DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO estudo nos participantes do ... · Palavras-chave: Idoso, Depressão,...

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Recife-PE abril de 2002 ORIENTADOR: Prof. Dr. Eduardo M. Freese de Carvalho Fundação Oswaldo Cruz Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães Departamento de Saúde Coletiva Valéria Moura Moreira Leite DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO estudo nos participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE) Mestrado em Saúde Pública CO-ORIENTADOR: Profa. Kátia Magdala Lima Barreto

Transcript of DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO estudo nos participantes do ... · Palavras-chave: Idoso, Depressão,...

Recife-PEabril de 2002

ORIENTADOR:Prof. Dr. Eduardo M. Freese de Carvalho

Fundação Oswaldo Cruz

Centro de PesquisasAggeu Magalhães

Departamento de Saúde Coletiva

Valéria Moura Moreira Leite

DEPRESSÃO E ENVELHECIMENTO estudo nos participantes do

Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE)

Mestrado em Saúde Pública

CO-ORIENTADOR:Profa. Kátia Magdala Lima Barreto

Fundação Oswaldo Cruz Instituto Aggeu Magalhães

Departamento de Saúde Coletiva - NESC

Depressão e Envelhecimento ESTUDO NOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA UNIVERSIDADE

ABERTA À TERCEIRA IDADE (UnATI/UFPE)

Valéria Moura Moreira Leite

Orientador: Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho

Co-Orientadora: Professora Kátia Magdala Lima Barreto

Recife – PE 2002

VALÉRIA MOURA MOREIRA LEITE

Depressão e Envelhecimento: estudo nos par ticipantes do Programa

Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI /UFPE)

Dissertação apresentada como requisito

parcial para a obtenção do grau de Mestre

em Saúde Pública, pelo Departamento de

Saúde Coletiva – NESC, do Instituto de

Pesquisa Aggeu Magalhães – CPqAM da

Fundação Oswaldo Cruz –

FIOCRUZ/MS, sob orientação do

Professor Doutor Eduardo Maia Freese

de Carvalho e co-orientação da

Professora Kátia Magdala L ima

Barreto.

Recife – PE

2002

Depressão e Envelhecimento: estudo nos participantes do Programa

Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE)

VALÉRIA MOURA MOREIRA LEITE

Banca Examinadora:

Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho

Orientador

Professora Doutora Marília de Carvalho Lima

1a Examinadora

Professora Doutora Emília Pessoa Perez

2ª Examinadora

Recife – PE

2002

L533d Leite, Valéria Moura Moreira.

Depressão e envelhecimento: estudo nos participantes do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE). _Valéria Moura Moreira Leite. _Recife, 2002.

109 f.: il ., tabs., gráficos.

Dissertação (Mestrado em Saúde Pública)- Departamento de Saúde

Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, 2002.

Inclui referências e anexos.

Orientador: Eduardo Maia Freese de Carvalho; Co-orientadora: Kátia

Magdala Lima Barreto.

1. Saúde do idoso 2. Idoso 3. Epidemiologia- envelhecimento 4. Depressão- idoso I. Título.

CDU 613.98 Biblio/CPqAM

“ O fato é que não podemos mais nos dar ao luxo da

ignorância. Nossa demografia em mudança exige

que tenhamos um público informado e que atraiamos

para nossa área mais cientistas que possam nos

ajudar a confrontar a profunda revolução mundial

na longevidade” .

Robert N. Butler

Esta construção é dedicada:

• A meu pai (in memoriam), minha mãe e minha irmã, Vanalice, exemplos de coragem e

paciência em minha vida.

• A Edilson, pelo amor e disponibili dade incondicional nos momentos críticos.

• A Juliana e Pedro José, meus filhos, pelo amor e paciência comigo no percurso da

construção desse trabalho.

AGRADECIMENTOS

• A Deus, pelo seu infinito amor.

• Ao Professor Doutor Eduardo Maia Freese de Carvalho, que me orientou neste

trabalho, pela grande oportunidade de aprendizado.

• À Professora Kátia Magdala Lima Barreto, minha Co-orientadora, por sua valiosa

contribuição em todos os momentos de construção deste trabalho.

• A Ilka Veras Falcão, pela importante colaboração nos instantes finais deste trabalho.

• Aos que fazem o Departamento de Saúde Coletiva – NESC, pelo apoio constante.

• A todos do Departamento de Terapia Ocupacional, pelo incentivo dado à realização

desta pesquisa.

• A turma de mestrado, pela solidariedade construída nesse tempo de convivência.

SUMÁRIO

RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS, 9

RELAÇÃO DE TABELAS, GRÁFICOS E ANEXOS, 10

RESUMO, 15

ABSTRACT, 16

APRESENTAÇÃO, 17

1. INTRODUÇÃO, 19

1.1 - Breves Comentár ios Sobre os Aspectos Demográficos e Epidemiológicos do

Processo de Envelhecimento Populacional no Brasil , 19

1.2 - Transtornos Psiquiátr icos no Envelhecimento, 25

1.3 - Depressão e Envelhecimento, 27

1.3.1 - Aspectos conceituais na Depressão, 27

1.3.2 - Magnitude e Epidemiologia da depressão em Populações

Envelhecidas, 28

1.4 - Conhecendo o Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade da

Universidade Federal de Pernambuco (UnATI /UFPE), 39

2. OBJETIVOS, 43

2.1 – Geral, 43

2.2 - Específicos, 43

3. MATERIAL E MÉTODOS, 45

3.1 – População, Procedência e Período de referência do Estudo, 45

3.2 – Desenho do Estudo, 45

3.3 –Instrumento e Coleta de Dados, 46

3.4 – Var iáveis Estudadas, 48

3.5 - Processamento e Análise dos Dados, 49

4. RESULT ADOS, 53

4.1 - Resultados da Relação dos Grupos Pareados com as Var iáveis Estudadas, 58

4.2 – Resultados do Grupo de Depressão em Relação à Freqüência das Var iáveis

por Sexo e Faixa Etár ia, 70

5. DISCUSSÃO, 74

6. CONCLUSÕES, 91

REFERÊNCIAS, 94

ANEXO 1

Cr itérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior

ANEXO 2

Seção VII do Questionár io Brazil Old Age Schedule - BOAS

RELAÇÃO DE ABREVIATURAS E SIGLAS UTILIZADAS

AIVD - Atividades Instrumentais de Vida Diária

AVD - Atividades de Vida Diária

BOAS - Brazil old Age Schedule

CID-10 - Classificação Internacional de Doenças, obedecendo à décima revisão

DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DSM III - Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorders, 3 revised

DSM IV - Diagnostic and Statical Manual of Mental Disorders, 4 revised

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde

SIH/AIH/SUS - Sistema de Informações sobre Autorização de Internações Hospitalares do

Sistema Único de Saúde

SIM - Sistema de Informações sobre Mortalidade

PNSI - Política Nacional de Saúde do Idoso

UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

UnATI/UERJ - Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Estadual do Rio de

Janeiro

UnATI/UFPE - Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de

Pernambuco

RELAÇÃO DE GRÁFICOS, TABELAS E ANEXOS

GRÁFICOS:

Gráfico 1- Distribuição da freqüência dos 358, idosos da UnATI/UFPE, em relação à

depressão.

Gráfico 2- Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, de acordo com a

classificação de depressão menor e maior.

Gráfico 3- Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos,

com depressão maior, por faixa etária.

Gráfico 4- Distribuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos

com depressão maior, por sexo.

Gráfico 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação à freqüência do sentimento de solidão.

Gráfico 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação à presença de preocupação durante o último mês.

Gráfico 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a se preocuparem com quase tudo.

Gráfico 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação à dificuldade para dormir, causada por

preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo.

Gráfico 9- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação à presença de dor de cabeça no mês passado.

Gráfico 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação à sensação de estarem ficando mais lerdos ou com

menos energia.

Gráfico 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a se, no último mês, têm estado com menos

energia ou como de costume.

Gráfico 12- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a se, atualmente, sentem falta de energia para fazer

suas coisas no dia-a-dia.

Gráfico 13- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem-depressão, com relação a se, durante o último mês, se sentiram mais

irritados/zangados do que de costume.

Gráfico 14- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a terem-se sentido tristes ou deprimidos durante o

último mês.

Gráfico 15- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a se sentirem tristes ou deprimidos, por um período

de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais tempo.

Gráfico 16- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a sentirem vontade de chorar e terem chorado no

último mês .

Gráfico 17- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação ao futuro, como se sentem e quais são suas

expectativas.

Gráfico 18- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a se atualmente sentem que perderam o interesse

ou a satisfação pelas coisas.

Gráfico 19- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação ao que eles acreditam ser a causa da perda de

interesse ou a satisfação pelas coisas.

Gráfico 20- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a se sentirem felizes no momento da entrevista.

TABELAS:

Tabela 1- Distribuição das variáveis trabalhadas.

Tabela 2- Distribuição das perguntas pontuadas para a indicação de caso de depressão e do

número de pontos atribuídos a cada uma delas, segundo a escala do Short-CARE.

Tabela 3- Distribuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI/UFPE, identificados como

casos de depressão e sem depressão, de acordo com o sexo e faixa etária.

Tabela 4- Distribuição da relação dos 65 idosos com depressão menor e dos 21 idosos com

depressão maior, em relação aos percentuais positivos considerados para o escore de

classificação de casos de depressão.

Tabela 5- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, apontados como casos de depressão e

sem depressão, com relação a situações com que se preocuparam durante o último mês.

Tabela 6- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão

e sem depressão, com relação ao motivo de não estarem alimentando-se bem no último

mês.

Tabela 7- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão

e sem depressão, com relação à hora do dia em que se sentem mais lerdos ou com menos

energia.

Tabela 8- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de depressão

e sem depressão, com relação a como se sentem quando não saem de casa, sempre que

precisam ou querem sair.

Tabela 9- Distribuição dos idosos da UnATI/UFPE identificados como casos de depressão

e sem depressão, com relação a quando se sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia

se sentem pior.

Tabela 10- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação a se tiveram algum arrependimento nos anos

anteriores de suas vidas.

Tabela 11- Distribuição dos idosos, da UnATI/UFPE, identificados como casos de

depressão e sem depressão, com relação aos motivos de arrependimento.

Tabela 12- Distribuição da relação dos 86 idosos classificados como casos de depressão,

relativa à freqüência das perguntas consideradas para a classificação de casos de depressão,

por sexo e faixa etária.

ANEXOS:

ANEXO 1: Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior.

ANEXO 2: Seção VII do Questionário BOAS.

RESUMO

No Brasil , o envelhecimento tem aumentado a prevalência de doenças psiquiátricas,

das quais a depressão é considerada a mais freqüente e a depressão menor a mais prevalente na

população envelhecida. Estudamos os idosos que freqüentaram o Programa Universidade

Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE), para

identificar a presença e o comportamento de depressão nesse grupo, considerando sexo e faixa

etária, em relação às variáveis: solidão, tristeza, pouca disposição, pessimismo em relação ao

futuro, irritação, auto-acusação, idéias suicidas, dor de cabeça, insatisfação, distúrbios do sono

e do apetite. Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal. Realizamos

um Censo para 358 idosos (�����DQRV�, utili zando o questionário Brasil Old Age Schedule –

BOAS, em que, trabalhamos a Seção de Saúde Mental, no que diz respeito à depressão. Os

resultados mostram um percentual importante (24,01%) de depressão na população estudada,

cuja maioria está classificada em depressão menor, entre a faixa etária de 60-69 anos, do sexo

feminino. Os casos de depressão apresentam importante relação com as variáveis de:

preocupação, dor de cabeça, pouca disposição, irritação, tristeza e insatisfação.

Palavras-chave: Idoso, Depressão, Epidemiologia do Envelhecimento

ABSTRACT

In Brazil , ageing has increased the prevalence of mental ill nesses, among which

depression is the most common, minor depression being the most frequent among the elderly.

Elderly people who took part in the Senior Citizens’ Open University Programme at the

Federal University of Pernambuco (UnATI/UFPE) were studied in order to identify the

existence and behaviour of depression in this group, considering sex and age range, with

respect to the variables: loneliness, sadness, lack of disposition, pessimism concerning the

future, irritation, self-accusation, suicidal ideas, headaches, dissatisfaction and sleep and

eating disorders. This study took the form of a cross-sectional descriptive epidemiological

study. A census for 358 senior citizens (�����anos) was carried out using the Brasil Old Age

Schedule – BOAS, more specifically the part of the Mental Health Section concerning

depression. In the population studied, the results showed a significant percentage (24.01%) of

depression, within which the the majority were classified as having minor depression, being in

the 60-69 age range and being female. The cases of depression displayed a significant

relationship with the variables: worry, headaches, lack of disposition, irritation, sadness and

dissatisfaction.

Keywords: Senior Citizen, Depression, Epidemiology of Ageing

APRESENTAÇÃO

Este trabalho faz parte da caminhada que venho fazendo na busca de conhecer melhor

os aspectos que envolvem o envelhecimento. Essa jornada começou no início de minha prática

profissional, quando me deparei com idosos, que apresentavam transtornos mentais, como

demência e depressão, e pude reconhecer o pouco que eu sabia para lidar com tais problemas

naquele momento, do ponto de vista gerontológico. Essa situação me impeliu a procurar

conhecimentos para trabalhar com essa população idosa, com que, cada vez mais, eu me

envolvia.

Assim iniciei minha formação fazendo a Especialização em Saúde do Idoso realizada,

no Recife/PE, pela Secretaria Estadual de Saúde e FIOCRUZ, em 1994. Posteriormente, em

1996, fiz outra especialização em Disfunções Neuropsicomotoras, cuja monografia de

conclusão investigou a capacidade funcional dos idosos residentes em uma instituição de

longa permanência. Hoje, no Departamento de Terapia Ocupacional da UFPE, do qual sou

docente, junto com outros profissionais, desenvolvemos ensino e assistência à população

envelhecida na disciplina de Terapia Ocupacional aplicada à Saúde do Idoso.

Quando realizado o Censo com os idosos que freqüentam o Programa Universidade

Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), em que a profª Kátia Magdala, também docente do

Departamento de Terapia Ocupacional, foi coordenadora da pesquisa e trabalhou as condições:

pessoais e familiares, sociais e econômicas, autonomia e independência funcional nas

Atividades de Vida Diária (AVD), ocupação do tempo livre e utili zação de serviços médicos e

dentários, surgiu o interesse de estudar a Saúde Mental desses idosos, no que diz respeito à

depressão.

Este estudo traz breves comentários sobre os aspectos demográficos e epidemiológicos

do envelhecimento no Brasil , discute à luz dos autores a relação da depressão e

envelhecimento no mundo e no Brasil , e procura conhecer os principais aspectos relacionados

à depressão nos idosos que participam do Programa Universidade Aberta à Terceira Idade

(UnATI/UFPE).

1. INTRODUÇÃO

19

1. INTRODUÇÃO

1.1 - Breves Comentár ios Sobre os Aspectos Demográficos e Epidemiológicos do

Processo de Envelhecimento Populacional no Brasil

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS, apud Jacob (2000,

p.19), “o envelhecimento populacional é reconhecido como uma das mais importantes

modificações na estrutura da população mundial” . É nos países em desenvolvimento que

a população idosa1 vem crescendo mais rapidamente. A Organização Mundial de Saúde

estima que países em desenvolvimento, incluindo o Brasil , em 2025, contarão com,

aproximadamente, 27 milhões de pessoas com 60 anos e mais (COSTA, 2000). Segundo o

IBGE (2002), no Brasil , o indicador que relaciona a população idosa com o contingente de

crianças passou de 13,90 idosos para cada cem crianças em 1991, para 19,77 em 2000.

Nesse novo contexto demográfico, observamos a feminização do envelhecimento e

suas conseqüências, principalmente para a área de saúde. Segundo Berquó (1999), desde a

década de quarenta, o número absoluto de mulheres idosas é maior, quando comparado ao

de homens idosos. De acordo com a autora, essa diferença aumenta ainda mais para as

idades mais avançadas, pois a população feminina vem crescendo numa velocidade maior

que a masculina, nos últimos anos, provavelmente em decorrência da situação de

mortalidade diferenciada por sexo existente na população brasileira.

Segundo o IBGE (2002), encontramos, em 1980, uma diferença de 6 anos a mais de

vida para a população feminina em relação à masculina; em 1991, uma diferença de 7 anos

a mais e, em 2000, uma diferença de 8 anos a mais. Ainda de acordo com o IBGE (2002),

em relação à distribuição rural-urbana dos idosos para o ano de 2000, encontramos um

maior número de mulheres idosas nas áreas urbanas de todas as grandes regiões do país.

Essa diferença de distribuição se apresenta com 57% das mulheres idosas vivendo na área

urbana, em relação a 43% de homens idosos.

1 Pessoas com 60 anos e mais

20

Quanto à escolaridade, o índice para a população brasileira vem aumentando nas

últimas décadas, embora ainda apresente um percentual insatisfatório, principalmente no

Nordeste. Apesar de ter melhorado a escolaridade nesta região, passando a população

analfabeta de 33%, em 1991, para 23%, em 1995, ainda há um grande contraste,

comparando-a com a região Sul, cuja taxa de analfabetismo é de 1,9% (MINAYO, 2000).

Outro fato relevante, conforme a autora, é que se vem atenuando a diferença de

escolaridade por sexo.

No entanto, de acordo com Berquó (1999) a população envelhecida brasileira

mostra uma situação mais grave, uma vez que o baixo grau de escolaridade dos idosos é

intensificado, levando em conta que os que conseguiram chegar às escolas, apenas 50%

deles completaram o curso primário. No censo de 1991, encontramos um percentual de

analfabetismo de 40%, para os homens idosos, e 48%, para as mulheres idosas. De acordo

com o censo 2000, verifica-se que as proporções de alfabetizados são maiores nas

mulheres até 40 anos de idade e, a partir daí, os homens apresentam taxas superiores às das

mulheres (IBGE, 2002).

Esse quadro de escolaridade apresentado pela população idosa resulta em

dificuldade de acesso a uma melhor qualidade de vida, principalmente quando é

considerado que a escolaridade é um ponto chave para a diminuição das desigualdades e

manutenção da saúde (MINAYO, 2000; ZHU et al., 1999; GRUNDY, 2000). Se

considerarmos a existência de uma diferença de escolaridade por gênero, as mulheres

idosas apresentam uma situação de maior vulnerabili dade às condições precárias de

existência e sobrevivência, do que os homens idosos (BERQUÓ, 1999).

A região Nordeste, comparada a outras regiões, apesar de guardar grandes

desvantagens em relação às condições socioeconômicas e de saúde, vem também

experimentando um aumento significativo de sua população idosa, contando com 119.141

idosos, que representam 8,8% em relação à população geral e um percentual um pouco

maior que o do conjunto do país, com 7,9% de idosos em relação à população geral,

segundo dados da contagem da população em 1996 (IBGE, 2001). Ainda segundo o IBGE,

esse crescimento é possível de ser explicado, tanto pela migração de pessoas em idade

produtiva, principalmente da população masculina, que parte à busca de melhores

21

oportunidades, como também pela diminuição das taxas de mortalidade e fecundidade

(IBGE, 2001).

Esse cenário reflete o perfil de morbi-mortalidade para a região Nordeste, que se

assemelha ao do conjunto do país, em que encontramos um crescente número de doenças

crônico-degenerativas somadas a um, ainda alto, número de doenças infecto-parasitárias,

estando esta combinação sobreposta por doenças emergentes ou mesmo reemergentes

como o cólera, tuberculose e dengue (CARVALHO et al., 1998). Para os autores, essa

situação constitui um perfil epidemiológico bastante particular para o país, impondo uma

elevada demanda de recursos para o controle dessas patologias, diante do já conhecido

pouco investimento na área médico-social realizado pelo Brasil (VERAS, 1994).

Para o município do Recife, as taxas de morbidade retratadas pelas internações

hospitalares, de acordo com o Sistema de Informações sobre Autorização de Internações

Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/AIH/SUS), com relação aos grandes grupos

de causa, para o ano de 2000, para a faixa etária de 60 anos e mais, os dados apontam,

como primeira causa, as doenças do aparelho circulatório, com 3.794 casos; como segunda

causa, as doenças do aparelho respiratório, com 2.077 casos: e, como terceira causa, as

doenças mentais com 2.011 casos (DATASUS, 2001).

Taxas de mortalidade, com base no Sistema de Informações sobre Mortalidade

(SIM) para o ano de 2000, por faixa etária e por causa de morte, tanto o Nordeste do Brasil

como as demais regiões apresentam as doenças cardiovasculares como a primeira causa de

morte na população idosa, como também um significativo número de causas por sintomas,

sinais e achados anormais ao exame clínico e laboratorial, segundo os capítulos da

Classificação Internacional de Doenças, obedecendo à décima revisão CID-10

(DATASUS, 2001). Esses achados sinalizam para a grande dificuldade dos profissionais

em diagnosticar as possíveis causas de morte dessa população, assim como quanto ao

registro delas (COSTA et al. 2000).

Estudo realizado nos Estados Unidos por Scott et al. (1997), em idosos da

comunidade com 65 anos e mais, indica como principais variáveis para a mortalidade dessa

população: idade avançada, sexo, falta de apoio social e estado de saúde precário.

22

Para Paschoal (1996), indicadores importantes para a compreensão do processo de

saúde para o idoso é a curva de morbidade, que representa a probabili dade de sobreviver

até certa idade sem ser acometido por uma doença crônico-degenerativa. Com a população

envelhecida, essa curva é formada pela média de anos dos idosos, a partir de 60 anos e

mais, li vres de doenças crônicas. Ao acrescentar-se à curva de sobrevida a perda da

capacidade funcional, constrói-se a curva de incapacidade, subsidiando o cálculo da

expectativa de vida autônoma, sem incapacidade. Essas curvas sofrerão uma

retangularização na presença de trabalhos preventivos, diminuição dos fatores de risco e

adoção de hábitos de vida saudáveis, sendo esses aspectos imprescindíveis para um

envelhecimento saudável. Caso contrário, o que observaremos será um aumento da

sobrevida com significativo número de doenças crônicas acompanhadas de incapacidade

(PASCHOAL,1996; TAVA RES,1999).

Estudos recentes realizados por Costa et al. (2000) referem que o envelhecimento

no Brasil tem sido associado a uma prevalência aumentada de doenças crônicas,

incapacidade e morte. Tais questões podem trazer implicações para o sistema de saúde e

para a sociedade, que ainda não estão preparados para essa situação (TAVA RES, 1999).

Ampliando o conceito de saúde numa relação processual de saúde-doença, afirma-

se que: “Doença é sinônimo de infelicidade individual e coletiva: representa o rompimento

do homem com seus limites estabelecidos pelas normas e regras da sociedade” . E ainda no

que tange à “ Saúde significa bem estar e felicidade: ela própria, explicitamente ou no

‘silêncio do corpo’ , é a linguagem preferida de harmonia e do equilíbrio entre o indivíduo,

a sociedade e seu ecossistema” (MINAYO, 1994, p.194).

O relacionamento dos conceitos de saúde e envelhecimento constitui tarefa difícil

para os estudiosos (CONSELHO ESTADUAL DO IDOSO. Rio Grande Do Sul, 1997).

Para entender o envelhecimento, precisamos distinguir o envelhecimento normal das

doenças associadas à velhice.

Para Hayflick (1997), tanto as mudanças decorrentes do processo de

envelhecimento quanto as que decorrem de doenças resultam em prejuízo no

funcionamento adequado do idoso, sendo necessário, então, diferenciar as mudanças

resultantes de doença das mudanças associadas à idade. No entanto, como estabelecer essa

23

distinção? Segundo o autor, à medida que a idade avança, ocorrem inúmeras modificações

em todos os órgãos, tecidos e células. Essas modificações pouco visíveis com relação ao

envelhecimento são consideradas normais e não estados patológicos. Contudo, apesar de as

perdas funcionais que ocorrem nos sistemas vitais serem eventos normais, elas contribuem

para um aumento da vulnerabili dade a doenças ou acidentes nos idosos.

Segundo pesquisa realizada pelo Conselho Estadual do Idoso no Rio Grande do Sul

(1997), os resultados preliminares apontam que a saúde é, de uma forma geral, uma das

questões que mais preocupam aqueles que estão envelhecendo. Muitos são os fatores

atribuídos para a incidência de agravos à saúde do idoso, dentre eles o desconhecimento do

próprio corpo e do processo de envelhecimento. O atendimento ao idoso se torna difícil ,

uma vez que os profissionais que tratam dele nem sempre têm conhecimento integral de

sua história de vida, de sua situação na sociedade e de possíveis reações orgânicas e

psíquicas, na medida em que se tem dificuldade de distinguir o que é doença daquilo que

faz parte do próprio processo de envelhecimento.

De acordo com Hayflick (1997), um número significativo das pessoas muito idosas

apresentam de três a nove condições patológicas importantes. Obviamente, atribuir a morte

de uma pessoa idosa a uma única doença, muitas vezes, é impreciso. Faz-se necessário,

então, realizar uma intervenção de saúde imbuída de maior precaução no idoso, devido às

manifestações orgânicas atípicas, vagas ou ausentes (CONSELHO ESTADUAL DO

IDOSO. Rio Grande Do Sul, 1997 ).

Diversos estudos têm levantado a questão antropológica do processo de

envelhecimento. A primeira pesquisa foi realizada por Leo Simmons, que analisou diversas

culturas com diferenças marcantes e concluiu que:

(...) existem fatores constantes, relacionados a objetivos e interesses centrais, que

caracterizariam os indivíduos na última etapa de vida: viver o máximo possível,

terminar a vida de forma digna sem sofrimento, encontrar ajuda e proteção para a

progressiva diminuição de capacidades, continuar participando ativamente dos

assuntos e decisões que envolvem a comunidade, prolongar, ao máximo,

conquistas e prerrogativas sociais como a propriedade, a autoridade e o respeito

(DEBERT, 1998, p.54).

24

Kalache (1987) aponta que, no processo de envelhecimento, é mais adequada a

definição de saúde quando se leva em consideração o conceito de capacidade funcional, ou

seja, o idoso mantém-se autônomo e independente na realização de suas atividades, mesmo

quando acometido por patologias e incapacidades associadas.

A partir da definição de Vieira (1996), a capacidade funcional é um novo conceito

de saúde, que, particularmente para idosos, é relevante, pois mostra que saúde é a

manutenção plena das habili dades físicas e mentais, desenvolvidas ao longo da vida,

necessárias e suficientes para a manutenção de uma vida independente e autônoma. De

acordo com Kalache (1987), essa abordagem é extremamente útil , para fins de

planejamento, pois nos países subdesenvolvidos, devido às precárias condições de vida, o

envelhecimento funcional antecede o envelhecimento cronológico e freqüentemente é

muito precoce.

Aspectos importantes de saúde, dentro da abordagem de capacidade funcional, são

os conceitos de autonomia e independência. Sendo autonomia definida por Vieira (1996)

como a capacidade e direito de o indivíduo poder eleger, ele mesmo, as regras de sua

conduta, a orientação de seus atos e os riscos que está disposto a correr, além da

possibili dade de realizar suas atividades sem ajuda de terceiros; e independência conforme

Ferreira (1986), como sendo o estado ou condição de quem é independente, bem-estar,

restituição ou aquisição de autonomia.

Para Basílio et al. (1997) e Scott et al. (1997), a capacidade funcional do idoso está

diretamente relacionada à capacidade em desempenhar suas Atividades de Vida Diária –

AVD, que são as atividades essenciais para o auto-cuidado (alimentar-se, vestir-se, higiene

pessoal, cuidar da aparência, comunicação e mobili dade funcional) e as Atividades

Instrumentais de Vida Diária – AIVD, que são as atividades mais complexas e necessárias

para adaptar-se independentemente ao meio ambiente (usar meios de transporte, lidar com

dinheiro, fazer compras, manusear aparelhos). Dessa forma, a incapacidade funcional do

idoso se manifesta habitualmente pela perda da capacidade de desempenhar, com

independência, tanto as AVDs, quanto as AIVDs. Ainda, de acordo com Basílio et al.

(1997), em estudo populacional com idosos sobre saúde e incapacidade funcional, as

doenças crônicas são os principais fatores associados à incapacidade funcional dos idosos,

juntamente com o avanço da idade e a incapacidade cognitiva. Em estudo, também de base

25

populacional em idosos, realizado por Cacciatore et al.(1997); Ramos et al. (1998) e

Brummett (2000), os transtornos depressivos indicam piora do funcionamento nas AVDs e

AIVDs.

Observamos, a partir dos estudos antes referidos, que o avanço da idade ocorre

acompanhado de doenças crônicas, prejuízo cognitivo e depressão apontando para uma

população de idosos com incapacidade funcional. E se nos detivermos mais na relação

idade/dependência desses agravos, têm especiais conseqüências os prejuízos

neuropsicogeriátricos por estabelecerem um pobre prognóstico nos idosos em relação à

população jovem (VERAS, 1994; SHARMA, 1998).

Nesse sentido, vale ressaltar que, o enfoque central do nosso estudo será para os

prejuízos decorrentes dos transtornos psiquiátricos, particularmente da depressão, para uma

população de idosos.

1.2 - Transtornos Psiquiátr icos no Envelhecimento

Segundo Ramos et al. (1998), os transtornos psiquiátricos menores parecem

aumentar com a idade. No Brasil , o envelhecimento tem aumentado a prevalência de

doenças psiquiátricas (CHAIMOWICZ, 2000). Ramos et al. (1998), em estudo

longitudinal, realizado em São Paulo na população envelhecida, encontraram que um

percentual de 20% da coorte parecia ter algum problema psiquiátrico, com um número

significativamente mais alto entre as mulheres comparadas aos homens. Para Coelho Filho

(1999), em estudo com idosos em comunidade realizado no Nordeste, o resultado foi

similar com um percentual de 26,4% de casos psiquiátricos.

Em estudo com população idosa, Kempen (1999) observou que o nível educacional

baixo mostra uma maior associação com os transtornos psiquiátricos, embora não

apresente evidência significativa de uma vulnerabili dade diferencial em relação a outros

fatores, como aspectos sociais, aspectos físicos e doenças crônicas.

26

Para Almeida (1999); Iwamasa et al. (1999) e Chaimowicz et al. (2000), dentre os

transtornos psiquiátricos na população envelhecida, os mais prevalentes são depressão e

ansiedade, sendo fundamental conhecer cada patologia e seu desenvolvimento na

população envelhecida.

Recentemente vêm-se estudando, de forma mais aprofundada na população

envelhecida, as desordens de ansiedade, observando-se nesta uma maior freqüência das

desordens de ansiedade generalizada e de fobia, mostrando-se tão significante quanto a

depressão, principalmente depressão maior, nessa faixa de idade (STANLEY et al. 1999;

VAN DEN BERG et al. 2000). Segundo Stanley et al. (1999), é interessante notar que a

prevalência de desordens da ansiedade é mais baixa nos idosos que nos mais jovens. Esta

condição deve-se à possibili dade de que as desordens de ansiedade estejam associadas com

maior morbidade e mortalidade explicando a baixa prevalência, ou que os idosos estejam

beneficiando-se do desenvolvimento de maiores habili dades, para lidar com a ansiedade,

adquirida ao longo dos anos. Esses estudos demonstram, também, que mulheres idosas têm

uma maior chance de desenvolver desordem de ansiedade do que os homens idosos.

Também para Stanley et al. (1999), os idosos que residem em instituições informam

uma freqüência maior de desordens da ansiedade em relação aos idosos que vivem na

comunidade. Ainda, comumente a essa informação associam-se à saúde física pobre,

redução em habili dades para as AVDs, prejuízo cognitivo e depressão. Desordens de

ansiedade mostram-se notavelmente mais altas em idosos com depressão severa. Van Den

Berg et al. (2000) e Stanley et al. (1999) acrescentam que a associação entre desordem de

ansiedade e depressão parece ser significativa na população envelhecida, sendo observada

essa condição em estudos longitudinais e transversais, em amostras de idosos na

comunidade, instituições e clínicas.

Segundo Heok et al. (1996), em estudo epidemiológico, de base populacional, com

idosos, para verificar a associação de outros transtornos psiquiátricos em depressão, seus

achados mostram um percentual de 45,3% de desordens de ansiedade em idosos

deprimidos, revelando que ansiedade e depressão são as desordens mais predominantes

dentre as co-morbidades psiquiátricas. Van den Berg et al. (2000), em seus estudos,

verificaram que os idosos que receberam tratamento para desordens mentais, apresentavam

maior combinação de sintomas depressivos com sintomas de ansiedade. A partir dessa

27

evidência, os autores sugerem que a associação entre ansiedade e depressão leva os

pacientes a buscarem ajuda mais cedo, ou mesmo que essa associação torna o médico mais

alerta para a desordem mental. Em seu estudo, Lima (1999), também observou uma maior

freqüência de internações em idosos com este tipo de co-morbidade.

Saliente-se que o interesse do presente estudo é a depressão na população

envelhecida. Concordamos com Lima (1999), quando afirma que a depressão tem sido

vastamente investigada nas últimas décadas e, a seu respeito, apesar dos progressos em

epidemiologia psiquiátrica, ainda são muitas as questões sem resposta. Segundo o autor, a

elevada freqüência de depressão na população idosa e sua íntima relação com o aumento

da morbidade e taxa de mortalidade, nesses casos, impõem que pesquisas abordem a

questão da depressão, baseada na população geral, como um processo contínuo, podendo

esclarecer mais a respeito dos seus mecanismos etiológicos e protetores e,

conseqüentemente, orientar ações em saúde, a fim de prevenir prejuízos associados à

depressão no idoso.

1.3 - Depressão e Envelhecimento

1.3.1 Aspectos conceituais na Depressão

Para Blazer (1992), depressão na população envelhecida continua sendo um termo

genérico que engloba muitos construtos, alguns dos quais bem definidos e outros mal

definidos. De acordo com Del Porto (1999) e Mann (2001), o termo depressão tem sido

utili zado para designar tanto um sintoma (grifo nosso), em que a depressão é caracterizada

por baixa de humor, preocupação e insônia e surge nos mais variados casos clínicos, entre

os quais, transtorno de estresse pós-traumático, demência, esquizofrenia, alcoolismo,

doenças clínicas, etc. e pode ainda ocorrer como resposta a situações estressantes, ou a

circunstâncias sociais e econômicas adversas; como uma síndrome (grifo nosso), quando

os sintomas são mais numerosos, severos e persistentes, e inclui não apenas alteração do

humor, mas também outros aspectos como alterações cognitivas, psicomotoras e

vegetativas, que interferem na qualidade de desempenho das AVDs; e, finalmente, como

28

doença (grifo nosso) a depressão, tem sido classificada de várias formas, dependendo do

período histórico, da preferência dos autores e do ponto de vista adotado.

Para determinação de depressão atualmente, de acordo com referências mais

utili zadas internacionalmente, encontramos os Critérios Diagnósticos segundo Diagnostic

and Statical Manual of Mental Disorders, 4 revised – DSM IV R (Anexo 1). Os idosos que

preencherem apenas alguns itens, mas não o número suficiente para o diagnóstico de

depressão maior, podem ser enquadrados nos casos de depressão menor, sendo esta a mais

prevalente na população idosa (GUIMARÃES et al., 1999; VAN DEN BERG et al., 2000).

Estudos realizados por Tavares Júnior (1989); Paschoal (1996); Tamai (1998)

demonstram que, na população idosa, a classificação das depressões em primárias,

definidas por Carvalho (1996) como depressão sem relação com alterações patológicas

comprovadas, e secundárias, definidas por Tamai (1998) como depressão que ocorre após

o estabelecimento de uma outra doença clínica ou transtorno não afetivo, têm fundamental

importância, observando-se, na população idosa, que as depressões secundárias são mais

freqüentes. Não obstante Mann (2001) sugere que a classificação da depressão no idoso em

depressão secundária tende a subestimar sua importância.

Para Blazer (1992) é prudente tomar como referência uma abordagem funcional

para depressão no idoso, pois, de acordo com o autor, “ os sintomas depressivos tornam-se

suficientemente severos a ponto de serem identifi cados como um caso digno de atenção

clínica quando a função está prejudicada” (p.204).

1.3.2 - Magnitude e Epidemiologia da depressão em Populações Envelhecidas

Sabe-se que tanto a depressão maior como outros transtornos depressivos de curta

duração são doenças comuns que afetam um grande número de pessoas em diferentes

países e culturas (LIMA, 1999). Para o mesmo autor, a prevalência de depressão é alta,

independentemente do lugar onde a pesquisa seja conduzida, do tipo de instrumento

diagnóstico usado e dos períodos de tempo para os quais a prevalência se aplica. No caso

29

da população idosa, depressão é a desordem mais comum que afeta as pessoas mais velhas

(LIVINGSTON, 2000; KATONA, 2000; MANN, 2001).

De acordo com Veras (1994), depressão na população envelhecida apresenta taxas

de prevalência entre 5% e 35%, de acordo com o nível de gravidade da depressão,

destacando-se a depressão menor, com uma prevalência maior no idoso, quando

comparadas com a de indivíduos mais jovens (TAVA RES JÚNIOR, 1989; PASCHOAL

1996; TAMAI 1998 ; VAN DEN BERG et al., 1999). Investigação realizada com idosos

na comunidade do Rio de Janeiro encontrou uma prevalência de 25,75% para depressão

maior e 7,59% para depressão menor (VERAS, 1994). Estudo com idosos em comunidade

de Cingapura refere uma prevalência de 6,0% de depressão nos idosos (HEOK et al.,

1996); em estudo similar feito em Taiwan, foi encontrada uma prevalência de 15,3% de

sintomas depressivos e 5,9% de depressão maior (CHONG et al., 2001); em comunidade

de Dublin, estudo, apontou uma prevalência de 10,3% de depressão em idosos (KIRBY et

al., 1997); pesquisa de base populacional com idosos realizada em Londres encontrou uma

prevalência de depressão de 17,7% (PRINCE et al., 1998); analógamente, estudo com

idosos em comunidade do Sul da Itália relata uma prevalência de 9,8% de depressão maior

e 44,1% de depressão menor (CACCIATORE et al., 1998).

Estudos realizados por Stuck (1999); Simons (2000) sobre incapacidade funcional

na população idosa foi apontaram que, entre as doenças crônicas mais freqüentes que

elevam à probabili dade de desenvolver incapacidade, encontra-se a depressão. Na

população envelhecida, a depressão torna-se um importante problema de saúde pública, na

medida em que inclui tanto a incapacidade individual como o fardo familiar associado a

doença, somados aos custos financeiros, à alta taxa de utili zação de serviços de saúde, ao

tempo de trabalho dispendido e à diminuição da qualidade de vida (LIMA, 1999,

MACALL et al., 2001; MANN, 2001).

Tal cenário inclui outra condição preocupante, pois, apesar de boa parte das

depressões nos idosos apresentarem quadro clínico semelhante ao de outras faixas etárias,

esses indivíduos, com maior freqüência, apresentam quadros atípicos ou particularidades,

como vários problemas clínicos e sociais simultâneos, que podem levar a dificuldades

diagnósticas (ROCHA, 1993; STOPPE JÚNIOR, 1994). De acordo com Macdonald (1988,

30

p. 104), “ freqüentemente as depressões nos idosos não apresentam causas óbvias e

história de episódios deprimentes anteriores” .

Katona (2000) sugere que os fatores que mais dificultam o diagnóstico da depressão

são motivados pelo fato de o idoso acreditar que a depressão é conseqüência legítima do

envelhecimento e, com isso, não mencionar seus sintomas; ou porque o médico ignora os

sintomas depressivos concentrando-se em outros fatores ao fazer um diagnóstico; ou,

ainda, por muitas vezes os idosos terem vergonha de admitir os sintomas de depressão,

apresentando-os de forma somática como perturbação do sono e cansaço. O autor ainda

ressalta que o diagnóstico da depressão torna-se um desafio particular, quando sintomas da

depressão somam-se aos sinais do processo de envelhecimento; por exemplo, a fadiga, a

redução do sono e os pensamentos sobre a morte, como também a co-existência de outras

doenças, como ansiedade e desordens cognitivas mascarando os sintomas da depressão.

Outro fator de embaraço é que os idosos na comunidade podem apresentar

síndromes depressivas que não preencham os critérios de diagnósticos para transtornos

específicos, mas nem por isso os problemas deixam de ser incapacitantes (LIMA, 1999;

KATONA, 2000). Blazer (1992) aponta que os idosos, em estudos de base populacional,

apresentam pouca gravidade de seus sintomas depressivos para serem diagnósticados com

depressão maior, e os períodos intermitentes sem sintomas desquali ficam-nos do

diagnóstico de outros distúrbios depressivos. No entanto, esses idosos sofrem de

depressões crônicas.

Ainda segundo Lima (1999), o processo de identificação de casos de depressão nas

pesquisas populacionais mais recentes vem sendo feito através de instrumentos

diagnósticos desenvolvidos em hospitais e ambulatórios, sendo por isso mais acurados para

pacientes com depressão maior. Sabe-se, todavia, que a depressão menor é de maior

prevalência no idoso, quando não diagnosticada, o que constitui condição de risco para o

desenvolvimento de transtornos depressivos mais severos (LIMA, 1999; VAN DEN BERG

et al., 2000; MACALL et al., 2001).

Outra questão quanto aos instrumentos diagnósticos de depressão para idoso é que,

apesar de serem reconhecidamente imprescindíveis para diagnosticar depressão, alguns

contêm perguntas que são inadequadas à população envelhecida (BURNS et al., 1999). Os

31

autores indicam que perguntas relacionadas ao tempo futuro sejam adaptadas para um

futuro próximo (dias e semanas) e que depressão pode estar superestimada nos resultados

dos instrumentos, atribuindo essa questão ao fato de que os sintomas somáticos podem

estar sendo considerados sintomas depressivos, uma vez que estão fortemente associados

na população envelhecida, tornando difícil seus diagnósticos de forma diferenciada.

Em estudo feito por Almeida (1997), num pronto-socorro psiquiátrico de São

Paulo, 7,3% da população atendida tinha 60 ou mais anos de idade, sendo o transtorno do

humor o diagnóstico sindrômico mais comum, apresentando um percentual de 40% e com

freqüência de 2,24 vezes maior nas mulheres. Chama a atenção o percentual de 78,2% dos

idosos atendidos terem como causa da consulta episódio depressivo maior. Esse problema

possivelmente conduz à necessidade de um cuidado a longo prazo, mais intensivo e caro.

No caso de necessidade de internação, observa-se o risco de um maior período de

hospitalização do idoso, como também indicação de uma convalescença adicional em

instituições quali ficadas (COHEN, 1998). Ainda de acordo com a autora, idosos em

instituições de longa permanência, que apresentam diagnóstico de doenças psiquiátricas,

entre as quais depressão é a mais importante, apontam uma relação direta com um aumento

de 60% de mortalidade.

Observa-se, também, que o tratamento da depressão no idoso é uma questão ainda

em discussão, e que, mesmo superado o diagnóstico da depressão, muitos deles não

recebem tratamento (KATONA, 2000; BEEKMAN et al., 2001). Katona (2000) refere que

os médicos são freqüentemente relutantes em prescrever antidepressivos para idosos, por

considerarem que estes são bastante frágeis e com pouca tolerabili dade para os efeitos

colaterais provocados pela medicação. Como também, não indicam psicoterapia por

considerarem que os idosos não se beneficiariam desse tratamento, devido à grande

dificuldade de mudar suas atitudes.

Esse quadro relativo ao tratamento de depressão no idoso reflete os resultados

encontrados por Mann (2001) em que, numa população de 112 idosos deprimidos, naquele

momento, só 38% tinham discutido seu estado mental com seu médico geral, 13% tinham

recebido prescrição de antidepressivos e 6% conheciam o serviço de psiquiatria para

32

idosos. No entanto, a depressão é o mais tratável dos distúrbios psiquiátricos da idade

avançada (LIMA, 1999).

Em consonância com estudos recentes, os aspectos pesquisados de associação mais

significativa com depressão são: os pessoais (idade avançada e sexo feminino), as

condições de saúde (declínio do estado funcional, doenças crônicas e prejuízo cognitivo) e

as condições sociais precárias (BLACK, 1998; RAMOS, 1998; COELHO FILHO, 1999).

Cohen (1998) e Pearson et al. (2000) também apontam para uma importante presença de

suicídio na idade avançada, decorrente de depressão. A seguir, apresentamos cada um

desses aspectos em sua especificidade e suas relações com a depressão.

Cacciatore et al. (1997), em pesquisa de desenho transversal para verificar padrão

de morbidade na população idosa no Sul da Itália, sabendo que este país tem uma das

maiores populações de idosos do mundo, chama a atenção para um alto percentual de

idosos com indicação de depressão moderada e depressão maior. Esse achado tem relação

com o avanço da idade e com o sexo feminino. Os autores observaram, ainda, que o nível

educacional alto apresentou-se como fator de proteção para a depressão.

Esses mesmos resultados foram encontrados por Veras (1994), no Brasil , na cidade

do Rio de Janeiro, através de um estudo transversal em idosos da comunidade, embora não

tenha observado diferença de percentual de depressão, em relação ao sexo, em idades mais

avançadas. Ramos (1998), em estudo longitudinal realizado em São Paulo, mostra achados

semelhantes, diferindo apenas em relação à educação, pois, apesar de a população idosa

estudada ter bom nível educacional, encontrou um alto percentual de depressão. Uma

pesquisa populacional com idosos mexicanos, com baixa escolaridade, também mostrou

escolaridade com fraca associação para a depressão (BLACK, 1998).

Nesses estudos, entre as variáveis trabalhadas, é notável a concordância que idade é

um fator importante para considerar a depressão. No entanto, para Henderson et al. (1993),

é importante considerar que o número de sintomas depressivos não aumenta com a idade,

mas devido, em parte, ao fato de que numerosas mudanças físicas (saúde física pobre e

incapacidade) e mudanças sociais acontecem com o envelhecer. Segundo Kivelä (1994 p.

75) “ a hipótese mais corrente é que a etiologia multifatorial da depressão como fatores:

biológicos, psicológicos e sociais, contribuem para sua ocorrência” . Estudos realizados

33

por Aromaa (1994); Kivelä (1994); Tamai (1998) e Simons (2000) sugerem que as

disfunções físicas ou transtornos sociais podem desencadear ou serem resultados de

depressão no idoso, não conseguindo ainda fazer uma relação exata dessas associações de

causas e efeitos.

Com relação à depressão e aspectos sociais em estudo longitudinal na comunidade,

Shoevers et al. (1999) verificaram incidência de depressão na população idosa, avaliando

efeitos de três tipos de vulnerabili dade genética e familiar indicada por história pessoal ou

familiar de desordem mental, vulnerabili dade orgânica indicada por sintomas orgânico-

cognitivos e vulnerabili dade ambiental, por ser solteiro e sem apoio social. Em análise

multivariada, a vulnerabili dade ambiental foi o fator de maior associação.

Em estudo realizado por Mann (2001), após um (1) ano de observação, os aspectos

sociais eram os únicos fatores associados com manutenção ou recuperação de depressão na

população envelhecida. Brummett et al. (1999) e McCall et al. (2001), também em estudos

longitudinais nos Estados Unidos encontraram que apoio social está fortemente associado

com depressão na população envelhecida. Para McCall et al. (2001), esta associação é

resultado principalmente de não ter alguém com quem compartilhar situações agradáveis e

alguém para ouvir e aconselhar em relação aos problemas. O estudo sugere que o humor

seja o principal determinante para apoio social, evidenciando que ele confere algum grau

de benefício com respeito à depressão no idoso. No entanto, tal estudo não pode esclarecer

se a redução da depressão motiva os idosos a uma melhor convivência social ou se o apoio

social recebido é que promove melhora da depressão.

Lefrançois (2000), por sua vez, em pesquisa feita em comunidade com população

idosa do Canadá, entre 81 e 86 anos, encontrou que, nessa faixa de idade, o apoio social

não interferiu de forma protetora para a depressão na presença de eventos de vida

relacionados a problemas de saúde, sendo esses fortes preditores de depressão. Para o

autor, com o aumento do crescimento da população idosa, é necessário ampliar a

compreensão de fatores, como apoio social e sua associação com depressão neste segmento

da população.

Apesar de as pesquisas que apresentaremos a seguir estudarem a relação entre

depressão com declínio físico, saúde física e incapacidade funcional, elas se referem ao

34

mesmo termo que utili zamos como declínio do estado funcional, de acordo com definição

referida por Stuck et al. (1999), ou seja, como dificuldade em realizar as atividades de vida

diária, incluindo auto-cuidado, tarefas de casa, atividades físicas e limitação da função

física, sendo esta restrita à ação física básica (incluindo função de extremidade superior e

inferior).

Em estudo longitudinal realizado por Roberts et al. (1997), nos Estados Unidos,

com idosos da comunidade, os efeitos relacionados à idade, aparentes em depressão, são

atribuíveis tanto a problemas de saúde física como a incapacidade associada. De acordo

com Penninx et al. (2000), em Amsterdam, em estudo longitudinal para verificar a relação

entre depressão e declínio físico, na população idosa, foi observado que função física pobre

é um fator de risco para o início e cronicidade de depressão, como também depressão

crônica tem um impacto significativo com o passar do tempo em declínio físico, ou mesmo

que esses dois agravos se reforcem mutuamente, causando uma espiral descendente

progressiva em pessoas mais velhas. Esse estudo sugere, ainda, que o reconhecimento

precoce e o tratamento da depressão possam ser protetores para o declínio físico.

Os idosos que são limitados na realização das AVDs têm um alto risco em

desenvolver depressão (RAMOS, 1998; LIVINGSTON, 1999). Mann (2001), em sua

pesquisa, observou que 69% dos idosos mostravam que incapacidade funcional era um

forte preditor para depressão. McCall et al. (2001) referem em sua amostra que os sintomas

depressivos acompanhados de perda do estado funcional em casos de melhora do estado

funcional seguem-se por alívio da depressão.

Livingston (1999), em população idosa sem depressão, identificou que doença

crônica não conduz a depressão, sendo provável que a causa desta seja doença aguda e dor,

aumentando a freqüência de consultas dos idosos nos serviços de saúde, devendo este fato

ser reconhecido pelo médico como um sinal de depressão. Embora provavelmente os

idosos durante as consultas não se queixem de depressão (COHEN, 1998; LIVINGSTON

1999; KATONA, 2000), para Willi amson (1992), seus achados indicam que dor e doença

mantêm uma relação indireta com a depressão, na medida em que são contribuintes

importantes para a incapacidade funcional que, por sua vez, contribui para a depressão.

35

Em estudo longitudinal, em Amsterdam, com idosos em comunidade para

investigar depressão em relação ao seu início, prevalência e persistência, as pesquisas de

Beekman (2001) sugerem que os fatores que predizem persistência, são muito diferentes

dos demais como as doenças crônicas e a vulnerabili dade para ansiedade e depressão.

Os resultados do estudo longitudinal em população envelhecida feita por Van

Balkom (2000), apontam semelhança com o estudo anterior, quando sugerem uma

probabili dade relativamente alta para condições de co-morbidade entre desordem de

ansiedade, doenças crônicas e depressão maior.

Mill s (2001), em estudo com idosos, observou que os sintomas depressivos são

mais freqüentes naqueles que apresentam doenças crônicas, com destaque para as de mais

forte associação, que são as relacionadas aos problemas cardíacos. Aromaa et al. (1994)

também observaram dados semelhantes, sendo os sintomas depressivos, depressão e

doença cardiovascular associados na população idosa. Contudo, os autores consideram

uma associação mais forte entre depressão e doenças do coração, principalmente as mais

severas e sintomáticas, como angina, parada cardíaca congestiva e acidente

cerebrovascular, do que hipertensão descomplicada.

Em estudo para verificar a causa de depressão, de início em idade avançada, Van

den Berg et al. (2001) encontraram como fortes fatores de risco: a hipertensão, a doença do

coração e o acidente cerebrovascular. Aromaa et al. (1994), em seus estudos sugerem que

provavelmente doença cardiovascular cause depressão severa e que a hipótese de que a

depressão possa causar doença cardiovascular parece inconclusiva.

No entanto, Penninx et al. (1998) defendem que sintomas depressivos podem estar

mais relacionados com predição de doença cardiovascular, do que com sua persistência.

Seus estudos sugerem que, particularmente em homens idosos, início recente de depressão

é melhor preditor de doença cardiovascular, do que depressão crônica. Resultado

semelhante foi encontrado por Sesso et al. (1998), em estudo apenas com homens idosos,

no qual observaram que sintomas depressivos estavam associados com o risco de

desenvolver doença cardiovascular.

36

Depressão e ansiedade são problemas especialmente comuns que complicam a

doença cardíaca (SHAPIRO, 1997). De acordo com Penninx et al. (1998), em homens

idosos, o início recente de depressão está associado a um maior risco de mortalidade por

doença cardiovascular. Para Black (1998), os índices de mortalidade são substancialmente

mais altos quando os sintomas depressivos vêm associados a doenças cardiovasculares e a

hipertensão. O autor sugere que essa condição no idoso é freqüentemente atribuída às

reclamações constantes de doenças crônicas, apesar da disponibili dade de tratamento para

essas doenças, como também ao freqüente baixo índice de diagnóstico e tratamento da

depressão. A pesquisa ainda mostra que essa associação permanece como preditivo de

mortalidade no idoso, mesmo quando controlado por outras variáveis, como aspectos

sociodemográficos, culturais e incapacidade funcional.

Enquanto para Almeida (1999), depressão também está associada a uma maior

morbidade e mortalidade na população envelhecida, principalmente quando acompanhada

de declínio cognitivo, para Forlenza (2000), esta associação leva a um maior

comprometimento funcional. De acordo com os autores, os sintomas depressivos e

demenciais sobrepõem-se, com freqüência, em pacientes geriátricos, encontrando-se

dificuldade na busca de uma relação de causa e efeito.

Idosos deprimidos freqüentemente se queixam de falhas de memória. A ocorrência

de depressão na idade avançada tem sido considerada um possível fator de risco para

demência (FORLENZA, 2000; O’BRIEN et al., 2001). Segundo os autores, os idosos

deprimidos que apresentam déficits cognitivos importantes como parte da depressão, têm

um maior risco de evoluir para demência, apesar da remissão dos sintomas demenciais

após tratamento bem sucedido da depressão.

Para Geerlings et al. (2000), dois estudos de população envelhecida, em que foram

usadas escalas de avaliações diferentes para depressão e declínio cognitivo, apresentaram

resultados semelhantes. A depressão era associada a um maior risco em desenvolver a

doença de Alzheimer e declínio cognitivo, mas só em idosos com alto nível de educação. A

partir desses estudos, os autores sugerem que, em um subgrupo de idosos com elevada

escolaridade, a depressão pode ser uma manifestação precoce da doença de Alzheimer

antes que os sintomas cognitivos se tornem aparentes.

37

No entanto, O’Brien et al. (2001) sugerem que há outras possíveis razões para

idosos deprimidos desenvolverem prejuízo cognitivo, como a presença de déficits

neuropsicológicos, que afetam a maioria dos domínios que guardam semelhança com os

domínios afetados pela depressão, como: aprendizagem e memória na presença de

patologia cerebrovascular, ou seja, durante o episódio depressivo, acontece um aumento de

patologias microvasculares, causando o déficit cognitivo. Embora esse estudo não tenha

encontrado evidência dessas relações de causa de prejuízo cognitivo na depressão, em

estudo de base populacional com idosos, Newman (1999) observou que a depressão é mais

prevalente em demência vascular, quando comparada à demência de Alzheimer.

Apontando ainda para a grande possibili dade de, na população geral, a taxa de prevalência

de depressão na demência de Alzheimer ser menor do que a que vem sendo previamente

observada em estudos clínicos.

Em estudo realizado por Almeida (1999) sintomas característicos de depressão

foram encontrados em 69,3% dos idosos com diagnóstico de demência. Depressão em

pacientes com demência leve e moderada deve ser considerada mesmo quando observa-se

dificuldade em enquadrar os sintomas depressivos nos critérios de diagnóstico

(FORLENZA, 2000).

Segundo Almeida (1999), acredita-se que as alterações comportamentais de idosos

com demência tendem a ter duração prolongada e, ao desaparecerem, apenas cedem espaço

para a manifestação de novos sintomas psiquiátricos. Dentre estes, com alta prevalência,

encontra-se a depressão, aumentando o sofrimento para o paciente e seus cuidadores.

Entendam-se aqui as pessoas que têm a total ou maior responsabili dade pelos cuidados

prestados ao idoso dependente ou que prestam atividades complementares, podendo ser um

profissional contratado, familiares, amigos ou voluntários da comunidade (MENDES,1998

apud STONE, CAFFERATA e SANGL, 1987). Sem dúvida, o tratamento da depressão em

pacientes com demência promove melhora do bem-estar deles e de seus cuidadores

(FORLENZA, 2000). Ainda de acordo com Mann (2001), os idosos deprimidos com

demência associada apresentam uma maior probabili dade de institucionalização.

De acordo com Almeida (1999), todos os pacientes com diagnóstico de demência e

que apresentam ideação suicida mostram sintomatologia depressiva significativa. Este

38

resultado, por sua vez, aponta particularmente para uma forte associação entre suicídio e

sintomas depressivos (MACDOLNAD, 1988; COHEN,1998; ALMEIDA,1999)

Em estudo, na Itália, com população idosa na comunidade, Scocco et al. (2001)

encontraram uma prevalência de 17% de pensamentos suicidas nesta população. De acordo

com Forsell et al. (1997), estudos de base populacional com idosos apontaram para

pensamentos suicidas fortemente correlacionados com a presença de depressão, sendo esta

a variável mais importante da descoberta. Os autores referem como fator altamente

preocupante o baixo reconhecimento e tratamento da depressão na população envelhecida,

sugerindo que a avaliação focalizada para depressão deve ser o primeiro passo para a busca

da causa de pensamentos suicidas em idosos. Esse resultado é reforçado em estudo mais

recente realizado por Pearson et al. (2000), em que os autores encontraram que a

intervenção mais eficaz em comportamentos suicidas na população envelhecida é o

diagnóstico e o conseqüente tratamento da depressão.

Segundo Cohen (1998), chamam a atenção os resultados de um estudo em que mais

de um terço dos homens idosos que cometeram suicídio tinham consultado seus médicos

na última semana de suas vidas e mais de 70%, no último mês. Para a autora, torna-se

imperioso o médico perguntar aos seus pacientes idosos, durante as consultas, se eles têm

depressão ou pensamentos suicidas.

De acordo com Stoppe et al. (1999), em pesquisa com profissionais médicos para

saber sua prática com idosos, foram apresentados dois casos: um de paciente com sintomas

depressivos ou com depressão severa e outro de um paciente deprimido apresentando co-

morbidades. Encontraram que um baixo percentual desses médicos, ao deparar-se com tais

casos, dificilmente busca espontaneamente questionar os pacientes sobre pensamentos

suicidas. Os autores sugerem neste estudo que pensamentos suicidas e sua prevenção não

são aspectos considerados primordiais a serem avaliados pelos médicos na consulta com

pacientes idosos, ou mesmo que, além da dificuldade em diagnosticarem depressão no

idoso, mostram também dificuldade em manejar adequadamente os sintomas provocados

pela depressão, entre os quais os pensamentos suicidas.

Foi encontrado, também em estudo realizado por Pearson et al. (2000), que a

maioria dos suicídios na população idosa é proveniente de um primeiro episódio de

39

depressão, sem outros tipos de co-morbidades psiquiátricas, mesmo sendo esse, o da

depressão, o tipo mais tratável nos idosos.

Os muitos estudos aqui citados com relação à depressão na população idosa, em

alguns aspectos, sugerem avanço, como a clareza de que a depressão está muito presente

no processo de envelhecimento, fazendo forte associação com os aspectos, igualmente

levantados aqui, como: idade, sexo, aspectos sociais, declínio do estado funcional, doenças

crônicas, prejuízo cognitivo e suicídio. No entanto, encontramos uma forte concordância

entre os autores no sentido de que mais estudos, especialmente de base populacional, são

necessários para investigar a depressão em idosos, as relações de causa e efeito, suas

relações durante o curso da depressão e o desfecho, para que se possam obter resultados

mais conclusivos.

Partindo dessa compreensão, propomos estudar a depressão nos idosos que estão

inseridos no programa de Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal

de Pernambuco (UnATI/UFPE), não deixando, também, esses idosos de estarem incluídos

em suas respectivas comunidades. Contudo, conhecer a relação de depressão nessa

população não poderá ser extrapolada para a população envelhecida em geral, podendo-se

configurar, num primeiro passo, para conhecer a depressão nos idosos residentes no

Recife.

1.4 - Conhecendo o Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, da

Universidade Federal de Pernambuco (UnATI /UFPE).

As primeiras iniciativas na criação de Universidades para a Terceira Idade são do

final da década de 1960 (PEIXOTO, 1997). Segundo a autora, nesse período, as

Universidades tinham como diretrizes básicas oferecer espaços para atividades culturais e

sociais para os seus participantes. A partir dessa década, as Universidades para a Terceira

Idade ampliaram seus objetivos para serem “ fundamentalmente instituições de saúde

pública visando elevar os níveis de saúde física, mental e social das pessoas de Terceira

Idade, bem como colocar à sua disposição programas de atividades particularmente

adaptados” (PEIXOTO, 1997 p. 46). E mais recentemente, desde os anos 80, essas

40

Universidades estão sendo exigidas a transformar seus participantes também em ativos

pesquisadores.

No Brasil , é nos anos 90 que surgem maiores demandas por programas

direcionados para os idosos, devido ao rápido envelhecimento de sua população. Segundo

Veras (1995), em relação às instituições públicas, atualmente a Universidade é a mais bem

equipada para responder às demandas dos idosos:

Ali , os idosos, além de receberem assistência e ensino e participarem de

atividades culturais e de lazer propiciam uma coorte inestimável para pesquisas

em várias áreas do conhecimento; ajudando, assim, na formação de profissionais

de alta quali ficação e alavancando a produção de conhecimento sobre a Terceira

Idade (p. 13)

Dentro dessa perspectiva e similar a outras experiências como a Escola Aberta para

Terceira Idade da PUC/Campinas e da Universidade Aberta à Terceira Idade da

Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UnATI/UERJ), foi criado em setembro de 1996

o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de

Pernambuco (UnATI/UFPE) (BARRETO, 1998).

Segundo a autora, a UnATI/UFPE é uma microuniversidade temática, que trata dos

aspectos do envelhecimento através de atividades de ensino, pesquisa e extensão. Tem

como diretriz principal promover a integração Universidade-idoso-comunidade,

participando desse processo a comunidade universitária e a comunidade em geral.

O Programa UnATI/UFPE tem caráter público, cujos cursos são oferecidos

gratuitamente. Para o ingresso no Programa são considerados idosos as pessoas com 60

anos e mais, de acordo com o que está disposto na lei Nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994,

que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. Não há exigência de nível de escolaridade,

entretanto, cada idoso só pode inscrever-se em um único curso, pois a demanda é maior

que o número de vagas oferecidas.

Os cursos têm duração de um semestre letivo, com temática variada. No período

referente à coleta de dados deste estudo, o Programa oferecia 32 turmas, distribuídas em 27

41

cursos, dentre os quais: educação em saúde, nutrição e envelhecimento, primeiros socorros

no local do acidente, reciclagem de papel e encadernação artesanal, oficina de artes, oficina

literária, introdução ao estudo da língua italiana, inglês, educação participativa e

informática básica.

O Programa UnATI/UFPE conta com docentes dos vários Centros e Departamentos

da UFPE, além de acadêmicos e profissionais voluntários não-vinculados à UFPE. Suas

atividades são desenvolvidas nas instalações dos Centros e Departamentos, no campus da

própria Universidade Federal de Pernambuco.

Portanto, é intenção deste estudo conhecer centralmente qual a importância e o

comportamento da depressão entre os participantes do Programa Universidade Aberta à

Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE)

Sendo assim, pretende-se conhecer:

• Qual a importância da depressão classificada como maior e menor entre os

participantes do Programa, por faixa etária (60-69 anos e 70-79anos) e por sexo?

• Entre as variáveis propostas no estudo, quais as que apresentam relação com a

depressão a partir do pareamento, por sexo e idade?

2. OBJETIVOS

43

2. OBJETIVOS

Geral:

Identificar a presença de depressão, nos idosos participantes do Programa da Universidade

Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE).

Específicos:

• Identificar a presença de depressão, nos idosos, classificando-os como casos de

depressão maior ou menor, considerando sexo e faixa etária.

• Identificar os idosos que compõem os casos de depressão, comparando-os com os

idosos não-deprimidos, considerando: solidão, tristeza, pouca disposição, pessimismo em

relação ao futuro, irritação, auto-acusação, idéias suicidas, dor de cabeça, insatisfação,

distúrbios do sono e do apetite.

• Relacionar os idosos que compõem os casos de depressão com as variáveis anteriores,

por sexo e faixa etária.

3. MATERIAL E MÉTODOS

45

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – População, Procedência e Período de Referência do Estudo

A população alvo é composta por 358 idosos, de ambos os sexos, procedentes dos

vários bairros do Recife e Região Metropolitana, que participam do Programa Universidade

Aberta à Terceira Idade, da Universidade Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE). As

informações a respeito da população do estudo são provenientes de um banco de dados,

construído através de um censo realizado com os idosos do referido Programa, no período de

abril a junho de 1998 (BARRETO, 1999)

3.2 – Desenho do Estudo

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo de corte transversal. Este tipo de

estudo proporciona um alto poder descritivo a baixo custo e está sendo muito utili zado na

epidemiologia moderna (ALMEIDA FILHO & ROQUAYROL, 1993). Estaremos

trabalhando, segundo denominação dos autores, o subtipo de estudos transversais, denominado

“estudos em populações especiais” , em que estão incluídos os idosos.

O estudo transversal também oferece desvantagens, na medida em que gera

informações sobre a situação existente em um momento particular, trazendo problemas para

interpretação da relação causal entre os eventos numa pesquisa (PEREIRA,1999).

46

3.3 – Instrumento e Coleta de Dados

Os dados do banco foram coletados através de inquérito, a partir de questionário

aplicado em entrevista direta com os participantes do Programa, utili zando o instrumento

multidimensional o Brazil Old Age Schedule – BOAS. As entrevistas foram feitas por

auxili ares de pesquisa, treinados e supervisionados pela coordenadora do Censo

(UnATI/UFPE), sendo realizadas nas próprias instalações do Programa (BARRETO, 1999).

O BOAS é um instrumento que foi validado no Brasil , numa pesquisa realizada no Rio

de Janeiro, com população idosa (VERAS, 1994), constituído por um questionário, um manual

(composto por três seções principais: descrição do questionário, perguntas de justificativa e

formas de aplicar o questionário) e um livro código. O questionário é dividido em nove seções

e tem como meta colher dados sobre informações gerais, saúde física, utili zação dos serviços

médicos e dentários, atividades da vida diária (AVD), recursos sociais, recursos econômicos,

rastreamento de saúde mental, necessidades e problemas que afetam os idosos e, ao final,

contém uma avaliação do entrevistador. Esse tipo de questionário multidimensional agrega

medidas que fornecem uma visão ampla da situação social e de saúde da pessoa, o que, de

acordo com Veras (1994), é relevante em pesquisa com população idosa “por causa da

relação íntima que tem sido demonstrada entre mudanças sociais - particularmente aquelas

que envolvem perda e estabelecimento de doenças físicas e mentais - e o impacto da

incapacidade física e mental sobre a necessidade de serviços de assistência social” (p.55).

As seções de informações gerais, utili zação dos serviços médicos e dentários,

atividades da vida diária (AVD), recursos sociais e recursos econômicos foram trabalhadas na

pesquisa para a dissertação de Mestrado em Saúde Pública, do NESC/CPqAM/FIOCRUZ,

intitulada “Universidade Aberta à Terceira Idade UnATI/UFPE: um perfil sócio-

epidemiológico dos participantes” (BARRETO, 1999)

Neste estudo, trabalhamos a Seção de Saúde Mental, que avalia a deficiência cognitiva

e depressão, e para isso utili za a escala do Short-CARE, que foi desenvolvida para dar ênfase

47

particular a essas duas áreas principais de alteração psiquiátrica na velhice e que permite, na

realidade, indicar a suspeita de um “caso” . Optamos por trabalhar a Seção de Saúde Mental

em relação à depressão apresentada a seguir de modo mais específico.

A Seção VII de Saúde Mental relativa à avaliação de depressão é composta por 27

perguntas, das quais algumas são subdivididas em outras correlatas e mais detalhadas. Os itens

sobre depressão vão do número 63 a 76 do instrumento multidimensional BOAS (Anexo 2).

Como dito anteriormente, para a referida avaliação é utili zada a escala do Short-CARE.

Segundo Blazer (1999), a vantagem do uso de escalas de avaliação para depressão é

que elas não distribuem subjetivamente os pacientes em uma categoria diagnóstica específica.

Contudo, para o autor, é importante ser cuidadoso, pois esse tipo de avaliação não oferece

especificidade diagnóstica, ou seja, os mesmos sintomas depressivos apresentados podem ser,

por exemplo, referentes tanto a perda de um ente querido ou a um episódio de depressão maior

com melancolia. Ainda de acordo com o autor, para o diagnóstico de caso de depressão na

população idosa é importante considerar que a maioria dos idosos não se enquadram

adequadamente nos diagnósticos psiquiátricos que recebem, devido à freqüência de doenças

simultâneas que apresentam, como também os critérios diagnósticos do Diagnostic and

Statistic Manual of Mental Disorders- 3 Revised DSM-III ou DSM-IV, que não se ajustam

sempre aos sintomas mostrados pelos idosos como, por exemplo, a ansiedade generalizada,

que não é tão facilmente diferenciada de um episódio depressivo maior em um idoso agitado.

Apesar dessas considerações, para um adequado diagnóstico de depressão nos idosos, o

Short-CARE é um instrumento que demonstra ter boa validade e confiabili dade para os

propósitos de rastreamento comunitário (VERAS, 1994). Para o mesmo autor, os sinais e

sintomas fundamentais para o diagnóstico de depressão, como tristeza, pouca disposição,

pessimismo em relação ao futuro, autocrítica, auto-acusação, dificuldade de se concentrar e,

também, distúrbios físicos, como alterações do sono e apetite estão contemplados no Short-

CARE.

48

Essa escala identifica dois tipos de depressão: a depressão maior e a depressão menor.

A validação dessa escala, realizada no estudo anteriormente referido, foi realizada por dois

psiquiatras treinados, que utili zaram a escala de depressão da lista de conferência do DSM-III

para depressão maior e a escala de distimia do DSM-III para depressão menor (VERAS,

1994). Atualmente, dispomos do DSM IV, como critérios de diagnóstico para depressão maior

e distimia, o qual não apresenta diferenças importantes em relação ao DSM-III .

Outro aspecto considerado para a validação da escala de depressão relacionou-se às

perguntas do questionário que se referiam ao tempo passado. Correspondiam elas aos últimos

trinta dias, a partir da data da entrevista, e no DSM-III se referiam a toda a vida anterior.

Contudo, no processo de validação, foi observado que essa diferença não provocava distorções

nos resultados.

Para discriminação de caso e não caso de depressão na escala do Short-CARE, o ponto

de corte 8 e acima foi o que melhor propiciou equilíbrio entre sensibili dade e especificidade

para definição de possível caso∗, chegando ao escore máximo de 28 pontos. Para o caso de

depressão menor, são classificados nesse grupo os idosos com ponto de corte de 8 ou mais,

que apresentaram sintomas depressivos substanciais, que podem ser denominados deprimidos,

mas não tão graves quanto os que tiveram índices de 13 ou mais; e, para o caso de depressão

maior, os idosos que se encontram no ponto de corte de 13 ou mais e apresentaram distúrbios

graves e persistentes, que têm necessidade de assistência profissional de saúde (VERAS, 1994

p.164)

3.4 - Var iáveis Estudadas

As variáveis aqui trabalhadas são sexo e faixa etária; as demais estão contempladas na

escala de avaliação do Short-CARE, conforme Tabela 1.

∗ A partir de agora utili zaremos os termos casos de depressão e idosos deprimidos para nos referirmos aos idosos

identificados como possíveis casos de depressão.

49

Tabela 1 – Distr ibuição das var iáveis trabalhadas.

Variáveis

Perguntas

Solidão • Sempre se sente solitário.

Tristeza • Tem se sentido triste ou deprimido no último mês. Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas. Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia. Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês.

Pouca disposição • Sente que está ficando mais lerdo ou com menos energia.

Sente-se mais lerdo ou com menos energia no período da manhã. No último mês, tem estado com menos energia que de costume. No momento, sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia.

Pessimismo em relação ao futuro • Não menciona expectativas para o futuro

Futuro descrito negativamente.

Irritação • Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês. Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair.

Auto-acusação • Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso e não

pensa no assunto no momento. Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso e pensa bastante sobre o assunto.

Idéias suicidas • No último mês, sentiu que viver não valia a pena.

Rejeita suicídio. Pensamentos suicidas. Considerou o suicídio. Tentou o suicídio.

Dor de cabeça • Teve dor de cabeça no mês passado.

Insatisfação • No momento, sente que perdeu o interesse ou a satisfação

pelas coisas. Perda de interesse causada por depressão/nervosismo Sente-se infeliz no momento

Distúrbios do sono • Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade,

depressão

Distúrbios do apetite • Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso

3.5 – Processamento e Análise dos Dados

A partir do banco de dados original do censo da UnATI/UFPE, construiu-se um outro

com os dados referentes à Seção VII- Saúde Mental, que é objeto deste estudo.

O banco foi então digitado no Programa Epi Info 6 – Version 6.04b to c Upgrade –

October 1997 – Now year 2000 Compliant. Após esta etapa, foi feito o escore de cada

questionário dos 358 idosos, a partir da orientação do manual do instrumento, que especifica

50

quais perguntas são consideradas para o escore e o número de pontos atribuídos a cada uma

delas (ver Tabela 2). A partir daí, classificamos cada idoso nas categorias correspondentes, a

saber: sem depressão, depressão menor e depressão maior.

Abaixo, apresentamos na Tabela 2 as perguntas pontuadas para o escore da escala de

depressão.

Tabela-2 Distr ibuição das perguntas pontuadas para a indicação de caso de depressão e do número de pontos atr ibuídos a cada uma delas, segundo a escala do Shor t-CARE.

Nº Perguntas Nº de pontos

63a Sempre se sente solitário 1 pt

64 Esteve preocupado durante o último mês 1 pt

64a Preocupa-se em relação a quase tudo 1 pt

65b Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão 1 pt

66 Teve dor de cabeça no mês passado 1 pt

67a Não tem se alimentado bem por estar deprimido/preocupado/nervoso 1 pt

68 Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia 1 pt

68a Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no período da manhã 1 pt

68b No último mês, tem estado com menos energia que de costume 1 pt

68c No momento, sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia 1 pt

69 Sentiu-se mais irritado/zangado do que de costume no último mês 1 pt

70a Fica chateado porque não sai de casa sempre que precisa ou quer sair 1 pt

71 Tem se sentido triste ou deprimido no último mês 1 pt

71a Tem se sentido triste ou deprimido por um período maior que poucas horas 1 pt

71b Sente-se mais triste ou deprimido no início do dia 1 pt

71c Sentiu vontade de chorar e chorou no último mês 1 pt

72 No último mês, sentiu que viver não valia a pena 1 pt

72b Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida 1-4 pts

Rejeita suicídio 1 pt

Pensamentos suicidas 2 pts

Considerou o suicídio 3 pts

Tentou o suicídio 4 pts

73 Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso 1-2pts

Não pensa no assunto no momento 1 pt

Pensa bastante sobre o assunto 2 pts

74 Expectativas para o futuro 1-2 pts

Não menciona expectativas 1 pt

Futuro descrito negativamente 2 pts

75 No momento, sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas 1 pt

75a Perda de interesse causada por depressão/nervosismo 1 pt

76 Sente-se infeliz no momento 1 pt

51

Uma vez identificados os possíveis casos e não-casos de depressão, verificamos que a

desproporção numérica entre estes poderia dificultar a análise dos resultados e também trazer

fatores confundidores, como a variação etária, por exemplo. Assim, a etapa seguinte se

constituiu em fazer o pareamento dos idosos na proporção de um para um, através de sorteio,

do grupo de casos de depressão com os idosos do grupo sem depressão, por sexo e idade.

Portanto, o pareamento é realizado entre participantes do mesmo sexo e da mesma idade.

A partir daí, trabalhamos por faixa etária dos grupos pareados com um intervalo de 10

anos, agrupando, assim, as idades entre 60-69 anos e 70-79 anos. Essas duas faixas de idade

são caracterizadas como idosos jovens e meio-idosos, respectivamente (VERAS, 1994). Para o

autor, dividir idade cronológica nos idosos em subfaixas é importante para observar as

diferenças entre elas.

Através do Analysis do Epi-Info, pudemos verificar a freqüência das variáveis em

estudo para o grupo de casos de depressão e o grupo sem depressão e relacioná-los.

Posteriormente, com o grupo de casos de depressão verificamos a freqüência de cada variável

relacionando-a por sexo e faixa etária.

4. RESULT ADOS

53

4. RESULT ADOS

Neste capítulo, apresentamos os resultados do Censo realizado com 358 idosos da

UnATI/UFPE, da Seção VII- de Saúde Mental, do instrumento BOAS, no que se refere à

depressão. Para facilit ar o entendimento dos resultados desta seção, é importante esclarecer

alguns dados do grupo estudado, referentes à Seção I- de Informações Gerais, que tratam

da situação pessoal e familiar dos idosos, e à Seção V, que investiga os Recursos Sociais.

Dessas seções, destacamos as informações relativas a sexo, faixa etária, escolaridade,

estado conjugal, arranjo domicili ar e renda.

De acordo com Barreto (1999), quanto à distribuição de sexo, as mulheres (312)

representam 87,15% do total e os homens (46), 12,85%. Em relação à faixa etária, a

maioria dos idosos, 72,06%, encontram-se na faixa compreendida entre 60 e 69 anos.

Quanto à escolaridade, praticamente 100,00% dos idosos são alfabetizados, encontrando-se

19,55%, com o primeiro grau completo, 33,52%, com 2º grau e 29,05%, com nível

superior. Com relação ao estado conjugal, 39,40% dos idosos encontram-se viúvos, sendo

a maioria mulheres, e 35,50%, casados, dos quais a maior parte são homens. No que se

refere ao arranjo domicili ar, 52,89% dos idosos residem com duas a cinco pessoas; 24,02%

residem com uma pessoa e 15,92% moram sós. Ainda em relação à renda, os idosos, em

sua maioria, referem renda familiar entre 7 e 10 salários mínimos.

A seguir, demonstraremos os resultados da seção de Saúde Mental.

O Gráfico 1 refere-se à distribuição quanto à presença ou não de casos de depressão

nos participantes da UnATI/UFPE. Os casos de depressão (86) representam 24,01% do

total, enquanto o grupo sem depressão (272) representa 75,98%.

54

Gráfico 1 – Distr ibuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI /UFPE, em relação à depressão.

Casos de depressão

Sem depressão

75,98%

24,01%

Quando estabelecemos relação dos casos de depressão por faixa etária e sexo,

encontramos a maioria dos idosos, 57, ou seja, 66,28%, na faixa etária entre 60-69 anos.

Observamos que, nas faixas de idade 60-69 anos e 70-79 anos, o número de mulheres com

depressão predomina sobre o dos homens (Tabela 3).

Tabela-3 Distr ibuição da freqüência dos 358 idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, de acordo com o sexo e faixa etár ia.

Idade

Depressão

N=86

Sexo

Sem depressão

N=272

Sexo

Masculino Feminino Masculino Feminino

N % N % N % N %

60-69 5 8,77 52 91,23 27 14,06 165 85,93

70-79 2 6,90 27 93,10 10 13,51 64 86,48

80� __ __ __ __ 2 33,33 4 66,66

Dos 358 idosos estudados, 272, ou seja, 75,98% encontram-se no grupo sem

depressão, 65, isto é, 18,15%, no grupo de depressão menor, e 21, ou seja, 5,86%, no grupo

de depressão maior (Gráfico 2).

55

Gráfico 2 – Distr ibuição da frequência dos 358 idosos, da UnATI /UFPE, de acordo com a classificação de depressão menor e maior .

Depressão menor

Depressão maior

Sem depressão

75,98%

18,15%

5,86%

Relacionamos, na Tabela 4, a seguir, os idosos que compõem o grupo de casos de

depressão maior e menor, quanto à distribuição dos percentuais positivos considerados

para o escore de classificação de casos de depressão.

56

Tabela 4∗∗-Distr ibuição da relação dos 65 idosos com depressão menor e dos 21 idosos com depressão maior , relativa aos percentuais positivos considerados para o escore de classificação de casos de depressão.

Pergun ta Depressão lMenor Depressão Maior

N nº % N nº %

Sempre se sente soli tário- 1 pt N=40 16 40,00 N=17 13 76,47

Esteve preocupado du rante o ú ltimo mês-1 pt N=65 60 92,31 N=21 21 100,00

Preocupa-se em relação a quase tudo - 1 pt N=60 47 78,33 N=21 19 90,48

Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão- 1 pt N=30 17 56,67 N=14 13 99,86

Teve dor de cabeça no mês passado- 1 pt N=65 40 61,54 N=21 12 57,14

Não tem se alimentado b em por estar deprimido/preocupado/nervoso- 1 pt N=12 3 25,00 N=11 5 45,45

Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia- 1 pt N=65 56 86,15 N=21 20 95,24

Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no p eríodo d a manhã- 1 pt N=56 13 23,21 N=20 6 30,00

No ú ltimo mês tem estado com menos energia que de costume- 1 pt N=56 23 41,07 N=20 11 55,00

No momento sente falta de energia para fazer suas coisas no seu d ia a dia- 1 pt N=56 33 58,93 N=20 17 85,00

Sentiu-se mais irr itado/zangado do qu e de costume no ú ltimo mês- 1 pt N=65 29 44,61 N=21 12 57,14

Fica chateado po rque não sai de casa se mpre que precisa ou qu er sair- 1 pt N=01 1 100,00 N=7 7 100,00

Tem se sentido triste ou d eprimido no ú ltimo mês- 1 pt N=65 57 87,69 N=21 20 95,24

Tem se sentido triste ou d eprimido po r um período maior que pou cas horas- 1 pt N=57 19 33,33 N=20 10 50,00

Sente-se mais triste ou d eprimido no início do d ia- 1 pt N=57 12 21,05 N=20 4 20,00

Sentiu vontade de chorar e chorou no ú ltimo mês- 1 pt N=57 37 64,91 N=20 18 90,00

No ú ltimo mês sentiu qu e viver não valia à pena- 1 pt N=65 8 12,31 N=21 15 71,43

Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida- 1-4 pts

Rejeita suicídio- 1 pt N=5 5 100,00 N=13 10 76,93

Pensamentos suicidas- 2 pts - - - - -

Considerou o suicídio- 3 pts - - - N=13 1 7,69

Tentou o suicídio- 4 pts - - - N=13 1 7,69

Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso- 1-2pts

Não pensa no assunto no momento- 1 pt N=65 11 16,92 N=21 5 23,81

Pensa bastante sobre o assunto- 2 pts N=65 17 26,15 N=21 10 47,61

Expectativas para o futuro- 1-2 pts

Não menciona expectativas- 1 pt N=65 19 29,23 N=21 8 38,10

Futuro descrito negativamente- 2 pts N=65 15 23,07 N=21 7 33,33

No momento sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas- 1 pt N=65 23 35,38 N=21 18 85,71

Perda de interesse ca usada por depressão/nervosismo- 1 pt N=23 8 34,78 N=18 15 83,33

Sente-se infeli z no momento- 1 pt N=65 5 7,69 N=21 13 61,90

Observamos que, ao relacionarmos os grupos de depressão menor e maior, quanto à

faixa etária, encontramos a maior parte dos idosos, das duas faixas de idade, com

depressão menor. Os resultados foram os seguintes: 44 deles, ou seja, 77,19%, na faixa

etária entre 60-69 anos, e 21, isto é, 72,41%, na faixa etária entre 70-79 anos (Gráfico 3).

∗ As perguntas sombreadas de amarelo são derivadas das perguntas sem cor, imediatamente acima e especificadas com os números de pontos atribuídos.

57

Gráfico-3 Distr ibuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos, com depressão maior , por faixa etár ia.

0

20

40

60

80

100

60-69 70-79

Depres s ão menor

Depres s ão maior77,19%

72,41%

27,58%22,80%

Quando estabelecemos relação entre os grupos de depressão menor, depressão

maior e sexo, observamos que dos 7 homens deprimidos (5) 71,43% estão no grupo de

depressão menor e (2) 28,57% estão no grupo de depressão maior. Já as mulheres (60)

75,95% estão no grupo de depressão menor e (19) 24,05%, no grupo de depressão maior

(Gráfico 4).

Gráfico-4 Distr ibuição da freqüência dos 65 idosos, com depressão menor, e 21 idosos, com depressão maior , por sexo.

0

20

40

60

80

100

Mas culino F eminino

Depres s ão menor

Depres s ão maior

71,43%75,95%

28,57%24,05%

58

4.1 - Resultados da Relação dos Grupos Pareados com as Var iáveis Estudadas

De agora em diante, mostraremos os resultados, por item, no grupo sem depressão e

no grupo identificado como casos de depressão, com os idosos pareados 1 para 1, por idade

e sexo, compondo uma amostra de 86 participantes em cada grupo.

Saliente-se que serão ressaltadas, aqui, as perguntas consideradas para o escore de

caso de depressão nos dois grupos.

Dos idosos que referiram solidão, (29) 50,88%, dos casos de depressão,

responderam sempre se sentirem solitários, e, no grupo sem depressão, o percentual foi de

(7) 31,82% (Gráfico 5).

Gráfico 5- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à freqüência do sentimento de solidão.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Sempre Algumas Vezes

Deprimidos Não-deprimidos

50,88% 49,12%

31,82%

68,18%

A freqüência de idosos que referiram ter preocupação no último mês, foi de (81)

94,19%, no grupo de casos de depressão, e (57) 66,28%, no grupo sem depressão (Gráfico

6).

59

Gráfico 6- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à presença de preocupação durante o último mês.

0

20

40

60

80

100

E s tiveram

preocupados

Não es tiveram

preocupados

Deprimidos

Não-deprimidos94,19%

5,81%

66,28%

33,72%

Os dois itens a seguir derivam do número de idosos que responderam estarem

preocupados no último mês, nos dois grupos.

Foi perguntado inicialmente com que tipo de coisas os idosos se preocuparam

durante o último mês. Dos respondentes, nos dois grupos, a maioria referiu preocupação

com a família, apresentando este resultado: (37) 55,22%, no grupo de depressão, e (21)

52,50%, no grupo sem depressão (Tabela 5).

Tabela 5- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, apontados como casos de depressão e sem depressão, com relação a situações com que se preocuparam durante o último mês.

Situações de

Preocupações

Casos de depressão

N=67

Sem depressão

N=40

Freq % Freq %

Família 37 55,22 21 52,50

Finanças 19 28,36 10 25,00

Saúde/Doença 4 5,97 6 15,00

Violência/Segurança 1 1,49 __ __

Amigos/Vizinhos 1 1,49 2 5,00

Outros 5 7,46 1 2,50

Complementando a pergunta anterior, os idosos foram questionados sobre se diriam

que se preocupam em relação a quase tudo. No grupo de casos de depressão, (66) 81,48%

60

disseram que se preocupam em relação a quase tudo, e, no grupo sem depressão, o

resultado foi de (31) 54,39% (Gráfico 7).

Gráfico 7- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se preocuparem com quase tudo.

0 20 40 60 80 100

P reocupam-

s e com

quas e tudo

Não s e

preocupam

com quas e

tudo

Não-deprimidos

Deprimidos

81,48%

18,52%

54,39%

45,61%

Com relação aos idosos que apresentam dificuldade para dormir, perguntou-se se

essa dificuldade era causada por preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento

depressivo. Do grupo com depressão, (30) 68, 18% responderam terem dificuldade para

dormir devido a preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo e, do

grupo sem depressão, (9) 50,00% também responderam positivamente a essa pergunta

(Gráfico 8).

Gráfico 8- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à dificuldade para dormir , causada por preocupação ou ansiedade, depressão ou

pensamento depressivo.

0

10

20

30

40

50

60

70

P reoc/ans ied/depres Outros motivos

Deprimidos

Não-deprimidos68,18%

31,82%

50,00% 50,00%

61

Dos idosos que referiram dor de cabeça, (52) 60,47% estavam entre os deprimidos

e apenas (19) 22,09% entre os não-deprimidos (Gráfico 9).

Gráfico 9- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à presença de dor de cabeça no mês passado.

0102030405060708090

Tiveram dor de cabeça Não tiveram dor de cabeça

Deprimidos Não-deprimidos

60,47%

39,53%

22,09%

77,91%

Os idosos que referiram não terem se alimentado bem no último mês foram

questionados quanto ao motivo de não estarem alimentando-se bem. A freqüência de

idosos que responderam não estarem se alimentando bem por falta de apetite ou por

estarem deprimidos/preocupados/nervosos foi de (8) 34,78%, nos casos de depressão, e (2)

22,22%, no grupo sem depressão (Tabela 6).

Tabela 6- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao motivo de não estarem alimentando-se bem no último mês.

Motivos de não se

alimentarem bem

Casos de depressão

N=23

Sem depressão

N=9

Freq % Freq %

Falta de apetite ou

por depressão

8 34,78 2 22,22

Outras razões 14 60,87 7 77,78

N.S./N.R.* 1 4,34 __ __

*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)

O percentual de idosos que referiram que estavam ficando mais lerdos ou com

menos energia foi de (76) 88,37%, no grupo com depressão, e (47) 54,65%, no grupo sem

depressão (Gráfico 10).

62

Gráfico 10- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com

relação à sensação de estarem ficando mais lerdos ou com menos energia.

0

20

40

60

80

100

sentem-se mais lerdos Não se sentem maislerdos

Deprimidos

Não-deprimidos88,37%

11,63%

54,65%45,35%

Os três itens a seguir derivam do número de idosos que responderam estarem

ficando mais lerdos ou com menos energia, nos dois grupos.

No primeiro item, foi questionado se, em alguma hora do dia, os idosos se sentiam

mais lerdos ou com menos energia. No grupo de deprimidos, (19) 25,00% referiram

sentirem-se mais lerdos, com menos energia, no período da manhã, e (9) 19,15% no grupo

de não-deprimidos (Tabela 7).

Tabela 7- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação à hora do dia em que se sentem mais lerdos ou com menos energia.

Período do dia Casos de depressão

N=76

Sem depressão

N=47

Freq % Freq %

Manhã 19 25,00 9 19,15

Outros períodos 55 72,37 38 80,85

N.S./N.R.* 2 2,63 __ __

*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)

No segundo item, foi perguntado se, no último mês, os idosos tinham estado com

menos energia ou como de costume. A proporção de idosos que referiram que tinham

estado com menos energia foi de (34) 44,74% entre os casos de depressão e (13) 27,66%

entre o grupo sem depressão. (Gráfico 11).

63

Gráfico 11- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, no último mês, tem estado com menos energia ou como de costume.

0

1020

30

4050

60

7080

Menos energia Como de costumeou mais

Deprimidos Não-deprimidos

55,26%

44,74%

27,66%

72,34%

No terceiro item, foi questionado se, naquele momento da entrevista, os idosos

sentiam falta de energia para fazer suas coisas no seu dia-a-dia. No grupo classificado

como casos de depressão, (50) 65,79% responderam que sentiam falta de energia para

fazer suas coisas no seu dia-a-dia, e apenas (14) 29,79% responderam positivamente a essa

pergunta no grupo sem depressão (Gráfico 12).

Gráfico 12- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, atualmente, sentem falta de energia para fazer suas coisas no dia-a-dia.

0 20 40 60 80

S entem falta

de energia

Não s entem

falta de energia

Não-deprimidos

Deprimidos

65,79%

34,21%

70,21%

29,79%

O percentual de idosos que referiram sentirem-se mais irritados ou zangados do que

de costume foi de (41) 47,68%, no grupo de casos de depressão, e (15) 17,44%, no grupo

sem depressão (Gráfico 13).

64

Gráfico 13- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se, durante o último mês, se sentiram mais irr itados/zangados do que de costume.

0

20

40

60

80

100

Sentiram-se maisirritados

Não se sentirammais irritados

Deprimidos

Não-deprimidos

47,68%52,32%

17,44%

82,56%

Aos idosos que referiram não saírem de casa sempre que precisam ou querem sair,

foram questionados em relação a como se sentiam a respeito. A freqüência de idosos que

disseram ficar chateados ou aborrecidos foi de (8) 100% nos casos de depressão e (2) 40%,

no grupo sem depressão (Tabela 8).

Tabela 8- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a como se sentem quando não saem de casa, sempre que precisam ou querem sair .

Como se sente Casos de depressão

N=8

Sem depressão

N=5

Freq % Freq %

Chateado/aborrecido 8 100 2 40

Não se sente

chateado/aborrecido

__ __ 3 60

A proporção de idosos que responderam sentirem-se tristes ou deprimidos foi de

(77) 89,53%, no grupo classificado como casos de depressão, e (22) 25,58%, no grupo sem

depressão (Gráfico 14).

65

Gráfico 14- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a terem-se sentido tr istes ou depr imidos durante o último mês.

0

20

40

60

80

100

S entiram-s e deprimidos Não s e s entiram

deprimidos

Deprimidos

Não-deprimidos89,53%

10,47%

74,42%

25,58%

Os três itens a seguir terão como referência o número dos idosos que responderam

que se sentiram tristes ou deprimidos durante o último mês, nos dois grupos.

No que se refere ao primeiro item, os idosos foram questionados se se sentiam

tristes ou deprimidos, por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais

tempo. No grupo classificado como casos de depressão, (29) 37,66% sentiam-se tristes ou

deprimidos por um período maior que poucas horas e apenas (5) 22,73%, dos idosos sem

depressão, responderam positivamente a essa pergunta (Gráfico 15).

Gráfico 15 - Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se sentirem tr istes ou depr imidos, por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou por mais

tempo.

0

20

40

60

80

100

P erí odo maior P erí odo menor

Deprimidos

Não-deprimidos

37,66%

62,34%

77,27%

22,73%

66

Com relação ao segundo item, os idosos foram perguntados sobre, quando se

sentem tristes ou deprimidos, a que horas do dia se sentem pior. A proporção de idosos que

disseram ser pior no início do dia foi de (16) 20,78%, no grupo de depressão, e (1) 4,55%

no grupo sem depressão (Tabela 9).

Tabela 9- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a quando se sentem tr istes ou depr imidos, a que horas do dia se sentem pior .

Período do dia Casos de depressão

N=77

Sem depressão

N=22

Freq % Freq %

Início do dia 16 20,78 1 4,55

Outros períodos 58 75,32 7 95,45

N.S./N.R.* 3 3,89 __ __

*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)

Quanto ao terceiro item, os idosos foram questionados se sentiam vontade de chorar

e se choraram no último mês. O percentual de idosos que responderam sentirem vontade de

chorar e choraram foi (55) 71,43%, nos casos de depressão, e (7) 31,82%, no grupo sem

depressão (Gráfico 16).

Gráfico 16 - Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a sentirem vontade de chorar e terem chorado no último mês .

0 20 40 60 80

Choraram

Não choraram

Não-deprimidos

Deprimidos

71,43%

28,57%

31,82%

68,18%

Em relação à pergunta se alguma vez, durante o último mês, os idosos sentiram que

viver não valia a pena, constatou-se que, no grupo de casos de depressão, (23) 26,74%

sentiram que viver não valia a pena e (63) 73,26% não sentiram que viver não valia a pena.

Já no grupo sem depressão, (86) 100% não sentiram que viver não valia a pena.

67

Dos 23 idosos que sentiram que viver não valia a pena, do grupo de casos de

depressão, (18) 78,26% idosos referiram que, no último mês, alguma vez, sentiram que

seria melhor estarem mortos. Esses 18 idosos foram questionados se pensaram em fazer

alguma coisa para acabar com suas vidas. Desses, (15) 83,33% rejeitam suicídio, (1) 5,55%

consideraram seriamente um método de suicídio, mas não o puseram em prática, (1) 5,55%

tentaram suicídio e (1) 5,55% não sabiam ou não responderam.

A freqüência de idosos que se arrependem, culpam-se, mas atualmente não pensam

no assunto foi de (16) 18,60%, no grupo de deprimidos, e (10) 11,62% no grupo de não-

deprimidos. Já os idosos que se arrependem, culpam-se e pensam bastante no assunto

apresentaram um percentual de (27) 31,39%, no grupo de deprimidos e apenas (4) 4,65%

no grupo de não- deprimidos (Tabela 10).

Tabela 10- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se tiveram algum arrependimento nos anos anteriores de suas vidas

Presença de

arrependimento

Casos de depressão

N=86

Sem depressão

N=86

Freq % Freq %

Sem arrependimento 32 37,21 55 63,95

Arrepende-se/não se

culpa

10 11,62 17 19,77

Arrepende-se/culpa-

se/não pensa

16 18,60 10 11,62

Arrepende-se/culpa-

se/pensa bastante

27 31,39 4 4,65

N.S./N.R.* 1 1,16 __ __

*N.S./N.R. (Não sabe ou não respondeu)

Em relação aos idosos que referiram arrependimento, observamos que a maioria

coloca como motivo de arrependimento a pouca qualidade de suas relações matrimoniais

ou a ausência destas, apresentando o percentual de (14) 37,83%, no grupo de deprimidos, e

(7) 38,88% no grupo de não-deprimidos (Tabela 11).

68

Tabela 11- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação aos motivos de arrependimento.

Motivos de arrependimento Casos de depressão

N=37

Sem depressão

N=17

Freq % Freq %

Baixa qualidade/ausência de

matrimônio

14 37,83 7 38,88

Não ter estudado/trabalhado 8 21,62 5 27,77

Família 6 16,21 1 5,55

Outros Motivos 9 24,32 5 27,77

A proporção de idosos que não mencionam expectativas mas também não referem

nenhuma afirmação negativa foi de (27) 31,40%, no grupo de casos com depressão, e (19)

22,09%, no grupo sem depressão. Quanto aos idosos que descrevem o futuro

negativamente, amedrontador ou insuportável, observamos o percentual de (22) 25,58%,

no grupo de casos com depressão e (7) 8,14% no grupo sem depressão (Gráfico 17).

Gráfico 17 - Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao futuro, como se sentem e quais são suas expectativas.

0

20

40

60

80

100

Menciona

expectativas e

pensa no futuro

Não menciona

expectativas/não

refere afirmação

negativa

O futuro é descrito

negativamente

Deprimidos

Não-deprimidos

43,02%

31,40% 25,58%

69,77%

22,09%

8,14%

A freqüência de idosos que referiram, no momento da entrevista, sentirem perda de

interesse ou satisfação pelas coisas, foi (41) 47,67%, no grupo de casos de depressão, e (5)

5,81%, no grupo sem depressão (Gráfico 18).

69

Gráfico 18 - Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se atualmente sentem que perderam o interesse ou a satisfação pelas coisas

0

20

40

60

80

100

S entem perda de

interes s e

Não s entem perda de

interes s e

Deprimidos

Não-deprimidos

47,67% 52,33%

94,19%

5,81%

Com relação aos idosos que referiram, no momento da entrevista, sentirem que

perderam o interesse ou a satisfação pelas coisas, questionou-se sobre o que acreditavam

ser a causa de suas respostas. Observamos que os idosos que referiram perda de interesse

causada por depressão ou nervosismo, apresentaram um percentual de (23) 56,10%, no

grupo com depressão, e (2) 40%, no grupo sem depressão (Gráfico 19).

Gráfico 19 - Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação ao que eles acreditam ser a causa da perda de interesse ou a satisfação pelas coisas

0

20

40

60

80

100

Depres s ão Outros motivos

Deprimidos

Não-deprimidos

56,10%

43,90%40,00%

60,00%

O percentual de idosos que disseram não se sentirem felizes no momento da

entrevista foi (13) 15,12%, no grupo de casos com depressão, e (3) 3,49%, no grupo sem

depressão (Gráfico 20).

70

Gráfico 20- Distr ibuição dos idosos, da UnATI /UFPE, identificados como casos de depressão e sem depressão, com relação a se sentirem felizes no momento da entrevista.

0

20

40

60

80

100

S entem-s e felizes Não s e s entem felizes

Deprimidos

Não-deprimidos84,88%

15,12%

96,51%

3,49%

4.2 - Resultados do Grupo de Depressão em Relação à Freqüência das Var iáveis por

Sexo e Faixa Etár ia.

Chama a atenção o resultado do questionário, pois, ao relacionarmos os idosos

deprimidos, que referiram sentirem-se sempre solitários, de acordo com o sexo e o estado

conjugal, observamos que, dos homens, ou seja, (3) 75,00% deles eram casados e (1)

25,00% divorciados, enquanto que, entre as mulheres, (12) 48,00% eram viúvas, (7)

28,00%, casadas, (3) 12,00% nunca casaram e (3) 12,00%, divorciadas.

A Tabela 12 apresenta a relação entre o grupo de casos de depressão com a

freqüência das variáveis pontuadas, por sexo e faixa etária. É importante ressaltar que a

freqüência de algumas variáveis, por sexo e faixa etária mostram-se insuficientes para a

análise. Apresentamos, aqui, alguns aspectos consideráveis nesta relação.

É marcante a presença de preocupação, no último mês, referida por todos os idosos,

(29) 100%, na faixa etária entre 70-79 anos e, de acordo com o sexo, todos, isto é, (7)

100% eram homens .

Podemos verificar que um elevado percentual, (12) 41,38% dos idosos

deprimidos,que se encontram na faixa etária entre 70-79 anos, apresentam dificuldade para

dormir devido à depressão.

71

Dos idosos deprimidos que responderam não estarem alimentando-se bem por se

encontrarem deprimidos/preocupados/nervosos, quando estabelecemos relação com sexo,

observamos que (8) 100,00% deles eram mulheres.

Em relação aos idosos sentirem falta de energia para fazer suas coisas no dia-a-dia,

verificamos que a grande maioria se encontra na faixa etária entre 60-69 anos, refletindo

um percentual de (35) 70%.

É importante salientar, ainda, a freqüência de 100% dos homens referirem tristeza

ou depressão. Dos idosos deprimidos que disseram sentirem vontade de chorar, grande

parte deles eram mulheres (52) 65,82%.

Tabela 12 - Distr ibuição da relação dos 86 idosos classificados como casos de depressão, relativa à frequência das perguntas consideradas para a classificação de casos de depressão, por sexo e faixa etár ia

Pergun ta Faixa Etária Sexo

60-69 70-79 Homem Mulher

Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %

Sempre se sente soli tário- 1 pt 18 31,57 11 37,93 4 57,14 25 31,64

Esteve preocupado du rante o ú ltimo mês-1 pt 52 91,22 29 100,00 7 100,00 74 93,67

Preocupa-se em relação a quase tudo - 1 pt 44 77,19 22 75,86 5 71,42 61 77,21

Dificuldade para dormir devido à preocupação, ansiedade, depressão- 1 pt 19 33,33 11 37,93 2 28,57 28 35,44

Teve dor de cabeça no mês passado- 1 pt 34 59,65 18 62,06 3 42,85 49 62,02

Não tem se alimentado b em por estar deprimido/preocupado/nervoso- 1 pt 6 10,52 2 6,89 - - 8 10,12

Sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia- 1 pt 51 73,91 25 86,20 6 85,71 70 96,20

Sente-se mais lerdo(a) ou com menos energia no p eríodo d a manhã- 1 pt 13 22,80 6 20,68 1 14,28 18 22,78

No ú ltimo mês tem estado com menos energia que de costume- 1 pt 23 40,35 11 37,93 4 57,14 30 37,97

No momento sente falta de energia para fazer suas coisas no seu d ia a dia- 1 pt 35 70,00 15 30,00 4 57,14 46 58,22

Sentiu-se mais irr itado/zangado do qu e de costume no ú ltimo mês- 1 pt 27 47,36 14 48,27 3 42,85 38 48,10

Fica chateado po rque não sai de casa se mpre que precisa ou qu er sair- 1 pt 6 10,52 2 6,89 1 14,28 7 8,86

Tem se sentido triste ou d eprimido no ú ltimo mês- 1 pt 53 92,98 24 82,75 7 100,00 70 88,60

Tem se sentido triste ou d eprimido po r um período maior que pou cas horas- 1 pt 18 31,57 11 37,93 3 42,85 26 32,91

Sente-se mais triste ou d eprimido no início do d ia- 1 pt 12 21,05 4 13,79 1 14,28 15 18,98

Sentiu vontade de chorar e chorou no ú ltimo mês- 1 pt 38 66,67 17 58,62 3 42,85 52 65,82

No ú ltimo mês sentiu qu e viver não valia à pena- 1 pt 14 24,56 9 31,03 2 28,57 21 26,58

Pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida- 1-4 pts

Rejeita suicídio- 1 pt 10 17,54 5 17,24 1 14,28 14 18,98

Pensamentos suicidas- 2 pts - - - - - - - -

Considerou o suicídio- 3 pts - - 1 3,44 - - 1 1,26

Tentou o suicídio- 4 pts 1 1,75 - - - - 1 1,26

Arrepende-se sobre a vida e culpa-se sobre isso- 1-2pts

Não pensa no assunto no momento- 1 pt 10 17,54 6 20,69 1 14,28 15 18,98

Pensa bastante sobre o assunto- 2 pts 18 31,57 9 31,03 3 42,85 24 30,38

Expectativas para o futuro- 1-2 pts

Não menciona expectativas- 1 pt 14 24,56 13 44,82 4 57,14 23 29,11

Futuro descrito negativamente- 2 pts 12 21,05 10 34,48 1 14,28 21 26,58

No momento sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas- 1 pt 24 42,10 17 58,62 3 42,85 38 48,10

Perda de interesse ca usada por depressão/nervosismo- 1 pt 15 26,31 8 27,58 3 42,85 20 25,31

Sente-se infeli z no momento- 1 pt 10 17,54 3 10,34 3 42,85 10 12,65

5. DISCUSSÃO

74

5. DISCUSSÃO

Apresentamos a discussão dos resultados, de acordo com os objetivos propostos,

comentando os achados que julgamos relevantes neste estudo.

É importante ponderarmos que, apesar de a população estudada viver nas suas

respectivas comunidades, trata-se de um grupo particular de idosos que freqüenta um

programa de Universidade Aberta à Terceira Idade, não caracterizando todos os aspectos

que envolvem a depressão nos idosos na comunidade em geral. Contudo, tentar

compreender a relação da depressão e envelhecimento nesse universo particular, através do

método escolhido, como se pretende aqui, também implica lidar com a diversidade de

experiências que o envelhecimento demanda, procurando-se, quando possível, ampliar suas

fronteiras.

Segundo Tavares Júnior (1994) e Cohen (1997), a maioria das pesquisas realizadas

em comunidades apontam um percentual de, cerca de, 15% a 20% de idosos com

depressão. Neste estudo, a presença de 86 casos de depressão entre os 358 idosos

entrevistados representa um percentual de 24,01% de casos de depressão. Tal resultado é

considerado alto em relação aos estudos internacionais realizados em comunidade com

idosos, também utili zando escalas para diagnosticar depressão. Tanto é assim que Prince et

al. (1998), em Londres, encontraram uma prevalência de depressão de 17,7% e Livingston

et al. (2000), também na Inglaterra, encontraram um percentual de 10% de depressão.

Essas diferenças de percentuais de depressão das pesquisas internacionais comparadas com

o resultado do nosso estudo podem, talvez, ser atribuídas às diferentes escalas utili zadas

para diagnosticar depressão, a alguns problemas metodológicos, ou ainda, às possíveis

diferenças sócio-demográficas que cada país comporta (LIMA, 1999).

Observamos que o presente estudo mostra um percentual de depressão nos idosos

bastante semelhante a estudos realizados no Brasil , como o de Veras (1994)∗, que utili zou a

escala da Seção de Saúde Mental do BOAS em condições sócio-culturais similares. Essa

∗ Sempre que for citado Veras (1994), refere-se ao seu estudo realizado no Rio de Janeiro, utili zando o BOAS para verificar depressão na população idosa.

75

semelhança vale principalmente para o bairro de Copacabana, um entre os três bairros que

foram trabalhados no Rio de Janeiro, cujo resultado foi de 22,6% de depressão. O que

provavelmente se deve às características análogas que nossa população guarda em

específico com as desse bairro, onde a maioria dos idosos encontra-se na faixa etária entre

60-69 anos e são mulheres, grande parte com escolaridade até o segundo grau, em sua

maioria, casados ou viúvos. Apesar da situação econômica privilegiada, a qualidade da

infra-estrutura médico-social de que dispõem se mostra ainda precária. Embora os

resultados da maioria dos estudos em relação à alta prevalência de depressão em idade

avançada comparada a faixas etárias mais jovens sejam ainda inconclusivos, é importante

sempre ressaltar que a depressão é um dos distúrbios psiquiátricos mais importantes na

população envelhecida (VERAS, 1994; KIRBY, 1997; BARRETO, 1999; BLAIR-WEST,

1999).

Nos percentuais relativos a sexo, tanto no grupo de deprimidos quanto no grupo de

não deprimidos, encontramos as mulheres apresentando-se em maioria com relação aos

homens. Esse achado se deve provavelmente ao que muitos autores, como Veras (1995),

Peixoto (1997) e Debert (1999), colocam como a feminização do envelhecimento, razão

porque observamos um maior número de mulheres idosas freqüentando Programas de

Universidades Abertas à Terceira Idade, parecendo ser esta uma realidade comum entre

esses programas no Brasil (Sant’Anna, 1997). Talvez seja por isso que, no grupo de

deprimidos, o percentual do sexo feminino se mostra ainda maior. Assim, comparando

com outros estudos de depressão, em relação a sexo, em idosos na comunidade,

observamos semelhanças com os estudos internacionais de Cacciatore et al. (1997), na

Itália,e de Wu et al. (2000), nos Estados Unidos, e com os estudos brasileiros realizados

por Veras (1994) no Rio de Janeiro, e Ramos (1998), em São Paulo. Essas pesquisas

encontraram que as pessoas idosas do sexo feminino eram mais acometidas por depressão.

Para George (1999), evidências sugerem que diferenças relativas a sexo na depressão

podem reduzir-se basicamente à população idosa.

Segundo Hayflick (1997), as mulheres chegam a idades mais avançadas

acompanhadas por uma maior incidência de doenças crônicas, entre elas, a depressão. Isso

implica que o aumento da longevidade das mulheres significa mais tempo para sofrer

dessas doenças. Embora neste estudo não tenha sido verificada a relação de saúde física e

depressão, Veras (1994) sugere que um maior comprometimento da saúde física nas

76

mulheres idosas pode está relacionado com o aparecimento mais freqüente de depressão

nesse grupo. Outro aspecto relevante que talvez possamos atribuir ao elevado percentual de

mulheres deprimidas, neste estudo, é o fato de a maioria serem viúvas, enquanto grande

parte dos homens idosos são casados. Em estudo desenvolvido por Schovers et al. (2000),

foi verificado que ser casado diminuía o risco da depressão, e casamento era um fator

protetor para depressão, especificamente para os homens idosos, confirmam Prince et al.

(1998).

Neste estudo, observamos que quando relacionamos os casos de depressão com a

faixa etária, encontramos que grande parte dos idosos deprimidos estavam no grupo de

idade entre 60-69 anos, guardando semelhanças com o estudo realizado por Henderson et

al. (1999). Usando o DSM III para diagnosticar depressão em idosos, onde verificaram que

depressão não aumentava com a idade e sim com a saúde física precária e incapacidade.

Resultado semelhante foi obtido por Roberts et al. (1997), em estudo com idosos na

comunidade. Para Stoppe et al. (1998), o aumento de depressão com o avançar da idade

pode estar relacionado com os fatores psicossociais associados ao envelhecimento e não ao

fator idade isoladamente.

Quando relacionamos os idosos deprimidos, de acordo com a faixa etária e sexo,

observamos que a presença de mulheres idosas é alta e proporcional, na faixa de idade

entre 60-69 e 70-79, em relação aos homens idosos. Estudos realizados por Rozzini et al.

(1997) e Cacciatore et al.(1998) chegaram a resultados semelhantes, porém essa diferença

era menor em idades mais avançadas.

Dos idosos identificados como casos de depressão, a maioria apresenta depressão

menor. Em consonância com esse resultado, Veras (1994), Cacciatore et al.(1998) e Chong

et al. (2001), em estudos na comunidade, encontraram uma maior prevalência de depressão

menor na população envelhecida. Em relação ao primeiro estudo, chama a atenção a

semelhança dos percentuais encontrados para depressão maior e depressão menor, com os

encontrados neste estudo, também para o bairro de Copacabana, possivelmente por todas

as considerações já referidas anteriormente. Dados epidemiológicos confirmam que a

freqüência de depressão maior na velhice é mais baixa que em outras faixas etárias

(VERAS, 1994; BLAZER et al. 1999; DUBINI, 2001). Para Stoppe et al.(1998), com o

envelhecimento, há aumento de sintomas de motivação (anedonia, redução de energia,

77

alterações psicomotoras, dificuldades de concentração e do pensar), mas o mesmo não

ocorre com os sintomas do humor (disforia, alterações do apetite, culpa, desejo de morte e

pensamentos suicidas). De acordo com o autor, este achado pode explicar o aumento de

sintomas depressivos nos idosos com diminuição do diagnóstico de depressão maior, que

para ser detectada necessita da presença dos sintomas de motivação e humor.

Quando relacionamos, neste estudo, depressão maior e menor com sexo,

encontramos percentuais proporcionais para os dois sexos. Todavia, para Henderson et al.

(1993), apud George (1999), em suas pesquisas identificaram percentuais mais altos de

depressão menor entre mulheres idosas do que em homens idosos, mas nenhuma diferença

de sexo foi encontrada para depressão maior. Enquanto Kawamoto et al. (1999)

observaram que entre os idosos que vivem na comunidade, as mulheres idosas apresentam

um elevado percentual de depressão maior.

Ao relacionarmos depressão maior e menor com faixa etária, no presente estudo,

encontramos, nesses dois grupos, a maioria dos idosos na faixa etária entre 60-69. No

entanto, para o grupo de depressão maior, observamos um leve aumento na faixa etária

entre 70-79. Embora não tenhamos subsídios suficientes para explicar esse achado, parece

provável que o aumento de depressão maior, nessa faixa de idade mais avançada, obedeça

ao mesmo critério para uma maior presença de depressão nos idosos, possivelmente

associada à elevada freqüência de deficiências físicas e sociais, que eventualmente

acompanham o processo de envelhecimento, mais do que pela idade em si (STOPPE et al.,

1998; HENDERSON et al., 1999).

É relevante o percentual de idosos que referem freqüente sentimento de solidão,

tanto no grupo de deprimidos quanto no grupo de não-deprimidos, porém, no grupo de

casos de depressão, esse percentual é levemente mais alto. Esse achado encontra suporte na

literatura, quando Mann (2001) sugere a presença de uma nítida associação entre

isolamento e depressão. Para Beekman (2001), solidão era o único fator associado à

persistência de depressão na população envelhecida.

Segundo Capitanini (2000) a solidão não é um estado natural e permanente nos

idosos, mas o sentimento a seu respeito está presente em muitos relatos deles. De acordo

com a autora, solidão é entendida como um estado emocional constituído por isolamento,

78

tristeza, apatia e insatisfação de vida. A experiência de solidão pode ser de isolamento

social, implicando escassez de relacionamentos significativos e satisfatórios, e isolamento

emocional, referindo-se ao modo como os idosos se sentem em relação a eles mesmos e

aos relacionamentos que mantêm. McCall et al. (2001), em estudo com idosos, observaram

basicamente que não ter alguém com quem compartilhar os problemas e os eventos

agradáveis constitui importante causa de depressão. Para Capitanini (2000),a urbanização,

a moradia em apartamentos e a violência urbana a que todos estamos expostos contribuem

para o isolamento dos idosos, privando-os de contatos sociais primários, com parentes,

vizinhos, amigos e pessoas afetivamente significativas, assim como, eventos de vida, como

viuvez, aposentadoria, saída dos filhos de casa, morte de parentes ou amigos, separação

conjugal, entre outros, podem causar solidão.

Para Berquó (1999) e Capitanini (2000), embora não existam dados conclusivos

sobre a relação de sexo e solidão, alguns fatores como o aumento do percentual de

mulheres que se tornam independentes devido ao trabalho, adiando, dessa forma, o

casamento e diminuindo o número de filhos, e a maior longevidade delas, contribuem para

uma crescente viuvez e, como é pequena a quantidade de viúvas que casam novamente,

aumenta a chance de ficarem sozinhas na velhice. Em contrapartida, os homens idosos e

viúvos casam-se com mais facili dade e com mulheres mais jovens.

No entanto, no nosso estudo, quando relacionamos solidão e sexo, mesmo

considerando o pequeno número de homens deprimidos que sempre sentiam solidão, esse

achado chamou a atenção, uma vez que a maioria dos homens eram casados, apresentando

menores possibili dades de terem depressão, provavelmente devido à pequena chance de se

sentirem solitários (PRINCE et al., 1998; SCHOVERS et al., 2000). Nesse grupo, solidão

pode estar mais relacionada com o isolamento emocional, quando é possível que a

qualidade de relações desses homens seja insatisfatória. Segundo estudo longitudinal

realizado por Kivelä (1994), as relações emocionais pobres com as esposas foram

preditivas positivas para os homens idosos desenvolverem depressão. Também para

Cagnon et al. (1999), problemas matrimoniais apresentam uma significativa associação

com depressão.

Quanto à pergunta sobre a presença de preocupação nos idosos entrevistados,

observamos um percentual bastante elevado e associação significante de idosos deprimidos

79

que referiram estarem preocupados. Quando relacionamos com a faixa etária, todos que

estavam no grupo entre 70-79 anos referiram preocupação. No estudo de Veras (1994),

também foi encontrado um percentual elevado de preocupação nos idosos, sobre a qual foi

levantada a hipótese de ser o alto grau de violência a causa dessa preocupação. No nosso

caso, o que mais preocupa os idosos são as suas famílias, porém é importante considerar

que, de uma forma geral, preocupação com a família pode incluir aspectos como saúde,

finanças e violência, quando, por exemplo, os idosos referem que estão preocupados com o

desemprego de um filho, saúde de um neto e segurança de uma filha.

Para Debert (1999) a família desempenha um papel fundamental na assistência à

população envelhecida. Para esta autora, é provável que por ser a família, em nosso país,

extremamente valorizada culturalmente, principalmente para estes idosos estudados,

implica que qualquer evento que aconteça dentro da família, ele causará mudança no

equilíbrio dessa população, sendo suficiente para provocar sentimentos de preocupação,

tristeza e impotência .

Possivelmente o fato de os idosos pertencentes à faixa etária de 70-79 anos, terem

referido, em sua totalidade, preocupação, seja porque, com o passar do tempo, os idosos se

tornam mais suscetíveis aos problemas de saúde, dificuldades financeiras, perdas afetivas e

sociais, aumentando, conseqüentemente, a necessidade de assistência nessas várias áreas.

Considerando que no Brasil as condições sociais e de saúde são precárias, e que,

apesar de dispor de políticas públicas direcionadas à população envelhecida, como a Lei nº

8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso (BRASIL,

1994) e a Política Nacional de Saúde do Idoso (PSNI) (BRASIL, 1999), com o objetivo de

assegurar a assistência à saúde, educação, trabalho, habitação, lazer entre outros, podemos

verificar que alguns programas de saúde, educacionais e de lazer estão sendo

desenvolvidos, ainda de forma isolada, em algumas Regiões. E também não asseguram de

forma ampla o atendimento às demandas sociais e de saúde da população envelhecida,

deixando-a numa situação de extrema vulnerabili dade em relação ao apoio do Estado.

Sendo assim, a maioria dessas responsabili dades são transferidas para o próprio idoso e

para a família, fazendo aumentar essa relação de dependência com o avançar dos anos

(VERAS, 1994; DEBERT, 1999).

80

Um ponto importante a ser levantado é a questão do sono no processo de

envelhecimento. Segundo Hayflik (1997) e Blazer (1999), pessoas mais velhas passam

mais tempo deitadas na cama à noite sem conseguir dormir ou tentando dormir, e por

conseguinte, referem perda de sono. De acordo com Tavares Júnior (1989) e Hayflik

(1997), uma queda na quantidade total do sono faz parte das mudanças que ocorrem no

envelhecimento, como também o aumento do número de vezes que as pessoas idosas

acordam depois de iniciar o sono.Os autores sugerem que a profundidade do sono diminui

à medida que envelhecemos.

As alterações do sono tanto podem ser próprias do processo de envelhecimento,

como podem ocorrer acompanhadas de patologias. Para Cohen (1997), os distúrbios do

sono, em particular, parecem ser um dos primeiros sinais de depressão. De acordo com

Tavares Júnior (1989), cerca de 80% dos idosos deprimidos apresentam alguma forma de

insônia, sendo esta a queixa somática mais freqüente entre os idosos deprimidos. Segundo

o autor, a insônia pode ser caracterizada pela dificuldade para dormir como também pelo

despertar precoce, duas horas antes do habitual, quando os idosos experimentam um difícil

período de ruminação de sentimentos dolorosos.

No presente estudo, grande parte dos idosos deprimidos referem apresentar

dificuldade para dormir devido à depressão, sendo observado que, no grupo de 70-79 anos,

o percentual é maior em relação ao grupo de 60-69anos. Esse aumento do percentual de

insônia no grupo de idade mais avançada é consonante com as afirmações de Tavares

Júnior (1989) e Hayflik (1997) e coincide com um maior percentual de idosos classificados

com depressão maior.

Para Galindo (1994), alguns fatores devem ser considerados em relação à dor na

população envelhecida, em que o processo de envelhecimento pode provocar alterações da

percepção da dor, implicando respostas menos intensas e mais lentas, como também pode

gerar dificuldades para discriminação e localização da dor, aspectos importantes para um

diagnóstico clínico satisfatório de patologias nos idosos. Outro aspecto, ainda colocado

pelo autor, é a forma como a dor afeta a homeostase nos idosos, levando em conta que eles

apresentam diminuição da capacidade funcional de reserva de todos os sistemas. Segundo

Hayflick (1997), essa capacidade de reserva é a energia que guardamos em nosso

organismo para ser usada em situações de grande estresse. Como a dor impõe ao

81

organismo grande demanda dessa reserva, pode descompensar frágeis equilíbrios em

sistemas anteriormente alterados e possivelmente não relacionados com o agravo inicial

que provocou a dor.

Livingston et al. (2000) estudaram a dor, de uma forma geral, na população

envelhecida, verificando em seus achados que a dor impele os idosos a procurarem os

serviços médicos, onde a dor freqüente é correlatada com depressão. Para os autores, é

difícil discernir se a experiência de dor é um fator de risco para depressão ou se a

depressão conduz a uma maior freqüência de dor, parecendo improvável que aconteça

numa só direção.

Quando consideramos em particular a relação de dor de cabeça e depressão no

processo de envelhecimento, esta pode apresentar-se como uma exacerbação dos sintomas

somáticos, em que dor de cabeça aparece no conjunto de sintomas clássicos de depressão

(CUNHA, 1989). Ainda para o autor, dor de cabeça pode ser o sintoma principal de um

quadro mascarado de depressão. Wang et al. (1999), em estudo comunitário, verificaram

uma alta co-morbidade entre dor de cabeça e depressão, observando, ainda, que dor de

cabeça referida durante o último ano era um importante preditor de depressão no idoso.

Ponderarmos que a resposta à experiência dolorosa é heterogênea, e principalmente

no idoso, ultrapassa os limites individuais, podendo produzir um impacto negativo em

outras pessoas do seu meio, criando ocasionalmente problemas familiares, alteração de seu

ambiente emocional, podendo, inclusive, incidir em sua situação econômica (GALINDO,

1999). Dentro desse contexto, encontramos suporte para o grande percentual e a associação

significante de idosos deprimidos que referiram ter tido dor de cabeça, encontrados nesse

estudo, não podendo deixar de lado também o importante percentual de idosos não-

deprimidos que referiram dor de cabeça no mês passado. Parece-nos que esse grupo de

idosos não-deprimidos, que possivelmente de forma secundária sofram outras alterações,

como já descritas, talvez estejam mais vulneráveis à depressão.

Para Blazer (1999), as alterações alimentares, como perda de apetite e desnutrição

nos idosos, apresentam causas multi fatoriais. É importante avaliar a qualidade e quantidade

de alimentos ingeridos pelos idosos e também verificar seu peso, como uma forma de

detectar e monitorar mudanças desses padrões, facilit ando a identificação da causa dos

82

distúrbios alimentares (GALINDO, 1999). Segundo Tavares Júnior (1989), Volkert et al.

(1999) e Seiler (2001), freqüentemente depressão causa perda de apetite, podendo,

eventualmente, haver alternância entre aumento e perda de apetite. Para Hayflick (1994),

entre outras razões, isolamento social e distúrbios mentais, não raro implicam perda de

apetite e desnutrição nos idosos.

Para o grupo de deprimidos estudados, o resultado difere da literatura, tendo em

vista que a maior parte dos idosos não referem depressão como causa por não estarem

alimentando- se bem. Podemos, talvez, atribuir esse resultado ao fato de que o próprio

processo de envelhecimento favorece uma diminuição das necessidades calóricas

(HAYFLICK, 1994). Segundo o autor, essa diminuição pode ser devido a restrições nas

atividades físicas, problemas físicos que restringem a habili dade de obter alimentos,

problemas intestinais, diminuição sensorial do paladar e olfato e o uso de medicamentos

que influenciam o apetite, digestão ou absorção.

Quando relacionamos com sexo os idosos que referiram não estarem alimentando-

se bem por depressão, todos eram mulheres. Esse achado pode ter relação com o fato de

que, no grupo de deprimidos, as mulheres idosas são maioria e grande parte viúvas, se

considerarmos que essas mulheres sempre tiveram o hábito de preparar a comida e

compartilhar com toda a família, o que provavelmente não acontece mais, devido muitas

vezes à morte do cônjuge e à saída dos filhos de casa. Essa condição possivelmente está

associada com o que Elsner (2002) refere em relação à alimentação, uma vez que esta

apresenta uma forte interação social, em que comer só, geralmente é uma situação rejeitada

pelos idosos.

De acordo com Del Porto (1999), a depressão pode provocar fadiga persistente,

mesmo sem esforço físico, e as atividades mais leves parecem exigir esforço substancial.

Cohen (1997), por seu turno, refere que, em idosos deprimidos, a fadiga ao menor esforço,

eventualmente causada por um distúrbio clínico concomitante, pode resultar em apatia,

isolamento social e perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas. A autora

ainda refere que alguns idosos deprimidos apresentam retardo psicomotor, como lentidão

da fala e dos movimentos do corpo, outros manifestam ativação psicomotora, caracterizada

por agitação, cruzar as mãos, preocupação obsessiva, comportamento compulsivo ou

inquietação. No entanto a maioria dos idosos deprimidos referem sentirem-se com menos

83

energia (COHEN, 1997; GALLO et al 1999). Para Cohen (1997), sinais de manifestações

comportamentais em idosos deprimidos não são sempre facilmente reconhecidos.

Para Garrido (1998), é importante a diferenciação entre redução de energia própria

do processo de envelhecimento, comparada a uma mudança aguda e recente de energia

associada à depressão. Neste estudo, no grupo de casos de depressão, observamos um

elevado percentual de idosos com associação significante entre diminuição de energia e

depressão. Encontramos, também, uma importante freqüência de diminuição de energia

nos homens e mulheres deprimidos, nas faixas de idade entre 60-69 anos e 70-79 anos.

Para a pergunta sobre que período do dia o idoso sente menos energia, a escala

utili zada neste estudo apenas relaciona com depressão, ou seja, considera para o escore a

sensação de menos energia no período da manhã. Contudo, a maioria dos idosos,

deprimidos ou não, referiram menos energia em outros períodos do dia, fazendo-nos

refletir que, provavelmente para o grupo de deprimidos, essa sensação poderia estar

relacionada tanto com o processo de envelhecimento, quanto com o sintoma de sentir-se

com menos energia em outros períodos do dia, sendo, portanto, uma característica

particular desse sintoma em idosos deprimidos. De acordo com Stoppe et al. (1998, p.

102), “os idosos freqüentemente apresentam quadros depressivos com características

clínicas particulares ou aspectos incomuns, em relação ao estabelecido para indivíduos

mais jovens” . Já para o grupo de não-deprimidos, essa redução de energia, provavelmente,

estaria relacionada ao próprio processo de envelhecimento ou a outras patologias

freqüentes nos idosos.

É importante ressaltar que também um alto percentual dos idosos entrevistados,

não-deprimidos, referiram sentirem-se com menos energia. Esse achado nos sugere o

quanto a diminuição de energia pode estar presente na população envelhecida. De acordo

com Stoppe et al. (1998), as alterações observadas em ossos, músculos e articulações tanto

relacionadas ao processo de envelhecimento quanto às decorrentes de patologias, podem

acarretar, entre outros sintomas, lentificação motora e fadiga. Para Garrido (1998), energia

reduzida em idades avançadas, muitas vezes, pode também estar associada a distúrbios do

sono e dores. Hayflick (1997) refere que a capacidade de atividade física máxima diminui

com o avançar da idade. Segundo o autor, observa-se uma significativa diminuição da

força muscular, sendo mais acentuada nos homens idosos.

84

A maioria dos idosos deprimidos do Programa da UnATI/UFPE referiram sair de

casa sempre que precisam ou querem sair, já que a participação em Programas de

Universidades para a Terceira Idade impõe um certo grau de autonomia e independência

dos seus participantes, no sentido de sair de casa, vencer distâncias, usar transportes e

participar ativamente das atividades desenvolvidas (VERAS, 1995). Outro aspecto a ser

levantado, é que o BOAS é um instrumento voltado para estudos de idosos em

comunidade, que permite uma melhor relação da depressão com dificuldade em sair de

casa. Portanto, esse é um limite deste estudo pelas características dos participantes do

Programa UnATI/UFPE, conforme já explicitado anteriormente.

Para Cohen (1997), deve-se ter cuidado ao discutir tristeza na população

envelhecida, pois, diante dos vários problemas e perdas que ocorrem na vida dos idosos,

parece esperada a presença de um pouco de tristeza existencial, que possa variar de uma

ocasião para outra. Entretanto, para a autora, seria infeliz admitir que é normal uma pessoa

idosa estar deprimida, como se fosse uma reação natural do envelhecimento. Para Tavares

Júnior (1989), humor depressivo é o sintoma mais característico da depressão, em que o

paciente se descreve, espontaneamente ou quando perguntado, como uma pessoa que se

sente triste, aborrecida, humilhada ou desesperada. Depressões nas quais o humor

depressivo se acha ofuscado por sintomas somáticos importantes se caracterizam como as

depressões mascaradas nos idosos (TAVA RES JÚNIOR, 1989; BURNS, 1999).

No presente estudo, observamos associação significante entre os casos de depressão

e a referência da sensação de tristeza ou depressão, guardando marcante diferença em

relação ao grupo de não deprimidos. Divergente do nosso resultado, Carvalho (1996)

coloca que os idosos falam muito pouco acerca dos seus sentimentos; comumente negam

estar tristes enquanto relatam apatia ou sensação de vazio. Gallo et al. (2001), em estudo

longitudinal com idosos da comunidade, para verificar a presença dos sintomas incluídos

nos critérios de diagnóstico para depressão, observaram que tristeza era o sentimento

menos referido pelos idosos. De acordo com Blazer (1999), as mulheres idosas têm maior

chance de admitir e queixar-se de sentimentos depressivos do que os homens idosos, que

habitualmente negam mais seus sentimentos.

85

No entanto, observamos neste estudo que todos os homens idosos deprimidos

admitiram sentimentos de tristeza e depressão. Apesar de considerarmos que talvez esses

homens idosos se mostrem mais flexíveis em relação aos comportamentos impostos pela

cultura do nosso País, onde os homens não podem admitir sinais de fraqueza. Segundo

Sant’Anna (1997) e Debert (1999), os homens idosos, ao participarem de Programas de

Universidades Abertas à Terceira Idade, possivelmente não apresentem o mesmo

comportamento da maioria dos homens idosos, que têm dificuldade para vivenciar seu

envelhecimento como mais uma etapa de vida e assim se integram pouco em programas

direcionados a essa faixa de idade. Contudo o fato de todos os homens idosos deprimidos,

neste estudo, admitirem sentimentos de tristeza e depressão, encontra pouco suporte na

literatura, necessitando de maiores investigações para esclarece-lo melhor

Tavares Júnior (1989) refere que na depressão o humor acha-se mais deprimido

pela manhã, onde o idosos se sentem muito mal, e ao longo do dia o humor tende a

melhorar, sendo à tarde o período que se sentem melhor. De acordo com o autor,

depressões nas quais fatores ambientais tiveram papel essencial para o seu

desencadeamento, é comum os idosos sentirem-se piores à tarde que pela manhã. Dentro

dessa perspectiva, em nossa investigação, apesar de encontramos idosos deprimidos que se

sentiam mais tristes e deprimidos no início do dia, merece consideração que a maioria

referiram que se sentiam mais tristes e deprimidos em outros períodos do dia. Contudo, é

delicado relacionar esse achado com última colocação de Tavares Júnior (1989) pois a

escala aqui utili zada, que questiona sobre que horas do dia os idosos se sentem pior de sua

tristeza, exceto o período da manhã, não considera de forma específica os outros períodos

do dia, podendo ser o período da tarde ou da noite. Poderíamos, então, pensar na

possibili dade desses idosos deprimidos se sentirem pior de suas tristezas em outros

períodos do dia, como uma forma atípica de apresentar esse sintoma de depressão nessa

faixa de idade, como já discutido anteriormente para o sintoma de redução de energia em

outros períodos do dia.

Segundo Tavares Júnior (1989) depressão envolve um estado interior de grande

sofrimento, que geralmente se expressa através do chorar. Os idosos tornam-se pessoas

sensíveis e facilmente mobili zadas para as lágrimas. Ainda para o autor, torna-se difícil

para os idosos lidarem com certos assuntos pessoais, com os quais, antes da depressão,

lidavam com facil idade, mas agora mostram-se mais sensíveis a eles. Grande parte dos

86

idosos deprimidos referiram ter chorado no último mês, e alguns chegaram a chorar

durante a entrevista∗. Talvez por ser um momento em que esses idosos recordavam vários

eventos difíceis e tristes em suas vidas.

Verificamos uma associação significante entre os casos de depressão e a presença

de choro. Comparando-se aos homens, observamos um maior percentual de mulheres que

referiram chorar. Esse achado pode, possivelmente ser atribuído a questões culturais, em

que as manifestações emotivas e de sensibili dade são mais afloradas e permitidas nas

mulheres. Parece-nos que o choro, para esse grupo de homens, ainda pode ser considerado

uma falha moral, tornando-se mais difícil admitir esses episódios (TAVA RES JÚNIOR,

1989).

De acordo com Pearson et al. (2000), ao se considerar o suicídio como uma das

conseqüências de depressão na população envelhecida, possivelmente se tenha um

problema crítico de Saúde Pública. As tentativas de suicídio e as mortes por suicídio

ocasionadas por depressão são mais freqüentes na população envelhecida, comparada a

outras faixas etárias (FORSELL, 1997; STOPPE et al.1998). Para Pearson et al. (2000), a

prevenção mais adequada para o suicídio em idosos é o diagnóstico e tratamento da

depressão. Segundo Katona (2000), os idosos freqüentemente referem sintomas somáticos,

como alteração do sono e cansaço, ao invés de discutirem pensamentos suicidas, pois

comumente se envergonham desses sentimentos.

O presente estudo revelou que entre os idosos deprimidos que sentiam que viver

não valia a pena, a maioria sentiu que seria melhor estarem mortos, apesar de grande parte

rejeitar o suicídio. Este percentual torna-se relevante ao ponderarmos a forte relação entre

suicídio e mortalidade em idades avançadas, como também a ocorrência de um possível

sub-registro de respostas positivas, durante a entrevista, em relação ao suicídio, devido à

dificuldade dos idosos em admitirem essa possibili dade (FORSELL et al., 1999).

Não encontramos uma diferença de percentual importante em relação às mulheres e

aos homens idosos que sentiam que viver não valia a pena. Este dado tem suporte no

estudo de Stoppe et al. (1998), em que se verificara que o número de suicídio não varia

∗ Informações obtidas com a coordenadora de pesquisa que coletou o banco de dados.

87

com o sexo. Embora para Garrido (1998), os homens idosos sejam o grupo demográfico de

maior incidência de suicídio, verificamos uma leve diferença de percentual, para maior, do

grupo deprimido, na faixa de idade entre 70-79 anos, que sentia que viver não valia a pena.

Para Tavares Júnior (1989, p.78), “os sentimentos de culpa vividos pelos idosos

expressam-se através de reações exageradas a ‘ transgressões’ ou falhas que os pacientes

teriam cometido no presente ou no passado. Buscam para si próprios padrões morais e

éticos extremamente elevados” . No presente estudo, é relevante o percentual de idosos

deprimidos que se arrependem, culpam-se e pensam bastante no assunto em relação ao

grupo não-deprimido.

A maioria que respondeu à causa desse arrependimento foi o grupo de mulheres

idosas, para quem o motivo principal seria a pouca qualidade de suas relações

matrimoniais ou a ausência destas, e, em segundo lugar, não ter estudado ou investido em

um trabalho. É provável que, para este grupo de mulheres, ter um bom casamento é um

ponto de significativa importância em suas vidas, principalmente a para cultura nordestina,

pois conseguir um casamento satisfatório era sinônimo de realização de vida. Do mesmo

modo, poder usufruir da companhia de um esposo conferia-lhe apoio emocional, tão

necessário nessa fase da vida. Possivelmente para esse grupo, não ter estudado e/ou

trabalhado, o coloca numa situação de insegurança financeira nos dias atuais, provocando

uma situação de maior vulnerabili dade, principalmente para os problemas de saúde e

sociais que comumente acompanham o envelhecimento, como bem discutido por Berquó e

Debert (1999).

De acordo com Stoppe et al. (1998), o envelhecimento provoca uma redução da

dimensão psicológica do futuro, ou seja, o idoso passa a se reportar mais para o tempo

passado do que para o porvir. Para Stoppe et al., apud Ramadam (1984), “ o idoso não se

permite pensar num ‘depois’ , já que o depois da velhice é a morte” (p.49). Para Cruz

(2000), o envelhecimento e as doenças psiquiátricas podem desencadear a desesperança,

deixando o idoso paralisado, sem perceber a disponibili dade de opções de escolha e sua

própria capacidade de interagir com os acontecimentos relacionados a sua vida. Para a

autora, a desesperança também pode ser traduzida pela falta de expectativas e planos para

o futuro imediato e mediato.

88

Em relação aos idosos deprimidos, esses apresentam uma particular alteração do

pensamento, caracterizada por freqüente avaliação negativa de si próprio, do mundo e do

futuro (TAVA RES JÚNIOR, 1989). Para o mesmo autor, os idosos deprimidos estão

sempre prevendo ruína e infortúnio para si e para os outros, apresentando preocupações e

receios acerca da própria saúde, das próprias finanças, de situações familiares e da situação

do mundo. Essa afirmação faz relação com os motivos mais freqüentes de causa de

preocupação nos idosos deprimidos, como já discorrido anteriormente.

No presente estudo, a maioria dos idosos deprimidos não descrevem o futuro de

forma negativa, amedrontadora ou insuportável. No nosso caso, é possível que esse

sintoma esteja pouco relacionado com depressão. Isaacowitz et al. (2001), em estudo com

idosos, verificaram que o pessimismo é um fator de risco para depressão, no entanto não

observaram diferença significativa no grupo de idosos deprimidos e não-deprimidos em

relação a prever seu futuro de forma pessimista.

Para Garrido (1998), perda de interesse nas atividades só aparecerá na história do

idoso, se este tiver experimentado uma vivência anterior de atividade intensa. Caso

contrário, desempenho de poucas atividades no dia-a-dia pode passar como um processo

natural do envelhecimento. Encontramos, neste estudo, uma associação significante entre

insatisfação e os casos de depressão, em que a maioria dos idosos deprimidos estudados

sentem perda de interesse ou satisfação pelas coisas e referem depressão ou nervosismo

como causa dessa perda. De acordo com Gallo et al. (1999), idosos deprimidos apresentam

freqüentemente uma perda geral de habili dade para sentir prazer. Mesmo assim, para

Blazer (1999), a maioria dos estudos longitudinais não verificaram forte associação entre

depressão e insatisfação na vida. O autor refere também que a insatisfação com a vida e a

desmoralização podem se manifestar por auto-estima baixa, desesperança e desamparo,

tristeza, pensamento confuso, entre outros, e, mesmo assim, não serem suficientes para

preencher o diagnóstico de depressão. Newsom et al. (1996) observaram em seu estudo

que escassez de apoio social é uma importante razão para diminuir a satisfação com a vida

na população envelhecida, provocando-lhe o aparecimento de depressão.

Acreditamos que grande parte dos idosos estudados procuraram participar do

Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI/UFPE), como uma forma de

buscar outros caminhos, outros modelos que os ajudem a redimensionar e melhorar sua

89

velhice, pois, segundo Debert (1999, p.143), “nesses programas para a terceira idade, a

luta contra os preconceitos e estereótipos leva a uma celebração do envelhecimento como

um momento em que a realização pessoal, a satisfação e o prazer encontram seu auge e

são vividos de maneira mais madura e profícua” .

Particularmente, parece-nos verdade que o importante número de idosos

classificados como casos de depressão, neste estudo, tenham procurado ou mantiveram sua

participação na UnATI/UFPE para ir de encontro à solidão, tristeza, pensamentos

negativos e insatisfação com a vida. Possivelmente, de forma intuitiva, buscando soluções

para a sua depressão.

6. CONCLUSÕES

91

6. CONCLUSÕES

A metodologia utili zada neste estudo mostrou-se adequada para atender aos objetivos

propostos, nos possibilit ando chegar às seguintes conclusões, com relação a depressão, entre

os participantes do Programa da Universidade Aberta à Terceira Idade, da Universidade

Federal de Pernambuco (UnATI/UFPE):

• Entre os participantes do Programa existe uma elevada freqüência (24,01%) de casos

de depressão;

• Os idosos deprimidos estão predominantemente no grupo classificado como depressão

menor;

• Os casos de depressão encontram-se, em sua maioria, na faixa etária entre 60-69 anos e

são do sexo feminino;

• Os casos de depressão, apresentam importante relação com as variáveis de:

preocupação, dor de cabeça, pouca disposição, irritação, tristeza e insatisfação;

• Os casos de depressão, relacionados com as variáveis por sexo e faixa etária

demonstram:

¾� Marcante presença de preocupação, referida no último mês por todos os

homens (7) 100,00% e por todos os idosos (29) 100,00%, que se encontram na

faixa etária entre 70-79 anos;

¾� Elevada freqüência, (35) 70,00%, de pouca disposição, na faixa etária entre 60-

69 anos;

92

¾� Importante freqüência, (7) 100,00%, de sentimentos de tristeza ou depressão

nos homens.

A presença de depressão, na população estudada, aponta-nos para a importância do

planejamento, por parte do Programa, de ações direcionadas à saúde dos seus participantes, em

particular, os transtornos mentais relativos à depressão.

A relação de depressão e envelhecimento aqui apresentada não reflete todas as

interfaces e associações da depressão na população idosa de Pernambuco. Contudo, este

estudo oferece subsídios para o conhecimento da depressão num grupo específico.

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ANEXOS

ANEXO 1

Critérios do DSM-IV para o diagnóstico de depressão maior:

Cinco ou mais dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período

de 2 semanas e representam uma mudança do comportamento anterior . Pelo menos,

um dos sintomas é (1) humor depr imido ou (2) perda de interesse ou prazer.

1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase diariamente, indicado por constatação

subjetiva (sente-se triste ou vazio), ou por observação feita por outras pessoas (p. ex.:

chora muito).

2. Interesse ou prazer acentuadamente diminuído por todas ou quase todas as atividades, na

maior parte do dia, quase todos os dias (indicado por relato subjetivo ou observação

feita por outros).

3. Perda ou ganho significativo de peso, sem estar em dieta (p. ex.: mais de 5% do peso

corporal em 1 mês), ou diminuição ou aumento do apetite, quase todos os dias.

4. Insônia ou hipersônia, quase todos os dias.

5. Agitação ou retardo psicomotor, quase todos os dias (observáveis por outros, não

meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento).

6. Fadiga ou perda de energia, quase todos os dias.

7. Sentimento de inutili dade ou culpa excessiva ou inadequada, quase todos os dias (não

meramente auto-recriminação ou culpa por estar doente).

8. Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (por

relato subjetivo ou observação feita por outros).

9. Pensamentos recorrentes de morte (não apenas medo de morrer), ideação suicida

recorrente sem um plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para

cometer suicídio.

ANEXO 2

VII . SAÚDE MENTAL

É bastante comum as pessoas terem problemas de memória quando começam a

envelhecer. Desse modo, eu gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre este

assunto. Algumas perguntas talvez não sejam apropriadas para o(a) Sr.(a), outras

bastante inadequadas. No entanto, eu gostaria que o(a) Sr.(a) levasse em conta que

tenho que fazer as mesmas perguntas para todas as pessoas.

63.

O(a) Sr .(a) sentiu-se soli tár io(a) durante o último mês?

1. Sim 2. Não (vá para Q.64 e marque N.A. na Q.63 a.) 3. N.S./N.R. 63a.

Com que freqüência o(a) Sr .(a) se sentiu soli tár io(a)?

1. Sempre 2. Algumas vezes 7. N.A. 8. N.S./N.R. 64.

O(a) Sr(a) esteve preocupado durante o último mês?

1. Sim 2. Não (vá para Q.65 e marque N.A. na Q.64a.) 8. N.S./N.R 64a.

O(a) Sr .(a) esteve preocupado(a) no último mês em relação a que tipo de coisas?

Entrevistador: após esta introdução, segue-se o complemento desta pergunta: - O(a) Sr .(a) dir ia que se preocupa em relação a quase tudo?

Registre:.......................................................................................................................... 1. Sim 2. Não 7. N.A. 8. N.S./N.R.

65.

O(a) Sr .(a) tem alguma dificuldade para dormir?

Entrevistador: Se o entrevistado não tem dificuldade para dormir, marque NÃO na opção “a” e N.A. na opção “b” . Se ele tiver dificuldade em dormir, continue a questão, sondando, como segue:

O que impede o(a) Sr .(a) de dormir ou lhe faz acordar no meio da noite? O que é que o(a) Sr .(a) fica pensando quando está acordado na cama?

O(a) Sr .(a) tem problema em dormir porque se sente tenso(a) ou

preocupado(a)?

Ou porque o(a) Sr .(a) se sente depr imido(a)?

Ou devido a outras razões?

Sim Não N.A. N.S./N.R. a. Dificuldade para dormir b. Dificuldade para dormir devido a

preocupação ou ansiedade, depressão ou pensamento depressivo

66.

O(a) Sr .(a) teve dor de cabeça no mês passado?

1. Sim 2. Não 8. N.S./N.R. 67.

O(a) Sr .(a) tem se alimentado bem no último mês?

1. Sim (vá para Q.68 e marque N.A. na Q.67a.) 2. Não 8. N.S./N.R. 67a.

Qual é o motivo do(a) ) Sr .(a) não estar se alimentando bem?

Registre:.......................................................................................................................... 1. Não tem se alimentado bem por falta de apetite ou por estar deprimido(a)

preocupado(a)/nervoso(a) 2. Outras razões 7. N.A. 8. N.S./N.R. 68.

O(a) Sr .(a) sente que está ficando mais lerdo(a) ou com menos energia?

1. Sim

2. Não (vá para Q.69 e marque N.A. nas Qs. 68a., 68b. e 68c.) 8. N.S./N.R. 68a.

Em alguma hora do dia o(a) Sr .(a) se sente mais lerdo(a) ou com menos energia?

1. Mais lerdo(a), com menos energia no período da manhã 2. Mais lerdo(a), com menos energia em outros períodos do dia ou não especifica

período determinado 7. N.A. 8. N.S./N.R. 68b.

No último mês o(a) Sr .(a) tem estado com menos energia ou como de costume?

1. Com menos energia 2. Como de costume ou com mais energia 7. N.A. 8. N.S./N.R. 68c.

Atualmente o(a) Sr .(a) sente falta de energia para fazer suas coisas no seu dia a dia?

1. Sim, sinto falta de energia 2. Não, não sinto falta de energia 7. N.A. 8. N.S./N.R. 69.

Durante o último mês o(a) Sr .(a) se sentiu mais irr itado(a)/zangado(a) do que de costume?

1. Sim 2. Não 8. N.S./N.R. 70.

O(a) Sr .(a) sai de casa sempre que precisa ou quer sair?

1. Sim (vá para Q.71 e marque N.A. na Q.70a.) 2. Não 8. N.S./N.R. 70a.

Como o(a) Sr .(a) se sente a respeito?

Registre:........................................................................................................................... 1. Fica chateado(a)/aborrecido(a) 2. Não fica chateado(a)/aborrecido(a) 7. N.A.

8. N.S./N.R.

Agora mais algumas perguntas rápidas sobre como o(a) Sr .(a) se sente:

71.

O(a) Sr .(a) tem se sentido tr iste ou depr imido(a) durante o último mês?

1. Sim 2. Não (vá para Q.72 e marque N.A. nas Qs.71a, 71b e 71c.) 8. N.S./N.R. 71a.

O(a) Sr .(a) tem se sentido desta maneira por um período de apenas poucas horas (ou menos) ou este estado se mantém por mais tempo?

1. Triste ou deprimido(a) por um período maior que poucas horas 2. Triste ou deprimido(a) por um período de poucas horas ou menos 7. N.A. 8. N.S./N.R. 71b.

Quando o(a) Sr .(a) está se sentido tr iste ou depr imido(a) a que horas do dia o(a) Sr .(a) se sente pior?

1. Pior no início do dia 2. Pior em outros períodos ou em nenhum período particular 7. N.A. 8. N.S./N.R. 71c.

O(a) Sr .(a) tem sentido vontade de chorar?

Entrevistador: Em caso afirmativo pergunte: o(a) Sr .(a) chorou no último mês? Em caso negativo, anote a resposta NÃO.

Registre: 1. Sim 2. Não 7. N.A. 8. N.S./N.R. 72.

Alguma vez durante o último mês o(a) Sr .(a) sentiu que viver não valia a pena?

1. Sim 2. Não (vá para Q.73 e marque N.A. na Qs.72a. e 72b.) 8. N.S./N.R. 72a.

No último mês o(a) Sr .(a) alguma vez sentiu que seria melhor estar morto(a)?

1. Sim 2. Não (vá para Q.73 e marque N.A. na Q.72b.)

7. N.A. 8. N.S./N.R. 72b.

O(a) Sr .(a) pensou em fazer alguma coisa para acabar com sua vida?

Entrevistador: em caso negativo marque resposta 1, caso afirmativo, pergunte: a. Com que freqüência o(a) Sr .(a) teve esse pensamento?

b. O que o(a) Sr .(a) pensou em fazer para acabar com sua vida?

c. O(a) Sr .(a) chegou a tentar acabar com sua vida?

1. Rejeita suicídio 2. Apenas pensamentos suicidas 3. Considerou seriamente um método de suicídio mas não o pôs em prática 4. Tentou suicídio 7. N.A. 8. N.S./N.R. 73.

O(a) Sr .(a) tem algum arrependimento em relação aos anos anteriores de sua vida?

Entrevistador: caso negativo marque resposta 0, caso afirmativo pergunte: Existe alguma coisa que o(a) Sr .(a) se culpa? O que? O(a) Sr .(a) pensa bastante no assunto?

Registre:........................................................................................................................... 0. Sem arrependimento 1. Arrepende-se mas não se culpa 2. Arrepende-se, culpa-se mas atualmente não pensa no assunto 3. Arrepende-se, culpa-se e pensa bastante sobre o assunto 8. N.S./N.R. 74.

Quando o(a) Sr .(a) olha para o futuro, como o(a) Sr .(a) se sente, quais são as suas expectativas para o futuro?

1. Menciona expectativas e pensa no futuro 2. Não menciona expectativas mas também não refere a nenhuma afirmação negativa 3. O futuro é descrito negativamente ou amedrontador ou insuportável 8. N.S./N.R. 75.

Atualmente o(a) Sr .(a) sente que perdeu o interesse ou a satisfação pelas coisas?

1. Sim 2. Não (vá para Q.76 e marque N.A. na Q.75a.) 8. N.S./N.R.

75a.

O que o(a) Sr .(a) acredita ser a causa disto? AVERIGUAR: Isso é por que o(a) Sr .(a) tem se sentido doente, depr imido(a) ou nervoso(a)?

1. Perda de interesse causada por depressão/nervosismo 2. Perda de interesse causada por outros motivos 7. N.A. 8. N.S./N.R. 76.

De um modo geral, o(a) Sr .(a) se sente feliz nos dias atuais?

1. Sim 2. Não 8. N.S./N.R.