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  Henrique Weber Bortoli APLICAÇÃO DA CRONOANÁLISE PARA MELHORIA DO PROCESSO DE SUPRIMENTO DA LINHA DE MONTAGEM DE UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE DO RAMO AGRÍCOLA Horizontina 2013

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  • Henrique Weber Bortoli

    APLICAO DA CRONOANLISE PARA MELHORIA DO PROCESSO DE SUPRIMENTO DA LINHA DE MONTAGEM

    DE UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE DO RAMO AGRCOLA

    Horizontina

    2013

  • Henrique Weber Bortoli

    APLICAO DA CRONOANLISE PARA MELHORIA DO PROCESSO DE SUPRIMENTO DA LINHA DE MONTAGEM

    DE UMA EMPRESA DE GRANDE PORTE DO RAMO AGRCOLA

    Trabalho Final de Curso apresentado como requisito

    parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em

    Engenharia de Produo, pelo Curso de Engenharia

    de Produo da Faculdade Horizontina.

    ORIENTADOR: Vilmar Bueno Silva, Mestre.

    Horizontina

    2013

  • FAHOR - FACULDADE HORIZONTINA

    CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUO

    A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia:

    APLICAO DA CRONOANLISE PARA MELHORIA DO PROCESSO DE SUPRIMENTO DA LINHA DE MONTAGEM DE UMA EMPRESA DE GRANDE

    PORTE DO RAMO AGRCOLA

    Elaborada por:

    Henrique Weber Bortoli

    como requisito parcial para a obteno do grau de Bacharel em

    Engenharia de Produo

    Aprovado em:

    Pela Comisso Examinadora

    ________________________________________________________

    Mestre. Vilmar Bueno Silva

    Presidente da Comisso Examinadora - Orientador

    _______________________________________________________

    Doutor. Fabiano Cassol

    FAHOR Faculdade Horizontina

    ______________________________________________________

    Engenheiro. Edson Luis de Souza

    FAHOR Faculdade Horizontina

    Horizontina

    2013

  • DEDICATRIA

    minha famlia por serem a base que sustenta

    minha jornada, pelo apoio e compreenso

    dedicados a mim durante a realizao deste

    trabalho.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, pelo dom da vida e por iluminar meu

    caminho.

    Aos meus pais, Andr e Marisa, e aos meus

    irmos, Felipe e Leonardo, por terem

    acompanhado e incentivado a concluso desta

    jornada e pelo apoio e amor incondicional que

    me foram dedicados.

    A minha namorada, Marcela, que esteve

    sempre presente na minha vida em todas as

    horas.

    Ao meu orientador, Mestre Vilmar Bueno Silva,

    pelo conhecimento transmitido e pelo incentivo

    na elaborao deste trabalho.

    A todos os amigos e familiares que prestaram

    seu apoio nesta fase importante de minha vida.

  • 5

    Determinao, coragem e autoconfiana so

    fatores decisivos para o sucesso.

    Se estivermos possudos por uma inabalvel

    determinao, conseguiremos super-los.

    Independentemente das circunstncias,

    devemos ser sempre humildes, recatados e

    despidos de orgulho. (Dalai Lama)

  • RESUMO

    O mercado tem se tornado cada vez mais competitivo em funo das novas

    tecnologias empregadas e da exigncia dos consumidores. Assim, este estudo foi

    realizado no processo de suprimento da linha de montagem da plataforma em uma

    empresa de grande porte que busca aumentar a sua produtividade e reduzir os custos de produo, padronizando processos e otimizando operaes. Neste

    contexto, este trabalho tem por objetivo aplicar um mtodo de cronoanlise para o

    processo de suprimento da linha de montagem responsvel pela montagem dos

    carros kits da plataforma, a fim de definir um tempo-padro para cada atividade

    operacional desenvolvida. A metodologia definida para a realizao desta pesquisa

    consiste no uso da pesquisa-ao. Destaca-se que este estudo teve como

    resultados a identificao de um percentual elevado de atividades que no agregam

    valor, o que tornou possvel o desenvolvimento de uma proposta de nova forma de

    alocao das peas nas prateleiras do mercado, permitindo uma reduo

    significativa no tempo-padro e no deslocamento realizado pelo operador para

    concluir a atividade de montagem dos kits, melhorando o suprimento da linha de

    montagem e aumentando sua produtividade.

    Palavras-chave: Cronoanlise. Tempo padro. Eliminao de desperdcios.

  • ABSTRACT

    The market has become increasingly competitive due to new technologies employed and consumer demand. Thus, this study was conducted in the supply line process of the platform in a large company seeking to increase their productivity and reduce production costs by standardizing processes and optimizing operations. Given this context, this assigment aims to apply a method to process cronoanlise supply process line responsible for assembling cars kits platform in order to set a standard time for each operational activity developed. The methodology for this research is the use of action research. It is noteworthy that this study has identified results of a high percentage of non-value so activities, which made possible the development of a proposal for a new way of allocating parts on the market shelves, allowing a significant reduction in standard time and displacement made by the operator to complete the assembly activity kits. In general aspect, a reduction was achieved handling losses, reducing time pattern of the completion of the supply operation and improved assembly line, increasing its productivity. Keywords: Chrono-analysis. Standard time. Waste disposal.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Elementos de uma operao .................................................................... 22

    Figura 2 - Curva de fadiga de um dia de trabalho de 8 horas ................................... 27

    Figura 3 Folha de Cronoanlise ............................................................................. 29

    Figura 4 - Folha de Cronoanlise tabelas e grficos .............................................. 30

    Figura 5 - Fluxograma do processo de montagem dos kits ....................................... 37

    Figura 6 - Grficos de agregao de valor da operao ........................................... 41

    Figura 7 - Layout atual da alocao das peas de montagem do kit no mercado ..... 42

    Figura 8 - Layout proposto para a alocao das peas no mercado ......................... 43

    Figura 9 - Grfico de agregao de valor da operao aps realocao .................. 44

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Diviso do estudo do tempo .................................................................... 17

    Quadro 2 - Importncia da Cronoanlise nos setores ............................................... 20

    Quadro 3 - Generalizao das faixas de eficincia .................................................. 24

    Quadro 4 - Classificao dos elementos da operao .............................................. 39

    Quadro 5 - Avaliao das tolerncias ........................................................................ 39

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ....................................................................................................... 12

    2 REVISO DA LITERATURA ................................................................................. 14

    2.1 ESTUDO DE TEMPOS .................................................................................... 14

    2.1.1 Administrao cientfica ........................................................................... 14

    2.1.2 Diviso do trabalho .................................................................................. 15

    2.1.3 Estudo de tempos .................................................................................... 16

    2.1.4 Estudo dos movimentos .......................................................................... 17

    2.1.5 Estudo de tempos e movimentos ............................................................ 18

    2.2 CRONOANLISE ............................................................................................. 19

    2.2.1 Registro das informaes da operao ................................................... 21

    2.2.2 Diviso da operao em elementos ........................................................ 21

    2.2.3 Observao e registro do tempo gasto pelo operador............................. 22

    2.2.4 Nmero de ciclos a serem cronometrados .............................................. 23

    2.2.5 Avaliao do ritmo ................................................................................... 23

    2.2.6 Determinao do tempo normal .............................................................. 25

    2.2.7 Concesso das tolerncias ..................................................................... 25

    2.2.8 Fadiga humana........................................................................................ 26

    2.2.9 Determinao do tempo padro .............................................................. 27

    2.3 O mtodo de cronoanlise elaborado por Souza ............................................. 28

    3 METODOLOGIA .................................................................................................... 33

    3.1 MTODOS E TCNICAS UTILIZADOS ........................................................... 33

    4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ........................................... 35

    4.1 APRESENTAO DA EMPRESA ................................................................... 35

    4.2 CENRIO ATUAL DO SETOR SUPRIMENTO DA LINHA DE MONTAGEM

    MONTAGEM DOS KITS ................................................................................... 35

    4.3 APLICAO DO MODELO DE CRONOANLISE DE SOUZA ....................... 36

    4.4 PROPOSTA DE ADEQUAO DA ALOCAO DE PEAS PARA REDUO

  • 11

    DO TEMPO DE MONTAGEM DOS KITS ......................................................... 41

    5 CONSIDERAES FINAIS ................................................................................... 46

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 48

    APNDICES ............................................................................................................. 50

  • 12

    1 INTRODUO

    A evoluo tecnolgica e o aumento da competitividade obrigou as empresas

    a buscarem mtodos e tcnicas que melhorem sua performance produtiva,

    reduzindo desperdcios e custos desnecessrios e aumentando a sua produtividade.

    Um dos fatores que se passou a analisar foi o tempo padro necessrio para realizar

    as operaes que envolvem seu processo atravs do estudo dos tempos.

    Segundo Barnes (1977), o Estudo de Tempos teve sua origem na Oficina

    Mecnica de Midvale Steel Company em 1881 cujo criador foi Frederick Taylor. A

    partir de ento, empresas passaram a adotar mtodos que facilitam a medio dos

    tempos e movimentos para melhorar seus processos de produo e at mesmo

    identificar sua capacidade.

    A padronizao dos mtodos de trabalho e a definio do tempo-padro de

    cada atividade so fatores fundamentais para que as empresas consigam otimizar

    suas operaes e aumentar a sua produtividade. O tempo-padro, conforme Martins

    e Laugeni (2000), trata da quantidade de tempo que despendida por um

    trabalhador para executar uma determinada funo, em ritmo normal. A partir da

    definio do tempo-padro para cada atividade desenvolvida, torna-se possvel

    identificar a capacidade de produo da linha de montagem ou mesmo de uma

    mquina.

    Baraldi (2006) cita a existncia de dois modos de determinao do tempo-

    padro. Um deles utiliza a cronometragem e chama-se cronoanlise. A outra trata de

    tempos pr-determinados para os movimentos realizados durante uma operao. O

    primeiro modo um dos mais utilizados atualmente. Neste contexto, a realizao

    deste estudo tem como tema aplicar a cronoanlise no processo de suprimento da

    linha de montagem a fim de estabelecer o tempo-padro da montagem dos kits da

    plataforma.

    Busca-se reforar a importncia da aplicao da cronoanlise para melhoria

    dos processos logsticos de uma empresa de grande porte do ramo agrcola, de

    modo a aumentar sua produtividade e conhecer os tempos e processos gastos na

    atividade que ser analisada.

    Justifica-se tambm este estudo pela possibilidade de servir de base para

    aplicao em outras empresas, bem como para auxiliar acadmicos nos seus

  • 13

    estudos profissionais que venham a interessar-se pelo tema e buscarem

    informaes referentes a aplicaes da cronoanlise.

    Para o acadmico em engenharia de produo, desenvolver este estudo

    uma oportunidade mpar, pois proporciona aplicar todo o conhecimento adquirido ao

    longo da graduao com atividades reais, aliando a teoria e a prtica. Dessa forma,

    o projeto se mostra vivel para aplicao.

    O objetivo deste estudo consiste em definir o tempo-padro da montagem dos

    Kits da plataforma atravs da aplicao da cronoanlise no setor de suprimento da

    linha de montagem. Para tanto, foram definidos os seguintes objetivos especficos:

    realizar um estudo terico da cronoanlise e do estudo de tempos e movimentos;

    identificar o mtodo de cronoanlise a ser aplicado; aplicar o mtodo escolhido;

    analisar o tempo-padro encontrado para a operao; e propor as melhorias e

    adequaes para tornar o processo mais eficiente.

    Com a aplicao do mtodo de cronoanlise e a identificao e proposio

    das melhorias para implantao do tempo-padro, cumpre-se o objetivo deste

    estudo. Assim, possvel tambm fornecer informaes para outras empresas que

    buscam definir o tempo-padro para realizao de suas atividades, e para a

    proposio de trabalhos futuros.

  • 2 REVISO DA LITERATURA

    Neste tpico, sero abordados os dois principais enfoques deste estudo. Em

    um primeiro momento, o estudo de tempos; na sequncia, a cronoanlise.

    2.1 ESTUDO DE TEMPOS

    Este item apresentar uma breve reviso bibliogrfica sobre o estudo de

    tempos, a base para o desenvolvimento da cronoanlise.

    2.1.1 Administrao cientfica

    Conforme Maresca (2007), toda a base do sistema de tempos pr-

    determinados MTM baseia-se no estudo de tempos e movimentos empreendidos por

    Taylor e pelo casal Gilbreth, que iniciaram o primeiro movimento da administrao

    com a introduo dos controles nos sistemas de produo dando enfoque s

    atividades dos operrios: a chamada Administrao Cientfica.

    A escola de administrao cientfica, conforme o enfoque de Chiavenato

    (2001) tem sua nfase nas tarefas, ou seja, nas atividades cotidianas dos operrios.

    Este nome originou-se da tentativa de aplicar mtodos da cincia aos problemas

    referentes administrao como modo de alcanar maior eficincia industrial. Os

    principais mtodos cientficos aplicveis so a observao e a mensurao.

    Taylor, o fundador da administrao cientfica, foi responsvel por uma

    revoluo no pensamento administrativo e no mundo industrial da sua poca. Sua

    preocupao bsica era eliminar o desperdcio e aumentar os nveis produtividade

    por meio da aplicao de mtodos e tcnicas da engenharia industrial

    (CHIAVENATO, 2001).

    Para Sugai (2003), quatro so as atribuies principais inerentes

    administrao cientfica:

    Primeira Desenvolver para cada elemento do trabalho individual uma

    cincia que substitua os mtodos empricos.

    Segunda Selecionar, treinar, ensinar e aperfeioar o trabalhador. No

    passado cada qual escolhia seu prprio trabalho e treinava a si mesmo como podia.

  • 15

    Terceira Cooperar cordialmente com os trabalhadores para articular

    todo o trabalho com os princpios da cincia que foi desenvolvida.

    Quarta Manter diviso equitativa de trabalho e de responsabilidades

    entre a direo e o operrio. A direo incumbe-se de todas as atribuies, pois se

    considera que ela esteja melhor aparelhada que o trabalhador. No passado, quase

    todo trabalho e a maior parte das responsabilidades pesavam sobre o operrio.

    2.1.2 Diviso do trabalho

    A diviso do trabalho, conforme Slack, Chambers e Johnston (2009), consiste

    na diviso do total das tarefas em pequenas partes que sero desempenhadas por

    uma pessoa ou equipe. Este mtodo teve seu auge na linha de montagem

    tradicional na qual os produtos moviam-se ao longo de uma linha de produo,

    sendo montados continuamente.

    As principais vantagens dos princpios da diviso do trabalho foram citadas

    por Slack, Chambers e Johnston (2009), e so as seguintes:

    Aprendizagem mais rpida: mais fcil treinar operrios com

    atividades mais curtas e simples do que uma longa e complexa.

    Automao mais fcil: diviso das tarefas em pequenas partes

    possibilita a automatizao de algumas das mais simples.

    Trabalho no produtivo reduzido: em tarefas curtas e simples h pouca

    ao de achar, posicionar e alcanar peas ou ferramentas para o desenvolvimento

    de sua atividade. Assim o trabalho no produtivo reduzido para menos de 10%.

    Segundo Chiavenato (2001), a ideia predominante da diviso do trabalho

    refere-se ao fato de que o aumento da eficincia ocorre com o aumento da

    especializao: quanto maior for a especializao de um operrio, maior ser a sua

    eficincia, interferindo na produtividade da organizao.

  • 16

    2.1.3 Estudo de tempos

    Slack, Chambers e Johnston (2009, p. 259) ressaltam que:

    O estudo do tempo uma tcnica de medida do trabalho para registrar os tempos e o ritmo de trabalho para os elementos de uma tarefa especializada, realizada sob condies especializadas, e para analisar os dados de forma a obter o tempo necessrio para a realizao do trabalho com um nvel definido de desempenho.

    De acordo com Barnes (1977), no ano de 1881 teve incio o estudo de

    tempos, quando Taylor o introduziu na usina Midvale Steel Company. Esta usina

    tinha um sistema operacional que deixava muito a desejar. Taylor tornou-se mestre

    geral e mudou o estilo da administrao, pois, para ele, o maior obstculo para a

    cooperao harmoniosa ente trabalhadores e a empresa era a incapacidade de se

    estabelecer uma carga de trabalho apropriada e justa para a mo-de-obra. Assim,

    passou a realizar estudos cientficos para a determinao do tempo necessrio para

    o desempenho de vrios tipos de trabalho.

    Conforme Slack, Chambers e Johnston (2009), a tcnica de Taylor constitui-

    se de trs etapas para a obteno dos tempos bsicos dos elementos do trabalho.

    So os seguintes:

    Observar e medir o tempo necessrio para a realizao de cada

    elemento do trabalho.

    Ajustar ou normalizar cada tempo que foi observado.

    Calcular a mdia dos tempos ajustados a fim de obter o tempo bsico

    para o elemento.

    Para Barnes (1977), o resultado do estudo de tempos o tempo que uma

    pessoa adaptada ao servio e com todos os treinamentos no mtodo especfico leva

    para realizar uma determinada tarefa em seu ritmo normal. Este seria o tempo-

    padro da operao.

    Sugai (2003) garante que a decomposio das operaes possibilita a

    eliminao de movimentos inteis e a simplificao dos movimentos teis que

    proporciona grande economia de tempos e esforos dos operrios.

    Maresca (2007) ressalta que o estudo do tempo definido por Taylor era

    dividido em duas fases distintas: fase analtica e fase construtiva, conforme pode ser

    observado no quadro 1:

  • 17

    Quadro 1 - Diviso do estudo do tempo

    DIVISO DO ESTUDO DO TEMPO

    FASE ANALTICA

    - Dividir o trabalho de um homem executando qualquer operao em movimento elementar; - Selecionar todos os movimentos desnecessrios e elimin-los; - Observar como vrios operadores habilidosos executam cada movimento elementar, e com o auxilio de um cronmetro, escolher o melhor e mais rpido mtodo; - Descrever, registrar e codificar cada elemento com seu respectivo tempo, de forma que possa ser facilmente identificado; - Estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo selecionado de um bom operrio para cobrir esperas inevitveis, interrupes e pequenos acidentes; - Estudar e registrar a porcentagem que deve ser adicionada ao tempo para cobrir a inexperincia dos funcionrios nas primeiras vezes que ele executa a operao; - Estudar e registrar a porcentagem de tempo, que deve ser tolerada Para o descanso e intervalos em que deve ser efetuado afim de eliminar a fadiga fsica;

    FASE CONSTRUTIVA

    - Combinar em vrios grupos os movimentos elementares, que no so usados frequentemente na mesma seqncia, em operaes semelhantes, registr-los e arquiv-los de tal forma que eles possam ser facilmente encontrados; - Destes registros fcil selecionar a sequncia adequada de movimentos que devem ser usados por um operrio produzindo um determinado produto, somando os tempos relativos e esses movimentos e adicionando as tolerncias correspondentes, obterem-se ento o tempo padro para a tarefa em estudo; - A anlise de uma operao quase sempre revela imperfeies nas condies que cercam essa operao, tais como: o uso de ferramentas inadequadas, o emprego de mquinas obsoletas, existncia de ms medies de trabalho. E o reconhecimento adquirido atravs de anlise de muitas vezes permite a padronizao das ferramentas e condies de trabalho e desenvolvimento de melhores mquinas e mtodos.

    Fonte: Maresca, 2007, p. 24.

    A diviso do estudo dos tempos em fases, conforme as demonstradas no

    quadro 1, facilita a realizao do estudo e o torna mais confivel e de fcil

    entendimento.

    2.1.4 Estudo dos movimentos

    Para Sugai (2003), Frank e Lilian Gilbreth so os criadores do estudo dos

    movimentos. O casal aplicou, num primeiro momento, os mtodos de Taylor e seu

    interesse pelo fator humano como meio de aumentar a produtividade, e logo aps

    passaram a desenvolver as prprias tcnicas no estudo do trabalho.

  • 18

    Murdel (1966) define estudo de movimentos como um procedimento de

    anlise cientfica dos mtodos de trabalho, considerando fatores que envolvem

    matria-prima, projeto de peas, processos, ferramentas e equipamentos, local de

    trabalho e, principalmente, os movimentos realizados pelo corpo, com o objetivo de

    determinar um mtodo preferencial para a atividade.

    Alinhado a este conceito, Barnes (1977) ressalta o objetivo do estudo dos

    movimentos como a determinao do melhor mtodo a ser utilizado na execuo de

    uma tarefa. Este mtodo s possvel de ser identificado a partir de uma anlise dos

    movimentos efetuados pelo operador durante a operao, procurando eliminar os

    movimentos desnecessrios para o desenvolvimento e o progresso por meio dos

    estudos dos micromovimentos.

    O trabalho do casal Gilbreth tornou-se uma tradio nas prticas da

    engenharia industrial pelo fato de que ele possibilita o alcance de reduo

    substancial de custo. Considerando este aspecto, Sugai (2003) demonstra trs

    finalidades possveis de serem alcanadas por meio do estudo dos movimentos:

    Evitar movimentos inteis na execuo de uma tarefa;

    Executar da maneira mais econmica possvel os movimentos inteis

    do ponto de vista fisiolgico.

    Dar a estes movimentos selecionados uma seriao apropriada.

    Sugai (2003), considerando os conceitos expostos anteriormente,

    complementa o estudo de tempos desenvolvidos por Taylor. Ressalta que o uso do

    estudo de tempos sozinho no suficiente para melhorar as operaes.

    2.1.5 Estudo de tempos e movimentos

    De acordo com Perboni (2007), o estudo de tempos e movimentos demonstra

    dados estatsticos. Esta metodologia visa atingir um alto nvel de produtividade por

    meio de levantamentos tcnicos que buscam uma melhoria contnua no processo

    produtivo, melhorando o desempenho dos colaboradores e de toda a organizao.

    Barnes (1977) demonstra que o estudo de tempos e mtodos visa tambm

    aos materiais, ferramentas e os equipamentos utilizados na produo. Estes fatores

    so analisados buscando padronizar os mtodos de trabalho por meio da anlise de

    qual ser a melhor forma de aplic-los, realizando a determinao dos tempos

    necessrios para a execuo das tarefas de forma mais eficiente.

  • 19

    Barnes (1977) define o estudo de tempos e movimentos como um estudo

    sistemtico dos mtodos utilizados no trabalho e que tem o objetivo de desenvolver

    o melhor mtodo, padroniz-lo e identificar o tempo-padro, treinando seus

    funcionrios para ele.

    Conforme Almeida (2009), o desenvolvimento do mtodo preferido segue os

    seguintes passos:

    Definir e formular o problema;

    Preparar um relatrio final das metas e objetivos;

    Analisar o problema e descrever o mtodo atual e suas especificaes

    e restries;

    Avaliar as alternativas de solues;

    Determinar qual o mtodo que forme o menor custo e menor capital;

    Padronizar o melhor mtodo encontrado para se executar a operao;

    Fazer registros do mtodo padronizador da operao para preservar

    padres.

    De acordo com Toledo Jr. e Kuratomi (1977), o estudo dos tempos e

    movimentos , na verdade, a anlise dos mtodos, materiais, tempos, ferramentas a

    serem utilizadas e as instalaes que sero usadas na aplicao do trabalho.

    Conforme Toledo Jr. (2004), na realizao de determinadas atividades o que

    determinar a capacidade do colaborador so suas experincias anteriores,

    aproveitando ou no essa experincia na realizao das atividades. A prtica de

    treinar e de selecionar pessoas tem sido utilizada por praticamente todas as

    empresas. A grande vantagem da seleo e do treinamento, de acordo com as

    aptides, qualidades e habilidades das pessoas, que as moldam para as

    mudanas, alm de torn-las aptas a diminurem desperdcios de tempos e a fadiga.

    2.2 CRONOANLISE

    Oliveira (2009) considera a cronoanlise como o mtodo utilizado para

    cronometrar e realizar anlises do tempo que um operador leva para realizar uma

    tarefa no fluxo produtivo, permitindo um tempo de tolerncia para as necessidades

    fisiolgicas, possveis quebras de maquinrios, entre outras.

    A cronoanlise surgiu com os estudos de Taylor e dos Gilbreth. Taylor

    enfatiza a diviso das operaes e a real capacidade do operador, enquanto

  • 20

    Gilbreth, os movimentos e os aspectos ligados fadiga e economia dos

    movimentos desnecessrios (SUGAI, 2003).

    Segundo Oliveira (2012), o uso da cronoanlise indicado quando h

    necessidade de melhorar a produtividade e entender detalhadamente o que ocorre

    no processo produtivo. Atravs dela possvel identificar os pontos ineficientes do

    processo, bem como os desperdcios de tempo. Isso facilita a realizao de estudo

    de melhoria de processos e o aumento da produtividade.

    Para Oliveira (2009), a cronometragem uma ferramenta que evidencia os

    pontos importantes para uma amostragem de tempos:

    real capacidade do operador para a cronometragem;

    nmero de medies exigidas para uma anlise confivel;

    avaliao de tolerncia em porcentagem para cada operao.

    Toledo Jr e Kuratomi (1977) consideram a cronoanlise como a base para a

    racionalizao da produo, do espao fsico, do maquinrio e do capital humano. O

    quadro 2 mostra a importncia da cronoanlise em trs setores: industrial,

    profissional e na vida prtica.

    Quadro 2 - Importncia da Cronoanlise nos setores

    Na indstria Profissionalmente Na vida prtica

    -Em todos os campos -Engenharia de Produtos (viabilidade econmica) -Engenharia de Projetos (Processos) -Planejamento (Previses) -Produo (layout, carga mquina e carga mo-de-obra). -Programao (Programas de produo) -Administrao (controle) -Financeiro (Custos) -Gerencial (Detalhes tcnicos administrativos) Organizao geral

    Satisfao Profissional Viso geral das coisas No bitola Mudanas constantes Aperfeioamentos constantes Contatos de alto nvel Nvel salarial mais alto Confiana e segurana de decises Objetividade Possibilidades imprevisveis Saber o que importante

    Agua o senso analtico Cada contradio uma nova experincia adquirida Aviva o raciocnio Pondera antes de decises Rapidez nas decises Previses Confiana e segurana Sabe o que que lhe convm Voc saber que quem pode melhor lhe aconselhar ser voc mesmo Consequentemente, novo padro de vida.

    Fonte: Toledo Jr.; Kiratomi, 1977, p. 20.

  • 21

    Considerando a importncia da cronoanlise demonstrada no quadro 2, pode-

    se constatar que so sete os passos definidos para a realizao desse mtodo,

    conforme Barnes (1977):

    1. Obter e registrar as informaes sobre a operao e o operador em

    estudo;

    2. Dividir a operao em elementos;

    3. Observar e registrar o tempo gasto pelo operador;

    4. Determinar o nmero de ciclos a serem cronometrados;

    5. Avaliar o ritmo do operador;

    6. Determinar as tolerncias;

    7. Determinar o tempo-padro para a operao.

    Nos subitens que seguem, sero detalhados os passos identificados por

    Barnes.

    2.2.1 Registro das informaes da operao

    Silva e Coimbra (1980) ressaltam que o observador deve realizar um resumo

    da operao, a fim de verificar as operaes anteriores e posteriores, estabelecendo

    pontos de incio e de fim da operao cronometrada. Esta etapa consiste na

    compreenso do funcionamento do processo, sendo necessrio criar um esquema

    para a operao no qual os operadores possam se basear em uma sequncia de

    produo, facilitando o processo de cronometragem (COSTA JNIOR, 2008).

    2.2.2 Diviso da operao em elementos

    Inicialmente, preciso definir um elemento que, conforme Silva e Coimbra

    (1980), consiste em de uma subdiviso de um ciclo ou operao de trabalho que

    tenha incio e fim definidos, permitindo descrev-lo e medi-lo com preciso.

    Para dividir a operao em elementos, Costa Junior (2008) indica a

    separao dos conjuntos de movimentos em pequenos subgrupos, realizando a

    cronoanlise, com tempos definidos por atividade. Esta uma etapa importante, pois

    permite determinar o tempo gasto para cada elemento, bem como identificar os

    movimentos inteis e de mais anomalias existente no processo.

  • 22

    A diviso da operao em elementos, conforme Costa Jnior (2008), est

    demonstrada na figura 1.

    Figura 1 - Elementos de uma operao

    Fonte: Costa Jnior, 2008, p. 63.

    A diviso da operao em elementos fundamental para garantir a visualizao do

    processo em sua totalidade e proceder sua anlise, considerando elementos essenciais e

    elementos desnecessrios ou que no agregam valor.

    2.2.3 Observao e registro do tempo gasto pelo operador

    O tempo real utilizado pelo operador medido com um cronmetro. Segundo

    Barnes (1977), os dois principais mtodos para a leitura do cronmetro so os

    seguintes:

    Leitura contnua: o observador inicia a cronometragem no incio do

    primeiro elemento e mantm durante todo o perodo de estudo. Durante todo o

    processo, ao final de cada elemento, o observador verifica a leitura do cronmetro e

    registra a leitura na folha de observaes;

    Leitura repetitiva: no incio do primeiro elemento, os ponteiros do

    cronmetro devem retornar a zero, quando o observador pressiona o boto do

    mesmo; ao final do primeiro elemento, o observador realiza a leitura e o registro na

    folha de observao e retorna o indicador ao zero novamente.

    Para que o estudo tenha valor, Barnes (1977) refora a importncia de que

    todas as informaes sejam includas no cabealho da folha de observao de modo

    cuidadoso.

  • 23

    2.2.4 Nmero de ciclos a serem cronometrados

    Peinado e Graeml (2007) afirmam a necessidade de se realizarem vrias

    tomadas de tempo para obter uma mdia aritmtica entre eles. O nmero de ciclos a

    serem cronometrados so identificados por meio da equao 2.2.4:

    (2.2.4)

    Fonte: Peinado e Graeml, 2007, p. 98.

    Onde:

    N= nmero de ciclos a serem cronometrados;

    Z= coeficiente de distribuio normal para uma probabilidade determinada;

    R= amplitude da amostra;

    Er= erro relativo da medida;

    d2= coeficiente em funo do nmero de cronometragens realizadas

    preliminarmente;

    x= mdia dos valores das observaes.

    Em estudo de tempos, o grau de confiabilidade da medida utilizado fica entre

    90% e 95% e o erro relativo aceitvel varia entre 5% e 10%. Assim, com 95% de

    probabilidade, a mdia dos valores observados no diferir mais de 5% do valor

    verdadeiro para a durao do elemento (PEINADO; GRAEML, 2007).

    2.2.5 Avaliao do ritmo

    Slack, Chambers e Johnston (2002) definem a avaliao do ritmo dos tempos

    como um processo de anlise da velocidade de trabalho realizada pelo operador,

    considerando um desempenho padro. O observador leva em considerao um ou

    mais fatores considerados importantes na realizao da tarefa, como a velocidade

    de movimento, esforo, destreza e consistncia.

    Para avaliar o ritmo, Barnes (1977) define diversos sistemas a serem

    utilizados:

    Avaliao do ritmo atravs da habilidade e do esforo: esta avaliao

    baseia-se em estudos de tempos e os padres expressos em pontos ou B. Inclui

  • 24

    avaliao da habilidade e do esforo do operador bem como o uso de uma tabela-

    padro de tolerncia para fadigas. O operador em ritmo normal deveria produzir 60B

    por hora, que seria a execuo padro.

    Sistema Westinghouse: um sistema para estimar a eficincia do

    operador considerando quatro fatores: habilidade, esforo, condies e consistncia.

    Avaliao sinttica do ritmo: Consiste este mtodo na avaliao da

    velocidade do operador comparando-a com os valores retirados de tabelas de

    tempos sintticos. Neste procedimento, realiza-se um estudo de tempos de forma

    usual para, aps, comparar os valores com o maior nmero possvel de elementos

    com valores sintticos para o elemento correspondente.

    Avaliao objetiva do ritmo: Inicialmente avaliada a velocidade do

    operador em relao a uma velocidade-padro nica, que independe da dificuldade

    da tarefa. Nesta avaliao, o observador leva em conta apenas a velocidade do

    movimento ou grau da atividade, mas desconsidera a tarefa em si.

    Desempenho de ritmo: o sistema de avaliao que considera um

    nico fator a velocidade do operador, o ritmo ou tempo sendo expressos em

    porcentagem, pontos por hora ou outras unidades. Considera o ritmo ou a

    velocidade do operador em relao ao ritmo normal. O quadro 3 descreve de forma

    detalha as faixas de eficincia.

    Quadro 3 - Generalizao das faixas de eficincia

    HABILIDADE ESFORO

    FRACA FRACO

    No adaptado ao trabalho, comete erros e seus movimentos so inseguros.

    Falta de interesse ao trabalho e utiliza mtodos inadequados.

    REGULAR REGULAR

    Adaptado relativamente ao trabalho comete menos erros e seus movimentos so quase inseguros

    As mesmas tendncias, porm com menos intensidades.

    NORMAL NORMAL

    Trabalha com uma exatido satisfatria, o ritmo se mantem razoavelmente constante

    Trabalha com constncia e se esfora satisfatoriamente.

    BOA BOM

    Tem confiana em si mesmo, ritmo constante, com raras hesitaes.

    Trabalha com constncia e confiana, muito pouco ou nenhum tempo perdido.

    EXCELENTE EXCELENTE

    Preciso nos movimentos, nenhuma hesitao e ausncia de erros.

    Trabalha com rapidez e com movimentos precisos.

    SUPERIOR EXCESSIVO

    Movimentos sempre iguais, mecnicos, comparveis ao de uma mquina.

    Se lana numa marcha impossvel de manter. No serve para estudos de tempos.

    Fonte: Toledo Jr.; Kiratomi, 1997, p. 73.

  • 25

    O quadro 3 apresenta as faixas de eficincia a serem consideradas para a

    avaliao do ritmo do operador, considerando a habilidade e o esforo empregados

    na realizao da operao.

    2.2.6 Determinao do tempo normal

    O tempo normal foi definido por Peinado e Graeml (2004) como sendo o

    processo de anlise da velocidade com que o trabalhador realiza suas atividades

    com desempenho-padro.

    De acordo com Silva e Coimbra (1980), aps os dados do estudo de tempos

    terem sido obtidos, realizada a determinao do tempo normal (TN) dos

    elementos. Este se refere mdia (X) dos tempos cronometrados multiplicado pelo

    fator de ritmo (FR) em percentual, conforme a equao 2.2.6:

    (2.2.6)

    Fonte: Silva e Coimbra, 1980, p. 101.

    O resultado gerado pela equao 2.2.6 utilizado para verificar ou analisar a

    velocidade do operador ao realizar suas atividades.

    2.2.7 Concesso das tolerncias

    O tempo normal da operao no possui tolerncia; ele o tempo que o

    operador precisa para realizar a operao trabalhando em ritmo normal. Quando

    ocorrem as interrupes para descansos, necessidades pessoais ou outros motivos,

    classificam-se as interrupes como: tolerncia para fadiga, tolerncia para pessoal

    ou tolerncia de espera. O tempo padro, ao contrrio do tempo normal, considera a

    durao de todos os elementos e os tempos de todas as tolerncias necessrias

    durante a operao, ou seja, o tempo normal mais as tolerncias (BARNES, 1977).

    A descrio das classificaes de tolerncias so apresentadas por Barnes

    (1977):

  • 26

    Tolerncia pessoal: O operrio tem direito a um tempo reservado para

    suas necessidades pessoais, por isso devem estar em primeiro lugar. Em uma

    jornada de trabalho de 8 horas dirias, o trabalhador usar cerca de 2% a 5% por

    dia para tempo pessoal, variando com a tolerncia pessoal do indivduo.

    Tolerncia para fadiga: O consumo de energia ocorre por meio do

    esforo empregado pelo trabalhador durante seu dia de trabalho.

    Tolerncia para espera: As esperas podem ser evitveis ou inevitveis.

    As esperas realizadas de modo intencional pelo operador so as evitveis e no so

    consideradas para determinao do tempo-padro. As inevitveis so aquelas

    advindas de ajustamentos ligeiros, quebras de ferramentas ou interrupes pelos

    supervisores. Estas devem ser consideradas.

    2.2.8 Fadiga humana

    Conforme Toledo Jr e Kuratomi (1977), as atividades a serem realizadas

    devem contar com a disposio dos trabalhadores. Sendo assim, o esforo muscular

    constante, a realizao de atividades repetitivas em tempo integral e a concentrao

    extrema podero causar fadiga s pessoas.

    O que fadiga? Para os fisiologistas um complicado fenmeno de intoxicao dos tecidos. Para o cronotcnico simplesmente o efeito do trabalho sobre o organismo do operador, tendo como consequncia a diminuio progressiva de sua capacidade de produo. (TOLEDO JR; KURATOMI, 1977, p. 77).

  • 27

    Figura 2 - Curva de fadiga de um dia de trabalho de 8 horas

    Fonte: Toledo Jr.; Kuratomi, 1977, p. 78.

    A curva demonstrada na figura 2 refere-se ao rendimento de um dia normal

    de trabalho e permite observar que h uma reduo progressiva na capacidade

    produtiva do operador resultante da fadiga sobre o organismo ao longo do dia. Nas

    primeiras horas, o ritmo de trabalho tende a aumentar, e aps algumas horas h um

    declnio no rendimento devido predominncia da fadiga.

    2.2.9 Determinao do tempo padro

    Conforme Cruz (2008), o tempo-padro permite a anlise da capacidade

    produtiva de um determinado processo considerando todos os aspectos que tm

    impacto no tempo necessrio para a fabricao de um produto. Ele est inserido nos

    princpios e conceitos da administrao cientfica, visando ao aumento dos nveis de

    produtividade a partir da racionalizao do trabalho.

    A determinao do tempo gasto em uma operao deve ser feita

    considerando a anlise de uma situao que apresente condies normais de

    trabalho. Esse um tempo referencial a ser adotado no treinamento de novos

  • 28

    funcionrios para esta operao, chamado tempo-padro, necessrio para executar

    uma operao com o mtodo estabelecido, em determinada condio, por operador

    apto e treinado, com habilidade e esforo mdio durante todas as horas do servio

    (CRUZ, 2008).

    Para determinar o tempo padro (TP), necessrio apenas adicionar ao

    tempo normalizado as tolerncias definidas para a operao. Para Barnes (1977), a

    equao 2.2.9 deve ser utilizada para determinar o tempo padro.

    (2.2.9)

    Fonte: Barnes, 1977, p. 321

    importante ressaltar que o Tempo Normal estudado anteriormente

    utilizado para a determinao do tempo-padro, conforme observado na frmula

    demonstrada acima.

    2.3 O mtodo de cronoanlise elaborado por Souza

    Considerando as informaes do estudo de tempos e movimentos realizado

    por Barnes, mencionadas anteriormente, Souza desenvolveu um mtodo

    semelhante, porm mais fcil e prtico de ser aplicado nas empresas. Conforme

    Souza (2012), a anlise dos estudos de Barnes permitiu desenvolver uma folha de

    cronoanlise eletrnica, que elimina a realizao dos clculos pelo observador, que

    precisa apenas alimentar a planilha com as informaes da operao, eliminando o

    tempo que seria necessrio para a realizao dos clculos.

    Assim, a aplicao do mtodo de cronoanlise desenvolvido por Souza

    consiste no preenchimento da planilha e na avaliao dos resultados obtidos. Souza

    (2012) justifica que a utilizao de uma folha de cronoanlise eletrnica, alm de ser

    prtica, torna o processo mais rpido e eficiente, bem como eleva a confiabilidade do

    processo, eliminando as incertezas de clculos.

    A folha de cronoanlise desenvolvida por Souza est demonstrada nas

    figuras 3 e 4 que seguem.

  • 29

    Fonte: Souza, 2012, p. 43.

    Figura 3 - Folha de Cronoanlise

  • 30

    Fonte: Souza, 2012, p. 45.

    Figura 4 - Folha de Cronoanlise Tabelas e Grficos

  • 31

    Este modelo, conforme Souza (2012), consiste nas seguintes etapas:

    Etapa 1: Registrar as informaes da operao - Conforme Barnes (1977)

    consiste em cdigo e descrio da pea, nome e nmero da operao, setor da

    fbrica onde a operao realizada, nome e nmero de registro do operador que

    realiza a atividade, informaes de datas e horrios em que o estudo foi realizado e

    o nome do observador. Essas informaes so registradas no cabealho da folha de

    cronoanlise (item 1 da figura 3).

    Etapa 2: Definio dos equipamentos para medio do tempo -

    Para o estudo da cronoanlise, o equipamento utilizado para registro de operao foi

    o cronmetro digital, devidamente calibrado, garantindo a confiabilidade da leitura.

    Etapa 3: Definio dos elementos bsicos da operao - Segundo

    Barnes (1977), a cronometragem de uma operao em sua totalidade, ou seja, em

    um nico elemento, insatisfatria. Assim, dividir a operao em elementos curtos

    (item 4 da figura 3) e realizar a descrio do que ser analisado (item 2 da figura 3) e

    cronometr-los individualmente fundamental para a realizao do estudo de

    tempos.

    Souza (2012) ressalta ainda que a identificao dos elementos bsicos

    permite distinguir elementos que causam fadiga no operador, avaliar de forma mais

    precisa o ritmo do mesmo e identificar trabalho produtivo e trabalho improdutivo.

    Etapa 4: Classificao dos elementos - Segundo Souza (2012),

    tendo os elementos bsicos da operao identificados com a respectiva

    classificao em relao agregao de valor (item 3 da figura 3), esses elementos

    podem ser classificados como:

    Value Added (VA): Atividades que agregam valor ao produto.

    Semi Value Added (SVA): Atividades com valor semi-agregado.

    Non Value Added (NVA): Atividade que no agregam valor.

    Etapa 5: Descrever e registrar os tempos da operao - Descrever

    a operao que ser analisada na folha de cronoanlise e registrar os tempos

    referentes a cada operao (item 5 da figura 3).

    Etapa 6: Determinar o nmero de ciclos a serem cronometrados -

    Conforme Souza (2012), o observador realiza a primeira tomada de tempo, verifica o

    tempo cronometrado e consulta a Tabela para Identificao do Nmero de Ciclos a

    serem Cronometrados - item 9 da figura 4, para identificar a quantidade de toma de

  • 32

    tempos que ainda precisa fazer. A concluso desta etapa se d com a avaliao do

    ritmo do operador ao realizar a atividade, a determinao das tolerncias a serem

    utilizadas e a definio do tempo-padro da operao atravs da realizao de

    clculos.

    Etapa 7: Realizao dos clculos- Na folha de cronoanlise,

    fornecido um valor avaliado pelo observador para velocidade do operador na

    realizao da atividade, sendo descrito na coluna ritmo. Considera-se para esta

    definio a Tabela para Avaliao do Ritmo do Operador, item 8 da figura 4.

    A coluna tempo normalizado preenche-se automaticamente. Segundo Souza

    (2012), o resultado da multiplicao das colunas somatrio e ritmo. A coluna

    tolerncias dever conter um percentual a ser adicionado ao tempo normalizado.

    Da multiplicao das demais resulta ocorre o preenchimento da coluna tempo

    padro (item 6 da figura 3).

  • 3 METODOLOGIA

    Neste captulo sero demonstrados os mtodos e tcnicas utilizados para a

    realizao deste estudo, que se trata de uma pesquisa-ao na qual o autor detecta

    um problema e uma ao de melhoria a ser realizada.

    3.1 MTODOS E TCNICAS UTILIZADOS

    Para realizar este estudo, que consiste na definio do tempo padro da

    montagem dos Kits da Plataforma atravs da aplicao da cronoanlise, foram

    definidos alguns mtodos e tcnicas a serem realizados durante o seu

    desenvolvimento afim de que os objetivos sejam atendidos.

    Assim, um estudo terico que visa enriquecer o conhecimento literrio em

    relao ao estudo de tempos e movimentos, bem como sobre a cronoanlise e

    fatores que o cercam, foi realizado com base em livros, artigos, monografias e teses

    relacionadas ao assunto.

    Com base nessa reviso de literatura e na identificao dos mtodos de

    cronoanlise existentes, foi escolhido o mtodo de cronoanlise que melhor se

    adequa atividade em estudo, de modo que seja simples e eficaz, de fcil aplicao

    e entendimento.

    A anlise do processo atual de montagem dos Kits de peas foi efetuada, e

    com as informaes dos dados observados, realizou-se a elaborao do fluxograma

    do processo, o qual essencial facilitar a identificao das operaes e a realizao

    das anlises.

    O tempo-padro das atividades foi determinado por tomadas de tempo

    realizadas com o auxlio de um cronmetro digital, devidamente calibrado, e das

    observaes de outras variveis envolvidas no processo de clculo da cronoanlise.

    Alm do cronmetro, foram utilizados: uma trena digital para medio do espao

    disponvel no setor; uma prancheta para fixao das folhas de cronoanlise; uma

    caneta para realizar as marcaes.

    Atravs da anlise do tempo-padro estabelecido e das constataes

    referentes ao layout e organizao do processo, foram propostas as adequaes

    necessrias para implantar o mtodo padro.

  • 34

    Vale ressaltar que os dados levantados que se relacionam ao processo foram

    obtidos por meio de consulta ao operador e pela observao direta da realizao da

    atividade.

  • 4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS

    Neste captulo, os mtodos estudados na reviso da Literatura sero

    aplicados, adaptando-os necessidade e s caractersticas da empresa, a fim de

    que se torne possvel aplicar a cronoanlise para determinar o tempo-padro da

    montagem dos kits do setor de suprimento da linha de montagem, conforme

    proposto para este estudo.

    4.1 APRESENTAO DA EMPRESA

    O presente trabalho foi realizado em uma empresa de grande porte da regio

    noroeste do RS, uma fabricante de colheitadeiras e equipamentos agrcolas. O foco

    da organizao est voltado a proporcionar solues de alta tecnologia para

    produtores rurais que alimentam o mundo, por isso busca constantemente explorar

    novos mercados, atendendo seus clientes com inovao e tecnologia de ponta, o

    que permite entregar produtos de confiabilidade garantida e expandir o negcio

    constantemente. Atualmente a empresa conta com um nmero aproximado de 900

    colaboradores no seu quadro funcional. Em razo da confidencialidade, no ser

    divulgada a razo social da empresa.

    O setor escolhido para a aplicao da cronoanlise o da logstica,

    especificamente os mercados de peas, onde elas esto armazenadas e onde os

    kits so montados para, posteriormente, abastecerem a linha de montagem.

    4.2 CENRIO ATUAL DO SETOR DE SUPRIMENTO DA LINHA DE MONTAGEM

    MONTAGEM DOS KITS

    O setor logstico encontra-se dividido em vrias subreas, das quais uma a

    responsvel pelo suprimento da linha de montagem, ou seja, da montagem dos Kits

    de peas que abastecem a linha de montagem. Em funo da expanso da indstria

    e do lanamento de novos produtos, uma srie de mudanas foram realizadas a fim

    de que a demanda de produo deste fosse atendida.

    O setor de montagem dos kits referente a este novo produto foi alocado junto

    ao mercado de peas j existente. No foi realizado um estudo de planejamento da

  • 36

    alocao e armazenamento das peas, por isso elas foram localizadas onde havia

    espaos disponveis no mercado de peas.

    Considerando este cenrio, no h um tempo padro estabelecido para a

    realizao da sequncia de operaes necessrias para o atendimento das

    atividades de montagem dos kits de peas referente a este novo produto. Assim, no

    se sabe ao certo, quantos funcionrios so necessrios para atender demanda da

    linha de montagem em carros kits.

    Tendo conhecimento desse fato e considerando alguns atrasos observados

    no decorrer do perodo no que se refere ao abastecimento da linha de montagem,

    definiu-se, em conjunto com o responsvel pelo setor logstico, a realizao deste

    estudo.

    4.3 APLICAO DO MODELO DE CRONOANLISE DE SOUZA

    O ponto de partida para a realizao do estudo de tempos, considerando as

    informaes obtidas no estudo bibliogrfico sobre os benefcios da aplicao de um

    modelo de cronoanlise para determinao do tempo-padro de uma operao, foi a

    escolha do modelo a ser utilizado. Assim, dos mtodos estudados o que melhor se

    enquadrou nos objetivos propostos neste estudo foi o modelo de cronoanlise

    proposto por Souza (2012). Para a aplicao desse modelo, as seguintes etapas

    foram seguidas:

    ETAPA 1: Elaborar o Fluxograma de processo

    Para que o Modelo de Souza pudesse ser aplicado de forma eficaz,

    primeiramente foi elaborado um fluxograma do processo atual da montagem dos

    kits, conforme a figura 5, permite a identificao de todos os elementos da atividade

    de montagem desses kits de peas do setor logstico.

  • 37

    Escolher o check list do kit a ser montado

    Buscar o carro base

    Buscar o carro de montagem do kit

    Carregar o carro de montagem do kit no carro base

    Montar o kit

    Descarregar o kit montado

    Faltou peas ? Preencher a lista dos itens faltantes

    Colocar o check list e a relao dos itens faltantes no kit

    INICIO

    Figura 5 - Fluxograma do Processo de Montagem dos Kits

    Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

    Atravs do fluxograma da figura 5, foi possvel verificar todos os elementos

    necessrios para a realizao completa da operao de montagem dos kits.

    ETAPA 2: Definio dos elementos da operao

    Considerando o fluxograma exposto na figura 5, foram observados os

    seguintes elementos na atividade de montagem dos kits:

  • 38

    1. Escolha do check list do kit a ser montado: consiste na escolha de qual

    kit ser montado, levando em conta o planejamento da produo. Trata-se de uma

    atividade preparatria.

    2. Busca do carro-base: uma atividade de movimentao que consiste

    em buscar o carro-base que fica localizado dentro dos mercados de peas.

    3. Busca do carro de montagem do kit: trata-se do carro kit para alocar as

    peas.

    4. Carregamento do carro de montagem do kit no carro-base: nesta

    atividade deve-se realizar o transbordo do local onde est armazenado o carro kit

    para o carro base.

    5. Montagem do kit: conforme as peas identificadas no check list

    recebido o kit montado, sendo as peas coletadas diretamente das prateleiras

    onde esto armazenadas. Esta operao dispende tempo, esforo e movimentao.

    6. Descarregamento do kit montado: aps o kit estar montado, desfaz-se

    o transbordo do carro-base at a bancada de armazenamento dos kits.

    7. Preenchimento da lista dos itens faltantes: caso tenha sido identificada

    a falta de algum item componente do kit, este ser registrado na lista de faltantes

    que acompanha o carro kit.

    8. Colocao do check list e a relao dos itens faltantes no kit: o check

    list e a lista de faltantes so colocados junto ao kit, e este direcionado para o posto

    na linha de montagem.

    ETAPA 3: Classificar os elementos da operao quanto ao valor agregado

    Aps a definio dos elementos da operao de montagem dos kits, realizou-

    se a anlise e a classificao desses elementos quanto atividade que no agrega

    valor (NVA), atividade com valor semiagregado (SVA) e atividade com valor

    agregado (VA), conforme o quadro 4.

  • Quadro 4 - Classificao dos elementos da operao

    Elementos da operao NVA SVA VA

    Pegar o check list

    X

    Buscar o carro base

    X

    Buscar o carro kit

    X

    Movimentar o carro

    X

    Montagem do kit

    X

    Estacionar o kit pronto

    X

    Colocar o check list no kit

    X

    Preencher o check list de

    faltas X

    Identificar o kit

    X Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

    ETAPA 4: Definir as tolerncias existentes no processo

    Para realizar o estudo do tempo-padro, necessrio definir as variveis que

    interferem no desempenho do operador ao realizar suas atividades. Assim, para a

    operao considerada, foram utilizadas as tolerncias conforme demonstrado no

    quadro 5.

    Quadro 5 - Avaliao das tolerncias

    AVALIAO DAS TOLERNCIAS

    TOLERNCIAS PESSOAIS 5,0%

    ESFORO FSICO 7,2%

    ESFORO MENTAL 1,8%

    CONDIES TRMICAS 1,8%

    CONDIES ATMOSFRICAS 0,0%

    MONOTONIA

    OUTRAS INFLUNCIAS DO MEIO

    RUDO 1,8%

    UMIDADE 0,0%

    VIBRAO 0%

    TOTAL 17,60%

    Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

  • 40

    A operao em estudo sofre influncia de tolerncias pessoais, esforo fsico

    e mental do operador, alm das condies trmicas do ambiente e do rudo. Essas

    variveis geram um total de 17,6% de tolerncias a serem consideradas para

    determinao do tempo padro.

    ETAPA 5: Realizar a cronometragem do tempo e a definio do nmero de

    ciclos a ser cronometrados

    Definidas as tolerncias e os elementos da operao, partiu-se para a

    cronometragem do tempo necessrio para a montagem do kit. Na primeira medio

    encontrou-se um tempo de montagem superior a 20 minutos, assim foram

    necessrias apenas 3 medies para o clculo do tempo-padro. Esse nmero de

    ciclos determinado conforme item 9 da figura 4.

    ETAPA 6: Registrar os tempos cronometrados na planilha eletrnica e

    verificar o tempo-padro.

    O registro das informaes feito em planilha eletrnica desenvolvida por

    Souza, na qual os clculos dos tempos feito automaticamente conforme a

    definio das informaes lanadas. Assim, as informaes solicitadas na folha de

    cronoanlise foram registradas conforme demonstrado no Apndice A.

    Analisando os dados que demonstram o estudo dos tempos, verifica-se que o

    tempo-padro resultou em 378 minutos para a realizao completa da operao, ou

    seja, 6 horas e 30 minutos, sendo que foi considerado ritmo normal do operador

    (100%) e tolerncias de 17,6%. O registro das informaes detalhadas consta no

    Apndice A.

    ETAPA 7: Analisar o grfico de agregao de valor da operao.

    Atravs da classificao dos elementos da operao conforme a agregao

    de valor, gerado, automaticamente, pela planilha de cronoanlise desenvolvida por

    Souza, um grfico que mostra qual a porcentagem de valor agregado existente na

    operao.

  • 41

    Considerando os grficos de agregao de valor da operao conforme

    visualizados na figura 6, percebe-se que na realizao da operao 12% so

    atividades que agregam valor, 8% referem-se a atividades de valor semiagregado, e

    80% so atividades que no agregam valor, ou seja, o tempo da operao

    referente a desperdcios, e que o cliente no tem interesse e no deseja pagar.

    Figura 6 - Grficos de agregao de valor da operao

    Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Souza, 2012, p. 45.

    Assim, evidencia-se grande potencial de melhorias que podem ser realizadas

    a fim de eliminar ou reduzir as perdas desnecessrias e diminuir o tempo para a

    realizao da operao em estudo, melhorando a competitividade do produto

    atravs da reduo dos custos de produo.

    4.4 PROPOSTA DE ADEQUAO DA ALOCAO DE PEAS PARA REDUO

    DO TEMPO DE MONTAGEM DOS KITS

    A aplicao da cronoanlise na operao de montagem dos kits da plataforma

    permitiu identificar, por meio do estudo dos tempos e movimentos, um elevado

    percentual de atividades que no agregam valor atividade. Grande parte dessas

    atividades esto relacionadas movimentao necessria para pegar as peas e

    realizar a montagem dos kits.

  • 42

    Assim, considerando o exposto por Oliveira (2012), quando indica realizar

    melhorias nos pontos ineficientes identificados no processo, realizou-se um estudo

    da alocao das peas nas prateleiras do mercado, a fim de reduzir os desperdcios

    com movimentao e aumentar a produtividade do setor.

    Primeiramente, elaborou-se um layout do cenrio atual de alocao das

    peas no mercado, considerando o deslocamento realizado pelo operador para

    realizar a montagem dos 5 kits de peas que compem a operao estudada,

    conforme identificado na figura 7.

    Figura 7 - Layout atual da alocao das peas de montagem do kit no mercado

    K P11 P12 P13 P14 P15 P16 T

    9 9 9 9 7 7

    8 8 8 8 6 6

    7 7 7 7 5 5

    6 6 6 6 4 4

    5 5 5 5 3 3

    4 4 4 4 2 2

    3 3 3 3 1 1

    2 2 2 2

    1 1 1 1

    P 1 P 2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

    1 1 1 1 1 1 1 1 1

    2 2 2 2 2 2 2 2 2

    3 3 3 3 3 3 3 3 3

    4 4 4 4 4 4 4 4 4

    5 5 5 5 5 5 5 5 5

    6 6 6 6 6 6 6 6 6

    7 7 7 7 7 7 7 7

    8 8 8 8 8 8 8 8 8

    9 9 9 9 9 9 9 9 9

    10 10 10 10 10 10 10 10 10

    11 11 11 11 11 11 11 11 11

    12 12 12 12 12 12 12 12 12

    13 13 13 13 13 13 13 13 13

    Fixao carro 2 "P"

    Decais "P"

    Fase 1 "P"

    Fixao carro 3 "P"

    K

    LAYOUT DA ALOCAO DAS PEAS NAS PRATELEIRAS DO MERCADO

    Fase intermediaria 2 Bancada "P" e Fase final 3 bancada "P"

    Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

  • 43

    P17

    1

    K P11 P12 P13 P14 P15 P16 2

    9 9 9 9 7 7 3

    8 8 8 8 6 6 4

    7 7 7 7 5 5 5

    6 6 6 6 4 4 6

    5 5 5 5 3 3 7

    4 4 4 4 2 2 8

    3 3 3 3 1 1 9

    2 2 2 2 10

    1 1 1 1 11

    P 1 P 2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10

    1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

    2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

    3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

    4 4 4 4 4 4 4 4 4 4

    5 5 5 5 5 5 5 5 5 5

    6 6 6 6 6 6 6 6 6 6

    7 7 7 7 7 7 7 7 7

    8 8 8 8 8 8 8 8 8 8

    9 9 9 9 9 9 9 9 9 9

    10 10 10 10 10 10 10 10 10 10

    11 11 11 11 11 11 11 11 11 11

    12 12 12 12 12 12 12 12 12 12

    13 13 13 13 13 13 13 13 13 13

    Fixao carro 3 "P"

    PROPOSTA DE LAYOUT DA ALOCAO DAS PEAS NAS PRATELEIRAS DO MERCADO

    Fase 1 "P"

    K

    Fase intermediaria 2 Bancada "P" e Fase final 3 bancada "P"

    Fixao carro 2 "P"

    Decais "P"

    Conforme visualizado na figura 7, para a montagem desses 05 Kits, h uma

    grande perda relacionada movimentao do operador para pegar as peas e

    montar os kits. Isso se deve ao fato de que no foi realizado um estudo para o

    armazenamento adequado das peas considerando seu uso.

    Atravs de medies realizadas, encontrou-se uma distncia de 817 metros

    percorridos pelo operador para a realizao completa da operao. Essa distncia

    referente ao deslocamento realizado entre as prateleiras do mercado para pegar as

    peas que compem os kits a serem montados. Em razo disso, elaborou-se uma

    nova forma de alocao das peas a ser proposta para a empresa, a fim de reduzir a

    movimentao do operador e eliminar grande parte da fadiga resultante do

    deslocamento realizado durante a operao.

    Conforme a Abrafid (s.d.), a alocao das peas nos mercados deve

    considerar a demanda programada do item, ou seja, peas de demanda elevada

    devem ficar alocadas prximas umas das outras. Essa organizao facilita o

    dinamismo da operao e aumenta a eficincia da operao, eliminando o

    desperdcio de movimentao na busca das peas que compem o kit.

    Figura 8 - Layout proposto para a alocao das peas no mercado

  • 44

    Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

    Analisando a figura 8, possvel verificar uma grande reduo de

    movimentao para montagem dos 05 kits que compem a operao estudada. A

    alocao proposta consiste em manter todas as peas na mesma prateleira,

    facilitando a montagem dos kits.

    Com esta nova alocao das peas, a distncia total percorrida pelo operador

    para realizar a operao completa de 42 metros, uma reduo de 94,86% de

    perdas referentes a deslocamento.

    A fim de verificar um tempo padro aproximado para a realizao da

    operao com o novo posicionamento das peas, realizou-se uma simulao do

    estudo de tempos pelo mtodo de cronoanlise elaborado por Souza. Assim o novo

    tempo padro, em valores aproximados encontrados para a operao, foi de

    aproximadamente 107 minutos, considerando as mesmas tolerncias e ritmo do

    operador. Este dado pode ser observado detalhadamente no Apndice C deste

    trabalho.

    Desse tempo padro, 43% so atividades que agregam valor operao;

    28% so as atividades com valor semiagregado; e 29% atividades que no agregam

    valor algum para a operao, mas que precisam ser realizadas.

    Na figura 9, pode-se visualizar com mais facilidade o grfico de agregao de

    valor da operao aps a realocao das peas no mercado.

    Figura 9 - Grfico de agregao de valor da operao aps realocao

  • 45

    Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

    Considerando esses dados, possvel verificar que, se aplicado o novo

    modelo de alocao das peas, haver uma reduo de 94,8% das perdas com

    movimentao desnecessrias, como se pode identificar na figura 8.

    Consequentemente, haver uma reduo no tempo-padro da montagem dos Kits

    da Plataforma no valor de 63,7% relacionado reduo do tempo-padro para

    realizar a operao.

    Analisando os ganhos decorrentes da aplicao da nova alocao das peas

    no mercado de peas, justifica-se sua implantao pela empresa, uma vez que ter

    aumento da produtividade e reduo das perdas e custos de produo, tornando o

    produto mais competitivo.

  • 46

    5 CONSIDERAES FINAIS

    Este estudo permitiu desenvolver um mtodo para melhorar a produtividade e

    reduzir perdas para empresas que desejam expandir seus negcios, bem como

    manter-se no mercado extremamente competitivo. A base terica para este mtodo

    foi desenvolvida h muitos anos, e est sendo adotada cada vez mais pelas

    empresas por apresentar resultados satisfatrios. Trata-se da cronoanlise.

    Primeiramente, realizou-se um estudo bibliogrfico atravs de livros,

    monografias, teses, dissertaes e artigos, como pode ser observado no item 2,

    visando enriquecer o conhecimento literrio que um dos objetivos especficos

    deste trabalho.

    O segundo objetivo especfico deste estudo, que consiste em identificar o

    mtodo de cronoanlise a ser aplicado, foi atendido. A partir do conhecimento dos

    mtodos e da viabilidade da aplicao do mtodo de cronoanlise, optou-se pela

    aplicao do mtodo elaborado por Souza, que consiste em uma planilha eletrnica

    que facilita o clculo dos tempos, conforme pode observado no item 4.3.

    O objetivo especfico de realizar a aplicao do mtodo da cronoanlise

    escolhido e efetuar as anlises do tempo-padro encontrado para a operao

    tambm foi atendido. Assim, identificou-se que 80% de atividades no agregam

    valor, ou seja, so perdas desnecessrias principalmente com movimentao do

    operador. Identifica-se tambm um tempo padro para a realizao da atividade de

  • 47

    378 minutos, sendo apenas 12% desse tempo composto por atividades que

    realmente agregam valor e que so do interesse de clientes.

    Os valores encontrados e a respectiva anlise, no item 4.4 deste estudo,

    demonstram que o objetivo especfico de propor melhorias e adequaes para tornar

    o processo mais eficiente foi atendido. Assim, propuseram-se melhorias no que se

    refere a uma nova forma de alocar as peas no mercado de peas da Logstica,

    adequando a posio dos materiais necessrios para a montagem dos Kits. Com o

    novo posicionamento das peas, h uma estimativa de reduzir 94,8% do

    deslocamento do operador no mercado, e cerca de 63,75% de reduo no tempo-

    padro necessrio para a realizao da operao total.

    Considerando o exposto, fica evidenciado que a aplicao da cronoanlise

    permite reduzir perdas de movimentao, bem como custos relacionados

    fabricao do produto, alm de reduzir a fadiga do operador, aumentar a

    produtividade e a competividade, entre outros fatores.

    Vale ressaltar que de extrema importncia que as empresas promovam

    constante modernizao e aperfeioamento de seus processos, visando

    eliminao de perdas e reduo de custos. Assim podem se tornar mais

    competitivas e melhorarem sua posio no mercado atual.

    Destaca-se ainda que a realizao deste estudo foi muito importante para o

    acadmico, pois proporcionou-lhe interligar conhecimentos tericos e aplicao

    prtica, ampliando os conhecimentos relativos cronoanlise, uma vez que analisou

    um cenrio com problemticas quer permitiu, atravs de um estudo, propor

    melhorias que se mostraram viveis e eficientes.

    Por fim, ressalta-se o uso deste estudo como subsdio para profissionais e

    empresas que queiram melhorar seus processos aplicando um mtodo confivel.

    Para estudos futuros, sugere-se uma pesquisa sobre a importncia da alocao das

    peas nos mercados do setor logstico a fim de reduzir as perdas com

    movimentao e aumentar a produtividade.

    Assim, atende-se ao objetivo deste estudo, que o de definir o tempo-padro

    da montagem dos kits da plataforma atravs da aplicao da cronoanlise, propondo

    melhorias que venham a aumentar a produtividade e eficincia do processo.

  • 48

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • 49

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  • 50

    APNDICES

  • 51

    APNDICE A - FOLHA DE CRONOANLISE PROCESSO ATUAL

    Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Souza, 2012.

  • 52

    APNDICE B - FOLHA DE CRONOANLISE TABELAS E GRFICOS

    PROCESSO ATUAL

    Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Souza, 2012.

  • 53

    APENDICE C FOLHA DE CRONOANLISE - PROCESSO PROPOSTO

    Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Souza, 2012.

  • 54

    APENDICE D FOLHA DE CRONOANLISE- TABELAS E GRFICOS

    PROCESSO PROPOSTO

    Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Souza, 2012.