COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE DE ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS INTERESPECÍFICAS DE AMENDOIM NO SUDOESTE DE GOIÁS Jorge Luís Sousa Ferreira JATAÍ GOIÁS - BRASIL Outubro, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL JATAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E

PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS INTERESPECÍFICAS DE

AMENDOIM NO SUDOESTE DE GOIÁS

Jorge Luís Sousa Ferreira

JATAÍ – GOIÁS - BRASIL

Outubro, 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

REGIONAL JATAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

COBERTURA VEGETAL, TEOR DE ÓLEO E

PRODUTIVIDADE DE LINHAGENS INTERESPECÍFICAS

DE AMENDOIM NO SUDOESTE DE GOIÁS

Jorge Luís Sousa Ferreira

Orientador: Prof. Dr. Hildeu Ferreira da Assunção

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia (Produção Vegetal)

JATAÍ – GOIÁS – BRASIL

OUTUBRO, 2015

Ficha Catalográfica elaborada automaticamente com os dados fornecidos

pelo autor, sob orientação do Sibi/UFG

Ferreira, Jorge Luís Sousa Cobertura vegetal, Teor de óleo e Produtividade de linhagens interespecíficas de amendoim no Sudoeste de Goiás [manuscrito] / Jorge Luís Sousa Ferreira. - 2015. LXIII, 63 f.

Orientador: Prof. Dr. Hildeu Ferreira da Assunção. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, Jataí, 2015. Bibliografia. Apêndice. Inclui gráfico, tabelas.

1. Amendoim. 2. Produtividade. 3. Simulação. 4. Teor de óleo. 5. Arachis hypogaea. I. Assunção, Hildeu Ferreira da, orient. II. Título.

EPÍGRAFE

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

Jorge Luís Sousa Ferreira – Nascido em 1 de outubro de 1989, no município de

Jataí, Estado de Goiás. Ingressou no curso de Agronomia na Universidade Federal de

Goiás, Regional de Jataí em março de 2008. Durante a graduação, em 2010,

participou de um projeto de iniciação científica, no qual trabalhou com sementes

crioulas, para o Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Agricultura Familiar

(NEAF) no projeto intitulado: “Diversificação, manutenção e gerenciamento do banco

de sementes crioulas como estratégia de ampliação da produção de alimentos e de

biodiesel pelos agricultores familiares do Sudoeste de Goiás”. Em julho de 2013

adquiriu o título de Bacharel em Agronomia. Em agosto de 2013 iniciou o curso de

mestrado agronomia, na UFG – Regional de Jataí com o projeto: Cobertura vegetal,

teor de óleo e produtividade de linhagens interespecíficas de amendoim no Sudoeste

de Goiás.

EPÍGRAFE

“O passado é história, o

futuro é um mistério, e o

hoje é uma dádiva. Por

isso é chamado de

Presente. ”

Provérbio Chinês

A todos aqueles que batalham para um futuro com melhores perspectivas e

consciência.

OFEREÇO

A minha mãe, Vanéia Sousa Ferreira,

Aos meus avós, Laura Pereira de Sousa

Carvalho e Sebastião Ferreira de Carvalho,

E a todos os meus familiares.

DEDICO

AGRADECIMENTOS

À Deus primeiramente por me conceder o direito à vida e me guiar por cada caminho

com sabedoria e respeito. Obrigado por mais essa conquista.

A minha mãe Vanéia por ter sido durante toda a minha vida mão e pai, por nunca ter

desistido de mim e por acreditar nos meus sonhos e ajudar a realiza lós.

Aos meus avós por cada ajudar desde a infância até os dias atuais, sempre me

auxiliando.

Ao Hildeu, sempre apoiando e construindo ideias importantes durante a minha vida

acadêmica, pela orientação e amizade.

Aos professores, funcionários do programa de pós-graduação em Agronomia, da

Universidade Federal de Goiás.

Ao Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Agricultura Familiar – NEAF. Grupo

de pessoas competentes e amigas, que sem o apoio, as concretizações dos

trabalhos em campo não teriam sido realizadas.

A Embrapa Algodão pelo fornecimento do material para a pesquisa.

Ao Dr. Everaldo Medeiros, do CNPA, pelo apoio a pesquisa.

Aos amigos do PPGA, Carolina, André, Tiago, Edivan, Guilherme e demais pelo

apoio e amizade, sempre incentivando e ajudando em tudo.

Aos meus amigos da vida, Taís, Kennya, Ronaldo, Christiane, Daiane, Diego,

Lorena, Kelly, Cristian, e os vários que sempre estiveram presentes durante toda a

minha sobrevivência, eu agradeço muito pelo suporte, sempre me apoiando na

alegria e na dificuldade.

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - TÉCNICAS DE MANEJO E EXIGÊNCIAS DA CULTURA DO

AMENDOIM ................................................................................................................ 1

RESUMO..................................................................................................................... 1

SUMMARY .................................................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3

REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 4

2.1 Condições de cultivo no Brasil ....................................................................... 4

2.2.Classificação e morfologia .............................................................................. 6

2.3 Fenologia .......................................................................................................... 9

2.4 Manejo da cultura ........................................................................................... 10

2.5 Utilização do óleo de amendoim ................................................................... 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 15

CAPÍTULO 2. PRODUÇÃO E SIMULAÇÃO DE GRÃOS E BIOMASSA E FATOR DE

COBERTURA VEGETAL DE LINHAGENS DE AMENDOIM NO SUDOESTE DE

GOIÁS ....................................................................................................................... 21

RESUMO................................................................................................................... 21

ABSTRACT ............................................................................................................... 22

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 23

MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 26

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 30

CONCLUSÕES ......................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFRICAS ...................................................................... 41

CAPÍTULO 3. QUANTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÓLEO E PODER

CALORÍFICO SUPERIOR DAS LINHAGENS DE AMENDOIM ............................... 47

RESUMO................................................................................................................... 47

SUMMARY ................................................................................................................ 48

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 49

MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 51

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 54

CONCLUSÕES ......................................................................................................... 60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 60

APÊNDICE ................................................................................................................ 64

CAPÍTULO 1 - TÉCNICAS DE MANEJO E EXIGÊNCIAS DA CULTURA DO

AMENDOIM

RESUMO - O amendoim é uma planta originária do continente sul americano, apesar

que indícios de espécies selvagens foram encontrados em abundâncias nas regiões

Sul da Amazônia, no Brasil, ao norte da Argentina, precisamente nas regiões do Gran

Chaco, entre os rios Paraná e Paraguai. Cultivado praticamente em todos os países

do mundo, pois se trata de uma planta que se adapta a quase todos os tipos de clima

e assim constitui-se numa das principais oleaginosas comestíveis, juntamente com a

soja, o algodão e o girassol. Deve-se buscar atender as necessidades durante o ciclo

da cultura, tanto as climáticas quanto as nutricionais. Contudo, a partir do início do

florescimento, a cultura do amendoim apresenta elevada demanda nutricional, e para

alcançar eleva das produtividades é necessário que as condições ambientais, o

fornecimento de nutrientes e o manejo sejam adequados. O óleo de amendoim,

juntamente com os outros óleos vegetais, vem sendo estudado para a utilização como

biocombustíveis em motores diesel, seja só ou em mistura com o óleo diesel, com

resultados promissores. A produção de óleo vegetal é uma oportunidade tecnológica

e estratégica para o Brasil, tendo em vista que o País possui em abundância espécies

vegetais de onde se extraem óleos, matérias primas necessárias para a produção

deste combustível, que já tem na produção de álcool de cana-de-açúcar um excelente

exemplo nesse aspecto. Objetivou se nesse contexto revisar os alguns dos principais

tratos culturais feitos na cultura do amendoim.

Palavra-chave: Arachis hypogaea L, Óleo vegetal, Biocombustível.

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CHAPTER 1. TECHNICAL MANAGEMENT AND REQUIREMENTS OF PEANUT

CULTURES.

SUMMARY - The peanut is a plant of the South American continent, though evidence

of wild species were founded in abundance in the south of the Amazônia, in Brazil,

northern Argentina, precisely in the regions of the Gran Chaco, between the Parana

and Paraguay rivers. Cultivated in almost every country in the world, because it is a

plant that adapt in almost all types of climate and thus constitutes one of the main

edible oil, along with soybeans, cotton and sunflower. We should seek to meet the

needs during the crop cycle, both climate as nutritional. However, from the beginning

of flowering the crop peanut has a high nutrient demand, and to achieve increases the

productivity is necessary that the environmental conditions, nutrient supply and

handling are suitable. Peanut oil, together with other vegetable oils studied were for

use as biofuels for diesel engines, either alone or in mixture with diesel oil, with

promising results. Vegetable oil production is a technological and strategic opportunity

for Brazil, given that the country has in abundance plant species from which to draw

oils, raw materials necessary for the production of this fuel, which already has in

ethanol production from sugarcane of sugar an excellent example in this regard. The

objective with this context, review some principals of the cultivation done in the peanut

crop.

Keywords: Arachis hypogaea L, Vegetable oil, Biofuel

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INTRODUÇÃO

O amendoim (Arachis hypogaea L) é uma planta originária do continente sul

americano, com descrições de espécies selvagens encontradas nas regiões Sul da

Amazônia, no Brasil, ao norte da Argentina, precisamente nas regiões do Gran Chaco,

entre os rios Paraná e Paraguai. Muito antes dos portugueses terem chegado ao

Brasil, em 1500, o amendoim já era conhecido e utilizado pelos índios brasileiros. Em

algumas tribos ele era chamado de Mandubi ou Mandobim e, em outras, de Manobi.

A primeira referência escrita sobre o amendoim, em toda a história da

humanidade, é citada num texto escrito em 1578 e registrado por Jean de Lery. São

relatos de franceses que viajaram pelo Nordeste brasileiro, junto às primeiras

expedições que aportaram no Novo Mundo. Mais tarde, já largamente conhecidas na

Europa, provavelmente pelo gosto semelhante do Manobi com as amêndoas, os

colonizadores portugueses adaptaram o seu nome para amendoi derivado de

amêndoa, e daí, acabou surgindo a denominação atual, amendoim (MARTIN, 1985).

A introdução do amendoim na Europa ocorreu por volta do século XVIII, tendo

sido cultivado inicialmente no Jardim Botânico de Montpellier, na França, e em

Valência, na Espanha, onde ocorreu sua disseminação por outras partes do país

(PEIXOTO, 1972).

O amendoim é cultivado praticamente em todos os países do mundo, pois se

trata de uma planta que se adapta a quase todos os tipos de clima e assim constitui-

se numa das principais oleaginosas comestíveis, juntamente com a soja, o algodão e

o girassol (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011). No cenário agrícola brasileiro o

amendoim já teve posição de destaque. No entanto fatores tecnológicos,

mercadológicos e políticos levaram a cultura a uma posição quase marginal dentro do

quadro atual da agricultura brasileira (LIMA, 2011).

Deve-se buscar atender as necessidades durante o ciclo da cultura, tanto as

climáticas quanto as nutricionais. Contudo, a partir do início do florescimento, a cultura

do amendoim apresenta elevada demanda nutricional, e para alcançar elevadas

produtividades é necessário que as condições ambientais, o fornecimento de

nutrientes e o manejo sejam adequados. Temperaturas diurnas de 35 °C e noturnas

de 25 °C são ideais neste período, assim como a exigência hídrica que é máxima nas

fases de florescimento e frutificação. A planta não sofre influência do fotoperíodo e em

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condições de campo a luz não é fator limitante. Um dos fatores primordiais para que

as necessidades climáticas da planta sejam atendidas durante o ciclo é a época de

semeadura (FERRARI NETO et al., 2012).

Nesse contexto, objetivou se abordar na cultura do amendoim os principais

tópicos referentes ao seu desenvolvimento e exigências edafoclimática e restritiva.

REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Mercado nacional e internacional

O amendoim é consumido mundialmente, e cerca de 8 milhões de toneladas

anuais de grãos destinam-se ao consumo “in natura” ou industrializados, e de 15 a 18

milhões são esmagados para fabricação de óleo comestível (ARAÚJO & SOBREIRA,

2008). É utilizado ainda como torrado, em forma de manteiga (muito consumido nos

EUA) ou transformado em doces. Os grãos caracterizam-se por seu alto valor

energético e pela presença de vitaminas: B1 (tiamina), ácido nicotínico (niacina),

outras do complexo B e vitamina E. A atividade agrícola com amendoim no Brasil está

associada à cadeia produtiva de doces e confeitos. A produção não só atende à

demanda de consumo interno como também registra um crescimento adicional,

motivado pelas oportunidades de exportação do produto brasileiro, constituindo um

mercado lucrativo, atrativo e cada vez mais exigente quanto à qualidade para o

consumidor (GODOY et al., 2003).

Segundos dados da FAO (2013), maiores produtores de amendoim do mundo

são: China, Índia, Nigéria, Estados Unidos da América e Myanmar. O Brasil ocupa a

17ª posição. Os Estados Unidos e a China, além de produtores, são grandes

consumidores de amendoim como alimento. Juntos consomem cerca de 3 milhões de

toneladas. O Japão, a Indonésia e os países europeus importam anualmente cerca

de 1 milhão de toneladas de grãos para confeitaria.

A importância econômica do amendoim está relacionada ao fato das sementes

possuírem sabor agradável e serem ricas em óleo (aproximadamente 50%) e proteína

(20 a 30%). No Brasil, São Paulo, destaca-se como o maior Estado produtor do Brasil,

o restante é produzido no Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso.

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Estima-se que 80% das áreas de reforma dos canaviais seja ocupada pela cultura do

amendoim (MACÊDO, 2007).

Segundo a Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB, 2014), a safra de

2013/14 teve uma produção de 315,8 mil toneladas (t) em sua totalidade e um

rendimento médio de 2.998 kg ha-1, enquanto que para a safra de 2014/15, a produção

aumentou para 346,8 mil t e o rendimento médio para 3.183 kg ha-1. Há uma estimativa

de produção de 351,9 mil t para a safra 2015/16 e um rendimento de 3.305 kg ha-1.

A participação do Brasil no mercado internacional é baixa, em torno de 1 %.

Todavia, a produção brasileira já atingiu 965 mil t, na safra de 1971/72 (CONAB,

2013).

Até o início da década de 70, o Brasil foi importante produtor de amendoim,

sendo os estados de São Paulo e Paraná os principais produtores, responsáveis por

90% da produção nacional. A produção era destinada a fornecer farelo para a

alimentação animal e óleo vegetal utilizado para consumo direto, como também para

a fabricação de produtos industrializados como margarinas. Nesta mesma década,

diversos fatores político-econômicos facilitaram a expansão da cultura da soja, e

alteraram o perfil da produção e consumo do amendoim no Brasil (DE FREITAS et al.,

2005).

Não só os fatores políticos fizeram com que diminuísse os recursos investidos

na cultura do amendoim, outros aspectos contribuíram para o seu declínio, como

crescentes custos de produção, baixa produtividade, susceptibilidade às variações

climáticas e intensas variações nos preços durante a comercialização. Pequenos e

médios produtores continuaram a produzir o amendoim devido ao baixo nível

tecnológico exigido.

Dificuldades técnicas na produção também serviram como fontes limitantes que

corroboraram para o decréscimo da produção, fazendo com que indústrias e

produtores concluíssem que se mantido o mesmo sistema de produção precário, a

cultura iria desaparecer em pouco tempo. Como soluções, a introdução de

equipamentos de colheita e pós-colheita além da substituição das cultivares por outras

de ciclo mais longo, para que a colheita não coincidisse com o período mais chuvoso,

foram empregadas (DE FREITAS et al., 2005)

Na década de 90 o setor entrou em crise de modo que, no triênio de 1994 a

1997 o Brasil experimentou quedas sucessivas da produção de, respectivamente,

10,7%; 2,3% e 1,2%, quando saiu do patamar de produção de 159,6 mil t, na safra

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1994/95, para 137,3 mil t, na safra de 1996/97. Diante deste cenário, o setor foi forçado

a inovar na tomada de decisão, recorrendo às expectativas exitosas da Argentina e

importando tecnologias (sementes e máquinas) deste país, de forma que em 2000 o

setor conseguiu avanços importantes no domínio da tecnologia com desenvolvimento

da variedade de IAC Runner (CONAB, 2013).

Respondendo aos desafios, a produção brasileira de amendoim, a partir de

2000 vem resultando em ganhos sucessivos, alcançando, na safra 2004/05, 301,6 mil

t, ou seja, um aumento de 76% da produção no período safra de 1999/2000 à 2004/05.

(CONAB, 2013).

As exportações de óleo de amendoim em bruto revelam uma dinâmica

semelhante à observada no comércio externo do amendoim descascado. Em simples

comparação entre os anos que iniciam e os que encerram esse período, é possível

verificar os resultados alcançados. Assim, especificamente no período de 2002 a

2004, foram produzidas 582 mil toneladas de amendoim em casca para 277 mil

hectares plantados, exportadas 53 mil toneladas de amendoim descascado e 10 mil

toneladas de óleo bruto de amendoim, já de 2008 a 2010, foram produzidas 830 mil

toneladas de amendoim em casca para 314 mil hectares, exportações de 148 mil

toneladas de amendoim descascado e 73 mil toneladas de óleo bruto de amendoim

(Martins, 2011). Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Industrial e

Comércio Exterior (MDIX, 2015), nos anos de 2013 e 2014, a exportação de óleo bruto

de amendoim foi acima das 101 mil toneladas somando os valores nesse período.

2.2.Classificação e morfologia

A planta de amendoim é uma dicotiledônea, da família Leguminoseae,

subfamília Papilionoideae, gênero Arachis. Dentre as inúmeras espécies conhecidas,

as mais importantes são: Arachis hypogaea L. (a mais cultivada), Arachis prostrata

Benth e Arachis nhambiquare Hoehne (FREITAS et al., 2003). A espécie Arachis

hypogaea L. (o amendoim) se subdivide em duas subespécies, Arachis hypogaea

subespécie hypogaea e Arachis hypogaea subespécie fastigiata (GRACIANO, 2009).

O amendoim pode ser classificado agronomicamente como pertencente aos

grupos Spanish, Valência ou Virginia, para distinguir os tipos, seguindo uma

classificação botânica de variedades.

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O grupo Spanish apresenta porte ereto, ciclo curto e sementes de tamanho

pequeno, coloração vermelha, duas sementes por vagem e nós produtivos tanto na

haste principal como nas ramificações (SANTOS et al., 1997). O grupo Valência

apresenta porte ereto, ciclo curto, sementes de tamanho médio, tegumento de

coloração vermelha e de três a cinco sementes por vagem. Possuem nós produtivos

tanto na haste principal como nas ramificações (SANTOS et al., 1997). Já as plantas

do grupo Virgínia podem apresentar hastes intermediárias ou semi - decumbentes

(‘bunch’), ou rasteiras ou procumbentes (‘runner’), ciclo longo, vagens geralmente com

duas sementes grandes, coloração bege, presença de dormência e ausência de flores

na haste principal (GODOY et al., 2005). No aspecto fenológico, as fases de

crescimento e desenvolvimento entre os genótipos do tipo Valência e Virgínia são

particularmente definidas, mas podem variar, dependendo do local e das condições

climáticas, principalmente temperatura, onde são cultivados (SANTOS et. al., 1997).

A planta do amendoim é herbácea, anual, pubescente, ramificada, de porte

rasteiro, ereto ou intermediário, alcançando uma altura em torno de 0,70 m

(NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).

As folhas são compostas, alternas, com dois pares de folíolos, pubescentes,

ovalados e elípticos, arredondados na base e mais ou menos agudos no ápice. O

pecíolo é canaliculado, longo, podendo alcançar comprimento de até 10 cm. O

tamanho dos folíolos varia entre cultivares, sendo maiores na subespécie fastigiada

que na subespécie hypogaea. Na planta, os folíolos do caule são pouco maiores que

os dos ramos, e o par apical é geralmente maior que o basal. (RAMANATHA RAO &

MURTY, 1994).

O caule é pubescente, ereto, ramificado desde a base (nó cotiledonar), sendo

menor nos cultivares rasteiros, e maior nos demais. As ramificações primárias podem

por sua vez também se ramificar. As hastes (caule e ramificações) são de coloração

verde ou purpúrea (presença de antocianina). A altura do caule depende do genótipo,

porém é influenciada pelo ambiente, podendo variar de 12 a 65 cm (RAMANATHA &

MURTY, 1994).

A parte vegetativa, quando convenientemente preparada, é forragem de grande

valor alimentício, principalmente para o gado leiteiro. Há possibilidade de se aproveitar

de uma mesma cultura, além das vagens para comercialização, a parte aérea para a

produção de feno, desde que na colheita, a secagem seja feita pelo sistema de medas

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e não haja problema de resíduos dos defensivos agrícolas. E, sendo leguminosa pode

ser cultivada e empregada como adubo verde (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).

As flores surgem nas axilas das folhas em inflorescência do tipo espiga que

produz de três a cinco flores. A inflorescência é semelhante a um ramo vegetativo, de

dimensões muito reduzidas. Em uma mesma axila normalmente abre-se uma flor por

vez, sendo rara a abertura de duas ao mesmo tempo. A flor é séssil, completa. O

cálice é verde, composto de cinco sépalas soldadas nas hastes, formando um tubo

calicinal que se insere na axila da folha. A corola é laranja, com cinco pétalas inseridas

na parte superior do tubo calicinal, a pétala maior é o estandarte que apresenta

diversos tons de amarelo, ás vezes com estrias de coloração diferente e que permitem

diferenciar tipos de cultivares.

Os frutos são vagens: indeiscentes, uniloculadas, estranguladas, de cor

amarelo-palha, com superfícies mais ou menos reticuladas, encerrando uma a cinco

sementes presas à face interna e ventral do pericarpo. Os frutos desenvolvem-se no

interior do solo (geocarpia), sendo ligados à axilas das folhas (parte aérea) através de

uma estrutura denominada carpóforo, ginóforo ou “peg”. A casca do amendoim

apresenta composição variável, porém, apresenta elevado teor de material lenhoso e

de carboidrato. Entre os seus usos mais frequentes ou possíveis, temos combustíveis

(pela queima), raçao animal (trituradas e misturadas às raçoes para ruminantes,

desde que sem micotoxinas), fertilizantes (como matéria orgânica “in natura” ou forma

de composto), placas de aglomerados (triturada, seca e com adição de goma). Além

disso, tem sido o substrato preferido para utilização em “camas” de aviários de corte,

o que lhe confere bom valor comercial.

As sementes constam de um tegumento seminal (película) delgado e do

embrião. O tegumento pode ser branco, rosado, vermelho, roxo e ou negro, inclusive

manchado de branco e vermelho. O embrião é constituído por dois cotilédones

volumoso, ricos em óleo e proteína e um eixo reto compreendendo um epicótilo de

três gemas, uma apical e duas cotiledonares, os elementos de seis a oito folhas e uma

radícula; esta é perceptível externamente como um pequeno bico da semente

(MAZZANI, 1961; FONSECA, 1981; CAMARA et al., 1982).

O sistema radicular é constituído de uma raiz principal pivotante vigorosa, de

estrutura lenhosa, da qual saem numerosas raízes secundárias que se subdividem

formando um conjunto bastante ramificado. Por se tratar de uma leguminosa, as

raízes apresentam nodulação, indicadora da presença de bactérias simbióticas

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fixadoras de nitrogênio atmosférico, no caso do amendoim, a bactéria Bradyrizobium

sp. Pertence ao grupo do cow-pea, e é encontrado em quantidade na maioria dos

solos utilizados. Os nódulos, que se caracterizam por sem em grande número (400 a

800) e de pequeno tamanho (1 a 4 mm), encontram-se nas raízes principais, primárias

e secundárias, porém concentram-se mais nos primeiros quinze centímetros do

sistema radículas (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011; GILLIER & SILVESTRE, 1970).

2.3 Fenologia

O amendoinzeiro apresenta estádios fenológicos divididos em duas fases

distintas: vegetativa e reprodutiva. A fase vegetativa compreende as seguintes etapas:

emergência (VE), cotilédones abertos na ou sob a superfície do solo (V0) e 1 (V1) a n

(Vn) folhas tetrafolioladas. A fase reprodutiva compreende as seguintes etapas: início

do florescimento (R1), formação dos ginóforos ou pegs (R2), formação de vagens

(R3), vagens cheias (R4), formação das sementes (R5), sementes cheias (R6), início

da maturação (R7), maturação para colheita (R8) e vagem acima do ponto de

maturação (R9) (BOOTE, 1982).

No aspecto fenológico, as fases de crescimento e desenvolvimento entre os

genótipos do tipo Valência e Virgínia são particularmente definidas, mas podem variar,

dependendo do local e das condições climáticas, principalmente temperatura, onde

são cultivados. No Estado de São Paulo, com semeadura no período das águas

(setembro-outubro), os genótipos do grupo Valência iniciam a floração geralmente

entre os 30 a 32 dias após a semeadura (DAS), e o ciclo é completado 110 a 115 dias

após o plantio. Nos genótipos do grupo Virgínia, a floração e o final do ciclo ocorrem,

respectivamente, entre 35 e 40 e entre 120 e 140 dias após o plantio (Godoy et al.,

1985). Nas condições de cultivo de sequeiro, nos estados da Bahia e Paraíba (abril-

maio), entretanto, tem sido observado que os genótipos do grupo Valência iniciam a

floração e são colhidos, respectivamente, entre 27 e 30 e entre 100 e 110 dias após o

plantio. Nos genótipos do grupo Virgínia, a floração geralmente se inicia, em média,

35 dias após o plantio, e a colheita é realizada a partir dos 120 dias após o plantio

(Guerreiro, 1973; Silva et al., 1991).

Foi realizado um experimento para determinar estágios fenológicos dos grupos

Virgínia e Valência, em 1992, no Centro Nacional de Pesquisa de Algodão (CNPA),

atual EMBRAPA Algodão, em Campina Grande, PB, no ano de 1992. O plantio foi

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realizado em 20 de fevereiro. A colheita dos genótipos do tipo Valência foi realizada

em 29 de maio, e a do tipo Virgínia, em 26 de junho. Os genótipos utilizados para este

estudo foram escolhidos por apresentarem características morfo-agronômicas

definidas, dentro de seus respectivos tipos botânicos. Tais materiais foram: TATU,

BR-1 e IAC POITARA, do tipo Valência, e CNPA 52 AM, CNPA 53 AM e CNPA 125

AM, do tipo Virgínia. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com modelo

de classificação hierárquica e cinco repetições. As principais características

fenológicas dos dois tipos botânicos são apresentadas na Tabela 1 (SANTOS et al.,

1997).

Fonte: Santos et al. (1997), adaptador pelo autor. 1 Dias após a semeadura (DAS) pode variar de acordo com as condições climáticas. Valência: precoce; Virgínia: rasteiro.

2.4 Manejo da cultura

Alguns fatores podem determinar a necessidade de inoculação do amendoim

em regiões tropicais, tais como a reduzida população de rizóbio nativo, principalmente

em áreas submetidas a temperaturas elevadas ou à baixa umidade do solo, ou áreas

sem histórico de cultivo anterior com leguminosas (SANTOS et al. 2005).

Assim, SANTOS et al. (2005) verificaram que a quantidade e a massa de

nódulos foram muito dependentes dos isolados nativos, do genótipo e do tipo de

cobertura do solo. Além disso, a efetividade dos rizóbios foi influenciada pelo tipo de

cobertura do solo, com maior nodulação quando se utilizou rizóbios nativos, refletindo

Símbolo Denominação Tipo Botânico

Valência Virgínia

DAS1

G Germinação 06 07

PFT Primeiras Folhas Tetrafoliadas 09 10

APR Aparecimento dos Primeiros Ramos 14 14

IF Início do Florescimento 29 33

AG Aparecimento do Ginóforo 36 40

AlG Alongamento do Ginóforo 46 50

IFV Início da Formação das Vagens 47 51

FF Final da Floração 74 95

MCV Maturação Completa das Vagens 99 123

Tabela 1. Fenologia das plantas de amendoim dos tipos Valência e Virgínia

11

no aumento do nitrogênio total acumulado e no rendimento de matéria seca de parte

aérea.

GIARDINI et al. (1985) constataram que a inoculação com rizóbios específicos

não alterou a quantidade de nódulos nas raízes, independentemente da aplicação de

nitrogênio.

Assim, verifica-se que na literatura nacional são escassos os trabalhos que

relatam resultados positivos quanto à produtividade do amendoim decorrente da

inoculação com microrganismos fixadores de nitrogênio.

A avaliação de características fenológicas permite conhecer tanto o ciclo de

crescimento vegetativo, como o comportamento reprodutivo, dados estes importantes

para a definição das principais técnicas de manejo em lavouras comerciais. Na

fenologia quantitativa ou fenometria, podem ser analisados a taxa de crescimento e o

desenvolvimento da cultura, os quais são avaliados e relacionados com os padrões

de produtividade (COSTA et al., 2003).

A cultura do amendoim é considerada como planta neutra, ou seja, não há

efeito do fotoperíodo nas plantas. Em condições de campo a luz não é um fator

limitante para a fotossíntese, porém para que se tenha o desenvolvimento normal dos

frutos faz-se necessário a ausência de luz na extremidade dos ginóforos, sendo a

frutificação subterrânea (NOGUEIRA & TÁVORA, 2005).

É cultivado em mais de 80 países nos dois hemisférios, principalmente em

regiões tropicais na faixa de latitude 30 °N e S. Apesar desta ampla adaptabilidade, a

produtividade é fortemente influenciada por fatores ambientais, especialmente

temperatura, disponibilidade de água e radiação. Condições ambientais adversas

reduzem o crescimento da planta, de maneira diferenciada, dependendo do estágio

em que está se encontra – vegetativo ou reprodutivo (SANTOS et al.,2006).

O amendoim e muito recomendado em programas de rotação de culturas, por

ser de ciclo curto, relativamente resistente a seca (GROTTA et al., 2008). Apresenta

característica de plasticidade, ou seja, possui mecanismos fisiológicos que lhe confere

a capacidade de desenvolver em ambientes edafoclimáticos diversos por meio de

modificações na sua morfologia e fenologia, influenciando diretamente nos

componentes de produção da planta e refletindo na sua produtividade (GONÇALVES,

2004 e PEIXOTO et al., 2008).

A cultura desenvolve-se bem em solos de textura arenosa, geralmente, estes

solos possuem boa drenagem e aeração, favorecendo o desenvolvimento das raízes

12

e frutos, como também o suprimento de nitrogênio para a fixação simbiótica. Como

desvantagem, os solos arenosos apresentam baixa capacidade de reter água

podendo ocorrer reduções de produtividade em função de veranicos, menor

fertilidade, devido à baixa capacidade de troca catiônica, e muitas vezes necessitam

da correção da acidez por meio da aplicação de calcário, assim como frequentes

aplicações de fertilizantes. O produto final colhido nos solos arenosos possui

qualidade superior, pois nos solos argilosos grande parte das vagens colhidas

apresentam coloração mais escura, devido a partículas de argila que ficam aderidas

ao fruto.

Já os solos de textura argilosa, em geral, são mais férteis que os solos

arenosos, porém se não estiverem bem estruturados, apresentam problemas de

aeração, drenagem, por consequência da compactação e isto dificulta a penetração

dos ginóforos e o crescimento dos frutos. Outro problema é a maior dificuldade de

colheita em solos mal estruturados, onde podem ocorrer maiores perdas de vagens.

Mesmo apresentando qualidade inferior no produto final, os solos argilosos oferecem

melhores produtividades de vagens de amendoim do que os solos arenosos.

Solos de textura argilosa, do ponto de vista da nutrição mineral são de manejo

mais fácil quando se pretende praticar uma agricultura moderna. São solos mais

coesos, menos erodidos, possuem maior capacidade em reter umidade, e nestes

solos, quando se realiza semeadura direta do amendoim e pratica-se rotação de

culturas, podem ter sua estrutura melhorada com relação à aeração, drenagem e

disponibilidade de nutrientes (NOGUEIRA & TÁVORA, 2005). Os mesmos autores

citam que a absorção de nutrientes se dá, principalmente pelas raízes, ginóforos e por

frutos em desenvolvimento. Há frequentes respostas com relação à aplicação de

fósforo, potássio e cálcio. Com relação ao nitrogênio os resultados dos estudos são

contraditórios, havendo respostas à aplicação em alguns estudos e em outros não.

A partir do estudo da fenologia, das características agronômicas e dos dados

de crescimento pode-se aferir ainda sobre a atividade fisiológica, isto é, estimar de

forma precisa, as causas de variações de crescimento entre plantas geneticamente

diferentes ou entre plantas iguais, crescendo em ambientes diferentes (BENICASA,

2003).

A aplicação de calcário na cultura do amendoim é de grande importância. O

calcário é uma fonte de cálcio, que é aplicado visando neutralização do alumínio e do

manganês, e aumenta a disponibilidade do nutriente na zona de frutificação da planta

13

no solo, refletindo na espessura do tegumento das sementes (maior espessura de

casca das vagens) que atua como uma barreira na penetração de fungos e a perda

de água. Este elemento é absorvido pelas raízes, ginóforos e cascas do fruto em

formação (PEREIRA, 2006).

O amendoim mesmo tendo ampla adaptabilidade, a sua produtividade é

altamente influenciada por fatores ambientais, especialmente temperatura,

disponibilidade de água e radiação (SILVEIRA et al., 2009).

2.5 Utilização do óleo de amendoim

O óleo do amendoim refinado tem praticamente todas as propriedades

necessárias a um óleo próprio para alimentação. É um óleo de belo aspecto, quase

incolor, de gosto agradável e de aroma suave e característico. Conserva-se bem, com

menor tendência a ficar rançoso que o azeite de dendê e outros. Em valor nutritivo,

equivale às demais gorduras de origem animal ou vegetal, usadas na alimentação.

Além da alimentação humana, o óleo é utilizado para fins medicinais e farmacêuticos,

como veículo solvente de medicamentos, em produtos injetáveis. (NAKAGAWA &

ROSOLEM, 2011).

O óleo além de ser usado na alimentação humana e animal, é empregado

também na indústria pesqueira, apesar de haver restrições para alguns produtos

específicos como enlatamento de sardinhas, por ser suscetível ao ranço; na

fabricação de sabões e sabonetes, tintas, vernizes e ainda como combustíveis e

lubrificantes (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).

Segundo DOORENBOS & KASSAM (1979), a viabilidade de produção de um

biocombustível é analisada em função do balanço energético, envolvendo desde a

disponibilidade de energia solar para as plantas, até os processos físicos e sócio

energéticos gastos na produção industrial. Dentro dessa temática, há poucos estudos

sobre a eficiência de uso da radiação solar na síntese de energia química pelas

plantas oleaginosas potencialmente produtoras de biodiesel, tais como amendoim,

gergelim, girassol, mamona e soja, entre outras.

O óleo de amendoim, juntamente com os outros óleos vegetais, vem sendo

estudado para a utilização como biocombustíveis em motores diesel, seja só ou em

14

mistura com o óleo diesel, com resultados promissores (Mello et.al., 2006). Este óleo,

como os demais de origem vegetal, apresenta densidade próxima ao combustível

empregado tradicionalmente, porém com poder calorífico pouco menor, e fazem parte

do Programa Nacional de Produção e Uso de Biocombustível, que estabeleceu a

obrigatoriedade (Lei 11.097 de13/01/2005) da adição de 2% de biocombustível ao

diesel a partir de 2008 e com elevação para 5% em 2013.

Deve-se considerar ainda a grande diversidade de opções de oleaginosas para

produção de biodiesel, tais como a Elaeis Guineensis N. (dendê) e Orbignya phalerata

(babaçu) no norte, Glycine max (soja), Helianthus annuus (girassol) e Arachis

hipogaea (amendoim) nas regiões sul, sudeste e centro-oeste, e no semiárido

nordestino, Ricinus communis (mamona), Jatropha curcas L. (pinhão manso).

Destacam-se também como alternativa às demais regiões do país, além destas, as

oleaginosas Mauritia flexuosa L. (buriti), Caryocar brasiliense Camb (pequi), Crambe

Hochst Abyssinica (crambe), Licania rigida Benth (oiticica), Sesanum indicum

(gergelim), Carapa guianensis Aubl (andiroba), dentre outras oleaginosas, vem sendo

investigadas em suas propriedades físico-químicas, reológicas e de resistência a

degradação térmica e oxidativa, direcionadas a produção de biocombustível (ROCHA,

2007).

A produção de biodiesel é uma oportunidade tecnológica e estratégica para o

Brasil, tendo em vista que o País possui em abundância espécies vegetais de onde

se extraem óleos, matérias primas necessárias para a produção deste combustível,

que já tem na produção de álcool de cana-de-açúcar um excelente exemplo nesse

aspecto (HAAS et al., 2001). Após a extração do óleo, obtém-se como subproduto de

alto valor comercial, a torta que é empregada na alimentação animal ou como

fertilizante. As tortas, cuja riqueza nutritiva é variável em função do método de

obtenção, se destinadas à alimentação animal são transformadas em farelo. O farelo

é a torta da qual foi extraído o óleo por meio de solventes e tem cerca de 0,5 a 0,8%

de óleo residual. O farelo é comercializado com base no seu teor proteico, sendo que

para o amendoim deve conter no mínimo 46% de proteína (FONSECA, 1981).

O farelo de amendoim, por sua riqueza proteica e vitamínica, é reconhecido

como um valioso suplemento para dietas humanas, para aliviar a má nutrição em

muitos países. Do seu processamento obtêm-se farinha, concentrados e isolados

proteicos, com alto teor de proteína. A proteína do amendoim é deficiente em alguns

15

aminoácidos essenciais (metionina e lisina), mas a sua digestibilidade é superior a

muitas outras fontes de proteína vegetal (SAVAGE & KEENAN, 1994).

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21

CAPÍTULO 2. PRODUÇÃO E SIMULAÇÃO DE GRÃOS E BIOMASSA E FATOR DE

COBERTURA VEGETAL DE LINHAGENS INTERESPECÍFICAS DE AMENDOIM

NO SUDOESTE DE GOIÁS

RESUMO – A produção de amendoim no Brasil cresceu mais de 23% nos últimos 10

anos. A exigência por produtos com maior qualidade do grão tornou necessário a

introdução, avaliação e o desenvolvimento de cultivares do tipo runner no Brasil. Com

isso, os objetivos desse trabalho foram verificar a diferença de produtividade entre

linhagens de amendoim em comparação com uma cultivar em duas datas diferentes

de plantio da safra verão e comparar esses resultados com os gerados pelo programa

de simulação de produção agrícola AquaCrop®, e determinar qual linhagens

proporcionou melhor cobertura vegetal sobre o solo. Os ensaios foram conduzidos na

área experimental da Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí. A implantação

do primeiro ensaio experimental teve sua instalação no dia 15 de janeiro de 2014, e o

segundo dia 07 de dezembro de 2014, ambos com o intuito de serem safras de verão,

porém com datas de manejo diferentes. A colheita dos mesmos ocorreu,

respectivamente, nos dias 04/06/2014 e 30/04/2015. Foram instalados em Blocos

Casualizados, e os tratamentos foram 5 linhagens de amendoim e a cultivar Runner

IAC 886 como testemunha. Para a simulação, usou se os softwares ETo Calculator

para mensurar a evapotranspiração de referência, e AquaCrop® para gerar dados

empíricos de produção de grãos e biomassa. No primeiro ensaio as linhagens LPM

22 e LPM 12 obtiveram melhor desempenho, sendo que LPM 22 produziu maior

cobertura vegetal. No segundo ensaio, não houve diferença significativa entre os

tratamentos, e a LPM 22 também proporcionou maior cobertura vegetal. As produções

de grãos em casca e biomassa vegetal gerados pelo software AquaCrop estavam

dentro do que já foi descrito na literatura, e não ocorreu diferenciação entre os

resultados gerados pelo programa com os encontrados nos ensaios de campo.

Palavra-chave: Arachis hypogaea, produção, biomassa, software, índice foliar

22

CHAPTER 2. PRODUCTION AND SIMULATION OF GRAINS AND BIOMASS AND

VEGETATION COVER FACTOR OF PEANUT INTERSPECIFIC LINES IN

SOUTHWEST OF GOIÁS

ABSTRACT - The peanut production in Brazil increased more than 23% over the last

10 years. The demand for products with higher grain quality made it necessary into

introduce, evaluate and develop the type of runner cultivars in peanut in Brazil. The

objectives of this study were to verify the productivity gap between peanut lines

compared with a cultivar on two different dates of planting during the summer crop and

compare these results with those generated by AquaCrop® agricultural production

simulation program, and determine which line provides better plant cover on the

ground. The experiments were conducted in the experimental area of the Universidade

Federal de Goiás - Regional Jataí, the implementation of the first experimental test had

its installation on January 15, 2014, and the second day December 7, 2014, both in

order to be summer crops, but with different management dates. The harvest of these

occurred respectively in the days 04.06.2014 and 04.30.2015. They installed the

experimental in DBC, and the treatments were five strains of groundnuts and as

attestant to cultivate Runner IAC 886. For the simulation, used if the ETo Calculator

software for measurer reference evapotranspiration, and AquaCrop to generate

empirical data from grain and biomass. In the first test, the LPM 22 and LPM 12 lines

performed better, and the LPM 22 has the most vegetation cover. In the second trial,

there was no significant difference between treatments, and the LPM 22 has the better

vegetation cover either. The grain yield of pods, and plant biomass generated by

AquaCrop® software were within what were described in the literature, and there was

no differentiation between the results generated by the program with those found in

field trials.

ABSTRACT

Keywords: Arachis hypogaea, yield, biomass, software, leaf index

23

INTRODUÇÃO

A produção de amendoim no Brasil cresceu mais de 23% nos últimos 10 anos,

passando de 187.719 toneladas de amendoim em casca, em 2003, para 301.744

toneladas, em 2012. A maior produção, contudo, ocorreu em 2005, com 315.239

toneladas de amendoim em casca, impulsionada pela demanda do produto naquele

ano (IBGE, 2012).

O mercado de amendoim no Brasil vem se diversificando em relação aos

padrões da matéria prima. Para o mercado de consumo in natura, os tipos mais

demandados são os grãos de película vermelha, de formato longo ou redondo. Para

o de confeitaria, a demanda é atendida por tipos de película clara e grãos grandes,

oriundos de cultivares rasteiras, conhecidas como runner. Materiais do tipo runner têm

como característica vagens com apenas duas sementes, ciclo médio a tardio, em

torno de 120 - 140 dias, alto teor de óleo nas sementes e maior exigência em termos

de manejo SANTOS et al., 2005). Para atender este novo segmento de mercado, a

Embrapa Algodão vem desenvolvendo pesquisas com a cultura do amendoim visando

obter cultivares rasteiras, de ciclo curto, alta produtividade e elevado teor de óleo,

incluindo linhagens interespecíficas oriundas do programa de pré-melhoramento de

amendoim (SANTOS et al., 2010; SUASSUNA et al., 2015).

Tal demanda tem promovido uma ampliação nas linhas de pesquisa de

melhoramento genético, visando gerar novas cultivares para atender aos mercados

de óleo comestível e combustível (JONNALA et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2006).

Em decorrência dos altos preços de mercado que ocorreram nos últimos anos,

a demanda por sementes de amendoim, tanto por produtores das regiões Sudeste e

Nordeste, quanto por produtores do cerrado tem aumentado. Além disso, a exigência

por produtos com maior qualidade do grão, adaptados para um sistema de produção

mais tecnificado, tornou necessário a introdução, avaliação e o desenvolvimento de

cultivares do tipo rasteiro nos programas de melhoramento de amendoim no Brasil

(GODOY, 2001). Deve-se considerar que a adoção de cultivares desse porte exige

adequação do sistema de produção como, a colheita mecanizada em área total, e em

especial, o ciclo tardio das cultivares desse tipo exige um maior investimento no

controle das doenças foliares (GODOY et al., 1999).

24

O emprego de modelos computacionais a partir de ferramental matemático que

leve em consideração a capacidade genética (ferramenta para o programa de

melhoramento de amendoim) das plantas e as condições pedológico-climáticas dos

biomas mostra-se como uma alternativa importante para a análise criteriosa de fatores

relevantes ao desenvolvimento dos sistemas de produção agrícola (BARBIERI et al.,

2010).

A simulação de processos consiste na construção de um modelo que replica o

funcionamento de um sistema real e, a partir da utilização de softwares

especializados, permite maior entendimento do estudo através da realização de testes

para sua operação e, assim, proposição de melhores formas de operá-lo. Em síntese,

a simulação permite ao gestor testar alternativas em um modelo teórico antes da

aplicação prática, estimando a distribuição de variáveis aleatórias, as hipóteses

estatísticas, os cenários e avaliando a tomada de decisão em tempo real (PINHO et

al., 2009).

Os modelos de simulações do rendimento agrícola são ferramentas que

possibilitam antever as respostas de uma determinada cultura submetida às

condições desejadas pelo pesquisador, antes mesmo de se concluir um ensaio.

Mediante a complexidade de uma cultura em responder ao déficit hídrico induzido,

faz-se necessário o uso de funções empíricas que simulam o rendimento, como forma

de avaliar a produção da planta em resposta ao uso da água. Dentre os vários

modelos usados para este tipo de pesquisa, o aplicativo AquaCrop®, desenvolvido

pela FAO, permite estimar com precisão o efeito da água no rendimento de várias

culturas, dentre estas, incluem as hortaliças, os cereais e as oleaginosas (RAES et

al., 2009).

Para simulação de produtividade foi utilizado o modelo AquaCrop®. O modelo

foi proposto como uma ferramenta de fácil utilização para diversos usuários

interessados na estimativa do crescimento em fitomassa e no rendimento de culturas,

através de reduzido número de parâmetros que facilitam a calibração e utilização para

diferentes culturas e estratégias de manejo. Este modelo teve seus conceitos e

princípios descritos por Steduto et al. (2009).

As simulações foram entre janeiro de 1980 a dezembro de 2010, com apoio do

modelo AquaCrop® 3.1+, as quais consistiram nas etapas de calibração e validação

do modelo e de simulações das épocas de semeadura e análises de risco climático

para o amendoim. O modelo AquaCrop® requer informações sobre o clima, o solo e

25

a planta. Para tanto foi utilizada a série climatológica de Jataí, de janeiro de 2013 a

junho de 2015, cedida pelo INMET, referente aos dados de precipitação, temperaturas

máxima e mínima, umidade relativa do ar e insolação (RAES et al., 2011; ASSUNÇÃO

& LIMA, 2011).

O modelo AquaCrop® requer, como parâmetros de entrada, dados diários do

clima: chuva, temperaturas máxima e mínima, evapotranspiração de referência e

concentração de CO2 (369 ppm sugerido pelo próprio sistema); dados da cultura:

densidade de semeadura, data de semeadura, data do início e fim do florescimento,

índice de cobertura foliar, índice de colheita e temperatura de estresse da cultura;

dados sobre os manejos da irrigação e do campo; e ainda o tipo de solo com as

condições iniciais de umidade e fertilidade do solo (MARTIM et al., 2009) .

Tanto quanto o desenvolvimento de técnicas para a melhoria dos rendimentos

produtivos das culturas é de grande importância, a proteção do solo contra agente de

erosão também contribui para um melhor desempenho das plantas.

O fator de cobertura do solo, isoladamente, é o fator de maior importância

relativa no controle da erosão hídrica. A utilização dos resíduos culturais como

cobertura do solo é uma maneira simples, eficaz e econômica de controlar as erosões

nas áreas cultivadas. Os resíduos, quando mantidos sobre a superfície do solo, evitam

o impacto direto das gotas de chuva, prevenindo a desagregação e selamento

superficial e mantendo taxas adequadas de infiltração de agua no solo. As raízes

propiciam uma maior sustentação mecânica do solo e as raízes mortas favorecem a

existência de canais no solo (drenagem) onde a agua pode penetrar, diminuindo a

quantidade de agua que escoa na superfície do solo (Amado et al., 1989; Portugal,

2000).

Plantas de amendoim apresentam a parte aérea com uma haste principal de

onde originam-se as ramificações primárias, secundárias e terciárias, que podem

medir de 0,20 m a 0,70 m de comprimento, de acordo com o grupo botânico, as

cultivares e as condições ambientais (TASSO JUNIOR et al., 2004). As ramificações

primárias de plantas do subgrupo runner crescem horizontalmente e se espalham pelo

solo emitindo alternadamente gemas reprodutivas ou ramificações secundárias e

terciárias, formando uma arquitetura mais espessa do que a de plantas de porte ereto

(GODOY et al., 2005).

O crescimento da parte aérea até o início de florescimento é lento, tanto em

termos de comprimento da haste como de acúmulo de matéria seca e de área foliar.

26

O crescimento vegetativo da planta continua de forma mais acentuada após o

aparecimento das flores, continuando na fase de frutificação, só paralisando quase ao

final do ciclo (BOOTE & KETRING, 1990).

Os estudos da fisiologia do crescimento das culturas requerem a estimativa da

área foliar ao longo do ciclo de cultivo. A área foliar é uma característica importante

na avaliação da eficiência fotossintética das plantas, na determinação de danos

bióticos e abióticos, na análise de crescimento, relacionado com o acúmulo de matéria

seca, metabolismo da planta, produção final, qualidade e maturação das culturas

(BUSATO et al., 2009). O Índice de Área Foliar (IAF) é uma das análises mais

utilizadas.

Existem dois métodos utilizados para determinar o IAF: método destrutivo e

método não destrutivo. O fator de cobertura foliar pode ser determinado por diversos

métodos não destrutivos como, estimativa visual, sensoriamento remoto ou imagens

digitais. A utilização de imagens digitais apresenta vantagens pela praticidade, baixo

custo e precisão. A taxa de variação do fator de cobertura foliar, durante o ciclo de

uma cultura, é o resultado do manejo cultural como, irrigação, controle de pragas e

doenças, população de plantas e fertilização (LIMA et al., 2009).

Com o presente trabalho objetivou-se avaliar: 1) a produtividade de linhagens

interespecíficas de amendoim, incluindo uma cultivar comercial em duas safras de

verão; 2) fitomassa; 3) fator de cobertura foliar; 4) comparar os resultados obtidos

com os gerados e comparar esses resultados com os gerados pelo programa de

simulação de produção agrícola AquaCrop®; 5) acompanhar o desenvolvimento da

área de matéria verde para determinar qual linhagem proporciona melhor cobertura

vegetal sobre o solo.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos na área experimental da Universidade

Federal de Goiás - Regional Jataí, GO, localizado a 17º 53' de Latitude Sul, 51º 43' de

Longitude Oeste e 670 metros de altitude. O clima da região, segundo a classificação

de Köppen, é do tipo Aw, megatérmico, com estações seca de maio a setembro, e

chuvosa definidas pelos meses de outubro a abril. O solo da área é classificado como

Latossolo Vermelho distroférrico (Embrapa, 2009), cujas características químicas e

27

físicas do solo foram determinadas mediante à análise de solos (Tabela 1). Os dados

meteorológicos foram coletados na Estação Meteorológica de Jataí (Figura 1 e 2)

durante a condução dos experimentos utilizando informações, também dados obtidos

através do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), e estão representados nas

Figuras 1 e 2.

Solo pH (Cmolc dm-3) (mg dm-3)

(CaCl2) H+Al Al Ca Mg CTC K P

LVdf

4,59 5,42 0,18 0,66 0,28 6,55 75,54 3,32

% Análise textural (%)

Sat. Bases

MO Areia grossa Areia fina Silte Argila

17,31 30,9 3,91 8,47 24,61 63,01

Tabela 1. Análise química e física do solo da área experimental na profundidade de

0 – 20 cm

0

5

10

15

20

25

30

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Tem

pera

tura

(°C

)

Pre

cip

itação (

mm

)

Intervalo de tempo

P (mm) Tmed (°C)

Figura 1. Precipitação acumulada (mm) e Temperatura média (°C) no período do

primeiro ensaio experimental em Jataí, GO, 2014.

28

Para a correção de pH e fonte de Ca (importante na formação das cascas das

vagens de amendoim), foi incorporado 1,5 t ha-1 de calcário dolomítico, com PRNT de

85%, adubo esse encontrado disponível para uso nas instalações para

experimentação da faculdade de agronomia. Os dados sobre a composição do

calcário foram disponibilizados pelo fabricante do mesmo.

As sementes utilizadas em ambas safras foram tratadas com fungicidas e

inseticidas próprios para tratamento de sementes (produto com mistura pronta

contendo o inseticida Fipronil do grupo pirazol, e os fungicidas Piraclostrobina do

grupo das estrobilurinas e Metil Tiofanato do grupo dos benzimidazois, na

concentração de 150 g de ingrediente ativo/100 kg de sementes), procedimento usado

para se evitar o ataque de patógenos e insetos praga durante a instalação do ensaio.

A implantação do primeiro ensaio experimental foi realizada no dia 15 de janeiro

de 2014, e o segundo dia 07 de dezembro de 2014, ambos de com o intuito de permitir

cultivo em safra de verão, porém com datas de manejo diferentes. A colheita dos

mesmos ocorreu, respectivamente, nos dias 04 de junho de 2014 e 30 de abril de

2121,52222,52323,52424,52525,526

0

50

100

150

200

250

Tem

pera

tura

(°C

)

Pre

cip

itação (

mm

)

Intervalo de tempo

PP (mm) Tmed (°C)

Figura 2. Precipitação acumulada (mm) e Temperatura média (°C) no período do

segundo ensaio experimental em Jataí, GO, 2014-2015.

29

2015. Na condução do primeiro ensaio fez se o uso de produtos fitossanitários

(herbicidas e inseticidas) diferentes no manejo que foi adotado no segundo ensaio, já

que a aplicação desses produtos não foi realizada. As colheitas foram efetuadas

quando verificou se que de 60 a 70% das vagens apresentavam pigmentos de cor

marrom na parte interna das vagens, onde arrancou se plantas da bordadura, fez-se

a coleta das vagens e a verificação da maturação das sementes.

Os dois ensaios tiveram seu delineamento experimental em Blocos

Casualizados (DBC). O espaçamento entre blocos foi de 1,5 metros. Os ensaios

tiveram no seu total 24 parcelas cada, 6 tratamentos de amendoins com 4 repetições

cada, sendo que cada parcela teve 4 linhas de 5 metros com densidade de semeadura

de 15 sementes por metro linear. O espaçamento entre linhas foi de 0,9 metros e entre

parcelas também de 0,9 metros. Em comprimento a área experimental foi de 21,6

metros e de largura 23 metros, totalizando 496,8 m2. A parcela útil de unidade

experimental foi de 1 m2 de biomassa (essa medida foi escolhida para facilitar a

estipulação para hectare após as coletas das amostras), incluindo a parte aérea e o

sistema radicular, das duas linhas centrais, descartando um metro de cada

extremidade dessas linhas, considerados como bordadura.

Os tratamentos dos ensaios foram: a cultivar Runner IAC 886 que serviu como

tratamento testemunha e as linhagens LPM 12; LPM 13; LPM 18; LPM 20; LPM 22 (a

sigla LPM vem dos termos Linhagem de Pré-melhoramento).

O arranquio das plantas do solo foi realizado manualmente, mesma condição

condicionada para a retirada das vagens das plantas.

Para o processamento de dados no aplicativo AquaCrop, primeiramente foi

usado o programa EToCalculator® para calcular a evapotranspiração de referência

(ETo). O software foi desenvolvido pela FAO em 2009, e necessita dos dados de

temperaturas máximas e mínimas do ar (°C), umidade relativa do ar (%UR),

velocidade média do vento (U2) a 2 m (m s-1) e insolação (n) (h-1 d-1), dados esses que

foram obtidos pela estação automática da Universidade Federal de Goiás, Regional

Jataí. Os mesmos referentes as datas em que as plantas estavam em campo.

Durante todo o ciclo das plantas foram realizados registros fotográficos

realizadas semanalmente para análise do fator de cobertura do solo. Todos os

registros fotográficos efetuados foram em uma mesma posição e horário do dia,

especificamente entre as 07:30 e 08:30 da manhã, exceto nos dias em que ocorreram

precipitação. As imagens fotográficas retiradas foram avaliadas usando o aplicativo

30

ImageJ®, visando a modelagem da produção de matéria verde durante o período de

desenvolvimento, para avaliar o desempenho produtivo entre as cultivares/linhagens

de amendoim.

As fotografias foram retiradas com uma câmera Sony® Cyber-shot®, modelo

DSC – W320, com 14.1 Mega pixels de resolução, sensor CCD, zoom ótico de 4x e

LCD com 2,7”.

Os resultados amostrais foram submetidos à análise de variância,

acompanhada de testes de média, se necessário, bem como à análise de regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de produtividade obtidos nos ensaios das linhagens de

amendoim podem ser verificados na Tabela 2. Pode se verificar que a linhagem LPM

22 obteve o melhor desempenho em campo no primeiro ensaio quando o parâmetro

estudado é produtividade, porém diferiu significativamente somente da linhagem LPM

13. A linhagem LPM 13 não diferiu dos demais tratamentos.

Tabela 2. Relação produtividade de grãos em vagem (Kg ha-1) e biomassa total (Kg

ha-1) durante as safras 2013/14 e 2014/15 em Jataí – GO.

Tratamentos

Ensaio 1

(Safra 2013/14)

Ensaio 2

(Safra 2014/15)

Produtividade (kg

haˉ¹)

Biomassa (kg

haˉ¹)

Produtividade (kg

haˉ¹)

Biomassa (kg

haˉ¹)

Runner

LPM 12

LPM 13

LPM 18

LPM 20

LPM 22

4620,05ab

5639,95a

2739,55b

4254,28ab

4188,78ab

6013,68a

7827,67ab

11007,5 a

5828,03 b

8044,7ab

7856,55ab

12110,85a

4085,0a

5332,5a

4157,5a

3837,5a

3605,0a

3967,5a

13820,0a

10137,5a

14087,5a

13410,0a

15207,5a

13822,5a

CV (%) 24,48 22,46 32,21 31,28

Médias seguidas por pelo menos uma letra não difere estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao

nível de 5% de probabilidade.

31

Em relação ao segundo ensaio, não houve diferença significativa entre as

linhagens e a testemunha.

As linhagens ocuparam posições diferentes em relação a produção nos dois

ensaios. Essa diferença pode ser devido ao fato de que durante a condução dos

experimentos alguns manejos diferentes foram adotados e aos períodos de tempo em

que as plantas ficaram em campo.

A causa também pode ter sido diferentes condições climáticas que cada

experimento enfrentou durante sua permanência em campo, onde o plantio do

primeiro experimento foi antecipado no prazo de 39 dias, ao ponto que o primeiro

ensaio se deparou com alguns dias sem chuva, atrasando a germinação das

sementes e o desenvolvimento das plântulas. No segundo ensaio ocorreu

pluviosidade no final de ciclo dos tratamentos, prejudicando a colheita e a qualidade

visível das vagens e grãos. As produtividades foram maiores no 1º ensaio,

provavelmente devido as plantas se recuperarem do efeito do veranico no início de

seus ciclos de vida.

Verificamos também que a linhagem LPM 13 comportou se de maneira

diferente nos dois experimentos. Pode estar relacionado com a após aplicação do

herbicida com princípio ativo haloxifope-r éster metílico (inibidor da síntese de

lipídeos), essa linhagem apresentou sintomas de fitotoxidez na sua parte aérea, não

se recuperando totalmente e tendo uma redução em sua produtividade final, pois seu

crescimento foi paralisado por certo tempo. Como no segundo ensaio não se fez o

uso desse produto, a produtividade dessa linhagem não diferiu significativamente com

as demais e com a cultivar, superando até a linhagem de destaque no primeiro ensaio.

Para se ter uma certeza se o produto foi toxico para a linhagem um estudo posterior

deve ser realizado.

Godoy et al. (2003) observaram que a produtividade média em casca obtidos

para as cultivares de porte rasteiro Runner IAC 886 e IAC Caiapó foram

respectivamente, 5525 e 5110 Kg ha-1, resultados esses semelhantes com as

linhagens que obtiveram melhor desempenho nos dois ensaios em campo, onde a

linhagem LPM 22, no 1º ensaio obteve resultado superior ao encontrado pelos

autores. Oliveira et al. (2006) obtiveram uma média produtividade com a cultivar

Runner IAC 886 de 5068,07 Kg ha-1, após adquirir os resultados de 10 safra entre os

anos de 2003 e 2005 em 5 cidades paulistas. Santos et al. (2013) fazendo o arranquio

das plantas do cultivar Runner IAC 886 em 5 datas diferentes (120, 125, 130, 135 e

32

140 DAS) obtiveram melhores resultados (6649,3, 6352,3, 7020,9, 6041,5 e 6863,6

kg ha-1), porém a colheita foi mecanizada, diferente do processo de arranquio dos dois

ensaios das linhagens que foi manual.

Após comparar a produtividade de 7 linhagens de amendoim de porte rasteiro

com 1 linhagem de porte ereto, chegaram à conclusão que todas as linhagens de porte

rasteiro tiveram melhor desempenho que a cultivar testemunha, no caso, a cultivar

Tatu, e que a produção das linhagens variou entre 3982 a 4825 kg ha-1, resultados

esses compatíveis com as linhagens testadas nos dois ensaios deste trabalho (Zullo

et. al,1993).

Depois da estipulação da produção e da biomassa foi feita a simulação. Para

a geração de resultado no modelo AquaCrop®, em relação ao primeiro ensaio, uma

média entre os dados obtidos em campo das linhagens e do cultivar foi realizada, pois

por se tratarem de linhagens com o padrão genético semelhante, os resultados

apresentaram diferenças mínimas (entre 2 a 3 dias entre eles). A germinação ocorreu

entre 9 e 11 DAS (Dias Após a Semeadura), a indução floral ocorreu entre 28 e 31

DAS, com senescência (amarelecimento das folhas e caída das mesmas) iniciando

dos 118 a 120 DAS e colheita variando entre 142 a 144 dias.

Na Tabela 3 podem ser verificados os valores obtidos das simulações para

ambos ensaios. São resultados estipulados de produção de vagens e biomassa,

valores esses que o programa simula ao receber informações semelhantes de como

ocorreu no campo com os tratamentos, e os valores de ETo e precipitação que ocorreu

durante o período dos experimentos.

Tabela 3. Valores de produção, fitomassa, ETo e Precipitação gerados pelo

programa de simulação Aquacrop®, simulado ao período dos ensaios.

Parâmetros Simulação (Kg ha-1)

Safra 2013/14 Safra 2014/15

Produtividade (kg haˉ¹) 5540,0 6901,0

Rendimento de fitomassa (kg haˉ¹) 13467,0 12587,0

ETo (mm) 558,3 655,1

Precipitação (mm) 761,2 897,8

Ciclo (dias) 145 142

33

Verificou se que no primeiro ensaio, a linhagens LPM 22 e LPM 12 tiveram

produções de grãos em vagem superiores quando comparados com os valores

gerados pelo programa de simulação. Mesmo com esse resultado, verifica se que a

simulação gerou resultados compatíveis com os encontrados na literatura.

Já no segundo ensaio, nenhum resultado dos tratamentos foi superior ao que

o AquaCrop® gerou, apesar que os valores estão dentro do que é descrito na literatura

como já foi citado. Uma das possíveis causas do declínio desse parâmetro foi que

durante o período final do ciclo dos tratamentos, ocorreu pluviosidade inesperada,

fator esse que causa doenças de podridão das vagens e grãos, o apodrecimento do

carpóforo, o que dificulta na hora do arranquio a coleta das vagens, além da

germinação dos grãos já maduros, uma vez que esses não apresentam dormência

em sua maioria (NAKAGAWA & ROSOLEM, 2011).

Os demais tratamentos tiveram referências inferiores quando comparados com

a simulação. Vários aspectos, como doenças, insetos praga, plantas daninhas,

momento de colheita, déficit hídrico, aplicação de produtos fitossanitários, entre outros

podem ter levado a essa redução da produtividade.

Na Tabela 2 também estão presentes os resultados de biomassa dos dois

ensaios de campo. Observou-se que as produtividades de biomassa de todos os

tratamentos acompanharam as produtividades de grãos em vagem, no sentido

estatístico, podendo concluir as que ambos estão interligados.

Na fase de germinação das plântulas, houve falta de pluviosidade, o que

dificultou a quebra da barreira física do solo pelas mesmas, resultando no atraso da

germinação e a perda de vigor pelas sementes, que converteram a energia presente

nas sementes e que seria gasta no crescimento das plântulas para que essas

plântulas ultrapassassem as camadas superficiais e secas de solo. CATO et al.,

(2008) citaram que a falta de água no início do desenvolvimento faz com que ocorram

problemas como atraso e irregularidades na germinação, porém não foi preciso fazer

correção de stand.

SANTOS et al., (2010) relataram que as perdas durante a retirada do amendoim

do solo ocorrem devido à interação entre vários fatores relacionados ao cultivo e ao

maquinário. As perdas visíveis (vagens encontradas sobre o solo) variaram entre 0,7

e 14,8% e as perdas invisíveis (vagens encontradas sob o solo), de 1,9 a 34,1%.

Trabalhos realizados com cultivares de porte rasteiros evidenciaram perdas de

produtividade por plantas daninhas que variam entre 53 e 90% (Agostinho et al., 2006;

34

Nepomuceno et al., 2007a). SALGADO et al., (2007) relataram na cultura do feijão,

houve redução de 67% na produtividade quando se compara a obtida na ausência

total das plantas daninhas testemunha no limpo (2.515,74 kg ha-1) – com a obtida na

presença delas durante todo o ciclo (1.095,09 kg ha-1), e Nepomuceno et al., (2007b),

relataram que no sistema de semeadura direta, a infestação de plantas daninhas na

cultura da soja reduziu em até 46% a produtividade de grãos quando comparado a um

sistema onde não há presença de mato. Isso mostra que a mato competição em

qualquer cultura, reduz a produtividade no final de ciclo, incluindo na produção de

amendoim.

Essas comparações de produção feitas entre os resultados obtidos com os

experimentos em campo e o programa de simulação, nos proporciona dois modos de

raciocínio. Na primeira visão, podemos concluir que o os materiais que saíram

melhores podem ter material genético superior em ralação aos demais. E um segundo

ponto de vista que, alguns materiais foram prejudicados por algum fator não ligado a

genética, como mato-competição, problema esse que prejudicou o desempenho das

plantas no segundo ensaio. Para se ter conclusões mais precisas, repetições com os

mesmos tratamentos e nas mesmas épocas deverão ser realizados e com métodos

de manejo diferentes para que se haja resultados concretos.

Com relação a produção de fitiomassa, no primeiro ensaio nenhum resultado

foi superior ao que o Aquacrop® registrou, mas 2 linhagens obtiveram resultados

próximos, linhagens essas que obtiveram melhores produtividades também (LPM 12

e LPM 22). Já no segundo ensaio, somente a linhagem LPM 12 não apresentou valor

superior ao do programa de simulação.

A aplicação de herbicida, houve a diminuição do porte das plantas da linhagem

LPM 13, atrasando seu desenvolvimento, e fazendo com que as plantas não

conseguissem se estabelecer como nos demais tratamentos. No segundo ensaio, os

resultados da produção de biomassa não diferiram estatisticamente entre si,

mostrando que todos os tratamentos demonstraram o mesmo desenvolvimento em

campo. Mesmo não tendo essa diferenciação, houve uma diferença expressiva entre

os resultados do primeiro ensaio com o os do segundo. Como o segundo experimento

foi semeado em dezembro e nesse mês ocorre grande fluxo pluviométrico, as plantas

não sofreram com déficit hídrico no início de ciclo, diferente do primeiro experimento

que foi semeado em janeiro, e na região onde foram conduzidos os ensaios, ocorrem

35

um período de escassez de chuva durante estes meses, o que coincidiu com o período

em que as plantas estavam em campo.

Doorenbos & Kassam (1979) estabeleceram que a cultura do amendoim pode

ser dividida em cinco fases de desenvolvimento. Essas fases podem ser visualizadas

na tabela 5.

Tabela 4. Fases de desenvolvimento da cultura do amendoim (Fonte: DOORENBOS &

KASSAM, 1979).

Fase de crescimento Dias

0 Estabelecimento 10¹-20²

1 Vegetativo 25-35

2 Florescimento 30-40

3 Formação da produção 30-35

4 Maturação 10-20

¹Cultivares de ciclo precoce. ²Cultivares de ciclo tardio.

Os autores ressaltaram ainda que a fase de florescimento pode se prolongar

durante a fase de formação da produção, para as cultivares de ciclo longo (runner), e

que as vagens originadas das flores que se desenvolveram durante essa fase de

formação da produção possivelmente não atingirão a maturidade.

Nos gráficos foram representadas essas fases de crescimento de acordo com

o que foi observado em campo nos dois experimentos. Nota-se que todas as fases

ocorreram de forma antecipada no segundo experimento, devido as condições

climáticas da época, pois ocorreu pluviosidade durante as fases mais importantes da

cultura, e, quando não houve chuva desta as plantas conseguiram se desenvolver

normalmente.

Na Figura 3 pode se observar como reagiu o crescimento vegetal dos

tratamentos após a análise no ImageJ® e a geração da porcentagem de área vegetal

sobre o solo do primeiro ensaio em campo, variável essa que foi analisada.

36

Figura 3. Fator de cobertura foliar médio das linhagens no período em que o primeiro

ensaio estava no campo

DAE: Dias Após a emergência.

Observa se que ocorreu um aumento de cobertura vegetal entre os dias 34 e

41 DAE (Dias após a emergência). Essa elevação da área foliar dos tratamentos

nesse período foi devido a ocorrência da floração dos mesmos. Santos et al. (1997),

descrevem que a média de floração entre 5 genótipos de porte rasteiros foi de 41 DAE.

Na fase 2 há a formação dos frutos e um aumento da exigência nutricional e

hídrica das plantas de amendoim, pois os frutos são drenos fisiológicos da planta e

necessitam de uma maior quantidade de fotoassimilados (LIMA, 2011).

Após o pico de crescimento durante o início da fase de florescimento, ocorre

um declínio aos 89 DAE. Esse evento provavelmente ocorreu devido ao início do

enchimento das vagens e formação dos grãos de amendoim, fato que exige grande

concentração de fotoassimilados e remobilização de nutrientes para esses órgãos da

planta. Segundo Nogueira & Távora (2005), na fase reprodutiva as plantas demandam

grande quantidade de energia metabólica, no caso do amendoim essa energia é

direcionada para a produção de ginóforos e de estruturas vegetativa, pois é uma

planta de hábito indeterminado, dessa forma parte da energia que será necessária

para maior eficiência reprodutiva é desviada.

Aos 104 DAE foi quando as plantas apresentaram o maior índice de área foliar,

coincidindo com o fim do florescimento e quando ocorre o início da maturação dos

grãos. Esse aumento instantâneo em área foliar pode ser explicado também pela

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

13 20 27 34 41 48 57 62 70 76 82 89 97 104 110 119 127 135 144

Fato

r de c

obert

ura

folia

r (%

)

DAE

LPM12

LPM13

LPM18

LPM20

LPM22

Runner

Fase 2 Fase 3 Fase 4Fase 0 e 1

37

quantidade de chuva que precipitou anteriormente a essa data. Dos 89 DAE até os

104 DAE ocorreu o acumulo de 159,8 mm (INMET, 2015).

No final da fase 2 e durante toda a fase 3 ocorreu a frutificação das plantas.

Após esse período, ocorre um declínio de área verde, pois as plantas entraram em

senescência e os grãos estavam formados e em maturação.

O maior valor obtido em porcentagem de área vegetal foi aos 104 DAE com a

cultivar LPM 22, com 58,30% em média de área vegetal. Significa dizer que 58,30 %

da imagem analisada era composta por área vegetal verde.

Na Figura 4 pode ser observado como foi a produção de matéria verde do

segundo ensaio de campo.

Figura 4. Teor de % de área foliar dos tratamentos no período em que o segundo

ensaio estava no campo

DAE: Dias Após a Emergência.

Seguindo o gráfico, observa se que ocorreu o mesmo evento que ocorreu no

ensaio 1 durante o início do florescimento, porém com o diferencial de ter sido um

pouco adiantado. Isso foi devido as plantas terem emergido mais cedo do que as

plantas cultivadas em janeiro.

Quando comparamos os dois ensaios, observamos que no primeiro o

crescimento de área verde se deu aos 34 DAE, e no segundo aos 28 DAE. Essa

diferença de tempo tem como possível explicação o clima de cada época de plantio

dos tratamentos. Durante o primeiro ensaio ocorreu um veranico quando as sementes

0

10

20

30

40

50

60

70

8 15 22 28 35 43 51 62 67 74 81 88 96 103 109 118 124 131 143

Fato

r de c

obert

ura

folia

r (%

)

DAE

LPM12

LPM13

LPM18

LPM20

LPM22

Runner

Fase 0 e 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4

38

estavam no solo, atrasando o desenvolvimento das plântulas e retardando a

germinação. No segundo ensaio não ocorreu esse problema e as plantas se

desenvolveram normalmente.

Outra similaridade foi o declínio de área verde durante a floração, mostrando

que não importa a época de plantio, pois durante o início da produção de grãos ocorre

um declínio da produção de matéria verde, mas posteriormente, o aumento de área

foliar. Verifica se que esse declínio ocorreu tardiamente no primeiro experimento, fato

ocorrido nas condições climáticas do período.

No segundo ensaio, o pico de maior porcentagem de área vegetal verde

diagnosticado pelo ImageJ® foi de 63,08 aos 74 DAE, com a linhagem LPM 22

representando o tratamento em destaque, porém, apesar do maior valor observado,

não houve diferença estatística entre os tratamentos.

Lima (2011) analisando o fator de cobertura vegetal de uma cultivar de ciclo

curto, durante safra e safrinha, e em dois tipos de solo através do software BitArea,

que usa o mesmo princípio do ImageJ®, de varredura de pixels verde das imagens,

constatou que durante a safrinha, o pico de maior cobertura vegetal foi de 0,69, ou

seja, 69% das imagens estava com cobertura vegetal. Esse resultado supera os

resultados que foram encontrados nos dois ensaios de campo com as diferentes

linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás.

A diferença entre os resultados é pequena, e algum fator pode ter gerados esse

diferencial. Provavelmente os diferentes materiais utilizados nos trabalhos, pois a

autora usou cultivar de ciclo curto em seus ensaios, e esse material produz uma maior

quantidade de matéria vegetal para produzir os frutos em um menor espaço de tempo.

Outras prováveis explicações podem ser: a utilização de outro software para a análise

das fotografias, gerando resultados com maiores valores dos fatores de cobertura

vegetal; a qualidade das fotografias retiradas pela autora; o modelo da câmara

fotográfica utilizada; período em que os ensaios estiveram em campo.

Testes de ANOVA foram realizados antes as fases de crescimento para

verificar se houver diferença significativa de acordo com o comportamento dos

tratamentos em campo. Os resultados podem ser observados na Tabela 6.

39

Tabela 6. Resumo da ANOVA em 4 períodos (de desenvolvimento de amendoim) nos

ensaios de campo das safras 2013/14 e 2014/15.

DAE Fonte de

variação GL QM F F crítico

Safra

2013/14

20 Bloco 3 0,313019 2,806569ns 3,287382

Tratamento 5 1,51057 13,54398* 2,901295

76 Bloco 3 22,45029 0,763876ns 3,287382

Tratamento 5 240,5056 8,183257* 2,901295

104 Bloco 3 50,67926 3,127019ns 3,287382

Tratamento 5 43,42929 2,679679ns 2,901295

135 Bloco 3 84,37258 2,320356ns 3,287382

Tratamento 5 22,20193 0,610582ns 2,901295

Safra

2014/15

22 Bloco 3 48,89478 8,77951* 3,287382

Tratamento 5 3,187196 0,572291ns 2,901295

74 Bloco 3 1,874973 0,341316ns 3,287382

Tratamento 5 10,20499 1,857694ns 2,901295

103 Bloco 3 101,2381 11,58314* 3,287382

Tratamento 5 40,86868 4,675984* 2,901295

131 Bloco 3 40,78276 0,648943ns 3,287382

Tratamento 5 86,68054 1,379277ns 2,901295

DAE: Dias Após a Emergência; GL: Grau de Liberdade; QM: Quadrado Médio; ns: não significativo; *: significativo ao nível de 5% de probabilidade

Como pode verificar, em alguns pontos dos experimentos houve diferença

significativa entre as linhagens, e até mesmo entre blocos, mostrando que a

porcentagem média de área verde oscilou, provavelmente devido à algum fator

externo.

No primeiro ensaio, nas fases de estabelecimento, vegetativo e de

florescimento, houve diferença significativa entre os tratamentos, destacando essa

diferença entre as linhagens LPM 22 (superior) e LPM 13 (inferior).

No segundo ensaio houve diferença estatística significativa entre blocos aos 22

DAE e aos 103 DAE, mostrando que algum fator não relacionado aos tratamentos

(plantas daninhas, fertilidade do solo, etc.) causou uma variação dentro dos

40

tratamentos entre os blocos do experimento, porém os blocos se igualaram dentro dos

parâmetros estatísticos no final do ciclo dos tratamentos. Mesma coisa aconteceu com

a fonte de variação tratamento nos 103 DAE, que deu F significativo, nos informando

que os tratamentos apresentaram resultados de porcentagem de área verde diferente

nesse período, mas assim como no caso dos blocos, essa produção se estabilizou no

final dos ciclos.

CONCLUSÕES

No primeiro ensaio as linhagens LPM 22 e LPM 12 se sobressaíram sobre as

demais em produtividade de grãos em vagens e biomassa.

No segundo ensaio, as linhagens LPM 12 e LPM 13 obtiveram melhores

produtividades, mas não diferiram significativamente dos outros tratamentos.

A simulação gerou valores que estavam dentro do que a literatura condiz. Os

resultados encontrados dentro dos experimentos não transbordaram demais as

margens dos valores do Aquacrop®, mostrando que pode se fazer simulação para se

ter uma base do que será produzido no futuro.

Em relação a fitomassa, a produção desse parâmetro acompanhou a produção

de amendoim em casca, mostrando que ambos estão interligados. As produções

ficaram dentro da média estipulada pela simulação realizada com o programa

Aquacrop®.

Observou que no primeiro ensaio experimental ocorreu muita variação entre as

linhagens quanto a respeito à porcentagem média de área vegetativa analisada,

porém no final de ciclo essa diferença foi anulada com a igualização dos tratamentos.

A linhagem LPM 22 obteve a maior área vegetal, com 58,30% de cobertura de solo

aos 104 DAE.

Já no segundo ensaio, houve apenas uma diferenciação estatística entre os

tratamentos com o decorrer dos ciclos de vidas das plantas, mas assim como no

primeiro ensaio, essa diferença se extinguiu. A linhagem LPM 22 também obteve um

maior percentual de cobertura vegetal analisada pelo ImageJ®, com 63,08% da

imagem analisada apresentando tons verdes, aos 74 DAE.

41

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46

47

CAPÍTULO 3. QUANTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ÓLEO E PODER

CALORÍFICO SUPERIOR DAS LINHAGENS DE AMENDOIM

RESUMO - Entre as oleaginosas comestíveis, o amendoim apresenta um rendimento

industrial superado somente pelo girassol, com média de aproveitamento em torno de

40% para o óleo, sendo assim uma das oleaginosas usadas na produção de

biocombustível. O aproveitamento agrícola vem se tornando cada vez mais atrativo.

O Poder Calorífico Superior (PCS) é um parâmetro usado para medir a energia

presente nos restos agrícolas. Objetivou-se com isso verificar qual linhagem de

amendoim apresentou maior teor de óleo em suas sementes, e comparar com o PCS

também dessas linhagens. O experimento foi conduzido na área experimental da

Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí, GO. Foram usadas 5 linhagens de

amendoim como tratamentos e a cultivar Runner IAC 886 como testemunha. A

implantação do primeiro ensaio experimental teve sua instalação no dia 15/01/2014,

e o segundo 07/12/2014, ambos de com o intuito de se serem safras de verão, porém

com datas de manejo diferentes. Após as colheitas, as amostras frescas das parcelas

úteis foram levadas à estufa de aeração forçada para desidratação, onde

permaneceram por 72 horas a 80 °C, até atingirem peso constante. Após secas, foram

trituradas e levadas para laboratório para se medir o PCS. Foram utilizadas 100

sementes aleatórias dentro de cada parcela experimental, e foram levadas para a

EMBRAPA Algodão, onde se mediu o teor de óleo através de RMN (método não

destrutivo). Os resultados foram submetidos a análise de variância pelo teste de Tukey

a 5% de probabilidade. Não houve diferença estatística para o teor de óleo entre os

tratamentos, em nenhum dos ensaios. Já para PCS, somente no primeiro ensaio a

linhagem LPM 13 diferiu das demais. Não houve conexão entre teor de óleo dos

tratamentos com seus devidos PCS. Houve correlação entre produção de grãos com

duas variáveis: rendimento de óleo total e PCS total.

RESUMO

Paravra-chave: Calorimetria, biodiesel, runner, porte rasteiro.

48

CHAPTER 3. MEASUREMENT AND PRODUCTION OF OIL AND SUPERIOR CALORIFIC VALUE OF PEANUT’S LINE

SUMMARY - Among the edible oil, peanut features an industrial output surpassed only

by the sunflower, with average utilization of around 40% for oil. The use of forest and

agricultural waste is becoming increasingly attractive. The Superior Calorific Value

(SCV) is a parameter used to measure the energy present in agricultural residues. It

aimed to find what peanut strain showed higher oil content in its seeds, and compare

with the SCV these lines. The experiment will be conducted in the experimental area

was the Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí, GO. Five peanut lines were

used as treatments and as an attestant the cultivate Runner IAC 886. The

implementation of the first experimental test had its installation on 01/15/2014 and the

second 12/07/2014, both in order to be summer crops, but with different management

dates. After harvesting, the fresh samples were taken to the greenhouse-forced

aeration to dehydration, where they remained for 72 hours at 80 ° C until constant

weight. After drying, were crushed and taken to the laboratory to measure the PCS. A

hundred random seeds in each plot were taken to EMBRAPA Cotton, where NMR

(nondestructive method) measured oil content. The results were submitted to analysis

of variance with Tukey test at 5% probability. There was no statistical difference for the

oil content between treatments in any of the test. As for PCS, in the first test at LPM

13 strain differed from the others, below. There was no connection between the

treatments oil content with their proper PCS. There was a correlation between grain

yields with two variables: total oil yield and overall PCS.

SUMMARY

Keywords: Calorimetric, biofuel, runner, under port.

49

INTRODUÇÃO

O amendoim era, até a década de 70, uma das principais fontes de óleo

comestível no Brasil. Com a expansão da cultura da soja, cujo custo de produção

agrícola permite a obtenção de óleo a um preço menor, o amendoim foi

gradativamente perdendo espaço como espécie oleífera. Essa mudança ocorreu não

só no Estado de São Paulo como em outras áreas produtoras da América do Sul

(GODOY & GIANDANA, 1992).

No Brasil nos anos de 2008 a 2010, foram produzidas 830 mil toneladas de

amendoim em casca para 314 mil hectares, e foram exportadas 148 mil toneladas de

amendoim descascados e 73 mil toneladas de óleo bruto. Já a área cultivada na safra

2013/14 foi de 105,3 mil hectares, e a produção de 315,8 mil toneladas, e a estimativa

para a safra 2014/15 em produção é de 346,9 mil toneladas em uma área de 109,6

mil hectares (CONAB, 2015).

Entre as oleaginosas comestíveis, o amendoim apresenta um rendimento

industrial superado somente pelo girassol, com média de aproveitamento em torno de

40% para o óleo e 50% para o farelo. Predominantemente, é utilizado na indústria de

gêneros alimentícios graças à nobre qualidade do seu óleo. O óleo do amendoim

caracteriza-se como resistente à saturação, de sabor agradável, o que o nivela ao

óleo de milho, de girassol e ao de oliva. Normalmente, cerca de 60% da produção

mundial da oleaginosa é transformada industrialmente (I.C.E.A, 1987).

Para conseguir óleo de boa qualidade e também bom rendimento, o amendoim

deve estar maduro e seco. No Brasil, o aumento progressivo do consumo do óleo de

amendoim tem impulsionado muitos lavradores a optar por sua cultura. A elevação do

consumo vem sendo registrado, mesmo nas regiões tradicionalmente consumidores

de azeite de oliva (I.C.E.A, 1987). Outro aspecto importante é a produção de biodiesel,

onde o amendoim é indicado, por possuir 50% de lipídios nas sementes. Porém, hoje

a fabricação de óleo tem custo muito elevado, já que a indústria alimentícia paga muito

bem pelo amendoim, principalmente para exportação (RIGON, 2007).

Para que se possa avaliar o rendimento econômico de um cultivar, do ponto de

vista de produção de óleo, é recomendável que se estime a produtividade em óleo por

unidade de área cultivada. Essa estimativa é importante, pois leva cm consideração

não só a produção em casca como o rendimento em grãos e o teor médio de óleo nas

sementes. Embora as variações de teor de óleo entre cultivares sejam

50

proporcionalmente menores do que as diferenças em produção bruta, elas podem

contribuir significativamente para diminuir ou aumentar o desempenho de um cultivar

quando a produção de óleo por área for considerada (GODOY et al., 1989). Segundo

a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), por meio da

Resolução ANP n° 07 de 19/03/200 8, o biodiesel é definido como um combustível

composto de alquilésteres de ácidos graxos de cadeias longas derivados de óleos

vegetais e/ou de gorduras animais.

O conhecimento das características ecofosiológicas de uma cultivar é

fundamental para se otimizar o uso dos recursos naturais que afetam a cultura,

quando se busca aumento na produtividade. Dentre estes recursos, a radiação solar

constitui-se numa fonte energética essencial para a manutenção básica de qualquer

espécie cultivada. Assim, as interações da radiação solar com as plantas condicionam

o microclima interno da cobertura vegetal. A quantidade e a qualidade de radiação

disponível dentro do dossel afetam os processos fisiológicos das plantas.

A radiação pode chegar ao interior da cobertura vegetal, na forma direta, pelas

clareiras e margens e, na forma difusa, por reflexão da folhagem e da superfície do

solo, ou, ainda, como radiação transmitida pelas folhas. A atenuação da radiação na

cobertura vegetal depende, principalmente, da densidade da folhagem, do arranjo das

folhas no interior da vegetação, do ângulo existente entre a folha e a radiação

incidente e do coeficiente de extinção (MONTEITH & UNSWORTH 1990).

O crescimento das plantas depende do saldo de matéria seca acumulada pela

fotossíntese menos a perda por respiração. O ganho líquido é conhecido como taxa

de assimilação líquida (RADFORD, 1967; BENINCASA, 2003). Segundo Monteith

(1994), a produção de matéria seca de uma cultura pode ser expressa como o produto

de três termos: 1) disponibilidade do recurso por unidade de área cultivada; 2)

eficiência de captura do recurso pela cultura; e 3) taxa de produção de matéria seca

por unidade de recurso capturado (fator de conversão).

O uso energético de resíduos lignocelulósicos tem ganhado destaque em vários

países devido à grande quantidade desse tipo de material produzido pelo setor

agroflorestal. No entanto, no aproveitamento racional e adequado de resíduos

agrícolas e florestais, é necessário o estudo de suas propriedades energéticas. O

poder calorifico é um excelente parâmetro para se avaliar a potencialidade energética

de combustíveis de biomassa (BRAND, 2010; FRIEDL et al., 2005; PARIKH et al.,

2005).

51

A viabilidade de produção de um biocombustível é analisada em função do

balanço energético, envolvendo desde a disponibilidade de energia solar para as

plantas, até os processos físicos e sócio-energéticos gastos na produção industrial.

Dentro dessa temática, há poucos estudos sobre a eficiência de uso da radiação solar

na síntese de energia química pelas plantas oleaginosas potencialmente produtoras

de biodiesel, tais como amendoim, gergelim, girassol, mamona e soja, entre outras

(DOORENBOS & KASSAM 1979).

O aproveitamento de resíduos florestais e agrícolas vem se tornando cada vez

mais atrativo. O uso da casca de arroz, da serragem de eucalipto e do caroço de

pêssego, por exemplo, em processos de conversão térmica (pirólise) de biomassa,

pode ser opção muito interessante para diversas regiões brasileiras, uma vez que

pode tirar proveito da grande disponibilidade local de biomassa residual. A utilização

destes resíduos para a geração de energia e de insumos químicos, além de

interessante economicamente, permite que seja dado destino adequado aos mesmos,

diminuindo impactos ambientais. O calor de combustão dos carboidratos está

normalmente entre 17 a 21 KJ g-1 de matéria seca. (DINIZ et al., 2004; RADFORD,

1967).

A quantidade de energia, na forma de calor, liberada na combustão completa

de uma unidade de massa do combustível corresponde ao Poder Calorífico Superior

(PCS) do material em exame. O PCS é a quantidade de calor que pode ser produzida

por 1 kg ou por 1 g de combustível quando este entra em combustão com excesso de

O2 e os gases de descarga são resfriados até o ponto de condensação da água, como

ocorre nos calorímetros convencionais (DINIZ et al., 2004). Pode ser definido também

quando a combustão se efetua a volume constante e no qual a água formada durante

o processo é condensada e o calor latente do vapor d’água não é perdido (Brand,

2010; Friedl et al., 2005; Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1984).

Objetivou se com esse trabalho comparar os teores de óleo de 5 linhagens de

amendoim de porte rasteiro (runner) no sudoeste de Goiás, e correlacioná-los com os

resultados de Poder Calorífico Superior dessas linhagens encontrados através de

calorimetria.

MATERIAL E MÉTODOS

52

Os experimentos foram conduzidos na área experimental da Universidade

Federal de Goiás - Regional Jataí, GO, localizado a 17º 53' de Latitude Sul, 51º 43' de

Longitude Oeste e 670 metros de altitude. O clima da região, segundo a classificação

de Köppen, é do tipo Aw, megatérmico, com estações seca de maio a setembro, e

chuvosa definidas pelos meses de outubro a abril. O solo da área é classificado como

Latossolo Vermelho distroférrico (Embrapa, 2006), cujas características químicas e

físicas do solo foram determinadas mediante à análise de solos, presentes na Tabela

1.

Solo

pH (Cmolc dm-3) (mg dm-3)

(CaCl2) H+Al Al Ca Mg CTC K P

LVdf

4,59 5,42 0,18 0,66 0,28 6,55 75,54 3,32

% Análise textural (%)

Sat. Bases

MO Areia grossa Areia fina Silte Argila

17,31 30,79 3,91 8,47 24,61 63,01

Para a correção de pH e fonte de Ca (importante na formação das cascas das

vagens de amendoim), foi incorporado 1,5 t ha-1 de calcário dolomítico, com PRNT de

85%, adubo esse encontrado disponível para uso nas instalações para

experimentação da faculdade de agronomia. Os dados sobre a composição do

calcário foram disponibilizados pelo fabricante do mesmo.

As sementes utilizadas em ambas safras foram tratadas com fungicidas e

inseticidas próprios para tratamento de sementes (produto com mistura pronta

contendo o inseticida Fipronil do grupo pirazol, e os fungicidas Piraclostrobina do

grupo das estrobilurinas e Metil Tiofanato do grupo dos benzimidazois, na

concentração de 150 g de ingrediente ativo/100 kg de sementes), procedimento usado

para se evitar o ataque de patógenos e insetos praga durante a instalação do ensaio.

A implantação do primeiro ensaio experimental foi realizada no dia 15 de janeiro

de 2014, e o segundo dia 07 de dezembro de 2014, ambos de com o intuito de permitir

cultivo em safra de verão, porém com datas de manejo diferentes. As colheitas dos

mesmos ocorreram, respectivamente, nos dias 04 de junho de 2014 e 30 de abril de

Tabela 1. Resultado de análise química e física do solo da área experimental na

profundidade de 0 – 20 cm

53

2015. Na condução do primeiro ensaio fez se o uso de produtos fitossanitários

(herbicidas e inseticidas) diferentes no manejo que foi adotado no segundo ensaio, já

que a aplicação desses produtos não foi realizada. As colheitas foram efetuadas

quando verificou se que de 60 a 70% das vagens apresentavam pigmentos de cor

marrom na parte interna das vagens, onde arrancou se plantas da bordadura, fez-se

a coleta das vagens e a verificação da maturação das sementes.

Os dois ensaios tiveram seu delineamento experimental em Blocos

Casualizados (DBC). O espaçamento entre blocos foi de 1,5 metros. Os ensaios

tiveram no seu total 24 parcelas cada, 6 tratamentos de amendoins com 4 repetições

cada, sendo que cada parcela teve 4 linhas de 5 metros com densidade de semeadura

de 15 sementes por metro linear. O espaçamento entre linhas foi de 0,9 metros e entre

parcelas também de 0,9 metros. Em comprimento a área experimental foi de 21,6

metros e de largura 23 metros, totalizando 496,8 m2. A parcela útil de unidade

experimental foi de 1 m2 de biomassa (essa medida foi escolhida para facilitar a

estipulação para hectare após as coletas das amostras), incluindo a parte aérea e o

sistema radicular, das duas linhas centrais, descartando um metro de cada

extremidade dessas linhas, considerados como bordadura.

Os tratamentos dos ensaios foram: a cultivar Runner IAC 886 que serviu como

tratamento testemunha e as linhagens LPM 12; LPM 13; LPM 18; LPM 20; LPM 22 (a

sigla LPM vem dos termos Linhagem de Pré-melhoramento).

O arranquio das plantas do solo foi realizado manualmente, mesma condição

condicionada para a retirada das vagens das plantas.

As amostras frescas coletadas nas parcelas úteis (a parte área das plantas com

as raízes foram pesadas separadamente das vagens com grãos) foram pesadas e

levadas à estufa de aeração forçada para desidratação, onde permaneceram por 72

horas a 80 °C, até atingirem peso constante, conforme recomendam Tsubo et al.

(2001) e Benincasa (2003). Após a secagem em estufa, as amostras foram

acondicionadas e moídas com o auxílio de moinho de facas do Laboratório de

Bromatologia da UFG – Regional Jataí.

Após a trituração, as amostras secas foram levadas para fazer análises do PCS

junto ao Laboratório Central Analítica da Universidade Federal de Goiás Campus

Jataí. Para a determinação do PCS foi utilizado o calorímetro digital da marca IKA ®

C-200, segundo a norma NBR 08633 (ABNT, 1984). Nesta análise foi determinada a

quantidade de energia em calorias (cal) liberada pela queima total de 5g da planta de

54

amendoim (caule, folhas e raízes). A pressão usada dentro do cilindro de oxigênio foi

de 30 bar.

Para a determinação da quantidade de óleo presente nas sementes das

linhagens foi coletado 100 sementes aleatórias dentro de cada parcela experimental.

Essas sementes foram enviadas para o Laboratório de Tecnologia Química Avançada

– LATECQ, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),

especificamente EMBRAPA Algodão, localizada em Campina Grande/PB. O material

foi analisado por um Espectrômetro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN). Um

equipamento que permite analisar, em segundos, teores de óleo em sementes e grãos

como soja, milho, girassol, amendoim, entre outras, sem destruí-las.

Os resultados amostrais foram submetidos à análise de variância,

acompanhada de testes de média, quando necessário, bem como à análise de

regressão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após as análises em laboratório, constatou se que não houve diferença

significativa entre os teores de óleo encontrados nos tratamentos, para o primeiro

ensaio. Os valores que as sementes analisadas apresentaram variou entre 44,35 a

48,1% de óleo. Já para o segundo experimento, fez se regressão, e os valores

estimados ficaram entre os valores apresentados no primeiro ensaio.

Tratamentos Runner LPM 12 LPM 13 LPM 18 LPM 20 LPM22

Teor de óleo (%) 45,2 a 44,35 a 46,32 a 46,22 a 45,35 a 48,10 a

CV (%) 4,91

Os resultados encontrados são compatíveis com os resultados citados na

literatura. Santos et al., (2010) analisando 8 genótipos de amendoim rasteiros durante

os anos de 2007 a 2009 em ambientes de clima tropical e semiárido no Nordeste

Médias seguidas por uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si elo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CV

(%): Coeficiente de Variação.

Tabela 2. Teor de óleo (%) das linhagens/cultivar (tratamentos) de amendoim do

primeiro ensaio de campo no Sudoeste de Goiás, Jataí – GO, 2015.

55

brasileiro durante a estação chuvosa encontraram valores de 48,0 a 51,81% em teores

de óleo nas sementes de amendoim. Entre os genótipos encontra-se a Florunner,

cultivar de mesmo material genético que a cultivar Runner IAC 886, usado nos

ensaios. A produção de óleo da Florunner foi de 49,37, superando em 8,44% os

resultados encontrados no primeiro ensaio com a cultivar Runner IAC 886, e

superando também as demais linhagens. Os autores ainda ressaltam que, mesmo a

cultivar Florunner apresentar genótipo de boa produtividade de óleo para a indústria

de combustíveis, a cultivar BRS Pérola Branca, outra cultivar de porte rasteiro,

proporciona uma produtividade de óleo maior que a cultivar citada, além de um ciclo

de vida menor que as demais.

Utilizando a extração de óleo feita por prensagem a frio em prensa do tipo

expeller e como variáveis independentes diferentes índices de umidade e temperatura

de grãos do cultivar Runner IAC 886, encontrou teor médio de lipídeos de 44,78% nos

grãos de amendoim. Os grãos foram produzidos pela COPERCANA, no estado de

São Paulo. Os resultados encontrados no primeiro experimento foram compatíveis

com o valor encontrado pela autora (PIGHINELLI, 2007).

Negretti et al., (2011), testaram a hipótese de obter diferentes teores de óleo

nas culturas de mamona, soja, girassol e amendoim pela extração desses óleos

através de dois solventes (Éter Etílico PA e Hexano). A cultura do amendoim

apresentou teores de 47,7 e 48,1%, respectivamente, nos grãos, e a cultivar utilizada

nesse estudo foi a Runner IAC 886, mostrando que, não importando o método de

extração desse óleo, seja pelo método destrutivo como os dos solventes ou como no

método não destrutivo, como o de RMN, os teores de óleo das cultivares/linhagens de

hábitos rasteiros, apresentam os mesmos teores de óleo.

Com os teores de óleo de cada tratamento definido, estimou se a produção de

óleo total por hectare (Tabela 3).

56

Observa se que no primeiro ensaio houve diferença significativa entre os

tratamentos. Esse diferencial entre os tratamentos foi devido a produção de grãos que

cada linhagem obteve no ensaio. A correlação entre produção de grãos e produção

de óleo do primeiro ensaio pode ser visualizado na figura 1.

A correlação entre os dois parâmetros é de amplitude forte (R2= 0,9255), ou

seja, 92,55% da variação que acontecer em Y (no caso, a produção de óleo de

amendoim), pode ser explicada pela regressão.

Tratamentos RUNNER LPM 12 LPM 13 LPM 18 LPM 20 LPM 22

Ensaio 1 506,532ab 652,352a 327,705 b 491,542ab 503,532ab 685,62a

CV (%) = 20,64

Ensaio 2 444,445a 609,505a 495,572a 445,185a 430,073a 448,327a

CV (%) = 32,31

Tabela 3. Estimativa da produtividade de óleo (kg ha-1) de linhagens de amendoim

no sudoeste de Goiás

y = 0,1019x + 61,537R² = 0,9255

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

800,00

900,00

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000

Pro

dução d

e ò

leo (

kg h

a-1

)

Produção de Grãos (Kg ha-1)

Figura 1. Análise de regressão da produção de óleo (Kg ha-1) com a produção de

grãos (Kg ha-1) de linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás

Médias seguidas por uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si elo teste de Tukey a 5% de probabilidade. CV

(%): Coeficiente de Variação.

57

Para o segundo ensaio fez se uma estimativa usando a equação de regressão

que está representada na figura 1. Não houve diferença significativa entre os

tratamentos no segundo experimento. As equações para determinação da estimativa

e seus respectivos R2 estão presentes no apêndice A.

Zullo et al. (1993) relataram que obteve uma produção de óleo de 7 linhagens

de amendoim com variação entre 1540 e 1910 kg ha-1. Negretti et al. (2011), utilizando

dois tipos de solventes (Éter Etílico e Hexano) para a extração de óleo de sementes

do cultivar Runner IAC 886, em Uruguaiana, RS, obtiveram valores de 1800 e 1850

kg ha-1, respectivamente. Segundo o autor, esses valores estão acima da média.

Esses valores superam as linhagens de pré-melhoramento usadas nos dois ensaios

de campo.

Resultado semelhante aos que foram encontrados nos dois experimentos foi

descrito por Parente (2003), onde o autor descreve que o rendimento de óleo de uma

cultivar de amendoim que possui 50% de teor de óleo em suas sementes é de 702 kg

ha-1. Podemos citar Abdalla et al (2008) também, onde relataram que se o teor de óleo

nos grãos de amendoim estiver em torno de 49%, a produção de óleo da área plantada

será de aproximadamente 900 kg ha-1.

Diferentes são os resultados encontrados na literatura para esse parâmetro,

rendimento de óleo por área, podendo esse fator ser relacionado em como são

estipulados os valores de rendimento (produtividade) por cada autor. Para que essa

flutuação de valores não ocorra mais, uma padronização do cálculo deveria ser feita

por órgão públicos responsáveis por esse setor. A produtividade também influencia

nessa variação de rendimento de óleo.

Quanto a calorimetria, na Tabela 4, pode ser conferido os resultados obtidos

de Poder Calorifico Superior (PCS), tanto da planta inteira (raiz, caule e folhas) das

linhagens e do cultivar como das vagens (casca e grão).

58

Como pode ser observado na tabela acima, no primeiro ensaio a variável planta

inteira houve diferença significativa entre os tratamentos. Observa se que as linhagens

LPM 22 e LPM 12 diferiram das linhagens LPM 13, porém, não diferiram dos outros

tratamentos. Já a linhagens LPM 13, apesar de obter o valor de menor significância,

não diferiu da testemunha Runner IAC 886 e das linhagens LPM 18 e LPM 20.

No segundo ensaio, nenhum dos parâmetros analisados se diferiu entre si para

os referidos tratamentos após a análise estatística.

Assunção et al (2008), utilizando processo calorimétrico sobre a cultivar IAC –

Tatu – ST, relatam que a o material apresentou 14,8 MJ m-2 na fitomassa total e 8,6

MJ m-2 armazenado nos grãos. Os valores encontrados nos dois experimentos foram

inferiores para fitomassa total, porém, para os encontrados nas vagens,

principalmente no primeiro ensaio, alguns tratamentos se sobressaíram (Runner IAC

886 e LPM 22).

Assunção (2005), fazendo o uso no mesmo material genético, relata que a

magnitude calorimétrica da biomassa das plantas foi de 18 MJ m-2 em seu ciclo final.

Esse valor supera as medidas encontras nos dois ensaios com os devidos tratamentos

deste trabalho. A cultivar, as condições climáticas de quando os ensaios estavam em

Poder Calorífico Superior (MJ m-2)

Tratamentos Ensaio 1 Ensaio 2

Planta Inteira Vagens Total Planta Inteira Vagens Total

Runner 2,96ab 8,89a 11,85ab 7,36a 7,76a 13,38a

LPM12 4,09a 8,54a 12,63ab 6,37a 8,00a 14,16a

LPM13 2,24b 4,83a 7,07b 6,94a 6,82a 13,40a

LPM18 3,04ab 6,34a 9,38ab 7,07a 5,76a 12,05a

LPM20 3,64ab 7,37a 11,01ab 8,33a 6,48a 13,31a

LPM22 4,54a 9,38a 13,92a 8,97a 6,35a 13,81a

CV (%) 20,34 26,63 23,07 30,26 32,48 25,35

Tabela 4. Poder Calorífico Superior (PCS) da planta inteira (raiz, caule e folhas)

e das vagens (casca e grãos) das linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás

Médias seguidas por uma mesma letra não diferem estatisticamente entre si elo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

CV (%): Coeficiente de Variação.

59

campo, os métodos de análise podem ser alguns dos parâmetros que expliquem essa

diferença entre os resultados. Para isso, um detalhamento de ambas pesquisas e uma

comparação mais aprofundada deve ser feita.

Pode se verificar que a relação entre os teores de óleo dos tratamentos e suas

calorimetrias é nula, já que não houve diferença entre os teores de óleo e para o PCS

ocorreu ao contrário.

Ao correlacionarmos a produção total de vagens (Kg ha-1) do primeiro ensaio

com a produção total de grãos (Kg ha-1), observamos que é uma correlação de forte

grau. As duas variáveis dependem uma da outra, até porque a determinação do PCS

das vagens foi feita através da produção de matéria seca das sementes dos

tratamentos. Essa correlação pode ser observada na figura 2.

Os valores do PCS das vagens do segundo ensaio foram estimados a partir da

equação da reta da correlação citado na figura 2.

As equações usadas para obtenção das medidas juntamente com os seus

devidos R2 e o Pr da análise de variância estão no apêndice B.

y = 15,232x + 5902,1R² = 0,8694

0

20000

40000

60000

80000

100000

120000

140000

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000

PC

S v

agens (

MJ h

a-1

)

Produção de Grãos (Kg ha-1)

Figura 2. Corr entre o Poder Calorífico Superior das vagens do 1 ensaio com a

Produção total de grãos de linhagens de amendoim no sudoeste de Goiás

60

CONCLUSÕES

Os teores de óleo não diferiram entre si no primeiro ensaio. Os valores estão

dentro do que foi encontrado na literatura e variaram entre 44,35 e 48,1% de óleo nos

grãos.

Quanto a calorimetria, no primeiro ensaio, a linhagem LPM 22 diferiu somente

da linhagem LPM 13 (planta inteira e no total). Já no segundo ensaio, não houve

diferença entre os tratamentos.

Na estimativa de produtividade de óleo as linhagens LPM 12 e LPM 22 diferiram

significativamente das linhagens LPM 13. As mesmas revelaram melhores resultados.

Não há relação entre os teores de óleo com a calorimetria dos tratamentos.

Existe relação linear entre o rendimento de óleo total e com a produção de

grãos. Mesma condição observou com a produção de energia total com a produção

de grãos.

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APÊNDICE

Apêndice A. Equações para estimativa dos valores de rendimento de óleo (kg ha-1)

do segundo ensaio de campo, seus respectivos R2 e Pr de significância.

Ensaio 2

Tratamentos Equação R² Valor-P

Runner Y = 0,1088X 0,8259 1,33x10-17

LPM 12 Y = 0,1143X 0,7694 5,23x10-20

LPM 13 Y = 0,1192X 0,8622 9,20x10-21

LPM 18 Y = 0,116X 0,944 8,15x10-22

LPM 20 Y = 0,1193X 0,9609 1,04x10-22

LPM 22 Y = 0,113X 0,6827 6,07x10-24

Apêndice B. Equações para estimativa dos valores de PCS das vagens (MJ m-2) do

segundo ensaio de campo, seus respectivos R2 e Pr de significância.

Ensaio 2

Tratamentos Equação R² Valor-P

Runner y= 0,0019x 0,9941 2,56x10-08

LPM 12 y= 0,0015x 0,9104 1,30x10-08

LPM 13 y= 0,0013x 0,7785 3,05x10-09

LPM 18 y = 0,0015x 0,9233 9,07x10-10

LPM 20 y = 0,0018x 0,9426 4,21x10-10

LPM 22 y = 0,0016x 0,9772 3,39x10-11