Contramão no.16

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contr mão a nº 16 Ano 4 - Julho/ Agosto2011 Distribuição Gratuira JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO MULTIMÍDIA - UNA - Redes Sociais - Ventos de Esperança - A Arte da Lutheria - Desculpa, foi Engano... - Yes, I did

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Edição 16°

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Ano 4 - Julho/ Agosto2011 Distribuição Gratuira

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO

MULTIMÍDIA - UNA

- Redes Sociais- Ventos de Esperança- A Arte da Lutheria- Desculpa, foi Engano...- Yes, I did

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OPINIÃO

EXPEDIENTE

Jornal laboratório do curso de Jornalismo Multimídia doInstituto de Comunicação e Artes - Centro Universitário UNA Reitor: Prof. Pe. Geraldo Magela TeixeiraVice-reitor: Átila SimõesDiretor do ICA: Prof. Silvério Otávio Marinho Bacelar DiasCoordenadora do curso de Jornalismo Multimídia: Profª Piedra Magnani da CunhaContramão - Tel: (31) 3224-2950 - contramao.una.brCoordenação: Reinaldo Maximiano (MTb 06489), Tatiana Carv-alho e Cândida Lemos Diagramação: Débora GomesRevisor: Roberto Alves ReisEstagiários: Andressa Silva, Anelisa R. Santos, Bárbara de An-drade, Débora Gomes, Felipe Bueno, Marcos Oliveira, Marina Costa, Thaline Araújo e Vanessa C.O.GTiragem: 2.000 exemplaresImpressão: Sempre Editora

Foto da capa

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Arte: Laiza Kertscher

O conteúdo deste artigo não expressa a opinião do Contramão Por Felipe Bueno

Redes soci@is“De onde viemos? Para onde vamos? Será que lá tem internet? Ou você é alguem@algum_lugar.com ou você não é nada.” Bob Frankenberg (*)

Você sabe como func-ionam, realmente, as redes sociais? Não? Nem imagina? O ambiente digital está se tornando um modo de vida e ferramenta de trabalho para muita gente. Não ex-iste nada mais eficiente de que as redes sociais para interação dessas pessoas. Tudo que fazemos online nos remete a uma comuni-cação com o outro, o envio de um email, fórum, chat, jogo online e, principal-mente, as redes sociais. Segundo a jornalista Cínthia Demaria, a rede social é a forma mais usual de relacionamento entre usuários da web. “Há redes para todos os gostos e tipos, e não são exclusivas para relacio-namento virtual. Muitos

grupos são formados em meios físicos e são consoli-dados na web”, explica. Hoje é quase impos-sível pensar em usuários de internet que não estejam conectados a nenhuma rede de relacionamentos. Além do conceito de diversão, instituições privadas e públicas, utilizam a ferra-menta para interagir com seu público. O que antes era apenas para entre-tenimento tornou-se uma poderosa fonte profissional que pode contribuir posi-tiva como negativamente.Empresas e redes sociaisEm atividades como co-laboração, troca de infor-mações e fonte de pesqui-sas, o avanço das redes sociais tem rápida aceita-ção. No início, eram con-sideradas fontes de dis-persão, principalmente

para funcionários mais jovens. Mas as empresas ganharam características profissionais e impactaram o mundo coorporativo. Algumas companhias in-gressaram nesse mundo com ações direcionadas ao atendimento a clientes, via Facebook e Twitter. O consultor da TGT Consult Waldir Arevolo afirma que esse uso convergente da mídia está se mostrando a melhor prática do mer-cado. Usar as inovações das redes e se aproveitar da coletividade para gerar boas experiências “é uma forma de manter a mar-ca sempre em evidência, aprimorar os serviços e im-pactar os negócios”, diz.O maior problema das re-des sociais é o mau uso. Por serem uma ferramen-ta de uso pessoal e pro-

(*) Bob Frankenberg é americano engenheiro de computação e executivo de negócios. Foi presidente e CEO da Novell Inc., e trabalhou 21 anos na HP.

Acompanhe alguns resultados

“A notícia agora não é mais só responsabilidade do veículo que a publica, mas de todos os usuários que acessam o seu conteúdo e confiam nas informações”, afirma a analista de redes sociais Érica Navarro. Para ela, o fato de as mídias sociais liderarem a preferência de compartilhamento entre os usuários deve-se principalmente à redução

do tempo e à praticidade de di-vulgação instantânea. “É mais prático do que enviar um email”, exemplifica. Ela diz que esses da-dos nos levam a crer que os veícu-los online vivam a incessante cor-rida pela adaptação de conteúdo nesse novo filtro de informações, que deve liderar a preferência dos leitores por um bom tempo.

fissional, muitas pessoas abusam da ética para usá-la. Muitas ofensas e tro-cas de informações desne-cessárias, ou que ferem a lei, são habitualmente usa-das por usuários. O mesmo acontece com as empre-sas. “Não saber lidar com críticas ou não usar as re-des para interagir com os usuários é uma enorme fal-ha”, exemplifica Damaria.

Usando o canal como com-partilhamento de notíciasO blog midiassociais.net publicou uma pesquisa global realizada pela CNN com 2.300 consumidores de vários países , que reve-la benefícios gritantes para as notícias que são compar-tilhadas nas social media. Foi utilizada a semiótica, com técnicas avançadas de neuro-marketing para se chegar aos resultados.

Cardápio Variado

Por Marina Costa

O fim de tarde amenizava o tom cinza da cidade de concreto. A luz entrava pela janela do apartamento, criando um efeito mágico para aquele lugar, tudo pare-cia ter vida naquele momento. Resplandecia, naquele ambiente, uma caixa velha, cheia de histórias, que mais tarde seria jogada no lixo. As mãos alvas e ávidas tocar-am o material de papelão e frágil como ele é, rasgou. Alice desce o elevador do seu prédio inquieta, algo se somava ao peso da caixa. O porteiro se confunde ao se dirigir a Alice: “Boa tarde... Boa noite!”. Ela, desconfortável e impaciente, o respondeu um quase in-audível “boa noite”. Não tardou para que ela sentisse o alívio ao depositar a caixa na lixeira da calçada. Era o fim daquela velharia. Em casa, Alice já havia esque-cido por completo o conteúdo e o peso daquela caixa. No dia seguinte, o primeiro filete de luz do sol dis-sipara por completo toda a névoa que encobria as almas nas ruas. No entanto, a visibilidade do dia não evidencia os rostos que a escuridão da noite ocultava. De certo, a correria do dia a dia deixa as pessoas menos atentas aos detalhes, aos simples gestos e as ruas e os seus moradores.As mesmas almas que flanavam anônimas pelas ruas que vivem e sofrem as intempéries do tempo, não perderam a vivacidade. Pois para elas o mundo pode se abrir numa caixa abandonada, com histórias que alguém desprezou. No lixo, livros de Clarice Lispec-tor, discos de Noel Rosa e Cartola, revistas dos anos 1930 e películas se deteriorando. Foi Vicen-te quem achou a caixa mágica e viu o seu conteúdo. Seus olhos brilharam diante do que imaginaria possuir; na verdade, sobre o que poderia dividir com os seus compan-heiros. Vicente, um morador de rua, não tem sobrenome. Em suas mãos um rolo de filme foi o que mais despertou sua atenção, e de seus ami-gos também. As peripécias de Carlitos em O Vagabundo, essa era a história da fita laminada. Curiosamente, era uma história bem semelhante àquela dos senhores no que tange a simplicidade, a cordial-idade e ingenuidade de ser. De fato, um conteúdo de peso, mas o que levaria alguém a se livrar dele?

Vicente e a caixa mágica

Nesta edição de Contramão há um cardá-pio variado de reportagens que abrange das artes à política, passando pelos serviços ao cidadão. O resgate do período do regime militar (1964-1985), por meio da criação do Memorial da Anistia, é tema de reportagem. Organizado por ex-combatentes da ditadu-ra, o projeto vai reunir documentos, depoimentos e todo tipo de material que vierem a compor esta cena histórica. Na área de serviços, instituições fundamentais aos cidadãos são vítimas de trotes telefônicos. Este é o tema da reportagem “Trotes Samu, Corpo de Bombeiros e PM”. Lata, cano PVC, madeira, pote plástico? Tudo isto pode se transformar em arte. Conheça os detalhes esta mágica nesta edição. Um nome anda de boca em boca no Brasil e no mundo: rede social. Uma febre. A sociabilidade humana vivenciada nas telas de um computador ganha uma reportagem nesta edição.Por fim, um ex-estagiário de Contramão, que esteve em intercambio nos Estados Unidos, em uma bem-humora-do relato, Yes, I did, recorda sua temporada nos States. Tenham todos uma boa leitura!

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contramão4 contramão 5Foto: Felipe Bueno

Ideologicamente tra-balhado no mesmo con-ceito do lema da bandeira do estado de Minas Gerais, “Libertas quae sera tamem”, o movimento pela anistia terá um memorial sediado em Belo Horizon-te. O Memorial da Anistia será um espaço interativo que contará um período obscuro da história do Brasil. O memorial está sendo construído com verbas do Ministério da Justiça e vai funcionar na antiga sede do curso de Psicologia, que funcionava na Faculdade de Ciências Humanas da

UFMG (Fafich), na rua Ca-rangola, 288. O prédio era chamado de “coleginho”. A proposta é de que seja um ambiente onde ex-plore a percepção e os sen-tidos das pessoas, de modo que haja vídeos, fotos, áu-dios e documentos. Essa é uma tendência de inova-ção de lugares que guar-dam a informação de um determinado assunto, algo parecido com o Museu da Língua Portuguesa na Esta-ção da Luz em São Paulo.Previsto para ser inau-gurado em 2012, o me-morial tem por objetivo preencher lacunas e res-gatar o discurso de parcela da população brasileira,

O Jornal Contramão entrevistou seis pessoas que pertencem à Associação dos Amigos do Memorial da Anistia, entidade que organiza o projeto que pre-tende resgatar as lutas políticas e sociais do período do regime militar no Brasil (1964-1985), bem como re-unir depoimentos, documentos e outros materiais de pessoas que foram presas, torturadas, perseguidas e assassinadas no período. Os entrevistados são Maria Christina Rodrigues, Valéria Ciríaco Carvalho, Carlos Alberto de Freitas, Maria Clara Abrantes Pêgo, Jorge Antônio Pimenta Filho e Alberto Carlos Dias Duarte. Como nasceu a idéia de um memorial dedicado a anistia?Maria Christina: O memorial vem de uma proposta não só brasileira, mas também mundial no sentido de es-tar resguardando, guardando e procurando transmitir para as gerações futuras a história. Porque normal-mente num período de ditadura você tem a visão da

história oficial, a história do poderoso, a do vence-dor. Então é necessário que pós-ditadura, depois no processo de redemocratização o outro lado tam-bém relate sua versão e os fatos que aconteceram. A Anistia é um recorte do período da ditadura, que por sua vez foi um tempo crítico da história do Brasil. O tema do memorial está ligado à contestação das idéias de um governo ditatorial. Naquela época poucos ousavam discutir sobre a situação, um temor ainda presente na atualidade. Qual foi o respaldo para se reconstituir a memória desse momento que ainda não está livre da censura?Maria Christina: Há hoje um fortalecimento da de-mocratização no mundo, que está experimentan-do uma onda de luta contra qualquer tipo de re-gime intransigente. Na América Latina, nós temos visto há alguns anos que os governos ditatori-ais a cada dia estão caindo como caem cartas de

baralho. Então essa sustentação, essa veia democrática e dinâmica é a vontade da busca do aprofundamento de ideários políticos justos e livres da intolerância. Belo Horizonte e o conjunto do estado de Minas Gerais tiveram uma participação impor-tante na luta contra a repressão política. Como o senhor vê a importância de grupos de oposição na cidade e a sua atuação? Como o memorial vai abordar Belo Horizonte na história da anistia?Jorge: A história da luta democrática no Brasil e da es-querda não deixa de passar primeiro por Belo Horizon-te. Muitos partidos e organizações políticas começaram aqui na cidade, como por exemplo, alguns grupos ligados a seguimentos que se deslocaram do antigo Partido Co-munista Brasileiro (PCB), ou mesmo setores sociais que se deslocaram da igreja e construíram a ação popular. Maria Christina: Quando se fala muito na forma-ção de um partido operário como o PT, nós não podem-os achar que a história começou no ABC, a história das organizações sindicais e das sublevações antecede a isso. Na década de 60 nós tivemos os movimentos na Cidade Industrial e o massacre de Ipatinga. Então Minas Gerais tem uma história que precede a década de 70 dentro dos movimentos sindicais, operários e sociais. Como o memorial vai trabalhar? Como foi feito o recolhimento de documentos?Carlos Alberto: O recolhimento está sendo e será fei-to através do arquivo público nacional, através de to-dos os documentos daquelas pessoas que foram anis-tiadas e também de documentos públicos que estão no arquivo de Belo Horizonte, além de doações de anis-tiados e familiares de pessoas implicadas. São 70 mil documentos oriundos da comissão nacional da anistia. A Ditadura Militar está permeada por lacunas, uma vez que a censura e a propaganda do governo propiciaram a alienação da população. Uma parce-la do povo não sabia o que estava acontecendo no país, a outra tinha medo de falar, criando assim um quadro de esquecimento e falta de reflexão. Visto isso quais foram as dificuldades enfrentadas na criação do memorial? Como foi montar esse quebra-cabeça?Maria Christina: Todo memorial é dinâmico. Então o recolhimento do material é constante e contínuo.

A idéia inicial foi a de selecionar, guardar e reservar em um só local todos os processos brasileiros que pas-saram pelo Ministério da Justiça via comissão de an-istia. Todo arquivo da luta pela redemocratização no Brasil vai estar aqui. Assim todas as informações con-tidas nos processos da anistia que eram pessoais e foram tornados públicos farão parte desse memorial. Os uruguaios também perseguidosA uruguaia Carmen Aroztegui mudou-se para Porto Alegre em função da perseguição política sofrida por sua família em plena Ditadura Militar no Uruguai, em 1973. Hoje é professora na Escola de Arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela re-corda que “no Uruguai sempre houve uma intenção que a ditadura tivesse uma legitimação. A ditadura começa assim, você reprime você expulsa pessoas de esquer-da do trabalho e não os permitem sobreviverem”. Para Aroztegui, “a palavra anistia está recoberta de uma idéia de que existiram dois bandos. O que acon-teceu é que existia uma política de estado de re-pressão, não era uma guerra, onde existiam os nazis e os aliados. Existia um exército e uma política de estado que detinha mecanismos institucionais de re-pressão e de abusos aos Direitos Humanos de forma sistemática. Isso na verdade é que foi anistiado”. A censura draconianaAlberto Carlos Dias Duarte, membro da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia, foi um militante nas di-versas lutas pelos Direitos Humanos durante a Ditadura Militar brasileira. Para ele, “pobre é um país sem história. Nós temos que resgatá-la, mesmo porque o golpe da dita-dura foi em 1964, já se passaram muitos anos. Nós estamos hoje batalhando pelo aperfeiçoamento da democracia”. Duarte lembra que durante a ditadura militar havia censura: “Eu mesmo fui diretor de dois jornais alter-nativos, o Jornal Movimento e o Jornal Em Tempo. A censura era drástica, draconiana nesse país. Então com esse memorial, nossa pretensão é divulgar o máx-imo, permitindo o acesso de todos aos documentos”.

Ventos de esperançaque era contra o regime militar e ficou reprimida durante 21 anos, no inter-valo de 1964 a 1985. O ma-terial para a composição do memorial constituído por documentos, depoimentos e fotos virá do Arquivo Na-cional e de doações de fa-miliares de presos políticos e dos próprios envolvidos. Para o Brasil, falar desse momento ainda é um desafio. Entidades no mundo que trabalham na defesa aos Direitos Huma-nos, como a ONU, cobram transparência e investiga-ções de abusos praticados durante a Ditadura Militar. Inserido num contexto de bipolarização política no

mundo, outros países da América Latina também sofreram com golpes de governo e a imposição dos governos anti-democráti-cos. Na Argentina e no Chile, um dos países em que a ditadura foi mais in-tensa, a luta contra o auto-ritarismo e abusos cometi-dos pelos ditadores é algo existente até os dias de hoje. Por meio de investi-gações e julgamentos mui-tos militares estão sendo condenados à prisão, mes-mo depois de se ter passa-do muito tempo. Além de terem memoriais dedi-cados à preservação da história do período ditato-rial.

Entrevista

Por Felipe Bueno

Reunião dos membros da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia

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Por Débora Gomes e Marcos Oliveira

O Serviço de Atendi-mento Móvel de Urgência (Samu), a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e o Corpo de Bombeiro Militar de Minas Gerais (CBMMG) são os alvos preferenci-ais dessa brincadeira que, na verdade, é um crime. O assessor de im-prensa da PMMG, Ge-dir Rocha, revela uma modesta diminuição nos números. “Já teve época que a cada 10 ligações, 4 eram trotes, cerca de 40%. Hoje, a média é de 25% a 30%, a cada 10 ligações recebidas 2,5 a 3 ligações são trotes”, compara. O Corpo de Bom-beiros informa que no mês de abril, das 7,8 mil liga-ções recebidas, em Belo Horizonte e Região Metro-politana, cerca de 40% não era ocorrência real, uma queda de 5% em relação ao mesmo período de 2010. O Samu já chegou a receber 20% de trotes, em 2010, hoje, recebe uma média de 18% de trotes.

“Essa redução parece pouco, mas no volume de atendimento, estimado em dois mil atendimentos por dia, ainda é muito grande”, esclarece a gerente do Samu, Maria Silvia Lucena.

Conscientização Segundo o Corpo de Bombeiros, crianças e ado-lescentes são os principais responsáveis pelos trotes e os horários que antece-dem a saída e a entrada

das escolas são os mais usados por eles. “Nos me-ses de julho, dezembro e janeiro, época das férias escolares, esse aumen-to chega a 20%”, revela. O CBMMG e a PMMG desenvolvem projetos de conscientização dos pais. “É importante os pais en-sinarem aos filhos a só uti-lizar este serviço de urgên-cia quando realmente necessário, de forma cor-reta e com responsabili-dade”, destaca o Capitão

Trotes recebidos pela policia, bombeiros e Samu prejudicam o atendimento

Thiago Miranda. “É impor-tante o acompanhamento dos pais, orientando em relação ao prejuízo que isso pode causar”, endos-sa o Capitão Gedir Rocha. O Samu desenvolve nas escolas o “Samuz-inho”. “Existe um pro-jeto vindo do Ministério da Saúde, de conscien-tização nas escolas, para mostrar para as crianças o que é o Samu e qual a im-portância dele”, explica.

Crime A advogada Maria do Amparo Ribeiro de Olivei-ra, explica que o trote é contravenção penal. O Có-digo Penal Brasileiro, em seu artigo 340, diz sobre a Comunicação falsa de crime ou de contravenção. A advogada destaca que “a pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa”. “As penas para quem comete esse tipo de in-fração, que usa autori-dade para dispersar um trabalho eminente de peri-go, colocado à disposição da população brasileira”, explica Maria do Amparo.

Por Anelisa Ribeiro, Bárbara de Andrade e

Marina Costa

A arte da lutheria

“Eu não sou luthier. Me considero um constru-tor de instrumentos alter-nativos, pois para ser um luthier, tem que se espe-cializar estudar muito. Quando eu tiver uns 60, 70 anos, consigo, quem sabe, ser um”, conta Salin de Sá. Salin, 40 anos, con-strói instrumentos a partir de latas, cano PVC, ma-deira reaproveitada, potes plásticos e outros materi-ais que provavelmente iri-am para o lixão. Luthier ou não, Salin também é poe-ta, arte-educador, músico, desenhista e futuro design. Quando era adoles-cente, Salin ganhou de al-guns amigos uma bateria feita de latas de alumínio. Intrigado com o presen-te e sem fazer nenhum curso, alguns anos depois costruiu seu primeiro tam-bor e se especializou na pratica com instrumentos de percussão. Oriundo de família pobre, Salin não teve oportunidade de es-tudar em cursos voltados para a arte. “Mas nada te impede de se tornar um grande luthier sem estu-dar em lugar algum. Seu eu fosse esperar estudar para começar a trabalhar, estava ferrado”, conta. O artista cria instru-mentos de percussão, so-pro e corda, com base em estudos que ele mesmo faz com a ajuda de livros e da internet “Meus instrumen-tos são criados, mas ao

mesmo tempo já existem, seja na Europa, Mesopo-tâmia ou na África”. Salin também apresenta forte influência oriental nas suas construções e na fi-losofia “Não acredito em dom, Deus não seria injus-to de dar um ‘dom’ a um e não aos outros”, relata. A realidade de Salin é bem diferente do luthier Marcelo Vianna. Marcelo estudou por cinco anos na Civica Scuola di Liuteria de Milão, referência mundial na lutheria. Em 1998 Vian-na formou-se e hoje é um dos poucos especialistas em viola e violino barroco renascentista no mundo. “Geralmente quem procu-ra meus instrumentos são músicos profissionais, que já trabalham com música barroca, com instrumentos com padrões da época”. Marcelo Vianna trabalha com violinos, violoncelos e violas de época e também modernos, em um ate-lier no seu apartamento. Sozinho, o luthier constrói na madeira parte da histo-ria da musica clássica. “A luteria é uma arte, mas uma arte que tem ciên-cia, tudo começa antes no papel, como uma casa”. Mesmo tendo se ca-pacitado tanto, o luthier mineiro, se sente predesti-nado a praticar seu oficio. “Claro que o estudo é im-portante, mas o que vai te diferenciar de outros pro-fissionais é o dom, a técni-ca com o tempo de trabal-ho vem, mas o dom ou você tem ou não tem”, afirma.

“Toda alma, é uma música que se toca.” Rubem Alves

Desculpa, foi engano...

Maria do Amparo Ribeiro, advogada

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1º de março de 2010. Interessado em conhecer os EUA, comecei a avaliar propostas de intercambio work and travel (viagem e trabalho) e fechei contra-to com a Ober Gatlinburg Ski Station. No Consulado Norte-Americano, em São Paulo, consegui o visto de trabalho, o famoso J1 que concede ao estudante uni-versitário a condição de ficar nos Estados Unidos durante cinco meses tra-balhando e um a passeio. No Consulado, depois de uma breve entrevista em inglês, passei no teste. Po-dia comemorar minha ida. 6 de dezembro de 2010. Embarquei no voo Belo Horizonte-Miami. O destino final era Knoxville, Tennessee, onde trabal-haria em uma estação de esqui em Gatlinburg. As expectativas eram grandes, conhecer um país diferente, pessoas novas e, enfim, saciar a minha curiosidade de entender, um pouco, a cultura norte-americana. Já nos aero-portos fiquei deslumbrado com a estrutura interna, os guichês de informação as atendentes poliglotas, as esteiras amplas. Muito diferentes dos aeroportos brasileiros. Do aeroporto de

Knoxiville, fui para uma grande casa onde compar-tilharia vários momentos, ao lado de 80 estudantes de todo o mundo, com idade entre 18 e 28 anos. A maior parte deles, era do Brasil e da Argen-tina, porém havia perua-nos, chilenos, russos e tailandeses. Vivíamos em quartos com três ou quatro estudantes em cada um. A cozinha e a lavande-ria eram de uso coletivo.Comecei a trabalhar na estação. A grande quanti-dade de gírias me chamou a atenção. O operador de caixa, Michael Joergers-son, 27, disse que elas variam de estado para es-tado. “Nós, do estado do Tennessee, utilizamos o inglês rápido, e com mui-tas gírias. Muitas pessoas que vêm de Nova Iorque ou de outros estados do norte às vezes não enten-dem o que dizemos. Chega a ser engraçado”, comenta Cada dia trabal-hado era uma nova aven-tura, pois não tinha uma posição fixa. Fui vendedor, carregava boias de um lado para outro, desligava máquinas, fazia patrulha de cabos de esqui, andava na neve em busca de apa-relhos eletrônicos perdidos por clientes, fazia limpeza dos lixos, entre outros. No primeiro mês sen-

ti a diferença climática, a dificuldade de entender o inglês e a pesada carga horária de trabalho: cerca de 10 horas diárias. Pensei em voltar. Porém, sabia que tudo aquilo tinha um sentido e poderia ser uma grande experiência de vida. Depois de seis sema-nas já me acostumava com o trabalho. O inglês mel-horou. Comecei a “engolir” a comida local. McDonalds, Pizza Hut, Friday’s faziam parte do meu dia a dia. Grande parte da população acima dos 40 anos tem obesidade mór-bida nos EUA. A estudante norte-americana Callie Tavucku, 20, acredita que a população, em geral, não se preocupa com isso. “Muitos preferem a fac-ilidade de comer em um fast food, pois a comida é barata e viciante, dan-

do menos importância para a saúde”, acredita.A voltaJá no Brasil, descobri que muito falta ao nosso país para se tornar uma potên-cia. Segurança pública, melhorias nas estradas, aeroportos de qualidade, transporte publico de alto padrão, entre out-ros fatores, estão bem abaixo se comparados aos dos países desenvolvidos. O Brasil tem tudo para ser uma grande potência: terra boa para plantação, clima tropical além das belezas naturais fantásticas não encontra-das em nenhuma parte do mundo. Temos que que-rer transformar. Precisa-mos de uma reforma na política e no social, o Bra-sil tem tudo para ser, mas devemos confiar no que temos em nossas mãos.

Por Henrique Muzzi

Henrique Muzzi, 3º período jornalismo.

Yes, I did!