Custo de Produção Do Café

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Influências dos fatores climáticos no custo de produção do café arábica Rodrigues, N.A.; Reis, E.A. dos; Tavares, M. Custos e @gronegócio on line - v. 10, n. 3 – Jul/Set - 2014. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br 216 Influências dos fatores climáticos no custo de produção do café arábica Recebimento dos originais: 13/05/2013 Aceitação para publicação: 19/11/2014 Núbia Aparecida Rodrigues Mestre em Administração pela UFU Instituição: Universidade Federal de Uberlândia – UFU Endereço: Av. João Naves de Ávila, 2121 - Campus Santa Mônica - Bloco 3P – Sala 3P 202 - Bairro Santa Mônica - 38400-902 – Uberlândia – MG E-mail: [email protected] Ernando Antônio dos Reis Doutor em Controladoria e Contabilidade pela USP Instituição: Universidade Federal de Uberlândia – UFU Endereço: Av. João Naves de Ávila, 2121 - Campus Santa Mônica - Bloco 1F - Sala 1F215 – Bairro Santa Mônica - CEP: 38400-902 - Uberlândia – MG E-mail: [email protected] Marcelo Tavares Doutor em Agronomia pela ESALQ Instituição: Universidade Federal de Uberlândia – UFU Endereço: Av. João Naves de Ávila, 2121 - Campus Santa Mônica - Bloco 1F - Sala 1F120 – Bairro Santa Mônica - CEP: 38.408-100 - Uberlândia – MG E-mail: [email protected] Resumo O gerenciamento dos custos de produção do café arábica enfrenta desafios devido à diversidade de fatores que afetam a sua formação dentro das propriedades rurais. Dentre os diversos fatores que interferem na formação dos custos de produção do café arábica se destacam os fatores climáticos, especialmente as condições de precipitação e de temperatura. O comportamento das condições climáticas em cada uma destas fases interfere no desempenho produtivo da planta. A revisão teórica apontou que a produtividade da lavoura afeta a formação dos custos de produção. Diante disso, pretendeu investigar o comportamento dos custos de produção do café arábica em relação aos fatores climáticos nas fases fenológicas do cafeeiro. Para esta investigação utilizou-se uma análise descritiva e a regressão linear múltipla (R 2 ). Na primeira etapa observou-se que as cidades com condições climáticas adversas apresentaram o maior custo de produção total ou menores níveis de produtividade. Os resultados da regressão linear múltipla (R 2 ) apresentaram problemas de autocorrelação dos resíduos e de multicolinearidade, portanto carecem de mais investigações. A relevância deste estudo está associada principalmente a contribuição teórica relativa ao comportamento do custo de produção do café arábica em relação aos fatores climáticos, devido a escassez de estudos desta natureza. Palavras-Chave: Café arábica. Custos de produção. Precipitação. Temperatura. Fases fenológicas.

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Custo de Produção Do Café

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  • Influncias dos fatores climticos no custo de produo do caf arbica Rodrigues, N.A.; Reis, E.A. dos; Tavares, M.

    Custos e @gronegcio on line - v. 10, n. 3 Jul/Set - 2014. ISSN 1808-2882 www.custoseagronegocioonline.com.br

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    Influncias dos fatores climticos no custo de produo do caf arbica

    Recebimento dos originais: 13/05/2013 Aceitao para publicao: 19/11/2014

    Nbia Aparecida Rodrigues Mestre em Administrao pela UFU

    Instituio: Universidade Federal de Uberlndia UFU Endereo: Av. Joo Naves de vila, 2121 - Campus Santa Mnica - Bloco 3P Sala 3P 202 -

    Bairro Santa Mnica - 38400-902 Uberlndia MG E-mail: [email protected]

    Ernando Antnio dos Reis Doutor em Controladoria e Contabilidade pela USP

    Instituio: Universidade Federal de Uberlndia UFU Endereo: Av. Joo Naves de vila, 2121 - Campus Santa Mnica - Bloco 1F - Sala 1F215

    Bairro Santa Mnica - CEP: 38400-902 - Uberlndia MG E-mail: [email protected]

    Marcelo Tavares Doutor em Agronomia pela ESALQ

    Instituio: Universidade Federal de Uberlndia UFU Endereo: Av. Joo Naves de vila, 2121 - Campus Santa Mnica - Bloco 1F - Sala 1F120

    Bairro Santa Mnica - CEP: 38.408-100 - Uberlndia MG E-mail: [email protected]

    Resumo

    O gerenciamento dos custos de produo do caf arbica enfrenta desafios devido diversidade de fatores que afetam a sua formao dentro das propriedades rurais. Dentre os diversos fatores que interferem na formao dos custos de produo do caf arbica se destacam os fatores climticos, especialmente as condies de precipitao e de temperatura. O comportamento das condies climticas em cada uma destas fases interfere no desempenho produtivo da planta. A reviso terica apontou que a produtividade da lavoura afeta a formao dos custos de produo. Diante disso, pretendeu investigar o comportamento dos custos de produo do caf arbica em relao aos fatores climticos nas fases fenolgicas do cafeeiro. Para esta investigao utilizou-se uma anlise descritiva e a regresso linear mltipla (R2). Na primeira etapa observou-se que as cidades com condies climticas adversas apresentaram o maior custo de produo total ou menores nveis de produtividade. Os resultados da regresso linear mltipla (R2) apresentaram problemas de autocorrelao dos resduos e de multicolinearidade, portanto carecem de mais investigaes. A relevncia deste estudo est associada principalmente a contribuio terica relativa ao comportamento do custo de produo do caf arbica em relao aos fatores climticos, devido a escassez de estudos desta natureza.

    Palavras-Chave: Caf arbica. Custos de produo. Precipitao. Temperatura. Fases fenolgicas.

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    1. Introduo

    A comercializao do caf commodity impe desafios ao gerenciamento de custos nas propriedades rurais. Esta forma de negociao do produto contribui para reduzir a competitividade do produto brasileiro e agravar a sua imagem no mercado internacional, justamente no momento em que novos paradigmas de produo passou a ser baseado num padro de concorrncia que privilegia a qualidade (SAES; FARINA, 1999, p. 41).

    A retirada do governo deste setor da economia na dcada de 1990 exps a cafeicultura brasileira s condies de instabilidade impostas pelo livre comrcio. Este novo cenrio de incerteza da comercializao de toda a produo por preos satisfatrios exigiu o

    investimento na qualidade do produto, at ento negligenciados (PEREIRA et. al., 2010). Conforme estes autores, a qualidade do produto final e a reduo dos custos de produo adquirem relevncia no mercado cafeeiro a partir da desregulamentao.

    A baixa rentabilidade do caf commodity est relacionada com a impossibilidade do produtor em interferir nos preos do produto, uma vez que o preo das commodities de exportao determinado pelo mercado internacional (SAES; FARINA, 1999; DUARTE; TAVARES; REIS, 2010).

    Assim, a competitividade de produtos agroindustriais, principalmente as commodities, est baseada na reduo de custos (NICOLELI; MOLLER, 2006). Apesar de o Brasil atingir o menor padro de custos na cafeicultura mundial o gerenciamento dos custos no fornece

    instrumentos satisfatrios que auxiliem na compreenso de como eles se formam dentro das propriedades.

    A gesto bem sucedida dos custos de produo nos empreendimentos modernos est associada ao planejamento e controle dos mesmos, que so afetados por variveis controlveis ou no controlveis inerentes ao ambiente no qual a empresa est inserida. No caso da cafeicultura, os fatores controlveis referem-se a escolha das cultivares plantadas, aos

    sistemas de plantio adotados, a tecnologia empregada, ao perfil da propriedade, dentre outros (OLIVEIRA; VEGRO, 2004; PAGNANI; WAHLMANN; MOEIRA, 2007). Neste sentido, Almeida (2010 et. al., 2010) diz que a variao do custo do caf depende do sistema de manejo e cultivo implementado nas lavouras.

    As variveis que no podem ser controladas pelo cafeicultor relacionam-se com o comportamento dos mercados fornecedores e consumidores, com o ciclo bienal da cultura e com as condies climticas (ALMEIDA et. al., 2010). Compreender os efeitos das variveis

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    que no podem ser manipuladas sobre os custos fundamental para o planejamento da atividade empresarial.

    No caso especfico da interferncia das condies climticas sobre os custos de

    produo da cafeicultura, verifica-se a relao de ambos com a produtividade da lavoura. Sistemas de produo que empregam maior nvel de tecnologia, como irrigao e

    mecanizao, ou adotam o plantio adensado incorrem em custos fixos mais altos. Porm, estes

    sistemas proporcionam alta produtividade, o que acarreta na reduo de custos por unidade produzida, melhor desempenho dos recursos aplicados e maior competitividade do produto.

    O avano tecnolgico tem contribuio relevante para a adaptabilidade do cafeeiro a regies inapropriadas ao cultivo, tais como a irrigao, as novas tcnicas de manejo, a correo do solo, o melhoramento gentico e desenvolvimento de novas cultivares. Apesar disso, Pereira, Camargo e Camargo (2008) consideram o clima como o principal fator que interfere no desempenho produtivo do cafeeiro.

    Diante da importncia da gesto de custos na cafeicultura e da escassez de estudos que

    abordam a relao deste com o clima, relevante a discusso sobre o comportamento dos custos de produo em relao aos fatores climticos. Dessa forma, nesta pesquisa foi

    abordado o seguinte problema: Qual a influncia dos fatores climticos no custo de produo do caf arbica?

    Como objetivos este trabalho se prope a: Identificar os principais componentes do custo de produo do caf arbica;

    Identificar os principais fatores climticos que exercem influncia na cafeicultura;

    Investigar a interferncia dos fatores climticos nos componentes do custo de produo da cafeicultura.

    2. Custos de Produo na Cafeicultura

    A importncia da cafeicultura para o cenrio scio econmico nacional e as peculiaridades que cercam esta atividade gera uma demanda constante para o

    desenvolvimento de um sistema de custos de produo. A finalidade deste sistema seria auxiliar os cafeicultores no processo decisrio, as autoridades governamentais, os rgos de classe e as cooperativas responsveis pelas polticas e planejamento do setor (VEGRO; ASSUMPO, 2003).

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    O gerenciamento da cafeicultura brasileira relaciona-se com os desafios impostos atividade dentro e fora da fazenda, pois o aumento da demanda pelo produto associado necessidade de modernizao dos cafezais como fator de competitividade insere a cafeicultura

    na lgica da produo integrada (PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO 2008). Tanto os preos quanto os custos de produo do caf vm de fora da atividade. Por

    um lado, a comercializao em forma de commodity faz com que o cafeicultor tenha capacidade limitada de formar seus preos. Por outro, devido relao com segmentos oligopolizados, a formao dos custos tambm externa a propriedade (VEGRO, 2011). Diante disso surge a necessidade do gerenciamento eficiente das bases materiais e tecnolgicas como principal estratgia de competitividade, rentabilidade e sustentabilidade do

    negcio (PAGNANI; WAHLMANN; MOEIRA, 2007; VEGRO, 2011). Nos ltimos anos tem sido observada a difuso de estudos cientficos empricos

    relacionados ao custo de produo da cafeicultura. Foram discutidos aspectos como: a composio e evoluo dos custos de produo de determinadas regies e em determinados

    perodos, identificando os itens mais relevantes (ALMEIDA et. al., 2010; FEHR et. al., 2012); a influncia dos preos de venda do caf (DUARTE; TAVARES; REIS, 2010, DUARTE et. al., 2011) e dos preos de commodities no agrcolas sobre os custos de produo (FERREIRA et. al., 2011) e; finalmente, o impacto da tributao sobre os custos (ALMEIDA; REIS; TAVARES, 2011).

    Os gastos no perodo de formao da lavoura (DUARTE; TAVARES; REIS, 2010) e no perodo do replantio, que ocorre no segundo ano, (DUARTE et. al., 2011) foram investigados quanto ao seu comportamento em relao ao preo de venda do caf. Neste

    estudo verificou-se que ocorre a influncia do preo do caf sobre os custos de produo para 16 das 22 variveis de custo analisadas no ano de formao e nove das 12 variveis no segundo ano.

    Os principais itens de custos que sofreram os impactos das alteraes nos preos de

    venda foram os gastos com plantio, capinas-desbrota, defensivos, fertilizantes e mudas para o primeiro ano (DUARTE; TAVARES; REIS, 2010). No segundo ano destacaram-se os custos relacionados a capina-desbrota, defensivos e fertilizantes (DUARTE et. al., 2011).

    Tanto no primeiro quanto no segundo ano os gastos com fertilizantes foram aqueles

    em que o preo de venda do caf apresentou menor poder preditivo (DUARTE; TAVARES; REIS, 2010; DUARTE et. al., 2011). Este resultado pode estar relacionado ao fato de que os custos com fertilizantes so afetados pelos preos de commodities no agrcolas como

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    potssio, uria e superfosfato, que so componentes qumicos utilizados na fabricao de fertilizantes (FERREIRA et. al., 2011). Estes autores apontaram tambm, que os gastos relacionados a utilizao de mquinas e equipamentos e defensivos so influenciados pelos

    preos das commodities no agrcolas. Os primeiros so afetados pelos preos do petrleo e do ferro e os segundos somente pelo preo do petrleo.

    A identificao de itens de custos mais relevantes nas lavouras cafeeiras foi feita nas

    principais cidades brasileiras produtoras de caf arbica e para o perodo de 2003 a 2009 (ALMEIDA et. al., 2010; FEHR et. al., 2012).

    O comportamento diferenciado da cidade de Lus Eduardo Magalhes, na Bahia, foi atribudo ao emprego de padro tecnolgico de ponta com a utilizao de irrigao. Este perfil

    fez com que os custos fixos das lavouras desta cidade mais fossem elevados em relao s demais localidades. Porm, foram observados tambm, os maiores ndices de produtividade e, consequentemente, os custos unitrios mais baixos (ALMEIDA et. al., 2010). Os gastos com mo de obra, fertilizantes e agrotxicos, conforme relaciona os autores, foram os mais

    expressivos na composio dos custos nas cidades estudadas. A anlise temporal da evoluo dos custos de produo do caf no identificou

    diferenas significativas no perodo de 2003 a 2009, contrariando a expectativa de que os mesmos refletiriam os efeitos da bienalidade da cultura, ou seja, a alternncia de perodos com custos unitrios mais elevados decorrentes da baixa produo seguidos de perodos de custos unitrios mais baixos devido a alta produo (FEHR et. al., 2012). Os autores associaram os resultados a possvel elevao de gastos com tratos culturais a fim de minimizar os efeitos do ciclo bienal e evitar quedas de produtividade. Outro fator discutido

    foi a questo de que os ciclos bienais no so obrigatoriamente sincronizados entre as lavouras, portanto quedas de produtividade em uma localidade podem ser compensadas com o aumento em outras.

    A observao do efeito da tributao sobre o custo de produo do caf demonstrou

    que a falta de hbito do produtor rural em planejar e controlar suas atividades onera os custos de produo (ALMEIDA; REIS; TAVARES, 2011). O no aproveitamento do crdito do Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios ICMS caracteriza na perda da no cumulatividade deste imposto, portanto ele passa a incidir sobre o faturamento e a compor o

    custo de produo, provocando a reduo na rentabilidade e na competitividade do produto final (ALMEIDA; REIS; TAVARES, 2011). Para estes autores, os custos mais onerados pelo

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    no aproveitamento de tal crdito so os gastos relacionados com mquinas e equipamentos, com transporte e com insumos.

    Os estudos apontaram os componentes de custos que mais oneram a produo da

    cafeicultura (Quadro 1). A identificao destes componentes uma ferramenta til para o controle e planejamento da atividade.

    Quadro 1: Principais componentes do custo de produo do caf Componentes de Custos Autores

    Defensivos/Agrotxicos Almeida et. al. (2010); Duarte, Tavares e Reis (2010); Duarte et. al. (2011); Ferreira et. al. (2011); Fehr et. al. (2012).

    Fertilizantes Almeida et. al. (2010); Duarte, Tavares e Reis (2010); Duarte et. al. (2011); Ferreira et. al. (2011); Fehr et. al. (2012).

    Mo de Obra Almeida et. al. (2010); Duarte, Tavares e Reis (2010); Fehr et. al. (2012).

    Operaes com Mquinas e Equipamentos Almeida, Tavares e Reis (2011); Ferreira et. al. (2011). Fonte: Elaborao prpria, a partir de reviso terica.

    A produtividade da lavoura foi apontada em outras pesquisas como um fator que influencia na composio dos custos de produo do caf (VEGRO; MARTIN; MORICOCHI, 2000; OLIVEIRA; VEGRO, 2004; ALMEIDA et. al., 2010). Dentro de certos limites, os custos so inversamente proporcionais aos nveis de produtividade, pois muitos itens de custos so consumidos de forma semelhante independente da quantidade produzida,

    estes so os custos fixos (MATIELLO, 1986). Para este autor, os gastos com capinas, arruao, esparramao, despesas com administrador, depreciaes, taxas e impostos so alguns exemplos deste tipo de custo, portanto a unidade produzida (saca) mais onerada com produo baixa.

    notvel que os estudos citados abordaram alguns fatores que afetam os custos de produo da cafeicultura. Porm, ainda existem algumas lacunas, pois observa-se a ausncia

    da abordagem de fatores importantes para a composio dos custos, tais como o clima. Dessa forma, o entendimento das relaes entre as condies climticas e a

    produtividade, e, consequentemente, na formao de custos da cafeicultura podem gerar informaes relevantes no planejamento da atividade.

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    3. Comportamento da Produtividade do Cafeeiro em Relao aos Fatores Climticos

    O cultivo comercial do caf arbica, no Brasil, encontra condies de temperaturas

    mdias anuais favorveis entre 18C e 23C ou ideais entre 19C e 21C, nveis mdios anuais de precipitao adequados entre 1.200mm e 1.800mm e altitudes entre 400m e 1.200m (THOMAZIELLO et. al., 2000). Os autores explicam que o cultivo em altitudes inferiores a este limite prejudicado por temperaturas elevadas e longos perodos de seca e em altitudes superiores comum a ocorrncia de ventos frios que prejudicam o desenvolvimento do cafeeiro.

    A temperatura do ar, as condies hdricas (umidade do ar, quantidade e distribuio pluviomtrica), os ventos e a variao fotoperidica so fatores ambientais que afetam o florescimento, desenvolvimento dos frutos e, consequentemente, o alcance de nveis aceitveis de produtividade do cafeeiro (CAMARGO et. al., 2001; FAZUOLI; THOMAZIELLO; CAMARGO, 2007; PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008;

    BRASIL, 2009a; PETEK; SERA; FONSECA, 2009). Nesse sentido, a produo econmica do caf est condicionada a localidades onde os fatores ecolgicos so mais favorveis

    (CANECHIO FILHO, 1987). Diante da importncia das condies trmicas e hdricas, na classificao das regies

    brasileiras quanto aptido climtica para o cultivo do caf arbica, as variveis consideradas foram as temperaturas mdias anuais e a mdia anual de deficincia hdrica.

    A temperatura do ar um fator importante para definir a aptido climtica da cafeicultura comercial (DAMATTA; RAMALHO, 2006; CAMARGO, 2010). Temperaturas que extrapolem os limites aceitveis pelos cafezais, ou seja, mdias anuais inferiores a 18C, ocorrncia de geadas, mesmo que espordicas, ventos frios e mdias anuais superiores a 23C prejudicam o desenvolvimento do cafeeiro e limitam a explorao econmica, pois ocasiona baixos nveis de produtividade (SEDIYAMA et. al., 2001; PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008; BRASIL, 2009a). Portanto, tais reas apresentam inaptido trmica. Os limites trmicos tolerveis pelo cafeeiro so temperaturas mximas absolutas inferiores a

    34C, pois acima desse valor o florescimento prejudicado, e temperaturas mnimas absolutas acima de 2C, pois temperaturas inferiores ocasionam a morte dos tecidos da planta

    (SEDIYAMA et. al., 2001; FAZUOLI; THOMAZIELLO; CAMARGO, 2007). Na avaliao da aptido de uma regio, quanto disponibilidade hdrica, para o

    cultivo do cafeeiro no basta considerar a quantidade absoluta e mdia da precipitao anual,

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    necessrio verificar a distribuio das chuvas durante o ano, bem como a poca e

    intensidade dos dficits e excessos hdricos (THOMAZIELLO et. al., 2000; CANECCHIO FILHO, 1987; PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008).

    A combinao entre a temperatura e a precipitao influenciam na determinao das reas aptas ao cultivo, pois, se por um lado, o estresse hdrico reduz a necessidade trmica da

    planta. Por outro, o excesso de gua exige a elevao da temperatura para se completar os estdios fenolgicos, que so determinantes na produtividade do cafeeiro (PETEK; SERA; FONSECA; 2009).

    3.1. Fenologia do cafeeiro

    A fenologia das plantas refere-se aos seus hbitos de crescimento e desenvolvimento durante sua vida e depende das condies do ambiente (PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008).

    O cafeeiro arbica uma planta especial, pois necessita de dois anos para completar o seu ciclo fenolgico, diferentemente das outras plantas frutferas perenes, que florescem na primavera e frutificam no mesmo ano (CAMARGO; CAMARGO, 2001). Devido ao ciclo fenolgico relativamente longo, o cafeeiro fica mais exposto s adversidades do clima, portanto importante o entendimento da relao de cada fase fenolgica com os fatores

    climticos (PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008; PETEK; SERA; FONSECA, 2009). Quanto aos riscos climticos associados ao cultivo do cafeeiro, devido a perenidade da cultura, a planta est exposta a geadas, ventos frios persistentes, veranicos frequentes, deficincias hdricas prolongadas, m distribuio do regime pluvial ao longo do ano, entre

    outros (BRASIL, 2009a, p.22). Diante disso, Camargo e Camargo (2001) apresentaram um esquema no qual

    proposta a diviso do ciclo fenolgico do cafeeiro arbica em seis fases, considerando as condies tropicais do Brasil (Tabela 1).

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    Tabela 1: Fases e estdios fenolgicos do cafeeiro arbica 1 Ano fenolgico Perodo Vegetativo

    set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago

    1 Fase Vegetao e formao das gemas foliares

    2 Fase Induo e maturao das gemas florais

    Repouso

    (0) (0) (0) (1) (2) 2 Ano fenolgico Perodo Reprodutivo

    set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago

    3 Fase Florada, chumbinho e expanso dos

    frutos 4 Fase

    Granao dos frutos 5 Fase

    Maturao dos frutos

    6 Fase Repouso e

    senescncia de ramos 3s e 4s

    Auto-poda (1) (2) (3) (4)

    (3) (4) (5) (5) (6) (6) (7) (7) (8) (8) (9)

    (9) (10)

    (10) (11) (11)

    Fontes: Camargo e Camargo (2001) e Pezzopane et. al. (2003), adaptado.

    A esquematizao proposta no modelo permite associao das exigncias climticas

    do cafeeiro com cada momento de seu ciclo, que foi representado em dois anos fenolgicos divididos em seis fases distintas (Figura 1). O primeiro ano fenolgico composto por duas fases chamadas de fases vegetativas: vegetao e formao das gemas foliares e induo e

    formao das gemas florais. O segundo ano contempla quatro fases reprodutivas: florada, chumbinho e expanso dos frutos; granao dos frutos; maturao dos frutos e, finalmente, repouso e senescncia dos ramos tercirios e quaternrios (PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008).

    Pezzopane et. al. (2003) propuseram, adicionalmente, uma escala para avaliao dos estdios fenolgicos do cafeeiro arbica (Figura 1). A escala resultou em doze estdios (Figura 3) que correspondem, principalmente, s fases do segundo ano fenolgico ou perodo reprodutivo, propostas por Camargo e Camargo 2001 (Tabela 1).

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    Figura 1: Estdios fenolgicos do cafeeiro arbica registrados por Pezzopane et. al. (2003)

    Fontes: Pezzopane et. al. (2003) e Brasil (2009a).

    Assim, a numerao que aparece na Tabela 1 corresponde a escala que representa os doze estdios fenolgicos do cafeeiro arbica (Figura 1), propostos por Pezzopane et. al. (2003), que foram associados, principalmente, s fases reprodutivas do segundo ano fenolgico delineadas por Camargo e Camargo (2001). A escala visual, na qual atribuda uma nota para avaliar os estdios do cafeeiro arbica comeando pela nota zero (Figura 1), conforme descrio: (0) gema dormente; (1) gema entumecida; (2) abotoado; (3) florada; (4) ps-florada; (5) chumbinho; (6) expanso dos frutos; (7) gro verde; (8) verde cana; (9) cereja; (10) passa e; (11) seco (PEZZOPANE et. al. 2003; PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008).

    A utilidade da esquematizao do ciclo vegetativo e reprodutivo do cafeeiro em fases fenolgicas e a definio de uma escala para avaliar os estdios fenolgicos, segundo Camargo e Camargo (2001) e Pezzopane et. al. (2003), facilitar a identificao das exigncias climticas em cada fase e, principalmente, orientar pesquisas e observaes associadas ao assunto.

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    A diviso do ciclo fenolgico do cafeeiro em fases e estdios permite a compreenso da influncia que os fatores climticos exercem sobre a produtividade do cafeeiro, pois possvel avaliar as necessidades de cada fase fenolgica e as consequncias de condies

    adversas.

    3.2. Evidncias empricas sobre o comportamento da produtividade do cafeeiro em relao aos fatores climticos

    A relevncia dos fatores climticos em relao produtividade do cafeeiro motivou o desenvolvimento de estudos empricos. Estes estudos buscaram verificar a influncia e/ou

    quantificar o impacto das variveis climticas na produtividade da planta de acordo com o comportamento de tais variveis em cada fase fenolgica (WEILL et. al., 1999; ARRUDA et. al., 2000; IAFFE et. al., 2000; CAMARGO et. al., 2001).

    A modelagem matemtica agrometeorolgica uma ferramenta que busca quantificar

    as relaes entre a produtividade do cafeeiro e os fatores que interferem na produo, dentre eles os fatores climticos (WEILL et. al., 1999; IAFFE et al, 2000).

    A investigao da influncia de fatores climticos na produo de cafeeiros em Ribeiro Preto SP, no perodo de 1957 a 1967, evidenciou correlaes positivas da produtividade com as variveis de precipitao acumulada e frequncia de chuvas nos trimestres em que ocorreu a florada, o chumbinho e a expanso dos frutos. Foram observadas

    tambm, correlaes negativas com a temperatura mxima no estdio do abotoamento e com a temperatura mnima no perodo de expanso dos frutos (IAFFE et. al., 2000).

    Arruda et. al. (2000) observaram, em Pindorama SP, que a frequncia de chuvas destacou-se como fator de maior nmero de correlaes com a produo. Estas correlaes

    foram positivas nas fases da granao e da mxima vegetao. Nas fases do florescimento e do chumbinho as correlaes foram negativas. A penalizao da produtividade em funo do aumento da frequncia de chuvas na fase da florada e do chumbinho contraria os resultados encontrados por Iaffe et. al. (2000). As correlaes significativas da produo com a temperatura foram negativas. Em relao a temperatura mxima, elas ocorreram nas fases do florescimento e da frutificao. A correlao negativa da temperatura mnima com a produo

    ocorreu na fase da maturao dos frutos (ARRUDA et. al., 2000). A avaliao da influncia de mais de 2.000 atributos de clima, solo e manejo na

    produo de caf arbica, em dez lavouras comerciais do oeste paulista no perodo de seis anos, foi realizada por Weill et. al. (1999) atravs de correlaes simples (r). Os atributos que

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    apresentaram significncia a 5% de probabilidade pelo teste t de Student foram combinados em sucessivas anlises de regresso mltipla (mtodo backward). Foram selecionadas trs equaes com 14, cinco e seis variveis preditoras, com coeficiente de explicao (R2) da produo observada da ordem de 77%, 73% e 75%, respectivamente. A precipitao acumulada no terceiro (jul ago - set) e no sexto trimestre (abr mai jun) apareceu somente no modelo com 14 variveis. Enquanto a mdia das temperaturas mnimas absolutas nos

    meses dos trimestres da induo da gema floral (maio e junho) e no incio da dormncia das gemas (julho) esteve presente nos trs modelos. Esta anlise do efeito integrado dos diversos atributos analisados por regresso mltipla evidenciou que os fatores climticos, individualmente, explicaram a maior parte da variao total observada na produo, sendo

    que sua influncia mais marcante foi nas fases do abotoamento e florescimento. Neste estudo, os resultados das anlises de correlao entre a produo e os fatores

    climticos evidenciaram a importncia da precipitao pluviomtrica e da temperatura nas fases de abotoamento, florescimento, mxima vegetao, granao e amadurecimento dos

    frutos. As correlaes da produo com a quantidade e frequncia da precipitao foram negativas na fase da maturao e da colheita para nove das dez lavouras avaliadas. Esta fase

    coincide com o incio do abotoamento no ano seguinte. Este resultado relaciona-se com a necessidade de estresse hdrico, aps a iniciao da gema floral, como estmulo para a liberao da dormncia. Diversamente, na fase do florescimento, a correlao positiva com a quantidade e frequncia da precipitao foi explicada pelo fato das primeiras chuvas, aps a

    estao seca, representar um estmulo importante ao florescimento. De modo geral, as produes mostraram correlao positiva com a temperatura na fase da mxima vegetao,

    granao, e maturao e correlao negativa no abotoamento e florada (WEILL et. al., 1999). A sntese dos principais resultados mostra que as correlaes da produo com a

    precipitao acumulada foram positivas. Estas correlaes ocorreram nas fases da mxima vegetao, abotoado, florada, chumbinho expanso dos frutos e granao (Quadro 2). Este resultado evidencia a importncia da quantidade de chuvas nestas fases.

    As correlaes da produo com precipitao acumulada e com a frequncia de chuvas

    na fase da maturao foram, na maioria dos casos, negativas (Quadro 2). Tal fato justificado pela necessidade da estiagem nesta fase para o sucesso da produtividade.

    Para a maioria das regies sintetizadas no Quadro 2, as correlaes com as variveis de temperatura foram positivas nas fases da mxima vegetao, granao e maturao. Na fase do florescimento predominou correlaes negativas.

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    Quadro 2: Sntese dos resultados empricos das correlaes da produtividade com os fatores climticos por fases fenolgicas do caf arbica

    Varivel Climtica

    Fase ou Estdio Fenolgico Meses

    Weill et. al. (1999) Arruda et. al. (2000)

    Iaffe et. al. (2000)

    L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12

    Precipitao Acumulada (mm)

    Mxima Vegetao jan-fev-mar +

    +

    Ind. Gema Floral abr-mai-jun

    Gema dormente mai-jun-

    jul-ago-set

    Gema Entumecida + +

    +

    Abotoado

    Florada ago-set-out + +

    +

    +

    Chumbinho nov-dez +

    Expanso Frutos

    Granao jan-fev-mar +

    +

    Maturao abr-mai-jun

    -

    - - -

    + +

    Frequncia da Precipitao (n dias)

    Mxima Vegetao jan-fev-mar

    - -

    +

    Ind. Gema Floral abr-mai-jun

    Gema dormente mai-jun-

    jul-ago-set

    Gema Entumecida +

    +

    Abotoado

    Florada ago-set-out + +

    -

    Chumbinho nov-dez + -

    Expanso Frutos

    Granao jan-fev-mar -

    - - -

    +

    Maturao abr-mai-jun -

    -

    - -

    +

    Temperatura Mxima (C)

    Mxima Vegetao jan-fev-mar

    +

    +

    +

    Ind. Gema Floral abr-mai-jun

    +

    -

    Gema dormente mai-jun-

    jul-ago-set

    Gema Entumecida - - -

    +

    -

    Abotoado

    Florada ago-set-out - -

    -

    Chumbinho nov-dez + - -

    Expanso Frutos

    Granao jan-fev-mar

    +

    +

    + +

    Maturao abr-mai-jun

    +

    + + +

    +

    Varivel Climtica

    Fase ou Estdio Fenolgico Meses

    Weill et. al. (1999) Arruda et. al. (2000)

    Iaffe et. al. (2000)

    L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8 L9 L10 L11 L12

    Temperatura Mnima (C)

    Mxima Vegetao jan-fev-mar

    Ind. Gema Floral abr-mai-jun

    +

    Gema dormente mai-jun-

    jul-ago-set

    Gema Entumecida

    +

    Abotoado

    Florada ago-set-out

    Chumbinho nov-dez

    -

    Expanso Frutos

    Granao jan-fev-mar

    Maturao abr-mai-jun

    + +

    + +

    + -

    + : correlaes simples (r) positivas - : correlaes simples (r) negativas

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    L1 a L10 Lavouras cafeeiras comerciais estabelecidas na regio da Alta Paulista, distribudas em dez municpios do estado de So Paulo (Sagres, Pompia, Gara, Iacri, Bastos, Herculndia, Marlia, Vera Cruz, Glia 1 e Glia 2). L11 Estao experimental do Instituto Agronmico, em Pindorama, no estado de So Paulo. L12 - Estao experimental do Instituto Agronmico, em Ribeiro Preto, no estado de So Paulo.

    Fonte: Elaborao prpria, a partir da reviso terica.

    O estudo das exigncias climticas em cada fase fenolgica auxilia no processo decisrio da cafeicultura. As informaes geradas a partir destes estudos permitem identificar os principais fatores climticos que interferem na atividade. Alm disso, Weill et. al. (1999), Arruda et. al. (2000) e Iaffe et. al. (2000) defendem que estas informaes subsidiam o planejamento de nveis de insumos e avaliaes de prticas de manejo dentro das fazendas, o que propicia a economia de recursos.

    3.3. Comportamento da absoro de fertilizantes pelo cafeeiro em relao aos fatores climticos

    No Brasil a explorao econmica do caf requer a adubao e a correo das lavouras, devido ao predomnio de solos de baixa e mdia fertilidade (GUIMARES, 1986). Para este autor no existem nveis pr-determinados de nutrio do solo que sirvam como

    recomendao para a adubao, pois a quantidade de fertilizantes a serem aplicados depende de diversos fatores, como: o nvel natural de fertilidade do solo e as condies climticas

    especficas do local. Para cafeeiros em produo Malavolta (1986) este autor props um esquema geral de

    fertilizao no qual so feitas recomendaes sobre perodos e substncias a serem aplicadas nos cafezais (Quadro 3).

    Quadro 3: Esquema geral para adubao do cafeeiro em produo Tipo Substncia Perodo Aplicaes

    Adubao Foliar Sulfato de Zinco (ZnSO4). jan-fev-mar 1 a 2 vezes set-out-nov 1 a 2 vezes Adubao do Solo Nitrognio, Fsforo, Potssio (Coberturas NPK). jan-fev-mar-abr 2 a 3 vezes

    out-nov-dez 1 a 2 vezes Fonte: Elaborao prpria, a partir de reviso terica.

    As condies trmicas e hdricas influenciam no efeito ou absoro dos fertilizantes

    pelo cafeeiro. No caso do zinco (Zn) a temperatura, a umidade e a luz influenciam na absoro foliar (MALAVOLTA 1986; THOMAZIELLO et. al., 2000). Experimentos demonstram que a absoro deste elemento na presena de luz e em temperaturas de 30C o dobro daquela verificada a 17C (BLANCO 1970 apud MALAVOLTA,1986).

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    O nitrognio (N) sofre perdas pela lixiviao do solo e a seca intensa aumenta a severidade da falta deste nutriente, pois diminui a capacidade de absoro pela planta. Perodos secos tambm dificultam a absoro de fsforo (P) e do potssio (K) devido falta de umidade do solo. Quanto fixao ao solo, tanto fsforo (P) quanto o potssio (K) so mais pesados do que o nitrognio (N), portanto esto menos sujeitos a perdas por lixiviao. Apesar da possibilidade de perda do nitrognio, a recomendao para a aplicao da cobertura

    NPK que seja feita no perodo chuvoso, pois a umidade favorece a absoro dos nutrientes pela planta (MALAVOLTA, 1986; THOMAZIELLO et. al., 2000).

    3.4. Comportamento (proliferao e controle) de pragas e doenas do cafeeiro em relao aos fatores climticos

    O conhecimento das condies climticas que favorecem o ataque de pragas e doenas nos cafezais uma ferramenta til no delineamento de estratgias de combate, o que pode

    propiciar a minimizao dos insumos e do trabalho. O comportamento climtico durante o ciclo fenolgico do cafeeiro indica a possibilidade da ocorrncia ou no de pragas ou doenas,

    do mesmo modo que influencia a produtividade. O domnio deste conhecimento um passo significativo na produo integrada do caf, a qual prope a sustentabilidade ecolgica, produtiva e econmica da atividade (PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008).

    A temperatura do ar e as condies hdricas so fatores climticos de destaque no

    condicionamento da propagao de pragas e doenas. A temperatura determinante nas diferenas regionais quanto ao nvel de infestao. As chuvas apresentam condies mais ou

    menos favorveis dependendo das exigncias da praga ou da doena. As pragas e doenas podem atacar qualquer parte da planta, mas independente da parte afetada, a consequncia

    sempre a perda de produtividade e de longevidade do cafezal (PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008).

    As principais pragas e doenas que afetam o cultivo comercial do caf no Brasil so o bicho mineiro, a broca do caf e a ferrugem das folhas (THOMAZIELLO et. al., 2000; PEREIRA; CAMARGO; CAMARGO, 2008).

    No Quadro 4 foram sintetizadas as principais caractersticas das pragas e doenas que atacam os cafezais e, principalmente, as suas relaes com os fatores climticos.

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    Quadro 4: Relao das principais pragas e doenas dos cafezais com os fatores climticos

    Praga ou Doena Perodo de ataque Condio climtica favorvel

    proliferao Consequncia Precipitao Temperatura

    Bicho mineiro -- Estiagem Elevadas Desfolha Broca do caf Novembro a Janeiro Chuvas Amenas Danificao dos frutos Ferrugem das folhas Dezembro a abril Chuvas Entre 21C e 25C Desfolha intensa Fonte: Elaborao prpria, a partir de reviso terica.

    O conhecimento da forma de atuao, perodos de ataque e condies climticas favorveis infestao de pragas e doenas auxilia no controle preventivo nas lavouras. Alm disso, este conhecimento pode evitar o uso desnecessrio de defensivos e agrotxicos, reduzindo assim, os gastos com estes componentes.

    4. Aspectos Metodolgicos

    O presente estudo caracterizou-se como quantitativo quanto abordagem do problema de pesquisa, como descritivo quanto aos objetivos e como documental quanto ao mtodo de procedimento, sendo que a fonte de dados foi secundria.

    A amostra foi intencional, pois foi composta pelas cidades produtoras de caf arbica

    que tem seu custo de produo disponibilizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) (Quadro 5). Estas cidades so referncias na produo do caf arbica nas principais regies produtoras do Brasil, ou seja, Minas Gerais, So Paulo, Esprito Santo, Paran e Bahia.

    Quadro 5: Amostra das cidades produtoras do caf arbica Cidade Perodo Tamanho da amostra (n) Franca SP 2003 a 2012 n = 10 Londrina PR 2007 a 2012 n = 06 Lus Eduardo Magalhes BA 2003 a 2012 n = 10 So Sebastio do Paraso - MG 2003 a 2012 n = 10 Patrocnio MG 2003 a 2012 n = 10 Guaxup MG 2003 a 2012 n = 10 Manhuau MG 2007 a 2012 n = 06 Venda Nova do Imigrante - ES 2008 a 2012 n = 05 Total -- n = 67 Fonte: Elaborao prpria, a partir de dados da pesquisa.

    As variveis do custo de produo do caf arbica, utilizadas nesta pesquisa, foram

    extradas da planilha de custos divulgada anualmente pela CONAB (2003; 2004; ... ; 2012). As variveis selecionadas foram os gastos com a mo de obra, com as operaes com mquinas, com fertilizantes, com defensivos e agrotxicos e com os outros itens de custo. A

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    opo por estes cinco componentes do custo deve-se a sua representatividade mdia de 75% do custo total de produo do caf (Apndice I) e pela sua recorrncia na literatura que investigou o comportamento do custo de produo do caf arbica.

    Os componentes de custo de produo so apresentados em R$ por hectare, portanto os valores foram atualizados conforme o ndice Geral de Preos do Mercado IGP-M para a data base de divulgao do custo em 2012.

    Os dados climticos foram obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), conforme procedimento de Sediyama et. al. (2001) para realizao de um zoneamento agroclimtico do cafeeiro.

    As variveis climticas selecionadas no banco de dados do INMET, aps a avaliao

    quanto sua qualidade e consistncia, foram organizadas em um banco de dados por perodos trimestrais. A organizao trimestral dos dados, durante o perodo investigado, coincidiu, aproximadamente, com as fases e estdios fenolgicos do cafeeiro propostos por Camargo e Camargo (2001) e Pezzopane et. al. (2003), respectivamente. Esta diviso do ciclo fenolgico do cafeeiro em trimestres foi baseada em estudos que investigaram as relaes entre a produtividade do cafeeiro arbica e os fatores climticos, conforme propuseram Weill et. al.

    (1999), Arruda et. al. (2000) e Iaffe et. al. (2000). Os atributos climticos selecionados (precipitao - mm, frequncia de chuvas - dias,

    temperatura mxima mdia - C, temperatura mnima mdia - C, temperatura mdia - C) foram combinados com os seis trimestre, o que resultou em 30 variveis climticas (Quadro 6). A seleo destas variveis baseou-se na recorrncia das condies de precipitao e de temperatura na literatura consultada e, tambm, na relao do comportamento destas

    condies, em cada fase ou estdio fenolgico, com a produtividade do cafeeiro. Diante da particularidade desta planta quanto a sua fenologia, as variveis climticas foram defasadas em 18 meses (ou seis trimestres) em relao ao perodo da colheita, aproximadamente (Quadro 6), de forma semelhante quela proposta por Weill et. al. (1999), Arruda et. al. (2000) e Iaffe et. al. (2000). A principal diferena foi que estes autores investigaram o comportamento da produtividade do cafeeiro arbica em relao aos fatores climticos e o

    presente trabalho, se propes a investigar o comportamento observado o do custo de produo do caf arbica em relao aos mesmos fatores.

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    Quadro 6: Descrio das variveis climticas trimestrais de acordo com as fase e estdios fenolgicos

    Meses Ano Civil Fase ou Estdio Fenolgico Precipitao Temperatura

    Trimestre PA PF TMXm TMNm Tm (mm) (dias) ( C)

    1 jan-fev-mar Ano X-1 MV PAt1 PFt1 TMAXmt1 TMINmt1 Tmt1 2 abr-mai-jun Ano X-1 IGF PAt2 PFt2 TMAXmt2 TMINmt2 Tmt2 3 jul-ago-set Ano X-1 GD/ GE / A / F PAt3 PFt3 TMAXmt3 TMINmt3 Tmt3 4 out-nov-dez Ano X-1 F / CH / EF PAt4 PFt4 TMAXmt4 TMINmt4 Tmt4 5 jan-fev-mar Ano X G PAt5 PFt5 TMAXmt5 TMINmt5 Tmt5 6 abr-mai-jun Ano X M PAt6 PFt6 TMAXmt6 TMINmt6 Tmt6

    Fases ou Estdio Fenolgico MV Mxima Vegetao; IGF Induo das Gemas Florais; GD Gema Dormente; GE Gema Entumecida; A Abotoado; F- Florada; CH Chumbinho; EF Expanso dos Frutos; G Granao; M Maturao. Variveis Climticas e Ambientais PA Precipitao Acumulada (mm); PF Frequncia de Chuvas (dias); TMAXm Temperatura Mxima mdia (C); TMNm Temperatura Mnima mdia (C); Tm Temperatura mdia (C) Fonte: Elaborao prpria.

    Assim, aps definidas as variveis de custo e as variveis climticas, observou-se o

    comportamento dos componentes do custo de produo (mo de obra, operaes com mquinas, fertilizantes, defensivos e agrotxicos e outros itens) em relao aos fatores climticos nas diversas fases e estdios fenolgicos do caf arbica.

    A interpretao e anlise do resultado das influncias dos fatores climticos sobre os componentes mo de obra, operaes com mquinas e outros itens de custo de produo foram feitos a partir da comparao com os efeitos dos fatores climticos sobre a

    produtividade do cafeeiro. Tal analogia deve-se a relao destes componentes de custo com a produtividade. Em perodos de produtividade mais elevada estes itens so mais onerados,

    principalmente, na fase da colheita. No caso dos fertilizantes se considerou os perodos recomendados para a adubao e os efeitos que as condies climticas exercem sobre a capacidade de absoro destas substncias pela planta. Para os defensivos e agrotxicos, alm do critrio utilizado para os fertilizantes, observou-se a relao das condies climticas com

    a proliferao ou controle de pragas e doenas. A observao foi dividida em duas etapas. Primeiramente, procedeu a uma anlise

    descritiva do custo de produo e das condies climticas em cada cidade durante o perodo analisado e na segunda etapa foi aplicada a anlise de regresso mltipla (R2).

    O procedimento de regresso linear mltipla escolhido foi o mtodo backward como chamado no SPSS . Neste procedimento o software inclui na modelagem inicial todos os previsores, verifica a contribuio e a significncia do teste t de cada um e exclui aqueles que no apresentarem significncia estatstica (FVERO et. al., 2009; FIELD, 2009).

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    As variveis de precipitao e temperatura foram includas no modelo por blocos, devido a quantidade relativamente grande, ou seja, 30 variveis climticas para 67 observaes (n = 67). Pois, uma das regras para determinar o tamanho da amostra adequada para anlises de regresso diz que devem existir no mnimo dez observaes (n = 10) para cada varivel preditora (FIELD, 2009). Assim, diante de uma amostra de 67 observaes (n = 67) podem ser includos no modelo at seis previsores.

    Assim, cada varivel dependente (mo de obra, operaes com mquinas, fertilizantes, defensivos e agrotxicos e outros itens) foi combinada com cada um dos cinco blocos de variveis climticas (PA, PF, TMAXm, Tm e TMINm), nos quais foram includas seis variveis preditoras (PA: PAt1, PAt2, ..., PAt6; PF: PFt1, PFt2, ..., PFt6; TMAXm: TMAXmt1, TMAXmt2, ..., TMAXmt6; Tm: Tmt1, Tmt2, ..., Tmt6; TMINm: TMINmt1, TMINmt2, ...; TMINmt6).

    O comportamento dos custos de produo em relao aos fatores climticos, para todas as cidades conjuntamente, foi avaliado a partir da anlise dos resultados da regresso, em que se observou os valores da significncia do modelo (ou teste F), da significncia individual de cada varivel preditora (ou teste t) e do coeficiente de explicao (R2). Para esta pesquisa adotou-se o intervalo de 95% de confiana, tanto para o teste F, quanto para o teste t. Ademais, verificou-se os pressupostos do modelo clssico de regresso linear mltipla da existncia da independncia do erro (ou resduos) e de que no existe relao linear exata entre as variveis preditoras foram verificadas pelo teste de Durbin-Watson e pela estatstica

    FIV (Fator de Inflao de Varincia), respectivamente.

    5. Resultados Obtidos

    A cidade de Lus Eduardo Magalhes destaca-se pelo emprego da mecanizao e

    tecnologia de ponta nas lavouras e pelo perfil de cultivo, predominantemente, irrigado. Alm disso, esta cidade apura os nveis mais elevados de produtividade em relao s demais

    cidades (Apndice III). Londrina uma cidade que se diferencia das demais pelo sistema de colheita seletiva

    adotado nas lavouras. Este sistema tambm conhecido por colheita a dedo e permite que os gros sejam colhidos no estdio de maturao cereja, que o momento ideal para a colheita do caf, pois proporciona um produto de melhor qualidade. Nesse tipo de colheita so retirados do cafeeiro somente os gros maduros, um a um, o que significa que uma mesma

    planta colhida mais de uma vez. Dessa forma, a cafeicultura em Londrina requer maior

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    contingente de mo de obra nas lavouras. Outra questo de destaque em Londrina o fato de que as variedades mais cultivadas so aquelas de baixo porte, mais resistentes a pragas, portanto exige menor uso de agrotxicos e, alm disso, o cultivo no estado do Paran no

    necessita de irrigao. Esta cidade est entre aquelas menos produtivas (Apndice III). A cidade com o menor ndice de produtividade dentre as cidades estudadas Venda

    Nova do Imigrante, conforme Apndice III.

    No perodo de 2003 a 2012 as cidades com o custo de produo mais elevado foram Lus Eduardo Magalhes e Londrina e a cidade com menor custo foi Venda Nova do

    Imigrante (Apndice I). O maior custo verificado na cidade de Lus Eduardo Magalhes pode estar associado ao emprego da alta tecnologia nas lavouras, o que ocasionou os maiores nveis

    de produtividade do perodo. Londrina a cidade com o segundo maior custo e terceira menor produtividade. No caso do custo elevado pode ser explicado pelo fato de que o cultivo do caf nesta cidade requer maior contingente de mo de obra devido a colheita seletiva. Em relao a produtividade inferior, um dos fatores de causa pode ser a falta de tradio no uso de

    tecnologia nos cafezais. Venda Nova do Imigrante tem o menor custo e a menor produtividade, o que pode estar relacionado ao perfil convencional de cafeicultura, ou seja, com pouco ou nenhum emprego de tecnologia no cultivo.

    A observao do comportamento das condies climticas em todas as cidades demonstra que estas trs cidades, Lus Eduardo Magalhes, Londrina e Venda Nova do Imigrante, so aquelas que possuem combinao mais adversa dos fatores climticos, ou seja, temperatura e quantidade e frequncia de chuvas (Apndice II).

    Em relao ao volume de chuvas anuais apenas Lus Eduardo Magalhes apresentou

    nveis abaixo da mdia (uma mdia de 911mm/ano), conforme Apndice II e Apndice III. Londrina e Venda Nova do Imigrante apresentaram ndices pluviomtricos mdios adequados cafeicultura de 1.690mm/ano e 1.365mm/ano (Apndice III), respectivamente, porm com distribuio desfavorvel, pois no foi observado um perodo de estiagem bem definidos nos

    meses de junho, julho e agosto, como ocorreu nas demais cidades (Apndice II). Este perodo de estiagem necessrio na poca de repouso e quebra de dormncia das gemas florais para

    provocar uma florada bem definida a partir de setembro e, consequentemente, favorecer uma maturao uniforme a partir de abril do ano subsequente. Tais condies podem garantir

    melhores nveis de produtividade. Em relao temperatura estas trs cidades apresentaram temperaturas mximas e

    mdias mais elevadas em comparao com as demais, conforme Apndice II e Apndice III.

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    Na cidade de Lus Eduardo Magalhes a temperatura mxima e a mdia ficaram em torno de 33C e 26C, respectivamente (Apndice III). Este comportamento trmico desfavorvel cafeicultura associado aos ndices pluviomtricos inferiores torna possvel a

    cafeicultura nesta cidade somente se for conduzida com alta tecnologia, principalmente, aquela associada a irrigao. A irrigao uma tecnologia que apresenta alto custo de implantao e manuteno, porm apresenta a vantagem de controlar a distribuio de gua

    de acordo com as necessidades da planta em cada uma de suas fases fenolgicas. A temperatura mdia acima daquelas propcias cultura de 23C e 24C em Londrina

    e Venda Nova do Imigrante (Apndice III), respectivamente, no inviabiliza a cafeicultura nestas cidades, pois a necessidade hdrica sofre interferncia trmica e vice-versa. Esta

    constatao foi feita por Petek, Sera e Fonseca (2009) em estudo que investigou as exigncias climticas no desenvolvimento e maturao do cafeeiro na cidade de Londrina.

    A produtividade destas cidades pode estar sendo prejudicada, primeiro, pelas condies climticas adversas e, depois, pela no tradio do emprego da tecnologia nas

    lavouras para suprir o comportamento climtico adequado. A produtividade baixa onera o custo unitrio de produo e prejudica a competitividade do produto. Na cidade de Lus Eduardo Magalhes o comportamento climtico desfavorvel suprido pela tecnologia de ponta utilizada nas lavouras o que proporciona os maiores nveis de produtividade, porm a custos mais elevados.

    Nas demais cidades (Patrocnio, Guaxup, So Sebastio do Paraso, Manhuau e Franca) a quantidade e frequncia de chuvas e a temperatura comportam-se dentro dos limites exigidos pelo cafeeiro (Apndice II e Apndice III).

    Os modelos gerados pelas regresses mltiplas foram todos significativos (sig. F < 0,05), exceto os modelos que relacionaram os outros itens com o bloco das variveis de temperatura mnima mdia (TMINmt1, TMINmt2, TMINmt3, TMINmt4, TMINmt5, TMINmt6) e com o bloco da temperatura mdia (Tmt1, Tmt2, Tmt3, Tmt4, Tmt5, Tmt6). No primeiro caso foram gerados sete modelos, porm nenhum demonstrou-se significativo e no segundo caso, dos seis modelos gerados, somente um foi significativo (Tabela 1). Este resultado sugere que o conjunto da temperatura mnima mdia e a temperatura mdia no so boas variveis para predizer o custo dos outros itens.

    A observao da presena de variveis climticas significativas (sig. t < 0,05) nos modelos gerados evidenciou a importncia das condies pluviomtricas, tanto a quantidade

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    quanto a distribuio de chuvas, no terceiro e quarto trimestre (PAt3, PAt4, PFt3 e PFt4). Estas variveis foram aquelas presentes no maior nmero dos modelos (Tabela 1).

    Tabela 1: Quantidade de modelos significativos gerados (sig. F < 0,05) e nmero de repeties das variveis climticas significativas (sig. t < 0,05) presentes nos modelos significativos. Varivel Climtica

    Mo de Obra Operaes com Mquinas Fertilizantes Defensivos e Agrotxicos Outros Itens Total

    Md Total RP Md Rp Md Rp Md Rp Md Rp Md Rp

    PAt1

    5

    2

    4

    0

    5

    0

    4

    0

    5

    0

    23

    2 PAt2 0 2 3 0 0 5 PAt3 5 0 2 2 4 13 PAt4 0 4 5 4 0 13 PAt5 0 4 2 0 5 11 PAt6 0 4 0 2 0 6 PFt1

    6

    1

    5

    0

    5

    0

    3

    0

    5

    0

    24

    1 PFt2 0 0 0 0 5 5 PFt3 6 5 5 1 5 22 PFt4 0 5 5 3 0 13 PFt5 0 0 0 3 0 3 PFt6 0 0 0 1 0 1 TMAXmt1

    3

    2

    4

    0

    4

    0

    6

    6

    8

    0

    25

    8 TMAXmt2 3 0 2 0 0 5 TMAXmt3 0 4 2 0 5 11 TMAXmt4 1 0 0 6 8 15 TMAXmt5 0 1 4 6 2 13 TMAXmt6 3 3 0 6 0 12 TMINmt1

    4

    3

    5

    0

    5

    0

    5

    5

    0*

    0

    19

    8 TMINmt2 0 0 0 0 0 0 TMIMmt3 0 0 0 0 0 0 TMIMmt4 4 5 5 5 0 19 TMINmt5 4 1 5 5 0 15 TMINmt6 2 0 0 0 0 2 Tmt1

    6

    0

    3

    0

    3

    0

    6

    0

    1**

    1

    19

    1 Tmt2 6 0 0 4 0 10 Tmt3 6 3 3 6 0 18 Tmt4 0 1 1 0 0 2 Tmt5 5 3 1 2 0 11 Tmt6 3 1 1 0 0 5 Nmero de variveis 16 15 15 17 08 28

    Variveis Climticas: PA Precipitao Acumulada (mm); PF Frequncia de Chuvas (n dias); TMAXm Temperatura Mxima mdia; TMNm (C); Temperatura Mnima mdia (C); Tm Temperatura mdia (C). Md - Quantidade de modelos significativos gerados (sig. F < 0,05). Rp Nmero de repeties das variveis climticas significativas (sig. t < 0,05) nos modelos significativos. * Foram gerados sete modelos, porm nenhum foi significativo a sig. F < 0,05. ** Foram gerados seis modelos, porm somente um foi significativo a sig. F < 0,05.

    Fonte: Elaborao prpria, a partir de dados da pesquisa.

    No terceiro trimestre ocorre a quebra da dormncia das gemas florais e o incio da florada. O quarto trimestre marcado pelo trmino da florada e pela formao e expanso do

    chumbinho. Na fase da quebra da dormncia necessria a ocorrncia de restrio hdrica seguida de chuvas para induzir o florescimento uniforme e o pegamento floral e na fase

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    subsequente, bons ndices pluviomtricos so importantes na formao do fruto. Estas duas fases so decisivas na produtividade do cafeeiro.

    A precipitao acumulada no terceiro trimestre (PAt3) foi significativa para prever o custo da mo de obra em todos os modelos e tambm, em quatro dos cinco modelos gerados para os outros itens. A precipitao acumulada no quarto trimestre (PAt4) foi varivel de destaque nos modelos gerados para o custo de operaes com mquinas, fertilizantes e

    defensivos e agrotxicos. Alm destas duas variveis, a precipitao acumulada no quinto trimestre (PAt5) apareceu em todos os modelos das operaes com mquinas e de outros itens (Tabela 1).

    A frequncia de chuvas no terceiro trimestre (PFt3) esteve presente em todos os modelos gerados para a mo de obra, as operaes com mquinas, os fertilizantes e os outros itens. No quarto trimestre a frequncia de chuvas (PFt4) foi significativa em todos os modelos gerados para as operaes com mquinas, os fertilizantes e os defensivos e agrotxicos (Tabela 1).

    As condies trmicas mostraram-se mais relevantes no quarto e quinto trimestre, no caso da temperatura mxima mdia e temperatura mnima mdia (TMAXmt4 e TMAXmt5). A relevncia da temperatura mdia ficou evidenciada no segundo, terceiro e quinto trimestre (Tmt2, Tmt3 e Tmt5). Nestes trimestres foi identificado o maior nmero destas variveis climticas significativas (sig. t < 0,05) presentes nos modelos (Tabela 1).

    No quarto trimestre a temperatura importante para a produo do cafeeiro, pois a

    elevao acima dos limites tolerveis provoca o abortamento floral. No quinto trimestre, quando ocorre a granao dos frutos, os efeitos da temperatura sobre a produo esto

    associados com a pluviosidade. A temperatura mxima mdia no quarto trimestre (TMAXmt4) esteve em todos os

    modelos de defensivos e agrotxicos e de outros itens e a do quinto trimestre (TMAXmt5) em todos os modelos de fertilizantes e defensivos e agrotxicos (Tabela 1).

    As temperaturas mximas no quarto e quinto trimestre (TMAXmt4 e TMAXmt5), praticamente, no estiveram presentes nos modelos de previso da mo de obra e das

    operaes com mquinas. Para o primeiro componente de custo destacaram-se a temperatura mxima mdia no primeiro, no segundo e no sexto trimestre (TMAXmt1, TMAXmt2 e TMAXmt6). Para o segundo destacaram-se a temperatura mxima mdia no terceiro e sexto trimestre (TMAXmt3 e TMAXmt6), conforme Tabela 1.

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    As temperaturas mnimas no quarto e quinto trimestre (TMINmt4 e TMINmt5) foram significativas em todos os modelos para todos os componentes de custo, exceto no caso de outros itens que no foram gerados modelos significativos (Tabela 1).

    A temperatura mdia destacou-se no terceiro trimestre (Tmt3), pois foi evidenciada como significativa em 18 dos 19 modelos gerados no total.

    Nos modelos de previso de custo do caf arbica foram significativas 16, 15, 15, 17 e oito das 30 variveis climticas estudadas para prever o custo da mo de obra, das operaes com mquinas, dos fertilizantes, dos defensivos e agrotxicos e de outros itens,

    respectivamente (Tabela 1). De maneira geral, observou-se a importncia das condies climticas, principalmente

    nas fases da dormncia das gemas, abotoado e incio da florada; da florada, chumbinho e expanso dos frutos e da granao. Nestas fases foram identificados o maior nmero de variveis de precipitao e temperatura significativas (sig. t < 0,05) presentes nos modelos gerados para prever o custo dos componentes de produo do caf arbica. Nesta fase, Weill

    et. al. (1999) identificaram relaes significativas das condies climticas com a produtividade do cafeeiro.

    Para todas as regresses geradas foi obtido somente um modelo significativo (sig. F < 0,05) em que os parmetros da equao, inclusive a constante, fossem significativos (sig. t < 0,05), exceto para a regresso entre outros itens e a temperatura mnima mdia, em que no foi gerado nenhum modelo significativo. De maneira geral, as regresses com a temperatura

    apresentaram maior preditivo (R2) dos componentes do custo de produo do caf arbica do que as variveis de precipitao. No entanto, a maioria dos modelos obtidos apresentaram

    problemas de autocorrelao dos resduos e de multicolinearidade (Apndice IV), tanto nas com a quantidade e frequncia de chuvas quanto com as temperaturas.

    Os parmetros das equaes de regresso linear mltipla entre os componentes do custo de produo e as variveis climticas evidenciaram a importncia da precipitao no

    terceiro e quarto trimestre, tanto da quantidade quanto da frequncia das chuvas (PAt3, PAt4, PFt3 e PFt4). Estas variveis correlacionaram com quatro, trs, cinco e trs dos cinco componentes de custo analisados, respectivamente (Quadro 7).

    O sinal dos parmetros das equaes mostra o sentido da correlao entre as variveis

    dependentes e preditoras. As correlaes significativas (sig. t < 0,05) entre os componentes de custo e as variveis climticas nestes trimestres foram negativas, exceto com a mo de obra, conforme o Quadro 7. Os gastos com a mo de obra, com as operaes com mquinas e com

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    os outros itens esto relacionados ao nvel de produtividade das lavouras. Para as operaes com mquinas e outros itens este resultado foi semelhante quele encontrado por Weill et. al. (1999). Em um dos modelos agrometeorolgicos selecionados pelos autores, o sinal do parmetro da equao de regresso entre a produtividade e a precipitao acumulada no terceiro trimestre foi negativo.

    Quadro 7: Sntese dos parmetros das equaes de regresso mltipla (R2) entre os componentes de custo e as variveis climticas significativas (sig. t < 0,05) Variveis Climticas

    Fase ou Estdio Fenolgico

    Mo de Obra

    Operaes com

    Mquinas Fertilizantes

    Defensivos e

    Agrotxicos Outros Itens

    Nmero de correlaes

    (sig.t < 0,05) PAt1 MV 1,78 -- -- -- -- 01 PAt2 IGF -- -2,40 -- -- -- 01 PAt3 GD / GE / A / F 8,44 -- -3,18 -2,00 -0,41 04 PAt4 F / CH / EF -- -1,71 -1,79 -1,15 -- 03 PAt5 GD / GE / A / F -- -2,32 -- -- -0,22 02 PAt6 M -- -2,26 -- -1,49 -- 02 PFt1 MV 47,79 -- -- -- -- 01 PFt2 IGF -- -- -- -- 9,67 01 PFt3 GD / GE / A / F 104,02 -52,70 -53,58 -24,09 -7,73 05 PFt4 F / CH / EF -- -31,72 -44,63 -19,44 -- 03 PFt5 GD / GE / A / F -- -- -- 19,27 -- 01 PFt6 M -- -- -- -16,48 -- 01 TMAXmt1 MV 397,64 -- -- -128,62 -- 02 TMAXmt2 IGF -704,40 -- -- -- -- 01 TMAXmt3 GD / GE / A / F -- 265,94 265,82 -- 45,02 03 TMAXmt4 F / CH / EF 299,00 -- -182,40 178,87 -58,65 04 TMAXmt5 GD / GE / A / F -- -137,41 242,13 -268,61 26,75 04 TMAXmt6 M -372,27 262,41 -- 266,43 -- 03 TMINmt1 MV 445,83 -- -- -162,19 -- 02 TMINmt2 IGF -- -- -- -- -- 00 TMIMmt3 GD / GE / A / F -- -- -- -- -- 00 TMIMmt4 F / CH / EF -564,15 416,81 500,03 409,58 -- 04 TMINmt5 GD / GE / A / F 548,86 -161,61 -306,29 -199,47 -- 04 TMINmt6 M -337,75 -- -- -- -- 01 Tmt1 MV -- -- -- -- -19,55 01 Tmt2 IGF -697,72 -- -- 319,32 -- 02 Tmt3 GD / GE / A / F 672,82 -478,30 -418,10 -289,12 -- 04 Tmt4 F / CH / EF -- 291,98 225,56 -- -- 02 Tmt5 GD / GE / A / F 179,84 -241,20 -218,12 -- -- 03 Tmt6 M -- 284,52 237,45 -- -- 02 Variveis Climticas: PA Precipitao Acumulada (mm); PF Frequncia de Chuvas (n dias); TMAXm Temperatura Mxima mdia; TMNm (C); Temperatura Mnima mdia (C); Tm Temperatura mdia (C). Fase ou Estdio Fenolgico: MV Mxima Vegetao; IGF Induo das Gemas Florais; GD Gema Dormente; GE Gema Entumecida; A Abotoado; F- Florada; CH Chumbinho; EF Expanso dos Frutos; G Granao; M Maturao.

    Fonte: Elaborao prpria, a partir de dados da pesquisa.

    As correlaes negativas de fertilizantes com a PAt4 e PFt4 podem estar relacionadas

    a necessidade do aumento da umidade para potencializar a absoro dos nutrientes aplicados

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    ao solo neste trimestre (out-nov-dez), o que pode reduzir o nmero de aplicaes subsequentes.

    No caso de defensivos e agrotxicos as correlaes negativas com as condies

    pluviomtricas so justificadas sob o aspecto de que o aumento da quantidade e do nmero de dias com chuvas podem atuar no controle de algumas pragas, por exemplo, o bicho mineiro. Este comportamento pode reduzir os gastos com defensivos e agrotxicos.

    De maneira geral, observou-se que as temperaturas (mxima mdia, mnima mdia e mdia) foram significativas nos modelos gerados para mais de trs componentes de custo, nas fases da dormncia das gemas, abotoado, incio da florada; da florada, chumbinho e expanso dos frutos; da granao e da maturao. Este resultado diverge de Weill et. al. (1999), pois nos trs modelos agrometeorolgicos selecionados a temperatura mnima mdia esteve presente na fase da induo da gema floral.

    Diante das evidncias de que as correlaes das temperaturas com a produo so sempre positivas, exceto a poca do florescimento (WEILL et. al., 1999), no foi possvel observar nenhum padro de comportamento das correlaes entre esta varivel climtica e o custo da mo de obra, das operaes com mquinas e dos outros itens.

    Para os fertilizantes a elevao da temperatura pode facilitar a absoro da adubao foliar recomendada para os meses de janeiro a maro e setembro a novembro. Assim, os gastos com fertilizantes poderiam ser reduzidos pela desnecessidade de aplicaes subsequentes. No primeiro trimestre (jan-fev-mar) no ocorreu nenhuma correlao significativa desta varivel climtica com fertilizantes. No quarto trimestre (out-nov-dez) as correlaes com a temperatura mxima mdia e mnima mdia foram negativas conforme o

    esperado, porm no caso da temperatura mdia foi positiva. Em relao aos defensivos e agrotxicos a elevao da temperatura favorece o ataque

    do bicho mineiro, porm pode controlar a infestao da broca do caf e da ferrugem das folhas. No caso dos dois ltimos o perodo ideal para o controle vai de novembro a abril, ou

    seja, ocorre principalmente no quarto e quinto trimestre. Assim, esperava-se que nestes trimestres as correlaes das temperaturas com defensivos e agrotxicos fossem negativas, o

    que foi possvel observar somente no quinto trimestre para as temperaturas mximas mdias e mnimas mdias (TMAXmt5 e TMINmt5).

    No entanto, os resultados das interferncias climtias no custo de produo do caf arbica apurados de forma conjunta, nas regresses lineares mltiplas (R2) exigem um estudo mais refinado. Primeiro, em funo dos problemas de autocorrelao dos resduos e de

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    multicolinearidade apontados nas regresses, conforme pode ser observado no Apndice IV deste trabalho. Depois pelas divergncias encontradas em relao aos trabalhos que investigaram a interferncia dos fatores climticos na produtividade do cafeeiro.

    6. Consideraes Finais

    A representatividade econmica da cafeicultura para o Brasil relaciona-se com a sua

    participao no mercado externo e com a sua importncia para muitos municpios brasileiros, pois envolve o desenvolvimento de atividades diretas e indiretas, associadas produo, ao processamento e ao consumo. Como a comercializao do caf ocorre na forma de commodity, a gesto de seus custos de produo fundamental para garantir a sustentabilidade econmica do negcio. A reviso terica deste trabalho permitiu identificar estudos que verificaram o comportamento dos custos de produo do caf em relao ao preo de venda, em relao tributao e em relao aos preos de commodity no agrcolas, tais como: petrleo, minrio de ferro, superfosfato, ureia e potssio.

    Assim, foi possvel observar a interferncia de diversos fatores na formao dos custos

    da cafeicultura. Apesar do avano tecnolgico para a adaptabilidade da cafeicultura a regies inapropriadas e para a melhoria da resistncia da planta as adversidades do ambiente, o clima

    considerado o principal fator de influncia no desempenho produtivo da planta e, consequentemente, na formao dos custos de produo.

    Diante disso, o presente estudo se props a identificar as principais influncias que os fatores climticos exerceram sobre o custo de produo da cultura do caf arbica, no perodo

    de 2003 a 2012, nas cidades representantes dos principais estados produtores de caf do Brasil. A consecuo deste objetivo foi possvel com a descrio da composio dos custos de produo e das condies climticas de cada cidade e com a aplicao da anlise de regresso linear mltipla (R2).

    Em Lus Eduardo Magalhes ocorreram as temperaturas anuais mais altas, ndices pluviomtricos insuficientes para a cafeicultura e o maior custo de produo. Londrina e

    Venda Nova dos Imigrantes ficaram em terceiro e segundo lugar, respectivamente, nas condies trmicas mais elevadas. Nestas duas cidades foram registrados ndices

    pluviomtricos propcios a cultura, porem com distribuio inadequada durante o ciclo fenolgico da planta. Em Londrina foi apurado o segundo maior custo de produo no perodo e em Venda Nova dos Imigrantes o menor. A disparidade entre o custo de produo das duas cidades pode ser explicado pelo sistema de colheita seletiva adotado na maioria dos

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    cafezais de Londrina. Londrina e Venda Nova dos Imigrantes esto entre as cidades com menor produtividade, enquanto que Lus Eduardo Magalhes apresenta a maior produtividade dentre todas as cidades estudadas. Nas demais cidades o comportamento das condies

    climticas so favorveis ao cultivo do caf arbica e possuem estrutura de custos mais semelhantes.

    A anlise dos dados por meio de regresso linear mltipla (R2) entre o custo de produo e as variveis climticas destacou a influncia da precipitao acumulada e frequncia de chuvas nas fases da dormncia das gemas, abotoado e incio da florada (terceiro trimestre) e da florada, chumbinho e expanso dos frutos (quarto trimestre). No caso das temperaturas, observou-se o maior nmero de variveis significativas presentes nos modelos

    nas fases da florada, chumbinho e expanso dos frutos (quarto trimestre) e da granao (quinto trimestre) para a temperatura mxima mdia e mnima mdia. Nas fases da induo da gema floral (segundo trimestre); da dormncia das gemas, abotoado e incio da florada (terceiro trimestre) e da granao (quinto trimestre) estiveram presentes o maior nmero de variveis significativas da temperatura mdia presentes nos modelos. Este resultado corrobora, em parte, com aqueles obtidos por Weill et. al. (1999). Em relao s condies pluviomtricas, de acordo com este autor, a precipitao acumulada no terceiro trimestre demonstrou-se importante para prever a produo. Porm, no caso das temperaturas do terceiro ao sexto trimestre nenhuma delas foi evidenciada nos trs modelos selecionados por estes autores. Nestes modelos foi destacada a temperatura mnima no segundo trimestre. A

    temperatura mxima mdia na fase da granao foi evidenciada no resultado das correlaes simples (r) de Weill et. al. (1999).

    De maneira geral, nas fases da dormncia das gemas, abotoado e incio da florada; florada, chumbinho e expanso dos frutos e da granao foram identificados o maior nmero de variveis significativas de precipitao e de temperatura presentes nos modelos para prever o custo de produo do caf arbica. Nestes modelos foram significativas 16, 15, 15, 17 e oito das 30 variveis climticas estudadas com o potencial de prever o custo da mo de obra, das operaes com mquinas, dos fertilizantes, dos defensivos e agrotxicos e dos outros itens,

    respectivamente.

    Todas as regresses mltiplas com os componentes de custos geraram modelos

    significativos, exceto no caso de outros itens. Para este componente, nenhum dos sete modelos com o bloco da temperatura mnima foi significativo. Os modelos com a temperatura mdia, somente um modelo dos seis gerados foi significativo.

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    A relevncia deste estudo est associada, principalmente, a contribuio terica relativa ao comportamento do custo de produo do caf arbica em relao aos fatores climticos, principalmente, as condies trmicas e hdricas. Na prtica, este conhecimento

    terico pode auxiliar no desenvolvimento de sistema de gerenciamento dos custos de produo da cafeicultura e na compreenso de como eles so formados dentro das propriedades. A utilidade deste conhecimento relaciona-se com a possibilidade de

    fornecimento de subsdios para o planejamento da atividade por autoridades governamentais, por rgos de classe e por cooperativas.

    No entanto, a inexistncia de parmetros para comparar os resultados deste trabalho, devido a escassez de pesquisas que busquem as relaes entre o custo de produo do caf e o

    clima, torna necessria a continuidade de estudos desta natureza. Em funo desta limitao, as principais bases tericas foram construdas a partir de estudos oriundos das cincias agronmicas, em que so vastas as pesquisas que investigam as relaes entre a produtividade do cafeeiro e as condies climticas. Foram estas pesquisas que estabeleceram as bases para

    a interpretao do comportamento do custo da mo de obra, das operaes com mquinas e dos outros itens em relao aos fatores climticos. No caso dos fertilizantes se considerou os

    perodos recomendados para a adubao e os efeitos que as condies climticas exercem sobre a capacidade de absoro destas substncias pela planta. Para os defensivos e agrotxicos, alm do critrio utilizado para os fertilizantes, observou-se a relao das condies climticas com a proliferao ou controle de pragas e doenas. Assim, os

    resultados aqui obtidos so preliminares e carecem de outras investigaes. Por esse motivo, este trabalho pode auxiliar futuras pesquisas que objetivem abordar o tema.

    O problema da multicolinearidade evidenciado nas regresses mltiplas (R2) sugere a necessidade de investigar outra tcnica que possa revelar relaes mais significativas entre o custo de produo do caf arbica e os fatores climticos, como por exemplo, anlise fatorial.

    Diante disso, pesquisas que verifiquem o comportamento do custo de produo do

    caf em relao aos fatores climticos em outras localidades e/ou em outros perodos so oportunas. De outra forma, investigaes integradas do efeito de outros fatores, alm dos

    climticos, sobre o custo de produo do caf arbica representam uma alternativa na busca de respostas sobre a estruturao dos mesmos. Estudos desta natureza podem contribuir com a

    consolidao do referencial sobre o tema e com a formao de maiores evidncias tericas e prticas.

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    APNDICE I Composio do custo mdio de produo local do caf arbica, no perodo de 2003 a 2012

    Componentes do Custo de Produo

    Minas Gerais So Paulo Esprito Santo Paran Bahia

    Patrocnio Guaxup So

    Sebastio do Paraso

    Manhuau Franca Venda Nova do Imigrante Londrina Lus Eduardo

    Magalhes

    Componentes do Custo Total

    Custo Varivel 7.185,89 7.306,52 7.002,18 6.353,68 8.079,00 6.054,11 9.079,98 12.210,18

    Custo Fixo 880,80 926,41 957,31 894,99 693,66 1.115,10 1.227,89 2.216,60

    Custo de Oportunidade 632,91 460,00 707,10 615,25 804,84 628,01 540,93 558,12

    Custo Total 8.699,60 8.692,93 8.666,59 7.863,92 9.577,49 7.797,23 10.848,79 14.984,90 Componentes do Custo Varivel

    Despesas de Custeio da Lavoura 6.555,77 6.939,67 6.471,35 5.939,93 7.400,76 5.605,62 8.46