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Rev Port Cardiol. 2014;33(9):581---582 Revista Portuguesa de Cardiologia Portuguese Journal of Cardiology www.revportcardiol.org Atrial fibrillation ablationpatients have long-term stroke rates similar topatients without atrial fibrilla- tion regardlessof CHADS2 score T. Jared Bunch, Heidi T. May, Tami L. Bair, J. Peter Weiss, Brian G. Crandall, Jeffrey S. Osborn, Charles Mallender, Jeffrey L. Anderson, Brent J. Muh- lestein, Donald L. Lappe, John D. Day. Heart Rhythm 2013;10:1272---7. Abstract Background: Atrial fibrillation (AF) is a leading cause of total and fatal ischemic stroke. Stroke risk after AF abla- tion appears to be favorably affected; however, it is largely unknown whether the benefit extends to all stroke CHADS2 risk profiles of AF patients. Objective: To determine if ablation of atrial fibrillation reduces stroke rates in all risk groups. Methods: A total of 4212 consecutive patients who underwent AF ablation were compared (1:4) with 16,848 age-/sex-matched controls with AF (no ablation) and to 16,848 age-/sex-matched controls without AF. Patients were enrolled from the large ongoing prospective Intermountain Atrial Fibrillation Study and were followed for at least 3 years. Results: Of the 37,908 patients, the mean age was 65.0 ± 13 years and 4.4% (no AF), 6.3% (AF, no ablation), and 4.5% (AF ablation) patients had a prior stroke (p < .0001). The profile of CHADS2 scores between comparative groups was similar: 0---1 (69.3%, no AF; 62.3%, AF, no ablation; 63.6%, AF ablation), 2---3 (26.5%, no AF; 29.7%, AF, no ablation; 28.7%, AF ablation), and 4 (4.3%, no AF; 8.0%, AF, no ablation; 7.7%, AF ablation). A total of 1296 (3.4%) patients had a stroke over the follow-up period. Across all CHADS2 profiles and ages, AF patients with ablation had a lower long-term risk of stroke compared to patients without ablation. Furthermore, AF ablation patients had similar long-term risks of stroke across all CHADS2 profiles and ages compared to patients with no history of AF. Conclusions: In our study populations, AF ablation pa- tients have a significantly lower risk of stroke compared to AF patients who do not undergo ablation independent of baseline stroke risk score. Comentário A fibrilhac ¸ão auricular é a arritmia mais frequente na prática clínica 1 . Está associada a aumento de mortalidade, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e hospitalizac ¸ões 2 . A ablac ¸ão de fibrilhac ¸ão auricular (sobretudo de formas paroxísticas) é atualmente terapêutica de primeira linha. Provou em ensaios clínicos ser eficaz na reduc ¸ão de even- tos arrítmicos no seguimento, assim como na melhoria da qualidade de vida, quando comparada com terapêutica anti- arrítmica farmacológica 3 . O artigo selecionado 4 descreve um grande estudo popu- lacional que compara 4212 doentes submetidos a ablac ¸ão de fibrilhac ¸ão auricular com dois grupos controlo: doen- tes com fibrilhac ¸ão auricular não submetidos a ablac ¸ão (n = 16.848) e doentes da mesma idade e sexo que nunca tiveram fibrilhac ¸ão auricular (n = 16.848). Os doentes foram selecionados consecutivamente num registo inter-hospitalar (Intermountain Atrial Fibrillation Study Registry, Utah) desde que tivessem um seguimento mínimo de três anos. Os resultados demonstram que, na populac ¸ão estudada, a ablac ¸ão de fibrilhac ¸ão auricular diminui o risco de aci- dente vascular cerebral e que as taxas são semelhantes às de populac ¸ões de doentes com a mesma idade e sexo que nunca tiveram fibrilhac ¸ão auricular. Os autores do estudo demons- tram ainda que esta reduc ¸ão de acidente vascular cerebral é consistente em todos os grupos etários estudados, assim como para todos os valores do score de risco tromboembólico CHADS2. As limitac ¸ões principais deste estudo prendem-se com a metodologia utilizada. Se, por um lado, a utilizac ¸ão 0870-2551/ 2174-2049 RECOMMENDED ARTICLE OF THE MONTH Comment on ‘‘Atrial brillation ablation patients have long-term stroke rates similar to patients without atrial brillation regardless of CHADS2 score’’ Comentário a «Doentes submetidos a ablação de brilhação auricular têm o mesmo risco de AVC a longo prazo que doentes sem brilhação auricular, independentemente do score CHADS2»

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Rev Port Cardiol. 2014;33(9):581---582

Revista Portuguesa de

CardiologiaPortuguese Journal of Cardiology

www.revportcardiol.org

ARTIGO RECOMENDADO DO MÊS

Comentário a «Doentes submetidos aablacão de fibrilhacão auricular têm omesmo risco de AVC a longo prazo quedoentes sem fibrilhacão auricular,independentemente do score CHADS2»

Comment on ‘‘Atrial fibrillation ablationpatients have long-term stroke rates similar topatients without atrial fibrillation regardlessof CHADS2 score’’

Atrial fibrillation ablationpatients have long-termstroke rates similar topatients without atrial fibrilla-tion regardlessof CHADS2 score

T. Jared Bunch, Heidi T. May, Tami L. Bair, J.Peter Weiss, Brian G. Crandall, Jeffrey S. Osborn,Charles Mallender, Jeffrey L. Anderson, Brent J. Muh-lestein, Donald L. Lappe, John D. Day. Heart Rhythm2013;10:1272---7.

Abstract

Background: Atrial fibrillation (AF) is a leading cause oftotal and fatal ischemic stroke. Stroke risk after AF abla-tion appears to be favorably affected; however, it is largelyunknown whether the benefit extends to all stroke CHADS2risk profiles of AF patients.

Objective: To determine if ablation of atrial fibrillationreduces stroke rates in all risk groups.

Methods: A total of 4212 consecutive patients whounderwent AF ablation were compared (1:4) with 16,848age-/sex-matched controls with AF (no ablation) and to16,848 age-/sex-matched controls without AF. Patients wereenrolled from the large ongoing prospective IntermountainAtrial Fibrillation Study and were followed for at least 3years.

Results: Of the 37,908 patients, the mean age was65.0 ± 13 years and 4.4% (no AF), 6.3% (AF, no ablation), and4.5% (AF ablation) patients had a prior stroke (p < .0001). Theprofile of CHADS2 scores between comparative groups was

similar: 0---1 (69.3%, no AF; 62.3%, AF, no ablation; 63.6%,AF ablation), 2---3 (26.5%, no AF; 29.7%, AF, no ablation;28.7%, AF ablation), and ≥ 4 (4.3%, no AF; 8.0%, AF, noablation; 7.7%, AF ablation). A total of 1296 (3.4%) patientshad a stroke over the follow-up period. Across all CHADS2profiles and ages, AF patients with ablation had a lowerlong-term risk of stroke compared to patients withoutablation. Furthermore, AF ablation patients had similarlong-term risks of stroke across all CHADS2 profiles and agescompared to patients with no history of AF.

Conclusions: In our study populations, AF ablation pa-tients have a significantly lower risk of stroke compared toAF patients who do not undergo ablation independent ofbaseline stroke risk score.

Comentário

A fibrilhacão auricular é a arritmia mais frequente na práticaclínica1. Está associada a aumento de mortalidade, acidentevascular cerebral, insuficiência cardíaca e hospitalizacões2.

A ablacão de fibrilhacão auricular (sobretudo de formasparoxísticas) é atualmente terapêutica de primeira linha.Provou em ensaios clínicos ser eficaz na reducão de even-tos arrítmicos no seguimento, assim como na melhoria daqualidade de vida, quando comparada com terapêutica anti-arrítmica farmacológica3.

O artigo selecionado4 descreve um grande estudo popu-lacional que compara 4212 doentes submetidos a ablacãode fibrilhacão auricular com dois grupos controlo: doen-tes com fibrilhacão auricular não submetidos a ablacão(n = 16.848) e doentes da mesma idade e sexo que nuncativeram fibrilhacão auricular (n = 16.848). Os doentes foramselecionados consecutivamente num registo inter-hospitalar(Intermountain Atrial Fibrillation Study Registry, Utah)desde que tivessem um seguimento mínimo de três anos.

Os resultados demonstram que, na populacão estudada,a ablacão de fibrilhacão auricular diminui o risco de aci-dente vascular cerebral e que as taxas são semelhantes às depopulacões de doentes com a mesma idade e sexo que nuncativeram fibrilhacão auricular. Os autores do estudo demons-tram ainda que esta reducão de acidente vascular cerebralé consistente em todos os grupos etários estudados, assimcomo para todos os valores do score de risco tromboembólicoCHADS2.

As limitacões principais deste estudo prendem-se coma metodologia utilizada. Se, por um lado, a utilizacão

http://dx.doi.org/10.1016/j.repc.2014.08.0010870-2551/2174-2049

RECOMMENDED ARTICLE OF THE MONTH

Comment on ‘‘Atrial fi brillation ablation patients have long-term stroke rates similar to patients without atrial fi brillation regardless of CHADS2 score’’

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de dados de um registo inter-hospitalar permite ter umapopulacão muito grande (37908 doentes), por outro, a nãoaleatorizacão dos grupos de tratamento levanta algumasquestões. Assim, é difícil de garantir que os doentes subme-tidos a ablacão de fibrilhacão auricular seriam semelhantesaos doentes em que se optou por não fazer ablacão. Aestratificacão por grupos de risco tromboembólico (CHADS2)diminui, mas não anula completamente esta limitacão.Outra crítica possível é a ausência de informacão sobre osregimes de anticoagulacão dos dois grupos de tratamento,embora os autores afirmem que nas instituicões em ques-tão é prática habitual a anticoagulacão oral se CHADS2 > 2,independentemente da estratégia de tratamento.

Trata-se assim de um estudo importante que sugere,pela primeira vez, num número muito elevado de doentes,que a ablacão de fibrilhacão auricular tem o potencial paradiminuir o risco de acidente vascular cerebral, independen-temente do risco tromboembólico de base. É importanteagora que estes resultados possam ser confirmados emensaios clínicos aleatorizados de comparacão entre ablacãoe as restantes estratégias de controlo do ritmo ou defrequência em doentes com fibrilhacão auricular. O ensaioclínico CABANA5 (que se encontra atualmente a recrutardoentes) pretende comparar uma estratégia de ablacão defibrilhacão auricular com a de terapêutica antiarrítmica emdoentes com fibrilhacão auricular. Trata-se de um ensaio clí-nico grande (inclusão de 2200 doentes) aleatorizado com oobjetivo primário de demonstrar reducão na incidência demortalidade, acidente vascular cerebral, hemorragia gravee paragem cardíaca. Teremos que aguardar pela publicacão

dos resultados deste estudo para uma resposta definitiva aesta questão.

Bibliografia

1. Go AS, Hylek EM, Phillips KA, et al. Prevalence of diagnosedatrial fibrillation in adults: national implications for rhythmmanagement and stroke prevention: the AnTicoagulation andRisk Factors in Atrial Fibrillation (ATRIA) Study. JAMA. 2001;285:2370---5.

2. Camm J, Kirchhof P, Lip GY, et al. Guidelines for the managementof atrial fibrillation: the Task Force for the Management of AtrialFibrillation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur HeartJ. 2010:2369---429.

3. Skanes AC, Healey JS, Cairns J, et al. Focused 2012 update ofthe Canadian Cardiovascular Society atrial fibrillation guideli-nes: recommendations for stroke prevention and rate/rhythmcontrol. Can J Cardiol. 2012;28:125---36.

4. Bunch TJ, May HT, Bair TL, et al. Atrial fibrillation ablation pati-ents have long-term stroke rates similar to patients without atrialfibrillation regardless of CHADS2 score.

5. Mayo Clinic. Catheter Ablation vs Anti-arrhythmic Drug Therapyfor Atrial Fibrillation Trial (CABANA). In: ClinicalTrials.gov [Inter-net]. Bethesda (MD): National Library of Medicine (US). 2000-[consultado 14 Jun 2014]. Disponível em: http://clinicaltrials.gov/show/NCT00911508 NLM Identifier: NCT00911508.

Diogo CavacoMembro do Corpo Redatorial da Revista Portuguesa de

CardiologiaCorreio eletrónico: [email protected]