CONTRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA1Artigo

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CONTRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA 1 Gabryela Kuffel Zarth Isaura Kuffel Zarth RESUMO Este trabalho discute o papel do coordenador pedagógico no cotidiano escolar frente à formação continuada de professores. A importância e atualidade deste momento de estudo na escola de educação o seu resultado em sala de aula e exercício de liderança deste profissional, certamente se mostram pontuais na organização e desdobramento das atribuições do coordenador em relação ao seu papel, em relação ao seu compromisso teórico-metodológico, ao estabelecimento de um clima organizacional propício ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico que respeite as distintas vozes que se apresentam no âmbito escolar. Por meio de uma revisão de literatura, de discussões e análise de vivências no cotidiano da escola, relacionei alguns pontos recorrentes para a discussão do objeto de estudo que me possibilitou a constatar que a prática pedagógica se constrói pela contribuição de todos os atores sociais, cujo sujeito facilitador, pode ser materializado, dentre outros, na figura do coordenador pedagógico. Palavras-chave: escola, educação, formação de professores, coordenador pedagógico. 1. FUNÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO Com a globalização e o aumento da competitividade decorrente, as empresas reorganizam- se a partir de uma nova cultura empresarial, na qual se exigem agora competências cognitivas superiores, tais como capacidade de trabalhar em grupo, atitudes proativas, liderança, novos conhecimentos. Hoje, ao invés do profissional disciplinado, cumpridor de tarefas individualizadas a demanda é por um trabalhador que tenha autonomia intelectual, que domine não apenas os conteúdos, mas também os caminhos metodológicos e do trabalho intelectual interdisciplinar para resolver problemas novos e inéditos. O novo século é, em essência, sinônimo de horizonte de nova esperança. Uma esperança que Poe ser eminentemente humana e humanizadora, elege a prioridade educativa como sua aliada incontornável na edificação de uma ordem social onde todos contam e cada um possa ser capacitado para participar 1 Artigo apresentado para Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito do Curso de Especialização lato sensu em Coordenação Pedagógica.

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CONTRIBUIÇÕES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA

FORMAÇÃO CONTINUADA1

Gabryela Kuffel Zarth

Isaura Kuffel Zarth

RESUMO Este trabalho discute o papel do coordenador pedagógico no cotidiano

escolar frente à formação continuada de professores. A importância e atualidade deste

momento de estudo na escola de educação o seu resultado em sala de aula e exercício de

liderança deste profissional, certamente se mostram pontuais na organização e

desdobramento das atribuições do coordenador em relação ao seu papel, em relação ao

seu compromisso teórico-metodológico, ao estabelecimento de um clima organizacional

propício ao desenvolvimento de um trabalho pedagógico que respeite as distintas vozes

que se apresentam no âmbito escolar. Por meio de uma revisão de literatura, de

discussões e análise de vivências no cotidiano da escola, relacionei alguns pontos

recorrentes para a discussão do objeto de estudo que me possibilitou a constatar que a

prática pedagógica se constrói pela contribuição de todos os atores sociais, cujo sujeito

facilitador, pode ser materializado, dentre outros, na figura do coordenador pedagógico.

Palavras-chave: escola, educação, formação de professores, coordenador pedagógico.

1. FUNÇÕES DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

Com a globalização e o aumento da competitividade decorrente, as empresas reorganizam-

se a partir de uma nova cultura empresarial, na qual se exigem agora competências

cognitivas superiores, tais como capacidade de trabalhar em grupo, atitudes proativas,

liderança, novos conhecimentos. Hoje, ao invés do profissional disciplinado, cumpridor de

tarefas individualizadas a demanda é por um trabalhador que tenha autonomia intelectual,

que domine não apenas os conteúdos, mas também os caminhos metodológicos e do

trabalho intelectual interdisciplinar para resolver problemas novos e inéditos.

O novo século é, em essência, sinônimo de horizonte de nova esperança. Uma esperança que Poe ser eminentemente humana e humanizadora, elege a prioridade educativa como sua aliada incontornável na edificação de uma ordem social onde todos contam e cada um possa ser capacitado para participar

1 Artigo apresentado para Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito do Curso de Especialização lato sensu em Coordenação Pedagógica.

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ativamente num processo de desenvolvimento que, para o ser, recupera a centralidade da pessoa na sua mais plena inviolável dignidade (Delor,2001,224).

Ao observar as grandes mudanças ocorridas no cenário educacional ao longo do tempo de

educadora, manifestou-se em mim a necessidade de se aprofundar mais sobre a importância

do processo educativo dentro da escola, não só em relação ao desenvolvimento dos

educando como também dos educadores, e esse desejo levou-me para a coordenação. Após

dezenove anos atuando em sala como professora, percebi que poderia contribuir mais como

coordenadora, lancei-me como candidata em 2005 obtive rejeição de alguns profissionais

que achavam que eu não deveria disputar a vaga com alguém que já atuava na coordenação

há 22 anos ou então com outro candidato que cursava mestrado, no entanto acreditei ser o

momento.

Carregava comigo alguns anseios e tinha planos para a escola que sempre trabalhei.

Conhecia bem a clientela assim como os professores. A minha metodologia e a seriedade

com que sempre trabalhei na educação garantiu-me uma vaga de coordenadora. Apresentei

meu Plano de Trabalho Pedagógico, elaborado conforme instrução normativa da época. No

desempenho das atividades muitas vezes senti-me uma entrosa, muitas informações

deixavam de ser passadas comprometendo minha atuação, porém com grupo de professores

que coordenava estava sempre em sintonia o que até hoje procuro fazer. Observava às vezes

a escola subdividida grupo, gestão, o grupo de professores, o grupo de merendeiras, apoio,

técnicos etc. Acreditava que esses grupos poderiam transformar em um único, comecei

orientar no sentido de dar uma nova visão de trabalhar. Porque pensava que o coordenador

não pode apenas ser aquele responsável por vigiar, criticar ou elogiar o trabalho do

professor. Para quebrar este paradigma, propus para a escola em um todo para que se

trabalhasse com metodologia de projetos, de forma que todos os profissionais estariam

envolvidos e o planejamento das atividades e ações se daria na Sala do Educador. O

trabalho do coordenador pode muito contribuir como mediador de uma formação contínua e

articulada a um processo de valorização individual dos profissionais da escola, além de

trabalhar juntamente com os educadores o desenvolvimento de uma visão progressista de

crescimento profissional baseada na racionalidade técnica, e, levando-os a assumir a

perspectiva de decidir e de rever suas práticas e as teorias que as informam, pelo confronto

de suas ações cotidianas com as produções teóricas, pela pesquisa da prática e a produção

de novos conhecimentos para a teoria e a prática de ensinar. Entendendo que a

democratização do ensino passa pela nossa formação e experiências inovadoras, apontando

assim, para a importância da formação continuada. A minha experiência na função de

coordenadora vai subsidiar na elaboração desta pesquisa que decorrerá sobre a importância

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do coordenador, sua função, aperfeiçoamento e acompanhamento dos professores dentro da

formação continuada.

2. O COORDENADOR PEDAGÓGICO EM SINTONIA COM O TRABALHO

DOCENTE

“Todo jardim começa com um sonho de amor. Antes que qualquer árvore seja plantada ou qualquer lago seja construído, é preciso que as árvores e os lagos tenham nascido dentro da alma. Quem não tem jardins por dentro não planta jardins por fora. E nem passeia por eles...” (Alves, 2003, p.75)

Entendo a coordenação pedagógica como uma assessoria permanente e continuada ao

trabalho docente, sendo as principais atribuições além das ocorrem diariamente:

acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência e avaliação; fornecer

subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e aperfeiçoarem-se constantemente

em relação ao exercício profissional; promover reuniões, discussões e debates com a

população escolar e a comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo

educativo; estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas atividades,

procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que aparecem. Todo ano é

definido pela Secretaria de Estado de Educação em portarias a função do coordenador

pedagógico e o período de eleição, neste ano assegurando a garantia da vaga para os

coordenadores que estão cursando a pós-graduação. Pela portaria, são funções do

coordenador:

Ser mediador na formação continuada (Sala do Educador);

Assegurar os serviços de apoio especializado existentes na unidade escolar;

Acompanhar cumprimento das horas atividades dos professores efetivos da unidade

escolar;

Acompanhar, orientar e monitorar o cumprimento da Portaria 383/11/GS/Seduc quanto a

execução do diário eletrônico;

Acompanhar todo o processo ensino aprendizagem;

Garantir apoio pedagógico aos alunos que apresentarem desafios de aprendizagem.

Muito tem se falado cobrado da atuação pedagógica, porém o burocrático de uma

instituição é interminável, distribuídos entre diretores, secretários e coordenadores passa-se

o ano todo organizando relatórios, CI, repassando e orientando para os professores as

mudanças que ocorrem durante o ano do sistema GED. Quando estamos conseguindo

informar e capacitar os professores quanto aos conceitos, avaliação descritiva e medidas

adotadas a secretaria lança nova forma dificultando as atividades, nestas horas o

coordenador torna-se o vilão, temos uma portaria a seguir ou sofreremos as penalidades.

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Mesmo tendo um campo específico de atuação, todas as emergências entre alunos,

professores e pais o coordenador intermédia a resolução do problema, orientando-os,

quando falta material pedagógico somos cobrados, somem cabos, queima lâmpadas, falta

água, tem aluno doente, alunos sem material e com fome têm que dar conta de todas as

situações afinal faz parte da “equipe gestora” ou pedagógica? A Sala do Educador é o

momento e atividade mais eficiente da função. Já conhecemos toda a clientela, alunos e

professores, elaboram-se temáticas para suprir as necessidades didáticas e pedagógicas,

discutindo e elaborando ações que contribuem para o fortalecimento no processo da

aprendizagem, assim como a socialização das experiências positivas e negativas. O

coordenador tem atividades diferenciadas na escola, porém com os mesmos objetivos, deve

ter uma relação dialética atuando democraticamente para criar um clima em que todos

participem coletivamente gerando assim questões para o debate constante a que podemos

chamar de formação continuada docente e que leve o professor à reflexão da sua prática.

Muitas instituições formam professores na área pedagógica dos cursos de licenciatura com

disciplinas fragmentadas e que são vistas pela maioria dos alunos como “conteudistas” com

receio da inovação, a segurança das metodologias tradicionais e inexperiência didática.

3. FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES E COORDENAÇÃO

PEDAGÓGICA

Através da formação continuada o professor vai construindo seus saberes e rompendo com

as resistências impostas pelo sistema de ensino, vai desconstruindo a rede das "seguranças

metodológicas" que o levam a negar a mudança e a construir processos que levam ao

aprender significativo, nessa trajetória o coordenador também precisa programar as ações

que viabilizem a formação do grupo para qualificação pedagógica desses sujeitos.

Conseqüentemente, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola,

produzindo impacto bastante produtivo e atingindo as necessidades presentes.A formação contínua é saída possível para a melhoria da qualidade do ensino, dentro do contexto educacional contemporâneo. Nova o bastante para não dispor ainda de mais teorias nutrientes, provavelmente, ainda em gestação. É uma tentativa de resgatar a figura do mestre, tão carente do respeito devido a sua profissão, tão desgastada em nossos dias. "Ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente, na prática e na reflexão da prática". (FREIRE, 1991: 58).

Atualmente, independente da formação o coordenador pedagógico, ele precisa desenvolver

uma visão crítica e construtiva do trabalho, de modo a vitalizar as ações educativas,

transformando reflexivamente a ação individual e coletiva dos profissionais da educação.

Dentro desse contexto cabe ao coordenador planejar, avaliar e aperfeiçoar o curso das ações

pedagógicas, visando garantir a eficiência do processo educativo e a eficácia de seus

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resultados. Igualmente, este profissional deve sempre ter o objetivo de levar os participantes

estarem integralmente envolvidos. A fim de alcançar esses objetivos o coordenador deve

voltar o foco do seu trabalho para o aprimoramento do desempenho dos professores,

valorizando formação acadêmica dos docentes, assim como a riqueza de suas contribuições

para os fazeres pedagógicos. O coordenador, também precisa respeitar a individualidade dos

profissionais da educação, valorizando-os profissionalmente.

Coordenar igualmente exige uma constante avaliação crítica de seu próprio desempenho,

levando-o a um esforço continuado de aperfeiçoamento. Este objetivo não se consegue pelo

trabalho parcelado e fragmentado da equipe escolar, à semelhança da produção de um carro,

onde um grupo de operários aperta cada um, um parafuso, sempre da mesma maneira

através de um trabalho coletivo. Neste há a contribuição de todos no todo e de todos no de

cada um. A especialização de um não é somada à especialização de outro, mas ela colabora

com e se nutre da especialização do outro. Neste caso, como agente responsável pela

formação continuada dos profissionais da escola, o coordenador pedagógico deve

sensibilizar seu saber-fazer de maneira a não centralizar as tomadas de decisão, como se

tivesse todas as respostas para os encaminhamentos pedagógicos e resoluções de conflitos

que inquietam a equipe. Observa que quando o saber-fazer parte de uma concepção sensível

da realidade, onde figura como o mais importante a possibilidade de se trabalhar a

intervenção pedagógica pela necessidade do grupo, pela identificação das manifestações

que impactam mais e de forma significativa estudantes e profissionais, não necessariamente

somente causa prazer no clima organizacional da escola, mas promove à reflexão, o desafio,

a significação da trajetória histórica em que vivem e desta, numa contextualização social, da

qual a escola não está à inserida.

4. O PAPEL DO COORDENADOR PARA A FORMAÇÃO DE PRÁTICAS

REFLEXIVAS

A ação de se construir a identidade de um ofício e sentir-se como seu escultor é realizar

uma prática em que se busca o significado do papel e exercício da cidadania e da própria

humanidade, pois, a vivência escolar e nesta o desenvolvimento do trabalho pedagógico

sustenta-se nos intercâmbios e nas aprendizagens comuns, respeitando-se a diversidade de

posicionamentos. Nesta perspectiva Lima (2007) enfatiza:

O conhecimento da vida escolar, de suas relações, indagações, êxitos, fracassos, completudes e incompletudes em relação às políticas publicas para a educação, em relação a dimensão das relações interpessoais, em relação a organização, metas e projetos da escola; solicita uma visão de conjunto para que seus contextos e condicionantes sejam suficientemente entendidos e problematizados, desta maneira a educação em sua finalidade

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primordial poderá encontrar encaminhamentos significativos como indicadores de seu norteamento. Na sociedade do conhecimento em que vivemos, que se caracteriza pelo processo ensino-aprendizagem permanente e continuado (mundo globalizado e em processo de globalização) não é possível entender a escola e suas relações como se estivessem desvinculadas da totalidade social, materializando seus esforços simplesmente como transmissora de conhecimentos,cujo dever formal se completa na formação de sujeitos determinados para uma sociedade impessoalizada e alienante.

A formação não se constrói por acumulação (de cursos, conhecimentos ou de técnicas), mas

sim através de um trabalho de refletividade críticas sobre as práticas e de (re) construção

permanente de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa e dar um

estatuto ao saber da experiência. Perrenoud denomina de "profissionalismo aberto", o qual:

[...] situa o professor no centro do processo da melhoria de qualidade da educação. Os professores, individualmente ou em grupo, são considerados responsáveis pela análise das necessidades da escola [...], são considerados como líderes inovadores, capazes de auto - aperfeiçoamento, de analisar as suas próprias ações, de identificar e reagir às necessidades dos alunos, de analisar o resultado das suas intervenções. (Perrenoud 1993, p. 182).

O professor necessita os caminhos de discernimento suficiente para não se limitar ao

aprendizado, mas para saber aplicá-lo, questionar o desconhecido, não se conformar, mas

sim buscar novos caminhos. Muitas vezes, a escola e o coordenador se questionam quanto à

necessidade desse profissional e chegam à conclusão que esse sujeito pode promover

significativas mudanças, pois esse trabalha com formação e informação dos docentes,

principalmente. O espaço escolar é dinâmico e a reflexão é fundamental a superação de

obstáculos, socialização de experiências e fortalecimento das relações interpessoais. O

coordenador pedagógico é peça fundamental no espaço escolar, pois busca integrar os

envolvidos no processo ensino-aprendizagem mantendo as relações interpessoais de

maneira saudável, valorizando a formação do professor e a sua, desenvolvendo habilidades

para lidar com as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma

educação de qualidade.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A coordenação pedagógica muito mais do que a nomenclatura do cargo, deve-se primar

pelo significado que tal cargo deve exercer em nível de formação e condução dos trabalhos

pedagógicos de uma unidade escolar. Coordenador pedagógico e professor, investidos de

papéis diferentes, de saberes diversos, podem buscar um encontro fecundo, cujo fruto seja a

construção de uma prática pedagógica mais consistente, enriquecida e criativa dentro da

formação continuada como a Sala do Educador. Para isso é preciso os coordenadores

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pedagógicos, além de sua competência técnica construída, do conhecimento básico,

desenvolvam outras competências. É necessário que transformem o seu olhar, ampliando a

sua escuta e modificando a sua fala, quando a leitura da realidade assim o requerer, que a

consciência coletiva seja respeitada, a ponto de se flexibilizar mais os planejamentos e que

os mesmo sejam sempre construídos do e a partir do olhar coletivo. Ter a capacidade de

olhar de maneira inusitada, de cada dia poder perceber o espaço da relação e,

conseqüentemente, da troca e da aprendizagem. O coordenador deve ser capaz de perceber

o que está acontecendo a sua relação com o professor e deste com o seu grupo de alunos,

perceber os pedidos que estão emergindo, quais os conhecimentos demandados e,

conseqüentemente, necessários para o momento e poder auxiliar o professor, sendo possível

estas ações serem realizadas na Sala do Educador. Aos poucos se percebe que, ao cultivar

esse espaço, no qual o coordenador também se coloca em frente ao grande espelho do

ambiente escolar, pode-se crescer junto com o professor ampliando todos os olhares; sem

perder de foco a responsabilidade de cada um no processo. Neste sentido, há que se ter a

consciência de que professor e também coordenador não têm todas as respostas para todos

os eventos que ocorrem, mas as problematizam, encaminhando-as da maneira mais viável

possível dentro do que se defende como processo democrático. Considerando a função

formadora, o coordenador precisa programar as ações que viabilizem a formação do grupo

do grupo para qualificação continuada desses sujeitos Conseqüentemente, conduzindo

mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo impacto bastante

produtivo e atingindo as necessidades presentes.

Assim, os coordenadores pedagógicos encontram na reflexão da ação, momentos

riquíssimos para a formação. Isso acontece à medida que professores e coordenadores agem

conjuntamente observando, discutindo e planejando, vencendo as dificuldades, expectativas

e necessidades, requerendo momentos individuais e coletivos entre os membros do grupo,

atingindo aos objetivos desejados. Quando falamos em sala do educador, logo vem a

questão da formação continuada, a função do coordenador, momento este que é de

fundamental importância para a prática pedagógica de uma escola. Sabemos que todos os

momentos de nossas vidas estamos sempre aprendendo, sempre em formação. Quando se

fala em formar, podemos dizer que é um processo de maneira contínua referente a

construção do conhecimento, pois somos seres em construção. É importante saber que

somos formadores de opinião, precisamos desenvolver essa capacidade de refletir, pensar,

para que possamos desenvolvê-las dentro do campo profissional. Nesses momentos de Sala

do Educador, o coordenador deve exigir dos professores a, reflexão sobre nossa prática

pedagógica, percebendo a relação do saber construído. Enquanto educador se faz necessário

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repensarmos sobre o valor que tem a sala do educador como formação continuada que vem

a somar com o nosso fazer do cotidiano escolar. Pois, se não tivermos a disposição para

trilhar esse caminho, estaremos fadados a ser atropelados pelos avanços tecnológicos e até

mesmo pela ignorância, precisamos estar atualizados dentro do campo saber pedagógico e

educacional. A Sala do Educador permite que juntos reflitam sobre o desenvolvimento

profissional continuado, sobre o nosso interesse, compromisso, determinação e, sobretudo

as nossas ações sobre a prática educacional, o fazer pedagógico, sendo tão importante tanto

para a vida profissional quanto pessoal, no qual não podemos deixar de lado, se estamos

bem profissionalmente, nos sentiremos bem pessoalmente. Sendo assim, estaremos

buscando uma educação de qualidade.

6. REFERÊNCIAS

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ALMEIDA, Laurinda R., PLACCO, Vera Mª N. de S. O coordenador pedagógico e o

espaço de mudança. São Paulo: Edições Loyola, 2003.

HERNANDEZ, Fernando. A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto

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LIMA, Paulo Gomes. Possibilidades ou potencialidades: a postura piagetiana na

epistemologia genética sobre a gênese da inteligência. Acta científica. Ciências humanas.

Engenheiro Coelho: Unaspress: v.02, n.09, p.17 - 21, 2005. ___________________. A

formação do educador reflexivo: um olhar sobre a construção de sua prática

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PERRENOUD, Philippe. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação.

Perspectivas sociológicas. Lisboa: Publicações Dom Quixote e IIE, 1993.

PILETTI, N. Estrutura e funcionamento do ensino fundamental. São Paulo: Ática,1998.;

VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto

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