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ORGÃO INFORMATIVO DA COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE – CMFL – 04-2013 – Outubro- Dezembro2013 CARRANCA Editorial É com muito orgulho que nossa Comissão Mineira de Folclore oferece aos leitores esta quarta edição de nosso Boletim Informativo “Carranca” neste ano de 2013. Orgulho é um dos sete pecados capitais. Diz-se de orgulho quando alguém se sente superior. Então, temos motivos para orgulho sem pecado. A virtude do orgulho. Neste ano de 2013 tivemos motivos para nos sentirmos superiores; orgulhosos de nossos feitos. Se não, vejamos. Iniciamos o ano celebrando 65 anos de existência e mostramos a que viemos. Publicamos o Carranca alusivo à essa celebração; publicamos o catálogo de obras elaboradas pelos membros da Comissão Mineira e expusemos exemplares selecionados dessas obras na Biblioteca Pública do Estado de Minas Gerais. Elaboramos um relatório de pesquisa, Conversas Folclore e Educação, em que se mostram as atividades dessa área em escolas públicas de todas as regiões do Estado. Retomamos a publicação da Revista Comissão Mineira de Folclore em sua edição de número 25. Celebramos a 47ª Semana Mineira de Folclore no espaço emblemático da FAFICH UFMG. Percorremos diversos centros culturais do município de Belo Horizonte, estivemos no Encontro dos Povos do Espinhaço, participamos da Jornada Cultural de Itabira, incentivamos e participamos dos lançamentos do Dicionário da Religiosidade Popular de nosso companheiro de diretoria Frei Francisco van der Poel, acolhemos novos membros, participamos de Conferência de Cultura, comparecemos e apoiamos o XVI Congresso Brasileiro de Folclore. Tudo isto sem exigir nenhum retorno monetário. Somente atos voluntários e graciosos. Boletim, cartazes, catálogos, Revista, tudo foi remetido sem custo para os destinatários. Se algum pecado cometemos, foi o de não contribuir com tais ações para a contabilidade do PIB – Produto Interno Bruto. Pequeno pecado. De fato, os serviços gráficos foram remunerado em moeda corrente; a sala de teatro José Aparecido de Oliveira teve seu aluguel pago conforme exigência para seu uso, os serviços dos correios foram bancados por doações em moeda pela quota do presidente do CPCD – Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento -, Tião Rocha. Passagens e estadia para fruição do Congresso foram custeadas pelos membros que se inscreveram. Tudo mais foi dom gratuito. Da Contabilidade Miranda de Manoel Ferreira de Miranda, do diretor presidente da AFAGO – Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia – professor doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves, o qual manteve nossa página da internet, da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG; de viagem e estadia em Santa do Riacho, viagem e estadia em Itabira e muitas outros feitos. Não bastasse tudo isto, membros de nossa Comissão residentes em cidades de Minas Gerais se deslocaram às próprias custas para participarem de encontros e reuniões em Belo Horizonte. Para completar motivos de orgulho, Antônio de Paiva Moura, editou às próprias custas o livro Diamantina Passado e Presente e doou os direitos de edição à Comissão Mineira de Folclore. Isto é comunidade. Viver em Comunidade. De cada um conforme suas possibilidades. Com tanto orgulho nossa folia segue em frente. Entra em todas as casas em que as portas se abrem e dispensa o canto para as que se recusam a abrir: Esta barba de farelo Não tem nada pra nos dar. Sua cozinha há de afundar, Seu bolso esvaziar. In Folias de Reis no Velho Serro. Maria Eremita de Souza Jornal Estado de Minas, Caderno Pensar 26 de dezembro de 1998.

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ORGÃO INFORMATIVO DA COMISSÃO MINEIRA DE FOLCLORE – CMFL – 04-2013 – Outubro- Dezembro2013

CARRANCA

Editorial

É com muito orgulho que nossa Comissão Mineira deFolclore oferece aos leitores esta quarta edição de nossoBoletim Informativo “Carranca” neste ano de 2013.Orgulho é um dos sete pecados capitais. Diz-se de orgulhoquando alguém se sente superior. Então, temos motivos paraorgulho sem pecado. A virtude do orgulho. Neste ano de2013 tivemos motivos para nos sentirmos superiores;orgulhosos de nossos feitos.Se não, vejamos. Iniciamos o ano celebrando 65 anos deexistência e mostramos a que viemos. Publicamos oCarranca alusivo à essa celebração; publicamos o catálogode obras elaboradas pelos membros da Comissão Mineirae expusemos exemplares selecionados dessas obras naBiblioteca Pública do Estado de Minas Gerais. Elaboramosum relatório de pesquisa, Conversas Folclore e Educação,em que se mostram as atividades dessa área em escolaspúblicas de todas as regiões do Estado. Retomamos apublicação da Revista Comissão Mineira de Folclore emsua edição de número 25. Celebramos a 47ª Semana Mineirade Folclore no espaço emblemático da FAFICH UFMG.Percorremos diversos centros culturais do município de BeloHorizonte, estivemos no Encontro dos Povos do Espinhaço,participamos da Jornada Cultural de Itabira, incentivamose participamos dos lançamentos do Dicionário daReligiosidade Popular de nosso companheiro de diretoriaFrei Francisco van der Poel, acolhemos novos membros,participamos de Conferência de Cultura, comparecemos eapoiamos o XVI Congresso Brasileiro de Folclore. Tudoisto sem exigir nenhum retorno monetário. Somente atosvoluntários e graciosos. Boletim, cartazes, catálogos, Revista,tudo foi remetido sem custo para os destinatários. Se algumpecado cometemos, foi o de não contribuir com tais açõespara a contabilidade do PIB – Produto Interno Bruto.Pequeno pecado. De fato, os serviços gráficos foramremunerado em moeda corrente; a sala de teatro JoséAparecido de Oliveira teve seu aluguel pago conformeexigência para seu uso, os serviços dos correios forambancados por doações em moeda pela quota do presidentedo CPCD – Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento

-, Tião Rocha. Passagens e estadia para fruição doCongresso foram custeadas pelos membros que seinscreveram. Tudo mais foi dom gratuito. Da ContabilidadeMiranda de Manoel Ferreira de Miranda, do diretorpresidente da AFAGO – Associação dos Filhos e Amigosde Gouveia – professor doutor Raimundo Nonato deMiranda Chaves, o qual manteve nossa página da internet,da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, daFaculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG; deviagem e estadia em Santa do Riacho, viagem e estadia emItabira e muitas outros feitos. Não bastasse tudo isto,membros de nossa Comissão residentes em cidades deMinas Gerais se deslocaram às próprias custas paraparticiparem de encontros e reuniões em Belo Horizonte.Para completar motivos de orgulho, Antônio de PaivaMoura, editou às próprias custas o livro DiamantinaPassado e Presente e doou os direitos de edição àComissão Mineira de Folclore.Isto é comunidade. Viver em Comunidade. De cada umconforme suas possibilidades.Com tanto orgulho nossa folia segue em frente. Entra emtodas as casas em que as portas se abrem e dispensa ocanto para as que se recusam a abrir:Esta barba de fareloNão tem nada pra nos dar.Sua cozinha há de afundar,Seu bolso esvaziar.In Folias de Reis no Velho Serro.Maria Eremita de SouzaJornal Estado de Minas, Caderno Pensar26 de dezembro de 1998.

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Aconteceu47ª Semana Mineira de FolcloreConforme noticiado na última edição deste Boletim, a47ª Semana Mineira de Folclore estendeu-se do dia 19de agosto até o dia 22 com a seguinte programação:Assembleia Geral da ComissãoMineira de Folclore – Posse de novos membrosLocal - Fundação Municipal de Cultura – Avenida AssisChateaubriand – esquina com Rua Sapucaí.

Nessa oportunidade tomou posse como membroefetivo o folclorista Carlos Farias. Estiveram presentesalém dos membros efetivos os senhores Marco Llobuse representando a Fundação Municipal de Cultura deBelo Horizonte, Cassio Pinheiro .

Faculdade de Filosofia e CiênciasHumanas da UFMG:

20/08/2013 – Roda de conversa – A Universidade, osestudos de Folclore e a Modernidade Mineira: Asdeterminações do saber.Foco: apresentação da Tese de Doutoradode Oswaldo Giovanni Júnior. Sortilégiodo Registro: Aires da Mata MachadoFilho, os vissungos e os negros dogarimpo em Minas Gerais.Apresentação e autógrafo da obra deAntônio de Paiva Moura: DiamantinaPassado e Presente.

Da esquerda para direita: Oswaldo Giovanini. Antôniode Paiva Moura, Elieth Amélia de Sousa, DomingosDinis, José Moreira de Souza e Maria Helna Martins

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21/08/2013 –Roda de conversa – A Universidade, os estudosde Folclore e a Modernidade Mineira: a contribuiçãodos membros da Comissão Mineira de Folclore.Espera-se que cada um dos presentes possa relatar econversar sobre sua experiência no estudo dofolclore. Lançamentos da Revista Comissão Mineirade Folclore nº 25 e do JornalCARRANCA edição 3-13.

Da esquerda para direita: Marcus Vinícius Martins Costa,Jacyara Araújo, Elieth Amélia, Edméia Faria e Frei

Leonardo.

22/08/2013 - Roda de conversa – A Universidade,os estudos de Folclore e a Modernidade MineiraAbrindo uma linha de pesquisa:Religiosidade Popular noDicionário da ReligiosidadePopular de Franciscus Henricusvan der Poel - Frei Chico ou FreiFrancisco van der Poel.Lançamento do Dicionário daReligiosidade Popular

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Parceria com a Fundação Municipalde Cultura de Belo Horizonte

CCSF - Centro Cultural Salgado Filho -Folclore nosdias atuais - 23/08/2013 - 14HorasEncontro com alunos de escolas estaduais.Conversa com José Moreira de Souza

CCPE - Centro Cultural Padre Eustáquio -Folclore nos dias atuais - 26/08/2013 - 19HorasNoite de música com Carlos Farias

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Notícias & ComentáriosParceria com a Fundação Municipal

de Cultura de Belo HorizonteCCVF - Centro Cultural Vila Fatima - 29/08 -Encontro com a cultura popular - 15 horasConversa com saberes da melhoríssimaidade. José Moreira de Souza

O saber viver no Aglomerado da Serra

CCSG - Centro Cultural São Geraldo -Folclore nos dias atuais - 28/08/2013 - 15HorasApresentação de brinquedos e brincadeiraspor Luiz Fernando Vieira Trópia.

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Notícias & ComentáriosParceria com a Fundação Municipal

de Cultura de Belo Horizonte

CCAC - Centro Cultural Alto Vera Cruz -Folclore nos dias atuais - 30/08/2013 - 19Horas.Palestra de Edméia da Conceição de FariaOliveira.

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CCAC - Centro Cultural Alto Vera Cruz -Folclore nos dias atuais - 30/08/2013 - 19Horas. Conversa com professores e alunosdo EJA. José Moreira de Souza

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Além dessas conversas que se deram comoextensão da 47ª Semana Mineira de Folclore, visitasprosseguiram ao longo do mês de setembro com aseguinte agenda:

Participação em encontro no Museu HistóricoAbílio Barreto para preparação da“Primavera de Museus”.

Participação em reunião no Centro CulturalSão Bernardo para conversas sobre osprocessos de morar.

Preparação de jornada por Centros Culturaispara conversas sobre Fantasmas eAssombrações.

Fantasmas & Assombrações1. O que é um fantasma no saber popular?

O saber erudito define como fantasma toda e qualquerrepresentação, obediente a origem grega da palavra.Fantasma é o núcleo da fantasia e fantasia é a imitaçãotosca do real.Parece que um das interpretações populares do fantasma éa máscara. Na máscara o real comparece ampliado em umdos seus aspectos; aquele que merece destaque. Ofantasma é a imagem ampliada de um aspecto do real.Assim temos o fantasma da morte, do riso, do medo, daalegria, da vida. A concretização dos fantasmas se exibeem máscaras e caricaturas, a arte primitiva.Assombração é o fantasma da noite, dos sonhos, dospesadelos, dos medos, dos desejos impossíveis.O propósito é abrir uma roda de conversa sobre fantasmase assombrações mantidos pelo saber popular.De que temos medo? Qual o limite insuportável da alegria?Máscara como convite à festa e como exorcismo do mal.Familiaridade com a máscara.Em quais meios circulam o ralauai, reluim? Quais são osrituais de convivência com esse fantasma? Para qualrealidade ele aponta?Velhos fantasmas e novos fantasmas. A ressignificaçãodos fantasmas. Quem tem medo do diabo? Como ele é,como aparece? Dá para fazer comércio com ele? É umdom Juan? Quem quer ser um doutor Fausto? Ou RiobaldoTatarana?O Fantasma e a consciência moral. Nessa realidade do“tudo pode” o que não pode?

2. Contos populares de fantasmas e assombrações.Recuperados da literatura popular – Saci, mula semcabeça, lobisomem, currupira, mapinguari, mãe d’água,dono da noite, alma penada ...Recuperados da literatura erudita – La Fontaine, Perrault,Grimm, Esopo, Fedro, Mil e Uma Noites. Exempla,Legenda Áurea; Bocaccio.Vividos e narrados pelos componentes da roda de conversa– casas mal assombradas, tipos populares...Inventados pelos meios de comunicação – lendas urbanas.Observação: São Diretrizes para serem adaptadasconforme o público.

Assombrações: Medo de ter mais medo.

Dizem que Dionísio era um tirano de Siracusa odiado portodos os súditos. Ao saber-se odiado, seu maior medo erade que alguém se arvorasse em rainha de copas, comonarrou Lewis Carrol – corte-lhe a cabeça; corte-lhe acabeça. Perder a cabeça era seu grande medo. Para evitartamanha infelicidade, desconfiava dos barbeiros. Cortava opróprio cabelo e desfazia a própria barba. Assim, tinhacerteza de que a cabeça permaneceria firme sobre seupescoço.Certo dia, o bobo da corte lhe confidenciou:- Majestade, há uma senhora bem velhinha que pede todosos dias aos deuses penates e aos deuses da cidade que lheconservem a vida e que ela seja longa até que ela morra.Tomado de subida alegria e de maior surpresa, Dionísioordenou incontinenti:- Quero ver essa senhora. Tragam-na imediatamente.Quando um rei ordena, só resta obedecer. Se é tirano, aobediência não admite ponderações. Assim se fez.Diante da anciã e velha macróbia... – não havia pleonasmopara a satisfação do tirano – Dionísio a interrogou:- Soube que a senhora pede aos deuses que me premiemcom longa vida. Que a senhora não quer que eu morranunca.- É verdade, meu senhor. Eu já vivi muito e quero que osenhor viva mais ainda. Não quero assistir ao seu funeral.Nenhum presságio mau deve toldar seu percurso.- Mas, por quê? Aqui todo mundo me odeia. E a senhorame deseja longa vida?Aparteou o tirano, certo dos medos que evitavam suaaproximação do povo. E a velha macróbia respondeu:- Quando nasci, seu avô reinava e conduzia o povo comrigor. Em minha casa todos o temiam. Era um homem tãomau – diziam – que o mundo só se tornaria melhor quandoele morresse. Aprendi a pedir aos deuses do lar que lhedessem uma morte digna dos males que praticava. Assimfoi, após 20 anos de tirania, os deuses o levaram para ohades. Veio seu pai. Eu já era adulta e entendia de tudo.Seu pai era pior do que seu avô. Cometia as maioresviolências. Não pestanejava para cortar a cabeça de quemquer que fosse. Mera suspeita, ordenava: cortem-lhe acabeça. Angustiada, pedia aos deuses da cidade: Zeus,Urano, Plutão, Netuno, abreviai a vida desse tiranomalvado. Passados trinta anos, os deuses ouviram minhaspreces e seu pai desceu aos infernos onde foi acolhido peloranger de Cérbero. Morto seu pai, eis que o filho, Dionísio,o senhor em cuja frente me encontro, herda o reino e atirania. Seu governo vence em maldade, corrupção,violência e truculência ao de todos seus ancestrais. É porisso que eu peço a todos os deuses, todos os dias, a todahora longa vida para Dionísio. Não quero nem espero malmaior.Moral da história? .............

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Proseando com Comissão Mineira do doFolclore

- Tema: Rela-uai, Rela-raluim e nossos fantasmas - Baseados nessas propostas elaborou-se o programa “Proseandocom a Comissão Mineira de Folclore para o final do mês de outubrocom o seguinte foco e agenda:

Objeto: “Prosear de maneira descontraída sobre temas da culturapopular - temática do mês, fantasmas em uma roda de troca desaberes.”Da parte da Comissão Mineira, o objetivo era contribuir para conferircentralidade aos centros culturais sob administração da PrefeituraMunicipal. Constatou-se que os centros são pouco conhecidosaté mesmo pelos moradores vizinhos e se tornam dependentes deuns poucos pequenos grupos para oficinas sem atenção ao saberviver local.

Cronograma• 22/10 - 9h30 às 11h30 - CC Vila Marçola• 23/10 - 16h00 -17:30 - Vila Fátima• 24/10 - 9h30 às 11h30 - Padre Eustáquio• 25/10 - 9h30 as 11h30 - Alto Vera Cruz• 30/10 - 9h30 as 11h30 - São Geraldo• 31/10 - 19h às 21h - Salgado Filho

Este programa foi cancelado e sua realização aguardaoutra oportunidade.

Aproximação com o Centro Pedagógico daUFMG

Também por iniciativa da Fundação Municipal de Cultura,realizou-se, no dia 11 de setembro, encontro CentroPedagógico da UFMG com o objetivo de estreitar relaçõesda Comissão Mineira de Folclore, a Prefeitura e aqueleCentro. Participaram do encontro, Claudio Fritas, MarcoLlobus, Ricardo Evangelista – sociólogo que se identificacomo saci-ólogo -, e o presidente da Comissão Mineira deFolclore. Dessa reunião ficou acertada a participação doCentro Pedagógico e da Comissão Mineira de Folclore,como apoiadores, do Programa de Valorização dasManifestações da Cultura Popular, a ser desenvolvidonos Centros Culturais “Lagoa do Nado”, “São Bernardo”,“Zilah Spozito”, “Venda Nova” e “Jardim Guanabara”.Por motivos razoáveis, a Comissão Mineira de Folclore nãopode apoiar esse programa. Contudo, pudemos participarde um encontro com gestores do Centro Cultural São

Bernardo e avaliar o empenho em conferir centralidade aoespaço de cultura daquele bairro.

12 setembroTambém por iniciativa de Marco Llobus realizou-se reuniãono “Centro de Cultura Arte Quilombola Capoeira” daCabana do Pai Tomas com a presença de mestres da Guardade Congo, do Centro Cultural Salgado Filho e do MestreBuleia e do saci-ólogo Ricardo Evangelista. Nessaoportunidade foi examinada a participação dessas entidadespara consolidar o Centro Cultural Salgado Filho, bem comoapoio solicitado à prefeitura.

14 e 15 de setembro - ItabiraComissão Mineira e a Secretaria Municipal deDesenvolvimento Urbano de Itabira para a realizaçãoda 4° Jornada Mineira de Patrimônio Cultura

14/09/2013 (sábado)

09:00 - Credenciamento – Café de boas-vindas

09:30 – Abertura

10:00 às 12:00 – Palestra – A lúdica no Folclore – LuizFernando Vieira Trópia

12:00 às 14:00 - Almoço

14:00 às 15:30 - Palestra – Cobu da Gouveia e Cubude Itabira – José Moreira de Souza

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- Religiosidade Popular e Dicionário daReligiosidade Popular – Frei Franciscovan der Poel

15:30 - Intervalo para café com cubu e demaisquitandas

16:00 - Debate

17:00 às 18:00 - Lançamento de livros (publicaçõesda Comissão Mineira de Folclore e do Dicionário daReligiosidade Popular, de autoria do Frei Chico).

19:00 - Noite de Pispiá (momento deconfraternização com contadores de história,Batuque e Moda de Quatro).

15/09/2013 (domingo)

14:00 às 18:00 - Apresentação de grupos de Congado,Marujada, Banda de Música, Estaladores de Chicote,Canto de Congo, Dança Circular, Dança de Fitas.

18:30 - Encerramento: Cerimônia de Entrega doscertificados “Guardiões da Tradição” aos mestresgriôs, seguida da apresentação do GrupoPerecolândia.

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Todas as honras ao professor Nereu do Vale Pereira, à Comissão Catarinense deFolclore e à Comissão Nacional coordenada pela professora Maria de Lourdes Macena

Filha.

XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE FOLCLOREATA DA SESSÃO DE ENCERRAMENTOAos dezessete dias do mês de outubro de 2013, sendo20:30 horas, no Auditório Garapuvu – Centro de Cultura eEventos da Universidade Federal de Santa Catarina, nomunicípio de Florianópolis, Estado de Santa Catarina,dando início à sessão plenária de encerramento do XVICongresso Brasileiro do Folclore, em sequência com oretorno dos associados reunidos em à Assembleia Geral

Eletiva que ocorreu em outro ambiente e que elegeu edeu posse a nova Diretoria Executiva e ConselhoConsultivo da CGF, o Prof. Nereu do Vale Pereira,presidente da Comissão Catarinense de Folclore, anfitriãdeste conclave, e presidente da sua comissãoorganizadora, recepcionou as demais autoridadesanunciadas pelo protocolo para comporem a mesa diretorados trabalhos: Srª Cláudia Márcia, Diretora do CentroNacional de Folclore e Culturas Populares do InstitutoPatrimônio e Histórico Nacional – CNFCP, a Profª Maria de

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Lourdes Macena Filha(CE), presidente da ComissãoNacional de Folclore, Profª Paula Simon Ribeiro,presidente da CNF gestão 2004/2008, Profª AngelaSavastano (SP), presidente da Assembleia Geral Eletiva,Profª Neide Gomes (SP), secretária da Assembleia GeralEletiva¸ Simone Oliveira de Castro(CE), secretária da CNF.Composta a mesa, a Profª Maria de Lourdes Macena (CE)Filha, na condição de presidente da CNF, assumiupresidência da mesa dos trabalhos e deu por abertos ostrabalhos dessa sessão plenária de encerramento,justificando o adiamento do início da sessão, as 16:00 horaspara este momento pelo fato de ter acontecido, emparalelo, a Assembleia Geral Eletiva na qual todos ospresidentes das Comissões Estaduais formavam o seucolégio eleitoral estavam ausentes deste local, bem comotambém os integrantes da Diretoria e do ConselhoConsultivo, além dos candidatos que postulavam os cargoseletivos. Dando sequência, a presidente Profª Maria deLourdes Macena Filha convidou o Prof. Ivo Benfatto (RS),presidente da Comissão Gaúcha de Folclore e secretárioeleito da Comissão Nacional de Folclore para conduzir aoutorga da Medalha Brasileira Folclorista Emérito. O Prof.Ivo Benfatto (RS) usando a palavra, informou aos presentesque a Comissão Nacional de Folclore, de acordo com aresolução de diretoria nº 01/2006, seu estatuto eRegimento Interno, concede sua mais alta condecoração,a Medalha Brasileira Folclorista Emérito, com diploma, porindicação das Comissões Estaduais de Folclore, apersonalidades em reconhecimento aos notáveis erelevantes serviços prestados para preservação,promoção, pesquisa e defesa do folclore e dasmanifestações culturais populares tradicionais do Brasil.Por indicação unânime dos presidentes de comissõesestaduais presentes neste Congresso, foram agraciadasas seguintes personalidades: Profª Neide RodriguesGomes (SP), que recebeu a medalha através do Sr. ToninhoMacedo (SP), o Prof.. Nereu do Vale Pereira(SC) querecebeu sua medalha através da Profª Maria de LourdesMacena Filha, Presidente da CNF, gestão 2008-12, Sr.Gutenberg Medeiros da Costa(RN) que recebeu a medalhaatravés da Profª Paula Simon Ribeiro presidente da CNF –2006/2008, e Sr. José Fernando Souza e Silva(PE) que,ausente físico no Congresso, mas presente de forma virtual,em imagem, através de contato estabelecido via internet,a recebeu através do seu nomeado representante Sr.Osvaldo Meira Trigueiro, presidente da ComissãoParaibana de Folclore. Também foi agraciada a Srª AnaMaria Cascudo Barreto que, ausente, a receberá de formasolene em Natal, RN, em cerimônia a ser implementadapela Comissão Norte-Rio-grandense de Folclore. Emsequência a cerimônia de outorga de medalhas, apresidente da Comissão Nacional de Folclore, Profª. Mariade Lourdes Macena Filha, e presidente da mesa de trabalhodesta plenária, informou que passará a condução dos

trabalhos para a Profª Ângela Savastano, presidente daAssembleia Geral Eletiva para que conduza solene efestivamente a substituição do presidente, da DiretoriaExecutiva e do Conselho Consultivo eleitos e jáempossados formalmente antes do encerramento daquelaAssembleia. A Prof.ª Angela Savastano convida a suaSecretária, Profª Neide Gomes a fazer a leitura da ata deeleição e posse e, na medida em que os nomes vão sendocitados, os eleitos passam à frente da mesa paraacolhimento da plenária do Congresso. De imediato, aPresidente substituída faz uso da palavra agradecendo pelotrabalho e apoio dos seus colaboradores, destacadamenteda Secretária Simone Oliveira de Castro, desejandosucesso ao seu sucessor e aos membros da Diretoria eConselho eleitos. De imediato, a Prof. Angela Savastanoconvida o Presidente Severino Vicente a ocupar o lugarprincipal à mesa de trabalho, substituindo a Presidenteantecessora na condução dos trabalhos finais dessaplenária e do Congresso. Usando a palavra, agradece àpresidente Maria de Lourdes por seu trabalho e a confiançados associados da Comissão Nacional, dizendo quepretende que sua gestão seja marcada pelo trabalho emrede, com contatos amiudados entre as ComissõesEstaduais e a CNF. Disse ainda que pretende dar maisvisibilidade às ações da CNF e da Comissões, ocupandotodos os espaços que se ofereçam para tornar realidadeos objetivos da CNF. Encerrada a cerimônia solene deposse, o presidente Severino Vicente passou ao ponto depauta para acolhimento de moções. Foram apresentadasà esta plenária de encerramento do XVI CongressoBrasileiro de Folclore as seguintes moções, que após lidas,foram aprovadas pela unanimidade dos presentes: pelaSrª Prof. Lélia Nunes, da Comissão Gaúcha de Folclore -Moção de Reconhecimento e Aplauso, nos seguintestermos: “O Reconhecimento e o aplauso dos folcloristasbrasileiros reunidos no XVI Congresso Brasileiro deFolclore ao artista plástico catarinense, Willy AlfredoZumblik, que celebrou 100 anos em 26 de setembro de2013, por sua inigualável obra e por sua vida dedicada aregistrar a cultura popular de Santa Catarina. A ele, que seautointitulava “ O Pintor das Bandeiras do Divino”; pelaSrª Prof. Aglaé D’Ávila Fontes, da Comissão Sergipana deFolclore, por intermédio da Prof. Lélia Nunes, da ComissãoGaúcha de Folclore - Moção de Congratulações, nosseguintes termos: “A folclorista Aglaé D’Ávila Fontes,presidente da Comissão.Sergipana de Folclore, endereçaseu total apoio e congratula-se com o presidente eleitoda Comissão Nacional de Folclore Severino Vicente e aosdemais membros da Diretoria Executiva e do ConselhoConsultivo da nova administração, exortando-os a “nuncadeixarem a chama do folclore morrer”; pelo prof. IvoBenfatto, presidente da Comissão Gaúcha de Folclore –Moção de Demanda de Apoio: A Comissão Gaúcha deFolclore solicita à administração da Comissão Nacional de

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Vamos visitaro Museu deFolclore daComissãoMineira deFolclore,

“SaulMartins”, na

cidade deVespasiano

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Folclore como instituição, bem como a todas associaçõesque lhe são filiadas, reunidas do XVI Congresso Brasileirode Folclore, que apoiem todas as iniciativas da sociedadecivil organizada e do poder público instituído, que tenhamcomo objeto a defesa e promoção das manifestações deculturas populares tradicionais do folclore brasileiro,entendidas nas suas dimensões simbólica, cidadã eeconômica, envidando todos os esforços necessários parase fazer ali representar e ocupar espaços em seus fórunsde discussão, definição, desenvolvimento eimplementação de ações de políticas públicas de cultura,nos três níveis federativos; pelo prof. Ivo Benfatto,presidente da Comissão Gaúcha de Folclore e GuilhermeRamalho Manhães presidente da Comissão Mineira deFolclore – Moção de Demanda de Apoio: Ao ColegiadoSetorial para Culturas Populares do Conselho Nacional dePolíticas Culturais – CNPC/MinC, solicita o apoio e todo oesforço, todo o empenho para que as Culturas PopularesTradicionais – Folclore, sejam diretamente representadasna Comissão Nacional d Incentivo à Cultura – CNIC, atravésde representante da Comissão Nacional de Folclore, porsua representatividade nacional, por sua história decontribuição e dedicação perene na pesquisa, registro edivulgação de manifestações de culturas popularestradicionais há mais de 67 anos, e por sua postura políticaem defesa, promoção e incentivo aos protagonistasfazedores da arte do povo; pelo Sr. Affonso Furtado Silva: “O Reconhecimento e agradecimento dos folcloristasbrasileiros reunidos no XVI Congresso Brasileiro deFolclore à Diretora Cláudia Marcia Ferreira e aos demaisintegrantes do Centro Nacional de Folclore e CulturaPopular por sua aquiescência em abrigar, higienizar edisponibilizar o acervo composto de livros e documentoshistóricos da Comissão Nacional da Folclore, transferidosdo Ministério das Relações Exteriores/ERERIO/Palácio doItamaraty para a Biblioteca Amadeu Amaral/CNFCP; peloSr. Affonso Furtado Silva: Ao Prof. Braulio do Nascimento,presidente de Honra da Comissão Nacional de Folclore oreconhecimento e o agradecimento dos folcloristasbrasileiros pelo permanente empenho junto ao CentroNacional de Folclore e Cultura Popular- CNFCP/IPHAN nosentido de abrigar o acervo da Comissão nacional deFolclore, alocado anteriormente na sede do IBECC,desativado em 2009, e localizado no Palácio do Itamaratyna cidade do Rio de janeiro; pela plenária do XVICongresso Brasileiro de Folclore: “O Reconhecimento eagradecimento dos folcloristas brasileiros reunidos no XVICongresso Brasileiro de Folclore, realizado no período de15 a 18 de outubro de 2013 na Universidade Federal deSanta Catarina, ao Prof. Nereu do Vale Pereira, presidenteda Comissão Catarinense de Folclore e organizador ecoordenador do conclave, também aos associados daComissão estadual e aos seus colaboradores, pelo seu altoespírito de doação para o bom desenvolvimento das

atividades programadas, contribuindo, sobremodo, comfolclore nacional, pela organização e realização, mastambém pela hospitalidade e cortesias com que brindou atodos seus participantes. Usando a palavra, o presidenteSeverino Vicente agradeceu à Comissão Catarinense deFolclore, na pessoa do seu presidente Prof. Nereu do ValePereira pelo empenho e dedicação bem como pelovaloroso trabalho dos seus integrantes e apoiadores paraa realização deste Congresso. Como nada mais havia atratar, sendo 22:00 horas, o presidente deu por encerradosos trabalhos dessa plenária e também do XVI CongressoBrasileiro de Folclore. Florianópolis, SC, 17 de outubro de2013.

Nova Diretoria da Comissão Nacional de Folclore

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COMISSÃO NACIONAL DE FOLCLORECNPJ: 04.630.087/0001-31

WWW.comissaonacionaldefolclore.org.br“A cultura popular como elemento essencial da

cultura brasileira”

NOVA DIRETORIA COMISSÃO NACIONAL DEFOLCLORE

QUADRIÊNIO 2013/2017

PresidenteSeverino Vicente - RN1º Vice – presidenteJosé Moreira de Souza - MG2º Vice – presidenteGuilherme Ramalho Manhães - ESSecretárioIvo Benfatto - RSVice - secretáriaIzabel Cristina Alves Signoreli - GOTesoureiroGutenberg Medeiros Costa - RNVice- tesoureiroFrancisco do Vale Pereira - SC

Conselho ConsultivoLélia Pereira da Silva Nunes - SCMarlei Sigrist - MSOswaldo Meira Trigueiro - PBLilian Vogel - SPSérgio Figueiredo Ferretti - RJ

Suplentes do Conselho ConsultivoDiego Manoel Dionísio - SPJosé Fernando Souza e Silva - PEJadir de Morais Pessoa - GOMundicarmo Maria Rocha Ferretti - RJMarina Raymundo da Silva – RS

Algumas obras doprofessor Nereu do

Vale Pereira

Eco Museu doRibeirão da Ilha

Guia do Ecoturismo noEstado e Santa Catarina

- A Ilha - 500 anos

Boi de Mamão ,Contributo Açorianopara Construção do

Mosaico CulturalCatarinense e Sacodos Limões, o “On-

tem”.

Notícias & Comentários

CARRANCA PÁGI- NA 15

Mais lições do Congresso

Autos eFolguedos de

Natal doMaranhão

Teatro como Encantamen-to: Boies e Reisados de

Caretas de OswaldoBarroso

Candombede SantosReis na

Argentina

Folder da ComissãoGoiana de Folclore

Cordeis deBob Mota

Zumblik, uma históriade vidae de arte - deLelia Pereira da Silva

Nunes

Portal dos Reisados Brasileiros de Afonso Furtado

Notícias & Comentários

CARRANCA PÁGINA 16

Revelando São Paulo deToninho Macedo. São Paulo é um mundo de diversidade!

E viva São Benedito e Viva a Mãe doRosário [ Atibaia] de Lilian Vogel.

Folclore e Cultu-ra Popular nas

Práticas Pedagó-gicas de Severino

Vicente

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CARRANCA PÁGINA 17

Acompanhando as publicações doCPCD

CPCD – Cuidando do Futuro

Nos trilhos do desenvolvimento

Informativo Vargem Grande Comunidade Saudável

Informativo Circulando Arassussa

Informativo Circulando Informação -

Informativo Cuidando do Futuro

Informativo Raposos Sustentável

www.cpcd.org.br

Roberto Benjamim e Muito Silêncio

Notícias daqui

Antônio Emílio Pereiranarra as peripécias

lendárias ao longo doRio de São Francisco

Carlos Felipe Hortabrinda seus amigos coma alegria de viver, apósse recuperar de cirurgia

delicada. Canta eConta, conta e canta

para os que celebraramseu anoversário

Maria LiraMarques manifes-ta a alegria peloreconhecimentodos méritos do

Coral Trovadoresdo Vale. “No mêsde junho o Coral

Cantou emDiamantina,

depois em SãoPaulo. As duasapresentaçõesforam ótimas,

viajamos de avião.Você nem imagina

a satisfação daturma Além dobom cachê querecebemos. Isto

nos alegra quandosomos valoriza-

dos.”

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CARRANCA PÁGINA 18

Notícias daqui

Duasobras deMiriamBlonski

quetomoupossecomo

membroefetivo daComissãoMineira

deFolclore

no dia 28 desetembro de

2013

O incansável MoacyrCosta Ferreira brinda-

nos com mais essa obra,lá de Guaxupé - MG

Moacyr é o decano daComissão Mineira de

Folclore a quem deseja-mos muitos anos de vida

e saúde

Rubem Alves da Silvafaz um belo percursopelas celebrações doReinado de Nossa

Senhora do Rosário emsua tese de

doutoramento emAntropologia.

Obra para muita con-versa com os membrosda Comissão Mineira

de Folclore e boareferência para diálogo

com Teatro comoEncantamento deOswaldo Barroso

Sinésio Ribeiro Bastos é ummonte de energia. Dá prazerouvir e conversar com esse

“mostro sagrado” que dedicousua vida à educação comovocação e crítica ao ensino.

Memória fabulosa, percorre omundo com imaginação nave-gando em direção ao centená-rio de uma vida plena. entre

outros méritos, Sinésio écunhado de Domingos Diniz e

pai de Dadá Diniz.

Vejam mais um feito de nosso companheiro, doutorOswaldo Giovanini, descoberto por Afonso Furtado da

Comissão Fluminense de Folclore. Registro do Folclore daZona da Mata Mineira

Medalha “Saul Alves Martins”A Comissão Mineira de Folclore foi homenageada com aMedalha “Saul Alves Martins” concedida pela Academia

de Letras “JoãoGuimarães Rosa” da Polícia Militar deMinas Gerais. No dia de outubro foram agraciados

Dêniston Diamantino, José Benedito Donadon - ministrouaulas nos dois cursos de pós-graduação em Folclore - e

José Moreira de Souza. Anteriormente, nossa companheira,Maria de Lourdes Costa Dias Reis já havia sido agraciada

com a mesma medalha. A Academia é presidida pelocompetende amigo e estudioso da obra de Saul coronel

João Bosco de Castro.

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Vamos visitar oMuseu de Folclore daComissão Mineira de

Folclore, “SaulMartins”, na cidade de

Vespasiano

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Natal, Natal e ReisadosAfonso Furtado lembra a todos obras que merecem

leitura e conversa

Carlos Felipe Noticiou

TÉO GANHOU - Com muita justiça e para felicidadede seus milhares de amigos, Téo Azevedo foi ovencedor do Grammy Latino para música brasileirade raiz, com o disco “Salve Gonzagão -100 Anos”.É um prêmio que coroa, de maneira digna, os 60anos de carreira deste artista mineiro e, mais doque isso, um ser humano tão grande quanto suaobra. E que obra é esta? São dezenas de livrosdedicados á música e à cultura popular mineira ebrasileira; centenas de livretos de cordel, dezenasde discos próprios, centenas por ele produzidos,quase sempre de artistas que ele mesmodescobriu ou empurrou para frente. ConhecendoTéo Azevedo há algumas décadas, convivendocom ele por muito tempo, companheiro emmuitos projetos de vida, cantoria e tim-tim da boacachaça mineira e estando, no momento,escrevendo um livro sobre ele, não possoesconder a felicidade de assistir a este justoreconhecimento do valor folclorista, violeiro,compositor, cantor, amigo de todos os amigos epersonalidade da cultura de Minas e do Brasil. Umforte abraço a Téo Azevedo.

PERSONAGENS- Quem já ouviu falar de Aires daMata Machado, João Dornas Filho, Heli Menegale,Levindo Lambert, Fausto Teixeira, Angélica deRezende, Flausino Valle, Manoel Ambrósio Júnior,Lefvi Braga, João Camilo de Oliveira Torres, Sílviodo Amaral Moreira, Saul Alves Martins, LúciaMachado de Almeida, José Augusto Neves,Tabajara Pedroso, Edelweis Teixeira, UrsulinaPitaguary, Branca de Carvalho Vasconcelos, JoãoBraz da Costa Val, Francisco Inácio Peixoto e MárioLúcio Brandão? E de Hermes de Paula, Cristina deMiranda Mata Machado, Nelson de Figueiredo,Jupyra Duffles Barreto, Wilson de Lima Bastos,Lázaro Francisco da Silva, Washington Albino? Osprimeiros citados foram fundadores da ComissãoMineira de Folclore. Os segundos, membros damesma comissão. Todos eles já morreram, mas aComissão, mesmo com os percalços, continua cadavez mais viva, sob a direção atual do professorJosé Moreira de Sousa. No ano passado, elaperdeu sua sede própria , quando o Governo doEstado ordenou o fechamento de Centro deEstudos Populares,que funcionava no anexo daSerraria Sousa Pinto. Hoje, suas reuniões serealizam em espaços disponíveis, contando comapoio da Associação dos Filhos e Amigos deGouveia que abre sua pequena sede paraassembleias da Comissão. Com todos os percalços,a CMFL está comemorando seus 65 anos – a maisantiga do País- e e em agosto promoveu uma

Semana de Folclore das mais dignas e importantespara o estudo e divulgação da Cultura Popular.Entre os eventos da semana ocorreu o lançamentodo número 25 da Revista Comissão Mineira deFolclore, em que constam informações sobretodos os personagens colocados na abertura desteFace. Além de estudos sobre “A Moral do Oral na EraDigital”, “Analogias e Metáforas no Ensino das DançasGaúchas” e “Apelido, quem não tem o seu”. A revistapode ser adquirida por qualquer pessoa e, além de serimportante fonte de informação, pode ajudar para quea Comissão possa continuar em sua missão depreservação de nossa cultura popular. É só entrar emcontato pelo email [email protected]

30 ANOS AO PÉ DA SERRA- Com a Seresta ao Pé da Serranesta sexta-feira, dia 25 de outubro, este projeto finaliza30 anos de realização, o mais antigo ininterrupto de BeloHorizonte e de Minas. Em 1983, com o fim do ProjetoSeresta, na Praça da Liberdade, a então diretora doParque das Mangabeiras, Leonésia Cardoso, e opresidente da Belotur, Márcio Cunha, abriram o espaçodaquela área pública, nascendo então a Seresta ao Pé daSerra. Uma ajuda fundamental foi de Wilma Cavalierique, através da Antarctica, deu as condições financeiraspara o evento. Praticamente todos os grupos seresteirosde Belo Horizonte já se apresentaram na Seresta: Serenoda Madrugada, Diamantina em Serenata, Chapéu dePalha, Família de Cana, Reminiscências, Edna Fagundes,Irmãos Froões, Waldir Silva , Coral Júlia Pardini, Bando daRua, Seresteiros Boêmios, Violão de Ouro, Genaro Cruze Brasil Seresta, Luar de Prata, Turma da Velha Guarda,Rodrigo Miranda e Banda, Cidade Nova em Serenata,Sagrada Família em Serenata, Voz e Arte, Marlon eMarciano, Quincas da Viola e Trem de Minas, Banda Luae Sol, Vozes em Serenata, Viola em Seresta, Manezinhodo Forró, Canta Brasil. Dezenas de artistas mineirosfizeram apresentações especiais, entre eles, GeraldoTavares, Mônica Dalmázio, Rubinho do Vale, Flávio deAlencar, Hélio Marinho, Família Marques Afonso, CarlosFarias, Pereira da Viola, Charles Boavista, Carlos Maia,Dércio e Doroty Marques, Rocha do Saxofone. Tambémfoi palco de lançamento de discos de praticamentetodos os grupos, além dos de Lucinha Bosco, Juquinhado Sax, Mauro Silva, além dos livros “Seresta ao Pé daSerra” e “As 25 Mais da Seresta ao Pé da Serra.Personagens se tornaram lendas na seresta comoNewton Hauck (o Niltão da Cachaça), a Turma do Canto,Salim e Janice, Luiz Gonzaga de Miranda ( autor do Hinoda Seresta ao Pé da Serra). Ela também foi marcantepara que, em 1987, o vereador Márcio Cunhaapresentasse um projeto criando o Dia Municipal daSeresta, aprovado por unanimidade pela CâmaraMunicipal e sancionado pelo então prefeito Sérgio

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Ferrara, através da Lei 5069, fazendo de Belo Horizontea única cidade brasileira a ter, oficialmente, uma datacomemorativa da seresta, no dia 18 de setembro. Nosúltimos anos, a Seresta ao Pé da Serra passou a ter oapoio fundamental do SESC-MG que a incluiu dentro doseu programa de cultura social. Para terminar o resumo:a Seresta ao Pé da Serra de sexta-feira vai começar às21, com o grupo Diamantina em Serenata e nossaapresentação.

Luiz Tropia

Palestra-oficina “O Folclore Lúdico”, em 30/10/13, noCEA Norte do bairro Aarão Reis. Resultado dapesquisa que desenvolvo há anos no bairro de SantaTereza, Belo Horizonte/MG.

Foi com muita honra que levamos o nome daComissão Mineira de Folclore - CMFL e de MinasGerais aos eventos culturais e docentes ocorridosem Córdoba, Argentina, entre 3 e 8 de outubro de2013. Lá deixei, dentre outros documentos, objetose discos, a Revista da CMFL, número 25, de agostopassado, na qual consta artigo de nossa autoria,sobre o mestre Saul Martins, que informa sobresua participação no “Seminário sobre o PatrimônioArtesanal” na mesma cidade, em maio de 1979. É odiscípulo que retorna 34 anos depois ao caminhopercorrido pelo mestre.

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OSWALDO GIOVANINIPRÊMIO SILVIO ROMERONa 47ª Semana Mineira de Folclore reservou-se umatarde para conversa com o professor doutor OswaldoGiovanini Júnior, oportunidade em que também foiadmitido como membro efetivo da Comissão Mineira deFolclore. A conversa girou em torno de sua tese dedoutorado Sortilégio do registro: Aires da MataMachado, os vissungos e os negros do Garimpo emMinas Gerais. Nessa obra o autor percorre a biografiade Aires da Mata Machado e da Comissão Mineira deFoclore.Em seguida, recebemos a notícia“Caro colega,tenho uma notícia boa.Minha tese sobre o professor Aires foi premiada com osegundo lugar no concurso Silvio Romero. Como vocêdeve saber é o prêmio máximo para a área do folclore eda cultura popular.Acho que pode ser um bom momento para retomamos aideia de uma publicação.Minha orientadora, inclusive, sugeriu que procurássemosa editora da UFMG.Dá uma olhada aí:http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Materia=341abs,Oswaldo”

resumo: A pesquisa aborda a visão de mundo e o ethosque fundamentaram o registro dos cantos vissungos por Airesda Mata Machado Filho no livro O negro e o garimpo emMinas Gerais. Com o exame das ideias do modernismo eda mineiridade presentes no contexto intelectual do autor,busco compreender a interpretação proposta de tais cantosligados à vida no garimpo da região de Diamantina/MG, naqual a noção de sobrevivência emerge de modo relevante.Ao mesmo tempo, os cantos vissungos e o “dialeto crioulo”se configuram em seu trabalho com um teor poético quetraduz relações entre escrita e oralidade presentes em suaexperiência de pesquisa e indicadas em seu texto. Abordotambém a recepção da obra por intelectuais e pela sociedadebrasileira mais ampla, ao enfocar a trajetória do autor e suaparticipação no Movimento Folclórico Brasileiro à frenteda Comissão Mineira de Folclore. Examinam-se suasrelações com o meio intelectual mineiro das primeirasdécadas do século XX e a repercussão de suas ideias entre

Oswaldo Giovanini - à esquerda - recebe o livro deposse como membro efetivo da Comissão Mineira de

Folclore

CARRANCA PÁGINA 21

pesquisadores do folclore. Analiso ainda o retorno da pesquisado autor, aproximadamente 80 anos mais tarde, a seu localde referência etnográfica, e a atual rede de relações esimbolizações construída em torno dos cantos vissungos, queenvolve cantadores populares, intelectuais, artistas e agentesculturais, percebendo a sua vitalidade na sociedade brasileiracontemporânea.

Joana Ramalho Ortigão CorreaNova surpresa. Na oportunidade de participar do “Semináriosobre Congado” dentro do programa “Vozes de Mestres”,tivemos oportunidade de conhecer uma moça paranaense,residente no distrito de Milho Verde, município do Serro –MG. Ela também foi contemplada com a 1ª menção honrosado Prêmio Sílvio Romero.

título: Vamos fazer um fandango: arranjos familiares esentidos de pertencimento em um dinâmico mundosocial

resumo: O presente trabalho investiga a amplitudesemântica da noção de “fazer fandango” a partir do convíviocom fandangueiros do litoral sul de São Paulo e norte doParaná. Expressão popular que reúne dança, música e poesia,a pesquisa procura elucidar como o mundo social do fandangose constitui e se modifica a partir da interação com outrasesferas sociais. Desde os estudos dos folcloristas, a partir daprimeira metade do século XX, até os tempos atuais, ofandango transita pelos circuitos da cultura assumindo novossentidos e práticas. Por meio de uma experiência etnográficaem sítios e vilas no município de Cananeia, em São Paulo, derelatos históricos e percursos por contextos diversificadosde circulação do fandango, investigam-se os rearranjos demembros de uma família de fandangueiros – a Família Pereira– e seus novos posicionamentos como grupos, mestres eartistas.

Dissertação de mestrado sob orientação da Profª. Dra MariaLaura Viveiros de Castro Cavalcanti, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Sociologia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, 2013.

Joana na coordena-ção de mesas deconversas sobre

Congado

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Seminário sobre Congados do projeto“Vozes de Mestres”

Realizou-se nos dias 4, 5 e 6 de dezembro o Semináriosobre Congados no interior do projeto “Vozes de Mestres”.Durante esses dias foi possível desenvolver uma proveitosaconversa com os reis, rainhas, capitães dos Reinados deNossa Senhora do Rosário, bem como com os estudiososacadêmicos e instituições responsáveis por políticas deapoio a essas atividades IEPHA, IPHAN, Funarte.

A Comissão Mineira de Folclore teve o prazer de participare ouvir atenta aos depoimentos dos mestres, dos acadêmicose dos gestores de políticas públicas. Agradece a MarcellaPaiva coordenadora do evento pelo convite e deixa parareflexão depoimentos sobre os efeitos perversos do“folclorismo” lembrado por um eminente professorpesquisador, e os assuntos que ocuparam o terceiro diaversando sobre “Registro e Salvaguarda: os Reinados comoPatrimônio Cultural”

Durante os três dias, a Comissão Mineira de Folcloreofereceu aos presentes edições do informativo Carranca eas edições do Revista Comissão Mineira de Folclore emque se desataca nossa atenção para ouvir os mestres desdenossa fundação. Lembrou-se que a primeira pesquisa sobre“Congados” foi realizada no ano de fundação de nossaentidade e gravada pela Rádio Inconfidência e que toda aedição de nº 24 publicada em 2004 resulta de um semináriointitulado “Integração Interétnica” no qual as vozesprivilegiadas eram dos mestres, Reis, Rainhas, Chico Reis,capitães, patrões, priores, dos Reinados de Nossa Senhorado Rosário.

Congado e DevoçãoCARRANCA PÁGINA 22

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Guilardo Veloso,presidente da

Associação doReinado de NossaSenhora do Rosá-

rio de MinasGerais Corina Moreira - do IPHAN - ao lado da Reinha Izabel

Cassimiro, discorre sobre o registro e salvaguarda.

Assis Horta, o homem da memória foto-gráfica de Diamantina

Recebemos de Isnard Monteiro Horta a foto abaixo deseu pai, Assis Horta, o fotógrafo da memória de

Diamantina.

Gonzada de Ávila SilvaGonzaga foi indicado pela AFAGO - Associação dos

Filhos e Amigos de Gouveia - para concorrer ao PrêmioNacional de Cultura Popular. A foto da escultura abaixoilustrou a segunda capa da Revista Comissão Mineira de

Folclore 25.

CARRANCA PÁGINA 23

O fotógrafo e a modelo bem comportada.Assis aos noventa e cinco anos!

A tradição de dona ReginaVisitei um amigo. Na sala ao lado sua esposa atendia àclientela feminina no “Salão de Beleza”. A conversa rolavasolta. Assunto, a novela das 9:00 da Rede Globo. Muitasconjecturas sobre o destino de cada personagem. A sempreexplorada perversão.Pensei imediatamente: “Mesmo os produtos perecíveis edescartáveis têm seu momento de tradição. Não tem sentidoassistir a novelas e os demais produtos prontos para deleiteimediato, sem oportunidade de comentá-los e fixar valoresmomentâneos.”De imediato, lembrei-me de uma peça de teatro que percorreuo século XIX a que eu nunca assisti. “Pedro Sem”. Comofiquei sabendo do enredo dessa peça e até de uma das falasdo personagem principal? “Dá esmola a Pedro Sem/ que játeve e hoje não tem./ Quem quiser dar, dá./ Quem não quiser...eu vou andando.” Em mais de um local, até mesmo emlugarejos, onde nunca houve casas de espetáculo, ouvi anarração do mesmo enredo e a mesma fala memorizada.Pedro Cem/Sem. Regina Horta Duarte registra apresentaçãodessa peça em Ouro Preto e Campanha. Porém, obtiveregistros na memória popular em Gouveia e Pinhões.Localidades bem distantes. Há, portanto, tradiçõesdescartáveis, que servem apenas para jogar conversa fora eaquelas que se fixam no imaginário popular.É à segunda classe que me dedico agora.No dia 30 de novembro, participei de um momento especialde fixação de tradições dadas para permanecer. Recebemosem casa um convite

O sonho de escrever um livro aconteceu quandocoloquei na cabeceira de minha cama um cadernoonde registrava os aniversários de meus filhos,netos e amigos.(...)Certo dia, por fim, resolvireunir essas proezas, aliadas ao meu gosto pelaculinária –as receitas que criei ao longo dosanos, (..) ou seja, aquela comidinha que tem jeitode mãe e avó quituteira. (...)Relembrei a minha trajetória desde os tempos nacasa de meus pais. Relembrei que, em minhasconversas com as bonecas, aos cinco ou seis anos,já falava de minha vontade de escrever histórias,fazer bolinhos, comidinhas, brincar de“cozinhadinho”... (...)Para quem viveu, como eu,dentro de uma padaria, não foi difícil encarnaro espírito de quem busca no alimento a arte decriar, preparar, descobrir e modificar;brincar nasdescobertas sem compromisso de receitasgrandiosas, muito mais pelo prazer, como se todofazer fosse oração, um ritual para o banquete,onde corpo e espírito comungam na feitura,enroscam-se com panelas, facas, temperos e o quemais for ingrediente: viram dança, melodia,aroma. Pronto! Está preparado o manjar! Sento-me à mesa, agradeço pelo milagre da alquimia eme banqueteio. Chegam os convidados...Aí, sim,é o máximo! Celebramos, na troca, o cuidado dequem com fome de comida e de palavras, entrana essência do cotidiano e faz cada dia sermelhor!

Está também dado o plano de apresentação da síntese datradição. Dando o tom; “Primeiras histórias, primeirasreceitas”. Em seguida: Comidas e festas. Não há festas semcomida, nem comida sem festa. Páscoa; Dias das mães;

Festa junina; Dias dos pais;Receber a Primavera: Dia dascrianças; Aniversários eNatal. Terceira parte: Outrashistórias, poesias e receitas.“A festa da família” Fixa-sea mensagem permanente dosfilhos como festa, os netoscomo festa, os bisnetos comofesta, a maturidade comofesta.Eis em síntese a tradiçãoescrita da tradição oral deDona Regina;

Fomos. Dona Regina Maria Cerqueira Batitucci sintetizouno livro Delícias para o Coração todos os hábitos quetransmitiu para os filhos e os amigos, ao longo de 80 anos.Primeiro: aprender a inventar alimentos e criar receitas depara livre invenção. Segundo: nenhum alimento tem sentido

sem festa. Comer e festejar são gêmeos. Terceiro: cadaconvidado merece um poema.Temos a síntese da tradição. Como lembra Umberto Ecco,“cria-se mais quando se copia e copia-se muito mais quandose crê criando novidades”.Vamos às Delícias para o Coração.Há um percurso da tradição oral para a escrita. É Reginaque reconhece:

Artigos

CARRANCA PÁGINA 24

ArtigosNATAL EM POMPÉU

Edméia Faria

Natal é a maior festa popular do Brasil, determinando umverdadeiro ciclo, com bailados, autos tradicionais, bailes,alimentos típicos, reuniões.A denominação portuguesa de noite de festa persiste noBrasil, onde dezembro é denominado mês de festa. Diade Festa, Noite de Festa é o dia, a noite de Natal. (Câmara Cascudo)

Conforme registra Câmara Cascudo (1998), a noite de Natalfoi fixada em 25 de dezembro pelo Papa Júlio I. A datamesmo do nascimento de Jesus ainda não foi possívelprecisar. Acredita-se que no mês de abril. Segundo SaulMartins (1995), estudos comparados esclarecem que, emdezembro, mês chuvoso, os pastores não descem com asovelhas, permanecendo com o rebanho no alto dasmontanhas. Fato este que aponta como provável onascimento do Menino em abril, quando os pastoresdescem com o rebanho.Em Pompéu, região do Alto São Francisco, o Natal emfamília é uma tradição. E vem do Século XVIII, quandoDona Joaquina e o marido, o Capitão Inácio, recebiam nosolar os parentes vindos de Pitangui para comemorar onascimento do Menino-Jesus.Um grande presépio era armado na capela. E, à meia-noite, família e escravos assistiam com devoção à Missado Galo, celebrada pelo capelão da fazenda, Padre Serrão.Enquanto se aguardava a missa, os convidados eramentretidos por animados foliões, vindos especialmentede Ouro Preto a convite da matriarca. Após a missa, eraservida a ceia; comidas típicas, totalizando um mínimo devinte e quatro pratos, conforme tradição da mesa dafazendeira; frutas e castanhas de coco do cerrado; vinhos,licores e doces de leite, de arroz, de ovo e de um semnúmero de frutas do pomar e do cerrado.Sobre a toalha vermelha de linho, arranjos coloridos feitospela própria anfitriã, ajudada pelas negras ladinas, Terezae Azulina, com flores do campo e frutos do cerrado,colhidos ali mesmo no Sertão dos Buritis, contrastandocom cristais da Boêmia e porcelana chinesa.Em cada janela, uma lanterna colorida ilumina a Noite deFesta.Os parentes vindos de longe ficavam para a festa de Ano-Bom, estendendo-se até o Dia de Reis. De vinte e cincode dezembro a seis de janeiro, a Fazenda do Pompéu viviaem festa, com reisados, pastoris e congados.Essa tradição chegou até nossos dias. E Natal é tambémreunião de família. Dezembro é mês de festa. E todos sepreparam para receber os parentes que vêm de longe e,em muitos casos, se reúnem uma única vez no ano. Nestadata.As lanterninhas de papel de seda multicoloridas emarmação de madeira é que andam desaparecidas. Aospoucos, a luz elétrica vem apagando essa tradição.Também o Menino anda esquecido. E a data vai perdendoo verdadeiro significado. Antes, afirmam os mais velhos,

havia mais fé. O Natal era uma festa de família. Uma festaalegre e ruidosa. Mas uma festa em torno do mistério dagruta de Belém. Antes da ceia, todos se ajoelhavam paracontemplar o Menino. E todos juntos rezavam pela paz ecantavam hinos de louvor.Embora o Natal seja ainda reunião de família em Pompéu,poucas são as que preservam a tradição. O acolhimento éo dos filhos que moram fora. E fazem dessa data umaoportunidade para se reunir e estreitar os laços de família;os laços com a terra natal; com os conterrâneos que ficarame com aqueles que saíram e vivem hoje espalhados pelomundo. E retornam sempre nessa data. Então, o Natal éuma festa do encontro. Uma festa da família pompeana,por assim dizer. Na noite mesmo do Natal, nos lares, afesta ruidosa e alegre é em torno da ceia, da troca depresentes entre os “amigos ocultos” e da passagem dePapai Noel para as crianças que, na sua pureza, aindaacreditam neste fantástico ser mitológico.Há, como antigamente, participação e envolvimento detodos na preparação da ceia, na confecção dos arranjos eda Árvore de Natal que, embora não tenha raízes nocristianismo, ocupa lugar inarredável dentro do ciclo deNatal Cristão.Na igreja, ainda se preserva a tradição da Missa do Galo àmeia-noite e do presépio. Armado no seu interior, opresépio permanece exposto à visitação de vinte e quatrode dezembro a seis de janeiro.A cidade inteira se engalana: muita luz, e, agora maisrecentemente, na Praça Levi Campos, uma árvore imensae um grande presépio são montados. As peças, criadascom material reciclável, desperta a atenção dosmoradores e visitantes. Não falta Papai Noel na carruagempuxada pelas renas, para alimentar a fantasia e oimaginário das crianças.Nas residências também, a decoração com motivosnatalinos vem se destacando. Lâmpadas multicoloridasdesenham o contorno de portas e janelas e iluminam asfachadas das casas, principalmente no centro da cidade.A árvore de Natal, um pinheirinho cultivado no jardim,uma palmeira, um chorão, uma samambaia, uma arruda,também são decoradas no próprio jardim. Na sala, a árvorede Natal, geralmente artificial, sob a qual se distribuemos presentes, vem tomando o lugar do presépio. Um, noentanto, resistiu ao tempo e à modernidade; o famosoPresépio da Angélica do Tamboril.Preservado ainda no original, o presépio de Dona AngélicaMendes Maciel permanece fiel à tradição. Armado pelaprimeira vez na Fazenda do Tamboril em 1936, contavainicialmente com cento e oitenta peças. Hoje, reduzido acem, entre peças de celulóide e barro; trabalho artesanaldesenvolvido na região.O filho, Geraldo Chaves, contava na época sete anos deidade. E tomou-se de amores e devoção por ele. Maistarde, o recebeu da mãe, como presente de casamento,passando a armá-lo em sua casa.Há vinte e quatro anos, pressentindo o fim, Geraldopassou a missão ao filho Libério Geraldo Afonso Chaves,

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que continua a tradição. O presépio, armado em sua casa,na Rua Cândido Sousa, ocupa um quarto inteiro. E émontado sobre um estaleiro em armação de caixotes, quevai até o teto. A montanha é feita, utilizando a antigatécnica; a gruta forrada de pano engomado com goma depolvilho, e tinto de azul e verde, dá ao ambiente um toquede autenticidade. Na formação da montanha é que o panovem sendo substituído por papel trabalhadoartisticamente com comprovite que dá brilho às pedras.Outra substituição, a do lodo da lagoa pelo dinheiro empenca. Que o lodo, assim como a parasita, vem rareandocom o desaparecimento das grotas na região, explicaLibério. Seguindo a tradição, o arroz para a campina, éplantado no Dia de Santa Luzia. Os três Reis Magos descemcada dia um patamar, chegando à gruta no dia seis dejaneiro, quando se encerra o ciclo natalino. O Menino écolocado na manjedoura no dia vinte e quatro à meia-noite em ponto. Aos pés do Menino, reza-se o terço eentoam hinos de louvor.Como nos velhos tempos, a abertura e o encerramentosão feitos pela folia de reis, maior dificuldade do Libériono cumprimento de sua missão. Os foliões estãodesaparecendo, informa.Devotado e fiel ao pedido paterno e à tradição, Libériofaz de tudo. Como o pai, dá apoio aos foliões. Chegou a“levantar” a folia de Martinho Campos, cidade vizinha,que vem fazendo as apresentações. Em seu percurso de setenta e sete anos por Tamboril,Passagem Boa, Papagaios e Pompéu, o presépio daAngélica do Tamboril atrai pela fé e pela tradição. E vemrecebendo a visita de devotos e curiosos de toda a regiãoe regiões vizinhas,

InformantesInês Alves de OliveiraIrilda Maria PortoJosé Ferreira de FariaLibério Geraldo Afonso ChavesMaria Barbosa ÁlvaresOnésia Alves da Silva Chaves

Artigos

Nossa ModernidadeJosé Moreira de Souza

[este artigo fez parte de folheto distribuído para os queparticiparam da 47 Semana Mineira de Folclore]

Hoje, 19 de agosto, começamos a celebrar a 47ª SemanaMineira de Folclore. Teremos uma semana de boa conversa.Às 19:00 horas estaremos reunidos no auditório daFundação Municipal de Cultura e do dia 20 ao dia 22, nasinstalações da FAFICH – UFMG.O tema recorrente de nossas conversas, como sempre, seráatenção ao - e estudo do - saber viver em Minas Gerais.Isto é uma marca da tradição intelectual que se inicia nasegunda década do século passado. Fernando Correia Diasdá-lhe o nome de “tradição ilustrada”.No percurso dessa tradição, Fernando trabalha a ideia deUniversidade, a invenção da “Civilização Mineira”. A euforiade uma elite mineiro-paulista conduz à criação de ummonumento a essa civilização. Esse monumento se encontrana Praça da Estação, oficialmente conhecida como PraçaRui Barbosa. Criação de Giulio Starace, um italianoconvocado para sintetizar nossa realidade culturalinterpretada pelas elites intelectuais. Em latim a estátuapreceitua: Montani semper liberi. Tradução livre: “Viver nasmontanhas é respirar Liberdade”.Em discurso proferido por Rodrigo Melo Franco deAndrade, na ocasião em que recebeu o título de DoutorHonoris Causa pela UFMG, afirmou que “a civilizaçãoMineira não se expressa nesse monumento, mas poderáser encontrada a muitos quilômetros daqui, nos monumentosexistentes em Congonhas, Sabará, Ouro Preto e Mariana.”(Dias, 1991, p. 7)

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Imagino Alfredo Riancho – Camarate – interpretando estesdizeres enigmáticos do fundador do Instituto do PatrimônioHistórico. A modernidade de Belo Horizonte se inspira emRoma, na Itália da República, da res publica. Ou na Romados Césares. Ou na Roma ressuscitada pelo Renascimento.Na Roma dos monumentos inspirados na civilização Grega,dos Hércules.Há um primeiro momento. As elites intelectuais lembramque a glória de Belo Horizonte repousa nos feitos dosmineiros de criar a sua civilização, vida urbana, negação docomplexo antiurbano do Brasil Colonial. Belo Horizonte écidade síntese de Minas, mas não tem linguagem capaz deexpressar o que é. Sonha-se outra.Há outro momento. É o que lembra Rodrigo. Belo Horizontetem um monumento que representa o verdadeiromonumento. Há uma outra modernidade mineira. Ela ébarroca. Situa-se no distante século XVIII. É La que seencontra a mensagem vivida e atualizada: Montani semperliberi.É um discurso ideológico. A academia, em certo momento,passou a demolir as ideologias, como se isto fosse possível.Nenhuma conversa, qualquer que seja, se isenta deideologias, discursos construídos, prontos para criarrealidades e operar o cotidiano com respostas prontas. Nemmesmo as teorias estão isentas de seus núcleos ideológicos.Para que uma conversa seja proveitosa, há quecompreender: “A ideologia não diz de você, diz para você.”Ideologia é começo de conversa e não fim da mesma, anão ser num contexto altamente autoritário e prepotente;mas nisso, o que opera não é a ideologia, mas o terror quepode também ser expresso numa ideologia da ameaça deuso da força.Tudo isto para que? Para entender os monumentos aoAleijadinho que passaram a se multiplicar pelas cidades. O

elogio ao crioulo mestiço – algum crioulo pode não sermestiço? – que cria a partir do viver em Minas, explicitandoo prazer e o sofrimento do cotidiano de ser mineiro,colonizado, submetido ao dever de criar obras de civilização.No crioulo, temos o núcleo do saber popular, e de suatradição. A forma de transmiti-lo no interior de todas asambiguidades.

Alfredo Riancho – decifre-se Ri + ancho: Risosolto, despregado, a bandeiras despregadas -, nos diriatambém: o monumento à civilização mineira mostra quetemos duas tradições ilustradas. A primeira acredita emnosso poder de criar a partir daqui, do lugar onde vivemos,de nossas relações próximas; a segunda precisa trazer delonge para anunciar o que não somos, mas poderemos ser.Eis Minas Gerais, eis Belo Horizonte. Eis os desafios paraconversar sobre nosso saber viver em Minas Gerais. Eis osconflitos que marcam alternâncias entre leões e raposas nacirculação das elites e suas tradições. Está ai o cerne paraconversar sobre políticas culturais.

2014 – 19 de fevereiroComissão Mineira de Folclore – 66 anosde atenção ao e estudo do SABER VIVERem MINAS GERAISInauguração do Centro de Celebração de Minas noCentro Cultural Salgado Filho – prefeitura de BeloHorizonte. Apresentação da reprodução em madeira dasestátuas dos profetas do Aleijadinho – doadas por AnésiaGonzaga – espólio do folclorista professor WashingtonPeluso Albino de Souza

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Órgão Informativo da Comissão Mineira de Folclore – CMFLNúmero 04-13– Outubro- Dezembro2013.

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2014 – 19 de fevereiroComissão Mineira de Folclore: 66 anos deatenção ao - e estudo do - SABERVIVER em MINAS GERAISInauguração do Centro de Celebração deMinas no Centro Cultural Salgado Filho –prefeitura de Belo Horizonte.Apresentação da reprodução em madeiradas estátuas dos profetas do Aleijadinho –doadas por Anésia Gonzaga – espólio dofolclorista professor Washington PelusoAlbino de Souza

Agradecimentos