Cenários para a Economia Internacional

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C&M CENÁRIOS 8/2013 CENÁRIOS PARA A ECONOMIA INTERNACIONAL E BRASILEIRA HENRIQUE MARINHO MAIO DE 2013

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CENÁRIOS PARA ECONOMIA INTERNACIONAL E BRASILEIRA Nº 8. MAIO 2013

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C&M CENÁRIOS 8/2013

CENÁRIOS PARA A ECONOMIA INTERNACIONAL E BRASILEIRA

HENRIQUE MARINHO

MAIO DE 2013

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Economia Internacional

Atividade Econômica

A divulgação dos resultados do crescimento econômico dos

países desenvolvidos no primeiro trimestre de 2013 confirma

que as economias ainda estão em dificuldades.

O PIB dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 2,5% no primeiro

trimestre, segundo o Departamento do Comércio. O número representa uma

recuperação em relação ao crescimento de 0,4% no trimestre anterior. A economia

norte-americana cresceu nos últimos 15 trimestres consecutivos, mas o ritmo médio

anual, de pouco mais de 2%, é fraco quando comparado aos padrões históricos. O

principal motivador do crescimento no primeiro trimestre foi a retomada dos gastos

dos consumidores, que cresceu 3,2%, o melhor ritmo desde o fim de 2010. Já o ritmo

de investimentos das empresas se desacelerou fortemente no primeiro trimestre,

crescendo 2,1% após ganho de 13,2% no trimestre anterior. Os gastos em todos os

níveis do governo recuaram 4,1%, ante queda de 7,0% no último trimestre de 2012. O

mercado imobiliário, por sua vez, continuou sendo um ponto positivo da economia.

Os investimentos residenciais fixos, que incluem construções de imóveis e melhorias

no lar, cresceram 12,6% no primeiro trimestre, após terem registrado também sólidos

ganhos nos últimos dois anos.

O PIB do Reino Unido do primeiro trimestre cresceu 0,3% em comparação com o

quarto trimestre de 2012 e se expandiu em 0,6% ante o mesmo período do ano

anterior, de acordo com dados preliminares do Escritório para Estatísticas Nacionais

(ONS). A principal contribuição foi o setor de serviços, que cresceu 0,6% no primeiro

trimestre ante os três últimos meses de 2012, devido ao forte desempenho dos setores

de varejo, hotéis e restaurantes. O setor de produção também fez uma contribuição

positiva para a economia no primeiro trimestre, com crescimento de 0,2% ante o

quarto trimestre de 2012. O setor de construção pesou sobre o crescimento, com

queda de 2,5% ante o último trimestre de 2012.

O Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro recuou 0,2% no primeiro

trimestre deste ano em comparação com o quarto trimestre do ano passado. Foi o

sexto trimestre consecutivo de contração, na margem, e o resultado veio pior do que a

previsão de analistas, de queda de 0,1% do PIB.

A atual recessão agora já é mais longa do que a de 2008/2009, embora a queda na

produção não seja tão acentuada quanto naquele período. Em comparação com o

primeiro trimestre de 2012, o PIB da zona do euro declinou 1,0%. A leve recuperação

na Alemanha no primeiro trimestre foi insuficiente para contrabalançar as recessões

na França e na Itália, que juntos são responsáveis por metade do PIB do bloco. Os

altos salários na França e na Itália vêm erodindo a competitividade de seus produtos

nos mercados globais. O BCE espera que uma recuperação se materialize no segundo

trimestre deste ano, sustentada pelo crescimento mais rápido das exportações e pelas

baixas taxas de juro. No entanto, muitos economistas consideram esse cenário

otimista demais.

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A economia da Alemanha teve um começo de ano surpreendentemente fraco, segundo

o escritório de estatísticas do país, crescendo no primeiro trimestre 0,1% ante os três

meses anteriores. Também O PIB da França se contraiu em 0,2% no primeiro

trimestre de 2013 em relação ao período anterior de três meses,

Como resultado do PIB da zona de euro no primeiro trimestre

do ano, a Comissão Europeia reduz as projeções de

crescimento para as economias da região em 2013.

A Comissão Europeia revisou sua projeção para o desempenho do PIB da zona do

euro neste ano, de contração de 0,3% para 0,4%. Para a União Europeia, a estimativa

passou de crescimento de 0,1% para queda de 0,1% do PIB em 2013. Em relação a

2014, a Comissão estima que o PIB da zona do euro deva crescer 1,2% e o da União

Europeia, 1,3%.

As estimativas da Comissão pioraram também para as economias centrais do bloco

de moeda comum. A instituição reviu de 0,5% para 0,4% sua estimativa de

crescimento para o PIB alemão em 2013. No caso da França, a projeção passou de

crescimento de 0,1% do PIB em 2013 para uma queda de 0,1%. A estimativa de

contração de 1% do PIB da Itália em 2013, anunciada há três meses, foi revisada para

uma retração de 1,3%.

Fracas condições no mercado de trabalho e uma prolongada falta do crédito para a

economia real vão manter a economia europeia em uma recessão mais profunda do

que o previsto neste ano eliminarão o crescimento em 2014. Para a União Europeia

como um todo, a projeção é de contração de 0,1% neste ano, em vez da expansão de

0,1% prevista anteriormente. Famílias, bancos e empresas excessivamente

endividados estão atuando como freio para a recuperação econômica na Europa.

Desemprego na Zona do euro em fevereiro bate recorde com

mais de 19 milhões de desempregados, atingindo a taxa de

12,0%.

A taxa de desemprego na zona do euro subiu para 12,1% em março, de 12% em

fevereiro, segundo a agência oficial de estatísticas do bloco. A taxa é a mais alta

desde 1995, quando os dados começaram a ser registrados. Cerca de 62 mil pessoas

perderam o emprego em março, totalizando 1,723 milhão nos últimos 12 meses. A

taxa de desemprego ajustada da Alemanha ficou em 6,9% em abril, em linha com as

expectativas de economistas, permanecendo em seu nível mais baixo desde a

reunificação em 1990.

Inflação e Juros

Inflação da zona do euro chega a 1,7% em março, abaixo da

meta estipulada de 2%.

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Como consequência do baixo crescimento da atividade econômica, a inflação ao

consumidor da zona do euro perdeu força em abril e atingiu o nível mais baixo desde

fevereiro de 2010, segundo dados preliminares da Eurostat. O índice de preços ao

consumidor (IPC) subiu 1,2% em comparação com abril do ano passado.

Para os dados anunciados pela OCDE, a taxa anual de inflação nas economias

desenvolvidas caiu para o nível mais baixo em três anos em março após os preços ao

consumidor em seus 34 países membros subiram em 1,6% nos 12 meses. A alta nos

12 meses até fevereiro havia sido de 1,8%. Entre os membros da OCDE, os preços da

energia subiram 0,9% nos 12 meses até março, bem abaixo do aumento de 3,4% nos

12 meses até fevereiro. Os preços dos alimentos subiram 1,7%, abaixo do aumento de

1,8% registrado em fevereiro. Excluindo itens voláteis como alimentos e energia, o

núcleo da inflação manteve-se em 1,6%. A taxa anual de inflação foi mais alta na

Turquia, onde os preços subiram 7,3%, enquanto os preços caíram 0,9% no Japão.

Entre as grandes economias em desenvolvimento, a taxa de inflação caiu na China e

na Rússia, mas aumentou na África do Sul, Brasil e Indonésia.

Economia Brasileira

Atividade Econômica

Relatório de inflação de março do Banco Central do Brasil

projeta aceleração da economia para 3,1% em 2013 e inflação

de 5,7%, mas IBC (Br) mostra crescimento tímido.

As expectativas otimistas do Banco Central parecem não se concretizarem com as

análises dos especialistas, interpretadas pela evolução das projeções semanais do

Relatório FOCUS, que vem sistematicamente reduzindo a projeção do PIB e elevando

a da inflação.

A mais recente divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-

Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) mostra que o mesmo

subiu 0,72% em março em relação ao mês anterior, considerando dados

dessazonalizados e apenas 1,2% em doze meses. No ano, a expansão é maior, 2,78%,

mas a razão é a base do mesmo período do ano anterior.

Juros e Inflação

Como esperado pelo mercado, o COPOM iniciou sua trajetória

de elevação da taxa SELIC, passando de 7,25% para 7,5%, a

primeira elevação desde 2011.

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Preocupado com a resistência dos preços, que se mantém em patamares elevados para

se atingir a meta central de 4,5% em 2013, o COPOM se rendeu e elevou a Selic,

justificando em sua nota que:

“O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos

de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre

resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por outro lado, o

Copom pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o

cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária

seja administrada com cautela”.

Com a divulgação do IPCA de abril, a taxa anual de inflação

dá um leve recuo na taxa anual e fica abaixo do teto

estabelecido em 6,5% para 2013.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de

0,55% em abril e ficou 0,08 ponto percentual acima da taxa de 0,47% registrada em

março. Com o resultado de abril, o acumulado no ano ficou em 2,50%, acima dos

1,87% relativos ao mesmo período de 2012. Considerando os últimos 12 meses, o

índice situou-se em 6,49%, abaixo dos 6,59% referentes aos 12 meses imediatamente

anteriores. Em abril de 2012, a taxa havia ficado em 0,64%.

Os cenários para o Brasil apresentam resultados positivos em

alguns indicadores, mas preocupantes em outros como o

comércio varejista e a indústria.

IBGE mantém estimativa de crescimento da safra agrícola: A quarta estimativa da

safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim,

arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e

triticale) indica produção da ordem de 185,0 milhões de toneladas, superior em 14,2%

à obtida em 2012 (161,9 milhões de toneladas) e 2,0% maior que a estimativa de

março (181,3 milhões de toneladas). A área a ser colhida em 2013, de 52,8 milhões de

hectares, cresce 8,2% frente a 2012 (48,8 milhões de hectares) e 0,3% (mais 143.306

hectares) em relação ao mês anterior.

Produção industrial em março de 2013, avançou 0,7% em relação ao mês

imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais, após registrar expansão

de 2,7% em janeiro e queda de 2,4% em fevereiro. Na série sem ajuste sazonal, no

confronto com igual mês do ano anterior, o total da indústria apontou redução de

3,3% em março de 2013, segundo resultado negativo consecutivo nesse tipo de

comparação. No fechamento do primeiro trimestre de 2013, o setor industrial recuou

0,5% frente ao período janeiro-março do ano passado, mas ficou 0,8% acima do nível

verificado no trimestre imediatamente anterior – série com ajuste sazonal. A taxa

anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, ao recuar 2,0% em março de

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2013, assinalou marcas próximas das registradas em janeiro (-2,0%) e fevereiro (-

1,9%).

Por sua vez, em março de 2013, o Comércio Varejista do País registrou queda de

-0,1% no volume de vendas e alta de 0,8% na receita nominal, ambas as variações

em relação ao mês anterior, ajustadas sazonalmente. Para o volume e receita de

vendas, os resultados foram superiores aos do mês anterior. Nas séries originais (sem

ajuste), o volume de vendas do varejo nacional cresceu 4,5% sobre março do ano

anterior, 3,5% no acumulado do trimestre e 6,8% no acumulado dos últimos 12

meses. Para os mesmos indicadores, a receita nominal de vendas apresentou taxas de

13,5%, 11,3% e de 11,7%, respectivamente. Já o Comércio Varejista ampliado (varejo

mais as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção)

registrou, em relação ao mês anterior (com ajuste sazonal), altas de 0,2% para o

volume de vendas e de 0,4% para a receita nominal. Em relação a março de 2012

(série sem ajuste sazonal), as variações foram de 3,0% para o volume de vendas e de

8,1% para a receita nominal. Nos acumulados do ano e dos últimos 12 meses o setor

cresceu 3,8% e 7,2% para o volume e 8,0% e 9,1% para a receita nominal de vendas,

respectivamente.

Em resumo, as principais previsões para os próximos anos

para PIB, inflação, taxa de juros e taxa de câmbio para o

Brasil, segundo apurado em 16/05/2013, pela C&M

Consultoria no Sistema de Expectativas de Mercado- FOCUS,

são os seguintes:

Nesse mês de maio observa-se uma manutenção das expectativas do crescimento do

PIB em 3,0% e de piora na projeção da inflação que passou de 5,68% em abril para

5,80% em maio, ambas próximas da meta superior que é de 6,5% para 2013. Mesmo

com a resistência da inflação as expectativas da taxa Selic para o final do ano foram

reduzidas de 8,5% em abril para 8,25% neste mês, conforme dados apurados pela

C&M nos dois períodos que reproduzidos a seguir.

Previsões de Maio

Discriminação 2013 2014 2015 2016

PIB 3,00 3,50 3,50 3,50

IPCA 5,80 5,80 5,42 5,20

IGP-M 4,51 5,41 4,91 4,65

IGP-DI 4,43 5,10 4,80 4,85

TAXA SELIC 8,25 8,25 9,00 8,75

TAXA DE CÂMBIO 2,01 2,05 2,10 2,12

Fonte: FOCUS-expectativa de Mercado, em 16/05/2013

Previsão anual para inflação, Juros a Taxa de Câmbio

Page 7: Cenários para a Economia Internacional

Previsões de Abril

Discriminação 2013 2014 2015 2016

PIB 3,00 3,50 3,50 3,50

IPCA 5,68 5,70 5,40 5,00

IGP-M 4,93 5,31 5,00 4,70

IGP-DI 4,95 5,10 4,87 5,00

TAXA SELIC 8,50 8,50 8,75 8,50

TAXA DE CÂMBIO 2,00 2,05 2,10 2,11

Fonte: FOCUS-expectativa de Mercado, em 17/04/2013

Previsão anual para inflação, Juros a Taxa de Câmbio

Finalizado em 17 de Maio de 2013

FONTE DOS DADOS: FMI, EUROSTAT, OCDE, CEPAL, BACEN, IBGE,

CNI, CNC, FGV, BM, JORNAIS FOLHA, ESTADÃO E VALOR

ECONÔMICO.