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PROSPECTIVA TECNOLÓGICA DA CADEIA PRODUTIVA MADEIRA E MÓVEIS Instituições Patrocinadoras: Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Secretaria de Tecnologia Industrial – STI Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC Technology Foresight for Latin America – ONUDI Instituição executora: IPT - Divisão de Produtos Florestais São Paulo Abril 2002

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O setor moveleiro no Brasil teve seu início em três pólos, sendo a cidade de São Paulo o polo pioneiro, juntamente com seus municípios limítrofes – Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano, na década de 50. Os pólos localizados no Rio Grande do Sul, consolidado na década de 60, e em Santa Catarina, década de 70 (Santos et al., 1999), completam o complexo industrial que inicialmente atendeu ao mercado interno brasileiro e lançou as raízes para exportação brasileira de móveis.

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PROSPECTIVA TECNOLÓGICA DA CADEIA PRODUTIVAMADEIRA E MÓVEIS

Instituições Patrocinadoras:

Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Secretaria de Tecnologia Industrial – STI

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC Technology Foresight for Latin America – ONUDI

Instituição executora:

IPT - Divisão de Produtos Florestais São Paulo

Abril 2002

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1. APRESENTAÇÃO

1.1 Programa Brasileiro de Prospectiva Tecnológica Industrial

1.2 Instituições Patrocinadoras§ Organização da Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial - ONUDI

§ Secretaria de Tecnologia Industrial / Ministério de Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior – STI/MDIC

1.3 Instituição Executora§ Divisão de Produtos Florestais / Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

Estado de São Paulo S/A – DPF/IPT

1.4 Equipe de Desenvolvimento§ Coordenador Geral

Oswaldo Poffo Ferreira – Diretor da Divisão de Produtos Florestais

§ ConsultorLuiz Tadashi Watai – Engº Químico

§ Equipe TécnicaMarcio Augusto Rabelo Nahuz – Pesquisador/DPF-IPTFabíola M. Zambrano Figueroa - Pesquisadora /DPF-IPTPaula Kaori Yamamura Ielo – Pesquisadora/CITEC-IPT

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2. RESUMO DO PROJETO

Este projeto visa através de um estudo prospectivo do setor moveleiro, comdimensão internacional e abrangência nacional, caracterizar, dimensionar eanalisar em detalhe a Cadeia Produtiva Madeira e Móveis, com o intuito detraçar inicialmente um diagnóstico e prognóstico atualizados do setor.

O projeto considerará entretanto, para a devida ênfase analítica, as regiões epólos que apresentam a maior concentração de atividade industrial do setor.

Com base no diagnóstico traçado serão identificados e priorizados os fatorescríticos e seus determinantes, para que, aplicando-se a metodologia deprospecção preconizada, possam ser identificadas as medidas adequadas aosetor, para que este possa fazer frente aos desafios que lhe são impostos pelamudança tecnológica.

3. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

O Programa Fórum de Competitividade integra o programa "Brasil ClasseMundial", que por sua vez, faz parte do programa "Avança Brasil " - Planoplurianual 2000/03, sob a coordenação do Ministério de Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior - MDIC. O Programa, que tem como objetivos ageração de emprego, ocupação e renda; o desenvolvimento produtivo regional,a capacitação tecnológica; o aumento das exportações; a competição com asimportações e com os serviços internacionais, constitui-se em ações que visamatuar sobre a capacidade competitiva do setor produtivo, buscando a soluçãodos problemas de cada cadeia produtiva e estabelecendo ações e metas,configurando assim, uma política de desenvolvimento para o setor produtivo(MDIC,2001).

4. PROBLEMA DA PESQUISA

4.1 As Razões do Estudo

Para traçar uma política de desenvolvimento para o setor de madeira e móveis,uma das inovações do programa é o uso do conceito da Cadeia Produtiva, aoinvés do conceito de setor. A cadeia produtiva é o conjunto de atividades quese articulam desde os insumos básicos até o consumidor final do produto,incluindo o processamento da matéria prima e sua transformação para afabricação do produto, sua distribuição e comercialização, constituindo-se emelos de uma corrente ou cadeia.

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As cadeias produtivas devem suprir o consumidor final de produtos emqualidade e quantidade compatíveis com as suas necessidades e a preçoscompetitivos (Castro e Lima, 2001).

O uso deste conceito permite visualizar a cadeia de modo integral, identificarsuas debilidades e potencialidades, intensificar e melhorar a articulação entreelos, identificar estrangulamentos, fatores condicionantes da competitividade,para facultar e focar uma atuação eficaz que resulte em última análise, noaumento das exportações.

4.2 Critérios para a escolha da Cadeia Produtiva

Para a seleção e priorização das cadeias produtivas foram consideradas aspotencialidades de cada cadeia em termos de ganhos de competitividade,expressos na forma de aumento das exportações e competição com asimportações; aumento do nível de emprego, ocupação e renda, expressocomo geração de emprego, e desconcentração produtiva, expresso comodesenvolvimento regional.

No processo de seleção, juntamente com outras 11 cadeias produtivas, aCadeia Produtiva de Madeira e Móveis foi selecionada para estudo, tendoapresentado Muito Bom Potencial nos aspectos "geração de emprego" e"aumento das exportações", e Bom Potencial no "desenvolvimento regional"(MDIC,2001).

4.3 Situação da Cadeia Produtiva no Mundo

A indústria mundial de móveis é uma indústria tradicional, constituídapredominantemente de pequenas empresas, que, até a década de 1950,visavam atender quase exclusivamente ao mercado interno dos seusrespectivos países. A partir dos anos 50, a indústria dinamarquesa de móveisse voltou para o mercado externo, sendo a pioneira neste comércio.Entretanto, o comércio internacional de móveis somente se ampliou de formasignificativa a partir dos anos 70, sob a liderança da Itália, que temapresentado desde então altas taxas anuais de crescimento, acima de 15%(Santos et al., 1999).

O mercado mundial de móveis atingiu em 1996, o valor aproximado de US$156 bilhões, dos quais US$ 56 bilhões - 37,7% do total - corresponderam àsvendas nos Estados Unidos, que são o maior mercado mundial. Os principaisprodutores – Estados Unidos, Alemanha e Itália – responderam no mesmoano, respectivamente por 31%, 12% e 10% da produção mundial (Gorini,2000).

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Estados Unidos: indústria moveleira fragmentada em cerca de 4.000unidades, distribuídas em várias partes do país destacando-se a Carolina doNorte, onde se concentram 1/3 das indústrias de móveis residenciais. Osmóveis de uso residencial são o segmento mais importante do mercadoamericano - 24 bilhões de dólares em 1995 - dos quais 10 bilhões são demóveis de madeira.

O segundo maior segmento, de móveis para escritório, representou US$ 10bilhões no mesmo ano. Neste mercado, os destaques são os móveis do tipofuncional, incluindo a categoria “prontos para montar”, cuja demanda crescemais que aquela dos móveis já montados, além das partes e componentes(Gorini, 1998; 2000).

União Européia: a produção se concentra na Alemanha, Itália, França,Reino Unido e Espanha, que juntos, respondem por mais de 73% do valor totaldaprodução do continente, equivalente em 1996, a ECU 62 bilhões (Gorini,1998;2000). Na Europa, a produção segue dois modelos organizacionais bemdistintos: o modelo alemão, mais concentrado, onde predominam empresasmédias e grandes, com vantagens competitivas baseadas nas economias deescala (Santos et al., 1999); e em contraste, o modelo italiano, baseado empequenas firmas inovadoras em tecnologia e design especializadas empequenos nichos, e que por apresentarem tamanho reduzido, fundamentam-seem alto grau de terceirização da produção, especialmente de partes ecomponentes.

Alemanha: a indústria moveleira desse país, com cerca de 1200 empresasque trabalham com mais de 2.000 oficinas especializadas, é uma das maisdesenvolvidas da Europa (Santos et al., 1999), mas possui um mercadoestagnado, com tendência declinante. Embora os consumidores tenhampreferência por móveis de madeira sólida, tal demanda raramente é atendidadevido às crescentes restrições ambientais. É um mercado que favorece osmóveis de madeira certificada.

Itália: Nesse país, a indústria moveleira é extremamente fragmentada, comgrande número pequenas e médias empresas. Das 39.000 empresasmoveleiras, 30 mil apresentam menos de 10 operários, fornecendo peças ecomponentes às grandes empresas, e apenas 35 empresas empregam maisde 200 pessoas. No país desenvolve-se um design característico, padrão demodernidade no mercado mundial e favorece a combinação de diferentesmateriais – madeira, metal, vidro, pedra e outros.

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Outros PaísesEventualmente, o projeto poderá analisar aspectos do setor moveleiro e dacadeia produtiva de madeira e móveis em outros países, especialmenteaqueles em desenvolvimento, que possam apresentar-se como competidoresdo Brasil, em mercados de interesse. Tais países poderão apresentar níveisde utilização de tecnologia semelhantes ou superiores àqueles verificadosrecentemente no Brasil, como a Malásia, Taiwan e México.

Ênfase poderá ser colocado em análise da China, que se destaca como omaior exportador mundial de móveis de vime, segmento que apresenta omenor conteúdo tecnológico e maior intensidade em mão-de-obra. Este paísdestaca-se também pelo aumento das exportações de móveis de madeira e demetal, tendo ocupado a posição anteriormente ocupada por Taiwan. Este, porsua vez, mostrou uma perda de dinamismo de suas exportações na década de90, causada pela elevação do custo da madeira e da mão-de-obra, além dafalta de trabalhadores especializados, e da falta de design próprio.

4.4 Situação da Cadeia Produtiva no Brasil

O setor moveleiro no Brasil teve seu início em três pólos, sendo a cidade deSão Paulo o polo pioneiro, juntamente com seus municípios limítrofes – SantoAndré, São Bernardo do Campo e São Caetano, na década de 50. Os póloslocalizados no Rio Grande do Sul, consolidado na década de 60, e em SantaCatarina, década de 70 (Santos et al., 1999), completam o complexo industrialque inicialmente atendeu ao mercado interno brasileiro e lançou as raízes paraexportação brasileira de móveis.

Uma avaliação do comportamento recente da cadeia produtiva da indústria demadeira e mobiliário é apresentada por Haddad e Domingues (2000) em MDIC(2000), feita a partir de dados do IBGE, correspondentes ao período de 1985 a1996. Essa avaliação apontou uma taxa média de crescimento do setor de1992 a 1998, de 1,57% ao ano, e projetou para o período de 1999-2004, umcrescimento anual de 4,66%.

Outras estimativas apontam uma redução da participação relativa do setor noPIB nacional, de 1,48% em 1995, para 1,22% em 1999. O comportamentoefetivamente verificado apresentou oscilações entre 1992 e 1999, comsignificativo crescimento entre 92 e 93 (20,6%), e entre 95 e 96 (12,6%), mascom queda de produção até 1999 (MDIC, 2000).

No estado de São Paulo, entretanto, o crescimento das vendas do setor domobiliário entre agosto de 1994 e agosto de 2000, foi de 114%, significandocerca de 16% ao ano no período, causado em boa parte pelo crescimento darede hoteleira no Brasil, que traz impactos positivos sobre a demanda de

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móveis. Parte substancial deste crescimento deve-se ao desempenho de pólosmoveleiros no estado, tais como Votuporanga, Mirassol e Tupã.

As exportações têm crescido entre 1995 e 2000, à razão de 9,5% ao ano, deUS$ 319 milhões em 95 a US$ 498 milhões em 2000. Estas taxas entretantoapresentam-se inferiores àquelas verificadas no início da década. Entre 1990 e1994, as taxas médias de crescimento das exportações de móveis alcançaram58% ao ano (MDIC, 2000). Este comportamento e desempenho comercial temsido devidos em grande proporção à atividade dos pólos de São Bento do Sule Rio Negrinho no estado de Santa Catarina, Bento Gonçalves e LagoaVermelha no Rio Grande do Sul, Ubá, Bom Despacho e Martinho Campos emMinas Gerais, e embrionariamente, Arapongas, no Paraná.

As razões deste desempenho incluem a melhoria da capacidade produtiva dosetor, as transformações ocorridas no Leste Europeu, os avanços comerciaisno Mercosul, além do salto tecnológico da indústria, com investimentos emequipamentos modernos.

Os entraves à maior competitividade da cadeia produtiva de madeira e móveisno Brasil, identificados em primeira aproximação, pelos agentes do Fórum deCompetitividade, passam pela matéria prima, pelo sistema de produção e devendas (MDIC, 2000), e sua identificação e equacionamento fazem parte desteprojeto .

4.5 Caracterização Geral da Cadeia Produtiva Madeira e Móveis

A Cadeia Produtiva Madeira e Móveis delimitada para estudo neste projetoconstitui-se simplificadamente de quatro elos ou blocos:a) o elo correspondente aos insumos, cujos limites a montante ou serão objeto

de considerações posteriores;b) o elo referente à indústria de móveis propriamente dita, que na verdade é

um complexo variável de indústrias que podem ser segmentadas de acordocom diferentes critérios;

c) o elo da distribuição dos produtos e sua comercialização, que pode sersegmentado por volume de comercialização, como no atacado, emdepósitos (verticalização), e no varejo, através de lojas de departamentosou lojas isoladas; e

d) o elo do consumo, isto é, do consumidor final do produto, que pode sersegmentado por nível de renda, por tipo de mercado, seja regional, nacionalou de exportação.

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5. OBJETIVOS DO PROJETO

O objetivo principal da análise da Cadeia Produtiva Madeira e Móveis é o defornecer subsídios para que o Setor Brasileiro de Móveis possa situar-se amédio prazo entre os maiores e melhores provedores de móveis do mundo.Este objetivo foi estabelecido pelo Comitê de Prospecção - CP Madeira eMóveis, em reunião ocorrida em 09 de novembro de 2000.

Para atingir este objetivo estabeleceram-se como objetivos específicos paraa cadeia, a produção para o mercado externo, de móveis de madeira,agregando valor com design e o emprego de outros materiais, amparada emum projeto florestal compatível e com certificação ambiental. Para o mercadointerno, o objetivo específico é a produção de móveis atendendo àsnecessidades de normatização e certificação, e buscando a valorização doitem “móvel” no mercado (Comitê de Prospecção, 2000).

A cadeia produtiva de madeiras e móveis, na forma de um modelo preliminarpara análise pode ser esquematizada como no diagrama que segue. O modeloé intencionalmente simplificado para facilidade de representação ecompreensão:

CADEIA PRODUTIVA: MADEIRA E MÓVEISCADEIA PRODUTIVA: MADEIRA E MÓVEIS

AMBIENTE INSTITUCIONAL

Serrados, lâminas,compensados

aglomeradosMDF e fibras

Colas, vernizestintas, espumas

laminados plásticos

AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Plástico e metal

Indústria

de

Móveis

Distribuição Consumidor

As setas largas indicam o fluxo de materiais; as setas finas e em sentido inversoàs primeiras, indicam o fluxo de capital.

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Os limites impostos à cadeia produtiva não estão indicados no desenhoesquemático mas de acordo com a abrangência desejada da cadeia produtivamadeira e móveis, podem ser resumidos como segue:

A montante, a cadeia produtiva estende o encadeamento para trás até a florestageradora da matéria-prima madeira. Os insumos não dependentes da madeiracomo matéria-prima florestal tem sua participação na CP examinada apenasquando incorporam-se aos produtos em análise. O encadeamento para trás nocaso destes insumos é representado por � (sigma).

A jusante, a cadeia produtiva estende-se até o consumidor, que é no caso, a fontegeradora do capital que financia esta cadeia produtiva.

O desenho esquemático da CP Madeira e Móveis indica ainda o AmbienteInstitucional, representando o conjunto de políticas ou regulamentações que diretaou indiretamente afetam um ou mais elos da cadeia, bem como o AmbienteOrganizacional, onde se inserem as organizações e entidades que aplicam ouimplementam as ações que afetam os elos da cadeia produtiva.

6. METODOLOGIA

A metodologia adotada no presente projeto, recomendada por Castro e Lima(2001), engloba duas fases distintas, a saber: o diagnóstico ou análisediagnóstica, que visa pesquisar a situação e o desempenho passado e presenteda cadeia produtiva (CP), e compreende:

6.1 Caracterização geral da Cadeia Produtiva, englobando:- a definição da área-foco para inovação tecnológica e os objetivos

específicos de desempenho da cadeia;- a definição dos limites a montante e a jusante da CP, demarcando o que

está dentro e o que está fora da CP;- os insumos ou entradas de materiais, energia ou serviços que se incorporam

à CP;- as saídas de materiais, na forma de produtos, resíduos ou serviços, da CP;

componentes em geral;- ambientes institucional e organizacional, que direta ou indiretamente irão

afetar a CP; e- a definição dos critérios de desempenho que serão utilizados no diagnóstico.

6.2 Modelagem da Cadeia Produtiva, que consiste na construção de um modeloexperimental tipo fluxograma para a CP, com seus elos, segmentos e relações efluxos entre os diferentes segmentos.

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6.3 Análise dos fluxos de materiais e capital, com determinação da eficiência(relação entre o capital que sai e o que entra em cada segmento) - representadapor E = O/I - e da eqüidade (distribuição dos benefícios pelos diferentes elos ousegmentos).

6.4 Análise da qualidade de insumos e produtos.

6.5 Análise de processos internos em segmentos da cadeia produtiva

6.6 Identificação e priorização de fatores críticos, isto é, as variáveisdeterminantes do desempenho pobre de um elo ou segmento da CP.

6.7 Quantificação dos principais fatores críticos por séries históricas, quandodisponíveis.

6.8 Identificação das principais forças propulsoras e restritivas aos fatores críticos.

O prognóstico ou análise prospectiva da cadeia produtiva visa conhecer ocomportamento futuro dos fatores críticos, bem como suas forças impulsoras erestritivas, no desempenho da cadeia. Éste é um processo fortemente baseado noconhecimento do desempenho passado e presente destes fatores, daí para afrente, inserindo-os em um padrão de comportamento esperado. O prognósticocompreende:

6.9 Seleção de especialistas e elaboração de questionário Delphi, a ser por elesrespondido. Este questionário deve ser elaborado com base nos fatores críticosidentificados na fase do diagnóstico.

7. PRINCIPAIS FATORES CRÍTICOS DA CADEIA MADEIRA E MÓVEIS

Entende-se como Fator Crítico “qualquer variável ou conjunto de variáveis, queafeta, positiva ou negativamente, o desempenho de um sistema”.

Dentro da cadeia produtiva de madeira e móveis foram selecionados os pricipaisfatores críticos que afetam seu desempenho, e que são apresentados, a seguir,em blocos correspondentes aos principais elos que a constituem.

7.1 MATÉRIAS-PRIMAS

• dificuldade de introdução de novas matérias-primas, devido à pequenademanda por novos materiais e o baixo investimento em design. Baixadiversidade, qualidade, e oferta de insumos (madeira serrada) contribuem para a

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verticalização dos processos produtivos pois as indústrias passam a produzir eprocessar a matéria-prima até o móvel final.

• madeira maciça: deficiência na qualidade e na regularidade do fornecimento, epouca variedade explorada. Empresas que exportavam, atualmente destinam suaprodução ao mercado interno, devido às exigências ambientais do mercadoexterno. Falta de incentivos fiscais ao manejo florestal, e certificação.

• madeira de florestas plantadas: Faltam incentivos ao reflorestamento, efornecedores experientes no processamento e tecnologia da madeira para o setormoveleiro. O pinus e o eucalipto possuem seu grande mercado consumidor nosetor de papéis e celulose.

• MDF: muito utilizado no segmento de móveis retilíneos seriados, um dos maismodernos tecnológicos na indústria de móveis, está com oferta interna aindarestrita e a altos preços.

• chapas de aglomerados: feitos com madeira virgem, o que torna seusprocessos produtivos de custos muito elevados, se comparado ao exterior.

7.2 ESTRUTURA PRODUTIVA

• elevada verticalização da produção, com pressão sobre os custos e a baixaespecialização.

• informalidade do setor, inexistência de barreiras à entrada, com a proliferaçãode empresas informais, o que dificulta a redução da heterogeneidade tecnológicada cadeia, e dificulta a implementação de normas técnicas para padronizar aqualidade dos móveis.

• pequeno porte de estabelecimentos industriais, as micro e pequenasempresas, até 19 empregados, representam em torno de 88% do total deestabelecimento registrados.

• baixa qualidade das máquinas nacionais, como equipamentos para as linhasintegradas. A produção de máquinas no Brasil não acompanha o nível tecnológicodos produzidos no exterior (Itália e Alemanha), em precisão e produtividade.

• baixos investimentos em design, predominam cópias dos modelos do exterior;poucas empresas possuem departamento de design constituído.

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7.3 AMBIENTE INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

• baixa difusão e uso de normas técnicas na cadeia, apesar do esforço do CB-15/ABNT. As normas são necessárias para melhorar a qualidade e acompetitividade dos produtos nacionais, tanto no mercado interno quanto externo.

• falta de sistemas de informação capazes de indicar tendências, propostas,materiais mais adequados e processos mais eficientes.

7.4 DISTRIBUIÇÃO

• dependência de poucos canais de distribuição para o mercado externo,representados por importadores atacadistas e agentes de venda no exterior. Alémde restringir o acesso dos produtos nacionais, estes canais em geral impõempreço e determinam o tipo de móvel e o design, inibindo a capacidade de projetopróprio.

• concorrência predatória: em muitos casos, um importador encomenda omesmo tipo de móvel a várias empresas, favorecendo o menor preço.

• escassa tradição exportadora da indústria de móveis nacional: fracodesempenho externo não decorre só da falta de competitividade de seus produtos,mas também da pouca experiência comercial, e da falta de informação sobreoportunidades de vendas e de canais adequados de comercialização.

7.5 CONSUMIDOR

• mercado interno pouco exigente e participação no mercado externo,conformada aos limites estabelecidos por distribuidores, são os principaisresponsáveis pela precária capacitação em projeto, da qualidade dos móveis, e deinvestimentos.

• inexistente interação da indústria moveleira com o consumidor final,prejudicando a identificação de novas tendências de mercado.

7.6 FATORES COMPLEMENTARES:

a) Mão-de-obra especializada – capacitação/treinamento, disponibilidade,reciclagem, etc.

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b) Matéria prima tradicional – Comportamento do mercado de móveis em relaçãoà matéria prima tradicional ( serrados e compensados) e os novos painéis à basede madeira? Ex.: madeira serrada, compensado, folheado. Tendências :aumento,estabilização ou diminuição de consumo em relação aos novos painéis à base demadeira.

c) Sistema produtivo/lay-out : alteração recente/sistemática ou esporádica.

d) Equipamentos: processamento mecânico, linhas de acabamento, equipamentosmodernos e automáticos, de alta produtividade.

e) Acabamento de superfície : sistema ou método adotado: UV e IR para resinasde revestimento.

f) Produto – lançamentos, design / especificação próprio ou impostopor comprador/distribuidor/importador.

g) Meio ambiente: preocupações futuras da região

h) Tendências regionais nacionais e mundiais em relação ao setor moveleiro

i) Benefícios da globalização

8. POLOS MOVELEIROS

As indústrias moveleiras no Brasil estão concentradas em pólos distribuídospelos vários estados da federação. Destes, os principais estão representadosno quadro que segue, cada qual com suas características peculiares no que serefere a localização, número de empresas e de empregos gerados, principaismercados que atendem e seus produtos mais característicos.

A produção moveleira no Brasil começa a expandir-se por vários outros póloschamados emergentes, como por exemplo, de Macapá e Santana (AP),Paragominas (PA), Fortaleza, região de Sobral, Juazeiro e Igatú (CE), Teresina(PI), Caruarú, Afogados, Garanhuns, Gravatá e Lajedo (PE), Brasília (DF),Ubereba, Uberlândia (MG), Itapetininga (SP) e Telêmaco Borba (PR)

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QUADRO 1 - RESUMO DOS PÓLOS MOVELEIROS

PóloMoveleiro

Unidade daFederação

Número deEmpresas

Número deEmpregos

PrincipaisMercados

PrincipaisProdutos

UbáMinas Gerais 315 6.150

Minas Gerais,São Paulo, Riode Janeiro e

Nordeste

Cadeiras,dormitórios,

estantes salas emóveis sobencomenda

BomDespacho e

MartinhoCampos

Minas Gerais 117 2.000 Minas Gerais

Cadeiras,dormitórios,

salas, estantes emóveis sobencomenda

Linhares eColatina

EspíritoSanto 130 3.000

São Paulo,Espírito Santo

e Bahia

Móveisretilíneos,

dormitórios,salas, móveis

sob encomenda

Arapongas eLondrina Paraná 350 7.200 Todos os

Estados

Móveisretilíneos,

estofados, deescritório etubulares

Votuporanga São Paulo 380 7.500 Todos osEstados

Cadeiras, mesasarmários,

móveis sobencomenda emmadeira maciça

estantes,dormitórios,estofados

Mirassol,Jaci,

Bálsamo eNeves

Paulista

São Paulo 80 3.000

São Paulo,Minas Gerais.

Rio de Janeiro,Paraná eNordeste

Cadeiras, salas,dormitórios,estantes, emóveis sob

encomenda emmadeira maciça

São Bentodo Sul e Rio

Negrinho

SantaCatarina 210 8.500

Paraná, SantaCatarina, São

Paulo eExportação

Móveis depinus, sofás,cozinhas edormitórios

BentoGonçalves

Rio Grandedo Sul

130 7.500Todos osEstados e

Exportação

Móveisretilíneos,

móveis de pinus,metálicos etubulares

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8.1 VISITA AOS POLOS MOVELEIROS:Com vistas a determinar a situação presente nos polos moveleiros com suaspeculiaridades regionais, foram realizadas visitas a empresas representativas dosseis principais polos moveleiros. A organização destas visitas contou com aparticipação da ABIMOVEL e de entidades de classe patronais de cada região.

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8.1.1 POLO MOVELEIRO DE VOTUPORANGA, MIRASSOL E JACI (29 a 31 / 08/ 2001)

MATÉRIAS-PRIMAS

• introdução de novas matérias-primasUso de matérias primas tradicionais (madeira serrada e painéis), com

crescente dependência de painéis. Apontada tentativa de cartelização pelosfornecedores em termos do tipo de painel fornecido, volumes e quantidadesfornecidas (tentativa de vender produtos com maior valor agregado). Foi citado ocaso de exportação de painéis MDF comprometendo o suprimento às empresasmoveleiras com conseqüente aumento de preços. Madeira serrada: madeira dereflorestamento cara quando comparada com madeira nativa. Ex.: Pinus: R$400/m³ comparado com nativas R$ 80/m³. Inversão de valores: móveis de classeA fabricados com madeira de reflorestamento e móveis populares fabricados commadeiras nativas. Introdução de novas matérias primas: blocos de Pinus laminadoe colado com juntas de toco do tipo “finger joint” para pés de cama substituindo asmadeiras marupá e angelim.Uma das menções feitas, foi o aumento da oferta da tradicional madeira serradacom a conseqüente redução de preço em detrimento do aumento do consumo depainéis como matéria-prima, principalmente MDF.

• madeira maciçaDevido a proximidade do polo à fonte de madeiras nativas (MS) a regularidade

de fornecimento não é comprometida. Foi enfatizada a necessidade deinformações técnicas a respeito de madeiras nativas alternativas, potencialmentesubstitutas às espécies tradicionais. Não foi sentida a necessidade de certificaçãode móveis para exportação, uma vez que poucas empresas estão adequadas paraproduzir com o nível de qualidade requerido pelo mercado importador.

• madeira de florestas plantadasPouca presença de madeira de reflorestamento nas indústrias do polo visitado.

Foi demonstrado interesse em plantios locais (reflorestamento) e novas espéciespara a região.

• MDFUtilização cada vez maior deste tipo de painel em substituição aos tradicionais

aglomerados, compensados e madeiras serradas. Embora de custo mais elevadoa qualidade superior do móvel resultante tem sido compensador.

• chapas de aglomerados

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Aglomerados tem uso garantido como elementos verticais (laterais, fundos,prateleiras) de armários, racks, etc. O preço menor comparado ao MDF garanteseu uso em partes menos expostas.

ESTRUTURA PRODUTIVA

• verticalização da produçãoPraticamente não há verticalização na produção de móveis no pólo. A maioria

das empresas usa painéis semi-acabados ou até pré-cortados, restringindo-se aempresa à encaixes, furação, acabamento de bordas e aplicações de “top coat”(selador, fundo, verniz) e à cura destes. O produto final é fornecidos em kitsdesmontados e embalados para distribuição, para posterior montagem pelasfirmas vendedoras/montadoras, nos domicílios. Existe alta especialização na linhade produção, que é pouco diversificada. Ex.: uma firma produtora exclusivamentede camas, apenas produz cadeiras para utilizar os resíduos de madeira sólidas.

• informalidade do setorCom algumas exceções, as indústria do polo caracterizam bem o setor

moveleiro do Brasil (referência). Sua maioria é constituída de pequenas e microempresas, sem ainda preocupação em padronizar seus produtos.

• porte de estabelecimentos industriaisPredominam pequenas e médias empresas.

• qualidade das máquinas nacionaisVerifica-se o trabalho contínuo com equipamentos convencionais, já obsoletos,

especialmente nas linhas que utilizam madeira maciça. Os equipamentos maismodernos notados são aqueles empregados nas linhas de produção que seutilizam de painéis, especialmente MDF. Nota-se o crescente emprego de UV nopólo para a cura instantânea de vernizes tipo poliéster ou infra vermelho pararesinas poliuretânicas.Os equipamentos de processamento mecânico em sua maioria, são do tipoconvencional que envolve bastante mão-de-obra braçal. Nas linhas deacabamento de móveis a base de painéis são compostas de equipamentos maismodernos e automáticos, de alta produtividade.

• investimentos em designConfirmou-se a tendência à cópia de design de móveis a partir de catálogos e

revistas estrangeiras, apenas com pequenas modificações. Nenhuma dasempresas visitadas possuem departamento de design. Algumas se utilizam deescritórios de design independentes que desenvolvem projetos a pedidos dosclientes. Tais projetos buscam certas características ditas de mercado, e atendemàs exigências da linha de produção em relação aos materiais utilizados. Os

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designers e escritório de design ressentem-se de falta de informações sobremadeiras e materiais alternativos.

• qualidade da mão-de-obra especializadaHoje o nível de reciclagem de mão-de-obra é considerado alto para o setor na

região. A inauguração recente do CEMAD em convênio com a FUVEC aumentoua perspectiva em disponibilizar mão-de-obra especializada para as indústriasmoveleira do polo. As características das indústrias moveleiras deste pólo(tamanho, simplicidade das linhas de produção e das operações, a razoávelautomação do fluxo de materiais dentro da empresa) permitem que grande parteda mão-de-obra seja do sexo feminino.

• processos de acabamento de superfícieConforme já comentado o sistema de acabamento adotado pela maioria das

indústrias é considerado avançado tecnologicamente, onde se emprega raios UVe IR para curas instantâneas de resinas de revestimento.

• lançamentos de produtoEmbora os móveis da região apresentem desenhos e estilos copiados, não deixao setor de se preocupar em atender as tendências da moda apresentadas emrevistas especializadas.

AMBIENTE INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

• difusão das normas técnicasAs normas técnicas para a maioria dos móveis fabricados pelo polo (salas,

cozinhas e dormitórios) não foram ainda contemplados pela ABNT. Sem dúvida asua falta é notada quando se trata em padronizar o tipo e a qualidade dosprodutos para a exportação.

• sistemas de informaçãoApesar da existência de facilidade cada vez maior ao acesso às informações

via internet, as Associações e Sindicatos de classe do polo ligados ao setordemonstraram carência muito grande em termos de informações atualizadas

DISTRIBUIÇÃO

• canais de distribuição para o mercado externoNo pólo não se verificam canais de distribuição para o mercado externo visto

que nenhuma empresa exporta. A distribuição é feita para o mercado internoatravés da terceirização. Foi enfatizada a necessidade de racionalização dosistema de cargas com a adequação de lotes e volumes, o que poderia ser feitonuma central de cargas. Foi mencionada a adequação e necessidade dotransporte ferroviário, que proporcionaria menor custo.

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• concorrência entre distribuidoresNão se verificou concorrência predatória.

• tradição exportadora da indústria nacional de móveisNo caso deste pólo, o fator mais importante verificado foi o baixo nível de

qualidade para exportação, o que implica na falta de competitividade dos produtos,além de pouca experiência comercial externa.

CONSUMIDOR

• exigências do mercado internoO nível de exigência cresce com o poder aquisitivo da população. Ex.: a

montagem geralmente terceirizada é praticada por equipes mal treinadas e malremuneradas, sendo que o resultado deixa a desejar, refletindo-se na reposiçãode peças e no índice de reclamações junto aos órgãos de defesa do consumidor.Neste caso o prazo de entrega também é campeão

• interação da indústria moveleira com o consumidor finalA montagem do móvel feita pela firma terceirizada demonstra um dos pontos

negativos da integração indústria-consumidor. As reclamações da qualidade doserviço vem agravando ainda mais a credibilidade das indústrias em relação aoconsumidor.

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8.1.2 POLO MOVELEIRO DE ARAPONGAS (VISITAS: 12 a 14 / 09 / 2001)

MATÉRIAS-PRIMAS

• introdução de novas matérias-primasUso preponderante de painéis à base de madeira (madeira aglomerada, mdf e emmenor escala, chapas de fibras), com crescente dependência dos mesmos.Apontada tentativa de cartelização pelos produtores de painéis, em termos do tipode painel fornecido, volumes e quantidades fornecidas (tentativa de venderprodutos com maior valor agregado). Foi citado o caso de painéis de aglomeradocru em contraposição com os painéis FF, comprometendo o suprimento dematéria-prima às empresas moveleiras, resultando em aumento de preços.Uma das menções feitas foi o aumento da oferta da tradicional madeira serradacom a conseqüente redução de preço em detrimento do aumento do consumo depainéis como matéria-prima, principalmente AGLOMERADO.

• madeira maciçaPouco uso de madeira sólida, exceto pequenas proporções em pequenas peças(especialmente pés de armários e de sofás) e pré-cortados como laterais degavetas, peças para estrados de camas.Verificou-se mudança dos materiais usados, cerca de 5 ou 6 anos atrás: demadeira sólida, oriunda de florestas nativas (cerejeira e cedro), para painéis àbase de madeira, e eventualmente, alguma madeira de reflorestamento.Os motivos principais para a mudança foram a escassez das madeiras usadas, oaumento de preço da matéria-prima, e a disparidade tecnológica, isto é, demandade tecnologia sem que se conseguisse identificar fornecedores.Algumas empresas com linhas de estofados utilizam madeira sólida na forma desarrafos e pequenas peças de diferentes perfis na confecção das armações dosmóveis.Pouca tecnologia agregada no uso da madeira sólida em móveis: freqüentemente,os sarrafos usados na montagem das armações de móveis apresentavam-sequase úmidos, não tendo passado por qualquer estágio de secagem. A ocorrênciade bolores e de fungos manchadores também foi uma constante nas armações deestofados. Raramente verificou-se a secagem natural em madeira usada para amontagem de armações.

• madeira de florestas plantadasMadeira sólida, na forma de sarrafos geralmente de madeira de reflorestamento(pinus e eucalipto) substituindo madeira nativa (cedro). As fontes deabastecimento de madeira sólida estão no próprio PR (oeste) no caso de pinus eeucalipto, e no próprio estado e no Mato Grosso, em centros fornecedoresespecialmente do norte do estado, no caso de cedro.

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• MDFUtilização em pequena escala, por poucos fabricantes, e quase queexclusivamente em peças que apresentam usinagem. O custo mais elevado destepainel, em relação ao s aglomerados, tem causado uma otimização de seu uso,apenas para peças usinadas, especialmente em racks e estantes. O materialinicialmente provocou uma quase dependência de algumas empresas, que aospoucos passaram a mesclar com os painéis aglomerados, otimizando suautilização.

• chapas de aglomeradosOs aglomerados são o tipo de painel mais utilizado no polo. O seu uso éextensivo, em praticamente todos os móveis, especialmente os retilíneos. Quandousados em combinação com MDF, geralmente o são nos elementos verticais, quenão recebem carga perpendicular à chapa. Os aglomerados mais usados são dotipo FF e BP, na espessura de 15 mm. O preço menor comparado ao MDFgarante seu uso em partes menos expostas.Este tipo de painel é usado na fabricação de estantes, racks, cômodas, berços, eguarda-roupas.Diversidade de produtores/fornecedores: Duratex, Tafisa, Berneck, Satipel, Placasdo Paraná.

ESTRUTURA PRODUTIVA

• verticalização da produçãoA grande maioria das empresas do polo não são verticalizadas. Quando existe

a verticalização esta se dá nas grandes empresas, que produzem variados tiposde insumos usados na própria linha de produção, como por exemplo, móveisestofados, laminado de pvc (couro sintético), espuma de poliuretano, gramposmetálicos, filme plástico de polietileno para embalagem, além de possuíremcaminhões para transporte e lojas próprias. Obviamente, estes insumos não serestringem ao uso próprio, sendo comercializados dentro e fora do polo.A maioria das empresas entretanto, tem produção pontual, usando painéis crus,semi-acabados ou até pré-cortados, restringindo-se a empresa aos encaixes,furação, acabamento de bordas e aplicações de “top coat” (selador, fundo, verniz)e à cura destes. O produto final pode ser fornecido em kits desmontados eembalados para distribuição, para posterior montagem pelas firmasvendedoras/montadoras, nos domicílios. Existe alta especialização na linha deprodução, que é pouco diversificada.

• informalidade do setorCom algumas exceções, as indústria do pólo caracterizam bem o setor

moveleiro do Brasil, com a concentração nas pequenas e médias empresas. Nãose verificou nenhuma preocupação em padronizar sua linha de produção e emvários casos foi apontada a demasiada informalidade do setor.

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• porte de estabelecimentos industriaisNo polo de Arapongas a distribuição das empresas é peculiar, visto que entre

as empresas associadas ao Sindicato local, a maior concentração das indústriasse dá na faixa de até 50 empregados: 64% das indústrias estão concentradas. Asempresas de 100 a 200 empregados representam 15% da população.

• qualidade das máquinas nacionaisOs equipamentos de processamento mecânico em sua maioria, são do tipo

convencional que envolve bastante mão-de-obra braçal. Nas linhas deacabamento de móveis a base de painéis são compostas de equipamentos maismodernos e automáticos, de alta produtividade.Verifica-se o trabalho contínuo com equipamentos convencionais, freqüentementejá obsoletos, especialmente nas linhas chamadas de “madeira”, ou seja, painéis àbase de madeira, em contraposição à linha de estofados. Os equipamentos maismodernos notados são aqueles empregados nas linhas de produção que seutilizam de painéis, especialmente aglomerados e MDF. Nota-se o crescenteemprego de UV no polo, para a cura instantânea de vernizes do tipo poliéster ouinfra vermelho para resinas poliuretânicas. Há poucos equipamentos realmentemodernos, e estes se concentram nas máquinas ligadas ao acabamento, seja esteimpressão, colagem e envernizamento. O polo ressente-se de facilidades para aimportação de equipamento e atribui a isto a chamada “carência tecnológica”.

• investimentos em designConfirmou-se a tendência à cópia de design de móveis a partir de catálogos e

revistas estrangeiros, apenas com pequenas modificações. Poucas entre asempresas visitadas possuem pessoal ligado ao design. Algumas se utilizam deescritórios de design independentes que desenvolvem projetos a pedidos dosclientes. Tais projetos buscam características de mercado, próximas àquelas jáatendidas por seus concorrentes, e atendem às exigências da linha de produçãoem relação aos materiais utilizados. A impressão geral da maioria dosempresários é de que o design é necessário mas não é remunerado pelomercado. As feiras e exposições de móveis no país e no exterior funcionam comopolos de inspiração em design e nessas ocasiões detalhes são detectados eposteriormente incorporados ao mobiliário fabricado. Foi notado um caso em quea agregação de elementos de design, como curvas orgânicas, resultaram emexpressivo aumento de vendas de determinados móveis.

• qualificação da mão-de-obraHoje o nível de reciclagem é considerado alto para o setor na região. A

inauguração recente do UNIVERSIDADE DO MÒVEL / FUNDAÇÂOARAPONGUENSE DE ENSINO aumentou a perspectiva em disponibilizar mão-de-obra especializada para as indústrias moveleira da região. As característicasdas indústrias moveleiras deste pólo (tamanho, simplicidade das linhas de

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produção e das operações, a razoável automação do fluxo de materiais dentro daempresa) permitem que grande parte da mão-de-obra seja do sexo feminino.

• processo de acabamento de superfícieConforme já comentado o sistema de acabamento adotado pela maioria das

indústrias é considerado avançado tecnologicamente, onde se emprega raios UVe IR para curas instantâneas de resinas de revestimento.

• destinação dos resíduos industriaisA necessidade de dar um destino mais nobre (menos agressivo ao meio

ambiente) aos resíduos de madeira gerados pela indústria foi outra preocupaçãodemonstrada pelo pólo visitado.

• lançamentos de produtosEmbora os móveis da região apresentem desenhos e estilos copiados, não

deixa o setor de se preocupar em atender as tendências da moda apresentadasem revistas especializadas.

• qualidade dos processosA prática de secagem artificial de madeira maciça é quase inexistente na

região. Este fato, em regra geral, resulta em móveis de qualidade inferior quesempre apresenta defeitos pós manufatura (afrouxamento de encaixes,empenamentos dos componentes, enrugamento de superfície, formação detrincas, etc).

AMBIENTE INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

• difusão das normasAs normas técnicas para a maioria dos móveis fabricados pelo pólo (salas,

cozinhas e dormitórios) não foram ainda contemplados pela ABNT. Sem dúvida asua falta é notada quando se trata em padronizar o tipo e a qualidade dosprodutos para a exportação.

• sistemas de informaçãoApesar da existência de facilidade cada vez maior ao acesso às informações

via internet, as Associações e Sindicatos de classe da região ligados ao setordemonstraram carência muito grande em termos de informações atualizadas

DISTRIBUIÇÃO

• canais de distribuição para o mercado externoNo pólo verificaram-se canais de distribuição para o mercado interno na forma

de distribuidores e representantes, e representantes-importadores para o mercadoexterno. A distribuição é feita para o mercado interno através da terceirização. Foi

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enfatizada a necessidade de racionalização do sistema de montagem, além detreinamento das firmas terceirizadas para este serviço.

• concorrênciaNão se verificou concorrência predatória.

• tradição exportadora da indústria nacional de móveisNo caso deste pólo, o fator mais importante verificado foi o nível de qualidade

para exportação inadequado para exportação, o que implica na falta decompetitividade dos produtos, além de pouca experiência comercial externa.Entretanto, o sucesso com experiências de exportação foi verificado junto àsmaiores empresas, especialmente de estofados, amplamente posicionada nomercado de exportação do Caribe, sul dos EUA, Europa e África, além doMercosul.

CONSUMIDOR

• mercado internoO nível de exigência cresce com o poder aquisitivo da população. Ex.: a

montagem geralmente terceirizada e praticada por equipes mal treinadas e malremuneradas, sendo que o resultado deixa a desejar, refletindo-se na reposiçãode peças e no índice de reclamações junto aos órgãos de defesa do consumidor.Neste caso o prazo de entrega também é campeão.

• interação da indústria moveleira com o consumidor finalA montagem do móvel feita pela firma terceirizada demonstra um dos pontos

negativos da integração indústria-consumidor. As reclamações da qualidade doserviço vem agravando ainda mais a credibilidade das indústrias em relação aoconsumidor.

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8.1.3 POLO MOVELEIRO DE BENTO GONÇALVES, FARROUPILHA EFLORES DA CUNHA (24 a 28 / 09 / 2001)

MATÉRIAS-PRIMAS

• introdução de novas matérias-primasA maioria das indústrias visitadas (total de 12 da região de Bento Gonçalves,

RS) consomem, hoje, basicamente, como matéria prima, painéis à base demadeira (aglomerado e MDF, sendo boa parte, já com acabamento de superfíciedo tipo FF ou BP). Fica, portanto, bastante restrito o uso de madeira serrada,principalmente de forma verticalizada, isto é, partindo-se da floresta, passandopela serraria e secagem, para então transformá-la em produto final através deprocessamento mecânico secundário.Deve se dizer que sempre haverá espaço para madeira serrada na produção decomponentes mais trabalhados ou móveis de estilos coloniais ou nostálgicos. Apreocupação com o meio ambiente é um dos motivos da tendência acentuada doemprego de painéis derivados de madeira de reflorestamento.

• madeira maciçaComo mencionado no item anterior, o emprego restrito de madeira serrada

pelas indústrias da região se deve ao tipo de móvel fabricado. Sendo assim,móveis de madeira maciça exportados pelas indústrias da Região são tãosomente de eucalipto e pinus devidamente certificados.

• madeira de florestas plantadasNão cabe a resposta devido à característica das indústrias da região.

• MDFO aumento vertiginoso da capacidade de produção do MDF no Brasil, e a

opção de importação dos países vizinhos ( Argentina e Chile) para atender ademanda cada vez maior deste tipo de painel pela indústria moveleira, têmmantido o seu preço ao nível satisfatório.

• chapas de aglomeradosApesar do seu custo ser mais elevados, devido a uniformidade da matéria

prima empregada, o produto resultante tem sido considerado de melhor qualidade.

ESTRUTURA PRODUTIVA

• verticalização da produçãoA verticalização da maioria das indústrias visitadas é quase nula, pois a

produção de móveis é simplesmente em obter componentes de painéis à base de

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madeira (aglomerado e MDF com acabamentos de superfície) através de recortes,furação, e montagem com ferragens e acessórios igualmente obtidos de terceiros.Excepcionalmente, na indústria de móveis de aço/tubulares foi reparada aexistência da verticalização bastante definida, onde o metal é trabalhadoexaustivamente até transformá-la em móveis.

• informalidade do setorO setor tem combatido a informalidade através da eficiência em produtividade

e melhoria da qualidade, procurando atender o consumidor cada vez maisexigente tanto em preço como em aspecto, desempenho e funcionalidade. Um dospontos fortes da indústria formal e alta capacidade do controle da situação detodas as etapas ou fases, desde a pesquisa de mercado, passando pelo design eprodução propriamente dita até assistência técnica pós venda junto aoconsumidor.

• qualidade das máquinas nacionaisPrincipalmente, as indústrias da região de Bento Gonçalves que trabalham

com móveis modulares, muitas vezes, projetadas ou personalizadas, exigemmáquinas não só mais precisas, mas aquelas que possibilitam automaticamente,por meio de computadores, a troca de dispositivos em tempo drasticamentepequeno. Essas condições são conseguidas somente com equipamentosimportados de países desenvolvidos.Para viabilizar economicamente a produção de móveis personalizados em escalaindustrial são necessários, basicamente dois itens: equipamentos sofisticados dealta tecnologia e mão de obra especializada. Hoje, ainda dependemos deequipamentos importados e treinamento de pessoal para atingir a meta aquicitada.

• investimentos em designAs indústrias consideradas médias ou grandes, de marcas já conhecidas no

mercado, têm investido cada vez mais em design, contando com profissionaisterceirizados. Sem dúvida, ainda a predominância dos móveis da região é aquelaconsiderada cópia apresentada em revistas especializadas, tanto nacionais comointernacionais.

• qualidade da mão-de-obraNo polo cuja predominância é o emprego de painéis à base de madeira, onde

móveis modulares ou componíveis são produtos resultantes, estão surgindo anecessidade de pessoal ligada à engenharia de produção e à informática.Para diminuir ao máximo o problema da reciclagem de pessoal treinado comelevado investimento, muitas indústrias vem dando muita atenção ao bem estardos funcionários, desenvolvendo programas sociais e recreativos de naturezaparticipativa

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• processos de acabamento de superfíciePredominância do uso de painéis com superfícies pré-acabados pelos

fornecedores. Os métodos tradicionais de acabamento a revólver ou a rolo serãoempregados cada vez menos pela indústria, dando lugar a aplicação de filmes oulaminados que imitam com perfeição qualquer tipo de material tradicionalmenteempregado (madeira, pedra, metal, couro, vidro etc).

AMBIENTE INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

• difusão das normas técnicasA padronização, normalização e especificação das dimensões básicas dos

móveis bem como da sua resistência mecânica e durabilidade são os itens quefazem muita falta pelos fabricantes durante o projeto e produção de um móvel eque muitas vezes trazem dificuldades ao consumidor na hora da aquisição doreferido produto.

• sistemas de informaçãoA associação de classe, sindicatos da categoria e centro técnico de apoio às

industrias da região ou do Estado (RS) têm oferecido certa facilidade em obterinformações para o desenvolvimento do setor. As pesquisas via internet tambémtem facilitado acesso às informações inerentes ao setor.

DISTRIBUIÇÃO

• canais de distribuição para o mercado externoA dependência de uns poucos canais de distribuição para o mercado éverificada na maioria das empresas do pólo, quando se trata da exportaçãoaos países desenvolvidos, porém quando se destina os produtos aos paísesem desenvolvimento os móveis normalmente desenvolvidos para o nossomercado já são considerados sofisticados ou muito caros.

• tradição exportadora da indústria nacional de móveisÉ considerada escassa quando se trata de exportação aos países

considerados industrializados. Porém, algumas indústrias da região já possuemexperiência suficiente para concorrer com demais produtores de outros paísestradicionais em exportação de móveis como os tigres asiáticos.

CONSUMIDOR

• exigências do mercado internoO consumidor cada vez mais exigente em qualidade, que tem como respaldo a

legislação em seu favor, têm obrigado os produtores a investir cada vez mais em

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design, em pesquisa de materiais e em testes para dar maior garantia quanto àdurabilidade e desempenho mecânico.

• interação da indústria moveleira com o consumidor finalA concorrência entre os fabricantes de móveis de um determinado tipo ou

categoria é um dos fatores que vem promovendo maior interação entreconsumidor e produtor, não esquecendo a importância da identificação datendência em questão.

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8.1.4 POLO MOVELEIRO DE FORTALEZA E MARCO (02 a 05 / 10 / 2001}

MATÉRIAS-PRIMAS

• introdução de novas matérias-primasUso predominante da madeira maciça seca ao ar livre ou em estufa, de

espécies nativas provenientes dos estados do AM, e principalmente do PA: pau-amarelo, andiroba, timborana, goiabão, corupixá, pau-marfim, e tauari. Esta últimafoi citada por 5 das 7 empresas visitadas. Foi citada a intenção de uso de marupá.Verificou-se também, em menor escala, o uso de espécies de florestas plantadas,como o pinus (dos estados de MG e SC) para estruturas de estofados e aintrodução da madeira de eucalipto (Lyptus), como alternativa mais resistente emsubstituição ao pinus. Também verificou-se o uso restrito de chapadura parafundos de armários e roupeiros e fundos de gavetas, MDF e chapas compensadaspara espelhos de sofás e cadeiras.Utilizam padrões de cores: mogno, imbuia, branco e marfim.Entre os materiais novos, o MDF não teve boa aceitação nas empresas, sendoconsiderado um material reconstituído de qualidade comparada ao aglomerado, eutilizado junto à chapadura em fundos de armários e gavetas.

• madeira maciçaTodas as empresas visitadas utilizam madeira maciça em seus produtos, que

geralmente não são exportados. Há a preferência pela madeira de espéciesnativas de florestas do estado do PA, principalmente da espécie tauari. Não hádemanda por madeira certificada.

• madeira de florestas plantadasAlgumas empresas de móveis estofados utilizam a madeira de espécies de

florestas plantadas, pinus e eucalipto (Lyptus) nas estruturas. As fontes deabastecimento de madeira de pinus estão em SC e MG, e de madeira deeucalipto, no sul do estado da BA.

• MDFUtilizado, junto com chapas compensadas de madeira, para as partes não

aparentes dos móveis, como espelhos de poltronas e cadeiras. A chapadura(Duraplac) é utilizada em fundos de armários e fundos de gavetas, ou seja, empartes não visíveis do móvel.

• chapa de aglomeradosOs aglomerados não são utilizados no pólo. Considera-se que este material

não oferece acabamento adequado aos móveis.

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ESTRUTURA PRODUTIVA

• verticalização da produçãoAs empresas do polo não são consideradas verticalizadas. Quando existe a

verticalização esta se dá nas empresas que possuem lojas exclusivas emultimarcas para venda de seus produtos. Há também o caso de uma empresaque fabrica seus próprios componentes metálicos, por considerar não haver quemos produza na região.

• informalidade do setorCom algumas exceções, as indústria do pólo caracterizam bem o setor

moveleiro do Brasil, com a concentração nas pequenas e médias empresas. Nãose verificou nenhuma preocupação em padronizar sua linha de produção. Ainformalidade não é considerado problema por algumas empresas.

• porte de estabelecimentos industriaisO pólo caracteriza-se por médias e pequenas empresas. A maioria possui

acima de 50 empregados.

• qualidade das máquinas nacionaisVerifica-se o trabalho contínuo com equipamentos convencionais,

frequentemente obsoletos, na linha de madeira serrada.As empresas do pólo utilizam basicamente equipamentos nacionais, e não hádemanda por equipamentos importados.Os equipamentos de processamento mecânico em sua maioria, são do tipoconvencional que envolve bastante mão-de-obra braçal.

• baixos investimentos em designConfirmou-se a tendência à cópia de design de móveis a partir de feiras e

exposições de Móveis, apenas com pequenas modificações. As feiras eexposições de móveis no país e no exterior funcionam como polos de inspiraçãoem design e nessas ocasiões detalhes são detectados e posteriormenteincorporados ao mobiliário fabricado. Algumas empresas se utilizam de escritóriosde design independentes que desenvolvem projetos a pedidos dos clientes. Taisprojetos buscam características de mercado, próximas àquelas já atendidas porseus concorrentes, e atendem às exigências da linha de produção em relação aosmateriais utilizados. Outras, atendem sob encomenda os projetos exclusivos dearquitetos e designers para residências, escritórios, hospitais e, principalmente,hotéis da região, que funcionam como show-room da qualidade de seus produtos.

• qualidade da mão-de-obraO pólo se ressente de mão-de-obra especializada. As empresas recrutam seus

funcionários na região e fazem seus treinamentos nas próprias fábricas, sendo o

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turnover considerado baixo para o setor. Os processos utilizados são tradicionais,para madeira sólida.Há o caso de uma empresa, de maior porte entre as demais e exportadora, quemantém um curso básico de formação para adolescentes de 15 a 17 anos, comprincípios de marcenaria, e noções práticas de medidas e escalas. É uma formade tentar suprir essa carência de mão-de-obra especializada para o setor.

• lançamentos de ProdutosEmbora os móveis da região apresentem desenhos e estilos copiados, não

deixa o setor de se preocupar em atender as tendências da moda apresentadasem Feiras e exposições especializadas. Outras vezes, as empresas atendemorientações de decoradores e arquitetos para executar os projetos.

• destinação de resíduos dos processosA falta de preocupação com o meio ambiente é uma característica geral do

pólo. A abundância da madeira de espécies nativas na região reduz o foco sobreas florestas plantadas e manejadas.

AMBIENTE INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

• difusão das normas técnicasAs normas técnicas para a maioria dos móveis fabricados pelo pólo (salas, e

dormitórios) não foram ainda contemplados pela ABNT.O pólo não se ressente da falta de normas, o que se nota principalmente nasempresas que não exportam seus produtos.Quem exporta, busca manter a qualidade e a padronização em normas nacionaisexistentes de materiais: ex. colagem e espessura de compensados.

• sistemas de informaçãoApesar da existência de facilidade cada vez maior ao acesso às informações

via internet, as Associações e Sindicatos de classe da região ligados ao setordemonstraram carência muito grande em termos de informações atualizadas.Essa carência é sentida pelas empresas do setor, que buscam suprir através daconsulta a fornecedores e consultores.

DISTRIBUIÇÃO

• canais de distribuição para o mercadoNo pólo verificaram-se canais de distribuição para o mercado interno na forma

de distribuidoras e representantes. A distribuição é feita para o mercado internoatravés de representantes e, principalmente de estabelecimentos comerciais,muitas vezes próprios, para venda de produtos exclusivos e de outras marcas. Ou

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através de parcerias com terceiros, como arquitetos e decoradores, queencomendam os projetos sob medida. Não é comum a venda ao mercado externo.

• concorrência entre distribuidoresNão se verificou concorrência predatória.

• tradição exportadora da indústria nacional de móveisNo caso deste pólo, o fator mais importante verificado foi o nível de qualidade

inadequado para exportação, o que implica na falta de competitividade dosprodutos, além de pouca experiência comercial externa. A exceção de umaempresa de maior porte, que exporta 90% de sua produção de estofados para omercado de Porto Rico, a exportação não é uma característica deste polo.

CONSUMIDOR

• exigência do mercado internoO nível de exigência cresce com o poder aquisitivo da população. Os projetos

mais elaborados são aqueles construídos sob encomenda para hotéis turísticos daregião, projetados por decoradores e arquitetos.

• interação da indústria moveleira com o consumidor finalAs maioria das empresas possuem lojas próprias para a venda de seus

produtos, sendo a interação direta com o consumidor, da venda até a montagem.

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8.1.5 POLO MOVELEIRO DE SÃO BENTO DO SUL / RIO NEGRINHO (17 a 19 /10 / 2001)

MATÉRIAS-PRIMAS

• introdução de novas matérias-primasA maioria das indústrias visitadas em São Bento do Sul e Rio Negrinho (SC)

consome como matéria prima, principalmente, madeira maciça de pinus, madeirassem defeitos (clears) em painéis colados e com "finger joint", além de madeirasnativas, algum volume de eucalipto, chapas compensadas e "blockboard",revestidos com lâminas de madeiras decorativas. Este polo produz principalmentemóveis destinados à exportação, e neste caso, quase exclusivamente de madeiramaciça. Em apenas algumas empresas, e em linhas restritas, foi verificado o usode painéis à base de madeira, (aglomerado, chapas de fibras e MDF). Nestasempresas, embora alegadamente com alguma dificuldade, está-se iniciando aintrodução de móveis construídos com painéis no mercado de exportação.Os painéis à base de madeira, isto é, chapas aglomeradas e MDF destinam-se àprodução de móveis retilíneos destinados ao mercado interno ou, ainda emexperiência preliminar, à alguma exportação.Sempre haverá espaço para madeira serrada na produção de móveis de primeiralinha para o mercado de exportação e especialmente em componentes maistrabalhados ou móveis de estilo. Neste polo, os painéis à base de madeiradestinam-se claramente à fabricação de móveis para o mercado interno ou paraexportação a países em desenvolvimento, especialmente do Mercosul e daAmérica Latina.

• madeira maciçaO emprego de madeira maciça pelas indústrias do polo se deve ao tipo de

móvel fabricado. Os móveis de madeira maciça exportados pelas indústrias daregião são fabricados principalmente de pinus e eucalipto, e sempre que possível,certificados. As madeiras tropicais utilizadas na região são principalmente marupáou caixeta, curubixá, amesclão, amapá e ainda, algum mogno, quandoespecificado pelo cliente. Estas madeiras originam-se de serrarias da região norteou centro-oeste, e chegam ao polo moveleiro na forma de madeira serrada, secaao ar ou em estufa. Uma porção significativa das empresas do polo tem suaspróprias estufas de secagem, como forma de garantir a velocidade da operação ea qualidade da madeira utilizada como matéria-prima para os móveis fabricados.

• madeira de florestas plantadasAs indústrias deste polo moveleiro dependem com grande intensidade das

madeiras de reflorestamento, especialmente pinus, mas com crescenteimportância, também o eucalipto. Ênfase crescente também está sendo dado àmadeira certificada, de ambos gêneros. Na região existe a noção de que a

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madeira de pinus está-se escasseando, visto que os remanescentes florestaisestão sendo adquiridos por grandes grupos industriais, e que não estão ocorrendonovos plantios, principalmente por falta de incentivos.

• MDFEmbora ainda poucas empresas do polo utilizem grandes volumes de MDF, a

tendência é de crescimento, dada a intensificação da fabricação de móveisretilíneos, visando também atender o mercado nacional. O polo conta com umgrande fabricante de chapas MDF (Tafisa) na própria região, que além de fornecero produto, adquire das empresas moveleiras, resíduos de serra e plaina, desdeque limpos, como suprimento adicional de fibra para sua linha de produção.As chapas MDF não são utilizadas em linhas de móveis destinadas à exportação,mas já se verifica mesmo entre as empresas tradicionalmente exportadoras, oinício da introdução de painéis em suas linhas de fabricação de móveis destinadosao mercado doméstico.

• chapas de aglomeradosAssim como no caso das chapas MDF, os aglomerados são utilizados embora

em volumes pouco significativos neste polo, nas linhas de móveis destinados aomercado interno. Apesar do seu custo ser mais elevado, devido à uniformidade damatéria prima empregada, o produto resultante tem sido considerado de melhorqualidade. Os principais fabricantes que abastecem a região são a Tafisa e Placasdo Paraná. Os móveis de melhor qualidade que utilizam chapas como principalmatéria-prima, tem revestimento de lâminas de madeiras decorativas e este éconsiderado o melhor produto na linha de móveis à base de painéis de madeira.

ESTRUTURA PRODUTIVA

• verticalização da produçãoO processo de verticalização, isto é, a incorporação de áreas florestais,

passando pela produção de madeira serrada e seca em estufa, foi notado emumas poucas empresas. A principal causa citada está ligada à noção da escassezpróxima de matéria-prima disponível no mercado, visto que as florestasremanescentes estariam sendo adquiridas por grandes grupos industriais.Embora, na maioria das indústrias visitadas a verticalização não seja praticada,existe uma preocupação na região quanto à potencial escassez de madeira depinus a curto prazo, visto que pequenas plantações estão sendo compradas porgrandes grupos produtores de chapas ou de madeira serrada para exportação,para a formação e/ou expansão de áreas plantadas. Em virtude desta situação,algumas empresas estão precavendo-se, comprando e plantando pequenas áreasflorestais para garantir o futuro auto-abastecimento, ainda que parcial.

• informalidade do setor

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A informalidade é caracterizada principalmente por práticas desonestas naemissão de documentação de venda (“meia-nota”), o que tem sido combatido pelosetor no polo, pois representa competição desonesta. Embora o polo venhaatendendo a um mercado consumidor cada vez mais exigente tanto em preçoquanto em desempenho e qualidade, a informalidade afeta as empresas,especialmente aquelas que atendem o mercado interno. Mesmo sem práticasdesonestas quanto à documentação de venda, algumas empresas apontamprejuízos causados pela informalidade, na forma de preços menores praticadospor empresas familiares que, por não registrarem todos os empregados, podemapresentar menores custos de produção, e assim, menores preços de mercado.Igualmente apontada como informalidade, a cópia de design dos modelos demóveis de maior sucesso no mercado foi citada. Talvez o melhor resumo seja deque a informalidade afeta o setor no polo por permitir que permaneçam nomercado, móveis que de outra maneira não se viabilizariam.As empresas voltadas principalmente ao mercado externo não demonstram estarsendo afetadas pelas práticas de informalidade.

• porte de estabelecimentos industriaisComo acontece na grande maioria dos polos moveleiros, esta distribuição

caracteriza o setor e a própria cadeia produtiva. As micro e pequenas empresasrepresentam a maior proporção das unidades de produção. O critério de classificaras empresas pelo número de empregados passa a não ser o melhor, visto que asempresas de grande volume de produção estão mecanizando a maioria dasoperações repetitivas, melhorando a qualidade do produto e aumentando avelocidade da operação, mas também reduzindo a necessidade de empregadosnaquela tarefa.

• qualidade das máquinas nacionaisComo regra geral, as grandes empresas invariavelmente apresentam

maquinários novos, independente de origem nacional ou estrangeira. As indústriasvoltadas à exportação exigem máquinas de maior precisão e velocidade deoperação, e por estas razões, preferem maquinário importado, geralmente da Itáliaou da Alemanha. O exemplo principal é o dos centros de usinagem, geralmenteitalianos, que proporcionam operações precisas e rápidas, com excelenteacabamento. O maquinário de origem nacional é principalmente aquele destinadoàs operações mais simples, e geralmente primárias, como desempeno,desengrosso, primeiro lixamento, furação simples, etc.As empresas voltadas ao mercado nacional, que podem estar utilizando painéis àbase de madeira, utilizam-se de equipamentos tanto estrangeiros quantonacionais, frequentemente fabricados no sul do Brasil, com bom desempenho.Não são frequentes neste polo as máquinas de auto-ajuste, não só mais precisas,mas que possibilitam o ajuste rápido e automático, com troca de dispositivos, pormeio de computadores, em tempo drasticamente pequeno. Estas máquinas sedestinam à operações em empresas que fabricam grandes volumes de móveiscomponíveis e personalizados.

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• investimentos em designAlgumas indústrias grandes, com marcas bem conhecidas no mercado, têm

investido em design, contando com departamentos próprios de design, emboraseja este o caso mais raro, ou com escritórios de design, ou ainda comprofissionais, geralmente terceirizados.Normalmente, no caso de exportação, o design do modelo já vem especificado,em projetos detalhados, ou em outros casos, em protótipos fabricados no paísimportador. Por vezes, tal design pode ser modificado, geralmente para facilitarou mesmo viabilizar o processo de produção. No caso de vendas para o mercadointerno, utilizam-se serviços terceirizados de design. Já se verifica que o mercadonacional reconhece, exige e remunera o design, embora esta seja ainda umavisão isolada. Para certos mercados, como os países árabes e da América Centrale do Sul, é utilizado o mesmo design que para o mercado interno.Verificou-se também, pelo menos em uma empresa, a preocupação quanto ànecessidade de patentes. Neste caso, a situação foi deflagrada por um episódiode cópia de móvel previamente ao seu lançamento. Atualmente, os lançamentossão precedidos pelo pedido de depósito de desenho industrial que é feito porescritório especializado.Como regra geral, reproduz-se a mesma situação verificada em vários outrospolos, ou seja, a cópia de designs publicados em revistas especializadas, sejamestas nacionais ou estrangeiras.

• alterações de lay-out de equipamentos na fábricaNão foram notados destacadamente modificações recentes de lay out, visto

que tais mudanças ocorrem naturalmente à medida em que se necessita mudançana linha de produção, ou por agregação de algum equipamento às linhas jáoperantes.

• qualificação da mão-de-obraNa região, que é um centro tradicional de fabricação de móveis, com

predominância do móvel de madeira maciça, a mão-de-obra é local, com baixarotatividade, embora a baixa produtividade tenha sido apontada como umproblema. O treinamento dos empregados é basicamente feito na fábrica, emperíodo de aprendizado imediato à contratação. Há escassez de mão-de-obraespecializada, e para sanar tal situação, foram implantadas na região, estruturasde formação e treinamento de mão-de-obra como o Senai e a Escola TécnicaTupy.Adicionalmente, para reduzir o problema da rotatividade de pessoal treinado,algumas indústrias vêm provendo incentivos materiais e mesmo financeiros. Oincentivo à educação é praticado. Nas empresas incentiva-se o treinamentomultifuncional, como medida de prevenção à necessidade eventual de demissões.É notável a valorização da profissão de Tecnólogo Moveleiro, centrada naprodução, embora tenha sido apontada a falta de base química. Valoriza-se

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também a relação empresa-universidade, buscando-se otimizar a interaçãoempresa-UDESC/Fetep. A dinamização das relações das empresas com osistema Senai/Fetep é apontada como extremamente necessária. Foi citadatambém a UNC (Universidade do Contestado) com seu curso de Design, em RioNegrinho.

• treinamento de mão-de-obra para o uso de equipamentosDado o mercado a ser atingido, são necessários equipamentos de alta

produtividade e de precisão no acabamento. Para operá-los é necessária mão-de-obra qualificada e treinada. Os equipamentos podem ser rapidamente importadose postos em operação; a qualificação e o treinamento de mão-de-obra sãooperações muito mais demoradas e que requerem planejamento a longo prazo ecuidadosa implementação.

• processos de acabamento de superfíciePredominância do uso de madeira maciça com superfícies cuidadosamente

acabadas e trabalhadas para dar envelhecimento e uso artificiais.

• destinação de resíduos dos processosPreocupação presente em relação à disposição de resíduos de processo. Os

resíduos de madeira não contaminada são vendidos como matéria-prima para afabricação de chapas MDF ou para granjas avícolas. Os resíduos de chapas sãovendidos ou doados para incineração, sem quaisquer outros cuidados.

• lançamentos de produtosProdutos com design especificado pelos importadores; no mercado nacional,

numerosos lançamentos, a praticamente toda temporada, com o intuito de ganharmercado.

AMBIENTE INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

• difusão das normas técnicasA padronização, normalização e especificação das dimensões básicas dos

móveis bem como da sua resistência mecânica e durabilidade são itens que fazemfalta aos fabricantes durante o projeto e produção dos móveis. Basicamente sãoreferidas como normas de desempenho e normas de dimensões, e sente-se suafalta mas reconhece-se que há falta de seriedade no seu atendimento. Estasituação é reconhecida nos móveis infantis, especialmente berços.

• sistemas de informaçãoCarecem as fontes de informações técnicas. Foram citadas na maioria das

entrevistas os fornecedores de insumos, como produtos químicos, especialmentequanto às informações sobre acabamentos e propriedades, e maquinário. Oscentros técnicos de apoio às indústrias da região são pouco procurados, mesmo

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para os problemas mais simples, mas têm de certa forma, contribuído com aexecução de testes e ensaios mais simples. Algumas organizações citadas forama FETEP/Senai e a UDESC. Outras instituições de fora do estado também têmsido são procuradas em casos mais sérios, sendo o IPT citado várias vezes.Também foram citadas a UFPr, o TecPar, e o Cetmam. As pesquisas via internettambém têm facilitado acesso às informações inerentes ao setor.

DISTRIBUIÇÃO

• canais de distribuição para o mercado externoA distribuição no mercado de exportação é feita através de agentes

distribuidores, enquanto que no mercado nacional a distribuição é feita através delojas, geralmente multimarcas. Alguns grandes fabricantes possuem lojas próprias,com “show rooms” nas grandes cidades e aí concentram seus esforços de venda.Nos centros consumidores menores, os fabricantes trabalham comrepresentantes, que vendem diretamente aos consumidores.Em caso específico de exportação de camas-beliche para a França, verificou-se aembalagem do produto sem qualquer identificação do fabricante, num claroexemplo de que dada a qualidade do produto, o importador/distribuidor afixariasua própria marca e comercializaria o produto como de sua fabricação.• concorrência dos distribuidores

As características do polo são de exportação desde longa data, paraimportadores com os quais uma relação de confiança já foi estabelecida. Não severificou assim qualquer indicação de concorrência predatória.

• tradição exportadora da indústria nacional de móveisO polo é o maior polo de exportação de móveis do país, responsável por mais

de 60% do total da exportação do setor. A exportação destina-se aos EUA (60%) eà Europa (40%). A porção das exportações destinada aos países emdesenvolvimento é pequena: quando ocorre não chega a 10% do total exportado.Algumas empresas dividem seus mercados de exportação em proporçõesdistintas: a maior empresa direciona cerca de 70% de suas exportações à Europa.

CONSUMIDOR

• exigência do mercado internoO mercado importador é extremamente exigente em matéria de qualidade e

em especial, nos prazos de entrega. De nada valem justificativas se o prazo deentrega não for cumprido. O consumidor interno, especialmente aquele de melhorpoder aquisitivo também está muito exigente em matéria de qualidade, respaldadopela legislação em vigor, e tem obrigado os produtores em investir cada vez maisem design, em pesquisa de materiais e em testes para dar maior garantia quantoà durabilidade e desempenho mecânico.

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• interação da indústria moveleira com o consumidor finalO principal consumidor dos produtos do polo é o mercado internacional, com o

qual a interação é das melhores. Nas entrevistas, foi citada a constante interaçãoentre clientes e fornecedores, inclusive a concorrência entre os fabricantes demóveis de um determinado tipo ou categoria é um dos fatores que vempromovendo maior interação entre consumidor e produtor, não esquecendo aimportância da identificação da tendência em questão.

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8 .1.6 POLO MOVELEIRO DE UBÁ (29 a 31 / 10 / 2001)

MATÉRIAS-PRIMAS

• introdução de novas matérias-primasAs indústrias do polo utilizam basicamente painéis de madeira (MDF, muito

aglomerado e pouco compensado), e também pouca madeira maciça. Os painéisaglomerados são revestidos com lâminas de espécies nativas (Ex.: grubixá).Dentre as espécies para madeira maciça, o pau-marfim oriundo do Paraguai é omais utilizado, usa-se também caixeta ou marupá, andiroba, eucalipto (Lyptus®) epinus. O eucalipto e o pinus são usados para as estruturas de estofados.Há uma parceria entre empresas italianas e brasileiras para trazer matéria-prima(chapas).Entre os materiais novos, o MDF está sendo introduzido ao lado do aglomeradopara compor armários, racks, e estantes.

• madeira maciçaO pólo utiliza pouca madeira maciça, pois predomina o uso de chapas de

madeira, principalmente o aglomerado para estantes, armários racks. Algumasespécies são utilizadas em lâminas para revestimento das chapas de madeira, é ocaso da grubixá. Quando a madeira maciça é utilizada, são citadas espécies comocaixeta ou marupá, andiroba, algo de madeira de florestas plantadas, eprincipalmente o pau-marfim oriundo do Paraguai.

• madeira de florestas plantadasAs espécies de madeira de florestas plantadas utilizadas pelas indústrias demóveis estofados são o pinus e o eucalipto, principalmente o Lyptus daAracruz, nas classes que admitem o maior número de defeitos, embora outrasorigens tenham sido detectadas. Na indústria de estofados, a madeira éutilizada na armação ou “esqueleto” de sofás, cadeiras e poltronas.

Em relação ao eucalipto, as indústrias tem sentido a queda de qualidade destamatéria-prima, tendo em alguns casos proceder à secagem da madeira para evitarproblemas de acabamento.

• MDFO MDF é utilizado em armários, estantes e racks, embora o uso do aglomerado

ainda seja predominante.

• chapa de aglomeradosAs chapas de aglomerado (cru e folheado) são a principal matéria-prima do

setor no pólo. O Intersind constatou que as empresas fornecedoras de chapasditam ao setor o que comprar, como forma de cartelização.

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Os fornecedores são a Satipel, Tafisa, Duratex, Eucatex, Masisa e Placas doParaná.

ESTRUTURA PRODUTIVA

• verticalização da produçãoNão há verticalização.

• informalidade do setorHá informalidade do setor no polo, atrapalha, mas não há reação do

empresariado contra a existência dessas pequenas marcenarias, apesar dospreços mais reduzidos apresentados por estas.

• porte de estabelecimentos industriaisO polo caracteriza-se por médias e pequenas empresas. A maioria possui

acima de 50 empregados. Foram visitadas empresas entre 40 e 160 funcionários.

• qualidade das máquinas nacionaisVerifica-se o trabalho contínuo com equipamentos convencionais,

frequentemente já obsoletos. As empresas do pólo utilizam basicamenteequipamentos nacionais (seccionadoras, infravermelho, ultravioleta e centros deusinagem). Há a intenção de adquirir equipamentos importados, apesar dasdificuldades apresentadas para compra e manutenção.Os equipamentos de processamento mecânico em sua maioria, são do tipoconvencional que envolve bastante mão-de-obra braçal.

• investimentos em designA maioria das empresas possuem profissionais próprios de design. O desenho

dos móveis são baseados em tendências de mercado e em adaptações demodelos de revistas, feiras no Brasil e no exterior. As feiras e exposições demóveis no país e no exterior funcionam como polos de inspiração em design enessas ocasiões detalhes são detectados e posteriormente incorporados aomobiliário fabricado.

• qualidade da mão-de-obraO pólo possui mão-de-obra local abundante, mas pouco qualificada. A

preocupação de suprir essa carência verifica-se através de programasincentivados por empresas e instituições educacionais, que estão sendoimplantados pelo Intersind e o Senai. O Senai tem cursos de marcenaria, técnicamoveleira e design de móveis.É comum verificar mão-de-obra feminina em atividades de acabamento dosmóveis.

• processos de acabamento de superfície

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Os métodos de acabamento são tradicionais, tingimento, seladora, lixamento everniz, variando apenas o número de mãos de cada um.

• lançamentos de produtosEmbora os móveis da região apresentem desenhos e estilos copiados, não

deixa o setor de se preocupar em atender as tendências da moda apresentadasem Feiras e exposições especializadas. Outras vezes, as empresas atendemorientações de decoradores e arquitetos para executar os projetos.

• destinação de resíduos dos processosA falta de preocupação com o meio ambiente é uma característica geral do pólo. Aabundância da madeira de espécies nativas na região reduz o foco sobre asflorestas plantadas e manejadas.

AMBIENTE INSTITUCIONAL E ORGANIZACIONAL

• difusão das normas técnicasAs normas técnicas para a maioria dos móveis fabricados pelo pólo (salas, e

dormitórios) não foram ainda contemplados pela ABNT. Há a consciência danecessidade do uso de normas pelas indústrias, principalmente para exportação.E alguns ensaios são feitos no SENAI (esforços).Uma das empresas, que fabrica berços, usa Normas da ABNT.

• sistemas de informaçõesApesar da facilidade cada vez maior ao acesso às informações via internet, as

Associações e Sindicatos de classe da região ligados ao setor demonstraramcarência muito grande em termos de acessibilidade e informações atualizadas.Essa carência é sentida pelas empresas do setor, que buscam suprir através daconsulta a fornecedores e parcerias.

DISTRIBUIÇÃO

• canais de distribuição para o mercado externoVerificou-se a presença de um consórcio de exportadores, SETEX - Setor e

Estratégias para Exportação, organizado pelo sindicato do setor (Intersind),Sebrae, e Apex, que conta com 21 empresas. Há também 13 empresasparticipando de um movimento que busca nichos para exportação, o MovExport.Algumas empresas exportam e basicamente para países do Mercosul, a tendênciaé a ampliação do mercado para os EUA e Europa.No mercado interno (regiões SE, NE e Paraná), a maioria das empresas possuemrepresentantes nos estados, e venda em lojas multimarcas. O transporte e adistribuição são terceirizados.

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• concorrência entre distribuidoresNão se verificou concorrência predatória.

• tradição exportadora da indústria nacional de móveisApesar do número reduzido de empresas envolvidas, há a tentativa de

organizar as atividades comerciais ao exterior, através de movimentos(MovExport) e consórcios de vendas (Setex) de empresas exportadoras, quebuscam alcançar qualidade e quantidade para atender o mercado interno eexterno.

CONSUMIDOR

• exigências do mercado internoA grande maioria do mercado consumidor atendido pelo setor representa as

classes sociais B e C, e é pouco exigente. Os fornecedores e distribuidores ditamas tendências de mercado.

• interação da indústria moveleira com o consumidor finalNão há interação com o consumidor final. As necessidades do mercado são

detectadas através de pesquisas junto aos fornecedores e distribuidores.

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TABELA 1 - INDÚSTRIAS DE MÓVEIS - SEGMENTAÇÃO POR PORTE

PORTE Nº EMPREGADOS Nº EMPRESAS PARTICIPAÇÃO (%) EMPREGOS PARTICIPAÇÃO (%)GRANDES > 500 9 0,1 5.964 3,6MÉDIAS 100 – 499 239 1,6 45.357 27,0

PEQUENAS 20 – 99 1486 10,0 57.565 34,4MICRO 0 – 19 13.132 88,3 58.557 35,5TOTAL – 14.866 100,0 167.443 100,0

E:FONTE: RAIS / MTb (1998); Silva e Oliveira (2001)

TABELA 2INDÚSTRIAS DE MÓVEIS - SEGMENTAÇÃO POR MATÉRIA – PRIMA

SEGMENTO Nº EMPRESAS PARTICIPAÇÃO (%) Nº EMPREGOS PARTICIPAÇÃO (%)MADEIRA 13.528 91,0 138.978 83,0METAL 580 3,9 14.735 8,8

PLÁSTICO 104 0,7 2.344 1,4MONTAGEM/ACABAMENTO 45 0,3 335 0,2

ARTEFATOS 609 4,1 11.051 6,6TOTAL 14.866 100,0 167.443 100,0

FONTE: MDIC (2001); Silva e Oliveira (2001) e elaboração própria

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GRÁFICO 1 - INDÚSTRIA DE MÓVEIS - DISTRIBUIÇÃO POR ESTADOS

3.329(22,4%)

4.014(27,0%)

1.591(14,0%)

2.037(13,7%)

1.814(12,0%)

1.591(10,7%)

SP

OUTROS

SC

PR

MGRS

ESTADO Nº EMPRESAS PARTICIPAÇÃO (%)SÃO PAULO 4.014 27.0

RIO GRANDE DO SUL 2.081 14.0MINAS GERAIS 2.037 13.7

PARANÁ 1.814 12.2SANTA CATARINA 1.591 10,7

OUTROS 3.329 22,4BRASIL 14.866 100,0

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GRÁFICO 2 - INDÚSTRIA DE MÓVEIS - HISTÓRICO DAS EXPORTAÇÕESBRASILEIRAS

305.

258,

56

353.

081,

42

395.

087,

99

393.

154,

63

577.

033,

37

922.

907,

83

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

1.000.000

1995 1996 1997 1998 1999 2000

A N O E X P O R T A Ç Õ E S E MU S $ 1 . 0 0 0

E X P O R T A Ç Õ E S E MR$ 1 .000 ,00

1 9 9 5 336 .558 ,51 305 .258 ,561 9 9 6 351 .324 ,80 353 .081 ,421 9 9 7 366 .331 ,01 395 .087 ,991 9 9 8 338 .081 ,21 393 .154 ,631 9 9 9 385 .202 ,52 577 .033 ,372 0 0 0 488 .828 ,31 922 .907 ,82

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CADEIA PRODUTIVA MADEIRA E MÓVEIS

FLORESTA NATIVA SERRARIA

LAMINADORAS

IND. DE PAINÉISFLORESTAPLANTADA

IND. QUÍMICA

IND. METALÚRGICA

IND. TÊXTIL ECOUROS

(1)MADEIRA MACIÇA

(2)PAINÉIS

(3)PRODUTOSQUÍMICOS

(4)PLÁSTICOS

(5)METAIS

(6)RECOBRIMENTO

INDÚSTRIA

DE

MÓVEIS

REPRESENTANTESATACADISTAS

EXPORTAÇÃO

CONSUMIDOR

LOJAS PRÓPRIASMAGAZINES

LOJASMULTIMARCAS

DISTRIBUIDORES

Σ

Σ

Σ

TERCEIROS

ORIGENS INSUMOS/

MATÉRIA PRIMA

INDÚSTRIA DISTRIBUIÇÃO CONSUMIDOR

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LEGENDA DA CADEIA PRODUTIVA

INSUMOS / MATÉRIA - PRIMA

(1) MADEIRA MACIÇAserrada ou torneada, verde ou seca (ar ou estufa), ou blocos colados

(2) PAINÉISlâminas de madeira, madeira compensada, chapas de madeira aglomerada,chapas de fibras (chapas duras e MDF)

(3) PRODUTOS QUÍMICOStintas e vernizes, adesivos e resinas

(4) PLÁSTICOSplástico para injeção, filmes, laminados, espumas e componentes (puxadores,dobradiças, molduras e fitas)

(5) METAISaço plano ou tubular e componentes (puxadores, dobradiças e corrediças)

(6) RECOBRIMENTOtêxteis, e couros naturais ou artificiais

têxteis, e couros naturais ou artificiais

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GRÁFICO 3 - INDÚSTRIA DE MÓVEIS - VALORAÇÃO DA PRODUÇÃOPOR SEGMENTO

2.49

2

2.93

6

5.86

4

8.80

00

1 . 000

2 .000

3 .000

4 .000

5 .000

6 .000

7 .000

8 .000

9 .000

MP

+

INS

UM

OS

IND

.

MO

VE

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A

DIS

TRIB

UIÇ

ÃO

TO

TA

L

S E G M E N T OV A L O R D AP R O D U Ç Ã O

E M R $ M I L H Õ E SM A T É R I A - P R I M A + I N S U M O S 2 . 4 9 2

I N D Ú S T R I A M O V E L E I R A 2 . 9 3 6

D I S T R I B U I Ç Ã O 5 . 8 6 4

T O T A L 8 . 8 0 0

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INDÚSTRIAS MOVELEIRAS

P Ó L O S E M P R E S A SV I S I T A D A S

V o t u p o r a n g a – S P 7

A r a p o n g a s – P R 7

B e n t o G o n ç a l v e s – R S 1 2

F o r t a l e z a – C E 7

S ã o B e n t o d o S u l – S C 8

U b á – M G 6

T O T A L 4 7

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RESUMO DA CARACTERIZAÇÃO DOS PÓLOS MOVELEIROS

Pólos MoveleirosFatores Críticos

Votuporanga Arapongas BentoGonçalves

Fortaleza São Bento doSul

Ubá

Madeira Maciça§ Nativa x x x x x x x x x§ Reflorestada x xx xxx xPainéis§ Aglomerados x x x x x x x x - x x x x x§ MDF x x x x x x x - x x x xM

atér

ia-p

rim

a

§ Compensado/sarrafeado x - x x x x xVerticalização - - x - x x -Terceirização x - x x x x x xInformalidade + + + + + + + + + + +Predominância MPE’s + + + + + + + + + + + + + + +Nível Tecnológico Máquinas x x x x x x x x x x x x xE

stru

tura

Pro

du

tiva

Investimento em Design x x x x x x x x x x x xDormitórios + + + + + + + + + + + + + + + +Salas + + + + + + + + + + + + + + +Cozinhas - + + + + + - + + + + +Infantis + + + + - + + + +Estofados + + + + + + + + +P

rin

cip

ais

Pro

du

tos

Projetados/componíveis - - + + + + + + + + +

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Pólos MoveleirosFatores Críticos

Votuporanga Arapongas BentoGonçalves

Fortaleza São Bentodo Sul

Ubá

Normas Técnicas - - x x - x x -

Sistema de Informação x x x x - x x -Ambiente

Institucional eOrganizacional

Centro de Pesquisa eEducação

x x x x x - x x x

Lojas Próprias - + + + + + + + + + -

Cadeias Lojas Multimarcas + + + + + + + + + + + + + + + +

Representação + + + + + + + + + + + + +

Tradição em Exportação x x x x x x x x x x x

Principais Regiões S, SE, NE S, SE, CO S, SE, CO N, NE, SE S, SE N, NE, SE

Distribuição

Embalagem x x x x x x x x x x x

Rotatividade + + + + + + + + + + +

Treinamento/capacitação x x x x x x x - x x x x

Disponibilidade + + + + + + + + + + + + + + +Mão-de-obra

Valorização/incentivos x x x x x x - x x x x

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Exigências do mercadointerno

x x x x x - x x x xConsumidor

Interação x x x x - x x x -

Condições de trabalho - x x x x - x x x -Meio Ambiente

Resíduos - Disposição x x x x x x x - x x x x

Legenda

x x x muito importante / alto x x moderadamente importante / médio x pouco importante / baixo

+ + + muito incidente / alto + + moderadamente incidente / médio + pouco incidente / baixo

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INDÚSTRIA DE MÓVEIS - INVESTIMENTOS

PÓLOS (dados em %) INVESTIMENTOS

1996/1997 Votuporanga Arapongas Bento

Gonçalves São Bento

do Sul Ubá

Acima de R$ 500mil 15 13 52 43 10

De R$ 100 mil a R$500 mil 15 46 15 28 54

Menos de R$ 100mil 47 33 33 22 18

Investiram 77 92 100 93 82

Não Investiram 23 8 0 7 18

Total 100 100 100 100 100

PÓLOS (dados em %) RENOVAÇÃO DOPARQUE

INDUSTRIAL

1996/1997 Votuporanga Arapongas

BentoGonçalves

São Bentodo Sul

Ubá

Acima de 30% 29 22 24 14 27

De 10% a 30% 5 38 36 36 55

Abaixo de 10% 43 32 40 50 0

Investiram 77 92 100 93 82

Não Investiram 23 8 0 7 18

Total 100 100 100 100 100

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INDICADORES PARA MAIOR COMPETITIVIDADE

• madeira maciça

• painéis de madeira

• outros insumos

TECNOLOGIA

• modernização de maquinário

• processo produtivo

• acabamento

• uso de outros materiais

• produtos / normas

• centros de tecnologia

MÃO - DE - OBRA

• qualificação

• formação e treinamento

• valorização (social)

DESIGN

• desenvolvimento / aplicação

• valorização (conceito amplo)

MERCADO / CONSUMIDOR

• relações interativas

• prospecção / tendências

• relação valor / preço

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9. PERFIL DE ESPECIALISTAS PARA APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIODELPHI

1 MATÉRIA-PRIMA E OUTROS INSUMOS: (26 ESPECIALISTAS)• produtores de madeira (plantadores)• produtores de madeira serrada e beneficiada• industriais da área de compensados, aglomerados, chapas de fibra e MDF• profissionais das indústrias de adesivos, resinas, tintas e vernizes• profissionais do setor de plásticos e metais (componentes)

2 INDÚSTRIA: (30 ESPECIALISTAS)• representantes das associações das indústrias e sindicatos moveleiros de

diferentes pólos• representantes de associações nacionais (CNI, ABIMÓVEL, ...)• industriais líderes de diferentes pólos moveleiros

3 MEIO AMBIENTE: (4 ESPECIALISTAS)• agências reguladoras

4 DESIGN: (4 ESPECIALISTAS)• associações de designer• escolas de Belas Artes e desenho industrial• designers industriais renomados

5 MERCADO/CONSUMO: (6 ESPECIALISTAS)• agentes e outros profissionais ligados à exportação• pessoal ligado a agências governamentais reguladoras (p.ex.: SECEX)• institutos de defesa do consumidor (IDEC, PROCOM)

6 DISTRIBUIÇÃO: (6 ESPECIALISTAS)• representantes de cadeias de lojas e magazines• sindicato de montadores de móveis

7 TECNOLOGIA/NORMALIZAÇÃO/CERTIFICAÇÃO:(12 ESPECIALISTAS)• representantes de institutos multidisciplinares de madeira e móveis (IPEF,

FUPEF, SIF, LPF)• pessoal ligado a ABNT, INMETRO, SBS e comitês de certificação• dirigentes e responsáveis técnicos dos SENAIS moveleiros• representantes de órgãos certificadores

(TOTAL = 88 ESPECIALISTAS)

9.1 Cadastro De Especialistas

A relação de especialistas foi construida durante a realização da pesquisa, combase na experiência acumulada na Divisão de Produtos Florestais, obedecidosos critérios recomendados na metodologia Delphi.

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Eventuais consultas a qualquer dos especialistas que aparecem na relação quesegue, deve ser procedida de consulta a este Instituto.

• ABIMÓVEL – E.Lima; P.Pamplona (Mercado, Tendências, Indústria,Associação de Classe)

• Artcola – Insumos/Resinas/Adesivos• Tok Stok – H. H. al-Qureshi (Tendências do Mobiliário)• Compasso D´Oro - E. Grinover (Mercado/Indústria/Tendências)• ABIPA – R.D. Donatti (chapas/indústria/aglomerado)• ArtDesign Editora - MH Estrada (tendências/design)• Artefama - Á. Weiss (indústria/móveis/polo exportador)• Faculdade de Belas Artes - E. P. Stephan; E. Pinatti (tendências/formação-

pessoal)• Marx – A. Marx (Design/tendências/certificação)• CAF - S. Toninello ( produção/madeira certificada/eucalipto)• P. Santana – Editor/revista tendência/interiores• Eucatex - Andrea Krause (chapas de partículas/materiais/marketing)• M. Eister – Produção/indústria/escritório• FIESP - C. Malaguti –(design/formação de pessoal/empresas)• FLOSUL - L. Menezes (painéis EGP/mad.reflorestada)• FETEP/CTM - Oscar Ruthes (polo exportador/pesquisa)• Hettich Plastipar - Fábio Amâncio Jr. (ferragens para móveis)• IBAMA/LPF - Maria H. de Souza (pesquisa)• KLABIN - J. Valmir Calori (madeira certificada/produção)• UFViçosa - José G. de Lelles (pesquisa/painéis)• BFDesign - Marili Brandão (Tendência/Design)• SENAI/Cetemo/RS - Gilvandro Mâncio (tecnologia)• MIL - R. Scop (madeireira/mad certificada)• Rudnick (produção/ móveis/exportação)• SAYERLACK – L. Eduardo/Cristina (insumos/resinas/acabamentos)• SINDIMOV (mercado/tendências)• ALBA - Mario de Andrade – resinas/insumos/adesivos• Duratex (MDF e aglomerados)• Tafisa (MDF e aglomerados)• MOVERGS – P.R. Barros• CARRARO – A. de Gasperi• TODESCHINI – P. Farina• SINDIMADEIRA – E. Zatti (madeira de reflorestamento)• FUNTAC – M. J. Ferreira (matéria-prima tropical)• Battistella Ltda (madeira de reflorestamento)• Terranova Brasil Ltda. (madeira de reflorestamento)• AIRVO (produção de móveis)• SIMM (produção de móveis)• FUVEC/CEMAD (tecnologia/mão de obra)

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• SIMA (produção de móveis)• SINDMÓVEIS (produção de móveis)• MADEM (produção de móveis/exportação)• IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor• Florense (produção/comercialização)• Design Art (Design/tendências)• Móveis James (produção/exportação)• PROCON-SP (representação de consumidor)• ABRAS –Associação Brasileira de Supermercados• IMAFLORA (certificação florestal)• ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

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10. ESTUDO PRELIMINAR DA APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DELPHI -CENÁRIOS

10.1 Cenário I: crescimento aceleradoCom base no crescimento da economia e estabilidade da moeda, a atividadeda cadeia produtiva madeira e móveis intensifica-se e aumenta a produção, apartir da criação de novos postos de trabalho, com pessoal mais qualificado.

Os melhores salários ao longo da CP auxiliam na distribuição mais homogêneara renda e aumentdo do poder aquisitivo da população.

O equilíbrio do comércio entre blocos econômicos favorece o grande aumentodas exportações de móveis de boa quailidade dentro da ALCA, principalmentepara o mercado americano. A melhoria da balança comercial resulta em maiorinvestimento no setor enérgético, disponibilizando energia elétrica para finsindustriais, com base no seu crescimento.

As melhores condições da CP resultam na elevação do nível tecnológicopraticado na indústria de móveis, a partir da adoção de modernas tecnologias,facilidades de investimento em equipamentos nacionais e na importação deequipamentos estrangeiros, e com melhores características de precisão eprodutividade. A modernização da tecnologia resulta em processos otimizados,reduzindo a geração de resíduos.

10. 2 Cenário II – crescimento gradativo e sustentado

A estabilização da economia desde 1994, fez com que a produção industrialpassasse a crescer de uma forma sustentada, com base no trabalhoprofissional de mão de obra capacitada, com discreto aumento dos postos detrabalho. O poder aquisitivo da população melhora razoavelmente, refletindo-se noaumento do consumo de móveis. Na área internacional, as relações comerciaiscom o Mercosul e a União Européia, resulta em aumento discreto dasexportações de móveis. O crescimento da produção industrial basiea-se no uso mais racional deenergia, através da sua conservação. Tal enfoque e iniciativa propicia ummoderado e gradual avanço tecnológico no sistema produtivo, resultando naredução de resíduos.

10. 3 Cenário III – estagnação do crescimento

Com o agravamento da crise econômica e social, tornam-se os investimentos,tanto na área de produção, como em P&D muito escassos. Esta crise vemrefletindo negativamente no crescimento das exportações que, por sua vez,vem agravado a situação social com o aumento do indice de desemprego. Com

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a manutenção da crise, torna-se obrigado a diminuir o ritmo de produção dadoao decréscimo da perda do poder aquisitivo da população e à concentração derenda nas classes sociais mais altas. A produção de móveis tendo que reduzir os custos de produção desascelerado,o desenvolvimento tecnológico e também em termos de qualidade do produtoacabado, procurando reduzir o preço de venda devido ao baixo poder aquisitivodo consumidor, conforme já citado.

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10. 4 Fatores e estados futuros plausíveis

MATRIZ

Postos de trabalho

ESTADO 1 ESTADO 2 ESTADO 3 ESTADO 4

Educaçãoprofissionalizante

Distribuição darenda per capita

Negociação porblocos econômicos

diminuem mantêm-se

Muitoconcentrada

ALCA IIRedução

de energia

Maisconcentrada

Poucoconcentrada

ALCA IGrande

aumento de exp.

MSUL + EUAumento

significativo de exp.

MERCOSULAumento

discreto de exp.

• Fatores sociais:

aumentamantem-se

aumentam

• Fator econômico:

• Fator político:

Prog. energético

Nível tecn. doprocesso

Uso de resíduos

Maior dispon. de energia

Manutençãoda crise energ.

estagnação

Conservaçãode energia

Avanço moderado Grande avanço

combustãoRedução da geraçãoreciclagem

Fontesalternativas

• Fatores tecnológicos:

• Fator Ambiental:

Cenário I

Cenário II

Cenário III

LEGENDA:

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10. 5 Elementos do questionário DELPHI

HORIZONTE TEMPORAL: 10 anos, período apropriado à maturação da MP(madeira reflorestada), e período indicado pelo Comitê de Prospecção da CPMadeira e Móveis.

CENÁRIOS DE CONTEXTO: Cenário I - Crescimento acelerado; Cenário II -Crescimento gradativo e sustentado; e Cenário III - Estagnação.

FC E FORÇAS QUE INFLUENCIAM: A disponibilidade de madeira serrada defloresta plantada (pinus) é considerada fator crítico, na qual atuam as seguintesforças limitantes: introdução de novas MPs, oferta e uso de MDF e aglomerado;e forças propulsoras, tais como a tecnologia de máquinas nacionais e osinvestimentos em design.

DADOS DE ANÁLISE DIAGNÓSTICA: Atualmente são cortados 160 mil ha depinus/ano, resultando em 4,5 milhões de m³ de pinus para móveis. Parasustentabilidade, a mesma área deveria ser plantada anualmente. Hoje sãoplantados somente 110 mil ha, o que significa um déficit de 50 mil ha, ou seja,3,5 milhões de m³).

BIBLIOGRAFIA

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Curitiba, Paraná.• Bacha, C. J. C. (1999). O sistema agro-industrial da madeira – Preços

Agrícolas, ESALQ/USP.• Cagnoni, F. (1995). Madeira Industrializada – avaliação estratégica –

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