Caderno Especial 15 anos

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ANOS DE LUTA 15 Florianópolis, dezembro de 2011 - número 188 ANO 15

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Caderno Especial de 15 anos do jornal O Rodão

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ANOS DE LUTA15

Florianópolis, dezembro de 2011 - número 188ANO 15

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2 O RODÃO Florianópolis, dezembro de 2011

Os patrões do transporte continuam se aproveitando das nossas conquistas para passa-rem a imagem de bonzinhos.

A cada novo trabalhador ou trabalhadora contratada, é dito que a empresa oferece um dos melhores salários do Brasil, com vale alimentação de R$ 380.

É dito que a empresa oferece valorização do trabalhador por tempo de serviço (biênio), gratificação semestral pelo lucro (PLR), que a jornada de trabalho é boa, entre outros ganhos e benefícios que temos em nossa base.

Na cara dura, os patrões apresentam as condições de trabalho e de remuneração como algo oferecido como se fosse bondade deles, como se eles concedessem essas con-dições melhores por vontade própria, por serem bonzinhos. Então patrão só é bonzinho na Capital? Só tem patrão explora-dor no interior de SC?

Pura enganação. É preciso reestabelecer a verdade para esse grande número de com-panheiros e companheiras que estão há menos tempo fazendo parte da categoria.

Na verdade, o que os patrões dizem em suas empresas nada tem a ver com a realidade, porque eles nunca concederam nada, e tudo é conquista da categoria organizada e dirigida pelo Sintraturb.

Ao mesmo tempo vamos “refrescando a memória” dos mais antigos na categoria e solicitando a eles que ajudem a contar a nossa história aos mais novos, para não deixar que o patrão consiga enganá-los e afastá-los de nossas lutas.

Essa é a função de O Rodão e do Sintraturb: informar com transparência, reviver os fatos históricos da nossa categoria e impedir que a conversa mole dos patrões engane nossos companheiros e companheiras. É por isso que estamos aqui.

Aproveite a leitura e vamos à luta!

Onde tem sindicato de luta, a vida é melhor

Por que será que existem tantas diferenças de salários e condições de trabalho entre a categoria dos trabalhadores do transporte?

Elas só existem por causa da divisão de nossa categoria em vá-rios sindicatos, que em sua gran-de maioria são d o m i n a d o s por pelegos que não orga-nizam nossa luta, permi-t indo muita liberdade aos patrões.

Em Flo-rianópolis a categoria despertou em 1996, tomando o sindicato da mão dos pelegos e oportunistas. De lá para cá a vida mudou muito, felizmente para melhor.

Em Blumenau a categoria saiu das mãos dos pelegos há 5 anos.Lá se trabalhava até 14 horas num só dia e não tinha sequer vale ali-mentação. Com o novo sindicato muita coisa já mudou.

Em Araranguá, estamos no pri-meiro mandato de uma diretoria sem pelegos. Em apenas dois anos o vale alimentação aumentou de R$ 86 para R$ 220 e, neste ano, a categoria teve o maior aumento salarial em todo o Estado.

Infelizmen-te, na maioria das regiões de Santa Catarina, os sindicatos ainda são do-minados por pelegos, que f i c a m m a i s de 20 anos se aproveitando e

nada fazendo pela categoria. Eles tem os menores pisos

salariais, permitem diferenças salariais entre empresas de uma mesma base sindical, permitem que os patrões explorem como querem seus trabalhadores.

Nesses lugares, os sindicatos estão ao lado dos patrões, o que acontece com 15 entidades de trabalhadores no transporte rodo-

viário de Santa Catarina.

Ao contrário do que se ouve das empresas, todos nossos ganhos não foram concedidos pelos pa-trões, mas são patrimônio da nossa luta coletiva. Isso não significa que esteja tudo maravilhoso e nada mais precisa ser feito.

Para chegarmos até aqui, fize-mos muitas paralisações e greves. Foram inúmeras reuniões nos lo-cais de trabalho, nas estocagens e aterros do Centro de Floripa.

Vários companheiros perderam seus empregos, muitos foram presos, muitos apanharam em confrontos com policiais a serviço dos patrões.

Leia nas próximas páginas a história da nossa categoria nos últimos 15 anos, que transforma-ram a categoria dos motoristas e cobradores de ônibus da Grande Florianópolis numa das mais com-bativas e reconhecidas do Brasil.

Maiora das regiões de Santa Catarina ainda são dominadas por sindica-tos pelegos na categoria dos rodoviários

Empresas prometem “mundo de bondades” para novos empregados

Bons acordos não caíram do céu nem foram doações

Edição de 1998 mostra passado do sindicato, que se chamava Sindimoc (Sindicato dos Motoristas e Cobradores)

15 ANOS DE LUTACATEGORIA

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3O RODÃO Florianópolis, dezembro de 2011

Nos primeiros anos, a reconstrução do sindicato>> Pequenas obras pós enchentes são usadas para propagandear candidatos ligados ao Prefeito

Florianópolis

Em 1o de dezembro de 1996, toma posse no sindicato uma diretoria nova, originada num grupo de trabalhadores que se revoltou com tanta roubalheira e sacanagem.

Eles botaram a pelegada para correr. O nome do nosso sindicato era SINDIMOC – Sindi-cato dos Motoristas e Cobradores. O restante da categoria não inte-ressava e nem era considerado.

O começo foi ainda mais difícil. O sindicato não tinha nada.

As contas em banco fechadas por mais de 100 cheques emiti-dos sem fundo, não tinha sequer registro dos sócios, nem um computador decente, não tinha veículos e mais da metade da sede pertencia a outro sindicato.

Na verdade, funcionava numa casa velha no alto da rua Ângelo Laporta.

Dentro tinha uma meia dúzia de mesas e cadeiras velhas. Numa casa anexa tinha um consultório

médico e um gabinete odontológi-co com equipamentos defasados e sem manutenção adequada.

A cada mês, a diretoria ia nas filas de pagamento, que se for-mavam nos pátios das empresas, para arrecadar dinheiro e poder pagar as contas mínimas do sin-dicato.

Então, cada um contribuía com o que tinha ou queria dar.

Se o dinheiro arrecadado não cobrisse as despesas do mês, alguns sindicatos da cidade fa-ziam empréstimos ou doações de recursos financeiros para pagar salários, energia elétrica, água, entre ouutros.

Por isso somos eternamente gratos aos sindicatos dos ban-cários, servidores públicos es-taduais, servidores do INSS, da Celesc, da Casan, trabalhadores dos Correios, entre outros.

Por outro lado, a categoria não confiava no sindicato, porque desde a sua fundação sempre foi ocupado por uma pe-legada que não representava os trabalhadores e trabalhadoras.

Nosso sindicato era mais uma sala das empresas e os diretores se utilizavam do patrimônio da entidade para obter benefício próprio.

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Paralisação em fevereiro e greve em maio de 1997

A primeira grande vitória: redução da jornada Era o início do governo da Pre-

feita Ângela Amin. Em dois dias de greve a cidade virou um caos.

Os patrões tiveram que nego-ciar. Conquistamos o INPC (6%) e mais aumento real de 4%, totalizando 10% de aumento salarial.

A principal reivindicação foi conquistada: redução da jornada de oito horas, com duas horas de intervalo, para 6h40, com inter-valo de 20 minutos.

Ou seja, a categoria ficava 10 horas por dia a disposição das empresas sem hora-extra. De-pois da greve, esse tempo diminuiu para 7 horas.

Essa greve conquistou o vale alimentação, no valor de R$ 30,00

por mês e garantiu a permanência da Participação nos Lucros (PLR), que os patrões queriam tirar.

Veio também o compromisso dos pa-trões em assumir o SEST/SENAT, colocan-d o r e -c u r s o s financeiros para custear a maior parte das consultas médicas e odontológicas.

Mas a grande vitória foi a cate-goria mostrar a sua força para os patrões e para a cidade. Foi o começo de um trabalho que nos transformou numa referência de

Sobrevivíamos com uma jor-nada de trabalho de oito horas e não havia nem vale alimentação.

Três meses depois da posse, em Fevereiro de 1997, houve a pri-meira paralisação, feita no Ter-minal Cidade de Florianópolis.

O motivo da movimentação se deu porque as empresas estavam descontando uma montanha de multas em cima dos trabalha-dores, que não tinham sequer direito a defesa. Era pagar ou

rua. Sem falar da falta de esta-cionamentos e muitos outros pro-blemas.Em seguida, começou a campanha salarial. Sem proposta decente e acordo digno, a catego-ria decidiu, em uma assembleia histórica, entrar em greve no dia 8 de Maio de 1997.

Os patrões não acreditavam na possibilidade de greve. Inti-midavam e ameaçavam a galera na cara dura. De nada adiantou.

A categoria estava indignada e foi a luta pela redução da jornada de trabalho. Acabou saindo com isso e muito mais.

luta e de organização sindical e política.

Quando os patrões falam na jornada menor, do maior salário

de SC e do tíquete alimen-tação que hoje está em R$ 380,00, devemos lembrar que uma greve arrancou a jornada de 06h40, que foi uma greve que garan-tiu a implantação de vale alimentação.

E devemos lembrar que foi com muita luta e várias greves que arrancamos os aumentos e a unificação de valor de vale ali-mentação, porque os patrões se negavam a pagar para o pessoal de oficina, garagens, agentes de terminal e outras funções.

Em dois dias de gre-ve, categoria conquis-tou 4% de aumento real

Assembleia lotada durante campanha salarial de 1997

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4 O RODÃO Florianópolis, dezembro de 2011

a primeira assembleia séria e para ocupar a sede do sindicato, que estava fechada e acorrentada pelos pelegos que não queriam entregar as chaves e entraram na justiça. Com apoio da categoria romperam-se as correntes

Foi desse jornal, Unidos Ven-ceremos, que a nasceu O Rodão, a partir do mês de abril de 1997.

Com novo visual e planejamen-to editorial, lançamos a campa-nha Quem leva nossa gente me-rece uma vida decente, porque a prefeita da época, Ângela Amim, usava a frase “nossa gente” o tempo todo, falando em nome da “nossa gente”.

A partir daí começamos toda uma luta em defesa de nossas rei-vindicações, em defesa dos cobra-dores e cobradoras, que estavam ameaçados em seus empregos com os primeiros testes para adoção das catracas eletrônicas em Florianópolis.

15 ANOS DE LUTACATEGORIA

>> Unidos Venceremos foi o primeiro boletim das gestões de luta, publicado em 1996. Publicação deu origem ao O Rodão

Sindicato era dos patrões e não havia jornal da categoria

Florianópolis

A partir de 1998 até 2002, foram realizadas 152 reuniões semanais entre os patrões e Nú-cleo de Transportes do Governo de Ângela Amim.

Nunca fomos ouvidos. Ja-mais tivemos atendidos nossos pedidos de audiência com a pre-feita.

O Sistema Integrado estava sendo implantado, os terminais sendo construídos, as catracas sendo instaladas nos ônibus. A prefeita não cumpriu o que tinha prometido para a categoria, a jor-nada de 6 horas e para a cidade.

Foi quando criamos o Jornal do Ônibus para dialogar com a sociedade em toda região metro-politana. Nele apontávamos que os Tilasca Cidadão desassis-tido estavam sendo construídos

Manel & Morcego na luta contra o desemprego

para manter o monopó-lio de cada empresa em sua região, que o povo ia ficar mais tempo nas baldeações, que ficaria mais insegu-ro e demora-do o sistema de transporte que estavam construindo.

Continuamos nossa campanha pública, criamos o Fórum em De-fesa do Transporte Público, que funcionou por mais de 3 anos com mais de 30 entidades sindicais e comunitárias, partidos políticos, organismos como a OAB e as pas-torais da igreja católica.

Foi o momento do combate ao

Florianópolis

Tudo isso começou com a to-mada do sindicato das mãos de uma pelegada nojenta e traidora, que desviava o dinheiro e fazia acordos conforme os interesses dos patrões.

Um grupo da categoria, (au-xiliado por outros sindicatos, advogados e militantes políticos sérios de nossa região) afastou a pelegada e tomou posse no sindicato no dia 1o de Dezembro de 1996.

No dia 5, publicou o primeiro jornal, chamado Unidos Vencere-mos. Convocava a categoria para

lado do povo contra a sacanagem que virou o transporte com a im-plantação do sistema integrado, em 3 Agosto de 2003.

Mas nossa principal luta foi a garantia da permanência dos cobradores.

Criamos os personagens de tiras de quadrinhos, Manel & Morcego, que representavam

trabalhadores do transporte e discutiam como enfrentar o de-monho da catraca devoradora de empregos.

Neste ano, com nossa luta, ti-vemos, também, um outro grande avanço: conquistamos o paga-mento do tíquete alimentação nas FÉRIAS.

Imagem histórica mostra dirigentes do sindicato em frente à sede do Sin-dimoc (hoje Sintraturb), após vitória contra os pelegos

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Em 2008, greve pela participação nos lucros

>> Patrões foram ao ataque para tirar nosso direito a participação nos lucros e resultados

Florianópolis

Depois de alguns anos em que fizemos paralisações e greves mais curtas, lutando por aumen-tos salariais, igualdade do vale ali-mentação para todos, entre outras coisas, em 2008 nos vimos diante de uma situação de ataque dos patrões nova-mente.

Dessa vez a tentativa deles era de extinguir a Participação nos Lucros (PL).

Eles inventa-ram um “bicho papão” por uma coisa simples.

Em função do INSS exigir nova forma jurídica para a cláusula da PL, os patrões quiseram se “espertar” e retirar esse nosso direito.

Eles diziam que não poderiam mais pagar porque o INSS queria taxar os valores, o que tornaria os

custos inviáveis. Essa discussão dificultou toda

negociação e entramos em greve. Os pontos de conflito foram

se resolvendo, mas mantivemos a greve até que os patrões acei-tassem uma forma jurídica que mantivesse intocado a forma e o valor de pagamento da PL.

Eles tiveram que aceitar, a greve terminou e a PL virou PLR (Participação nos Lucros e Re-sultados).

É que os patrões não se con-formam com esta cláusula. Tudo porque a PL foi colocada,

no início dos a n o s 1 9 9 0 , em troca da jornada de 8 horas por dia. Isso foi aceito pelos pelegos que es tavam no sindicato na época.

Quando nós recuperamos às 6h40 na greve de 1997, eles quiseram tirar a PL, porque ela só valia para a jornada maior.

Mas com a greve forte ninguém aceitou a retirada da PL e eles tiveram que engolir mais essa: diminuir a jornada e manter a PL.

Alguns anos antes, em 2003 e 2004, travamos grandes lutas, fizemos 2 greves e várias parali-sações para garantir nossas con-quistas históricas e avançar em outros direitos.

Mas a principal motivação des-sa luta toda e das mobilizações foi a manutenção dos postos de trabalho dos cobradores.

Patrões tentaram tirar a PLR quando INSS quis regularizar cláusula que prevê o benefício

Mobilização para manter os cobradores

Sabemos que os patrões e os políticos oportunistas a seu ser-viço não descansam. Eles insis-tem em colocar o emprego dos cobradores em risco a cada ano, alegando que essa é a maior causa do preço absurdo das tarifas.

Em 2012, não será diferente: precisaremos de toda a força da categoria para continuar man-tendo o emprego de mais de mil cobradores no sistema de trans-porte da Grande Florianópolis.

Mobilização em frente ao TICEN em 2003 contra demissão dos cobradores

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6 O RODÃO Florianópolis, dezembro de 201115 ANOS DE LUTACATEGORIA

Em 2009, “seu Figueirinha” vem ajudar os patrões

Em 2009 os patrões e o recém empossado vice-Prefeito e Secre-tário de Transportes de Florianó-polis, João Batista Nunes, deram entrevistas na imprensa novamen-te falando em diminuir o número de postos de trabalho dos cobra-dores, assim possibilitando uma tarifa menor para o povo.

E os patrões contrataram uma campanha publicitária milionária onde o “seu Figueirinha” (perso-nagem da Globo representado pelo ator Sérgio Loroza) fazia propa-ganda do “excelente” transporte público de nossa região e dizia que precisava melhorar mais ainda.

Por “coincidência”, duran-te a propaganda dos patrões, um

funcionário público da Se-cretaria de Transpor-

tes, também em entrevista na im-

prensa, chegou a apresentar

um “estudo” de quanto a tarifa po-deria bai-

xar sem

>> Campanha publicitária da Prefeitura pretendia convencer população sobre demissão dos cobradores

Florianópolis

cobradores(as).Nós sem muito dinheiro, pega-

mos a “Marinetee”, a empregada do seu Figueirinha no seriado da TV.

Com a voz dela no carro de som do sindicato e em chamadas de rádio, fomos enfrentando e des-mentindo a campanha milionária dos patrões.

Ter muito dinheiro é importante para disputar a opinião pública. Mas nós, mesmo sem dinheiro, temos a verdade e sofremos jun-to com o povo esse vergonhoso sistema de transporte. Ganha-mos!

Foi uma campanha difícil e até dramática para nossa categoria: vocês lembram que entramos em greve, ficamos 2 dias parados e voltamos a trabalhar sem nada? É, foi duro!

Assembleia com 2 mil compa-nheiros, uma grande pressão sobre todos nós, a juíza veio com segu-rança fiscalizar a greve, helicóptero e polícia de choque o tempo todo sobre a gente.

A imprensa comercial dando pau na gente e jogando a popula-ção contra;

Mas a diretoria do sindicato teve maturidade, experiência e cora-gem revolucionárias. Com lágrima nos olhos a direção de nosso mo-vimento defendeu a volta naquele momento.

Vocês lembram que, com o bri-lho da confiança nos olhos a dire-ção de nosso movimento chamou a categoria novamente para a greve? É, poucos dias depois, já com outra estratégia para enfren-tar os patrões e os seus governos (municipais e o estadual), retoma-mos nosso movimento.

Foram mais três dias de greve, ainda mais forte e organizada que a primeira, até que o prefeito da Capital teve que vir na nossa bar-raca de luta às três horas da fria madrugada daquele mês de julho.

Ele nos apresentou uma nova proposta, com ganhos financei-ros, com a garantia da perma-nência dos cobradores, entre outras conquistas.Foi uma suada, porém merecida, vitória.

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7 O RODÃO Florianópolis, dezembro de 201115 ANOS DE LUTACATEGORIA

Nossa vitória se estende por 2010 e 2011

Florianópolis

O ano de 2009 foi tão impor-tante que gerou consequências nos dois anos seguintes. Em 2010 e 2011, sem a necessidade de greve, fechamos bons acordos. Tivemos avanços em várias cláu-sulas, além de aumentos reais de salário e vale alimentação.

O impacto de nossa greve e a discussão gerada na sociedade foi tão grande e tão negativa para os patrões e governantes, que eles resolveram não nos enfren-tar nos anos seguintes. E essa é a maior vitória.

Segundo um famoso livro de conhecimento e ensinamento dos orientais, A Arte da Guerra a maior vitória numa guerra é aquela conseguida sem perder nenhuma vida e sem disparar um só tiro.

É por isso companheiros, que nós consideramos a categoria vitoriosa ao longo destes 15 anos. Nós conquistamos uma vida melhor.

Veja na tabela ao lado uma comparação entre os salários e condições de trabalho entre os motoristas do urbano na capital, em Itajaí e em Joinville, para saber as diferenças de quali-dade de vida entre os compa-nheiros rodoviários do resto do estado.

Veja também alguns dos direi-tos e benefícios que conquistamos nesses 15 anos de luta. Nós con-quistamos, patrão nenhum nos deu nada!

>> Jornadas menores>> Vale alimentação para todos e todas, com valores igualitários e pagos tam-

bém nas férias>> Serviço médico e odontológico do SEST/SENAT>> Biênio (2% para cada 2 anos trabalhados na mesma empresa)>> PLR – Participação nos Lucros e Resultados equivalentes a 30% do piso salarial

por semestre>> Intervalos menores, de 30 a 60 minutos>> 2 avisos para quem tem mais de 5 anos na mesma empresa>> Hora extra de 63%, quando pela lei é 50%>> Respeito dos patrões e da sociedade>> Caixa suficiente para sustentar nossas lutas>> Sede social acolhedora e cada vez melhor>> Sede administrativa própria, decente e confortável para todos(as) nós>> Infraestrutura necessária para a luta Nós conquistamos, patrão nenhum nos deu nada!

Compare com outras cidades

$ +Salários

Valealimentação

Jornadade Trabalho

Outrasdiferenças

R$ 1.517,78

Capital

R$ 1.180,00

Itajaí

R$ 1.139,00

R$ 380,00 6h40 min Biêniosmáximo de 1 hora de

intervalo + horas extras de 63%

Inclusive nas férias, com nenhum des-

conto em folha

Adicional de 2% no salário a cada dois

anos+ Participação nos Lucros de 30% do

salário por semestre

R$ 180,00 8 horasIntervalos podem ser

maiores que duas horas, dependendo da

linhaBanco de horas

Empresas fazem desconto de 10% do

valor em folha e não é pago nas férias

Sistema está elimi-nando os cobra-

dores. Nada de participação nos

lucros nem adicional por tempo de

serviço

R$ 180,00 8 horasIntervalos podem ser

maiores que duas horas, dependendo da

linha+ Hora Extra de 50%

Empresas fazem desconto de 10% do

valor em folha e não é pago nas férias

O salário sobe para R$ 1.180 nas linhas

intermunicipaisJoinville Sistema não possui

cobradores desde 2001. Motoristas

acumulam a função. Nada de participa-ção nos lucros nem

adicional por tempo de serviço

Cobradores

Cobradores

Patrões nunca deram nada, fomos nós que conquistamos

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