COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1...

8
Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS Fone: 51 3213.2708 E-mail: [email protected] Em março e até meados de abril, o que avaliamos é que a economia brasileira está mostrando crescimento bastante moderado em 2018. O mercado tem ajustado marginalmente para baixo as previsões para o PIB desse ano. Algo que não nos surpreendeu, dado que analisamos, como colocamos na carta de março, que a retomada do Brasil será lenta, gradual e errática. Mas para o futuro, vislumbramos que o ambiente tende a ser melhor em razão: Do efeito da queda dos juros na economia real; Da inflação surpreendendo para baixo; Das contas externas sob controle; Do endividamento das famílias um pouco mais baixo, mas tendendo a ser melhor devido ao recuo do serviço da dívida (juros); e Pela melhora das expectativas, que estão voltando para “o nível de otimismo”. O que ainda trava o crescimento é o alto nível de desemprego, o elevado endividamento das empresas, a evolução lenta do crédito para as companhias e a situação de complicada do governo, que tem baixo grau de liberdade nesse momento para incentivar a economia via política fiscal, dado o seu elevado nível de endividamento. A seguir, ilustraremos com gráficos e tabelas o que foi avaliado a respeito da economia brasileira. Mas antes, vale um breve resumo sobre a economia internacional no período de março e de meados de abril. Então, avaliamos que o cenário externo ainda segue benigno para as economias emergentes como é o caso do Brasil, dado o crescimento sincronizado das principais economias desenvolvidas e da elevada liquidez internacional. Porém, começa-se avaliar que a volatilidade financeira tende a aumentar ao longo dos próximos meses. Isso em razão dos ajustes da política monetária nos Estados Unidos e da política fiscal expansionista nos EUA, o que tende a gerar inflação e mais ajuste da taxa de juros por lá, o que impacta diretamente nos parâmetros de preço do dinheiro pelo mundo e de nível de risco em relação ao retorno esperado na avaliação dos portfólios externos. Ademais, observa-se que a percepção de risco vem aumentando em razão das tensões comerciais entre EUA e China (guerra comercial) e pelas tensões geopolíticas como é caso da situação entre EUA e seus aliados contra a Síria. Nesse contexto, cabe destacar que o Fed aumentou a taxa de juros para 1,50% - 1,75% a.a., ante 1,25% - 1,50% ao ano e sinalizou novas altas, normalizando a política monetária. Desse modo, vale agora mostrar a partir de alguns gráficos e tabelas o desempenho recente da economia brasileira e as expectativas a partir do Relatório Focus do Banco Central, com informações até o final de março. Gráfico 1 (taxa de juros) o Copom reduziu a taxa Selic para 6,50% a.a., o menor nível da história até o momento, e tende reduzir novamente para 6,25% ao ano. Isso em razão da queda da inflação e do baixo crescimento, que mantém a economia brasileira bem abaixo do seu potencial. C OMENTÁRIO E CONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma queda dos juros e crescimento moderado

Transcript of COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1...

Page 1: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

1

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

Em março e até meados de abril, o que avaliamos é que a economia brasileira está mostrando crescimento

bastante moderado em 2018. O mercado tem ajustado marginalmente para baixo as previsões para o PIB desse ano.

Algo que não nos surpreendeu, dado que analisamos, como colocamos na carta de março, que a retomada do Brasil

será lenta, gradual e errática. Mas para o futuro, vislumbramos que o ambiente tende a ser melhor em razão:

Do efeito da queda dos juros na economia real;

Da inflação surpreendendo para baixo;

Das contas externas sob controle;

Do endividamento das famílias um pouco mais baixo, mas tendendo a ser melhor devido ao recuo do serviço

da dívida (juros); e

Pela melhora das expectativas, que estão voltando para “o nível de otimismo”.

O que ainda trava o crescimento é o alto nível de desemprego, o elevado endividamento das empresas, a

evolução lenta do crédito para as companhias e a situação de complicada do governo, que tem baixo grau de

liberdade nesse momento para incentivar a economia via política fiscal, dado o seu elevado nível de endividamento.

A seguir, ilustraremos com gráficos e tabelas o que foi avaliado a respeito da economia brasileira. Mas antes, vale

um breve resumo sobre a economia internacional no período de março e de meados de abril.

Então, avaliamos que o cenário externo ainda segue benigno para as economias emergentes como é o caso

do Brasil, dado o crescimento sincronizado das principais economias desenvolvidas e da elevada liquidez

internacional. Porém, começa-se avaliar que a volatilidade financeira tende a aumentar ao longo dos próximos

meses. Isso em razão dos ajustes da política monetária nos Estados Unidos e da política fiscal expansionista nos

EUA, o que tende a gerar inflação e mais ajuste da taxa de juros por lá, o que impacta diretamente nos parâmetros

de preço do dinheiro pelo mundo e de nível de risco em relação ao retorno esperado na avaliação dos portfólios

externos. Ademais, observa-se que a percepção de risco vem aumentando em razão das tensões comerciais entre

EUA e China (guerra comercial) e pelas tensões geopolíticas como é caso da situação entre EUA e seus aliados contra

a Síria. Nesse contexto, cabe destacar que o Fed aumentou a taxa de juros para 1,50% - 1,75% a.a., ante 1,25% -

1,50% ao ano e sinalizou novas altas, normalizando a política monetária.

Desse modo, vale agora mostrar a partir de alguns gráficos e tabelas o desempenho recente da economia

brasileira e as expectativas a partir do Relatório Focus do Banco Central, com informações até o final de março.

Gráfico 1 (taxa de juros) – o Copom reduziu a taxa Selic para 6,50% a.a., o menor nível da história até o

momento, e tende reduzir novamente para 6,25% ao ano. Isso em razão da queda da inflação e do baixo

crescimento, que mantém a economia brasileira bem abaixo do seu potencial.

COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma queda dos juros e crescimento moderado

Page 2: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

2

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

Gráfico 2 (inflação) – IPCA ficando bem abaixo do centro da meta de inflação de 4,5% para 2018 e

também um pouco abaixo do piso de 3%. Isso em razão da queda dos preços agrícolas, da recessão e do

crescimento bem aquém do esperado. O que acabou influenciando os preços de modo de geral, com destaque para

os preços de serviços que estavam mais resistentes à queda generalizada em outros segmentos.

COMENTÁRIO ECONÔMICO

Fonte: Banco Central

Fonte: Banco Central

Page 3: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

3

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

Gráfico 3 (Selic, IPCA e juros) – observa-se no gráfico a seguir, que mostra a relação entre Selic, IPCA e

juros, que desta vez, diferente do período Dilma, onde a ex-presidente forçou a queda da taxa, os juros estão no

nível adequados nesse momento de baixa inflação e crescimento pífio, e que a Selic pode permanecer em nível baixo

por mais tempo, o que faz com que os investidores busquem aplicações mais rentáveis do que a renda fixa, como é

caso dos fundos de ações e multimercados. Vale destacar que a nossa taxa real de juros ainda está alta (3,7%,

conforme vê-se na linha azul do gráfico a seguir), mas bem melhor do que os 7,3% de poucos meses atrás e mais

consistente do que o nível forçado da Dilma de 0,6% em meados de 2013.

Gráfico 4 (Atividade), Gráfico 5 (Hiato do produto) e Gráfico 6 (Desemprego) – observa-se nos três

gráficos a seguir a recuperação lenta da economia brasileira e o alto nível de ociosidade dos fatores, visto pelo hiato

do produto e o elevado desemprego, o que em conjunto com a inflação mostra que o Copom pode manter os juros

no nível mais baixo em 2018 e só em 2019 tende a ajustar marginalmente para cima, o que favorece as empresas

via aumento da receita dado o estímulo ao crescimento e via redução de custos, dado a inflação mais baixa. Ou seja,

o lucro das empresas tende a subir, o que favorece o mercado de ações.

COMENTÁRIO ECONÔMICO

Fonte: Banco Central

Page 4: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

4

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

Gráfico 4

COMENTÁRIO ECONÔMICO

Gráfico 5

Fonte: IPEA

Fonte: IPEA

Page 5: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

5

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

Gráfico 6

Por fim, foca-se nas mudanças das estimativas para as variáveis macroeconômicas de 2018 vistas na tabela

1. Segundo os analistas consultados pelo Banco Central até o último dia 29 de março, a Selic projetada para o fim do

ano estava em 6,25%, ante 6,75% previsto em dezembro. Para a inflação, as estimativas foram modificadas para

baixo na comparação trimestral. O IPCA esperado para o fim de 2018 passou de 3,96% em dezembro/17 para

3,54% em março. O crescimento projetado do PIB para o acumulado do ano passou de 2,70% para 2,84%. Na

mesma linha, a expansão prevista da produção industrial em 2018 foi de 3,12% no 4T17 para 3,91% no 1T18. E do

mesmo modo que em 2017, as contas externas projetadas seguem positivas para 2018 e do setor fiscal complicadas.

COMENTÁRIO ECONÔMICO

Fonte: Banco Central

Page 6: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

6

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

COMENTÁRIO DO GESTOR Primeiro trimestre foi positivo para a bolsa brasileira

No primeiro trimestre desse ano (1T18), o Ibovespa chegou ao patamar recorde de fechamento em meados

de fevereiro e depois chegou a cair mais de 5% no mês, ou seja, teve forte volatilidade no período devido às

incertezas no mercado financeiro mundial. Em março, viu-se que o índice ficou próximo da estabilidade, subindo

marginalmente (0,01%), fazendo com que o Ibovespa atingisse 85.366 pontos no fim de março.

Assim, no 1T18, o Ibovespa acumulou elevação de 11,73% em relação ao quarto trimestre de 2017 (4T17),

descolando-se nesse curto período do movimento das principais bolsas internacionais selecionadas.

Além disso, vale também destacar que no 1T18 no caso dos Índices Setoriais, que o Índice do setor

financeiro (IFNC) foi o destaque de alta (+20,67) e o Índice Consumo (ICON) o de queda (-2,89).

Page 7: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

7

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

COMENTÁRIO DO GESTOR

E para futuro, acreditamos que a retomada da economia, mesmo que lenta, gradual e errática, como

relatamos no nosso comentário econômico, tende a favorecer o mercado de ações, ainda mais quando consideramos

o efeito dos juros da atividade real e, por consequência, no mercado acionário, que ainda não refletiu totalmente a

queda da taxa Selic de 14,25% em outubro de 2016 para 6,50% atualmente. Na tabela e no gráfico a seguir, que já

mostramos em outras cartas, é possível verificar a relação entre os ciclos de quedas da taxa de juros e o

desempenho do mercado de ações. Geralmente, com exceção do período de Dilma, ciclos de redução da taxa de

juros tendem a favorecer fortemente a bolsa de valores, ainda mais se considerarmos não só o ciclo em si, mas o

patamar de juros em que estamos, o menor da história, o que tem feito muitos investidores migrarem para fundos

de ações e multimercados em busca de mais rentabilidade do que a renda fixa.

Fonte: Banco Central

Page 8: COMENTÁRIO ECONÔMICO Primeiro trimestre (1T18): Mais uma ... · Carta do Gestor Abril de 2018 1 Geral Investimentos | Gestão de Recursos - ... baixo na comparação trimestral.

Carta do Gestor Abril de 2018

8

Geral Investimentos | Gestão de Recursos - www.geralinvestimentos.com.br Rua José Montaury, 139 - 8º andar - Porto Alegre/RS

Fone: 51 3213.2708 —E-mail: [email protected]

COMENTÁRIO DO GESTOR

Anexo - Comportamento dos investidores de fundos

Multimercados e ações são destaques no 1T18 Segundo a Anbima, os fundos multimercados e os fundos de ações lideraram as captações em março/18.

Conforme a instituição, “a captação dos fundos de investimento em março foi de R$ 18,9 bilhões, resultado superior

ao registrado em fevereiro de R$ 4,1 bilhões. (...) Entre as classes de fundos, o Multimercado registrou a

melhor performance pelo segundo mês consecutivo, captando R$ 10,1 bilhões, seguido do fundo de

ações que captou R$ 4,5 bilhões. O mesmo desempenho se repete no trimestre, com os Multimercados captando

R$ 33,2 bilhões e os Fundos de Ações com R$ 8,8 bilhões. A saída de recursos dos fundos de renda fixa pelo

segundo mês consecutivo – R$ 2,0 bilhões- reduziu para R$ 5,8 bilhões o volume captado no ano”.

Fonte: Anbima

Atenciosamente,

Equipe de Gestão

-15,5

-8,0

9,1 12,5

1,5

22,1

17,6

42,6 45,7

42,1 14,25 14,25 14,25 14,25 13,75

12,25

10,25

8,25

7,00 6,50

-20,0

-10,0

-

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

-

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

2015 - 4T 2016 - 1T 2016 - 2T 2016 - 3T 2016 - 4T 2017 - 1T 2017 - 2T 2017 - 3T 2017 - 4T 2018 - 1T

CAPTAÇÕES X TAXA DE JUROS

Captação Ações e multimercados - (R$ BI) SELIC META