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119 NOTAS E INFORMAÇÕES A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ENFERMAGEM* Emilia Campos de Carvalho** * Extraído apresentação proferida no 9º Seminário Nacional de Pesquisa em Enfermagem - Vitória-ES, 1997 ** Enfermeira, Professor Titular da Escola de Enfermagem Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Nosso propósito é destacar o cenário em que se dá a produção científica, apontando-se alguns aspectos determinantes da produção da ciência em geral e na Enfermagem e os tipos de conhecimento aplicados na Enfermagem e sua relação com a produção científica. O homem sempre buscou o entendimento da natureza e esta busca deu origem à ciência; inicialmente os fenômenos da natureza eram interpretados de forma empírica ou mágica; com os movimentos da Renascença e Reforma ocorreram, na Europa, profundas mudanças na forma do homem ver a si e ao mundo, nascendo a noção do método científico, cuja instauração no séc XVII permitiu a institucionalização da ciência. Surgiu, então, nos Estados Unidos e Europa as primeiras sociedades e academias científicas e revistas científicas (De MEIS & LETA, 1996) Na América Latina, evidências de emprego de ciência são identificadas desde os Maias em astronomia, construções, avanços matemáticos, monumentos, códigos escritos; dos Incas em criação e domesticação de animais, agricultura, estratégia de comunicações entre partes distantes; das pesquisas científicas em geografia, agricultura, botânica e história natural implementados no período colonial; das pesquisas e catalogação de plantas com aplicações na área médica, ocorridas na segunda metade do séc XVI. Mas as atividades científicas e expedições decresceram após o séc XVII; o modelo de pesquisa em universidade, nascido na Europa no séc XIX, só se introduziu na América Latina, mais tarde, após a 2ª Grande Guerra (AYALA, 1995). No Brasil, o processo de institucionalização da pesquisa científico-tecnológica iniciou-se no séc XX e o primeiro instituto de pesquisa científica brasileiro, de reconhecimento internacional, foi o Instituto Oswaldo Cruz, fundado em l900 no Rio de Janeiro (De MEIS & LETA, 1996). Se, nos Estados Unidos e Europa, somente no sec XIX, a ciência passa a ser financiada por grupos industriais e governos (De MEIS & LETA, 1996), na América Latina só nos anos 50 e 60 vários países criaram conselhos nacionais de pesquisas para promover e financiar pesquisas científicas, ciência e tecnologia; conseqüentemente, observou-se o aumento nas universidades do investimento em ciência (AYALA, 1995). Ao se considerar a produção científica, alguns fatores permeiam o quadro existente: percentual de investimento em ciência, taxa do produto interno bruto, taxa populacional e desenvolvimento dos cursos de pós graduação. No Brasil, assim como outros países da América Latina, a percentagem de investimentos em pesquisa científica e desenvolvimento acelerou-se no final dos anos 70 e começo dos anos 80, coincidindo com a expansão econômica. Mas foram reduzidos nos anos 80, quando os países enfrentaram dificuldades econômicas. Os anos 90 surgiram com uma nova onda de investimentos e expansão prevendo um futuro científico menos árido para a região. Os países da América Latina mais a região do Caribe têm populações aproximada de 450 milhões de pessoas, maior que os Estados Unidos ou União Européia. Em 1991 a América Latina contribuiu com somente 1,4% das publicações científicas do mundo enquanto a fração para os Estados Unidos foi de 35,8% e União Européia 27,7%. Os 4 países responsáveis por 85% desta produção da América Latina, indexada pelo Institute for Scientific Information - (ISI,Philadelphia, EUA), são: Brasil, Argentina, México e Chile, sendo o primeiro o de maior representatividade. Destaca-se, contudo, que de 1983 a 1991 esta fração cresceu de 1,1 a 1,4%. Outro aspecto a ser considerado é o produto interno bruto da América Latina confrontado ao dos Estados Unidos que é 7,5 vezes maior e ao da União Européia que é 6,8 vezes maior. A fração do PIB (Produto Interno Bruto) investido em pesquisa e desenvolvimento é de 0,45% na América Latina, Rev. latino-am. enfermagem - Ribeirão Preto - v. 6 - n. 1 - p. 119-122 - janeiro 1998

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    NOTAS E INFORMAES

    A PRODUO DO CONHECIMENTO EM ENFERMAGEM*

    Emilia Campos de Carvalho**

    * Extrado apresentao proferida no 9 Seminrio Nacional de Pesquisa em Enfermagem - Vitria-ES, 1997** Enfermeira, Professor Titular da Escola de Enfermagem Ribeiro Preto da Universidade de So Paulo

    Nosso propsito destacar o cenrio em que sed a produo cientfica, apontando-se alguns aspectosdeterminantes da produo da cincia em geral e naEnfermagem e os tipos de conhecimento aplicados naEnfermagem e sua relao com a produo cientfica.

    O homem sempre buscou o entendimento danatureza e esta busca deu origem cincia; inicialmenteos fenmenos da natureza eram interpretados de formaemprica ou mgica; com os movimentos da Renascenae Reforma ocorreram, na Europa, profundas mudanasna forma do homem ver a si e ao mundo, nascendo anoo do mtodo cientfico, cuja instaurao no scXVII permitiu a institucionalizao da cincia. Surgiu,ento, nos Estados Unidos e Europa as primeirassociedades e academias cientficas e revistas cientficas(De MEIS & LETA, 1996)

    Na Amrica Latina, evidncias de emprego decincia so identificadas desde os Maias em astronomia,construes, avanos matemticos, monumentos,cdigos escritos; dos Incas em criao e domesticaode animais, agricultura, estratgia de comunicaes entrepartes distantes; das pesquisas cientficas em geografia,agricultura, botnica e histria natural implementadosno perodo colonial; das pesquisas e catalogao deplantas com aplicaes na rea mdica, ocorridas nasegunda metade do sc XVI. Mas as atividadescientficas e expedies decresceram aps o sc XVII;o modelo de pesquisa em universidade, nascido naEuropa no sc XIX, s se introduziu na Amrica Latina,mais tarde, aps a 2 Grande Guerra (AYALA, 1995).

    No Brasil, o processo de institucionalizao dapesquisa cientfico-tecnolgica iniciou-se no sc XX eo primeiro instituto de pesquisa cientfica brasileiro, dereconhecimento internacional, foi o Instituto OswaldoCruz, fundado em l900 no Rio de Janeiro (De MEIS &LETA, 1996).

    Se, nos Estados Unidos e Europa, somente nosec XIX, a cincia passa a ser financiada por grupos

    industriais e governos (De MEIS & LETA, 1996), naAmrica Latina s nos anos 50 e 60 vrios pases criaramconselhos nacionais de pesquisas para promover efinanciar pesquisas cientficas, cincia e tecnologia;conseqentemente, observou-se o aumento nasuniversidades do investimento em cincia (AYALA,1995).

    Ao se considerar a produo cientfica, algunsfatores permeiam o quadro existente: percentual deinvestimento em cincia, taxa do produto interno bruto,taxa populacional e desenvolvimento dos cursos de psgraduao.

    No Brasil, assim como outros pases da AmricaLatina, a percentagem de investimentos em pesquisacientfica e desenvolvimento acelerou-se no final dosanos 70 e comeo dos anos 80, coincidindo com aexpanso econmica. Mas foram reduzidos nos anos80, quando os pases enfrentaram dificuldadeseconmicas. Os anos 90 surgiram com uma nova ondade investimentos e expanso prevendo um futurocientfico menos rido para a regio.

    Os pases da Amrica Latina mais a regio doCaribe tm populaes aproximada de 450 milhes depessoas, maior que os Estados Unidos ou UnioEuropia. Em 1991 a Amrica Latina contribuiu comsomente 1,4% das publicaes cientficas do mundoenquanto a frao para os Estados Unidos foi de 35,8%e Unio Europia 27,7%. Os 4 pases responsveis por85% desta produo da Amrica Latina, indexada peloInstitute for Scientific Information - (ISI,Philadelphia,EUA), so: Brasil, Argentina, Mxico e Chile, sendo oprimeiro o de maior representatividade. Destaca-se,contudo, que de 1983 a 1991 esta frao cresceu de 1,1a 1,4%. Outro aspecto a ser considerado o produtointerno bruto da Amrica Latina confrontado ao dosEstados Unidos que 7,5 vezes maior e ao da UnioEuropia que 6,8 vezes maior. A frao do PIB(Produto Interno Bruto) investido em pesquisa edesenvolvimento de 0,45% na Amrica Latina,

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    enquanto nos Estados Unidos e Unio Europia bemmaior (2,9% e 2,0% respectivamente). Nesta perspectivaa Unio Europia e os Estados Unidos investem 40 a 50vezes mais recursos econmicos em cincia e tecnologiae produzem 20 a 25 vezes mais publicaes(AYALA,1995).

    Ao mencionarem o crescimento da produocientfica brasileira, no perodo de 1981 a 1993, DeMEIS & LETA (1996) identificaram duas fases: at1987, com crescimento lento, na qual a produonacional atingiu o ndice de 0,32% das publicaesmundiais e a partir de 1987, quando a produo elevou-se a 0,57%. Para estes autores, os recursos gastos peloMinistrio de Cincia e Tecnologia no estodiretamente relacionados aos ndices de crescimento dacincia. O fator mais expressivo o crescimento doscursos de ps graduao.

    Se existe uma dicotomia entre dois grupos depopulao: os que produzem conhecimento (minoria) eos que consomem conhecimento (maioria), comosalientam os autores supra citados, existe, tambm, nomesmo pas, como no caso do Brasil, um crescimentodesigual de grupos de pesquisa e institutos heterogneos,identificando-se, em vrios deles, realizaes depesquisas, em diferentes campos, com nvel deexcelncia.

    Polticas que fortaleam as instituiesexistentes, com a criao de Comits que contribuampara engrandecer o desenvolvimento de pesquisa, comautonomia de difuso de prioridades e recursos sonecessrias. Cada rea deve buscar definir comoconduzir suas investigaes e suas relaesinternacionais, com parcerias, colaboraes ecriatividade, para transformar o quadro hoje existente.

    O desenvolvimento do conhecimento e aEnfermagem Brasileira

    Na primeira metade do sculo, no Brasil,predominou, como retrata MENDES (1991), aorientao da enfermagem para os servios e a formaode recursos humanos, sendo evidenciado naspublicaes da Revista Brasileira de Enfermagem(criada em 1932) contedos no oriundos de pesquisa.No incio da segunda metade deste sculo, despontamfatos relevantes para o incentivo e a incorporao dapesquisa pela enfermagem, sendo marcante a criaodos cursos de ps graduao (dcada de 70), emdiferentes Escolas de Enfermagem, em nvel demestrado e, no incio dos anos 80, a criao do curso deDoutorado em Enfermagem. Concomitante ao aumento

    da produo cientfica, observou-se a divulgao doconhecimento atravs de peridicos, cujo nmero foisignificativamente ampliado (embora tal nmero sejaainda insuficiente). A compreenso da importncia dapesquisa e dos seus processos de produo, divulgaoe utilizao acompanharam a Associao Brasileira deEnfermagem que pode favorecer a criao do CEPEn(proposto em 1971) e a organizao dos SeminriosNacionais de Pesquisa em Enfermagem (iniciados em1979) cujo resgate histrico pode ser feito em MENDES(1991) e ALMEIDA et al (1995).

    Se, em decorrncia das exigncias acadmicasa produo cientfica ocorria individualmente ou narelao orientando-orientador, nota-se, nos anos 90, oacrscimo de outra estratgia - a constituio de gruposde pesquisa e ncleos de estudos em uma rea temtica- congregando elementos em diferentes estgios deformao cientfica (alunos de iniciao cientfica,aperfeioamento, mestrado e doutorado e pesquisadores)(ARRUDA, 1995).

    Contudo, como prope CHIANCHIARULLO(1992), o processo de desenvolvimento da pesquisa naenfermagem prev ainda a obteno de outra estratgia,a de insero da enfermagem em contextos coletivos deexpresso e valor social, gerando novos conhecimentosno s para os enfermeiros mas para a sociedade comoum todo.

    A distribuio geogrfica desta produocientfica no uniforme em nosso pas. Corresponde localizao dos cursos de ps-graduao. Isto pode serdepreendido da distribuio dos ncleos produtores doconhecimento, conforme dados de ARRUDA (1995) edo CNPq*. Estes permitem identificar 97 grupos depesquisa no Brasil. Embora tenha que se considerar ospesquisadores no cadastrados pelo CNPq, julgamos queos dados sejam representativos. A distribuiogeogrfica dos ncleos a que se segue: regio nortenenhum; regio nordeste 11; regio centro-oeste umgrupo, em gois; regio sudeste 66 e regio sul 17.

    Quantitativamente a produo existente incipiente, fruto principalmente do reduzido nmero deprofissionais titulados existentes. Os dados da CAPES,segundo ALMEIDA (1995), mostraram que em 1989somente 0,75% dos egressos de mestrado e doutoradoeram da rea de Enfermagem. Em estudo feito pela Ps-graduao da Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto- USP detectou-se que o nmero de egressos de cursosde ps graduao em enfermagem , at 1994, era deaproximadamente 100 doutores e 900 mestres.Considerando-se o nmero de enfermeiros cadastradosno COFEn/COREn/1995, que totaliza 63.686

    * Dados sobre ncleos de pesquisa cadastrados no CNPq, disponveis na Internet, atualizados em outubro/96

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    profissionais, reiteramos o pequeno percentual depessoas tituladas para produo cientfica e o baixondice desta produo. Necessrio se faz conhecer omovimento dos recursos humanos formados, desde acaptao, formao e reteno dos mesmos, no campoda investigao.

    Neste processo de produo cientfica acontribuio de enfermeiros assistenciais tem se dadoquer inseridos em grupos de pesquisas de instituiesde ensino como em experincias de instituiesassistncias, dentre elas a destacada por JORGE (1995)no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP); paraa autora, a filosofia da instituio pode propiciarcaminhos para a realizao de pesquisas, alm dasexigncias curriculares. Mas tambm so restritas asexperincias neste sentido.

    O CONHECIMENTO PRODUZIDO

    Consideraes sobre o conhecimento produzidona Enfermagem reporta-nos identificao doconhecimento requerido para a prtica de enfermageme remete-nos proposio de JOHNSON & RATNER(1997) de que certas tendncias de concepes ocorreme que estas podem ser classificadas. Para tanto sugeremconsiderar tais concepes em duas dimenses:conhecimento objetivo versus subjetivo e conhecimentoprtico versus especulativo. Ao longo do tempo, oconhecimento para a prtica de enfermagem centralizou-se em combinaes distintas destas dimenses. Porexemplo, a combinao dos conhecimentos prtico eobjetivo pode ser identificada nas regras, nos princpiose procedimentos para a prtica de enfermagem, nasconsideraes ticas e lgicas; a combinao deconhecimentos subjetivo e prtico pode incluirhabilidades comportamentais e comportamentos ticosde enfermeiros; conhecimento esttico e pessoal; oconhecimento experencial ou habilidades manuais. Acombinao objetiva e especulativa englobaconhecimentos das cincias naturais, cincias humanase cincia de enfermagem; a combinao deconhecimentos subjetivo especulativo inclui, porexemplo, a intuio. Enquanto o conhecimentosubjetivo-prtico considera sobre o que deveria serfeito, o conhecimento subjetivo-especulativo dizrespeito a aquilo que o caso/objeto e de naturezadescritiva(p.10).

    JOHNSON & RATNER (1997) reportam quetal classificao no necessariamente fornece umaadequada descrio do conhecimento necessrio para aprtica, nem considera que todos os tipos sejamessenciais. Apenas retrata as tendncias nas concepesutilizadas e apontam diferenas entre elas.

    Consideram que mais do que polemizar sobreoposio entre conhecimento especulativo xconhecimento prtico, necessrio entender que formasde conhecimentos distintos servem para metas e finsdiferentes: conhecimento especulativo direcionado aoconhecimento pelo simples fato de se conhecer,enquanto o conhecimento prtico direcionado para ointuito de realizar ou criar algo. Uma vez que as metasse diferem, os dois conhecimentos dizem respeito aassuntos diferentes; o conhecimento especulativo refere-se a coisas que podemos conhecer, no as que podemosfazer. O conhecimento prtico, por outro lado,concentra-se em como podemos realizar certas coisasou tornar as coisas operveis.

    Esta evoluo de concepes, sua abrangnciae seus reflexos podem ser retratadas nas publicaesanalisadas, isto , na produo do conhecimento.

    Segundo NAKANO et al. (1992), examinandoa produo cientfica nacional em peridicos,predominam estudos exploratrios, com fundamentaofilosfica positivista. BACHION et al. (1992), aoanalisarem a produo nacional da ps graduao,reiteram que predominam investigaes noexperimentais que atendem em parte s necessidadesda prtica de enfermagem.

    AGUIAR & SANDOVAL (1992), tambmexaminando a produo nacional, destacam que a estareflete a controvrsia e a crtica defesa do paradigmaemprico/positivista combinao de mltiplasabordagens metodolgicas.

    Comparando-se ao levantamento feito porMOODY et al (1988), sobre a produo cientfica norte-americana no perodo de 1977 a 1986, houve predomniodo delineamento cross-sectional (56%), seguido depesquisas quasi-experimental (24%) e experimentais(6%) com crescente emprego de mtodos estatsticosmais sofisticados. A alta porcentagem de pesquisasdescritivas e de cross-sectional pode estar relacionadaao aumento do nmero de novos pesquisadores ou deestudantes de ps-graduao que esto publicando.Quanto ao predomnio do conhecimento descritivo emEnfermagem, se por um lado pode sugerir a fase inicialdo seu desenvolvimento, por outro, como destacamMOODY et al (1988), pode refletir que algunsfenmenos de enfermagem esto sendo estudadosapropriadamente, empregando-se mtodos qualitativospara melhor descrev-los ou explor-los, ou ainda queh um aumento do desenvolvimento de mtodos depesquisa qualitativos para estudo de complexosfenmenos humanos que podem ser analisados somentecom significados exploratrios, ou mesmo que h umaumento da dificuldade para estudos de populaes.

    A complexa adoo do posicionamento de queo conhecimento empregado na prtica de enfermagem

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    indivisvel e envolve entend-lo como sendo tantosubjetivo quanto objetivo, como consciente einconsciente (o conhecimento possudo e usado semmuita reflexo).

    DESAFIOS

    Os progressos observados na rea deenfermagem quanto ao uso de estratgias que favorecemo desenvolvimento cientfico parecem responderparcialmente s recomendaes feitas rea por rgosde fomento pesquisa (FREITAS, 1984). Necessrioainda investir em convnios para assegurar ointercmbio entre enfermeiros de instituies nacionaise internacionais e incentivar a divulgao cientfica, pois

    so estratgias incipientes.Buscar apoio de instituies pblicas e privadas

    tem sido conduta tmida dos pesquisadores. Outroaspecto relevante envolver outros parceiros, que noapenas as instituies acadmicas.

    Como destaca a WHO (1996), pesquisa emenfermagem envolve o estudo de todos os aspectos daprtica de enfermagem e em todos os seus contextos; eneste sentido, vale ressaltar a citao de McGLOTHLIN(1961):

    ao se desenvolverem poucas pesquisas, a profissocai em um vazio, executando suas funes atravs

    da repetio e no por meio do entendimento do quese executa (p.215)

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    01. AGUIAR, M.G.G.; SANDOVAL, J.M.H. Reflexesem torno dos paradigmas e a produo doconhecimento. In: ENCONTROINTERNCIONAL PESQUISA EMENFERMAGEM: UMA QUESTO DESADE. Anais. So Paulo: EE-USP, 1992. p.144.

    02. ALMEIDA, M.C.P. et al. A pesquisa no ensino deps graduao em enfermagem. Stricto Sensu.In: SEMINRIO NACIONAL DE PESQUISAEM ENFERMAGEM - A PESQUISA NOCOTIDIANO DA ENFERMAGEM, SENPE.Anais,8, Ribeiro Preto, julho, 1995. p. 16-32.

    03. ARRUDA, E.P.N. et al. A pesquisa no cotidiano daenfermagem: pesquisa em grupos, ncleos eparcerias. In: SEMINRIO NACIONAL DEPESQUISA EM ENFERMAGEM - APESQUISA NO COTIDIANO DAENFERMAGEM, SENPE. Anais, 8, RibeiroPreto, 1995, p. 44-60.

    04. AYALA, F.J. Science in Latin America ( PolicyForums ). Science, v. 267, p. 826-828. Feb. 1995.

    05. BACHION, M.M. et al. Um estudo sobre psgraduao de enfermagem no Brasil, no perodode 1962-1991. In: ENCONTROINTERNACIONAL PESQUISA EMENFERMAGEM: UMA QUESTO DESADE. Anais. So Paulo: EE-USP, 1992.p.140

    06. CHIANCHIARULLO, T.I. A pesquisa na psgraduao. In: ENCONTROINTERNACIONAL PESQUISA EMENFERMAGEM: UMA QUESTO DESADE. Anais. So Paulo: EE-USP, 1992. p.101-106.

    07. De MEIS, L.; LETA, J. O perfil da cinciabrasileira. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.

    08. FREITAS, J.A.S., CNPq - Da necessidade de criaode um novo comit. In: SEMINRIONACIONAL DE PESQUISA EMENFERMAGEM - A PESQUISA NOCOTIDIANO DA ENFERMAGEM, SENPE.Anais, 3, Florianpolis, abril. 1984. p. 197-206.

    09. JOHNSON, J.L.; RATNER. P.A. The nature of theknowledge used in nursing practice. In:THORNE, S.E. & HAYES, V.E. Nursingpraxis: knowledge and action. Thousand Oaks:Sage Publ., 1997. p. 3-22.

    10. JORGE, A.L.S. Pesquisa no Servio. In:SEMINRIO NACIONAL DE PESQUISA EMENFERMAGEM - A PESQUISA NOCOTIDIANO DA ENFERMAGEM, SENPE.Anais, 8, Ribeiro Preto, julho, 1995. p. 33-43.

    11. McGLOTHLIN,W.J.,W.J. Place of nursing amongthe profession. Nurs. Outlook, v. 9, n. 4, p. 214-216, Apr. 1961.

    12. MENDES, I.AC. Pesquisa em Enfermagem. SoPaulo: EDUSP, 1991.

    13. MODDY, L.E.; WILSON, M.E.; SMYTH, K.;SCHWARTZ, R. ; TITTLE, M.; VAN COTT,M.L.; Analysis of a Decade of Nursing PracticeResearch: 1977-1986. NurS. Res., v. 37, n. 6,p. 374-379, 1988.

    14. NAKANO, A.M.S. et al. A produo doconhecimento em Enfermagem: anlise deartigos publicados na revista brasileira deenfermagem - 1987 a 1992. In: ENCONTROINTERNACIONAL PESQUISA EMENFERMAGEM: UMA QUESTO DESADE. Anais. So Paulo: EE-USP, 1992. p.139

    15. WORLD HEALTH ORGANIZATION - NursingPractice. (WHO Technical Report Series, n.860). Geneva, 1996.

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