Central MEGAPRO Capítulo 8 · marcela chora desesperadamente no sofÁ com as luzes apagadas. amir...

MEGAPRO

Central MEGAPRO Capítulo 8

“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva do MEGAPRO e por conter informações confidenciais,

não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o

prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita

às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”

Tribunal de Rua (versão revisada)

Uma minissérie de João Carvalho

Escrita por:

João Carvalho

Isabelle Carvalho

Direção

Lucas Luciano

Emissora

MEGAPRO

Personagens presentes neste capítulo:

APARECIDA

BENÍCIO

CÁTIA

DOGÃO

JORGE

JULIA

LEONORA

LUCAS

MARCELA

MUFASSA

NICE

NICOLAU

PEDRO

PRETA

RONALDO

Tribunal de Rua Capítulo 8 Pag.: 2

2

CENA 01. CANAL. EXTERIOR. NOITE.

CONTINUAÇÃO NÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO

ANTERIOR.

VÁRIAS PESSOAS ALI, RODEANDO O LUGAR, APAVORADAS. PEDRO EM

CHOQUE. SAMIRA AO SEU LADO, PÕE A MÃO EM SEU OMBRO. TAMBÉM

APAVORADA, PORÉM NÃO ENTENDE. CARROS DO CORPO DE BOMBEIROS

PARADOS POR ALI. CHEGAM ALGUNS CARROS DA POLÍCIA. PEDRO SE

ASSUSTA. OLHA PARA OS CARROS E SE AFASTA DALI. VAI PARA

EMBAIXO DE UM BAR QUE ESTÁ FECHADO. FICA ALI. SAMIRA JUNTO

DELE. NELES. CORTA PARA:

CENA 02. MANSÃO DE RONALDO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

A CAM MOSTRA EM PLANO GERAL A CASA. O TELEFONE COMEÇA A

TOCAR DESESPERADAMENTE. TEMPO. CAM FOCA NO OBJETO. DO

OBJETO, CORTA PARA:

CENA 03. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. NOITE.

VÁRIAS PESSOAS ESPERANDO POR ATENDIMENTO. ENTRAM RONALDO E

OS PARAMÉDICOS COM LEONORA NA MACA COM OXIGÊNIO. RESPIRA

OFEGANTE, TENTANDO ENCONTRAR AR. ELA É LEVADO PARA O

INTERIOR DO HOSPITAL. NELE, PREOCUPADO. SE ESCORA NO BALCÃO DA

RECEPÇÃO E PÕE AS MÃOS NA CABEÇA. OLHA PARA AS PESSOAS AO

REDOR. CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 04. CASA DE AMIR. SALA. INTERIOR. NOITE.

MARCELA CHORA DESESPERADAMENTE NO SOFÁ COM AS LUZES

APAGADAS. AMIR VEM RAPIDAMENTE DE SEU QUARTO, ACENDE AS

LUZES E OLHA PARA A FILHA. PREOCUPA-SE.

AMIR — O que tá acontecendo, Marcela? Por que cê tá

chorando?

MARCELA — Eu não sei, pai. Eu gostaria de saber e poder te falar,

mas eu não sei. Eu to com medo. É muita coisa na minha

cabeça. Eu to grávida. (VOZ EMBARGADA) O que eu

vou fazer? Como eu vou fazer pra sustentar o meu filho?

AMIR SE COMPADECE. ELE ABRAÇA A FILHA. NELES ABRAÇADOS.

CORTA PARA:


3


PEDRO COMEÇA A SE ACALMAR. SAMIRA A SEU LADO. ELES OBSERVAM

TODA MOVIMENTAÇÃO DE LONGE. ELA O ENCARA. PEDRO SE VIRA

CONTRA ELA, PORÉM LOGO SE VIRA PARA ELA. OS DOIS SE ENCARAM

NOVAMENTE.

PEDRO — É tudo culpa minha...

SAMIRA — Não é culpa sua, você sabe que/

PEDRO — (POR CIMA) É, é culpa minha, sim. Eu tinha que ter

deixado aquela porcaria de festa e ter visto se tava tudo

certo na lancha, doutora.

SAMIRA — Não precisa me chamar de doutora. Me chama de

Samira. Só.

PEDRO — Eles armaram pro Nicolau. E armaram pensando que eu

ia pra Angra. (T/RESPIRA FUNDO) Mas eu preciso ter

calma. Eu preciso ter calma pra descobrir os desgraçados

que fizeram isso com o meu sobrinho. (VOZ

EMBARGADA) É o meu sobrinho, Samira. O meu

sobrinho.

SAMIRA ABRAÇA PEDRO, QUE CHORA EM SEUS BRAÇOS. CORTA PARA:

CENA 06. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. NOITE.

RONALDO PEGA UMA ÁGUA NO BEBEDOURO. OLHA PARA A TV, TÍPICA

DE SUA ÉPOCA. PASSA UM BOLETIM JORNALÍSTICO. OS PACIENTES FICAM

COM OS OLHOS ARREGALADOS. RONALDO OLHA PARA A TV

NOVAMENTE E VÊ CENAS DO CANAL, ENQUANTO O REPÓRTER PRESENTE

NO LOCAL DO ACIDENTE FALA SOBRE O OCORRIDO.

REPÓRTER — O acidente segue sendo motivo de questionamento por

todos que estão por aqui. O corpo de bombeiros, a polícia

militar e outros órgãos corporativos estão aqui presentes

analisando o caso. Ainda é muito cedo para falar com mais

precisão do que aconteceu, mas pelo o que o Delegado de

Polícia já nos adiantou há uma vítima. Nós conversamos

com algumas pessoas e pelo o que eles dizem a vítima

trata-se de Nicolau Gaspar, filho do advogado e

empresário Ronaldo Gaspar.

A CAM MOSTRA RONALDO QUE LOGO MUDA DE EXPRESSÃO. SEUS

OLHOS SE ARREGALAM. O REPÓRTER CONTINUA FALANDO.

REPÓRTER — Nicolau Gaspar é sobrinho de Pedro Bala e já estava

sendo intitulado pela comunidade como Nicolau Bala,


4

substituto do tio no tráfico de drogas do Morro da

Providência.

RONALDO DESVIA OS OLHOS DA TV. FICA EMPALIDECIDO. SAI

CORRENDO DO HOSPITAL. FOCA NA TV, QUE MOSTRA UMA FOTO DE

PEDRO BALA. FADE OUT.

ABERTURA

TRIBUNAL DE RUA C A P Í T U L O 8

“Efeitos Colaterais”


RONALDO PASSA CORRENDO POR ALI, OLHA PARA O LADO E VÊ PEDRO E

SAMIRA. FURIOSO, CORRE EM DIREÇÃO DELES, PEGANDO-OS DE

SURPRESA. RONALDO PEGA PEDRO PELO COLARINHO E O COLOCA NA

PAREDE, NERVOSO. PEDRO NÃO REAGE.

RONALDO — Olha o que você fez com o meu filho, seu canalha! Tá

satisfeito agora? Tá satisfeito? Você destruiu a vida do

meu filho... Você destrói a vida de todo mundo que você

conhece! (GRITA) BANDIDO! CANALHA!

DESGRAÇADO!

SAMIRA TENTA TIRAR RONALDO DE CIMA DO PEDRO. RONALDO SOLTA

PEDRO E CHORA DESESPERADAMENTE.

RONALDO — (VOZ EMBARGADA) Meu filho tá morto!

RONALDO PÕE AS MÃOS NA CABEÇA, ATORDOADO. NELE. CORTA PARA:


O TELEFONE TOCA DESESPERADAMENTE. TEMPO. BARULHO DE

DESCARGA SENDO PUXADA. MARCELA VEM DO BANHEIRO. ATENDE.

MARCELA — (TEL.) ALÔ?! (T) Ronaldo?!

EM MARCELA. CORTA PARA:


5


RONALDO NO ORELHÃO, RESERVADO. A PARTE DO TUMULTO. POUCO

MAIS CALMO.

RONALDO — (TEL.) Marcela, eu não sei como te contar o que tá

acontecendo, aliás, não sei nem se você sabe, mas eu

preciso de alguém que me ajude. Eu to sozinho, a Leonora

tá no Hospital e...

INTERCALA COM:


MARCELA NO TELEFONE.

RONALDO — (TEL./OFF) E eu não sei o que eu faço.

MARCELA — (TEL.) Me fala, Ronaldo, por favor... To ficando

preocupada já.

RONALDO — (TEL./OFF) O Nicolau, Marcela. (VOZ

EMBARGADA) O meu filho sofreu um acidente de

lancha. Eu to no Canal... E...

RONALDO CONTINUA FALANDO, PORÉM MARCELA ENTRA EM ESTADO

DE CHOQUE E NÃO OUVE NADA QUE ELE DIZ. CLOSE NELA. FICA

EMPALIDECIDA. DEIXA O TELEFONE, SAI RAPIDAMENTE. CLOSE NO

TELEFONE JOGADO. RONALDO DO OUTRO LADO CHAMANDO POR

MARCELA. CORTA PARA:

CENA 11. APTO DE APARECIDA E JORGE. QUARTO DE APARECIDA E

JORGE. INTERIOR. NOITE.

APARECIDA E JORGE DORMINDO. ELA COMEÇA A SONHAR, REPETIR A

PALAVRA “NÃO” E SE REVIRAR NA CAMA. JORGE ACORDA E OBSERVA

ELA. SE LEVANTA RAPIDAMENTE. OBSERVA A SITUAÇÃO. CUTUCA

APARECIDA, QUE ACORDA ASSUSTADA E ABRAÇA JORGE.

JORGE — O que foi? Cê tá sonhando?

APARECIDA — Eu não to me sentindo bem, Jorge.

JORGE — Vem comigo. Vamos até a cozinha, você toma uma

água. Fica mais calma.


6

JORGE AJUDA APARECIDA A SE LEVANTAR. VÃO EM DIREÇÃO A PORTA

DO QUARTO. CORTA PARA:

CENA 12. APTO DE APARECIDA E JORGE. COZINHA. INTERIOR. NOITE.

APARECIDA SE SENTA NA CADEIRA. JORGE ABRE A GELADEIRA. PEGA

UM COPO EM CIMA DA PIA E DESPEJA ÁGUA NO COPO. ENTREGA A

APARECIDA, QUE BEBE RAPIDAMENTE. TRÊMULA.

APARECIDA — Eu nunca fui de ter pesadelos, Jorge. Eu não sei o que

tá acontecendo comigo.

JORGE — Amanhã você querendo ou não a gente vai procurar um

médico. Essas coisas que você tá sentindo não são

comuns, Aparecida. Cê precisa se cuidar mais.

APARECIDA — Eu preciso é ter a minha família de volta. Do jeito que

era antes.

JORGE — Eu acho que no momento você precisa é se conformar.

Se conformar que eles não são mais crianças e que a gente

não vai ter a nossa família unida como sempre foi. Tenta

entender isso.

APARECIDA — Eu não quero entender isso! Não quero!

APARECIDA SE LEVANTA E SAI DA COZINHA, NERVOSA. JORGE

PREOCUPADO. NELE. CORTA PARA:

CENA 13. MANSÃO DE BENÍCIO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

A CAM MOSTRA O AMBIENTE EM PLANO GERAL. LOGO DEPOIS, VEMOS A

TV LIGADA NOTICIANDO O ACIDENTE DA LANCHA. BENÍCIO DESCE AS

ESCADAS. OLHA PARA A TV. VÊ A NOTÍCIA DA MORTE DE NICOLAU E

NÃO ESBOÇA REAÇÃO. TOCA A CAMPAINHA. ELE VAI ATÉ A PORTA.

ABRE-A. REVELA-SE CÁTIA, QUE O ENCARA COMO SE FOSSE COMÊ-LO

COM OS OLHOS. BENÍCIO SE ASSUSTA.

BENÍCIO — Você?!

CLOSES ALTERNADOS. CORTA PARA:

CENA 14. AVENIDA. EXTERIOR. NOITE.


7

O CARRO DE MARCELA SEGUE RAPIDAMENTE. ATRAVÉS DO PARABRISA

VEMOS ELA DIRIGINDO. SEUS OLHOS MAREJADOS. LIGA O SOM DO

CARRO E OUVE “NE ME QUITTE PAS – MAYSA”.

INSERIR FLASHBACK: NICOLAU E MARCELA SE BEIJAM

APAIXONADAMENTE NA SALA DE ESTAR DA MANSÃO DE BENÍCIO.

NICOLAU — Eu quero me casar contigo.

MARCELA — Casar?! (RI) Sério isso?

NICOLAU — Sério, ué... Você e o tio Benício não são casados no

papel, então... Acho que a gente vai poder se casar e viver

o nosso amor... Ter um filhinho... Que que cê acha?

MARCELA — Calma, Nicolau. O que a gente tem agora é só um

lance. Quando a gente tiver algo mais sério, quem sabe a

gente não tem um filho?! Hein?! (RI)

OS DOIS SE BEIJAM.

VOLTA À CENA: MARCELA LIMPA OS OLHOS. CONTINUA DIRIGINDO.

SONOPLASTIA OFF. CORTA PARA:


CÁTIA ENTRA NA CASA. BENÍCIO FECHA A PORTA E FICA FURIOSO.

BENÍCIO — Como você descobriu a minha casa?

CÁTIA — Esqueceu que eu passei um tempo na casa da sua mãe?

Vi o endereço lá. Precaução, caso tu decidisse fazer algo

contra alguém do meu bando. Parece mais premonição,

não é verdade?

BENÍCIO — Do que cê tá falando?

CÁTIA — Da explosão da lancha. Primeiro tu mata o Mufassa pra

colocar a culpa no Bala e agora tem a coragem de matar o

próprio sobrinho. Tá sendo difícil pra mim, até porque o

Nicolau é um dos homens mais incríveis que eu conheci

na minha vida, mas eu não posso deixar de acabar com

você. Assassino de uma figa!

BENÍCIO — (GARGALHA) Que cenão. Digno de novela da Janete

Clair. (T) Que provas você tem contra mim? Hein? Diz

que eu sou assassino, então prova...

CÁTIA TIRA UM REVÓLVER LENTAMENTE DO BOLSO E APONTA PARA

BENÍCIO, QUE LOGO LEVANTA AS MÃOS.


8

CÁTIA — Eu acho que tu não ficou tempo suficiente no Morro

pra entender que a nossa justiça é diferente da justiça dos

gran finos aqui da cidade. Lá quem faz a nossa lei é a

gente mesmo. E se eu te matar aqui, hoje, agora... Nada

vai acontecer comigo, sabe por quê? Porque ninguém vai

ter a coragem de relar a mão na primeira dama do Morro

da Providência.

BENÍCIO — Abaixa essa arma!

CÁTIA — Confessa... Confessa que foi tu que matou o Nicolau! E

eu posso até pensar em te poupar.

BENÍCIO — Tu quer me matar? Mata! (FIRME) Você pode me

matar, mas tenha certeza que terá o mesmo fim do

Mufassa e do Nicolau. Olha... Eu não matei o meu

sobrinho, mas eu queria ter matado. Sabe por quê? Porque

eu odeio o Nicolau. Eu odeio o Pedro. E eu odeio tudo o

que tá relacionado a ele. Queria eu ter tido a inteligência

de acabar com a vida dele, antes que alguém mais esperto

tenha feito.

CÁTIA ENCARA BENÍCIO. MÃO TRÊMULA. BENÍCIO BALBUCIA: “ATIRA”.

CORTA PARA:

CENA 15. PRAÇA. EXTERIOR. NOITE.

VÁRIOS MANIFESTANTES REUNIDOS EM VOLTA DA PRAÇA. BRUNA NO

MEIO DA MULTIDÃO FALANDO EM UM ALTO-FALANTE.

BRUNA — Chega desses militares bundões que acham que

mandam na juventude brasileira! Eles querem nos calar,

enquanto roubam os cofres públicos e golpeiam o que é

nosso.

OS MANIFESTANTES OVACIONAM ELA.

BRUNA — Prendem inocentes, enquanto os bandidos de verdade

estão soltos nas ruas do país. (GRITA) O que fizeram com

Suart Angel e outros jovens que lutam contra esse regime

fascista? (T) Não calaremos a nossa voz! (GRITA)

ABAIXO A DITADURA!

TODOS GRITAM “ABAIXO A DITADURA” INCANSÁVELMENTE COM

BRUNA. NELA, ALEGRE. UM DOS MANIFESTANTES SE APROXIMA DE

BRUNA.

MANIFESTANTE — Zuzu Angel confirmou presença na manifestação,

Bruna. Nós estamos ficando grandes! A gente vai

conseguir derrubar os militares!


9

BRUNA — Nós vamos! Essa ditadura não vai continuar.

EM BRUNA. CORTA PARA:


PEDRO FUMA, MAIS CALMO. SAMIRA VEM POR TRÁS DELE. PÕE AS MÃOS

EM SEU OMBRO.

SAMIRA — Tá mais calmo?

PEDRO — (SE VIRANDO PARA SAMIRA) Uhum...

SAMIRA — Eu vou te levar pra minha casa. Lá você toma um

banho, descansa um pouco... Pode ser?

PEDRO — Cê tá maluca? Tu mal me conhece e tá me levando pra

tua casa. Eu sou um bandido. Eu não sou o príncipe

encantado e/

SAMIRA — (POR CIMA) Eu não sou nenhuma princesinha. O meu

dinheiro não me faz uma mulher da realeza, nem uma

frufru cheia de não me toques. Eu sou uma mulher normal,

Pedro. E eu sei o que você é, sem quem você é... Mas eu

conheço uma pessoa verdadeira pelo olhar. E os seus olhos

não me passam outra coisa senão pureza e verdade. (T)

Você quer que eu veja seu exterior, mas eu só consigo ver

o seu interior... O que tem aí, ó... (BATE NO PEITO

DELE) dentro desse peitoral.

PEDRO SORRI PARA SAMIRA.

SAMIRA — E aí? Vem comigo?

PEDRO — Tu é maravilhosa! (SORRI) Obrigado.

SAMIRA SORRI AMARELO PARA PEDRO. OS DOIS SEGUEM ANDANDO.

CORTA PARA:


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 14.

CÁTIA ABAIXA A ARMA LENTAMENTE. BENÍCIO GARGALHA,

DEBOCHANDO DA CARA DELA.

BENÍCIO — Completamente frouxa. Como o teu macho.


10

CÁTIA — Se eu quisesse eu te matava, mas não... Eu não vou

sujar as minhas mãos com esse teu sangue podre.

BENÍCIO — Vocês invejam a minha inteligência. Invejam porque

não a conhecem. Nunca a conheceram. (T) O Pedro... O

meu irmãozinho querido nunca foi bom em nada que fez

na vida. Eu me tornei quem sou, o Ronaldo se tornou que

ele é. E o Pedro? Enquanto nós lutamos pela lei, ele luta

contra a lei.

CÁTIA — Tu luta pela lei? Que lei? (GARGALHA) É um piadista

mesmo. Já pensou em garantir teu lugar na Praça da

Alegria? (T) O que tu não tem é a coragem do teu irmão.

Come pelas beiradas. Tu é feliz assim?

BENÍCIO — (POR CIMA) Eu sou feliz com tudo o que eu tenho.

Porque eu tenho dinheiro suficiente pra me sustentar. Eu

tenho a lei, o governo, eu tenho a sociedade a meu favor.

(T) Os tempos mudaram. Não são mais os mesmos.

CÁTIA — Os tempos sempre foram assim. De fome, de pobreza,

de miséria pros trabalhadores, enquanto gente como tu

crescem comendo tudo o que é nosso.

BENÍCIO — Lute pra mudar isso. Vai lá... Vai pras ruas, pede, grita,

implora. (T) Ninguém vai te ouvir. Ninguém te ouve.

Vocês não têm voz, nunca vão ter. É melhor desistir de

fazer esse papel patético de me acusar de crimes que eu

não cometi, aliás, que eu posso até ter cometido, mas que

eu nunca vou pagar por eles.

CÁTIA — Tu pode não pagar por eles no tribunal de justiça. Mas

no tribunal da rua tu já foi julgado e tá condenado a morte.

CÁTIA ENCARA BENÍCIO. TEMPO. SE RETIRA, EM SEGUIDA. BENÍCIO SE

ESTRESSA, PEGA UM VASO EM CIMA DA MESA E JOGA NA PAREDE.

RONALDO — (OFF) Você é cheio de ego, né? Inflado... As pessoas

inflam teu ego e é por isso que você tem a ligeira

impressão, veja bem, só impressão de que tá no controle

de tudo. Só que aí... (FAZ BARULHO DE QUEDA DE

UMA FRUTA NO CHÃO COM A BOCA) você cai feito

uma manga podre e percebe que tava sozinho.

BENÍCIO — (OFF) Cê tá viajando...

RONALDO — (OFF) Perdeu a mulher, os irmãos, os pais, o

sobrinho... O que mais, Benício? O que mais falta pra você

perder?

EM BENÍCIO PENSATIVO. CORTA PARA:


11

CENA 18. CARRO DE MARCELA. INTERIOR. NOITE.

MARCELA MAIS TRANQUILA. SEGUE NORMALMENTE. POUCA

MOVIMENTAÇÃO NA RUA. ELA SEGUE. DE UMA OUTRA RUA PASSA UM

CARRO VOLKSWAGEN KARMANN RAPIDAMENTE E CORTA O DE

MARCELA. ELA SE ASSUSTA. OLHA PARA A PLACA QUE REVELA-SE ED –

3208. NELA.

INSERIR FLASHBACK: MARCELA ANDANDO NA RUA, QUANDO VÊ ZUZU

ANGEL (ELEGANTE, ALTA, APROXIMADAMENTE 50 ANOS) SAINDO DA

CASA DE CHICO BUARQUE. ELE A ACOMPANHA ATÉ A PORTA. ELA

ADENTRA EM UM CARRO KARMANN E SEGUE. MARCELA FIXA OS OLHOS

NA PLACA E VÊ: ED – 3208.

VOLTA À CENA: MARCELA CONTINUA DIRIGINDO. O CARRO DE ZUZU A

SUA FRENTE. ENTRAM EM UM TÚNEL. MARCELA AINDA SEM ENTENDER

O QUE ZUZU FAZ NA RUA A ESSA HORA.

INSERIR FLASHBACK: MARCELA NO APARTAMENTO DE APARECIDA E

JORGE. BENÍCIO E RONALDO CONVERSAM EM SUA FRENTE.

BENÍCIO — Se tem uma mulher que ainda vai se dar mal brincando

de polícia com os militares, essa mulher é a estilista lá...

RONALDO — Zuzu Angel!

BENÍCIO — Ela não sabe onde é que tá se metendo. Tenho pena,

sabia?! Até hoje não ouvi falar em quem conseguisse

debater com os militares sem serem mortos ou presos, ou

exilados.

RONALDO — Se a Zuzu não abrir os olhos, ela vai ter o mesmo fim

do filho!

VOLTA À CENA: A FRASE DE RONALDO ECOA NA CABEÇA DE MARCELA.

SAEM DO TÚNEL. O CARRO DE ZUZU COMEÇA A CAMBALEAR NA

ESTRADA, PERTO A UMA RIBANCEIRA. MARCELA ARREGALA OS OLHOS.

O CARRO DE ZUZU CAI NA RIBANCEIRA, SAI ROLANDO NELA. MARCELA

FREIA O CARRO BRUSCAMENTE. NELA. PÕE A MÃO NA BOCA. CORTA

PARA:

CENA 19. PRAÇA. EXTERIOR. NOITE.

O MANIFESTANTE DA CENA 15 SE APROXIMA RAPIDAMENTE DE BRUNA E

A SEGURA. OS DOIS SE ENCARAM.

MANIFESTANTE — Bruna, Bruna! Aconteceu uma coisa muito séria...

BRUNA — O que foi? Fala logo...


12

MANIFESTANTE — Mataram a Zuzu! Ela sofreu um acidente de carro.

Mataram a Zuzu Angel!

EM BRUNA COMPLETAMENTE APAVORADA. A CAM SE APROXIMA DE

SEU ROSTO E O ENQUADRA. CORTA PARA:

CENA 20. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INTERIOR. NOITE.

O DELEGADO E RONALDO ENTRAM JUNTOS NO LOCAL. O DELEGADO SE

SENTA EM SUA CADEIRA E RONALDO SENTA A SUA FRENTE.

DELEGADO — Em primeiro lugar eu sinto muito, Ronaldo. Nossas

esposas são amigas e as nossas famílias também. Quando

um pai perde um filho, todos os pais também perdem.

RONALDO — Eu quero uma investigação precisa, delegado. Eu sei

que tem chances do meu filho estar vivo.

DELEGADO — Chances?! Como assim “chances”?! Foi uma explosão.

RONALDO — E se o Nicolau pulou antes da explosão? Se essa foi

uma armação de alguém contra o meu filho, delegado, ele

pode ter descoberto alguma coisa lá dentro, sei lá.

DELEGADO — O seu filho escolheu o pior caminho, Ronaldo.

Escolheu ficar contra a lei. Do lado desses bandidos,

inclusive o teu irmão. (T) Eu sei que vocês são pais, mas o

Nicolau não tinha outra saída. Ou seria a cadeia, ou seria a

morte.

RONALDO — Eu sei, delegado. Eu sei. Mas eu continuo com a minha

fé e acreditando que meu filho tá vivo. E eu quero total

eficiência na busca por ele.

DELEGADO — Já que é isso o que quer, faremos. Vamos fazer o

possível pra encontrar algum vestígio que nos mostre se

ele pulou ou não antes do incêndio na lancha.

RONALDO — O que eu quero é ter meu filho de volta, Delegado. E eu

faço o que for possível pra que isso aconteça.

CLOSES ALTERNADOS ENTRE RONALDO E O DELEGADO. CORTA PARA:


MARCELA PASSA POR ALI. VÊ TODO O MOVIMENTO. CHORA. BALBUCIA O

NOME DE NICOLAU. NELA. UMA MÃO MASCULINA EM SEU OMBRO. VIRA-

SE PARA TRÁS E É BENÍCIO SORRINDO AMARELO PARA ELA.


13

BENÍCIO — Veio chorar a morte do amante?!

MARCELA — Eu pensei que nunca mais seria obrigada a olhar pra

essa tua cara nojenta.

BENÍCIO — Pois é. Pensou errado, não? Esse mundo é tão pequeno.

Não tem como fugir.

MARCELA — Foi você, né, seu desgraçado? Você que matou o

Nicolau? (GRITA) Fala!

BENÍCIO — (RI) E se tiver sido? Vai fazer o que?

MARCELA ESTAPEIA O ROSTO DE BENÍCIO. ELE LOGO PÕE A MÃO NO

LOCAL DO TAPA. EM MARCELA FURIOSA. CORTA PARA:

CENA 22. APTO DE APARECIDA E JORGE. SALA DE ESTAR. INTERIOR.

NOITE.

JORGE NO TELEFONE. APARECIDA SENTADA EM SEU SOFÁ. JORGE NÃO

OBTÉM RESULTADO NA TENTATIVA DE LIGAÇÃO.

JORGE — Estranho. Eu não consigo falar com o Ronaldo.

APARECIDA — Tá vendo, Jorge? Alguma coisa tá acontecendo.

JORGE — Tá tarde. Não tem ninguém na casa do Ronaldo.

Realmente tem alguma coisa muita estranha acontecendo.

APARECIDA — Os meus pressentimentos não mentem. Eu sei que o

meu neto tá correndo perigo. E eu só vou sossegar quando

conseguir falar com o Ronaldo ou com a Leonora.

JORGE — A gente vai tentando até conseguir falar com eles.

EM APARECIDA PREOCUPADA. CORTA PARA:

CENA 23. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

VÁRIAS ENFERMEIRAS ALI PRESENTES. LEONORA ABRE OS OLHOS

LENTAMENTE, AINDA GROGUE.

POV DE LEONORA: ELA VÊ, EM UMA IMAGEM EMBAÇADA, NICOLAU

VINDO EM SUA DIREÇÃO.

LEONORA — (VOZ FALHA) Nicolau...


14

SEUS OLHOS VÃO SE ABRINDO AINDA MAIS E ELA OBSERVA QUE SE

TRATA DE UM ENFERMEIRO VINDO EM SUA DIREÇÃO. CORTA O POV. NA

DECEPÇÃO DELA.

ENFERMEIRO — Eu vou aplicar um remédio no soro da senhora e vai

ficar tudo bem. Tá?

LEONORA — Eu quero o meu marido. Eu quero falar com o Ronaldo.

ENFERMEIRO — É que ele deu uma saidinha, e...

RONALDO ENTRA NO QUARTO. VAI EM DIREÇÃO À LEONORA, QUE TENTA

PEGAR EM SUA MÃO. ELE DISFARÇA A PREOCUPAÇÃO QUE SENTE.

RONALDO — Vai ficar tudo bem. Eu falei com um médico e ele me

disse que se tudo der certo amanhã mesmo ele te libera.

Fica calma.

LEONORA — Eu quero ver o meu filho. O Nicolau sabe que eu to

aqui?

RONALDO RESPIRA FUNDO. OLHA PARA LEONORA.

RONALDO — Sabe. Ele sabe, sim. Agora descansa.

LEONORA SORRI PARA RONALDO, UM POUCO CANSADA. NELE. CORTA

PARA:

CENA 24. APTO DE SAMIRA. SALA DE ESTAR. INTERIOR. NOITE.

LOCAL BEM ARRUMADO E LUXUOSO. O CHÃO REVESTIDO DE MADEIRA E

OBJETOS DE GRANDE VALOR PELO CÔMODO. PEDRO E SAMIRA ENTRAM.

ELE SE DESLUMBRA COM O LOCAL.

SAMIRA — E aí? Gostou da minha casa?

PEDRO — Linda. Bem grande pra você, até...

SAMIRA FECHA A PORTA. ELES VÃO SUBINDO AS ESCADAS. CORTA

PARA:

CENA 25. APTO DE SAMIRA. SUÍTE. INTERIOR. NOITE.

LOCAL TAMBÉM LUXUOSO. PEDRO E SAMIRA ENTRAM.

SAMIRA — E esse é o meu quarto.

PEDRO — Seu apartamento é imenso.


15

SAMIRA — Única coisa boa que o “falecido” me deixou...

SAMIRA ABRE O GUARDA ROUPA. TIRA ROUPAS DE CAMA DELE. PEDRO

SE SENTA NA CAMA.

PEDRO — Falecido?!

SAMIRA — Meu ex-marido... O canalha que me deixou pra ficar

com uma ninfetinha...

PEDRO — Deixou você? Então esse cara é um otário mesmo. Olha

o que que ele perdeu.

SAMIRA SORRI PARA PEDRO.

SAMIRA — Essa é a sua roupa de cama. Não precisa ir dormir

agora, mas... Só pra deixar organizadinho, né?! (T) Fica

calmo... Muita coisa pode ter acontecido, o Nicolau pode

ter se safado.

PEDRO — Eu tenho medo. Ele é muito novo, não foi criado no

Morro e... Sei lá.

SAMIRA — Sabe o que tá acontecendo? Você não tá confiando em

si mesmo. Foi você que ensinou pra ele tudo o que ele

sabe, o jeito de se safar. Agora é torcer pra que ele tenha

lembrado disso na hora de por em prática e pra que ele

tenha percebido alguma coisa dentro da lancha também,

né?!

PEDRO — Ainda tem isso. (T) Mais uma vez eu não tenho como

te agradecer.

SAMIRA — Não precisa me agradecer. Agora vai lá, toma um

banho. Relaxa a cabeça um pouco, cara. Cê tá precisando

descansar.

PEDRO — Vou lá. To precisando mesmo de um banho.

SAMIRA — Tem toalha no banheiro. Tá seca. Pode usar ela.

PEDRO VAI EM DIREÇÃO AO BANHEIRO DA SUÍTE. EM SAMIRA

PENSATIVA. CORTA PARA:


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA 21.

MARCELA E BENÍCIO SE ENCARAM. ELE DEBOCHA DA CARA DELA. RI

ALTO.


16

BENÍCIO — É cômico ver o seu envolvimento com o meu sobrinho,

sabia?! Ninguém nunca te contou isso, não?

MARCELA — Eu não sei como eu aguentei ficar no mesmo teto que

você por todos esses anos. Não sei. Sinceramente, não sei.

Eu olho pra você e só consigo sentir desprezo, nojo...

BENÍCIO — E você acha que eu sentia o que por você? Amor?!

Você era meu brinquedinho sexual. Eu usava quando me

interessava. Cê não serve pra nada, se não brinquedinho

sexual dos outros. Foi assim comigo e foi assim com o

meu sobrinho.

MARCELA — Como eu fui burra... Burra de ter me casado com você.

BENÍCIO — Burra?! Marcela, querida... Não seja inocente. Eu tenho

dinheiro. Você teve uma vida de luxo, foi tratada feito

uma rainha. Teve as melhores bolsas, os melhores sapatos.

Viajou comigo pra todos os lugares. Não seja hipócrita.

MARCELA — Que pena que você acha que tudo se resolve em

dinheiro, em presente, em luxo. Eu tenho pena de você,

Benício. Pena!

MARCELA SE AFASTA DE BENÍCIO. CLOSE NELE. CORTA PARA:

CENA 27. CASA DE CÁTIA. SALA. INTERIOR. NOITE.

CÁTIA E DOGÃO ENTRAM JUNTOS. ELA ACENDE A LUZ E SE JOGA NO

SOFÁ. PÕE A MÃO NA CABEÇA E COMEÇA A CHORAR

DESESPERADAMENTE. DOGÃO, ENTRISTECIDO, SE SENTA AO LADO DELA

E A ABRAÇA.

DOGÃO — Fica assim, não.

CÁTIA — (VOZ EMBARGADA) Ele tá morto, Dogão.

NELES. CORTA PARA:

CENA 28. CARRO DE MARCELA. INTERIOR. NOITE.

MARCELA DIRIGE. NELA. COMEÇA A CHORAR. LIGA O RÁDIO.

RÁDIO — (OFF) Agora vamos ouvir um clássico de Dalva de

Oliveira... A noite do meu bem!

SONOPLASTIA: A NOITE DO MEU BEM – DALVA DE OLIVEIRA.


17

MARCELA CONTINUA DIRIGINDO, SE ACABANDO EM LÁGRIMAS. CORTA

PARA:

CENA 29. CASA DE CÁTIA. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

Sonoplastia segue. CÁTIA DEITADA EM SUA CAMA, CHORANDO. DOGÃO SE

APROXIMA DELA COM UM COPO DE CHÁ. ELA NEGA COM A CABEÇA E

CONTINUA REPOUSANDO EM SUA CAMA. CLOSE NELA. FLASHES DE

MOMENTOS QUE ELA PASSOU COM NICOLAU. CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 30. APTO DE APARECIDA E JORGE. SALA DE ESTAR. INTERIOR.

NOITE.

SLOW MOTION: APARECIDA E JORGE JUNTOS NA SALA. ELE NO TELEFONE.

DESLIGA-O, CABISBAIXO E ASSUSTADO. ABRAÇA APARECIDA. OS DOIS

CHORAM JUNTOS. SENTAM-SE NO SOFÁ. CORTA PARA:

CENA 31. HOSPITAL. QUARTO. INTERIOR. NOITE.

LEONORA DORME PROFUNDAMENTE. RONALDO ENTRA. A CAM MOSTRA

A TV LIGADA NO NOTICIÁRIO SOBRE A EXPLOSÃO DA LANCHA, COM A

FOTO DE NICOLAU E MOSTRA LEONORA DORMINDO. CORTA PARA:


MARCELA ENTRA. ACENDE AS LUZES. VAI EM DIREÇÃO AO BANHEIRO.

CORTE IMEDIATO PARA:

CENA 33. CASA DE AMIR. BANHEIRO. INTERIOR. NOITE.

MARCELA TIRA SUA ROUPA E FICA TOTALMENTE NUA. JOGA AS ROUPAS

NO CHÃO E ENTRA NO BOX. LIGA O CHUVEIRO E COMEÇA A TOMAR

BANHO. NELA, QUE CHORA. ESFREGA SABONETE PELO CORPO,

ENQUANTO SOLUÇA. VEMOS DESCER SANGUE NO CHÃO. MARCELA OLHA

PARA BAIXO E SE ASSUSTA COM A QUANTIDADE DE SANGUE. CHORA

AINDA MAIS. ABAIXA BALBUCIANDO “NÃO” CONTINUAMENTE. NELA,

DESESPERADA. Sonoplastia off. FADE OUT.

CENA 34. APTO DE SAMIRA. SUÍTE. INTERIOR. NOITE.


18

FADE IN. PEDRO SAI DO BANHEIRO, SEM CAMISA, E SE SENTA NA CAMA

AO LADO DE SAMIRA.

PEDRO — (RESPIRA FUNDO) Sabe qual é o meu maior

problema?

SAMIRA — Hum?!

PEDRO — É não ter fé o suficiente.

SAMIRA — Pois passe a ter. O Nicolau vai voltar.

EM SAMIRA, CORTA PARA:

CENA 35. ILHA. EXTERIOR. NOITE.

SONOPLASTIA: INSTRUMENTAL AÇÃO.

ILHA MISTERIOSA. NADA A VOLTA. A CAM MOSTRA-A EM TAKES. CLOSE

NO MAR, MAIS CALMO DO QUE TRADICIONALMENTE. ALGUÉM VEM

NADANDO HÁ UNS DEZ METROS DALI. TEMPO. VEM CHEGANDO PERTO

DA AREIA. SAI DE DENTRO D’ÁGUA. REVELA-SE NICOLAU, QUE RESPIRA

OFEGANTE E DEITA NA AREIA. A CAM VAI SUBINDO EM VISÃO

PANORÂMICA. NICOLAU GRITA ALTO. FADE OUT.

escrito por “BASEADA EM FATOS REAIS”

JOÃO CARVALHO

direção de

LUCAS LUCIANO

Central MEGAPRO Capítulo 8 · marcela chora desesperadamente no sofÁ com as luzes apagadas. amir...

Documents

Transcript of Central MEGAPRO Capítulo 8 · marcela chora desesperadamente no sofÁ com as luzes apagadas. amir...