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JlIJ-J Y XOXÍjL DA SEMANAEdição semana! illustrada do JORNAL DO BRASIL

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4Anno V —K. 236 DOMINGO, 20 DE NOVEMBRO Numero : 3oo réis

POR AQUI E POR ALLI estado de s. paulo-collegio de s. i.uizemitc

iParis outubro, 1904.

lEPOisda interrupção momentânea des-tas chronicas por motivo que certa-

mente só poderá ser favorável aos leitores,volto novamente á lide, fornecendo umastantas informações que só poderão serapreciadas pèlis numerosos leitores daRevista da Semana sob o prisma da boavontade e com algum interesse, por issoque ellas partem de um dos centros maismovimentados do mundo.

Se no Brasil se pudesse fazer uma ideaido que vae de exagero nos commentariosque se fazem dos factos e scenas da actua-1 idade européa ou mundial, certamente osnossos chronistas teriam muitíssimo maiscuidado no modo de fornecer as suas im-pressões ao publico,sempre ávido de novi-dades, e não cal»iriam muitas vezes na cen-sura dos noticiantes e chronstas estran-geiros, principalmente nos da França.

Por diversas vezes tem se occupado aimprensa carioca das grandes questões quemovimentam arlualmente a política inter-nacional européa, e entre ellas as duasprincipaes são, de facto, o movimento rea-ccionario que se nota em França contra oclericalismo e a outra a guerra russo-japo-rièzà.

Ora, justamente sobre estes dous factos(>stá a imprensa sul-americana informadade modo bem exagerado, não quanto aosfactos positivos, mas sim quanto á impor-tancia que a elles ligam os grandes centroseuropeus.

A questão religiosa em França nftopassa de um movimento político, cuja im-portancia diz respeito apenas a uns tantospartidos, que ininterruptamente se degla-diam sem proveito pratico de espécie aí-guma. .

A população franceza em nada tem mo-dilicado o seu modo de agir em relação aoclericalismo. Ella continua profundamentereligiosa e cada vez mais propensa a sus-tentar a existência dos centros de educaçãoem que predomine o elemento catholico.

0 que tem havido, e isto não é para

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estranhar, devido á guerra que o parla-mento move a es!as mesmas instituições,é uma differença no modo de vida destesinstitutos, que ainda são os mais floresceu-tes e os mais acreditados da Europa.

Não me refiro aqui aos incidentes derua provocados pelas medidas reacciona-rias do governo. Estes em toda a parte sãoos mesmos.

0 povo, sendo a massa mais fácil dedividir e ao mesmo tempo a mais difficilde conter nas suas explosões, põe-se logoao lado do mais fraco, quando a persegui-ção é insustentável, e ao lado do maisibrte, quando este tem todas as probabi-lidades de victoria.

E1 o que se dá em França. A expulsãodas communidades religiosas, sendo umfacto impossível de suster, porque emana

do governo, á grande massa popular, des-occupada e ociosa, procura logo um pontopara demonstrar a sua desorganização,provocando a alteração da ordem, e pai^aisso divide-se em dous campos, um qiíeapoia o acto do governo, outro que enfrentaviolentamente as medidas votadas peloparlamento e não passa disso. 0 segundoé suffocado pela força e pelo numero e oprimeiro victoria a execução. O coração dasociedade, porém, este não se intromettenem se preoccupa com estes nadas e conti-nua calmamente a dar o apoio do prestigioaos collegios e communidades religiosas deensino, pouco se incommodando com asviolências impoliticas de um governo des-orientado e incerto.

Sahem hoje de Paris as communidadesreligiosas e seguem-se-lhes amanhã todos

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os seus discípulos, que continuam' a frc-queritar as suas aulas no paiz em que seestabelecem.

Nunca talvez em toda a França estevetão enraizado o espirito do ensino catho-lico como ultimamente.

Por ahi podem os leitores da Revistada Semana fazer uma idéa do exagero quetambém existe sobre a preqccupação daspotências em relação á guerra do ExtremoOriente.

Os únicos paizes (pie de facto se preo-ccupam seriamente com ella sâp a lugla-terra e os Eslados Unidos, porque á Françacabe apenas o papel de reclamista da Rus-Siá. e isto mesmo porque lhe convém, vistocomo a maioria dos capitães Irancezes estãoempregados em titules russos.' O interesse que tem a França no des-enlace da guerra é o que tem oaccionistano bom andamento da companhia em queempregou o seu dinheiro.

A Inglaterra também nao deixa deier a base da especulação commercialno cuidado com que acompanha os siiçces-sos, mas o que verdadeiramente mais apreoecupa é a influência que ia ganhando

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Oá congregados «le Nossa Senhora

MEDITAÇÃOE' noite... Syíphòs synagelaslicos cru-

zam os ares, rescendendo sylvestres aromn^e uma triste symphonia como (pie résoa.

Eu contemplo o fírmamento c me solhos se lixam naquellas pequeninas escai-chás luminosas que espreitam lá do c/opara esta terra.

Como se enleva o espirito, comoaquellas gottasinhas de crystal nos fazembailar na mente myriades de vaporosasvisões, como nos ensinam a contemplar ;iarte da virgem Natureza ou a admirar ;isuperioridade de Deus!...

Como desejamos então, passar alémdo vácuo, atravessar o espaço, ir apreciarcíe perto a belleza fulgurante desses focosde luz, desses astros extasiadores, compa-nheiros cid omcmvilum dos mortaes!...

Mas... nos faltam as forças, fraquejamas pernas e redondamente cahimos naescuridão terrena. Então, adeus, aspirações.(flernum vale Oito Heis.

Um dr<*iaa no collegio

a Rússia no equilíbrio dá balança europca.e todo o desejo delia é provocar mais umconflicto em que a Rússia se veja a braçoscom difiiculdades,embora seja ella própria,paradesfarteanniquillara força da polili-ca russa. Ainda ultima mente o caso da 11 o ti-lha de pesca ingleza de Hull,bombardeadapela esquadra russa, ve o demonstrai' avontade que tem a Inglaterra de collocara Rússia em sérios embaraços. Por seu ladoo governo moscovita é lambem audaz enno trepida em respondej;e mesmo em pro-vocar á socápa o orgiilboso gabinete deSaint James.

Os jornaes vêem (liai'iamente pejados<le commentarios giaciosos ;i este resjieito,mas nenluuu delles^verdadeirament(í temdè fonte segura inf|)rniiições insuspeitas.Ora, por islo calcuiefii os leitores da Re-vista dá Semana corm não.chegam ao Riode Janeiro augmentaaas de umaimportan-cia que realmente hãòtêm as noticias sobreossuecessos europeus. Unia actriz celebre,um campeão de foot-batl, um cavallo deraça, um grande prêmio, mais lacilmentemovimentam c perturbam a sociedade euro-péa do que estes/factos que ha realidadetêm uma alta importância na política inler-nacional. E faliam do nosso Brasil!

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THEATROSLA semana que hoje finda, não dei-J^xou uma novidade que merecesse ashonras de um commentario.

fis dias succederam-se tristíssimos, ea vida dos Ihcalros complelamente para-lysada pelos últimos successos que aqui setem desenrolado, não nos forneceu as.

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A actnz Uarmeü Kuiz no papel de Arte Nova

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No Moulin Houge de Paris.ha àclti-almente uma revista em que lomam partenada menos de 300 mulheres no corpo decoros.

O successo que este fado tem causadonaquella cidade é simplesmente incrível.Para o Moulin acorrem Iodas as noitesnumerosas levas de gente que enchemcompletamente aquelle café concerto, nãopermittindo até a policia a venda deentradas.

ESTREANTE

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O actor Brandão no paj ei de Suidnna

O actor Campo? no papel de Guedes, «mudo fiscalde hvgieue

siimpto que deveria ser/ir do lhema á pre-sente secção.

E assim baldos são os nossos esforçosem entreter aqui uma palestra amena sobreas novidades theatraes da semana quedeixou em todo o seu trajeçto somente asnoticiascontristadorasclos açonteçiriientosque se desenvolveram com uma forçaprolífica.

Até hoje, quinta-feira; hora que rabis-ramos esta secção, em su;i totalidade, lèm»>s theatros suspensos os seus espect|culos.

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O actor Brandão nc papel de Cerberó

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1788-N.23G

íslOj i.orèm, não é para admirar poisjustamente agora o que mais está em vogan'aqüella cidade são as revistas.

Todos os cafés-concertos e pequenostheatros têm a sua revibta em que fazementrar o maior numero possível de mulne-res como figurantes. De todas, porém, aque mais successo tem causado é a doMoulin Rouge, onde lambem os scenanose o guarda-roupa são de uma riquezadeslumbrante.

Brevemente a Revista da Semana po-dera apresentar aos seus leitores algunsmodelos dos lij<minos de theatro mais emvoga na capital de França.

Marcionillo.

Pôde uma mulher amar mais de uma vez?

0 jornal -Ladys llealmc fez a alludida eindiscreta pergunta ás suas leitoras, e

entre as numerosas respostas destacam-seas seguintes pela sinceridade :

Muito poucas mulheres podem afhr-

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REVISTA DA SEMANA 20 DE NOVIÍMBRO DE 1904

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Açores - Praça do Mercado de Angra do Heroísmo

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Açores — Jardim publico de Angra -Io Ht roismo

Um outro eSCriptor que assigna opseudoi y no de ////«, emiti u uma idéaanáloga.

<(Ha uma fallaz illusap poética quepretende limitara mulher a um umeo amorem toda a vida. Nenhuma mulher que serespeite admitte que se possa restringirassim a generosidade da sua natureza, osméritos de sua formosura ou as possíveisexcitações da sua vida.

E' indubitavel que ha certas crealurasfemininas por natureza e accidenle (pie sósão capazes de amar um único homem ede o adorar como um heroe, o idolo e oarbitro supremo da sua vida, desde a pri-meira hora em que o amaram até o ultimomomento de sua natural existência. Mastaes casos são raros e só devem ser attri-buidos a alguma falta de inlelleclo.

Este final é forte para os homens, mascomo as senhoras não mentem, acredita-mos como se fosse verdade.

Conversa entre o medico e o dono dacasa:

— Meu caro, sinto ter que o prevenirde que o estado de sua sogra o fará passarpor um transe doloroso.

¦— Então, diz o genro, o doutor créque ella escapara?! ..

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mar com verdade se alyuma é capaz de dizera verdade em tal assumpto, que amaramuma só vez.

E antes de mais nada:—que é oamor?

Existem, por ventura, agora, paixõescomparáveis á paixão histórica de Paulo eFrancisco, ou, pára procurar exemplo emmais remotos tempos, a de Jacob e doRachel ?

Convém notar com respeito a estaultima que, quando foi coroada pelo casa-mento, lá eslava também Lia, mãe demuitos filhos. Quem poderá definir o amor?

Guando se pensa que é amor, acha-sea fantasia; quando se julga que é fantasiaolha-se c encontra-se ò amor.

Nenhuma mulher susceptível de inspi-rar amor amou mais de uma vez. A's vezesella ama um homem porque este a ama,outras vezes porque está cansada de amaroutro e de ser amada por elle. O habito doamor é muito instinetivo para aquellesque são promptos em amar, cujo tempera-mento é amoroso. O amor tem suas con-trafacções e nem sempre é fácil distinguiro verdadeiro do falso.

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Açores — O recolher do milho nos Campos da ilha Terceira

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20 de Novembro de 1904

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REVISTA DA SEMANA 1793—N. 236

CHRON1CA ELEGANTE

Mais uma preoccupaçfto feminina: As

-festas de caridade.A grandeza e o fausto com que sao

realizadas tornam-n'as verdadeiras reu-niões elegantes, cuja encantadora assis-tencia muito devem aquelles por quem4P batem tao graciosas creaturas.

Entre nós estas testas têm tido mu.to%>á acceitaçfto, o que deve encher de or-

*ilho as gentis organizadoias.I E' necessário cuidarmos um pouco

Haquellesque tanto ncceesilam do nossoamparo, e para quem a sorte, nao lhesWâó propicia, esperam confiados nobondoso coVaçâo de seus compatnoUs o

em favor da Materna instituição, cujo hm eproteger as jovens mães desamparadas.

O allraclivo mais importante dessafesta foi a interpretação dada pela Pnn-ceza no principal papel de uma pantominafeérica inédita: Domnitwa din revis, es-cripta por Alexandre Davila e a ella dedi-cada. As pequeninas princezas Carol eIzabel fizeram os papeis de pagens daprinceza do sonho.

Poderia mencionar outros tantosexemplos dados pelas casas reinantes dovelho mundo e também da alta aristocraciaque, a cada momento, estão a projectargrandiosas festas cujo fim é consolar oscorações desilludidos na luta tremendapela vida. Mas, geniís leitoras, a caridadenHo é também mulher?

a vos auxiliar possuídas desta alegria deffl7Pr—o bem—e que bem!

Envolvei com o vosso manto protectoressas pequeninas «ores condemnadas afenece?e a extinguir para sempre o seuaroma consolador. Acl.islo.

CONTO PARA CRIANÇAS

©Duque era um cachorrinho galgo, pe-

quenino, de cor acinzentada, pernasfiníssimas, olhos vivos e intrfbgonteB.

Deram-no de presente â Adalgisa,quando elle não media mais do que um

almo e completara três mèzes de nascido.

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Aracaju

auxilio, a esperança e o consolo que lhesvêem como um balsamo de coragem e resi-gnaçaona espinhosa e tortuosa veredada vida. ,. . . „

E1 uma justa preoccupaçao temininanue bem ennobiece o coração, consola esuavisa a alma, numa alegria sublime depraticar o bem. ...

Este novo encargo feminino 101muito bem classificado pela illustre chro-nista de La Nouvelle Mode.-de coquetleriede Ia charité. . rtrtw„_

A mulher que tem sido hoje, comoom todas as epocas, investida desta nobremissfto, ha exercido essa tarefa marawlho-sampnte enxugando as lagrimas que asde™ren%Se o! deSlallficimBentos fizerambrota? dos olhos dos infelizes desherdados( * SNo

velho mundo, um dos mais bellosexemplos deu recentemente S. A. K. aPrinceza Maria da Romania, organizandouma magnífica festa no parque Colroceno

-Banda de cometas e tambores do corpo policial

Participante de todos os vossos e^cantos ella cleseja ser exercida^poi vós emmeio a todas as seducções e garridices.

Neste vosso fervor, «ffae ™^ ™tliusiasmo de levar o consolo^ao co açOesinfelizes, nesta sublime missão . e Wvida moral â vida material, de fazej quecada um ao lado das.tristezas,e, doe^ncwaos da existência saiba achar onde repaiailuas forças e imprimir um novo Mm**disnor em grupo os interesses e sympalliiasS

"«os isolados não sç sintam sós

no mundo, deveis lembrar-vos, des a fioiceifada tao cedo-os pequeninos tuberculosos, esta fiorsinha condemnada a n-iomaisw erguer a enfraquecer este ser de luz ede allsrià que tanto nos faz amar a vida.116

Nagdà peço das vossas bplças m« s.mdesejo um grandioso serviço dos vossosC°raOreanizae festas de caridade em favordos pequeninos tuberculosos e, estou bemcerto q"u"todas as vossas irmãs correrão

Para a galante menina fora o mimorecebido com alegria immensa.

O Duque dedicou-se inteiramente a suapequenina senhora a ponto de não a aban-donarquerdedia, quer de noute. Dormiaao lado do seu gracioso leito; quando ellase erguia, depois da oração matutina, ovivo cachorrinho saltava de contente, Iam-bendo-lhe os pesinhos mimosos. Era dever a ternura com que Adalgisa corres-pondia a esses affagos, tomando-o nosbraços, beijando-o.

Estimava-o tanto como a sua boneca—a Paquita, muito loura, de olhos azues,sempre vestida de branco, bonita, esvelta,elegante... ,. ... .

Aconteceu, porém, um dia Adalgisadeixar por descuido a sua estremecidaestatueta deitada a um canto da sala devisitas, onde costumava passar horas es-quecidas a costurar para ella.

O Duque, muito travesso, por acasoacercou-se da Paquita e sem mais delongas

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1794—N.'236 REVISTA. DA SEMANA 20 de Novembro de 1904

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Pyrenopolis-A casa de caridade de S. Vicente de Paula

agarrou-a pelos dentes, levou-a para o jar-dim e inconscientemente dilacerou o seurico vestidinho de foulard. Seria maior odestroço, teria quebrado a boneca se nomomento Adalgisa não apparecesse, comopor encanto.

Célere, tresloucada, precipitou-se parao Duque, arrancando-ílie a presa prestesa ser reduzida a cacos. Banhada em lagri-mas, soluçando, estreitou-a nos bracinhosdébeis.

Passado o primeiro momento doloroso,foi a procura do Duque, que medrosamentese refugiara em um pequeno armário nasala de jantar, e forçou-o a deitar-se aolado da boneca. Como castigo,nessa posiçãoesteve toda a noute.

De manhã, quando Adalgisa despertoul\Duque acariciava a Paquita, lambendo-lhe o rosto.

E<1 Alax.

Pyrenopolis—Hio das Almas

Pyrenop lis—Chácara do sr. Cezar de Amorim

AO pescador absorfoO sol, descamba no purpurino ocaso,

a noite, descendo dos céos,estende as lugu-bres azas sobre a terra, et sidera cadentiasuadent somnos. Por sobre as águas do marimmenso, um frêmito perpassa, como queo bufar dos cavallos de Neptuno ou o so-pro das niveas Oceanidcs.

Lá voga uma canoa, sulcanda a super-flcie do Pclago. Pescador! não vês acasoas estreitas que te indicam a noite, não vêsa escuridão que te cerca ?

Que pensamento te absorve p'ra deixa-res o teu frágil batei á mercê desse maronduloso?

Levas gravada no peito talvez a effigiede alguma Pallas, de uma esphinge ou dealguma Venus formosa?

Pobre de ti, que te deixas levar pelabelleza enganadora de uma nympha que tepreoccupa a mente!

Ai de ti, que não te lembras que éslodo, que és mortal, e elevas tua alma ásethereas regiões da vingativa c altaneiraJuno e de Júpiter, o rei dos deuses! Viráum dia, em que reconhecerás o erro e veráso lamaçal immundo em que estás immerso.Memento homo quia pulvis es.

Rio de Janeiro, 27 de Outubro de 1904.Otlicllo Reis.

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Bella Vista-O sr. capitão Felicíssimo Domingues, professor primário e partede seus alumnos Ponte no Rio das Almas

20 de Novembro db 1904 HBvISTA DA SEMANA 1795-N.236

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LEMAS TUAS!0' Estevão?Queé?

São horas de almoço...Vamos a elle, mulher !Vamos a elle o que, se ainda cá não

temos nada!?Isso é que é máo.Pois é... Mas tu não deste dinheiro

para as despezas...Enãoo podias arranjar sem-dinheiro?Essa agora! Tu cuidas que alguém

tem obrigação de vos dar de comer degraça?

Externato Hermes- ¦Aiumnos uniformisadcs. Ao lado se vê o director do Externato, o dr. Hen-rique Auto da Bocha Venerando

OS CORVOS DE BATALHA

/ I ma das cousas que mais apavoram as^-^-forças que ora se acham em luta noExtremo Oriente é a multidão de bandidos,especialmente chinezes, que sempre se-guem escondidos os grandes exércitos,esperando o (inal das batalhas para darlivre curso aos seus instinetos criminosos

e principalmente ao roubo e a violaçftodos cadáveres.

Estes homens, verdadeiros abutreshumanos, vão pela calada da noite aoslogares onde a refrega foi mais ardente,escolher entre as victimasdo dever, novasvictimas para as suas façanhas criminosas.

Estes ladrões de cadáveres commettemvulgamente os roubos em grupos desta-cados de 3 a 5, os quaes munidos de lan-ternas furta-fogo rastejam por entre oscorpos humanos, revistahdo-lhes os bolsos,roubando-lhesamuniçfto eas armas,tiran-do-lhes o dinheiro que encontram.

Quando por acaso entre os corposencontram algum que nfto esteja morto,praticam verdadeiras atrocidades, mar-tyrisando os pobres soldados e por fimdegolando-os ou suffocando os sem pie-dade.~J0 aspecto dos bandidos é horrível,pois rebutalho do que ha de mais baixona escala social, elles s3o na sua quasitotalidade, criminosos foragidos, habi-tuadosá pratica do crime e. portanto, in-dividuos que de homens têm apenas asemelhança do physico.

Representam no campo de batalha opapel dos corvos e dos abutres,adejandopor sobre as rezes mortas nas estradas.

A CABRA VIAJANTEUma cabra expedida como colis

postal, eis o que nào é lá muito banal, eque parece bem excêntrico se aflirmarmosque o facto foi narrado por um jornalamericano.

0 bello e pequeno animal que poderáser fácil e documente conduzido por umbébé, fez kilomelros e kilometros encer-

rado n"uma caixa em fôrma de claraboia,chegando perfeitamente sâo ao seu des-tino. ífi

A lua ensangüentadaE' como uma cabeça enorme decepadaRolando pelo azul.0 ciúme nunca serviu sinâo para dar

vontade de o justificar.

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Bbb_é B bI L_, _ l« Mbb_ü__I

Não cuido... Mas cuido que eu, umhomem honrado, é que tenho o direito aque fiem de mim.

Lérias tuas! Para ter quem fie, épreciso ter credito, é preciso pagar c parapagar é preciso ter dinheiro.

Ignacia, eu sou um homem honrado.Bem sei que és honrado... Mas, com

honra só, não se fazem sopas...Ignacia, o que cuidas tu que é a

honra? A honra—tica-o sabendo— é umthesouro inestimável, é uma riqueza quenem ladrões, nem salteadores nos podemroubar!

Por isso dormes a somno solto, semte lembrares de que temos filhos a quemdar de comer...

Durmo tranquillo na serenidade daminha consciência, Ignacia.

Lérias tuas!Isto não são lérias, Ignacia. Um

homem honrado tem direitos adquiridos...E quaes são os teus direitos?Os meus direitos são muitos e todos

elles sagrados. 0 mais sagrado de todos é,por exemplo, de dormir socegadamente,sem sobresaltos nem remorsos.

Bem! Mas agora já dormiste. Vê oque decides.

Que hei de decidir? Eu sou umhomem honrado... não tenho que decidir.Se temos almoço, vamos a elle; se o nãotemos... paciência.Paciência, Estevão! Isso é cousaque se coma?

Não... não é cousa que se coma... eubem sei que não é. Mas é cousa que todo o

¦¦¦'¦ '. ;-'t. .',..." :¦'.:•.., ' ¦¦. V^Vi. ? v.-

r.xtcniatn Hermes—Aiumnos paisanos

1796—N. 236 REVISTA DA SEMANA 20 de N ovem uno DE 1904

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triumphar nas relações sociaes a delicadezaeosocego.

Tornou obrigatório na rua o porte dechapéos de porcelana de grande diâmetro,è pronunciou maldições e ameaças severascontra áqucllescujo chapéos se quebrassem.

Este meio teve effeitos maravilhosos :o receio de quebrar a sua frágil carapuçafez de cada coreano um modelo de pruden-cia e de gravidade; não houve mais desor-delis, mais encontrões na rua nem matsgestos violentos; por sua causa, todo opovo adquiriu maneiras que, como gera!-mente suecede, tiveram por conseqüênciaa necessidade e o habito da doçura.

Assim, o rei Ki-Tjá justificou dumavez o aphorismo d1 Aristóteles: 0 habito éuma segunda natureza, c impoz virtudesmeritorías aos personagens do Império daManhã Calma.

0 imprudente reílecte naquillo quedisse; o avisado no que vae dizer.

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Externa to Hermes—Aluranas do curso infantil

SÁ ¦'

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,' ... ,¦¦-:¦¦¦¦-.' ''.

homem honrado deve ter quando não temque comer. Tu sabes, Ignacia, que, hoje emdia, a honra é uma virtude tão rara e tãobella que aquelle que a possue pôde consi-derar-se o mortal mais feliz da terra!

Lérias tuas! Eu quero lâ saberdessas cousas! O que eu quero:—são 9 horase;o lume por accender.

E que tem isso, Ignacia?¦' — Tem que as pequenas querem almo-

çar e que eu não tenho que lhes dar decomer. !

Dá-lhes bons exemplos.• — Eu já lh'os dei máos?Não lh'os destes máos, mas aproveita

este caso cie hoje para os fazeres compre-hencler ciue esta cousa de não ter almoçoé-uma coúsa que não acontece a nenhumladrão. >r ........ ^

Lérias tuas I O caso é sério, deixa-tede brincadeiras,

V-Brincadeiras ! Tomas por brinca-dèira a affirmação que te faço de ser umhomem honrado...

E com tanta honra, não tens quedar de comer á família.

Honra e proveito não cabem numsàcco, Ignacia. Se meus filhos e minhamulher não têm pão, têm, pelo menos, a

floria de ser filhos e esposa de um

ornem honrado.Lérias tuas!Pelo amor de Deus, não diga que

isto são lérias! Se eu fosse um ladrão, umdesses especuladores sem honra sem con-sciencias, vocês estariam a estas horasfartos e cheios.

Quem dera! Assim, estamos comaíbarriga colada ás costas.

Mas não teriam a gloria de pertencerauma famiba honrada! A honra, Ignacia,é a cousa mais solida que um homem pôdelegar a seus filhos. Diz aos pequenos que seupae nao tem pão, mas tem um nome hon-rado para lhes dar...

¦— Lérias tuas! Dá cá dinheiro para ascompras. E se o não tens, trabalha para oganhares.

UMA LENDA COREANAm gc-vistas de Seoul representam

'almente os Coreanos com monumen-taes carapuças ria cabeça que elles usamcom gravidade.

Estas carapuças duma antigüidade ve-ncravel teriam certamente dado logar aura bello paragrapho do «capitulo chapéos»se Aristóteles as tivesse conhecido. Umalenda coreana attribue a sua origem a umadecisão do legislador-rei Ki-Tjá.

Em 1061 antes de Jesus Christo, estemonarcha illustre pela sua sabedoria, vendocom amargura a inutilidade das suas tenta-tivas para corrigir o espirito turbulentocio seu povo, recorreu ao artificio para fazer

GABINETE PORTOGDEZ DE LEITORANo dia 10 de junho de 1880, decorridos

trezentos annos após a morte de Luizde Camões, lançou-se a pedra fundamentaldo bello edifício, na rua que tem o nomedo grande Épico.

A este acto solémne, compareceu SuaMagestade o Imperador Senhor D. Pedr»»11, ministros, homens notáveis nas lettras,sciencias. artes, commercio e industria ;a Câmara Municipal incorporada e como respectivo estandarte, representantes doassociações e povo.

Eduardo Lemos, foi o incansavdtrabalhador, e com a sua muita força devontade fez com que dahi a pouco, selevantasse á admiraçno publica, o niages-toso edifício masculino, recordando no.Brasil as glorias do velho Portugal.

Todas as directorias que tem tido r>Gabinete Rorluguez de Leitura, procuraramsoiupre, sustentar o esplendor da útil,lidaíga e sábia instituição litteraria.

^MMMMMMMMMAAMMAM

A felicidade depende mais das afffec-ções, do que depende dos acontecimentos.

¦ÉIBIBHBW^^aii^^MÍBfl flF« '»"'''' -'i*A't. ¦—" -^fli flaTHtSH BliflBBBaaafifllSvJpliiafl \Ww&*3& jWKjgii»fe™-':-'"'

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Estas são duas photographiasdo menino FranciscoMaribona y Peraza,da Havana, tiradasna edade de 9 e11 annos respectiva-mente.

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A transformaçãomaravilhosa de umser débil e rachiticon' um adolescenteforte, robusto e sadio,como o demonstrasua atheletica figura,foi obra realizada!pela

KDADE 9 ANNOS

B/?AJH I ?

IDADE 11 ANNOS

EMULSÃO DE SCOTTPara os que duvidem da authenticidade d'esta assombrosa trans-

formação, inserimos os attestados da Sra. D. Catalina Peraza, mái do

menino e do Sr. Roque Sánchez Quiróz, cujos documentos têem sidolegalisados pelo tabellião publico, Sr. Francisco de Castro y Plaquer,

segundo Registo Num. 479, cujo original extractamos.

Havana, 15 de Março d© 1903.Sres. Scott & Bo^ne, Nova York.

M«l Senhores nossos: Em prova de agradecimento reraetto a V. Sas. as j hotographiasdo meu filho o meniuo Francisco Maribona yPeraaa. de onze annos d'edadc\ o qual devidonum golpe soffrido no peito foi açommettidodo uma enfermidade que dia em dia me faziaver mais perto o fim de sua vida, a tosse © afebre o tinham aniquilado; sua figura era umexpectro, só ossos e espirito. N esse estado, oDr Roque SAnches Quiróz, depois de ter esgo-tado todos os outros recursos lhe receitou aEutuUio de Scott Legitima, tendo a tomadopor espaço de um anno. O resultado tão prodigtoso que ninguém pensou, pode ver se pelasduas «botonyapbias que tenho tanto gos** emremetter a V. Sm., autorisandoos para qjeaspubliquem. ,

Catalina Piraia, Vva. dk Mabibona.

Roque Sanchbz Quiróz, Medico e Cirurgião,

CERTIFICO: que o menor branco FranciscoMaribona y Peraza, morador à Num. 44 Omoa,eui conseqüência de um traumatismo que poaem perigo sua vida, ficou n'um estado decachexia que parecia impossível podessè re-cuperar a saudo apesar cie tel-o indicado osmedicamentos e o regimen alimentieio que &meu* parecer lhe con vinha. N'essas circums»tancias lembrei-me de indicaT-lhe a verdadeiraEmulsão de Scott que tão bons resultados matinha dado em outras occasióes, obtendo estavez um resultado que a mim mesmo me cansaasflombrn, ficando uma ves mais reconhecidodas excellentes propriedade» da dita Emulsão.

Havana, Março 16 de 1M3.

D*. Roqu* Sanchkx Qqxbós.

Segundo o seu original que com o numero 479 /ca no meu regia». Be todo qual

e do danais conthcudo deste documento eu o tabellião dou fé.

Na cidade âa Havana,ao* i6 dias do nes dê Agosto de 1903,

PEDRO MONTEBO( PEDRO MON1I Tmtioos | c bbqükna

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10 dez. do !•10 » do 4* a10 • do 3* a10 • do 4* a

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