científicas nos periódicos diamantinenses nas primeiras ... · 1 “Cousas da Sciencia”:...

17
“Cousas da Sciencia”: Circulação de conhecimentos de higiene e práticas científicas nos periódicos diamantinenses nas primeiras décadas do século XX. Ramon Feliphe Souza 1 Resumo O objetivo do artigo é descrever e analisar como na cidade de Diamantina, no estado de Minas Gerais, noções sobre conhecimentos úteisem medicina e saúde foram veiculadas pelos jornais locais nas primeiras décadas do século XX. Pretendemos analisar o conteúdo vinculado nos periódicos O Municipio e A Idéa Nova, que representavam respectivamente a Câmara Municipal e um grupo partidário local e entender, em que medida, os mesmos estavam em consonância com as discussões sobre ciência, higiene e saúde na capital federal e nas principais cidades brasileiras. Outro aspecto enfatizado no artigo é observar o diálogo das elites locais com os grandes centros urbanos, procurando discutir as interpretações sobre regiões interioranas que, de modo geral, tendem a ser percebidas apenas sobre a dicotomia: litoral/sertão. Palavras-chave: Ciência; Higiene; Saúde; Diamantina. República: A questão nacional Nas primeiras décadas do século XX, a consolidação da identidade brasileira partia do ensejo de integrar o Brasil ao hall dos países “civilizados”. Nesse contexto, a postura assumida pelo poder público ao tornar a saúde sob sua responsabilidade, marca um processo através do qual a mesma se constituiu como um dos elementos chaves no processo de construção de uma ideologia da nacionalidade brasileira (CASTRO SANTOS, 2004). E, nessa busca por civilizar-se, no país, desenvolve-se um cosmopolitismo, o qual pode ser identificado como uma civilização de empréstimo, a cópia da fachada, da aparência, principalmente do modelo francês. Processo que André Campos (1986) 1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da COC/FIOCRUZ. Pesquisa desenvolvida com o apoio da CAPES.

Transcript of científicas nos periódicos diamantinenses nas primeiras ... · 1 “Cousas da Sciencia”:...

1

“Cousas da Sciencia”: Circulação de conhecimentos de higiene e práticas

científicas nos periódicos diamantinenses nas primeiras décadas do século XX.

Ramon Feliphe Souza1

Resumo

O objetivo do artigo é descrever e analisar como na cidade de Diamantina, no estado de

Minas Gerais, noções sobre “conhecimentos úteis” em medicina e saúde foram

veiculadas pelos jornais locais nas primeiras décadas do século XX. Pretendemos

analisar o conteúdo vinculado nos periódicos O Municipio e A Idéa Nova, que

representavam respectivamente a Câmara Municipal e um grupo partidário local e

entender, em que medida, os mesmos estavam em consonância com as discussões sobre

ciência, higiene e saúde na capital federal e nas principais cidades brasileiras. Outro

aspecto enfatizado no artigo é observar o diálogo das elites locais com os grandes

centros urbanos, procurando discutir as interpretações sobre regiões interioranas que, de

modo geral, tendem a ser percebidas apenas sobre a dicotomia: litoral/sertão.

Palavras-chave: Ciência; Higiene; Saúde; Diamantina.

República: A questão nacional

Nas primeiras décadas do século XX, a consolidação da identidade brasileira

partia do ensejo de integrar o Brasil ao hall dos países “civilizados”. Nesse contexto, a

postura assumida pelo poder público ao tornar a saúde sob sua responsabilidade, marca

um processo através do qual a mesma se constituiu como um dos elementos chaves no

processo de construção de uma ideologia da nacionalidade brasileira (CASTRO

SANTOS, 2004).

E, nessa busca por civilizar-se, no país, desenvolve-se um cosmopolitismo, o

qual pode ser identificado como uma civilização de empréstimo, a cópia da fachada, da

aparência, principalmente do modelo francês. Processo que André Campos (1986)

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da COC/FIOCRUZ.

Pesquisa desenvolvida com o apoio da CAPES.

2

considera como a importação, por parte das elites brasileiras, de hábitos, costumes e

ideais da “Belle Époque” parisiense. No referido período, o Brasil se constituía

enquanto um “satélite espiritual da França” (FARIA, 2007).

Portanto, de modo geral, as ideias políticas, sociais e econômicas de origem

francesas, orientaram os fundadores da nossa república – ou pelo menos a maioria

deles2. Entretanto, sobretudo a partir dos anos de 1910, uma perspectiva nacionalista

toma conta dos discursos sobre Brasil, e, nesse sentido, gradativamente, passa-se a se

enxergar um país não mais sobre a ótica europeia, embora a orientação a um ideal de

civilização permanecesse.

Esse movimento nacionalista – que se manifestou em diversos segmentos da

sociedade, com ênfase na literatura – mesmo que em diferentes contextos, trouxe à tona

características de brasis que até então estavam para serem descobertos. O Sertão, sua

improdutividade, o sertanejo, a miséria, a vida no interior, representam temas que

estiveram no centro das análises de autores como Alberto Torres, Euclides da Cunha e

Monteiro Lobato (CARVALHO, 2008; FARIA, 2007& HOCHMAN, 1998).

A preocupação com a interiorização do país, bem como com seus habitantes até

então pouco conhecidos quando não estereotipados, ganhou fôlego, uma vez que esses –

os sertões e suas populações – foram identificados como entraves à civilização que

pretendiam traçar para o país3. Assim, a projeção de uma nova identidade só se tornaria

possível mediante maior atenção do Estado e das elites nacionais aos sertões, portanto,

tornara se preciso redescobrir o Brasil, seu território, sua gente.

É importante destacar que, nessa lógica, sertão, constituiu-se não apenas como

um conceito geográfico, mas como uma categoria social e, nesse caso, representativo de

uma sociedade doente, incivilizada, ou seja, que ia contra os costumes do

cosmopolitismo europeu que prevalecia nos grandes centros brasileiros, especialmente

no litoral. Portanto, neste trabalho, sertão não é entendido como o interior, marcado

pela distância geográfica dos grandes centros, mas constituía-se, para o caso brasileiro,

2 Sobre essa discussão cf.: Faria, 2007. 3 Evidentemente esse processo se constituiu de forma gradual e complexa, haja vista que, conforme

destaca Maria Yedda L. Linhares (1990), embora a República tivesse consolidado o Estado, não alargou e

democratizou suas bases como nação.

3

como a condição de atraso, um modelo do que não se deveria ser, ao passo que,

paradoxalmente, também era associado com o espaço do futuro, do progresso – a região

problema4. Inclusive áreas da própria capital federal, Rio de Janeiro, eram entendidas

como sertão, tal qual como demonstra o trecho do discurso de Afrânio Peixoto em

homenagem ao médico Miguel Pereira, no qual enfatizou que não apenas nos rincões do

Brasil haveria sertões, mas no próprio Distrito Federal, aliás, “os sertões do Brasil

começavam no fim da Avenida Central (hoje Rio Branco)” (HOCHMAN, 2009).

Tamara Rangel Vieira (2012), bem como Janaina Amado (1995), ao tratarem

sobre a noção5 de sertão consideram que entendimento sobre o mesmo não possui uma

caracterização espacial precisa, especialmente pelo fato de muitas e diversificadas áreas

brasileiras terem sido, ao longo dos séculos, identificas como sertão. Porém, no intuito

de tornar mais específica nossa percepção sobre o mesmo, corroboramos com a

abordagem de Gilberto Hochman (2009) que entende que a localização espacial dos

sertões dependia do binômio abandono e doença, onde os houvesse, ali seria sertão.

É nesse contexto que se fortalece a denúncia de abandono do interior do país e a

máxima de um Brasil que não se enquadrasse apenas no “cidadão da metrópole, mas

também no sertanejo, vaqueiro, seringueiro” e etc. (HOCHMAN, 2009: p. 324). Essa

discussão possibilitou que, gradativamente, com as contribuições de intelectuais,

políticos, profissionais e todos os seguimentos imbuídos da perspectiva de construção

de uma consciência nacionalista, as explicações racialistas6 e determinantes raciais, que

em um primeiro momento, foram a matriz de explicações para o atraso do país caíssem

no limbo. Ao passo que a lógica para a explicação do atraso e “decadência física e

moral do brasileiro”, paulatinamente, passou a ser atribuída a elementos como “à

subnutrição, à ignorância, à pobreza, à herança escravista, entre outros fatores” (FARIA,

2007: p. 52).

4 Região delimitada política e administrativamente com fins de planejamento e interesses estatais –

porém, nem sempre públicos. Servilha, 2012. 5 Segundo José D’Assunção Barros (2011), “noções” são “quase conceitos”, em linhas gerais, são

resultados de uma descoberta progressiva, de experiências, de investimentos criativos de um ou mais

autores que, por enquanto, não estão delimitadas como um “conceito”. 6Sobre essa discussão cf.: Faria, 2007.

4

Nessa perspectiva, destacamos o papel desempenhado por médicos e cientistas

vinculados aos serviços sanitários e, no final da década de 1910, pelo movimento em

prol do saneamento dos sertões no processo de interiorização da saúde no país. Do qual

uma figura de expressão foi Belisario Penna sanitarista, ligado ao Instituto Oswaldo

Cruz7, que esteve entre os personagens centrais na formação de correntes de

pensamento em favor do saneamento dos interiores e de uma ação estatal mais

centralizada em prol da saúde. Uma de suas obras de maior relevância - Saneamento do

Brasil8 - diagnosticava um país atrasado onde “80% da população [...] era analfabeta, e

uma grande parte afetada por endemias” (PENNA apud FARIA 2007: p.57). Em

discurso proferido em 1918, Penna referindo-se ao seu estado de nascimento, Minas

Gerais, afirma que era um dos estados mais ricos do país, especialmente por suas terras

produtivas, porém era mal administrado. Além disso, Penna também comparava o

estado de Minas a uma “fazenda mal administrada” onde os governantes não se

atentavam a “conservar o homem do campo, mantê-lo forte e produtivo, ao contrário,

deixavam-no ignorante, definhando-se nas doenças” (CARVALHO, 2008: p.15).

No bojo destas discussões, uma das formas de ação utilizadas para sanar esses

espaços atrasados e suas populações, uma vez que poderiam comprometer a imagem

civilizada que pretendiam consagrar para o país (CAMPOS, 1986: p.6), foi à educação

sanitária, a qual teve nos jornais um espaço privilegiado para, por meio de suas

propagandas ou artigos, divulgar noções e preceitos da “higiene moderna”.

Lorelai Kury (2011) ao analisar um jornal da cidade do Rio de Janeiro, chama

atenção para o papel dos periódicos no que tange a difusão de “conhecimentos úteis”.

Sobre a noção de “ciência útil”, a autora enfatiza que se trata da busca por equilibrar

gastos, poupar tempo, aumentar a produtividade e entre outras questões, tudo isso, por

intermédio de preceitos da ciência. Não obstante, os periódicos diamantinenses que

pretendemos analisar não estavam à parte, uma vez que observamos que

7 Primeiramente denominado Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos, criando em 1900,

considerado no período, o centro brasileiro de medicina sanitária, cuja influência intelectual era

predominantemente europeia. Inicialmente, os esforços do Instituto se voltaram para o combate da

epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro em 1903, quando o prefeito Rodrigues Alves nomeou

Oswaldo Cruz Diretor Geral de Saúde Pública. Do ponto de vista científico, essa foi uma fase muito

positiva para a consolidação da medicina sanitária no Brasil. Carvalho, 2008. 8 Sobre essa discussão cf.: Faria, 2007

5

compartilhavam da crença de que era possível “ensinar, admoestar gestos e condutas a

partir da leitura de textos” (KURY, 2011: p. 116).

Assim, procederemos a esse texto observando a atuação da imprensa na cidade

de Diamantina, no estado de Minas Gerais, procurando identificar de que forma o

conteúdo vinculado em periódicos locais estavam em consonância com as discussões

supracitadas. Dessa forma, corroborando, em alguma medida, com a perspectiva de

educar e curar o povo do sertão mineiro, a fim de corrigir o descompasso que uma

região doente e incivilizada representava diante do processo de modernização da nação.

Diamantina, Sertão Norte Mineiro

A cidade de Diamantina é um espaço importante a ser estudado, pois, desde seu

início, foi centro político e teve grande importância no processo de formação das

regiões que, atualmente, correspondem ao Norte/Nordeste de Minas e Vale do

Jequitinhonha – nomenclatura adotada em meados do século XX9. Nesse espaço, a

imprensa possuía uma forte tradição, considerando que desde 1828 circulavam

publicações, constituindo-se enquanto o terceiro local de Minas Gerais a instalar a

“gloriosa filha de Guttenberg”10.

Enquanto Arraial do Tijuco, num processo que teve início nos anos finais do

século XVII estendendo-se até meados do século XVIII, tornou-se sede administrativa

da área mineradora, na qual se realizavam a prospecção de ouro e diamantes. Porém,

findo os anos áureos da mineração, a cidade, bem como toda a região circunvizinha

emergiu numa espécie de “esquecimento”. Em um primeiro momento, o declínio da

atividade mineradora pode ser explicado pelo esgotamento das jazidas de ouro e,

posteriormente, a queda nos preços dos diamantes devido à saturação do mercado

mundial após a abertura de minas diamantíferas na África do Sul (MAGNANI, 2004).

9 Somente no final da década de 1960 e início da década de 1970, com o desenvolvimento de estudos de

economia regional, a Fundação João Pinheiro, em 1973, apresenta uma nova regionalização do estado de

Minas Gerais, que aponta o termo Vale do Jequitinhonha como denominação de uma das regiões de

Minas Gerais, para fins de planejamento. 10A Idéa Nova, 04 de Abril de 1909, p.1.

6

Tal processo/discurso de isolamento, por sua vez, pode ser entendido enquanto

resultado de estudos que negligenciam aspectos importantes para entenderemos à

historicidade e a dinâmica de construção simbólica da referida região11. Partir do

pressuposto de construção significa entender que a referida região, que atualmente é

denominada de Vale Jequitinhonha, não existe desde sempre, antes, emerge num

determinado contexto histórico, no qual o Estado brasileiro se preocupava com a

unidade e identidade nacional, a qual fosse moderna. Daí a importância de se retomar e

reinterpretar fatores que se desenrolaram após o período minerador, os quais, de modo

geral, são temas pouco frequentados pela produção acadêmica nos campos da história.

Haja vista que elementos importantes para entendermos a formação e história da

referida região são suplantados e a história local permanece submetida à sombra da

mineração.

Desse modo, enquanto, em um primeiro momento, pareçam esgotar-se as

perspectivas interpretativas da formação social do Vale do Jequitinhonha e,

especificamente da cidade de Diamantina, a título de elucidação, podemos mencionar

outras abordagens, tais quais como: o desenvolvimento de outras atividades para além

da mineração, como a produção de algodão e a indústria têxtil12 e aspectos relacionados

à saúde e circulação de preceitos científicos.

Não é nosso objetivo nesse texto a realização de uma história regional. Mas

consideramos que inferir sobre esses aspectos nos permite entender que a dicotomia

sertão/litoral, comumente reforçada nos estudos acerca do pensamento social brasileiro,

é demasiado simplista para entender todo o processo de formação de regiões como, por

exemplo, o Vale do Jequitinhonha. Pois, consideramos às interpretações que

historicamente vêm representando a referida região sobre os estigmas de atraso, pobreza

11 Se a primeira vista, como enfatiza Albuquerque Júnior (2011), as palavras construção/invenção pode

causar um estranhamento, cabe esclarecermos que sua intenção é apontar a dimensão ideológica dos

elementos construídos historicamente. 12 Sobre o algodão, embora fosse de boa qualidade, sobretudo o da região de Minas Novas - que chegou a

ser exportado para a Inglaterra - “a distância do litoral em relação ao local de produção, aliada à

dificuldade e ao custo relativamente alto dos transportes, inviabilizaram a continuação de sua exportação”

(FERNANDES, 2005: p. 58).

7

e miséria, enquanto resultado contíguo da falta de estudos sobre a mesma, fazendo com

que sejam atenuados elementos importantes de sua própria história.

Vieira (2012), ao tratar sobre Goiás, demonstra que esse estado passou por um

processo semelhante, no qual, após o declino das atividades mineradoras, ainda no

século XVIII, a região se viu envolta ao que a autora apresenta como “paradigma da

decadência”. Assim, continua a autora, elementos sobre a dinâmica da referida região

foram, de certa forma, postos à parte, como, por exemplo, as atividades agrícolas.

Portanto, enfatiza Vieira (2012), é demasiado complexo associar a história de Goiás

apenas ao aspecto da mineração, uma vez que essa perspectiva fortalece a ideia de que

não só a região, mas também a população goiana entrou em um processo de decadência,

pois pouco se fala sobre o depois, sobre, por exemplo, os anseios e as dinâmicas locais.

Essa perspectiva se aproxima do que temos observado para o sertão mineiro. Ao

tratar sobre esse aspecto, Matheus Servilha (2012) enfatiza que, após o auge da

mineração, a referida região se viu envolta em um processo/discurso de isolamento. O

que, nesse texto, entendemos como “mito do isolamento”. Porém,

Como pensar uma região sem história por quase um século e meio,

estagnada e fechada em si mesmo? Nesse período não ocorreram

transformações, não houve momentos de maior ou menor contato com

regiões vizinhas? O Vale viva autarquicamente? Não necessitava

comprar nada, não dispunha de produtos para comercializar?

(RIBEIRO, 2008, apud SERVILHA, 2012: p.30).

É indagando sobre esse processo que procederemos ao texto buscando apontar

como, no início do século XX, os jornais da cidade de Diamantina estavam em

consonância com as discussões sobre higiene e saúde na capital federal. Partir dessa

perspectiva significa que consideramos que a referida região existia e ensejava ser

moderna, salubre, ou seja, tal qual como já salientamos ao tratar sobre o contexto da

Belle Époque, as elites diamantinenses pretendiam também compor a imagem civilizada

que estava em discussão nos primeiros anos republicanos. Ademais, é importante

ressaltar esse aspecto, uma vez que rompe com a noção de que as ideias de

modernização viam apenas do alto, ou seja, das regiões centrais para as periféricas, do

litoral para os sertões. Minimizando o papel desses últimos enquanto sujeitos de suas

8

próprias histórias. Ao passo que, ao contrário dessa perspectiva, ocorria por parte do

sertão diamantinense certa “vontade de civilização” 13.

Imprensa Diamantinense e o processo civilizatório

Assis do Carmo Pereira Junior (2014) evidencia que nos anos finais do século

XIX, na cidade de Diamantina circularam 45 títulos de jornais. Especificamente sobre o

período que pretendemos analisar, primeiras décadas do século XX, estimamos que na

cidade foram publicados cerca de 22 periódicos, isso considerando a relação de Jornais

da Biblioteca Antônio Torres (BAT)14.

Diante do exposto, podemos inferir acerca da influência dos jornais na região

Norte de Minas – pois, como salientamos, foi Diamantina o terceiro lugar de Minas

Gerais a ter publicações seriadas locais. Segundo dados coletados por Souza (1993), na

década de 1900, a população diamantinense chegava a 31.048 almas. Obviamente, nem

todos estes habitantes eram alfabetizados, mas podemos, em alguma medida, refletir

sobre o alcance da imprensa no período que investigamos se consideramos, por

exemplo, que a leitura poderia ser individual ou coletiva, pois um letrado, por exemplo,

poderia ler um determinado texto para os nãos letrados (BARROS, 2011).

A cidade constituía-se enquanto ponto de referência, portanto, modelo a toda

uma região. Em sua tese, ao tratar, especificamente sobre a imprensa diamantinense,

Goodwin Jr (2007) considera que a mesma incorporou a preocupação com o progresso,

na medida em que, procurava delinear e reclamar as características, os sinais e a

ausência do mesmo. Dessa forma, em Diamantina, a imprensa constituía-se como a

tribuna na qual as elites letradas, políticas e econômicas propagavam ideais de

progresso15.

Nesse sentindo, em acordo com a perspectiva supracitada, Venâncio (2013)

enfatiza que num momento de forte crença nos ideais de progresso, capacidade da

ciência e modernização, ganharam destaques na sociedade, publicações de caráter

13 Sobre essa discussão cf.: Vieira, 2012. 14Criada em 1954, a Biblioteca Antônio Torres (BAT) é vinculada à 13ª Superintendência Regional do

IPHAN em Minas Gerais. Tem a finalidade de zelar e enriquecer o acervo bibliográfico do escritor

Antônio Torres e promover a propagação da cultura popular na região. A BAT possuí um acervo que

conta com 88 títulos de jornais, totalizando mais de 3.324. 15 Sobre essa discussão cf.: Goodwin Jr, 2007.

9

informativo que poderiam cumprir a função de instruir. Assim, podemos observar o

quanto a redação dos artigos presentes nos periódicos não eram neutras, bem como a

recepção e significação por parte dos leitores também não o era, uma vez que, de modo

geral, partia do ensejo de construir para Diamantina, sua população e região

circunvizinha, uma história de superação da condição de incivilizados.

Portanto, as marcas deixadas no papel podem nos ajudar na interpretação do tipo

de cidade que os “homens de imprensa” queriam imprimir na realidade local16. Desse

modo, procederemos este texto observando os jornais diamantinenses, sejam eles: O

Municipio e o A idea Nova. Seus redatores estavam imbuídos de um caráter

missionário17, seja ele o de educar as pessoas em sua vivência, no dia a dia, com dicas,

as quais, neste texto, daremos ênfase as relacionadas à higiene e, especialmente, as

práticas científicas.

O Municipio: Porta Voz da Cidade de Diamantina.

De acordo com Goodwin Jr (2007), o contato dos homens de imprensa

diamantinenses com a intelligentsia brasileira e internacional foi parcial e esporádico,

embora, segundo o autor, isso não os tenha impedido de perceber e compartilhar das

noções acerca do progresso, as quais eram compartilhadas, por exemplo, nos grandes

centros. Consideramos, dada às devidas proporções, que a abordagem do autor em

considerar tal contato como parcial e esporádico é generalizante, uma vez que

observamos que os principais atores envolvidos na redação dos jornais de diamantina

haviam se formado em instituições centrais e regressado à cidade, portanto, podemos

inferir que, em alguma medida, compartilhavam de assuntos e inquietações dos grandes

centros.

Dentre esses intelectuais, podemos mencionar o diamantinense José Augusto

Neves (1875-1955), esse que foi jornalista, escritor, professor e fundador do

Recolhimento dos Pobres do Pão de Santo Antônio, instituição de caridade da cidade de

Diamantina ainda em funcionamento. Concluíra seus estudos em Ouro Preto, quando

esta era a capital de Minas Gerais. Dentre suas publicações destaca-se Chorografia do

16 Ibidem. 17 Sobre essa discussão cf.: Lima, 2013.

10

Município de Diamantina. (NEVES, 1986). Foi um dos principais colaboradores do

periódico O Municipio.

Fundado em 1894, O Municipio era conhecido como Órgão Oficial do Governo

Municipal e possuía publicação semanal. Produzido de forma quase artesanal - prelos

mecânicos – possuía poucas imagens e se dava a existência por edilidade. Em seus

artigos, observamos as principais atividades políticas da cidade e seu entorno, bem

como informações sobre a então recente capital do estado, Belo Horizonte. Além disso,

notamos a preocupação de seus colaboradores/redatores em apresentar aos leitores

conhecimentos considerados úteis, como exemplo, hábitos de higiene, noções sobre o

corpo humano, exterminação de pragas e etc18.

Ao tratar sobre vícios, na edição de 10 de Novembro de 1900, recomenda-se aos

leitores que evitassem o consumo de bebidas alcoólicas, pois este era “a origem do mal

que apavora a humanidade” (O Municipio, 10/11/1900: p.3.). O álcool, na perspectiva

apresentada pelo jornal era o que abria o terreno para o mal maior, a tuberculose. O

periódico ainda acrescenta que a “hygiene moderna fornece as melhores armas para

combater-se o mal” e que “sábios espalham os jornaes por toda parte, tendente a deter a

carreira da moléstia”, bem como evitar seu contágio. Porém, todo este esforço seria

inútil se não ocorresse à extinção do alcoolismo e tantas outras “causas de

enfraquecimento physico, no nosso paiz (O Municipio, 10/11/1900: p.3.)”.

Com efeito, segundo O Municipio, o combate ao enfraquecimento físico deveria

começar nas escolas por meio de “gymnastica” o que proporcionaria força e estrutura

aos organismos das crianças. Por meio da “educação physica e pelos preservativos”

como “hygiene das ruas e das casas, dos alimentos e das vestes” se combateria o avanço

de doenças na região norte de Minas. Segundo o Jornal estes “meios prophilaticos”

deveriam ser “proporcionados pelas camaras municipaes” (O Municipio, 10/11/1900:

p.3.). Assim, argumentavam que as câmaras municipais que se preocupassem com a

18 A edição de 12 de Dezembro de 1901, por exemplo, traz uma dessas “dicas” de higiene, sob forma de

crítica acerca de um hábito comum, qual seja “escarrar-se em assoalho”, pois tal hábito, na perspectiva

apresentada pelo Jornal, além de incivilizado, também se constituía como um dos principais propagadores

da tuberculose, assim “denota falta de asseio, e que tanto prejudica a saude publica” (O Municipio,

12/12/1901: p.3.).

11

felicidade de seus municípios, tomariam as medidas necessárias e modernas no combate

ao avanço de moléstias, uma vez que:

“é dever capital, estatuído em todos os códigos municipaes curar de

preferência, da hygiene da cidade, em seus múltiplos me variados

cuidados, em os quaes estam a esthetica, o asseio e tudo quanto

interessa ao serviço-obras publicas-; [...] (O Municipio, 2 de Junho de

1900: p.1.).

Diante do exposto, observamos a confirmação do que já viemos apresentando ao

longo do texto, que a cidade de Diamantina constituía-se enquanto modelo para toda a

região. Assim, ao reclamar a atenção das câmaras municipais, o periódico demonstrava

que a preocupação com a questão da salubridade da cidade de Diamantina, bem como

dos seus arredores, tornava-se cada vez mais essencial para se assegurar a saúde

pública. E essa, por sua vez, só seria alcançada por meio de obras públicas que visassem

melhorias no espaço urbano, tornando-o mais higiênico e, portanto, civilizado.

Brevemente, pudemos observar que em O Municipio, a questão dos

conhecimentos em higiene era recorrente. Porém, para além desse aspecto, percebemos

que os cuidados não se restringiam apenas ao corpo, o espaço urbano também foi alvo

de denuncias e recomendações do periódico19. Procederemos agora a este texto

observando o periódico A Idéa Nova, adiantando, desde já, que esse último, além de

recomendações de higiene, tinha o cuidado de divulgar informações acerca das ciências

e suas coisas, tal qual como veremos a seguir.

A Idéa Nova: A ciência e suas coisas

O periódico A Idéa Nova, fundado em 1906, também contava com publicações

semanais e teve dentre seus principais fundadores e colaboradores Pedro da Matta

Machado, jornalista, político e professor da Faculdade de Direito de Minas Gerais20. Foi

também fundador do jornal A cidade de Diamantina e, além disso, autor de diversas

publicações. Tal qual como José Augusto Neves, Matta Machado constitui-se enquanto

um intelectual diamantinense de relevo e, em o A Idéa Nova, compartilhava o uso de

19 Sobre essa discussão cf.: Goodwin Jr, 2007. 20Disponível:<http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeirarepublica/MACHADO,%20Pedro%

20da%20Mata.pdf>, acesso em 06/08/2016.

12

conceitos tais como “progresso”, “sciência” e “civilização” o que demonstra sua postura

face às novidades tecnológicas e aos sinais de civilização.

Ligado a questões partidárias A Idéa Nova trazia em suas edições temas

variados, dentre os quais observamos abundância de anúncios produtos farmacêuticos,

sobretudo pílulas e xaropes, produzidos tanto na cidade de Diamantina quanto em

regiões distantes como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Além disso, o

periódico apresentava um número consideravelmente maior de artigos que O Municipio.

Abaixo do seu título A Idéa Nova, é possível observar a epigrafe: “A Independência

Nacional é Funcção da Economia Nacional” (A Idea Nova, 18/07/1909: p.1.). Assim,

com uma perspectiva republicana e liberal, A Idéa Nova apresentava aos seus leitores

sucessivos artigos sobre economia, cidadania e, em especial, sobre doenças que

molestavam a região que atualmente corresponde ao Norte de Minas/Vale do

Jequitinhonha. Ademais, em nossa análise, percebemos que eram constantes as

transcrições de artigos científicos de outros periódicos nacionais, como, por exemplo, A

Folha de São Paulo e até mesmo de jornais estrangeiros, todos com a mesma

perspectiva de apresentar aos leitores conhecimentos considerados úteis.

Na edição de 18 de Julho de 1909 observamos a tradução e publicação de um

artigo, inicialmente publicado na Folha de São Paulo, o qual discorria sobre os

preceitos da higiene moderna aplicados em uma escola alemã. Intitulado “Cousas da

Sciencia” a justificativa para a transcrição do referido artigo era que “como reina

actualmente uma grande epidemia de sarampo em Diamantina, julgamos de utilidade” a

transcrição do mesmo (A Idea Nova, 18/07/1909: p. 2.). Em resumo, o artigo

apresentava o exemplo alemão, onde médicos escolares estariam incumbidos da

fiscalização das escolas e dos alunos, segue a apresentação.

Fonte: A Idéa Nova, 18 de Julho 1909: p.2.

13

Na mesma edição, talvez se inspirando no artigo alemão supracitado, é possível

notar a descrição de um ofício enviado pela “Delegacia de Hygiene do Municipio de

Diamantina” ao Dr. Cicero Arpino Caldeira Brapt, diretor do Grupo Escolar, ao qual se

fazia recomendações que seguiam “sábios preceitos da hygiene moderna”, as quais

consistiam em:

Os alumnos do Grupo Escolar, quando tenham de voltar para

freqüentar as aulas, que venham com as vestes limpas, e tenha as suas

casas desinfectadas, sobretudo aquelles que foram infeccionados, por

qualquer das moléstias contagiosas, que grassam actualmente; venho

solicitar de VSª a finesa de fornecer-me uma lista geral de todos os

alumnos do Grupo, e as ruas em que residem, afim de ser quanto antes

tomadas as providencias necessárias para esse fim (A Idea Nova,

18/07/1909: p. 2.).

Além da recomendação de que os alunos usassem roupas limpas, a Delegacia de

Higiene teria o cuidado de identificar os alunos que sofreram eventuais contágios, para

proceder à desinfecção de suas casas – no referido período as principais moléstias eram:

Sarampo, Tuberculose, Varíola e Febre Amarela. Dr. Alexandre Maia, delegado de

higiene municipal, ainda recomendou ao diretor escolar que fizesse público o ofício, a

fim de se evitar negligência aos cuidados recomendados aos alunos.

Esse fato nos permite inferir que, de um modo geral, em o A Idéa Nova era forte

era o “apelo à ciência”, por exemplo, nos frascos dos medicamentos anunciados haviam

referências a títulos como “doutor” ou “professor” entre outros, a fim de que o produto

fosse de alguma forma valorizado pelos leitores21. Associado aos ideais de progresso e

modernização, o saber científico era questão de fôlego nas páginas do periódico. Além

desses aspectos o A Idéa Nova também empreendeu um forte movimento em favor de

uma reestruturação da urbe da cidade. Manchetes, cujos títulos eram “Aguas e

Esgotos22”, O Sarampo23”, “Cura da Variola24“, “Pelo Extremo Norte25”, “Contra as

21 A título de elucidação, podemos observar: “Remédio Vegetativo Dr. Orhman” (A Idea Nova,

15/11/1908: p.2.) e “Pílulas Antidyspepticas do Dr. Oscar Heinzelman” (A Idea Nova, 18/07/1909: p.3.).

Ademais sobre essa discussão cf.: Bertucci, 2003. 22 A Idea Nova, 08/10/1911: p.1. 23 A Idea Nova, 18/07/1909: p.2. 24 A Idea Nova, 18/12/1910: p.1. 25 A Idea Nova, 08/10/1911: p.1.

14

Formigas26” entre outros, quando não chamavam atenção para a falta de estrutura da

região reclamavam para os cuidados diários a fim de se evitar o avanço de epidemias.

São ricas as questões apontadas pelo A Idéa Nova, no entanto, a que mais nos

chamou a atenção refere-se ao já apresentado título, “Cousas da Sciencia”. Entendemos

que o mesmo nos remente à noção de que ciência e suas coisas, ou seja, o conhecimento

que a mesma produzira, estariam à parte de outras formas de saber. Assim, os

conhecimentos assegurados pela ciência seriam verdadeiros, absolutos.

Nesse sentindo, resta-nos a indagação: De que forma pessoas comuns, isto é,

sem um interesse profundo e/ou profissional na área das ciências, entendiam as

implicações do conceito ciência? A questão é pertinente, especialmente se partirmos do

pressuposto que ciência e seus personagens – os cientistas, de um modo geral,

tornaram-se mitos. E sabemos que os mitos, por sua vez, possuem uma função

pedagógica indiscutível, pois, enquanto metáforas servem a título de elucidação a

muitas coisas facilitando suas respectivas interpretações.

No entanto, mitos produzidos no âmbito das ciências, de um modo geral, são

associados aos ideais de progresso, modernidade. Tal qual como viemos demonstrando

na retorica dos periódicos analisados, os quais se comprometiam em transmitir os

preceitos da “hygiene moderna”. Porém, como nos chama atenção Gavroglu (2007),

mitos podem ser perigosos, ao passo que, podem traduzir preconceitos enraizados,

ideologias, bem como corresponder com uma discrepância com a realidade.

Ao observarmos o histórico dos debates acerca do conceito de ciência moderna,

como a entendemos hoje, é possível identificar, dada as devidas proporções, o porquê da

noção vislumbrada em o A Idea Nova de que a ciência e seus produtos [coisas] estariam

à parte. De modo geral, as primeiras obras de história das ciências datam do final do

século XIX, nas quais o ofício do historiador consistia em realizar uma descrição fiel

dos fatos, portanto, deveria ser uma história positiva. Nesse sentindo, entendiam que a

história das ciências possuía um papel claro, contribuir para o progresso da própria

ciência. Tais debates historiográficos contribuíam para fortalecer o mito de que a

26 A Idea Nova, 18/12/1910: p.3.

15

ciência decorreria da ideia de verdade e estaria à parte da realidade humana passível a

erros.

A referida perspectiva foi alvo de debates a partir da terceira década do século

XX27. Assim, observamos que estas discussões acerca do conceito estavam ocorrendo

concomitantemente às publicações dos jornais que nos propomos analisar, o que, em um

primeiro momento, justifica o entendimento dos mesmos ao tratar sobre aspectos da

ciência como verdades absolutas28.

Essa abordagem nos permite inferir acerca da circulação de conhecimentos de

higiene e práticas científicas na cidade de Diamantina, na qual os preceitos tidos como

da ciência moderna além de representar um saber superior, cumpriam uma função local

indiscutível, seja ela: ser o meio de regenerar toda uma região bem como sua população.

Pois, juntamente com essas “noções do moderno” havia o ideal de tornar cada leitor um

colaborador no projeto de uma cidade (e região) moderna, salubre, portanto, civilizada.

FONTES

- Jornal A Idéa Nova, edições da década de 1930. Acervo da Biblioteca Antônio Torres,

Diamantina.

- Jornal O Município, edições de 1901. Acervo da Biblioteca Antônio Torres, Diamantina.

BIBLIOGRAFIA

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. A invenção do nordeste e outras artes de lá. São

Paulo: Cortez, 2011.

AMADO, Janaína. Região, sertão, nação. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 08, n.

15, 1995.

ANDRADE, Rômulo de Paula. A Amazônia vai ressurgir! Saúde e saneamento na Amazônia no

Primeiro Governo Vargas (1930-1945). – Rio de Janeiro: [s.n.], 2007.

27 Especialmente a partir das discussões do historiador francês Alexandre Koyré (1892 – 1964), o qual

possuía uma ampla circulação em instituições de ensino de países como Rússia, França, Inglaterra, Egito

e Estados Unidos e contribuiu para que o tema Revolução Científica, assim como as origens da ciência

moderna ganhassem fôlego entre os historiadores das ciências contribuindo para que se intensificasse

ainda mais o debate sobre as interpretações acerca da ciência e os mitos que a mesma produz. 28 Distintas perspectivas contribuíram para o melhor entendimento e inovação acerca do conceito de

ciência moderna. Dentre essas abordagens, destacamos as discussões de David Bloor (2009) que, de

modo geral, enfatiza o meio social como um fator que, além de importante, é determinante na produção

do conhecimento. Ver também cf.: Kuhn, 1987; Fleck, 2010 & Shapin, 1999;

16

BARROS, José D. A Nova História Cultural – Considerações sobre o universo conceitual e

seus diálogos com outros campos históricos. Cadernos de História, Belo Horizonte, v.12, n. 16,

1º sem. 2011.

BATALHA, Cláudio H. M., Formação da Classe Operaria e projetos de identidade coletiva.

2003.

BERTUCCI, Liane Maria. Práticas de cura no período da gripe espanhola em São Paulo. In:

CHALHOUB, Sidney [org.]. Artes de Curar no Brasil: capítulos de história social. Campinas –

SP: Editora da Unicamp, 2003.

BLOOR, David (2009). Conhecimento e imaginário social. São Paulo, Editora UNESP. (O

programa forte da sociologia do conhecimento, pp.15-44). [1976]

CAMPOS, André Luiz Vieira de. A república do picapau amarelo: uma leitura de Monteiro

Lobato. – São Paulo: Martins Fontes, 1986.

CARVALHO, Keila Auxiliadora de. A Saúde pelo Progresso: Médicos e Saúde Pública em

Minas Gerais. [dissertação de mestrado]. Juiz de Fora: Universidade Federalde Juiz de Fora,

2008.

CASTRO SANTOS, Luiz A. Poder, Ideologias e Saúde no Brasil da Primeira República.

Cuidar, Controlar, curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na America Latina e Caribe. /

org. HOCHMAN, Gilberto. – Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.

DIAS, Nara. A invenção do(s) Nordeste(s) e suas representações através da música na

educação básica. Natal, 2013.

DUARTE, Regina Horta. "Em todos os lares, o conforto moral da ciência e da arte": a

Revista Nacional de Educação e a divulgação científica no Brasil (1932-34). História,

Ciências, Saúde - Manguinhos, vol. 11(1):33-56, jan.-abr. 2004.

FARIA, Lina. Saúde e Política: A fundação Rockefeller e seus parceiros em São Paulo./ Lina

faria. – Rio de janeiro: Editora Fiocruz, 2007. 206 p. (Coleção História e Saúde).

FLECK, Ludwik. Gênese e Desenvolvimento de um Fato Científico: introdução à doutrina do

estilo de pensamento e do coletivo de pensamento. Belo Horizonte, Fabrefactum Editora, 2010.

GAVROGLU, Kostas (2007). Passado das Ciências como História. Porto: Porto Editora.

(Elementos da História da História das Ciências, p.17-65; Os historiadores das ciências e as suas

questões, p.67-111).

GOODWIN Jr., James William. Cidades de papel: Imprensa, Progresso e Tradição. Diamantina

e Juiz de Fora, MG. (1884 – 1914) [tese de doutorado]. São Paulo: Universidade de São Paulo,

2007.

HOCHMAN, Gilberto. A era do Saneamento. São Paulo: Editora HUCITEC, 1998.

HOCHMAN, Gilberto. "O Brasil não é só doença": o programa de saúde pública de Juscelino

Kubitschek. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, vol.16 (suplemento 1): 313-331, 2009.

JASMIM, Marcelo Gantus &FERES JÚNIOR, João (org.). História dos conceitos: debates e

perspectivas. Rio de Janeiro: PUC-Rio-Loyola-IUPERJ, 2006, pp. 09-38; 39-54; 83-96; 97-110.

17

KUHN, Thomas S. (1987) A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo, Editora

Perspectiva. [1962]

KURY, Lorelai. A Ciência útil em O Patriota (Rio de Janeiro, 1813-1814). Revista Brasileira

de História da Ciência, v. 4 (2): 115-124, 2011.

KOYRÉ, Alexandre (1991). Estudos de História do Pensamento Científico. Rio de Janeiro.

Editora Forense Universitária. (As origens da ciência moderna: uma nova interpretação, pp. 56-

79 [1956]; Galileu e Platão, pp.152-180 [1943]).

LIMA, Nísia Trindade. Um sertão chamado Brasil. São Paulo: Hucitec; 2ed.2013.

LINHARES. MARIA Y. Revista Resgate, número 1. Papirus, UNICAMP, 1990.

MAGNANI, Maria Cláudia Almeida Orlando. O Hospício da Diamantina – 1889 – 1906. Rio

de Janeiro, Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, 2004.

NEVES, Jayme. José Augusto Neves; o jornalista-escritor, sua obstinação e vocação ecológica.

– Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1986.

OLIVEIRA, Lucia Lippi. A Questão Nacional na Primeira República. São Paulo: Brasiliense,

1990.7

Pereira Júnior, Assis do Carmo. A Análise de propagandas de medicamentos em jornais do

município de Diamantina-MG, no período de 1903 a 1950. / Assis do CarmoPereira Júnior. -

Diamantina: UFVJM, 2014.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Marcas do Período. 2014.

SHAPIN, Steven (1999). A revolução científica. Lisboa: Difel - Difusão Editorial, 1999.

SERVILHA, Mateus de Morais. Vale do Jequitinhonha: a emergência de uma região. In:

NOGUEIRA, M. D. P. [org]. Vale do Jequitinhonha: Cultura e desenvolvimento. – Belo

Horizonte: UFMG/PROEX, 2012. 190p. :Il; 23cm.

SOUZA, José Moreira de. Cidade: momentos e processos. Serro e Diamantina na formação do

Norte de Mineiro no século XIX. São Paulo: Marco Zero, 1993.

VENANCIO, Giselle Martins. Ler ciência no Brasil do século XIX: a Revista Popular, 1859-

1862. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, vol.20 (suplemento1):1153-1162, 2013.

VIEIRA, Tamara Rangel. Médicos do sertão: pesquisa clínica, patologias regionais e

institucionalização da medicina em Goiás (1947-1960). Rio de Janeiro: s.n., 2012.