Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

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CGCFN-1003 OSTENSIVO MANUAL BÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL MARINHA DO BRASIL COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS 2008

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CGCFN-1003 OSTENSIVO

MANUAL BÁSICO

DO

FUZILEIRO NAVAL

MARINHA DO BRASIL COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2008

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OSTENSIVO CGCFN-1003

MANUAL BÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL

MARINHA DO BRASIL

COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2008

FINALIDADE: BÁSICA

1ª Edição

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - II - ORIGINAL

ATO DE APROVAÇÃO

APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-1003 - MANUAL BÁSICO

DO FUZILEIRO NAVAL.

RIO DE JANEIRO, RJ.

Em 12 de novembro de 2008.

ALVARO AUGUSTO DIAS MONTEIRO Almirante-de-Esquadra (FN)

Comandante-Geral ASSINADO DIGITALMENTE

AUTENTICADO PELO ORC

RUBRICA

Em_____/_____/_____

CARIMBO

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - III - ORIGINAL

Em 30 de setembro de 2005.

Fuzileiro Naval

Esta publicação é a segunda revisão do Manual Básico do Fuzileiro Naval, cuja primeira edição data de 1974.

Ela está dividida em capítulos que trazem, inicialmente, a história dos Fuzileiros Navais e falam das tradições marinheiras que atravessaram os oceanos e se fixaram em nosso meio. Aborda, ainda que de forma sucinta, as Operações Anfíbias, indicando ao Fuzileiro Naval a necessidade de ser um soldado profissional, treinado e forjado com a têmpera dos homens do mar. Contém informações sobre a carreira militar naval, proporcionando uma orientação segura para aqueles que se identificarem com a Instituição Marinha do Brasil.

Este manual é destinado àqueles que, intimamente, se orgulham de suas crenças éticas, morais e profissionais. Crença em que inexiste outra forma de se dedicar integralmente ao serviço naval que não seja a adesão precoce e voluntária, apesar de sabermos que, assim procedendo, lhe oferecemos a quadra mais vigorosa de nossas vidas. Doação que forja o homem, molda o cidadão e forma o militar. Crença em que o Espírito de Corpo, edificado nessa longa jornada, revela uma identidade. Dessemelhantes na forma, porém iguais no conteúdo, buscamos todos, indistintamente, o aprimoramento cada vez maior do Corpo de Fuzileiros Navais. Crença em que não há Fuzileiros de ontem ou de hoje, mas tão somente Fuzileiros de sempre. Crença em que ser Fuzileiro Naval é um estado de espírito. Fruto dele, supera obstáculos, contorna restrições e debate, no nível adequado, divergências conceituais ou intelectuais, sempre sobrepondo a quaisquer interesses o da Instituição. Crença em que a Doutrina da Guerra Anfíbia é complexa, por envolver atuações de Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais em três dimensões - terra, mar e ar. Daí decorre a imposição de elevado grau de profissionalização ao Combatente Anfíbio. Crença em que contribuímos, e sempre contribuiremos, para a presença da Marinha onde ela se fizer necessária. Assim tem sido na Amazônia Azul, embarcados em navios; na Selva Amazônica; no Pantanal mato-grossense; na Caatinga; no Sul do País; na Antártica; bem como nos contenciosos deflagrados em diversificadas regiões do mundo; sempre consoante nossa capacidade expedicionária. Crença em que nos adestramos para a guerra, mas levamos a paz à República Dominicana e a Angola; e, presentemente, contornando hostilidades, salvamos vidas no Haiti. Crença em que nossa passagem pela Marinha e seu Corpo de Fuzileiros Navais é efêmera, porém ambos são eternos como os oceanos e as praias. Crença em que Deus é onipotente, e a família tem valor imponderável.

Essas crenças têm orientado pensamentos, vetorado esforços, motivado a continuidade administrativa e estimulado a busca da qualidade. Com engenho e arte, elas nos levaram do singelo Batalhão Naval, cujos integrantes a bordo dos navios combateram em Riachuelo, ao Corpo de Fuzileiros Navais de hoje. Confiante no futuro, concito-os, firmemente, a exaltarem a forte crença que nos move: o amor à Marinha e ao Brasil.

ADSUMUS!

MARCELO GAYA CARDOSO TOSTA Almirante-de-Esquadra (FN)

Comandante-Geral ASSINADO DIGITALMENTE

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - IV - ORIGINAL

ÍNDICE

PÁGINAS

Folha de Rosto......................................................................................................... I

Ato de Aprovação.................................................................................................... II

Mensagem................................................................................................................ III

Índice ....................................................................................................................... IV

Introdução................................................................................................................ X

CAPÍTULO 1 - HISTÓRICO DOS FUZILEIROS NAVAIS

1.1 - Antecedentes ................................................................................................... 1-1

1.2 - Primeira fase.................................................................................................... 1-2

1.3 - Segunda fase.................................................................................................... 1-3

1.4 - Terceira fase .................................................................................................... 1-5

CAPÍTULO 2 - TRADIÇÕES NAVAIS

2.1 - Generalidades .................................................................................................. 2-1

2.2 - A gente de bordo ............................................................................................. 2-1

2.3 - O pessoal de serviço........................................................................................ 2-1

2.4 - A rotina de bordo ............................................................................................ 2-2

2.5 - Procedimentos rotineiros................................................................................. 2-5

2.6 - Instalações de bordo........................................................................................ 2-5

2.7 - As fainas.......................................................................................................... 2-6

2.8 - Os uniformes ................................................................................................... 2-7

2.9 - A linguagem do mar........................................................................................ 2-8

CAPÍTULO 3 - HIERARQUIA, DISCIPLINA E CORTESIA

3.1 - Hierarquia e disciplina .................................................................................... 3-1

3.2 - Cortesia militar................................................................................................ 3-2

3.3 - Continência ..................................................................................................... 3-2

3.4 - Continência individual .................................................................................... 3-3

3.5 - Apresentações - tratamento entre militares ..................................................... 3-3

3.6 - Procedimentos do fuzileiro naval em diversas situações ................................ 3-3

3.7 - Correspondência entre os diversos postos e graduações das forças armadas 3-5

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - V - ORIGINAL

CAPÍTULO 4 - LEGISLAÇÃO PERTINENTE AOS MILITARES DA

MARINHA DO BRASIL

4.1 - Introdução ....................................................................................................... 4-1

4.2 - Leis e regulamentos ........................................................................................ 4-1

CAPÍTULO 5 - EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

5.1 - A família ......................................................................................................... 5-1

5.2 - A pátria e o patriotismo .................................................................................. 5-1

5.3 - O homem do mar ............................................................................................ 5-1

5.4 - A caserna ........................................................................................................ 5-2

5.5 - O espírito de corpo.......................................................................................... 5-2

5.6 - Símbolos nacionais ......................................................................................... 5-2

5.7 - Hinos e canções .............................................................................................. 5-3

5.8 - Datas especiais................................................................................................ 5-4

CAPÍTULO 6 - DIREITO DA GUERRA

6.1 - Generalidades ................................................................................................. 6-1

6.2 - Normas fundamentais ..................................................................................... 6-1

6.3 - Regras de comportamento .............................................................................. 6-4

6.4 - Sinais convencionais....................................................................................... 6-7

CAPÍTULO 7 - LIDERANÇA

7.1 - Generalidades ................................................................................................. 7-1

7.2 - Conceitos básicos............................................................................................ 7-1

7.3 - Princípios de liderança.................................................................................... 7-2

7.4 - Tipos de liderança........................................................................................... 7-4

7.5 - O líder ............................................................................................................. 7-5

7.6 - A importância do líder no CFN ...................................................................... 7-10

7.7 - Diferença entre líder e chefe........................................................................... 7-11

CAPÍTULO 8 - ORGANIZAÇÃO

8.1 - Introdução ....................................................................................................... 8-1

8.2 - A missão da Marinha ...................................................................................... 8-1

8.3 - Organização do Comando da Marinha ........................................................... 8-2

8.4 - Comando de Operações Navais ...................................................................... 8-2

8.5 - Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais............................................. 8-3

8.6 - Força de Fuzileiros da Esquadra..................................................................... 8-4

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - VI - ORIGINAL

8.7 - Divisão Anfíbia ............................................................................................... 8-5

8.8 - Tropa de Reforço............................................................................................. 8-5

8.9 - Fuzileiros Navais nos Distritos Navais ........................................................... 8-6

8.10 - Batalhão de Operações Ribeirinhas............................................................... 8-6

8.11 - OM de instrução e adestramento do CFN ..................................................... 8-7

CAPÍTULO 9 - UNIFORMES

9.1 - Generalidades .................................................................................................. 9-1

9.2 - Uso dos uniformes........................................................................................... 9-1

9.3 - Prescrições diversas ........................................................................................ 9-2

CAPÍTULO 10 - A CARREIRA

10.1 - Generalidades ................................................................................................ 10-1

10.2 - A carreira....................................................................................................... 10-2

10.3 - Da organização do Corpo de Praças de Fuzileiros Navais............................ 10-3

10.4 - Estrutura da carreira ...................................................................................... 10-4

10.5 - Dos cursos ..................................................................................................... 10-5

10.6 - Do concurso ao C-Esp-HabSG...................................................................... 10-6

10.7 - Dos estágios .................................................................................................. 10-7

10.8 - Do tempo de embarque ou tempo de tropa ................................................... 10-7

10.9 - Das Comissões de Promoções de Praças ...................................................... 10-7

10.10 - Fluxo de carreira.......................................................................................... 10-8

10.11 - Dos compromissos de tempo de serviço ..................................................... 10-8

10.12 - Do licenciamento do Serviço Ativo da Marinha (SAM) e da exclusão dos

corpos e quadros.......................................................................................... 10-9

10.13 - Dos cômputos do comportamento e aptidão para a carreira ....................... 10-11

10.14 - Dos requisitos para promoções ................................................................... 10-11

10.15 - Sistema Integrado de Gestão de Pessoal – SIGeP....................................... 10-12

CAPÍTULO 11 - CONDICIONAMENTO FÍSICO

11.1 - Generalidades ................................................................................................ 11-1

11.2 - Orientações.................................................................................................... 11-1

11.3 - Programas de treinamento físico-militar ....................................................... 11-1

11.4 - Informações complementares........................................................................ 11-2

11.5 - Teste de avaliação física................................................................................ 11-3

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - VII - ORIGINAL

CAPÍTULO 12 - SERVIÇOS INTERNOS

12.1 - Generalidades ............................................................................................... 12-1

12.2 - Serviço de Estado ......................................................................................... 12-1

12.3 - Serviço de Guarda do Quartel....................................................................... 12-1

12.4 - Serviço de Policiamento Interno................................................................... 12-1

12.5 - Serviço de Guarda de Subunidade................................................................ 12-1

12.6 - Atribuições.................................................................................................... 12-1

CAPÍTULO 13 - EQUIPAGENS INDIVIDUAIS

13.1 - Generalidades ............................................................................................... 13-1

13.2 - Definições ..................................................................................................... 13-1

13.3 - Constituição das equipagens......................................................................... 13-2

13.4 - Uso das equipagens....................................................................................... 13-2

13.5 - Inspeção nas equipagens individuais ............................................................ 13-4

13.6 - Cuidados com a equipagem .......................................................................... 13-5

CAPÍTULO 14 - HIGIENE E PROFILAXIA DAS DOENÇAS INFECTO-

CONTAGIOSAS

14.1 - Generalidades ............................................................................................... 14-1

14.2 - Regras básicas de higiene pessoal ................................................................ 14-1

14.3 - Higiene em campanha................................................................................... 14-2

14.4 - Doenças infecto-contagiosas ........................................................................ 14-3

14.5 - Recomendações sobre a AIDS...................................................................... 14-4

CAPÍTULO 15 - PRIMEIROS-SOCORROS

15.1 - Generalidades ............................................................................................... 15-1

15.2 - Princípios gerais............................................................................................ 15-1

15.3 - Regras básicas............................................................................................... 15-7

15.4 - Procedimentos para casos especiais.............................................................. 15-19

15.5 - Animais e plantas venenosas ........................................................................ 15-42

15.6 - Acidentes por agentes físicos........................................................................ 15-45

15.7 - Pequenas emergências .................................................................................. 15-46

CAPÍTULO 16 - NAVEGAÇÃO TERRESTRE

16.1 - Generalidades ............................................................................................... 16-1

16.2 - Cartas ............................................................................................................ 16-1

16.3 - Cuidados para com as cartas em campanha.................................................. 16-2

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - VIII - ORIGINAL

16.4 - Convenções cartográficas.............................................................................. 16-3

16.5 - Representação do relevo................................................................................ 16-4

16.6 - Escala da carta............................................................................................... 16-4

16.7 - Designação de pontos na carta ...................................................................... 16-6

16.8 - Determinação das direções............................................................................ 16-8

16.9 - Bússola .......................................................................................................... 16-13

16.10 - Orientação da carta...................................................................................... 16-17

16.11 - Como trabalhar com a carta e a bússola...................................................... 16-20

16.12 - Orientação quando em movimento numa viatura ....................................... 16-23

16.13 - Giro do horizonte ........................................................................................ 16-23

CAPÍTULO 17 - ARMAMENTO DO CFN

17.1 - Definições básicas ......................................................................................... 17-1

17.2 - Generalidades sobre as armas leves .............................................................. 17-2

17.3 - Fuzil de Assalto 5,56mm M16A2Mod705.................................................... 17-4

17.4 - Fuzil Automático 7,62mm M964 FAL ......................................................... 17-6

17.5 - Fuzil Metralhador 7,62mm M964 FAP......................................................... 17-8

17.6 - Metralhadora 5,56mm MINIMI .................................................................... 17-9

17.7 - Metralhadora 7,62mm Mod B 60-20 MAG .................................................. 17-11

17.8 - Pistola 9mm PT92 – BERETTA ................................................................... 17-13

17.9 - Submetralhadora 9mm TAURUS ................................................................. 17-15

17.10 - Metralhadora 12,7mm (.50) HB M2 QCB BROWNING ........................... 17-16

17.11 - Espingarda 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG ............................................. 17-18

17.12 - Lança-Granada 40mm M203 ...................................................................... 17-20

17.13 - AT-4 ............................................................................................................ 17-21

17.14 - Míssil Anticarro RBS 56 – BILL ................................................................ 17-23

17.15 - Míssil Antiaéreo Mistral ............................................................................. 17-25

17.16 - Generalidades sobre as armas pesadas ........................................................ 17-26

17.17 - Morteiros 60mm M-60 BRANDT e 81mm M29 A1 .................................. 17-28

17.18 - Morteiro 120mm Auto-Rebocado K6A3 .................................................... 17-30

17.19 - Obuseiro 105mm Light Gun L118.............................................................. 17-32

17.20 - Obuseiro Auto-Rebocado 155mm M114A1 ............................................... 17-33

17.21 - Canhão Automático Antiaéreo de 40mm/L70 FAK BOFI-R-BOFORS .... 17-34

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - IX - ORIGINAL

CAPÍTULO 18 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO

18.1 - Generalidades ............................................................................................... 18-1

18.2 - Fortificações de campanha ........................................................................... 18-1

18.3 - Camuflagem.................................................................................................. 18-19

18.4 - Destino do material escavado ....................................................................... 18-22

18.5 - Drenagem...................................................................................................... 18-24

18.6 - Revestimento ................................................................................................ 18-24

18.7 - Teto ............................................................................................................... 18-25

CAPÍTULO 19 - INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES ANFÍBIAS

19.1 - Generalidades ............................................................................................... 19-1

19.2 - Conceito básicos ........................................................................................... 19-1

19.3 - Fases das operações anfíbias ........................................................................ 19-2

19.4 - Meios empregados ........................................................................................ 19-3

19.5 - Vida a bordo ................................................................................................. 19-4

CAPÍTULO 20 - HINOS E CANÇÕES

20.1 - Hino Nacional ............................................................................................... 20-1

20.2 - Hino à Bandeira Nacional............................................................................. 20-2

20.3 - Hino da Independência do Brasil.................................................................. 20-3

20.4 - Canção dos Fuzileiros Navais - “Na Vanguarda”......................................... 20-4

20.5 - Hino ao Fuzileiro Naval do Brasil - “Regimento Naval” .......................... 20-5

20.6 - Canção do Marinheiro - “Cisne Branco”...................................................... 20-6

20.7 - Canção Soldado da Liberdade ...................................................................... 20-7

20.8 - Canção Fibra de Herói .................................................................................. 20-8

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - X - ORIGINAL

INTRODUÇÃO

1. PROPÓSITO

Esta publicação destina-se, fundamentalmente, a proporcionar ao Fuzileiro Naval

(FN) os conhecimentos básicos e indispensáveis ao desempenho de suas tarefas nos primeiros

anos de sua carreira.

2. DESCRIÇÃO

Esta publicação está dividida em 20 capítulos que enfocam desde o Histórico do

Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) até uma Introdução às Operações Anfíbias, bem como os

hinos e canções que são cantados pela tropa.

3. CLASSIFICAÇÃO

Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações

da Marinha em: PMB, não controlada, ostensiva, básica e manual.

4. SUBSTITUIÇÃO

Esta publicação substitui o CGCFN-1101 - Manual Básico do Fuzileiro Naval, 2ª

revisão, aprovada em 21 de outubro de 2005, preservando seu conteúdo, que será adequado ao

previsto no Plano de Desenvolvimento da Série CGCFN (PDS-2008), quando de sua próxima

revisão.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 1

HISTÓRICO DOS FUZILEIROS NAVAIS

1.1 - ANTECEDENTES

A Brigada Real da Marinha foi criada em Lisboa a 28 de agosto de 1797 por alvará de

D. Maria I, e suas raízes remontam a 1618, data de criação do Terço da Armada da

Coroa de Portugal, primeiro corpo militar constituído em caráter permanente naquele

país.

O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) originou-se dessa brigada, cujos componentes

aportaram no Rio de Janeiro a 7 de março de 1808, guarnecendo as naus utilizadas pela

Família Real e a Corte Portuguesa, para transmigrar para o Brasil em decorrência das

Guerras Napoleônicas.

No Brasil, a Brigada Real da Marinha ocupou a Fortaleza de São José da Ilha das

Cobras, em 21 de março de 1809, por determinação do Ministro da Marinha D. João

Rodrigues de Sá e Menezes - Conde de Anadia.

Ao longo de sua existência, o CFN recebeu várias denominações, podendo sua história

ser dividida em três fases principais, de acordo com as características básicas de sua

atuação:

- de 1808 a 1847, atuando como Artilharia da Marinha;

- de 1847 a 1932, atuando como Infantaria da Marinha; e

- a partir de 1932, sendo empregado como uma combinação de tropas de variadas

características.

Em todas essas fases, o exercício de atividades de guarda e segurança de instalações

navais ou de interesse da Marinha tem sido constante. Na fase recente, a capacitação

para a realização de desembarques nas Operações Anfíbias (OpAnf), de acordo com o

conceito atual, tem definido a atuação do CFN.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-2 - ORIGINAL

Fig 1.1 - Estandarte da Brigada Real da Marinha

1.2 - PRIMEIRA FASE

Na primeira fase, houve ênfase no emprego dos Fuzileiros Navais (FN) para

guarnecerem a artilharia das naus e embarcações armadas. Os artilheiros-marinheiros

constituíam-se nos únicos militares profissionais de carreira existentes nas guarnições

dos navios. Em virtude de sua formação militar, tinham acesso ao armamento portátil e

contavam com a confiança dos comandos que, por meio deles, se impunham à

marinhagem sempre que era necessário o emprego da força. Por estas mesmas razões,

adquiriram condições de praticar a abordagem, defender seus navios contra esse tipo de

ação e, desembarcando, combater em terra.

Neste período, participaram ativamente de todas as operações navais nas quais a

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-3 - ORIGINAL

Marinha se envolveu, sendo dignas de realce a expedição contra Caiena, as lutas pela

consolidação da Independência, a pacificação das Províncias dissidentes e a Guerra da

Cisplatina.

O CFN recebeu as seguintes denominações nesta etapa de sua existência:

- 1821 - Batalhão da Brigada Real da Marinha destacado no Rio de Janeiro;

- 1822 - Batalhão de Artilharia da Marinha do Rio de Janeiro;

- 1826 - Imperial Brigada de Artilharia da Marinha; e

- 1831 - Corpo de Artilharia de Marinha.

Fig 1.2 - Almirante Rodrigo Pinto Guedes, Barão do Rio da Prata, primeiro

Comandante da Brigada Real da Marinha no Brasil

1.3 - SEGUNDA FASE

Esta fase iniciou com a criação do Corpo de Imperiais Marinheiros a quem cabia

guarnecer a artilharia dos navios e embarcações, passando os FN a serem empregados

como infantaria na realização de abordagens, na defesa das naus e na realização de

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-4 - ORIGINAL

desembarques. Entretanto, em decorrência de seu melhor preparo, mantiveram, durante

algum tempo, várias tarefas referentes à Artilharia da Marinha.

A artilharia dos FN evoluiu de artilharia naval para artilharia de posição e artilharia de

desembarque, culminando no Grupo de Artilharia de Campanha do Regimento Naval.

Nesta fase, os soldados-marinheiros participaram de guerras externas, como as

campanhas contra Oribe e Rosas, contra Aguirre, e a Guerra do Paraguai.

As denominações a seguir foram as que o CFN recebeu nesta importante fase:

- 1847 - Corpo de Fuzileiros Navais;

- 1852 - Batalhão Naval;

- 1895 - Corpo de Infantaria da Marinha;

- 1908 - Batalhão Naval; e

- 1924 - Regimento Naval.

Fig 1.3 - Tomada do “Forte Sebastopol” (1864) Campanha contra Aguirre

Vale destacar que, na campanha contra Aguirre, os FN desempenharam papel relevante

na tomada da Praça Forte Paissandu, quando o 2o Sargento Francisco Borges de Souza

se destacou por seu heroísmo e destemor. Esse episódio ficou conhecido entre os

combatentes pelo nome de “Tomada do Forte Sebastopol”.

Page 16: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-5 - ORIGINAL

Por sua vez, o Batalhão Naval participou com todo seu efetivo na longa e cruenta

Guerra da Tríplice Aliança (1864). Das 1845 praças que constituíam o efetivo do

Batalhão Naval à época, 1428 estavam embarcadas nas unidades navais em operações

no Prata, sendo 585 artilheiros e 843 fuzileiros.

Fig 1.4 - Batalha Naval do Riachuelo

1.4 - TERCEIRA FASE

A denominação de Corpo de Fuzileiros Navais, em 1932, em substituição à anterior,

Regimento Naval, assinalou o início da terceira fase, que vem se caracterizando por

franca expansão e aprimoramento, mas conservando a tradição de disciplina e

confiança, a qual, originária da época da Brigada Real da Marinha, manteve-se através

dos tempos.

Page 17: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-6 - ORIGINAL

Fig 1.5 - Evolução dos uniformes do Corpo de Fuzileiros Navais

Fig 1.6 - Exercício de Artilharia do Corpo de Fuzileiros Navais, nos anos 30

Page 18: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-7 - ORIGINAL

Deve ser destacada uma série de fatos ocorridos em relativo curto espaço de tempo que

permitiram esta evolução:

- a formação dos primeiros oficiais FN na Escola Naval;

- o extraordinário desenvolvimento das OpAnf na Segunda Guerra Mundial;

- a expansão da Marinha;

- o aprimoramento técnico-profissional dos oficiais por meio de cursos, estágios e

visitas ao exterior;

- a criação do Campo da Ilha do Governador e, nele, o Centro de Instrução (hoje Centro

de Instrução Almirante Sylvio de Camargo) e a Companhia Escola (hoje Centro de

Instrução Almirante Milcíades Portela Alves, localizado no Campo de Guandu do

Sapê, no subúrbio carioca de Campo Grande, RJ); e

- a obtenção de áreas para adestramento e a construção de aquartelamentos.

O progresso material alcançado, ao qual se adicionou o devido embasamento

doutrinário, possibilitou o incremento de exercícios com forças navais de países amigos

que culminaram com o adestramento interaliado na Ilha de Vieques, Porto Rico,

juntamente com FN norte-americanos, holandeses e ingleses.

Nesta fase, o CFN, como um todo ou em parte, atuou em acontecimentos relevantes da

história do Brasil, a saber:

- posição legalista nas Revoluções Constitucionalista (1932) e Integralista (1938);

- Segunda Guerra Mundial com destacamentos embarcados, Companhias Regionais nos

portos de onde nossas forças navais participavam do conflito e destacamento na Ilha

da Trindade; e

- posição democrática na Revolução de 1964.

Por ocasião do conflito entre a Índia e o Paquistão, em 1965, o Brasil, como membro

da Organização das Nações Unidas (ONU), enviou observadores militares com uma

representação do CFN, o mesmo ocorrendo na luta deflagrada entre Honduras e El

Salvador.

Nas operações levadas a efeito pela Organização dos Estados Americanos (OEA) na

República Dominicana, o CFN enviou um Grupamento Operativo (GptOp) integrando o

Destacamento Brasileiro da Força Interamericana de Paz (FAIBRAS), um dos

componentes da Força Interamericana de Paz (FIP). De março de 1965 a setembro de

1966, esse GptOp foi revezado três vezes, cumprindo as tarefas recebidas com exemplar

disciplina e eficiência técnico-profissional.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-8 - ORIGINAL

Fig 1.7 - Contingente do Corpo de Fuzileiros Navais em São Domingos (1965)

Nos últimos anos e em atendimento às solicitações da ONU, o Brasil tem enviado

militares de suas forças armadas (FA) para várias regiões em conflito no mundo. O

CFN, como uma tropa de elite, tem participado ativamente dessas Missões de Paz, com

observadores militares ou mesmo tropa. Desta forma, os FN do Brasil já marcaram

presença em El Salvador; em Honduras; na antiga Iugoslávia; em Moçambique; em

Ruanda; em Angola; no Equador; no Peru e no Haiti. O elevado grau de

profissionalismo dos seus militares, aliado à disciplina, é fator fundamental para o êxito

nesses tipos de operações e tem contribuído para que o Brasil, cada vez mais, seja um

membro atuante na nova ordem internacional.

Também, no âmbito interno, por diversas vezes o CFN teve atuação destacada no

restabelecimento da ordem, juntamente com a participação das demais forças

singulares.

Page 20: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 1-9 - ORIGINAL

Fig 1.8 - Contingente de Fuzileiros Navais em Angola - 1995 a 1998

Fig 1.9 - Contingente de Fuzileiros Navais no Haiti

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 2

TRADIÇÕES NAVAIS

2.1 - GENERALIDADES

O presente capítulo aborda as tradições navais e a sua linguagem, sem pretensão de

esgotar o assunto, mas tão-somente disseminar conhecimentos iniciais àqueles que

começam, como fuzileiro naval, a vida de bordo, em qualquer Organização Militar

(OM) da Marinha do Brasil (MB). Todos os militares, quer a bordo, quer em terra, em

serviço ou não, devem proceder de acordo as normas de boa educação civil e militar e

com os bons costumes, de modo a honrar e preservar as tradições da Marinha.

2.2 - A GENTE DE BORDO

O Comandante é a autoridade suprema de bordo. O Imediato é o oficial cuja autoridade

se segue, em qualquer caso, à do Comandante. É, portanto, o substituto eventual do

Comandante.

A gente de bordo compõe-se do Comandante e da Tripulação. O Imediato e os demais

oficiais constituem a oficialidade. As praças constituem a guarnição. A oficialidade e a

guarnição formam a tripulação da OM.

As ordens emanam do Comandante e são feitas executar pelo Imediato, coordenador de

todos os trabalhos de bordo e que exerce a gerência das atividades administrativas.

2.3 - O PESSOAL DE SERVIÇO

Uma série de atividades de bordo é executada pelo pessoal de serviço. Originalmente, o

cuidado com o navio, em termos de zelo por sua segurança, determinou o emprego de

parcelas da tripulação em períodos de quatro horas, denominados quartos. Resulta daí a

divisão do dia em quartos de serviço, correspondentes aos períodos entre os horários de

0000 às 0400, 0400 às 0800, 0800 às 1200, 1200 às 1600, 1600 às 2000 e 2000 às 2400

horas. O quarto de 0400 às 0800 é denominado quarto d’alva.

2.3.1 - O Oficial de Quarto ou de Serviço

No exercício de suas atribuições, é o representante do Comandante. É o responsável

pela segurança do navio ou OM, pela manutenção da disciplina e pelo cumprimento

da rotina de bordo.

2.3.2 - O Contramestre

É um suboficial ou sargento, ajudante do oficial de serviço.

Page 22: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-2 - ORIGINAL

2.3.3 - O Polícia

É um sargento ou cabo, ajudante do oficial de serviço para efeito de fiscalização

quanto ao cumprimento da rotina e manutenção da disciplina.

2.3.4 - O Ronda/O Mensageiro

É um marinheiro ou soldado às ordens do oficial de serviço.

2.3.5 - A Sentinela

É um marinheiro ou soldado destacado para um posto de guarda, com atribuição

básica de proteger a OM das ameaças provocadas por estranhos ou inimigos.

2.4 - A ROTINA DE BORDO

A observação de que o dia é dividido em quartos de serviço nos indica que o dia do

homem do mar é marcado por certa continuidade nos trabalhos, ou seja, pela não

suspensão do guarnecimento dos serviços.

2.4.1 - O Sino de Bordo

No período compreendido entre os toques de alvorada e de silêncio, os intervalos dos

quartos são determinados por batidas do sino de bordo, feitas ao fim de cada meia-

hora.

1ª meia-hora do quarto Uma batida singela

2ª meia-hora do quarto Uma batida dupla

3ª meia-hora do quarto Uma batida dupla e uma singela

4ª meia-hora do quarto Duas batidas duplas

5ª meia-hora do quarto Duas batidas duplas e uma singela

6ª meia-hora do quarto Três batidas duplas

7ª meia-hora do quarto Três batidas duplas e uma singela

8ª meia-hora do quarto Quatro batidas duplas

2.4.2 - O Apito do Marinheiro

Os principais eventos da rotina de bordo são ordenados por toques de apito,

utilizando-se, para isso, de um apito especial: o apito do marinheiro. O apito serve,

também, para chamadas de quem exerce funções específicas ou para alguns eventos

que envolvam pequena parte da tripulação. Ele tem sido, ao longo dos tempos, uma

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-3 - ORIGINAL

das peças mais características do equipamento de uso pessoal da gente de bordo. Os

gregos e os romanos já o usavam para fazer a marcação do ritmo dos movimentos de

remo nas galés.

Com o passar dos anos, o apito se tornou uma espécie de distintivo de autoridade e

mesmo de honra. Na Inglaterra, o Lord High Admirai usava um apito de ouro ao

pescoço, preso por uma corrente; um apito de prata era usado pelos Oficiais em

Comando, como "Apito de Comando". Eram levados tais símbolos em tanta

consideração que, em combate, um oficial que usasse um apito preferia jogá-lo ao

mar a deixá-lo cair em mãos inimigas.

O apito, hoje, continua preso ao pescoço por um cadarço de tecido e tem utilização

para os toques de rotina e comando de manobras.

As fainas de bordo, ainda hoje, em especial as manobras que exigem coordenação e

ordens contínuas de um Mestre ou Contramestre, são conduzidas somente com

toques de apito. Fazê-lo aos gritos denota pouca qualidade marinheira do dirigente da

faina e sua equipe.

O Oficial de Serviço utiliza um apito, que não é o tradicional, e serve para

cumprimentar ou responder a cumprimentos dos cerimoniais (honras de passagem)

de navios ou lanchas com autoridades que passam ao largo; mas, o cadarço que o

prende ao pescoço mantem-se como parte do símbolo tradicional.

2.4.3 - Acontecimentos da Rotina Normal

Para apresentar os principais acontecimentos da rotina normal nas OM, serão

enfocadas algumas fainas e ações afetas ao pessoal de serviço, e outras que envolvem

a tripulação como um todo, normalmente referidas aos quartos de serviço.

Com algumas variações, correspondem ao dia-a-dia das OM:

a) No quarto d’alva

- Alvorada;

- Faxina do quarto d’alva, que corresponde à limpeza e à arrumação das

instalações de bordo pelo pessoal de serviço;

- Regresso de licenciados; e

- Sinal para a bandeira, preparativo para o cerimonial que se seguirá.

b) No quarto de 0800 às 1200 h

- Cerimonial da bandeira - a bandeira nacional é içada às oito horas da manhã em

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-4 - ORIGINAL

todas as OM da Marinha, em cerimonial que consta de sete vivas dados com o

apito do marinheiro, ou de toque de corneta, e das continências individuais por

todo o pessoal presente nas imediações do local do cerimonial;

- Parada - formatura geral da tripulação para a transmissão/recebimento de ordens;

- Início do 1o tempo de adestramento e expediente, que termina próximo ao meio-

dia;

- Rancho para serviço; e

- Sinal do meio-dia e o rancho geral.

c) No quarto de 1200 às 1600 h

- Período de recreação, após o rancho;

- Início do 2o tempo de adestramento e expediente;

- Formatura para distribuição de faxinas;

- Inspeção, quando todas as incumbências de bordo são vistoriadas; e

- Volta às faxinas, adestramento e expediente.

d) No quarto de 1600 às 2000 h

- Autorização para baixar a terra, ou seja, o licenciamento;

- Período de recreação;

- Sinal para a bandeira;

- Cerimonial da bandeira - a bandeira nacional é arriada ao pôr-do-sol com

formatura geral da tripulação ou de todos que se encontram a bordo. Após o

cerimonial do arriar, é costume o cumprimento de boa noite por todos;

- Rancho para serviço; e

- Rancho geral.

e) No quarto de 2000 às 2400 h

- Formatura de todos que se encontram a bordo, se licenciada a tripulação. Essa

formatura é conhecida como Revista do Recolher; e

- Silêncio.

f) No quarto de 0000 às 0400 h

É redobrada a atenção do pessoal de serviço com a segurança, uma vez que, desde

o silêncio, o restante do pessoal a bordo estará recolhido para descanso.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-5 - ORIGINAL

2.5 - PROCEDIMENTOS ROTINEIROS

2.5.1 - Saudação entre militares

A saudação entre militares é a continência. Ela é uma reminiscência do antigo

costume que tinham os combatentes medievais, metidos em suas armaduras, levarem

a mão direita à têmpora para suspender a viseira e permitir a sua identificação, ao

serem inspecionados por um superior.

2.5.2 - Saudar o oficial de serviço

Todos que entram a bordo obrigatoriamente saúdam o oficial de serviço e pedem

licença para entrar a bordo. Da mesma forma, para retirar-se de bordo, qualquer

pessoa deve obter permissão do oficial de serviço e dele se despedir.

2.5.3 - Saudar o pavilhão nacional

É costume, ao entrar-se a bordo pela 1a vez no dia, saudar o pavilhão nacional, bem

como ao retirar-se de bordo.

2.5.4 - Dar o pronto da execução de ordem recebida

O subordinado dará o pronto a seu superior da execução das ordens que dele tiver

recebido, bem como o manterá informado do andamento das tarefas por ele

determinadas.

2.5.5 - Uniformes a bordo

É obrigatório possuir a bordo todos os uniformes previstos, em quantidade suficiente

e em condições de pronto uso.

2.6 - INSTALAÇÕES DE BORDO

Instalações e compartimentos a bordo recebem denominações típicas da linguagem dos

homens do mar.

2.6.1 - Alojamentos

Câmara, camarote, alojamento e coberta são locais destinados a alojar o pessoal de

bordo. A câmara é destinada ao Comandante. Os camarotes e alojamentos aos

oficiais, suboficiais e primeiros-sargentos. As cobertas aos demais sargentos, cabos,

marinheiros e soldados.

2.6.2 - Ranchos

Nas OM, de uma forma geral, haverá os seguintes ranchos: o do Comandante,

normalmente agregado à câmara; o dos oficiais, realizado na Praça D’armas; o dos

suboficiais e primeiros-sargentos; e os das demais praças, que, nos navios recebe a

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-6 - ORIGINAL

denominação de coberta de rancho.

2.6.3 - Praça d’armas

Compartimento onde funcionam o refeitório e a sala de estar dos oficiais nos navios

de guerra. A expressão originou-se do fato de, no tempo da Marinha a vela, ser no

compartimento reservado à refeição dos oficiais que se guardava o armamento

portátil de que dispunha o navio.

2.6.4 - Escoteria

Local, nas OM, onde são guardadas as armas portáteis e as de porte.

2.6.5 - Sala de Estado

Dependência destinada à permanência do oficial de serviço e seus auxiliares.

2.6.6 - Salão de Recreio

Compartimento destinado ao uso pelas praças nos períodos de recreação, previstos na

rotina de bordo.

2.6.7 - Paiol

Compartimento destinado à guarda ou armazenamento de materiais, como, por

exemplo, munição, rancho, tintas, equipagens, fardamento etc.

2.6.8 - Bailéu

Compartimento destinado ao recolhimento de presos.

2.6.9 - Secretaria

Dependência da OM onde são executadas atividades administrativas.

2.6.10 - Corpo da Guarda

Conjunto de dependências destinadas ao serviço e alojamento do pessoal em

serviço de guarda.

2.7 - AS FAINAS

Fainas são trabalhos que envolvem o pessoal de bordo para um fim específico,

classificando-se, conforme o caso, em gerais ou parciais. São também classificadas

como comuns ou de emergência.

As fainas comuns são ordenadas como nas atividades previstas na rotina, ou seja, por

meio de toques de apito ou corneta e anúncio por fonoclama.

As fainas de emergência são ordenadas por sinais de alarme, seguidos de aviso

específico sobre a faina.

Em um navio de guerra, as seguintes fainas são importantes para os procedimentos a

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-7 - ORIGINAL

serem adotados pelos fuzileiros navais a bordo: geral de postos combate; as comuns de

recebimento de combustível e munição; e as de emergência de incêndio, colisão e

abandono.

2.8 - OS UNIFORMES

Com vistas a pronta identificação, a utilização de platinas, galões, distintivos e divisas,

obedecem às seguintes normas: oficiais e suboficiais usam platinas nos ombros dos

uniformes brancos, galões nos punhos dos uniformes azuis e distintivos nas golas dos

uniformes cinza ou bege. Sargentos, cabos, marinheiros e soldados usam sempre, para

distinção de graduação, divisas nas mangas desses uniformes. No uniforme camuflado,

os distintivos de oficiais e suboficiais são utilizados na gola. As divisas das demais

praças, neste uniforme, são usadas nas mangas.

2.8.1 - Uniformes Característicos

a) O uniforme do marinheiro

O uniforme típico do marinheiro é universal. Suas peculiaridades são o lenço

preto ao pescoço e a gola azul com três listras.

O lenço tem sua origem na artilharia dos tempos antigos da Marinha a vela. Os

marujos usavam um lenço na testa, amarrados atrás da cabeça, durante os

combates. Este procedimento evitava que o suor, misturado à graxa e mesmo à

pólvora das peças que atiravam, lhes caísse aos olhos, ficando, portanto, na parte

da frente da blusa, com as duas pernadas da amarração presas com cadarço

branco. Usualmente esses lenços eram coloridos, mas, nos funerais do Almirante

Nelson, o mais famoso dos almirantes ingleses, os marinheiros desfilaram com

lenços pretos, o que foi mais tarde posto em uso na Marinha Britânica e adotado,

praticamente por todas as Marinhas do mundo.

A gola do marinheiro é bastante antiga. Era usada para proteger a roupa das

substâncias gordurosas com as quais os marujos untavam o “rabicho” de suas

cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu, mas a gola permaneceu como parte do

uniforme. A cor azul é adotada por quase todas as Marinhas do mundo. As três

listras existentes na gola foram usadas pela primeira vez nos funerais de Nelson,

para comemorar suas vitórias nas três grandes batalhas: Aboukir, S. Vicente e

Trafalgar.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-8 - ORIGINAL

b) O uniforme do fuzileiro naval

Os fuzileiros navais também trazem em seus uniformes simbolismos e tradições.

O gorro de fita, de forma escocesa, é umas das peças mais características do

uniforme do Fuzileiro Naval. Foi idéia, em 1890, de um comandante do Batalhão

Naval que tinha ascendência britânica. É uma dessas tradições que são

incorporadas, permanecem e ganham legitimidade, tendo, por isso, seu uso

contínuo por mais de 100 anos.

Também pelo seu uniforme de gala, o garança, é o fuzileiro naval reconhecido,

notadamente por sua utilização nas cerimônias e nas apresentações das bandas de

música. Sua túnica, no tom vermelho-vivo, corresponde à tradição reinante nas

tropas do século XIX, no teatro da Europa, que empregavam uniformes nessa cor

para ressaltar os valores de intrepidez e ardor com que se comportavam nas

batalhas. Simbolicamente, retratavam o sangue do combatente a manchar sua

vestimenta de combate.

2.9 - A LINGUAGEM DO MAR

Este artigo contém uma pequena mostra de expressões de uso consagrado na Marinha

do Brasil, visando a uma adaptação inicial com a linguagem própria da Força: a

linguagem do homem do mar.

2.9.1 - O navio e as posições relativas a bordo

a) Nomenclatura das partes mais importantes

I) Casco

É o corpo do navio sem levar em consideração os mastros, aparelhos e outros

acessórios. Não possui uma forma geométrica única, sendo sua principal

característica ter um plano de simetria (plano diametral), que se imagina passar

pelo eixo da quilha, dividindo-o, verticalmente, em duas partes no sentido do

comprimento.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-9 - ORIGINAL

Fig 2.1 - Vista de uma seção do casco de um navio

II) Quilha

É a peça estrutural básica do casco do navio, disposta na parte mais baixa do

seu plano diamentral, em quase todo o seu comprimento. É considerada a

"espinha dorsal" do navio.

III) Cavernas

São assim chamadas as peças curvas que se fixam transversalmente à quilha do

navio e que servem para dar forma ao casco e sustentar o chapeamento

exterior.

IV) Costado

É a parte do forro exterior do casco situada entre a borda e a linha de flutuação

a plena carga.

V) Anteparas

São as separações verticais que subdividem, em compartimentos, o espaço

interno do casco, em cada pavimento.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-10 - ORIGINAL

Fig 2.2 - As partes mais importantes do navio

VI) Proa

É a extremidade dianteira ou anterior do navio.

VII) Popa

É a extremidade posterior do navio.

VIII) Bordos

São as duas partes simétricas em que o casco é dividido pelo plano diametral.

Boreste (BE) é a parte à direita, e bombordo (BB) à esquerda, supondo-se o

observador situado no plano diametral e olhando para a proa.

IX) Convés

É a denominação atribuída aos pavimentos com que o navio é dividido no

sentido da altura. O primeiro pavimento contínuo de proa a popa, contando de

cima para baixo, que é descoberto em todo ou em parte, tem o nome de convés

principal. Abaixo do convés principal, os conveses são designados da seguinte

maneira: segundo convés, terceiro convés, etc. Eles também podem ser

chamados de cobertas. Um convés parcial, acima do principal, é chamado

convés da superestrutura.

X) Convés de vôo ou convôo

É o convés principal dos navios-aeródromos, que se estende de popa a proa,

constituindo sua pista de decolagem e pouso.

XI) Superestrutura

É a construção feita sobre o convés principal, estendendo-se ou não de um

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-11 - ORIGINAL

bordo a outro, e cuja cobertura é, em geral, ainda, um convés.

XII) Castelo da proa ou simplesmente castelo

É a superestrutura na parte extrema da proa.

XIII) Tombadilho

É a superestrutura na parte extrema da popa.

XIV) Superestrutura central

É a existente a meia-nau. Nela normalmente são encontrados dois importantes

conveses: o tijupá, convés geralmente aberto e mais elevado do navio, onde é

instalada a agulha magnética padrão e outros instrumentos que não devem ficar

cobertos; imediatamente abaixo do tijupá, encontra-se o passadiço, pavimento

dispondo de uma ponte (passagem) na direção de BB a BE, de onde o

Comandante dirigi a manobra do navio e onde permanece o oficial de quarto.

XV) Porão

É o espaço entre o convés mais baixo e o fundo do navio. Nos navios

transporte, ele é, também, o compartimento estanque onde se acondiciona a

carga.

XVI) Bailéu

É um pavimento parcial abaixo do último pavimento contínuo, isto é, no

espaço do porão. Nele fazem-se paióis ou outros compartimentos semelhantes.

É, também, uma expressão naval utilizada para designar a prisão a bordo. Essa

acepção decorre do fato de, na Marinha antiga, tais prisões ficarem situadas no

bailéu dos navios.

XVII) Portaló

É a abertura feita na borda ou passagens nas balaustradas, por onde o pessoal

entra e sai do navio, ou por onde passa a carga leve. Há um portaló de BB e um

de BE, sendo esse último considerado o portaló de honra dos navios de guerra.

b) Posições relativas a bordo

I) A vante e a ré

Diz-se que qualquer coisa é de vante ou está a vante (AV) quando está na proa,

e que é de ré ou está a ré (AR) quando está na popa. Se um objeto está mais

para a proa que outro, diz-se que está por ante-a-avante (AAV) dele; se está

mais para a popa, diz-se que está por ante-a-ré (AAR).

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OSTENSIVO - 2-12 - ORIGINAL

II) Cobertas abaixo

Diz-se que algo se encontra cobertas abaixo quando está nos conveses

cobertos.

III) Cobertas acima

Diz-se de atividade, faina, etc. realizada no convés ou em pavimento a céu

aberto.

IV) No convés

Diz-se que algo se encontra no convés quando está em um convés descoberto.

2.9.2 - Expressões do cotidiano

a) Safo

É talvez a palavra mais usual na Marinha. Serve para tudo que está correndo bem

ou que faz correr as coisas bem: “oficial safo”, “marinheiro safo”. “A faina está

safa”. “Consegui safar o navio do banco de areia”. “A entrada é safa, pode

demandar: não há obstáculos”.

b) Onça

Também de grande uso. É dificuldade: “onça de dinheiro”, “onça de

sobressalente”. Estar na onça é estar em apuros. “A onça está solta”, quer dizer

que tudo está ruim a bordo, tudo de ruim acontece. Vem a expressão de uma velha

história de uma onça de circo solta a bordo.

c) Safa-onça

É a combinação das duas expressões anteriores. Significa salvação. “safa-onça” é

tudo que soluciona uma emergência. “Safei a onça agarrando uma táboa que

flutuava”. “O meu safa-onça foi um pedaço de queijo, que ainda restava no barco;

do contrário, morreria de fome”. “Este livro é o safa-onça de inglês”.

d) Pegar

É o contrário de estar safo. Significa entravar, não conseguir andar direito.

“Tenente, o rancho está pegando, não chegou a carne”. “Este Mestre D’armas não

serve; com ele tudo pega”. “Comandante, não pude chegar a tempo, a lancha

pegou bem no meio da baía”.

Parece que a expressão vem de pegar tempo ou seja pegar mau tempo. “Aquele

fuzileiro não conseguiu safar-se para a parada: pegou tempo para arranjar um

gorro de fita novo”.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 2-13 - ORIGINAL

e) Caverna mestra

Oficial ou praça que, por achar-se há muito tempo no navio e ser dedicado às

coisas de bordo, torna-se profundo conhecedor dos problemas e peculiaridades do

mesmo.

f) Bóia de espera, ficar na bóia de espera

Esperar a vez; aguardar promoção.

g) Cochar

Proteger; cuidar com preferência de (alguém); proporcionar as melhores situações

a.

Cocha é o empenho ou a recomendação de pessoa importante. É também a pessoa

que faz esse empenho ou recomendação. Cochado, por sua vez, é o protegido,

recomendado.

h) Voga

Ritmo ou regime imprimido a uma atividade ou trabalho. Voga picada significa

uma voga puxada, com ritmo acelerado.

i) Arvorar

Desistir de uma empreitada. Suspender a execução de uma atividade determinada

anteriormente.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 3-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 3

HIERARQUIA, DISCIPLINA E CORTESIA

3.1 - HIERARQUIA E DISCIPLINA

A hierarquia e a disciplina são a base institucional das forças armadas. A autoridade e a

responsabilidade crescem com o grau hierárquico.

A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da

estrutura das forças armadas. A ordenação se faz por posto ou graduação; dentro de um

mesmo posto ou graduação se faz pela antigüidade no posto ou na graduação. O respeito

à hierarquia é consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autoridade.

Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos,

normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam seu

funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever

por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.

A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias da

vida entre os militares da ativa, da reserva remunerada e reformados.

Quando se fala de disciplina no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), não se quer referir

aos regulamentos, às punições ou a uma condição de subserviência. O que se quer dizer

é a exata execução das ordens, decorrente de uma obediência inteligente e voluntária, e

não de uma disciplina baseada somente no temor.

A punição de militares por quebra da disciplina é as vezes necessária, mas apenas para

corrigir os rumos daqueles que ainda não foram capazes de fazer parte de uma equipe.

A disciplina é necessária a fim de assegurar a correta execução das ações ordenadas, as

quais serão de grande importância, principalmente nas situações de combate. O fuzileiro

naval (FN) precisa ser capaz de reconhecer e enfrentar o medo por ser este o inimigo da

disciplina em determinadas situações. O medo não controlado transformar-se-á em

pânico, e a unidade que entrar em pânico não será mais uma unidade disciplinada e sim

uma turba. Não há pessoa sã que não sinta medo, mas com disciplina e moral elevado,

todos podem enfrentar o perigo.

Um FN aprende a ser disciplinado adquirindo um senso de obrigação para com ele

próprio, com seus companheiros, com seu comandante e com o CFN. Ele aprende que é

membro de uma equipe organizada, treinada e equipada com o propósito de engajar e

derrotar o inimigo. A meta final da disciplina militar é a eficiência em combate, a fim

de garantir que uma unidade lute corretamente, conquiste seus objetivos, cumpra a

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OSTENSIVO - 3-2 - ORIGINAL

missão recebida e auxilie outras unidades na execução de suas tarefas.

Um Comandante é investido da mais alto grau de autoridade, que se estende, inclusive,

aos assuntos que dizem respeito aos indivíduos que estejam sob suas ordens. Incluem-se

nesse caso, a preocupação com a alimentação, o cuidado e o modo de usar os uniformes,

os hábitos de higiene, as condições de saúde e os fatores morais, todos afetando direta

ou indiretamente as vidas de cada um.

É importante que o FN obedeça prontamente às ordens de seu Comandante, o qual é

particularmente interessado no bem-estar dos homens sob seu comando. Desenvolvendo

o hábito da pronta obediência a todas as ordens, o FN alcançará a disciplina individual e

da unidade.

Será demasiadamente tarde adquirir disciplina no campo de batalha. É preciso que ela

seja conseguida em tempo de paz nas atividades diárias. Um FN treina com seus

companheiros de modo que, como uma equipe, consigam cumprir tarefas com variados

graus de dificuldade e possam se orgulhar de seus atos. O FN deve se comportar como

um representante de uma tradicional e gloriosa instituição e não como um indivíduo

isolado.

3.2 - CORTESIA MILITAR

Todo militar deve provas de disciplina e cortesia aos superiores, como tributo natural à

autoridade de que se acham investidos por lei, manifestadas em todas as circunstâncias

por atitudes e gestos precisos e rigorosamente observados.

A espontaneidade e a correção dos sinais de respeito são indícios seguros do grau de

disciplina das corporações militares, bem como da educação e do grau de instrução

profissional de seus integrantes.

3.3 - CONTINÊNCIA

A continência é a mais importante de todas as cortesias militares. Essa saudação militar

é impessoal e visa à autoridade e não à pessoa.

A continência parte sempre do mais moderno. O mais antigo tem o dever de responder à

continência que lhe é feita e, dessa forma, dar aos companheiros de farda uma prova da

consideração e de respeito mútuo que devem existir entre os membros da família

militar.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 3-3 - ORIGINAL

3.4 - CONTINÊNCIA INDIVIDUAL

É a saudação que o militar isolado faz à Bandeira Nacional, ao Hino Nacional, aos

superiores e a outras autoridades. A continência individual não pode ser dispensada. Ela

é feita a qualquer hora do dia ou da noite.

Os elementos essenciais da continência individual são a atitude, o gesto e a duração, de

acordo com a situação dos executantes.

3.5 - APRESENTAÇÕES - TRATAMENTO ENTRE MILITARES

O FN que se apresenta ou for apresentado a um superior assume a posição de sentido e

anuncia seu posto ou graduação, nome e função.

A praça para falar ou apresentar-se a um oficial, aproxima-se deste a uma distância

aproximada de dois passos, assume a posição de sentido, faz a continência, desfazendo-

a após a apresentação pessoal independentemente de ordem, permanecendo, entretanto,

na posição de sentido.

O aperto de mão é uma forma de cumprimento que o superior pode conceder aos

subordinados. O FN nunca estende a mão ao superior na ocasião de cumprimentá-lo,

mas se este o fizer não poderá recusar-se a apertá-la.

Em recinto coberto a praça armada de fuzil não faz ombro-arma para falar ou

apresentar-se ao superior, assumindo, apenas, a posição de sentido.

Para retirar-se da presença do superior, o FN faz-lhe a continência e pede licença para

se retirar. Concedida a licença, o militar faz a meia volta regulamentar e inicia o seu

deslocamento com o pé esquerdo.

O FN chamado por um superior apressa-se para atendê-lo; se no quartel, no navio ou em

campanha, acelera o passo e, na distância apropriada, faz o alto seguido da continência.

3.6 - PROCEDIMENTOS DO FUZILEIRO NAVAL EM DIVERSAS SITUAÇÕES

Quando um FN que está fumando ou conduzindo pequeno embrulho com a mão direita

encontra um superior, passa para a mão esquerda o cigarro ou o embrulho e faz-lhe a

continência regulamentar.

Se o FN encontrar um superior numa escada cede-lhe o melhor lugar e saúda-o fazendo

alto, com a frente voltada para ele.

Todo FN deve se levantar sempre que passar uma tropa nas proximidades de onde se

encontra; caso esteja andando, deverá parar, voltando a frente para essa tropa.

No quartel, navio ou outro estabelecimento militar, a praça, diariamente, faz alto para a

continência ao Comandante na primeira oportunidade que o encontrar. Das outras

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 3-4 - ORIGINAL

vezes, gira a cabeça com vigor, encarando-o. Fora dessas dependências, cumprimenta o

superior sempre que encontrá-lo.

Quando um militar entra em um estabelecimento público, percorre com o olhar o

recinto para verificar se há algum superior presente; se houver, o militar, do lugar onde

está, faz-lhe a continência.

O FN que entrar em um quartel ou navio deverá prestar continência à Bandeira

Nacional, se estiver hasteada, e apresentar-se imediatamente ao oficial-de-serviço.

Quando dois militares se locomovem juntos, o mais moderno dá a direita ao mais

antigo. Numa calçada, o mais moderno deslocar-se-á deixando o lado interno da calçada

para o deslocamento do mais antigo.

Em embarcações ou viaturas, o embarque é feito do mais moderno para o mais antigo.

Por ocasião do desembarque, os militares saem em ordem decrescente de antigüidade.

Os lugares de honra deverão ser reservados aos mais antigos.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 3-5 - ORIGINAL

3.7 - CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS DIVERSOS POSTOS E GRADUAÇÕES DAS

FORÇAS ARMADAS

Fig 3.1 - Correspondência entre os diversos postos e graduações das forças armadas

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 4-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 4

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AOS MILITARES DA MARINHA DO BRASIL

4.1 - INTRODUÇÃO

Este capítulo tem o propósito de apresentar algumas leis referentes aos militares. Este

capítulo não esgota o assunto, mas serve de orientação inicial.

4.2 - LEIS E REGULAMENTOS

4.2.1 - Constituição Federal (CF)

A Constituição Federal é a lei suprema de um país, a partir da qual todas as demais

devem se subordinar.

A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 05 de outubro

de 1988 e procura instituir um Estado Democrático de Direito, destinado a assegurar

o exercício dos direitos e deveres individuais e coletivos, dos direitos sociais e

políticos, garantindo o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade. Além disso, constituem objetivos fundamentais da República Federativa

do Brasil a construção de uma sociedade livre justa e solidária, o desenvolvimento

nacional, a redução das desigualdades sociais e o bem estar de todos, numa

sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos.

As Forças Armadas (FA) estão previstas no artigo 142 da CF. Conforme este artigo,

as FA são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na

hierarquia e da disciplina.

A CF destinou às Forças Armadas a defesa da Pátria, a garantia dos poderes

constitucionais e a garantia da lei e da ordem.

A CF proíbe ao militar a sindicalização, a greve e a filiação a partidos políticos.

4.2.2 - Estatuto dos Militares (EM) - Lei 6.880/80

Regula a situação, obrigação, deveres, direitos e prerrogativas dos membros das FA,

tanto da ativa quanto da inatividade, respeitando-se os preceitos fundamentais da

hierarquia e da disciplina. O EM contém normas sobre: valores e a ética militar;

tempo de compromisso militar; férias, licenças e outros afastamentos; agregação;

exclusão e licenciamento do serviço ativo; tempo de serviço; e outras situações

especiais.

4.2.3 - Regulamento Disciplinar para a Marinha (RDM) - Decreto 88.545/83

O RDM tem como propósito a especificação e a classificação das contravenções

disciplinares e o estabelecimento das normas relativas a amplitude e a aplicação das

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 4-2 - ORIGINAL

penas disciplinares, à classificação do comportamento militar e a interposição de

recursos contra as penas disciplinares.

Entende-se por contravenção disciplinar toda ação ou omissão contrária às

obrigações ou deveres militares estabelecidos nas leis, nos regulamentos, nas normas

e nas disposições em vigor que fundamentam a Organização Militar (OM), desde que

não seja configurado como crime pelo Código Penal Militar (CPM).

O artigo 7º do RDM enumera as contravenções disciplinares.

4.2.4 - Código Penal Militar (CPM) - Decreto-Lei 1.001/69

Legislação especial que abrange a aplicação da Lei Penal Militar. Este código define

os crimes militares em tempo de paz e em tempo de guerra, bem como as normas

gerais e os princípios que regulam a aplicação da Lei Penal Militar.

Na forma dos artigos 9º e 10°, são crimes militares em tempo de paz os crimes:

- praticados por militar da ativa em uma das seguintes hipóteses:

quando a vítima for militar da ativa;

quando praticados em local sujeito à administração militar;

quando em serviço, em formatura ou em manobra;

- praticados por qualquer pessoa, mesmo que civil, em uma das seguintes hipóteses:

quando contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem

administrativa militar;

quando a vítima for militar em local sujeito à Administração Militar;

quando a vítima for militar em formatura, em manobra ou em prontidão;

quando a vítima for militar no desempenho de serviço de vigilância, garantia e

preservação da ordem pública ou em função de natureza militar, mesmo que em

local não sujeito à administração militar.

4.2.5 - Código de Processo Penal Militar (CPMM)

Codifica toda a matéria relativa à parte processual penal militar em tempo de paz ou

de guerra, sem ter o seu aplicador de recorrer à legislação penal comum, salvo em

casos muito especiais. Possui normas também para a condução dos Inquéritos Penais

Militares (IPM), o qual é o procedimento adequado para a investigação dos crimes

militares.

4.2.6 - Lei de Remuneração dos Militares (LRM)

A remuneração dos militares é regulada, atualmente, por uma Medida Provisória.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 4-3 - ORIGINAL

A remuneração dos militares, em tempo de paz, é composta pelo soldo, pelos

adicionais e pelas gratificações, os quais estão previstos na citada MP.

Além da remuneração, os militares fazem jus a outros direitos remuneratórios, como

o auxílio-fardamento, auxílio-transporte, auxílio-natalidade, assistência pré-escolar;

adicional de férias e natalino; entre outros.

Esta legislação prevê, também, os descontos e hipóteses de suspensão da

remuneração como, por exemplo, quando o militar se encontra na situação de

desertor.

4.2.7 - Plano de Carreira de Praças da Marinha (PCPM)

Tem como propósito orientar a carreira das praças dos diversos corpos e quadros,

definir as habilitações necessárias ao exercício de funções nas várias graduações da

carreira, e complementar os critérios para a condução da carreira. Nele estão

contidos os requisitos para a matrícula nos cursos de carreira, os requisitos das

promoções e os critérios para engajamento e reengajamento.

4.2.8 - Regulamento de Promoção de Praças da Marinha (RPPM) - Decreto 4.034/2001

Dispõe sobre os critérios e as condições para regular as promoções e a aplicação da

quota compulsória para as praças de carreira da Marinha.

O acesso a hierarquia militar se dá de forma seletiva, gradual e sucessiva, mediante

promoções. É fundamentado, principalmente, no valor moral e ético do militar.

A Marinha possui diversos critérios de promoção. As promoções podem ser por

merecimento, por antigüidade, por bravura, post mortem e por ressarcimento de

preterição.

4.2.9 - Cerimonial da Marinha - Decreto 4.447/2002

Tem por finalidade estabelecer os procedimentos relativos ao cerimonial naval da

Marinha. O Cerimonial prevê normas de cortesia e respeito, as honras de portaló, o

uso das bandeiras e das salvas, as honras prestadas às autoridades civis e militares e

os procedimentos em visitas, em datas festivas e de honras fúnebres.

4.2.10 - Regulamento de Uniformes da Marinha do Brasil (RUMB)

Tem por propósito estabelecer os uniformes da Marinha e regular seu uso, posse e

confecção.

Os uniformes determinados por este Regulamento têm por finalidade principal

caracterizar os militares da Marinha, permitindo, à primeira vista, distinguir não só

os seus postos ou graduações, como também, os corpos ou quadros a que

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 4-4 - ORIGINAL

pertencem.

4.2.11 - Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar

das Forças Armadas (RCont)

Estabelece as honras, as continências e sinais de respeito que os militares prestam a

determinados símbolos nacionais e às autoridades civis e militares.

Regula as normas de apresentação e de procedimento dos militares, bem como as

formas de tratamento e a precedência entre os mesmos.

Fixa as honras que constituem o Cerimonial Militar no que for comum às FA.

As prescrições desse Regulamento aplicam-se às situações diárias, estando o militar

de serviço ou não, em área militar ou em sociedade, nas cerimônias e solenidades

de natureza militar ou cívica.

4.2.12 - Ordenança Geral para o Serviço da Armada (OGSA)

Tem como propósito consolidar as disposições fundamentais relativas à

organização das forças navais e demais estabelecimentos da Marinha, bem como

aquelas relacionadas com o pessoal, seus deveres e serviços.

Constitui-se em documento normativo essencial para a correta condução das

atividades diárias a bordo das OM. Seu pleno conhecimento é obrigatório para

todos aqueles que servem à Marinha.

Seu manuseio constante e a fiel observância contribuem significativamente para um

desempenho profissional uniforme e eficiente.

A OGSA veicula, também, a preservação de valores que se cristalizaram nas

tradições navais, permitindo assim, uma desejável continuidade nos usos, costumes

e linguagem naval.

4.2.13 - Normas Gerais para a Organização, o Preparo e o Emprego das Forças

Armadas - Lei Complementar 97/99

Estabelece a subordinação das Forças Armadas ao Ministro da Defesa (MD). Cabe

aos Comandantes Militares das FA o preparo de seus órgãos operativos e de apoio,

obedecidas as políticas estabelecidas pelo MD.

Possui normas quanto ao emprego das FA na defesa da Pátria e na garantia dos

poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operação de paz.

4.2.14 - Diretrizes para o Emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da

Ordem (GLO) - Decreto 3.897/01

Tem por finalidade orientar o planejamento, a coordenação e a execução das ações

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 4-5 - ORIGINAL

das FA, e de órgãos governamentais federais, na garantia da lei e da ordem,

objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do

patrimônio, sempre que esgotados os instrumentos previstos na própria

Constituição Federal, cabendo às Forças Armadas a desenvolverem ações de

polícia ostensiva, de natureza preventiva ou repressiva. O emprego das FA em

operações de GLO trata-se de uma situação excepcional, utilizada em casos

extremos.

4.2.15 - Conselho de Disciplina - Decreto 71.200/72

É um órgão da Administração Militar, composto por três oficiais, de natureza

disciplinar, jurisdicional e consultiva. Destina-se a julgar a incapacidade das praças

das Forças Armadas com estabilidade assegurada, para permanecerem na ativa,

criando-lhes, ao mesmo tempo, condições para se defenderem. Serão submetidas ao

Conselho de Disciplina, as praças com procedimento incorreto no desempenho do

cargo, que tiver conduta irregular, que tiver praticado ato que afete a honra pessoal,

o pundonor militar ou o decoro da classe, ou que tenha sido condenada até dois

anos de pena por crime doloso, entre outras hipóteses.

Os militares sem estabilidade assegurada podem ser excluídas do serviço ativo sem

a necessidade de constituição de um Conselho de Disciplina.

4.2.16 - Lei do Serviço Militar - Lei 4.375/64

Esta lei estabelece as principais peculiaridades das FA, como a obrigatoriedade e

execução do Serviço Militar, assim como, o recrutamento, a dispensa de

incorporação, do licenciamento, da reserva, das infrações e penalidades, dos

direitos e deveres dos reservistas, dentre outros.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 5-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 5

EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

5.1 - A FAMÍLIA

A família é o primeiro grupo natural do homem e a menor fração da sociedade.

Através da família o homem estabelece laços com o passado e com o futuro, por meio

dos seus ascendentes e descendentes, respectivamente.

Assim, considera-se a família a "célula mater" da sociedade.

“A família é a Pátria amplificada”

5.2 - A PÁTRIA E O PATRIOTISMO

Rui Barbosa disse: “A Pátria é o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência,, o lar, o

berço dos filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da

liberdade.”

A Pátria é a reunião de todas as pessoas que vivem em comunidade nacional dentro de

um mesmo país.

Comunidade nacional são todas as pessoas que falam a mesma língua, que trabalham

regidos pelas mesmas leis, tendo os mesmos deveres e direitos, servindo à mesma

Bandeira.

Patriotismo é o sentimento irresistível que nos prende a terra em que nascemos. É a

trama de afetos que, através das gerações se vai tecendo em nossas almas e ao redor do

solo querido. Externamente, é a emoção que sentimos ao ouvir os acordes do Hino

Nacional e ao ver desfraldar a Bandeira de nossa Pátria. Em Essência, é a crença na

defesa dos ideais de nossa nacionalidade.

“Honre sua Pátria, defenda-a em qualquer terreno, em qualquer ocasião e sem

vacilações.Honre a família e mantenha o seu nome no grau mais elevado. Obedeça as

leis e regulamentos. Respeite os seus superiores e não maltrate os subordinados. Se for

injusto, seja por ter perdoado, nunca por ter castigado”. Proferida por Joaquim Marques

Lisboa, Almirante Marquês de Tamandaré, Patrono da Marinha, ao Guarda-Marinha,

seu sobrinho trineto, em 1895.

5.3 - O HOMEM DO MAR

O mar, tão vasto e tão imenso, é um grande mistério. Ele é universal, contínuo e liga

todo o planeta. Poucos foram e poucos são aqueles que tem coragem de enfrentá-lo, de

conhecê-lo, amá-lo e respeitá-lo; para juntos, homem e natureza conviverem. O homem

do mar é aquele que defende a Pátria, pertencendo à Marinha. É acima de tudo um

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 5-2 - ORIGINAL

valente. Seu trabalho não para por causa de uma tempestade ou mar agitado. Ele

enfrenta a fúria das águas, participa de exercícios de guerra e de salvamento, onde todos

dependem de todos.

5.4 - A CASERNA

Se a família é percebida como o primeiro grupo natural do homem, sua primeira escola,

seu primeiro lar, a escola é tida como a continuação dos ensinamentos ministrados pela

família - o seu segundo lar.

É fácil concluir, então, que a caserna é o lar derradeiro do cidadão que foi preparado

pela família e pela escola, e abraçou como profissão a carreira das armas. Caserna é

portanto a casa do militar, o local onde ele se instrui e se adestra para melhor servir à

pátria.

5.5 - O ESPÍRITO DE CORPO

O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), acompanhando a evolução da Nação brasileira,

vem sofrendo mutações no curso de sua existência. Além de poderoso instrumento de

projeção do poder naval, cultiva com especial carinho o espírito de corpo, uma forma de

pensar e uma crença que polarizam homens na busca de objetivos comuns.

5.6 - SÍMBOLOS NACIONAIS

A Constituição da República Federativa do Brasil no seu Art. 13, Parágrafo 1o,

estabelece que os símbolos nacionais são a Bandeira Nacional, as Armas da República e

o Selo Nacional.

A existência humana, as sociedades e todas as culturas, por mais diversas que sejam,

estão impregnadas de símbolos. Desse modo, deve-se cultuar os símbolos pátrios, pois

eles representam a trajetória histórica do povo brasileiro.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 5-3 - ORIGINAL

Fig 5.1 - As Armas da República Fig 5.2 - O Selo Nacional

Fig 5.3 - A Bandeira Nacional

5.7 - HINOS E CANÇÕES

Tradicionalmente, as Forças Armadas (FA) cantam em cerimônias militares ou em

ocasiões julgadas convenientes, hinos e canções.

As letras dos principais hinos e canções cantadas pelo CFN estão transcritas nesta

publicação.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 5-4 - ORIGINAL

5.8 - DATAS ESPECIAIS

01 JAN Confraternização Universal

03 MAR Dia do Corpo de Intendentes da Marinha

07 MAR Dia do Corpo de Fuzileiros Navais

12 ABR Dia do Corpo de Engenheiros da Marinha

21 ABR Dia de Tiradentes

01 MAI Dia do Trabalho

08 MAI Dia da Vitória

15 MAI Dia do Armamentista

29 MAI Dia Internacional dos Mantenedores da Paz das Nações Unidas

11 JUN Batalha Naval do Riachuelo

07 JUL Aniversário do Ingresso da Mulher na MB

17 JUL Dia do Submarinista

21 JUL Memória aos Marinheiros Mortos em Guerra

23 AGO Dia do Aviador Naval

07 SET Dia da Independência

28 SET Dia do Hidrógrafo

30 SET Dia dos Capelães da Marinha

12 OUT Padroeira do Brasil

17 OUT Dia do Maquinista

05 NOV Dia do Corpo de Saúde da Marinha

10 NOV Dia da Esquadra

11 NOV Armistício da I Guerra

15 NOV Proclamação da República

19 NOV Dia da Bandeira

26 NOV Dia do Corpo Auxiliar da Marinha

13 DEZ Dia do Marinheiro

25 DEZ Natal

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 6-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 6

DIREITO DA GUERRA

6.1 - GENERALIDADES

A História registra que a disciplina e o moral contribuíram para inúmeras vitórias

militares. Tais virtudes são desenvolvidas por uma série de atitudes, dentre as quais

ressalta a observância das normas que regulam os conflitos armados, no que concerne

ao comportamento individual de cada combatente diante das Leis da Guerra.

As Convenções de Genebra e de Haia estabeleceram essas normas, que passaram, com o

peso de lei, a fundamentar o Direito Internacional Humanitário, no campo dos conflitos

armados. De um modo geral, pode-se dizer que essas leis têm por finalidade proteger os

combatentes fora de combate e as pessoas que não participam das hostilidades, bem

como as pessoas encarregadas de prestar auxílio às vítimas, ou seja, integrantes

devidamente autorizados dos serviços de saúde e religiosos, sejam esses militares ou

civis, e da Cruz Vermelha.

O Brasil ratificou as convenções e aderiu aos seus protocolos adicionais, o que, em

outras palavras, significa que se comprometeu a respeitar e fazer respeitar, em todas as

circunstâncias, as normas estabelecidas.

É dever, pois, de todo o fuzileiro naval (FN), conhecer e obedecer as regras que regem

os conflitos armados, nos seus aspectos fundamentais, que serão apresentados neste

capítulo.

6.2 - NORMAS FUNDAMENTAIS

6.2.1 - Responsabilidade pela observância

Respeitar as regras do Direito da Guerra é uma obrigação precípua de todo militar.

Cada combatente é individualmente responsável pela sua observância, mas os

Comandantes são os únicos responsáveis por fazerem com que seus subordinados as

respeitem.

Antes de dar a ordem para uma ação militar, o Comandante deve avaliar o risco de

cada uma das alternativas para cumprir a missão recebida e verificar se elas não

violam nenhuma das regras do Direito da Guerra.

6.2.2 - Evitar sofrimentos inúteis

O Direito da Guerra também rege a conduta do combate e o uso de certas armas, com

o fim de evitar sofrimentos ou males que sejam excessivos em relação à vantagem

militar que possam proporcionar. A necessidade militar não admite a crueldade, quer

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 6-2 - ORIGINAL

dizer infligir um sofrimento sem motivo, ou por vingança.

6.2.3 - Limitar os danos e destruições

O Direito da Guerra estabelece que os danos e as destruições devem se limitar ao

necessário para impor a sua própria vontade ao adversário. Não podem ser

excessivos em relação à vantagem militar prevista. Por conseguinte, só se utilizarão

armas, métodos e meios de combate que causem os danos inevitáveis para cumprir a

missão recebida.

6.2.4 - Atacar somente objetivos militares

Segundo as regras que regem os conflitos armados, são objetivos militares os

combatentes e os seus equipamentos, bem como os estabelecimentos e meios de

transporte militares (exceto os estabelecimentos e meios de transporte que tenham o

emblema da Cruz Vermelha ou de uma outra instituição humanitária), as posições

das forças inimigas e os bens que, por sua natureza, localização e finalidade,

contribuam para a ação militar.

É considerada deslealdade, por exemplo, fingir a condição de protegido, simular

rendição para enganar o adversário ou ganhar a sua confiança com a intenção de traí-

lo.

Os bens civis (objetos sem finalidade militar e que não servem de apoio à ação

militar) não constituem objetivos militares e merecem proteção.

6.2.5 - Lutar só contra combatentes

Somente combatentes, ou seja, os membros das forças armadas (salvo os

pertencentes aos serviços de saúde e religioso), têm o direito de combater e podem

ser atacados. Como membros das forças armadas devem ser consideradas todas as

pessoas que estiverem usando uniformes militares característicos das partes em

conflito, conduzindo armamento, ou participando, de qualquer forma, em operações

ou atividades militares.

Incluem-se como não-combatentes a população civil (todas as pessoas que não

pertençam às forças armadas e não participam das hostilidades) e, por conseqüência,

não deve ser atacada; o mesmo vale para os feridos, náufragos e doentes que não

tomem parte nas hostilidades.

Os ardis de guerra tais como estratagemas, fintas, armadilhas, camuflagem ou

simulação de ações são permitidos. No entanto, ficam proibidos os meios desleais.

6.2.6 - Respeitar os combatentes inimigos que se renderem

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 6-3 - ORIGINAL

Esta regra é derivada do princípio no qual fica estipulado o respeito e a proteção ao

inimigo que já não pode ameaçar ou atacar, ou que esteja fora de combate.

Capturando-o, já se consegue alcançar o propósito de incapacitá-lo para o combate.

O inimigo que se rende, manifesta claramente a sua intenção de não prosseguir

combatendo. Em geral, lança suas armas ao chão, levanta as mãos, retira seu

capacete, agita uma bandeira branca ou sinaliza essa intenção com outras atitudes

evidentes.

Em um conflito armado entre países, um soldado inimigo capturado é considerado

prisioneiro de guerra (PG). Em outras modalidades de conflito (uma guerra civil por

exemplo), o inimigo capturado não tem a condição de PG e pode ser processado

judicialmente, mas tem, no entanto, o direito a um tratamento humano.

6.2.7 - Proteger os combatentes inimigo feridos, doentes ou fora de ação

O combatente ferido ou doente que já não pode lutar, também está fora de combate e,

conseqüentemente, não constitui uma ameaça. Será tratado como prisioneiro, e terá o

direito de ser protegido e receber assistência.

6.2.8 - Respeitar e proteger os civis

Os civis não podem participar diretamente das hostilidades, devendo ser respeitados

e protegidos contra maus tratos, as ameaças, humilhações, vingança e ataques

indiscriminados que causem danos excessivos às pessoas e aos seus bens.

Os civis também não podem ser tomados como reféns.

Seus bens e propriedades devem ser respeitados. A pilhagem é crime.

6.2.9 - Respeitar o pessoal, os veículos e as instalações do serviço de saúde militar ou

civil e da Cruz Vermelha

O Direito da Guerra protege especialmente os feridos e doentes, tanto amigos como

inimigos, assim como os prisioneiros. Por conseguinte, é lógico prever a proteção

ativa de quem está encarregado de recolher e/ou assistir a essas vítimas, nas zonas de

combate ou na retaguarda.

A utilização de veículos e instalações do serviço de saúde com fins militares de

disfarce ou escudo de proteção, ou, ainda, o uso indevido do emblema da Cruz

Vermelha ou de outra organização humanitária, são exemplos de violações graves ao

Direito da Guerra.

6.3 - REGRAS DE COMPORTAMENTO

6.3.1 - Em relação aos combatentes inimigos

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 6-4 - ORIGINAL

a) Nunca atacar um militar inimigo que se renda ou que tenha sido capturado,

ferido ou se encontre doente.

No trato com os PG, observar os seis procedimentos padronizados: revistá-los,

guardá-los, mantê-los em silêncio, separá-los, protegê-los e evacuá-los para

retaguarda, com brevidade. Um PG não pode ser morto, torturado ou maltratado,

pois isto consiste numa grave violação das leis da guerra e a perda de uma fonte

vital de dados sobre o inimigo. Ao se maltratar os PG, estar-se-á desencorajando

outros soldados inimigos a se renderem e motivando a continuidade da

resistência. Se, ao contrário, eles forem bem tratados, além de incentivar o

inimigo à rendição, contribuirá para que eles tratem bem os seus prisioneiros

(nossos companheiros). Tratamento humano dos PG é correto, honroso e

prescrito nas leis que regem os conflitos armados.

b) O inimigo pode usar diferentes sinais para indicar que está se rendendo, porém

essa indicação deve ser clara e perceptível. É crime atirar num inimigo que tenha

deposto sua arma e oferecido rendição.

c) Prover sempre cuidados médicos para os combatentes feridos, sejam eles

amigos ou inimigos. De acordo com o Direito da Guerra, é necessário

proporcionar ao inimigo doente ou ferido tratamento médico da mesma qualidade

que o proporcionado ao próprio pessoal.

d) Quando se captura alguém, nem sempre é possível ter certeza se este indivíduo é

um inimigo. A confirmação, em caso de dúvida, só poderá ser obtida por pessoal

especialmente adestrado para esse fim em Postos de Comando de escalões mais

elevados. O captor, contudo, pode interrogar seus prisioneiros sobre informações

militares de valor imediato para o cumprimento de sua missão, porém sem nunca

ameaçar, torturar ou empregar qualquer outra forma de coerção para obter esses

conhecimentos. Por sua vez, o PG, quando interrogado, só é obrigado a dizer seu

nome, posto ou graduação, data de nascimento e número de matrícula. Ou seja, os

dados constantes de sua placa de identificação em campanha.

e) Não se pode tomar de um PG seus bens pessoais, exceto aqueles itens claramente

de valor militar ou de interesse para a produção de informações, tais como: armas,

canivetes, equipamentos de sapa, de orientação e de comunicações, sinalizadores,

lanternas, cartas geográficas e documentos militares. Nesse caso, a retirada desses

bens só se fará após o prisioneiro ter sido colocado sob segurança, separado e

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 6-5 - ORIGINAL

mantido em silêncio. Nada que não tenha algum valor militar lhe poderá ser

tomado. Somente por ordem de um oficial poderá ser retirado dinheiro de um

prisioneiro. Nesse caso, será fornecido recibo assinado pelo elemento responsável

pela custódia, no qual serão registrados os dados que permitam a perfeita

identificação do emitente.

f) Os PG podem realizar vários tipos de trabalhos, desde que estes não estejam

relacionados ao esforço de guerra da parte captora. O trabalho aceitável que pode

ser executado pelos PG deve ser limitado, admitindo-se, entretanto, que cavem

tocas de raposa e abrigos coletivos destinados à sua própria proteção.

g) Segundo as leis que regulam os conflitos armados, não é permitido utilizar

prisioneiros: como escudo ou medida de proteção no ataque ou defesa contra o

inimigo; na localização, limpeza ou lançamento de minas ou armadilhas; ou,

ainda, para transportar munição ou equipamentos pesados.

h) Não é permitido atacar localidades. Porém, admite-se engajar o inimigo que nelas

se encontre, bem como destruir qualquer equipamento ou suprimento que o

mesmo lá possua, quando a sua missão assim exigir. Em qualquer caso, as

destruições devem se limitar ao absolutamente necessário para o cumprimento da

missão. Caso se empregue o apoio de fogo numa área urbana, só os alvos militares

devem ser atacados.

i) Os prédios e instalações protegidos não devem ser atacados. Embora uma

edificação possa parecer de menor importância para quem a ataca, na verdade

pode apresentar importância relevante para determinado país. Exemplos de

edificações protegidas: prédios dedicados às atividades religiosas, artísticas,

científicas ou caritativas; monumentos históricos; hospitais e lugares onde os

doentes e feridos são concentrados e tratados; escolas e orfanatos. Se o inimigo,

no entanto, utilizar esses lugares para seu refúgio ou com propósitos ofensivos, o

Comandante deverá comunicar ao seu superior, que decidirá sobre um ataque a

essas posições, após analisar toda a situação. Em caso afirmativo, a destruição

causada à edificação protegida deve ser a menor possível, compatível com as

necessidades ditadas pelo cumprimento da missão.

j) Pára-quedistas isolados (como, por exemplo pilotos ou tripulação de

aeronaves abatidas ou em pane) são considerados desamparados até que

alcancem o solo. De acordo com as regras da guerra, não é permitido atirar neles

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 6-6 - ORIGINAL

até que cheguem ao chão. Só então, se eles resistirem com armas ou não se

renderem, poderão ser atacados. Tropas pára-quedistas, por outro lado, são

sempre consideradas combatentes e podem ser atingidas enquanto ainda estiverem

no ar.

6.3.2 - Com relação aos civis

a) Não violar os direitos civis nas zonas de guerra. Se cada combatente tiver algum

conhecimento sobre a cultura e as práticas do povo que vive nessas áreas, serão

pequenos os problemas de identificação dos seus direitos civis. Convém lembrar

que os civis são protegidos contra atos de violência, ameaças e insultos, quer do

inimigo, quer de nossas forças.

b) Eventualmente pode ser necessário movimentar ou reposicionar civis, em virtude

da urgência exigida pelas atividades militares. Sob nenhuma circunstância pode

ser destruída uma propriedade civil sem aprovação do Comandante do mais alto

escalão. Da mesma forma, nada pode ser retirado ou tomado dos civis sem

autorização expressa de autoridade competente. A não observância dessas regras é

uma grave violação das leis sobre o Direito da Guerra.

c) Sob nenhuma circunstância, também, pode-se abrir fogo sobre pessoal médico ou

equipamentos empregados pelos serviços de saúde públicos ou militares do

inimigo. A maioria do pessoal e das instalações de saúde são distinguidos pelo

símbolo da Cruz Vermelha. É proibido o uso deste símbolo por qualquer tropa ou

instalação que não as de saúde e de assistência humanitária.

6.3.3 - Outras normas

a) Segundo as leis que regem os conflitos armados, não é permitido o uso de veneno

ou meios tóxicos. Entretanto, podem ser empregados meios não tóxicos para

destruir os estoques de alimentos e água do inimigo, de forma a impedir que ele

disponha desses recursos em combate.

b) Não é permitido modificar as características das armas com o propósito de causar

sofrimento desnecessário ao inimigo. Também não podem ser utilizadas munições

alteradas para infligir a máxima destruição ao inimigo.

6.4 - SINAIS CONVENCIONAIS

O Direito da Guerra concede uma proteção particular a categorias específicas de

pessoas e bens.

Sinais distintivos tornam reconhecíveis as pessoas e bens especificamente protegidos.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 6-7 - ORIGINAL

Fig 6.1 - Sinais convencionais

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 7

LIDERANÇA

7.1 - GENERALIDADES

A acentuada evolução do conhecimento científico-tecnológico, possibilitando a

produção de armas e equipamentos sofisticados, dispendiosos e de difícil manuseio,

torna cada vez mais complexas as atividades militares, realçando a importância do papel

daquele que é o elemento primordial de qualquer força armada (FA), em qualquer

época: o ser humano.

Conhecer os valores humanos, a partir da busca do auto aperfeiçoamento é, antes de

tudo, uma tarefa a que o militar deve se entregar, ao pretender realmente ser um

profissional competente e um líder capaz de influenciar e ser respeitado por seus

superiores, pares e subordinados.

Esse capítulo trata dos fundamentos da liderança militar, proporcionando base teórica

para o exercício da liderança a partir das menores frações (Esquadra de Tiro e Grupo de

Combate).

7.2 - CONCEITOS BÁSICOS

7.2.1 - Liderança

É o processo que consiste em influenciar pessoas no sentido de agirem,

voluntariamente, em prol dos objetivos da instituição.

A liderança pode ser definida como o processo que permite a alguém dirigir os

pensamentos, planos e ações de outros, de forma a obter sua obediência, confiança,

respeito e leal cooperação.

7.2.2 - Ética

A ética militar é o conjunto de regras ou padrões que levam o profissional militar a

agir de acordo com o sentimento do dever, dignidade militar e decoro da classe. A

título de exemplo, cita-se a Convenção de Genebra que se constitui em uma

coletânea de normas, abordando aspectos de cunho moral, aplicáveis em situações de

combate, envolvendo os participantes de países beligerantes, apresentada no capítulo

anterior.

7.2.3 - Crenças, valores e normas

As crenças são suposições ou convicções julgadas verdadeiras a respeito de pessoas,

conceitos ou fatos.

Os valores representam o grau de importância atribuído, subjetivamente, a pessoas,

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-2 - ORIGINAL

conceitos ou fatos. Não se nasce com eles; são aprendidos ao longo da vida, variando

de acordo com a sociedade, a cultura, ou a época.

As normas são padrões, regras ou diretrizes usadas para dirigir o comportamento

humano em todos os setores da sociedade, permitindo o convívio em harmonia. O

Regulamento Disciplinar da Marinha (RDM) e o Código Penal Militar (CPM) são

exemplos de normas que guiam o comportamento dos militares em situações

diversas, definindo aquilo que é ou não permitido.

7.3 - PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA

7.3.1 - Considerações iniciais

Os princípios de liderança militar são a base da doutrina de liderança,

proporcionando orientação para o desenvolvimento do líder, dos subordinados e da

unidade.

A liderança militar é baseada em onze princípios que são igualmente aplicáveis a

todos os escalões.

7.3.2 - Princípios de liderança militar

a) Conhecer a profissão

Para conhecer sua profissão, o líder deve ter uma larga soma de conhecimentos. É

importante que:

- compreenda as técnicas, os procedimentos e a doutrina de emprego do seu

escalão;

- mantenha-se atualizado com os regulamentos, manuais, normas e ordens

referentes à organização a que pertence;

- tenha compreensão nítida dos problemas humanos; e

- esteja a par dos deveres funcionais e necessidades dos subordinados.

b) Conhecer a si mesmo e procurar o auto-aperfeiçoamento

É dever de todo líder avaliar-se, conhecer seus aspectos positivos e suas

deficiências. É necessário manter-se atualizado sobre assuntos concernentes à sua

profissão e aprimorar-se por meio de cursos e leituras.

c) Assumir a responsabilidade por seus atos

O líder é responsável por seus atos e de seus subordinados em todas as situações

de serviço.

d) Decidir com acerto e oportunidade

O líder deve ser capaz de raciocinar com lógica e analisar cada situação, a fim de

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-3 - ORIGINAL

tirar proveito das oportunidades e adotar a melhor decisão.

e) Desenvolver o senso de responsabilidade em seus subordinados

Quando atribuir tarefas aos subordinados, o líder deve fazer com que estes

assumam as conseqüências de seus atos. Assim procedendo, conquista o respeito e

a confiança, desenvolve o espírito de iniciativa e obtém a franca contribuição de

seus liderados.

f) Servir de exemplo a seus homens

O líder é sempre um espelho para os subordinados e por isso deve ter uma

apresentação e conduta que despertem a admiração, o orgulho e o desejo de

imitação.

g) Conhecer e cuidar do bem-estar de seus subordinados

Para que possa empregar seus homens com maior eficiência, o líder deve observá-

los freqüentemente, familiarizar-se com eles, compreender-lhes as personalidades

e compartilhar suas alegrias e tristezas.

h) Manter seus homens bem informados

O subordinado bem informado sobre a missão, a situação e a finalidade de seu

trabalho é muito mais eficiente e cumpre melhor e com maior iniciativa o seu

dever. Entretanto, o líder deve ter sempre presente que as exigências da segurança

restringem, muitas vezes, as informações que podem ser divulgadas.

i) Assegurar-se de que as ordens são compreendidas, fiscalizadas e executadas

O líder deve transmitir ordens claras, precisas e concisas. A fiscalização assegura

a correta execução da ordem e pode ser realizada pelo próprio líder ou com o

apoio de alguns subordinados.

j) Treinar seus subordinados como equipe

O treinamento pessoal e o desenvolvimento do espírito de equipe são tarefas do

líder, pois preparam os homens para cumprirem a missão. É dever do líder treinar

seus homens de modo que sejam tática e tecnicamente capazes de trabalhar em

conjunto. Cada liderado deve compreender que sua contribuição para o sucesso

das operações é importante e reconhecida.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-4 - ORIGINAL

l) Atribuir tarefas a seus homens de acordo com as possibilidades destes.

O líder deve conhecer tanto as qualidades quanto as limitações de seus homens e

designá-los adequadamente para que os propósitos das tarefas atribuídas sejam

atingidos.

7.4 - TIPOS DE LIDERANÇA

7.4.1 - Considerações iniciais

Tipo ou estilo de liderança é a forma que o líder utiliza para estabelecer a direção,

aperfeiçoar planos e ordens e motivar seus homens para o cumprimento da missão.

Existem três estilos básicos de liderança: autoritária ou autocrática, participativa ou

democrática e delegativa.

7.4.2 - Liderança autoritária ou autocrática

Estabelece normas rígidas, inspeciona os subordinados nos mínimos detalhes e

determina os padrões de eficiência, usando para motivar os homens o sistema de

recompensas e punições. O líder autocrático baseia sua atuação numa disciplina

formal em busca de uma obediência imposta.

O principal problema deste tipo de liderança é o desinteresse pelas idéias dos

subordinados, não utilizando a sua criatividade. O uso deste estilo de liderança pode

gerar descontentamento dentro da equipe, e, o que é mais grave, inibe a iniciativa do

subordinado, além de não considerar os aspectos humanos, entre eles o

relacionamento líder-liderados.

7.4.3 - Liderança participativa ou democrática

Nesse tipo, o líder encara como sua responsabilidade o cumprimento da missão por

meio da participação, do engajamento dos homens e do aproveitamento de suas

idéias. A satisfação pessoal e o sentimento de contribuição resultam no sucesso da

missão, pois levam em conta a motivação dos homens. O líder procura estabelecer o

respeito, a confiança mútua e o entendimento recíproco.

Esse tipo de líder se reúne com seus subordinados para conversar sobre as áreas de

atrito que interferem no trabalho. Na ausência do líder, esta equipe terá condições de

continuar agindo de acordo com o planejamento previamente estabelecido para

cumprir a missão.

7.4.4 - Liderança delegativa

Esse estilo é mais indicado para assuntos de natureza técnica, onde o líder atribui a

seus assessores a tomada de decisões especializadas. Desse modo, ele tem mais

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-5 - ORIGINAL

tempo para dar atenção a todos os problemas sem se deter especificamente numa

determinada área. Contudo, detém a palavra final sobre a execução da missão.

O ponto crucial do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar atribuições sem

perder o controle da situação. O controle das atividades dos elementos subordinados

deve ser permanentemente acompanhado e fiscalizado.

7.5 - O LÍDER

É possível estruturar o perfil do líder segundo três aspectos fundamentais:

- o caráter (o ser);

- a competência profissional (o saber); e

- a maneira como ambos se manifestam pelo comportamento (o fazer).

7.5.1 - O caráter do líder (o que o líder deve ser)

É a combinação de traços de personalidade que dão consistência ao comportamento e

tem por base as crenças e valores, sendo fator preponderante nas decisões e no modo

de agir de qualquer pessoa.

Certos traços de personalidade encontram-se especialmente acentuados nos líderes

militares, porém não existem fórmulas que indiquem quais os mais necessários ou

como são utilizados no exercício da liderança. É importante que os chefes procurem

desenvolver esses traços em si e nos seus subordinados porque, em momentos

críticos ou nas situações difícieis, eles proporcionam segurança para agir com

eficiência.

Estudos realizados nas FA levaram a detectar certos traços como os mais relevantes

para o líder militar brasileiro:

a) Competência

Capacidade de desempenhar, adequadamente, em tempo hábil, as atividades

relativas a sua área de atuação profissional.

b) Responsabilidade

Capacidade de assumir e enfrentar as conseqüências de suas atitudes e decisões.

c) Decisão

Capacidade de tomar posição diante de várias opções. É a habilidade para tomar

medidas seguras e corretas no momento adequado. A percepção e a sensibilidade

são elementos críticos para a tomada de decisões.

d) Iniciativa

Capacidade de agir face a situações inesperadas, sem depender de ordem ou

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OSTENSIVO - 7-6 - ORIGINAL

decisão superior.

e) Equilíbrio emocional

Capacidade de controlar as próprias reações, tomar atitudes adequadas e decidir

com acerto e oportunidade.

É a habilidade para avaliar, com calma e imparcialidade, o comportamento dos

subordinados, não se deixando dominar pelas emoções.

f) Autoconfiança

Capacidade de demonstrar segurança e convicção nas próprias reações diante de

dificuldades. É a certeza de ser ele próprio bem sucedido, assim como seus

homens, em tudo que deve ser realizado. É demonstrada pela aparência, pelo

olhar, pela voz, pelo entusiasmo no modo de falar e de agir.

g) Direção

Capacidade de conduzir e coordenar pessoas, de modo a alcançar um objetivo.

Consiste em assumir o controle, tornando conhecidas suas idéias, ajudando a

definir os problemas e encaminhando o grupo para a ação correta a fim de

solucionar as dificuldades e cumprir a missão.

h) Disciplina

Capacidade de proceder conforme as normas, leis e padrões regulamentares.

i) Coragem

Capacidade de controlar o medo e continuar desempenhando com eficiência a

missão. A coragem se apresenta sob duas formas:

- coragem física - superação do medo ao dano físico no cumprimento do dever; e

- coragem moral - defesa dos próprios valores, princípios morais e convicções.

Existe coragem moral quando se faz algo baseado em valores e princípios morais,

sabendo que esse ato contraria os próprios interesses.

j) Objetividade

Capacidade de selecionar, dentre várias possibilidades, a necessária para atingir

uma determinada meta.

k) Dedicação

Realizar as atividades com empenho. A dedicação está estreitamente relacionada

com as crenças, os valores, e o caráter do líder, o qual é fortemente motivado para

aprender e aplicar seus conhecimentos e habilidades com o intuito de conseguir

unidades disciplinadas e coesas.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-7 - ORIGINAL

l) Coerência

Capacidade de agir de acordo com as próprias idéias e pontos de vista em

qualquer situação. É a expressão da integridade. Significa firmeza, franqueza,

sinceridade e honestidade para si mesmo e em relação a superiores, pares e

subordinados.

m) Camaradagem

Capacidade de estabelecer relações amistosa com superiores, pares e

subordinados. É a sensibilidade para perceber sentimentos, valores, interesses e o

bem-estar dos companheiros. Inclui a compreensão e o diálogo, que ajudam

pessoas a encontrar soluções para problemas.

n) Organização

Capacidade de desenvolver suas atividades, sistematizando tarefas. Permite que as

tarefas sejam planejadas de forma ordenada, regulando e combinando a ação, as

condições e os meios.

o) Imparcialidade

Capacidade de julgar baseando-se em dados objetivos, sem se envolver,

distribuindo recompensas e punições (quando for o caso), de acordo com o mérito

e o desempenho de cada um, sem se deixar influenciar pelas características

pessoais dos envolvidos.

p) Persistência

Capacidade para executar uma tarefa vencendo as dificuldades encontradas até

concluí-la. É a perseverança para alcançar um objetivo, apesar de obstáculos

aparentemente insuperáveis. Depende de uma grande determinação e força de

vontade.

q) Persuasão

Capacidade de utilizar argumentos convicentes, para influenciar ações e opiniões

de outros.

7.5.2 - A competência profissional (o que o líder deve saber)

O líder deve possuir outras qualidades, mas o conhecimento é o ponto de partida.

Quando um líder aplica seus conhecimentos ao estudo e à solução de problemas está

atuando no nível do seu "saber". Estes conhecimentos abrangem os seguintes

aspectos:

a) Conhecimento dos subordinados

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-8 - ORIGINAL

Para alcançar este objetivo, a observação e o acompanhamento constantes são

importantes, mas somente a convivência direta com os homens permitirá ao líder

o conhecimento mais profundo das capacidades e das limitações de cada um.

b) Compreensão da natureza humana

Este conhecimento permite que o líder avalie, oriente, execute e motive seus

subordinados. A tarefa mais difícil com que qualquer líder se defronta é inspirar e

gerar nos subordinados a coragem necessária para superar a incerteza e o medo.

c) Competência profissional técnica e tática

Para executar com êxito uma missão, o líder tem que saber o que está

acontecendo, decidir o que fazer a respeito, transmitir suas ordens e, finalmente,

manter-se informado, acompanhando o desenvolvimento dos trabalhos.

O treinamento proporciona aos líderes a aquisição de habilidades, conhecimentos

e comportamentos que são os elementos-chave da competência tática e técnica.

A capacidade técnica é decisiva para a manutenção segura do equipamento militar

e para seu emprego eficaz. Os líderes necessitam possuir imaginação e habilidade,

aceitando riscos razoáveis e criando oportunidades a fim de obter vantagens que

facilitem o cumprimento da missão.

A capacidade tática é essencial para o emprego das forças militares, cujo objetivo

é vencer o inimigo. A liderança é o elemento crucial do poder de combate - e a

sua essência - e qualquer falha na integração da doutrina de liderança com a

doutrina operacional irá determinar o fracasso de uma ação militar.

7.5.3 - O que o líder deve fazer

a) Comunicação

- não impor seus argumentos como os únicos que estão corretos e admitir a

colaboração de seus subordinados; e

- procurar compreender o subordinado, integrando-o ao grupo.

b) Motivação

É a força interna que emerge, regula e sustenta todas as ações humanas. É um

impulso interior que leva as pessoas a realizarem coisas.

O líder deve motivar o seu subordinado, pois motivado, ele utilizará ao máximo

seus recursos (conhecimentos, habilidades e aptidões) para alcançar objetivos.

c) Disciplina e coesão

A pedra angular sobre a qual se estrutura a dinâmica da Organização Militar (OM)

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-9 - ORIGINAL

é a disciplina. Esta se evidencia pela imediata e efetiva execução de tarefas em

resposta as ordens.

Uma tropa disciplinada e coesa resulta de liderança eficiente em todos os

escalões, havendo tantos e tão variados indícios de sua manifestação que seria

impossível enumerá-los em sua totalidade.

São exemplos de indicadores da disciplina de uma unidade:

- missões bem cumpridas;

- apresentação pessoal irrepreensível;

- elevado espírito de corpo e o orgulho de pertencer àquela unidade;

- empenho de todos em bem cumprir suas tarefas;

- manutenção do armamento e do equipamento bem realizada; e

- instrução bem planejada e conduzida.

São exemplos de procedimentos adotados pelo líder, que concorrem para

implementar o verdadeiro espírito de disciplina:

- ser sincero com seus superiores, pares e subordinados;

- obedecer e assegurar-se de que as normas disciplinares são obedecidas;

- estimular em seus subordinados o sentimento de que sempre devem dizer a

verdade;

- ser justo e criterioso na aplicação de recompensas, elogios e punições;

- desenvolver o gosto por atividades esportivas e intelectuais;

- respeitar, sobretudo, a dignidade humana dos seus subordinados, evitando o uso

de expressões depreciativas, preconceituosas ou grosseiras; e

- desenvolver a coesão e a disciplina em suas frações.

Coesão e disciplina estão fortemente inter-relacionadas. Coesão pode ser definida

como a existência de fortes laços de lealdade, respeito recíproco, confiança e

compreensão entre os integrantes de uma OM. Se uma unidade é disciplinada e

cumpre com presteza e rapidez suas tarefas, mesmo sob tensão ou condições

adversas, deve possuir um nível elevado de coesão; e ao treinar seus homens

como uma equipe estará contribuindo para o aprimoramento da coesão.

7.5.4 - Resumo do que o líder deve ser, saber e fazer.

O Líder O Quê Como

Ser Possuidor de caráter Pela competência, responsabilidade, iniciativa, equilíbrio emocional,

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-10 - ORIGINAL

autoconfiança, coragem, etc.

Saber

Conhecer os subordinados Compreender a natureza humana Possuir competência profissional (técnica / tática)

Como reagem sob tensão; capacidade e limitações; conhecimento e habilidades. Necessidades, carências e emoções; ações e comportamentos. Ampliando seus conhecimentos, decidindo com oportunidade e acerto; transmitindo ordens corretamente; mantendo-se informado.

Fazer

Comunicar Motivar Disciplinar Estimular a coesão

Usando técnicas de comunicação. Despertando a força interna que leva as pessoas a realizarem coisas. Pela instrução militar, exemplo pessoal, análise dos fatos ocorridos e pelo aconselhamento. Pela obtenção da união mental, emocional e espiritual dos membros do grupo (espírito de equipe).

7.6 - A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NO CFN

A realização de uma operação anfíbia (OpAnf) exige tropa especializada e

especialmente treinada nos procedimentos táticos específicos. Essas características dos

combatentes anfíbios ressaltam a importância da liderança como atributo de um

fuzileiro naval.

Desde as menores frações, cada Comandante tem que ser capaz de despertar nos seus

subordinados a vontade de combater. Deve motivá-los e conduzi-los adequadamente,

visando a contribuir para o sucesso das ações.

Convém lembrar que mãos adestradas manuseiam com perfeição o armamento mais

sofisticado, porém, o caráter, a vontade e o espírito de corpo controlam as mãos.

No trato diário com a tropa, cabe ao Comandante conquistar o respeito e a lealdade de

seus subordinados. Essa tarefa, que consome esforço e tempo, é exercida pela firme

manifestação de convicções e apontando-se sempre o caminho a seguir, sob pena de o

líder perder a confiança do subordinado e comprometer definitivamente o que almejava.

Tornar-se um líder depende de muita força de vontade, perseverança, observação de si

mesmo e dos outros, prática e aperfeiçoamento.

É preciso fazer sempre uma auto-avaliação para verificar em quais requisitos da

liderança se é deficiente e procurar corrigi-los.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 7-11 - ORIGINAL

7.7 - DIFERENÇA ENTRE LÍDER E CHEFE

Nem sempre o chefe constituir-se-á em um líder. O chefe, por estar investido de uma

função ou cargo no qual é necessário o trato diário com os subordinados, poderá fazê-lo

friamente por intermédio das leis e dos regulamentos.

O líder, ainda que não seja o chefe, é capaz de unir as outras pessoas para a consecução

de uma mesma finalidade.

A grande diferença está na capacidade inerente a uma pessoa, para incentivar um grupo

a fim de motivá-lo a alcançar as metas estabelecidas.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 8-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 8

ORGANIZAÇÃO

8.1 - INTRODUÇÃO

De acordo com a Constituição Federal (CF), a Marinha do Brasil (MB) é uma

instituição nacional permanente e regular, organizada com base na hierarquia e

disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República.

A CF também estabelece que a MB, em conjunto com as demais Forças Armadas (FA),

destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de

qualquer destes, da lei e da ordem.

A MB dispõe de estrutura própria e está ligada, diretamente, ao Ministro de Estado da

Defesa. O Comandante da Marinha (CM) é nomeado pelo Presidente da República.

De acordo com a Lei nº 97 de 9 de junho de 1999, as FA tem como atribuição

subsidiária, de caráter geral, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil,

na forma determinada pelo Presidente da República. São atribuições subsidiárias

particulares da Marinha: orientar e controlar a Marinha Mercante, no que interessa à

defesa nacional; prover a segurança da navegação aquaviária; contribuir para a

formulação e condução de políticas nacionais que digam respeito ao mar e águas

interiores; e implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos no mar e

águas interiores, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, Federal ou

Estadual, em razão de competências específicas.

8.2 - A MISSÃO DA MARINHA

A missão constitucional da MB contempla, essencialmente, o conceito de emprego do

Poder Naval, sendo enunciada da seguinte forma:

“Preparar e aplicar o Poder Naval, a fim de contribuir para a Defesa da

Pátria”.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 8-2 - ORIGINAL

8.3 - ORGANIZAÇÃO DO COMANDO DA MARINHA

Estado-Maiorda Armada (EMA)

Diretoria-Geralde Navegação

(DGN)

Comando da Marinha(CM)

Comando-Geral doCorpo de Fuzileiros

Navais (CGCFN)

Comando deOperações Navais

(ComOpNav)

Secretaria- Geralda Marinha

(SGM)

Diretoria-Geraldo Material da Marinha

(DGMM)

Diretoria-Geraldo Pessoal da Marinha

(DGPM)

ALMIRANTADO

Fig 8.1 - Organograma do Comando da Marinha

8.4 - COMANDO DE OPERAÇÕES NAVAIS

O Comando de Operações Navais (ComOpNav) tem por finalidade aprestar os meios

operativos para a adequada aplicação do Poder Naval.

O Comandante de Operações Navais (CON) é um Almirante-de-Esquadra do Corpo da

Armada (CA), que exerce as atribuições de Comandante-em-Chefe de todas as Forças

Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais.

O CON está subordinado diretamente ao CM.

Page 68: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 8-3 - ORIGINAL

Comando do8º Distrito Naval

(Com8ºDN)

Comando de OperaçõesNavais

(ComOpNav)

Comando do1º Distrito Naval

(Com1ºDN)

Comando da Força deFuzileiros da Esquadra

(ComFFE)

Comando-em-Chefeda Esquadra(ComemCh)

Comando do2º Distrito Naval

(Com2ºDN)

Comando do6º Distrito Naval

(Com6ºDN)

Comando do5º Distrito Naval

(Com5ºDN)

Comando do7º Distrito Naval

(Com7ºDN)

Comando do ControleNaval do Tráfego

Marítimo ( )COMCONTRAM

Comando do3º Distrito Naval

(Com3ºDN)

Comando do4º Distrito Naval

(Com4ºDN)

Comando do9º Distrito Naval

(Com9ºDN)

Fig 8.2 - Organograma do Comando de Operações Navais

8.5 - COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN) tem o propósito de

contribuir para o preparo e aplicação do Poder Naval no tocante às atividades

relacionadas com o pessoal, o material e o detalhamento doutrinário, específico do

CFN.

O Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (ComGer) é um Almirante-de-

Esquadra do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), que também está diretamente

subordinado ao CM. O ComGer é membro do Almirantado.

Page 69: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 8-4 - ORIGINAL

Comando-Geral doCorpo de Fuzileiros Navais

(CGCFN)

Comando do Pessoalde Fuzileiros Navais

(CPesFN)

Centro de InstruçãoAlmirante Sylvio de

Camargo (CIASC)

Centro de InstruçãoAlmirante Milcíades

Portela Alves (CIAMPA)

Centro de Adestramentoda Ilha da Marambaia

(CADIM)

Comando do Materialde Fuzileiros Navais

(CMatFN)

Batalhão Naval(BtlNav)

Companhia de Políciado Batalhão Naval

(CiaPolBtlNav)

Centro de Reparos eSuprimentos Especiais

do CFN ( )CRepSupEspCFN

Fig 8.3 - Organograma do Comando-Geral

8.6 - FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA

A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), subordinada ao Comando de Operações

Navais, está localizada no município de Duque de Caxias (RJ), sob o comando de um

Vice-Almirante do CFN. É uma Força organizada, treinada e equipada para realizar

operações terrestres de caráter naval.

Comando da Forçade Fuzileiros da Esquadra

(ComFFE)

Comando daDivisão Anfíbia

(ComDivAnf)

Comando daTropa de Desembarque

(CmdoTrpDbq)

Base deFuzileiros Navais

do Rio Meriti (BFNRM)

Batalhão de OperaçõesEspeciais de Fuzileiros

Navais ( )BtlOpEspFuzNav

Comando daTropa de Reforço

(ComTrRef)

Fig 8.4 - Organograma da FFE

Page 70: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 8-5 - ORIGINAL

8.7 - DIVISÃO ANFÍBIA

A Divisão Anfíbia (DivAnf), localizada na Ilha do Governador (RJ), está estruturada

para executar Operações Anfíbias (OpAnf) e Operações Terrestres limitadas,

necessárias à realização de uma campanha naval.

O Comandante da DivAnf é um Contra-Almirante do CFN, que está diretamente

subordinado ao Comandante da FFE.

Base de FuzileirosNavais da Ilha do

Governador (BFNIG)

Batalhão deComando e Controle

(BtlCmdoCt)

Comando daDivisão Anfíbia

(ComDivAnf)

2º Batalhão deInfantaria de FuzileirosNavais (2ºBtlInfFuzNav)

1º Batalhão deInfantaria de FuzileirosNavais (1ºBtlInfFuzNav)

3º Batalhão deInfantaria de FuzileirosNavais (3ºBtlInfFuzNav)

Batalhão deBlindados de FuzileirosNavais (BtlBldFuzNav)

Batalhão de ControleAerotático e Defesa

Antiaérea (BtlCAetatDAAe)

Batalhão deArtilharia de FuzileirosNavais (BtlArtFuzNav)

Fig 8.5 - Organograma da Divisão Anfíbia

8.8 - TROPA DE REFORÇO

A Tropa de Reforço (TrRef), situada na Ilha das Flores em São Gonçalo (RJ), tem por

finalidade prover elementos de apoio ao combate e de apoio de serviços ao combate,

necessários às operações desenvolvidas pelos Fuzileiros Navais.

O Comandante da TrRef é um Contra-Almirante do CFN, que está diretamente

subordinado ao Comandante da FFE.

Page 71: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 8-6 - ORIGINAL

Base de FuzileirosNavais da Ilha das

Flores (BFNIF)

Comando daTropa de Reforço

(ComTrRef)

Companhia deApoio ao Desembarque

(CiaApDbq)

Companhia de Polícia(CiaPol)

Batalhão deEngenharia de FuzileirosNavais (BtlEngFuzNav)

Batalhão Logísticode Fuzileiros Navais

(BtlLogFuzNav)

Batalhão deViaturas Anfíbias

(BtlVtrAnf)

Fig 8.6 - Organograma da Tropa de Reforço

8.9 - FUZILEIROS NAVAIS NOS DISTRITOS NAVAIS

Os Grupamento de Fuzileiros Navais e o Batalhão de Operações Ribeirinha,

subordinados aos Distritos Navais, são Unidades operativas destinadas a prover a

segurança de instalações navais, bem como conduzir operações limitadas, compatíveis

com seus efetivos. Estão localizados nas cidades sede dos Distritos Navais.

Grupamento deFuzileiros Navais de

Natal (GptFNNa)

Grupamento deFuzileiros Navais deSalvador (GptFNSa)

Grupamento deFuzileiros Navais do

Rio de Janeiro ( )GptFNRJ

Grupamento deFuzileiros Navais de

Brasília (GptFNB)

Grupamento deFuzileiros Navais do

Rio Grande (GptFNRG)

Distritos Navais

1ºDN

Grupamento deFuzileiros Navais deLadário (GptFNLa)

6ºDN

7ºDN

5ºDN

Grupamento deFuzileiros Navais de

Belém (GptFNBe)4ºDN3ºDN

2ºDN

Batalhão deOperações Ribeirinhas

(BtlOpRib)9ºDN

Fig 8.7 - Fuzileiros Navais nos Distritos Navais

8.10 - BATALHÃO DE OPERAÇÕES RIBEIRINHAS

Localizado na cidade de Manaus, o Batalhão de Operações Ribeirinhas (BtlOpRib)

Page 72: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 8-7 - ORIGINAL

tem a seguinte missão: realizar Operações Ribeirinhas, prover guarda e proteção às

instalações navais e civis de interesse da MB na região, realizar ações de Segurança

Interna e formar Reservistas Navais, a fim de contribuir para a segurança da área sob

jurisdição do 9ºDN e para a garantia do uso dos rios Solimões, Amazonas e das

hidrovias secundária atingíveis a partir da calha principal desses rios.

Além das tarefas previstas na missão, o BtlOpRib cumpre ainda:

- prover apoio de segurança às Inspeções Navais; e

- ministrar o Curso Expedito de Operações Ribeirinhas.

8.11 - OM DE INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO DO CFN

O CFN possui em sua organização OM que exercem atividades específicas na área de

formação, especialização e aperfeiçoamento de pessoal. Subordinadas ao Comando do

Pessoal de Fuzileiros Navais (CPesFN), encontra-se o Centro de Instrução Almirante

Sylvio de Camargo (CIASC), o Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela

Alves (CIAMPA) e o Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia (CADIM).

Subordinado ao 7ºDN encontra-se o Centro de Instrução e Adestramento de Brasília

(CIAB).

Page 73: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 9-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 9

UNIFORMES

9.1 - GENERALIDADES

O Fuzileiro Naval (FN) deve considerar o uso de seus uniformes como motivo de

orgulho pessoal. Os uniformes constituem uma das mais caras tradições da Marinha do

Brasil (MB) e o apuro excepcional, além de obrigatório, distingue os homens do mar.

A observância do contido neste capítulo tem reflexos positivos na disciplina, na

eficiência da tropa e no bom nome do CFN. Quando uniformizado, o FN representa o

CFN e a MB.

9.2 - USO DOS UNIFORMES

Os FN em serviço ativo devem estar sempre providos de andainas adequadas dos

uniformes previstos no Regulamento de Uniformes da Marinha (RUMB).

Àqueles que têm direito ao recebimento de uniformes fornecidos pela União, cabe a

obrigatoriedade de adquirir, por conta própria, as peças que deixarem de possuir por

motivos de acidente em serviço, extravio ou desgaste fora do normal. Esse

procedimento independe da instauração ou conclusão do processo que julgará o direito à

indenização das peças em falta.

Para uma melhor padronização na utilização dos uniformes, é vedado ao FN o uso de:

- uniformes em circunstâncias ou condições diferentes daquelas estabelecidas no

RUMB;

- qualquer peça não prescrita no RUMB ou em atos dele decorrentes;

- uniformes em desacordo com as suas especificações;

- quaisquer objetos de uso ou de adorno, de forma visível, tais como: caneta, lapiseira,

corrente de relógio, chaveiro, pregador de gravata, lenços, etc.;

- roupa de baixo com estamparia ou cores que transpareçam em contraste com o

uniforme;

- qualquer sinal de luto, salvo quando houver determinação nesse sentido;

- qualquer peça dos uniformes em bailes à fantasia;

- peças de uniforme completa ou parcialmente desbotadas;

- distintivos de qualquer natureza, que não estejam autorizados, inclusive os de cursos;

- mais de dois distintivos especiais de cursos;

- óculos cuja armação ou vidros não sejam compatíveis com a sobriedade do uniforme;

e

Page 74: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 9-2 - ORIGINAL

- óculos protetores de sol, em formatura, exceto quando houver prescrição médica

específica.

9.3 - PRESCRIÇÕES DIVERSAS

- os CB e SD usarão obrigatoriamente com o dólmã branco, a camiseta branca meia

manga, o cinto branco externo ou o do equipamento, esse último nas situações

especiais previstas no RUMB;

- é obrigatório o uso de camiseta branca de meia manga no uniforme branco de verão

(5.5);

- não existe uniforme no qual a camiseta branca de meia manga seja a peça de cima;

- a japona e a capa impermeável devem ser usadas sempre fechadas (botão e fecho),

tolerando-se uma abertura na altura do colarinho;

- quando usada a japona ou a capa impermeável, o equipamento deve ser a peça de

cima;

- não usar nos bolsos objetos que, pelo volume ou transparência do tecido do uniforme,

ocasionem prejuízos para a boa apresentação, seja individual ou em conjunto;

- as camisas dos uniformes devem ter dois vincos laterais, no sentido vertical,

simétricos, a meio dos bolsos, em toda a extensão da frente e de trás, com as arestas

voltadas para fora;

- as malas, pastas, malotes, valises, mochilas, protetores para uniformes e portas-boné

somente poderão ser levados pelas mãos, sendo proibido, quando uniformizado,

transportá-los pendentes aos ombros, sob os braços, sobre os ombros, costas ou peito;

- os distintivos dos cursos ministrados em outras Forças poderão ser usados em

consonância com o estabelecido no Regulamento de Uniformes daquelas or-

ganizações, obedecendo-se, todavia, a limitação constante do artigo 9.2, deste

capítulo;

- algumas peças utilizadas como abrigo (sobretudo, japona, jaqueta de motociclista,

capa impermeável, poncho, etc.), apesar de serem de uso facultativo, devem ser

compulsoriamente, usadas pelos militares quando incorporados (guardas, escoltas,

etc.);

- em qualquer formatura, cabe aos comandantes de frações a responsabilidade básica de

verificar a correção do aspecto fisionômico, do uniforme e do equipamento de seus

subordinados, independente de determinação expressa do escalão superior (ex: na

Esquadra-de-Tiro, ao Cabo; no Grupo-de-Combate, ao Sargento; e no Pelotão, ao

Page 75: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 9-3 - ORIGINAL

Tenente);

- é vedado aos militares o uso de quaisquer peças dos uniformes em adorno a trajes

civis.

- 0 quadro a seguir apresenta a correspondência dos uniformes das três Forças

Armadas. Sua consulta deve ser compulsória, principalmente quando houver

cerimônias envolvendo militares de mais de uma força.

QUADRO SINÓTICO DA CORRESPONDÊNCIA DOS UNIFORMES DAS FORÇAS

ARMADAS

MARINHA EXÉRCITO AERONÁUTICA CIVIL

1.1 - Jaqueta azul 1º A - Túnica cinza fechada 1º A1 - Gala 1º B1 - Gala

Casaca, Fraque, Smoking ou Dinner

1.2 - Jaqueta branca ou mista 1º B - Jaqueta preta 2º - Branco

3º A - Baratéia rigor

Casaca, Fraque, Smoking ou Dinner

4.1 - Azul A - Túnica cinza 2º B1 - Túnica branca 3º B - Baratéia social Passeio

completo 4.3 - Azul com barretas

A - Túnica verde- oliva 3º B - Blusão verde- oliva

4º - Branco social 5º - Baratéia social

Passeio completo

4.5 - Azul de verão 3º D - Camisa bege meia manga 7º A - Externo Passeio

completo 4.8 - Azul social com barretas

2º A2 - Túnica cinza-escuro2º B2 - Túnica branca 3º A- Baratéia rigor Passeio

completo

5.1 - Branco 3º A - Túnica verde- oliva 3º B - Blusão verde- oliva 3º B - Baratéia social Passeio

completo 5.3 - Branco com barretas

3º A - Túnica verde- oliva 3º B - Blusão verde- oliva

4º - Branco social 5º - Baratéia

Passeio completo

5.5 - Branco de verão

3º D - Camisa bege meia manga 7º A - Externo Passeio

completo

6.1 - Bege completo 3º A - Túnica verde oliva 3o B - Blusão verde oliva 5º - Baratéia Passeio

completo 6.2 - Bege de inverno

3º C - Camisa bege com gravata 6º A - Trânsito Passeio

completo

6.4 - Bege de verão 3º D - Camisa bege meia manga 7º A - Externo Passeio

completo

Page 76: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 10

A CARREIRA

10.1 - GENERALIDADES

A carreira militar é caracterizada por atividade continuada e inteiramente devotada às

finalidades precípuas das Forças Armadas (FA), denominada atividade militar. A

carreira militar é privativa do pessoal da ativa, inicia-se com o ingresso nas FA e

obedece às diversas seqüências de graus hierárquicos.

A condição jurídica dos militares é definida pelos dispositivos da Constituição Federal

(CF) e por leis específicas, que lhes outorgam direitos e prerrogativas e lhes impõem

deveres e obrigações.

O ingresso nas FA é facultado, mediante incorporação, matrícula ou nomeação, a

todos os brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em leis e nos

regulamentos de cada uma das Forças.

A hierarquia e a disciplina são a base institucional das Forças Armadas. A autoridade

e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico.

A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro da

estrutura das FA. A ordenação se faz por Postos ou Graduações: dentro de um

mesmo Posto ou Graduação se faz pela antigüidade. O respeito à hierarquia é

consubstanciado no espírito de acatamento à seqüência de autoridade.

A disciplina é á rigorosa observância e o acatamento integral das leis, regulamentos,

normas e disposições que fundamentam o organismo militar e coordenam o

funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do

dever por parte de todos e de cada um dos componentes desse organismo.

A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as circunstâncias

da vida entre militares da ativa, da reserva remunerada e reformados.

Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido pela autoridade militar

competente.

Todo cidadão, após ingressar em uma das FA mediante incorporação, matrícula ou

nomeação, prestará compromisso de honra, no qual afirmará a sua aceitação

consciente das obrigações e dos deveres militares e manifestará a sua firme disposição

de bem cumpri-los.

A violação das obrigações ou dos deveres militares constituirá crime, contravenção ou

transgressão disciplinar, conforme dispuser a legislação ou regulamentação específica.

Page 77: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-2 - ORIGINAL

As praças, ao longo das respectivas carreiras, devem empenhar-se permanentemente

no aprimoramento dos atributos morais e profissionais indispensáveis para servir à

Pátria e à Marinha do Brasil (MB). Por essa razão, deve ser uma preocupação

individual tomar todas as providências, ao seu nível, que assegurem a progressão

hierárquica, visando o desenvolvimento pessoal e a realização profissional.

O presente capítulo expressa, de forma sintetizada, os aspectos de maior relevância da

carreira da Praça do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) e deve servir de estímulo, para

aqueles que se propõem a seguir a carreira naval, ampliar os seus conhecimentos

através da leitura das publicações específicas.

10.2 - A CARREIRA

10.2.1 - Dos Corpos e Quadros

O Corpo de Praças da Marinha (CPrM) é constituído pelas praças pertencentes ao

Corpo de Praças da Armada (CPA), ao Corpo de Praças de Fuzileiros Navais

(CPFN) e ao Corpo Auxiliar de Praças (CAP), em função de uma filosofia de

emprego específica e de perfis de carreira próprios.

A finalidade principal das praças do CPA e do CPFN é guarnecer os navios,

aeronaves ou unidades de tropa do Serviço Naval. A atribuição principal dessas

praças é a execução das tarefas necessárias à manutenção e operação dos

equipamentos e à conservação de seus compartimentos. Além disto, essas praças

poderão ser designadas para servirem em Organizações Militares (OM) de terra e

para o exercício de funções técnicas e administrativas, de acordo com as

necessidades da MB. Tendo em vista as peculiaridades de emprego do CPA e do

CPFN, bem como o disposto no parágrafo único do art. 16, combinado com o § 1o,

do art. 9o, da Lei no 9.519/97, as funções previstas em Tabela de Lotação (TL) para

esses Corpos, exceto os QE/QA-MU do CPFN, serão ocupadas, apenas, por praças

do sexo masculino.

10.2.2 - Dos Graus Hierárquicos

As praças da Marinha são distribuídas pelas seguintes graduações, em ordem

decrescente de hierarquia:

- Suboficial (SO);

- Primeiro-Sargento (1oSG);

- Segundo-Sargento (2oSG);

- Terceiro-Sargento (3oSG);

Page 78: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-3 - ORIGINAL

- Cabo (CB); e

- Marinheiro (MN) ou Soldado Fuzileiro Naval (SD-FN).

10.2.3 - Da Inclusão

O ingresso inicial na carreira de praças, a depender do Corpo ou Quadro, ocorrerá

mediante processo seletivo e Curso de Formação.

10.2.4 - Serão incluídos no CPFN

- na graduação de SD-FN, os Recrutas Fuzileiros Navais (RC-FN), do sexo

masculino, aprovados em Curso de Formação de Soldados (C-FSD). Os RC-FN

serão nomeados SD-FN, contando antigüidade a partir da data de conclusão do C-

FSD; e

- na graduação de 3oSG, as praças do CPA, CAP e das demais Forças Armadas, até

a graduação de CB, e os (as) candidatos (as) civis, de ambos os sexos, aprovados

(as) no Curso de Formação de Sargentos Músicos (C-FSG-MU).

10.3 - DA ORGANIZAÇÃO DO CORPO DE PRAÇAS DE FUZILEIROS NAVAIS

As praças não especializadas do CPFN serão agrupadas em um Quadro Suplementar

único, constituído de militares das graduações de SD-FN.

Os Quadros de Especialistas e de Aperfeiçoados do CPFN são compostos,

respectivamente, de praças das seguintes especialidades e aperfeiçoamentos:

QUADRO DE ESPECIALISTAS (QE) QUADRO DE APERFEIÇOADOS (QA)

Artilharia (AT) Artilharia (AT)

Aviação (AV) Aviação (AV)

Comunicações Navais (CN) Comunicações Navais (CN)

Corneta-Tambor (CT) Corneta-Tambor (CT)

Eletrônica (ET) Eletrônica (ET)

Enfermagem (EF) Enfermagem (EF)

Engenharia (EG) Engenharia (EG)

Escrita (ES) Escrita (ES)

Infantaria (IF) Infantaria (IF)

Motores e Máquinas (MO) Motores e Máquinas (MO)

Música (MU) Música (MU)

10.4 - ESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA

Page 79: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-4 - ORIGINAL

A estruturação da carreira inclui estímulos ao desenvolvimento pessoal e à realização

profissional das praças, de modo a se obter eficiência e eficácia no exercício das

diversas funções inerentes às atividades da MB. Conforme preconizado no documento

que regulamenta as promoções das praças de carreira da Marinha, o acesso na

hierarquia militar fundamenta-se, principalmente, nos seguintes aspectos básicos:

- comportamento;

- aptidão para a carreira;

- habilitação profissional;

- interstício;

- tempo de efetivo serviço na Marinha;

- tempo de embarque ou de tropa ou tempo em Função Técnica;

- higidez física e mental;

- avaliação das Comissões de Promoções de Praças (CPP); e

- avaliação física.

10.4.1 - Do Comportamento

O comportamento das praças é decorrente de sua conduta ante a lei e a ordem

constituída, particularmente na observância da disciplina, da doutrina, dos deveres

e da ética militares.

O cômputo do comportamento obedecerá a uma escala decrescente de cem a zero,

mediante conversão de punições disciplinares e condenações por crime ou

contravenção penal em pontos perdidos, que serão deduzidos da pontuação máxima

de cem pontos. Quando o total de pontos perdidos for superior a cem a pontuação

será negativa.

10.4.2 - Da Aptidão para a Carreira

A Aptidão para a Carreira (AC) é aferida pelo pendor que as praças revelam para a

Marinha, pelo modo como se dedicam ao serviço e pela sua capacidade de mando.

A AC, nas diferentes graduações, é avaliada pelas Escalas de Avaliação de

Desempenho (EAD) e pelas Folhas de Informações de Suboficiais e Sargentos

(FIS).

10.4.3 - Da Habilitação Profissional

A Habilitação Profissional é obtida e aferida por meio de Cursos e Estágios.

A Habilitação Profissional das praças obedece a um processo de ensino contínuo e

progressivo, constantemente atualizado e aprimorado, que se estende por meio de

Page 80: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-5 - ORIGINAL

sucessivas fases de estudos e práticas.

10.5 - DOS CURSOS

Para ingresso e acesso na carreira, as praças realizarão Cursos de Formação, Cursos de

Carreira e cursos destinados ao aprimoramento profissional.

10.5.1 - Cursos de Formação

Destinam-se a ministrar a formação militar-naval básica e ao preparo para o

exercício das funções peculiares às graduações iniciais de cada Corpo e Quadro.

10.5.2 - Cursos de Carreira

São os que propiciam, progressivamente, a obtenção da habilitação requerida ao

exercício dos cargos previstos em TL. A aprovação nesses cursos, a ser obtida em

uma única oportunidade, é um dos requisitos que permitirão o acesso às graduações

superiores. São os seguintes os cursos de carreira para praças:

a) Cursos de Especialização (C-Espc)

Destinados a habilitar os MN e os SD-FN para o cumprimento de obrigações

que exijam o domínio de técnicas específicas, de modo a complementar a

qualificação recebida nos Cursos de Formação.

b) Cursos Especiais de Habilitação para Promoção a Sargento (C-Esp-HabSG)

Destinados ao revigoramento da formação militar-naval dos CB, de modo a

prepará-los para o exercício de liderança em funções futuras.

c) Cursos de Aperfeiçoamento (C-Ap)

Destinados a atualizar e a ampliar os conhecimentos técnicos dos 3oSG,

necessários ao desempenho de cargos e ao exercício de funções próprias das

graduações superiores, e para o exercício de cargos e serviços na operação e

manutenção de navios, aeronaves e de unidades de tropas do Serviço Naval.

d) Cursos Especiais de Habilitação para Promoção a Suboficial (C-Esp-

HabSO)

Destinados a aprimorar a formação militar-naval dos 1oSG, com ênfase em

liderança.

10.5.3 - Outros Cursos

Para o exercício de determinadas funções, conforme as necessidades da Marinha,

podem também ser requeridos conhecimentos técnicos-profissionais não abordados

ou realizados de forma superficial nos cursos de carreira, os quais são adquiridos

nos seguintes cursos:

Page 81: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-6 - ORIGINAL

a) Cursos de Subespecialização (C-Subespc)

Destinados a preparar as praças para serviços em setores restritos da MB, que

exijam habilitações complementares às conferidas pela especialização.

b) Cursos de Qualificação Técnica Especial (C-QTE)

Destinados a qualificar 3oSG e 2oSG para o exercício de Funções Técnicas,

objetivando o seu emprego em atividades de manutenção e reparo de alto

escalão e em atividades de ensino.

c) Curso Especial (C-Esp)

Destinado à preparação do pessoal para serviços que exijam qualificação

especial não conferida pelos C-Espc, C-Subespc e C-Ap.

d) Curso Expedito (C-Exp)

Normalmente de curta duração, visa atender à necessidade eventual e provisória

de preparação de pessoal para áreas de interesse específico da MB, gerada pela

constante evolução e aprimoramento de técnicas e equipamentos.

e) Curso Extraordinário (C-Ext)

De natureza transitória, é destinado ao aprimoramento técnico do pessoal,

visando a preencher, na época considerada, lacunas deixadas pelos demais

cursos previstos.

10.6 - DO CONCURSO AO C-Esp-HabSG

O número de vagas para o C-Esp-HabSG será fixado anualmente e preenchido pelos

CB que a elas concorrem, mediante concurso constituído das seguintes fases:

apreciação, pelas CPP, dos conceitos profissional e moral, avaliação e quantificação

do perfil de carreira, provas de conhecimentos profissionais e de expressão escrita. O

parecer favorável da CPP é requisito para a praça prosseguir nas fases posteriores. O

concurso será aberto para o preenchimento da quantidade de vagas, por especialidade/

habilitação, estabelecida no Plano Corrente.

Deverão ser considerados na composição da avaliação e quantificação do perfil de

carreira os seguintes parâmetros:

- tempo de embarque ou tropa (CPA e CPFN);

- dias de mar ou de manobra e exercício (CPA e CPFN);

- tempo de efetivo exercício em Função Técnica (CAP e praças com C-QTE);

- comportamento (CPA, CPFN e CAP);

- aptidão média para a carreira (CPA, CPFN e CAP);

Page 82: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-7 - ORIGINAL

- desempenho no teste de aptidão física - TAF (CPA, CPFN e CAP);

- pendor para acesso à graduação superior (CPA, CPFN e CAP); e

- desempenho em estágio de tiro (CPFN).

10.7 - DOS ESTÁGIOS

As praças recém-cursadas cumprem estágios com as seguintes finalidades:

- complementação prática de alguns C-Espc e C-Ap, podendo ser diferenciada de

acordo com a futura destinação do estagiário;

- avaliação de desempenho e adaptação à carreira naval; e

- verificação do processo ensino-aprendizagem.

Os estágios dividem-se em duas categorias:

10.7.1 - Estágio Inicial (EI)

Destina-se à avaliação do desempenho das praças ao longo do primeiro ano de

serviço, com o propósito de manter no Serviço Ativo da Marinha (SAM) apenas

aquelas praças perfeitamente adaptadas à carreira naval; e

10.7.2 - Estágio de Aplicação (EA)

Destina-se à avaliação do desempenho das praças após a conclusão de Curso de

Especialização (C-Espc), Curso de Subespecialização (C-Subespc), Curso de

Aperfeiçoamento (C-Ap), Curso de Qualificação Técnica Especial (C-QTE) e

Curso Especial (C-Esp), tendo duração de até um ano.

10.8 - DO TEMPO DE EMBARQUE OU TEMPO DE TROPA

O Tempo de Tropa é requisito para o acesso na carreira das praças do CPFN, exceto as

dos QE/ QA-MU e QE/ QA-CT.

10.9 - DAS COMISSÕES DE PROMOÇÕES DE PRAÇAS

As CPP são comissões especiais, de caráter permanente, que têm por finalidade

assessorar o Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais (CPesFN), na composição dos

Quadros de Acesso para promoção, na indicação para a quota compulsória e na

seleção para cursos e estágios. As CPP considerarão em suas deliberações, além dos

aspectos básicos, os seguintes dados de carreira:

- dias de mar, de manobra ou de exercício;

- dias de instrutoria;

- destaques em cursos de carreira;

- licença para tratar de interesse particular;

- medalhas e citações meritórias;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-8 - ORIGINAL

- resultado em estágio de tiro, para o CPFN, exceto para os QA-MU;

- histórico de punições; e

- informações a respeito dos atributos morais e profissionais das praças.

10.10 - FLUXO DE CARREIRA

O fluxo de carreira será regulado pela distribuição de efetivos, pela não renovação de

compromisso, pela fixação dos interstícios e pela aplicação da quota compulsória.

Interstício é a condição de acesso representada pelo tempo mínimo de permanência

em cada uma das graduações dos diversos Corpos e Quadros da Marinha.

Os interstícios serão estabelecidos em função do tempo necessário ao emprego da

praça na graduação, do tempo requerido à obtenção do tirocínio para acesso à

graduação superior e da própria regularização do fluxo de carreira do Corpo ou

Quadro.

Para efeito de promoção, os Sargentos são distribuídos nos seguintes Grupos:

- Praças do CPFN; e

- Praças do Quadro de MU do CPFN.

10.11 - DOS COMPROMISSOS DE TEMPO DE SERVIÇO

Compromisso de Tempo de Serviço é a obrigação que assume a praça, do CPA,

CPFN e CAP, com ou sem estabilidade, de permanecer no serviço ativo, por um

período de tempo variável, podendo ser: Compromisso de Engajamento, de

Reengajamento, ou de Curso.

10.11.1 - Compromisso de Engajamento

É o primeiro compromisso de tempo de serviço assumido, por um período de dois

anos para o CPA e CAP, contado a partir do dia imediato ao do término do Curso

de Formação, e de dois anos para o CPFN, contado a partir do dia imediato ao

término do EI.

10.11.2 - Compromisso de Reengajamento

É o compromisso assumido por um período a contar do término do engajamento

ou do próprio reengajamento.

A concessão do reengajamento está sujeita a conveniência do serviço, a critério do

DPMM/CPesFN.

Não poderá reengajar a praça que:

- esteja impedida definitivamente de acesso;

- tenha sido considerada fisicamente incapaz para o SAM, com restrição quanto

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-9 - ORIGINAL

ao embarque ou serviço na tropa, em qualquer caso, e, tratando-se de praça

especializada, com restrição quanto ao exercício da respectiva especialidade;

- tenha comportamento inferior a setenta (70) pontos;

- tenha nota menor do que três (3) em AMC;

- esteja denunciada por crime doloso;

- até o final do 4° ano da graduação de SD-FN, não tiver sido selecionada para C-

Espc, ou desista da referida seleção e, aquela incorporada à MB, a partir de 01

JAN2002, até o final do 6° ano da graduação de SD-FN, não tiver sido

selecionada para o C-Espc, ou desista da referida seleção; e

- até o final do 9o ano de serviço, não tiver sido classificada em processo seletivo para o C-

Esp-HabSG.

Nenhuma praça do CPA, CPFN e CAP, sem estabilidade, servirá sem

compromisso de tempo de serviço, a não ser pelo período necessário à efetivação

da sua exclusão do SAM, ressalvados os casos previstos em lei.

10.11.3 - Compromisso de Curso

É o compromisso de dois anos que a praça assume por ocasião da matrícula no C-

Espc, C-Subespc e C-Esp-HabSG/C-Ap, a contar do término do respectivo curso.

10.12 - DO LICENCIAMENTO DO SERVIÇO ATIVO DA MARINHA (SAM) E DA

EXCLUSÃO DOS CORPOS E QUADROS

10.12.1 - O licenciamento do SAM a pedido não será concedido as praças que:

a) tenham compromisso de engajamento ou de reengajamento em vigor; e

b) após aprovação em curso, tenham compromisso em vigor assumido por ocasião

da matrícula nesse curso.

10.12.2 - Em casos excepcionais, desde que não haja prejuízo para o serviço e a critério da

DPMM/CPesFN, poderão ser licenciadas as praças que tiverem cumprido a

metade do compromisso em vigor, e se enquadradas na alínea b), do inciso

anterior, desde que ressarçam à Fazenda Nacional os custos dos referidos cursos.

10.12.3 - O licenciamento do SAM “ex officio” ocorrerá:

a) Até sessenta dias após a configuração do fato para as praças sem estabilidade

que:

- forem consideradas inabilitadas em EI ou EA, referente a curso de carreira;

- tiverem duas avaliações consecutivas deficientes em Escala de Avaliação e

Desempenho;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-10 - ORIGINAL

- forem inabilitadas em C-Espc;

- se praça que ingressou por concurso no CPA e CAP, como 3oSG, não for

selecionada pela CPP, para inclusão no QAM ou QAA para promoção a

2oSG;

- tiverem sido condenadas, em sentença passada em julgado, à pena privativa

de liberdade ou à pena restritiva de direito superior a três meses ou multa

equivalente por crime doloso;

- tiverem sido condenadas, em sentença passada em julgado, à pena privativa

de liberdade ou à pena restritiva de direito superior a dois anos, por crime

culposo ou contravenção penal;

- forem punidas disciplinarmente, no espaço de um ano, com trinta dias de

prisão rigorosa; e

- se MN-QS ou SD-FN, não forem matriculadas no C-Espc para o qual tiverem

sido selecionadas, por deixarem de preencher algum dos requisitos, ou não

obtiverem parecer favorável da CPP, para este fim.

b) Até sessenta dias após o término do compromisso de tempo de serviço para as

praças sem estabilidade que não tiverem engajado por:

- não satisfazerem aos requisitos exigidos;

- não desejarem engajar ou reengajar; e

- não terem obtido prorrogação do compromisso de tempo de serviço.

c) Ao término do compromisso de tempo de serviço, para as praças sem

estabilidade assegurada que estiverem sujeitas a Inquérito Policial ou a

Processo em Foro Comum. Este licenciamento se realizará, a critério da

DPMM, para as praças do CPA/CAP e do CPesFN para as praças do CPFN

que, no caso de resolverem efetuá-lo, farão a comunicação à autoridade policial

ou judiciária competente, com antecedência, indicando o domicílio das praças

em questão.

d) Na forma prevista no Estatuto dos Militares, para as praças com ou sem

estabilidade assegurada que ingressarem em estabelecimentos ou

desenvolverem atividades em Organizações extra-MB, incompatíveis com o

serviço.

10.13 - DOS CÔMPUTOS DO COMPORTAMENTO E APTIDÃO PARA A

CARREIRA

Page 86: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-11 - ORIGINAL

10.13.1 - As notas do comportamento e da AC serão efetuados:

a) Semestralmente, iniciando-se a 1o de janeiro e a 1o de julho, e terminando a 30

de junho e 31 de dezembro, respectivamente; e

b) A qualquer tempo, sempre que o comportamento ou a AC forem requisitos para

decisões administrativas relacionadas com a carreira das praças.

10.13.2 - A Aptidão Média para a Carreira (AMC) será computada, semestralmente,

levando-se em consideração os graus de AC desde o ingresso no CPrM, até a

graduação de CB.

10.13.3 - As praças iniciarão novo cômputo de comportamento e AMC, a partir da

promoção a 3oSG.

10.14 - DOS REQUISITOS PARA PROMOÇÕES

10.14.1 - Ficará impedida de acesso:

a) Temporariamente, a praça:

- que não satisfizer os requisitos para a Promoção;

- denunciada em Processo ou submetida a Conselho de Disciplina;

- que estiver cumprindo pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos;

- em dívida com a Fazenda Nacional, por alcance;

- em gozo de licença para tratar de interesse particular;

- aprisionada em guerra;

- desaparecida ou extraviada;

- que desertar; e

- julgada incapaz por Junta de Saúde de cumprir requisito de embarque ou

tropa exigido para a graduação e de exercer a especialidade.

b) Definitivamente a praça:

- julgada incapaz definitivamente, por Junta de Saúde, por apresentar lesão,

doença ou defeito físico incurável e impeditivo ao exercício de qualquer

atividade militar, redundando neste caso em Reforma; e

- inabilitada em Estágio de Aplicação.

10.15 - SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DE PESSOAL - SIGeP

O Sistema Integrado de Gestão de Pessoal do Corpo de Fuzileiros Navais entrou em

operação no mês de setembro de 2002 com o propósito de oferecer ao Comando do

Pessoal de Fuzileiros Navais- CpesFN, e às OM onde servem militares do CFN,

informações atualizadas e confiáveis da carreira de Oficiais e Praças do CFN.

Page 87: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 10-12 - ORIGINAL

Através de uma interface gráfica, os militares podem inserir, consultar, alterar ou

excluir informações armazenadas em uma base única de dados.

Oficiais e Praças do CFN podem acessar, de qualquer parte do país, seus dados de

carreira como pontuação, comissões anteriores, cursos, condecorações, tempos de

tropa tempo de embarque, resultados do TAF, entre outras informações, utilizando a

intranet da MB e uma senha individual. Isto oferece transparência e aumenta a

confiabilidade dos dados.

As OM inserem informações de todos os militares nela lotados e, anualmente, é

expedida uma circular do CPesFN, com o propósito de normatizar a operação do

sistema, regulando a inserção de dados, os prazos e a forma de solicitar retificações

daqueles dados que o militar da ativa do CFN ou a sua OM não têm autonomia para

corrigir.

As OM são, também, beneficiárias das informações armazenas na base de dados,

uma vez que dispõem de funcionalidades que lhes permitem extrair informações

úteis na gerência diária da carreira dos militares sob sua gestão.

O sistema possui mecanismos para controle de acesso, controle de autorização,

integridade de dados e auditorias que proporcionam segurança e transparência ao

sistema. Permite identificar cada acesso e cada transação efetuada por um

determinado militar, com precisão. Assim, as alterações efetuadas tem um registro

especial informando o tipo de alteração, o NIP de quem alterou, e outros dados úteis

em caso de necessidade de verificação de erros nos lançamentos.

Todos os militares que ingressam no CFN são cadastrados no SIGeP assim que

recebem seu NIP.

É importante que os militares acessem com freqüência o sistema e confiram seus

dados pessoais e de carreira, uma vez que estas informações são utilizadas em todos

os processos seletivos como, por exemplo, para promoção, seleção para cursos e

mapas para comissões fora-de-sede e comissões no exterior.

Lembre-se que todo militar é responsável por sua própria carreira e deve estar atento

a eventuais erros e omissões nos seus próprios dados cadastrais ou de carreira.

Page 88: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 11-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 11

CONDICIONAMENTO FÍSICO

11.1 - GENERALIDADES

A boa forma física é fator fundamental para que o fuzileiro naval (FN) consiga

desempenhar suas tarefas, tanto em combate quanto no adestramento diário.

O estilo de vida sedentário que o homem moderno adotou concorre para o prejuízo de

sua própria saúde. A falta de exercício físico contribui para o aumento da obesidade, excesso de

colesterol no sangue e hipertensão arterial, que são a porta de entrada para o

desenvolvimento de sérios problemas cardíacos.

Os exercícios físicos incrementam a massa muscular, proporcionando uma boa

postura, o aumento da densidade óssea, diminuindo a possibilidade de fraturas, e

diminuem a ansiedade e o estresse. Ressalte-se que essas condicionantes podem ser

decisivas em situações de combate.

11.2 - ORIENTAÇÕES

O militar é o principal responsável pela manutenção do seu condicionamento físico.

O Treinamento Físico-Militar (TFM) deve fazer parte da rotina de cada FN

independentemente da organização militar (OM) onde sirva e da função que esteja

exercendo.

A freqüência ideal de exercícios é de cinco vezes por semana. No entanto, para que

haja progresso no condicionamento físico, considera-se indispensável a prática de

atividades físicas por, pelo menos, três vezes em cada sete dias.

O TFM deve ser realizado nos horários que não interfiram com os períodos de

digestão das principais refeições.

Em regiões ou estações com temperaturas muito baixas ou elevadas, o TFM deverá ser

executado quando a temperatura estiver amena.

11.3 - PROGRAMAS DE TREINAMENTO FÍSICO-MILITAR

A fim de promover o grau de condicionamento físico apropriado ao desempenho das

atividades do FN, foram desenvolvidos programas de TFM com base em princípios

científicos, observando-se as diferentes faixas etárias dos militares.

Esses programas são aplicados ao longo dos ciclos de adestramento sob a supervisão

do oficial de TFM de cada OM.

Cada sessão de TFM é dividida em aquecimento, ginástica preparatória, atividade

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 11-2 - ORIGINAL

física propriamente dita e volta à calma.

O aquecimento, que é composto por exercícios de alongamento e flexibilidade, tem a

finalidade de reduzir a ocorrência de estiramentos musculares e entorses decorrentes

de um aumento repentino na atividade física.

A ginástica preparatória exercita todos os grupos musculares e os prepara para a

atividade física, que compreende exercícios de natação, corrida, pista de aparelhos ou

de cabos, ginástica com toros, caminhada e prática de esportes coletivos.

Uma combinação bem dosada de cada uma dessas atividades é ideal para o

desenvolvimento da aptidão física e do espírito de equipe tão necessários às atividades

do FN, particularmente no caso dos esportes coletivos.

A volta à calma reduz gradualmente os batimentos cardíacos e a respiração aos níveis

normais.

11.4 - INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

11.4.1 - Sudorese

A sudorese é um processo de eliminação de água para permitir a diminuição da

temperatura corporal.

O aumento da sudorese não diminui a gordura corporal. A perda de gordura

acontecerá quando o gasto energético for maior que a ingestão calórica de

alimentos.

A água proveniente da sudorese é oriunda do sangue e sua perda excessiva pode

causar a desidratação. Para a reposição de água, os praticantes de TFM deverão

ingerir um a dois copos de água meia hora antes da atividade programada e, se

possível, durante os exercícios.

11.4.2 - Controle da freqüência cardíaca

A freqüência cardíaca é o principal parâmetro a ser controlado durante a execução

do TFM, de forma a se preservar os limites de segurança de cada indivíduo.

Deve ser medida com a pessoa na posição de pé, parada, durante quinze segundos,

multiplicando-se o resultado obtido por quatro. Assim, determina-se o valor da

freqüência em batimentos por minuto (bpm).

A faixa etária indicará o valor aceitável para a freqüência cardíaca máxima (FCM)

que jamais deverá ser ultrapassada para não colocar em risco a saúde do praticante

do TFM.

Em função dessa freqüência são determinados os limites do batimento cardíaco

Page 90: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 11-3 - ORIGINAL

durante os períodos de esforço. Tais valores podem ser encontrados nas OM em

documentos específicos relativos à matéria.

11.4.3 - Efeitos fisiológicos do TFM

O treinamento regular e variado provoca manifestações positivas no funcionamento

do organismo humano, dentre as quais destacam-se:

a) Sistema cardio-respiratório

- redução da freqüência cardíaca;

- aumento do volume sangüíneo e da hemoglobina;

- maior rendimento cardíaco;

- redução da pressão arterial;

- aumento dos volumes pulmonares; e

- maior absorção de oxigênio pelos músculos.

b) Composição corporal

- redução da gordura corporal total.

c) Outros

- hipertrofia muscular;

- aumento de amplitude do movimento das articulações;

- aumento da velocidade de reação;

- aumento da resistência de ruptura dos ossos, ligamentos e tendões; e

- redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos.

11.5 - TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA

Os Testes de Avaliação Física (TAF) destinam-se a verificar o grau de

condicionamento físico do FN. Permitem, também, avaliar e monitorar o progresso

obtido após um certo período de treinamento.

No Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), o TAF é constituído das modalidades: natação,

permanência dentro d'água, corrida, flexão na barra e abdominal.

O TAF tem periodicidade anual e é uma das exigências de carreira.

A época da aplicação, os índices e a pontuação são definidos em instruções

permanentes específicas.

Page 91: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 12

SERVIÇOS INTERNOS

12.1 - GENERALIDADES

Os serviços internos são os executados no interior das organizações militares (OM).

Por estarem relacionados à segurança das unidades, é de fundamental importância que

o fuzileiro naval (FN) tenha a máxima atenção quando da execução de cada um deles.

De um modo geral, subdividem-se nos serviços de Estado, de Guarda do Quartel, de

Policiamento Interno e de Guarda de Subunidade.

12.2 - SERVIÇO DE ESTADO

É aquele levado a efeito por um período de seis a vinte e quatro horas.

Funciona na Sala de Estado, que é a dependência localizada à entrada do quartel e

destinada ao pessoal de Serviço de Estado. Esse serviço abrange o Oficial de Serviço,

Contramestre, Auxiliar, Claviculário, Corneteiro de Serviço e Mensageiro.

12.3 - SERVIÇO DE GUARDA DO QUARTEL

É aquele com a finalidade de prover a segurança aproximada da OM e participar do

cerimonial. Inclui, normalmente, os serviços de Comandante da Guarda, Cabo da

Guarda, Sentinelas e Identificadores.

As praças da Guarda do Quartel que não estiverem de serviço na hora devem

permanecer na Sala de Estado em condições de atender a qualquer eventualidade, em

especial as honras de guarda e “boys”, nas honras de portaló, e a guarda no cerimonial

diário à Bandeira Nacional.

12.4 - SERVIÇO DE POLICIAMENTO INTERNO

É aquele de que dispõe o Oficial de Serviço para estender a toda unidade a fiscalização

sobre assuntos que lhe são afetos. Compreende, normalmente, o Sargento-Polícia e o

Rondante.

12.5 - SERVIÇO DE GUARDA DE SUBUNIDADE

É aquele destinado à manutenção da ordem, disciplina e segurança interna das

dependências que lhe são afetas. Inclui o Sargento-de-Dia, Cabo-de-Dia e Plantão.

12.6 - ATRIBUIÇÕES

12.6.1 - Compete à Guarda do Quartel

- não permitir aglomerações nas proximidades do Corpo da Guarda e dos postos de

sentinelas;

- controlar a entrada e a saída de viaturas ou material da OM de acordo com as

Page 92: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-2 - ORIGINAL

normas em vigor;

- impedir a entrada de militares de forças não pertencentes à MB sem conhecimento

e ordem do Oficial de Serviço;

- detectar e identificar aqueles que se aproximarem da OM à noite;

- dar conhecimento imediatamente ao Oficial de Serviço da entrada de oficial

estranho à OM. Para tanto, deve usar o meio de comunicação mais rápido;

- identificar os civis e militares que entrarem na OM, encaminhando-os à Sala de

Estado;

- controlar a entrada e a saída de civis da OM de conformidade com as normas

vigentes;

- proibir a entrada na OM de civis não autorizados no período do Arriar da

Bandeira à Alvorada;

- só permitir a saída de praças devidamente autorizadas, com uma correta

apresentação pessoal e pelos locais para isso destinados;

- manter o Corpo da Guarda limpo e arrumado, conservando o material nele

existente;

- fornecer escoltas para os presos a serem conduzidos dentro da OM;

- ser responsável pelos presos; e

- cumprir as demais ordens em vigor pertinentes ao serviço da guarda.

12.6.2 - Oficial de Serviço

É o oficial a quem cabe zelar pela segurança, manutenção da disciplina e

cumprimento da rotina da OM durante determinado período de tempo. Compete-lhe

ainda:

- assegurar o exato cumprimento das ordens internas da OM e disposições

regulamentares relativas ao serviço diário;

- receber o Comandante e apresentar-se ao Imediato assim que ingressarem a

bordo;

- verificar, ao assumir o serviço, em companhia de seu antecessor, se todas as

dependências da OM estão em ordem e assegurar-se da presença de todos os

presos e impedidos nos lugares onde devam permanecer. Após estas providências,

ambos deverão se apresentar ao Imediato;

- participar ao Imediato todas as ocorrências extraordinárias havidas depois de seu

último encontro com ele, lançando-as, ainda, no relatório do serviço. Se antes de

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-3 - ORIGINAL

falar com o Imediato encontrar o Comandante, prestar-lhe-á as mesmas

informações sem que isso o desobrigue daquela atribuição;

- providenciar para que sejam executados, a tempo, os toques regulamentares, de

modo que todas as formaturas ou atos conseqüentes se realizem nos momentos

oportunos;

- inspecionar freqüentemente as dependências da OM, verificando se estão sendo

rigorosamente cumpridas as ordens em vigor;

- dar conhecimento ao Imediato, e em último caso ao Comandante, de todas as

ocorrências que exigirem pronta intervenção do comando; e

- fazer recolher aos lugares apropriados os presos e impedidos, e pô-los em

liberdade assim que receber ordem para tal.

12.6.3 - Contramestre

É o auxiliar direto e substituto eventual do Oficial de Serviço.

12.6.4 - Auxiliar

É o ajudante direto do Contramestre, competindo-lhe cumprir todas as suas

determinações e as ordens específicas baixadas pelo comando da OM.

12.6.5 - Claviculário

É o responsável pelo controle das chaves existentes no quadro geral das chaves da

Sala de Estado.

12.6.6 - Corneteiro de Serviço

É o responsável pela execução dos toques previstos na rotina ou aqueles ordenados

pelo Oficial de Serviço.

12.6.7 - Mensageiro

É a praça que fica à disposição do Oficial de Serviço para transmitir mensagens,

acompanhar visitantes e executar outras tarefas que lhe forem determinadas.

12.6.8 - Comandante da Guarda

É a praça diretamente subordinada ao Oficial de Serviço e que tem as seguintes

atribuições principais:

- executar todas as ordens referentes ao serviço da guarda;

- formar a guarda rapidamente ao sinal de alarme. Identificar, de pronto, o motivo

do alarme e, na ausência do Oficial de Serviço, agir por iniciativa própria,

reforçando os postos, se for o caso. Em seguida, apresentar-se ao Oficial de

Serviço para receber ordens;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-4 - ORIGINAL

- ser o responsável pela disciplina da guarda;

- inspecionar constantemente os militares da guarda, utilizando-se de formaturas

durante o dia, sempre que houver a rendição dos quartos das sentinelas. Proceder

da mesma maneira durante à noite, sempre que se fizer necessário;

- exigir dos presos compostura compatível, não lhes permitindo atos e

procedimentos não autorizados;

- verificar freqüentemente se os componentes da guarda têm pleno conhecimento

das ordens específicas relativas aos seus postos;

- só permitir a entrada ou a saída de civis ou militar da OM pelos locais para isso

destinados. Após o arriar da Bandeira, determinar o fechamento dos portões da

OM, exceto o principal, que se fechará apenas em casos especiais e quando

houver ordens específicas;

- dar conhecimento de imediato ao Oficial de Serviço de qualquer ocorrência

extraordinária havida na guarda, mesmo que já tenha adotado alguma providência;

- encaminhar ao Oficial de Serviço o relatório da guarda logo após ter sido

substituído no serviço. Nesse documento ele fará constar a relação nominal das

praças da guarda, as ocorrências havidas durante o serviço, a situação do material

do Corpo da Guarda, bem como qualquer fato relevante que mereça menção

especial;

- providenciar a substituição das praças que apresentarem problemas de saúde ou

que faltarem a bordo estando escaladas para o serviço, recorrendo, para isso, ao

Oficial de Serviço; e

- formar a guarda para os cerimoniais previstos e inopinados.

12.6.9 - Cabo da Guarda

É o auxiliar imediato e o substituto eventual do Comandante da Guarda.

12.6.10 - Sentinelas e Identificadores

São os componentes da guarda colocados em determinados postos com a

finalidade de prover a segurança de determinados pontos da OM. No exercício de

suas funções, devem portar-se com zelo, serenidade e energia compatível com a

autoridade que lhes é atribuída.

Compete às sentinelas as seguintes tarefas:

- prestar e exigir as continências regulamentares;

- estar sempre alerta, vigilante e em condições de bem cumprir suas tarefas;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-5 - ORIGINAL

- não abandonar sua arma, mantendo-a alimentada e travada para emprego, de

acordo com as ordens que tiver recebido;

- não conversar ou fumar em serviço, evitando distrair-se;

- evitar esclarecimentos a pessoas estranhas ao serviço. Se isso for necessário,

deverá recorrer ao Cabo da Guarda ou ao Identificador;

- não permitir aglomerações nas proximidades do seu posto;

- impedir a entrada e a saída de pessoal, material e viaturas da OM sem a devida

autorização, solicitando, em caso de dúvida, a presença do Cabo da Guarda;

- manter sigilo sobre as ordens recebidas;

- parar e identificar qualquer pessoa ou viatura que pretenda entrar no quartel à

noite; e

- acionar o alarme nas seguintes situações:

• toda vez que notar qualquer movimento ou aglomeração suspeita nas

proximidades de seu posto;

• quando qualquer indivíduo insistir em penetrar no quartel antes de ser

identificado;

• na ameaça de desrespeito à sua autoridade e às ordens relativas ao seu posto;

• na verificação de qualquer anormalidade grave; e

• por ordem do Oficial de Serviço, Comandante da Guarda ou Cabo da Guarda.

Às sentinelas dos postos de vigilância competem as tarefas supracitadas no que for

pertinente.

Sempre que notar a aproximação de pessoa ou grupo por caminhos não usuais ou

com atitudes suspeitas, durante à noite ou quando determinado, a sentinela procede

da seguinte maneira:

- comanda "alto" a uma distância conveniente;

- procede a identificação somente permitindo a aproximação daqueles que

reconhecer como pessoa autorizada. Caso contrário, solicita a presença do Cabo

da Guarda. A identificação normalmente é executada por meio do uso de senhas e

contra-senhas;

- caso não seja obedecida em seu comando de "alto", aciona o sinal de alarme;

- repete o comando de "alto" e logo em seguida efetua um disparo para o ar; e

- os procedimentos a serem adotados após essa última ação para o caso de a

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-6 - ORIGINAL

sentinela não ser obedecida e se configurar uma tentativa de agressão,

normalmente são encontrados nos Planos de Segurança Orgânica (PSO) das OM.

No caso de viaturas, a sentinela procede como especificado no parágrafo anterior.

Destaque-se que as entradas das OM habitualmente dispõem de meios que obrigam

a parada das viaturas, quando necessário.

Durante a noite, é permitido à sentinela movimentar-se num raio de 5 (cinco)

metros em torno do seu posto fixo, devendo, porém, manter-se na maior parte do

tempo dentro das instalações do seu posto.

É terminantemente proibido o abandono do posto sem que a sentinela tenha sido

devidamente substituída.

Ao Identificador são confiadas as seguintes tarefas:

- executar o controle da entrada e saída de pessoal e viaturas no portão principal;

- preencher as papeletas de registro de visitantes e de viaturas militares por ocasião

da identificação;

- reconhecer e informar imediatamente ao Cabo da Guarda a aproximação de

autoridades às quais serão prestadas as honras de portaló; e

- executar as medidas necessárias à interrupção do trânsito em caso de emergência,

mediante determinação do Oficial de Serviço, Comandante da Guarda ou Cabo da

Guarda.

12.6.11 - Sargento-Polícia

É o auxiliar do Oficial de Serviço na fiscalização da execução das ordens em

vigor, percorrendo constantemente os setores da unidade que lhe forem

destinados.

12.6.12 - Rondante

É o militar designado para o policiamento de áreas limitadas da unidade,

cumprindo as atribuições do Sargento Polícia e da Sentinela, conforme o caso. O

serviço de Rondante pode ficar subordinado à Guarda do Quartel quando

determinado.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-7 - ORIGINAL

12.6.13 - Serviço de Guarda da Subunidade

Compreende as seguintes tarefas gerais no âmbito das dependências que lhe são

afetas:

- mantê-las limpas e arrumadas;

- vigiar as praças impedidas;

- proibir jogos de azar, disputas ou algazarras;

- zelar pela propriedade individual ou da OM; e

- cumprir e fazer cumprir todas as determinações do comando da OM.

12.6.14 - Sargento-de-Dia

É o responsável pelo serviço de guarda da subunidade.

12.6.15 - Cabo-de-Dia

É o responsável pela ordem e exatidão do serviço da subunidade perante o

Sargento-de-Dia, sendo seu substituto eventual.

12.6.16 - Plantão

É o responsável pelo cumprimento das normas gerais da guarda da subunidade,

competindo-lhe, dentre outras, as seguintes atribuições:

- estar atento a tudo que ocorrer na dependência, comunicando imediatamente ao

Cabo-de-Dia qualquer alteração;

- apresentar-se aos oficiais, suboficiais e sargentos que entrarem no alojamento

quando estiver ausente o Cabo-de-Dia;

- não permitir que as praças detidas na dependência se afastem dela, a não ser por

motivo de serviço e com ordem do Cabo-de-Dia;

- zelar pela limpeza e arrumação da dependência;

- na ausência do Cabo-de-Dia acordar as praças ao findar a terceira parte do toque

de alvorada, determinando que se levantem;

- não permitir a entrada de civis nas dependências sem ordem do Cabo-de-Dia;

- impedir a saída de qualquer objeto sem a autorização do dono ou responsável e

sem ordem do Cabo-de-Dia;

- não consentir que qualquer praça utilize ou se apodere de objetos pertencentes a

outros sem autorização do dono ou responsável;

- não permitir conversa, bem como qualquer outra perturbação após o toque de

silêncio;

- arrecadar todo material encontrado fora de seu local, encaminhando-o ao

Page 98: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 12-8 - ORIGINAL

Sargento-de-Dia ou Cabo-de-Dia;

- não permitir a presença de praças não autorizadas na dependência;

- inspecionar os armários constantemente, anotando os que estiverem abertos e/ou

danificados, comunicando as irregularidades ao Cabo-de-Dia;

- acordar os militares escalados para o serviço durante à noite; e

- utilizar o apito no alojamento, conforme abaixo prescrito:

• um silvo curto para chamar à atenção ou anunciar a presença de oficial

intermediário;

• dois silvos curtos para anunciar a presença de oficial superior ou Comandante

da subunidade;

• três silvos curtos para anunciar a presença de oficial-general ou Comandante

da unidade;

• um silvo longo, sinalizando atenção para o cumprimento da rotina; e

• três silvos longos, em caso de emergência.

Critérios para os silvos de apito:

- quando mais de um oficial entrar no alojamento, só será dado o silvo

correspondente ao mais antigo;

- o toque de três silvos curtos obriga ao mais antigo dentre os presentes no

alojamento a dar ordens aos demais militares para que assumam a postura

adequada;

- dados quaisquer dos sinais de apito, todos devem ficar em silêncio e tomar a

posição de Sentido caso se trate da entrada de oficial no alojamento;

- para os silvos referentes às prescrições de rotina, atenção ou emergência, o

Plantão deve anunciar logo em seguida o seu significado;

- entre o silêncio e a alvorada não serão dados silvos de apito, salvo os de

emergências; e

- caso o Plantão não perceba a entrada de um oficial no alojamento, qualquer

praça comandará: atenção! e anunciará o fato à viva voz.

Page 99: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 13-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 13

EQUIPAGENS INDIVIDUAIS

13.1 - GENERALIDADES

A Equipagem Individual Básica de Combate (EIBC) foi organizada para que o

Fuzileiro Naval (FN) tenha à disposição o mínimo indispensável para um militar em

campanha.

A ela devem ser acrescidas outras que complementam a necessidade do combatente.

Assim, se ele portar um fuzil, receberá uma equipagem individual para este

armamento; se forem requeridos meios de orientação, deverá conduzir uma equipagem

de orientação.

O uso das equipagens é o método pelo qual o FN se equipa por módulos, utilizando o

que é fundamental para o momento e deixando de carregar os itens desnecessários.

Diversas são as equipagens individuais atualmente em uso no Corpo de Fuzileiros

Navais (CFN). A descrição detalhada de todas foge ao propósito desta publicação.

Dessa forma, apenas aquelas julgadas de uso mais freqüente pelo FN serão tratadas no

presente capítulo.

13.2 - DEFINIÇÕES

13.2.1 - Equipagem

É um conjunto de itens de suprimentos organizado para facilitar o abastecimento e

que deve existir em um determinado setor da organização militar (OM) para

atender a um serviço específico.

Exemplos: material de rancho, roupa de cama, ferramentas de uma oficina, etc.

13.2.2 - Item de suprimento

É uma peça ou qualquer outro material não ligado especificamente a um

equipamento que, atendendo a propósitos e a parâmetros próprios, possui

características essenciais que o individualizam nesse sistema.

Exemplos: um cantil, um lápis, um cinto simples, etc.

13.2.3 - Equipagem operativa

É o conjunto de itens de suprimentos que confere ao combatente anfíbio as

condições ou os meios necessários à execução de tarefa(s) específica(s) inerente(s)

às operações e aos serviços realizados pelo FN.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 13-2 - ORIGINAL

13.3 - CONSTITUIÇÃO DAS EQUIPAGENS

13.3.1 - Equipagem Individual Básica de Combate (EIBC)

É constituída dos seguintes itens: capacete, poncho, edredom, mochila, pá bi-

articulada, porta pá, marmita, talher articulado, estojo individual de higiene, colete

balístico, suspensório, cinto simples, cantil, porta-cantil, caneco de alumínio,

isolante térmico, saco protetor do isolante térmico, estojo individual de primeiros-

socorros e saco de transporte.

13.3.2 - Equipagem Suplementar de Combate (ESC)

É composta de: alicate cortador de arame e seu estojo, apito de metal com fiador,

facão de mato e bainha, lanterna elétrica, luva de amianto, luva para aramado e

óculos da guarnição de viatura.

13.3.3 - Equipagem Individual para Fuzil (EIF)

É constituída da bandoleira e do porta-carregador.

13.3.4 - Equipagem Individual para Pistola 9mm (EIP)

É constituída do coldre, fiador, porta-carregador e faca de combate com bainha.

13.4 - USO DAS EQUIPAGENS

A EIBC é utilizada pelo homem da seguinte forma:

- capacete na cabeça com a jugular ajustada e fechada sob o queixo;

- na parte superior externa da mochila é afixado o isolante térmico com sua proteção;

- na parte interna da mochila são colocados a marmita, o talher, o estojo individual de

primeiros socorros, o estojo de higiene, a pá bi-articulada, porta pá, o poncho, o

edredom e outros objetos de uso pessoal; e

- o suspensório têm por finalidade sustentar o cinto simples onde são afixados o porta-

carregador, sabre com bainha, porta-cantil, faca de combate com bainha, fiador de

pistola e coldre para pistola, partindo-se do fecho no sentido da esquerda para direita.

A equipagem individual deve ser portada exatamente como estipulam as instruções,

com cada item na sua devida posição, para que não se transforme em transtorno aos

deslocamentos do FN (Fig 13.1).

Page 101: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 13-3 - ORIGINAL

Fig 13.1 - Equipagem individual

13.4.1 - Para quem porta fuzil

1º Porta-carregador, sabre com bainha, 1o porta-cantil com cantil, 2o porta-cantil

com cantil e caneco porta-carregador.

13.4.2 - Para quem porta fuzil metralhador

Porta-carregador, 1o porta-cantil com cantil e caneco, 2o porta-cantil com cantil,

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 13-4 - ORIGINAL

faca de combate com bainha e porta-carregador.

13.4.3 - Para quem porta pistola

Porta-carregador, faca de combate, porta-cantil com cantil e caneco, fiador de

pistola, porta-cantil com cantil, coldre com pistola e porta-carregador.

13.5 - INSPEÇÃO NAS EQUIPAGENS INDIVIDUAIS

Constantemente realizam-se inspeções nas equipagens individuais com a finalidade de

verificar se o FN possui todos os itens prescritos e se o material está em bom estado de

conservação.

Para essas inspeções, a equipagem deverá ser arrumada conforme apresentado na Fig

13.2.

Fig 13.2 - Arrumação para inspeção

Page 103: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 13-5 - ORIGINAL

13.6 - CUIDADOS COM A EQUIPAGEM

As equipagens individuais são rústicas mas não são indestrutíveis. Elas devem ser

usadas adequadamente e o FN deve zelar por sua manutenção principalmente em

operação, a fim de evitar desgastes prematuros e, por conseqüência, prejuízos à Nação.

O cuidado para evitar danos desnecessários às equipagens individuais inicia-se com o

uso adequado dos itens que o FN está portando, ajustando-os para evitar a fricção e a

sobrecarga, e utilizando-os para os fins a que se destinam. Como exemplo, citam-se os

cantis que só devem ser usados para portar água porque outro líquido poderá corroer o

material e provocar mal cheiro. Deve-se ter atenção para a possibilidade de ocorrência

de baixas causadas pela ingestão de detritos que possam se formar no interior dos

cantis pela falta de higiene.

Independente de ordem, o FN deve habituar-se a efetuar freqüentes inspeções na sua

equipagem individual, especialmente em campanha. Essa providência deve fazer parte

da rotina diária e ser repetida sempre que possível. Agindo dessa forma, o FN poderá

detectar se algum item de sua equipagem não funciona bem, antes mesmo que se torne

inservível. Identificando a falha, o item poderá ser trocado, reparado e recolocado em

uso, em perfeito estado, resultando em economia para o CFN; mas se a situação ou os

meios disponíveis não o permitirem, caberá ao próprio FN executar um pequeno

reparo no item de modo a permitir seu uso até ser possível a troca. Em todo caso,

nunca se abandona a equipagem ou parte dela sem que haja ordem expressa para isso,

especialmente em campanha.

Para conservar a equipagem individual, é preciso conhecer como mantê-la a bordo e

em campanha, observando o seguinte:

- manter a ajustagem correta para o corpo do utilizador de todos os itens que possuam

presilhas e alças reguláveis;

- ter sempre a equipagem limpa e seca. A marmita, o talher articulado, o caneco de

alumínio e os cantis devem ser mantidos em perfeitas condições de higiene com vista

ao uso imediato; e

- dobrar os itens observando os vincos existentes, evitando comprimir e dobrar as

partes metálicas e os reforços de lona.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 14-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 14

HIGIENE E PROFILAXIA DAS DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

14.1 - GENERALIDADES

Neste capítulo serão explicitadas as noções básicas sobre higiene e as medidas

preventivas contra as doenças infecto-contagiosas, especialmente as sexualmente

transmitidas.

Higiene é a prática de atos que visam à preservação da saúde própria do indivíduo e de

seus companheiros. Pode ser dividida em dois sub-grupos: higiene individual e higiene

coletiva.

14.1.1 - Higiene Individual

É pessoal, compreende o vestuário apropriado, alimentação balanceada e limpeza

corporal com banhos completos.

14.1.2 - Higiene Coletiva

É em proveito de um grupo de pessoas e compreende o estudo do solo, da água e do

ar.

14.2 - REGRAS BÁSICAS DE HIGIENE PESSOAL

São as seguintes:

- tomar banho diariamente com sabonete ou sabão, dando atenção à limpeza das

dobras do corpo. Se não houver condições de banho, o corpo deverá ser esfregado

com um pano úmido, de preferência umedecido com álcool;

- lavar as mãos com água e sabão após qualquer trabalho, antes de comer e, sobretudo,

após as necessidades fisiológicas;

- escovar as unhas sempre que possível;

- trocar as roupas de baixo diariamente; caso não seja possível trocá-las ou lavá-las,

estas devem ser retiradas, sacudidas e expostas ao sol;

- observar o corpo e roupas para verificar se há irritações ou presença de parasitas;

havendo suspeita deve-se procurar um médico;

- trocar ou secar, logo que possível, as roupas e calçados molhados;

- escovar os dentes pelo menos quatro vezes ao dia, após as refeições (café da manhã,

almoço, jantar e antes de dormir). Escovar a língua para evitar depósito residual de

alimentos e parasitas oportunistas. Caso não se disponha de escova ou pasta de dente,

usar água e sabão e esfregar os dentes com a polpa distal do dedo indicador;

- beber bastante água em intervalos regulares, porém nunca uma grande quantidade de

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 14-2 - ORIGINAL

uma só vez;

- os olhos não devem ser esfregados, e evitar poeiras oriundas do vento e de agentes

tóxicos. No caso de afetados, lavar com água corrente em abundância;

- as narinas devem ser limpas, pelo menos, uma vez por semana com pano úmido e

limpo e/ou cotonete;

- deve ser evitar a penetração nos ouvidos de objetos inadequados como capim,

palitos, canetas, grampos, etc.;

- os pés devem ser mantidos sempre secos, principalmente entre os dedos e as meias

devem ser trocadas diariamente;

- as axilas (embaixo dos braços) devem ser limpas e asseadas, assim como a região da

virilha com o uso de desodorantes e anti-sépticos, preferencialmente, não alcóolicos;

- usar somente os próprios utensílios para comer e beber, lavando-os bem com água e

sabão após serem empregados;

- não utilizar toalhas, escovas, pincéis de barba e quaisquer outros objetos de uso

pessoal de outra pessoa;

- manter limpos e curtos, cabelos e unhas para evitar infestação de parasitas;

- fazer regularmente exercícios físicos para se manter saudável;

- alimentar-se de forma balanceada, devagar e com moderação. Variar os alimentos

ingeridos sempre que possível; e

- descansar sempre que possível. Procurar distrair-se com leituras nas horas de folga;

- não abusar do álcool e do fumo.

14.3 - HIGIENE EM CAMPANHA

Quando em operação, além das anteriores, devem ser observadas as seguintes regras:

- evitar beber água sem saber a origem ou sem seu consumo estar autorizado pelo

serviço de saúde. Caso necessário, ferver a água antes de beber por, pelo menos, 20

minutos. Se possível, beber água do saco "lister" ou pipa d’água destinados para esse

fim;

- Fazer uso do purificador de água da ração sempre que não for fornecida água tratada;

- usar locais apropriados para fazer as necessidades fisiológicas. Em caso de

necessidade, cavar um buraco e cobrir os dejetos com terra. Isto pode evitar a

propagação de doenças capazes de causar baixas;

- os sanitários de campanha (pianos) devem ser utilizados, lançando-se sobre as fezes,

após o uso, cal, que costuma estar ao lado dos sanitários;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 14-3 - ORIGINAL

- proteger-se contra insetos. Usar o mosquiteiro e repelente de insetos quando houver

necessidade. Uma pomada antialérgica (fenergam ou similar) atenua os efeitos das

picadas de mosquitos, formigas ou de outros insetos; é conveniente dispor de uma

dessas no estojo de primeiros socorros;

- os alimentos devem ser sempre protegidos da ação do tempo e de insetos;

- lavar bem os utensílios de comer. A gordura da marmita ou caneco pode ser

removida com a água quente dos aquecedores;

- não jogar restos de comida ou ração em outros locais que não sejam os destinados;

- não deixar latas vazias jogadas ao redor do acampamento;

- não comer restos de ração das latas usadas e caso não haja coletor de lixo, enterrar os

restos da ração;

- as vacinações devem estar em dia e as medidas profiláticas sempre mantidas;

- em caso de suspeita de algum parasita, mosquito ou qualquer inseto estranho no local

do acampamento, comunicar logo ao serviço de saúde, para que sejam tomadas as

providências pertinentes;

- é conveniente examinar, arejar, limpar a barraca ou local de dormir; e

- comer o alimento fornecido, pois contém nutrientes para se manter.

14.4 - DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

Especial cuidado deve ser tomado com as doenças sexualmente transmissíveis (DST).

Elas causam males ao Fuzileiro Naval (FN) e pode afetar familiares e amigos.

Geralmente, mudanças de comportamento em relação às práticas sexuais contribuem

para o surgimento das DST. As DST podem ser transmitidas por todas as variações do

relacionamento sexual. Devemos ter em mente que todos que são sexualmente ativos

estão propensos a contraí-las. Portanto, deve-se evitar o preconceito diante daqueles

que apresentam ou já apresentaram quadro de DST.

Todos os infectados ou que suspeitarem de estarem infectados com DST, ou ainda

perceber durante um auto exame, qualquer lesão no seu corpo, mais propriamente no

aparelho genito-urinário, devem procurar apoio médico imediatamente, para se tratar e

evitar a difusão da doença.

Os infectados por DST devem procurar seus parceiros, para que estes possam também

procurar tratamento médico e evitar a propagação da DST. Deve-se evitar contato com

pessoas promiscuas, pois estas apresentam maior possibilidade de contágio.

Para evitar as DST, o uso de preservativos (camisinhas) é essencial e não pode ser

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 14-4 - ORIGINAL

esquecido na relação sexual. Para o seu uso, seguir os seguintes procedimentos:

- rasgue a embalagem e retire a camisinha;

- coloque a camisinha no pênis, antes de qualquer contato genital;

- aperte o “bico” da camisinha para retirar o ar e desenrole a camisinha até embaixo

(base do pênis);

- após ter atingido o orgasmo (gozo), retire a camisinha com cuidado para evitar o

vazamento de esperma e enrole, preferencialmente , em papel higiênico antes de

jogar fora;

- use sempre uma nova camisinha a cada contato (transa);

- se for preciso lubrificar a camisinha, só use produtos à base de água.

Logo após uma relação sexual, lavar a área genital com água e sabonete e urinar,

consiste em uma boa medida preventiva.

A auto-medicação não é recomendável, pois poderá dificultar a sua recuperação. Ao

primeiro sintoma, deve-se procurar imediatamente o serviço de saúde.

14.5 - RECOMENDAÇÕES SOBRE A AIDS

A AIDS é uma DST e ainda não tem cura. Ela por si só não mata, mais deixa o

organismo suscetível a outras doenças que podem levar à morte. A AIDS é uma

doença que pode estar no organismo de forma inativa, isto é: a pessoa vive

normalmente e nem nota que está contaminada (portador). Sua transmissão se dá por

infecção viral (vírus HIV).

Até alguns anos atrás, a AIDS era considerada doença de certos grupos populacionais,

o que gerou preconceitos. Hoje já não existem grupos exclusivamente de risco.

Qualquer pessoa pode ser infectada independentemente de sexo, raça ou idade.

O uso da camisinha ainda é o melhor método de prevenção contra a AIDS. A

fidelidade também é considerada como método preventivo. Além destas, são

importantes as seguintes recomendações:

- evitar relações com alguém que tenha muitos parceiros sexuais;

- tanto a relação vaginal quanto a anal podem disseminar a AIDS;

- a AIDS não tem rosto, alguém pode parecer saudável, mas ainda assim estar

contaminada e disseminar essa doença;

- usar sempre agulhas descartáveis caso venha a necessitar de uma injeção. Se isso não

for possível, esterilize agulhas e seringas antes de empregá-las; e

- como medida extra de segurança, não utilizar objetos de outras pessoas como

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 14-5 - ORIGINAL

aparelhos de barbear, escovas de dentes e outros que possam estar contaminados por

sangue ou mesmo produzir ferimentos e/ou entrar em contato com seu organismo.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 15

PRIMEIROS SOCORROS

15.1 - GENERALIDADES

Primeiro socorro é o atendimento imediato e provisório prestado a uma vítima de

enfermidade ou ferimento de forma a assegurar a vida enquanto se aguarda ou até se

consiga o atendimento médico especializado necessário. É aplicado em situação de

emergência. Porém, algumas vezes, são utilizados também nos casos de urgências.

15.1.1 - Emergência

É a situação em que o risco de vida é crítico e iminente. Caso não se intervenha

imediatamente, esta poderá evoluir para complicações graves ou ser fatal.

15.1.2 - Urgência

É a situação em que o risco de vida pode até existir porém, a intervenção pode

aguardar um tempo, pois o risco de vida não é iminente.

15.2 - PRINCÍPIOS GERAIS

Sua própria vida ou a de um companheiro pode depender dos conhecimentos que se

tem sobre primeiros socorros. Devem ser executados de forma simples e orientados

para aliviar dores e evitar maiores complicações, até a possibilidade de um

atendimento médico apropriado.

Os primeiros socorros só serão eficientes se a pessoa que os aplicar tiver o

conhecimento e/ou adestramento necessários. É preciso permanecer calmo e empregar

as medidas corretas e procurar ou aguardar o auxílio médico. Ao se prestar os

primeiros socorros, devem ser observados os seguintes princípios gerais:

- a vítima deve ser avaliada de situações de risco, antes da prestação do socorro ser

iniciada (ex.: possível explosões, transito que propicie atropelamento, possibilidade

de desabamento, tiroteio etc.);

- é necessário examinar a vítima para conhecer a extensão e a localização da

enfermidade, e só depois tomar qualquer iniciativa; e

- proceder o exame da vítima para determinar a prioridade e a seqüência lógica do

atendimento de primeiros socorros (Fig 15.1).

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-2 - ORIGINAL

Fig 15.1

Deve-se inicialmente, procurar estabelecer as funções vitais da vítima. Para isso, deve-

se seguir a seguinte seqüência de cuidados, que podem ser realizadas

simultaneamente:

- vias aéreas com controle da coluna vertebral;

- respiração e ventilação;

- circulação com controle de hemorragia;

- incapacidade, estado neurológico; e

- exposição e controle do ambiente (despir completamente a vítima, mais prevenindo a

hipotermia - baixa temperatura corporal).

Logo após, devemos proceder o exame secundário, que consiste em uma avaliação

detalhada da vítima, abordando lesões que não implique risco imediato de vida.

15.2.1 - Vias aéreas com controle da vertebral (porção cervical)

Durante o exame inicial da vítima, as vias aéreas (VA) devem ser avaliadas em

primeiro lugar, assegurando a sua permeabilidade. Deve-se identificar a presença de

corpos estranhos, fraturas faciais, mandibulares ou traqueo-laríngeas que podem

resultar em obstruções das VA (Fig 15.2).

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-3 - ORIGINAL

Fig 15.2

Todos os procedimentos para restabelecer a permeabilidade das VA devem ser

feitos protegendo a coluna cervical, para tanto, é recomendável a elevação ou

anteriorização da mandíbula, indicada para vítimas com suspeita de lesão na coluna

cervical e queda da língua. Para tanto, o socorrista deve:

- posicionar-se atrás da cabeça da vítima em decúbito dorsal; segurar com as mãos

os ângulos da mandíbula, deslocando-a para frente enquanto faz a abertura da

boca; e

- estabilizar ao mesmo tempo a coluna cervical da vítima.

No caso da vítima estar inconsciente e com suspeita de lesão na coluna cervical, o

socorrista deve executar a elevação da mandíbula da seguinte forma:

- posicionar-se do lado da vítima, e empurrar os ângulos da mandíbula com o

polegar, deslocando-a para cima (Fig 15.3).

Fig 15.3

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-4 - ORIGINAL

Em ambos os caso, estabilizar ao mesmo tempo a coluna cervical da vítima com as

mãos, evitando sua lateralização.

As causas de obstrução de vias aéreas podem ser divididas em dois grupos: causas

tratáveis e não tratáveis pelo socorrista.

Causas tratáveis – queda da língua, corpos estranhos, vômitos, secreções e sangue.

Sendo a queda da língua sobre a parede posterior da faringe e corpos estranhos as

causas mais comuns. O socorrista deve:

- usar as mãos para diferenciar o posicionamento da cabeça e do pescoço, pois pode

deslocar a língua da parede posterior da faringe e efetuar a limpeza da cavidade

oral;

- na inclinação da cabeça e elevação do queixo, o socorrista coloca uma de suas

mãos na fronte da vítima e a utiliza para inclinar a cabeça para trás;

- deslocar a mandíbula para frente com os dedos da outra mão colocados no queixo

da vítima;

- não usar este procedimento na suspeita de lesão da coluna cervical.

15.2.2 - Respiração e Ventilação

A permeabilidade das vias aéreas, por si só, não implica em ventilação adequada. A

respiração é necessária para que haja a oxigenação do organismo e eliminação de

gás carbônico (Fig 15.4).

Fig 15.4

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-5 - ORIGINAL

O tórax da vítima deve estar exposto para avaliar adequadamente a ventilação e

outras lesões associadas. As lesões que podem prejudicar de imediato a respiração

são: o pneumotórax, hipertensivo, o tórax instável com contusão pulmonar e o

pneumotórax aberto, as fraturas de costelas.

Os pneumotórax simples e as contusões pulmonares, podem comprometer a

ventilação, mas em menor grau.

15.2.3 - Circulação com Controle da Hemorragia

A hemorragia é uma das principais causas de morte no período pós-traumático,

sabendo deste fato, o socorrista deve agir rapidamente.

A hipotensão em vítimas traumatizadas deve ser considerada como hipovolemia

(baixo volume de sangue circulante). Uma avaliação rápida e apurada do estado

hemodinâmico (fluxo sangüíneo) da vítima traumatizada é essencial. A análise de

três elementos nos permite este diagnóstico rapidamente: o nível de consciência da

vítima, a cor da pele e o pulso.

a) Nível de Consciência

Quando o volume de sangue é reduzido, o fluxo sangüíneo cerebral pode estar

prejudicado, alterando o nível de consciência da vítima. Entretanto, esta pode

estar consciente mesmo perdendo uma quantidade significativa de sangue.

b) Cor da Pele

A cor da pele pode ser importante na avaliação de uma vítima hipovolêmica

traumatizada. Uma vítima com pele de coloração rósea, especialmente na face e

extremidade, raramente estará criticamente hipovolêmica após um trauma. Ao

contrário, a coloração acinzentada da face e a pele esbranquiçada e extremidades

cianóticas (roxas) são sinais evidentes de hipovolemia, estes últimos sinais

usualmente indicam uma perda de volume sangüíneo de pelo menos 30%.

c) Pulso

O pulsar sangüíneo de fácil acesso (carotídeo) deve ser examinado,

bilateralmente para se avaliar sua quantidade, freqüência e regularidade. Pulsos

periféricos cheios, lentos e regulares, são usualmente sinais de normovolemia

(circulação normal) (Fig 15.5).

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-6 - ORIGINAL

Fig 15.5

d) Sangramentos (Hemorragias)

Hemorragia externas graves são identificadas com um exame primário, a rápida

perda sangüínea externa é controlada exercendo pressão manual sobre a ferida

ou utilizando o torniquete.

Hemorragias torácicas, do abdômen, nos músculos ao redor de fraturas, e como

resultado de ferimentos penetrantes podem ser responsáveis por perdas ocultas

consideráveis de sangue.

15.2.4 - Incapacidade (Avaliação Neurológica)

Uma avaliação neurológica rápida é realizada no final do exame primário para

estabelecer o nível de consciência da vítima. Uma maneira simples de avaliar o

nível de consciência é pelo método A.V.D.I.

A - ALERTA-ACORDADO - se está alerta é porque está acordado;

V - RESPONDE AOS ESTÍMULOS VERBAIS - verificar se responde a perguntas;

D - SÓ RESPONDE A DOR - provocar estímulo que provoquem dor;

I - INCONSCIENTE, NÍVEL DE CONSCIÊNCIA - verificar se está consciente ou

inconsciente.

A alteração do nível de consciência pode significar necessidade imediata de

reavaliação da oxigenação, da respiração e da perfusão. Álcool e outras drogas

podem alterar o nível de consciência da vítima. Deve-se lembrar que a diminuição

do nível de consciência pode representar alteração na oxigenação e/ou na perfusão

cerebral, ou é resultado de um trauma direto ao cérebro.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-7 - ORIGINAL

15.2.5 - Exposição e Exame

A vítima deve ser despida, e é usual cortar as roupas para facilitar o acesso

adequado as lesões e ao exame complementar. Quando a vítima estiver exposta em

via pública, deve-se ter pudor e evitar constrangimento e outros problemas.

O exame da vítima deve ser feito da seguinte forma:

- verificar, através de exame rápido, se está respirando;

- se não estiver, iniciar imediatamente a respiração artificial;

- retirar com cuidado, apenas as roupas necessárias. O vestuário sujo pode ocultar

ferimentos e aumentar o perigo de infecção;

- é melhor cortar, rasgar ou descoser as roupas do que despir o ferido;

- não dar qualquer espécie de bebida alcoólica;

- em caso de fraturas, só movimentar a vítima após sua imobilização. O transporte

deve ser suave e firme; e

- jamais presumir que a vítima esteja morta, até que a real confirmação.

15.3 - REGRAS BÁSICAS

Existem quatro regras básicas para salvar vidas, em caso de acidente ou emergência,

que são as seguintes:

15.3.1 - Parar a hemorragia

Hemorragia é quando há perda de sangue circulante, isto é: quando - ocorre saída

de sangue do interior de um vaso sangüíneo (artéria, veia ou capilar) para o espaço

extravascular do corpo do indivíduo (tecido ou cavidade) ou para fora deste.

O sangue é o meio onde é realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as

células e de gás carbônico e outras excretas para os órgãos de eliminação. Possui

um componente líquido chamado plasma, que representa cerca de 55% a 60% de

seu volume total, sendo composto por água, sal e proteínas.

Os componentes sólidos do sangue são:

- Glóbulos vermelhos ou hemácias – têm com função o transporte de oxigênio,

ligado à hemoglobina;

- Glóbulos brancos – são as células de defesa do corpo humano; e

- Plaquetas – fazem parte do mecanismo de coagulação, esse mecanismo inicia-se

pela aderência das plaquetas, corpúsculos que fazem parte da porção sólida do

sangue, sobre a lesão da parede do vaso. Em seguida ocorre uma série de reações

químicas, que formam o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de sangue pelo

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-8 - ORIGINAL

orifício do vaso lesado.

O corpo humano possui normalmente um volume sangüíneo de aproximadamente

70 ml/kg de peso corporal para adultos e 80ml/kg para crianças, portanto um

indivíduo com 70kg possui aproximadamente 4.900ml de sangue.

a) Hemostasia

Significa controle do sangramento. Pode ser efetuada constrição da parede dos

vasos sangüíneos que possui camada muscular, diminuindo o tamanho da

abertura por onde o sangue está escapando; ou de forma artificial (ligadura dos

vasos, pinçamento, sutura, torniquete, compressão local). As vítimas com

distúrbios no mecanismo de coagulação, como por exemplo, os hemofílicos,

podem ter grandes hemorragias.

b) Classificação das Hemorragias

I) Quanto ao Tipo de Vaso Lesionado

ARTERIAL – sangramento em jato (pulsátil) acompanhando a contração

cardíaca. Geralmente o sangue é de coloração vermelho vivo. É mais grave

que o sangramento venoso, pois a pressão no sistema arterial é maior que a

pressão no sistema venoso, então a perda sangüínea é maior.

VENOSO – sangramento contínuo, geralmente de coloração vermelho

escuro.

CAPILAR – sangramento contínuo, discreto, por se tratar de vaso de pequeno

calibre.

II) Quanto a localização

EXTERNA – ocorre o sangramento de estruturas superficiais com

exteriorização do sangramento, podem ser controladas utilizando técnicas

básicas de primeiros socorros.

INTERNA – ocorre o sangramento de estruturas profundas, pode ser oculto

ou se exteriorizar, por exemplo: hemorragia do estômago com hematêmese e

vômito com sangue. As medidas básicas de socorro não funcionam, a vítima

deve ser levada para o hospital.

Ao prestar socorro a uma vítima, o socorrista deve ter a preocupação com a sua

própria saúde, usando, sempre que possível, luvas. Na impossibilidade, pode-se

improvisar com saco ou sacolas plásticas.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-9 - ORIGINAL

c) Reconhecimento de Hemorragias

As hemorragias internas muitas vezes podem ser reconhecidas na inspeção.

Vítima com roupas grossas pode disfarçar a hemorragia, devido a absorção do

sangue pelas vestes. O sangue pode também ser absorvido pelo solo e tapetes,

lavado pela chuva, dificultando a ação do socorrista. As vítimas

politraumatizadas com sinais de choque e lesão externa pouco importantes

provavelmente apresentam lesão interna.

As hemorragias internas são comuns no tórax e abdômen. Deve-se procurar a

presença de lesões perfurantes e equimoses e contusões na pele sobre estruturas

vitais. Os órgãos que mais freqüentemente apresentam graves sangramento são o

fígado, no quadrante superior direito; e o baço, no quadrante superior esquerdo.

Algumas fraturas, como as de bacias e fêmur, podem produzir hemorragias

internas graves e estado de choque. Observar extremidade com deformidade e

dolorosas e instabilidade pélvica. A distensão abdominal com dor após

traumatismo deve sugerir hemorragia interna (Fig 15.6).

Fig 15.6

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-10 - ORIGINAL

d) Como proceder para conter a hemorragia em ambiente não hospitalar

- desobstruir as vias aéreas e efetuar assistência respiratória se necessário.

posicionando a vítima em decúbito dorsal com as extremidades inferiores

elevadas;

- vítimas que estiverem vomitando sangue (hematêmese) ou eliminando sangue

juntamente com a saliva no ato de cuspir (hemoptise) devem ser colocadas em

decúbito lateral para evitar a aspiração pulmonar;

- manipular a vítima com as mãos protegidas;

- elevar, se possível, o local do sangramento acima do nível do coração;

- colocar um pano limpo sobre o ferimento, fazendo a compressão direta da

lesão. Caso a compressa utilizada fique encharcada de sangue, coloque outra

sem retirar a primeira evitando assim tirar os coágulos que estão sendo

formados;

- caso persista a hemorragia, iniciar a compressão no ponto arterial que irriga a

região. Os principais pontos arteriais são os braquiais, femurais e temporais

superficiais;

- fixar a compressa sobre o ferimento com uma bandagem (tira de panos,

cadarços etc.); e

- caso o sangramento seja importante, não perca tempo tentando aplicar curativo

compressivo, faça pressão no local com a mão protegida.

e) Torniquete

É o último recurso para conter hemorragias graves nas extremidades do corpo.

Atualmente só é utilizado nas amputações traumáticas. Cuidados na utilização

do torniquete são:

- só utilizar quando esgotados os outros métodos de controle de hemorragia;

- aplicar acima do ferimento, isto é entre o ferimento e o coração;

- o torniquete deve ser utilizado sempre acima das articulações;

- não aplicar sob as vestes, para não correr o risco de ficar escondido;

- apertar apenas o suficiente para estancar a hemorragia;

- não utilizar arame ou outro material cortante;

- não cobrir com atadura ou curativo, evitando assim que fique escondido;

- não colocá-lo sobre uma proeminência óssea (ex. joelho, cotovelo etc.);

- marcar a hora que foi colocado o torniquete, e afrouxar a cada intervalo de

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-11 - ORIGINAL

10/15 minutos, por um período de 1 a 2 minutos, lentamente, de forma que

possa controlar o sangramento; e

- marcar em local visível (testa) as iniciais T.Q., a hora que foi colocado o

torniquete, para poder saber a hora de afrouxá-lo.

O torniquete quando utilizado de forma errada tem como complicações o

esmagamento de vasos sangüíneos, nervos, músculos e a interrupção do fluxo

sangüíneo.

f) Improvisação do torniquete

- utilizar panos largos; não usar fios, barbantes, arames ou materiais finos e

estreitos, pelo risco de agravar as lesões cortando a pele e estruturas profundas;

- envolver o membro afetado com o pano logo acima do ferimento;

- fazer um meio nó, colocar um pedaço de madeira no meio do nó;

- dar um nó completo sobre o pedaço de madeira;

- torcer moderadamente o pedaço de madeira até parar a hemorragia;

- fixar com um nó a madeira; e

- marcar em local visível na vítima as iniciais T.Q. e anotar a hora (Fig 15.7 e

15.8).

Fig 15.7 Fig 15.8

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-12 - ORIGINAL

15.3.2 - Reanimação cardiopulmonar - RCP

É a técnica adotada para retardar uma lesão cerebral até a instituição de medidas

mais avançadas. Consiste na associação das técnicas de abertura de vias aéreas,

respiração assistida e compressões torácicas.

a) Parada cardíaca

Interrupção repentina da função de bombeamento cardíaco, que pode ser

revertida com intervenção rápida, mas que pode levar a uma parada respiratória

e causar a morte se não for tratada.

b) Sinais de Parada Cardiorespiratória (P.C.R.)

- ausência de pulso em grande artéria. No adulto, o pulso carotídeo é o mais

sensível;

- a ausência de respiração, que pode preceder a parada cardíaca ou ocorrer após

o seu estabelecimento;

- inconsciência;

- dilatação pupilar (midríase); e

- aparência de morte (palidez e imobilidade).

c) Conseqüências da P.C.R.

A ausência da circulação sangüínea cessa a oxigenação dos órgãos e, após

alguns minutos, as células mais sensíveis são afetadas. Os órgãos mais sensíveis

a falta de oxigênio são o cérebro e o coração. A lesão cerebral é irreversível após

4 a 6 minutos sem oxigenação.

d) Objetivos básicos da RCP

A RCP tem como objetivo:

- oxigenar e fazer circular o sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo;

- retardar ao máximo a lesão cerebral; e

- consequentemente, reverter a parada cardíaca nos casos de P.C.R.

A RCP não é capaz de evitar a lesão cerebral por períodos prolongados, na

medida que circulação cerebral obtida com as compressões vai diminuindo até se

tornar ineficaz.

e) Procedimento básico durante a RCP

Durante as manobras de RCP é fundamental que o socorristas (caso haja mais de

um) estabeleçam tarefas bem definidas entre ambos. O de maior experiência

assume o controle do procedimento:

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-13 - ORIGINAL

- examinar o local;

- avaliar o nível de inconsciência, solicitando a vítima verbalmente e depois com

estímulos de dor;

- posicionar a vítima em decúbito dorsal sobre uma superfície plana e rígida;

- abrir vias aéreas;

- verificar presença de corpo estranho na boca e respiração espontânea;

- ventilar a vítima em apnéia (sem respiração), por duas vezes;

- verificar a presença de pulso carotídeo, e no caso de ausência, iniciar a

compressão torácico, pressionando o osso externo em torno de quatro

centímetros no caso de indivíduo adulto;

- alternar ventilações e compressões, de acordo com o número de socorrista;

- verificar se houve retorno da atividade cardíaca após um minuto e a cada três

minutos subseqüentemente;

- só cessar as manobras de RCP por ordem médica, cansaço extremo ou

recuperação da vítima.

f) R.C.P. de adulto com apenas um Socorrista

- ajoelhar ao lado da vítima, ao nível de seus ombros;

- realizar o exame primário determinado, para verificar se a vítima está em

parada respiratória;

- retirar, caso haja, corpos estranho da boca da vítima e posicionar sua cabeça

corretamente;

- não descartar a possibilidade de lesões da coluna cervical;

- fazer duas ventilações, com duração de 1 a 1,5 segundo, em intervalos de 5

segundos, usando o polegar e o indicador para fechar bem as narinas da vítima,

impedindo que o ar escape;

- inspirar o ar profundamente e coloca a boca firmemente sobre a boca da vítima.

Em crianças, o socorrista pode colocar sua boca sobre o nariz e a boca da

mesma;

- sem deixar que o ar escape, o socorrista sopra para dentro da boca da vítima até

notar que houve distensão do peito (tórax). Em seguida, deve afastar a boca e

retirar os dedos das narinas permitindo a saída do ar dos pulmões (com

crianças deve-se encher as bochechas e insuflar o pulmão da vítima);

- no tórax da vítima localizar no peito o osso esterno, na sua porção inferior, que

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-14 - ORIGINAL

é o ponto de compressão, onde irá colocar o “calcanhar” de uma das mãos;

- posicionar a outra mão em cima da que já estava sobre o tórax da vítima; e

- fazer 15 compressões com a freqüência média de 80bpm por minuto (Fig 15.9

a 15.13).

Fig 15.9 Fig 15.10

Fig 15.11 Fig 15.12 Fig 15.13

g) R.C.P. de adultos com dois ou mais socorristas

- o líder efetua o exame primário, um fica responsável pela ventilação e o outro

pelas compressões torácicas;

- iniciar com duas ventilações, fazendo em seguida 15 quinze compressões

torácicas para cada duas ventilações . A contagem das compressões será feita

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-15 - ORIGINAL

em voz alta;

- o responsável pela ventilação verifica a eficácia das compressões torácicas por

meio da palpação do pulso carótideo;

- Após o primeiro minuto e a cada três minutos de R.C.P., deve-se verificar o

retorno da atividade cardíaca; e

- no caso do que efetua as compressões torácicas cansar, utiliza-se a seguinte

técnica para troca de posições:

- no início de um ciclo de compressões a troca é solicitada e é efetuada após a

ventilação;

- a pausa deve ser aproveitada para verificar o retorno da atividade cardíaca

espontânea , pelo socorrista que vai assumir a ventilação.

- Se não houver retorno da atividade cardíaca, reiniciar a R.C.P. com duas

ventilações (Fig 15.14).

Fig 15.14

h) Problemas da R.C.P.

Caso a R.C.P. seja realizada de forma imprópria, as compressões torácicas e a

respiração artificial podem não surtir o efeito desejado.

I) Complicações na Respiração Artificial

O principal problema associado a respiração artificial é a distensão do

estômago, que resulta de fluxos rápidos de ventilação, e pode causar

regurgitação e aspiração pulmonar. Um outro efeito é a elevação do

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-16 - ORIGINAL

diafragma, que limita a expansibilidade pulmonar.

II) Complicações das Compressões Torácicas

Durante o procedimento, podem ocorrer, especialmente em idosos: fratura de

costelas, a separação entre es costelas e o esterno, fratura de esterno e

pneumotórax. O traumatismo de órgãos abdominais também pode ocorrer

com as compressões torácicas sobre o esterno.

III) Erros Comuns na execução da R.C.P.

- Posição incorreta das mãos;

- Profundidade de compressão inadequada;

- Incapacidade de vedação do nariz e da boca durante a ventilação;

- Dobrar os cotovelos ou joelhos durante as compressões leva ao cansaço;

- Ventilação com muita força e rapidez levam a distensão do estômago;

- Incapacidade de manter vias aéreas abertas; e

- Não ativar o socorro médico em tempo hábil, para o socorro avançado.

15.3.3 - Proteção de ferimentos

O curativo inicial visa proteger contra a contaminação de micróbios e sujeira.

Deve-se lavar o ferimento com água limpa em abundância ou soro fisiológico. Na

falta de um curativo individual, deve-se usar pano limpo e seco.

15.3.4 - Prevenção de choque hipovolêmico

a) Choque hipovolêmico

É o resultado da incapacidade do sistema cárdio vascular em prover circulação

sangüínea para os órgãos. Acarreta fraqueza do corpo, desde um ligeiro mal-

estar ou desmaio até o colapso completo com perda da consciência, ou até a

morte. A pessoa nesta condição acha-se normalmente imóvel e fica alheia ao

ambiente. Sua respiração é rápida, superficial, entrecortada por suspiros

profundos; o pulso é rápido e fraco e tem todo o corpo pálido, frio e úmido ao

tato. Existe tendência a desmaiar, sentir sede e pode vomitar; as pupilas ficam

ligeiramente dilatadas.

Qualquer tipo de ferimento, como grandes sangramentos, queimaduras,

traumatismos múltiplos e desidratação intensa (diarréia, vômito) poderão levar

ao choque.

I) Sintomas mais comuns

Agitação, ansiedade, pulso rápido e filiforme, pele fria e úmida, sudorese

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-17 - ORIGINAL

intensa, respiração rápida, superficial e irregular, midríase (pupilas dilatadas),

sede intensa, hipotensão, cianose de extremidade (sinal tardio).

II) Fases do Estado de Choque

Sem tratamento, o choque pode evoluir para um quadro de agravamento

progressivo, que se apresenta em duas fases:

- Choque compensado - é o primeiro estágio, onde o organismo se equilibra

por meio dos mecanismos compensatórios. A circulação é mantida e os

sinais e sintomas são mínimos. Se o tratamento reverter a causa básica, não

há dano permanente.

- Choque descompensado - ocorre a redução da circulação, queda da pressão

arterial e alterações do estado mental. O tratamento pode ser eficaz desde

que realizado rapidamente.

Sinais:

- verificar nível de consciência - vítima está lúcida, porém com a sensação de

morte iminente. Na progressão do quadro ocorre a diminuição do sangue

oxigenado para o cérebro, surgindo agitação, desorientação, que se

assemelha a uma intoxicação alcóolica, evoluindo para sonolência e coma;

- não ser agressivo à pessoas politraumatizadas, alcoolizadas ou drogadas;

- avaliar a permeabilidade das vias aéreas e a respiração;

- observar a coloração da pele – com a contração dos vasos sangüíneos e a

perda de sangue a vítima apresenta-se pálida. Cai a temperatura corporal e a

pele fica fria e úmida;

- avaliação do pulso - A queda da pressão arterial (hipotensão) é um sinal

tardio do choque. O choque descompensado pode ser reconhecido por pulso

carotídeo palpável, entretanto, os pulsos radiais serão imperceptíveis. Todo

politraumatizado taquicárdico e pálido está em choque até prova em

contrário. Cuidado ao avaliar vítimas com porte atlético, pois podem

demorar a desenvolver taquicardia devido a boa preparação física;

- avaliação do enchimento dos vasos capilares – comprimir a ponta de um

dedo, verificando o tempo do enchimento capilar. Caso leve mais de dois

segundos para que isso ocorra é um a ser considerado, porém, não

definitivo; e

- avaliação do Pescoço – observar as vias jugulares externas, que quando

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-18 - ORIGINAL

cheias e calibrosas sugerem um choque cardiogênico ou obstrutivo do

coração. Ao contrário, o choque hipovolêmico as veias jugulares externas

apresentam-se quase imperceptíveis por estarem vazias.

b) Como proceder no Tratamento de Choque Hemorrágico

- pesquisar se a vítima faz uso de alguma medicação, pois podem interferir no

diagnóstico inicial. O propanolol e vasodilatadores utilizados para hipertensão

arterial e angina, são exemplos de medicamentos;

- posicionar a vítima em decúbito dorsal com os membros inferiores elevados

(30º/35º), para aumentar o retorno venoso e a circulação normal;

- abrir vias aéreas, assistir a respiração e controlar a hemorragia, quando

possível;

- não administrar e nem permitir a administração oral de líquidos (inclusive

água);

- reduzir a perda de calor corporal (pode se usado cobertores, jornais, etc.);

- controlar os sinais vitais;

- prover transporte adequado, em condições favoráveis, o mais rápido possível,

para o atendimento médico;

- aliviar o equipamento, afrouxar suas roupas e ter cuidado com os ferimentos; e

- se estiver desacordada, colocar a cabeça da vítima mais baixa que o corpo,

virar o rosto para o lado, no caso de aparecerem vômitos ou secreções.

Para o provimento do socorro, leva-se em consideração dois tipos de materiais:

I) Material Clássico

Destina-se ao uso médico-cirúrgico, sendo eles: gases, ataduras de gaze,

ataduras de crepom, atadura elástica, algodão, luvas, talas acrílicas para

imobilização, instrumental cirúrgico, macas, etc.

II) Material de Fortuna

É a improvisação para substituir o material clássico, são eles: tábuas, portas,

cabos de vassouras, camisas, lençol, cobertores, sacola plástica, cintos,

jornais, cabides, etc. O socorrista que não pode contar com material clássico,

deve ser criativo e improvisar com material de fortuna (Fig 15.15).

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-19 - ORIGINAL

Fig 15.15

15.4 - PROCEDIMENTOS PARA CASOS ESPECIAIS

As regras básicas supracitadas aplicam-se a todos os tipos de ferimentos. Entretanto,

há casos que necessitam de medidas especiais.

15.4.1 - Traumatismo no tórax

Os traumatismos de tórax fechados mais comuns são causados por acidentes

automobilísticos.

Nas lesões torácicas geralmente ocorrem: hemorragia, dificuldade respiratória,

alteração do pulso sangüíneo e disfunção do ritmo cardíaco.

a) Tipos de Lesão

Os traumatismos podem ser fechados, quando não há rompimento da parede

torácica; ou penetrantes. Os fechados são mais freqüentes e podem ocorrer por

compressão dos órgãos torácicos ou por grande variação da pressão externa. Os

penetrantes podem ser causados por arma de fogo ou arma branca. Deve-se levar

em conta que lesões na parte inferior do toráx podem atingir órgãos do

abdômen.

b) Lesões Específicas do Tórax

I) Fraturas de Costelas

É a lesão que ocorre com mais freqüência no trauma fechado de tórax. Os

arcos costais mais comumente fraturados vão do 4º ao 10º. O 1º, 2º e 3º são

bem protegidos e o 11º e 12º são curtos e pouco expostos. Quando houver

fratura do 1º e 2º arcos costais, é possível existir trauma intra torácico grave.

Ao examinar o tórax deve-se observar se existe dor e crepitação (estalos).

Com a fratura de um arco, a ventilação pode estar comprometida devido a dor

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-20 - ORIGINAL

intensa ocasionada pelo movimento respiratório. Quando três ou mais arcos

costais estiverem fraturados deve-se associar também a possibilidade de uma

contusão pulmonar. Nas fraturas dos arcos costais baixos pode-se também

suspeitar de traumatismo de baço e fígado, com hemorragia interna.

Como proceder:

- observar a vítima, não necessitando efetuar nenhum procedimento; e

- no transporte, deve deitar a vítima sobre o lado fraturado, para aliviar a dor e

favorecer a ventilação, atentando também para existência de outros

traumatismo.

II) Tórax Instável

É quando um segmento da parede torácica apresenta uma descontinuidade

óssea com o resto da caixa torácica. Geralmente, resulta de um trauma que

provocam múltiplas fraturas de costelas.

As maiores repercussões do tórax instável provém de uma lesão pulmonar. A

dor associada a restrição dos movimentos respiratórios e a lesão do

parênquima (tecido) pulmonar contribuem para dificuldade respiratória da

vítima. São sintomas mais comuns: dor; dispnéia; angustia respiratória;

deformidade; cianose (sinal tardio); respiração paradoxal (o segmento

instável se move na direção contraria a parede torácica).

Como proceder:

- estabilizar os segmento instáveis com esparadrapo;

- deitar a vítima sobre o lado afetado, para estabilizar os segmentos instáveis

(desde que ele suporte a dor), agindo assim o pulmão tem uma melhor

ventilação; e

- transportar para o hospital.

c) Lesões que Agravam o Traumatismo de Tórax

- pneumotórax aberto;

- pneumotórax hipertensivo;

- hemotórax maciço; e

- tamponamento cardíaco.

Pneumotórax é a presença de ar no espaço pleural, entre a pleura parental e a

visceral. A pressão negativa neste espaço é que possibilita a aderência entre os

pulmões e a parede torácica. O pneumotórax impede a expansão completa do

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OSTENSIVO - 15-21 - ORIGINAL

pulmão, e quanto maior mais grave será o problema respiratório. Pode ser

classificado em hipertensivo, aberto e simples.

I) Pneumotórax Aberto

Resulta de grandes ferimentos da parede torácica que permanecem abertos. O

equilíbrio entre as pressões intra torácicas e atmosférico é imediato. A cada

esforço respiratório, o ar passará preferencialmente pela lesão da parede, pois

é o local de menor resistência. A ventilação é prejudicada, ocorrendo a

hipoxia (diminuição na oxigenação tecidual).

Como proceder:

- fazer um curativo oclusivo (utilizar material de fortuna como: pano,

plástico, etc.), usado temporariamente, para permitir a avaliação e evitar a

entrada de ar; e

- fazer um curativo quadrangular com gaze ou pano, de tamanho suficiente

para encobrir todas as bordas do ferimento, o curativo deve ser fixado com

fita, esparadrapo etc. em três de seus lados, este tipo de fixação produz um

efeito de válvula. Quando a vítima inspira , o curativo fecha completamente

o ferimento para “sucção”, prevenindo a entrada de ar. Quando a vítima

expira, o lado que não esta fixado permite o escape do ar (Fig 15.16 a

15.18).

Fig 15.16 Fig 15.17 Fig 15.18

II) Pneumotórax Hipertensivo

Resulta de vazamento de ar do pulmão e/ou da parede torácica, para o espaço

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-22 - ORIGINAL

pleural por um sistema de válvula unidirecional. O sistema de válvula faz

com que o ar entre para cavidade torácica sem sair. O mediastino e a traquéia

são deslocados para o lado oposto.

Suas causas mais comuns são: ventilação mecânica com pressão positiva

(nível hospitalar), pneumotórax espontâneo pela ruptura de uma bolha de

enfisema com cicatrização deficiente, traumatismo, contusão de tórax com

lesão do parênquima que não ficou selada.

São sintomas mais comum: ansiedade; taquipnéia intensa; cianose (sinal

tardio); ruídos respiratórios ausentes ou diminuídos no lado afetado;

hipertimpanismo; turgência de jugular; hipotensão arterial; enfisema

subcutâneo (bolhas de ar em baixo da pele).

Como proceder:

- assistir ventilação caso necessário; e

- transporte imediato para o hospital.

III) Pneumotórax Simples

Resulta da entrada de ar no espaço entre a pleura e a parietal, tanto por trauma

penetrante como o contuso. A causa mais comum é a aceleração pulmonar

resultante do vazamento de ar.

Normalmente a cavidade torácica está completamente preenchida pelo

pulmão. A presença de ar no espaço pleural impede o funcionamento normal

do pulmão, não conseguindo inflar totalmente, deixando de participa das

trocas gasosas. São sintomas mais comuns: dispnéia (dificuldade

respiratória); dor pleurítica (dor no pulmão); taquipnéia (respiração rápida); e

ausência de murmúrio vascular (não se escuta o som do ar no pulmão).

Como proceder:

- melhorar ventilação;

- observar estado geral da vítima; e

- transporte para hospital.

IV) Hemotórax

É acumulo de sangue no espaço pleural após traumatismo torácico fechado ou

penetrantes. O sangramento pode se originar de laceração das artérias

intercostais, mamarias internas, parênquima pulmonar ou lesões do coração e

grandes vasos. O sangramento pulmonar, em geral, pára rapidamente devido

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-23 - ORIGINAL

à baixa pressão arterial pulmonar. São sintomas mais comuns: sinais de

choque pela hemorragia; taquipnéia; murmúrio vesicular diminuído no lado

afetado.

Como proceder:

- melhorar ventilação;

- tratar o choque; e

- transporte rápido para o hospital.

d) Tamponamento Cardíaco

Pode resultante tanto de trauma penetrante de tórax ou trauma fechado. O

funcionamento do coração fica prejudicado, devido a hemorragia. São sintomas

mais comuns: turgência de jugulares (aumento de volume das veias do pescoço);

hipotensão de bulhas (diminuição do som das bulhas cardíacas); hipotensão

arterial; expansibilidade pulmonar normal e ruídos respiratórios normais.

I) Asfixia Traumática

Produzida por compressão prolongada do tórax que causa hipertensão venosa

na parte superior do tórax, ombros, pescoço e cabeça. São sintomas mais

comuns: edema violáceo; hemorragias cutânea e subconjuntivas; epistaxe

(sangramento nasal); pode causar distúrbios neurológicos e ventilatórios,

além de se associar com traumatismo cardíaco.

Como proceder:

- liberar a vítima da compressão;

- melhorar ventilação; e

- transporte para hospital.

15.4.2 - Traumatismo abdominal

As lesões abdominais internas são de difícil diagnóstico, podendo levar a erros. O

abdômen é um reservatório potencial para perdas ocultas de sangue. Portanto, deve-

se considerar como traumatismo abdominal as vítimas de lesão por desaceleração

ou ferimento penetrante no tronco.

A região abdominal divide-se em três compartimentos anatômicos distintos: a

cavidade peritoneal (abdômen superior e inferior), o espaço retro peritoneal e a

pelve.

No abdômen superior encontramos: diafragma, fígado, baço, estômago e colo

transverso do intestino. Durante a expiração, ao expandir o diafragma, pode expor

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-24 - ORIGINAL

estas vísceras ao risco de lesão nos traumatismo do tórax inferior, particularmente

nas lesões penetrantes. No abdômen inferior encontramos: o intestino delgado e o

restante do colo intestinal.

No espaço retro peritoneal encontramos: aorta abdominal, veia cava inferior,

pâncreas, rins, ureteres e parte do duodeno. Esta região é pouco acessível ao exame

físico, o que dificulta o reconhecimento de lesões.

Na pelve encontramos: reto, bexiga, vasos ilíaco e na mulher a genitália interna. O

diagnóstico precoce de lesões traumáticas nestes órgãos é comprometido pela sua

localização.

Como proceder:

- a prioridade é a desobstrução das vias aéreas, ventilação pulmonar e manutenção

circulatória;

- manter cuidados com a coluna cervical;

- avaliar o pulso sangüíneo e a pressão arterial (se possível), para verificar a

possibilidade de existir hemorragia interna;

- cortar a roupa da vítima para melhor avaliar o ferimento e outras lesões;

- obter informações sobre a causa do trauma da própria vítima quando consciente;

- quando não for possível, obter informações com pessoas que presenciaram o

trauma;

- o relato do trauma é fundamental, pois a dor abdominal pode ser mascarada por

situações como: alterações no nível de consciência, uso de drogas, traumas na

cabeça, lesão na medula espinhal, etc;

- a dor abdominal pode ser causada por fratura de arcos costais ou da pelve.

- o exame físico deve ser feito de forma detalhada a procura de sinais e sintomas

que possam ajudar a formar um diagnóstico;

- inspecionar cuidadosamente o abdômen de forma a observar a parte anterior, a

posterior, o tórax inferior e o períneo, em busca de escoriações, contusões,

lacerações, empalamento (objetos que ficam dentro da cavidade, por exemplo

faca, estaca), hemorragias externas, evisceração, queimaduras, perfurações;

- o abdômen inchado (distensão) pode sugerir uma lesão visceral. A vítima deve ser

manipulada cuidadosamente para permitir o exame completo do dorso;

- a palpação abdominal pode dar informações importantes, como a localização e

intensidade da dor;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-25 - ORIGINAL

- quando a vítima apresentar hipotensão arterial e taquicardia, sem evidência de

hemorragia externa, deve-se suspeitar de sangramento interno, que por vezes são

os únicos sinais de traumatismo abdominal;

- nos casos de objetos penetrantes parcialmente exteriorizado, não removê-lo pois

existe risco significativo de precipitar hemorragia. Deve-se expor a lesão,

estabilizar o objeto com um curativo e nunca tentar quebrar ou mexer com o

objeto, exceto nos casos em que isto seja essencial para o transporte; e

- transportar rapidamente para o hospital.

a) Tipos de Lesões Específicas do Abdômen

Os traumatismos podem ser fechados, penetrantes ou por evisceração.

I) Traumatismos fechados

Resultam da compressão dos órgãos abdominais ou por aceleração-

desaceleração, e são cinco vezes mais freqüentes que os penetrantes. As

vítimas podem não ter dor ou evidências de trauma ao exame.

II) Traumatismos penetrantes

Resultam por ação de arma branca ou de fogo. São mais evidentes, e a

trajetória do projétil ou da lâmina permite imaginar quais órgãos foram

atingidos.

III) Traumatismos por evisceração

Podemos observar uma lesão aberta com extravasamento de vísceras para o

meio exterior. São lesões graves que exigem ação rápida e transporte para o

hospital. Nunca tentar reintroduzir as vísceras, deve-se cobri-las com

compressas de pano limpo umedecido, envolvendo a lesão com bandagem. O

transporte da vítima deve ser em posição supina (barriga para cima) e com os

joelhos fletidos, se não houver traumatismo dos membros inferiores. Não se

deve dar líquidos ou alimentos.

15.4.3 - Traumatismo nos maxilares

Os ferimentos na cabeça são, em geral, graves pois causam hemorragia devido ao

grande número de vasos sangüíneos existentes. A primeira providência é cessar a

hemorragia por meio de compressão no local com um curativo ou compressa, tendo

o cuidado de não deixar que o sangue sufoque a vítima. Se houver suspeita de

fratura na mandíbula, deve-se imobiliza-la com uma atadura passada por cima da

cabeça.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-26 - ORIGINAL

15.4.4 - Queimaduras

As queimaduras ocorrem pela exposição do corpo a temperaturas altas e/ou baixas,

elementos químicos ácidos ou alcalinos, radiação e por corrente elétrica. A maior

parte das queimaduras costumam ser de pequena gravidade. De acordo com sua

intensidade, danificam a pele e podem também atingir os tecidos interiores

(músculos, nervos, vasos sangüíneos, osso), podendo levar a um estado de choque e

até a morte.

a) Quanto a origem

I) Térmica

São causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases quentes

(vapor) e calor das chamas.

II) Elétrica

São causadas pelo contato com a eletricidade de alta ou baixa voltagem. O

dano é resultante do calor desprendido quando a corrente elétrica atravessa os

tecidos. São de difícil avaliação, pois lesões que parecem superficiais podem

ter danos profundos.

III) Química

São causadas pelo contato com substâncias corrosivas, líquidas ou sólidas.

IV) Radiativa

É proveniente da exposição à luz solar ou a fontes nucleares.

b) Quanto a profundidade

I) De 1º Grau

Mais comum, caracteriza-se pela vermelhidão e muita dor. Causadas

principalmente pela exposição excessiva aos raios solares. Não são

consideradas queimaduras graves, mesmo em grandes extensões, exceto em

pessoas muito idosas (>70 anos) e em crianças de até 3 anos, pois podem

ocasionar desidratação da vítima.

II) De 2º Grau Superficial

Caracteriza-se pelo surgimento de bolhas e muita dor. O aspecto geral é

similar às lesões de 1º grau.

III) De 2º Grau Profundo

São menos dolorosas, pela existência de uma maior destruição de terminais

nervosos. Caracteriza-se pelo rompimento das bolhas ou do “soltar da pele”.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-27 - ORIGINAL

IV) De 3º Grau

Englobam todas as outras lesões. Caracteriza-se pelo comprometimento

profundo pele, atingindo músculos, vasos e ossos. Geralmente a pele estará

sem pêlos. A pele poderá ter aspecto esbranquiçado (tecido cozido),

avermelhado vivo (visualização da musculatura), acastanhada (altas

temperaturas dando aspecto de grelhado), cinzas e enegrecidas (carbonização)

ou mesmo mumificados (eletrificação). A extensão da lesão indica a

gravidade do queimado, e pode ser calculada pela regra dos nove, onde

estima-se que a cabeça e cada membro superior representem 9%, cada

membro inferior 18% e o tronco 36% da superfície corporal.

Deve-se ter em mente que uma vítima de queimaduras das lesões não são uniformes

e vários graus de profundidade podem estar presentes em uma mesma aérea.

As seguintes áreas queimadas podem ser consideras como lesões graves:

- mãos e pés - podem incapacitar a vítima após o processo de cicatrização;

- face - quando associadas as de vias aéreas, a inalação de fumaça (intoxicação por

monóxido de carbono) e desfiguração;

- olhos - podem causar lesão de córnea e cegueira; e

- períneo - geralmente ocorrem infecções e edema, podendo obstruir as genitálias.

Como proceder:

- afastar a vítima da origem das queimaduras. Deve-se ter o máximo de cuidado

com a segurança pessoal durante este resgate. Em caso de origem elétrica,

desligar a fonte de energia antes de tocar na vítima. Cuidado pois a vítima pode

sofrer uma PCR;

- se for o caso, abafar as chamas no corpo da vítima utilizando cobertores ou

fazendo com que ela role no chão;

- sempre que possível lave bem as mãos, para diminuir o risco de contaminação.

- as queimaduras não levam a morte rapidamente; portanto, deve-se tratar a vítima

como outros traumatizados;

- resfriar a lesão com água na temperatura ambiente. No caso de queimaduras

químicas, deve-se lavar com água corrente em abundância e retirar as vestes

contaminadas pelo agente químico;

- não utilizar remédios “caseiros” tais como, manteiga, dentifrícios (pasta de dente),

pomadas e óleos. Essas substâncias podem agravar as lesões, promover infecção e

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-28 - ORIGINAL

dificultar a avaliação médica;

- remover jóias (cordão, anel, pulseiras) e vestes da vítima para evitar problemas

com o edema (inchaço) e fazer uma estimativa da superfície corporal queimada

para avaliar a gravidade da situação;

- não transportar a vítima envolvida com panos úmidos ou molhado, não usar gelo

no local, pois isso diminuirá ainda mais a temperatura corporal (hipotermia).

Deve-se envolver a vítima em panos limpos secos, papel alumínio, para reduzir a

perda de calor e evitar a contaminação;

- não romper bolhas, quando existirem;

- avaliar o nível de consciência e priorizar a manutenção de vias aéreas, respiração

e circulação;

- vítimas com queimaduras facial e de pêlos nasais possuem um risco maior de

apresentarem edema e obstrução das vias aéreas. No caso de ficarem aprisionadas

em local com pouca ventilação é comum a intoxicação por monóxido de carbono;

- ter atenção com as queimaduras no tórax pois podem causar restrição respiratória;

- no caso de choque e traumas associados, deve-se conter hemorragias externas e

imobilizar fraturas;

- no caso de fogo em suas próprias roupas não se deve correr, pois o vento avivará o

fogo. Deve-se deitar, enrolar o corpo em um cobertor ou em pano para abafar o

fogo, deixando a cabeça de fora. Na falta de material de fortuna, deve-se deitar e

rolar vagarosamente, batendo o fogo com as mãos; e

- no caso de fogo na roupa de outra pessoa, deve-se deitá-la no chão (se for

necessário, deve-se fazer uso da força). Colocar a parte em chamas virada para

cima e abafar com um pano ou outro material similar. Procurar sempre proceder

da cabeça para os pés, a fim de impelir a chama para longe do rosto da vítima. Na

falta de material apropriado, usar o próprio corpo deitando-se sobre as roupas da

vítima, a não ser que estas estejam impregnadas de gasolina, óleo ou querosene.

Apagadas as chamas, deve-se tratar o estado de choque antes mesmo das

queimaduras.

15.4.5 - Traumatismo do sistema ósteo-mio-articular

São as lesões que acometem os sistemas ósseo, muscular e as articulações, que

podem se apresentar sozinhas ou associadas. Não causam risco imediato à vida,

podendo ser avaliadas em exames secundários. Em alguns casos, podem levar ao

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-29 - ORIGINAL

choque hipovolêmico por danos vasculares e fisiológicos. As causas mais comuns

são: acidentes automobilísticos e esportivos, e quedas.

a) Equimoses

É o resultado do rompimento de vasos de pequeno calibre, invadindo os tecidos,

ficando no local, manchas roxas, edemaciado (inchado) e dolorido.

b) Hematoma

Ocorre devido ao rompimento de vasos mais calibrosos, podemos observar

manchas roxas, edema, dor e uma coleção de líquidos que ao comprimirmos

sentimos se o seu deslocamento.

c) Contusão

São traumatismos causados por forças externas e geralmente não apresentam

solução de continuidade da pele. Nestes traumatismos podemos observar com

freqüência as equimoses e os hematomas. Seus sintomas são: dor, edema,

equimose ou hematoma. Deve-se limpar e manter a área atingida em repouso,

aplicando gelo nas primeiras 48 - 72 horas (caso haja disponibilidade).

d) Entorse

São traumatismos causados por movimentos bruscos e violentos sobre

articulações, causando perda de função das mesmas. Seus sintomas são: dor,

impotência funcional, edema, rubor da articulação e equimose / hematoma.

Deve-se aplicar gelo nas primeiras 48 - 72 horas, imobilizar o local, mantendo o

local em repouso com a extremidade levantada. Tão logo possível, encaminhar

para um hospital a fim de ser feito uma radiografia para excluir diagnósticos de

fraturas.

e) Luxação

São lesões que ocorrem em determinada articulação , devido a um movimento

brusco que ultrapassa o limite fisiológico com perda de relação entre as

superfícies articulares. Seu tratamento deve ser realizado em ambiente

hospitalar, por pessoal qualificado. Na falta de recurso médico, o socorrista deve

avaliar a situação e julgar se é válido fazer uma redução da luxação ou

providenciar uma imobilização adequada e transportar a vítima. Denomina-se

redução as manobras que visam fazer a extremidade luxada retornar ao seu

lugar, tendo como fatores impeditivos de realizá-la o aumento da tensão

muscular, ruptura de ligamento, fraturas associadas e Dor (respeitar o limite de

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-30 - ORIGINAL

dor da vítima).

As luxações mais comuns são:

I) Luxação Têmporo-Mandibular

Ocorre uma abertura acentuada da boca provocando um abaixamento

exagerado da mandíbula, por exemplo no bocejo, na gargalhada e no

tratamento odontológico. São os sintomas mais comuns: Abaixamento da

mandíbula; Sialorréia (salivação exagerada), e Dor. A redução é feita da

seguinte forma: sentar a vítima , introduzir os polegares protegidos por gaze

ou pano na boca da vítima até as extremidades tocarem no ângulo interno da

mandíbula. Fazer tração contínua para baixo , e logo em seguida para trás e

para cima.

II) Luxação Escapulo Umeral

Ocorre devido a grande mobilidade da articulação do ombro, a desproporção

da cabeça do úmero (muito grande) em relação a cavidade glenóide

(escápula), movimentos de abdução exagerado no braço, quedas e

traumatismo. São os sintomas mais comuns: dor; impotência funcional; e

assimetria do ombro (ombro em cabide, que é a perda do controle do ombro).

A redução é feita da seguinte forma: passar uma toalha/lençol por baixo da

axila, um socorrista traciona a toalha/lençol para cima e na diagonal,

enquanto um outro segura no punho e traciona para baixo e na diagonal ,

fazendo movimentos de adução do braço (Manobra de MOTHE).

III) Luxação do Cotovelo

Ocorrem devido a queda sobre o solo com a mão espalmada, a luxação do

tipo posterior costuma ser a mais comum. São sintomas mais comuns: dor,

impotência funcional, osso fora do lugar, e perda do contorno da articulação.

A redução deve ser feita da seguinte forma: flexiona-se o antebraço a 90

graus, tracionar a extremidade proximal do ante braço para baixo e ao mesmo

tempo com auxílio do polegar projetamos o olécrano (porção do osso do

cotovelo) para diante, e flexionamos o antebraço.

f) Amputações

É a separação de um membro de uma estrutura protuberante do corpo. Podem

ocorrer por esmagamento ou ação de objetos cortantes. As mais comuns são as

causadas por acidentes industriais ou automobilístico. As amputações completas

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-31 - ORIGINAL

tendem a sangrar menos que as parciais, devido a capacidade elástica do vasos

sangüíneos. Os procedimentos a serem adotados são: abri as vias aéreas e prestar

assistência ventilatória caso necessário; controlar a hemorragia (com torniquetes,

observar os cuidados necessários); Tratar o estado de choque; e fazer curativo na

extremidade amputada. Seguintes cuidados devem ser observados com o

segmento amputado: limpar; envolver com pano limpo; proteger com saco

plástico; colocar o saco plástico em recipiente com gelo ou água gelada, não

permitindo o contato da extremidade amputada com o contato direto com o gelo

(Fig 15.19 e 15.20).

Fig 15.19 Fig 15.20

g) Fraturas

É a ruptura ou solução de continuidade óssea decorrente de um traumatismo

direto, indireto ou patológico (doença degenerativa , câncer , etc.). São sintomas

mais comuns: dor; deformidade (assimetria); angulação da extremidade;

extremidade afastada da articulação; movimentos falsos; crepitação óssea

(sensação de atrito dos fragmentos ósseos no foco da fratura); edema (inchaço);

exposição óssea (se for fratura exposta). Nos casos de fraturas, deve-se ter

atenção para as seguintes complicações associadas: lesões de grandes vasos;

lesões de ramos nervosos principais; lesão cervical, abdome e tórax; hemorragia

maciça; e lesão de medula espinhal.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-32 - ORIGINAL

As fraturas são classificadas em fechadas e abertas/expostas.

Nas fraturas fechadas a pele sobre a lesão permanece integra.

Como proceder nas fraturas fechadas:

- expor o local cortando as vestes e observar a presença de lesões na pele;

- observar a assimetria, comparando com o lado contrário da lesão, e a coloração

das extremidades;

- testar a sensibilidade e o enchimento capilar distal, pois a lentidão no

enchimento capilar e alteração de sensibilidade indicam complicações;

- cobrir lesões na pele com pano limpo caso haja;

- retirar anéis, pulseiras ou outros acessórios que possam comprometer a

circulação;

- alinhar as extremidades em uma posição anatômica, respeitando o limite de dor

da vítima, no caso de impossibilidade, imobilizar na melhor posição possível;

- não tentar reduzir a fratura;

- Imobilizar sempre a articulação proximal (acima) e distal (abaixo) da fratura.

- acolchoar a imobilização, utilizando material de fortuna tais como: jornal,

pano, etc; e

- após imobilização, tornar verificar os pulsos distais, o enchimento dos capilares

e a sensibilidade, caso seja observado alguma alteração, refazer a imobilização

e reavaliar novamente. Após duas tentativas se não houver restauração do

fluxo sangüíneo e a sensibilidade, desconfiar de complicações mais sérias e

encaminhar logo para o hospital.

Nas fraturas abertas/expostas ocorre solução de continuidade da pele sobre a

lesão e nos deparamos com fragmentos ósseos expostos.

Como proceder nas fraturas expostas:

- conter a hemorragia, caso haja;

- não tentar reintroduzir o osso fraturado, pois pode causar lesões de nervos e

vasos;

- fazer curativo com pano úmido e limpo;

- não remover roupas e sim corta-las;

- limpar a superfície ferida e retirar fragmentos, desde que não estejam

incrustados;

- Fixar os fragmentos que durante o transporte estes não causem outras feridas;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-33 - ORIGINAL

- o politraumatizado, vítima de acidente automobilístico, deve ser considerado

portador de fraturas na coluna, mesmo que nada tenha sido percebido; e

- mesmo diante de fraturas graves e dolorosas, o socorrista deverá dar

atendimento imediato às vias aéreas, a competência respiratória e aos processos

de hemostasia.

15.4.6 - Normas Básicas para a aplicação de talas ou outro tipo de imobilização

- aplicar sempre nos casos de fraturas ou suspeita;

- em caso de feridas, aplicar uma bandagem com pano limpo para proteger e cobrir

o ferimento e estancar a hemorragia. Posteriormente, aplicar uma tala como se

fosse uma fratura fechada;

- evitar mexer os fragmentos ósseos;

- observar se a imobilização não está apertada demais, e sempre verificar a pulsação

e a sensibilidade, no caso de alteração, refazer a imobilização. Se persistir

alterações na pulsação ou sensibilidade, encaminhar a vítima para o hospital;

- acolchoar a tala com materiais de fortuna, como pano, jornal, etc; e

- após a imobilização é conveniente improvisar uma tipóia ou uma muleta (Fig

15.21 a 15.23).

Fig 15.21

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-34 - ORIGINAL

Fig 15.22 Fig 15.23

O transporte de feridos é um procedimento importante como primeiros socorros,

haja vista que um transporte mal feito pode agravar o estado da vítima. Devemos

sempre lembrar que uma vítima só deve ser transportada após realizados todos os

procedimentos de primeiros socorros, e de preferência com seu quadro estabilizado,

salvo nos casos em que a vida da vítima esteja em situação de risco, tais como:

desabamento, explosões etc. O decúbito dorsal (barriga para cima) é a posição

preferida para transportes de vítimas, pois permite boa estabilização da coluna

enquanto se adotam medidas de suporte de vida durante o transporte.

A movimentação descuidada pode não somente aumentar a gravidade de uma lesão

como também produzir a morte. A não ser que exista uma boa razão para

movimentar imediatamente uma vítima de acidente, não se deve transportá-la até

que uma padiola ou ambulância possa ser utilizada para isso. Às vezes, quando a

situação é urgente e não se consegue nenhum socorro médico, aquele que prestar os

primeiros socorros terá de movimentar a vítima. Essa é a razão pela qual se deve

conhecer os diferentes meios para transportar os feridos. Deve-se sempre prestar os

primeiros socorros antes de tentar transportar o ferido.

A maca é o melhor meio de transporte. Pode-se fazer uma boa maca abotoando-se

duas gândolas em duas varas ou bastões resistentes ou enrolando um cobertor

dobrado em três em volta de tubos de ferro ou bastões. Ou, ainda, usando uma

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OSTENSIVO - 15-35 - ORIGINAL

tábua larga. Ao remover ou transportar a vítima, deve-se observar as orientações

que se seguem.

15.4.7 - Procedimentos a serem observados no transporte de Feridos

Deve-se verificar: condições da respiração e circulação; contenção de hemorragias;

fraturas/luxações imobilizadas; ferimentos tratados; dor controlada (quando

possível); prevenção de estado de choque; fixação da vítima durante o transporte.

a) Improvisação de equipamentos para transporte

Nem sempre se pode contar com equipamentos ou materiais adequados para

transportar uma vítima. Portanto, faz-se necessário ser criativo para improvisar o

transporte, utilizando “material de fortuna” como: portas, tábuas, escadas,

bambu, cabo de vassouras, paletós, lençol, cobertor etc.

b) Como levantar uma vítima com segurança

Se o ferido tiver que ser levantado antes de um exame para verificação das

lesões, cada parte de seu corpo deve ser apoiada. O corpo precisa ser mantido

sempre em linha reta, não devendo ser curvado.

c) Como arrastar um ferido para local seguro

Um ferido deve ser arrastado pela direção da cabeça ou pelos pés, mas nunca

pelos lados. É preciso se certificar de que a cabeça está protegida.

d) Como transportar uma vítima

Para o transporte de uma vítima sem a maca, deve ser escolhido o método de

uma, duas ou três pessoas, dependendo do tipo, da gravidade da lesão, da ajuda

disponível e do local (escadas, paredes, passagens estreitas, etc.).

Caso se suspeite de que há fratura de coluna, não se deve mover a vítima. Para

tanto, estando a vítima consciente, solicita-se que ela mova os dedos dos pés e

das mãos. Não se deve tentar levantar a cabeça e nem mover a coluna.

Havendo suspeita de fratura de pescoço, não mover o acidentado em nenhum

caso, pois isto poderá provocar a morte. Calça-se ao redor do corpo sem colocar

nada embaixo do pescoço. Se houver absoluta necessidade de movimentar o

ferido, apenas uma pessoa deverá sustentar a cabeça e o pescoço, sem deixá-los

movimentar-se, enquanto outros guarnecem o restante do corpo.

Os métodos que empregam um ou dois socorristas são ideais para transportar

uma pessoa que esteja inconsciente devido a afogamento ou asfixia. Todavia,

não servem para carregar um ferido com suspeita de fraturas ou outras lesões

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-36 - ORIGINAL

graves. Em tais casos, usa-se sempre o método de três socorristas.

e) Transporte em viaturas

O transporte de acidentados em viaturas (ambulâncias ou quaisquer outros

veículos) também merece cuidados. Deve-se orientar o motorista quanto a

freadas bruscas e balanços contínuos que poderão agravar o estado da vítima. O

excesso de velocidade, longe de apressar o salvamento do acidentado, poderá

causar novas vítimas.

f) Tipos de transporte de feridos

I) Utilização de cobertor

Arrastando a vítima com auxílio de um cobertor (Fig 15.24).

Fig 15.24

II) Transporte quando a vítima pode andar (Fig 15.25)

Fig 15.25

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-37 - ORIGINAL

III) Transporte com dois socorristas (Fig 15.26)

Fig 15.26

IV) Elevação manual direta

Dois socorristas se ajoelham próximo a vítima do mesmo lado, para um

melhor equilíbrio, os socorristas devem tocar o solo com o mesmo joelho. Os

braços da vítima devem ser fixados sobre seu tórax. O socorrista 1 fica

próximo a cabeça da vítima e coloca um braço sob o pescoço da vítima e o

outro sob o dorso ao nível da região lombar. O socorrista 2 coloca um dos

braços sob a região glútea da vítima e o outro abaixo dos joelhos. Após o

comando do socorrista 1, a vítima é elevada do solo e pousada sobre as coxas

dos socorristas, com movimento simultâneo, após o comando do líder. Os

socorristas flexionam seus antebraços após comando do líder, podendo

transformar a vítima junto ao tórax. A técnica é mais facilmente executada

com três ou mais socorristas, devendo desta forma dividir os locais para

segurar a vítima, e um socorrista ficará somente para estabilização da

cabeça/pescoço da vítima, quando se fizer necessário (Fig 15.27 a 15.31).

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-38 - ORIGINAL

Fig 15.27

Fig 15.28

Fig 15.29

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-39 - ORIGINAL

Fig 15.30

Fig 15.31

V) Transporte tipo bombeiro

É indicado em vítimas inconscientes. Deve-se posicionar a vítima em

decúbito dorsal, dobrando seus joelhos. Acocorar-se pisando sobre os pés da

vítima, segurando-a firmemente pelos punhos, puxando em sua direção

utilizando o seu peso para tanto. Depois, deve-se apoiar a vítima sobre os

ombros (Fig 15.32 a 15.34).

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OSTENSIVO - 15-40 - ORIGINAL

Fig 15.32 Fig 15.33

Fig 15.34

VI) Transporte com maca improvisada (Figs 15.35 a 15.37)

Fig 15.35

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-41 - ORIGINAL

Fig 15.36

Fig 15.37

VII) Transporte de Vítimas não Traumáticas

- dor torácica - decúbito dorsal com o tronco elevado;

- dispnéia - semi sentado, pois esta posição permite um melhor

funcionamento do diafragma;

- choque - decúbito dorsal com as extremidades inferiores elevadas (30º). A

cabeceira baixa é contra indicada, pois dificulta a respiração;

- inconsciente - decúbito lateral (deitado de lado) esquerdo para prevenir a

broncoaspiração;

- dor abdominal - decúbito dorsal ou lateral com os joelhos dobrados; e

- gestantes - decúbito lateral esquerdo para descomprimir a veia cava e

melhorar a oxigenação do feto.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-42 - ORIGINAL

15.4.6 - Gás

Se houver suspeita de emprego de qualquer gás, colocar imediatamente a máscara

contra gases; manter-se calmo e procurar abandonar a área, buscando um local

ventilado. Se houver a utilização de agentes que provoquem bolhas na pele, jogue

água em cima sem esfregar. Se for usado gás asfixiante, após o seu

desaparecimento, lavar-se bem, sem esfregar. Manter-se calmo, aquecido e,

principalmente, não fumar. Se houver presença de lacrimogêneos, lavar-se bem e

sacudir as roupas, após a dissipação; não esfregar os olhos.

15.5 - ANIMAIS E PLANTAS VENENOSAS

15.5.1 - Picadas de cobra

As cobras são ápodes, isto é, não têm patas. O esqueleto destes répteis é formado

por grande número de costelas. Algumas espécies possuem glândulas que

produzem veneno. Os dentes das cobras peçonhentas têm um canal ou sulco que se

comunica com as glândulas produtoras de veneno. No momento da picada o veneno

escoa por esse canal e é inoculado no corpo da vítima (Fig 15.38).

Fig 15.38

a) Como reconhecer uma cobra peçonhenta

As cobras venenosas apresentam certas características que as distinguem das

demais:

- A cascavel, a jararaca e a surucucu têm um par de dentes inoculadores

localizados na parte anterior da boca. Esses dentes são grandes, caniculados e

móveis, o que permite sua movimentação para a frente quando essas cobras

dão o bote.

- Na coral verdadeira, os dentes inoculadores são pequenos, imóveis e

caniculados; localizam-se na parte anterior da boca.

- Ao contrário das cobras peçonhentas, as não peçonhentas em geral possuem

todos os dentes do mesmo tamanho e sem sulcos. É o caso da sucuri, da jibóia,

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-43 - ORIGINAL

da salamanta e da cobra-cachorro.

- Há também cobras não peçonhentas que apresentam um par de dentes

posteriores maiores que os outros. Esses dentes são sulcados e fixos. Como

exemplo de cobras não peçonhentas com essas características, podem ser

citadas a cobra-verde e a cobra-espada.

- Além dos dentes, as cobras peçonhentas, com exceção da coral, apresentam um

orifício entre o olho e a narina, chamado de fosseta loreal ou lacrimal. A

fosseta loreal é um órgão termo-receptor que capta as variações de temperatura.

Fig 15.39

b) Como socorrer uma vítima mordida por cobra

Se a cobra não for peçonhenta, tratar o ferimento como um acidente comum. O

primeiro procedimento é verificar se a cobra é venosa ou não, e socorrer

imediatamente a pessoa para que o veneno injetado em seu sangue seja

neutralizado o mais rápido possível. Logo depois da mordida devem ser tomadas

as seguintes providências, no caso de dúvida ou se a cobra for realmente

peçonhenta:

- manter a vítima deitada e calma, mantendo a ferida abaixo da linha do coração;

- lavar imediatamente o ferimento com bastante água, sem esfregar;

- proteger o ferimento e remover o doente; e

- se houver dificuldade respiratória, fazer respiração artificial. Providenciar

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-44 - ORIGINAL

socorro médico o mais rápido possível. Não dar nenhuma bebida ao ferido.

15.5.2 - Plantas venenosas

Existem plantas que podem causar irritações quando em contato com a pele. Lavar

bem a parte atingida com água fria e sabão; cobrir a parte afetada e procurar

atendimento médico, logo que a situação permitir. Não coçar o local atingido.

15.5.3 - Caravelas ou águas vivas

Lavar o local atingido e não coçar; proteger o ferimento e procurar atendimento

médico.

15.5.4 - Picadas de insetos

Em picadas de insetos como abelhas, marimbondos e formigas, procurar, sempre

que possível, retirar o ferrão, cobrindo o local com compressas de álcool com gotas

de amônia ou anti-séptico.

15.5.5 - Picadas de aranhas e escorpiões

Poucos são os casos fatais registrados, motivados por picadas de aranha e

escorpiões. No Brasil, existem alguns tipos de aranhas peçonhentas, cuja picada

pode pôr em risco a vida de um homem adulto (FIG 15.40).

Fig 15.40

Todos os escorpiões são peçonhentos, isto é, produzem veneno e são capazes de

injetá-lo na vítima. No Brasil devem ser temidos, pois existem espécies que têm

veneno em quantidade suficiente para matar um homem.

O veneno é neurotóxico porque age especialmente sobre o sistema nervoso,

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-45 - ORIGINAL

causando a morte por asfixia, devido ao bloqueio do sistema respiratório.

No caso de acidentes com aranhas ou escorpiões, proceder da mesma forma como

descrito para o acidente com cobras, providenciando socorro médico o mais rápido

possível.

15.6 - ACIDENTES POR AGENTES FÍSICOS

15.6.1 - Insolação

Causada pelo calor, especialmente pela exposição demorada aos raios solares. Tem

como sintomas a dor de cabeça, face avermelhada, pele quente e seca, a ausência de

sudorese, o pulso forte e rápido, a temperatura alta e a perda da consciência.

Como proceder:

Deve-se lavar o corpo da vítima com água fria, especialmente a cabeça; colocando-

a em lugar fresco, desapertar e tirar suas roupas. Não se deve dar estimulantes,

somente água com um pouco de sal.

15.6.2 - Intermação

Causada pela exposição demorada ao calor, especialmente em ambiente fechado.

Os sintomas são: face pálida, pele úmida e fria, sudorese excessiva, pulso fraco e

temperatura baixa.

Como proceder:

Deve-se colocar a vítima em um lugar fresco e arejado, desapertar sua roupa e dar

água com um pouco de sal e repositores eletrolíticos.

15.6.3 - Cãibras

Ocorrem especialmente no abdômen e nas pernas.

Como proceder:

Deve-se tratar como na Intermação.

15.6.4 - Acidentes pelo frio

Fazer massagem com álcool, dar bebidas quentes e manter a vítima aquecida.

15.6.5 - Choque elétrico

Antes de atender a vítima, procurar desligar a fonte de energia elétrica que alimenta

o sistema onde a pessoa levou o choque; se não for possível, usar um pau seco,

pano seco, cinto de lona ou outro material não condutor de eletricidade para afastar

a vítima do contato com fonte elétrica. Iniciar imediatamente a respiração artificial,

caso a vítima não esteja respirando, e providenciar socorro médico o mais rápido

possível.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 15-46 - ORIGINAL

15.6.6 - Envenenamento por monóxido de carbono

Ocorre geralmente nas proximidades de viaturas, principalmente em locais

fechados. Remover a vítima para um local arejado. Havendo dificuldade

respiratória, fazer respiração artificial.

15.6.7 - Afogamento

Remover as secreções das vias respiratórias. Deitar a vítima de bruços sobre seus

joelhos e procurar fazê-la eliminar a água ingerida. Iniciar logo a respiração

artificial. Procurar socorro médico imediatamente.

15.7 - PEQUENAS EMERGÊNCIAS

Além dos graves ferimentos e emergências que podem ocorrer, existem pequenas

emergências que, se não tratadas convenientemente, podem se complicar.

15.7.1 - Pequenos ferimentos e queimaduras

Limpar a área, colocar um anti-séptico e cobrir com "band-aid" ou curativo.

15.7.2 - Corpos estranhos nos olhos

Não esfregar os olhos; fechá-los por alguns minutos e as lágrimas que se formarem

irão levar o corpo estranho para o canto do olho, onde poderá ser retirado com a

ponta de um pano limpo. Se não se conseguir retirá-lo dessa forma, proteger o olho

com uma venda limpa e procurar atendimento especializado.

15.7.3 - Corpos estranhos nos ouvidos, nariz e garganta

Nunca se deve tentar introduzir uma pinça, arame ou farpa para retirar esses corpos;

aguardar socorro médico. Se algum inseto introduzir-se no ouvido, será necessário

matá-lo com algumas gotas de água ou óleo e aguardar o médico para retirá-lo. Se

houver corpos estranhos na garganta, procurar expeli-los pela tosse; caso não se

consiga, aguardar o médico.

15.7.4 - Cuidados com os pés

Manter os pés limpos, secos e aquecidos. Trocar as meias sempre que for possível,

usando, na ocasião, pó anti-séptico. No caso do aparecimento de um calo, não se

deve tentar cortá-lo, mas procurar o serviço de saúde. Manter as unhas curtas e

limpas. Se existirem bolhas, furá-las com uma agulha esterilizada, passar um anti-

séptico de pele e cobrir com um "band-aid" ou curativo. Usar meias secas e limpas,

sem furos ou dobras e trocá-las diariamente. Para as marchas longas usar calçados

já amaciados.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 16

NAVEGAÇÃO TERRESTRE

16.1 - GENERALIDADES

Em tempo de paz é possível a um estrangeiro se localizar em uma grande cidade por

meio de indagações. Qualquer policial ou morador do lugar pode fornecer-lhe a

orientação necessária para encontrar o lugar procurado.

Na guerra, porém, um fuzileiro naval (FN) em país estrangeiro pode não contar com a

colaboração da população local e terá que se orientar com o único meio que em geral

lhe estará disponível: a carta. Mesmo que a população local seja amiga, só poderá

prestar informações a quem souber falar a sua língua. Com a carta acontece a mesma

coisa. Só poderá extrair dela as informações necessárias quem souber entendê-la e

utilizá-la corretamente.

O presente capítulo tem por finalidade proporcionar os conhecimentos necessários à

orientação no terreno por meio da utilização da carta e da bússola.

16.2 - CARTAS

Uma carta é um desenho que não tem por finalidade reproduzir de forma fiel os

acidentes naturais e artificiais da porção do terreno que representa, tal qual uma

fotografia. Esses acidentes são representados por símbolos, de forma a facilitar o

manuseio das cartas e padronizar sua confecção. Em lugar de se desenhar um rio, uma

casa, um pântano, etc., o que não seria fácil nem prático, adota-se um símbolo

particular para cada um desses acidentes do terreno. Esses símbolos são conhecidos

por convenções cartográficas e são previamente padronizados e utilizados de acordo

com a finalidade a que se destinam as cartas.

Page 156: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-2 - ORIGINAL

Fig 16.1 - Diferença entre uma imagem fotográfica e a carta correspondente

A classificação das cartas procura agrupá-las de acordo com a finalidade a que as

mesmas se destinam e, portanto, as convenções cartográficas são previamente

padronizadas e utilizadas de acordo com essa finalidade. As cartas náuticas, por

exemplo, buscam um maior detalhamento dos acidentes que interessam a navegação,

tais como ilhas, faroletes, profundidade do mar, etc., em detrimento dos acidentes

naturais e artificiais de terra. Em contrapartida, as cartas topográficas procuram

detalhar ao máximo esses acidentes do terreno. Um outro exemplo são as cartas

rodoviárias, que contém, detalhadamente, o traçado de rodovias, estradas e vias

secundárias, em detrimento de outros acidentes do terreno que não se relacionam com

o fim a que essas cartas se destinam.

16.3 - CUIDADOS PARA COM AS CARTAS EM CAMPANHA

As cartas devem ser tratadas com cuidado, principalmente em virtude da dificuldade

de sua reposição em campanha. Sempre que possível, devem ser cobertas com material

adesivo, transparente e impermeável (papel "contact") e colocadas em um porta-cartas.

Quando empregadas pela tropa em campanha, as cartas devem ser dobradas em forma

de sanfona, como ilustrado na figura 16.2, e colocadas no bolso para protegê-las do sol

e da umidade.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-3 - ORIGINAL

Fig 16.2 - Duas maneiras de dobrar uma carta

16.4 - CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

São símbolos empregados nas cartas para representar os acidentes naturais e artificiais

existentes no terreno. Geralmente constituem desenhos simples, semelhantes aos

acidentes e construções que representam.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-4 - ORIGINAL

Fig 16.3 - Alguns exemplos de convenções cartográficas

Em certos tipos de carta, as cores são empregadas para auxiliar na identificação dos

elementos do terreno, normalmente de acordo com a seguinte convenção:

- Preto - Para planimetria em geral;

- Azul - Toda a hidrografia: rios, lagos, mares, traçados de margens, nascentes, brejos

e terrenos alagados;

- Vermelho - Para as rodovias de revestimento sólido;

- Castanho - Curvas de nível e respectivas altitudes; e

- Verde - Toda a vegetação.

16.5 - REPRESENTAÇÃO DO RELEVO

Para se poder ter uma idéia do relevo e identificar a altitude de qualquer ponto numa

carta, foram criados vários processos de representação do relevo. O mais utilizado é o

das curvas de nível, que são linhas que ligam pontos de igual altura e representam as

interseções da superfície do terreno com planos paralelos e eqüidistantes.

Fig 16.4 - Representação do relevo

Causaria muita confusão na carta se em todas as curvas de nível fossem assinalados os

valores de suas cotas, por essa razão, nem todas são numeradas.

16.6 - ESCALA DA CARTA

As cartas devem ser confeccionadas de modo a guardar proporcionalidade entre as

dimensões representadas nas mesmas e seus correspondentes valores reais no terreno.

Além disso, as cartas devem conter a informação de quantas vezes ela é menor que o

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-5 - ORIGINAL

terreno representado. Essa informação, contida na margem da carta, chama-se escala,

que pode ser indicada, tanto na forma numérica, quanto na forma gráfica.

16.6.1 - Escala Numérica

A escala numérica é representada por uma fração (1/25.000 ou 1:25.000, por

exemplo). Em ambos os casos, indica que uma medida tomada na carta vale 25.000

vezes esse valor no terreno (1 cm na carta, por exemplo, corresponde a 25.000 cm

ou 250 m no terreno).

Vale aplicar essas noções à carta. Para se obter a distância real no terreno entre dois

pontos da carta, deve-se, primeiramente, aplicar uma régua graduada sobre a carta,

como mostrado na figura 16.5.

Fig 16.5 - Obtenção de distâncias através da escala

Na figura acima, observa-se que a medida entre os pontos A e B é de 4cm. Nesse

caso, a escala da carta é 1/25.000, isto é, 1cm na carta vale 25.000cm no terreno.

Portanto, pode-se concluir que a distância real no terreno será:

4 X 25.000 = 100.000cm.

Como as distâncias são geralmente avaliadas em metros, converte-se o valor

encontrado, ou seja:

100 centímetros = 1 metro

100.000cm = 100.000 ÷ 100 = 1000 metros

Page 160: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-6 - ORIGINAL

Matematicamente isto pode ser representado da seguinte forma:

E = d onde E - escala da carta

D d - grandeza na carta ou dimensão gráfica

D - grandeza no terreno ou dimensão real

16.6.2 - Escala Gráfica

A escala gráfica nada mais é que a representação gráfica da escala numérica. É um

segmento de reta graduado, de modo a indicar diretamente os valores medidos na

própria carta. As cartas as trazem normalmente desenhadas abaixo da indicação da

escala numérica.

Observando-se a figura 16.6, verifica-se que o segmento da reta está dividido em

duas partes distintas, separadas pelo índice zero. A parte da direita é chamada

escala e a da esquerda talão.

No caso considerado, a escala foi dividida em graduações de 1000 metros e o talão

em graduações de 100 metros. O talão é sempre uma graduação da escala dividida

em dez partes iguais, numeradas da direita para a esquerda, enquanto a escala é

numerada da esquerda para a direita.

Fig 16.6 - Exemplo de Escala Gráfica

16.7 - DESIGNAÇÃO DE PONTOS NA CARTA

Um ponto na carta é designado por suas coordenadas, ou seja pelo cruzamento do

paralelo (ordenada) com o meridiano (abcissa) que por ele passa.

Existem várias formas de indicar as coordenadas de um ponto, as mais comuns são:

- geográficas: onde são indicadas as latitude e longitude do ponto considerado em

relação ao paralelo de Oo (Equador) e ao meridiano base de Grenwich,

respectivamente.

Por exemplo: LAT - 15o 30`22`` S

LONG - 45o 17`55`` W

- retangulares ou de grade: onde são indicados o afastamento vertical e horizontal em

relação a grade construída sobre a carta.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-7 - ORIGINAL

As cartas utilizadas nas operações militares, em geral, possuem uma série de linhas

retas que se cruzam a intervalos regulares (grade), formando quadrados chamados de

quadrículas (Fig 16.7).

Fig 16.7 - Gradeamento da Carta

Cada quadrícula, portanto, pode ser facilmente designada pelos números indicativos

das retas que se cruzam no seu canto inferior esquerdo. A designação da quadrícula é

feita pela colocação desses números entre parênteses, separados por um traço. O

primeiro número refere-se à reta vertical e o segundo à reta horizontal. Por exemplo,

caso se saiba que um ponto esta localizado na quadrícula (94-82) - como a Capela de

Santo Antonio na figura 16.7 - ao consultar a carta, procurar-se-á na sua margem

inferior ou superior a indicação da reta base 94 e nas margens laterais a reta 82. O

encontro das duas retas permitirá identificar a quadrícula desejada no quadrante

superior direito.

A designação de um ponto na carta por meio das coordenadas retangulares é feita

escrevendo-se uma letra designativa do ponto, seguida dos algarismos que definem o

afastamento horizontal e vertical das respectivas retas bases da quadrícula que o

contém, os quais são separados por um traço e apresentados entre parênteses: P (94,3 -

82,1), por exemplo, designa as coordenadas da Capela de Santo Antonio na figura

16.7.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-8 - ORIGINAL

De acordo com a precisão desejada, utilizar-se um múltiplo da unidade de distância

para a apresentação dessas coordenadas.

- quilométrica - em quilômetros: P (94,3 - 82,1);

- hectométrica - em hectômetros: P (943 - 821);

- decamétrica - em decâmetros: P (9430 - 8210); e

- métrica - em metros: P (94300 - 82100), maior precisão.

16.8 - DETERMINAÇÃO DAS DIREÇÕES

Para se deslocar de um ponto a outro no terreno é necessário definir a direção que se

vai seguir e a distância a ser percorrida.

Com o auxílio da carta, pode-se localizar o ponto onde se está e o ponto para onde se

vai, e obter, por meio da escala, a distância entre ambos. Para se estabelecer a direção

a ser seguida, o método mais apropriado é o de determinar o ângulo formado entre

uma direção base fixa e a direção a ser seguida. Este ângulo é chamado de azimute

(Fig 16.8).

Fig 16.8 - Determinação do azimute

16.8.1 - Direções-Base

As direções-base, por convenção, apontam sempre para um Norte e são utilizadas

como referência inicial para a determinação dos azimutes.

a) Norte Verdadeiro ou Geográfico (NV ou NG)

É a direção que passa pelo pólo norte da terra (Fig 16.9).

b) Norte Magnético (NM)

É a direção que passa pelo pólo magnético da terra, ou seja, pelo ponto para o

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-9 - ORIGINAL

qual são atraídas todas as agulhas imantadas. Esse ponto fica localizado próximo

ao norte geográfico (Fig 16.9).

Fig 16.9 - Norte Geográfico e Norte Magnético

c) Norte da Quadrícula (NQ)

Nas cartas utilizadas em operações militares, a direção-base tomada como

referência para determinação da direção a seguir é a das retas verticais da grade da

carta.

d) Diagrama de orientação

Uma das informações contidas nas inscrições marginais dessas cartas é o que se

chama de Diagrama de Orientação (Fig. 16.10). Tal diagrama contém as três

direções-base indicadas, bem como o valor do ângulo formado entre as mesmas.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-10 - ORIGINAL

Fig 16.10 - Diagrama de orientação

Esses ângulos possuem denominações e características próprias, a seguir

descritas:

I) Declinação Magnética (dm)

Como se viu, o NM e o NV estão ligeiramente afastados. O ângulo formado

entre as direções do NV e NM, medido a partir do NV, é chamado Declinação

Magnética.

A declinação pode ser Leste (E) ou Oeste (W), conforme o NM esteja a leste

ou a oeste do NV/NG. Além disso, a declinação é variável de acordo com o

lugar e a época. Daí a necessidade de seu registro em cada carta, incluindo o

respectivo ano de edição e a variação relativa.

Considerando os dados contidos no exemplo de diagrama de orientação da

figura 16.11 e que se está calculando a declinação magnética para o ano de

1997, o resultado obtido seria 21o 10’W, pois à declinação de 17o 52’W em

1975 deve ser acrescida a variação anual de 9’ nos 22 anos decorridos, logo:

dm = 17o 52’ + 22 x 9’

dm = 17o 52’ + 198’ = 17o 52’ + 3o 18’

dm = 21o 10'

Será W porque o NM encontra-se a Oeste do NG.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-11 - ORIGINAL

Fig 16.11 - Exemplo de um diagrama de orientação

II) Convergência de meridianos

Pela figura 16.12, pode-se observar que a direção do NV é diferente da direção

do NQ da carta. Desse modo, o ângulo formado entre as direções do NV e NQ,

contado a partir do NV, é chamado de convergência de meridianos. Essa será E

ou W conforme o NQ esteja à leste ou oeste do NV/NG.

A convergência se dá em virtude da distorção causada pela projeção da

superfície terrestre, que é curva, na superfície plana do papel, quando da

confecção das cartas. Apesar de sofrer uma variação entre diferentes pontos de

uma mesma carta, pode-se considerá-la constante nas cartas utilizadas, sem

perigo de erro, em virtude dessa variação ser desprezível.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-12 - ORIGINAL

Fig 16.12 - Convergência de Meridianos e Ângulo QM

III) Ângulo QM

O ângulo formado entre as direções do NQ e do NM é chamado ângulo QM. O

ângulo será W, quando o norte magnético estiver a Oeste do norte da

quadrícula, e E, quando o norte magnético estiver a Leste do norte da

quadrícula. O ângulo QM será calculado somando a dm e a convergência de

meridianos quando a direção do NM e do NQ estiverem em lados opostos a

direção do NG/NV, e subtraindo uma da outra quando estiverem do mesmo

lado do NG/NV. Uma vez calculado o ângulo QM, ele deve ser anotado na

carta para uso futuro. A variação anual da declinação magnética acarreta

aumento ou diminuição do ângulo QM. Se as direções do NM e do NQ se

aproximam, o ângulo QM diminui; se elas se afastam, o ângulo QM aumenta.

16.8.2 - Azimutes

Os azimutes são ângulos horizontais medidos no sentido do movimento dos

ponteiros do relógio, a partir de uma direção base.

a) Azimute Magnético (AzM)

AzM é o ângulo horizontal medido a partir do NM até a direção desejada. Na

figura 16.13, por exemplo, o AzM da direção entre a bifurcação de estrada e a

capela é de 60o.

b) Azimute Verdadeiro (AzV)

AzV é o ângulo horizontal medido a partir do NG/NV até a direção desejada. Na

figura 16.13, por exemplo, este azimute pode ser de 54o.

c) Azimute da Quadrícula (AzQ) ou Lançamento (L)

Lançamento é o ângulo horizontal medido a partir do NQ até a direção desejada.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-13 - ORIGINAL

Na figura 16.13, o lançamento é de 51o.

Fig 16.13 - Tipos de azimutes

16.8.3 - Contra-Azimutes

O contra-azimute de uma direção é o azimute da direção oposta. Caso se esteja

voltado para uma determinada direção, considera-se essa direção como azimute. Ao

se voltar para a direção oposta, ter-se-á o contra-azimute dessa direção. O contra-

azimute está sobre o prolongamento, no sentido inverso, da reta que determina o

azimute.

Sabendo utilizar de forma correta o contra-azimute, o militar estará em condições de

retornar ao ponto de partida. No cumprimento de uma tarefa em lugar desconhecido

e à noite, por exemplo, o contra-azimute poderá indicar a direção pela qual deve-se

retornar.

Para se encontrar o contra-azimute, basta somar 180o ao azimute quando esse for

menor que 180o ou subtrair 180o quando maior que 180o.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-14 - ORIGINAL

Fig 16.14 - Contra-Azimute

16.9 - BÚSSOLA

Bússola é um instrumento destinado à medida de ângulos horizontais e à orientação no

terreno.

A bússola é um goniômetro (instrumento com que se medem ângulos) no qual a

origem de suas medidas é determinada por uma agulha imantada que indica uma

direção aproximadamente constante que é o NM.

Uma bússola está declinada quando as leituras nela realizadas representam

lançamentos, ou seja, ângulos medidos em relação ao NQ, ao invés de AzM.

Além da variação causada pela dm, uma bússola é afetada pela presença de ferro,

magnetos, fios condutores de eletricidade e aparelhos elétricos.

Certas áreas geográficas possuem depósitos de minério (tal como o ferro) que podem

tornar uma bússola imprecisa quando colocada próxima a eles. Conseqüentemente,

todas as massas visíveis de ferro ou campos elétricos devem ser evitados quando se

utiliza uma bússola.

16.9.1 - Composição

A bússola é composta de cinco partes: caixa, limbo graduado, agulha imantada,

estilete sobre o qual gira a agulha e os acessórios que variam para cada tipo de

bússola. Uma das bússolas em uso no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) é a

SILVA. Denomina-se limbo a peça graduada em graus ou em milésimos,

seguidamente, da esquerda para a direita no sentido dos ponteiros do relógio, no

qual se lêem os azimutes.

Page 169: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-15 - ORIGINAL

Fig 16.15 - Bússola Silva

16.9.2 - Condições para utilização

Para que uma bússola possa ser utilizada apropriadamente, deverá satisfazer

determinadas condições, as quais devem ser verificadas previamente. São elas:

a) Centragem ou centralização

Verifica-se essa condição lendo as graduações indicadas pelas duas pontas da

agulha sobre as diversas partes do limbo. A diferença entre essas leituras deve

ser constante e igual a 180o. Caso contrário, o instrumento estará mal centrado.

b) Sensibilidade

Comprova-se esta condição aproximando um objeto imantado e afastando-o.

Quando em bom estado, a agulha sofrerá um desvio e voltará a sua posição

inicial após algumas oscilações.

c) Equilíbrio

Uma bússola está em perfeito equilíbrio quando, colocada em posição

horizontal, a agulha conserva-se nessa posição. Caso uma das pontas da agulha

fique mais baixa, não permitindo sua livre rotação, é necessário pôr um

contrapeso, procurando o equilíbrio da agulha.

16.9.3 - Cuidados

Além das recomendações anteriores quanto ao afastamento de fontes de

Page 170: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-16 - ORIGINAL

interferência, há cuidados especiais quanto ao manuseio.

As visadas com a bússola devem ser feitas na posição horizontal. Esse

procedimento deve ser observado para que as leituras dos azimutes não sejam

distorcidas.

As bússolas deverão ser conservadas em ambiente livre de umidade e não sofrer

choques.

16.9.4 - Medida de um azimute

Para se medir um AzM com a bússola SILVA, procede-se da seguinte maneira:

- segura-se a bússola com o espelho aberto e inclinado cerca de 50o em relação a

caixa. Visa-se, a seguir, ao mesmo tempo, o objeto desejado e o espelho (Fig

16.16);

- a visada do objeto é feita observando-o pelo entalhe da mira (Fig 16.17);

- antes de se determinar o AzM, deve-se nivelar a bússola. Para tal, através do

espelho, faz-se com que a imagem do ponto central fique sobre a linha de centro

do espelho;

- sem mover a mão e olhando pelo espelho, gira-se a caixa até que a seta da direção

N-S (não a agulha) fique sobre a agulha, coincidindo a ponta vermelha com o N

da seta; e

- pode-se, então, mover toda a bússola, porque o AzM já estará registrado,

facilitando a sua leitura.

Fig 16.16 - Visada do objeto que se quer determinar o azimute

Page 171: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-17 - ORIGINAL

Fig 16.17 - A visada pelo entalhe da mira

16.9.5 - Medida de um contra-azimute

A bússola também permite determinar o contra-azimute lendo-se, no limbo, o valor

do ângulo que fica na extremidade oposta à linha de visada.

16.9.6 - Marcha segundo um azimute

Suponha-se que se está num determinado lugar do terreno e que se precisa alcançar

um outro afastado daquele cerca de 1 km. Sabe-se, também, que esse segundo

lugar se encontra no AzM 60o. Basta, portanto, que se marche segundo o azimute

de 60o já determinado. Para tanto, deve-se proceder da seguinte maneira:

- inserir no limbo graduado da bússola o azimute dado;

- sem mover a mão e olhando pelo espelho, girar o corpo até que a agulha coincida

com a seta da direção N-S;

- através do entalhe da mira, observa-se um ponto do terreno que seja notável para

tê-lo como referência do lugar que se deseja alcançar;

- a direção a ser seguida é a desse ponto notável, observado pelo entalhe da mira; e

- caso ao se olhar na direção do lugar a ser alcançado, não for possível observá-lo

diretamente, segue-se segundo a direção do azimute até um ponto notável do

terreno que será utilizado como referência inicial. Após atingir este ponto,

utilizando o mesmo azimute, tenta-se localizar o lugar desejado. Não sendo

possível, repete-se o processo até que se consiga localizá-lo.

Quando se marcha, segundo um azimute, com a finalidade de atingir determinado

ponto específico, caso se tenha conhecimento da distância que dele se está, deve-se

utilizá-la como meio de controle do deslocamento. Isso é feito por meio da passada

individual, geralmente aferida antecipadamente. A aferição consiste na verificação

Page 172: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-18 - ORIGINAL

do número médio de passos que cada individuo executa ao percorrer, em terreno

variado, uma distância pré-estabelecida, normalmente, 100 metros.

Para marchar à noite segundo um azimute, é preciso estar em condições de visar

pontos à frente, tal como feito de dia. Entretanto, em face da visibilidade reduzida,

isso se torna mais difícil, impondo que os pontos visados sejam em maior número e

mais próximos uns dos outros.

Se a escuridão for tal que impeça as visadas sobre pontos de referência no terreno,

deve-se empregar um companheiro à frente, à pouca distância, e determinar que ele

se desloque para a direita ou para a esquerda até situar-se no azimute desejado. Essa

operação deve ser repetida até que seja possível identificar um ponto de referência

no terreno.

À noite, geralmente, não é possível fazer a visada através do entalhe da mira da

bússola como se faz durante o dia, e nem é necessário. Basta voltar a bússola para a

direção a seguir, de modo que fiquem num mesmo alinhamento o operador, a três

marcas luminosas existente na bússola (duas em cada lateral da seta e uma na

agulha imantada) e o ponto de destino.

16.10 - ORIENTAÇÃO DA CARTA

Saber como se orientar em campanha e usar com propriedade uma carta topográfica

pode significar, em certas circunstâncias, ser capaz de sair de situações difíceis, em

que a direção certa é fator preponderante para o sucesso.

Antes de utilizar uma carta, ela deve ser colocada em posição tal que suas direções

coincidam com as do terreno. Isto poderá ser feito de duas maneiras: com o auxílio

da bússola ou por meio da utilização de pontos notáveis no terreno.

A operação de ajustar a posição da carta ao terreno chama-se orientação da carta, que

pode ser feita pela comparação do terreno com a carta, procurando-se estabelecer as

semelhanças entre ambos. Isso é viável quando existirem no terreno acidentes cujas

representações figurem na carta. Nesse caso, é necessário que o observador

identifique primeiro na carta a sua posição aproximada para depois fazer uma

observação em torno de si com esta, a fim de colocar em um mesmo alinhamento o

objeto visado e a sua correspondente representação na carta.

Page 173: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-19 - ORIGINAL

Fig 16.18 - Orientação da carta pela comparação com o terreno

A orientação da carta também poderá ser feita pela bússola. Para tanto, desdobra-se a

carta sobre uma superfície plana, coloca-se sobre ela a bússola com a declinação já

inserida, de modo que um dos lados da caixa da bússola fique tangenciando a reta

base vertical de uma das quadrículas. Depois, girando-se o conjunto carta-bússola e

conservando-se a bússola no mesmo local, procura-se fazer com que a seta da agulha

imantada coincida com a marcação do NV. Quando houver a coincidência, a carta

estará orientada.

A orientação da carta poderá, ainda, ser feita por meios expeditos. O sol, por

exemplo, ao nascer, define aproximadamente a direção Leste. Ao se pôr, a direção

Oeste. Conhecidas essas direções, basta que para elas se dirija a margem direita da

carta no primeiro caso, ou a esquerda no segundo, para que se tenha a carta mais ou

menos orientada.

Ainda com o sol e com auxílio de um relógio devidamente certo, pode-se determinar

a direção Norte. Basta que, conservando-se a graduação das 12 horas na direção do

sol, se identifique no terreno a direção da linha bissetriz que divide ao meio o ângulo

formado pela direção do sol (12 horas) e a do ponteiro das horas, contada no sentido

do movimento dos ponteiros. Essa bissetriz define a direção Norte-Sul.

Page 174: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-20 - ORIGINAL

Fig 16.19 - Método expedito de orientação com o auxílio de um relógio

Durante o dia, entre às 09:00 e 15:00 horas, a posição do sol define, em relação ao

observador, os planos que contêm, respectivamente, as direções Nordeste e Noroeste.

Um processo prático para se materializar essas direções é o prolongamento da

sombra de um objeto posto na vertical nessa ocasião.

Outro processo é o dos ventos regionais dominantes que normalmente sopram na

mesma direção e com isso possibilitam a orientação. O minuano, vento muito

conhecido no Sul do Brasil, sopra de Oeste-Sudoeste para Este-Nordeste.

A observação de vários fenômenos naturais, quase todos relativos ao movimento do

sol, também permite conhecer, a grosso modo, no hemisfério sul, a direção Norte.

Os caules das árvores, as superfícies das pedras, os moirões das cercas e as paredes

das casas são mais úmidos na parte voltada para o Sul, porque só recebem luz e calor

do sol na face voltada para o Norte. Do mesmo modo, os animais, ao construírem

seus abrigos, o fazem com a entrada voltada para o Norte, abrigando-se dos ventos

frios do Sul e recebendo diretamente o calor e a luz do sol.

Durante a noite, a orientação sem o auxílio da bússola é feita, principalmente, por

meio da lua ou das estrelas. A lua, em seu movimento aparente, nos dá

aproximadamente as mesmas identificações que o sol, principalmente em sua fase

cheia, quando se pode observá-la em sua plenitude. A constelação do Cruzeiro do Sul

proporciona uma boa e fácil orientação. Qualquer que seja a sua posição na esfera

celeste, a determinação do pólo Sul se obtém prolongando-se em quatro vezes e meia

a distância entre as estrelas que correspondem à altura da cruz. O pé da perpendicular

Page 175: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-21 - ORIGINAL

baixada pelo ponto fictício que limita esse prolongamento sobre o horizonte nos

indica a direção Sul, conforme demonstrado na figura 16.20.

Fig 16.20 - Orientação pela constelação do Cruzeiro do Sul

16.11 - COMO TRABALHAR COM A CARTA E A BÚSSOLA

16.11.1 - Determinação do azimute dos elementos representados na carta

Anteriormente descreveu-se como determinar o azimute de uma direção no

terreno com o auxílio da bússola. Agora ver-se-á como achar o azimute de uma

direção sobre a carta.

A figura 16.21 é um trecho de carta, no qual podem ser observados dois

elementos: uma casa, sede da fazenda Dois Rios, e uma ponte. O AzM da direção

casa-ponte pode ser obtido de acordo com a seguinte seqüência:

- a primeira coisa a fazer é traçar uma reta na carta, ligando a casa (ponto A) e a

ponte (ponto B), como mostrado na figura 16.21;

- em seguida, orientar a carta;

- após isso, colocar a bússola aberta sobre a carta, de tal modo que a borda

graduada fique sobre a linha traçada na carta e a tampa voltada para a ponte; e

- a seguir, gira-se o anel serrilhado até que a seta indicadora do Norte coincida

com a agulha. O ângulo indicado na escala no ponto onde esta intercepta a linha

do centro da bússola, no lado da articulação da tampa, será o AzM (Fig 16.22).

Page 176: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-22 - ORIGINAL

Fig 16.21 - Determinação do azimute na carta

Fig 16.22 - Uso da bússola na determinação do azimute na carta

Uma outra situação, envolvendo o uso da carta e da bússola, seria a necessidade

de localizar, na mesma carta, um outro ponto (C) do qual se sabe estar situado no

sopé de uma elevação, junto a uma trilha, no AzM 119o da ponte citada no caso

anterior (ponto B). Nesse caso, observam-se os seguintes passos:

- orientar a carta;

- colocar a bússola sobre a carta orientada, com a lateral da caixa tangenciando a

referida ponte;

Page 177: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-23 - ORIGINAL

- sem tirar a bússola de sobre a ponte, girá-la até que a agulha marque os 119o

graus do azimute dado; e

- traçar uma reta sobre a carta, utilizando a lateral da caixa. O ponto que essa

reta tocar o sopé da elevação, após cruzar a trilha, é a exata localização do

ponto que se deseja identificar na carta (Fig 16.23). No exemplo utilizado, um

reservatório d’água.

Fig 16.23 - Utilização do conjunto carta-bússola para a localização de um ponto na carta

16.11.2 - Determinação do Ponto Estação

É de grande importância saber o lugar onde se encontra o observador. Um bom

processo para a determinação exata dessa posição na carta é o conhecido por

interseção a ré, que consiste no seguinte:

- orientar a carta pela bússola;

- procurar dois acidentes do terreno, à frente, que estejam representados na carta

com exatidão;

- com a bússola, visar o primeiro acidente e obter o azimute;

- colocar a bússola sobre a carta orientada, com a lateral da caixa tangenciando a

convenção cartográfica que representa esse acidente. Sem tirar a bússola desse

ponto, girá-la até que marque o azimute obtido;

- marcar na carta, a lápis, uma reta representando o azimute; e

- repetir todo o processo para o segundo acidente.

Assim procedendo, encontrar-se-á o ponto de cruzamento entre as duas retas, que

Page 178: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 16-24 - ORIGINAL

será o ponto estação do observador.

16.12 - ORIENTAÇÃO QUANDO EM MOVIMENTO NUMA VIATURA

Quando se deslocando em uma viatura, pode-se errar o caminho mesmo quando a

estrada dispõe de placas indicadoras para os motoristas, devido à maior velocidade

de movimento. É comum, também, desorientar-se em uma região desconhecida. As

cartas e a bússola auxiliam a orientação e a evitar erros no itinerário.

A carta deve estar sempre orientada, de preferência pela comparação com o terreno,

para que possa mostrar corretamente as minúcias das estradas por onde se transita.

Além disso, deve-se fazer verificações constantes da posição. Isso é feito por meio da

confirmação no terreno de pontos notáveis identificados na carta. O uso do

hodômetro da viatura para medir as distâncias rodadas entre esses pontos, anotando

os valores em uma caderneta ou sobre a carta, e as comparando com as medidas

tomadas na carta entre estes mesmos pontos, contribui para a rapidez dessas

verificações e o controle eficaz do deslocamento.

Pela medida na carta da distância entre o ponto de partida e o de destino (ou de

referência), o motorista pode saber qual a distância que deverá percorrer antes de

mudar de direção. Se tiver o cuidado de observar a marcação do hodômetro antes de

partir, estará em condições de decidir, com menor probabilidade de erro, quando

mudar de direção. Se o motorista não acompanhar as distâncias percorridas,

verificando constantemente o hodômetro, não poderá tomar uma decisão correta e

oportuna.

16.13 - GIRO DO HORIZONTE

Giro do horizonte é a identificação, com o auxílio da carta, dos diversos acidentes do

terreno, desde o ponto estação até a linha do horizonte. Para executá-lo, deve-se

ocupar uma posição que tenha dominância de vistas sobre a região a ser identificada.

De início, determina-se o ponto estação por um dos processos anteriormente

indicados e orienta-se a carta. Feito isso, realiza-se uma verificação sumária dos

acidentes circunvizinhos mais notáveis, identificando-os com a carta para se ter a

certeza de que a orientação da carta está correta. O trecho a ser identificado deve ser

dividido em setores e dentro deles inicia-se a identificação do mais próximo para o

mais afastado e da esquerda para direita. Obedecendo-se a esse critério, todos os

acidentes serão observados e pode-se-á realizar a completa identificação do terreno

com a carta.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 17

ARMAMENTO DO CFN

17.1 - DEFINIÇÕES BÁSICAS

17.1.1 - Arma ou lançador

É todo equipamento pelo qual é efetuado o lançamento ou o disparo de munição.

17.1.2 - Munição

É o artefato empregado para produzir determinado efeito sobre um alvo, sendo

geralmente lançado por uma arma (munição de canhão, míssil, torpedo, munição de

pistola, munição de fuzil, etc.).

17.1.3 - Armamento

É o conjunto formado pela arma e por sua munição, especificado para atender

determinados requisitos, algumas vezes referido apenas pelo lançador ou arma e

outras, pela munição.

17.1.4 - Raias

São sulcos helicoidais abertos na parte interna do cano de uma arma (alma),

destinados a imprimir ao projetil movimento de rotação, a fim de mantê-lo estável

na sua trajetória.

17.1.5 - Cheio

Parte saliente do raiamento que separa uma raia da outra.

17.1.6 - Calibre

É a medida do diâmetro entre dois cheios e tem a finalidade de caracterizar as

armas.

17.1.7 - Velocidade teórica de tiro

É o número de disparos que pode ser feito por uma arma em um minuto, não se

levando em conta o tempo necessário para a alimentação, pontaria, resolução de

incidentes, etc.

17.1.8 - Velocidade prática de tiro

É o número de disparos que podem ser feitos por uma arma em um minuto,

levando-se em conta o tempo necessário à pontaria, à alimentação, à resolução de

incidentes, etc.

17.1.9 - Alcance máximo

É o maior alcance que um projetil pode atingir com o emprego de uma arma.

Page 180: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-2 - ORIGINAL

17.1.10 - Alcance útil

É aquele até onde a arma pode ser utilizada eficazmente sem que a trajetória sofra

variações imprevistas devido à dispersão.

17.1.11 - Cadência de tiro

É a variação da velocidade prática de tiro que uma arma pode apresentar, expressa

pelo número de disparos que ela pode realizar em um determinado período. Pode

ser:

a) Rápida

Normalmente utilizada ao se iniciar o tiro de modo a se obter superioridade de

fogos e forçar o inimigo a se abrigar.

b) Normal

Empregada para neutralizar o inimigo, impedindo reações.

c) Lenta ou sustentada

Usada quando há necessidade de manter os alvos sob fogo por longos períodos.

17.1.12 - Ciclo de funcionamento de uma arma

É a seqüência por meio da qual se pode explicar o funcionamento de uma arma.

De maneira simplificada, as armas seguem o seguinte ciclo de funcionamento:

disparo; extração; ejeção; engatilhamento; carregamento; e novo disparo.

17.2 - GENERALIDADES SOBRE AS ARMAS LEVES

17.2.1 - Arma leve

É toda aquela de calibre inferior 0.60" (15,24mm). A espingarda 18,6mm (CAL 12)

Mossberg e o lança-granadas 40mm M-203 são exceções.

17.2.2 - Classificação

a) Quanto ao tipo

I) De porte

Quando, devido ao volume e peso, pode ser conduzida no coldre.

II) Portátil

Quando pode ser conduzida por um só homem, sendo, normalmente, dotada

de uma bandoleira para transporte.

III) Não-portátil

Quando, devido ao volume e peso, somente pode ser deslocada por uma

viatura ou dividida em fardos por vários homens.

Page 181: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-3 - ORIGINAL

b) Quanto ao emprego

I) Individual

Quando destinada à proteção daquele que a conduz.

II) Coletivo

Quando se destina ao emprego em benefício de parte ou da tropa como um

todo.

c) Quanto à refrigeração

I) Refrigeração à água

Quando o cano é envolvido por uma camisa d`água.

II) Refrigeração a ar

Quando é o próprio ar atmosférico que produz o resfriamento.

III) Refrigeração a ar e à água

Quando o cano está em contato com o ar atmosférico mas recebe

periodicamente jatos d'água para ajudar o arrefecimento.

d) Quanto ao funcionamento

I) De repetição

É aquela em que se emprega a força muscular do atirador para a execução das

diferentes fases de funcionamento (carregamento, trancamento, ejeção, etc.),

decorrendo, assim, a necessidade de se repetir a ação a cada disparo.

II) Semi-automático

É aquela que realiza automaticamente as fases do ciclo de funcionamento, à

exceção do disparo.

III) Automático

É aquela que realiza automaticamente todas as fases do funcionamento

enquanto houver munição e o gatilho permanecer acionado.

e) Quanto ao princípio de funcionamento

- arma que utiliza a força muscular do atirador;

- arma que utiliza a pressão dos gases resultantes da deflagração da carga de

projeção:

• ação dos gases sobre o êmbolo;

• ação dos gases sobre o ferrolho; e

• recuo do cano (longo ou curto).

Page 182: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-4 - ORIGINAL

• arma que utiliza a ação muscular do atirador combinada com a oriunda de

uma corrente elétrica sobre a estopilha.

f) Quanto ao sentido de alimentação

- da direita para a esquerda;

- da esquerda para a direita;

- de baixo para cima;

- de cima para baixo; e

- retrocarga.

g) Quanto ao raiamento

- alma com raiamento, no sentido:

• da esquerda para a direita (à direita); e

• da direita para a esquerda (à esquerda).

- alma lisa.

h) Quanto à alimentação

- manual; e

- com carregador

• metálico: tipo lâmina e tipo cofre.

• tipo fita: metálica com elos articulados, metálica com elos desintegráveis e de

pano (em desuso).

• tipo especial.

17.3 - FUZIL DE ASSALTO 5,56mm M16A2Mod705

Fig 17.1 - Fuzil de assalto calibre 5,56mm M16A2

17.3.1 - Características

a) Nomenclatura

Page 183: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-5 - ORIGINAL

Fuzil de assalto calibre 5,56mm M16A2 modelo 705.

b) Simbologia

FzAss 5,56mm M16A2MOD705.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Semi-automático e automático com rajada de três tiros.

IV) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

20 ou 30 cartuchos.

III) Sentido

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: 6 à direita.

f) Aparelho de pontaria

I) Alça de mira

De regulagem micrométrica, com visor basculante, graduado de 100 em 100

metros no alcance de 300 a 800m e disco de direção com regulagem variável.

II) Massa de mira

Tipo ponto, com protetores laterais e regulagem em altura.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1m.

II) Peso

- com carregador desmuniciado - 3,510kg; e

- com carregador municiado - 3,850kg.

Page 184: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-6 - ORIGINAL

III) Velocidade prática de tiro

- funcionamento semi-automático - 45 tpm; e

- funcionamento automático com rajada de 3 tiros: 90 tpm.

IV) Alcance

- máximo: 3.600m; e

- útil: para alvos tipo área - 800m e para alvos tipo ponto - 550m.

17.4 - FUZIL AUTOMÁTICO 7,62mm M964 FAL

Fig 17.2 - Fuzil automático leve calibre 7,62mm

17.4.1 - Características

a) Nomenclatura

Fuzil automático leve calibre 7,62mm modelo 1964 (FAL).

b) Simbologia

Fz 7,62mm M964 (FAL).

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Automático, semi-automático e repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o êmbolo.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

Page 185: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-7 - ORIGINAL

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

20 cartuchos.

III) Sentido

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: 4 à direita.

f) Aparelho de pontaria

I) Alça de mira

Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 em 100m, no alcance de

200 a 600m.

II) Massa de mira

Tipo ponto, seção circular, regulável em altura, com protetores laterais.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,10m.

II) Peso

- sem carregador: 4,20kg; e

- do carregador municiado: 0,730kg.

III) Velocidade prática de tiro

- funcionamento automático: 120 tpm; e

- funcionamento semi-automático: 60 tpm.

IV) Alcance

- máximo: 3.800m; e

- útil: 600m.

Page 186: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-8 - ORIGINAL

17.5 - FUZIL METRALHADOR 7.62mm M964 FAP

Fig 17.3 - FM 7,62mm M964 (FAP)

17.5.1 - Características

a) Nomenclatura

Fuzil Metralhador calibre 7,62mm modelo 1964 (FAP).

b) Simbologia

FM 7,62mm M964 (FAP).

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Automático, semi-automático e repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o êmbolo.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

20 cartuchos.

III) Sentido

De baixo para cima.

Page 187: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-9 - ORIGINAL

e) Raiamento

Número de raias: 4 à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 em 100 metros no alcance

de 200 a 600m.

II) Massa de mira

Tipo ponto, seção circular, regulável em altura, com protetores laterais.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,125m.

II) Peso

- sem carregadores e com bipé: 6kg; e

- do cano: 1,60kg.

III) Velocidade prática de tiro

- funcionamento automático: 120 tpm; e

- funcionamento semi-automático: 60 tpm.

IV) Alcance

- máximo - 3.800m; e

- útil - 600m.

17.6 - METRALHADORA 5,56mm MINIMI

Page 188: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-10 - ORIGINAL

Fig 17.4 - Metralhadora 5,56mm MINIMI (Standard)

17.6.1 - Características

a) Nomenclatura

Metralhadora Ligeira calibre 5,56mm x 45mm (NATO).

b) Simbologia

Mtr 5,56mm MINIMI (Standard); e

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Automática.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o êmbolo.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Tipo fita com elos metálicos articulados, acondicionados em caixa de

alimentação maleável de 100 ou 200 cartuchos e carregador metálico de 30

cartuchos (fuzil M16).

II) Sentido

À direita

e) Raiamento

Número de raias: 6 à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo lâmina, com botão de regulagem das alças, graduado em 100m com

ajuste de 300 a 1000m e em direção com botão de regulagem em direção

graduado em milésimos.

II) Massa de mira

Page 189: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-11 - ORIGINAL

Tipo ponto com proteção circular, regulável em altura.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,04m.

II) Peso

- com bipé: 7,100kg; e

- do cano: 1,800kg.

III) Velocidade teórica de tiro

- Normal: 750 tpm; e

- Máxima: 1000 tpm.

IV) Alcance

- máximo: 2.700m;

- útil: 1.000m; e

- letal: 1.300m.

17.7 - METRALHADORA 7,62mm Mod B 60-20 MAG

Fig 17.5 - Metralhadora a gás 7,62mm

17.7.1 - Características

a) Nomenclatura

Metralhadora a gás 7,62mm Modelo B.

Page 190: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-12 - ORIGINAL

b) Simbologia

MAG 7,62mm.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil e não portátil (quando utilizando tripé).

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Automática.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o êmbolo.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Tipo fita com elos metálicos articulados, acondicionados em cofre de 50 ou

250 cartuchos.

II) Sentido

À direita

e) Raiamento

Número de raias: 4 à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo lâmina basculante, com cursor e visor, graduada em intervalos de l00m,

utilizada em duas posições: rebatida (graduada de 200 a 800m) e levantada

(graduada de 800 a 1.800m).

II) Massa de mira

Seção retangular, regulável em altura e direção, com protetores laterais.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,255m.

II) Peso

- com bipé: 10,800kg;

Page 191: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-13 - ORIGINAL

- do cano: 2,800kg; e

- do tripé: 10,450kg.

III) Velocidade de tiro (regulável): 600 a 1.000 tpm.

IV) Alcance

- máximo: 3.800m; e

- útil: 800m sobre bipé e l.800m sobre tripé.

17.8 - PISTOLA 9mm PT92 - BERETTA

Fig 17.6 - Pistola calibre 9mm

17.8.1 - Características

a) Nomenclatura

Pistola calibre 9mm.

b) Simbologia

Pst 9mm.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

De porte.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Page 192: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-14 - ORIGINAL

Semi-automática.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Curto recuo do cano.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

15 cartuchos.

III) Sentido

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: 6 à direita.

f) Aparelho de pontaria

I) Alça de mira

Tipo entalhe retangular.

II) Massa de mira

Seção retangular.

g) Dados numéricos

I) Calibre: 9mm.

II) Comprimento: 21,7cm.

III) Peso

- com carregador desmuniciado: .0,950kg; e

- com carregador municiado: .l,137kg.

IV) Velocidade prática de tiro: variável.

V) Alcance

- máximo - 1.800m; e

- útil - 50m.

Page 193: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-15 - ORIGINAL

17.9 - SUBMETRALHADORA 9mm TAURUS

Fig 17.7 - Submetralhadora calibre 9mm

17.9.1 - Características

a) Nomenclatura

Submetralhadora calibre 9mm.

b) Simbologia

SMtr 9mm.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao funcionamento

Automática e semi-automática.

III) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o ferrolho.

IV) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

Page 194: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-16 - ORIGINAL

30 ou 40 cartuchos.

III) Sentido de alimentação

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: 6 à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo visor, basculante, graduada para 100 e 200m, com proteção lateral e

regulável em altura.

II) Massa de mira

Tipo ponto, seção circular, regulável em altura.

g) Dados numéricos

I) Calibre: 9mm.

II) Comprimento

- com coronha aberta: .64,5cm; e

- com coronha rebatida: .41,8cm.

III) Peso

- sem carregador: 3kg aproximadamente;

- com carregador municiado com 30 cartuchos: 3,800kg; e

- com carregador municiado com 40 cartuchos: 3,920kg.

IV) Velocidade teórica de tiro: 500 a 550 tpm.

V) Alcance útil: até 200m.

17.10 - METRALHADORA 12,7mm (.50) HB M2 QCB BROWNING

Page 195: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-17 - ORIGINAL

Fig 17.8 - Metralhadora 12,7mm M2

17.10.1 - Características

a) Nomenclatura

Metralhadora 12,7mm M2.

b) Simbologia

Mtr 12,7mm M2 (ou Mtr.50").

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Não portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletiva.

III) Quanto ao funcionamento

Automática

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Curto recuo do cano.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Tipo fita com elos metálicos.

II) Capacidade

Indeterminada.

Page 196: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-18 - ORIGINAL

III) Sentido

Da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, mediante o

reposicionamento de algumas peças do sistema de alimentação.

e) Raiamento

Número de raias: 8 à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 a 2600 jardas (aprox 90 a

2.380m).

II) Massa de mira

Seção triangular curva, com protetores laterais.

g) Dados numéricos

I) Calibre: 12,7mm (.50”)

II) Comprimento

- com o cano - 1,643m; e

- do cano - 1,143m.

III) Peso

- sem o cano: 25,424kg; e

- do cano: 12,712kg.

IV) Velocidade teórica

- funcionamento automático: 400 a 600 tpm; e

- funcionamento semi-automático: 75 tpm.

V) Alcance

- máximo: 6.818m; e

- útil: 1.830m.

17.11 - ESPINGARDA 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG

Page 197: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-19 - ORIGINAL

Fig 17.9 - Espingarda 18,6mm (CAL 12) Mossberg

Esta arma é empregada a distâncias curtas (próximo de 50m) e em situações nas

quais outras armas podem acarretar riscos desnecessários devido ao excesso de

potência (controle de distúrbios civis, guarda de prisioneiros, retomada de

instalações que não devam ser danificadas etc.).

17.11.1 - Características

a) Nomenclatura

Espingarda 18,6mm (CAL 12) Mossberg.

Page 198: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-20 - ORIGINAL

b) Simbologia

EspMil l8,6mm (CAL 12) Mossberg.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Força muscular do atirador.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Depósito tubular de munição conjugado à arma, sob o cano; e

II) Capacidade (com um cartucho na câmara):

- 9 cartuchos de 70mm de comprimento; e

- 8 cartuchos de 76mm de comprimento.

e) Raiamento

Alma lisa.

f) Aparelho de pontaria

Somente conta com a massa de mira. Devido às características de dispersão da

munição empregada e das distâncias curtas no tiro das espingardas, o atirador

tem que se preocupar, apenas, com a linha de visada, enquadrando a massa de

mira e o alvo.

g) Dados numéricos

I) Calibre: 18,6mm;

II) Comprimento: 1,016m;

III) Peso: 4kg aproximadamente; e

IV) Alcance útil: variável em função da munição empregada.

Page 199: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-21 - ORIGINAL

17.12 - LANÇA-GRANADAS 40mm M203

Fig 17.10 - Lança-granadas calibre 40mm modelo M203

17.12.1 - Características

É uma arma especialmente desenvolvida para ser empregada juntamente com o

fuzil M16A2.

a) Nomenclatura

Lança-granadas calibre 40mm modelo M203.

b) Simbologia

LGr 40mm M203.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação muscular do atirador.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

Manual: uma granada por vez.

e) Raiamento

Números de raias: 6 à direita.

Page 200: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-22 - ORIGINAL

f) Aparelho de pontaria

I) Conjunto de quadrante de mira

Acoplado sobre a armação superior dos fuzis da série M16, graduados de 25

em 25m para seleção de alcance entre 50 e 400m, com regulagem em altura

e direção.

II) Alça de mira

Tipo lâmina basculante, acoplada sobre o guarda-mão, graduada de 50 a

250m, com regulagem em altura e direção.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 39cm;

II) Peso descarregado: 1,350kg;

III) Peso carregado: 1,580kg; e

IV) Alcance

- máximo: 400m;

- útil - para alvos tipo área: 350m e para alvos tipo ponto: 150m; e

- mínimo de segurança - para treinamento: 80m e em combate: 31m.

17.13 - AT-4

Munição anticarro que se confunde com um armamento, uma vez que sua

embalagem individual é também um lançador descartável após o disparo. Como o

lança-rojão, não apresenta recuo e é de transporte individual. Utilizado

primordialmente contra alvos blindados e, secundariamente, contra fortificações e

pessoal.

Page 201: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-23 - ORIGINAL

Fig 17.11 - Granada alto explosiva de 84mm AT-4

17.13.1 - Características

a) Nomenclatura

Granada alto explosiva de 84mm AT-4.

b) Simbologia

GAE 84mm AT-4.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação muscular do atirador combinada com a ação de corrente elétrica sobre a

estopilha da granada.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Dados numéricos

I) Comprimento: 1m.

II) Peso: 6,7Kg.

III) Alcance

- máximo: 2100m; e

- eficaz: 300m.

IV) Penetração em blindagem: 400mm.

Page 202: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-24 - ORIGINAL

17.14 - MÍSSIL ANTICARRO RBS 56 - BILL

Fig 17.12 - Míssil anticarro RBS 56 - BILL

Míssil cujo princípio de funcionamento é aquisição visual do alvo e guiagem por fio

através da peça, com controle semi-automático. Utilizado contra blindados, podendo,

eventualmente, ser empregado contra posições fortificadas e aeronaves a baixa

altura.

17.14.1 - Caraterísticas

a) Nomeclatura

Míssil anticarro RBS 56 - BILL.

b) Simbologia

MAC BILL.

c) Classificação

Page 203: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-25 - ORIGINAL

I) Quanto ao tipo

Não portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição com carregamento míssil a míssil.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Aquisição visual do alvo e guiagem por fio a partir da peça.

d) Dados numéricos

I) Comprimento:

- do míssil - 900mm;

- do tubo lançador - 1.375mm; e

- do tripé aberto - 1.120mm.

II) Diâmetro:

- do míssil - 150mm;

- do tubo lançador - 220mm.

III) Pesos:

- do míssil - 10,9Kg;

- do tubo lançador com protetores - 20Kg;

- do tubo lançador sem protetores - 18Kg;

- do tubo lançador sem o míssil - 6,5Kg;

- do tripé - 11,8Kg

- do visor diurno - 6Kg;

- do visor noturno - 9,2Kg; e

- da peça pronta para o tiro - 45Kg.

IV) Alcances: 150 a 2.200m.

V) Penetração em blindagem: 750mm.

Page 204: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-26 - ORIGINAL

17.15 - MÍSSIL ANTIAÉREO MISTRAL

Fig 17.13 - Sistema de Mísseis Antiaéreo Mistral

Míssil empregado na defesa antiaérea contra aeronaves de ataque ao solo a baixa

altitude. Não necessita do acompanhamento do alvo pela base de lançamento após ter

sido lançado, sendo dotado de sensor de autoguiagem infravermelho e espoleta laser

de proximidade, o que aumenta significativamente a possibilidade de se neutralizar

ou destruir uma ameaça aérea, sem a necessidade de haver um impacto direto. Utiliza

o lançador MANPADS (MAN PORTABLE ANTI-AIRCRAFT DEFENSE SYSTEM).

17.15.1 - Características

a) Nomeclatura

Sistema de Mísseis Antiaéreo Mistral.

b) Simbologia

MSA Mistral.

Page 205: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-27 - ORIGINAL

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição com carregamento míssil a míssil.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Aquisição visual ou auditiva, quando integrado ao sistema Bofi-GIRAFFE,

com autoguiagem por infravermelho após o lançamento.

d) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,85mm;

II) Calibre: 90mm;

III) Peso: 19,45Kg;

IV) Alcance máximo: 6.000m;

V) Altura máxima: 4.500m;

VI) Tempo de vôo: 14,5s; e

VII) Velocidade: 2,5 MACH.

17.16 - GENERALIDADES SOBRE AS ARMAS PESADAS

17.16.1 - Generalidades

As armas pesadas incluem as de calibre superior a 0.60" (15,24mm), com as

exceções já mencionadas. Basicamente, as armas pesadas são constituídas pelos

morteiros, canhões e obuseiros.

17.16.2 - Características dos morteiros, canhões e obuseiros

a) Morteiros

- tubo curto;

- tiro geralmente indireto;

- trajetórias muito curvas; e

- carregamento pela boca.

b) Canhões

- tubo longo;

- tiro direto e, raramente, indireto;

Page 206: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-28 - ORIGINAL

- trajetória tensa; e

- carregamento pela culatra.

c) Obuseiros

- tubo curto;

- tiro normalmente indireto;

- trajetória curva; e

- carregamento pela culatra.

17.16.3 - Classificação do armamento pesado

a) Quanto ao calibre

- leve até 120mm;

- médio de 121 a 160mm;

- pesado de 161 a 210mm; e

- muito pesado, acima de 210mm.

b) Quanto ao emprego

- de campanha;

- de costa;

- antiaéreo; e

- de emprego especial.

c) Quanto ao deslocamento

I) Transportado

- sobre dorso;

- em viatura automóvel;

- trem; e

- em aeronave (aerotransportado ou helitransportado).

II) Auto-rebocado ou tracionado

III) Auto-propulsado

- sobre rodas; e

- sobre lagartas.

17.16.4 - Divisão dos Canhões e Obuseiros

a) Canhão ou obuseiro propriamente dito

Boca de fogo:

- tubo-alma; e

Page 207: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-29 - ORIGINAL

- bucha da culatra.

b) Reparo

- superior; e

- inferior.

17.16.5 - Divisão dos morteiros

a) Morteiro propriamente dito

- tubo-alma; e

- culatra.

b) Reparo

- bipé; e

- placa-base.

No Mrt 4.2” o reparo é composto pelo suporte, ponte, disco giratório e placa-

base.

17.17 - MORTEIROS 60mm M-60 BRANDT e 81mm M29 A1

Fig 17.14 - Morteiro 60mm Fig 17.15 - Morteiro 81mm

17.17.1 - Características

a) Nomenclatura

Mrt60mmM2 e Mrt81mmM29A1.

Page 208: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-30 - ORIGINAL

b) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Transportados a braço, divididos em fardos.

c) Raiamento

Alma lisa.

d) Dados numéricos Mrt 60mm Mrt 81mm

I) peso completo ..................................... 19,00kg 38,6kg

II) peso do tubo-alma................................ 5,80kg 11,2kg

III) peso do bipé......................................... 7,40kg 16,0kg

IV) peso da placa-base............................... 5,80kg 11,8kg

V) comprimento total do tubo-alma ......... 0,73m 1,275m

VI) campo de tiro

- vertical .............................................. 711''' a 1511''' 800''' a 1500'''; e

- horizontal.......................................... 250''' a toda volta.

VII) velocidade de tiro

- cadência normal................................ 8 tpm 10 tpm; e

- cadência máxima .............................. 35 tpm 12 tpm.

VIII) alcance

- máximo............................................. 1.850m 4.512m; e

- mínimo.............................................. 100m 90m.

17.17.2 - Diversos

Os morteiros apresentados acima são armas usadas para o apoio à infantaria, com

grande eficiência para bater ângulos mortos. Suas trajetórias são curvas e fazem o

tiro indireto (o alvo não é visto pelo atirador).

Page 209: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-31 - ORIGINAL

17.18 - MORTEIRO 120mm AUTO-REBOCADO K6A3

Fig 17.16 - Morteiro calibre 120mm K6A3

17.18.1 - Características

a) Nomenclatura

Morteiro calibre 120mm K6A3.

b) Simbologia

Mrt 120mm K6A3.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Auto-rebocado por viatura 3/4 Ton.

d) Raiamento

Alma lisa.

Page 210: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-32 - ORIGINAL

e) Dados numéricos

I) Peso

- em posição de tiro - 144kg;

- do tubo-culatra - 50kg;

- do bipé - 32kg;

- da placa-base - 62kg;

- do transportador - 178kg;

- em posição de marcha - 322Kg (com a caixa de acessórios e porta tiros

vazios); e

- em posição de marcha, situação de combate - 416kg (carregado com

ferramentas , acessórios e 6 granadas nos porta tiros do transportador).

II) Comprimento da peça (posição de marcha) - 2,39m;

III) Altura da peça (posição de marcha) - 1,14m;

IV) Largura da peça (posição de marcha) - 2,00m;

V) Alcance

- máximo (carga 10) - 7.200m; e

- mínimo (carga 0) - 180m.

VI) Campo de tiro vertical

- máxima - 1.510'''; e

- mínima - 710'''.

VII) Campo de tiro horizontal

- total - 252'''.

VIII) Velocidade prática de tiro:

- cadência máxima - 15 tpm; e

- cadência normal - 4 tpm.

Page 211: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-33 - ORIGINAL

17.19 - OBUSEIRO 105mm LIGHT GUN L118

Fig 17.17 - Obuseiro 105mm Light Gun L118

17.19.1 - Características

a) Nomenclatura

Obuseiro 105mm Light Gun L118.

b) Simbologia

O 105mm L118.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Auto-rebocado por viatura a partir de 5 Ton).

d) Raiamento

Número de raias - 28 à direita.

e) Dados numéricos

I) Peso da peça - 1.860kg.

II) Comprimento da peça em posição de marcha - 4,87m.

III) Alcance máximo

Page 212: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-34 - ORIGINAL

- 17.200m (carga 5); e

- 20.300m (munição especial).

IV) Campo de tiro

- vertical - de (-)100''' a 1.244'''; e

- horizontal - 6.400'''.

V) Velocidade prática de tiro

- máxima - 12 tpm;

- normal - 6 tpm; e

- mínima sustentada - 3 tpm durante 30 minutos.

17.20 - OBUSEIRO AUTO-REBOCADO 155mm M114A1

Fig 17.18 - Obuseiro 155mm M114A1

17.20.1 - Características

a) Nomenclatura

Obuseiro 155mm M114A1AR.

b) Simbologia

O 155mm M114A1AR.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Médio.

II) Quanto ao emprego

Page 213: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-35 - ORIGINAL

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Auto-rebocado por viatura a partir de 5 Ton).

d) Raiamento

Número de raias - 48 à direita.

e) Dados numéricos

I) Peso do reparo completo com o tubo - 5.715Kg.

II) Comprimento do obuseiro e reparo engatado - 7,32m.

III) Bitola em posição de marcha - 2,44m.

IV) Alcance máximo - 14.600m.

V) Campo de tiro

- vertical - de (-) 90''' a 1.156'''; e

- horizontal - 448''' à direita; e 418''' à esquerda.

VI) Velocidade prática de tiro

- cadência rápida - 4 tpm; e

- cadência lenta - 1 tpm.

17.21 - CANHÃO AUTOMÁTICO ANTIAÉREO DE 40mm/L70 FAK BOFI-R-

BOFORS

Fig 17.19 - Canhão AuAAe 40mm BOFORS L/70 BOFI-R

Page 214: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-36 - ORIGINAL

17.21.1 - Características

a) Nomenclatura

Canhão AuAAe 40mm BOFORS L/70 BOFI.

b) Simbologia

Can AuAAe 40mm.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

Antiaéreo.

III) Quanto ao transporte

Auto-rebocado POR viatura a partir de 5 Ton).

d) Dados numéricos

I) Peso - 5.500kg.

II) Campo de tiro:

- vertical - de (-) 71''' a 1.600'''; e

- horizontal - 360º.

III) Velocidade prática de tiro - 300 tpm.

IV) Munição no canhão - 118 munições.

V) Alcance do radar - 22km (espaço livre).

O canhão automático antiaéreo L/70 BOFI é composto do canhão

propriamente dito e cada canhão, uma unidade de tiro autônoma.

17.21.2 - Radar de vigilância GIRAFFE

Integra o sistema de Defesa Antiaérea (DefAAe) o radar de vigilância GIRAFFE.

Page 215: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 17-37 - ORIGINAL

Fig 17.20 - Radar de vigilância GIRAFFE

Page 216: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 18

MEDIDAS DE PROTEÇÃO

18.1 - GENERALIDADES

A proteção, uma das componentes do poder de combate, é a conservação da

capacidade de combate de uma tropa, de modo que possa ser utilizada no local e

momento apropriados. Ela inclui, entre outras, a Organização do Terreno (OT), que

consiste em alterar as características de uma área ou órgão por meio de construções ou

destruições.

Seja na defensiva (defesa preparada), seja nas situações estáticas da ofensiva (defesa

imediata), as tropas devem procurar reforçar sua proteção por meio de trabalhos de

OT.

Reunidos em dois grandes grupos - fortificações de campanha e camuflagem - os

trabalhos de OT visam principalmente a ampliar o poder de combate das forças

amigas, bem como a impedir ou dificultar as ações e a observação do inimigo.

18.2 - FORTIFICAÇÕES DE CAMPANHA

Fortificações de campanha consistem nos trabalhos defensivos realizados quando um

ataque inimigo for iminente ou durante a consolidação de um objetivo conquistado,

como prevenção de um contra-ataque. Normalmente compreendem: limpeza de

campos de tiro; escavação de espaldões para armas e abrigos para o pessoal;

construção de abrigos para órgãos de comando e para instalações de apoio logístico;

construção de postos de observação; e construção, lançamento e agravamento de

obstáculos.

Obedecendo ao princípio da continuidade dos trabalhos, as fortificações de campanha,

normalmente, evoluem para construções mais elaboradas denominadas fortificações

permanentes. Estas, construídas por pessoal especializado (normalmente elementos de

engenharia), quase sempre ficam perpetuadas no terreno, mesmo após os conflitos.

Podem, ainda, ser previamente preparadas em tempo de paz ou na guerra, longe da

influência da ação inimiga, e incluem: obstáculos de madeira, concreto ou aço;

extensos campos de minas; entrincheiramentos permanentes e revestidos; espaldões

reforçados; fossos anticarro revestidos; redes reforçadas de arame farpado; postos

de comando e abrigos para o pessoal.

Os trabalhos de fortificação permanente são mais apurados, exigindo o concurso de

pessoal especializado, enquanto os trabalhos de fortificação de campanha, por serem

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-2 - ORIGINAL

mais sumários, podem ser executados por qualquer combatente.

18.2.1 - Limpeza dos campos de tiro

No preparo de posições defensivas, antes do contato com o inimigo, é realizada, à

frente de cada entrincheiramento ou espaldão, a limpeza apropriada dos campos de

tiro. Nesse trabalho devem ser observados os seguintes princípios:

- não denunciar a posição em virtude de limpeza excessiva ou descuidada;

Fig 18.1 - Limpeza de campos de tiro

- em setores organizados para a defesa aproximada, efetuar a limpeza até, pelo

menos, 100 m à frente da posição;

- em qualquer caso, deixar uma delgada cortina de vegetação natural para esconder

as posições (Fig 18.2);

Page 218: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-3 - ORIGINAL

- nas áreas com árvores esparsas, remover os ramos mais baixos. Em alguns casos,

é aconselhável remover certas árvores que possam ser utilizadas como pontos de

referência para execução dos fogos inimigos;

Fig 18.2 - Aproveitamento da cortina de vegetação

- nas florestas densas não é aconselhável nem possível a limpeza completa dos

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-4 - ORIGINAL

campos de tiro. Deve-se portanto, restringir o trabalho ao desbastamento da

vegetação rasteira e à remoção dos ramos mais baixos das árvores maiores. Além

disso, deve-se preparar estreitos corredores de tiro para as armas automáticas (Fig

18.3);

- remover ou desbastar a vegetação densa, pois ela obstrui o campo de tiro e não

constitui obstáculo apreciável;

Fig 18.3 - Desbaste da vegetação

- ceifar as plantações de cereais e os campos de feno ou queimá-los, se maduros ou

secos, caso isto não revele a posição. Geralmente, em uma posição organizada,

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-5 - ORIGINAL

isso é possível antes do contato com inimigo;

- remover a vegetação cortada para locais onde não proporcione cobertas para o

inimigo nem denuncie a posição; e

- antes de efetuar a limpeza dos campos de tiro, fazer uma cuidadosa avaliação do

vulto do trabalho que pode ser feito dentro do tempo disponível.

Essa estimativa, muitas vezes, determina a natureza e a extensão da limpeza a ser

realizada, pois uma limpeza de campos de tiro que não possa ser completada pode

dar ao inimigo melhores abrigos e cobertas que o terreno com sua feição natural.

18.2.2 - Espaldões

a) Espaldões para metralhadora

Há dois tipos de espaldões para esta arma: o ferradura e o duas tocas. Como

posição de tiro, o tipo duas tocas apresenta menor flexibilidade que o outro;

entretanto, devido a sua maior facilidade de construção e maior resistência à

passagem de carros de combate, é geralmente o preferido.

I) Espaldão tipo ferradura

Coloca-se a arma em posição pronta para o tiro. Primeiramente, a guarnição faz

uma escavação rasa de 2,20m x 1,60m x 0,15m, aproximadamente, com o lado

maior perpendicular a provável direção de ataque do inimigo. A terra escavada

é depositada em volta, formando um parapeito.

O espaldão é completado pela escavação de uma sapa, em forma de ferradura,

com 0,60m de largura, acompanhando as faces laterais e posterior da escavação

inicial, ficando uma massa de terra da altura do peito na parte central da frente

do espaldão, que servirá como plataforma da arma (Fig 18.4). A terra escavada

é amontoada em torno do espaldão, completando o parapeito até pelo menos

0,90m de espessura e suficientemente baixo para permitir o tiro em todas as

direções.

Esse espaldão protege contra o tiro das armas portáteis e contra estilhaços de

granada ou bombas. Em terreno firme, proporciona proteção contra ação de

esmagamento dos carros de combate; em terreno frouxo, um revestimento

dos taludes do espaldão, feito com

troncos de 0,20m de diâmetro aproximadamente, colocados longitudinalmente

e encaixados no terreno, com sua parte superior ao nível do solo, ajuda a tornar

a obra resistente à passagem de carros de combate.

Page 221: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-6 - ORIGINAL

Quando os carros de combate estiverem a ponto de passar sobre a posição, a

guarnição coloca a arma no fundo da parte central da sapa e agacha-se nos

lados.

Fig 18.4 - Espaldão tipo ferradura

II) Espaldão tipo duas tocas

Esse espaldão (Fig 18.5) consiste em duas tocas para um homem, junto a

posição da arma. Para demarcá-lo, é feito um pequeno traço no terreno, na

direção principal de tiro. À direita desse traço é cavada a toca para o atirador; à

esquerda, e a 0,60m à frente da toca do atirador, é cavada outra toca para o

municiador. A terra escavada é disposta em torno da posição, formando um

parapeito, o qual não deverá prejudicar o tiro em qualquer direção. Em terreno

Page 222: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-7 - ORIGINAL

firme esse tipo de espaldão protege a guarnição e a arma contra a ação de

esmagamento dos carros. Quando os carros estão a ponto de passar sobre a

posição, a arma é retirada do tripé e colocada numa das tocas, enquanto o tripé

é colocado na outra. O atirador e o municiador agacham-se nas respectivas

tocas.

Fig 18.5 - Espaldão tipo duas tocas

b) Espaldão para morteiro 81mm

O espaldão para morteiro 81mm modelo M29A1 deve ser circular com cerca de

2,40m de diâmetro e 0,80 a 0,90m de profundidade, permitindo um declive de

0,10m, para que a água escoe na direção do fosso de drenagem que deverá ter

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-8 - ORIGINAL

pelo menos 0,50m de profundidade a partir do fundo do espaldão. Se o fundo do

espaldão for muito duro e com pedregulhos, este deverá ser revolvido para

permitir o assentamento da placa-base. Entretanto, se o solo for muito macio, de

areia, lama ou coberto por neve, será necessário colocar sacos de areia sobre um

trançado de galhos de árvores para permitir a perfeita ancoragem da placa-base.

A profundidade do espaldão deverá ser tal que o aparelho de pontaria nunca

fique abaixo do nível da superfície do solo. O depósito para munição de pronto

emprego deve conter toda munição prevista para executar os fogos de proteção

final, quando o inimigo estiver atingindo o Limite Anterior da Área de Defesa

Avançada (LAADA). O túnel de conexão deve ter um cotovelo de 45° a 90° para

impedir que uma explosão no depósito de munição atinja a guarnição da peça e

deve ser coberto com galhos, terra e vegetação rasteira, sempre que possível. Sua

profundidade deve ter cerca de 90cm (Fig 18.6).

Fig 18.6 - Espaldão para morteiro 81 mm

Page 224: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-9 - ORIGINAL

18.2.3 - Abrigos

a) Tocas

As tocas são os abrigos básicos e individuais dos fuzileiros, que proporcionam a

máxima proteção contra o fogo inimigo de todos os tipos (exceto impactos

diretos). Sempre que o tempo e os recursos permitirem, as tocas devem ser

melhoradas pelo acréscimo de tetos, qualquer que seja o tipo de toca, e pela

adoção de medidas para drenar as águas da chuva ou superficiais, como por

meio de um poço.

Também é necessário construir um sumidouro de granadas de mão, para que

nele sejam rapidamente empurradas com os pés as granadas lançadas pelo

inimigo no interior da toca. Exceto nos terrenos que dificultem o emprego de

carros de combate, a toca deve ser suficientemente profunda para garantir, pelo

menos, 0,60m de espaço entre o soldado agachado e a borda da toca, a fim de

protegê-lo contra a ação de esmagamento (Fig 18.7).

Fig 18.7 - Toca individual

Geralmente, as tocas são cavadas com o lado maior paralelo à frente e

distribuídas em torno dos espaldões das armas de emprego coletivo para garantir

a defesa em todas as direções. Todas as tocas são localizadas de modo a

permitir, principalmente, um bom campo de tiro.

Nas situações defensivas estabilizadas, a toca pode ser aumentada para

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-10 - ORIGINAL

comportar um espaço para dormir, devendo ter teto resistente.

I) Toca para um homem

Características

- dimensões mínimas de acordo com as especificadas na Fig 18.8;

Fig 18.8 - Toca para um homem

- quaisquer outras dimensões utilizadas devem ser as menores possíveis, a fim

de proporcionar um alvo reduzido aos possíveis fogos inimigos;

- suficientemente largas para conter os ombros de um homem localizado na

banqueta de tiro (largura mínima: 0,60m);

- suficientemente compridas para permitir o emprego das ferramentas de sapa

(comprimento mínimo: 1,05m); e

- pelo menos 1,20m de profundidade até a banqueta de tiro da qual um

homem de pé possa atirar.

Poços

No fundo da toca, em toda sua largura, deve ser cavado um poço, de 0,45 x

0,45m, para coletar água e permitir que o homem sentado coloque os pés.

Esse poço deverá ter um declive de 10o na direção do sumidouro de granadas,

o qual terá, no mínimo, 0,45m de comprimento, um declive de pelo menos

30o e, no máximo, 0,20m de diâmetro.

Page 226: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-11 - ORIGINAL

Fig 18.9 - Detalhes da toca

Proteção superior

- contra esmagamento: na maioria dos tipos de solo, a toca proporciona

proteção efetiva contra a ação de esmagamento dos carros de combate, se o

ocupante se agachar pelo menos 0,60m abaixo da superfície do terreno. Nos

solos muito arenosos ou frouxos, pode ser necessário revestir os taludes para

evitar seu desmoronamento; e

- contra arrebentamentos aéreos: para proteger os fuzileiros contra os precisos

arrebentamentos aéreos das granadas com espoleta tempo, as tocas devem

possuir teto. Em alguns casos podem ser empregados troncos de 0,10m a

0,15m de diâmetro, cobertos com uma camada de terra; em outras situações,

qualquer material disponível pode servir, se coberto com 0,15m a 0,20m de

terra, areia ou neve.

Camuflagem das tocas

Se possível, a terra escavada deve ser removida para um local onde não atraia

a atenção do inimigo e a toca camuflada com uma cobertura improvisada.

Essa cobertura consiste em uma armação, que deve ser guarnecida com capim

ou folhagem para assemelhar-se ao terreno circunvizinho, ou forrada com um

pano de barraca ou qualquer outro recurso, de acordo com as condições locais

do terreno (Fig 18.10). Essa técnica é particularmente eficiente contra um

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-12 - ORIGINAL

ataque de blindados apoiados por tropa a pé. Os fuzileiros permanecem

dissimulados até que os carros tenham ultrapassado a posição, depois

levantam-se e atacam os soldados a pé que acompanham os carros inimigos.

A toca assim camuflada ou suas variantes é, em alguns lugares, chamada toca

de aranha.

Fig 18.10 - Camuflagem das tocas

Parapeito

Parte da terra escavada é amontoada em torno da toca, deixando uma berma

bastante larga para permitir que o soldado apoie os cotovelos durante o tiro. O

parapeito deve ter cerca de 0,90m de largura e 0,15m de altura. Se forem

empregadas leivas (placas de vegetação rasteira) para camuflar o parapeito,

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-13 - ORIGINAL

elas devem ser retiradas de uma área quadrada de 3m de lado e colocadas à

parte, até que a toca fique pronta. Neve socada também constitui um bom

parapeito.

II) Toca para dois homens

A toca de raposa para dois homens nada mais é do que duas tocas para um

homem adjacentes. Oferece proteção contra os fogos inimigos diretos

comparável à toca individual. Entretanto, apresenta menor proteção contra a

ação de esmagamento dos carros de combate, contra os estilhaços de granadas

e o bombardeio pela aviação.

Nas posições defensivas, a toca para dois homens (Fig 18.11) é geralmente

preferida à toca para um homem, pelas seguintes razões:

- é preparada com maior facilidade. Um homem pode fazer a proteção,

enquanto o outro trabalha na toca;

- proporciona revezamento e repouso para os ocupantes, pois um deles

descansa enquanto o outro fica alerta. Assim, as posições ficam guarnecidas

eficientemente por períodos de tempo mais longos;

- se um dos soldados é ferido ou morto, a posição continuará ocupada, o que

não acarretará uma brecha na linha;

- em situação crítica, o efeito psicológico da camaradagem mantém os

homens na posição por mais tempo do que um homem isolado; e

- proporciona maior conforto, especialmente em tempo frio, quando os

ocupantes poderão juntar seus cobertores e panos de barraca.

Page 229: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-14 - ORIGINAL

Fig 18.11 - Toca para dois homens com local para dormir

b) Posições abrigadas

I) Posições naturais

Essas posições devem ser sempre utilizadas, desde que existam na área de

operações, tendo em vista a grande economia de tempo e de mão-de-obra que

proporcionam, e, também, por constituírem os melhores abrigos e cobertas

naturais. Os muros de pedra, as cercas vivas, as dobras naturais do terreno, os

diques de terra e os trechos de aterro das estradas de ferro e das rodovias,

constituem excelentes posições naturais. As áreas urbanas apresentam grande

variedade de posições naturais sob a forma de paredes de pedra, de tijolos e

de outros tipos de alvenaria, e mesmo de escombros de edificações. As

posições naturais devem, geralmente, ser melhoradas e reforçadas; os

espaldões para as armas e os abrigos para pessoal são cavados e suas partes

fracas são reforçadas com sacos de areia, caixas de munição cheias de terra e

outros meios de fortuna.

II) Posições preparadas

Na defensiva, quando não se dispuser de uma linha de defesa pronta e o

tempo permitir, constroem-se posições protegidas contra o esperado ataque

inimigo. Muitas vezes, devido às condições do solo ou d`água do subsolo, que

impedem as escavações, as posições são construídas acima da superfície do

Page 230: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-15 - ORIGINAL

terreno. Esse tipo é, também, empregado juntamente com as obras enterradas

para economizar maiores escavações. Deve ter, pelo menos, 0,90m de largura

no topo, a fim de proteger contra projetis .30 e estilhaços de granada.

Os taludes devem estar isentos de pedras soltas e pedaços de madeira; caso

contenham tais materiais, devem ser revestidos com sacos de areia. A figura

18.12 apresenta vários tipos de taludes preparados.

Fig 18.12 - Taludes preparados

c) Crateras melhoradas

O terreno entre duas tropas inimigas geralmente apresenta crateras de vários

tamanhos, provocadas por granadas, bombas, minas e foguetes. Para as tropas

que avançam, essas crateras oferecem um refúgio imediato e disponível para

abrigo ou coberta, bem como posições de tiro parcialmente desenfiadas. Caso a

situação fique temporariamente estabilizada, as crateras podem ser facilmente

aprofundadas e melhoradas com uma ferramenta de sapa.

Para se melhorar uma cratera, cava-se verticalmente a sua borda, no lado voltado

para o inimigo, e prepara-se uma posição cômoda para um atirador deitado,

ajoelhado ou de pé (Fig 18.13).

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-16 - ORIGINAL

Fig 18.13 - Trabalhos em crateras

18.2.4 - Obstáculos

Na concepção militar, um obstáculo é qualquer acidente do terreno, condição do

solo ou ambiente, existente ou resultante de fenômeno meteorológico adverso, ou

qualquer objeto, obra ou situação criada pelo homem, exceto o fogo das armas,

utilizado para canalizar, retardar ou impedir o movimento do inimigo numa

determinada direção.

Embora o obstáculo deva ser denso o bastante para impedir uma fácil penetração na

posição defensiva, não deverá ser tão denso que seja facilmente identificado em

fotografias aéreas ou ofereça um bom alvo para a artilharia inimiga. Os obstáculos

deverão ser simples, de modo a poderem ser feitos rapidamente pelas tropas com

pouca experiência, mesmo na escuridão e na presença do inimigo. O primeiro

elemento construído deverá oferecer proteção imediata; o restante deverá ser

executado sob a proteção do que já se encontra pronto.

a) Obstáculos de arame farpado

Entre os vários tipos de obstáculos, os de arame farpado são os mais empregados

em qualquer tipo de operação. Normalmente estão disponíveis em grandes

quantidades, são facilmente transportáveis e formam uma barreira eficaz.

Oferecem o máximo de interferência por tonelada de material, são facilmente

construídos e oferecem pequena visibilidade e alta resistência aos tiros de

artilharia.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-17 - ORIGINAL

Os obstáculos de arame farpado são classificados quanto à missão que

desempenham como táticos, de proteção ou suplementares (Fig 18.14 a 18.17).

Fig 18.14 - Cavalo de Frisa

Fig 18.15 - Concertina tríplice

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-18 - ORIGINAL

Fig 18.16 - Concertina comum de arame farpado

Fig 18.17 - Cerca de arame farpado

As redes de arame farpado táticas são lançadas ao longo do lado amigo da

barreira principal, para quebrar as formações inimigas e obrigá-las a permanecer

em áreas batidas pelos mais intensos fogos da defensiva. As redes táticas se

estendem por toda a frente da posição, porém, não necessitam ser contínuas.

As redes de arame farpado de proteção são lançadas para impedir ataques de

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-19 - ORIGINAL

surpresa de pontos situados próximos à posição defensiva. Elas devem se

encontrar próximo o bastante da linha de defesa para poderem ser observadas dia

e noite e, ao mesmo tempo, longe o bastante para impedir que o inimigo

empregue granadas de mão. Dependendo do terreno, uma distância entre 35 a 75

metros satisfaz essa exigência. As cercas de arame de proteção são construídas

ao redor das instalações de retaguarda com o mesmo propósito que o das

empregadas à frente. Quando construídas ao redor das áreas de companhia

podem ser ligadas de modo a rodearem todo o batalhão.

Quando o tempo permitir, serão adicionadas redes de arame suplementares para

dissimular a linha exata das redes táticas e a direção da barreira principal.

b) Outros obstáculos

Os outros tipos de obstáculos, tais como as crateras, os abatises, os fossos

anticarro e o agravamento das margens de cursos d`água, devido à sua

complexidade, não serão apresentados nesta publicação.

18.3 - CAMUFLAGEM

É o conjunto de medidas que visam a iludir ou a ocultar a verdadeira natureza de uma

tropa, instalação, atividade ou equipagem, e que devem ser praticadas intensamente

por todos.

Todo fuzileiro é responsável por sua camuflagem individual, devendo preocupar-se

com a equipagem, com o armamento, com a posição e com os seus itinerários de

progressão. Deve ser devidamente preparado para empregá-la e motivado no sentido

de que, utilizando-a bem, poderá aproximar-se do inimigo sem ser visto.

Por sua vez, cada Comandante é responsável pelo apropriado emprego da camuflagem

por sua tropa. Embora os modernos meios de observação possam detectar materiais

artificiais bem como alterações no terreno ou na vegetação, a observação direta através

do olho humano ainda é a mais largamente empregada. Desse modo, a camuflagem

pode ser considerada um fator básico nas operações por sua influência no

despistamento e na proteção.

Na ofensiva e na defensiva, a camuflagem auxilia a obtenção da surpresa, além de

reduzir o número de baixas. Nega ao inimigo o conhecimento das posições exatas

ocupadas por tropas amiga, difilcultando-lhe o desencadeamento de fogos. Muitas

vezes, a rapidez inerente às operações de combate impede a execução de medidas de

camuflagem elaboradas; nessas situações, o correto aproveitamento do disfarce

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-20 - ORIGINAL

proporcionado pelo terreno poderá contribuir eficazmente para a segurança da tropa.

18.3.1 - Processos de camuflagem

Existem três processos de camuflagem: mascaramento, dissimulação e simulação.

a) Mascaramento

Consiste em ocultar completamente o objeto a camuflar por meio de uma cortina

ou máscara. Dependendo da situação, a cortina ou máscara pode não ser

facilmente identificada pelo inimigo e assim proporcionar um completo

ocultamento, quer do objeto, quer do despistamento.

b) Dissimulação

Consiste na aplicação ou colocação de material, especializado ou não, sobre,

acima ou em volta do objeto a camuflar, de modo a que pareça fazer parte do

meio ambiente. Seu exemplo clássico é o fuzileiro com sua camuflagem

individual.

c) Simulação

Consiste em dar a impressão da existência de equipagens e instalações militares

que na verdade inexistem.

Pode ser obtida pelo:

- disfarce, mudando-se a aparência dos objetos, seja para diminuir seu valor

tático (como, por exemplo, fazendo vagões de petróleo parecerem vagões

comuns), seja para elevar tal valor (como por exemplo, fazendo viaturas não

especializadas parecerem carros de combate); e

- emprego de simulacros, imitando objetos ou instalações, (como por exemplo,

falsas posições de armas, postos de comando, depósitos, etc.

18.3.2 - Exigências fundamentais da camuflagem

As exigências para o sucesso da camuflagem, relacionadas em ordem de

importância, são:

a) Escolha da posição

São observados os seguintes aspectos:

I) Missão

A localização deverá ser tal que as tropas que a ocupam possam cumprir sua

missão.

II) Acesso

Facilidade de acesso, sem formação de pistas denunciadoras durante a

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-21 - ORIGINAL

ocupação, o fornecimento de alimentos e munição ou substituição de pessoal.

III) Desenfiamento

Prevenção contra a observação terrestre e aérea do inimigo.

IV) Localização das instalações de serviços

Localização apropriada para as instalações de serviços, tais como postos de

socorro, depósitos de munição, áreas de estacionamento de viaturas, etc.

Essas instalações deverão ser posicionadas no terreno de modo a ser

facilmente camufladas e acessíveis, embora não tão próximas umas das outras

a ponto de denunciarem a posição como um todo.

b) Disciplina de camuflagem

A disciplina de camuflagem tem dois propósitos:

- evitar qualquer modificação na aparência do terreno, por parte do pessoal que o

ocupa; e

- manter ou substituir o material da camuflagem periodicamente, a fim de que se

confunda constantemente com a vegetação natural.

c) Montagem

O material da camuflagem deverá ser montado de maneira que oculte a forma, a

sombra e o tamanho do objeto a ser camuflado, não possuir forma regular ou

sombra bem definida e esconder as pistas e pegadas denunciadoras do pessoal

que o montou.

d) Escolha do material

Para que a camuflagem seja eficaz, os materiais utilizados para esse fim deverão

confundir-se com o tipo de terreno adjacente no que refere à textura, tonalidade

e cor. Os materiais de camuflagem compreendem as seguintes classes:

I) Material natural

Na guerra, apenas essa classe de material estará disponível em quantidade

suficiente para permitir um trabalho de camuflagem

eficiente. Inclui, geralmente, árvores, macegas, glebas, camada superficial do

solo e destroços encontrados nas proximidades. Sua disponibilidade e

emprego tornam a reprodução das formas locais, texturas e cores

relativamente fáceis, se utilizados e conservados apropriadamente. Deve ser

lembrado que macegas, folhagens e capim, após serem cortados, murcharão e

morrerão, com uma modificação marcante em sua aparência, dentro de um

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-22 - ORIGINAL

período de tempo relativamente curto. Novas folhagens e macegas deverão

ser cortadas para substituírem as existentes na camuflagem antes que suas

cores apresentem modificações. O material natural possui várias vantagens

sobre o artificial: iguala as cores e as texturas locais mais fielmente; enquanto

não murcha, é eficaz contra todos os tipos de fotografia aérea, particularmente

a infravermelha e em cores; e reduz a quantidade de material de camuflagem

a ser fornecido pela retaguarda. Contudo, apresenta algumas desvantagens

quando comparado com o artificial, principalmente quando se leva em conta

que o trabalho tem de ser executado no local, o que impede a preparação

antecipada. Além disso, perde rapidamente suas características e tem que ser

substituído com freqüência.

II) Material artificial

Redes de camuflagem produzidas com tiras de pano, aniagem e material

similar ou qualquer outro item confeccionado pelo homem poderá ser

utilizado.

18.4 - DESTINO DO MATERIAL ESCAVADO

Em terreno comum, a cor e a tonalidade da terra escavada diferem da existente na

superfície; por essa razão deve ser manuseado de modo a não denunciar a fortificação

(Fig 18.18). Pode ter um dos seguintes destinos:

- formar um parapeito, se a parte superior do terreno tiver sido cuidadosamente

conservada para cobri-lo. Leivas, folhas e outros restos vegetais apanhados sob

arbustos ou árvores próximas são utilizados para tornar o parapeito semelhante ao

terreno circunvizinho;

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-23 - ORIGINAL

Fig 18.18 - Manuseio do material escavado

- ser ocultado sob árvores ou em ravinas, tomando-se todas as precauções para evitar a

formação de trilhas denunciadoras; e

- ser aproveitado na construção de parapeitos de posições simuladas, parcialmente

camufladas.

No inverno em áreas de clima temperado ou em terreno ártico, a neve misturada com

terra, retirada das escavações, deve ficar sob uma camada de neve recente, que a

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-24 - ORIGINAL

camufle.

18.5 - DRENAGEM

A inexistência de uma drenagem adequada aumenta as provações das tropas que

ocupam os abrigos e o trabalho de manutenção dessas fortificações. A drenagem,

portanto, deve ser prevista para as águas da chuva, da superfície e de infiltração. De

um modo geral, uma pequena vala de poucos centímetros de profundidade ao redor

das escavações, coletará as águas da superfície que queiram correr para o interior da

fortificação. A água que cai no interior da escavação ou que para seu interior se infiltra

através de suas paredes deverá ser esgotada por baldes, sifões ou bombas.

O declive do fundo do espaldão faz com que toda a água corra para a parte mais baixa,

de onde pode ser drenada facilmente. Obtém-se melhor proteção colocando-se tábuas

ou troncos de árvores no fundo das tocas ou espaldões.

18.6 - REVESTIMENTO

Em solos frouxos ou arenosos, poderá ser necessário o revestimento das escavações

para evitar desabamentos. Esses revestimentos deverão ser de madeira, tela de arame,

ramos de árvore, sacos de areia ou outro material adequado. Quando necessário, as

dimensões das escavações devem ser ligeiramente modificadas para fornecer espaço a

ser ocupado pelo revestimento (Fig 18.19).

Fig 18.19 - Revestimento para escavações

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 18-25 - ORIGINAL

18.7 - TETO

Os tetos proporcionam proteção complementar contra os arrebentamentos tempo e

percussão, e permitem aos ocupantes dos abrigos e espaldões permanecerem em suas

posições de tiro sob esses fogos. Nas posições sumárias, a cobertura inicial dá

proteção somente contra estilhaços e não contra os impactos diretos de artilharia,

bombas e foguetes. Tanto quanto a situação permitir, essas posições sumárias devem

ser reforçadas e suplementadas com tetos mais resistentes.

Nessas posições, qualquer tipo de material resistente (portas, peças de ferro

galvanizado, chapas de blindagem de viaturas avariadas, caixotes ou cunhetes de

munição cheios de areia, pedra ou terra) pode servir de teto, desde que observadas as

técnicas de camuflagem. Em qualquer caso, se o tempo, a situação e o material

permitirem, o teto deve ser reforçado ou melhorado, desde que não reduza a eficiência

das condições de tiro e apresente camuflagem adequada (Fig 18.20).

Fig 18.20 - Revestimento para tetos

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 19

INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES ANFÍBIAS

19.1 - GENERALIDADES

Um ataque lançado do mar sobre litoral hostil ou potencialmente hostil é a primeira

idéia que se associa ao termo Operação Anfíbia (OpAnf). Esse entendimento

corresponde ao que se denomina Assalto Anfíbio (AssAnf) , a modalidade mais

completa de OpAnf.

Outras ações militares desencadeadas a partir do mar, que compreendem conceitos e

princípios aplicáveis ao AssAnf, constituem também modalidades de OpAnf.

Para a realização de uma OpAnf são requeridas tropas especializadas e especialmente

treinadas. A maioria dos ensinamentos difundidos aos componentes do Corpo de

Fuzileiros Navais (CFN) visa, basicamente, ao preparo para essas operações.

19.2 - CONCEITOS BÁSICOS

19.2.1 - Operações Anfíbias

Operação de Guerra Naval lançada do mar, por uma Força-Tarefa Anfíbia

(ForTarAnf), sobre um litoral hostil ou potencialmente hostil. Compreende as

seguintes modalidades: assalto anfíbio, incursão anfíbia, demonstração anfíbia e a

retirada anfíbia.

19.2.2 - Força-Tarefa Anfíbia

Denomina-se ForTarAnf a Força organizada por tarefas, composta de Unidades

Navais, de Força de Desembarque (ForDbq) e de Unidades Aéreas embarcadas. O

Comandante da Força-Tarefa Anfíbia (ComForTarAnf) é um Oficial do Corpo da

Armada.

19.2.3 - Força de Desembarque

É a designação genérica dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais

(GptOpFuzNav) destinados à realização das OpAnf. O Comandante da ForDbq

(ComForDbq) é um Oficial do Corpo de Fuzileiros Navais.

19.2.4 - Assalto Anfíbio

Ataque lançado do mar para, mediante um desembarque, estabelecer firmemente

uma ForDbq em terra. Tal desembarque é executado por meios de superfície e/ou

aéreos e apoiado por meios navais e/ou aéreos.

19.2.5 - Incursão Anfíbia (IncAnf)

Operação realizada por ForTarAnf, envolvendo uma rápida penetração ou a

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-2 - ORIGINAL

ocupação temporária de objetivos em terra, seguida de uma retirada planejada.

19.2.6 - Demonstração Anfíbia (DemAnf)

Compreende a aproximação de território inimigo por Forças Navais, inclusive com

meios que caracterizem uma OpAnf, sem o efetivo desembarque de tropa.

19.2.7 - Retirada Anfíbia (RdaAnf)

Modalidade de OpAnf que consiste na evacuação ordenada e coordenada de Forças

de um litoral hostil, por meio de navios, embarcações e/ou aeronaves.

19.3 - FASES DAS OPERAÇÕES ANFÍBIAS

As fases relacionadas referem-se ao AssAnf, entretanto os conceitos e princípios são

aplicáveis, também, às outras modalidades de OpAnf. A seqüência natural das fases

pode ser alterada devido a premência de tempo ou ao sigilo da operação. Nessas

situações o embarque ocorreria antes do planejamento.

19.3.1 - Planejamento

Corresponde ao período decorrido desde a expedição da ordem para a realização da

OpAnf até o embarque dos meios.

19.3.2 - Embarque

Compreende o período durante o qual as Forças e seus meios são embarcados nos

navios previamente designados. Essa fase estará terminada com a partida dos

navios.

19.3.3 - Ensaio

É o período durante o qual a operação é ensaiada. Ocorre, normalmente, durante a

travessia. O ensaio permite testar os planos, familiarizando a tropa com os mesmos.

Importante o teste das redes de comunicações.

19.3.4 - Travessia

A travessia envolve o movimento de uma ForTarAnf desde as áreas de embarque

até as áreas previstas no interior da Área de Desembarque (ADbq). Durante a

travessia são realizados exercícios de abandono do navio, controle de avarias,

combate a incêndio e outras atividades de “vida à bordo”. São ainda realizados

treinamentos específicos para a tropa como reuniões para disseminação dos Planos

e suas alterações, treinamento físico militar, exercícios de tiro, exercícios de

embarque e desembarque em viaturas anfíbias e aeronaves.

19.3.5 - Assalto

Corresponde ao período entre a chegada do Corpo Principal da ForTarAnf à ADbq

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-3 - ORIGINAL

e o término da OpAnf, compreendendo o Movimento Navio-para-Terra (MNT) e as

ações conduzidas em terra.

19.4 - MEIOS EMPREGADOS

A realização de uma OpAnf, além da mobilização de pessoal, implica na

disponibilidade de meios navais, meios aeronavais e meios de fuzileiros navais.

Assim, a Marinha do Brasil vem envidando esforços para acompanhar a evolução

destes meios.

Como meios navais disponíveis, diretamente ligados ao emprego da Tropa, podemos

citar os Navios de Desembarque Doca (NDD), o Navio de Desembarque de Carros de

Combate (NDCC), Navios Transporte de Tropa (NTrT), Embarcação de Desembarque

de Carga Geral (EDCG) e Embarcação de Desembarque de Viaturas e Material

(EDVM). Meios aeronavais temos o Super Pumar (UH-14) e o Esquilo (UH-12) e

meios de fuzileiros navais o Carro Lagarta Anfíbio (CLAnf), o M-113 e outros

variados meios.

Fig 19-1 - Navio de Desembarque de Carros

de Combate - NDCC

Fig 19-2 - Navio de Desembarque Doca -

NDD

Fig 19-3 - Embarcação de Desembarque de

Carga Geral - EDCG

Fig 19-4 - Carro Lagarta Anfíbio - CLAnf

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-4 - ORIGINAL

19.4.1 - Movimento Navio-para-Terra

É a etapa da fase do assalto que compreende o movimento ordenado de tropas,

equipamentos e suprimentos, a partir dos navios de assalto, para as praias e/ou

zonas de desembarque selecionadas na ADbq.

O MNT pode ser por superfície ou por helicópteros (He).

19.5 - VIDA A BORDO

Os Fuzileiros Navais (FN) quando embarcados em navios, especialmente para a

realização de uma OpAnf, devem observar atentamente as rotinas de bordo e estar em

condições de “guarnecer” as fainas próprias dos homens no mar. Os Navios deslocam-

se em sigilo quando em operações de guerra e os Fuzileiros Navais devem ter um

perfeito entendimento das normas durante a navegação, restringindo as suas

necessidades. É o caso da utilização de telefones celulares, que só poderão ser usados

com o conhecimento do Comandante do Navio.

O planejamento, a execução e o controle das atividades da Tropa à bordo são regidos

por documentos expedidos pelo Navio e pelo Comandante das Unidades embarcadas.

19.5.1 - Atividades a bordo

Normalmente, os Comandantes de navios estabelecem normas de conduta para a

tropa embarcada.

A participação da Tropa embarcada para uma OpAnf deve limitar-se às atividades

que não interfiram com a operação do navio. Além de reuniões preparatórias e de

críticas, todos os comandos envolvidos na operação realizam um acompanhamento

da situação, particularmente em função dos conhecimentos mais recentemente

obtidos da área de operações.

Assim, é elaborado um programa de treinamento para a tropa que prevê,

normalmente, as seguintes instruções:

- vida a bordo e fainas de emergência;

- treinamento físico militar;

- exercícios de transbordo;

- manutenção e testes de equipamentos e armamentos; e

- exercícios de postos de combate, postos de abandono, homem ao mar, operações

aéreas e transferências de carga e combustível.

São também programadas:

- inspeções do pessoal e do material; e

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-5 - ORIGINAL

- aprestamento quanto à missão e ao emprego da tropa, incluindo-se o tiro com

armas portáteis.

a) Fainas de emergência

As fainas de emergência são sempre anunciadas pelo soar de um alarme, seguido de

aviso pelo fonoclama. O atendimento deverá ser realizado por todo o pessoal

embarcado, no menor tempo possível, obedecendo as regras de trânsito do navio.

Geralmente os navios dispõem dos seguintes sinais de alarme: alarme geral,

colisão, ataque químico e "crash" de aeronave.

Todos os componentes da Tropa deverão estar familiarizados com as ações a serem

tomadas nos casos de emergência. O adestramento para essas fainas, bem como

para as de homem ao mar e abandono do navio, deverá ter início, sempre que

possível, assim que a tropa embarcada já estiver alojada.

I) Postos de Combate

Ao soar o alarme geral seguido do aviso, pelo fonoclama, “GUARNECER

POSTOS DE COMBATE”, todos os elementos da tropa deverão guarnecer o

colete salva vidas e se dirigir para os locais previamente designados, onde

receberão ordens especiais.

II) Incêndio e alagamento

Ao soar o alarme geral seguido do aviso, pelo fonoclama, do local do incêndio

ou do alagamento, de imediato será tocado “POSTOS DE COMBATE”. Todos

os elementos da tropa deverão guarnecer os coletes salva vidas, concentrar nos

locais previamente designados, e aguardar as ordens.

Sempre que qualquer elemento da tropa perceber fumaça, início de incêndio ou

entrada de água em qualquer compartimento do navio, deverá comunicar

imediatamente o fato ao Oficial de quarto, que se encontra no passadiço do

navio.

III) Postos de colisão

Ao soar o alarme de colisão, seguido do aviso pelo fonoclama, todos os

elementos da tropa deverão guarnecer os coletes salva vidas e se concentrar nos

locais previamente designados, aguardando as instruções.

IV) Homem ao mar

Como regra geral, todo aquele que observar a queda de um elemento ao mar

deverá anunciar, rapidamente, “HOMEM AO MAR POR BORESTE ou POR

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-6 - ORIGINAL

BOMBORDO ou PELA PROA ou PELA POPA”. Deverá, ainda, lançar bóias e

fazer o acompanhamento visual da vítima. Isto facilitará o resgate e o

salvamento.

O brado de “HOMEM AO MAR” deverá ser amplamente disseminado até que

seja assegurado que o Oficial de quarto, no passadiço, tenha conhecimento do

ocorrido. Ao ser ouvido o aviso de “HOMEM AO MAR”, seguido de vários

apitos curtos do navio, todos os elementos da tropa devem se dirigir para o local

de parada. O mais antigo deverá verificar a presença do pessoal, encaminhar as

faltas ao passadiço e manter o Oficial de quarto informado sobre todos que estão

a bordo.

V) Postos de abandono

A tropa deverá receber instruções quanto aos procedimentos para o abandono do

navio. Ao embarcar, já deverá ter conhecimento das estações de abandono, das

balsas salva-vidas e saber localizá-las; inclusive com o navio às escuras. Ao ser

determinado “GUARNECER POSTOS DE ABANDONO”, a tropa deverá:

- guarnecer o colete salva-vidas;

- guarnecer o cantil de água;

- encaminhar-se em acelerado para seu posto de abandono, obedecendo às regras

de trânsito a bordo;

- concentrar-se nas estações de abandono, checar material e pessoal;

- efetuar a verificação de presença e encaminhar as faltas ao passadiço; e

- aguardar ordem para abandonar o navio.

Os elementos que se encontrarem baixados nas enfermarias ou nos camarotes

deverão ser encaminhados para as estações de transbordo pelo pessoal do serviço

de saúde.

As balsas contêm itens de sobrevivência, tais como: ração, água potável, apito,

pirotécnicos, etc.

19.5.2 - Pelotão do Navio

É a organização por tarefas designada para auxiliar o carregamento e

descarregamento do navio. Constituído por parcela dos elementos que fazem parte

do Destacamento Precursor de uma tropa que embarca,

19.5.3 - Conduta a Bordo

As instruções para a tropa embarcada conterão as normas de conduta a serem

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-7 - ORIGINAL

observadas a bordo. Essas normas não podem ser padronizadas, tendo em vista as

peculiaridades de cada navio. Assim, como orientação geral, são listados, a seguir,

os assuntos para os quais deve haver o detalhamento necessário nas instruções de

cada navio. Esse rol pode ser acrescido dos aspectos que cada navio julgar

conveniente divulgar a tropa.

a) Água potável

A disponibilidade de água doce a bordo é geralmente restrita. Os horários para

utilização de água constarão da rotina divulgada nos quadros de avisos da

tropa. O consumo excessivo de água doce poderá acarretar o racionamento. Os

maiores consumos são para banho, lavanderia e serviço de rancho.

b) Alojamento

Os elementos da tropa serão distribuídos pelos diversos camarotes e cobertas,

de acordo com o previsto no Plano de Embarque, estando essa informação

registrada em seu Cartão de Embarque. Na entrada de cada coberta será

afixado um diagrama com a localização e o número dos beliches. O pessoal da

tropa que desempenhar função especial a bordo,, tal como de rancho, será

alojado em áreas determinadas em cada coberta da tropa ou, se possível, em

uma área separada. Tal medida facilitará a rendição do serviço.

c) Bar e cantina

A tropa poderá utilizar as facilidades de bar e cantina de bordo de acordo com

as normas do navio. É expressamente proibido o embarque de bebidas

alcoólicas de qualquer espécie.

d) Barbearia

A tropa deverá embarcar o número de barbeiros que julgar conveniente para

atender ao seu pessoal. O local do navio a ser utilizado como barbearia deverá

ser do conhecimento da Tropa.

e) Colete salva-vidas

Cada elemento da tropa, ao embarcar, receberá um colete salva-vidas, o qual

ficará junto ao seu beliche e sob a sua responsabilidade.

Page 248: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-8 - ORIGINAL

Figura 19.5 - Colete salva-vidas

Procedimentos inadequados, tais como a utilização sob a forma de travesseiros

ou almofadas, prejudicam as condições de flutuabilidade desse importante item

de segurança.

f) Detalhe de serviço

Militares da tropa serão escalados para os diversos serviços a bordo logo após

o embarque. Existem detalhes de serviço para o navio no mar e o navio no

porto.

g) Disciplina

O pessoal da tropa, enquanto embarcado, ficará sujeito às disposições

regulamentares concernentes ao serviço e à disciplina do navio. As penas

disciplinares ao pessoal da tropa serão impostas, a priori, pelo Comandante do

navio.

h) Cartão de embarque

Cada FN deverá portar dois cartões de embarque. Um a ser entregue ao

embarcar e outro para ficar em seu poder.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-9 - ORIGINAL

Fig 19.6 - Cartão de embarque

i) Fonoclama

Todas as ordens de caráter geral, destinadas ao pessoal da tropa, serão

anunciadas pelo fonoclama, precedidas da expressão “PARA TROPA” ou “DA

TROPA”.

j) Formatura e postos

Os locais para a formatura e guarnecimento dos postos de abandono, colisão e

incêndio serão previamente determinados e constarão do cartão de embarque.

k) Fumo

Não é permitido fumar nas cobertas, banheiros e sanitários durante as fainas de

emergência e quando em postos de vôo e transferências de combustíveis. Só é

permitido fazê-lo nos conveses e compartimentos abertos onde não existem

substâncias inflamáveis. Os militares deverão ficar atentos às ordens emitidas

pelo fonoclama quanto às normas para fumantes.

l) Inspeção

O navio possui rotinas de inspeções. Ao toque de INSPEÇÃO os elementos da

tropa deverão se dirigir às cobertas e permanecer ao lado de seus respectivos

beliches, a exceção daqueles com incumbências fixas, que deverão se dirigir

para seus locais de trabalho. Os oficiais da tropa inspecionarão os setores sob

suas responsabilidades. O pessoal de serviço no horário deverá permanecer em

seu posto.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-10 - ORIGINAL

m) Lavanderia

O serviço de lavanderia deverá ser do conhecimento da tropa. A tropa

fornecerá pessoal para esse serviço enquanto permanecer a bordo.

n) Licenciamento e regresso

Os horários de licenciamento e regresso para bordo serão determinados pelo

Comandante do navio. Os integrantes da tropa só deverão baixar terra com o

conhecimento dos horários de regresso.

o) Navegação às escuras

Em certas situações poderá ser determinado ao navio navegar às escuras.

Nessas ocasiões é proibido exibir luzes de qualquer espécie, inclusive as de

cigarros acesos, "flash" de câmeras fotográficas, bem como abrir vigias e

portas que não disponham de dispositivos de apagamento automático de luzes.

p) Parada

O Imediato da tropa deverá comparecer à Parada, onde receberá as ordens de

interesse da tropa.

q) Plano do dia

Caberá ao Imediato da tropa solicitar a publicação de matérias de interesse da

tropa para o Plano do Dia do Navio.

r) Quadro de avisos

Sempre que possível haverá um quadro de avisos para divulgação de matérias

de interesse da tropa.

s) Rancho

A rotina do navio estabelecerá os horários de rancho para a tropa. O tempo de

permanência dos militares na coberta de rancho deve ser o menor possível em

função do espaço a bordo.

t) Recreação

A rotina do navio prevê horários de recreação e as atividades que podem ser

realizadas. É proibido o uso de baralho e apostas a dinheiro.

u) Secretaria da tropa

Normalmente existe um compartimento que é destinado ao serviço de

secretaria da tropa. Os expedientes referentes à tropa deverão convergir para

esse local. Destina-se ao serviço do Oficial de Pessoal, o Sargenteante Geral da

Tropa, escreventes e outros auxiliares.

Page 251: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 19-11 - ORIGINAL

O Sargenteante Geral da Tropa embarcada executará, dentre outras, as

seguintes tarefas na secretaria:

- controle de efetivos;

- confecção do detalhe de serviço;

- expedição de documentos administrativos;

- controle de baixados; e

- controle dos cartões de embarque.

v) Serviço de saúde

O serviço de saúde é exercido na enfermaria do navio. A tropa poderá

comparecer às revistas médicas nos horários de rotina ou em qualquer horário

nas situações de emergência. Os médicos e os enfermeiros da tropa

suplementam o pessoal de saúde do navio.

x) Trânsito a bordo

O trânsito a bordo dos navios é regido pelas seguintes normas gerais:

- no sentido da proa à popa, por bombordo (BB); e

- no sentido da popa à proa, por boreste (BE).

As setas indicativas nas anteparas e escadas devem ser obedecidas.

y) Escoteria

É o local destinado à guarda da munição, dos armamentos portáteis e de porte

da tropa. Existe o serviço de escoteria. O material deve ser recolhido logo após

o embarque da tropa.

z) Uniformes

Deverão ser levados para bordo todos os uniformes previstos para a viagem.

Nas comissões em que está prevista a estadia do navio em portos, normalmente

usa-se uniformes do grupo branco.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-1 - ORIGINAL

CAPÍTULO 20

HINOS E CANÇÕES

20.1 - HINO NACIONAL

LETRA: JOAQUIM OSÓRIO DUQUE ESTRADA

MÚSICA: FRANCISCO MANUEL DA SILVA

Ouviram do Ipiranga às margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte Em teu seio, oh liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Oh pátria amada, Idolatrada, Salve! salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Oh pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, oh Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra mais garrida Teus risonhos, lindos campos têm mais flores, “Nossos bosques têm mais vida”, “Nossa vida” no teu seio “mais amores”! Oh pátria amada, Idolatrada, Salve! salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro desta flâmula - Paz no futuro e glória no passado. Mas se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Oh pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil!

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-2 - ORIGINAL

20.2 - HINO À BANDEIRA NACIONAL

LETRA: OLAVO BILAC MÚSICA: FRANCISCO BRAGA Salve, lindo pendão da Esperança! Salve, símbolo augusto da paz! Tua nobre presença a lembrança A grandeza da pátria nos traz. Em teu seio formoso retratas Este céu de puríssimo azul, A verdura sem par destas matas, E o esplendor do Cruzeiro do Sul... Contemplando o teu vulto sagrado, Compreendemos o nosso dever; E o Brasil, por seus filhos amado, Poderoso e feliz há de ser. Sobre a imensa Nação Brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira sempre, sagrada bandeira, Pavilhão da justiça e do Amor!. ESTRIBILHO Recebe o afeto que se encerra. Em nosso peito varonil Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil!

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-3 - ORIGINAL

20.3 - HINO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

LETRA: EVARISTO DA VEIGA MÚSICA: D. PEDRO I

I Já podeis, da Pátria filhos, Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No Horizonte do Brasil Já raiou a liberdade Já raiou a liberdade No Horizonte do Brasil. ESTRIBILHO Brava gente brasileira! Longe vá, temor servil Ou ficar a Pátria livre Ou morrer pelo Brasil: Ou ficar a Pátria livre Ou morrer pelo Brasil:

II Os grilhões que nos forjava Da perfídia astuto ardil... Houve mão mais poderosa... Zombou dêles o Brasil Houve mão mais poderosa Houve mão mais poderosa Zombou dêles o Brasil. ESTRIBILHO

Brava gente brasileira! etc.

III Não temais ímpias falanges Que apresentam face hostil: Vossos peitos, vossos braços. São muralhas do Brasil Vossos peitos, vossos braços Vossos peitos, vossos braços São muralhas do Brasil. ESTRIBILHO Brava gente brasileira! etc.

IV Parabéns, O! brasileiros! Já, com garbo varonil, Do Universo entre as nações Resplandece a do Brasil Do Universo entre as nações Do Universo entre as nações Resplandece a do Brasil. ESTRIBILHO Brava gente brasileira! etc.

Page 255: Cgcfn 1003 - manual basico do fuzileiro naval

OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-4 - ORIGINAL

20.4 - CANÇÃO DOS FUZILEIROS NAVAIS - "NA VANGUARDA" LETRA: PROF. JOÃO DE CAMARGO MÚSICA: TEN. LUIZ CANDIDO DA SILVEIRA Sentinela e falange aguerrida, Na vanguarda, empunhando o fuzil, BIS Pela Pátria é que damos a vida, Fuzileiros Navais do Brasil. Fuzileiros do mar e de terra, Defensores da grande Nação, BIS Vigilantes, na paz e na guerra, Na vanguarda, com as armas na mão. Na peleja, ao fragor da metralha, Na vanguarda, que é honra e dever, Fuzileiros, no ardor da batalha, Saberemos lutar e vencer... Na peleja, ao fragor da metralha, Na vanguarda, que é honra e dever, Saberemos no fim da batalha, Fuzileiros... Vencer ou morrer!

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-5 - ORIGINAL

20.5 - HINO AO FUZILEIRO NAVAL DO BRASIL - “REGIMENTO NAVAL”

LETRA E MÚSICA: THIERES CARDOSO Fuzileiro Naval do Brasil Garboso desfraldando esta Bandeira Com a glória do passado e do presente Orgulha a Nação Brasileira Fuzileiro Naval do Brasil Garboso desfraldando esta Bandeira Agita a Pátria inteira Com o brado varonil: Viva o Brasil Toda nossa vida é consagrada A esta terra, idolatrada E o nosso peito valoroso na trincheira Para a defesa desta Bandeira Toda a nossa vida é consagrada A esta terra, idolatrada E o nosso peito valoroso na trincheira Para defesa heróica Desta Bandeira

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-6 - ORIGINAL

20.6 - CANÇÃO DO MARINHEIRO - “CISNE BRANCO”

LETRA: ANTONIO MANOEL DO ESPÍRITO SANTO MÚSICA: BENEDITO XAVIER MACEDO Qual cisne branco que em noite de lua, Vai deslizando num lago azul, O meu navio também flutua Nos verdes mares de Norte a Sul, Linda galera, que em noite apagada, Vai navegando num mar imenso, Nos traz saudades da terra amada, Da Pátria minha em que tanto penso.

II Qual linda garça que aí vai cruzando os ares, Vai navegando Sob um belo céu de anil, A minha galera Também vai cruzando os mares, Os verdes mares Os mares verdes do Brasil.

III Quanta alegria nos traz a volta A nossa Pátria do coração Dada por finda nossa derrota, Temos cumprido nossa missão Linda galera, que em noite apagada Vai navegando no mar imenso, Nos traz saudades da terra amada Da Pátria minha em que tanto penso.

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-7 - ORIGINAL

20.7 - CANÇÃO SOLDADO DA LIBERDADE

LETRA E MÚSICA: LUIZ FELIPE MAGALHÃES Somos fortes, valentes guerreiros, Combatentes de armas na mão! Da Marinha, leais fuzileiros, Defensores do augusto pendão! Sentinelas de terra e dos mares Nossa vida é combate viril! Tendo em mente os heróis militares Que tombaram em prol do Brasil! Soldados da liberdade! Lutemos que o combate é nossa vida, Defendamos a integridade Da pátria brasileira estremecida! Fuzileiros de terra e do mar! Temos sempre em mira o canhão Pelo nobre ideal de lutar Para glória do auri-verde pavilhão! Desde os tempos remotos da história O Brasil canta os feitos navais, Para nós é orgulho, é glória, Sempre ouvimos na guerra ou na paz Quem são estes vibrantes guerreiros Estes homens valentes quem são? Da Marinha, leais fuzileiros, Combatentes de armas na mão!

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OSTENSIVO CGCFN-1003

OSTENSIVO - 20-8 - ORIGINAL

20.8 - CANÇÃO FIBRA DE HERÓI

LETRA E MÚSICA: GUERRA PEIXE Se a Pátria querida For envolvida Pelo perigo Na paz ou na guerra Defende a terra Contra o inimigo Com ânimo forte Se for preciso Enfrenta a morte Afronta se lava Com fibra de Herói De gente brava Bandeira do BRASIL, Ninguém te manchará, Teu povo varonil, Isso não consentirá Bandeira idolatrada, Altiva a tremular Onde a liberdade É mais uma estrela A brilhar.