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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOMESTRADO EM EDUCAÇÃO
CONTRADIÇÕES E DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR FRENTE À INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO REGULAR E PROFISSIONAL NA ETEC PROF.
DR. ANTONIO EUFRÁSIO DE TOLEDO
EDILENE CRISTINE WEFFORT LOURENÇO DE OLIVEIRA
Presidente Prudente – SP2013
Presidente Prudente – SP2013
CONTRADIÇÕES E DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR FRENTE À INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO REGULAR E PROFISSIONAL NA ETEC PROF.
DR. ANTONIO EUFRÁSIO DE TOLEDO
EDILENE CRISTINE WEFFORT LOURENÇO DE OLIVEIRA
Pré-Projeto apresentada a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Universidade do Oeste Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Educação. Área de Concentração: Instituição Educacional: Organização e Gestão.
Orientadora: Drª Lúcia Maria Gomes Corrêa Ferri
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃOMESTRADO EM EDUCAÇÃO
RESUMO
Contradições e desafios da gestão escolar frente à integração da Educação Regular e Profissional na ETEC Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo.
Esta investigação tem como tema as contradições e os desafios da integração de educação regular e profissional e a gestão escolar frente às políticas públicas de educação profissional no Brasil. Em décadas anteriores, sua competência esgotava-se no cumprimento às normas e regulamentos da escola de maneira burocrática. Hoje a discussão da gestão escolar foca o seu desempenho para a formação geral e profissional do educando, e o preparo de gestores escolares para refletir criticamente as políticas e a execução de projetos pedagógicos, para integrar ambientes internos e externos. A questão problema que emerge nesse trabalho é como vem sendo desenvolvida a integração da educação do ensino regular e profissional, a partir do Decreto 5.154/2004, e como a gestão escolar tem contribuído para a superação da dualidade entre elas e criação das condições de participação dos atores na sua construção? O desenvolvimento desta pesquisa, objetiva descrever e analisar historicamente a formação profissional e refletir as rupturas que ocorreram nas políticas públicas educacionais de inserção social para a formação do cidadão, e as diretrizes e estratégias de gestão escolar que são mais apropriadas para enfrentar os desafios da integração e registrar a memória da ETEC Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo na cidade de Presidente Prudente – SP, A metodologia eleita qualitativa, descritiva, documental para o resgate da memória e a situação da integração da educação regular e profissional pós-decreto 5.154/2004, utilizar-se-á levantamentos bibliográficas, documentais de natureza pública e legislação.
Palavras-chave: Políticas Públicas da educação. Gestão escolar. Integração da educação regular e profissional.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................5
1 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................................7
2. OBJETIVOS.....................................................................................................................15
3. METODOLOGIA............................................................................................................15
ANÁLISE DOS RESULTADOS.........................................................................................16
REFERÊNCIAS...................................................................................................................16
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1. INTRODUÇÃO
O tema desta investigação retoma a discussão do contexto histórico-
social de rupturas nas políticas de educação profissional brasileira e,
consequentemente, as práticas de gestão escolar que vêm sendo desenvolvidas
para integração da educação médio e profissional.
Observa-se, ainda hoje, nos ambientes escolares, a grande importância
do papel do gestor escolar diante das mudanças ocorridas em consequência da
tentativa de políticas públicas da educação, para superar a dualidade entre a
educação do ensino médio e profissional e criar condições de participação de
toda a comunidade escolar.
A educação está ligada ao desenvolvimento social e econômico de uma
nação, podendo contribuir com o processo de aceleração do desenvolvimento
sócio-político-cultural.
O planejamento para preparar o profissional para o mercado de trabalho,
hoje como prática social e educacional, busca garantir o direito de todos,
expandindo a democratização e cidadania.
A educação profissional, desde a Colônia, sofreu a rejeição da sociedade
elitista, que preferia o ensino acadêmico e aos menos favorecidos a educação do
fazer. Verifica-se que o delineamento de suas políticas não foi priorizado no
planejamento governamental durante longos períodos.
Paro (2010) define a administração capitalista como:
[...] “a administração capitalista teve origem e foi elaborada a partir dos interesses e necessidades do capital, estando, em decorrência disso, tanto na empresa produtora de bens e serviços, onde ela foi engendrada, quanto na sociedade em geral, onde ela cada vez mais se dissemina comprometida com os objetivos e interesses da classe capitalista, ou seja, da classe que detém o poder político e econômico em nossa sociedade.”
A formação educacional para o trabalho e cidadania não tem sido
atendidos, e diante disso, a implementação de cursos profissionalizantes, a partir
da LDB 9.394/96, e, sobretudo através da formulação do Decreto 2.208/97 e as
Diretrizes Curriculares para o ensino técnico e o ensino médio passarem a ser
contestadas por setores progressistas (FRIGOTTO et all, 2005).
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Segundo Paro (2010), em décadas anteriores a expressão mais utilizada
era de diretor escolar, nomeado por meio de leis, estatutos ou regimentos e
também era reconhecida através do cargo na hierarquia mais elevada da escola.
Sua competência estabelecia apenas dar cumprimento às normas e regulamentos
de maneira burocrática, um executor de ações mediante a zelar o cumprimento
pedagógico da escola.
Hoje está ultrapassado esse termo “diretor escolar”, o termo utilizado na
concepção contemporânea é “gestor escolar”. “Gestão” designa ações
administrativas e na sua origem etmológica, o termo vem do latim gero, gestum,
gerere, que significa chamar de si, executar, gerar. Significa que o gestor escolar
deve promover ações participativas e de educação comprometida com a
democracia para atender os anseios e os objetivos da comunidade escolar.
De todas as dificuldades que permeiam a educação no Brasil, está a falta
de preparo dos gestores escolares para reflexão crítica das políticas e execução
dos projetos pedagógicos, sendo necessária a formação continuada para integrar
ambientes internos e externos que envolvem a escola, na formação do
profissional cidadão.
As escolas atuais necessitam de gestores capacitados em promover a
integração entre os membros da escola e da comunidade. Segundo Freire (2000,
p.67), a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a
sociedade muda. É de suma importância destacar que a gestão escolar não se
limita apenas a procedimentos administrativos no processo escolar e, sim, uma
formação participativa de todos os envolvidos.
O problema que emerge nessa discussão é como vem sendo
desenvolvida a integração da educação no ensino médio e profissional a partir do
Decreto 5.154/2004, e como a gestão escolar tem contribuído para a superação
da dualidade entre elas e criado condições para a participação dos atores na
construção do processo político-pedagógico, tornando como foco a ETEC Prof.
Dr. Antonio Eufrásio de Toledo da cidade de Presidente Prudente – SP, através
de documentos públicos e legislação.
Os desafios a serem enfrentados pelo gestor escolar em relação à
superação da dualidade entre a educação regular e profissional envolvem
repensar as estratégias dentro do contexto de políticas educacionais, o Decreto
5.154/2004, a gestão escolar como contribuidora e motivadora de ações e
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condições participativas dos demais integrantes da escola para a formação do
cidadão profissional.
Entretanto, dentro do contexto de políticas públicas, os gestores escolares
precisam trabalhar a participação e ter consciência de que o fluxo de
conhecimentos gerados pelo envolvimento das pessoas impulsiona todos os
esforços possíveis, para se adequar às práticas de cunho político-pedagógico da
escola.
Partindo desse pressuposto, ressalta-se a relevância e contribuição desta
proposta de pesquisa baseando-se para a crítica das políticas públicas do ensino
profissional no Brasil e colher subsídios direcionados ao desenvolvimento de
projetos escolares, elegendo estratégias participativas que possam levar à
superação das dificuldades do gestor escolar na integração do ensino regular e o
ensino profissional.
Luck (2010, p.78) define um estilo democrático de participação nas
tomadas de decisões compartilhadas dentro do contexto educacional:
“O sucesso da escola em promover tal formação está diretamente assentado na combinação de energias e esforços conjuntos de muitas pessoas na realização da sua missão – energias e esforços que, aliás, pela sua canalização proativa, transformam-se em novas competências para o enfrentamento dos desafios educacionais.”
As ações geradas para a formação do indivíduo devem ser participativas,
integradas e permanentes, baseando-se no projeto político pedagógico, frente do
trabalho coletivo na escola.
Atuei como professora do ensino profissional do Centro Paulo Souza,
durante 2 (dois) anos e observei lacunas para a integração da educação do
ensino médio e profissional.
Assim, o referido projeto reflete uma grande preocupação com o que
vem sendo desenvolvido nas ações que envolvem gestores escolares e demais
atores da comunidade escolar para integração da educação regular e profissional.
2. REVISÃO DA LITERATURA
No decorrer da história da educação brasileira, percebe-se uma estreita
relação entre a evolução do Estado e de segmentos elitistas da sociedade. A
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educação profissional, desde a Colônia, apresenta-se discriminada pela
sociedade, que preferia o ensino acadêmico, sendo o fazer destinado aos menos
favorecidos.
Segundo Cunha (1995, p.173,174)Todo indivíduo, independentemente de sua idade, credo, raça, classe, social, tem direito à educação, sendo dever do Estado prover a educação formal e, por conseguinte, é necessário recuperar a responsabilidade de uma administração voltada para a solução dos problemas que afetam diretamente a função social da escola pública.
Para Gomes (2011, p. 21), [...] sobre a formulação de uma política pública
de educação pesa, explícita ou implicitamente, a divisão da população em classes
sociais; pesa a formulação étnica, racial, etária e geracional; conta por isso,
noções relativas à justiça social e ao direito social.
As políticas públicas no cenário da globalização aparecem como forma de
regulação social e de ajuste estrutural como mecanismo formal (Estado) e
informal (sociedade civil). No Brasil aponta para uma concepção produtivista e
mercantilista, procurando desenvolver habilidades e competências definidas pelo
mercado, tendo como ênfase a empregabilidade (FRIGOTTO, 2001, p.64).
Segundo Paro (2010), os primeiros tempos do capitalismo
caracterizavam-se com o aumento da intensidade do trabalho, a produção
capitalista e a luta incansável dos trabalhadores por melhores condições e
jornada de trabalho. O capitalista passa a dispor de meios mais efetivos para a
expansão contínua do capital através do aumento da produtividade do trabalho.
Com o avanço de novas tecnologias através das mudanças ocorridas no
processo de trabalho, o mercado passou a exigir novos profissionais, mais
flexíveis e polivalentes.
Segundo Mauês (2003. p.12), “A escola que preparou o trabalhador para
um processo de trabalho assentado no paradigma industrial, que foi o fordismo,
passou a ser criticada e responsabilizada pelo insucesso escolar, passou a ser
vista muito teórica”.
No entanto, o sistema educacional realizou novas reformas no final da
década de 1980 e início de 1990, visando qualificar melhor as pessoas para
enfrentarem um mundo mais competitivo, globalizado, entendido por um processo
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sócio-histórico e econômico, representado pela nova etapa do capitalismo
mundial.
A nova realidade brasileira, através da crise econômica, passou a exigir
mão-de-obra especializada e, para tal, era preciso investir em reformas
educacionais. No Governo Provisório de Vargas (1930) é criado o Ministério da
Educação e, no ano seguinte, a implementação das chamadas Reformas
Francisco Campos marca a intenção de se implantar um verdadeiro sistema
nacional de ensino (SAVIANE, 1997, p.205).
Para Regattieri (2010), em 1934 a nova Constituição estabeleceu a
competência da União para traçar Diretrizes da Educação Nacional e fixar o Plano
Nacional de Educação, que pouco durou. Em 1937, outra Constituição (do Estado
Novo – ditadura Vargas) tratou de forma discriminatória as escolas vocacionais e
pré-vocacionais como um dever do Estado para com as classes menos
favorecidas.
O ministro da Educação, Gustavo Capanema, na década de 1942,
elaborou as Leis Orgânicas de Ensino onde predominaram as expressões
diretrizes e bases associada à questão da educação nacional, que se referiu ao
Ensino Secundário (Decreto-Lei nº 4.244/1942) e do Ensino Industrial (Decreto-
Lei nº 4.073/1942). (SAVIANI, 1997, p.20).
Na década de 1946, um dos fatos mais importantes da Educação foi que
a Constituição determinou a competência da União para elaborar a Lei das
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), novamente uma reestruturação
na educação sob novas reformas a fim de centralizar e descentralizar a
Educação.
Para Regattieri (2010), a Lei nº 1.076/1950 permitiu que egressos de
cursos profissionais prosseguissem em estudos superiores, desde que
passassem por exames das disciplinas não estudadas. Alguns anos depois, com
a promulgação da Lei nº 4.024/1961, primeira Lei de Diretrizes e Bases, houve
equiparação, para todos os efeitos, do ensino profissional ao acadêmico.
Algumas mudanças sob o aspecto de políticas públicas favoreceram a
educação profissional. No decorrer das décadas 70/80, as novas mudanças
econômicas, tecnológicas, sociais e políticas foram um fator fundamental.
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[...] “passou-se a requerer sólida base de educação geral para todos os trabalhadores; educação profissional básica aos não qualificados; qualificação profissional de técnicos; e educação continuada, para atualização, aperfeiçoamento, especialização e requalificação de trabalhadores.” (BRASIL, 1999, p. 21).
A educação profissional deve requerer então, além do domínio
operacional, a compreensão de todo processo produtivo, bem como a valorização
da cultura do trabalho necessária à tomada de decisões.
Segundo Moll (2010), a educação profissional deveria deixar de ser
ofertada de forma fragmentada, passando a observar a estrutura sócia
ocupacional e tecnológica da economia. Os currículos deveriam ser ofertados
conforme itinerários formativos flexíveis, articulando-se esforços das áreas de
educação, do trabalho e emprego e da ciência e tecnologia, propiciando a
elevação do nível de escolaridade do trabalhador.
“As Leis nº 5.540/68 e 5.692/71, promulgada num cenário marcado por pressões das camadas médias por educação, representariam uma estratégia governamental no sentido de conter a forte demanda por ensino superior. Nesse sentido, a Lei nº 5.692/71, atribui ao ensino de 2º grau um caráter de profissionalização compulsória.”
Houve várias resistências aos propósitos das estratégias do ensino
profissionalizante no 2º grau, contribuindo para desorganização, não garantindo
uma base sólida de conhecimentos gerais e culminando na promulgação, em
1982, da Lei nº 7.044, que extinguiu a obrigatoriedade da habilitação profissional
nesse nível de ensino (GONÇALVES, 2004, pág. 21,22).
Na década de 80, com a abertura da política, grandes mudanças
ocorreram em relação à educação: a reorganização econômica e política
associada ao avanço da tecnologia nas empresas iniciou-se um aumento na
procura de mão-de-obra qualificada e com competências a fim de suprir a
necessidade do capitalismo.
O mesmo autor cita as disposições legais em que:
A reforma da educação processada no Brasil a partir da Lei nº 9.394/96 por meio dos dispositivos regulamentadores (Decreto nº 2.208/97, Parecer nº 16/99 e Resolução nº 04/99, da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação) determina que são dois os níveis da educação nacional: a Educação Básica, que corresponde às oito séries do Ensino Fundamental mais as três séries do Ensino Médio, e a Educação Superior. No que diz
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respeito à Educação Profissional, tratada em capítulo especial, no corpo da Lei, são três níveis de ensino: o Básico, o Técnico e o Tecnológico. GONÇALVES (2004, pág. 25)
Esses três níveis destacam a valorização das competências centradas no
desenvolvimento da aprendizagem para a formação do cidadão, com foco no
ensino de qualidade e para todos.
Segundo Winckler (2011, pág. 103), os cursos básicos, nessa década de
90, eram para qualquer indivíduo que tivesse seu interesse, independentemente
da escolaridade prévia, os técnicos, eram oferecidos simultaneamente no ensino
médio ou após a sua conclusão, e os tecnológicos eram cursos de nível superior.
A partir de 2004, o Decreto nº 5.154/04 reformou a possibilidade de integração
entre o ensino médio regular e ensino técnico, permanecendo as demais formas
de educação profissional.
Conforme Regattieri (apud CORDÂO, 2010. p. 109),
Educação geral e formação profissional são faces distintas da mesma moeda. A boa formação profissional assenta-se sobre a sólida educação geral. Também não possível profissionalizar as pessoas pseudoconteúdos de educação profissional no lugar da educação geral, porque muito do que se exige no mundo do trabalho consiste em conhecimentos desenvolvidos na educação geral. Portanto, não dá para separar a educação geral da formação profissional, e todas as tentativas de separação resultaram infrutíferas. Essa simbiose entre as duas é inevitável, mesmo que se dê em espaços diferentes, em momentos diferentes.
Nesse período, há grandes perspectivas em relação ao interesse de
priorizar o ensino médio regular e o ensino profissional integrado para que possa
acrescentar e elevar o nível de qualificação para o mercado.
Afirmam, Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005, p.45) que:
a integração do ensino médio com o ensino técnico é uma necessidade conjuntural – social e histórica – para que a educação tecnológica se efetive para os filhos dos trabalhadores. A possibilidade de integrar formação geral e formação técnica no ensino médio, visando a uma formação integral do ser humano é, por essas determinações concretas, condição necessária para a travessia em direção ao ensino médio politécnico e à superação da dualidade educacional pela superação da dualidade de classes.
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A seguir, a revisão bibliográfica abordará um histórico de gestão escolar e
sobre as novas perspectivas e desafios da gestão escolar, referentes às políticas
públicas e à integração do ensino regular e o ensino profissional.
Novas perspectivas e desafios de gestão escolar
A partir da década de 80, o termo administração aparece com menos
frequência diante das mudanças organizacionais, enquanto que o termo gestão
vem sendo utilizado como algo mais moderno. Valeriano (2005) define a
administração tratando dos problemas típicos das empresas, como recursos
financeiros, patrimoniais e recursos humanos; e gestão trata de níveis
especializados tanto no que diz respeito à administração quanto ao
gerenciamento.
O princípio da gestão democrática foi incluído na Constituição da
República Federativa do Brasil, promulgado, em 05 de outubro de 1988, no Título
VIII da Ordem Social, capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto –
Seção I – Da Educação, Art. 206 e regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDBEN). Ao estabelecer a gestão democrática do ensino,
o texto constitucional institui, ao mesmo tempo, o direito e o dever de participar a
todos os que atuam nos sistemas de ensino. A Constituição Federal de 1988
relaciona a gestão democrática às demais formas de gestão (RAMOS; PAVIANE,
2009, p. 116-117).
Art.206. O ensino será ministrado com bases nos seguintes princípios:I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;V – valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público e provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União;VI – gestão democrática do ensino público, na forma de lei;VII – garantia de padrão de qualidade.
A Constituição estendeu aos municípios o direito de organizarem,
também, seus sistemas de ensino, com autonomia e em regime de colaboração
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entre si, com os Estados e com a União (art. 211). Esses dispositivos
constitucionais traduzem uma concepção de educação emancipadora, com
fundamento no exercício efetivo da cidadania.
Segundo Félix (1989, p. 75), a escola deve ser identificada através da
construção de conhecimentos teóricos e práticos, ao desenvolvimento de práticas
inovadoras, críticas e reflexivas. O que se tem observado, de modo geral, é a
adequação da escola e sua administração interna às determinações do sistema
econômico capitalista. Assim,[...] a Administração Escolar adota a orientação da Administração de Empresa, buscando o seu modelo de eficiência e esta procura ampliar a sua validade, elaborando proposições sobre as estruturas organizacionais e os critérios de avaliação do seu funcionamento, consideradas elementos que definem o desempenho da maioria das organizações. (1989, p.75)
Há tentativas de superação desse modelo de administração taylorista,
resultante das exigências do mundo capitalista, que gradativamente vai refletindo
sob todos os âmbitos inclusive na gestão escolar, visando atender o novo
contexto sociopolítico e econômico a partir da década de 90 (PEREIRA, 1997, p.
42).
Segundo Pino (2002), o novo modelo produtivo procura romper com a
dinâmica do antigo modelo caracterizado pela rigidez, apresentando flexibilidade
diante das novas exigências do mercado.
O conceito de gestão escolar atendendo as exigências atuais do Estado,
bem como para assegurar os direitos educacionais, a democratização no
ambiente escolar deverá fazer com que o gestor exercite ações de liderança para
que se assegure todo o envolvimento da comunidade. Destaca-se ainda que se
pode, no entanto, afirmar que uma política de reforma educacional é legítima
quando conta com o envolvimento e a participação dos atores que atuam nas
escolas (SCHNECHENBER, 2000, p.118).
O princípio democrático de gestão escolar considera como base da
educação de qualidade para todos e requer a participação, o envolvimento e o
compromisso da comunidade e do núcleo gestor com o desenvolvimento de
práticas democráticas no interior da escola pública (FREIRE, 1992).
O novo foco de gestão dentro de paradigmas democráticos relaciona-se
com os princípios participativos. Adotar inovações de gestão escolar é considerar
também as individualidades das relações humanas e não apenas burocrático.
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Até o final do século passado, o gestor da escola, na maioria dos casos
no Brasil, realizava tudo individualmente. Atualmente, em decorrência das
mudanças tecnológicas e especializações ocorridas, deve-se procurar trabalhar
de forma mais articulada e compartilhada. Há, então, necessidade de trabalho
mais integrado de todos os especialistas dentro do contexto escolar, para tanto,
caminhar na mesma direção e alcançar os objetivos esperados.
Segundo Paro (2010, p. 46):
Tendo em conta que a participação democrática não se dá espontaneamente, sendo antes um processo histórico em construção coletiva, coloca-se a necessidade de se preverem mecanismos institucionais que não apenas viabilizem, mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública.
Diante disso, vão-se construindo crenças, valores, costumes, maneiras de
agir e funcionar com características culturais compartilhadas; a formulação
conjunta do projeto-político-pedagógico curricular da escola faz com quase
direcione ao mesmo objetivo proposto.
De todas as dificuldades que permeiam a educação profissional no Brasil,
ainda está a falta de preparo dos gestores escolares para a concepção e
execução dos projetos pedagógicos. É necessária formação continuada diante
dessa nova realidade do desenvolvimento produtivo, da economia e do avanço
tecnológico; necessita-se alinhavar estratégias mais participativas geradas pelos
esforços humanos para atingir os objetivos. Diante disso, Luck (2010, p.78)
define:
O estilo democrático se assenta sobre a participação e sobre a tomada de decisão compartilhada, seguida de ações colaborativas, em que, em equipe, os membros da organização assumem responsabilidades conjuntas pelo desenvolvimento e realização de objetivos elevados.
O funcionamento da escola profissional em um ambiente democrático
significa mudanças envolvendo todos, principalmente no que corresponde ao
aperfeiçoamento da aprendizagem em grupo, onde:
Em qualquer atividade humana, a qualidade dos relacionamentos determina os resultados. Por essa razão, a aperfeiçoamento em serviço e a aprendizagem em equipe devem ser sinônimos.
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Normalmente os professores são ensinados a trabalhar isoladamente, de modo que o aperfeiçoamento em serviço deve ajudá-los a aprender a trabalhar juntos. (SENGE, 2005, p. 226).
As escolas profissionais tendem a inovar estratégias bem sucedidas para
se estender por todos os níveis da educação. Não somente cabe ao gestor ter o
conhecimento de novos paradigmas de gestão, mas é necessário que todas as
pessoas envolvidas no contexto da escola: mestres, colaboradores, pais e alunos
compartilhem o mesmo projeto pedagógico e possam desenvolver ações para
qualidade do ensino.
3. OBJETIVOS
O objetivo geral da pesquisa é refletir as rupturas ocorridas nas políticas
públicas da educação no Brasil e analisar de forma reflexiva qual a melhor
maneira de desenvolver a gestão escolar e contribuir para a superação da
dualidade entre a educação do ensino regular e profissional.
Dessa forma, definem-se como objetivos específicos:
Refletir a trajetória da Unidade Escolar da ETEC Prof. Dr. Antonio Eufrásio de
Toledo, na cidade de Presidente Prudente – SP, na formação profissional cidadã;
Analisar as práticas de gestão escolar da Unidade Escolar do Ensino Médio e
Profissional na ETEC Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo, na cidade de
Presidente Prudente - SP, ao longo de sua história, verificando potencialidades e
fragilidades no processo de integração do ensino médio e profissional;
Refletir as mudanças ocorridas, que contribuíram de forma significativa para a
formação do cidadão profissional.
4. METODOLOGIA
Para que se torne possível alcançar os objetivos propostos nesta
pesquisa, será adotada uma abordagem com predominância qualitativa, descritiva
e documental para o resgate da memória e da situação de integração da
educação regular e profissional pós-decreto 5.154/2004 e utilizar-se-ão
levantamentos bibliográficos, documentais de natureza pública e legislação.
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Para este fim, privilegia-se a pesquisa descritiva, pois esta se desenvolve
nas ciências humanas e sociais, abordando aqueles problemas que merecem ser
estudados, favorecendo uma pesquisa mais ampla e completa. Para Cervo,
Bervian e Silva (2007. p.62) a pesquisa descritiva “procura descobrir, com a maior
precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e
conexão com outros, sua natureza e suas características”
De acordo com os autores, ainda, a pesquisa descritiva pode assumir
diversas formas. Este projeto desenvolve a forma de pesquisa documental, pois
nelaSão investigados documentos com o propósito de descrever e comparar uso e costumes, tendências, diferenças e outras características da integração da educação regular e profissional. As bases documentais permitem estudar tanto a realidade presente como o passado, como a pesquisa histórica (idem p.62)
ANÁLISE DOS RESULTADOS
No momento da análise dos resultados, a abordagem que se utilizará terá
um percurso que procure evidenciar as contradições e os desafios entre a política
pública de integração do ensino regular e profissional e as práticas de gestão
utilizadas, bem como, os esforços alcançados nas memórias da Unidade Escolar
da ETEC Prof. Dr. Antonio Eufrásio de Toledo na cidade de Presidente Prudente
– SP.
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