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Carlos Javier Melchor Placencia
Análise do Colapso de Estruturas com Não Linearidade Física e Geométrica
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientador: Prof. Raul Rosas e Silva Co-orientadora: Profª. Deane de Mesquita Roehl
Rio de Janeiro Julho de 2015
Carlos Javier Melchor Placencia
Análise do Colapso de Estruturas com Não Linearidade Física e Geométrica
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de mestre pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Prof. Raul Rosas e Silva
Orientador Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Profª. Deane de Mesquita Roehl
Co-Orientadora Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. Sebastião Artur Lopes de Andrade
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. Carlos Alberto de Almeida Departamento de Engenharia Mecânica - PUC-Rio
Prof. José Eugenio Leal
Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico – PUC-Rio
Rio de Janeiro, 15 de Julho de 2015
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização do autor, da
orientadora e da universidade.
Carlos Javier Melchor Placencia
Graduou-se em Engenharia Civil pela Universidad
Nacional de Ingeniería - UNI (Lima – Perú), em 2009.
Ingressou no curso de mestrado em Engenharia Civil, na
área de Estruturas, da PUC-Rio em 2013, desenvolvendo
investigações na linha de pesquisa de Modelos
computacionais para Instabilidade.
Ficha Catalográfica
Melchor Placencia, Carlos Javier
Análise do Colapso de Estruturas com Não-Linearidade Física e Geométrica / Carlos Javier Melchor Placencia; orientador: Raul Rosas e Silva; co-orientadora: Deane de Mesquita Roehl. - 2015.
v., 102 f.: il. ; 30 cm
Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil, 2015.
Inclui referências bibliográficas.
1. Engenharia Civil – Teses. 2. Elementos Finitos. 3.
Colapso. 4. Plasticidade. 5. Analise Não Linear. 6. Flambagem. 7. Instabilidade. 8. Cargas Críticas. 9. Problema de autovalor. I. Silva, Raul Rosas e. II. Roehl, Deane de Mesquita. III. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. IV. Título.
CDD: 624
Agradecimentos
Ao meu orientador Raul Rosas e Silva pela amizade, orientação e conhecimentos
transmitidos.
À minha co-orientadora Deane Roehl pela motivação, ajuda e ensinamentos.
Aos meus pais, Javier e Elsa, pelo incentivo, amor e dedicação infinita.
Aos professores integrantes da banca examinadora.
As pessoas que de alguma maneira influíram na realização deste trabalho,
especialmente a Deysi Garcia, pela paciência e amizade, ao Nilthson Noreña e
Luis Fernando Paullo que souberam compartilhar e transmitir seus conhecimentos
para enriquecer este trabalho.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Engenharia Civil.
A CAPES e FAPERJ, pelos auxílios financeiros concedidos.
Resumo
Placencia, Carlos Javier Melchor; Silva, Raul Rosas e; Roehl, Deane de
Mesquita. Análise do Colapso de Estruturas com Não Linearidade Física
e Geométrica. Rio de Janeiro, 2015. 102p. Dissertação de Mestrado -
Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro.
Neste trabalho apresentam-se três tipos de técnicas de análise do colapso
estrutural através do método dos elementos finitos: análise linearizada da carga
crítica, análise incremental da carga crítica e análise não linear completa. Na
análise linearizada da carga crítica formulou-se um problema de autovalor
empregando matrizes de rigidez baseadas na configuração indeformada da
estrutura e materiais com comportamento linear elástico. No caso da análise
incremental da carga crítica, o problema de autovalor foi formulado empregando
matrizes de rigidez incrementais para levar em consideração os grandes
deslocamentos e propriedades não lineares do material. Finalmente, na análise não
linear completa a configuração deformada da estrutura e propriedades não lineares
do material são atualizadas durante todo o processo incremental-iterativo até
atingir a carga crítica. Desenvolveu-se uma implementação computacional para
estudar as três técnicas de análise em estruturas planas como vigas, colunas,
pórticos e arcos, empregando elementos isoparamétricos bidimensionais para
estado plano de tensões. A configuração deformada da estrutura, devido aos
grandes deslocamentos e rotações dos elementos, foi considerada através de uma
formulação Lagrangeana Total, enquanto o comportamento inelástico do material
foi modelado empregando um modelo elastoplástico de Von Mises (J2) com
encruamento isotrópico. Nos exemplos apresentados mostrou-se a influência da
não linearidade geométrica e física na estimativa de cargas críticas e no
comportamento pós-crítico, podendo ocorrer bifurcações ao longo da trajetória de
equilíbrio fundamental definida no espaço carga-deslocamentos.
Palavras – chave
Elementos finitos; colapso; plasticidade; análise não linear; flambagem;
instabilidade; cargas críticas; problema de autovalor.
Abstract
Placencia, Carlos Javier Melchor; Silva, Raul Rosas e (Advisor); Roehl,
Deane de Mesquita (Co-Advisor). Collapse Analysis of Structures with
Geometric and Material Nonlinearity. Rio de Janeiro, 2015. 102p. MSc.
Dissertation – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro.
This work presents three kinds of techniques for collapse analysis using the
finite element method: linear buckling analysis, nonlinear buckling analysis and
full nonlinear analysis. The linear buckling analysis requires the definition of an
eigenvalue problem using a stiffness matrix formulation based on the initial
configuration of the structure and under the assumption of a linear elastic material
behavior. In the case of nonlinear buckling analysis, the eigenvalue problem was
formulated employing an incremental stiffness matrix in order to consider the
effects of large displacements and nonlinear material properties in the critical load
estimation. Finally, the full nonlinear analysis takes into account the deformed
configuration and the nonlinear material properties of the structure, updating both
of them through all the incremental-iterative process up to reaching the critical
load. A Finite Element computational program, using plane stress isoperimetric
bidimensional elements, was developed to study the three analysis techniques
applied to plane structures such as beams, columns, frames and arches. The
deformed configuration of the structure, due to large displacements and rotations,
was considered through the Total Lagrangian formulation, whereas the inelastic
material behavior was modeled using the Von Mises plasticity model with
isotropic hardening. The examples presented in this article show the influence of
geometric and material nonlinearity in the critical load estimation and the post-
critical behavior, being this the reason for the potential occurrence of bifurcation
points over the fundamental equilibrium path defined in the load-displacement
space.
Keywords
Finite elements; collapse; plasticity; nonlinear analysis; buckling; instability;
critical loads; eigenvalue problem.
Sumário
1 Introdução 15
1.1. Justificativa do trabalho de pesquisa 15
1.2. Objetivos do trabalho e tipo de problemas a considerar 17
1.3. Organização dos capítulos restantes 18
2 Análise do Colapso de Estruturas através do Método dos Elementos Finitos 20
2.1. Análise Não-Linear Completa 20
2.1.1. Princípio dos Trabalhos Virtuais 20
2.1.2. Formulação Lagrangeana 21
2.1.3. Equações Constitutivas 23
2.1.4. Análise Incremental-Iterativa das Equações Não-Lineares 30
2.2. Análise incremental da Carga Crítica 34
2.3. Análise Linearizada da Carga Crítica 35
3 Implementação Computacional 36
3.1. Elemento Isoparamétrico Bidimensional 36
3.2. Considerações do Estado Plano de Tensões 37
3.3. Matrizes Utilizadas na Formulação Lagrangeana Total 38
3.3.1. Matriz de Rigidez Tangente 38
3.3.2. Vetor de Forças Internas 39
3.3.3. Matrizes de Transformação Deformação-Deslocamento 40
3.3.4. Matrizes empregadas na análise linearizada e incremental da carga crítica 41
3.4. Algoritmo de Integração Numérica das Relações Constitutivas 42
3.4.1. Algoritmo de integração “Plane Stress-Projected” 44
3.4.2. Matriz Tangente Elastoplástica Consistente 46
3.5. Exemplos de Validação 46
3.5.1. Exemplo de Validação 1: Viga em balanço empregando um modelo
elastoplástico do material 47
3.5.2. Exemplo de Validação 2: Viga em balanço com grandes deslocamentos e
material linear-elástico 48
3.5.3. Exemplo de Validação 3: Viga em balanço com grandes deslocamentos e
material elastoplástico 49
3.5.4. Exemplo de Validação 4: Cálculo da carga crítica do pórtico de Roorda 51
3.5.5. Exemplo de Validação 5: Pontos críticos de um arco abatido 52
3.5.6. Exemplo de Validação 6: Pórtico de Lee 53
4 Exemplos Numéricos 55
4.1. Estimação de cargas críticas com Material Linear Elástico 55
4.1.1. Arco circular abatido 55
4.1.2. Arco circular elevado 59
4.1.3. Pórtico T 68
4.2. Estimação de cargas críticas com Material Elastoplástico 72
4.2.1. Arco circular abatido 72
4.2.2. Pórtico toggle 76
4.2.3. Pórtico T 80
5 Conclusões e Sugestões 84
5.1. Conclusões 84
5.2. Sugestões para trabalhos futuros 85
Referências Bibliográficas 87
Apêndice A 90
A.1 Malha e outros resultados do exemplo de validação 1 90
A.2 Malha e outros resultados do exemplo de validação 2 91
A.3 Malha e outros resultados do exemplo de validação 3 92
A.4 Malha e outros resultados do exemplo de validação 4 93
A.5 Malha e outros resultados do exemplo de validação 5 94
A.6 Malha e outros resultados do exemplo de validação 6 95
Apêndice B 98
B.1 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 1 98
B.2 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 2 98
B.3 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 3 99
B.4 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 4 100
B.5 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 5 101
B.6 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 6 101
Lista de Figuras
Figura 2.1 Descrição do movimento do sólido. 21
Figura 2.2 Superfície de escoamento de Von Mises. 27
Figura 2.3 Vetor de fluxo da Lei de Prandtl-Reuss (Souza Neto et al., 2008). 28
Figura 2.4 Encruamento Isotrópico. Teste uniaxial e Plano 𝜋 (Souza Neto et al., 2008). 29
Figura 3.1 Funções de Interpolação de elementos Bidimensionais (Bathe, 1996). 36
Figura 3.2 Estado plano de tensões (Souza Neto et al., 2008). 37
Figura 3.3 Propriedades e geometria da Viga em balanço do exemplo de validação 1. 47
Figura 3.4 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 1. 47
Figura 3.5 Viga em balanço com material linear-elástico do exemplo de validação 2. 48
Figura 3.6 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 2. 49
Figura 3.7 Viga em balanço com material elastoplástico do exemplo de validação 3. 49
Figura 3.8 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 3. 50
Figura 3.9 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 3 (ampliação). 50
Figura 3.10 Pórtico de Roorda. 51
Figura 3.11 Arco abatido do exemplo de validação 5. 52
Figura 3.12 Trajetórias de equilíbrio do arco abatido do exemplo de validação 5. 52
Figura 3.13 Pórtico de Lee do exemplo de validação 6. 53
Figura 3.14 Curva carga-deslocamento do pórtico de Lee no caso elástico. 54
Figura 3.15 Curva carga-deslocamento do pórtico de Lee no caso inelástico. 54
Figura 4.1 Arco circular abatido do exemplo 4.1.1. 56
Figura 4.2 Malha do arco abatido do exemplo 4.1.1. 56
Figura 4.3 Modo de colapso do exemplo 4.1.1 (análise linearizada da carga crítica). 56
Figura 4.4 Modo de colapso do exemplo 4.1.1, após o passo 26. 58
Figura 4.5 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.1.1. 58
Figura 4.6 Configuração deformada do exemplo 4.1.1 (análise não linear completa). 58
Figura 4.7 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.1. 59
Figura 4.8 Arco circular elevado do exemplo 4.1.2. 60
Figura 4.9 Malha do arco elevado do exemplo 4.1.2. 60
Figura 4.10 Modo assimétrico do exemplo 4.1.2 (análise linearizada da carga crítica). 61
Figura 4.11 Modo assimétrico do exemplo 4.1.2, após o passo 32. 62
Figura 4.12 Trajetória de equilíbrio assimétrica do exemplo 4.1.2. 63
Figura 4.13 Deformada assimétrica do exemplo 4.1.2 (análise não linear completa). 63
Figura 4.14 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.2 (assimétrico). 64
Figura 4.15 Modo de colapso do exemplo 4.1.2, após o passo 95. 66
Figura 4.16 Trajetória de equilíbrio simétrica do exemplo 4.1.2. 66
Figura 4.17 Deformada simétrica do exemplo 4.1.2 (análise não linear completa). 67
Figura 4.18 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.2 (simétrico). 67
Figura 4.19 Pórtico T do exemplo 4.1.3. 68
Figura 4.20 Malha do pórtico T do exemplo 4.1.3. 68
Figura 4.21 Modo de colapso do exemplo 4.1.3 (análise linearizada da carga crítica). 69
Figura 4.22 Modo de colapso do exemplo 4.1.3, após o passo 50. 70
Figura 4.23 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.1.3. 70
Figura 4.24 Configuração deformada do exemplo 4.1.3 (análise não linear completa). 71
Figura 4.25 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.3. 71
Figura 4.26 Malha do arco abatido do exemplo 4.2.1. 72
Figura 4.27 Modo de colapso do exemplo 4.2.1 (análise linearizada da carga crítica). 72
Figura 4.28 Modo de colapso do exemplo 4.2.1, após o passo 15. 74
Figura 4.29 Modo de colapso do exemplo 4.2.1, após o passo 23. 74
Figura 4.30 Configuração deformada do exemplo 4.2.1 (análise não linear completa). 74
Figura 4.31 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.2.1. 74
Figura 4.32 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.2.1. 75
Figura 4.33 Pórtico toggle do exemplo 4.2.2. 76
Figura 4.34 Malha do pórtico toggle do exemplo 4.2.2. 76
Figura 4.35 Modo de colapso do exemplo 4.2.2 (análise linearizada da carga crítica). 76
Figura 4.36 Modo de colapso do exemplo 4.2.2, após o passo 50. 78
Figura 4.37 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.2.2. 78
Figura 4.38 Configuração deformada do exemplo 4.2.2 (análise não linear completa). 78
Figura 4.39 Configuração deformada do exemplo 4.2.2 (análise não linear completa). 78
Figura 4.40 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.2.2. 79
Figura 4.41 Malha do pórtico T do exemplo 4.2.3. 80
Figura 4.42 Modo de colapso do exemplo 4.2.3 (análise linearizada da carga crítica). 80
Figura 4.43 Modo de colapso do exemplo 4.2.3, após o passo 266. 82
Figura 4.44 Configuração deformada do exemplo 4.2.3 (análise não linear completa). 82
Figura 4.45 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.2.3. 82
Figura 4.46 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.2.3. 83
Lista de Tabelas Tabela 2.1 Modelo constitutivo elastoplástico geral. 25
Tabela 3.1 Algoritmo implícito preditor/corretor. PSP aplicado ao modelo de Von Mises
com encruamento isotrópico não linear. 43
Tabela 3.2 Cálculo da matriz tangente elastoplástica empregando o algoritmo PSP
aplicado ao modelo de Von Mises. 46
Tabela 3.3 Valores estimados da carga crítica do exemplo de validação 4. 51
Tabela 3.4 Resultados obtidos dos pontos críticos do exemplo de validação 5. 53
Tabela 4.1 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.1. 57
Tabela 4.2 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.1. 57
Tabela 4.3 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.1. 57
Tabela 4.4 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.2 (assimétrico). 61
Tabela 4.5 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.2 (assimétrico). 62
Tabela 4.6 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.2 (assimétrico). 62
Tabela 4.7 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.2 (simétrico). 65
Tabela 4.8 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.2 (simétrico). 65
Tabela 4.9 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.2 (simétrico). 65
Tabela 4.10 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.3. 69
Tabela 4.11 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.3. 69
Tabela 4.12 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.3. 69
Tabela 4.13 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.2.1. 73
Tabela 4.14 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.2.1. 73
Tabela 4.15 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.2.1. 73
Tabela 4.16 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.2.2. 77
Tabela 4.17 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.2.2. 77
Tabela 4.18 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.2.2. 77
Tabela 4.19 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.2.3. 81
Tabela 4.20 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.2.3. 81
Tabela 4.21 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.2.3. 81
Lista de Símbolos
𝒫0𝑡+∆𝑡 Trabalho virtual externo na configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝑉0𝑡+∆𝑡 Volume do sólido na configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝜎𝑖𝑗0𝑡+∆𝑡 Componentes do tensor de tensão de Cauchy no tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝛿 𝑒𝑖𝑗0
𝑡+∆𝑡0 Componentes do tensor de deformações infinitesimais dos deslocamentos
virtuais na configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝑓𝑖𝐵
0𝑡+∆𝑡 Componentes das forças aplicadas externas por unidade de volume na
configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝑓𝑖𝑆
0𝑡+∆𝑡 Componentes das forças aplicadas externas por unidade de superfície na
configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝛿 𝑢𝑖0
0𝑡+∆𝑡 Componentes dos deslocamentos virtuais na configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝑆0𝑡+∆𝑡 Superfície do sólido na configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝑆𝑖𝑗 0𝑡+∆𝑡 Componentes do segundo tensor das tensões de Piolla-Kirchhoff na
configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡 em relação à configuração inicial
𝜖𝑖𝑗0𝑡+∆𝑡 Componentes do Tensor de deformação Green-Lagrange na configuração do
tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝛿 𝜖𝑖𝑗0𝑡+∆𝑡 Variação das componentes do tensor de deformação Green-Lagrange na
configuração do tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝜖𝑖𝑗0
00 Componentes dos incrementos do tensor de deformação Green-Lagrange
𝑒𝑖𝑗0
00 Componentes lineares nos incrementos dos deslocamentos no incremento do
tensor de deformação Green-Lagrange
휂𝑖𝑗0
00 Componentes não lineares nos incrementos dos deslocamentos no incremento
do tensor de deformação Green-Lagrange
𝑢𝑖 Componentes do vetor de incrementos dos deslocamentos
𝑢0𝑡
𝑘 Componentes do vetor de deslocamentos no tempo 𝑡
𝑥𝑖0
00 Coordenas do corpo em relação à configuração inicial
𝐶𝑖𝑗𝑟𝑠00 Tensor incremental de tensão-deformação no tempo 𝑡 em relação à configuração
inicial
𝛿 𝑒𝑖𝑗0
00 Variação das componentes lineares nos incrementos dos deslocamentos
𝛿 휂𝑖𝑗0 0
0 Variação das componentes não lineares nos incrementos dos deslocamentos
𝜺 Tensor de deformação total
𝜺𝑒 Tensor de deformação elástica
𝜺𝑝 Tensor de deformação plástica
𝑫𝑒 Tensor elástico infinitesimal
휀𝑖𝑗 Componentes do tensor de deformação total
𝝈 Tensor de tensão de Cauchy
𝜎𝑖𝑗 Componentes do tensor de tensão de Cauchy
𝜓 Energia livre por unidade de massa de Helmholtz
𝑨 Conjunto genérico de forças termodinâmicas
𝜶 Conjunto genérico de variáveis do estado interno
Φ Função da superfície de escoamento
�� Multiplicador plástico
𝑵 Vetor de fluxo plástico
𝑯 Modulo de encruamento generalizado
Ψ Potencial de fluxo plástico
𝛿𝑖𝑗 Delta de Kronecker
𝐽2 Invariante da tensão desviadora
𝒔 Tensor de tensão desviadora de Cauchy ou Kirchhoff
𝜎𝑦 Tensão de escoamento uniaxial
휀𝑝 Deformação plástica acumulada ou equivalente
𝒖𝑡 Vetor de deslocamentos no tempo 𝑡
𝚮 Matriz das funções de forma ou interpolação
ℎ𝑘 Função de forma ou interpolação k
𝑼𝒕 Vetor dos deslocamentos nodais no tempo 𝑡
𝜉, 휂, 휁 Coordenadas isoparamétrica dentro de um elemento
𝑲𝑳 Primeira contribuição na matriz de rigidez tangente (matriz linear nos efeitos
cinemáticos)
𝑲𝑵𝑳 Segunda contribuição na matriz de rigidez tangente (matriz não linear nos efeitos
cinemáticos)
∆𝑼 Incremento no vetor dos deslocamentos nodais
𝛿∆𝑼 Variação no Incremento dos deslocamentos nodais
𝑷𝑡+∆𝑡 Vetor de forças externas no tempo 𝑡 + ∆𝑡
𝑭𝑡 Vetor de forças internas no tempo 𝑡
𝑲 Matriz de rigidez tangente total
𝑲𝑗𝑖 Matriz de rigidez tangente total na j-ésima iteração do i-ésimo incremento de
passo
∆𝑼𝑗𝑖 Incremento no vetor dos deslocamentos nodais na j-ésima iteração do i-ésimo
incremento de passo
𝑷𝑗𝑖 Vetor de forças externas na j-ésima iteração do i-ésimo incremento de passo
𝑭𝑗−1𝑖 Vetor de forças internas na j-ésima iteração do i-ésimo incremento de passo
𝜆𝑗𝑖 Parâmetro do incremento de carga na j-ésima iteração do i-ésimo incremento de
passo
�� Vetor da carga de referência (constante)
∆��𝑗𝑖 Vetor dos deslocamentos nodais da solução tangencial na j-ésima iteração do i-
ésimo incremento de passo
∆��𝑗𝑖 Vetor dos deslocamentos nodais da solução iterativa na j-ésima iteração do i-
ésimo incremento de passo
∆𝑼𝑞𝑗𝑖 Componente q-ésima do incremento no vetor dos deslocamentos da j-ésima
iteração do i-ésimo incremento de passo
𝑙 Comprimento de arco prescrito na solução incremental
𝜈 Coeficiente de Poisson
𝐸 Módulo de Young
𝒆 Representação matricial das componentes do tensor 𝑒𝑖𝑗0
00
𝜼 Representação matricial das componentes do tensor 휂𝑖𝑗0
00
𝑪 Representação matricial das componentes do tensor 𝐶𝑖𝑗𝑟𝑠00
𝑩𝐿 Matriz de transformação deformação-deslocamento linear
𝑩𝑁𝐿 Matriz de transformação deformação-deslocamento não-linear
𝓢𝑡 , 𝑺𝑡 Representação matricial e vetorial das componentes do tensor 𝑆𝑖𝑗 0𝑡+∆𝑡
Ϝ𝑖𝑗 Componentes do tensor gradiente de deformação
∆𝛾 Incremento do multiplicador plástico
𝓔, 𝓔𝑒 , 𝓔𝑝 Representação matricial dos tensores 𝜺, 𝜺𝑒 y 𝜺𝑝, respectivamente
𝓸 Representação matricial do tensor 𝝈
𝓓𝑒 Representação matricial do tensor 𝑫𝑒
𝓓𝑒𝑝 Matriz tangente elastoplástica consistente
𝐻 Modulo de encruamento
∆𝑡 Intervalo de tempo
1 Introdução
1.1. Justificativa do trabalho de pesquisa
Na atualidade, os engenheiros estruturais são conscientes de que
considerar eventos extremos no carregamento vai se tornar uma parte
necessária do projeto estrutural. Em particular, um entendimento do
comportamento estrutural durante o colapso parcial ou completo, permitirá
avaliar de maneira mais precisa a integridade total do projeto estrutural quando é
submetido a carregamentos extremos.
A natureza do colapso de estruturas envolve grandes deslocamentos,
grandes rotações e respostas inelásticas do material como plasticidade, dano,
fraturamento, entre outros, nas regiões de tensão extrema. No estado limite
perto do colapso, grandes deformações são prováveis também. Para simular tal
comportamento de colapso é necessário empregar modelos computacionais que
considerem tanto a não linearidade geométrica quanto a não linearidade do
material.
As não linearidades geométricas ocorrem quando as forças requeridas
para causar deformação na estrutura são funções não lineares do deslocamento.
Estas não linearidades são essenciais na simulação do colapso porque capturam
os efeitos da flambagem, as grandes mudanças na forma da estrutura e as
mudanças nas forças internas que são necessárias para manter a estrutura em
equilíbrio estático.
Por outro lado, as não linearidades do material, considerando só efeitos
elastoplásticos, ocorrem quando as regiões de tensão extrema atingem a
superfície de escoamento do material, ocasionando uma perda de rigidez da
estrutura que frequentemente causa uma redução considerável na carga máxima
da mesma. O fenômeno de escoamento pode tornar um comportamento pós-
crítico estável em um instável, já que depois do escoamento um incremento na
deformação causa um decréscimo na carga.
16
As técnicas de análise do colapso estrutural são um assunto importante no
processo de projeto em engenharia civil, mecânica, naval e aeronáutica. Para
estudar as instabilidades estruturais que levam ao colapso de estruturas
elásticas e inelásticas, costuma-se avaliar os pontos críticos, que podem ser
pontos limite ou de bifurcação, ao longo dos caminhos ou trajetórias de equilíbrio
definidas no espaço carga-deslocamentos. A avaliação exata destes pontos é
necessária para poder definir as condições críticas na funcionalidade da
estrutura.
No entanto, os usuários de programas comerciais de elementos finitos,
trabalham frequentemente na modelagem deste tipo de problemas de maneira
parcial. Usualmente, as cargas críticas dos caminhos de equilíbrio são
calculadas através de uma análise linearizada da carga crítica, a qual leva a
resultados errados em alguns casos.
A análise linearizada da carga crítica prediz a resistência teórica de
flambagem de uma estrutura ideal linear elástica. Na análise é assumido que a
configuração da estrutura não muda no processo de carregamento, ou seja, as
equações de equilíbrio são sempre referidas à configuração indeformada da
estrutura. As cargas críticas são calculadas nesta análise formulando um
problema de autovalores que torna singular a matriz de rigidez tangente da
estrutura.
A suposição de que uma estrutura se comporta elasticamente e
deslocamentos e rotações são desprezíveis até atingir o valor da carga crítica
nem sempre é verdadeira. Se alguma parte da estrutura desenvolve
deformações plásticas e mudanças relativamente grandes na geometria, a
análise linearizada da carga crítica levará a resultados errados, usualmente
maiores que o resultado exato. Neste tipo de casos a análise da instabilidade da
estrutura deve incluir a não linearidade geométrica e não linearidade do material.
Trabalhos desenvolvidos por Zhehua et al. (2002), Zhou et al. (2011); e
Novoselac et al. (2012); mostram os efeitos na estimação do valor das cargas
críticas quando as não-linearidades geométricas e físicas não são consideradas.
Pelos motivos expostos anteriormente, neste trabalho pretende-se incluir
os efeitos das não linearidades geométricas e físicas, na estimação das cargas
críticas presentes nas trajetórias de equilíbrio definidas pelas variáveis nodais e
o parâmetro de carga.
17
1.2. Objetivos do trabalho e tipo de problemas a considerar
No método dos elementos finitos existem dois tipos de categorias para
analisar o problema de flambagem ou colapso de estruturas. A primeira emprega
um problema de autovalor, formulado a partir de uma linearização, e a outra uma
análise não linear completa. Na primeira categoria incluem-se dois tipos de
problemas de autovalores, uma baseada na análise linear que emprega matrizes
de rigidez iniciais; e outra baseada na análise não linear que emprega matrizes
de rigidez atualizadas que consideram até certo nível as não linearidades
geométricas e físicas da estrutura. No entanto, no caso da análise não linear
completa os efeitos não lineares geométricos e físicos são considerados em sua
totalidade durante toda a análise.
O principal objetivo deste trabalho é poder comparar de maneira
qualitativa, em base a resultados quantitativos, os três tipos de técnicas de
análise do colapso estrutural apresentados. Para avaliar os resultados das três
técnicas de colapso, desenvolveu-se um programa computacional em Matlab
baseado no método dos elementos finitos para o processamento dos dados e
pós-processamento dos resultados. No pré-processamento, geração de dados
(malhas), e visualização das tensões desenvolvidas nos elementos empregou-se
o programa GID.
Na implementação do programa considerou-se a formulação das equações
de equilíbrio na configuração deformada da estrutura e um comportamento
inelástico do material através do modelo elastoplástico de Von Mises (J2) com
encruamento isotrópico baseado na decomposição aditiva, já que na maioria dos
casos, o colapso das estruturas de engenharia civil envolvem grandes
deslocamentos, grandes rotações e relativamente pequenas deformações.
Nas últimas décadas muitos trabalhos na área da instabilidade de
estruturas elásticas e inelásticas foram desenvoltos por muitos autores. Na
maioria dos casos foram empregados elementos de pórtico na análise de
estruturas planas como vigas, colunas, pórticos e arcos. Neste trabalho
pretende-se estudar a instabilidade destas estruturas planas adotando uma
aproximação de meio contínuo considerando um estado plano de tensões, que
permitirá aproveitar as vantagens da formulação Lagrangeana Total neste tipo
de estruturas. Trabalhos feitos por Wood and Zienkiewicz (1976), e Guimarães
(2006), consideraram uma aproximação de meio continuo para avaliar cargas
críticas e comportamento pós-crítico em estruturas planas.
18
Adotando as hipóteses descritas acima, pretende-se abordar os seguintes
problemas presentes numa análise computacional do colapso:
Incorporar as não linearidades geométricas através da formulação
lagrangeana Total.
Levar em consideração a plasticidade distribuída, que permite uma
propagação inelástica ao longo da seção e comprimento do
elemento, através da aproximação de contínuo e um modelo
elastoplástico de Von Mises (J2).
Considerar as deformações cisalhantes e distorções da seção
transversal, através da teoria do meio contínuo adotada.
Prevenir o efeito de ‘shear locking’ empregando elementos
isoparamétricos de ordem tal que não permitam a necessidade de
uma malha refinada.
Considerar as altas não linearidades da curvatura ao longo do
elemento pela formação de regiões plásticas, através da suficiente
discretização do domínio.
Capturar as respostas carga-deslocamento de estruturas instáveis
que apresentam uma alta não linearidade, onde a carga e/ou o
deslocamento decrescem no progresso da solução, mediante o uso
do método de controle por deslocamentos e comprimento de arco.
Outro objetivo do presente trabalho é dar continuidade aos trabalhos
desenvolvidos na área de instabilidade e dinâmica de estruturas no
departamento de engenharia civil da PUC-Rio. Trabalhos que abordaram
estudos quase estáticos de colapso ou instabilidade de estruturas planas foram
Gabbay (1977), Sousa (1984), Guimarães (1999, 2006) e Burgos (2005).
1.3. Organização dos capítulos restantes
Além da introdução, este trabalho conta com os seguintes capítulos:
Capítulo 2 – Aqui se apresentam todos os fundamentos teóricos
das técnicas de análise do colapso que são empregadas no método
dos elementos finitos. Descrevem-se a análise não linear completa,
19
a análise incremental da carga crítica, e a análise linearizada da
carga crítica.
Capítulo 3 – Neste capítulo são apresentadas as características
próprias do estado plano de tensões que devem ser consideradas
na implementação computacional. São apresentadas as matrizes
que relacionam as deformações e deslocamentos, matrizes de
rigidez, vetor de forças internas, algoritmo de integração das
tensões, e exemplos de validação da implementação numérica.
Capítulo 4 – Neste capítulo são apresentados exemplos de colapso
ou flambagem de estruturas planas como vigas, colunas, pórticos e
arcos. Aqui são estimadas as cargas críticas mediante as três
técnicas de análise de colapso descritas.
Capítulo 5 – Aqui são apresentadas as conclusões e sugestões
para trabalhos futuros.
2 Análise do Colapso de Estruturas através do Método dos Elementos Finitos
Neste capítulo, através do método dos elementos finitos baseado em
deslocamentos, são apresentadas três técnicas de análise do colapso de
estruturas: Análise não linear completa, análise incremental da carga crítica e
análise linearizada da carga crítica. Os problemas de autovalor são formulados a
partir de uma linearização.
2.1. Análise Não-Linear Completa
Esta técnica de análise é denominada completa porque as equações de
equilíbrio são resolvidas até atingir a carga crítica de colapso. Além disso,
permite descrever o comportamento pós-crítico da estrutura. Através desta,
problemas com não linearidade geométrica e física podem ser abordados. A
seguir são apresentados as equações de equilíbrio da configuração deformada,
a cinemática da deformação, as equações constitutivas e os métodos de controle
que resolvem as equações linearizadas do equilíbrio.
2.1.1. Princípio dos Trabalhos Virtuais
O princípio dos trabalhos virtuais estabelece que o trabalho virtual interno e
o externo, na configuração deformada de um sólido em equilíbrio, devem ser
iguais. Empregando uma notação tensorial o princípio pode ser escrito como:
∫
(2.1)
Na equação anterior, a parcela à esquerda representa o trabalho virtual
interno das tensões reais através das deformações virtuais, e a direita
representa o trabalho virtual externo das forças reais de corpo e superfície
através dos deslocamentos virtuais, descritos na seguinte equação:
21
∫
∫
(2.2)
Um sólido pode experimentar grandes deslocamentos, grandes
deformações e respostas não lineares do material.
2.1.2. Formulação Lagrangeana
Na formulação Lagrangeana, a malha de elementos finitos é fixa ao
material e se desloca através do espaço com este. Esta formulação permite uma
descrição natural da deformação dos elementos estruturais.
A formulação Lagrangeana pode ser classificada em duas categorias: uma
formulação Lagrangeana Total e uma formulação Lagrangeana Atualizada. Na
formulação Lagrangeana Total, a configuração de referência é a configuração
indeformada ou inicial; na formulação Lagrangeana Atualizada, a configuração
de referência é a configuração prévia ou última calculada. A cinemática da
deformação e a descrição do movimento são descritas na Figura 2.1.
Figura 2.1 Descrição do movimento do sólido.
Mais detalhes das formulações Lagrangeanas Total e Atualizada podem
ser encontrados em Bathe (1996) e De Borst et al. (2012).
22
2.1.2.1. Formulação Lagrangeana Total
Embora esta formulação seja baseada na geometria inicial dos elementos,
as matrizes de rigidez incrementais são montadas para considerar as tensões
desenvolvidas previamente e mudanças na geometria.
A formulação Lagrangeana Total é frequentemente útil para abordar
problemas com plasticidade, grandes deslocamentos, grandes rotações, mas
considerando pequenas deformações desenvolvidas nos elementos, hipóteses
consideradas neste trabalho.
Na formulação Lagrangeana Total, as equações de equilíbrio podem ser
expressas através do princípio dos trabalhos virtuais como:
∫
(2.3)
Aqui é o segundo tensor das tensões de Piolla-Kirchhoff, e
é
o tensor das deformações de Green-Lagrange. As integrações são feitas na
configuração indeformada inicial no tempo . Decompondo a deformação
total do tempo na deformação da configuração equilibrada do tempo e a
deformação incremental do tempo entre e , obtém-se:
(2.4)
Decompondo a deformação incremental
numa parte linear
e outra
não linear
nos incrementos dos deslocamentos:
(2.5)
Onde
, a parte linear da deformação incremental, pode ser descrito em
função dos incrementos dos deslocamentos como:
(
)
(
)
(2.6)
23
O segundo termo entre parêntesis da equação anterior leva em
consideração o efeito inicial dos deslocamentos. Por outro lado,
, a parte não
linear da deformação incremental, pode ser descrito em função dos incrementos
dos deslocamentos como:
*(
)(
)+
(2.7)
Linearizando o equilíbrio expressado na equação (2.3), e utilizando a
equação (2.5), obtém-se:
∫
∫
∫
(2.8)
Os termos resultantes da equação anterior são lineares nos incrementos
dos deslocamentos.
2.1.3. Equações Constitutivas
As equações constitutivas são utilizadas para representar de forma ideal o
comportamento elastoplástico de um material através de um modelo matemático.
Estas equações contêm todas as componentes básicas de um modelo
constitutivo elastoplástico:
A decomposição da deformação Elastoplástica;
A lei elástica;
Critério de escoamento, estabelecida com o uso da superfície de
escoamento;
A lei de fluxo plástico definindo a evolução do tensor das
deformações plásticas;
A lei encruamento, que caracteriza a evolução da tensão de
escoamento.
As equações constitutivas que definem o modelo constitutivo elastoplástico
de determinado material, estão resumidas na Tabela 2.1
A resolução das equações constitutivas permite avaliar as tensões e
operadores tangentes elastoplásticos que são empregadas na aproximação do
método dos elementos finitos. As tensões avaliadas são utilizadas no cálculo do
24
vetor de forças internas e na contribuição não linear da matriz de rigidez
tangente, e os operadores tangentes avaliados são utilizados no cálculo da
contribuição linear da matriz de rigidez tangente. Avaliar de forma precisa as
tensões e o operador tangente é importante na obtenção de soluções corretas e
matrizes verdadeiramente tangentes. Estas matrizes tangentes permitem na
análise incremental-iterativa utilizar o número mínimo de iterações para atingir a
convergência.
Na avaliação das tensões emprega-se a lei elástica, mostrada na Tabela
2.1, que depende da derivada da energia potencial livre com relação à parte
elástica do tensor de deformação . No presente trabalho foram considerados
materiais isotrópicos com comportamento linear elástico, sendo a contribuição
elástica da energia potencial livre:
( )
(2.9)
Resultando a seguinte lei elástica:
(2.10)
As relações constitutivas elastoplásticas mostradas na Tabela 2.1 podem
ser reduzidas no seguinte sistema de equações:
( ) ( ) ( ( ) ( ))
( ) ( ) ( ( ) ( ))
(2.11)
( ) ( ( ) ( )) ( ) ( ( ) ( )) (2.12)
( )
( )
(2.13)
Neste sistema de equações reduzidas, as únicas variáveis desconhecidas
são a deformação elástica , as variáveis internas de encruamento , e o
multiplicador plástico .
25
Tabela 2.1 Modelo constitutivo elastoplástico geral.
1. Decomposição aditiva do tensor de deformação:
ou
2. Função de energia potencial livre
( )
onde representa as variáveis internas de encruamento
3. Equação constitutiva para o tensor de tensões e forças
termodinâmicas de encruamento
4. Função de escoamento
( )
5. Lei de fluxo plástico e encruamento
( )
( )
onde é o vetor de fluxo
e é o modulo generalizado de encruamento
sendo o potencial de fluxo
6. Critério de carregamento/descarregamento
condições que definem quando ocorre a evolução de deformações
plásticas e variáveis internas
As equações constitutivas reduzidas apresentadas acima contêm
equações diferenciais ordinárias, cuja resolução de forma analítica não é sempre
possível devido à complexidade presente na maioria dos problemas de
engenharia. Por esta razão, a resolução destas equações precisa de um
algoritmo de integração numérica que será abordado no capítulo 3.
Nos modelos constitutivos abordados neste trabalho é perfeitamente valido
substituir o tensor de tensões e deformações por o segundo tensor das tensões
de Piolla-Kirchhoff e o tensor das deformações de Green-Lagrange,
respectivamente. Isto é valido porque na hipótese de grandes deslocamentos e
rotações, mas de pequenas deformações nos elementos, as componentes dos
tensores mencionados acima não se alteram com movimentos de corpo rígido.
26
Nesta seção são abordados os aspectos mais importantes da descrição
matemática do modelo constitutivo linear elástico e de Von Mises, empregados
numa análise não linear. Neste trabalho são discutidos aspectos da plasticidade
baseado na hipótese de pequenas deformações, embora grandes
deslocamentos e rotações ocorram. Esta hipótese permite uma decomposição
aditiva das deformações e aplicar a teoria clássica da plasticidade.
2.1.3.1. Modelo Linear Elástico
O modelo linear elástico adota a Lei de Hooke para definir a relação
tensão-deformação. Neste caso não é necessário empregar uma integração das
tensões porque as tensões e operador tangente podem ser diretamente
avaliados do estado de deformação atual.
A relação tensão-deformação empregada no modelo linear elástico é a
mesma da equação (2.10), e pode ser expressa de maneira tensorial como:
(2.14)
Onde são as componentes do tensor de elasticidade infinitesimal,
sendo estas expressas da seguinte forma:
( ) (2.15)
Onde e são as constante de Lamé e é a função delta de Kronecker.
2.1.3.2. Modelo Elastoplástico de Von Mises
Aqui são descritos a superfície ou critério de escoamento, a lei de fluxo ou
escoamento e a lei de encruamento do modelo elastoplástico de Von Mises.
Outros aspectos matemáticos e teóricos podem ser estudados em Souza Neto et
al. (2008).
27
2.1.3.2.1. Superfície de Escoamento
De acordo com o critério de Von Mises, o escoamento começa quando a
invariante do tensor desviador atinge um valor limite. Esta condição pode ser
representada como:
( ) (2.16)
Onde é função da variável interna de encruamento , que será definida
na Lei de encruamento. De forma alternativa, incluindo a tensão de escoamento
uniaxial, a superfície de escoamento de Von Mises pode ser definida através da
seguinte função:
( ) √ ( ( )) ( ) (2.17)
Das equações (2.16) e (2.17) pode-se notar que as componentes do tensor
da tensão hidrostática não são levadas em consideração no critério de Von
Mises, sendo o escoamento só influenciado pelo tensor da tensão desviadora.
Portanto, este critério é incompressível com as deformações plásticas.
A função da superfície de escoamento de Von Mises é uma função
isotrópica devido a sua definição em termos das invariantes do tensor de
tensões, permitindo assim uma representação da superfície de escoamento em
função das tensões principais como é apresentado na Figura 2.2.
Figura 2.2 Superfície de escoamento de Von Mises.
28
2.1.3.2.2. Lei de Fluxo
A lei de escoamento de Prandtl-Reuss é a lei de fluxo que considera a
função da superfície de escoamento de Von-Mises da equação (2.17) como o
potencial de fluxo. Neste caso o vetor de fluxo é calculado como:
[√ ( )] √
‖ ‖
(2.18)
Da equação anterior a lei de fluxo resulta na seguinte expressão:
√
‖ ‖
(2.19)
Devido à insensibilidade do critério de Von Mises com as pressões
hidrostáticas, o vetor de fluxo do escoamento resulta paralelo à direção
desviadora. Isto é mostrado na Figura 2.3.
Figura 2.3 Vetor de fluxo da Lei de Prandtl-Reuss (Souza Neto et al., 2008).
A lei do fluxo de Prandtl-Reuss é frequentemente empregada junto à
superfície de escoamento do critério de Von Mises, para criar desta maneira o
modelo elastoplástico referido como modelo associativo de Von Mises, ou
simplesmente o modelo de Von Mises.
29
2.1.3.2.3. Lei de Encruamento
Considerando encruamento isotrópico a superfície de escoamento cresce
ou decresce de forma uniforme em todas as direções. No caso específico do
modelo de Von Mises, um aumento ou diminuição no raio do cilindro ocorre. Este
fenômeno pode ser ilustrado na Figura 2.4 junto com um teste cíclico uniaxial.
Figura 2.4 Encruamento Isotrópico. Teste uniaxial e Plano (Souza Neto et al., 2008).
Na descrição constitutiva do encruamento isotrópico emprega-se apenas
uma variável escalar para determinar o tamanho da superfície de escoamento.
Esta variável do estado interno do encruamento é escolhida como uma medida
escalar de deformação. No caso do modelo de Von Mises emprega-se a
deformação plástica acumulada definida como:
∫ √
‖ ‖
(2.20)
A definição acima generaliza a deformação axial plástica acumulada de um
modelo unidimensional para um modelo que considera deformações multiaxiais.
Empregando a equação (2.19) e a taxa de variação da equação (2.20), encontra-
se que:
√
‖ ‖
(2.21)
30
O modelo de Von Mises com encruamento isotrópico é obtido permitindo
que a tensão de escoamento uniaxial seja função da deformação plástica
acumulada
( ) (2.22)
Esta função define a curva deformação-encruamento que pode ser obtida
através de um teste de tração uniaxial.
2.1.4. Análise Incremental-Iterativa das Equações Não-Lineares
No método dos elementos finitos baseado nos deslocamentos, podemos
aproximar o campo contínuo dos deslocamentos através de uma discretização
do domínio empregando funções de forma ou interpolação onde as variáveis
desconhecidas a calcular são os deslocamentos nodais dos elementos. As
funções de interpolação utilizadas numa análise não linear são as mesma
empregadas numa análise linear, apresentadas em Felippa (2004) e Cook et al.
(1989). Esta aproximação nos deslocamentos pode ser descrita como:
∑ ( )
(2.23)
Substituindo a equação anterior da aproximação dos deslocamentos na
equação linearizada do equilíbrio da equação (2.8), obtém-se em forma matricial:
( ) ( ) ( ) (2.24)
Da equação de acima é a matriz de rigidez tangente, e são os
vetores de forças externa e interna, e é o incremento dos deslocamentos
nodais. Sendo a equação (2.24) válida para qualquer incremento dos
deslocamentos virtuais nodais , obtém-se:
(2.25)
As equações algébricas resultantes da equação anterior, que surgiram da
linearização da equação de equilíbrio, precisam de um processo incremental-
31
iterativo para assegurar que as condições de equilíbrio sejam satisfeitas,
permitindo assim melhorar a qualidade das soluções.
No processo incremental-iterativo da resolução das equações (2.25),
adotou-se uma notação para a j-ésima iteração do i-ésimo incremento de passo
da maneira seguinte:
[ ]{
} { } {
} (2.26)
O vetor de forças externas { } pode ser decomposto da seguinte forma:
{ } {
} { } (2.27)
Ou de maneira equivalente:
{ } {
} { } (2.28)
Onde é o incremento do fator de carga da j-ésima iteração do i-ésimo
incremento de passo, e { } é o vetor da carga de referência. Com o incremento
dos deslocamentos nodais { } resolvido na j-ésima iteração, os
deslocamentos nodais totais { } podem ser obtidos por acumulação da
seguinte maneira:
{ } {
} { } (2.29)
Convenientemente denotou-se o vetor de forças desequilibradas { }
como a seguinte diferença:
{ } {
} { } (2.30)
Empregando a equação (2.28) e (2.30), a equação (2.26) pode ser rescrita
como:
[ ]{
} { } {
} (2.31)
32
Por conveniência, pode-se rescrever a equação anterior como duas
equações da seguinte maneira:
[ ]{
} { } (2.32)
[ ]{
} { } (2.33)
Resolvendo as equações acima pode-se obter o incremento dos
deslocamentos nodais da seguinte forma:
{ }
{ } {
} (2.34)
A seguir descrevem-se as equações de restrição dos métodos mais
empregados na resolução das equações não lineares. Estas equações permitem
determinar o valor do incremento do fator de carga . Dentro dos métodos a
mencionar descreve-se o método de controle de carga, controle de
deslocamento e controle por comprimento de arco.
2.1.4.1. Método de Controle de Carga
Na literatura, frequentemente denominado como o Método de Newton-
Raphson, sendo provavelmente o método iterativo mais antigo que ainda é
amplamente empregado. Neste método as cargas externas são acrescentadas
em uma quantidade constante apenas na primeira iteração do incremento de
passo. Nas iterações seguintes, as cargas externas são mantidas, ou seja, o
incremento de carga é zero dentro de um mesmo passo. A equação de restrição
do método pode ser expressa como:
{
(2.35)
Detalhes das vantagens e limitações do método são descritas por McGuire
et al. (2000) e Yang and Kuo (1994).
33
2.1.4.2. Método de Controle de Deslocamento
Neste método precisa-se escolher uma componente particular de
deslocamento, denotado como a q-ésima componente, para ser o parâmetro de
controle nas iterações. Denotando como o incremento do deslocamento da
q-ésima componente associada com a j-ésima iteração, a equação de restrição
poder ser expressa como:
{
(2.36)
Neste método, na primeira iteração do incremento de passo, é
acrescentada uma quantidade constante na componente de deslocamento
escolhida. Nas iterações restantes do passo, o incremento é zero. Esta equação
de restrição pode ser expressa em termos do incremento do fator de carga
como:
{
(2.37)
Claramente, as cargas externas não são mantidas constantes durante o
processo iterativo. Detalhes das vantagens e limitações do método são descritas
por McGuire et al. (2000) e Yang and Kuo (1994).
2.1.4.3. Método de Controle por Comprimento de Arco
Neste trabalho é abordado só o Método de controle por comprimento de
arco cilíndrico. A equação de restrição deste método pode ser expressa como:
(
) (
) (2.38)
Neste caso, requer-se que a norma Euclidiana do incremento total de
deslocamento no passo seja igual a , i.e., que a solução no final do incremento
fique na interseção entre a trajetória de equilíbrio e um cilindro de raio centrado
34
na configuração de equilíbrio do início do incremento. Esta equação de restrição
pode ser expressa em termos do incremento do fator de carga como:
{
√
{(
) (
)}
(2.39)
Onde os coeficientes da equação de segundo grau são:
(
)
(
) (
)
(2.40)
Detalhes das vantagens e limitações do método são descritas por Souza
Neto et al. (2008) e Paullo and Roehl (2012).
2.2. Análise incremental da Carga Crítica
A análise de autovalores pode ser utilizada junto com uma análise não
linear completa, formulando o problema de autovalor após cada incremento de
carga. Esta técnica, baseada nas matrizes de rigidez incrementais, é
considerada como uma análise não linear embora seja empregada uma análise
linearizada de autovalores em cada passo.
Considerando uma estrutura sujeita a um carregamento * + e um estado
de tensões e deslocamentos atuais * + e * +, respectivamente, o problema de
autovalor após um incremento de carga * + pode ser formulado da seguinte
maneira:
, ( ) ( )-* + * + (2.41)
Sendo a matriz de rigidez total no início do incremento e o
incremento da matriz de rigidez geométrica no incremento de carga * +. Nesta
equação, é assumida como uma função linear do incremento de carga * +
para causar a condição crítica. O incremento da rigidez geométrica
empregada na estimativa da carga crítica está baseado nos incrementos das
tensões e deslocamentos e , respectivamente, em relação ao início do
35
incremento. No entanto, os estados de tensão e deformação não são atualizados
durante a análise desta técnica de colapso. Segundo Dupuis et al. (1970), o
incremento da matriz de rigidez geométrica é:
( ) ( ) ( ) (2.42)
Sendo o incremento da matriz de rigidez das tensões iniciais e o
incremento da matriz de rigidez dos deslocamentos iniciais. Segundo
Waszczyszyn et al. (1994), o incremento da matriz de rigidez geométrica é:
( ) ( ) ( ) (2.43)
Sendo a mesma matriz da equação (2.42) e ( ) o
incremento da parte linear nos deslocamentos da matriz de rigidez dos
deslocamentos iniciais ( ). Se os termos do incremento desta matriz não
forem considerados na equação (2.43), obtém-se o incremento da matriz de
rigidez geométrica clássica:
( ) ( ) (2.44)
2.3. Análise Linearizada da Carga Crítica
Na análise linearizada da carga crítica é considerado todo o
comportamento da estrutura como linear antes do colapso. Através desta
consideração, o problema de autovalor da análise linearizada pode ser obtido
como um caso especial da análise incremental de carga crítica. Nesta análise os
valores das tensões iniciais * + e deslocamentos iniciais * + são considerados
nulos no início do incremento. Além disto, os efeitos dos deslocamentos iniciais
não são levados em consideração no incremento da matriz de rigidez geométrica
, sendo só considerados os efeitos do incremento da matriz de rigidez das
tensões iniciais . A equação do problema de autovalor para estimar a carga
crítica numa análise linearizada, conhecida na literatura como a equação da
carga de flambagem de Euler, é descrita como:
, ( ) ( )-* + * + (2.45)
3 Implementação Computacional
Neste trabalho considerou-se o estudo da instabilidade elástica e inelástica
de estruturas planas como vigas, colunas, pórticos e arcos. No estudo deste tipo
de estruturas adotou-se uma aproximação de meio continuo, considerando um
estado plano de tensões que será resolvido através do método dos elementos
finitos. Neste capítulo descreve-se as considerações particulares da formulação
do estado plano de tensões na implementação computacional das técnicas do
colapso descritas no capítulo anterior.
3.1. Elemento Isoparamétrico Bidimensional
Empregou-se um tipo de elementos isoparamétricos bidimensional de alta
ordem, amplamente utilizado no método dos elementos finitos, conhecido na
literatura como Q9. Este elemento, do tipo Lagrangeano, permite uma melhor
modelagem de problemas no regime plástico. As funções de forma do elemento
são mostradas na Figura 3.1.
Figura 3.1 Funções de Interpolação de elementos Bidimensionais (Bathe, 1996).
37
3.2. Considerações do Estado Plano de Tensões
As hipóteses do estado plano de tensões, mostrado na Figura 3.2, são
validas na análise de corpos com uma dimensão (espessura) muito menor em
comparação as demais, e sujeitos a carregamentos que geram tensões
predominantemente na direção perpendicular à espessura do corpo.
Figura 3.2 Estado plano de tensões (Souza Neto et al., 2008).
Sendo os índices 1 e 2 as direções associadas ao plano e o índice 3 à
direção normal, o estado plano de tensões pode ser definido através do seguinte
tensor de tensões:
[
] (3.1)
Os problemas de estado plano de tensões que envolvem elasticidade
linear de materiais isotrópicos são simplesmente abordados através da seguinte
relação entre as tensões não nulas e as deformações planas:
{
}
[
] {
}
(3.2)
No entanto, os problemas de estado plano de tensões que envolvem
plasticidade requerem uma abordagem especial no algoritmo de integração das
38
relações constitutivas para poder levar em consideração as restrições das
componentes nulas das tensões e deformações seguintes:
(3.3)
(3.4)
3.3. Matrizes Utilizadas na Formulação Lagrangeana Total
Nesta seção apresentam-se as matrizes e vetores empregados na
resolução do sistema de equação não lineares (2.25), que resultam da
discretização do meio continuo através da aproximação do método dos
elementos finitos. A avaliação precisa das matrizes e vetores na formulação
Lagrangeana Total permitirá considerar grandes deslocamentos e rotações nos
elementos sem causar deformações errôneas quando ocorrerem movimentos de
corpo rígido.
3.3.1. Matriz de Rigidez Tangente
Substituindo as aproximações do método dos elementos finitos da
equação (2.23), no primeiro termo da parte esquerda da equação linearizada do
equilíbrio (2.8), obtém-se em forma matricial a seguinte expressão:
∫
(3.5)
Da expressão acima define-se a primeira contribuição da matriz de rigidez
tangente denominada como matriz de rigidez linear na cinemática da
deformação, descrita da seguinte forma:
∫
(3.6)
Sendo a matriz de transformação deformação-deslocamento linear e
a matriz tangente consistente, definidas nas seções seguintes deste capítulo. Da
mesma forma que o caso anterior, o segundo termo da equação (2.8) pode ser
expresso em forma matricial como:
39
∫
(3.7)
Onde é definida como a segunda contribuição da matriz de rigidez
tangente, denominada também como matriz de rigidez não linear na cinemática
da deformação. Esta matriz é expressa como:
∫
(3.8)
Sendo a matriz de transformação deformação-deslocamento não-
linear, descrita nas seções seguintes, e a matriz do segundo tensor das
tensões de Piolla-Kirchhoff descrito como:
[
]
(3.9)
Finalmente, a matriz de rigidez tangente total empregada nos métodos
iterativo-incrementais é a soma das duas contribuições, descrita como:
(3.10)
3.3.2. Vetor de Forças Internas
Substituindo no segundo termo da parte direita da equação linearizada do
equilíbrio (2.8), as aproximações do método dos elementos finitos da equação
(2.23), obtém-se em forma matricial:
∫
(3.11)
Da expressão acima se define como o vetor de forças internas nodais,
que é descrito como:
∫
(3.12)
40
Sendo a matriz de transformação deformação-deslocamento linear, que
será definida nas próximas seções deste capítulo, e o vetor do segundo
tensor das tensões de Piolla-Kirchhoff descrito como:
{
} (3.13)
3.3.3. Matrizes de Transformação Deformação-Deslocamento
Como foi discutido nas seções anteriores a avalição das matrizes de
rigidez tangente e vetor de forças internas dependem do emprego das matrizes
de transformação deformação-deslocamento. Estas matrizes relacionam os
incrementos das deformações com os incrementos dos deslocamentos.
A matriz de transformação deformação-deslocamento linear é definida
como:
[
]
(3.14)
Onde as componentes são as componentes do tensor
gradiente de deformação, e
são as derivadas das funções de interpolação
em relação às coordenadas iniciais. A matriz poder ser dividida em duas
partes empregando a expressão do gradiente de deformação em função dos
deslocamentos:
(3.15)
Substituindo a equação acima, na expressão (3.14) da matriz , as duas
matrizes apresentadas a seguir:
41
[
]
(3.16)
[
]
(3.17)
As matrizes e são empregadas na formulação do incremento das
matrizes de rigidez geométricas das equações (2.42), (2.43) e (2.44). Outra
matriz empregada nestas equações é a matriz de transformação deformação-
deslocamento não linear , definida como:
[
]
(3.18)
3.3.4. Matrizes empregadas na análise linearizada e incremental da carga crítica
Segundo Dupuis et al. (1970) a matriz de rigidez tangente de uma
estrutura pode ser expressa como a soma de três matrizes:
(3.19)
Sendo a matriz de rigidez linear ou dos pequenos deslocamentos, a
matriz de rigidez dos deslocamentos iniciais, e a matriz de rigidez das
tensões iniciais. Empregando as matrizes de transformação (3.16), (3.17) e
(3.18), estas matrizes podem ser descritas como:
∫
(3.20)
42
∫
∫
∫
(3.21)
∫
(3.22)
Segundo Waszczyszyn et al. (1994), a matriz de rigidez pode ser
dividida em uma parte linear nos deslocamentos e outra quadrática nos
deslocamentos , descritos como:
∫
∫
(3.23)
∫
(3.24)
Na análise linearizada da carga crítica, a matriz de rigidez tangente da
equação (2.45), é simplesmente a matriz de rigidez linear (3.20) considerando o
comportamento do material linear-elástico:
∫
(3.25)
3.4. Algoritmo de Integração Numérica das Relações Constitutivas
As equações constitutivas reduzidas (2.11), (2.12), e (2.13); envolvem
equações diferencias ordinárias que precisam ser discretizadas para ser
resolvidas mediante um algoritmo numérico de integração. No presente trabalho
abordou-se o algoritmo preditor/corretor baseado no método implícito de Euler
para discretizar no tempo as equações diferenciais ordinárias. Outros métodos
de discretização podem ser estudados em Souza Neto et al. (2008).
A discretização das equações constitutivas reduzidas (2.11), (2.12) e (2.13)
num intervalo [ ] através do método implícito de Euler, estabelece o
seguinte sistema de equações algébricas:
(3.26)
43
(3.27)
(3.28)
Nas equações discretizadas de acima, adotou-se a notação:
(3.29)
No sistema de equações discretas, as únicas variáveis desconhecidas são
a deformação elástica , as variáveis internas de encruamento , e o
incremento do multiplicador plástico .
Tabela 3.1 Algoritmo implícito preditor/corretor. PSP aplicado ao modelo de Von Mises
com encruamento isotrópico não linear.
(i) Preditor elástico. Dado o incremento da deformação total , e as
variáveis internas e tensões no tempo , avalia-se o estado elástico:
(ii) Verificar a admissibilidade plástica:
(iii) Corretor Plástico. Resolver a equação não linear em função do
incremento do multiplicador plástico empregando o método de
Newton-Raphson:
Encontrado o valor de , atualiza-se o valor das variáveis:
√
(iv) SAIR
44
3.4.1. Algoritmo de integração “Plane Stress-Projected”
Na análise de problemas de estado plano de tensões que envolvem
plasticidade, algumas modificações no algoritmo preditor/corretor baseado no
método implícito de Euler, equações (3.26)-(3.29), são necessárias para levar
em consideração as equações (3.3) e (3.4). Neste trabalho empregou-se o
procedimento “Plane Stress-Projected” (PSP) aplicado ao modelo constitutivo de
Von Mises, resumido na Tabela 3.1. Para obter uma representação compacta do
procedimento anteriormente mencionado empregou-se a seguinte notação
matricial dos tensores da tensão, deformação total, plástica, e elástica:
[ ]
[ ]
[
]
[
]
(3.30)
Por conveniência no desenvolvimento do procedimento empregou-se uma
função modificada da superfície de escoamento, descrita como:
(3.31)
Onde é a matriz definida como:
[
] (3.32)
O algoritmo inicia-se com o cálculo do passo preditor elástico. Neste passo
empregam-se as seguintes expressões no intervalo [ ]:
(3.33)
(3.34)
(3.35)
45
Se as condições de admissibilidade não são satisfeitas procede-se ao
cálculo do passo corretor plástico. Neste passo deve-se resolver o seguinte
sistema de equações algébricas:
(3.36)
√
(3.37)
(3.38)
Substituindo a expressão (3.37) em (3.38), e reorganizando (3.36) e
empregando a inversa da lei elástica, obtém-se o seguinte sistema reduzido de
equações algébricas:
[ ] (3.39)
√
(3.40)
Finalmente, substituindo (3.39) em (3.40), reduz-se o sistema de equações
algébricas do passo corretor plástico numa só equação não linear, tendo como
única variável o incremento do multiplicador plástico :
(
√
)
(3.41)
Da equação acima, define-se as seguintes expressões:
(3.42)
[ ]
(3.43)
Para atualizar as variáveis: tensão, deformação elástica e deformação
plástica acumulada, deve-se resolver a equação escalar não linear (3.41) pelo
método de Newton-Raphson.
46
3.4.2. Matriz Tangente Elastoplástica Consistente
A matriz tangente elastoplástica consistente é definida como:
(3.44)
Onde é resultado do algoritmo preditor/corretor PSP. Na derivação da
expressão de , empregou-se a derivada de (3.36) e (3.41), a expressão
(3.42), e a lei elástica de (2.10). O resumo do cálculo da matriz tangente
elastoplástica é resumido na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 Cálculo da matriz tangente elastoplástica empregando o algoritmo PSP
aplicado ao modelo de Von Mises.
(i) Determinado ,
e (resultados obtidos do algoritmo
mostrado na Tabela 3.1), calcula-se:
[ ]
(ii) Finalmente, calcula-se a matriz tangente elastoplástica:
3.5. Exemplos de Validação
Da literatura pesquisada, seis exemplos foram selecionados para validar a
implementação computacional em lidar com problemas que envolvem não
linearidade geométrica e/ou física. No primeiro exemplo testou-se a resposta
não linear de uma viga em balanço devido à não-linearidade do material. A
seguir, outra viga em balanço que sofre grandes deslocamentos é testada com
material elástico e inelástico. Os pórticos de Roorda e Lee também foram
testados para avaliar a análise linear da carga crítica e o método de controle por
comprimento de arco, respectivamente. Finalmente, um arco abatido foi testado
para validar o cálculo dos pontos críticos sobre a trajetória de equilíbrio.
47
3.5.1. Exemplo de Validação 1: Viga em balanço empregando um modelo elastoplástico do material
Neste exemplo uma viga em balanço de seção I, submetida a uma carga
concentrada no extremo, foi testada empregando uma malha composta por 150
elementos isoparamétricos Q9 com 9 pontos de integração. A malha é mostrada
na Figura A.1 do Apêndice A. Na análise da viga, consideraram-se as seguintes
hipóteses: pequenos deslocamentos, deformações cisalhantes e comportamento
elastoplástico do material.
Figura 3.3 Propriedades e geometria da Viga em balanço do exemplo de validação 1.
O objetivo deste exemplo é testar o algoritmo PSP aplicado ao modelo de
Von Mises (J2). Na avaliação dos resultados empregaram-se as propriedades
descritas na Figura 3.3. O diagrama carga-deslocamento, da carga concentrada
versus deslocamento vertical no extremo da viga, é apresentado na Figura 3.4.
Figura 3.4 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 1.
48
Os resultados obtidos na figura acima foram comparados com os
resultados analíticos apresentados por Yaw (2008), não apresentando diferenças
significativas entre os resultados. Outros resultados da análise são apresentados
no Apêndice A.
3.5.2. Exemplo de Validação 2: Viga em balanço com grandes deslocamentos e material linear-elástico
O objetivo deste exemplo é testar a formulação Lagrangeana Total em lidar
com grandes deslocamentos e rotações de uma estrutura. Para validar esta
formulação testou-se uma viga em balanço com propriedades descritas na
Figura 3.5. Na análise da viga empregou-se uma malha composta por 5
elementos Q9 com 9 pontos de integração, como é mostrada na Figura A.4 do
Apêndice A.
Figura 3.5 Viga em balanço com material linear-elástico do exemplo de validação 2.
Na análise da viga consideraram-se as seguintes hipóteses: grandes
deslocamentos, deformações cisalhantes desprezíveis, e comportamento linear-
elástico do material. O diagrama carga-deslocamento, da carga concentrada
versus deslocamento vertical no extremo da viga, é apresentado na Figura 3.6 e
comparado com os resultados analíticos descritos no livro de Gere and
Timoshenko (1991). Os resultados comparados não apresentam diferenças
significativas, validando a formulação. Outros resultados da análise são
apresentados no Apêndice A.
49
Figura 3.6 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 2.
3.5.3. Exemplo de Validação 3: Viga em balanço com grandes deslocamentos e material elastoplástico
A viga em balanço do exemplo anterior é testada considerando um
comportamento elastoplástico do material. As propriedades elastoplásticas
consideradas na análise são mostradas na Figura 3.7. Neste exemplo,
consideraram-se grandes deslocamentos e deformações plásticas ao longo da
análise. Na análise empregou-se uma malha composta por 5 elementos Q9 com
9 pontos de integração, como é mostrada na Figura A.8 do Apêndice A.
Figura 3.7 Viga em balanço com material elastoplástico do exemplo de validação 3.
50
Neste exemplo validou-se a implementação em lidar com efeitos não
lineares geométricos e físicos ao mesmo tempo. O diagrama carga-
deslocamento, da carga concentrada versus deslocamento vertical no extremo
da viga, é mostrado na Figura 3.8 e ampliado na Figura 3.9. Estes resultados
são comparados com os resultados obtidos por Kondoh and Atluri (1987). Os
resultados comparados se mostram de acordo. Outros resultados da análise são
apresentados no Apêndice A.
Figura 3.8 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 3.
Figura 3.9 Curva carga-deslocamento do exemplo de validação 3 (ampliação).
51
3.5.4. Exemplo de Validação 4: Cálculo da carga crítica do pórtico de Roorda
O pórtico de Roorda é um dos exemplos mais testados no cálculo de carga
crítica. Através deste exemplo validou-se o problema de autovalor formulado na
análise linearizada da carga crítica. Na avaliação dos resultados empregaram-se
as propriedades mostradas na Figura 3.10.
Figura 3.10 Pórtico de Roorda.
Na análise empregou-se uma malha composta por 21 elementos Q9 com 9
pontos de integração, como é mostrada na Figura A.12 do Apêndice A. O
resultado da carga crítica foi comparado com o resultado analítico obtido por
Koiter (1962) na Tabela 3.3. A configuração deformada do modo de flambagem
do pórtico esta apresentada na Figura A.13 do Apêndice A.
Tabela 3.3 Valores estimados da carga crítica do exemplo de validação 4.
Carga crítica analítica Carga crítica obtida
Dos valores obtidos na tabela anterior pode-se observar que os valores só
diferem em 0.57%, validando assim a formulação do problema de autovalor.
52
3.5.5. Exemplo de Validação 5: Pontos críticos de um arco abatido
Neste exemplo foram avaliados os pontos críticos sobre a trajetória de
equilíbrio de um arco abatido. As propriedades e geometria do arco são
mostradas na Figura 3.11. Na avaliação do ponto de bifurcação empregou-se
uma imperfeição inicial na geometria, proporcional ao primeiro modo da
flambagem linear.
Figura 3.11 Arco abatido do exemplo de validação 5.
Na análise empregou-se uma malha composta por 40 elementos Q9 com 9
pontos de integração, como é mostrada na Figura A.14 do Apêndice A. As
trajetórias de equilíbrio fundamental e secundária, definidas pela carga e
deslocamento vertical no centro do arco, são mostradas na Figura 3.12. Os
resultados foram comparados com os obtidos por Wood and Zienkiewicz (1977).
Figura 3.12 Trajetórias de equilíbrio do arco abatido do exemplo de validação 5.
53
Os pontos críticos (bifurcação e limite) são apresentados na Tabela 3.4
para uma melhor comparação. Os resultados obtidos mostraram ser
satisfatórios. A configuração deformada do arco no caso simétrico e
antissimétrico é mostrada na Figura A.15 e Figura A.16, respectivamente, do
Apêndice A.
Tabela 3.4 Resultados obtidos dos pontos críticos do exemplo de validação 5.
Pontos Críticos Wood and Zienkiewicz (1977) Implementação
Ponto de Bifurcação
Ponto Limite
3.5.6. Exemplo de Validação 6: Pórtico de Lee
Neste exemplo testou-se o pórtico de Lee para validar o método de
controle por comprimento de arco. As propriedades e geometria do pórtico são
mostradas na Figura 3.13. Na análise do pórtico considerou-se um
comportamento linear-elástico e inelástico. Malhas compostas por 41 e 84
elementos Q9 com 9 pontos foram empregadas no caso linear-elástico e
inelástico, respectivamente. Na Figura A.17 e Figura A.18 do Apêndice A, são
mostradas as malhas empregadas na análise.
Figura 3.13 Pórtico de Lee do exemplo de validação 6.
54
Os diagramas carga-deslocamento são mostrados na Figura 3.14 e na
Figura 3.15 para o caso elástico e plástico, respectivamente, e comparados com
os resultados obtidos por Da Silva and Silva (2012). Os resultados comparados
mostraram estar de acordo. As configurações deformadas do pórtico são
mostradas na Figura A.19 e na Figura A.20 do Apêndice A.
Figura 3.14 Curva carga-deslocamento do pórtico de Lee no caso elástico.
Figura 3.15 Curva carga-deslocamento do pórtico de Lee no caso inelástico.
4 Exemplos Numéricos
Nos exemplos a serem apresentados, mostram-se os efeitos da
consideração das não linearidades geométrica e física na estimativa de cargas
críticas. Para um melhor estudo da influência dos efeitos não lineares, estudou-
se primeiro estruturas que incluem só não-linearidade geométrica e um
comportamento linear-elástico do material. A seguir foram estudadas estruturas
que incluem além da não linearidade geométrica a não linearidade física,
considerando um comportamento elastoplástico do material. Na estimativa de
cargas críticas empregaram-se as três técnicas de análise estudadas: Análise
linearizada da carga crítica, Análise incremental da carga crítica e Análise não
linear completa. Na técnica de análise incremental da carga crítica empregaram-
se as matrizes de rigidez geométrica formuladas nos métodos da seção 2.2.
Para um melhor estudo e comparação das matrizes formuladas, os métodos de
Dupuis et al. (1970), Waszczyszyn et al. (1994) e o método clássico atualizado
foram denominados como método I, método II e método III, respectivamente.
Antes de empregar as técnicas de análise estudadas, foi feito um estudo de
convergência de malha nos problemas a serem abordados.
4.1. Estimação de cargas críticas com Material Linear Elástico
Nesta seção são estudados três exemplos encontrados na literatura: um
arco circular abatido, um arco circular elevado e um pórtico T.
4.1.1. Arco circular abatido
Um arco circular abatido com extremos fixos é carregado em sua parte
central com uma força concentrada, como é mostrado na Figura 4.1. A geometria
e propriedades do arco, empregadas na análise, são mostradas na mesma
figura. Utiliza-se uma malha composta por 20 elementos isoparamétricos Q9, na
direção circunferencial, com nove 9 pontos de integração. A malha empregada
no arco é mostrada na Figura 4.2.
56
A precisão da solução numérica, na obtenção da trajetória de equilíbrio,
pode ser verificada com o auxílio dos resultados obtidos por Yaw (2008). Neste
problema será estimada a carga crítica associada ao ponto limite da trajetória de
equilíbrio.
Figura 4.1 Arco circular abatido do exemplo 4.1.1.
Figura 4.2 Malha do arco abatido do exemplo 4.1.1.
Empregando a técnica da análise linearizada da carga crítica obtém-se um
valor numérico de 78.3kN na estimativa da carga. A configuração deformada
relacionada ao primeiro modo de colapso, obtida através desta técnica, é
mostrada na Figura 4.3. A configuração obtida é assimétrica.
Figura 4.3 Modo de colapso do exemplo 4.1.1 (análise linearizada da carga crítica).
Na análise incremental da carga crítica aplicou-se uma carga de 26kN em
26 passos, sendo estimado o valor da carga crítica após cada passo. Os
resultados obtidos após os passos 10, 15, 20, 23 e 26; são resumidos na Tabela
4.1, Tabela 4.2 e Tabela 4.3, respectivamente. Na avaliação dos resultados
empregou-se um incremento de carga de 1kN.
57
Tabela 4.1 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.1.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kN)
(kN)
Carga crítica
(kN)
10 9 1 24.40 33.4
15 14 1 17.52 31.5
20 19 1 10.48 29.5
23 22 1 6.12 28.1
26 25 1 1.31 26.3
Tabela 4.2 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.1.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kN)
(kN)
Carga crítica
(kN)
10 9 1 21.30 30.3
15 14 1 13.80 27.8
20 19 1 7.10 26.1
23 22 1 3.58 25.6
26 25 1 0.54 25.5
Tabela 4.3 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.1.
A partir dos resultados da análise incremental da carga crítica, observou-se
que nos métodos I e II todos os modos de colapso obtidos após os passos são
simétricos. Entretanto, no caso do método III os modos de colapso obtidos após
os passos 10, 15 e 20 são assimétricos como no caso prévio da análise
linearizada da carga crítica, enquanto os modos de colapso obtidos após os
passos 23 e 26 são simétricos como os modos obtidos nos métodos I e II. Os
valores estimados das cargas críticas nos métodos I, II e III, após o passo 26,
foram de 26.3kN, 25.5kN e 29.1kN, respectivamente. Os modos de colapso
obtidos, após o passo 26, são muito parecidos nos três métodos. Na Figura 4.4 é
mostrada a configuração deformada do primeiro modo de colapso obtido após
este passo, empregando o método III da análise incremental da carga crítica.
[ ))]{ } { }
N° do passo
(kN)
(kN)
Carga crítica
(kN)
10 9 1 58.20 67.2
15 14 1 46.31 60.3
20 19 1 32.89 51.9
23 22 1 20.97 43.0
26 25 1 4.08 29.1
58
Figura 4.4 Modo de colapso do exemplo 4.1.1, após o passo 26.
Finalmente, empregou-se a análise não linear completa para estimar o
valor da carga crítica. Através desta técnica obteve-se um valor numérico de
26.1kN para a carga crítica e a trajetória de equilíbrio mostrada na Figura 4.5. A
configuração deformada do arco abatido na carga crítica é mostrada na Figura
4.6.
Figura 4.5 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.1.1.
Os valores obtidos nas três técnicas apresentam diferenças na estimativa
do valor da carga crítica. As diferenças também estão presentes nos três
métodos abordados na análise incremental da carga crítica. Na Figura 4.7 são
mostrados os valores obtidos para a carga crítica.
Figura 4.6 Configuração deformada do exemplo 4.1.1 (análise não linear completa).
59
Figura 4.7 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.1.
Da Figura 4.7 pode-se observar que os valores obtidos na análise
incremental da carga crítica, convergem para um valor próximo do valor obtido
na análise não linear completa. Neste exemplo, os métodos I e II apresentam
uma convergência melhor e mais rápida que a do método III. Pode-se observar
também que os valores obtidos na análise incremental da carga crítica e análise
não linear completa diferem significativamente do valor obtido na análise
linearizada da carga crítica. Esta diferença entre os valores obtidos pode ser
devido à mudança da geometria e distribuição das tensões. As tensões
equivalentes de Von Mises, para o caso linear e não linear, são mostradas na
Figura B.1 e Figura B.2 do Apêndice B, respectivamente.
4.1.2. Arco circular elevado
Um arco circular elevado com extremos fixos é carregado em sua parte
central com uma força concentrada, como é mostrado na Figura 4.8. A geometria
e propriedades do arco, empregadas na análise, são mostradas na mesma
figura. Utiliza-se uma malha composta por 80 elementos isoparamétricos Q9, na
direção circunferencial, com nove 9 pontos de integração. A malha empregada
neste exemplo é mostrada na Figura 4.9.
60
A precisão da solução numérica, na obtenção da trajetória de equilíbrio,
pode ser verificada com o auxílio dos resultados obtidos por Battini (2002). Neste
problema serão estimadas as cargas críticas associadas ao ponto de bifurcação
e ponto limite da trajetória de equilíbrio.
Figura 4.8 Arco circular elevado do exemplo 4.1.2.
Figura 4.9 Malha do arco elevado do exemplo 4.1.2.
Neste exemplo, primeiro será estimada a carga crítica relacionada ao
ponto de bifurcação associada à configuração deformada assimétrica. A seguir
será estimada a carga crítica relacionada ao ponto limite associada à
configuração deformada simétrica.
61
4.1.2.1. Estimativa da carga crítica associada ao ponto de bifurcação
Empregando a técnica da análise linearizada da carga crítica obtém-se um
valor numérico de 357.1lbf (1588.5N) na estimação da carga. A configuração
deformada relacionada ao primeiro modo de colapso, obtida através desta
técnica, é mostrada na Figura 4.10. A configuração obtida é assimétrica.
Figura 4.10 Modo assimétrico do exemplo 4.1.2 (análise linearizada da carga crítica).
Na análise incremental da carga crítica aplicou-se uma carga de 320lbf
(1423.4N) em 32 passos, sendo estimado o valor da carga crítica após cada
passo. Os resultados obtidos após os passos 10, 15, 20, 27 e 32; são resumidos
na Tabela 4.4, Tabela 4.5 e Tabela 4.6, respectivamente. Na avaliação dos
resultados empregou-se um incremento de carga de 10lbf (44.5N).
Tabela 4.4 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.2 (assimétrico).
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
10 90 10 1.22 102.2
15 140 10 1.16 151.6
20 190 10 1.11 201.1
27 260 10 1.04 270.4
32 310 10 1.01 320.1
62
Tabela 4.5 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.2 (assimétrico).
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
10 90 10 0.0164 90.2
15 140 10 0.0076 140.1
20 190 10 0.0038 190.0
27 260 10 0.0012 260.0
32 310 10 0.0002 310.0
Tabela 4.6 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.2 (assimétrico).
[ ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
10 90 10 25.36 343.6
15 140 10 19.72 337.2
20 190 10 14.20 332.0
27 260 10 6.75 327.5
32 310 10 1.72 327.2
A partir dos resultados da análise incremental da carga crítica, observou-se
que nos três métodos todos os modos de colapso obtidos após os passos são
assimétricos como no caso prévio da análise linearizada da carga crítica. Os
valores estimados das cargas críticas nos métodos I, II e III, após o passo 32,
foram de 320.1lbf (1423.9N), 310lbf (1378.9N) e 327.2lbf (1455.5N),
respectivamente. Os modos de colapso obtidos, após o passo 32, são muito
parecidos nos três métodos. Na Figura 4.11 é mostrada a configuração
deformada do primeiro modo de colapso obtido após este passo, empregando o
método III da análise incremental da carga crítica.
Figura 4.11 Modo assimétrico do exemplo 4.1.2, após o passo 32.
63
Finalmente, empregou-se a análise não linear completa para estimar o
valor da carga crítica. Na avaliação desta carga crítica empregou-se uma
imperfeição inicial na geometria, proporcional ao primeiro modo obtido da análise
linearizada da carga crítica. Através desta técnica obteve-se um valor numérico
de 320.8lbf (1427.0N) para a carga crítica e a trajetória de equilíbrio mostrada na
Figura 4.12. Também foi estimado um valor numérico de 414.0lbf (1841.6N) para
a carga crítica relacionada ao ponto limite da trajetória de equilíbrio secundária.
A configuração deformada assimétrica do arco elevado nesta carga crítica é
mostrada na Figura 4.13.
Figura 4.12 Trajetória de equilíbrio assimétrica do exemplo 4.1.2.
Os valores obtidos nas três técnicas apresentam diferenças na estimativa
do valor da carga crítica. As diferenças também estão presentes nos três
métodos abordados na análise incremental da carga crítica. Na Figura 4.14 são
mostrados os valores obtidos para a carga crítica.
Figura 4.13 Deformada assimétrica do exemplo 4.1.2 (análise não linear completa).
64
Figura 4.14 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.2 (assimétrico).
Da Figura 4.14 pode-se observar que os valores obtidos na análise
incremental da carga crítica, convergem para um valor próximo do valor obtido
na análise não linear completa. Neste exemplo, os métodos I e II apresentam
uma convergência mais lenta que a do método III. Pode-se observar também
que os valores obtidos na análise incremental da carga crítica e análise não
linear completa não diferem significativamente do valor obtido na análise
linearizada da carga crítica. Esta diferença não significativa entre os valores
obtidos pode ser devido à mudança não significativa da geometria e distribuição
das tensões. As tensões equivalentes de Von Mises, para o caso linear e não
linear, são mostradas na Figura B.3 e Figura B.4 do Apêndice B,
respectivamente.
4.1.2.2. Estimativa da carga crítica associada ao ponto limite
Neste exemplo a carga crítica estimada, relacionada ao ponto limite, está
associada à trajetória de equilíbrio fundamental. Na estimação desta carga só
foram empegadas as técnicas de análise incremental da carga crítica e análise
não linear completa.
65
Na análise incremental da carga crítica aplicou-se uma carga de 950lbf
(4225.8N) em 95 passos, sendo estimado o valor da carga crítica após cada
passo. Os resultados obtidos após os passos 60, 70, 80, 90 e 95; são resumidos
na Tabela 4.7, Tabela 4.8 e Tabela 4.9, respectivamente. Na avaliação dos
resultados empregou-se um incremento de carga de 10lbf (44.5N).
Tabela 4.7 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.2 (simétrico).
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
60 590 10 0.14 591.4
70 690 10 0.17 691.7
80 790 10 0.19 791.9
90 890 10 0.08 890.8
95 940 10 0.01 940.1
Tabela 4.8 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.2 (simétrico).
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
60 590 10 0.00198 590.0
70 690 10 0.00124 690.0
80 790 10 0.00070 790.0
90 890 10 0.00026 890.0
95 940 10 0.00006 940.0
Tabela 4.9 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.2 (simétrico).
[ ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
60 590 10 128.03 1870.3
70 690 10 98.83 1678.3
80 790 10 70.98 1499.8
90 890 10 40.60 1296.0
95 940 10 9.08 1030.8
A partir dos resultados da análise incremental da carga crítica, observou-se
que nos métodos II e III todos os modos de colapso obtidos após os passos são
simétricos, enquanto no caso do método I todos os modos de colapso obtidos
após os passos são assimétricos. Os valores estimados das cargas críticas nos
métodos I, II e III, após o passo 95, foram de 940.1lbf (4181.8N), 940.0lbf
66
(4181.3N) e 1030.8lbf (4585.2N), respectivamente. Os modos de colapso
obtidos, após o passo 95, são muito parecidos nos métodos II e III. Na Figura
4.15 é mostrada a configuração deformada do primeiro modo de colapso obtido
após este passo, empregando o método III da análise incremental da carga
crítica.
Figura 4.15 Modo de colapso do exemplo 4.1.2, após o passo 95.
Finalmente, empregou-se a análise não linear completa para estimar o
valor da carga crítica. Através desta técnica obteve-se um valor numérico de
957.2lbf (4257.8N) para a carga crítica e a trajetória de equilíbrio mostrada na
Figura 4.16. A configuração deformada simétrica do arco elevado na carga
crítica é mostrada na Figura 4.17.
Figura 4.16 Trajetória de equilíbrio simétrica do exemplo 4.1.2.
67
Figura 4.17 Deformada simétrica do exemplo 4.1.2 (análise não linear completa).
Os valores obtidos nas duas técnicas apresentam diferenças na estimativa
do valor da carga crítica. As diferenças também estão presentes nos três
métodos abordados na análise incremental da carga crítica. Na Figura 4.18 são
mostrados os valores obtidos para a carga crítica.
Figura 4.18 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.2 (simétrico).
Da Figura 4.18 pode-se observar que os valores obtidos na análise
incremental da carga crítica, convergem para um valor próximo do valor obtido
na análise não linear completa. Neste exemplo, os métodos I e II apresentam
valores muito semelhantes, com uma convergência melhor e mais rápida que a
do método III.
68
4.1.3. Pórtico T
Um pórtico T é carregado com uma força concentrada, como é mostrado
na Figura 4.19. A geometria e propriedades do pórtico, empregadas na análise,
são mostradas na mesma figura. Utiliza-se uma malha composta por 31
elementos isoparamétricos Q9, discretizados na direção do comprimento dos
elementos, com nove 9 pontos de integração. A malha empregada no pórtico é
mostrada na Figura 4.20. A precisão da solução numérica, na obtenção da
trajetória de equilíbrio, pode ser verificada com o auxílio dos resultados obtidos
por Yaw (2008). Neste problema serão estimadas a cargas críticas associadas
ao ponto limite da trajetória de equilíbrio.
Figura 4.19 Pórtico T do exemplo 4.1.3.
Figura 4.20 Malha do pórtico T do exemplo 4.1.3.
Empregando a técnica da análise linearizada da carga crítica obtém-se um
valor numérico de 3044.3kip (13541.7kN) na estimativa da carga. A configuração
deformada relacionada ao primeiro modo de colapso, obtida através desta
técnica, é mostrada na Figura 4.21.
Na análise incremental da carga crítica aplicou-se uma carga de 1250kip
(5560.3kN) em 50 passos, sendo estimado o valor da carga crítica após cada
passo do incremento.
69
Figura 4.21 Modo de colapso do exemplo 4.1.3 (análise linearizada da carga crítica).
Os resultados obtidos após os passos 20, 35, 42, 47 e 50; são resumidos
na Tabela 4.10, Tabela 4.11 e Tabela 4.12, respectivamente. Na avaliação dos
resultados empregou-se um incremento de carga de 25kip (111.2kN).
Tabela 4.10 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.1.3.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kip)
(kip)
Carga crítica
(kip)
20 475 25 10.69 742.2
35 850 25 6.31 1007.7
42 1025 25 4.17 1129.2
47 1150 25 2.41 1210.3
50 1225 25 1.14 1253.4
Tabela 4.11 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.1.3.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kip)
(kip)
Carga crítica
(kip)
20 475 25 3.38 559.5
35 850 25 0.87 871.9
42 1025 25 0.37 1034.4
47 1150 25 0.14 1153.4
50 1225 25 0.03 1225.6
Tabela 4.12 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.1.3.
[ ))]{ } { }
N° do passo
(kip)
(kip)
Carga crítica
(kip)
20 475 25 101.73 3018.3
35 850 25 68.16 2554.0
42 1025 25 41.16 2054.0
47 1150 25 19.03 1625.8
50 1225 25 4.66 1341.4
70
A partir dos resultados da análise incremental da carga crítica, observou-se
que os valores estimados das cargas críticas nos métodos I, II e III, após o passo
50, foram de 1253.4kip (5575.4kN), 1225.6kip (5451.7kN) e 1341.4kip
(5966.8kN), respectivamente. Os modos de colapso obtidos, após o passo 50,
são muito parecidos nos três métodos. Na Figura 4.22 é mostrada a
configuração deformada do primeiro modo de colapso obtido após este passo,
empregando o método III da análise incremental da carga crítica.
Figura 4.22 Modo de colapso do exemplo 4.1.3, após o passo 50.
Figura 4.23 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.1.3.
Finalmente, empregou-se a análise não linear completa para estimar o
valor da carga crítica. Através desta técnica obteve-se um valor numérico de
1256kip (5587kN) para a carga crítica e a trajetória de equilíbrio mostrada na
Figura 4.23. A configuração deformada do pórtico T na carga crítica é mostrada
na Figura 4.24.
71
Figura 4.24 Configuração deformada do exemplo 4.1.3 (análise não linear completa).
Os valores obtidos nas três técnicas apresentam diferenças na estimativa
do valor da carga crítica. As diferenças também estão presentes nos três
métodos abordados na análise incremental da carga crítica. Na Figura 4.25 são
mostrados os valores obtidos para a carga crítica.
Figura 4.25 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.1.3.
Da Figura 4.25 pode-se observar que os valores obtidos na análise
incremental da carga crítica, convergem para um valor próximo do valor obtido
na análise não linear completa. Neste exemplo, os métodos I e II apresentam
uma convergência mais rápida que a do método III. Pode-se observar também
que os valores obtidos na análise incremental da carga crítica e análise não
linear completa diferem significativamente do valor obtido na análise linearizada
da carga crítica. Esta diferença entre os valores obtidos pode ser devido à
72
mudança da geometria e distribuição das tensões. As tensões equivalentes de
Von Mises, para o caso linear e não linear, são mostradas na Figura B.5 e Figura
B.6 do Apêndice B, respectivamente.
4.2. Estimação de cargas críticas com Material Elastoplástico
Nesta seção serão estudados dois exemplos da seção anterior, o arco
abatido e pórtico T, e outro exemplo encontrado na literatura denominado como
pórtico toggle. Nos três exemplos a serem estudados, considerou-se um
comportamento elastoplástico do material na análise.
4.2.1. Arco circular abatido
O arco circular abatido do exemplo 4.1.1 é analisado considerando uma
tensão de escoamento e modulo elastoplástico .
A geometria e propriedades do arco, empregadas na análise, são mostradas na
Figura 4.1. Utiliza-se uma malha composta por 80 elementos isoparamétricos
Q9, discretizada com 40 divisões na direção circunferencial e 2 divisões na
direção radial, com 9 pontos de integração. A malha empregada no arco é
mostrada na Figura 4.26. Neste problema será estimada a carga crítica
associada ao ponto limite da trajetória de equilíbrio.
Figura 4.26 Malha do arco abatido do exemplo 4.2.1.
Empregando a malha da figura anterior obtém-se um valor numérico de
78.6kN na estimativa da carga através da técnica da análise linearizada da carga
crítica. A configuração deformada relacionada ao primeiro modo de colapso,
obtida através desta técnica, é mostrada na Figura 4.27. A configuração obtida é
assimétrica. Os resultados obtidos são similares aos do exemplo 4.1.1.
Figura 4.27 Modo de colapso do exemplo 4.2.1 (análise linearizada da carga crítica).
73
Na análise incremental da carga crítica aplicou-se uma carga de 11.5kN
em 23 passos, sendo estimado o valor da carga crítica após cada passo. Os
resultados obtidos após os passos 10, 15, 18, 21 e 23; são resumidos na Tabela
4.13, Tabela 4.14 e Tabela 4.15, respectivamente. Na avaliação dos resultados
empregou-se um incremento de carga de 0.5kN.
Tabela 4.13 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.2.1.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kN)
(kN)
Carga crítica
(kN)
10 4.5 0.5 54.0 31.5
15 7 0.5 32.2 23.1
18 8.5 0.5 20.1 18.6
21 10 0.5 10.6 15.3
23 11 0.5 2.6 12.3
Tabela 4.14 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.2.1.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kN)
(kN)
Carga crítica
(kN)
10 4.5 0.5 50.4 29.7
15 7 0.5 28.1 21.1
18 8.5 0.5 16.3 16.7
21 10 0.5 7.5 13.8
23 11 0.5 1.2 11.6
Tabela 4.15 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.2.1.
[ ))]{ } { }
N° do passo
(kN)
(kN)
Carga crítica
(kN)
10 4.5 0.5 139.1 74.1
15 7 0.5 111.8 62.9
18 8.5 0.5 90.2 53.6
21 10 0.5 53.5 36.8
23 11 0.5 10.1 16.0
A partir dos resultados da análise incremental da carga crítica, observou-se
que nos métodos I e II todos os modos de colapso obtidos após os passos são
simétricos. Entretanto, no caso do método III os modos de colapso obtidos após
os passos 10, 15 e 18 são assimétricos como no caso prévio da análise
linearizada da carga crítica, enquanto os modos de colapso obtidos após os
passos 21 e 23 são simétricos como os modos obtidos nos métodos I e II. Os
74
valores estimados das cargas críticas nos métodos I, II e III, após o passo 23,
foram de 12.3kN, 11.6kN e 16.0kN, respectivamente. Na Figura 4.28 e Figura
4.29 são mostradas as configurações deformadas do primeiro modo de colapso
obtidas após os passos 15 e 23, respectivamente, empregando o método III da
análise incremental da carga crítica.
Figura 4.28 Modo de colapso do exemplo 4.2.1, após o passo 15.
Figura 4.29 Modo de colapso do exemplo 4.2.1, após o passo 23.
Finalmente, empregou-se a análise não linear completa para estimar o
valor da carga crítica. Através desta técnica obteve-se um valor numérico de
11.5kN para a carga crítica e a trajetória de equilíbrio mostrada na Figura 4.31. A
configuração deformada do arco na carga crítica é mostrada na Figura 4.30.
Figura 4.30 Configuração deformada do exemplo 4.2.1 (análise não linear completa).
Figura 4.31 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.2.1.
75
Os valores obtidos nas três técnicas apresentam diferenças na estimativa
do valor da carga crítica. As diferenças também estão presentes nos três
métodos abordados na análise incremental da carga crítica. Na Figura 4.32 são
mostrados os valores obtidos para a carga crítica.
Figura 4.32 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.2.1.
Da Figura 4.32 pode-se observar que os valores obtidos na análise
incremental de carga crítica, convergem para um valor próximo do valor obtido
na análise não linear completa. Neste exemplo, os métodos I e II apresentam
uma convergência melhor e mais rápida que a do método III, como no caso
elástico. Pode-se observar também que os valores obtidos na análise
incremental da carga crítica e análise não linear completa diferem
significativamente do valor obtido na análise linearizada da carga crítica. Esta
diferença entre os valores obtidos pode ser devido à mudança da geometria e
distribuição das tensões. As tensões equivalentes de Von Mises, para o caso
linear e não linear, são mostradas na Figura B.7 e Figura B.8 do Apêndice B,
respectivamente.
76
4.2.2. Pórtico toggle
Um pórtico toggle com extremos fixos é carregado em sua parte central
com uma força concentrada, como é mostrado na Figura 4.33. A geometria e
propriedades do pórtico, empregadas na análise, são mostradas na mesma
figura. Utiliza-se uma malha composta por 80 elementos isoparamétricos Q9,
discretizada com 20 divisões no comprimento de cada elemento e 2 divisões na
altura, com 9 pontos de integração. A malha empregada no pórtico é mostrada
na Figura 4.34. A precisão da solução numérica, na obtenção da trajetória de
equilíbrio, pode ser verificada com o auxílio dos resultados obtidos por Battini
(2002). Neste problema será estimada a carga crítica associada ao ponto de
bifurcação da trajetória de equilíbrio associada à configuração deformada
assimétrica.
Figura 4.33 Pórtico toggle do exemplo 4.2.2.
Figura 4.34 Malha do pórtico toggle do exemplo 4.2.2.
Empregando a malha da figura anterior obtém-se um valor numérico de
43.3lbf (192.6N) na estimativa da carga através da técnica da análise linearizada
da carga crítica. A configuração deformada relacionada ao primeiro modo de
colapso, obtida através desta técnica, é mostrada Figura 4.35. A configuração
obtida é assimétrica.
Figura 4.35 Modo de colapso do exemplo 4.2.2 (análise linearizada da carga crítica).
77
Na análise incremental da carga crítica aplicou-se uma carga de 26.5lbf
(117.9N) em 53 passos, sendo estimado o valor da carga crítica após cada
passo. Os resultados obtidos após os passos 20, 30, 40, 50 e 53; são resumidos
na Tabela 4.16, Tabela 4.17 e Tabela 4.18, respectivamente. Na avaliação dos
resultados empregou-se um incremento de carga de 0.5lbf (2.2N).
Tabela 4.16 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.2.2.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
20 9.5 0.5 44.4 31.7
30 14.5 0.5 34.0 31.5
40 19.5 0.5 23.6 31.3
50 24.5 0.5 10.0 29.5
53 26 0.5 4.2 28.1
Tabela 4.17 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.2.2.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
20 9.5 0.5 38.2 28.6
30 14.5 0.5 26.2 27.6
40 19.5 0.5 15.7 27.3
50 24.5 0.5 4.9 26.9
53 26 0.5 1.5 26.7
Tabela 4.18 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.2.2.
[ ))]{ } { }
N° do passo
(lbf)
(lbf)
Carga crítica
(lbf)
20.0 9.5 0.5 59.3 39.1
30.0 14.5 0.5 45.1 37.1
40.0 19.5 0.5 31.0 35.0
50.0 24.5 0.5 12.3 30.6
53.0 26.0 0.5 5.1 28.6
A partir dos resultados da análise incremental da carga crítica, observou-se
que nos três métodos todos os modos de colapso obtidos após os passos são
assimétricos como no caso prévio da análise linearizada da carga crítica. Os
valores estimados das cargas críticas nos métodos I, II e III, após o passo 53,
foram de 28.1lbf (125N), 26.7lbf (118.8N) e 28.6lbf (127.2N), respectivamente.
Os modos de colapso obtidos, após o passo 53, são muito parecidos nos três
78
métodos. Na Figura 4.36 é mostrada a configuração deformada do primeiro
modo de colapso obtida após este passo, empregando o método III da análise
incremental da carga crítica.
Figura 4.36 Modo de colapso do exemplo 4.2.2, após o passo 50.
Figura 4.37 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.2.2.
Finalmente, empregou-se a análise não linear completa para estimar o
valor da carga crítica. Através desta técnica obteve-se um valor numérico de
26.3lbf (117N) para a carga crítica e a trajetória de equilíbrio, associada à
configuração deformada assimétrica, mostrada na Figura 4.37. Nesta figura
também se mostra a trajetória de equilíbrio associada à configuração deformada
simétrica. A configuração deformada do pórtico toggle na carga crítica e pós-
crítica são mostradas na Figura 4.38 e Figura 4.39, respectivamente.
Figura 4.38 Configuração deformada do exemplo 4.2.2 (análise não linear completa).
Figura 4.39 Configuração deformada do exemplo 4.2.2 (análise não linear completa).
79
Os valores obtidos nas três técnicas apresentam diferenças na estimativa
do valor da carga crítica. As diferenças também estão presentes nos três
métodos abordados na análise incremental da carga crítica. Na Figura 4.40 são
mostrados os valores obtidos para a carga crítica.
Figura 4.40 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.2.2.
Da Figura 4.40 pode-se observar que os valores obtidos na análise
incremental de carga crítica, convergem para um valor próximo do valor obtido
na análise não linear completa. Neste exemplo, os métodos I e II apresentam
uma convergência mais rápida que a do método III, e o método II apresenta uma
convergência melhor que a dos métodos I e III. Pode-se observar também que
os valores obtidos na análise incremental da carga crítica e análise não linear
completa diferem significativamente do valor obtido na análise linearizada da
carga crítica. Esta diferença entre os valores obtidos pode ser devido à mudança
da geometria e distribuição das tensões. As tensões equivalentes de Von Mises,
para o caso linear e não linear, são mostradas na e Figura B.9 e Figura B.10 do
Apêndice B, respectivamente.
80
4.2.3. Pórtico T
O pórtico T do exemplo 4.1.3 é analisado considerando uma tensão de
escoamento ) e modulo elastoplástico
). A geometria e propriedades do pórtico, empregadas na
análise, são mostradas na Figura 4.19. Utiliza-se uma malha composta por 124
elementos isoparamétricos Q9 com 9 pontos de integração. A malha empregada
no pórtico é mostrada na Figura 4.41. Neste problema será estimada a carga
crítica associada ao ponto limite da trajetória de equilíbrio.
Figura 4.41 Malha do pórtico T do exemplo 4.2.3.
Empregando a malha da figura anterior obtém-se um valor numérico de
3012.6kip (13400.7kN) na estimativa da carga através da técnica da análise
linearizada da carga crítica. A configuração deformada relacionada ao primeiro
modo de colapso, obtida através desta técnica, é mostrada na Figura 4.42. Os
resultados obtidos na análise são similares aos do exemplo 4.1.3.
Figura 4.42 Modo de colapso do exemplo 4.2.3 (análise linearizada da carga crítica).
Na análise incremental da carga crítica aplicou-se uma carga de 798kip
(3549.7kN) em 266 passos, sendo estimado o valor da carga crítica após cada
passo. Os resultados obtidos após os passos 220, 235, 250, 260 e 266; são
resumidos na Tabela 4.19, Tabela 4.20 e Tabela 4.21, respectivamente. Na
avaliação dos resultados empregou-se um incremento de carga de 3kip
(13.3kN).
81
Tabela 4.19 Cargas críticas obtidas do método I no exemplo 4.2.3.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kip)
(kip)
Carga crítica
(kip)
220 657 3 2.3 664.0
235 702 3 2.3 708.9
250 747 3 2.4 754.1
260 777 3 0.8 779.4
266 795 3 1.8 800.4
Tabela 4.20 Cargas críticas obtidas do método II no exemplo 4.2.3.
[ ) ))]{ } { }
N° do passo
(kip)
(kip)
Carga crítica
(kip)
220 657 3 2.0 663.0
235 702 3 1.9 707.8
250 747 3 1.7 752.1
260 777 3 0.4 778.2
266 795 3 0.1 795.3
Tabela 4.21 Cargas críticas obtidas do método III no exemplo 4.2.3.
[ ))]{ } { }
N° do passo
(kip)
(kip)
Carga crítica
(kip)
220 657 3 741.0 2880.0
235 702 3 617.0 2553.1
250 747 3 299.2 1644.7
260 777 3 207.5 1399.5
266 795 3 25.9 872.8
A partir dos resultados da análise incremental da carga crítica, observou-se
que os modos de colapso obtidos após dos incrementos 235, 250, 260 e 266
diferem do modo obtido no caso prévio da análise linearizada da carga crítica.
Os valores estimados das cargas críticas nos métodos I, II e III, após o passo 50,
foram de 800.4kip (3560.4kN), 795.3kip (3537.7kN) e 872.8kip (3882.4kN),
respectivamente. Na Figura 4.43 é mostrada a configuração deformada do
primeiro modo de colapso obtido após o passo 266, empregando o método III da
análise incremental da carga crítica.
82
Figura 4.43 Modo de colapso do exemplo 4.2.3, após o passo 266.
Finalmente, empregou-se a análise não linear completa para estimar o
valor da carga crítica. Através desta técnica obteve-se um valor numérico de
798.9kip (3553.7kN) para a carga crítica e a trajetória de equilíbrio mostrada na
Figura 4.45. A configuração deformada do pórtico T na carga crítica é mostrada
na Figura 4.44.
Figura 4.44 Configuração deformada do exemplo 4.2.3 (análise não linear completa).
Figura 4.45 Trajetória de equilíbrio do exemplo 4.2.3.
83
Os valores obtidos nas três técnicas apresentam diferenças na estimativa
do valor da carga crítica. As diferenças também estão presentes nos três
métodos abordados na análise incremental da carga crítica. Na Figura 4.46 são
mostrados os valores obtidos para a carga crítica.
Figura 4.46 Valores obtidos para a carga crítica no exemplo 4.2.3.
Da Figura 4.46 pode-se observar que os valores obtidos na análise
incremental de carga crítica, convergem para um valor próximo do valor obtido
na análise não linear completa. Neste exemplo, os métodos I e II apresentam
valores muito semelhantes, com uma convergência melhor e mais rápida que a
do método III. Pode-se observar também que os valores obtidos na análise
incremental da carga crítica e análise não linear completa diferem
significativamente do valor obtido na análise linearizada da carga crítica. Esta
diferença entre os valores obtidos pode ser devido à mudança da geometria e
distribuição das tensões. As tensões equivalentes de Von Mises, para o caso
linear e não linear, são mostradas na Figura B.11 e Figura B.12 do Apêndice B,
respectivamente.
5 Conclusões e Sugestões
5.1. Conclusões
Dos exemplos estudados no capítulo 4, observou-se que os valores
de carga crítica obtidas através dos métodos I e II parecem ser
sempre menores que os obtidos através do método III.
Os métodos I e II não garantem uma variação de cima para baixo
ou de baixo para cima dos valores de carga crítica, tornando os
métodos não muito confiáveis por não ter certeza no lado do erro
em relação ao valor obtido numa análise não linear completa.
As cargas críticas e modos de colapso obtidos a partir de uma
análise incremental da carga crítica convergem para valores de
carga e configurações deformadas próximas das obtidas numa
análise não linear completa.
Nos exemplos da seção 4.2 foram empregados materiais com
comportamento elastoplástico. Nos resultados obtidos observou-se
uma redução do valor da carga crítica e uma perda de rigidez da
estrutura, pelo fato dos elementos deformáveis comprimidos terem
entrado em um regime plástico.
Os modos de colapso obtidos a partir de uma análise linearizada da
carga crítica podem resultar às vezes em configurações
deformadas diferentes das obtidas numa análise incremental da
carga crítica e uma análise não linear completa. O caso mais
representativo foi observado no exemplo do arco abatido, onde o
modo de colapso assimétrico obtido na análise linearizada da carga
crítica foi totalmente diferente das obtidas nas outras técnicas.
85
A avaliação de pontos de bifurcação na trajetória de equilíbrio
fundamental é necessária para poder traçar as trajetórias de
equilíbrio secundárias. Estas trajetórias podem apresentar pontos
limites menores que o obtido na trajetória de equilíbrio fundamental,
como o caso mostrado no exemplo do arco elevado.
As cargas críticas calculadas a partir da análise linear da carga
crítica apresentam valores maiores aos obtidos das outras técnicas,
devido às limitações da técnica em lidar com uma acentuada não
linearidade no estado pré-crítico. Quando este fenômeno acontece
não pode ser considerado que a distribuição das tensões
permanece inalterada e que os valores das tensões mudam
somente com o fator de carga. Isto pode ser constatado na
distribuição das tensões equivalentes de Von Mises obtidas nos
exemplos numéricos, as quais são mostradas no Apêndice B.
A formulação lagrangeana total empregada em elementos
bidimensionais permitiu lidar com grandes deslocamentos e
rotações nos elementos das estruturas sem causar deformações
errôneas quando ocorrem movimentos de corpo rígido. O uso
destes elementos nesta formulação permitiu também lidar com
grandes deformações nos elementos pelo fato de empregar um
tensor de deformação completo onde termos de alta ordem não
foram desprezados.
5.2. Sugestões para trabalhos futuros
Sugere-se implementar algoritmos que permitam considerar cargas
dependentes dos deslocamentos na análise, como o caso de
cargas seguidoras e cargas dirigidas para um ponto.
Seria importante estudar a não linearidade geométrica
considerando outras formulações, empregadas na descrição
cinemática da deformação, como a formulação lagrangeana
atualizada ou formulação co-rotacional.
86
Sugere-se também implementar uma formulação hierárquica nas
funções de interpolação dos elementos bidimensionais para poder
lidar com as altas não linearidades das curvaturas presentes nos
elementos, empregando um número menor de elementos
bidimensionais na análise.
Seria importante também incluir técnicas que permitissem avaliar
pontos de bifurcação sem a necessidade de empregar pequenas
imperfeições iniciais na geometria, devido à dificuldade na escolha
da forma e magnitude das imperfeições quando se analisa sistemas
estruturais mais complexos.
Sugere-se estudar problemas de instabilidade que incluíam cargas
distribuídas como o peso próprio da estrutura.
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Apêndice A
Neste apêndice serão mostradas as discretizações do continuo e outros
resultados da análise dos exemplos de validação do capítulo 3.
A.1 Malha e outros resultados do exemplo de validação 1
Neste exemplo empregou-se uma malha de 6x25 (150) elementos
isoparamétricos bidimensionais Q9. A discretização do continuo é mostrado na
Figura A.1.
Figura A.1 Malha da viga do exemplo de validação 1.
As tensões desenvolvidas na direção longitudinal da viga, devido a um
carregamento pontual de 8kip (35.6kN), são mostrada na Figura A.2. Também as
tensões de Von Mises foram obtidas na análise e são mostradas na Figura A.3.
Figura A.2 Tensões na direção longitudinal da viga do exemplo de validação 1.
Figura A.3 Tensões equivalentes de Von Mises do exemplo de validação 1.
91
A.2 Malha e outros resultados do exemplo de validação 2
Neste exemplo, uma malha de 1x5 (5) elementos isoparamétricos
bidimensionais Q9 foi suficiente para descrever o comportamento não linear
geométrico da viga nos deslocamentos. A discretização do continuo é mostrado
na Figura A.4.
Figura A.4 Malha da viga do exemplo de validação 2.
A configuração deformada da viga, devido a um carregamento pontual de
15kip (66.7kN), é mostrada na Figura A.5. Também são mostrados os
deslocamentos desenvolvidos na viga para este carregamento na Figura A.6 e
Figura A.7.
Figura A.5 Configuração deformada da viga do exemplo de validação 2.
Figura A.6 Deslocamentos na direção longitudinal da viga.
92
Figura A.7 Deslocamentos na direção transversal da viga.
A.3 Malha e outros resultados do exemplo de validação 3
Neste exemplo empregou-se a mesma malha do exemplo anterior. A
malha de 1x5 (5) elementos isoparamétricos bidimensionais Q9 é mostrada na
Figura A.8.
Figura A.8 Malha da viga do exemplo de validação 3.
A configuração deformada da viga, devido a um carregamento pontual de
1400lbf (6227.5N), é mostrada na Figura A. 9. Também são mostrados os
deslocamentos desenvolvidos na viga para este carregamento na Figura A.10 e
Figura A.11.
Figura A. 9 Configuração deformada da viga do exemplo de validação 3.
93
Figura A.10 Deslocamentos na direção longitudinal da viga.
Figura A.11 Deslocamentos na direção transversal da viga.
A.4 Malha e outros resultados do exemplo de validação 4
Neste exemplo empregou-se uma malha de 21 elementos isoparamétricos
bidimensionais Q9, como é mostrada na Figura A.12. A configuração deformada
do primeiro modo de flambagem é mostrada na Figura A.13.
Figura A.12 Malha do pórtico de Roorda do exemplo de validação 4.
94
Figura A.13 Primeiro modo de flambagem do pórtico de Roorda.
A.5 Malha e outros resultados do exemplo de validação 5
Neste exemplo uma malha composta por 40 elementos isoparamétricos
bidimensionais Q9, na direção circunferencial, foi necessária para descrever o
comportamento não linear geométrico do arco abatido. A discretização do
continuo é mostrado na Figura A.14.
Figura A.14 Malha do arco abatido do exemplo de validação 5.
A configuração deformada do arco para um deslocamento vertical de 20in
(50.8cm) no centro do arco foi obtida para o caso simétrico e assimétrico. Na
Figura A.15 e Figura A.16 são mostradas as configurações deformadas para o
caso simétrico e assimétrico, respectivamente. No caso assimétrico considerou-
95
se uma imperfeição inicial na geometria proporcional ao primeiro modo de
flambagem.
Figura A.15 Configuração deformada simétrica do exemplo de validação 5.
Figura A.16 Configuração deformada assimétrica do exemplo de validação 5.
A.6 Malha e outros resultados do exemplo de validação 6
Neste exemplo empregou-se a malha da Figura A.17 e Figura A.18 para o
caso elástico e inelástico, respectivamente.
Figura A.17 Malha do pórtico de Lee no caso elástico.
96
Figura A.18 Malha do pórtico de Lee no caso inelástico.
A configuração deformada do pórtico para um deslocamento vertical de
82cm, no ponto de aplicação da forca, é mostrada na Figura A.19 e Figura A.20
para o caso elástico e inelástico, respectivamente.
Figura A.19 Configuração deformada do pórtico no caso elástico.
97
Figura A.20 Configuração deformada do pórtico no caso inelástico.
Apêndice B
Neste apêndice serão mostradas as tensões equivalentes de Von Mises
dos exemplos numéricos do capítulo 4.
B.1 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 1
As tensões equivalentes de Von Mises obtidas numa análise não linear
completa e uma análise linear são mostradas na Figura B.1 e Figura B.2,
respectivamente. O carregamento empregado nas duas análises foi o
carregamento crítico obtido na análise não linear completa do exemplo 1.
Figura B.1 Tensões equivalentes de Von Mises no caso linear do exemplo 1.
Figura B.2 Tensões equivalentes de Von Mises no caso não linear do exemplo 1.
B.2 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 2
As tensões equivalentes de Von Mises obtidas numa análise não linear
completa e uma análise linear são mostradas na Figura B.3 e Figura B.4,
respectivamente. O carregamento empregado nas duas análises foi o
carregamento crítico obtido na análise não linear completa do exemplo 2.
99
Figura B.3 Tensões equivalentes de Von Mises no caso linear do exemplo 2.
Figura B.4 Tensões equivalentes de Von Mises no caso não linear do exemplo 2.
B.3 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 3
As tensões equivalentes de Von Mises obtidas numa análise não linear
completa e uma análise linear são mostradas na Figura B.5 e Figura B.6,
respectivamente. O carregamento empregado nas duas análises foi o
carregamento crítico obtido na análise não linear completa do exemplo 3.
100
Figura B.5 Tensões equivalentes de Von Mises no caso linear do exemplo 3.
Figura B.6 Tensões equivalentes de Von Mises no caso não linear do exemplo 3.
B.4 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 4
As tensões equivalentes de Von Mises obtidas numa análise não linear
completa e uma análise linear são mostradas na Figura B.7 e Figura B.8,
respectivamente. O carregamento empregado nas duas análises foi o
carregamento crítico obtido na análise não linear completa do exemplo 4.
Figura B.7 Tensões equivalentes de Von Mises no caso linear do exemplo 4.
Figura B.8 Tensões equivalentes de Von Mises no caso não linear do exemplo 4.
101
B.5 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 5
As tensões equivalentes de Von Mises obtidas numa análise não linear
completa e uma análise linear são mostradas na Figura B.9 e Figura B.10,
respectivamente. O carregamento empregado nas duas análises foi o
carregamento crítico obtido na análise não linear completa do exemplo 5.
Figura B.9 Tensões equivalentes de Von Mises no caso linear do exemplo 5.
Figura B.10 Tensões equivalentes de Von Mises no caso não linear do exemplo 5.
B.6 Tensões de Von Mises do exemplo numérico 6
As tensões equivalentes de Von Mises obtidas numa análise não linear
completa e uma análise linear são mostradas na Figura B.11 e Figura B.12,
respectivamente. O carregamento empregado nas duas análises foi o
carregamento crítico obtido na análise não linear completa do exemplo 6.
Figura B.11 Tensões equivalentes de Von Mises no caso linear do exemplo 6.
102
Figura B.12 Tensões equivalentes de Von Mises no caso não linear do exemplo 6.