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Conteúdo

Palavras Iniciais .............................................................................................3

Resumo Executivo .........................................................................................4 A Carga da Pneumonia ...........................................................................4 A Decisão de Vacinar ..............................................................................5 A Integração da Vigilância Pneumonia Bacteriana e Viral ........................5 A Introdução de Novas Vacinas: O Papel da Organização Pan-americana de Saúde ......................................................................6 Metas para o Fortalecimento das Imunizaçcões .......................................6 Novas Vacinas no Horizonte ....................................................................7

Sessão I .........................................................................................................9 A Carga da Doença Pneumocócica: Situação Global ...............................9 A Vigilância de Pneumonia Bacteriana e Meningite Bacteriana nas Américas ......................................................................................10 A Procura da Sinergia: Vigilância da Influenza e Vigilância Pneumocócica ....................................................................................12 Considerações Práticas para a Vigilância de Pneumonia Bacteriana e Meningite ......................................................................12 Diagnóstico Laboratorial da Pneumonia Bacteriana ...............................14

Sessão II ......................................................................................................16 Estudos da Doença Pneumocócica na População ..................................16 A Busca de um Quadro mais Claro – Doença Pneumcócica na América Latina e no Caribe ...........................................................17 Estimativa Regional da Carga da Doença ..............................................18 Estimativa Regional de Custo ................................................................19 Vacinas contra Pneumococos ................................................................20 Avaliando a Eficácia da Vacina contra Pneumococos .............................22 Impacto da vacina contra o Pneumococo nos Estados Unidos ...............23

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Reconhecimentos

Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos

GlaxoSmithKline

Instituto de Vacinas Sabin

Ministério da Saúde, Brasil

Organização Pan-americana da Saúde (OPAS)

PneumoADIP do GAVI

Wyeth

Investimentos em Vacinas: O Desafio da Avaliação de Custo-Efetividade ..........................................................................25 Avaliação da Carga da Menigite ............................................................25 Avaliação do Custo da Pneumonia Pneumocócica .................................26 ProVac: Apoiando Decisões Informadas sobre a Adoção de Vacinas .....28 Sessão III .....................................................................................................29 Uso de Vacinas Contra Influenza no Brasil .............................................29 Provisão de Dados Essenciais para Avaliação da Vacina .........................29 Vigilância de Influenza e Dados Secundários de Pneumonia e Influenza .........................................................................................32

Sessão IV .....................................................................................................33 Integração do Sistema de Informação ...................................................33 Discussão da Proposta para Vigilância Integrada ...................................34

Palavras Finais de Ciro de Quadros .......................................................35

Conferenciantes ..........................................................................................36

Lista dos Participantes ................................................................................37

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Palavras Iniciais

O surto na descoberta e no desenvolvimento de novas vacinas contra as maiores ameaças à saúde

tem inspirado uma demanda crescente para os instrumentos e informação requeridos para avaliar

seu potencial de maneira mais rápida, eficiente e eficaz na América Latina e no Caribe. Um exemplo

primordial nesta busca de conhecimento é o interesse intensificado em procurar saber mais sobre a

carga da doença pneumocócica.

Em todo mundo, a cada ano, as doenças pneumocócicas matam quase um milhão de crianças com

menos de cinco anos de idade — principalmente através da pneumonia e meningite — e adoecem

milhões de pessoas. As vacinas contra doenças pneumocócicas poderiam prevenir a vasta maioria

destas mortes e enfermidades. Mas estas vacinas não são baratas, portanto a compreensão dos

benefícios à saúde e econômicos é crucial. Ainda, com as variações geográficas no que constitui as

cepas dominantes, ou “sorotipos” da doença, também são necessários dados para ajudar os países a

escolher a vacina pneumocócica mais bem formulada para sua região.

Recentemente têm havido discussões sobre como acelerar a coleta de dados sobre a carga

pneumocócica pela combinação destas atividades com a vigilância da influenza. Em setembro de 2007,

o Instituto de Vacinas Sabin, a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), o Centro de Controle e

Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (U.S. Centers for Disease Control and Prevention [CDC]),

e PneumoADIP do GAVI na Universidade de Johns Hopkins colaboraram com o Ministério da Saúde

do Brasil para realizar um simpósio de dois dias dedicado a construir uma base para o trabalho de

vigilância conjunta para influenza e pneumococo no Brasil.

As informações obtidas sobre os desafios científicos, técnicos e logísticos para uma vigilância

conjunta das doenças pneumocócicas e influenza foram de grande valor não somente para o

Brasil, mas para todos os países que buscam melhorias na sua capacidade de avaliar novas vacinas.

Gostaríamos de agradecer a ampla gama de peritos e instituições que contribuíram para o êxito do

simpósio. Seu compromisso e paixão são um papel importante na nossa capacidade de colher os

plenos benefícios de uma nova era emocionante de imunização.

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Resumo Executivo

O simpósio foi realizado enquanto o Brasil considerava

acrescentar uma vacina contra doença pneumocócica ao

seu programa nacional de imunizações. Como todas as

decisões relacionadas a novas imunizações, isto envolveu

um processo no qual o Brasil precisa colher informação

sobre a carga da doença pneumocócica no país, sobre o

alto custo das vacinas já disponíveis no mercado, e sobre a

promessa de novas vacinas sendo desenvolvidas no Brasil e

em outros países.

O Brasil chegou ao simpósio com uma proposta de

trazer maior eficácia e eficiência as suas atividades de

vigilância de pneumonias bacterianas, integrando-as com

a vigilância da influenza, estabelecendo assim um sistema

único para avaliar e acompanhar infecções respiratórias

graves, principalmente a pneumonia. Espera-se que

o conhecimento adquirido deste esforço integrado de

vigilância ajudará o Brasil a entender melhor quando e

como introduzir uma vacina antipneumocócica e medir seu

impacto na saúde.

A Carga da Pneumonia

A pneumonia é uma causa de mortalidade líder no

mundo, tanto em crianças quanto em adultos. A cada

ano, mais crianças morrem de pneumonia do que AIDS,

tuberculose, malária e sarampo combinados. “Há vinte

anos, pensávamos, a pneumonia existe e precisa ser

tratada, e este era o fim da história,” disse Ricardo Marins,

do Ministério da Saúde do Brasil. “A criança era internada

no departamento de pediatria e era somente mais um caso

de pneumonia. Ninguém jamais pensou em uma vacina”.

Uma parte significativa das pneumonias é causada

pelo patógeno Streptococcus pneumoniae ou pneumococo,

que também causa meningite, septicemia (uma infecção

bacteriana no sangue) e otite média aguda (infecções

comuns do ouvido). Entre os agentes etiológicos envolvidos

em doenças preveníveis por vacinas, o pneumococo é o

principal responsável por mortes em crianças com menos de

cinco anos de idade.

No Brasil, no entanto, com o desenvolvimento econômico,

a mortalidade por pneumonia diminuiu, presumivelmente

devido a melhoras no acesso à atenção à saúde, tratamento,

nutrição, e a qualidade do ar dentro de casas e edifícios.

Cada vez mais, a carga significativa de doenças pneumocócicas

no Brasil, como nos Estados Unidos, se manifesta como

enfermidade em vez de morte.

Não obstante, a escassez de dados resultou em uma

dificuldade de obter uma compreensão melhor da carga

pneumocócica no Brasil. “Realmente precisamos saber o

que esta carga da doença significa para nós,” disse Clélia

Aranda, Coordenadora do Centro de Controle de Doenças

da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo.

“Os governos agora se vêem face a face com a disponibilidade de três novas vacinas e,

obviamente, as decisões para introduzir estas vacinas somente serão apropriadas quando

existir informação real sobre o impacto destas doenças na população”.

Ciro de Quadros, Insitituto de Vacinas Sabin, EUA

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A Decisão de Vacinar

A obtenção de dados robustos sobre a carga da

doença é um componente chave para avaliar os benefícios

potenciais de uma vacina. O Brasil está especialmente

interessado em obter maiores informações de pesquisadores

de doenças pneumocócicas porque, na ocasião da

conferência, estava prestes a considerar a adição de três

novas vacinas ao seu programa de imunizações. Além da

vacina pneumocócica, o Brasil também estava avaliando

vacinas contra o papilomavírus humano (HPV), que causa

câncer do colo uterino, e rotavírus, uma doença intestinal

que rotineiramente causa mortes em crianças.

“Os governos agora se vêem frente à disponibilidade

de três novas vacinas e, obviamente, as decisões para

introduzir estas vacinas serão apropriadas somente quando

existir informação real sobre o impacto destas doenças

na população” disse Ciro de Quadros, Vice-Presidente

Executivo do Instituto de Vacinas Sabin.

No simpósio, pesquisadores de todo o Brasil discutiram

os vários desafios que enfrentam ao determinar a carga da

doença pneumocócica no Brasil:

A doença pneumocócica se manifesta de várias 1.

formas. Sendo assim, o acompanhamento da

doença significa analisar muitas apresentações e

diagnósticos diferentes.

O diagnóstico da pneumonia é um processo 2.

complexo e os estudos são comparáveis somente

se usarem processos semelhantes.

Muitos casos de pneumonia são tratados no Brasil 3.

sem jamais determinar a causa. Sendo assim, a

vigilância da doença requer sistemas novos ou

aprimorados para determinar a causa subjacente

da pneumonia.

Os pesquisadores concordaram que é essencial

melhorar a vigilância da doença pneumocócica no

Brasil. Mudialmente, por exemplo, existem várias cepas

pneumocócicas ou sorotipos em circulação. Porém de

região a região, existe uma variação sobre qual sorotipo

ou grupo de sorotipos causam a maioria das doenças.

A escolha de uma vacina pneumocócica que produzirá

o efeito mais eficaz no Brasil requer a identificação dos

sorotipos dominantes que circulam na região. Uma vez

introduzida a vacina, será importante continuar a conduzir

um monitoramento que detectará o surgimento de

sorotipos que desenvolveram resistência à vacina ou de

sorotipos previamente marginais que ameaçam se tornar

dominantes.

A Integração da Vigilância de Pneumonia

Bacteriana e Viral

O Brasil já tem um sistema sofisticado de vigilância

para influenza que faz parte do desempenho internacional

de monitorar mudanças anuais no vírus da influenza. No

simpósio, epidemiologistas e cientistas discutiram a lógica,

benefícios práticos e os desafios em combinar a vigilância

de pneumonias bacterianas e virais. O principal argumento

a favor desta abordagem é que pessoas apresentando

sintomas respiratórios poderiam ser avaliadas e monitoradas

para ambos importantes grupos etiológicos de pneumonias

de maneira integrada.

“Creio que esta nova abordagem, de combinar a

vigilância da pneumonia com a vigilância de influenza,

é perfeita,” disse Marins.

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“Há vinte anos, pensávamos, a pneumonia existe e precisa ser tratada, e este era o fim da história. A criança era internada

no departamento de pediatria e era somente mais um caso de pneumonia. Ninguém jamais pensou em vacina.”

Ricardo Marins, Ministério da Saúde, Brasil

A Introdução de Novas Vacinas: O Papel da

Organização Pan-americana da Saúde

“Esta é a primeira vez que discutiremos a vigilância

epidemiológica conjunta de pneumonia e influenza,”

declarou Cuauhtémoc Ruiz Matus, Chefe da Unidade de

Imunizações da Organização Pan-americana da Saúde

(OPAS). “Se não começarmos por discutir a vigilância

epidemiológica, a carga da doença e diagnóstico, para

determinar como estas doenças estão presentes nos nossos

países, não teremos evidência científica e epidemiológica

para determinar as medidas de prevenção que devemos

aplicar”.

Qual é o papel da OPAS em ajudar os países a

tomarem decisões sobre vacinas? Ruiz deixou claro que

a OPAS não vende vacinas nem promove laboratórios

específicos. Pelo contrário, seu papel neste processo é de

promover excelência técnica e fornecer apoio científico aos

países. A OPAS também administra o Fundo Rotatório para

a Aquisição de Vacinas, que utiliza um sistema de aquisições

a granel para ajudar os países na América Latina e no

Caribe na obtenção de vacinas e imunobiológicos a preços

acessíveis.

“O programa de imunizações na região das Américas está

entre os mais fortes do mundo” disse Ruiz.

Ele indicou que na maioria dos países da região a maior

parte das vacinas adquiridas são financiadas por meio de

tributação nacional em vez de assistência externa. Disse

que o investimento em vacinas adquiridas aumentou de

cerca de EUA $545 milhões, em 1991, a cerca de EUA

$741 milhões em 2001. O aumento foi resultado, em parte,

ao acréscimo de novas vacinas, incluindo a imunização

contra difteria, coqueluche e tétano, e sarampo, cachumba

e rubéola ”disse Ruiz. Desde 2006, mais aumentos

impulsionaram as aquisições de vacinas na região a EUA

$941 milhões, mas Ruiz destacou que somente EUA $55

milhões — menos de dez por cento — foram pagos com

assistência externa.

“O que alcançamos com este investimento? Já

percorremos um longo caminho,” disse Ruiz. Acrescentou

que para crianças com menos de cinco anos de idade nas

Américas, um terço de todas as mortes prevenidas entre

1990 e 2002 são vinculadas ao programa de imunizações.

O programa de imunizações também fortaleceu os serviços

nacionais de saúde, disse Ruiz.

Metas para o Fortalecimento das Imunizações

Trabalhando através de uma iniciativa da Organização

Mundial da Saúde (OMS) conhecida como a “Global

Immunization Vision and Strategy (GIVS)”, os Ministros

da Saúde de países da OPAS desenvolveram quatro metas

para orientar suas atividades de imunização:

Mudar da vacinação infantil para vacinação da 1.

família.

Vincular a imunização a outras atividades 2.

preventivas como a intervenção nutricional.

Estarem prontos para a introdução de novas 3.

vacinas.

Garantir o fornecimento e qualidade das vacinas.4.

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Estes patamares complementam um grupo separado

de metas desenvolvido pelo Conselho Diretivo da OPAS em

2005, que visa:

Aumentar os “espaços jurídicos e fiscais” para a 1.

introdução de novas vacinas.

Apoiar as Metas de Desenvolvimento do Milênio 2.

para redução da mortalidade por meio da

introdução de novas vacinas.

Usar o Fundo Rotatório para a aquisição de 3.

vacinas novas e subutilizadas.

A estratégia regional para as Américas sugere três

áreas de empenho, disse Ruiz.

Uma é de proteger os avanços do passado. “Não

podemos nos dar o luxo de perder terreno com pólio e

nem ficarmos para trás com sarampo,” ele disse. “Um dos

nossos grandes heróis na erradicação de pólio nas Américas

e no mundo, Dr. Ciro de Quadros, está aqui presente; não

podemos deixar que (seu trabalho) entre em colapso”.

A erradicação da pólio ainda está presente na mente

de peritos em imunização nas Américas, sendo que o

governo do Brasil está oferecendo apoio a países africanos

que ainda estão lutando contra a enfermidade.

“Devemos pensar sobre o que está acontecendo no

mundo, porque qualquer pessoa que está vivendo no

Moçambique neste momento pode estar em uma área rural

no Brasil, em 24 ou 48 horas,” Ruiz disse.

A próxima área de trabalho, disse ele, é de fechar as

lacunas na cobertura de imunizações existentes. Ruiz notou,

por exemplo, que “30% das municipalidades na região das

Américas tem cobertura de menos de 80% para a terceira

dose de DPT”.

“Vimos surtos de sarampo no México e na Venezuela,”

acrescentou, e o Brasil teve aumento de rubéola “porque

não tivemos um sistema de vigilância epidemiológica que

nos permitisse ver o que estava acontecendo”.

Existem também novos desafios a considerar,

Ruiz disse, tal como a adoção de novas vacinas, o

desenvolvimento de novas estratégias para a entrega e

preservação de vacinas e para vigilância de doenças.

Novas Vacinas no Horizonte

Para a introdução de novas vacinas — notavelmente

vacinas contra o rotavírus, doença pneumocócica e HPV

— a OPAS acredita que a decisão deve estar estritamente

na mão dos países. “Não deve ser um mandato global ou

regional,” Ruiz disse. Pelo contrário, a decisão deve ser

baseada nas necessidades e capacidades particulares de

cada país.

“Não é o suficiente dizer que temos uma nova vacina

e que precisamos introduzi-la porque está na moda,” disse

Ruiz. “Precisamos de evidência científica para dizer que

precisamos desta vacina neste país”.

Parte da missão da OPAS é de fortalecer a capacidade

técnica de cada país, e Ruiz vê uma vigilância integrada

e redes de laboratórios como elementos chaves. “Não

podemos manter sistemas de vigilância isolados para

doenças preveníveis por vacinas. Precisamos ter sistemas

integrados de vigilância,” ele disse.

A vigilância é especialmente importante, disse Ruiz,

para saber como e quando se deve introduzir uma vacina

pneumocócica.

“Sabemos perfeitamente bem que as novas vacinas não

cobrem todos os sorotipos. E dos sorotipos que cobrem, não

fornecem proteção contra todos os casos,” disse Ruiz. “Se

não tivermos sistemas de vigilância epidemiológica e uma

rede de laboratórios que nos permitirá responder a todas

estas perguntas, não saberemos se as vacinas que estamos

aplicando são as corretas ou não”.

Outra questão a considerar é se o país tem capacidade

operacional para distribuir a vacina. Por exemplo, a

introdução da vacina pneumocócica requer a expansão da

capacidade de preservação da vacina e sua refrigeração,

conhecida como “cadeia fria” em 300%.

Os custos, naturalmente, também constituem um

fator principal. A OPAS está apoiando os esforços nacionais

para aumentar a capacidade de conduzir análises de

custo-benefício que permitirá aos responsáveis pelas

políticas a classificar um crescente número de solicitações

concorrentes de recursos para saúde. “Alguém está lutando

por pesticidas, outros por gerenciamento sanitário de

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lixo, outros estão trabalhando com questões de poluição

ambiental” disse Ruiz. “O cobertor é o mesmo e todos

estão puxando-o em diferentes direções”.

Alguns países, depois de considerarem sua própria

evidência, decidiram não introduzir novas vacinas. Ruiz diz

que alguns países rejeitaram a vacina contra rotavírus como

não sendo custo-efetiva.

Para o Brasil e outros países latino-americanos muitas

questões permanecem.

“É correto introduzir a vacina contra pneumococo no

Brasil ou Argentina, México ou Guatemala, sem informação

sobre os sorotipos circulantes?” perguntou Ruiz. “Será

correto introduzir uma vacina como esta dada a pressão

que os laboratórios particulares estão exercendo nos

Ministérios da Saúde?”

Ruiz descreveu a pressão que os países podem

sentir para adquirir vacinas diretamente das corporações

farmacêuticas em vez de adquirirem através do Fundo

“Não é suficiente dizer que temos uma nova

vacina e que necessitamos introduzi-la porque está na moda. Precisamos de

evidência científica”.Cuauhtémoc Ruiz Matus,

Organização Pan-Americana da Saúde

Rotatório da OPAS. Ele defendeu o caso de continuar a

reforçar o Fundo Rotatório, que Ruiz indicou tem ajudado

30 países, por mais de 30 anos, a barganhar coletivamente

os preços para vacinas, tornando-as mais acessíveis mesmo

para os países menores e mais pobres.

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Sessão I:

A Carga da Doença Pneumocócica:

Situação Global

A pneumonia é a principal causa de mortalidade no

mundo, tanto em crianças quanto em adultos. É a segunda

causa principal de mortalidade infantil, depois de causas

neonatais. Em todo mundo, no ano 2000, 2 milhões de

crianças morreram de pneumonia. Cada ano mais crianças

morrem de pneumonia do que de AIDS, tuberculose,

malaria e sarampo combinados.

A pneumonia é a principal causa de morte de crianças

na Ásia e África. Entretanto, nas Américas, a carga da

pneumonia é principalmente a morbidade (enfermidade)

em vez da mortalidade. “Aqui temos que pensar em

morbidade, porque tivemos grande êxito na redução da

mortalidade por pneumonia em toda a região”, disse

Brendan Flannery, um consultor do Centro de Prevenção

e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e que

trabalha no Brasil.

Mas o que causa pneumonia? Pode ser qualquer

número de agentes bacterianos ou virais, e na maioria dos

casos, a bactéria ou vírus presente nunca é identificado

ou isolado. Mesmo quando é identificado, pode ser difícil

determinar se a bactéria ou vírus é a causa da pneumonia

ou se a pessoa é simplesmente um portador. A doença

primária pode ser o vírus da influenza com a pneumonia

bacteriana sendo uma infecção secundária. Assim,

identificar a causa da pneumonia nunca é simples. Para

isso são necessários recursos radiológicos e microbiológicos

laboratoriais.

As duas bactérias principais que causam pneumonia

são o haemophilus influenza e o Streptococcus

pneumoniae, freqüentemente chamado de pneumococo.

Ambas as bactérias são geralmente encontradas em

colônias nasais ou na garganta. E ambas podem causar

Epidemiologia, Vigilância e Diagnóstico Laboratorial da Doença Pneumocócica e Influenza

pneumonia, bacteremia (bactéria no sangue), meningite e

otite média (infecção auditiva).

“No Brasil”, diz Flannery, “a carga da doença por

haemophilus influenza foi reduzida consideravelmente:

o Brasil tem uma altíssima cobertura da vacina contra

haemophilus influenza B (Hib)”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima

que dois milhões de mortes são atribuídas a pneumonia

anualmente, 800.000 são causadas pelo pneumococo e

400.000 pelo haemophilus. (Em 2008 novas estimativas da

carga total das doenças pelo pneumococo e haemophilus

consideraram o impacto da vacina haemophilus B - Hib).

“A carga da pneumonia é impressionante”, diz

Flannery, “É um enorme desafio começar a pensar sobre

a prevenção desta carga de doença”. A OMS estima que

8% de todas as mortes por pneumonia são causadas pelo

pneumococo. Mas a pneumonia pneumocócica é a causa

principal de mortes preveníveis por vacina em crianças com

menos de cinco anos.

“A carga da pneumonia é impressionante. É um

enorme desafio começar a pensar sobre a prevenção desta carga de doença”

Brendan Flannery, Centro de Prevenção e Controle de Doenças, EUA

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O Instituto de Vacinas Sabin está trabalhando com O

CDC e com a OPAS em uma pesquisa de literatura para

determinar a carga da doença pneumocócica nas Américas.

O objetivo foi de “estimar a carga da doença e os custos

associados, e de informar os líderes governamentais

sobre os benefícios potenciais de introduzir a vacina

contra o pneumococo,” disse Flannery. Os resultados

foram apresentados em dezembro de 2006 e estão sendo

publicados.

O Brasil reduziu a carga da pneumonia através

de tratamento correto e melhor acesso ao tratamento,

incluindo o uso de antibióticos, oxigênio nos hospitais, e da

própria internação, disse Flannery. O Brasil também teve

melhoras na nutrição em geral, poluição do ar dentro dos

edifícios, higiene e na transmissão de HIV, que em conjunto

reduzem a vulnerabilidade à doença pneumocócica.

“No entanto, é importante lembrar que a pneumonia

é uma das principais causas de morbidade e internação

nos Estados Unidos,” disse Flannery. Quando uma vacina

apareceu, embora o alto custo para o Programa Nacional

de Imunizações dos Estados Unidos, ela foi adquirida e

distribuída a uma velocidade que surpreendeu até o próprio

CDC — muito mais rápido do que esperado”.

Antes da introdução de uma vacina pneumocócica

no Brasil, o país terá que conduzir uma vigilância para

estabelecer a carga local de doença pneumocócica. “Dados

locais, estaduais e nacionais têm significado muito maior do

que qualquer discurso,” disse Flannery.

Disse também que a vigilância para doença

pneumocócica é difícil porque a enfermidade se manifesta

de tantas formas diferentes, e porque o diagnóstico de

pneumonia é complexo. Mas Flannery enfatizou que é

primordial superar estes desafios para poder identificar

os atuais sorotipos predominantes, especialmente porque

novas cepas podem se tornar dominantes após a introdução

de vacinas. Uma vigilância que revela sorotipos dominantes

também é chave para a escolha da vacina correta, sendo

que existem formulações diferentes em desenvolvimento

que atingirão uma gama mais ampla de sorotipos, o que

pode torná-las mais eficazes em regiões específicas.

“Dados locais, estaduais e nacionais têm significado

muito maior do que qualquer discurso”.Brendan Flannery, Centro de Controle

e Prevenção de Doenças, EUA

“Precisamos de um pouco mais de informação para

decidir sobre a vacina, a vacina ideal,” disse Flannery.

A Vigilância de Pneumonia Bacteriana e

Meningite Bacteriana nas Américas

“Existem três principais bactérias responsáveis por

infecções invasivas em crianças, e entre estas existe a

pneumonia por estreptococo,” disse Lucia Helena De

Oliveira da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

A doença pneumocócica causa cerca de 1,6 milhões de

mortes anualmente, das quais 700.000 a um milhão são

crianças com menos de cinco anos. “Por esta razão, a

doença pneumocócica é considerada um dos problemas

mais significativos na saúde pública no mundo,” disse ela.

Existem mais de 90 sorotipos de pneumococo que

cientistas organizaram em 40 grupos de soro. Onze destes

grupos causam 75% das doenças pneumocócicas invasivas

do mundo. A variação do impacto nos diferentes sorotipos

é observada regionalmente e em diferentes faixas etárias.

Desde 1993, existe uma rede para vigilância

laboratorial de doenças pneumocócicas nas Américas,

antigamente chamado, em espanhol “Sistema Regional

de Vacunas (SIREVA)”. Esta rede, não obstante, não

fornece a vigilância epidemiológica necessária para avaliar

o impacto de uma vacina nova. “Quem são as pessoas

que adoecem com esta doença? Qual é a sua faixa etária?

Onde está ocorrendo esta doença?” pergunta De Oliveira.

Disse ainda que é necessária uma vigilância epidemiológica

de pneumonias bacterianas e meningite bacteriana para

responder a estas perguntas, e para dar seguimento

contínuo a sorotipos nas Américas.

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Baseado em estudos existentes de sorotipos nas

Américas, a vacina 7-valente (heptavalente) atualmente

no mercado, que tem como alvo sete sorotipos,

forneceria cerca de 59% de cobertura contra doença

pneumocócica. Para uma vacina 10-valente, atualmente

em desenvolvimento, a OMS sugere que haveria uma

cobertura de 73,5%. E a vacina 13-valente sendo

desenvolvida poderia chegar a uma cobertura de 84%.

Quais passos poderiam ser tomados para fortalecer a

vigilância epidemiológica para doenças pneumocócicas? De

Oliveira acredita que a vigilância deve ser implementada

pelo estabelecimento de uma série de “hospitais sentinela”,

uma vez que nem todos os hospitais podem conduzir esta

vigilância em termos de recursos financeiros e humanos.

“Em geral, crianças com menos de cinco anos de idade

com pneumonia bacteriana são crianças que precisam de

internação,” disse De Oliveira. “Se quisermos encontrar

casos de pneumonia bacteriana, os hospitais são os

melhores locais”.

Os hospitais escolhidos devem ter radiologia para o

diagnóstico de pneumonia e culturas de sangue para o

diagnóstico de meningite, disse De Oliveira. A qualidade e

capacidade de redes de laboratórios existentes devem ser

mantidas. As definições de casos precisam ser padronizadas,

ela disse, e dados devem ser disseminados pela Internet e

publicações impressas.

“Precisamos ter uma vigilância que nos permita, num futuro próximo, ter uma idéia da carga da

doença na região e que nos permita comparar estes dados entre os países. A riqueza de informação

regional terá lugar quando pudermos realizar estas comparações entre os países”

Lucia Helena De Oliveira, Organização Pan-americana da Saúde

A OMS publicou um guia prático de vigilância

para pneumonia em espanhol, intitulado “Vigilância de

Pneumonia Bacteriana e Meningite em Crianças com

Menos de Cinco Anos: Um Guia Prático”. Um projeto do

guia foi distribuído aos brasileiros no Segundo Simpósio

Regional sobre Pneumococo realizado em 2006 em São

Paulo, e as versões em inglês e português estão sendo

preparadas para publicação. Espera-se que o guia ajudará a

padronizar a vigilância, com vários países usando o mesmo

tipo de hospitais sentinela e as mesmas definições de casos.

“Precisamos ter uma vigilância que nos permita, num

futuro próximo, ter uma idéia da carga da doença na região

e que nos permita comparar estes dados entre os países,”

disse De Oliveira. “A riqueza de informação regional terá

lugar quando pudermos realizar estas comparações entre os

países”.

Quando crianças com menos de cinco anos são

internadas com suspeita de pneumonia, os hospitais

sentinela também considerarão a sua inclusão em vigilância

para influenza ou outros vírus respiratórios. “Este realmente

é o nosso ponto de integração” para vigilância de doenças

pneumocócicas e influenza, disse De Oliveira. “É muito

importante que começamos a trabalhar, aqui nesta reunião,

de maneira muito intensiva, a promover a integração da

vigilância de pneumonia com a vigilância da influenza”.

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A Procura da Sinergia: Vigilância da Influenza e

Vigilância Pneumocócica

Houve discussão considerável na conferência sobre as

oportunidades de acrescentar a vigilância pneumocócica

às atividades atuais de vigilância de influenza, sendo

que ambas envolvem o monitoramento de doenças

respiratórias.

No Brasil, os hospitais sentinela realizam o

monitoramento da influenza. Os hospitais são designados

como Centros Nacionais de Influenza, com capacidade

para testar amostras com tecnologia imunofluorescente

que pode identificar as cepas individuais da gripe. Em

seguida, os dados são enviados ao CDC dos EUA, para

detectar e caracterizar surtos e advertir sobre pandemias

iminentes. Mas existem perguntas sobre se os centros

estão fornecendo os tipos de dados exaustivos coletados

necessários para uma vigilância epidemiológica correta,

disse Otavio Oliva da Organização Pan-americana da

Saúde.

“É necessário integrar a vigilância epidemiológica e

os Centros Nacionais de Influenza,” comentou. “Digo

isto com a liberdade de um amigo, colega, lutador — é

inadmissível termos os Centros Nacionais de Influenza

desassociados da vigilância epidemiológica”.

Existe vigilância epidemiológica nas Américas baseada

em dados tais como mortes por influenza, Oliva comentou.

Ele disse, no entanto, que os dados são pouco consistentes

em termos de definições, relatórios, análise, e representação

geográfica e demográfica.

A OMS estendeu um mandato para vigilância

estendida através do seu Regulamento Internacional

de Saúde, em 2005. Como resultado, a OPAS e o CDC

desenvolveram um Protocolo Genérico em inglês e

espanhol. Os objetivos do protocolo são de detector surtos,

identificar novos subtipos de influenza, e de determinar as

características epidemiológicas e causas virais (etiologia)

da influenza para tomar decisões sobre qual vacina usar e

quando se deve vacinar.

“A convergência entre as duas vigilâncias, de

pneumococo e influenza, é exatamente (o que é necessário)

em doença respiratória aguda,” disse Oliva. Mais

especificamente, quando crianças com menos de cinco anos

são avaliadas para influenza, devem também ser avaliadas

para pneumonia, comentou.

“O protocolo é genérico porque não é normativo,”

disse. “É aberto suficiente para que países que já tenham

a infra-estrutura possam aproveitar os principais pilares.

O que estou propondo aqui hoje,” acrescentou “ é que o

conceito da vigilância moderna já não inclui laboratórios e

vigilância. Os dois são integrados. Precisamos gerar dados

epidemiológicos e virológicos confiáveis.” Os protocolos

estão encaminhados na Argentina, Peru e México. O

programa também está sendo implementado na América

Central e no Caribe.

“A convergência entre as duas vigilâncias, de

pneumococo e influenza, é exatamente (o que é necessário) em doença

respiratória aguda.”Otavio Oliva, Organização

Pan-americana da Saúde

Considerações Práticas para a Vigilância de

Pneumonia Bacteriana e Meningite

Maria Tereza da Costa da OPAS disse que para uma

melhor compreensão da carga de doença pneumocócica

é necessário trabalhar em muitas áreas simultaneamente.

“A integração é um ponto essencial nesta vigilância,”

comentou, assim como a necessidade de coletar informação

de programas de imunização, laboratórios e tratamento

clínico, e de realizar a vigilância tanto de crianças quanto de

adultos mais idosos.

A OPAS publicou o guia prático para vigilância de

doenças pneumocócicas para as Américas em maio de

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2007. Com este guia, os países podem desenvolver seus

próprios protocolos, usando definições de casos que serão

comparáveis. Cada país pode escolher seus hospitais

sentinela e começar a vigilância de crianças com menos

de cinco anos de idade. Alguns países também incluem

pessoas com mais de 60 anos, dado a evidência que a

vacina poderia ser eficaz em prevenir doenças nos idosos.

De acordo com o guia, pacientes suspeitos de

pneumonia são submetidos à radiologia do peito. A

imagem radiológica indica se é um caso provável de

pneumonia bacteriana. (A OMS forneceu uma descrição

detalhada sobre o que constitui uma radiologia indicativa

de pneumonia bacteriana em crianças). Se a radiologia

sugere pneumonia bacteriana, uma amostra de sangue

precisa ser colhida enquanto outras evidências da radiologia

poderiam resultar em uma decisão de fazer uma cultura

de fluídos (líquido pleural) dos pulmões. Paralelamente,

amostras virais devem ser coletadas porque existem casos

nos quais infecções virais precedem infecções bacterianas.

Todos os casos suspeitos de meningite devem ser

investigados, com os testes conduzidos para obter fluído

pleural ou sangue. No dia 10 de cada mês, dados de cada

hospital sentinela devem ser enviados à OPAS em Brasília.

Da Costa comentou que muitos países nas Américas

estão seguindo adiante com a vigilância pneumocócica.

(Veja Tabela).

Avanços na América Central

País Hospital sentinela Data de inicio

Costa Rica 01/11/2007

El Salvador Hospital Bloom 01/04/2007

Guatemala De Seguro Social Zona 9 Roosevelt 01/04/2007

Honduras Escuela 01/07/2007

Nicarágua La Mascota 01/08/2007

Avanços na América do Sul

País Hospital sentinela Data de inicio

El Salvador Baca Oritz Francisco Icaza Bustamante 2006

Paraguai de Medicina Tropical Instituto 01/04/2007

de Previsión Social Materno-Infantil

Nacional de Itaguá Pediátrico Acosta Ñu

Venezuela Ciudad Hospitlaria Enrique Tejera 2007

FIGURA 1.1

FIGURA 1.2

Apresentados por: Maria Tereza da Costa, Organização Pan-americana da Saúde

Apresentado por: Maria Tereza da Costa, Organização Pan-americana da Saúde

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“Temos alguns países que ainda não começaram a

notificar casos,” disse da Costa. “Outros já começaram e

tem seu protocolo pronto, mas ainda estão organizando

sua vigilância internamente, alguns já estabeleceram

seus hospitais mas ainda não começaram, e outros estão

notificando regularmente”. Ela encorajou os países a

começar a notificar mesmo se possuírem somente um

hospital sentinela, em vez de esperar que mais de um

hospital fique pronto. O financiamento para vigilância, ela

comentou, teria que vir dos próprios países.

Da Costa também citou a necessidade de boa

comunicação entre todos os níveis. “Os hospitais precisam

receber dados de outras localidades no país e realmente

sentirem que fazem parte de uma rede,” disse. “Já escutei

isto frequentemente, pessoas em todo lugar reclamando

que nunca recebem seus dados de volta. Então consideram

a notificação simplesmente como exercício burocrático e não

têm idéia da magnitude da sua participação nesta rede.”

“Os hospitais precisam receber dados de outras

localidades no país e realmente sentirem que

fazem parte de uma rede”.Maria Tereza da Costa,

Organização Pan-americana da Saúde

Diagnóstico Laboratorial da Pneumonia Bacteriana

“O pai da vigilância epidemiológica das doenças

invasivas causadas por pneumococo aqui no Brasil e na

América Latina foi Akira Homa”, disse Maria Cristina

Brandileone, do Instituto Adolfo Lutz (IAL) de São Paulo.

“Tudo começou durante uma conversa informal em um

churrasco em Washington em 1992”.

A idéia do SIREVA foi inicialmente introduzir a

vigilância epidemiológica, ela disse, “mas foi logo

observado que sem laboratórios capacitados era impossível

implementar esta vigilância”. Assim a OPAS teve a iniciativa

de apoiar os laboratórios nacionais de saúde pública da

América Latina e assegurar que todos os 21 países latino-

americanos estivessem trabalhando com metodologias

laboratoriais internacionalmente padronizadas e que todos

utilizassem as mesmas técnicas “gold standard”.

Para implementar os exames laboratoriais

necessários para uma vigilância apropriada das doenças

pneumocócicas, é importante considerar a biologia da

enfermidade. O pneumococo, assim como as bactérias

hemófilus e meningococo, é de transmissão respiratória,

colonizando as mucosas da nasofaringe. Dependendo do

estado imunológico do portador e da virulência da cepa

recentemente adquirida, entre outros fatores, esta bactéria

colonizante pode invadir o organismo causando doença

localizada (otites, sinusites, pneumonias) ou invasiva

(septicemia, bacteremia, meningites). O isolamento do

pneumococo da nasofaringe somente indica o estado de

portador de pneumococo na nasofaringe.

O pneumococo pode ser isolado de casos de doença

através dos exames de cultura de amostras clínicas (técnica

clássica) ou pode ser identificado através de exames que

utilizam técnicas de biologia molecular como a reação em

cadeia da polimerase (PCR), a qual detecta genes específicos

para a espécie bacteriana (diagnóstico molecular). O

pneumococo, meningococo ou hemófilos são bactérias

sensíveis aos fatores ambientais (temperatura, ressecamento,

nutrientes), sendo necessários meios de cultura enriquecidos,

profissionais especializados e rigoroso controle de qualidade

para seu isolamento. Para os testes da PCR, cuidados na coleta

e a forma de encaminhamento da amostra ao laboratório

também são críticos para o sucesso do diagnóstico.

O IAL é laboratório de referencia nacional das

meningites bacterianas e das doenças pneumocócicas.

Entre suas funções está a confirmação da identificação

bacterianas, a sorotipagem capsular e os testes de

susceptibilidade aos antimicrobianos das cepas de

pneumococo, meningococo e hemófilos isoladas no Brasil,

as quais são encaminhadas ao IAL pelos LACENs, hospitais

públicos e privados, e além de estudar as cepas obtidas

através de projetos com universidades.

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Diagnóstico Laboratorial para Infecções Respiratórias Virais

Terezinha Paiva do Instituto Adolfo Lutz discutiu o diagnóstico laboratorial das infecções virais respiratórias

causadoras de pneumonia. Os principais culpados são o vírus da influenza, o vírus respiratório sincicial, o vírus

para-influenza e o adenovírus.

Nos hospitais sentinela, amostras de vírus respiratório são obtidas por raspados na nasofaringe e na

orofaringe. Procedimentos mais invasivos, como lavado bronquial ou aspiração da traquéia, podem ser

necessários num paciente hospitalizado para detectar um novo subtipo de vírus da influenza, por exemplo. As

amostras são empacotadas em gelo e enviadas por via aérea para um dos três laboratórios de referência no

Brasil, onde antígenos podem revelar que tipo de vírus foi detectado por imunofluorescência.

Os laboratórios de referência compartilham as amostras com o CDC de Atlanta, que trabalha com parceiros

internacionais para construir a evolução global ou uma árvore “filogenética” para a influenza. Em contrapartida,

o CDC oferece ao Brasil soro imune utilizado para caracterizar vírus circulantes no Brasil anualmente.

As amostras dos raspados são cruciais para diagnóstico viral e devem ser tomadas nos primeiros cinco dias

da doença. Depois disso, os anticorpos do trato respiratório vão impedir o isolamento do vírus.

Se os cinco dias já passaram é possível fazer o diagnóstico viral através do exame de sangue. O sangue

deve ser examinado duas vezes, uma vez durante a fase aguda e depois após o décimo quarto dia, assim

a diferença dos níveis de anticorpos podem ser medidas. As amostras de sangue devem ser mantidas a

temperatura ambiente. “Temos que trabalhar com metodologias clássicas e moleculares. Temos que saber qual é

a melhor hora para utilizá-los. Precisamos saber tudo”, diz Paiva.

Na discussão subseqüente, foi levantado que o

diagnóstico é complicado, freqüentemente pelo fato de

muitos pacientes que apresentam com pneumonia chegam

na emergência ou na clínica já tratados com antibióticos,

o que rapidamente torna a bactéria do pneumococo

indetectável. Também houve discussão sobre os problemas

potenciais com o exame de amostras nasais. Brandileone

destacou que existe um alto potencial para contaminação.

Oliva acrescentou que 30 a 40% das crianças têm

pneumococo na sua nasofaringe, mas a sua mera presença

não necessariamente significa que causou pneumonia.

QUADRO 1

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Sessão II:

Estudos da Doença Pneumocócica na População

O Caso da Bahia

De acordo com Cristiana Nascimento Carvalho da

Universidade Federal da Bahia, no Brasil, um estudo não

publicado de crianças internadas na universidade tentou

determinar a ocorrência de causas virais ou bacterianas da

pneumonia. O estudo, realizado de 2003 a 2005, acompanhou

A Carga de Doença Pneumocócica e a Vacina Contra Pneumococo

Estudo da Etiologia de Pneumonia Comunitária por Métodos Específicos e Não Invasivos em Crianças Brasileiras Hospitalizadas

* até 4 patógenos

• Infecção viral: 110 (60%)

• Infecção bacteriana: 77 (42%)

• Infecção mista: 52 (28%)*

• Infecção viral-bacteriana: 43 (23%)

• Apenas infecção viral: 67 (36%)

• Apenas infecção bacteriana: 34 (18%)

Resultados parciais não publicados

184 crianças com pneumonia confirmada por radiologia,

com uma faixa etária de 26 dias a 4,9 anos de idade.

Infecção viral foi encontrada em 60% dos pacientes,

e infecção bacteriana em 42%. Infecções mistas foram

encontradas em 28% dos pacientes, com até quarto

diferentes patógenos encontrados em alguns casos. Os

patógenos mais comuns foram o rinovírus, encontrado em

21% dos pacientes, e pneumococo, também encontrado

em 21% dos pacientes.

Um grande estudo prospectivo de 1.500 crianças na

Bahia foi iniciado em março passado e é programado para

terminar em agosto de 2008.

O Caso de Goiânia

De acordo com Ana Lucia Andrade da Universidade de

Goiás, a vigilância da pneumonia no Brasil foi iniciada em

1999, quando a vacina Hib foi introduzida e quando surgiu

FIGURA 2.1

Apresentado por: Cristiana N. Carvalho, Universidade Federal da Bahia, Brasil

a necessidade de determinar a linha de base da pneumonia

na população. Naquela ocasião, na cidade de Goiânia, foi

desenvolvido um sistema com meta de detectar 90% da

pneumonia adquirida ao nível de comunidade.

Num período de 16 meses, pediatras usando

confirmação radiológica detectaram 724 casos de

pneumonia em crianças com menos de cinco anos, o que

foi calculado como sendo 800 casos por 100.000 crianças

nesta faixa etária. As crianças com menos de dois anos

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“Temos uma situação com a disponibilidade

de vacina pneumocócica conjugada altamente

efetiva, com alto custo por dosagem, e ainda

uma falta de estudos que confirmam a carga de

infecção pneumocócica durante a infância”.

Ana Lucia Andrade, Universidade de Goiás, Brasil

foram afetadas desproporcionalmente, com 1.400 casos por

100.000 crianças, ou seja, um risco de 3,3 vezes mais alto

de desenvolver pneumonia.

Os pesquisadores também chegaram a traçar os casos

de pneumonia geograficamente e confirmar que a carga

de pneumonia é mais alta nas áreas mais pobres da cidade.

“Tivemos uma carga muito alta especificamente na Região

Nordeste, que é uma área de renda muito baixa,” disse

Andrade. “Este estudo mostra evidência da associação

entre pneumonia e pobreza”.

Colocando os dados em contexto, Andrade falou da

necessidade para mais destes estudos locais. “Qual é o

cenário atual no Brasil?” perguntou. “Temos uma situação

com a disponibilidade de vacina pneumocócica conjugada

altamente efetiva, com alto custo por dosagem, e ainda

uma falta de estudos que confirmam a carga de infecção

pneumocócica durante a infância”.

Considerando isto, os pesquisadores recentemente

lançaram outro estudo, desta vez com crianças com menos

de três anos de idade. A meta deste novo estudo era cobrir

95% dos casos de pneumonia incluindo o atendimento

de emergência e clínicas ambulatórias, com 140 pediatras

participando da rede. Também começaram uma nova tática

de vigilância baseada no conceito de que cada criança com

menos de três anos que apresenta na emergência com

febre de mais de 39 graus centígrados deve ser avaliada

para doença pneumocócica.

Nas clínicas ambulatoriais, os pesquisadores

encontraram muitos desafios, incluindo alta rotatividade de

pessoal, falta de capacidade laboratorial, pediatras tratando

pneumonia sem confirmação radiológica ou por exames

de sangue, e alto número de crianças que já chegavam

tomando antibióticos comprados pelos pais.

Não obstante, dados preliminares dos primeiros

quatro meses de vigilância já estão mostrando resultados

interessantes. Os dados confirmaram que a carga mais

pesada da pneumonia pneumocócica se encontra em

crianças com menos de 18 meses. Mostraram que 33

por cento dos casos envolviam pacientes já tomando

antibióticos quando chegavam as unidades de saúde.

“Este perfil epidemiológico inicial é muito interessante

porque indicou que praticamente 80% dos casos captados

são nas unidades básicas de saúde e se realizássemos a

vigilância somente nos hospitais, perderíamos 50% dos

casos,” comentou Andrade.

Andrade advertiu que o estabelecimento de um

programa de vigilância para doença pneumocócica é um

desafio significante. Mesmo na cidade de Goiânia, onde já

existia a vigilância, ela disse que levou um ano para realizar

o treinamento, desenvolver a logística, reunir-se com o

pessoal e verificar a capacidade laboratorial.

A Busca de um Quadro mais Claro – Doença

Pneumocócica na América Latina e no Caribe

Os pesquisadores do Instituto de Vacinas Sabin, da

OPAS, do PneumoADIP, e do CDC dos EUA realizaram um

grande levantamento para procurar evidência dos efeitos

e custos regionais da doença pneumocócica. O objetivo é

ajudar os países na América Latina a avaliar o impacto de

uma vacina pneumocócica tanto na enfermidade quanto

nos custos em atenção à saúde.

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Uma equipe de pesquisadores trabalhou com evidência

econômica, e outra equipe com evidência epidemiológica.

Os resultados do trabalho serão publicados em breve. Uma

discussão sobre os achados foi apresentada no simpósio por

Fernando de la Hoz, Professor da Escola de Saúde Pública

na Universidade Nacional da Colômbia.

“É verdade que existe pouca informação,” disse de la

Hoz. “Mas…vemos que temos algum conhecimento”.

O estudo incluiu uma revisão sistemática da literatura,

incluindo 6.000 referências. Além disso, 48 pesquisadores

da região foram solicitados a fornecer informação ainda não

publicada. A equipe econômica fez um levantamento com

pediatras e vários especialistas para estabelecer um cenário

de custos, que considera os vários riscos apresentados

pelo pneumococo para uma estimativa de 11 milhões de

crianças que nascem na América Latina a cada ano.

Estimativa Regional da Carga da Doença

A equipe encontrou muitos artigos sobre a meningite

pneumocócica mas muito pouco sobre a doença

pneumocócica invasiva, ou pneumonia confirmada

clinicamente ou radiologicamente. O Brasil contribuiu com

sete dos 23 estudos mais importantes.

Das crianças da região que chegaram aos cinco anos de

idade, a revisão estimou que 9% tiveram pneumonia clínica,

e 6% desenvolveram pneumonia confirmada por radiologia.

Uma de cada 10.000 teve septicemia pneumocócica e três

de cada 10.000 tiveram meningite pneumocócica.

Assim, dado que 11 milhões de crianças nascem todo

ano na América Latina e no Caribe, os pesquisadores

estimam que cada ano o pneumococo está causando 1.6

milhões de casos de enfermidades em crianças com menos

de cinco anos de idade, incluindo:

1.3 milhões de casos de otite média aguda,•

59.000 casos de pneumonia clínica,•

268.000 casos de diagnóstico radiológico de •

pneumonia,

1.300 casos de septicemia, e•

4.000 casos de meningite. •

Os pesquisadores estimam que a cada ano na região

18.000 crianças com menos de cinco anos morrem por

doença pneumocócica. Além disso, eles projetaram que

existem 600.000 anos de vida ajustada por incapacidade ou

DALY (medida de anos saudáveis de vida que são perdidos

devido à doença, incapacidade ou morte prematura), de

perda em crianças com menos de cinco anos cada ano.

Anualmente ocorrem mais de 180.000 hospitalizações na

região por doença pneumocócica, assim como 1.4 milhões

de consultas ambulatoriais.

Carga estimada de enfermidade por pneumococo para AL & EC Número de Número de eventos eventos anuais por 1,000 crianças

Otitis media aguda causada por Pneumococo 1.261.348 108

Pneumonia Clinica devido a S. pneumoniaeb 58.793 5

Raio-X (+) pneumonia devido a S. pneumoniae 268.432 23

Sepsis Pneumocócica 1.229 < 1

Meningite Pneumocócica 3.918 < 1

Mortes por S. pneumoniae 18.068 2

DALYs 617.261 53a Cohorte de nascimento anual, idade 0 a 5 anosb Não incluindo raio-x de tórax (+) pneumonia

• 11 milhões nascem na AL

FIGURA 2.2

Apresentado por: Fernando de la Hoz, Universidade Nacional da Colombia

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Resultado da análise de custos

• A enfermidade pneumocócica custa ao redor de EUA$333 milhões

• O custo para os sistemas de saúde é de EUA$25 para cada criança nascida na região

• O custo para a família é de EUA$3 por criança

Estimativa Regional de Custo

Em termos do impacto financeiro da doença, o custo

direto para os serviços de saúde é de cerca de EUA $300

milhões por ano para crianças com menos de cinco anos o

que representa EUA $25 por criança. O custo indireto pago

pelas famílias – para transporte e medicamentos e dias

de trabalho perdidos – representa cerca de 10% do custo

total, embora possa chegar até 30 a 40% dos rendimentos

mensais familiares.

De la Hoz afirma, “a doença e a conseqüente

hospitalização tem um impacto muito grande para a

maioria das famílias latino-americanas onde ocorre a

doença”.

O estudo também revisa a distribuição dos sorotipos

na América Latina e os compara com sorotipos de várias

vacinas de maneira a considerar o potencial custo-

efetividade da vacina 7 valente existente hoje no mercado.

Foi encontrado que a vacina pode cobrir 47% da meningite

pneumocócica que ocorre na região e 68% da pneumonia

pneumocócica em crianças latino-americanas com menos

de dois anos. Para crianças da região com menos de cinco

anos a vacina prevenirá:

700.000 casos de otite média aguda•

176.000 casos de pneumonia positiva clínica e •

radiologica

2.800 casos de septicemia e meningite•

Ao todo poderáo ser prevenidas cerca de 10.000

mortes por ano em crianças com menos de cinco anos ou

cerca de 53% das mortes devido à doença pneumocócica.

Em outras palavras, a vacina salva um ano de vida para

cada 1.000 crianças vacinadas, e evita um caso da doença

para cada 80 crianças vacinadas. A vacina economizará

cerca de EUA $180 milhões em custos. A um preço de EUA

$53 por dose, tal impacto tornará a vacina “custo efetiva”

mas não “altamente custo efetiva” segundo os padrões da

Organização Mundial da Saúde.

Para ser considerado altamente custo efetiva o preço

deveria estar a menos de EUA $40 por dose. Mas, de la

Hoz disse que é justo perguntar quão “aplicável são os

dados se alguns países” contribuíram mais dados que

outros? Por fim, ele disse, diferentes países podem ter

resultados muito diferentes em termos de custo efetividade.

E mesmo dentro de um país, de la Hoz nota, dados podem

ser tão escassos que não refletem a situação do país como

um todo.

Ele diz que “muitos estudos disponíveis são regionais,

realizados em uma cidade, (ou apresentam) fatos somente

em um estado, ou somente de um município”.

De la Hoz repete o chamado de muitos outros

apresentadores para uma rede de vigilância pneumocócica

muito mais forte. Ele também faz um chamado para a

produção de mais dados regionais que “nos permitia tomar

decisões mais informadas para a introdução de novas

vacinas”.

FIGURA 2.3

Apresentado por: Fernando de la Hoz, Universidade Nacional da Colombia

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“Devemos aos pesquisadores o desenvolvimento de

melhores ferramentas para diagnóstico e medidas da carga

da doença pneumocócica para simplificar a vigilância de

todas as outras bactérias que causam doença invasiva em

crianças” diz.

“A doença e a hospitalização resultante

têm um impacto econômico muito grande

para a maioria das famílias latino-americanas

onde ocorre a doença”Fernando de la Hoz,

Universidade Nacional da Colômbia

Vacinas contra Pneumococos

Lucia Helena De Oliveira, da OPAS, apresentou

uma perspectiva geral das duas vacinas para doença

pneumocócica no mercado e varias vacinas em

desenvolvimento.

Vacina Conjugada Heptavalente

A vacina atualmente disponível para uso em crianças

é a vacina polissacarídea 7 valente ou heptavalente. Esta

vacina foi licenciada no ano 2000 e cobre 7 sorotipos

pneumocócicos (sorotipos 4, 6B, 9V, 14, 18C, 19F E 23F). A

vacina heptavalente é para uso em crianças com menos de

dois anos de idade e crianças immuno comprometidas com

idades entre dois e cinco anos de idade.

Nos Estados Unidos e Europa esta vacina cobre

aproximadamente 65 a 80% dos sorotipos responsáveis

pela doença invasiva nas suas respectivas regiões. O

agrupamento, no entanto, dos sorotipos predominantes

variam de acordo com a área geográfica e, conforme

indicado por De Oliveira, “temos poucos dados de países

em desenvolvimento” sobre sorotipos predominantes.

A administração da vacina heptavalente pode ser

diferente de país a país. A “abordagem de elevado

consenso”, diz De Oliveira, envolve administrar três doses

programadas em intervalos de quatro semanas, começando

aos seis meses de idade. Para crianças entre 12 e 23 meses

de idade no momento da primeira vacinação, ou entre dois

e cinco anos de idade para o grupo de alto risco uma dose

única é recomendada.

Estudos têm demonstrado que a vacina heptavalente

previne colonização nasal da bactéria pneumocócica,

reduzindo assim a transmissão para adultos na comunidade,

além de proteger a criança da doença invasiva. Este efeito

desejável é conhecido como “imunidade de rebanho”.

A única versão da vacina heptavalente atualmente no

mercado é a vacina Prevnar produzida pela Farmacêutica

Wyeth. O preço oferecido através do Fundo Rotatório

da OPAS é de EUA $53.00, que De Oliveira considera

“bastante alto”.

A Vacina 23 valente

A vacina polissacarídea 23 valente está disponível

desde 1983. Ela é recomendada para uso em pessoas

com mais de 65 anos, De Oliveira disse, e naqueles

suscetíveis à pneumonia ou doença invasiva pneumocócica

devido a câncer, infecção por HIV ou outra condição que

compromete o sistema imunológico.

Adultos devem ser revacinados cinco anos após a

primeira dose. Crianças com menos de dez anos de idade

que tomaram a vacina devem ser revacinadas três anos

após a primeira dose. A vacina previne 60 a 70% das

infecções invasivas. Para pessoas com mais de 65 anos

de idade a efetividade está ao redor de 50 e 80%. Em

indivíduos com comprometimento imunológico é bem

menos efetiva, disse De Oliveira.

Ela realça que a vacina não é recomendada para

crianças com menos de dois anos de idade porque em

crianças menores a vacina não tem um efeito duradouro –

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os anticorpos desaparecem rapidamente e não geram uma

“resposta de memória”.

Atualmente, a vacina 23 valente custa EUA $9.20

por dose quando adquirida através do Fundo Rotatório da

OPAS. Duas companhias produzem a vacina 23 valente:

Merck (Pneumovax 23) e Sanofi Pasteur (Pneumo 23).

Vigilância epidemiológica das pneumonias e meningites bacterianas em menores de 5 anos

• Implementar a vigilância epidemiológica em hospitais sentinela;

• Manter a capacidade e qualidade da rede de laboratórios existentes;

• Estandardizar a definição de casos;

• Coletar dados epidemiológicos de todos os pacientes que cumprem com o critério de caso estabelecido;

• Analisar e divulgar dados através de pagina web e publicação de artigos.

Vacinas no Horizonte

Duas novas vacinas para pneumococo devem

estar disponíveis naquilo que De Oliveira chama

de “um futuro muito próximo”. Wyeth está

desenvolvendo a 13 valente e a GlaxoSmithKline

(GSK) está desenvolvendo a 10 valente. (Além delas

existem cerca de 20 vacinas para pneumococo em

desenvolvimento pré-clínico).

Um relatório detalhado de recomendações

publicado pela OMS em março de 2007 define

que a vacina para doença pneumocócica “deve

ser considerada atualmente uma prioridade para

programas de vacinação”diz De Oliveira. Mais

especificamente, a vacina “deve ser considerada

de alta prioridade para países que têm uma taxa de

mortalidade acima de 50 por 1.000 ou acima de

50.000 mortes de crianças por ano, ou países com uma alta

prevalência do vírus humano da imunodeficiência”.

A OMS também recomenda que os países

estabeleçam vigilância epidemiológica para doença invasiva

pneumocócica de maneira a “reconhecer a carga da doença

e monitorar o impacto da vacinação, alem de também

monitorar possíveis modificações que existem nos sorotipos

FIGURA 2.4

circulantes após a introdução da vacina em relação ao

período de pré vacinação”diz De Oliveira.

Finalmente, a OMS recomenda que países apóiem

o desenvolvimento de vacinas mais efetivas e mais

acessíveis. “Quanto mais vacinas tivermos no mercado mais

competição vai existir resultando numa maior possibilidade

de abaixarem os preços, permitindo que países adquiram

esta vacina”, diz De Oliveira.

De Oliveira mencionou algumas implicações práticas

das recomendações da OMS. Uma é que muitos países

estão considerando três novas vacinas simultaneamente

– imunização contra rotavírus, HPV e pneumococo – e

devem coordenar os processos de decisão, financiamento

e logística envolvida. Por exemplo, De Oliveira disse que

a introdução da vacina pneumocócica para crianças entre

12 e 23 meses de idade requer aumento da capacidade da

refrigeração ou “cadeia de frio” em cerca de 300%.

Apresentados por: Lucia Helena De Oliveira, Organização Pan-americana de Saúde

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“Quanto mais vacinas tivermos no mercado, mais competição existirá, resultando em maior possibilidade de os preços

abaixarem (e) permitindo que países adquiram esta vacina”.Lucia Helena De Oliveira, Organização Pan-americana da Saúde

Avaliando a Eficácia da Vacina contra

Pneumococos

Ana Lucia Andrade da Universidade Federal de

Goiás afirmou que para determinar a eficácia da vacina

são necessárias pesquisas grandes, aleatórias que são

“duplamente cegas” onde nem o pesquisador nem

o paciente sabem quem está recebendo a vacina ou

o placebo ou vacina de grupo de controle. Ela disse:

“Submetendo seres humanos a um estudo que não tem

força para detectar o que é desejável e provar a validade

dos resultados é uma grande violação bioética”.

Ela mencionou um estudo com vacina pneumococo

7-valente realizado nos EUA (na Califórnia) pelo Grupo

Kaiser como dentro destes critérios: estudo grande,

aleatório e duplo-cego com vacina para Meningite C

aplicada ao grupo controle.

Neste estudo a vacina protegeu 93,9% das crianças

vacinadas contra doença pneumocócica invasiva causada

por sorotipos na vacina. Dos 50 casos de doença

pneumocócica invasiva documentado no estudo, 49

estavam no grupo controle. Andrade disse: “Esta foi a

pesquisa considerada chave, baseada em evidência e que

resultou na introdução da vacina nos EUA em 2000”.

A advertência mais importante, ela disse, é que os sete

sorotipos da vacina foram escolhidos para corresponder aos

sorotipos dominantes circulantes em países desenvolvidos

e podem não servir para sorotipos dominantes na América

Latina.

Depois do estudo na Califórnia, outros grandes ensaios

clínicos foram conduzidos, mais notavelmente na África

do Sul e em Gâmbia. Entretanto, menciona Andrade,

“permanece extremamente difícil comparar a efetividade

dos resultados de um estudo com outro”. Houve diferenças

nos esquemas de vacinação, composição da vacina,

vigilância e definições de pneumonia. Por exemplo, um

reforço da dose foi administrado no estudo nos EUA, mas

não nos ensaios da África do Sul ou em Gâmbia.

Eficácia da vacina 7 – Valente Califórnia África do Sul Gâmbia

Intenção 6% 9% 6%Tratamento (IC95%) (-1,5-11) (3-15) (1-11)

Pneumonia definida por RX 17,7% 17% 35% (4,8-28.9) (4-28) (26-43)

Sorotipos da vacina em sg e/ou 87,5% 61% PP 70% asp. pulmonar de pneumonia (p = 0,04) (16-82) (31-88)

Black et al. Pediatr Infect Dis J 2000; 19: 187-95Cutts et al. Lancet 2005; 365: 1139-46Klugman et al. N Engl J Med 2003; 349: 1341-48

Madhi et al. Clin Infect Dis 2005; 40: 1511-18Obaro & Madhi, Lancet Infect Dis, 2006

FIGURA 2.5

Apresentado por: Ana Lucia Andrade, Universidade Federal de Goiás, Brasil

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“Continua extremamente difícil comparar a

efetividade dos resultados de um estudo com outros”.

Ana Lucia Andrade, Universidade Federal de Goiás, Brasil

Uma pesquisa recente na África do Sul testou a

hipótese de que a vacina pneumocócica pode também

reduzir algumas enfermidades (morbidade) da influenza.

Andrade comunica que estudo encontrou que crianças

vacinadas com a vacina 9 valente têm 39% menor risco de

serem hospitalizadas por pneumonia associada à influenza.

Por outro lado, a vacina não foi efetiva contra pneumonia

associada ao vírus respiratório sincicial e adenovírus.

Recentemente, a fase I do estudo testou a segurança

e as propriedades de estimulação imunológica da vacina

pneumocócica 13 valente, em adultos saudáveis. A vacina

23 valente foi usada como controle. Andrade disse que os

resultados demonstraram que a resposta imunológica para

a vacina 13 valente foi igual ou mesmo maior do que com a

vacina 23 valente.

Atualmente existem 19 estudos em andamento

avaliando a vacina 13 valente e, pelo menos nove estudos,

todos na fase III, da vacina 10 valente. Andrade disse que os

ensaios da vacina 10 valente estão concentrados na Europa.

Os estudos com a vacina 13 valente estão sendo realizados

nos Estados Unidos, Europa e Índia. Ela chamou a atenção

que alguns estudos estão comparando estas novas vacinas,

especificamente, com a vacina 7 valente. Outros estão

avaliando a capacidade destas novas vacinas em prevenir

a bactéria pneumocócica de colonizar nariz e garganta,

o que limitaria a disseminação da doença pneumocócica,

favorecendo (como tem sido no caso da vacina 7 valente) uma

imunização que oferece uma ampla “imunidade de rebanho”

que estende a proteção além das pessoas imunizadas.

O que ainda precisa ser feito? Andrade diz que

pesquisadores devem reunir mais dados que documentam

o impacto das várias vacinas sobre sorotipos específicos,

desenvolver tecnologia para aumentar a produção de vacinas,

reduziro custo da vacina, e continuar com estudos para

avaliar entre outros a imunidade de rebanho, proteção contra

infecções e efeito nas doenças associadas com influenza.

No caso específico do Brasil, ela diz, ainda permanece

o desafio da expansão da capacidade de estocagem da

cadeia de frio, como a padronização do diagnóstico da

doença pneumocócica. “O Brasil é um dos campeões de

cobertura vacinal”, ela disse.

Impacto da vacina contra o Pneumococo nos

Estados Unidos

Mesmo em um país com amplos recursos, o

lançamento de novas vacinas apresenta desafios. Brendan

Flannery, do CDC, descreveu os problemas inesperados e

benefícios que ocorreram durante a introdução da vacina

para pneumococo nos Estados Unidos.

O governo dos EUA aprovou o uso da nova vacina no

ano 2000. Entretanto, a demanda da vacina rapidamente

ultrapassou as expectativas. “Existe somente um produtor,

Wyeth, e eles tiveram uma série de problemas para

aumentar a produção dos seus laboratórios”, disse Flannery.

“Nós, basicamente, enfrentamos uma falta de estoque”.

Entretanto, em 2005, a cobertura atingiu o nível

esperado de 83% para crianças entre 19 e 35 meses de

idade. O esquema de vacinação foi de três doses, mais

um reforço. Flannery disse que uma ou duas doses foram

também recomendadas para crianças não vacinadas

entre 2 e 4 anos de idade para “recuperar o tempo

perdido”, crianças mais velhas com doenças crônicas ou

imunodeficiência e para populações de alto risco, incluindo

Índios Norte Americanos, Afro-americanos e crianças em

creches.

Como em muitos países latino-americanos, os EUA

estão realizando uma vigilância da doença pneumocócica

em locais sentinela (condados selecionados em estados

selecionados) em vez de maneira mais abrangente. Estima-

se uma cobertura de vigilância de 16 milhões de pessoas,

ou menos de 10% da população dos EUA. Mas Flannery

chama isso de “um bom número para se estimar a carga

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da doença invasiva”. A vigilância está sendo conduzida em

hospitais e ambulatórios. Uma diferença com a situação

de Brasil, ele disse, é que a maioria das crianças chega

aos locais de assistência à saúde nos EUA sem terem sido

tratadas com antibióticos.

A vigilância demonstrou um efeito imediato da

campanha de vacinação. Flannery disse que mesmo com

menos de 60% de cobertura, houve a redução de 70%

de doença pneumocócica invasiva. “A taxa de redução foi

muito rápida nos primeiros dois anos no grupo de um ano

de idade ou menos”. Ocorreu uma queda menor entre dois

e quatro anos de idade, que estavam sob menor risco e

deviam receber uma ou duas doses da vacina.

Nos EUA existe uma variação no número de doses

e no período da sua administração, permitindo aos

pesquisadores comparar os resultados. Duas doses antes

dos sete meses demonstraram-se como sendo tão efetivas

como quatro doses nos primeiros sete meses. Como

resultado, duas doses nos primeiros sete meses, seguida de

uma única dose com um ano de idade foi adotada como

esquema de rotina.

“Usando dados desta experiência natural nos EUA,

outros países mudaram o esquema recomendado pela

Wyeth para não gastar recursos com quatro doses”, falou

Flannery. “Assim existe a possibilidade de podermos

trabalhar um pouco nesta questão de quantas doses serão

necessárias no Brasil para serem efetivas”.

Por oferecer 70% de redução da doença

pneumocócica, pesquisadores estimam que nos EUA a

vacina esteja prevenindo 40.000 internações por ano

em crianças com menos de cinco anos de idade. Mas a

maior surpresa, para Flannery, foi a redução da doença

pneumocócica entre idosos. Na população com mais de 65

anos, a “imunidade de rebanho” adquirida pela inoculação

em crianças pequenas reduziu a hospitalização por doença

pneumocócica em cerca de 40%, o que leva a significativas

reduções de custos.

Entretanto, não ocorreu significativa redução estatística

em todos os casos de pneumonia em idosos devido, talvez,

às altas variações sazonais. “Quanto à mortalidade, é muito

difícil verificar o impacto da vacina em adultos com os

dados que temos disponíveis”, mencionou Flannery.

Flannery disse que mesmo com a vacina, “ainda temos

doença pneumocócica nos EUA”.

“Aqueles entre vocês que estão envolvidos em

pesquisas sobre a doença pneumocócica não se preocupem

em perder seus empregos”, ele disse. Entretanto

especialistas em doenças têm sido reassegurados em

descobrir que as mudanças nos sorotipos circulantes nos

Estados Unidos não foram tão grandes quanto temiam.

“A redução no número de infecções por sorotipos

presentes na vacina é muito mais elevado do que o

aumento no número de casos por sorotipos que não estão

na vacina”, disse Flannery.

Disse ainda que o sorotipo 19A causa cerca de 50%

das doenças pós vacina pneumocócica encontrada hoje em

dia nos EUA. Assim, tem sido considerado para inclusão

em uma futura vacina pneumocócica. Flannery chamou

atenção que o êxito de identificar sorotipos que ainda

causam doenças comprova a importância da vigilância pós

vacina.

Atualmente, o custo da vacina nos EUA é cerca de

EUA$30,00 por dose. Mas, diz Flannery, “não recebemos

muitas reclamações sobre gasto em dinheiro, especialmente

com a inclusão deste efeito indireto da doença

pneumocócica em adultos”.

“Aqueles entre vocês que estão envolvidos em pesquisas sobre a doença

pneumocócica não se preocupem em perder

seus empregos”

Brendan Flannery, Centro de Controle e Prevenção de Doenças, EUA

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Investimentos em Vacinas: O Desafio da

Avaliação de Custo-Efetividade

Em 2005, o Programa Nacional de Imunização

do Brasil solicitou que pesquisadores conduzissem

estudos sobre custo-efetividade de cinco novas vacinas

sob consideração: catapora, rotavírus, hepatite A,

meningocócico C conjugado e pneumococo. Uma equipe

liderada por Maria Novaes da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo concentrou-se no custo-

efetividade da adição da vacina pneumococo no Programa

Nacional de Imunização do Brasil.

Mundialmente, existem cerca de 21 estudos

publicados considerando o custo-efetividade das vacinas

pneumocócicas. Cerca de um terço foram realizadas na

América do Norte, e dois terços na Europa, mas nenhum

realizado na Ásia ou na América Latina. “Eles estão

concentrados nos países desenvolvidos”, Novaes disse.

É difícil comparar estes estudos, ela disse, porque

foram conduzidos com uma enorme variedade de dados,

metodologia e mesmo definição da doença pneumocócica.

Entretanto, ela continua, pesquisadores estudando custo-

efetividade devem sempre equilibrar o desejo da precisão

com o desejo da oportunidade e de impacto nas decisões

políticas.

Novaes deixou claro que estimativas de custo-

efetividade nunca podem estar livres do seu contexto

político. “Não existem números mágicos”, ela explica,

“se você faz uma estimativa você está sempre, a favor

ou contra a tecnologia. Não existe estimativa neutra. E é

importante saber que isto tem enorme significado político.

Ana Maria Sartori, membro da equipe, discutiu como a

equipe está calculando as estimativas preliminares de custo-

efetividade para o Brasil. Ela disse que são baseadas nos

dados de mortalidade nacionais, dados de hospitalizações

(SIH), dados de meningite do Sistema de Informação

para Notificação de Queixas (SINAN), laboratório de

vigilância para pneumococo, levantamentos populacionais,

levantamentos da literatura, dados não publicados de vários

pesquisadores e algumas bases de dados estaduais.

Avaliação da Carga da Meningite

Os dados da meningite provem principalmente do SIH

e SINAN. A base de dados do SIH mostra que o micróbio

que causa meningite foi determinado somente em 40% dos

casos de meningite bacteriana. Destes, pneumococos foram

responsáveis por 34% dos casos em crianças com menos

de um ano de idade e 27% de casos em crianças entre um

e quatro anos de idade. Os pesquisadores presumiram que

o pneumococo também era o agente causal em 34% de

meningites bacterianas de causa desconhecida.

Sendo que a equipe somente tinha dados de internação

em hospitais públicos, eles usaram dados de levantamentos

nacionais que mostravam que 34% das hospitalizações eram

particulares, de maneira a corrigir o custo total de ambas

hospitalizações, públicas e privadas.

O cálculo do custo, que algumas vezes chamam de

“efeitos posteriores” da meningite, provou ser mais difícil

do que avaliar o custo relacionado aos efeitos imediatos

da doença. Pacientes com meningite podem sofrer perda

da audição e vários problemas neurológicos, incluindo

convulsões, retardo motor, problemas comportamentais

e deficiências no aprendizado. Enquanto alguns destes

problemas tornam-se aparentes imediatamente, outros como

deficiências no aprendizado podem não se manifestar até

anos depois, tornando muito difícil determinar os custos.

Também Sartori destaca, “nos países em

desenvolvimento a freqüência dos “efeitos posteriores”

é muito mais alta que nos países desenvolvidos”.

Enquanto 20-30% de pacientes com meningite podem

apresentar efeitos posteriores em países desenvolvidos, a

porcentagem pode ser mais alta, como 55%, em países em

desenvolvimento. As razões para esta disparidade incluem

atrasos no diagnóstico e tratamento.

Contudo, existem muito poucos dados sobre os efeitos

posteriores da meningite no Brasil. A equipe de pesquisadores

encontrou três estudos sobre este tema. Num estudo nos

estados da Bahia e São Paulo, os pesquisadores encontraram

perda auditiva entre 15 e 24% dos casos de meningite.

Em outro estudo no Rio de Janeiro e Bahia, alterações

neurológicas em geral foram identificadas com uma taxa

entre 15 e 21% em crianças menores de dois anos de idade.

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Avaliação do Custo da Pneumonia

Pneumocócica

Para estimar o custo da pneumonia pneumocócica

os pesquisadores enfrentaram os problemas comuns na

definição do diagnóstico da pneumonia e na determinação

da causa da pneumonia. Em crianças menores de cinco anos

de idade eles encontraram que pneumococos foram somente

identificados como causa em 1,3% dos casos de pneumonia.

Por outro lado, estudos nos EUA, Gâmbia, África do

Sul e Brasil (Bahia) todos indicaram que cerca de 20% das

pneumonias, confirmadas por raio-X, foram causadas por

pneumococos. Assim, a equipe decidiu utilizar pneumonia

confirmada por raio-X para desenvolver estimativas de

custo para pneumonia pneumocócica no Brasil.

A equipe baseou-se em internações hospitalares por

pneumonia, mas também calculou os casos de pneumonia

ambulatoriais, usando dados das cidades brasileiras de

Campinas, Salvador e Recife. A seguir, estimaram quantos

destes casos tinham confirmação radiológica, usando

estudos realizados nas cidades de Pelotas, Recife, Salvador

e Goiânia.

Para o ano 2004, a equipe estimou que haveria 1.5

milhões de casos de pneumonia em crianças com menos de

cinco anos. Isto indica 93 casos de pneumonia por mil crianças.

“Esta taxa é muito mais baixa que aquela calculada

pela OMS em 2006, para o Brasil, o que nos dá,

aproximadamente, quatro milhões de casos em um ano”,

diz Sartori. “Consideramos que a estimativa da OMS está

um pouco alta.

Por outro lado, a nova estimativa confirma a hipótese

que a doença pneumocócica é mais prevalente nos países

desenvolvidos. A estimativa para a América do Norte e

Europa é de 30 a 40 casos de pneumonia por mil crianças

por ano.

A equipe ainda não decidiu se vai ou não incluir

infecções auditivas no estudo de custo-efetividade.

Estimativas da taxa de infecção auditiva diferem

dramaticamente, diz Sartori. É difícil determinar se três

episódios anotados foram realmente do mesmo paciente

retornando pela infecção crônica ou se são três casos

diferentes. Também, a vacina contra doença pneumocócica

não é muito efetiva para prevenção de infecções auditivas,

ela diz, pelo menos nas formulações usadas até agora.

Assim, a estimativa de custo será baseada em

pneumonias, septicemias, meningites e seus efeitos

posteriores e doença pneumocócica não classificada. O

custo inclui tratamento ambulatorial, hospitalar, transporte

e custos de produtividade. (Veja Tabela)

Custos Diretos – Tratamento Hospitalar: Desafios Variável Faixa etária

Internação <1a 1-4a <5a

Valor médio (reais de 2004) Pneumonia (J12-18) 585,00 417,00 486,00Sepsis (A40.3) 1.328,00 1.026,50 1.238,90Meningite (G00.1) 1.147,98 883,40 1.025,55Outras (B95.3) 259,65 258,84 259,06Permanência média (dias) Pneumonia (J12-18) 6,0 4,9 5,4Sepsis (A40.3) 14,7 12,7 14,1Meningite (G00.1) 13,3 10,4 11,9Outras (B95.3) 5,9 5,5 5,6

Fonte

SIH DATASUS

(2004)

FIGURA 2.6

Apresentado por: Maria Novaes, Universidade de São Paulo, Brasil

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“Estudos de custo-efetividade servem somente para apoiar uma decisão. Não são a própria decisão”.

Maria Novaes, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil

Produção de Vacina Pneumocócica nos Países em Desenvolvimento No Simpósio, Luciana Leite do Instituto Butantan falou sobre a necessidade de mais países desenvolverem a

capacidade de produzir vacinas.

“Parece existir um consenso de que o custo das vacinas somente começará a baixar quando houver mais

produtores e mais vacinas disponíveis”, ela disse.

Ela indicou que dentre a Rede de Produtores de Vacinas dos Países em Desenvolvimento (DCVMN ou

Developing Countries Vaccine Manufacturers Network), existem, pelo menos, cinco laboratórios trabalhando

na aquisição ou desenvolvimento de tecnologias para produzir vacinas conjugadas. Eles pretendem começar a

produção de vacinas em 2009, 2012 e 2015.

“Assim podemos esperar uma grande mudança no mercado de vacinas nos próximos anos”. A expectativa

é que o custo caia de EUA $ 53 por dose para EUA $ 20 “o que já será um avanço considerável”, diz Leite.

A estimativa é que serão necessários em todo o mundo 300 milhões de doses de vacinas pneumocócicas,

porém a capacidade produtiva atual é de somente 100 milhões. Entretanto, segundo Leite, a preços atuais

somente 40 milhões de doses serão adquiridas. Se o preço cair para EUA $ 20 por dose, ela estima que 135

milhões de doses serão compradas. Daí, observar o aumento de aquisições para outros 135 milhões de doses

não acontecerá até que o preço caia para EUA $ 2 por dose.

Leite nota que a experiência com vacina Hib indicada que imunização em muitos países ainda é inacessível

“mesmo a um custo de dois e meio dólares”.

Muitos produtores estão trabalhando com novas vacinas conhecidas como vacinas proteína-pneumocócicas

que são mais baratas e podem reduzir o custo da imunização.

Comentando a questão do custo-efetividade, Leite afirma que “todos estudos parecem demonstrar

que mesmo com vacinas mais caras, a EUA $ 53, a vacinação será custo-efetiva”, sob todas as perspectivas

econômicas; ou seja, para aqueles que consideram as economias no custo da atenção à saúde em anos futuros.

Mas, ela afirma que isto não significa que será acessível pela perspectiva do orçamento nacional. “O problema,

de fato, será a disponibilidade de recursos”, ela diz.

Leite diz que a vacina pneumocócica poderá custar para o Brasil cerca de EUA $ 600 milhões, o que não

é realista devido a atual restrição orçamentária do sistema de assistência à saúde. “Vamos ter que buscar este

dinheiro em algum lugar” diz. Mas Leite chama a atenção que não se pode simplesmente pedir a um hospital

que aceite um orçamento menor porque “vocês terão menos internações por alguns anos porque nós vamos

imunizar as crianças”.

“Não é provável que os leitos hospitalares fiquem vazios porque existe menos infecção por pneumococo”

ela diz. “Eles serão preenchidos por outras razões”.

QUADRO 2

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ProVac: Apoiando Decisões Informadas sobre a

Adoção de Vacinas

Jon Andrus, da Organização Pan-Americana da

Saúde (OPAS), apresentou o papel da OPAS no programa

chamado ProVac, que procura oferecer cooperação

técnica e reforço da capacidade nacional para a tomada de

decisões informadas, com base em evidências, relacionadas

à introdução de vacinas novas e sub utilizadas. O enfoque

principal do programa, de acordo com a OPAS, é aumentar

a capacidade nacional para realizar e coordenar avaliações

econômicas na introdução de vacinas.

Em 2004 o projeto começou com financiamento

do Pneumo ADIP da GAVI e recebeu apoio adicional da

Fundação Bill e Melinda Gates.

O ProVAc fornece uma estrutura para a consideração

de quando um país deve introduzir uma nova vacina

utilizando critérios, como os seguintes:

Qual é a carga da doença?•

Quão eficiente é a vacina?•

Quais são os efeitos adversos?•

Qual e o custo-efetividade?•

Qual o plano para vigilância após a comercialização? •

Haverá suprimento adequado da vacina? •

Qual é a capacidade da cadeia de frio?•

Qual o plano de financiamento? •

Há vontade política necessária? •

Haverá equidade para o acesso à vacina? •

Atualmente a OPAS está trabalhando através do

ProVac para apoiar o processo de tomada de decisões em

cinco (de seis) países das Américas que receberam apoio da

Aliança GAVI (anteriormente Aliança Global para Vacinas e

Imunizações) e um país não GAVI.

A prioridade é ajudar países a avaliar vacinas para

influenza, rotavírus, pneumococo, e papilomavírus

humano (HPV).

Andrus informou que especialistas da OPAS estão

trabalhando para apoiar a introdução de novas vacinas

através da compartilhação de lições aprendidas em diversos

países. Eles também analisaram a legislação sobre vacinas

em 28 países e resumiram lições de sustentabilidade

programática, sustentabilidade financeira, prioridades

nacionais, esquemas de vacinação e orçamento. Por

exemplo, ele disse que a análise revelou a necessidade

de melhorar a eficiência, priorizar gastos, lutar contra a

corrupção e desenvolver estratégias relacionadas a doações,

parceria privadas e assegurar equidade e acesso.

O ProVac também fomentou parcerias público-

privadas, como a parceria com fornecedores que oferecem

vacina contra rotavírus por três anos na Nicarágua e outro

fornecedor que oferece vacina contra rotavírus em

El Salvador.

“Não podemos aceitar situações nas quais existem

tecnologias, como novas vacinas, em países industrializados

que não existem em países pobres onde ocorre uma pesada

carga de doenças”, concluiu Andrus. “Eu espero que por

volta de 2015 poderemos dizer que reduzimos o número de

crianças falecidas”.

Andrus comentou que, por exemplo, há esperança que

vacinas contra o rotavírus e pneumococos possam prevenir

150.000 mortes cada ano nas Américas. Mas, ele disse, que

isso “depende do acesso a vacinas com preços viáveis”,

que por sua vez, destaca a importância do Fundo Rotatório

da OPAS, que tem surgido como o principal veículo para

negociação na redução dos preços das vacinas. Olhando

para o futuro, Andrus disse que o desafio poderá ser mais

complexo com base na análise que indica que ao redor de

2010, somente dois países nas Américas terão os “critérios

apropriados” para se qualificar para os fundos GAVI.

“Temos esta carga de doença e a vacina a preços

proibitivos para muitos países em desenvolvimento”, disse

Andrus. “Somos responsáveis por melhorar ou aprimorar o

espectro financeiro e a legislação para apoiar a introdução

de uma nova vacina. Da mesma maneira, temos que

negociar um preço mais baixo (através do fundo Rotatório

da OPAS para aquisição de vacinas) e, ao mesmo tempo,

desenvolver evidências que justifiquem sua introdução”.

“Tudo depende do acesso a vacinas com preços

viáveis. Assim, o papel do Fundo Rotatório é crítico”.

Jon Andrus, Organização Pan-americana da Saúde

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Sessão III:

Sendo que o objetivo do Simpósio foi procurar sinergias

entre as atividades para influenza e pneumococos, os

participantes procuraram compreender mais sobre os

esforços do Brasil para combater influenza e suas atividades

de vigilância para ambas as enfermidades.

Uso de Vacinas Contra Influenza no Brasil

Laura Arruda do Programa Nacional de Imunização

do Brasil (PNI) apresentou a campanha brasileira de

imunização contra influenza, que foi lançada em 1999.

Arruda informou que no Brasil a vacina contra a

influenza é oferecida para idosos, população indígena,

prisioneiros, profissionais de prisões, trabalhadores da saúde

e população com certas condições de alto risco. Em 2007

foram usadas 14 milhões de doses.

Arruda comentou que “a imunização é realmente

muita alta, considerando que a meta de vacinação foi

70% (da população alvo) e tivemos uma cobertura real

de 87%”. Em 2007, somente 157 municipalidades não

alcançaram a meta de cobertura de 70%, ela disse,

enquanto 5.407 municípios alcançaram a meta.

Atualmente, dificuldades na obtenção de grandes

suprimentos da vacina têm limitado a expansão do

programa de imunização contra influenza. Porem ao redor

de 2009, Arruda disse que Brasil espera estar produzindo

sua própria vacina contra influenza.

Ela diz “quando tivermos disponibilidade desta vacina

será possível aumentar o grupo etário beneficiado pela

vacina contra a influenza”. Por exemplo, a vacina poderá

ser oferecida para crianças, ela informa. A população de

mulheres grávidas é também um alvo potencial.

O Brasil também gostaria de maximizar o efeito da

vacinação ajustando o esquema de vacinação de acordo

Vigilância para Influenza e Identificação da Rede para Pneumococo no Brasil

com as condições locais. Existem evidências de que a

temporada de influenza difere no norte e sul do país e

a imunização está perdendo os picos em certas regiões.

Arruda diz que “os picos de influenza ocorrem sempre no

primeiro trimestre do ano na região amazônica e depois

continua em direção ao sul do país”.

Poderá ser possível conduzir uma campanha de

vacinação mais cedo no norte e nordeste do Brasil, ela diz,

utilizando vacina do hemisfério norte.

Provisão de Dados Essenciais para Avaliação

da Vacina

Conforme previamente discutido, a rede de vigilância

pneumocócica foi iniciada na América Latina para obtenção

de dados essenciais para decisão da introdução da vacina

na região, para avaliar sua eficácia após ser introduzida,

além de permitir o monitoramento dos níveis de resistência

antimicrobiana. Portanto, um dos objetivos iniciais do

SIREVA foi determinar a prevalência do sorotipo de

pneumococo na América Latina comentou Maria Cristina

Brandileone, do Instituto Adolfo Lutz em São Paulo.

Entretanto, a missão rapidamente se expandiu para incluir

na vigilância epidemiológica regional a investigação das

doenças invasivas causadas por hemófilos e meningococo.

Brandileone mencionou que houve uma motivação

regional para o desenvolvimento do SIREVA na América

Latina gerada pela desconfiança dos países desenvolvidos

de que a América Latina não seria apta para “introduzir

uma rede de laboratórios capacitada em conduzir

o monitoramento dos sorotipos e da resistência aos

antimicrobianos”. Ela diz, “mas este descrédito foi

precisamente o fato necessário para a rede latino-americana

trabalhar com determinação”.

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Brandileone chamou atenção para o forte programa

de controle de qualidade, coordenado pela OPAS, dos

exames laboratoriais relativos ao SIREVA, realizado através

de painéis de cepas enviadas às cegas aos países e da

averiguação dos resultados obtidos na rotina laboratorial,

certificando assim os resultados obtidos pela rede latino-

americana. Para tal programa, o IAL, Brasil, atua como

Centro Sub-Regional Sul para os 14 países da região e

África do Sul, e o INS, Colômbia, atua como Centro Sub-

Regional Norte para os países da América Central e Caribe.

No Brasil, a rede de vigilância para pneumococo teve

início em 1993, com o estabelecimento de hospitais de

referência em quatro regiões do país, especificamente, nas

cidades de Belém, Recife, Belo Horizonte e São Paulo. Nos

14 anos seguintes, o número de cepas isoladas de doenças

invasiva cresceu de 1.622 para 8.267, disse Brandileone.

Ela apontou que no Brasil há um sistema de vigilância

para meningites bem estruturado, e, portanto, há uma

porcentagem maior de pneumococos isolados deste agravo

comparado com o número de isolados de pneumonias. Em

outros países, como por exemplo, no Uruguai, ocorre uma

situação oposta, com um maior número de isolados de

sangue de pacientes com pneumonia.

Brandileone disse que a cepa mais comum de

pneumococo encontrado no Brasil é do sorotipo 14, um

sorotipo pediátrico associado à resistência à penicilina.

(Em contraste 23F é o principal sorotipo resistente isolado

na Europa e o 9V causa resistência nos EUA). Sorotipo 6B

causa doenças em todos os grupos etários, enquanto o

sorotipo 19F está associado a infecções auditivas.

Os sorotipos 1 e 5 são importantes no Brasil, porém

não estão incluídos na vacina 7-valente. Brandileone diz

Haemophilus influenzae

Gram

Identificação

Tipagem por PCR

Sorotipagem por aglutinação

+ - salina

FIGURA 3.1

Apresentado por: Maria Cristina Brandileone, IAL, Brasil

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Diagnóstico bacteriológico molecular – PCR

PCR para diagnóstico: padronizar e validardetecção de genes em líquidos•

genes • OMPP e bexA (capsula) para H. influenzaelytA• para pneumococo

PCR para sorotipagem de pneumo: padronizar e validarprimers• para genes de 20 sorotipos entre os 90 existentes

FIGURA 3.2

que “esta seria a razão pela qual esta vacina teria um

menor impacto no Brasil quando comparado a outros

países”. Ela disse que as vacinas pneumocócicas 10-valente

e 13-valente em atual desenvolvimento incluirão os

sorotipos 1 e 5 entre outros, oferecendo maior impacto

potencial para a população brasileira.

Brandileone observou que a vacina 7-valente tem um

impacto estimado em 67% sobre as doenças invasivas que

acometem crianças com menos de seis anos de idade, dado

baseado na prevalência dos sorotipos circulantes entre

2000 e 2006. Ela disse que a vacina 13-valente logo estará

disponível e terá um impacto potencial de 89%.

De acordo com Laura Arruda do PNI, o Brasil tem usado

a vacina 23 valente (que não é recomendada para crianças)

desde 1992 para pacientes de alto risco em 39 “Centros de

Referência” e desde 1999 para adultos com mais de 60 anos

em ambiente de alto risco, como hospitais e asilos. Este ano,

o país está comprando 370 mil doses. Também comprarão

82 mil doses da vacina 7 valente para uso em crianças de

alto risco com menos de dois anos de idade.

Apresentado por: Maria Cristina Brandileone, IAL, Brasil

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“Houve uma motivação regional para o desenvolvimento do SIREVA na América Latina gerada pela desconfiança dos países

desenvolvidos de que a América Latina não seria apta para introduzir uma rede de laboratórios capacitada em conduzir o

monitoramento dos sorotipos e da resistência aos antimicrobianos. Mas este descrédito foi precisamente o fato necessário para a rede

latino-americana trabalhar com determinação”.

Maria Cristina Brandileone, Instituto Adolfo Lutz, Brasil

Vigilância de Influenza e Dados Secundários de

Pneumonia e Influenza

“O vírus da influenza pertence a família dos

ortomixovírus, cuja característica principal é a força da

mutação” explica Ricardo Malaguti, do Ministério da

Saúde. O vírus é também conhecido pela transmissibilidade,

ele disse, não somente entre humanos, mas entre animais e

humanos.

Malaguti descreve os três tipos deferentes de vírus

da influenza, conhecidos como A, B e C. Ele notou que a

influenza A é de particular interesse porque sua superfície

protéica muda constantemente, necessitando reformulação

anual da vacina para influenza.

Malaguti continua: “Assim o vírus influenza A é de

grande preocupação da saúde pública por causa desta

característica altamente transmissível, com elevada potência

de mutação e porque pode ser transmitido de animais para

humanos”.

Malaguti notou que o sistema de vigilância da

influenza no Brasil monitora cepas do vírus e flutuações

sazonais, assim como dados de morbidade, mortalidade

e surtos. (Por exemplo, em 2005, dados de mortalidade

indicaram 75.000 mortes por pneumonia e influenza

no Brasil). Disse ainda que o sistema do país não tem

capacidade para estimar as taxas de prevalência.

Na ocasião da sua apresentação, cada estado brasileiro

tinha, pelo menos, uma unidade de saúde participando da

Rede de Unidades Sentinelas para vigilância da influenza.

A meta é para unidades sentinelas coletarem e enviarem

esfregaços nasais cada semana para análise no laboratório

estadual. Amostras positivas são enviadas para o laboratório

de referência, onde as cepas de influenza são caracterizadas

e depois mandadas para o laboratório do CDC nos EUA

onde poderão ser consideradas para inclusão na próxima

vacina contra influenza.

O Brasil também está preparando-se para conduzir

uma vigilância da cepa H5N1 da gripe aviária, dada a

preocupação de que o vírus possa passar a ser transmitido

de humano a humano causando, potencialmente, uma

pandemia.

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Sessão IV:

A maior parte do Segundo dia do Simpósio foi dedicada a

trabalhar com profissionais regionais de saúde pública para

receber uma retroalimentação sobre o plano de vigilância

integrada do Ministério da Saúde para seguimento de

pneumonia e influenza.

“Quando temos uma proposta de mudança, isto cria

uma ansiedade muito alta porque temos dificuldades com a

política de recursos humanos, políticas de carreira, política

de salários”, disse Márcia Lopes de Carvalho do Ministério

da Saúde. “E isto é um aumento da carga de trabalho”.

O problema de rastrear, conjuntamente, pneumonia

bacteriana e viral é logístico, mas também clínico. Carvalho

diz que “não podemos diferenciar pneumonia viral e

bacteriana”. “Mesmo raio-X não diferencia de maneira

definitiva”.

Demonstrando porque é tão importante ter tantos

estados conduzindo vigilância integrada, Carvalho chamou

a atenção para as diferenças regionais no Brasil que são

muito evidentes, tanto na extensão como no tipo de

vigilância já instalada e cepas da doença em circulação.

“A resistência antimicrobiana no estado de São Paulo

é diferente daquela no estado da Bahia” diz Carvalho. Mas

não está sempre claro se a diferença observada é devida à

falta de dados ou causada pela maneira como o antibiótico

foi usado. “Assim, a situação é complexa quando se precisa

tomar uma decisão para introduzir ou não uma vacina, ou

se devemos ou não introduzir uma proposta de vigilância”

ela diz.

Nem todos os estados brasileiros estão preparados para

adotar uma vigilância com definição de casos padronizados,

ela diz. Mas Carvalho explica que os estados terão 30

dias para voltar para casa e conduzir um “diagnóstico do

estado” se eles estão ou não preparados para lançar uma

Proposta para uma Vigilância Integrada da Pneumonia Bacteriana e Viral no Brasil – Oportunidades para Integração

vigilância para pneumonia. Os estados que estiverem

prontos para começar, o que mais provavelmente incluirá a

Bahia, Paraná e o Distrito Federal servirão como programas

pilotos.

Carvalho disse que um passo importante será escolher

um hospital como unidade sentinela como preparação da

rede de vigilância. A unidade sentinela deverá operar um

serviço de raio-X, laboratório com capacidade de realizar

hemocultura por método automatizado, ter uma estrutura

para transporte de amostras e para notificação de dados

agregados.

“Ocorre uma grande ansiedade quando temos propostas para mudanças. E resulta em um aumento

da carga de trabalho”. Márcia Lopes Carvalho,

Ministério da Saúde, Brasil

Integração do Sistema de Informação

Já existe, pelo menos, uma dúzia de diferentes sistemas

de informação no Brasil relevantes para vigilância da

pneumonia, segundo José Cássio de Moraes, do Ministério

da Saúde. Variam desde o Sistema de Imunização até o

Sistema de Informação sobre Mortalidade.

Por outro lado, de Moraes nota, que não há um

sistema de informação específico para laboratórios, o que

é um problema para a vigilância epidemiológica. Existe

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um sistema para reunir amostras da vigilância, ele diz, ou

um sistema para notificar resultados destas amostras. De

Moraes também diz que “há uma dificuldade no fluxo de

dados de um lugar para outro”. Por exemplo, ele disse

que no caso da febre da dengue um laboratório pode

processar uma amostra, mas tomará vários meses para que

o resultado epidemiológico seja publicado. Mas quando a

vigilância da pneumonia for lançada, de Moraes diz que

uma eficiente “troca de informação entre as várias áreas

será essencial”.

Outra questão com dados sobre saúde no Brasil,

ele diz, é que geralmente não inclui dados de hospitais

particulares. “Existe uma disputa, uma batalha, com relação

à inclusão do setor privado”, explica de Moraes. “Existe

uma resistência pelo setor médico porque eles consideram

que o controle beneficiará aqueles interessados em planos

de saúde e quebrará o sigilo”.

De Moraes também reitera a necessidade de

considerar as variações regionais no Brasil. Por exemplo,

acesso à prevenção, diagnóstico e tratamento podem ser

diferentes em todo o país, ele diz, como também as cepas

da doença.

Um participante da conferência estava curioso

porque o Brasil estava usando lavados bronquiais como

parte da vigilância da pneumonia, sendo que a técnica

não é adequada para detectar pneumonia adquirida na

comunidade. De Moraes disse que a intenção era que o

uso da técnica servia somente para pacientes cuja causa da

doença não podia ser determinada pela cultura sanguínea.

Houve também perguntas sobre como um grande

hospital, com milhares de admissões por pneumonia por

mês podia dar seguimento ao protocolo da vigilância. Foi

explicado que a vigilância não envolve todos pacientes

– por exemplo, pacientes que receberam antibióticos

anteriormente à admissão eram excluídos. Também foi

notado que hospitais que manejam um grande número

de pacientes podem notificar uma significativa amostra

de pacientes e aumento da vigilância à medida que a

capacidade laboratorial melhorasse.

Discussão da Proposta para Vigilância Integrada

Nas horas finais do Simpósio, um grupo de discussão

do Ministério da Saúde levantou muitas perguntas sobre a

proposta de vigilância integrada para pneumonia bacteriana

e viral. O Ministério planejou considerar todas as questões

enquanto continua a desenvolver a proposta e manter

discussões com o pessoal de laboratório em todo o país.

“Nós estamos aqui decidindo o caminho que

tomaremos para começar a trabalhar em pequenas

unidades, escolhidas de acordo com suas capacidades”

disse Eduardo Pinheiro Guerra do Ministério da Saúde.

Perguntas levantadas na discussão incluem:

A rede de vigilância será inicialmente •

implementada nacionalmente ou em programas

piloto?

Se for implementada primeiramente em •

programas piloto faz sentido tentar começar

em grandes cidades como São Paulo e Rio? Ou

faria muito mais sentido começar em pequenas

cidades?

Deveria a vigilância incluir todos que apresentam •

pneumonia ou somente crianças com menos de

cinco anos de idade e adultos com mais de 60

anos de idade?

Será que os hospitais sentinela realmente têm •

que testar todos os casos possíveis de pneumonia

bacteriana e viral ou somente os casos mais

comuns?

O que funcionaria melhor como hospital sentinela, •

um hospital grande ou pequeno?

Os hospitais particulares serão considerados para •

inclusão como hospitais sentinela?

A capacidade de realizar hemocultura •

automatizada é um requerimento para participar

da rede, porque pequenos estados como

Rondônia, Roraima e muitos do nordeste brasileiro

não têm esta capacidade?

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Como a carência de radiologistas afetaria a •

habilidade de incluir o diagnóstico radiológico na

vigilância?

Será que é prático unir os dois objetivos de se •

preparar para a vacina pneumocócica e para uma

eventual pandemia de influenza?

Palavras Finais de Ciro de Quadros

“Acho que este foi um encontro extraordinário.

Acredito que o Brasil está dando um grande passo na

direção do controle da doença pneumocócica e influenza.

O Brasil tem sempre sido um exemplo para a região e o

mundo”.

“A vigilância para pneumococo e influenza é

extremamente complexa e os esforços para integrar as

atividades laboratoriais com epidemiologistas são bem-

vindas”.

“Notem que não estamos estabelecendo uma rede completa nos próximos dias. Estas questões serão

resolvidas na medida em que as unidades sentinela são implementadas, e começam a funcionar, e os

engarrafamentos serão identificados”.Eduardo Pinheiro Guerra, Ministério da Saúde, Brasil

“Outro item que creio que será muito importante

é a idéia de trabalhar de maneira harmônica com outros

países da região. O espírito pan-americano é importante.

Creio que é importante que trabalhemos nossas atividades

juntos e harmonicamente. Isto, obviamente, respeitando

as características de cada país, mas em termos gerais,

poderemos comparar dados e realmente mover adiante

estas atividades.”

“Em outras palavras, eu volto para casa sentindo-me

muito entusiasmado, notando que uma atividade muito

importante foi gerada aqui, e que esta atividade pode

também ser aplicada em outros países da região ou em

outras partes do mundo, na medida em que os países

decidam controlar a doença pneumocócica”.

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Conferenciantes

Ana Lucia Andrade Universidade Federal de Goiás Goiânia, GO

Ana Maria Sartori Universidade de São Paulo São Paulo, SP

Brendan Flannery Centro para Controle e Prevenção de Doenças Atlanta, Estados Unidos

Clelia M. Aranda Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo São Paulo, SP

Ciro de QuadrosInstituto de Vacina SabinWashington, Estados Unidos

Cristiana Nascimento CarvalhoUniversidade Federal da BahiaSalvador, Brasil

Cuauhtemoc Ruiz MatusOPS/OMSWashington, Estados Unidos

Eduardo Pinheiro Guerra Ministério da SaúdeBrasilia, Brasil

Fernando de la HozUniversidade Nacional da ColombiaBogotá, Colombia

Jon AndrusOPS/OMSWashington, Estados Unidos

José Cassio de MoraesCTAISão Paulo, Brasil

José Ricardo Pio MarinsMinistério da SaúdeBrasilia, Brasil

Laura Dina Bedin B.S. Arruda Programa de Imunizações - Ministério de Saúde Brasilia, DF

Lucia Helena De OliveiraOPS/OMS Washington, Estados Unidos

Luciana Cesar de C. Leite Instituto Butantan São Paulo, SP

Marcia Lopes de CarvalhoMinistério da SaúdeBrasilia, Brasil

Maria Cristina BrandileoneInstituto Adolfo LutzSão Paulo, Brasil

Maria NovaesUniversidade de São PauloSão Paulo, Brasil

Maria Tereza da CostaOPS/OMSWashington, Estados Unidos

Otavio OlivaOPS/OMSWashington, Estados Unidos

Ricardo MalagutiMinistério da SaúdeBrasilia, Brasil

Terezinha PaivaLACENSão Paulo, Brasil

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Lista De Participantes

Adriana Melo de FariaUniversidade de São PauloSão Paulo, SP

Akira HommaFiocruz/Bio-Manguinhos Rio de Janeiro, RJ

Alcina Marta de S. Andrade Diretora da Divisão de Vigiância EpidemiológicaSalvador, BA

Allexandre TamiatoOSão Paulo, SP

Ana Freitas Ribeiro Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo São Paulo, SP

Ana Maria Helfer Diretora do Núcleo de Epidemiologia Belém, PA

Ana Maria R. Oliveira Gerência de Vigilância Epidemiológica e ImunizaçãoBrasilia, DF

Angela Pires Brandão Instituto Adolfo Lutz São Paulo, SP

Arilde Oliveira Lima Veloso LACENSão Luis, MA

Bernadete G. Lewandowski Coordenadora da Vigilância Epidemiológica Estadual Campo Grande, MS

Calil Kairalla Farhat Universidade Federal de São Paulo São Paulo, SP

Carmem Lucia F. Pimenta LACEN Brasilia, DF

Cesar A. Bezerra B. Araujo Coordenador da Vigilância Epidemiológica e Hospitalar Porto Velho, RO

Chequer Buffe Chamone LACEN Belo Horizonte, MG

Christinane Krawiec Fontana LACEN Curitiba, PR

Deize Gomes Cavalcanti Matos Recife, PE

Denise Leão Ciriaco Gerente de Agravos de transmissão Respiratória Maceió, AL

Dina Cortez Lima F. Vilar Supervisora da Vigilância Epidemiológica Fortaleza, CE

Eduardo Forleo São Paulo, SP

Eitan N. Berezin Sociedade Brasileira de Pediatria / Emilio Ribas São Paulo, SP

Eliana Nogueira C. de Barros VE Pneumonias Brasilia, DF

Elizabete Pimentel Ferreira LACEN Rio Branco, AC

Eudes Antonio Pedroso LACEN Cuiabá, MT

Fátima Rejane Wink Santos LACEN Rio de Janeiro, RJ

Gabriel Wolf Oselka Cedipi São Paulo, SP

Giralcina Pessoa Reis Aguiar Diretora Vigilância Epidemiológica Manaus, AM

Giselda Melo Fontes Silva Coordenadora de Vigilância Epidemiológica Aracajú, SE

Glaucia Vespa São Paulo, SP

Hulda S. dos Santos Coordenadora de Área - Vigilância Epidemiológica São Luis, MA

Izilda Andrade Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo São Paulo, SP

Jandira A. Campos Lemos Vigilância Epidemiológica Belo Horizonte, MG

João A. Daniel Filho LACEN Florianópolis, SC

Joice Valentim São Paulo, SP

Julia Maria M. Souza Felipe Instituto Adolfo Lutz São Paulo, SP

Juvanete Amoras T. Miranda LACEN Macapá, AP

Karla Regina M. C. Pereira LACEN Palmas, TO

Kleyffson Alves de Miranda LACEN Belém, PA

Leonor Gamba Proença Vigilância Epidemiológica Florianópolis, SC

Ligia Maria C. Costa Ministério da Saúde Brasilia, DF

Lucilene Rafael Aguiar Gerente da Vigilância Epidemilógica Recife, PE

Luiz Adroaldo A. Tagliani CGPNI/DEVEP/MS Porto Velho, RO

Luiza Helena Falleiros Santa Casa São Paulo, SP

Marcelo Eduardo Lia Fook LACEN João Pessoa, PB

Marco Aurélio Palazzi Safadi Santa Casa São Paulo, SP

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Margarete Benega VE Pneumonias São Paulo, SP

Maria Antonieta D. Marinho Coordenadora da Vigilância Epidemiológica Natal, RN

Maria Bárbara H. Rodrigues LACEN Goiânia, GO

Maria de Fatima Calderaro Assessora de Doenças de transmissão respiratória e meningites Rio de Janeiro, RJ

Maria de Fátima Tostes Abreu LACEN Porto Alegre, RS

Maria Iracema de A. Patricio LACEN Fortaleza, CE

Maria Irene W. de A. Costa Ministério da Saúde Brasilia, DF

Maria Isabel de M. Pinto Universidade Federal de São Paulo São Paulo, SP

Maria Luiza V. de Amorim Vigilância Epidemiologica Boa Vista, RR

Mariana Venancio São Paulo, SP

Marilina Assunta Bercinio Divisão de Controle Epidemiológico Porto Alegre, RS

Marlete B. da Silva Silva Chefe da área de doenças de transmissão respiratória Macapá, AP

Marta Heloísa Lopes Universidade de São Paulo São Paulo, SP

Marta Lopes Salomão Instituto Adolfo Lutz São Paulo, SP

Marta Maria M. Souza Veras Teresina, PI

Miriam Estela de S. Freire Vigilância Epidemiológica Cuiabá, MT

Patricia Coelho de Soarez Universidade Federal de São Paulo São Paulo, SP

Paulo Stephens LRN Influenza Rio de Janeiro, RJ

Perciliana Joaquina Carvalho Vigilância Epidemiológica Palmas, TO

Regina Gomes de Almeida Instituto Adolfo Lutz São Paulo, SP

Renato de Ávila Kfouri Sociedade Brasileira de Pediatria São Paulo, SP

Ricardo Galler Fiocruz Rio de Janeiro, RJ

Rita de Souza Medeiros Instituto Evandro Chagas/ Hospital de Infectologia e Pneumologia de Belém Belém, PA

Robelia P. Amorim de Almeida Vigilância EpidemiológicaGoiânia, GO

Roberto Queiroz Gurgel LACEN Aracajú, SE

Roberto Santos Freire LACEN Boa Vista, RR

Rosali Teixeira da Rocha Universidade Federal de São Paulo São Paulo, SP

Rosana Richtmann Sociedade Brasileira de Immunização São Paulo, SP

Rosane Maria M. Martins Will LACEN Salvador, BA

Rosemeire Cobo Zanella Instituto Adolfo Lutz São Paulo, SP

Sheila Maria Castanholo LACEN Vitória, ES

Simone Jogaib Daher Núcleo de Vigilância Epidemiológica Vitória, ES

Sueli Lemes de Ávila Alves LACEN-GO Estudo Base Populacional Goiânia Goiânia, GO

Suely Aparecida C. Antonialli LACEN Campo Grande, MS

Suzana Dal Ri Moreira Hospital das ClÌnicas - Curitiba Curitiba, PR

Tania Bonfim M.Craveiro Vigilância Epidemiológica Rio Branco, AC

Telma Machado L. Pinheiro LACEN Maceió, AL

Thelma Regina M. Carvalhanas CVS SPSão Paulo, SP

Tirza Peixoto Mattos LACEN Manaus, AM

Walkiria de Carvalho Mendes LACEN Teresina, PI

Wyller Alencar de Mello LRR Influenza Belém, PA

Zélia Guedes S. de Almeida LACEN Natal, RN