despertara

1 1 1 1 1 1 1 1 , 1 \ 1 1 d s e u s vizinhos.

I, I I 1 1 W I ' o l , no entanto, um homem que acredita que os outros sentem ciu-

I ,II 1 •

m0 faz nada. Continua a ser polido com todos e procura manter-se

Itl III II. Basta, porem, que sofra urn infortunio para acreditar que um da-

II It h n m 'I1S0 embruxou, e apresentara seus nomes diante do oraculo de

III lit I I' II'Gsaber qual e 0 responsavel. As consultas oraculares, assim, expri-

I I III It Ilol'ias de relacionamentos pessoais , pois em geral um individuo so

II III d l l n t e do oraculo os nomes daqueles que 0poderiam ter prejudicado

III I IIII)d algum acontecimento determinado que, em sua opiniao, moti-

11111111 mlzade de tais pessoas. Freqiientemente e possivel, por meio das per-

1 1 1 1 1 rnrretas, fazer remontar a apresentacao de urn nome diante do oraculo

II 1 1 1 1 1 In idente passado .

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 7/10

I I .tmde, 0que se deve ter em mente e, em primei-

1111110de si tuacoes de infortunio; e em segundo lu-

1 1 1 1 I s pessoais.

Urnavez queas acusuc '1 4 1 '1 " '\ 1) (1 1 " l Il N lI ,d lu l, pll' 1 1 1 1 1 l i d I

e evidente a razao pcla qual . ' 1 ' 1 1 1 1 ' P ' . 'ISO IN 11'111 I ' i W I 11111I 1'1 11111 Iquando urn cloente passa e m r . v i s l u os n()nl~'H Iqlll'll'l 1 I 1 1 t 1 1 l 1 l 1"111 I

tar fazendo mal de forma a aprcscnra-los LIO on' '1110, N 1 1 11H ' I t I I_II I1I1

de bruxaria, e raramente se acusarn plcbcus il1lllll'IlIl'HI 111\11111114 t

nao seria aconselhave l insult a-los, como tamb '111pOl'qlll' I) 1111111111

pessoas comuns com gente dessas ca tegorias limitu-s,' 1I j 111111111lit!

comportamento reciproco esta deterrnina 10 por Il()\'( ('11Ii, III I I

mem briga com seus iguais e c leles sente invcja. U 1\ 1 110111'('ii, ~PII I

tao separado dos plebeus que, se urn destes foss' br lgur Will Ihl I ;j

antes de traicao. Plebeus detestam plebeus, prln ipcs odeilill 1'1111111

mesma forma, urn plebeu rico funciona como pa IT . 0d ' Lilli p l l ~ 1 1 I II II I I

ficilmente surgirao 0 incentivo e as oportunidadcs pn I'll IiIlY('1 IIlIjl!11_

e les. Urn plebeu rico inve ja ra outro plebeu rico, ur n po] n' I 'II I 11111 I

tro pobre. E muito mais faci l alguern sentir-se ofend ido p O I ' IIIIiII\'1IIdeum igual que de urn superior ou inferior. Do rnesmo III )(11,,,_ Illl

entram em contato com outras mulheres, e nao com h O I 1 l 'II ,11111 I

ridos e parentes, de forma que e a respe ito de out ras mulh 'I' '~Iqllil III I

que se consultem os oraculos; desde que nao ha inter LlI'S() Iii 11111111

mens e mulheres nao-aparentadas, e dificil surgir inimizad ' '1111' I

mente, como ja vimos, criancas nao embruxam adultos. Isso 1111I

uma crianca nao costuma ter relacoes com outros adultos, [II III Ii , III II

parentes, capazes de despertar rancor em seu coracao. lllllHlo 11111

embruxa uma cr ianca, e geralmente por 6dio ao pai dela, A 1 1 1 111111111,11

dade de surgirem conflitos da-se entre lideres de grupos dorn III

mantem contato cotidiano, e sao essas pessoas as que mais rl'l'qnlill I

apresentam os nomes umas das outras diante dos oraculos, q~IIiH I" 11 111

ou urn membro da familia esta doente.

Contudo, as nocoes de bruxaria sao evocadas fundam 'Ill Ihl l I II

causa de infortunios, e nao dependem inteiramente de inimizudes III

urn homem sofre u rn infortunio, ele sabe que foi embruxado, C II 11'111

a mem6ria para descobrir quais bruxos the desejam mal e poder inu r l I

bruxado. Se e le nao consegue lembrar-se de nenhum incidentc qUl'1

vado alguem a odia-lo, e se nao tern nenhum inimigo em especial, III Ii j

deve consultar 0oraculo para encont rar u rn bruxo. Por isso, ate 1I1111'111

ira por vezes acusar plebeus de bruxaria, pois seus infortunios d 'YI'III

plicados e evitados, mesmo quando aqueles que ele acusa de b r u x u r h t n.t

seus inimigos.

7

III 111111lip nas uma funcao do infortunio ou das relacoes

"I Ii I II II II)Smorais . Com efeito, a moralidade zande esta

I III II111111i s nocoes de bruxaria que podemos dizer que

II I Iliid •«isso

ebruxaria" pode quase sempre ser tradu-

I 1"11 I II rnau". Pois, como vimos, a bruxaria nao age

1I1111111'IIHito,mas e um ataque calculado de urn homem

1 \1 I '1"1'111o primeiro odeia. Os Azande dizem que 6dio,

I 1 1 1 1 . u l u u 1 . VaG a frente, e que a bruxaria segue atras. Urn

111111111d II' lieu in imigo, e depois 0 embruxara: e a menos

III IIIqllilldo sopra agua, a acao nao tern efeito. Ora, como

11111111l l II P ·los bruxos em si - quer dizer, nao ha interesse

lilt I ,Ii iI'LIm possuidor de bruxaria -, mas apenas pela

II d,11II.(urre rr duas consequencias, Em primeiro lugar, a

I 1 1 1 1 1 1 1 I ' illOnil11o dos sentimentos que supostamente a

II 11'1111)

I\~ande pens am em 6dio, inveja e cobica em ter-1",1I111i '111pensam em bruxaria em termos dos sentimen-

II 1111 1'1',11110 lugar, uma pessoa que embruxou urn homem

I 1 11 11 I I 'orno urn bruxo para sempre, mas apenas no con-

11111111"1' ' I I U SOU . Nao existe uma postura fixa a ser adotada

II 1111OInO ha para 0 caso dos nobres, por exemplo. Urn

111111111111',orr ro tal e tratado em todas as s ituacoes ; mas nao

I 111.1I 1 1 1 1 'onstancia quanta a personalidade social de um

I I11II I I rada bruxo em certas situacoes. As nocoes azande

I til II I III I ,I,,' es dinamicas interpessoa is em si tuacoes nao aus-

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 8/10

P (I II ,,' 'II I t II I ( HIli" 'I ·ndl' q, tul III'" dn d IIlIl ~I"~ 'I1 1,1

urn 1 10 11 1" 11 1 d i ll 'l ll ll ' 11 11 PIli' 11 '1 1 11111 ' 1 1111011 '1 IK ( l 1 1 I1 I1 1 t io fI

'VO'OU umn 11wm~'lo Ollll'l (. 1 1 I II · IPIII' "t'll.

s Azand ru o II ccluun u Id I d '((Ill' q~IIt1~IUl'l' 'UHlIl illll l id II

seja um bruxo, OLi qLI bruxurin '6dlo, '11111 In 1ll1ll0rl, 'I'"II"M II 11111

capazes deter sentim n r os ho s ii s 'Olltl'ilS'lIsviY,!IIIH1.4,IIIlII1.,llll

nham realmente nascido C OD , bruxnria l in I X1 1 'l 'i g I, u 1( ) pod I III II

aos inimigos simplesmente por detests-los.

E verdade que urn velho pode dizcr, por "X .rnplo, qlll' 11111III"r iscado a ficar doente de ima abakurnba, a oris 'qO n 'Ill du I II Ii 1 1 1 1

Mas osAzande nao creem que a irri tacao de Lll11 v Iho P(),~MIII'IIl.111

mal. Se um homem idoso fala desse modo, os Azunde d l 1 . 1 11 1 1 ' 1 1 1 1

nuando que os embruxara se 0 perturbarem. Pois, a m ' 11 0 1 1 ! l1 1 i II

bruxo ou feiticeiro, nada de mal pode acontecer a al III III 1111I 1 1 1 1

mau humor talvez pudesse causar alguma pequcna p irturh ",filii I I

que os oraculos ficassem indecisos entre os diagn6sti 'OS < i t ' 1'lIlvll

bruxaria, caso nao fossem avisados para solevar em conIa q II I '. II I

ria real.

Simplesmente sentir raiva e dizer palavras asperas couu I111111

pode causar qualquer maleficio serio, a menos que haja a l g u J 1 l I I ~ I I .1 1 I h '

nido entre as partes em disputa. Asmaldicoes de um homcm 11 II III ll

nao podem fazer mal, mas nada e mais assustador que asmald ~ III II

lancadas por pai e mae, tios e tias. Mesmo sem proferir ritu.111111 11 11 1 11 1

dicao, urn pai pode causar desventura a seu filho apenas pOI"1' 1 ' , 1 .1 1 I

mento. Diz-se tambern que, seurn principe esta irado e trist ' \ 11 1 1 11 I II

de um sudito, ascoisas nao irao bem para este. Urn informan l ' (I

bern que, se uma mulher viaja contra avontade de seu marido ('

doso e triste , ascoisas podem sair mal para ela durante a via 1 ( . ' 1 1 1 ,

Sevoce esta em duvida seum homem que nao gosta de voc I " 1 1 tI ,

te 0 esta odiando ou realmente 0 embruxando, pode tirar C H S I (III' 1I

meio de uma consulta ao oraculo de veneno ou a algum dos O J' \ 11111

res. Voce adverte 0 oraculo para que nao preste atencao a maida h ', 1 I I 1

concentre unicamente na questao da bruxaria. Voce diz a ele qu '111Iq"

ber se 0homem the odeia, mas seeleesta the embruxando. P O I' ' x l1 1 iI ld ,

diz ao oraculo de atrito: "Observe a calunia e deixe-a de lado, obs 'I I It

deixe-o de lado, observe 0ciume edeixe-o delado. Bruxaria de v nh H II

sidere apenas ela.Se ela vai me matar, oraculo de atrito, pare (resporulu It

Acresce que, segundo as ideias azande, um bruxo nao pr jutl III

sariamente as pessoas so porque e um bruxo. Um homem podc in II,'

111'111 1 1 1 1 1 1 1 I 'I 1'1I11",N I III l'p\'10 : 1 . 1 1 1 1

II I v l l i l t ) 1 ( ' 1 1 1 1 1 1 1 1 II I II (I, I " l I ! I t' I l ' l I111

iror dt'Il(III~1ViII,!IlIlliN 11 (1 111kIll] 'j(Lll1 Still

(I, ISfl(lPII'I()N!\ZlIlldL'signlfi idcsern-

,~ . v i ve r 'III bo n PUl • .oop ra (0 om os

11111H l I ' udo 'g '11 .roso, born f i l ho , maridoI ' 0 110 1 ' 1 ' < : 1 1 ' 0 corn scus iguais , honesto em

r n a ntc c ia paz, nao comete adulterio, fala

_ N50 seespera que elearne seus inimigos,1 1 1 1 1111,' 1 1 1 1 O S qLleprejudicaremsua familia eparen-

I II I I j) 1 1 1 1 1 1 suas esposas. Mas se um homem nao so-

tl I I deve mostrar hostilidade para com os

Itllill II I II"," ,cja sao males, a menos que sejam cultu-

1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I i l l II rivalidade entre principes, adivinhos ou

II I ,IIII" 'Ill ssua divisao da conduta em boa e rna, nao

II till I III, rna. s, como elas nao se exprimem em term os

lilt 1 1 1 1 1 1 1 1 o8'6.digos das rel igioes mais conhecidas nao e

I I I I I I' rites dos mortos nao podem ser convocados

It " " IIlill"Ol1a.dores da conduta, porque eles sao mem-

I " lilt 10 • S ::xercem autoridacle dentro desses grupos,

I 1 1 1 1 'I" -I h s esLavarn submetidas quando eram vivos. 0

III t tllilil II 'in muii to vaga, nao sendo citado pelos Azande

moral qt:le deva ser obedecida simples mente por-

I orna d.- bruxaria que osAzande exprimem asre-

1 1 , 1 1 1 1 8 ' ~ ra d.- lei civi le criminal . "Ainveja e ruim por

tulllltllll ' 111 invejcoso pode matar alguem", dizem eles, e as-

I I 11111'0' sentirrnentos anti-sociais.

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 9/10

Dizem osA zan de: "A m orte tern s er np re li ma <: l1 . IS8 ,c 11 '[1 It U1l1 h om ' 1 1 1 11101 'l ' ('

sem motive", querendo dizer que a morte sempre results de a lz um a iu ir nlz u

de. Quem m ata um homem e a bruxar ia , mas e a fa l ta de car idadc qu e I .v u um

bruxo a matar. Do mesmo modo, a cobica pode ser 0 motivo de L1111aSS<1SSiI1l i

to , e as pessoas temem recusar pedidos de presentes feitos por paras i tas qtll'

vivem a custa dos outros, dizendo: " U r n homem que e sta se mp re p ed in do

coisas e um bruxo."

Aqueles que costumam falar por rodeios, sern entrar direto no assunto,

sao suspeitos de bruxaria. Os Azande sao muito melindrosos e estao sernprc

alertas para quais que 1" alusoes ofensivas no meio de conversas aparenternente

inocentes. Isso e motivo frequente de querelas, e nao ha meios de deterrninarse 0 inter locutor fez as alusoes propositadamente ou se 0 ouvinte encarrc

gou-se de infundir-Ihes malicia. POI"exemplo, uma pessoa senta-se junto C O 1 11

alguns vizinhos e diz: "Ninguem fica para sempre neste mundo." Ouvindo II

observacao, urn dos velhos da roda emite urn grunhido de desaprovacao, mus

ela e logo explicada como referenda a um anciao que acabou de morrer; ainduassim, algumas pessoas podem achar que ele estava desejando a morte de al

guem da roda.

Urn homem que ameaca os outros com infortunios sera certamente sus-

peito de bruxaria sealguma desgraca se abater sobre tais pessoas. Por exem-

plo, um homem amea<;:aoutro com raiva e diz: "Voce nao andar a este ano", ('entao logo depois 0 outro pode ficar doente ou sofrer urn acidente, e se lern

brara das palavras que the foram dirigidas impensadamente, indo de imediaro

consultar os oraculos, trazendo 0 nome daquele que 0 ameacou como 0 pri

meiro de sua lista de suspeitos.

Urn temperamento rancoroso levanta suspeita de bruxaria. Pessoas

mal-humoradas e sombrias, aquelas que sofrem de alguma deformidade fisi-

caou que foram mutiladas, sao suspeitas, pelo ressentimento. Homens deha-

bitos sujos, como os que defecam nas rocas alheias e urinam em publico, ou

que comem sem laval"as maos, ou que ingerem comidas repugnantes C0l110

jabotis, sapos e ratos domesticos, sao 0t ipo degente que pode muito bern em-

bruxar os outros. 0 mesmo se pensa de gente mal-educada, que entra na «I"

bana dos outros sem primeiro pedir permissao; que nao consegue esconder

sua gula diante de cerveja ou comida; que faz observacoes ofensivas asesposas

e vizinhos, insultando-os e amaldicoando-os: e assim por diante.

Nem todos que apresentam esses traces desagradaveis sao suspeitos d '

bruxaria, mas como sao tais sentimentos e atitudes que fazem aspessoas sus-

peitarem de bruxaria , os Azande sabem que aqueles que demonstram essas

II II It I ~Ilit I I 111II Ii HI II iiI 1'IIIIIIII~tll',I II 1111111111'I II po l I l l I l pod'I'

II, h ll III I) ' 1 1 " 1 , qu' ",. i I l t I ~ 1 I " 1 1 1 1 1 l l i l l H iH i II!II 1 ' 1 1 1 III '(I lOll V !'.llill(l/!

1 1 11 1 11 ~ I' 1 1 1 1 1 1 1 1 0 d '1 1 10 11 1 1 ' 1 1 1 1 , (I . 1 1 1 1 1 1 1 d I l l , l ( ) os I II I I Is 1 ' 1 ' 'lJ O ' n t '.

H II I I I 1 1 1 '1 ' ' l l l l l iW j 1 1 1 1 0 1 ' C'lliOil qunndo O S VI"JIlIIOII 'u ' 11 1 d O C I1 I ' is , Bias S , , ( )

1 1 1 1 1 1 , 1 1 III II I ii I ll , pOl'l u uo , - ud qu I 1'\. '1) I 1II'CPlllll(, :UO d l pratica de b ruxari a, OS

IIIII II,. II 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I N C I' n qu IJ 'Il c u jo . om p or tam into a fa st a- sc m a is das exigen-

II II I II ,Pi 1 M '1 1 I h orn os Aznnd ) 1 1 : 0 ons] lcrern qu e osvizinhos que uma

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 '1 1 O M l 'I IJ II 'U X t ll 't ll 1 1 s cj am b ru xo s, algumas pessoas sao tao f re -

II I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I ' us ! ldns J J 0 1 0 s o ra cu lo s q u e a dq u ir em uma s6lida reputacao de1 1 1 1 III Ilh 'IHlu ·ol}.')id radas bruxas para alern de situacoes espedficas de in-

I ,Jillll II, I \q lw l .. que poderlamos chamar de bons cidadaos - e claro que osII I 1 1 1 1 1 1 1 1 I l i l i f l l ' i '(1) )poderosos da sociedacle entram nesta categoria- rara-

I I I , 1111nJlII~'I!lll.do~ de bruxaria, ja osque setornam urn inc6modo para osvi-

1 1 1 1 1 1 1 I 1 1'1 "0 , l m maiores possibilidades de serem acusados de bruxaria.

I 1 1 1 1 1 1'1" 10 , PI" iso dizer que a fraqueza, tanto quanta 0 6dio e 0 ciume,

til .!It I H II, I S de bruxaria, pois nao ha duvida para quem conviveu com

,llltitl'III' I s preferem nao consultar osoraculos sobre pessoas influen-

1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 0 I faze-Io a respeito dehomens sem transite na corte e sobre rnu-

to .sobre pessoas que nao podem responder facilmente ao insulto

1 1 I 1 1 tI ' l 1 1 1 1 11 1 1

a usacao de bruxaria. Isso fica mais evidente nas denunciasI I. 1 1 1 1 1 1 t'M 1"1lnspeJos adivinhos que nas revelacoes dos oraculos. Urn zande

'" I 1 1 1 1 (II' I I ria com esta afirmacao. De fato, homens influentes asvezes sao

I , 1 11 11 d~ 'h ru aria, e frequenternente homens pobres nao sao acusados, ou

I • 1 1 11 1 1 0 I O\ . lCO. 0 que estou descrevendo e apenas uma impressao geral deIII I 1I'IId II - i a , e que relativiza 0que disse antes sobre as acusacoes de bruxa-

II III III fun ao da igualdade de status, uma vez que apenas uma grande dis-

1 1 11 " t il ' tutus exclui a possibilidade de antagonismos capazes de levarem aII 1I,IlI de bruxaria,

1 1 1 11 V 1 I' i idade de eventos que sao considerados moralmente significan-

111 1 ' l iN nocoes morais azande diferem mais profundamente das nossas.

II 1 ' 1 1 1 I IIIII zande, quase todo acontecimento que the prejudica sedeve as

, 1 , 1 1 . I I , ' 'S de outrem. 0 que the faz mal e moralmente mau, isto e, pro-

I .II' tlln homem mau. Todo infortunio implica a nocao de injuria e 0

I II I II ' " 'ta.lia~ao.Pois toda perda e considerada pelos Azande como impu-1.1 h ruxo . Para eles, a morte, seja quando for, e assassinato e clama por

III 1 1 1 1 , 1 1 ; I ora eles 0 fato importante e 0 evento ou situacao damorte, e nao 0

1 II 1 I1 II ' I 1 t ) que a ocasionou, seja este a doenca, urn animal selvagem ou aI 1 1 1 1 . IIIl1 inimigo.

1 1 11 I IO S S a sociedade, acredita-se que apenas certos infortunios se devam

III IId,ul I ~ outras pessoas, e e somente nessas situacoes que podemos em-

8/2/2019 Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0003

http://slidepdf.com/reader/full/bruxaria-oraculos-e-magia-entre-os-anzande0003 10/10

I I' "lid ,"LLI1l11 r i tal iUylo, 1 '01' xma Is pi I 1'lIoN, 'OI1II 'n ON 1\ ' POll I V l' I'l. I )0 'II

cas ou fracasso em empresas econorn icas 11 0 sao onsi Icrudos '()t110 d in o 1

n6s infligidos por out ras pessoas. Se um h om em c ai e n fc rr n o ( )U S L IO ' 1 11 1 1 1' (' , I

vai a falenc ia, ele nao pode usar de reta liacao contra ninguem, OITIO pod 'rill

se se u rel6gio tivesse side roubado ou se ele fosse agredido. Mas no pa l s ~ , nnd t '

todos os infortunios se devem a bruxaria, permitindo que a pessoa que sofreu

o dana empreenda retaliacao por canais costumeiros, porque 0 dana :lll'i

buido a uma pessoa. Em situacoes como roubo, adulterio, ou homicidio .om

violenc ia ja existe uma pessoa envolvida, que convida a re tali acao: se sua id 'II

tidade e conhecida, 0 culpado e levado aos tribuna is; caso contrario, de e pCI'seguido por magia punitiva. Quando essa pessoa esta ausente, porern, :IS

nocoes de bruxaria oferecem um alvo alternativo. Todo infortunio SlIP(W

bruxaria, e toda inimizade sugere um autor.

Considerando a questao por este lado, fica mais facil entender C01110 os

Azande deixam de observar e expli cita r 0 fato de que nao s6 qualquer pessou

pode ser um bruxo - 0 que eles admitem facilmente -, mas que a maioriu

dos plebeus e constituida de bruxos. Se voce disser que a maior parte das PCH-

soas e formada por bruxos, os Azande negam imediatamente tal afirrnacao,

Porem, na minha experiencia, todos, exceto os nob res e os plebeus influentcs

da corte, foram uma vez ou outra acusados pelos oraculos de terem ernbruxn-

do seus vizinhos - eportanto sao bruxos. Isso tem necessariamente de ser <lH·

sim, ja que todos os homens sofrem infortunios, e que todo mundo e semprcinimigo de alguem. Mas, em geral, apenas aqueles que se fazem detestados

pela maioria dos viz inhos sao acusados com frequenc ia de bruxaria, adquiri n-

do reputacao de bruxos.

Se fica rmos a tentos ao signifi cado dinamico da bruxaria , reconhecendo

portanto sua universalidade, entenderemos melhor por que os bruxos n: (J

sao perseguidos nem sofrem ostrac ismo: pois 0 que e uma funcao de estadospassageiros e e comum a muitos nao pode ser tratado com severida~e. A posi-

cao de um bruxo nada tem de analogo a do criminoso em nossa sociedade; elc

certamente nao e um paria atingido pela desgraca e evitado pelos vizinhos.

Pelo cont rario, bruxos reconhec idos, famosos como ta l por regioes inte iras,vivem como cidadaos comuns. Podem ser pais e maridos respeitados, visi-

tantes bem-vindos as residencias, convidados as f estas e asvezes membros in -

fluentes do conselho informal da corte de um principe. Alguns de meus

conhecidos eram bruxos not6r ios .

Um bruxo pode gozar de certo prestigio em razao de seus poderes, pois

todos cuidam de nao ofende-lo - ninguem procura deliberadamente 0 de -

sastre. E por is so que 0 Iider de um grupo domestico que ca~a um animal

manda um pouco da carne como presente para os velhos que vivem nos sitios

t 1 1 1 1 1 1 II I rnu 1 '1 1 I1 i 1 1 1 11 11111111 'I(lhl'l 1 1 1 1 1 1 I I l I p . d II 1 1 1 1 ' t1 ~ I~ 1 ( 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 , [ . , 1\'111 ' I I I I I U I I u, pit! III, « I " j ( ' I I I ' 1 ' I l l nuvo I II 11111II I

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Il' 1 1 1 1dill I Ii i (1'1' I I 1 I11 'I Ir l' I, 1)0 I II 1 1 1 0 I Il od o Lilli hOJllCI11

1 1 1 1 1 1 1 1 II Ii Ido d(1 I I () 1 1 ' 1 ' 1 1 1 1 'HI'tllll 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1- , 1I1~· jlomllh pols Hl.'UI1HId . Ius for

[uu ,I,ll I (a lt ' I' 1 1 1 ' I hllllllilldo I 'SRI'I~I plll'tl , 1 1 1 1 1 1 1 1 I' .sso de mall humor.

I I I 1 1 II 1 1 1 1 1 1 1 1drv Id i M l l ' l h l l l " ! 1 r u r n ' e q 0ilui i v u r n i n t c entre a s c sp o sa s , ou uma

II. I , " , I I II l ido pOi' 1 l ' 1 ' 1' " 'bido po 1 ' < ; ; 0 III 'nul', podcra fazer com que ele nao

1 1 1 1 HIIIIlI (,1~'I1I',

I " I I ~ r nu b r u x u r in C lim valioso orretivo contra impulsos nao carido-

" !jllli 'I" ' (11)10 d monst racao de mall. humor, mesquinharia ou hostil idade

1 ' 1 1 1 1 II III' 'I II'S 1;,18 onscquencias. Como os Azande nao sabem quem e ou

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ( 1 ) PUI't'l11 10p rincipio de que todos os seus vizinhos podem se-lo, e

t _ 1 1 1 1 I IIIIu n I n c o os ofender a toa. A nocao funciona em duas direcoes.

1 1 1 1 I ll Im '1111nv joso, por exemplo, sera suspeito de bruxaria aos olhos da-

III I I' \III "1'1 inve ja e procurara evita r suspeit as controlando sua inveja . Por

II1I II Illdo iqu Ics de quem ele tem inveja podem ser bruxos e ten tar feri-lo

It I I' 1I1111f o~. Sua inirnizade, de forma que 0 homem vai cont rolar sua inveja

I 1II1 II I) , I l ' I ' imbruxado.

I A x ind falam que nunca pode haver certeza sobre se alguem e inocen-

III h i uxnrla, Assim, dizem: "Quando se consul tam os oraculos, nao se de ixa

Ittllill III I) fora", querendo dize r que e melhor perguntar aos oraculos sobre

"III III r ndo, se.111excecao, Dai 0 aforismo: "Nao se pode ver dentro de um

It 1 1 1 1 III eumo dentro de um cesto de malha larga" - e impossivel enxerga r a

1 1 1 1 ~tll I d -nt ro de um homem. 0 melhor, portanto, e nao con qui star a ini-II , 1 1 1 1 llv nl nguem, pois 0 6dio e 0 motivo por tras de todo ate de bruxaria.