CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

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SEMANA DE FILOSOFIA UFC

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CADERNO DE RESUMOS DO

I ENCONTRO DE

PESQUISA EM FILOSOFIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

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COMISSÃO ORGANIZADORA DO I ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFC

Docentes:

Evanildo CosteskiJosé Carlos Silva de Almeida

José Maria ArrudaMaria Aparecida de Paiva Montenegro

Odílio Alves Aguiar

Alunos:

Ediane Soares BarbosaItanielson Sampaio CoqueiroJoão Wilame Coelho Graça

José Aldo Camurça de Araujo NetoZila Tavares Peixoto

Willam Gerson de Freitas

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CADERNO DE RESUMOS DO

I ENCONTRO DE

PESQUISA EM FILOSOFIA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

EDITORESODILIO ALVES AGUIAR

JOSÉ CARLOS SILVA DE ALMEIDA

FORTALEZA2009

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Encontro de Pesquisa em Filosofia da Universidade Federal do Ceará, I, Fortaleza-Ce, realizado nos dias 20-23 de outubro de 2009

Editado por Odílio Alves Aguiar e José Carlos Silva de Almeida, Fortaleza, Universidade Federal do Ceará/ICA, 2009

240 p. 1. Filosofia – pesquisa. I. Aguiar, Odílio Alves II.Almeida, José Carlos Silva III. Título

CDD: 100

REALIZAÇÃO:CURSO DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

EM FILOSOFIA DA UFC

APOIO

Os resumos são de responsabilidade exclusiva dos pesquisadores

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARá

ReitorJesualdo Pereira Farias

Pró-reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoGil de Aquino Farias

Diretor do Instituto de Cultura e ArteCustódio Luis Silva de Almeida

Coordenador do Curso de Graduação em FilosofiaJosé Carlos Silva de Almeida

Coordenador do Curso de Pós-Graduação em FilosofiaOdílio Alves Aguiar

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SUMáRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................ 9

PROGRAMAÇÃO GERAL ......................................................... 11

PROGRAMAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES ............................... 15

RESUMOS ................................................................................. 33

LOCALIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES ................................ 229

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8 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

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9I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

APRESENTAÇÃO

O I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC foi pensado como uma forma de animar, catalisar e dar visibilidade à pes-quisa filosófica, notadamente a discente, realizada nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação em Filosofia da UFC (Fortaleza). No entanto, a quantidade e a variedade institucional dos resumos recebidos transformou o evento numa boa amostra da pesquisa discente realizada no Ceará. Assim, está lançada a semente para a realização das futuras edições dos Encontros de Pesquisa em Filosofia não como realização da UFC, mas de todas as instituições do Ensino Superior em Filosofia do Ceará. A criação dos cursos de Filosofia na UVA-Sobral, no ITEP, na Católica de Quixadá e de Crato, e da UFC em Juazeiro, juntamente com o volumoso e importante trabalho feito na UECE, geraram as condições para pensarmos a representatividade em termos de Estado para os pró-ximos eventos.

Para nós, a situação da Filosofia no Ceará inscreve-se numa estrutura que começou a se formar com as primeiras aulas de Fi-losofia ministradas na Serra da Ibiapaba, em Viçosa, no início do Brasil Colônia, pelos jesuítas, dentre eles, Pe. Antônio Vieira. Me-morável, nesse sentido, é o trabalho de Farias Brito e Clovis Bevi-láqua, assim como o movimento intelectual denominado Padaria Espiritual. Parcela de reconhecimento cabe ao ensino ministrado no antigo Seminário da Prainha até chegarmos à Universidade Es-tadual do Ceará. Porém, Manfredo Oliveira é o grande mentor da passagem para uma prática filosófica pesquisadora no Ceará. Por isso, o encontro o homenageia de forma especial. Outros nomes merecem, também, ser lembrados: Alcântara Nogueira, Adísia Sá, Manfredo Ramos, Tereza Rocha, Paulo Petrola, Célia Menezes, Jean Ter Reagan, Marisa Almeida, Sylvia Leão, Adauto Lopes, João Bosco Rodrigues, Alberto Gadanha, Lauro Mota, Auto Filho, Eliana

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10 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Paiva, Cristiane Marinho, André Haguette, Mirtes Amorim, Guido Imaguire, dentre outros. Uma menção especial deve ser feita ao corpo docente, ainda na ativa, dos cursos de Pós-Graduação em Filosofia da UECE e UFC por honrarem a difícil tarefa de formar as atuais gerações de pesquisadores em Filosofia do Ceará.

O Ceará, praia, sertão e serra, não é só escassez, é riqueza, trabalho, humor, poesia, cultura e pensamento. No nosso caso, é, também, uma tentativa institucional de praticar a Filosofia de forma plural, não hegemonista, mas acolhedora da diversidade e da riqueza das mais variadas correntes filosóficas que pulsam e se consolidam, de forma espontânea, no trabalho de cada um dos membros do seu corpo docente e discente.

Por último, agradecemos o apoio recebido, nesses dez anos de funcionamento da Pós-Graduação em Filosofia da UFC, da FUNCAP e da CAPES, sem essas instituições o nosso trabalho ficaria seriamen-te comprometido. Agradecemos, também, à Joana (Pró-reitoria de Administração) e ao Prof. Custódio Almeida pelo apóio à realização deste I Encontro. Os Organizadores

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11I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PROGRAMAÇÃO GERAL

I ENCONTRO DE PESQUISA EM FILOSOFIA DA UFCDE 20-23/10/2009

FILOSOFIA E CULTURA

Dia 20/10

TARDE:14 às 16 h: CREDENCIAMENTOSala de Leitura da Filosofia – Av. da Universidade, 2995 – 2º andar

16 às 18:30 h: MESA REDONDA (IDEALISMO ALEMÃO) Coordenação: Prof. Dr. Konrad Utz (UFC) Auditório Luiz Gonzaga das Ciências Sociais

A cultura. O que é isto?Prof. Dr. Christian Iber (Univ. de Berlim/Visitante UFC)

Natureza e Liberdade em SchellingProf. Dr. Kleber Amora (UFC)

Trabalho e formação em Hegel e MarxProf. Dr. Eduardo Chagas (UFC)

19 h: CONFERÊNCIA DE ABERTUTA:O Conceito Hermenêutico de CulturaProf. Dr. Manfredo Araújo de Oliveira (UFC)Auditório Castelo Branco

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12 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Dia 21/10

MANHÃ8 às 10 h: COMUNICAÇÕES10 às 12 h: MINICURSOS1. Encenando e ensinando na caverna - Filosofia, cinema e a construção de imagens – Profa.Dra. Maria Cecília Miranda Co-elho (USP)Auditório Luiz Gonzaga das Ciências Sociais

2. O Ensino de Filosofia na Educação Básica: possibilidades e limites – Prof. Dr. Adauto Lopes e Profa. Dra. Fátima Maria Nobre (UFC-Cariri)Auditório do Museu de Arte da UFC

TARDE:14 às16 h: COMUNICAÇÕES (Salas de aula da Filosofia e Ciên-cias Sociais)

16 às 18:30 h: MESA REDONDA (Conhecimento e lin guagem). Coordenação: Prof. Dr. José Carlos Silva de Almeida (UFC) Auditório Luiz Gonzaga das Ciências Sociais

O problema do relativismo cultural na filosofia da linguagem de Quine Prof. Dr. Dirk Greimann (UFC)

Nominalismo e convencionalismo na Filosofia da Linguagem Prof. Dr. Guido Imaguire (UFC)

A importância da linguagem na filosofia platônica Profa. Dra. Maria Aparecida Montenegro (UFC)

Considerações anti-fundacionistas em epistemologia Profa. Dra. Maria Cristina de Távora Sparano (UFPI/CNPQ)

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13I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

NOITE:19 h - CONFERÊNCIA:Do substrato natural aos sentidos subjetivo-culturaisProf. Dr. Alberto Oliva (UFRJ)Auditório Luiz Gonzaga das Ciências Sociais

Dia 22/10

MANHÃ:

8 às 10 h: COMUNICAÇÕES

10 às 12 h: MINICURSOS

TARDE:14 às 16 h: COMUNICAÇÕES

16 às 18:30 h: MESA REDONDA (Ética e filosofia política) Coor-denação: Prof. Dr. Evanildo Costeski (UFC)Auditório Luiz Gonzaga das Ciências Sociais

Natureza, história e civilização na Filosofia de Rousseau Prof. Dr. Luiz Felipe Sahd (UFU)

Filosofia, política e cultura das virtudes em Alasdair MacIntyre Prof. Dr. Helder Buenos Aires (UFPI)

Engajamento e ética: desafios da política contemporânea Prof. Dr. Emanuel Germano (UFC)

Nietzscheanismo de Gauche. Paris/68 contra Frankfurt/81Prof. Dr. José Maria Arruda (UFC)

NOITE:

19 h - CONFERÊNCIA:Falências dos direitos humanos e pós-democraciaProf. Dr. Milton Meira do Nascimento (USP)Auditório Luis Gonzaga das Ciências Sociais

20:30 h: FEIRA DE LIVRO/LANÇAMENTO DE LIVROS

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14 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Local: Associação dos Docentes da UFC (ADUFC) – Av. da Univer-sidade, 2346Coquetel aberto e gratuito aos participantes do evento

Dia 23/10

MANHÃ:8 às10 h: COMUNICAÇÕES10 às 12 h: MINICURSOS

TARDE:14 às 16 h: COMUNICAÇÕES

16 às 18:30 h: MESA REDONDA (Filosofia e cultura) Coordenação: Profa. Dra. Rita Ferreira Gomes (UFC-Sobral)Auditório Luiz Gonzaga das Ciências Sociais

Paradoxos e dilemas da cultura contemporâneaProf. Dr. Dilmar Miranda (UFC)

O tempo na música e o tempo dos filósofosProf. Dr. Fernando Barros (UFC)

Cultura, indivíduos e singularidadesProf. Dr. Luiz Manoel (UFC-Cariri)

Metafísica do artista e pessimismo letal em NietzscheProf. Dr. Ivanhoé A. Leal (UFC)

NOITE:19 h - CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO:Psicologia e Interpretação no Anticristo, de NietzscheProf. Dr. Ernani Chaves (UFPA)Auditório Luiz Gonzaga das Ciências Sociais

O evento realizar-se-á no Curso de Graduação e Pós-graduação em Filosofia - Av. da Universidade, 2995 – 2º andar - Benfica, Fortaleza - Ceará

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15I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PROGRAMAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES

Dia 21/10

MANHÃ: 8 às 10 h

Sala 01 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Itanielson Coqueiro

1. Considerações introdutórias ao estudo da pedagogia KantianaFernando Luiz Duarte Junior

2. A problemática sobre o criticismo da Rechtslehre de KantFábio César Scherer

3. A filosofia kantiana da natureza em sua relação com a estética e com a lógica transcendental Gilberto do Nascimento Lima Brito

4. A faculdade da imaginação e as idéias da razão no criticismo transcendental de Immanuel KantHálwaro Carvalho Freire

5. Da filosofia moral popular aos limites da razão prática: análise das últimas seções da fundamentação da metafísica dos costu-mes, de Immanuel KantItanielson Sampaio Coqueiro

Sala 02 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Eduardo Chagas

1. Processo de efetivação da liberdade, a partir das figuras da consciênciaCaroline Ferreira de Meneses

2. A sociedade civil e a mão invisível: uma comparação sobre a sociedade moderna entre Hegel e Adam Smith

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16 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Dionir Viana Correia Lima

3. A história como progresso da liberdade em HegelThaís Helena Ellery de Alencar

4. O destino do espírito no pensamento do jovem HegelFrancisco José da Silva

5. Homem e religião em FeuerbachAntônio Adriano de Meneses Bittencourt

6. Uma reflexão ecológica a partir do “ser-no-mundo” em L. Feu-erbachRegiany Gomes Melo

Saia 03 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Renato Almeida de Oliveira

1. A contradição do projeto hegeliano de liberdade a partir da relação entre cidadão e EstadoFrancisco Jozivan Guedes de Lima

2. Bruno Bauer e a filosofia da autoconsciênciaRenato Almeida de Oliveira

3. A jurisdição na sociedade civil hegelianaLucas Barreto Dias

4. A crítica filosófica de Hegel ao ceticismo de SchulzeMarcelo Victor de Souza Gomes

5. Hegel, pedagogo e filósofo: um estudo sobre a formação cultural (Bil-dung) durante o período de Nuremberg (1808-1816)Marcos Fabio A. Nicolau

6. O Estado como idéia moral objetiva e liberdade concretaErika Gomes Peixoto

Sala 04 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Paulo Alberto Viana

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17I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

1. A teoria da verdade de Frege: entre o substancialismo e o de-flacionismoPedro Henrique Gomes Muniz

2. Hegel, Turing e SearleVictor Ximenes Marques

3. Será possível determinar o período do nascimento da ciência moderna?Carlos André Fernandes Pereira

4. Popper e o progresso da ciênciaRafael Alberto Silvério D’aversa

Sala 05 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: José Aldo Camurça

1. A questão da boa vontade em KantDavid Barroso Braga

2. A história do ponto de vista cosmopolita em Kant e as determi-nações da naturezaEdiane Soares Barbosa

3. A questão das forças originárias e a constituição da matéria nos “primeiros princípios metafísicos da ciência da natureza” de Imannuel KantEdnilson Gomes Matias

4. Conhecimento e entendimento na visão da lógica transcendentalEverton de Oliveira Barros

TARDE: 14 às 16 h

Sala 01 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Aparecida Montenegro

1. A teoria da figuração de WittgensteinHendrick Cordeiro Maia e Silva

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18 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

2. A superação do atomismo lógicoJorge Henrique Lima Moreira

3. O lugar dos fatos na teoria pictórica Manoel Pereira Lima Junior

4. Considerações acerca do paradoxo WittgensteinianoPedro Merlussi

Sala 02 da FilosofiaCoordenador da Mesa: José Carlos Silva de Almeida

1. Prudência em Tomás de AquinoGleyciane Machado Lobo Oliveira

2. O Jusnaturalismo em Thomás de AquinoJoão Wilame Coelho Graça

3. O livre arbítrio e o problema do mal em Santo AgostinhoGracielle Nascimento Coutinho

4. Seria razoável esperar que Deus permitisse a existência do mal? Luiz Helvécio Marques Segundo

5. O paradoxo entre Deus e o mal segundo Santo AgostinhoMarcos de Almeida Coelho Costa

6. A teoria da memória em Agostinho de HiponaMaria Célia dos Santos

Sala 03 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Marcus Markans

1. A temática de Éros no diálogo FedroAdail Pereira Carvalho Junior

2. A teoria dos contrários como argumentação da prova da imor-talidade da alma no Fédon de PlatãoFrancisco David de Oliveira Almeida

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19I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

3. O erotismo na Grécia clássica sob a perspectiva dos diálogos platônicosJoão Paulo Quintino de Miranda

4. A ética estóicaMaria da Conceição Mota Ferreira

5. Sofistas: ilustres desconhecidosVicente Thiago Freire Brazil

Sala 04 da FilosofiaCoordenador da Mesa: André Nascimento Pontes

1. A crítica fregeana à tábua dos juízos de Kant na BegriffschriftPaulo Alberto Viana

2. Conceitos e contextosEduarda Calado Barbosa

3. Ceticismo e princípio de fechamentoElano Sudário Bezerra

4. Pode um computador digital pensar?Maxwell Morais de Lima Filho

5. Existência e quantificação lógicaAndré Nascimento Pontes

6. A Teoria da verdade como identidade em FregeThiago Xavier de Melo

Sala 05 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Roberto Catunda

1. Aristóteles e o silogismoGabriel Eleres de Aquino

2. A ética aristotélica e o meio-termo entre os extremosHedwiges Guadallupi da Silva Bezerra

3. Considerações acerca da virtude da justiça na Ética A NicômacoJéssica de Farias Mesquita

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20 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

4. A excelência moral e a definição de “ato voluntário” na Ethica nicomachea Roberto Robinson Bezerra Catunda

Sala 06 das Ciências Sociais::Coordenador da Mesa: Erika Bataglia

1. O espírito alienado de si mesmoMaria Ivonilda da Silva Martins

2. A eticidade como espaço de liberdadeRenata de Freitas Chaves

3. Hegel e a formação da consciênciaErika Bataglia

4. A superação do direito natural em Hegel: o direito especulativoJosé Aldo Camurça de Araújo Neto

5. A questão dos imperativos na fundamentação da metafísica dos costumesKedna Adriele Timbó da Silva

6. Imperativo categórico e formulação da humanidade como fim em siMônica Maria Cintra Leone Cravo

Sala 07 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Kleber Amora

1. Sobre o conceito de representação em Kant e em ReinholdIvanilde Fracalossi

2. O significado sistemático de Fürwahrhalten e suas formas: opi-nião, saber e crençaJoel Thiago Klein

3. Estética transcendental: condição e condicionamento do espa-ço e do tempo para determinação do objeto enquanto fenômenoRummenigge Santos da Silva

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21I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

4. De Fichte a Schelling: o idealismo alemão como resposta siste-mática para a dualidade espírito e naturezaRoberison Wittgenstein Dias da Silveira

Sala 08 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Fátima Nobre

1. Natureza em Marx: produto natural como produto da ação do homemAlbertino Servulo Barbosa de Sousa

2. Emancipação política e emancipação humana em Karl MarxFernando Farias Ferreira Rica

3. Estado, educação e práxis nos escritos de Marx de1843-48Francisco Lopes Dias

4. A individualidade em Marx: uma abordagem a partir dos GrundrisseFrancisco Luciano Teixeira Filho

5. A educação ética como mediação ontológica para a emanci-pação humanaFátima Maria Nobre Lopes

6. Emancipação e educação: das utopias do século XV até as propostas educacionais “inovadoras” da atualidadeVilson Aparecido da Mata

Dia 22/10

MANHÃ: 8 às 10 h

Sala 01 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Gustavo Costa

1. Hipocrisia, autenticidade e caráter no pensamento de NietzscheGustavo Bezerra do Nascimento Costa

2. Utilidade e correspondência: dos pressupostos da lógica, da

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22 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

metafísica e da linguagemJoão Pereira da Silva Neto

3. Nietzsche e biopolítica: uma análise imoral do estado da políticaRoberto Barros

4. A oposição entre verdade e mentira na construção do conheci-mento científico segundo F. NietzscheJulio César Ferrão Pinheiro

5. Nietzsche e a sabedoria do riso: aprender com os gregos para além dos gregosManoel Jarbas Vasconcelos Carvalho

6. Metafísica do artista como fio de AriadneRicardo Bazilio Dalla Vecchia Sala 02 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Willam Gerson

1. A ciência moderna como elo entre a antropologia e a filosofia política de HobbesWillam Gerson de Freitas

2. A visão hobbesiana do estado modernoHayane da Costa Freitas

3. A negação do principio natural de alteridade em Thomas Hobbes Marcos Vinicius Barroso Rodrigues

4. Desobediência e lei natural em HobbesRita Helena Sousa Ferreira Gomes

5. O representante clássico do realismo político: a inter pretação schmittiana do Estado de Thomas HobbesGladson Fabiano Lima

Sala 03 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Adriano Messias Rodrigues

1. Imanência em Spinoza: a natureza concebida como necessáriaAlex Pinheiro Lima

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23I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

2. Amor, ódio e ciúmes na ética de Benedictus da SpinozaBrena Késia da Costa Chagas

3. A concepção política de Spinoza: fundamentos de uma liber-dade políticaClaudio de Souza Rocha

4. Afetos e poder em SpinozaDébora da Silva Paula

5. Deus ou substância: as definições da Parte I da Ética de Bene-dictus de Spinoza.Elainy Costa da Silva

6. A crítica ao finalismo na Ética de Benedictus de SpinozaJayme Mathias Netto

Sala 04 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Maria Célia dos Santos

1. A influência da economia em Aristóteles, Hobbes e LockeAna Carolina Freire Santos

2. As concepções de estado e de liberdade em Hobbes e HegelArthur Eduardo Carvalho Rocha

3. Fundamentos da soberania em Hobbes e as limitações do poderDavi Miranda Lucena de Avelar

4. Sociedade civil: uma organização social e política em Thomas HobbesFrancisco Rogery Martins Santos Filho

5. A Filosofia do ouvir de PlutarcoFrancisco José Assunção da Silva

Sala 05 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Átila Amaral

1. A política e o pensamento revolucionário: uma análise da relação entre a política e o direito nas revoluções americana e francesaCristina Foroni Consani

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24 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

2. O estado gramsciano: entendendo as múltiplas relações esta-tais hodiernasJecsan Girão Lopes

3. Sujeto y subjetividad en la concepción política de Ernesto LaclauMario Guillermo Massini

4. Um conceito não “tradicional” para tradição: um estudo sobre o conceito de tradição em Alasdair MacintyreMárcia Marques Damasceno

Sala 06 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: José Maria Arruda

1. Leibniz e a questão da subjetividade Cristiano Bonneau

2. A teoria dos mundos possíveis de LeibnizEdmilson Rodrigues Marinho

3. Leibniz e as duas faces do labirinto do contínuo: uma introduçãoWilliam de Siqueira Piauí

4. John Locke: um estudo sobre a obra Dois tratados sobre o go-verno civilMarsana Kessy Araújo Lima

5. Os fundamentos do emotivismo moral no Tratado da natureza humanaNevita Maria Pessoa de Aquino Franca

TARDE: 14 às 16 h

Sala 01 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Ricardo George

1. A ação política no pensamento de Hannah ArendtAntônio Batista Fernandes

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25I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

2. O Princípio subjetivo da ação humana segundo Hannah ArendtCícero Josinaldo da Silva Oliveira

3. Hannah Arendt e a BiopolíticaElivanda de Oliveira Silva

4. Os direitos humanos e a dignidade da vida em Hannah Arendt e FoucaultRicardo George de Araújo Silva

Sala 02 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Emanuel Germano

1. Revolta e ação: uma análise do pensamento de Albert CamusPatrícia de Oliveira Machado

2. As farsas, em As Palavras, de SartreMaurilene Gomes do Nascimento

3. Sartre e o circuito da IpseidadeCarlos Henrique Carvalho Silva

4. Existência e contingência em “A Náusea” de SartrePedro Nogueira Farias

5. Absurdo e suicídio na Filosofia de CamusFrancisco Adriano Rocha Uchôa

6. A filosofia na alcova: o ser como prazer e liberdadeJosé Luiz Silva da Costa Sala 03 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Zila Peixoto

1. O Imanentismo de Benedictus de Spinoza e sua filosofia ético-hermenêuticaJosé Soares das Chagas

2. Considerações acerca do capitulo VIII do Tratado Teológico-Político de Benedictus de SpinozaKarine Vieira Miranda Maciel

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26 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

3. Imanência em Spinoza: a natureza concebida como unidadeKelvio Marcio Coelho Andrade

4. O bem e o mal segundo Benedictus de SpinozaRavena Olinda Teixeira

5. O Desejo e o Conatus na Ética de EspinosaZila Tavares Peixoto

Sala 04 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Deyvison Rodrigues Lima

1. Carl Schmitt sobre poder e linguagemDeyvison Rodrigues Lima

2. A insuficiência da moral de Rousseau para a superação da alienaçãoAlessandro Sousa Carvalho

3. Da mudez à truculênciaBruna Frascolla Bloise

4. A pefectibilidade do homem natural em RousseauFrancisco Macilio Oliveira da Silva

Sala 05 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Alexandre Gomes

1. Foucault e a economiaAlexandre Gomes dos Santos

2. Análise do artigo Verdade e Poder de Michel FoucaultAna Débora Chagas Ramos Santiago

3. O poder da estetização: uma análise pós-moderna entre Fou-cault e VattimoFrancisco Duenne Araújo Oliveira

4. A patologização do corpo a partir de um cenário sócio-político em Michel Foucault na obra Microfísica do PoderKácia Natalia de B. Sousa Lima/Francisca Juliana B. Sousa Lima

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27I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

5. Sobre a tanatopolítica do nazismo, em Giorgio AgambenFrancisco Bruno Pereira Diógenes

Sala 06 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: João Pereira da Silva Neto

1. O encontro de orientações culturais distintas no Renascimento italiano: retórica e filosofia no Epistolário de Pico Della MirandolaFran de Oliveira Alavina

2. Erasmo e Montaigne: a civilidade no início e no fim do século XVIJoaquim Rodrigues de Sousa Neto

3. Mentira na política: uma arte?Tobias Sampaio Romcy

Sala 07 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Valéria Cassandra Lima

1. Do modo justo e virtuoso de serGabriel Soares de Sousa

2. Uma ética da responsabilidade para a civilização tecnológica em Hans JonasValéria Cassandra Oliveira Lima

3. O aborto em Peter SingerKelton Medeiros Teles

4. Ethos, escassez e direitos humanosPaulo Roberto Vasconcelos Fernandes

5. Para onde queremos ir?Alexandre Aragão

6. A totalidade antropológica da subjetividade humana na con-cepção filosófica de Edith SteinJosé Roberto de Almeida Freire

Sala 08 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Daniel Filipe Carvalho

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28 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

1. O ressentimento e a transmutação escrava da moralAntônio Rogério da Silva Moreira2. A análise nietzscheana da ontologia substancialista de DescartesDalila Miranda Menezes

3. A caracterização nietzscheana do mecanicismo ou o “mundo verdadeiro” da ciênciaDaniel Filipe Carvalho

4. A relação entre verdade, conhecimento e linguagem em Niet-zscheFelipe Renan Jacubowski

5. Perspectivas sobre altruísmo e egoísmo em NietzschePaulo Marcelo Soares Brito

Dia 23/10

MANHÃ: 8 às 10 h

Sala 01 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Evanildo Coteski

1. O indivíduo e a sociedade na Filosofia Política de WeilIagonara Darc Silva Barbosa

2. Conhecendo Eric WeilJosé Eronaldo Marques

3. A filosofia prática de Eric Weil como tentativa de síntese dialéti-ca entre deontologia e teleologiaJudikael Castelo Branco

4. A unidade entre ação moral e ação política em Eric WeilPaulo Henrique Gomes de Oliveira

Sala 02 da FilosofiaCoordenador da Mesa: João Wilame

1. Entre ocidente e oriente - Schopenhauer e a filosofia budistaDaniele da Silva Faria

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29I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

2. Acerca do Eterno Retorno em SchopenhauerFernando de Sá Moreira

3. Walter Benjamin: como escovar a história a contrapeloJoaquim Iarley Brito Roque

4. O despertar na morada do sonho: fetichismo, fantasmagoria e imagem dialética em Walter BenjaminMateus Vinicius Barros Uchôa

5. Metafísica e moralidade em Schopenhauer e KantCatarina Rochamonte

Sala 03 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Ivanhoé Leal

1. A sociolinguítica na Filosofia de Edith SteinGardênia da Silva Coelho

2. Fenomenologia e hermenêutica no itinerário filosófico de Paul RicoeurRosa Maria Filippozzi Martini

3. O individualismo e a contemporaneidade: a crítica mounieria-na à perspectiva individualistaAntonio Glauton Varela Rocha

4. Exposição sobre o sentido do ser em Hans-Georg GadamerFrancisco Iverlânio Frota

Sala 04 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Franklin Roosevelt Martins

1. Ética das crençasCarlos Magno da Silva

2. Max Stirner e a libertação do indivíduo-próprioWesley Carlos de Abreu

3. Bios e Zoé e a atitude dos MulçumanosFrancisca Galiléia Pereira da Silva

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30 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

4. Sobre a categoria de Indivíduo em KierkegaardCarlos Roger Sales da Ponte

5. Linguagem e angústia em O Conceito De Angústia de S. KierkegaardFranklin Roosevelt Martins de Castro

6. O paradoxo da fé e a vida ética em KierkegaardThiago Oliveira Braga

TARDE: 14 às 16 h

Sala 01 da FilosofiaCoordenador da Mesa: José Expedito Passos Lima

1. Estética, outras estéticas e estetizações: rumos da expe riência estética como questãoJosé Expedito Passos Lima

2. Georg Simmel: a cultura da metrópole modernaCláudia Dalla Rosa Soares

3. Ontologia da obra de arte em Amie ThomassonDébora Pazetto Ferreira

4. A importância da filosofia para além da universidade: cinefilos como precursorGardênia Holanda Marques / Georgia Bezerra Gomes

5. Devires-imagem em trilogia da deriva: contensões singu lares de um movimento imperceptívelLeonardo Lima Ribeiro

6. A Natureza em Manoel de Barros: o processo de apro ximação da estética de SchellingLorenza Mucida de Freitas

Sala 02 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Raphael Brasileiro Braga

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31I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

1. As consequências da pós-modernidadeFilipe Silveira de Araújo

2. Um lugar entre o naturalismo e a religião na sociedade pós-secular: perspectivas habermasianasJuliano Cordeiro da Costa Oliveira

3. O discurso de Habermas sobre o futuro da natureza hu mana: uma perspectiva moral “cripto-naturalista”?Murilo Mariano Vilaça

4. Contratualismo contemporâneo: heranças e originalidade no pensamento rawlsianoRaphael Brasileiro Braga

5. Discurso e poder no debate entre Habermas e Foucault: uma leitura a partir de HonnethThiago Mota

6. A ética do discurso de Karl-Otto ApelAdriano Messias Rodrigues

Sala 03 da Filosofia

Coordenador da Mesa: Antônio Glauton Varela

1. A ética como filosofia primeira em E. LévinasDanielle Araripe Diógenes

2. A filosofia e a idéia de infinitoDemetrius Oliveira Tahim

3. Crítica cultural e crítica dialética da cultura: a perspectiva de AdornoEmilson Silva Lopes

4. O “terceiro caminho” como elemento apologético do capitalismoErivânia de Meneses Braga

5. As (des)razões da razão esclarecida: observações sobre a dia-lética do esclarecimentoAna Carolina Alencar Severiano Aires Barreira Nanan

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32 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Sala 04 da FilosofiaCoordenador da Mesa: Liliane Severiano Silva

1. Vita e Scienza Nuova: a reflexão de Giambattista Vico na auto-biografiaJosé Wagner Macedo Souto

2. O anúncio da Nova Scientia: a relevância da Filologia no pen-samento de Giambattista VicoLiliane Severiano Silva

3. A crítica de Vico ao cartesianismo: desvantagens do mé todo geométricoMarcela Cássia Sousa de Melo Benício

4. Giambattista Vico e a vida civil no De RationePriscila Gomes Silva

6. Descartes e Vico: a autobiografia como experiência filosó fica na modernidadeThamara Cristina Silva Freitas

Sala 05 das Ciências Sociais:Coordenador da Mesa: Adauto Lopes 1. A padronização do pensamento sob o controle da racionalida-de tecnológicaAdauto Lopes da Silva Filho

2. O poder subversivo da arte na obra de Herbert MarcuseCícero Leilton Leite Bezerra

3. “A Note On Dialetic”, uma visão marcuseana sobre a dialética da negatividade de HegelHermenegildo Robson Costa da Cunha4. O aparato tecnológico como controle da individualidadeIvânia Alexandre da Silva

5. Adorno: a indústria cultural como bloqueio ao desen volvimento do pensamento críticoLêda Cassiano Pereira Mascarenhas

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33I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RESUMOS

ADAIL PEREIRA CARVALHO JUNIOR Mestrando em Filosofia UFC/Funcap

A TEMáTICA DE ÉROS NO DIáLOGO FEDRO

Platão, no diálogo Fedro (mais especificamente em duas passa-gens que se encontram nos últimos parágrafos), apresenta a ten-são existente na época, relacionada ao valor da oralidade sobre a escrita. Lembremos que os trechos onde se concentra essa tensão tem suas limitações para o desenvolvimento de uma interpretação correta, por isso tomamos com fio condutor para esta pesquisa, não somente estas duas passagens, mas toda a estrutura do di-álogo (As passagens Platônicas que os tubiguenses denominam “autotestemunho” de Platão sobre as doutrinas não escritas são, como sabemos, essencialmente duas, e estão contidas, respec-tivamente, nas últimas páginas do Fedro e nos assim chamados excursus filosóficos da Sétima carta. Por isso, faz-se necessário analisá-las mais apuradamente para verificar se tais passagens comprovam realmente as teses sustentadas pelos intérpretes da escola de Tubingen-Milão. Cf. TRABATONNI, Franco. Oralidade e escrita em Platão, p.103); ao interpretarmos somente essas duas passagens cairíamos no erro que perdura séculos nos estudos pla-tônicos que é o da incompreensão e da falta de unidade no re-sultado final. Resignar-se a sustentar que o Fedro seja um diálogo pluritemático e substancialmente rapsódico parece, nesse caso, particularmente inadequado, visto que exatamente no Fedro se lê um trecho que enuncia as regras a que se deve ater um discurso bem feito e que correspondem, justamente, a uma exigência de organicidade global.

Palavras-chave: Éros. Oralidade. Escrita. Platão.

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34 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ADAUTO LOPES DA SILVA FILHODoutor em Educação e Professor de Filosofia UFC/Cariri

A PADRONIZAÇÃO DO PENSAMENTO SOB O CONTROLE DA RACIONALIDADE TECNOLÓGICA

O mundo contemporâneo é marcado por uma multiplicidade de novos acontecimentos requerendo uma compreensão do esta-belecimento das relações sociais e uma ação efetiva, por parte dos homens, no âmbito dessas relações, no sentido da sua re-construção histórica através de uma ação efetiva por parte dos homens. Torna-se presente, então, a necessidade de se clarificar as relações entre o poder econômico, o poder político e o poder cultural para se compreender a maneira pela qual as ideologias dominantes são constituídas e mediadas para a execução do do-mínio de uns homens sobre outros, padronizando até mesmo o seu modo de pensar. A presente comunicação tem como questão central de análise a sociedade industrial avançada do ponto de vista da Teoria Crítica, no sentido de repensar o significado da do-minação que nela impera, ao mesmo tempo defendendo o papel ativo do homem na sua historicidade nesse modelo de sociedade. Através do pensamento de Marcuse, enfatizando sua crítica à ra-zão instrumental, será elucidado como ocorre a padronização do pensamento surgido na sociedade tecnológica e sob seu controle, bem como a sua defesa para o resgate do pensamento negativo como condição para superação e transformação desse modelo de sociedade. Esta comunicação faz parte do Grupo de Pesquisa “Teoria Crítica e Educação”.

Palavras-chave: Sociedade Tecnológica. Razão Instrumental. Pa-dronização do Pensamento.

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35I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ADRIANO MESSIAS RODRIGUESMestrando em Filosofia UFC/Funcap

A ÉTICA DO DISCURSO DE KARL-OTTO APEL

Vivemos em nossa atual sociedade uma situação de profunda anorma-lidade. Com o avanço das ciências e da globalização, alguns temas éticos ganharam uma projeção mundial. Exigindo, portanto, princípios globais que fundamentem não apenas a nossa prática individual, mas também as instituições sociais como um todo. Nunca na história da hu-manidade, as ações particulares dos homens e das mulheres, tiveram conseqüências tão abrangentes. Da mesma forma, é inédita a situação de sermos colocados diante de questões comuns (aquecimento glo-bal, possibilidade de autodestruição nuclear do planeta, fome e en-riquecimento ilícito em nível mundial, etc.), e que afetam a todos sem distinção. Daí a necessidade e urgência de um novo marco teórico, ou seja, uma ética capaz de re-pensar questões que afetam a huma-nidade em geral, e a nossa responsabilidade por elas. Apel propõe como marco teórico oniabrangente, o “discurso” enquanto grandeza transcendental, e esfera ineliminável de justificação de nossas preten-sões de vali dade. Porquanto, para ele, toda forma de legitimação das ciências, e até mesmo da filosofia se dá por meio de argumentos e consensos válidos. Logo, mesmo no caso da negação deste marco te-órico (“discurso”), já o estamos pressupondo, e também às suas regras normativo-lingüísticas. Que são condições de possibilidade de todo e qualquer argumentação com sentido, portanto, também da argu-mentação que levanta a pretensão de negar a validade do “discurso” enquanto marco teórico. Estas condições, juntamente com o “discurso” e o consenso válido da comunidade ideal de comunicação, assumem o status de transcendentalidade e incondicionalidade irrecusáveis. Por isso, a afirmação de uma “ética do discurso e da responsabilidade” fundada nas regras transcendentais da argumentação válida, e na co-responsabilidade que as mesmas (regras) implicam para os sujeitos das diversas comunidades lingüísticas. Palavras-chave: Reviravolta lingüística. Pragmática transcen dental. Ética do discurso.

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36 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ALBERTINO SERVULO BARBOSA DE SOUSAGraduando em Filosofia UFC

NATUREZA EM MARX: PRODUTO NATURAL COMO PRODUTO DA AÇÃO DO HOMEM

Essa pesquisa, de cunho teórico, tem como objetivo uma investi-gação acerca do conceito de natureza a partir da obra Manuscri-tos econômico-filosófico (1844), do pensador alemão Karl Marx. A importância desse exame situa-se na compreensão de que no atual estágio histórico de nossa civilização há uma necessidade de equacionar a esfera da natureza. É diante desse fato que se im-põe um discurso quase consensual que explica a sua efetivação, indicando a instalação de uma ordenação social pautada numa consciência que privilegia uma lógica de ruptura na relação entre natureza e homem. Partindo dessa compreensão, a pesquisa sobre a concepção marxiana de natureza é de fundamental relevância, uma vez que esse filósofo exerce uma grande influência teórica porque se sobressaiu na contestação a sociedade de mercado, re-velando que nesta o sujeito é transformado em “coisa” e a “coisa” em sujeito. Diante desse retrocesso a primeira justificativa para que esse trabalho seja efetivado é que o tema proposto retoma o deba-te sobre um problema histórico, isto é, uma questão real, urgente e que afeta profundamente o homem. Partindo dessas considerações preliminares a pesquisa tem seu delineamento a partir da gênese da concepção marxiana de natureza, pois nesta acha-se o referencial teórico que se opõe a lógica de ruptura, alicerce da relação homem e natureza da atual ordenação social predominantemente mercado-lógica. Nela encontramos a redargüição de Marx acerca da lógica hegeliana, seu fundamento teórico para impugnar o sistema capita-lista e a base do seu conceito de natureza.

Palavras-chave: Natureza. Homem. Lógica.

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37I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ALESSANDRO SOUSA CARVALHOGraduando em Filosofia UECE

A INSUFICIÊNCIA DA MORAL DE ROUSSEAU PARA A SUPERAÇÃO DA ALIENAÇÃO

No presente trabalho pretende-se expor a forma como Rousseau, no Contrato Social, trata a questão da alienação e da condição de liberdade humana como liberdade moral, só possível com o Estado Civil. Essa posição deriva de sua visão que considera a liberdade moral como sendo a única que faz do homem senhor de si mesmo, pois, para o filósofo iluminista, o impulso do apetite é uma escravidão, enquanto que a obediência a uma lei é liberda-de. Uma vez concluído esse objetivo, pretende-se compreender a forma sugerida por Rousseau em vista da solução para alienação do homem, a saber, por meio de postulados morais nos quais os homens poderiam apoiar-se a fim de conter seus impulsos. Por conseguinte, almeja-se confrontar o modo pelo qual Rousseau soluciona o problema da alienação com a visão marxiana que, por sua vez, toma a questão da superação da alienação como necessidade histórica. Para Marx, a superação da alienação está diretamente ligada à superação das estruturas do capitalismo (di-visão do trabalho, propriedade privada e intercambio capitalista) e, portanto, do trabalho alienado. Desta forma, a pesquisa apon-ta a insuficiência e superficialidade da moral rousseauniana em torno da superação da alienação capitalista. Para esse confronto teórico, as bases bibliográficas utilizadas são, além do Contrato Social de Rousseau, os Manuscritos econômico-fiosóficos de Karl Marx e a Teoria da Alienação em Marx de Isteván Mészáros.

Palavras-chave: Moral. Filosofia política. Marxismo. Alienação.

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38 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ALEX PINHEIRO LIMAGraduando em Filosofia UFC

IMANÊNCIA EM SPINOZA: A NATUREZA CONCEBIDA COMO NECESSáRIA

O presente trabalho tem como objetivo analisar o que o filósofo Benedictus de Spinoza (1632-1677) entendia por necessidade de Deus ou Natureza. A concepção de necessidade em Spinoza é totalmente distinta da tradição que provém de Aristóteles. Para ele, nós só podemos dizer que uma coisa é necessária em razão de sua essência ou em razão de sua causa. De fato, a existência de uma coisa deve se seguir de sua própria essência e definição ou da existência de algo que seja causa eficiente para que essa coisa exista. Por outro lado, diz-se daquilo que é impossível que a sua essência envolva contradição ou porque não há nada fora dessa coisa que seja determinado a produzi-la. E como, para Spi-noza, Deus é causa de si, ou seja, aquilo cuja essência envolve a existência e ele O identifica com a Natureza, segue-se que não existe nada de contingente nas coisas, pois tudo provém da ne-cessidade da essência Divina. Diferentemente da tradição judai-co-cristã, Deus seria um ente sumamente perfeito e necessário, assim como tudo o mais na Natureza. Para realizar tal trabalho nos utilizaremos principalmente da primeira parte da Ética, inti-tulada de Deus e de leituras secundárias que serão expostas no nosso percurso.

Palavras-chave: Spinoza. Natureza. Imanência. Necessidade.

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39I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ALEXANDRE ARAGÃOMestrando em Políticas Públicas e Sociedade UECE

PARA ONDE QUEREMOS IR?

Nesta comunicação procuramos refletir sobre a necessidade de se repensar o desafio ético que se impõe à Ciência na contempo-raneidade. Nascida sob a égide do domínio, expressa na síntese baconiana “saber é poder”, a Ciência moderna desenvolveu-se procurando dominar a natureza, através de uma percepção me-canicista, racionalista e determinística do cosmo e do ser humano, vendo nela um simples objeto de dominação através da qual pro-metera solucionar os problemas da humanidade, outorgando a si a primazia do conhecimento e da verdade, relegando às outras formas de conhecimento humano um valor secundário. Entre os resultados desta postura instrumental está a produção de tecno-logias de agressão à natureza e ao homem, colocando em risco à vida no Planeta. Diante deste quadro, impõe-se uma reflexão profunda no sentido de encontrar novas percepções da vida atra-vés das quais possa ser construído um novo paradigma capaz de produzir “um conhecimento prudente para uma vida decente” e auto-sustentável. Nas seções finais apresentamos alguns pontos fundamentais para o debate em torno da construção desse novo paradigma.

Palavras-chave: Filosofia. Ciência. Ética. Democracia.

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40 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ALEXANDRE GOMES DOS SANTOSMestrando em Filosofia UFC/Capes

FOUCAULT E A ECONOMIA

Saber-poder, par conceitual de análise da imbricação entre “ciên-cias” e práticas políticas na sociedade humana. Esta a chave de lei-tura prometida por Foucault para pensar o presente. Se na moder-nidade era o disciplinamento e a extorsão das forças do corpo que consubstanciavam as manobras do poder, na contemporaneidade torna-se na questão do gerenciamento da vida, a nova tecitura social advinda dos novos empreendimentos táticos do poder. Não mais cor-pos individualizados somente, mas um agregado destes, uma massa viva, de vivos. Na sinergia dos corpos a nova dimensão para a apli-cação da lógica do poder. E entra então em cena a Economia, a crassa ciência da energética social, gerenciando a massa de vivos, comensurando suas estatísticas e seus agregados, gerindo a vida em sua onda fenomênica. O problema da população desponta e com ela este novo nível de realidade que é o econômico. Daí a população aparecerá como o objetivo final do governo. É precisamente a esse estatuto econômico da nova realidade do poder centrada na proble-mática das populações que nos dirigiremos neste presente estudo, tendo como base teórica os cursos ministrados na década de 1970 por Michel Foucault à frente da disciplina de “história dos sistemas de pensamento” no Collège de France, especificamente os cursos “Segurança, território e população” e “Nascimento da biopolítica”. Procuraremos iniciar nosso estudo acerca das fundações da “ciên-cia econômica” e, principalmente, daquilo que ela ajuda a fundar, a fundamentar em nossa contemporaneidade, ou seja, o biopoder. Objetivamos aqui importar a chave de leitura foucaultiana para pen-sar nosso presente em face do “economicismo” vigente a que os indi-víduos, objetos tanto para algum “em-si” do mundo filosófico quanto para alguma prática-teórica translatícia de sua realidade, sejam e estejam “sujeitos”.

Palavras-chave: Biopoder. Economia. Michel Foucault. Go ver na-mentalidade.

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41I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANA CAROLINA ALENCAR SEVERIANO AIRES BARREIRA NANANMestranda em Filosofia UFC/Capes

AS (DES)RAZÕES DA RAZÃO ESCLARECIDA: OBSERVA-ÇÕES SOBRE A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO

Os fragmentos filosóficos que compõem a Dialética do Esclarecimen-to foram escritos com a tarefa de desco brir por que a humanidade totalmente esclarecida estaria afundando-se em uma nova espécie de barbárie. Afinal de contas, não é verdade que a razão escla-recida já deu grandes mostras de ter-se tornado pouco racional? O principal alvo da Dialética do Esclarecimento era o processo de desmistificação supostamente libertário que Max Weber cha-mou de desencantamento do mundo (Entzauberung der Welt). Adorno e Horkheimer perceberam que, nesse trajeto para ven-cer as forças míticas e instaurar o reino da razão, os conceitos universais, acusados de superstição, acabaram substituídos por meras fórmulas e que o esclarecimento, sem a interferência da coerção externa, pôde desenvolver-se livre e ilimitadamente. Ao identificarem que, como em qualquer outro sistema, também no esclarecimento, todo o caminho a ser seguido está desde o prin-cípio determinado, nossos autores se depararam com o elemento de inverdade e a característica totalitária do mundo esclarecido. Entre a desmitologização e o esclarecimento, denunciam Adorno e Horkheimer, o pensar parece haver reificado-se num processo automático e autônomo, basicamente limitado a capacidade de repetir e perpetuar o meramente factual e a própria razão, por sua vez, tornou-se simples “adminículo da aparelhagem econômica” representando nada além do instrumento universal por excelên-cia – aquele através do qual todos os outros podem ser fabrica-dos. Tal razão, como órgão do cálculo e do plano, é neutra com respeito a objetivos e seu elemento fundamental é a coordenação: não passa de uma finalidade sem fim que se deixa atrelar a todos os fins. Para possibilitar de fato a realização do esclarecimento, que parece haver abdicado de si mesmo, Adorno e Horkheimer

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42 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

sugerem uma teoria intransigente capaz de inverter a direção do espírito do progresso impiedoso e, enfim, de estabelecer uma prá-xis verdadeiramente revolucionária.

Palavras-chave: Desencantamento do mundo. Esclarecimento. Dominação da natureza. Razão instrumental. Emancipação hu-mana e social.

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43I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANA CAROLINA FREIRE SANTOSGraduando em Filosofia UECE

A INFLUÊNCIA DA ECONOMIA EM ARISTÓTELES, HOBBES E LOCKE

O propósito de nosso trabalho de comunicação terá como ob-jetivo, no primeiro momento, apresentar a influência da eco-nomia na dissolução do Estado (Pólis) segundo a concepção filosófica antiga (Aristóteles). Buscaremos mostrar que a dis-solução do Estado (Pólis) se dá a partir do momento em que o cidadão já não quer mais somente suprir as suas necessidades e que agora busca o acúmulo de bens e propriedades (crema-tística) sem que haja limites de riqueza e que também almeja o aumento exorbitante de dinheiro (lucro), essa arte de aquisição comercial deve ser censurada para Aristóteles, pois esta é pra-ticada por uns as custas de outros e, isto é, para ele injusto, por natureza. Ocasionando, dessa forma, a infelicidade de muitos indivíduos o que em conseqüência desintegra a Pólis, já que, a felicidade desta depende da dos indivíduos. No segundo mo-mento, apresentaremos a influência da economia na Constitui-ção do Estado segundo o pensamento filosófico moderno de (Hobbes e Locke). Buscaremos mostrar que a Constituição do Estado em Hobbes e Locke se apresenta como uma necessi-dade de organização da estrutura econômica vigente, pois se esta não tiver algo que a controle como o Estado, a sociedade tenderá para a desordem. O Estado garantiria os direitos e de-veres dos indivíduos.

Palavras-chave: Economia. Dissolução. Constituição. Estado.

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44 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANA DÉBORA CHAGAS RAMOS SANTIAGOGraduanda em História UVA

ANáLISE DO ARTIGO VERDADE E PODER DE MICHEL FOUCAULT

Michel Foucault (1926-1984) questiona a forma como poder e verdades regem-se entre si para constituir um conjunto de pre-posições aceitáveis cientificamente e, consequentemente, sus-cetíveis de serem verificados ou infirmados por procedimentos científicos. Isso quer dizer que efeitos de poder circulam entre enunciados científicos. Estruturando a continuidade significante, as análises nos remetem ao campo simbólico. O autor aborda a relação de poder e não de sentido, o que não quer dizer que seja absurda ou incoerente, ao contrário, é inteligível e deve poder ser analisado em seus menores detalhes. Foucault muitas vezes procura resultados obtidos nos detalhes, mas não abandona a nostalgia de alguns grandes intelectuais “universais”. A verdade é deste mundo: ela é produzida graças à múltiplas coerções e nela produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discursos que acolhe e faz funcionar como ver-dadeiros mecanismos e as instâncias que permitem distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, as técnicas e os procedimen-tos que são valorizados para a obtenção da verdade. Em nossas sociedades, elas têm cinco características históricas importantes “verdade é centrada na forma de discurso científico e nas institui-ções que os produzem, está submetida a uma constante influên-cia econômica e política” (necessidades de verdade tanto para a produção econômica quanto para o poder político). Há sempre um combate pela verdade ou ao menos “em torno da verdade” ao se distinguir verdadeiro de falso e se atribuir aos verdadeiros os efeitos específicos de “poder”.

Palavras-chave: Foucault. Poder. Verdade.

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45I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANDRÉ NASCIMENTO PONTESMestrando em Filosofia UFC/Capes

EXISTÊNCIA E QUANTIFICAÇÃO LÓGICA

O presente trabalho tem por objetivo apresentar a abordagem formal do problema metafísico da existência através da relação entre o predicado “existe” e a quantificação lógica. Nos termos da filosofia analítica, o problema metafísico da existência gira em tor-no da forma lógica de enunciados com ocorrência do predicado “existe”. Sentenças tais como “Sócrates existe”, “Sherlock Holmes não existe” ou “montanhas de ouro não existem”, aparentemente possuem uma estrutura gramatical similar a de sentenças tais como “Sócrates é sábio”, “Sherlock Holmes toca violino” ou “montanhas de ouro são valiosas”, a saber, são constituídas por predicações simples onde o predicado “existe” é dito verdadeiro ou falso dire-tamente do sujeito da sentença; logo, um predicado de primeira ordem. Nesse sentido, o termo “existe” opera como uma contra-parte lógica da propriedade de existência que objetos podem ou não instanciar. Esse modelo de interpretação foi questionado, no âmbito das teorias formalizadas, dentre outros, por Frege, Russell e Quine, que defendem a tese de que o predicado de existência constitui um predicado de ordem superior e, conseqüentemente, que enunciados de existência são enunciados a cerca, não de ob-jetos, mas de predicados de primeira ordem. Em última instância, uma sentença existencial afirma a respeito de uma ou mais pro-priedades que elas são instanciadas por pelo menos um objeto. Com base na análise formal do conceito de existência é possível compreender como a adoção de diferentes modelos lógicos de interpretação do predicado “existe” determinam diferenças meta-físicas significativas para uma teoria científica ou filosófica.

Palavras-chave: Metafísica. Existência. Quantificação lógica.

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46 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANTÔNIO ADRIANO DE MENESES BITTENCOURTGraduando em Filosofia UFC

HOMEM E RELIGIÃO EM FEUERBACH

O presente resumo evidencia a relação Homem-Religião de acordo com o segundo capítulo da obra “A Essência do Cristia-nismo” de Ludwig Feuerbach intitulado “A Essência da Religião em Geral”, onde Feuerbach mostra que Homem e Divindade são nomes que correspondem a Indivíduo e Essência Humana, es-sência essa, abstraída e contemplada como outra, uma cisão do homem consigo. O filósofo também critica a posição da tradi-ção especulativa da filosofia com relação à existência de Deus que, para alguns, como Descartes, era mais segura do que sua própria existência, tecendo críticas também a Espinosa, pois este apresenta como qualidades da substância (Deus) o pensamento e a extensão, admitindo que esses expressam indivisibilidade e infinitude. Para Feuerbach, aqueles dois predicados, a saber, o pensamento e a extensão, dizem muito mais do que com infini-tas definições, pois não havendo algum real, aceita-se estes por expressarem o ilimitado. Feuerbach dirá que os predicados hu-manos são diversos, assim busca-se justificar as qualidades divi-nas (humanas) como infinitas. Desse modo, quanto mais diversos forem os indivíduos, mais rica e diversa será a essência humana. Os homens acreditam na existência de Deus admitindo uma di-versidade de predicados, criando-se uma imagem ilusória sem a verdade sensorial. Feuerbach apresenta sua crítica à religião, especificamente ao cristianismo, afirmando que o conteúdo da mesma é totalmente humano, que quanto mais humanizada é a essência divina maior é a separação entre o humano e o divino, e, mediante isso, mais fortemente negada será essa unidade pela religião e pela teologia.

Palavras-chave: Religião. Deus. Crítica à Tradição Especulativa. Feuerbach.

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47I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANTÔNIO BATISTA FERNANDESGraduando em Filosofia Faculdade Católica de Quixadá

A AÇÃO POLÍTICA NO PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT

Este Trabalho é uma tentativa de analisar a ação política no pen-samento de Hannah Arendt, partindo da novidade do fenômeno totalitário enquanto ruptura com toda a tradição filosófica, que se mostrava incapaz de responder aos acontecimentos de nossa época. Mostraremos a recusa arendtiana ao determinismo histó-rico e como o totalitarismo, através do terror e da ideologia de dominação, influenciou a política do século XX. Para tanto, pre-tendemos analisar as ações que possibilitaram o surgimento de um “mal radical”, baseado numa lei do movimento e da história, onde não há espaço para uma ação puramente política, elimi-nando, assim, toda espontaneidade do homem. Analisaremos o conceito arendtiano de ação política que só pode ser reconhe-cido como liberdade, pois a ação não pode ser concebida sem a mesma. Para tanto, apresentaremos a ação política enquanto espaço que possibilita ao homem começar algo novo, que nunca se realiza no isolamento, mas sempre na pluralidade dos homens, aprofundando, desse modo, o conceito arendtiano de vita activa, que corresponde às condições básicas da vida do homem na ter-ra. Portanto, é tarefa desse trabalho apresentar a ação política, segundo Arendt, como condição fundamental do homem livre, no exercício de sua vida pública, permitindo seu aparecimento e o surgimento do corpo político.

Palavras-chave: Hannah Arendt. Ruptura de tradição. Totalita-rismo. Liberdade. Ação política.

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48 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANTONIO GLAUTON VARELA ROCHAMestrando em Filosofia UFC/ Capes

O INDIVIDUALISMO E A CONTEMPORANEIDADE:

A CRÍTICA MOUNIERIANA À PERSPECTIVA INDIVIDUALISTA

A filosofia contemporânea é marcada pela crítica à modernidade, especialmente no tocante às filosofias da subjetividade. Heideg-ger, Gadamer, Wittgenstein são alguns nomes importantes nesta crítica. A exposição heideggeriana do homem como Dasein dá ao sujeito um lugar muito mais modesto do que a modernidade lhe concedeu. Para Gadamer a nossa compreensão não pode se de-senvolver a despeito das marcas que a historicidade lhe imprime. Os preconceitos, gestados socialmente – e não obra do indivíduo isolado –, são elementos fundamentais para a nossa visão da re-alidade. Wittgenstein, com a noção de jogos, dá à linguagem um caráter fundamentalmente social. O subjetivismo radical encontra fortes opositores na contemporaneidade, como se vê acima; Em-manuel Mounier é um deles. A subjetividade encontra no indiví-duo a sua sede, de modo que um subjetivismo radical é ligado diretamente a um individualismo radical. Este último é o foco da crítica Mounieriana. Para Mounier, a tentativa de compreender o homem apenas como indivíduo gera um homem artificial e a sociedade que se forma desta tentativa é fadada ao fracasso. O indivíduo não deve ser descartado, mas assimilado numa pers-pectiva mais abrangente: a pessoa. Nesta pesquisa busco eviden-ciar um paralelo entre a crítica das filosofias da subjetividade e a crítica mounieriana ao individualismo. Uma noção que trabalho e que é comum às duas perspectivas é o tema da intersubjetivida-de. A proposta de Mounier é pertinente enquanto aponta outras perspectivas de alcance à crítica da modernidade e a traz para o âmbito da ação. Sua filosofia pessoal e comunitária parece mais capaz de responder aos problemas contemporâneos do que a

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49I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

perspectiva individualista que insiste em persistir, como sinal de que a sensatez chegou ao nível da crítica, mas ainda não tocou o chão do poder e das relações humanas concretas.

Palavras-chave: Subjetivismo. Individualismo. Personalismo. Co-munidade.

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50 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ANTÔNIO ROGÉRIO DA SILVA MOREIRAMestrando em Filosofia UFC/Funcap

O RESSENTIMENTO E A TRANSMUTAÇÃO ESCRAVA DA MORAL

Esta comunicação trata da crítica nietzscheana aos valores que permeiam a nossa cultura. Avaliar esses valores, diz Nietzsche, é antes de tudo por em discussão a transvaloração cultural promo-vida pela moral judaico-cristã a partir do seu fundamento último que é o ressentimento. Para o filósofo, os valores estabelecidos pela nossa cultura, nada mais são do que o resultado de uma transvaloração de valores nobres, originário de um povo livre e forte, para uma cultura de valores fracos e decadentes, forjada por uma moral escrava e doente. Uma moral metafísica que, por fim, ofereceria ao fraco, o sentido da vida e do seu sofrimento. Na sua obra Genealogia da Moral, mais precisamente na primeira dissertação, Nietzsche faz uma avaliação de como os valores “bom e ruim”, criados por uma moral dos senhores, foram transforma-dos em “bom e mau”, respectivamente, pela moral dos escravos. Segundo ele, todos os valores nobres como a transitoriedade, o devir e a multiplicidade de forças antagônicas que afirmavam o aspecto guerreiro e criativo da vida humana, foram desvaloriza-dos e eliminados pela moral judaico-cristã, em troca de valores fixos e eternos que garantissem a sua segurança. Assim, ao criar o mundo da identidade por medo da guerra e do conflito de forças, a moral terminou por nivelar as raças e corromper toda a estrutura de ação que caracteriza a vida humana, privando o homem de sua liberdade e do seu poder criador. Interessa ressaltar que a genealogia de Nietzsche não nasce da necessidade de conhecer a origem da nossa moral, mas, antes, da necessidade de conhe-cer como surgem os valores morais. Ela emerge da obrigatorieda-de de investigar a origem dos valores, como também o valor dos valores, uma vez que, para o autor, esses valores são forjados a partir de avaliações, ou seja, são ficções humanas e por isso não

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51I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

existem desde sempre, são apenas avaliações que ao longo do tempo geraram ficções que se estabeleceram como “verdades”. Enfim, pautado nesta afirmação, procurarei mostrar que o ressen-timento ocupa um lugar fundamental na história da emergência de uma determinada forma de valoração, a escrava.

Palavras-chave: Nietzsche. Transmutação. Ressentimento. Moral escrava. Valores.

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52 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ARTHUR EDUARDO CARVALHO ROCHAGraduando em Filosofia da UFC/Pibic

AS CONCEPÇÕES DE ESTADO E DE LIBERDADE EM HOBBES E HEGEL

Essa comunicação tenciona confrontar duas concepções opostas de Estado presentes na filosofia política de Hobbes e de Hegel. Por decorrência, são também avaliadas as diferentes noções acer-ca da liberdade, da sociedade civil e a crítica efetuada por Hegel ao contratualismo. Para Hobbes, o homem é um animal egoísta, preocupado acima de tudo com a satisfação de seus interesses particulares. No estado de natureza, uma multiplicidade de in-teresses conflitantes leva à “guerra de todos contra todos”. Esse estado de guerra interminável ocasiona uma situação de penú-ria constante que acaba prejudicando a todos. Nesse momento, o egoísmo humano com a ajuda da razão acaba por constatar que o melhor para todos é abrir mão desse egoísmo imediato em favor de outro que a longo prazo visa estabelecer um estado que pro-porcione segurança, justiça e comodidade. Abdica-se da liberda-de pessoal em favor do poder soberano. Eis a origem do contrato. O Estado é fruto da vontade humana, ou seja, algo artificial. Para Hegel, no entanto, tal poderia ser dito apenas no que tange a sua determinação concreta. Entretanto o Estado é mais do que isso, é a concretização da idéia de liberdade. Hegel concorda com a necessidade do direito para restringir uma “liberdade negativa”, mas a função do Estado não se restringe a isso, deve, pelo contrá-rio, propiciar a liberdade. Enquanto o contratualismo hobbesiano parte do individualismo caótico para apesar de tudo recair no in-dividualismo atomizado do Leviatã, Hegel, por outro lado, articula liberdade e sociedade. Com efeito, a liberdade só faz sentido na relação dos homens entre si e vai muito além da mera liberdade negativa propugnada por Hobbes. Além de um sistema legal co-ercitivo o Estado é o corolário da complexa tessitura das relações sociais que enquanto tais pressupõem a liberdade como determi-nação última e finalidade.

Palavras-chaves: Contratualismo. Liberdade. Sociedade civil.

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53I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

BRENA KÉSIA DA COSTA CHAGASGraduanda em Filosofia UECE/Funcap

AMOR, ÓDIO E CIÚMES NA ÉTICA DE BENEDICTUS DA SPINOZA

Na terceira parte de sua principal obra, intitulada Ética, o filósofo holandês Benedictus de Spinoza (1632 - 1677) irá discorrer sobre a origem e a natureza dos afetos. Segundo Spinoza, por afeto de-vemos entender o que aumenta ou diminui nossa potência de agir e de pensar, devido ao paralelismo. Neste sentido, o amor, o ódio e o ciúme são considerados afetos. Nosso objetivo com o presente trabalho é expor e analisar o motivo pelo qual a relação entre o amor e o ódio origina o ciúme e qual a consequência deste para o homem. Segundo Spinoza, quanto maior for o amor que o amante imagina que o ser amado tem para com ele, maior será sua ale-gria. Em vista disso, mais ele se esforçará para imaginar que o ser amado está estreitamente ligado a ele. Assim, se o amante passa a imaginar o ser amado acompanhado de outro ao qual possa estar ligado, será afetado de tristeza, passando assim a relacionar esta tristeza com o ser amado junto com a imagem do outro; ou seja, será afetado de ódio pelo ser amado e, ao mesmo tempo, pelo outro, de quem concomitantemente sentirá também inveja. Esse ódio pela coisa amada juntamente com a inveja do outro, será denominado de “ciúme”. A partir deste quadro, analisaremos as consequências do ciúme para o conatus do homem, a partir de sua relação com a tristeza e a alegria. Palavras-chave: Spinoza. Afeto. Conatus. Amor. Ódio. Ciúme.

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54 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

BRUNA FRASCOLLA BLOISEGraduanda em Filosofia UFBA/Fapesb

DA MUDEZ À TRUCULÊNCIA

Especificando o que seja aquilo que entende por “primeiros tempos”, Rousseau explica: “aqueles [tempos] da dispersão dos homens, em qualquer idade do gênero humano que se queira fixar a época” (E.O.L, chap. IX ). Como bem sabemos que não há fala entre solitários dispersos, o homem começa sua história mudo, sendo natural então a pergunta de como ele começou a falar. O Ensaio sobre a origem das línguas descreve essa tra-jetória, passando por períodos áureos em que fala e música se confundiam e as línguas, com sua grande expressividade, eram antes persuasivas que convincentes. Paralelamente ao Ensaio, há o Discurso sobre a desigualdade, sendo a relação entre ambos por nós considerada conforme Starobinski: “o Discurso sobre a desigualdade insere uma história da linguagem ao interior duma história da sociedade; inversamente, o Ensaio sobre a origem das línguas introduz uma história da sociedade ao interior duma histó-ria da linguagem” (La transparence et l’obstacle, pág. 356.). O fi-nal previsto para a história das línguas, no entanto, é de uma outra mudez e de uma outra dispersão: a truculência e o isolamento em plena sociedade, uma vez que “não há necessidade nem de arte e nem de figura para dizer é assim que eu quero” (E. O. L. , chap. XX ). Assim, o pretendido no trabalho é acompanhar e tentar des-crever essa história, tocando por vezes temas que lhe concernem e características que apresenta.

Palavras-chave: História da filosofia moderna. Rousseau.

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55I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CARLOS ANDRÉ FERNANDES PEREIRAGraduando em Filosofia UFOP/Pip

SERá POSSÍVEL DETERMINAR O PERÍODO DO NASCIMENTO DA CIÊNCIA MODERNA?

Determinar o período e as causas do nascimento da ciência moder-na não tem sido um ponto de fácil consenso entre os estudiosos da matéria, pois tal determinação varia conforme a abordagem historio-gráfica adotada pelo investigador. Durante as décadas de 30 e 40 do século passado, uma dessas perspectivas obteve muita atenção por se opor à idéia positivista que considerava o progressivo desenvolvi-mento da ciência como uma acumulação de fatos e novas idéias. O historiador das idéias a quem é atribuído esse papel de contestador frente à idéia positivista é Alexandre Koyré, o principal nome de uma matriz historiográfica conhecida como internalismo. Entre suas con-tribuições ao debate está a demonstração do importante papel de-sempenhado pelos eruditos medievais para a consolidação da meto-dologia científica, o que explicita a existência de uma continuidade histórica nesse terreno, aliada à descrição de uma importante ruptura de caráter teórico e especulativo. A convergência entre esses fatores deu ensejo à criação da ciência nos moldes modernos. A par disso, o autor lançou uma nova luz sobre os estudos medievais, desvencilhan-do-os da imagem de um tempo obscuro e infrutífero. Não obstante, fazendo frente à perspectiva internalista, encontra-se Paolo Rossi, re-presentante original de uma matriz conhecida como externalismo, que por outro lado preocupa-se em analisar fatores extracientificos, como o contexto social, político, religioso e econômico, creditando a estes as razões para o nascimento da ciência moderna. Se a ciência, tal como a conhecemos hoje, teve a sua origem estabelecida a partir desse período tão conflituoso e de grande disputa, então mais uma vez nos importa pensar a sua causa. Sendo assim, o que nos compe-te neste trabalho é estabelecer com clareza o que caracteriza cada uma das supracitadas perspectivas, deixando à vista os benefícios, desvantagens e pontos sensíveis de disputa entre ambas.

Palavras-chave: Filosofia da ciência. Externalismo. Internalismo. Historiografia da ciência.

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56 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CARLOS HENRIQUE CARVALHO SILVAMestre em Filosofia UFC

SARTRE E O CIRCUITO DA IPSEIDADE

O termo ipseidade é originário da filosofia de Duns Scotus e signi-fica, em termos simplificados, o princípio de individuação. Neste sentido, Duns Scotus se contrapõe a tese da filosofia grega que supõe a superioridade do sujeito universal sobre o indivíduo im-perfeito, recaindo numa visão negativa sobre este. Para Sartre a Ipseidade revela o caráter essencial do indivíduo como pessoa. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva compreender o signi-ficado sartriano para o termo pessoa que é definida sobremodo a partir de dois aspectos centrais: primeiro, enquanto ego; se-gundo, enquanto hecceidade (Ipseidade). No primeiro aspecto, o fato de haver ego não afirma a existência da pessoa (existir não é ter ego) e, assim, o ego transcendental não pode ser entendido como sinônimo de signo da personalidade. O segundo aspecto fundamental da pessoa aponta uma tentativa de definir a pessoa a partir de uma relação livre consigo mesmo. Para tanto, é essencial a figura do mundo como estrutura presente no indivíduo, justa-mente porque o ego aparece à consciência enquanto presente no mundo e não nela mesma.

Palavras-chave: Sartre. Ipseidade. Circuito. Pessoa. Indivíduo.

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57I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CARLOS MAGNO DA SILVAGraduando em Filosofia UFOP/Pibic-Cnpq

ÉTICA DAS CRENÇAS

O presente trabalho tem como objetivo discutir a posição de Cli-fford a respeito da ética das crenças. O autor defende que, ao nos depararmos com uma situação na qual carecemos de indícios conclusivos a favor da aceitação de uma crença, é nosso dever suspender o juízo. Após explorar os argumentos de Clifford a favor desta tese, apresentar-se-á uma objeção feita por William James que – embora concorde com Clifford em alguns aspectos – não aceita a tese a respeito da suspensão do juízo na falta de indícios conclusivos a favor da adesão de uma crença. W. James afirma que existem certos casos nos quais, apesar de não termos bons indícios, podemos decidir ser guiados pelas emoções, desde que se tratem de “opções genuínas”. Feitas estas considerações e após responder a objeção de W. James, será proposta a tese segundo a qual a crença no Deus teísta é racional.

Palavras-chave: Filosofia da Religião. Ética das Crenças. Cli-fford. Deus.

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58 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CARLOS ROGER SALES DA PONTEMestre em Filosofia UFC e Professor da UFC/Sobral

SOBRE A CATEGORIA DE INDIVÍDUO EM KIERKEGAARD

O filósofo danês, Sören Kierkegaard, foi, provavelmente, o filósofo cristão por excelência. Qualificava a si mesmo de “autor religioso”. Adentrando no cristianismo mais do que como um simples crente, caminha como pensador em quem pulsa uma ânsia de esclareci-mento tanto conceitual como de ordem pessoal. Em sua trajetória de pensador e escritor eminentemente religioso como ele mesmo afir-mou em vários momentos de sua obra, Kierkegaard atormentava-se pela realidade danesa de sua época, na qual ouvia de homens e mulheres a afirmação de que eram “cristãos” sem que realmente o fossem. Qualificava sua sociedade de “cristandade”. No entender de Kierkegaard, eles estavam longe de uma vida autenticamente cristã: uma existência de renúncias e de sofrimentos. Para Kierke-gaard, não havia concessões a serem feitas ou meio termo: ou se era cristão ou não. Logo, é justo que ele fale em tornar-se cristão. Este devir cristão se caracteriza eminentemente pela categoria de Indivíduo. Esta categoria, explicitada exaustivamente por Kierkega-ard, diz respeito ao sujeito que escolhe por saltar no escuro da fé em Deus a fim de tomar posse de si mesmo como subjetividade existente. Ser um Indivíduo é assumir a tragicidade humana. Como compreender que o Indivíduo seja um cavaleiro da fé? O Indiví-duo prossegue crendo e esta é sua marca privilegiada. Kierkegaard ainda aperreia: aquele que se assume como Indivíduo é alguém que opta por viver uma vida que tenha sentido; quer vê-la em suas nuances existenciais e buscar a verdade subjetiva que valha a pena viver, não sendo mero transeunte destinados tão-somente a findar um dia. A reflexão kierkegaardiana a respeito do Indivíduo mostra aspectos pouco falados e discutidos na tradição filosófica nos pró-prios estudos sobre o autor danês. Tornar-se Indivíduo aponta para um pensar/viver mais rico, ainda que trágico. Não porque ele o quer, mas porque aqueles que não o são, não percebem essa di-mensão existencial que faria todo o sentido de uma vida inteira.

Palavras-chave: Kierkegaard. Indivíduo. Filosofia dinamarquesa.

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59I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CAROLINE FERREIRA DE MENESESGraduanda em Filosofia UECE/IC

PROCESSO DE EFETIVAÇÃO DA LIBERDADE, A PARTIR DAS FIGURAS DA CONSCIÊNCIA

Este trabalho tem o objetivo de analisar o desenvolvimento da consciência a consciência-de-si na dialética do Senhor e do Es-cravo para que enfim a consciência alcance sua verdade. Esta analise é possível devido à leitura da obra “Fenomenologia do Espírito” do alemão Friedrich Hegel, principalmente na sessão que nosso autor trata da consciência-de-si. Após os momentos da certeza sensível a consciência passa a perceber que o verdadeiro da certeza não é ela mesma, mas sim outro, pondo a prova este outro a consciência descobre que a verdade que ela pensava es-tar no outro não era verdadeiro conceito. No entanto, mesmo não sendo a verdade do conceito, este momento é mais elevado que o anterior, pois agora a consciência sabe de si mesma, a consciên-cia interioriza a si mesma porque sabe que o outro idealizado por ela não é um diferente dela mesma, ou seja, o que anteriormente era objeto para consciência agora é a própria consciência, isto é, consciência-de-si. Sendo que, a liberdade ainda está presa ao âmbito do pensamento, pois somente quando superar os momen-tos do estoicismo, do ceticismo e da Consciência Infeliz é que a liberdade poderá verdadeiramente ser efetivada. Contudo, é necessário que fique claro que o desenvolvimento da consciência somente é possível quando se tem em mente o método fundamen-tal da filosofia hegeliana, ou seja, o método dialético.

Palavras-chave: Liberdade. Consciência. Consciência-de-si. Efetivação.

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60 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CATARINA ROCHAMONTEMestranda em Filosofia UFRN

METAFÍSICA E MORALIDADE EM SCHOPENHAUER E KANT

Em Kant, o conceito de coisa-em-si “funciona” como um único argumento para fundamentar a ciência moderna e para deixar es-paço para uma vontade livre. Tal conceito, entretanto, foi conside-rado ilegitimo e as aporias provocadas por ele foram interpretadas como a ausência de um fundamento filosófico, que o idealismo alemão passou a buscar em uma subjetividade pensada dentro de uma filosofia da imanência na qual o real passa a ser um momento do ideal, perdendo assim a propria realidade, enquanto causali-dade, efetividade. Essa “realidade do real” ou o realismo empíri-co era mantido justamente pelo conceito de coisa-em-si, conceito cuja dissolução implicaria a perda da dimensão transcendental que tanto Kant, quanto Schopenhauer querem preservar. Mas por que preservar a dimensão transcendental? Em ambos os casos a resposta estaria relacionada com a necessidade de salvaguardar o caráter moral do mundo sem a inserção da teologia na filosofia. Kant, baseado na ciência de seu tempo, compreende o mundo como totalmente determinado e, como bom iluminista, pretende legitimar a ciência, embora o determinismo que a ciência pres-supõe seja incompatível com a responsabilidade moral, cuja pos-sibilidade é resgatada através modo de pensar transcendental. Schopenhauer também compreende o mundo como totalmente determinado e, como bom kantiano, quer dissociar a teologia es-peculativa da filosofia e para isso, remete o conceito dogmático de absoluto ao conceito de matéria o qual, por sua vez, responde pelo realismo empírico e pelo conceito de coisa-em-si, apenas no sentido em que toma o lugar do resto deixado por Kant na sua tentativa de legitimar a noção de fenômeno. Mas o tal conceito responde a um duplo interesse de Kant: além de limitar o saber científico à noção de fenômeno, a coisa-em-si deixa espaço para se pensar uma vontade livre, isto é, abre espaço para uma consi-deração moral do mundo. Ora, quando Schopenhauer explica a

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61I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

noção de Vontade como sendo a coisa-em-si (e não mais a maté-ria), ele se vale do conceito ambíguo para o mesmo objetivo de Kant: abrir espaço para a moralidade. A diferença é o tipo de mo-ralidade que se tenta legitimar: no caso de Kant, a moral judaico-cristã de viés luterano, para a qual a vontade livre é conditio sine qua non. No caso de Schopenhauer, a moralidade hindu-budista, na qual o indivíduo é pensado como determinado pelo karma consistindo a liberdade na anulação kármica através da negação da própria vontade.

Palavras-chave: Coisa-em-si. Liberdade. Determinismo. Kant. Schopenhauer.

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62 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CHRISTIAN IBERProfessor Visitante UFC/Cnpq

A CULTURA: O QUE É E COMO FUNCIONA?

A palestra apresenta considerações sobre o que constitui a cultura e como ela funciona. Num primeiro momento, é discutido a origem dupla da cultura. A cultura, por um lado, é libertada pelo desenvolvimento das forças produtivas do trabalho, que proporciona ao homem um salto sobre a necessidade e, com isto, proporciona ócio, por outro lado, ela provém das relações de produção, que sempre foram e ainda são relações de domínio. Num segundo momento, é desenvolvida a tese principal do caráter duplo da cultura. Ela é o reino da liberdade, que, por um lado, amplia o círculo das necessidades para uma vida mais agradável e, ao mesmo tempo, serve de representação da dominação política e econômica, pela qual o reino da liberdade entra em contraste com o reino da necessidade. Na sua separação da esfera do trabalho, ela não é para todos, mas está lá para todos, por onde fica claro sua função como instância de integração de uma sociedade partida entre dominantes e dominados. Com isto, fica evidente uma relatividade tripla da cultura, que ela se identifica como superestrutura de uma base em si contraditória. Em primeiro lugar, ela depende do desenvolvimento das forças produtivas do trabalho; em segundo, provém das relações determinadas de produção, às quais ela é, em terceiro, serviçal. Num terceiro momento, é esboçado a função da cultura sob a consideração do olhar da história da cultura, o que, finalmente, num quarto momento, culmina na tese de que a cultura do Ocidente (e também em outros lugares) tem, essencialmente, a ver apenas consigo mesma, sendo o cultivo da tradição cultural, que produz a aparência de que a cultura é o fim e o objetivo principal da espécie humana. Com isto, confirma-se que a cultura é a superestrutura

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63I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

de uma base em si contraditória. Que a pura existência da cultura ponha já sob prova a bondade da comunidade, é duvidoso. Na verdade, é correto que a cultura representa uma abundância, apenas não se deve esquecer, de que.

Palavras-chave: Origem dupla da cultura. Caráter duplo da cultura. Reino da liberdade e da necessidade. Base e superestrutura.

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64 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CÍCERO JOSINALDO DA SILVA OLIVEIRAMestre em Filosofia e Professor substituto UFG

O PRINCÍPIO SUBJETIVO DA AÇÃO HUMANA SEGUNDO HANNAH ARENDT

A ação humana é um conceito fundamental no pensamento po-lítico de Hannah Arendt na medida em que constitui o elemento sine qua non para a liberdade –, identificada pela filósofa como o próprio sentido da política. Com base na experiência originária do fenômeno político que é a polis grega, Hannah Arendt com-preende a ação à luz do testemunho da língua grega, que tinha dois verbos correlatos e acentuadamente distintos para o que cha-mamos de ação: “archein”; que significa governar ou ser o pri-meiro; e “prattein”; que quer dizer levar a cabo, realizar. O nosso foco da análise aqui proposta recai sobre o que Hannah Arendt parece nos autorizar a denominar de princípio subjetivo da ação, ou se preferirmos archein. Ainda que a questão se restrinja a uma das dimensões da ação, cabe observar que a expressão “princípio subjetivo da ação”, só faz sentido na medida em que contrapomos “o governar” ou “o ser o primeiro” – dependente unicamente do sujeito –, ao “levar a cabo” ou “realizar”, sujeito à cooperação de muitos agentes.

Palavras-chave: Início. Ação. Liberdade.

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65I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CÍCERO LEILTON LEITE BEZERRAMestrando em Filosofia UFRN/Capes

O PODER SUBVERSIVO DA ARTE NA OBRA DE HERBERT MARCUSE

O presente trabalho tem como finalidade refletir a compreensão de Marcuse sobre o papel da dimensão estética, para negação da racionalidade estabelecida e afirmação de uma nova realidade. Segundo Marcuse, a arte, transcende a realidade vigente na me-dida em que produz outro mundo e projeta imagem de um mundo melhor. Desta maneira, a arte é apresentada pelo autor como uma forma de recusa e uma maneira de promover vida ao contrastar com a sociedade unidimensional. Assim, a arte é a melhor manei-ra de oposição, até porque ela produz uma realidade alternativa avessa à realidade dominante. Esta proposta estética expressa o potencial subversivo da arte ao tratar a capacidade que ela pos-sui em representar simbolicamente a realidade em todas suas contradições ao revelar as deficiências e absurdos da realidade existente. É importante mostrar que a arte é considerada um forte instrumento político não só de oposição, pois, tem também como função a reconciliação do homem com a natureza. Na medida em que Marcuse ressalta o caráter subversivo da arte ele também dar um novo lugar de destaque para a dimensão estética, ao afirmar que a verdadeira arte é na verdade uma grande recusa da reali-dade do mundo existente e a exigência de outro mundo.

Palavras-chave: Racionalidade. Arte. Política.

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66 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CLÁUDIA DALLA ROSA SOARESGraduanda em Filosofia UECE

GEORG SIMMEL: A CULTURA DA METRÓPOLE MODERNA

Georg Simmel realiza, nas obras Estetica sociologica (1896), Sull’intimità (1908) e La moda (1895), uma análise sócio-cultural da sociedade moderna. Todavia, em tais obras, não busca o des-cobrimento de uma verdade essencial, de um fundamento por meio do qual se possa compreender a realidade social: seu inte-resse se volta para uma cultura de superfície: o estudo do que é casual, transparente, as manifestações cotidianas: o modo como as pessoas vivem, se comportam, se alimentam, se vestem. Em tais estudos, Simmel revela como a motivação do agir e dos compor-tamentos sociais perde seus fins e causas objetivos, passando a seguir finalidades puramente estéticas. Os valores e causas mais abstratos e supérfluos passam a determinar os comportamentos. Nesse sentido, os fenômeno do exposicionabilidade universal e da estilização assumem um papel de destaque. Deve-se ressaltar ainda a ‘ditadura do estilo’, a saber, o fato de o estilo passar a ser o princípio que regula os mais diversos âmbitos da vida moderna: desde o vestuário aos comportamentos à mesa. Esta comunicação visa expor a análise de Simmel acerca das transformações que os processos de modernização ocasionaram na vida moderna, em especial, na sociabilidade humana que, segundo Simmel, passa a realizar de maneira distinta, a saber, de modo essencialmente estético.

Palavras-chave: Modernização. Cotidiano. Estilo.

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67I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CLAUDIO DE SOUZA ROCHAMestrando em Filosofia UECE

A CONCEPÇÃO POLITICA DE SPINOZA: FUNDAMENTOS DE UMA LIBERDADE POLITICA

O objetivo desta comunicação é apresentar a concepção política de Spinoza a partir do Tratado Político (TP) e os capítulos XVI a XX do Tratado Teológico-Político (TTP). Este assume em sua con-cepção política uma posição realista partindo da análise da ex-periência da história das sociedades humanas. Spinoza concebe os homens como eles são, e não como gostaríamos que fossem. Inicia sua reflexão política pela análise das paixões, afirmando a naturalidade dos afetos. Ao usar a emoção ou a razão cada ho-mem se esforça em conservar seu ser. Este desejo de preservação é que constitui a essência do homem, denominada de Conatus, ou seja, esforço para perseverar na existência. Para Spinoza todo homem seja sábio ou insensato, esforça-se pra conservar seu ser e tudo que faz é por direito soberano da natureza. Portanto, no estado natural, enquanto cada homem é senhor de si próprio, na há nenhum meio seguro de conservar tal direito. Sem coopera-ção, não há como viver bem e dificilmente pode-se conceber o direito natural, a não ser quando os homens tiverem direitos em comum. A condição para que uma sociedade possa se constituir, sem nenhuma contradição com o direito natural, é que cada um transfira para sociedade toda potência que possui de forma a que só ela detenha o supremo direito da natureza. Os fundamentos do Estado em Spinoza evidenciam o fim último deste, que é libertar cada individuo do medo, para que possa viver em segurança e preservar seu direito natural a existir e agir.

Palavras-chave: Política. Estado. Direito. Conatus.

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68 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CRISTIANO BONNEAU Mestrando em Filosofia UFPB

LEIBNIZ E A QUESTÃO DA SUBJETIVIDADE

A fundamentação do universo monadológico acarreta conseqüên-cias importantes para a reflexão sobre uma teoria da subjetividade à partir da filosofia de Leibniz. Ao descrever a mônada, o filósofo alemão esclarece seus atributos e salvaguarda duas noções fun-damentais: autonomia e perspectiva. Esta comunicação trata de expor na filosofia de Leibniz os pressupostos que garantem uma noção de indivíduo, alicerçado em um princípio de identidade e representante pleno do mundo à partir de si. Desta forma, a polê-mica Renaut-Heidegger é o ponto de partida para pensarmos em um plano da subjetividade em Leibniz.

Palavras-chave: Fundamentação. Subjetividade. Leibniz.

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69I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

CRISTINA FORONI CONSANIDoutoranda em Filosofia UFSC

A POLÍTICA E O PENSAMENTO REVOLUCIONáRIO: UMA ANáLISE DA RELAÇÃO ENTRE A POLÍTICA E O DIREITO

NAS REVOLUÇÕES AMERICANA E FRANCESA

As grandes Revoluções do século XVIII – a Americana e a Francesa, deixaram como legado textos nos quais podem ser encontrados conceitos fundamentais para a teoria política moderna e cuja in-fluência ainda encontra-se presente na Filosofia Política Contem-porânea. Considerando-se que nas revoluções não há como esca-motear o elemento político, pois pelo menos durante um breve e significativo momento ele se impõe ao direito, é sempre interessan-te analisar como os homens da revolução se posicionaram perante este embate histórico, qual seja: o império da lei frente o império dos homens. Este trabalho pretende analisar alguns argumentos do debate entre Thomas Jefferson e James Madison no contexto norte-americano e delinear um possível diálogo entre Condorcet e Saint-Just no cenário político da França pós-revolucionária, a fim de de-monstrar as semelhanças e diferenças em torno da construção de projetos políticos que findaram na promulgação de constituições e elegeram como forma de participação política a representação. Tanto Jefferson quanto Condorcet, nos Estados Unidos e na Fran-ça, respectivamente, defenderam veementemente propostas nas quais a participação popular assumia grande relevância. De forma contrária, nos textos de Madison e de Saint-Just observa-se certo receio de que o povo, movido por paixões ou interesses, pudesse dar causa à sua própria servidão e, para evitar este mal os autores depositaram nas instituições a responsabilidade pela defesa do in-teresse público diante dos interesses privados, limitando o proces-so democrático por meio da representação política e submetendo o elemento político ao jurídico.

Palavras-chave: Política. Revolução. Democracia. Thomas Jeffer-son. James Madison. Saint-Just. Condorcet.

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70 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DALILA MIRANDA MENEZESGraduanda em Filosofia UVA-Sobral

A ANáLISE NIETZSCHEANA DA ONTOLOGIA SUBSTANCIALISTA DE DESCARTES

A pesquisa tem como proposta explicitar a análise crítica desen-volvida por Nietzsche à metafísica da subjetividade em Descar-tes. Segundo Nietzsche, a faculdade de pensar do homem, que o qualifica como existência, é uma redundância carregada de pressupostos metafísicos e resoluções dogmáticas. Na analise de Nietzsche, a idéia de um tipo de subjetividade que transcende as experiências do corpo como elemento fundamental do conhe-cimento passa a ser desprovida de sentido, já que a realidade é composta pelos fluxos dos acontecimentos, pelos devires, re-montando assim, à insuficiência da idéia de certeza existente na concepção a respeito do cogito cartesiano. Rompendo assim, com a tradição do pensamento moderno, Nietzsche problematiza a questão da genealogia do sujeito em contraposição à teoria do sujeito como substância pensante, pois, segundo Nietzsche o pen-samento metafísico fez, no decorrer da história, uma interpretação do conceito sujeito, de forma a afastá-lo das forças que o envolve, como as paixões, vontades, desejos e sensações, para agir so-mente segundo a orientação da razão. Na perspectiva de Nietzs-che, as multiplicidades de forças é que constituem a existência se caracterizando pela diversidade. As forças fazem parte de uma forma de vida instintiva. No qual nós não podemos afirmar mais que o homem é definido como queria Descartes, por unidade, permanência ou absolutização da consciência. Deste modo, Niet-zsche desconsidera os postulados de verdade que a metafísica cartesiana institui a respeito do homem-sujeito e ao mesmo tempo pressupõe a transvaloração de todos os valores que impedem a vida edificada numa configuração que a impulsione no desafio de se constituir fecunda, desafiadora e artisticamente afirmativa.

Palavras-chave: Nietzsche. Metafísica. Descartes.

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71I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DANIEL FILIPE CARVALHOMestrando em Filosofia UFC/Funcap

A CARACTERIZAÇÃO NIETZSCHEANA DO MECANICISMO OU O “MUNDO VERDADEIRO” DA CIÊNCIA

Na conhecida parábola “Como o mundo verdadeiro tornou-se fi-nalmente fábula” que integra a obra Crepúsculo dos Ídolos, Frie-drich Nietzsche (1844-1900) sustenta que o positivismo, enquanto ideologia científica que pretende representar a estrutura objetiva do real, os “fatos crus” do mundo, estaria ainda em continuidade com os ideais ascéticos que caracterizam a metafísica e a teolo-gia, o que se depreende da tentativa de estabelecer um mundo do estável, do eterno, do Ser, em contraposição ao mundo dos sentidos, o mundo em devir. Neste sentido, Nietzsche diagnostica que a ciência, na medida em que se coaduna a este ideal de objetividade positivista, é norteada pela tentativa de estabelecer um mundo objetivo independente de interpretação: átomos, leis da natureza e a idéia de causalidade, no mecanicismo, são al-gumas das características que comprometem a ciência com uma visão metafísica, ou seja, com um procedimento de duplicação ontológica que instaura um “mundo verdadeiro”, estável, com as características do Ser e um “mundo aparente”, mutável, em devir. De acordo, ainda, com Nietzsche, é o valor conferido à verdade na história do ocidente, traduzido na “vontade de verdade”, que perpassa a metafísica e a ciência e as une. O objetivo da nossa co-municação é mostrar como o filósofo alemão estabelece este pa-ralelismo entre metafísica e ciência, a partir de sua interpretação das características centrais do mecanicismo antes mencionadas.

Palavras-chave: Nietzsche. Mecanicismo. Mundo-verdadeiro.

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72 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DANIELE DA SILVA FARIAGraduanda em Filosofia UNICAMP Pibic/Cnpq

ENTRE OCIDENTE E ORIENTE - SCHOPENHAUER E A FILOSOFIA BUDISTA

Essa comunicação defende que o filósofo Arthur Schopenhauer foi o primeiro pensador ocidental a fundamentar seu sistema filo-sófico numa síntese entre princípios orientais (filosofia vedanta) e ocidentais (a teoria das Idéias de Platão e a dicotomia kantiana fe-nômeno/coisa-em-si). O filósofo esteve inserido num contexto de valorização e interesse pela cultura oriental na Europa, sobretudo a cultura indiana na Alemanha. A presente comunicação pretende compreender as dificuldades envolvidas na argumentação scho-penhaueriana acerca da relação entre as doutrinas do próprio filósofo e do budismo, na obra intitulada O mundo como vontade e representação. Pressupomos a influência da filosofia budista na filosofia de Schopenhauer, a partir de ditos do próprio filósofo e das evidências conceituais que abordaremos na comunicação. Pretendemos expor de maneira clara, a relação e estabelecer uma análise comparativa de algumas teorias e prescrições éticas da filosofia schopenhaueriana e alguns conceitos do budismo.

Palavras-chave: Budismo. Mística. Vontade. Nirvana. Principium individuationis.

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73I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DANIELLE ARARIPE DIÓGENESMestranda em Filosofia UECE

A ÉTICA COMO FILOSOFIA PRIMEIRA EM E. LÉVINAS

A reflexão filosófica de E. Levinas é marcada pela interrogação sobre a ética. O esforço de responder ao problema que ele define como sendo o problema da relação com o ‘Outro’, quando este é pensado como o ‘estranho’ ou como “o estrangeiro”, relação que Levinas caracteriza ainda como “proximidade” e que se determina como relação com a “exterioridade” ou com a “alteridade absolu-ta,” responde a uma interrogação ética e filosófica muito própria ao seu tempo e à sua própria experiência com o século XX. A ética se apresenta para Levinas como “filosofia primeira”, como esforço de desvendar a relação com o outro como ‘fundamento’ da sub-jetividade ou da razão, apresentando-se assim como fundamento da própria consciência de si ou da consciência intencional. O que Levinas parece visar com esta idéia da relação com o inteiramente outro como fundamento da subjetividade é a destituição de um certo “império do mesmo” que caracterizaria a filosofia da subjeti-vidade sem, entretanto, perder a liberdade correlata a este mesmo sujeito. O presente projeto pretende investigar como a reflexão de E. Levinas, cujo ponto de partida filosófico é a posição crítica diante das filosofias de Heidegger e da “subjetividade”, conduz a sua reflexão da ética ou do acolhimento à linguagem, para fundar nessa relação de acolhimento pelo “eu puro” que se realiza na linguagem, a subjetividade como resposta, como “responder a”. Buscaremos mostrar a partir de quais categorias a relação ética é apresentada como fundamento finito de toda a reflexão filosófica ou o que significa, em termos filosóficos, apresentar a ética como ‘filosofia primeira’.

Palavras-chave: Ética. Linguagem. Filosofia.

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74 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DAVI MIRANDA LUCENA DE AVELARGraduando em Filosofia UFC/Pibic

FUNDAMENTOS DA SOBERANIA EM HOBBES E AS LIMITAÇÕES DO PODER

O presente trabalho busca analisar o fundamento geral da sobe-rania na teoria política de Hobbes, como argumento para o su-porte de um poder político absoluto. O tema da soberania tem importância central no pensamento político moderno. Reflexões sobre o papel do soberano e como ele deve desempenhar e man-ter o poder estão nas obras de pensadores como Maquiavel, Jean Bodin e Thomas Hobbes. Este último, de tradição contratualista, concebe o soberano como aquele a quem são delegados os direi-tos naturais de cada membro da sociedade, através do pacto que os cidadãos realizam na tentativa de instituir um arbitro legítimo para disputas entre os homens, garantindo, assim, suas vidas sem a ameaça dos demais. O soberano se descola do meio civil e pas-sa a ser a autoridade política detentora dos direitos alienados dos cidadãos, a ele é conferido o poder para submeter os cidadãos a leis comuns. A constituição do Estado depende inteiramente da presença do soberano e do seu efetivo controle exercido na so-ciedade, isso implica, em Hobbes, uma fundamentação da sobe-rania como necessária e universal, caso contrário, as bases de sobrevivência do Estado deixam de existir. Tentarei apresentar as principais bases para o argumento em favor da soberania como explanado no Leviatã, assim como analisar a tensa relação que o poder supremo do soberano legitimado dessa forma enfrenta em relação aos direitos fundamentais, em especial a liberdade e a resistência à coerção política.

Palavras-chave: Soberania. Poder. Liberdade. Estado Moderno.

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75I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DAVID BARROSO BRAGAGraduando em Filosofia UECE

A QUESTÃO DA BOA VONTADE EM KANT

Este trabalho tem com objetivo expor a importância da boa von-tade como sendo o princípio da razão prática que possui pleno valor em si mesmo, inigualável em todo o universo, sendo tam-bém condição necessária para que as ações humanas possuam valor moral. Para produzir esta boa vontade, o homem precisa tão somente agir segundo a razão, eliminando qualquer influência das paixões e inclinações, pois embora que ele possua muitas qualidades louváveis e estimáveis, sem o princípio de uma boa vontade, poderia torná-las más. Este agir plenamente conforme a razão não é somente finalidade e dever da vida humana, mas é condição necessária para que ele seja digno da felicidade, e é também diretriz das ações para todos os seres racionais que exis-tam no universo. Para embasar esta comunicação com mais pro-fundidade, utilizamos somente o prefácio e a primeira seção do livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes, produzido pelo filósofo Immanuel Kant em 1785. Concluímos salientando que a fi-nalidade da vida humana é produzir uma vontade boa em si mes-ma, para que suas ações contenham valor moral, portanto, estas ações precisam ser praticadas sem ter em vista algum interesse, e também ser independentes de qualquer inclinação e finalidade, assim elas contem um valor superior a tudo.

Palavras-chave: Vontade. Razão. Finalidade.

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76 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DÉBORA DA SILVA PAULAGraduanda em Filosofia UECE/Provic

AFETOS E PODER EM SPINOZA

Nossa intenção com o presente trabalho é apresentar uma possí-vel solução para a questão que envolve a natureza dos afetos e a maneira como estes influenciam o agir humano. Fundamentamos a nossa hipótese nos textos do filósofo moderno holandês Bene-dictus de Spinoza (1632-1677), que desenvolve uma tese contrá-ria à tradição racionalista cartesiana que funda o agir humano no livre-arbítrio ou na vontade como infinita. Para tal, procederemos à análise da parte 3 da obra maior de Spinoza intitulada Ética: Demonstrada em ordem geométrica, na qual o nosso autor define os afetos como as afecções do corpo, através das quais a nossa potência de agir e de pensar pode ser aumentada ou diminuída; posteriormente, serão analisadas as definições dos principais afe-tos, também nesta parte da Ética, bem como as diversas manei-ras que essas afecções são capazes de afetar a mente humana, afetando, portanto, a sua potência de agir e de pensar e, conse-quentemente, o seu conatus. Também analisaremos a parte 4 da Ética, na qual é abordada as causas da servidão humana ou a submissão aos afetos-paixão. Portanto, pode-se afirmar que para Spinoza, a vontade não tem grande influência no agir humano, sendo mais provável a influência da potência dos afetos.

Palavras-chave: Afetos. Conatus. Potência de agir. Mente. Spinoza.

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77I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DÉBORA PAZETTO FERREIRA Mestranda em Filosofia UFSC/Cnpq

ONTOLOGIA DA OBRA DE ARTE EM AMIE THOMASSON

O tema da investigação é a ontologia da obra de arte, concebida no contexto de uma análise das categorias ontológicas básicas. Ou seja, a abordagem da ontologia da obra de arte a ser de-senvolvida deve ser examinada em suas suposições e implicações categoriais. Assim, a pesquisa deve assumir a tarefa de analisar com quais categorias ontológicas a suposição da existência e o conceito de obras de arte se compromete. A necessidade de se elaborar uma ontologia da obra de arte e vinculá-la ao contexto mais amplo da filosofia em geral foi apontada pela filósofa con-temporânea, Amie Thomasson. A autora empreende sua pesqui-sa específica acerca da arte buscando a categoria ontológica na qual os diversos tipos de trabalhos artísticos podem ser subsumi-dos. Em outras palavras, ela afirma que a questão central da onto-logia da arte é: que tipo de entidade é uma obra de arte, e chega à conclusão de que as categorias tradicionais da metafísica, que dividem os entes entre reais/temporais/variáveis e ideais/atempo-rais/invariáveis não podem dar conta dos trabalhos artísticos, pois estes comportam características de ambos os lados da dicotomia. Assim, as obras de arte não pertencem à categoria dos indivíduos concretos nem à dos tipos abstratos, sendo necessária a criação de uma nova categoria que as englobe. Essa nova categoria deve incluir características de várias categorias da metafísica tradicio-nal, como a dos “objetos físicos”, das “entidades imaginárias”, dos “tipos abstratos”, dos “indivíduos concretos”, entre outras, mas não se resume a nenhuma delas. Thomasson chama de “artefatos abstratos” a essa nova categoria, que ela defende proporcionar o estatuto ontológico da obra de arte.

Palavras-chave: Ontologia. Analítica categorial. Obra de arte.

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78 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DEMETRIUS OLIVEIRA TAHIMMestre em Filosofia PUC/RS

A FILOSOFIA E A IDÉIA DE INFINITO

Para Emmanuel Levinas (1906–1995), a filosofia, assim como as ciências podem caracterizar-se pela busca da verdade, todavia, mesmo sendo uma caracterização ampla e, de início, vazia, esta busca pode tomar dois caminhos: o primeiro caminho é aquele em que a verdade está estreitamente ligada à experiência. Aque-le que pensa mantém na verdade uma relação com aquilo que é distinto dele. A verdade implica uma relação com a exterioridade, com a transcendência, com o estranho. Contudo, verdade signi-fica também a investigação livre por parte do ser pensante onde este não encontra qualquer restrição enquanto liberdade de in-vestigação. Essa liberdade é o próprio exercício de negação do outro, um não alienar-se em seu movimento, pois, o contato com uma realidade outra não impede sua marcha. Destarte, a bus-ca da verdade como exercício da liberdade pode ser entendido como a marcha da autonomia, caminhada do mesmo. A filosofia não seria outra coisa senão essa caminhada de apropriação do ser pelo homem no decorrer da história. Dito isso, o objetivo deste trabalho é discorrer sobre a escolha que a filosofia fez, ou seja, que esta pendeu, na maior parte de seu percurso, para a defesa da liberdade e, consequentemente, para o mesmo, proclamando, assim, a anterioridade da autonomia em detrimento da heterono-mia: a “violência” e a apropriação estariam justificadas. A comu-nicação visa, também, mostrar a originalidade da idéia de infinito proposta por Levinas como paradigma ético, neste sentido, crítico da filosofia ocidental.

Palavras-chave: Verdade. Autonomia. Heteronomia. Infinito. Ética.

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79I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DEYVISON RODRIGUES LIMAMestrando em Filosofia UFC/Cnpq

CARL SCHMITT SOBRE PODER E LINGUAGEM

A proposta deste trabalho é realizar uma leitura pragmática so-bre a relação entre poder e linguagem a partir da obra de Carl Schmitt. Para Schmitt, a política é marcada fundamentalmente pela associação ou dissociação entre grupos. Há uma legitimação pragmática das normas a partir da facticidade constituída através dessas relações político-agonísticas: as normas são produzidas num contexto socioprático. Se, pragmaticamente, por um lado, a linguagem é práxis social e o significado é estabelecido pelo uso, por outro, essa prática social é marcada profundamente por relações de poder que, dessa forma, constituem-na, ou seja, não é suficiente afirmar a pragmaticidade da linguagem, mas é neces-sário ir além e sustentar que essas relações pragmáticas (sociais) são perpassadas por disputas, autoridade e força. Assume-se, por conseguinte, a premissa de que a constituição do sentido se dá na esfera do mundo da vida, ou seja, não é nem metafisicamente nem transcendentalmente fundamentada, mas sim pragmaticamente nas relações sociais. Portanto, na leitura pragmática de Schmitt, a linguagem não deve ser considerada apenas na dimensão so-cioprática, mas sim numa perspectiva sociocrática. Uma teoria da linguagem, assim como uma teoria política, é, no fundo, uma teoria agonística do poder, ou seja, a linguagem é perpassada por uma pluralidade de forças. Conforme afirma o autor, “César também é senhor da gramática”, isto é, a linguagem também seria um regime de poder no qual conceitos são criados. Assim, Schmitt radicaliza a reflexão pragmática e põe o conceito do político no centro de uma teoria da linguagem. A tese que daí podemos afir-mar é que assim como a sociabilidade é constituída por relações de poder, a linguagem também possui como momento fundador essas relações agonísticas.

Palavras-chave: Pragmatismo. Poder. Linguagem.

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80 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

DIONIR VIANA CORREIA LIMAGraduando em Filosofia UECE/Provic

A SOCIEDADE CIVIL E A MÃO INVISIVEL: UMA COMPARAÇÃO SOBRE A SOCIEDADE MODERNA

ENTRE HEGEL E ADAM SMITH

A sociedade industrial capitalista surgiu no decorrer do século XVI e junto com ela veio transformações que mudaram todo o panora-ma político, social, econômico e filosófico da Europa. O liberalis-mo nasceu para justificar essa nova sociedade e dar todo o apa-rato ideológico que ela precisava para ser fundamentada. Adam Smith surgiu neste contexto analisando a sociedade de sua época sob um novo ponto de vista ate então: o econômico. Valendo-se de idéias dos filósofos contratualistas, mais notadamente John Locke e Thomas Hobbes, Adam Smith abordará o homem como um ser egoísta e individualista e para ele o funcionamento da sociedade burguesa de sua época se sustentará neste individualismo liberal, onde cada um buscando satisfazer suas próprias necessidades, sem se importar com as dos outros, dará condições da sociedade alcançar a satisfação das necessidades de todos. Hegel terá uma visão influenciada pelo liberalismo de Adam Smith, percebemos isto ao analisar no seu livro Princípios da Filosofia do Direito, a Sociedade Civil-Burguesa, em que ele também conceberá o ho-mem como um ser que possui necessidades e que vai satisfazê-las individualmente para que o fim maior da sociedade, no caso a felicidade, seja alcançado. Essa concepção individualista e egoísta do homem vai acompanhar a fase inicial do capitalismo e inaugurará uma nova noção de ser humano, na qual o homem não dependerá mais da sociedade, mas o contrario, a sociedade estará a mercê dos desejos do homem subjetivo. O objetivo deste trabalho é analisar comparativamente essa sociedade industrial através desses dois pensadores e da leitura das obras Riqueza das Nações de Adam Smith e Princípios da Filosofia do Direito e de seus respectivos comentadores.

Palavras–chave: Hegel. Adam Smith. Economia. Sociedade Civil.

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81I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

EDIANE SOARES BARBOSAGraduanda em Filosofia UFC/Pibid

A HISTÓRIA DO PONTO DE VISTA COSMOPOLITA EM KANT E AS DETERMINAÇÕES DA NATUREZA

Em Kant a história humana parece seguir um plano determinado pela natureza. A liberdade dos homens, individualmente, pouco diz sobre a natureza humana, pois é no coletivo que esta espécie se realiza enquanto tal e efetiva seu propósito final mesmo sendo portadores de inclinações. O processo civilizatório (o progresso) garante a continuidade da espécie de geração em geração atra-vés da transmissão do conhecimento, da política, da cultura e da religião. É necessário transpor qualquer tipo de barreira entre his-tória e filosofia para que se tenha um conhecimento consistente dessa realidade. Não devemos nos deter apenas na antropologia, mas também é preciso considerar a ética Kantiana, com bases no imperativo categórico, como sendo um pressuposto para lan-çar olhar sobre a história universal. Este trabalho tem por objetivo levantar algumas questões sobre a teoria da história em Kant do ponto vista cosmopolita e em relação às determinações da natu-reza, questões essas que vão desde o papel da humanidade até o papel da filosofia nesse processo.

Palavras-chave: História. Civilização. Natureza.

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82 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

EDMILSON RODRIGUES MARINHOGraduando em Filosofia UFC

A TEORIA DOS MUNDOS POSSÍVEIS DE LEIBNIZ

Leibniz tenta explicar porque o mundo atual, efetivado dentre os vários mundos possíveis, é o melhor na sua totalidade. Na sua constituição geral está presente o mal e Leibniz também vai espe-cificar porque o mundo, construído assim e não de outra maneira, ainda é o melhor mundo possível. A questão dos mundos possíveis diz respeito à liberdade de Deus. Deus é o criador do mundo e é livre absolutamente, por isso cria com liberdade e não com necessidade. Ele tem a liberdade para criar ou não criar o mun-do. O problema da criação do mundo foi uma questão filosófica que também Leibniz formulou: Por que existe algo e não o nada? Resposta: porque Deus é um ente necessário, existe necessaria-mente. Desenvolvendo melhor esta resposta, Leibniz afirma que existe uma razão que explica todas as coisas, inclusive o próprio ser, no entanto, os seres, sendo contingentes, finitos, não tendo o fim em si mesmo, não podem dar conta dessa razão. Se existe o ser que é finito e não possui a causa de si mesma em si, então é necessário que exista uma razão que seja seu fundamento. Ago-ra é preciso especificar melhor o que seria essa razão suficiente, razão da existência das coisas contingentes. Outra questão: Por que Deus criou este mundo? Leibniz acreditava que a liberdade existe onde há escolha. Ao escolher este mundo, precisa-se admi-tir a existência de outros mundos possíveis que existem na mente de Deus. Todos os mundos são dados na mente de Deus e Ele faz a sua escolha. Leibniz acreditava que a liberdade tem a ver escolha, mas uma liberdade motivada. Deus é livre e tem motivos para sua escolha. Um desses motivos é a bondade que faz parte da sua essência. Por causa disso, pelo fato de efetivar sua própria essência, Deus escolhe, entre todas as opções, este mundo e este é o melhor possível. Deus escolhe o melhor.

Palavras-chave: Deus. Mundos possíveis. Mal.

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83I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

EDNILSON GOMES MATIASGraduando em Filosofia UFC/Pibid

A QUESTÃO DAS FORÇAS ORIGINáRIAS E A CONSTITUI-ÇÃO DA MATÉRIA NOS “PRIMEIROS PRINCÍPIOS METAFÍ-SICOS DA CIÊNCIA DA NATUREZA” DE IMANNUEL KANT

A gênese da matéria é o objeto da metafísica da natureza de Kant. Ele estrutura este conceito através de uma exposição racional da natureza no intuito de fundamentar suas leis com princípios pu-ros. Para isto, ancora-se nas verdades apodíticas da matemática e nos conceitos categoriais da “Crítica da Razão Pura”, ou seja, apóia-se em princípios a priori e não em simples leis de experi-ência. Neste sentido, uma genuína ciência da natureza tem como pressuposta uma metafísica da natureza. Kant redige os “Primeiros Princípios Metafísicos da Ciência da Natureza” visando justamente à elaboração uma tal metafísica. Nesta obra, o autor promove uma aplicação da tábua das categorias da “CRP” e intenciona cumprir as exigências de uma ciência natural propriamente dita através da construção a priori dos objetos da experiência. Segundo Kant, a pura teoria da quantidade dos movimentos corresponde à fo-ronomia, na qual a matéria deve ser definida, em sua primeira manifestação, como aquilo que “é móvel no espaço”, como pontos composicionais, detentores apenas de mobilidade e vazios inter-namente. Já a dinâmica compreende a matéria como “o móvel enquanto enche um espaço”. Neste sentido, a matéria é um móvel provido de constituição interna, o que implica dizer que não pode ser penetrada por outra matéria. Isto se dá em função de uma for-ça motriz particular que proporciona à matéria uma resistência à penetração de outro móvel no espaço por ela enchido. Visto que a resistência a um movimento implica outro movimento no sentido contrário, esta força motriz que proporciona a impenetrabilidade da matéria possibilitará a dedução da primeira força originária, a saber, a força de repulsão. Ao analisarmos esta em conjunto com a força de atração, podemos estabelecer as condições de possibi-lidade da matéria na filosofia da natureza de Kant.

Palavras-chave: Kant. Natureza. Metafísica. Forças originárias. Matéria.

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84 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

EDUARDA CALADO BARBOSAMestranda em Filosofia UFPB/Cnpq

CONCEITOS E CONTEXTOS O que separa seres que possuem conceitos de seres que não possuem? Que requerimentos precisam ser satisfeitos para que um organismo possua um conceito C? Filósofos (dentre os quais Davidson, Brandom, Dretske e Fodor) dividem-se em ao menos dois grupos ao responder tais perguntas. De acordo com filósofos no primeiro grupo, os requerimentos para posse de conceitos só podem ser satisfeitos por seres lingüísticos – que dominem as in-ferências geradas a partir de C e que levam a C, e/ou possuam um vasto conjunto de crenças envolvendo C. Já filósofos no segun-do grupo defendem que seres não-lingüísticos também podem possuir conceitos – tomam como requerimento para posse de um conceito C tão somente que um organismo seja capaz de discrimi-nar, reconhecer perceptualmente ou representar mentalmente C. Contudo, como tentaremos mostrar, o debate entre os dois grupos tem sido dos mais lentos. É comum para membros de um grupo, ao confrontarem a posição do grupo adversário, simplesmente reafirmarem suas posições. Nosso objetivo é contribuir para tal debate, não em defesa de uma das posições, mas opondo-nos ao que ambos os grupos possuem em comum: a suposição de que existem requerimentos fixos para posse de conceitos. Defendere-mos uma posição contextualista, segundo a qual os requerimentos para posse de conceitos podem variar (de acordo com graus de exigência) em diferentes contextos de atribuição. Assim, procura-remos mostrar que, em alguns contextos, a linguagem pode ser uma exigência para a posse de conceitos, enquanto que, em ou-tros, com requerimentos distintos, pode não ser.

Palavras-chave: Conceitos. Conhecimento. Requerimentos. Lin-guagem. Contextos.

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85I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ELAINY COSTA DA SILVAMestranda em Filosofia UECE

DEUS OU SUBSTÂNCIA: AS DEFINIÇÕES DA PARTE I DA ÉTICA DE BENEDICTUS DE SPINOZA

Análise do percurso spinozista para a explicitação e demonstra-ção de Deus, conforme a primeira parte de sua obra maior, a Ética Demonstrada em Ordem Geométrica. Para isto iremos inicialmen-te expor as definições fundamentais que constroem a noção de Deus, de acordo com a ordem seguida por Spinoza na Parte I da Ética. Na primeira das definições desta parte, nosso autor define a principal propriedade de Deus, ainda que este não seja nomeado explicitamente nela: a definição de causa sui, ou aquilo cuja natu-reza não pode ser concebida senão como existente. A relevância desta definição pode ser imediatamente percebida: é ela que vai possibilitar a assimilação conceitual entre Deus e a substância, visto que esta última será definida como o que existe por si e por si é concebido. E a estas duas definições, Spinoza acrescenta a de-finição de atributo, ou aquilo que o entendimento percebe como constituindo a essência da substância e a definição de modo, ou as afecções da substância, ou ainda, o que existe noutra coisa pela qual é também concebido. Uma vez definidos os elementos dos quais é composto, Spinoza pode agora definir Deus como o ente absolutamente infinito, ou a substância que consta de infini-tos atributos. Após expormos este percurso, iremos demonstrar as relações entre estas definições e como elas se complementam nas proposições seguintes e fundamentam a caracterização última de Deus na Parte I da Ética.

Palavras-chave: Atributo. Deus. Modo. Spinoza.

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86 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ELANO SUDÁRIO BEZERRAGraduando em Filosofia UFPI/Pibic-Cnpq

CETICISMO E PRINCÍPIO DE FECHAMENTO

O objetivo do trabalho é explanar como o cético faz uso do prin-cípio de fechamento para chegar à conclusão de impossibilidade do conhecimento. Com vistas a isso, utilizar-se-á a exposição do problema por Jonathan Dancy e por Peter Klein abordando uma possível resposta ao argumento cético a partir da proposta de Fred Dretske. O cético nos dá a seguinte questão: se o sujeito sabe que p(sendo p qualquer proposição relacionada ao mundo exterior) e sabe que p implica q (q sendo qualquer contrária lógica para p), então este sujeito sabe que q. O cético utiliza-o da seguinte forma: para saber qualquer proposição mundana você deve estar justificado na crença que não está sendo enganado, seja por um gênio maligno ou que você seja um cérebro na cuba recebendo imputes ou mesmo que esteja sonhando. O ceticismo argumen-ta que de fato não temos como saber que somos vítimas de um engano sensorial e, assim, não temos conhecimento de qualquer proposição mundana. Em contrapartida, Dretske afirma que o princípio de fechamento falha em alguns casos, pois há situações em que você pode não saber a contrária lógica e mesmo assim ter conhecimento. O caso da zebra é proposto por este teórico para ilustrar uma circunstância em que o princípio de fechamento falha: Suponha que você está num zoológico e tem todas as con-dições para acreditar que está diante de uma zebra e realmente você sabe que é uma zebra, mas se alguém colocasse no lugar da zebra uma mula espertamente disfarçada de zebra, você não conseguiria detectar tal coisa. Para este teórico, nesta situação, é demonstrada a falsidade do princípio de fechamento, já que você pode saber que está diante de uma zebra e falhar em conhecer que não é uma mula espertamente disfarçada.

Palavras-chave: Ceticismo. Princípio de fechamento. Conheci-mento. Caso da zebra.

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87I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ELIVANDA DE OLIVEIRA SILVAGraduanda em Filosofia UFC/Pibic-Cnpq

HANNAH ARENDT E A BIOPOLÍTICA

A presente comunicação constitui-se num esforço de aproximar-mos o pensamento de Hannah Arendt da biopolítica. Trata-se de uma nova forma de poder que se estabelece pela assunção e controle da vida. Hannah Arendt é uma filósofa da política por excelência e a biopolítica é um dos ramos de estudo atualmente mais importantes da política. Assim, as questões que levantamos são: quais os pressupostos, quais os elementos da obra arendtiana que nos levam a inserir o seu pensamento na temática da biopo-lítica. A resposta para essa questão é a experiência dos Estados totalitários. Portanto, é na análise do totalitarismo que buscaremos suscitar os elementos que permitem o nexo entre o pensamento de Hannah Arendt e a biopolítica. Pensar o totalitarismo a par-tir de uma perspectiva biopolítica é compreender a experiência dos campos de concentração, uma vez que os horrores cometidos nos campos de concentração resultaram de maneira radical na transformação da natureza humana para uma animalização do ser humano. Constatamos, a partir desse estudo, que há no pensa-mento de Arendt um lugar privilegiado para a ação política, para os homens revelarem-se enquanto protagonistas de suas vidas. Encontramos, ainda, na filosofia arendtiana, uma nova formulação de mundo que é garantido aos homens porque os mesmos são dotados da capacidade de iniciarem algo novo, de viverem como seres distintos e singulares. Uma proposta que diverge do modelo biopolítico que configura a política na contemporaneidade, tendo em vista que biopolitizados os homens entram em um processo de automação, descartabilidade e isolamento.

Palavras-chave: Totalitarismo. Biopolítica. Campos de concentra-ção. Animalização do ser humano.

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88 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

EMILSON SILVA LOPESGraduando em Filosofia UECE

CRÍTICA CULTURAL E CRÍTICA DIALÉTICA DA CULTURA: A PERSPECTIVA DE ADORNO

No ensaio Crítica cultural e sociedade (1963) o filósofo Theodor Adorno discute acerca da condição reificada da cultura na época do capitalismo avançado. O ponto de partida da discussão é a análise das concepções de crítica e cultura nesta forma da socie-dade burguesa, que em suas formas tradicionais estão subordina-das às determinações econômicas e à reprodução de uma preten-sa harmonia social. O fio-condutor é a autonomização da cultura com relação às condições materiais da vida e seu isolamento que tem raízes na separação entre trabalho físico e trabalho espiritual. Neste sentido, o objetivo é seguir a argumentação de Adorno e re-fletir sobre qual a importância da crítica nestas condições e sobre o papel a ser desempenhado pelo crítico frente à problemática que o frankfurtiano chamou de “irracionalismo da crítica cultu-ral”. Este constituiria uma brecha aberta pela crítica cultural que possibilita a acusação do iluminismo em si mesmo como causa da reificação da vida e não consideraria a utilização deste iluminismo como instrumento da dominação real. O tratamento sugerido para estas questões segue o viés dialético materialista adotado pela Teoria crítica da sociedade e se opõe vivamente aos processos de autonomização dos conceitos, uniformização e fetichização, típicos da cultura de massa além de, também, se opor a práticas políticas tais como o autoritarismo e o totalitarismo, resultantes da irracionalidade total da sociedade.

Palavras-chave: Adorno. Cultura. Sociedade. Crítica. Dialética.

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89I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ERIKA BATAGLIAMestranda em Filosofia UFC/Capes

HEGEL E A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

Hegel descreve em uma de suas obras as etapas de formação da consciência como um processo marcado pelo conflito entre o “eu” em formação e os objetos que povoam o mundo da experiência externa e interna. Esta dialética do auto-reconhecimento individu-al, empreendida pela recusa do abstrato e atemporal “eu penso” kantiano, articula-se em função do par mesmidade-alteridade, em cuja relação de assimilação e rejeição se condensa um princí-pio interno que delimita uma região de experiências privadas em contraste com um domínio de entidades externas. Este desenvol-vimento da consciência aplica-se analogamente ao indivíduo e a espécie, Portanto, o movimento deveniente de cristalização do “eu” possui uma incidência onto e filogenética. Desse modo, a lon-ga mediação temporal que descreve as etapas de humanização de nossa espécie é marcada igualmente pelo embate entre nossos ancestrais e o mundo externo. Desta complexa rede de relações, com todas as implicações técnicas e simbólicas que daí decorrem, emerge a “noção de si mesmo” anulando gradativamente a con-tigüidade entre homem e natureza e consumando o advento da cultura. Nesse sentido, o “acesso a si”, tanto antropologicamente como filosoficamente, exige necessariamente a mediação da al-teridade, sem a qual o “si mesmo” se desvaneceria pela ausência da antítese que lhe atribui consistência e contorno próprios. Con-trariamente a esse reconhecimento, a condição moderna da idéia de consciência ou de “si mesmo” a encerra nos limites estreitos da auto-referência privando-a do contato fecundo com a alteridade, seja esta Deus, a Natureza ou os outros homens. Assim, a formação de “si” ressente-se daquilo mesmo que a torna possível. Desse modo, com base na aceitação desta exigência como premissa ir-recusável à constituição de “si mesmo”, avançaremos uma inter-

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90 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

pretação da obra Prometeu Acorrentado de Ésquilo como registro metafórico que encontra na figura de Prometeu e seu infortúnio a realização trágica da identidade pela mediação da alteridade, e, nesse sentido, aquilo que faz e diz Prometeu é o outro como cifra da alteridade que dá acesso ao “si mesmo”.

Palavras-chave: Hegel. Consciência. Formação. Alteridade.

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91I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ERIKA GOMES PEIXOTOGraduanda em Filosofia UECE/Provic

O ESTADO COMO IDÉIA MORAL OBJETIVA E LIBERDADE CONCRETA

Dado trabalho pretende, a partir da obra Princípios da Filosofia do Direito, de Georg W. F. Hegel (1770-1831), evidenciar no pen-samento deste filósofo a sua concepção de Estado. Em Hegel, o Estado constitui o último momento da Moralidade Objetiva, que se apresenta dividida dialeticamente em três momentos: na Família, na Sociedade Civil e no Estado. É através do Estado que se torna possível a execução da vontade geral através do direito, pois ele faria com que a lei fosse cumprida, punindo aqueles que a trans-gredissem. O Estado tem um direito superior sobre os indivíduos e este tem o mais elevado dever para com o Estado. Ele ressalta que o Estado não é um conjunto de indivíduos isolados, este é a vida coletiva propriamente, onde a liberdade e a individualidade são preservadas. Segundo Hegel, o Estado não tem a função de garantir os interesses particulares dos indivíduos, como o direito à propriedade privada, ele deve garantir os interesses coletivos acima de tudo. A família e a sociedade civil, isto é, a individu-alidade e a particularidade são momentos empíricos e finitos e o Estado se realiza enquanto universalidade concreta, como um espírito real e infinito. Assim, a partir das questões que serão colo-cadas, poderemos fazer uma reflexão sobre o conceito de Estado na filosofia Hegeliana, sobre o direito exercido hoje e a liberdade dos indivíduos.

Palavras-chave: Liberdade. Estado. Hegel.

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92 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ERIVÂNIA DE MENESES BRAGAGraduando em Filosofia UECE

O “TERCEIRO CAMINHO” COMO ELEMENTO APOLOGÉTICO DO CAPITALISMO

Em sua obra Existencialismo ou Marxismo? Lukács levanta questões a respeito da legitimidade da filosofia existencialista. Um desses ques-tionamentos configura-se em uma crítica ao “terceiro caminho” ado-tado pela filosofia da burguesia, na qual, segundo Lukács, tenta fazer uma conciliação, entre realismo e idealismo, chegando, pois, a um conceito vazio de agnosticismo. Essa filosofia nova, não é mais que uma volta ao “terceiro caminho” na teoria do conhecimento (Mach e os neokantianos) que tinha por missão readmitir o idealismo filosófi-co. Constitui, portanto, não uma crítica ao capitalismo, mas a critica da cultura capitalista, impedindo assim, a “intelligentzia” de tirar da crise do imperialismo, a conclusão socialista. Essa variante moderna do agnosticismo torna-se mítica e criadora de mitos à medida que re-jeita o aspecto material da corporeidade (Nietzsche). Essa mitificação socialmente colocada transforma-se em ideologia, que sugere uma concepção de mundo que corresponda à da filosofia do imperialis-mo, segundo a qual nem o capitalismo nem o socialismo correspon-dem às verdadeiras aspirações da humanidade. Por ser indireto, o “terceiro caminho” não deixa de ser uma apologia do capitalismo. Para o filósofo marxiano, o “terceiro caminho” é também uma luta fi-losófica contra o materialismo dialético, isto é, tanto contra a dialética quanto contra o materialismo. Mas como a filosofia burguesa não tem o rigor necessário para produzir argumentos contra as concepções do socialismo, acaba por debruçar-se em concepções reformistas no domínio das ciências naturais e das ciências sociais.

Palavras-chave: Terceiro caminho. Mito. Realismo. Idealismo. Ma-terialismo.

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93I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

EVERTON DE OLIVEIRA BARROSGraduando em Filosofia da UECE/Funcap

CONHECIMENTO E ENTENDIMENTO NA VISÃO DA LÓGICA TRANSCENDENTAL.

Pretende-se na comunicação tematizar o tratamento dado por Immanuel Kant (1724-1804) ao conhecimento e ao entendi-mento. O filósofo admite que os sentidos nada podem pensar e o entendimento nada pode intuir. A partir da Lógica Transcen-dental será mais evidente a distinção entre as ciências das re-gras do entendimento e a ciência das regras da sensibilidade. Na ausência da própria sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, como também na ausência de entendimento nada seria pensado. Ao apresentar a Crítica da Razão Pura (1781) como obra aqui em estudo dar-se-á maior atenção à Analítica dos Conceitos. Nesse sentido, a partir da presunção de que existam conceitos a priori, será concebida a idéia de uma ciência do entendimento puro, bem como do conhecimento pelo qual se pensará os objetos absolutamente a priori. Por transcendental Kant compreende certas representações sobre a possibilidade ou uso a priori do conhecimento. Daí porque ao conceber a Analítica dos Conceitos como parte da Lógica Transcendental será preocupação do autor a tarefa de uma filosofia transcen-dental, onde se dará um tratamento lógico aos conceitos. O en-tendimento puro para Kant será totalmente distinto do elemento empírico, bem como de toda sensibilidade, sendo, com efeito, uma unidade em si mesma, que subsiste de forma eficiente.

Palavras-chave: Conhecimento. Entendimento. Lógica. Transcen-dental.

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94 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FÁBIO CÉSAR SCHERERDoutorando em Filosofia UNICAMP/ Fapesp/Daad

A PROBLEMáTICA SOBRE O CRITICISMO DA RECHTSLEHRE DE KANT

O longo período de elaboração das idéias jurídica-políticas por Kant, incluindo o período pré-crítico, é a principal causa de con-trovérsia quanto ao criticismo da doutrina da direito de 1797. Os primeiros trabalhos kantianos sobre a filosofia jurídica-política fo-ram fortemente influenciados pela doutrina do direito natural de Wolff; assimilados por Kant via, principalmente, dos discípulos da-quele (Baumgarten e, em alguma medida, Achenwall). Dado que o filósofo de Königsberg adotou boa parte da terminologia e das distinções usadas por Baumgarten, é comum a tese, na literatura secundária, de que o compêndio Initia teria sido o modelo utiliza-do para a redação da obra Metaphysik der Sitten. Soma-se a isso, a grande quantidade de pontos comuns entre os primeiros esbo-ços de Kant e o texto de 1797, o que levou a defesa da tese, por alguns intérpretes, de que a doutrina do direito de 1797 é soma das observações feitas na década de sessenta e setenta, portanto, dentro de uma perspectiva pré-crítica, e que teve muita pouca influência da filosofia transcendental. Esta interpretação alinha-se com o posicionamento daqueles que partem do pressuposto que a filosofia prática de Kant, durante o seu aprimoramento, não foi modificada fundamentalmente pelos novos resultados da filosofia especulativa. O que, consequentemente, implica no questiona-mento sobre o caráter crítico da doutrina do direito e da virtude presente em Metaphysik der Sitten (cf. Cohen, 1981; Schmuckler, 1961; Henrick, 1963; Ritter, 1982). A proposta da comunicação é fornecer uma contra-prova ao motivo desse questionamento, de-fendendo o caráter crítico do escrito Rechtslehre.

Palavras-chave: Filosofia prática. Direito. Criticismo. Método. Se-mântica.

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95I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FÁTIMA MARIA NOBRE LOPESDoutora em Educação e professora UFC/Cariri

A EDUCAÇÃO ÉTICA COMO MEDIAÇÃO ONTOLÓGICA PARA A EMANCIPAÇÃO HUMANA

Este trabalho é parte integrante dos estudos que estamos desen-volvendo no grupo de pesquisa “Ontologia do Ser Social, Ética e Formação Humana” com os alunos do Curso de Licenciatura em Filosofia da UFC, Cariri. Tal grupo pretende proporcionar uma fundamentação ontológica, ética e política aos estagiários do re-ferido Curso a fim de desenvolverem o pensamento autônomo, crítico e reflexivo, contribuindo não somente para a sua forma-ção profissional, mas também para a formação dos seus futuros alunos, quando no exercício da sua docência na Educação Bási-ca. Deste modo, a supracitada pesquisa tem como eixo condutor uma compreensão das relações humanas na sociedade atual e dos bloqueios à plena explicitação do gênero humano que ne-las imperam: a alienação, a violência, a barbárie. A partir dessa compreensão buscamos demonstrar a necessidade de uma edu-cação ética como condição ontológica para a superação desses bloqueios. Para isso tomaremos como fundamento teórico algu-mas obras de Kant, Marx, Lukács e Adorno. Em que pesem as diferentes concepções entre os filósofos aqui mencionados, pode-mos afirmar que há uma certa unidade dos seus pensamentos em relação à questão da alienação, exploração, violência, etc. e da necessidade e possibilidade da sua superação; sendo a educação ética e critica um forte instrumento para esse fim. Essa educação vai bem ao encontro da LDB/96 ao prescrever no seu artigo 35, Inciso III, que a educação tem como finalidade, entre outras, “o aprimoramento do educando como pessoa humana incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”.

Palavras-chave: Educação. Ética. Emancipação.

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96 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FELIPE RENAN JACUBOWSKIMestrando em Filosofia UNIOESTE/Toledo (PR)

A RELAÇÃO ENTRE VERDADE, CONHECIMENTO E LINGUAGEM EM NIETZSCHE

O conceito de “verdade” no pensamento do filósofo alemão Niet-zsche (1844-1900) possui um caráter distinto da filosofia e da ci-ência tradicional que a conceberam de modo dogmático ou ab-soluto. A verdade em Nietzsche não significa um saber absoluto como se o homem fosse capaz de encontrá-la por via da razão ou pelo uso dos sentidos, mas é algo que deve ser criado, exposto e imposto como dominante para que possibilite o surgimento de uma cultura. O filósofo alemão critica duramente as filosofias e as ciências que, embriagadas pela vontade de verdade, se crêem capazes de alcançar uma verdade imutável por via da razão, dos sentidos e da linguagem. Em Nietzsche, a razão e os sentidos são instrumentos dos instintos mais elevados do homem e a lingua-gem ou os signos lingüísticos possuem apenas o caráter de expo-sições ou interpretações grosseiras de nossos afetos ou impulsos simplificados, fixados e generalizados em palavras para a vida comunitária. O “conhecimento”, a partir do momento em que é transposto para a linguagem e, ao impor-se como verdade eterna, perde suas cores tornando-se grosseiro e superficial. Mostraremos que Nietzsche não abandona inteiramente os conceitos de verda-de, conhecimento e linguagem, porém, assume uma nova postura relacionando-os entre si como uma forma de dominação de múlti-plas vontades de potência criadoras de novas formas.

Palavras-chave: Verdade. Linguagem. Vontade de potência. Co-nhecimento. Cultura.

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97I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FERNANDO DE MORAES BARROSDoutor em Filosofia e Professor da UFC

O TEMPO NA MÚSICA E O TEMPO DOS FILÓSOFOS

Que a idéia de tempo constitui uma peça chave para compreen-der a estratégia contida no ideal ocidental de inteligibilidade, eis algo que salta aos olhos de quem percorre a história da filosofia. Seja no âmbito das preocupações cosmológicas, seja no que se refere à tomada de consciência de si do próprio pensamento, a duração relativa dos acontecimentos nunca cessou de dar ensejo a hipóteses globais de interpretação da história e da natureza. Bem menos conhecido, porém, é o contramovimento especulativo por meio do qual o tempo musical se converteu, a partir do século XIX, num dos mais corrosivos instrumentos de apreciação valora-tiva e questionamento político-social. O propósito geral de nossa comunicação consiste em delinear o processo teórico mediante o qual Schelling, Nietzsche e Adorno realizam à luz de diferen-tes noções de ritmo, uma superação positiva das dicotomias que cruzam a ponderação filosófica tradicional, viabilizando, gradual-mente, uma crítica radical aos modos de recepção impostos pelos modernos monopólios culturais.

Palavras-chave: Filosofia. Música. Schelling. Nietzsche. Adorno.

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98 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FERNANDO DE SÁ MOREIRAMestrando em Filosofia UNIOESTE/Capes

ACERCA DO ETERNO RETORNO EM SCHOPENHAUER

O eterno retorno do mesmo é um conceito cunhado na maturida-de do filósofo Friedrich Nietzsche. Em obras publicadas pelo próprio autor, aparece, pela primeira vez, no aforismo 341 de Gaia Ciência, intitulado O maior dos pesos. É considerado como um dos conceitos “propriamente nietzschianos” e relaciona-se intimamente com outros pensamentos caros ao filósofo, como vontade de potência e amor fati. Em Assim falou Zaratustra e Ecce Homo Nietzsche o chama de seu “pensamento mais abissal”. O conceito nietzschiano afirma que cada instante tem que acontecer infinitamente no decorrer do tem-po, afirma a circularidade de todos os acontecimentos; passado e futuro formam um “círculo vicioso”, no qual o presente é um instan-te que tem que retornar infinitamente no tempo infinito. Mas, ainda que o conceito seja considerado como propriamente nietzschiano por vertentes interpretativas muito influentes atualmente e Schope-nhauer não tenha usado a expressão “eterno retorno” para designar algum de seus conceitos, existem interpretações que o pensamento do eterno retorno pode ser encontrado ou deduzido da metafísica da vontade de vida. De fato, a imagem do círculo é constante no autor de O mundo como vontade e representação. Nós, diferentemente de ambas as correntes interpretativas, entendemos que só podemos entender um eterno retorno em Schopenhauer como um eterno re-torno de tipos ao invés de um eterno retorno do mesmo. Em outras palavras, enquanto em Nietzsche cada configuração específica de forças (vontade de potência) retorne exatamente igual infinitas vezes, em Schopenhauer as Ideias se objetivam criando instantes semelhan-tes infinitas vezes. Usando como conceito-guia o eterno retorno, pre-tendemos estabelecer algumas contraposições entre as filosofias de Schopenhauer e Nietzsche, desde as noções de vontade de potência e vontade de vida, até os pontos culminantes da afirmação ou nega-ção da vontade.

Palavras-chave: Eterno retorno. Schopenhauer. Nietzsche. Vonta-de de vida. Vontade de potência.

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99I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FERNANDO FARIAS FERREIRA RICAGraduando em Filosofia UFC/Pibic-Cnpq

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E EMANCIPAÇÃO HUMANA EM KARL MARX

Nesse trabalho é exposto a critica do pensador alemão à eman-cipação política. Tal emancipação é parcial, pois ela garante di-reitos perante o Estado e isso é bom, mas o próprio Estado não faz com que esses direitos sejam efetivados para todos, pois vê os homens como cidadãos de forma abstrata, ou seja, sem levar em consideração a realidade de cada um. Para Marx, a verdadeira emancipação que deveria ser efetivada é a emancipação huma-na. Nela os homens teriam a consciência do gênero humano e reconheceriam os limites do Estado. Não veriam mais no outro um limite da sua liberdade, mais veriam a todos como iguais no que eles têm de livres. Esses homens participariam na vida política em prol do bem social e não mais em prol da sua vida privada. So-mente dessa forma os homens poderiam efetivar seus direitos. Palavras-chave: Emancipação. Estado. Sociedade.

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100 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FERNANDO LUIZ DUARTE JUNIORGraduando em Filosofia UECE

CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS AO ESTUDO DA PEDAGOGIA KANTIANA

Em Sobre a Pedagogia (obra baseada em lições de pedagogia da-das por Immanuel Kant – filósofo alemão mais conhecido por sua teoria do conhecimento exposto na obra Crítica da Razão Pura – na Universidade de Königsberg, no período de 1776 a 1787), po-demos encontrar uma pedagogia (teoria da educação) baseada na formação do ser humano, para sua humanização e emancipa-ção racional. Theodor Rink, discípulo do filósofo, é o responsável por esta compilação chegar até os dias de hoje. Nesta, podemos ver um Kant preocupado com a formação moral desde a primeira infância, teorizando sobre como seria melhor educar as crianças para que se tornem “humanizadas”. Ele aborda temas como a dis-ciplina (que possui um caráter negativo na formação), a instrução (também chamada por cultura, e que possui um caráter positivo) e a liberdade. Esta obra está dividida em Educação Física e Educa-ção Prática (que consiste, com maior importância, o exercício da moralidade). Em diálogo com o texto Fundamentação da Metafí-sica dos Costumes (1785), veremos também a condição da Razão como “senhora da vontade” para a construção da humanidade em um progresso racional para a efetivação da liberdade, do agir moral e da emancipação. Dentre outras, são estas as primeiras considerações introdutórias que trataremos para o estudo da Pe-dagogia Kantiana.

Palavras-chave: Pedagogia Kantiana. Moral Kantiana. Disciplina. Hábito.

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101I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FILIPE SILVEIRA DE ARAÚJOGraduado em Filosofia UECE

AS CONSEQUÊNCIAS DA PÓS-MODERNIDADE

A relevância do pensamento contemporâneo acerca das questões do presente histórico, na compreensão da mudança do estatu-to cultural e suas características mais peculiares, trazem na sua base uma interpretação de “viragem” dos paradigmas filosóficos até então tematizados pela tradição. Tal mudança, ocorrida, so-bretudo, na sociedade da técnica, culminada na era dos mass media, possibilitou um “confronto” de culturas e subculturas. As-sim, Gianni Vattimo afirma que a Modernidade acabou, uma vez que os modelos tradicionais da mesma já não condizem com a experiência concreta do cotidiano. A Pós-Modernidade, na sua expressão, é o momento em que temos a experiência de fim da história como fenômeno universal, um processo de uma “estetiza-ção difusa” como consequência dos fenômenos comunicacionais – transformação do mundo em sons e imagens –, e uma “erosão” do princípio de realidade. Jean-François Lyotard, que inaugura o uso do termo pós-moderno na filosofia, afirma que os projetos de-fendidos pela filosofia moderna não estão inacabados, como bem defende Jürgen Habermas; eles foram destruídos, aniquilados, junto com a idéia de um avanço progressivo da razão. Da mes-ma forma, contribui com o pensamento pós-moderno Zygmunt Bauman, que crê que a sociedade tardo-moderna se apresenta em seu estado “liquefeito”, “fluida”. Essa fluidez não corresponde verdadeiramente a uma melhoria; é antes um sintoma do “caos” ocasionado pela complexidade acarretada pela sociedade da in-formação. Assim, o presente trabalho tenciona relacionar as con-cepções desses pensadores contemporâneos na busca de uma “unidade” do pensamento pós-moderno: o que representa pensar e agir no mundo hoje.

Palavras-chave: Desrealização. Estética. Filosofia da cultura. Mass media. Pós-Modernidade.

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102 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRAN DE OLIVEIRA ALAVINAGraduando em Filosofia UECE

O ENCONTRO DE ORIENTAÇÕES CULTURAIS DISTINTAS NO RENASCIMENTO ITALIANO: RETÓRICA E FILOSOFIA

NO EPISTOLáRIO DE PICO DELLA MIRANDOLA

O presente trabalho objetiva apresentar, por meio de um excur-so pelo epistolário de Pico Della Mirandola, o encontro de duas orientações culturais distintas que se entrecruzaram no Renasci-mento do Quattrocento, a saber: tradição retórica e tradição filo-sófica. Em verdade, tal confronto no âmbito da cultura revelava a oposição entre humanistas e pensadores herdeiros do procedi-mento escolástico. No epistolário, Ermolao Barbaro (1453-1493), eminente estudioso de retórica, portanto, um douto vinculado ao movimento humanista, de início, elogia o jovem Pico Della Miran-dola (1463-1494) pelo seu extraordinário progresso nos estudos literários e humanísticos, sobretudo, o seu avanço no conhecimen-to da língua grega e latina. Após o elogio, porém, Barbaro o acusa de se desviar dos estudos dignos de um douto, para se ocupar dos filósofos medievais, que, no entender de Barbaro são: “rudes, incultos e bárbaros”. Em outras palavras, doutos, mas destituídos de qualquer formação retórico-humanista, pois pensadores sem eloqüência e displicentes, no lidar com a expressividade das pa-lavras e do discurso. Tal disputa entre Pico e Barbaro, entre “filo-sofia” e “eloqüência”, revela-nos algo: o quanto o Renascimento foi um período culturalmente rico que, em seu âmbito, integrou variadas orientações de pensamento. Dessa maneira, a presente proposta intenta expor o Renascimento como movimento cultural, tendo por argumento central a disputa epistolar entre Pico Della Mirandola e Ermolao Bárbaro.

Palavras-chave: Renascimento. Filosofia. Retórica.

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103I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCA GALILÉIA PEREIRA DA SILVAMestranda em Filosofia UECE/Capes

BIOS E ZOÉ E A ATITUDE DOS MULÇUMANOS

O objetivo deste trabalho É Falar sobre bios e zoé na tentativa de relacioná-las com o comportamento dos mulçumanos. Tendo por base a leitura da obra intitulada Homo Sacer (1995), de Giorgio Agamben, esta pesquisa se vale de alguns conceitos trabalhados por ele como estado de exceção e campo de concentração. Gior-gio Agamben, ao falar sobre o conceito de vida, explica a distin-ção grega entre bios e zoé. Segundo tal distinção, zoé significa o simples ato de manter-se vivo, de exercer as funções vitais que são comuns a todos os seres vivos; bios, por sua vez, consiste no modo de vida específico do homem como indivíduo e como ser que vive em grupo. Tendo em vista tais significados, Agamben propõe ana-lisar como a estrutura do poder soberano fundamenta-se na zoé, quer dizer, na vida nua. Assim, considerando a reflexão agambe-niana e a percepção de que, no Brasil, o estado de exceção, a zoé, rege a política vigente, tem-se, como propósito, elaborar uma discussão a respeito do fato de alguns negros e pobres estarem se tornando, no Brasil, mulçumanos. Tendo por base a premissa de que “Um mulçumano só baixa a cabeça para Alá – e para mais ninguém”, estes jovens deixam de lado a resignação estimulada pelo cristianismo em troca do ativismo político proposto por uma reflexão social fundamentada no islamismo. Portanto, pretende-mos articular a concepção de vida nua à violência brasileira, o comportamento mulçumano ao poder soberano, deixando claro, aqui, que se trata de uma reflexão introdutória diante da comple-xidade e atenção que a discussão requer.

Palavras-chave: Bios. Zoé. Agamben. Mulçumano. Brasil.

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104 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO ADRIANO ROCHA UCHÔAGraduando em Filosofia UFC/Pet

ABSURDO E SUICÍDIO NA FILOSOFIA DE CAMUS

O objetivo dessa comunicação é analisar, segundo o pensamento de Albert Camus(1913-1960), a questão filosófica que é classifi-cada por ele como a mais primordial de todas: realmente, vale a pena viver? Através desse questionamento criaremos um espaço de debate em torno da problemática do suicídio em par à situação do homem atormentado pelo absurdo da vida. Definiremos quais são os fenótipos que caracterizam o homem tipicamente classifi-cado por Camus como “homem absurdo” e quais os limites dos chamados “Muros Absurdos”. Também é objetivo desse trabalho estabelecer uma relação entre o suicídio e o absurdo e delimitar a medida exata em que o suicídio poder ser considerado uma solução para o absurdo. Porém, não se trata simplesmente de en-contrar a resposta nos termos, ou você se mata ou não se mata, e sim de se pensar na grande maioria das pessoas que passam a vida a se interrogar a respeito do sentido da vida e que, por muitas vezes, não chegam a nenhuma conclusão. Finalmente, justificare-mos a “expressão mítica” que é atribuída ao homem por Camus, utilizando, como ele mesmo o fez, personagens da literatura, tais com o Fausto de Goethe, Kirilov da obra de Dostoievski e Don Juan. Contudo, um personagem da tragédia terá uma importância maior para essa análise. Sísifo, condenado a empurrar uma pedra de mármore até o cume de uma montanha, porém, a rocha era deslocada novamente para baixo por uma força irresistível cada vez que se aproximava de seu objetivo, fazendo com que sua jor-nada fosse interminável. Entretanto, ele permanece infinitas vezes nessa árdua tarefa, e a executa com revolta sem jamais desistir. Tal alegoria é importante para traçarmos os parâmetros necessários para distinguirmos no pensamento à revolta do homem diante do absurdo de qualquer espécie de niilismo que possa ser atribuído ao pensamento de Camus.

Palavras-chave: Camus. Absurdo. Suicídio.

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105I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO BRUNO PEREIRA DIÓGENESGraduado em Filosofia UECE

SOBRE A TANATOPOLÍTICA DO NAZISMO, EM GIORGIO AGAMBEN

Segundo a reflexão de Giorgio Agamben, os grandes Estados to-talitários do século XX são representantes de uma nova biopolítica planetária. O Estado de exceção e os Campos que nele se abrem, representam verdadeiro paradigma que sustenta a estrutura ju-rídico-política do tempo presente. Aqui será dada ênfase maior no que se refere à chamada tanatopolítica; à Eutanásia praticada pelos nazistas, bem como à política de extermínio realizada nos campos de concentração. Para Agamben, é possível e necessário compreender os eventos do nazismo no contexto da Biopolítica, não apenas como a loucura de um tirano ou o fruto de propagan-da ideológica, mas sim com todas as suas implicações éticas e his-tóricas. O autor perpassa por discussões acerca do direito romano, medieval e contemporâneo, por questões políticas referentes ao poder soberano e as grandes ditaduras do novecentos, para termi-nar com uma discussão ética que intenciona solapar as bases das éticas tradicionais e contemporâneas, sobretudo as que se preten-dam normativas e caminhem sobre conceitos como dignidade, res-ponsabilidade, culpa e testemunho. A Ética tem origens jurídicas que a poluíram e das quais é preciso libertá-la. Nesta perspectiva, especialmente no contexto dos grandes Estados totalitários do sé-culo XX, a biopolítica caracteriza-se por uma indistinção de papéis entre o poder soberano e as autoridades de outros setores sociais. Na medida em que o soberano necessita de plenos poderes sobre todos os aspectos relevantes da vida, numa ˝politização˝ completa da vida, o soberano alarga cada vez mais seu poder e, para tal, deve confluir o papel do soberano com o do juiz, do médico, do sacerdote, do cientista. O biopoder soberano, nesse momento his-tórico, visa a morte de seus súditos e, portanto, assim posta, pode-se agora chamar a biopolítica de verdadeira tanatopolítica.

Palavras-chave: Biopoder. Tanatopolítica. Eutanásia. Campos. Vida. Morte.

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106 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO DAVID DE OLIVEIRA ALMEIDAGraduando em Filosofia UECE

A TEORIA DOS CONTRáRIOS COMO ARGUMENTAÇÃO DA PROVA DA IMORTALIDADE DA ALMA NO FÉDON DE PLATÃO

Sócrates, no final do diálogo Fédon, apresenta os três últimos ar-gumentos para tentar provar que a alma é imortal. Estes argu-mentos são permeados por conceitos que figuram a limitação da linguagem para a exposição da verdade. Alguns conceitos tocam a concepção de contrariedade que há na morte e na vida. Isso faz parte da dialética da exposição, estando restrito ao uso metafóri-co destes conceitos. A chamada teoria dos contrários é exposta no intuito de fundamentar a alma como realidade nela mesma. Esta teoria é seguida de duas outras teorias, a da reminiscência e a teoria das idéias. A teoria dos contrários tem suas implicações diretamente apontadas para o entendimento da psykhê imortal, pois, Sócrates a expõe para, mais uma vez, afirmar a existência da psykhê em si e por si como atividade real e com a capacidade de pensar. O filósofo tenta, o quanto lhe é possível, ter o conhecimen-to de todas as coisas, através do exercício da reflexão da alma em si e por si, que nada mais é do que o conhecimento do que a alma é em si mesma: realidade imortal. O argumento da contrariedade é utilizado por Sócrates para mostrar o contrário sendo algo nele mesmo como idéia real e também, ao mesmo tempo, um predica-do das coisas que possuem contrariedade. A alma é vida imortal e indestrutível e, no tocante à linguagem e a compreensão, “neces-sita” do seu contrário, da morte, para ser pensada enquanto tal. A alma contém a vida e a vida é o contrário da morte, logo, a alma não podendo receber nem aceitar o que lhe é contrário, torna-se, do ponto de vista da compreensão, imortal.

Palavras-chave: Imortalidade. Contrariedade. Pensamento.

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107I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO DUENNE ARAÚJO OLIVEIRAGraduando em Filosofia UECE

O PODER DA ESTETIZAÇÃO: UMA ANáLISE PÓS-MODER-NA ENTRE FOUCAULT E VATTIMO

A comunicação a seguir tenta elaborar uma esboçada relação entre o francês Michel Foucault (1926-1984) e o italiano Gianni Vattimo (1936-), autores cuja importância na filosofia e na esté-tica contemporânea são fundamentais para a crítica da cultura na atualidade. Levando-se em consideração esse argumento à partir das categorias de poder, em Foucault, e estetização, em Vattimo, inseridos no âmbito da pós-modernidade, é possível um diagnóstico crítico desse mundo pós-metafísico onde uma crítica da cultura se faz necessária. Por conta disso, faço uso também de outros críticos da cultura: Gilles Deluze, P.P. Pasolini e a Esco-la de Frankfurt. Esta comunicação prioriza certa abordagem em forma de crítica da cultura inserida na pós-modernidade. Para tanto, utilizaremos dois autores que a respeito do tema proposto são de fundamental importância: M. Foucault e G. Vattimo. São filósofos em que a abordagem da crítica da cultura, quer do ponto de vista da história, quer do ponto de vista da estética – e estética aqui num sentido mais amplo, incluindo também os mass media – desdobram uma prática onde, conforme o primeiro, o poder está formalmente arraigado aos processos antropológicos e, no segun-do, de uma cultura da estetização da vida. Tentaremos, à medida do possível, relacionar tais autores com um determinado conceito de história, característico do pós-moderno, naquilo que concerne sobre as problemáticas do poder e da estetização.

Palavras-chave: Poder. Estetização. Mass Media. Cultura.

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108 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO IVERLÂNIO FROTAMestrando em Filosofia UFC/Funcap

EXPOSIÇÃO SOBRE O SENTIDO DO SER EM HANS-GEORG GADAMER

O presente artigo converge para o entendimento da filosofia de Hans-Georg Gadamer concernente ao modo de ser ontológico da linguagem. A problemática perpassa a questão da linguagem na hermenêutica e a elevação da mesma à condição lingüístico-ontológica. A hermenêutica filosófica em Gadamer consiste em uma concepção da linguagem como condição ontológica do ser. O filósofo descreve três aspectos essenciais do ser da linguagem: o esquecimento de si mesmo, a ausência de um “eu” e a univer-salidade da linguagem. O primeiro aspecto só é compreensível pelo fato de a linguagem viva não ter consciência de tudo o que é pronunciado. O verdadeiro sentido da linguagem é encontrado “naquilo que fica de não dito quando se diz algo” (V.M. II, 151). O segundo aspecto ressalta a presença do outro. O falar já não pertence mais à esfera do eu, mas à esfera do nós. O que se diz, então, é que a realidade do falar consiste no diálogo (V.M. II, 152). O diálogo se abre à linguagem e esta se insere numa dinâmica na qual inexiste a figura do eu. O terceiro aspecto implica a linguagem como instância universal que abrange não apenas o que se diz nela, mas o sentido que não podemos pronunciar. A linguagem não constitui um conjunto fechado do que pode ser dito, ao lado de outros âmbitos do indizível, mas ela é onia-brangente (V.M. II, 152). Os três aspectos revelam o sentido do ser ontológico, um sentido que tem como esfera a realidade da linguagem no mundo.

Palavras-chave: Filosofia. Hermenêutica. Linguagem. Ontologia. Gadamer.

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109I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO JOSÉ ASSUNÇÃO DA SILVAGraduando em Filosofia UECE/Promac

A FILOSOFIA DO OUVIR DE PLUTARCO Plutarco (46-120 d.C.) filósofo grego da antiguidade e grande biógrafo de sua época, escreveu a obra Como Ouvir no I séc. d.C. que tem como objetivo propor uma reflexão sobre o ouvir e a forma que se ensina filosofia e o filosofar. Tendo como contexto de sua época a influencia de Platão (427 a.C. - 347 a.C.) por sua obra Timeu (360 a.C.), a crescente força política e proliferação do crescente número de sofistas, a declinação em que a arte da oratória esta tendo. Plutarco tem como eixo central expor uma distinção entre o ouvir uma música e o ouvir filosófico. Objetivo desta comunicação é expor como o filósofo faz a distinção já des-crita e apresenta o uso do método do ouvir para uma educação política e moral na formação do filósofo. Sem esquecer paradoxo da educação: apreender falar e desaprender ouvir. Este paradoxo é uma critica presente em toda a obra de Plutarco quando de-fende o ouvir, especificamente enquanto método para educação política na formação do filósofo. Os conceitos de benevolência e malevolência são usados pelo filósofo como aporte de seu argu-mento na retomada da arte oratória e para diferenciá-la da arte declamatória.

Palavras-chave: Plutarco. Ouvir. Filosofia. Política.

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110 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO JOSÉ DA SILVAMestre em Filosofia UFC e Professor da UFC/Cariri

O DESTINO DO ESPÍRITO NO PENSAMENTO DO JOVEM HEGEL

Hegel é um filósofo desafiador pela amplitude e complexidade de seu pensamento e permanece em alguns aspectos desconhecido dos estudiosos, prova disso são seus escritos de juventude que tiveram um papel importante no desenvolvimento do filósofo ale-mão. Entre estes escritos destacam-se a Vida de Jesus (1795) e A Positividade da religião cristã (1797), ambas do período de Berna, e O Espírito do cristianismo e seu destino (1799), do período de Frankfurt, a qual pode ser considerada a obra mais acabada e re-levante deste período, nela, o filósofo desenvolve alguns conceitos singulares, entre os quais destacamos o de ‘destino’, o qual tem como fonte uma reflexão a partir da tragédia grega que serviu como contraposição à concepção kantiana de lei e será a base para o desenvolvimento da idéia de espírito de um povo. Neste artigo destacaremos a relação entre os conceitos de lei e destino no pensamento do jovem Hegel, a partir da obra O Espírito do cristianismo e seu destino, evidenciando sua crítica a Kant e ao judaísmo, bem como a especificidade da idéia de destino e de espírito.

Palavras-chave: Lei. Destino. Espírito.

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111I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO JOZIVAN GUEDES DE LIMAGraduado em Filosofia ITEP

A CONTRADIÇÃO DO PROJETO HEGELIANO DE LIBERDADE A PARTIR DA RELAÇÃO ENTRE

CIDADÃO E ESTADO

Esta comunicação objetiva examinar a relação entre cidadão e Es-tado na teoria jurídico-filosófica de Hegel e, concomitantemente, analisar como os elementos determinantes dessa relação incidem no projeto hegeliano de efetivação da liberdade. A obra funda-mental para essa análise será “Princípios da Filosofia do Direito” (FD) [Grundlinien der Philosophie des Rechts], originalmente pu-blicada em 1821. A hipótese central que servirá como fio condutor dessa pesquisa é a idéia de que há na Filosofia do Direito de He-gel uma contradição do seu projeto de liberdade que, em última instância, advém da supremacia do Estado perante o cidadão. Na teoria jurídico-política hegeliana o processo dialético de con-figuração do cidadão se efetiva em três momentos fundamentais que contemplam o esboço esquemático da sua obra: o indivíduo enquanto pessoa (direito abstrato), sujeito moral (moralidade sub-jetiva) e, de modo suprassumido, o indivíduo enquanto cidadão (moralidade objetiva ou eticidade [Sittlichkeit]). O ponto ápice da contradição do projeto de liberdade proposto por Hegel é a idéia de que, no âmbito das relações internacionais, como “sacrifício ético”, o cidadão deve sacrificar sua propriedade, suas idéias, sua vida, etc., em detrimento da defesa da soberania do Estado.

Palavras-chave: Estado. Cidadão. Liberdade. Direito. Política. Contradição.

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112 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO LOPES DIASMestre em Filosofia UFC e Professor da UESPI/ISEAF

ESTADO, EDUCAÇÃO E PRáXIS NOS ESCRITOS DE MARX DE1843-48

É certo que Karl Marx não escreveu um livro para sistematizar suas ideias sobre o Estado e a Educação. Seu pensamento filosófico, todavia, não é omisso em relação a estes temas. Considerando isto, faremos um breve apanhado das ideias que expressam a concepção de Marx sobre Estado e Educação, em seus escritos do período 1843-48. Nesta época, para Marx, o que caracteriza o Estado é o fato deste ser a forma de “poder executivo” da clas-se social economicamente dominante; neste caso, a burguesa. Por causa dessa configuração, assegura Marx, é impossível que o Estado assuma a tarefa de “educar a todas as crianças pobres” porque isto significa o plantio dos meios e condições para a con-quista, por todos os homens, da “emancipação humana”, isto é, da liberdade humana e da igualdade social; seria o fim, pois, das desigualdades sociais sobre as quais subsiste a classe burguesa e, por conseguinte, do Estado como poder de classe. Ainda no perí-odo supracitado, Marx propõe uma “Filosofia da práxis”. Práxis é a unidade teoria e prática, pensamento e ação; é portanto o agir consciente no mundo visando sua “transformação”. Assim conce-bida, e especialmente enquanto “política revolucionária”, a práxis é uma espécie de caminho para superar o status do Estado como poder de classe, abrindo condições para a democracia e, por-tanto, para o advento de uma educação efetivamente para todos. Em conformidade com o pensamento marxiano pode-se deduzir que, se não houver uma práxis social revolucionária, o Estado ca-pitalista (burguês), ainda vigente nos dias de hoje, jamais irá se empenhar para realizar o ideal, proclamado pela UNESCO, da “Educação para todos”.

Palavras-chave: Estado. Educação. Práxis. Educação para todos.

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113I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO LUCIANO TEIXEIRA FILHOGraduando em Filosofia UFC

A INDIVIDUALIDADE EM MARX: UMA ABORDAGEM A PARTIR DOS GRUNDRISSE

O tema da individualidade tem recebido grande ênfase nos deba-tes teóricos contemporâneos, graças a experiências como as das sociedades massificadas e o socialismo institucionalizado, onde a constatação da perda da espontaneidade do indivíduo foi colo-cada como um ponto de partida para uma séria de análises das sociedades hodiernas. Nessa perspectiva, a presente pesquisa se propõe a uma análise bibliográfica do texto marxiano de 1958-9, conhecidos como Grundrisse. O estudo exegético da obra desta-cou uma retomada marxiana da lógica e da ontologia hegeliana, porém, de forma invertida, dando destaque não ao desdobramen-to necessário do conceito, mas as mediações da realidade, toma-das e abstraídas pelo teórico do mundo da práxis. Essa mudança do método dialético levou Marx a reencontrar o indivíduo atuante como ponto de partida metodológico. O homem, nessa perspec-tiva, é o produtor da história e de sua vida imediata. Com essa práxis histórica, ele efetiva a sua liberdade e se produz como ser social e socialmente determinado. Em termos lógicos-dialéticos, o indivíduo é a singularidade que, em sua ação cotidiana produz as mediações mais amplas e universais, em sua relação com todos os outros indivíduos. Nesse intermédio, o indivíduo aparece como particularidade historicamente determinada pelas suas próprias relações. Ou seja, é na história que o indivíduo se torna patrício e plebeu, proletário e burguês etc. A totalidade social tem sua rea-lidade, sua verdade, na singularidade do indivíduo, assim como o individuo encontra sua realidade como particularidade históri-ca, mediação da singularidade absoluta com a universalidade do todo social.

Palavras-chave: individualidade. Grundrisse. Marx.

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114 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO MACILIO OLIVEIRA DA SILVAGraduando em Filosofia UFC/Pibid

A PEFECTIBILIDADE DO HOMEM NATURAL EM ROUSSEAU

A comunicação propõe-se a discutir obra de Rousseau: Ensaio sobre a origem e os fundamentos das desigualdades entre os ho-mens. Jean-Jacques Rousseau no ano de 1753 produziu esse texto para participar do concurso promovido pela Academia de Dijon, o qual já havia ganhado uma vez. Considerado uma figura polê-mica e, às vezes, contraditória, Rousseau traz novas perspectivas sobre a sociedade, a educação e o conceito de homem natural que, segundo ele, estava sendo entendido de maneira errada por todos os seus antecessores. A ciência humanista do século XVII criou um homem para si e por si, sendo ele o seu objeto de estudo. Os pensadores do direito natural (moralistas) buscavam aplicar uma Lei Humana à Natureza que era mais rigorosa e afastada da realidade natural que a própria natureza que a fez e aplicou a todos os seres pertencentes a ela. Não há, assim, como com-preender a origem das desiguladades entre os homens sem uma definição correta de lei, principalmente da lei natural. Hobbes dizia que o homem é o lobo do homem, mas Rousseau entende o homem como um ser bom por natureza, cheio de potecialidades e elege a sociedade como a responsável por degenerá-lo. Assim a natureza e a sociedade são opostas.

Palavras-chave: Sociedade. Natureza. Liberdade. Homem Natural.

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115I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANCISCO ROGERY MARTINS SANTOS FILHOGraduando em Filosofia UFC/Pibid

SOCIEDADE CIVIL: UMA ORGANIZAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA EM THOMAS HOBBES

Thomas Hobbes (1588-1679) é um dos mais célebres filósofos contratualistas. Contribuiu de maneira significativa para que a política moderna se estabelecesse. Sua teoria política ajudou a inaugurar aquilo que hoje conhecemos como Estado, sociedade, poder e direito modernos – conceitos e instituições fundadores de nossa estrutura e organização social e política. Ao definir a natureza humana de modo belicoso, Thomas Hobbes não preten-dia apresentar o homem como um ser incapaz de socialização, mas apontar para uma alternativa política eficaz, que pudesse ser extraída da análise do próprio homem, encontrando nela todos os fundamentos para a política e para o Estado. Hobbes define o homem como “lobo do homem”, afirmando que ninguém tira pra-zer da companhia de outros, que todos disputam por posses e se atacam por desconfiança e glória. Assim, deixados à sua própria natureza, os homens tendem à guerra, logo, à destruição. Para o filósofo, a única forma de garantir a vida – o único e verdadeiro bem humano – seria abdicar do direito natural de dispor da força física e intelectual de que todos igualmente são detentores, para constituir um poder suficientemente forte que limitasse as ações dos homens e os mantivessem em concórdia. Esse poder soberano estaria depositado nas mãos do governante, encarnação do Esta-do. A finalidade da sociedade civil seria garantir a vida, pois só o medo da morte e a esperança de preservar a vida é que levaria alguém a se submeter ao Estado, renunciando a tudo de que na-turalmente poderia dispor.

Palavras-chave: Natureza humana. Poder. Política. Estado.

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116 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GABRIEL ELERES DE AQUINOGraduando em Filosofia UFC

ARISTÓTELES E O SILOGISMO Na Grécia antiga, no século VII antes de Cristo, viveram inúmeros filósofos cujas idéias permanecem vivas até os dias de hoje e cons-tituem grandes formas de contribuições sociais para a humanida-de. Aristóteles foi um deles, pois esse filósofo foi a primeira pessoa a se preocupar em organizar um sistema que permitisse ao ser humano inferir regras de preservação da verdade. Isso não sig-nifica que antes dele as pessoas não raciocinassem logicamente. Aristóteles vê a lógica como um instrumento primordial para o en-tendimento para todos os conhecimentos, tanto das ciências como da filosofia. O silogismo aristotélico, no momento de sua criação, foi usado como forma de refutação contra os sofistas. Quando o si-logismo aristotélico ou simplesmente silogismo foi criado também estava sendo criada a base para a lógica da programação e o homem contemporâneo pôde ver que o que começou a ser cria-do no século IV a.C. é parte fundamental do seu cotidiano, visto que, a lógica de programação está em computadores, celulares, aparelhos de sons de carros, aparelhos eletrônicos, toda essa par-te é comanda por softwares que são executados por comandos lógicos e tudo isso teve início quando Aristóteles criou o silogismo aristotélico. Palavras-chave: Aristóteles. Silogismo. Lógica.

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117I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GABRIEL SOARES DE SOUSAGraduando em Filosofia UECE

DO MODO JUSTO E VIRTUOSO DE SER

A Comunicação discorre acerca das Virtudes e das ações que vi-sando compreender o que deveríamos fazer, ser, ou viver. Saben-do-se por sua vez que são as Virtudes que constituem o valor de um ser, torna-se uma tarefa fácil discorrer sobre tal assunto, já que assim como pensou Spinoza, não há utilidade em denunciar os vícios, o mal ou o pecado. Baseando-se na obra Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, do autor Francês, André Comte-Sponville, sem deixar de lado outras obras de grande importância, como dos pensadores Kant e Aristóteles que, por sua vez, também tratam do assunto, nos dedicaremos mais, nas linhas de desenvolvimento dessa comunicação, à Justiça, não por possuir maior importân-cia em comparação as outras virtudes, mas pelo simples motivo de que, assim como encontramos no Sexto Capítulo da obra de Sponville, não se pode isentar qualquer que seja a virtude que consideremos do campo da Justiça, pois é com base nos juízos que fazemos de qualquer outra, que podemos considerá-las virtu-des, ou seja, é por meio da Justiça que se julgam virtuosa ou não as ações praticadas pelo homem.

Palavras-chave: Ética. Virtude. Justiça. Juízos.

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118 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GARDÊNIA DA SILVA COELHOGraduada em Filosofia ITEP

A SOCIOLINGUÍTICA NA FILOSOFIA DE EDITH STEIN A linguagem sempre mereceu atenção por parte dos filósofos. Basta citar o exemplo de Platão ao referir-se sobre a língua como instrumento que se ajusta ao objeto. A filósofa alemã Edith Stein (1891-1942) também não ficou indiferente a essa questão muito embora não tenha se manifestado dedicadamente em uma obra específica. No entanto, ousamos dizer que ela perpassa com o olhar fenomenológico uma análise sobre a linguagem e seus va-riantes. Por isso é possível apontar essa preocupação em sua fi-losofia e sugerir suas possíveis contribuições. Para Edith Stein, o principal ponto é a análise fenomenológica das significações das palavras em uma multiplicidade de intenções sensíveis para daí extrair sua essência. Sabemos que a filósofa se fundamenta na fenomenologia de Edmund Husserl ao refletir as formas do conhe-cimento enquanto caráter da intencionalidade de um dado objeto e sua mediação do sentido que se aplica a palavra,ou seja, como posso refletir o significado ou o sentido das categorias ao que concerne uma conexão interna entre elas que nos seja compreen-sível a estrutura essencial enquanto tal. Nesse sentido, poderíamos considerar que a perspectiva de Edith Stein tem como pretensão, na medida do verossímil, enveredar no interior do campo do ser, na “vida-do-eu” e sua relação sobre as essências da experiên-cia para uma compreensão da linguagem que possa revelar algo sobre o ser. Portanto, Edith Stein atribui centralidade na análise fenomenológica das variações lingüísticas como possibilidade de revelar algo sobre o sentido do ser ao captarmos as essências, que representam um leque de conhecimento dos nomes dos diferen-tes conteúdos de experiências.

Palavras-chave: Fenomenologia. Filosofia. Linguagem. Essência.

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119I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GARDÊNIA HOLANDA MARQUESGEORGIA BEZERRA GOMES

Graduandas em Psicologia UFC-Sobral

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA ALÉM DA UNIVERSIDADE: CINEFILOS COMO PRECURSOR

Este trabalho tem como objetivo desenvolver uma reflexão sobre a filosofia para além da universidade, ou seja, da ida da Filosofia à comunidade não-acadêmica e de como esta pode ser associada a atividades educativas e ser capaz de uma transformação social. Sabemos que esta disciplina é muitas vezes considerada cansativa e apta apenas aos intelectuais universitários. O Cinefilos, enquan-to ação de extensão, vem quebrar esse paradigma e possibilitar à comunidade não-universitária momentos de reflexão acerca da realidade em que vivem a partir de filmes aparentemente comuns, mas que trazem em sua temática assuntos bastante relevantes e instigantes tais como: ética, política, educação, religião, explora-ção infantil, amor, entre outros. A cada encontro levamos uma pro-dução cinematográfica, por ser este um meio de comunicação de massa e acessível a todos, do qual extraímos as mais variadas te-máticas para que os participantes desenvolvam a capacidade de comunicação e argumentação. Exercitamos o ato filosófico através de discussões, troca de idéias, debates. Segundo Chauí (1995, p.14), o ato filosófico é uma busca do conhecimento, quer seja da realidade ou da nossa própria capacidade de conhecer. Assim, ao propormos esse momento de reflexão estamos instigando nossos participantes a buscarem um autoconhecimento da realidade em que vivem e, talvez, de si, saindo, desse modo, de uma submissão do conhecimento para autores de seu próprio saber. Poderíamos nos perguntar o porquê da transmissão da filosofia fora dos muros acadêmicos, qual seria sua importância? Talvez porque “A filosofia exercita os estudantes a pensar clara, coerente e autocriticamente sobre novos problemas intelectuais” (CAUTISTA, p.268).

Palavras-chave: Filosofia. Comunidade não-acadêmica. Reflexão.

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120 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GILBERTO DO NASCIMENTO LIMA BRITOGraduado em Filosofia pela UFC

A FILOSOFIA KANTIANA DA NATUREZA EM SUA RELAÇÃO COM A ESTÉTICA E COM A LÓGICA TRANSCENDENTAL

Tenho como objetivo no presente trabalho demonstrar que a teoria do conhecimento kantiana não se restringe apenas a mera for-mação de conceitos originados pela nossa capacidade cognitiva, mas também abrange uma ciência pura da natureza capaz de formar juízos sintéticos a priori que descrevem, de maneira cien-tífica, o mundo físico ao nosso redor. No entanto, para descrever este englobamento de uma filosofia da natureza por uma teoria do conhecimento, é necessário analisar as principais partes que compõem tal teoria e quais dessas são indispensáveis para a for-mação de uma ciência pura da natureza. Ora, na teoria kantiana do conhecimento podemos atribuir ao processo de formação dos juízos à basicamente duas partes: a faculdade do entendimento e a faculdade da sensibilidade. A primeira é tratada em um trecho da filosofia kantiana denominado de Estética Transcendental e a segunda é abordada sob o nome de Lógica Transcendental. De-sejo expor que estas duas partes da teoria do conhecimento kan-tiana são fundamentais para a construção de uma filosofia pura da natureza, ou seja, somente mediante algumas características pertencentes a elas ― espaço, tempo, categorias do entendimento ― é que se pode desenvolver uma ciência física fundamentada em uma análise da construção subjetiva dos juízos.

Palavras-chave: Espaço. Tempo. Categorias. Matéria.

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121I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GLADSON FABIANO LIMAMestre em Filosofia pela UFC

O REPRESENTANTE CLáSSICO DO REALISMO POLÍTICO: A INTERPRETAÇÃO SCHMITTIANA DO ESTADO DE

THOMAS HOBBES

Carl Schmitt é, indubitavelmente, um expoente do chamado Re-alismo político. Sua obra é referência no que tange à crítica do Estado liberal e da defesa de uma unidade estatal forte muito pa-recida com a tematização proposta por Thomas Hobbes. Sobre este eminente filósofo moderno, Schmitt dedicou toda uma aná-lise do Estado hobbesiano concebido enquanto homem artificial detentor do poder absoluto a fim de garantir a segurança dos indivíduos. O presente trabalho visa a mostrar os principais pontos desta análise com o intuito de demonstrar se é lícita a crítica sch-mittiana que sugere Hobbes como possuidor de características do decisionismo, o que o credenciaria como representante clássico do Realismo político.

Palavras-chave: Decisionismo. Político. Estado. Poder

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122 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GLEYCIANE MACHADO LOBO OLIVEIRAGraduanda em Filosofia UECE/IC

PRUDÊNCIA EM TOMáS DE AQUINO

Para Tomas de Aquino, expoente escolástico, existem hábitos bons e maus. Os bons configuram-se como virtudes. As virtudes vão além de um simples costume, são qualidades adquiridas por uma faculdade que se dispõe a realizar algo de forma boa. Este trabalho objetiva analisar uma virtude especifica: a prudência. Ela é uma das quatro virtudes cardeais: a justiça, a fortaleza, a temperança e a prudência. Como está diretamente ligada ao agir, prudência é algo próprio da razão pratica. No entanto, nem toda ação pode ser dita prudente. Ao se deparar com a realidade, o homem passa por três momentos para um agir prudente. O prime iro momen-to implica a descoberta da realidade e um aconselhamento a si próprio acerca desta descoberta. No segundo momento, aquilo já descoberto será julgado pela razão especulativa. O ato principal da prudência é o terceiro momento: o comandar. Tendo os resulta-dos do aconselhamento e do julgamento, o homem está apto para comandar a si próprio de forma ordenada. Este ordenamento é um agir reto sob o aspecto da bondade. Se o bem não é apenas para si, mas é um bem da vida como um todo, tem-se a verdadeira e perfeita prudência. Há ainda a prudência verdadeira e imper-feita cujo fim não é o fim comum da vida humana. Aqui, conselho e julgamento foram bem realizados, mas o comando destes não.

Palavras-chave: Prudência. Virtude. Agir. Sumo bem.

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123I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GRACIELLE NASCIMENTO COUTINHOMestranda em Filosofia UECE

O LIVRE ARBÍTRIO E O PROBLEMA DO MAL EM SANTO AGOSTINHO

Em sua obra A Natureza do Bem, escrita em objeção à concepção de Mani no que diz respeito ao problema do mal e, consequen-temente, à dualidade de princípios em que se fundamentam toda a ontologia e o sistema cosmológico da seita maniquéia, Santo Agostinho demonstra preocupação em esclarecer que toda na-tureza é um bem, uma vez que procede de Deus, e que o mal, não incluído entre os seres criados, é tão somente aquilo pelo qual se dá a corrupção do modo [modus], da espécie [species] e da ordem [ordo], isto é, dos atributos constitutivos dos seres ou naturezas. A tese agostiniana da inexistência ontológica do mal presente na referida obra, bem como todas as suas implicações filosófico-teológicas, são ainda retomadas no diálogo O Livre Ar-bítrio em que, respondendo aos questionamentos do jovem Evó-dio, Agostinho esclarece mais pormenorizadamente o que já ha-via concluído em A Natureza do Bem, a saber, que sendo todas as coisas boas, o livre arbítrio não poderia ser um mal, embora por meio dele possa o homem também pecar. Valendo-se da contra-argumentação agostiniana das teses defendidas pelo maniqueís-mo, este trabalho, com efeito, tem por objetivo pensar a relação existente entre o livre arbítrio humano e a origem do mal, segundo Santo Agostinho, a partir da reflexão das obras mencionadas.

Palavras-chave: Bem. Mal. Livre-arbítrio. Pecado. Justiça divina.

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124 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

GUSTAVO BEZERRA DO NASCIMENTO COSTAMestrando em Filosofia UFC/Funcap

HIPOCRISIA, AUTENTICIDADE E CARáTER NO PENSAMENTO DE NIETZSCHE

Trataremos, nesta apresentação, do problema da criação de um caráter no pensamento Nietzsche. Nosso objetivo é o de compre-ender em que sentido e sob que aspectos a hipocrisia poderia estar associada a tal processo e de que modo, por meio desta, poderia ser conferida a esta criação uma idéia de autenticidade. Procuraremos inicialmente investigar como o autor compreende a constituição de um caráter por meio da moralidade e de que maneira, para além desta, aponta para a possibilidade de cria-ção – por meio da autodisciplina [Selbstdisziplin] e cultivo de si [Selbstzucht] – de uma segunda natureza. A partir de seus cha-mados “escritos intermediários”, vedando a possibilidade de um “autoconhecimento” com o qual se poderia chegar a tal constitui-ção, Nietzsche atribuirá a esta um estatuto artístico, enfatizando a imagem do ator como representativa de tal processo. Ao apontar para o viés artístico presente na criação de si, o pensamento niet-zscheano, como procuraremos defender, abre as portas para uma reavaliação do conceito de hipocrisia. Direcionando para esse fim o foco de nossa investigação, procuraremos expor em que sentido seria possível defender a presença da hipocrisia em tal proces-so, muito embora a “obra consumada” – o caráter – venha a se configurar como uma segunda inocência. Ainda, procuraremos mostrar de que forma, com a hipocrisia, seria possível conferir a tal caráter a sua autenticidade.

Palavras-chave: Caráter. Criação de si. Hipocrisia. Segunda ino-cência. Segunda natureza.

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125I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

HÁLWARO CARVALHO FREIREGraduando em Filosofia UFC

A FACULDADE DA IMAGINAÇÃO E AS IDÉIAS DA RAZÃO NO CRITICISMO TRANSCENDENTAL DE IMMANUEL KANT

Para Kant, a faculdade da imaginação não é apenas uma mera imagem das representações sensíveis como aparece em Des-cartes. Essa faculdade ganhará um novo sentido na sua visão. Segundo ele, a imaginação é a capacidade que nós temos de construir objetos. Para ficar mais claro, é oportuno explicar a se-guinte sentença: O “eu penso” kantiano pensa esquemas produ-zidos pela imaginação. Esta será uma faculdade indispensável na síntese da recepção das percepções, ou seja, trata-se de uma imaginação produtora e não passiva no processo de formação do conhecimento. A imaginação esquematizará os conceitos dados pela faculdade de julgar (entendimento) e fará uma ligação, uma conexão, com os dados de toda intuição da sensibilidade. A ima-ginação trabalha sintetizando o tempo todo, ela recebe imagens da intuição sensível, age sobre elas e reduz toda a diversidade re-cebida a esquemas, objetivando unidades transcendentais. Então, segundo Kant, todo o processo do entendimento e, portanto, toda a forma de conhecer algo, deve passar pelos critérios da faculda-de da imaginação. Outro ponto importante a ser explorado para entender a teoria do conhecimento de Kant são as idéias da razão. Segundo ele, a razão possui conceitos puros, ou seja, não determi-nados, não discursivos, mas sim enquanto idéias. Segundo Kant, as idéias tem sentido de unidades absolutas, unidades totalitárias que a razão “alargando” as condições do conhecimento, constrói além dos limites de toda experiência possível três idéias, que são: a Alma (objeto de estudo da psicologia racional) o Universo (que trata da cosmologia racional) e Deus (uma teologia racional).

Palavras-chave: Imaginação. Entendimento. Idéias.

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126 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

HAYANE DA COSTA FREITASGraduanda em Filosofia UECE/IC

A VISÃO HOBBESIANA DO ESTADO MODERNO

Thomas Hobbes (1588-1679) buscou fundamentar a construção do Estado em postulados básicos, sendo esses, por sua vez, dados da natureza humana obtidos pela observação do comportamento do homem. Hobbes em o Leviatã (1631) descreve a natureza hu-mana e demonstra a necessidade de um Estado político, efetivado através de um Contrato Social. Os homens têm um desejo, que é também de interesse próprio, de acabar com o estado de guerra, e por isso formam sociedades para conter a violência caracterís-tica do estado de natureza para assim poderem viver em paz. De acordo com Hobbes, tais sociedades necessitam de uma autorida-de, a qual todos os membros devem render o suficiente da sua li-berdade natural. Esta autoridade, na forma de um poder absoluto e centralizado, pode assegurar a paz interna e a defesa comum. Para Hobbes, é da diversidade de focos de poder que surge a discórdia; portanto, faz-se necessária a existência de um Estado, para garantir segurança e bem estar, valendo-se dos meios que este julgar necessário. Na perspectiva hobbesiana, pode-se dizer que os conflitos instaurados devem-se a ausência de um poder superior as partes, capaz de coagi-las a paz e ao entendimento. Devido ao fato de a violência ser um dos maiores, se não o maior problema da atualidade, pretende-se com essa comunicação fa-zer um paralelo entre o Estado político proposto por Hobbes e o Estado político atual, visto que o quadro sombrio da condição de guerra de todos contra todos, descrito por Hobbes, ainda nos é bastante familiar.

Palavras-chave: Estado. Político. Segurança. Atualidade.

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127I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

HEDWIGES GUADALLUPI DA SILVA BEZERRAGraduanda em Direito UFC

A ÉTICA ARISTOTÉLICA E O MEIO-TERMO ENTRE OS EXTREMOS

O presente trabalho, por meio de um método de pesquisa biblio-gráfico, se propõe a abordar a ética sob o ponto de vista do filósofo Aristóteles, tendo como foco principal para alcançá-la a utilização do racional no que tange à concretização do meio-termo entre os extremos. Possuindo uma natureza composta por uma alma vege-tativa e por uma alma racional, o ser humano, de modo a alcançar a sua personalidade moral, busca um determinado domínio entre sua alma racional e sua alma vegetal. Esses meios que viabilizam essa relação de dominação e de subordinação são as chamadas virtudes éticas. Embora existam diversas dessas virtudes, dados vários impulsos e tendências, ditados pela alma vegetal humana, todas elas possuem uma essência em comum: tendem ao exces-so ou à falta, quando possivelmente realizadas. Por conseguinte, para que possa haver o equilíbrio e a realização ética do homem, ou seja, a formação de sua personalidade moral, torna-se neces-sária a intervenção da alma racional para se impor o meio-termo entre os extremos. Dessa forma, a justa medida, juntamente com a sua repetição no cotidiano (habitus), formam a base da teoria do filósofo grego Aristóteles no que diz respeito à formação ética do homem.

Palavras-chave: Ética. Aristóteles. Justa medida.

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128 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

HENDRICK CORDEIRO MAIA E SILVAGraduando em Filosofia ITEP

A TEORIA DA FIGURAÇÃO DE WITTGENSTEIN

A Teoria do Juízo foi elaborada por Russell com o objetivo de in-vestigar as distinções epistemológicas que, por sua vez, permitiria estabelecer a diferença entre juízos falsos e verdadeiros, objeti-vando, assim, o sentido proposicional. Russell elaborou sua teoria, primeiramente, como uma relação dual, tendo-a estabelecido, posteriormente, como uma relação múltipla. A presente pesqui-sa visa mostrar que a Teoria do Juízo como Relação Múltipla é incapaz de impedir o julgamento de contra-sensos sem recorrer ao plano ontológico, e, também, apresentar a solução no âmbito lógico. Em primeiro lugar, apresentar-se-á o porquê de Russell ter adotado a tese do juízo como relação múltipla, em detrimento de uma relação dual, e a solução de ordem ontológica dada por este ao referido problema dos contra-sensos julgados. Por conse-guinte, mostrar-se-á a crítica que Wittgenstein direciona à teoria e a solução deste para a dissolução do problema no recinto da lógica. Como resultado, obteve-se a constatação de que a inca-pacidade da relação múltipla de Russell de evitar o julgamento de contra-sensos, no plano estrito da lógica, está na essência da teoria, concluindo-se, portanto, que uma teoria do juízo deve ser capaz de fazê-lo sem recorrer ao plano ontológico, sendo, a Teo-ria da Figuração de Wittgenstein, apta para tal.

Palavras-chave: Wittgenstein. Russell. Teoria da figuração. Teoria do juízo.

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129I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

HERMENEGILDO ROBSON COSTA DA CUNHAGraduando em Filosofia UECE/ Grupsfe

“A NOTE ON DIALETIC”, UMA VISÃO MARCUSEANA SOBRE A DIALÉTICA DA NEGATIVIDADE DE HEGEL

A presente comunicação tem como objetivo explicitar a forma como o filósofo frankifurtiano Herbert Marcuse compreende a dialética hegeliana, numa tentativa não de revitalização do pensamento de Hegel, mas empenhada em revitalizar a faculdade mental do poder do pensar negativo que está na eminência de ser elimina-da. Marcuse mostra a importância do ato de pensar racionalizado através do processo de negação do que está posto de imedia-to e é tido como verdadeiramente válido enquanto mantenedora do estabelecido, creditado como verdadeiro e impossibilitado de mudanças concretas. A negação aplicada pelo método dialético, não como uma vaga crítica ao modelo vigente em que as coisas encontram-se sustentadas por uma lógica conformista, mas, uma crítica do que ele diz prejudicar as próprias expectativas, enges-sadora das potencialidades, que deixam o homem amarrado ao conveniente, conveniente este que não é ao próprio homem, mas ao estabelecido. O modelo dialético mostra-se estranho ao “sta-tus quo” que não aceita críticas nem mudanças, mas que serve apenas como sustentáculo do estabelecido. Esse pensar negativo que atua como força motriz do pensamento dialético, facilitador para compreensão de invalidação de oposição apriorística entre valor e fato, não deve estabelecer-se como verdade ideal, mas sim como um processo de negação da negação que tem por objetivo a melhora constante de cada estado em particular com aplicação constante, para uma transformação da consciência dentro do sis-tema estabelecido.

Palavras-chave: Dialética hegeliana. Revitalização. Pensar negati-vo. Pensar racionalizado. Sistema.

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130 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

IAGONARA DARC SILVA BARBOSAGraduanda em Filosofia UECE

O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE NA FILOSOFIA POLÍTICA DE WEIL

A obra Philosophie politique (1956) de Eric Weil (1904-1947) – autor alemão naturalizado francês − apresenta uma análise dos principais agentes formadores de uma sociedade política, exami-nando tal estrutura social e as tipologias das formas de governo presentes. Weil prepara o solo para nova teoria de Estado Moder-no que é síntese entre os fatores racional e histórico que também caminham para um novo sentido. O objetivo dessa comunicação centra-se, inicialmente, na situação da política como categoria fi-losófica, para que, dessa forma, adentremos no âmbito da moral que, para o indivíduo, é a primeira na ordem do conhecimento e objeto central para compreensão do mesmo no desenvolvimento da comunidade e do Estado. Esses conceitos de reflexão filosófica sobre a política que, como já citado, tem sua origem na moralida-de individual, serão pressupostos base para análise do indivíduo e da sociedade moderna: trata-se de pontos de fundamentais na investigação da obra e do pensamento weiliano, pois se para o indivíduo a moral é a primeira na ordem do conhecimento, a po-lítica o é na ordem da realidade. Essa comunicação visa ilustrar as contradições e possibilidades nas relações entre indivíduo e sociedade e no mecanismo social moderno colocado por Weil. É importante ressaltar que essa investigação é uma tentativa de demonstrar de forma mais clara possível o caminho traçado pelo autor para chegar a um sentido mais razoável e conciliador dos paradigmas citados.

Palavras-chave: Indivíduo. Sociedade. Política.

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131I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ITANIELSON SAMPAIO COQUEIROMestrando em Filosofia UFC

DA FILOSOFIA MORAL POPULAR AOS LIMITES DA RAZÃO PRáTICA: ANáLISE DAS ÚLTIMAS SEÇÕES DA FUNDAMENTA-ÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES, DE IMMANUEL KANT

A proposta do presente trabalho é de analisar a segunda e ter-ceira seções da Fundamentação da Metafísica dos Costumes de Immanuel Kant. Procuramos identificar os conceitos contidos e explicitados pelo filósofo nas referidas seções, onde inicia com a afirmação de que o conceito de moralidade não pode ser inferido de exemplos, ou melhor, de situações empíricas. Os imperativos são postos como fórmulas dos mandamentos da razão e possuem sua validade no princípio de universalidade, ou seja, devem va-ler universalmente para serem reconhecidos como morais e, com isso, diferenciarem-se dos de destreza e de prudência. Kant ex-põe a dificuldade da demonstração da possibilidade da efetivi-dade de um tal imperativo categórico, ou seja, da moralidade, pois, este imperativo é uma proposição sintética-prática a priori e sua demonstração no âmbito teórico não é possível, mas apenas no prático. Ele conclui sobre o imperativo categórico que é ele que possibilita e fundamenta uma boa vontade enquanto auto-legisladora. A conseqüência dessa conclusão é a exposição dos conceitos de autonomia e heteronomia. Na última seção da obra, a transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prá-tica pura, o filósofo identifica o conceito de liberdade e o sustenta como propriedade de todo ser racional. E a resposta à questão como são possíveis os imperativos categóricos é dada na afirma-ção do homem pertencer simultaneamente ao mundo sensível e ao mundo inteligível. Kant estabelece ainda os limites da razão prática afirmando que não se pode explicar como é que a razão pura teórica se torna prática.

Palavras-chaves: Moralidade. Autonomia. Liberdade. Imperativo. Universalidade.

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132 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

IVÂNIA ALEXANDRE DA SILVAGraduanda em Filosofia UFC/Cariri

O APARATO TECNOLÓGICO COMO CONTROLE DA INDIVIDUALIDADE

A sociedade industrial e tecnológica proporcionou um grande avanço para a humanidade, mas por outro lado, trouxe efeitos negativos para a vida social e individual dos homens. Segundo Marcuse, teórico da Escola de Frankfurt, o desenvolvimento da sociedade industrial gerou um aparato tecnológico tão intenso que passou a influenciar fortemente não somente o modo de vi-ver, como também o de pensar das pessoas, estabelecendo-lhes novos padrões e controle da sua individualidade. Desse modo, os homens passam a agir, tanto no trabalho como fora dele, de acordo com a padronização gerada pela sociedade tecnológica, que torna o homem uma instrumentalidade para a preservação de força e de poder, cujos sujeitos passam a ser as máquinas que controlam a sua individualidade e as suas relações sociais. Esse trabalho faz parte do grupo de pesquisa Teoria Crítica e Educa-ção, coordenado pelo professor Dr. Adauto Lopes da Silva Filho.

Palavras-chave: Sociedade Tecnológica. Padronização. Indivi-dualidade.

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133I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

IVANILDE FRACALOSSI Doutoranda em Filosofia USP/Fapesp

SOBRE O CONCEITO DE REPRESENTAÇÃO EM KANT E EM REINHOLD

Para Reinhold, o sistema kantiano não parte de um princípio ab-solutamente certo, a priori. A experiência possível é contingente e o apriorismo ali só pode desfrutar de uma necessidade hipoté-tica segundo o modelo heurístico do se...então, ou do “como se”. Busca, então, uma filosofia sistemática, amparada num princípio de necessidade apodítica e que ofereça possibilidades de uma filosofia como ciência rigorosa. É na Filosofia Elementar, com o princípio da consciência, compreendido como a faculdade das representações, que o autor se propõe a uma “reelaboração” da Crítica da Razão Pura, mais precisamente da “Doutrina Transcen-dental dos Elementos”, onde faz, de sua teoria, um intermédio en-tre as filosofias teórica e prática. O princípio de representação reinholdiano oferece vantagens sistemáticas e universais de enun-ciar as propriedades de todos os tipos de representação, pois seu conceito engloba “o que tem em comum a sensação, o pensamen-to, a intuição, o conceito e a idéia” (Reinhold, Versuch...., §§ X, XI, XI), ou seja, engloba todas as faculdades da mente das quais Kant se refere. Posto dessa forma, o intuito deste texto é, então, o de investigar o emprego do conceito de Vorstellungsvermögen em Reinhold e de Vorstellungskraft em Kant, para depois fazer uma vinculação entre os dois e poder entender e avaliar a pretensa reelaboração por Reinhold da teoria kantiana.

Palavras-chave: Reinhold. Kant. Representação. Consciência. Princípio.

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134 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JAYME MATHIAS NETTOGraduando em Filosofia UECE/Pibic-Cnpq

A CRÍTICA AO FINALISMO NA ÉTICA DE BENEDICTUS DE SPINOZA

Temos por objetivo analisar, no seguinte trabalho, a Parte I da obra Ethica, intitulada De Deo, do filósofo holandês do século XVII Be-nedictus de Spinoza (1632-1677). Tal obra é escrita à maneira dos geômetras. Para isto analisou-se o apêndice que finaliza tal par-te. No qual é refutada a concepção acerca do finalismo de Deus ou da Natureza, demonstrando o que sustenta tal concepção, a sua falsidade e as consequências dela. Caráter este compreendi-do como uma concepção preconceituosa e infundada, baseada apenas na imaginação do homem que acha que todas as coisas têm por fim ele mesmo, ou seja, que Deus tenha uma vontade extrínseca e que fez tudo para que os homens lhe prestassem cul-to. Ao contrário da tradição teológico-metafísica que afirmava a transcendência de Deus e a diferença entre causa por si e causa primeira, Spinoza sustenta nos três corolários da proposição XVI Deus enquanto causa eficiente, causa por si mesmo e não por aci-dente e enquanto causa primeira; nos dois corolários da proposi-ção XVII, Deus enquanto causa única, agindo somente de acordo com a perfeição de sua natureza e enquanto causa livre, pois só ele é causa sui. Portanto, Deus enquanto produtor de si mesmo e de todas as coisas, imanente e não transcendente, não podendo pertencer a Deus o caráter de causa final ou de uma vontade in-trínseca ou extrínseca a ele.

Palavras-chave: Vontade. Causa Final. Deus. Causa sui.

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135I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JECSAN GIRÃO LOPESMestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente UFC/Prodema

O ESTADO GRAMSCIANO: ENTENDENDO AS MÚLTIPLAS RELAÇÕES ESTATAIS HODIERNAS

Há muito a concepção de Estado vem sendo encarado sob o âm-bito de sua história institucional, que a nosso ver não comporta as multifacetas relacionais da sociedade atual. No entanto aludimos que para abarcarmos essas múltiplas relações não temos por pre-missa a construção de pressupostos que margeiam dentro de uma perspectiva diversificada ou eclética, mas, a nosso ver, o Estado é melhor compreendido quando nos remetemos ao conceito de Estado Ampliado do filósofo Antônio Gramsci. O Estado Ampliado, superestrutura, aglutina duas instâncias, a primeira, a sociedade política (Estado em sentido estrito), que é composta pelo conjunto de aportes através dos quais a classe dominante detém o domínio legal da repressão, que se entrelaça com os aparelhos coercitivos de Estado, sob a égide das burocracias. Por intermédio da socie-dade política. A segunda, a sociedade civil. Esta é composta pelas organizações responsáveis pela propagação das ideologias, tais como igrejas, escolas, partidos político, sindicatos, meios de co-municação, organismos profissionais etc. Na sociedade civil e por intermédio dessa sociedade, as classes procuram efetivarem suas hegemonias, isto é, angariam aliados para suas posições median-te a direção política e o consenso. Dentro desse emaranhado de relações compreendemos que atualmente o Estado Gramsciano fornece-nos, de modo mais pormenorizado elementos para com-preendermos como este vem sendo transformado na medida em que também transforma a sociedade que o forma.

Palavras-Chave: Estado. Sociedade Civil. Sociedade Política.

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136 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JÉSSICA DE FARIAS MESQUITAGraduanda em Filosofia UFC/Pet

CONSIDERAÇÕES ACERCA DA VIRTUDE DA JUSTIÇA NA ÉTICA A NICÔMACO

O objetivo principal dessa comunicação é expor algumas idéias do ideal de justiça no livro V da Ética a Nicômaco de Aristóte-les, desenvolver o conceito de phronêsis (prudência) como sendo meio principal para deliberar sobre uma ação, no que consiste a mediania e em que sentido saber se a mediania está no centro e como o ato justo é medido. Essas indagações foram abordadas por Aristóteles, como tentativa de solucionar o problema da des-mesura visando à harmonia na polis. Logo, se justiça é aquela disposição moral que torna os indivíduos a realizarem atos jus-tos, então como distinguir os atos cometidos justamente dos atos cometidos injustamente? Segundo Aristóteles, os termos justiça e injustiça são usados em vários sentidos. No decorrer das explica-ções, ele toma o termo “justo” como sendo àquilo que produz e preserva a felicidade, ou as partes componentes da felicidade da comunidade política. Pois a justiça é considerada como sendo a virtude sublime e perfeita de um modo especial, pois enquanto há virtudes praticadas referentes a assuntos privados, a virtude da justiça é praticada nas relações com o outro, demonstrando a eqüidade na vida política. Para o estagirita, o melhor não é aque-le que pratica a virtude em relação a si mesmo, mas aquele que pratica em relação aos outros.

Palavras-chave: Aristóteles. Justiça. Virtude.

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137I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOÃO PAULO QUINTINO DE MIRANDAGraduando em Filosofia UFC/Pet

O EROTISMO NA GRÉCIA CLáSSICA SOB A PERSPECTIVA DOS DIáLOGOS PLATÔNICOS

Analisarei, neste trabalho, alguns aspectos da Grécia Antiga com ênfase na filosofia platônica, a fim de abordar como o conceito de Eros é estabelecido nos diálogos, dando atenção, principalmente, aos diálogos “Fedro” e ao “Banquete”. Pretendo explicitar a fun-ção e o significado do erotismo na filosofia de Platão, lançando luz sobre as relações homoeróticas e as noções de philia e paideia no horizonte da cultura clássica, analisando suas manifestações religiosas, artísticas e sociais para compreender de maneira mais clara esse conceito tão significativo que em sua complexidade ex-prime um modo de vida denso, multifacetado que, priorizando o que é belo, busca incessantemente o sublime. Como se diferencia a relação pedagógica da relação erótica nos diálogos socráticos? Como o amado e o amante devem proceder para manter uma relação que visa à educação e à formação moral do indivíduo? Quando há relação pedagógica e quando há pederastia? De que forma a sociedade grega se posicionava sobre estas relações? Quais diálogos têm como fundo essa temática? Como interpretar a crítica de Aristófanes à postura de Sócrates diante da juventu-de grega? O que os mitos nos revelam sobre o erotismo? Tendo como ponto de partida os estudos de Dover, W.Jaeger e J.P.Vernant que, apesar dos milênios de distância entre nossa época e a dos gregos, tentam ver o mundo sem as lentes do prejuízo contem-porâneo, busco explicitar que o Eros é intrínseco ao cotidiano do grego antigo e co-existe, mesmo que de maneira latente, aos conceitos que permeiam este período contribuindo com a cena intelectual, social e política da Hellas.

Palavras-chave: Eros. Platão. Grécia Clássica.

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138 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOÃO PEREIRA DA SILVA NETOMestrando em Filosofia UFC/Capes

UTILIDADE E CORRESPONDÊNCIA: DOS PRESSUPOSTOSDA LÓGICA, DA METAFÍSICA E DA LINGUAGEM

Nietzsche, em sua Gaia Ciência, expõe o caráter utilitarista das formulações lógicas e metafísicas em suas origens, tais como a pré-concepção de que os objetos do mundo refletem “semelhan-ças objetivas”. De fato, nada no mundo reflete tais semelhanças. Tudo o que há é absolutamente individual, particular até as últi-mas conseqüências. Mais ainda, mesmo a noção de substância, pressuposição que fundamenta a lógica, aos olhos do autor da Gaia Ciência não passa de um erro de interpretação, baseado em uma concepção imobilista do mundo. Este erro, ao sustentar que os objetos são idênticos a si-mesmos, em diferentes posições espaço-temporais, não passa de uma deficiência, uma fraqueza reforçada pelo saber. Esta noção, defendida e desenvolvida pelos eleatas, é a base da teoria das formas, a saída platônica para asse-gurar o conhecimento, ameaçado pelo fluxo heraclitiano de todas as coisas. Platão se põe justamente em meio a esta tensão entre a imobilidade do conhecimento objetivo e a mutabilidade da reali-dade. Esta tensão é o cerne do embate metafísico expresso pelo dualismo essência-aparência. As essências platônicas são o lastro da verdade objetiva, perspectiva absoluta de onde se pode redu-zir a multiplicidade totalmente particularizada. Nietzsche, porém, através de sua genealogia da verdade, limita o conhecimento das essências aos predicados de sua aparência, dado que o filósofo compreende que não possuímos nenhum órgão ou sentido espe-cial que nos demonstre o que possam ser essências. Esta interpre-tação aproxima os conceitos de essência e aparência, paradoxal-mente reduzindo o uno ao múltiplo, ao reduzir os predicados das essências aos predicados das aparências, descendo as essências ao terreno da efetividade.

Palavras-chave: Metafísica. Lógica. Utilidade.

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139I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOÃO WILAME COELHO GRAÇAMestrando em Filosofia UFC/Capes

O JUSNATURALISMO EM THOMáS DE AQUINO

As idéias Jusnaturalistas de Tomás de Aquino compõem um rico arsenal teórico, porém de suas idéias um tópico tem sido incom-preendido, o postulado de “uma lei natural eterna e imutável”. Al-guns advogam que a lei natural, elencada no Tratado das Leis de Aquino, teria um animus antidemocrático, por excluir o povo do processo de concepção das normas, já que esta lei surgiria de for-ma mística, imposta de fora por uma divindade. Tomás de Aquino não comete o erro que lhe imputam. Em seu sistema ao invés de condenar o homem à prisão legalista/religiosa, ele liberta o hu-mano tendo por arma o uso da razão. O aquinate ensina que é pela mediação racional que o homem elabora suas normas e não por algum dogmatismo místico. Uma leitura atenta dos textos do doutor angélico desfaz todos os enganos e mostra que a lei que organiza a sociedade, lei humana, é concebida passando pelo crivo do instituto racional e não em uma mistificação fantástica e que a lei eterna e imutável, para ele, é um principio norteador, “inspirador”, mas não aprisionador da lei humana. Nossos obje-tivos são os de realizar um estudo criterioso sobre o pensamento Jusnaturalista de Tomás de Aquino, em especial da obra: Tratado das Leis, analisando os pontos supra mencionados. Buscaremos demonstrar a pertinência filosófica da teoria das leis de Aquino. Nossa metodologia constará de estudo e pesquisa aprofundada em bibliografia selecionada, viabilizando uma formulação de tex-to que contemple equilibradamente o desenvolvimento do tema proposto. Nossos resultados comprovarão que Aquino em seu Tra-tado das Leis elabora uma idéia coerente, que enseja a democra-cia, e ainda hoje serve de inspiração para entendermos o sistema legal hodierno. Pelo exposto concluímos que o acerto da idéia naturalista de Aquino a credencia como referencial teórico atual.

Palavras-chave: Jusnaturalismo. Lei natural. Tomás de Aquino.

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140 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOAQUIM IARLEY BRITO ROQUEGraduando em Filosofia UECE/Funcap

WALTER BENJAMIN: COMO ESCOVAR A HISTÓRIA A CONTRAPELO

As teses “Sobre o Conceito da História” inserem-se no conjunto de escritos produzidos por Walter Benjamin (1892-1940) em combate tanto ao ideal sistemático positivista de se compreender a história, como aos ideais totalitários da social-democracia. Apoiado no mate-rialismo histórico, no itinerário freudiano, nas suas origens judaicas e articulando influências tão contraditórias e ricas como o romantismo alemão, o messianismo judaico e o marxismo, as dezoito teses e dois anexos constituem uma síntese própria e original do entendimento de história como o processo de desenvolvimento da realidade. As teses configuram um ataque frontal à posição dos historiadores ao articular o passado e presente às concepções lineares e conformistas da histó-ria, na noção positivista de “progresso”, da historiografia dos aconte-cimentos narrados pelo ponto de vista dos opressores (Herrschende), e da construção do socialismo como fruto da evolução natural dos meios de produção. Contra essa visão mecânica, passiva, Benjamin propõe uma nova concepção de história, contada do ponto de vista da maioria oprimida (Unterdruckte) com a perspectiva indispensável de transformação, uma história viva e critica da concepção evolucio-nista de progresso, de história contínua, típica da social-democracia, quando ressalta que a História é objeto de uma construção, que tem lugar não no tempo vazio e homogêneo, mas no repleno de atua-lidade, o tempo do agora (Jetztzeit). Os conceitos de Walter Benja-min, ainda que muito marcados pela época em que viveu, com suas referências ao comunismo, apresentam muita atualidade. Portanto, analisar a concepção benjaminiana de história enquanto construção não é só analisar um novo conceito, mas também compreender que a experiência dos homens configura um pressuposto primordial para o processo de construção histórica. Palavras-chave: História. Marxismo. Construção. Progresso. Experiência.

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141I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOAQUIM RODRIGUES DE SOUSA NETOGraduando em Filosofia UECE

ERASMO E MONTAIGNE: A CIVILIDADE NO INÍCIO E NO FIM DO SÉCULO XVI

A intenção deste trabalho é apresentar os motivos da importância atribuída às regras de conduta na primeira metade do século XVI, que reflete-se na grande circulação do manual A Civilidade Pue-ril (1530) de Erasmo (Roterdam, 1469 – Basiléia, 1536), e o ques-tionamento destas mesmas regras, empreendido por Montaigne (Dordogne, 1533 – id., 1592) em seus Ensaios (1588). Com este escopo, são apresentadas algumas considerações sobre o pro-cesso que vai do advento da civilidade às críticas ao excesso de decoro no trato civil, atentando-se para o significado de sociabi-lidade no contexto considerado, como entrave à espontaneidade dos indivíduos e inimiga das “más” condutas. No supracitado tra-tado, Erasmo delineia normas de comportamento em várias ocasi-ões do convívio social, regras estas que todos deveriam seguir, em especial, a nobreza. A preocupação com a aparência, reflexo da concepção de que a exterioridade revelava as disposições íntimas dos indivíduos, é uma preocupação característica das sociedades cortesãs. Contudo, no fim do século XVI, algumas destas regras de civilidade são postas em questão por Montaigne como artificiais e ridículas. Para ele, os comportamentos amaneirados dos cortesãos não eram necessários às relações sociais fora dos círculos das cor-tes. De acordo com Montaigne, o desembaraço no trato expressa-se, principalmente, através de maneiras “naturais”.

Palavras-chave: Erasmo. Montaigne. Civilidade. Século XVI.

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142 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOEL THIAGO KLEINDoutorando em Filosofia UFSC/Capes

O SIGNIFICADO SISTEMáTICO DE FÜRWAHRHALTEN E SUAS FORMAS: OPINÃO, SABER E CRENÇA

Normalmente quando se discute a distinção feita por Kant entre opinão, saber e crença, acentua-se as diferenças entre esses mo-dos de relacionar um juízo ao sujeito, mas não se tematiza sua raiz comum, isto é, aquilo que dá unidade a essas três formas, a noção de Fürwahrhalten, traduzida ora por “considerar-algo-verdadei-ro”, ora por “adesão” ou ainda “assentimento”. Assim como o con-ceito de representação, também o conceito de Fürwahrhalten é um conceito fundamental da filosofia crítica, o qual é pressuposto por Kant sem muitas explicações. Entretanto, se é importante en-tender em que consiste a diferença entre opinião, crença e saber, por outro lado, também é imprescindível que se tenha clareza a respeito do que faz com que ambas as formas possam ser tomadas como espécies de convicção (Überzeugung), caso contrário, não se conseguirá compreender a razão pela qual a filosofia transcen-dental abarca em seu desenvolvimento temas como o sumo bem, nem como Kant pode ao mesmo tempo combater o que ele chama de misticismo e afirmar categoricamente que teve de “suprimir o lugar do saber para obter lugar para a crença”. Neste trabalho, pretende-se investigar qual a relação entre Fürwahrhalten e aqui-lo que faz com que um juízo tenha uma validade pública, isto é, as condições que tornam um juízo comunicável. Procura-se mos-trar que essa comunicabilidade deve ser entendida no sentido de que, ainda que implique os resultados da delimitação do campo da experiência possível angariada na Analítica da primeira Crí-tica, não se vincula a uma exigência transcendental, o que anu-laria a separação entre conhecimento e crença, por conseguinte, precisa abranger a noção de um “assentimento livre”, o que ca-racteriza a noção de crença tal como é apresentada na Crítica da faculdade do juízo.

Palavras-chave: Kant. Assentimento. Crença. Saber. Comunicabilidade.

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143I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JORGE HENRIQUE LIMA MOREIRAMestrando em Filosofia UFC/Funcap

A SUPERAÇÃO DO ATOMISMO LÓGICO

Algumas Observações sobre a Forma Lógica (1929) demarca o momento em que Wittgenstein parece ter se dado conta de que seu “Atomismo Lógico” precisava ser superado. A tese fundamen-tal de seu Atomismo é a de que todo complexo é constituído de partes simples. Estes simples, segundo Wittgenstein, são seus áto-mos lógicos, que podem ser tanto os objetos como os nomes. Além disso, cada unidade é completamente independente das demais. Assim, tanto os estados de coisas como as proposições elementa-res são independentes. Esta seria a pedra angular do atomismo wittgensteiniano: as estruturas moleculares são constituídas de entidades simples independentes umas das outras. O Tractatus é uma demonstração da concepção atomista de lógica de Witt-genstein. Nessa obra, ele vai demonstrar como os complexos são dependentes de seus átomos. Porém, no artigo de 1929, Wittgens-tein percebe um elemento que ele não levara em conta no Trac-tatus, a saber, a relevância dos números na análise. Ele percebe que os números têm que fazer parte das estruturas elementares, derrubando, então, a tese da independência dos átomos lógicos. A partir desta superação ele vai se posicionar numa perspectiva holista na semântica, culminando com a tese dos jogos de lingua-gem apresentada em sua obra póstuma Investigações Filosóficas.

Palavras-chave: Atomismo. Estados de Coisas. Proposições Ele-mentares. Interdependência. Jogos de linguagem.

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144 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOSÉ ALDO CAMURÇA DE ARAÚJO NETOMestrando em Filosofia da UFC/ Funcap

A SUPERAÇÃO DO DIREITO NATURAL EM HEGEL: O DIREITO ESPECULATIVO

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1776-1831), entre os anos de 1802-1803, escreve um artigo intitulado Sobre as Maneiras Cien-tíficas de Tratar o Direito Natural. Nele, o autor critica as formas correntes de abordagem do Direito Natural, que não perceberam a natureza orgânica da vida política e, muito menos, o fundamen-to ético do Direito. Tais correntes, na concepção hegeliana, são o jusnaturalismo empírico e o jusnaturalismo transcendental kantia-no. Em ambos, a natureza orgânica da vida política do indivíduo perde-se no emaranhado de leis, sentenças, vazias tanto de forma quanto de conteúdo, que não diz realmente o que o indivíduo é perante o grupo, a polis. Diante desse erro construído pelas duas teorias, Hegel propõe a suprassunção, superar o momento ante-rior, mas conservando o que há de positivo, dos dois momentos anteriores, a saber, o Direito especulativo. A presente comunica-ção pretende analisar de que modo Hegel critica essas duas teo-rias a fim de introduzir a noção de Direito especulativo. Para tanto, o artigo Sobre as Maneiras Científicas de Tratar o Direito Natural será nossa referência básica. Durante a exposição do trabalho, perceber-se-á que o projeto jurídico hegeliano é o de um Direito especulativo que fundamenta a natureza ética dos indivíduos em sociedade. Em Hegel, conceber uma filosofia do direito não sig-nifica legitimar, apenas, os direitos individuais em sociedade. Ao contrário, ela já antecipa a matriz filosófica da intersubjetividade, ao propor um direito de natureza ético-orgânica.

Palavras-chave: Direito Natural. Suprassunção. Direito Especulativo.

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145I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOSÉ ERONALDO MARQUESMestrando em Filosofia UECE

CONHECENDO ERIC WEIL Esse trabalho não tem a pretensão de demonstrar o sistema filosó-fico de Eric Weil em sua totalidade, mas conhecer, através do seu pensamento filosófico, sua posição sobre a Filosofia e a Política. A tentativa em apresentar Eric Weil, um filósofo contemporâneo que ainda não está difundido, é de grande relevância, pois ele parte da realidade que está ai. Para desenvolver o seu pensamento, Weil buscou demonstrar em sua obra “A Logique de La Philosophie”, qual a coerência dos discursos filosóficos, desde Parmênides até Hegel. É uma verdadeira saga que ele desenvolve em suas dezoi-to categorias. Porém, o cerne deste trabalho não é o de demons-trar essas categorias, mas tentar compreender qual o sentido da concepção de Filosofia e da Política de Eric Weil no mundo atual, mundo cujos valores éticos estão sendo desprezados, tendo o ho-mem como um ser racional e violento. Palavras-chave: Filosofia. Política. Eric Weil.

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146 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOSÉ EXPEDITO PASSOS LIMADoutor em Filosofia e Professor da UECE

ESTÉTICA, OUTRAS ESTÉTICAS E ESTETIZAÇÕES: RUMOS DA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA COMO QUESTÃO

Pensar os rumos da experiência estética, na atualidade, exige aqui um discurso distinto daquele concernente ao fundamento e à sis-tematização da Estética como saber setorial ou ciência especial, que tem como objeto o belo e a arte (AMOROSO). A experiência estética, a partir do século XX, pressupôs: i) um redimensiona-mento da estética da criação e da categoria “obra”; ii) uma dife-renciação entre experiência estética e estetismo irresponsável; iii) a queda das estéticas clássicas sistemáticas ante a crescente au-tonomia das artes e desempenhos estético-perceptivos; enfim iv) um interesse mais vivo pelos aspectos comunicativos, operativos e sociais (GRIFFERO). Em tal redimensionamento do significado da experiência estética destacam-se duas orientações distintas das teorias: i) as que negam a autonomia absoluta da experiência estética e também as que vislumbram uma prática estética politi-zada; ii) as que reafirmam a irredutível autonomia da experiência estética. Ademais, não se desconsideram também as transforma-ções relativas ao estatuto tradicional da Estética, pois no presente a Estética está caracterizada pelo encontro também com outras disciplinas filosóficas e científicas (VERCELLONE, BERTINETTO e GARELLI). Daí se identificar um caráter interdisciplinar e, ao mes-mo tempo, a preocupação com o risco de dissolução da Estética: algo improvável para alguns estudiosos. Ao contrário de algumas orientações que identificam o fim da Estética, a experiência con-temporânea revela a possibilidade de que esta realize uma auto-reflexão crítica e recupere no debate dimensões de investigação outrora descuidadas. Explicitar tais questões é o que pretende esta proposta de comunicação.

Palavras-chave: Estética. Experiência estética. Estetizações. Estetismo.

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147I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOSÉ LUIZ SILVA DA COSTAGraduando em Filosofia UFC/Pibid

A FILOSOFIA NA ALCOVA: O SER COMO PRAZER E LIBERDADE

A filosofia de marquês de Sade é marcada por seu tempo e os reveses de seu pensamento. Este almeja a libertação do indivíduo em todas as suas potencialidades, principalmente em uma socie-dade marcada pela hipocrisia e farsa. A perspectiva educacional de Sade em relação aos jovens baseia-se no desligamento dos fanatismos religiosos e políticos e na busca de relações livres e prazerosas. Sade eleva a cultura dos libertinos, fazendo uma in-versão de valores, no qual se alça como valor uma arquitetura do prazer. Acontece a descoberta de uma epistemologia do prazer, o desejo é fonte de descoberta de si e expressão da essência do ser humano. A natureza humana é desejo, raciocínio, paixão e vonta-de, e como tal o ser se revela nas ações do corpo. O marquês se posiciona a favor da liberdade regida pela vontade, que por sua vez é guiada pela liberação transgressora. O prazer é a arma e o modo com que os homens se relacionam entre si e podem sair de suas individualidades e formar um múltiplo. É aberta desta for-ma uma pedagogia da iluminação das paixões mais tenebrosas, e desta forma a revelação corpo como fonte de doação e obtenção de amor. A realidade é ao mesmo tempo prazer e gozo.

Palavras-chave: Prazer. Liberdade. Educação. Desejo.

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148 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOSÉ ROBERTO DE ALMEIDA FREIREGraduando em Filosofia ITEP

A TOTALIDADE ANTROPOLÓGICA DA SUBJETIVIDADE HUMANA NA CONCEPÇÃO FILOSÓFICA DE EDITH STEIN

Edith Stein em sua obra “Ser finito e Ser eterno” expressa a difícil missão de refletir sobre o “Eu”, pois se refere a um ser humano, na categoria de indivíduo, em sua particularidade, ou seja, o que é dele, as suas características próprias, portanto nele existe uma complexidade distinta as dos outros. O Eu sendo um todo num complexo individual humano, Stein escreve que esse é formado numa interação de corpo, alma e espírito, donde nesse conjunto haverá uma relação com o mundo interior, a subjetividade, o mun-do exterior, a intersubjetividade, dando assim vida ao Eu. Nenhum desses elementos que constituem o eu são superior um dos outros, pois entre eles se complementam e se interagem mutuamente, sem perder a sua composição e sua essência independente. O ser humano no seu presente é dotado por uma liberdade que lhe é concebida, onde que a “Alma pode reunir a sua existência e decidir sobre si mesma”, portanto “o homem é chamado a viver em eu íntimo e conseqüentemente, a governar-se a si próprio” através da sua vivência no espírito e essa liberdade será conquis-tada pelo Eu. Ou seja, o homem não é condicionado e nem de-terminado por experiências vividas no passado ou por possíveis acontecimentos futuros. O condicionamento humano e as marcas das experiências vividas do passado refletidos pela filósofa, são existentes, porém não determinantes.

Palavras-chave: Fenomenologia. Eu. Corpo. Alma. Espírito.

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149I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOSÉ SOARES DAS CHAGASMestrando em Filosofia UECE/ Funcap

O IMANENTISMO DE BENEDICTUS DE SPINOZA E SUA FILOSOFIA ÉTICO-HERMENÊUTICA

O nosso objetivo é mostrar o imanentismo spinozano como prin-cípio filosófico gerador de uma nova concepção de realidade e, por conseguinte, de um novo modo de conceber os princípios que devem reger o agir humano. Com efeito, a partir deste filó-sofo inaugurar-se-á, de uma maneira rigorosa, um sistema cuja base será o pressuposto de que não há duas substâncias distintas, mas tudo decorre da necessidade de uma única realidade que recebe o nome de “Deus ou Natureza”. A postulação imanentista de Spinoza será, por assim dizer, o solo fértil para a sua Ética e para a elaboração de um novo tipo de abordagem das Escrituras, presente no Tratado Teológico-Político (TTP). Ao escrever aquela, dedicava-se ao que havia descoberto como único objeto capaz de dar ao homem um gozo pleno e permanente, e de lhe garantir a serenidade em meio às vicissitudes da vida. E ao iniciar a redação do TTP, longe de estar abrindo um parêntese no conjunto de sua obra, está, na verdade, se engajando em um embate intelectual; no qual desafia os seus adversários em seu próprio território (o teológico), reduzindo os argumentos deles, em torno do sagrado, a um simples instrumento para instrução daqueles incapazes de chegar à virtude pela luz natural. Com isso, defende a “libertas philosofandi” contra a perseguição daqueles que querem instau-rar um Estado absolutista-aristocrático.

Palavras-chave: Benedictus de Spinoza. Imanência. Ética. Hermenêutica

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150 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JOSÉ WAGNER MACEDO SOUTOMestrando em Filosofia da UECE/Funcap

VITA E SCIENZA NUOVA: A REFLEXÃO DE GIAMBATTISTA VICO NA AUTOBIOGRAFIA

Esta comunicação pretende explicitar a reflexão de Giambattista Vico (1668-1744) na obra Autobiografia (1728) em que o mesmo anuncia sua primeira edição da Scienza Nuova editada em 1725, demonstrando a importância de sua proposta de uma nova ci-ência aplicada às coisas humanas. Nessa obra Vico propõe uma nova arte crítica para entender a verdade dos primeiros autores das nações, encontradas nas tradições vulgares, verdades estas presentes no mundo da cultura, onde os hábitos, os costumes, os mitos e outras nuanças que contribuíram e possibilitaram o ho-mem a viver em sociedade, ou seja, a exercer a atividade política. Trata-se de uma metafísica do homem, que consiste numa inves-tigação do fazer humano desde os tempos remotos: uma gênese do mundo civil, onde se descobre uma moral e política comum a todas as nações. Ademais, anuncia uma história ideal e eterna sobre a idéia de uma providência divina, conduzindo o homem a sua humanidade, a vida civil, o mundo das nações. Por um lado concordando com autores como Grócio, Selden e Pufendorf no que diz respeito a uma justiça eterna, mas corrigindo os mesmos, pelo fato de pensarem o homem primitivo com uma razão com-pleta e sem o apoio da providência divina, mestra de uma sabe-doria vulgar, fundadora de um direito natural das nações. Em sua Autobiografia tem-se um chamado sobre a importância da vida, da convivência, onde o homem atua no sentido de perpetuar sua humanidade: tema este a ser tratado nesta comunicação.

Palavras-chave: Autobiografia. Scienza Nuova. Arte Crítica. Meta-física. Vida.

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151I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JUDIKAEL CASTELO BRANCOMestrando em Filosofia UFC/Capes

A FILOSOFIA PRáTICA DE ERIC WEIL COMO TENTATIVA DE SÍNTESE DIALÉTICA ENTRE DEONTOLOGIA E TELEOLOGIA

A filosofia de Eric Weil (1904-1977) destacou-se no contexto filosófico do século XX tanto por se estruturar como um verdadeiro sistema nos moldes hegelianos, quanto por se basear radicalmente numa funda-mentação antropológica, estruturando assim uma reflexão que teve sempre na sua pretensão compreender a totalidade da realidade e no seu ponto de partida o homem, o que fez de Weil, como ele mes-mo gostava de se definir, um kantiano pós-hegeliano. No que toca propriamente a filosofia prática, Weil retoma a intuição aristotélica de uma “filosofia das coisas humanas”, refletindo sobre a prática dos homens em consonância com a tradição ocidental de uma filosofia da ação, ou seja, moral e política, que entende a si mesma como momento da antropologia filosófica, por tratar-se acima de tudo da ação humana, desenvolvendo-se como teoria filosófica sobre as nor-mas que regem a ação individual e seus principais produtos, isto é, as instituições sociais. O que Weil faz então no campo da filosofia prática contemporânea, que se confronta com um contexto de civi-lização técnico-científica e com as alterações do panorama da vida coletiva conseqüentes deste, com as novas configurações das rela-ções internacionais e das democracias pluralistas, é se entrincheirar entre os filósofos que pensam na moral e na política a partir de uma fundamentação normativa, porém, buscando desenvolver, numa perspectiva de síntese dialética, uma forma de proceder que possa salvaguardar, sempre dialeticamente, a dimensão deontológica (p. ex. J. Habermas) e teleológica (p. ex. H. Jonas) do agir do homem, pensando ao mesmo tempo as intenções e os fins da sua ação e das próprias instituições sociais produzidas por ela. O objetivo da apre-sentação é, partindo das obras “Philosophie morale” e “Philosophie politique”, mostrar como Weil realiza este projeto.

Palavras-chave: Eric Weil. Filosofia. Ação. Deontologia. Teleologia.

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152 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JULIANO CORDEIRO DA COSTA OLIVEIRAMestre em Filosofia UFC e Professor da UNIFOR

UM LUGAR ENTRE O NATURALISMO E A RELIGIÃO NA SO-CIEDADE PÓS-SECULAR: PERSPECTIVAS HABERMASIANAS

A comunicação investiga o papel que a religião possui no que Jürgen Habermas chama hoje de sociedade pós-secular. Segundo ele, começa a prevalecer na sociedade pós-secular, e não mais apenas secular, a idéia de que tanto as mentalidades religiosas quanto as seculares precisam se modificar de forma reflexiva, aprendendo as contribuições de uma e de outra para os diversos temas. Segundo Habermas, as religiões mantêm viva, por exem-plo, a sensibilidade para o que falhou no mundo secular, preser-vando na memória dimensões de nosso convívio pessoal e social. Habermas defende que as religiões possuem intuições morais re-levantes que ajudam a modernidade a refletir acerca das mais diversas questões. Entretanto, as religiões precisam, por sua vez, abrir mão do caráter dogmático de aceitação de suas doutrinas, a fim de coexistirem em um mundo de diferentes visões de vida. Qualquer confissão religiosa tem que se colocar em relação não somente com os enunciados concorrentes de outras religiões, mas também com as pretensões da ciência e do senso comum secu-larizado. As religiões precisam, no âmbito parlamentar, traduzir para uma linguagem acessível a todos suas contribuições sobre as questões da vida. Habermas busca, assim, um lugar intermedi-ário entre o naturalismo cientificista e a religião, numa perspectiva crítica em relação a um caminho unilateral tanto da ciência como da religião. A comunicação tem como referência a obra Entre Na-turalismo e Religião: estudos filosóficos.

Palavras-chave: Jürgen Habermas. Religião. Razão.

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153I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

JULIO CÉSAR FERRÃO PINHEIROMestrando em Filosofia UFC

A OPOSIÇÃO ENTRE VERDADE E MENTIRA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO SEGUNDO F. NIETZSCHE

Antes de me debruçar sobre o problema do conhecimento e da linguagem em Nietzsche, dispusemo-nos a examinar a “crítica ao dualismo” nietzscheano, sobre a qual se fundamenta toda a pro-blemática seguinte. É importante tratar de tal tema para afastar de vez a proposição de que Nietzsche seria um autor “disperso” e de pensamento “pouco unitário”. De fato, Nietzsche jamais se propôs a criar sistemas filosóficos e pensamentos lineares que, de certo modo, iriam contra tudo aquilo que o filósofo apregoou. Toda-via, Nietzsche ao criticar as dicotomias “sujeito e objeto”, “corpo e alma”, “matéria e razão” etc., desejaria, em favor disso, produzir alguma unidade para suprimir tais dicotomias e fazer “coexistir uma multiplicidade que não fosse polarizada” (CUNHA, 2005). Diferente dos mais conhecidos pensadores de sua época, Nietzs-che afirmava que a razão era proveniente de processos orgânicos similares ao da digestão. Daí que o conhecer é um exercício do corpo. Qual seria, então, o problema do conhecimento em Nietzs-che? Portanto, o objetivo central é investigar a oposição entre ver-dade e mentira, na construção do conhecimento científico, como sentido moral, nas obras de F. Nietzsche que tratam do conheci-mento como “antropomorfização do mundo”. Isto levará a inves-tigação a reconhecer a Vontade de Potências nas forças físicas e assim devolver-lhes o peso que lhes foi tirado pelas interpretações redutoras da ciência.

Palavras-chave: Vontade de potência. Nietzsche. Conhecimento. Moral.

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154 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

KÁCIA NATALIA DE BARROS SOUSA LIMAGraduanda em História UVA

FRANCISCA JULIANA BARROS SOUSA LIMAGraduanda em Filosofia UECE

A PATOLOGIZAÇÃO DO CORPO A PARTIR DE UM CENáRIO SOCIO-POLÍTICO EM MICHEL FOUCAULT NA

OBRA MICROFÍSICA DO PODER

Patológico, etimologicamente falando, é o estudo das causas, características e efeitos de uma doença. Michel Foucault (1922-1984) nos mostra que, antes mesmo do homem ser visto como um potencial transmissor de doenças, foi a malha urbana – a cidade- que foi patologizada. A cidade causava uma série de medos na população, esses temores vinham dos elementos que compunham a sua própria estrutura física como, por exemplo, os cemitérios e matadouros, que, com seus odores característicos, causavam pâ-nico na população e davam suporte para uma série de crendices relacionadas a esses ambientes. Somente no século XIX o homem passa a ser visto como um perigo social, porém, não era qualquer homem que era perigoso socialmente e, sim, a porcentagem da população que compunha a massa pobre. Esses homens patolo-gizados passaram a ser estudados e analisados, o que resultou em uma valorização do exame e do diagnóstico. Essas observações não foram realizadas somente em relação ao doente, mas também em relação à própria estrutura hospitalar em que ele estava inseri-do. O hospital deixou de ser uma instituição mítico-religiosa para incorporar algo mais substancial. Assim, o autor nos mostra, com clareza, que o hospital passa a ser um instrumento de intervenção que age diretamente sobre o enfermo, proporcionando-lhe a cura e é a respeito dessa relação hospital-enfermo que pretendemos discorrer, baseado em Foucault, o nosso trabalho

Palavras-chave: Foucault. Patologia. Corpo. Hospital.

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155I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

KARINE VIEIRA MIRANDA MACIELGraduanda em Filosofia UECE

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CAPITULO VIII DO TRATA-DO TEOLÓGICO-POLÍTICO DE BENEDICTUS DE SPINOZA

Nossa intenção com o presente trabalho é expor os questiona-mentos de Benedictus de Spinoza no capítulo oitavo do Tractatus theologico-politicus, quanto a autenticidade e confiabilidade das Escrituras Sagradas. Spinoza se utiliza do capítulo supracitado para denunciar os conceitos teológicos, embora admitindo ser um tanto tarde para empreender essa tarefa, já que o homem não admite mais correção no que se refere a teologia, tornando-se resistente à razão. Nosso objetivo principal com este trabalho é tratar sobre a crítica de Spinoza sobre o conhecimento bíblico, pois segundo o filósofo, a história da Escritura não foi escrita tal e qual a realidade, mas teve o acréscimo de informações meramen-te imaginadas por aqueles que escreveram, impossibilitando as-sim uma reconstituição integral. Como metodologia, utilizaremos a exegese, seguido de uma explicação do resultado obtido com a leitura e com a análise do texto base. Como conclusão parcial, pode-se afirmar que Spinoza não tinha como propósito principal questionar as Escrituras, mas buscar acima de tudo guiar-se pela razão para questionar, por exemplo, a autoria de alguns livros das Escrituras, atribuídos equivocadamente a autores que não o eram de fato. Exemplo disso é sua afirmação de que Moisés não era autor do Pentateuco, afirmação esta que seria inaceitável pelos fariseus, e cuja pena por tal afirmação seria o título de herege.

Palavras-chave: Benedictus de Spinoza. Escritura. Teologia.

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156 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

KEDNA ADRIELE TIMBÓ DA SILVAGraduanda em Filosofia UECE/Cnpq

A QUESTÃO DOS IMPERATIVOS NA FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES

Objetiva-se com a presente comunicação abordar a questão dos imperativos (hipotético-categórico) proposta por Immanuel Kant (1724-1804) na obra Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785). Iniciando com a explicitação dos conceitos e desenvol-vendo a suposta aplicação dos imperativos na moral. Uma vez que essa moral é apontada como lei, na qual o homem poderia viver sua liberdade em harmonia com a natureza, abstendo-se das suas inclinações e fornecendo à vontade uma característica racional. Portanto, será tratado do imperativo hipotético que seria constitu-ído dos imperativos problemáticos e assertórico-prático (prudên-cia-destreza), estes que são utilizados como meio para conseguir o almejado, todavia o primeiro é usado para alcance de algo que pode ser possível, enquanto o segundo para o alcance de algo real (felicidade). Com isso, privilegia-se o imperativo categórico sobre o hipotético, pois é aquele que está em adequação com o dever, possibilitando assim o agir moral. Concomitantemente, serão analisadas as relações entre o juízo analítico e sintético a priori com os imperativos, de forma que não fiquem brechas no raciocínio exposto pelo autor. Desta forma, percebe-se o impera-tivo categórico como necessário por não ser reduzida a nenhuma fundamentação antecedente, nos levando a problemática pos-ta em discussão nesta comunicação. Recorrendo ao texto, será analisado a 1° seção e parte da 2° seção para aprofundamento e clareza dos argumentos desse filosofo à cerca da vontade e das inclinações.

Palavras-chave: Kant. Imperativos. Vontade. Moral.

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157I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

KELTON MEDEIROS TELESPós-Graduando em Psicopedagogia / Faculdades

Integradas de Jacarepaguá-SP

O ABORTO EM PETER SINGER

O presente trabalho tem como intenção expor as idéias do filósofo australiano Peter Singer sobre o aborto. Singer pertence ao utili-tarismo, por isso irá desenvolver uma argumentação pragmática na qual o justo se aproxima da minimização da dor e simultanea-mente a maximização do prazer. Além de divulgar o pensamento de Singer, teremos como outros objetivos: estimular o debate so-bre a legalização do aborto. Para tanto, será feito um estudo que priorize os próprios textos de Peter Singer contidos na antologia de ensaios “Vida Ética”, visto que esta tem como intenção edito-rial servir de referencial teórico amplo para os interessados na bioética de Singer. Contudo, na intenção de melhor referenciar o estudo foram também analisadas as obras de outros pensadores utilitaristas como: Jeremy Bentham e John Stuart Mill. O método utilizado na pesquisa é o dialético, a natureza da mesma é quali-tativa, concretizando-se em uma pesquisa bibliográfica. Durante o estudo da filosofia de Singer, constatou-se o quanto este au-tor e sua obra são desconhecidos no Brasil, inclusive, nos meios acadêmicos que mais se relacionam à Bioética (como Filosofia e Sociologia). Palavras-chave: Ética. Bioética. Aborto.

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158 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

KELVIO MARCIO COELHO ANDRADEGraduando em Filosofia UFC

IMANÊNCIA EM SPINOZA: A NATUREZA CONCEBIDA COMO UNIDADE

O presente trabalho tem como objetivo expor e analisar o que o filósofo Benedictus de Spinoza (1632 - 1677) entendia por unida-de da substância. A filosofia de Spinoza é uma incógnita para o pensamento científico ocidental que tem como bases Platão, Aris-tóteles e Descartes. Spinoza em seus livros fala sobre uma subs-tância única que perpassa todas as coisas. Esta substância existe necessariamente e não pode ser concebida como não existente. O filósofo a identifica com Deus ou Natureza. Para ele não podem existir duas ou mais substâncias no universo porque seria uma contradição admitir que uma coisa que é causa de si (causa sui), ou seja, aquilo cuja essência pertence à existência possa ser divi-dida. De fato, se existisse duas substâncias elas deveriam se distin-guir ou pela diferença dos atributos ou pela diferença dos modos e se ela se distinguisse pela diferença dos atributos teríamos uma mesma substância com atributos diferentes. Se, por outro lado, ela se distinguisse pelos modos, como uma substância é relativa às suas afecções, as duas substâncias não poderiam se distinguir uma da outra e, por isso, teríamos ainda uma única substância na natureza. Para realizarmos tal trabalho nos utilizaremos da pri-meira parte da Ética, dos Pensamentos Metafísicos e de algumas cartas do nosso autor.

Palavras-chave: Spinoza. Imanência. Natureza.

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159I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

LÊDA CASSIANO PEREIRA MASCARENHASGraduanda em Filosofia UFC – Cariri

ADORNO: A INDÚSTRIA CULTURAL COMO BLOQUEIO AO DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO CRÍTICO

A sociedade contemporânea é marcada pelos avanços da ciên-cia, que representa um marco muito relevante para nossa época, no sentido de contribuir para melhores condições de vida dos ho-mens. Porém a crença nessa ciência, amplamente desenvolvida, ao invés de realizar os ideais do iluminismo que consistiam em li-bertar o homem do medo e das superstições, terminou por engen-drar uma nova mitologia. Isso porque o sistema capitalista torna a ciência e o desenvolvimento das capacidades humanas elementos de sua própria lógica que consiste em priorizar o aspecto econô-mico em detrimento do ser humano. Assim, a sociedade se porta de maneira condicionada a um sistema econômico, provocando a alienação dos homens, bloqueando seu pensar, impedindo-os de compreender sua realidade social, política e histórica. Tudo isso leva a uma instrumentalização do pensamento, das idéias, da cultura, etc., provocando o que Adorno denomina de indús-tria cultural. Neste contexto, o presente trabalho tem como ponto central, apresentar a questão da indústria cultural, do ponto de vista da Teoria Crítica, tomando como referencial o pensamento de Theodor Adorno, considerado como um dos principais repre-sentantes da Escola de Frankfurt. Este trabalho faz parte do grupo de pesquisa “Teoria Crítica e Educação”. Coordenado pelo prof. Dr. Adauto Lopes da Silva Filho.

Palavras-Chave: Razão Instrumental, Indústria Cultural, Socieda-de Tecnológica.

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160 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

LEONARDO LIMA RIBEIROEspecialização em teorias da comunicação e da imagem UFC

DEVIRES-IMAGEM EM TRILOGIA DA DERIVA: CONTEN-SÕES SINGULARES DE UM MOVIMENTO IMPERCEPTÍVEL

A presente comunicação propõe analisar três filmes do realizador cearense Alexandre Veras, pertencentes à Trilogia da Deriva, ca-racterizada pelas obras Marahope 14/07, Partida e O Regresso de Ulisses, sob o viés da prática filosófico-deleuziana dos devi-res-imagem, contensões imanentes e singulares de movimentos imperceptíveis. Veras discorre que, neste sentido, há uma tensão corpórea dada entre o público e as obras fílmicas, entregues às transversalidades perceptivo-móveis produtoras um novo corpo, estendido à tensão informada. Pretendemos, portanto, discorrer sobre a presença desse movimento e suas contensões, no contexto dos devires imanentes dados entre imagens e espectadores, na proporção extensiva das primeiras aos últimos.

Palavras-chave: Alexandre Veras. Devires-imagem. Vídeo-cine-matografia. Filosofia. Gilles Deleuze.

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161I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

LILIANE SEVERIANO SILVAMestranda em Filosofia UECE/ Capes

O ANÚNCIO DA NOVA SCIENTIA: A RELEVÂNCIA DA FILOLOGIA NO PENSAMENTO DE GIAMBATTISTA VICO

A presente comunicação objetiva explicitar alguns elementos acerca da gênese da idéia de uma nuova scienza em Giambattista Vico, tendo como base o escrito De uno universi iuris uno principio et fine uno ou simplesmente Il Dirittto Universale, de 1720. A idéia de uma nuova scienza da vida civil, realizada na Scienza Nuova, foi anunciada pela primeira vez no capítulo do Dirittto Universale, a saber, Onde se tenta uma nova ciência [Nova Scientia Tentatur]. A importância do trabalho do Dirittto Universale para esta expo-sição diz respeito à sua reflexão sobre o direito, uma vez que já estão formuladas muitas das questões nas quais se desenvolverá o projeto viquiano de uma nuova scienza do saber humano. A investigação a respeito dos princípios da humanidade envolve um trabalho de reconstrução dos inícios do processo de socialização da humanidade, ou seja, a reconstrução das origens da consti-tuição do mundo civil humano. Para tanto é preciso fundamentar uma ciência, distinta da orientação intelectualista prevalente em seu tempo: pensar a Filologia. Em seu Diritto Universale, de 1720, Giambattista Vico faz o anúncio da necessidade da Filologia como uma ciência para o conhecimento de um patrimônio cultural pro-duzido pela humanidade no processo de consolidação do mundo humano. Este escrito revela a preocupação do autor com a ausên-cia ainda de um sistema que pensasse certas origens, em especial no âmbito da jurisprudência, pois esta vem tratada por Vico como uma ciência capaz de realizar este percurso. Isto porque as raízes do direito estariam no senso comum – senso comune – instância em que a humanidade produz o saber e as relações de conheci-mento das coisas.

Palavras-chave: Filologia. Senso comum. Direito.

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162 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

LORENZA MUCIDA DE FREITASGraduanda em Filosofia UESC-BA

A NATUREZA EM MANOEL DE BARROS: O PROCESSO DE APROXIMAÇÃO DA ESTÉTICA DE SCHELLING

Propomos apresentar uma investigação do processo de constitui-ção da natureza de Manoel de Barros a partir da teoria da arte elaborada por Schelling. Para tanto, espera-se evidenciar a ma-neira pela qual o poeta do modernismo brasileiro procura redi-mensionar a natureza - sem efetivar uma separação entre espírito e natureza. A partir da reflexão estética do filósofo alemão, que destrói a exibição unilateral dos pares universal/particular, real/ideal, sujeito/objeto, dá-se a conhecer a associação imagética do sujeito poético de Manoel de Barros, em que sujeito e objeto também surgem como noções indissolúveis ao constituir potências diferentes nas produções individuais.

Palavras-chave: Natureza. Manoel de Barros. Estética. Schelling.

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163I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

LUCAS BARRETO DIASGraduando em Filosofia UECE

A JURISDIÇÃO NA SOCIEDADE CIVIL HEGELIANA

Esta comunicação tem como propósito fazer uma exposição de parte da obra Princípios da Filosofia do Direito do autor alemão G. W. F. Hegel, utilizando, para tanto, o que diz o pensador acerca da Jurisdição dentro da Sociedade Civil. Aqui entramos na supe-ração hegeliana do meramente sensível, partindo, assim, para a efetivação da realidade objetiva do Direito. A jurisdição merece atenção pelo fato de que é através dela que se poderá buscar uma mediação entre as consciências individuais, de modo que haja um respeito mútuo entre as carências de cada um, sem que prevaleçam quaisquer características particulares, ou seja, pen-sando cada homem enquanto homem, enquanto universal. Pre-tende-se aqui demonstrar como o Direito em si passa a ser Direito positivo, além de expor o valor do direito consuetudinário dentro desse contexto. Deste modo, pode-se aprofundar acerca da exis-tência da lei, incluindo a análise do crime tanto como violação do livre-arbítrio alheio quanto perigo social. Com base nisso pode-mos falar acerca da função do Tribunal dentro da esfera jurídica. O Direito agora visto como Lei pertence a um poder público – o Tribunal –, local em que devem ser reivindicados os direitos/leis de cada indivíduo. Entre outros, ressaltamos aqui o modo como o juiz deve agir, haja vista ser ele um órgão da lei, que terá a res-ponsabilidade de avaliar certos casos em que um pequeno enga-no pode culminar em uma injustiça, ou seja, algo oposto ao qual ele está destinado. Por fim, o que se intenta mostrar aqui é que através da jurisdição, através da lei igualitária e universal, que a sociedade civil se desenvolve após inicialmente ter se perdido na particularidade.

Palavras-chave: Sociedade Civil. Jurisdição. Direito. Lei. Tribunal.

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164 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

LUIZ HELVÉCIO MARQUES SEGUNDO Graduando em Filosofia UFOP/Fapemig

SERIA RAZOáVEL ESPERAR QUE DEUS PERMITISSE A EXISTÊNCIA DO MAL?

O problema do mal surge de uma aparente incompatibilidade en-tre a existência do Deus teísta e a existência do mal. Como pode um ser todo poderoso e sumamente bom permitir a existência do mal no mundo? Uma maneira de responder a isso é desenvolver uma teodicéia, ou seja, uma explicação do por que Deus permite o mal no mundo. Richard Swinburne, um importante filósofo da religião nos dias atuais, defende que Deus só permite o mal no mundo porque este é uma conseqüência lógica do livre arbítrio. Exercer o livre arbítrio é o maior bem que o homem pode alcan-çar. Por ser Deus sumamente bom, ele tem de e quererá nos con-ceder esse bem maior. Sendo assim, Deus não pode nos oferecer o bem maior sem que com isso permita a existência do mal no mundo. Meu objetivo neste trabalho é mostrar que a teodicéia de Swinburne não funciona; farei isso mostrando que seria razoável esperar que Deus impedisse alguns males, especificamente al-guns males morais como a escravidão e o holocausto.

Palavras-chave: Mal. Deus. Teodiceia. Richard Swinburne. Livre-arbítrio.

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165I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MANOEL JARBAS VASCONCELOS CARVALHOMestre em Filosofia UECE

NIETZSCHE E A SABEDORIA DO RISO: APRENDER COM OS GREGOS PARA ALÉM DOS GREGOS

A comunicação analisa, à luz do pensamento de Friedrich Nietzs-che, a contraposição entre “riso” e “conhecimento sério” a partir do contexto histórico da hélade grega. A discussão, em especial, que iremos abordar – sobre o riso – aponta, a partir de nossas pesquisas, aqueles que foram partidários ou não dessa expressão do corpo. No caso de Nietzsche, encontramos um entusiasta do riso, sua teoria sobre o assunto não deixará de ter no riso inextin-guível dos deuses gregos sua principal referência. No entanto, se o riso por muito tempo foi expressão da vitalidade sócio-cultural daquele povo, a partir do século IV a.C. haverá um aburguesa-mento cada vez maior da população grega, em especial, a de Atenas. Um refinamento dos gestos e dos costumes acompanhará esse enriquecimento de parte da população da Acrópole, tanto que de Pitágoras a Aristóteles, passando por Aristófanes, a conde-nação do riso estará expressa não somente nos vários escritos da época, mas também nas atitudes ascéticas apregoadas pelas mais diversas matizes ideológicas. No entanto, longe de ser sinal da degradação humana, como nota o pensador alemão, deleitar-se com o riso e com o humor é eminentemente contrário a se esfor-çar para manter toda vida sob controle. Nesse sentido, Nietzsche nos diz que é possível – através do riso - apontar para uma nova direção, descortinar um novo futuro e, fundamentalmente, repor a vida no mundo. Assim, onde todas as expectativas se acabam, brota o riso – diz a gaia ciência.

Palavras-chave: Riso. Conhecimento Sério. Hélade Grega. Nietzsche.

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166 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MANOEL PEREIRA LIMA JUNIORMestrando em Filosofia UFBA

O LUGAR DOS FATOS NA TEORIA PICTÓRICA

Nesta comunicação pretendemos investigar o papel que os fatos cumprem na teoria pictórica do Tractatus de Wittgenstein. Com efeito, tal ‘teoria’ pretende que a proposição seja um modelo dos fatos. Desse modo, nossa análise deve girar em torno da capa-cidade que uma proposição tem de representar um fato e de que maneira um fato se relaciona com a verdade. Assim sendo, a nossa abordagem será uma análise filosófica das condições de enunciação de um discurso significativo sobre o mundo. Portanto, pretendemos identificar qual é a contribuição da chamada ‘teoria pictórica’ do Tractatus para o campo da ciência e para o campo da filosofia, já que, nesta obra, Wittgenstein determina os limites do que é dizível e do que apenas pode-se mostrar. Por conseguin-te, a noção de ‘fato’, no Tractatus, é basilar para um entendimento do que seja a ‘verdade’ de acordo com a teoria pictórica. E isso, parece-nos ser relevante para a filosofia da linguagem contem-porânea, visto que tem prevalecido certa noção de verdade como contingência e não como necessidade na contemporaneidade. Essa interpretação, certamente, é uma herança do Tractatus que foi sendo incorporada e modificada pelos filósofos da linguagem, inclusive o próprio Wittgenstein na sua última fase, a das Investi-gações Filosóficas.

Palavras-chave: Fato. Proposição. Verdade. Teoria pictórica.

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167I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARCELA CÁSSIA SOUSA DE MELO BENÍCIOGraduanda em Filosofia UECE

A CRÍTICA DE VICO AO CARTESIANISMO: DESVANTAGENS DO MÉTODO GEOMÉTRICO

Giambattista Vico nasceu em Nápoles, no ano de 1668. Durante seus estudos Vico demonstrou grande apreço pelas instruções da Antiguidade e forte influência dos filósofos retóricos e do estudo Clássico (advindo do Renascimento). Estudou Direito na Univer-sidade de Nápoles, interessou-se pela jurisprudência, pois esta envolvia aspectos éticos, políticos, históricos, literários, entre ou-tros que, para Vico, são estudos necessários no que concerne à história da humanidade. Outro aspecto notável no pensamento de Giambattista Vico consiste em examinar o ciclo de saberes, a discussão em torno da disposição dos estudos e de que forma o ser humano deve se instruir para uma melhor vida civil. O escopo desta exposição consiste, portanto, em apresentar onde se encon-tra o pensamento de Vico quando a questão é: avaliar a ordem de estudos de seu tempo, ou seja, na Modernidade, em analogia com a orientação dos antigos. Examinar, pois, em quais aspectos Vico se confronta com o método e o estilo cartesiano? Ademais Descartes é o principal nome do Racionalismo Moderno e, em contrapartida, de que maneira Vico se reporta à erudição? São aspectos primordiais para que, posteriormente, tornar-se-á possí-vel compreender o que Vico propõe no âmbito dos saberes.

Palavras-chave: Método geométrico. Ciclo de saberes. Antiguida-de. Modernidade.

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168 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARCELO VICTOR DE SOUZA GOMESMestrando em Filosofia UFC/Capes

A CRÍTICA FILOSÓFICA DE HEGEL AO CETICISMO DE SCHULZE

G. W. F. Hegel publicou juntamente com F. W. J. Schelling de janeiro de 1802 a maio de 1803, o Jornal Crítico de Jena, de onde retiramos o objetivo de nossa pesquisa, a saber, a apre-sentação da concepção hegeliana de crítica filosófica e suas aplicações nos escritos críticos publicados no jornal citado. Na presente comunicação apresentaremos a crítica de Hegel ao ceticismo moderno de Gottlob E. Schulze e ao seu Enesidemo (1792) exposta no artigo “A relação do ceticismo com a filo-sofia, exposição das suas várias modificações e comparação do ceticismo atual com o ceticismo antigo” (1802). Para tanto, iremos fazer uma breve retomada das questões fundamentais a respeito da crítica filosófica expostas na introdução “Sobre a essência da crítica filosófica em geral...” (1802) no que tange ao papel da crítica de dirimir não somente os confrontos entre as diversas filosofias, mas também de distinguir a filosofia da não-filosofia e do senso comum, de modo a ter como base de sua atuação sempre a unidade e identidade da Idéia e, assim, defender o procedimento essencialmente especulativo ou po-sitivamente racional da Filosofia. O ponto de partida da crítica hegeliana é a diferenciação entre o ceticismo contemporâneo a ele e o ceticismo antigo. O ceticismo de Schulze se contrapõe a qualquer atuação especulativa do conhecimento humano, no sentido de que para ele, o conhecimento se limita ao positivo, ao sensível. Assim, para Hegel, tal ceticismo é uma mera repo-sição para dentro do kantismo das posições idealista subjetiva e empirista da filosofia moderna. O ceticismo antigo, ao contrá-rio, aplica a negatividade a todas as formas de conhecimento, inclusive estendendo a aniquilação própria das formas finitas para a razão, logo negando também a validade do especu-

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169I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

lativo, mas não para afirmar um empirismo crasso como o de Schulze, mas para se estabelecer como um inimigo irresistível de todo saber positivo em geral, como uma não-filosofia. Por fim, apresentaremos como o ceticismo, devidamente criticado, pode ser incorporado em um momento da Idéia da filosofia na figura da negatividade dialética.

Palavras-chave: Hegel. Crítica filosófica. Ceticismo. Schulze.

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170 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MÁRCIA MARQUES DAMASCENOMestranda em Filosofia UFC

UM CONCEITO NÃO “TRADICIONAL” PARA TRADIÇÃO: UM ESTUDO SOBRE O CONCEITO DE TRADIÇÃO EM

ALASDAIR MACINTYRE

Alasdair MacIntyre é um dos mais respeitados filósofos contempo-râneos. Sua filosofia moral baseia-se na tentativa de restabelecer a racionalidade e a inteligibilidade das normas morais através da re-cuperação da idéia de tradição de pesquisa racional. Para MacIn-tyre, a idéia de tradição pode ser revivida hoje e oferecer recursos conceituais e teóricos que podem recuperar a convicção no que tan-ge assuntos como a justiça, por um lado, a pesquisa e a justificação racional por outro. Mas para tal, MacIntyre adverte que é necessário nos desvencilharmos da visão “tradicional” da tradição imposta pelo advento do Iluminismo e compreendê-la como uma instância porta-dora de uma dinâmica interna na qual o conflito tem um lugar ne-cessário em sua constituição. Este novo conceito de tradição assimila dois aspectos importantes que levados em consideração servem para afastar a visão “tradicional” de tradição, quais sejam o aspecto social e o intelectual. O aspecto intelectual da tradição é o movimento his-toricamente coerente e reflexivo do pensamento. O social engloba dois momentos: primeiro, toda tradição surge dentro das circunstân-cias contingentes de alguma ordem social particular, enquanto arrai-gadas nas práticas sociais particulares, instituições e convicções da ordem social da qual emergiram; segundo, uma vez bem desenvol-vida, a tradição dá origem a certos tipos de práticas sociais na qual o aspecto intelectual da tradição ganha expressão. Ao reivindicar para as tradições o caráter social e intelectual, MacIntyre inova no cenário filosófico contemporâneo e ao mesmo tempo defende-se das acusações de tradicionalismo dirigidas à sua teoria moral. A compre-ensão da tradição como composta por aspectos sociais e intelectuais é importante para distinguir sua concepção de outros conceitos de tradição e contradizer a visão negativa e tradicional da mesma.

Palavras-chave: Alasdair MacIntyre. Filosofia Moral. Tradições de Pesquisa Racional.

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171I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARCOS DE ALMEIDA COELHO COSTAGraduando em Filosofia UECE

O PARADOXO ENTRE DEUS E O MAL SEGUNDO SANTO AGOSTINHO

O paradoxo realizado pelo filósofo Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C.) entre Deus e o Mal, será o objeto de pesquisa deste tra-balho. Ao problema da criação está ligado o grande problema do Mal, para o qual Agostinho conseguiu apresentar uma explicação que constituiu ponto de referência durante séculos e ainda guar-da a sua validade. A análise deste paradoxo possui dois aspectos constitutivos. Em um primeiro momento, como explicar a presença do Mal numa totalidade pautada pela perfeição do criador. Em um segundo momento, como explicar o Mal como algo necessário para atingir o Bem. Aqui esboçam-se dois grandes temas, a partir deles apresenta-se a questão do Mal: a relação entre positividade do Bem frente à negatividade do Mal e o destino da criatura en-tendido como retorno à criatura diante da inclinação ao pecado. Desta forma, Agostinho considera o problema do Mal de várias formas: 1) na perspectiva metafísica, o Mal inexiste, existem ape-nas graus inferiores de Ser em relação a Deus; 2) na perspectiva moral, o Mal nasce da deturpação da vontade que, em vez de tender ao Sumo Bem, tende a bens inferiores; 3) na perspectiva física, o Mal é uma conseqüência do pecado original e, todavia pode ter um significado catártico em vista da salvação.

Palavras-chave: Deus. Ser. Bem. Mal. Pecado.

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172 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARCOS FABIO A. NICOLAUMestre em Filosofia UFC e doutorando em Educação FACED/UFC

HEGEL, PEDAGOGO FILÓSOFO: UM ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO CULTURAL (BILDUNG) DURANTE O PERÍODO

DE NUREMBERG (1808-1816)

Nossa proposta visa empreender uma discussão sobre a relevância da pedagogia em G. W. F. Hegel (1770-1831), buscando respon-der a questão: que relevância pode ter em Hegel o problema pe-dagógico em sentido estrito? Segundo Gadamer, foi Hegel quem “com mais agudez desenvolveu o que é a formação (Bildung)”, voltando sua atenção ao problema pedagógico principalmente durante sua estadia em Nuremberg. As reflexões de Hegel sobre o problema pedagógico podem ser encontradas em uma série de informes, cartas e discursos proferidos pelo filósofo no tempo em que era reitor e professor do Ginásio de Nuremberg (1808-1816) ), além de dispormos da Propedêutica Filosófica, que se trata dos cadernos originais, utilizados pelo filósofo em seu ensino de filoso-fia durante o período de 1808 à 1811, textos que não constituem um escrito orgânico mas um conjunto de textos de circunstância, nos quais Hegel se entrega à difícil tarefa de abrir à filosofia as mentes juvenis, acabando por nos dar uma verdadeira síntese de seu sistema, em uma pedagogia tentativamente simples e direta. A proposta de analisar especificamente este seu período em Nu-remberg se justifica por ser ele uma verdadeira chave para che-garmos a apreensão de como o filósofo compreendia o processo educacional, pois aqui temos um período em que Hegel faz parte desse processo, acumulando os cargos de professor, reitor e con-selheiro escolar da cidade de Nuremberg.

Palavras-chave: Hegel. Formação Cultural. Problema Pedagógico.

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173I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARCOS VINICIUS BARROSO RODRIGUESGraduando em Filosofia UECE

A NEGAÇÃO DO PRINCIPIO NATURAL DE ALTERIDADE EM THOMAS HOBBES

A comunicação tem como objetivo evidenciar a negação do prin-cipio natural de alteridade na ação humana, segundo o pensa-mento de Thomas Hobbes (1588-1679), uma vez que para este, o homem, em seu estado de natureza, tem no egoísmo a sua prin-cipal característica, além de não possuir uma predisposição para viver em sociedade. A negação do principio de alteridade ocorre justamente no estado de natureza do homem, pois, neste momen-to ele busca a sua preservação e acomodação, mesmo que para isto ele tenha que destruir o próximo, ou seja, o homem vive em estado de guerra com o outro, dessa maneira, percebemos que a alteridade não é natural, mas sim, artificial, pois por medo, os indivíduos estabelecem um pacto e entregam seus direitos a um soberano que irá regulá-los, para que desta forma possa evitar a quebra do pacto firmado, pois neste momento forma-se uma sociedade, e nela, os indivíduos passam a viver em certa harmo-nia, porém de caráter artificial. Para a elaboração deste artigo foi utilizado como fonte de referência à obra o leviatã, de Thomas Hobbes, além de conceitos retirados da obra ética a Nicômaco de Aristóteles.

Palavras-chave: Thomas Hobbes. Alteridade. Leviatã. Estado de natureza. Aristóteles.

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174 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARIA CÉLIA DOS SANTOSMestre em Filosofia e Professora UFC-Cariri

A TEORIA DA MEMÓRIA EM AGOSTINHO DE HIPONA

Podemos dizer que a memória sempre esteve presente no desen-volvimento do pensamento de Agostinho de Hipona, aparecendo já nos seus primeiros escritos como faculdade sensível que reco-lhe e conserva as impressões vindas de fora. O presente trabalho quer ser uma reflexão sobre o caminho percorrido pela memória ao longo desse itinerário, passando pelos seus diversos planos: memória das coisas, de si mesmo e de deus, até chegar ao seu desenvolvimento mais apurado no tratado De Trinitate. Com efei-to, aqui vemos ultrapassado o sentido filosófico atual da memória como recordação do passado e sua referência a tudo o que está presente à alma. Concebida como tal, o termo equivalente na psicologia moderna, segundo autores contemporâneos, seria: o inconsciente e o subconsciente.

Palavras-chave: Conhecimento. Memória. Homem. Interioridade.

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175I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARIA CRISTINA DE TÁVORA SPARANO Doutora em Filosofia e Professora UFPI/Cnpq

CONSIDERAÇÕES ANTI-FUNDACIONISTAS EM EPISTEMOLOGIA

Desde a Modernidade e até boa parte do século XX, quando se constituiu como disciplina filosófica autônoma , a epistemologia se preocupou com os fundamentos do conhecimento tais como foram entendidos pelos primeiros filósofos da Modernidade. O conhecimento científico avançava e a epistemologia se ocupou então de fundamentar a validade deste conhecimento. A distinção apresentada por Descartes, entre mundo externo e um âmbito in-terno ao qual o sujeito cognoscente tem acesso epistemicamente privilegiado deu à filosofia um novo objeto de estudo. Com Des-cartes estabeleceu-se um campo de investigação prévio a toda forma de conhecimento e dentro do qual era possível alcançar a certeza. Já Kant, ao apresentar as estruturas a priori a toda inves-tigação empírica, tinha também como objetivo, buscar o funda-mento do conhecimento. Mesmo a virada lingüística no sec. XX pode ser interpretada como uma tentativa renovada de manter a perspectiva transcendental kantiana. A idéia do conhecimento a priori repousava sobre a suposição de uma estrutura mental inata que, para os filósofos clássicos da filosofia da linguagem, estava baseada na suposição análoga, de uma “estrutura compartilhada, que os usuários da linguagem dominam e, em seguida, aplicam aos casos” (LOPARIC, Z., “A ética originária e a práxis racionali-zada”). Estes exemplos são determinantes para situarmos posições “fundacionistas”. No entanto, desde meados do século XX a epis-temologia se encontra em crise; crise engendrada a partir da crí-tica à distinção analítico-sintético, feita por Willard Quine (“Dois dogmas do empirismo”), da impossibilidade de uma linguagem privada apontada por Ludwig Wittgenstein (Investigações Filo-sóficas ), dos argumentos contra o ‘mito do dado’ desenvolvidos por Wilfrid Sellars (“Empiricism and the Philosophy of Mind”), e

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176 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

do questionamento da distinção esquema-conteúdo feito por Do-nald Davidson (De la idea misma de un esquema conceptual”). A idéia de uma disciplina a priori que indaga pelos fundamentos do conhecimento, a busca da certeza ou a concepção de que o conhecimento é um conjunto de representações que se ajusta à realidade, são questões centrais do debate atual. O objetivo des-te trabalho é tecer considerações sobre o projeto fundacionista que só pode ser abandonado à luz de um modelo alternativo do conhecimento e da justificação, tarefa ainda em desenvolvimento pela epistemologia contemporânea (Cf. OLIVA, A., “Da sintaxe à pragmática”. www.ifcs.ufrj.br/cefm/textos/ALOLIVA.DOC.), dada a firmeza de sua posição. Ao lado das questões que surgem, a possibilidade de respostas anti-fundacionistas nos fazem conside-rar, por exemplo, o pragmatismo rortyano ou o realismo minima-lista de Davidson ou ainda o naturalismo quiniano, sem falarmos da instigante proposta contida na teoria dos jogos de linguagem de Wittgenstein... Finalmente, consideramos que a referência ao projeto e teses desses autores visa mostrar que a posição funda-cionista pode ser questionada ou substituída por outro modelo, não apenas alternativo, mas mais flexível e holista, levando em conta o todo do conhecimento.

Palavras-chave: Epistemologia. Fundacionismo. Anti-fundacionismo.

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177I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARIA DA CONCEIÇÃO MOTA FERREIRAGraduanda em Filosofia UECE/Provic

A ÉTICA ESTÓICA

O objetivo da comunicação é abordar a Ética Estóica segundo a qual o objetivo da vida é a obtenção da felicidade e esta só é atin-gida vivendo “segundo a natureza”. Viver “conforme a natureza” significa, pois, viver realizando plenamente essa apropriação ou conciliação do próprio ser e do que o conserva e ativa. Em parti-cular, posto que o homem não é simplesmente ser vi vente, mas é ser racional, o viver segundo a natureza será um viver “concilian-do-se” com o próprio ser racional, conservando-o e o atualizando plenamente. Mostraremos uma maneira de viver feliz em si mes-mo. É interessante observar a responsabilidade que os estóicos dão a cada individuo, sendo este o principal moldador de sua felicidade, ou seja, alcançada através da razão por ser o ser hu-mano racional. Para os estóicos, a pessoa, na sua individualidade, é que se erige como centro ético. A moralidade tem a ver com a satisfação do instinto da própria conservação. Oikeíosis, que sig-nifica auto-apropriação, auto-aceitação, auto-amor, passa a ser o conceito chave da ética estóica. Observa-se que o centro ético é o próprio indivíduo, ética esta que é feita através da consciência que é obtida racionalmente. Para os estóicos o ser humano é tam-bém ele, à semelhança da physis, composto de dois princípios: Matéria e logos.

Palavras-chave: Felicidade. Indivíduo. Razão.

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178 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARIA IVONILDA DA SILVA MARTINSGraduanda em Filosofia UFC/Pibic-Cnpq

O ESPÍRITO ALIENADO DE SI MESMO

O “espírito alienado de si mesmo” é uma figura do Espírito pre-sente na obra “Fenomenologia do Espírito”, de Hegel. Nessa figu-ra, Hegel descreve conceitualmente o movimento que é marcado pela “alienação” do indivíduo – o sujeito que se desprende da esfera natural e atua no mundo com a finalidade de fundamentar a sua liberdade na esfera social. A cultura ou o “mundo da forma-ção”, é o local onde o autor pretende justificar o processo no qual o indivíduo necessariamente deve externar-se, ou seja, sair da es-fera natural – a fim de realizar-se enquanto razão ativa no mundo. No primeiro momento da consideração hegeliana sobre a cultura e seu “Reino da Efetividade”, deparamo-nos com a riqueza do pensamento do autor, pois ele, fundamentalmente, articula uma crítica a determinadas que teorias que ignoram a importância do indivíduo na construção da realidade. A crítica de Hegel, então, refere-se à consciência falha de indivíduos que constroem e ope-ram no “mundo da formação”, mas que a ele se opõem. Portanto, esta comunicação tem por principal objetivo explicitar os conflitos pelos quais a individualidade passa a partir desse primeiro ponto, no momento em que ela não se reconhece na substância univer-sal, isto é, no mundo no qual ela está inserida e que, portanto, deve com ele se reconciliar.

Palavras-chave: Alienação. Cultura. Espírito Fenomenologia do Espírito. Hegel.

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179I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARIO GUILLERMO MASSINIMestrando em Sociologia UNICAMP

SUJETO Y SUBJETIVIDAD EN LA CONCEPCIÓN POLÍTICA DE ERNESTO LACLAU

El trabajo a presentarse tiene como finalidad abordar analítica-mente algunos desarrollos efectuados por Ernesto Laclau respec-to a como pensar una subjetividad política que sea pasible de intervenir en el escenario político actual. Para ello, primeramente se incursionará en el marco teórico laclauiano, donde confluyen fuentes como la retórica, la lingüística, el psicoanálisis y el marxis-mo –especialmente de corte gramsciano. Seguidamente se avan-zará hacia su propuesta de entender la relación universal/particu-lar como práctica hegemónica. Su entendimiento debe pensarse a partir de dejar de lado los enfoques que proponen vertientes teóricas esencialistas y deterministas (especialmente las de carác-ter económico); así como aquellas que se viabilizan mediante una serie de particularizaciones inconsistentes (que acaban vacían de contenido a sus propuestas). Entonces, es que el autor plasma la posibilidad de encontrarse ante una lógica de conformación de una subjetividad política colectiva. Y más aun, de un sujeto políti-co (obviamente activo). Que son producto de un proceso signado por su propia actividad política -y no actores con papeles pre-es-tablecidos por teorías no discutibles (o teleologías)-. No obstante, no será únicamente el desarrollo filosófico de la cuestión lo que le interesará a Laclau. Su plan es más completo, dado que si propo-ne cosas en el plano de las ideas, no es más que para reivindicar la actuación de un sujeto comprometido en la práctica (instancias que no verá escindidas, sino mutuamente influidas). Bajo el nom-bre de “democracia radical”, es que el autor dará a conocer su proyecto de emancipación social.

Palavras-chave: Laclau. Universal. Particular. Hegemonia.

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180 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MARSANA KESSY ARAÚJO LIMAGraduação em Filosofia UECE/Funcap

JOHN LOCKE: UM ESTUDO SOBRE A OBRA DOIS TRATADOS SOBRE O GOVERNO CIVIL

O filósofo inglês John Locke (1632-1704) personificou na Inglater-ra do final do século XVII as tendências liberais opostas às idéias de Sir Robert Filmer, um dos maiores teóricos do absolutismo. A obra Dois Tratado Sobre O Governo Civil, sua principal obra de filosofia política, foi publicada em 1690, menos de dois anos de-pois da Revolução Gloriosa de 1688 que destronou o rei Jaime II. O objetivo do presente trabalho é apresentar uma introdução ao pensamento político do autor, com base nessa obra, mostrando como, após os argumentos de Locke, a teoria de Filmer sobre a soberania absoluta de Adão e dos reis enquanto descendentes do primeiro homem, presente na obra Patriarca (Ou O Poder Natu-ral dos Reis), de 1680, perdeu qualquer relevância, fazendo com que o posicionamento de Locke se tornasse padrão e, diferente do que se pensa, no Segundo Tratado, Locke não refuta as idéias de Hobbes, mas, mais uma vez, as de Filmer, quando afirma que o que mantém o poder absoluto dos reis é o estado natural entre o soberano e os súditos, sustentando a tese de que nem a tradi-ção nem a força, mas apenas o consentimento expresso dos go-vernados é a única fonte do poder político legítimo. As doutrinas apresentadas no Segundo Tratado tornaram-se a base da filosofia política e social.

Palavras-chave: Política. Estado. Sociedade. Locke.

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181I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MATEUS VINICIUS BARROS UCHÔAGraduando em Filosofia UFC

O DESPERTAR NA MORADA DO SONHO: FETICHISMO, FAN-TASMAGORIA E IMAGEM DIALÉTICA EM WALTER BENJAMIN

Partindo do conceito de fetichismo que Marx atribui à produção de mercadorias, Walter Benjamin em sua obra intitulada “Passa-gens”, constrói um itinerário no qual demonstra o deslocamento do problema do fetichismo para as relações fantasmagóricas en-tre os homens. Benjamin admite o caráter necessário do fetiche da mercadoria, mas o considera como um aspecto específico de um fenômeno cultural mais amplo que com seu desdobramento assume o estatuto de imagem onírica, expressa nas mais diver-sas ambigüidades próprias das relações sociais que compõem a “morada do sonho”, no caso Paris “a capital do século XIX”, com suas galerias comerciais enquanto “arquipaisagem do consumo”. Este comunicado tem como intuito elucidar e extrair conclusões da crítica que Benjamin teceu às contradições da modernidade, as mesmas que Baudelaire conseguiu expressar de forma poética, e sua significação simbólica e alegórica; enfatizando, assim, o ca-ráter de crítica social bastante presente em sua teoria. Sua crítica pode ser definida através do conceito de imagem dialética, pois para Benjamin a experiência social presente é tida como imagem onírica. Um sonho que deseja ser despertado. Enquanto imagem o contraditório, presente na experiência social, aparece como ambíguo. A imagem dialética, a interrupção do sonho onírico, é a chave hermenêutica para o despertar histórico e para o entendi-mento da superestrutura do capital que em sua concepção é uma mistura de vestígios arcaicos e sonhos futuristas.

Palavras-chave: Fetichismo. Fantasmagoria. Imagem Dialética.

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182 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MAURILENE GOMES DO NASCIMENTOGraduanda em Filosofia UECE/Promac

AS FARSAS, EM AS PALAVRAS, DE SARTRE

O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a mecani-zação das ações em simples gestos, a troca do existir por uma farsa de existência, a partir da leitura da obra As palavras (Les mots), uma autobiografia não apenas da vida de Sartre, pensador francês existencialista (1905 - 1980), mas, também, de sua época, publicada no ano de 1964. Sartre questiona o posicionamento burguês diante de duas grandes guerras ocorridas e da omissão burguesa frente a realidade. Quando criança Sartre consegue perceber que todos representam um papel e que a dissimulação está presente nas famílias, escolas, grupos de amigos ou até mes-mo quando o indivíduo está sozinho. Órfão de pai, criado pelos avós e por sua mãe, Sartre é apresentado e se perde dentro dos mundos da leitura e da escrita e, em seu desejo frustrado de ser Deus, faz-se escritor, descobre a importância da escrita. Enquanto assistia as encenações e também encenava no palco das farsas, encantou-se com as possibilidades que um escritor tem sobre suas obras e sobre os leitores. Sartre descobriu que escrever poderia ser uma maneira de existir, uma forma de transgredir, ridicularizar e criticar. Sartre vê a mecanização dos atos se transformando em gestos vazios de sentido, sem magia, obscurecido pela dramatiza-ção dos indivíduos durante sua infância e se mostra desencantado e desiludido em razão da capacidade que todos têm de fingir. Sartre em sua obra As palavras (Les mots) expõe sua vida com a leveza das palavras e com o peso insuportável da liberdade. Assim, As Palavras não apenas é a biografia de um homem, mas, também, a história de uma época. Palavras-chave: Farsa. Sartre. Gesto. Ação.

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183I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MAXWELL MORAIS DE LIMA FILHO Mestrando em Filosofia UFC/Capes

PODE UM COMPUTADOR DIGITAL PENSAR?

Será que um dia serão desenvolvidos computadores digitais capa-zes de pensar de modo similar ao nosso? Ou será que, indepen-dentemente da tecnologia, os computadores estarão sempre limi-tados a manipularem dados sem compreendê-los? Neste trabalho apresentarei duas concepções antagônicas de Filosofia da Mente: a Inteligência Artificial Forte (IA Forte), que responde afirmativa-mente a primeira questão, e a crítica de John Searle a esta corren-te, que, por sua vez, responde de maneira afirmativa a segunda questão. IA forte é um programa de pesquisa multidisciplinar que defende que a mente está para o cérebro da mesma maneira que o software está para o hardware. Sendo assim a implementação de um programa de computador correto seria condição suficiente para que um computador tivesse estados mentais semelhantes aos nossos. Como crítica à IA forte, Searle publicou um artigo cha-mado Minds, Brains, and Programs (1980), no qual ele propõe o famoso experimento de pensamento do quarto chinês. Em resu-mo, tal experimento mostra que a manipulação formal de símbolos (sintaxe), por si só, não é suficiente para produzir a compreensão (semântica) dos mesmos, isto é, passar no teste de Turing não im-plica ter uma mente. Segundo Searle, os partidários da IA forte confundem simulação com duplicação: simular uma tempestade através de um programa de computador não significa duplicar este fenômeno. Portanto, o metereologista que está diante de tal computador não precisa temer ficar molhado! O presente traba-lho pretende analisar a crítica de Searle ao programa da IA forte, além de uma objeção deste programa ao quarto chinês, a saber, a objeção do sistema. Ao final, concluirei o trabalho respondendo a seguinte pergunta: pode um computador digital pensar?

Palavras-chave: Teste de Turing. Inteligência Artificial. Quarto Chinês.

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184 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MÔNICA MARIA CINTRA LEONE CRAVOGraduanda em Direito UFBA/Cnpq

IMPERATIVO CATEGÓRICO E FORMULAÇÃO DA HUMANIDADE COMO FIM EM SI

O objetivo deste trabalho é analisar a fórmula da humanidade como fim em si não comofundamento de um socialismo ético, mas sim como fundamento de um socialismo jurídico, base para a fundamentação racional do Estado de Bem-Estar Social, onde a justiça distributiva é pen-sada como justiça social e exige um regime de democracia eco-nômica, onde a propriedade seja determinada em razão de sua função social. Este é um tópico da filosofia kantiana em que os comentadores não encontram consenso, indo de um Kant liberal no sentido econômico do termo (partidário de um Estado mínimo, cão de guarda da propriedade) a um Kant social-democrata, que imporia sérias restrições à determinação da propriedade privada e conferiria ao Estado republicano a tarefa da garantia das con-dições de autonomia dos sujeitos. Assim, a relevância da pesquisa está em, manipulando o conjunto da obra kantiana, mapear os pontos de inflexão de uma e de outra leitura, de maneira a buscar uma interpretação progressista que, se não é a única possível, é a que melhor dá conta dos aspectos complexos e, por vezes, aparentemente contraditórios – tensos, para usar a expressão de Ricardo Terra – da filosofia política kantiana. Fala-se do conjun-to da obra do pensador porque, apesar de a análise se centrar na Rechtlehre, é indispensável o recurso a outros escritos, não apenas os ensaios de filosofia da história (que, para Kant, pratica-mente equivale à história do próprio direito como positivação da liberdade) e antropologia como também as três críticas e, mesmo, textos epistolares.

Palavras-chave: Filosofia Moral. Kant. Propriedade.

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185I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

MURILO MARIANO VILAÇA Mestre em Educação e Professor da FE/UFRJ

O DISCURSO DE HABERMAS SOBRE O FUTURO DA NATU-REZA HUMANA: UMA PERSPECTIVA MORAL

“CRIPTO-NATURALISTA”?

O objetivo deste trabalho é analisar se Habermas assume uma posição moral naturalista na obra O futuro da natureza humana. A princípio, identificamos os significados dos conceitos de Natu-reza Humana, Dignidade Humana e Autocompreensão Ética da Espécie nos três primeiros passos do texto central daquela obra. Essa opção é justificada pelo fato do filósofo utilizar essa tríade conceitual para construir o arcabouço da sua crítica normativa à instrumentalização da vida humana pela aplicação das técnicas biogenéticas. No segundo momento, analisamos as relações feitas entre esses conceitos, pois é através delas que Habermas defende uma normatização dos usos das biotecnociências. Argumentando que a natureza humana serve como fundamento para a morali-zação da instrumentalização da vida humana, Habermas enten-de que essa é uma saída normativa contra possíveis abusos das biotécnicas genéticas. Para ele, a moralização da natureza hu-mana, entendida como uma atitude de reafirmação da autocom-preensão ética da espécie, é a chave para preservar a distinção fundamental entre ‘aquilo que cresce naturalmente’ e ‘o que foi produzido artificialmente, bem como da ideia de que os humanos agem autonomamente, sendo os únicos autores da sua história. Nossas considerações críticas apontam para a existência de con-tradições e aporias derivadas de conceitos obscuros e relações equivocadas, o que compromete a consistência da argumentação apresentada por Habermas, colocando-o no campo mais de um pessimismo ‘fundamentado’ do que no da crítica esclarecida que sirva a um contexto pluralista. Além disso, no nosso entendimento, Habermas incorre numa espécie de “cripto-naturalismo”, pois se baseia numa concepção forte de natureza para defender, norma-

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186 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

tivamente, o impedimento da manipulação genética dos nossos descendentes sem, contudo, admitir as consequências de tal pos-tura. Ora, se defende a indisponibilidade da natureza humana à técnica, tem de assumir que a natureza é moralmente boa e digna de preservação, vinculando-se, assim, a uma moral de cunho na-turalista.

Palavras-chave: Dignidade humana. Natureza humana. Autocom-preensão. Ética da Espécie. Moral naturalista

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187I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

NEVITA MARIA PESSOA DE AQUINO FRANCAMestranda em Filosofia UFPB

OS FUNDAMENTOS DO EMOTIVISMO MORAL NO TRATADO DA NATUREZA HUMANA

Após uma breve exposição da biografia do filósofo escocês David Hume, o objetivo deste trabalho será fazer uma abordagem sobre o foco de sua principal obra: Tratado da Natureza Humana (1739-40), na qual considera que as distinções morais não são deriva-das da razão e defende principalmente uma teoria do sentimento moral contra o racionalismo moral, em voga no seu tempo. Em seguida, apresentar-se-á a filosofia humeana das paixões, seus tipos e características; paixões primárias, secundárias, diretas, in-diretas, violentas, calmas; causas e objetos das paixões. Isto é, far-se-á aqui uma exposição do conteúdo apresentado pelo filósofo no Livro II do seu Tratado. Posteriormente, serão analisadas as relações entre causalidade e necessidade, ação e determinismo natural, evidência natural e evidência moral, demonstrando-se o lugar que a razão ocupa na ética humeana, e qual a sua função na determinação do comportamento do indivíduo. Ademais, será exposto o papel meramente instrumental que Hume confere à ra-zão em matéria de conduta humana, ou seja, a crítica do filósofo ao racionalismo moral. E, para concluir, examinar-se-ão, a partir da análise do Livro III do Tratado, as teses fundamentais de Hume, segundo as quais o homem possui um senso moral, é guiado por sentimentos - prazer e sofrimento - e encontra nas paixões o crité-rio último de constituição de suas ações.

Palavras-chave: Emotivismo. Moral. Razão. Paixão. David Hume.

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188 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PATRÍCIA DE OLIVEIRA MACHADOMestranda em Filosofia UNB/Capes

REVOLTA E AÇÃO: UMA ANáLISE DO PENSAMENTO DE ALBERT CAMUS

Albert Camus em suas obras coloca em questão o sentido e a significação de nossa existência e, ao fazê-lo, nos revela a incom-patível e conflituosa relação entre o homem e o mundo. A essa relação desproporcional, qual seja, entre as exigências humanas e a mudez do mundo, Camus denomina absurdo. Será a partir desse que o filósofo argelino pensará as possibilidades da ação. Todavia, uma “ética do absurdo” se apresenta pouco provável, já que o absurdo nos revela um mundo sem sentido e carente de valores. Se o absurdo é um divórcio irremediável, uma solidão incurável, como propõe Camus, como pensar o convívio entre os homens e seu modo de agir? O absurdo, então, nos deixa frente a um limbo moral. Por essa razão, uma regra de conduta deve ser buscada alhures. Segundo Camus, a nova possibilidade para se pensar o agir e estabelecer uma regra de ação é a revolta. Nes-se sentido, nosso intuito no presente trabalho é apresentar como o filósofo compreende a revolta, procurando investigar de que modo ela pode responder ao niilismo deixado pelo absurdo e nos oferecer um parâmetro para a ação.

Palavra-chave: Ação. Revolta. Albert Camus. Absurdo.

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189I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PAULO ALBERTO VIANAMestrando em Filosofia UFC/Funcap

A CRÍTICA FREGEANA À TáBUA DOS JUÍZOS DE KANT NA BEGRIFFSCHRIFT

O presente trabalho tem como objetivo explicitar a crítica aos ju-ízos kantianos feita por Frege na primeira parte da sua Begriffs-chrift. Ciente de que qualquer articulação do pensamento só po-deria ser feita por meio de uma linguagem ideal, Frege procurou desenvolver um sistema lógico que evitasse todas as imperfeições da nossa linguagem cotidiana. Tal aspiração tinha um motivo prin-cipal: fundar a matemática em bases lógicas, provar que todo o pensamento matemático tinha uma base na lógica e, portanto, é a priori e analítico. Posteriormente, esse posicionamento ficou co-nhecido como logicismo, e Frege como um de seus precursores. Na busca pela construção do seu sistema, ele inicia uma crítica sistemática de toda a lógica como fora anteriormente estabeleci-da, desde Aristóteles. Dentro dessa crítica, um dos autores exten-samente trabalhados é Kant, pois sua teoria do juízo e seu pensa-mento do sintético a priori na matemática vão totalmente contra todo o posicionamento de Frege que, a rigor, funda-se em bases platônicas. Esse artigo buscará confrontar a visão de Frege sobre a tábua dos juízos kantiana (encontrada no § 4 da Begriffschrift) com a visão do próprio Kant (exposta principalmente na Lógica de Jäsche e na Crítica da Razão Pura). Para tal, dividir-se-á em três partes: 1) o papel das faculdades cognitivas na criação do juízo, tal como exposto por Kant; 2) a tábua dos juízos em sua formulação moderna; e 3) a crítica fregeana aos juízos (tais como definidos por Kant).

Palavras-chave: Kant. Frege. Logicismo. Begriffschrift. Juízos.

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190 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PAULO HENRIQUE GOMES DE OLIVEIRAGraduando em Filosofia UFC/Pibid

A UNIDADE ENTRE AÇÃO MORAL E AÇÃO POLÍTICA EM ERIC WEIL

A relação entre ética e política é uma das mais antigas discussões filosóficas, pois são dois campos de investigações que pratica-mente nasceram com a filosofia. Na filosofia política de Eric Weil essa relação não é diferente. Na comunicação apresentaremos como a ação moral e a ação política são tratadas no pensamento de Eric Weil que ao mesmo tempo em que apresenta uma separa-ção entre moral e política – estando à primeira relacionada à ação do indivíduo sobre si mesmo, enquanto que a segunda refere-se à ação do homem sobre o gênero humano – considera inevitável a unidade entre elas. Segundo Eric Weil, essa relação se justifica pelo fato de que a política só se torna um problema se for refletida pela moral, sendo ela que dá sentida a política, possibilitando assim, a ação razoável, ou seja, a ação universal sobre o gênero humano. Dessa forma, toda reflexão política tem sua origem na re-flexão moral, porém essa moral só se realiza no plano da política, revelando a unidade entre elas e sua importância como forma de orientar a ação do indivíduo na história.

Palavras – chave: Filosofia Política. Moral. Sociedade.

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191I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PAULO MARCELO SOARES BRITOGraduando em Filosofia UECE

PERSPECTIVAS SOBRE ALTRUÍSMO E EGOÍSMO EM NIETZSCHE

O presente trabalho tem como objetivo apresentar as perspecti-vas sobre o altruísmo no pensamento nietzscheano. O primeiro pensador a introduzir o termo no vocabulário filosófico foi Comte em sua obra “Catecismo positivista” (1852). O “altruísmo” surge como a doutrina moral do positivismo em contraposição ao termo “egoísmo”. A máxima fundamental do altruísmo segundo Comte seria: viver para os outros. Segundo ele isto não iria de encontro aos instintos do homem uma vez que juntamente com os “instin-tos egoístas” o ser humano teria também “instintos altruístas” que poderiam ser desenvolvidos e tornados predominantes através da educação positivista. Delimitamos a apresentação das per spec tivas sobre o altruísmo em Nietzsche aquelas encontradas na obra “Humano, demasiado humano – Um livro para espíritos livres” (1878). Nietzsche toma a definição tradicional do altruísmo como teoria do bem que coloca como ponto de partida o interesse dos outros indivíduos enquanto tal como objetivo da conduta moral e a questiona: os atos ditos altruístas são mesmo altruístas? Existiria mesmo o altruísmo? Pretendemos com este trabalho mostrar como Nietzsche a partir de uma analise contundente sobre o “altruísmo” faz surgir uma perspectiva acerca do mesmo como outra face do egoísmo na qual “interesse dos outros indivíduos” é apenas uma máscara para o interesse próprio, para o egoísmo, de forma que a própria oposição entre egoísmo e altruísmo não teria qualquer fundamento.

Palavras-chave: Altruísmo. Egoísmo. Nietzsche. Moral.

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192 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PAULO ROBERTO VASCONCELOS FERNANDESProfessor da SEDUC/PA

ETHOS, ESCASSEZ E DIREITOS HUMANOS O debate em torno da questão da água sobre sua escassez ou falta ou privação a uma significativa massa de pessoas no plane-ta, conduz sua discussão para outros territórios do conhecimento além da hidrologia. São as várias interfaces de um mesmo diálogo que demanda ser discutido com a ética, com a filosofia e, sobre-tudo com os direitos humanos. A água deixa de pertencer ao do-mínio dos especialistas – de hidrólogos, p. ex. -, para buscar gua-rida em outros nichos que sinalizem uma via de reflexão pouco habitual, onde seja possível compreender quais princípios éticos comuns podem ser aceitos como diligentes a um diverso universo geográfico, aos vários estágios do desenvolvimento econômico e nos contextos mais inimagináveis. Não se trata, por conta disso, de prescrever a panacéia para um problema de grande com-plexidade que aflige a humanidade, mas de considerar a água, imprescindível para a vida do planeta e de todos os seres vivos, mas que por hora está sendo brutalmente convertida num objeto estratégico da cobiça internacional e também num comércio dos mais rentáveis do presente e do futuro. A água não deve ser con-siderada do ponto de vista econômico, somente, mas como um direito fundamental a todos os seres humanos.

Palavras-chave: Ética. Filosofia. Direitos Humanos.

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193I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PEDRO HENRIQUE GOMES MUNIZGraduando em Filosofia UFC

A TEORIA DA VERDADE DE FREGE: ENTRE O SUBSTANCIALISMO E O DEFLACIONISMO

O presente trabalho tem como objetivo discutir a teoria da verda-de formulada por Gottlob Frege (1848 – 1925), analisando quais foram os passos seguidos pelo filósofo alemão para desenvolver sua concepção de verdade e como esta tem um papel central em sua obra como um todo. Além disso, o trabalho buscará discutir qual é a forma mais adequada de definir a perspectiva fregeana frente à questão da verdade. Assim, levantará a questão de como podemos definir sua teoria: se teria sido Frege um substancialis-ta ou um deflacionista. Para tal, primeiramente, apresentará em linhas gerais de que se tratam essas duas formas de conceber o problema da verdade. O substancialismo, para o qual o conceito de verdade desempenha um papel central e o deflacionismo que entende que o conceito de verdade é um conceito marginal e mui-tas vezes dispensável na filosofia. Apresentará ainda brevemente os principais representantes de cada corrente, assim como suas respectivas teses. A partir desse pano de fundo, o trabalho tentará encaixar a teoria de Frege dentro dessas duas correntes. Em seu artigo O Pensamento, Frege argumenta a favor da indefinibilidade do conceito de verdade, enquanto sustenta a centralidade des-te na teoria lógica. Além do referido artigo, o trabalho utilizará, principalmente, o texto de Frege intitulado Sentido e Referência, no qual o filósofo parece defender uma visão redundancionista do conceito de verdade. Além disso, leituras secundárias servirão como base para a argumentação, como Frege: Philosophy of Lan-guage, de Michael Dummett. Outras leituras serão expostas no decorrer da apresentação.

Palavras-chave: Frege. Verdade. Substancialismo. Deflacionismo.

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194 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PEDRO MERLUSSIGraduando em Filosofia UFOP/Cnpq

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO PARADOXO WITTGENSTEINIANO

Em The Rule-Following Considerations, Boghossian afirmou que os últimos anos testemunharam um grande interesse por parte dos fi-lósofos analíticos nos escritos do último Wittgenstein (notadamente, Investigações Filosóficas 138-242 e Remarks on the Foundations of Mathematics, seção IV). O ressurgimento de tal interesse deve-se em grande parte à obra de Saul Kripke, intitulada Wittgenstein on Rules and Private Language. Nela, Kripke apresenta sua interpretação das Investigações Filosóficas de Wittgenstein e procura desenvolver um aparente paradoxo exposto no parágrafo 201. O paradoxo cético ou wittgensteiniano formulado por Kripke pretende mostrar o seguinte: se o significado de uma palavra é aquilo que ela corresponde na re-alidade, não podemos nunca saber qual o uso correto dos signos. Na concepção de Wittgenstein, a linguagem só possui significado quan-do podemos distinguir entre usos corretos e incorretos. O paradoxo cético consiste precisamente em mostrar que não possuímos critérios para traçar tal distinção. Portanto, seu resultado leva-nos a admitir que a linguagem é desprovida de significado. Contudo, tal resulta-do absolutamente inaceitável é solucionado quando admitimos o uso público da linguagem. Podemos traçar a distinção entre usos cor-retos e incorretos caso admitamos o falante não como um indivíduo isolado, mas como alguém que pertence a uma comunidade. Esta solução cética proposta por Kripke também ficou conhecida como “a visão da comunidade”. Se o paradoxo está realmente presente na obra de Wittgenstein, é assunto que o presente trabalho não aborda-rá. Nosso objetivo consiste, num primeiro momento, em apresentar os principais argumentos a favor do paradoxo e algumas possíveis ob-jeções. Em um segundo momento, ofereceremos uma solução direta ao paradoxo proposto por Kripke.

Palavras-chave: Ceticismo semântico. Seguir uma regra. Visão da comunidade. Kripke. Wittgenstein.

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195I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PEDRO NOGUEIRA FARIASGraduando em Filosofia UFC

EXISTÊNCIA E CONTINGÊNCIA EM “A NáUSEA” DE SARTRE

Partindo da crítica que Husserl faz da filosofia da representação, onde não se poderiam dissolver as coisas na consciência, pois um objeto não poderia penetrá-la por não ser da mesma natureza que ela e, no entanto, não poderia aprisionar o conceito de tais objetos do mundo, resulta que para Husserl, então, tem de se fa-zer o movimento para voltar às coisas mesmas, como uma forma de se livrar de todas as amarras da tradição filosófica. A filosofia sartriana toma como ponto de partida a atitude fenomenológica husserliana, pois entre sujeito e mundo há a descoberta da contin-gência, toda a existência como contingência. Enquanto o idealis-mo defendia um mundo determinado onde tudo era reduzido ao Eu - penso kantiano, a “Náusea” de Sartre como sendo uma obra tese-literária vai ser uma expressão da existência concreta em situação, expressão da condição humana em sua complexidade concreta e, contra a herança clássica da consistência ontológica que o raciocínio julgava encontrar no mundo, Sartre mostra em forma literária o enfretamento na realidade concreta contra todo o pensamento do neokantismo que vigorava na academia. A vida possui uma forma de acontecer que não comporta a estabilidade, ela se constitui de fatos e nada assegura que haja entre as coisas do mundo uma conexão e teleologia e nisso o próprio sujeito se torna contingente, é preciso esvaziar toda a referência e buscar ser no mundo.

Palavras-chave: Existencialismo. Sartre. Náusea.

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196 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

PRISCILA GOMES SILVAGraduanda em Filosofia UECE/IC

GIAMBATTISTA VICO E A VIDA CIVIL NO DE RATIONE

Em seu escrito De nostri tempori studiorum ratione (1708), Giam-battista Vico (1668-1744) expõe os resultados de sua reflexão em relação à cultura de sua época, mais precisamente sobre a ordem dos estudos aplicados nas escolas e universidades napolitanas, visando contribuir com algo novo ao mundo das letras. O pro-pósito dessa contribuição insere-se no âmbito da ordenação do conjunto de saberes ao qual os jovens se dedicavam, ou de que forma poderiam compor seus estudos de modo a não se deixarem corromper pela orientação do novo sistema vigente. Tal sistema seguia a nova orientação dos estudos, inspirada no cartesianismo, que trouxera, dentre inúmeras inovações, uma nova concepção de saber e método distintos daquele anterior retórico-humanista. A preocupação viquiana se insere aqui, na perspectiva de que o novo sistema, desvencilhando-se da antiga tradição retórica, des-prezava dentre outras disciplinas, a importância da retórica na formação dos jovens, e punha a crítica como único meio de se chegar à verdade. O desprezo à Retórica indicava o desprezo à Tópica, arte de encontrar os argumentos em meio ao verossímil. O verossímil, por sua vez, era desprezado por dar suspeitas falsida-des e a nova orientação dos estudos tinha por finalidade apenas a verdade. Para Vico, a ciência tratava do verdadeiro e desprezava o verossímil por este se vincular ao senso comum. Desprezar a tópica e a tudo aquilo que se relacionava ao conhecimento das coisas práticas implicava, porém, no desprezo das coisas da or-dem civil. O presente trabalho pretende expor de que modo Vico, no De ratione, analisa as vantagens e as desvantagens dessa nova orientação dos estudos orientada pela filosofia cartesiana, o por-quê de tal preocupação, e que soluções ele propõe diante dessas mudanças sofridas pela pedagogia de sua época.

Palavras-chave: Sistema. Tópica. Crítica. Vida civil.

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197I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RAFAEL ALBERTO SILVÉRIO D’AVERSAGraduando em Filosofia UFOP/Cnpq

POPPER E O PROGRESSO DA CIÊNCIA

O presente trabalho pretende elucidar algumas questões acer-ca da caracterização da ciência ocidental a partir do estudo de suas origens, explicitando nesse movimento as propostas do filó-sofo Karl Popper relativas a dois dos tópicos centrais do campo da filosofia da ciência: o problema da indução e a questão do estabelecimento de critérios de demarcação que permitam distin-guir com clareza o que é científico daquilo que não é, ou ainda, a ciência da não ciência. Em Conjecturas e Refutações, Popper avança uma argumentação – a um tempo precisa e abrangente – na qual se consolida sua versão a respeito do percurso histórico de constituição da cientificidade no ocidente. Incluem-se entre suas etapas uma fase incipiente da ciência, cuja presença é re-conhecida nos fragmentos dos filósofos pré-socráticos, outra que compreende sua corporificação na idade moderna, e, por fim, uma terceira, que aponta para sua culminância no séc.XX, quan-do já se encontram nitidamente definidos seus contornos epistê-micos e seu impacto político e social. Um elemento permanente na trajetória em exame é o suposto caráter crítico das atividades que se admite pertencerem ao âmbito da ciência. Sobre este as-pecto há outro relato que merece destaque: trata-se do relato de Thomas Kuhn. Este, ao contrário de Popper, enfatiza a importância de uma posição historicamente respaldada para a compreensão da atividade científica e problematiza a questão da objetividade da ciência que leva, inevitavelmente, a uma discussão metafísica sobre a verdade. Portanto, para explorar este tema em pormenor, faremos um contraste entre os dois filósofos mencionados de modo a evidenciar as implicações filosóficas dos tópicos concernentes à pratica científica.

Palavras-chave: Popper. Kuhn. Objetividade. Racionalismo. Filo-sofia da ciência.

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198 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RAPHAEL BRASILEIRO BRAGAMestrando em Filosofia UFC/ Capes

O CONTRATUALISMO CONTEMPORÂNEO: HERANÇAS E ORIGINALIDADE NO PENSAMENTO RAWLSIANO

Para que possamos entender a proposta de Rawls é preciso com-preender primeiramente seu esforço em recuperar a Teoria do Contrato Social como legitimadora do Estado. Abandonada du-rante algum tempo, a teoria contratualista é recuperada por Ra-wls, que busca construí-la com bases eqüitativas. O objetivo de Rawls é pensar o contrato não como um acordo, seja ele efetivo ou hipotético, mas como um meio de extrair as premissas morais no que diz respeito à igualdade dos indivíduos. Partindo do pressu-posto de que os indivíduos são moralmente iguais e que nenhum é inerentemente subordinado a quem quer que seja, o objetivo do contrato rawlsiano é determinar princípios de justiça a partir de uma posição de igualdade. A justiça das instituições sociais é mensurada não por sua tendência em maximizar a soma ou a utilidade média do bem-estar pessoal, mas por contrapor-se a desigualdades naturais derivadas do nascimento ou do talento. O propósito de Rawls, portanto, é apresentar uma concepção da justiça que generaliza a teoria do contrato social conhecida des-de Hobbes, Locke, Rousseau e Kant. A proposta de Rawls não se encerra, como em muitos debates de teoria política, nos aspectos de desejabilidade. Para ele, não devemos nos perguntar pelo que é desejável ou indesejável, mas sobre qual estrutura sócio-política escolheríamos caso pudéssemos decidir que estrutura deveríamos ter. É preciso, para tanto, introduzir considerações de elegibilida-de – considerar o que escolheríamos – em substituição das con-siderações de desejabilidade. Esse experimento mental, afirma Rawls, é utilizado para que possamos escolher dentre as várias estruturas políticas aquela seja de fato justa.

Palavras-chave: Contrato Social. Justiça. Imparcialidade.

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199I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RAVENA OLINDA TEIXEIRAGraduanda em Filosofia UECE/Provic

O BEM E O MAL SEGUNDO BENEDICTUS DE SPINOZA

Nossa intenção com o presente trabalho é expor a definição do fi-lósofo holandês Benedictus de Spinoza (1632–1677) sobre o bem e o mal. A resposta que Spinoza apresenta para a questão do bem e do mal rompe com a tradição filosófica do século XVII, nos re-metendo para algo muito semelhante ao que se pensava na filoso-fia dos estóicos. Realizaremos esse estudo com base em sua obra maior, intitulada Ética – demonstrada em ordem geométrica, mais especificamente na quarta parte dessa obra, que tem por título: A servidão humana ou a força dos afetos, na qual o autor define já no prefácio o bem e o mal. Estes são definidos como modos do pensamento ou noções que formamos por compararmos as coisas entre si, mostrando que o bem ou mal não estão nas coisas e sim no homem. Com efeito, para Spinoza a mesma coisa pode ser boa para alguns e má para outros, ao mesmo tempo. Portanto, pode-se afirmar que em Spinoza, o conceito de bem e mal são relativos ao indivíduo. Para a explicitação e demonstração do sentido spi-nozista de bem e mal, será necessário expor os conceitos usados por Spinoza, como por exemplo, a definição de substância, de atributos, de modos, dos afetos e em particular, suas análises so-bre a virtude, o desejo, a alegria e a tristeza. Utilizaremos também outras obras do autor, bem como as outras partes da Ética, visan-do aprofundar o entendimento sobre os termos essenciais para a compreensão do nosso tema.

Palavras-chave: Bem. Mal. Ética. Spinoza.

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200 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

REGIANY GOMES MELOGraduada em Filosofia UECE

UMA REFLEXÃO ECOLÓGICA A PARTIR DO “SER-NO-MUNDO” EM L. FEUERBACH

No mundo contemporâneo somos obrigados a lidar com questões que não podemos adiar, seja o esgotamento das reservas naturais, sejam as irregularidades climáticas que ameaçam a vida humana. Em todos os âmbitos se ouve o apelo pela salvação do planeta, mas nem sempre são feitas as considerações devidas sobre a relação en-tre o homem e o mundo. Neste panorama, o presente trabalho visa refletir a relação existente entre os homens (eu-tu) e, entre o homem e o mundo a partir da visão feuerbachiana. Com a análise dos con-ceitos de homem e natureza em Feuerbach é possível vislumbramos uma categoria basilar e fundamental que não seja apenas uma moral para o ser humano diante da natureza, mas que leve em conside-ração as relações mais íntimas do ser no mundo que somos. Para Feuerbach não há no homem uma separação entre homem natural e homem social. A natureza humana é social, necessariamente social, pois, para chegar-se ao nível da consciência, é necessário expandir-se no processo de comunicabilidade, permeado pelo outro, caracte-rizando a existência do fenômeno social, na busca pelo ser inteiro. O homem é também um produto da natureza, uma obra dela; ele deve, por isso, tratá-la e estimá-la como “sua mãe”, como a fonte do seu ser. Já que ele deve seu nascimento e sua manutenção apenas às forças e aos efeitos naturais, depende ele, por conseguinte, da natureza; quer dizer, ele não é nenhum ser sem necessidade, mas um organismo que pressupõe as determinações da natureza, água, ar, alimento etc. Deste modo, mediante uma reflexão filosófica em Feuerbach sobre o modo como o homem se relaciona com o mundo, podemos chegar à compreensão prévia da nossa presente situação possibilitando uma atuação responsável do homem na preservação da vida e, também, no voltar-se ao mundo, consciente deste, na realização de suas tare-fas e trabalhando para o bom convívio natural e social.

Palavras–chave: Feuerbach. Homem. Natureza. Ecologia.

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201I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RENATA DE FREITAS CHAVESMestranda em Filosofia UECE

A ETICIDADE COMO ESPAÇO DE LIBERDADE

Este trabalho visa apresentar a concepção da ideia de direito no pensamento político de Hegel, a fim de compreender como a li-berdade se efetiva na Eticidade. Para tanto, teremos como ins-trumento teórico os Princípios da Filosofia do Direito, a qual He-gel apresenta uma nova maneira de filosofar acerca da ideia do direito que se resume na efetivação da liberdade. O desafio de Hegel com essa concepção é justamente conciliar a vida do Es-tado como totalidade orgânica e eticidade concreta com a vida do indivíduo como liberdade subjetiva e princípios autônomos de direitos imprescritíveis. Desde modo, Hegel demonstra de forma sistemática e processual todo o itinerário da efetivação da liber-dade, que através das instituições históricas poderá ser efetivada. Tais instituições são elas a Família, primeira substância ética que semeia nos indivíduos noções éticas que possibilita viver no Estado Racional. A Sociedade Civil, mundo do trabalho e da produção, espaço de administração das carências dos conflitos e das contra-dições da sociedade moderna. E por fim, o Estado, efetivador da ideia ética, ou seja, da conciliação entre liberdade subjetiva e objetiva. Desta forma, pretendemos mostrar como Hegel tentou equacionar a relação entre o reino das necessidades como o reino das liberdades.

Palavras-chave: Direito. Liberdade. Eticidade.

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202 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RENATO ALMEIDA DE OLIVEIRAMestrado em Filosofia UFC/Funcap

BRUNO BAUER E A FILOSOFIA DA AUTOCONSCIÊNCIA

Bruno Bauer (1809-1882) foi um teólogo alemão de forte influ-ência hegeliana e professor na Universidade de Berlin. Devido a sua formação, Bauer dedicava-se as questões referentes ao cam-po da religião, debatendo sobre a veracidade histórica dos evan-gelhos e sobre a vida de Jesus. Contudo, suas idéias teológicas tinham implicações políticas o que o permitiu posicionar-se frente às questões de seu tempo, como, por exemplo, a relação entre Estado e religião, entre cidadão e homem religioso etc. Suas in-cursões no campo da política possibilitaram-lhe desenvolver um criticismo radical baseado na destruição das crenças religiosas. A religião nada mais é do que a relação da consciência consigo mesma. Bauer considerava suas obras uma exposição da irracio-nalidade do cristianismo, principalmente o cristianismo institucio-nalizado. “Porque o cristianismo, por revolucionário que fosse nos seus primórdios, agora havia sido ultrapassado e havia se conver-tido em um obstáculo ao progresso”. É quase que consenso entre os interpretes da filosofia jovem hegeliana reconhecer em Bauer um dos mais notáveis discípulos de Hegel. O conceito central da filosofia baueriana – a autoconsciência – procedia da obra hege-liana, especificamente da Fenomenologia do Espírito. Portanto, a filosofia da autoconsciência de Bauer se apoiava em Hegel, na idéia de que a consciência se desenvolve até atingir o grau de totalidade do pensamento. Porém, enquanto para Hegel o motor desse desenvolvimento é o absoluto, Bauer tende a crer que ele é o homem enquanto ser autoconsciente, isso porque para Bauer a idéia de absoluto põe uma barreira ao desenvolvimento e a auto-consciência sempre aspira a uma universalidade cada vez maior. A autoconsciência “consiste em seu próprio movimento e encontra sua finalidade e sua identidade apenas nesse movimento”. Essa concepção de autoconsciência só foi possível mediante o criticis-

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203I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

mo baueriano, criticismo este tão caro a todo o movimento jovem hegeliano. “O criticismo é a atividade que transforma os objetos em consciência”. É mediante o pensamento crítico que os filósofos neohegelianos desenvolviam suas teorias, na tentativa de abarcar a totalidade do real e essa totalidade só era possível através da consciência entendida como a unidade e o poder do universo que rompe com os obstáculos que impedem o desenvolvimento histórico. Em outras palavras, o criticismo é, para os jovens hege-lianos, especialmente para Bauer, a verdadeira forma de pensa-mento, que rompe com as pretensas verdades eternas e resgata o homem, a liberdade e a consciência de si.

Palavras-chave: Bruno Bauer. Hegelianismo. Autoconsciência.

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204 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RICARDO BAZILIO DALLA VECCHIADoutorando em Filosofia UNICAMP

METAFÍSICA DO ARTISTA COMO FIO DE ARIADNE

É prática comum a quase toda a fortuna crítica especializada no pen-samento de F. Nietzsche (1844-1900) dividir sua obra em três perí-odos de produção. Esta prática, porém, acabou por fomentar uma lacuna hermenêutica que dificulta uma interpretação de conjunto da obra. Ocorre que, com a expansão e desenvolvimento da pesquisa especializada nas últimas décadas, análises mais abrangentes come-çaram a ser empreendidas, levando a perceber que os grandes te-mas da filosofia do velho Nietzsche já possuem sua formulação, ainda que em estado embrionário, desde os primeiros anos da juventude, o que nos leva a supor que não há na obra um simples isolamento ou ruptura entre os períodos, mas antes um grande processo con-tínuo de desenvolvimento. Isto nos permite defender a hipótese de que existem, na obra, certo fios condutores, ou Fio de Ariadne, que perpassaram todos os períodos, ainda que, como quer Nietzsche, metamorfoseando-se. Contribuem para esta hipótese alguns textos de caráter autobiobibliográfico como os “Prefácios de 1886”, que ao lado de Ecce Homo constituem uma verdadeira autobiografia filosó-fica de Nietzsche. Como a proposta destes textos consiste em revelar as intenções que nortearam a confecção das obras, eles se mostram um material opulento e fidedigno para a nossa causa. Mediante a análise e confrontação de fragmentos pontuais destes textos e a arti-culação com fragmentos de algumas obras, tentaremos demonstrar que a tese de Metafísica do Artista, formulada nos primeiros anos de produção de Nietzsche e considerada superada pelos períodos subseqüentes, permanece, ainda que metamorfoseada, enquanto “método”, ou “ótica” em todo o seu programa filosófico, revelando-se o Hintersinn sob o qual, de alguma maneira, todo o seu programa filosófico se articula.

Palavras-chave: Nietzsche. Metafísica do Artista. Fio de Ariadne. Nascimento da Tragédia. Prefácios de 1886.

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205I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RICARDO GEORGE DE ARAÚJO SILVAMestre em Filosofia UFC e Professor UFRPE

OS DIREITOS HUMANOS E A DIGNIDADE DA VIDA EM HANNAH ARENDT E FOUCAULT

A comunicação objetiva abordar a questão dos direitos humanos enquanto direitos fundamentais e desafio na contemporaneida-de. Entendemos o valor da pessoa humana como valor-fonte da ordem da vida em sociedade já que esta encontra a sua expres-são jurídica nos direitos humanos. Estes foram, a partir do século XVIII, positivados em declarações constitucionais. Tais positivações buscavam, para usar as categorias arendtianas, a durabilidade do work do homo-faber, através de normas da hierarquia constitu-cional e tinham como objetivo tornar aceitável, ex parte populi o estar entre os homens (o inter homines esse) em sociedades que se caracterizariam pela variabilidade do Direito Positivo – a sua dimensão de labor – requerida pelas necessidades da gestão do mundo moderno, tal como percebidas pelos governantes. O elen-co dos direitos humanos contemplados pelo Direito Positivo foi se alterando do século XVIII até os nossos dias. Assim, caminhou-se historicamente dos direitos humanos de primeira geração – os di-reitos civis e políticos de garantia, de cunho individualista voltados para tutelar a diferença entre Estado e Sociedade e impedir a dissolução do indivíduo num todo coletivo – para os direitos de se-gunda geração – os direitos econômicos, sociais e culturais con-cebidos como créditos dos indivíduos com relação à sociedade, a serem saldados pelo Estado em nome da comunidade nacional. Essa reflexão traz a baila essa discussão no intuito de esclarecer o percurso e a importância de tais asseverações em torno da dig-nidade humana.

Palavras-chave: Direitos humanos. História. Dignidade humana.

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206 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RITA HELENA SOUSA FERREIRA GOMESDoutora em Filosofia e Professora da UFC-Sobral

DESOBEDIÊNCIA E LEI NATURAL EM HOBBES

Classicamente, as leis naturais serviram como base de justificação para os atos de desobediência legítima dos cidadãos contra seus soberanos, na medida em que tinham, claramente, um caráter regulador superior ao próprio Estado. Hobbes, contudo, insere na noção de lei natural uma série de modificações que nos obrigam a repensá-la, em especial, naquilo que toca sua relação com a desobediência legítima. É precisamente no sentido de esclarecer tal relação que o trabalho ora proposto aponta. Sendo assim, faz-se necessário enfrentar questões que, ao longo dos anos, vêem recebendo as mais diversas interpretações dos pesquisadores, a saber: Continuará a lei natural, que também no autor inglês pode ser chamada de lei divina, a ser um ordenamento superior ao do Leviatã? Ainda que se confirme tal superioridade, isso equivalerá a dar aos súditos o direito de contestar o poder soberano? Se sim, até que ponto essa contestação é legítima? Como conciliar esse direito dos cidadãos com a exigência de poder absoluto do estado civil hobbesiano? Como entender que a lei natural funda-mental que “comanda” a criação do Estado como meio para al-cançar a paz, ordena, ao mesmo tempo, ao indivíduo lutar contra ele com toda sua força e engenho em caso de ameaça a sua vida? Enfim, com esta comunicação pretendemos mostrar a comple-xidade que perfaz a idéia de desobediência legítima no estado civil hobbesiano e, especificamente, sua íntima relação com a concepção de lei natural, contribuindo, assim, para um debate que tem instigado não apenas os historiadores da filosofia, mas também todos aqueles que encaram com seriedade a filosofia política e a filosofia do direito.

Palavras-chave: Desobediência. Lei Natural. Hobbes.

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207I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ROBERISON WITTGENSTEIN DIAS DA SILVEIRADoutorando em Geografia UNICAMP/Fapesp

DE FICHTE A SCHELLING: O IDEALISMO ALEMÃO COMO RESPOSTA SISTEMáTICA PARA A DUALIDADE

ESPÍRITO E NATUREZA

Considerando a dicotomia imposta pela Crítica da Razão Pura de Kant, Fichte pretende dissolvê-la pela execução de um dos termos, eleva-se o espírito à condição de única coisa realmente existente. Não há natureza, não como entidade, como algo de objetivo, mas como criação do Eu no plano de suas realizações e desígnios. A na-tureza é um Não-Eu, uma abstração imposta ao sujeito como con-tradição interna e necessária a ser transposta no projeto maior de elevação. Baseado nessas idéias toma forma o idealismo alemão no início do século XIX. Em sintonia com o idealismo fichtiano produzirá Schelling as Cartas Filosóficas Sobre o Dogmatismo e o Criticismo no ano de 1796. Dirá Schelling, nestas Cartas, que a unidade é dada na colocação do limite pelo próprio princípio interior; que voltar-se para o exterior sem a medida intuitiva, ou seja, sem procurar abarcar o ex-terior como pertencente ao sujeito, como ligado ao projeto maior de unificação, é fracassar no desafio de encontrar a justa forma no Abso-luto. Breve, no entanto, se distanciará Schelling da diretriz fichtiana. A recusa em seguir Fichte é resultado de uma ligação de Schelling com a ciência da época. Na verdade, o que se dá em Schelling é uma ampla influência: tanto Fichte, quanto a ciência da natureza e o valor dado a sensibilidade pelos românticos serão apropriadamente consideradas na proposta de uma Naturphilosophie. Ideal e real, ho-mem e natureza, constituem termos antagônicos que só encontram sua validade filosófica na síntese. A finalidade é então possível de ser compreendida, a correspondência aludida entre a representação e o que a faz dialogar com algo dado na natureza já nas Idéias para uma Filosofia da Natureza de Schelling é entendida na visão geral de uma dialética entre ideal e real, que, em última análise, conduz à síntese originária do Absoluto.

Palavras-chave: Idealismo alemão. Fichte. Schelling. Naturphilosophie.

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208 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ROBERTO BARROSDoutor e Professor de Filosofia UFPA

NIETZSCHE E BIOPOLÍTICA: UMA ANáLISE IMORAL DO ESTADO DA POLÍTICA

A reflexão de Nietzsche acerca do Estado e da política se apresen-ta de modo descontínuo em sua filosofia. Todavia, a ela está sem-pre associada uma reflexão sobre a significação e os rumos da cultura, concebida enquanto fonte dos princípios formadores da individualidade e de processos criadores e dinâmicos. Em Niet-zsche a cultura pode se caracterizar de duas maneiras: a) como ascendente, ou seja, voltada à afirmação e à fortificação da vida e, b) como declinante, determinada pela reatividade não criativa, submetida e despotencializadora do mundo e da vida. Muito em-bora aparentemente antagônicas, elas são aproximadas mediante a análise por meio do vetor teórico da vontade de poder, haja vista serem ambas formas diferenciadas do mesmo impulso funda-mental, que move os seres em busca da incessante expansão dos seus âmbitos de atuação. Não separável da crítica aos rumos da cultura européia, a consideração do Estado e da política mobiliza o pressuposto da dominação como caráter intrínseco de ambas, que na contemporaneidade se caracterizam para Nietzsche pela demagogia das massas, pela igualdade arbitrária e pela crença na felicidade possível. A comunicação que se seguirá visa analisar estes aspectos e relacioná-los com a reflexão sobre biopolítica, entendida a partir da concepção foucaultiana de politização do fenômeno da vida a partir de determinismos técnico-administrati-vos estatais e políticos. Com vistas a isso a exposição que se segue se organizará em seis breves tópicos: I Nietzsche e a biologia, II Estado e cultura, III Estado antigo e moderno, IV moralidade, imoralidade e probidade, V Espírito livre, Estado e Política e, Fi-nalmente VI Nietzsche e a biopolítica.

Palavras-chave: Organismo. Cultura. Estado. Poder. Biopolítica.

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209I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ROBERTO ROBINSON BEZERRA CATUNDAMestrando em Filosofia UECE/Funcap

A EXCELÊNCIA MORAL E A DEFINIÇÃO DE “ATO VOLUNTáRIO” NA ETHICA NICOMACHEA

O intuito da comunicação é apresentar o que Aristóteles define como voluntário (hékousios) passando pelas distinções entre o in-voluntário (akousíos) e o não-voluntário. Tomo como base desta apresentação o livro III 1 – 3 da Ética a Nicômaco, que pertence àquilo que alguns comentadores denominam de Tratado da Vir-tude Moral EN I 13 - III 8. Com essa exposição, na medida em que consigamos esclarecer os pontos abordados, pensamos em avançar na compreensão da argumentação aristotélica sobre a eudaimonía. O motivo pelo qual estamos tematizando o ato vo-luntário se deve a uma tentativa de compreender as definições de Aristóteles sobre a eudaimonía e sobre a excelência (areté). É valido lembrar que na ética aristotélica a eudaimonía será o télos de toda ação humana e o exercício da ação excelente terá como uma das suas condições o ato voluntario. Nosso objetivo é enten-der uma das condições da ação excelente e assim, poder avançar na compreensão das afirmações aristotélica sobre a eudaimonía. Minha pretensão com esta exposição é apresentar dois momentos da ética que são esclarecidos, num primeiro momento, pela análi-se do voluntário. A comunicação será dividida em três momentos: eudaimonía, excelência moral e ato voluntário.

Palavras-chave: Ética. Eudaimonía. Excelência. Voluntário.

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210 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

FRANKLIN ROOSEVELT MARTINS DE CASTROMestrando UFC/Capes

LINGUAGEM E ANGÚSTIA EM O CONCEITO DE ANGÚSTIA DE S. KIERKEGAARD

Entre a distinção da linguagem divina e a linguagem humana, há o conceito de queda, quando o homem por consequência do pecado perde o seu estado de inocência. A este respeito nos interessa a passagem do Genesis analisada por Virgilius Hauf-niensis ao colocar a palavra divina em relação ao homem-Adão. Desse modo, ao lado das questões em torno da liberdade giram os problemas da linguagem. Pois foi diante da palavra misteriosa e enigmática, ainda incompreendida pelo estado de inocência que o primeiro homem se deparou com o seu desejo de poder alguma coisa, embora não o soubesse da distinção entre o bem e o mal, justamente por ainda estar mergulhado no estado de inocência. Há pois nesta proposição uma relação entre linguagem e liberda-de. A palavra misteriosa não faz a diferença entre o bem e o mal, porque esta distinção é própria do humano, é determinação; en-quanto a linguagem divina é pura imediatidade, sem diferencia-ção. No entanto, o primeiro homem foi posto diante desta palavra sem ao menos antes ter o conhecimento da verdade. De tal forma que a palavra divina o colocou em uma situação prática, “que não comesse o fruto da árvore proibida”. Esta palavra é tão impactante que o homem se percebe capaz de poder, ou seja, se depara com o a possibilidade. Mas como ainda não tem o conhecimento do bem e do mal, e muito menos o controle e a previsibilidade das escolhas, o homem se angustia justamente porque tem a possibili-dade de escolher diante do que ouviu.

Palavras-chave: linguagem. Angústia. Paradoxo.

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211I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ROSA MARIA FILIPPOZZI MARTINIProfessora Universidade de Santa Cruz do Sul/RS

e do GEDU/FACED/UFRGS

FENOMENOLOGIA E HERMENÊUTICA NO ITINERáRIO FILOSÓFICO DE PAUL RICOEUR

A presente investigação examina o trabalho de Paul Ricoeur, A Memória, A História e O Esquecimento (2000), o qual nos ofere-ce a oportunidade de analisar como Ricoeur articula fenomeno-logia e hermenêutica numa obra que retoma os grandes temas de sua filosofia. Para cada um desses temas, Ricoeur enfatiza um dos métodos, sem perder a unidade da obra e o fio condutor da pesquisa, articulando métodos e conteúdo reflexivo num esforço coerente e original. Ricoeur destaca uma característica de passi-vidade da memória, no sentido grego de “mnemé” e anmnesis”, passando para um sentido ativo da rememoração, situada no en-trecruzamento de uma semântica e uma pragmática que implica um sujeito que passa por meio da reminiscência à memória refle-xiva. Examina também a dimensão da memória coletiva situada no reconhecimento do outro,dos precursores, dos contemporâneos e dos sucessores, remetendo a polaridade da memória individual e coletiva para a questão da história. Com relação a história Ri-coeur desenvolve uma epistemologia do conhecimento histórico que vai desde as narrativas míticas até as questões da narrativa e escrita, enfatizando o momento do arquivo, do jogo da compreen-são e explicação até a discussão das condições de possibilidade do discurso histórico por meio de uma hermenêutica critica, para chegar ao momento de uma ontologia hermenêutica da condição histórica do ser humano,utilizando a reflexão heideggeriana do ser humano como cuidado e o cuidado como condição temporal da existência humana. Esta condição ontológica remete a reflexão ricoeuriana para o binômio esquecimento e perdão.O esqueci-mento aparece como uma inquietante ameaça para a memória e a história em que Ricoeur assume a idéia de fusão de horizontes da

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212 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

hermenêutica de Gadamer e a transforma em fuga de horizontes, no sentido do inacabamento e da finitude humana. Na questão do esquecimento, o perdão aparece como uma forma escatológica da memória,da história e do esquecimento.

Palavras-chave: Fenomenologia. Hermenêutica. Memória. Histó-ria. Esquecimento.

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213I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

RUMMENIGGE SANTOS DA SILVAGraduando em Filosofia UECE

ESTÉTICA TRANSCENDENTAL: CONDIÇÃO E CONDICIO-NAMENTO DO ESPAÇO E DO TEMPO PARA DETERMINA-

ÇÃO DO OBJETO ENQUANTO FENÔMENO

Este trabalho analisará na Estética Transcendental de Immanuel Kant (1724-1804), presente na Crítica da Razão Pura (1781), as intuições de espaço e de tempo, entendidos como a condição for-mal do objeto enquanto fenômeno. Reconhecendo a impossibili-dade de se saber a essência da coisa-em-si, Kant recorre ao que se pode conhecer, a experiência. Entretanto a experiência, segundo Kant, não é apreendida livremente, nossos esquemas mentais são condicionados por intuições a priori. Espaço e tempo são intui-ções a priori que se manifestam como parte sintética da ordem em que se deriva o fenômeno. Condicionamento é entendido como a necessidade dos fenômenos em relação às intuições, sendo assim a possibilidade do diverso dos fenômenos se manifesta como sín-tese que oferece objetividade conceitual. Dessa forma, a análise do conceito de fenômeno em Kant, que, tendo como finalidade a relação do objeto enquanto fenômeno a partir das intuições de es-paço e tempo, possibilita uma apropriação mais aprofundada da fenomenologia kantiana e da forma como esta, através da síntese do sensível com o entendimento, apreende o objeto. Pretende-se assim, esclarecer, partindo-se da condição e do condicionamento das intuições a priori, a síntese dos fenômenos e a objetividade conceitual, para uma compreensão devidamente embasada da Estética Transcendental de Immanuel Kant.

Palavras-chave: Estética transcendental. Intuições a priori. Fenômeno.

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214 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

THAÍS HELENA ELLERY DE ALENCARGraduanda em Filosofia UECE/Pibic-Cnpq

A HISTÓRIA COMO PROGRESSO DA LIBERDADE EM HEGEL

A questão da história sofreu significativas mudanças depois de Hegel. Então, ao se estudar a Filosofia da História, há a necessi-dade de se compreender as questões subjetivas que movem os indivíduos para que estes realizem os grandes atos que modificam o curso dos povos. A História é a autodeterminação na Idéia em progresso, o autodesenvolvimento do Espírito em progresso. En-tão, como perceber no sistema hegeliano que se o Espírito é livre por sua natureza interior, a História é o progresso da Liberdade? Para realizar tal exposição escolho a obra Filosofia da História que tem como objeto de estudo a Filosofia da História Universal. Para Hegel a História tem um propósito e cabe ao filósofo descobrir qual é. No decorrer da obra Hegel descreve as formas de se en-carar a História que são: a História Original, a História Refletida e a História Filosófica, como também descrevem a História Univer-sal e suas fases. A História Universal lida com a idéia do Espírito, com a sua manifestação, por isto, vale salientar que ao percorrer o passado, nela só se lida com o presente. Pois a Filosofia só lida com o verdadeiro, conseqüentemente, com o presente. Isto ocorre da seguinte maneira: na Filosofia tudo que faz parte do passado é resgatado porque a idéia é sempre presente e o espírito é imortal. Não existindo passado nem futuro, mas apenas o agora.

Palavras-chave: Hegel. História. Liberdade.

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215I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

THAMARA CRISTINA SILVA FREITASGraduanda em Filosofia UECE/Provic

DESCARTES E VICO: A AUTOBIOGRAFIA COMO EXPERIÊNCIA FILOSÓFICA NA MODERNIDADE

O filósofo René Descartes (1596-1650) publicou em 1637 a obra O Discurso do Método (Discours de la méthode) objetivando pro-por um método de bem conduzir o pensamento. Em seguida, Descartes questiona o sistema de saberes da tradição humanista, fundamentando seu posicionamento em oposição aos métodos filosóficos e pedagógicos vigentes em seu tempo. Descarte se contrapõe a toda tradição humanista e inaugura um novo método filosófico ao mesmo tempo em que narra sobre as suas experiên-cias e reflexões em seu discurso: daí o caráter autobiográfico. Pos-teriormente, o filósofo Giambattista Vico (1668-1744) escreve em 1728 sua autobiografia, Vida de Giambattista Vico escrita por ele mesmo (La Vita di Giambattista Vico scritta da se medesimo) nar-rando sua vida e, consequentemente expondo e fundamentando seu pensamento em relação às questões filosóficas, pedagógicas e políticas existentes em sua época. Tal escrito apresenta como uma de suas principais finalidades uma oposição ao modelo cartesiano que norteava a filosofia na modernidade, mediante a retomada da orientação clássica do humanismo renascentista. Analisando os elementos metodológicos e filosóficos existentes nas autobio-grafias supracitadas, a presente comunicação objetiva discutir o gênero autobiográfico contrapondo as questões existentes em relação ao tema e respondendo aos seguintes questionamentos: O que é a autobiografia? Qual a finalidade da narrativa autobio-gráfica filosófica? E como esse gênero constituiu uma experiência filosófica na modernidade?

Palavras-chave: Autobiografia. Descartes. Vico. Modernidade.

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216 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

THIAGO MOTAMestre em Filosfia UFC

DISCURSO E PODER NO DEBATE ENTRE HABERMAS E FOUCAULT: UMA LEITURA A PARTIR DE HONNETH

À primeira vista, vincular Habermas e Foucault num mesmo qua-dro teórico pode parecer absurdo. Seus nomes são, em geral, considerados como designações para posturas filosóficas se não diametralmente opostas, ao menos incompatíveis. Entretanto, em anos recentes, constata-se a abertura de um debate na literatura secundária acerca dos dois autores e que visa a incorporar os ganhos teóricos das concepções de discurso de poder de am-bos no sentido de uma refundação da teoria crítica da socieda-de. Assim, Axel Honneth, em Kritik der Macht: Reflexionsstufen einer kritischen Gesellschafstheorie (1986), elabora uma recons-trução histórico-sistemática da teoria crítica que parte dos textos programáticos de Horkheimer e Adorno para chegar à oposição entre dois paradigmas de compreensão da ação social, a saber, o paradigma foucauldiano da luta e o paradigma habermasiano do entendimento. Tomando por fio condutor a presença tanto em Habermas quanto em Foucault de concepções pragmáticas do discurso, Honneth entende que seria possível ampliar o potencial crítico da teoria crítica da sociedade em sua refundação haber-masiana pela incorporação do instrumental analítico posto à dis-posição pela teoria do poder de Foucault e que, ao mesmo tempo, seria possível elevar o potencial de propor diretivas de ação do pensamento social de Foucault por meio da adoção de critérios normativos tais como os que se encontram na filosofia de Haber-mas. Com isso, teríamos um modelo teórico capaz de compreen-der em toda a sua amplitude o processo de construção do poder social, bem como suas implicações discursivas, de avaliar critica-mente seus desdobramentos concretos e de nos informar acerca de um modo de engajamento diante de suas injunções. O objetivo deste trabalho consiste, portanto, numa avaliação crítica da leitura cruzada de Habermas e Foucault proposta por Honneth.

Palavras-chave: Poder. Discurso. Pragmática. Teoria crítica. Ação social.

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217I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

THIAGO OLIVEIRA BRAGA Graduando em Filosofia UECE

O PARADOXO DA FÉ E A VIDA ÉTICA EM KIERKEGAARD

A presente pesquisa investiga a relação do paradoxo entre o re-ligioso e o ético na obra de S. A. Kierkegaard a partir do dia-logo critico presente na apresentação kierkegaardiana, tendo como pano de fundo o episódio bíblico relativo a Abraão, cujo filho Deus pede sacrifício e Abraão obedece à vontade divina que é apresentado por Johannes de Silentio, seu pseudônimo, onde escreve em Temor e Tremor, de 1843. Examinaremos se há uma suspensão teleológica da ética? Quais os paradoxos da fé, tendo Abraão como representante dela? As respostas destas questões serão analisadas através da relação entre individual, geral e ab-soluto, isto é, de que maneira o individual é superior ao geral e como estes se relacionam com o absoluto. Para Kierkegaard, trata-se de saber se encontramos nesse episódio uma demonstração superior da maioridade capaz de explicar a conduta de Abraão e de permitir a suspensão do seu dever moral para com Isaac. É importante avaliarmos sob a ótica de Kierkegaard, qual, dentre essas escolhas, é a maior: viver objetivamente ou viver para si, subjetivamente.

Palavras-chave: Ética. Religioso. Moral. Paradoxo. Escolhas.

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218 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

THIAGO XAVIER DE MELOGraduando em Filosofia UFC/Pibic-Cnpq

A TEORIA DA VERDADE COMO IDENTIDADE EM FREGE

A comunicação apresenta a discussão acerca da teoria da ver-dade como identidade em Frege. A tese principal da teoria da verdade como identidade diz que, se algo é verdadeiro, então é idêntico a algo na realidade. Por exemplo, a verdade de uma proposição (no caso de proposições serem portadores de verdade adequadas) consistiria em sua identidade com algo real, normal-mente um estado-de-coisas, não havendo diferença alguma entre as proposições verdadeiras e os estados-de-coisas existentes. Se-gundo Thomas Baldwin, ao criticar a teoria da verdade como cor-respondência, em “O Pensamento”, Frege teria rejeitado também a teoria da verdade como identidade. Para outros, contudo, tal atribuição é errada. Julian Dodd distinguiu duas versões da teoria da identidade. A versão robusta afirmaria que pensamentos ver-dadeiros são idênticos a fatos. A versão modesta afirmaria que os fatos aos quais os pensamentos são idênticos pertencem ao domí-nio dos sentidos, em contraposição ao das referências. Para Hans Sluga, deve-se atribuir a Frege a versão robusta. Por outro lado, Dodd aduz argumentos a favor da tese de que Frege defendeu a versão modesta. Na comunicação, apresenta-se a tese central da teoria da verdade como identidade e analisamos os trechos rele-vantes da obra fregeana para o caso específico e explicamos os conceitos, teses e argumentos envolvidos na discussão.

Palavras-chave: Verdade. Teoria da verdade. Frege.

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219I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

TOBIAS SAMPAIO ROMCYPós-Graduando em Marketing

Eleitoral pela Faculdade Farias Brito

MENTIRA NA POLÍTICA: UMA ARTE?

Esta é uma pesquisa bibliográfica cujo objeto é a procura das relações, das idéias sobre a utilização da mentira como uma fer-ramenta necessária e indispensável do meio político, compreen-dida como tal por clássicos da filosofia política, que, em diferentes países, com distintas tradições e instituições políticas, obtiveram e demonstraram conclusões similares em suas obras. Tais obras são: “O Príncipe”, do italiano Nicolau Maquiavel, escrito em 1513; “Breviário dos Políticos”, do cardeal italiano, tutor de Luís XIV e primeiro ministro da França, Giulio Mazzarino, escrito em 1653; “Arte de Furtar”, de autor desconhecido, que criticava as ações relacionadas ao governo português, publicada em 1652; e a “Arte da Mentira Política”, atribuída ao inglês Jonathan Swift, publicada inicialmente em Amsterdan, em 1733. Estas obras demonstram a política como um meio onde, por vezes, as ações daqueles que atuam na mesma devem ir de encontro aos preceitos de caridade, de humanidade, da religião. Aquele que faz parte deste meio, se necessário, deve ir de encontro a sua própria palavra, utilizar-se da falsidade, da capacidade de impressionar, de fazer parecer real aquilo que não é, de transformar o falso em verdadeiro, trans-formando o ato de mentir em uma verdadeira arte.

Palavras-chave: Política. Mentira. Arte.

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220 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

VALÉRIA CASSANDRA OLIVEIRA LIMAMestranda em Filosofia UFC

UMA ÉTICA DA RESPONSABILIDADE PARA A CIVILIZAÇÃO TECNOLÓGICA EM HANS JONAS

A questão da ética, no contexto da contemporaneidade, embute em si uma problemática, visto o desafio de uma fundamentação, bem como o alcance da ação humana devido a exaltação dos adventos da modernidade e a supervalorização da técnica e do saber científico e suas conseqüências para as gerações futuras. A elevação da techne assumiu nas ações humanas uma grandeza tal que a antiga ética não enquadra mais o caminho do agir humano. A antiga invulnerabilidade e imutabilidade da ordem da natureza colocavam-na não como um objeto da responsabilidade humana, porém, no contexto atual, a natureza assume tal vulnerabilidade que constitui um novo para a teoria ética. Há na contemporaneida-de, fruto de uma civilização secularizada e plural, um relativismo de valores e um vácuo ético, nesta perspectiva, a ameaça de um não existir pode vir a constituir-se como bússola para esse novo no campo ético, este malum constitui o que Hans Jonas denomina de “heurística do temor”, e esta deflagra que o que está em jogo é a integridade da própria essência humana. A idéia de dever orienta propriamente a moral, porém não se pode falar em moral e conduta humana sem a presença do homem no mundo como um dado primário e primordial. A presença da vida no mundo tornou-se um dever. A justificativa para tal ética é a aclamação de um imperativo incondicional que é a existência da vida autêntica no futuro, bem como a busca de uma fundamentação ética no Ser e no valor da vida em seu caráter metafísico. O objetivo com tal feito é superar o subjetivismo dos valores e implementar uma ética para além do espaço intersubjetivo.

Palavras-chave: Ética. Responsabilidade. Fundamentação.

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221I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

VICENTE THIAGO FREIRE BRAZILGraduando em Filosofia UFC/Pibiq

SOFISTAS: ILUSTRES DESCONHECIDOS

Para muitos estudiosos que se detêm na análise da história do pensamento filosófico, os sofistas são apresentados como meros pseudo-sábios que sempre são desmascarados e derrotados nas disputas filosóficas por Sócrates. Obviamente muito desta imagem está relacionada a uma interpretação dos sofistas feita a partir dos textos platônicos que, em nome de uma lógica interna de apre-sentação dos personagens dos diálogos, trazem esse estereótipo destes pensadores. O presente trabalho tem como objetivo fazer uma apresentação dos sofistas a partir dos textos e fragmentos existentes dos mesmos, a qual revelará que os sofistas formam um movimento filosófico de extrema importância e fecunda contribui-ção para a Filosofia Antiga. Demonstrar-se-á que as acusações recaídas sobre esses, de serem meros mercenários descompro-missados com a construção de um conhecimento crítico-reflexivo, não subsistem diante da análise de importantes teses propostas por membros deste movimento como a questão da linguagem em Górgias, da epistemologia em Protágoras, da política em Licófron e da relação com os deuses em Pródico. A conclusão que se pre-tende assim é reabilitar os sofistas a posição de filósofos e contri-buir para pesquisas e releituras das teses dos mesmos.

Palavras-chave: História da Filosofia. Sofística. Sofistas.

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222 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

VICTOR XIMENES MARQUESMestrando em Filosofia UFC/Capes

HEGEL, TURING E SEARLE

Uma das características do racionalismo metafísico é a intuição (às vezes explicitada, às vezes apenas pressuposta) de que a razão se es-gota em cálculo. Essa tradição se estende de Hobbes ao formalismo hilbertiano, passando pela “characteristica universalis” de Leibniz e o logicismo de Frege e Russell, e desemboca na Inteligência Artificial contemporânea em sua tentativa de mecanização absoluta do pen-samento. Ao tentar formalizar a noção de procedimento mecânico, Alan Turing desenvolveu sua teoria da máquina universal como um modelo preciso e geral de processos automáticos não-semânticos. As ciências cognitivas depois adotaram o modelo de Turing como o paradigma no projeto de reproduzir computacionalmente a inteli-gência humana. Foi com o fim de contestar o otimismo da AI forte que Searle formulou seu experimento mental do quarto chinês, ilustrando o que considerava uma verdade lógica evidente: sintaxe apenas não é suficiente para semântica – algoritmos podem até simular o com-portamento inteligente, mas não constituem um modelo adequado. Hegel já havia argumentado de forma semelhante anteriormente: calcular é um procedimento externo (carente-de-pensamento), logo é possível construir máquinas que calculam. Porém, a razão não é apenas cálculo, mas fundamentalmente compreensão de significado – por isso mesmo insiste que a ciência do pensamento (a Lógica) não pode ser meramente formal, precisa ter conteúdo. Qualquer tentativa de formalização completa do pensamento deixaria algo de essencial de fora. A conclusão de Hegel é que o entendimento não esgota a razão, e o pensamento dispõe de formas não mecânicas. Para apre-ender objetos concretos há categorias mais genéricas que o meca-nismo. Investigaremos a crítica de Hegel ao mecanicismo e como ela se relaciona com a noção de máquina Turing, com as pretensões da IA forte e seu programa de formalização do pensamento, assim como traçaremos um paralelo entre a crítica hegeliana e o quarto chinês de Searle.

Palavras-chave: Hegel. Lógica. Máquina de Turing. Searle. Vida.

Page 224: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

223I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

VILSON APARECIDO DA MATADoutor em Educação e Professor UFPR

EMANCIPAÇÃO E EDUCAÇÃO: DAS UTOPIAS DO SÉCULO XV ATÉ AS PROPOSTAS EDUCACIONAIS

“INOVADORAS” DA ATUALIDADE

Este trabalho pretende analisar as relações existentes entre o discur-so atual sobre a emancipação através da Educação, enunciado pe-las propostas educacionais ditas inovadoras, e as obras publicadas no século XVI, como Utopia, de Thomas More, onde a emancipação estava condicionada a uma transformação social profunda. A eman-cipação, como categoria, foi abordada por Marx em suas obras de juventude, ora como categoria de análise da emancipação religiosa (A Questão Judaica), ora como categoria condicionada pela aliena-ção (Manuscritos Econômico-Filosóficos). A relação que se pretende estabelecer necessita utilizar o método filosófico na definição do que é emancipação em Marx, bem como procura compreender o que é educação, tanto para o século XVI quanto para nosso tempo. Uma Utopia, em determinado momento histórico, aparece como discurso de fronteiras sempre móveis, sempre alguns passos à frente da reali-dade objetiva. Ela também se constitui como obra crítica ao existente em sua época. Se há necessidade de utopias, então a sociedade existente não responde às necessidades das pessoas. Quando, na obra utópica, a emancipação do trabalho rude e brutalizante atinge o grau de elevação humana, é porque na sociedade existente este trabalho aparece como limitador das potencialidades humanas. A partir desta constatação, propõe-se a análise do discurso emanci-patório presente nas propostas educacionais ditas “inovadoras” na atualidade, que atribuem ao poder presente na individualidade, na subjetividade e no protagonismo do aluno a emancipação do ho-mem, desprezando ou desconsiderando a complexidade do con-texto histórico social mais amplo. Com esta proposta, pretende-se discutir limites e potencialidades das propostas educacionais ditas “inovadoras”.

Palavras-chave: Emancipação. Educação. Utopia.

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224 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

WESLEY CARLOS DE ABREUGraduando em Filosofia UECE

MAX STIRNER E A LIBERTAÇÃO DO INDIVIDUO-PRÓPRIO A presente comunicação tem o propósito de apresentar o pensa-mento que Max Stirner desenvolveu na Alemanha no século XIX, quando era identificado como um dos jovens hegelianos. A comu-nicação terá como foco de estudo a segunda parte do “O único e sua propriedade”, onde Max Stirner aborda o Eu como singular a tudo. Sua filosofia foi caracterizada como radical em relação aos seus companheiros da escola hegeliana, entre eles: Feuerbach e os irmãos Bauer. A filosofia que Stirner defendeu foi a verdadeira identidade do individuo, pois este é visto como homem por Deus, pelo Cristianismo, pela sociedade e pelo Estado, mas nada do que veio desses espíritos universais dizem o que é realmente este homem, que para Stirner é o individuo-próprio. Todo a defesa desse individuo é exposta na obra “O único e sua propriedade” de 1844. O livro proclama que todas as religiões e ideologias se assentam em conceitos vazios e o mesmo é válido às instituições sociais que sustentam estes conceitos, que reclamam autoridade sobre o individuo. Veremos que a argumentação de Stirner explo-ra e estende os limites da critica hegeliana que ele dirige a seus contemporâneos (seus colegas jovens hegelianos) seguidores de ideologias. Assim, somente quando o individuo percebe a fragi-lidade desses conceitos como artificiais, e não sagrados, é que poderá ser livre. Palavras-chave: Indivíduo-próprio. Singularidade. Deus. Socieda-de. Estado.

Page 226: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

225I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

WILLAM GERSON DE FREITASMestrando em Filosofia UFC/Capes

A CIÊNCIA MODERNA COMO ELO ENTRE A ANTROPOLOGIA E A FILOSOFIA POLÍTICA DE HOBBES

A presente comunicação pretende mostrar que a ciência moder-na influenciou decisivamente Hobbes na elaboração e desenvol-vimento da concepção de natureza humana presente em sua obra magna, o Leviathan. A tipicamente moderna reflexão política ho-bbesiana surge de uma nova configuração da realidade, na qual a passividade do homem diante da ordem imutável pré-estabele-cida por poderes superiores e estáticos cede lugar à ação huma-na em um universo aberto, indefinido e infinito, governado pelas leis naturais universais. Racionalmente, o homem deve, a partir de agora, alcançar o saber científico que o possibilite dominar o mundo. A transformação da visão de movimento na modernida-de e a conseqüente mudança de paradigma para a idéia de um universo infinito levou Hobbes a conectar sua antropologia e sua filosofia política tomando como base a mecânica e a geometria. A total aceitação hobbesiana da noção de movimento defendida por Galileu apóia-se na certeza de que ela fornece a chave para o entendimento do mundo natural inteiro. A realidade não é mais vista como um todo coeso, mas é uma gama de corpos múltiplos e dispersos, na qual o movimento forma o todo do real. Assim, a mecânica assume papel preponderante para Hobbes, pois permi-te desvendar a maneira como se adquire o conhecimento, desco-brindo como os movimentos externos e internos ao homem levam à ocorrência da sensação, da imaginação, da razão, da lingua-gem, das paixões e das relações sociais.

Palavras-chave: Ciência moderna. Estado. Hobbes. Natureza humana.

Page 227: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

226 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

WILLIAM DE SIQUEIRA PIAUÍDoutorando em Filosofia USP e professor da UFAL

LEIBNIZ E AS DUAS FACES DO LABIRINTO DO CONTÍNUO: UMA INTRODUÇÃO

É fato bastante conhecido que os conceitos de tempo, espaço e matéria desempenham papel central na filosofia de Leibniz; a for-te oposição que ela fez aos mesmos conceitos utilizados na filoso-fia newtoniana e cartesiana é prova disso. Nesse sentido, preten-demos oferecer uma série de considerações que partem desses conceitos em sua relação com outro fundamental da filosofia lei-bniziana: o conceito de substância. A partir destas considerações acreditamos poder constituir parte importante, mesmo que a título de introdução, da saída do labirinto do contínuo.

Palavras-chave: Substância. Corpo. Matéria. Tempo. Espaço.

Page 228: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

227I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

ZILA TAVARES PEIXOTOMestranda em Filosofia UFC/Funcap

O DESEJO E O CONATUS NA ÉTICA DE ESPINOSA

Como num prisma, as inquietantes perguntas espinosianas, irra-diam em várias direções: na geometria das idéias, na topologia do seu universo de imagens, na hermenêutica, exigindo acesso à história das palavras. O método, ponto demarcatório da apresen-tação de seu pensamento, na obra Ética, demonstrada à maneira dos geômetras, nos convida à investigação de um pensador cui-dadoso que pretende ser lido cuidadosamente. A distinção entre imaginação e inteligência, paixão e ação, obediência e indepen-dência, servidão e liberdade oferece caminhos para desvendar mecanismos próprios do imaginário, efeitos das afecções corpó-reas, movendo-se numa região de signos indicativos que assina-lam: o que pode o corpo. Nosso corpo envolve sua existência na relação com outros corpos que o determinam, que o compõem e o decompõem. A alegria decorrente dos encontros com aquele ou-tro que acrescenta em potência ao conatus de meu ser remete ao desejo, que é a própria essência do homem, à medida que ela é concebida como determinada a realizar algo. Portanto, a alegria e a tristeza são o próprio desejo ou o apetite, enquanto ele é aumen-tado ou diminuído, estimulado ou refreado por causas exteriores, isto é, são a própria natureza de cada um. O desejo de um indiví-duo discrepa do desejo de outro tanto quanto as essências se di-ferem. Somos, assim, desejo? Se o desejo está a nós relacionados também à medida que compreendemos, então ele é uma ação. O desejo que aponta Espinosa nos desafia à busca pelas causas, conhecer a própria diferença de cada um no jogo dos afetos é um caminho árduo, mas maior pesar há em negligenciá-lo.

Palavras-chave: Desejo. Conatus. Ética. Afetos. Causas.

Page 229: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

228 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Page 230: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

229I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

LOCALIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES

Adail Pereira Carvalho Junior (21/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Adauto Lopes da Silva Filho (23/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Adriano Messias Rodrigues (23/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Albertino Servulo B. de Sousa (21/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Alessandro Sousa Carvalho (22/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Alex Pinheiro Lima (22/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Alexandre Aragão (22/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Alexandre Gomes dos Santos (22/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Ana Carolina A. Severiano A. B. Nanan (23/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Ana Carolina Freire Santos (22/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Ana Débora Chagas R. Santiago (22/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

André Nascimento Pontes (21/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Antônio Adriano de Meneses Bittencourt (21/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Antônio Batista Fernandes (22/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Antonio Glauton Varela Rocha (23/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Antônio Rogério da Silva Moreira (22/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciên-cias Sociais)

Arthur Eduardo Carvalho Rocha (22/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Page 231: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

230 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Brena Késia da Costa Chagas (22/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Bruna Frascolla Bloise (22/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Carlos André Fernandes Pereira (21/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Carlos Henrique Carvalho Silva (22/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Carlos Magno da Silva (23/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Carlos Roger Sales da Ponte (23/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Caroline Ferreira de Meneses (21/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Catarina Rochamonte (23/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Cícero Josinaldo da Silva Oliveira (22/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Cícero Leilton Leite Bezerra (23/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Cláudia Dalla Rosa Soares (23/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Claudio de Souza Rocha (22/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia Cristiano Bonneau (22/10, 8 às 10h, sala 6 – Ciências Sociais)

Cristina Foroni Consani (22/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Dalila Miranda Menezes (22/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Daniel Filipe Carvalho (22/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Daniele da Silva Faria (23/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Danielle Araripe Diógenes (23/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Davi Miranda Lucena de Avelar (22/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

David Barroso Braga (21/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Débora da Silva Paula (22/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Débora Pazetto Ferreira (23/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Demetrius Oliveira Tahim (23/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Deyvison Rodrigues Lima (22/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Page 232: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

231I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Dionir Viana Correia Lima (21/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Ediane Soares Barbosa (21/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Edmilson Rodrigues Marinho (22/10, 8 às 10h, sala 6 – Ciências Sociais)

Ednilson Gomes Matias (21/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Eduarda Calado Barbosa (21/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Elainy Costa da Silva (22/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Elano Sudário Bezerra (21/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Elivanda de Oliveira Silva (22/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Emilson Silva Lopes (23/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Erika Bataglia (21/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

Erika Gomes Peixoto (21/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Erivânia de Meneses Braga (23/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Everton de Oliveira Barros (21/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Fábio César Scherer (21/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Fátima Maria Nobre Lopes (21/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Felipe Renan Jacubowski (22/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Fernando de Sá Moreira (23/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Fernando Farias Ferreira Rica (21/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Fernando Luiz Duarte Junior (21/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Filipe Silveira de Araújo (23/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Fran de Oliveira Alavina (22/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

Francisca Galiléia Pereira da Silva (23/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Page 233: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

232 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Francisco Adriano Rocha Uchôa (22/10, 14 às 16h, sala 2 – Fi-losofia)

Francisco Bruno Pereira Diógenes (22/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciên cias Sociais)

Francisco David de Oliveira Almeida (21/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Francisco Duenne Araújo Oliveira (22/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciên cias Sociais)

Francisco Iverlânio Frota (23/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Francisco José Assunção da Silva (22/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Francisco José da Silva (21/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Francisco Jozivan Guedes de Lima (21/10, 8 às 10h, sala 3 – Fi-losofia)

Francisco Lopes Dias (21/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Francisco Luciano Teixeira Filho (21/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciên-cias Sociais)

Francisco Macilio Oliveira da Silva (22/10, 14 às 16h, sala 4 – Fi-losofia)

Francisco Rogery Martins Santos Filho (22/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Franklin Roosevelt Martins de Castro (23/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Gabriel Eleres de Aquino (21/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Gabriel Soares de Sousa (22/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Gardênia da Silva Coelho (23/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Gardênia H. Marques / Georgia B. Gomes (23/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Page 234: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

233I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Gilberto do Nascimento Lima Brito (21/10, 8 às 10h, sala 1 – Fi-losofia)

Gladson Fabiano Lima (22/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Gleyciane Machado Lobo Oliveira (21/10, 14 às 16h, sala 2 – Fi-losofia)

Gracielle Nascimento Coutinho (21/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Gustavo Bezerra do Nascimento Costa (22/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Hálwaro Carvalho Freire (21/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Hayane da Costa Freitas (22/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Hedwiges Guadallupi da S. Bezerra (21/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Hendrick Cordeiro Maia e Silva (21/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Hermenegildo Robson C. da Cunha (23/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Iagonara Darc Silva Barbosa (23/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Itanielson Sampaio Coqueiro (21/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Ivânia Alexandre da Silva (23/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Ivanilde Fracalossi (21/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Jayme Mathias Netto (22/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Jecsan Girão Lopes (22/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Jéssica de Farias Mesquita (21/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

João Paulo Quintino de Miranda (21/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

João Pereira da Silva Neto (22/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

João Wilame Coelho Graça (21/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Joaquim Iarley Brito Roque (23/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Page 235: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

234 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Joaquim Rodrigues de Sousa Neto (22/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

Joel Thiago Klein (21/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Jorge Henrique Lima Moreira (21/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

José Aldo Camurça de Araújo Neto (21/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

José Eronaldo Marques (23/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

José Expedito Passos Lima (23/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

José Luiz Silva da Costa (22/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

José Roberto de Almeida Freire (22/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciên-cias Sociais)

José Soares das Chagas (22/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

José Wagner Macedo Souto (23/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Judikael Castelo Branco (23/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Juliano Cordeiro da Costa Oliveira (23/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Julio César Ferrão Pinheiro (22/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Kácia Natalia de Barros Sousa Lima / Francisca Juliana Barros Sousa Lima (22/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Karine Vieira Miranda Maciel (22/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Kedna Adriele Timbó da Silva (21/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

Kelton Medeiros Teles (22/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Kelvio Marcio Coelho Andrade (22/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Lêda Cassiano Pereira Mascarenhas (23/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Leonardo Lima Ribeiro (23/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Liliane Severiano Silva (23/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Page 236: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

235I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Lorenza Mucida de Freitas (23/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Lucas Barreto Dias (21/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Luiz Helvécio Marques Segundo (21/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Manoel Jarbas Vasconcelos Carvalho (22/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Manoel Pereira Lima Junior (21/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Marcela Cássia Sousa de Melo Benício (23/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Marcelo Victor de Souza Gomes (21/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Márcia Marques Damasceno (22/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Marcos de Almeida Coelho Costa (21/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Marcos Fabio A. Nicolau (21/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Marcos Vinicius Barroso Rodrigues (22/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Maria Célia dos Santos (21/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Maria Cristina Sparano (Aud. Luiz de Gonzaga – Ciências Sociais – 16 às 18:30)

Maria da Conceição Mota Ferreira (21/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Maria Ivonilda da Silva Martins (21/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciên-cias Sociais)

Mario Guillermo Massini (22/10, 8 às 10h, sala 5 – Ciências Sociais)

Marsana Kessy Araújo Lima (22/10, 8 às 10h, sala 6 – Ciências Sociais)

Mateus Vinicius Barros Uchoa (23/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Maurilene Gomes do Nascimento (22/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Page 237: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

236 I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Maxwell Morais de Lima Filho (21/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Mônica Maria Cintra Leone Cravo (21/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

Murilo Mariano Vilaça (23/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Nevita Maria P. de Aquino Franca (22/10, 8 às 10h, sala 6 – Ciências Sociais)

Patrícia de Oliveira Machado (22/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Paulo Alberto Viana (21/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Paulo Henrique Gomes de Oliveira (23/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Paulo Marcelo Soares Brito (22/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Paulo Roberto V. Fernandes (22/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Pedro Henrique Gomes Muniz (21/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Pedro Merlussi (21/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Pedro Nogueira Farias (22/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Priscila Gomes Silva (23/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Rafael Alberto Silvério D’aversa (21/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Raphael Brasileiro Braga (23/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Ravena Olinda Teixeira (22/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Regiany Gomes Melo (21/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Renata de Freitas Chaves (21/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

Renato Almeida de Oliveira (21/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Ricardo Bazilio Dalla Vecchia (22/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Ricardo George de Araújo Silva (22/10, 14 às 16h, sala 1 – Filosofia)

Page 238: CADERNO DE RESUMOS SEMANA DE FILOSOFIA UFC

237I Encontro de Pesquisa em Filosofia da UFC

Rita Helena Sousa Ferreira Gomes (22/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Roberison W. Dias da Silveira (21/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Roberto Barros (22/10, 8 às 10h, sala 1 – Filosofia)

Roberto Robinson Bezerra Catunda (21/10, 14 às 16h, sala 5 – Ciências Sociais)

Rosa Maria Filippozzi Martini (23/10, 8 às 10h, sala 3 – Filosofia)

Rummenigge Santos da Silva (21/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciências Sociais)

Thaís Helena Ellery de Alencar (21/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

Thamara Cristina Silva Freitas (23/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Thiago Mota (23/10, 14 às 16h, sala 2 – Filosofia)

Thiago Oliveira Braga (23/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Thiago Xavier de Melo (21/10, 14 às 16h, sala 4 – Filosofia)

Tobias Sampaio Romcy (22/10, 14 às 16h, sala 6 – Ciências Sociais)

Valéria Cassandra Oliveira Lima (22/10, 14 às 16h, sala 7 – Ciên-cias Sociais)

Vicente Thiago Freire Brazil (21/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

Victor Ximenes Marques (21/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Vilson Aparecido da Mata (21/10, 14 às 16h, sala 8 – Ciências Sociais)

Wesley Carlos de Abreu (23/10, 8 às 10h, sala 4 – Filosofia)

Willam Gerson de Freitas (22/10, 8 às 10h, sala 2 – Filosofia)

William de Siqueira Piauí (22/10, 8 às 10h, sala 6 – Ciências Sociais)

Zila Tavares Peixoto (22/10, 14 às 16h, sala 3 – Filosofia)

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