Convergência e participação: construindo e circulando o discurso do consumo nas redes sociais

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CONVERGÊNCIA E PARTICIPAÇÃO: construindo e circulando o discurso do consumo nas redes sociais TRABALHO APRESENTADO PARA A DISCIPLINA : NOVAS TECNOLOGIAS E VINCULAÇÃO SOCIAL (UERJ) - BASE DE ARTIGO PARA FIM DA DISCIPLINA. ALUNA: TATIANA CIONI COUTO – UFF (PPGMC).

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O objetivo do artigo é estabelecer uma relação entre a criatividade pessoal e empresarial do ciberespaço observando a interação como elemento de comunicação e consumo em rede no ambiente Web 2.0. Facebook, blogs, Twitter, You Tube, Foursquare, ao ganharem audiência e fãs, tornam-se plataformas de modelos de vida a serem adquiridos ou copiados. Considera-se que o discurso de consumo nas redes sociais é construído com o uso de múltiplas plataformas de mídias e a colaboração ativa dos usuários, em uma era da convergência e participação online. Nesta perspectiva, utilizaremos como metodologia a pesquisa bibliográfica abordando o discurso do consumo nas redes sociais e da netnografia com coletas de conversas em rede online por método de observação direta, utilizando colagens, cortes e reproduções dos diálogos (SÁ, 2005).

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CONVERGÊNCIA E PARTICIPAÇÃO: construindo e circulando o discurso do consumo nas redes sociais

TRABALHO APRESENTADO PARA A DISCIPLINA : NOVAS TECNOLOGIAS E VINCULAÇÃO SOCIAL (UERJ) - BASE DE ARTIGO PARA FIM DA DISCIPLINA.

ALUNA: TATIANA CIONI COUTO – UFF (PPGMC).

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Web 2.0Momento da entrada das redes sociais e ferramentas que permitem novas formas de publicação e compartilhamento (PRIMO,2008)Segunda geração de serviços online que ampliam as interações na internet (PRIMO, 2008)A rede social online é um processo de interação entre os envolvidos que constrói relacionamentos na tentativa de criar laços fortes, para obter-se intensidade, intimidade, confiança e compromisso nas trocas online (PRIMO, 2008, p.101-108).Novos meios de alcançar o público, através da participação e potencializar o consumo (ANTOUN, 2008).

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CONVERGÊNCIA (Jenkins, 2009) “A convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com outros” (JENKINS, 2009, p.30).Usuário começa a transformar, resinificar ou criar mensagens através das percepções individuais ou coletivas.Utilização de todo o potencial criativo para criar novas narrativas e experiências.Procura de narrativas “transmídia”, onde o usuário possa participar da história, “coletando” fatos, procurando pistas e participando ativamente, como grupos de discussão online em comunidades virtuais.

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Participação (Shirky, 2011) “Compartilhar pensamentos, expressões e mesmo ações com outros, possivelmente com muitos outros, está tornando uma oportunidade normal” (SHIRKY, 2001, p.157).Troca entre as pessoas e colaborações onlineConstrução de conhecimentos entre as pessoas mais engajadasAmbiente onde pode falar livremente, opinar, divergir e concordar com qualquer assunto

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Convergência midiática A lógica econômica da convergência midiática pressupõe e incentiva a existência de um ‘consumidor ativo’ (consoante a denominação do discurso organizacional), apto e disposto a navegar pela corrente caudalosa de bens escoados por diferentes canais e plataformas inter-relacionadas (FREIRE FILHO, 2007, p.100)

FREIRE FILHO (2007) observa os valores da cultura fã, dialogando com os autores Tulloch, Jenkins, Fiske e Hebdige.

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Interação Comunicação é um processo social, que funciona como um “modelo orquestral” onde o essencial é a participação, a comunhão (Winkin, 1998)

Na comunhão é necessário o envolvimento de indivíduos:

“Sempre a partir de determinados impulsos ou da busca de certas finalidades (........)fazem com que o ser humano entre, com os outros, em uma relação de convívio, de atuação com referência a outro e contra o outro, em um estado de correlação com os outros (....). Essas interações significam que os portadores individuais daqueles impulsos e finalidades formam uma unidade – mais exatamente uma ‘sociedade” (SIMMEL, 2006, p.59-60).

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Interação é troca e diálogo “todas as formas pelas quais essa troca se realiza – como o conflito e o apelo a ambas as partes para que atendam às normas reconhecidas, o acordo de amizade por meio do compromisso e a descoberta de convicções comuns(....) todas essas formas de interação de conversa, de resto estão a serviço de inúmeros assuntos e finalidades das relações humanas “(SIMMEL, 2006, p.75).

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Interação e face a face A interação seria então um processo social, realizado no encontro face a face

“influência recíproca dos indivíduos sobre as ações uns dos outros, quando em presença física imediata. Uma interação pode ser definida como toda interação que ocorre em qualquer ocasião, quando, num conjunto de indivíduos, uns se encontram na presença imediata de outros” (GOFMMAN, 2002, p.23).

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Três tipos de interação Thompson (1995, p.78-80) Face a face - Na presença do indivíduo no mesmo espaço e tempo.Mediada - Uso de um meio técnico (papel, fios elétricos, ondas eletromagnéticas etc) que possibilitam a transmissão de informação.Quase mediada -Estabelecida pelos meios de comunicação de massa .

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Interação Mediada por Computador

Interação Mútua: os interagentes (participantes da interação) “transformam-se mutuamente durante o processo e o relacionamento que emerge entre eles vai sendo recriado a cada intercâmbio” (Primo, 2007, p.57)

Interação Reativa : “são limitadas por certas determinações e, se a mesma ação fosse tomada uma segunda vez (mesmo que por outro interagente), o efeito seria o mesmo”. (PRIMO, 2007, p.57)

Interação Híbrida: Misturam os dois modelos.

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Comunidades virtuais “essas novas comunidades são definidas por afiliações voluntárias, temporárias e táticas, e reafirmadas através de investimentos emocionais e empreendimentos intelectuais comuns. Os membros podem mudar de um grupo a outro, à medida que mudam seus interesses, e podem pertencer a mais de uma comunidade ao mesmo tempo” (JENKINS, 2009, p,57).Abrigam o modelo híbrido de interaçãoImpulso para outros locais de conversa e interação mediada por computador, como redes sociais de relacionamento.Comunicação de muitos para muitos (CASTELLS, 2003, p.8-10).

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Propagação do consumo A Cultura da Convergência mostra como usuários podem ser consumidores e criadores de conteúdo, ao participar ativamente “na produção e circulação dos próprios produtos culturais que consomem”. Por este aspecto, as redes sociais tornam-se os locais para implantar estratégias mercadológicas, onde se utiliza do trabalho criativo dos próprios consumidores (PRIMO, 2013, p.21).

Empresas aproveitam-se desta cultura da participação e da convergência online para utilizar-se da interação máxima do consumidor, utilizando de táticas de vaidade pessoal e visibilidade e tantas outras estratégias.

A mensagem carrega consigo diversos signos que tornam o conteúdo em si a própria mercadoria, onde “os próprios bens de consumo assumem cada vez mais o caráter da informação” (MCLUHAN, 2007, p.54).

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Conversa em rede As conversas em são um “processo organizado, negociado pelos atores que segue determinados rituais culturais e que faz parte de interação social” (RECUERO, 2012, p.31).

“Hoje como os sites de rede social são uma realidade cotidiana, assim como a presença quase obíqua das redes sociais online. Basta logar no Foursquare, Facebook, Pinterest ou Linkedin, dentre outros e temos acesso quase instantâneo ao que os amigos, conhecidos (e desconhecidos) estão fazendo, o que pensam sobre os lugares onde estamos, quais suas recomendações, que vídeos viram, que imagens curtiram e onde podemos, inclusive, interagir “(RECUERO, 2012, p.51).

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Pesquisa e reportagem Pesquisa da Hi-Mídia de 2012 realizada com 484 pessoas mostra que 65% dos usuários compartilham suas compras nas redes sociais e que 57% curte alguma marca. Dentro dos hábitos de compartilhamento: 58% , ou seja a maioria , gosta de recomendar para as pessoas produtos e serviços e 23% gosta de contar aos outros o que comprou ou contratou.

Entre as 10 maiores campanhas publicitárias feitas em redes sociais, reveladas na reportagem do R7 em 2011 (R7, 12/08/2013) está a campanha da Intel e Toshiba que criam um filme dentro do Videolog chamado "The inside experience", que mostra uma personagem em apuros, onde os usuários em rede devem usar Facebook, Twitter e You Tube para procurar as pistas e ajudar a personagem em apuros.

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Exemplos Aplicativo chamado “Quanto mais melhor”. Ao acessar o usuário escolhia o nome dele que era aplicado na lata da Coca-Cola Zero. Os cento e cinquenta nomes mais citados iam parar nas prateleiras dos supermercados em 500 mil pontos de vendas do Brasil. A campanha obteve 500 mil latas virtuais personalizadas

Uma agência aproveitou o caráter participativo do usuário, para fazer uma campanha do cantor Daniel os fãs. Cada seguidor podia enviar vídeos cantando trechos da composição e frases sobre o que é amar. De 300 fãs da página virtual, em apenas uma semana, o número de seguidores aumentou para 3 mil

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Exemplos (continuação) Empresa que organiza corridas em todo o Brasil e criou um aplicativo integrado ao Facebook, com o lema: “Correr é social. Quem corre conta. conquista, compara. Se comunica. Quem corre conta com quem corre :” Nela é possível ver o resultado (extensão da corrida e tempo); fotos do atleta; conversar com os outros amigos em rede e convidar os amigos para participar da corrida. Ao acessar o aplicativo, é liberado o acesso às informações do perfil, de modo que o corredor ao pagar determinada prova, já divulga automaticamente a inscrição dentro do mural e pode receber as fotos tiradas no evento de graça dentro do Facebook.

Como ressalta Primo (2013, p.18): “O público deliberadamente oferece seus dados pessoais (um bem de grande valor para a indústria) e sua criatividade em troca de melhores serviços da web. Quanto mais se oferece, mais pode ser recebido em retorno”.

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Exemplos – “Show do Eu” Bruna Vieira, uma adolescente, que lançou o blog “depois dos quinze” e ganhou um prêmio da revista Capricho. A jovem conseguiu patrocínio para o diário e o blog acabou virando um livro com o mesmo nome (CAPRICHO, 12/08/2013).

Bruna também foi escolhida pela livraria Saraiva para dar cinco dicas de leitura no You Tube. O vídeo tem a imagem da jovem e é todo editado pela própria loja.

De uma rede social a outra, a adolescente virou um tipo de celebridade e também um “produto” .

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Exemplos – “Show do Eu” (Sibilia, 2008)

Gabriela Pugliesi criou um blog e um Instagram sobre dicas de saúde e beleza. A jovem que é formada em desenho industrial e não é profissional do ramo, no entanto ao conseguir 140 mil seguidores, conseguiu se sustentar só atualizando as redes sociais (EGO, 12/08/2013).

No blog tips4life.com.br, há modos das seguidoras compartilharem através do Facebook, Twitter e Google. Além disto, a jovem abriu espaço para as leitoras também comentarem as postagens.

Leiga e sem formação na área da saúde, ela consegue mais audiência entre jovens do que um médico comum, como pontua Primo (2013, p.20) foi criado um “star system”, um sistema onde se produz celebridade, fama e fonte de renda.

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ConclusõesAs ferramentas de publicação, compartilhamento e organização de informações da Web 2.0 (Primo, 2008) favorecem a construção dos conteúdos criativos e atrativos que tornem os fãs verdadeiros compradores daquilo que está sendo oferecidoAo interagir, os seguidores também se tornam vendedores, por compartilharem com outros amigos aqueles conceitos divulgadosO modelo híbrido de interação permite que a mensagem torne-se uma mercadoria que pode ser usada, reutilizada, reapropriada, modificada e até descartada.

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Conclusões (continuação)Para engajar o público, é necessário tirar ele da posição de receptor passivo e colocar como ativo, ou seja, posicioná-lo dentro da era da cultura participativa e de convergênciaO alto compartilhamento dos usuários garante que as mercadorias circulem livremente no ciberespaço em diferentes redes sociaisOs “casos de sucesso” nas redes sociais são aqueles que conseguem combinar o uso de múltiplas plataformas tem sido um meio efetivo de atrair audiência e seguidoresQuanto mais circular o conteúdo existente nas redes sociais, maior a chance de gerar a compra e estabelecer o consumo compartilhado

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Referências bibliográficas ANTOUN, Henrique. De uma teia à outra: a explosão do comum e o surgimento da vigilância participativa. In: Web 2.0: Participação e vigilância na era da comunicação distribuída. Antoun, Henrique (org). Rio de Janeiro: Maud X, 2008

CASTELLS, Manuel. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet,os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

FREIRE Filho, João. Reinvenções da resistência juvenil: os estudos culturais e as micropolíticas do cotidiano. Rio de Janeiro: Maud X, 2007.

GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Petropólis: Vozes, 2002.

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Referências bibliográficas JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: Aleph, 2009.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem - São Paulo: Editora Cultrix, 2007

PRIMO, Alex. Interações mediadas e remediadas: as controvérsias entre as utopias da cibercultura e a grande indústria mediática. In: Interações em Rede. Porto Alegre: Sulina 2013.

_________. O aspecto relacional das interações na Web 2.0. In: Web 2.0: Participação e vigilância na era da comunicação distribuída. Antoun, Henrique (org). Rio de Janeiro: Maud X, 2008.

_________. Interação Mediada Por Computador: Comunicação, Cultura, Cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007.

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Referências bibliográficasRECUERO, Raquel. A conversação em rede: comunicação mediada pelo computador e as redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2012.

SÁ, Simone. O samba em rede: comunidades virtuais, dinâmicas identitárias e carnaval carioca. Rio de Janeiro: E-papers, 2005.

SHIRKY, Clay. A cultura da participação: criatividade e generosidade no mundo conectado. Rio de Janeiro: Zahar, 2011

SIBILIA, Paula. O Show do eu: a intimidade como espetáculo. RJ: Nova Fronteira, 2008.

SIMMEL, Georg. Questões Fundamentais da Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.

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Referências bibliográficas THOMPSON, John B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. Petrópolis: Ed. Vozes, 1995.

WINKIN, Yves. A nova comunicação: da teoria ao trabalho de campo. Campinas: Papirus, 1998.