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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA
KARINE BARCELLOS BORCHERT
CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA MOEDA ESTRANGEIRA
PROF.: ALEKSANDRA SLIWOWSKAA DARSTSCH
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU
CURSO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA
KARINE BARCELLOS BORCHERT
CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA MOEDA ESTRANGEIRA
APROVADA EM:
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________ PROF.
________________________________________________________ PROF.
________________________________________________________ PROF.
3
DEDICATÓRIA
Não apenas esse projeto, mas todas as minhas conquistas profissionais são dedicadas aos meus pais, que em nenhum momento deixaram de me apoiar.
4
INTRODUÇÃO
Com o processo de globalização incentivando a entrada de capitais
estrangeiros e a captação de recursos no exterior, a Conversão das Demonstrações
Contábeis para Moeda Estrangeira tornou-se imprescindível para as multinacionais que
investem no Brasil e necessitam avaliá- los, assim como, para as empresas nacionais que
pretendem assumir compromissos no exterior ou negociar títulos ADRs (American
Depositary Receipts) nas Bolsas de Valores dos Estados Unidos.
Por serem as empresas norte-americanas, principalmente, as que participam
de forma mais relevante na economia brasileira conforme o censo de Investimentos Diretos
de Capital Estrangeiro realizado pelo Banco Central do Brasil, este estudo tem por
objetivo abordar alguns preceitos do USGAAP – United States Generally Accepted
Accounting Principles (Princípios geralmente Aceitos dos Estados Unidos da América),
demonstrando alguns procedimentos necessários para a Conversão das Demonstrações
Contábeis (anexo I).
Neste trabalho, como exemplos ilustrativos, demonstra-se, principalmente,
os ajustes nos itens do Balanço Patrimonial, considerando que este representa a evolução
do Patrimônio da entidade registrando aspectos importantes em sua informação: aspecto
econômico (a situação e a variação dos recursos próprios, em relação ao ativo e ao
passivo), aspecto financeiro (evidenciando as disponibilidades da empresa), aspecto
patrimonial (a composição da origem dos recursos e onde estes estão aplicados), e um
5
aspecto específico sobre a natureza dos bens, direitos e obrigações classificando-os em
grupos distintos.
Com o processo de Conversão, poderá ser observado que as diferenças de
padrões contábeis produz, também, diferentes resultados no lucro do exercício, tornando
praticamente impossível a análise comparativa entre demonstrações contábeis dos diversos
países. Face a este problema, várias entidades, como o IASC - International Accounting
Standards Committee (Comitê Internacional de Padrões Contábeis) e o IFAC -
International Federation of Accountants (Federação Internacional dos Contabilistas), vêm
se empenhando no desenvolvimento de Padrões Internacionais de Contabilidade.
No Brasil, temos como recente exemplo dessa necessidade de atualização o
Anteprojeto de Reformulação da Lei 6.404/76 transformado em Projeto de Lei nº
3741/2000 que tem entre os seus objetivos o de criar condições para harmonizar as práticas
contábeis adotadas no País e suas respectivas demonstrações contábeis com as práticas e
demonstrações exigidas nos principais mercados financeiros mundiais.
1- ÓRGÃOS REGULAMENTADORES: EVOLUÇÃO HISTÓRICA
1.1- NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Em 1904, por ocasião do Congresso Internacional de Guarda- livros, nos
Estados Unidos, a profissão de contabilista ou contador foi oficialmente reconhecida,
6
sendo formada a AAPA – American Association of Public Accountants (Associação
Norte-Americana de Contadores Públicos).
Em 1916, esta associação foi reorganizada e transformada no AIA – American
Institute of Accountants (Instituto Norte-Americano de Contadores). Neste mesmo ano foi
fundada a AAUIA – American Association of University Instructors in Accounting
(Associação Norte-Americana dos Professores Universitários de Contabilidade) que a
princípio se preocupou com o desenvolvimento do currículo universitário e, mais tarde,
com questões relacionadas ao desenvolvimento da teoria contábil.
Em 1921, foi formada a ASCPA – American Society of Certified Public
Accountants (Sociedade Americana de Contadores Públicos Certificados).
Após a Grande Depressão Americana (1929-1933), membros da NYSE – New
Stock Exchange (Bolsa de Valores de Nova York) e do AIA (Instituto Norte-Americano de
Contadores) começaram uma série de reuniões com o objetivo de discutir diferentes
aspectos contábeis de interesse dos investidores quanto à preparação e publicação das
demonstrações contábeis.
Nessa época foram criadas duas das mais importantes leis comerciais nos Estados
Unidos: a lei sobre Securities Act (Valores Mobiliários) de 1933, e a lei que criou a SEC
- Security Exchange Act (Comissão de Valores Mobiliários), de 1934.
A SEC é o Órgão responsável pela regulamentação do mercado americano de
capitais e definição dos métodos aplicáveis à preparação de demonstrações contábeis e
7
relatórios periódicos obrigatórios para as companhias abertas. Seu objetivo principal é o de
assegurar aos investidores, principalmente os minoritários, acesso a informações corretas e
completas necessárias à tomada de decisão. A SEC pode estabelecer normas contábeis,
mas geralmente não exerce essa autoridade. Ela emite os seguintes relatórios:
· FRR – Financial Reporting Releases (Pronunciamentos referentes a
políticas da SEC sobre contabilidade e auditoria ou divulgação das
demonstrações contábeis);
· AAER – Accounting and Auditing Enforcement Release
(Pronunciamentos referentes ao cumprimento de exigências sobre
matéria contábil e de auditoria);
· SAB – Staff Accounting Bulletins (Interpretações e práticas
administrativas sugeridas pelo SEC).
Em 1935 a AAUIA alterou sua denominação para AAA – American
Accounting Association (Associação Norte-Americana de Contadores) e publicou em 1936
um breve relatório chamado: “A Tentative Statement of Accounting Principles Underlying
Corporate Financial Statements” (Relatório Experimental de Princípios Contábeis
Atrelados a Demonstrações Financeiras de Empresas).
Em 1937, o AIA (Instituto Norte-Americano de Contadores) fundiu-se com a
ASCPA (Sociedade Norte-Americana dos Contadores Públicos Certificados), formando o
AICPA – American Institute of Certified Public Accountants (Instituto Norte-Americano
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de Contadores Públicos Certificados) , uma organização maior e de grande influência sobre
o desenvolvimento da teoria contábil.
A AICPA criou em 1938 o CAP – Committee on Accounting Procedures (Comitê
de Procedimentos Contábeis). Os trabalhos deste comitê eram publicados na forma de
ARB – Accounting Research Bulletins (Boletins de Estudos Contábeis) sem qualquer força
coercitiva, porém ganhavam credibilidade. De 1938 a 1953 foram emitidos 42 ARB’s. Em
1953 foram revisados e reunidos em um só pronunciamento, o ARB 43. Até dezembro de
1998 foram emitidos mais 8 ARB’s perfazendo um total de 51ARB’s.
Em 1959 foi criado o APB – Accounting on Principles Board (Conselho de
Princípios Contábeis) em razão às criticas crescentes sobre as formas de formulação dos
princípios contábeis, porém suas opiniões, conhecidas como APB Opinion também não
exerciam força coercitiva. Até 31 de dezembro de 1998 foram emitidos 31 APB's Opinion.
Em 1971, o Conselho de Diretores do AICPA formou dois comitês:
- Comitê Wheat (Francis Wheat) que em 1972 publicou relatório
recomendando a extinção do APB e a criação do FASB – Financial
Accounting Standards Board (Conselho de Procedimentos de
Contabilidade Financeira)
- Comitê Trueblood (Robert Trueblood) quem em 1973, após longos
debates, emitiu um relatório que constituiu a base para a “Declaração
sobre Conceitos de Contabilidade Financeira n.º 1”.
9
Em 1º de junho de 1973 foi, então, criada o FASB. Um órgão
independente, reconhecido pela SEC e pela AICPA, com o objetivo de determinar e
aperfeiçoar os procedimentos, conceitos e normas contábeis. Tem maior
representatividade do que tinha o APB, sendo a maior parte de seus membros constituída
de Contadores Públicos Certificados. Seus membros são selecionados e mantidos pelo
FAF ( Financial Accounting Foundation ). O FAF foi fundado em 1972 e é composto de 9
membros escolhidos pela AICPA.
O FASB emite atualmente cinco tipos de pronunciamentos conforme
abaixo:
· SFAC – Statement of Financial Accounting Concepts (Pronunciamentos
sobre Conceitos de Contabilidade Financeira) que estabelecem a
filosofia fundamental sobre a qual se baseiam os procedimentos de
contabilidade financeira. Seu objetivo é orientar o FASB no
estabelecimento de procedimentos, orientar contadores no exercício de
suas atividades em questões ainda não resolvidas e auxiliar no processo
educativo de não-contadores;
· SFAS – Statement of Financial Accounting Standards (Declarações
sobre Procedimentos de Contabilidade Financeira) conhecidos
simplesmente como FAS. Estabelecem métodos e procedimentos para
questões contábeis específicas, criando, oficialmente, GAAP –
Generally Accepted Accounting Principles (Princípios de Contabilidade
10
Geralmente Aceitos). Até Junho de 2000, haviam sido emitidos 140
pronunciamentos;
· FIN – FASB Interpretations (Interpretações) com o objetivo de explicar,
esclarecer ou desenvolver temas tratados em SFAS, APB Opinions, ou
ARB’s. As interpretações requerem apoio da maioria dos membros do
FASB e também geram GAAP;
· Technical Bulletins (Boletins Técnicos) que orientam sobre problemas
contábeis e demonstrações financeiras. Não criam GAAP e tem por
objetivo viabilizar a implementação das diretrizes estabelecidas;
· EITF – Emerging Issues Task Force (Resumo das Opiniões do Comitê
de Assuntos Emergentes). EITF é um grupo de trabalho de 13 membros
criado em 1984 pelo FASB para fornecer orientações em questões de
implementação e de contabilidade.
1904 1916 1921 1934 1935 1937 1938 1959 1971 1973AAPA AIA
AICPA
ASCPA
CAP
AAUA AAA
APB
SEC
Comitês
FASB
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1.2- NO BRASIL
Para o adequado exercício da profissão contábil no Brasil, o profissional
deve ter pleno conhecimento dos Princípios Fundamentais da Contabilidade, das Normas
Contábeis constantes na legislação societária, na legislação fiscal e nas normas aplicáveis a
segmentos econômicos específicos do mercado, assim como, deve estar atualizado com os
pronunciamentos técnicos emitidos por entidades representativas da profissão contábil.
1.2.1- Conselho Federal e Regional de Contabilidade – CFC/ CRC
Criado pelo Decreto Lei n.º 9295 de 27/05/1946 o Conselho Federal de
Contabilidade é o órgão maior da contabilidade no Brasil e coordena e congrega todos os
27 Conselhos Regionais nos Estados e o Conselho Regional do Distrito Federal de
Contabilidade.
De acordo com dados de 1998, o Sistema CFC-CRC possui um total de
2.345 trabalhadores entre Conselheiros efetivos e suplentes, Empregados do sistema,
Delegados do CFC e Grupos de trabalho.
O Grupo de Trabalho foi criado com o objetivo de realizar estudos e
elaborar as Normas Brasileiras de Contabilidade, incluindo as Interpretações e
Comunicados Técnicos. Para temas de áreas específicas é constituído um Grupo de Estudo
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formado por especialistas no tema a ser desenvolvido. Hoje participam destes grupos
representantes indicados pelo Banco Central do Brasil, Comissão de Valores Mobiliários,
Superintendência de Seguros Privados, Secretaria do Tesouro Nacional, Secretaria da
Receita Federal, Ministério da Educação e Instituto Nacional de Seguridade Social.
As áreas de trabalho onde o Sistema CFC-CRC atua são as seguintes:
· Normas Técnicas Profissionais;
· Produção Científica;
· Área Tributária;
· Área Pública;
· Perícia Contábil;
· GIMCEA - Grupo de Integração do Mercosul: Contabilidade,
Economia e Administração;
· AIC - Associação Interamericana de Contabilidade;
· CILEA - Comitê de Integração Latino Europa-América;
· IASC - International Accounting Standards Comitte (Comissão
Internacional de Padrões Contábeis);
· IFAC - International Federation of Accountants (Federação
Internacional dos Contabilistas);
· OMC - Organização Mundial do Comércio;
· ONU - Organização das Nações Unidas
· Propostas para Parâmetros Curriculares do Curso de Ciências
Contábeis ao MEC - Ministério da Educação e Cultura;
13
· Proposta para Minuta de Instruções CVM - Comissão de Valores
Mobiliários;
· Comissão de Normas da CVM - Comissão de Valores Mobiliários
Podemos resumir as funções básicas do CFC-CRC conforme o gráfico
abaixo:
FONTE: Conselho Federal de Contabilidade.
Entre todas as matérias tratadas nas Resoluções emitidas pelo Conselho
Federal de Contabilidade, destaca-se a Resolução 750/93 que determina os Princípios
Fundamentais de Contabilidade.
Em 23/10/81 foi editada a Resolução CFC n.º 530/81 que Aprova Princípios
Fundamentais de Contabilidade. Norma NBC T 1.
Como pode-se perceber, neste momento, os Princípios Fundamentais de
Contabilidade foram considerados como Normas Brasileiras de Contabilidade, o que vai de
CooperaçãoTécnica e
Científica aEntidadesPúblicas
e Privadas
FF UU NNÇÇ ÕÕ EE SS BB ÁÁ SS IICC AA SS DD OO SS IISS TT EE MM AACC FF CC --CC RR CC
C F C
Institu -
cional
SuporteTécnico
Fiscalização
ExercícioProfissio -
nal
NormasTécni -
cas
NormasProfissio
nais
Compe -tência
Judicatória
Regis -tro
Profis -sional
PesquisaConselhos
Regionais
Capacita -ção e
ValorizaçãoProfissional
Estudos
Treinamento
ÓrgãosPúblicosFederais,Estaduais
e Municipais
Entidades daClasse
Contábil
UniversidadesFaculdadesEscolas de
NívelMédio
14
encontro ao conceito de princípio segundo Hilário Franco 1 que diz: “O PRINCÍPIO é a
causa da qual algo procede. É a origem, o começo de um fenômeno ou de uma série de
fenômenos”
Portanto, o CFC através da Resolução n.º 750/93, corrigiu a indevida
inclusão dos Princípios entre as Normas Brasileiras de Contabilidade, As normas que deles
emanam podem ser mutáveis, o que não ocorre com os princípios.
Segundo a Resolução 750/93 do CFC os Princípios Fundamentais de
Contabilidade são:
I. Entidade: reconhece o patrimônio da entidade independente do
patrimônio dos sócios ou acionistas, isto é, a entidade é autônoma, tem
personalidade jurídica própria.
II. Continuidade: estabelece que a definição do prazo de vida da entidade,
se indeterminado ou não, deve ser considerado quando das classificações
e avaliações das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.
III. Oportunidade: refere-se à tempestividade e à integridade do registro do
patrimônio e suas mutações, isto é, o registro de todas as variações
sofridas pelo patrimônio devem ser efetuados no momento em que
ocorrem. Seu objetivo principal está na completa apreensão das
variações e do seu oportuno reconhecimento.
1 FRANCO, Hilário. A Evolução dos Princípios Contábeis no Brasil. São Paulo. Ed.Atlas
15
IV. Registro pelo Valor Original: Os fatos devem ser registrados pelos
valores originais das transações, isto é, pelo seu custo histórico ou de
aquisição, expressos a valor presente na moeda do País.
V. Atualização Monetária: Os registros contábeis devem refletir os efeitos
da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional através do
ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes
patrimoniais.
VI. Competência: As despesas e receitas devem ser registradas dentro do
exercício a que se referirem, resultando assim em um aumento ou
diminuição do Patrimônio Líquido.
VII. Prudência: Sempre que se apresentarem alternativas igualmente válidas
para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o Patrimônio
Líquido, deve-se adotar o menor valor para os componentes do Ativo e
do maior valor para os do Passivo.
Em 1994, o CFC emitiu a Resolução n.º 774 dando interpretação à
Resolução CFC n.º 750/93 em que Aprova o Apêndice à Resolução sobre os Princípios
Fundamentais de Contabilidade, considerando a necessidade de maiores esclarecimentos
sobre o conteúdo e abrangência destes Princípios. Nesta resolução destaca-se a definição
dos Princípios Fundamentais de Contabilidade ratificando que são os Princípios
Fundamentais de Contabilidade o núcleo central, a viga-mestre da ciência que é a
Contabilidade
16
1.2.2- Comissão de Valores Mobiliários - CVM
Instituída através da Lei n.º 6385 de 7 de Dezembro de 1976 como uma
entidade autárquica vinculada ao Ministério da Fazenda., funciona como órgão fiscalizador
do mercado de capitais no Brasil.
Entre outras fuções, compete à CVM expedir normas aplicáveis às
companhias abertas sobre:
- a natureza das informações que devam ser divulgadas e a periodicidade
da divulgação;
- relatório da administração e de demonstrações financeiras;
- padrões de contabilidade, relatórios e pareceres de auditores
independentes;
Exceção ocorre para as instituições financeiras e demais entidades
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Neste caso, estas instituições ficam
sujeitas às disposições da Lei n.º 4.595 de 31 de Dezembro de 1964 e aos atos normativos
dela decorrentes.
1.2.3- Instituto Brasileiro de Contadores - IBRACON
17
Fundado em 13 de dezembro 1971 com a denominação de Instituto dos
Auditores Independentes do Brasil (IAIB) através da fusão de dois Institutos já existentes
na época: o Instituto dos Contadores Públicos do Brasil (ICPB), fundado em 26 de março
de 1957 e o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (IBAI), fundado em 02 de
janeiro de 1968.
Em 02 de janeiro de 1982 o IAIB passou a intitular-se Instituto Brasileiro de
Contadores (IBRACON) após alteração estatuária, que permitiu maior abrangência de
atuação e de interesses.
Entre os principais objetivos desse Instituto estão:
¨ fixar os objetivos e as normas contábeis e procedimentos de auditoria;
¨ zelar pela observância do Código de Ética Profissional de Contabilista;
¨ zelar pela observância dos Princípios Legais que regem o exercício da
profissão de contador;
¨ fomentar, desenvolver e divulgar conhecimentos técnicos e científicos
relativos à Contabilidade;
¨ Manter relações com instituições congêneres no exterior.
Através do pronunciamento “Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade”
o IBRACON dispensou amplo tratamento aos objetivos e princípios contábeis. Esta
estrutura foi originalmente elaborada pela IPECAFI (Instituto Brasileiro de Pesquisas
18
Contábeis, Atuarias e Financeiras) e incorporada ao conjunto de pronunciamentos técnicos
do IBRACON em 22/11/85 e referendado pela CVM.
O pronunciamento subdivide-se em:
§ Objetivos da Contabilidade: O objetivo principal conforme definido no
pronunciamento é o de “permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação
econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer
inferências sobre suas tendências futuras”, porém, o pronunciamento destaca dois
pontos importantes dentro do contexto de companhia aberta/usuário externo:
a) ênfase à evidenciação de todas as informações que permitam a avaliação
da situação patrimonial e das mutações desse patrimônio, assim como,
possibilitem a realização de inferências perante o futuro;
b) a contabilidade deve guiar-se pelos seus objetivos de bem informar,
seguindo, se necessário, a essência ao invés da forma.
§ Cenários Contábeis: O pronunciamento caracteriza, inicialmente, o cenário social,
institucional e econômico do surgimento da Contabilidade. Sobre o Cenário
especificamente brasileiro, o pronunciamento acrescenta que é importante verificar
as condições do mercado de capitais no Brasil e o objetivo de ativar esse mercado
com empresas nacionais, principalmente abertas.
§ Princípios (Conceitos) Fundamentais de Contabilidade: Esta é a estrutura
conceitual básica da Contabilidade. Alguns autores, como Sprouse e Moonitz
19
hierarquizam esses conceitos. Já o Conselho Federal de Contabilidade classifica-os
todos com a mesma hierarquia como Princípios Fundamentais de Contabilidade,
conforme já exposto anteriormente. E, ainda, há quem admita uma diferenciação
entre Princípios e Convenções, como neste pronunciamento, onde os Princípios
(Conceitos) Fundamentais de Contabilidade foram classificados em três categorias
básicas:
1- Postulados ambientais da contabilidade: são constatações sobre o cenário
(condições sociais, econômicas e institucionais) em que a contabilidade atua.
São considerados postulados ambientais da Contabilidade:
- Postulado da Entidade Contábil
- Postulado da Continuidade das Entidades
2- Princípios propriamente ditos: delimitam como a profissão deverá posicionar-se
diante da realidade social, econômica e institucional admitida pelos Postulados,
isto é, representam uma resposta da disciplina contábil aos postulados. Os
Princípios são o núcleo central da doutrina contábil:
- Princípio do Custo como Base de Valor
- Princípio do Denominador Comum Monetário
- Princípio da Realização da Receita
- Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas e com os
Períodos Contábeis.
3- Convenções (Restrições aos Princípios Contábeis Fundamentais): são
complementos aos Postulados e Princípios, delimitando-lhes conceitos,
atribuições e direções a seguir, assim como, sedimentam a experiência e o bom
20
senso da profissão no trato de problemas contábeis. São enunciadas conforme
abaixo:
- Convenção da Objetividade
- Convenção da Materialidade
- Convenção do Conservadorismo
- Convenção da Consistência
Em relação a Resolução 750/93 do CFC e este pronunciamento do
IBRACON, Ségio de Iudícibus, Eliseu Martins e Ernesto Rubens Gelbcke 2 citam que
"Divergem muito pouco em termos de conteúdo um do outro, sendo a diferença entre eles
muito mais de natureza formal. Em grande parte são, inclusive, complementares"
1.2.4- Banco Central do Brasil - BC
O Banco Central do Brasil é uma autarquia federal criada em 31/12/64
através da Lei 4.595 e tem por objetivos:
- zelar pela adequada liquidez da economia;
- manter as reservas internacionais do País em nível adequado,
- estimular a formação de poupanças em níveis adequados à necessidades
de investimentos do País; e
2 IUDÍCIBUS Sérgio de; MARTINS Eliseu; GELBCKE Ernesto Rubens. Manual de Contabilidade das
Sociedades por ações. 4ª ed. São Paulo. Editora Atlas, 1995. Pág.58.
21
- zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do
Sistema Financeiro Nacional.
A fim de atender seus objetivos, o BC tem entre outras funções:
- formulação, execução e acompanhamento da política monetária;
- controle das operações de crédito em todas as suas formas;
- formulação, execução e acompanhamento da política cambial e de
relações financeiras com o exterior;
- organização, disciplinamento e fiscalização do Sistema Financeiro
Nacional e ordenamento do mercado financeiro;
- emissão de papel-moeda e de moeda metálica e execução dos serviços
do meio circulante.
1.2.5- Instituto dos Auditores Internos do Brasil - AUDIBRA
Fundado em 20 de novembro de 1960 é uma sociedade civil sem fins
lucrativos cujo quadro é composto por profissionais da área de Auditoria Interna ou
funções correspondentes.
Naquele momento, apesar da abreviação do nome da sociedade sugerir a
sigla “a I b”, a sociedade ficou conhecida pela sigla OIO pela idéia de uma coruja.
22
Porém, em 1990, concluindo a falta de sentido da sigla pela qual a sociedade era
conhecida, através de votação, o instituto recebeu a nova identificação de AUDIBRA.
Em 1998 o IIA – Institute of Internal Auditors (Instituto de Auditores
Internos) com sede nos Estados Unidos da América, reconheceu a AUDIBRA como
afiliado na classe de Instituto Nacional.
Entre as diversas missões da AUDIBRA, pode-se encontrar;
- Estabelecer mediante intercâmbio de idéias, um maior desenvolvimento
técnico dos seus membros nas várias modalidades de auditoria interna;
- Difundir e promover o reconhecimento e a importância da função do
Auditor Interno, atuando na iniciativa privada ou na administração
pública;
- Manter a Auditoria Interna dentro dos mais elevados padrões de
honorabilidade e ética profissional, publicando e zelando pelo
cumprimento do código de ética para o auditor interno.
1.2.6- Superintendência de Seguros Privados - SUSEP
A SUSEP é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda e foi criada
pelo Decreto- lei n.º 73, de 21 de novembro de 1966.
Responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro,
previdência privada aberta, capitalização e resseguro, tem entre suas principais atribuições:
23
- fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das
Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência
Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política
traçada pelo CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados).
- Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados
supervisionados;
- Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o mercado.
1946 1957 1960 1964 1966 1968 1971 1976 1982 1990
CFC/CRC
ICPB IBAI
IAIB IBRACON
OIO AUDIBRA
BC
SUSEP
CVM
24
2- CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA MOEDA
ESTRANGEIRA
2.1- OBJETIVOS
Diversos são os fatores que levam ao interesse pela Conversão das
Demonstrações Contábeis em moeda nacional para moeda estrangeira. Entre eles,
podemos citar:
- Obter demonstrações contábeis em moeda forte, não sujeita aos efeitos
da inflação;
- Permitir ao investidor estrangeiro um melhor acompanhamento de seu
investimento, já que as demonstrações convertidas estarão expressas na
moeda corrente de seu próprio país;
- Possibilitar a aplicação do método da equivalência patrimonial sobre os
investimentos efetuados em diversos países; e
- Possibilitar a consolidação e combinação de demonstrações contábeis de
empresas situadas em diversos países.
A questão central do processo de conversão das demonstrações contábeis da
moeda local para uma moeda estrangeira é : como devem ser tratadas as diferenças entre
25
as unidades monetárias utilizadas por filiais ou subsidiárias domiciliadas no exterior, que
pertençam a uma empresa sediada nos Estados Unidos, por exemplo.
É importante que o processo de conversão não introduza qualquer alteração
fundamental na mensuração das operações sociais (ativos, passivos e resultados).
2.2- MÉTODOS DE CONVERSÃO
Quatro métodos de conversão foram sugeridos por diversos autores e
estudiosos da matéria, antes mesmo de serem emitidos pronunciamentos oficiais pelo APB
ou FASB:
a) Método monetário – não monetário:
Neste método, os itens patrimoniais são classificados em:
- Monetários: disponibilidades e direitos ou obrigações que serão realizados ou
exigidos em dinheiro. Estes itens são convertidos pela taxa cambial do final do
período.
- Não monetários: bens (realizáveis ou permanentes) e direitos ou obrigações que
serão realizados ou exigidos em bens ou serviços. Neste caso, os itens são
convertidos pela taxa cambial histórica.
b) Método Corrente – não corrente:
Os ativos e passivos são divididos em:
26
- Correntes: Ativos e Passivos Circulantes que serão convertidos pela taxa cambial
do final do período.
- Não correntes: Itens não circulantes que serão convertidos pela taxa de câmbio da
data de sua incorporação (custo ou taxa cambial histórica)
c) Método da Taxa Corrente:
Todos os ativos e passivos são convertidos pela taxa cambial do final do período
social. É o único método que converte os valores do Ativo Permanente pela taxa atual, ao
invés da taxa histórica. Por isso, é também denominado como método de Câmbio de
Fechamento.
d) Método Temporal:
Neste método são consideradas características inerentes aos ativos e passivos no
momento da conversão. É uma combinação entre o método monetário/não monetário e o
método da taxa corrente. Wolfgang Kurt Schrickel 1 evidencia este método através da
sumarização de Leonard Lorensen, membro do AIPCA, em seu Accounting Research
Study number 12 (Estudo de Contabilidade n.º 12) de 1972 onde diz que:
“As disponibilidades e as contas a receber e a pagar, definidas por certos valores já compromissados pelas partes, devem ser convertidas pela taxa cambial vigente na data de levantamento do balanço. Os ativos e passivos mensurados por níveis de preços devem ser convertidos à taxa cambial das respectivas datas a que aqueles preços se refiram”
2.3- O FAS 52
1 SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Demonstrações Financeiras - Abrindo a Caixa-preta, 2ª ed. São Paulo:
Atlas,1999. Pag.109
27
Em 1975, após estudos e várias discussões envolvendo contadores e auditores, o
FASB, reconhecendo a necessidade de determinar normas para o processo de Conversão
de demonstrações contábeis, emitiu o FAS n.º 8 sob o título de Accounting for the
Translation of Foreign Currency Financial Statements (Contabilização da Conversão de
Operações em Moeda Estrangeira e Demonstrações Financeiras Preparadas em Moeda
Estrangeira). Este FAS adotava o método monetário – não monetário. Porém, as regras
do FAS n.º 8 produziram algumas distorções importantes no sistema de informações
contábeis que foram questionadas por muitos contadores e usuários dessas informações.
Então, em dezembro de 1981 foi emitido o FAS n.º 52 (anexo II) que substituiu
o FAS n.º 8. Neste novo pronunciamento denominado “Foreign Currency Translation”
(Conversão de Moedas Estrangeiras) foi determinado que as demonstrações contábeis
devem:
I. Fornecer informações que sejam compatíveis com os efeitos econômicos sobre
o fluxo de caixa e o capital das empresas, decorrentes das alterações na
paridade cambial entre as moedas;
II. Refletir os resultados financeiros de cada empresa particular no conjunto de
empresas incluídas nas demonstrações consolidadas, consoante os princípios de
Contabilidade Geralmente Aceitos nos Estados Unidos.
2.3.1 – Obrigatoriedade da aplicação do FAS 52
28
A aplicação do FAS 52 é obrigatória nos casos de conversão de demonstrações
contábeis de acordo com os princípios contábeis norte-americanos geralmente aceitos,
quando o objetivo é:
- Consolidação (matriz mais subsidiárias)
- Combinação (empresas que exploram um mesmo negócio)
- Avaliação de investimento pelo método da Equivalência Patrimonial
(coligadas)
Para outros fins, como obtenção de recursos no exterior, apresentação a
investidores, ou mesmo análise gerencial, não há obrigatoriedade de aplicação dos
procedimentos de conversão no FAS 52, a menos que os credores ou investidores assim
especifiquem. Porém, mesmo não sendo obrigatório, diversas empresas adotam o FAS 52
por ser uma metodologia aceita mundialmente.
2.3.2 – Métodos de conversão adotados pelo FAS 52
O FAS n.º 52 estabeleceu critérios distintos para a conversão das demonstrações
contábeis dependendo de duas condições:
I- Economias consideradas estáveis (não superinflacionárias):
29
A moeda local é utilizada como moeda funcional. Todos os elementos das
demonstrações contábeis devem ser traduzidos com base na taxa de câmbio corrente.
Para os ativos e passivos, deve ser usada a taxa em vigor na data do fechamento.
Para as receitas e despesas, lucros e perdas, deve ser usada a taxa de câmbio nas
datas em que esses elementos forem contabilizados ou, então, podendo ser usada
uma taxa média do período.
Os ajustes de tradução (Cumulative Translation Adjustment - CTA),
gerados pelos procedimentos de conversão são classificados em conta do patrimônio
líquido, não afetando as demonstrações de resultados.
Processo de conversão quando a Moeda Local é a Moeda Funcional
ATIVO Taxa de conversão PASSIVO Taxa de conversão
Circulante Corrente
Circulante Corrente
Realizável a Longo Prazo
Corrente Exigível a Longo Prazo
Corrente
Permanente
Corrente Patrimônio Líquido · Capital Social e
Reservas · Lucros
Acumulados
Histórica
Média Processo de conversão quando a Moeda Local é a Moeda Funcional
RESULTADO Taxa de Conversão
Receitas de Vendas Média
Custo das Vendas Média
Depreciações Média
Despesas Operacionais Média
Receitas Operacionais Média
30
Resultado Líquido Média
FONTE: Coopers & Lybrand. Aplicação do FAS na Conversão das Demonstrações Financeiras em Período de Baixa Inflação.
II- Economias consideradas superinflacionárias:
São definidas pelo FAS n.º 52 como aquelas cujo efeito cumulativo da
inflação em três anos consecutivos se aproxima, ou supera, a marca de 100%. Nestes casos
a FASB considera que a moeda local de economias inflacionárias não deve ser usada como
moeda funcional e a moeda mais estável da matriz deve ser usada em seu lugar. São
utilizadas as taxas históricas para os itens de natureza não monetária e taxas correntes para
itens de natureza monetária.
Os ganhos e perdas decorrentes do efeito das variações nas taxas de câmbio
devem ser apropriados no resultado do período
Processo de conversão quando a Moeda de Relatório é a Moeda Funcional
ATIVO Taxa de conversão
PASSIVO Taxa de conversão
Monetário (Caixas, Bancos, Aplicações financeiras, ...)
Corrente Monetário ( Empréstimos, Fornecedores, Salários, ...)
Corrente
Não Monetário ( Estoques, Ativo Permanente, ...)
Histórica Não Monetário (Adiantamento de Clientes, Patrimônio Líquido, ...)
Histórica
Processo de conversão quando a Moeda de Relatório é a Moeda Funcional
RESULTADO Taxa de Conversão
Receitas de Vendas Média/Histórica
Custo das Vendas Média/Histórica
Depreciações Histórica
Despesas Operacionais Média
31
Receitas Operacionais Média
Resultado Líquido Média/Histórica
FONTE: Coopers & Lybrand. Aplicação do FAS na Conversão das Demonstrações Financeiras em Período de Baixa Inflação.
2.4 – ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES:
· Moeda local: A moeda do país a que se está fazendo referência;
· Moeda funcional: É a moeda do ambiente econômico principal em que a entidade
opera, ou seja, gera e consome caixa;
· Moeda de relatório: Moeda usada na divulgação das demonstrações contábeis para a
matriz;
· Ajustes de tradução: Resultam do processo de tradução de demonstrações contábeis da
moeda funcional de uma empresa para a moeda de relatório;
· Taxa histórica: Taxa de câmbio em vigor na data da transação;
· Taxa corrente: Taxa de câmbio em vigor na data de fechamento.
2.5 – PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE USGAAP E OS PRINCÍPIOS E
PRÁTICAS CONTÁBEIS VIGENTES NO BRASIL
Item
Princípios e práticas contábeis geralmente aceitas nos Estados
Unidos - USGAAP
Princípios e práticas contábeis Brasileiras
Demonstrações -Balanço Patrimonial -Balanço Patrimonial
32
Contábeis
-Demonstração do Resultado -Demonstração do Fluxo de Caixa. -Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido. -Notas Explicativas As notas explicativas são extensivas e existem requerimentos especiais para divulgação. As demonstrações contábeis devem ser comparativas, dois anos para o balanço patrimonial e três anos para as demonstrações de resultado, lucros acumulados e fluxo de caixa.
-Demonstração do Resultado -Demonstração das Origens e Aplicações de Recurso -Demonstrações de Lucros ou Prejuízos Acumulados ou Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. -Notas Explicativas Existem divulgações mínimas que são requeridas para constar das notas explicativas. As demonstrações contábeis devem ser comparativas de dois anos.
Mudança nos Princípios Contábeis
Novas normas contábeis normalmente possuem data de aplicabilidade e método de utilização definidos. Os efeitos de mudança de princípios contábeis são reconhecidos no resultado do exercício em que ocorreu a respectiva mudança, todavia é obrigatório mensurar e divulgar seus efeitos e as razões que levaram à mudança dos princípios.
Novas normas contábeis normalmente não possuem data específica de aplicabilidade, mas são geralmente aplicadas a partir do exercício em que são publicadas. Os efeitos de mudança de princípios contábeis não são reconhecidos no resultado do exercício em que ocorrem, mas como ajuste de exercícios anteriores; todavia é obrigatório mensurar e divulgar seus efeitos e as razões que levaram à mudança dos princípios.
Estoques
Os estoques são avaliados pelo custo de aquisição e produção ou pelo valor de realização (mercado), o que for menor. Podem ser avaliados pelos sistemas FIFO (PEPS), LIFO (UEPS) ou pelo Custo Médio.
Os estoques são avaliados pelo custo de aquisição e produção ou pelo valor de realização (mercado), o que for menor. Podem ser avaliados pelos sistemas FIFO (PEPS) ou pelo Custo Médio; não é admitida a utilização de LIFO (UEPS)
Ativo Imobilizado
Não são admitidas reavaliações de ativos, exceto quando referentes à contabilização de aquisição de empresas em que os bens foram reavaliados para se efetuar a negociação. As despesas de juros de financiamento relacionados à aquisição e/ou construção de bens são capitalizados como ativo imobilizado de acordo com o
É admitida a contabilização de reavaliação de bens, desde que apurada através de laudo específico cumprindo os requisitos da Lei 6.404/76. As despesas de captação de empréstimos e financiamentos de bens não são capitalizadas e sim contabilizadas como despesa operacional no exercício em que ocorrem.
33
Pronunciamento do FAS n.º 34. Leasing Conforme o FAS n.º 13, as
operações de leasing são registradas no ativo imobilizado na data e pelo valor da contratação do financiamento.
As contraprestações de operações de arrendamento mercantil (leasing) são contabilizadas como despesa operacional pela vigência do contrato de leasing. No ativo imobilizado somente o valor residual é contabilizado quando pago no final do contrato pela opção de compra do bem pelo arrendatário.
Ativo Diferido Geralmente os custos de pesquisas e desenvolvimento bem como despesas pré-operacionais são reconhecidos como despesas assim que incorridas. Somente são contabilizados como ativo diferido se houver uma avaliação positiva da recuperação futura desses custos.
Conforme Lei 6.404/76, são classificadas no ativo diferido as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das operações sociais.
FONTE: Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo, Contabilidade no Contexto Internacional, Editora Atlas.
2.6 – ROTEIRO PARA CONVERSÃO
Com a implantação do Plano Real em 30/06/1994, o Brasil passou a ser
considerado, para aplicação do FAS n.º 52, um país de economia estável a partir de
01/07/1997. Neste caso, onde a moeda local é também a moeda funcional, os seguintes
aspectos devem ser verificados para se efetuar a conversão das demonstrações contábeis:
I. As demonstrações devem estar demonstradas em sua moeda funcional. Em nosso
caso em reais, obedecendo os requisitos das leis contábeis e fiscais vigentes no
Brasil.
34
II. Essas demonstrações devem ser ajustadas, quando necessário, aos Princípios
Contábeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos.
III. Após os ajustes referentes às diferenças entre os princípios contábeis, os
demonstrativos devem ser convertidos para o dólar norte-americano conforme as
regras do FAS n.º 52 para países com economia estável.
IV. No caso de mudança na moeda funcional quando a economia deixa de ser
hiperinflacionária, aplica-se também o EITF 92-4 emitido em 19/03/92. De acordo
com este pronunciamento, os valores reportados na data de transição devem ser
convertidos para a moeda local pela taxa corrente do câmbio, devendo os saldos
resultantes se constituírem na nova base contábil da moeda funcional para os ativos e
passivos não monetários.
2.6.1- Exemplos práticos
Os exemplos a seguir serão sobre Conversão de Demonstrações Contábeis
para Moeda Estrangeira considerando a moeda local igual a moeda funcional, pois este é o
caso do Brasil neste momento.
É importante observar que os ajustes decorrentes do processo de Conversão,
podem alterar o Resultado do Exercício e consequentemente o valor do Imposto de Renda
e Contribuição Social a pagar.
O tratamento relativo ao Imposto de Renda é regulamentado pelo FAS 109
- Accounting for Income Taxes (Contabilização do Imposto de Renda). Este
35
pronunciamento determina que os ajustes decorrentes do processo de tradução, cujos
efeitos afetem o lucro tributável, devem constituir uma Provisão para Imposto de Renda
Diferido utilizando-se a alíquota efetiva dos impostos incidentes sobre o Lucro Tributável.
A Provisão para Imposto de Renda Diferido se dá, portanto, sobre as diferenças
temporárias decorrentes dos ajustes entre as práticas contábeis no Brasil e EUA.
Apesar do FAS 109 não ser objeto deste estudo, alguns exemplos estarão
demonstrando seus efeitos.
Exemplo 1: Primeira conversão das demonstrações contábeis de uma empresa.
Considerando:
- Moeda Local = Moeda Funcional
- Alíquota de 34% para Impostos (25% de IR + 9% de CS.)
36
Balanço Patrimonial de Ajuste em 01/19X1
Taxa Corrente : 2.0834
ATIVO LOCAL DÉBITO CRÉDITO AJUSTADO US$
Caixa e Bancos 59,522 59,522 28,570
Contas a Receber 525,035 525,035 252,009
Estoques 131,935 131,935 63,327
Investimentos Outros 35,700 35,700 17,135
Imobilizado 796,532 796,532 382,323
Deprec.Acumulada (86,266) 28,739 (a) (57,527) (27,612)
Gastos Diferidos 45,037 3,054 (b) 41,983 20,151
Total do Ativo 1,507,495 28,739 3,054 1,533,180 735,903
PASSIVO
Fornecedores 75,361 75,361 36,172
Empréstimos 89,243 89,243 42,835
Prov. IR a pagar 83,260 83,260 39,964
Prov. CS a pagar 26,643 26,643 12,788
IR Diferido 8,733 (c) 8,733 4,192
Capital 850,000 850,000 407,987
Lucros Acumulados 159,853 159,853 76,727
Cum.Transl.adjustment 17,524 (d) 17,524 8,411
CTA - Ganho ou perda - (144) (g)
Resultado do Exercício 223,135 3,054 (h) 2,482 (i) 222,563 106,971
Total Passivo 1,507,495 3,054 28,739 1,533,180 735,903
AJUSTES
REAIS
37
Demonstração do Resultado de ExercícioTaxa Média : 2.0806
LOCAL DÉBITO CRÉDITO AJUSTADO US$
Vendas Brutas 750,000 750,000 360,473 Impostos s/Vendas (57,375) (57,375) (27,576)
Vendas Líquidas 692,625 - - 692,625 332,897
Custo das Vendas (289,050) (289,050) (138,926)
Lucro Bruto 403,575 - - 403,575 193,970
Despesas de Vendas (30,104) (30,104) (14,469) Desp.Administrativas (33,020) 3,054 (b) (36,074) (17,338) Depreciação (6,613) 2,188 (e) (4,425) (2,127) Outras Rec/Desp Op 2,100 2,100 1,009
Res. Operacional 335,938 3,054 2,188 335,072 161,046
Rec/Desp.Financeiras (2,900) (2,900) (1,394)
Lucro antes do IR 333,038 3,054 2,188 332,172 159,652
Desp.Imposto Renda (83,260) (83,260) (40,017) Desp.Contr.Social (26,643) (26,643) (12,805) IR.Diferido 295 (f) 295 142
Lucro Líquido 223,135 3,054 (h) 2,482 (i) 222,564 106,971
REAISAJUSTES
38
AJUSTES
1) Ajustes de Depreciação
Local EUA
120 meses Ajuste 180 meses
Máq e Equipamentos 796,532 796,532
Depr.acum. Inicial (79,653) 26,551 (53,102)
Depr. do período (6,613) 2,188 (4,425) Depre.acum. Final (86,266) 28,739 (a) (57,526)
1.1) Sobre deprec. Acum. Inicial
DB: Depreciação acumulada
CR: CTA-Cum.Transl.Adjustment 26,551 (d)
1.2) Sobre deprec. Acum. Do Período
DB: Depreciação acumulada
CR: Despesa de Depreciação 2,188 (e)
2) Ajustes Gastos Diferidos
Local EUA
60 meses Ajuste 12 meses
Saldo Inicial 45,800 45,800
Amortização (763) (3,054) (3,817) Total do Ativo 45,037 (3,054) (b) 41,983
DB: Despesa de Amortização
CR: Amortização acumulada 3,054
3) Ajustes de IR Diferido
3.1) Sobre ajustes de Depreciação:
- Sobre o saldo Inicial:
DB: CTA-Cum.Transl.Adjustment (26.551 x 34%)
CR: Prov. IR Diferido 9,027 (c),(d)
- Sobre o depreciação do mês
DB: Despesa IR Diferido (2.188 x 34%)
CR: Prov. IR Diferido 744 (c),(f)
3.2) Sobre ajustes de Gastos Diferidos:
- Sobre a amortização do mês:
DB: Prov. IR Diferido (3.054 x 34%)
CR: Despesa IR Diferido 1,038 (c),(f)
4) Ajustes sobre Lucros e Perdas do mês:
Em Reais Em US$ Em US$ Ganho ou
Ajustado Taxa Média Taxa Corrente Perda
Lucros e Perdas 222,555 106,967 106,823 (144) (g)
39
Exemplo 2: Veículo adquirido em 01/09/X1 através de Leasing Financeiro nas
seguintes condições:
a) 36 prestações mensais de R$ 2.200 cada uma, vencíveis a partir de
01/10/X1;
b) Valor Presente: R$ 65.800
c) Valor de Mercado: R$ 67.500
Teremos então, em 31/12/X1 teremos os seguintes
lançamentos de ajuste das Normas Brasileiras para USGAAP:
Lançamentos:
6,600 (a) (a) 6,600 6,600 (ii) (a) Lançamento contábil de acordo com as
Normas Brasileiras ( 2.200 x 3)
Lançamentos de Ajustes para USGAAP
(ii) 1,117 (i) 65,800 (i) Registro do contrato de Leasing
Valor: R$ 65.8001,117
(ii) Ajuste das Desp.de Leasing para Desp.Fin.
6.600 - (65.800/36) x 3
e Redução de Leasing a Pagar
(ii) 5,483 65,800 (i) 4,387 (iii) ( 65.800/36) x 3
60,317 (iii) Registro da Depr. Acumulada no perído
(65.800/60) x 4
(iii) 4,387 (iv) 373
(iv) Registro da diferença temporária nas
contas de Despesas relativos a estes ajustes:
Desp.Leasing 6,600
Desp.Deprec. (4,387)
373 (iv) Desp.Financ. (1,117) 1,097 x 34%
, 373
IR Diferido
Leasing a pagar Depr.Acumulada
Desp. Depr. Desp. IR
Caixa/Banco Desp. Leasing
Desp.Financeira Veículo
40
Exemplo 3: A empresa XYZ apresentava em seu imobilizado, 31/12/X1, os desembolsos
abaixo discriminados referentes à obras em andamento pela aquisição de um barco,
produzido por terceiros, cujo prazo previsto para entrega é 31/12/X2. Durante o ano de X1
a empresa tomou diversos empréstimos no mercado com a taxa média ponderada de
35%aa. Portanto, a fim de capitalizar as despesas de juros destes financiamentos, devemos
proceder o seguinte ajuste de acordo com USGAAP:
Data Desembolso R$ Período de Capitalização
Média dos Desembolsos
Juros a Capitalizar
01/01/X1 550.000 12/12 550.000 192.500
01/07/X1 450.000 6/12
225.000 78.750
01/10/X1 400.000 3/12 100.000 35.000
Total 1.400.000 875.000 306.250
DB: Imobilizado Obras em andamento
CR: Despesas de Juros sobre Financiamento * ...........................................R$ 306.250
*Credito em despesa considerando que os juros do financiamento, de acordo com os Princípios e
Normas Brasileiras, foram anteriormente contabilizados nesta conta. Desta forma, de acordo com o
USGAAP estaremos, então, capitalizando/aumentando o valor do Imobilizado e diminuindo o valor da
Despesa.
41
Exemplo 4: Tratamento do Imobilizado com vida útil remanescente de 04 anos
considerando que a partir de 01/01/X1 economia deixou de ser considerada
hiperinflacionária de acordo com o FAS 52 ( após três anos de estabilidade):
* NBMF: Nova Base da Moeda Funcional
Saldo reportado
Taxa CorrenteSaldo NBMF a
tx correnteSaldo
Contábil RealSaldo
Contábil pela tx corrente
Conta US$ R$ R$ R$ US$Imobilizado (Vl. Residual) 20,000 1.9824 39,648 25,000 12,611
AJUSTES 31/12/X1 31/12/X2 31/12/X3 31/12/X4
Saldo Inicial NBMF 40,000 Depreciação R$ 10,000 10,000 10,000 10,000
Valor Residual R$ 30,000 20,000 10,000 -
Taxa Corrente ( Ativo ) 2.2431 2.5697 2.8952 3.0124
Valor Residual US$ 13,374 7,783 3,454 -
Depreciação R$ 10,000 10,000 10,000 10,000 Taxa média ( Resultado) 2.1 2.4 2.7 3.0
Depreciação US$ 4,733 4,156 3,660 3,385
Saldo da Transição US$ 20,000 20,000 20,000 20,000
Valor Residual US$ (13,374) (7,783) (3,454) -
Depreciação Acum. US$ (4,733) (8,889) (12,548) (15,934) CTA US$ 1,892 3,328 3,998 4,066
Lançamentos de ajuste
DB: Desp.DepreciaçãoCR: Depr.Acumulada 4,733 4,156 3,660 3,385 15,934
DB: CTACR: Imobilizado 1,892 1,436 669 69 4,066
Saldo das Contas
Imobilizado 18,108 16,672 16,002 15,934
(-)Depr.Acumulada (4,733) (8,889) (12,548) (15,934) Valor residual 13,374 7,783 3,454 -
31/12/X0
42
3- HARMONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS
As práticas contábeis são regulamentadas de formas distintas em cada país.
Em alguns, são regulamentadas pela profissão contábil, em outros, pela legislação
governamental, podem, inclusive, ser regulamentada por ambos, ou até por um terceiro
grupo detentores de capital.
Sirlei Lemes 1 mostra como Paton e Littleton já na década de 40
vislumbravam possíveis problemas contábeis oriundos da desarmonização.
"Os relatórios das empresas têm assumido uma característica pública: eles têm se tornado base de dados para o investidor, o empregado, o consumidor e o governo. O princípio reconhecido e o método seguido em compilar e registrar contas têm se tornado questão de interesse amplo. Nesta situação, a necessidade por uma estrutura de padrões contábeis consistente é evidente."
As divulgações e a forma de apresentação das demonstrações contábeis
relacionadas aos mais diversos tipos de empresa, assim como os princípios de
contabilidade aceitos de cada país, podem levar a um entendimento inadequado das
demonstrações se lidas ou analisadas por usuários domiciliadas em outros países.
1 LEMES, Sirlei. Harmonização das Normas Contábeis Brasileiras com as Internacionais do IASC-Um
estudo comparativo aplicado. Capítulo 1, Pág.12. FEA - USP. São Paulo, 2000.
43
Em julho de 2000, Danilo Jorge2 citou alguns exemplos de Empresas que
tiveram seus Resultados afetados pela diferença de princípios adotados no Brasil e nos
Estados Unidos: Companhia Vale do Rio Doce, Telemar, e TIM Nordeste ( Holding
controladora de seis operadoras da banda A ). A TIM Nordeste, segundo Danilo, chegou a
preparar três balanços referentes a 1999: pelas regras brasileiras da legislação societária,
contabilizou Lucro Líquido de R$ 9,42 milhões; aplicando a correção monetária integral,
o Lucro Líquido foi de R$ 13,17 milhões; porém, com base no USGAAP a TIM Nordeste
registrou um Prejuízo de R$ 16,94 milhões.
O Professor Dr. Antonio Lopes de Sá3 também demonstrou essas
divergências exemplificando o caso da empresa EDP - Eletricidade de Portugal em que
apresentou lucros de 66.268 milhões de contos segundo as Normas de Contabilidade
daquele País e o mesmo demonstrativo apresentou, de acordo com as Normas dos Estados
Unidos, lucros de 110.684 milhões de contos.
Sirlei Lemes4, em sua tese de doutorado evidencia, citando os autores
Adhikari, Betancourt e Tondkar ( in Advances in International Accounting, 1998), que:
"O processo de globalização do mercado de capitais trouxe para o primeiro plano o aumento da necessidade por informações contábeis confiáveis e comparáveis para suportar a variedade de transações e operações deste mercado. Os mesmos autores citam que de acordo com Emenyonu e Gray (1992) mercados de capitais e a necessidade de promover investimentos internacionais são freqüentemente citados
2 JORGE, Danilo. Lucro no Brasil vira prejuízo nos Estados Unidos. Gazeta Mercantil. Edição de 10 de
julho de 2000. 3 SÁ, Antonio Lopes de . Valor social da contabilidade sob uma ótica de harmonia, para a Globalização. 4 LEMES, Sirlei. Harmonização das Normas Contábeis Brasileiras com as Internacionais do IASC-Um
estudo comparativo aplicado. Capítulo 1, Pág.1. FEA - USP. São Paulo, 2000.
44
como justificativa para harmonização internacional da Contabilidade e que de acordo com Thorell e Whittington (1994) o processo de harmonização da Contabilidade é uma demanda determinada pela necessidade dos negócios internacionais."
3.1 - ENTIDADES INTERNACIONAIS
Entidades internacionais da profissão contábil vêm buscando o
desenvolvimento de normas de contabilidade uniformes e aperfeiçoadas de modo a
promover a aceitação das mesmas em nível internacional.
Duas são as entidades que trabalham no desenvolvimento e uniformização
de normas e procedimentos para a área contábil:
Ø IASC - International Accounting Standards Committee (Comitê Internacional de
padrões contábeis):
Criada em 1973 por órgãos de contabilidade da Austrália, Canadá, França,
Alemanha, Japão, México, Países Baixos, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos. Tem
como objetivo formular e divulgar, no interesse público, normas evoluídas e uniformes
para a elaboração das demonstrações contábeis, e torná- las aceitáveis em níveis
internacional. Especialistas de todo o mundo compõem seu quadro de profissionais.
Ø IFAC - International Federation of Accountants (Federação Internacional dos
Contabilistas):
45
É reconhecida como a cúpula da profissão contábil e tem por objetivo o
desenvolvimento e uniformização da profissão em todas as modalidades de sua atuação,
sendo uma de suas principais tarefas o desenvolvimento e harmonização de normas e
procedimentos de auditoria e de regras aplicáveis ao exercício dessa atividade.
O IASC vem buscando aceitação através das Bolsas de Valores para que
aceitem as demonstrações contábeis das empresas que buscam o registro de ações em
bolsas elaborados de acordo com os IAS - International Accounting Standards (Padrões
Internacionais de Contabilidade). Porém, uma das grandes dificuldades tem sido a pressão
americana pela prevalência de seus padrões. Assim, o IASC buscou o apoio da IOSCO -
International Organization of Securities Commissions (Organização Internacional de
Comissões de Ações) que tem como sócios:
- FSA - Financial Services Authority (Autoridade de Serviços Financeiros do
Reino Unido);
- The Australian Securities and Investments Commission (Comissão Australiana
de Investimentos e Ações);
- COB - The French Commission des Opérations des Bourse (Comissão Francesa
de Operações de Bolsa);
- CONSOB - The Italian Commissione Nazionale per le Società e la Borsa
Comissão Italiana de Sociedade e Bolsa);
- CSA - The Canadian Securities Administrators (Membros de Administradoras
de Ações Canadenses); e
46
- SEC - The United States Securities and Exchange Commission (Comissão de
Câmbio e Ações dos Estados Unidos).
Em maio de 2000, a IOSCO recomendou que seus membros permitissem que
empresas multinacionais usassem o conjunto de normas internacionais do IASC na
preparação de demonstrações contábeis destinadas à captação de recursos.
No Brasil, temos o CFC e o IBRACON como membros do IFAC e IASC
participando de projetos empreendidos pelas duas entidades. Os pronunciamentos do IASC
não têm precedência aos do CFC ou IBRACON, porém, existem algumas semelhanças
entre eles, como pode-se perceber pelo anexo III que compara as Práticas Contábeis
Internacionais, dos Estados Unidos e do Brasil.
3.2- PROJETO DE REFORMULAÇÃO DA LEI N.º 6.404/76
Uma comissão integrada por representantes de entidades do mercado e de
órgãos profissionais e de ensino, devido ao surgimento da nova realidade econômica no
Brasil com o processo de globalização, começaram a elaborar uma revisão da Lei n.º
6.404/76. Esta revisão foi submetida a um processo formal de audiência pública, além de
ter sido objeto de análise e discussão prévias entre os órgãos de governo, subordinados ao
Ministério da Fazenda, interessados na matéria.
Desta forma, em 05/07/99, foi entregue ao Ministro da Fazenda, o
Anteprojeto de Reformulação da Lei das Sociedades por Ações, onde foram propostas
47
algumas alterações principalmente nas disposições que tratam de matéria contábil. Este
anteprojeto se transformou no Projeto de Lei nº 3.741/2000
Os objetivos deste Projeto de Lei podem ser resumidos em:
¨ Adequar a parte contábil da lei de forma a atender a necessidade de maior
transparência e qualidade das informações contábeis;
¨ Criar condições para harmonização da lei com as melhores práticas contábeis
internacionais;
¨ Buscar eliminar ou diminuir as dificuldades de interpretação e de aceitação das
nossas informações contábeis, reduzindo assim, o custo provocado por estas
dificuldades.
Em relação à Harmonização das práticas contábeis adotadas no País e as
práticas exigidas nos principais mercados financeiros mundiais, este anteprojeto, mesmo
atento à nossa realidade, considerou também as recomendações do IASC (International
Accounting Standards Committee) assim como de outras entidades internacionais:
- IOSCO - International Organization of Securities Commissions
(Organização Internacional de Comissões de Ações);
- IFC - International Finance Corporation (Corporação Internacional de
Finança);
- ONU - United Nations ( Organização das Nações Unidas);
- ICC - International Chamber of Commerce (Câmara do Comércio
Internacional);
48
- The World Bank (Banco Mundial).
Apesar desta nova Lei das Sociedades Anônimas constar na agenda do
Governo como uma das medidas a ser implementada no período 2000/2001, em março de
2001 somente um projeto de lei nº 3115/97, que também altera a Lei 6.404/76, porém mais
focado nos direitos dos minoritários, passou pela aprovação na Câmara dos Deputados e
espera agora a aprovação do Senado que no momento discute a necessidade de algumas
alterações neste projeto.
49
CONCLUSÃO
De modo a atender aos usuários das informações contábeis, sejam eles estrangeiros
ou não, é preciso que as demonstrações contábeis tenham sido elaboradas de acordo com
os princípios e normas adotados no seu país.
Nos Estados Unidos, as normas contábeis são tratadas como GAAP - Generally
Accepted Accounting Principles (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos) e atualmente
são emitidas pelo FASB através dos SFAS, mas existem ainda alguns ARB’s e APB’s
Opinion emitidos anteriormente em vigor como GAAP. Além destes pronunciamentos,
existem também: EITF, FIN, FRR e SAB que tratam de assuntos ainda não
regulamentados pelo FASB ou simplesmente detalham e esclarecem as normas já editadas.
No Brasil temos o Conselho Federal de Contabilidade que determinou os Princípios
Fundamentais da Contabilidade e emite as Normas Brasileiras de Contabilidade que o
profissional da contabilidade deve seguir. Temos outros órgãos que regulamentam áreas
específicas, como a Comissão de Valores Mobiliários, o Banco Central do Brasil, e a
Susep, porém, suas orientações não podem ir de encontro com os Princípios Fundamentais
da Contabilidade que são soberanos.
Com a globalização, o processo de conversão das demonstrações contábeis
da moeda local para uma moeda estrangeira tem se tornado cada vez mais comum nas
empresas. Entretanto, este processo gera diferenças no resultado do exercício de uma
50
mesma empresa quando os demonstrações contábeis são elaboradas com princípios de
países diferentes. Essa diferença traz para discussão a necessidade de uma harmonização
nas normas e padrões contábeis internacionalmente. Vários órgãos mundiais estão
empenhados neste processo de harmonização.
Em maio de 1999, no Seminário Internacional sobre a Harmonização
Contábil que reuniu o CFC, o IBRACON, o IFAC e AIC – Associação Interamericana de
Contabilidade, foi colocado, por exemplo, pelo professor L.Nelson Carvalho da
Universidade de São Paulo, que a ONU, através de um Grupo Intergovernamental de
Especialistas em Normas Contabilidade e de Relatórios Financeiros, mantido sob a
Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, por quase vinte
anos vem se reunindo para debater o aperfeiçoamento das normas contábeis e de relatórios
das empresas transnacionais Deste relato, vale destacar uma importante observação do
Grupo de Especialistas da ONU que considera essencial um referencial internacional de
qualidade na formação do contador.
51
REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- ADAMI, Hélio. FAS 52 - Demonstrações Contábeis em Moeda
Estrangeira. Apostila Curso no CRC-RJ. 2000.
- ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria - Um curso moderno e
completo. 5ª ed.: São Paulo. Editora Atlas, 1996.
- Conselho Regional de contabilidade do Estado de São Paulo. Contabilidade
no Contexto Internacional. São Paulo. Editora Atlas, 1997.
- COOPERS & LYBRAND. Aplicação do FAS na Conversão das
Demonstrações Financeiras em Período de Baixa Inflação. Apostila.
- FIPECAFI e ARTHUR ANDERSEN. Normas e Práticas Contábeis no
Brasil. 2ªed: São Paulo. Editora Atlas, 1994
- IBRACON - Instituto Brasileiro de Contadores. Princípios Contábeis-
Normas e Procedimentos de Auditoria. São Paulo. Editora Atlas, 1988.
- IUDÍCIBUS Sérgio de; MARTINS Eliseu; GELBCKE Ernesto Rubens.
Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. 4ª ed.: São Paulo.
- JUNIOR, José Hernandez Perez. Conversão de Demonstrações Contábeis
para Moeda Estrangeira. 3ª ed.: São Paulo. Editora Atlas,1999.
- KPMG Brasil, Comparações entre Práticas Contábeis. 1ªed. DPP Brasil.
- LEMES, Sirlei. Harmonização das normas contábeis brasileiras com as
internacionais do IASC - Um estudo comparativo. Tese de Doutorado.
FEA-USP. São Paulo, 2000.
52
- MACHADO, Paulo Sérgio. Conversão de Demonstrações Financeiras
para Moeda Estrangeira com ênfase às Regras de Transição ( SFAS 52 e
109). Apostila de Curso ministrado no IBRACON- 3ª Seção Regional,
2001.
- NETO, Francisco de Paula Gomes. Conversão de Demonstrações
Financeiras Real X Dólar. Dissertação de Mestrado. UERJ, 1999.
- SANTOS, Ariovaldo. Aspectos da conversão de demonstrações financeiras
para moeda estrangeira. Tese Mestrado. FEA-USP. São Paulo, 1981
- SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Demonstrações Financeiras - Abrindo a
Caixa-preta. 2ª ed.: São Paulo. Editora Atlas, 1999
- WILLIAMS, Jan R. GAAP Guide - A comprehensive restatement of current
promulgated generally accepted accounting principles. San Diego:
Harcourt Brace, 1996.
53
ENDEREÇOS DE CONSULTA NA INTERNET:
· American Institute of Certified Public Accountants: www.aicpa.org
· Banco Central do Brasil: www.bcb.gov.br
· Conselho Federal de Contabilidade: www.cfc.org.br
· Financial Accounting Standards Board: www.rutgers.edu/Accounting/raw/fasb
· Instituto Brasileiro de Contadores: www.ibracon.com.br
· Instituto dos Auditores Internos do Brasil: www.audibra.org.br
· International Accounting Standards Committee: www.iasc.org.uk
· International Forum on Accountancy Development: www.ifad.net
· Prof. Dr. Antonio Lopes de Sá: www.lopesdesa.com.br
· Rutgers Accounting Web: www.rutgers.edu
· Superintendência de Seguros Privados: www.susep.gor.br
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ANEXOS
Durante o processo de pesquisa para a elaboração deste trabalho, vários materiais
foram levantados. Encontram-se a seguir, cópias de alguns destes documentos mais
relevantes:
ANEXO I USGAAP para conversão de demonstração contábil
ANEXO II SFAS nº 52 (traduzido)
ANEXO III Comparação das Práticas Contábeis Internacionais, dos Estados Unidos e do
Brasil