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1 agosto/setembro de 2011 CA ÓLICA BRASÍLIA ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA · ANO 2 · EDIÇÃO 4 · AGOSTO/SETEMBRO DE 2011 R$ 3,50 A próxima Jornada é no Brasil! Em 2013, o Rio de Janeiro receberá a 27ª edição da Jornada Mundial da Juventude Hanna Grabowska /madrid11 brasilia_catolica_agosto-setembro.indd 1 01/09/08 15:16

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agosto/setembro de 2011

CA ÓLICABRASÍLIA CA ÓLICAARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA · ANO 2 · EDIÇÃO 4 · AGOSTO/SETEMBRO DE 2011

R$ 3,50

A próxima Jornada é no Brasil!Em 2013, o Rio de Janeiro receberá a 27ª edição da Jornada Mundial da Juventude

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EXPEDIENTE:

Presidente: Dom Sergio da RochaCoordenador: Pe. André Pereira LimaJornalista Responsável: Kamila Aleixo (Mtb 9379/DF)Editora-chefe: Lilian AlvesProdução: Kamila Aleixo, Lilian AlvesProjeto Gráfi co: Felipe Rodrigues PereiraDiagramação: Felipe Rodrigues Pereira

Tiragem: 4 mil exemplares

Arquidiocese de Brasília

RevistaBrasília Católica

Capa

Saiba como foi a JMJ Madri e � que por dentro da preparação da Jornada no Rio.

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agosto/setembro de 2011

Redação:

Andrea CammarottaAndrea LopesLilian AlvesNarlla SalesRenato LimaEdmar AraújoKamila AleixoDiác. Marcos Sabater

EditorialNo dia 21 de agosto, o Santo Padre,

Papa Bento XVI, anunciou ao mundo que a próxima Jornada Mundial da Ju-ventude ( JMJ) será no Brasil, na cida-de do Rio de Janeiro, em 2013. Após este anúncio, todo o mundo vibrou junto com os brasileiros. Nesta quarta edição vamos mergulhar neste grande evento que aconteceu em Madri, ver

quais são as atividades que preparam a realização da JMJ Rio 2013 e como será a peregrinação da Cruz da jornada pelo país.

Diante da manifestação da fé, atualmente se discute muito sobre o fundamento e de� nição do Estado laico. A Revista Brasília Católica pretende apresentar e desmisti� -car o ambiente laico que, formado por membros possui-dores de uma fé, é motivado pela noção de justiça, igual-dade e fraternidade.

Ao tratar de expressões de fé, percebemos a juventude da nossa Arquidiocese que a vive e a experimenta de for-ma especial no Hallel, todos os anos. Conheça um pouco mais sobre sua origem, sua organização e seus preparati-vos para a sua realização.

Na seção “Vida e Família” desta edição discutiremos, a partir da visão da Igreja, em que consiste e qual o procedi-mento para a realização de adoções.

Em Brasília, na sua composição eclesial, encontramos ministérios que estão a serviço dos outros � éis. Em nossa Arquidiocese temos a oportunidade e a graça de possuir o presbiterato e o diaconato transitório e permanente que executam tal serviço. A partir da leitura, se tornará mais perceptível a importância deles na vida de nossa Igreja.

Teremos, ainda, uma entrevista com o nosso arcebispo dom Sergio da Rocha, que tomou posse no dia 6 de agos-to. Vamos descobrir suas expectativas para o pastoreio em nossa Capital.

E por � m, na seção “Pastoreio”, abordaremos o Encon-tro de Casais com Cristo. Um grupo tão presente nas pa-róquias que tem uma atuação efetiva também em ativida-des arquidiocesanas. Descobriremos a sua origem, as suas atividades especí� cas e sua espiritualidade.

Esta edição está imperdível, prezado leitor! Venha, nes-ta Revista, conhecer um pouco mais sobre nossa Arqui-diocese.

Fotografi a:

Hanna GrabowskaLilian AlvesLuís MaganWagner RevoredoAldemar Augusto RamírezKatarzyna Majszczyk

Revisão:

AndreaCammarotta

Padre André Pereira LimaCoordenador do Setor de Comunicação

Arquidiocese de Brasília

Entrevista

D. Sergio, arcebispo de Brasília, conta um pouco de sua história.

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Vida e Família

Conheça o testemunho e a realidade de pais adotivos.

Arquidiocese de Brasília

A Brasília Católica conta a história do Hallel.

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Santa séPor Renato Lima

Dados de organismos internacionais estimam que 1 bilhão de pessoas sofram fome no mundo to-dos os dias, ou seja, um sétimo da população.

Tecnicamente, quem ingere menos de 1.800 calorias por dia está passando fome.

A fome pode ter causas naturais, como secas ou inun-dações que destroem as plantações, mas as principais causas do problema têm a ver com a pobreza extrema, o desemprego, a distribuição de renda desigual e a au-sência de políticas públicas adequadas. Pobreza e fome estão intimamente ligadas.

A questão da fome e da miséria preocupa muito a Igre-ja. O tema é foco recorrente das homilias do Papa Bento XVI. Ao enviar mensagem, neste ano, para a abertura da 37ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), o Papa fez um enérgico chama-do a lutar contra a fome no mun-do, consideran-do-a como resul-tado do egoísmo e da especulação.

Disse o Pontí-fi ce: “A pobreza, o subdesenvolvi-mento e a fome são resultado direto de atitu-des egoístas que se manifestam nas atividades sociais, nos in-tercâmbios eco-nômicos e nas condições do mercado, e se traduzem na negação do direito primário de toda pessoa a nutrir-se e, portanto, a não padecer fome”.

O Papa pediu “soluções concretas” para as pessoas que são atingidas pela “fome e pela desnutrição” em todo o mundo, criticando a especulação fi nanceira ligada aos alimentos. E arrematou: “Ninguém pode fi car indiferen-te perante a ameaça que paira sobre milhões de pessoas que sofrem as dramáticas consequências da fome”.

Um dos movimentos católicos de leigos que mais se dedica à causa da caridade, buscando mitigar os efeitos da fome dos mais humildes, é a Sociedade de São Vicen-te de Paulo (SSVP), presente em quase 150 países do mundo. Popularmente conhecida como “Vicentinos”, a

Sociedade faz visitas domiciliares todas as semanas a famílias carentes, levando-lhes não só o alimento que sustenta, mas a Palavra do Senhor que edifi ca.

O Brasil é a nação onde a entidade mais cresceu, to-talizando 250.000 voluntários (1/3 do total mundial). No dia 27 de setembro, comemora-se no país o “Dia Na-cional dos Vicentinos”, criado pela Lei nº 11.536/2007, em reconhecimento ao trabalho social dos voluntários vicentinos por todos os cantos do Brasil.

Segundo a presidente da SSVP no Distrito Federal e Entorno, Emília Jerônimo, a missão da entidade é aliviar a miséria espiritual e material das pessoas que vivem em situação de risco social, colocando em prática os ensi-namentos de Cristo e da Igreja. “Os Vicentinos sabem que não vão resolver o problema da fome, mas fazem sua parte. Se cada pessoa fi zesse o mesmo, não haveria fome

nem miséria no mundo”, destacou.

Além da visita se-manal aos pobres, os Vicentinos man-têm diversas obras sociais (como lares de idosos e creches) e centros assis-tenciais por todo o Brasil, onde são prestados diversi-fi cados serviços à comunidade, como cursos profi ssiona-lizantes, palestras espirituais, cate-quese, encontros

de jovens, entre outras atividades.O católico vocacionado e missionário tem um profun-

do compromisso com a superação da fome e da misé-ria, pois de nada adianta nossa prosperidade pessoal e familiar sem que a sociedade, como um todo, também prospere. De nada adianta ir à Missa ou intitular-se ca-tólico se não se tem generosidade com os que sofrem, partilhando um pouco dos nossos bens, para a glória de Deus e vitória de Cristo sobre a indiferença e o egoísmo.

Ajuda aos mais pobres

Mais detalhes sobre o trabalho vicentino no DF e região podem ser obtidos em www.ssvpcmb.org.br ou pelo

telefone (61) 3273-9559.

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agosto/setembro de 2011BRASILPor Kamila Aleixo

Em 1889, no Brasil, rompeu-se a ligação intensa que ha-via entre Igreja e Estado, e,

nessa época, originou-se o “Esta-do Laico”. Segundo a Constituição Federal de 1988, Artigo 19, inciso I, “é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos Muni-cípios: estabelecer cultos religio-sos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus re-presentantes relações de depen-dência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de in-teresse público”.

Mas apesar de todo o tempo que se passou desde a sua implan-tação, o conceito de Estado Laico ainda é interpretado de forma equivocada por muitos. São diver-sas manifestações que compro-vam isso. A mais recente foi a tentativa de retirar sím-bolos religiosos das repartições públicas com a alegação de que as pessoas poderiam se sentir ofendidas pela presença de símbolos ou sinais religiosos.

Ao contrário do que alguns grupos pensam, ser laico não indica ser não religioso ou contrário à fé, mas sim não exercer um ministério religioso como vocação. Assim, Estado laico não é Estado sem fé ou ateu. Ser Estado lai-co é ser um Estado não confessional, sem religião ofi cial ou obrigatória. Assim a expressão laico não se opõe nem recusa a religião. Pelo contrário, a laicidade convive paci-fi camente com as religiões sem enfadá-la ou restringi-la.

Segundo o deputado Eros Biondini (PTB/MG), a Igreja Católica tem conseguido realizar sua missão sem ferir a laicidade Estatal, por meio das atividades de cunho social que ela desenvolve, respeitando o Estado. É pelas ações de pastorais, movimentos e ordens religiosas que a Igreja Católica pode suprir a ausência ou impotência do próprio Estado. “O ponto central está na promoção do bem comum, ou seja, naquelas atividades positivas que visam promover a dignidade humana e o bem de to-dos. Hoje há uma carência estatal em oferecer um aten-dimento digno e pleno aos mais necessitados, e é aí que entram as ações da Igreja que atende a todos por meio de seus inúmeros segmentos”, explica.

É importante destacar que, no ano de 1988, as coisas

eram totalmente diferentes. Não haviam tantas religiões, e as que existiam quase não manifestavam seus princípios. Hoje, no Brasil, existem organizações religiosas que participam ativamente das questões governamentais, é o que confi rma Lúcia Avelar, cientista política da Universidade de Brasí-lia (UnB) e integrante da Comissão Brasileira Justiça e Paz. “Hoje há muito mais competição entre ins-tituições religiosas no Brasil. Déca-das atrás nem imaginávamos que a diversifi cação religiosa chegaria onde chegou. No Legislativo Fede-ral, por exemplo, temos bancadas religiosas numerosas e seus repre-sentantes defendem seus valores e interesses”.

Dentre todas as discussões e opiniões, é importante lembrar

que o respeito entre as religiões é fundamental para se estabelecer a paz e evitar confl itos. Há espaço para que todos possam dar opiniões e sugestões, desde que pre-valeça o bem comum. A Constituição Federal de 1988 aplicou o modelo de Estado Democrático de Direito, que tem como principal objetivo promover o bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza, buscando a to-lerância mútua e a convivência pacífi ca.

A democracia nasce e se desenvolve a partir da plu-ralidade de idéias e opiniões. Sendo assim, não se pode calar os vários segmentos religiosos do país. A Igreja Católica tem realizado seu papel estando sem-pre a frente pela luta da liberdade de expressão de sua doutrina. A busca pela união e tolerân-cia entre Estado e religião cabe a todos e tem que estar sempre baseada na fé e na crença do c o m p r o m i s s o de paz e harmo-nia com a hu-manidade.

A Igreja e o Estado laicoEstado laico não é Estado ateu

“O Estado vem respeitando esses interesses diversifi cados, de modo que todas as instituições religiosas sejam igualmente tratadas

Lúcia Avelar, cientista política

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Arquidiocese de BrasíliaPor Edmar Araújo

Este ano o XVI Hallel chega a Brasília cheio de signi-fi cados e superações. O evento que acontece desde 1996, terá como tema a passagem Tende confi ança,

Sou Eu, não tenhais medo (Mt 14,27b). Em todas as edi-ções, o Hallel evangelizou milhares de jovens por meio da música, teatro, palestras e orações. Este ano os organiza-dores do evento esperam receber mais de 100 mil pessoas vindas de todas as cidades do Distrito Federal.

Em entrevista à Revista Brasília Católica, o coordena-dor geral do Hallel, Jair Xavier Castro, contou um pou-co sobre o primeiro Hallel em Brasília. “Começamos a prepará-lo no segundo semestre de 1995, com duas reu-niões ocorridas na casa de Dom Alberto Taveira, então Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Brasília”. A primeira reunião ofi cial do Hallel Brasília aconteceu no dia 3 de fevereiro de 1996, no salão branco do Santuário Dom Bosco, na 702 sul, e contou com a presença dos repre-sentantes de diversos movimentos, pastorais e serviços da Arquidiocese. Jair diz que havia grande expectativa na realização do primeiro Hallel e que a participação ati-

va dos diversos agentes pastorais da Igreja de Brasília foi determinante para a realização do evento. “Fizemos um breve histórico do Hallel que tinha surgido na cidade de Franca (SP), em 1988, demonstrando a nossa confi ança no potencial evangelizador do evento, principalmen-te junto à juventude, que é o público alvo. Falamos da forma de participação de cada um, através dos módulos, barracas de alimentação e equipes de serviço, destacan-do que os movimentos, pastorais e serviços teriam as suas espiritualidades e pedagogias próprias respeitadas dentro da estrutura do evento”, explica.

As primeiras difi culdades enfrentadas ocorreram pelo fato da maioria dos movimentos, pastorais e serviços não conhecerem o evento. Mas mesmo com todos os problemas o evento foi um sucesso. “Sentimos a aber-tura de coração, o comprometimento demonstrado du-rante a preparação, o empenho na venda das camisetas, na obtenção dos alimentos a serem vendidos no dia, e principalmente, no zelo pela oração, vivido de forma in-tensa em 43 dias de adoração”, conta Jair.

XVI Hallel de Brasília

Fotos: Divulgação

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Os preparativosA programação do XVI Hallel está em fase fi nal. Quan-

to ao tema escolhido, Jair defi ne como sendo o próprio “Senhor Jesus enviando à Igreja esse momento forte de evangelização, exortando-nos à confi ança em Sua pre-sença e à ação misericordiosa nas nossas vidas. Para que isso aconteça, contamos ainda com a poderosa interces-são dos padroeiros deste ano: Maria Imaculada e o Beato João Paulo II”, resume.

Para receber os participantes, está sendo montada uma estrutura com capacidade para 100 mil pessoas, sem contar com a área externa (estacionamento) que também será usada para shows. Todo espaço foi dividi-do entre o palco principal, onde ocorrerão os principais shows, e o espaço onde ocorrerão os módulos com apre-sentações de teatro, palestras, capela e até um ambiente para quem gosta de música eletrônica evangelizadora.Serão atrações para todos os gostos e públicos.

Jair aproveitou a oportunidade para fazer um convi-te especial a população de Brasília. “Em nome de todos os representantes dos movimentos, pastorais e serviços convidamos você e sua família para no dia 17 de setem-bro de 2011, no Ginásio Nilson Nelson, celebrarmos mais este momento de benção e de graça para a Igreja em Brasília”.

O Hallel em Brasília começou de um pedido es-pecial do Cardeal José Freire Falcão. Ele quis que fosse realizado um trabalho voltado à juventude da Capital Federal.

Desde 1996, o Hallel acontece em Brasília de for-ma ininterrupta. São 16 edições e milhares de pes-soas evangelizadas;

Em 2005, o Hallel Brasília alcançou seu maior pú-blico: 320 mil pessoas;

Em 2011 os vencedores do festival “Música & Cia”, realizado pela pastoral da música, tocarão no palco principal do Hallel;

Para saber mais sobre o Hallel Brasília, acesse www.hallelbrasilia.com.br

Cantor Dunga, da comunidade Canção Nova, em momento de oração no Hallel Brasília

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Vida e FamíliaPor Narlla Sales

O amor, quando é Amor, “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”. É o que registra São Paulo na I Carta aos Coríntios. No docu-

mento de Aparecida, lançado na V Confreência do Epis-copado Latinoamericano e Caribenho, em 2007, a Igreja expõe claramente a sua opinião a respeito da adoção: ajudar a criar possibilidades para que os meninos e meninas órfãos e abandonados consigam, pela caridade cristã, con-dições de acolhida e adoção e possam viver em família (DA 437).

Há quem diga ainda, sobre o amor dos pais, que ele é antes adotivo do que biológico. “Muitas dúvidas fo-ram dissipadas, muitos mitos e falsas expectativas fo-ram abandonados. Estávamos ‘grávidos’ e queríamos isto”, testemunha Elizângela Roque sobre o processo de adoção que ela e o esposo, Sílvio Roque, estão vivendo. Segundo dados da Vara de Infância no Distrito Federal, são mais de 300 famílias habilitadas para a adoção, en-quanto a quantidade de crianças à espera de um novo lar não passa de 170. No Brasil, os números representam melhor a realidade da adoção. São 31 mil famílias para pouco mais de 4 mil crianças.

Segundo o psicólogo-chefe do setor de adoção da Vara de Infância do Distrito Federal, Walter Gomes, o grande problema que faz com que as pessoas passem anos nas fi las de adoção está no perfi l escolhido. “Das 382 famí-lias habilitadas, 361 querem uma criança de 0 a 2 anos, branca, saudável e sem irmãos”, afi rma. Walter ressalta ainda que, no DF, não há nenhuma criança neste perfi l, o que deixa a fi la mais estática ainda.

Para o casal Cristiane e Cristiano Mascarenhas, a espe-ra por um fi lho biológico foi custosa. Depois de 10 anos de casamento eles começaram a se preocupar com a gra-videz que não chegava. A partir da vivência do método natural, Cristiane descobriu que não ovulava, fez trata-mento e aguardaram mais alguns anos. Depois disso, foi feita a investigação no esposo. “Foi aí que descobrimos que a difi culdade para engravidar era maior do que pen-sávamos”, conta Cristiane.

O casal relata que o processo de acolher que não pode-riam gerar fi lhos biológicos foi muito doloroso. “Sempre que alguém rezava por mim, Deus falava que um dia eu engravidaria. Isso me deixava triste, pois eu conhecia a nossa realidade e os médicos descartavam qualquer chance disso acontecer”, conta.

Sem muita expectativa, entraram na fi la de adoção em 2000. Somente em 2005, após receberem uma confi r-mação na Palavra de Deus, o casal se abriu para a adoção. “Descobrimos o João Pedro em um abrigo, em Sobral. Tempos atrás havíamos escolhido este nome caso tivés-semos um fi lho biológico”, diz. Embora estivesse dispo-nível para eles a adoção de um bebê, o casal partilha que, em oração, Deus disse que seria uma criança mais velha. João Pedro tinha seis anos na época. “Foi preciso renun-ciar, por amor a Deus e ao João Pedro, os momentos da primeira infância. Nossa prioridade foi acolher a vonta-de de Deus”, diz o casal.

Em 2008, Cristiane e Cristiano adotaram mais uma criança: Ana Beatriz, de 10 anos. “Com a chegada da Ana Beatriz, foi possível descobrir com clareza o papel

Adoção:

pais e mães por escolha de Deus

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de cada um na nossa família, ser pai e ser mãe. É sempre um aprendizado de amor”.

Depois de muito sofrer, procurar tratamentos, ouvir palavras negativas dos médicos, o milagre chamado Ma-ria Clara chega na família Mascarenhas. Cristiane estava grávida! “Eu tinha 38 anos e um corpo maltratado pela quantidade de hormônios que tomei nas tentativas an-teriores de engravidar. Mas eu disse uma vez ao Cris-tiano que se realmente Deus quisesse nos dar um fi lho biológico, ele não precisaria de óvulo nem tampouco de esperma”, relembra a mãe.

No caso de Elizângela e Sílvio Roque, a família já é nu-merosa: cinco fi lhos. Eles contam que em 2008 conhece-ram uma criança na escola dos fi lhos que não tinha refe-rências familiares. “A criança estava sempre ausente das atividades que envolviam famílias ou que necessitassem comprar algo. Eu e meu marido passamos a ajudá-la, sem interesse algum em adotá-la”, conta Eliz.

Na época, o casal tinha quatro fi lhos, mas os laços com esta nova criança foram se estreitando, então, começa-ram a pensar na adoção. “Em 2009, engravidei do meu quinto bebê e resolvemos aguardar um pouco.” O casal afi rma que o desafi o se tornava cada vez maior pois seria muito difícil acolher uma criança de cinco anos. No mes-mo ano, Eliz e Sílvio descobriram que a criança tinha um irmão de oito anos. Para eles, um grande impacto, pois a legislação vigente não permite que grupos de irmãos sejam separados nos processos de adoção.

Os pais contam que pediram que o próprio Deus ba-tesse na porta deles e lhes desse sinais concretos sobre o que fazer. Para eles, a adoção é um passo muito sério e não poderia ser uma decisão baseada apenas em sen-timentos. “E Deus respondeu. Recebemos uma ligação do Tribunal de Justiça dizendo que fi caram sabendo que éramos um casal presente na vida das duas crianças, e que a escola nos tinha como referência há bastante tem-

po”, relata Eliz. Essa prática do TJ é comum nestes ca-sos. A ligação, segundo Eliz, tinha a intenção de buscar possíveis pais para crianças abrigadas. “Eles queriam sa-ber se tínhamos o interesse em adotar os garotos. Para nós, foi uma grata surpresa de Deus!”.

O casal vive, agora, um período chamado estágio de convivência. Segundo o psicólogo Walter Gomes, este período existe para solidifi car os vínculos. As crianças passam tardes com as famílias e, dependendo dos casos, pernoitam. São sempre com horários estabelecidos e previamente agendados.“O tempo de duração deste es-tágio varia muito. Depende da disponibilidade de agen-da da família, do vínculo emocional. Um dos sinais que nos fazem perceber que é o tempo de passar para a etapa seguinte é se a criança apresenta sofrimento em fi car distante da família”, conta. Walter ressalta que a Vara de Infância valoriza muito este período de estágio, pois se trata de uma prevenção de casos de devoluções, extre-mamente traumáticos para a criança.

A fase atual é a de inserção dos garotos na vida fami-liar e na realidade dos fi lhos do casal. “Vimos algo muito belo acontecer diante de nossos olhos: uma interação bela e saudável entre todas as crianças. Eles tratam-se, desde o início, como irmãos, que brincam, brigam, reconciliam-se e começam tudo de novo. Muito natural-mente”, descreve a mãe.

A novidade na família Roque não é apenas a chegada dos dois garotos, mas uma nova vida que nasce dentro desse processo de escolha de amor. “O último presen-te de Deus, mais recente, foi uma nova gestação. Estou grávida de 8 semanas e muito feliz por ser escolhida por Deus para esta função tão importante: a de ser mãe. Mãe adotiva, Mãe biológica, sou Mãe, simplesmente Mãe, por providência de Deus”.

Apoio à gestanteA Vara de Infância possui também um programa espe-

cial de acompanhamento de gestantes. Segundo Walter Gomes, para evitar que as mulheres recorram ao aborto, elas são acompanhadas e estimuladas a darem prosse-guimento à gravidez. “Geralmente são mães que não despertaram para a maternidade, vítimas de estupro ou outras situações. Elas podem entregar os fi lhos, se qui-serem”.

Walter afi rma que 50% das mulheres desistem de en-tregar as crianças para a adoção e que todo o processo é feito com muita tranquilidade, deixando as mães muito à vontade para decidir o que fazer quando os fi lhos nascem.

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Confi ra no blog da Revista Brasília Católica o depoi-mento, na íntegra, das famílias que viveram este proces-so de adoção: www.brasiliacatolica.com.br

Família de Eliz e Sílvio Roque

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CapaPor Lilian Alves

Se existe o velho ditado de que Deus é brasileiro, en-tão ele se confi rmou com as palavras de Bento XVI. “Tenho o prazer de anunciar que a sede da próxima

Jornada Mundial da Juventude, em 2013, será o Rio de Janeiro!”, anunciou o Santo Padre para mais de dois mi-lhões de jovens reunidos na base aérea de Cuatro Vien-tos, em Madri (Espanha), sede da 26ª Jornada Mundial da Juventude.

Vestidos de verde e amarelo, os brasileiros logo de-monstraram porquê esbanjam alegria. “Cidade mara-vilhosa (...)!”, “Lêeeee-lê-lê-ô! Lê-lê-ô! Lê-lê-ô! Lê-lê-ô! Brasil!”, “Papa, eu te amo!”, foram algumas das aclama-ções cantadas pelos brazucas no momento do anúncio. Com a maior delegação já enviada a uma jornada - 15 mil jovens - o Brasil se prepara para acolher, de 23 a 28 de julho de 2013, o maior encontro católico, e porque não falar, demográfi co do planeta.

Caio Lima de Moraes é analista de redes sociais e apre-senta o programa Aliança Jovem, na rádio Nova Alian-ça. Pela primeira vez peregrino de uma jornada, Caio foi com o grupo Jovens Sem Fronteiras, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Gama . “A alegria do Papa em estar com os jovens é gratifi cante! É bom demais poder dizer: eu sou católico!”, conta Caio.

A Jornada de MadriA Jornada Mundial da Juventude é o maior encontro

da Igreja Católica. A cada dois ou três anos, milhares de jovens saem de seus países e se reúnem com o Papa para

abastecerem a fé, afi m de anunciar Cristo para pessoas que ainda não O conhecem e viver a universalidade da Igreja, repleta dos carismas de diversos movimentos e comunidades.

Em Madri, a Jornada aconteceu entre os dias 16 e 21 de agosto. A expectativa da organização era receber um milhão de jovens: veio o dobro. Na missa do primeiro dia de encontro, o cardeal e arcebispo de Madri, Antonio María Rouco Varela, destacou a importância do beato João Paulo II para a juventude. “A santidade pessoal de João Paulo II brilha com um atrativo singular, precisa-mente no aspecto da evangelização dos jovens contem-porâneos”, disse em espanhol.

No segundo dia, os peregrinos acompanharam a che-gada de Bento XVI e o encontro na Praça de Cibeles, a mesma onde os títulos do campeonato de futebol espa-nhol são comemorados. Nada conseguiu tirar a expec-tativa e a emoção de ver o Vigário de Cristo acenar do papamóvel, nem mesmo as manifestações de entidades laicas e homossexuais espanholas. Ao invés de violência, os jovens peregrinos reagiram com oração.

“Edifi cando-a sobre a rocha fi rme, a vossa vida será não só segura e estável, mas contribuirá também para projetar a luz de Cristo”, disse Bento XVI no primeiro encontro com os jovens na Praça de Cibeles.

Via Sacra e Vigília foram um dos momentos mais emo-cionantes da Jornada em Madri. Composta por imagens do patrimônio religioso das dioceses espanholas, a Via Sacra foi vivida em quatorze estações. Jovens, que so-frem com enfermidades, marginalização e preconceito religioso em seus respectivos países, carregaram a Cruz Peregrina em cada estação.

Na noite seguinte foi a realizada a Vigília da Juventu-de, na base aérea de Cuatro Vientos. O piso de concreto da base fez aumentar a sensação térmica do calor de 48 graus. Mais de 2 mil pessoas passaram mal durante o dia, na espera pelo Papa. O alívio na temperatura veio à noite. Durante a vigília, na hora em que começou a ser proclamado o Evangelho, uma forte chuva caiu, seguida de raios e rajadas de vento. Nem por isso os jovens de-sanimaram. “Esta é a juventude do Papa!”, gritavam os dois milhões de jovens.

Brasil acolhe a Jornada Mundial da

Juventude

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chamou atenção. “Os italianos são alegres, os franceses gostam de fazer barulho, os americanos são simpáticos e os africanos gostam de cantar - e cantam lindamente. Vimos até argentinos sambando!”.

OrganizaçãoLogo após o término da jornada espanhola, o Santo

Padre anunciou o lema que guiará os brasileiros na jor-nada do Rio: “Ide e fazei discípulos de todos os povos” (Mt. 28,19). Os trabalhos de preparação já começaram, tanto em Brasília como no Rio. Na capital federal, a Co-missão Episcopal Pastoral para a Juventude, da Confe-rância Nacional dos Bispos (CNBB), fi cou incubida de continuar a missão de articular todos os seguimentos jovens da Igreja Católica no Brasil, por meio da peregri-nação da Cruz, que chega a São Paulo no próximo dia 18 de setembro.

No Rio de Janeiro a preparação se dará por uma co-missão formada por leigos e religiosos engajados nos trabalhos evangelizadores da Arquidiocese carioca. Sob a coordenação geral do Pontifício Conselho de Leigos, a comissão trabalhará em conjunto com o Setor Juventu-de Nacional, da CNBB. “A comissão está encarregada de cuidar do voluntariado, atos litúrgicos, infraestrutura, captação de recursos e comunicação, explica Dom Antô-nio Augusto, bispo auxiliar do Rio de Janeiro e integran-te da comissão da jornada.

Com as experiências adquiridas em Madri, a organi-zação da JMJ no Rio terá o apoio do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM) e dos governos federal, es-tadual e municipal. “A jornada será tão impactante que pode reunir mais gente que a Copa do Mundo de 2014”, disse Eduardo Paes, prefeito do Rio à agência de notícias France-Presse.

A escolha do hino e logomarca do Rio 2013 será feita a partir de um concurso nacional. O objetivo é impul-sionar a criatividade e a preparação dos jovens católicos brasileiros para a jornada. “Queremos mostrar ao mun-do o rosto jovem da nossa Igreja”, afi rma Dom Antônio.

“A nossa força é maior que a chuva, e com ela, o Se-nhor nos manda muitas bençãos. Sois um exemplo”, dis-se Bento de XVI ao retomar a palavra depois de quase meia hora de chuva. Logo após deu-se início a adoração ao Santíssimo Sacramento, marcada pelo silêncio. “Éra-mos milhares de jovens, adultos e até crianças, em si-lêncio, diante de Jesus Eucarístico. Muitas graças foram derramadas e um sentimento grande de gratidão estava comigo”, conta Patrícia de Carvalho Bernardo, psicóloga escolar, peregrina nesta jornada.

Participar de uma jornada é... “Mudar a sua vida!”, declara Maria Cristina Costa, jor-

nalista, que assim como Patrícia Bernardo, participou de uma jornada pela primeira vez. “Estar junto com 2 mi-lhões de pessoas, com o mesmo objetivo de buscar Jesus Cristo, foi emocionante!”, completa.

Maria Cristina e Patrícia viajaram com o grupo de pe-regrinos Francisco Vai, do Santuário São Francisco de Assis, na Asa Norte. Composto por 100 pessoas o grupo passou por Vaticano, Assis, Fátima, Lourdes e Paris, an-tes da chegada em Madri. Foi durante esta peregrinação que Patrícia guardou umas das melhores recordações. “Fizemos uma adoração diante do milagre eucarístico de Lanciano e tivemos contato com a espiritualidade fran-ciscana de Assis”. Agora Patrícia espera pela jornada no Brasil. “Que os brasileiros estejam dispostos a acolher cristãos do mundo inteiro e que muitas pessoas tenham uma experiência verdadeira com Cristo!”, sublinha.

O também jornalista Moisés de Oliveira Nazário orga-nizou a viagem para Madri durante três anos com três pessoas. Como preparo espiritual, procurou conhecer a história de outras jornadas e leu mensagens do Papa para os jovens. Um dos momentos fortes para Moisés foi a chegada do Papa. “Vimos centenas, milhares de pesso-as de diferentes países nas ruas, todos cantando em suas próprias línguas”, conta. O aspecto cultural também

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Cerca de 2 milhões de jovens estiveram na última missa da JMJ em Madri, na base aérea de Cuatro Vientos.

Jovens carregando a cruz peregrina na Via Sacra

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Histórico das Jornadas Em 1984, o Papa João Paulo II celebrou o Jubileu In-

ternacional da Juventude, durante o Domingo de Ra-mos, na cidade de Roma (Itália). Com a grande adesão, o Sumo Pontífi ce, entregou a Cruz Peregrina aos jovens - a Cruz se tornou o maior símbolo das Jornadas Mundiais da Juventude. O ano seguinte, foi declarado pela Orga-nização das Nações Unidas (ONU) como “Ano da Inter-nacional da Juventude”. A partir de 1986, as jornadas passaram a se realizar periodicamente.

Itália (1986) “Vocês são a juventude das nações e da

sociedade, a juventude de cada família e de toda a humanidade. Vocês também são a juventude da Igreja” (João Paulo II)

Buenos Aires - Argentina (1987) 1 milhão de jovens“O homem não pode viver sem amor.

Ele permanece para si mesmo um ser in-compreensível, sua vida está privada de sentido se não se revela o amor, se não se encontra com o amor” (Papa João Paulo II)

Buenos Aires - Argentina (1987)

Colônia - Alemanha (2005) 1 milhão de jovens“Amem e sigam a Igreja, que recebeu

de seu Fundador a missão de anunciar aos homens o caminho da verdadeira fe-licidade” (Bento XVI)

Sidney - Austrália(2008)

500 mil jovens“Levamos dentro de nós o selo de

amor do Pai em Jesus Cristo, que é o Espírito Santo” (Bento XVI)

Santiago de Compostela -Espanha (1989)

600 mil jovens“Sim, descobrir a Cristo é a aventura mais

bela de toda nossa vida. Mas não é sufi ciente descobri-lo somente uma vez. Cada vez que se descobre, se recebe um chamado a buscá-lo mais ainda” (João Paulo II)

encontra com o amor” (Papa João Paulo II)

Madri - Espanha (2011)2 milhões de jovens“Há palavras que servem apenas

para entreter, e passam como o vento; outras instruem, sob alguns aspectos, a mente; as palavras de Jesus, ao invés, têm de chegar ao coração, radicar-se nele e modelar a vida inteira” (Bento XVI)

Colônia - Alemanha (2005)

Denver - Estados Unidos (1993)500 mil jovens“Jesus veio para dar a resposta defi nitiva ao

desejo de vida e infi nito que o Pai celeste, nos criando, colocou em nosso ser” (João Paulo II)

Manila - Filipinas (1995)4 milhões de jovens“O Filho de Deus sai ao nosso encontro, nos

acolhe, se manifesta a nós e nos repete o mesmo que disse a seus discípulos na tarde de Páscoa: ‘Como o Pai me enviou, também eu vos envio’ (Jo 20,21)” (João Paulo II)

Czestochowa - Polônia (1991)1,5 milhões de jovens“O Espírito dos fi lhos de Deus é força propul-

sora da história dos povos. Ele suscita em todo o tempo homens novos que vivem na santida-de, na verdade e na justiça” (João Paulo II)

Paris - França (1997)1 milhão de jovens“Não tenhais medo da vida nova que Ele oferece: Ele

mesmo, com a ajuda de Sua graça e o dom de Seu Espí-rito, vos dá a possibilidade de acolhê-la e colocá-la em prática” (João Paulo II)

Roma - Itália (2000, Jubileu)2 milhões de jovens“Preparem-se para cruzar a Porta Santa, sa-

bendo que passar por ela signifi ca fortalecer a própria fé em Cristo para viver a vida nova que Ele nos deu” (João Paulo II)

Toronto - Canadá (2002)800 mil jovens“Queridos jovens, não se contentem com nada

que esteja abaixo dos mais altos ideais!” (João Paulo II)

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Papa Bento XVI chegando de papamóvel à Via Sacra da JMJ Madri.

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a Igreja hojePor Diácono Marcos Sabater

Às vezes, quando ouvimos falar sobre o sacerdócio, surgem dúvidas e perguntas que não temos opor-tunidade de responder. Na Missa, por exemplo,

além do padre, os chamados diáconos também exercem o ministério do serviço. Qual é a função destes últimos em relação ao sacerdócio? Podemos considerar o diáco-no como um grau na Ordem do sacerdócio ministerial?

A Arquidiocese de Brasília celebra o aniversário dos 15 anos da primeira turma de diáconos ordenados. Na atu-alidade são mais de 70 diáconos permanentes e mais de 10 transitórios que aguardam receber das mãos de Dom Sergio da Rocha a ordenação presbiteral.

O padre Jorge Enguídanos é o administrador paro-quial da Igreja Santa Maria dos Pobres, na cidade do Pa-ranoá. Ordenado no dia 5 de dezembro de 2009, ele diz que “ser padre signifi ca não pertencer a si mesmo, mas a Cristo nos outros; é uma vida cheia de oração e de amor. O nosso primeiro chamado é a ser fi lho de Deus, só de-pois o chamado a ser padre nasce. Deus vai confi rman-do a eleição através de acontecimentos que se tornam sinais”.

Em virtude do sacramento da Ordem, o sacerdote re-cebeu o dom espiritual que o prepara para uma missão de salvação de amplitude universal. Chamado para o serviço do povo de Deus, o presbítero só pode exercer o seu ministério na dependência do bispo e em comunhão com ele.

No grau inferior da hierarquia da Ordem estão os diá-conos, sobre os quais foram impostas as mãos em vista do serviço. Para a ordenação no diaconato, só o bispo é que impõe as mãos, signifi cando com isso que o diácono está especialmente ligado ao bispo nos encargos pró-prios da sua função. Eles participam de modo especial na missão e na graça de Cristo.

Evaldo Pina, Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, foi ordenado diácono permanente por Dom João Braz de Aviz, então Arcebispo Metropo-litano de Brasília, no dia 12 de dezembro de 2009. Ele exerce o seu ministério diaconal na Paróquia São Pedro de Alcântara, no Lago Sul, cujo Pároco é o Pe. Givanildo dos Santos Ferreira.

Assim como acontece com o presbítero, o sacramento da Ordem marca também o diácono com um selo ou ca-ráter que ninguém pode fazer desaparecer e que o con-fi gura com Cristo, que se fez diácono, isto é, o servo de todos. Chegados neste ponto podemos perguntar-nos qual é a senha de identidade que diferencia o diácono do sacerdote. O diácono Evaldo responde: “Pela ordenação, o sacerdote se separou de tudo para unir-se totalmente

Padres e diáconos a serviço da Igreja

a Cristo com um vínculo irreversível, que implica em real e íntima transformação em todo o seu organismo sobre-natural, por obra de um ‘caráter’ que o habilita a agir na pessoa de Cristo (in persona Christi) e que qualifi ca em relação a Ele como instrumento vivo da Sua obra”.

Já em relação aos diáconos, “eles são ordenados para o serviço da Palavra, do Altar e da Caridade, ou seja, para exercer a graça sacramental que lhes foi conferida pelo Espírito Santo para a missão específi ca, irrevogável e in-delével de servir”. Mais ainda, afi rma o diácono Evaldo: “Devido ao fato de que o sacramento da Ordem imprime caráter, é importante salientar que tal caráter, conferido pelo dom do Espírito Santo através da ordenação, im-plica que o diácono não se torna memória efi caz da me-diação de Cristo somente em termos funcionais”. Nesse sentido, “as funções ministeriais derivam de uma con-sagração que envolve a totalidade da pessoa”. Por isso mesmo, o padre Jorge acrescenta que “o presbítero não deixa de ser diácono, porque ele sempre está a serviço do bispo e do povo de Deus agindo na pessoa de Cristo”.

Outra diferença fundamental é que a Igreja Católica Romana permite a ordenação de homens para o diaco-nato permanente, também de homens casados – a cha-mada dupla sacramentalidade –, presente unicamente neste grau do sacramento da Ordem. Evaldo Pina escla-rece que “é ordenado diácono transitório o seminarista que está sendo formado para o sacerdócio. A ordenação diaconal, para ele, é caminho de formação imprescindí-vel para o presbiterato. Portanto, é o diácono que, num futuro próximo, será padre. Já o diácono permanente recebe a ordenação em caráter defi nitivo, por isso que é permanente o seu ministério”.

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Diácono Evaldo Pina durante a Santa Missa

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EntrevistaPor Andrea Cammarotta

Era um dia importante na vida daquelas crianças. Elas fariam a Primeira Comunhão. Seria a pri-meira vez que receberiam Jesus. Como todas as

crianças, elas também estavam ansiosas pela experiên-cia mais importante na vida dos pequenos cristãos. O padre que as preparou disse para fazerem um pedido a Jesus. “Quero ser padre!” Aos oito anos, o pequeno Ser-gio já sabia qual era a sua vocação.

Como Davi, ele não pediu riquezas ou vida longa e Deus. Fiel e generoso, confi ou a Seu eleito muito mais do que ele poderia sonhar. O menino que nasceu de ma-neira muito simples na fazenda São Francisco, próximo à cidade de Matão, interior de São Paulo, tornou-se pa-dre, reitor de seminário, Bispo Auxiliar e Arcebispo. Há poucos dias à frente da Igreja em Brasília, Dom Sergio da Rocha nos acolheu para contar sua história.

Apressado – teria ainda vários compromissos naque-la tarde e noite – começou a narração corrigindo o local onde nasceu “não nasci em Dobrada. Fui registrado lá, porque era a sede do município”, e também a data de nascimento, “Nasci no dia 17 de outubro, dia de Santo Inácio de Antioquia, aquele das feras. Espero não ter o mesmo destino, porque ele era santo, então ele aguen-tou os dentes dos leões”, brincou, já se mostrando um pouco mais à vontade.

InfânciaSão muitas as recordações da infância, vivida até os

sete anos na fazenda. Ali não havia paróquia, não ha-via catequistas. Recebeu a iniciação cristã na família, na escola e no convívio com o povo. Destaca a mãe como

Dom Sergio da Rocha,o menino que se tornou Arcebispo de Brasília

Novo Arcebispo abre as portas de casa para contar sua história.

Fotos: Wagner Revoredo

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a principal catequista, mas teme que o pai, falecido no ano 2000, fi que enciumado, pois, “pelo testemunho dele, pelo exemplo, ele foi, na verdade, um formador da minha vida cristã”, homenageia com um sorriso e um olhar de saudade.

Para ir à missa, percorria cerca de 20 km até a cidade, numa carroça ou no lombo de um burro. “Da zona ru-ral eu guardo praticamente duas coisas: o estilo de vida mais simples e a partilha. Guardo também a vida de ora-ção, a piedade popular, aquelas rezas que se faziam do terço, isso são coisas que me marcaram muito”, recorda.

Aos oito anos, mudou-se para a cidade de Matão – a mesma da valsa de Tonico e Tinoco -, onde, como coroi-nha, descobriu a vocação. Ao contrário dos outros meni-nos, não foi para o seminário assim que terminou a 5ª série. Precisava trabalhar, ajudar a família. Dedicou-se à Igreja através das pastorais e movimentos. Foi da Legião de Maria, catequista, participou de grupos de jovens, encontros vocacionais até concluir o Ensino Médio. So-mente aos dezoito anos, então, deu o primeiro passo para realizar o sonho de infância.

SacerdócioDo período de seminarista, destaca: “a principal lem-

brança que tenho é o exemplo da convivência, da ami-zade, do ambiente muito bom que era o seminário lá em São Carlos”. Devoto de Nossa Senhora Aparecida e de Santo Antônio, nessa época tomou conhecimento de São Francisco e Santa Teresinha, que se tornaram refe-rências para o jovem seminarista.

Recorda que, estando certa vez na Itália, convidava os

amigos para ir a Pádua. Ninguém queria acompanhá-lo. Perguntaram-lhe então o que ele queria fazer na cidade e ele respondeu “quero encontrar um amigo”. O amigo era Santo Antônio, que o acompanhava desde o nasci-mento, na fazenda que leva o nome do santo. Hoje, se diz incapaz de citar um santo de devoção. “O número de amigos santos que eu tenho hoje no céu é tão grande que não dá mais para dizer. Se eu disser um o outro vai fi car bravo”, brinca, preocupado em não ser injusto, mesmo com os santos.

Ordenado sacerdote, passou a trabalhar no seminário e em várias paróquias, especialmente na cidade de São Carlos. Lecionou Filosofi a e Teologia. Concluiu mestra-do em Teologia Moral em São Paulo e se doutorou em Teologia Moral em Roma. Participou de missões tam-bém em Rondônia e Goiás e foi nomeado Bispo Auxi-liar de Fortaleza por João Paulo II em 2001, no dia de Santo Antônio, amigo de infância. Teve medo, achou-se incapaz. Rezou e percebeu que só precisava contar com a graça de Deus e com a ajuda do povo.

Seis anos depois, foi nomeado Arcebispo de Teresina. Durante o tempo que esteve no Nordeste, teve várias oportunidades de voltar a São Paulo, mas não quis: “fui de coração para o Nordeste. Ninguém pode levar a mala e deixar o coração. Não dá para ser missionário desse jeito. O missionário tem que levar junto com a mala o próprio coração”.

Arcebispo brasilienseMissionário não apenas no nome, participou de visi-

tas pastorais missionárias, em que convida sacerdotes, religiosos, seminaristas e leigos para estarem com ele nas diversas comunidades da diocese durante alguns dias para conhecê-las e ouvi-las. As romarias também marcaram Dom Sergio durante o ministério exercido no Nordeste. “Acho que o testemunho de fé dos romeiros é uma coisa impressionante. A fé simples, mas fi rme, ca-paz de sacrifícios”, emociona-se.

Nomeado para dirigir a Igreja em Brasília, surpreen-deu-se com a acolhida e com o que chama de “vitalida-de da Igreja” local. Destaca o trabalho missionário, os movimentos pastorais, a participação dos leigos e conta com a ajuda de todos para realizar um trabalho digno da missão que recebeu.

Tendo vivido o episcopado todo no Nordeste, descre-ve-se como um bispo nordestino. Dom Sergio da Rocha é um homem que não se deixa abater ou intimidar ante os desafi os. É um sertanejo, forte como todos os outros. Trabalhou em quase todas as regiões do país. Adquiriu uma multiplicidade cultural semelhante à que forma o povo de Brasília. Mais que o Arcebispo Metropolitano de Brasília, Dom Sergio da Rocha é nosso Arcebispo. Brasi-liense.

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PastoreioPor Andrea Lopes

Seguindo o espírito da simplicidade, doação, pobre-za e humildade várias famílias já foram transfor-madas no Distrito Federal ao participarem do ECC.

Tudo começou pela vontade do Padre Alfonso Pastore, na época que ainda fazia noviciado, em Jaçanã, distrito de São Paulo. Após conhecer um padre francês e casais da Equipe de Nossa Senhora e do Movimento Familiar Cristão, aprendeu o valor da preparação da vida reli-giosa de namorados e noivos. Depois que foi ordenado, dedicou-se ainda mais às famílias através da Pastoral Fa-miliar. Porém, sentiu a necessidade de desenvolver um trabalho mais forte com as famílias.

Foi então que desenvolveu um projeto para um servi-ço-escola, o Encontro de Casais com Cristo (ECC), que visa preparar casais para o serviço pastoral. Padre Alfon-so fez chegar este documento à Arquidiocese de São Pau-lo, que o aprovou. Assim, em abril de 1970 foi realizado o 1º ECC, na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, na Vila Pompéia, em São Paulo, com a participação de 20 casais. A partir daí, o encontro foi se espalhando pelo Brasil.

Padre Alfonso Pastore faleceu em março de 2000, mas a cada ano que passa, o ECC se expande mais. Atualmen-te, está presente em 223 (Arqui) Dioceses. Em Brasília, o Encontro de Casais com Cristo chegou em maio de 1975, sendo realizado pela primeira vez no Santuário Dom Bosco, na Asa Sul. Hoje, o ECC está implantado na maio-ria das paróquias do DF.

Segundo Vicente Sousa, do casal arquidiocesano res-ponsável pelo Vicariato Centro, é impossível um casal participar do ECC e terminá-lo da mesma maneira como estava no início. “O ECC leva os casais a descobrirem o seu lugar no plano que Deus tem para todos os homens. Ajuda cada um a perceber a presença do Cristo nos acon-tecimentos do dia-a-dia e a descobrir qual é a missão do casal cristão no mundo de hoje, dentro das suas limita-ções e possibilidades”, disse.

Para Humberto, do casal arquidiocesano responsável pelo Vicariato Norte, a mudança também ocorre com os casais que trabalham no ECC. “É um sentimento de alegria, gratidão e prazer ao trabalhar no Encontro, em razão da oportunidade de se doar em prol de outras fa-mílias, crescer espiritualmente e colocar em prática os ensinamentos de Cristo”, afi rmou.

EstruturaO encontro idealizado pelo Pe. Alfonso tem três eta-

pas, cada uma com uma fi nalidade própria. A primeira etapa é o chamamento dos casais afastados da Igreja: desperta nos casais a vivência cristã, sob os principais valores do casamento, além de ser um incentivo ao en-gajamento desses casais em movimentos e pastorais de suas respectivas paróquias.

Na segunda etapa, o casal é levado a refl etir a fé ba-tismal, para viver a Palavra de Jesus Cristo. Esta etapa também apresenta aos casais documentos da Igreja e as Diretrizes da Ação Evangelizadora, para que possam ter um maior conhecimento da evangelização da Igreja. Já na terceira etapa, é proposta aos casais uma refl exão sobre a dignidade da pessoa humana, o relacionamento com o próximo e o desafi o de ser cristão em um mundo cheio de injustiças.

Após a primeira etapa, os casais já são inseridos em pastorais nas paróquias que frequentam, participam de reuniões frequentemente para discutir temas ligados à família e aos desafi os enfrentados no dia-a-dia, além de trabalharem nos encontros ajudando outros casais a viverem a mesma experiência que viveram ao participa-rem do ECC.

ECC:Encontro de Casais com Cristo

Para conhecer mais sobre o ECC, acesse:www.ecc.conselhonacional.com.br

Casais do ECC participam dos preparativos para o encontro

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