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CENTRO UNIVERSITÁRIO-UNIFMU CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Idenificação dos sintomas de “stress” pré-competitivo em atletas infanto- juvenis de voleibol do sexo masculino Thales Barbin número:42 2003-Turma:1424-B Trabalho de Conclusão de Curso Valéria Santos de Almeida Laércio Elias Pereira São Paulo-17/09/2003

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CENTRO UNIVERSITÁRIO-UNIFMU

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Idenificação dos sintomas de “stress” pré-competitivo ematletas infanto- juvenis de voleibol do sexo masculino

Thales Barbinnúmero:42

2003-Turma:1424-B

Trabalho de Conclusão de CursoValéria Santos de Almeida

Laércio Elias Pereira

São Paulo-17/09/2003

RESUMO

Os sintomas de “stress” em atletas infanto-juvenis podem nfluenciar muito no

rendimento esportivo pois a criança-atleta não tem o discernimento e controle sobre

certos sintomas.Os pais e os treinadores muitas vezes são os principais

responsáveis da criança-atleta apresentar um número significativo de sintomas ou

absorver com naturalidade os sintomas que vierem a aparecer.Objetivo: O presente

estudo teve como objetivo identificar os sintomas mais frequentes à qual as crianças

apresentam em um período de 24 (vinte e quatro) horas antecedentes à competição.

Metodologia: O estudo teve por base 12 atletas infanto-juvenis com média de idade

de 17,33 anos, do sexo masculino da modalidade de voleibol.A frequência de

treinamento semanal variou de 3 a 5 vezes por semana e carga horária de

treinamento variando de 2 a 4 horas semanais. Foi utilizado o questionário de DE

ROSE (1996) denominado “Lista de Sintomas de Stress Pré-Competitivo Infanto

Juvenil”, que consta de 31 sintomas divididos e numeradas (de 1 a 5) em

categorias,que são: 1-Nunca; 2-Poucas vezes; 3-Algumas vezes; 4-Muitas vezes; 5-

Sempre. Foram considerados os sintomas apresentados pelas crianças-atletas, para

identificação dos mais frequentes, os com numeração de 3 (Algumas vezes) ao 5

(Sempre). Resultados: Os resultados dos mais citados em percentual foram: “Fico

preocupado com o resultado da competição” (58,33%); “Bebo muita água” e “Fico

empolgado” (50%); “Suo bastante” (41,67%); “Falo muito sobre a competição” e

“Tenho medo de decepcionar as pessoas” (33,33%); “Demoro muito para dormir”,

“Sinto muito cansaço ao final do treino”, “Tenho medo de perder” e “Não vejo a hora

de competir” (25%). Conclusão: Pode-se concluir nesse estudo que os sintomas

mais frequentes de “stress” pré-competitivo, em atletas infanto-juvenis praticantes de

voleibol do sexo masculino foram, em ordem de incidência: “Fico preocupado com o

resultado da competição”, “Bebo muita água” e “Fico empolgado”, “Falo muito sobre

a competição” e “Tenho medo de decepcionar as pessoas”, “Demoro muito para

dormir”, “Sinto muito cansaço ao final do treino”, “Tenho medo de perder” e “Não

vejo a hora de competir”.

Unitermos: “Stress”, competição, Esporte infanto-juvenil

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SUMÁRIO

Resumo……………………………………………………………………………………….2

1 Introdução......................................………………………………………………..…….5

1.1 Definição do problema………………………………………………………………....5

1.2Justificativa.................................................................………….……..………....….5

1.3Objetivo..........................................................................……….…………………...6

2 Revisão de Literatura……………………………………………….…………………….7

2.1 Esporte.................................................................................……………........…...7

2.1.1 Definição.....................................................................................………………..7

2.1.2Esporte Rendimento- Competitivo...............................................………………..8

2.1.3Processo Competitivo................................................................………………..11

2.1.4Causas de êxito e fracasso no esporte..........................................…………….12

2.1.5Esporte infanto- juvenil..............................................................………………..13

2.1.5.1 Participação da criança e do jovem no esporte

competitivo………………………..………………………..........................................….13

2.1.5.2 Definição...........................................................................……………………14

2.1.5.3 Idade ideal para iniciar em competições

esportivas..........................................................................……………………………..15

2.1.5.4 Por que crianças participam de esportes

competitivos?.....................................................................…………………………….16

2.1.5.5 Incentivo para a prática esportiva......................................…………………..16

2.1.6Esporte Coletivo.........................................................................………………..17

2.1.6.1 Psicologia esportiva no esporte

coletivo...........................………………………………………………..…………………18

2.1.6.1.1 Aspectos individuais....................................................……………………..18

2.1.6.1.2 Aspectos coletivos ou em

grupos...............................………………………………………….……………………..18

2.1.6.2 Configurando o processo do intercâmbio

comportamental das equipes..............................................……………………………19

2.1.7 Definição de voleibol.................................................................………………..20

2.2Psicologia do esporte.........................................................................……………21

2.2.1 Definição...........................................................................………………..........21

2.2.2 Psicologia do esporte X Prática esportiva..................................………………23

2.2.3 Aspectos Psicológicos..............................................................………………..23

2.2.3.1Comportamento.................................................................……………………23

2.2.3.2 Motivação.........................................................................……………………26

2.2.3.3 Personalidade....................................................................…………………..27

2.2.3.4 Emoção.............................................................................…………………...29

2.2.3.5 Atenção.............................................................................…………………...29

2.2.4 Stress........................................................................................………………..30

2.2.4.1 Definição..........................................................................…………………….30

2.2.4.2 Causas..............................................................................……………………30

2.2.4.3 Componentes de stress....................................................……..…………….31

2.2.4.4 O stress fisiológico............................................................……………………31

2.2.4.5 Stress no esporte competitivo............................................…………………..32

2.2.4.6 “Stress” X Competição infantil..........................................……………………33

3 Métodos….............................................................................................………..…..35

3.1Amostra............................................................................................…………..…35

3.2 Procedimentos...................................................................................…………...35

3.3 Análise dos dados.............................................................................…………...35

4 Resultados e

Discussão..............................................................................................……………...36

4.1 Resultados……………………………………………………………………………..36

4.2 Discussão………………………………………………………………………………37

5 Conclusão………………………………………………………………………………...40

6 Referências Bibliográficas....................................................................………........41

7 Anexo ......................................................................................................………….45

1.Introdução

1.1Definição do problema

O “stress” hoje em dia está presente em quase todas as grandes cidades e em

inúmeros locais de convívio social. Atualmente há muitas informações sobre os

sintomas e a prevenção de “stress” em adultos e, a consciência de que é prejudicial à

saúde.

A prática de atividades físicas como modo de lazer e de desviar os

pensamentos do trabalho diário, causando um bem-estar extremamente benéfico, é

um dos aspectos mais citados pelos mais diversos especialistas para amenizar os

sintomas de “stress”.

No entanto, pouco se divulgam a respeito do “stress” na vida de um atleta, em

especial de crianças atletas, que praticam atividades físicas como um trabalho

quase que sempre diário.

As situações causadoras de “stress” mais comuns nas crianças- atletas são a

distância dos familiares, viagens, sessões exaustivas de treinamento, jogos, pressão

de torcida e principalmente dos pais, compromisso de obter resultados positivos,

saber tirar proveito das derrotas e falta de tempo livre.

Nessas situações os pais e técnicos são os principais responsáveis para

evitar os excessos de “stress” na criança- atleta.

1.2Justificativa

O “stress” afeta não só o desempenho esportivo do atleta, como também sua

relação com as pessoas de seu convívio, já que a criança não consegue discernir

essas situações em sua vida. Portanto, identificar os sintomas de “stress” será o

primeiro passo para que haja uma intervenção por parte dos pais, técnicos e amigos

a fim de minimizar seus efeitos e promover uma melhora no seu rendimento.

Quanto antes os atletas infanto- juvenis conseguirem esse controle, menos

problemas e melhor desempenho (esportivo e social) terão no futuro.

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Para um melhor resultado esportivo, os treinadores poderão consultar

pesquisas e resultados obtidos mediante estudos práticos.Esses treinadores,

identificaram sintomas mais frequentes de “stress” em atletas infanto-juvenis com

intuito de um maior conhecimento individual e melhora do desempenho do atleta na

modalidade específica.

1.3Objetivo

O objetivo deste estudo foi identificar os sintomas mais frequentes de “stress”

em atletas infanto- juvenis da modalidade de voleibol na fase pré competitiva.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Esporte

2.1.1 Definição

Para a palavra esporte podem se dar inúmeros significados, foi identificado

como esporte palavras como: atividade física institucionalizada, competição, jogo,

exercício intenso, lúdico, luta, forma distorcida de brincar e brincadeira organizada.

(FREITAS, 1992 citado por DE ROSE JÚNIOR, 1996)

Para DE ROSE JÚNIOR (1996) o esporte pode se dar tanto por uma simples

caminhada como jogar futebol com os amigos em um final de semana, o trabalho

"por esporte" seria um trabalho em que a pessoa não estaria com uma obrigação de

fazê-lo e sim por simples prazer. Um bom esportista seria aquela pessoa que

acompanha o esporte através de meios de comunicação, sem mesmo estar

praticando.

O surgimento do esporte ocorreu após a Revolução Industrial quando

pessoas de classes sociais mais humildes passaram a adotar essa prática de

atividade física pelo excesso de tempo livre. BETTI(1993), citado por DE ROSE

JÚNIOR (1996).

DE ROSE JÚNIOR (1996) classifica esporte como uma pratica esportiva que

requer regras estabelecidas envolvendo competições e baseada em uma

modalidade esportiva.

A lei brasileira número 8672 de 06 de julho de 1993, artigo terceiro define e

diferencia esporte como:

-Esporte Educação: tem base na escola e que visa o desenvolvimento

integral do indivíduo e a formação para a cidadania e o lazer, evitando a seletividade

e hipercompetitividade;

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-Esporte Participação: manifestação voluntária, baseada nas práticas das

modalidades esportivas visando contribuir para a integração dos participantes na

vida social, promoção de saúde e educação na prevenção do meio ambiente;

-Esporte Rendimento: Envolvendo as atividades com caráter competitivo,

com a finalidade de obter resultados,sujeitando-se às regras pré-estabelecidas pelos

organismos nacionais e internacionais de cada modalidade esportiva.

Segundo BRANDÃO (1993) os esportes necessitam de participações

nacionais e internacionais, com muitas variedades entre esses esportes.

MACIEL (1988), citado por DE ROSE JUNIOR (1996), afirma que "ideologias

políticas e planos governamentais como forma de aprimoramento cultural e físico

dos indivíduos" se dá a grande parte pelo esporte que cada nação pratica.

Dados da "Olympic Review-International Olympic Comitee-october/1992",

citado por DE ROSE JÚNIOR (1996) mostra um grande desenvolvimento da prática

esportiva mundial entre as Olimpíadas de Seul (1988) e Barcelona (1992) com um

aumento de 50% dos atletas participantes.

DE ROSE JÚNIOR (1996) atribui esse aumento ao acesso de grande parte da

população mundial à meios de comunicação de massa, em que houve influência dos

atletas em jovens do seu modo de competir, agir e até de se vestir.

Para o presente estudo, enfocaremos mais profundamente a categoria de

esporte rendimento que também é conhecido por esporte competitivo ou de

competição.

2.1.2Esporte Rendimento-Competitivo

Para MCPHERSON et al (1989), citado por DE ROSE JÚNIOR (1996), a

participação dos atletas nas modalidades esportivas é motivada por fatores

intrínsecos e extrínsecos que demanda grande esforço físico e uso de habilidades

motoras relativamente complexas.

Segundo DESCHAMPS (2002) o atleta necessita de assiduidade e empenho

para ser um bom competidor e superar "níveis de exigência técnica, táticas, físicas e

psicológicas para competir e ter êxito em uma carreira esportiva.

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SAMULSKI (1992) completa afirmando que para que o atleta obtenha êxito

deve possuir "liderança, dominância, extroversão e perseverança".

As competições esportivas exigem dos atletas uma preparação física, tática

especial e técnica mediante treinamento prolongado e sistemático assimilando e

aperfeiçoando determinados hábitos motores e desenvolvendo as variáveis

necessárias para a prática do esporte em questão: força, velocidade, agilidade,

resistência, flexibilidade, entre outros. Esse tipo de treinamento requer qualidades

psíquicas para, por exemplo, treinar um fundamento dezenas, centenas e até

milhares de vezes por anos a fio sem perder a motivação. (BRANDÃO , 1993).

A competição pode ser classificada pelo desejo de superação do próprio

rendimento e de outros em qualquer de suas expressões. ( DE ROSE JÚNIOR,1996

cita MORENO ,1994).

ARAUJO, citado por FERNANDES et alli (1991) e DE ROSE JÚNIOR (1996),

define esporte competitivo como a obtenção do melhor resultado para que se

expresse uma qualidade superior, constituindo-se em uma última etapa da prática

desportiva.

FECHIO et alli (1997) definem que a competição exige do atleta uma

preparação adequada e muito sacrifício para que possa atingir seu objetivo final, é a

grande vitrine para mostrar quem é ou quem são os melhores.

Competir sugere a busca de um determinado objetivo e o empenho que o

indivíduo faz para atingir sua meta. Indivíduos e grupos podem ter metas

semelhantes e competição pode ser entendida por rivalidade e confronto. (DE ROSE

JÚNIOR , 1996)

MARTENS et al (1990), citados por DE ROSE JÚNIOR (1996), definem

competição como um processo que envolve uma série de fatores cujo desempenho

de uma pessoa é comparado com algum padrão já existente, na presença de, pelo

menos, outra pessoa que conheça os critérios para a comparação e que possa

avaliar o processo.

Segundo SAMULSKI et al (1998), citados por DESCHAMPS (2002), dizem

que o rendimento nos atletas são diferentes quando se comparados em períodos de

treinamento e de competição.

Neste estudo encontram as seguintes situações:

9

-Atletas que apresentam o mesmo nível de rendimento no treinamento e na

competição;

-Aqueles atletas que apresentam menor rendimento no treino do que nas

competições, em geral são os atletas mais experientes que não se esforçam muito

nos treinos;

-Atletas com variação grande no desempenho tanto no treinamento como na

competição, esses atletas são imprevisíveis oscilando entre momentos bons e ruins;

-E atletas que tem melhor desempenho nos treinos do que nos jogos.

O que se observa é a falta de frequência e empenho por parte de alguns

atletas nos treinamentos, não parecendo ter muita importância no resultado pelas

suas visões. Também se encontra uma grande resistência por parte dos atletas para

o trabalho da preparação psicológicas no sucesso e na busca de objetivos para a

competição.

Para CLARKSON (1999), citado por DESCHAMPS (2002), para os técnicos o

sucesso de uma equipe consiste em quatro fatores: habilidade motora, treinamento

físico, treinamento mental, desejo ou energia. As percentagens de cada fator por

atleta varia, muitos psicólogos afirmam que o desejo, a paixão e a ambição são

fatores que separam competidores com o mesmo nível técnico ou até melhores.

Em competições de contato ou envolvimento maior em campeonatos o

jogador tem de estar preparado para se alinhar, para se questionar, testar a atenção

aos níveis de habilidades e desempenho estendendo seus limites e serão

sentimentos instintivos de ansiedade onde o ego deverá se defender. As pressões

externas também se fazem presentes através dos técnicos, árbitros, patrocinadores

e familiares e sentimentos internos de respeito aos adversários e rivais.

DESCHAMPS (2002)

DESCHAMPS (2002) cita ainda que atletas de elite sentem uma necessidade

forte de evidenciar-se, de defender seu orgulho, o ego ou sua auto-estima; fatores

que podem vir da genética de cada um, do mundo dos esportes, da sua infância ou

dos três em combinação.

10

2.1.3Processo Competitivo

Para um bom entendimento sobre o processo competitivo há uma referência

do modelo conceitual de competição desenvolvido por MARTENS (1977) e

aperfeiçoado por MARTENS et alli (1990) citado por DE ROSE JUNIOR (1996),

demonstrado na figura:

SCO

Atitudes

CON Personalidades SCS

Motivos

Capacidades

RES

A competição é composta por quatro componentes que se interrelacionam e

influenciados pelas qualidades pessoais (Q. P.) que são características próprias das

pessoas: atitudes, personalidades, motivos e capacidades/ habilidades.

-Primeiro componente: Situação Competitiva Objetiva ( SCO ), consiste em

qualquer estímulo objetivo do meio competitivo. São determinadas pelo que o

indivíduo deve fazer para obter uma consequência favorável quando comparado a

um padrão (nível de desempenho idealizado, estratégia para enfrentar os

adversários).

-Segundo componente: Situação Competitiva Subjetiva (SCS), são as

situações objetivas interagindo com fatores intrapessoais, é a interpretação que o

atleta tem da Situação Competitiva Objetiva.

-Terceiro componente: Resposta (RES), é a união dos dois primeiros

componentes com os fatores intra-pessoais. Segundo GILL (1986) essas respostas

podem ser: Fisiológicas- quando há um aumento da frequência cardíaca, sudorese

excessiva, aumento da pressão arterial, etc.Psicológicas- alto nível de “stress” e

ansiedade, diminuição do nível motivacional, agressividade, etc.

11

Comportamentais- desempenhar bem ou mal a atividade, distúrbios do apetite,

insônia, etc.

-Quarto componente: Consequência (CONS), é a resposta se interagindo com

os fatores intra-pessoais, servem de “feedback” para orientação de novos

comportamentos e dependendo da intensidade das respostas poderá gerar

enfrentamento ou fuga, mudanças de comportamento e até mudanças nos fatores

intra-pessoais.

Com base nesses quatro componentes mais a ação dos fatores intra-pessoais

pode-se entender a competição como um processo complexo, e que exige do atleta

requisitos fundamentais para a obtenção do sucesso desejado, e que muitas vezes

podem levá-los a vivenciar situações causadoras de “stress” que poderão afetar

significativamente seu desempenho. (DE ROSE JÚNIOR,1996)

2.1.4Causas de êxito e fracasso no esporte

WEINER(1980), citado por DESCHAMPS (2002), citam algumas causas de

êxito e fracasso no esporte:

Com base em atribuições de habilidades-Situações:

1-Número de êxitos obtidos;

2-Percentagens de êxitos;

3-Atuações esportivas “perfeitas”;

4-Resolução com êxito de tarefas difíceis;

Com base nas atribuições ao esforço-Situações:

1-Resultados obtidos, atuação conseguida;

2-Tensão muscular percebida, grau de transpiração;

3-Persistência na tarefa;

4-Relação entre a atuação e a importância da meta pessoal;

12

Com base nas atribuições à dificuldades da tarefa-Situações:

1-Características objetivas da tarefa;

2-Normas pessoais sobre o que é “difícil” e “fácil”;

3-A comparação com os outros;

4-A comparação consigo mesmo;

Com base nas atribuições à sorte-Situações:

1-Características objetivas da tarefa;

2-Resultados incontroláveis;

3-Incongruência entre resultados anteriores e conseguidos;

4-Resultado estranho ou totalmente inesperado.

2.1.5Esporte infanto-juvenil

2.1.5.1Participação da criança e do jovem no esporte competitivo

Segundo RYAN (1988), citado por DE ROSE JÙNIOR (1996), na Grécia

Antiga já se tinha conhecimentos de participação de crianças e jovens em

competições.

Para DE ROSE JÙNIOR (1996) o número de crianças-atletas ou que, pelo

menos pratiquem algum tipo de esporte competitivo, deve sempre aumentar devido

à divulgação do esporte por todo o mundo e pela falta de atividades informais nas

grandes cidades, o que aumenta a procura de crianças em participar de atividades

esportivas em clubes, escolinhas de esportes e centros esportivos.

Um enorme número de crianças aparece para aprender algum esporte e,

talvez, chegar a ser um atleta de alto nível.

O esporte competitivo compara o desempenho da criança com outra ou com

ela própria, aparecendo a auto-crítica e questionamentos sobre suas capacidades.

As crianças mais hábeis podem seguir de modelos para crianças que não

tem o mesmo desempenho esportiva.

13

Há também o fato de duas equipes terem diferentes aproveitamentos durante

uma partida ou competição, se uma equipe vencer com certa facilidade uma outra,

esse fato não aumentará a auto-estima da equipe vencedora. Por outro lado a

equipe perdedora fica abalada e se sente humilhada.

Isso fica bem claro com investimentos de certos países com alto índice de

sucesso em diversos tipos de esportes onde as crianças desde cedo já tem o

incentivo de praticar o esporte que mais se identifica.

DE ROSE JÚNIOR (1996) afirma que a participação de crianças e jovens

em atividades esportivas de competição se dá ao fato de serem tratadas como uma

visão de adultos do esporte, deixando de lado suas capacidades e limites dos atletas

infanto-juvenis.

2.1.5.2Definição

Para DE ROSE JÚNIOR (1996) é muito difícil definir esporte infanto-juvenil

pelo fato de ter critérios variados até nas fases do desenvolvimento tais como: idade

cronológica, idade biológica, maturação sexual e nível de desenvolvimento cognitivo.

RYAN (1988), citado por DE ROSE JÚNIOR (1996), afirma que, segundo a

idade cronológica, infantil se refere ao período do nascimento até os 12 ou 13 anos

de idade.

DORIN(1978) e GALLAHUE (1989), citados por DE ROSE JUNIOR (1996),

colocam infância como o período até os 10 ou 11 anos. DE ROSE JUNIOR(1996)

menciona PIAGET (1978) que afirma infância seria dos 2 aos 12 anos de idade e a

divide em: primeira infância dos 2 aos 7 anos e segunda infância (fase escolar) dos

7 aos 12 anos.

O ideal seria não só se basear na idade cronológica, mas ter um equilíbrio

entre as quatro fases do desenvolvimento já citadas. DE ROSE JÚNIOR (1996)

afirma que há variações decorrentes de ordem biológica, psicológica e social que

determinarão os estágios de maturação e desenvolvimento da criança influenciando

nos estágios motores, inclusive a nível esportivo.

DE ROSE JÚNIOR (1996) cita que para o meio esportivo somente a idade

cronológica é levada em conta já que categorias são definidas através dessas

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idades, não considerando os outros fatores.

COACKLEY(1987) e LIMA (1987) são mencionados por DE ROSE JÚNIOR

(1996) para definir o esporte infanto-juvenil como atividade esportiva, com caráter

competitivo, onde se é considerado o esporte praticado por crianças e jovens com

faixa etária entre 10 e 14 anos que são organizadas, programadas e controladas

por adultos, onde há a formação de equipes e entidades, com realização de torneios

e campeonatos cuja finalidade é se apurar um vencedor.

2.1.5.3 Idade ideal para iniciar em competições esportivas

Como se percebeu no item acima, é muito variável encontrar uma idade ideal

para o início da prática esportiva de competição.

Estudos de MARTENS (1986), ROBERTSON (1986) e BRUSTAD (1989),

mencionados por DE ROSE JÚNIOR (1996), apontam crianças de até 3 anos

participando de atividades esportivas competitivas nos Estados Unidos da América

do Norte, Austrália e países desenvolvidos da Europa. A média é de 11 anos e, para

alguns esportes, essa média cai para 6 anos.

Apesar de não se ter uma idade fixa para início, duas modalidades limitaram a

idade inicial: o tênis não pode ser praticado como competição por crianças menores

de 16 anos e, a ginástica olímpica por menores de 12 anos para qualquer tipo de

campeonato.

Para ARENA (1998), a literatura considera a faixa etária por volta dos 12 anos

como sendo a mais indicada para que a criança comece a participar de um

treinamento específico e, em consequência disso, a participar de eventos esportivos.

TANI et alli (1994), citados por DE ROSE JÚNIOR (1996), afirma ter duas

linhas de pensamentos onde autores se dividem quanto a participação das crianças

em competições. Uma defende justificando que a presença de crianças em idades

precoces traz subsídios para a formação de uma personalidade sólida, da melhoria

das condições físicas e do desenvolvimento de uma noção de competitividade

presentes em muitos momentos de sua vida. A outra afirma que a precocidade pode

trazer sérios problemas de saúde, além de efeitos psicológicos negativos que

interferiram no seu desenvolvimento moral.

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Para DE ROSE JUNIOR(1996), que cita GALLAHUE (1989) as crianças

devem ser expostas em competições esportivas progressivamente e conforme suas

necessidades e interesses, já que a competição esportiva é tratada como uma

experiência para obter grandes responsabilidades.

Já PIAGET (1978),citado por DE ROSE JUNIOR (1996), chama a atenção

que crianças podem se tornar um competidor inseguro perdendo todo o interesse

em praticar alguma atividade esportiva, criando cicatrizes irreversíveis.

2.1.5.4 Por que crianças participam de esportes competitivos?

Para DE ROSE JÚNIOR (1996) a competição infanto-juvenil trará benefícios

pois se iteragem com companheiros de equipe, adversários, técnicos, pais, árbitros

e espectadores. Além de ser uma oportunidade de se buscar e desenvolver

capacidades e habilidades, autonomia, responsabilidade, controle emocional,

ajustamento social, etc. A competição não é algo para mostrar aos outros se são

melhores ou não, e sim, para uma auto-afirmação dentro de um grupo.

PASSER(1982) e PASSER (1988), são citados por DE ROSE JUNIOR

(1996), onde destaca: necessidades de afiliação, desenvolvimento de habilidades e

capacidades físicas, diversão, obtenção de sucesso e “status” social, gasto de

energia e influência dos pais e amigos.O autor ainda cita que a competição

proporciona um preparo da criança para lidar como um cidadão participante de uma

sociedade moderna, demonstrando e comparando suas habilidades e capacidades

atléticas e motoras.

2.1.5.5Incentivo para a prática esportiva

A cultura influencia nos padrões de comportamentos, crenças e normas de

modo positivo ou negativo. Cada indivíduo adota posturas consideradas aceitáveis

por seu grupo religioso, étnico e social. (CAVASINI & MATSUDO,1980).

Esses autores afirmam que o comportamento das crianças é dado por

características de personalidade advindas dessas culturas juntamente com a

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convivência familiar onde se terão comportamentos nos diversos modos de vida.

No esporte as crianças tendem a seguir seus pais no modo de vida assim,

filhos de pais esportistas têm uma chance maior de serem esportistas do que filhos

de pais que não são esportistas.

2.1.6Esporte coletivo

Para SIMÕES et alli (1993) o esporte coletivo é somente uma “extensão

expressiva de procedimentos técnicos e táticos”.

TURNER (1984), citado por SIMÕES et alli (1993), cita três consensos na

psicologia social que são fundamentais para membros de uma equipe: critério da

identidade social, critério de interdependência e critério da estrutura social dos

grupos.

Segundo TAJFEL (1984) citado por SIMÕES et alli (1993),atitudes

interpessoais positivas não são necessárias para a formação de um grupo, a coesão

social como resultado e não pré requisito é extremamente necessária.

O convívio diário entre atletas de uma mesma equipe pode causar

divergências no modo de pensar e agir de cada um, causando situações conflitivas e

prejudicando o desempenho individual e coletivo.

Segundo SISTO E GRECO (1995), a atividade coletiva nos jogos coletivos

está constituída por inúmeras ações motoras. Os autores citam HACKER (1978),

que define ação como sendo a menor unidade psicológica da atividade exercida

voluntariamente. Nos jogos esportivos coletivos, a ação representa uma forma de

expressão do comportamento. Ela é indispensável para a solução do problema em

situação de jogo.

Para TURNER (1984), citado por SIMÕES et alli (1993), a unificação de um

grupo se dá pela função de cada indivíduo no meio, além de outras características

como traço de personalidade e emoções.

SIMÕES et alli (1993) cita SIMÕES (1973) onde o autor diz que a dinâmica de

um determinado grupo são as localizações e descobertas motivacionais formal e

informal. A divisão formal se ampara nas divisões de funções e é extremamente

mensurável enquanto a informal surge do interrelacionamento dos membros do

17

grupo, nas dependências e influências que formam seu modelo.

2.1.6.1Psicologia esportiva no esporte coletivo

2.1.6.1.1Aspectos individuais

EPIPHANIO E ALBERTINI (2000) citam MOSQUERAS E STOBÄUS (1984)

que definem alguns aspectos psicológicos individuais como: instabilidade da

profissão, vida pública do atleta onde esse não consegue lidar com tal assédio e a

coesão de grupo esportivo.

Os autores explicam sobre a instabilidade da profissão como sendo o medo

do atleta não participar bem de uma partida e ser substituído, o aparecimento de

algum outro atleta com capacidades melhores que a dele ou o risco de se lesionar e

perder seu lugar na equipe.

Quanto à exposição dos atletas e seus familiares se deve ao fato de sempre

haver uma cobrança excessiva por seus rendimentos esportivos, esses atletas

podem ter um assédio positivo quando se tem um rendimento satisfatório ou um

assédio negativo quando seu desempenho não é o que a mídia e os torcedores

esperavam.

A coesão de grupo é explicada no próximo tópico.

2.1.6.1.2Aspectos coletivos ou em grupos

SIMÕES et alli (1998) menciona PAGÉS (1982) que afirma que grupos são

conjuntos de pessoas que, pela cultura, histórico individual e relações interpessoais

percebem de forma especial um conflito afetivo determinado por um conjunto mais

vasto de pessoas, das quais os indivíduos fazem parte.

CARRON (1991) citado por EPIPHANIO E ALBERTINI (2000), diz que a

coesão de grupos está associada a algumas propriedades grupais tais como: a boa

comunicação entre os membros do grupo, a possibilidade do grupo estar em

consenso e a boa percepção que o grupo possui de si mesmo.

18

O aumento da produtividade de um grupo se dá à união, melhores

relacionamentos interpessoais, luta por objetivos comuns, estabilidade após uma

competição com resultados favoráveis ou não. (EPIPHANIO E ALBERTINI, 2000

citam MATHESON et alli, 1995)

A coesão grupal é tão importante que em vários casos, equipe possuíam

atletas ótimos e não conseguiram ter bons resultados devido a falta de união entre

os atletas.

Para SIMÕES (1973), citado por EPIPHANIO E ABERTINI (2000), a partir dos

grupos podem surgir os subgrupos que se destacam pela diferença individual de

cada atleta. Esses subgrupos devem ser amenizados pela Psicologia do esporte

pois formações de subgrupos desviam os objetivos gerais de uma equipe.

As renúncias pessoais são fatores que os atletas também tem que saber lidar

pois com a rotina de jogos, treinamentos, viagens e concentrações o atleta começa

a sentir a falta de sua família e começa a conviver mais com seus companheiros de

equipe do que com seus próprios familiares.

A relação vitória e derrota é mencionado SIMÕES et alli (1998) com: vitórias

aumentam o espirito de grupo e derrotas denotam relações conflitivas entre a

situação de coesão social e capacidade de rendimento do grupo.

2.1.6.2Configurando o processo do intercâmbio comportamental das

equipes

Segundo SIMÕES et alli (1998), a capacidade de interagir e produzir, que são

elementos,essenciais do êxito coletivo, são interdependentes de um conjunto de

fatores institucionais, grupais, individuais e de condições situacionais ligadas com a

aproximação cultural, afetividade e ação de comando dentro das equipes.

Atletas mais sensíveis ao vencer a qualquer custo se convertem em lideres de

ações de comando para dotar seus companheiros de responsabilidade em prol do

êxito coletivo. Outros mais ligados aos problemas psicológicos, se convertem em

lideres pacificadores de conflitos e tensões emocionais, tentando unir o grupo em

uma confiança mútua. Um terceiro tipo de liderança é estabelecido por base na

aproximação cultural entre os atletas- indicador dos elementos que marcam a

19

rivalidade dentro das equipes. (SIMÕES et alli, 1998).

Esses autores afirmam que o comportamento das crianças é dado por

características de personalidade advindas dessas culturas juntamente com a

convivência familiar onde se terão comportamentos nos diversos modos de vida.

No esporte as crianças tendem a seguir seus pais no modo de vida, assim,

filhos de pais esportistas tem uma chance maior de se tornar esportistas do que

filhos de pais que não são esportistas.

2.1.7Definição de Voleibol

Modalidade com maior número de regras modificadas nos últimos anos

devido a dois principais motivos: diminuir o tempo de jogo tornando-o mais atraente

para transmissões de televisão e reduzir a disparidade entre ataques e defesas

existentes no jogo. ROCHA (2001), mencionado por DESCHAMPS (2002).

A partir de 1° de janeiro de 1999 a Confederação Brasileira de Voleibol-CBV,

mudou o sistema de marcação e contagem dos pontos. Se o adversário sacasse e a

equipe que recepcionava ganhasse o “rally”(tempo que a bola fica em jogo, desde o

saque até a definição do ponto), esta recuperava a vantagem e não marcava o

ponto. Atualmente qualquer equipe que ganhar o “rally” ganha o ponto, não existindo

mais a vantagem. Antes o set era jogado até quinze pontos agora vai até vinte e

cinco pontos e com empate no vigésimo quarto o jogo segue até diferença de dois

pontos.

Outras mudanças são a criação do líbero (jogador de defesa e recepção) e a

validade do saque que toca a rede (saque queimado).

Os aspectos psicológicos relacionados a essa modalidade em específico são:

a visualização, concentração, limiar de prontidão e preparação.(HIPPOLITE,

TOTTEDEL & WINN,1993 e citados por DESCHAMPS,2002)

O manual da Federation Internationale de Volleyball-FIVB (1994) sugere

alguns outros aspectos psicológicos como: espírito de luta, determinação, confiança,

estabilidade na disposição para o jogo e raciocínio rápido.

20

No estudo de NOCE (1999), citado por DESCHAMPS (2002), teve como

objetivo verificar situações gerais e específicas, tanto para levantadores como para

atacantes, que provocam mais stress. O resultado foi: nas situações gerais o

condicionamento físico e a preparação técnico-tático ,ou seja, o treinamento

inadequado é o maior causador de stress e noas situações específicas registrou que

para os atacantes foi a falta de confiança dos levantadores e, para os levantadores,

foi a marcação de faltas repetidas pelos árbitros com relação à ação de

levantamento.

2.2 Psicologia do Esporte

2.2.1Definição

Segundo CAVASINI & MATSUDO (1980) a psicologia esportiva investiga o

comportamento do homem em atividades físicas e esportivas.

Para SAMULSKI (1989) a psicologia do esporte analisa as condições e os

efeitos psíquicos da conduta humana no contexto social do esporte através da

descrição, explicação, diagnóstico, prognóstico e modificação. A psicologia do

esporte parte do pressuposto de que a conduta humana é relacionada pela

reciprocidade entre pessoa e o meio ambiente.

Segundo a American Psychological Association, citado por CALÓ (2001), “a

psicologia do esporte é o estudo dos fatores comportamentais que influenciam e são

influenciados pela participação e desempenho no esporte, exercício e atividade

física.”

Ainda segundo CALÓ (2001), a psicologia do esporte vem estudando e

atuando em situações que envolvem motivação, personalidade, agressão e

violência, liderança, dinâmica de grupo, bem estar de atletas onde o espaço com

enfoque-social, educacional e clínico se completam.

NITSCH (1980), citado por SAMULSKI (1989), afirma que a psicologia do

esporte só pode recorrer limitadamente aos métodos e conhecimentos científicos de

outros campos da psicologia.

21

Há varias pessoas envolvidas no esporte que são contra a psicologia

esportiva e não percebem a importância dos aspectos psicológicos que podem

determinar uma performance esportiva, e do reconhecimento por parte dos

psicólogos em relação aos aspectos esportivos que são de extrema importância

para o comportamento humano de um modo geral. (SOUSA FILHO,2000)

SOUSA FILHO (2000) ainda afirma que emoções, sentimentos, esforços,

tempo e energia são colocadas em cena pelo esporte e pelo jogo recreativo.

FECHIO et alli (1997) cita BRANDÂO (1996) que afirma que a psicologia do

esporte cresceu muito, principalmente na determinação das características

psicológicas relacionada as modalidades esportivas, na análise dos aspectos

motivacionais da prática esportiva, na preparação psicológicas para as competições

esportivas, na regulação dos estados emocionais antes, durante e depois de uma

competição e na análise das relações sócio-psicológicas dos grupos esportivos.

Psicologia do esporte é o estudo científico dos fatores psicológicos que estão

associados a participação e performance nos esportes, exercícios e outros tipos de

atividade física. (SOUSA FILHO,2000).

A psicologia do esporte encontra dois principais objetivos: ajudar os atletas a

utilizar de maneira positivo os aspectos psicológicos para melhora de sua

performance e compreender como a participação em atividades físicas, esportes,

exercícios e jogos afeta o desenvolvimento psicológico, a saúde e o bem estar ao

longo da vida. (WEINBERG & GOULD ,1995 citados por SOUSA FILHO ,2000)

Segundo BECKER apud MONPEAN (1991) citados por FECHIO et alli (1997),

o atleta encontra-se submetido a uma série de fatores estimulantes, bloqueadores

ou debilitadores do seu potencial; isso tudo significa que a mente pode ser um aliado

valioso ou um inimigo destruidor.

Para BONACHELA (1994), citado por FECHIO et alli (1997), os aspectos

psicológicos variam de acordo com a idade, maturidade, domínio das técnicas e

fases em que se encontram.

Cada atleta necessita de um acompanhamento individual par haver uma

programação do preparo psicológico específico em função das dificuldades ou

deficiências determinadas. BRANDÃO (1993) citado por FECHIO et alli (1997)

22

2.2.2Psicologia do esporte X Prática esportiva

É a aplicação das teorias e dos métodos da mesma na prática do desporto e

a comprovação de sua utilidade nessa prática. (SAMULSKI,1989) A prática esportiva

é um campo ideal de investigação para a psicologia do esporte para comprovar suas

teorias e para poder aplicar seus método.

Para SAMULSKI (1989) a relação dos desportistas com os psicólogos do

esporte onde um aprende com o outro, as pessoas que se ocupam da parte prática,

por exemplo, do treinamento, devem-se desenvolver com a ajuda dos psicólogos

desportivos tanto no campo teórico como metodológico e os psicólogos desportivos

devem aprender a compreender a realidade e os problemas da prática esportiva

com a ajuda das pessoas que se ocupam da parte prática.

2.2.3 Aspectos psicológicos

São um dos principais componentes da preparação psicológica para atletas,

os fatores podem afetar positivamente ou negativamente. Entre eles estão:

2.2.3.1Comportamento

Cada um de nós age e se comporta de maneiras diferentes nas diversas

situações do nosso cotidiano, em busca de objetivos. Para DESCHAMPS (2002)

tudo o que nos envolve gera em torno do comportamento e é o que nos motiva a

reconhecer as necessidades da existência humana.

Segundo DE ROSE JÚNIOR (1996) toda ação esportiva pode ser como um

comportamento consciente e dirigido a um objetivo possuindo razões e efeitos

cognitivos.

O pensamento regulação comportamento através da ação cognitiva, que é

considerado perturbador e não planejado, e o que acompanha o processo do

raciocínio são as ocorrências emocionais (sentimentos) que atuam sobre o

comportamento. (THOMAS,1983 citado por DESCHAMPS,2002)

23

Para CORREL (1976), citados por DESCHAMPS (2002), faz parte de um

comportamento as manifestações concretas de conduta de um organismo, ou seja,

os processos cognitivos e as exteriorizações emocionais, e a excitação dele próprio

enfocada por estímulos.

A complexidade do comportamento engloba também fatores do meio em que

vivemos, os fatores extrínsecos. A relação indivíduo/ meio ambiente é classificada

por KERTESZ (1987), citado por DESCHAMPS (2002), como o comportamento

objetivo, exterior, que é responsável pelo acesso a dinâmica interna de cada um que

é um comportamento independente do meio ao qual ele faz parte denominado

subjetivo, interior.

KERTESZ (1987) citado por DESCHAMPS (2002), classifica o

comportamento pelo “o que se sente, pensa, diz e faz. O que se pensa e se sente é

um comportamento subjetivo interior, e o que se diz e faz é um comportamento

objetivo, exterior observável.” O comportamento subjetivo, por ser interno, não se

tem acesso direto ao sentidos mais são percebidos pelo comportamento objetivo,

externo, e que é totalmente observável.

DESCHAMPS (2002) cita KERTESZ (1987) apresenta um quadro com os

doze sinais do comportamento objetivo (externos, públicos), a seguir o quadro:

24

Os 12 sinais de comportamento objetivo (externo,público)

Sinais do comportamento verbal

(linguagem)

1-Palavras e frases, sintaxes

2-Tons da voz

3-Ritmo da fala, velocidade

4-Volume (intensidade)

Comportamento não verbal (corporal)

5-Olhar

6-Expressão facial (músculos do rosto

7-Gestos e movimentos (mãos, braços,

pés, colo,ombros, movimentos da

cabeça)

8-Postura corporal

9-O vegetativo (cor da pele, tônus

muscular, palpitações cardíacas, ritmo

respiratório, volume do lábio inferior)

10-Distância física a qual se mantém em

relação aos outros

11-Velocidade e ritmo dos movimentos

corporais

12-Vestimenta(roupas,adornos,

maquiagem)

Para ROBINS (1987) citado por DESCHAMPS (2002), as ações mentais e

físicas relacionadas diretamente nos resultados obtidos são:

-Sistema de crença: o que a pessoa acredita, o que pensa ser possível e

impossível; determina o que pode e o que não pode fazer;

-Sintaxe mental: forma como a pessoa organiza seus pensamentos, parece

com um código;

25

-Fisiologia: Ligação mente-corpo, maneira como utilizamos a respiração,

manutenção, postura, expressão facial, a natureza e a qualidade dos movimentos

determinarão o nosso estado a cada momento, determinando o comportamento que

conseguiremos realizar.

DESCHAMPS (2002) menciona PERLS (1981) que afirma que a relação do

homem com o meio determina seu comportamento, sendo normal quando o

relacionamento é satisfatório, ou anormal se há conflito nesse relacionamento. O

autor se baseia em dois sistemas no organismo: o sensorial e o motor. O sensório

lhe dá orientação e o motor lhe dá o sentido de manipulação.

2.2.3.2Motivação

Para DESCHAMPS (2002) que cita HECKHAUSEN (1977), quando se avalia

a motivação de uma ação, é importante se distingui entre o resultado da ação e as

consequências dos resultados da ação. O resultado da ação pode apresentar

consequências variáveis (auto-avaliação, avaliação alheia, objetivos distantes) e

consequências variáveis para cada pessoa (auto-avaliação ou avaliação alheia

diferente). Através de ações e seus resultados, é possível prever as consequ~encias

relacionadas a elas ou evitá-las, com valores positivos ou negativos para a própria

ação.

A motivação se caracteriza por um processo ativo, dirigido a uma meta,

dependendo de fatores pessoais e ambientais. A motivação tem um determinante

energético (nível de ativação) e um determinante de direção do comportamento

(intenções, interesses, motivos e metas). (SAMULSKI,1992 citado por

DESCHAMPS,2002).

WINTERSTEIN (1992) resume motivação quando “algo desencadeia uma

ação, que lhe dá uma direção, mantém seu curso em direção a um objetivo e

finaliza”. O autor complementa que há inúmeras razões para que uma mesma

pessoa aja de modo diferente em ituações semelhantes, ou até nas mesmas

situações.

HECKHAUSEN (1980), citado por WINTERSTEIN (1992), diz que existem 3

razões para esses comportamentos:

26

-Comportamento se modifica muito pouco em situações e momentos

diferentes e difere de outras pessoas em momentos iguais. Isso se deve as

características das pessoas.

-Comportamento se modifica de acordo com o momento. Explicação

encontrada nas peculiariedades das situações.

-Diferenças nas ações não tem como fatores responsáveis a situação e nem

mesmo fatores que partem do indivíduo. Ambos tem importância em momentos

diversos. A explicação é que a pessoa e o momento se interagem.

Para DESCHAMPS (2002) a motivação é fundamental para o rendimento,

melhorando ou mantendo em alto nível.

SAMULSKI (1992), citado por DESCHAMPS (2002), apresenta as

determinantes da motivação atual para o rendimento:

Nível de aspiração

Hierarquia dos motivos

Motivo de êxito e fracasso

Atribuição causal e auto-

responsabilidade

PESSOA

MOTIVAÇÃO ATUAL

PARA O RENDIMENTO

Incentivos

Dificuldades, problemas e desafios

Atratividade, novidadeSITUAÇÃO

2.2.3.3Personalidade

De acordo com SAMULSKI (1992) a personalidade de um indivíduo se

caracteriza através da composição de traços de personalidade (necessidades,

interesses, atitudes, temperamento, talento,etc).

27

Para CASTRO E DE ROSE JÚNIOR (2000) a psicologia considerada

personalidade como o modo de ser, agir e reagir que caracteriza a conduta de um

indivíduo.

ALLPORT (1961) citado por CAVASINI et alli (1980) encontrou, através de

pesquisas, cerca de 500 definições diferentes para personalidade onde a mais

aceita foi: “Personalidade é a organização dinâmica dentro de um indivíduo, dos

seus sistemas psicofísicos que determinam suas características de comportamento

e pensamento”.

Para EYSENCH (1969) descrito por DESCHAMPS (2002), foram encontrados

através de estudos dois super fatores da personalidade; que se sugere serem

geneticamente determinados :

Introversão-Extroversão/Instabilidade-Estabilidade Emocional

Para SAMULSKI (1992) a necessidade no esporte de o atleta possuir

características da personalidade como: capacidade de liderança, dominância,

extroversão e perseverança;são essenciais.

Na psicologia do esporte, SACK (1975) citado por DESCHAMPS (2002), a

relação esporte-personalidade são apresentadas em três hipóteses:

-Hipótese de seleção: esporte seletivo. Algumas personalidades podem definir

determinadas modalidades ou práticas esportivas.

-Hipótese de Socialização: esporte como fator socializante. Há uma influência

da atividade esportiva na personalidade e seu desenvolvimento de forma

específicas. Um exemplo são os atletas de esporte coletivo que se tornam mais

extrovertidos.

-Hipótese de interação: os dois processos anteriores se integram, reforçando

a personalidade do indivíduo.

Cada indivíduo possui a sua personalidade, que requer uma habilidade

mental para estabelecer objetivos e gerenciar os stress desenvolvidos

diferentemente para cada indivíduo. DESCHAMPS (2002).

Com base nas diferenças individuais, se tem uma grande importância de

conhecer a personalidade não só dos atletas de seu time, como conhecer o tipo de

personalidade dos atletas adversário, tirando proveito de ambos os casos.

28

2.2.3.4Emoção

Segundo GARRET (1967), citado por FACHARDO E GRECO (1997), a

emoção pode se conceber de três maneiras, do ponto de vista do senso comum

como um fenômeno mental ou consciente, seguidos por modificações orgânicas. O

outro ponto de vista considera a emoção como uma percepção consciente que o

sujeito possui em resposta aos processos orgânicos e fisiológicos que se

desenvolvem em seu organismo; e o terceiro se diz respeito à reação dos músculos

lisos e estriados, às modificações glandulares e aos processos conscientes

implicados.

Para THOMAS (1983) descrito por DESCHAMPS (2002) ocorrem “quatro

dimensões dos efeitos de ação e vivência da emoção”, são elas:

-Intensidade: quando o atleta está satisfeito com o resultado obtido (pouca

intensidade) e quando está eufórico com um êxito inesperado (muita intensidade);

-Tensão: resultado da ação desportiva do desempenho, no movimento ou

ação iniciada não é calculável, a tensão é grande;

-Prazer ou desprazer: alegria, satisfação, orgulho (prazer) e raiva, medo e

vergonha (desprazer);

-Complexividade: em situações esportivas não se tem apenas e sim diversos

estados de excitação emocional que se sobrepõe, alternam ou se anulam.

2.2.3.5Atenção

A capacidade de orientar a atenção não se se modifica e o sujeito mais

experiente demonstra obter maior benefício da orientação com um menor dispêndio

de energia que o indivíduo mais jovem. A atividade física nem sempre tem

influenciam no desgaste de energia mental, portanto o indivíduo mais experiente

demonstra maior capacidade do que o inexperiente em integrar as respostas viso-

motoras complexas (ARAVENA et all, 1996).

CARBALLIDO (2001) cita que a atenção é uma ativação dos sistemas do

organismo que facilitam a inibição de outros que a interferem. É muito importante o

papel das catecolaminas como hormônios do sistema simpático adrenomolecular

29

que aumentam em situações de ação em combate eminente.

2.2.4Stress

2.2.4.1Definição

Para LAZARUS E FOLKMAN (1986), descrito por DESCHAMPS (2002), o

stress é um processo que resulta da inter- relação indivíduo meio- ambiente. O

agente causador de stress será avaliado pelo domínio cognitivo que determinará se

a situação é ou não causadora de stress.

A maioria das situações não é capaz de causar stress de forma direta, mas

vai depender da avaliação e recursos que o próprio indivíduo tem para lidar com a

situação dada.

Um novo acontecimento, novos conhecimentos e experiências possibilitam

desenvolver um sistema integrado de estruturas e conteúdos que influenciarão em

sua análise e nas responsabilidades expressas através de comportamentos ou de

reações orgânicas, incluindo-se o desempenho como um desses comportamentos.

(VASCONCELLOS, 1992 mencionado por DESCHAMPS, 2002)

2.2.4.2Causas

Do ponto de vista biológico, diversos fatores podem desencadear a reação de

stress como o sistema neurovegetativo e o sistema hormonal.

No stress psíquico, inclue-se um fator cognitivo entre o fator estressante e as

reações vegetativas, citado por NITSCH e SAMULSKI (1981) descritos a seguir nas

figuras:

EXIGÊNCIA PSÍQUICA

EXIGÊNCIA COGNITIVA EXIGÊNCIA EMOCIONAL

-CANSAÇO

-MONOTONIA

-STRESS

-SATURAÇÃO PSÍQUICA

Figura 1- Classes de exigência psíquica

30

FATOR ESTRESSANTE ----- COMPONENTE COGNITIVO -----REAÇÃO DE STRESS

Figura 2- Esquema de formação de stress psíquico

2.2.4.3Componentes de stress

DE ROSE JÚNIOR et alli (1996) classifica os padrões de stress em: Tipo A e

Tipo B.

MC MURRAY E ROBERTS (1989) descrito por DE ROSE JÚNIOR et al

(1996), classifica Tipo A como um complexo de ação- emoção que pode ser

observado em qualquer pessoa envolvida numa necessidade crônica de conseguir

mais em menos tempo, contra esforços opostos de outras situações ou pessoas, é

caracterizada por extrema agressividade e hostilidade, senso de urgência de tempo

e excessiva necessidade de realização.

O Tipo B é quando atletas em situações de extremo stress reagem com calma

e frieza, não discutem, não se irritam e nem se exasperam durante a competição,

preservando em todos os momentos uma postura de tranquilidade e segurança.

2.2.4.4 O stress fisiológico

O “stress”, junto a tensões e padrões de comportamento reativo estão

associados ao surgimento de doenças cardíacas, supressão do sistema imunológico

e uma variedade de outras doenças.

As reações emocionais a acontecimentos da vida diária e também a

competições esportivas, são mediadas por estruturas do cérebro, incluindo o

hipotálamo.

Quando algo nos excita ou ameaça, ocorre um desequilíbrio funcional do

organismo (homeostase0, o hipotálamo estimula a produção de hormônio

adrenocorticotrópico (ACTH) que é um mensageiro químico que se desloca até o

córtex adrenal que ordena a liberação de hormônios glicocoticóides que são

31

respostas do corpo a situações estressantes.

Situações estressantes também causam reação no sistema nervoso simpático

que secreta hormônios da medula adrenal, tais como adrenalina (que faz o sangue

coagular mais rápido) e a noradrenalinma. Esses hormônios mobilizam energia e

dão suporte à resposta cardiovascular ao causador de stress.

A adrenalina pode precipitar um ataque cardíaco ou um acidente vascular

periférico (AVP).

2.2.4.5Stress no esporte competitivo

Para JONES E HARDY(1990) citados por DE ROSE JÚNIOR(1996), o

esporte competitivo, ou o esporte de rendimento, não dependem apenas de fatores

fisiológicos e biomecânicos como também de aspectos psicológicos que

desempenham um papel muito importante no desempenho esportivo do atleta.

Fatores esses denominados de situações causadoras de “stress”.

Daí se pode perceber a importância da detecção de sintomas relacionados ao

“stress” competitivo, por ser um ponto crucial no desempenho da maioria dos atletas.

A variação de cada indivíduo lidar com as situações causadoras de “stress”

está relacionada com a avaliação cognitiva, a resposta fisiológica desencadeada e

as tentativas do comportamento de cada um para enfrentar essas situações. Fatores

esses influenciados pela personalidade e motivação de cada indivíduo. (SMITH,1986

citado por DE ROSE JÚNIOR,1996)

SMITH desenvolveu um modelo explicando como acontece o processo de

stress pré competitivo, segue na figura abaixo:

PERSONALIDADES E FATORES MOTIVACIONAIS

Situação

(demanda/recursos)

Avaliação cognitiva das

demandas dos recursos das

consequências do significado

e das consequências

Respostas fisiológicas

e psicológicas

Segundo SMITH (1986) citado por DESCHAMPS (2002), a situação inclui a

interação entre as demandas do meio e recursos pessoais. Quando ocorre o

32

equilíbrio há uma diminuição do “stress”, sendo que qualquer desequilíbrio em um

deles o “stress” pode aparecer de forma prejudicial. As demandas internas são as

quais o próprio indivíduo as determina, quando externas, serão determinadas pelo

meio competitivo.

Para DESCHAMPS (2002) a avaliação cognitiva é muito importante pois

nada mais é do que a interpretação do indivíduo as intensidades das respostas

emocionais, que estarão atreladas a características pessoais tais como: crenças,

auto- conceito, nível de habilidades, nível de condicionamento físico e nível de

expectativa.

As respostas que poderão ser fisiológicas ou psicológicas terão uma relação

direta com a avaliação cognitiva. Quando a avaliação cognitiva for ameaçadora

haverá uma mobilização interna para se poder lidar com a mesma, caso isso não

ocorra, a influência negativa afetará seu desempenho esportivo.

Para PASSER (1984) citado por DE ROSE JÚNIOR (1996), nem sempre a

competição é encarada como ameaçadora pelos atletas, pois ele possui uma

quantidade grande de recursos para enfrentar situações adversas, além de suas

características pessoais e vivências anteriores (fatores intra- pessoais). Quando isso

ocorre, a competição se torna desafiadora, mesmo com reações típicas de “stress” ,

fato que deve ser considerado como positivo.

Quando se avalia o desempenho de um atleta que desencadeou sintomas

típicos de “stress” como satisfatório ou melhor do que em treinamentos, por

exemplo, pode-se perceber como esse atleta estará lidando com a competição,

como um modo desafiador. Ao contrário do atleta que não consegue controlar

através da avaliação cognitiva os sintomas de “stress” e tem seu desempenho

prejudicado durante a competição.

2.2.4.6“Stress” X Competição infanto-juvenil

Para DE ROSE JÚNIOR (1996), que cita SCANLAN(1986) E PASSER (1988),

por ser um evento público onde os acontecimentos serão observados por diferentes

pessoas, o esporte infanto- juvenil, provoca três demandas básicas: demonstração,

33

comparação e avaliação.

O estresse é o resultado quando a criança percebe o desequilíbrio entre o seu

nível de aptidão e as exigências do meio ambiente (THOMAS et alli,1978) citado por

BECKER JUNIOR (2002).

A demonstração reflete a competência de um determinado competidor em

certa tarefa, muito valorizada tanto na pré quanto na adolescência.

A comparação é a informação mais proveitosa que o jovem tem de suas

capacidades, recebendo de outras pessoas do seu meio ou de observações feitas

pelo próprio atleta de seus companheiros ou adversários.

A avaliação é quando o atleta se questiona de suas capacidades aprovando

ou não seus atos, desapontamentos, manifestações do público, etc.

34

3. MÉTODOS

3.1Amostra

O estudo teve por base 12 atletas infanto-juvenis com média de idade de

17,33 anos , do sexo masculino da modalidade de voleibol. A frequência de

treinamento semanal variou de 3 a 5 vezes por semana e carga horária de

treinamento variando de 2 a 4 horas.

3.2Procedimentos

A detecção dos sintomas de “stress” pré-competitivos foi por meio de

questionário de DE ROSE JÚNIOR (1996) denominado “Lista de Sintomas de Stress

Pré-Competitivo Infanto-juvenis” (LSSPCI) encontrado no anexo 1.

O questionário consiste de 31 questões relacionadas a sintomas de “stress”

pré-competitivo no esporte infanto-juvenil. Cada questão tem uma pontuação que

varia de 1 (nunca) a 5 (sempre).

3.3Análise dos dados

Os sintomas de “stress” pré-competitivo foram citados pelo número de

aparições nos questionários, conforme sua classificação em relação as outras

questões e calculado a porcentagem.

Foram citados os 5 (cinco) mais mencionados pelos atletas, em ordem

decrescente.

35

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resultados

Tabela 1- Valores da frequência e porcentagem e a classificação dos

sintomas mais citados pelos atletas juvenis no período pré-competitivo.

Classificação Sintomas Frequência Percentual

1º (Primeiro) Fico preocupado com o resultado

da competição 7 58,33%

2º (Segundo) Bebo muita água 6 50%

2º (Segundo) Fico empolgado 6 50%

3º (Terceiro) Suo bastante 5 41,67%

4º (Quarto) Falo muito sobre a competição 4 33,33%

4º (Quarto) Tenho medo de decepcionar as pessoas 4 33,33%

5º (Quinto) Demoro muito para dormir 3 25%

5º (Quinto) Sinto muito cansaço ao final do treino 3 25%

5º (Quinto) Tenho medo de perder 3 25%

5º (Quinto) Não vejo a hora de competir 3 25%

Os resultados obtidos na pesquisa mostram uma maior tendência aos atletas

juvenis sentirem uma preocupação com o resultado da competição em primeiro lugar

com 58,33% das citações.

Beber muita água e ficar empolgado foram os segundos sintomas de “stress”

36

mais citados com 50% das indicações no questionário.

Também foram citados com importância nos sintomas de “stress” pré-

competitivo os sintomas: “Suo bastante” com 41,67% ; “Falo muito sobre a

competição” e “Tenho medo de decepcionar as pessoas” com 33,33%; “Demoro

muito para dormir”, “Sinto muito cansaço ao final do treino” , “Tenho medo de perder”

e “Não vejo a hora de competir” com 25% das indicações dos sintomas pré-

competitivos mais frequentes.

4.2 Discussão

Os resultados encontrados nesse estudo podem ser comparados com os

resultados de CAMPOS et all (1998) e SANTOS et all (1996), onde os objetivos

foram identificar os sintomas de "stress" pré-competitivo em atletas infanto juvenis

do sexo masculino através da "Lista de Sintomas de Stress Pré-competitivo Infanto-

juvenis" (LSSPCI) desenvolvido por DE ROSE JUNIOR (1996).

Os resultados de CAMPOS et all (1998) foram, em ordem de incidência:

1º "Não vejo a hora de competir",

2º "Fico preocupado com o resultado da competição",

3º "Fico empolgado",

4º "Sinto-me mais responsável",

5º "Fico ansioso".

Esse estudo foi feito com atletas de 10 a 17 anos de idade e de modalidades

individuais e coletivas, os autores concluiram que os sintomas não se alteram

perante esses subgrupos.

Nota-se que, dentre os cinco mais citados por CAMPOS et all (1998) os

sintomas: "Fico preocupado com o resultado da competição" e "Fico empolgado"

também se encontram dentre os cinco sintomas mais citados no resultado desse

estudo.

37

Os resultados de SANTOS et all (1996) foram, em ordem de incidência:

1º "Não vejo a hora de competir"

2º "Fico preocupado com o resultado da competição"

3º "Fico empolgado"

4º "Sinto-me mais responsável"

5º "Fico ansioso"

Esse estudo foi feito com atletas de 10 a 16 anos de idade das modalidades

de basquetebol, ginástica olímpica e natação.Os autores não encontraram

diferenças significantes dentre as faixas etárias e as modalidades.

Podemos observar que dentre os cinco sintomas mais citados por SANTOS et

all (1996), os sintomas: "Fico preocupado com o resultado da competição" e "Fico

empolgado" se fazem presentes nos cinco primeiros sintomas encontrados no

resultado do presente estudo.

Observando os sintomas mais frequentes nesses estudos podemos analisar

que o nível de ansiedade alto (presente no sintoma "Fico empolgado") e a vontade

de vencer (presente no sintoma "Fico preocupado com o resultado da competição")

se fazem mais presentes nesses atltetas, daí a necessidade do acompanhamento

psicológico antes,durante e após a competição.

Comparando com os trabalhos de VASCONCELOS et all (1998) e CASTRO

et all (1996) que analisaram os sintomas de "stress" pré-competitivo através da

"Lista de Sintomas de Stress Pré-competitivo Infanto-juvenil" (LSSPCI) desenvolvido

por DE ROSE JUNIOR (1996), em atletas do sexo feminino, podemos analisar que

dentre os cinco sintomas mais citados por CASTRO et all (1996) e VASCONCELOS

et all (1998), o sintoma "Fico preocupado com o resultado" aparece também nesse

estudo.O sintoma "Fico empolgado" apareceu como um dos mais citados no estudo

de CASTRO et all (1996), fato que se confirmou nesse trabalho.

Pode-se observar que não houve diferenças na comparação entre os sexos

masculino e feminino.

38

Em um estudo de FECHIO et all (1997) foi utilizado um "Inventário da

performance psicológica de Loehr" (adaptado de Loehr por BRANDÃO,1993) que

fornece o estado atual de variáveis psicológicas importantes na performance

esportiva.E dentre os mais citados destacam-se: "Motivação para treinamentos

físicos", "Relacionamento com o técnico" e "Relacionamento com atletas".Esses

fatores são determinantes para se obter bons resultados nas competições.

Um sintoma observado que não contribui para obtenção de bons resultados, citado

em todos os estudos que utilizaram a LSSPCI, foi: "Fico preocupado com o resultado

da competição".

Assim, os resultados encontrados por FECHIO et all (1997) são importantes

para minimizar os efeitos negativos provocados por essa condição de "stress".

39

5.CONCLUSÂO

Pode-se concluir que os sintomas de "stress" pré-competitivos em atletas

infanto juvenis mais frequentes foram, em ordem de incidência:

1º "Fico preocupado com o resultado da competição"

2º "Bebo muita água"

3º "Fico empolgado"

4º "Suo bastante"

5º "Falo muito sobre a competição"

6º "Tenho medo de decepcionar as pessoas"

7º "Demoro muito para dormir"

8º "Sinto muito cansaço ao final do treino"

9º "Tenho medo de perder"

10º "Não vejo a hora de competir"

40

6 Referências Bibliográficas

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30-WINTERSTEIN PJ. “Motivação, educação Física e Esporte. Revista Paulista de

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44

7 ANEXOS

Monografia apresentada ao curso de educação física da UniFMU com ênfase em

Psicologia do esporte para um melhor conhecimento do “stress” infanto juvenil

Professora Orientadora:Valéria Santos de Almeida

Ficha de Coleta de Dados

Nome:_________________________________________________________ Data

nascimento:_____/_____/______ Idade:_____anos Sexo:____

Nome do pai:______________________________________________________________

Nome da mãe:_____________________________________________________________

Modalidade Praticada:_____________________ Posição em quadra:_________________

Quanto tempo pratica?____anos______meses

Frequência semanal de treinamento:_____x / semana

Duração do treino diário: _____horas_____minutos

Relação com os pais: ( )Boa ( )Regular ( )Ruim

Relação com o treinador: ( )Boa ( )Regular ( )Ruim

Média de horas dormidas por noite: ( ) menos de 6 horas ( )De 6 a 7 horas

( )De 7 a 8 horas ( )Mais de 8 horas

Lista dos sintomas de “stress” pré-competitivo infanto-juvenil (LSSPCI)

Caro atleta:

Estamos interessados em conhecer algumas coisas relacionadas a

competição.Tente se lembrar de tudo o que acontece com você no período de 24

horas antes da competição e marque com um “X” ou um círculo o número que

corresponde a sua escolha, de acordo com a classificação apresentada abaixo.Não

há respostas certas ou erradas.Não deixe nenhuma resposta em branco.

Classificação:

1-Nunca

2-Poucas vezes

3-Algumas vezes

4-Muitas vezes

5-Sempre

1 Meu coração bate mais rápido que o normal 1 2 3 4 5

2 Suo bastante 1 2 3 4 5

3 Fico agitado (a) 1 2 3 4 5

4 Fico preocupado(a) com as críticas das pessoas 1 2 3 4 5

5 Sinto muita vontade de fazer xixi 1 2 3 4 5

6 Fico preocupado (a) com meus adversários 1 2 3 4 5

7 Bebo muita água 1 2 3 4 5

8 Rôo (como) as unhas 1 2 3 4 5

9 Fico empolgado (a) 1 2 3 4 5

10 Fico aflito (a) 1 2 3 4 5

11 Tenho medo de competir mal 1 2 3 4 5

12 Demoro muito para dormir 1 2 3 4 5

13 Tenho dúvidas sobre minha capacidade de competir 1 2 3 4 5

14 Sonho com a competição 1 2 3 4 5

15 Fico nervoso (a) 1 2 3 4 5

16 Fico preocupado com o resultado da competição 1 2 3 4 5

17 Minha boca fica seca 1 2 3 4 5

18 Sinto muito cansaço ao final do treino 1 2 3 4 5

19 A presença de meus pais na competição me preocupa 1 2 3 4 5

20 Falo muito sobre a competição 1 2 3 4 5

21 Tenho medo de perder 1 2 3 4 5

22 Fico impaciente 1 2 3 4 5

23 Não penso em outra coisa a não ser na competição 1 2 3 4 5

24 Não vejo a hora de competir 1 2 3 4 5

25 Fico emocionado (a) 1 2 3 4 5

26 Fico ansioso (a) 1 2 3 4 5

27 No dia da competição acordo mais cedo que o normal 1 2 3 4 5

28 Tenho medo de decepcionar as pessoas 1 2 3 4 5

29 Sinto-me mais responsável 1 2 3 4 5

30 Sinto que as pessoas exigem muito de mim 1 2 3 4 5

31 Tenho medo de cometer erros na competição 1 2 3 4 5