CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ...
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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
RODRIGO DE MOURA GOMES
ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE
FACÇÃO EM FORTALEZA – CE
FORTALEZA
2014
RODRIGO DE MOURA GOMES
ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE
FACÇÃO EM FORTALEZA – CE
Monografia submetida ao Centro de Ensino
Superior do Ceará, como requisito parcial para a
obtenção de grau de bacharel em Administração.
Orientador: Prof. Mônica Helena Gurgel Barroso
FORTALEZA
2014
RODRIGO DE MOURA GOMES
ANÁLISE DO PERFIL EMPREENDEDOR EM MICROEMPRESAS DE FACÇÃO
EM FORTALEZA – CE
Monografia como pré-requisito para obtenção do
título de Bacharel em Administração, outorgado
pela Faculdade Cearense (FAC), tendo sido
aprovada pela banca examinadora composta pelos
professores:
Data da Aprovação: ______ / _______ / _______
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________
Professor
___________________________________________________________
Professor
___________________________________________________________
Professor
Dedico este trabalho a Deus e à família que Ele
me deu, pelo incentivo, pela confiança, pela
compreensão e pelo apoio em todos os momentos
da minha vida.
AGRADECIMENTOS
À família
A minha esposa Rose Mary, pelo seu amor, dedicação, carinho, respeito,
compreensão e apoio que me ajudaram a superar as dificuldades encontradas no
decorrer dessa jornada acadêmica.
Aos meus pais Rosa Maria e Raimundo, que são os pilares da minha vida.
Obrigado por todo o amor e dedicação que sempre me foi dado.
Aos meus sogros Mary e Rogério, obrigado pelo carinho, dedicação e apoio
que deles recebo.
Aos meus irmãos Rafael, Renata e Rayane, pelo amor, respeito e apoio
sempre presentes em minha vida.
Aos amigos
Aos meus amigos Reges Bandeira, Karolina Alencar e Gabriela de Fátima
que foram verdadeiros companheiros nessa caminhada. Juntos compartilhamos diversos
momentos felizes que levarei comigo para sempre.
A minha orientadora professora Mônica Gurgel, pela parceria, competência
e comprometimento com esta pesquisa.
Ser um empreendedor é executar os sonhos, mesmo que haja riscos.
É enfrentar os problemas, mesmo não tendo forças.
É caminhar por lugares desconhecidos, mesmo sem bússola.
É tomar atitudes que ninguém tomou.
É ter consciência de que quem vence sem obstáculos triunfa sem glória.
É não esperar uma herança, mas construir uma história...
Quantos projetos você deixou para trás?
Quantas vezes seus temores bloquearam seus sonhos?
Ser um empreendedor não é esperar a felicidade acontecer, mas conquistá-la.
Augusto Cury
RESUMO
No contexto atual constituído por incertezas e desafios, a sobrevivência e o
desenvolvimento das organizações dependem, consideravelmente, da competência de
seus autores. Razão, pela qual, são realizados diversos estudos e pesquisas voltadas para
a definição e citação de características e comportamentos que compõem o perfil do
empreendedor. O objetivo desse estudo é analisar, com base na literatura, as
características empreendedoras que compõem o perfil dos microempreendedores de
sucesso em três facções do segmento de confecção em Fortaleza – CE. Para alcançar
esse objetivo foi realizado um estudo de caso com base em uma pesquisa de campo de
natureza qualitativa e quantitativa do tipo exploratória, descritiva e bibliográfica com
base em autores como Dornelas (2014) e Dolabela (2008), em que os dados foram
obtidos através de uma entrevista e da aplicação de um questionário. Os resultados
encontrados apontam para a predominância de características ligadas ao relacionamento,
planejamento, risco, dedicação, visão de negócios, conhecimento e liderança.
Palavras-chave: Empreendedor. Características empreendedoras.
ABSTRACT
In the current context consists of uncertainties and challenges, survival and development
of organizations depend considerably the responsibility of the authors. Reason why,
many studies and research for the definition and citation characteristics and behaviors
that make up the profile of the entrepreneur are performed. The aim of this study is to
analyze , based on the literature , the entrepreneurial characteristics that make up the
profile of successful micro entrepreneurs into three factions of the cooking segment in
Fortaleza - CE. To achieve this objective a case study was based on a field survey of
qualitative and quantitative nature of the exploratory, descriptive and bibliographical
type in which the data were obtained through an interview and a questionnaire. The
results point to the predominance of characteristics related to relationship, planning,
risk, dedication, business acumen, knowledge and leadership
Keywords: Entrepreneur . Entrepreneurial characteristics.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Conhecimento ..................................................................................................... 41
Gráfico 2 – Relacionamento .................................................................................................. 43
Gráfico 3 – Oportunidade ........................................................................................................ 44
Gráfico 4 – Planejamento ........................................................................................................ 45
Gráfico 5 – Risco ...................................................................................................................... 46
Gráfico 6 – Dedicação (I) ........................................................................................................ 47
Gráfico 7 – Dedicação (II) ....................................................................................................... 47
Gráfico 8 – Visão ...................................................................................................................... 48
Gráfico 9 – Liderança (I) ......................................................................................................... 49
Gráfico 10 – Liderança (II) ..................................................................................................... 49
Gráfico 11 – Inovação .............................................................................................................. 50
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Busca pelos órgãos de apoio: proporções (microempresas)............................ 18
Quadro 2 - Tipos de empreendedor ....................................................................................... 21
Quadro 3 - Características do empreendedor ....................................................................... 23
Quadro 4 - Traços de personalidade do empreendedor ...................................................... 24
Quadro 5 - Características do empreendedor bem-sucedido ............................................. 25
Quadro 6 - Fatores psicossociais, ambientais e econômicos da atitude empreendedora de
sucesso ....................................................................................................................................... 26
Quadro 7 - Classificação das Microempresas ...................................................................... 28
Quadro 8 - Causas do fracasso das start-up americanas (SBA, 1998) .............................. 30
Quadro 9 - Etapas e características do processo produtivo nas confecções ..................... 32
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABRAVEST Associação Brasileira do Vestuário
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
GEM Global Entrepreneuship Monitor
PIB Produto Interno Bruto
SBA Small Business Administration
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
SENAT Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte
SOFTEX Sociedade Brasileira para Exportação de Software
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
2. EMPREENDEDORISMO ........................................................................................ 15
2.1 Empreendedorismo no Brasil ............................................................................ 17
2.2 O empreendedor ................................................................................................ 19
2.3 Características e o perfil do empreendedor ........................................................ 22
3. CARACTERIZAÇÃO DAS MICROEMPRESAS DE FACÇÃO .............................. 28
3.1 Microempresas .................................................................................................. 28
3.2 Facção ............................................................................................................... 31
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .................................................. 35
4.1 Natureza da pesquisa ......................................................................................... 35
4.2 Tipologia da pesquisa ........................................................................................ 36
4.3 Objeto de estudo ................................................................................................ 37
4.4 Instrumento de investigação .............................................................................. 37
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................. 39
5.1 Análise da entrevista .......................................................................................... 39
5.2 Análise do questionário ...................................................................................... 41
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 52
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 54
APÊNDICE ...................................................................................................................... 58
APÊNDICE A .................................................................................................................. 59
APÊNDICE B ................................................................................................................... 60
APÊNDICE C .................................................................................................................. 61
APÊNDICE D .................................................................................................................. 62
12
1. INTRODUÇÃO
A busca pela competitividade continua sendo uma das principais
características das empresas. Motivadas pelas constantes mudanças no mercado
nacional e internacional, essas organizações necessitam desenvolver produtos e/ou
processos que tragam o maior retorno financeiro possível e que lhes garantam liderança
no mercado em que atuam. Dessa forma, a terceirização tem sido usada sob uma
perspectiva estratégica por diversas empresas, principalmente no setor de confecção, e
isso tem favorecido bastante a criação de microempresas prestadoras de serviço.
Com essa oportunidade em vista ou pela necessidade de trabalho diversas
pessoas decidem investir em um negócio próprio, tornando-se empreendedores.
Contudo, a atividade empreendedora vai além de simplesmente montar uma empresa
mediante a uma oportunidade ou uma necessidade de subsistência, de acordo com
Dornelas (2007) a prática empreendedora é normalmente analisada sob quatro
perspectivas básicas: as características individuais do empreendedor, a organização, o
ambiente e o processo pelo qual o novo negócio é criado. Descrevendo a prática
empreendedora sob esses quatro pontos de vista, seria possível mostrar devidamente a
complexidade da implantação de um novo negócio rentável.
Sendo assim, o empreendedorismo e o perfil empreendedor são temas de
diversos pesquisadores na área da administração. Pesquisas direcionadas ao estudo dos
tipos de empreendedor, as causas do sucesso de determinados empreendimentos e as
variáveis que influenciam o processo empreendedor dão origem a novas linhas de
pesquisas e novos modelos a serem estudados.
Entende-se que o empreendedorismo quando relacionado com a criação de
um novo negócio, pode ser definido como o envolvimento de pessoas e processos, que
juntas levam a transformação de ideias em oportunidades. Atualmente, o termo
empreendedorismo é visto como associado à inovação, uma vez que, em um mercado
cada vez mais competitivo, é preciso inovar para se diferenciar dos demais.
Já o empreendedor é um indivíduo que consegue detectar uma oportunidade
e a partir dela cria um empreendimento, que, de forma inovadora e assumindo riscos
13
calculados, se destaca dos demais. O processo empreendedor, portanto, só acontece com
o envolvimento desse indivíduo.
No segmento confeccionista, pode-se destacar a figura dos faccionistas que
prestam serviços de montagem de peças para a indústria do vestuário. Esses
empreendimentos são usados de maneira estratégica por esse segmento, visto que os
custos com o investimento em maquinário e em pessoas são reduzidos ou até mesmo
eliminados. O fato é que, assim como em outros segmentos de mercado, a maior parte
das microempresas de facção não conseguem atingir a sua maturidade e sofrem falência
precoce. Isso se deve principalmente pela falta de conhecimento dos conceitos de gestão
de negócios e por agirem de forma empírica e sem planejamento. Sendo assim, o
empreendedor possui um papel importante no desempenho do seu empreendimento,
suas características pessoais e profissionais têm relação direta com o sucesso do negócio
ao qual se propõe a desenvolver. De acordo com Gerber (1996), a personalidade
empreendedora transforma a condição mais insignificante numa excepcional
oportunidade. É um inovador, estrategista, criador de novos métodos para entrar em
mercados já existentes ou criar novos.
Diante da importância que o empreendedor tem para o sucesso de seu
empreendimento e da identificação de suas características, surge o seguinte
questionamento: quais as características que compõem o perfil dos empreendedores de
sucesso em microempresas de facção em Fortaleza – CE.
A motivação para a investigação desse tema origina-se da necessidade de
compreender as atitudes desses empreendedores, identificando as principais
características atribuídas a eles e aos seus empreendimentos, que proporcionam a
manutenção de uma empresa rentável, gerando dessa forma emprego e renda para a
população. Esse estudo, além de fornecer informações para a comunidade acadêmica,
irá enriquecer os caminhos de outros empreendedores que ao adquirir conhecimento
acerca de atitudes vivenciadas por pessoas que conseguiram obter êxito em
determinados empreendimentos podem facilitar o caminho para outras experiências
empreendedoras nesse ramo.
O presente trabalho monográfico tem como objetivo principal analisar, com
base na literatura, as características empreendedoras que compõem o perfil dos
14
microempreendedores de sucesso em três facções do segmento confeccionista em
Fortaleza – CE.
Especificamente, espera-se:
1. Verificar a motivação do surgimento das facções em estudo, bem como
os fatores necessários para o bom desenvolvimento do negócio;
2. Caracterizar as microempresas de facção em Fortaleza – CE;
3. Indicar as características ou habilidades necessárias ao empreendedor
mais citadas pela literatura.
O presente trabalho está estruturado em 5 (cinco) capítulos. O primeiro
deles abordará o empreendedorismo e o empreendedor de forma geral, situando o leitor
neste universo e explanando a importância desse estudo para a comunidade acadêmica e
as empresas de interesse. Serão também apresentados os objetivos (geral e específicos),
o problema em questão e os motivos que levaram à realização dessa pesquisa.
No segundo capítulo serão apresentados os aspectos relativos ao
empreendedorismo em geral e especificamente no Brasil, expondo o histórico e a sua
importância, bem como as formas de abordagem sobre o tema. No mesmo capítulo
serão apresentadas as diversas definições, segundo a visão de autores distintos, sobre o
empreendedor e as suas características.
No terceiro capítulo serão caracterizadas as microempresas de facção,
começando com uma explanação sobre as microempresas, que serão abordadas sobre os
aspectos objetivos e subjetivos de acordo com a legislação vigente e com autores
específicos, logo após será apresentado o conceito sobre facção.
No quarto capítulo será apresentada a metodologia da pesquisa, abordando a
sua natureza e tipologia, especificando o objeto de estudo e os instrumentos utilizados
para este fim.
No quinto e último capítulo, serão apresentados os resultados obtidos pela
pesquisa e a comparação destes com referencial teórico, concluindo o estudo com as
considerações finais e as referências utilizadas.
15
2. EMPREENDEDORISMO
Na idade média buscavam-se várias alternativas para estabelecer uma rota
comercial ligando a Europa ao Oriente. Acredita-se que foi Marco Polo, um viajante e
mercador veneziano, que utilizou o termo empreendedorismo pela primeira vez. Ele
assinou um contrato com um homem que possuía dinheiro (mais conhecido hoje como
capitalista) para vender as mercadorias desse. Assim, enquanto Marco Polo adotava
uma postura empreendedora, com papel ativo, correndo todos os riscos físicos e
emocionais, o capitalista apenas assumia riscos de forma passiva (DORNELAS, 2014).
Filion (1999) revela que a palavra entrepreneur, após análise de sua origem
e evolução, adquiriu o seu significado como conhecemos hoje apenas no século XVII.
Designava pessoas que possuíam a capacidade de correr riscos, investindo o próprio
capital. Dornelas (2014, p. 34) indica que foi nesse século que:
Os primeiros indícios da relação entre assumir riscos e empreendedorismo
ocorreram [...], em que o empreendedor estabelecia um acordo contratual
com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos. Como
geralmente os preços eram prefixados, qualquer lucro ou prejuízo era
exclusivo do empreendedor. Richard Cantillon, importante escritor e
economista do século XVII, é considerado por muitos um dos criadores do
termo empreendedorismo, tendo sido um dos primeiros a diferenciar o
empreendedor – aquele que assumia riscos –, do capitalista – aquele que
fornecia o capital.
Durante os séculos XVIII e XIX, Jean Baptiste Say reformulou o conceito
de empreendedorismo, esclarecendo que o empreendedor é aquele que assume riscos,
mas que sempre busca direcionar os recursos para as áreas de maior produtividade e
retorno econômico (GUIA PEQUENAS EMPRESAS GRANDES NEGÓCIOS, 2002).
De acordo com Dornelas (2014), no final do século XIX e início do século
XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou
administradores, sendo avaliados simplesmente por um ponto de vista econômico, como
aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e
controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista.
16
Com o passar do tempo foram sendo identificadas diversas transformações
no cenário mundial, principalmente no século XX, quando várias invenções foram
criadas e com isso revolucionaram o modo de agir e pensar dos indivíduos. Nos
bastidores dessas mudanças existem pessoas ou equipes diferenciadas que não temem
em arriscar e com atitudes inovadoras e visionárias fazem acontecer e empreendem.
Dessa forma pode-se afirmar que o papel do empreendedor sempre foi fundamental para
a sociedade.
Leite (1998) lembra que a partir da década de 1980, a internacionalização da
economia se acentuou, transformando-se em um movimento maior, que se
convencionou chamar de globalização. Um dos motivos para o surgimento de novos
empreendimentos está relacionado com essa mudança econômica, social e cultural, com
a necessidade de enfrentar crises. O autor afirma ainda que a globalização acaba de
certa forma, transferindo inovações tecnológicas e gerando inúmeras oportunidades de
negócios, fomentando o surgimento de novos ramos de negócios e de novas empresas.
Filion (1999, p. 6) esclarece essa transformação no campo do
empreendedorismo como uma alternativa, aonde “Organizações e sociedades foram
forçadas a buscar novas abordagens para incorporarem as rápidas mudanças
tecnológicas à sua dinâmica”.
Conclui-se então, que o termo “empreendedorismo”, quando relacionado
com a criação de um novo negócio, pode ser definido como o envolvimento de pessoas
e processos, que juntas levam a transformação de ideias em oportunidades
(DORNELAS, 2014).
O momento atual, segundo Dornelas (2014, p. 26), pode ser chamado de a
era do empreendedorismo:
(...) que o avanço tecnológico tem sido de tal ordem, que requer um número
muito maior de empreendedores. A economia e os meios de produção e
serviços também se sofisticaram, de forma que hoje existe a necessidade de
se formalizarem conhecimentos, apenas obtidos empiricamente no passado.
Portanto, a ênfase em empreendedorismo surge muito mais como
consequência das mudanças tecnológicas e sua rapidez, e não apenas como
modismo. A competição na economia também força novos empresários a
adotar paradigmas diferentes.
17
2.1 Empreendedorismo no Brasil
Diante de tantas mudanças no contexto mercadológico e da considerável
responsabilidade como agente de mudanças, os empreendedores têm recebido uma
atenção especial por parte de muitos países, inclusive do Brasil, isso explica o
crescimento no número de escolas e universidades que tratam a respeito do assunto.
Essas instituições criaram matérias e disciplinas específicas sobre o tema, oferecendo a
alunos e jovens profissionais uma alternativa para o aprendizado do complexo mundo
do empreendedorismo.
No Brasil o empreendedorismo começou a tomar forma com a criação de
entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE) e a Sociedade Brasileira para Exportação de Software (SOFTEX) na década
de 1990. O SEBRAE é um dos órgãos mais conhecidos do pequeno empresário
brasileiro, que busca junto a essa entidade todo o suporte de que precisa para iniciar sua
empresa, bem como consultorias para resolver pequenos problemas pontuais de seu
negócio. O histórico da entidade SOFTEX pode ser confundido com o do
empreendedorismo no Brasil, a entidade foi fundada com o intuito de levar as empresas
de software do país ao mercado externo, por meio de várias ações que proporcionavam
ao empresário de informática a capacitação em gestão e tecnologia (DORNELAS,
2014).
Passados mais de 20 anos, o Brasil apresenta um grande potencial para
desenvolver um dos maiores programas de ensino do empreendedorismo em todo o
mundo, haja vista a existência de mais de duas mil escolas que ensinam
empreendedorismo no país e de órgãos de apoio como o SEBRAE. Além disso, nos
últimos anos diversas iniciativas em prol dos empreendedores podem ser observadas.
Porém, a grande maioria dos microempreendedores inicia o seu negócio sem buscar
auxílio ou planejamento técnico, é o que revela uma pesquisa denominada como Global
Entrepreneurship Monitor (GEM), que é realizada anualmente e mede a evolução do
empreendedorismo em dezenas de países, inclusive no Brasil (quadro 1).
18
Quadro 1 - Busca pelos órgãos de apoio: proporções (microempresas)
Órgão de apoio Nordeste Prop. (%) Brasil Prop. (%)
Não procurou nenhum 83,6 82,2
Associação comercial 0,8 1,8
SENAC 1,5 1,6
SEBRAE 11,8 13,0
SENAI 0,0 1,1
SENAR 0,0 0,0
SENAT 0,3 0,2
Sindicato 0,8 0,7
Nenhuma das opções 2,8 2,4
Fonte: Global Entrepreneurship Monitor (2012, p. 19).
As micro e pequenas empresas representam grande importância no
funcionamento da economia brasileira em virtude da capacidade de absorção de mão-
de-obra, da geração de renda, do número de estabelecimentos e do potencial de abertura
de novos negócios (CHAVES JUNIOR, 2000). Segundo dados publicados pelo
SEBRAE, as micro e pequenas empresas têm fundamental importância para a economia
nacional, pois representam: 98% das empresas existentes no país; 21% do PIB; 52% do
total de empregos com carteira assinada; 29,4% das compras governamentais; 10,3
milhões de empreendedores informais.
Dornelas (2014) enfatiza que é adequado um estudo mais profundo a
respeito do conceito de empreendedorismo, haja vista que a maior parte dos negócios
criados no país é concebida por pequenos empresários, que, nem sempre, possuem
conceitos de gestão de negócios e atuam geralmente de forma empírica e sem
planejamento. O autor aponta que essa situação reflete diretamente no índice de
mortalidade dessas pequenas empresas que, historicamente, superavam os 50% nos
primeiros anos de atividade. Felizmente, esse cenário tem mudado nos anos recentes,
apesar de ainda ser necessária muita melhoria.
De acordo com outro estudo publicado pelo SEBRAE, em julho de 2013, a
taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas brasileiras nos primeiros dois
anos de vida chegou a 76%, a maior taxa histórica desde a criação do estudo. Contudo,
mesmo sabendo dessa recente evolução, o empreendedor deve ficar atento ao ambiente
de negócios no Brasil que ainda não é um dos mais convidativos.
19
Percebe-se também que no Brasil o empreendedorismo vem se tornando
uma saída para o desemprego. Segundo Silva (2008), muitas pessoas buscam saídas na
criação de negócios com o objetivo de gerar renda. Sabe-se que a criação de empresas
por si só não leva ao desenvolvimento econômico, a não ser que esses negócios
focalizem oportunidades identificadas no mercado. Nesse sentido, é necessário entender
qual a motivação que está por trás do empreendedorismo. Essa motivação pode ser por
oportunidade ou necessidade. Os empreendedores por necessidade são aqueles que
iniciam um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções de trabalho,
abrindo um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias. Já os empreendedores
por oportunidade optam por iniciar um novo negócio mesmo quando possuem
alternativa de emprego e renda, ou, ainda, para manter ou aumentar sua renda pelo
desejo de independência do trabalho (GEM, 2012).
De acordo com um estudo anual publicado pela Global Entrepreneurship
Monitor (GEM, 2012) que verificou em sua pesquisa, feita por região levando em
consideração empreendedores de 18 a 64 anos, que a proporção de empreendedores por
oportunidade no Brasil está em 69,2%, o que representa um percentual expressivo, já
que em 2002, ano do início da pesquisa, essa proporção era de 42%. Espera-se,
portanto, que nos próximos anos, surjam ainda mais empreendedores focados em
oportunidades, promovendo o desenvolvimento econômico e social do país.
2.2 O empreendedor
A palavra “empreendedor” (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer
aquele que assume riscos e começa algo novo (HISRISH, 1986 apud DORNELAS,
2014). Foi utilizada pela primeira vez por volta de 1800, por Jean-Baptiste Say –
economista francês – com o intuito de distinguir o indivíduo que consegue transferir
recursos econômicos de um setor com baixa produtividade para um setor com
produtividade elevada e com maiores rendimentos (DORNELAS, 2014).
Existem diversas definições para o termo “empreendedor”. Uma das mais
antigas e que talvez reflita melhor o espírito empreendedor, seja a de Joseph
Schumpeter, no século XIX, ele afirma que “o empreendedor é aquele que destrói a
ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação
de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”
(DORNELAS, 2014, p.42).
20
Para Dornelas (2007), o empreendedor é aquele que consegue detectar uma
oportunidade e a partir dela cria um empreendimento, com o intuito de obter lucro sobre
ele e assume riscos calculados. Trata-se de um indivíduo que faz acontecer, se
antecipando aos fatos e tem uma visão futura da organização.
Dolabela (2008, p. 23) diz que “o empreendedor é alguém que sonha e
busca transformar seu sonho em realidade”, ou seja, tem um objetivo, traça suas metas a
fim de alcançar esses objetivos e trabalha em prol dos mesmos até que sejam
concretizados.
Assim, pode-se afirmar que o empreendedor é um indivíduo de iniciativa e
altamente inovador, não teme em arriscar e não se conforma com determinadas
situações, mas explora novos caminhos a fim de novas conquista e melhores benefícios.
Dessa forma, Dornelas (2007, p.03) destaca alguns aspectos referentes ao
empreendedor:
Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que realiza;
Criatividade na utilização de recursos disponíveis, transformando o ambiente
social e econômico onde atua;
Aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar.
Acredita-se que hoje o empreendedor seja o “motor da economia”, um
agente de mudanças. Farrel (1993, p.27) explica a relevância do empreendedor para a
economia, demonstrando que, as verdadeiras causas do crescimento de algumas
empresas é o espírito empreendedor, “é ele que constrói empresas”. Ainda considerando
o empreendedor como um ser social e agente de mudanças, Dolabela (2008) diz que
esse indivíduo é produto do meio em que vive, ele explica que se uma pessoa vive em
um ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, então terá motivação
para criar o seu próprio negócio.
Então, o ato de empreender leva à criação e desenvolvimento de diversos
tipos de atividades e criação de novos postos de trabalho, introduzem inovação e
estimulam o crescimento econômico. Com isso, tornar-se empreendedor é algo que
pode acontecer a qualquer indivíduo, Dornelas (2007, p.11) justifica essa afirmação
relatando que:
21
Não existe um único tipo de empreendedor ou um modelo-padrão que possa
ser identificado, apesar de várias pesquisas existentes sobre o tema terem
como objetivo encontrar um estereótipo universal. Por isso é difícil rotulá-lo.
O autor identificou em sua pesquisa oito tipos de empreendedores (quadro 2).
Quadro 2 - Tipos de empreendedor
Tipo 1 — O Empreendedor Nato (Mitológico)
Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são brilhantes e, muitas
vezes, começaram do nada e criam grandes impérios. Começam a trabalhar muito
jovens e adquirem habilidade de negociação e de vendas.
Tipo 2 — O Empreendedor que Aprende (Inesperado)
Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma pessoa que,
quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de negócio e tomou a
decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio próprio.
Tipo 3 — O Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios)
O empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que cria, mas
principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se contenta em criar um
negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande corporação.
Tipo 4 — O Empreendedor Corporativo
O empreendedor corporativo tem ficado mais em evidência nos últimos anos, devido à
necessidade das grandes organizações de se renovar, inovar e criar novos negócios. São
geralmente executivos muito competentes, com capacidade gerencial e conhecimento
de ferramentas administrativas. Trabalham de olho nos resultados para crescer no
mundo corporativo.
Tipo 5 — O Empreendedor Social
O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor para as
pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento singular. Tem um
desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não têm
acesso a elas.
Tipo 6 — O Empreendedor por Necessidade
O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem alternativa.
Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não resta outra
opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em negócios
informais, desenvolvendo tarefas simples, prestando serviços e conseguindo como
resultado pouco retorno financeiro.
Tipo 7 — O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar)
O empreendedor herdeiro recebe logo cedo a missão de levar à frente o legado de sua
família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de todos os países, e
muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias empreendedoras, que
mostraram habilidade de passar o bastão a cada nova geração.
Tipo 8 — O ―Normal‖ (Planejado)
Toda teoria sobre o empreendedor de sucesso sempre apresenta o planejamento como
uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos empreendedores. E isso tem
sido comprovado nos últimos anos, já que o planejamento aumenta a probabilidade de
um negócio ser bem-sucedido e, em consequência, leva mais empreendedores a usarem
essa técnica para garantir melhores resultados
Fonte: Dornelas (2007).
22
2.3 Características e o perfil do empreendedor
O cenário atual está composto por um ambiente de constantes mudanças, em
que os negócios estão cada vez mais instáveis, desemprego crescente e situação
econômica duvidosa. Apesar dessa situação sempre há oportunidade para um novo tipo
de empreendimento. O empreendedor, no entanto, precisa possuir um conjunto de
características próprias para desempenhar essa função e aproveitar ao máximo as
oportunidades oferecidas pelo mercado.
Os estudos que tratam das características pessoais do empreendedor têm
movimentado interesse por parte de diversos pesquisadores, principalmente, para
diferenciar os empreendedores dos não empreendedores. Sabe-se que as características
comportamentais do empreendedor podem dar subsídios para o sucesso ou fracasso do
seu negócio.
Um dos maiores pesquisadores que pode ser citado nessa linha de pesquisa,
é McClelland. Esse autor, através de seus estudos na linha comportamental, identificou
um fator que se encontrado em um elevado nível, poderia está relacionado ao
comportamento empreendedor: a autorrealização.
McClelland (1961) estudou as grandes civilizações e com isso delineou
características das pessoas possuidoras de elevada necessidade de realização pessoal
como aqueles indivíduos que apresentam grande atividade energética, responsabilidade
individual, conhecimento dos resultados das ações e antecipação de futuras
possibilidades, além de comedida vocação para assumir riscos.
Até a década de 1980, os comportamentalistas dominaram o campo do
empreendedorismo. Porém, de acordo com Dolabela (1999), os resultados alcançados
em seus estudos são diferenciados e muitas vezes contraditórios. Por isso, surgiram
outras pesquisas, levando em consideração, além de aspectos econômicos e
comportamentais, o ambiente social. O autor afirma que:
Muitos estudos tratam da mesma forma aquele que criou um negócio e aquele
que apenas gerencia a empresa. Mesmo sem produzir um corpo de
pensamento coeso, científico, as pesquisas têm sido de grande auxílio no
ensino de empreendedorismo. Se ainda não podemos predizer o sucesso de
uma pessoa, é possível, no entanto, apresentar-lhe as características mais
comumente encontradas nos empreendedores de sucesso, para que possam
desenvolvê-las e incorporá-las ao seu próprio repertório vivencial. Tudo
indica que o empreendedorismo é um fenômeno regional, na medida em que
23
a cultura, as necessidades e os hábitos de uma região determinam
comportamentos. Várias pesquisas têm demonstrado que os empreendedores
refletem as características de período e lugar onde vivem. Mesmo na era da
globalização, em que os empreendedores exercem influência além dos limites
de sua região, o referencial básico de seu relacionamento permanece no
âmbito regional (DOLABELA 1999, p.49).
Após 50 anos de estudos e pesquisas, algumas características podem ser
identificadas, tais como, a comedida vocação para assumir riscos calculados
(KAUFMAN, 1991); a necessidade de autorrealização (MCCLELLAND 1961); e a
elevada autoeficácia (MARKMAN, BARON E BALKIN, 2005).
De acordo com o SEBRAE (2014), o empreendedor tem como característica
básica o espírito criativo e pesquisador. Ele está constantemente buscando novos
caminhos e novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. A
essência do empresário de sucesso é a busca de novos negócios e oportunidades, além
da preocupação com a melhoria do produto.
A seguir o quadro 3 apresenta o conjunto de características utilizado pelo
SEBRAE, que é um dos mais usados no País.
Quadro 3 - Características do empreendedor
Grupo de características relacionadas à realização
Busca de oportunidades e iniciativa
Correr riscos calculados
Exigir qualidade e eficiência
Persistência e comprometimento
Grupo de características relacionadas ao planejamento
Busca de informações
Estabelecimento de metas
Planejamento e monitoramento sistemático
Grupo de características relacionadas ao poder
Persuasão e rede de contatos
Independência e autoconfiança
Fonte: SEBRAE (2014).
As habilidades exigidas a um empreendedor, segundo Dornelas (2001),
podem ser classificadas em três áreas:
a) Habilidades técnicas - envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e
captar informações, ser um bom orador, ser organizado, saber liderar e
trabalhar em equipe e possuir know-how técnico na sua área de atuação;
b) Habilidades gerenciais - incluem as áreas envolvidas na criação,
desenvolvimento e gerenciamento de uma nova empresa: marketing,
24
administração, finanças, operacional, produção, tomada de decisão,
controle das ações da empresa e ser um bom negociador;
c) Habilidades pessoais - ser disciplinado, assumir riscos, ser inovador, ser
orientado a mudanças, ser persistente e ser um líder visionário.
Acredita-se que no empreendedorismo o ser é mais importante do que o
saber fazer. Suas características e habilidades são a referência para o alcance do
sucesso. Pode-se encontrar também, na literatura alguns traços típicos do empreendedor,
no quadro 4 Dolabela (1999) apresenta o resumo desses traços.
Quadro 4 - Traços de personalidade do empreendedor
Tem um modelo, uma pessoa que o influencia.
Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização.
Trabalha sozinho. O processo visionário é individual.
Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos.
Considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois aprende com os próprios
erros.
Sabe fixar metas e alcança-las; luta contra padrões impostos; diferencia-se.
Tem a capacidade de descobrir nichos.
Tem forte intuição; como no esporte, o que importa não é o que sabe, mas o que se faz.
Tem sempre alto comprometimento; crê no que faz.
É um sonhador realista: é racional, mas usa também a parte direita do cérebro.
Cria um sistema próprio de relações com empregados. É comparado a um “líder de
banda”, que dá liberdade a todos os músicos, mas consegue transformar o conjunto em
algo harmônico, seguindo um objetivo.
É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo.
Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho.
Tece “rede de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas intensamente
como suporte para alcançar seus objetivos; considera a rede de relações internas (com
sócios, colaboradores) mais importante que a externa.
Conhece muito bem o ramo em que atua.
Cultiva a imaginação e aprende a definir visões.
Traduz seus pensamentos em ações.
Define o que quer aprender (a partir do não definido) para realizar suas visões. É
proativo: define o que quer e aonde quer chegar; depois, busca o conhecimento que lhe
permitirá atingir o objetivo.
Cria um método próprio de aprendizagem: aprende a partir do que faz; emoção e afeto
são determinantes para explicar seu interesse. Aprende indefinidamente.
Tem alto grau de “internalidade”, que significa a capacidade de influenciar as pessoas
com as quais lida e a crença de que conseguirá provocar mudanças nos sistemas em
que atua.
Assume riscos moderados: gosta do risco, mas faz tudo para minimiza-lo. É inovador e
criativo. (Inovação é relacionada ao produto. É diferente da invenção, que pode não dar
consequência a um produto.).
Tem alta tolerância à ambiguidade e à incerteza.
Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar
oportunidades de negócios.
Fonte: Dolabela (1999).
25
Nessa linha de estudos são apresentadas características de um empreendedor
bem sucedido, pois segundo Dornelas (2001), o empreendedor de sucesso possui
características extras, seus atributos extrapolam os dos administradores, eles sabem
explorar oportunidades, são determinados e altamente dinâmicos, são independentes e
construtores do próprio destino, dedicados ao trabalho, otimistas e apaixonados pelo que
fazem, acreditam que o ganho do dinheiro é consequência do sucesso nos negócios,
possuem liderança incomum e conhecimento, sabem construir uma rede de
relacionamentos externos à empresa, planejam cada passo do negócio, assumem riscos
calculados e criam valor para a sociedade.
De acordo com Pereira e Santos (1995, p.47):
O empreendedor bem sucedido é uma pessoa como qualquer outra, cujas
características de personalidade e talentos preenchem um padrão
determinado, que o leva a agir de tal forma que chega ao sucesso, realizando
seus sonhos e alcançando seus objetivos. Ele é, portanto, uma pessoa que
busca realização e é auto-orientado para atingir metas próprias.
Quadro 5 - Características do empreendedor bem-sucedido
É motivado pelo desejo de realizar.
Corre risco viável, possível.
Tem capacidade de análise.
Sabe aonde quer chegar.
Confia em si mesmo.
Não depende dos outros para agir; sabe, porém, atuar conjuntamente.
É tenaz, firme e resistente ao enfrentar dificuldades.
É otimista, sem perder o contato com a realidade.
É flexível sempre que preciso.
Administra suas necessidades e frustrações, sem por elas se deixar dominar.
É corajoso; porém, não é temerário.
Sabe postergar, deixando para depois a satisfação de suas necessidades.
Mantém a automotivação, mesmo em situações difíceis.
Aceita e aprende com seus erros e com os erros dos outros.
Mantém a autoestima, mesmo em situações de fracasso.
Tem facilidade e habilidade para as relações interpessoais.
É capaz de exercer liderança, de motivar e de orientar outras pessoas com relação ao
trabalho.
É criativo, na solução de problemas, de todos os tipos.
É capaz de delegar.
É capaz de dirigir sua agressividade para a conquista de metas, a solução de problemas
e o enfrentamento das dificuldades.
Tem prazer em realizar o trabalho e em observar seu próprio crescimento empresarial.
É capaz de administrar o tempo.
É independente, seguro e confiante, na execução de sua atividade profissional.
Tem desejo de poder, como todos têm, consciente ou inconscientemente.
Fonte: Pereira e Santos (1995).
26
Pode-se complementar a essas características, trazendo para o cenário atual,
o fato de que o empreendedor deve se capacitar permanentemente e sempre observar o
que os seus concorrentes estão fazendo, identificando qual o território de abrangência
do negócio, sem deixar de enxergar o que os outros não estão enxergando e, assim,
oferecer ao mercado um “algo novo” que diferencie o seu negócio dos demais.
Para Cunha (2004), existem modos científicos de se mensurar o
empreendedorismo, inclusive o perfil empreendedor dos indivíduos. Entretanto, de
acordo com Dutra e Previdelli (2003), a diversidade de características observadas por
diversos autores, constata-se a dificuldade para descrever o perfil exato do
empreendedor ou estudar suas atitudes com base na literatura existente. Verificou-se,
portanto, que era possível categorizar estas características em fatores psicológicos e
sociológicos, e fatores ambientais ou econômicos, determinantes das ações
empreendedoras. Como resultado, o estudo dos autores permitiu a elaboração do quadro
6, na qual constam os principais fatores destacados na literatura.
Quadro 6 - Fatores psicossociais, ambientais e econômicos da atitude empreendedora de
sucesso
FATORES PSICOSSOCIAIS FATORES AMBIENTAIS E ECONÔMICOS
Iniciativa e
Independência
Criatividade
Persistência
Visão de longo prazo
Autoconfiança e
otimismo
Comprometimento
Padrão de excelência
Persuasão
Necessidade de
realização
Coletividade
Formação
Capacidade de trabalhar grupos de apoio
Capacidade de buscar investidores
Capacidade de superar obstáculos pela
conjuntura econômica
Capacidade de trabalhar com escassez
financeira
Capacidade de superar obstáculos
burocráticos do meio externo
Capacidade para boa escolha da localização
Maior utilização da tecnologia
Conhecimento do mercado e capacidade de
utilizá-lo
Construção de Rede de Informação e
capacidade de utilizá-la
Fonte: Dutra (2002, p. 46).
27
A inovação é identificada como sendo o centro das atenções nos estudos
sobre empreendedorismo. Segundo Drucker (2002), os empreendedores são pessoas
inovadoras. Essa inovação é atingida quando os empreendedores exploram mudanças no
mercado e as enxergam como oportunidades para a criação de novos produtos e
serviços.
É preciso destacar que não é possível garantir que hajam circunstâncias
perfeitas para o surgimento de um empreendedor de sucesso. O empreendedorismo,
segundo Filion (1999), ainda não é uma ciência, mesmo sendo uma das áreas em que
mais se pesquisa e publica estudos. Sendo assim, o perfil empreendedor é um subsídio
científico para identificação dos padrões que levam ao ato de empreender.
28
3. CARACTERIZAÇÃO DAS MICROEMPRESAS DE FACÇÃO
3.1 Microempresas
As microempresas devem ser caracterizadas em seus aspectos quantitativos
e qualitativos, para que se tenha uma representação adequada da realidade desse tipo de
organização. Para efeito de estudos e pesquisas, o SEBRAE utiliza o critério de
classificação de porte levando em consideração o número de empregados da empresa,
sendo: 1) microempresas: na indústria e na construção civil – até 19 empregados; e no
comércio e serviços – até 9 empregados; 2) pequena empresa: na indústria e na
construção civil – de 20 a 99 empregados; e no comércio e serviços – de 10 a 49
empregados (SEBRAE, 2014).
O Simples Nacional e a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas
classificam as MPE1 de acordo seu faturamento anual, sendo que a Microempresas
(ME) são aquelas que em cada ano tenha receita bruta anual igual ou inferior a R$
360.000,00 (CARTILHA SIMPLES NACIONAL, 2012 p. 8; LEI GERAL DA MICRO
E PEQUENA EMPRESA, 2006).
Além da classificação adotada pelo Simples Nacional e a Lei geral das
MPE, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), órgão de
financiamento, também classifica o porte das microempresas de acordo com a receita
anual, diferenciando apenas no que diz respeito aos valores auferidos. Sendo que para as
Microempresas a receita operacional bruta anual ou anualizada deve ser inferior ou
igual a R$ 2.400.000,00 (BNDES Carta Circular nº 11/2010). Tais classificações podem
ser resumidas no quadro 7:
Quadro 7 - Classificação das Microempresas
Instituição Classificação
Microempresa
SEBRAE
Setor Quant. Funcionários
Indústria e construção civil Até 19 empregados
Comércio e Serviço Até 9 empregados
Simples nacional e
Lei geral das MPE
Faturamento
Receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00
(trezentos e sessenta mil reais)
BNDES
Faturamento
Receita Operacional Bruta anual ou anualizada de até R$
2.400.000.00 (dois milhões e quatrocentos mil reais)
Fonte: Elaborado pelo autor.
1 MPE – Micro e Pequenas Empresas.
29
Em relação aos critérios qualitativos a microempresa é definida por Ramos e
Fonseca (1995) como tendo identidade entre a propriedade e gestão; vínculo estreito
entre família e empresa; posição central do empresário como principal executivo;
reduzida capacidade financeira; dificuldade de acesso ao crédito; dependência de
fornecedores, concorrentes e clientes; relações pessoais com os clientes; uso intensivo
de mão de obra.
Lezana (2001) faz uso do termo empresa de pequena dimensão para
caracterizar um grupo de organizações empresariais que, independente do faturamento
ou do número de empregados, apresentam alguns atributos típicos, que são: propriedade
e administração interdependentes; o empreendedor não domina o setor onde opera; a
estrutura organizacional da empresa é simples, possuem uma área de produção de bens e
serviços específicos e operam com poucos empregados, com a autoridade linear e
concentrada no empreendedor.
Atualmente as microempresas têm recebido diversos benefícios como forma
de incentivo tanto para a sua manutenção, como para a legalização de várias outras que
atuam clandestinamente. Esses tipos de empresas desempenham um papel econômico
ativo no mundo, inclusive no Brasil, gerando, principalmente, emprego e renda para o
país. Sendo assim, conhecer as dificuldades e as chances de sucesso das microempresas
permite ao empreendedor ficar ciente dos desafios que podem incorrer em seu negócio.
No Brasil, nos últimos anos, tem ocorrido um forte aumento na criação de
novas empresas e de optantes pelo Simples Nacional, regime fiscal diferenciado e
favorável aos Pequenos Negócios. Em dezembro de 2012, havia 7,1 milhões de
empresas registradas nesse regime. Este número ficou 26% acima do verificado em
dezembro do ano anterior. Em 2011, a expansão já havia sido de quase 30% (SEBRAE,
2013).
Em relação às políticas públicas direcionadas aos pequenos negócios, o País
tem vivenciado diversas mudanças que tem proporcionado uma verdadeira revolução no
ambiente desses empreendimentos. São exemplos, a criação da Lei Geral das Micro e
Pequenas Empresas em 2006, a implantação do Microempreendedor Individual (MEI)
em 2009, e a ampliação dos limites de faturamento do Simples Nacional em 2012.
30
Entretanto, diversas pesquisas apontam que, apesar do índice de mortalidade
dos pequenos negócios estarem diminuindo com o passar dos anos, no Brasil esse índice
ainda é bem significativo, principalmente quando se trata do estágio inicial do negócio,
ou seja, nos dois primeiros anos de existência. Com isso, o empreendedor deve ficar
atento e identificar quais os fatores que levam à falência da empresa.
Dornelas (2014) aponta como as principais causas para o insucesso de
pequenas empresas a falta de planejamento, deficiência na gestão (gerenciamento do
fluxo de caixa, vendas/comercialização, desenvolvimento de produto etc.), políticas de
apoio insuficientes, conjuntura econômica e fatores pessoais (problemas de saúde,
criminalidade e sucessão). Conforme apresentado no quadro 8:
Quadro 8 - Causas do fracasso das start-up 2americanas (SBA
3, 1998)
Incompetência Gerencial 45%
Experiência no Ramo 9%
Inexperiência em Gerenciamento 18%
Expertise Desbalanceada 20%
Negligência nos Negócios 3%
Fraudes 2%
Desastres 1%
Total 98%
Apenas 2% são fatores desconhecidos
Fonte: Dornelas (2014, p. 97).
O autor aconselha que os empreendedores obtenham uma capacitação
gerencial continua e apliquem os conceitos teóricos, para que adquiram a experiência
necessária, e a disciplina no planejamento periódico das ações que devem ser
implementadas na empresa.
2 Start-up, nome atribuído aos pequenos negócios nos Estados Unidos.
3 SBA (Small Business Administration), órgão do governo americano de auxílio às pequenas empresas.
31
3.2 Facção
Para caracterizar as facções é preciso entender um pouco sobre o segmento
em que ela faz parte, o confeccionista. Inserido no setor têxtil esse segmento é o ponto
final da cadeia produtiva têxtil, que se inicia na produção de fibras (naturais, artificiais
ou sintéticas), engloba também a fiação, tecelagem e malharia, assim como a indústria
de máquinas têxteis e de produtos químicos para acabamento.
A indústria de confecção tem como principal característica a produção de
peças e acessórios do vestuário, roupas profissionais, peças interiores (cortinas, capas,
tapetes), fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos para vestuário. De acordo com
a Associação Brasileira do Vestuário - ABRAVEST (2010), a indústria de confecções
possui 21 segmentos, quais sejam: roupas íntimas, roupas de dormir, roupas de
praia/banho, roupas de esportes, roupas de lazer, roupas sociais, roupas de gala, roupas
infantis, roupas protetoras, roupas profissionais, roupas de segurança, meias,
modeladores, acessórios têxteis para vestuário, artigos de cama, artigos de banho,
artigos de mesa, artigos de copa/cozinha, artigos decorativos e produtos industriais.
Dessa forma, é observado que a maioria dos segmentos de confecções compõe a
conhecida indústria do vestuário.
Viana (2005, p. 20), menciona que:
A característica estrutural básica da indústria do vestuário, em nível mundial,
é a grande heterogeneidade das unidades produtivas em termos de tamanho,
escala de produção e padrão tecnológico, fatores estes que influenciam,
decisivamente, os níveis de preços, dualidade, produtividade e a inserção
competitiva das empresas nos diversos mercados consumidores.
A indústria de confecções tem uma importância significativa tanto para o
desenvolvimento e crescimento do próprio setor como para a economia do país.
Segundo a ABRAVEST (2010), a indústria de confecções do vestuário tem importância
estratégica para o país, que faturou no ano de 2010 mais de 47 bilhões de dólares,
pulverizando esta soma por todo o território nacional, além disso, o segmento é
composto por mais de 26 mil empresas registradas gerando mais de 1.100.000 postos de
trabalho direto e 4.600.000 indiretos. De acordo com Victor (2008), no Estado do
Ceará, a indústria de confecções constitui o principal polo industrial da Região
32
Nordeste, tanto em relação à quantidade produzida, como em relação à qualidade dos
produtos.
O processo produtivo em uma indústria de confecção é composto
basicamente por sete etapas: criação, modelagem, risco, corte, costura, acabamento e
passadoria (GOMES, 2002). Caracterizados no quadro a seguir:
Quadro 9 - Etapas e características do processo produtivo nas confecções
Etapa Características
Criação
Consiste em criar, alterar, copiar ou interpretar as tendências da moda
(em forma, estilo e cor), colocando-as dentro do padrão do mercado,
levando em consideração fatores como gênero, época, estação do ano e
o consumidor (GOMES, 2002).
Modelagem
A modelagem é a etapa-chave para a obtenção do produto final.
Consiste na interpretação do modelo previamente criado que é
transformado em moldes, adequando as proporções do protótipo aos
diversos tamanhos das roupas a serem fabricadas (GOMES, 2002). Na
ótica de Ferreira (1995), a modelagem dos produtos é o ponto alto, pois
dela dependem o caimento perfeito e a beleza da peça.
Risco
O risco corresponde à atividade de encaixe dos moldes do modelo no
tecido enfestado sobre a mesa de corte, visando garantir o menor
consumo de tecido possível (SEBRAE, 2014).
Corte
O corte é o ato em si de separar as peças uma das outras no tecido
enfestado, através da utilização de um equipamento cortante (SEBRAE,
2014).
Costura
Após o corte, os componentes gerados são encaminhados à área de
preparação, onde se realiza a etapa da costura, cabendo-lhe cerca de
80% do trabalho produtivo, distribuído pela montagem e submontagem
da roupa. Esta etapa é muito complexa, uma vez que é composta de
vários tipos de costura, envolvendo a participação de muitas operadoras,
executando frequentemente uma única tarefa (GOMES, 2002).
Acabamento
O acabamento é a seção onde são executadas as operações finais, com
todas as partes componentes já unidas, visando à melhoria na qualidade
ou complementação do produto. Dentre essas operações estão: casear,
pregar botão, pregar etiqueta, etc. (ANDRADE FILHO, J. & SANTOS,
L. 1980).
Passadoria
Esta etapa é importante em alguns tipos de produtos, sendo que, muitas
vezes, a passadoria se torna necessária devido aos maus-tratos recebidos
pelos produtos durante o processo produtivo, que acabam amassando o
tecido ou costurando com máquinas reguladas inadequadamente, assim
utilizam a passadoria para corrigir costuras franzidas (BIERMANN,
2007).
Fonte: Organizado pelo Autor.
33
As empresas de confecção seguem rigorosamente essas etapas em seu
processo produtivo, uma vez que ao criar uma peça de roupa é preciso produzir uma
modelagem que servirá de molde para realizar o risco no tecido enfestado que será
cortado e, logo após, costurado, deve-se ainda revisar as peças montadas através do
acabamento e depois da passadoria que eliminará possíveis imperfeições nas peças.
No segmento confeccionista, assim como em diversos setores da economia,
a busca constante pela competitividade tem levado empresas a procurarem meios
estratégicos de redução de custos e aumento de produtividade. O uso da terceirização,
como um desses meios, tem sido bastante utilizada, principalmente no setor
confeccionista, e isso tem favorecido bastante a criação de microempresas prestadoras
de serviço.
A terceirização, por sua vez, é um processo de gestão, em que se repassam
algumas atividades para terceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria,
ficando a empresa concentrada apenas em atividades essencialmente ligadas ao negócio
em que atua (GIOSA, 1995).
No ramo confeccionista, impulsionado pela moda, que proporciona uma
dinâmica constante de atualização de modelos de peças do vestuário, necessitam
constantemente de treinamento, máquinas e equipamentos que acompanhem essas
mudanças. Suas atividades-meio, por exemplo: montagem das peças, demanda um
elevado controle de processos e de pessoas. Assim, optam em enviar para terceiros a
parte que requer um elevado número de colaboradores.
Sobre o assunto, Godoi (2010, p. 30) acrescenta que:
O setor que mais permite terceirizar hoje na indústria de confecção é a fase
da montagem, composta pela preparação e costura das peças, como o
acabamento, que compreende as fases de limpeza de fios, revisão, passadoria,
etiquetagem e embalagem.
É nessa fase da produção (costura e montagem) que são utilizados os
serviços de empresas especializadas denominadas facções. O SEBRAE (2010) explica
como funciona esse sistema de terceirização da seguinte maneira:
Uma indústria maior, que normalmente tem como principal atividade a
criação e comercialização, cria a sua coleção, efetua os cortes das peças e
encaminha para outras indústrias menores que são contratadas para montar as
roupas. Essas indústrias não comercializarão os produtos, apenas são
responsáveis pelo serviço de montagem das roupas, devolvendo em seguida,
34
para a indústria maior, que confere as peças, padroniza a qualidade e
comercializa os produtos (SEBRAE 2010, p. 03).
Sobre o tema, Goularti Filho e Netto (1996) afirmam que o segmento de
confecção do vestuário se divide em dois grupos: os confeccionistas e os faccionistas.
Os primeiros tratam-se de empresas que possuem etiqueta própria, enquanto os
segundos são os prestadores de serviços. Na indústria de confecção são chamadas de
facção as empresas que costuram e que fazem o acabamento das peças, como limpeza,
revisão, etiquetagem e empacotamento das mesmas.
Atualmente existe uma ampla tendência por parte das grandes confecções
pela utilização desse sistema de terceirização, devido, principalmente, à forte
concorrência enfrentada pelo setor. A vantagem do uso desse sistema se encontra na
redução dos custos oriundos do setor produtivo que mais demanda mão de obra, que é a
parte da montagem das peças, estima-se que esse setor produtivo representa 50% da
força de trabalho total da empresa. Outro aspecto relevante a ser observado é que ao
direcionar a produção para uma empresa especializada as confecções ganham em
qualidade, já que, em geral, essas empresas possuem equipamentos e pessoal
qualificados para a execução dos serviços solicitados.
Segundo Goularti Filho e Netto (1996, p. 126),
O surgimento de inúmeras prestadoras de serviços, tais como: bordado,
serigrafia, estamparia, lavanderia e a própria facção foi facilitado pela
consolidação da indústria do vestuário. A procura por terceiros é crescente, o
que, além de diminuir consideravelmente os custos com mão de obra, agiliza
a produção e dispensa a manutenção de determinados setores na fabrica.
Contudo, existe uma grande e ainda desconhecida parcela das facções que
atuam na informalidade, ou seja, operam na ilegalidade. Fato que gera problemas de
equilíbrio do mercado, pois não estando devidamente registradas, estas empresas
acabam criando distorções na concorrência.
35
4. ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
Nesse capítulo são apresentados os aspectos metodológicos usados para
realizar e desenvolver esta pesquisa, além de demonstrar como foi feita a coleta e o
tratamento dos dados. Vale ressaltar que para Lakatos e Marconi (2009), o método é o
conjunto das atividades sistemáticas e racionais que permitem, com maior segurança e
economia, o alcance dos objetivos. Gil (2002, p. 162) acrescenta que “(...) nesta parte,
descrevem-se os procedimentos a serem seguidos na realização da pesquisa. Sua
organização varia de acordo com as peculiaridades de cada pesquisa”.
4.1 Natureza da pesquisa
A pesquisa científica pode ser classificada quanto a sua natureza como
quantitativa ou qualitativa, sendo possível ainda existir as duas formas, como
qualiquantitativa. Vale destacar que as pesquisas quantitativas e qualitativas devem ser
complementares e não consideradas de maneira isolada, quando for o caso
(HONORATO, 2004). A abordagem qualitativa, segundo Bastos (2008), tem caráter
subjetivo, é usada em uma população pequena em que existe a preocupação com o
aprofundamento e abrangência da compreensão das ações e relações humanas; já a
abordagem quantitativa define uma população buscando um critério de
representatividade numérica, dessa forma o resultado obtido refere-se às características
do grupo pesquisado.
Esta pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa. Qualitativa, pois tem o
objetivo de estudar um determinado número de casos de maneira mais aprofundada, foi
escolhida porque esse estudo tem o escopo principal de analisar as características que
compõem o perfil do empreendedor de sucesso em três microempresas de facção no
município de Fortaleza – CE. Nesse caso utilizou-se a técnica de análise de conteúdo,
em que se trabalhou com a perspectiva de identificar, selecionar e interpretar as
informações colhidas, fazendo uma análise comparativa dessas informações
relacionando-as com o referencial teórico pertinente ao assunto visando um melhor
entendimento acerca do elemento estudado. No caso da análise quantitativa, os dados
foram avaliados utilizando gráficos, como o de barras, com o intuito de fornecer
informações específicas sobre as características dos respondentes.
36
4.2 Tipologia da pesquisa
Com relação ao tipo de pesquisa existem dois critérios que precisam ser
observados: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa pode ser
exploratória, descritiva, explicativa, aplicada e intervencionista. Já quanto aos meios, a
pesquisa pode ser classificada como de campo, laboratório, documental, bibliográfica,
experimental, ex post facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso (VERGARA,
2009).
A presente pesquisa é considerada quanto aos fins como exploratória e
descritiva. Exploratória porque embora sejam numerosos os estudos direcionados ao
perfil do empreendedor, não foram identificados estudos relativos ao perfil dos
microempreendedores de sucesso donos de facção no segmento confeccionista do
município de Fortaleza – CE. De acordo com Gil (2002), a pesquisa exploratória tem
como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo
mais explícito ou a constituir hipóteses. É descritiva porque busca apresentar as
características e o perfil desses empreendedores. Esse tipo de pesquisa, segundo Gil
(2002), tem o objetivo principal de descrever as características de determinada
população ou fenômeno.
Quanto aos meios, a pesquisa classifica-se como bibliográfica e de campo,
através da utilização de um estudo de caso. Segundo Vergara (2009), a pesquisa
bibliográfica justifica-se porque a fundamentação teórica deste trabalho foi elaborada
através de pesquisas em materiais publicados em livros e sites relacionados à temática.
Para Lakatos e Marconi (2009, p. 185) “a pesquisa bibliográfica, ou de fontes
secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo
(...)”. Gil (2002) destaca que a principal vantagem desse tipo de pesquisa reside no fato
de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla
do que aquela que poderia pesquisar diretamente.
Este estudo pode ser classificado ainda como pesquisa de campo, haja vista
que a coleta de dados foi realizada in loco. Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 188),
“a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou
conhecimento acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta [...]”.
37
A pesquisa trata-se ainda de um estudo de caso, pois segundo Cervo e
Bervian (1996), o estudo de caso é uma pesquisa sobre um determinado indivíduo,
família, grupo ou comunidade que busca examinar os aspectos variados de suas vidas.
Trata-se, segundo Gil (2002, p. 54), do “(...) estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento (...).”
Através de estudo de caso e das tipologias apresentadas, pôde-se conhecer melhor sobre
o perfil do empreendedor de sucesso em três microempresas de facção na cidade de
Fortaleza – CE.
4.3 Objeto de estudo
A pesquisa foi realizada em três microempresas devidamente escritas no
registro de Pessoas Jurídicas dentro dos limites de receita bruta já mencionados no
subitem 3.1 do presente estudo, e que exerçam a prestação de serviço do tipo facção
para empresas de confecção no município de Fortaleza.
Foram selecionados, então, três microempreendedores que atendiam aos
seguintes critérios: 1º) o empreendimento deveria está legalmente registrado há pelo
menos cinco anos. Período esse adotado com base em estudos internacionais sobre a
maturidade das empresas. Dornelas (2007) testifica a validade da utilização desse
período em sua pesquisa e afirma que “muitos estudos internacionais e nacionais
mostram que a taxa de mortalidade de empresas é alta nos primeiros cinco anos de sua
existência (...)”. Dessa forma, se o negócio possui mais de cinco anos de existência pode
ser considerado bem sucedido e consequentemente gerenciado por empreendedores bem
sucedidos; 2º) os empreendimentos deveriam ter alcançado resultados financeiros
positivos nos últimos anos, ou seja, um nível de rentabilidade acima de 30%; e 3º) de
forma mais subjetiva, identificar características de liderança voltadas para o
desenvolvimento do negócio.
4.4 Instrumento de investigação
Foram utilizados como instrumento para coleta de dados o questionário e a
entrevista. O questionário foi baseado no livro de Dornelas (2007) com adaptação do
autor que buscou analisar as características relacionadas ao perfil empreendedor dos
microempresários respondentes da pesquisa. Cervo e Bervian (1996) apontam que o
questionário representa a técnica de coleta de dados mais utilizada em pesquisas.
Segundo os autores, o questionário representa um meio de obter respostas sobre um
38
assunto de forma que o respondente forneça as informações de seu domínio e
conhecimento. A entrevista foi formulada com base nas considerações feitas por
Dornelas (2014) com o intuito de conhecer as empresas e os empreendedores em estudo.
Para Martins (2009 p. 42), a entrevista “trata-se de uma técnica de pesquisa para coleta
de dados cujo objetivo básico é entender e compreender o significado que os
entrevistados atribuem a questões e situações (...)”.
39
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 Análise da entrevista
A entrevista foi analisada de maneira qualitativa. Os dados foram obtidos
através do tipo de entrevista estruturada seguindo um roteiro previamente elaborado, a
transcrição da entrevista terá como base as perguntas que foram feitas aos entrevistados,
visando selecionar e destacar as informações mais relevantes para a pesquisa.
A entrevista foi realizada nos dias 5, 6 e 7 de maio de 2014, no local de
trabalho dos três empreendedores, que serão identificados como empreendedor A,
empreendedor B e empreendedor C, o instrumento de pesquisa teve como objetivo
colher informações sobre as empresas e os empreendedores a partir das respostas dadas
na entrevista. Os resultados obtidos foram:
Informações sobre as empresas
Empresa A
A primeira facção estudada está registrada como microempresa, fundada em
2006 a empresa, localizada no bairro Genibaú, periferia de Fortaleza – CE. Trabalha
exclusivamente com a prestação de serviços de montagem (costura), limpeza e
etiquetagem de camisas masculinas para duas grandes confecções do mesmo município,
esses fornecedores garantem o abastecimento de peças o ano todo, fato esse considerado
indispensável para a rentabilidade do negócio. Mesmo não existindo um contrato que
formalize a relação entre a facção e as confecções, a empresa em estudo não relatou
nenhum problema nessa relação. Atualmente, a empresa conta com uma equipe de 23
colaboradores entre costureiras e auxiliares divididos em dois grupos que produzem, em
média, 20 mil peças/mês, com média de faturamento de R$ 35.000,00/mês. A empresa
conta ainda com 30 máquinas de costura na sua maioria eletrônicas.
Empresa B
A segunda facção em estudo foi fundada em 2007, tem sua estrutura
localizada no bairro Granja Portugal, periferia de Fortaleza - CE, e é registrada como
microempresa. Essa organização presta serviço de montagem, etiquetagem e limpeza
em shorts de tactel masculino para três confecções, sendo que apenas um garante
abastecimento de peças durante o ano todo, também não foi identificada a existência de
um contrato que formalize essa relação, mesmo assim não existem problemas nessa
40
relação. A facção conta com 15 funcionários e 25 máquinas de costura que proporciona
uma produção mensal de 12 mil peças com média de faturamento de R$ 25.000,00/mês.
Empresa C
A terceira e última facção iniciou suas atividades no ano de 2002 e está
localizada no bairro Siqueira, possui um maquinário composto por 30 máquinas de
costura e uma equipe composta por 18 costureiras e 3 auxiliares que produzem 19 mil
camisas masculinas por mês, que são montadas, limpas, etiquetadas e embaladas,
gerando um faturamento mensal de R$ 32.000,00. Essa microempresa presta serviço
para uma confecção que lhe abastece o ano todo e não possui contrato formal com o
mesmo, fato que não prejudica essa relação.
Informações sobre os empreendedores
Os entrevistados são em sua maioria do sexo feminino e estão envolvidos
diretamente na administração dos respectivos empreendimentos, todos são casados e
possuem idade entre 48 e 51 anos. Em relação ao nível de escolaridade, dois
entrevistados afirmaram possuir apenas o ensino médio completo, enquanto que, em
um, além do nível médio completo, ele possui um curso técnico em administração.
Quando questionados se já haviam trabalhado no setor confeccionista antes
de montar a empresa, todos responderam que sim. Esse fato demonstra que o
conhecimento no ramo de atuação é de fundamental importância para o
desenvolvimento do negócio, Dornelas (2007) afirma que além da preparação técnica e
profissional, em muitos casos a experiência auxilia o empreendedor a conhecer o
mercado, suas falhas e demandas, levando-o a perceber e aproveitar oportunidades.
Outra questão apontada foi se o empreendedor pensa em desenvolver uma
marca própria e assim comercializar seus produtos, todos afirmaram que sim,
percebendo com isso uma nova perspectiva para o futuro do seu negócio. Na questão
relacionada à busca de orientação junto a órgãos como SEBRAE, SENAI, etc. a
resposta foi negativa para todos, entretanto, todos afirmaram que já receberam esse tipo
de orientação em outras empresas em que trabalhavam antes.
Em relação ao fator motivacional da atividade empreendedora quando
perguntado qual o motivo da criação da empresa pôde-se observar que todos
41
identificaram uma oportunidade de negócio e resolveram com isso montar suas
empresas. Uma vez que os empreendedores por oportunidade optam por iniciar um
novo negócio mesmo quando possuem alternativa de emprego e renda, ou ainda, para
manter ou aumentar sua renda pelo desejo de independência do trabalho (GEM, 2012).
A última questão da entrevista perguntou quais os fatores necessários para
um bom desenvolvimento nesse tipo de negócio, os entrevistados destacaram como
fundamental a formação de uma boa equipe de costureiras e a necessidade de possuir
um fornecedor que abasteça a facção durante o ano todo. Foi citado ainda que é
necessário o envolvimento familiar para o desenvolvimento do negócio e a necessidade
do conhecimento em relação ao processo produtivo e financeiro da empresa.
5.2 Análise do questionário
Nesta parte da pesquisa serão apresentados os resultados obtidos através da
aplicação de um questionário composto por 19 questões de múltipla escolha em que os
respondentes teriam que escolher entre: nunca, raramente, às vezes, frequentemente e
sempre. Questões essas voltadas para o perfil do empreendedor baseadas nas
características atribuídas ao empreendedor de sucesso pela literatura. Para um melhor
entendimento do conteúdo, as informações levantadas pelo questionário serão
relacionadas à literatura pertinente ao assunto de estudo. Os resultados alcançados
foram:
Conhecimento:
Gráfico 1 – Conhecimento
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
42
A primeira característica analisada foi em relação ao conhecimento, na qual
foram realizadas duas perguntas sobre essa característica. A primeira buscou verificar se
os empreendedores são sedentos pelo conhecimento, ou seja, se eles gostam de
aprender, o resultado foi que todos assinalaram que sempre buscam aprender.
Entendendo dessa forma que a busca pelo conhecimento está presente como uma das
características desses empreendedores.
A segunda questão indagou se os empreendedores procuram conhecer o
mercado em que atuam, o gráfico mostra que sim, já que dois afirmaram que sempre
procuram conhecer o mercado, enquanto que um assinalou que frequentemente procura
fazer isso.
Na literatura o conhecimento é presente entre as características inerentes aos
empreendedores de sucesso, de acordo com Dornelas (2007), os empreendedores são
sedentos pelo saber e aprendem continuamente, buscam conhecimento através de
cursos, publicações ou pela própria experiência, além de realizarem estudos sobre o
mercado em que vislumbram atuar. Os empreendedores bem sucedidos estão sempre
atentos ao aprendizado contínuo, buscando reciclar seus conceitos e aprimorar o
negócio constantemente.
Relacionamento (networking):
Gráfico 2 – Relacionamento
43
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
Em relação a essa característica foram elaboradas duas questões com o
intuito de analisar como os empreendedores se relacionam com as pessoas envolvidas
na realização de suas atividades, sabe-se que as empresas necessitam manter um bom
relacionamento, principalmente, nesse caso específico, com o fornecedor (confecção).
Para isso a primeira pergunta analisou se os empreendedores procuram se relacionar
bem com todos os envolvidos em seu trabalho e a segunda indagou se eles procuram
manter uma rede de contatos bem estabelecida, a resposta obtida foi “sempre” em
ambas as perguntas para todos os empreendedores, logo, afirma-se que essa
característica faz parte do perfil desses empreendedores.
Sobre o assunto Dornelas (2007) afirma que uma rede de contatos bem
estabelecida é também um aspecto habitual presente nas atitudes dos empreendedores
de sucesso, eles conseguem estabelecer uma rede de contatos que os auxiliam nos
ambientes interno e externo da organização, junto a clientes, fornecedores e entidades
de classe.
Oportunidade:
Gráfico 3 – Oportunidade
44
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A terceira característica analisada foi oportunidade, sobre a qual foram
elaboradas também duas perguntas. A primeira questionou se os empreendedores
procuram está atentos às oportunidades no mercado em que atuam, de acordo com o
gráfico apresentado houve uma divisão entre as opções “às vezes”, “frequentemente” e
“sempre”, demonstrando que a maioria dos empreendedores em estudo possui uma
inconstância nessa característica. A identificação de oportunidades é considerada como
uma das principais características dos empreendedores de sucesso é preciso, portanto,
que eles busquem se aperfeiçoar nessa característica.
A outra questão foi se o empreendedor procura ter conhecimento das
necessidades de seus fornecedores o resultado dessa pergunta configurou-se como
“sempre” para todos. Percebe-se dessa forma que os empreendedores estão sempre
buscando informações sobre as necessidades de seus fornecedores, fato esse de extrema
valia para um bom desenvolvimento do negócio.
De acordo com Dolabela (1999), a identificação de oportunidades é de
fundamental importância para a atividade empreendedora. Entre os atributos básicos de
um empreendedor está a habilidade de identificar, agarrar e buscar os recursos para
aproveitar ao máximo uma oportunidade. Oportunidade é uma ideia que está atrelada a
um produto ou serviço que agrega valor ao seu consumidor, seja através da inovação ou
da diferenciação.
45
Planejamento:
Gráfico 4 – Planejamento
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
Acerca do planejamento e ciente de sua relevância para qualquer
organização empresarial foram elaboradas duas perguntas sobre essa característica: a
primeira que buscou verificar se o empreendedor realiza planejamentos periódico na sua
empresa e a segunda que questionou se todas as decisões são tomadas baseadas em um
planejamento. O resultado obtido foi positivo para ambas as perguntas já que todos
consideraram que sempre realizam essas atividades.
Para Dornelas (2007), os empreendedores de sucesso planejam cada passo
de suas atividades no negócio em que estão envolvidos, sempre tendo como base a forte
assimilação da visão da corporação para a qual trabalham. Constantemente, revisam
seus planos, levando em conta os resultados obtidos e as mudanças circunstanciais.
Risco
Gráfico 5 – Risco
46
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A vocação para assumir riscos é uma das habilidades pessoais dos
empreendedores, eles encaram o risco de maneira moderada e calculada fazendo de tudo
para minimizá-lo, não afetando, dessa forma, o desenvolvimento da organização. Com
relação ao risco, foram formuladas perguntas, nas quais a primeira questionava se os
empreendedores costumam correr riscos calculados, ou seja, analisa tudo antes de agir e
obteve como resultado para todos a opção “sempre” demonstrando que os
empreendedores em questão estão dominando essa característica.
A outra questão interrogou se eles procuram minimizar os riscos e a
alternativa “sempre” recebeu todos os votos, comprovando assim que os
empreendedores estão atentos aos riscos que eles correm e buscam reduzí-los.
Segundo Dornelas (2007, p. 109), “assumir riscos talvez seja a característica
mais conhecida dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que
assume riscos calculados e sabe gerenciá-los avaliando as reais chances de sucesso”.
Dedicação:
Gráfico 6 – Dedicação I
47
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
Gráfico 7 – Dedicação II
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A dedicação é também uma das características atribuídas ao empreendedor,
visto que ao criar uma empresa eles devem dar uma atenção especial para aquela
organização investindo, principalmente, tempo. Em relação a essa característica foram
formuladas três questões, que avaliaram se os empreendedores são dedicados ao seu
negócio. A primeira questão perguntou se os empreendedores procuram trabalhar com
dedicação e determinação o resultado foi positivo já que todos assinalaram a opção
“sempre”, a outra pergunta investigava se os empreendedores costumavam trabalhar
mais de oito horas por dia, a resposta, conforme exposta no gráfico, foi “sempre” para
os três empreendedores, constatando que eles ultrapassam o horário de trabalho
convencional. Na última pergunta foi indagado aos empreendedores se eles se
48
consideravam persistentes, ou seja, não desistem fácil daquilo que desejam, o resultado
obtido também foi “sempre” para todos.
Sobre a dedicação Dornelas (2007) afirma que ela está ligada a satisfação
pelo trabalho, ou seja, os empreendedores bem sucedidos são altamente determinados,
comprometidos e se consideram apaixonados pelo que fazem.
Visão
Gráfico 8 – Visão
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
Em relação à visão buscou-se verificar se os empreendedores procuravam
enxergar o que está à sua volta tendo uma visão ampla do seu negócio, os entrevistados
responderam “sempre” para essa característica, constatando-se, assim, que os
empreededores estão em conformidade com a realidade da prática empreendedora atual.
Dornelas (2007) cita que esse profissionais têm visão de como será o futuro para o seu
negócio e para sua vida, além de ter a habilidade necessária para implementar seus
sonhos. Ainda sobre o tema, Dolabela (1999, p. 128) destaca que “é necessário que o
empreendedor tenha uma clara visão da organização e do gerenciamento da empresa
(...)”.
49
Liderança:
Gráfico 9 – Liderança (I)
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
Gráfico 10 – Liderança (II)
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A liderança é também uma das características do empreendedor, um bom
líder sabe motivar a equipe e direcioná-la ao alcance dos objetivos da organização.
Nessa perspectiva, foram elaboradas três perguntas aos empreendedores. A primeira
questionava se eles procuravam ter um bom relacionamento profissional e social com
seus colaboradores, pelas respostas obtidas pode-se concluir que sim, já que todos
assinalaram a opção “sempre”. A segunda pergunta analisava se os empreendedores
procuravam motivar seus colaboradores, de acordo com o gráfico todos afirmaram
como “sempre”, ou seja, existe sim uma preocupação em relação à motivação dos
50
colaboradores em todas as empresas estudadas. Já a terceira pergunta, que verificou se
os empreendedores procuravam ser paciente e buscavam ouvir os outros, concluiu-se,
após a análise do gráfico, que a maioria dos respondentes escolheram a opção “às
vezes” demonstrando uma certa limitação nessa característica. Mesmo sabendo que os
entrevistados possuem características empreendedoras é preciso melhorar esse aspecto,
visto que, saber ouvir, principalmente os próprios colaboradores que estão diretamente
ligados ao processo produtivo da empresa, é de fundamental importância para o
desenvolvimento do negócio.
Dornelas (2007) alega que os empreendedores têm um senso de liderança
incomum. Eles sabem valorizar, estimular e recompensar seus subordinados e por isso
ganha o respeito e a admiração deles, formando com isso um time em torno de si.
Inovação:
Gráfico 11 – Inovação
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
A última característica analisada foi sobre a inovação, essa característica é
de fundamental importância para o empreendedor, já que, em um mercado cada vez
mais competitivo, é preciso se destacar dos demais oferecendo produtos e serviços que
proporcionem um diferencial ao mercado de atuação.
Com o intuito de identificar se a inovação é uma característica presente no
perfil dos empreendedores em estudo foram elaboradas duas questões. Uma delas
investigava se os empreendedores buscavam incessantemente inovar em seus serviços
51
como uma forma para o crescimento da organização e a resposta obtida foi “sempre”
para todos os empreendedores, dessa forma, conclui-se que eles inovam continuamente
em suas atividades. A outra questão verificou se os empreendedores incentivam a
inovação dentro de suas organizações, o gráfico demonstra que dois deles assinalaram
“frequentemente” e um assinalou “sempre” comprovando que essa prática é comum nas
empresas pesquisadas.
De acordo com Dornelas (2003, p. 17), “a inovação tem a ver com a
mudança, fazer as coisas de forma diferente, de criar algo novo, de transformar o
ambiente onde se está inserido. É algo mais abrangente que apenas a comum relação
que se faz com a criação de novos produtos ou serviços”.
52
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve como objetivo analisar e identificar as características dos
empreendedores de sucesso em três microempresas de facção no município de Fortaleza
– CE. Na qual teve como base a definição de uma situação problema em que consistiu
responder “quais as características que compõem o perfil dos empreendedores de
sucesso em microempresas de facção em Fortaleza – CE”.
Os resultados apresentados nesse trabalho mostram que as facções estudadas
surgiram devido à observação, por seus fundadores, de uma oportunidade no mercado.
Elas trabalham com fornecedores fixos que lhes garantem abastecimento de peças o ano
todo, fato considerado pelos entrevistados como um dos principais responsáveis pelo
bom desenvolvimento do negócio, além de poder contar com uma boa equipe de
colaboradores.
A partir da análise do questionário foram comprovadas características
inerentes ao perfil dos empreendedores estudados. Em relação ao planejamento, foi
identificado que os empreendedores consideram fundamental realizar um planejamento
periódico que embasará a tomada de decisão deles. Os entrevistados trabalham os
riscos de uma forma que possam diminuí-los, sempre calculando todas as variáveis
antes de agir. São empreendedores dedicados aos seus empreendimentos, pois sabem
que o sucesso deles depende diretamente de suas atitudes. Esses microempreendedores
procuram sempre se relacionar bem com os envolvidos no seu negócio, principalmente
com os seus fornecedores. Possuem uma boa visão de negócios e buscam sempre o
aprendizado. Observou-se que, em relação à liderança, os empreendedores buscam
motivar seus colaboradores sempre mantendo um bom relacionamento com eles. Na
questão relacionada à oportunidade observou-se que a maioria dos empreendedores não
costuma “sempre” está atentos às oportunidades no mercado em que atuam. A
observação das oportunidades é de grande valia para os empreendedores que almejam
alcançar o sucesso em seus empreendimentos. Na característica “inovação”, no aspecto
de incentivar a sua prática dentro da organização, duas afirmaram que frequentemente
fazem isso, necessitando de um aperfeiçoamento nesse sentido.
Conclui-se então esse trabalho sugerindo que estudos futuros analisem de
forma mais ampla esses tipos de empreendimentos, buscando verificar quais as
53
condições de trabalho enfrentadas por esses empreendedores, bem como a causa do
insucesso da maioria deles.
54
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58
APÊNDICE
59
APÊNDICE A – CARTA DE APRESENTAÇÃO
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
MONOGRAFIA CONCLUSÃO DE CURSO
CARTA DE APRESENTAÇÃO
Fortaleza,____de_____________de 2014.
À
XXXXXXXXX
Fortaleza – CE
Senhor (a) dirigente,
Venho através desta, solicitar apoio e colaboração para a realização da minha
monografia, cujo tema é Analise do perfil do empreendedor em microempresas de
facção em Fortaleza - CE. Este trabalho tem por objetivo geral analisar e identificar
quais as características que compõem o perfil do empreendedor de sucesso nas
microempresas de facção.
Anexo a essa carta existem dois roteiros para entrevista que busca conhecer e
caracterizar as empresas e os empreendedores em estudo. Além de um questionário que
tem como objetivo analisar o perfil empreendedor dos microempresários.
Garantimos o sigilo total das informações prestadas e que elas serão utilizadas
apenas para fins acadêmicos.
Agradecemos antecipadamente
Rodrigo de Moura Gomes
Orientando
Estudante
Prof.ª Monica Helena Gurgel Barroso
Orientadora da Monografia
Faculdade Cearense
Bacharelado em Administração de Empresas
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APÊNDICE B – ROTEIRO PARA ENTREVISTA
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA
1) Qual o ano de fundação da empresa?
2) Quais os tipos de produtos e serviços que a empresa trabalha?
3) Quais as máquinas e equipamentos que a empresa dispõe?
4) Qual a quantidade de funcionários?
5) Qual a produção mensal da empresa?
6) Qual a média mensal de faturamento da empresa?
7) Atualmente, com quantos fornecedores (confecções) a empresa presta serviço?
Como funciona o relacionamento com esse(s) fornecedor(s)? Existe algum tipo
de contrato?
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APÊNDICE C – ROTEIRO PARA ENTREVISTA
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
CONHECENDO O EMPREENDEDOR
01) Qual o seu gênero?
02) Qual a sua idade?
03) Qual o seu nível de escolaridade?
04) Qual o estado civil?
05) Você já trabalhou no setor confeccionista antes de montar a empresa?
06) Você pensa em desenvolver futuramente uma marca própria para comercializar
seus produtos?
07) Você já buscou orientação junto a órgãos como SEBRAE, SENAI, etc.?
08) O que lhe motivou a montar uma empresa?
09) Em sua opinião, quais os fatores necessários para um bom desenvolvimento nesse
tipo de negócio?
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APÊNDICE D– QUESTIONÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS
QUESTIONÁRIO
PERFIL EMPREENDEDOR
Responda as perguntas abaixo, marcando com um X nas colunas com SEMPRE,
FREQUENTEMENTE, ÀS VEZES, RARAMENTE ou NUNCA, levando em
consideração a maior compatibilidade com o seu perfil.
CARACTERÍSTICAS S
EM
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EQ
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CONHECIMENTO
1. Você é sedento pelo saber, ou seja, gosta
de aprender?
2. Você procura conhecer o mercado em que
atua?
RELACIONAMENTO (NETWORKING)
3. Você procura se relacionar bem com todos
os envolvidos em seu trabalho?
4. Você procura manter uma rede de contato
bem estabelecida?
OPORTUNIDADE
5. Você procura está atento às oportunidades
no mercado em que atua?
6. Você procura ter conhecimento das
necessidades do(s) seu(s) fornecedor(s)?
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PLANEJAMENTO
7. Todas as suas decisões são tomadas
baseadas em um planejamento?
8. Você realiza planejamentos periódicos na
sua empresa?
RISCO
9. Você costuma correr riscos calculados, ou
seja, analisa tudo antes de agir?
10. Você procura minimizar os riscos?
DEDICAÇÃO
11. Você procura trabalhar com dedicação e
determinação?
12. Você costuma trabalhar mais de 8
horas/dia?
13. Você se considera persistente, ou seja, não
desiste fácil daquilo que deseja?
VISÃO
14. Você procura enxergar o que está a sua
volta tendo uma visão ampla do seu
negócio?
LIDERANÇA
15. Você procura ter um bom relacionamento
profissional e social com seus
colaboradores?
16. Você procura motivar os seus
colaboradores?
17. Você procura ser paciente e saber ouvir os
outros?
INOVAÇÃO
18. Você busca incessantemente inovar em
seus serviços como uma forma para o
crescimento da organização?
19. Você incentiva a inovação dentro de sua
organização?
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