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CARPE DIEM REVISTA CULTURAL Revista dos alunos da Fundação Torino - Número XI - Fevereiro, 2012 - Distribuição gratuita

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CARPE DIEMREVISTA CULTURAL

Revista dos alunos da Fundação Torino - Número XI - Fevereiro, 2012 - Distribuição gratuita

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Cartas 3Pelo Mundo 4Entrevista 5Clinamen 8

Plunkt PlaktZum 24

Opinião 14Poesias 16

Perfil 18Esthio 20

Carpe Noctem 21Recomenda 22

Seção Curinga 25Tirinha 26

Passatempo 27

Index

Envie sua crítica, sugestão, desenhos, textos oucomentários:

[email protected]

Cartas

Conheci a através do meuquerido amigo/primo Gustavo Elyseu, no dia de umshow do “Amora de Pé”. Era a edição sobre a água,linda e com cheiro de papel. Li, reli (não entendimuito bem o italiano - mas o som dessa língua ébonito e às vezes a poesia se perde um poucoquando a gente para de cantá-la e passa só aentender), e amei tudo: o Pessoa, a Mafalda, osudoku... O tempo passou, e recebi a edição defevereiro de 2011 no . Não seicomo, mas a revista estava ainda melhor. "Crônicade fim de primavera" lida no começo do outono;Arnaldo, sem cabimento, bonito demais; poesiaporosa da Karol Penido; e até uma "MariaBethânia" que não era pra estar no Caça-Palavras.Tem mais uma coisa: Raquel França, você é foda. Acapa está absurdamente linda.

É isso. Viva a !Viva o lápis de cor!Viva a poesia invadindo os miocárdios!

Carpe Diem

Atentado Poético

Carpe Diem

Ana F.Colaboradora

De Nova Orleans a Havana, da Europa àÁsia ou em qualquer lugar do mundo, todostemos algo em comum: a música. Desde aGrécia antiga, grandes pensadores comoPlatão e Pitágoras (cuja teoria musical

influenciou boa parte da música europeia emseus 2 mil anos seguintes) já acreditavam no poder

que esta forma de arte podia exercer sobre oindivíduo. Durante toda sua evolução, diversos estilos

musicais surgiram, culminando numa grande mistura queestá sempre em constante renovação. Bateria de

plástico, mudanças repentinas de tom, instrumentaçãoinusitada: sai a formalidade clássica e entra aexperimentação. Bach tocado em , deMozart com James Bond e até remix de músicanapolitana entram na moda. A música nunca foi tãodiversa, e por que não, divertida. Na era datecnologia e da comunicação, podemos descobrir umuniverso musical diferente do que é imposto pelomercado ou gravadoras. Qualquer um com uma ideiana cabeça pode criar, gravar e postar. Artistas domundo inteiro trocam experiências, se inspiram einteragem mesmo sem se conhecerem ao vivo. Por

que uma apresentação de uma orquestrasinfônica não pode abordar um repertório mais

popular? Vivaldi pode ser interpretado porum grupo de kotos japoneses? A regra nova éque não existem regras, o importante é oprazer, afinal, música também é pra serdivertido. Nesta edição, conheceremosum pouco da realidade do povo e damúsica de Cuba através dos olhos deWim Wenders, um pouco de NovaOrleans, a capital do , teremosuma entrevista com Fernanda Takay,show de música clássica-psicodélicacom Igusman and Joo e muito mais.Então entre no ritmo desta ediçãoad libitum…

jazz medley

jazz

Matheus RodriguesProfessor de música da

Fundação Torino

Arte

s: J

iulia

Grim

es

Cola

bora

dora

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Cartas 3Pelo Mundo 4Entrevista 5Clinamen 8

Plunkt PlaktZum 24

Opinião 14Poesias 16

Perfil 18Esthio 20

Carpe Noctem 21Recomenda 22

Seção Curinga 25Tirinha 26

Passatempo 27

Index

Envie sua crítica, sugestão, desenhos, textos oucomentários:

[email protected]

Cartas

Conheci a através do meuquerido amigo/primo Gustavo Elyseu, no dia de umshow do “Amora de Pé”. Era a edição sobre a água,linda e com cheiro de papel. Li, reli (não entendimuito bem o italiano - mas o som dessa língua ébonito e às vezes a poesia se perde um poucoquando a gente para de cantá-la e passa só aentender), e amei tudo: o Pessoa, a Mafalda, osudoku... O tempo passou, e recebi a edição defevereiro de 2011 no . Não seicomo, mas a revista estava ainda melhor. "Crônicade fim de primavera" lida no começo do outono;Arnaldo, sem cabimento, bonito demais; poesiaporosa da Karol Penido; e até uma "MariaBethânia" que não era pra estar no Caça-Palavras.Tem mais uma coisa: Raquel França, você é foda. Acapa está absurdamente linda.

É isso. Viva a !Viva o lápis de cor!Viva a poesia invadindo os miocárdios!

Carpe Diem

Atentado Poético

Carpe Diem

Ana F.Colaboradora

De Nova Orleans a Havana, da Europa àÁsia ou em qualquer lugar do mundo, todostemos algo em comum: a música. Desde aGrécia antiga, grandes pensadores comoPlatão e Pitágoras (cuja teoria musical

influenciou boa parte da música europeia emseus 2 mil anos seguintes) já acreditavam no poder

que esta forma de arte podia exercer sobre oindivíduo. Durante toda sua evolução, diversos estilos

musicais surgiram, culminando numa grande mistura queestá sempre em constante renovação. Bateria de

plástico, mudanças repentinas de tom, instrumentaçãoinusitada: sai a formalidade clássica e entra aexperimentação. Bach tocado em , deMozart com James Bond e até remix de músicanapolitana entram na moda. A música nunca foi tãodiversa, e por que não, divertida. Na era datecnologia e da comunicação, podemos descobrir umuniverso musical diferente do que é imposto pelomercado ou gravadoras. Qualquer um com uma ideiana cabeça pode criar, gravar e postar. Artistas domundo inteiro trocam experiências, se inspiram einteragem mesmo sem se conhecerem ao vivo. Por

que uma apresentação de uma orquestrasinfônica não pode abordar um repertório mais

popular? Vivaldi pode ser interpretado porum grupo de kotos japoneses? A regra nova éque não existem regras, o importante é oprazer, afinal, música também é pra serdivertido. Nesta edição, conheceremosum pouco da realidade do povo e damúsica de Cuba através dos olhos deWim Wenders, um pouco de NovaOrleans, a capital do , teremosuma entrevista com Fernanda Takay,show de música clássica-psicodélicacom Igusman and Joo e muito mais.Então entre no ritmo desta ediçãoad libitum…

jazz medley

jazz

Matheus RodriguesProfessor de música da

Fundação Torino

Arte

s: J

iulia

Grim

es

Cola

bora

dora

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CD: Fernanda, vamos voltar

para antes de o Pato Fu

começar. Qual era o seu

projeto de vida? Você tinha

algum plano?

CD: Então você mudou seus

planos? Tudo aconteceu

n a t u r a l m e n t e , n a d a

planejado?

Fernanda: Bom, entrei nafaculdade de Jornalismo, masno meio do curso mudei e meformei em Relações Públicas.Sempre gostei da área decomunicação, queria trabalharem televisão, certa de que iaviver nessa área. Achei que amúsica era um hobby, nuncaachei que iria viver de música eacho que é por isso que amúsica acabou me puxandopara ela. Quando resolvi viverde música mesmo, saí de umaagência de publicidade. Nessaépoca já tinha três discoslançados com o Pato Fu.

Fernanda: Nada planejado.Sou a primeira que tem uma

carreira na área de artes nafamília e eles sempre forammuito legais. Desde pequenasou uma pessoa de “humanas”,sempre fui boa aluna deHistória, de línguas, Português,Geografia, e sabia que tinhaque ir pra essa área. A músicaestava ali o tempo todo. Minhaprimeira banda foi a do colégioArquidiocesano e eu tinhaquinze anos.

Fernanda: Nunca estudei músicaformalmente, tive aulas deviolão, aprendi a ler acordes,aprendi a cantar, mas nunca tiveaula de teoria musical, nunca fizaula de canto. Então, no inícioda minha carreira, me ressentium pouco porque falavam queiam me mandar a partitura deuma determinada música queeu ia cantar, mas não sei lerpartitura. Hoje, com 17 anos de

CD: E nesse caminho, você

sente que teve que abrir mão

de alguma coisa, que talvez

pretenda retomar?

carreira, tenho uma formaçãoprática, mas no início, quandoestava insegura, pensava quedevia ter feito faculdade demúsica. Tem gente que fazporque é algo que já estádeterminado, essa pessoa querviver de música, e eu não sabiaque isso ia acontecer comigo.

Fernanda: Quando a gentecomeçou, estar com umagravadora significava ter umestúdio que tinha uma verbaenorme, gastava-se muitodinheiro pra produzir um disco.Ter um contrato no início decarreira foi bom, aprendemosmuito: começamos a gerenciar averba que tínhamos dentro dagravadora pra conquistar umaautonomia artística, e hojepodemos fazer o disco quandoquisermos, basta ter um

CD: Agora é sobre o Pato Fu.

Ele nasceu independente,

assinou com uma grande

gravadora e depois voltou a

ser independente.Por quê?

“King”, Wynton Marsalis. They're no accident.They were cooked right there in the streets ofNew Orleans. The swoon to the rhythm of the“lazy Mississippi” and the city swoons with them.The people in the streets swing to a whollydifferent song, walking to the beat of theMississippi blues.

Now I hear the music play. All around me dancingfolks sway to and fro. I smell the sweet magnolias“and I'm wishing I was there”. So I ask you: “doyou know what it means to miss New Orleans?”

Do you know what it means to miss new orleans?

“Miss it each night and day […] the feeling's

getting stronger the longer I stay away”. I missthe damp summer mornings, the hot spicy food,the warm friendly people, the over-all Cajunmood. It's the city of jazz, Mardi Gras, Cajunfood. And, although the postcards say America, itgoes far beyond Yankee shores. The city reachesthe beaches of France, Spain and Africa,bringing them all together in one big gumbo mix.And from the steaming pot pops out a boilingmess. It's all over the city, in the people, in the air,but above all in the jazz. Louis Armstrong, Joe

Sofia Caetano AvritzerAluna em intercâmbio

Arte: Basquiat

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CD: Fernanda, vamos voltar

para antes de o Pato Fu

começar. Qual era o seu

projeto de vida? Você tinha

algum plano?

CD: Então você mudou seus

planos? Tudo aconteceu

n a t u r a l m e n t e , n a d a

planejado?

Fernanda: Bom, entrei nafaculdade de Jornalismo, masno meio do curso mudei e meformei em Relações Públicas.Sempre gostei da área decomunicação, queria trabalharem televisão, certa de que iaviver nessa área. Achei que amúsica era um hobby, nuncaachei que iria viver de música eacho que é por isso que amúsica acabou me puxandopara ela. Quando resolvi viverde música mesmo, saí de umaagência de publicidade. Nessaépoca já tinha três discoslançados com o Pato Fu.

Fernanda: Nada planejado.Sou a primeira que tem uma

carreira na área de artes nafamília e eles sempre forammuito legais. Desde pequenasou uma pessoa de “humanas”,sempre fui boa aluna deHistória, de línguas, Português,Geografia, e sabia que tinhaque ir pra essa área. A músicaestava ali o tempo todo. Minhaprimeira banda foi a do colégioArquidiocesano e eu tinhaquinze anos.

Fernanda: Nunca estudei músicaformalmente, tive aulas deviolão, aprendi a ler acordes,aprendi a cantar, mas nunca tiveaula de teoria musical, nunca fizaula de canto. Então, no inícioda minha carreira, me ressentium pouco porque falavam queiam me mandar a partitura deuma determinada música queeu ia cantar, mas não sei lerpartitura. Hoje, com 17 anos de

CD: E nesse caminho, você

sente que teve que abrir mão

de alguma coisa, que talvez

pretenda retomar?

carreira, tenho uma formaçãoprática, mas no início, quandoestava insegura, pensava quedevia ter feito faculdade demúsica. Tem gente que fazporque é algo que já estádeterminado, essa pessoa querviver de música, e eu não sabiaque isso ia acontecer comigo.

Fernanda: Quando a gentecomeçou, estar com umagravadora significava ter umestúdio que tinha uma verbaenorme, gastava-se muitodinheiro pra produzir um disco.Ter um contrato no início decarreira foi bom, aprendemosmuito: começamos a gerenciar averba que tínhamos dentro dagravadora pra conquistar umaautonomia artística, e hojepodemos fazer o disco quandoquisermos, basta ter um

CD: Agora é sobre o Pato Fu.

Ele nasceu independente,

assinou com uma grande

gravadora e depois voltou a

ser independente.Por quê?

“King”, Wynton Marsalis. They're no accident.They were cooked right there in the streets ofNew Orleans. The swoon to the rhythm of the“lazy Mississippi” and the city swoons with them.The people in the streets swing to a whollydifferent song, walking to the beat of theMississippi blues.

Now I hear the music play. All around me dancingfolks sway to and fro. I smell the sweet magnolias“and I'm wishing I was there”. So I ask you: “doyou know what it means to miss New Orleans?”

Do you know what it means to miss new orleans?

“Miss it each night and day […] the feeling's

getting stronger the longer I stay away”. I missthe damp summer mornings, the hot spicy food,the warm friendly people, the over-all Cajunmood. It's the city of jazz, Mardi Gras, Cajunfood. And, although the postcards say America, itgoes far beyond Yankee shores. The city reachesthe beaches of France, Spain and Africa,bringing them all together in one big gumbo mix.And from the steaming pot pops out a boilingmess. It's all over the city, in the people, in the air,but above all in the jazz. Louis Armstrong, Joe

Sofia Caetano AvritzerAluna em intercâmbio

Arte: Basquiat

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Quem é?Musicista e cronista, Fernanda Takai é a vocalista da banda Pato Fu, para a qual compõe, canta

e toca guitarra. Além disso, tem uma carreira solo de boa repercussão desde 2007. Sua

primeira banda foi aos 15 anos, quando ainda estava no colégio, e a cantora sempre acreditou

que a música não passaria de um hobby, porém hoje é considerada uma das 10 melhores

cantoras do mundo de acordo com a revista Time e já fez parceria com famosos como Rita Lee,

Evandro Mesquita, Herbert Vianna e Maki Nomiya, vocalista do já separado grupo japonês

Pizzicato 5.Ana Flávia Vital

I Liceo B

contrato com uma distribuidora.Agora a música chega pelainternet, então pode não serbom ter um contrato muitorestrito com uma gravadora. Agente, com todo esse tempo decarreira, não consegue assinarum contrato assim.

Fernanda: Nos conhecemosnuma loja de instrumentosmusicais, o John e o irmão eramdonos da Guitar Shop; eu ia lácomprar e a gente ficavaconversando. Deixei uma fitademo, o John gostou da minhavoz e me perguntou se eu nãoqueria entrar numa banda. Naépoca nem era Pato Fu, eraoutra banda do John e do Bob.Eles brigaram, o Bob montou oYellowfante, o John montou oPato Fu. O nome veio de umatirinha do Garfield, que sechamava “Gato Fu, o Kung Fude gato”, e tem uma referênciaao Oriente. Era também umnome fantasia, como Coca-

CD: Como nasceu a banda? E

sobre o nome, qual a origem?

Cola. Poderia ser qualquernome diferente que nãoentregava que tipo de som agente fazia. Era um nome para

as pessoas não terem muitopreconceito: tipo, “o que seráPato Fu?”

Fernanda: Aqui no Brasil, possofalar que toquei com todomundo. Sinto-me realmenterealizada. Eu era muito fã daBlitz e era raro virem a Belo

CD: Com quem você gostaria

d e t o c a r e n ã o t e v e

oportunidade?

Horizonte e quando vinham erapara casas noturnas e eu nãopodia assistir, mas agora saiuum disco novo deles e uma dasmúsicas é minha, que eu fiz emparceria com o EvandroMesquita, que era meu ídoloquando eu tinha 11 anos. A RitaLee gravou uma música do Johne eu gravei com ela no estúdio eo Herbert Viana e eu gravamosjuntos. Falo brincando na orelhado meu livro que queria muitocantar com o Paul, mas elenunca deu retorno. (risos)

Fernanda: O Paul McCartney ea Suzanne Vega. Há algumtempo gravei com a vocalistado Pizzicato 5, que é umabanda japonesa que fez muitosucesso nos anos 90 de quemtenho todos os discos, todos osDVDs.

Fernanda: Sou estudante de

CD: E os artistas de fora?

CD: E como aprendeu a falar

japonês?

“O nome veio de umatirinha do Garfield, que sechamava “Gato Fu, o Kung

Fu de gato”(...) poderiaser qualquer nomediferente que não

entregava que tipo de soma gente fazia. Era um nomepara as pessoas não terem

muito preconceito.”

Nihongo, que é o japonês. Portrês meses faltei a todas asaulas porque a agenda estavabrutal, viajei muito. Mas foiimportante porque estive noJapão quatro vezes e o públicolá tem crescido bastante.O DVDfoi lançado agora, tanto que eufiz legenda do DVD em japonêstambém. Além disso sou neta dejaponeses, então, quando fui ao

Japão pela primeira vez em2005, me causou um mal-estarnão falar japonês, me senti meiodesnaturada com os meus avós.

Fernanda: Correio Brasileiro,certo. E pra algumas revistas, devez em quando. Um dia um doseditores do Estado de Minas leuuns três textos meus dessasrevistas e achou que eu poderiaassumir a coluna lá. Acho queho je es c revo com mai snaturalidade do que escreviano começo, tanto que, se eu fizeruma coletânea dos meus textospreferidos, talvez eles nãosejam os mesmos dos que estãono meu livro, que são as crônicas

CD: Como surgiu a ideia de

começar a escrever pro Estado

de Minas? E você escreve para

o Correio Brasileiro, certo?

Leia a entrevista na íntegra no nosso Blog:www.carpediemrevista.blogspot.com

“Acho que a juventude dehoje em dia é igual à

juventude de sempre; é ummomento de tantas coisasacontecendo no corpo e na

perspectiva de vida”

de 2005 a 2007.

Fernanda: Quando a gentecomeçou, em 1993, sentiu quejá dava pra começar umacarreira aqui, ter visibilidademantendo a qualidade de vida,a proximidade da família, achoque isso foi fundamental pratodo mundo. Tem muita genteque faz música na tristeza, masé muito diferente de você vivermal. Tem uma hora em que vocêcomeça a pensar “eu prefiro

CD: E muitas pessoas acham

estranho ou curioso uma

pessoa como você que se

tornou tão famosa e é muito

importante na cena cultural do

país ainda morar em Belo

Horizonte e não ir pra São

Paulo ou Rio, que são mais

centrais. Por que a escolha de

morar aqui?

viver melhor que sofrer lá nolugar.”.

Fernanda: É uma coisa tãoampla. Acho que a juventude dehoje em dia é igual à juventudede sempre; é um momento detantas coisas acontecendo nocorpo e são mui tas asperspectivas de vida, mas ajuventude sempre foi cheia deenergia, cheia de dúvidas e temque canalizar isso tudo pracoisas muito produtivas. Por issoé legal. Sou a favor doenvolvimento com arte, com oesporte, com música e com otrabalho em grupo, porque issoajuda muito no futuro.

.

CD: E o que você acha da

juventude de hoje em dia?

Entrevista editada pela equipe

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Quem é?Musicista e cronista, Fernanda Takai é a vocalista da banda Pato Fu, para a qual compõe, canta

e toca guitarra. Além disso, tem uma carreira solo de boa repercussão desde 2007. Sua

primeira banda foi aos 15 anos, quando ainda estava no colégio, e a cantora sempre acreditou

que a música não passaria de um hobby, porém hoje é considerada uma das 10 melhores

cantoras do mundo de acordo com a revista Time e já fez parceria com famosos como Rita Lee,

Evandro Mesquita, Herbert Vianna e Maki Nomiya, vocalista do já separado grupo japonês

Pizzicato 5.Ana Flávia Vital

I Liceo B

contrato com uma distribuidora.Agora a música chega pelainternet, então pode não serbom ter um contrato muitorestrito com uma gravadora. Agente, com todo esse tempo decarreira, não consegue assinarum contrato assim.

Fernanda: Nos conhecemosnuma loja de instrumentosmusicais, o John e o irmão eramdonos da Guitar Shop; eu ia lácomprar e a gente ficavaconversando. Deixei uma fitademo, o John gostou da minhavoz e me perguntou se eu nãoqueria entrar numa banda. Naépoca nem era Pato Fu, eraoutra banda do John e do Bob.Eles brigaram, o Bob montou oYellowfante, o John montou oPato Fu. O nome veio de umatirinha do Garfield, que sechamava “Gato Fu, o Kung Fude gato”, e tem uma referênciaao Oriente. Era também umnome fantasia, como Coca-

CD: Como nasceu a banda? E

sobre o nome, qual a origem?

Cola. Poderia ser qualquernome diferente que nãoentregava que tipo de som agente fazia. Era um nome para

as pessoas não terem muitopreconceito: tipo, “o que seráPato Fu?”

Fernanda: Aqui no Brasil, possofalar que toquei com todomundo. Sinto-me realmenterealizada. Eu era muito fã daBlitz e era raro virem a Belo

CD: Com quem você gostaria

d e t o c a r e n ã o t e v e

oportunidade?

Horizonte e quando vinham erapara casas noturnas e eu nãopodia assistir, mas agora saiuum disco novo deles e uma dasmúsicas é minha, que eu fiz emparceria com o EvandroMesquita, que era meu ídoloquando eu tinha 11 anos. A RitaLee gravou uma música do Johne eu gravei com ela no estúdio eo Herbert Viana e eu gravamosjuntos. Falo brincando na orelhado meu livro que queria muitocantar com o Paul, mas elenunca deu retorno. (risos)

Fernanda: O Paul McCartney ea Suzanne Vega. Há algumtempo gravei com a vocalistado Pizzicato 5, que é umabanda japonesa que fez muitosucesso nos anos 90 de quemtenho todos os discos, todos osDVDs.

Fernanda: Sou estudante de

CD: E os artistas de fora?

CD: E como aprendeu a falar

japonês?

“O nome veio de umatirinha do Garfield, que sechamava “Gato Fu, o Kung

Fu de gato”(...) poderiaser qualquer nomediferente que não

entregava que tipo de soma gente fazia. Era um nomepara as pessoas não terem

muito preconceito.”

Nihongo, que é o japonês. Portrês meses faltei a todas asaulas porque a agenda estavabrutal, viajei muito. Mas foiimportante porque estive noJapão quatro vezes e o públicolá tem crescido bastante.O DVDfoi lançado agora, tanto que eufiz legenda do DVD em japonêstambém. Além disso sou neta dejaponeses, então, quando fui ao

Japão pela primeira vez em2005, me causou um mal-estarnão falar japonês, me senti meiodesnaturada com os meus avós.

Fernanda: Correio Brasileiro,certo. E pra algumas revistas, devez em quando. Um dia um doseditores do Estado de Minas leuuns três textos meus dessasrevistas e achou que eu poderiaassumir a coluna lá. Acho queho je es c revo com mai snaturalidade do que escreviano começo, tanto que, se eu fizeruma coletânea dos meus textospreferidos, talvez eles nãosejam os mesmos dos que estãono meu livro, que são as crônicas

CD: Como surgiu a ideia de

começar a escrever pro Estado

de Minas? E você escreve para

o Correio Brasileiro, certo?

Leia a entrevista na íntegra no nosso Blog:www.carpediemrevista.blogspot.com

“Acho que a juventude dehoje em dia é igual à

juventude de sempre; é ummomento de tantas coisasacontecendo no corpo e na

perspectiva de vida”

de 2005 a 2007.

Fernanda: Quando a gentecomeçou, em 1993, sentiu quejá dava pra começar umacarreira aqui, ter visibilidademantendo a qualidade de vida,a proximidade da família, achoque isso foi fundamental pratodo mundo. Tem muita genteque faz música na tristeza, masé muito diferente de você vivermal. Tem uma hora em que vocêcomeça a pensar “eu prefiro

CD: E muitas pessoas acham

estranho ou curioso uma

pessoa como você que se

tornou tão famosa e é muito

importante na cena cultural do

país ainda morar em Belo

Horizonte e não ir pra São

Paulo ou Rio, que são mais

centrais. Por que a escolha de

morar aqui?

viver melhor que sofrer lá nolugar.”.

Fernanda: É uma coisa tãoampla. Acho que a juventude dehoje em dia é igual à juventudede sempre; é um momento detantas coisas acontecendo nocorpo e são mui tas asperspectivas de vida, mas ajuventude sempre foi cheia deenergia, cheia de dúvidas e temque canalizar isso tudo pracoisas muito produtivas. Por issoé legal. Sou a favor doenvolvimento com arte, com oesporte, com música e com otrabalho em grupo, porque issoajuda muito no futuro.

.

CD: E o que você acha da

juventude de hoje em dia?

Entrevista editada pela equipe

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Clinamen

09

“O amor é essa força incontidaDesarruma a cama e a vidaNos fere, maltrata e seduzÉ feito uma estrela cadente

Que risca o caminho da genteNos enche de força e de luz.”

Vinícius de Moraes

Há muito não saía da rotina aquelehomem. Todos os dias, acordava pela manhã e,pontualmente, levantava-se junto ao sol. Sentadona cama, os olhos ainda ligeiramente fechados,escutava o cantar dos pássaros que anunciava oamanhecer. Sozinho, atravessava o estreito eescuro corredor até o pequeno banheiro. Quemsabe já estaria acostumado, não parecia seimportar com o estado do lugar: azulejosquebrados, terríveis infiltrações, goteirasincessantes. Para ele a bagunça não era denenhuma forma um problema. Após escovar os

dentes e tomar seu rápido banho, o homem sed i r i g i a à c o z i n h a , p a s s a n d ovagarosamente pela sala de estar,enfeitada por um velho sofá furado,móveis empoeirados e sapatos já sujos e

usados. Na cozinha, preparava umsanduíche de café da manhã,procurando um mínimo espaço, na

bancada da pia, livre da louça ainda porlavar. Então vestia a sua calça e sua

camisa usuais e saía para pegar oôn i bus, que toda vez, às sete

horas, estava lá para buscá-loe levá-lo para o trabalho, como

se estivesse a seu serviço.Muito calmo era aquele

homem. Aparentava não tersentimentos e não perceber o que

acontecia a sua volta. Estava sempre

contente com o que tinha e parecia não notar nadamal ou negativo em sua vida. Muitos oconsideravam ingênuo e inocente, outrosacreditavam que fosse apenas estranhamenteconformado para a pouca idade. Ele não tinhaamigos e não se esforçava para ter. Vivia sozinhoem seu mundo, que parecia protegido por grossosmuros de pedra.

Mas, certa vez, para a surpresa do homem,ao chegar ao ponto de ônibus pela manhã, avistouao longe o seu transporte, que, adiantado, haviachegado e, sem ele, havia partido. Sem perder acaracterística calma, sentou-se e esperou pelopróximo ônibus que não tardaria a chegar. E foinessa curta espera que ele a conheceu. Uma belamoça sentou-se ao seu lado, seu doce perfumecoloria-lhe o ar. Alegre e sorridente, a meninapuxou assunto com ele, o que há muito temponinguém fizera. Contava casos e dava risadas. Acada palavra parecia mais perto de venceraquele muro que o isolava.

Pensou na mulher do início ao fim dotrabalho, até voltar para sua casa, quando a lua eas estrelas já estavam no céu. Mas, quando abriu aporta, não encontrou a solidão de sempre: lá,provavelmente esperando-o, estava um faxineiro,de uniforme e tudo. O homem, assustado, indagou-se quem seria, mas o faxineiro limitou-se a encará-lo rapidamente, como se confirmasse a suachegada, e começou a sua faxina, que se mostrariainfindável. Levantava cadeiras, quebrava objetos,rasgava roupas, molhava o chão, arrancavalâmpadas, defenestrava comida. O homem, vendosua casa, que antes considerava organizada,sendo destruída, alarmou-se, e ao faxineiroperguntava, em tom cada vez mais alto, por queestava ali, como havia entrado, por que estavafazendo aquilo. O faxineiro nada dizia e tambémnão demonstrava emoção em sua rígida expressãofacial. Simplesmente continuava o seu trabalho,

O Faxineiro

Clin

amen

08

O SABE-TUDOÉ o estraga-prazeres. Quando você

pensa que pode impressionar o professorcom o pouco de conhecimento que adquiriudas aulas dele, tem sempre um sabe-tudopara responder à pergunta antes. E asdúvidas... Ah, as dúvidas! Sempreinterrompendo a explicação paraperguntar coisas que ele mesmo consegueresponder ao fim do diálogo, de um modoaté melhor que o do próprio professor! Semcontar o tempo perdido depois da aulagasto em discussões “inteligentes” com oprofessor. É o tipo de aluno que faz com quevocê se sinta deslocado, desnivelado,incapaz.

O RECLAMADOREste aluno está sempre insatisfeito

com tudo e todos. Nada é bom para ele. Seo professor marca prova, reclama. Se nãomarca, também reclama. É o tipo queinterrompe diálogos interessantes queagradam a turma para colocar defeito naopinião de alguém. Se sugerirem umaexcursão, está cara demais. Se fizeremolimpíadas, está mal localizada. Calordemais, frio demais, aula demais, aula demenos e os argumentos e motivos doreclamador nunca acabam.

O DORMINHOCODeste aí, não preciso falar nada.

Está sempre a dormir. Sabe-se lá por quevai às aulas, se não se interessa nem pelahora do recreio. E se o acordam durante aaula? Não sabe nem o que aconteceu, nemque horas são e nem ao menos quer saber.Tudo que pensa é em dormir um pouco maisem cima de seu casaco confortável – quelevou para a aula só para servir detravesseiro –para que tudo acabe logo eele chegue em casa para passar para olugar onde ele realmente deveria estardormindo desde o início: a própria cama.

O ESQUECIDOCaro professor, não espere nada

deste aluno. Se tiver dever de casa, seesquece de anotar e, se anotou, se esquecede fazer. Não se lembra das datas deprova e sempre tem problemas com amemória “esqueci de estudar”. O pior équando ele tenta se lembrar, mas na horasempre "dá branco". De tudo o que elesabia, agora já não se lembra de quasenada. É bem provável que a esta hora játenha se esquecido de tudo o que foi lidono início deste texto.

Desde que nasceu a sábia decisão de propagar o conhecimento por grupos em salas de aulas, por mais quetentemos, não há como escapar. Nas diferentes escolas de diferentes cidades e estados sempre encontraremos

alunos que se encaixam em perfis pré-determinados.

Bárbara DuarteAluna em intercâmbio

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Clinamen

09

“O amor é essa força incontidaDesarruma a cama e a vidaNos fere, maltrata e seduzÉ feito uma estrela cadente

Que risca o caminho da genteNos enche de força e de luz.”

Vinícius de Moraes

Há muito não saía da rotina aquelehomem. Todos os dias, acordava pela manhã e,pontualmente, levantava-se junto ao sol. Sentadona cama, os olhos ainda ligeiramente fechados,escutava o cantar dos pássaros que anunciava oamanhecer. Sozinho, atravessava o estreito eescuro corredor até o pequeno banheiro. Quemsabe já estaria acostumado, não parecia seimportar com o estado do lugar: azulejosquebrados, terríveis infiltrações, goteirasincessantes. Para ele a bagunça não era denenhuma forma um problema. Após escovar os

dentes e tomar seu rápido banho, o homem sed i r i g i a à c o z i n h a , p a s s a n d ovagarosamente pela sala de estar,enfeitada por um velho sofá furado,móveis empoeirados e sapatos já sujos e

usados. Na cozinha, preparava umsanduíche de café da manhã,procurando um mínimo espaço, na

bancada da pia, livre da louça ainda porlavar. Então vestia a sua calça e sua

camisa usuais e saía para pegar oôn i bus, que toda vez, às sete

horas, estava lá para buscá-loe levá-lo para o trabalho, como

se estivesse a seu serviço.Muito calmo era aquele

homem. Aparentava não tersentimentos e não perceber o que

acontecia a sua volta. Estava sempre

contente com o que tinha e parecia não notar nadamal ou negativo em sua vida. Muitos oconsideravam ingênuo e inocente, outrosacreditavam que fosse apenas estranhamenteconformado para a pouca idade. Ele não tinhaamigos e não se esforçava para ter. Vivia sozinhoem seu mundo, que parecia protegido por grossosmuros de pedra.

Mas, certa vez, para a surpresa do homem,ao chegar ao ponto de ônibus pela manhã, avistouao longe o seu transporte, que, adiantado, haviachegado e, sem ele, havia partido. Sem perder acaracterística calma, sentou-se e esperou pelopróximo ônibus que não tardaria a chegar. E foinessa curta espera que ele a conheceu. Uma belamoça sentou-se ao seu lado, seu doce perfumecoloria-lhe o ar. Alegre e sorridente, a meninapuxou assunto com ele, o que há muito temponinguém fizera. Contava casos e dava risadas. Acada palavra parecia mais perto de venceraquele muro que o isolava.

Pensou na mulher do início ao fim dotrabalho, até voltar para sua casa, quando a lua eas estrelas já estavam no céu. Mas, quando abriu aporta, não encontrou a solidão de sempre: lá,provavelmente esperando-o, estava um faxineiro,de uniforme e tudo. O homem, assustado, indagou-se quem seria, mas o faxineiro limitou-se a encará-lo rapidamente, como se confirmasse a suachegada, e começou a sua faxina, que se mostrariainfindável. Levantava cadeiras, quebrava objetos,rasgava roupas, molhava o chão, arrancavalâmpadas, defenestrava comida. O homem, vendosua casa, que antes considerava organizada,sendo destruída, alarmou-se, e ao faxineiroperguntava, em tom cada vez mais alto, por queestava ali, como havia entrado, por que estavafazendo aquilo. O faxineiro nada dizia e tambémnão demonstrava emoção em sua rígida expressãofacial. Simplesmente continuava o seu trabalho,

O Faxineiro

Clin

amen

08

O SABE-TUDOÉ o estraga-prazeres. Quando você

pensa que pode impressionar o professorcom o pouco de conhecimento que adquiriudas aulas dele, tem sempre um sabe-tudopara responder à pergunta antes. E asdúvidas... Ah, as dúvidas! Sempreinterrompendo a explicação paraperguntar coisas que ele mesmo consegueresponder ao fim do diálogo, de um modoaté melhor que o do próprio professor! Semcontar o tempo perdido depois da aulagasto em discussões “inteligentes” com oprofessor. É o tipo de aluno que faz com quevocê se sinta deslocado, desnivelado,incapaz.

O RECLAMADOREste aluno está sempre insatisfeito

com tudo e todos. Nada é bom para ele. Seo professor marca prova, reclama. Se nãomarca, também reclama. É o tipo queinterrompe diálogos interessantes queagradam a turma para colocar defeito naopinião de alguém. Se sugerirem umaexcursão, está cara demais. Se fizeremolimpíadas, está mal localizada. Calordemais, frio demais, aula demais, aula demenos e os argumentos e motivos doreclamador nunca acabam.

O DORMINHOCODeste aí, não preciso falar nada.

Está sempre a dormir. Sabe-se lá por quevai às aulas, se não se interessa nem pelahora do recreio. E se o acordam durante aaula? Não sabe nem o que aconteceu, nemque horas são e nem ao menos quer saber.Tudo que pensa é em dormir um pouco maisem cima de seu casaco confortável – quelevou para a aula só para servir detravesseiro –para que tudo acabe logo eele chegue em casa para passar para olugar onde ele realmente deveria estardormindo desde o início: a própria cama.

O ESQUECIDOCaro professor, não espere nada

deste aluno. Se tiver dever de casa, seesquece de anotar e, se anotou, se esquecede fazer. Não se lembra das datas deprova e sempre tem problemas com amemória “esqueci de estudar”. O pior équando ele tenta se lembrar, mas na horasempre "dá branco". De tudo o que elesabia, agora já não se lembra de quasenada. É bem provável que a esta hora játenha se esquecido de tudo o que foi lidono início deste texto.

Desde que nasceu a sábia decisão de propagar o conhecimento por grupos em salas de aulas, por mais quetentemos, não há como escapar. Nas diferentes escolas de diferentes cidades e estados sempre encontraremos

alunos que se encaixam em perfis pré-determinados.

Bárbara DuarteAluna em intercâmbio

Page 10: Carpe Diem XI BETA.cdr

como se nada mais importasse.Na manhã seguinte, o homem acordou em

um lugar completamente diferente. O que deveriaestar no teto estava no chão, e o que deveria estarno chão estava no teto. Tudo estava quebrado,revirado. Do banheiro, vinha um barulhoinsuportável: lá estava o faxineiro, que arrancavaos azulejos e jogava-os com força no chão. Ohomem surpreendeu-se por ele ainda estar ali, masnão perdeu a calma. Estava ansioso paranovamente encontrar aquela bela moça. Como daúltima vez, conversaram e riram juntos, e o homem,pensando nela, foi para o trabalho. Mas láencontrou nada mais, nada menos que o mesmofaxineiro, que quebrava os computadores erasgava os papéis. Ninguém parecia notá-lo a nãoser ele. Conformado, procurou ignorá-lo.

À noite, ao voltar para casa, encontrounovamente o faxineiro. Aquela presença estranhacomeçava a incomodá-lo. O faxineiro não selimitava a destruir tudo que estava a sua volta, eletambém começou a invadir a mente e aprivacidade do homem, vasculhar seus segredos,revelar seus desejos, atordoar seus sonhos, rompersua paz. Mas o homem não o expulsava e nemqueria. Ele estava mais feliz e distraído que nuncapor causa de suas conversas matinais com a belamulher. Essa felicidade anormal o revigorava eenchia seu peito, permitindo-lhe aguentar ofaxineiro e enxergar o futuro resultado daquelagrande limpeza, mudança, reforma.

Mas tal sensação rapidamente se esvaiuquando a moça revelou estar noiva. Foi como se otivessem empurrado de um grande precipíciodireto para a morte certa. Foi para o trabalho semsentir o próprio corpo, anestesiado pelosofrimento. Lá estava o faxineiro, tudo quebrandoe desarrumando. Lágrimas caíram de seus olhos aovê-lo, inexpressivo como sempre. Com o passar dashoras, no entanto, a presença constante dofaxineiro fez-se atordoante, e as lágrimas e osofrimento começaram a se converter em raiva,uma raiva profunda e negra, que ele nunca haviasentido antes. Foi quando chegou em casa,cansado, que explodiu. Com um grito forte eestrondoso, mandou embora o faxineiro. Este,quase imediatamente, parou o seu trabalho e, pela

Fernanda MonteiroII Liceo

porta, saiu, obedecendo à ordem.Na manhã seguinte, ao acordar, estava

novamente sozinho, mas não estava calmo comosempre, nem feliz como já estivera. Levantou-secansado e apreensivo. Andando pela casa e peloscômodos, percebia cada imperfeição, cadamudança feita pela faxina inacabada. A solidão oconsumia em todo lugar, no trabalho, em casa. Nãose encontrara mais com a mulher, pois apenas avaga lembrança de sua imagem já o corroía dedor. Chegou a desejar que o misterioso faxineirovoltasse e terminasse a faxina. Chegou a procurá-lo e a chorar de saudades. Mas ele não voltava,quem sabe teria se ofendido pelo modo como foiexpulso.

Alguns meses se passaram e o homemcontinuou vivendo sua vida, imersa em tristeza. Jáhavia desistido de encontrar o faxineiro e já haviaperdido todas as esperanças. Foi então que outranovidade apareceu em sua vida: foi contratada,como sua ajudante, uma jovem moça. Os doispassavam o dia inteiro juntos, trabalhando econversando, e, a cada hora que se passava, seconheciam mais.

Foi quando começaram a namorar que ofaxineiro voltou. O homem estava irradiandoalegria e chegou a abraçar o faxineiro ao vê-lonovamente. Este, rapidamente, voltou ao trabalho,como antes fazia. O homem apreciava suacompanhia e se deliciava com os prazeresoferecidos pela namorada. Tudo parecia bem. Elenovamente tornou-se calmo e não se aborreciacom os estragos e as invasões feitas pelo faxineiro.

Quando se casaram, o homem levou aesposa para sua casa e, surpreendentemente,encontrou-a limpa e arrumada, como há muito nãoestivera. Os móveis brilhavam e a poeira se fora.Sua mente também estava limpa e renovada. Suapaz finalmente tinha sido restaurada.

O faxineiro retornou algumas vezesdepois daquilo. Destruiu a casa e novamente areconstruiu. Vasculhou sentimentos, tirou aprivacidade, gerou raiva e frustração, invadiusegredos e revelou desejos e novamente clareou erenovou a mente de cada um. Deixou tristeza etrouxe felicidade. Pois assim é o amor, a base denossa vida – nossa reconstrução.

Um breve relato sobre a televisão eseus telespectadores

11

Tarja Preta

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como se nada mais importasse.Na manhã seguinte, o homem acordou em

um lugar completamente diferente. O que deveriaestar no teto estava no chão, e o que deveria estarno chão estava no teto. Tudo estava quebrado,revirado. Do banheiro, vinha um barulhoinsuportável: lá estava o faxineiro, que arrancavaos azulejos e jogava-os com força no chão. Ohomem surpreendeu-se por ele ainda estar ali, masnão perdeu a calma. Estava ansioso paranovamente encontrar aquela bela moça. Como daúltima vez, conversaram e riram juntos, e o homem,pensando nela, foi para o trabalho. Mas láencontrou nada mais, nada menos que o mesmofaxineiro, que quebrava os computadores erasgava os papéis. Ninguém parecia notá-lo a nãoser ele. Conformado, procurou ignorá-lo.

À noite, ao voltar para casa, encontrounovamente o faxineiro. Aquela presença estranhacomeçava a incomodá-lo. O faxineiro não selimitava a destruir tudo que estava a sua volta, eletambém começou a invadir a mente e aprivacidade do homem, vasculhar seus segredos,revelar seus desejos, atordoar seus sonhos, rompersua paz. Mas o homem não o expulsava e nemqueria. Ele estava mais feliz e distraído que nuncapor causa de suas conversas matinais com a belamulher. Essa felicidade anormal o revigorava eenchia seu peito, permitindo-lhe aguentar ofaxineiro e enxergar o futuro resultado daquelagrande limpeza, mudança, reforma.

Mas tal sensação rapidamente se esvaiuquando a moça revelou estar noiva. Foi como se otivessem empurrado de um grande precipíciodireto para a morte certa. Foi para o trabalho semsentir o próprio corpo, anestesiado pelosofrimento. Lá estava o faxineiro, tudo quebrandoe desarrumando. Lágrimas caíram de seus olhos aovê-lo, inexpressivo como sempre. Com o passar dashoras, no entanto, a presença constante dofaxineiro fez-se atordoante, e as lágrimas e osofrimento começaram a se converter em raiva,uma raiva profunda e negra, que ele nunca haviasentido antes. Foi quando chegou em casa,cansado, que explodiu. Com um grito forte eestrondoso, mandou embora o faxineiro. Este,quase imediatamente, parou o seu trabalho e, pela

Fernanda MonteiroII Liceo

porta, saiu, obedecendo à ordem.Na manhã seguinte, ao acordar, estava

novamente sozinho, mas não estava calmo comosempre, nem feliz como já estivera. Levantou-secansado e apreensivo. Andando pela casa e peloscômodos, percebia cada imperfeição, cadamudança feita pela faxina inacabada. A solidão oconsumia em todo lugar, no trabalho, em casa. Nãose encontrara mais com a mulher, pois apenas avaga lembrança de sua imagem já o corroía dedor. Chegou a desejar que o misterioso faxineirovoltasse e terminasse a faxina. Chegou a procurá-lo e a chorar de saudades. Mas ele não voltava,quem sabe teria se ofendido pelo modo como foiexpulso.

Alguns meses se passaram e o homemcontinuou vivendo sua vida, imersa em tristeza. Jáhavia desistido de encontrar o faxineiro e já haviaperdido todas as esperanças. Foi então que outranovidade apareceu em sua vida: foi contratada,como sua ajudante, uma jovem moça. Os doispassavam o dia inteiro juntos, trabalhando econversando, e, a cada hora que se passava, seconheciam mais.

Foi quando começaram a namorar que ofaxineiro voltou. O homem estava irradiandoalegria e chegou a abraçar o faxineiro ao vê-lonovamente. Este, rapidamente, voltou ao trabalho,como antes fazia. O homem apreciava suacompanhia e se deliciava com os prazeresoferecidos pela namorada. Tudo parecia bem. Elenovamente tornou-se calmo e não se aborreciacom os estragos e as invasões feitas pelo faxineiro.

Quando se casaram, o homem levou aesposa para sua casa e, surpreendentemente,encontrou-a limpa e arrumada, como há muito nãoestivera. Os móveis brilhavam e a poeira se fora.Sua mente também estava limpa e renovada. Suapaz finalmente tinha sido restaurada.

O faxineiro retornou algumas vezesdepois daquilo. Destruiu a casa e novamente areconstruiu. Vasculhou sentimentos, tirou aprivacidade, gerou raiva e frustração, invadiusegredos e revelou desejos e novamente clareou erenovou a mente de cada um. Deixou tristeza etrouxe felicidade. Pois assim é o amor, a base denossa vida – nossa reconstrução.

Um breve relato sobre a televisão eseus telespectadores

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Tarja Preta

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Clin

amen

12

sentido, de que o tudo que eu tenho estáescapando por entre meus dedos como areiafina? Eu não sei. Em um momento, tudo está bem,no outro já não mais. Queria ser feita de aço, ouqualquer coisa ainda mais forte, para nãodeixar-me levar por pouca coisa, porprecipitações, por mentiras. Queria realmenteconseguir enxergar tudo como realmente é.Queria realmente poder enxergar a verdade.Mesmo que doesse, eu me recuperaria maisrápido. Mas não enxergo. Apenas escuto. Econfesso, tem me ajudado bastante. A músicahoje é minha salvação, minha melhor amiga.Nunca me trai, nunca mente. Não me ama,verdade; mas não me decepciona... As certezasque tenho? Pouquíssimas. Sei que meus anjos-da-guarda estão aqui, bem aqui. Mas não os vejo enão os escuto. Peço que, por favor, cantem,cantem mais alto, para que possa ouvi-los, paraque possa senti-los, para que possa amá-los,assim como amo a música.

Esther DiasII ITT

Às vezes me pergunto como seriam as coisas seeu não fosse tão indecisa e impulsiva, tão sensívele tão irracional. Não consigo encontrar resposta.Eu me moldei ao mundo, o mundo,consequentemente, a mim. Toda ação tem umareação. E as minhas ações não têm sido muitobem-vindas nos últimos anos. As reações domundo não me têm favorecido nem um pouco.Perdi amigos, parentes. Vivo perdendo. É como afissão em uma bomba atômica. Um nêutron livreatinge um núcleo particular que se divide, dandoorigem a mais nêutrons livres e mais núcleos queserão envolvidos em uma cadeia de fissões. Osnúcleos se separam. Os laços se desfazem.Reação em cadeia. Frequentemente olho para olado e vejo, sim, “há alguém aqui”. Espero queme diga algo que me faça melhorar, mas,quando percebo, estou no escuro, após tersentido palavras frias, assassinas. Olho à minhavolta e reconheço; tenho tudo. Mas por que estátudo diferente? Por que eu estou diferente? Porque tenho a impressão de que nada mais faz

Conclusão qualquer

Art

e: D

evia

nt A

rt

Clinamen

13

Sentada sob o sol quente de verão,olhando para o nada, ao mesmo tempoprocurando qualquer coisa que não melembrasse o quanto era errado... Seu toque,seu cheiro, suas perguntas, suas respostas aosmeus pensamentos, o modo que leu minhamente no instante em que me disse “oi”...Tudo o que conversamos, todos osnossos assuntos, seu jeito de fugir, devoltar, de esperar com pressa o que nãodeveria acontecer...

Cada opinião que tínhamos emcomum, cada argumento contestado, todoserrados. Mas, quando senti as folhas sequebrarem às minhas costas, percebi que já nãoachava nada mais errado. Minha vontade de teter tinha consumido o meu discernimento, minhavergonha, meu pudor, tinha tomado meussentidos, trazendo à tona o pior de mim. Esquecicada princípio cultivado, joguei sal sobre a terraem que um dia eles estiveram. Te ter, sentir suarespiração, seus cabelos curtos que pinicavammeus dedos e seu cheiro. Sempre ele, minhadroga, anestesia para com o que eu deveria mepreocupar.

Se esse entorpecimento me fazia bem oumal, era um mistério. Quem sabe me destruiriapor completo, ou quem sabe me salvaria damaré calma, que por fim tudo engole.

As mãosg e l a d a s

tocaram a minha nuca,acabando com cada pensamento sobre moral.Te ter, me virar para olhar teus olhos líquidos,quem sabe eles também me fariam esquecer quenada do que era errado era meu.

Absorção

Paula JabourII Liceo

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Clin

amen

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sentido, de que o tudo que eu tenho estáescapando por entre meus dedos como areiafina? Eu não sei. Em um momento, tudo está bem,no outro já não mais. Queria ser feita de aço, ouqualquer coisa ainda mais forte, para nãodeixar-me levar por pouca coisa, porprecipitações, por mentiras. Queria realmenteconseguir enxergar tudo como realmente é.Queria realmente poder enxergar a verdade.Mesmo que doesse, eu me recuperaria maisrápido. Mas não enxergo. Apenas escuto. Econfesso, tem me ajudado bastante. A músicahoje é minha salvação, minha melhor amiga.Nunca me trai, nunca mente. Não me ama,verdade; mas não me decepciona... As certezasque tenho? Pouquíssimas. Sei que meus anjos-da-guarda estão aqui, bem aqui. Mas não os vejo enão os escuto. Peço que, por favor, cantem,cantem mais alto, para que possa ouvi-los, paraque possa senti-los, para que possa amá-los,assim como amo a música.

Esther DiasII ITT

Às vezes me pergunto como seriam as coisas seeu não fosse tão indecisa e impulsiva, tão sensívele tão irracional. Não consigo encontrar resposta.Eu me moldei ao mundo, o mundo,consequentemente, a mim. Toda ação tem umareação. E as minhas ações não têm sido muitobem-vindas nos últimos anos. As reações domundo não me têm favorecido nem um pouco.Perdi amigos, parentes. Vivo perdendo. É como afissão em uma bomba atômica. Um nêutron livreatinge um núcleo particular que se divide, dandoorigem a mais nêutrons livres e mais núcleos queserão envolvidos em uma cadeia de fissões. Osnúcleos se separam. Os laços se desfazem.Reação em cadeia. Frequentemente olho para olado e vejo, sim, “há alguém aqui”. Espero queme diga algo que me faça melhorar, mas,quando percebo, estou no escuro, após tersentido palavras frias, assassinas. Olho à minhavolta e reconheço; tenho tudo. Mas por que estátudo diferente? Por que eu estou diferente? Porque tenho a impressão de que nada mais faz

Conclusão qualquer

Art

e: D

evia

nt A

rt

Clinamen

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Sentada sob o sol quente de verão,olhando para o nada, ao mesmo tempoprocurando qualquer coisa que não melembrasse o quanto era errado... Seu toque,seu cheiro, suas perguntas, suas respostas aosmeus pensamentos, o modo que leu minhamente no instante em que me disse “oi”...Tudo o que conversamos, todos osnossos assuntos, seu jeito de fugir, devoltar, de esperar com pressa o que nãodeveria acontecer...

Cada opinião que tínhamos emcomum, cada argumento contestado, todoserrados. Mas, quando senti as folhas sequebrarem às minhas costas, percebi que já nãoachava nada mais errado. Minha vontade de teter tinha consumido o meu discernimento, minhavergonha, meu pudor, tinha tomado meussentidos, trazendo à tona o pior de mim. Esquecicada princípio cultivado, joguei sal sobre a terraem que um dia eles estiveram. Te ter, sentir suarespiração, seus cabelos curtos que pinicavammeus dedos e seu cheiro. Sempre ele, minhadroga, anestesia para com o que eu deveria mepreocupar.

Se esse entorpecimento me fazia bem oumal, era um mistério. Quem sabe me destruiriapor completo, ou quem sabe me salvaria damaré calma, que por fim tudo engole.

As mãosg e l a d a s

tocaram a minha nuca,acabando com cada pensamento sobre moral.Te ter, me virar para olhar teus olhos líquidos,quem sabe eles também me fariam esquecer quenada do que era errado era meu.

Absorção

Paula JabourII Liceo

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Opi

nião

14

1-Elimina a vida humana;2 -Con t ra r ia pr i n c íp i o s

religiosos;3-Avilta a espécie humana,

tornando a morte intra-uterinauma solução leviana;

4-Cr ia embatesjurídicos à cercada proteção a vida.

Compreendo, r e s p e i t o econsidero corretoe s t e m o d o d epensar, mas tambémaceito como bastantep l a u s í v e l oargumento dosq u e s ã of a v o r á v e i s ,porque muitasv e z e s onasc imento demais uma pessoa nomundo pode causarvários problemas,seja para a própriapessoa ou para todosque a rodeiam.

Pelo que possoperceber, a polêmicasobre o aborto permaneceuma questão indefinida,sem solução imediata,gerando dúvidas quanto aoponto de vista ideológico quese deve adottar, levado emconta os valores da sociedadebrasileira. Fernanda Monteiro

II Liceo

Por definição, aborto é “a expulsãoprematura de um embrião ou feto do útero,resultando na sua morte”. Existem dois tipos:espontâneo (acontece naturalmente) e induzido(acontece por meio de intervenção humanaproposital).

É difícil, em texto técnico e meramenteexplicativo, tratar do impacto do aborto nasociedade e das várias discussões sobre ética emoral que envolvem o aborto induzido.

“É 'de esquerda' ser a favor do aborto econtra a pena de morte, enquanto direitistasdefendem o direito do feto à vida, porque ésagrada, e o direito do Estado de matá-lo se eleder errado”.

Luís Fernando Veríssimo, na citação,critica a política valendo-se do tema aborto. Defato, a maioria dos casos de aborto induzidoatinge mulheres pertencentes a classespopulares que, por razões financeiras ou porserem muito jovens, decidem abortar. Entretanto,sabe-se que, no Brasil, o índice de abortoinduzido é elevado tanto nas classes altasquanto nas baixas. Esta é a base para umalonga discussão envolvendo valores moraiseconômicos e políticos. O que leva tantasmulheres a recorrerem ao aborto?

Há os que defendem a teoria de que,em certos casos, o aborto é a melhor opção, como argumento de que possibilita a diminuição danatalidade indesejada, reduz o crescimentopopulacional desordenado e evita o sofrimentodecorrente de síndromes ou malformaçãocongênitas.

Existem, ainda, aqueles que sãocontrários, para os quais o aborto induzido é umatentado à vida humana, sustentando osseguintes pontos negativos:

Sou a favor Sou contra

Esther

Pseudônimo de uma aluna

Hoje, por mera coincidência ou ironia dodestino, chamem como quiser, decidi digitar a minhaprodução de texto. Ao ligar o computador, antes deiuma passadinha no twitter e mencionei o assunto queeu ia abordar neste texto. Fui pega de surpresa ao

ver que de imediato tive várias respostas, as quaisderam início a uma discussão. Fiquei por volta deduas horas plugada na internet num bate-boca

incessável.Parece que foi obra divina pra que eu

elaborasse ainda mais minha opinião e para quedefendesse ainda mais o que eu acredito, por maisdecepcionante e conturbada que tenha sido aconversa.

Sinto-me desiludida pelas coisas que li,entretanto revigorada por ter minha opinião, quenão mudaria por nada. Então se você quer saber:

Meu nome é Esther*, tenho 16 anos e soucontra a legalização do aborto!

No entanto, serei breve ao me explicar,porque, após tanto argumentar, percebi que

minhas palavras de nada servem pra mudaralgumas coisas. São palavras vãs e que nadasignificam além de minha própria opinião!Afinal de contas, são só palavras não é?Vida, vida, vida, vida, morte, são sópalavras...

Apesar disso, se me dou ao trabalhode escrever esse texto é porque ao menosuma pequena mensagem eu tenho: Eu sou afavor da vida! Fácil pra mim falar, não é?Na verdade não. Não é fácil dar a cara àtapa nesse argumento tão delicado.

Imaginem-me, por exemplo,grávida aos 16 anos e tendo que abrir

mão da minha vida pra criar umbebê. Pois é, te digo que eu criaria.Minha melhor amiga é filha deuma mãe adolescente ,que tinha

15 anos quando ela nasceu,e s u a gravidez foi acidental; ela iaabortar, mas mudou de idéia. Hoje eu tenho uma

15

Opinião

grande amiga, uma menina fantástica, uma meninafeliz, uma menina saudável, de quem poderia tersido tirada a vida.

Agora me imaginem na mesma situaçãoprecedente, mas de uma família pobre, aliás umafamília miserável, que não tivesse nenhumaestabilidade financeira?! Agora pensem no Brasil..pensem.. quantas pessoas vivem nessas condições?Agora perguntem a elas se preferiam nunca ternascido, se preferiam ter sido assassinadas. É claroque não! Todos querem, todos devem ter o direito deviver. Pensem agora em Martin Luther King, que erade família miserável, foi filho indesejado, nasceu ecresceu praticamente vivendo na fome, foi vítima dopreconceito. Há os que digam que, a levar uma vidadessas, é melhor nem nascer. No entanto Martincresce e luta contra o racismo! Foi um dos homens demais influência e um dos que viveu pra ver e fazer asociedade mudar.

Agora imaginem essa história: uma mulhercom tubercolose, seu marido com sífilis. O primeirofilho nasce cego, o segundo morre, o terceiro nascesurdo, o quarto é também tuberculoso, e elaengravida. Isso foi há quase 300 anos . Ela estavamais do que decidida a fazer um aborto, mudou deidéia. Em 1770, nasce Ludwig van Beethoven.

Enfim, não tenho muito mais o que dizer.Afinal de contas, por que não legalizar logo estebelo projeto de uma vez? Aproveitamos e junto comele matamos Martin Luther King, Beethoven e minhamelhor amiga.

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Opi

nião

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1-Elimina a vida humana;2 -Con t ra r ia pr i n c íp i o s

religiosos;3-Avilta a espécie humana,

tornando a morte intra-uterinauma solução leviana;

4-Cr ia embatesjurídicos à cercada proteção a vida.

Compreendo, r e s p e i t o econsidero corretoe s t e m o d o d epensar, mas tambémaceito como bastantep l a u s í v e l oargumento dosq u e s ã of a v o r á v e i s ,porque muitasv e z e s onasc imento demais uma pessoa nomundo pode causarvários problemas,seja para a própriapessoa ou para todosque a rodeiam.

Pelo que possoperceber, a polêmicasobre o aborto permaneceuma questão indefinida,sem solução imediata,gerando dúvidas quanto aoponto de vista ideológico quese deve adottar, levado emconta os valores da sociedadebrasileira. Fernanda Monteiro

II Liceo

Por definição, aborto é “a expulsãoprematura de um embrião ou feto do útero,resultando na sua morte”. Existem dois tipos:espontâneo (acontece naturalmente) e induzido(acontece por meio de intervenção humanaproposital).

É difícil, em texto técnico e meramenteexplicativo, tratar do impacto do aborto nasociedade e das várias discussões sobre ética emoral que envolvem o aborto induzido.

“É 'de esquerda' ser a favor do aborto econtra a pena de morte, enquanto direitistasdefendem o direito do feto à vida, porque ésagrada, e o direito do Estado de matá-lo se eleder errado”.

Luís Fernando Veríssimo, na citação,critica a política valendo-se do tema aborto. Defato, a maioria dos casos de aborto induzidoatinge mulheres pertencentes a classespopulares que, por razões financeiras ou porserem muito jovens, decidem abortar. Entretanto,sabe-se que, no Brasil, o índice de abortoinduzido é elevado tanto nas classes altasquanto nas baixas. Esta é a base para umalonga discussão envolvendo valores moraiseconômicos e políticos. O que leva tantasmulheres a recorrerem ao aborto?

Há os que defendem a teoria de que,em certos casos, o aborto é a melhor opção, como argumento de que possibilita a diminuição danatalidade indesejada, reduz o crescimentopopulacional desordenado e evita o sofrimentodecorrente de síndromes ou malformaçãocongênitas.

Existem, ainda, aqueles que sãocontrários, para os quais o aborto induzido é umatentado à vida humana, sustentando osseguintes pontos negativos:

Sou a favor Sou contra

Esther

Pseudônimo de uma aluna

Hoje, por mera coincidência ou ironia dodestino, chamem como quiser, decidi digitar a minhaprodução de texto. Ao ligar o computador, antes deiuma passadinha no twitter e mencionei o assunto queeu ia abordar neste texto. Fui pega de surpresa ao

ver que de imediato tive várias respostas, as quaisderam início a uma discussão. Fiquei por volta deduas horas plugada na internet num bate-boca

incessável.Parece que foi obra divina pra que eu

elaborasse ainda mais minha opinião e para quedefendesse ainda mais o que eu acredito, por maisdecepcionante e conturbada que tenha sido aconversa.

Sinto-me desiludida pelas coisas que li,entretanto revigorada por ter minha opinião, quenão mudaria por nada. Então se você quer saber:

Meu nome é Esther*, tenho 16 anos e soucontra a legalização do aborto!

No entanto, serei breve ao me explicar,porque, após tanto argumentar, percebi que

minhas palavras de nada servem pra mudaralgumas coisas. São palavras vãs e que nadasignificam além de minha própria opinião!Afinal de contas, são só palavras não é?Vida, vida, vida, vida, morte, são sópalavras...

Apesar disso, se me dou ao trabalhode escrever esse texto é porque ao menosuma pequena mensagem eu tenho: Eu sou afavor da vida! Fácil pra mim falar, não é?Na verdade não. Não é fácil dar a cara àtapa nesse argumento tão delicado.

Imaginem-me, por exemplo,grávida aos 16 anos e tendo que abrir

mão da minha vida pra criar umbebê. Pois é, te digo que eu criaria.Minha melhor amiga é filha deuma mãe adolescente ,que tinha

15 anos quando ela nasceu,e s u a gravidez foi acidental; ela iaabortar, mas mudou de idéia. Hoje eu tenho uma

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Opinião

grande amiga, uma menina fantástica, uma meninafeliz, uma menina saudável, de quem poderia tersido tirada a vida.

Agora me imaginem na mesma situaçãoprecedente, mas de uma família pobre, aliás umafamília miserável, que não tivesse nenhumaestabilidade financeira?! Agora pensem no Brasil..pensem.. quantas pessoas vivem nessas condições?Agora perguntem a elas se preferiam nunca ternascido, se preferiam ter sido assassinadas. É claroque não! Todos querem, todos devem ter o direito deviver. Pensem agora em Martin Luther King, que erade família miserável, foi filho indesejado, nasceu ecresceu praticamente vivendo na fome, foi vítima dopreconceito. Há os que digam que, a levar uma vidadessas, é melhor nem nascer. No entanto Martincresce e luta contra o racismo! Foi um dos homens demais influência e um dos que viveu pra ver e fazer asociedade mudar.

Agora imaginem essa história: uma mulhercom tubercolose, seu marido com sífilis. O primeirofilho nasce cego, o segundo morre, o terceiro nascesurdo, o quarto é também tuberculoso, e elaengravida. Isso foi há quase 300 anos . Ela estavamais do que decidida a fazer um aborto, mudou deidéia. Em 1770, nasce Ludwig van Beethoven.

Enfim, não tenho muito mais o que dizer.Afinal de contas, por que não legalizar logo estebelo projeto de uma vez? Aproveitamos e junto comele matamos Martin Luther King, Beethoven e minhamelhor amiga.

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16

Poes

ia

La nebbia a gl'irt colliPiovigginando sale,E sotto il maestraleUrla e biancheggia il mar;

Ma per le vie del borgoDal ribollir de' tiniVa l'aspro odor de i viniL'anime a rallegrar.

Gira su' ceppi accesiLo spiedo scoppiettando:Sta il cacciator fischiandoSu l'uscio a rimirar

Tra le rossastre nubiStormi d'uccelli neri,Com'esuli pensieri,Nel vespero migrar.

A névoa, para as íngremes colinas,Sobe chuviscando

E sob o Mistral soprandoBrada e alveja o mar

Mas pelas ruas da vilaDo borbulhar das tinas

Vai o azedo odor das vinhasOs ânimos a alegrar

Gira, nas cepas acesasA haste crepitando

O caçador, assobiando,Está à porta, a contemplar.

Entre as nuvens avermelhadasRevoadas de pássaros negros

Como exilados pensamentosNo vespertino migrar.

Tradução do poema San Martino de Giosue Carducci:

San Martino

São Martinho

Sofia Noman Filizzolaex-aluna

Giosue CarducciPoeta Italiano

Poesia

17

Conjugando o me, mim, comigofiz um resto de oração.Juntei teu te, ti, contigo

Pra que tu conhecesseso que em mim é vão.

Tu és minha exatidão.Onde vai dar um grande amorsenão nos mimos e caprichos

das lembranças que viram canção?Meu coração veio cantando baixinho

querendo fazer ninhonesse jardim de paixão.

Esse meu eu passarinhoquer tocar o teu sozinho

e com as plumas do carinhoquer pedir a tua mão.

o que fazer quando há o que dizer, maspalavras não há?acender mais um cigarro e esperar.olhar a tela, branca, depois trocar a músicaesperando algum sinal.mexer no telefone, revirar papéisempilhados,encostar na estante e abrir os livros,aleatoriamente.mascar chicletes, abrir a janelae olhar o céu turvo, os prédiossemiapagadose se imaginar lá embaixo, caminhando nachuva tênue que esfria a noite.acender outro cigarro, sentar e olhar a tela.olhar a tela. a tela.pisca a barra horizontal.não há mais o que fazer a não ser olhar atela.minha vida se tornou um retângulo,meus estímulos, todos pela fibra ótica.padeci.não existe uma só caneta nesta casa.

[ o dia em que a tela parou ]

Passarinho quero-quero

Paula MirandaColaboradora

Rogério BettoniColaborador

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Poes

ia

La nebbia a gl'irt colliPiovigginando sale,E sotto il maestraleUrla e biancheggia il mar;

Ma per le vie del borgoDal ribollir de' tiniVa l'aspro odor de i viniL'anime a rallegrar.

Gira su' ceppi accesiLo spiedo scoppiettando:Sta il cacciator fischiandoSu l'uscio a rimirar

Tra le rossastre nubiStormi d'uccelli neri,Com'esuli pensieri,Nel vespero migrar.

A névoa, para as íngremes colinas,Sobe chuviscando

E sob o Mistral soprandoBrada e alveja o mar

Mas pelas ruas da vilaDo borbulhar das tinas

Vai o azedo odor das vinhasOs ânimos a alegrar

Gira, nas cepas acesasA haste crepitando

O caçador, assobiando,Está à porta, a contemplar.

Entre as nuvens avermelhadasRevoadas de pássaros negros

Como exilados pensamentosNo vespertino migrar.

Tradução do poema San Martino de Giosue Carducci:

San Martino

São Martinho

Sofia Noman Filizzolaex-aluna

Giosue CarducciPoeta Italiano

Poesia

17

Conjugando o me, mim, comigofiz um resto de oração.Juntei teu te, ti, contigo

Pra que tu conhecesseso que em mim é vão.

Tu és minha exatidão.Onde vai dar um grande amorsenão nos mimos e caprichos

das lembranças que viram canção?Meu coração veio cantando baixinho

querendo fazer ninhonesse jardim de paixão.

Esse meu eu passarinhoquer tocar o teu sozinho

e com as plumas do carinhoquer pedir a tua mão.

o que fazer quando há o que dizer, maspalavras não há?acender mais um cigarro e esperar.olhar a tela, branca, depois trocar a músicaesperando algum sinal.mexer no telefone, revirar papéisempilhados,encostar na estante e abrir os livros,aleatoriamente.mascar chicletes, abrir a janelae olhar o céu turvo, os prédiossemiapagadose se imaginar lá embaixo, caminhando nachuva tênue que esfria a noite.acender outro cigarro, sentar e olhar a tela.olhar a tela. a tela.pisca a barra horizontal.não há mais o que fazer a não ser olhar atela.minha vida se tornou um retângulo,meus estímulos, todos pela fibra ótica.padeci.não existe uma só caneta nesta casa.

[ o dia em que a tela parou ]

Passarinho quero-quero

Paula MirandaColaboradora

Rogério BettoniColaborador

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Em busca de tratamento, ele viajou com os pais eEzequiel Neves, seu grande amigo, até Bostononde passou quase dois meses. Ao voltar gravouo disco “Ideologia”, considerado pela crítica omelhor dos seus trabalhos até então. Nessaépoca, sabendo do pouco tempo que lherestava, queria fazer de tudo. Alternavam-segravações, shows, festas e internações emclínicas.

Cazuza foi a primeira personalidadebrasileira a declarar publicamente que tinhaAids. Era impressionante a sua afirmação devida. Ao invés de se deixar abater pela doença,trabalhava cada vez mais energicamente,lutando contra o tempo. Gravou seu último álbum“Burguesia”, numa cadeira de rodas, tãodebilitado que, ao gravar a última faixa dodisco, estava deitado com febre e precisava daajuda de um aparelho de oxigênio. Seu estadojá era muito delicado. Na madrugada do dia 6de julho de 1990, morreu na casa dos pais aostrinta e dois anos.

Cazuza foi, sem dúvida, um grandeartista. Em seu pouco tempo de vida, deixoumais de cem músicas. Sua obra teve asinfluências mais variadas, de Jack Kerouace Clarice Lispector a Janis Joplin eDolores Duran. Seu forte era a mistura,também com as pessoas: viviarodeado de amigos, era divertido,doce e generoso, mas agressivo epossessivo às vezes. Enfim, eraexagerado, mas fazia parte do seushow!

Laura AntunesIII Liceo

Aposto que a maioria das pessoas nuncaouviu falar em Agenor de Miranda Araújo. Noentanto, quando se fala em Cazuza, evocamosimediatamente o grande ídolo dos anos 80, suairreverência e principalmente sua obra quemarcou uma época e ainda põe muita gente acantar grandes sucessos como “Codinome Beija-flor” ou “Ideologia”. Nada mais admirável doque a coragem com que lutou por sua vida contraa Aids, aproveitando-a até o esgotamento desuas energias, nada que encarne melhor oespírito “carpe diem” .

Desde que nasceu, seus pais o chamavamde “Cazuza” que no Nordeste quer dizermoleque. De fato o moleque sempre preferiu oapelido ao nome de batismo: Agenor. Nascidoem 1958, Cazuza foi criado em Ipanema. O pai,João, era divulgador de uma gravadora, e amãe, Lucinha, costureira. Foi um menino quieto ebem-comportado durante a infância, até que naadolescência revelou-se o seu gênio rebelde:terminou a escola com muito custo e mergulhoufundo na boemia, vivendo ao estilo sexo, drogase .

Depois de experimentar váriosempregos que não o satisfaziam, Cazuzafinalmente encontrou aquele que o tornariafamoso, através do teatro. Na peça de conclusãode um curso dado pelo grupo

, Cazuza participou com o único papelde cantar, e acabou gostando muito daexperiência. Depois disso, recomendado pelocantor Leo Jaime, foi se encontrar com GutoGoffi, Roberto Frejat, Maurício Barros e DéPalmeira, rapazes que queriam formar umabanda e só precisavam de um vocalista. Cazuzaestava relutante, pois nunca tinhapensado em cantar antes, mas causou muito boa

rock ‘n’ roll

“Asdrúbal Trouxe oTrombone”

impressão e logo formaram a banda.

Começaram com pequenos shows atéque saiu o primeiro álbum em 1982. Algumasmúsicas fizeram sucesso, como “Todo o amor quehouver nessa vida”, mas o Barão só ganhoumaior destaque com o segundo disco que foilançado no ano seguinte e teve a faixa “Pro dianascer feliz” regravada por Ney Matogrosso.Depois disso, a banda foi conquistando cada vezmais sucesso, com shows lotados, fãs e muitosdiscos vendidos. Cazuza, por sua vez, passou aser reconhecido como um talentoso poeta do rockbrasileiro, e, com muita energia, ia superandosuas limitações como cantor. Suas atitudesirreverentes e declarações espalhafatosasfizeram com que aparecesse cada vez maiscomo artista e personalidade. No entanto, porcausa do seu temperamento irrequieto, a bandase separou em 1985.

Em seu primeiro álbum solo, feito comvárias parcerias que deram origem a grandeshits como “Exagerado” e “Codinome Beija-flor”,mostrou uma sonoridade mais limpa que a do

. Suas letras cheias de gírias falavam demodo espontâneo e aberto sobre amor, prazer edor, revelando um estilo muito característico doartista, que ia amadurecendo à medida que suacarreira tomava impulso.

Antes desse álbum, pouco tempo depoisda separação da banda, chegou aos jornais anotícia de que Cazuza havia sido internado comuma infecção bacteriana. Nessa época em queos exames não eram muito precisos, ele fez umteste de HIV e o resultado deu negativo.

Contudo, em 1987, um novo testedetectou o vírus. A descoberta da doença foidevastadora para o cantor e mudou sua vida.

BarãoVermelho

Barão

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Em busca de tratamento, ele viajou com os pais eEzequiel Neves, seu grande amigo, até Bostononde passou quase dois meses. Ao voltar gravouo disco “Ideologia”, considerado pela crítica omelhor dos seus trabalhos até então. Nessaépoca, sabendo do pouco tempo que lherestava, queria fazer de tudo. Alternavam-segravações, shows, festas e internações emclínicas.

Cazuza foi a primeira personalidadebrasileira a declarar publicamente que tinhaAids. Era impressionante a sua afirmação devida. Ao invés de se deixar abater pela doença,trabalhava cada vez mais energicamente,lutando contra o tempo. Gravou seu último álbum“Burguesia”, numa cadeira de rodas, tãodebilitado que, ao gravar a última faixa dodisco, estava deitado com febre e precisava daajuda de um aparelho de oxigênio. Seu estadojá era muito delicado. Na madrugada do dia 6de julho de 1990, morreu na casa dos pais aostrinta e dois anos.

Cazuza foi, sem dúvida, um grandeartista. Em seu pouco tempo de vida, deixoumais de cem músicas. Sua obra teve asinfluências mais variadas, de Jack Kerouace Clarice Lispector a Janis Joplin eDolores Duran. Seu forte era a mistura,também com as pessoas: viviarodeado de amigos, era divertido,doce e generoso, mas agressivo epossessivo às vezes. Enfim, eraexagerado, mas fazia parte do seushow!

Laura AntunesIII Liceo

Aposto que a maioria das pessoas nuncaouviu falar em Agenor de Miranda Araújo. Noentanto, quando se fala em Cazuza, evocamosimediatamente o grande ídolo dos anos 80, suairreverência e principalmente sua obra quemarcou uma época e ainda põe muita gente acantar grandes sucessos como “Codinome Beija-flor” ou “Ideologia”. Nada mais admirável doque a coragem com que lutou por sua vida contraa Aids, aproveitando-a até o esgotamento desuas energias, nada que encarne melhor oespírito “carpe diem” .

Desde que nasceu, seus pais o chamavamde “Cazuza” que no Nordeste quer dizermoleque. De fato o moleque sempre preferiu oapelido ao nome de batismo: Agenor. Nascidoem 1958, Cazuza foi criado em Ipanema. O pai,João, era divulgador de uma gravadora, e amãe, Lucinha, costureira. Foi um menino quieto ebem-comportado durante a infância, até que naadolescência revelou-se o seu gênio rebelde:terminou a escola com muito custo e mergulhoufundo na boemia, vivendo ao estilo sexo, drogase .

Depois de experimentar váriosempregos que não o satisfaziam, Cazuzafinalmente encontrou aquele que o tornariafamoso, através do teatro. Na peça de conclusãode um curso dado pelo grupo

, Cazuza participou com o único papelde cantar, e acabou gostando muito daexperiência. Depois disso, recomendado pelocantor Leo Jaime, foi se encontrar com GutoGoffi, Roberto Frejat, Maurício Barros e DéPalmeira, rapazes que queriam formar umabanda e só precisavam de um vocalista. Cazuzaestava relutante, pois nunca tinhapensado em cantar antes, mas causou muito boa

rock ‘n’ roll

“Asdrúbal Trouxe oTrombone”

impressão e logo formaram a banda.

Começaram com pequenos shows atéque saiu o primeiro álbum em 1982. Algumasmúsicas fizeram sucesso, como “Todo o amor quehouver nessa vida”, mas o Barão só ganhoumaior destaque com o segundo disco que foilançado no ano seguinte e teve a faixa “Pro dianascer feliz” regravada por Ney Matogrosso.Depois disso, a banda foi conquistando cada vezmais sucesso, com shows lotados, fãs e muitosdiscos vendidos. Cazuza, por sua vez, passou aser reconhecido como um talentoso poeta do rockbrasileiro, e, com muita energia, ia superandosuas limitações como cantor. Suas atitudesirreverentes e declarações espalhafatosasfizeram com que aparecesse cada vez maiscomo artista e personalidade. No entanto, porcausa do seu temperamento irrequieto, a bandase separou em 1985.

Em seu primeiro álbum solo, feito comvárias parcerias que deram origem a grandeshits como “Exagerado” e “Codinome Beija-flor”,mostrou uma sonoridade mais limpa que a do

. Suas letras cheias de gírias falavam demodo espontâneo e aberto sobre amor, prazer edor, revelando um estilo muito característico doartista, que ia amadurecendo à medida que suacarreira tomava impulso.

Antes desse álbum, pouco tempo depoisda separação da banda, chegou aos jornais anotícia de que Cazuza havia sido internado comuma infecção bacteriana. Nessa época em queos exames não eram muito precisos, ele fez umteste de HIV e o resultado deu negativo.

Contudo, em 1987, um novo testedetectou o vírus. A descoberta da doença foidevastadora para o cantor e mudou sua vida.

BarãoVermelho

Barão

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gastronômica bem mais próxima à das nobres famíliasvindas de Portugal. Um novo conceito de apreciar acomida, experimentar sensações e se portar à mesa,fazendo da refeição um momento singular, deixava aculinária tupiniquim mais sofisticada. E foi em torno damesa da cozinha ou da sala de jantar que a vidafamiliar passou a girar. Começa o reinado das boasmaneiras. Cardápio organizado, vinho harmonizadocom a comida, talheres colocados numa determinadaposição, enfim regras de etiqueta devem ser seguidas.O excesso e variedade de utensílios na preparação damesa nos fizeram reféns das normas sociais, mas a horada refeição se tornou mais prazerosa. O hábito desentar-se à mesa com amigos por lazer ou para discutirnegócios é um ritual tão presente em nossa vida, que jánão sabemos viver sem ele. Receber é uma arte querequer uma série de cuidados, e a mesa, mais uma vez,é prioridade nesses momentos.

Av. Prudente deMorais, 202,Mezanino

Telefone:(31) 3291 – 5320

Gerente:Ana Paula Prates

Se você procura um lugar moderno com umar cult e também com aquele toque de intimidade,o Café do Museu é sua melhor pedida. Um lugarpequeno, mas confortável com extensas janelas.Ele é o refúgio para quem procura um retiropessoal ou simplesmente uma tarde maravilhosaacompanhada de amigos ou de um bom livro. Olugar oferece uma carta de vinhos bem requintadae pratos de dar água na boca. Em seu cardápioencontramos de simples aperitivos até as maisdiversas sobremesas. A sugestão da chef CarolinaMoretzsohn (que é também a proprietária) é odelicioso Magret ao molho de jabuticabaacompanhado com uma salada de grãos frescos.O café oferece também nas terças, jazz, e nasquintas, bossa nova.

Claro que depois dessa grande festapara o seu paladar não deixe de passar no MuseuHistórico Abílio Barreto. O lugar é um dos marcosde Belo Horizonte e nos apresenta grande parteda tradição de nossa cidade em exposiçõespermanentes e temporárias.

Ariel BretasIII Liceo

Maria de LourdesProfessora de português

Infelizmente, impulsionados pelas grandestransformações da vida moderna, por força decompromissos e preocupações, sentar-se à mesa emnossas casas tem se tornado uma cena cada vez maisrara. Quem percebe a importância desse momentoprecisa se esforçar para cultivá-lo. A mesa, tanto emestabelecimentos públicos como privados, é ainda oespaço de convivência entre as pessoas. Reunidos,enquanto comemos, trocamos histórias, experiências,ideias e reforçamos os laços da afetividade.

Esth

io

20 No imaginário de muitos brasileiros, a caricatafigura de D. João VI é sempre lembrada com uma coxade frango na mão, dedos lambuzados de gordura euma barriga enorme. O nosso rei tinha um apetite feroze, segundo as más línguas, chegava a comer, sem usartalheres, seis frangos diariamente.

Nada mais curioso do que a maneira como secome. O que, onde e como comemos dizem muito sobrenós mesmos. No caso do recém-chegado rei, nãoparecia haver uma correspondência entre hábitosalimentares, posição social e influência: a comida erauma válvula de escape de sua personalidade fraca.

Mas, estranhamente, foi o desembarque desteguloso monarca acompanhado de sua mãe, arequintada D. Maria, (a Louca, como conhecida entrenós), com suas porcelanas, talheres e outros utensílios demesa, que moldou nossos hábitos de fazer as refeições.

Por que a mesa tornou-se tão importantedentro e fora de casa? Mais um pouquinho de história.Oviajante que chegasse à Baía de Guanabara na épocados vice-reis, encantado com a beleza da paisagem,perdia essa boa impressão quando pisava em terra.Suja e insalubre,

assim era o Rio de Janeiro. E os hábitos dos moradorestornavam esse panorama ainda pior. As mulheres, porexemplo, tinham por costume escarrar em público, semse importarem com hora e lugar. Demonstravampreguiça e falta de elegância no modo de se vestirem ecomportarem. Era muito comum, também, comerem nochão, tendo a dona da casa uma esteira, da qual só seaproximavam os favoritos. A faca era usada somentepelos homens; as crianças e mulheres utilizavam osdedos para se alimentar. As escravas comiam ao mesmotempo em outros pontos da sala e às vezes recebiamdas mãos de suas senhoras alguns bocados.

Num jantar cada convidado deveriacomparecer com sua própria faca. As mãos eramusadas com a mesma frequência que os garfos e, comoera comum uma pessoa servir-se do prato do vizinho,muitas vezes, os dedos de ambos ficavam mergulhadosnum só prato ao mesmo tempo. A ausência de etiqueta- cotovelos fincados na mesa, prato sobre os joelhos,crianças deitadas ou de cócoras nas esteiras - era o quepredominava, mesmo nas casas mais abastadas. Osnovos costumes trazidos pela corte chamaram aatenção da população local que passou a imitá-los.

Assim, nas terras férteis da Colônia, com um reicomilão e uma rainha culta, aconteceu, a maiorrevolução na mesa brasileira, que adotou a culináriaportuguesa, já afrancesada, pois D. Maria, durante osquinze anos que governou Portugal, teve no comandode sua cozinha, o francês Lucas Rigaud. Também aliberação dos portos, durante o século XIX, contribuiupara o aprimoramento da gastronomia brasileira,

trazendo um número significativo de mercadoriasimportadas, disponíveis nos estabelecimentos

comerciais. Massas italianas, azeitonas emlatas, queijos do reino, especiariasexóticas, frutas secas, latas comcamarões em conserva, vinhos echampanhes foram alguns dos luxosintroduzidos à vida do carioca pelanobreza e pelos negociantesestrangeiros que aqui aportaramcom a corte. Até mesmo a cebolae o alho, nossos velhos conhecidos,só chegaram à cozinha brasileiranaquele momento.

A partir da mistura eadaptação do cardápioportuguês às iguarias nativas eda introdução de uma novamaneira de servir essespratos, criou-se uma cultura

O Reinado da Mesa

Ester ConceiçãoII Liceo

Page 21: Carpe Diem XI BETA.cdr

gastronômica bem mais próxima à das nobres famíliasvindas de Portugal. Um novo conceito de apreciar acomida, experimentar sensações e se portar à mesa,fazendo da refeição um momento singular, deixava aculinária tupiniquim mais sofisticada. E foi em torno damesa da cozinha ou da sala de jantar que a vidafamiliar passou a girar. Começa o reinado das boasmaneiras. Cardápio organizado, vinho harmonizadocom a comida, talheres colocados numa determinadaposição, enfim regras de etiqueta devem ser seguidas.O excesso e variedade de utensílios na preparação damesa nos fizeram reféns das normas sociais, mas a horada refeição se tornou mais prazerosa. O hábito desentar-se à mesa com amigos por lazer ou para discutirnegócios é um ritual tão presente em nossa vida, que jánão sabemos viver sem ele. Receber é uma arte querequer uma série de cuidados, e a mesa, mais uma vez,é prioridade nesses momentos.

Av. Prudente deMorais, 202,Mezanino

Telefone:(31) 3291 – 5320

Gerente:Ana Paula Prates

Se você procura um lugar moderno com umar cult e também com aquele toque de intimidade,o Café do Museu é sua melhor pedida. Um lugarpequeno, mas confortável com extensas janelas.Ele é o refúgio para quem procura um retiropessoal ou simplesmente uma tarde maravilhosaacompanhada de amigos ou de um bom livro. Olugar oferece uma carta de vinhos bem requintadae pratos de dar água na boca. Em seu cardápioencontramos de simples aperitivos até as maisdiversas sobremesas. A sugestão da chef CarolinaMoretzsohn (que é também a proprietária) é odelicioso Magret ao molho de jabuticabaacompanhado com uma salada de grãos frescos.O café oferece também nas terças, jazz, e nasquintas, bossa nova.

Claro que depois dessa grande festapara o seu paladar não deixe de passar no MuseuHistórico Abílio Barreto. O lugar é um dos marcosde Belo Horizonte e nos apresenta grande parteda tradição de nossa cidade em exposiçõespermanentes e temporárias.

Ariel BretasIII Liceo

Maria de LourdesProfessora de português

Infelizmente, impulsionados pelas grandestransformações da vida moderna, por força decompromissos e preocupações, sentar-se à mesa emnossas casas tem se tornado uma cena cada vez maisrara. Quem percebe a importância desse momentoprecisa se esforçar para cultivá-lo. A mesa, tanto emestabelecimentos públicos como privados, é ainda oespaço de convivência entre as pessoas. Reunidos,enquanto comemos, trocamos histórias, experiências,ideias e reforçamos os laços da afetividade.

Esth

io

20 No imaginário de muitos brasileiros, a caricatafigura de D. João VI é sempre lembrada com uma coxade frango na mão, dedos lambuzados de gordura euma barriga enorme. O nosso rei tinha um apetite feroze, segundo as más línguas, chegava a comer, sem usartalheres, seis frangos diariamente.

Nada mais curioso do que a maneira como secome. O que, onde e como comemos dizem muito sobrenós mesmos. No caso do recém-chegado rei, nãoparecia haver uma correspondência entre hábitosalimentares, posição social e influência: a comida erauma válvula de escape de sua personalidade fraca.

Mas, estranhamente, foi o desembarque desteguloso monarca acompanhado de sua mãe, arequintada D. Maria, (a Louca, como conhecida entrenós), com suas porcelanas, talheres e outros utensílios demesa, que moldou nossos hábitos de fazer as refeições.

Por que a mesa tornou-se tão importantedentro e fora de casa? Mais um pouquinho de história.Oviajante que chegasse à Baía de Guanabara na épocados vice-reis, encantado com a beleza da paisagem,perdia essa boa impressão quando pisava em terra.Suja e insalubre,

assim era o Rio de Janeiro. E os hábitos dos moradorestornavam esse panorama ainda pior. As mulheres, porexemplo, tinham por costume escarrar em público, semse importarem com hora e lugar. Demonstravampreguiça e falta de elegância no modo de se vestirem ecomportarem. Era muito comum, também, comerem nochão, tendo a dona da casa uma esteira, da qual só seaproximavam os favoritos. A faca era usada somentepelos homens; as crianças e mulheres utilizavam osdedos para se alimentar. As escravas comiam ao mesmotempo em outros pontos da sala e às vezes recebiamdas mãos de suas senhoras alguns bocados.

Num jantar cada convidado deveriacomparecer com sua própria faca. As mãos eramusadas com a mesma frequência que os garfos e, comoera comum uma pessoa servir-se do prato do vizinho,muitas vezes, os dedos de ambos ficavam mergulhadosnum só prato ao mesmo tempo. A ausência de etiqueta- cotovelos fincados na mesa, prato sobre os joelhos,crianças deitadas ou de cócoras nas esteiras - era o quepredominava, mesmo nas casas mais abastadas. Osnovos costumes trazidos pela corte chamaram aatenção da população local que passou a imitá-los.

Assim, nas terras férteis da Colônia, com um reicomilão e uma rainha culta, aconteceu, a maiorrevolução na mesa brasileira, que adotou a culináriaportuguesa, já afrancesada, pois D. Maria, durante osquinze anos que governou Portugal, teve no comandode sua cozinha, o francês Lucas Rigaud. Também aliberação dos portos, durante o século XIX, contribuiupara o aprimoramento da gastronomia brasileira,

trazendo um número significativo de mercadoriasimportadas, disponíveis nos estabelecimentos

comerciais. Massas italianas, azeitonas emlatas, queijos do reino, especiariasexóticas, frutas secas, latas comcamarões em conserva, vinhos echampanhes foram alguns dos luxosintroduzidos à vida do carioca pelanobreza e pelos negociantesestrangeiros que aqui aportaramcom a corte. Até mesmo a cebolae o alho, nossos velhos conhecidos,só chegaram à cozinha brasileiranaquele momento.

A partir da mistura eadaptação do cardápioportuguês às iguarias nativas eda introdução de uma novamaneira de servir essespratos, criou-se uma cultura

O Reinado da Mesa

Ester ConceiçãoII Liceo

Page 22: Carpe Diem XI BETA.cdr

Reco

men

da

22Nos anos 40, o

era uma casa noturna em Havana na qualtocavam grandes figuras da música cubana.Durante muito tempo, essas figuras caíram noostracismo, até que o guitarrista Ry Cooderdecidiu voltar à ilha e reunir os músicos restantesda velha- guarda. Como resultado temos o CD“BUENA VISTA SOCIAL CLUB”, que mais tardefoi transformado em documentário pelo cineastaWin Wenders, filmado durante a produção deum CD solo com Ibrahim Ferrer.

Além de reunir depoimentos dos músicossobre suas vidas em Cuba, a obra de WinWenders ainda inclui cenas das apresentaçõesdo grupo em Nova York e Amsterdã. Os maioresdestaques são: Ibrahim Ferrer, Omara Portundo,Compay, Rubén Gonzáles e Eliades Ochoa.O cineasta nos proporciona uma verdadeiraviagem pelo passado musical de Cuba, na qual

Buena Vista Social Club presenciamos artistas que são a expressão deuma sociedade formada por pessoas fortes, quenão seguiram o caminho material e queresistiram às limitações impostas pelo regime.Sem dúvida, uma cultura esquecida queressurge.

Calmo e poderoso em sua simplicidade,o documentário, além de consagrar a carreirade Win Wenders, recebeu uma indicação ao

e ganhou oprêmio

, consequências do toque tão bonitodado pela música cubana.

Oscar de Melhor DocumentárioCinema Brasil de Melhor Filme

Estrangeiro

Chiara CostanziII Liceo

Buena Vista Social ClubBuena Vista

Paula JabourII Liceu

ou de uma raça indomável, quese movimenta rápido, o tipo decriatura que deixa um rastro

de ânsia quando passa". Não sei se pego estaspalavras como um resumo do livro, ou como adescrição mais precisa de seu protagonista.

Rep, que vive como um artista, como umrebelde sem causa, como um vagabundo, nosjoga dentro de seu mundo. Rejeita sua cultura,tenta viver como seus ídolos, e, através deles,nos mostra que não é tão desprezível quanto sefaz acreditar.

As histórias de Sid Vicious eKurt Cobain, trágicas e doces, são contadas porRep, que acaba por deixar escapar um românticoincurável, eternamente apaixonado por “UmaCerta Garota.”

Escondendo a poesia e toda a ternuracom uma prosa feroz, violenta, desenfreada,Efraim Medina Reyes diz a verdadeincontestável: os maus também amam.

Era uma vez o amor... Mas eu tive que matá-lo

“ Recomenda

23

CURIOSIDADES:·Steve Vai é o dono de uma gravadora

especializada na gravação e divulgaçãointernacional de artistas.

·Steve é casado com Pia Maiocoo, ex-baixista da banda feminina Vixen. Ele é pai dedois filhos, Julian Angel e Fire.

·Ele gravou os sons que seu filho Julian, entãocom dois anos de idade, fazia e os imitou com aguitarra na música Ya-Yo Gakk, do álbum

?

?

?

AlienLove Secrets.

Foto: Divulgação

Recomenda

23

Steve Vai é um produtormusical, compositor e guitarristanorte-americano. Nascido em1960, é considerado por muitos,um dos melhores guitarristas domundo.

Segundo Beth Marlis, vice-presidente da ( ),Vai não só inspirou inúmeros músicos detodo o mundo, como desempenhou umpapel importante na evolução do rockmoderno. O compositor cresceu durante oauge da carreira de alguns dos maioresmúsicos da história, como Jimi Hendrix. Suamúsica se baseia principalmente em JeffBeck e o guitarrista de AllanHoldsworth.

Steve baseia suas músicas (namaioria das vezes instrumentais) nas maisdiversas derivações do rock. Seu repertóriose estende do ao rockprogressivo e, principalmente, músicasexperimentais. Em uma de suas maisinovadoras composições, e tambémuma das mais recomendadas, “ForThe Love of God”, do álbum Passionand Warfare, toca com umaorquestra. Um dos seus melhores e maisinteressantes álbuns é o G3: “Live InTokyo”,em que toca junto com dois dosmaiores guitarristas da atualidade: JoeSatriane e

MI Musicians Institute

fusion,

heavy metal

John Petrucci, substituto de EricJohnson, durante o show em que o álbum foigravado.

guitarra de Vai

Foto: Divulgação

Luiz Guilherme Costa GodinhoI Liceo B

A

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Reco

men

da

22Nos anos 40, o

era uma casa noturna em Havana na qualtocavam grandes figuras da música cubana.Durante muito tempo, essas figuras caíram noostracismo, até que o guitarrista Ry Cooderdecidiu voltar à ilha e reunir os músicos restantesda velha- guarda. Como resultado temos o CD“BUENA VISTA SOCIAL CLUB”, que mais tardefoi transformado em documentário pelo cineastaWin Wenders, filmado durante a produção deum CD solo com Ibrahim Ferrer.

Além de reunir depoimentos dos músicossobre suas vidas em Cuba, a obra de WinWenders ainda inclui cenas das apresentaçõesdo grupo em Nova York e Amsterdã. Os maioresdestaques são: Ibrahim Ferrer, Omara Portundo,Compay, Rubén Gonzáles e Eliades Ochoa.O cineasta nos proporciona uma verdadeiraviagem pelo passado musical de Cuba, na qual

Buena Vista Social Club presenciamos artistas que são a expressão deuma sociedade formada por pessoas fortes, quenão seguiram o caminho material e queresistiram às limitações impostas pelo regime.Sem dúvida, uma cultura esquecida queressurge.

Calmo e poderoso em sua simplicidade,o documentário, além de consagrar a carreirade Win Wenders, recebeu uma indicação ao

e ganhou oprêmio

, consequências do toque tão bonitodado pela música cubana.

Oscar de Melhor DocumentárioCinema Brasil de Melhor Filme

Estrangeiro

Chiara CostanziII Liceo

Buena Vista Social ClubBuena Vista

Paula JabourII Liceu

ou de uma raça indomável, quese movimenta rápido, o tipo decriatura que deixa um rastro

de ânsia quando passa". Não sei se pego estaspalavras como um resumo do livro, ou como adescrição mais precisa de seu protagonista.

Rep, que vive como um artista, como umrebelde sem causa, como um vagabundo, nosjoga dentro de seu mundo. Rejeita sua cultura,tenta viver como seus ídolos, e, através deles,nos mostra que não é tão desprezível quanto sefaz acreditar.

As histórias de Sid Vicious eKurt Cobain, trágicas e doces, são contadas porRep, que acaba por deixar escapar um românticoincurável, eternamente apaixonado por “UmaCerta Garota.”

Escondendo a poesia e toda a ternuracom uma prosa feroz, violenta, desenfreada,Efraim Medina Reyes diz a verdadeincontestável: os maus também amam.

Era uma vez o amor... Mas eu tive que matá-lo

“ Recomenda

23

CURIOSIDADES:·Steve Vai é o dono de uma gravadora

especializada na gravação e divulgaçãointernacional de artistas.

·Steve é casado com Pia Maiocoo, ex-baixista da banda feminina Vixen. Ele é pai dedois filhos, Julian Angel e Fire.

·Ele gravou os sons que seu filho Julian, entãocom dois anos de idade, fazia e os imitou com aguitarra na música Ya-Yo Gakk, do álbum

?

?

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AlienLove Secrets.

Foto: Divulgação

Recomenda

23

Steve Vai é um produtormusical, compositor e guitarristanorte-americano. Nascido em1960, é considerado por muitos,um dos melhores guitarristas domundo.

Segundo Beth Marlis, vice-presidente da ( ),Vai não só inspirou inúmeros músicos detodo o mundo, como desempenhou umpapel importante na evolução do rockmoderno. O compositor cresceu durante oauge da carreira de alguns dos maioresmúsicos da história, como Jimi Hendrix. Suamúsica se baseia principalmente em JeffBeck e o guitarrista de AllanHoldsworth.

Steve baseia suas músicas (namaioria das vezes instrumentais) nas maisdiversas derivações do rock. Seu repertóriose estende do ao rockprogressivo e, principalmente, músicasexperimentais. Em uma de suas maisinovadoras composições, e tambémuma das mais recomendadas, “ForThe Love of God”, do álbum Passionand Warfare, toca com umaorquestra. Um dos seus melhores e maisinteressantes álbuns é o G3: “Live InTokyo”,em que toca junto com dois dosmaiores guitarristas da atualidade: JoeSatriane e

MI Musicians Institute

fusion,

heavy metal

John Petrucci, substituto de EricJohnson, durante o show em que o álbum foigravado.

guitarra de Vai

Foto: Divulgação

Luiz Guilherme Costa GodinhoI Liceo B

A

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Leão! Leão! Leão!Rugindo como um trovãoDeu um pulo, e era uma vezUm cabritinho montês

Leão! Leão! Leão!És o rei da criação

Tua goela é uma fornalhaTeu salto, uma labaredaTua garra, uma navalhaCortando a presa na quedaLeão longe, leão pertoNas areias do desertoLeão alto, sobranceiroJunto do despenhadeiro

Leão! Leão! Leão!És o rei da criação

Leão na caça diurnaSaindo a correr da furnaLeão! Leão! Leão!Foi Deus quem te fez ou nãoLeão! Leão! Leão!És o rei da criação

O salto do tigre é rápidoComo o raio, mas não háTigre no mundo que escapeDo salto que o leão dá

Não conheço quem defronteO feroz rinocerontePois bem, se ele vê o leãoFoge como um furacão

Leão! Leão! Leão!Es o rei da criaçãoLeão! Leão! Leão!Foi Deus quem te fez ou não

Leão se esgueirando à esperaDa passagem de outra feraVem um tigre, como um dardoCai-lhe em cima o leopardoE enquanto brigam, tranquiloO leão fica olhando aquiloQuando se cansam, o leãoMata um com cada mão

Que tal brincar de artista e colorir o leão?

Crie um poema sobre um animal de que vocêgoste muuuuito!

Você conhece Vinícius de Moraes?

Arte: Kevin BernardesI Média C

Vinicius de MoraesPoeta

O Leão

Curinga

Mi trovavo seduta, sola, non sapevo dov’ero. Non era una stanza, era un luogo aperto

da una parte, come una veranda. Alla mia sinistra c’era una porta. Provai ad aprirla,

ma non riuscii. Sembrava che fosse di qualche materiale molto resistente, incollata alla

parete. Guardai dietro, una finestra, tutta nera, non c’era vetro. Impenetrabile. Non

potevo uscire, lo sapevo. Tutto quello che c’era lì eravamo io e una specie di divano.

Guardai davanti e vidi una città, ma era morta, silenziosa. Non c’erano rumori, non i

rumori di persone. Non sapevo come, ma ero conscia di essere l’unica sopravvissuta.Non

sapevo che ore fossero, il cielo era grigio, sapevo solo che era giorno. C’erano tuoni da

tutte le parti, vicini, lo sapevo, e la pioggia cadeva. Forte, fredda, toccava la mia pelle

soavemente, però lasciava tracce gelate nei punti in cui cadeva. Anche il vento era

forte, ogni volta di più, e spingeva la pioggia verso di me, lasciandomi ogni volta più

bagnata. Chiusi gli occhi e mi sentii toccare dalle gocce, come se ricevessi getti forti

d’acqua in tutto il mio corpo. Risi. Non sapevo perché, solo ridevo, come un sadico ride

del suo torturato, io ridevo. Di me stessa? Del mio freddo? Della pioggia? Non lo

sapevo.Riaprii gli occhi e vidi una luce. Un fulmine. Poi un tuono. Guardai le gocce che

cadevano. Rapide, forti, potenti, belle. Qualcosa che solo la Natura potrebbe fare. La

pioggia m’incantava. Come se il cielo piangesse. Piangesse per la distruzione della

Natura, piangesse per se stesso, piangesse per piangere o piangesse per me. Non

m’importava, era bello lo stesso, naturale, semplice, complesso, nero. Chi pensavamo di

essere noi, umani, per incolpare la Natura delle nostre disgrazie? Per distruggerla? Per

capirla? È questa la sua meraviglia, il mistero, la mancanza di volontà, la potenza. Forte

e bella come le cose non sono più.E nuovamente udii la sua forza, e la vidi. Un tuono e

una luce, non so quale venne prima. Ognuno di essi sembrava voler essere il primo.

Non m’importava, sono state le due ultime cose che vidi e udii, il tuono in mezzo alla

musica della pioggia, il fulmine in mezzo alla bellezza di quelle gocce.Ana Flávia Vital

I Liceo BAna Flávia Vital

I Liceo B

PIOGGIA

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Leão! Leão! Leão!Rugindo como um trovãoDeu um pulo, e era uma vezUm cabritinho montês

Leão! Leão! Leão!És o rei da criação

Tua goela é uma fornalhaTeu salto, uma labaredaTua garra, uma navalhaCortando a presa na quedaLeão longe, leão pertoNas areias do desertoLeão alto, sobranceiroJunto do despenhadeiro

Leão! Leão! Leão!És o rei da criação

Leão na caça diurnaSaindo a correr da furnaLeão! Leão! Leão!Foi Deus quem te fez ou nãoLeão! Leão! Leão!És o rei da criação

O salto do tigre é rápidoComo o raio, mas não háTigre no mundo que escapeDo salto que o leão dá

Não conheço quem defronteO feroz rinocerontePois bem, se ele vê o leãoFoge como um furacão

Leão! Leão! Leão!Es o rei da criaçãoLeão! Leão! Leão!Foi Deus quem te fez ou não

Leão se esgueirando à esperaDa passagem de outra feraVem um tigre, como um dardoCai-lhe em cima o leopardoE enquanto brigam, tranquiloO leão fica olhando aquiloQuando se cansam, o leãoMata um com cada mão

Que tal brincar de artista e colorir o leão?

Crie um poema sobre um animal de que vocêgoste muuuuito!

Você conhece Vinícius de Moraes?

Arte: Kevin BernardesI Média C

Vinicius de MoraesPoeta

O Leão

Curinga

Mi trovavo seduta, sola, non sapevo dov’ero. Non era una stanza, era un luogo aperto

da una parte, come una veranda. Alla mia sinistra c’era una porta. Provai ad aprirla,

ma non riuscii. Sembrava che fosse di qualche materiale molto resistente, incollata alla

parete. Guardai dietro, una finestra, tutta nera, non c’era vetro. Impenetrabile. Non

potevo uscire, lo sapevo. Tutto quello che c’era lì eravamo io e una specie di divano.

Guardai davanti e vidi una città, ma era morta, silenziosa. Non c’erano rumori, non i

rumori di persone. Non sapevo come, ma ero conscia di essere l’unica sopravvissuta.Non

sapevo che ore fossero, il cielo era grigio, sapevo solo che era giorno. C’erano tuoni da

tutte le parti, vicini, lo sapevo, e la pioggia cadeva. Forte, fredda, toccava la mia pelle

soavemente, però lasciava tracce gelate nei punti in cui cadeva. Anche il vento era

forte, ogni volta di più, e spingeva la pioggia verso di me, lasciandomi ogni volta più

bagnata. Chiusi gli occhi e mi sentii toccare dalle gocce, come se ricevessi getti forti

d’acqua in tutto il mio corpo. Risi. Non sapevo perché, solo ridevo, come un sadico ride

del suo torturato, io ridevo. Di me stessa? Del mio freddo? Della pioggia? Non lo

sapevo.Riaprii gli occhi e vidi una luce. Un fulmine. Poi un tuono. Guardai le gocce che

cadevano. Rapide, forti, potenti, belle. Qualcosa che solo la Natura potrebbe fare. La

pioggia m’incantava. Come se il cielo piangesse. Piangesse per la distruzione della

Natura, piangesse per se stesso, piangesse per piangere o piangesse per me. Non

m’importava, era bello lo stesso, naturale, semplice, complesso, nero. Chi pensavamo di

essere noi, umani, per incolpare la Natura delle nostre disgrazie? Per distruggerla? Per

capirla? È questa la sua meraviglia, il mistero, la mancanza di volontà, la potenza. Forte

e bella come le cose non sono più.E nuovamente udii la sua forza, e la vidi. Un tuono e

una luce, non so quale venne prima. Ognuno di essi sembrava voler essere il primo.

Non m’importava, sono state le due ultime cose che vidi e udii, il tuono in mezzo alla

musica della pioggia, il fulmine in mezzo alla bellezza di quelle gocce.Ana Flávia Vital

I Liceo BAna Flávia Vital

I Liceo B

PIOGGIA

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A Doença de Rodolfo

26

Davi LealII Liceo As respostas para todos os

desafios propostos pelaCarpe Diem estarão, deagora em diante,disponíveis no nosso blog.Confira!

1- Ringo saiu da banda temporariamente em 1968 por ter ___ com Paul.2- Nome do primeiro filme dos Beatles.3- O integrante mais novo da banda.

4-Em 1968 os Beatles gravaram o ___.5- O integrante mais velho da banda.

6-Nome do primeiro disco solo de Ringo Starr.7-Produtor de todos os álbuns dos Beatles.

8(H)-Em 1996 começaram falsos boatos da morte de ___.8(V)-Ringo Starr aparece numa propaganda junto com a banda ___.

9-O nome do desenho e da trilha sonora.10-Nome do primeiro disco dos Beatles.

11-Nome do último disco gravado pela banda.12-Nome do primeiro disco solo de John Lennon.

13-Escreveu a música “I am the Warlus”.14-Primeiro disco solo de Paul Mccartney.

15- Desenho famoso no qual Paul Mccartney aparece em um episódio.16-O nome completo do Paul é Sir Paul __ Mccartney.

17-Na capa do Paul Mccartney está sem __.18-Último filme feito por eles.

19- Em 1970 os Beatles se __ oficialmente.20-Na capa do disco , aparece os ___ de cera dos Beatles.

21-Filme que tem as músicas dos Beatles como trilha sonora.

Abbey Road

Sgt. Pepper's

3

1 2

5

8

14

19

17 16

15

10

7

4

6

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20

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11

a

27www.carpediemrevista.blogspot.com

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A Doença de Rodolfo

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Davi LealII Liceo As respostas para todos os

desafios propostos pelaCarpe Diem estarão, deagora em diante,disponíveis no nosso blog.Confira!

1- Ringo saiu da banda temporariamente em 1968 por ter ___ com Paul.2- Nome do primeiro filme dos Beatles.3- O integrante mais novo da banda.

4-Em 1968 os Beatles gravaram o ___.5- O integrante mais velho da banda.

6-Nome do primeiro disco solo de Ringo Starr.7-Produtor de todos os álbuns dos Beatles.

8(H)-Em 1996 começaram falsos boatos da morte de ___.8(V)-Ringo Starr aparece numa propaganda junto com a banda ___.

9-O nome do desenho e da trilha sonora.10-Nome do primeiro disco dos Beatles.

11-Nome do último disco gravado pela banda.12-Nome do primeiro disco solo de John Lennon.

13-Escreveu a música “I am the Warlus”.14-Primeiro disco solo de Paul Mccartney.

15- Desenho famoso no qual Paul Mccartney aparece em um episódio.16-O nome completo do Paul é Sir Paul __ Mccartney.

17-Na capa do Paul Mccartney está sem __.18-Último filme feito por eles.

19- Em 1970 os Beatles se __ oficialmente.20-Na capa do disco , aparece os ___ de cera dos Beatles.

21-Filme que tem as músicas dos Beatles como trilha sonora.

Abbey Road

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Coordenação Geral e revisão de português:

Textos:

Agradecimentos a:

Gráfica:

Tiragem:

Maria de Lourdes Barreto Carneiro

Alunos, Ex-alunos, Pais, Professores, Diretores, Funcionários daFundação Torino. Amigos, Colaboradores-Simpatizantes do Projeto.

Pampulha Editora Gráfica - (31) 3468-3969

2000 exemplares

Projeto Gráfico:

Capa:

Equipe Carpe Diem:

E-Mail:

Amanda BrunoDaniel Nunes

Brunno Coura

Ana Flávia VitalBrunno CouraCarlos MesquitaChiara CostanziDavi LealGustavo ElyseuFrancesco OviedoLaura AntunesLuiz Guilherme CostaLorraine MoiaSofia AvritzerTalita Stuart

Carpe Diem - Revista Culturalpelos alunos

[email protected]

(baseado no de Fábio Coelho e Renato Araújo)

é uma publicação da Escola InternacionalFundação Torino, produzida .Distribuição Gratuita.

Laboratório de Produção e Recepção de TextosRua Jornalista Djalma Andrade, 1.300Piemonte - Nova Lima - MG - BRASIL

ww.fundacaotorino.com.br

Matheus Rodrigues, Ana F., Fernanda Takai, Laura Rende, Fernanda Monteiro,Paula Jabour, Sofia Norman Filizzola, Rogério Bettoni, Paula Miranda, EsterConceição, Ariel Bretas, Kevin Bernardes, Amanda Bruno, Jiulia Grimes,Horácio e demais pessoas que, indiretamente, colaboraram para a conclusãodeste projeto.

Rua Taquaril, 660 - Saudade, Belo Horizonte - Minas Gerais

tel: (31) 3289-4200w

Presidente: Raffaele PeanoCônsul da Itália: Maria Pia Calisti

Diretora Didática - Parte Brasileira: Marcus Vinícius LeiteDiretor Didático - Parte Italiana: Grazia Leone

“Carpe diem, quam minimum, credula postero” Horácio

Diagramação:Carlos MesquitaChiara CostanziGustavo ElyseuLaura Antunes

Sofia Avritzer

Revisão de Italiano:

Revisão de Itnglês:

Giuseppe Ferraro

Jaime Quintão