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Colégio Pedro II – Humaitá II 6º ano – Ensino Fundamental Prof. Celso Thompson Estagiário: Felipe Macedo Outubro de 2013 A União das Coroas Ibéricas e as Invasões holandesas no Brasil Antecedente: a Europa na época das Grandes Navegações - Nessa época, a Europa era muito diferente do que é hoje. Os países e as fronteiras não existiam como conhecemos hoje em dia. Os territórios eram muito fragmentados, divididos em pequenas unidades (feudo), que tinham certa autonomia para se governar. Esses pequenos territórios muitas vezes sofriam pressões de outros maiores, correndo o risco de deixar de ser autônomos se incorporados por outra dinastia . 1

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Colégio Pedro II – Humaitá II6º ano – Ensino Fundamental

Prof. Celso ThompsonEstagiário: Felipe Macedo

Outubro de 2013

A União das Coroas Ibéricas e as Invasões holandesas no Brasil

Antecedente: a Europa na época das Grandes Navegações

- Nessa época, a Europa era muito diferente do que é hoje. Os países e as fronteiras não existiam como

conhecemos hoje em dia. Os territórios eram muito fragmentados, divididos em pequenas unidades (feudo),

que tinham certa autonomia para se governar. Esses pequenos territórios muitas vezes sofriam pressões de

outros maiores, correndo o risco de deixar de ser autônomos se incorporados por outra dinastia.

- Aos poucos, (principalmente ao longo dos séculos XV e XVI) alguns reis conseguiram concentrar o poder

em suas mãos formando monarquias absolutas, como foi o caso de Portugal, Espanha, França e Inglaterra,

por exemplo. Essa concentração de poder se dava ou através de guerras ou por uniões entre diferentes

dinastias através de casamentos arranjados.

Europa em 1400

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- Os países ibéricos (Portugal e Espanha) passaram por esse processo de centralização do poder

antes de outras monarquias, o que contribuiu para que se dedicassem ao comércio marítimo de

longa distância (grandes navegações), formando um império colonial ultramar, que lhes garantia

uma importante fonte de lucro.

União Ibérica (1580-1640)

- D. Sebastião (foto) era rei de Portugal e morreu no

Marrocos, em 1578, onde o país tinha algumas

possessões. Em seu lugar assumiu o cardeal D.

Henrique, seu tio-avô, que morreu dois anos depois

também sem deixar herdeiros. Surgem diversos

candidatos ao trono português, ligados de alguma forma

à família real, dentre eles, Filipe II, Rei da Espanha, era

o mais poderoso.

Imagem 1: D. Sebastião I de Portugal, de Alonso Sánchez

Coello (1575)

- Filipe II era da Casa dos Habsburgos,

importante família de nobres da Europa de

origem austríaca, mas que, através de

casamentos “políticos” e conquistas militares

foram adquirindo vastos territórios sob seu

domínio, inclusive a Espanha e todo seu

território colonial, herdada a partir de

matrimônios (casamentos), como podemos ver

na Árvore Genealógica. Dentre outros territórios

sob seu domínio, destaca-se a Sardenha, os

reinos de Nápoles e Sicília, o Franco Condado e

os Países Baixos, um território muito rico

devido a forte atividade comercial e produção

têxtil.

Imagem 2: D. Filipe II de Espanha, de Ticiano

Vecelli (1551)

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- Em 1580, D. Filipe II invade Lisboa para garantir que

herdará o trono derrotando os outros candidatos, tornando-

se também D. Filipe I de Portugal. Com isso, Portugal e

Espanha ficam sob a autoridade do mesmo monarca,

caracterizando a chamada União das Coroas Ibéricas.

- Nesse processo, Portugal herda os numerosos inimigos

dos Habsburgos, que temiam ser também dominados por

essa poderosa dinastia, ou lutavam contra seu domínio,

como é o caso dos Países Baixos, território também

anexado por meio de heranças e aliados de longa data dos

portugueses. Diferente de seu pai, Carlos V, que dava certa

autonomia para a região, Filipe II quis impor a religião

católica e reduziu as liberdades administrativas dos Países

Baixos, que se juntam como unidade política formando as

Províncias Unidas dos Países Baixos, sob um governo de

nobres e grandes mercadores.

Árvore Genealógica de Filipe II

O Império Habsburo3

Imagem 3: Brasão de Armas de Filipe II após a anexação de Portugal

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Mapa 2: O Império Habsburgo

Territórios pertencentes a Filipe II no início da União Ibérica

Mapa 3: Territórios de Filipe II ao redor do mundo

Invasões Holandesas no Brasil

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- A Holanda (Países Baixos), até então, tinha sido parceira comercial de Portugal, sendo a maior

distribuidora do açúcar brasileiro na Europa e também a principal refinadora de açúcar em território

Europeu. Com a anexação, o comércio de Portugal com a Holanda foi proibido, pois Filipe II

determinou que nenhum navio holandês poderia comercializar nos portos sob seu domínio. A Holanda,

então, volta-se para o comércio com o Oriente, através da Companhia das Índias Orientais (1602).

Devido ao sucesso dessa primeira, cria-se a Companhia das Índias Ocidentais (1621), aos moldes da

primeira, mas para operar no Oceano Atlântico e esta última decide por tomar as zonas produtoras de

açúcar na América (nordeste brasileiro) e feitorias de escravos na África (Angola).

- Após uma tentativa fracassada de

conquistar Salvador em 1624-25, os

holandeses, através da Companhia

das Índias Ocidentais (W.I.C. – sigla

em holandês), tentam uma segunda

expedição, dessa vez mais numerosa

e visando conquistar Pernambuco

(1630). Apoiados por alguns nativos

e luso-brasileiros, conseguem vencer

a resistência e instalam um governo

sob o comando W.I.C..

Mapa 4: O domínio holandes no

Brasil

- Em 1637, a W.I.C. envia o conde alemão Maurício de Nassau para

administrar a nova colônia holandesa, após um primeiro período

conturbado, de muitos combates com colonos e, consequentemente,

de muitos gastos militares. Nassau traz consigo vários artistas e

cientistas no intuito de conhecer bem a região para poder melhor

administrá-la. O conde também consegue cada vez mais aliados

dentre indígenas e colonos luso-brasileiros, pois garantia

empréstimo para os senhores de engenho e fez diversas obras de

melhoria em Recife, além de garantir liberdade religiosa.

Imagem 5: Maurício de Nassau, de V. Miereveld (1637)

Foto aérea atual e mapa de Recife da época do século XVII

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Imagem 6: Foto aérea de

Recife (Google Maps)

Imagem

7: Mapa

de Recife

da época

da

ocupação

holandesa

- Com o

fim da

União

Ibérica

em 1640,

por uma

guerra

que leva a

dinastia de Bragança ao poder, Portugal decreta o fim do conflito com a Holanda, o que não

significou o fim da ocupação holandesa, afinal, esta era feita por uma companhia comercial, a

W.I.C.. Entretanto, agora os luso-brasileiros tinham um monarca português, não eram mais

dominados pela Espanha, o que gera certo desconforto com os holandeses.

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- A situação dos holandeses se complica cada vez mais, pois os senhores de engenho (responsáveis

pela produção) se endividaram com os comerciantes (em sua maioria holandeses) e eles tinha

interesses bastante diferentes. A partir de 1645, começam a eclodir diversas rebeliões,

principalmente em Pernambuco, contra o domínio holandês. Os holandeses, que já não tinham mais

muitos recursos, foram proibidos de comercializar em portos ingleses devido ao Ato de Navegação

de Oliver Cromwell (1651).

- Ao entrar em guerra naval com a Inglaterra, a Holanda “esquece” do Brasil, ao mesmo tempo em

que Portugal envia reforços militares para Pernambuco (1653) com auxílio dos ingleses. Por fim, os

luso-brasileiros expulsam de vez os holandeses em 1654, mas só é reconhecida a perda do território

pela Holanda em 1661, sob o pagamento de indenização por parte dos portugueses.

“ Vista de Recife e seu Porto”, pintura de Gillis Peeters (1637).

Colégio Pedro II – Humaitá II

Atividade “União Ibérica e Invasões Holandesas” - Prof. Celso Thompson

Estagiário Felipe Macedo Turma 702

Aluno: No:

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Aluno: No:

Aluno: No:

Leia o texto abaixo e responda o que for pedido:

“Estando a Companhia das Índias Ocidentais em perfeito estado, ela não pode projetar coisa melhor e mais necessária do que tirar ao Rei da Espanha a terra do Brasil, apoderando-se dela. As razões para isso são muitas, de várias espécies e óbvias, das quais citarei apenas aquelas que, conforme a minha opinião, forem mais importantes.

Porque este país é dominado e habitado por duas nações ou povos, isto é, brasileiros e portugueses, que no momento são totalmente inexperientes em assuntos militares e, além disto, não têm prática nem coragem de defendê-la contra o poderio da Companhia das Índias Ocidentais, podendo ser facilmente vencidos [...]

Embora a terra do Brasil seja maior do que toda a Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, Escócia, Irlanda e os dezessete Países Baixos juntos, e embora os portugueses se tenham fixado em umas boas quatrocentas milhas, ao largo das costas marítimas, sendo eles milhares em número, contudo há apenas dois lugares mais importantes do mesmo país, isto é, Bahia e Pernambuco. [...]

Desta terra do Brasil podem anualmente ser trazidas para cá e aqui vendidas ou distribuídas sessenta mil caixas de açúcar. Estimando-se as mesmas, anualmente, em uma terça parte de açúcar branco, uma terça parte de açúcar mascavado e uma terça parte de açúcar de panela, [...] descontando-se doze florins de carga e de pequenas despesas por cada caixa, ter-se-ia um lucro de, aproximadamente, cinqüenta e três toneladas de ouro.

As mesmas sessenta mil caixas de açúcar custam no Brasil, [...] as trinta e cinco toneladas de ouro, que a Companhia das Índias Ocidentais poderá pagar, em sua maior parte, com mercadorias, lucrando com

isto, ao menos trinta por cento e podendo, ainda, vender bem as suas mercadorias com trinta por cento de vantagem sobre os preços de Portugal costuma cobrar. Donde resulta que a Companhia terá, ainda, um lucro anual de dez toneladas de ouro.

O pau-brasil, que compete anualmente ao Rei de Espanha, vale uma tonelada de ouro livre, livre de despesas. [...]

De outras diversas mercadorias, como tabaco, gengibre, xaropes, doces, etc., a Companhia tirará, anualmente, um lucro de três a quatro toneladas de ouro.

Da comunidade aí residente, a Companhia das Índias Ocidentais poderá tirar, anualmente, com o emprego de bons métodos, cuja enumeração aqui é desnecessária, pelo menos três a quatro toneladas de ouro.

Os dízimos dos bens que o clero possui valem, também, anualmente, três a quatro toneladas de ouro.

Todas as terras e rendas confiscadas do Rei e do clero deverão produzir anualmente umas três a quatro toneladas de ouro.

Tudo isso junto importa em cerca de setenta e sete toneladas de ouro, que a Companhia das Índias Ocidentais poderá tirar anualmente destas terras. Deduzindo-se desse total as despesas anuais para a guerra tanto no mar como na terra, a fim de manter em sujeição tais lugares e defendê-los contra o Rei da Espanha, as quais importarão aproximadamente em vinte e sete toneladas de ouro, resta ainda para a Companhia um lucro anual de cinquenta toneladas líquidas de ouro, obtido com emprego de capital menor que a quantia [...]”

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Jan Andries Moerbeck, Motivos por que a Companhia das Índias Ocidentais deve tentar tirar ao Rei da Espanha a terra do Brasil (1624). In:

Documentos do Brasil Colonial, São Paulo: Ática, 1993. p. 92-96.

1) Cite dois motivos apresentados pelo autor para a Companhia das Índias Ocidentais invadir o Brasil.

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2) Qual a maior fonte de lucro produzida no Brasil? Cite outras duas.

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3) Por que, segundo o autor, há apenas dois lugares importantes no Brasil: Pernambuco e Bahia?

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4) Explique como podemos relacionar a União das Coroas Ibéricas com a invasão do nordeste brasileiro por

parte dos holandeses da Companhia das Índias Ocidentais.

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