COMPOSTAGEM ORGÂNICA – SOLUÇÃO PARA LIXO … BARRETO DA SILVA.pdf · somente na preservação...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
COMPOSTAGEM ORGÂNICA – SOLUÇÃO PARA LIXO
DOMÉSTICO
VANDILENE BARRETO DA SILVA
RIO DE JANEIRO
Junho/2003
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - CENTRO
PÓS GRADUAÇÃO EM PLANEJAMENTO E EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
COMPOSTAGEM ORGÂNICA – SOLUÇÃO PARA LIXO
DOMÉSTICO
VANDILENE BARRETO DA SILVA
Sob a Orientação de Maria Esther
Monografia apresentada ao Curso de
Pós Graduação como requisito parcial
para obtenção do grau de especialista
em Planejamento e Educação Ambiental
RIO DE JANEIRO
Junho/2003
A meus pais, por me terem dado a
oportunidade de construir minha
trajetória. A minha filha Jessica
que é a razão pela qual prossigo
em minha trajetória.
RESUMO DESCRITIVO
Este trabalho apresenta uma proposta de implantação da metodologia de
compostagem em uma comunidade da Baixada Fluminense, visando a
conscientização da comunidade acerca da importância do tratamento dos
resíduos domésticos, bem como promover uma mudança de comportamento das
pessoas envolvidas no processo.
A proposta pode ser desenvolvida através de palestras, seminários, vídeos
e demonstração prática que devem ser realizados para toda a comunidade
levando-a a adotarem as práticas de compostagem. O tema será abordado
através de uma linguagem acessível, utilizando elementos da comunidade para
demonstrações e, principalmente, evidenciando a simplicidade, eficiência do
processo, benefícios sócio-econômicos e melhoria da qualidade de vida.
Esta metodologia para tratamento do lixo doméstico é pouco utilizada nas
comunidades da Baixada Fluminense, portanto pouco conhecida pelas pessoas,
daí a importância de tratar este tema.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 06 1. Compostagem 08
1.1. O Composto 10
1.2. Cobertura de Palha 10
2. Aprendendo a fazer Compostagem 12
2.1. Materiais para fazer o Composto 13
2.2. Selecionando Resíduos para a Compostagem 13
2.3. Modo de Preparo das Pilhas de Composto 14
2.4. Verificando a Maturidade do Composto 16
3. Composteira: Solução para fazer Compostagem em Pequenos
Espaços 17
4. Reciclagem e Compostagem – Sistema de Baixo Custo para
Tratamento do Lixo Urbano 19
5. Implantação do Método de Compostagem 21
5.1. Caracterização da Comunidade 21
5.2. Público-Alvo 22
5.3. Proposta e Projeto para 2004 22
5.4. Cronograma 23
CONCLUSÃO 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25
INTRODUÇÃO
Atualmente a destinação final de resíduos vem preocupando todo o mundo,
não somente por não termos mais espaço físico para a implantação de novos
aterros sanitários, mas também devido à grande preocupação mundial quanto a
preservação do meio ambiente.
Quando falamos em meio ambiente temos, também que pensar não
somente na preservação da fauna e flora do nosso planeta, mas também nas
inter-relações humanas envolvidas, pois o homem tem que interagir com o meio
de maneira harmoniosa, para que possa haver um equilíbrio do meio em que
vivemos, melhorando a nossa qualidade de vida. Este equilíbrio é necessário
para que todos os seres vivos do nosso planeta tenham garantida a sua
existência, de forma harmoniosa e equilibrada.
Este trabalho tem como objetivo a conscientização das pessoas para a
importância do tratamento dos resíduos domésticos, visando uma mudança de
comportamento das mesmas.
A escolha deste tema se deu através da observação dos hábitos diários
dos membros de uma comunidade, bem como a destinação final dos resíduos
orgânicos domésticos e os problemas advindos do não tratamento adequado dos
mesmos, levando a esta comunidade uma técnica altamente eficiente e eficaz,
que traz grandes benefícios para a destinação dos resíduos orgânicos
domésticos. Durante a observação, torna-se evidente a falta de informação
acerca deste tema e o quanto as pessoas não percebem que ao realizarem suas
atividades diárias, jogam fora rejeitos orgânicos que podem ser aproveitados,
trabalhados e transformados em fonte de matéria-prima para outra atividade e
produção de alimentos totalmente saudáveis.
Através de palestras, seminários, vídeos e demonstrações práticas este
trabalho pretende levar a esta comunidade as técnicas utilizadas neste processo,
7
demonstrando de maneira simples, concisa e eficiente que durante as atividades
de preparação e consumo diário de alimentos, é possível retirar grandes
quantidades de rejeitos orgânicos que podem ser aproveitados de maneira a ser
utilizado na transformação de adubo orgânico, que servirá para a produção de
hortas sem agrotóxicos e, principalmente a destinação do lixo orgânico doméstico
sem que haja danos ao meio ambiente.
Levado para a comunidade através de pesquisa bibliográfica e observação,
as técnicas básicas para o processo de compostagem, esclarecendo que muitos
elementos que são jogados no lixo, podem ser aproveitados de maneira simples,
trazendo grandes benefícios para este grupo. É necessário conscientizar as
pessoas quanto a degradação do Meio Ambiente, pois para muitos este ainda é
um assunto desconhecido, os métodos de regeneração do solo e bioalternativas
ainda são pouco divulgados.
O lixo é um tema altamente discutido nos últimos tempos, sua destinação é
alvo de preocupação da sociedade; neste contexto, a compostagem é um tipo de
tratamento de resíduos domésticos que diminui a quantidade de matéria orgânica
encaminhada para os aterros sanitários. É uma técnica que deve ser melhorada
e divulgada para que os índices de rejeito sejam diminuídos ao máximo.
8
1. COMPOSTAGEM
A Compostagem é um processo tão antigo quanto o planeta. Ninguém
aduba as florestas, no entanto, enormes árvores crescem nelas, que ocorre
através de processo biológico da decomposição de matéria orgânica que pode
estar contido em restos de origem animal ou vegetal. O produto final resultante
pode ser considerado como um enriquecedor do solo, ou seja ele poderá ser
aplicado ao solo para melhorar a suas características, sem que haja uma
contaminação do meio ambiente (Grzybowwski, L. M., 1999).
Entre as vantagens da compostagem podemos destacar, economia de
espaço físico em aterro sanitário, reaproveitamento aproveitamento agrícola da
matéria orgânica produzida, reciclagem dos nutrientes contidos no solo,
eliminação de patogênicos e ambientalmente de seguro.
Segundo Jahnel, M. (1998), destaca ainda que o processo de
compostagem pode ocorrer de duas maneiras:
a) Método natural - onde a fração orgânica do lixo é levada para um pátio e
disposta em leiras. A aeração é feita por revolvimentos periódicos para o
desenvolvimento do processo de decomposição e biológica, este processo tem
um tempo estimado que pode variar de três a quatro meses;
b) Método acelerado - a aeração é forçada por tubulações perfuradas, sobre as
quais se colocam as leiras, ou em reatores dentro dos quais são colocados os
resíduos, avançando no sentido contrário ao da corrente de ar. O ar é injetado
sobre pressão, este processo pode variar de dois a três meses.
O grau de decomposição ou de degradação do material submetido ao
processo de compostagem é acompanhado levando-se em consideração três
fatores: cor, umidade e odor. A cor inicial tem um tom marrom e a final é preta, no
início do processo a umidade é elevada e o odor é ocre passando para o de terra
mofada no final do processo.
9
Existem alguns fatores que devem ser observados durante o processo de
compostagem da fração orgânica:
Aeração: é necessária para que a atividade biológica possa entrar em ação,
possibilitando a decomposição da matéria orgânica de forma mais rápida.
Temperatura: o processo se inicia à temperatura ambiente, mas com o passar do
tempo e à medida que a ação microbiana se intensifica a temperatura se eleva,
podendo atingir valores acima de 60° celsius, esta fase do processo é chamada
de termófila e é importante para a eliminação dos micróbios patogênicos e
sementes de ervas daninhas. Depois que a temperatura atinge este pico
inicializa-se um processo de abaixamento da temperatura chegando à
temperaturas próximas de 30° celsius, é nesta fase em que ocorre a
bioestabilização da matéria orgânica.
Umidade: ou teor de umidade dos resíduos depende da granulometria da fração
orgânica, bem como da porosidade e grau de compactação da mesma. Para que
haja uma compostagem satisfatória a umidade não deve exceder o máximo de
50% em peso, durante o processo. Se houver um aumento da umidade a
atividade biológica será reduzida, por outro lado se for muito elevada a geração
biológica será prejudicada, ocorrendo anerobiose. Sob estas condições forma-se
o chorume, que é um líquido negro, de odor ocre. Se o local onde está sendo
feita a compostagem for descoberto, o material estará sujeito às ações da chuva,
o que aumentará em demasiado a produção de chorume.
Granolometria: é um fator que deve ser levado em consideração para que se
inicie o processo de compostagem da fração orgânica. As partículas podem
atingir valores máximos por volta de 5,0 a 1, 2 cm de diâmetro. Para que a fração
orgânica atingir esses valores, deverão ser utilizadas peneiras.
10
1.1. O Composto
Dito de maneira científica, o composto é o resultado da degradação
biológica da matéria orgânica, em presença de oxigênio do ar, sob condições
controladas pelo homem. Os produtos do processo de decomposição são: gás
carbônico, calor, água e a matéria orgânica "compostada" (Jahnel, M., 1998).
O composto possui nutrientes minerais tais como nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio, enxofre que são assimilados em maior quantidade
pelas raízes além de ferro, zinco, cobre, manganês, boro e outros que são
absorvidos em quantidades menores e, por isto, denominados de micronutrientes.
Quanto mais diversificados os materiais com os quais o composto é feito, maior
será a variedade de nutrientes que poderá suprir. Os nutrientes do composto, ao
contrário do que ocorre com os adubos sintéticos, são liberados lentamente,
realizando a tão desejada "adubação de disponibilidade controlada". Em outras,
palavras, fornecer composto às plantas é permitir que elas retirem os nutrientes
de que precisam de acordo com as suas necessidades ao longo de um tempo
maior do que teriam para aproveitar um adubo sintético e altamente solúvel, que é
arrastado pelas águas das chuvas.
Outra importante contribuição do composto é que ele melhora a "saúde" do
solo. A matéria orgânica compostada se liga às partículas (areia, limo e argila),
formando pequenos grânulos que ajudam na retenção e drenagem da água e
melhoram a aeração. Além disso, a presença de matéria orgânica no solo
aumenta o número de minhocas, insetos e microorganismos desejáveis, o que
reduz a incidência de doenças de plantas.
1.2. Cobertura de Palha
Na agricultura agroecológica a compostagem tem como objetivo
transformar a matéria vegetal muito fibrosa como palhada de cereais, capim já
"passado", sabugo de milho, cascas de café e arroz, em dois tipos de composto :
um para ser incorporado nos primeiros centímetros de solo e outro para ser
lançado sobre o solo, como uma cobertura. Esta cobertura se chama "mulche" e
influencia positivamente as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
11
Dentro os benefícios proporcionados pela existência dessa cobertura morta no
solo, (Jahnel, M., 1998) apresenta como destaque:
- Estímulo ao desenvolvimento das raízes das plantas, que se tornam mais
capazes de absorver água e nutrientes do solo;
- Aumento da capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão;
- Mantém estáveis a temperatura e os níveis de acidez do solo (ph);
- Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas invasoras
(daninhas);
- Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos
às culturas agrícolas.
Preparar o composto de forma correta significa proporcionar aos organismos
responsáveis pela degradação, condições favoráveis de desenvolvimento e
reprodução, ou seja, a pilha de composto deve possuir resíduos orgânicos,
umidade e oxigênio em condições adequadas.
12
2. APRENDENDO A FAZER COMPOSTAGEM
Muitas pessoas acreditam que um bom composto é difícil de ser feito ou
exige um grande espaço para ser produzido; outras acreditam que é sujo e atrai
animais indesejáveis. Se for bem feito, nada disto será verdadeiro. Um composto
pode ser produzido com pouco esforço e custos mínimos, trazendo grandes
benefícios para o solo e as plantas. Mesmo em um pequeno quintal ou varanda,
é possível preparar o composto e, desta forma, reduzir a produção de resíduos
inclusive nas cidades. Por exemplo, com restos das podas de parques e jardins
se produz um excelente composto para ser utilizado em hortas, na produção de
mudas, ou para ser comercializado como adubo para plantas ornamentais. Desta
forma, são obtidos dois ganhos ao mesmo tempo: com a produção do composto
propriamente dita e um benefício indireto que é a redução de gastos de transporte
e destinação do lixo orgânico produzido pela comunidade local.
Outro engano muito comum é mandar para a lata do lixo partes dos
alimentos que poderiam ir para o prato: folhas de muitas hortaliças (como as da
cenoura e da beterraba), talos, cascas e sementes são ricas fontes de fibra e de
vitaminas e minerais fundamentais para o bom funcionamento do organismo. O
que comprova que a melhoria da saúde tanto de famílias ricas ou pobres pode ser
conseguida como medidas simples como o reaproveitamento integral de
alimentos, e o desenvolvimento de bons hábitos de vida e nutrição.
Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas,
galhos, restos de culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou
vegetal pode entrar na produção do composto.
Contudo, existem alguns materiais que não devem ser usados na
compostagem, que são:
- Madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas;
- Vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico e papel, que além de não serem
facilmente degradados pelos microorganismos, podem ser transformados
através da reciclagem industrial ou serem reaproveitados em peças de
artesanato.
13
A fabricação do composto imita este processo natural, porém com resultado
mais rápido e controlado. A seguir, em conformidade com (Jahnel, M., 1998),
serão descritos os materiais e as etapas para a elaboração das pilhas de
composto numa propriedade rural.
2.1. Materiais para fazer o Composto
- Esterco de animais.;
- Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas, cascas, folhas verdes e secas;
- Palhas;
- Todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal: sobras
de comida, cascas de ovo, entre outros;
- Qualquer substância que seja parte de animais ou plantas: pêlos, lãs, couros,
algas.
Observação: Quanto mais variados e mais picados (fragmentados) os
componentes usados, melhor será a qualidade do composto e mais rápido o
término do processo de compostagem.
2.2. Selecionando Resíduos para a Compostagem
a) Resíduos que podem ir para o composto: restos de hortaliça, cascas de
fruta, cascas de ovos (esmagadas), folhas e sacos de chá, restos de café,
cascas de batatas, excrementos de pequenos animais (exceto de cães e
gatos), aparas de relva, folhas e ervas, ramos de arbustos (em pedaços ou
triturado), palha e feno cortados.
b) Resíduos que podem ir para o composto, mas em pequenas
quantidades: restos de pão, restos de comida cozinhada (tapar com terra,
para não atrair moscas e ratos), cinzas de lenha, serradura, agulhas de pinho,
papel e cartão (cortado e molhado).
14
c) Resíduos que não podem ir para o composto: restos de peixe e carne,
ossos e espinhas, excrementos de cão e gato, cinzas de cigarros e beatas,
cortiça.
2.3. Modo de Preparo das Pilhas de Composto
Escolha do local: deve-se considerar a facilidade de acesso, a
disponibilidade de água para molhar as pilhas, o solo deve possuir boa drenagem.
Também é desejável montar as pilhas em locais sombreados e protegidos de
ventos intensos, para evitar ressecamento.
Iniciar a construção da pilha colocando uma camada de material vegetal
seco de aproximadamente 15 a 20 centímetros, com folhas, palhadas, troncos ou
galhos picados, para que absorva o excesso de água e permita a circulação de ar.
Terminada a primeira camada, deve-se regá-la com água, evitando
encharcamento e, a cada camada montada, deve-se umedecê-la para uma
distribuição mais uniforme da água por toda a pilha.
Na segunda camada, deve-se colocar restos de verduras, grama e esterco.
Se o esterco for de boi, pode-se colocar 5 centímetros e, se for de galinha, mais
concentrado em nitrogênio, um pouco menos.
Novamente, deposita-se uma camada de 15 a 20 cm com material vegetal
seco, seguida por outra camada de esterco e assim sucessivamente até que a
pilha atinja a altura aproximada de 1,5 metros. A pilha deve ter a parte superior
quase plana para evitar a perda de calor e umidade, tomando-se o cuidado para
evitar a formação de "poços de acumulação" das águas das chuvas.
Vale lembrar que durante a compostagem existe toda uma sequência de
microorganismos que decompõem a matéria orgânica, até surgir o produto final, o
húmus maduro. Todo este processo acontece em etapas, nas quais fungos,
bactérias, protozoários, minhocas, besouros, lacraias, formigas e aranhas
decompõem as fibras vegetais e tornam os nutrientes presentes na matéria
orgânica disponíveis para as plantas.
15
Além disso, o processo da compostagem traz em si, outros resultados que
favorecerão o posterior desenvolvimento das culturas agrícolas no campo, tais
como:
- Diminuição do teor de fibras do material, o que no caso do composto que será
incorporado ao solo evitará o fenômeno da "fixação do nitrogênio", que
provoca a falta deste nutriente para a planta;
- Destruição do poder de germinação de sementes de plantas invasoras
(daninhas) e de organismos causadores de doenças (patógenos);
- Degradação de substâncias inibidoras do crescimento vegetal existente na
palha in natura (não compostada).
Durante os primeiros dias, em função da decomposição da matéria orgânica e
do acamamento do material, a pilha pode ter seu volume reduzido até um terço do
inicial, tornando as camadas inferiores mais densas. Para descompactar essa
camada, recomenda-se fazer o revolvimento da pilha, usando pás e enxadas.
Cabe lembrar que o revolvimento manual da pilha dá trabalho e deve ser feito
de acordo com a disponibilidade de mão-de-obra do local. O ideal é que sejam
feitos pelo menos três revolvimentos no primeiro mês de compostagem, aos 7, 17
e 30 dias, aproximadamente. Nessas datas, deve-se aproveitar para verificar a
umidade da pilha e, caso seja necessário, irrigar o material para torná-lo úmido
mas não encharcado.
É importante manter sempre a umidade adequada, entre 40% e 60%, ou seja,
de modo que quando aperte um punhado composto na mão pingue, mas não
escorra água. No período sem chuvas, deve-se cuidar para que não seque,
regando por cima, cada dia um pouco. Se ocorrerem chuvas fortes e por um
longo período, é bom cobrir o composto enquanto chove com plásticos seguros
por tijolos ou pedras. O reviramento da pilha faz perder o excesso de umidade.
No verão, se o composto estiver a pleno sol, é bom cobri-lo com folhagens
para evitar o excesso de evaporação de água.
Uma vez que a pilha de composto foi montada, não se deve acrescentar novos
materiais. Pode-se começar a juntá-los novamente no lugar destinado a fazer as
próximas pilhas de composto.
16
Se o material colocado na pilha estiver dentro das proporções corretas, se as
demais condições de umidade, temperatura e aeração forem atendidas e houver
os revolvimentos periódicos da pilha, o composto estará pronto para uso em um
prazo que varia de 60 a 90 dias. Uma vez pronto, ou seja, quando o composto
estiver maduro, ele não deve ficar exposto à ação do tempo. Enquanto não for
utilizado, deve permanecer umedecido e protegido do sol e da chuva.
2.4. Verificando a Maturidade do Composto
Quando o composto for destinado para enchimento de covas de árvores,
vasos de flores ou no preparo de canteiros para hortas, deve-se ter a certeza de
que o material está realmente curtido, maduro, ou seja, pronto para o uso.
O composto maduro tem um cheiro agradável de terra vegetal úmida (terra
de floresta) e os materiais usados formam uma massa escura na qual não se
diferencia um material do outro. Numa pilha, quando a temperatura no interior da
mesma fica próxima ao da temperatura ambiente (composto "frio" por dentro, num
período de 60 a 90 dias após o início do processo), pode-se considerar que o
composto está maduro. Uma forma simples de se verificar a maturação do
composto é misturando uma porção dele em um copo de água.
Uma forma simples de se verificar a maturação do composto é misturando
uma porção dele em um copo de água. Vai ocorrer um desses fenômenos:
- O líquido, após revolvido, fica escuro como se fosse uma tinta preta e tem
partículas em suspensão, mostrando que o composto está curado, pronto para
uso;
- A água não foi colorida pelo material colocado e ele se depositou no fundo do
copo, indicando que o processo de compostagem ainda não terminou e deve-
se esperar mais para se utilizar o composto.
17
3. COMPOSTEIRA: SOLUÇÃO PARA FAZER COMPOSTAGEM EM PEQUENOS ESPA-
ÇOS
Embora a compostagem em pilhas apresente a vantagem de não exigir
equipamento especial, apenas algumas ferramentas como pás e enxadas, por
exigir amplos espaços e volumes relativamente grandes de resíduos animais e
vegetais, seu uso fica restrito às propriedades rurais, não podendo ser praticada
por quem dispõe de um quintal na cidade, por exemplo.
Contudo, essas limitações de espaço e de quantidade de resíduos não
impedem quem deseja reciclar seus resíduos orgânicos de realizar a
compostagem. O uso de composteiras é indicado para quintais, varandas de
apartamentos ou mesmo garagens, pois ocupam uma superfície pequena quando
comparadas à pilha de composto aberta.
A composteira mais conhecida atualmente é uma caixa de madeira sem
fundo nem tampa, tem um tamanho padrão: 1 metro por 1 metro na base e
também 1 metro de altura, permitindo a circulação de ar pelas laterais. Quando
cheia, ela pode ser desmontada e montada novamente ao lado da posição
anterior, porque suas paredes laterais são removíveis. Ao transferir a matéria
orgânica de uma posição para outra, a pessoa estará fazendo o revolvimento do
material. Pode-se também construir duas ou três caixas simultaneamente, para
que a matéria orgânica seja transferida de uma caixa para outra. Em hortas
domésticas ou jardins, o tempo para o enchimento da caixa pode ser de um mês
ou mais (Jahnel, M., 1998).
Uma outra opção interessante para quem possui um quintal ou espaços de
até 1 ha, é a composteira feita com cesto telado, que nada mais é do que um
cilindro formado com tela plástica ou de galinheiro, dessas que se encontram em
casas de material para horticultura e jardinagem. As vantagens do cesto telado é
ser leve, resistente e não enferrujar.
"O mais importante em uma composteira, independentemente do tamanho
e forma, é que ela permita a circulação de ar e comporte cerca de 1 metro cúbico
de resíduos"; afirma o professor Marcelo Jahnel, da Escola Superior de
18
Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo. Essas regras
limitam as dimensões da composteira de cesto telado:
- Se for muito alta (mais de 1,5 m), o peso do material deixará a base
compactada demais, dificultando o revolvimento e impedindo uma aeração
adequada;
- Se tiver menos de 1 metro de altura ou de largura, perderá calor e umidade;
- Se a largura ultrapassar 1,5 metro, o ar não penetrará no interior do composto.
De acordo com as disponibilidades de materiais e a criatividade de cada
um, podem ser construídos outros tipos de recipientes para compostagem, desde
que se respeitem as regras anteriormente citadas. As vantagens de se construir a
própria composteira são a economia de dinheiro e o aproveitamento de materiais
disponíveis ou de fácil acesso na região. O importante é começar, pois uma vez
experimentados os benefícios da compostagem, quem a realiza não deseja mais
parar. Fazer compostagem não vicia, é apenas uma atividade apaixonante como
todo aprendizado com a natureza que a Agroecologia nos proporciona.
19
4. RECICLAGEM E COMPOSTAGEM – SISTEMA DE BAIXO CUSTO PARA
TRATAMENTO DO LIXO URBANO
A grande maioria dos municípios dos países em desenvolvimento é
formada por comunidades carentes.
Os resíduos sólidos (lixo) produzidos nessas comunidades caracterizam-se
por apresentarem alto teor de matéria orgânica e considerável percentual de
material reciclável. Parece existir uma regra, determinando que, para os países
em desenvolvimento, a solução mais apropriada deve ser o enterramento. Esta
filosofia tem levado à prática generalizada do uso de aterros, sem o mínimo
controle sanitário, o que, juntamente com os despejos a céu aberto (prática mais
encontrada), tem gerado sérios problemas ambientais, muitas vezes irreversíveis.
Nessas localidades, é geralmente encontrado o seguinte quadro:
- altos índices de enfermidades e mortes causadas por doenças de
veiculação hídrica;
- baixo grau de nutrição da população, o que aumenta a suscetibilidade às
moléstias;
- crescente redução da fertilidade do solo, por causa do plantio contínuo (a
agricultura é a base da economia);
- característica climática peculiar (tropical ou subtropical), que gera uma
demanda constante de húmus pelo solo; e
- aumento populacional constante, em outras palavras, há cada vez mais
pessoas para alimentar, maior necessidade de produção agrícola e,
consequentemente, maior acúmulo de resíduos (lixo).
Essa é uma condição bastante paradoxal: por um lado, a disposição
inadequada dos resíduos polui o meio ambiente e cria focos transmissores de
doenças infecciosas; por outro, o lixo produzido é rico em matéria orgânica. É
aqui, então, que se justifica a compostagem, mediante a qual haverá produção de
20
húmus (o composto orgânico) e, consequentemente, fixação de nutrientes no solo
e aumento da produtividade agrícola, isto é, a geração de alimentos.
Torna-se necessário enfatizar que a compostagem, além de ser um
processo de reciclagem, é, antes de tudo, um processo sanitariamente seguro de
tratamento de resíduos orgânicos.
Os conceitos modernos de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos
preconizam a adoção de sistemas descentralizados e de ações que visem à
minimização dos resíduos como forma de equacionar os problemas. A
reciclagem e o reaproveitamento são opções concretas usadas para atingir tais
objetivos.
Mostra-se que é possível construir, em localidades carentes, sistemas
simplificados para a reciclagem dos resíduos inertes e orgânicos (compostagem)
dentro da concepção moderna de gerenciamento, incentivando o uso de sistemas
mais compatíveis com a nova ordem de proteção ambiental.
A compostagem tem uma função de grande relevância, que é absorver
grande parcela dos resíduos produzidos, realizando, além da reciclagem da
matéria orgânica, um tratamento seguro, que propicia uma série de benefícios
para as comunidades carentes.
21
5. IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO DE COMPOSTAGEM
O sucesso de implantação deste método, depende de um planejamento
das atividades e de um cronograma definido de todas as fases das atividades
envolvidas no processo.
A conscientização acerca da importância de um trabalho de Educação
Ambiental é a primeira fase, pois através dela os membros da comunidade terão
conhecimento das técnicas existentes; a seguir, será demonstrado o método a ser
utilizado na mesma que é a compostagem, todas as suas fases, a praticidade e
simplicidade do processo bem como os benefícios advindos da mesma.
O método será demonstrado através de painéis, vídeos e seminários
acerca da problemática do lixo no contexto atual das cidades. A partir da plena
conscientização dos participantes, inicia-se a fase prática com a definição de um
local para disposição dos rejeitos ou a utilização da composteira que é utilizada
em locais pequenos. Definido a forma de disposição de rejeitos, partir para a
separação do lixo doméstico, separando os rejeitos orgânicos e dispondo-os na
composteira.
5.1. Caracterização da Comunidade
A grande maioria dos municípios dos países em desenvolvimento é
formada por comunidades carentes. O lixo produzido nessas comunidades
caracterizam-se por apresentarem alto teor de matéria orgânica e a solução mais
apropriada para o destino dos mesmos é sempre o enterramento; o que leva à
prática generalizada do uso de aterros sem o mínimo controle sanitário, o que,
juntamente com os despejos a céu aberto, tem gerado sérios problemas
ambientais, muitas vezes irreversíveis.
A disposição inadequada dos resíduos polui o meio ambiente e cria focos
transmissores de doenças infecciosas; por outro lado, o lixo produzido é rico em
matéria orgânica o que justifica a compostagem, mediante a qual haverá
produção de húmus (o composto orgânico) e, consequentemente, fixação de
22
nutrientes no solo e aumento da produtividade agrícola, isto é, a geração de
alimentos.
É necessário enfatizar que a compostagem, além de ser um processo de
reciclagem, é, antes de tudo, um processo sanitariamente seguro de tratamento
de resíduos orgânicos
É possível construir, nessas localidades carentes, sistemas simplificados
para a reciclagem dos resíduos inertes e orgânicos (compostagem) dentro da
concepção moderna de gerenciamento, incentivando o uso de sistemas mais
compatíveis com a nova ordem de proteção ambiental.
A compostagem tem uma função de grande relevância, que é absorver
grande parcela dos resíduos produzidos, realizando, além da reciclagem da
matéria orgânica, um tratamento seguro, que propicia uma série de benefícios
para as comunidades pobres.
A comunidade a ser envolvida neste processo, não possui nenhum tipo de
informação acerca deste tema. As condições de precariedade que vivem não
facilita a preocupação com os temas do meio ambiente e, as escolas no entorno
da comunidade não realizaram até o momento nenhum tipo de projeto em
Educação Ambiental.
5.2. Público-Alvo
Inicialmente este trabalho será aplicado em um público específico, são as
pessoas que pertencem a uma igreja da comunidade. A escolha deste público é
importante pois, a grande maioria do público desta igreja é de senhoras, donas de
casa, portanto, estão diariamente envolvidas no processo de preparo de
alimentos e afazeres domésticos que são as grandes fontes de rejeitos orgânicos
domésticos.
5.3. Proposta e Projeto para 2004
a) Como fazer – Inicialmente será apresentado ao responsável pelas atividades
da igreja, a fim de obter a autorização para iniciar as atividades. Será
23
abordado a importância para o grupo tanto em termos sócio-econômicos como
para o melhoramento da qualidade de vida da comunidade.
b) Fazer – As atividades terão início em janeiro de 2004, obedecendo o
cronograma abaixo:
5.4. Cronograma
1º Momento – Levantamento bibliográfico da área e comunidade a ser
contemplada com o Projeto, preservando a cultura local e as condições sócio-
econômicas da mesma;
2º Momento - Pesquisa de campo com moradores do local, a fim de levantar mais
detalhadamente seus hábitos diários, tipo de alimentação, forma de tratamento do
lixo produzido diariamente, bem como que tipo de informação possui acerca do
assunto;
3º Momento – Treinamento em Educação Ambiental, partindo das informações
que a comunidade possui e as técnicas que melhor se adequam a mesma, tendo
como foco os assuntos sobre lixo, aterros sanitários, reciclagem e compostagem;
4º Momento - Elaboração dos programas comunitários em Educação Ambiental
com os moradores, levando em conta as condições de cada membro e, caso
necessário, estabelecer um local para preparo do composto e produção da horta
comunitária e/ou caso disponha de espaço preparar em casa;
5º Momento - Aplicação dos Programas Comunitários, obedecendo critérios
estabelecidos;
6º Momento - Avaliação dos Programas, tendo como prioridade o nível de
conscientização das pessoas envolvidas no processo e se os rejeitos orgânicos
estão sendo reaproveitados e utilizados em horta comunitária.
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CONCLUSÃO
Este trabalho nos leva a reflexões acerca do grande descaso das
autoridades sobre Educação Ambiental e destinação do lixo doméstico. Através
do mesmo, percebemos que é possível fazer um bom trabalho com resultados
eficazes para uma comunidade sem utilização de grandes recursos financeiros,
sendo necessário apenas boa vontade e disposição para colocar em prática os
projetos.
A Educação Ambiental pode ser levada às comunidades carentes por um
baixo custo. Observa-se que o presente projeto está voltado para a reciclagem
de matéria orgânica, devolvendo-as ao Meio Ambiente de forma natural e sem
causar danos a este, caracterizando uma responsabilidade ambiental por parte
das comunidades carentes e uma conscientização da destinação do lixo.
Promove também o desenvolvimento sustentável e sócio-econômico da
comunidade.
Conforme apresentado, a compostagem é um processo simples, barato e
fácil de colocar em prática, trazendo grandes benefícios para a comunidade
envolvida tanto em termos sócio-econômicos como a melhoria da qualidade de
vida.
É importantíssimo que se avance o mais rapidamente possível com o
desenvolvimento de projetos de compostagem doméstica (fornecimento de
compostores, apoio técnico, etc.), para se reduzir o volume de resíduos a
depositar nos aterros sanitários.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRZYBOWWSKI, L. M. (AS-PTA) (1999). A Horta Intensiva Familiar;
JAHNEL, M. (Cempre) (1998). Cadernos de Reciclagem 06: Compostagem a
outra metade da Reciclagem;
NETO, J. F. (1995). Manual de Horticultura Ecológica. Editora Nobel;
PEDRINI, A. de G. (org.) (2002). Educação Ambiental: Reflexões e Práticas
Contemporâneas. Petrópolis: Vozes.
PEDRINI, A. de G. (org.) (2002). O Contrato Social da Ciência: Unindo Saberes
na Educação Ambiental. Petrópolis: Vozes.
Compostagem doméstica de Resíduos Sólidos Urbanos. Disponível em
<http://www.quercus.pt>;
Educação Ambiental: Cidades e Qualidade de Vida: um dos grandes desafios da
humanidade. SENAI-RJ/SESI-RJ. Rio de Janeiro, 1999;
Horta da Formiga. Disponível em <http:// wwwgeocities.com/ reciclagem2000/
compostagem.htm>;
Plano Estratégico dos Resíduos Sólidos Urbanos. Ministério do Ambiente, 1997.