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Da comunicação à instrução António Rosado António Rosado

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Da comunicação à instrução

António Rosado

António Rosado

Técnicas de InstruçãoTécnica de instrução: Comportamentos de ensino que fazem parte do repertório do professor/treinador para comunicar informação substantiva (Siedentop, 1991).

Dela fazem parte todos os comportamentos, verbais ou não verbais (e.g. explicação, demonstração, feedback, entre outras formas de comunicação acerca do conteúdo) que estão intimamente ligados aos objectivos da aprendizagem.

Determinados modelos de ensino, estratégias e métodos utilizam preferencialmente diversas técnicas instrucionais.

Técnicas de InstruçãoComo transmitir os conhecimentos aos praticantes?Que tipo de linguagem utilizar?Como comunicar com eficácia?Os professores e treinadores mais experientes distinguem-se dos inexperientes no domínio das estratégias de comunicação (Martens, 1999).Clareza da informação e fornecimento de feed-backapropriado são essenciais na eficácia do ensino (Werner e Rink, 1987).

Técnicas de InstruçãoSinopseGarantir a qualidade e a pertinência da informação.

Na apresentação da sessãoNa apresentação das tarefas motorasNa reinstruçãoNo balanço final da sessãoNa construção de exposições oraisNa demonstraçãoNa gestão das intervenções dos atletasNa utilização de meios auxiliaresNa comunicação não-verbalNo questionamentoNo feed-back pedagógico

Da instrução à aprendizagemAs perdas de informação podem chegar aos 40%.Afunilamento instrucional

O que quero dizerO que digoO que o outro ouveO que o outro compreendeO que o outro retémO que o outro responde

Recordamo-nos:Scony-Vacuum Oil Co. Studies

10% do que lemos20% do que ouvimos30% do que vemos50-70% do que vemos e ouvimos80% do que dizemos90% do que fazemos.

O que ouço esqueçoO que vejo recordoO que faço compreendo

EdgarDale

APZ

Abstrato

Concreto

Taxa de esquecimento

Coisas ouvidas:Ao fim de 3 horas: 30%Ao fim de 3 dias: 90%

Coisas vistas:3 horas: 28%3 dias: 88%

Vistas e ouvidas:3 horas: 15%3 dias: 35%

A memória humana no processo de treino

Tudo envolve filtragem e processamento de informação.A teoria de George Millers “7±2”

A capacidade de processar informação éreduzida.

O contexto é uma variável importante sobre a memória.

Somos melhores a reconhecer do que a recordar as coisas.

Recordamos melhor imagens do que palavras.

O processo de persuasão das mensagens instrucionais

A informação envolve elementos informativos mas, também, um efeito persuasivo. A sua influência depende destas duas dimensões.

A persuasão pode ser definida como uma sequência de fases

1. Fase de exposição à informação2. Fase de atenção à informação3. Fase de compreensão4. Fase de aceitação ou rejeição5. Fase de persistência da mudança ou retenção.6. Fase de acção

(McGuire, 1969)

Garantir a persuasão das mensagens instrucionais

O processo persuasivo é determinado por cada um dos elementos do processo de comunicação.

Fonte Canal Mensagem Receptor

Feed-back

A Persuasão das Mensagens1.Compreensibilidade

Muito complexa diminui a probabilidade de compreensão e de persuasão...

2.Tamanho da mensagem (nº de argumentos).

Quanto mais argumentos mais persuasivaEvitar desconfiança

Persuasão das Mensagens3. Apelo ao Medo

Se existe alternativa 4. Bi-lateral ou Uni-lateral

Apresentar argumentos contra e a favor tende a ser mais persuasivo.

5. Retirar, ou não, conclusõesLevar a tirar conclusões émais persuasivo.Só se não forem óbvias éque devem ser incluídas.

Mensagens Mais Persuasivas

EnquadramentoPositivo vs negativo (negativo é mais eficaz).Caso do Medo.

Questões retóricasQuestões implicam mais envolvimento cognitivo.

VividnessGrau de vida que uma mensagem contém: imagens, letras redondas, estilo de apresentação...

Mensagens

Ordem de apresentaçãoEfeitos de primazia.

Efeito de recência.

Recorda-se melhor as primeiras informações e as últimas.

Outras fontes de acreditação da mensagem

Credibilidade do Professor/TreinadorExpertiseAtractibilidade FísicaAgradabilidadeUma ou Várias FontesSemelhança com o receptorIntenção de persuadirStatus/poder

Influência do canal na persuasão

Pessoal vs específicosO canal pessoal é mais eficaz (mais atenção, mais pistas, factores emocionais).

Atributos dos canaisSe é complexa é melhor escrita; audio-visualtem mais aceitação que escrita.

Comunicar MelhorUsar múltiplos canais (redundância através de canais diferentes reduz a probabilidade de má compreensão).

Adaptar a mensagem aos praticantes.Empatia (sensibilidade às necessidades, percepções, atitudes e emoções dos receptores. Pôr-se no lugar deles).

Escuta Activa (atenção, interpretação e memorização das mensagens).

Contacto visual, expressões faciais adequadas e meneios de cabeça afirmativos, evitar acções ou gestos de distracção, fazer perguntas, usar paráfrases, evitar interromper a pessoa que fala, não falar ao mesmo tempo.

Qualidade da informação

3 etapas básicas:1. Instrução2. Controlo3. Reformulação

2 Tipos de instrução sempre presentes (ainda que implícitas).Informação sobre o conteúdo/matéria p.d.Informação de organização.

Três passos principaisTrês passos principais

1.1. EstratEstratéégias de abertura ou actividades introdutgias de abertura ou actividades introdutóóriasrias

2.2. EstratEstratéégias e actividades de desenvolvimento ou estudogias e actividades de desenvolvimento ou estudo

3. Estrat3. Estratéégias de Encerramentogias de Encerramento

Estratégias de AberturaDiagnóstico da situação;Criar motivação ou predisposição para a tarefa ou aprendizagem;Orientação no assunto a estudar ou aptidão a desenvolver.

Introdução

Prontidão induzida: Técnica utilizada no início das sessões de modo a

preparar os alunos/atletas para a aprendizagem e estabelecer o elo de

ligação entre o conhecimento anterior dos alunos e a nova informação.

Organizador Prévio: Afirmações que o professor faz antes da sessão de

modo a introduzir o novo assunto aos alunos/atletas.

A introdução de uma sessãoA introdução de uma sessão

Possibilidades:Enquadramento (prontidão induzida/motivação...)

1. Objectivo (utilidade, interesse, contributo para os objectivos mais gerais...)

2. Relação com as sessões ou aprendizagens anteriores e/ou posteriores

3. e/ou referir os pré-requisitosSumário (organizadores prévios/orientação no assunto a estudar

ou treinar)1. Apresentação do conteúdo - Aspectos fundamentais

IntroduçãoIntrodução

Apresentação das condições de realização da sessão• Normas organizativas/ e… demonstração

• Combinar relembrar sinais, por ex.• Constituição de grupos• Combinar/relembrar sinais e regras de intervenção

dos estudantes.Questionamento - Controlo do nível de compreensão/

reformulaçãoApresentação da 1ª actividade

2. Estrat2. Estratéégias e actividades de desenvolvimento ou estudogias e actividades de desenvolvimento ou estudo

Análise e estudo/treino dos vários conteúdos

Organização do trabalho

Organização de ideias -Apresentação do conteúdo ou componentes da tarefa-Prática apropriada-Prática gradual-Orientação contínua-Feedbacks-Variação de estímulos

A apresentação da tarefa motoraInformação transmitida pelo professor aos alunos acerca do que fazer e como fazer durante a prática motora (Rink, 1994).

Influência os resultados da aprendizagem (Silverman et al.1995).

Informação referente ao que fazer e como fazer.

Indicar o significado da tarefa, importância e aplicação no contexto do jogo ou competição.

Conteúdo informativo: explicito e conciso.

Indicar o essencial dos aspectos mais importantes de realização da tarefa.

Apresentação da tarefaUtilizar demonstração ou informação visual.

Utilizar palavras-chave:Frases concisas, constituídas por uma ou duas palavras...Evitar a retenção de informação irrelevanteCondensar a informação e focar a atenção nos elementos críticos.

Apresentar exercícios ou tarefas motoras

1. Explicar o objectivo, interesse, utilidade2. Identificar os critérios de êxito/avaliação3. Demonstrar (simultaneamente ou imediatamente a seguir).4. Apresentar/demonstrar as condições de realização(regras organizativas).

Planear as transiçõesRegras de segurançaManipulação do material, etc.

5.Apresentar variantes de facilidade / dificuldade.6.Verificar se compreenderam/ reformular se…

3. Estrat3. Estratéégias e actividades de conclusãogias e actividades de conclusão

Consolidação e revisão do aprendido

Integração do aprendido num âmbito mais geral

Motivação

Encerramento da SessãoPossibilidades:

2 Funções: Cognitiva e MotivacionalFunção CognitivaIndicadores:

Rever/consolidar os conteúdos leccionados“Repetir”/sintetizar o essencial da aprendizagem da aula consolidando as aprendizagens anteriores.Destacar informação crítica para as aprendizagens que se seguem.Por instrução directa ou por questionamento sobre a matéria dadaVerificar a compreensão - Questões directas/ tempo para retirar dúvidas

Reformular aspectos essenciaisFornecer FB técnicos colectivos/individuaisProcurar fazer balanços globalmente positivos.

Encerramento da SessãoFunção de Motivação

• Possibilidades:

• Solicitar apreciação da sessão. ” Correio dos leitores”.

• Dar indicações sobre a próxima sessão, ou as próximas aprendizagens, destacar a progressão, convidar para novas aprendizagens, propor novos desafios, destacar situações futuras agradáveis e interessantes.

• “Cenas dos próximos capítulos” ou “no Próximo número”.

Encerramento• Sublinhar as relações com sessões ou aprendizagens

anteriores, destacando o enquadramento, o sentido mais geral, a progressão, os objectivos mediatos e a longo prazo.

• Realizar a “extensão dos conteúdos”: Enriquecimento cultural e extensão à realidade social. Curiosidades.

• Modelar comportamentos sociais (FB+, enc., interacções pessoais, conversas particulares)

• e, preparar a próxima sessão (questões organizativas).

Um plano sequencial de aprendizagem deve considerar Um plano sequencial de aprendizagem deve considerar estratestratéégias e actividades de:gias e actividades de:

MotivaçãoClarificação ou percepção

Verificação dos pré-requisitos necessáriosApresentação do conteúdo ou componentes da tarefa

Prática apropriadaPrática gradual

Orientação contínuaFeedbacks

Variação de estímulos

Método demonstrativo

Privilegia o saber-fazer.3 Fases:

1. Informação Inicial (verbal).2.Demonstração (execução).3.Realização pelos Praticantes (prática)4.Correção.

(ou de instrução directa do Arends).

Método DemonstrativoDecompor a tarefa em partes/operações elementares.Ordenação lógica (pedagógica) dessas operações.Informação anterior clara.Competência na demonstração.Qualidade do feed-back.

A demonstração como técnica de ensino

Dirigido à aprendizagem no domínio do saber-fazer.Um excelente meio para fornecer uma imagem motora.

Variáveis a gerir:

Escolha do modelo:o treinador/professor (imagem positiva de si e da atitude face às práticas).Um praticante: ef. de modelação e motivação.

Nível do modelo: um bom modelo bom ou médio, nem sempre os muito bons.passar por muitos estudantes, se possível.“Se não sabe fazer não demonstra”

Demonstrar erros: um bom executante ou o professor. Destacar que se trata de demonstrar um erro. Evitar chamar os maus praticantes a demonstrar.

A demonstraçãoInformação anterior: preceder a demonstração de uma explicação -focalizar a atenção ou demonstrar e explicar simultaneamente.

Foco verbal: dizer antes para onde olhar.

Quantidade de informação: centração sobre poucos aspectos / “uma coisa de cada vez”.

Relevância da informação: aspectos críticos.

Posição de observação: planear a posição dos observadores. Todos vêem?

Distância de Observação: planear a distância de observação.

A demonstraçãoPerspectiva: decidir sobre a perspectiva de observação/diferentes perspectivas/

Ex: de perfil, de frente, etc.

Âmbito: demonstrar o “todo” e/ou as “partes”. Alternar total/parte/total.

Quantidade de repetições: nº de vezes a repetir a demonstração.

A demonstração

Velocidade da Demonstração: realizar a velocidade normal e, eventualmente, reduzida.Local: de preferência, demonstrar no local onde se vai concretizar a prática.Condições materiais: planear os materiais necessários e tê-los no local onde vão ser necessários.Segurança: Salientar as regras de segurança, treiná-las.Controlo:Retirar dúvidas no final.

Construir uma Exposição Oral

Objectivo: delimitar o objectivo.Duração:prever a duraçãoComplexidade: Delimitar conteúdos e profundidade/complexidade do seu tratamento.Diagnóstico: considerar o perfil dos formandos. Fases: 3 Momentos

IntroduçãoExplanaçãoConclusão

1. Apresentar uma síntese inicialApresentar objectivos e estabelecer a prontidão (predisposição)

2. Apresentar os conceitos a partir de exemplos e não-exemplos. Apresentação de elos explicativos e novos exemplos

Apresentação de exemplos concretos retirados da experiência.3. Testar a aquisição.4. Generalizar a partir dos exemplos.

Análise do raciocínio e integração da aprendizagem5. Apresentar novos exemplos ou demonstração6. Generalizar, sintetizando7. Sublinhar o interesse e a aplicabilidade

Introdução

Conclusão

Explanação

Construir uma Exposição Oral

Uso de ExemplosApresentação e Sequência de Exemplos;

Métodos :• - da regra-para-o- exemplo;• - do exemplo-para-a-regra;• -Técnica da regra-exemplo-regra

-Uso de melhores exemplos;Os primeiros exemplos escolhidos deverão ser familiarespara o grupo.

Na apresentação directa:

Nomear o conceito e dar umadefinição;

-Identificar atributos críticos e dar exemplos e não-exemplos;

Testar a compreensão do conceito

Na aquisição de conceitos:

Dar alguns exemplos querepresentem o conceito e outros que o não façam;Formular hipóteses sobre osatributos do conceito e registar as suas opiniõesQuando conhecem o conceitopodem nomea-lo e descrevero processo que usaram para o identificar.

O Ensino de Conceitos

Qualidade das PrelecçõesQualidade das Prelecções

- 2 caminhos:- Partir do particular, da experiência vivida, do concreto, para o

geral, para o abstracto (indução). - Partir do geral para o particular (dedução).

Quantidade de Informação:Pouca informação de cada vez. Duração:Ser breve/ Só a informação mais relevante/Focado nos objectivosLinguagem: adaptada ao nível de compreensãoPersonalização: ser pessoal (nomes e exp. pessoais).Vivacidade (grau de “vida” de uma mensagem)

Qualidade da Informação

- Retenção:- Enfatizar os aspectos essenciais (entoação e

repetição/redundância).- Marcar bem as partes da prelecção- Controlo:

- Procurar ser visto, ver todos e ser ouvido por todos.Prever a posição dos praticantes e do professor.Todos devem ser visíveis pelo professor.Dirigir o olhar regularmente para todos os praticantes /auditório.Todos devem ver o professorColocação da voz

Qualidade da Informação

Velocidade de exposição ajustada.Fluidez:Falar de forma fluida, sem pausas ou interrupções desnecessárias.Altura e tom de voz ajustados.Linguagem clara e terminologicamente correctaGestão: Planear os momentos de exposição e a sua duração (início da sessão, períodos de repouso e transição, fim da sessão).Gestão:Planear as condições necessárias

Espaço e material necessário...Gestão: Combinar sinais de sinalização prévia de intervenção (ex: levantar o braço).

Qualidade da Informação

Ser interessante, para manter a atenção...Técnica do “Biquini” (pequenos, interessantes, cobrindo o essencial).Movimentação:Movimentar-se de forma dinâmica pelo espaço.Controlo da qualidade da informação:

Verificar o grau de compreensão da informação• Reservar tempo para dúvidas e discussão• Utilizar o questionamento.

Qualidade da InformaçãoControlo Intermédio:fazer balanços intermédios – ponte entre a matéria anterior e a que se vai seguir.

Ordenação da informação: Trabalhar a matéria principal, de cariz teórico e intelectual logo no início.

1º Conteúdo, 2º organização.Ex: Se sabe logo que é preciso um parceiro vai logo àprocura...Deixar para mais tarde a informação acessória.

Recorrer às fontes, explicar as diversas concepções e as razões porque opta por uma no caso de opiniões divergentes.

Qualidade das ComunicaçõesRedundância q.b.

Remover distracções do ambiente

Garantir a atenção

Mensagens verbais congruentes com as mensagens não-verbais.

Entusiasmo do treinador/professor (discurso variado, rápido e com inflexões vocais, exemplos demonstrativos, energia, exuberância, movimentos com o corpo...)

Paralinguagem

Volume da vozRessonância (riqueza ou finura)ArticulaçãoEntoação/ritmo (ênfase posta em diferentes palavras).

Pode ser decisiva na comunicação e na persuasão.

Utilizar meios gráficos no decurso das exposições1 Grandes (“legíveis” por todos)2 Atraentes3 Só informação essencial 4 Complementar com imagens e texto5 Acompanhar com exposição verbal

• Evitar ler o texto6 Colocá-los perto de zonas de trabalho -

- ou deixar para consulta durante a prática.

Meios audio-visuaisProcure prender a atenção

Apresente questões e problemas de forma gráfica.

Use cores, formas, posições e tamanhos contrastantes.

Use sublinhados, linhas e outros destaques sobre o essencial.

Meios auxiliaresExemplos:Quadro Preto, magnético, cavalete,CartazesRetroprojector, acetatos,Slides, projectorVídeo,Documentação de apoio

Saber produzi-los e utilizá-los com qualidade édecisivo.

http://www.acm.org/crossroads/xrds3-3/color.html

Exemplos

What is the time?

What is the time?

What is the time?

What is the time?

What is the time?

Dificuldades

Os meios audio-visuais podem distrair.

Trata-se de informação a 2 dimensões.

O campo de visão é limitado

Gestão das intervenções verbais

Gestão das intervenções (verbais) dos alunos/atletas

Regras de Intervenção:Ex: Levantar a mão para intervir

Não permitir comportamentos desrespeitosos.Interromper conversas privadas e paralelas e fazer pontos de ordem. Não deixar interromper os colegas.Ensinar a aprender a ouvir os outros:

Ex: pedir para dizer o que pensa, em resumo, do que o último acabou de dizer.

Gestão das intervenções dos alunos

Centrar e conter os mais divagadores.Evitar referências marginais. Evitar que alguns alunos dominem e outros não intervenham.Levantar questões pertinentes aos mais tímidos e esquivos.Tomar em conta as várias perspectivas.Não ignorar nenhuma pergunta nem nenhuma resposta.Integrar, na exposição, referências dos formandos.

Gestão das intervenções

Apontar aspectos chave no quadro.Acalmar tensões e conciliar pontos de vista, esclarecendo os pontos de desacordo e enfatizando os pontos comuns.Não valorizar muito a participação se estão a prestar atenção.

Quando tentam “testar” o professor/treinador:

Manter-se imperturbável.

Responder com firmeza, sem agressividade.

Brincar com a situação...

Gestão das intervenções

Responder às objecções complexas

Esclarecer, valorizar, argumentar e concluir.1. Pedir para esclarecer qual é especificamente a objecção

Evitar responder logo, evitar generalizar, dar tempo para pensar, encontrar mais pistas de resposta na própria objecção.Perguntar qual é a resposta ao formando e/ou aos estudantes (perguntas de ricochete).

2.Valorizar: admitir a sua pertinência ou razão de ser.Valoriza-se o conteúdo mas mais a pessoa, permite ganhar o apoio do atleta.

3. Argumentação.4. Conclusão de acordo com a perspectiva dos argumentos.

Produzir documentos de apoio

Produzir documentos de apoioDecisivos:

Aquisições no plano dos conhecimentos (declarativos)

Estudo autónomo

Dar informação sem consumir tempo de aula

Que tipos de documentos ?

Sobre objectivosRegras organizativas e disciplinaresDescrições técnico-tácticas.RegulamentosSistema de avaliaçãoPlanos individuais de trabalhoDocumentos orientadoresTextos de apoio/livros/sebentas...Registos de presenças/resultados/pontuaçõesFichas - tarefaEtc..

Produzir documentos de apoio

Como os organizar?

Esclarecer objectivos dessa documentaçãoEventualmente, apresentar objectivo, interesse, utilidade.

Linguagem adaptada.Sequência lógica de informação.

Produzir documentos de apoio

Captar o interesse e a atençãopartir de exemplos concretos ou imagensAbstrair (do exemplo para a regra!)mais exemplos (ou imagens).Usar muitas ilustrações é sempre um bom conselho!Conter pouca informação: focagem no essencial.Texto interessante/documento atraente“Sublinhar” aspectos essenciais: itálicos, bolds, maiúsculas, etc.

Produzir documentos de apoio

Evitar texto densoEspaçamento entre linhas, nº de linhas por página, etc. devem ser pensados para facilitar a leitura.Alternar figuras e textoUtilizar figuras grandes, visíveis e nítidas.

Legendar as figurasTerminologia e Redacção correctas

O caso das fichas-tarefaQuestões de concepção da ficha

1.Objectivo da tarefa.2. Descrição, nome e imagem desta.3. Condições de realização.4. Critérios de êxito.5. Variantes de facilidade ou dificuldade..6. Regras de segurança ou outras.Criar condições para que fiquem disponíveis durante a prática.Atraentes

Utilização dos documentos de apoio

Técnicas de implementação

Estimular a leitura, o estudo, a consulta.

Fazer perguntas sobre os documentos.

Retirar dúvidas sobre estes.Basear os momentos de informação neles.Realizar fichas e pequenos testes formativosElogiar quem o fez.

- Criar o hábito da sua utilização -

O Método Interrogativo

O método InterrogativoBaseia-se na aprendizagem com base em perguntas feitas ao formando e posterior correcção do formador.

Método demorado e muito exigente.

Pode ser usado isoladamente (maieutica de Sócrates) mas é comum usar-se em conjunto com os outros: para fazer uma avaliação inicial, para fazer um balanço final, para garantir o controlo do processo expositivo, por exemplo.

Método interrogativoNão é, habitualmente, usado em exclusividade: pode tornar a acção aleatória, quer em termos de gestão do tempo quer dos resultados.

Por vezes é difícil prever a duração das respostas e o nível de participação.Pode não haver respostas.

Implica conhecimentos prévios sólidos da matéria a tratar.

Método InterrogativoExige planificação de uma sucessão de questões.Favorece a reflexão, a compreensão e a apreensão.Favorece um bom arranque do trabalho.Favorece a atenção e a motivação.Favorece a participação.Útil para avaliação diagnóstica, para revisões, para controlo da sessão, para consolidar as aprendizagens.

O QuestionamentoObjectivos

1 Controlar a aquisição de conhecimentos2 Desenvolver a capacidade de reflexão3 Solicitar apreciação e motivar4 Controlo dos aspectos organizativos5 Aumentar a interacção6 Melhorar o clima, gestão e disciplina

O Questionamento - Cont.

Tipos de perguntas1 Que testam conhecimentos (reconstituição de

factos)2 Que despertam novos conhecimentos (“obrigam

a pensar”)3 Perguntas de Conhecimento/Perguntas de Valor4 Perguntas convergentes/P. divergentes5 Perguntas de controlo/organização6 Perguntas de Retórica

QuestionamentoPerguntas de “ricochete”: devolução da pergunta ao indivíduo ou ao grupo.

Perguntas de Remate: Há dúvidas? Mais questões?

O questionamentoGarantir a validade de conteúdo (representatividade das questões).Garantir a adequação ao perfil do formando.Ser subordinadas aos objectivos/relevantes.Linguagem clara (breves e precisas, evitando confundir).

Evitar:Falsas alternativasQuestões demasiado genéricasFrases negativasDuplas negativasQuestões irrelevantes

O questionamento

Foco: focadas nas matérias essenciais.Linguagem adequada: num vocabulário que facilite o seu entendimento.Relevância sócio-cultural: ajustar o conteúdo à cultura do formando e ao meio onde se insere.

O QuestionamentoAs questões devem ser:Significativas e interessantes

As questões mais simples primeiro; aumentar gradualmente a complexidade Ser perceptíveis por todo o auditórioFormular a pergunta antes de nomear o inquiridoPausa entre a emissão da questão e a nomeação do respondente.Dar tempo para responder.

O QuestionamentoOlhar procurando sinais de que estão prontos para responderMaior pausa e mais lentamente se a questão écomplexaReformular por novas palavras se não entenderemAgradecer as respostasDeixar claro que não faz mal errar.Distribuir por todo o grupoSe não responde, redirige-se para outro

.

O Questionamento - Cont.

Não aceitar respostas em coro/ só um de cada vez

- dificuldade de controlo- de reforço

Elogiar as respostas correctas e as incorrectas (o esforço de ter participado)Usar diversos tipos de questões

O Questionamento

Combinar um sinal para responder.Usar perguntas de encaminhamento- Dar “dicas” de resposta para ajudar

Usar perguntas de aprofundamentoNo caso de respostas superficiais

Encorajar a colocação de questõesUsar após períodos de informação

O QuestionamentoDe acordo com as taxonomias:

BLOOM (cognitivo) KRATHWOHL (afectivo)

Memorização CompreensãoAplicaçãoAnáliseSínteseAvaliação

Recepção - AtençãoResposta - ParticipaçãoValorização - 1 valorOrganização - Sistemade valoresActuar de acordo com o sistema de valores

São perguntas que estimulam a aluno/atleta a recordar o que viu ou ouviu, associadas à memorização.

Geralmente são fechadas podendo ser desde questões do tipo sim/não até questões de evocação, recordando factos, terminologia, convenções, regras, leis, etc.

Ex: Enuncia a regra do fora de jogo em Futebol.

Perguntas de Conhecimento

Perguntas de Compreensão

• Estimulam a compreensão daquilo que se recorda, correspondendo a descrições pelas suas próprias palavras (tradução ou transposição), ao enunciar de ideias básicas (interpretação) e às comparações. Envolve, também, uma síntese.

• Referem-se sempre a informação dada.

• Ex: Identifica as consequências da actividade física regular na saúde.

Perguntas de Aplicação

Envolvem transferência de conhecimentos de situações conhecidas para situações novas.

Por ex.., deduz as consequências da violência nos estádios a partir de acontecimentos paralelos ocorridos no passado.

Perguntas de Análise• São perguntas envolvendo a capacidade de dividir um

todo em partes, de identificar as relações entre as partes, de esclarecer a estrutura do todo, de identificar motivos e causas subjacentes, fazer inferências e dar exemplos das suas afirmações.

• Exigem organização de ideias, procura de evidências, interpretações e generalizações.

• Ex.: Identifica, na análise do desporto, as motivações subjacentes ao comportamento do público desportivo.

Perguntas de Síntese

• Envolvem a reunião de componentes de forma a obter um novo conjunto, conduzindo à expressão de uma criação original do indivíduo.

• Ex: Elabora um programa individual de preparação da sua condição física.

Perguntas de AvaliaçãoSolicitam um juízo emitido sobre algo em análise, com base em critérios dados.Juízos sobre a qualidade das ideias, sobre o valor das soluções dos problemas. São perguntas que solicitam opinião exigindo juízo de valor sobre as ideias.Ex: Avalia o comportamento dos atletas de alta-competição de acordo com o modelo comportamental do olimpismo

Domínio Sócio-Afectivo

• Perguntas de Recepção: Perguntas que estimulam a disposição do sujeito para tomar consciência e prestar atenção aos fenómenos à sua volta. Ex: Estão a ouvir?

• Perguntas de Resposta: Avaliam a participação, a disposição para responder, a satisfação na resposta. Ex: Estás a gostar do jogo?

Domínio Sócio-Afectivo

• Perguntas de Valorização (ou Valor): São perguntas que exigem atribuição de um valor às realidades com que se lida, envolvendo aceitação de um valor, preferência por um valor e defesa de um valor. Exigem apreciação.

• Ex: Achas que se devem respeitar sempre as decisões do árbitro?

Domínio Sócio-Afectivo

• Perguntas de Organização: • Questões que exigem a reflexão sobre

diferentes valores, demonstrando a existência de um sistema conceptualizado e coerente de valores por parte do indivíduo.

• Ex: Exponha a sua concepção da utilidade do desporto no desenvolvimento dos indivíduos.

BibliografiaRosado, A. (1997). O Questionamento Oral: Objectivos, Condições de Aplicação e Critérios de Utilização em Contextos Educativos. Revista Estudos de Pedagogia do Desporto, nº 5. Edições FMH, pp. 37-50.