Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0009

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    I Al'l I U I I I V III

    o ra ' l i l o d e e ll '110n a vid a diaria

    I

    Os oraculos sao meios mais satisfat6rios que os adivinhos na verif icac. () 1 1 1 1futuro e das coisas ocultas. Os adivinhos sao uteis como detetives, para til'"vendar os inumeros casos e problemas que afligem uma aldeia, e sel l mnkuvalor reside em limparem de bruxaria a atmosfera. Para isso, sao freqiJ 'Ill'mente solicitados a dancar antes de uma grande cacada - por se t r a t a r ell ' 1 1 1 1 1empreendimento coletivo, porque muitas pessoas estao envolvidas e por 'H I trem em jogo os interesses de urn distri to. Assim, torna-se convenientc 1 1 1 1 1ataque publico executado pelos adivinhos, que agem como batedores ri tual Itrazendo inforrnacoes sobre asforcas misticas inimigas, alem de combatc-lus,Quando termina a sessao, todos sentem que os bruxos foram afugentadopara longe da empresa coletiva.

    Mas os adivinhos sao vistos apenas como fornecedores de provas PI' ,Iminares; em todas as questoes importantes, urn individuo coloca a afirmac IIde urn adivinho diante de urn dos oraculos maiores, em busca de confirm 1cao, Isso alem do mais e necessario quando se deseja empreender uma < 1 < , " IIpublica. Nao se pode tentar executar vinganca por hornicidio apenas COl l ibase em declaracoes de adivinhos, que jamais seriam consultados, alias, numassunto desse calibre. Seria uma grande imprudencia apresentar uma asa til'galinha a urn bruxo indicado apenas pelos adivinhos. 0 acusado poderia "carnecer do portador da asa, e teria 0direito de faze-lo. POl'isso osAzande dlzem que os adivinhos, como 0 oraculo de atrito, sao uteis porque respondentrapidamente a muitas questoes e detectam suspeitos preliminares antes qu s'aborde 0 oraculo de veneno, mas eles nao sao seguros.

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    ometodo de revelar 0que esta oculto pela administracao de veneno a avesamplamente difundido na Africa; mas, assim como os Azande sao 0 pOYOmais a nordeste a conceber abruxaria como uma substancia material localiza

    1\I I 1 1 1 01 1f i li i " , 1 ' 11 1 1 I I " 1 1 1 1 l ' It i' 1 ti M III

    111111 V i l l i I ' , 11111 "1111 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (11111 (I' I I t l l ! ! ' ( d I , II' hlll~'lo dt 'SN'"1"111"01 ' Iii 1 .1 1 .1 " ~1 I0 \l1 1 ( 'opovodo, 'wl lOI1I 'Hlo ( ' f i l i i (Ill '111(1I'\f -10,

    I) V 'II 'Ill) li M Id o I \ 1 1 1 1 pi ve rm elh o I'cH o d ' u niu ll' .p nd .ira d o . f loresta,1 1 1 1 1 1 I l ' 1 I t 1 1 1 .oru : H l i l l puru forrnur uren p U l l i n . ( ) I quldo ' .sprcmido da pasta1111 I ~'()d ' P .q u ' 11 [I S ~ IV C S dorn s r i . as , qu e s u o assim fo rcadas a engoli-lo.I 'lltllll 'Ill s gu ru -se violcn to s e sp asm os. A s doses por vezes sao fatais, masII III ' H U l l f rc qu cn cia a s aves se recuperam. A s v e ze s sequer sao afetadas peloI III 110 . A partir do comportamento das aves sob esse ordalio, especialmente

    1'"1 1 11 I II Qr t~ o u so br ev iv en ci a, os Azande obtem resposta as perguntas queIIII 1 1 \ io oraculo.A 'I~tssificac;:aootanica do veneno nao foi determinada, mas sua nature-

    1 ' 1 1 1 1 1 1 j

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    so iulm 'll1e inl]101'tlltll{'culo de yen no.

    Nao pretendo catalogar codas as situaco S l 11 1S quais 0 on ' iulo P O d l ' 1'1consultado, uma vez que isso significaria uma lista de silll~Hf( (; 8 sod Ii I i 'l lltodas as esferas da vida zande; quando cada esfera for descri ta n c s t c l i v r u , "papel desempenhado pelos oraculos sera mais adequadamen te rclatad o. ( : ' 1 1 1vern no entanto listar algumas das ocasioes em que 0 oraculo d e v e S C I' C O ll M ldtado, de modo a dar ao leitor uma ideia clara de sua significacao PUI'II I.Azande. Quando digo que 0 oraculo de veneno ou algum outro oraculo dl'l!Itser consultado nas ocasioes listadas abaixo, quero dizer que, se um zandc 1 1 1 1 1 1o consultasse, estaria agindo contra 0 costume, e seu prestigio social poclrt h isofrer com isso. Ele poderia mesmo incorrer em penalidades legais . !\~HI'guintes situacoes sao ocasioes tipicas de consulta:

    , lilt lv d III 1 pi' ( . t l i II I [1111, Oil l i l t t nu ru 1

    Pa ra descobrir por que uma mulher nao concebeu. Durante agravidez da mulher , quanta aolocal do par to , quanta a sua seguruu

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    d o II pJldl t' II ! -I ll ' ( ' (IIHI 1111II ,. Ii 'II I 1 1 1 1 1 1H JI'llIli I ' 1 1 1 0 III' 'I'll I,IIIIII.IIH v I I III1I ' 1 1 1 1 lev I I' '111 '()Iltl 1 1 1 1 '1I1~ III I I, Ili','qO'lli IIWII I(' ( ) A ' t . l l l t i l ' III["rlll() ()I~IIH" Illl~( ' ~COI II 0 (Julio! 1111 1 1 ) o ll si dc l' ll Il I 't'll, III' V.IIIIIIIIII1 I I t ' I I 1 H 'I' m i s t ,.i080 O L i u g i r 'Olli l 1 1 ' 1 0 1 1 1 1 1 ( , I S su n s i , IH ' lI~') ' 1 ' 1 d e - 11 1 'n 1 1M . A llI rurnrlo, IOLlVUI11ua prudenciu por 1 'val ' em on ta a cad a pn sso u b"UXUI'IIIII 1 'P. lI l l1 l 'Hun .onduta segundo a or ien tacao dos oraculos, Assi 111 ,uno " I lI 'CV I iH llI lip l I'l l U I1 l zunde explicar aos outros urna conduta capri .hosa: todo IlHIIIIIIIIIIII'P'" ind '-lhe os motivos.

    N '111todos os Azande sao igualmente propensos a consulter oniculoll,tv ! ttll I I ' V ' :I . S verif iquei que alguns homens mostram uma conscien ia I1lIlIHII{ It! 1 10I rigo da bruxaria que outros; econfiam muito mais namagia ' I H I H

    I!I' culos para neutral izar sua influencia, Assim, enquanto alguns h0I11~ ' 11H O I ~II) de consultar oraculos, soprar apitos magicos ou realizat qualquer OilI I' () ITIC) antes de embarcar em qualquer pequena aventura, outros s6 consul1 1 m 0 1 ' , ) .ulos em importantes questoes legais e crises reais, como casamcntu,Itll'll\'o grave e morte. Em outras palavras, s6consultam oraculos quando so -

    t 1111 111ue levados a faze-lo. Nos processos legais, todos devem utilizar 0 01'1IIln d ' veneno.

    Pnra compreender 0procedimento juridico zande, deve-se saber exatuIII 'II~ .011100 ~raculo do veneno e utilizado, porque nos velhos tempos d~'~ (11IMl .st1a na maior parte do que entendemos por provas legais, juiz, juri e tcsImunhas. No passado osdois tipos principais de questoes eram a bruxaria C (Iululterio. Casos de bruxaria eram totalmente resolvidos pelos oraculos, pois1 '1 h ivia possibilidade de descobrir a acao mistica pelo poder igualmente 1 1 1 Is-Ik()do oraculo de veneno. Tudo que um principe tinha a fazer era confirmar() D om es dos bruxos descobertos pelos parentes de pessoas mortas, colocan-d o os nomes diante de seu proprio oraculo. A indenizacao que um bruxo ti-n il 1 tue pagar por seu crime era fixada pelo costume. Toda morte para osA ' /, i n d e e assassinato e 0 ponto de part ida para 0 processo legal mais impor-IInl na cultura zande. Assim, eles achavam difici l entender como os euro-Il ' us podiam recusar-se a tomar conhecimento do que era tao manifesto cv i 11'0 para eles.

    Num caso de adulterio pode haver provas circunstanciais, mas na verda-I 'CflSOS simples desse tipo eram raros. Aschances de descoberta em flagrantedos amantes, em pleno encontro furtivo no mato (ou, durante uma ausenciaIn marido, na residencia deste) eram sempre muito pequenas. A unica evi-.1l1cia.segura com base na qual um marido desconfiado podia agir era aquelalornecida pelo oraculo de veneno, pois mesmo que uma mulher se arrepen-1 sse de sua infidelidade e contasse ao marido 0 nome do amante, este podia

    1 1 1 11 11 I I 11111II ~ III. t) 1 1 1 1 1 1 I II I li ld I I I I " ' I l l VI I d l l l i l , ' 1 1 " 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1'1 IlIlp1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 V()I !II ' I II I'I Ill, I I I1 1 1 1 1 11 1 11 1 11 1 11 1 1 1 1' I III 1 II I~ ' II ti l Idull rlo. . 1 1 1 ' 1 '1 1 1 1 10 1 1 11 P li O V Il do 0 1 ' l I d o , 'l I l ' l d l l l l lH I P " O V ! l Ii j)] d 1 1 11 1 ' 1 '1 cxiglda.II II Ido I' d ,I ' 'II It'I'llllh:1l0N II , 1 ( 1 n l t .' H I~'nod Iuutu n us n clu d e c vi d e nc ia ir-Ili lt 1 1 1 1 1 ' 1 , , 1 do qu ' dl ii PP IH I () ~ s ' I I ( il Z ' I" U I 11 I Ig ! J'U , LI lli teste. Ordenava-se a ele1111' colh 'ss' urn hom '111 d . b In d .ntrc os scrvidores da corte para realizar1 I 1 I ' l l l l ' , colo .ando .1 qu 'sUl0 do adulterio diante de seu oraculo, EssehomemII 111 '111 nome do priucipe, c a declaracao de seu oraculo resolvia 0 caso. AosIJ i l t I d o s A za nd e , esse era 0 procedimento correto em casos de adulterio. Eles1 1 1 1 1 1 III I ' () V I ; W c U l l osrnetodos europeus. porque, em sua opiniao, estes nao per-III I 1 1 1 a (mica prova segura de culpa ou inocencia. Maridos acusadores e ho-ItH'IIN icusados comparti lham dessa opiniao negativa; os maridos porqueII11 1 1 1 1 '11tc dispoem, aosolhos do tribunal governamental, de indicios aceita-\'1 d ) adulteries, cuja unica prova conclusiva consiste na declaracao do ora-11110 d veneno; e os acusados exatamente porque sao incriminados, noIII I)' .sso europeu, pela demincia de uma mulher, sem que possam apelar a1 1 1 1 '0 autoridade realmente confiavel, 0oraculo de veneno.

    Toma-se especial cuidado em proteger 0oraculo deveneno de um prin-III' , da bruxaria e da poluicao, porque os oraculos dos principes revelam'III stOesde importancia tribal, julgam casos civis e criminais e determinam seIlIlIa vinganca de morte foi executada. Um principe dispoe de dois ou trestip .radores oficiais que supervisionam seu oraculo de veneno. Cumpre que" J L U l . 1 . rigorosamente dignos de confianca, pois tern 0 destino de seu senhor e

    II pureza da leiem suas maos. Sequebram um tabu, todo 0 sistema legal podetnrnar-se corrupto, 0inocente pode ser julgado culpado, 0culpado, inocente.(~nbe que 0 consultor oficial dos oraculos do principe seja tambern urn ho-111 '111 de impecavel honestidade, ja que ele sozinho seencarrega de muitos ca-()~legais e de testes de vinganca, Ele pode destruir os suditos de seu senhor,II) falsificar pronunciamentos oraculares. Por fim, 0 consultor do oraculo de11 m principe deve ser capaz de manter silencio sobre os neg6cios de seu se-uhor. Nao ha ofensa mais seria aos olhos de um prmcipe zande que "revelar aIldado oraculo de veneno real".

    N6s, que nao acreditamos no oraculo deveneno, achamosque ostribu-nais que impusemos aos nativos sao justos porque s6levam em conta aspro-vas que consideramos como tais, enos vangloriamos dizendo que eles saotribunais nativos, porque permitimos que nativos os presidam. Mas osAzan-de pensam que tais tribunais nao aceitam 0 unico tipo de prova que e real-mente relevante para os casos ali julgados; assim, os principes encarregadosle administrar a justica, fazem-no por uma aplicacao mecanica das regras

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    p!'0 "HIHI I ll ! lmporuu l III d 1 1 1, 11 1 (1 1 ' I 1/' lIO, S(.'1l1 couv \ 10 d l li li ll ih h 1 ! l I I ' I "sa s r g ra s 11.0 CSl

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    ~" .1t1~.I)(liN IHIII' Ii 111('1i lnu ,11VI'lq IIII~ h t / l c i t ' voltu.tu I II N 1 1 1 1 11 1 1 1 11 1 II! fUllsab erulo o que ' S l l i li e p u s , 1 1 1 1 1 1 1 , l i N v l v , l i l l l oH ' H ~ ' l I I I U i l (I hurulhu, 11111hli 1 1p od e se gu ir 0 proprlcrarlu du s u v ' 1 ' 1 I;) ill1P x ll r q ue 0 Ol'l\ 'till! d I 1 1 1 1 1 J 1 ' II IU ~ m ld e s e j ad a . Quando sao usad os p in to s, a di f iculdadc ru 0 cxisto, pOnpl(1 I l l i J .dorrnern nurna das chocas, onde estao a salvo do ataquc de g at os s cl vlI gl'I IH , ~podern ser facilrnente apanhados na rnanha da sessao.

    Os velhos dizern que aves totalrnente adultas n3.0 d ev e r n SCI ' Wii ld li ll li t consultas oraculares porque sao dernasiado suscetiveis ao veneno ~'~ 1 ) / 1 1 1 1rnarn rnorrer logo, antes que 0 veneno tenha tido tempo para considcnn IIquestao colocada ou de ouvir a exposicao cornpleta do problema. POl"0 1 1 1 1 1 1lado, urn frangote perrnanece por urn born tempo sob a influencia do V ~ ' 1 I 1 1 1 1 1 1antes de serecuperar ou expirar, de modo que 0oraculo tern tempo p a r u U llvir todos os detalhes relevantes e ernitir urn julgarnento bern pensado,

    7Qualquer homern pode participar das consultas. Contudo, 0 oraculo 6 dll1pendioso, eas questoes apresentadas concemem a ocupacoes adultas. POI' IN~11rneninos s6 estao presentes quando sao os operadores do oraculo. N o r tu n lmente sao criancas que estao curnprindo os tabus de luto pela morte de \ 1 1 1 1parente. Os adultos tambem consideram que seria rnuito irnprudente pcnult ir a quaisquer outros rneninos aproxirnar-se de seu veneno, pois nao se p o d lter certeza de que eles observaram os tabus sobre carnes e vegetais.

    Rararnente urn hornem solteiro seencontra presente a uma sessao. S('( . 1 1tern urn problema, seu pai ou tio podern agir em seu nome. Alem disso, l l JWnas urn chefe de familia e rico 0suficiente para possuir aves e adquirir vencnt he tern experiencia para conduzir uma sessao adequadarnente. Homens 1 1 1 1 1 1 Mvelhos dizern tambem que osjovens em geral estao envolvidos em algum CUMIIamoroso ilicito e poluiriam 0veneno caso se aproximassern.

    Consultar 0 oraculo de veneno e particularrnente a prerrogativa de Itomens casados, chefes de familia e de casa; nenhuma outra ocupacao lhes dlirnais prazer. Ao faze-lo, um homem nao esta apenas sendo capaz de resolv 'Iseus problemas pessoais, ele esta tarnbem lidando com quest6es de importancia publica - bruxaria, feiticaria e adulterio - aos quais seus nornes s e r n nassociados como testemunhas das decisoes do oraculo. Urn zande de meiuidade ficacontente quando dispoe de urn pouco deveneno, de algumas aves(.da companhia de um ou dois amigos de confianca de sua pr6pria idade,pode sentar-se para uma longa sessao que vai descobrir tudo sobre asinfidelidades de suas rnulheres, sua saude, a saude de seus filhos, seus planos de casu

    " "rill'"'' , 'rill '''' , 1 1 f t ,lit 1 1 1 1 1 , P l o j ' 1 I 1 1 1 II,' I I I ~ I I ' l d, ' 1 0 1 , 1 1 . 1 1 l l l l lVl11 1 1 1 4 I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 d l' II 100'Uti II I

    III pot dlllill ,1111111 ' 111 p o l ) ! ' Ii \111 l i n n I 'l l I H It .' m v '1 lt'IH l 01 1 IV t'H,llllfl qu 'IK ' V '111 o b r i -

    ,ti ll" It ' 11l1l11l0do 01 1 d OU tl'O 1 c o n s u l t e r 0 o l' l l '1 1 1 o , P ' I' S ll tl d ir lo u r n paren-4 I 1 1 1 1 I I ' I l l I 10 d e H l l l 1 l < 1 l 1 t . ' , u m u f l r n (HI 0 d . l e g a d o d o p r t n i p e a consulta-Io emi l l 1 1 1 1 1 1 1 ' . I

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    poi" 1 1 I 1 1 l 1 1 1 1 u 0 1 1 1 ( , " , . 1 1 ' " 1 1 1 jt,q~lililt'l 1 1 1 1 1 1 ' 1 , 1 1 1 1 ' 1 ' 0 1 IIlI I, 0 1 1 1 ' 1 1 1110 IIld 1IO!lll l l l "I(~ I, foil III IINIlIi I Pi l i ' ! ! ti p 'I'llI' () ( J 1 'l1 .u lo ' INOWll'1 1I!lIHI1('1'11 d lN lA n in , 11 0muro: 1'(INlltlll(l{ '11 lilt' qu e e ra p uru q u IllS mulh ' 1 ' l !111l1l011e ru (lIIlI'ISS '11) 'I l u l s s 'Ill S(' ' fl li l po iucm as f o l h a s , ~Illdo 0 W'IH:110 jIlI'11 II1\1111I \I I t!O I volta m se l l es 'ond 'rijo perdera sell poder.

    O u n n d o consideramos ate que grau a vida social e regula 1 < 1p '10 Ol'lllillldl ' V ' 11 '110 , imediatamente percebemos a enorme vantagcm que os h()III\'II~I III sn brc as mulheres po r sua capacidade de usa-Io, e como a exc lusuo dO Hpl'lll, ' ipuis me i o s de estabelecer contato com as fo rcas rnisticas qu e afel~1I111111ploflln larnente 0 bem-estar humane degrada a posicao da rnulher nu so' ('dlld ''I,nn Ie,n I reciso rnui ta exper ienc ia para conduz ir uma sessao de modo COITt'lo , IIII rprctar as descobertas do oraculo. E preci so saber quantas doses c I Wlli

    1 1 1 1 II'V 'Ill ser admini stradas, se 0 oraculo esta funcionando a contento, ('III1 11(' ord m fazer as perguntas, se devem ser fei tas em forma p os itiv a o u Ill'KIII V I, quanto tempo se deve segurar uma ave entre os dedos ou nas ma.()s ~'IIquuuro se faz uma pergunta ao oraculo, quando ela deve ser sacudida pnruI, ,' IIVO 'Uf ' 0 veneno e quando e hora de joga-la ao chao para a inspecao {In II,I , 'v \ ' 1 ' 1 saber como observar nao apenas se a ave esta viva ou morta, mas lUI III( III 11maneira exa ta pela qua l 0 veneno a afeta, pois enquanto esta sob a III, 1 1 , 1 1 1 1 ' i t t d.o oraculo cad a momenta e significativo para 0 olhar exper icuto,I u n h Inse deve conhecer a fraseologia propria da atividade, de modo a coloII' IS [uestoes claramente ao oraculo, sem erro ou ambigiiidade; essa tarcln

    III (I f6 il, pois uma unica pergunta pode ser formulada ao cabo de Lilli IlI't'l1ga de cinco ou dez minutos. Nem todo homem e competente nessa < 1 1 ' 1 1 ' .' 1 1 1 1 ora a rna iori a dos adultos possa preparar e interrogar 0oracu lo, se ne ('N1 ' 10 . Aque l e s que, quando meninos, preparavam com frequencia 0 yen 11(1

    1 '1 1' 1 s eL L S pais e tios, e que sao membros de familias que frequentam a corte ('nnsultam constantemente 0 oraculo, sao os mais competentes. Alguns ho

    (1I t'n S S .0 muito habei s em interrogar 0 oraculo, e aque les que desejam COi lIii, .1 0 gostam de ser acompanhados por um deles.

    8t II 'I~Ller homem convidado pelo proprietario do oraculo de veneno podeI ,I,'lll' a uma sessao, mas espera-se que nao compareca se teve relacoes scIIHls ou comeu qualquer dos alimentos proibidos nos ultimos dias. E irnpcrutlvo que 0 homem que de fato prepara 0 veneno tenha observado eSSCH( i b u s, e por isso 0proprietario do veneno (que chamarei aqui apenas de pro

    IIIIII q) I I P d ( ' Ht'lltillll'III(' '(ltllIIWllllti 1 1 1 1 1 " 1 1 1 1 1 11 1 1 qlll' ( ' 1 1 1 1 ' ) 1 1 tit' h l l ( ) 1 ' 1 1 ' 1 1IlIllil III I" 1 1 1 0 , 1 qlll'lllOpnl'IHlvl'l'dllv !lllIi'qlH' ,I 1('II""()h~I'I'vHJ()Sulrulllu .qI!ONI00HIll'MIIHlI PII'IOlllIOl,'PIIIO()I'1 'lilo.Unl hOIIH.:I11CI1lal1 1 1 1 1 1 ~ II( 1ll'lllpl't'l'h 1 I1 1ld o qu a nd o, n o 'u so d e d oe ncu su bita , iprcciso con-1 1 1 1 , 1 1 I I I II 't .ulo S ' 1 1 1 aviso, iSI!) .uuundo III () h ,1 I ' 111 po para se preparar pelaIII IIIvl I~no d os lobus. Vou I II ' r oteriI' ao m cn ino O L Lhomem que prepara deIII11I1V 'il 'no' 0 adrninistra a t> aves como operador. Quando falo do interro-1 1 . 1 , 1 1 , l 't 'l 'i I' O- 1l 1C < 1 0 h orn cm q ue se se nta frente ao oraculo, dirige-se a e le e so-lltlill "('II. julgaITH~ntos. Como ele se senta a poucos metros do oraculo, deve1 1 1 1 1 1 I II ( 'I' obs rvadotodos os interditos. E possivel que um homem seja 01'1iljI' 'I rio, 0 operador e 0 interrogador ao mesmo tempo, conduzindo a1 1 1 1 Id l l l do oraculo sozinho , mas se i sso ocorre , e muito raro . GeralmenteIhll III diG culdade em obter os services de um operador, pois urn homem

    1 1 1 1 q uu ls d e s e u s vizinhos e s t a o observando as interdicoes associadas a v i n -. 11 1 1, I .rnorte, Um de seus companheiros que nao comeu alimento sob tabu,1 1 1 1 1 1 1 1 t .v e re lacoes sexuai s com mulheres um ou dois dias antes da consulta ,II" 101110interrogador. Se um homem esta impuro, pode dirigir-se ao oracu-III II distAncia. E melhor tomar essas precaucoes, porque 0 contato de uma1 " 1 1 1 1 l rnpura com 0 oraculo destr6i sua potencia; a simples proximidade de1 1 1 1 1 1 1 1 ' ssoa impura pode acarre tar esse result ado.O s interditos que devem ser invariavelmente observados pelas pessoas!JIll' -ntram em contato com 0 oraculo de veneno incidem sobre:

    " Relacoes sexuais com mulheres .omer ca rne de elefante.

    ~ Comer peixe. Comer 0 legume mboyo (Hibiscus esculentus). omer 0 legume morombida (Corchorus tridens). Fumar haxixe .Alguns homens evitam comer animais de cor clara; essa parecia ser a re-

    I I imposta aqueles que entram em contato com os oraculos de um principe.(1I1 ' l l de elefante e de peixe sao proibidas por causa do forte cheiro emitidoI ('10 homem que as tenha comido. Creio que e sua natureza pegajosa que co-It l~Ol10 mboyo e 0 morombida sob interdicao rituaL Quando as partes comes-t lv 'is desses vegetais sao extra idas, ela s nao desprendem, mas ficam ligadas aolltio por f ibras glutinosas, tendo de ser arrancadas. Quando coz idos, formamuma pasta grudenta que pode ser esticada como puxa-puxa. Antes de entrarI 1 1 contato com 0 oraculo de veneno ou mesmo de aproximar-se dele, umItomem deve ter evitado relacoes sexuai s por cinco ou seis dias, e os a limentosI' vege ta is proibidos por t res ou qua tro dias. Todavia , 0 tempo de observacao

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    I 'liMeNillt 'I' lilOllllll0 t I ' l ' dill '111,1 1 I), I d i e , ] , 'Ill' IWllll'llI IIW,l'llIl' 1 1 1 1 1 1 1 VIIMdiversas. Muitos sc 8 (;\ tl sr u~ 'I ll L 'O l1 1 1.1IbsiinClnill d 'I' '111'((s S I.' U lliN P OI '( 1 1 1 1 1 1ou mesmo quatro dias. Se Limhorncm que tevc r laco s s 'xunls 'rollvldiltilliloperar 0 oraculo, dira "comi mboyo", e todos comprccndcrt 0 que ('It, t'I1111 1'111pregando urn eufemismo. Ele pode desculpar-se do mesmo modo sesillll'll'.mente nao deseja ocupar-se do trabalho.o proprietario nao paga ao operador e ao interrogador por se lls servl , 11/1o segundo e quase que invariavelmente 0proprio proprietario ou um tit' lli'll~amigos que tambem quer fazer perguntas ao oraculo - e que para isso 1 " 0 1 1xerarn suas aves. E comum presentear-se 0 operador, se e um adulto, 1 1 1 1 1 1uma ave durante a sessao, de modo que ele possa colocar seus proprios piIIblemas ao oraculo. Como setrata geralmente de urn homem que esta usnrulnuma cinta de luto e vinganca, ele frequentemente perguntara ao onkilitlquando a vinganca magica atingira sua vitima,

    Para preservar-se de poluicao, um homem geralmente esconde sell vcuetu:no telhado depalha de uma cabana, na parte interna, sepossivel deuma 'nhnlillque asmulheres nao usem; mas isso nao e essenciaI, porque uma mulhcr II IIsabe que ha veneno escondido no teto, e e pouco provavel que entre em 0 1 1 1 1 1 1 1com ele.0 proprietario do veneno deveter observado os interditos se d escjn Ira-lo ele mesmo do telhado; seesta impuro, trara a cabana 0hom em ou mou]no que vai operar 0 oraculo e lhe indicara a distancia onde esta escondido IIveneno. Um telhado de palha e um esconderijo tao born para um pequeno IIIIcote de veneno que costuma ser dificil para 0proprietario encontra-lo,

    Ninguem deve fumar haxixe numa cabana que abriga 0oraculo deWillino. Todavia, ha sempre urn perigo depoluicao e debruxaria quando 0 ven 1 1 1 1 1e guard ado em casa, e alguns homens preferem guarda-lo no oco de urnn Ivore no mato, ou construir um pequeno abrigo e 13esconde-lo, Esseabrigutbem distante das habitacoes humanas, e caso um homem 0 encontre no 1 1 1 1 1 1 1 1nao mexera nele, temendo que contenha algum tipo de droga letal. E J 1 1 l 1 I I Iimprovavel que a bruxaria descubra urn oraculo de veneno escondido 1 1 1 1mato. Nunca vi urn oraculo de veneno sob um abrigo no mato, mas d i s N l 1ram-me que ele era frequenternente guardado assim.o oraculo deveneno, quando nao esta em uso, e mantido envolto em 1(1lhas: ao final de uma sessao, 0 veneno usado e colocado num inv6lucro, S 'PIIrado do nao-usado. Pode ser usado duas ou tres vezes, e pode-se acresc III IIveneno fresco para torna-lo mais potente. Quando sua acao mostra que ('IIIperdeu a forca, e jogado fora.

    Todo born oraculo de veneno e 0mesmo, seja quem for que 0 pOSSUIl.opere e consulte. Mas sua boa qualidade depende do cuidado e da virtudc

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    lnstrtrklo p '10 I n l ' l ' I ' uM , d i l l " I ll 'K II 1 1 11 1 \1 Ii I II ' IV 'H , dobl'lllH IN IN 1 - 1 0 1 1 1 ' ( ' 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 ' 1n as e p re nd e- a nIT o s l I l ' l ' 1 1 1 0 . , P t 1f ,\ ' nI l o a ' 1 ' 1 o v u d e .uplm Hit'l I I I I I ' V I I I Ino e embrulha-a no filt ro de folhu ,Mantern aber to 0 bi '0 dn IVL\ rolt H' II 1 1 1 11 . Iponta do fil tro e aperta-o, e 0 liquido da pasta eSCOT'J"ara d ' 1 1 1 1 ' 0 d 1 1 \ 1 1 ' 1 \ 1 1 1 1 1 1 1da ave. Entao ele balanca a cabeca da galinha para cirna c pa n , ba ixo, O I I l I W I I Ido-a a engolir 0veneno.

    A essa altura 0interrogador, previamente instruido pelo proprict 1 1 ' 1 0 nilbre os fatos que deve expor ao oraculo, corneca a dirigir-se ao vcncno 110 1 1 1 1 1r ior da ave. Continua a falar por cerca de dois minutos, quando L 1 1 1 1 1 1 H ~ ' P , l Il l l ll ldose de veneno em geral e ministrada. Quando setrata deuma gal inha P ' 1 1 1 1 1na, duas doses bastarao; mas uma galinha maior recebera tres doses, l' I, ~soube de avesque receberam ate quatro, mas nunca mais do que isso. () il1ll'lrogador nao para de falar com 0 oraculo, fazendo suas perguntas sC ll lpr illmodo diferente, embora com 0mesmo refrao: "Se este e 0 caso, oraculo c i l lveneno, mate a ave", "se este e 0 caso, oraculo do veneno, poupe a ave", IIItempos em tempos interrompe seu fluxo de oratoria para dar uma ordcru IIInica ao operador. Pode dizer-lhe para ministrar outra dose de veneno ~ iiVI',ou para sacudi-la entre seus artelhos, levantando e abaixando 0pe (isso ill/IIga 0veneno no interior da ave). Quando a ult ima dose foi mini strada C 'I ' I,'sua ultima pergunta, diz ao operador para levantar a ave. Ooperador 1 '0 1 1 1 I 1em suas maos e, segurando-lhe as pernas entre os dedos e voltando-a parn I,da-lhe uma sacudidela para frente e para tras. 0interrogador redobra sun I' 'roracao, como se0veredicto dependesse de argumentos; se a ave ja n30 el lmorta, depois de mais uma investida oratoria ele diz ao operador para '010ca-Ia no chao. Continua a dirigir-se ao veneno dentro da ave enquanto ObNt' l 'va os movimentos desta no chao.oveneno afeta asaves de varias maneiras. Ocasionalmente mata-as illll'diatamente depois da primeira dose, enquanto elas ainda estao no chao. I. H I Iraramente ocorre, porque em geral uma galinha so e seriamente a f e u u l Iquando removida do chao e sacudida para frente e para tras, Entao, seela V Imorrer, tem convulsoes espasmodicas no corpo, abre e fecha as asas, t e r nvomitos. Depois de varios desses espasmos, vomita e expira num acesso finul,Algumas aves parecem quase nao ser afetadas pelo veneno; depois de tercmsido sacudidas para frente e para tras por um tempo e jogadas no chi (),saem ciscando despreocupadamente. As galinhas nao afetadas pelo VenC1111geralmente defecam assim que sao colocadas no chao. Outras parecem pOllco afetadas ate que sao postas ao solo, quando subitamente sofrem um colapso e morrem. E muito raro que uma ave seriamente afetada pelo veneno S('recupere.

    1 1 1 ' I .h I I/ II . I t 1 . / 1 , ' 1 1 1 1 1 1 1 1 Ildll I I l d l / . , 1, 1

    1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 -n: ill)' (' 1 1 1 1 1 1 t ' l 'l 1 1 V ( 'I t' d 1111 II 'J l O 1 1 1 1 '1\ IV ' (' I t 'V '.lllllwn11,111111I pOI ('I', I II ' tl n M 1 1 1 I 1 l 1 l 1 ( ) ,,'I' III I' 'U IJl I'II~ ' o I, () P 11"" .crtu, 0

    I I I I I I I II () II ' pi ' 'U upu ' 1 1 1 1 1 11 1 1 1 ' 1 ' ( 1 1 ' 1 I 1 1 1 1 1 ' I l 'I 1 1 H UI P 'I'IHI) mas pousa-a noh i t ! 1 1 1 1 1 1 1 I 1 H 1I 'I ' l ' I " P I' ' q O r n l im 'n( " q u a n d o urnu a ve morre, arrasta-se ela1 1 1 1 I 1 lille rculn ( ; 1 1 1 IOI"ll() do v .n '1)0, cxibindo para cle 0 corpo. Em seguida,IIta l IIIu I'~1Ipn 1 " 1 ' usaf ximo prova Ccobre-se 0 resto com capim. Asaves

    I 1 1 1 ~ I II -v lv ' 1 1 1 sno levadas para casa e libertadas. Nunca seusa uma mesmaI . 1 1 1 1 1 v r : ' 1 . ' s 1 1 0 I 11 C IJ 11 1 0 d i a .

    I 1 1 1 . 1 ) h lima fala estereotipada - nenhuma formula - para dirigir-se aoIII 1 1 I 1 l . 'lin l a v i a , h e l refroes tradicionais, imagens estilizadas, cumprimentos"1111111110 , modes de formular uma pergunta e assim por diante, que ocor-I 1IIIIIIIochl consul ta .

    p rl n . i p a l obrigacao do interrogador e cuidar para que 0oraculo com-I 1 1 I f I J I II pi mamente a questao a ele colocada e esteja a par de todos os fatosI h V 1 1 I 1 1 'S J ara 0 problema que the e proposto. Os Azande dirigem-se a ele11111I I m 'S1110 cuidado e detalhe que seobserva num tribunal presidido por

    1 1 1 1 1 III II 'if e.Isso significa comecar bem de tras e assinalar, durante um perio-III j 1 1 1 1 i de rave l de tempo, cada detalhe que possa elucidar 0 caso, unindo fa-lell 1 1 1 1 1 1 \ quadro consistente de acontecimentos e dispondo os argumentos1 1 1 1 1 1 1 1 1 I'i.a16gicae solida de sequencias e inter-relacoes de fatos e inferencias.Illll'lTogador deve tambem mencionar cuidadosamente 0nome do homem

    ' 1 ' 1 ' ,"I consultando 0oraculo, apontando para ele com 0brace esticado.~II "dona tambern 0 nome de seu pai, talvez de seu cla, 0 nome do lugar111' i l l mora, e fornece detalhes semelhantes de outras pessoas menciona-III II1fala.

    Uma oracao ao oraculo consiste geralmente de orientacoes alternadas.. .pl'l l11eirasfrases esbocam a questao em termos que demandam uma res-

    1 " 1 IIafirmativa e terminam com a ordem: "Oraculo deveneno, mate a ave."1I'IIsesseguintes esbocam a questao em termos que pedem uma resposta

    I I I ' I - \ . I t i v a e concluem com a ordem: "Oraculo deveneno, poupe a ave."0con-ulror entao retoma a questao em termos que pedem uma resposta afirmativa,Ils,~im por diante. Seum espectador considera que um ponto relevante foi"I ado de fora, interrompe 0 interrogador, e este 0 inclui.o interrogador empunha uma vara e,enquanto sedirige ao oraculo, sen-Illdo de pernas cruzadas em frente a ele,bate-a no chao. Continua a faze-lo ate" llnal da fala. Costuma gesticular a medida que fornece elementos, como um1lI1l11emxpondo um caso na corte. Asvezes arranca capim, mostra-o ao ve-II!'M e,depois de explicar que ha algo que nao deseja que ele considere, joga-oJllll'atras, Assim, por exemplo, diz ao oraculo que nao deseja que considere a

    " " d i l , ! II It I I / I I I1 1 1 1 1 Iii I I

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    till 'sl o Itthl'lIlial'll, 1 11 1 '1 "'1 11 1 dilit' 1~'11'.llfIiXlIl'l, ('111//1, ' , n i H i l II 1('!'V,llItc, . c l u iscon de nll\ Ii < I t' l , , A, Itlll!. ' 1 1 1 US~ln sno l'si (I d il l! I 1l t' dlf\llli Iiobservacao. B rare qu ' u l ru III Ii I didj,,1 U () O J" () .ulo Ii '11) L I S I I ' un tlOp,11I1 Il 1cunloquios. Assim, perguntando sc u rn h or n e m 0111 'I 'U H lult rio, I qUI' 1 1 1 1 1e formulada do seguinte modo:

    Oraculo deveneno, oraculo deveneno, voce est a na garganta da HVC.!\qlll'l!' 1 1 1 1mem, 0 umbigo dele uniu-se ao umbigo dela; eles se abracaram.clc u ( . . ' ( ) l I h l " " 1 1como mulher e ela 0 conheceu como homem. Ela Ievou badiabe (urna rolhllll~1Ida como toalha) e agua para ele (para asablucoes depois do intercu rso); 01'[ \ l ilt 1de veneno, ouca, mate a ave.

    Enquanto a ave passa pelo ordalio, oshomens cumprem atentamenic til'terminado comportamento. Um homem devecingir e ajeitar sua tanga de ('IItrecasca para nao expor os orgaos genitais, como faz quando se sen til I 1 1 1presenca de urn principe ou de um parente afim. Os homens falam em v mbaixa, como se estivessem na presen

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    I 1

    1 1( 1,mUH q u e r c .beru t il ' v o ll u INItUI~'\ I do pl't:'~Od r n n V ii, I\IHIIIII dt'lI IH dH " 1111mens e s t" a m c ac un d o Huminu '0 11 1 b l 'U X I1 1'1 1 O il 1 11 11 ~i 1 11 W' II A I v t 'M l I t lW 1 1 1 1 1 1resposta "sim".A sessao teve de ser encerrada nesse ponte, po is nco huvin VCIIl'IIII rllil

    ciente para continuar as consultas.

    SEGUNDA sessxo(1) Jaque, numa consulta anter ior, foi determinado que a f ilha d Mum 'lIZ , 1 ' -posa de Mekana, esta em pessimas condicoes, arna influencia que paira HOi1I ' l ' l , i t lvern da casa de Mekana ou da casa de seu avo pa terno (a quem se ll pai l I \ ' I ' 1 1 1 IIancas do pre VIneno, poupe a ave. A ave SOBREVIVE, confirmando que a rna influencia provoruda casa do avo da jovem (duas doses ministradas) . (Mekana depois pediu anHIIgro para que asmulheres de sua casa colhessem e soprassem agua em sinu] ti lboa vontade. Ele nao se arr iscou a apontar nenhuma "sogra" em particula r.]

    I lit '1111n llilldn (II II' I) Ii H t ti"!' IIdll 'II~'I Illlltl i i I ' II 0 poI I 'l'lIll'i1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I\' , 1 1 1 '1 1 \ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 \ 1 1 1 '1 1 1 1 ' 1 1 1 I p V l '1 mu lh 'I'( 'N tltl y, Sl ' t 'S l( " ~ 1 ( ) I' 's-1 ' " 1 1 v'l, O l ' i ('ulo t i l ' V '1\ '11(1, 1 1 1 lit, I I IVl ' , A I IV(1 1 \ 1 1 )((1(1\ l ! O I 1 1 r cs po st u " si m "( 1 1 1 1 1 1 dWH'lIllldll'lldll),t t l l (Vl1l l' ll l\ I( )~ nf\0l 'l l I pcrguntu .)T indo s ido d 'I' rrn inado que Sueyo nao eraII IHIIINIvl,l pelu docncn de Kisllngll, 'sl' P .ruunta: 0 feiticeiro mora no nosso111110n nOVl I p u r r c do nldcnmen 1 o do governo? Seele mora ai, oraculo devene-uu, II I II ' I ( IV '. A av S O I I R E V IV E 0 1 1 1 resposta "nao" (duas doses ministradas).I [ I , / i II v el' Iic ro , 0 11 1mais outros tres previos sobre 0 problema, provou que 0It t \ t 11 '0 J'~.Q morava em nosso aldeamento.)(I) (Vol tumos i : ' t questao damulher deMekana. ja tratadanas perguntas 1e 4.) Se11 1 ilgu rn, alem das mulheres do avo da mulher dele, que ameacam a saude detvIl'l~1 1 1 < 1 , O l L se, clepois que a asa da ave lhes tenha s ido apresentada para soprar1 1 1 1 ' I< 1S aincla exercerao influencia negativa sobre ela, entao, oraculo de vene-II " rnut a ave . Se, por outro lado, nao ha mais ninguem a temer alem das mu-111l'1'S do avo da rnulher dele, seelas soprarao agua na asa da ave com sinceridadeI I li radio sua rna influencia, entao, oraculo de veneno, poupe a ave . A ave' I ( l I l l l f lV1VE, indican do que nada mais havera a temer (duas doses ministradas).(il) (Voltamos a pergunta da mae de x ja tratada nos testes 3 e 5.) Foi determina-tlo qu e asmulheres de Y sao responsaveis pela doenca da mae dele; X pergunta"1101"1 ses6 elas sao responsaveis , ou se 0 pr6prio Y as encorajou e assistiu para'I"' lancassem bruxaria sobre a velha senhora. SeY e culpado, entao, oraculo deV '1 1 'no, mate aave. SeY e inocente, entao, oraculo de veneno, poupe a ave.A aveMOl RE,dizendo que Y e responsavel (uma dose ministrada),II sasegunda sessao fornece urn exemplo de uma consulta ao oraculo in-

    It 1 1 1 1 .nte bem-sucedida. Eu chamaria a atencao para a maneira pela qualI II } -\ I upo de perguntas e arranjado. Ha tres problemas a serem resolvidos, eI ,,110aves por meio das quais os resolver. As perguntas referem-se ao1 1 1 star da mulher de Mekana, a saude da mulher nomeada como mae de XI ii -nt if icacao do feiticeiro que causou a Kisanga uma doenca tao atroz.1IIIIIdomuitas pessoas tern perguntas a fazer ao oraculo, nao se esgota urn

    1111111rn a passando-se para 0 seguinte, mas geralmente, como nessa ocasiao,1"'1mitido a cada pessoa fazer uma pergunta de cada vez. No segundo turno," ,I lima delas tenta obter veredictos confirmat6rios ou fazer perguntas sub-III. rias . Seurn homem tern mais aves do que os outros, ele pode fazer maisIHIntas, mas deixa que os outros coloquem seus problemas entre elas. NaoII11 ta simplesmente de cortesia; isso se baseia na nocao de que, depois que

    II I problema foi colocado ao oraculo e ele forneceu uma resposta, deve-se

    ' ; 1 1 1111 II h i l " 'H I ' " , 111"1 '1 '

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    du r I em po pn.u que Irl'pv'IIIIIIIIIJht'IIHlltJill tlllllllllltl~'Ndt1('(l1l1 niHlI'lltlilp r l m ira r e s p o s t u u d ir 0 v '1'(1111.10 I n u l , Viti IW d I h ll t' d ln l !) ' li 't ) ilV!'JH'1I1lusad o n essa se es. 0 er u diH 'l'illllllllllt\ M u tu n II p1'l1ll'II'1 lVI.' I.: mostruu qllflnao era impotentc, pols quando () ll('/I~t' Il11pnICI!t') loduH liS aves Iwhl'('Vvem; poupou a se gun da ave c m ost rou que 11110 'I'll tu n v ')1CI10Slip ' ' 'POll ' ' III',pois quando 0 e todas as aves morrcm, POLliJOU varias outras elves, m as IHI IInal matou a ult ima delas, mostrando que rnantinha sua potencia. Os ;\/',lIl1ti,'buscam essas evidencias em cada teste para estabelecer se 0veneno 6 bum ,

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    Falta contar como nos velhos tempos aspessoas bebiam veneno de oraculo, Itpreciso algum cuidado ao considerar a frase zande m om bir i b en ge ("bcbo VI'neno de oraculo"), pois e uma expressao comum de um principe quunduquer dizer simplesmente que "voce deve submeter seu caso ao oraculo de V I'neno". Mas no passado, embora raramente, asvezes algumas pessoas bcbhunveneno de fato. Isso podia acontecer de dois modos. Um homem acusado d, 'uma ofensa seria podia oferecer-se para beber veneno depois de um teste 01'11cular com aves ter-se pronunciado contra ele.Do mesmo modo, seuma 1 1 1 1 1lher acusasse um hom em deter cometido adulter io com ela, ele podia proptuque tanto ele quanta a mulher bebessem veneno.oveneno do oraculo era tambem ministrado ocasionalmente a meninuaescravos em casos importantes envolvendo principes. Falava-se a elesna m~'Hma lingua gem que as aves. 0 veneno era misturado com agua numa cuia, (Imenino, sentado no chao eusando um cinto decapim bingba, bebia 0vencnoje entao 0 interrogador sacudia sinetas e dirigia-se ao veneno dentro ddt '.Quando terminava sua fala, esfregava a cuia na cabeca do menino e mandu V IIque ele selevantasse. Se0menino alcancava a asa da ave e voltava com ela,cl;se dirigiam novamente ao veneno no seu interior e the diziam entao para " Icolocar no lugar a asa da ave. Depois fariam uma terceira e ultima fala e dlriam ao menino para buscar a asa novamente. Entao 0teste estaria terminadu,Se 0 veneno fosse matar um menino, nao 0mataria enquanto estivcss Isentado quieto no chao, embora ele sofresse espasmos de dor que 0fariam csticar os braces para tras, ofegando para respirar. Quando 0 menino calli,faziam-se esforcos, com 0 consentimento do rei, para revive-lo, ministrando-lhe uma mistura viscosa feita da planta mboyo , da arvore kypoyo, e sal. Issofazia com que vomitasse 0veneno. Depois ele era levado para um riacho, colocado a sombra, e despejava-se agua fria em seu rosto.

    ( 'A P I'I '1 1 1 ,1 1 IX

    P r o b l c l l l t I , s U S .itados pda consultaau o racu lo de veneno

    I

    IIi M l ' I ' t, ' V [ para muitas pessoas na Inglaterra os fatos relatados no ult imo capi-IiIlo. 1 \ 1 1 1 sua maioria, elas desacreditaram ou desdenharam deles. TentavamI1 1 1 1 1 suas perguntas explicar 0 comportamento zande racionalizando-o, istoI 1 1 1 i rpretando-o nos termos da nossa cultura. Essaspessoas supoem que osIlInd' entendem necessariamente as qualidades dos venenos assim comoIII' IS entendemos, ou que atribuem uma personalidade ao oraculo, uma111I11Ie ' que julga como os homens, mas com maior presciencia: ou que 0Illll'ulo e manipulado pelo operador, cuja astucia preserva a fe dos leigos.hu] I am ainda sobre 0que acontece quando 0 resultado de urn.teste contra-till (! outre, que deveria ser confirm ado para que 0 veredicto fosse valido: 0'Illl' acontece quando as descobertas do oraculo sao desmentidas pela expe-I II ' i a , ; e 0 que acontece quando dois oraculos dao respostas contrarias aIIIt r n a pergunta.

    s mesmos problemas - e outros, naturalmente - me ocorreramIjlll!'Ido estava na terra dos Azande. Fiz investigacoes e observacoes sobre osI '" l l tos que me pareciam importantes. Neste capitulo relato minhas conclu-IIW S, Antes de apresenta-las, devo advertir 0 leitor que estamos tentando ana-II Irmais um comportamento que uma crenca, Os Azande tern pouca teoriaN l J l w e seus oraculos e nao sentem necessidade de doutrinas.

    'Traduzi a palavra benge por "trepadeira do veneno", "veneno de oraculo". "oraculo de veneno", conforme 0 contexto. Mas e necessario assinalar queII i de i a s zande sobre 0 benge saomuito diferentes das nocoes sobre veneno'Ill prevalecem entre asclasses cultas da Europa. Para n6s 0 benge e um vene-110 , mas nao para eles.

    f: verdade que 0 benge deriva de uma trepadeira selvagem da mata; e quet! pode supor que suas propriedades residam na trepadeira, isto e , que sejampropriedades naturais; mas aos olhos zande, ele s6 se torna 0 benge das con-ultas oraculares (e fora dessa situacao nao se tem qualquer interesse nele)quando foi preparado segundo certos interditos e empregado da maneiratrndicional. Para ser mais preciso, apenas esse benge manufaturado e benge

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