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  • RIO DE JANEIRO, 2013

    CHEFOCOMO UM HACKER SE APODEROU

    DO SUBMUNDO BILIONRIO

    DO CRIME CIBERNTICO

    KEVIN POULSEN

    Editor snior da Wired.com

  • SUMRIO

    TIRAS E CARDERS!"#

    PRLOGO!#"

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  • SUMRIOviii

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    Christopher Aragon, tambm conhecido como Easylivin, Karma e Dude.

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    Script, vendedor de cartes de crdito ucraniano e fundador do CarderPla-

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    King Arthur, 4'".'*,%6(%\>,0L(%3,"*81(F%*%,*"%60.%.(^>*.%*-%A("#(.%(>10-

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    Maksik, o carder ucraniano Maksym Yastremski, que substituiu Script

    como o maior vendedor de dados de carto de crdito no submundo.

    Albert Gonzalez, tambm conhecido como Cumbajohnny e SoupNazi.

    Um administrador do Shadowcrew, o maior site de crimes na internet at

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    David Thomas, tambm conhecido como El Mariachi. Um velho golpista

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    de recolhimento de informao da inteligncia para o FBI.

    John Giannone, tambm conhecido como Zebra, Enhance, MarkRich e

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    com Chris Aragon na vida real.

    J. Keith Mularski, tambm conhecido como Mestre Splyntr, Pavel Ka-

    minski. O agente do FBI em Pittsburgh que assumiu o controle do Dark-

    Market em uma operao secreta de alto risco.

  • TIRAS E CARDERS#

    Greg Cabb, um inspetor dos correios dos Estados Unidos e mentor de Kei-

    th Mularski, que passou anos rastreando os ardilosos lderes internacio-

    nais do submundo.

    Brett Johnson, tambm conhecido como Gollumfun. Um dos fundadores

    do Shadowcrew, o qual se tornou um administrador do Carders Market.

    Tea, tambm conhecida como Alenka. Tsengeltsetseg Tsetsendelger, uma

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    tir de uma casa de segurana, em Orange County.

    JiLsi, Renukanth Subramaniam, o cidado britnico nascido no Sri Lanka

    que fundou o DarkMarket.

    Matrix001, Markus Kellerer, um administrador alemo do DarkMarket.

    Silo, Lloyd Liske, um hacker canadense que se transformou em um infor-

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    trabalhou como administrador do Carders Market.

  • PRLOGO

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    castanhos, formando um elegante rabo de cavalo. Ele entrou na loja e es-

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    de dois quarteires at sua casa de segurana.

    Ao seu redor, lojinhas e bancas de jornal acordavam sob o cu nublado,

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    surado por dias. Uma vez colocado o plano em ao, no haveria mais re-

    torno para casa. Nenhuma escapadinha para jantar fora. Nenhum encon-

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    Este era o dia que ele declarava guerra.

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    viera a esse conjunto de apartamentos durante meses, dando o seu melhor

    para se misturar com os estudantes de intercmbio, atrados pelos preos

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    ro. E ningum conhecia seu passado.

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    do pela obsesso por um momento de violncia que mudaria sua vida, e

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    presas americanas e de consumidores.

    E Iceman estava irritado.

    Durante meses, ele vasculhou comerciantes ao redor do pas, recolhen-

    do pilhas de nmeros de cartes de crditos que deviam valer centenas de

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    anos antes, os agentes do Servio Secreto tinham passado uma escavadei-

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    dendo os chefes sob a mira de uma arma e enviando os demais para sa-

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    temas de segurana, ao lado de federais e informantes. Foi uma confuso.

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    to andou at a porta do apartamento e entrou no calor opressivo do est-

    dio alugado. O calor era o maior problema da casa de segurana. Os ser-

    vidores e os laptops amontoados no local geravam um bafo que se espa-

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    janela como um rifle sniper.

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    dias, ele hackeou, com seus dedos movendo-se a velocidades sobrenatu-

    rais conforme ele violava as defesas dos sites, roubando seus contedos,

    logins, senhas e endereos de e-mail. Quando se cansou, apagou sobre a

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    com olhos turvos, ao seu trabalho.

    Para terminar, utilizou alguns comandos que limparam o banco de da-

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    Na Rssia e na Ucrnia, na Turquia e na Gr-Bretanha, e em aparta-

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    o anncio da primeira tomada hostil de poder do submundo. Alguns de-

    les mantiveram armas sob o travesseiro para proteger seus milhes rou-

    bados, mas no podiam se proteger disso. O FBI e os agentes do Servio

    Secreto, que tinham passado meses ou anos se infiltrando nos agora des-

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    Quem Iceman?

  • CHEFO

  • 1A Chave

    Assim que a picape subiu pelo meio-fio, os geeks agachados na cal-

    ada sabiam que haveria confuso. Malditos wavers!, gritou um

    dos caubis pela janela. Uma garrafa de cerveja voou da picape e

    bateu no asfalto. Os geeks, que saram do bar para conversar sem o baru-

    lho da msica, j tinham presenciado tudo isso antes. Em Boise, no ano de

    1988, ser visto em pblico sem uma grande fivela de cinto e um chapu de

    caubi era uma ofensa digna de garrafadas.

    Ento, um dos geeks fez algo que os caubis no esperavam: ele se le-

    vantou. Alto e de ombros largos, Max Butler criou uma figura um tanto

    imponente, realada por seu corte de cabelo, uma cabeleira punk-rock es-

    petada que o deixava 2,5 cm mais alto. Waver?, Max perguntou calma-

    mente, fingindo no entender a gria de Boise para os fs de msica New

    Wave e para outros malucos. O que isso? Os dois caubis gritaram e

    xingaram, e, por fim, foram embora cantando os pneus.

    Desde que se conheceram no colegial, Max se tornara o segurana

    no oficial do grupo de geeks em Meridian, Idaho, uma cidade dormi-

    trio na poca separada de Boise por 12 km de fazendas mal distribu-

    das. Os fundadores da cidade a tinham chamado de Meridian um scu-

    lo antes, graas sua localizao exata no Meridiano de Boise, uma das

    37 linhas invisveis no sentido norte-sul que formam os eixos Y no siste-

    ma americano de registro de terras. Mas isso era provavelmente a nica

    coisa geek sobre a cidade, onde o time de rodeio do colegial pegava to-

    das as garotas.

  • CHEFO2

    Os pais de Max casaram cedo e se mudaram de Phoenix para Idaho

    quando ele era criana. Em alguns aspectos, Max trazia as melhores qua-

    lidades dos pais: Robert Butler era um veterano do Vietn e fascinado por

    tecnologia, e, alm disso, gerenciava uma loja de computadores em Boi-

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    e pacfica, ela gostava de relaxar assistindo ao Weather Channel e a do-

    cumentrios sobre natureza. Max herdou os valores de vida saudvel de

    sua me, abstendo-se de carne vermelha, cigarros, lcool e drogas, exce-

    to por um experimento malsucedido com tabaco mastigvel. De seu pai,

    Max herdou uma profunda paixo por computadores. Ele cresceu cerca-

    do por mquinas exticas, desde os gigantes computadores para empre-

    sas, os quais tinham o dobro do tamanho de uma mesa de escritrio, aos

    primeiros computadores portteis, da IBM, do tamanho de uma mala.

    Max podia brincar com eles livremente. Ele comeou a programar em BA-

    SIC quando tinha oito anos.

    Mas Max perdeu seu cho no momento em que seus pais se separaram

    quando ele tinha catorze anos. Seu pai se afundou em Boise, enquanto

    Max vivia em Meridian com sua me e com sua irm mais nova, Lisa. O

    divrcio acabou com o adolescente e pareceu reduzi-lo a dois estados:

    relaxado e completamente insano de tdio. Quando seu lado manaco

    aflorava, o mundo era lento demais para acompanh-lo; seu crebro movia-

    se velocidade da luz e se concentrava como um raio laser em qualquer

    que fosse a tarefa sua frente. Aps tirar a carteira de motorista, ele dirigia

    seu Nissan prata como se o acelerador fosse um boto de liga e desliga,

    correndo entre cada placa de pare, usando culos de laboratrio como um

    cientista maluco conduzindo um experimento sobre a fsica de Newton.

    Enquanto Max protegia seus amigos, eles tentavam proteger Max de

    si mesmo. Seu melhor amigo, uma criana genial chamada Tim Spencer,

    achava o mundo de Max emocionante, mas estava constantemente

    controlando a impetuosidade do amigo. Um dia, ele saiu de casa e encontrou

    Max parado sobre um gramado em chamas, as quais apresentavam um

    padro geomtrico elaborado. Max tinha encontrado um galo de gasolina

    ali perto. Max, esta nossa casa!, Tim gritou. Max cuspiu desculpas

    enquanto os dois tentavam apagar as chamas com os ps.

  • A CHAVE 3

    . . .

    Foi por causa do lado impulsivo de Max que seus amigos decidiram no

    contar a ele sobre a chave.

    Os geeks de Meridian tinham encontrado o chaveiro em uma mesa

    destrancada no fundo do laboratrio de qumica. Por um tempo, eles

    apenas o observavam entre o vo da gaveta da mesa quando o professor

    do laboratrio no estava, para ver se o objeto ainda estava l. At que

    eles o roubaram, levando-o do laboratrio, e comearam a testar as chaves

    discretamente em vrias fechaduras do Meridian High. Foi assim que

    descobriram ser uma delas a chave-mestra de toda a escola; ela abria a

    porta da frente e todas aquelas que vinham atrs.

    Fizeram quatro cpias, uma para cada um: Tim, Seth, Luke e John.

    O chaveiro foi devolvido para a escurido da mesa do laboratrio, aps

    ter sido cuidadosamente limpo a fim de retirar as impresses digitais.

    Todos concordaram que Max no deveria saber de nada. A chave-mestra

    do colgio um talism muito especial, que deve ser manuseado com

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  • CHEFO4

    A primeira gerao a desfrutar a era da computao domstica estava

    saboreando o poder com a ponta dos dedos, e o Phrack foi um choque

    de informao subversiva de um mundo muito alm das fronteiras

    adormecidas de Meridian. Um exemplar tpico trazia tutoriais sobre redes

    de comutao de pacotes como Telenet e Tymnet, guias para computadores

    de empresas telefnicas como COSMOS, alm de imagens em grande escala

    de dentro de sistemas operacionais que faziam funcionar mainframes e

    minicomputadores em salas com ar-condicionado ao redor do globo.

    O Phrack tambm rastreava assiduamente relatrios na fronteira da

    guerra entre hackers e seus oponentes para aplicao das leis estaduais

    e federais, as quais apenas comeavam a conhecer os desafios impostos

    pelos hackers de fim de semana. Em julho de 1989, um universitrio de

    Cornell chamado Robert T. Morris Jr. foi enquadrado em uma nova lei

    federal sobre crimes da informtica aps ter lanado o primeiro worm

    3&$ )6'"-6"'$ 8$ .4$ ?@-.!$ A."$ !"$ "!/&(2,.$ /,-$ !")!$ 4)($ 7,4/.'&3,-"!>$

    entupindo a banda da rede e fazendo sistemas pararem. No mesmo ano,

    na Califrnia, um jovem Kevin Mitnick era preso pela segunda vez por

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  • A CHAVE 5

    Max e John entraram na escola na mesma noite e foram loucura. Um

    deles ou ambos rabiscaram mensagens nas paredes, apertaram os extinto-

    res de incndio nos corredores e saquearam o armrio trancado no labora-

    trio de qumica. Max pegou diversos tipos de produtos qumicos e os co-

    locou no banco de trs de seu carro.

    O telefone de Seth tocou logo cedo na manh seguinte. Era Max; ele

    tinha deixado um presente para Seth no jardim de frente da sua casa.

    Seth saiu e encontrou as garrafas com produtos qumicos empilhadas em

    seu gramado. Em pnico, ele as recolheu e as levou para os fundos, onde

    pegou uma p e comeou a cavar um buraco.

    Sua me tambm saiu e pegou Seth no ato, enterrando a evidncia.

    Voc sabe que agora eu preciso contar para a escola, certo?, ela disse.

    Seth foi levado sala do diretor e interrogado, mas se recusou a entregar

    Max. Um a um, os demais geeks da Meridian High foram arrastados pelo

    segurana uniformizado da escola para serem questionados, alguns at

    algemados. Quando foi a vez de John, ele entregou todo mundo. A escola

    chamou a polcia, que encontrou uma mancha amarela de iodo na traseira

    do Nissan de Max.

    O roubo de produtos qumicos foi levado muito a srio em Meridian.

    Max foi expulso da escola e processado como menor de idade. Ele

    assumiu a culpa por dano a propriedade e roubo, passando duas semanas

    em uma unidade de tratamento para avaliao psiquitrica, onde foi

    diagnosticado pela equipe mdica como bipolar. Sua sentena final foi

    liberdade condicional. Sua me o mandou para Boise a fim de que ele

    morasse com o pai e frequentasse a Bishop Kelly, nica escola catlica de

    ensino mdio no estado.

    A primeira condenao de Max foi pequena. Mas a impulsividade e

    a maldade corriam na personalidade de Max. E ele estava destinado a

    possuir vrias outras chaves-mestras.