Apostila Do Pregador

download Apostila Do Pregador

of 143

Transcript of Apostila Do Pregador

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 1

------------------

F ORMA OP

DE

RE

G AD

ORES

METODOLOGIA COM PODER DO ESPRITO SANTO

MANUAL: TEORIA E PRTICA______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 2

-----------------FICHA TCNICACOORDENAO: Taciano Ferreira Barbosa REDAO: _________________________________________________ PERFIL DO PREGADOR Dercides Pires da Silva, Edinam Gonalves Bueno, Railton Nascimento Souza e Roberto Andrade Tannus ----------------------------------------------------------------------------------___________________________________________________ PREGADOR CONDUZIDO PELO ESPRITO SANTO ACOLHIMENTO DA REVELAO PARA PREGAO ESTRUTURA DO PLANO DE PREGAO TCNICAS DE PREGAO Dercides Pires da Silva ----------------------------------------------------------------------------------__________________________________________________ REVISO: Bonfim Carmo de Morais Dercides Pires da Silva Edinam Gonalves Bueno Eli Donizete Zago Marco Antnio Mendona Pedroza Railton Nascimento Souza Roberto Andrade Tannus Roberto Ricardo de Sousa Taciano Ferreira Barbosa -----------------------------------------------------------------------------------

______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 3

------------------

APRESENTAO(...) disse-lhes o Esprito Santo: Separai-me Barnab e Saulo para a obra a que os tenho destinado`. Enviados assim pelo Esprito Santo foram a Selucia, e dali navegaram para a ilha de Chipre. Chegando a Salamina, pregavam a Palavra de Deus (...) (At 13, 2b.4-5a)

A - FAZENDO HISTRIA COM JESUSDesde os albores da Renovao Carismtica Catlica em nossa cidade (Goinia) o Esprito Santo nos tem impelido a abraar uma vocao especfica: o anncio da Boa Nova em todos os lugares. Isso sem se descuidar das outras dimenses evanglicas que tambm so importantes para a causa de nosso Senhor Jesus Cristo. Foi assim com a primeira gerao, encabeada pelo Sebastio Bernadino da Costa, Alarico de Oliveira, Bonfim do Carmo de Morais, Frei Donrio Falconeri Cardoso - OFM. A segunda gerao continuou nos passos da primeira. So seus legtimos representantes: Taciano Ferreira Barbosa, Roberto de Andrade Tannus, Manoel do Rosrio dos Santos, Marizete Martins Nunes do Nascimento, hoje coordenadora da Secretaria Marta Nacional, Margarida Arantes, Snia Costa e muitos outros. A nova gerao, graas a Deus tem sido to abundante que no d para arrol-la sem extrapolar os limites desta apresentao. So vrias equipes que rompem os limites de nosso Estado para anunciar a Boa Nova. Na Arquidiocese de Goinia o nmero se eleva a centenas de pregadores. No incio os pregadores eram forjados na prtica, sem embasamento terico. Isso ocorreu com os da primeira e segunda gerao. medida que os dons iam surgindo, eram colocados a servio da comunidade. Bons pregadores Deus nos deu nesta poca. Continuam entre ns exercendo com amor e eficcia o seu ministrio. Com a necessidade, Deus chamou para a pregao muitos jovens. Jovens em idade e tambm em vida de Cristo. Estvamos no ano de 1.989. A diferena entre ns e os pregadores experientes era facilmente notada. Estes pregavam muito melhor. Pregao ungida, eloqente, com autoridade e poder do Esprito Santo. Sabamos que no incio no eram assim. Haviam sido formados. Mas por quem? Ao conversar com eles descobrimos que nenhum havia feito oratria, e a maioria nem sequer faculdade. Donde vinha aquela capacidade to grande de pregar? S podia ser de uma fonte: a capacidade deles era dom do Esprito Santo, agindo em suas potencialidades humanas. A fonte era, ento, o Esprito Santo. Agora tnhamos uma soluo e um problema. A soluo era o Esprito Santo. O problema era como nos abrir a Ele com to pouco tempo de caminhada. Vieram da as primeiras tentativas de formao especfica para a pregao, mais voltadas para a parte espiritual. J estvamos em 1.991. Em 1.992 ensaivamos os primeiros passos para uma formao metodolgica. Em 1.993, no Congresso Nacional da Renovao Carismtica Catlica, realizado em Aparecida, Estado de So Paulo, no ms de julho, Deus comeou a acelerar a sistematizao de nossa formao. Isso se deu com a criao da Secretaria Pedro, a secretaria dos pregadores, cuja coordenao nacional foi destinada por Deus nossa comunidade, exercida pelo Taciano. Em dezembro de 1.993, aps vrias reunies de orao e discernimento, Jesus nos disse em profecia, por meio de uma visualizao, seguida de discernimento, o seguinte: VISUALIZAO:

______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 4

-----------------Um grande urso branco se movia por uma floresta. O seu movimento era desajeitado. Em ruidoso movimento destrua os arbustos por onde passava. Sua trilha ficava em desordem com as tenras plantas que pisava e os galhos dos arbustos que arrancava.` DISCERNIMENTO: O urso forte, poderoso, mas muitas vezes, por se movimentar desajeitadamente, desfaz seu prprio habitat. Tambm por falta de sutileza pode ficar faminto, pois espanta sua caa. O ministrio da pregao possui um Poder imenso dado por Deus. Este poder o prprio Esprito Santo. No entanto, por vrios motivos, s vezes no cumpre sua misso, que evangelizar. Em muitas oportunidades, por mau jeito, o pregador afasta as pessoas de Jesus. O pregador precisa aperfeioar-se para ser eficaz em sua misso. Deus queria nos formar para a pregao. Era chegado o tempo da formao sistemtica. Em orao elaboramos a primeira proposta prtica de formao que foi apresentada em Aparecida, So Paulo, no ms de janeiro de 1.994, aos pregadores reunidos no Auditrio da Rdio Aparecida, em forma de ensino, com os seguintes temas: Tentaes do Pregador, O Pregador e a Igreja, Pregador Conduzido pelo Esprito Santo, Tcnicas de Pregao. Em maro de 1.994, fizemos o primeiro curso de formao de pregadores, de forma sistematizada, unindo a orao, o estudo e a prtica. Esse curso foi ministrado em Goinia, que a partir daquele dia passaria a ser o nosso laboratrio. Aquele curso foi composto pelos seguintes temas: O pregador e a Igreja, O pregador conduzido pelo Esprito Santo, Estrutura da Pregao, Tcnicas de pregao, Ser discpulo, Fazer Discpulo e Aprofundamento do Contedo da Pregao. Ao mesmo tempo em que o Esprito Santo nos enviava pelo Brasil com a misso de colaborar na formao de outros pregadores, Ele nos impelia a aperfeioar a proposta inicial. nisso que nossa Comunidade acabou por se constituir no laboratrio, no local das experincias. Assim experimentamos outros ensinos, vrias dinmicas, vrios mtodos, at chegar, enfim, aos temas inseridos neste manual. Como critrio de avaliao procuramos reunir em uma s proposta os frutos, a eficcia e a relativa simplicidade do mtodo. De todas as propostas experimentadas esta foi a que deu melhor resultado.

B - EM QUE CONSISTE O MTODO DESTE MANUALJustia seja feita, ao participar do primeiro Curso de Discipulado feito no Brasil, em janeiro de 1.989, na cidade de Braslia, ministrado pela Clarita, uma pregadora mexicana, Deus nos abriu para buscar na Sagrada Escritura, bem como na cultura do antigo Israel, a pedagogia de Jesus. Assim descobrimos que Jesus, entre outros mtodos, formou seus discpulos orando com eles e por eles, ensinando-os com palavras, ensinando-os com aes, experimentando-os no trabalho, corrigindo suas falhas. Em outras palavras: orando, estudando, praticando e avaliando. Este ciclo se repete sempre. Tambm fazia parte do mtodo do Divino Mestre, a valorizao do discpulo. Se o discpulo s possua um talento, dele partia Jesus para form-lo. Jesus tambm levava o discpulo a construir o seu saber, isto , o discpulo de Jesus ao mesmo tempo que era objeto de formao era sujeito desta mesma formao (cf. CIC 2.607). Discpulo e Mestre agiam juntos. Esta mesma pedagogia vista na formao de Paulo. Ao reconstitu-la pelo livro dos Atos dos Apstolos e pelas suas cartas, tal metodologia nos saltam aos olhos. A diferena que ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 5

-----------------Paulo, podemos afirmar, foi um discpulo do Esprito Santo. Jesus o formou por intermdio do Seu Esprito. A dinmica formativa de Paulo, pela ao do Esprito Santo, a nossa esperana de tambm sermos formados por Jesus. Nosso discipulado passa necessariamente pela graa do Esprito de nosso Senhor Jesus Cristo. Ento o nosso mtodo consiste em um constante render-se ao Esprito Santo para sermos formados por Ele. Essa rendio, entretanto, no somente passiva. Ela ativa. A nossa parte devemos fazer. Ela composta da orao, do estudo, da prtica e da avaliao. Sabemos que nesta formao ela infinitamente diminuta, quando comparada com a ao do Esprito Santo. Contudo, sem ela, no haver formao. Este o plano de Deus revelado na Sagrada Escritura. por isso que, mesmo sendo to pequena, devemos faz-la integralmente, cem por cento.

C - APLICAO DO MANUALEste manual foi concebido para ser aplicado por quem desejar. Na medida do possvel ele pretende ser auto-explicativo. Caso ocorra alguma dvida, podem nos escrever para o seguinte endereo: SECRETARIA PEDRO NACIONAL, Associao Servos de Deus, Rua Santa Gertrudes, 381, CEP 74.535-420, Setor Coimbra, Goinia-GO, fone 291-7100. A idia bsica que serviu de direo para a montagem deste curso, a de uma dinmica composta de trs aes principais: uma, executada pelo formador. Ele prega, ensina, sana dvidas, demonstra como se realiza cada etapa do curso, ora com os cursistas. Outra ao realizada pelos cursistas. Estes cooperam com a formao ativamente. Desejam ser formados. Expem suas dvidas. Praticam, principalmente, todas as dinmicas propostas. A outra ao feita pelos formadores e cursistas conjuntamente. Ela consiste em depender ativamente do Esprito Santo. Para a sua aplicao poder ser observada a programao do curso, que faz parte deste manual. L o leitor encontrar, alm dos horrios, as dinmicas e suas explicaes. Deus o abenoe. Amm!

______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 6

------------------

CAPTULO I O PERFIL DO PREGADORNosso modelo de pregador Jesus Cristo. Seu mtodo to eficaz que sua Palavra ainda est viva e ecoa pelo mundo, no obstante Ele ter pregado h quase dois mil anos atrs. Ele foi indubitavelmente o maior pregador de todos os tempos. Sua pregao mudou o rumo da histria do ocidente e j est agindo no oriente. Ningum jamais viu um discurso to forte, persuasivo e poderoso como o do Senhor Jesus. Ele conhecido mundialmente, embora no tenha sido escritor, doutor, general ou outra espcie de personalidade famosa, segundo os padres do mundo. Muitas pessoas, no decorrer da histria, tiveram perfis semelhantes ao de Jesus. Nesta reflexo descreveremos o perfil de duas das que tiveram uma pregao mais semelhante do Mestre. necessrio que o pregador visualize os principais traos e sinais da pregao de Jesus, bem como de outros evangelizadores; de So Paulo e de Apolo, por exemplo. Neste trabalho envidaremos esforos para traar o perfil adequado quele que se coloca como arauto do Senhor. Buscaremos em Deus os principais atributos do seu servo na pregao

A - PERFILO perfil o contorno do rosto de algum visto de lado. a representao de um objeto que visto s de um lado. Perfil o mesmo que silhueta, a descrio de algum em traos rpidos (Dicionrio Aurlio). Somente conseguiremos traar o perfil do pregador visualizando seus principais traos pelo ngulo da f e luz da Palavra de Deus, mirando-nos em Jesus de Nazar, nosso Senhor e Salvador. Pelo perfil, mesmo na semi-escurido, possvel identificar os objetos conhecidos. Assim, um carro, um cachorro, uma pessoa, podem ser descobertos com relativa facilidade, devido aos traos fsicos que formam o seu perfil. Mas, j que estamos falando do que seja perfil do pregador, vejamos, em rpidas palavras, o que seja um pregador: Pregador, em grego Keryx, quer dizer, arauto. Pregao, do grego Kerussein, Kerigma - proclamao. Pregar uma traduo inadequada do termo, visto que ela adquiriu no uso contemporneo o significado de oratria do plpito, que inclui instruo e exortao. Hoje oratria supe-se preparao e elaborao pessoais e do tema, por meio de formao especfica e de mtodos lgicos e retricos. Os pregadores formados por Jesus, em seu ministrio terreno, receberam slida instruo a cerca das coisas do Reino, bem como aprenderam um mtodo infalvel: o mtodo de Jesus: evangelizar com obras e palavras. Com este mtodo o termo proclamar adquiriu significao peculiar no Novo Testamento para indicar especificamente o anncio do Evangelho. A palavra proclamar pressupe que os pregadores so arautos que anunciam simplesmente aquilo que foram encarregados de anunciar. No em seu prprio nome, mas pela autoridade de quem os envia. Voltando ao nosso assunto, podemos dizer que o perfil do pregador formado pelos traos de sua personalidade transformada por Jesus, somado com outros atributos humanos desenvolvidos pela Graa de Deus, mais os necessrios dons do Esprito Santo.

B - VALOR DO PERFIL NO MINISTRIO DA PREGAO______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 7

-----------------Assim como aos objetos se identifica pela silhueta formada por um conjunto de traos que constituem o seu perfil, ao pregador tambm se conhece pelo seu perfil, que vem a ser o conjunto de atributos espirituais e humanos que lhe so dados pelo Senhor da messe. Isso significa que a qualidade do pregador dada a conhecer pelas caractersticas que formam o seu perfil. Ao enviar os apstolos pelo mundo com a misso de fazer discpulos todos os povos (cf. Mt 28,18-20), aqueles que os receberam puderam ver gravado neles a face de Jesus. Isso ocorreu porque o perfil de cada um deles foi forjado por Jesus, com as caractersticas que pertenciam a Ele mesmo. Exemplo disso Pedro reconhecido por algumas pessoas no dia do julgamento de Jesus. Chegaram a lhe dizer que o seu modo de falar denunciava sua condio de discpulo de Jesus. E Pedro, todos sabemos, era antes um pescador, com o seu vocabulrio, a sua expresso, o sotaque e o modo especfico de falar, comum aos pescadores. Aqueles que recebem a mensagem da evangelizao precisam ver em ns, pregadores da Boa Nova, os mesmos traos que havia em Jesus. Sem estas caractersticas o evangelizador no atrair as pessoas para o Senhor. Esses traos precisam estar marcados em nossa vida para que todos, ao nos verem, digam alegremente: O Senhor est com eles! No resta dvida de que Jesus, Paulo, Pedro, Apolo, dentre outros, por sua postura e personalidade (por seu perfil) predispunham as pessoas a ouvirem e acolherem a palavra de vida que anunciavam. nisto que est o valor do perfil do pregador. Outrossim, estudando o perfil de alguns pregadores chega-se concluso de que a autoridade na pregao, manifestada por uma proclamao vigorosa, acompanhada de converso e de outros sinais e prodgios, est ligada, em grande parte, seno totalmente, a uma personalidade inteiramente entregue a Jesus Cristo. Isso bem lgico, posto que o Esprito Santo no faz a glria do homem, mas de Deus. V-se que de suma importncia que o pregador tenha a personalidade moldada por Jesus. Ele quem nos transforma em arautos. O arauto algum que est pronto para proclamar o que o Senhor quer, por obras, palavras, gestos e atitudes, segundo a vontade dEle. Muitos de ns semeamos o Evangelho com os lbios, mas o arrancamos com os gestos, com as atitudes. que talvez nos falte um perfil de pregador, uma personalidade tecida por Jesus, mediante a ao poderosa do Esprito Santo. O doutor da lei chamado Saulo um notvel exemplo da falta de um perfil de pregador. J o Apstolo Paulo, o Saulo convertido a Jesus e por Ele, para ns um modelo de pregador que recebeu do Esprito Santo o perfil adequado misso. De tal forma Deus trabalhou em Paulo que acabou por lhe urdir uma personalidade cativante, capaz de testemunhar o amor incondicional por Jesus Cristo, bem como uma f sem medidas, alm de capacit-lo a suportar enormes sofrimentos pelo seu Senhor. importante que os pregadores sejam vistos como discpulo de Cristo. No estamos exercendo uma tarefa qualquer, mas a mais sublime de todas, que consiste em atrair os coraes para o Senhor. Esta grandiosa tarefa somente pode ser levada a bom termo por aqueles que estiverem lutando para refletir em seu rosto, palavras e aes o perfil do Grande Pregador de Nazar da Galilia.

C - MODELOS DE PERFIL1. JESUS Em Lucas 24, 32 e 45 vemos a Palavra de Jesus queimando os coraes dos discpulos, alm de abrir-lhes o entendimento para que compreendessem as Escrituras. Este efeito da pregao perseguido por todos os pregadores. Sucede, entretanto, que ele no ocorre por acaso. fruto de uma pregao ungida. No captulo seguinte veremos sobre quem repousa a uno do Esprito Santo. ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 8

-----------------Aqui destacaremos alguns aspectos importantes do perfil de Jesus, enquanto pregador, tais como: consagrao ao Pai, docilidade ao Esprito Santo, uno do Esprito Santo, amor, conhecimento da Escritura, orao, jejum, obedincia, fidelidade, comunidade e intercesso. A consagrao de Jesus como pregador foi feita diretamente por Deus Pai, desde a sua gerao humana. Pela boca do anjo Gabriel Deus nos revelou esta verdade. Com efeito, disse o mensageiro divino a Maria, me de Jesus, que ela conceberia o Filho de Deus, pela fora do Altssimo (cf. Luc 1, 30-35; 4,18s). Jesus foi concebido para ser consagrado ao Pai, a fim de nos resgatar do inferno e da morte. Por isso sua palavra precisava ser dotada de poder especial. Desde a sua gerao at a ascenso vemos Jesus dcil ao Esprito Santo. O Esprito Santo repousava sobre Ele e O ungia. O Pai O dirigia por meio da ao do Esprito Santo. Ningum ama mais do que aquele d a vida por seus amigos. Ao depararmos com esta revelao na Escritura, no imaginamos o impacto que ela deve ter provocado no nimo de quem ouvia Jesus naqueles dias fatdicos que envolveram sua paixo e morte. S quem ama como Jesus amou poderia ter a incomensurvel autoridade espiritual que Ele demonstrou possuir. Por vrias vezes os grandes de Israel quiseram provar que Jesus no conhecia a lei. Eles queriam desmoraliz-lo. De todas essas artimanhas Ele se livrou. Por fim seus opositores tiveram que reconhecer que Ele tinha autoridade para pregar, pois conhecia a Lei e os Profetas como ningum. Talvez por no aceitarem tal superioridade de Jesus, e autoridade que da promanava, se firmaram ainda mais no propsito de destruir sua vida. Vezes sem conta os discpulos encontraram Jesus em orao. Sou pessoalmente curioso para saber como era a orao de Jesus. Creio que era um autntico colquio com o Pai. Nela Deus restaurava as foras de Jesus. Era momento de intimidade no qual trocavam confidncias. O Pai lhe curava as feridas derivadas dos ataques e da ingratido de quantos agrediam Jesus enquanto pregava e fazia o bem. Aps uma noite de orao Ele aparecia livre, restaurado em sua humanidade, sem feridas. Havia repousado nos braos do Pai. Do jejum no h necessidade de falar. Neste aspecto o exemplo de Jesus grita em nossos ouvidos. Ele comeou seu ministrio jejuando por quarenta dias consecutivos. Quantas vezes deve ter jejuado durante sua vida pblica? Quantos de ns teremos jejuado por quarenta horas ininterruptas antes de iniciarmos nosso ministrio? Em Filipenses 2, 8 o Esprito Santo nos diz qual a qualidade da obedincia de Jesus. Sua qualidade foi o mximo. Sendo Ele Deus obedeceu ao Pai at a morte de cruz, sofrendo em seu corpo todas as agruras porque passam os seres humanos. Em sua obedincia no havia lugar para usurpao da glria do Pai, por isso Ele o exaltou diante dos cus, da terra e at dos infernos. A fidelidade de Jesus exemplar. Os Evangelhos so o maior testemunho dela. No se afastou sequer um j do plano de sua misso. Pregou como deveria. Viveu como o Pai desejou e morreu como Deus planejou. Em termos de fidelidade no houve em Jesus Cristo obstculos para a proclamao da Boa Nova. Jesus era afvel. Sua presena era cativante e agradvel. As pessoas gostavam de t-lo por perto. Ele era convidado para festas e ceias. Em seu ministrio Ele reunio um grande nmero de discpulos que se enchiam de contentamento em sua presena. Jesus um grande exemplo de que se deve viver em comunidade. Ao ser gerado veio do seio da Santssima Trindade, a comunidade perfeita. Saiu da comunidade formada ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 9

-----------------por Ele, o Pai e o Esprito Santo para formar outra comunidade: Jesus, Maria e Jos. Depois, para realizar o seu ministrio de pregao, criou outra comunidade, aquela que destinaria a ser o primeiro colgio apostlico. Ao separar-se deste voltou para a Comunidade Santssima. Jesus nunca est sozinho. D para voc imaginar quantas vezes nossa Senhora intercedeu pelo ministrio de Jesus? Inmeras, voc deve estar dizendo. lgico extrair da Sagrada Escritura a ilao de que nossa Senhora intercedeu, e muito, por Jesus Cristo e por sua misso. Ela era (e ) uma mulher de orao. Para ns no resta dvida de que ela foi a intercesso personificada do ministrio do seu divino Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Ele viveu em nossa terra sem se prevalecer de sua igualdade com Deus. Isso significa que viveu aqui como homem. Em tudo, menos no pecado. Experimentou nossos sofrimentos e sentiu nossas necessidades. Em resumo: se Ele viveu como homem, conforme est em Filipenses 2, 5-8, precisou de orao intercessria em seu ministrio. Foi com Ele que os Apstolos intensificaram esta prtica da orao de intercesso, haja vista que o Novo Testamento supera em muito as antigas tradies de Israel a este respeito. 2. APOLO Diz a Sagrada Escritura, a respeito de Apolo, o seguinte: Entrementes um judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqente e mui versado nas Escrituras, chegou a feso. Era instrudo no caminho do Senhor, falava com grande fervor de esprito e ensinava com preciso a respeito de Jesus, embora conhecesse somente o batismo de Joo. Comeou, pois, a falar na sinagoga com desassombro. Como Priscila e quila o ouvissem, levaram-no consigo e expuseram-lhe mais profundamente o caminho do Senhor. Como ele quisesse ir Acaia, os irmos animaram-no e escreveram aos discpulos que o recebessem bem. A sua presena (em Corinto) foi, pela graa de Deus, de muito proveito para os que haviam crido, pois com grande veemncia refutava publicamente os judeus, provando, pelas Escrituras, que Jesus era o Messias. (Atos 18, 24-28). Cremos no pairar dvidas de que Apolo, certamente, era dotado de muitos dos atributos que formavam o perfil de Jesus. Destacaremos, a partir do trecho acima, outras qualidades dele. Assim, temos que ele era eloqente, profundo conhecedor das Escrituras at ento escritas, instrudo no caminho do Senhor (a Escritura que ento estava sendo formada) homem de profunda f (falava com fervor de esprito) linguagem precisa, anunciava com destemor, acolhia a formao, no tinha orgulho espiritual (a prova disso que acolheu a formao dada por quila e Priscila) aceitava a autoridade dos discpulos (esperou ser enviado para a Acaia) autoridade na pregao. Um trao marcante no perfil de Apolo foi o seu senso de comunidade. Alm da f, a eloqncia e o conhecimento das Sagradas Escrituras. Ele no saiu pelo mundo a pregar o Evangelho por vontade prpria, mas, embora desejasse ardentemente ir para a Acaia e l exercer o seu ministrio, esperou que os discpulos o enviassem para aquele lugar, no quis ir por sua vontade apenas, mas aguardou o envio da comunidade e, uma vez enviado em misso para aquela Cidade, viveu em harmonia com os outros cristos. Ele no saiu atropelando as pessoas, mas soube colocarse humildemente a servio dos que precisavam da confirmao da f, foi submisso aos Apstolos alm de ser extremamente til para derrubar os argumentos contrrios f em Jesus Cristo. Embora cativasse a amizade e a preferncia de muitos, pela Sagrada Escritura no se denota nenhuma contraposio de sua parte a Pedro e Paulo. J naquela poca ele escrevia, com o seu exemplo de ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 10

-----------------vida, um mandamento eclesial que viria a lume centenas de anos aps, o qual transcreveremos a seguir: Sendo feito em unio com toda a comunidade eclesial, o anncio nunca um fato pessoal. O missionrio est presente e atuante em virtude de um mandato recebido, pelo que, mesmo se estiver sozinho, sempre viver unido, por meio de laos invisveis mas profundos, atividade evangelizadora de toda a Igreja. Os ouvintes, mais cedo ou mais tarde, entrevem, por detrs dele, a comunidade que o enviou e o apia (RMi 45) O fruto de todas essas qualidades foi: A sua presena (em Corinto) foi, pela graa de Deus, de muito proveito para os que haviam crido. Com as caractersticas que formavam o perfil de Apolo, Deus pde fazer dele um instrumento eficaz para o Reino. Apolo firmava a f dos neoconvertidos a Jesus Cristo. L em Corinto deveria existir outros pregadores depois de Paulo e antes de Apolo, dado a abundncia de dons que o Esprito Santo derramou sobre aquela comunidade, entretanto parece que no havia algum com o um perfil semelhante ao de Apolo. Deus, ento, providenciou para que ele fosse para l, a fim de colaborar na evangelizao da comunidade em suas dimenses querigmticas e catequticas. No h como negar a importncia do perfil de Apolo para o exerccio do seu ministrio. pena que no cabe aqui explorar sua personalidade convertida a nosso Senhor Jesus Cristo. 3. PAULO Paulo, como pregador do Evangelho, o Apstolo que mais deixou marcas na Bblia. Dois dos quatro evangelistas, Lucas (que tambm escreveu os Atos dos Apstolos) e Marcos, andaram com Paulo, comearam seu ministrio com ele. Portanto, o que conhecemos de Jesus e das primeiras comunidades devemos muito a So Paulo, pois quase metade do Novo Testamento composto das suas epstolas, alm da narrao da obra do Esprito Santo atravs dele, consignada no Livro dos Atos. O perfil de Paulo recheado de muitos dos traos do perfil de Jesus. Lendo Atos dos Apstolos e suas cartas vemos o quanto so abundantes. Eis alguns traos do seu perfil: profundo conhecedor das Escrituras, f inquebrantvel, linguagem precisa, anunciava com destemor, acolhia a formao, humilde, aceitava a autoridade dos discpulos, tinha autoridade na pregao, profundo senso de comunidade, excepcional sensibilidade s moes, inspiraes e revelaes do Esprito Santo, dotado de dons carismticos acima dos cristos de sua poca (e talvez de todos os tempos) acolheu o dom da fortaleza como poucos. Pelo que se tem notcia na histria crist, dentre os que no conviveram com Jesus em seu ministrio na Terra Santa, foi inigualvel em intimidade com Jesus Ressuscitado. Experincia de salvao em meio a uma das teofanias mais marcantes dentre todas que esto narradas na Bblia. Solicitamos aos irmos que antes de prosseguirem na leitura, meditem em cada trao do perfil de Paulo, o pregador servo de Jesus. No momento nos parece desnecessrio comentar os atributos do perfil de Paulo. Destarte elegemos para reflexo o trao mais marcante do seu perfil, que sua experincia de salvao pessoal, por entender que dela advieram todos os demais, uma vez que a partir daquele dia no caminho de Damasco ele entregou-se incondicionalmente a Jesus e ao Esprito Santo. Jesus apareceu depois de ressurrecto a mais de quinhentas pessoas (cf. I Cor 15, 3-10). Paulo no estava no meio delas (cf. I Cor 15, 8, combinada com At 9, 1-7). Mas Jesus queria Paulo, por isso o pescou no caminho de Damasco. Sobre esta pesca milagrosa tenho me indagado: Jesus apresentou-se a Paulo teofanicamente devido a amplitude da misso que lhe era reservada, ou foi ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 11

-----------------porque na pessoa do ento Saulo existiam as condies suficientes para uma teofania daquela natureza? Ou, ainda, seria por por esses dois motivos juntos? Com a palavra os telogos e msticos escolhidos por nosso Senhor Jesus Cristo. parte os questionamentos, no necessrio ser graduado em teologia para perceber que esta experincia de salvao, nos moldes em que foi feita, com interveno direta de Jesus, atingindo dois sentidos naturais do ser humano, viso e audio, acompanhada pelos sinais do Esprito Santo que se seguiram por meio do profeta Ananias, marcaram profundamente a misso do pregador Paulo e de todo o cristianismo (cf. At 26,12-18). Arriscamos inclusive a dizer que dessa experincia de salvao dependeu o anncio eficaz da Boa Nova at os confins da Terra, como havia ordenado e predito o Senhor. Paulo, por no conviver com Jesus enquanto este vivia entre os seus em sua vida terrena, estava com grande dificuldade de assimilar o anncio do Evangelho feito pelos Apstolos. Jesus, no caminho de Damasco, resolve este problema. Deste fato nos fica a lio de que o Mestre, aquele que ensina, converte e envia, resolve todos os problemas do nosso ministrio, inclusive - e principalmente - o srio problema da falta de experincia de salvao pessoal que assola a muitos de ns nos tempos atuais. por sua experincia com Cristo que Paulo pode dizer: Eu vivo, mas j no sou eu, Cristo que vive em mim (Gl 2,20a). Para finalizar esta reflexo sobre o perfil de Paulo, ofertamos mais um dado da Revelao para o nosso enriquecimento espiritual: A minha palavra e a minha pregao longe estavam da eloquncia persuasiva da sabedoria; eram antes uma demonstrao do Esprito e do poder Divino, para que a vossa f no se baseasse na sabedoria, mas no poder de Deus (I Cor 2,4-5). So Paulo, corajosa e ousadamente, como s acontece com o pregador cheio do Esprito Santo, declarava que sua pregao era, antes de tudo, uma demonstrao da fora do Esprito Santo, que o poder de convencimento no vinha simplesmente da eloquncia, mas da dependncia do Esprito de Cristo. Como Jesus, Paulo dependia do Esprito Santo para levar a Boa Nova. Nisso tambm seguia os passos do Mestre.

D - CARACTERSTICAS DO PERFIL DO PREGADOR importante que o viajor conhea o caminho que deve percorrer. Ningum cumprir sua misso sem chegar ao seu destino. Quanto melhor se conhecer o itinerrio a ser percorrido, melhor se poder transp-lo com rapidez e segurana. Com o objetivo de conhecer o caminho que o pregador deve desbravar em si mesmo, e com a conscincia de que ele deve colaborar com o Esprito Santo na formao do seu perfil, enumeramos os traos que este perfil deve conter, tendo como modelos Jesus, Paulo e Apolo. Se o pregador conseguir pelo menos vislumbrar a vontade de Jesus no conjunto dos traos que devem formar seu perfil, ele aderir mais prontamente vontade de Deus para a definio do seu carter de evangelizador. Sem a pretenso de exaurir os traos, enumeramos os que seguem: O pregador : Pessoa de orao, batizado no Esprito Santo (aceita este batismo - cf. At 9,17); conduzido pelo Esprito Santo (cf. At 16, 6-10) paciente e perseverante diante das perseguies (cf. At 5, 41), pessoa de f, testemunha da ressurreio de Jesus, chamado por Deus, membro do corpo mstico de Cristo (Ama a Igreja com fidelidade e obedincia, enquanto instituio sagrada e na pessoa dos ministros ordenados; tambm nas dimenses ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 12

-----------------doutrinrias e sacramental), inserido na realidade do seu povo, responsvel, ntimo de Deus, pessoa das Bem-aventuranas, humilde. O pregador tem: Experincia de salvao pessoal, a Viso do Plano de Deus (Ef 3,17-19; Gl 1, 1616), zelo pelo Evangelho. O pregador leva as Pessoas a Jesus, busca o Dom da F, ama e Perdoa as traies e perseguies dos irmos, aceita e pratica os dons carismticos, prega com poder do Esprito Santo, vive o que Prega, fala a verdade, busca a formao. Dentre eles comentaremos alguns nos subitens que seguem. 1. O PREGADOR INSERIDO NA REALIDADE DO SEU POVO O pregador no se aliena da realidade que o cerca. Ele o profeta que anuncia a Boa Notcia do Reino do Pai, mas tambm chamado a denunciar as ms notcias que afligem os filhos de Deus. Ele sabe viver engajado no meio social que o cerca. Com sabedoria e equilbrio pauta seu viver pela Palavra de Deus, testemunhando Jesus Cristo em todos os lugares. No Documento de Puebla (do nmero 35 ao 50) os bispos fizeram uma radiografia da Amrica Latina. Mostraram uma triste terra de empobrecidos, de diferenas sociais que esto beira de uma catstrofe, onde os problemas sociais a cada dia se agravam mais e nada - ou quase nada temos feito para minimizar o estado crtico dos filhos de Deus que habitam o nosso Brasil. Enquanto isso grassa em nossa terra o desemprego, o subemprego, a prostituio, a corrupo, a inexistncia de condies dignas para a sobrevivncia, a falta de esperana. O pregador brasileiro est inserido na sofrida realidade latino-americana. Ele dirige sua pregao a este povo oprimido e explorado. Por isso que no pode estar indiferente e alienado do seu meio social; no pode exercer sua misso sem que tenha senso crtico desta realidade. Deve fazer uma anlise correta, luz do Evangelho, dos problemas que assolam esta Terra de Santa Cruz. Urge que tenha conscincia de sua misso de profeta que no se deixa manipular por srdidos interesses. um trao marcante o fato do pregador no ser uma pessoa separada do mundo. Ele algum que vive no mundo, contudo no se deixa levar pelas coisas do mundo. Ele se serve do mundo e no se deixa dominar por ele. Em todo o momento reflete sobre a autntica vontade de Deus, revelada na Sagrada Escritura, conforme a Doutrina da Igreja. Quando Jesus nos falou que somos o sal deste mundo (Mt 5,13), fez uma clara aluso ao fato de no termos nem sal de menos, nem sal demais. O sal serve para dar sabor aos alimentos e para conserv-los. Quando uma comida est sem sal, todos reclamam de sua falta. Quando o sal passa no tempero de um alimento, a reclamao geral, todos notam que o sal em demasia incomoda e torna difcil a ingesto dos alimentos. Assim tambm acontece com o pregador. No pode ter sal de menos, isto , ser um indivduo sem f, sem sabor, que deixa o ambiente ao seu redor se deteriorar. Nem tampouco o pregador pode ter o sal sobrando, que incomoda os que esto em volta, gerando antipatia pelas coisas de Deus. O equilbrio do pregador o impede de usar exageros emocionais para atrair as pessoas para Deus, pois sabe que quem faz a obra nos coraes dos homens o Esprito Santo e no ele. 2. RESPONSVEL Outro trao do perfil do pregador sua fidelidade aos compromissos assumidos. triste para uma comunidade ficar esperando um pregador e este, por motivos pessoais e sem avisar com antecedncia, deixar o povo esperando. ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 13

-----------------O pregador precisa ser uma pessoal responsvel. Sempre que puder deve se preparar com antecedncia para no ter que recorrer a improvisaes (conf. Exortao Apostlica Catechese Tradendae 17). O pregador assume a responsabilidade com sua formao permanente, bem como com a preparao das pregaes que faz. Uma e outra ajudam a sua capacitao para se dirigir aos irmosouvintes. Ambas devem ser feitas antecipadamente, por meio da orao pessoal, estudo, penitncias, participao nos sacramentos, jejum. Como o atleta que a si mesmo impe um duro treinamento, com muitos sacrifcios, para obter uma coroa terrena, de glria temporria (cf. II Tim 2,1-8 e I Cor 9,2427), o pregador deve preparar-se para alcanar uma coroa incorruptvel, eterna. 3. O PREGADOR PACIENTE E PERSEVERANTE Neste sentido o apstolo So Paulo descreve qual o verdadeiro distintivo daqueles que servem a Deus, isto , o sinal que separa os apstolos daqueles que seguem as coisas do mundo. Leiamos: Os sinais distintivos do verdadeiro apstolo se realizaram em vosso meio atravs de uma pacincia a toda prova, de sinais, prodgios e milagres (II Cor 12,12). A pacincia toda prova (cf. Eclo 2, 1ss) o primeiro sinal do verdadeiro apstolo. Antes mesmo dos outros sinais, ou seja, os prodgios e milagres, a pacincia pode aparecer como o primeiro sinal confirmatrio do ministrio do pregador, isto , de que Deus o constituiu para semente do Reino. Estamos num mundo em que poucos tem aprendido a arte de esperar. O mundo tem pressa. A cada dia mais pressa. Estamos na era do imediatismo. O homem moderno exige respostas prontas, resultados rpidos, os quais, devido pressa, podem no levar a nada. preciso perseverar no servio de Deus com pacincia, sabendo esperar o momento exato da hora de Deus. uma arte. um dom do Esprito Santo. H algum tempo atrs, ao chegar no local de um encontro durante o momento de animao musical, verifiquei que as pessoas estavam com o semblante fechado, pois o coordenador do evento, apressado com o tempo, no havia feito uma boa orao inicial. Fiquei em silncio esperando o que o Senhor queria com aquilo. Aquele irmo chamou-me para iniciar a pregao, afobado como estava por causa dos atrasos e contratempos ocorridos. O som no estava regulado, o ambiente estava tenso. Sabendo que no se deve queimar etapas com as coisas de Deus, que no se deve render s pressas para fazer as coisas do Senhor, a fim de no faz-las de qualquer jeito, no consegui comear a palestra. Pacincia!! Era a ordem do Senhor que clamava dentro de mim. Ele no queria que eu me inquietasse com aquela situao. O Esprito Santo nos inspirou para que levssemos o povo orao com muita calma, mesmo que perdssemos um tempo da pregao. O momento da colocao em si ficou menor, mas o resultado foi maravilhoso, os ouvintes foram levados a um profundo arrependimento, a uma necessidade enorme de se voltarem para Deus. No final o coordenador reclamou que, na sua tica, todos queriam escutar o pregador. Respondi-lhe: melhor que escutem a Deus, Ele tem muitas formas para se comunicar com o homem! (Roberto A. Tannus). O caf solvel uma soluo simples e rpida para quem est com pressa de tom-lo, mas no o mais saboroso. O caf que uma amiga minha preparava era de fato diferente. Ela possua no seu quintal alguns ps de caf, nos quais ela sempre ia para colher seus frutos. Depois ela torrava os gros no fogo lenha e os moa, deixando o p bem fininho. Ento pegava aquele p e, cuidadosamente, coava com gua fervendo num bule de metal, num coador de pano feito por ela. O cheiro gostoso recendia pela casa toda. Era um caf diferente, mais trabalhoso, mas que tinha um sabor todo especial, como era bom! (Roberto A. Tannus) Assim tambm com as coisas de Deus. Quando perseveramos com pacincia, esperando as demoras dEle, sem nos irritarmos com os contratempos e dissabores. Quando continuamos nos ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 14

-----------------esforando, no h dvida de que O veremos agir, mesmo que nos parea estar Ele demorando. Assim os frutos sero melhores. O importante, portanto, perseverar pacientemente. Fiquei profundamente impressionado com a orao de um bispo, um santo sacerdote, seu nome Dom Jos Chaves, da Diocese de Uruau, Estado de Gois. J na altura dos muitos anos de vida consagrada, ouvimo-lo pedir ao Senhor: D-me a graa, Senhor, de perseverar no teu caminho por toda a minha vida. Ele, um servo renomado da Igreja, que j havia, desde a sua infncia, seguido os passos do Mestre, orava com fervor para sua perseverana! Pensei comigo mesmo que ainda no havia rezado por mim nesta inteno. Vi o quanto importante perseverar. Olhei a silhueta daquele homem, de parcos cabelos esbranquiados sobre sua cabea, que havia gasto sua vida pelo Evangelho, mas que ali estava, humildemente, implorando a Deus por sua perseverana. Como importante perseverar! (Roberto A. Tannus). Este o segredo do servo paciente: seguir em frente, perseguir o alvo com foras sempre renovadas (cf. Is 40, 31). Quando Jesus nos convidou para a misso, Ele no disse que teramos uma vida folgada, tranqila. Ao contrrio, veja o que Ele diz: Referi-vos estas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflies. Coragem! Eu venci o mundo (Jo 16,33). Diante de todos os problemas que vierem sobre ns, diante de toda incompreenso que tivermos para levar a palavra da verdade, lembremo-nos das palavras do Senhor Jesus: Sereis odiados de todos por causa de meu nome; mas aquele que perseverar at o fim ser salvo (Mt 10,22). Se queremos pregar a Palavra do Senhor como servos autnticos temos que perseverar, mas com pacincia. 4. O PREGADOR NTIMO DE DEUS O pregador senta-se aos ps do Mestre. S Jesus possui as palavras certas para dizer aos outros discpulos que ouviro o pregador. Biblicamente falando, intimidade significa conhecer profundamente. A palavra conhecer largamente empregada pela Palavra de Deus com a conotao de conhecimento profundo (cf. Gn 4,1 e Mt 1, 25). A intimidade entre Deus e o pregador acontece quando este se aproxima de Jesus em orao. Essa intimidade agradvel a Deus (cf. Heb 11, 6). O Papa Paulo VI dizia claramente que quando conhecemos de fato, amamos, pois impossvel algum que, ao ser evangelizado, no evangelize. (Evangelii Nuntiandi 71). Realmente impossvel amar algum de verdade sem conhec-lo. Assim tambm com Deus. Precisamos conhec-lo, sermos dEle, para assumirmos como nossos os seus planos de amor. Uma passagem ilustra bem a necessidade de sermos ntimos de Deus, que aquela em que Samuel, ainda menino, foi at Eli achando que era ele que o chamava (I Samuel 3,1-10), quando, na verdade, era o prprio Deus quem lhe falava. Por trs vezes Deus chamou Samuel, o qual, confundindo a voz de Deus com a do velho sacerdote, foi at ele e lhe perguntou o que queria. Por trs vezes no reconheceu a voz de Deus que o chamava, no sabia ainda escutar a voz do Senhor. Na terceira vez que Deus o chamou, Eli percebeu que era o Senhor quem queria falar com o menino. notrio que precisamos conhecer o Senhor, se queremos servi-lo segundo a sua vontade. O que me deixou intrigado nesta passagem que Samuel servia a Deus (I Sam 3,1), sem que o conhecesse de fato (I Sam 3,7). Ele at dormia junto da Arca da Aliana, aquela que Moiss usava para consultar o Senhor. Estava to perto da Arca, mas no sabia ainda se comunicar com Deus, ou melhor, no sabia escut-lo. Samuel servia no templo, estava a servio de Deus, mas no O ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 15

-----------------ouvia. SERVIA, MAS NO CONHECIA. Corremos o mesmo risco, ou seja, de servir a Deus sem conhecer a Sua vontade , sem ouvi-lo. Muitos de ns nos lanamos na misso, mas no encontramos tempo para escutar o Senhor na orao pessoal. Servimos ao Senhor, mas no O conhecemos intimamente e nem O consultamos para saber de Sua vontade. FALTA-NOS INTIMIDADE COM ELE. Imagine se uma pessoa fosse at a sua casa para ajud-lo a dar uma faxina e comeasse, sem lhe perguntar, a guardar as coisas nos lugares em que ela bem entendesse colocar, sem consultlo para saber onde voc costuma guard-las. Voc diria bem depressa: Deixe que eu fao do meu jeito! Assim tambm acontece conosco em relao ao Senhor. Somente faremos do Seu jeito se O escutarmos. Orao exatamente isto: Orao no s saber o que Deus quer, mas fazer o que Ele quer (Christifideles Laici 58). Para termos fora de fazer a vontade de Deus como pregadores precisamos ter uma vida de orao, necessitamos ter um tempo aos ps do Mestre, urge que saibamos o que Ele quer de ns. A Igreja reservou a Quarta Seo do Novo Catecismo para a nossa intimidade com Deus. a parte da orao. o Esprito Santo nos convocando pela palavra da Igreja para sermos ntimos do nosso Deus. 5. O PREGADOR PESSOA DE F A f do pregador madura. Ao menos precisa ser. Essa espcie de f leva adeso incondicional ao plano de Deus. A f imatura semelhante da ovelha. Uma das principais caractersticas deste animal que ela no sabe discernir entre a erva boa e a erva m. Ela vai pastando e comendo o que acha de verde na frente. Come toda a erva, mesmo a venenosa. Por isso necessrio que o pastor v frente e retire as ervas ruins para que a ovelha no as coma e, assim, no morra intoxicada. O mesmo acontece com o pregador da Palavra de Deus. As ovelhas so aqueles que escutam a palavra. Muitas vezes o pblico para o qual nos dirigimos no sabe discernir entre a s Doutrina dos Apstolos e a doutrina venenosa que vem de fora da Igreja. O pregador no pode passar dvidas para aqueles que o escutam, no pode semear ervas venenosas no corao daqueles cuja f ainda no os capacita a discernir entre a Verdade e a mentira. inconcebvel que se coloque para pregar aquelas pessoas que tm restries a dogmas da Igreja, pregadores que no aceitam totalmente a Doutrina Apostlica, homens e mulheres que tm resistncia em obedecer hierarquia da Igreja. As ovelhas que escutam um pregador que tem restries a Maria, por exemplo, logo, imperceptivelmente, absorvero o veneno da rejeio a nossa Me. Um pregador de tendncias cismticas ou herticas poder contaminar aqueles que o escutam. Ao lanar nossos olhos sobre o Novo Testamento descobrimos que a f da Igreja primitiva baseava-se na Doutrina dos Apstolos (cf. Atos 2,42). Os primeiros cristos no seguiam doutrinas feitas pelas mos dos homens, doutrinas inventadas por alguns iluminados (cf. II Tim 4,1-4). Os primeiros cristos aprendiam a Doutrina dos Apstolos e perseveravam nela. Mais do que isso, transmitiam-na aos neoconvertidos, passavam para frente os ensinamentos daqueles que andaram com Jesus, ensinamentos estes que a Igreja Catlica guardou ao longo dos anos, combatendo atravs de seus telogos e santos, em Conclios e Snodos, todas as heresias que tentavam desvirtuar os ensinamentos recebidos dos Apstolos. O Papa Paulo VI no Documento Evangelii Nuntiandi (nmero 15) afirmou categoricamente que a pregao da Doutrina no vem do que o indivduo pensa, ela est fundada em ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 16

-----------------bases slidas que so os ensinamentos dos Apstolos. No podemos pregar o que achamos, no se pode pregar sem que se saiba primeiro o que Deus j revelou, sob o discernimento e a Doutrina da Igreja. O pregador algum cuja maturidade de f repousa na Doutrina Apostlica, recebida pela Igreja e conservada por ela com muito zelo e amor, ao longo de dois milnios, nos quais um grande nmero de testemunhas assinaram seus depoimentos com o prprio sangue (cf. CIC 38, 108, 250, 286, 890 e 1550). 6. O PREGADOR HUMILDE A palavra humilde vem do radical latino humus, que nomeia a parte frtil do solo. no hmus que a semente d bons frutos. Fazendo uma transposio de significado, podemos dizer que o pregador humilde aquele cujo corao hmus para acolhimento da semente do Reino, que a Palavra de Deus. Conhece-se a qualidade do corao do pregador, se ele tem hmus ou se tem pedregulhos, pelos frutos de humildade que produz. Para citar somente alguns, diremos que estes frutos so a paz, a mansido, o perdo, a renncia a si mesmo, a aceitao da prpria cruz O pregador humilde no ciumento. Ele sabe que nada lhe pertence neste mundo. dotado de conscincia de que um mero administrador dos bens que Deus lhe concedeu, sejam bens materiais, imateriais ou espirituais. Por isso desapegado das coisas seculares. Faz dos bens materiais meios para alcanar os celestiais. Neste aspecto do perfil do pregador fica evidenciado que ele no busca os prprios interesses (cf. Catechesi Tradendae 6 e Evangelii Nuntiandi 32), nem tampouco ciumento como Caim (cf. Gn 4,1ss), mas tem humildade genuna, ele ciente que toda glria, todo elogio, todo aplauso para o Senhor. Um episdio na vida de Santo Vicente de Paulo demonstrou que ele possua essa humildade genuna. Um dia ele se dirigiu a um bar para pedir ajuda para suas dezenas de crianas, rfos de guerra, que estavam passando fome. Ao estender a sua mo para pedir, recebeu nela, da parte de um dos que ali estavam, uma cusparada. Sem perder a calma ele tirou um leno, recolheu aquilo com cuidado, guardando em seguida em seu bolso. Depois se dirigiu a todos novamente: Isso para mim, obrigado! Mas o que vocs podem dar para minhas crianas que passam fome? - O resultado que todos, profundamente tocados, contriburam generosamente. Caim matou antecipadamente a Abel no seu corao a partir do momento em que no se alegrou pela realidade de que Deus havia abenoado o seu irmo mais que a ele. Pelo contrrio, Caim ficou irritado, pois queria as atenes voltadas apenas para si, no se importando que se seu irmo estava sendo agraciado por Deus, ele, de certa forma, seria tambm beneficiado pela presena de Deus no seu irmo Abel. Caim no possua a humildade genuna de se alegrar com o favorecimento da parte de Deus para com o seu irmo. O pregador corre o mesmo risco de Caim. a tentao de, ao invs de mostrar a Jesus em sua pregao, chamar todos os mritos para sua pessoa. O pregador tem que estar ciente de que uma seta apontada para o Senhor, como o marinheiro de sentinela que, ao avistar a terra, grita do alto do mastro: Terra a vista!. claro que, diante da palavra do marinheiro, todos os olhos se voltaro para o lugar em que ele aponta. Ningum ficar com os olhos voltados para o marinheiro-sentinela, mas para o que ele anuncia. O pregador aponta para Jesus. Certa feita um pregador comeou a reclamar a Deus pois a sala em que ele sempre ia pregar, naquele seminrio, ficava quase vazia, ao passo que a do pregador do lado, bastante ungido, permanecia repleta. O Senhor respondeu s suas lamrias ciumentas, prpria de quem necessita de humildade: Agradea a Mim, pois ele est do nosso lado!. Precisamos estar sempre prontos a ter a ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 17

-----------------face do verdadeiro servo que reconhece o irmo, sermos desapegados de orgulho, sabermos respeitar o irmo, apoi-lo em sua caminhada e sermos agradecidos a Deus pelo dom a ele concedido. Quando Jesus convidou o Jovem rico (Mc 10, 17ss) para segui-lo, exigiu dele que deixasse de lado os seus bens materiais. A exigncia foi muito para ele. Sua resposta foi virar as costas para Jesus e retirar-se abatido. Seu corao no era humilde. Nele a Palavra de Jesus no dava frutos. No caminho da evangelizao Jesus deseja substituir nossos antigos valores. Ao corao humilde Ele liberta da busca desenfreada de glrias do mundo, com seus prazeres e sedues. Um dia So Pedro interpelou a Jesus sobre quais seriam as recompensas daqueles que deixam tudo para segui-lo. Pedro, que havia deixado a profisso de pescador de peixes para ser pescador de homens, queria saber o que o aguardava como galardo. Jesus lhe deu uma promessa que, de incio, deve ter deixado Pedro eufrico, pois a promessa de que receberia, j neste mundo, cem vezes mais. Porm, antes do fim da resposta deve ter recebido uma surpresa. Vejamo-la: Em verdade, em verdade vos digo, ningum h que tenha deixado casa, ou irmos, ou irms, ou pai, ou me, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que no receba, j neste sculo, cem vezes mais casas, irmos, irms, mes, filhos e terras com perseguies e no sculo vindouro a vida eterna (Mc 10, 29-30). Quem entrou para o ministrio de pregao achando que vai ter uma vida tranqila e sossegada est muito enganado! Quem agraciado com este ministrio sabe que ter que renunciar a muita coisa para seguir o Mestre, que ter de crucificar o seu homem velho para assemelhar-se a Jesus. Ter de renunciar e, de alguma maneira, estar pregado cruz de Cristo. Quem quer pregar a palavra, precisa estar primeiro pregado cruz de Cristo, como o Esprito Santo nos pede pelo ministrio de Paulo: Na realidade, pela f eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado cruz de Cristo. Eu vivo, mas no sou eu, Cristo que vive em mim (Gl 2,19-20). Por vezes sem conta, ainda hoje, os pregadores devem perdoar calnias, injrias, difamaes, injustias de toda ordem contra sua pessoa ou contra seus entes queridos. Esse perdo ser possvel se o pregador receber do Esprito Santo o dom da humildade, o dom de ter um corao cheio de hmus para acolher a Palavra de Jesus. 7. O PREGADOR FALA A VERDADE A face do pregador marcada pelo amor verdade. A mentira no pode ter vez em nossa vida. Jesus falou de um modo a no deixar dvidas de que Satans o pai da mentira. Portanto, todo aquele que se deixa levar pelo caminho da falsidade comea a fazer a vontade daquele que seduziu e enganou nossos primeiros pais. Nossa pregao tem que ser autntica, de nossa palavra deve fluir a verdade com testemunhos que refletem a realidade que vivemos. No podemos ter apenas a fachada de cristos. O pregador precisa ter pureza de inteno, precisa viver dentro de si a grande verdade que servir a Deus de todo o corao. O mundo anseia por verdade. Ele deseja Verdade ardentemente. No sabe reconhec-la, mas anela por encontr-la. A verdade toca profundamente. Quando Jesus declarou a Pilatos que Ele veio dar testemunho da Verdade e que todo aquele que da Verdade ouve a sua voz, Pilatos perturbou-se. Perdeu a segurana que o Imprio Romano lhe dava e perguntou a Jesus, e a si mesmo, certamente muito intrigado: Que a Verdade? ... At hoje o grito da alma aflita de Pilatos ecoa ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 18

-----------------pelo mundo em busca da Verdade. Daquela hora em diante aumentou naquele juiz romano a vontade de libertar a Verdade. Quem encontra a Verdade ganha a prpria vida. Somos chamados a pr a Verdade nos coraes de quantos nos ouvem. O pregador s tem um Caminho que a Verdade, sabe que no pode ter a Vida por outro meio que no seja Jesus (cf. Jo 14, 6). Por experimentar a Verdade ele sabe que s ela libertar seus irmos-ouvintes (Jo 8, 32). Dentro desta verdade o pregador algum alegre (cf Eclo 30,22ss ; I Tess 5,16 ; Nem 8,9-10 ; Fil 4,4), no possui a tristeza do jovem rico, pois est sempre sorrindo no caminho das pegadas de Jesus. No entanto, para que a Verdade chegue aos irmos, necessrio que o pregador fale a verdade, mesmo que para isto ele tenha que pesquisar muito, assim como So Lucas investigou a verdade que anunciou a Tefilo. 8. O PREGADOR O HOMEM DAS BEM-AVENTURANAS Um dos trechos da Sagrada Escritura que possui grande parte da doutrina de Jesus o Sermo da Montanha. Neste trecho do Evangelho de S. Mateus, captulo 5, encontramos traos bem delineados que precisam estar marcados no rosto e na vida do pregador; falando de outro modo, em seu perfil. a) Corao de pobre Deus a nica riqueza do pregador. No se troca Deus por nada. O pregador que tem o corao pobre sempre quer aprender, gosta de escutar outros pregadores, no est cheio de si, mas continuamente est disposto a ouvir. b) Aquele que chora Em Jesus o pregador busca consolar o seu povo. Muitas vezes quando Jesus viu a multido sedenta para ouvir a Palavra de Deus, ficou tomado de compaixo. O pregador aquele que fala movido pela compaixo do povo que sofre, que chora junto com o povo, que no fica alheio ao seu sofrimento e suas angstias, a voz do Senhor a amparar, apoiar, exortar e consolar. c) manso Como bom conduzir um cavalo manso, que aceita o comando das rdeas! Como bom acariciar um cachorro manso, que faz companhia, que alegra uma casa! O pregador manso, no agride, sabe ser carinhoso, dcil sem perder a autoridade e a compostura diante do erro. No quebra o canio rachado, nem a mecha que ainda fumega (cf. Isa 42, 3). d) justo So Jos foi chamado de homem justo. Justa uma luva que veste uma mo, sendo-lhe til para manusear as coisas. So Jos foi chamado justo porque superou a lei, podia agir de acordo com a Lei, se quisesse. Se tivesse assim agido teria deixado Santa Maria em m situao. Ser justo no querer o mal para o irmo, amando-o para alm da lei. Nossa terra precisa de justia, onde o direito seja respeitado e a opresso ao pobre seja combatida com todas as nossas foras. ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 19

-----------------O justo da Bblia supera a lei. Esta somente regula o mnimo tico para o amortecimento dos conflitos sociais. Ela muito pouco para o pregador. e) misericordioso Usar de misericrdia imitar o corao de Jesus. saber perdoar como Jesus (cf. Jo 8, 111), no ficar medindo as pessoas (cf. Lc 6, 35ss). Ter misericrdia ter atitudes de ajuda ao irmo que sofre, sair de si, gastar tempo com o irmo, ser como o samaritano que acudiu o seu prximo cado no caminho (cf. Lc 10, 25-37). O termo misericrdia vem de uma combinao de dois radicais latinos: miseria e cor. Misria significa desgraa, infelicidade; por extenso, sofrimento. Cor corao. Misericrdia ter no prprio corao o sofrimento do irmo; sentir com as cordas do corao a dor dos filhos de Deus. f) Tem o corao puro Ter o corao puro ter o desejo de servir a Deus com retido de intenes, no ter malcia, no deixar os maus pensamentos e desejos serem alimentados no nosso interior, no pregar com segundas intenes. g) pacfico Ser pacfico no significa ser fraco. Pacfico aquele que forte, mas sabe dosar sua fora. Ser pacfico transformar as situaes de briga, de guerra, de ressentimentos, de desamor, em ambiente de harmonia, perdo e amor. O perfil do pregador reflete a Paz de Jesus. O pregador leva em si a paz aos conflitos que grassam no corao dos homens. h) Caluniado e perseguido por causa de Jesus Aceita com resignao ser caluniado por amor a Jesus. No revida, espera com pacincia que a verdade venha tona. No se defende. O Senhor sua defesa. Faz das injustias sofridas adubo para enriquecer a sua humildade. Este trao do perfil fruto que o Esprito Santo faz amadurecer no corao do pregador humilde. Assim ele aceita as crticas, reconhece os erros e nunca revida aos ataques que sofre, mesmo quando est com a razo. Tudo leva para Jesus. 9. O PREGADOR USA OS CARISMAS Com efeito, aquele que Deus enviou fala a linguagem de Deus, porque ele concede o Esprito sem medidas. (Jo 3,34). O mensageiro de Deus fala a linguagem dAquele que o envia. Nosso Pai o nico Ser realmente rico em todo universo. Tudo lhe pertence, at nossa salvao. Sua maior riqueza Ele j nos deu: junto com a salvao, pelos mritos da paixo, morte e ressurreio de Jesus, deu-nos um Parclito, Algum para estar sempre ao nosso lado, o Esprito Santo. Deu-o sem medidas, em profuso. Jesus rogou ao Pai e Ele tem derramado sobre ns o Seu Esprito. Os pregadores precisam ser vasos limpos e desobstrudos para serem repletos do Poder que Deus nos manda do Alto. Somente se enche vaso que est vazio. necessrio que nos esvaziemos do pecado, dos apegos s coisas do mundo, de ns mesmos, de nossas auto-suficincias, mas principalmente do medo de sermos usados pelo Esprito Santo com os carismas. ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 20

-----------------O grande kairos (kairs) do nosso tempo tem sido o derramamento do Esprito sobre toda a criatura, j anteriormente predito pelo profeta Joel (Joel 3,1ss). O Esprito tem multiplicado o nmero dos fiis agraciados com seus carismas para manifestar a presena de Jesus ressuscitado por meio de curas prodigiosas e milagres. Esse derramamento das graas dos carismas sobre a Igreja Catlica sempre existiu ao longos dos seus quase dois mil anos de existncia, mas, neste sculo, tem acontecido com mais evidncia, como no incio, a partir do Pentecostes Apostlico. Hoje se cumpre a seguinte promessa de Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: aquele que cr em mim far as mesmas obras que fao, e far ainda maiores do que estas; porque vou para junto do Pai (Jo 14,12). No podemos ser pregadores que tem medo dos carismas, eles completam a pregao. Os carismas foram necessrios no tempo dos Apstolos, pois havia muitas barreiras para se transpor, como a ignorncia, a dureza dos coraes dos escribas e fariseus, a idolatria dos pagos, a indiferena dos gregos, e o atesmo dos romanos e at o medo dos discpulos. Ser que nos dias de hoje esta situao tem sido diferente? claro que no! Basta que olhemos em volta de ns, e constataremos que estamos mergulhados num mar de capitalismo ateu, numa sociedade atolada nos anti-valores, numa mentalidade consumista, numa viso de Deus deturpada. Mais do que nunca os carismas so necessrios para mostrar ao mundo corrompido pelo pecado que Jesus Cristo Vive e o Senhor! Para que a pregao dos Apstolos surtisse efeito o Senhor colaborava com eles com os milagres que a acompanhavam, eis o testemunho da Sagrada Escritura: Os discpulos partiram e pregaram por toda a parte. O Senhor cooperava com eles e confirmava a sua palavra com os milagres que a acompanhavam (Mc 16,20). No tempo presente Jesus quer cooperar conosco, com nossa pregao, com os sinais de sua presena em nosso meio, por meio de curas, prodgios e milagres. No podemos ficar intimidados diante de nada! Ao surgirem os primeiros obstculos pregao dos apstolos, quando foram ameaados pelos escribas, fariseus e sacerdotes do templo, ao invs de se calarem, oraram pedindo a Deus mais Poder, mais batismo do Esprito Santo, a fim de que vencecem os obstculos que se colocavam entre eles e sua misso, inclusive o medo. Deus no se fez esperar, prontamente atendeu a splica dos primeiros pregadores, conforme lemos no texto abaixo: Agora, pois, Senhor, olhai para as suas ameaas e concedei aos vossos servos que com todo desassombro anunciem a vossa palavra. Estendei a mo para que se realizem curas, milagres e prodgios pelo nome de Jesus, vosso santo servo! Mal acabavam de rezar, tremeu o lugar onde estavam reunidos. E todos ficaram cheios do Esprito Santo e anunciavam com intrepidez a Palavra de Deus. (At 4,29-31). Precisamos pedir o Esprito Santo como os Apstolos. Eles tinham certeza que Jesus queria que anunciassem o Evangelho. Estavam convencidos de que sem o Poder Divino no poderiam cumprir sua misso. Se pedirmos como eles, com abertura de corao, com certeza os carismas faro parte do nosso ministrio, pois tambm hoje necessrio que preguemos a Palavra com intrepidez, com os carismas, com a fora do Esprito Santo. O prprio Jesus usou os carismas para evangelizar. Nossa Igreja reconhece isto no Novo Catecismo. Vejam que comovente ensinamento nossos pastores nos do, no nmero 1.503 do CIC: A compaixo de Cristo para com os doentes e suas numerosas curas de enfermos de todo o tipo so um sinal evidente de que Deus visitou o seu povo (Lc 7,16) e que o Reino de Deus est bem prximo. Jesus no s tem poder de curar, mas de perdoar os pecados. Ele veio curar o homem inteiro, alma e corpo; mdico de que necessitam os enfermos. ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 21

-----------------Tambm afirma o Novo Catecismo que Deus usa certas pessoas com carismas especiais, como o da cura: O Esprito Santo d a algumas pessoas um carisma especial de cura, para manifestar a fora da graa do Ressuscitado. (CIC 508) Os carismas especiais so concedidos por Deus para mostrar a fora de Jesus ressuscitado. O Novo Catecismo ainda afirma serem os carismas um favor especial de Deus, como favor imerecido, dom gratuito que parte do corao de Deus misericordioso: Os carismas so graas especiais, significam dom gratuito, favor, benefcio. Seja qual for o seu carter, s vezes extraordinrio, como o dom dos milagres ou das lnguas, os carismas se ordenam graa santificante. Acham-se a servio da caridade, que edifica a Igreja. (CIC 2.003). A Encclica Redemptoris Missio mostra que os gestos que caracterizaram a misso de Jesus Cristo eram perdoar e curar. Vejamos: A libertao e a salvao, oferecidas pelo Reino de Deus, atingem a pessoa humana tanto em suas dimenses fsicas como espirituais. Dois gestos caracterizam a misso de Jesus: curar e perdoar. As mltiplas curas provam sua grande compaixo diante das misrias humanas; mas significam, tambm, que, no Reino de Deus, ho haver doenas nem sofrimentos, e que sua misso, desde o incio, visa libertar as pessoas desses males. Na perspectiva de Jesus, as curas so tambm sinal da salvao espiritual, isto , da libertao do pecado. Realizando gestos de cura, Jesus convida f, converso, ao desejo do perdo. (RMi 14). Diante das palavras da prpria Igreja, no resta dvida que devemos usar os carismas, porm devemos faz-lo de acordo com o que recomenda Lumen Gentium 12 e o Documento nmero 53 da CNBB. Por causa da humanidade sofredora e doente o Senhor tem suscitado nos fiis os carismas para manifestar a presena de Jesus no nosso meio. Glria a Deus! Era esta a razo porque a palavra dos apstolos entrava como espada de dois gumes, pois o Senhor cooperava com o discpulos, dando-lhes autoridade no falar, devido s curas e milagres que mostravam realmente que o testemunho deles era verdadeiro, que a presena de Jesus ressuscitado era real entre eles. So Paulo afirmava que o Evangelho por ele pregado no era apenas com palavras, mas com o poder do Esprito Santo: O nosso Evangelho vos foi pregado no somente por palavra, mas tambm com poder, com o Esprito Santo e com plena convico... (1 Tes 1,5) Nossa pregao tambm tem que ser acompanhada de sinais da presena de Deus, como a de S. Paulo, a de So Pedro, a de Filipe, a de Jesus, pois como no a eloquncia que converte, tambm no so as belas palavras que abrem os coraes. Eles so abertos pelos sinais da presena de Deus que vm com os carismas do Esprito Santo. Como Jesus se revelava aos homens do seu tempo por meio de suas obras, Ele se revela aos nossos irmos-ouvintes mediante os prodgios que faz por meio dos carismas do Esprito Santo. Ele quer se manifestar por meio destes dons. Caso os pregadores equilibrados no lhe respondam satisfatoriamente outros o faro. 10. O PREGADOR MEMBRO DO CORPO MSTICO DE CRISTO medida que o pregador aprofunda a dimenso mstica do seu relacionamento com Jesus Ressuscitado ele mais se sente inserido na Igreja. que Jesus, sendo a cabea da ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 22

-----------------Igreja, deseja que seus membros sejam colocados no devido lugar, ou seja, no seu prprio Corpo Misterioso, formado por todos os cristos, em unidade com o sumo Pontfice, escolhido por Ele mesmo. Ainda hoje Jesus clama por unidade, como o fez em Joo 17, aps t-la ensinado aos primeiros discpulos, conforme Joo 15, 1-8. No h dvida que o sentido de pertena Igreja de Jesus Cristo marca indelevelmente o perfil do pregador realmente chamado para a inefvel misso de pregar a Boa Nova em todos os lugares. Carinhosamente solicitamos a todos os pregadores que leiam novamente, com detida reflexo, a Constituio Dogmtica Lumen Gentium. Trata-se do primeiro documento inserido no Compndio do Conclio Vaticano II. Nele compreenderemos porque Jesus faz da Sua Igreja (e nossa) a luz dos povos. A quem ama a Jesus Cristo e sente as fibras do corao vibrarem por amor a Igreja dAquele que deu a Sua vida por ela (cf. Ef 5, 25) impossvel ler os nmeros de 1 a 160 deste Compndio uma s vez. Se o pregador deseja levar algum a Cristo necessita de uma direo. Quem lhe fornece essa direo, de maneira segura, a Igreja. por isso que ns, ao introduzirmos na comunidade eclesial um recm batizado, ou mesmo um antigo, temos certeza que o entregamos a Jesus Cristo nosso Senhor. Nossa misso de pregadores se resume exatamente nisto: entregar nossos irmosouvintes a Jesus Cristo. Somos para Jesus e para Deus Pai o que um velho servo de Abrao foi para ele e Isaac. O Livro do Gnesis, captulo 24, narra o feito deste servo. Seu nome sequer lembrado pelo narrador sagrado, mas por certo est gravado na palma da mo do Senhor. Sua proeza consistiu em encontrar uma noiva para Isaac e faz-la se apaixonar por ele sem ainda conhec-lo. O nome da noiva, que se tornou esposa do filho de Abrao, era Rebeca. Abrao, cnscio do plano de Deus para ele, ao ver que Isaac atingira a idade nbil, chamou o servo mais antigo e lhe deu a misso de conseguir-lhe uma noiva. Aps transmitir-lhe rigorosas instrues a respeito, entregou-lhe uma fortuna que seria utilizada para presentear a noiva e para convencer seus familiares a entreg-la a Isaac. Munido dos tesouros, acompanhados de vrios servos, aquele homem saiu para cumprir a sua misso. O que desejamos ressaltar aqui a fidelidade daquele servo no cumprimento do seu mister. Ele seguiu risca as instrues de Abrao. A escolha da noiva foi segundo a vontade de Deus. Para isso ele orou e pediu um sinal. Ao que o Deus de Abrao prontamente atendeu. Com aquela fortuna, mais aqueles escravos, o velho servo bem poderia ter comprado Rebeca para si. Mas, no... ele era um servo fiel! Sua misso consistia em conseguir uma noiva para o filho do seu senhor. Nada mais. Assim ele usou todo o seu talento de comerciante, toda a sua perspiccia, bem como a inteligncia e a capacidade de persuaso para tirar Rebeca de onde vivia e faz-la se apaixonar por Isaac sem ainda v-lo. Em outras palavras, ele entregou a noiva ao noivo. A noiva que, se quisesse, poderia ter sido sua. Aquele servo era um grande amigo do noivo Isaac. Deus escolhe o pregador, cujo nome no importa para a misso, mune-o de fabulosos tesouros constitudos de bens materiais (dinheiro e estudo) dons naturais e sobrenaturais e o envia para conseguir uma noiva para o seu Divino Filho. Para cumprir nossa misso necessrio que sejamos amigos de Jesus. Essa amizade nos fortalecer contra ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 23

-----------------as tentaes de ferir a unidade. Assim no formaremos grupos particulares, mas inseriremos todas as noivas na festa nupcial do noivo que s acontece verdadeiramente na expresso terrena de sua casa: a Igreja. Sublime misso, essa de ser amigo do noivo! Consciente da grandeza dessa misso o pregador certamente ter facilidade para amar a Igreja, devotando-lhe fidelidade e obedincia, enquanto instituio sagrada, e na pessoa dos ministros ordenados, assim como vivendo as suas dimenses doutrinrias e sacramental. 11. VISO DO PLANO DE DEUS O pregador conhece o plano de Deus. Esse conhecimento apresenta-se em duas partes complementares entre si. Uma, no sentido geral, j revelada na Sagrada Escritura. A outra, em carter particular, diz respeito vontade de Deus para o pregador. Nesta Jesus revela ao pregador o que ele deve fazer, qual a sua misso pessoal no contexto do plano geral. Um grande exemplo da viso destas duas dimenses do plano de Deus encontramos em So Paulo. No geral ele a tinha antes de conhecer Jesus. Enquanto ele possua somente este conhecimento geral era um perseguidor dos amigos do noivo. Mesmo aps ele ser batizado no Esprito Santo, mas antes de lhe ser revelado qual o seu ministrio especfico, ele, embora desejasse ajudar, estava atrapalhando (cf. At 9, 20-30). No Captulo primeiro da Carta aos Glatas, a partir do versculo quinze, lemos um dado importante sobre a conscincia que o Esprito Santo deu a Paulo, a cerca do plano de Deus para ele. Vemos nesta revelao da Sagrada Escritura uma clara explicao do xito do ministrio paulino. que Paulo sabia o que fazer e tambm como fazer. Jesus lhe revelara o contedo da sua pregao (cf. At 26,12-20). Por isso no perdia tempo. Era eficaz porque sabia como fazer o anncio. Quando Deus revela o que fazer, revela tambm o como fazer, isto , o jeito dEle, como Ele quer que preguemos. Dois trechos da Sagrada Escritura ilustram o que acima afirmamos. Vejam-nos: Cristo no me enviou para batizar, mas para pregar o Evangelho, e isto sem recorrer habilidade da oratria, para que no se desvirtue a cruz de Cristo. Minha palavra e a minha pregao longe estavam da eloqncia persuasiva da sabedoria, eram, antes, uma demonstrao do Esprito e do Poder Divino, para que vossa f no se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus (I Cor 1,17; 2, 4-5). Mas ns pregamos Cristo crucificado, escndalo para os judeus, e loucura para os pagos (I Cor 1,23). Paulo por experincia sabia que a f autntica s se fundamenta com segurana no Poder de Deus. Essa foi a f que Jesus lhe deu no caminho de Damasco. Agora, dotado de Poder Divino suficiente para fazer o mesmo com suas comunidades, esfora-se para que tenham o mesmo tratamento que Jesus Cristo, o Divino Pregador do Pai, um dia dispensou-lhe, abrindo seus olhos para ver a Verdade e o corao para aceit-la. Com as seguintes palavras nossa Igreja faz eco a este ministrio do Esprito Santo legado a ns por intermdio de Paulo: O anncio tem por objeto cristo crucificado, morto e ressuscitado: por meio dele realiza-se a plena e autntica libertao do mal, do pecado e da morte; nele Deus d a vida nova, divina, eterna (RMi 44, par. 3). Ouamos, como Paulo, o que Jesus e o Esprito Santo dizem Igreja (cf. Apoc 1, 11; 2, 7) a fim de que tenhamos a viso do plano de Deus. ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 24

-----------------12. ZELO PELO EVANGELHO Zelo pelo Evangelho o dom do Esprito Santo que faz o corao do pregador arder de desejo de pregar a tempo e a destempo, ao seu redor e alm fronteiras. Esse dom no deixa jamais o pregador calado. Ele tem que pregar, tem que anunciar, porque se se calar o fogo do Senhor queima suas entranhas, conforme I Cor 9,16s. Este zelo levou muitos profetas da Antiga Aliana a enfrentar a morte. J na Nova seu prprio fundador, Jesus Cristo, precedeu uma multido no caminho da sacrifcio da prpria vida. Jesus at mesmo relegava a segundo plano seu conforto pessoal devido ao zelo evanglico que ardia em seu ser. s vezes nem se alimentava (cf. Jo 4, 31-39), passava noites em orao (cf. Luc 6,12), Arrostava o desprezo de sua gente (cf. Luc 4, 14-30; Jo 7,3-9). No Velho Testamento, dentre todos os exemplo de zelo pelo anncio da Palavra de Deus que temos, so paradigmticos os dos profetas Elias e Jeremias. Perseguidos, caluniados, continuavam a gritar para que todos ouvissem a vontade de Deus. No Novo Testamento os exemplos so abundantes. Porm o que est mais claramente registrado o do pregador So Paulo, conforme vrias passagens do Livro dos Atos dos Apstolos, bem como seu prprio testemunho feito na Segunda Carta aos Corntios, Captulo onze e na exortao feita na Carta aos Romanos Captulo oito, versculos de trinta e cinco a trinta e nove. Este zelo pelo Evangelho um forte sinal de que o pregador um escolhido para a misso de anunciar a Jesus Cristo. Ele tambm essencial para que nos abramos para receber o dom da fortaleza. Lembramos que sem este dom poderemos sucumbir ante os embates que o Inimigo (ou inimigos) do Evangelho pem em nosso caminho, ou, no mnimo, correremos o risco de sermos transformados em pregadores de lamrias, ao invs de fazer um vivo, alegre, esperanoso e vibrante anncio de Jesus Ressuscitado.

E - FORJANDO NOSSO PERFILIgualar-se a Jesus tarefa sobre-humana. Quase to difcil assemelhar a Paulo ou a Apolo. Porm necessrio que busquemos possuir um perfil semelhante ao deles, para que, atravs da fora do Esprito Santo, possamos dizer como So Paulo: No pretendo dizer que j alcancei (esta meta) e que cheguei perfeio. No. Mas eu me empenho em conquist-la, uma vez que tambm eu fui conquistado por Jesus Cristo (Fil 3,12). Esta deve ser a nossa meta: buscar o perfil do verdadeiro pregador do Evangelho. Mesmo que nossa luta dure a vida toda, devemos persegui-la. Ainda que cheguemos ao final da jornada bastante imperfeitos, longe de alcan-la, devemos perseverar. O prprio So Paulo declarou que no havia chegado perfeio, mas que empenhava-se em busc-la. Coragem! Empenhadamente procuremos com objetividade o perfil de verdadeiros pregadores servos de Deus. Muitos de ns somos barro nas mo do oleiro. Assim Deus Pai, o Santssimo Oleiro, amolda-nos conforme for a Sua Vontade. Outros j so madeira. Mais duros do que o barro. Mas Jesus Cristo, o Divino Carpinteiro, com arte, amor e pacincia, entalha em ns o seu perfil. Outros so ferro. Metal muito duro. Os antigos ferreiros para conseguirem forjar uma ferramenta que fosse til precisava ter cuidado com o tempero do ao. Na forja levava-se o metal ao fogo. Quando ele se tornava brasa era conduzido com o auxlio de uma tenaz at uma bigorna. Com um martelo tambm de metal o arteso batia aquele ferro incandescente para transform-lo em ferramenta. De vez em quando o metia em um balde de gua. Isso servia para temper-lo e para fazer a brasa voltar sua primitiva dureza com mais rapidez. Era intil tentar concluir o trabalho de uma s ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 25

-----------------vez. A operao de levar o ferro ao fogo para que se tornasse brasa, em seguida submet-lo ao martelo sobre a bigorna e gua, era repetida quantas vezes fosse necessrio para que a ferramenta fosse bem forjada, isto , ficasse til para o trabalho. Ferramenta til era a que tinha boa tmpera e era adequada para a funo qual se destinava. Hoje a forja industrial. O ferro derretido sob altas temperaturas e colocado em formas que do o perfil certo para cada ferramenta, segundo sua utilidade. O Esprito Santo o arteso, ou o metalrgico, que nos forja, segundo a vontade de Deus Pai e a necessidade de Jesus. A diferena que o ferro no tem vontade prpria. Queda inerte nas mos do ferreiro. Para colaborarmos melhor na forja do nosso perfil, til visualizarmos os principais traos do perfil do pregador. Alguns deles j foram citados e outros comentados no item acima. Outros esto nos comentrios sobre Apolo e Paulo e todos esto em Jesus, conforme retratam os Evangelhos. Olhar que devemos dirigir para os traos do perfil precisar ser iluminado pela f e luz da Palavra de Deus, a fim de nos avaliarmos e descobrir o muito que nos falta. Aqueles de ns que conseguirem dar este passo iniciar esta caminhada no rumo certo. No comentaremos aqui os traos do perfil. Eles j foram suficientemente expostos nos itens anteriores. Contudo devemos alertar os irmos sobre o trao fundamental do perfil do pregador, que a experincia concreta de Jesus Cristo em sua vida. Sem esta experincia pessoal (e real) de salvao, no passaremos de pregadores medocres, engolidos pela massa, ou retransmissores de experincias de terceiros. Sabemos todos que Jesus no nos chamou para simples sermos engolidos pelas massas, mas para sermos fermento na massa, e, se necessrio, como Ele mesmo foi, e , sermos tambm alimentos para ela. Deus nos chama para entregarmos a ele nosso perfil, a fim de que, com o fogo do Seu Esprito, tal como o ferreiro forja a ferramenta necessria para a colheita, Ele forje nosso carter, nossa personalidade, imprimido em nosso perfil os traos do Seu Divino Filho, o principal dos pregadores. A Sagrada Escritura fornece o caminho que devemos percorrer para a urdidura do nosso perfil. Este o caminho da cruz e da renncia de si mesmo (cf. Mat 16, 24), da consagrao total (cf. Luc 1, 15; 3, 2; Jo 3, 30), da converso (volta para Jesus, At 9, 6) e da converso continuada (busca da santidade). 1. CRUZ E RENNCIA A sustentao da atitude da pessoa que no aceita a sua cruz pode ser uma oculta rebeldia contra Deus. Quem no aceita a sua cruz porque ainda no aceitou, no corao (com os lbios at que no muito difcil) a Jesus como seu Senhor, ou seja, como dono de si mesmo. Cremos que a aceitao da cruz de Cristo e da prpria uma grande graa do Esprito Santo; se no for um carisma extraordinrio, ao menos um extraordinrio carisma necessariamente ser. Aceitar a cruz em si mesmo, com tudo o que ela significa, a comear pela prpria negao de si, vai contra as fibras mais profundas do nosso ser. Tambm vai de encontro com as correntes filosficas mais significativas que tm plasmado o viver humano e muitas vezes impedido que Jesus reine literalmente no mundo que por direito lhe pertence. por isso que essa aceitao haver de ser um carisma, uma vez que para efetiv-la no se consegue, a contento, somente com foras humanas. O fruto da renncia de si mesmo significa entregar a Jesus o corpo (como So Francisco) e o esprito (como So Paulo) para deixar o Nazareno imprimir neles as suas marcas. Assim poderemos aos poucos ver nosso perfil se parecer, como canta o festejado Padre Zezinho, com Jesus de Nazar.

______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 26

-----------------2. CONSAGRAO A consagrao ser abordada no captulo II. Por ora saibamos que a consagrao necessria para que haja espao em nossa vida para a ao do Esprito Santo. Sem consagrao no h porque amoldar-se o perfil do pregador ao perfil de Jesus. Isso, por si s, j influencia negativamente a vontade do pregador, no que tange a deixar-se transformar pelo Esprito Santo. Assim, mesmo que Jesus queira forjar o seu perfil, o pregador acabar por impedir uma das primeiras graas que recebemos do Esprito Santo, que a transformao do nosso carter. Essa transformao do carter trao fundamental na formao do perfil do pregador. O carter de Pedro era marcado pela pescaria de Peixes. Jesus o transformou tanto que at o seu jeito de falar revelava que ele era dos seus (cf. Mat 26, 73). Pedro por essa poca tinha s trs anos de consagrao. Outro grande exemplo de consagrao o de Joo Batista. Ele foi consagrado desde sua gerao. Leiam Lucas 1, 15 e 3, 2, e Joo 3, 30. Valeria o esforo traarmos o perfil desde grande servo. Hoje, entretanto, no poderemos faz-lo. 3. CONVERSO Para entender a dinmica da converso a dividiremos em duas fases. Uma instantnea, outra contnua. Esta no acontecer sem a primeira. Aquela no ter sentido sem a segunda. Ambas so necessrias para que haja realmente aquilo que se entende por converso. Converso vem do verbo converter. ao de converter. Converter significa modificar a direo. Um viajante que se move rumo ao sul descobre que deve seguir para o oeste. Ao rumar para a nova direo estar convertendo o sentido de sua viagem. Aquele exato instante em que o viajante modifica a sua direo o que denominamos de converso inicial. Esta instantnea. A partir deste instante comea-se a segunda fase. O seguir viagem na nova direo significa converso continuada. Um pessoa em determinado dia de sua vida se descobre pecadora. Pra. Pensa. Resolve mudar de vida. Isso ainda no converso, no sentido que adotamos aqui. Agora aquela mesma pessoa ouve o anncio da Boa Nova, confronta sua vida com o anncio recebido e cai em si. Ao voltar para seu interior descobre que Jesus est lhe chamando para uma direo bem definida, diferente da que tem seguido, mas ela, ao invs de segui-la, estava seguindo rumo proposta que o mundo lhe fazia. Caso neste ou noutro momento deixar de seguir o mundo e voltar-se para a direo de Jesus, ter feito a converso inicial, que, repetimos, instantnea. Ainda a pessoa acima referida, aps voltar-se para Jesus (converso inicial) decide-se empreender marcha na direo que Jesus indica, falando em termos catequticos, resolve conduzir sua vida conforme a proposta da Sagrada Escritura, resolve e efetivamente comea a caminhar com Jesus, tendo como farol o Evangelho dEle. Ao fazer isto esta pessoa estar comeando a segunda fase de sua converso, que continuada. S termina com seu ltimo ato consciente na vida terrena. Jesus deu esta graa da converso, em suas duas fases, a todos os discpulos citados no Evangelho, exceto a Iscariotes que s aceitou a primeira. Judas Iscariotes, como nos narra So Joo em seu Evangelho, captulo 12,1-6, no havia entregado sua vida totalmente a Jesus, nem sequer chegou a vilumbrar a segunda fase da converso, pois continuava ladro, mesmo vivendo com Jesus por trs anos. Na converso de Zaqueu nota-se com nitidez estes dois momentos. A primeira fase da converso de Zaqueu se deu quando ele ainda estava trepado no sicmero. A segunda comeou quando ele estava com Jesus j em sua casa (cf. Lucas 19, 1-11). Aps sua ascenso ao Cu Jesus, com o Esprito Santo, continuou a dar esta graa. O exemplo mais marcante que est na Sagrada Escritura o do Apstolo Paulo. Outro que tambm muito esclarecedor, principalmente porque veio por intermdio do anncio da Palavra, o do Superintendente da Rainha Candace (cf. Atos 8, 26-38). O de Paulo, porm, ilustra a segunda fase ao longo de sua vida. ______________________________________________________________________________Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. JESUS CRISTO - Mar 16, 15

Metodologia com Poder do Esprito Santo - 27

-----------------Entendida a converso em suas duas fases, procuremos aprofundar o sentido da segunda pela exegese de nossos telogos, no texto abaixo: (III) No NT. Tanto Joo Batista como Jesus comeam suas pregaes com exortaes c., motivadas pela proximidade do Reino de Deus (Mt 3,2; 4,17). A maioria dos exegetas est convencida de que o verbo grego no tem aqui o sentido de arrepender-se ou de fazer penitncia, mas de uma reviravolta interna, que tem as suas conseqncia para todos os campos da ao humana. (...) S o conjunto de todas as palavras e obras de Jesus torna claro a que conseqncias leva a c.: Deus exige o empenho de todas as foras do homem para um ideal, que neste mundo nunca poder ser realizado plenamente, supondo, portanto, uma abnegao com respeito s coisas deste mundo que pode ir at ao extremo. (...) a prpria sublimidade da nova ordem soteriolgica [inaugurada pela glorificao do Messias] faz com que a palavra c. ceda o seu lugar f, palavra essa, que exprime tanto a aceitao da salvao sobrenatural pela inteligncia, como a entrega total do homem a Cristo. Mc 1,15 j equipara metanoein com crer no evangelho; cf. At 2,38.44; 20,21; Hbr 6,1. O carter universal da c. aparece sobretudo em lugares do NT onde ela descrita como uma passagem das trevas para a luz, da morte para a vida, do servio ao pecado para o servio justia. Que a palavra metanoia j tinha um sentido tradicional na catequese, mostra-o Hbr 6,1. (Dicionrio Enciclopdico da Bblia, Redator: A. VAM DEM BORN, traduo de 3 edio: FREDERICO STEIN, Coordenao da edio portuguesa: Frei FREDERICO VIER, OFM, Editora Vozes) Antes de adentrar a segunda fase da converso, note que o texto acima transcrito fala de converso como sendo entrega total do homem a Cristo, passagem das trevas para a luz. Isso indica claramente a primeira fase da converso. A segunda vista como sendo uma reviravolta interna, que tem as suas conseqncia para todos os campos da ao humana. E mais, um esforo contnuo, converso contnua, nesta vida no ter fim, para sua realizao Deus exige o empenho de todas as foras do homem para um ideal que neste mundo nunca poder ser realizado plenamente. Esta converso definida no grego com uma palavra especfica metanoia" [metania]. Ela significa transformao radical do carter, do pensamento. Ento ao pregador o Esprito Santo destina uma graa especial, chamada metania, isto , converso profunda, pela raiz, que atinja suas motivaes mais secretas, que exale seu perfume em todas as reas de suas atividades. Para percorrer seu caminho necessria uma abnegao com respeito s coisas deste mundo que pode ir at ao extremo. Esta converso exige a participao pelo menos de duas pessoas: o pregador, amado por Deus, porm necessitado de metania e o Esprito Santo, terceira pessoa da Santssima Trindade. O Esprito Santo, alm de nos dar a graa da transformao interior, ainda nos ajuda a fazer a nossa parte. Passemos agora a estudar