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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA WILLIAM MASSAMI TIBA COMPARAÇÃO TÉCNICA VISANDO A SUBSTITUIÇÃO DO COAGULANTE SULFATO DE ALUMÍNIO PELO SULFATO FÉRRICO NO TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO Lorena, 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

WILLIAM MASSAMI TIBA

COMPARAÇÃO TÉCNICA VISANDO A SUBSTITUIÇÃO DO COAGULANTE SULFATO DE ALUMÍNIO PELO SULFATO FÉRRICO NO TRATAMENTO DE

ÁGUA DE ABASTECIMENTO

Lorena, 2012

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William Massami Tiba

COMPARAÇÃO TÉCNICA VISANDO A SUBSTITUIÇÃO DO COAGULANTE SULFATO DE ALUMÍNIO PELO SULFATO FÉRRICO NO TRATAMENTO DE

ÁGUA DE ABASTECIMENTO

Monografia apresentada como requisito para conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Industrial Química. Área de concentração: Engenharia Química Orientador: Prof. Dr. Oswaldo Luiz Cobra Guimarães

Lorena, 2012

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA

FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

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RESUMO

TIBA, W. M. COMPARAÇÃO TÉCNICA VISANDO A SUBSTITUIÇÃO DO COAGULANTE SULFATO DE ALUMÍNIO PELO SULFATO FÉRRICO NO TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO. 2012. 130 f. Trabalho de conclusão de curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2012.

Resíduos de alumínio presentes na água de consumo, na água de lavagem dos filtros e no

lodo gerado pelo tratamento de água bruta causam problemas ambientais e trazem riscos à

saúde humana. Este problema é causado pelo sulfato de alumínio que é utilizado como

coagulante na maioria das estações de tratamento de água do país. O estudo utilizou

parâmetros como dosagem de coagulante, pH de coagulação, turbidez e cor aparente para

comparar o desempenho dos coagulantes, para se determinar se é possível substituir sulfato

de alumínio por sulfato férrico. Neste trabalho, foi feito um estudo através de uma pesquisa

bibliográfica para buscar um substituinte para o coagulante sulfato de alumínio. Após

analisar pesquisas anteriores, verificou-se que o sulfato férrico possui eficiência similar ao

sulfato de alumínio, mostrando ser capaz de substituí-lo.

Palavras-chave: Coagulante; Sulfato de alumínio; Sulfato férrico.

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ABSTRACT

TIBA, W. M. TECHNIQUE COMPARISON AIMING AT THE REPLACEMENT

OF THE ALUMINUM SULFATE COAGULANT BY THE FERRIC SULFATE IN

THE TREATMENT OF DRINKING WATER. 2012. 130 f. Trabalho de conclusão de

curso – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2012.

Aluminum residues present in drinking water, water for washing the filters and the sludge

generated by the treatment of raw water cause environmental problems and pose risks to

human health. This problem is caused by the aluminum sulfate that is used as a coagulant

for most water treatment plants of the country. The study used parameters such as

coagulant, coagulation pH, turbidity and color apparent to compare the performance of

coagulants, to determine whether it is possible to replace aluminum sulfate by the ferric

sulphate. In this work, a study was done through a bibliographic research to find a

substituent for the coagulant aluminum sulfate. After reviewing previous research, it was

found that ferric sulfate has similar efficiency to aluminum sulfate, showing be able to

replace it.

Keywords: Coagulant, Aluminium sulphate, ferric sulphate.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Padrões de Potabilidade........................................................................ 10 Tabela 2 – Metas progressivas para atendimento ao valor máximo permitido

para filtração rápida.............................................................................. 11 Tabela 3 – Metas progressivas para atendimento ao valor máximo permitido

para filtração rápida............................................................................. 11 Tabela 4 – Classificação das substâncias húmicas................................................. 18 Tabela 5 – Uso do tanino catiônico como auxiliar de coagulação em uma

Estação de Tratamento de Água........................................................... 36 Tabela 6 – Uso do tanino catiônico como coagulante primário em ETA 37

Tabela 7 – Turbidez remanescente em função do gradiente de estático

velocidade médio e do tempo de floculação após ensaios de

coagulação-floculação-sedimentação em reator .................................. 44

Tabela 8 – Produtos químicos empregados nos processos de tratamento da

água de abastecimento.......................................................................... 54

Tabela 9 – Classificação das águas doces e tratamento......................................... 58 Tabela 10 – Padrão de aceitação para consumo humano......................................... 61 Tabela 11 – Parâmetros físico-químicos da água bruta........................................... 64 Tabela 12 – Parâmetros físico-químicos da água bruta após elevação do pH 65 Tabela 13 – Coagulação com sulfato de alumínio.................................................... 65 Tabela 14 – Coagulação com sulfato férrico (concentração 50 %)......................... 66 Tabela 15 – Coagulação com sulfato de alumínio – 4 cm/min................................. 67 Tabela 16 – Coagulação com sulfato de alumínio – 2 cm/min................................. 69 Tabela 17 – Coagulação com sulfato férrico – 4 cm/min......................................... 71 Tabela 18 – Coagulação com sulfato férrico – 2 cm/min......................................... 73 Tabela 19 – Coagulação com sulfato de alumínio – 2 cm/min................................. 75 Tabela 20 – Coagulação com sulfato de alumínio – 1 cm/min – ponto 1................ 77 Tabela 21 – Coagulação com sulfato de alumínio – 1 cm/min – ponto 2................ 77 Tabela 22 – Coagulação com sulfato férrico – 2 cm/min......................................... 79 Tabela 23 – Coagulação com sulfato férrico – 1 cm/min – ponto 1........................ 81 Tabela 24 – Coagulação com sulfato férrico – 1 cm/min – ponto 2........................ 81 Tabela 25 – Composição dos sulfatos de alumínio................................................... 83 Tabela 26 – Parâmetros físico-químicos das águas brutas....................................... 87 Tabela 27 – Qualidade da água da cidade de Campinas - SP 90 Tabela 28 – Qualidade da água da cidade de Piracicaba - SP 90

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LISTA DE FUGURAS

Figura 1 – Fluxograma de uma estação de tratamento de água...............................12 Figura 2 – Distribuição do tamanho das partículas presentes na água...................16 Figura 3 – Constituintes do sistema do ácido carbônico em função do

pH com pressão de 1 atm e temperatura de 25 ºC................................20 Figura 4 – Configuração esquemática da dupla camada elétrica.............................25 Figura 5 – Energia potencial de interação entre as partículas coloidais...................26 Figura 6 – Diagrama de coagulação (típico) com o sulfato de alumínio

para remoção de turbidez........................................................................30 Figura 7 – Tecnologias de tratamento de água quimicamente coagulada

com uso da filtração rápida.....................................................................48

Figura 8 – Equipamento de Jar Test.........................................................................57 Figura 9 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 4 cm/min.................68 Figura 10 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 2 cm/min.................70 Figura 11 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 4 cm/min........................72 Figura 12 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 2 cm/min.........................74 Figura 13 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 2 cm/min.................76 Figura 14 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 1 cm/min.................78 Figura 15 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 2 cm/min.........................80 Figura 16 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 1 cm/min.........................82 Figura 17 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio 1................................84 Figura 18 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio 2............................. 85 Figura 19 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico...........................................86 Figura 20 – Diagrama de coagulação-floculação do sulfato férrico para

a água bruta que abastece a ETA de ABV. Parâmetro:

Turbidez.................................................................................................88

Figura 21 – Diagrama de coagulação-floculação do sulfato férrico para

a água bruta que abastece a ETA de Cubatão. Parâmetro:

Turbidez................................................... ................................................... .... 89

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................... ................................................... .................... 7

2. OBJETIVOS ................................................... ................................................... ....................... 14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................... ........................................... 15

3.1. PROPRIEDADES DA ÁGUA ................................................... ........................................... 15

3.1.1. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ................................................... .................................. 15

3.1.2. IMPUREZAS DA ÁGUA ................................................... ............................................... 16

3.1.3. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA ÁGUA ................................................... ............... 17

3.1.3.1 TURBIDEZ ................................................... ................................................... .................. 17

3.1.3.2. COR ................................................... ................................................... ............................. 17

3.1.3.3. TEMPERATURA ................................................... ................................................... ...... 18

3.1.3.4. POTENCIAL ZETA ................................................... ................................................... .. 19

3.1.4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ÁGUA ................................................... ......... 19

3.1.4.1. ALCALINIDADE, ACIDEZ E PH ................................................... ............................ 19

3.1.4.2. CORROSÃO................................................... ................................................... ..............21

3.1.4.3. FERRO................................................... ...........................................................................22

3.1.5. INTERAÇÃO ENTRE PARTÍCULAS COLOIDAIS ................................................... 23

3.1.5.1. FORÇA DE VAN DER WALLS ................................................... ................................ 24

3.1.5.2. DUPLA CAMADA ELÉTRICA (DCE) ................................................... .................... 24

3.1.5.3. TEORIA DLVO ................................................... ................................................... ......... 25

3.1.6. MECANISMOS DE COAGULAÇÃO ................................................... ......................... 26

3.1.6.1. COMPRESSÃO DA CAMADA DIFUSA ................................................... ................ 27

3.1.6.2. ADSORÇÃO E NEUTRALIZAÇÃO DE CARGA ................................................... . 28

3.1.6.3. VARREDURA ................................................... ................................................... ........... 28

3.1.6.4. ADSORÇÃO E FORMAÇÃO DE PONTES ................................................... ............ 29

3.1.6.5. DIAGRAMA DE COAGULAÇÃO ................................................... ........................... 29

3.1.7. COAGULANTES NATURAIS................................................... .....................................32

3.1.7.1. MORINGA OLEIFERA................................................... ..............................................32

3.1.7.2. TANINO................................................... ................................................... .....................33

3.2. IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NA SAÚDE ................................................... ...................... 38

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3.2.1. ALUMÍNIO E SAÚDE HUMANA ................................................... ............................... 39

3.3. TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO ................................................... . 41

3.3.1. ETAPAS DO PROCESSO DE TRATAMENTO ................................................... ........ 41

3.3.1.1. COAGULAÇÃO ................................................... ................................................... ........ 41

3.3.1.2. MISTURA RÁPIDA ................................................... ................................................... .. 41

3.3.1.3. FLOCULAÇÃO ................................................... ................................................... ......... 42

3.3.1.4. SEDIMENTAÇÃO E FLOTAÇÃO ................................................... ........................... 44

3.3.1.5. FILTRAÇÃO ................................................... ................................................... .............. 46

3.3.1.6. DESINFECÇÃO E OXIDAÇÃO ................................................... ............................... 47

3.3.2. TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO ................................................... ........................ 47

3.3.2.1. TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO ................................................... ............. 48

3.3.2.2. FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE ................................................... ................ 49

3.3.2.3. FLOTO-FILTRAÇÃO ................................................... .................................................. 50

3.3.2.4. FILTRAÇÃO DIRETA ASCENDENTE ................................................... .................. 51

3.3.2.5. DUPLA FILTRAÇÃO ................................................... ................................................. 51

3.3.3. CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA A SEREM CONSIDERADAS NA ESCOLHA

DA TECNOLOGIA DE TRATAMENTO ................................................... .............................. 52

3.3.3.1. CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS ................................................... ...................... 52

3.3.3.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ORGANOLÉPTICAS ........................................ 53

3.3.3.3. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS ................................................... ........................... 53

3.3.4. PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE ÁGUA ............ 53

3.3.5. QUALIDADE DOS PRODUTOS QUÍMICOS EMPREGADOS NO

TRATAMENTO ................................................... ................................................... ....................... 54

3.3.6. DOSAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS ................................................... .................. 55

3.3.7. ENSAIO DE JARROS – JAR TEST ................................................... ............................. 56

3.4. LEGISLAÇÃO PERTINENTE ................................................... ......................................... 57

3.4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA ................................................... ............. 58

3.4.2. PROTEÇÃO DO MANANCIAL ................................................... ................................... 59

3.4.3. PADRÃO DE POTABILIDADE ................................................... ................................... 60

4. METODOLOGIA ................................................... ................................................... .............. 63

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................... ...................................... 64

6. CONCLUSÃO ................................................... ................................................... .................... 91

REFERÊNCIAS ................................................... ................................................... ..................... 92

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1. INTRODUÇÃO

Um problema que já é realidade e se tornará cada vez maior, é a escassez de água

potável. A abundância de água em nosso planeta nos dá uma falsa sensação de que este

recurso jamais se esgotará. Ao aparentar tanta abundância, o homem acaba desperdiçando

ou contaminando esse recurso tão valioso, por esse motivo todos devemos ter consciência

de que se tudo continuar da mesma maneira, o processo de escassez de água se acelerará.

Por essas razões devemos pensar em maneiras de evitar desperdícios, tratar todos os

resíduos gerados, degradar menos o meio ambiente, ou seja, cuidarmos melhor de tudo que

nos cerca, para que se possa ter uma qualidade vida melhor.

O que torna a água escassa é o comprometimento de sua qualidade e sua

demanda. Ao comprometer a qualidade da água, ela se torna imprópria para o consumo,

reduzindo sua disponibilidade. O melhor modo seria não comprometer a qualidade desse

recurso, mas quando não se é possível, pode-se resolver esse problema tratando a água

comprometida, o que demanda investimento financeiro.

A água se renova naturalmente, mas demanda de certo tempo para que isso

aconteça, como a demanda por água cresce a cada momento, a natureza não consegue

completar seu ciclo proporcionalmente à demanda que é consumida. Quanto mais recurso

se é retirado, maior é o desiquilíbrio desse ciclo.

A água é essencial para à vida, ocupa aproximadamente 71 % da superfície da

Terra e é o constituinte mais abundante na matéria viva, integrando aproximadamente dois

terços do corpo humano e 98 % em certos animais aquáticos, legumes, frutas e verduras.

Constitui-se também no solvente universal da maioria das substâncias, modificando-as e

modificando-se em função destas. As características das águas naturais influenciam o

metabolismo dos organismos aquáticos e são também influenciadas por ele, conferindo

estreita interação entre esses seres vivos e o meio ambiente, base da ciência denominada

Ecologia (Libânio, 2008).

Calcula-se que exista aproximadamente 1.360.000 milhões de m3 de água no

planeta e aproximadamente 97,3 % corresponde aos mares, oceanos e lagos de água

salgada.

Hoje em dia possui-se tecnologia de dessalinização da água. No Brasil, por

exemplo, a parcela habitada do arquipélago de Fernando de Noronha/Pernambuco é

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abastecida durante o período de escassez de chuvas por meio dessa tecnologia, porém o

uso desta tecnologia torna a água mais cara.

O Brasil embora tenha uma disponibilidade hídrica elevada se comparado à

maioria dos outros países, possui uma distribuição desuniforme. A região Norte contêm 5

% da população do Brasil e possuem 73 % da disponibilidade hídrica, o restante das

regiões, que correspondem a 95 % da população têm apenas 27 % da disponibilidade

hídrica a sua disposição. Essa diferença também aumenta, pois nas regiões Sul e Sudeste

ocorrem um grande despejo de resíduos domésticos em seus mananciais (Libânio, 2008).

Em 2003, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o Ano Internacional

da Água Doce, foram divulgados dados alarmantes:

1100 milhões de pessoas carecem de excesso á água potável – o que

corresponde aproximadamente a um sexto da população mundial; e 2400 milhões dos

habitantes do planeta não tem acesso a serviços de saneamento adequados, ou seja, o

equivalente a 40 % dos habitantes.

Cerca de 6000 crianças morrem diariamente devido a doenças ligadas à

água insalubre e a um saneamento e higiene deficientes.

A água insalubre e o saneamento causam 80 % das doenças no mundo em

desenvolvimento, segundo as estimativas.

São as mulheres e os jovens que, em geral, sofrem mais em consequência da

falta de instalações sanitárias.

No século passado, o consumo de água aumentou a um ritmo duas vezes

mais rápido do que o crescimento demográfico. O Oriente Médio, o Norte da África e o

Sul da Ásia sofrem de escassez crônica de água.

Nos países em desenvolvimento, 90 % das descargas de águas residuais não

são precedidas de tratamento.

Em muitas regiões, a utilização excessiva de águas subterrâneas para beber e

para efeitos de irrigação causou descidas do nível das águas da ordem das dezenas de

metros, o que obriga as pessoas a servir-se de água de baixa qualidade para ingerir.

As perdas de água devido a fugas, ligações ilegais e desperdício representam

cerca de 50 % da água para beber e 60 % da água destinada à irrigação, nos países em

desenvolvimento.

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As cheias afetaram mais de 75 % das populações que sofreram os efeitos de

catástrofes naturais durante a década de 1990 e acarretaram custos que equivalem a 33 %

dos custos das catástrofes naturais, segundo as estimativas.

Os dados apresentados mostram que se nada for feito o problema da escassez

aumentará rapidamente, por estes motivos devemos tomar todas as medidas possíveis para

se evitar desperdícios e degradação dos recursos disponíveis (Macedo, 2000).

O problema de falta de água não só ocasiona doenças e mortes, mas também traz

prejuízos a outros setores, pois o dinheiro a mais em que se gasta com saúde poderia ser

investido em educação por exemplo. E com o comprometimento dos mananciais a água

está ficando cada vez mais cara. Outro fator importante a se destacar é que o aumento do

consumo de água está aumentando conforme a população vai evoluindo, pois muita água é

consumida indiretamente pelas pessoas, pois os produtos consumidos nos dias de hoje

utilizam muito mais recursos para serem produzidos. Podemos citar alguns exemplos, para

produzir 1 kg de arroz consome 1910 L de água, para se produzir 1 kg de aço necessita-se

de 95 L de água, 1 kg de papel é preciso 324 L de água. Quase que todas as coisas que

consumimos diariamente necessitam de água para ser produzida.

A qualidade da água é dependente do uso a que se destina. Uma água quente e

corrosiva não seria de boa qualidade para produzir vapor; similarmente, uma água túrbida

torna-se inaceitável para produção de papel, e uma água dura, em lavanderias ou fábrica de

tecidos.

É aceitável que a água de abastecimento, destinada tanto ao uso doméstico quanto

nas industriais em geral, deverá ter as seguintes características: limpa, agradável ao

paladar, temperatura razoável, nem corrosiva nem produtora de crostas, não conter

minerais de efeitos fisiológicos indesejáveis e livre de microrganismos que produzam

infecções intestinais (Macedo, 2000).

A Tabela 1 apresenta resumidamente os padrões fixados pelo Ministério da Saúde,

Portaria n° 2.914, de 12 de dezembro de 2011:

Tabela 1 – Padrões de Potabilidade

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Parâmetro VMP

pH 6,0 - 9,5

Turbidez (Desinfecção) 1 uT*

Turbidez (Filtração rápida) 0,5 uT*

Turbidez (Filtração lenta) 1,0 uT*

Cor aparente 15 uC

Gosto 6 intensidade

Odor 6 intensidade

Dureza 500 mg/L

Sólidos totais dissolvidos 1000 mg/L

Alumínio 0,2 mg/L

Chumbo 0,01 mg/L

Cloreto 250 mg/L

Ferro 0,3 mg/L

Manganês 0,1 mg/L

Mercúrio 0,001 mg/L

Sulfato 250 mg/L

Xileno 0,3 mg/L

Notas: VMP= Valor máximo permissível; uC = Unidade de cor; uT= Unidade turbidez; * =

em 95% das amostras

Fonte: Ministério da Saúde.

As metas para a redução progressiva da turbidez para o atendimento ao valor máximo

permitido de 0,5 uT para filtração rápida e de 1,0 uT para filtração lenta estão descritas na

Tabela 2 e Tabela 3 respectivamente.

Tabela 2 – Metas progressivas para atendimento ao valor máximo permitido para filtração

rápida

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Filtração rápida

Período após a

publicação da Portaria < 0,5 uT < 1,0 uT

Final do 1° ano Em no mínimo 25% das

amostras mensais coletadas

No restante das amostras

mensais coletadas

Final do 2° ano Em no mínimo 50% das

amostras mensais coletadas

Final do 3° ano Em no mínimo 75% das

amostras mensais coletadas

Final do 4° ano Em no mínimo 95% das

amostras mensais coletadas

Fonte: Ministério da Saúde

Tabela 3 – Metas progressivas para atendimento ao valor máximo permitido para filtração

rápida

Filtração lenta

Período após a publicação

da Portaria < 1,0 uT < 2,0 uT

Final do 1° ano Em no mínimo 25% das

amostras mensais coletadas

No restante das amostras

mensais coletadas

Final do 2° ano Em no mínimo 50% das

amostras mensais coletadas

Final do 3° ano Em no mínimo 75% das

amostras mensais coletadas

Final do 4° ano Em no mínimo 95% das

amostras mensais coletadas

Fonte: Ministério da Saúde

A água potável pode ser de uma fonte natural, desde que não haja nenhum tipo de

contaminação em sua nascente ou percurso. Pode ser também obtida através de um

processo de tratamento físico e ou químico. Nas cidades, este processo é realizado nas

Estações de Tratamento de Água (ETAs).

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Dependendo da qualidade original da água, um ou mais processos de tratamento

são aplicados. Entre os principais processos de tratamento de água, podemos citar:

decantação, filtração, fluoretação, desinfecção e floculação (Macedo, 2000).

A Figura 1 apresenta resumidamente o funcionamento de uma estação de

tratamento de água.

Figura 1 – Fluxograma de uma estação de tratamento de água

Fonte: http://www.agua.bio.br

Para tratar a água, muitas vezes são necessários produtos químicos, dependendo

da situação, a quantidade desses produtos são muito altas, fazendo com que resíduos

continuem tanto na água após o tratamento quanto no lodo, que é o resíduo sólido gerado

na ETA, que será descartado posteriormente, podendo contaminar o ambiente.

Para tratar a água são adicionados coagulantes, que são capazes de desestabilizar

as partículas coloidais, formando flocos (hidróxidos metálicos) com tamanho suficiente

para sua posterior remoção nos decantadores. Parte dos flocos que não sedimentaram

passam aos filtros para clarificação final. Resíduos são gerados tanto nos decantadores

quanto nos filtros, que na maioria das vezes são lançados diretamente aos cursos de água,

podendo ocasionar uma série de danos ao meio ambiente, isso ocorre devido à escassez de

recursos e ao alto custo de implantação e operação dos sistemas de tratamento e disposição

final de resíduos sólidos. Somente nos últimos anos se tem observado uma preocupação

maior com o destino desse resíduo. A proporção de resíduos gerados corresponde de 1 % a

5 % do volume de água tratada (Macedo, 2000).

A qualidade dos insumos utilizados para tratar a água é um assunto importante,

pois podem conter metais pesados, de modo geral, fica-se atento apenas ao valor do

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insumo e sua eficiência, mas se tratando de um processo que irá gerar um produto para o

consumo de toda a população, deve se ficar atento à pureza do insumo.

Além de se ter uma legislação, a fiscalização deve funcionar para que os valores

máximos permitidos para cada parâmetro sejam respeitados, se não respeitados, ocasionará

riscos à população.

O alumínio está relacionado à Doença de Alzheimer entre outras, se a fiscalização

não for feita corretamente, há uma grande possibilidade de que um número muito grande

de pessoas consumam alumínio acima do valor máximo permitido. Em um estudo feito por

Devecchi et al. (2006), na cidade de Ribeirão Preto e Atibaia – São Paulo (SP), foi

coletado em diferentes bairros das cidades, 100 amostras de água em triplicata, 24 % das

amostras de Ribeirão Preto apresentaram quantidades superiores de alumínio do que o

recomendado. Já as amostras da cidade de Atibaia estavam abaixo do limite permitido.

Dados do Departamento de Informação e Informática do SUS – DATASUS,

órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, mostram que a cidade de Atibaia

não possui nenhum caso registrado quanto a internações e óbitos relacionados à Doença de

Alzheimer (período correspondente a 2006), o que pode ocorrer por ser uma doença de

difícil diagnóstico e pela limitação da obtenção de dados. Já no município de Ribeirão

Preto, entre 2000 e 2005, foram registradas 31 internações por Alzheimer, na faixa etária

acima de 60 anos.

2. OBJETIVOS

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O Principal objetivo desse trabalho foi avaliar a viabilidade técnica de substituir o

coagulante sulfato de alumínio pelo sulfato férrico no tratamento de água bruta. Para

determinar se essa substituição é viável, utilizou-se os seguintes parâmetros para se

comparar a eficiência de cada coagulante:

Dosagens de coagulante;

pH de coagulação;

Turbidez e

Cor aparente.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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3.1. PROPRIEDADES DA ÁGUA

3.1.1. ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO

A água é formada por um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Os

hidrogênios estão unidos ao oxigênio por meio de ligação covalente. A água possui

estrutura com forma angular. Se for traçada uma linha imaginária unindo o centro do

átomo de oxigênio ao centro de cada um dos átomos de hidrogênio, será obtido um ângulo

de 104° 30’. O oxigênio atrai os elétrons compartilhados com mais força que os

hidrogênios, pois é mais eletronegativo. Esse fenômeno faz com que os elétrons fiquem

mais próximos do oxigênio que dos hidrogênios. Diz-se que a molécula de água é polar,

pois tem um pólo positivo formado pelos hidrogênios e um pólo negativo formado pelo

oxigênio. Esta polaridade está relacionada às propriedades físicas da água, como Ponto de

Fusão (PF), Ponto de Ebulição (PE), mais altos do que os previstos pela teoria, e a

capacidade de dissolver sólidos iônicos. A água em seu estado natural mais comum é um

líquido transparente, sem sabor e odor, mas que assume a cor azul-esverdeada em lugares

profundos. Possui massa específica máxima de 1g.cm-3 a 4 °C e calor específico de 1 cal.(g

°C)-1. No estado sólido, a massa específica diminui até 0,92 g.cm-3, mas são conhecidos

gelos formados sob pressão mais pesados que a água líquida. As temperaturas de fusão e

ebulição à pressão de 1 atm são, respectivamente, de 0°C e 100 °C, muito superiores às de

fusão e de ebulição de outros compostos parecidos com a água. Trata-se de um composto

estável que não se decompõe em seus elementos até 1.300 °C. Reage com os metais

alcalinos (Li, Na, K, Rb e Cs) formando base e desprendendo hidrogênio; reage com

alguns óxidos metálicos para formar hidróxidos e com os não-metálicos para formar ácidos

(Di Bernardo, et al, 2002).

3.1.2. IMPUREZAS DA ÁGUA

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As impurezas encontradas nas águas superficiais são as seguintes: sólidos

dissolvidos em forma ionizada, gases dissolvidos, compostos orgânicos dissolvidos e

matéria em suspensão, tais como, microrganismos (bactérias, algas e fungos) e colóides. A

maioria destas impurezas apresenta cargas negativas em suas superfícies, repelindo-se

umas às outras, mantendo-se em suspensão estável por longos períodos de tempo. Tais

partículas apresentam-se em tamanhos de diversas ordens de grandeza, conforme Figura 2

(Pavanelli, 2001).

A água é um meio de transporte para diversas doenças. Segundo Di Bernardo

(1999), pode existir microrganismos na água em forma de esporos que resistem à

desinfecção por longo tempo de contato, dificultando assim sua eliminação.

Figura 2 – Distribuição do tamanho das partículas presentes na água

Fonte: Cepis, 1973

As partículas de suspensões têm tamanhos que variam de 10-3 mm a 10-1 mm, de

forma que, por meio de sedimentação ou flotação, consegue-se a separação das fases

líquida/sólida em tempo razoável (na prática, em torno de uma hora).

A faixa em forma de retângulo hachurada na Figura 2 corresponde às dispersões

coloidais nas quais pode atuar a coagulação química. Nesta faixa, as partículas têm

tamanho de “...10-6 mm a 10-3 mm e alguns zooplânctons, já pertencentes às suspensões,

têm diâmetro de aproximadamente 10-2 mm.” (AMERICAN WATER WORKS

ASSOCIATION-AWWA, 1990, Cap. 6, p. 270). Essas partículas, devido ao tamanho

reduzido, levariam um tempo muito longo para sedimentar, impossibilitando sua remoção

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somente por sedimentação. Por meio de produtos químicos (sais de ferro e alumínio),

pode-se promover a união destas partículas, adicionando-se o produto químico

(denominado coagulante) na água bruta, e rapidamente procurando-se homogeneizar a

mistura mecânica ou hidraulicamente; este processo é denominado “coagulação”. Após a

coagulação, a água percorre uma série de reatores, cada um deles dotado de um gradiente

médio de velocidade, fazendo com que as partículas presentes na água bruta unam-se

formando os “flocos”; esta operação é denominada “floculação” (Pavanelli, 2001).

3.1.3. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA ÁGUA

As principais medidas físicas que podem ser feitas na água são temperatura,

potencial zeta, cor e turbidez.

3.1.3.1 TURBIDEZ

Turbidez é a medição da resistência da água à passagem da luz. A turbidez é

provocada pela presença de partículas suspensas, finamente divididas ou em estado

coloidal. O efeito destas substâncias na água é a de que as águas tornam-se turvas e perdem

a transparência

3.1.3.2. COR

A cor da água, na maioria dos casos, é provocada por compostos orgânicos de

origem vegetal que, pela atividade de microrganismos e pelos resíduos das atividades

humanas, se decompõem (Pavanelli, 2001).

Com a decomposição da matéria orgânica natural, ocorre a formação das

substâncias húmicas, classificadas de acordo com a solubilidade em diferentes condições.

Esta classificação, proposta em 1919 (citada por Mendes (1989), p.11, segundo Oden) e

utilizada por diversos pesquisadores, é mostrada na Tabela 4.

Tabela 4 – Classificação das substâncias húmicas

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Nome da fração Característica

Ácido húmico Fração solúvel em NaOH e insolúvel em ácidos minerais e

álcool

Ácido fúlvico Fração solúvel em ácidos minerais e NaOH

Ácido himatomelânico Fração solúvel em NaOH e ácool; insolúvel em ácidos minerais

Humina Resíduo da separação dos componentes anteriores (insolúvel em

água e NaOH)

Fonte: Mendes, 1989

Black & Christman (1963), através de evaporação à baixa pressão e posterior

solubilização em diferentes valores de pH, separaram as frações dos compostos orgânicos,

causadores de cor de diversas fontes de águas naturais, verificando que as concentrações

desses compostos variavam de 15 a 50 mg/l, sendo o ácido fúlvico, o principal constituinte,

com 87 %, o ácido himatomelânico com 11 % e o ácido húmico com 2 %. Segundo

Midwood & Felbeck (1968), em solos turfosos há predominância da fração de ácido

fúlvico (≈ 80 %).

3.1.3.3. TEMPERATURA

É importante conhecer as possíveis variações de temperatura ao longo dos

processos e operações no tratamento da água, pois, a temperatura tem influência no

desempenho das unidades de mistura rápida, floculação, desinfecção e nas reações de

hidrólise do coagulante e solubilidade de gases (Pavanelli, 2001).

3.1.3.4. POTENCIAL ZETA

O potencial zeta, ou potencial eletrocinético, é um parâmetro utilizado para

determinação da carga eletrostática superficial das partículas coloidais presentes na água.

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Sua medida pode ser considerada como um bom índice para medir a magnitude das

interações repulsivas entre tais partículas.

Na Figura 4, a certa distância da superfície da partícula, geralmente onde se inicia

a camada difusa, está o plano de cisalhamento cujo seu potencial é o potencial zeta.

Segundo Yokosawa (2001), os óxidos sofrem protonação quando em solução

aquosa ácida, e desprotonação quando em solução aquosa alcalina, portanto o potencial

zeta é dependente do pH do meio, da espessura da dupla camada elétrica, que por sua vez

depende da concentração de íons adsorvidos e da força iônica da suspensão. Ainda se as

partículas possuem carga alta, elas se repelem umas às outras e o colóide é estável. Caso as

partículas tenham carga resultante próxima de zero, o movimento browniano das partículas

é transmitido ao colóide, tendo como efeito final a aglomeração das partículas, podendo

este fato levar à floculação (Pavanelli, 2001).

3.1.4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA ÁGUA

3.1.4.1. ALCALINIDADE, ACIDEZ E PH

A alcalinidade da água é importante na coagulação química, pois os coagulantes

comumente têm atuação como ácidos em solução, reduzindo a alcalinidade e baixando o

valor do pH, sendo necessária frequentemente a adição de alcalinizante para o equilíbrio do

pH.

A alcalinidade da água pode ser entendida como a capacidade na neutralização de

ácidos, e a acidez, de neutralização de bases. Nas soluções aquosas, as características de

alcalinidade e acidez baseiam-se normalmente no sistema do ácido carbônico (H2CO3), que

é um ácido diprótico fraco que possui três pontos de equivalência, com as principais

reações como seguem, e considerando a temperatura de 25 °C (Pavanelli, 2001):

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A Figura 3 ilustra os constituintes do sistema do ácido carbônico em função do

pH.

Figura 3 – Constituintes do sistema do ácido carbônico em função do pH com pressão de 1

atm e temperatura de 25 ºC

Fonte: Di Bernardo, 1993

Considerando essa figura, a alcalinidade em função do pH para temperatura de

25 °C e pressão de 1 atm, pode ser dividida nas seguintes faixas:

pH = 12,3 - 9,4 : alcalinidade de hidróxidos e carbonatos

pH = 9,4 - 8,3 : alcalinidade de carbonatos e bicarbonatos

pH = 8,3 - 4,4 : alcalinidade de bicarbonatos somente

3.1.4.2. CORROSÃO

A corrosão é um processo de ataque contínuo de corpos sólidos, especialmente

metais, que envolve alterações de composição química.

No entanto, Libânio (2005), no Brasil, não são raros os casos em que, por

desconhecimento da compreensão sobre corrosão, adotam-se técnicas de tratamento de

água que se aplicam apenas ao controle de corrosão metálica, ficando as tubulações e

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reservatórios de concreto ou de cimento–amianto totalmente desprotegidas. Esse fato pode

resultar em prejuízos significantes, principalmente, se a água for de baixa alcalinidade,

com pH inferior a 7, ou seja, águas ácidas, situação típica de uma extensa área do território

brasileiro, que tem por substrato geológico o embasamento cristalino.

Em canalizações, válvulas e equipamentos metálicos a corrosão representa um

grande prejuízo anual para os serviços de abastecimento de água. As tubulações corroídas,

além de terem a sua vida útil reduzida, apresentam menor capacidade de condução de água.

Na prática, há várias maneiras de se evitar ou controlar a corrosão:

Escolher materiais não metálicos (cimento, concreto e plásticos), ou

metais resistentes à corrosão (alumínio, aço inoxidável, níquel, silício,

cobre, latão e bronze) na construção.

Escolher revestimento metálico, tais como: zinco galvanizado ou alumínio

para proteger metais.

Escolher revestimento não-metálicos para proteger metais.

Escolher produtos químicos para o tratamento de água, cujas metas

incluem:

Deposição de revestimento ou partícula protetora sobre os metais.

Remoção do oxigênio.

Remoção de dióxido de carbono livre.

Ajustem o pH.

Controle elétrico (proteção catódica).

3.1.4.3. FERRO

O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do

minério pelo gás carbônico da água, conforme a reação:

Fe + CO2 + ½ O2 → FeCO3 (4)

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O carbonato ferroso é solúvel e frequentemente encontrado em águas de poços

contendo elevados níveis de concentração de ferro. Nas águas superficiais, o nível de ferro

aumenta nas estações chuvosas devido ao carreamento de solos e a ocorrência de processos

de erosão das margens.

Também poderá ser importante a contribuição devida a efluentes industriais, pois

muitas indústrias metalúrgicas desenvolvem atividades de remoção da camada oxidada

(ferrugem) das peças antes de seu uso, processo conhecido por decapagem, que

normalmente é procedida através da passagem da peça em banho ácido.

Nas águas tratadas para abastecimento público, o emprego de coagulantes a base

de ferro provoca elevação em seu teor.

O ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz diversos problemas para o

abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água, provocando manchas em

roupas e utensílios sanitários. Também traz o problema do desenvolvimento de depósitos

em canalizações e de ferro-bactérias, provocando a contaminação biológica da água na

própria rede de distribuição.

Por estes motivos, o ferro constitui-se em padrão de potabilidade, tendo sido

estabelecida a concentração limite de 0,3 mg/L na Portaria 2.914/2011 do Ministério da

Saúde.

No tratamento de águas para abastecimento público, deve-se destacar a influência

da presença de ferro na etapa de coagulação e floculação. As águas que contêm ferro

caracterizam-se por apresentar cor elevada e turbidez baixa.

Os flocos formados geralmente são pequenos, ditos “pontuais”, com velocidades

de sedimentação muito baixa. Em muitas estações de tratamento de água, este problema só

é resolvido mediante a aplicação de cloro, denominada de pré-cloração. Através da

oxidação do ferro pelo cloro, os flocos tornam-se maiores e a estação passa a apresentar

um funcionamento aceitável. No entanto, é conceito clássico que, por outro lado, a pré-

cloração de águas deve ser evitada, pois em caso da existência de certos compostos

orgânicos chamados precursores, o cloro reage com eles formando trihalometanos,

associados ao desenvolvimento do câncer. (CETESB)

Breland e Robinson (1967), citados por Benefield et al. (1982), relatam vários

problemas atribuídos a presença de ferro em aguas de abastecimento. Alguns desses

problemas podem ser:

a) Águas com altas concentrações de ferro conferem a agua sabor desagradável

(gosto metálico);

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b) Prejuízos em indústrias de papel, tecidos, ou couro, devido ao surgimento de

manchas em seus produtos;

c) Aparecimento de manchas em utensílios domésticos como porcelanas e

vidrarias, e em aparelhos sanitários;

d) Roupas podem apresentar manchas amarelas ou marrons;

e) Precipitados de ferro ocasionam obstrução em canalizações e promovem o

crescimento de massas gelatinosas de ferrobactérias. Essas bactérias se soltam e conferem

à água uma aparência avermelhada;

f) As ferrobactérias podem causar problemas de gosto e odor na agua devido às

baixas velocidades de escoamento, que conduzem a sua reprodução.

3.1.5. INTERAÇÃO ENTRE PARTÍCULAS COLOIDAIS

Em um sistema bifásico (sólido-líquido) onde existe uma grande concentração de

partículas coloidais, umas se aproximam das outras e/ou chocam-se entre si devido ao

movimento contínuo e desordenado dessas mesmas partículas (movimento browniano),

permitindo-se uma interação entre as camadas difusas (Figura 4), fazendo com que ocorra

atração devido à força de van der Walls e repulsão devido à força eletrostática ou da dupla

camada elétrica (Pavanelli, 2001).

3.1.5.1. FORÇA DE VAN DER WALLS

A força de van der Walls tem origem na interação de dipolos elétricos atômicos e

moleculares, estando associada às flutuações na densidade eletrônica dos átomos.

Conforme cita Di Bernardo et al (1993), para dois átomos a força atrativa de van der Walls

é inversamente proporcional à sétima potência da distância entre eles, porém, para duas

partículas constituídas de grande número de átomos, as forças atuantes sobre cada par de

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átomos são aditivas, resultando em uma energia de atração inversamente proporcional ao

quadrado da distância entre as superfícies das partículas (Pavanelli, 2001).

3.1.5.2. DUPLA CAMADA ELÉTRICA (DCE)

A força da dupla camada elétrica tem sua origem na superfície das partículas

sólidas, onde ocorre adsorção ou dessorção de íons entre a partícula sólida e a solução

circundante.

As partículas coloidais possuem predominantemente cargas negativas, as quais

atraem uma grande quantidade de íons de carga oposta (positiva) presentes na solução,

porém devido as dimensões das superfícies das partículas, apenas um número limitado de

íons positivos consegue ser adsorvidos. Esta adsorção faz com que os íons adsorvidos

permaneçam de maneira rígida sobre a superfície da partícula, dando origem à denominada

camada compacta ou camada de Stern.

Quando íons negativos aproximam-se da camada compacta, atraem consigo

alguns íons positivos, resultando na formação da camada difusa, que engloba a camada

compacta, na realidade, a camada difusa resulta da atração de íons positivos, repulsão

eletrostática de íons negativos e difusão térmica.

O conjunto das camadas, compacta e difusa, resulta na denominada dupla camada

elétrica (Pavanelli, 2001).

A Figura 4 ilustra a configuração esquemática da dupla camada elétrica.

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Figura 4 – Configuração esquemática da dupla camada elétrica

Fonte: Di Bernardo

3.1.5.3. TEORIA DLVO

Na ciência dos colóides é fundamental citar a teoria DLVO originada das

pesquisas dos cientistas russos Derjaguin e Landau e dos cientistas holandeses Verwey e

Overbeek. Esta teoria sugere que a estabilidade de uma suspensão coloidal pode ser

descrita pela interação total resultante das contribuições das interações atrativas (força de

van der Walls) e repulsivas (forças da DCE). Assim, pela teoria DLVO, para se ter uma

suspensão estável é necessário que as forças de interações repulsivas superem as forças de

atração de van der Walls. Desta forma, para curtas ou longas distâncias (Figura 5) sempre

o efeito entre as partículas é atrativo; no entanto, a partir de uma distância “d” da superfície

da partícula, a repulsão predomina em certo intervalo de distância (Pavanelli, 2001).

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Figura 5 – Energia potencial de interação entre as partículas coloidais

Fonte: Cepis, 1984

3.1.6. MECANISMOS DE COAGULAÇÃO

A história da separação das impurezas em dispersões coloidais da água

(coagulação) é antiga. No Egito, farinhas de favas e de amendoim já eram utilizadas para

remoção das partículas coloidais. Na Índia eram usadas nozes moídas e, na China, o alume,

um sulfato duplo de alumínio e potássio. Esse último é o verdadeiro precursor dos

modernos coagulantes minerais. Em 1853, na Inglaterra, J. Simpson fez as primeiras

tentativas de coagulação em grande escala com sulfato de alumínio. A primeira patente, no

entanto, foi em 1885 por Isaiah Hyatt nas instalações dos Departamentos de Água Potável

das cidades de Somerville e Ravidan, em Nova Jersey.

A coagulação corresponde à desestabilização da dispersão coloidal, obtida por

redução das forças de repulsão entre as partículas com cargas negativas, por meio da

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adição de produto químico apropriado, habitualmente com sais de ferro ou de alumínio ou

de polímeros sintéticos, seguidos por agitação rápida, com o intuito de homogeneizar a

mistura.

Os principais mecanismos que atuam na coagulação são: compressão de camada

difusa; adsorção e neutralização; varredura; e adsorção e formação de pontes (Pavanelli,

2001).

3.1.6.1. COMPRESSÃO DA CAMADA DIFUSA

Esse mecanismo de coagulação ocasiona a desestabilização das partículas

coloidais através da adição de íons de carga contrária. Segundo Di Bernardo (1993), já em

1900, Schulze e Hardy, por meio das teorias de Derjaguin, Landau, Verwey e Overbeek-

DLVO, mostraram que quanto maior a carga do íon positivo, menor a quantidade requerida

para a coagulação. Ao desestabilizar colóides negativos, as concentrações molares dos

metais Na+, Ca++, Al+++ variam de 1000: 10: 1. Este fenômeno é explicado pela grande

concentração de cargas positivas que causam excesso de íons na camada difusa, fazendo

com que reduza o volume de sua esfera para manter-se eletricamente neutra (ver Figuras 5

e 6), reduzindo o potencial elétrico (Potencial Zeta) e predominando a força de van der

Waals.

Neste mecanismo pode-se citar como exemplo o encontro de água doce de rios

com pequena força iônica que ao desaguar o seu efluente e misturar-se com a água no mar,

promove a formação de depósitos neste encontro (Pavanelli, 2001).

De acordo com Di Bernardo (1993), vale o destaque de dois aspectos:

• A quantidade de eletrólitos para conseguir a coagulação é praticamente

independente da concentração de colóides na água.

• Não é possível causar a reversão de carga dos colóides (reestabilização) para

quaisquer quantidades de eletrólitos adicionados.

3.1.6.2. ADSORÇÃO E NEUTRALIZAÇÃO DE CARGA

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Na dispersão coloidal, ao adicionar-se o coagulante, ocorre interações entre

coagulante-colóide, coagulante-solvente e colóide-solvente.

Segundo Mendes (1989), algumas espécies químicas são capazes de serem

adsorvidas na superfície das partículas coloidais. Como tais espécies são de carga contrária

à da superfície dos colóides, ocorrerá à desestabilização. Esta desestabilização é causada

pelo coagulante em dosagens bem inferiores às do mecanismo da dupla camada.

Conforme Di Bernardo A. S. (2001), existem três diferenças principais

relacionados com os mecanismos de compressão da camada difusa e o de adsorção e

neutralização de carga:

• Como já citado, a desestabilização dos colóides ocorre com dosagens bem

inferiores.

• Existe uma relação estequiométrica entre a concentração dos colóides e a

quantidade necessária de espécies desestabilizantes por adsorção.

• É possível a reversão de carga superficial das partículas coloidais através de

superdosagem de espécies adsorvíveis.

Para Di Bernardo (1993), este mecanismo deve ser utilizado em estações de

tratamento de água cujo processo, após coagulação, seja a filtração direta, pois as

partículas desestabilizadas ficarão retidas no interior do meio filtrante da unidade de

filtração.

3.1.6.3. VARREDURA

Neste mecanismo, segundo Di Bernardo (1993), conforme a quantidade de

coagulante (sal), do pH da mistura e da concentração de alguns tipos de íons presentes na

água, poderá ocorrer a formação de precipitados como Al(OH)3p, Fe(OH)3p, ou outros,

dependendo do coagulante empregado.

O mecanismo da varredura vem sendo bastante empregado em estações de

tratamento de água do tipo completa, sendo esta com floculação/sedimentação antecedendo

à filtração. Os flocos formados são maiores do que aqueles formados pela adsorção e

neutralização de cargas; consequentemente, suas velocidades de sedimentação são maiores.

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3.1.6.4. ADSORÇÃO E FORMAÇÃO DE PONTES

Segundo Mendes (1989), este mecanismo È desenvolvido por intermédio da

utilização de compostos orgânicos (polímeros) sintéticos ou naturais, utilizados como

coagulantes; podem apresentar sítios ionizáveis ao longo de suas cadeias, podendo ser

classificados como catiônicos, aniônicos, anfóteros.

Para Mendes (1989), pode ser explicado o comportamento dos polímeros como

coagulantes, baseando-se na sua adsorção à superfície das partículas coloidais, seguida

pela redução da carga ou pelo entrelaçamento das partículas nas cadeias do polímero.

Como citado por Di Bernardo A.S. (1993), pesquisa com esses compostos têm

mostrado que é possível a desestabilização de colóides (com cargas negativas) tanto com

polímeros catiônicos como aniônicos. Desta maneira, tanto o mecanismo da compressão da

camada difusa como o de adsorção e neutralização de cargas, não podem caracterizar o

mecanismo de adsorção e formação de pontes.

3.1.6.5. DIAGRAMA DE COAGULAÇÃO

Amirtharajah & Mills (1982) desenvolveram o diagrama de coagulação para o

sulfato de alumínio (Figura 6), considerando dosagens de Al2(SO4)3. 14,3 H2O versus pH

da mistura. Podem-se notar regiões distintas para diferentes mecanismos de coagulação,

seja na adsorção e neutralização de cargas, na varredura, ou na combinação de ambas.

Na região de coagulação por varredura ocorre excessiva formação de precipitados

de hidróxido de alumínio, cujas partículas coloidais estão aprisionadas. Esta região é

recomendada para ETA com tratamento completo, pois os flocos são densos e ficam

retidos no decantador (Pavanelli, 2001).

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Figura 6 – Diagrama de coagulação (típico) com o sulfato de alumínio para remoção de

turbidez

Fonte: Amirtharajah, 1989

REGIÃO 1

Nesta região pode ocorrer a neutralização de carga das partículas coloidais pelas

espécies hidrolisadas de alumínio, que são adsorvidas na superfície dos colóides. Com o

pH no valor aproximado de 4,7, o potencial zeta se aproxima de zero, e a dosagem de

sulfato de alumínio poderá variar entre 5 a 70 mg/L.

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REGIÃO 2

Esta região com o valor do pH maior do que 4,7, tem o valor do potencial zeta

positivo, e também os colóides se tornam positivos, sendo esta zona caracterizada pela

reestabilização.

A delimitação superior da região de reestabilização inicia-se a região de

desestabilização, que conforme cita Di Bernardo (1993), tem sido atribuído à presença de

íons SO42- e ao aprisionamento dos colóides reestabilizados em complexos de sulfato do

tipo Al(H2O)SO4+.

REGIÃO 3

Segundo Amirtharajah & Mills (1982), esta região tem denominação de “corona”,

com dosagens compreendidas entre 3 e 30 mg/L, sendo a região ideal para coagulação

quando se tem filtração direta. Nesta região é que o valor do potencial zeta atinge seu

máximo.

Quando o valor de pH está em torno de 6,9 e dosagem de coagulante 10 mg/L, e o

valor do potencial zeta aproxima-se de zero.

REGIÃO 4

Nesta região, onde predomina a coagulação pelo mecanismo da varredura, com

pH variando no intervalo de 5,5 a 9 e dosagens acima de 30 mg/L, ocorre a formação de

precipitados de hidróxidos de alumínio, juntamente com as partículas coloidais

aprisionadas aos mesmos. A tecnologia de tratamento para esta região é do tipo com

estações completas, ou seja, com decantadores antecedendo aos filtros, pois os flocos

obtidos são de tamanho maior quando comparado aos flocos das outras regiões, sendo

facilmente removidos pelos decantadores.

3.1.7. COAGULANTES NATURAIS

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O interesse pelo estudo de coagulantes naturais para clarificar água não é uma

idéia atual.

Em vários países asiáticos, africanos e sul-americanos, inúmeras plantas estão

sendo utilizadas como coagulantes/floculantes naturais.

O homem tem buscado na biodiversidade dos recursos naturais um coagulante

natural, biodegradável, para a clarificação de água bruta, que apresente baixa toxicidade e

seja de uso simples, barato e de fácil obtenção e aplicação (Silva, 2005).

Os coagulantes de origem orgânica conhecidos universalmente como

polieletrólitos, são representados por compostos constituídos de grandes cadeias

moleculares, dotados de sítios com cargas positivas ou negativas (Borba, 2001). Porém,

apenas os polieletrólitos catiônicos, ou seja, que apresentam cargas positivas podem ser

utilizados sem a aplicação do coagulante primário (Spinelli, 2001).

Por outro lado, a presença de um polieletrólito orgânico natural na água, pode

aumentar o teor de matéria orgânica e causar o aparecimento de sabores desagradáveis e

odores ruins, caso essa matéria orgânica não seja eliminada durante as fases da

coagulação/floculação, sedimentação e desinfecção (Silva, 2005).

3.1.7.1. MORINGA OLEIFERA

A Moringa oleifera é uma espécie perene, da família Moringaceae, originária do

nordeste indiano, amplamente distribuída na Índia, Egito, Filipinas, Ceilão, Tailândia,

Malásia, Burma, Pasquitão, Singapura, Jamaica e Nigéria (Pio Côrrea, 1984; Duke, 1987

apud Gallão et al., 2006). Tal planta foi introduzida no Brasil no início do século passado

como planta ornamental, porém seu uso como coagulante só teve inicio em 1996, com a

vinda de Dra Samia Al Azharia Jahn, que em visita ao Nordeste brasileiro orientou um

workshop em Pernambuco e fez palestras em diferentes lugares do país divulgado tal

planta (Borba, 2001). Suas sementes são bastante utilizadas na clarificação de águas turvas

em diversas regiões carentes do planeta, como no Sudão, outros países da África, no

Nordeste brasileiro, entre outros (Borba, 2001).

A propriedade coagulante/floculante das sementes esta relacionada à presença de

proteínas catiônicas hidrossolúveis.

Comparando solução à base de sementes de Moringa oleifera com sulfato de

alumínio Ndabigengesere & Narasiah (1998) verificaram que o uso de Moringa oleifera

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não promove alterações significativas nos valores de pH da água, sendo que este

permaneceu na faixa de 7,6 para as diversas dosagens testadas. No caso do sulfato de

alumínio houve uma redução no valor do pH de 7,6 para 4,2. No que se refere à redução de

turbidez a Moringa oleifera apresentou eficiência similar ao sulfato de alumínio

(Ndabigengesere et al. 1995; Ndabigengesere & Narasiah, 1998; Amagloh & Benang,

2009).

Bergamasco et al. (2009) utilizando somente Moringa oleifera e Moringa oleifera

associada à PCA (politereftalato de etileno) verificaram que a concentração de alumínio na

água tratada era de 0,1 mg L-1 para as duas situações. Com a utilização isolada de PCA este

valor foi 0,7 mg L-1. Considerando que a Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde

recomenda como valor máximo 0,2 mg L-1, a água tratada com PAC apresenta níveis de

alumínio bastante superior ao recomendado.

Apesar das diversas vantagens relacionadas à sua utilização, o uso de solução à

base de Moringa oleifera não purificada pode conferir presença de matéria orgânica e

nutrientes na água tratada (Ndabigengesere & Narasiah, 1998; Okuda et al., 2001) devido

a presença de outras substâncias além de proteínas como carboidratos, lipídeos e

outras substâncias orgânicas e inorgânicas (Ghebremichael et al., 2005) que podem

permanecer na água após o tratamento.

3.1.7.2. TANINO

Taninos são compostos polifenólicos encontrados em uma grande variedade de

plantas superiores, com características adstringentes e tradicionalmente utilizadas na

indústria do couro como agentes de curtimento, um dos mais antigos processos de

transformação utilizados pelo homem. A conceituação química mais primitiva de taninos

resume-se na definição destas substâncias como sendo "substâncias orgânicas de extrato

vegetal capazes de precipitar proteínas".

Este conceito vem resistindo até os dias atuais, quando ainda se utiliza desta

propriedade para identificar como "taninos", dentre as frações fenólicas de um extrato,

aquelas substâncias que tenham a capacidade exclusiva de precipitar proteínas.

Uma divisão clássica e principal é a que dividem os taninos em dois grandes

grupos, quais sejam; taninos condensados e taninos hidrolisáveis. Ambos são substâncias

com estrutura polimérica, sendo o primeiro grupo de constituição flavonoídica e o segundo

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grupo formado pela esterificação de ácidos fenólicos - basicamente de ácido gálico - com

polióis (açúcares, quase exclusivamente). A denominação “hidrolisáveis” deve-se à

facilidade de “hidrólise” das ligações do tipo éster. As ligações C-C dos taninos

condensados são mais dificilmente rompidas. Porém, os anéis polihidroxilados conferem, a

ambos os grupos, propriedades muito semelhantes quanto à capacidade de complexação de

substâncias orgânicas e metais.

A utilização de taninos catiônicos em substituição aos tradicionais agentes

coagulantes minerais ou sintéticos, como agentes coagulantes e floculantes no tratamento

de águas, teve início em escala experimental há mais de cinquenta anos. Há

aproximadamente vinte anos conseguiram-se produtos com estabilidade e desempenho

satisfatórios (comparáveis aos minerais, como o sulfato de alumínio) e ainda, nos últimos

anos, produtos que aliam além destas características, uma relação custo/benefício adequada

ao mercado, ocorrendo um incremento significativo nos volumes comercializados.

O desenvolvimento deste produto, substituto dos sais metálicos normalmente

utilizados para tratamento de água, iniciou no Brasil no ano de 1982, quando se buscava

uma utilização alternativa para os taninos àquelas tradicionais da indústria do couro.

Objetivou ofertar comercialmente um agente coagulante/floculante que

apresentasse características distintas dos produtos inorgânicos tradicionalmente utilizados,

com origem em fontes renováveis, ao contrário dos tradicionais sais metálicos que

possuem origem mineral, ou ainda aos produtos sintéticos. Outra característica buscada foi

a biodegradabilidade, para que, após a sua utilização, o produto se incorporasse aos lodos

gerados durante o processo de coagulação/floculação/sedimentação e acabasse sendo

degradado pelos processos biológicos que normalmente ocorrem nas etapas

posteriores ao tratamento de efluentes. Essa característica é facilitada pela presença de

açúcares na composição original dos taninos, originados da planta e incorporados ao

produto durante o processo de extração.

Além destas características, outra tem demonstrado ser de importância para a sua

utilização, principalmente para águas de abastecimento ou ainda em efluentes industriais

que possuam pH entre 6,0 e 8,0. Nestes casos não se faz necessária a correção posterior do

pH, uma vez que, ao contrário dos sais metálicos, taninos catiônicos já possuem carga

catiônica e não consomem a alcalinidade do meio durante a sua ação. (Cruz, 2004)

Ainda, o reagente é compatível com o tratamento biológico associado, por ser não

tóxico e biodegradável (TANAC, 2003). Como é efetivo em uma ampla faixa de pH,

normalmente elimina o uso de alcalinizantes, como a soda ou cal, o que proporciona uma

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redução no volume de lodo a ser descartado. Além disto, ajuda a eliminar parte do odor

desagradável proveniente das estações de tratamento de efluentes, originado em boa parte

pela ação dos microrganismos, associados a grande quantidade de sulfato adicionada na

etapa de coagulação/floculação. Este sulfato é reduzido a sulfeto, provocando o mau

cheiro. (Cruz, 2004)

Os trabalhos encontrados na literatura com referência ao uso de taninos como

agentes para coagulação/floculação em tratamento de águas e efluentes bem como algumas

das experiências da TANAC S.A serão a seguir relatadas.

Ozacar e Sengil (2000, 2003a) estudaram o efeito de taninos aniônicos de Valonia

(com composição contendo 53,5 % de taninos hidrolisáveis) como agente auxiliar para a

coagulação com sulfato de alumínio em substituição a um polímero aniônico sintético

usado no tratamento de águas. Os autores demonstraram que o tanino se mostrou mais

eficiente que o polieletrólito sintético NA 913 e que o uso do tanino significativamente

reduziu as doses requeridas de sulfato de alumínio e que houve uma melhora nas

propriedades de filtração do lodo gerado.

Ozacar e Sengil (2003b) também estudaram o efeito da adição de tanino de

Valonia como auxiliar da coagulação de sulfato de alumínio na remoção de fósforo.

Comprovaram que o uso conjunto desses dois reagentes remove mais fósforo que somente

o uso de sulfato de alumínio.

Também têm sido publicados alguns trabalhos em relação à capacidade dos

taninos em adsorverem metais pesados, entre os quais urânio, cromo e chumbo (Sakaguchi

e Nakajima, 1994; Nakano et al, 2001; Zhan e Zhao, 2003).

Zhan e Zhao (2003) pesquisaram a adsorção de chumbo em um tanino

condensado através de experimentos em batelada. Valores de acumulação de até 114,9 mg

de chumbo por grama de tanino foram encontrados, mostrando que o tanino oferece

condições favoráveis para a remoção de chumbo de águas ácidas.

A TANAC S.A., Empresa sediada em Montenegro, no Estado do Rio Grande do

Sul, também relata experiências com sucesso do uso de tanino catiônico no tratamento de

águas, esgotos e efluentes industriais (TANAC, 2003), alguns dos quais serão a seguir

exemplificado.

Exemplo 1 - Uso como auxiliar de coagulação em Estação de Tratamento de Água

(ETA)

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O coagulante a base de tanino foi testado em uma estação de tratamento de água

no estado do Rio Grande do Sul como auxiliar de coagulação, um resumo das

características do sistema e dos resultados encontram-se na Tabela 5. Esta estação

apresentava problemas em relação à presença de alumínio residual na água tratada.

Tabela 5 – Uso do tanino catiônico como auxiliar de coagulação em uma Estação de

Tratamento de Água

Características da água bruta

Vazão pH Turbidez Cor Mat. Orgânica

500 L/s 6,4 30 uT 250 uC 12 mg/L

Comparação dos tratamentos

Tratamentos Coagulante Dosagem Auxiliar na coagulação Dosagem

Convencional Al2(SO4)3 40 mg/L - Zero

Modificado Al2(SO4)3 27 mg/L Tanino catiônico 2 mg/L

Características da água após tratamento

Tratamentos Al residual Turbidez Mat. Orgânica

Convencional 0,64 mg/L 2,9 uT 3,55 mg/L

Modificado 0,18 mg/L 1,53uT 3,65 mg/L

Fonte: TANAC, 2003

Como principais vantagens do uso do tanino em relação ao coagulante inorgânico

metálico utilizado pode-se observar:

Redução do consumo de sulfato de alumínio na ordem de 31,6%;

Redução do consumo de alcalinizante (cal hidratada) na ordem de 42,8 %;

Redução de 72 % do alumínio residual;

Geração de lodo com menores teores de alumínio;

Melhora na eficiência de coagulação.

Exemplo 2 - Utilização do coagulante à base de tanino como coagulante primário

em estação de tratamento de águas

Uma Estação de Tratamento de Água, localizada em um Município do interior de

São Paulo com 80.000 habitantes, com capacidade para tratar 9.600 m3/dia, enfrentava

grandes dificuldades em relação a presença de residual de ferro na água tratada. Isso

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ocasionava cor amarelada na água que gerava muitas reclamações pelos consumidores. O

tratamento convencional com sulfato de alumínio não reduzia o ferro aos índices

desejados, cujos resultados estão na Tabela 6.

O coagulante a base de tanino foi testado como coagulante único em bancada e

posteriormente aplicado na planta, visando a eliminação do consumo de sulfato de

alumínio e a consequente redução do residual de ferro na água tratada.

Tabela 6 – Uso do tanino catiônico como coagulante primário em ETA

Características da água bruta

Vazão pH Turbidez Cor Ferro

111 L/s 6,4 16 uT 121 uC 1,70 mg/L

Comparação dos tratamentos

Coagulante Dosagem Correção pH Dosagem Desinfecção Dosagem

Al2(SO4)3 17,0 mg/L Ca(OH)2 4,0 mg/L Cloro gás 3,0 mg/L

Tanino catiônico 5,60 mg/L Ca(OH)2 Zero Cloro gás 1,5 mg/L

Características da água após tratamento

Tratamentos Fe residual Turbidez Cor

Al2(SO4)3 1,20 mg/L 1,0 uT 8 uC

Tanino catiônico 0,05 mg/L 0,63 uT 2 uC

Fonte: TANAC, 2003

Como principais vantagens do uso do coagulante a base de tanino em relação ao

coagulante inorgânico metálico utilizado pode-se citar:

Eliminação do consumo de sulfato de alumínio;

Eliminação do consumo de alcalinizante (cal hidratada);

Redução de 50% do consumo de cloro gasoso em relação aos valores do tratamento

convencional;

Geração de lodo quase isento de alumínio;

Melhora na eficiência de coagulação/floculação;

Satisfação dos consumidores e tranqüilidade ao Departamento de Água;

Operação simplificada, dosagem de produto único;

Eliminação de mão de obra na preparação de insumos e redução de consumo de energia elétrica.

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3.2. IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NA SAÚDE

Nos países em desenvolvimento, onde ainda pode-se encontrar áreas urbanas

densamente povoadas com precárias condições de saneamento básico, a água é responsável

por um grande número de doenças de veiculação hídrica como, por exemplo, febre tifóide,

cólera, salmonelose, shigelose e outras gastroenterites, poliomielite, hepatite A,

verminoses, amebíase e giardíase, que têm sido responsáveis por vários surtos epidêmicos

e pelas elevadas taxas de mortalidade infantil, relacionadas à água de consumo humano

(Leser, et al, 1985).

No Brasil, estima-se que 60 % das internações hospitalares estejam relacionadas

às deficiências do saneamento básico, que geram outras consequências de impacto

extremamente negativo para a qualidade e a expectativa de vida da população. Estudos

indicam que cerca de 90 % dessas doenças se devem à ausência de água em quantidade

satisfatória ou à sua qualidade imprópria para consumo. Em muitas localidades brasileiras

tem sido comum a distribuição de água que não atende ao padrão de potabilidade vigente

no país. Além de problemas operacionais, a escolha inadequada da tecnologia adotada no

projeto da estação de tratamento de água (ETA) acarreta sérios prejuízos à qualidade da

água produzida (Di Bernardo, et al, 2002).

Apesar de todos os esforços para armazenar e diminuir o seu consumo, a água está

se tornando, cada vez mais, um bem escasso, e sua qualidade se deteriora cada vez mais

rápido (Freitas, et al, 2001).

A disposição de efluentes industriais contendo metais pesados em fontes hídricas

é o maior fator antropogênico, responsável pela poluição em vários ambientes aquáticos. A

natureza geoquímica do solo é importante fator causal de poluição por metais,

particularmente em fontes de águas subterrâneas. Metais pesados em água persistem por

mais tempo que poluentes e percolam da superfície para a camada subterrânea de água

(Pathak, et al., 1994).

A presença de metais no sistema de distribuição de água podem ter origem na

variabilidade da qualidade da água do sistema de distribuição ou estar relacionada a esse

fato. Duas origens podem ser indicadas: a primeira diz respeito ao próprio sistema que

fornece o metal, principalmente por meio de corrosão química ou microbiológica; a

segunda fonte diz respeito à origem da água que entra na estação de tratamento, onde

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principalmente alumínio e ferro formam compostos utilizados no processo de coagulação

cujo objetivo é a remoção de partículas em suspensão na água que aflui para a estação de

tratamento. Metais na água são absorvidos pelo organismo humano através do trato

gastrointestinal. Esta absorção pode ser afetada pelo pH, pelas taxas de movimentação no

trato digestivo e pela presença de outros materiais; combinações particulares desses fatores

podem contribuir para fazer a absorção de metais ser muito alta ou muito baixa no homem.

Os efeitos tóxicos dos metais podem expressar-se de forma aguda ou crônica. Dentre os

mecanismos de toxicidade dos metais estão incluídas as interações com sistemas

enzimáticos, interações com membranas celulares e efeitos específicos sobre certos órgãos

e sobre o metabolismo celular em geral (Goyer, 1986).

3.2.1. ALUMÍNIO E SAÚDE HUMANA

O alumínio é o terceiro elemento mais abundante da crosta terrestre, sendo

precedido apenas pelo silício e pelo oxigênio (Rochow, 1987). No homem, sua toxidade

está reconhecidamente associada a várias complicações clínicas, destacando-se nestas,

disfunções neurológicas como o mal de Alzheimer (Luckey e Venugopal, 1977; Greger et

al, 1985; Alfrey, 1986; Edwardson et al, 1986; Fimreite et al, 1997; Roberts et al, 1998). O

alumínio está ainda envolvido com a mobilização do fosfato ósseo (Oniwanwa, et al,

1997).

No homem, a concentração plasmática usual de alumínio é de aproximadamente 5

µg.L-1, sendo seu maior carreador a transferrina (Alfrey, 1986). As diversas fontes de

alumínio, para o homem incluem, o ar atmosférico, desodorantes antitranspirantes,

cosméticos, aditivos alimentares, chá, e a própria água consumida. Medicamentos como

antiácidos, contendo hidróxido de alumínio, podem também contribuir para um aumento

na ingestão de alumínio pelos usuários destas drogas (Liukkonen-Lilja e Pieppone, 1992;

Aikoh e Nishio, 1996; Fimreite, et al, 1997).

Por outro lado, pacientes com insuficiência renal crônica estão constantemente

expostos a altos níveis de alumínio através da água utilizada na diálise e, muitos destes

apresentando efeitos decorrentes desta exposição: anemia, osteomalácia e encefalopatia

(Alfrey, 1986; Edwardson, et al, 1986; Fimreite, et al, 1997; Roberts, et al, 1998).

As concentrações de alumínio nos alimentos é tipicamente baixa, usualmente

inferior a 5 mg.kg-1, e sua ingestão diária varia de 3 a 36 mg. Apesar disto, a indústria de

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alimentos, mediante a utilização de determinados aditivos alimentares, pode aumentar

claramente a quantidade de alumínio nos alimentos processados (Alfrey, 1986; Liukkonen-

Lilja e Pieppone, 1992; Aikoh e Nishio, 1996). Assim sendo, o conteúdo de alumínio nos

alimentos apesar de pequeno torna-se suscetível a variações.

Sua concentração mais elevada é encontrada em conservas de picles e de queijos,

além do fermento. Portanto, dependendo dos hábitos alimentares individuais, a ingestão de

alumínio pode ser mais elevada do que a média estimada. Outra fonte de ingestão deste que

geralmente é desconsiderada é a água. Um levantamento norte-americano mostrou que a

água consumida pela população contém em média de 2 a 4 mg.L-1 (Alfrey, 1986).

Apesar da concentração de alumínio na água ser controlada por aspectos

organolépticos, existe um considerável debate no círculo médico relatando o papel deste

metal na incidência do mal de Alzheimer, que é uma doença cerebral degenerativa de

etiologia desconhecida caracterizada pela presença de um grande número de estruturas

neurofíbrilares e placas senis em certas regiões do cérebro (Perl, 1988).

O alumínio é um composto neurotóxico que, em longo prazo, pode causar

encefalopatia grave em pacientes que sofrem diálise renal, podendo levar a distúrbios

neurológicos. A natureza da associação entre os depósitos de alumínio no cérebro, a

neuroquímica da formação de placas e o mal de Alzheimer ainda é motivo de

investigações. No entanto, em virtude da presença de alumínio em água potável ser mais

prontamente disponível para absorção biológica que outras fontes, assumiu-se que o

alumínio em água potável teria um efeito desproporcional sobre o mal de Alzheimer

(Reiber, et al, 1995).

3.3. TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO

3.3.1. ETAPAS DO PROCESSO DE TRATAMENTO

3.3.1.1. COAGULAÇÃO

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De acordo com Di Bernardo (1993), em função principalmente da dosagem de

coagulante, do pH da mistura e da concentração de alguns tipos de íons na água, poderá

ocorrer a formação de precipitados. As partículas coloidais presentes comportam-se como

núcleos de condensação para esses precipitados, que, desta forma, são removidos por

sedimentação. Com sais de ferro e alumínio podem ser formados os precipitados

Al(OH)3(p) e Fe(OH)3 (p).

O mecanismo de varredura é muito utilizado nas estações de tratamento de água

em que se têm floculação e sedimentação antecedendo a filtração, pois os flocos resultantes

são maiores e apresentam velocidades de sedimentação relativamente altas, se comparadas

com os flocos obtidos com a coagulação realizada no mecanismo de adsorção-

neutralização. Esse mecanismo de coagulação também é adotado quando a clarificação é

feita pela flotação (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.1.2. MISTURA RÁPIDA

Nas ETAs, a coagulação é realizada na unidade de mistura rápida, podendo ser

hidráulica ou mecanizada. É interessante que seja devidamente analisada a unidade de

mistura rápida em cada caso, pois há grande diversidade entre os tipos comumente

hidráulico (vertedor parshall ou retangular), injetores (tubos providos de orifícios) em

tubulações forçadas ou em canais de água bruta, câmaras providas de agitadores

mecanizados com diferentes tipos de rotores, etc. É possível a obtenção das condições de

mistura (gradiente de velocidade G e tempo de agitação T) que ocorrem em uma ETA ao

realizar ensaios em equipamento de Jart Test ou de Floteste. Para cada ETA, há uma

combinação de G e T no equipamento de Jar Test ou de Floteste que reproduz

aproximadamente a mistura do coagulante em escala real. Os parâmetros T e G dependem

significativamente do mecanismo dominante de coagulação, tipo de coagulante químico,

qualidade da água bruta, etc. Nas unidades hidráulicas, o valor de T resulta geralmente

inferior a 1 s, porém, em unidades mecanizadas, pode alcançar até 30 s, enquanto o valor

de G que otimiza o processo pode variar de 200 até 2000 s (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.1.3. FLOCULAÇÃO

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Após a coagulação, é necessária agitação relativamente lenta, com o objetivo de

proporcionar encontros entre as partículas menores para formar agregados maiores ou

flocos. Com o aumento do tamanho dos flocos, as forças de cisalhamento podem causar

sua ruptura. A agregação e a ruptura ocorrem simultaneamente, conduzindo a uma

condição de distribuição de tamanho dos flocos (Di Bernardo, 1993).

Nas ETAs, floculação corresponde à etapa em que são fornecidas condições para

facilitar o contato e a agregação de partículas previamente desestabilizadas por coagulação

química, visando à formação de flocos com tamanho e massa específica que favoreçam sua

remoção por sedimentação, flotação ou filtração direta. A eficiência da unidade de

floculação depende do desempenho da unidade de mistura rápida, a qual é influenciada por

fatores como tipo de coagulante, pH de coagulação, temperatura da água, concentração e

idade da solução de coagulante, tempo (T) e gradiente de velocidade (G) de mistura rápida,

tipo e geometria do equipamento de floculação e qualidade da água bruta. O desempenho

das unidades de mistura rápida e de floculação influi na qualidade da água clarificada

produzida na ETA e, consequentemente, na duração da filtração. A floculação pode ser

realizada em unidades hidráulicas ou mecanizadas. As unidades hidráulicas podem ser do

tipo chicanas com escoamento vertical (ascendente e descendente) ou horizontal, de meio

granular fixo (geralmente pedregulho) ou de meio granular expandido (esferas de material

com baixa massa específica), de malhas localizadas em canais, etc. Nas unidades

mecanizadas, os agitadores podem ser de eixo vertical ou horizontal e os rotores podem ser

de paletas paralelas ou perpendiculares ao eixo, ou do tipo turbina. Em geral, tanto no caso

da floculação hidráulica quando da mecanizada, são utilizados canais ou câmaras em série

(normalmente superior a 3), para que seja possível iniciar a floculação com gradiente de

velocidade mais elevado e reduzi-lo no final dessa operação. Para cada ETA, há uma

combinação de G e T no equipamento de Jar Test ou de Floteste que reproduz

aproximadamente essa operação em escala real. Os parâmetros G e T dependem de vários

fatores, destacando-se o mecanismo de coagulação, tipo de coagulante, qualidade da água

bruta, uso de auxiliares, etc. Em geral, o valor de G, varia de 10 a 60 s-1, enquanto T pode

resultar entre 10 e 40 min (Di Bernardo, et al, 2002).

Em estudo realizado por Mendes (1989), em reator estático, em dez tipos de

águas naturais e sintéticas, constatou-se que, para cada tempo de floculação, havia um

único gradiente de velocidade com o qual se obtinha maior remoção de cor ou de turbidez

da água bruta por sedimentação. O pesquisador observou também que o gradiente de

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velocidade ótimo de floculação (G) diminuía à medida que aumentava o tempo de

floculação. Nos ensaios em reator estático, é possível calcular o gradiente de velocidade

ótimo quando o mesmo é mantido constante durante o período de floculação, o que difere

da metodologia apresentada por Pádua (1994), que teve por finalidade determinar os

gradientes de velocidade ótimos quando os mesmos variam nas câmaras em série ou nos

canais da unidade de floculação com escoamento contínuo das ETAs. Pádua et al. (1998)

desenvolveram uma metodologia para determinar os gradientes de velocidade em unidades

de floculação com escoamento contínuo a partir da execução de ensaios em reator estático.

A metodologia proposta requer a realização de ensaios de coagulação-floculação-

sedimentação (flotação) em reator estático sob diferentes condições de tempo de agitação e

de gradiente de velocidade de floculação, de modo a serem obtidos resultados como os

apresentados na Tabela 7, os quais se referem a uma água coagulada com sulfato férrico no

mecanismo da varredura. Além da qualidade da água bruta, o tipo de coagulante, sua

dosagem e o pH de coagulação, assim como a velocidade de sedimentação, o uso de

polímero e demais condições de mistura rápida, influem no resultado dos ensaios de

floculação, de modo que os mesmos devem ser realizados para cada situação particular.

Tabela 7 – Turbidez remanescente em função do gradiente de velocidade médio e do

tempo de floculação após ensaios de coagulação-floculação-sedimentação em reator

estático

Tempo de Floculação

(min)

Turbidez Remanescente (uT) - Vs = 3,5 cm/min

G1

20 s-1

G1

30 s-1

G1

40 s-1

G1

55 s-1

G1

70 s-1

5,0 22,0 18,0 14,0 8,4 18,0

7,5 8,6 5,5 5,7 6,2 7,3

10,0 4,8 3,5 3,9 4,3 9,0

15,0 2,7 2,2 4,2 6,7 15,0

20,0 1,4 1,5 4,0 6,9 13,0

30,0 1,3 2,5 9,0 9,2 16,0

45,0 1,2 3,2 6,2 15,0 16,0

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60,0 2,2 3,5 4,0 7,0 7,4

Fonte: Pádua, et al, 1998

3.3.1.4. SEDIMENTAÇÃO E FLOTAÇÃO

A sedimentação é o fenômeno físico em que as partículas em suspensão

apresentam movimento descendente em meio líquido de menor massa específica, devido à

ação da gravidade, enquanto a flotação caracteriza-se pela ascensão das partículas

suspensas e pela aderência de microbolhas de ar às mesmas, tomando as de menor massa

específica que o meio onde se encontram (Di Bernardo, et al, 2002).

A ocorrência de sedimentação ou de flotação das partículas suspensas propicia a

clarificação do meio líquido, ou seja, operação de separação das fases sólida e líquida (Di

Bernardo, 1993).

A decantação pode ser convencional, em unidades de escoamento horizontal, de

manto de lodos, em unidades de escoamento vertical ascendente, ou de alta taxa (em

unidades providas de placas ou de módulos tubulares). A flotação pode ser realizada em

unidades retangulares ou cilíndricas, sendo o efluente clarificado encaminhado aos filtros.

Porém, ultimamente, tem sido mais comum o projeto e a construção de novas ETAs com a

técnica da floto-filtração, ou seja, há clarificação e filtração na mesma unidade.

Independentemente do tipo de unidade de decantação ou de flotação, ocorrem diversos

fatores que reduzem a eficiência da sedimentação ou da flotação, destacando-se a má

distribuição da vazão total entre unidades em paralelo e, na seção transversal de uma

mesma unidade ou na área coberta por módulos tubulares ou placas, coleta desuniforme da

água clarificada, curto-circuito hidráulicos, ação de ventos, formação de correntes de

origem térmica ou de densidade, equipamento e método inadequado de extração de lodo,

etc. A avaliação hidrodinâmica (especialmente de curto-circuito) de uma unidade de

decantação ou de flotação pode ser realizada utilizando-se traçadores (por exemplo, cloreto

de sódio), podendo-se determinar zonas mortas e porcentagem do escoamento com mistura

completa ou com escoamento do tipo pistão (Di Bernardo, et al, 2002).

Devido a fatores adversos a sedimentação das partículas nos decantadores ou

flotadores, deve-se relacionar a velocidade de sedimentação (Vs) no ensaio de Jar Test ou a

velocidade de flotação (Vf) no ensaio de Floteste (para as condições de mistura rápida e de

floculação previamente conhecida) com a turbidez (ou cor aparente, ou o número de algas

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etc.) remanescente do sobre ou subnadante, possibilitando que seja obtida na unidade em

escala real eficiência de remoção semelhante à observada nos reatores estáticos, com

correspondente velocidade de sedimentação ou de flotação. Em geral o valor de Vs ou de

Vf usado no equipamento de laboratório deve ser maior que aquele observado nas unidades

em escala real, pois nestas existem os efeitos negativos anteriormente mencionados. Cabe

ao executor dos ensaios verificar, para diferentes vazões de funcionamento da ETA, qual

valor de Vs ou de Vf deve ser adotado sempre que for necessária a execução de ensaios

em equipamentos de laboratório (Jar Test ou Floteste). Os decantadores convencionais

geralmente são projetados para taxas de escoamento superficial (definidas a partir do valor

de Vs obtido de ensaios em Jar Test compreendidas entre 15 a 60 m.d-1, com tempos

médios de detenção de 2 a 4 h. Os decantadores de alta taxa também são projetados a partir

do valor teórico de Vs definido em Jar Test e da trajetória percorrida pela partícula crítica

no tipo de duto a ser usado (dimensões dos dutos – comprimento, largura e altura –, no

caso de módulos tubulares, e distância entre placas e seu comprimento, no caso de placas

planas paralelas). É conveniente ressaltar que, incorretamente, alguns projetistas referem-

se ao parâmetro taxa virtual de escoamento superficial em decantadores de alta taxa,

definida como a vazão afluente à unidade dividida pela área coberta pelos módulos ou

placas planas paralelas. Para os mesmos valores de vazão e de área, as dimensões dos

dutos ou das placas podem diferir consideravelmente, de forma que o comportamento

hidráulico dos decantadores resultarão totalmente diferentes (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.1.5. FILTRAÇÃO

A filtração consiste na remoção de partículas suspensas e coloidais e de

microrganismos presentes na água que escoa através de um meio granular. Em geral, a

filtração é o processo final de remoção de impurezas realizado em uma ETA e, portanto,

principal responsável pela produção de água com qualidade condizente com o padrão de

potabilidade. Na filtração rápida descendente, com ação de profundidade, as impurezas são

retidas ao longo do meio filtrante, em contra posição à de ação superficial, em que a

retenção é significativa apenas no topo do meio filtrante. Independentemente da condição e

filtração, após certo tempo de funcionamento há a necessidade da lavagem do filtro,

geralmente realizada por meio da introdução de água no sentido ascensional, com

velocidade relativamente alta, para promover a fluidificação parcial do meio granular, com

liberação das impurezas (Di Bernardo, et al, 2002).

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Em geral, a retenção de impurezas é considerada o resultado de dois mecanismos

distintos, porém complementares: transporte e aderência. Em primeiro lugar, as partículas

devem se aproximar das superfícies dos grãos e, posteriormente, permanecer aderidas a

estes, de modo a resistir às forças de cisalhamento resultantes das características

hidrodinâmica do escoamento ao longo do meio filtrante (Di Bernardo, 1993).

A filtração pode ser realizada com taxa constante ou declinante, dependendo das

características de entrada e de saída das unidades de uma bateria. No caso da filtração com

taxa constante, a filtração pode ocorrer com filtro de água variável ou constante no interior

dos filtros, de forma que equipamentos de controle podem ou não ser necessários. Vários

materiais podem ser empregados como meios filtrantes, porém, tem sido comum o uso dos

seguintes: a) areia convencional (tamanho mínimo dos grãos = 0,30 a 0,42 mm; tamanho

máximo dos grãos = 1,41 a 2,0 mm; tamanho efetivo = 0,40 a 0,55 mm; coeficiente de

desuniformidade entre 1,5 e 1,8; espessura da camada = 0,6 a 0,8 m); b) areia (tamanho

mínimo dos grãos = 0,42 a 0,59 mm; tamanho máximo dos grãos = 1,41 a 2,0 mm;

tamanho efetivo = 0,45 a 0,55 mm; coeficiente de desuniformidade entre 1,5 e 1,8;

espessura da camada = 0,20 a 0,25 m); e antracito (tamanho mínimo dos grãos = 0,71 a

0,84 mm; tamanho máximo dos grãos = 2,0 a 2,4 mm; tamanho efetivo = 0,90 a 1,1 mm;

coeficiente de desuniformidade entre 1,5 e 1,8; espessura da camada = 0,45 a 0,60 m); c)

areia praticamente uniforme (tamanho mínimos dos grãos = 0,84 a 1,19 mm; tamanho

máximo dos grãos = 1,41 a 1,68 mm; tamanho efetivo = 1,0 a 1,2 mm; coeficiente de

desuniformidade 1,1 e 1,2; espessura da camada = 1,0 a 1,2 m); d) a lavagem do meio

filtrante é usualmente realizada com água, porém, sempre são desejáveis ar e água para

manter os grãos isentos de impurezas (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.1.6. DESINFECÇÃO E OXIDAÇÃO

Nem sempre um oxidante age como um desinfetante, embora os desinfetantes

geralmente sejam oxidantes. Os principais oxidantes usados no tratamento de água são:

permanganato de potássio, cloro, dióxido de cloro, ozônio, peróxido de hidrogênio, e

radiação ultravioleta. Com exceção do permanganato de potássio, os demais produtos

também são usados como desinfetantes, eliminando a maior parte dos microrganismos

patogênicos na água. O ozônio é o desinfetante mais eficiente em uso atualmente no

tratamento de água. Quando combinado com o peróxido de hidrogênio, o poder de

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oxidação e desinfecção é ainda maior. Para obter uma maior eficiência de desinfecção

usando o cloro, deve-se aplica-lo na água com valores de pH menores que 7 (Di Bernardo,

et al, 2002).

3.3.2. TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO

As tecnologias de tratamento de água quimicamente coagulada sem o emprego de

pré-tratamento são mostradas, na forma de diagrama de blocos, na Figura 7.

Figura 7 – Tecnologias de tratamento de água quimicamente coagulada com uso da

filtração rápida

Fonte: Di Bernardo, et al, 2002

Observa-se que na Figura 7 não foram consideradas tecnologias

reconhecidamente sofisticadas para países em desenvolvimento, tais como aquelas em que

são empregadas membranas, oxidantes alternativos ou carvão ativado. É evidente que,

embora não seja mostrado na figura, a desinfecção, a fluoração e a estabilização final, após

a filtração, fazem parte do tratamento. A água quimicamente coagulada pode seguir vários

caminhos até chegar aos filtros, uma vez que a qualidade da água bruta deve ser o fator

decisivo na escolha da tecnologia de tratamento. Em função da qualidade da água bruta,

são descritas, de forma sucinta, as tecnologias e suas características principais (Di

Bernardo, et al, 2002).

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3.3.2.1. TRATAMENTO EM CICLO COMPLETO

Erroneamente denominado de tratamento convencional, no tratamento em ciclo

completo a água bruta geralmente é coagulada com um sal de alumínio ou de ferro no

mecanismo da varredura, no qual ocorre formação predominante de precipitados do metal

do coagulante, aprisionando as impurezas. Esse fenômeno acontece na unidade de mistura

rápida, a qual pode ser hidráulica ou mecanizada, dependendo da vazão a ser tratada, da

variação da qualidade da água bruta e, principalmente, das condições disponíveis para

operação e manutenção. Em seguida, a água coagulada é submetida à agitação lenta

durante certo tempo até que os flocos alcancem tamanhos e massa específica suficientes

para que sejam removidos por sedimentação nos decantadores ou por flotação nos

flotadores. A floculação pode ser realizada em unidade mecanizada ou hidráulica. A

necessidade de variação da intensidade na agitação, que é função da qualidade da água

bruta, indica a adoção de unidades mecanizadas. Entretanto, sempre que possível, deve-se

empregar a floculação hidráulica. Os decantadores podem ser convencionais ou de alta

taxa; os primeiros são grandes tanques, de escoamento horizontal ou vertical, enquanto nos

últimos são empregados módulos de plástico ou placas planas paralelas. A água clarificada,

produzida nos decantadores ou flotadores, é finalmente filtrada em unidades com

escoamento descendente, contendo materiais granulares com granulometria apropriada,

geralmente areia ou antracito e areia. Dependendo da vazão de água a ser tratada e do

número de unidades filtrantes, deve-se optar pela filtração com taxa declinante variável.

Evitando-se o uso de equipamentos de controle de nível ou de taxa. A lavagem do meio

filtrante é geralmente realizada com água ou com ar e água (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.2.2. FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE

A água bruta pode ser coagulada com sais de alumínio ou de ferro e receber um

polímero como auxiliar de floculação ou de filtração, ou ser coagulada com polímero

catiônico, no mecanismo de coagulação de neutralização de cargas. Em comparação à

varredura, são empregadas dosagens menores de coagulantes. E geralmente o pH de

coagulação é menor. A unidade de mistura rápida nessa tecnologia deve permitir que sejam

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produzidos pequenos flocos com grande resistência às forças de cisalhamento durante a

filtração. Em função do tamanho e distribuição de tamanhos das partículas presentes na

água bruta, das características do meio filtrante e da taxa de filtração, a floculação pode ou

não ser necessária antes da filtração. A filtração com taxa declinante variável, em

contraposição à de taxa constante, deve ser preferencialmente adotada. O meio filtrante é

geralmente constituído de antracito e areia ou de somente areia praticamente uniforme,

para garantir que haja penetração de impurezas ao longo do material granular, resultando

carreiras de filtração com duração razoável. Como essa condição é fundamental para o

funcionamento satisfatório da estação de tratamento, a lavagem do meio filtrante deve ser

efetuada com ar e água. Devido ao grande número de variáveis envolvidas na tecnologia,

dificilmente o projetista poderá adotar parâmetros de projeto. No caso de estações de

tratamento em ciclo completo, tem sido prevista a possibilidade de desviar a água

coagulada ou a pré-floculada, encaminhando-as aos filtros, por ocasião de estiagem,

quando a turbidez e a cor são relativamente baixas (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.2.3. FLOTO-FILTRAÇÃO

Segundo Di Bernardo (2002) na floto-filtração a clarificação e filtração são

realizadas na mesma unidade, após a coagulação a água é submetida à agitação lenta

durante certo tempo até que os flocos alcancem tamanhos suficientes para que sejam

flotados mediante a aplicação de água de recirculação pressurizada. A flotação caracteriza-

se pela ascensão das partículas suspensas e pela aderência de microbolhas de ar às mesmas,

tornando-as de menor massa específica que o meio onde se encontram, em seguida passa

pela etapa de filtração. O pré-tratamento realizado (incluindo a mistura rápida, a

floculação, o tipo de coagulante químico e as propriedades do polímero) interfere

significativamente na eficiência de remoção dos sólidos. Os polímeros têm sido geralmente

recomendados para que o manto de sólidos formados no topo da unidade não se

desagregue.

O tamanho das bolhas é muito importante na flotação, pois bolhas pequenas, além

de apresentarem maior superfície específica para a mesma quantidade de ar, necessitam

deslocar menor quantidade de água da superfície das partículas onde vão aderir. O tempo

de contato entre bolhas e partículas em uma câmara de flotação depende da velocidade

ascensional terminal das bolhas, a qual, por sua vez é proporcional ao quadrado do

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diâmetro das mesmas. No caso da flotação de águas que contenham alto teor de sólidos

(como resíduos líquidos gerados em estações de tratamento de água), a relação ar-sólido

pode influir na eficiência da remoção de sólidos: no entanto situações de flotação de águas

superficiais, esse parâmetro deixa de ter importância e utiliza-se a vazão de recirculação,

usualmente da ordem de 5 % a 15 % da vazão de água a ser flotada. A pressão na câmara

de saturação é usualmente mantida entre 200 e 500 KPa e o tempo de contato nesta é

geralmente inferior a 5 min. O emprego de elementos de plástico de grande superfície

específica no interior da câmara de saturação aumenta a eficiência da dissolução de ar na

água de recirculação. A taxa de escoamento superficial na unidade de flotação comumente

varia entre 100 e 300 m3.(m2d)-1 e o tempo de detenção está compreendido entre 10 e 20

mim (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.2.4. FILTRAÇÃO DIRETA ASCENDENTE

A água bruta é coagulada no mecanismo de neutralização de cargas e introduzida

na parte inferior da unidade filtrante, a qual deve possuir fundo e sistema de drenagem

apropriados, camada de pedregulho adequada e meio filtrante constituído unicamente de

areia. Na camada de pedregulho ocorre formação intensa de flocos, que é responsável pela

remoção de pelo menos 40 % das impurezas. Devido às dificuldades na retirada das

impurezas do interior da câmara de pedregulho, torna-se imperiosa a execução de descarga

de fundo antes da lavagem. Os filtros de uma estação podem ser operados com taxa

constante e com ou sem a execução de descargas de fundo intermediárias. Atualmente,

considera-se imprescindível que o sistema de drenagem e o fundo sejam adequados para

que as descargas de fundo intermediárias sejam eficientes, com recuperação efetiva de

carga hidráulica, propiciando carreiras de filtração de maior duração. A introdução de água

na interface pedregulho-areia grossa deve ser efetuada sempre que for prevista a operação

dos filtros com descargas de fundo intermediárias para evitar a formação de vácuo naquela

região, o que causa prejuízo considerável à qualidade da água filtrada após o reinício da

filtração. A operação de estações de filtração direta com taxa declinante variável somente é

recomendada quando a água bruta apresenta-se com turbidez (sólido suspensos) e cor

verdadeira relativamente baixa (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.2.5. DUPLA FILTRAÇÃO

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Na dupla filtração tem-se a associação da filtração direta ascendente com a

filtração descendente. Nos dois filtros é usado meio filtrante constituído unicamente de

areia, com a diferença de que a areia no filtro ascendente possui grãos maiores que aquela

usada quando se tem somente a filtração direta ascendente. A coagulação da água bruta é

realizada no mecanismo de neutralização de cargas e, geralmente, a filtração ascendente é

operada com descargas de fundo intermediárias, introduzindo-se água na interface. Em

estações maiores, os dois tipos de filtros são construídos em baterias separadas, podendo a

filtração ascendente funcionar com taxa constante e a descendente, com taxa declinante.

No entanto, para instalações menores, é conveniente projetar os filtros em uma só unidade,

reduzindo o número de válvulas e de peças especiais e facilitando a operação. Atualmente,

encontram-se em andamento diversas pesquisas visando substituir a areia grossa do filtro

ascendente por três ou quatro subcamadas de pedregulho com tamanho decrescente no

sentido do escoamento. No entanto, para que tais unidades não funcionem como

floculadores em meio granular, há necessidade de limitar a taxa de filtração a valores

menores que aqueles usualmente adotados quando se emprega areia grossa (Di Bernardo,

et al, 2002).

3.3.3. CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA A SEREM CONSIDERADAS NA

ESCOLHA DA TECNOLOGIA DE TRATAMENTO

3.3.3.1. CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS

As Características Biológicas das águas são determinadas por meio de exames

bacteriológicos e hidrobiológicos. Quando coliformes totais ou fecais são detectados nas

águas destinadas ao consumo humano, devem ser tomados cuidados especiais com a

escolha da tecnologia de tratamento, por haver relação íntima entre turbidez e número de

coliformes nos efluentes de filtros rápidos. Em geral, quanto menor a turbidez da água

filtrada, menor o número de coliformes, o que contribui para melhorar a eficiência da

desinfecção. As algas podem causar sérios problemas operacionais nas ETAs, flotando nos

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decantadores e sendo carreadas para os filtros, obstruindo-os depois de poucas horas de

funcionamento (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.3.2. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ORGANOLÉPTICAS

Embora as características físicas da água tenham importância relativamente

pequena do ponto de vista sanitário, elas podem ser determinantes na escolha da tecnologia

de tratamento. Normalmente, as características físicas são facilmente determinadas, com

destaque para as seguintes: cor, turbidez, sabor e odor, temperatura e condutividade

elétrica (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.3.3. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS

Do ponto de vista sanitário, as características químicas das águas são de grande

importância, pois a presença de alguns elementos ou compostos químicos pode inviabilizar

o uso de certas tecnologias de tratamento e exigir tratamentos específicos. Dependendo da

forma que se encontra um metal, ele poderá ou não ser removido na ETA. O cromo

hexavalente, por exemplo, é mais difícil de ser removido do que o cromo trivalente.

Também, a toxicidade é variável, como no caso de complexos orgânicos de mercúrio, que

são cerca de cem vezes mais perigosos que o mercúrio mineral, o mesmo ocorrendo com o

cobre. Alguns parâmetros, como cloretos, oxigênio dissolvido ou consumido, nitritos e

nitratos permitem avaliar o grau de poluição de uma fonte de água (Di Bernardo, et al,

2002).

3.3.4. PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE ÁGUA

Na Tabela 8 são apresentados os produtos químicos utilizados nos diferentes

processos de tratamento da água de abastecimento.

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Tabela 8 – Produtos químicos empregados nos processos de tratamento da água de

abastecimento

Etapa do Processo Produto químico

Coagulação Sulfato de alumínio

Sulfato ferroso

Sulfato ferroso clorado

Sulfato férrico

Cloreto férrico

Aluminato de sódio

Ajuste de pH Cal hidratada

Carbonato de cálcio

Carbonato de sódio

Hidróxido de sódio

Gás carbônico

Ácido clorídrico

Ácido sulfúrico

Controle de corrosão Cal hidratada

Carbonato de sódio

Hidróxido de sódio

Polifosfatos de sódio

Remoção de odor e sabor Carvão ativado

Dióxido de cloro

Cloro

Permanganato de

potássio

Bentônita

Fonte: Azevedo Neto J. M., et al, 1987

3.3.5. QUALIDADE DOS PRODUTOS QUÍMICOS EMPREGADOS NO

TRATAMENTO

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Nas Estações de Tratamento de Água podem ser utilizados muitos produtos químicos ao

longo do tratamento: pré-oxidantes (como cloro, permanganato de potássio, ozônio,

dióxido de cloro, peróxido de hidrogênio, ácido paracético), alcalinizantes (cal, barrilha ou

hidróxido de sódio), coagulantes (sais de ferro e de alumínio), auxiliares de coagulação,

floculação ou filtração (polímeros sintéticos ou naturais), desinfetantes (cloro e seus

compostos, ozônio, dióxido de cloro, radiação ultravioleta, dentre outros), produtos para a

redução da dureza (cal, carbonato de sódio e resinas de troca iônica), produtos para

controle da corrosão (cal, carbonato de sódio, ortopolifosfatos, metafosfatos, silicato e

outros), carvão ativado para adsorção de contaminantes etc. Nos estudos de tratabilidade

para cada tipo de coagulante primário (sulfato de alumínio, cloreto férrico, sulfato ferroso

clorado, sulfato férrico, cloreto de polialumínio ou hidroxicloreto de alumínio etc) é

necessário conhecer sua procedência, a fórmula química aproximada e a forma de

fornecimento. Quando for necessário o uso de alcalinizante (cal, barrilha ou hidróxido de

sódio), ou acidificante (ácido sulfúrico ou clorídrico), é importante saber que produtos são

produzidos na região onde se localiza a ETA e os custos da aquisição. O mesmo se aplica

aos coagulantes primários, uma vez que podem ser fornecidos na forma sólida (granulada

ou em pó) ou líquida. Outros produtos, como cloro, peróxido de hidrogênio, permanganato

de potássio e carvão ativado, também podem ser necessários em alguns estudos. Os

produtos químicos devem ser manuseados com cuidado, seguindo rigorosamente as

instruções de segurança dos fabricantes. Balanças de precisão e vidrarias calibradas são

essenciais. É conveniente observar que o projeto de ETAs não se restringe ao

dimensionamento das unidades de tratamento. São imprescindíveis um laboratório bem

equipado e áreas convenientemente projetadas para armazenamento e preparo de soluções

e suspensões de produtos químicos (Di Bernardo, et al, 2002).

3.3.6. DOSAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS

De acordo com Azevedo Neto (1987), para que o produto exerça a ação

pretendida deve ser aplicado à água na quantidade necessária para obter-se um teor pré-

fixado. A essa aplicação controlada, dá-se o nome de dosagem do produto químico. O

termo “dosagem” vem sendo usado também para designar o teor necessário de um produto,

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para que ele possa exercer certa ação. Tem sido usado o termo “dosar” para designar o ato

de aplicar um produto químico em quantidades controladas na água. O teor é expresso em

peso por unidade de volume de água, como por exemplo, mg.L-1.

Como o tratamento da água é, em geral, um processo contínuo em que a água a

ser tratada flui com certa vazão, torna-se necessário proceder a uma dosagem também

contínua. Para isso, utilizam-se aparelhos denominados dosadores, capazes de adicionar a

água o produto químico desejado, de modo a alcançar o teor pré-fixado.

Para a dosagem de produtos sólidos os mesmos podem ser previamente

dissolvidos ou colocados em suspensão em água, dosando-se essa solução ou suspensão.

É o que se denomina dosagem por via úmida. A dosagem direta de produtos

sólidos, sem colocá-los em solução ou suspensão, denomina-se dosagem a seco. Os

produtos líquidos podem ser dosados, tal como se apresentam, ou após dissolução prévia

em água. A quantidade de produto químico aplicado na água deve ser constante se a vazão

e as características da água forem constantes. Se, entretanto, a vazão ou as características

variarem, torna-se necessário reajustar a qualidade aplicada de modo a ser alcançado o

resultado pretendido. Ao reajuste da quantidade aplicada dá-se o nome de controle de

dosagem (Azevedo Neto J.M., et al, 1987).

3.3.7. ENSAIO DE JARROS – JAR TEST

A dosagem ótima dos produtos químicos empregados no tratamento da água é

obtida por meio de ensaios realizados em laboratórios denominados teste dos jarros ou Jar

Test, exemplificado na Figura 8. Este tipo de ensaio vem sendo utilizado também para

determinar os parâmetros básicos para elaboração de projetos de estações de tratamento de

água.

Através deste ensaio determinam-se as condições ótimas para a floculação de uma

água, caracterizadas pelo tempo e pela agitação necessários para tanto. Uma vez

determinada a dosagem ótima dos coagulantes, deve-se verificar qual o tempo e o

gradiente de velocidade ótimos para se flocular a água em estudo. Além disso, deve-se

verificar se a floculação obtida fornecerá uma água que após a sedimentação apresente

redução de turbidez capaz de atender a Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde.

Como nesse tipo de teste interessam o tempo de floculação e o gradiente de

velocidade, para realizá-lo é necessário contar com aparelho para Jar Test com

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possibilidade de variar a velocidade de rotação dos agitadores; tal aparelho deve possuir

também um tacômetro onde será lido o numero de rotações (Azevedo Neto J.M., et al,

1987).

Figura 8 – Equipamento de Jar Test

Fonte: Lauria G. L., 2006

3.4. LEGISLAÇÃO PERTINENTE

• MINISTÉRIO DA SAÚDE PORTARIA N. 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE

2011. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da

qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras

providências.

• CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE RESOLUÇÃO N. 357, DE

17 DE MARÇO DE 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e

diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e

padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

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3.4.1. CLASSIFICAÇÃO DOS CORPOS D’ÁGUA

Embora as tecnologias de tratamento de água tenham evoluído

consideravelmente, a ponto de se poder afirmar que, tecnicamente, água de qualquer

qualidade possa ser tratada, os custos e os riscos envolvidos no tratamento de águas muito

contaminadas podem ser extremamente elevados. O desconhecimento da qualidade da

água bruta tem conduzido a muitos erros de projetos das ETAs.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através da Resolução nº

357, de 17 de março de 2005, classifica as águas doces, salobras e salinas do Brasil,

estabelecendo o tipo de tratamento requerido para as águas destinadas ao abastecimento

público, conforme a Tabela 9.

Tabela 9 – Classificação das águas doces e tratamento

Classificação Tratamento

Classe Especial Desinfecção

Classe 1 Tratamento Simplificado

Classe 2 Tratamento Convencional

Classe 3 Tratamento Convencional ou Avançado

Fonte: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2005)

Para cada classe são estabelecidos limites dos parâmetros físicos, químicos,

biológicos e radiológicos, tornando obrigatória a determinação de parâmetros de qualidade.

A ABNT (1992), por meio da NBR-12216, também faz uma classificação das

águas naturais, associando a cada uma delas o tipo de tecnologia de tratamento

recomendado, conforme descrito a seguir:

Tipo A: águas superficiais ou subterrâneas provenientes de bacias

sanitariamente protegidas e que atendem ao padrão de potabilidade, sendo

requeridas apenas desinfecção e correção de pH.

Tipo B: águas superficiais ou subterrâneas provenientes de bacias não

protegidas e que atendem ao padrão de potabilidade por meio de tecnologia

de tratamento que não exija coagulação química.

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Tipo C: águas superficiais provenientes de bacias não protegidas e que

exigem tecnologias com coagulação para atender ao padrão de potabilidade.

Tipo D: águas superficiais de bacias não protegidas sujeitas à poluição, e que

requerem tratamentos especiais para atender ao padrão de potabilidade.

É importante a diferenciação entre critérios e padrões de qualidade das águas.

Enquanto os critérios representam os requisitos científicos, com caráter de

propostas, de sugestões ou tentativas a serem testadas quanto à sua exequibilidade, os

padrões consistem nos critérios transformados em lei, sendo, portanto, inapeláveis. No

Brasil, com suas diferenças regionais marcantes, dificilmente a caracterização das águas

destinadas ao consumo humano poderá ser concretizada conforme recomenda o

CONAMA, embora seja desejável sua realização uma vez ao ano, pelo menos.

Há exemplos de sucesso da gestão dos recursos hídricos que envolvem inúmeras

comunidades, como a bacia dos rios Piracicaba e Capivari, no estado de São Paulo.

Com programas dessa natureza, busca-se a integração dos municípios no meio

ambiente, pois aqueles que se encontram a jusante sofrem as consequências da ocupação

não planejada do solo das bacias hidrográficas e do uso irracional dos recursos hídricos.

3.4.2. PROTEÇÃO DO MANANCIAL

A escolha do manancial deve ser precedida de levantamento sanitário da bacia

hidrográfica e de profundo estudo da qualidade da água, a qual pode variar não só

sazonalmente, mas também ao longo dos anos. Portanto, a definição do manancial deve

estar associada à preservação futura do mesmo, visando evitar problemas decorrentes de

alterações significativas na qualidade da água que podem, com o tempo, tornar ineficaz a

tecnologia de tratamento adotada. O crescimento populacional, a concentração

demográfica, a expansão industrial e os diferentes usos do solo da bacia hidrográfica

fornecem uma idéia preliminar da possibilidade de sua utilização como fonte de

abastecimento para um projeto compatível com as condições econômicas existentes.

Durante o período de utilização do manancial devem ser feitos levantamentos

sanitários frequentes, com o objetivo de descobrir eventuais alterações na qualidade da

água.

3.4.3. PADRÃO DE POTABILIDADE

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Muitos elementos e substâncias químicas podem ser encontrados naturalmente na

água, no entanto, as atividades agrícolas e industriais podem elevar a concentração de

alguns produtos até valores impróprios ao ser humano. No projeto de uma ETA, o

manancial de capitação deve ser cuidadosamente escolhido, com levantamento detalhado

das atividades humanas da região. A definição da tecnologia de tratamento pode exigir

caracterização química, física, bacteriológica e radiológica detalhada da água (Di

Bernardo, et al, 2002).

Quanto à qualidade da água tratada, o Padrão de Potabilidade vigente no Brasil foi

estabelecido pela Portaria n° 2.914 de 12/12/2011 do Ministério da Saúde, em que as

instituições ou órgãos aos quais a norma se aplica promovam as adequações necessárias a

seu cumprimento, no que se refere ao tratamento por filtração de água para consumo

humano suprida por manancial superficial e distribuída por meio de canalização e da

obrigação do monitoramento de cianobactérias e cianotoxinas. Na Portaria nº 2.914 são

estabelecidos os limites máximos permitidos para dezenas de parâmetros que precisam ser

respeitados em toda água para consumo humano distribuída no território nacional. Poucas

estações de tratamento de água no Brasil estão preparadas para realizar os ensaios previstos

na legislação, devendo a inspeção de alguns parâmetros, que exigem pessoal e

equipamentos sofisticados, ficar a cargo de outros órgãos municipais, estaduais ou federais.

O envio de amostras para análise é, contudo, responsabilidade do serviço de tratamento de

água, devendo-se obedecer rigorosamente à frequência de amostragem determinada pela

Portaria n º 2.914, sem exceções (Di Bernardo, et al, 2002).

Segundo a Portaria nº 2.914 do Ministério da Saúde a água potável deve estar em

conformidade com o padrão de aceitação de consumo expresso na Tabela 10, a seguir:

Tabela 10 – Padrão de aceitação para consumo humano

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Parâmetro Unidade VMP1

Alumínio mg.L-1 0,2

Amônia (como NH3) mg.L-1 1,5

Cloreto mg.L-1 250

Cor Aparente uH2 15

Dureza mg.L-1 500

Etilbenzeno mg.L-1 0,2

Ferro mg.L-1 0,3

Manganês mg.L-1 0,1

Sódio mg.L-1 200

Sólidos dissolvidos totais mg.L-1 1000

Sulfato mg.L-1 250

Sulfeto de Hidrogênio mg.L-1 0,05

Surfatantes mg.L-1 0,5

Turbidez uT3 5

Zinco mg.L-1 5

Xileno mg.L-1 0,3

Notas da tabela: 1: Valor máximo permitido 2: Unidade Hazen (mg-Col.L-1). 3: Unidade de Turbidez

Fonte: Ministério da Saúde, 2011

As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros físicos, químicos,

microbiológicos e de radioatividade devem atender às especificações das normas nacionais

que disciplinam a matéria, da edição mais recente da publicação Standard methods for the

examination of water and wastewater , de autoria das instituições American Public Health

Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment

Federation (WEF), ou das normas publicadas pela ISO (International Standartization

Organization). Para análise de cianobactérias e cianotoxinas e comprovação de toxicidade

por bioensaios em camundongos, até o estabelecimento de especificações em normas

nacionais ou internacionais que disciplinem a matéria, devem ser adotadas as metodologias

propostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em sua publicação Toxic

cyanobacteria in water: a guide to their public health consequences, monitoring and

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management. As análises laboratoriais para o controle e a vigilância da qualidade da água

podem ser realizadas em laboratório próprio ou não, que, em qualquer caso, deve manter

programa de controle de qualidade interna ou externa ou ainda ser creditado ou certificado

por órgãos competentes para esse fim. Os responsáveis pelo controle da qualidade da água

de sistema ou solução alternativa de abastecimento de água devem elaborar e aprovar,

junto à autoridade de saúde pública, o plano de amostragem de cada sistema, respeitando

os planos mínimos de amostragem.

Sempre que forem identificadas situações de risco à saúde, o responsável pela

operação do sistema ou solução alternativa de abastecimento de água e as autoridades de

saúde pública devem estabelecer entendimentos para elaboração de um plano de ação e

tomada das medidas cabíveis, incluindo a eficaz comunicação à população, sem prejuízo

das providências imediatas para a correção da anormalidade.

4. METODOLOGIA

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O estudo foi realizado através de uma pesquisa bibliográfica, considerando a

relevância do tema que atinge um grande número de pessoas.

A coleta de dados foi baseada em pesquisas realizadas anteriormente por

pesquisadores na área da saúde, engenharia, meio ambiente e saneamento.

Os dados utilizados para se fazer a comparação entre a eficiência de cada

coagulante foram:

Dosagem do coagulante

pH de coagulação

Turbidez

Cor aparente

Foram utilizados também dados relacionados a problemas de saúde devido à

ingestão de resíduos de alumínio, substituição dos coagulantes atuais por coagulantes

naturais e a destinação dos resíduos sólidos de uma estação de tratamento de água.

Pelo fato de toda água possuir uma característica própria (características físicas e

químicas), cada estação de tratamento de água deve fazer testes para identificar os valores

ideais para se tratar a água da maneira mais eficiente possível, pois cada água tem uma

condição ideal para ser tratada, isto ocorre devido a presença de matérias sólidas em

suspensão (silte, argila, sílica e coloides), matéria orgânica e inorgânica finamente

divididas, organismos microscópicos e algas. Por esse motivo não foi feito análises

laboratoriais para se descobrir a dosagem ideal para cada coagulante, pois a quantidade de

coagulante necessário para cada tratamento vai variar com as condições físicas e químicas

da água que será tratada.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

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PARÂMETRO 1

Os dados utilizados para o estudo foram retirados de diversas pesquisas, em cada

pesquisa a água a ser tratada possui diferentes características físicas e químicas, pois cada

uma se encontra em diferentes regiões espalhadas pelo país, mostrando que os resultados

obtidos são parecidos entre si, mostrando a possibilidade de comparar os coagulantes em

questão.

Os primeiros dados são retirados de uma pesquisa feita para a defesa de um

trabalho de conclusão de curso de Engenharia Civil com ênfase em Ambiental das

Faculdades Unificadas da Fundação Educacional de Barretos, realizado por Cid Nelson

Ferreira da Silva e Rafael Garcia Lauria e tendo como orientadora a Professora Doutora

Marilu P. S. Parsekian.

Na Tabela 11 são apresentados os valores médios dos parâmetros físico-químicos

da água bruta coletada do Ribeirão Jardim localizado no município de Guaíra - SP:

Tabela 11 – Parâmetros físico-químicos da água bruta

Parâmetro Valor médio

pH 6,7

Cor aparente 100 uC

Turbidez 20,1 uT

Temperatura 25 °C

Vazão 112,1 L.s-1

Fonte: Silva, 2006

SULFATO DE ALUMÍNIO

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O pH da água bruta foi elevado de 6,7 para 8,5, valor onde o sulfato de alumínio

apresenta melhores resultados de coagulação.

Na Tabela 12 é apresentado os parâmetros da água após a elevação do seu pH.

Tabela 12 – Parâmetros físico-químicos da água bruta após elevação do pH

Parâmetro Valor médio

pH 8,5

Cor aparente 120 uC

Turbidez 16,5 uT

Temperatura 24,5 °C

Vazão 93,6 L.s-1

Fonte: Silva, 2006

A Tabela 13 mostra os resultados obtidos da coagulação com o sulfato de

alumínio:

Tabela 13 – Coagulação com sulfato de alumínio

Amostra Dosagem (mg/L) Turbidez (uT) Cor (uC) pH (coagulação)

1 36 3,03 15 7,15

2 37 1,70 10 6,93

3 39 1,54 <10 6,85

4 40 1,61 10 6,83

5 42 1,89 12 6,79

6 43 2,56 15 6,78

Fonte: Silva, 2006

SULFATO FÉRRICO (CONCENTRADO 50 %)

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A Tabela 14 mostra os resultados obtidos da coagulação com o sulfato férrico:

Tabela 14 – Coagulação com sulfato férrico (concentração 50 %)

Amostra Dosagem (mg/L) Turbidez (uT) Cor (uC) pH (coagulação)

1 30 5,51 90 6,20

2 35 1,90 15 6,00

3 40 2,04 12 5,80

4 45 1,61 10 5,60

5 50 3,03 15 5,20

6 60 5,12 35 5,00

Fonte: Silva, 2006 PARÂMETRO 2

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Os dados a seguir foram retirados de uma pesquisa feita para a defesa de mestrado

para obtenção do título de Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia

de São Carlos da Universidade de São Paulo, realizado por Gerson Pavanelli e tendo como

orientador o Professor Doutor Luiz Di Bernardo.

O primeiro estudo foi realizado com água tipo I. A água de estudo tipo I tem

como característica principal a elevada turbidez com valor aproximado de 100 uT.

ÁGUA TIPO I

SULFATO DE ALUMÍNIO

A Tabela 15 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio para

uma velocidade de sedimentação de 4 cm/min:

Tabela 15 – Coagulação com sulfato de alumínio – 4 cm/min

Sulfato de alumínio

Velocidade de sedimentação 4 cm/min

Turbidez remanescente 5 uT

pH 6,64 - 7,17

Dosagens de sulfato de alumínio 52 - 68 mg/L

Dosagens de alumínio 2,34 - 3,06 mg de Al/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 9 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato de alumínio com uma

velocidade de sedimentação de 4 cm/min.

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Figura 9 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 4 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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A Tabela 16 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio para

uma velocidade de sedimentação de 2 cm/min:

Tabela 16 – Coagulação com sulfato de alumínio – 2 cm/min

Sulfato de alumínio

Velocidade de sedimentação 2 cm/min

Turbidez remanescente 5 uT

pH 6,45 - 7,47

Dosagens de sulfato de alumínio 30 mg/L e maiores que 80 mg/L

Dosagens de alumínio 1,44 mg de Al/L e maiores que 3,60 mg de Al/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 10 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato de alumínio com uma

velocidade de sedimentação de 2 cm/min.

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Figura 10 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 2 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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SULFATO FÉRRICO

A Tabela 17 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato férrico para uma

velocidade de sedimentação de 4 cm/min:

Tabela 17 – Coagulação com sulfato férrico – 4 cm/min

Sulfato férrico

Velocidade de sedimentação 4 cm/min

Turbidez remanescente 5 uT

pH 4,77 - 6,65

Dosagens de sulfato férrico 17 - 53 mg/L

Dosagens de ferro 3,49 - 10,87 mg de Fe/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 11 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato férrico com uma velocidade de

sedimentação de 4 cm/min.

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Figura 11 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 4 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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A Tabela 18 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato férrico para uma

velocidade de sedimentação de 2 cm/min:

Tabela 18 – Coagulação com sulfato férrico – 2 cm/min

Sulfato férrico

Velocidade de

sedimentação 2 cm/min

Turbidez

remanescente 5 uT

pH 4,15 - 7,09

Dosagens de sulfato

férrico menores que 10 mg/L e maiores que 60 mg/L mg/L

Dosagens de ferro menores que 2,05 mg de Fe/L e maiores que 12,30 mg de Fe/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 12 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato férrico com uma velocidade de

sedimentação de 2 cm/min.

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Figura 12 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 2 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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ÁGUA TIPO II

O segundo estudo foi realizado com água tipo II.

A água do tipo II tem como característica principal a cor verdadeira elevada, com

valor aproximado de 100 uC.

SULFATO DE ALUMÍNIO

A Tabela 19 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio para

uma velocidade de sedimentação de 2 cm/min:

Tabela 19 – Coagulação com sulfato de alumínio – 2 cm/min

Sulfato de alumínio

Velocidade de sedimentação 2 cm/min

Cor aparente remanescente 30 uC

pH 6,43 - 6,82

Dosagens de sulfato de alumínio 170 - 275 mg/L

Dosagens de alumínio 7,65 - 12,38 mg de Al/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 13 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato de alumínio com uma

velocidade de sedimentação de 2 cm/min.

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Figura 13 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 2 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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A Tabela 20 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio para

uma velocidade de sedimentação de 1 cm/min no ponto 1:

Tabela 20 – Coagulação com sulfato de alumínio – 1 cm/min – ponto 1

Sulfato de alumínio (ponto 1)

Velocidade de sedimentação 1 cm/min

Cor aparente remanescente 15 uC

pH 6,34 - 7,03

Dosagens de sulfato de alumínio 285 - 350 mg/L

Dosagens de alumínio 12,82 - 15,75 mg de Al/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Tabela 21 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato de alumínio para

uma velocidade de sedimentação de 1 cm/min no ponto 2:

Tabela 21 – Coagulação com sulfato de alumínio – 1 cm/min – ponto 2

Sulfato de alumínio (ponto 2)

Velocidade de sedimentação 1 cm/min

Cor aparente remanescente 15 uC

pH 6,55 - 6,83

Dosagens de sulfato de alumínio 170 - 235 mg/L

Dosagens de alumínio 7,65 - 10,58 mg de Al/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 14 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato de alumínio com uma

velocidade de sedimentação de 1 cm/min.

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Figura 14 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio – 1 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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SULFATO FÉRRICO

A Tabela 22 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato férrico para uma

velocidade de sedimentação de 2 cm/min:

Tabela 22 – Coagulação com sulfato férrico – 2 cm/min

Sulfato férrico

Velocidade de sedimentação 2 cm/min

Cor aparente remanescente 35 uC

pH 6,19 - 7,48

Dosagens de sulfato férrico 30 - 257 mg/L

Dosagens de ferro 6,15 - 52,68 mg de Fe/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 15 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato férrico com uma velocidade de

sedimentação de 2 cm/min.

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Figura 15 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 2 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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A Tabela 23 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato férrico para uma

velocidade de sedimentação de 1 cm/min no ponto 1:

Tabela 23 – Coagulação com sulfato férrico – 1 cm/min – ponto 1

Sulfato férrico (ponto 1)

Velocidade de sedimentação 1 cm/min

Cor aparente remanescente 20 uC

pH 4,80 - 6,75

Dosagens de sulfato férrico menores que 20 mg/L e 110 mg/L

Dosagens de ferro menores que 4,10 mg de Fe/L e 22,55 mg de Fe/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Tabela 24 mostra a melhor dosagem do coagulante sulfato férrico para uma

velocidade de sedimentação de 1 cm/min no ponto 2:

Tabela 24 – Coagulação com sulfato férrico – 1 cm/min – ponto 2

Sulfato férrico (ponto 2)

Velocidade de sedimentação 1 cm/min

Cor aparente remanescente 20 uC

pH 6,71 - 7,17

Dosagens de sulfato férrico 130 - 212 mg/L

Dosagens de ferro 26,65 - 43,46 mg de Fe/L

Fonte: Pavanelli, 2001

A Figura 16 apresenta o diagrama de coagulação do sulfato férrico com uma velocidade de

sedimentação de 1 cm/min.

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Figura 16 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico – 1 cm/min

Fonte: Pavanelli, 2001

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PARÂMETRO 3

Os dados a seguir foram retirados de uma pesquisa feita para a defesa de mestrado

para obtenção do título de Mestre Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela

Universidade Federal de Minas Gerais, realizado por Eliane Prado Cunha Costa dos Santos

e tendo como orientador o Professor Doutor Valter Lúcio de Pádua.

Neste estudo foram utilizados sulfato de alumínio de duas marcas distintas, seus

dados serão descritos na Tabela 25:

Tabela 25 – Composição dos sulfatos de alumínio

Coagulante Teor de sólidos (%) Al2O3 ou Fe (%) Densidade (g/cm3)

Sulfato de alumínio 1 76,2 7,5 (mínimo) 1,36

Sulfato de alumínio 2 50 7,5 1,32

Fonte: Santos, 2004

SULFATO DE ALUMÍNIO 1

A dosagem que apresentou melhor desempenho foi de 9 mg/L com um pH de

coagulação entre 6,7 e 7,1. Os resultados atenderam a Portaria n° 2.914/2011 do ministério

da Saúde.

Na Figura 17 é apresentado o diagrama de coagulação do sulfato de alumínio 1.

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Figura 17 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio 1

Fonte: Santos, 2004

SULFATO DE ALUMÍNIO 2

A dosagem que apresentou o melhor desempenho foi de 10 mg/L com um pH de

coagulação de 6,7 a 6,9. Os resultados foram menores do que os limites recomendados pela

Portaria n° 2.914/2011 do ministério da Saúde.

Na Figura 18 é apresentado o diagrama de coagulação do sulfato de alumínio 2.

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Figura 18 – Diagrama de coagulação do sulfato de alumínio 2

Fonte: Santos, 2004

SULFATO FÉRRICO

A dosagem que apresentou melhor desempenho foi de aproximadamente 8 mg/L

com um pH de coagulação entre 6,6 e 7,0.

Os resultados foram de 0,5 uT para a turbidez e 10 uC, atendendo a Portaria n°

2.914/2011 do ministério da Saúde.

Na Figura 19 é apresentado o diagrama de coagulação do sulfato férrico.

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Figura 19 – Diagrama de coagulação do sulfato férrico

Fonte: Santos, 2004

PARÂMETRO 4

Os dados a seguir foram retirados de um artigo publicado no 23° Congresso

Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. O título do artigo é “Avaliação do

comportamento dos coagulantes sulfato férrico e cloreto férrico na tratabilidade de águas

naturais”, publicado por Cipriani et al. (2005)

Os estudos foram realizados utilizando-se águas brutas que abastecem as estações

de tratamento de água do Alto da Boa Vista - SP (ABV) e Cubatão – SP.

Os parâmetros das águas brutas das estações de tratamento estão descritas na

Tabela 26:

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Tabela 26 – Parâmetros físico-químicos das águas brutas

Parâmetros ETA - ABV ETA - Cubatão

pH 7,0 a 7,4 7,2 a 7,5

Turbidez (uT) 3,0 a 6,0 3,0 a 5,0

Cor aparente (uC) 25 a 60 40 a 50

Fonte: Cipriani et al, 2005

Foram executados ensaios de jar test empregando concentrações de sulfato férrico

que variam de 5,0 mg de Fe3+/L a 30,0 mg de Fe3+/L.

Em cada ensaio executado, manteve-se fixa a dosagem do coagulante e variou se

o valor de pH de coagulação.

Analisando a Figura 20, pode-se observar que a região do pH que apresenta a

maior eficiência de coagulação está entre 5,5 e 6,5 e uma dosagem de coagulante de

aproximadamente 10 mg de Fe+3/L para a água bruta da ETA de ABV.

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Figura 20 – Diagrama de coagulação-floculação do sulfato férrico para a água bruta que

abastece a ETA de ABV. Parâmetro: Turbidez.

Fonte: Cipriani et al, 2005

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Analisando a Figura 21, pode-se observar que a região do pH que apresenta a

maior eficiência de coagulação está entre 6,0 e 7,0 e uma dosagem de coagulante de

aproximadamente 7,5 a 10 mg de Fe+3/L para a água bruta da ETA de Cubatão.

Figura 21 – Diagrama de coagulação-floculação do sulfato férrico para a água bruta que

abastece a ETA de Cubatão. Parâmetro: Turbidez.

Fonte: Cipriani et al, 2005

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PARÂMETRO 5

Foram comparados estações de tratamento de água que estão em funcionamento na cidade

de Piracicaba e Campinas, ambos localizados no estado de São Paulo.

Na Tabela 27 são apresentados as análises de 5 estações de tratamento de água da cidade

de Campinas – SP, referente ao mês de outubro de 2012, que utiliza o sulfato de alumínio

como coagulante.

Tabela 27 – Qualidade da água da cidade de Campinas - SP

Parâmetros analisados ETA I e II ETA III e IV ETA Capivari pH 7,05 7,05 7,03

Cor (uC) <1 <1 <1 Turbidez (uT) 0,21 0,25 0,15 Ferro (mg/L) <0,010 <0,010 <0,010

Alumínio (mg/L) 0,038 0,029 0,058 Fonte: Sociedade de abastecimento de água e saneamento – SANASA

Na Tabela 28 são apresentados as análises de 4 estações de tratamento de água da cidade

de Piracicaba – SP, referente ao mês de novembro de 2012, que utiliza o sulfato férrico

como coagulante.

Tabela 28 – Qualidade da água da cidade de Piracicaba - SP

Parâmetros analisados Piracicaba Corumbataí Anhumas Tijuco pH 8,2 8,2 7,5 7,8

Cor (uC) 1 3 3 3 Turbidez (uT) 1,23 0,85 0,34 0,26 Ferro (mg/L) 0,02 0,06 0,02 0,01

Fonte: Serviço municipal de água e esgoto de Piracicaba - SEMAE

6. CONCLUSÃO

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Ao comparar diversas pesquisas, nota-se que o sulfato férrico apresenta em média

um desempenho similar ao do sulfato de alumínio, ele consegue reduzir a turbidez e a cor

da água com a mesma eficiência que o sulfato de alumínio, em alguns casos ele consegue

ser superior ao sulfato de alumínio. O fator mais importante é o de se ter a possibilidade de

eliminar o resíduo de alumínio proveniente do sulfato de alumínio.

Hoje em dia já existem estações de tratamento de água que utilizam o sulfato

férrico como coagulante, como é o caso da cidade de Valinhos – SP, Piracicaba – SP,

Campinas – SP e parte do tratamento de água de São Bernardo do Campo – SP, que

utilizam o sulfato férrico como coagulante, mostrando que se é possível substituir o sulfato

de alumínio.

Deve-se tomar cuidado, pois o sulfato férrico deixa resíduo de ferro na água

tratada, por este motivo é preciso analisar a água bruta e verificar sua concentração de

ferro, pois existe um limite estabelecido de 0,3 mg/L de ferro na água tratada, estabelecido

pela portaria n° 2.914 do Ministério da Saúde. Uma grande quantidade de ferro na água é

prejudicial à saúde e pode fazer com que a água tratada tenha gosto e coloração indesejada,

causada pela grande quantidade de ferro. Pode também trazer problemas como manchas

em roupas, utensílios sanitários, desenvolvimento de depósitos em canalizações e de ferro-

bactérias. Porém, estes problemas apresentados pela alta concentração de ferro na água é

um indicador de que sua concentração está elevada, já a grande concentração de alumínio

na água é de maior dificuldade de se observar visualmente.

Ao pesquisar o funcionamento de diversas estações de tratamento de água

espalhadas pelo Brasil, verificou-se que muitas delas ainda não se adequaram aos padrões

estabelecidos pela Portaria n° 2.914/2011 do Ministério da Saúde, muitas utilizam como

referência a portaria antiga e outras não conseguem ainda atingir os padrões.

Ao comparar as estações de tratamento de água da cidade de Campinas e

Piracicaba, ambas localizadas no estado de São Paulo, nota-se que a estação de Piracicaba,

que utiliza o sulfato férrico como coagulante, apresenta em algumas ETA’s problemas em

diminuir a turbidez remanescente. O Ministério da Saúde estabelece uma meta progressiva

para que as ETA’s regularizem seus processos, dando tempo para que ajustes sejam feitos

nos processos de tratamento de água. As amostras das ETA’s não ultrapassaram os limites

máximos permissíveis de alumínio e ferro.

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A corrosão é uma das desvantagens da utilização do sulfato férrico, pois quando

utilizado no processo de coagulação, diminui muito o pH da água, aumentando o problema

de corrosão, aumentando os custos do processo.

A análise deve ser feita em cada estação de tratamento de água, deve-se comparar

os custos e analisar se a diferença de custos entre o uso dos coagulantes é expressiva.

Deve-se tomar cuidado ao comprar os insumos, pois como citado por Souza (2005), os

administradores das estações de tratamento de águas devem ser mais criteriosos na

aquisição de insumos, pois tais insumos podem conter uma variedade de metais pesados.

Por esses motivos a escolha da substituição do sulfato de alumínio deve ser bem estudada,

entre todos os pontos em que se deve analisar, um em especial tem um peso maior, que é a

eliminação dos resíduos de alumínio.

O estudo da substituição do sulfato de alumínio é importante para evitarmos uma

fonte de alumínio que é consumida diariamente pela população, mas vale ressaltar que

outras fontes de alumínio estão presentes no nosso dia a dia, como por exemplo,

desodorantes antitranspirantes, que em suas fórmulas utilizam substâncias que possuem

alumínio em sua composição. Podemos citar também os utensílios domésticos utilizados

para se preparar alimentos, hoje em dia se utiliza vários utensílios feitos de alumínio, que

por atrito, ou até mesmo por corrosão, transferem alumínio para os alimentos.

O tratamento da água também gera resíduos sólidos, chamado de lodo, que possui

uma composição muito variada, dependendo das condições apresentadas da água bruta,

dosagens e reagentes químicos. Vários estudos relacionados a esse problema estão sendo

desenvolvidos, pois o lodo se descartado no manancial ou no solo, pode contaminar o

ambiente. Uma das alternativas é a utilização desse resíduo para a produção de cimento,

tijolos, entre outros.

Um fato importante para se discutir é o emprego de coagulantes naturais, como a

Moringa Oleifera e o Tanino, em algumas pesquisas realizadas para verificar o

desempenho desses, ambos mostraram bom desempenho para remoção de cor e turbidez.

Os coagulantes naturais aumenta a carga orgânica dos resíduos, porem eles são

biodegradáveis. Uma das vantagens da utilização dos coagulantes naturais é que ele não

altera significativamente o pH da água, diminuindo os problemas com corrosão e gastos

com reagentes para se regular o pH da água, também possui a capacidade de complexar

alguns metais, retirando-os da água tratada. Podem-se utilizar coagulantes inorgânicos

juntamente com os naturais, desta forma reduzindo o uso de coagulantes naturais e

retirando os metais da agua tratada, evitando a contaminação da água tratada.

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O maior problema está relacionado ao custo de obtenção dos coagulantes naturais,

pois sua demanda é baixa, fazendo com que o produto tenha preço elevado.

Em relação aos custos operacionais, podem ocorrer variações de uma estação de

tratamento para outra, dependendo da qualidade da água coletada para ser tratada, a

dosagem de produtos irá variar. Devemos também colocar nos custos, gastos com

corrosão, pois tubulações, válvulas, tanques se deteriorarão com maior ou menor

velocidade, dependendo de como o processo está sendo executado. Custos relacionados

com o tratamento dos resíduos gerados pelo processo também deverão entrar nessa conta.

Devido a esses diversos fatores, deve-se estudar especificamente em cada estação

de tratamento de água qual é a opção mais viável para o processo.

REFERÊNCIAS

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