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Curso de aperfeiçoamento para Pregadores e professores da Bíblia Sagrada NÍVEL 1 Dos fundamentos do ensino à preparação da aula no ensino médio e superior bíblico e teológico By: Daniel de Barcellos 781-999-3415 www.jitseminary.com [email protected]

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Curso de aperfeiçoamento para Pregadores e professores da Bíblia Sagrada

NÍVEL 1

Dos fundamentos do ensino à preparação da aula

no ensino médio e superior bíblico e teológico By: Daniel de Barcellos

[email protected]

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O Aperfeiçoamento do ensino Bíblico e Teológico – Dos fundamentos do ensino à preparação da aula no ensino médio e superior de teologia. Prof. Daniel F. V. de Barcellos. SETEJI - 2014

O Aperfeiçoamento do ensino Bíblico e Teológico Dos fundamentos do ensino à preparação da aula no ensino médio e superior de teologia Prof. Daniel F. V. de Barcellos [email protected] Sumário A- Introdução: O que é ensinar, 3. B- Diferenças entre o ensino médio e o ensino superior, 3. C- Domínios da Aprendizagem – os níveis do domínio cognitivo, 4. D- Objetivos em ensino, 6. E- Princípios gerais da aprendizagem – uma introdução, 7 F- Fatores facilitadores da aprendizagem: internos e externos, 9. G- Técnica de perguntas, 10. H- A organização da aula, 13. I- O preparo de aulas, 16 J- O plano de aula, 18. K- As 10 regras de ouro da Didática, 18

Referências Bibliográficas, 18.

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O Aperfeiçoamento do ensino Bíblico e Teológico Dos fundamentos do ensino à preparação aula no ensino médio e superior de teologia

A- Introdução: O que é ensinar

O conceito mais comum de ensino é que “ensinar é transmitir conhecimentos”. No en‐tanto, a mente humana não pode ser encarada como um receptáculo para onde se transfere um conhecimento que está em outra mente. A aprendizagem também não pode ser forçada nem introduzida no educando como o ato de vestir uma peça de roupa. Portanto, ensinar não é apenas ler ou falar diante de uma classe, mas primeiro despertar, motivar e interessar a mente do aluno e em seguida dirigi-la no processo do aprendizado.

Talvez a maneira mais apropriada de conceituar ensino seja que ensinar é orientar tecni-camente a aprendizagem. Dessa forma, torna-se clara a ligação obrigatória que existe entre o processo de ensinar e o processo de aprender. Se “ensinarmos” e o aluno não aprender, houve algum fracasso no processo.

A verdadeira função do professor é ajudar o aluno a aprender, é criar condições para que o aluno aprenda sozinho, pensando por si mesmo, analisando criticamente cada situação à luz do que assimilou. Ensinar não é apenas passar conhecimento, mas é também estimular o aluno a buscá-lo.

Ensinar não é pregar. Tanto o pregador como o professor usam a Palavra de Deus, mas os ministérios são diferentes. O pregador anuncia o Evangelho. Assim fazendo, ele lança a rede e as almas perdidas são ganhas por Jesus, os fracos são fortalecidos e os crentes tomam deci-sões diante de Deus. Já a missão do professor é ensinar as verdades bíblicas e teológicas, ilus-trá-las, de forma que todos entendam as verdades que deseja transmitir de forma a preparar alicerces para novas aprendizagens e para o serviço no corpo de Cristo. Diante de sua classe, ele não é orador, mas sim professor.

B- Diferenças entre o ensino médio e o ensino superior. Pode ser dito que o ensino médio é mais generalista, amplo em seu espectro de estudos,

porém sem grande aprofundamento. Quando técnico, o ensino médio é basicamente instru-mental, pouco teórico, buscando ensinar o como fazer. Já o ensino superior aprofunda o que foi visto no ensino médio e busca habilitar o aluno no uso de instrumentos de pesquisa que irão produzir os resultados que foram recebidos já prontos no ensino médio.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação brasileira (Lei 9394/96, Art. 35, 36 e 43 da LDB) existem diferenças entre o ensino médio e superior. No que importa ao ensino teológico ministrado pelo SETEJI, podemos adaptar o conteúdo da Lei e dizer que as finalidades de cada nível são:

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x Do curso de nível médio: o Consolidar os conhecimentos fundamentais das disciplinas teológicas básicas

(doutrinas bíblicas fundamentais); o Preparar o aluno para o desempenho de funções de ensino básico nas igrejas;

capacitá-lo a continuar aprendendo sobre o conteúdo ministrado no curso mé-dio; e

o Contribuir para o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do aluno.

x O curso de bacharelado (graduação) tem por finalidade: o Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do pensamento reflexivo; o Formar pensadores aptos para a participação na edificação das igrejas e cola-

borar na formação contínua dos crentes para cooperarem nessa edificação; o Promover a divulgação de conhecimentos teológicos por meio do ensino em

igrejas e seminários, de publicações ou de outras formas de comunicação; o Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento bíblico e teológico, inte-

grando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelec-tual sistematizadora do conhecimento; e

o Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente com vistas a re-lacioná-los com o ensino teológico a fim de perceber o papel a ser desempe-nhado pelos cristãos em relação à Igreja e à sociedade.

Em razão de o ensino superior ter como uma de suas finalidades estimular o desenvolvi-mento do pensamento reflexivo, a dinâmica das aulas tende a ter uma maior participação dos alunos em sala, como, por exemplo, ao terem de apresentar sinopses de textos em estudo.

C- Domínios da Aprendizagem – os níveis do domínio cognitivo O processo de aprendizagem envolve a pessoa como um todo. Porém, dependendo do

tipo de conteúdo, certas áreas de nossa personalidade são mais afetadas que outras pela mu-dança de comportamento. A influência nessas áreas são chamadas de domínios da aprendiza-gem. É neles que se baseia a classificação de objetivos quantos aos domínios1.

a) Os conhecimentos e habilidades intelectuais (domínio cognitivo) b) As habilidades motoras ou manuais (domínio psicomotor) c) Os interesses, atitudes e valores (domínio afetivo)

1- Níveis do domínio cognitivo O domínio cognitivo está vinculado à memória e ao desenvolvimento de capacidades e

habilidades intelectuais. As atividades a ele vinculadas enfatizam a recordação ou a reprodução de alguma coisa que presumivelmente foi aprendida (o “material” aprendido). Envolvem tam-

1 Este é o sistema de classificação mais empregado pelos especialistas. Foi organizado por Benjamin Bloom

e uma equipe de colaboradores.

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bém a resolução de alguma tarefa intelectual para a qual o indivíduo tem de determinar o pro-blema essencial e, então, reordenar o dito material, ou combiná-lo com ideias, métodos ou procedimentos previamente aprendidos. Eles variam desde a simples evocação de material até maneiras altamente originais e criadoras de combinar e sintetizar novas ideias e materiais.

a) Conhecimento

Envolve a recordação de fatos específicos, gerais, métodos e outros itens previamente aprendidos; envolve apenas a memória e o armazenamento de informações. Ele identifica, des-creve, define. Ex.: Relacionar os livros do NT; Listar as cidades visitadas por Paulo em sua pri-meira viagem missionária.

b) Compreensão

Refere-se ao tipo de entendimento do significado de um conteúdo, revelado pela habili-dade do aluno na transformação de certo material, ou ideia, em outro sem necessariamente ver suas implicações mais amplas. Ela exemplifica, justifica, sumaria. Ex.: Descrever as etapas do ministério de Jesus; Explicar a doutrina do batismo no Espírito Santo.

c) Aplicação

Capacidade de usar de abstrações, ou seja, métodos, regras ou princípios para solucionar situações (problemas) particulares e concretas. O aluno calcula, converte, demonstra, produz. Ex.: Empregar os princípios do evangelismo eficiente na programação de atividades da igreja. Executar as tarefas de coordenador do departamento infantil da igreja.

d) Análise

Capacidade de dividir um material em suas partes componentes e relacioná-las de modo a perceber sua estrutura. O aluno decompõe; esboça; diagrama. Ex.: Relacionar os oito princi-pais aspectos da tipologia bíblica a partir da comparação entre os livros de Levítico e Hebreus; Organizar um quadro comparativo entre as dispensações da Lei e da Graça.

e) Síntese

Neste nível, deseja-se que o aluno projete ou crie um produto original, a partir dos as-suntos abordados. Ele deverá ser capaz de reorganizar os elementos para formar um todo novo, original. O aluno categoriza, cria, organiza. Ex.: Elaborar um projeto didático para o en-sino de teologia básica na Escola Dominical; Escrever criativamente uma história a partir dos elementos fornecidos pelo professor. Elaborar um diagrama com as tendências teológicas pós-reforma.

f) Avaliação

É o mais alto dos níveis. Implica em atividade de julgamento do valor de certo assunto ou material, baseado em critérios claramente definidos. Neste nível, o aluno apresenta o seu ponto de vista, o seu julgamento particular sobre determinado assunto. O aluno critica, aprecia, compara. Ex.: Criticar os aspectos fundamentais da teologia da prosperidade à luz da ortodoxia bíblica; Eleger a proposta mais apropriada para a reestruturação do programa de evangelização

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da igreja, justificando sua escolha; selecionar a melhor técnica de ensino para atingir os objeti-vos apresentados; avaliar a aula de um professor segundo as normas da didática; Avaliar as propostas de programação de estudos bíblicos para o ano considerando as necessidades dos fiéis e as distorções que tendem a influenciá-los.

É importante notar que o nível de avaliação só é verdadeiramente atingido após o pleno domínio dos níveis de análise e síntese. Qualquer julgamento, ou avaliação, sobre algum as-sunto acerca do qual não se tenha domínio dos níveis anteriores, será apenas um palpite, uma opinião sem fundamento, um exercício de “achologia”.

2- Níveis do domínio afetivo O domínio afetivo está vinculado a mudanças de interesse, atitudes, valores e o desen-

volvimento de apreciações e ajustamento adequados. Os seus níveis variam desde a atenção simples a fenômenos selecionados, até qualidades complexas de caráter e de consciência, mas internamente consistentes. Os seus níveis são: Acolhimento; Resposta; Valorização; Organiza-ção; e Caracterização.

3- Níveis do domínio psicomotor O domínio psicomotor está vinculado à área de habilidades manipulativas ou motoras. As

atividades ligadas a este domínio enfatizam alguma habilidade muscular ou motora, alguma manipulação de material e objetos ou algum ato que requer coordenação neuromuscular. Nele, as habilidades e os movimentos físicos são parte decisiva. Palavras tais como escrever, pular, nadar, costurar, são exemplos de verbos empregados para descrever as atividades do domínio psicomotor. Os seus níveis são: Percepção; Preparação; Resposta Orientada; Mecanismo; Res-posta Complexa; Adaptação; Originalidade.

D- Objetivos em ensino A formulação de objetivos é fundamental e prévia em qualquer atividade. Todo professor

precisa conhecer a meta que dará sentido aos seus esforços. Os objetivos em ensino explicitam os resultados concretos esperados da aprendizagem,

conscientemente previstos e que governam todas as ações do ensino em cada etapa do pro-cesso ensino-aprendizagem. Estabelecer os objetivos significa, portanto, decidir as aprendiza-gens resultantes do ensino. É aquilo que é essencial que o aluno saia sabendo, ou seja, objetivos a serem atingidos pelos alunos.

Os professores, principalmente quando novos, perguntam-se o que farão em aula. Antes, entretanto, deveriam responder a pergunta sobre quais resultados que seus alunos devem atingir.

A elaboração de objetivos de aprendizagem

Para se elaborar objetivos de aprendizagem, deve-se descrever a conduta final que o aluno (e não o professor) apresentará como resultado de sua aprendizagem (ou seja, algo que o professor possa perceber). Ou seja, eles são escritos em termos do que se espera que o aluno (e não o professor) faça, responda, explique ou cite até o final da aula.

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Os objetivos devem poder ser alcançados em uma aula. Três ou quatro objetivos para uma aula de 50 minutos é, em geral, uma quantidade conveniente. Eles serão como pequenos passos no caminho para um objetivo maior.

A conduta que o aluno apresentará é determinada por um verbo facilmente observável, no infinitivo, e que indique a ação que o aluno deverá executar, seja ela do domínio cognitivo ou afetivo. Não adianta estabelecer objetivos para uma aula com verbos tais como compreen-der, entender, admitir, saber, reconhecer (no sentido de admitir), valorizar, sentir, crer, conven-cer-se.

Como o professor poderá saber se um aluno entendeu? Só se ele explicar. Como o professor poderá saber se o aluno aprendeu? Só se ele citar, exemplificar, etc. Alguns verbos mais usados são citar, descrever, explicar, ilustrar, demonstrar, resumir. Os objetivos devem ser elaborados com precisão, expressando exatamente o que se es-

pera do aluno, e com simplicidade, sem palavras desnecessárias, artificialismos ou linguagem figurada:

As Exigências do Discipulado x Explicar o que é o Discipulado. x Citar as exigências do Discipulado cristão. x Explicar a relação entre Comunhão e Discipulado. x Citar 2 passagens que ensinem sobre Discipulado.

Ao final da aula, o professor deve certificar-se, por meio de perguntas, se os aluno atin-giram os objetivos. Às vezes, essa avaliação pode ser feita durante o decorrer da aula, entre um tópico e outro, por exemplo.

E- Princípios gerais da aprendizagem – uma introdução Desde o final do Séc. XIX, muitos psicólogos têm elaborado teorias sobre como se pro-

cessa a aprendizagem e como extrair o melhor proveito desse processo.2 Suas teorias são dis-tintas e por vezes enfocam aspectos contraditórios. No entanto, a experiência tem mostrado que todos eles abordaram corretamente uma parcela da personalidade humana. Este trabalho não comporta um estudo das várias teorias. Assim, foram selecionados alguns dos aspectos dessas teorias que melhor se coadunam com o tipo de aprendizagem buscada nos ensinos bí-blico e teológico.

1- A motivação

A motivação é o princípio mais fundamental a ser considerado pelo professor. Operaci-onalmente, a motivação é definida como “disposição para entrar na situação de aprendizagem”. É a energia interna que desencadeia, dirige e mantém o comportamento em direção a um deter-minado propósito. O aluno motivado fica alegre quando aprende, e sente desejo de aprender mais.

2 Os que mais se destacaram foram Pavlov, Skinner, Thorndike, Watson, Kohker, Koffxa, Wertheimer, Lewin e Rogers.

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A motivação é a condição essencial e permanente da aprendizagem. A rigor, só ocorre a autêntica aprendizagem quando o aluno está realmente interessado e empenhado em apren-der. Só aprendemos verdadeiramente aquilo que corresponde a uma necessidade, a um inte-resse ou a um ideal vivo em nossa consciência.

Quando alguém está disposto a proceder de certo modo, agir é um prazer e não um desagrado. A aprendizagem requer disposição, desejo e interesse por parte do aluno. Se ele não os possui no início de uma aula - o que é uma atitude comum - cabe ao professor lançar mão das técnicas de incentivação para despertar a motivação do aluno. Prepare o aluno para a lição. Descubra como motivá-lo. Há coisas que ajudam bastante: a simpatia do professor, o ambiente da classe, as técnicas de incentivação, a qualidade do ensino, a certeza de participar de algo importante, a percepção do próprio crescimento espiritual, etc.

2- O exercício

Um ato uma vez praticado tende a ser mais fácil quando repetido. A lei do exercício sustenta que repetir um certo ato fortalece o vínculo entre o estímulo e a resposta e, em con-sequência, faz a resposta persistir. O desuso enfraquece o vínculo. A aprendizagem requer treino e exercício: aprendemos apenas 20% do que ouvimos, mas retemos 80% do que faze-mos. Isso confirma o provérbio “a prática conduz à perfeição”.

Há coisas que o professor pode adotar em sala e que podem melhorar o fazemos, tais como provas, procura de textos. Também há coisas que podem melhorar o ensinamos: leitura explicativa pelos alunos, discussões orientadas, exposição do que aprendeu, repetições, etc.

3- O efeito

De uma maneira simples este princípio pode ser enunciado da seguinte maneira: Nós gostamos de repetir aquelas atividades que nos dão satisfação e deixamos de praticar aquelas que nos são desagradáveis. Aprendemos mais facilmente o que nos dá prazer.

A aplicação deste princípio passa pela busca de formas de tornar a aprendizagem o mais agradável possível ao aluno e fazê-lo perceber resultados compensadores. Ele deve sentir-se realizado ao notar que está progredindo. A Palavra de Deus já é uma fonte de prazer por si mesma, mas se o aluno “descobre” os seus ensinos, o seu prazer será ainda maior, e ele terá ainda mais motivação (vontade) para aprender. A consciência do bom preparo para o desem-penho ministerial, o serviço cristão e a defesa da sã doutrina é uma fonte de satisfação que alenta o prazer de aprender.

O elogio bem colocado é um instrumento simples e eficiente que o professor pode dis-por. Trabalhos de dificuldade progressivas também podem ser úteis.

4- A percepção do todo.

No início dos telejornais o apresentador sempre antecipa um resumo das principais no-tícias. Isso prepara o espectador para acompanhar bem o noticiário, pois já tem uma noção geral do que será tratado. Em aula dá-se o mesmo. Ao antecipar os tópicos da aula, um profes-sor prepara a classe para o assunto que irá desenvolver. Os alunos terão uma visão do todo, isto é uma visão geral do que será tratado.

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A aprendizagem é um processo ativo, inteligente e global, no qual o aluno percebe as relações entre as partes e o todo percebido. É fundamental a percepção do todo. Assim, os alunos devem perceber qual a relação entre cada tópico e o assunto da aula, entre o assunto de cada aula e o do trimestre e as demais doutrinas da Bíblia ou entre a aula que está assistindo e o restante da disciplina. Ou seja, compreender que o assunto faz parte de um todo, do quadro geral. Não existe conhecimento isolado. Não deixe por conta do aluno essa percepção. Ela é difícil, principalmente porque o todo é mais que a soma das partes que o compõe.

5- Lei do fechamento

Há uma tendência inconsciente no ser humano de complementar os estímulos que se apresentam incompletos, de forma a torná-los mais familiares. Uma figura incompleta nos in-comoda e tendemos a completá-la para formar algo que faça sentido para nós. Uma história incompleta gera ansiedade, levando-nos a imaginar um final para ela. O professor pode apro-veitar-se dessa tendência expondo o conteúdo de forma de o aluno sinta vontade de perceber como as parte do assunto se relacionam com o todo, gerando nele motivação para aprender. Por outro lado, se o professor tem o hábito de pular de um assunto para outro, de não concluir raciocínios, de deixar respostas incompletas, o aluno irá livrar-se do incômodo, da ansiedade que isso provoca, deixando de prestar atenção na aula.

F- Fatores facilitadores da aprendizagem: internos e externos Há vários fatores que podem facilitar a aprendizagem do aluno. Abaixo, destacamos

alguns dos mais importantes para o ensino teológico e a realidade de uma escola dominical.

1- Aprendizagem Anterior Aquilo que se aprendeu antes e é relacionado com o assunto em pauta é “chamado de 

volta” e integrado à nova capacidade adquirida, facilitando a sua assimilação; é a memória atu-ando. Por isso é que quanto mais se sabe sobre um certo assunto, mais se tem facilidade de aprender mais sobre ele. Muitas vezes convém o professor fazer os alunos lembrarem – “pu‐xando” pela memória deles – assuntos passados relacionados com a lição que ele irá ministrar.

2- Percepção Ato através do qual o aluno seleciona, organiza e interpreta alguma coisa que seus sen-

tidos físicos captaram. Nós só percebemos o que nos desperta a atenção. A percepção possui características eminentemente individuais. Nem todos percebem as mesmas coisas do mesmo modo, e isso deve ser respeitado e aproveitado. A motivação ajuda muito a concentração e com isso a qualidade da percepção. Os recursos didáticos e o bom uso da comunicação oral também aumentam as possibilidades de uma percepção adequada pelos alunos.

3- Atitude do Professor A aprendizagem tem melhores condições de ocorrer quando o professor, além de ter

pleno domínio do conteúdo, procura agir não como o “dono da matéria”, mas como um instru‐mento do aluno, um facilitador da aprendizagem. Isso significa não preocupar-se em demons-trar superioridade em relação ao aluno, mas procurar criar um clima de simpatia, onde o aluno tenha uma motivação extra para aprender: o interesse do professor por ele.

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4- Organização do conteúdo É de grande ajuda para o aluno perceber como o conteúdo se relaciona com outros

conhecimentos que ele já possua, bem como entender a lógica do seu desenvolvimento. O conhecimento desorganizado, isolado, tende a ser rapidamente esquecido.

Para melhorar essa organização, o professor deve sempre relacionar o conteúdo com o da aula anterior e citar os tópicos da aula.

5- Conjunto de estímulos Estudos da Psicologia da Aprendizagem têm demonstrado que nós aprendemos:

x 20% do que ouvimos x 50% do que vemos x 70% do que examinamos x 80% do que fazemos e x 90% do que ensinamos ou discutimos.

Isso demonstra a necessidade do professor buscar estimular o maior número de senti-dos do aluno na transmissão do conteúdo. Aqui entram os recursos didáticos (audiovisuais e outros) e os desafios à atividade mental do aluno.

6- Exercícios, repetições De acordo com a natureza do assunto, para que ocorra a retenção da matéria o profes-

sor deve dar oportunidade para que os alunos pratiquem o que for ministrado de maneira teó-rica. A aprendizagem requer treino e exercício. Quanto mais frequentemente for exercitada a prática do conteúdo apreendido, mais forte se torna a consolidação da aprendizagem.

G- Técnica de perguntas 1- Vantagens do uso de perguntas

a) Conduz a uma participação mais ativa do aluno

b) Valoriza a experiência anterior do aluno

c) Dá realce aos fatos mais importante da Lição

d) É excelente auxiliar da disciplina em classe

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e) Favorece a recapitulação da matéria e a sua fixação

f) Facilita a avaliação da aprendizagem

2- Tipos de perguntas e seu emprego

a) Pergunta Geral

Do professor para toda a turma, sem indicação de um aluno para respondê-la. Deve ser utilizada para despertar o interesse e o raciocínio da turma; fazer uma verificação global dos alunos; e iniciar um debate, buscando a participação ativa.

b) Pergunta Reversa

O professor devolve a pergunta ao aluno que perguntou, concitando-o a respondê-la ele mesmo. Serve para ganhar tempo para pensar na resposta a uma pergunta mais difícil; de-monstrar a irreverência de uma pergunta, forçando o próprio aluno a respondê-la; permitir ao aluno que sabe, demonstrar seu conhecimento, como desejava, ao fazer a pergunta; e aumen-tar a participação, pelo debate que poderá provocar.

c) Pergunta Redistribuída

O professor transfere a pergunta de um aluno a um outro aluno específico, indicando-o por seu nome. Utilizamos para aumentar a participação de toda a turma, aproveitando uma única pergunta de um aluno; cortar a conversa lateral entre alunos, ao transferir a pergunta para um deles; verificar o conhecimento de um aluno determinado; ganhar tempo para pensar na resposta; demonstrar para a turma a irreverência da pergunta feita, ao procurar a resposta entre os próprios alunos; e obter opiniões (favoráveis ou não) para um ponto-de-vista.

d) Pergunta Dirigida

Do professor para um determinado aluno. A pergunta dirigida permite verificar o conhe-cimento de um aluno em particular; obter a atenção de um aluno desatento; cortar a conversa lateral de dois alunos, dirigindo-se a um deles, e obter a opinião favorável ou esclarecedora de algum aluno.

3- Orientações para utilização de perguntas gerais em aula

a) Fazer a pergunta

Anuncie antes que irá escolher alguém para responder, que não deseja que todos res-pondam falando a uma.

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b) Esperar alguns segundos para que todos pensem na resposta

Olhe para os alunos como quem escolhe um para responder. Isso fará com que todos pensem na resposta. Esse simples esforço já irá contribuir muito para a aprendizagem. Per-gunte então se alguém deseja responder.

c) Em caso de resposta espontânea

Se for correta, elogie o aluno (com naturalidade, sem exagero) e repita a resposta dada, para toda a turma. Se for errada, não critique, solicite aos demais alunos uma outra resposta.

d) Se não houver resposta alguma

Indique um aluno pelo nome e peça-lhe que responda. Se ele acertar, proceda como no item anterior. Se ele errar, não diga que ele errou. Cuidado para não magoar um aluno. Apenas veja se algum outro aluno tem alguma outra resposta, ou deseja complementar a resposta. Vá tentando, buscando construir a resposta certa a partir das várias opiniões. Caso não consiga a resposta certa da turma, dê a resposta.

4- Características de uma pergunta bem elaboradas

a) Ser clara

O professor deve expressar o que deseja perguntar em poucas palavras, de forma simples e direta. Perguntas com enunciado longo e cheio de explicações confundem o raciocínio do aluno, embora alimentem a carne (o ego) de quem as formula.

b) Ser objetiva

Uma boa pergunta admite clara e distintamente uma única resposta. O aluno usará suas próprias palavras, mas entenderá exatamente o que o professor deseja saber e fornecerá uma resposta correta.

c) Apelar para o raciocínio

O objetivo não é saber o que o aluno decorou, e sim verificar se ele entendeu a matéria ensinada e se ele é capaz de analisar os fatos aprendidos e aplicá-lo à sua própria vida.

d) Não sugerir a resposta

Devem ser evitadas perguntas que contenham em seu enunciado a resposta ou que ofe-reçam duas opções à escolha do aluno.

e) Exigir um enunciado completo como resposta

A pergunta deve exigir que o aluno despenda esforço para encontrar a solução, e se ha-bitue a construir frases completas que expressem suas ideias.

f) Ser elaborada dentro do vocabulário do aluno

Se o aluno não entender o que o professor perguntou, ele não se dará ao trabalho de pensar sobre o assunto. Ele não poderá levar um dicionário para a sala de aula. Além do mais, o objetivo é promover a aprendizagem, e não mostrar o quão bonito o professor sabe falar.

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g) Estar relacionada à vivência do aluno

Mesmo que o assunto principal da aula seja totalmente desconhecido dos alunos, as per-guntas devem versar sobre assuntos conhecidos e estar voltadas para as experiências deles.

Se o aluno não puder resolver o problema apresentado, ele simplesmente o ignorará.

h) Conduzir a estudos mais profundos

Uma boa pergunta desperta a curiosidade do aluno. Leva-o a desejar saber mais a res-peito do assunto abordado. A resposta à pergunta inicial deve levar a um encadeamento de ideias que resulte em uma pesquisa aprofundada sobre o assunto.

e) Observações:

Não se deve constranger um aluno com uma pergunta. Isto ocorre quando repentina-mente citamos o nome de um aluno antes, perguntando-lhe depois, sem dar-lhe tempo de pensar na resposta. Uma pergunta feita dessa forma, além de queimar o aluno, leva os demais alunos a não se esforçarem para pensar na resposta.

Não se deve repreender o aluno por não saber responder uma pergunta. Isto inibirá a participação espontânea da turma até que alguém responda a pergunta. Quem irá querer se expor? Além disso, causará ansiedade e desconforto aos alunos que não souberem a resposta.

Se um aluno alega que não ouviu a pergunta, não se recuse a repetir. Mesmo que você tenha notado que ele estava desatento, isto já ficou demonstrado e a pergunta já lhe chamou a atenção.

H- A organização da aula 1 – As fases da aula

a) Fase da preparação 1) Verifica o tema geral onde o assunto está inserido.

Em geral, todas as lições estão dentro de um contexto. O professor deve explicar como as lições formam um encadeamento progressivo ao longo da unidade ou curso.

2) Elabora objetivos, se necessário. Alguns livros texto já vêm com os objetivos de aprendizagem sugeridos, porém isso não

é comum, principalmente no nível superior. Assim sendo, é necessário que o professor os re-dija.

3) Consulta livros, anotações, internet, programas, etc. O professor não pode, sob pena de desrespeitar a classe e perder o interesse dos alunos,

limitar-se à fonte de consulta que os alunos já disponham. Ele deve pesquisar nas mais diversas fontes disponíveis na busca do conteúdo mais apropriado para a sua classe.

4) Seleciona o conteúdo da aula. O tempo disponível para o ensino em classe não permitirá que o aluno apreenda tudo o

que o professor gostaria de ensinar. É necessário selecionar o conteúdo da aula, dosando-o em função do tempo disponível. O professor deve lembrar-se que

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O importante não é o quanto o professor “ensina”, mas o quanto o aluno aprende

5) Seleciona o método de ensino e planeja as atividades a serem desenvolvidas em classe.

Existem diversos tipos de atividades com as quais o professor pode aumentar a partici-pação dos alunos. Aqui o professor irá planejar o que empregará.

6) Formula perguntas. Boas perguntas, que produzam reflexão e discussões produtivas, não são improvisadas.

Elas são concebidas e amadurecidas nesta fase.

7) Elabora o plano de aula. Elaborar um plano de aula obriga o professor a pensar sobre o que ele vai ministrar, sobre

o que vão fazer seus alunos, no material didático necessário e nos procedimentos que melhor se ajustem ao tipo de conteúdo, dentro do tempo disponível para a aula.

8) Seleciona e prepara os recursos didáticos. b) Fase da execução

A execução é a fase em que o plano de aula é colocado em ação, estimulando-se e apro-veitando a participação dos alunos em todo o seu desenvolvimento. Normalmente, há quatro etapas: introdução; explicação; verificação; e, sumário/aplicação.

c) Fase da análise A análise ocorre após a aula e tem como propósito aprimorar o desempenho do profes-

sor, por meio da auto avaliação e das observações de um orientador, quando houver.

2- Detalhamento das etapas da fase da execução

a) Etapa da Introdução Consiste na preparação da turma para receber o assunto que vai ser ensinado. Visa a

criação de condições iniciais para que bem se realize a aprendizagem. Ela deve durar aproxi-madamente 10% ou 15% do tempo da aula. A Introdução deve conter os seguintes elementos:

1) Resumo da aula anterior Pode ser feito pelo professor ou por um aluno. Deverá ser citado, de modo sucinto, o

assunto tratado na aula antecedente, a fim de reavivar a memória dos alunos; reforçar a apren-dizagem; e evidenciar a sequência lógica do conteúdo das aulas.

2) Apresentação dos tópicos e dos objetivos da aula Devem ser citados a fim de dar ao aluno uma visão geral do que será tratado na aula e

possibilitar que ele saiba o que se espera dele ao final da aula, levando-o a orientar seus esfor-ços para atingi-los.

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3) Incentivação inicial É o primeiro momento em que o professor busca despertar a motivação dos aluno para

o ensino que será ministrado. Há casos em que os alunos já estão um tanto motivados, porém enfrentam questões como sono, cansaço, preocupações, etc. Assim, uma incentivação bem feita irá aumentar a motivação facilitando a aprendizagem.

Para a incentivação podem ser usadas diversas técnicas, como a correlação com o real; o insucesso inicial; o êxito inicial; uma rápida competição entre alunos; a participação ativa de grupos para decidir sobre uma questão colocada a partir de uma narrativa; etc.

b) Etapa da Explicação É a aula propriamente dita. O seu desenvolvimento depende das técnicas a serem utili-

zadas pelo professor. Nela o conteúdo previsto para aula, será efetivamente ensinado, de modo a possibilitar o alcance dos objetivos pelos alunos. Para tanto a explicação deve ser:

Clara Evitar formas complexas de explicação. Devem ser feitas verificações parciais e reforçados os pontos que não tenham ficado claros.

Concatenada O conteúdo deve ter um encadeamento lógico, de forma que a sequên-cia pareça natural. Se preciso, reorganizar o conteúdo quando parecer que os alunos não estão entendendo a sequência da exposição.

Exemplificada Contando exemplos, reais ou fictícios, que facilitem a assimilação do conceito ensinado. Sempre que possível, contá-los a partir da realidade vivida ou conhecida pelos alunos. O exemplo de Jesus: quanto tempo ele gastou contando histórias!

Ativa Com incentivação em toda etapa, despertando a motivação dos alunos para a aprendizagem e oferecendo oportunidades de participação.

Visualizada Usando recursos didáticos de forma correta e oportuna.

Aplicável Em geral, todo o conteúdo de uma aula deve ter algum sentido prático para o aluno, nem que seja possibilitar a compreensão de outros as-suntos. Em cada aula deverá ficar claro para o aluno como ele poderá praticar em sua vida o que aprendeu.

c) Etapa da Verificação

Nesta etapa o professor afere o grau de aprendizagem obtido pelos alunos, isto é, se os objetivos apresentados na introdução foram alcançados. Pode ser realizada por meio de per-guntas orais, escritas (testes) ou trabalhos práticos. A verificação pode também ser realizada durante a explicação, isto é, à medida que os tópicos são desenvolvidos, podem ser verificados paulatinamente.

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d) Etapa do Sumário/aplicação

O Sumário é um resumo do assunto ensinado, referente aos pontos importantes da aula. Ele destina-se a revisar e reforçar a aprendizagem, de forma a fixar o que foi ensinado na expli-cação. Mas não é uma repetição rápida ou somente uma nova citação de tópicos, mas sim um reforço dos aspectos que devem ser retidos pelos alunos.

O professor pode fazer o sumário por meio de perguntas comentadas, de recursos didá-ticos utilizados na fase de explicação ou especialmente preparados para essa fase, ou ainda por uma recapitulação oral objetiva do próprio professor ou de alunos indicados.

O sumário sendo realizado ao longo da explicação serve para manter a sequência e enca-deamento do conteúdo, além de reforçar e fixar a aprendizagem passo a passo.

e) Distribuição do tempo

Não se pode estabelecer uma divisão rigorosa de tempo. Mas, a experiência mostra ser vantajosa uma distribuição do tempo disponível que obedeça à seguinte proporção: Introdu-ção, 15%; Explicação, 70%; Verificação, 10%; Sumário, 5%.

I- O preparo de aulas 1- O preparo a partir do texto das lições bíblicas em uma escola dominical

a) Prepare a aula tendo em mente o assunto central. Em geral, não deve haver mais de um assunto central em uma aula. A pesquisa, as ilus-

trações e testemunhos, as perguntas e as passagens selecionadas devem girar em torno desse assunto e ser claramente relacionadas com ele.

b) Procure notar como o conteúdo se relaciona com a disciplina c) Leia o texto base a ser estudado em aula.

Pode ser parte de um livro, de uma apostila ou de uma lição de escola dominical. x Primeiro, faça um reconhecimento do texto. x Depois, faça uma leitura contínua tendo em mente objetivos que irá estabelecer.

d) Redija os objetivos e) Releia o texto

Faça-o o número de vezes que for necessário para se assenhorar do seu conteúdo, con-ferindo as referências, sublinhando trechos que forem importantes para o seu ensino e fazendo anotações marginais.

f) Pesquise o conteúdo Pesquise o que você irá adicionar ao que já consta no texto, tendo cuidado para não des-

prezar a limitação imposta pelo tempo disponível. Pode ser planejado um tópico para cada objetivo. Convém que não sejam muitos. Bom é falar apenas o que o aluno possa aprender. Porém, prepare algo além do que está no texto que está com o aluno. Repetindo apenas o que está na texto não se estimula o seu estudo antes da aula. Consulte suas anotações, internet, livros, programas de computadores, etc.

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g) Estabeleça o conteúdo da aula Isto é, qual o conteúdo que você irá transmitir, guardando coerência com as característi-

cas dos alunos e os objetivos a serem atingidos. Em geral o tempo não permite que seja minis-trado todo conteúdo de um texto. O desejável é que os alunos já tenham estudado o texto em casa e o professor explique mais profundamente durante o ensino em aula a lição que os alunos terão estudado em casa, complementando com o que ele perceba ser de maior importância, ilustrando o assunto com exemplos e mostrando como ele é aplicável na realidade dos alunos.

h) Escolha o método de ensino Faça-o em função do conteúdo, dos objetivos, das características dos alunos e dos recur-

sos disponíveis (tempo, meios audiovisuais, etc.). Não se esqueça de deixar tempo para as per-guntas dos alunos.

i) Prepare a introdução da lição Faça uma relação do seu assunto com as demais aulas da disciplina, expondo como ele

será abordado, de forma que os alunos tenham uma visão geral do que será tratado. Acres-cente algo que sirva para motivar o interesse da turma. Pode ser uma ilustração ou apenas falar quais os benefícios que aquele assunto trará para a vida dos alunos.

j) Escolha as ilustrações Escolha as que sirvam para exemplificar os conceitos de forma a torná-los mais perceptí-

veis, mais concretos para os alunos. l) Planeje as perguntas que fará aos alunos

Elas deverão servir para testar a compreensão dos alunos e para forçá-los a pensar e tirar conclusões acerca daquilo que você estiver ensinando.

m) Prepare o seu plano de aula Ele pode ser apenas um esboço, porém deve conter além da síntese do conteúdo, os

objetivos, os elementos da introdução, as perguntas planejadas e as aplicações do ensino nas vidas dos alunos.

n) Prepare os recursos didáticos A essa altura você já sabe o que e como irá ensinar e onde quer levar seus alunos. Falta

apenas organizar algum material que os ajude a fixar melhor o ensino. Para isso servirão os recursos didáticos.

J- O plano de aula Como todo trabalho, a aula deve ser bem preparada para que possa ser realizada com

sucesso. Para isso torna-se necessário planejá-la, eliminando, desta forma, a pura e simples improvisação. Esse planejamento pode ser um roteiro que denominamos Plano de Aula.

Esse planejamento terá valor não apenas durante as etapas da aula, mas também nas fases de preparação e análise, para avaliação e aperfeiçoamento do processo.

Um plano de aula pode variar muito quanto a sua forma, mas é desejável que contenha as seguintes partes:

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a) Título do texto em estudo ou da lição b) Introdução

1) Resumo da aula anterior, ou do contexto da Lição. 2) Tópicos e objetivos. 3) Incentivação. Forma e síntese do que será usado como incentivação inicial.

c) Explicação Deve conter um esboço do conteúdo selecionado, com indicação das ilustrações e per-

guntas de apoio a serem usadas. d) Verificação

Espaço apropriado para o registro das perguntas que permitirão verificar se os alunos atingiram os objetivos da aula.

e) Sumário Devem ser descritos, de forma resumida, os pontos essenciais a serem fixados pelos alunos.

g) Atividades complementares Tarefas que os alunos deverão realizar em classe ou extraclasse, de forma a complemen-

tar a aprendizagem com uma atividade prática.

K- As 10 regras de ouro da Didática a) Dominar o conteúdo.

b) Anunciar a estrutura que será usada no desenvolvimento do conteúdo.

c) Informar ao aluno o que se espera dele ao final da aula (objetivos).

d) Despertar a motivação do aluno antes, durante e ao fim da exposição do conteúdo.

e) Não se limitar ao bom uso da voz e da fala, mas usar recursos audiovisuais.

f) Empregar uma analogia antes de explicar o conceito (partir do simples para o com-plexo, do próximo para o distante, do exemplo para o real, do concreto para o abs-trato).

g) Ilustrar com exemplos (reais ou fictícios) a verdade ensinada.

h) Buscar a participação dos alunos através de perguntas e debates.

i) Enfatizar as possíveis aplicações na vida dos alunos.

j) Verificar a aprendizagem dos alunos através de perguntas coerentes com os objetivos.

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Luz do Evangelho.