Cultura e Contracultura - O sermão do Monte e o cristão no mundo

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Cultura e Contracultura O Sermão do monte e o cristão no mundo Jônathas Camacho – 1ª Igreja Presbiteriana de Taguatinga (Sala de Jovens – EBD) 10/03/2013

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Lição de EBD baseada no livro de John Stott sobre o Sermão do Monte.

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Cultura e Contracultura

O Sermão do monte e o cristão no mundo

Jônathas Camacho – 1ª Igreja Presbiteriana de Taguatinga (Sala de Jovens – EBD) 10/03/2013

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Por que falar sobre Cultura e Contracultura quando o assunto é o Sermão do Monte?

"O Sermão do Monte é provavelmente a parte mais conhecida dos ensinamentos de Jesus, embora se possa

argumentar que seja a menos compreendida e, certamente, a menos obedecida. De tudo o que ele disse, essas suas palavras são as que mais se aproximam de um manifesto, pois descrevem o que ele desejava que os seus seguidores fossem e fizessem. Penso que nenhuma outra expressão resume melhor a intenção de Jesus, ou indica

mais claramente o seu desafio para o mundo moderno, do que a expressão "contracultura" cristã”

John Stott, p. 01

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CONCEITOS: Cultura: tudo aquilo que caracteriza uma realidade social de um povo ou nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade: valores, atitudes, crenças e costumes (Definição dada pelo teólogo Franklin Ferreira).

Falamos em cultura brasileira, cultura gospel, cultura ocidental e etc.

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CONCEITOS: Contracultura: "Uma forma de cultura que visa atacar os valores culturais vigentes" (Dicionário Michaeles) Exemplo: O Movimento Hippie, grupo contra-cultural dos anos 60 que adotava “um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo-libertário ou estilo de vida nômade e à vida em comunhão com a natureza”

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NESSE SENTIDO, O SERMÃO DO MONTE EXPRESSA UMA

CONTRACULTURA CRISTÃ, UMA FORMA DE VIDA E VISÃO DE

MUNDO, BASEADAS NOS ENSINAMENTOS DE JESUS, QUE

DESAFIAM OS VALORES CULTURAIS VIGENTES!

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Revelação bíblica como contracultural “O tema essencial de toda a Bíblia, desde o começo até o fim, é que o propósito histórico de Deus é chamar um povo para si mesmo; que este povo é um povo 'santo', separado do mundo para lhe pertencer e obedecer; e que a sua vocação é permanecer fiel à sua identidade, isto é, ser 'santo' ou 'diferente' em todo o seu pensamento e em todo o seu comportamento” John Stott (p. 3)

  O que Deus fala ao povo de Israel quando ele é liberto da escravidão do Egito? Lv. 18:01-04

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Revelação bíblica como contracultural

  Em toda a narrativa do Antigo Testamento nós percebemos exatamente isso: Israel, que era um povo singular diante de Deus, que não seria "reputado entre as nações" (Nm. 23:09) vivia assimilando-se aos povos que os rodeavam:

Salmo 106:34-35 1ª Samuel 08:05,19-20 Ezequiel 20:32-34

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Revelação bíblica como contracultural

  Por isso Deus constantemente enviava os seus profetas ao povo: para lembra-lhes quem eles eram e que caminho deveriam seguir.

Jeremias 10:01 Ezequiel 20:07

  Esse foi o motivo do julgamento de Deus cair tanto sobre Israel como, depois, em Judá:

2ª Reis 17:07-08,19

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Esse cenário é essencial para entendermos o Sermão do Monte:

  Jesus é batizado e tentado. Logo após, começa a anunciar as boas novas. Sua pregação consistia em uma chamada ao arrependimento e no anúncio de que o Reino de Deus, prometido no Antigo Testamento, estava às portas.

  “Nesse sentido, o Sermão do Monte descreve o arrependimento (metanoia, a total transformação da mente) e a retidão, que fazem parte do reino; isto é, ‘descreve como ficam a vida e a comunidade humana quando se colocam sob o governo da graça de Deus’” (John Stott, p. 05)

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O Sermão do Monte como contracultura   Jesus enfatizou que os seus verdadeiros discípulos,

os cidadãos do Reino de Deus, tinham de ser inteiramente diferentes! Não deveriam tomar como padrão de conduta as pessoas que os cercavam, como filhos genuínos de Deus!

Mateus 6:8

  “Não vos assemelheis a eles” = Lev. 18:03. É o mesmo convite, que permeia toda a revelação bíblica, de sermos, como povo de Deus, um povo diferente! E este tema foi trabalhado em todo o Sermão:

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O Sermão do Monte como contracultura   "O caráter deles teria de ser completamente diferente

daquele que era admirado pelo mundo (cito: as bem-aventuranças)…”

  “... Deveria brilhar como luzes nas trevas reinantes…”

  “A justiça deles teria de exceder à dos escribas e fariseus, tanto no comportamento ético quanto na devoção religiosa, enquanto o seu amor deveria ser maior, e a sua ambição mais nobre que a dos pagãos vizinhos” (Mt 5:20 / Mt 06:05-08)

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O Sermão do Monte como contracultura   Percebe-se que não há um parágrafo nesse Sermão que não

explicite um contraste entre o padrão cristão e o não-cristão

  Gentios ou pagãos: enquanto se amam e se saúdam, os cristãos devem amar seus inimigos (5:44-47); eles oram usando-se de vãs repetições, os cristãos, com a humilde reflexão de filhos do Pai celeste (6:7-13); se preocupam com suas próprias necessidades materiais, enquanto os cristãos buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça (6:22,33).

  Judeus (mestres e leigos piedosos da época): Jesus opõe a moral cristã à ética rasa dos escribas (5:21-48) e a devoção cristã à piedade hipócrita dos fariseus (06:01-18)

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O que essa estrutura nos mostra? "Os discípulos de Jesus têm de ser diferentes: tanto da

igreja nominal, como do mundo secular; tanto dos religiosos, como dos irreligiosos. O Sermão do Monte

é o esboço mais completo, em todo o Novo Testamento, da Contracultura cristã. Eis aí um sistema de valores cristãos, um padrão ético, uma

devoção religiosa, uma atitude para com o dinheiro, uma ambição, um estilo de vida e uma teia de relacionamentos:

tudo completamente diferente do mundo que não é cristão. E esta contracultura cristã é a vida do reino de

Deus, uma vida humana realmente plena, mas vivida sob o governo divino"

(John Stott, p. 6)

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"Camacho, se um discípulo de Jesus

apresenta uma postura contracultural, até que ponto o cristão deve se envolver com o mundo

a sua volta?"

Pergunta do Pizza!

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Como ser cristão no mundo? "A Escritura nos ensina que há dois perigos que devemos

evitar: o separatismo e o secularismo -, e a história da igreja nos mostra como é fácil cair tanto em um como noutro erro” (Michael Horton, p. 162)

  Separatistas: a cultura é caída, má, demoníaca e deve ser totalmente rejeitada! Ex: Anabatistas/ Amish

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Como ser cristão no mundo? “A partir disso, devemos aprender que tudo o que não está unido [59] com nosso Deus em Cristo não pode ser outra coisa senão uma abominação que devemos evitar.[60] Por

abominação se entende toda idolatria [62] e serviços eclesiais católicos e protestantes [61], reuniões e frequência à igreja,

[63] chás nas casas, juramentos e compromissos de incrédulos, [64] e outras coisas desse tipo, que embora altamente

respeitadas por todo mundo, são carnais ou praticadas em evidente contradição com o mandamento de Deus, e de

acordo com toda a injustiça que está no mundo. De todas essas coisas devemos estar separados e não ter parte com

elas, pois elas não são outra coisa senão abominação, e elas são a causa de sermos odiados como antes o foi Jesus Cristo, que

nos libertou da escravidão da carne e proveu-nos para o serviço de Deus através do Espírito que Ele nos deu.”

Parte da Confissão de schleitheim – doutrina anabatista

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Como ser cristão no mundo?   Secularistas: a cultura é boa, totalmente proveitável e

deve ser totalmente assimilada. Ex: Igreja Evangélica Alemã que troca seu nome para Igreja Nacional do Reich e seus pregadores jurando obediência a Hitler.

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Como ser cristão no mundo? Pontos da ideologia da Igreja Nacional do Reich (WIKIPEDIA):

7. A Igreja Nacional não tem escribas, pastores, capelães ou padres, mas oradores do Reich para falar em seu nome.

8. O ariano Jesus, teria lutado corajosamente para destruir o Judaísmo e teria caído vítima na luta, assim os alemães agora estariam exortados a chegar a serem vencedores na própria luta de Jesus contra os judeus.

18. A Igreja Nacional retirará de seus altares todos os crucifixos, bíblias e santos. Sobre os altares não deve haver nada além de Minha luta (para a nação germânica e , portanto, para Deus o livro mais sagrado) e à esquerda do altar uma espada.

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Como ser cristão no mundo?

Nosso envolvimento deve ser baseado na seguinte ideia:

No mundo, mas não do mundo!

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“No mundo mas não do mundo”   MUNDO COMO BOA CRIAÇÃO QUE REVELA

A GRANDEZA DE DEUS!

Gênesis 01:01, 31 Salmo 24:01 Colossenses 01:16-17 Salmo 19:01

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“No mundo mas não do mundo” "A redenção, segundo a Bíblia, ocorre "na terra", no tempo e no

espaço históricos, diferente de outras religiões que compartilha um dualismo entre o que é "espiritual" (ou seja, celestial) e o que é

"mau" (noutras palavras, terreno). Até mesmo os não-cristãos, de acordo com as Escrituras, são feitos à semelhança de Deus (Tg. 03:09) e são capazes, portanto, como os cristãos, de excelência, sabedoria e conhecimento nas coisas do mundo, na criatividade, no prazer e na virtude civil. Contra os que dizem que o mundo pertence a Satanás

ou às forças do mal, o próprio Deus anuncia: 'O mundo é meu, e quanto nele se contém' (Sl. 50:12). Ele o criou e o mantém pelo seu

poder. Mesmo no estado atual de rebeldia em que o mundo se encontra, a sua graça comum suscita o bem do mal e restringe a

maldade humana. 'Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (Mt. 5:45)”

Michael Horton (p. 163)

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“No mundo mas não do mundo” MUNDO COMO RESULTADO DA QUEDA E DO PECADO; SISTEMA DE REBELIÃO E ORGULHO QUE BUSCA DESTITUIR A DEUS DE SEU GOVERNO

Romanos 08:19-23 Gênesis 3:17 1ª João 02:15-16

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“No mundo mas não do mundo” "Este mundo como mundo não é, portanto, o inimigo do crente.

Em outras palavras, não é a nossa humanidade ou o mundo na sua essência o problema [...]. Contudo, não se pode fugir do

outro lado da moeda que encontramos na Escritura. Se a Bíblia se opõe ao dualismo pagão entre espírito e matéria e afirma

esse mundo como pertecente a Deus, ela também se opõe ao secularismo. A atividade relativa ao mundo é sancionada e

ordenada por Deus, mas o secularismo é a doença da alma que nos infecta quando começamos a moldar as nossas ideias, as

nossas crenças, os nossos métodos e o nosso estilo de vida de acordo com o mundo”

Michael Horton (p. 164)

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EM SÍNTESE:

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“No mundo mas não do mundo” A contracultura cristã é, ao mesmo tempo, um sim e um não ao mundo!

  A abstenção ao divórcio como um não ao padrão do mundo e como um sim a uma estrutura criacional instaurada por Deus, a saber, o casamento;

  O ato de não matar alguém é um não à banalização mundana da vida humana e um sim à dignidade dada por Deus a todos que possuem sua imagem e semelhança;

  A honestidade e seriedade no trabalho é um não a um modelo mundano de vocação e um sim à incubência criacional dada ao homem de “cultivar e guardar” o jardim;

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“No mundo mas não do mundo” É por isso que Jesus ora assim: não os tire do mundo, livre-os do mal! (Ler: João 17:14-19)

"Observe o ponto importante que Jesus destaca aqui. Primeiro, o indicativo: somos santificados (separados, santos) não porque

temos nos separado progressivamente do mundo, mas porque o próprio Cristo se separou do mundo e nós estamos em Cristo.

Como isso é verdadeiro a respeito de todos nós, temos de reconhecer esse fato e responder a ele separando-nos

progressivamente da perspectiva mundana e do caráter que ela produz"

(Michael Horton, p. 168)

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“No mundo mas não do mundo”

E como, então, faremos isso? Indo ao mundo e lidando

com ele a partir do exemplo e dos

ensinamentos de Jesus (João 17:18)

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Referências

FERREIRA, Franklin. O cristão e a cultura. Voltemos ao Evangelho, 2013. Disponível em: <http://voltemosaoevangelh o.com/blog/2013/02/franklin-ferreira-o-cristao-e-a-cultura/#axzz2N83hFvJm> Acesso em: 07 mar. 2013.

HORTON, Michael S. O cristão e a cultura. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

IGREJA NACIONAL DO REICH. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2013. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Nacional_do_Reich>. Acesso em: 09 mar. 2013.

STOTT, John R W. A mensagem do Sermão do Monte: Contracultura cristã. 3 ed. São Paulo: ABU Editora, 1985.