competencia linguistica

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2 O conceito de competência na história da lingüística O termo competência foi usado pela primeira vez nos anos 50, por Noam Chomsky. Contudo, a noção de competência trazida por ele o conhecimento que o falante tem das regras da sua língua, isto é, a gramática internalizada na sua mente não era de todo original: Wilhelm von Humboldt (1767-1835) já sustentava que “ uma língua não é um conjunto de enunciados prontos produzidos pelos falantes, mas os princípios ou regras subjacentes que possibilitam aos falantes produzir tais enunciados” (apud Weedwood, [2002] 2006, p.108). Diante da constatação de que conceitos da lingüística do século XX, na verdade, têm suas raízes em séculos anteriores, julgamos necessário traçar um panorama da história dos estudos lingüísticos antes de entrarmos propriamente na questão da competência. 2.1 A evolução dos estudos lingüísticos A linguagem humana é objeto de estudo desde a Antigüidade Clássica. Pimenta-Bueno afirma que os gregos deram início a “discussões que marcaram, sobremaneira, a evolução do pensamento lingüístico” (2003, p.17). Platão foi o primeiro pensador grego a abordar a linguagem. Em um dos seus diálogos, Crátilo, considerado o primeiro estudo lingüístico do ocidente, discute a seguinte questão: a língua é imposta aos homens pela natureza (phýsis) ou é uma convenção humana (nómos ou thésis)? O personagem Crátilo, representando Platão, defende a idéia de que a língua não só espelha a natureza, como também é determinada por ela: (...) o nosso Crátilo sustenta que cada coisa tem por natureza um nome apropriado e que não se trata da denominação que alguns homens convencionaram dar-lhes, com designá-las por determinadas vozes de sua língua, mas que, por natureza, têm sentido certo, sempre o mesmo, tanto entre os helenos como entre os bárbaros em geral (Platão, 2001, p.145). Aristóteles, embora tenha sido discípulo de Platão, discordava de seu mestre: para ele, a língua surge de um acordo entre os homens, ou seja, é

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Lingüística para melhorar a sua gramatica portuguesa.

Transcript of competencia linguistica

  • 2 O conceito de competncia na histria da lingstica

    O termo competncia foi usado pela primeira vez nos anos 50, por Noam

    Chomsky. Contudo, a noo de competncia trazida por ele o conhecimento que

    o falante tem das regras da sua lngua, isto , a gramtica internalizada na sua

    mente no era de todo original: Wilhelm von Humboldt (1767-1835) j

    sustentava que uma lngua no um conjunto de enunciados prontos produzidos

    pelos falantes, mas os princpios ou regras subjacentes que possibilitam aos

    falantes produzir tais enunciados (apud Weedwood, [2002] 2006, p.108).

    Diante da constatao de que conceitos da lingstica do sculo XX, na

    verdade, tm suas razes em sculos anteriores, julgamos necessrio traar um

    panorama da histria dos estudos lingsticos antes de entrarmos propriamente na

    questo da competncia.

    2.1 A evoluo dos estudos lingsticos

    A linguagem humana objeto de estudo desde a Antigidade Clssica.

    Pimenta-Bueno afirma que os gregos deram incio a discusses que marcaram,

    sobremaneira, a evoluo do pensamento lingstico (2003, p.17).

    Plato foi o primeiro pensador grego a abordar a linguagem. Em um dos

    seus dilogos, Crtilo, considerado o primeiro estudo lingstico do ocidente,

    discute a seguinte questo: a lngua imposta aos homens pela natureza (phsis)

    ou uma conveno humana (nmos ou thsis)? O personagem Crtilo,

    representando Plato, defende a idia de que a lngua no s espelha a natureza,

    como tambm determinada por ela:

    (...) o nosso Crtilo sustenta que cada coisa tem por natureza um nome apropriado

    e que no se trata da denominao que alguns homens convencionaram dar-lhes,

    com design-las por determinadas vozes de sua lngua, mas que, por natureza,

    tm sentido certo, sempre o mesmo, tanto entre os helenos como entre os

    brbaros em geral (Plato, 2001, p.145).

    Aristteles, embora tenha sido discpulo de Plato, discordava de seu

    mestre: para ele, a lngua surge de um acordo entre os homens, ou seja,

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    arbitrria, convencional. Segundo Weedwood, para explicar a ligao entre as

    palavras e os seus referentes Aristteles prope

    um processo em trs etapas: os signos escritos representam os signos falados; os

    signos falados representam impresses (pathemata) na alma, e as impresses na

    alma so a aparncia das coisas reais. As impresses e as coisas, observa

    Aristteles, so as mesmas para todos os homens, ao passo que diferem as

    palavras que representam as interpretaes (2006 [2002], p.27).

    O entrelaamento de estudos lingsticos com estudos filosficos

    chamado por Mattoso Camara Jr. de Estudo Lgico da Linguagem e atende

    necessidade de tornar a linguagem um instrumento eficiente para o pensamento

    filosfico e de disciplinar o pensamento atravs do disciplinamento da linguagem

    (1975, p.18).

    A partir da Antigidade Clssica, a histria da lingstica ocidental uma

    sucesso de avanos e recuos, marcada pela alternncia entre o naturalismo e o

    convencionalismo; porm, nem um nem outro retornava tona das pesquisas

    lingsticas sem trazer consigo novidades. Os prprios acontecimentos histricos

    contribuam para uma mudana de foco nos estudos, como por exemplo:

    a) as grandes navegaes, nos sculos XV e XVI, que possibilitaram o contato

    com inmeras lnguas no-europias, como o chins, o japons e as lnguas

    indgenas do Novo Mundo (cf. Robins, [1967] 2004, p.81-82);

    b) o Racionalismo de Descartes, que levou ao aparecimento de gramticas

    filosficas, dentre as quais se destaca a Grammaire Gnrale et Raisonne,

    publicada em 1660 pelos gramticos das escolas religiosas de Port-Royal (cf.

    op.cit., p.98, e Weedwood, [2002] 2006, p.98-100);

    c) a declarao feita em 1786 por sir William Jones, da East India Company, a

    respeito do parentesco do snscrito (a lngua clssica da ndia) com o latim, o

    grego e as lnguas germnicas, o que impulsionou a lingstica histrico-

    comparativa no sculo XIX (cf. Robins, [1967] 2004, p.106-108).

    Os estudos histrico-comparativos, a propsito, marcam o nascimento da

    lingstica propriamente dita. Segundo Mattoso Camara Jr., a lingstica uma

    cincia muito nova. Comeou a existir na Europa em princpios do sculo XIX

    sob o aspecto de um estudo histrico (1975, p.20). No entanto, a descoberta de

    similaridades entre o snscrito e lnguas europias no foi o nico fator das

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    investigaes histrico-comparativas; havia, na poca, uma tendncia ao

    historicismo insuflada pelo Romantismo Alemo.

    Um outro aspecto romntico o nacionalismo foi abraado por

    Humboldt, erudito e diplomata alemo citado no incio deste captulo. Segundo

    ele, as lnguas refletem as caractersticas das respectivas naes: a lngua de um

    povo seu esprito, e seu esprito sua lngua (Humboldt, apud Robins, [1967]

    2004, p.141). Tal pensamento constitui a base do chamado relativismo lingstico.

    Uma das personalidades mais originais da lingstica, pois suas idias

    destoavam das de seus contemporneos e exerceram influncia at no sculo XX,

    como j vimos, Humboldt foi o primeiro a postular a existncia de uma forma

    interna e de uma forma externa da lngua: a primeira seria o padro (ou estrutura)

    de gramtica e significado; a segunda seriam os sons. Tal postulado o

    fundamento dos conceitos saussureanos de langue e parole.

    Ferdinand de Saussure (1857-1913), alis, representa uma ponte entre os

    sculos XIX e XX, porque ele se tornou conhecido pela sua atuao no mbito da

    lingstica histrico-comparativa e, depois, desenvolveu as idias que seriam

    reunidas sob o termo genrico estruturalismo, o qual no s serviu como

    emblema da lingstica da primeira metade do sculo XX, como tambm

    influenciou outras cincias, entre as quais a antropologia e a psicologia.

    Foi Saussure quem formalizou as dimenses diacrnica e sincrnica dos

    estudos lingsticos a primeira focalizando as mudanas sofridas pela lngua ao

    longo do tempo e a segunda observando a lngua num dado momento da sua

    trajetria. Alm disso, ele reconheceu duas instncias da lngua: (a) a langue,

    sistema composto de regularidades que servem de base para a formao de

    enunciados, o que equivale competncia lingstica do falante5; e (b) a parole,

    que so os enunciados reais do falante, ou seu comportamento lingstico.

    Saussure sustenta ainda que a lngua no um aglomerado de elementos

    autnomos, como uma lista de nomes, mas sim um sistema no qual os elementos

    se inter-relacionam, de modo que um existe em oposio ao outro.

    5 Vejamos o que diz o prprio Saussure a esse respeito: Evitando estreis definies de termos,

    distinguimos primeiramente, no seio do fenmeno total que representa a linguagem, dois fatores: a

    lngua e a fala. A lngua para ns a linguagem menos a fala. o conjunto dos hbitos

    lingsticos que permitem a uma pessoa compreender e fazer-se compreender (2006 [1916], p.92).

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    Na primeira metade do sculo XX, surgiram na Europa algumas escolas de

    lingstica estrutural, das quais a mais conhecida a Escola de Praga, cujo nome

    deve-se ao Crculo Lingstico fundado na referida cidade no ano de 1926. Os

    seus maiores representantes, porm, no eram tchecos, mas sim russos: Nikolaj

    Trubetzkoy (1890-1938) e Roman Jakobson (1896-1982).

    A caracterstica peculiar a essa escola, que a torna um movimento parte

    dentro da lingstica estruturalista, o fato de ela considerar que as estruturas

    fonolgica, gramatical e semntica so estabelecidas pelas funes que exercem

    na comunidade lingstica. De acordo com Jakobson, todo ato de comunicao

    verbal obedece a uma ou mais funes que, por sua vez, se relacionam a fatores

    constitutivos do prprio discurso, a saber:

    a) a funo emotiva, sediada no fator remetente e da qual as interjeies e as

    diversas entonaes de uma mesma palavra ou frase so os melhores exemplos;

    b) a funo conativa, centrada no destinatrio e ilustrada pelo vocativo e pelo

    imperativo, que se destacam sinttica, morfolgica e at fonologicamente das

    outras classes de palavras e tipos de frase;

    c) a funo referencial, focada no contexto, isto , nas coisas ou pessoas de que se

    fala;

    d) a funo ftica, responsvel pelo estabelecimento e manuteno do fator

    contato, como se pode verificar na frase Al, est me ouvindo?;

    e) a funo metalingstica, ligada ao fator cdigo (a prpria lngua), como no

    exemplo Desabrolhar quer dizer germinar, crescer ou fazer crescer 6;

    f) a funo potica, que focaliza a mensagem, ou melhor, a forma como a

    mensagem transmitida. importante ressaltar aqui que a funo potica no se

    restringe poesia: jingles de propaganda, textos em verso para se facilitar a sua

    memorizao e qualquer escolha do falante diante das vrias opes oferecidas

    pela sua lngua (por exemplo, usar velha em vez de senhora idosa) tambm

    configuram funo potica.

    A Escola de Praga tem um grande papel no desenvolvimento da fonologia,

    e uma das suas maiores contribuies foi a criao, por Trubetzkoy, do conceito

    6 Segundo Jakobson, todo processo de aprendizagem da linguagem, particularmente a aquisio,

    pela criana, da lngua materna, faz largo uso de tais operaes metalingsticas; e a afasia pode ser definida, amide, como uma perda da capacidade de realizar operaes metalingsticas (1975 [1960], p.127).

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    de trao distintivo. Os fonemas, embora continuem sendo os elementos mnimos

    de um sistema lingstico, passam a ser vistos como feixes ou conjuntos de traos

    distintivos: por exemplo, o trao que distingue o /b/ do /p/ a sonoridade. Outro

    conceito introduzido pelos fonologistas da Escola de Praga foi o de marcao:

    quando a presena ou ausncia de um nico trao distintivo constitui a diferena

    entre dois fonemas, diz-se que o fonema que contm o trao o marcado e o

    outro, que no o contm, o no-marcado (entre /b/ e /p/, por exemplo, o primeiro

    marcado quanto ao trao da sonoridade e o segundo, no-marcado).

    De acordo com Coseriu, as lnguas se diferenciam pelos traos distintivos

    que utilizam, pois o que trao distintivo numa lngua pode no s-lo em outra, e

    vice-versa (1980, p.68). Esse autor d como exemplo a dicotomia

    brilhante/opaco: no portugus e no italiano, tal dicotomia no constitui trao

    distintivo, uma vez que no existem palavras especficas para branco brilhante e

    branco opaco; no latim, ao contrrio, tratava-se de trao distintivo, pois havia a

    palavra candidus para branco brilhante e a palavra albus para branco opaco.

    O estruturalismo, no entanto, no foi um movimento exclusivamente

    europeu; houve, tambm, uma corrente norte-americana, cuja personalidade mais

    conhecida foi Leonard Bloomfield (1887-1949). Esse terico adotou um

    tratamento behaviorista das lnguas (obviamente baseado em Skinner), pelo qual

    tudo o que no pudesse ser verificado empiricamente estava descartado. Assim,

    definia o significado de uma palavra ou frase como a situao em que o falante a

    enuncia e a reao que ela provoca no ouvinte (1982 [1933], p.29), ou seja, como

    uma relao de estmulo e resposta.

    Para Bloomfield, imagens mentais e conceitos no podiam ser estudados

    cientificamente. O seu empirismo aparece na seguinte citao de Coseriu:

    As gramticas estruturais do tipo bloomfieldiano (...) se concentram particularmente na constituio material, isto , na descrio morfolgica, enquanto tratam de maneira muito sucinta das funes (1980, p.87).

    Ainda na primeira metade do sculo XX, encontramos um filsofo que

    muito contribuiu para o pensamento lingstico contemporneo: Wittgenstein

    (1889-1951). De especial interesse seu conceito de jogos de linguagem,

    proposto na segunda fase de sua produo. De acordo com Marcondes,

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  • 21

    se adotamos a noo de jogo de linguagem, o significado no mais estabelecido

    pela forma da proposio, nem pelo sentido de seus componentes, nem por sua

    relao com fatos, mas pelo uso que fazemos das expresses lingsticas nos

    diferentes contextos ou situaes em que as empregamos (2006, p.270).

    Diramos que Wittgenstein, para quem o significado de uma palavra seu

    uso na linguagem (apud Marcondes, 2006, p.270), tem um papel de precursor da

    pragmtica lingstica. Essa, alis, nasceu, primeiramente, no campo da

    filosofia (Weedwood, [2002] 2006, p.147), o que se comprova pelo fato de os

    seus pioneiros terem sido ou serem filsofos: John Austin (1911-1960), H.Paul

    Grice (1913-1988) e John Searle (1932- ).

    A segunda metade do sculo XX marcada pela gramtica gerativo-

    transformacional de Chomsky. Em 1957, com o lanamento de seu livro Syntactic

    Structures, ele criticou o estruturalismo e o behaviorismo das dcadas anteriores e

    revolucionou os estudos lingsticos. Para ele, as anlises sintticas feitas at

    ento falhavam por no considerarem a diferena entre os nveis superficial e

    profundo da estrutura gramatical. Com relao a isso, encontramos em Weedwood

    ([2002] 2006, p.132) o seguinte exemplo:

    John is eager to please. X John is easy to please.

    (John est vido por agradar.) (John fcil de agradar.)

    Observa-se que as duas frases podem ser analisadas de modo idntico

    apenas sintaticamente (no nvel superficial), mas no semanticamente (no nvel

    profundo).

    Outra dicotomia importante levantada por Chomsky a da competncia e

    do desempenho, muito semelhante langue/parole de Saussure: o primeiro

    conceito, definido no incio deste captulo, refere-se s regras internalizadas pelo

    falante; o segundo conceito diz respeito ao comportamento verbal do falante, ou

    seja, ao uso que ele faz da lngua.

    A corrente mais recente da lingstica o ps-estruturalismo. Trata-se da

    ramificao, nos estudos lingsticos, da ps-modernidade, movimento iniciado

    por volta de 1968 na Frana por intelectuais como Jacques Derrida e Michel

    Foucault. A ps-modernidade ope-se tradio logocntrica iluminista e traz ao

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    mundo a idia de que no existem verdades absolutas: tudo instvel, provisrio e

    depende do contexto.

    Uma das personalidades mais notveis do ps-estruturalismo o pensador

    russo Mikhail Bakhtin (1895-1975), que surpreendeu o mundo acadmico

    ocidental por, j no incio do sculo XX, apresentar teorias que s se

    consolidariam na Europa capitalista na dcada de 70. Foi nessa dcada, alis, que

    sua obra comeou a ser traduzida e publicada no Ocidente.

    Bakhtin escreveu sobre psicanlise, teoria e crtica literrias e, no campo

    da lingstica, criticou, em certa medida, tanto a corrente universalista quanto a

    relativista de abordagem das lnguas. A primeira delas, que ele chama de

    subjetivismo idealista, parte do pressuposto de que lngua atividade da mente

    de qualquer ser humano, criao racional e individual; a segunda corrente, por

    ele denominada objetivismo abstrato, identifica-se com o estruturalismo

    saussureano, segundo o qual a lngua um sistema estvel de regras,

    desvinculadas de valores ideolgicos e que se sobrepem s criaes individuais

    dos falantes.

    Segundo Weedwood, a palavra-chave da lingstica bakhtiniana

    dilogo. S existe lngua onde houver possibilidade de interao social, dialogal

    ([2002] 2006, p.152). Sendo assim, o pensador russo prioriza a fala, a parole, a

    enunciao, que, no entanto, no so criaes individuais, mas criaes sociais

    intimamente ligadas s ideologias. Como se v, Bakhtin revela em suas idias

    traos marxistas.

    Podemos distinguir, no sculo XX, duas correntes do pensamento

    lingstico: o funcionalismo e o formalismo. Grosso modo, no primeiro a funo

    das formas lingsticas desempenha o papel mais importante, enquanto no

    segundo o objetivo principal analisar as formas lingsticas em si. Parece claro

    que a Escola de Praga funcionalista e o estruturalismo norte-americano

    formalista, mas em relao a alguns lingistas existe uma certa dualidade: o

    gerativismo de Chomsky, essencialmente formalista, contm, segundo Dirven &

    Fried e Danes, alguns elementos funcionais da frase, como, por exemplo, as

    noes de tpico e comentrio (ou tema e rema); e Dik, funcionalista do Grupo da

    Holanda, apresenta, de acordo com Dirven & Fried, traos do gerativismo (cf.

    Neves, 1997, p.39-40).

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    Dik (apud Neves, 1997, p.43-47) faz uma contraposio bem ilustrativa

    entre os chamados paradigma formal (PFO) e paradigma funcional (PFU), com

    base em sete questes:

    1) O que uma lngua natural?

    2) Qual a principal funo de uma lngua natural?

    3) Qual o correlato psicolgico de uma lngua?

    4) Qual a relao entre o sistema da lngua e seu uso?

    5) Como as crianas adquirem uma lngua natural?

    6) Como podem ser explicados os universais lingsticos7?

    7) Qual a relao entre a pragmtica, a semntica e a sintaxe?

    Respondendo a essas perguntas, Dik afirma que no PFO a lngua uma

    entidade abstrata constituda de oraes, enquanto que no PFU ela s existe na sua

    realizao enquanto instrumento de interao entre os homens. No PFO, a lngua

    tem como funo primeira expressar o pensamento; no PFU, como consta acima,

    ela existe em funo da comunicao entre os homens. O correlato psicolgico de

    uma lngua, segundo o PFO, a competncia, entendida como a capacidade de

    produzir, interpretar e julgar sentenas (op.cit., p.44); j no PFU, trata-se da

    competncia comunicativa, no sentido proposto por Hymes8: capacidade de um

    sujeito de estabelecer interao social utilizando a linguagem. No PFO, estudar a

    competncia mais importante do que estudar a atuao do falante; no PFU, a

    prioridade estudar o funcionamento do sistema lingstico nos contextos, ou

    seja, no uso comunicativo natural.

    Para o PFO, na aquisio de uma lngua natural as crianas usam sua

    capacidade inata para construir uma gramtica, a partir de um input restrito e no

    organizado de informaes lingsticas. Por sua vez, o PFU considera que fatores

    genticos s explicam aquilo que no se consegue explicar pela interao

    comunicativa; essa, porm, a principal responsvel pelo fornecimento de input

    s crianas. Quanto aos universais lingsticos, o PFO os explica como

    propriedades inatas do ser humano, enquanto que o PFU os condiciona a: (a) os

    7 Robins afirma que a idia de uma gramtica universal surgiu na Idade Mdia, quando os estudos

    lingsticos extrapolaram o latim e avanaram para outras lnguas como o grego, o rabe e o

    hebraico. Rogrio Bacon, gramtico medieval, ressaltava a importncia dos estudos dessas lnguas,

    declarando que a gramtica em essncia a mesma para todas as lnguas e que as diferenas aparentes existentes entre elas so simples variaes acidentais (apud Robins, [1967] 2004, p.60). 8 Falaremos sobre Hymes na prxima seo.

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  • 24

    objetivos da comunicao; (b) os aspectos biolgicos e psicolgicos dos falantes;

    e (c) as circunstncias em que se d a comunicao.

    Por fim, a relao entre a pragmtica, a semntica e a sintaxe explicada

    da seguinte forma: no PFO, elas so campos de estudo independentes entre si,

    sendo que a prioridade dada sintaxe; no PFU, a pragmtica, que o foco

    principal de estudo, engloba a semntica e a sintaxe. Esta ltima no uma

    cincia autnoma e serve apenas de instrumental para a semntica, que, por sua

    vez, instrumental em relao pragmtica.

    Como o termo j sugere, a pragmtica estuda a lngua nas situaes

    concretas de uso, conforme as finalidades dos falantes no ato comunicativo. As

    condies de uso da lngua variam muito e baseado nelas que o usurio produz o

    seu texto, oral ou escrito. Dentre as referidas condies, encontram-se os prprios

    ouvintes/leitores, que, mesmo involuntariamente, influenciam a produo textual.

    A esse respeito, Yule afirma que os falantes

    tm de embrulhar suas mensagens de acordo com o que eles pensam que seus

    ouvintes sabem ou no, assim como seqenciar tudo de modo coerente. Se esses

    falantes decidem redigir suas mensagens, criando texto escrito, no tero mais

    ouvintes a lhes darem retorno interativo imediato. Conseqentemente, eles tm de

    contar com mecanismos estruturais mais explcitos para a organizao de seus

    textos (1996, p.83)9.

    O autor identifica trs funes da lngua: (a) interpessoal, porque os

    usurios participam de interaes sociais; (b) textual, porque eles criam textos,

    que devem ser bem formados e adequados; (c) ideacional, porque com a lngua as

    pessoas representam, de modo coerente, o pensamento e experincias (cf. Yule,

    1996, p.83). A partir dessa viso alargada da lngua, englobando suas funes,

    surge, segundo Yule, a Anlise do Discurso.

    Para Vilela e Koch (cf.2001, p.426), a Anlise do Discurso consiste em

    uma das teorias atuais cujo objeto de estudo o texto/discurso; as outras so a

    Anlise da Conversao e a Lingstica Textual. Esta, que nos interessa mais

    diretamente, ser abordada no captulo 5.

    9 They have to package their messages in accordance with what they think their listeners do and

    do not know, as well as sequence everything in a coherent way. If those speakers decide to write

    out their messages, creating written text, they no longer have listeners providing immediate

    interactive feedback. Consequently, they have to rely on more explicit structural mechanisms for

    the organization of their texts.

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  • 25

    Agora que temos uma viso geral dos estudos lingsticos at os nossos

    dias, podemos aprofundar-nos no conceito da competncia.

    2.2 O conceito de competncia comunicativa

    Chomsky foi o primeiro a utilizar o termo competncia e o fez, como

    sabemos, em contraposio a outro termo, desempenho: o primeiro designando o

    conhecimento ou domnio que uma pessoa tem de uma lngua; e o segundo, o uso

    que se faz de uma lngua em situaes reais. Segundo Chomsky, a lingstica

    deveria debruar-se sobre a competncia, e no sobre o desempenho, como havia

    feito at ento, dependente que era de amostras (corpora) de fala, que

    representavam apenas uma nfima poro de todos os enunciados possveis numa

    lngua. A competncia, ao contrrio, est acima de amostras, as quais podem

    conter erros de desempenho por conta de hesitaes, mudanas de idia, etc. (cf.

    Weedwood, [2002] 2006, p.133). Trata-se de uma capacidade mental inerente ao

    falante,

    de um conjunto de regras que ele construiu em sua mente, pela aplicao de sua

    capacidade inata para a aquisio da linguagem aos dados lingsticos que ele

    ouviu sua volta na infncia (Lyons, 1981, p.173).

    Quando uma idia nova lanada, em qualquer rea do saber e da ao

    humana, logo sofre reaes tanto de acolhimento quanto de rejeio. Com

    Chomsky no foi diferente. Segundo Hymes, a recepo da dicotomia

    competncia/desempenho entre os lingistas se deu assim:

    Quando Aspectos da Teoria da Sintaxe surgiu (...), uma primeira reao foi a de

    que Chomsky no poderia estar realmente falando srio ao dividir o mundo da

    lngua entre competncia e desempenho, definindo a primeira de um modo to

    limitado (1992, p.32, traduo nossa).10

    Entretanto, essa recepo desconfiada no fez com que o conceito de

    competncia morresse logo ao nascer; pelo contrrio, Chomsky quem torna

    10 When Aspects of the Theory of Syntax appeared (), a first reaction was that Chomsky could

    not really be serious in dividing the world of language between competence and performance,

    while defining the former in so limited a fashion.

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  • 26

    competncia central para posterior discusso (ibid., p.32).11 E discusso sobre o

    termo foi o que no faltou, o que se comprova pela sua ampliao e conseqente

    redefinio proposta por diversos outros lingistas.

    A primeira ampliao aparece com a adio do termo comunicativa,

    mostrando o reconhecimento de uma gama de habilidades mais larga do que

    aquela ligada a conhecimento gramatical (ibid., p.33).12 Hymes afirma que o

    termo competncia comunicativa j era usado nos anos 1960-65 por estudiosos

    da aquisio da linguagem, entre os quais ele prprio se inclui, ao lado de

    Gumperz e outros da Universidade de Berkeley. O termo tambm surge ao que

    tudo indica, de forma independente nos estudos sobre ensino e aprendizagem de

    lnguas. Nesse contexto, Paulston (apud Hymes, 1992, p.34) observou, nos anos

    70, dois significados de competncia comunicativa: (a) para os que trabalhavam

    com ensino de lngua estrangeira nos Estados Unidos, tratava-se da habilidade de

    entrar em interao espontnea utilizando-se a lngua-alvo; (b) para os que

    ensinavam ingls como segunda lngua, tratava-se de uma competncia que

    englobava, alm das formas lingsticas, as normas sociais, ou seja, o

    conhecimento de quando, como e com quem aquelas formas deveriam ser usadas.

    Se a observao de Paulston era realmente correta, os americanos que

    aprendiam lnguas estrangeiras no seu prprio pas eram sujeitos a cometerem

    gafes nos pases onde as lnguas que estudavam so faladas, uma vez que o ensino

    focava apenas vocabulrio, fontica e gramtica, sem valorizar as regras sociais de

    uso da lngua. Por outro lado, os estrangeiros que aprendiam ingls nos Estados

    Unidos eram munidos com informaes sobre os diversos contextos em que a

    lngua usada, talvez pela necessidade premente de integrao social, como no

    caso dos imigrantes.

    Hymes (ibid., p.35-36) enumera uma srie de outras ampliaes do termo

    competncia feitas por diversos autores e que agruparemos em duas vertentes:

    a) a que o lingista alemo Bierwisch chamou de competncia potica, o terico

    americano Culler de competncia literria, o estudioso Steinmann de

    competncia retrica; e McLendon, no mbito da antropologia e do folclore, de

    competncia narrativa;

    11 It is Chomsky who has made competence central to subsequent discussion.

    12 Recognition of a range of ability wider than that involved in grammatical knowledge (...)

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  • 27

    b) a que se relaciona com o uso interpessoal da lngua e recebe as designaes

    competncia conversacional (Ochs-Keenan), competncia interacional

    (Erickson e Schultz), competncia sociolingstica (Ervin-Tripp e Troike) e

    competncia pragmtica (Chomsky).

    Hymes tambm enumera duas razes pelas quais a combinao

    competncia comunicativa necessria:

    Primeiro, a competncia de uma pessoa em uma lngua , parcialmente e de

    forma varivel, em funo de outras lnguas que ele ou ela possa conhecer e usar.

    Alm disso, o prprio espectro de uma lngua parcialmente e de forma varivel

    em funo do seu nicho entre outros modos de comunicao, podendo ser mais

    amplo ou mais restrito em relao a estes (...) Segundo, quando pensamos em

    indivduos como seres capazes de participar de vida social enquanto usurios de

    lnguas, temos realmente de considerar sua habilidade de integrar uso de lngua

    com outras modalidades de comunicao, tais como gestos, expresses faciais,

    fungadas e bufos, etc. (ibid.,p.37-38, traduo nossa).13

    Assim, de acordo com o autor citado, um dos motivos pelos quais

    competncia deve ligar-se ao adjetivo comunicativa o fato de no estar restrita

    ao uso de uma lngua s, consistindo na capacidade de comunicar-se na lngua

    materna e em uma ou mais lnguas estrangeiras. A prpria competncia nessas

    lnguas varivel e medida em relao uma com as outras: pensemos, por

    exemplo, em um brasileiro que aprendeu, na sua profisso, determinados termos

    tcnicos em ingls e tenha dificuldades em usar os termos equivalentes em

    portugus; nesse contexto, sua competncia comunicativa maior na lngua

    estrangeira do que na lngua materna. Alm disso, Hymes combina competncia

    com comunicativa, e no com lingstica, porque a comunicao no se d

    apenas atravs de lnguas (linguagem verbal), mas tambm por intermdio de

    outras linguagens, como a corporal.

    Em 1972, Hymes prope uma teoria da competncia comunicativa, que se

    fundamenta em quatro tipos de conhecimento:

    13 First, the competence of a person in a language is partly and variably a function of other

    languages he or she may know and use. Moreover, the scope of a language itself is partly and

    variably a function of its niche among other modes of communication, and may be larger or

    smaller relative to these () Second, when we think of persons as able to participate in social life as users of language, we actually need to consider their ability to integrate use of language with

    other modalities of communication, such as gesture, facial expression, sniffs and snorts, etc.

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  • 28

    1. se (e at que ponto) algo formalmente possvel;

    2. se (e at que ponto) algo vivel em virtude dos meios de implementao

    disponveis;

    3. se (e at que ponto) algo apropriado (adequado, satisfatrio, bem-sucedido)

    em relao a um contexto no qual usado e avaliado;

    4. se (e at que ponto) algo realmente feito, de fato realizado, e o que a sua

    realizao envolve (apud Canale & Swain, 1980, p.20, nfase do prprio Hymes

    e traduo nossa).14

    Por essa teoria, a competncia comunicativa vista como a combinao de

    quatro sistemas de competncia: gramatical (o que possvel no nvel das formas

    lingsticas), psicolingstico (o que vivel no que concerne ao processamento

    de informaes pelos seres humanos), sociocultural (o valor ou significado social

    das sentenas) e probabilstico (quais sentenas so usadas de fato).

    De acordo com Canale e Swain, outro lingista, Halliday, sugere um

    modelo tripartido de competncia comunicativa, segundo o qual o falante est

    inserido em um sistema social que lhe oferece opes de comportamento verbal

    (competncia sociolingstica), o qual se realiza atravs de opes semnticas

    (competncia semntica), que, por sua vez, se concretizam em opes gramaticais

    (competncia gramatical) (cf. op.cit., 1980, p.23). Halliday um funcionalista e

    v a gramtica como instrumento de codificao de significados, ou seja, as

    formas de uma lngua como meios para um fim, no como um fim em si mesmas

    (apud Neves, 1997, p.73).

    Canale e Swain tambm propem uma teoria de competncia

    comunicativa, mas com um diferencial: o objetivo deles aplic-la ao ensino e

    avaliao de aprendizagem de lnguas estrangeiras. A teoria compe-se de cinco

    reas (cf. 1980, p.40-42):

    a) Regras gramaticais

    A competncia gramatical abrange o conhecimento de itens lexicais,

    morfologia, sintaxe, semntica e fonologia. As regras da gramtica devem ser

    14 1. Whether (and to what degree) something is formally possible;

    2. Whether (and to what degree) something is feasible in virtue of the means of

    implementation available;

    3. Whether (and to what degree) something is appropriate (adequate, happy, successful) in

    relation to a context in which it is used and evaluated;

    4. Whether (and to what degree) something is in fact done, actually performed, and what its

    doing entails.

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  • 29

    levadas em considerao por qualquer abordagem comunicativa de ensino de LE

    que inclua fornecer aos aprendentes o conhecimento de como compreender e

    expressar corretamente os significados literais de frases.

    b) Regras socioculturais de uso da lngua

    Relacionam-se adequao aos contextos, aspecto levantado por Hymes

    e acima mencionado. O conhecimento dessas regras importante quando h

    pouca transparncia entre o significado literal de uma frase e a inteno do

    falante, isto , o significado social da frase.

    c) Regras do discurso

    Baseiam-se nos conceitos de coeso e coerncia propostos por Halliday e

    Hasan: coeso como ligaes gramaticais entre grupos de sentenas, e coerncia

    como combinao adequada das funes comunicativas dos mesmos. As noes

    de tpico e comentrio tambm fazem parte das regras do discurso.

    d) Regras de probabilidade de ocorrncia

    Foram propostas no s por Hymes, mas tambm por Labov, que alega

    que a freqncia de uso de uma regra gramatical condicionada pelo contexto

    sociolingstico. Visando a um domnio dessas regras, Morrow sugere que textos

    em lngua nativa sejam utilizados desde o incio da aprendizagem de uma LE, mas

    Canale e Swain, embora sustentem a importncia do conhecimento das regras de

    probabilidade de ocorrncia, alertam para dois possveis problemas no uso de

    textos autnticos: (a) as formas mais freqentes entre os falantes nativos podem

    no ser as mais fceis para os aprendentes da LE, em termos de complexidade

    gramatical ou de clareza de funo; e (b) tais formas so, normalmente, modismos

    e, portanto, efmeras.

    e) Estratgias de comunicao

    Podem relacionar-se: (a) ao cdigo gramatical 15, no sentido de como o

    aprendente pode evitar formas ainda no dominadas ou que ele no consegue

    lembrar; e (b) interao comunicativa, como, por exemplo, quando se quer

    15 Termo usado pelos autores, para os quais a competncia gramatical inclui um domnio que vai

    do lxico fonologia, passando pela morfologia, sintaxe e semntica.

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    mostrar a inteno de parar ou continuar a falar. Tais estratgias so

    especialmente importantes nas primeiras fases da aprendizagem de uma LE.

    Acompanhamos, neste captulo, a evoluo do conceito de competncia

    para o de competncia comunicativa. Este, no entanto, posto em xeque por

    Rajagopalan, que destaca o multilingismo reinante no mundo globalizado de

    hoje, cuja marca registrada o encurtamento de tempo e espao (2003, p.68).

    Segundo ele,

    falar de competncia comunicativa em situaes de multilingismo implica rever

    a prpria noo de competncia comunicativa tal qual Dell Hymes a definiu em

    seu texto clssico (Hymes 1972)16

    . Pois a competncia comunicativa de um

    falante multilnge algo em estado permanente de mutao (2003, p.69-70).

    Alm disso, ao discutir o carter colonialista do ensino de lnguas

    estrangeiras, que leva o aprendente a encarar a lngua-alvo como superior sua

    lngua materna, Rajagopalan aponta para uma apoteose do nativo, isto , para a

    idia errnea de que o falante nativo possui uma competncia perfeita, o que pode

    causar um sentimento de baixa auto-estima nos falantes estrangeiros. O autor

    prega o destronamento da famigerada figura do falante nativo, junto com sua

    suposta competncia lingstica, o que abriria caminho para metas mais

    razoveis e exeqveis no ensino de lnguas estrangeiras (2003, p.70).

    Gostaramos de corroborar e ilustrar a opinio do terico citado com a

    observao de que em pases com baixas taxas de alfabetizao e escolaridade,

    como o caso do Brasil, a competncia comunicativa de falantes nativos muitas

    vezes menor do que a de falantes estrangeiros.

    Vamos agora investigar o tratamento dado pelo Quadro Europeu Comum

    de Referncia para as Lnguas ao conceito de competncia comunicativa.

    16 Referncia ao texto On communicative competence, que se encontra no livro Sociolinguistics,

    organizado por Pride e Holmes.

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