Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Rosiléa Clara Werner Desafios contemporâneos na formação profissional: o desenvolvimento de competências e habilidades no Serviço Social DOUTORADO EM SERVIÇO SOCIAL SÃO PAULO 2010

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Rosiléa Clara Werner

Desafios contemporâneos na formação profissional:

o desenvolvimento de competências e habilidades

no Serviço Social

DOUTORADO EM SERVIÇO SOCIAL

SÃO PAULO

2010

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Rosiléa Clara Werner

Desafios contemporâneos na formação profissional:

o desenvolvimento de competências e habilidades

no Serviço Social

DOUTORADO EM SERVIÇO SOCIAL

Tese apresentada à Banca Examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

como exigência parcial para obtenção do título

de Doutor em Serviço Social, sob a orientação

da Professora Doutora Mariângela Belfiore

Wanderley.

SÃO PAULO

2010

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FOLHA DE APROVAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA

Banca Examinadora:

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AGRADECIMENTOS

Esta caminhada exigiu o envolvimento e colaboração de muitas pessoas e

entidades. Não conseguirei nomear todas, mas deixo minha gratidão e carinho em especial

para:

À CAPES e ao CNPQ, pelas bolsas recebidas em momentos diferentes, que me

possibilitaram a dedicação integral ao doutorado e conhecer a realidade do Serviço Social na

Espanha, especificamente em Barcelona.

À professora Mariângela Belfiore Wanderley, que mais que orientadora, me

acolheu e aceitou o desafio do novo. Seu incentivo e apoio foram molas propulsoras para que

eu chegasse até aqui.

À professora Maria Lúcia Rodrigues, por me deixar perseguir sonhos e ideais e

me incentivar a ser pesquisadora.

Ao professor José Adelantado Gimeno, por ter me acolhido na Universidad

Autonoma de Barcelona - UAB e me indicado os caminhos de investigação na Espanha.

Às profissionais e às amigas que me mostraram a realidade social de Barcelona:

Roser Pérez Giménez, Olga Perez e Cristina Piñol.

À equipe de professoras da Comissão de Especialistas de Ensino em Serviço

Social – MEC/SESU, pela receptividade e atenção que dispensaram para as entrevistas. Muito

obrigada, professoras: Bernadete de Lourdes Figueiredo de Almeida, Ivete Simionatto, Maria

Bernadete Martins Pinto Rodrigo, Maria Marieta dos Santos Koike, Maria Rachel Tolosa

Jorge e Marilda Villela Iamamoto.

O acesso ao material dos cursos de Serviço Social que fez parte da amostra só foi

possível com a colaboração de coordenadores de curso e professores das IES: Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ,

Universidade Estadual de Londrina – UEL, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC,

Universidade Federal Fluminense –UFF, Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE.

Agradeço a receptividade do professor Juan Retana Jiménez e das professoras:

Aureni Ribeiro Coelho dos Santos, Fátima Martins Dias Oliveira, Isadora Wayhs Cadore

Virgolin, Isaura Isoldi de Mello Castanho e Oliveira, Jakeline Gonçalves Bonifácio, Marcia

Helena Carvalho Lopes, Mari Aparecida Bortoli, Maria Beatriz Costa Abramides, Maria das

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Graças Osório Pitombeira Lustosa, Maria Teresa dos Santos, Olegna de Souza Guedes,

Regina Célia Tamaso Mioto, Rosemeri Barreto Argenta.

Foram importantes as ricas discussões realizadas junto com a equipe de trabalho

do curso de Serviço Social da FACEMED, no período de 2002 a 2005, momentos marcantes e

inesquecíveis.

A minha família, por acreditar na educação e na formação e me apoiar nas mais

diversas formas na caminhada do doutoramento.

À Lúcia, que desde o início do projeto, se interessou em ler, palpitar e me animar.

Ao Grupo do “Campeche”, Ana, Gelci, Lizete, Marilei, Marise, Sueli e Mario,

pelo carinho, comidinhas, visitas, telefonemas, mensagens, caronas e orações.

Às amigas Michelly e Rosemeire, pela acolhida, receptividade e participação nas

angústias profissionais e pessoais.

Ao Paulo, pelo carinho e apoio no decorrer da trajetória.

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RESUMO

WERNER, Rosiléa Clara. Desafios contemporâneos na formação profissional: o

desenvolvimento de competências e habilidades no Serviço Social

O estudo apresenta a diversidade conceitual de competências e habilidades na formação

superior e sua apropriação e incorporação no Serviço Social, a partir das diretrizes

curriculares – Resolução CNE/CES 15/2002. A metodologia utilizada foi a pesquisa

qualitativa em que os principais instrumentos de trabalho foram entrevistas e análise de

documentos. Foram entrevistados os coordenadores e professores de seis cursos de Serviço

Social da Região Sul e Sudeste do país e professoras da Comissão de Especialistas de Ensino

em Serviço Social – MEC/SESu, um total de 21 sujeitos. Todas as entrevistas foram

presenciais, agendadas com antecedência, gravadas digitalmente e depois transcritas.

Utilizou-se um roteiro prévio para cada grupo entrevistado. Foram analisados os projetos

político-pedagógicos dos seis cursos definidos na amostra. As categorias competência e

habilidade foram estudadas em uma perspectiva histórica no Ensino Superior e no Serviço

Social. A pesquisa objetivou verificar como se dá a apropriação do conceito de competências

e habilidades no Serviço e como são incorporadas no cotidiano da formação. Para a

sistematização e análise dos dados, foram definidos dois eixos analíticos: a) compreensão de

competências e habilidades; b) apropriação das competências e habilidades na formação

profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico,

tanto para os teóricos estudados, quanto para os sujeitos entrevistados. Há uma tendência

entre os entrevistados de relacionar competência com as competências profissionais do

Serviço Social definidas na lei de regulamentação da profissão. A hipótese de que não houve

apropriação pelos cursos de Serviço Social dos conceitos de competências e habilidades,

embora estejam contidas nas diretrizes, foi validada. Os projetos político-pedagógicos

analisados mostram a influência das diretrizes curriculares da ABEPSS na sua elaboração,

bem como de normativas legais como as diretrizes curriculares MEC/SESu e a Lei de

Regulamentação da Profissão. Os PPPs, de forma geral, contêm os itens propostos na

resolução CNE/CES 15/2002. Apresentam as competências a serem desenvolvidas no

decorrer no curso, mas não deixam claro em que momento e como serão desenvolvidas. O

Serviço Social não tem uma discussão de currículo por competência e as competências

profissionais foram definidas na Lei de Regulamentação da Profissão na metade na década de

1990.

Palavras-chave: Serviço Social, ensino superior, formação profissional, competências e

habilidades, diretrizes curriculares, projeto político-pedagógico, projeto ético-político

profissional.

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ABSTRACT

WERNER, Rosiléa Clara. Contemporary challenges to professional formation: development

of competencies and skills in Social Service.

This study presents the conceptual diversity of competencies and abilities in higher education

and its appropriation and incorporation into Social Work based on curriculum guidelines –

CNE/CES Resolution 15/2002. The method selected for this study was the qualitative

research based on interviews and document analysis obtained from a total of 21 subjects. The

subjects were coordinators and professors of six Social Work undergraduate courses from

South and Southeast of Brazil along with professor members of the Expert Committee on

Social Work Teaching - MEC/SESu. All the interviews were scheduled in advance; they were

conducted face to face and were digitally recorded, and further transcribed. A previously

established guide for interview was used with each group. The Political-Pedagogical Projects

(PPP) of six undergraduate courses in the selected sample were analysed. The „competencies‟

and „abilities‟ categories were studied in the higher education and Social Work scenarios from

the historical perspective. The research was designed to identify how the concept of

competencies and abilities was appropriated in Social Work and how education embodied it.

In order to help with data systematization and analysis, two analytical axes were defined: a)

The understanding of competencies and abilities; b) the appropriation of competencies and

abilities in Social Work professional development. It has been observed that the concept of

competencies and abilities is polysemic; this applies both to the theory researched and to the

subjects interviewed. There is a tendency among the subjects interviewed to relate

competencies with the professional Social Work competencies defined in the profession‟s

regulatory law. The initial assumption that the concept of competencies and abilities was not

appropriated in Social Work undergraduate courses, despite being present in the guidelines,

was validated.

The Political-Pedagogical Projects analysed show an influence of the ABEPSS curriculum

guidelines in their elaboration, as well as legal rules such as MEC/SESu curriculum

guidelines and professional regulation laws. In general, the PPPs contain items proposed in

the CNE/CES Resolution 15/2002. They introduce the competencies to be developed during

the undergraduate course, although without clarifying when and how this should be achieved.

Social Work area presently lacks a discussion of a competency-based curriculum and the

professional competencies were defined in the profession‟s Regulatory Law in mid 90‟s.

Key words: Social Work, higher education, professional training, competencies and abilities,

curriculum guidelines, political-pedagogical project, ethical-politic professional project.

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LISTA DE TABELA

Tabela 1 Definições de competência pesquisadas na literatura para elaboração da tese ......... 39

Tabela 2 Comparação das Diretrizes Curriculares: Comissão de Especialistas/ABEPSS e

Parecer CNE/CES492/2001 ...................................................................................................... 73

Tabela 3 Evolução do Número de Instituições, segundo a categoria Administrativa - Brasil -

2002 a 2007 .............................................................................................................................. 86

Tabela 4 Distribuição das Instituições de Ensino Superior por Região Geográfica no Brasil –

Censo 2007 ............................................................................................................................... 89

Tabela 5 Distribuição Cursos de Serviço Social por Região Geográfica e Categoria

Administrativa .......................................................................................................................... 89

Tabela 6 Distribuição de IES com Ensino a Distância por Região Geográfica ....................... 91

Tabela 7 IES das Regiões Sudeste e Sul que realizaram Revisão Curricular a partir de 2003.

................................................................................................................................................ 107

Tabela 8 Caracterização dos membros das Comissões de Especialistas do Serviço Social ... 111

Tabela 9 IES Pesquisadas ....................................................................................................... 112

Tabela 10 Características Coordenador (as) entrevistado (as) ............................................... 113

Tabela 11 Caracterização das Professoras Entrevistadas ....................................................... 114

Tabela 12 Perfil do Formando/egresso no Projeto Político Pedagógico das IES pesquisadas

................................................................................................................................................ 151

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LISTA DE FIGURA

Figura 1 Gráfico 1: Distribuição dos Cursos de Serviço Social por Organização Acadêmica 88

Figura 2 Gráfico 2: Distribuição de IES por Região Geográfica ............................................. 88

Figura 3 Gráfico 3 Distribuição de IES por Categoria Administrativa .................................... 90

Figura 4 Gráfico 4 Distribuição de IES por Década de Implantação do Curso de Serviço

Social ........................................................................................................................................ 92

Figura 5 Gráfico 5: Distribuição por Região Geográfica de Cursos de Serviço Social Criados

até Dezembro de 1997. ........................................................................................................... 106

Figura 6 Gráfico 6: Distribuição por Região Geográfica de IES criadas até dez. 1997 e que

realizaram revisão curricular a partir de 2003. ....................................................................... 107

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social

ABESS – Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Social.

CBAS – Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais

CBCISS – Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais

CBO - Classificação Brasileira de Ocupações

CEAS - Centro de Estudos e Ação Católica

CEDEPSS – Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais e Serviço Social

CENEAS - Comissão Nacional de Entidades Sindicais de Assistentes Sociais

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe

CES - Câmara de Educação Superior

CFESS – Conselho Federal de Serviço Social

CNE - Conselho Nacional de Educação

CRES - Conferência Regional de Educação Superior de América Latina e Caribe

CRESS – Conselho Regional de Serviço Social

CSN – Companhia Siderúrgica Nacional

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

EEES - Espaço Europeu de Educação Superior

ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ENESSO - Executiva Nacional de Estudantes do Serviço Social

ETCS - European Credit Transfer System

FHC – Fernando Henrique Cardoso

FIES – Financiamento ao Estudante do Ensino Superior

IES – Instituição de Ensino Superior

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

MEC - Ministério da Educação e Cultura

OECD - Organisation for Economic Co-operation and Development

ONG – Organização Não Governamental

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ONU – Organização das Nações Unidas

PDEE - Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior

PPP – Projeto Político-Pedagógico

PROUNI – Programa Universidade para Todos

PT – Partidos dos Trabalhadores

PUC - Pontifícia Universidade Católica

SESu - Secretaria de Educação Superior

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SUS – Sistema Único de Saúde

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

TICs - Tecnologias de Informação e de Comunicação

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... 3

RESUMO ................................................................................................................................... 5

ABSTRACT ............................................................................................................................... 6

LISTA DE TABELA .................................................................................................................. 7

LISTA DE FIGURA ................................................................................................................... 8

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ 9

SUMÁRIO ................................................................................................................................ 11

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14

1. COMPETÊNCIA E HABILIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR.................................. 19

1.1.O SURGIMENTO DA DISCUSSÃO DE COMPETÊNCIA E HABILIDADE NO

ENSINO SUPERIOR ............................................................................................................... 23

1.2.UMA APROXIMAÇÃO AOS CONCEITOS DE COMPETÊNCIA E HABILIDADE ... 33

1.3.O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO E AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES .... 42

1.4. CURRÍCULO POR COMPETÊNCIA ......................................................................... 46

2. AS DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL .................... 50

2.1 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL E A

LEGISLAÇÃO DE 1932 A 1970 ............................................................................................. 50

2.2AS DIRETRIZES CURRICULARES COMO EXPRESSÃO DE UM PROJETO DE

FORMAÇÃO PROFISSIONAL E SUAS BASES DE SUSTENTAÇÃO .............................. 59

2.2.1 O PROCESSO DE REVISÃO CURRICULAR DESENCADEADO PELA ABESS NO PERÍODO DE

1993 A 1996. ................................................................................................................. 67

2.2.2 O PROCESSO DE DEFINIÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES PELA CATEGORIA

PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS E PELA SESU/MEC 1996 – 2002 ............................. 69

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2.3 MAPEAMENTO HISTÓRICO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COM

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL ....................................................................... 85

2.3.1 DISTRIBUIÇÃO POR ORGANIZAÇÃO ACADÊMICA .............................................................. 87

2.3.2 DISTRIBUIÇÃO DE IES POR REGIÃO GEOGRÁFICA ............................................................. 88

2.3.3 DISTRIBUIÇÃO DE IES POR CATEGORIA ADMINISTRATIVA ............................................... 89

2.3.4 DISTRIBUIÇÃO DE IES POR MODALIDADE DE ENSINO – PRESENCIAL E A DISTÂNCIA ....... 91

2.3.5 DISTRIBUIÇÃO DE IES POR DÉCADA DE IMPLANTAÇÃO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL ... 91

2.4 O SERVIÇO SOCIAL EUROPEU (ESPANHA) E O ESPAÇO EUROPEU DE

EDUCAÇÃO SUPERIOR ........................................................................................................ 93

3. O DESAFIO NA BUSCA DE RESPOSTAS ..................................................................... 104

3.1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ........................................ 104

3.2 FONTES DE DADOS DA PESQUISA ........................................................................... 109

PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................... 110

OS ENTREVISTADOS - SUJEITOS DA PESQUISA ...................................................................... 110

ANÁLISE DOCUMENTAL ....................................................................................................... 110

3.2.1 COMISSÃO DE ESPECIALISTAS DE SERVIÇO SOCIAL PARA O MEC/SESU ....................... 110

3.2.2 CARACTERIZAÇÃO DAS IES/CURSOS PESQUISADOS ........................................................ 112

3.2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS COORDENADORES DE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL ENTREVISTADOS.

............................................................................................................... 113

3.2.4 CARACTERÍSTICAS DAS (OS) PROFESSORAS (RES) ENTREVISTADAS (OS) ......................... 114

4. A VOZ DOS SUJEITOS - SISTEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS .

........................................................................................................................................... 116

4.1 AS DIFERENTES NOÇÕES E COMPREENSÕES DE COMPETÊNCIAS E

HABILIDADES EXPRESSAS PELOS SUJEITOS ENTREVISTADOS ............................ 118

4.2 APROPRIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NA FORMAÇÃO DO

SERVIÇO SOCIAL ................................................................................................................ 125

4.2.1 O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA IES E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL ..................... 133

5. A FORÇA DOS DOCUMENTOS - SISTEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO DO

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) DOS CURSOS PESQUISADOS ................. 150

5.1 PERFIL DOS FORMANDOS/EGRESSOS ..................................................................... 150

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5.2 AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES GERAIS E ESPECÍFICAS A SEREM

DESENVOLVIDAS NO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ....................................... 153

5.3 A ORGANIZAÇÃO DO CURSO .................................................................................... 154

5.4 OS CONTEÚDOS CURRICULARES ............................................................................ 158

5.5. FORMATO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO E DO TRABALHO DE

CONCLUSÃO DO CURSO ................................................................................................... 160

5.6. AS ATIVIDADES COMPLEMENTARES PREVISTAS .............................................. 164

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 167

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 172

APÊNDICE 1 - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM MEMBROS DA COMISSÃO DE

ESPECIALISTAS PARA CONSTRUÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES DE

SERVIÇO SOCIAL ................................................................................................................ 182

APÊNDICE 2 - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM COORDENADORES DE CURSO DE

SERVIÇO SOCIAL ................................................................................................................ 183

APÊNDICE 3 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................. 184

APÊNDICE 4- ROTEIRO DE ENTREVISTA COM PROFESSORES DE CURSO DE

SERVIÇO SOCIAL ................................................................................................................ 185

APÊNDICE 5 – E-MAIL ENVIADO AS COORDENAÇÕES DE CURSOS DE SERVIÇO

SOCIAL CRIADOS ATÉ DEZEMBRO DE 1997 ................................................................ 186

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INTRODUÇÃO

O momento que vivemos é um momento pleno de desa-

fios. Mais do que nunca é preciso ter coragem, é preciso

ter esperanças para enfrentar o presente. É preciso resis-

tir e sonhar. É necessário alimentar sonhos e concretizá-

los dia a dia no horizonte de novos tempos mais huma-

nos, mais justos, mais solidários. Marilda Iamamoto

(1998)

A motivação para estudar e construir esta tese, foram as inquietações profissionais

decorrentes do período de coordenação do curso de Serviço Social da FACEMED1 (2002-

2005), justamente no momento em que o Ministério de Educação e Cultura – MEC divulgou

as novas diretrizes curriculares para o curso de Serviço Social. Foram várias as discussões,

com o conjunto de professores e alunos da instituição, para refletir sobre como adequar a pro-

posta curricular às exigências do MEC. Concomitante, a pesquisadora participava de reuniões

da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS, em âmbito re-

gional e nacional e do Encontro Nacional de Pesquisa em Serviço Social. Nestes espaços,

dificilmente se falava do significado de competências e habilidades profissionais e de como

elas seriam implementadas na proposta curricular para o Serviço Social.

A pesquisadora vem de uma formação que acredita na educação e no conhecimen-

to como bem público, isto é, no conhecimento como valor duradouro. Porém, a realidade do

mundo flexível e globalizado, da revolução dos meios digitais, das transformações culturais e

da internacionalização da educação, em especial da educação superior, tem tratado a educação

como uma mercadoria com valor de troca no mercado.

O Brasil, a partir de 1980, passou por grandes mudanças em sua legislação. Em

1988, foi promulgada a atual Constituição que é um marco na defesa de direitos sociais, entre

eles, o da educação. Foi a partir da Constituição que se estabeleceram leis complementares.

Em 1996, foi deferida a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB). A sua elaboração foi

influenciada pelas propostas de organismos internacionais como: Banco Mundial, Banco Inte-

ramericano de Desenvolvimento, Organização Internacional do Trabalho e Organização das

Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Organismos que direcionaram a constru-

1 FACEMED – Faculdade Educacional de Medianeira, faculdade privada, localizada no município de Medianei-

ra – PR. O curso de Serviço Social iniciou-se em julho de 2001.

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ção de uma proposta educacional para atender a necessidade de vincular e subsidiar a produ-

ção educacional às necessidades estabelecidas pelo mercado de trabalho, criando também

mecanismos de controle e avaliação da qualidade dos serviços educacionais.

O Ministério da Educação e Cultura (MEC), através do Conselho Nacional de E-

ducação (CNE) e Câmara de Educação Superior (CES), a partir de um grande debate com a

sociedade, definiu para cada curso de ensino superior ou profissão, as Diretrizes Curriculares

Nacionais dos Cursos de Graduação. Nestas diretrizes são definidos o perfil do egresso e as

competências e habilidades necessárias para cada profissão. Esta determinação e consequen-

temente as indagações e discussões com colegas que atuam como professores do Serviço So-

cial, instigou o tema concepção de competências e habilidades no curso de Serviço Social no

âmbito da formação profissional a partir das Diretrizes Curriculares Resolução CNE/CES –

15/2002.

Questionamentos como: o que são competências e habilidades? Quais são as

competências e habilidades do Assistente Social? Que competências precisam desenvolver os

estudantes de Serviço social? Como organizar e desenvolver um currículo de Serviço Social

por competências? É possível tratar as competências e habilidades como transversais ao currí-

culo? Como as competências e habilidades são incorporadas no cotidiano universitário? Essas

inquietações se transformaram no problema: Qual a concepção de competências e habilidades

no Serviço Social e como é contemplada na formação profissional a partir das Diretrizes Cur-

riculares da Resolução CNE/CES 15/2002? Este problema mobilizou a investigação e elabo-

ração da tese aqui apresentada.

O cenário atual da formação no ensino superior exige a reflexão sobre a transver-

salidade das competências nas diretrizes curriculares, bem como, sobre a clareza necessária de

quais competências são necessárias aos profissionais e de como elas podem ser desenvolvidas

ao longo do curso de Serviço Social. A partir dessas reflexões e indagações, se configurou o

objeto da tese: a apropriação de competências e habilidades no âmbito da formação profis-

sional do Serviço Social, a partir da Resolução CNE/CES 15/2002.

Os estudos realizados têm por objetivo geral verificar como se dá a apropriação

do conceito de competências e habilidades no Serviço Social, e, como as competências e habi-

lidades são incorporadas no currículo a partir das Diretrizes Curriculares da Resolução

CNE/CES 15/2002. A partir daí, desmembraram-se os seguintes objetivos específicos:

Investigar o significado de Competência e Habilidade no Serviço Social;

Identificar junto aos formadores como ocorre o ensino de competências e habi-

lidades para os acadêmicos de Serviço Social;

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Contribuir na formação de futuros assistentes sociais com a discussão do currí-

culo do Serviço Social.

A hipótese que norteou a pesquisa foi a seguinte: não houve apropriação pelos

cursos de Serviço Social pesquisados dos conceitos de competências e habilidades, embora os

conceitos estejam contidos nas diretrizes curriculares.

Para a elaboração da tese, foi percorrida uma longa trajetória metodológica. O

primeiro passo se consistiu em um amplo estudo bibliográfico sobre ensino superior e compe-

tências, além do resgate histórico do Serviço Social e das propostas curriculares para o curso

de Serviço Social.

Constitui o universo da pesquisa todos os cursos de Serviço Social existentes no

país em junho de 20072, que eram 261 cursos. A amostra restringiu-se aos cursos de Serviço

Social criados até dezembro de 1997. Esta data é utilizada como corte de investigação, pois,

como os cursos em geral são de quatro anos, os que iniciaram até 1997 puderam ser avaliados

e tiveram tempo para encaminhar a revisão curricular a partir de 2003, de acordo com a reso-

lução CNE/CES 15/2002.

Para delimitar a amostra, foi necessário um trabalho árduo de pesquisa junto ao

MEC/INEP para identificar os cursos, sua localização e dados institucionais. Verificou-se que

78 cursos foram criados até 1997. Estes cursos foram contatados para identificar se haviam

realizado revisão curricular a partir de 2003. A amostra final é de seis cursos que realizaram a

revisão curricular a partir de 2003, sendo três inseridos em IES públicas e três em IES priva-

das da região sul e sudeste do Brasil.

Utilizaram-se, como fonte documental para realização da pesquisa, os Projetos

Político-pedagógicos dos seis cursos da amostra, e como fonte oral os depoimentos dos coor-

denadores e professores, bem como os depoimentos dos professores da Comissão de Especia-

listas de Ensino em Serviço Social – MEC/SESu.

As entrevistas foram realizadas nos locais definidos pelos entrevistados, o que

significou várias viagens3, entre Cruz Alta (RS) e Governador Valadares (MG), passando por

Florianópolis (SC), Londrina (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro e Niterói (RJ). Algumas

entrevistas com a comissão de especialistas foram realizadas no Encontro Nacional de Pesqui-

sa em Serviço Social (ENPESS) em São Luiz (MA), em 2008.

2 Em junho de 2007, se realizou a pesquisa junto ao INEP/MEC para identificar o número de cursos de Serviço

Social no país. 3 É necessário destacar que, se por um lado, as viagens para realizar a pesquisa foram desgastantes física e eco-

nomicamente, por outro, possibilitou conhecer a diversidade da realidade das IES de Serviço Social do Sudeste e

Sul do Brasil, ter contato direto com colegas, passar um tempo em cada realidade e construir vínculos afetivos.

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Buscou-se apreender o objeto da pesquisa no interior dos movimentos da educa-

ção superior e do Serviço Social, vinculados à conjuntura internacional e nacional em seus

diferentes momentos históricos. O material empírico foi organizado a partir de dois eixos de

análise: a) compreensão de competências e habilidades, e b) apropriação das competências e

habilidades na formação do Serviço Social.

A tese está estrutura em cinco capítulos. Entende-se que as transformações sociais

geraram a Sociedade do Conhecimento e Informação, que exige cada vez mais a escolaridade

e a formação continuada. No primeiro capítulo, se resgata o significado de educação superior

e sua importância enquanto bem público e direito humano. Constata-se o aumento na oferta de

cursos de educação superior e sua crescente privatização. Faz-se o resgate histórico da incor-

poração dos conceitos de competências e habilidades no ensino superior, passando pelo en-

tendimento da Unesco, que defende o trabalho em equipe, a multiculturalidade, a diversidade,

os direitos humanos e uma avaliação do ensino não apenas por memória, mas também pela

compreensão e criatividade. Enquanto a proposta do Banco Mundial tem uma perspectiva

fortemente economicista da sociedade, o Espaço Europeu de Educação Superior vê na educa-

ção superior a possibilidade de mobilidade do trabalho e dos cidadãos, e o desenvolvimento

da Europa por meio da Declaração de Bolonha. Analisa-se a relação da Declaração de Bolo-

nha com a reforma universitária brasileira e se faz uma aproximação ao conceito de compe-

tência e habilidade, recorrendo a diferentes autores e instituições. Faz-se, também, uma visita

histórica as normativas educacionais e se identifica a inserção de competência e habilidade na

educação superior brasileira a partir da LDB (1996), sendo sedimentada através do SINAES.

Outrossim, realiza-se um estudo sobre o currículo por competências que poderá assumir for-

mas diversas, dependendo do paradigma pedagógico adotado.

O resgate histórico da legislação que orienta a formação profissional em Serviço

Social no Brasil é o que propõe o segundo capítulo. O estudo aproxima os sujeitos do início

da formação profissional para o serviço social, no Centro de Estudos e Ação Católica (CEAS)

em 1932, passando pela proposta curricular de 1952, de 1982 e chega ao atual Projeto Ético-

político da Profissão. Analisa, também, o processo de definição das Diretrizes Curriculares

pela Categoria Profissional dos Assistentes Sociais e pela SESu/MEC 1996 – 2002, fazendo

um quadro comparativo entre as duas propostas, e cotejando seus pontos convergentes e di-

vergentes. Faz um mapeamento histórico dos cursos de Serviço Social no Brasil, por organi-

zação acadêmica, região geográfica, categoria administrativa e década de implantação, termi-

nando com uma apresentação ilustrativa da adaptação do Serviço Social espanhol ao Espaço

Europeu de Educação Superior.

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No terceiro capítulo, ―o desafio na busca de respostas‖, relata o processo metodo-

lógico da pesquisa e a caracterização da IES pesquisadas e dos sujeitos entrevistados.

A voz dos sujeitos configura o quarto capítulo, desvelando o que os 21 entrevista-

dos compreendem por competências e habilidades, e como analisam a apropriação das compe-

tências e habilidades na formação do Serviço Social.

A análise dos projetos político-pedagógicos (PPP) das IES pesquisadas foi reali-

zada no quinto capítulo – a força dos documentos. Para a análise, consideraram-se os seis

itens propostos na Resolução CNE/CES, 15/2002 - Diretrizes Curriculares para o Serviço So-

cial, que são: o perfil dos formandos, as competências e habilidades gerais e específicas a se-

rem desenvolvidas, a organização do curso, os conteúdos curriculares, o formato do estágio

supervisionado e do Trabalho de Conclusão do Curso e as atividades complementares previs-

tas.

A tese ainda contém as reflexões e conclusões do estudo nas considerações finais.

Alguns materiais construídos no decorrer da pesquisa, estão nos apêndices. Optou-se não co-

locá-los no interior do texto para facilitar a leitura.

A reflexão é significativa quando emerge da prática e das experiências vivencia-

das. Isto acontece quando é analisada e fundamentada, quando se volta para a experiência no

sentido de reforçá-la ou reconduzi-la, quando se tem um distanciamento estratégico para ver

de forma nova o já conhecido. Este foi o exercício necessário para desenvolver o estudo aqui

apresentado.

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1. COMPETÊNCIA E HABILIDADE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Este capítulo faz uma discussão do entendimento de educação superior de seu

crescimento e privatização, bem como uma aproximação aos conceitos de competências e

habilidades e sua incorporação nas propostas de educação superior.

A sociedade do terceiro milênio tem passado por grandes transformações, em es-

pecial o avanço tecnológico e da ciência. Essas transformações geraram a chamada Sociedade

do Conhecimento e Informação, pois é a informação que direciona a economia global. A in-

formação e o conhecimento são aplicados nas esferas de produção, distribuição e gestão, revo-

lucionando a economia, o comércio, as bases políticas, a comunicação, a forma de vida e o

consumo das pessoas.

Argudín (2007) considera que assim como a máquina a vapor foi a metáfora da

Revolução Industrial, as novas tecnologias de comunicação e de informação, a internet e o

comercio eletrônico significam o motor principal do crescimento econômico do século XXI,

pois transformaram o processo produtivo e todas as atividades do cotidiano da sociedade.

Este novo milênio está criando uma cultura de sustentabilidade, em que todos se

sintam responsáveis pela construção de uma sociedade mais próspera, mas também mais justa

e solidária, um modelo de sociedade para o desenvolvimento humano integral e sustentável.

Isto pressupõe o equilíbrio no acesso de informação e um sistema educativo em que as pesso-

as aprendam a aprender e que gerem conhecimentos, diferente da proposta anterior, de uma

educação mecânica na apropriação de informação. Estas mudanças exigem mais escolaridade

e formação continuada, estimulando a criação e fortalecimento da Educação Superior.

Tem sido uma constante nas discussões e documentos da UNESCO4 os pressupos-

tos de que a Educação Superior deve ser reconhecida como um bem público e social que pos-

sibilite o acesso de todos os cidadãos e que as políticas nacionais de educação também deem

condições necessárias, favorecendo o acesso a uma Educação Superior de qualidade com ori-

entações de longo prazo em objetivos e necessidades sociais, resguardando a soberania de

4 Verificar documentos da UNESCO como: Declaración de San Miguel de Tucuman Foro sobre Educación

superior Publica en el siglo XXI (San Miguel de Tucumán 2008); Declaración mundial sobre la educación supe-

rior en siglo XXI visión y acción marco de acción prioritaria para el cambio y el desarrollo de la educación

superior (Paris: 1998); esses documentos estão disponíveis no site:

http://www.cres2008.org/es/info_documentos_aportes.php.

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cada país, o respeito à cultura e a proteção do ambiente. E, ainda, o estimulo para que se reali-

ze cooperação solidária entre as nações para atender as desigualdades existentes.

Especificamente na Conferencia Regional sobre Políticas y Estrategias para La

transformación de La Educación Superior en América Latina y Caribe, en Habana en 1996

proclamou-se que:

La Educación en general, y la superior en particular, son instrumentos esenciales pa-

ra enfrentar exitosamente los desafíos del mundo moderno y para formar ciudadanos

capaces de construir una sociedad más justa y abierta, basada en la solidaridad, el

respecto de los derechos humanos y uso compartido del conocimiento y la informa-

ción. La educación superior constituye, al mismo tiempo, un elemento insustituible

para el desarrollo social, la producción, el crecimiento económico, el fortalecimiento

de la identidad cultural, el mantenimiento de la cohesión social, la lucha contra la

pobreza y la promoción de la cultura de paz. (UNESCO, 1996, p. 3)

A sociedade, com base no conhecimento e no desenvolvimento científico e tecno-

lógico, necessita de uma Educação Superior de qualidade para avançar socialmente, gerar

riquezas e coesão social, bem como, minimizar os efeitos da má distribuição da riqueza: a

pobreza, a fome e as doenças.

A importância da educação continuada, em especial a da educação superior, tam-

bém fez parte das discussões da Reunião Paritária sobre Educação Permanente no Século XXI

(OIT, 2000). Nesse evento, representantes de trabalhadores sugeriram que a educação

superior deveria ser incluída como um direito universal. Os representantes dos empresários,

no entanto, discordaram da proposta, alegando que há diferentes necessidades de

aprendizagem, não necessariamente a acadêmica. O relatório final da reunião propõe a

formação continuada com ensino básico gratuito e ampla oportunidade de acesso a curso

superior para todos.

Mais recentemente, na Conferência Regional de Educação Superior de América

Latina e Caribe (CRES), celebrada de 4 a 6 de junho de 2008, em Cartagena de Índias, Co-

lômbia, se voltou a defender a educação superior como direito humano e bem público:

1 - Educação Superior é um direito humano e um bem público social. Os Estados

têm o dever fundamental de garantir este direito. Os Estados, as sociedades nacio-

nais e as comunidades acadêmicas devem ser os atores que definem os princípios

básicos nos quais se fundamenta a formação dos cidadãos e cidadãs, cuidando para

que ela seja pertinente e de qualidade.

2 - O caráter de bem público social da Educação Superior se reafirma à medida que

o acesso à mesma seja um direito real de todos os cidadãos e cidadãs. As políticas

educacionais nacionais constituem a condição necessária para favorecer o acesso a

uma Educação Superior de qualidade, mediante estratégias e ações consequentes.

3 - Considerando a imensa tarefa de expandir a cobertura que se apresenta para os

países da América Latina e do Caribe, tanto o setor público quanto o privado estão

obrigados a outorgar uma Educação Superior com qualidade e pertinência, razão pe-

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la qual os governos devem fortalecer os mecanismos de reconhecimento que garan-

tam a transparência e a condição de serviço público. [...]

7 - Educação oferecida por provedores transnacionais, isentos de controle e orienta-

ção por parte dos Estados nacionais, favorece uma Educação descontextualizada, na

qual os princípios de pertinência e equidade ficam deslocados. Isso amplia a exclu-

são social, fomenta a desigualdade e consolida o subdesenvolvimento. Devemos

promover em nossos países as leis e os mecanismos necessários para regular a oferta

acadêmica, especialmente a transnacional, sob todos os aspectos-chaves de uma E-

ducação Superior de qualidade. (UNESCO, 2008, p. 2 - 3)

A conferência trata da realidade do setor de educação que, nos últimos anos, mos-

tra uma forte tendência à privatização, com a concepção de que com a eficiência do mercado,

com melhora de qualidade e ampliação de acesso, a educação pode ser uma empresa lucrativa.

Enfatiza que com a globalização e ampliação do mercado de serviços, a educação tem se mos-

trado um bom negócio lucrativo. Sem dúvida, a demanda de formação em cursos de Educação

Superior tem crescido, bem como, sua oferta.

O aumento de oferta no Ensino Superior é visível no Brasil. Nos dados do censo

de Educação Superior, realizado pelo INEP/MEC, em outubro de 2003, havia 1859 institui-

ções de ensino superior, sendo 1652 privadas e foram oferecidas 2.002.733 vagas nos diversos

processos seletivos. O censo de 2007 registrou 2.281 Instituições de Ensino Superior, sendo

2.032 privadas e foram oferecidas 2.823.942 vagas em cursos presenciais.

A respeito do entendimento do que é Educação Superior, a UNESCO (1998)

compreende todo tipo de estudos, de formação ou de formação para a investigação em nível

de pós-médio, que podem ser viabilizados por Universidades ou outros estabelecimentos de

ensino que estejam acreditados como Centro de Ensino Superior pelas autoridades competen-

tes do Estado.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o ensino

superior tem por finalidade: (BRASIL, 1996)

I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pen-

samento reflexivo;

II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção

em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade bra-

sileira, e colaborar na sua formação contínua;

III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvol-

vimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo,

desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive;

IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que

constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de

publicações ou de outras formas de comunicação;

V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possi-

bilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo

adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada ge-

ração;

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VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os

nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer

com esta uma relação de reciprocidade;

VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das

conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tec-

nológica geradas na instituição.

No Brasil há uma diversidade de instituições que podem oferecer ensino superior.

No que se refere a sua organização acadêmica, o artigo 12 do Decreto n. 5.773, de 9 de maio

de 2006, classifica as instituições em: Universidade, Centro Universitário e Faculdade. Salien-

ta-se que os Centros de Educação Tecnológica também estão autorizados a oferecer educação

superior.

A LDB, no artigo 52, faz as devidas distinções entre as diversas instituições: ―as

Universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de

nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano‖. As Univer-

sidades desenvolvem regularmente atividades de ensino, pesquisa e extensão, já os Centros

Universitários são responsáveis pelo ensino e pela extensão e as faculdades têm apenas a res-

ponsabilidade de garantir o ensino.

O investimento em ensino superior é imprescindível para o desenvolvimento eco-

nômico de um país ou região, é um parceiro estratégico para a indústria, comércio, setor pú-

blico e organizações internacionais. Assim, há um consenso de que é preciso fortalecer a edu-

cação para que atenda a demanda com qualidade, produza o desenvolvimento de capital soci-

al, com coesão e igualdade social. Priorizando um sistema educacional de relações solidárias,

se constrói uma formação profissional com valores que geram uma sociedade mais justa.

Repensar a educação com redefinição das diretrizes do ensino passa a ser uma ne-

cessidade que envolve organismos governamentais e não governamentais como a UNESCO e

OIT, que buscam uma visão mais integradora, sinalizando a necessidade de transformação na

educação, aumentando o potencial científico-tecnológico, mas visualizando uma formação de

cidadania, entrelaçada com a democracia e com o estudante no centro da aprendizagem.

Assim, surge a proposta de educação baseada em competências, em que o objetivo

final e o centro da aprendizagem é o estudante com o desenvolvimento do pensamento crítico

que lhe permita discernir, deliberar e eleger livremente, de forma que possa se comprometer

com a construção de suas competências, lhe permitindo crescer como pessoa, com coerência

com as necessidades da sociedade.

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1.1. O SURGIMENTO DA DISCUSSÃO DE COMPETÊNCIA E HABILIDADE NO

ENSINO SUPERIOR

A reforma do ensino superior em todo o mundo não é um processo isolado, mas

reflete a reestruturação do ensino em todos os níveis, consolidando a formação continuada ao

longo da vida. Considera, também, os espaços educacionais formais e informais, pois sem

dúvida já não é apenas uma opção pessoal ter acesso a conhecimentos e informação, mas uma

necessidade. O conhecimento é fonte de desenvolvimento econômico e gerador de riquezas.

Ele tem se expandido e se tornado cada vez mais complexo e, por seu intermédio, a multidis-

ciplinaridade adquire significados que vão além da aproximação de campos diversos.

Malo (2005) adverte que o ritmo de geração de conhecimento é acompanhado da

criação de teconologias, instrumentos, serviços, indústrias, comércio e empregos. Há uma

relação constante entre a preparação de novos trabalhadores e a geração de novos

conhecimentos. Esta relação determinou a necessidade de muitos países estabelerem

condições que assegurem o fluxo do conhecimento entre as universidades e os mercados e

gerar sistemas nacionais de inovação.

As mudanças para o ensino superior são consequência das necessidades de adap-

tação à sociedade de conhecimento e do mundo globalizado. Certamente é deixar para traz a

Universidade Medieval, que surgiu no século XII, para adaptar-se à sociedade industrial e às

novas Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs). As TICs, pela sua magnitude,

facilitam o acesso à informação independente de onde a pessoa esteja. Através da internet, por

exemplo, é possível acessar inúmeras fontes de informação, sem limite de horário ou local,

como consultar bibliotecas e museus on-line, bem como, o acesso à transmissão de conteúdos

e documentos, permitindo, através de correio eletrônico, de fóruns, e outras ferramentas, o

intercâmbio entre professores, pesquisadores e estudantes, globalizando o saber.

O acesso ao conhecimento por meios virtuais se dissemina pelo mundo, exigindo

cada vez menos memorização e mais instrumentos apropriados para selecionar, processar e

aplicar os conhecimentos necessários para enfrentar os novos modelos de emprego, de família

e até mesmo de lazer e diversão.

Quando se busca um ponto de partida para a reforma do ensino superior, segundo

Corbella (2006), pode-se recorrer ao informe da Organisation for Economic Co-operation and

Development – OECD, intitulado ―Universities under scrutiny‖, de 1987. O informe analisa o

papel da Universidade a partir de ponto de vista de um organismo econômico, pois até aquele

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momento, a universidade permanecia à margem do direcionamento da economia, sempre

atuando para as necessidades sociais e com direcionamento crítico. A autora argumenta que a

universidade deve estar aberta às necessidades globais da sociedade, porém, estas

necessidades são distintas das necessidades da elite, do Estado e do mercado.

A partir de 1990, algumas instituições, entre elas a UNESCO, o Banco Mundial, a

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a União Europeia, conver-

gem seus objetivos para a elaboração de uma nova proposta de Ensino Superior, centrada no

ensino por competências.

Para Corbella (2006), foi na 27a Conferência Geral da Unesco de 1993

5, com o

tema ―Educação para Todos‖ que se desenha pela primeira vez uma agenda para a Educação

Superior. A conferência identificou a necessidade de mudanças para enfrentar problemas

como financiamento, igualdade de condições de acesso e permanência nos estudos,

necessidade de melhora na capacitação de profissionais, a formação baseada em

competências, a qualidade do ensino, a investigação, a pertinência dos planos de estudos, as

possibilidades de emprego dos diplomados, o estabeleciemnto de acordos do cooeperação

eficazes, a inclusão de tecnologias que melhorem a produção, a organização, difusão e

controle do saber e seu acesso.

Em 1995, a UNESCO publicou o Documento ―Política para as Mudanças e De-

senvolvimento da Educação Superior‖, em que apresentou uma síntese de sua visão sobre as

principais tendências da Educação Superior. Expõe os desafios da educação superior no mun-

do em transformação, ressaltando que as contradições como a democratização, regionalização,

mundialização, polarização, marginalização e fragmentação são uma constante no mundo

atual. Todas elas incidem no desenvolvimento da educação superior e exigem respostas novas

e adequadas para um desenvolvimento humano sustentável, em que o crescimento econômico

esteja a serviço do desenvolvimento social e garanta uma sustentabilidade ambiental. A busca

de soluções para estes problemas depende grande parte de como se conduz a educação superi-

or.

No referido documento, há uma nova visão das respostas da educação superior :

Las respuestas de la educación superior en un mundo que se transforma deben guiar-

se por tres criterios que determinan su jerarquía y su funcionamiento local, nacional

e internacional: pertinencia, calidad e internacionalización6. En relación con estos

5 Maiores informações na Ata da Conferência no anexo I: Recomendación sobre la convalidación de los estudios,

títulos y diplomas de enseñanza superior. p 138 – 143. In: (UNESCO 1993). 6 Destaque nosso.

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criterios, se formulan el cometido y la contribución que la UNESCO puede hacer pa-

ra facilitar el proceso de cambio y desarrollo. (UNESCO, 1995)

Estes conceitos de pertinência, de qualidade e de internacionalização, são vitais

para a gestão e financiamento da educação superior. A UNESCO salienta que as característi-

cas do estudante moderno e as necessidades de formação exigem o reconhecimento acadêmi-

co de competências adquiridas fora de estabelecimentos acadêmicos. Propõe a melhoria das

condições de acesso à educação superior, uma organização mais flexível dos estudos e o a-

proveitamento das tecnologias de informação e comunicação.

A partir do referido documento, se espera do ensino superior uma perspectiva

mais universal e flexível em sua tarefa educadora, se concretizando na formação permanente

com espaços educativos mais dinâmicos, abertos e flexíveis de acordo com as necessidades

sociais e de mercado.

A Declaração Mundial sobre Educação Superior para o século XXI (UNESCO,

1998), afirma que há uma demanda de educação superior sem precedentes que é acompanha-

da de uma oferta diversificada e que a sociedade tem a consciência de que ela é necessária

para o desenvolvimento sociocultural e econômico e para a construção do futuro, para o qual

as novas gerações devem estar preparadas com competências, novos conhecimentos e ideais.

Para enfrentar estes desafios a educação superior deve prover capacitação para os profissio-

nais, uma formação baseada em competências, a constante qualidade de ensino, a investigação

e os serviços, a pertinência dos planos de estudo, a empregabilidade dos formandos e acordos

de cooperação internacional.

A Declaração propõe também métodos educativos inovadores, pensamento crítico

e criativo e argumenta, no artigo nove, que para alcançar estes objetivos

c) […] puede ser necesario reformular los planes de estudio y utilizar métodos nue-

vos y adecuados que permitan superar el mero dominio cognitivo de las disciplinas;

se debería facilitar el acceso a nuevos planteamientos pedagógicos y didácticos y

fomentarlos para propiciar la adquisición de conocimientos prácticos, competen-

cias y aptitudes7 para la comunicación, el análisis creativo y crítico, la reflexión in-

dependiente y el trabajo en equipo en contextos multiculturales, en los que la creati-

vidad exige combinar el saber teórico y práctico tradicional o local con la ciencia y

la tecnología de vanguardia. Esta reestructuración de los planes de estudio debería

tomar en consideración las cuestiones relacionadas con las diferencias entre hombres

y mujeres, así como el contexto cultural, histórico y económico, propio de cada país.

La enseñanza de las normas relativas a los derechos humanos y la educación sobre

las necesidades de las comunidades del mundo entero deberían quedar reflejadas en

los planes de estudio de todas las disciplinas, especialmente las que preparan para

7 Destaque nosso.

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las actividades empresariales. El personal académico debería desempeñar una fun-

ción decisiva en la definición de los planes de estudio.

d) Los nuevos métodos pedagógicos también supondrán nuevos materiales didácti-

cos. Estos deberán estar asociados a nuevos métodos de examen, que pongan a

prueba no sólo la memoria sino también las facultades de comprensión, la aptitud

para las labores prácticas y la creatividad. (UNESCO, 1998, p. 9)

Esta proposta metodológica de ensino baseada em competências é um modelo,

dentre outros, que defende o trabalho em equipe, a multiculturalidade e diversidade, os direi-

tos humanos e uma avaliação do ensino não apenas por memória, mas também a compreensão

e criatividade.

O Banco Mundial também divulgou documentos referentes à educação superior.

O primeiro, ―Educação Superior: aprender com a experiência‖ é de 1994. Diferente da U-

NESCO, o Banco Mundial apresentou uma visão apenas economicista da sociedade, enfatiza

a dimensão da produtividade e rentabilidade econômica do ensino superior, analisa o aumento

de demanda, os problemas de financiamento, a falta de adequação às novas exigências sociais,

a baixa qualidade e a diferença existente entre os países. Argumenta que a educação é crucial

para o crescimento econômico e a redução da pobreza e se propõe a apoiar formas de cresci-

mento e desenvolvimento econômico sustentável, politicamente viável, academicamente dife-

renciado e diversificado. O documento deixa claro sua preocupação com o uso eficiente de

recursos públicos, sugerindo investimentos privados nas instituições de ensino superior.

O informe ―Construir Sociedades de Conocimiento: Nuevos Desafios para La E-

ducación Terciaria‖ (BANCO MUNDIAL 2003) salientou que a educação superior contribui

para o desenvolvimento de um país em que a economia é baseada no conhecimento. Enfatiza

a importância da educação superior para criar, divulgar e aplicar os conhecimentos de maneira

eficaz e destaca as novas tendências: o papel do conhecimento como principal motor para o

desenvolvimento; os novos provedores de educação superior e a necessidade de o Estado

favorecer e estimular as instituições de ensino superior a serem inovadoras e responderem

melhor às necessidades da economia, bem como, às exigências do mercado. O informe orienta

que as avaliações do ensino superior devem ser realizadas por competências que vão além da

memorização. Prescreve que os currículos sejam especializados, pois muitos campos do saber

requerem habilidades reconhecidas, bem definidas e mensuráveis. Para este novo paradigma

se valorizam competências como comunicação verbal e escrita, trabalho em equipe,

criatividade, capacidade de pensamento visionário, recursividade e capacidade de ajuste a

mudanças.

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Enquanto a UNESCO discute os novos paradigmas da educação superior,

respeitando a diversidade cultural e vislumbrando o desenvolvimento sustentável, o Banco

Mundial tem uma perspectiva economicista e de adaptação ao mercado com o lema: ―a

máxima eficiência com o menor gasto público‖.

Outro ator importante nesta proposta de mudança da educação superior é a União

Européia. Em 25 de maio de 1998, na Universidade Sorbonne (França), os Ministros de Edu-

cação da França, Alemanha e Reino Unido assinam um acordo para a criação do Espaço Eu-

ropeu de Educação Superior (EEES) com o objetivo de promover a mobilidade e as possibili-

dades de trabalho dos cidadãos e o desenvolvimento da Europa. No ano seguinte, os Ministros

de Educação de vinte e nove países da Europa se encontraram em Bolonha – Itália, quando foi

firmado um acordo conhecido como Declaração de Bolonha, que também foi assinado pela

Comissão Europeia, o Conselho da Europa, associações universitárias, reitores e estudantes. O

acordo tem proposta de organizar um sistema de ensino superior mais compatível e compará-

vel, favorecendo a mobilidade e competitividade no espaço europeu. Foi então estabelecido

um prazo para o desenvolvimento da proposta até 2010. A Declaração de Bolonha tem os

seguintes objetivos:

Adoção de um sistema de titulações facilmente compreensível e compará-

vel, inclusive criando o Suplemento Europeu de Títulos, para proporcionar

o emprego e a competitividade do sistema superior Europeu.

Adoção de um sistema baseado essencialmente em dois ciclos fundamen-

tais, de graduação (bacharelado e licenciatura) e de pós-graduação (mes-

trado e doutorado). O acesso ao segundo ciclo requerer que os estudos de

primeiro ciclo sejam realizados em um período de três anos.

O estabelecimento de um sistema de créditos comum, o ETCS (European

Credit Transfer System) como meio adequado para proporcionar ampla

mobilidade estudantil. Os créditos também poderão ser conseguidos fora

das instituições de Ensino Superior, incluindo a experiência adquirida,

desde que reconhecidos por Universidades.

Promoção da mobilidade, eliminando os obstáculos para o exercício efeti-

vo de livre intercâmbio, prestando uma atenção particular para: o acesso à

oportunidade de estudo e formação e serviços relacionados para os alunos;

o reconhecimento e valorização dos períodos de permanência em institui-

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ções de investigação, ensino e formação, sem prejuízo de seus direitos es-

tatutários para os professores, investigadores e pessoal administrativo.

Promover a cooperação Europeia para garantir a qualidade por meio do

desenvolvimento de critérios e metodologias comparáveis (interativas,

construtivas, interdisciplinares, centradas no aluno).

Com os objetivos definidos em Bolonha, a educação superior europeia inicia o sé-

culo XXI com um novo desafio, enfrentar a reforma proposta sem perder de vista sua missão

e coerência. O novo modelo propõe mudanças nos objetivos, finalidades e conteúdos das for-

mações e titulações, bem como, mudanças metodológicas enfatizando o conhecimento em

como fazer.

A Declaração de Bolonha reivindica:

Uma Europa de conhecimentos e não só de economia que permita acabar com as

fronteiras educativas e desenvolver um marco de ensino e aprendizagem que favore-

ça uma mobilidade e uma cooperação mais estreitas que sirvam de marco comum de

referência, a promoção de uma zona Européia dedicada à Educação Superior das

quais as identidades nacionais e os interesses comuns possam se relacionar para o

benefício da Europa.

O Espaço Europeu de Educação Superior não se restringe à União Europeia (UE),

portanto, ―não se caracteriza como um mandato da UE que obriga os países membros ao seu

cumprimento; é um acordo que só tem validade se os governos signatários o implementarem

em seus respectivos países‖. (HORTALE; MORA, 2004, p. 946). Em 2009, a Declaração de

Bolonha tinha 45 países signatários.

A Declaração de Bolonha reflete na realidade da sociedade global em que se vive.

O novo modelo de educação superior pode se generalizar em vários países sem perda de iden-

tidade, pois tudo o que é local, regional e nacional recebe o impacto da transnacionalização. A

Declaração também aponta para a necessidade de fomentar a aprendizagem ao longo da vida.

E o processo ensino aprendizagem passa a centrar seus conteúdos nos procedimentos, supera

uma formação exclusivamente centrada no conceitual e teórico e favorece um processo

avaliativo mais aberto e diversificado.

Depois da declaração de Bolonha em 1993, aconteceram outros encontros para

discutir e definir a implementação do EEES, Praga em 2001, Berlin em 2003, Bergen em

2005 e Londres em 2007. Os encontros avançaram no estabelecimento de pautas para

favorecer a mudança proposta,

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[...] as pautas e acordos adotados apontam para um modelo educativo centrado na

aprendizagem do estudante e no domínio de competências, mas se centram de

maneira especial nas mudanças estruturais e de organização das novas propostas

formativas (mestrado, graduação, pós-graduação, créditos, entre outros). Constata-se

assim a escassa atenção prestada à reconversão qualitativa que deveria acompanhar

este processo de convergência e que afeta, mais diretamente, os professores e a

própria prática docente. (LÓPEZ, 2009, p. 84)

Na reunião de Praga (2001), explicitou-se a crítica à mercantilização da educação.

Entende-se que a educação é um bem público, um direito de todos e de responsabilidade pú-

blica, entretanto em Berlin (2003), enfatizou-se seu caráter político e que o espaço europeu

deveria cooperar para maior coesão social e redução das desigualdades.

O apoio e as críticas à proposta do EEES e à declaração de Bolonha não são unâ-

nimes, as contradições são características dos fenômenos sociais, e para Dias Sobrinho (2009,

p 146), os ―dissensos são uma forte característica das comunidades acadêmicas e científicas‖.

Diante da Declaração de Bolonha, Menoyo (2006) se contrapõe, explicitando que

a proposta do ensino superiror por competências, tira de foco o conhecimento como valor

supremo e valoriza as capacidades instrumentais que passam a ocupar a primazia da nova

escala de prioridades. De tal modo que os processos de ensino aprendizagem passam a centrar

seus conteúdos em procedimentos: por um lado, no domínio de competências e destrezas pró-

prias do campo profissional concreto e por outro, de competências que permitam a autoapren-

dizagem permanente. Assim, o centro de interesse se desloca dos conteúdos de caráter teórico

e de fundamentos para conteúdos de caráter instrumental. Para o autor, com esta mudança de

foco, se corre o risco de minar o poder libertador e transformador da educação superior,

reduzindo-a a uma mera formação profissional centrada na prática e ao sistema produtivo.

As mudanças propostas para o Espaço Europeu de Educação Superior (EEES) têm

provocado muitas críticas e posições diferenciadas. Para Rué (2007), nas declarações oficiais

a respeito das mudanças no EEES, se argumenta sobre a eficiência, a empregabilidade, o mer-

cado, a competência ou mobilidade, sem deixar claro o que é ideológico e o que são instru-

ções para as universidades. Também não se distingue o que é básico assumir e o que é discu-

tível.

O EEES e a Declaração de Bolonha ainda não fazem parte do cotidiano do ensino

superior, sabe-se que entre uma proposta inovadora e sua adesão por parte dos atores envolvi-

dos demanda um tempo, ou mesmo a não adesão. Sabe-se que a proposta foi aderida pela

maioria dos gestores institucionais e por parte dos docentes e estudantes, mas ainda provoca

questionamentos, inquietações e resistência. Uma dúvida é a respeito da autonomia das insti-

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tuições, o respeito a sua identidade, vocação e sobre as funções essenciais da educação supe-

rior.

Em relação ao mercado, Rué (2007) considera que o conceito de mercado é tão

concreto quanto nebuloso. Adaptar-se ao mercado ou relacionar-se com ele constituem duas

formas distintas de aproximação política para concretizar a relação entre a oferta cultural da

universidade e a natureza do ―aqui e agora‖ das demandas sociais e produtivas.

O documento intitulado: ―Responder às exigências do mundo do trabalho‖, prepa-

rado por Teichler (1999), para a Conferência Mundial sobre o Ensino Superior que ocorreu

em 1998, em Paris, argumenta que o ensino superior tem se esforçado para manter um equilí-

brio entre os vínculos e a distância que deve ter do mundo do trabalho, que para a universida-

de tradicional, na busca do conhecimento, o ideal é manter uma distância nítida entre o ensino

superior e a sociedade. Entretanto, com o desenvolvimento ―o ensino superior não pode conti-

nuar, de um lado, a assegurar de boa vontade uma preparação profissional dos quadros da

administração pública e dos membros das profissões tradicionais e, de outro, a considerar co-

mo contrária sua missão a preparação para o trabalho nas empresas privadas, nos grandes se-

tores de serviço e no setor informal da economia‖ (TEICHLER, 1999, p. 346).

Qualificar a comunicação entre o ensino superior, a sociedade e o mundo do tra-

balho, evitará equívocos e possibilitará às instituições de ensino superior identificar que os

―sinais provenientes do mundo do trabalho são muitas vezes parciais e incompletos, centrados

no curto prazo e marcados pela propensão a subestimar o papel ativo e inovador que os di-

plomados têm a cumprir para modelar as funções que o trabalho proporá amanhã‖ (TEIC-

HLER, 1999, p. 347). Compete às instituições de ensino superior capacitar os estudantes para

viver em sociedade, informá-los sobre o mercado de trabalho e fortalecer seu potencial e ini-

ciativa face ao mundo do trabalho.

As mudanças que estão ocorrendo no Ensino Superior europeu não são mera a-

daptação às novas exigências sociais e de mercado, mas são mudanças radicais de paradigmas

para uma instituição milenária. É preciso ter em conta que estas mudanças estão ocorrendo

por decisões políticas e econômicas com pouco debate entre os sujeitos do ensino superior,

professores, alunos e técnicos administrativos. A proposta de educação superior europeia pre-

cisa ser mais debatida com os sujeitos envolvidos e com o cuidado de não priorizar o econô-

mico em relação à construção do conhecimento.

Cruz (2004), no parecer sobre a implementação da Declaração de Bolonha para o

Ministério de Educação Superior de Portugal, diz que:

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O processo de Bolonha é seguramente uma grande oportunidade para a maior inter-

nacionalização das instituições de Ensino Superior, designadamente para a criação

de um Espaço Europeu de ensino superior e de Investigação Científica, que consiga

recolocar a Europa no primeiro lugar da procura mundial de formação superior e de

inovação científica, que perdeu para os Estados Unidos da América. (p. 3).

O autor reforça que a educação superior europeia quer competir e se comparar a

Norte Americana, a implementação do processo de Bolonha possibilitará maior competitivi-

dade e tornará o ensino superior europeu atrativo para estudantes de outros países. Entretanto,

há o risco de degradar a qualidade do ensino devido à diminuição do tempo de formação. Se-

gundo Cruz (2004, p 7), ―teme-se ainda que venha a substituir-se apenas a designação de

graus, passando o novo mestrado a equivaler à antiga licenciatura, sem que tal corresponda

efetivamente a uma mudança de paradigma nem de concepção formativa.‖

Para a Europa é crucial solucionar os problemas existentes na organização e fun-

cionamento do sistema de ensino superior, para melhorar sua competitividade e ser atrativa

não apenas para estudantes europeus como também de outros continentes. Na década de 1990,

houve uma inversão na mobilidade dos estudantes, pela primeira vez o número de acadêmicos

europeus nos Estados Unidos foi maior que de americanos estudando na Europa.

Autores e estudiosos brasileiros também analisam e criticam a proposta do EEES

e o processo de Bolonha. Dias Sobrinho (2009, p. 143), diz que ―há críticas no sentido de que

se trata de uma reforma aplicada de cima para baixo, basicamente de caráter legal, sem que a

comunidade universitária tivesse oportunidade de participar amplamente das discussões‖. O

autor entende que a participação que possibilita o engajamento em uma proposta pela quali-

dade da educação, sem a participação da comunidade universitária, apresenta o risco do pro-

cesso se burocratizar e ser superficial.

Gomes (s.d) questiona as implicações da criação de um espaço europeu de ensino

superior para a educação superior brasileira. O autor diz que ―é possível antecipar que tendo

em vista a crescente aproximação entre Brasil e Portugal, assiste-se ao aumento do interesse

de estudantes brasileiros em migrarem para a Europa em busca de aprimoramento acadêmico

e profissional‖ (p. 13) que aumentará a competitividade do sistema europeu de educação su-

perior, conforme propõe Bolonha. O intercâmbio entre universidades portuguesas e brasileiras

influenciará a organização acadêmica e a gestão do ensino superior.

O ponto de aproximação entre Bolonha e a reforma de educação superior brasilei-

ra, para Bastos (2009), seriam os ciclos de estudo;

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O Processo de Bolonha prevê a organização da educação superior em ciclos, uni-

formizados, para garantir a mobilidade dos alunos e mais rápida inserção no merca-

do de trabalho. Na reforma brasileira, a criação de estruturas em ciclos, embora op-

cional, tem como objetivo possibilitar uma formação acadêmica menos especializa-

da, tecnicista, e dar uma ênfase na formação humanista, ausente dos nossos currícu-

los. (p. 161)

A proposta da Universidade Nova, em processo na Universidade Federal da Bahi-

a, na Universidade de Brasília e na Universidade do ABC de São Paulo, tem algumas simila-

ridades com Bolonha. Almeida Filho (2008) argumenta que a Universidade Nova propõe:

Introduzir na educação superior temas relevantes da cultura contemporânea, o que,

considerando a diversidade multicultural do mundo atual, significa pensar em cultu-

ras, no plural;

Dotar a educação superior de maior mobilidade, flexibilidade, eficiência e qualidade,

visando à compatibilização com as demandas e modelos de educação superior do

mundo contemporâneo. (p. 142).

A ideia da Universidade Nova é mudar o modelo da estrutura acadêmica da edu-

cação superior, passando a ter três ciclos:

Bacharelado Interdisciplinar – é um curso de formação universitária interdisci-

plinar, com a duração de seis semestres e carga horária de 2.400 horas. A es-

trutura é composta de duas etapas: formação geral e formação específica. É

oferecido em quatro modalidades: artes, humanidades, ciências e tecnologia e

saúde;

Formação Profissional em licenciaturas ou carreiras específicas;

Pós-Graduação.

Almeida Filho (2008) argumenta que

Apesar de, por diversas razões – caráter predominantemente público da educação

superior, duração equivalente, manutenção de cursos profissionais no segundo ciclo

etc. – encontrarmos semelhanças entre o modelo europeu atual e a proposta da Uni-

versidade Nova, as diferenças de contexto entre os espaços universitários europeu e

latino americano são grandes o bastante para desaconselhar uma adesão formal e

restrita ao Processo de Bolonha. (p. 168-169).

O autor expõe que a Universidade Nova não incorpora os modelos hegemônicos

de universidade no cenário internacional. ―não é Harvard, nem Bolonha. Trata-se das mais

fecundas fontes do pensamento progressista na história brasileira: ninguém menos que Anísio

Teixeira e Milton Santos‖ (p. 169).

O mundo globalizado tem provocado a discussão da reforma universitária em vá-

rios países. Os documentos analisados sobre a reforma universitária, seja pelo EEES, UNES-

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CO ou Banco Mundial, têm como foco o ensino superior por competências, entretanto não

esclarecem o entendimento e as bases teóricas do que sejam competências. Nesta discussão, é

imprescindível esclarecer o conceito de competências.

1.2. UMA APROXIMAÇÃO AOS CONCEITOS DE COMPETÊNCIA E HABILIDADE

De acordo com a bibliografia estudada, verifica-se que não há um consenso sobre

o conceito de competência, que tem sido utilizado com sentidos diferentes, de acordo com o

ambiente em que a reflexão está inserida. Assim, por exemplo, no ambiente acadêmico há o

sentido de saberes, capacidades e conhecimentos desenvolvidos, já o ambiente empresarial se

refere à qualificação, desempenho, produtividade, eficiência e profissionalismo e no âmbito

teórico, noções e conceitos. Estas diferenças conceituais têm sido um obstáculo na elaboração

de programas educativos baseados em competências.

A palavra competência deriva do grego ―agon‖ e ―agonistes‖, que indicam aquele

que se preparou para ganhar as competições olímpicas, ser vitorioso e aparecer na história.

Segundo Argudín (2007), a educação grega almejava a virtude suprema. Foi a partir de

Pitagóras, Platão e Aristóteles que se buscou o melhor em saber, em construção de teorias

direcionadas a projetos políticos. As competências também significavam desenvoltura atlética

para triunfar.

Fazendo uma analogia para a Sociedade do Conhecimento e Informação, a virtude

suprema é o desenvolvimento de novas teorias e tecnologias para a produção de um mundo

mais ágil, que atenda os desejos da humanidade, que possa mesmo antever e criar desejos e

necessidades humanas. Para alcançar esta realidade, as novas gerações necessitam de

competências para ampliar o avanço tecnológico e da ciência.

Ao resgatar o conceito de competências, Fleury & Fleury (2001) argumentam que,

em 1970, na França, o conceito de competência surgiu no questionamento do conceito de

qualificação e do processo de formação profissional, especialmente técnica. Descontentes

com o desacordo que ocorria entre as necessidades do mundo do trabalho e o que os

trabalhadores ofereciam, buscavam aproximar o ensino das necessidades empresariais, tendo

em vista o aumento de capacitação dos trabalhadores. Havia uma relação entre competências

e saberes (saber agir) no referencial do diploma e do emprego.

A partir da década de 1990, ainda na França, o conceito de competência vai além

da qualificação. Para Zarifian (2001), a competência é a inteligência prática para situações

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que se apoiam sobre os conhecimentos adquiridos e os transformam com tanto mais eficácia,

quanto mais aumenta a complexidade das situações. Neste sentido, a competência só se mani-

festa a partir de ações, isto é, na atividade prática.

Para que a competência se manifeste na prática, é preciso um processo de ensino e

aprendizagem. A inserção do desenvolvimento de competências a partir da educação é

assumida pela UNESCO que adota em seus documentos, a partir de 1996, a necessidade da

aprendizagem continuada, ou seja, que ao longo da vida as pessoas sejam criativas, aprenden-

do sobre os relacionamentos interpessoais, ultrapassando o plano interpessoal imediato e bus-

cando relacionamentos amplos e planetários. Os documentos da UNESCO passam a defender

que a educação deve se organizar em quatro aprendizagens, conhecidas como os pilares da

educação.

Aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo pa-

ra cada individuo, os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir

os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio en-

volvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em

todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via especial que integra as

três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado

que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta.

(DELORS, 2006, p. 90).

A educação, com base nestes quatro pilares, permite uma educação flexível e di-

nâmica, uma vez que representam um guia geral para as reformas dos sistemas educacionais,

incluindo mudanças metodológicas, curriculares e de capacitação docente. Propõem também,

o desenvolvimento de competências de alunos, para tal será necessário reformular objetivos,

revisar conteúdos e criar novas atividades com vistas à participação democrática na sociedade.

A educação é uma constante na vida das pessoas, não ocorre em apenas um lugar

ou em determinada fase da vida. Assim, a educação com base nos quatro pilares do conheci-

mento concebe que se aprenda participando, vivenciando, tomando atitudes diante dos fatos,

escolhendo procedimentos para alcançar objetivos. A UNESCO propõe repensar a educação

para que cada pessoa, ao longo da vida, tire o melhor proveito de um ambiente educativo em

constante ampliação.

Seguindo a proposta da UNESCO, Miguel (2007) define as competências como

estruturas complexas de processos que as pessoas põem em ação-atuação-criação para resol-

ver problemas e realizar atividades da vida cotidiana e profissional, orientadas para a constru-

ção e transformação da realidade. O autor enfatiza os mesmos saberes definidos como pilares

do conhecimento pela UNESCO: o saber conhecer que envolve o observar, analisar, compre-

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ender e explicar, o saber fazer, que é o desempenho baseado em procedimentos e estratégias,

o saber estar que ocorre com a participação e trabalho cooperativo, e o saber ser que é auto-

motivação, iniciativa, liderança e criatividade, considerando as exigências do entorno, as ne-

cessidades pessoais e as condições de incertezas, com autonomia intelectual, consciência crí-

tica e espírito de desafio, assumindo ao mesmo tempo as consequências de seus atos e bus-

cando o bem-estar humano.

Com o ponto de vista de que o ensino por competências tem a perspectiva de

formar cidadão, (PERRENOUD 2000, p. 2) argumenta que:

A onda atual de competências está ancorada em duas constatações:

1. A transferência e a mobilização das capacidades e dos conhecimentos não caem

do céu. É preciso trabalhá-las e treiná-las. Isso exige tempo, etapas didáticas e situa-

ções apropriadas.

2. Na escola não se trabalha suficientemente a transferência e a mobilização não se

dá tanta importância a essa prática. O treinamento, então, é insuficiente. Os alunos

acumulam saberes, passam nos exames, mas não conseguem mobilizar o que apren-

deram em situações reais, no trabalho e fora dele (família, cidade, lazer etc).

Para a construção da cidadania, é necessario informação com amplo acesso,

formação que se dá pela transformação de conhecimentos em saberes, competências e

conscientização.

As competências podem ser classificadas em relação a quem está envolvido, ou

seja: competências pessoais ou organizacionais e, também, em relação à amplitude que ocorre

na formação educativa, quais sejam, competências básicas, transversais e específicas.

Competências Básicas: são competências importantes para o desenvolvimento e realiza-

ção de todas as pessoas independente de sexo, condição social ou formação. O Parla-

mento Europeu e o Conselho da União Europeia concebem competências básicas como

uma combinação de conhecimentos, capacidades e atitudes que todas as pessoas neces-

sitam para sua realização pessoal, inclusão e empregabilidade. As competências básicas

deveriam ser desenvolvidas até o final do ensino obrigatório, como base para a forma-

ção das outras competências ao longo da vida. O Parlamento Europeu define oito com-

petências básicas: Comunicação em língua materna; comunicação em língua estrangei-

ra; competência matemática e em ciências e tecnologias; competência digital; aprender

a aprender; competências sociais e cívicas; espírito de iniciativa; e, consciência e ex-

pressão cultural. Estas competências se entrelaçam para a formação da criatividade, do

espírito crítico, da capacidade da iniciativa, de resolução de problemas, e da avaliação

de riscos para a tomada de decisões.

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Competências Genéricas ou Transversais: são competências compartilhadas por um

grupo de profissionais, ou seja, comum a várias profissões ou ocupações. Mas não são

especificas de um determinado posto de trabalho ou profissão. São conhecimentos que

atravessam diferentes profissões e/ou atividades profissionais. São capacidades genéri-

cas que possibilitam a um profissional sucesso em uma gama variada de ocupações, tais

como: domínio das tecnologias de comunicação e informação (TICS), comunicação es-

crita e oral, atuação em equipe e adaptabilidade às mudanças.

Competências Técnicas ou Específicas: são desenvolvidas com a especialização. São

aquelas competências específicas de uma determinada profissão ou ocupação; necessi-

tam um grau de especialização e normalmente são desenvolvidas por meio de progra-

mas de formação de educação superior ou formação profissional.

Partindo do princípio de que as pessoas se relacionam na sociedade, que estão

em constante mutação, as competências são construídas no cotidiano. ―A competência não

está estabelecida de uma vez por todas. Não é algo estático, ao qual deva se ajustar o compor-

tamento dos indivíduos, ou um modelo prescrito num Código‖. (RIOS, 1993:79).

O uso do termo competência na educação, para Zaballa & Arnau (2008:19) é uma

necessidade de superar o ensino, que em grande parte, se reduziu à aprendizagem do

conhecimento por repetição, por exercício de memória, dificultando o uso dos conhecimentos

no cotidiano.

O ensino por competências possibilita, segundo Ropé & Tanguy (1997), passar do

sistema de ensino centrado nos saberes escolares para um sistema de aprendizagem centrado

no aluno.

Philippe Perrenoud, em entrevista para a Revista Nova Escola, destaca que a

escola deve preparar para a vida, e sobre o conceito de competência diz: ―Competência é a

faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informa-

ções etc) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações‖. (PERRENOUD,

2000).

As competências não são de objetos, mas de pessoas, assim as pessoas é que são

ou não competentes, e compreendendo que a vida é construída na relação entre as pessoas, as

competências são construídas socialmente, na prática, são concretas e compartilhadas. Como

diz Macedo (2002, p.120), parece simples ―imaginar como os sujeitos se tornam, pela prática

partilhada, competentes em diferentes domínios de atividades cotidianas. A dificuldade parece

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residir em como experiências escolares podem ser planejadas para construir competências

situacionais‖.

O domínio de conceitos teóricos continua importante, mas na sociedade do

desenvolvimento tecnológico, em que os computadores e a internet auxiliam na divulgação e

acesso à informação, a educação estará mais voltada em como encontrar, interpretar e fazer

uso das informações para a solução dos problemas cotidianos e futuros da humanidade. No

mundo do trabalho, como diz Le Boterf (2003, p. 16), a sociedade de incertezas

leva os diretores de empresa a apostar mais nas competências dos empregados, na

sua capacidade de adaptação e de iniciativa e na sua capacidade de aprender do que

em uma previsão fina das evoluções do conteúdo dos empregos. O profissionalismo

está mais ligado à capacidade de enfrentar a incerteza do que à definição estrita e

totalizante de um posto de trabalho.

O uso do termo competência tem tomado força na área educacional, no debate

sobre sistemas de ensino, formação profissional e redefinições de políticas educacionais,

criando tensão e conflito em relação à noção de qualificação empregada no mundo da

produção e das escolas para formação profissional.

Nos anos 70 do século XX, o termo competência era utilizado nos cursos de

formação profissional, em especial cursos técnicos, e segundo Le Boterf (2003), tinham a

nocão de qualificação. A partir do final da década de 1990, o desenvolvimento de

competências abrangeu a todos os níveis educacionais. O sistema de avaliação de ensino

internacional se baseia no domínio de competências. As universidades têm elaborado estudos

fundamentados em competências, e cada vez mais os currículos oficiais de diversos países são

elaborados considerando o desenvolvimento de competências.

O ensino superior tem um preponderante papel na formação de cidadania, com

instituições de ensino superior comprometidas com a participação e compromisso social. Em

relação ao ensino superior, o Glossário da Red Iberoamericana para la Acreditación de la

Calidad de la Educación Superior (RIACES) define competências como o conjunto de

conhecimentos, habilidades e destrezas, tanto específicas como transversais, que devem

compor uma formação para satisfazer as exigências sociais. E o Glosário Educación Superior

en América Latina y el Caribe (IESALC s.d.), acrescenta que se refere a um conjunto de

capacidades que se utiliza para resolução de problemas concretos, em situações de trabalho

que incluem certas margens de incertezas e complexidade técnica.

Nesta sociedade de tecnologias e incertezas, a proposta para o ensino superior é a

formação de pessoas a partir de competências. Cada curso definirá, com o conjunto da

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profissão, quais as competências específicas e transversais necessárias para o

desenvolvimento da atividade profissional. Le Boterf (2003:90) argumenta que ―o profissional

competente é aquele que sabe ir além do prescrito, que sabe agir e, portanto, tomar

iniciatiativas‖.

Isambert-Jamati (1997) fez um estudo sobre o uso científico da noção de compe-

tências. Além de salientar a incerteza conceitual, argumenta que as competências demandam a

mobilização de qualidades subjetivas das pessoas na busca de soluções no ambiente de traba-

lho, e que estas competências não necessariamente são desenvolvidas na formação profissio-

nal, mas que podem ser adquiridas em estágios, atividades socioculturais, lazer, convivência

com amigos e familiares.

Para o ensino por competências, é imprescindível conhecer as necessidades e ca-

rências dos alunos, para prepará-los para o enfrentamento de problemas que se manifestarão

ao longo de sua vida pessoal e profissional. A competência consistirá na intervenção eficaz

nos diferentes âmbitos da vida por meio de ações concomitantes e inter-relacionadas.

O ensino superior facilita o desenvolvimento de competências profissionais, exer-

cendo uma função orientadora que permite o reconhecimento e potencialização de habilidades

dos alunos de acordo com sua capacidade e interesse. É claro que na sociedade das incertezas

o aluno precisa compreender as mudanças e saber conviver com elas. Portanto, o profissional,

além de saber fazer, precisa saber pensar, ter uma atitude de formação permanente, sem per-

der a criticidade diante das desigualdades e estar comprometido com a transformação social e

econômica para além do interesse do mercado.

O termo competência chega à educação pelo mundo do trabalho e atualmente é

tema central na literatura sobre educação. Na tabela-1, verifica-se a diversidade de definição

de competência, há várias direções para o conceito: habilidade ou capacidade individual, con-

junto ou resultado da combinação de elementos, potencial ou pré-requisito de condutas, estru-

turas do pensamento. Em sua definição, há vários conceitos como, conhecimentos, destrezas,

atitudes, valores, que por sua vez também são complexos. A competência pode ser classifica-

da e qualificada em função de parâmetros, pois podem ser básicas, transversais ou específicas.

Assim se pode entender competência como um conceito não consensuado.

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A partir das leituras realizadas e com base no texto de Alonso (2009)8, organizou-

se um quadro com fragmentos do que diferentes autores e instituições compreendem por

competência.

Tabela 1 Definições de competência pesquisadas na literatura para elaboração da tese

Autor/instituição Conceito de competência

EURYDICE A competência é considerada como a capacidade geral baseada nos conhecimen-

to, experiência, valores e disposições que uma pessoa desenvolveu mediante seu

compromisso com as práticas educativas, junto com as habilidades, os conheci-

mentos e as atitudes.

OCDE Competência é a capacidade de atender com sucesso demandas complexas em

um determinado contexto. A competência implica na mobilização de conheci-

mentos, habilidades cognitivas práticas, bem como, componentes sociais e de

comportamento, como atitudes, emoções, valores e motivações.

RIACES Competência: conjunto de conhecimentos, habilidades e capacidades tanto espe-

cíficas como transversais, que deve reunir um titulado para satisfazer plenamen-

te as exigências sociais.

Projeto TUNING As competências representam uma combinação dinâmica de conhecimento,

compreensão, capacidade e habilidades. Os programas educativos objetivam

fomentar as competências.

As competências se descrevem como pontos de referência para o desenho e a

avaliação dos planos de estudos [...]. Os pontos de referência garantem flexibili-

dade e autonomia na construção dos planos de estudo e ao mesmo tempo pro-

porcionam uma linguagem compartilhada com o que descreve seus objetivos.

[...] as competências se entendem como conhecer e compreender (conhecimento

teórico de um campo acadêmico, a capacidade de conhecer e compreender),

saber como atuar (a aplicação prática e operativa do conhecimento a certas situ-

ações), saber como ser (os valores como parte integrante da forma de perceber

os outros e viver em um contexto social). As competências representam uma

combinação de atributos (com respeito ao conhecimento e suas aplicações, ati-

tudes, capacidades e responsabilidades) que descrevem o nível ou grau de sufi-

ciência com que uma pessoa é capaz de desempenhá-los. As competências po-

dem ser avaliadas e desenvolvidas.

OIT O termo competência inclui conhecimento profissional, aptidões e o conheci-

mento para o saber fazer, que são controlados e se aplicam em determinado

contexto.

Parlamento Europeu – Mar-

co Europeu de Qualificação

para a aprendizagem per-

manente

Competência é a capacidade de utilizar conhecimentos, destrezas e habilidades

pessoais, sociais e metodológicas, em situações de estudo ou de trabalho e em

desenvolvimento profissional e pessoal, no Marco Europeu de Qualificações, a

competência se descreve em termos de responsabilidade e autonomia.

Mario de Miguel Miguel (2005) citando (Spencer & Spencer, 1993). Diz que competência é uma

característica subjacente em uma pessoa que está casualmente relacionada com o

desempenho, referindo-se a um critério superior ou efetivo, em um trabalho ou

situação. Consequentemente, entendemos a competência como um potencial de

condutas adaptadas a uma situação. [...] a competência é o resultado da interação

dos componentes ou conforme a consolidação de uma competência exige a reu-

nião de todos os componentes.

A competência é constituída dos seguintes componentes: 1- conhecimentos

intelectuais; 2- habilidades e destrezas; 3- atitudes e valores.

Elizabeth Macedo Competência poderia ser entendida como a eficácia de acionar esquemas para

fazer frente a uma dada situação, como uma capacidade de mobilização de re-

cursos.

8 ALONSO, Luis Enrique; RODRIGUEZA, Carlos J. Fernández; NYSSEN, José Maria. El Debate sobre las

Competencias: una investigación cualitativa en torno a la educación superior y el mercado de trabajo en España.

Madri: ANECA, 2009 Algumas fontes primárias que citamos são as mesmas utilizadas por Alonso.

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Autor/instituição Conceito de competência

É mais complexo do que saber fazer, nesse sentido, competência do tipo saber

fazer podem, inclusive, ser mobilizadas para a construção de competências de

mais alto nível. Uma competência teria duplo sentido: tanto poderia funcionar

como competência, como poderia ser ferramenta para a construção de uma com-

petência.

Philippe Perrenoud Capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada

em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles (1999).

Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos

(saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar com pertinência e

eficácia uma série de situações (2000a).

Philippe Zarifian Competência é a inteligência prática para situações que se apoiam sobre os co-

nhecimentos adquiridos e os transformam com tanto mais eficácia, quanto mais

aumenta a complexidade das situações – só se manifesta através de ações na

atividade prática.

Ruy Berger Filho Entendemos por competências os esquemas mentais, ou seja, as ações e opera-

ções mentais de caráter cognitivo, sócio-afetivo ou psicomotor que mobilizadas

e associadas a saberes teóricos ou experienciais geram habilidades, ou seja, um

saber fazer.

Carolina Fernández-

Salinero Miguel

Competências são estruturas complexas de processos que as pessoas põem em

ação atuação criação para resolver problemas e realizar atividades da vida coti-

diana e profissional, orientadas para a construção e transformação da realidade.

Ministério da Educação-

proposta de diretrizes para a

formação inicial de

professores da educação

básica, em cursos de nível

superior. 2000.

As competências tratam sempre de alguma forma de atuação, só existem "em

situação" e, portanto, não podem ser aprendidas apenas pela comunicação de

ideias. Para construí-las, as ações mentais não são suficientes ainda que sejam

essenciais. Não basta a um profissional ter conhecimentos sobre seu trabalho; é

fundamental que saiba fazê-lo.

[...] Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor,

ações e operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos,

situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer.

[...] As competências são estruturas do pensamento mais gerais e mais profun-

das. O desempenho são as ações, são o fazer em si. As competências geram tais

ações. Não há, portanto, desempenho sem competências, nem competências sem

desempenho. E, ainda, o desempenho, seja ele qual for, é indicial do processo de

aquisição de competências. Se os desempenhos são comportamentos considera-

dos indesejados ou errôneos, são, muitas vezes, indícios de diferentes etapas do

processo de aquisição de competências. Subentende-se, portanto, uma concep-

ção dinâmica, processual e vivencial da aprendizagem.

MEC/ENEM Competências são as modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e

operações que utilizamos para estabelecer relações com e entre objetos, situa-

ções, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades decorrem

das competências adquiridas e referem-se ao plano imediato do ―saber fazer‖.

Por meio das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articulam-se,

possibilitando nova reorganização das competências.

A partir dos fragmentos sobre competência expostos na tabela-1, verifica-se que

para a Eurydice e OCDE as competências são adquiridas e desenvolvidas através de práticas

educativas. Para Riaces e Projeto Tuning, as competências designam as qualificações necessá-

rias para determinada titulação ou formação. Os demais autores relacionam a competência

com a mobilização de conhecimentos e recursos para desempenhar determinada ação, ou seja,

para o saber fazer.

Segundo Alonso, Rodrigueza, e Nyssen, o conceito de competência está vinculado

ao conceito de utilidade, seja social, econômica ou cultural, de acordo com a realidade; e as

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competências são adquiridas por indivíduos. Por outro lado, a competência é o resultado de

aprendizagem, definida como expressão do que uma pessoa sabe, compreende e é capaz de

fazer ao fim de um processo de aprendizagem, se define em termos de conhecimento, desen-

voltura e competência, sendo que os níveis de aprendizagem se expressam em níveis de com-

petência que o estudante deve adquirir ao término de um determinado curso ou formação.

Entende-se que a competência é um conjunto de potencialidades que possibilita

um desempenho exitoso, que se materializa ao responder uma demanda complexa que implica

resolver um (s) problema (s) em um contexto particular. Diz-se que uma pessoa possui deter-

minada competência quando mostra desempenho em uma área específica, no desenvolvimen-

to de tarefas concretas e relevantes, nas quais proporciona respostas ou soluções variadas e

pertinentes com recursos próprios e externos.

O conceito de habilidades está sempre muito próximo ao de competências. No

glossário da Riaces, habilidades são: ―Capacidades instrumentais tanto genéricas como espe-

cificas como ler, escrever, falar em público, informática, matemáticas‖. (RIACES s.d.).

Para Miguel (2007: p. 138), habilidades consistem em qualidades que permitem

realizar tarefas e atividades com eficácia e eficiência. E para Argudín (2007, p. 51), ―habili-

dade é a destreza para fazer algo, porém a palavra também se relaciona, por exemplo, com o

desenvolvimento mesmo de uma habilidade, e a palavra habilidade pode ser utilizada no sen-

tido de competências‖. As habilidades sempre se referem ao fazer. A realização de atividades,

as habilidades fazem parte das competências necessárias ao desenvolvimento pessoal e

profissional.

Face às características do mundo atual, espera-se que as Instituições de Ensino

Superior não se limitem a oferecer aos alunos de graduação ensinamentos para toda a vida,

mas que possibilitem o desenvolvimento de capacidades que os habilitem a lidar melhor com

as exigências da sociedade do conhecimento. Capacidades como as acadêmicas que são base-

adas no treinamento especializado, no pensamento crítico, na solução de problemas, no a-

prender e reaprender ao longo da vida. Capacidade de desenvolvimento pessoal com autocon-

fiança e motivação, capacidade de liderar e trabalhar em equipe e domínio das tecnologias. As

pessoas são competentes em algumas dimensões como, trabalho, social, pessoal, mas não são

competentes em outras. É papel do sistema educacional, identificar as competências necessá-

rias para os alunos e para os cidadãos, pois esta decisão, além de ser educacional, é uma deci-

são política.

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1.3. O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO E AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES

O novo modelo de educação superior desencadeado pelo processo de Bolonha e

assumido pelo Espaço Europeu de Educação Superior é um modelo de mobilização, o que não

significa que vá gerar boas práticas ou resultados, mas certamente influenciou a educação

universitária em todo o mundo, inclusive no Brasil9.

O Brasil não tem uma norma legal de ensino superior consolidada, mas há um

conjunto de leis, medidas provisórias e resoluções ministeriais, do Conselho Nacional da E-

ducação (CNE) e da Secretaria de Educação Superior (SESu), que, aos poucos, vão delinean-

do o modelo de ensino superior brasileiro.

Até 2002, as propostas curriculares de ensino superior no Brasil eram pautadas na

educação centrada em conteúdos informativos, conceitos e procedimentos compartimentaliza-

dos em diferentes disciplinas e a aprendizagem ocorria por absorção dos conteúdos. O redire-

cionamento dos currículos de graduação ocorreu com a Lei n. 9.131/95 que criou o Conselho

Nacional de Educação (CNE), órgão que delibera sobre as Diretrizes Curriculares propostas

pelo MEC para os cursos de graduação.

A nova perspectiva de diretrizes curriculares para cursos de graduação é desenha-

da a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei n. 9.394/96, no pri-

meiro mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso. A LDB traz como eixo articulador

da proposta para o ensino superior a flexibilidade e a avaliação. O inciso II do artigo 53 da

LDB, determina a criação de Diretrizes Curriculares para os cursos de graduação e permite a

eliminação do currículo mínimo.

As mudanças propostas refletem-se essencialmente nos processos de elaboração

curricular que, antes centrados nos conteúdos mínimos e na perspectiva de grade curricular,

passaram a privilegiar a sua flexibilidade. Neste novo contexto é que se sobressai a importân-

cia das competências e habilidades que devem ser construídas ao longo dos cursos, a partir do

trabalho realizado sobre os conteúdos curriculares. Esta relação, necessariamente presente em

todas as disciplinas e atividades, é referenciada, para todo o desenvolvimento curricular, no

Projeto Pedagógico do curso.

O Conselho Nacional de Educação - CNE editou em 3 de dezembro de 1997, o

Parecer n. 776/97 sobre a ―Orientação para as diretrizes curriculares dos cursos de gradua-

9 Autores que analisam a influência do tratado de Bolonha na educação brasileira: GOMES s.d; LIMA &

AZEVEDO 2008 e BASTOS 2009.

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ção‖. O Parecer se posiciona contra o currículo mínimo por entender que é muito rígido, mui-

tas vezes com excesso de disciplinas obrigatórias e prorrogação do curso de graduação. A

proposta é de assegurar maior flexibilidade na organização de cursos e carreiras e que a gra-

duação não seja o fim da formação, mas apenas uma etapa da formação continuada. Que os

cursos de graduação, como forma de reduzir a evasão, implementem o sistema de módulos e

de programas de iniciação científica, e incluam dimensões éticas e humanísticas.

O Parecer n. 776/97 propõe que as diretrizes curriculares assegurem a flexibilida-

de e a qualidade na formação, propondo os seguintes princípios: ampla liberdade na composi-

ção de estudos a serem ministrados, redução da duração dos cursos, sólida formação geral,

práticas de estudos independentes, articulação teoria-prática e avaliações periódicas com ins-

trumentos variados. Especificamente em relação a competências e habilidades, o Parecer Nº

776/97, de 03 de dezembro de 1997, propõe: ―Encorajar o reconhecimento de conhecimentos,

habilidades e competências adquiridas fora do ambiente escolar, inclusive as que se referirem

à experiência profissional julgada relevante‖. (BRASIL(a),1997).

No mesmo período, o Ministério de Educação e do Desporto, por meio da Secre-

taria de Educação Superior – SESu, tornou público e convocou as instituições de ensino supe-

rior a apresentarem propostas para as novas Diretrizes Curriculares dos cursos superiores, que

serão elaboradas pelas comissões de Especialistas. O Edital n. 4/97, de 10/12/1997, faz uma

orientação geral para a organização das Diretrizes Curriculares:

As Diretrizes Curriculares têm por objetivo servir para as IES na organização de

seus programas de formação, permitindo uma flexibilidade na construção dos currí-

culos plenos e privilegiando a indicação de áreas do conhecimento a serem conside-

radas, ao invés de estabelecer disciplinas e cargas horárias definidas. As Diretrizes

Curriculares devem contemplar ainda a denominação de diferentes formações e ha-

bilitações para cada área do conhecimento, explicitando os objetivos e demandas e-

xistentes na sociedade. (BRASIL 1997).

A SESu/MEC propõe algumas orientações básicas a respeito dos seguintes princí-

pios: perfil desejado do formado; competências e habilidades desejadas; conteúdos curricula-

res; duração dos cursos, estruturação modular dos cursos; estágios e atividades complementa-

res; conexão com a avaliação institucional.

Em relação às competências e habilidades desejadas, o Edital n. 4/97 orienta:

As Diretrizes Curriculares devem conferir uma maior autonomia às IES na definição

dos currículos de seus cursos. Desta forma, ao invés do atual sistema de currículos

mínimos, onde são detalhadas as disciplinas que devem compor cada curso, devem-

se propor linhas gerais capazes de definir quais as competências e habilidades que se

deseja desenvolver nos mesmos. Espera-se, assim, a organização de um modelo ca-

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paz de adaptar-se às dinâmicas condições de perfil profissional exigido pela socie-

dade, onde a graduação passa a ter um papel de formação inicial no processo contí-

nuo de educação permanente que é inerente ao mundo do trabalho.

A SESu/MEC propõe ampla discussão das diretrizes curriculares, envolvendo a

comunidade interessada, as instituições de ensino superior, as sociedades científicas, as asso-

ciações profissionais e de classe, o setor produtivo e outros. Segundo o Parecer n. CNE/CES

583/2001, de 04 de abril de 2001, ―orientação para as diretrizes curriculares dos cursos de

graduação‖, as diversas discussões resultaram em 1200 propostas, que foram sistematizadas

por 38 comissões de especialistas.

O que se evidencia na proposta da SESu/MEC é tornar a estrutura dos cursos mais

flexível, conferir autonomia às Instituições de Ensino Superior e que ao invés de um currículo

mínimo, propõe linhas gerais capazes de definir quais as competências e habilidades que se

deseja desenvolver.

Na continuidade, em 2001, a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional

de Educação, de maneira a garantir a flexibilidade, criatividade e responsabilidades das IES

na elaboração das Diretrizes Curriculares, adotou uma orientação comum para sua elaboração,

contida no Parecer n. CNE/CES 583/2001, que expõe que diretrizes devem contemplar:

a. Perfil do formando/egresso/profissional – conforme o curso o pro-

jeto pedagógico deverá orientar o currículo para um perfil profis-

sional desejado.

b. Competências/habilidades/atitudes.

c. Habilitações e ênfase.

d. Conteúdos curriculares.

e. Organização do curso.

f. Estágios e Atividades Complementares.

g. Acompanhamento e Avaliação.

Esta orientação vai se repetir em outras normativas como no Parecer n. CNE/CES

67/2003, de 11 de março de 2003, que reafirma o propósito de estabelecer uma formação de

nível superior contínua, autônoma e permanente, com sólida formação básica e uma formação

profissional fundamentada na competência teórico-prática, observada a flexibilização curricu-

lar, autonomia e a liberdade das instituições de inovar seus projetos pedagógicos de gradua-

ção, para o atendimento das contínuas e emergentes mudanças para cujo desafio o egresso

deverá estar apto.

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De acordo com as normativas para o ensino superior, as instituições de ensino su-

perior do Brasil têm o desafio de desenvolver uma proposta curricular por competência, o que

é enfatizado pelo ENADE – Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – no exame, são

aferidas as habilidades acadêmicas e as competências profissionais.

O ENADE faz parte Sistema Nacional de Avaliação de Educação Superior (SI-

NAES) que foi implantado a partir da Lei 1086/04, de abril de 2004. O SINAES objetiva a

melhoria da qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumen-

to permanente da sua eficácia institucional, da sua efetividade acadêmica e social e, princi-

palmente, do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições

de educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção de valores

democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da autonomia e da identi-

dade institucional.

O SINAES é composto por três instrumentos de avaliação, que por sua vez, apre-

sentam um conjunto de componentes:

Avaliação Institucional de Educação Superior – é desenvolvido pela auto-

avaliação através da Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada Insti-

tuição de Ensino Superior, e pela avaliação externa realizada por comis-

sões designadas pelo INEP.

Avaliação dos Cursos de Graduação – realiza a avaliação dos cursos por

meio de instrumentos e procedimentos que incluem visitas in loco de co-

missões externas. A periodicidade depende do processo de reconhecimen-

to e renovação de reconhecimento a que os cursos estão sujeitos.

Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE) é realizada através

de exame em larga escala aplicado aos estudantes do final do primeiro e

do último ano do curso.

O ENADE avalia o potencial da aprendizagem nos estudantes do primeiro ano, e

para os alunos concluintes, é avaliado o domínio da área e as competências profissionais. Li-

mana (2006) esclarece o entendimento de competências para o ENADE:

Assim podemos tratar a competência como um processo de agir de maneira reflexiva

e eficaz, em um determinado tipo de situação apoiada em um conjunto articulado e

dinâmico de conhecimentos, saberes, habilidades e atitudes. A competência está as-

sociada ao cumprimento efetivo da ação e refere-se à capacidade de realização, com

êxito, de uma determinada tarefa. Podemos falar em motivação para a competência,

isto é, crenças de auto-eficácia na realização bem sucedida de tarefas, que seria a

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crença do indivíduo a própria habilidade para solucionar problemas com os quais se

defronta. Desta maneira, as questões propostas no ENADE devem ser desafiadoras e

interessantes, de forma a motivar os estudantes e responde-las. (p. 24).

Brito (2008), no artigo ―O SINAES e o ENADE: da concepção à implantação‖,

argumenta que a competência profissional avaliada pelo ENADE é:

[...] a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação conhecimentos, habilida-

des, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e eficaz de ativida-

des requeridas pela natureza do trabalho e do desenvolvimento tecnológico. As

competências reportam-se a desempenhos e atuações requeridas do concluinte e de-

vem garantir ao profissional um domínio básico de conhecimentos e a capacidade de

utilizá-los em diferentes contextos que demandam a investigação, análise, avaliação,

prevenção e atuação em situações definidas, e na promoção da qualidade de vida. (p.

846).

E, a habilidade acadêmica avaliada pelo ENADE é ―a capacidade de um indivíduo

realizar determinadas tarefas, solucionar determinados problemas, dominar com sucesso de-

terminadas exigências do meio, obtendo e demonstrando domínio do conhecimento e de tare-

fas relativas a uma determinada atividade‖. (BRITO. 2008, p. 846).

As instituições de ensino superior precisam ter clareza quanto às concepções do

SINAES na elaboração dos projetos político-pedagógicos dos cursos, elaborando-os coleti-

vamente, considerando as diretrizes curriculares de cada curso, o contexto em que está inseri-

do, o perfil do egresso, as habilidades acadêmicas que serão desenvolvidas e as competências

profissionais que o estudante demonstrará ao final do curso.

1.4. CURRÍCULO POR COMPETÊNCIA

Adotar um currículo por competências no ensino superior, como diz Rué (2007), é

interessante quando contempla informações importantes para os estudantes, para as

instituições e para a sociedade. Esta proposta exerce um extraordinário efeito sobre a

orientação da aprendizagem e sua avaliação. Um determinado conjunto de competências,

ajudam a definir o contexto formativo de referência, os espaços, as situações e problemas nos

quais os estudantes irão se situar ao longo de sua formação, em relação ao seu

desenvolvimento pessoal e profissional.

É importante estar atendo que a proposta curricular por competências inspirada no

paradigma condutista, que é baseada na modificação da conduta a partir da adaptação ao am-

biente, irá priorizar as exigências do mercado. Mas uma proposta baseada no paradigma so-

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cioconstrutivista, em uma perspectiva de ensino por mudança conceitual, em que o estudante

tem um papel relevante no processo de ensino e de aprendizagem, e que cabe ao professor o

papel de mediador e orientador, o programa de ensino é construído em conjunto professores e

estudantes. A proposta curricular por competências, no paradigma socioconstrutivista, é uma

opção estratégica para alcançar o desenvolvimento pessoal orientado para o exercício profis-

sional, social e cívico.

Macedo (2002) explicita que duas tradições pedagógicas modernas vêm sendo

mescladas das atuais políticas curriculares.

A primeira origina-se nos trabalhos de Piaget e na concepção hegemônica na refor-

ma curricular francesa, popularizada para o campo de formação de professores no

Brasil pelos trabalhos de Perrenoud. A segunda, originária fundamentalmente da

tradição americana de eficiência social de cunho comportamental, surge em diversas

passagens dos documentos, embora não seja explicitamente aceita. (p. 118).

Dependendo do paradigma pedagógico escolhido, pode-se deslocar a proposta

curricular do conhecimento como valor supremo para a priorização de capacidades instrumen-

tais, reduzindo os conteúdos de caráter teórico. Para Menoyo (2006), a principal crítica na

construção de uma proposta curricular por competências é que se está diante de um modelo

que mina o poder libertador e transformador da educação superior, reduzindo-a a uma mera

formação profissional superior submissa ao sistema produtivo.

A construção de um currículo por competências pode assumir formas diversas, is-

to dependerá do paradigma pedagógico, bem como, do conceito a respeito de competências. A

proposta curricular por competência deixa de centrar-se nos conteúdos disciplinares para ori-

entar-se na polivalência, flexibilidade, pertinência, redução de carga horária, menor presença

na instituição de ensino e ênfase no básico. A organização curricular por competência tem

uma nova lógica, que está associada às ideias de transversalidade e de interdisciplinaridade.

Para formar um currículo por competências, é imprescindível avaliar o perfil pro-

fissional necessário para atender às demandas de uma determinada atividade e definir os di-

versos tipos de competências relacionadas ao perfil. É importante:

Definir situações profissionais, que são o conjunto de missões e ativida-

des técnicas, humanas e organizacionais que assegura o desenvolvimento

da profissão.

Ter claro as atividades específicas que indicam o que o profissional deve

fazer em situações diversas.

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Estabelecer critérios de realização que orientarão a combinação de recur-

sos para uma atuação com competência.

Definir os resultados esperados e os recursos necessários para uma atua-

ção profissional.

Araújo (2007) elabora, por exemplo, alguns pressupostos pedagógicos para a

construção curricular por competências na área da saúde, pressupostos que podem ser adapta-

dos para outras áreas:

a) objetivos educacionais estabelecidos com base nas competências — a elaboração

dos objetivos educacionais fundamenta-se nas competências requeridas nas situa-

ções concretas de trabalho;

b) competências relacionadas com o processo de trabalho — enfocam-se não só suas

dimensões técnicas, mas também sócio-políticas, culturais, econômicas, histórico-

geográficas etc.;

c) utilização de definição ampla de competências — estas não devem ser reduzidas a

desempenhos observáveis, incluindo-se em sua concepção valores, conhecimentos e

habilidades;

d) desenho curricular modular — a formação baseada em competências está estrei-

tamente relacionada com o sistema de módulos, que possibilita a organização do

currículo em unidades relacionadas com um conhecimento ou habilidade precisa;

e) ensino centrado na relação dialógica professor-aluno — o trabalho educativo se

realiza por meio dos grupos de discussão, em que alunos e professores funcionam

como interlocutores ativos, numa relação social igualitária;

f) criação de espaços multirreferenciais de aprendizagem — reconhecendo a com-

plexidade e a heterogeneidade das situações educativas, adota-se como perspectiva

epistemológica uma leitura múltipla de tais objetos, mediante a conjugação de várias

correntes teóricas;

g) formação orientada para problemas mais relevantes da prática — definem se os

conteúdos essenciais em bases epidemiológicas, adequando-se o ensino à realidade

local de saúde;

h) processo de avaliação amplo e abrangente — devem-se utilizar os diversos tipos

de avaliação (diagnóstica, formativa e somativa), levando-se em conta aspectos cog-

nitivos, afetivos e psicomotores. A avaliação não deve ter apenas como objeto os a-

lunos, mas também professores e práticas educativas;

i) pesquisa integrada ao ensino — estimula-se que a pesquisa se faça com base nas

questões levantadas pela prática educacional;

j) conhecimento estruturado de acordo com pensamento interdisciplinar — desse

modo, possibilita-se sua organização de modo a se oferecer uma visão mais ampla e

integrada dos fenômenos estudados;

k) reconhecimento dos saberes dos alunos — dá-se validade aos diversos conheci-

mentos por eles adquiridos, independentes de sua fonte: sistema educacional formal,

sistema de formação profissional ou na experiência profissional;

l) tarefas relacionadas com solução de problemas — propõem-se tarefas relaciona-

das com problemas envolvidos na prática profissional, de modo que os alunos sejam

estimulados a propor e executar ações resolutivas. (p. 39-40).

Para os docentes, uma mudança considerável é na organização das matérias, pois

é nelas que se define que competências do perfil desejado serão trabalhadas. É recomendável

que os professores envolvidos possam trocar informações, possibilitando visualizar sua disci-

plina na proposta curricular, corrigir, ajustar ou incorporar novos enfoques na disciplina.

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As competências não são nem anjos nem demônios, as competências gerais são

pensadas no conjunto das disciplinas numa perspectiva de transversalidade e interdisciplinari-

dade. Bolivar (2009, p. 122) reflete que se é necessário transpor ―de um enfoque centrado no

ensino para o centrado na aprendizagem (um princípio muito obvio em qualquer metodologia

didática), tem-se que começar a promover o reconhecimento e valorização da qualidade do-

cente, conjugada coma investigação‖.

A proposta curricular por competências provoca mudanças nas IES, tanto na ad-

ministração como, no corpo docente, nos alunos. Na comunidade, essas mudanças são acom-

panhadas de resistências. É importante que os envolvidos tenham claro que as mudanças cur-

riculares não se reduzam a uma perspectiva utilitarista de ajuste ao mercado, e que não abre-

vie ―a função social da educação superior ao ideário da preparação para o trabalho, a partir de

redefinição de perfis profissionais baseados em habilidades e competências hipoteticamente

requeridas pelo mercado de trabalho em mutação‖. (CATANI 2001, p. 77).

O estudo sobre competências e habilidades na educação superior apresentado

neste capítulo se constitui no referencial teórico da análise do objeto de estudo desta tese, ou

seja, a apropriação do conceito de competências e habilidades no Serviço Social e sua incor-

poração no currículo, a partir das Diretrizes Curriculares Resolução CNE/CES 15/2002.

No próximo capítulo serão resgatadas as propostas de formação profissional

para o Serviço Social no Brasil do período entre 1936 e 2002.

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2. AS DIRETRIZES CURRICULARES DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Neste capítulo, se resgatam as propostas de formação profissional do Serviço So-

cial brasileiro e as respectivas legislações10

e se apresenta um panorama do crescimento de

cursos de Serviço Social no país, entre 1936 e 2009. Relata-se, também, brevemente, a expe-

riência dos cursos de Serviço Social Europeu, especificamente da Espanha, na organização

curricular centrada em competências e habilidades. Essa experiência foi possível conhecer e

relatar, por meio da participação no Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior

– PDEE, na Universidade Autônoma de Barcelona, que facilitou o contato com a discussão da

integração do ensino superior europeu por meio da Declaração de Bolonha. Verifica-se que as

discussões europeias sobre educação superior e desenvolvimento de competências e habilida-

des têm rebatimento na proposta educacional brasileira.

2.1 A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL E A LEGIS-

LAÇÃO DE 1932 A 1970

A formação profissional de Serviço Social no país tem início com o Centro de Es-

tudos e Ação Católica (CEAS), em 1932, com um Curso de Formação Social, que preparava

pessoas para atuar na ação social e difundir os princípios da doutrina social da igreja. Con-

forme relata Yasbeck (1977), Maria Kiehl e Albertina Ferreira Ramos, duas sócias do CEAS e

alunas do curso intensivo de seis semanas, ministrado por aquele Centro, considerando a for-

mação insuficiente, seguiram para a Europa para realizar o curso de três anos, na Escola Cató-

lica de Serviço Social. No período em que lá estiveram, estudaram as estruturas e organização

de escolas sociais na Bélgica, em Londres, em Paris e em Genebra.

De volta ao Brasil, em fins de 1935, já no ano seguinte, iniciaram os preparativos

para a criação da Escola de Serviço Social de São Paulo, mantida pelo Centro de Estudos e

Ação Social. Em 1946, o curso de Serviço Social passou a ser agregado à Fundação São Pau-

10 Não é objetivo deste capítulo, fazer uma análise exaustiva sobre a historiografia do Serviço Social, haja vista

sua finalidade de situar o debate sobre as competências e habilidades na formação profissional contemporânea.

Para um maior rigor desse aspecto, indica-se a leitura de Yasbeck (1977), Iamamoto (1992, 1996), Netto (1991),

Castro (1993) e Verdès-Leroux (1986).

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lo, mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e em 1972 incorporou-se

definitivamente a PUC-SP. O segundo curso de Serviço Social brasileiro é de 1937, fundado

por Stella di Faro no Rio de Janeiro, integrado à Escola Ana Nery, que em 1946, foi agregada

à Faculdade Católica, elevada naquele mesmo ano, à categoria de universidade11

.

O objetivo do curso de Serviço Social de São Paulo, segundo Yasbeck, (1977, p.

40), era formar a personalidade das assistentes sociais, técnica e moralmente, propondo-se a

―desenvolver ao lado de uma formação técnica (teórica e prática) uma formação ‗doutrinária‘,

que dará ao futuro assistente social uma concepção de vida, de homem e de mundo fundamen-

tada em princípios cristãos‖ (p. 41).

A proposta curricular dos primeiros cursos de Serviço Social estava direcionada

para a formação moral, com forte base doutrinária e técnica. Conforme mostra Sá (1995), a

proposta pretendia formar profissionais com uma sólida formação moral, aptidão para apreen-

der os problemas sociais, senso de responsabilidade, espírito de sacrifício, e tenacidade, ou

seja, na formação profissional deveria ser assegurada a vocação do assistente social incorpo-

rada à sua personalidade, ao seu conhecimento dos problemas sociais e à técnica adequada ao

trabalho a ser desenvolvido.

Naquele momento, a questão da vocação era importante na opção pela profissão, o

mesmo não se pode dizer em relação ao pagamento pelo trabalho realizado, que Yasbeck

(1977, p. 41) destaca, ―a remuneração aparece como aspecto secundário do trabalho e justifi-

ca-se apenas pelo fato de que sem ela a carreira ficaria impossibilitada a todos que devem

viver do seu trabalho‖. A carreira profissional exigia dedicação e desinteresse.

Pela urgência em formar profissionais brasileiros, o primeiro curso de Serviço So-

cial em São Paulo, teve a duração de dois anos. Em 1939, o curso foi reconhecido pelo gover-

no do Estado e passou a ter três anos de duração. Esse curso foi essencial para a ampliação na

formação de Serviço Social no país, seja por receber estudantes de outras localidades, seja por

assessorar a formação de novos cursos.

Os primeiros cursos de Serviço social no Brasil tinham como referência os cursos

europeus, com a característica de intensificar e aperfeiçoar o trabalho social católico. Com os

conflitos da Segunda Guerra mundial, que dificultava o intercâmbio com a Europa, e um con-

vite do governo dos Estados Unidos, para que diretores de cursos de Serviço Social partici-

passem em Atlantic City da Conferência Nacional de Serviço Social, há uma aproximação

com as instituições de formação e profissionais americanos. Em 1941, o Governo Americano

11 Esses dois primeiros cursos estão registrados no INEP/MEC com início 1946 (apêndice 1CD).

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oferece bolsas de estudos para assistentes sociais da América do Sul. Das 17 bolsas ofereci-

das, quatro foram utilizadas por brasileiras, que fizeram a aproximação do Serviço Social bra-

sileiro com o Norte Americano.

A influência do Serviço Social Norte Americano se fez sentir especialmente no

que diz respeito aos aspectos de técnicas e instrumentação, introduzindo as disciplinas de ca-

sos individuais, de grupo e de organização social de comunidade.

No final da década de 1940, havia 14 cursos de Serviço Social distribuídos em se-

te estados brasileiros. Destas, sete eram públicas e sete privadas/filantrópicas. Com o passar

do tempo, surgiu à necessidade de regulamentar a profissão de assistente social e sua forma-

ção. Assim, em fevereiro de 1946, foi organizada a ABESS12

– Associação Brasileira de En-

sino de Serviço Social – na época era constituída por unidades de ensino do Serviço Social em

nível de graduação, com o objetivo de ―promover intercâmbio e colaboração entre seus mem-

bros; promover a adoção de um padrão mínimo de ensino e representar os interesses coletivos

das escolas‖ (SÁ, 1995, p. 71-72).

Devido à complexidade dos problemas que a profissão enfrentava e pela natureza

dos recursos técnicos e científicos empregados, a terceira Convenção da ABESS, em 1953,

teve como foco a formação superior em Serviço Social. Neste mesmo ano, em maio de 1953,

a presidente da ABESS, Odila Cintra Ferreira, foi ao Congresso Nacional argumentar sobre a

necessidade de preparo de nível superior para o Serviço Social, pois mesmo não existindo um

currículo mínimo oficial, as instituições formadoras discutiam o assunto e buscavam soluções

comuns, nos diferentes espaços de discussão como congressos e nas convenções da ABESS.

O Curso de Serviço Social foi regulamentado pela Lei n.º 1889, de julho de 1953,

que dispõe sobre os objetivos do ensino do Serviço Social, sua estruturação, e ainda, sobre as

prerrogativas dos portadores de diplomas de assistentes sociais e agentes sociais. Em seu arti-

go 2º, a Lei prevê que o ensino do Serviço Social seja feito em nível superior em três séries,

no mínimo, com duração de um ano cada uma. A Lei n. 1889, de julho de 1953, em seu artigo

3º, propõe um currículo mínimo.

Art. 3º Dentro da orientação metodológica compatível com o nível superior do cur-

so, a formação teórica e prática de Assistentes Sociais compreenderá o estudo das

seguintes disciplinas, no mínimo:

I - Sociologia e Economia Social;

12 Em dezembro de 1998, o estatuto da Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social (ABESS) sofreu re-

formulações e a entidade passou a ser denominada de Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço

Social (ABEPSS), a partir do redimensionamento institucional que congrega o Centro de Documentação e Pes-

quisa em Políticas Sociais e Serviço Social (CEDEPSS) criado em 1987.

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Direito e Legislação Social;

Higiene e Medicina Social;

Psicologia e Higiene Mental;

Ética Geral e Profissional;

II - Introdução e fundamentos do Serviço Social;

Métodos do Serviço Social;

Serviço Social de Casos - de Grupo - Organização Social da Comunidade:

Serviço Social em suas especializações;

Família - Menores - Trabalho – Médico;

III - Pesquisa Social.

A Lei n. 1889 estabelece que, no primeiro ano do curso, predominem as discipli-

nas teóricas, no segundo ano, haja equilíbrio entre a teoria e prática e, no terceiro ano, preva-

leça a prática. Esta Lei foi regulamentada pelo Decreto DEC. 35311, de 02/04/1954.

Ainda na década de 1950, foi sancionada a Lei n. 252, de agosto de 1957, que re-

gulamentou o exercício profissional e definiu as atribuições dos assistentes sociais.

Art. 3º - São atribuições dos assistentes sociais:

a) direção de escolas de Serviço Social;

b) ensino das cadeiras ou disciplinas de serviço social;

c) direção e execução do serviço social em estabelecimentos públicos e particulares;

d) aplicação dos métodos e técnicas específicas do serviço social na solução de pro-

blemas sociais.

Art. 4º - Só assistentes sociais poderão ser admitidos para chefia e execução do ser-

viço social em estabelecimentos públicos, paraestatais, autárquicos e de economia

mista.

A Lei n. 252 foi regulamentada pelo Decreto 994, de 15 de maio de 1962. No de-

creto há algumas mudanças em relação às atribuições dos assistentes sociais; é excluído o

item ―d‖ do Art. 3º e o Art. 4º da Lei 252 e são feitas algumas modificações como:

Art. 5º - São prerrogativas do Assistente Social:

I - Dirigir Escolas de Serviço Social;

II - Ensinar as cadeiras ou disciplinas de Serviço Social e supervisionar profissionais

e alunos em trabalhos teóricos e práticos de Serviço Social;

III - Planejar e dirigir o Serviço Social, bem como executá-lo em órgão e estabele-

cimentos públicos autárquicos paraestatais, de economia mista e particulares;

IV- Assessorar tecnicamente assuntos de Serviço Social nos órgão e estabelecimen-

tos públicos, autárquicos, paraestatais, de economia mista e particulares;

V - Realizar perícias, judiciais ou não, e elaborar pareceres sobre matéria de Serviço

Social.

Parágrafo único. Além do disposto no artigo, constituem atribuições do Assistente

Social:

a) integrar comissão examinadora de concursos e provas em cadeiras ou disciplinas

específicas de Serviço Social, assim como representar congregação ou corpo de pro-

fessores em conselho universitário.

b) Participar de comissões, congressos, seminários e outras reuniões específicas de

Serviço Social, como representante dos poderes públicos, da classe de órgãos e esta-

belecimentos de Serviço Social públicos, autárquicos, paraestatais, de economia

mista e particulares.

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Nos anos de 1960, o Serviço Social já não foi mais visto como apostolado ou vo-

cação, mas como uma profissão, com base conceitual técnica. O artigo primeiro do Decreto de

Regulamentação da Profissão deixa claro que o Serviço Social constitui o objeto da profissão

liberal de Assistente Social, de natureza técnica científica.

Em 1965, o curso de Serviço Social passou a ter quatro anos de duração, confor-

me Portaria Ministerial 519, de 14/06/1965 e confirma a laicização da profissão e a necessi-

dades dos cursos de Serviço Social se submeterem à fiscalização do Estado por meio das dire-

trizes do Ministério de Educação.

Entre 1962 e 1969, foram criados 11 cursos de serviço social: um curso privado

na região sul, dois cursos públicos na região nordeste, um curso público na região sudeste e

sete cursos privados na região sudeste. Ao todo, em 1969, havia 36 cursos de Serviço Social

no país.

O ensino superior brasileiro passou por grandes mudanças na década de 1960. O

golpe militar de 1964 instaurou a ditadura, provocando por um lado, o afastamento de muitos

professores, alguns foram forçados à aposentadoria, outros foram expulsos ou exilados, estu-

dantes foram presos, a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi incendiada e a UNE

foi extinta. Por outro lado, houve visível expansão do ensino superior, as Universidades pú-

blicas receberam recursos e apoio para construção de novos prédios, equipamentos e bolsas de

estudos no exterior. De acordo com os anais ―Educação superior: reforma, mudança e interna-

cionalização‖ (2003), a reforma foi financiada pelos americanos. Com o patrocínio do regime

militar e a tutela da tecnocracia norte-americana, a universidade brasileira, mesmo sem liber-

dade, ampliou o número de instituições, de professores e alunos.

A reforma do ensino superior brasileiro de 1968 determinou que as universidades

se consubstanciassem num espaço para a formação de profissionais que respondessem às exi-

gências do mercado de trabalho, foram inseridos o regime de créditos, a departamentalização,

o vestibular classificatório e o incentivo formal à pesquisa. Trindade (2004, p. 832) argumenta

que a reforma de 1968 modernizou e profissionalizou as universidades públicas, porém tor-

nou-a burocratizada. Uma das estratégias do setor da educação da época foi o investimento no

sistema de pós-graduação, que foi um avanço para a época, porém trouxe um efeito perverso,

que é a privatização da educação superior. Não mais o ensino privado filantrópico e confes-

sional, mas o ensino superior ―estruturado nos moldes de empresas educacionais voltadas para

a obtenção do lucro econômico e para o rápido atendimento de demandas do mercado educa-

cional‖ (MATINS, 2009, p. 17). Essas instituições concentraram-se na oferta de cursos de

graduação de baixo custo e sem produção de pesquisa e de extensão.

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As mudanças refletiram-se no currículo do curso de Serviço Social. Através do

Parecer 242/70 do Conselho Federal de Educação, o curso passou a ter 2.500 horas/aula, com

no mínimo três anos, e no máximo cinco de anos de duração; foi divido em ciclo básico e ci-

clo profissional, e refletia a ideologia desenvolvimentista, expressando uma preocupação com

a cientificidade profissional, caracterizado pelo metodologismo que marcava as profissões de

natureza interventiva. Este ―Parecer deixou a categoria insatisfeita, pois eliminou disciplinas

consideradas imprescindíveis à formação teórica-prática, como: ética geral, estatística, pes-

quisa social, administração de obras sociais, atividade de grupo, família e menor, além de

reduzir o tempo do curso‖ (FRANCO, 2003, p. 85).

É importante destacar que esta mudança curricular ocorreu em um período de di-

tadura Latino Americana. Neste mesmo período, ocorreu o movimento de reconceituação do

Serviço Social Latino Americano, inclusive do Serviço Social brasileiro. A proposta era rom-

per com a influência europeia e norte-americana, e a partir de uma leitura política da profissão

com base marxista, revisar o aparato teórico-metodológico e denunciar a ação profissional

realizada em função dos interesses das classes dominantes.

É difícil precisar com exatidão a origem no tempo e espaço do movimento de re-

conceituação. Junqueira (1980, p.9) considera como ―primeira manifestação grupal de crítica

ao Serviço Social tradicional e ensaio de reconceituação‖ o Encontro Regional de Escolas de

Serviço Social do Nordeste em janeiro de 1964. Na ocasião, foram questionados os métodos

tradicionais frente à realidade e ao engajamento do Serviço Social nos planos desenvolvimen-

tistas. Para Netto (2005, p. 9), ―o marco inicial da reconceituação foi o ‗I Seminário Regional

Latino-Americano de Serviço Social‘, em maio de 1965, em Porto Alegre‖, com o tema ―a

ruptura com o Serviço Social tradicional‖. Participaram do seminário 415 profissionais do

Brasil, Argentina e Uruguai.

A perspectiva de reconceituação do Serviço Social no Brasil se firmou em dois

Seminários de Teorização, organizados pelo CBCISS – Centro Brasileiro de Cooperação e

Intercâmbio de Serviços Sociais. O I Seminário de Teorização de Serviço Social reuniu 38

assistentes sociais entre 19 e 26 de março de 1967, em Araxá, Minas Gerais. A maioria dos

participantes teve formação em cursos de fundação e orientação católica. Do Seminário resul-

tou o ―Documento de Araxá‖, que caracterizou o Serviço Social pela sua atuação junto aos

indivíduos com desajustamentos familiares e sociais, desajustamentos geralmente decorrentes

de estruturas sócio-econômicas inadequadas.

O Documento de Araxá divulgou alguns componentes básicos do Serviço Social,

aspectos de sua metodologia de ação e adequação de sua dinâmica operacional à realidade

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brasileira. O Documento enfatizou a técnica, como um elemento que se constitui no modelo

de atuação do Serviço Social, na perspectiva de desenvolvimento, com a utilização dos pro-

cessos de Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade.

Ao analisar o Documento de Araxá, Aguiar (1989, p.127), argumentou que ele

tem uma perspectiva liberal, em que, ―o Serviço Social aceita, justifica e legitima, na prática e

na teoria, uma sociedade capitalista; reconhece as imperfeições da ordem social vigente, tanto

que pretende melhorá-la‖, entretanto a proposta continua com a referência ideológica do neo-

tomismo e no desenvolvimentismo. Para Netto (1991, p. 177), o movimento de Araxá não

conseguiu romper com o tradicionalismo da profissão, ―a ausência de uma explicitação teóri-

co-metodológica rigorosa não equivale à ausência de uma dada orientação teórica e metodo-

lógica‖.

Em 1970, em Teresópolis, Rio de Janeiro, ocorreu o II seminário de Teorização

do Serviço Social, com o tema central a ―metodologia do Serviço Social frente à realidade

brasileira‖, o evento reuniu 35 assistentes sociais. A partir deste seminário, construiu-se o

―Documento de Teresópolis‖, que não apresentou um texto orgânico como foi o de Araxá. Foi

construído com a justaposição dos relatórios dos dois grupos que participaram do encontro.

Para o seminário, os participantes receberam previamente, três textos sobre a temática do en-

contro ―necessidade de um estudo sobre a metodologia do Serviço Social frente à realidade

brasileira‖ e um roteiro de trabalho. Os grupos concentraram-se em dois temas, ―concepção

científica da prática do Serviço Social‖ e ―aplicação da metodologia do Serviço Social‖.

O documento de Teresópolis propôs uma nova formação para o Serviço Social,

em que o profissional seja ―capaz de se mover com uma familiaridade mínima entre discipli-

nas acadêmicas como o Planejamento, a Administração, a Estatística, a Política Social, a Eco-

nomia, os mais diversos ramos da Sociologia, etc.‖ (NETTO, 1991, p. 192). O documento

ambienta o Serviço Social à modernização conservadora.

Outros dois seminários foram promovidos pelo CBCISS. Em novembro de 1978,

ocorreu o Seminário de Sumaré, com 25 participantes, o foco da discussão foi o objeto do

Serviço Social, o encontro refletiu sobre as três vertentes do Serviço Social, o neopositivismo,

a fenomenologia e o marxismo. Segundo Faleiros (2005, p. 24), o documento de Sumaré ―as-

sume uma posição funcionalista e considera que a reconceituação possa ter um caráter funcio-

nalista sistêmico. Discute as possibilidades de um Serviço Social na ótica dialética e na ótica

da fenomenologia, abrindo-se ao pluralismo‖. Em 1984, aconteceu o Seminário do Alto da

Boa Vista com 24 participantes. Estes dois seminários já não tiveram a repercussão dos ante-

riores, pois a realidade do país e do Serviço Social era outra e haviam surgido novos organis-

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mos de expressão e representação, como a ABESS, os Congressos Brasileiros de Assistentes

Sociais (CBAS) e os grupos acadêmicos, especialmente os de pós-graduação.

Para Netto (1991), o movimento de reconceituação se opôs à herança intelectual

conservadora e cultural da profissão, acenando para novas concepções teóricas, ideológicas e

políticas. O autor identificou três direções distintas do Serviço Social: a perspectiva moderni-

zadora, a perspectiva de reatualização do conservadorismo e a perspectiva de intenção de rup-

tura. As duas primeiras perspectivas não pretendiam romper com o conservadorismo herdado

pela profissão, mas trouxeram maior consistência científica com o respaldo de um referencial

teórico-metodológico apropriado das ciências sociais. Respaldaram-se em correntes sistêmi-

cas e na fenomenologia, não conseguindo romper com o conservadorismo.

A vertente denominada por Netto (1991) de Reatualização do Conservadorismo

emergiu nos seminários de Sumaré e Alto da Boa Vista, e se evidenciou no período de 1975 a

fins da década de 1980. Essa vertente se apoiou na perspectiva fenomenológica e entendeu a

prática profissional como ajuda, e conforme Guedes (2005), preocupavam-se em oferecer

aportes teóricos aos assistentes sociais para que pudessem interpretar adequadamente e com-

preender as necessidades da pessoa (o cliente), de forma a ajudá-la (o) a descobrir as possibi-

lidades de realização de seus propósitos humanos. O Serviço Social é posto como uma inter-

venção que se inscreve rigorosamente nas fronteiras da ajuda psicossocial e o diálogo é en-

tendido como uma forma de ajuda psicossocial. Os profissionais repudiaram as práticas ajus-

tadoras e priorizaram as chamadas de transformação social.

A partir da metade da década de 1970, ocorreu a abertura política e o fortaleci-

mento dos movimentos sociais. Esse contexto de redemocratização e politização da sociedade

brasileira possibilitou aos profissionais e estudantes de Serviço Social a manifestação em re-

lação a outras perspectivas profissionais. O compromisso com a classe trabalhadora ficou evi-

dente com o Movimento de Reconceituação do Serviço Social, não só no Brasil, mas na Amé-

rica Latina.

A abertura política no Brasil começa a ser gestada com a eleição do Presidente

General Ernesto Geisel em 1973, que iniciou o processo de abertura como forma de sobrevi-

vência do autoritarismo. A partir de 1974, se evidenciou a crise do chamado Milagre Econô-

mico, com aumento do desemprego, da inflação e da recessão econômica, além da crise ener-

gética, situações que forçaram o reaparecimento dos movimentos sociais pró-democracia.

Movimento como o das donas de casa, sindicatos, parte da igreja católica, trabalhadores rurais

e entidades da sociedade civil.

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Nesse cenário, o movimento de reconceituação do Serviço Social fez críticas às

ações profissionais institucionais, acreditando que atuar em instituição é cooperar com a clas-

se dominante. A opção, segundo Wanderley (1998, p. 44), era buscar projetos alternativos

fora das instituições, o que foi materializado por algumas instituições de ensino latino-

americanas, por meio de projetos de investigação e prática, e projetos pilotos voltadas a gru-

pos engajados, ou interessados em se engajar, em lutas populares.

A perspectiva de intenção de ruptura, que havia sido freada pela ditadura militar,

ressurgiu em meio à crise do milagre econômico, junto com a transição para a democracia.

Critica o Serviço Social tradicional e tem base na teoria marxista. Pelas adversidades políticas

da época, encontrou nas universidades o espaço propício para se desenvolver. Um dos desta-

ques foi a elaboração do ―Método BH‖13

por um grupo de professores na Universidade Cató-

lica de Minas Gerais, que propuseram romper com o conservadorismo, com a herança positi-

vista do Serviço Social, e buscaram a fundamentação teórica do marxismo. Em relação à es-

tratégia adotada pelos professores de PUC-MG, Neto (1991) diz que foi

[...] a primeira formulação brasileira da intenção de ruptura: eles elaboraram uma

crítica teórico-prática ao tradicionalismo e propõe [...] em seu lugar uma alternativa

global: uma alternativa que procura romper com o tradicionalismo no plano teórico-

metodológico, no plano da concepção e da intervenção profissional e no plano da

formação (p. 262-263).

A proposta de intenção de ruptura conseguiu sair das universidades e ir ao encon-

tro do cotidiano profissional do Serviço Social no início dos anos 1980, e se fortaleceu a partir

da metade dessa década, quando também, se consolidou na produção acadêmica. Para Pereira

(2007), o espraiamento da perspectiva intenção de ruptura aconteceu através da formação dos

alunos do currículo de 1986, ―significou a entrada dos primeiros profissionais em campo for-

mados com uma perspectiva contrária ao conservadorismo do Serviço Social‖ (p.199).

Netto (1991) expôs alguns limites da perspectiva intenção de ruptura na sua traje-

tória. No primeiro momento, devido ao contexto ditatorial no país, e o não acesso a fontes

originais da teoria marxista, operou com certo ecletismo, com sobreposição de referenciais

teóricos, concepções ideológicas e prático-profissional. Outro ponto foi o voluntarismo,

quando da não atuação em instituições, tendo um olhar antiburguês e militante na prática pro-

fissional. Nesse momento, também houve a partidarização como via de acesso para a redemo-

cratização.

13 Ver Santos (1985) e Netto (1991).

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Em 1975, na XIX Convenção Nacional da ABESS, em Piracicaba, interior de São

Paulo, iniciou-se a discussão sobre a necessidade de revisão curricular, que seria ponto de

pauta de outras convenções da ABESS: da XX Convenção em Belo Horizonte, em 1977, da

XXI Convenção em Natal, em 1979, e da XXII, em Vitória, em 1981. A crítica ao currículo

anterior (Parecer n. 242/70 e Resolução de 13/0370) se dá, pois:

Predominou, na formação desse profissional, uma visão fragmentada da realidade

em que deveria atuar, com a especificidade dos seus estudos voltados para o Serviço

Social de Casos, em contraposição ao de Grupo ou de Comunidade. Essa metodolo-

gia levava a uma irreal divisão do indivisível, razão pela qual tem sido criticada e,

tanto quanto possível, minimizada nos planos dos cursos de maior qualidade, sendo

aos poucos, substituída por uma ótica mais realista de ação em nível da globalidade

social. (BRASIL, 1982).

A nova proposta curricular foi elaborada a partir de 1975, com um amplo processo

de discussão, coordenado pela ABESS. A proposta foi aprovada na Convenção Nacional de

Ensino em 1979 e encaminhada ao Conselho Federal de Educação que a promulgou em 1982.

A proposta buscou romper com o histórico conservadorismo da profissão e teve sua base na

reflexão teórico-metodológica.

2.2 AS DIRETRIZES CURRICULARES COMO EXPRESSÃO DE UM PROJETO DE

FORMAÇÃO PROFISSIONAL E SUAS BASES DE SUSTENTAÇÃO

Os anos de 1970 deixaram uma triste herança ao povo brasileiro, a crise econômi-

ca causada pelo endividamento externo, gerou descontrole da inflação, piora na distribuição

de renda, queda de investimentos e consequentemente o avanço da desigualdade social. A

Ditadura ainda presente no Governo do então Presidente João Figueiredo buscou alternativas

para a crise, mas sem perda do controle do poder. Foi assim que iniciou o processo de anistia,

campanha que mobilizou vários movimentos sociais como, o movimento feminino, o Comitê

Brasileiro pela Anistia, a Igreja Católica, a CNBB, a CEBs e a UNE, e foi vitorioso com a

aprovação no Congresso Nacional em 1979.

No III Encontro Nacional de Entidades Sindicais, em 1979, foi criada a Comissão

Nacional de Entidades Sindicais de Assistentes Sociais (CENEAS) como resposta à organiza-

ção da categoria nacionalmente, contribuiu para a mobilização da categoria encaminhando e

realizando a pesquisa do salário mínimo e dando direcionamento político ao III CBAS (Con-

gresso Brasileiro de Assistentes Sociais).

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O III CBAS, em 1979, significou um momento de ruptura da categoria profissio-

nal com o conservadorismo, que estava no direcionamento do congresso. Foi um fórum de

debates sobre os rumos da profissão no Brasil. No chamado ―Congresso da Virada14

‖, de a-

cordo com Abramides (1989), um grupo de profissionais, vinculado as

[...] entidades sindicais sob a coordenação da CENEAS captam a insatisfação dos

profissionais e estudantes presentes, e dão direção ao Congresso que referenda as as-

sembléias permanentes como fórum de discussão da prática, do significado da pro-

fissão no contexto da divisão social e técnica do trabalho referenciado no modo de

produção capitalista e do projeto profissional articulado aos interesses dos trabalha-

dores. (p. 34).

O grupo de profissionais descontente com os encaminhamentos do conjunto CE-

FAS/CRAS, que organizava o III CBAS, destituiu a mesa de honra composta por representan-

tes oficiais do governo militar e a substituiu por uma outra comissão, homenageando os traba-

lhadores que morreram e lutaram pela classe trabalhadora. Segundo Faleiros (1989, p. 119),

A organização oficial do Congresso, estabelecida pelo CEFAS, foi reestruturada pe-

la assembléia geral, em que predominava a ação das associações profissionais (A-

PAS). Nessa reestruturação, a comissão de honra, constituída por ministros de Esta-

do, foi substituída pelos ―trabalhadores brasileiros‖, e na sessão de encerramento,

em vez de ministros, falaram líderes operários metalúrgicos e dos movimentos popu-

lares ―pela anistia‖ e ―contra o custo de vida‖.

O III CBAS expressou a mobilização política dos assistentes sociais, questionan-

do a ditadura, reivindicando a democracia e se posicionando contra a exploração e opressão

dos usuários dos serviços sociais.

Ainda em 1979, foi criada a Revista Serviço Social & Sociedade, suprindo a lacu-

na de um espaço para a produção intelectual de assistentes sociais brasileiros. E na Convenção

Nacional de Ensino da ABESS, foi aprovada a proposta curricular para a formação acadêmica

do Serviço Social. Na proposta os eixos curriculares se constituíram em torno da história, teo-

ria e método, rompendo com a divisão do ensino em Serviço Social de caso, de grupo e de

comunidade. A ABESS,

[...] colocou a revisão do currículo e da formação profissional como uma necessida-

de histórica, contextualizada pela crise da ditadura, pela reorganização da sociedade,

pelas especificidades da universidade brasileira, deixando patente o esforço de tratar

14 Sobre o Congresso da Virada, sugere-se a leitura dos materiais editados em comemoração aos 30 anos do

Congresso: Revista Serviço Social & Sociedade n. 100, e 30 anos do Congresso da Virada, organizado pelo

CFESS.

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o exercício profissional no interior da dinâmica da sociedade brasileira nos anos 80.

(ABESS/CEDEPSS, 1996, p. 145).

Em nove de agosto de 1982, foi aprovado pelo Conselho Federal de Educação o

anteprojeto de reforma curricular do Serviço Social, sob o Parecer Nº 412 do processo n.

7408/82. Essa reforma, responde à dinâmica daquele novo momento e estabeleceu um com-

promisso dos profissionais com o projeto societário da classe trabalhadora, uma solidez cientí-

fica, avançando o processo de reconceituação com uma clara expressão de compromisso de

classe. Com uma proposta curricular centrada na categoria trabalho, foi possível a aproxima-

ção do Serviço Social ao projeto de sociedade da classe trabalhadora. A proposta tinha como

objetivo:

[...] capacitar o aluno para compreender e analisar de forma crítica a realidade histó-

rico-estrutural e o contexto institucional, onde se processa a prática do Serviço Soci-

al, habilitando-o a propor e operar alternativas de ação. [...] Trata-se, por conseguin-

te, de uma formação que se situa no plano da reflexão-ação, tendo em vista o desen-

cadear de um processo de capacitação. (BRASIL, 1982)

O currículo de 1982 do curso de Serviço Social pressupõe duração mínima de

2.700 horas com a integralização a efetuar-se em no mínimo três anos e, no máximo, de sete

anos, ficando o tempo médio fixado em quatro anos. A proposta curricular deu ênfase às dis-

ciplinas de metodologia, teoria e história do Serviço Social. O currículo mínimo sugerido se

subdivide em duas partes distintas, uma básica e outra profissionalizante:

Art. 3º - O ciclo básico visará conduzir o aluno ao conhecimento do contexto social

brasileiro, das organizações que expressam a ordem institucional da Sociedade e

possibilitam a formação do Assistente Social bem como da realidade da clientela em

suas relações sociais de trabalho, cidadania e cultura.

Art. 4º - O ciclo profissional deverá conduzir o aluno à aquisição de conhecimentos

sistemáticos do objeto e objetivos da intervenção do Serviço Social, da sua prática,

de seus elementos constitutivos e das estratégias de intervenção em contextos insti-

tucionais diferenciados. (BRASIL, Resolução nº 06, de 23 de setembro de 1982).

O ciclo profissionalizante considera fundamental:

Conhecimentos e habilidades quanto a estratégias de intervenção em contextos insti-

tucionais diferenciados.

Esses exigem dos cursos de Serviço Social a conjunção de esforços a fim de dar

condições ao futuro profissional para, entre outros aspectos, permitir:

- o exercício e a sistematização de uma prática voltada para uma realidade objetiva;

- a utilização do relacionamento como instrumento da prática do Serviço Social;

- a compreensão da participação social no contexto institucional do homem como ser

histórico;

- a utilização da pesquisa como instrumento da prática profissional;

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- a utilização da metodologia do Serviço Social. (BRASIL, Resolução nº 06, de 23

de setembro de 1982).

É importante destacar que, pela primeira vez, o currículo de Serviço Social citou a

necessidade de desenvolvimento de habilidades profissionais, com um direcionamento profis-

sional que rompeu com a fragmentação da realidade. Propôs, também, uma formação crítica e

comprometida com a transformação social e ressalta o desenvolvimento de uma prática cons-

ciente e consequente no interior das relações de classe da sociedade brasileira, em oposição à

perspectiva capitalista. A nova proposta curricular visava à integração social, à cidadania e à

luta de classes. Esse currículo inovador, para a época, teve algumas dificuldades na sua im-

plementação, uma delas, foi a falta de professores com a formação necessária para trabalhar

com a proposta apresentada.

No período de implantação do Currículo Mínimo de Serviço Social (1982/1985), a

ABESS não mediu esforços para sua efetiva implementação em todos os cursos existentes no

país, bem como, desenvolveu um estudo sistemático do processo de formação profissional do

assistente social por meio da pesquisa ―a formação profissional do assistente social no Brasil

– determinantes históricos e perspectivas‖.15

Em 1981, a profissão ganha um impulso, com o primeiro doutorado em Serviço

Social no Brasil e na América Latina, implementado pela Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo, que desde então, contribui com o debate profissional e com um novo estatuto aca-

dêmico e profissional. Neste período, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) e a CAPES reconheceram o Serviço Social como área de conhecimento

atribuindo-lhe o status científico, de pesquisa ao lado das demais áreas de conhecimento exis-

tentes na época.

A efervescência dos movimentos sociais, a nova proposta curricular e o movimen-

to dos assistentes sociais geraram uma discussão para a reformulação do código de ética, que

foi aprovado em 09 de maio de 1986, com a Resolução CFAS n. 195/86. Esse Código de Éti-

ca representou uma ruptura na tradição neotomista e adotou uma nova postura frente aos pro-

blemas sociais. Ele foi um avanço para a época, trouxe novas reflexões para a profissão, rom-

pendo com valores trazidos do início da profissão, especialmente os vinculados à igreja cató-

lica.

15 O relatório do momento preliminar da pesquisa: avaliação da formação profissional do assistente social brasi-

leiro-pós-novo curriculum/avanços e desafios. É acessível no Caderno ABESS n. 4.

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A elaboração do Código de 1986 possibilitou uma reflexão ética embasada em ca-

tegorias universalizantes e na dimensão ontológica do ser social, na sua forma de reproduzir-

se socialmente e, especialmente, na construção sistematizada do chamado projeto ético-

político profissional. A reelaboração do código de ética favoreceu aos assistentes sociais o

enfrentamento dos desafios da conjuntura nacional, inserida nos movimentos de globalização

e do neoliberalismo, que, por sua vez, produziram grandes e imprevisíveis mudanças nas rela-

ções sociais de produção e na organização da vida da população.

O Código de 1986 gerou a necessidade de formar um profissional com novo per-

fil.

Tem-se, então, uma percepção da ação profissional que requer capacitação para ela-

borar, gerir e decidir a respeito de políticas sociais e programas institucionais, o que

pressupõe instrumentos para o conhecimento crítico da realidade política e social.

Em função disso, o assistente social competente deve estar atento para a conotação

política da profissão e para os conseqüentes desafios de uma ação comprometida.

Com este novo perfil, o assistente social se depara com a necessidade de estar a par

de estudos e pesquisas mais atuais de sua área. (Paiva 1996, p. 160).

Esse Código, segundo Paiva (1996), tem três dimensões substantivas: a negação

da base filosófica tradicional, a ética da neutralidade e a afirmação de um novo papel profis-

sional. A partir dele, exige-se uma nova formação profissional, com perspectiva de pesquisa,

formulação e gestão de políticas sociais. Este código rompeu com o conservadorismo da soci-

edade quando propôs democratizar informações e alterar as correlações de forcas no âmbito

institucional.

A nova proposta não satisfez os profissionais de Serviço Social, pois não atendia

às necessidades das mudanças econômicas e políticas pelas quais o país passava. Para os pro-

fissionais o código apresentava fragilidades de implantação no cotidiano e limites teórico-

filosóficos, mas, por outro lado, entendiam que não era possível descartar os ganhos obtidos

com a opção por um projeto profissional afinado com as demandas.

No ano de 1988, ocorreram fatos que marcaram a história do país e consequente-

mente do Serviço Social, o assassinato do sindicalista Chico Mendes, greves de operários da

CSN e de petroleiros e as eleições municipais. No pleito para prefeito em 1988, o PT conse-

guiu se eleger em alguns municípios como São Paulo e Porto Alegre. Nesse quadro, ocorreu a

campanha política para as eleições diretas para Presidente da República. As eleições foram

realizadas em dois turnos, no primeiro turno tinha 21 candidatos e permaneceram para o se-

gundo, Luiz Inácio Lula da Silva, que defendia um projeto de ―democracia de massas‖, levan-

tando a bandeira do socialismo e Fernando Collor de Mello, que representava o projeto neoli-

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beral. Seu discurso era o de ―caçadores de marajás‖, combate à corrupção, defesa da redução

das ações do Estado, amparo à ideia de que cabia ao setor privado a eficiência, e abertura do

mercado brasileiro as importações. Fernando Collor de Mello venceu as eleições com 49.9%

dos votos, e apoiado pelos interesses do capital, fortaleceu a implementação da política neoli-

beral no Brasil.

É bom lembrar que o início da década de 1990 foi marcado pelo agravamento da

questão social, pois ocorreram mudanças na dinâmica do capitalismo e a falência do chamado

socialismo real. Surgiram, neste cenário, novos atores sociais que como diz Gohn (2004), a

sociedade civil se entrelaça com a sociedade política, desenvolvendo o espaço público não

estatal, em que se situa os conselhos, fóruns, redes e as ONGs. O governo brasileiro passou

pela crise do governo Collor, que culminou no seu impeachment, devido à mobilização popu-

lar, inclusive do movimento ―cara-pintada‖. Paralelamente, aconteceu uma grande campanha

nacional de ética na política. Quem assumiu a presidência de 1993 a 1994 foi Itamar Franco e

tinha como Ministro da Fazenda, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (FHC), que junto

com a equipe econômica, efetuou a estabilização da moeda, através do Plano Real. A atuação

como ministro e a estabilização da economia, garantiu a FHC as eleições para Presidente em

1994.

Entre 1991 e 1993, as entidades profissionais de Serviço Social (ABESS, CE-

FESS, CRESS) realizaram incansáveis discussões sobre a proposta de um novo Código de

Ética que culminou em 13 de março 1993 com a aprovação do novo Código de Ética Profis-

sional do Assistente Social através da Resolução CFESS n. 273/93.

O Código de 1993 trouxe na sua construção o amadurecimento teórico-político

conquistado pelos profissionais de Serviço Social ao longo de sua história, que reafirmou seu

compromisso com a democracia, a liberdade e a justiça social. Trata-se do primeiro documen-

to profissional especificamente centrado na questão ética e na ética profissional em uma pers-

pectiva histórica e crítica.

Na década de 1990, a profissão de Serviço social, teve uma reconfiguração e am-

pliação no mercado de trabalho, resultado das conquistas da Constituição de 1988, seguido do

processo de descentralização das políticas públicas, especialmente saúde e assistência, que

criou novos serviços e inúmeros conselhos de direitos. Na área privada, o discurso da respon-

sabilidade social, a ampliação de ONGs e do chamado terceiro setor demandou a contratação

de profissionais.

Nesse mesmo período, houve mudanças na legislação da profissão, além de um

novo Código de Ética, a Regulamentação da Profissão através da Lei 8.662, de 7 de julho de

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1993, que revogou a lei anterior de 1957. As mudanças ocorreram em função das transforma-

ções pelas quais a sociedade passou nos anos 1990. A nova Lei de Regulamentação da Profis-

são trouxe algumas modificações importantes como, por exemplo, a definição de competên-

cias profissionais.

Assegurou objetivamente competências e atribuições privativas do Assistente Social

e alterou a denominação dos órgãos de fiscalização e do exercício profissional –

Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Conselhos Regionais de Serviço So-

cial (CRESS‘s), constituindo-os, em seu conjunto, uma entidade com personalidade

jurídica e forma federativa, com o objetivo básico de disciplinar e defender o exercí-

cio da profissão do Assistente Social (CRESS 7ª Região 2003:31).

O parecer jurídico 27/98 do CFESS diz que competência é a capacidade para

apreciar ou dar resolutividade a determinado assunto, não sendo exclusivas de uma única es-

pecialidade profissional, mas a ela concernentes em função da capacidade dos sujeitos profis-

sionais. Para Iamamoto (2009, p 21) ―As atribuições são prerrogativas exclusivas ao serem

definidas enquanto matéria, área e unidade de Serviço Social‖.

Para o objetivo desta tese: ―Verificar como se dá apropriação do conceito de

competências e habilidades no Serviço Social, e como as competências e habilidades são in-

corporadas no currículo a partir das Diretrizes Curriculares Resolução CNE/CES 15/2002‖, é

de suma importância expor na integra as competências definidas pela Lei 8.662.

Art. 4º - Constituem competências do Assistente Social:

I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da admi-

nistração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;

II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam

do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;

III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à

população;

IV - (Vetado);

V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de iden-

tificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direi-

tos;

VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;

VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da

realidade social e para subsidiar ações profissionais;

VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e in-

direta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas

no inciso II deste artigo;

IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às

políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da co-

letividade;

X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de

Serviço Social;

XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e

serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas

privadas e outras entidades.

Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:

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I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos,

programas e projetos na área de Serviço Social;

II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço

Social;

III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta,

empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social;

IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres

sobre a matéria de Serviço Social;

V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós-

graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos

em curso de formação regular;

VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social;

VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de gradua-

ção e pós-graduação;

VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em

Serviço Social;

IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de

concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam afe-

ridos conhecimentos inerentes ao Serviço Social;

X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre as-

suntos de Serviço Social;

XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais;

XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas;

XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em ór-

gãos e entidades representativas da categoria profissional.

Em relação aos artigos 4º e 5º da Lei 8662/93, o conjunto CFESS/CRESS realizou

amplo debate sobre as atribuições privativas do assistente social e uma sondagem junto aos

serviços de orientação e fiscalização dos CRESS, que resultou no documento ―Atribuições

Privativas do (a) Assistente Social: Em Questão‖ (CFESS, 2002). O documento conclui que é

preciso criar mecanismos normativos que propiciem maior precisão no que diz respeito às

atribuições e competências do assistente social.

O documento também propõe

Efetuar um criterioso levantamento das condições e relações de trabalho do assisten-

te social, nas suas várias áreas de atuação, no sentido de identificar as funções, com-

petências e atribuições que vêm sendo realmente praticadas pelo conjunto da catego-

ria profissional na atualidade, a partir da organização de dados já obtidos pelas Co-

missões de Fiscalização. [...] o fortalecimento da política de capacitação profissional

já desenvolvida, articulada ao trabalho de fiscalização, que propicie ao mesmo tem-

po ampliar as informações sobre a realidade do exercício profissional no mercado de

trabalho. (IAMAMOTO, 2002, p. 47).

Até então, nem os organismos profissionais e de formação profissional e nem as

unidades de ensino, realizavam discussões a respeito de competências para os profissionais,

especialmente sobre como estas competências seriam garantidas na elaboração do Projeto

Político Pedagógico e na formação profissional. Sabe-se que a Lei, como instrumento, pode

articular princípios ético-políticos e procedimentos técnico-operativos, e como salienta Perei-

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ra (2007, p.247), a lei de regulamentação da profissão faz parte do ―projeto ético-político pro-

fissional‖, entretanto, por si só, não garante uma direção social progressista que rompa com o

conservadorismo profissional.

2.2.1 O Processo de Revisão Curricular Desencadeado pela ABESS no Período de 1993 a

1996.

Paralelo ao processo de Regulamentação da Profissão, através da Lei 8.662, de 7

de julho de 1993, os profissionais de Serviço Social através de órgãos representativos como:

ABESS, CEDEPSS, CFESS e ENESSO realizaram sucessivas oficinas para discutir a revisão

curricular dentro das exigências da contemporaneidade e alterar o currículo mínimo que esta-

va em vigor desde 1982. Entre 1994 e 1996, foram realizadas aproximadamente 200 (duzen-

tas) oficinas locais, nas 67 unidades acadêmicas filiadas à ABESS, 25 (vinte e cinco) oficinas

regionais e duas nacionais. Na assembleia geral da ABEPSS de 1996, no Rio de Janeiro, foi

aprovado o produto deste trabalho, traduzido na proposta de currículo mínimo para o curso.

Os eventos promovidos pela categoria profissional possibilitaram o repensar da

profissão, especialmente da formação de novos profissionais. Desde a década de 1970, o cur-

rículo para os cursos de Serviço Social era construído coletivamente por meio de eventos

promovidos pela ABESS. A proposta curricular de 1996 desvelou os anseios dos profissionais

e a possibilidade de formar, de maneira diferente, os futuros profissionais. A revisão curricu-

lar propôs como pressupostos norteadores da formação profissional:

O Serviço Social se particulariza nas relações sociais de produção e reprodução da

vida social como uma profissão interventiva no âmbito da questão social, expressa

pelas contradições de desenvolvimento do capitalismo monopolista.

A relação do Serviço Social com a questão social – fundamento básico de sua exis-

tência – é mediatizada por um conjunto de processos sócio-históricos e teórico-

metodológicos constitutivos de seu processo de trabalho.

O agravamento da questão social em face das particularidades do processo de rees-

truturação produtiva no Brasil, nos marcos da ideologia neoliberal, determina uma

inflexão no campo profissional do Serviço Social. Esta inflexão é resultante de no-

vas requisições postas pelo movimento de organização das classes trabalhadoras,

com amplas repercussões no mercado de trabalho.

O processo de trabalho do Serviço Social é determinado pelas configurações estrutu-

rais e conjunturais da questão social e pelas formas históricas de seu enfrentamento,

permeadas pela ação dos trabalhadores, do capital e do Estado, através das políticas

e lutas sociais. (ABESS/CEDEPSS, 1997, p. 60-1).

Estes pressupostos das Diretrizes deixam claro que o Serviço Social é uma profis-

são interventiva e atua nas expressões da questão social, sendo que a profissão se insere nas

relações sociais de produção e reprodução da vida social. A formação universitária não tem

como se eximir de formar profissionais para o mercado de trabalho, pois é uma das fontes de

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produção de conhecimento e os profissionais que saem das universidades de forma geral esta-

rão ávidos a adentrar no mundo do trabalho ou de conseguir novos e melhores postos profis-

sionais. O mercado de trabalho enfatiza o discurso de habilidades e competências necessárias

para o trabalhador atual estar inserido do mundo do trabalho globalizado. Esta situação torna-

se necessária na discussão de agências formadoras de profissionais e no Serviço Social, para

que não se distancie do projeto de formação profissional.

O processo democrático da revisão curricular pelas entidades representativas do

Serviço Social criou condições para encontrar novos caminhos e soluções para o enfrentamen-

to das dificuldades impostas pela conjuntura. O debate, também, instrumentalizou as unidades

de ensino para crítica e formulação sobre as diretrizes propostas pela SESu/MEC.

As Diretrizes Curriculares propostas pela ABESS apresentam os seguintes princí-

pios fundantes da formação profissional:

1. Flexibilidade de organização dos currículos plenos, expressa na possibilidade de

definição de disciplinas e ou outros componentes curriculares - tais como oficinas,

seminários temáticos, atividades complementares - como forma de favorecer a di-

namicidade do currículo;

2. Rigoroso trato teórico, histórico e metodológico da realidade social e do Serviço

Social, que possibilite a compreensão dos problemas e desafios com os quais o pro-

fissional se defronta no universo da produção; e reprodução da vida social;

3. Adoção de uma teoria social crítica que possibilite a apreensão da totalidade soci-

al em suas dimensões de universalidade, particularidade e singularidade;

4. Superação da fragmentação de conteúdos na organização curricular, evitando-se a

dispersão e a pulverização de disciplinas e outros componentes curriculares;

5. Estabelecimento das dimensões investigativa e interventiva como princípios for-

mativos e condição central da formação profissional, e da relação teoria e realidade;

6. Padrões de desempenho e qualidade idênticos para cursos diurnos e noturnos, com

máximo de quatro horas/aulas diárias de atividades nestes últimos;

7. Caráter interdisciplinar nas várias dimensões do projeto de formação profissional;

8. Indissociabilidade nas dimensões de ensino, pesquisa e extensão;

9. Exercício do pluralismo como elemento próprio da natureza da vida acadêmica e

profissional, impondo-se o necessário debate sobre as várias tendências teóricas, em

luta pela direção social da formação profissional, que compõem a produção das ci-

ências humanas e sociais;

10. Ética como princípio formativo perpassando a formação curricular;

11. Indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e profissional. (A-

BESS/CEDEPSS, 1997, p. 61-62).

As diretrizes para o curso de Serviço Social se organizaram a não permitir a frag-

mentação e segmentação das disciplinas, nem a abstração e autonomização dos conteúdos

concretos, buscaram superar os formalismos, estimular o caráter interdisciplinar e estabelecer

a indissociabilidade nas dimensões de ensino, pesquisa e extensão. Recusou-se a fazer a sepa-

ração entre ensino teórico e ensino prático, entre investigação e intervenção, entre ética e polí-

tica.

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Entende-se que a efetivação de um projeto de formação profissional remete direta-

mente, a um conjunto de conhecimentos indissociáveis, que se traduzem em núcleos

de fundamentação constitutivos da formação profissional. São eles:

1. Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social;

2. Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira;

3. Núcleo de fundamentos do trabalho profissional. (ABESS/CEDEPSS, 1997, p.

63).

Este projeto de formação profissional tem uma proposta articulada de ensino e de

prática de Serviço Social, e considera as matérias como expressões de áreas de conhecimento

necessárias à formação profissional, que podem ser realizadas por meio de disciplinas, semi-

nários temáticos, atividades complementares e oficinas. Considera que o estágio e o trabalho

de conclusão de curso são indispensáveis e serão desenvolvidos no decorrer do curso, com

está proposta curricular, o estudante estará tecendo uma rede de conhecimentos alimentada

paralelamente na teoria e na intervenção.

As Diretrizes Curriculares propostas pela ABESS em 1996 apresentam um movi-

mento de resistência e confronto, lutando por uma formação ético-política com base da teoria

social crítica e na tradição marxista comprometida com as lutas emancipatórias da sociedade.

2.2.2 O Processo de Definição das Diretrizes Curriculares pela Categoria Profissional dos

Assistentes Sociais e pela SESu/MEC 1996 – 2002

Em 1995, Fernando Henrique Cardoso – FHC assumiu a presidência do país em

dois mandatos consecutivos (1995-1998 e 1999-2002), dando continuidade ao processo de

consolidação da democracia em uma perspectiva neoliberal. Adotou uma política social foca-

lizada para o combate a pobreza contrariando os princípios constitucionais. Havia uma pers-

pectiva da criação de uma área de ação governamental denominada ―Seguridade Social‖, em

que estariam incluídas a saúde, a assistência e a previdência, entretanto não se concretizou.

O Governo FHC criou o Programa Comunidade Solidária com a função de apri-

morar os programas federais direcionados para regiões vulnerabilizadas, bem como, coorde-

nar e focalizar suas ações com base em critérios técnicos de necessidade e eficácia, diminuin-

do os riscos de pulverização e clientelismo. A partir da segunda gestão, foi criado o Fundo de

Combate e Erradicação da Pobreza, cujos recursos eram destinados a programas que tinham

como foco as famílias em condição de pobreza, como Bolsa Escola e Bolsa Alimentação.

Durante as décadas de 1970 e 1980, houve manifestações de profissionais e pes-

soas ligadas à educação, mostrando sua insatisfação com a Lei de Diretrizes e Bases da Edu-

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cação (LDB) vigente. Mas, foi só na década de 1990 que é aprovada a nova LDB, com a pro-

mulgação da Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996, que foi totalmente apoiada pelo MEC,

tanto em sua elaboração como aprovação e reflete a política desenvolvida pelo governo no

campo educacional.

No governo de FHC, houve estímulo à criação de vagas para o ensino superior,

porém não houve aumento nos gastos federais. A ampliação de vagas previa o aumento de

instituições de ensino superior privada. O governo flexibilizou e agilizou o processo de cre-

denciamento e reconhecimento de cursos e instituições privadas. Com o compromisso de pre-

zar pela qualidade do ensino oferecido instituiu mecanismos de avaliação, como o Exame

Nacional de Cursos (provão) e a Avaliação das Condições da Oferta dos Cursos de Gradua-

ção.

Diante da nova política de ensino superior para o país, e se antecedendo as norma-

tivas do MEC, as instituições representativas do Serviço Social – ABEPSS, CFESS, ENESSO

- que haviam aprovado em assembleia em 1996 uma proposta curricular para o curso de Ser-

viço Social, discutiram uma proposta de adequação curricular, que viesse a atender às exigên-

cias da LDB.

A diretoria da ABEPSS, na gestão 1998-2000, privilegiou como eixo de ação da

gestão, a temática ―política de ensino superior no Brasil: a Regulamentação da LDB e as im-

plicações para o Serviço Social‖ Tinha o objetivo de avaliar criticamente as inovações decor-

rentes da LDB, identificando as consequências para a implementação do projeto ético-político

profissional do Serviço Social. Com o intuito de fomentar o debate entre setembro e novem-

bro de 1999, promoveu várias oficinas locais, seis regionais e um seminário nacional em Bra-

sília16

, do qual participaram professores, estudantes e profissionais, representando 45 unidades

de ensino e 12 CRESS e articulou as três entidades da categoria (ABEPSS, CFESS e ENES-

SO) na organização das ações. Além da articulação das entidades, estas estratégias permitiram

unir graduação e pós-graduação para debater um tema transversal, a formação profissional no

seu conjunto.

A ABESS acompanhou de forma sistemática a tramitação das Diretrizes Curricu-

lares junto à Secretaria de Ensino Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC), sendo

que a primeira comissão de especialistas de ensino17

, para o período de 1997-1998, foi indica-

da pela ABESS e era composta pelas professoras: Marilda Iamamoto, Maria Rachel Tolosa

16 O resultado das discussões do Seminário Nacional está da Revista Temporalis n. 1 (jan a jun) 2000.

17 A comissão de especialistas é formada por profissionais de notório saber, os mesmos são indicados pela cate-

goria profissional e designados pelo MEC.

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Jorge, Marina Maciel, Maria Marieta dos Santos Koike e Mariangela Belfiore Wanderley. A

Comissão tinha como tarefa analisar os pedidos de autorização de cursos de Serviço Social e

elaborar os ―Padrões de Qualidade para Autorização e Reconhecimento de Cursos de Gradua-

ção em Serviço Social‖18

.

Na primeira comissão, nós chegamos ao MEC. Tinha uma pilha enorme de proces-

sos parados, pois os cursos que não eram de universidades, que as IES que não ti-

nham autonomia, tinham que passar pela autorização do MEC. Então a primeira

função que tivemos foi analisar os processos que estavam solicitando autorização.

Muitos processos eram elaborados por empresas de projetos, que repetiam o mesmo

diagnóstico para o país inteiro, os projetos tinham a mesma proposta pra o Brasil

inteiro, tinham uns esquemas sérios comprometendo a proposta acadêmica. Então

nosso trabalho foi analisar e dar um parecer para o CNE, se favorável ou não para

a abertura de cursos de Serviço Social. (Entrevistado 1 professor da comissão de

especialistas).

A segunda comissão de especialistas de ensino, para o período de 1998-2000, foi

nomeada pelo secretário do Ensino Superior do MEC, na portaria n. 48 de 10/03/98, os pro-

fessores que fizeram parte da comissão foram: Marilda Iamamoto, Mariangela Belfiore Wan-

derley e Maria Bernadete Martins Pinto Rodrigo. A nomeação não impediu que a comissão

continuasse atuando de forma articulada com as entidades nacionais representativas do Servi-

ço Social e como diz Iamamoto (2004), atuar de forma articulada

[...] evita-se que a Comissão se transforme em um apêndice da burocracia acadêmica

do MEC. Ao mesmo tempo em que abre canais de interferência por parte da área na

formulação de políticas e tomada de decisões que lhe dizem respeito. Assim, a Co-

missão de Especialistas torna-se um canal de interlocução entre os interesses das ins-

tituições de ensino superior e o Ministério da Educação, referendado pelos órgãos de

representação da categoria. Transformando-se em um recurso a mais no empenho de

se fazer ouvir a voz das unidades de ensino na formulação da política de ensino su-

perior para a área de Serviço Social, resguardando uma função pública de represen-

tação. (p. 63 - 64).

A segunda comissão teve a tarefa de propor as diretrizes curriculares para o Servi-

ço Social, que de acordo com o Plano de Educação de 2001, deveria assegurar a necessária

flexibilidade e diversidade nos programas oferecidos pelas diferentes instituições de ensino

superior, para que possa atender as necessidades diferenciadas da clientela e as peculiaridades

regionais.

Para esta comissão veio à demanda da revisão curricular, de transformar a propos-

ta da ABEPSS de currículo mínimo para diretrizes curriculares, então a nossa pre-

ocupação era a preservação da proposta da ABEPSS, mas também adequando aos

avanços que já tínhamos tido no debate da profissão, ao debate ético, então o espí-

18 Os padrões de qualidade foram divulgados na Revista ABESS Nº 7 de Nov. 1997.

Page 73: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

72

rito da proposta foi essa. Quando nós tivemos que fazer a adaptação tivemos o cui-

dado muito grande de chamar a representação da ENESSO, que não compareceu. E

a representação do CEFESS, que na época se fez presente na pessoa da professora

Rosa Stein, de modo que tínhamos a demanda de rever o ementário e outra que era

de seguir o modelo proposto pelo MEC com o perfil do Bacharel, as competências e

habilidades. Os princípios da formação profissional, e o que eram ementas se trans-

formaram em tópicos. [...] fizemos uma revisão do ementário, e uma reunião na

PUC SP com assessoria do professor José Paulo Neto. Não foi modificada a espi-

nha dorsal da diretriz. Foi na perspectiva de aperfeiçoar as ementas de acordo com

a proposta. Essa proposta foi submetida à assembléia da ABEPSS e aprovada, por-

tanto não existem três propostas de diretrizes curriculares, a proposta curricular da

comissão de especialistas, a da ABEPSS e a do MEC. Essa proposta foi submetida à

Assembléia da ABEPSS e foi referendada. [...] e ao final tivemos que fazer a ade-

quação ao que o MEC nos solicitava: perfil do bacharel, competências e habilida-

des e os princípios da formação profissional. Então o perfil do Bacharel que está

escrito aqui, pode não ser exato como na ABEPSS, mas a concepção é a mesma.

(entrevistado -1 professor da comissão de especialistas)

A Comissão de Especialistas de Ensino em Serviço Social referenda a proposta do

currículo mínimo aprovado na Assembleia da ABESS/1996. A proposta encaminhada é apre-

ciada, mas não aprovada na íntegra pelo MEC/SESU, sofrendo modificações, que segundo

Mota (2007)

[...] foram feitas mudanças substantivas no documento final, descaracterizando o

conteúdo das Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social elaboradas pela A-

BEPSS. As supressões incidiram tanto no perfil do profissional como no elenco das

competências e na total exclusão das matérias e ementas elaboradas pela Comissão

de especialistas, em 1999. (p. 60).

Para Iamamoto (2008, p. 445), ―a proposta original sofreu uma forte descaracteri-

zação no que se refere à direção social da formação profissional, aos conhecimentos e habili-

dades preconizados e considerados essenciais ao desempenho do assistente social‖.

Em 2001, o Conselho Nacional de Educação e a Câmara Superior de Educação

aprovaram o Parecer CNE/CES n. 492/2001, referente às diretrizes curriculares para dez cur-

sos, entre eles, o Serviço Social. A comissão relatora justificou que para adequar as propostas

analisadas ao Parecer 776/97, foram necessárias algumas alterações, entre elas suprimir o item

relativo à duração do curso, que foi definido somente seis anos depois na resolução CNE/CES

n. 2, de 18 de junho de 2007, que dispõe sobre ―carga horária mínima e procedimentos relati-

vos à integralização e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presen-

cial‖. Nesta resolução, fica definida a carga horária mínima de 3000 horas para o curso de

Serviço social, com um tempo mínimo de quatro anos para sua integralização.

Page 74: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

73

Para facilitar a visualização, apresenta-se um quadro comparativo da proposta das

diretrizes curriculares para o serviço social elaboradas pela comissão de especialis-

tas/ABEPSS e das diretrizes aprovadas pelo Parecer CNE/CES n. 492/2001.

Tabela 2 Comparação das Diretrizes Curriculares: Comissão de Especialistas/ABEPSS e Parecer

CNE/CES492/2001

Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

Perfil dos

Formandos

Profissional que atua nas expressões da

questão social, formulando e implementan-

do propostas para seu enfrentamento, por

meio de políticas sociais públicas, empresa-

riais, de organizações da sociedade civil e

movimentos sociais.

Profissional dotado de formação intelectual

e cultural generalista crítica, competente

em sua área de desempenho, com capaci-

dade de inserção criativa e propositiva, no

conjunto das relações sociais e no mercado

de trabalho.

Profissional comprometido com os valores

e princípios norteadores do Código de Ética

do Assistente Social19

.

Profissional que atua nas expressões da

questão social, formulando e implementan-

do propostas de intervenção para seu en-

frentamento, com capacidade de promover o

exercício Pleno da cidadania e a inserção

criativa e propositiva dos usuários do Servi-

ço Social no conjunto das relações sociais e

no mercado de trabalho.

Competên-

cias e

Habilida-

des

A formação profissional deve viabilizar

uma capacitação teórico-metodológica e

ético-política, como requisito fundamental

para o exercício de atividades técnico-

operativas, com vistas à apreensão crítica

dos processos sociais numa perspectiva de

totalidade.

Análise do movimento histórico da socie-

dade brasileira, apreendendo as particulari-

dades do desenvolvimento do capitalismo

no país;

Compreensão do significado social da pro-

fissão e de seu desenvolvimento sócio-

histórico, nos cenários internacional e na-

cional, desvelando as possibilidades de

ação contidas na realidade;

Identificação das demandas presentes na

sociedade, visando formular respostas

profissionais para o enfrentamento da ques-

tão social, considerando as novas articula-

ções entre o público e o privado.

Estes elementos estão em consonância com

as determinações da Lei n. 8662, de 7 de

junho de 1993, que regulamenta a profissão

de assistente social e estabelece as seguin-

tes competências e habilidades técnico-

operativas:

- Formular e executar políticas sociais em

órgãos da administração pública, empresas

A) Gerais

A formação profissional deve viabilizar uma

capacitação teórico-metodológica e ético-

política, como requisito fundamental para o

exercício de atividades técnico-operativas,

com vistas à

• compreensão do significado social da

profissão e de seu desenvolvimento sócio-

histórico, nos cenários internacional e na-

cional, desvelando as possibilidades de ação

contidas na realidade;

• identificação das demandas presentes na

sociedade, visando a formular respostas

profissionais para o enfrentamento da ques-

tão social;

• utilização dos recursos da informática.

B) Específicas

A formação profissional deverá desenvolver

a capacidade de

• elaborar, executar e avaliar planos, pro-

gramas e projetos na área social;

• contribuir para viabilizar a participação

dos usuários nas decisões institucionais;

• planejar, organizar e administrar benefí-

cios e serviços sociais;

• realizar pesquisas que subsidiem formula-

ção de políticas e ações profissionais;

19 Todos os grifos no quadro são para salientar as diferenças das propostas apresentadas.

Page 75: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

74

Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

e organizações da sociedade civil;

- Elaborar, executar e avaliar planos, pro-

gramas e projetos na área social;

- Contribuir para viabilizar a participação

dos usuários nas decisões institucionais;

- Planejar, organizar e administrar benefí-

cios e serviços sociais;

- Realizar pesquisas que subsidiem formu-

lação de políticas e ações profissionais;

- Prestar assessoria e consultoria a órgãos

da administração pública, empresas priva-

das e movimentos sociais em matéria rela-

cionada às políticas sociais e à garantia dos

direitos civis, políticos e sociais da coleti-

vidade;

- Orientar a população na identificação de

recursos para atendimento e defesa de

seus direitos;

- Realizar estudos sócio-econômicos para

identificação de demandas e necessidades

sociais;

- Realizar visitas, perícias técnicas, laudos,

informações e pareceres sobre matéria de

Serviço Social;

- Exercer funções de direção em organiza-

ções públicas e privadas na área de serviço

social;

- Assumir o magistério de Serviço Social e

coordenar cursos e unidades de ensino;

- Supervisionar diretamente estagiários de

Serviço Social.

• prestar assessoria e consultoria a órgãos da

administração pública, empresas privadas e

movimentos sociais em matéria relacionada

às políticas sociais e à garantia dos direitos

civis, políticos e sociais da coletividade;

• orientar a população na identificação de

recursos para atendimento e defesa de seus

direitos;

• realizar visitas, perícias técnicas, laudos,

informações e pareceres sobre matéria de

Serviço Social.

ABEPSS -

Princípios

da Forma-

ção Profis-

sional

MEC -

Organiza-

ção do

Curso

Flexibilidade e dinamicidade dos currículos

plenos expressa na organização de discipli-

nas e outros componentes curriculares, tais

como: oficinas, seminários temáticos, está-

gio, atividades complementares;

- Rigoroso trato teórico, histórico e meto-

dológico da realidade social e do Serviço

Social, que possibilite a compreensão dos

problemas e desafios com os quais o profis-

sional se defronta no universo da produção

e reprodução da vida social;

- Adoção de uma teoria social crítica que

possibilite a apreensão da totalidade social

em suas dimensões de universalidade, par-

ticularidade e singularidade;

- Estabelecimento das dimensões investiga-

tiva e interpretativa como princípios forma-

tivos e condição central da formação pro-

fissional, e da relação teoria e realidade;

- Presença da interdisciplinaridade no pro-

jeto de formação profissional; indissociabi-

lidade das dimensões de ensino, pesquisa e

extensão;

- Exercício do pluralismo como elemento

próprio da vida acadêmica e profissional,

impondo-se o necessário debate sobre as

Flexibilidade dos currículos plenos, inte-

grando o ensino das disciplinas com outros

componentes curriculares, tais como: ofici-

nas, seminários temáticos, estágio, ativida-

des complementares;

• rigoroso trato teórico, histórico e metodo-

lógico da realidade social e do Serviço So-

cial, que possibilite a compreensão dos

problemas e desafios com os quais o profis-

sional se defronta;

• estabelecimento das dimensões investiga-

tiva e interpretativa como princípios forma-

tivos e condição central da formação profis-

sional, e da relação teoria e realidade; pre-

sença da interdisciplinaridade no projeto de

formação profissional;

•exercício do pluralismo teórico-

metodológico como elemento próprio da

vida acadêmica e profissional;

• respeito à ética profissional;

• indissociabilidade entre a supervisão aca-

dêmica e profissional na atividade de está-

gio.

Page 76: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

75

Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

várias tendências teóricas que compõem a

produção das ciências humanas e sociais;

- Compreensão da ética como princípio que

perpassa toda a formação profissional;

- Necessária indissociabilidade entre a

supervisão acadêmica e profissional na

atividade de estágio.

ABEPSS -

Nova Ló-

gica Curri-

cular

MEC -

Conteúdos

Curricula-

res

Sustenta-se no tripé dos conhecimentos

constituídos pelos núcleos de fundamenta-

ção da formação profissional, quais sejam:

-Núcleo de fundamentos teórico-

metodológicos da vida social, que compre-

ende um conjunto de fundamentos teórico-

metodológicos e ético-político para conhe-

cer o ser social enquanto totalidade históri-

ca, fornecendo os componentes fundamen-

tais para a compreensão da sociedade bur-

guesa, em seu movimento contraditório;

-Núcleo de fundamentos da formação só-

cio-histórica da sociedade brasileira que

remete à compreensão dessa sociedade,

resguardando as características históricas

particulares que presidem a sua formação e

desenvolvimento urbano e rural, em suas

diversidades regionais e locais. Compreen-

de ainda a análise do significado do Serviço

Social em seu caráter contraditório, no bojo

das relações entre as classes e destas com o

Estado, abrangendo as dinâmicas institu-

cionais nas esferas estatal e privada;

- Núcleo de fundamentos do trabalho pro-

fissional que compreende todos os elemen-

tos constitutivos do Serviço Social como

uma especialização do trabalho: sua trajetó-

ria histórica, teórica, metodológica e técni-

ca, os componentes éticos que envolvem o

exercício profissional, a pesquisa, o plane-

jamento e a administração em Serviço So-

cial e o estágio supervisionado. Tais ele-

mentos encontram-se articulados por meio

da análise dos fundamentos do Serviço

Social e dos processos de trabalho em que

se insere, desdobrando-se em conteúdos

necessários para capacitar os profissionais

ao exercício de suas funções, resguardando

as suas competências específicas normati-

zadas por lei. É uma lógica inovadora que

supera as fragmentações do processo de

ensino e aprendizagem, abrindo novos

caminhos para a construção de conheci-

mentos como experiência concreta no de-

correr da própria formação profissional.

Não admite tratamento classificatório, nem

autonomia e subseqüência entre os núcleos,

expressando, ao contrário, diferentes níveis

de apreensão da realidade social e profis-

sional, subsidiando a intervenção do Servi-

A organização curricular deve superar as

fragmentações do processo de ensino e

aprendizagem, abrindo novos caminhos para

a construção de conhecimentos como expe-

riência concreta no decorrer da formação

profissional. Sustentam-se no tripé dos

conhecimentos constituídos pelos núcleos

de fundamentação da formação profissional,

quais sejam:

•núcleo de fundamentos teórico-

metodológicos da vida social, que compre-

ende um conjunto de fundamentos teórico-

metodológicos e ético-político para conhe-

cer o ser social;

• núcleo de fundamentos da formação sócio-

histórica da sociedade brasileira, que remete

à compreensão das características históricas

particulares que presidem a sua formação e

desenvolvimento urbano e rural, em suas

diversidades regionais e locais;

• núcleo de fundamentos do trabalho profis-

sional, que compreende os elementos cons-

titutivos do Serviço Social como uma espe-

cialização do trabalho: sua trajetória históri-

ca, teórica, metodológica e técnica, os com-

ponentes éticos que envolvem o exercício

profissional, a pesquisa, o planejamento e a

administração em Serviço Social e o estágio

supervisionado.

Os núcleos englobam um conjunto de co-

nhecimentos e habilidades que se especifica

em atividades acadêmicas, enquanto conhe-

cimentos necessários à formação profissio-

nal. Essas atividades, a serem definidas

pelos colegiados, se desdobram em discipli-

nas, seminários temáticos, oficinas / labora-

tórios, atividades complementares e outros

componentes curriculares.

Page 77: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

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Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

ço Social. Agrega um conjunto de conhe-

cimentos indissociáveis para apreensão da

gênese, manifestações e enfrentamento da

questão social, eixo fundante da profissão e

articulador dos conteúdos da formação

profissional.

Os núcleos englobam, pois, um conjunto de

conhecimentos e habilidades que se especi-

fica em matérias, enquanto áreas de conhe-

cimentos necessários à formação profissio-

nal. Essas matérias, por sua vez, se desdo-

bram em disciplinas, seminários temáticos,

oficinas/laboratórios, atividades comple-

mentares e outros componentes curricula-

res.

Estágio

Supervisi-

onado e

Trabalho

de Conclu-

são de

Curso

(TCC)

O Estágio Supervisionado e o Trabalho de

Conclusão de Curso devem ser desenvolvi-

dos durante o processo de formação a partir

do desdobramento das matérias e seus

componentes curriculares, concomitante ao

período letivo escolar.

O Estágio Supervisionado é uma atividade

curricular obrigatória que se configura a

partir da inserção do aluno no espaço sócio-

institucional, objetivando capacitá-lo para o

exercício profissional, o que pressupõe

supervisão sistemática. Esta supervisão será

feita pelo professor supervisor e pelo pro-

fissional do campo, através da reflexão,

acompanhamento e sistematização, com

base em planos de estágio elaborados em

conjunto pelas unidades de ensino e organi-

zações que oferecem estágio.

O Trabalho de Conclusão de Curso é uma

exigência curricular para a obtenção do

diploma de bacharel em Serviço Social.

Deve ser entendido como um momento de

síntese e expressão da totalidade da forma-

ção profissional. É o trabalho no qual o

aluno sistematiza o conhecimento resultan-

te de indagações preferencialmente geradas

a partir da experiência de estágio. Esse

processo realiza-se dentro de padrões e

exigências metodológicas e acadêmico-

científicas. É elaborado sob a orientação de

um professor e avaliado por banca exami-

nadora.

O Estágio Supervisionado e o Trabalho de

Conclusão de Curso devem ser desenvolvi-

dos durante o processo de formação a partir

do desdobramento dos componentes curri-

culares, concomitante ao período letivo

escolar.

O Estágio Supervisionado é uma atividade

curricular obrigatória que se configura a

partir da inserção do aluno no espaço sócio-

institucional, objetivando capacitá-lo para o

exercício profissional, o que pressupõe

supervisão sistemática. Esta supervisão será

feita conjuntamente por professor supervi-

sor e por profissional do campo, com base

em planos de estágio elaborados em conjun-

to pelas unidades de ensino e organizações

que oferecem estágio.

Atividades

Comple-

mentares

As atividades complementares, dentre as

quais podem ser destacadas a monitoria,

visitas monitoradas, iniciação científica,

projeto de extensão, participação em semi-

nários, publicação de produção científica e

outras atividades definidas no plano aca-

dêmico do curso devem corresponder a até

5% da carga horária total do currículo ple-

no.

As atividades complementares, dentre as

quais podem ser destacadas a monitoria,

visitas monitoradas, iniciação científica,

projeto de extensão, participação em semi-

nários, publicação de produção científica e

outras atividades definidas no plano acadê-

mico do curso.

Tópicos de Os conteúdos necessários à formação de

Page 78: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

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Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

Estudo bacharéis em Serviço Social estão assim

configurados:

Sociologia - Matrizes clássicas do pensa-

mento sociológico (Marx, Weber, Dur-

kheim) tematizando processos sociais fun-

damentais: industrialização, modernização,

urbanização e seus constitutivos - classes

sociais, movimentos sociais e instituições.

Teoria Política - Os clássicos da Política

(Maquiavel, Hobbes, Locke e Rousseau).

Análise do Estado moderno e sua relação

com a sociedade civil. Regimes políticos.

Representação, democracia e cidadania.

Economia Política - Sistema capitalista

segundo as análises liberal, marxista, key-

nesiana e neoliberal. As transformações

contemporâneas no padrão de acumulação

e suas implicações nos mecanismos de

regulação social.

Filosofia - Principais correntes filosóficas

no século XX (marxismo, neotomismo,

neopositivismo, fenomenologia) e suas

influências no Serviço Social.

Antropologia - A relação dialética entre o

material e o simbólico na construção das

identidades sociais e da subjetividade. Ima-

ginário, representações sociais e expressões

culturais dos diferentes segmentos sociais

com ênfase na realidade brasileira e suas

particularidades regionais.

Psicologia - As principais matrizes teóricas

de análise das relações entre indivíduo e

sociedade. Teorias da personalidade e dos

grupos sociais. A constituição da subjetivi-

dade no processo de produção e reprodução

da vida social.

Formação Sócio-Histórica do Brasil - A

herança colonial e a constituição do Estado

Nacional. Emergência e crise na República

Velha. Instauração e colapso do Estado

Novo. Industrialização, urbanização e

surgimento de novos sujeitos políticos.

Nacionalismo e desenvolvimento e a inser-

ção dependente no sistema capitalista mun-

dial. A modernização conservadora no pós

64 e seu ocaso em fins de década de seten-

ta. Transição democrática e neoliberalismo.

Direito e Legislação Social - As institui-

ções de Direito no Brasil. Direitos e garan-

tias fundamentais da cidadania. A organi-

zação do Estado e dos poderes. A Constitu-

ição Federal. A legislação social: CLT,

LOAS, ECA, SUS, etc. Relações jurídicas

no marco da integração supranacional

(MERCOSUL e ALCA). A legislação pro-

fissional.

Política Social - O público e o privado: as

Page 79: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

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Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

políticas sociais e a constituição da esfera

pública. Formulação e gestão de políticas

sociais e a constituição/destinação do fundo

público. Análise comparada de políticas

sociais.

Transformações no mundo do trabalho e

novas formas de regulação social -

Políticas sociais públicas e empresariais.

Desenvolvimento do sistema brasileiro

de proteção social. Políticas setoriais e

legislação social.

Desenvolvimento Capitalista e Questão

Social - A inserção do Brasil na divisão

internacional do trabalho. A constituição

das classes sociais, do Estado e as particu-

laridades regionais. Desenvolvimento desi-

gual e combinado na agricultura, indústria e

serviço. A reprodução da pobreza e da

exclusão social nos contextos rural e urba-

no. As perspectivas contemporâneas de

desenvolvimento e suas implicações sócio-

ambientais.

Classes e Movimentos Sociais - As teorias

sobre classes sociais e sujeitos coletivos. A

estrutura de classes na sociedade brasileira

enfatizando as classes subalternas em suas

condições de vida, trabalho, manifestações

ideo-políticas e sócio-culturais. Direitos

sociais e humanos do Brasil. Movimentos

sociais em suas relações de classe, gênero e

étnico-raciais. Identidade e subjetividade

na construção dos movimentos societários.

Importância e significado do terceiro setor.

Fundamentos Históricos e Teórico-

metodológicos do Serviço Social -

O processo de profissionalização do Servi-

ço Social nas sociedades nacionais enquan-

to especialização do trabalho. As fontes

teóricas que fundamentam historicamente o

Serviço Social e análise de sua incorpora-

ção nos modos de pensar e atuar da profis-

são em suas expressões particulares na

Europa, na América do Norte e na América

Latina, prioritariamente, no Brasil. O deba-

te contemporâneo do Serviço Social

Trabalho e Sociabilidade - Trabalho e rela-

ções sociais na sociedade contemporânea.

Divisão social do trabalho. Produção social

e valor. Trabalho assalariado, propriedade e

capital, processos de trabalho e produção

da riqueza social. Trabalho e cooperação: o

trabalhador coletivo. Trabalho produtivo e

improdutivo. A polêmica em torno da crise

da sociedade do trabalho.

Serviço Social e Processos de Trabalho - O

Serviço Social como especialização do

trabalho coletivo. A inserção do Assistente

Page 80: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

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Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

Social nos processos de trabalho: questão

social, políticas e movimentos sociais, a

dinâmica institucional e a formulação de

projetos de pesquisa e intervenção. Espa-

ços ocupacionais do Serviço Social nas

esferas pública e privada. O Assistente

Social como trabalhador, as estratégias

profissionais, o instrumental técnico-

operativo e o produto do seu trabalho. Su-

pervisão do trabalho profissional e estágio.

Administração e Planejamento em Serviço

Social - As teorias organizacionais e os

modelos gerenciais na organização do tra-

balho e nas políticas sociais. Planejamento

e gestão de serviços nas diversas áreas

sociais. Elaboração, coordenação e execu-

ção de programas e projetos na área de

Serviço Social. Funções de administração e

planejamento em órgãos da administração

pública, empresas e organizações da socie-

dade civil.

Pesquisa em Serviço Social - Concepção,

elaboração e realização de projetos de pes-

quisa. A pesquisa quantitativa e qualitativa

e seus procedimentos. Leitura e interpreta-

ção de indicadores sócio-econômicos.

Estatística aplicada à pesquisa em Serviço

Social.

Ética Profissional - Os fundamentos onto-

lógicos da dimensão ético-moral da vida

social e suas implicações na ética do Servi-

ço Social. A construção do ethos profissio-

nal: valores e implicações no exercício

profissional. Questões éticas contemporâ-

neas e seus fundamentos teórico-

filosóficos. O Código de Ética na história

do Serviço Social brasileiro.

Duração

do Curso

A carga horária mínima do curso é de 2.700

horas, com duração média de quatro anos.

O Estágio Supervisionado terá duração

mínima de 15% sobre as 2700 horas, tempo

que não se computará nesta carga horária.

O tempo mínimo de duração do curso é de

sete semestres, sendo o tempo máximo de

integralização de até 50% sobre a duração

do mesmo, em cada IES.

Recomen-

dações

• Incentivar o aluno, através de procedi-

mentos pedagógicos, ao permanente aper-

feiçoamento cultural e domínio da língua

portuguesa; Estimular o conhecimento de

língua estrangeira, destacando o inglês e o

espanhol;

• Propiciar ao aluno o acesso aos recursos

de informática, como instrumento de traba-

lho acadêmico e profissional;

• Estimular a incorporação de práticas per-

manentes de avaliação do desenvolvimento

Page 81: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

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Diretrizes Curriculares para o Serviço soci-

al elaboradas pela Comissão de Especialis-

tas – referendada pela ABEPSS

MEC Parecer CNE/CES 492/2001

e dos resultados da formação profissional

Vale destacar alguns aspectos relacionados ao objeto da pesquisa aqui apresenta-

da. Observando a tabela - 2, verifica-se que em relação ao perfil dos formandos do Serviço

Social houve modificações de escrita e foi retirado o parágrafo que constava: ―Profissional

comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética do Assistente So-

cial‖. O perfil dos formandos de acordo com o parecer é:

Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando

propostas de intervenção para seu enfrentamento, com capacidade de promover o

exercício pleno da cidadania e a inserção criativa e propositiva dos usuários do Ser-

viço Social no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho.

A modificação realizada, segundo um dos membros da comissão de especialistas,

que participou do processo, interferiu na perspectiva da ética enquanto transversal na forma-

ção:

[...] se pensava aqui no perfil do bacharel a ética como transversal, se teve uma

discussão muito clara, a ética não é uma disciplina é muito mais que uma discipli-

na, tem uma perspectiva ético-metodológica e política, ela atravessa a totalidade da

formação profissional, então é uma preocupação que a ética não está na sociedade

civil, nas relações sociais, não é só a ética tal como estava em 1982, reduzida a uma

disciplina que iria dar conta daquela questão. É muito mais que a ética profissional,

é uma perspectiva ético-política. (entrevistado - 1 professor da comissão de especia-

listas).

No que confere as Competências e Habilidades, objeto de estudo dessa tese, o Pa-

recer Nº 492/2001 subdivide em gerais e específicas, em relação às competências gerais,

consta:

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-metodológica e éti-

co-política, como requisito fundamental para o exercício de atividades técnico-

operativas, com vistas à:

Compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-

histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de a-

ção contidas na realidade;

Identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas

profissionais para o enfrentamento da questão social;

Utilização dos recursos da informática.

O parecer exclui que a formação profissional deve viabilizar uma ―apreensão crí-

tica dos processos sociais numa perspectiva de totalidade; análise do movimento histórico da

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sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do capitalismo no

país‖ e inclui a utilização dos recursos de informática.

Lógico que a competência do campo da informática é importante, mas ela não tem a

mesma determinação no perfil do bacharel que questão da ética, [...]. Aqui nas

Competências e Habilidades se deixou claro nas diretrizes: A formação profissional

deve viabilizar uma capacitação teórico-metodológica e ético-política, com vistas à

apreensão crítica dos processos sociais numa perspectiva de totalidade; essa afir-

mativa dá um norte de uma maneira do teórico e metodológico que queremos im-

primir nessa capacitação. (entrevistado - 1 professor da comissão de especialistas).

Em relação às competências específicas, também, foram suprimidos alguns itens:

―realizar estudos sócio-econômicos para identificação de demandas e necessidades sociais;

exercer funções de direção em organizações públicas e privadas na área de Serviço Social;

assumir o magistério de Serviço Social e coordenar cursos e unidades e ensino; supervisionar

diretamente estagiários de Serviço Social‖.

O Parecer n. 492/2001 não acrescentou competências específicas e o texto oficial

ficou assim:

A formação profissional deverá desenvolver a capacidade de:

Elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;

Contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões institucionais;

Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

Realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações profissionais;

Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública, empresas priva-

das e movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais e à garantia dos

direitos civis, políticos e sociais da coletividade;

Orientar a população na identificação de recursos para atendimento e defesa de seus

direitos;

Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre matéria de

Serviço Social.

Na proposta curricular elaborada pela Comissão de Especialistas, há um item de-

nominado ―Princípios da Formação Profissional‖ que no Parecer n. 492/2001 foi substituído

por ―Organização do Curso‖:

Flexibilidade dos currículos plenos, integrando o ensino das disciplinas com outros

componentes curriculares, tais como: oficinas, seminários temáticos, estágio, ativi-

dades complementares;

Rigoroso trato teórico, histórico e metodológico da realidade social e do Serviço So-

cial, que possibilite a compreensão dos problemas e desafios com os quais o profis-

sional se defronta;

Estabelecimento das dimensões investigativa e interpretativa como princípios forma-

tivos e condição central da formação profissional, e da relação teoria e realidade;

Presença da interdisciplinaridade no projeto de formação profissional;

Exercício do pluralismo teórico-metodológico como elemento próprio da vida aca-

dêmica e profissional;

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Respeito à ética profissional;

Indissociabilidade entre a supervisão acadêmica e profissional na atividade de está-

gio.

Em relação à proposta da Comissão de especialistas foram suprimidos dois itens:

―adoção de uma teoria social crítica que possibilite apreensão da totalidade social em suas

dimensões de universalidade, particularidade e singularidade; e indissociabilidade das dimen-

sões de ensino, pesquisa e extensão‖. O Serviço Social tem criticado a supressão destes itens,

por entender que o pluralismo teórico deve ser assegurado, mas que a formação profissional

deve estar fundada na teórica crítica de Marx e na tradição marxista, por ser esta perspectiva

que ―orienta a compreensão da sociedade capitalista de modo crítico, que considera as expres-

sões da questão social como objeto de intervenção do Serviço Social e o trabalho como cate-

goria-chave para compreender as relações econômicas e sociais‖. (FERREIRA, 2004: 26). A

autora argumenta que é um risco a não inserção da discussão da questão social vinculada à

perspectiva histórica de organização do capitalismo e suas formas específicas de manifestação

em diferentes momentos e contextos históricos.

Os conteúdos curriculares permanecem sustentados no tripé dos conhecimentos

constituído pelos três núcleos: de fundamentos teórico-metodológicos da vida social; de fun-

damentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira; e, fundamentos do trabalho

profissional. Os tópicos de estudo propostos pela Comissão de Especialistas foram totalmente

suprimidos, pois os conselheiros que constituíram a comissão de parecerista consideraram o

Parecer CNE/CES 583/2001, que orienta que as diretrizes curriculares devem assegurar a fle-

xibilidade, garantindo às instituições de ensino superior a liberdade na composição da carga

horária a ser cumprida e na especificação da unidade de estudos a serem ministradas. Portan-

to, os conteúdos curriculares são flexíveis para que as instituições de ensino superior forma-

tem, de acordo com sua realidade e princípios, desde que preservem o tripé constituído pelos

núcleos propostos.

Em entrevista com a comissão de especialistas, uma professora diz:

[...] os tópicos de estudos foram resultado de muita discussão, de muito trabalho, e

a preocupação era de atribuir minimamente, à formação profissional nacional. Ora

a retirada desses itens é absolutamente conivente com a prevalência da concepção

liberal, isso jaz nesse momento a formação profissional, a educação brasileira. Ca-

da um define aquilo que acha mais importante e essa concepção é necessário para a

ótica do mercado, ao polo regulador da vida social. Então, acho que não foi uma a-

titude específica ao Serviço Social, mas ela é absolutamente condizente com a pre-

valência da referência do desenvolvimento que se teve nos últimos anos, na década

de 1990, no país. (Entrevistado 1-professor da comissão de especialistas).

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O Parecer Nº 492/2001 também exclui o item sobre as recomendações, e não de-

fine a carga horária para atividades complementares e para o estágio.

Em abril de 2002, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares para o Serviço So-

cial CNE/CES 15/2002. Esta Resolução, em seu artigo 2º, expõe que:

O projeto pedagógico de formação profissional a ser oferecida pelo curso de

Serviço Social deverá explicitar:

a) o perfil dos formandos;

b) as competências e habilidades gerais e específicas a serem desenvolvidas;

c) a organização do curso;

d) os conteúdos curriculares;

e) o formato do estágio supervisionado e do Trabalho de Conclusão do Curso;

f) as atividades complementares previstas.

Esta orientação permite a construção de projetos pedagógicos de cursos flexíveis,

simplificados e diversificados. Sua construção dependerá dos profissionais e da perspectiva

educacional de cada instituição formadora. Além do que, não há uma legislação que regule os

conteúdos disciplinares, que para Ferreira (2004, p. 23) ―os projetos pedagógicos dos cursos

novos apresentam disciplinas que não se estruturam em torno dos eixos propostas nas diretri-

zes da ABEPSS e as disciplinas, na maioria das vezes, não se articulam e apresentam diversos

problemas de superposição de conteúdos‖.

A proposta de flexibilização dos cursos superiores está posta mundialmente, o que

para Iamamoto (2004, p. 69), favorece para que o ―Know-how tende a subordinar as compe-

tências profissionais legalmente instituídas, decorrente, entre outros aspectos, das exigências

de polivalência dos trabalhadores e trabalhadoras instituída no âmbito da produção e dos ser-

viços‖, ao mesmo tempo os trabalhadores têm novos desafios como atuar em equipe de forma

interdisciplinar.

Mesmo depois das normativas do Ministério da Educação, pouco se tem escrito,

falado e debatido sobre o desenvolvimento de Competências e Habilidades no Serviço Social

brasileiro. Como escreve Iamamoto (2008, p. 465), ―As competências profissionais e atribui-

ções privativas do assistente social resguardadas na legislação profissional são temas silencia-

dos, afora a atribuição referente à gestão e avaliação das políticas, programas e projetos‖.

É de extrema importância que os profissionais e as instituições formadoras te-

nham claro o que são e quais são as competências e habilidades profissionais do Serviço Soci-

al, pois só assim se garantirá uma formação qualificada, além do que: ―estão em jogo tanto a

defesa de formação especializada de nível universitário, quanto ao direito do usuário dispor de

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serviços realizados por profissionais dotados de competência técnico-científica e ético-política

no atendimento as suas necessidades e direitos sociais‖. (IAMAMOTO, 2004, p. 70).

No relatório final da pesquisa avaliativa das diretrizes curriculares do curso de

Serviço Social, realizado pela ABEPSS,20

as competências e habilidades foram analisadas no

eixo ―tratamento dispensado à prática na formação profissional‖. No relatório, Simões (1988

apud Ramos, 2008 p.154), define competências como ―atribuições legais de pessoas ou órgãos

para a resolução de determinadas questões ou conflitos. [...] impõem-lhe uma obrigação, um

dever socialmente instituído, segundo o qual, uma vez convocado, o profissional tem de agir‖.

Ainda em relação à compreensão de competências e habilidades, Ramos (2007) diz que são:

[...] entendidas na totalidade da formação profissional, enquanto desdobramentos do

perfil profissional do assistente social proposto nas Diretrizes Curriculares, envol-

vendo a capacidade de produção e de domínio de conhecimentos e processos peda-

gógicos e de sua utilização adequada na construção e implementação de respostas às

expressões da Questão Social, sobre as quais incide a intervenção desse profissional.

(p. 151).

A pesquisa realizada pela ABEPSS questionou se o perfil, as competências e habi-

lidades profissionais indicadas nas diretrizes vêm orientando a formação profissional, ao que

50 unidades de ensino responderam que sim. A relatora destacou três tendências principais

que nortearam os argumentos utilizados para fundamentar esse posicionamento:

O esforço em garantir, nos Projetos Pedagógicos dos cursos, a implementação das

Diretrizes Curriculares, a referência ao Código de ética e a Lei de regulamentação da

profissão como documentos indispensáveis para o processo de compreensão das

competências e habilidades e a intencionalidade de materializar uma formação pro-

fissional em consonância com os princípios do Projeto ético-político do Serviço So-

cial. (Ramos, 2008, p.183).

Em abril de 2009, iniciou-se o curso de especialização latu sensu em Serviço So-

cial: Direitos Sociais e Competências Profissionais, realizado pelo Conselho Federal de Servi-

ço Social (CFESS) e Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa e Serviço Social (ABEPSS),

em parceria com o Centro de Educação a Distância da Universidade de Brasília. (CEAD-

UnB). O curso dá centralidade às competências e atribuições do assistente social nos diferen-

tes espaços ocupacionais, considerando as competências e atribuições estabelecidas nos arti-

gos 4º e 5º da lei de Regulamentação da Profissão, Lei 8.82 de 7 de julho de 1993. Especifi-

camente ao entendimento de competência é abordado na introdução do texto de Marilda Vile-

20 O resultado da pesquisa foi divulgado em relatório (Cd room) e na Revista Temporalis, ano VII, n. 14. Brasí-

lia: ABEPSS, jul/dez 2007.

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la Iamamoto (2009), ―O Serviço Social na cena contemporânea‖. A autora chama a atenção

que a competência tratada no curso não é a do discurso competente utilizada e difundida pelas

instâncias burocráticas dos organismos empregadores, mas a competência crítica, que é capaz

de desvendar os fundamentos conservadores e tecnocráticos do discurso da competência bu-

rocrática. ―O discurso competente é crítico quando vai à raiz e desvenda a trama submersa dos

conhecimentos e explica as estratégias de ação.‖ (IAMAMOTO, 2009, p. 17).

A categoria profissional dos assistentes sociais, em especial as instituições forma-

doras, tem o desafio de tornar real o projeto ético-político da profissão, atendendo a legisla-

ção, mas compreendendo que o ensino é teórico-prático contemplando ―às dimensões, técni-

co-instrumental, teórico-intelectual, investigativa, ético-político e formativa (ou pedagógica)‖

(GUERRA, 2002, p. 6), tomando os devidos cuidados para não caminhar junto com a propos-

ta neoliberal que os organismos internacionais propõem.

É também um desafio formar profissionais para a vida acadêmica e para papéis

gerenciais como coordenação de curso e coordenação de estágio, em um país de dimensões

continentais e que tem tido um aumento significativo na oferta de cursos de Serviço Social,

tanto na modalidade presencial como a distância. No próximo item, mostra-se o mapeamento

histórico dos cursos de Serviço Social no Brasil.

2.3 MAPEAMENTO HISTÓRICO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR COM

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

De acordo com o Censo de Educação Superior de 2007 (Tabela 1), havia 2.281

IES no país, em relação à categoria administrativa 89% das IES são privadas e 11% públicas.

Entre as públicas (4,6%) são federais, (3,6%) estaduais e (2,7%) municipais. Em relação à

organização acadêmica, 8% são universidades, 5,3% centros universitários e 86,7% das IES

são faculdades (faculdades, escolas, institutos, faculdades integradas, centros federais de edu-

cação tecnológica e faculdades de tecnologia – Decreto 5773/2006). O maior número de fa-

culdades 1.828 (92,5%) e de centros universitários 116 (96,7%) está vinculado ao setor priva-

do, enquanto as universidades estão distribuídas em proporção aproximada entre setor público

96 (52,5%) e 87 (47,5%) no privado.

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Tabela 3 Evolução do Número de Instituições, segundo a categoria Administrativa - Brasil - 2002 a 2007

Ano Total % Públicas Privada %

Federal % Estadual % Municipal %

2002 1.637 - 73 - 65 - 57 - 1.442 -

2003 1.859 13,6 83 13,7 65 0,0 59 3,5 1.652 14,6

2004 2.013 8,3 87 4,8 75 15,4 62 5,1 1.789 8,3

2005 2.165 7,6 97 11,5 75 0,0 59 -4,8 1.934 8,1

2006 2.270 4,8 105 8,2 83 10,7 60 1,7 2.022 4,6

2007 2.281 0,5 106 1,0 82 -1,2 61 1,7 2.032 0,5

Fonte: MEC/INEP/DEED

Com relação ao ensino presencial, foi registrado, pelo Censo de 2007, o funcio-

namento de 23.488 cursos em todo o Brasil, as IES privadas foram responsáveis pela oferta de

16.892 cursos, entretanto houve um crescimento de 8,8% na oferta de cursos nas Instituições

Federais de Ensino Superior.

Os cursos de Serviço social no Brasil iniciaram na década de 1930, na região su-

deste. Nestes quase oitenta anos, o Brasil passou pela modernização industrial e tecnológica e

muitas mudanças na área educacional. 21

O Ministério de Educação e Cultura - MEC caracteriza as Instituições de Ensino

Superior, quanto a sua competência e responsabilidade, classificando-as como instituições

universitárias e não universitárias.

Instituições Universitárias: são instituições pluridisciplinares, públicas ou pri-

vadas, de formação de quadros profissionais de nível superior que desenvol-

vem atividades regulares de ensino, pesquisa e extensão. Dividem-se em: Uni-

versidades, Universidades Especializadas e Centros Universitários.

Universidades - são instituições pluridisciplinares, públicas ou privadas, de

formação de quadros profissionais de nível superior, que desenvolvem ativida-

des regulares de ensino, pesquisa e extensão.

Centros Universitários – são instituições de educação superior, públicas ou

privadas, pluricurriculares, que devem oferecer ensino de excelência e oportu-

nidades de qualificação ao corpo docente e condições de trabalho à comunida-

de escolar.

21 Para uma leitura aprofundada sobre a política educacional, o desenvolvimento e expansão dos cursos de Servi-

ço Social no Brasil, recomenda-se a tese de PEREIRA (2007), e o item Ensino Universitário e Formação Aca-

dêmico-profissional; do livro de IAMAMOTO (2008).

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Instituições não Universitárias: Centros Federais de Educação Tecnológica

(CEFETs) e os Centros de Educação Tecnológica (CETs), Faculdades Integra-

das, Faculdades Isoladas e os Institutos Superiores de Educação.

Faculdades Integradas – são instituições de educação superior pública ou pri-

vada, com propostas curriculares em mais de uma área do conhecimento. Têm

o regime unificado e são dirigidas por um diretor geral. Pode oferecer cursos

em vários níveis, sendo de graduação, cursos sequenciais e de especialização e

programas de pós-graduação (mestrado e doutorado).

Faculdades Isoladas – são instituições de educação superior públicas ou priva-

das. Com propostas curriculares em mais de uma área do conhecimento, são

vinculadas a um único mantenedor e com administração isoladas. Podem ofe-

recer cursos em vários níveis, sendo de graduação, cursos sequenciais e de es-

pecialização e programas de pós-graduação (mestrado e doutorado).

Institutos de Ensino Superior – são instituições públicas ou privadas que minis-

tram cursos em vários níveis, sendo de graduação, cursos sequenciais e de es-

pecialização, extensão e programas de pós-graduação (mestrado e doutorado).

O MEC deixa claro que a obrigatoriedade de desenvolvimento de atividades regu-

lares de pesquisa é das Universidades. As Universidades no Brasil têm a obrigação de traba-

lhar com o tripé da educação que é: ensino, pesquisa e extensão. Já as demais Instituições de

Ensino Superior são responsáveis apenas pelo ensino.

Segundo a base de dados do MEC/INEP, em abril de 2009, existem 331 cursos de

Serviço Social no país. Destes 49% estão em universidades, 32% em faculdades, 12,9% em

Centro Universitário e 5,7% em Instituto de Ensino superior.

2.3.1 Distribuição por Organização Acadêmica

As faculdades que concentram 106 cursos, não têm obrigatoriedade de contratação

do corpo docente titulado, para jornada de trabalho integral nem de investir em uma política

de carreira docente e pós-graduação ou de garantir autonomia universitária por meio de ins-

tâncias como os Conselhos Universitários.

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Figura 1 Gráfico 1: Distribuição dos Cursos de Serviço Social por Organização Acadêmica

2.3.2 Distribuição de IES por Região Geográfica

Há uma concentração de cursos de Serviço Social na região sudeste (49%), com

163 cursos e na região Sul (22%), com 73 cursos. A visualização é possível no gráfico 2 e na

tabela 5. Há uma concentração de instituições de ensino nestas regiões que possuem maior

desenvolvimento econômico e perspectivas para o mercado de trabalho.

Figura 2 Gráfico 2: Distribuição de IES por Região Geográfica

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A distribuição geográfica dos cursos de Serviço Social no Brasil pouco difere da

distribuição das instituições de ensino superior como se pode verificar na Tabela- 4 há uma

concentração de instituições na Região Sudeste, seguida pela Região Nordeste e Sul.

Tabela 4 Distribuição das Instituições de Ensino Superior por Região Geográfica no Brasil – Censo 2007

Região Pública Privada Total

Norte 18 122 140

Nordeste 60 362 422

Sudeste 112 983 1095

Sul 40 335 375

Centro oeste 19 230 249

Total 249 2032 2281

Fonte: MEC/INEP/DEED.

Tabela 5 Distribuição Cursos de Serviço Social por Região Geográfica e Categoria Administrativa

Região Pública Privada Total

Norte 8 21 29

Nordeste 15 36 51

Sudeste 15 148 163

Sul 14 59 73

Centro oeste 3 12 15

Total 55 276 331

Fonte: MEC/INEP.

Os dados refletem a concentração de IES nas regiões conhecidas por maior desen-

volvimento industrial/econômico, fator que contribui para o aprofundamento das desigualda-

des regionais.

2.3.3 Distribuição de IES por Categoria Administrativa

No Brasil, as Instituições de ensino podem ser públicas ou privadas. Na categoria

privada, há uma gama de possibilidades, como particular em sentido estrito, comunitária, con-

fessional, filantrópica e outras combinações.

É possível visualizar no gráfico - 3, abaixo, que há uma concentração de cursos

de Serviço Social em IES privadas. Dos 331 cursos, 276 (83,38%) são privados, destes 111

estão em instituições filantrópicas e apenas 55 (16,61%) são públicos. A situação como se

verifica na tabela – 4 (página anterior) é a mesma para os demais cursos no Brasil, resultado

da política educacional e econômica, com viés neoliberal, de privatização da educação, adota-

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da na última década, pelo governo Fernando Henrique Cardoso e Inácio Lula da Silva. O setor

privado tem sido favorecido por iniciativas e mecanismos como, a isenção tributária, isenção

da contribuição previdenciária das filantrópicas, isenção do salário educação, financiamento

de alunos carentes por meio do FIES – Financiamento ao Estudante do Ensino Superior, e do

PROUNI – Programa Universidade para Todos, além de empréstimos financeiros a baixos

juros por instituições oficiais como o BNDES.

Analisando a categoria administrativa, destaca-se que 165 cursos estão em IES

particular no sentido estrito, ou seja, com fins lucrativos, confirmando o interesse do empresa-

riado da educação pelos cursos de Serviço Social.

Figura 3 Gráfico 3 Distribuição de IES por Categoria Administrativa

Ao se cruzar os dados com a distribuição por região geográfica, evidencia-se que

há um acúmulo de IES privadas nas regiões sudeste e sul, regiões prosperas economicamente.

Nas demais regiões prevalecem as IES públicas, uma das razões desta prevalência, justifica-se

pela lei do mercado, regiões empobrecidas ou de difícil acesso ou onde as áreas urbanas não

oferecem público suficiente para este tipo de negócio. O empresariado investe onde tem de-

manda e possibilidades de lucro.

O crescimento rápido do número de IES privadas empresariais tem mostrado que

estas instituições dão ênfase ao ensino em detrimento da pesquisa e extensão, e que a lógica

empresarial penaliza os docentes nas relações de trabalho, com contratos de professores horis-

tas (hora/aula), com uma carga horária excessiva em atividade de ensino/sala de aula. Con-

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forme os dados do Censo de Educação Superior – 2007, dos docentes que atuam em faculda-

des, 66,1% são contratados em regime de hora/aula e dos que atuam em universidades 22,7%.

Nos cursos de Serviço Social das IES privadas, se identifica o sucateamento na

formação quando da não contratação ou subcontratação, de professores para as atividades de

supervisão acadêmica e de orientação dos Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC).

2.3.4 Distribuição de IES por Modalidade de Ensino – Presencial e a Distância

No Brasil, a modalidade de ensino a distância em cursos superior é recente, mas

em 2007, segundo dados do Censo da Educação Superior, 97 instituições ofereciam cursos de

graduação a distância. Dessas instituições, dez oferecem o Curso de Serviço Social, duas são

de 2006, três de 2007, quatro foram criadas em 2008 e uma em 2009. É importante lembrar

que a instituição sede do ensino a distância se localiza em uma determinada região, mas sua

ação pode ser em qualquer localidade, pois pode contar com polos de ensino. A IES, com en-

sino a distância, pode ofertar um número de vagas muito maior que o ensino presencial. Em

abril de 2009, o ensino a distância de Serviço Social tinha 64.950 (sessenta e quatro mil nove-

centas e cinquenta) vagas autorizadas. Sendo que no cadastro, no site no INEP/MEC, de uma

das IES não havia informação da quantidade de vagas autorizadas.

Tabela 6 Distribuição de IES com Ensino a Distância por Região Geográfica

Região NO NE CO SD SUL TOTAL

1 1 1 3 4 10

Das dez IES, que oferecem o curso de Serviço Social, nove são privadas, destas

quatro são filantrópicas e uma é pública. Apesar de ser pública, cobra pelos cursos oferecidos.

Assim em fevereiro de 2009, a IES foi notificada pelo MEC, por cobrar mensalidades dos

cursos de graduação a distância, pois na condição de instituição pública, ela desrespeita a

Constituição por não oferecer cursos gratuitos. A instituição também terá que investir na me-

lhoria da qualidade do ensino.

2.3.5 Distribuição de IES por década de implantação do Curso de Serviço Social

Os cursos de Serviço Social iniciaram no Brasil em 1936 com a Escola de Serviço

Social de São Paulo e em 1937 no Rio de Janeiro, integrado à Escola Ana Nery.

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Figura 4 Gráfico 4 Distribuição de IES por Década de Implantação do Curso de Serviço Social

Na década de 1970, houve crescimento de instituições de ensino no país, fatos de-

correntes da reforma universitária de 1968. Com isto se criaram 20 cursos de Serviço Social

na referida década. Mas o maior crescimento ocorreu a partir de 2000, com a implementação

da LDB de 1996, e consequentemente a ampliação da privatização do ensino superior. Até

1999, eram ao todo 83 cursos de Serviço Social e a partir de 2000, foram criados 233 cursos,

ou seja, 70% dos cursos de serviço social oferecidos em 2009 são recentes e não acompanha-

ram movimento histórico da profissão.

No gráfico - 4 identificam-se 15 cursos na base de dados do MEC/INEP em que

não consta a data de início. São cursos que foram autorizados para funcionamento a partir de

julho/agosto de 2009.

É no processo de desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento e Informação e

da globalização, que se verifica a ampliação da demanda e da oferta de cursos superiores, en-

tre eles, do Serviço Social. Se, por um lado, existe uma sociedade com sofrimentos sociais

que necessitam de políticas públicas e de inserção de profissionais da área social, por outro,

ocorrem mudanças da legislação educacional e um crescimento rápido de número de cursos

em todo o Brasil, em um período de tempo curto. Essa realidade demanda ações concretas das

entidades representativas do Serviço Social (CFESS, CRESS, ABEPSS, ENESSO), no senti-

do de qualificar a formação profissional.

No decorrer da pós-graduação, realizou-se Estágio de Doutorado no Exterior, por

meio do Programa de Doutorado no País com Estágio no Exterior – PDEE – na Universidade

Autônoma de Barcelona – Espanha, com o intuito de aprofundar os estudos sobre o desenvol-

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vimento de competências e habilidades na formação profissional do Serviço Social. No perío-

do do estágio, foi possível conhecer a proposta do Espaço Europeu de Educação Superior -

EEES e ter acesso à discussão que o Serviço Social espanhol está realizando para se adequar

às exigências da Declaração de Bolonha, consequentemente, a construção do currículo de

Serviço Social por competências.

Uma das exigências para a adequação dos cursos ao EEES é a adoção de um sis-

tema de titulações facilmente compreensível e comparável. Para isso, o primeiro passo é defi-

nir os objetivos de aprendizagem de cada curso, elaborar competências (conhecimentos, habi-

lidades e atitudes) necessárias para realizar uma determinada atividade profissional e para o

desenvolvimento pessoal, e estabelecer um sistema de garantia de qualidade dos programas de

ensino que assegurem que aquelas competências são as verdadeiramente adquiridas pelos a-

cadêmicos.

Com objetivo ilustrativo a seguir, apresenta-se, de forma sumária, a discussão do

Serviço Social Espanhol para se adequar às exigências do Espaço Europeu de Educação Supe-

rior e o resultado da construção do Livro Branco, publicação que define o rol de competências

para a formação do Serviço Social.

2.4 O SERVIÇO SOCIAL EUROPEU (ESPANHA) E O ESPAÇO EUROPEU DE E-

DUCAÇÃO SUPERIOR

A apresentação deste item objetiva ilustrar como docentes, estudantes e profissio-

nais da Espanha construíram o ―Livro Branco‖ que é a diretriz para os cursos de Serviço So-

cial, no sentido de adaptá-lo às exigências do EEES. Não se tem intenção de comparar à reali-

dade dos cursos de Serviço Social da Europa/Espanha à realidade brasileira, pois como disse o

professor Antonio Cappi (INEP 2006, p. 214) no evento sobre ―modelos institucionais de E-

ducação Superior‖:

O Protocolo de Bolonha não pode, simplesmente, ser o modelo do ensino superior

para um país continental, como o nosso, em que na educação superior ingressa todo

tipo de aluno. Há alunos superdotados (ou melhor, supertreinados), escolhidos em

processos de seleção disputadíssimos. É o que acontece nos cursos mais concorridos

das universidades federais, públicas e gratuitas e em alguns cursos de universidades

privadas. Há, porém, alunos oriundos de ensino básico deficiente, que mal sabem ler

e escrever e que passaram no vestibular por falta de candidatos com quem competir

numa seleção.

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Outro ponto que também deve ser considerado é o processo de adaptação da Es-

panha ao EEES. Este processo tem sido realizado, segundo Bolivar (2009), de maneira acríti-

ca e adotando integralmente as referências do projeto Tuning22

.

Na Espanha, a Agência Nacional de Avaliação da Qualidade e da Creditação (ANE-

CA), encarregada de orientar e supervisionar o processo, desde o primeiro momento,

adotou (e impôs em suas respectivas convocatórias) um modelo único de proposta

baseado as competências, de acordo com a formulação que o Tuning havia realizado.

(p. 103).

O projeto Tuning utiliza uma metodologia indutiva na seleção de competências de

cada perfil profissional, que é realizada por meio de questionários aplicados a profissionais,

estudantes e empregadores, partindo do ponto de vista empírico para a formulação de um ran-

king de competências. Esta proposta é a mesma adotada pelo Tuning América Latina que já

envolveu no projeto 182 universidades latino-americanas com oito áreas de conhecimento:

arquitetura, direito, enfermagem física, geologia, engenharia, medicina e química. O serviço

social ainda não foi chamado para participar do projeto.

A Declaração de Bolonha (1999) estabeleceu que até 2010, deva ser consolidado o

Espaço Europeu de Educação Superior, que visa a uma maior empregabilidade dos cidadãos,

mobilidade dos estudantes, professores, pesquisadores, pessoal administrativo europeu, au-

mentando a competitividade internacional dos sistemas de ensino superior.

No intuito de concretizar o EEES, é preciso que as estruturas educativas dos dife-

rentes países sejam passíveis de comparação tornando possível o reconhecimento de cursos

concluídos em outros países. A comparação respeitará a diversidade. Então, a comparação

será baseada em um modelo flexível, que reconheça os conhecimentos básicos transmitidos

por outros sistemas e a qualidade de outras instituições.

Para a adequação a ANECA23

– Agencia Nacional de Evaluación de La Calidad y

Acreditación – fez convocação de ajuda para a elaboração do Livro Branco em que é dese-

nhado o plano de estudos e títulos de graduação. A convocatória exigia a participação do mai-

22 Em inglês a expressão tune significa sintonizar uma determinada frequência de rádio. O termo também é utili-

zado para descrever afinação de instrumentos de uma orquestra. O Projeto Tuning se propõe a articular pessoas e

instituições do campo da Educação, fomentando estudos e debates sobre as estruturas educativas e conteúdos no

âmbito do Ensino Superior. Não se propõe a realizar a unificação de currículos, e sim a apoiar as instituições de

ensino e pessoas vinculadas a elas, a identificar aspectos comuns e referências em seus programas. O Projeto

TUNING AMÉRICA LATINA acontece desde 2004, com a participação MEC/INEP e de universidades brasilei-

ras. Informações estão disponíveis no site http://tuning.unideusto.org/tuningal/index.php. 23

Para maiores informações consultar a página http://www.aneca.es/ .

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or número de universidades possível. Antes da edição, os Livros Brancos de cada curso são

avaliados por uma comissão do Programa de Convergência Europea da ANECA.

A comissão de avaliação para o desenho do curso do Serviço Social foi coordena-

da pelo professor Octavio Vásquez Aguado, da Universidade de Huelva. O grupo de trabalho

era misto com a participação de professores e alunos de 32 Universidades Espanholas e a par-

ticipação de profissionais através do Consejo General de Diplomados em Trabajo Social y

Assistentes Sociales. Durante seis meses, a comissão realizou vários eventos, entre eles um

grande seminário de trabalho com a participação de mais de 30 colégios profissionais existen-

tes na Espanha. Na União Européia, não há uma norma para a profissão de assistente social.

Para a elaboração do Livro Branco em Trabalho Social24

, foi realizada uma análi-

se macro e micro da situação dos estudos em trabalho social. Na Europa, foram analisados os

cursos de 27 países25

com o objetivo de conhecer o programa e a formação de graduação dos

profissionais de trabalho social no Espaço Europeu de Educação Superior. Verificou-se que

todos os países introduziram as mudanças na educação superior por exigência da convergên-

cia europeia, inclusive na titulação de trabalho Social. A estrutura de educação superior dos

países é heterogênea, consequentemente a formação em trabalho social difere muito nos paí-

ses pesquisados. De forma geral, os créditos ECTS não estão implantados, o que dificulta as

comparações.

Em relação à denominação mais comum adotada nos diferentes países é de Traba-

lho Social, com exceção dos países que mantêm a denominação relacionada com a assistência

social (parte francesa da Bélgica, Itália, França, Portugal e Romênia, na Alemanha pode haver

dupla titulação: Trabalho Social/ Pedagogia Social). Nos países europeus, há uma diversidade

na formação. Em relação à duração dos cursos na maioria dos países é de três anos, mas exis-

tem ainda alguns com a duração de quatro anos (Alemanha, Áustria, Eslovênia, Chipre, Ho-

landa, Hungria, Letônia, Malta, Portugal, Reino Unido/Escócia e Romênia).

Em todos os países estudados para a elaboração do livro Branco, a formação em

Trabalho Social se integra na educação superior em 57,7% em universidades e 42,3% em ins-

tituições de ensino superior não universitária, mas que estão integradas ao sistema de educa-

ção superior dos respectivos países. O estudo conclui que a formação em trabalho Social deve

24 No desenvolvimento deste item se utilizará trabalho social no lugar de serviço social, por ser a tradução mais

adequada para a profissão na Espanha e na maioria dos países da Europa. 25

Os países pesquisados foram: Alemanha, Áustria, Bélgica,Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Estônia,

Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega,

Polônia, Portugal, República Checa, Suécia, Reino Unido, Romênia.

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integrar a vertente acadêmica, com sólida base científica e com uma formação prática que

assegure a aquisição das competências instrumentais específicas da formação profissional.

O objetivo de todos os programas estudados é a qualificação de Trabalhadores

Sociais, entendendo trabalho social de acordo com a definição profissional adotada interna-

cionalmente:

O exercício da profissão de assistente social ou trabalhador social promove a mu-

dança social, a resolução de problemas no contexto das relações humanas e a capa-

cidade e empenhamento das pessoas na melhoria do "bem – estar". Aplicando teori-

as de comportamento humano e dos sistemas sociais, o trabalho social focaliza a sua

intervenção no relacionamento das pessoas com o meio que as rodeia. Os princípios

de direitos humanos e justiça social são elementos fundamentais para o trabalho so-

cial. (INTERNATIONAL FEDERATION OF SOCIAL WORKERS, 2005).

A pesquisa também identificou que os programas utilizam os propósitos do Traba-

lho Social reconhecido pela Associação Internacional de Escolas de Trabalho Social (AI-

ETS)26

:

Facilitar a inclusão dos grupos de pessoas marginalizadas, socialmente excluí-

das, despossuídas, vulneráveis e em risco;

Dirigir e defender as barreiras, iniquidades, desigualdades e injustiças que exis-

tem na sociedade;

Assistir e mobilizar indivíduos, famílias, grupos e comunidades para aumentar

seu bem estar e capacidade para solucionar problemas;

Fomentar o comprometimento das pessoas na defesa de assuntos pertinentes,

internacionalmente, nacionalmente, regionalmente e localmente;

Defender a formulação e implementação de políticas coerentes com os princí-

pios éticos da profissão;

Defender as mudanças das condições estruturais que mantém as pessoas em

condições marginais, despossuídas e vulneráveis;

Trabalhar para a proteção de pessoas que não estão em condições de fazê-lo

por si mesmas, por exemplo, crianças que necessitam de cuidados e pessoas

que sofrem de doenças mentais ou deficiência mental, dentro dos parâmetros

de uma legislação aceitável e eticamente.

26 O documento: Estándares globales de calificación para la educación y capacitación en Trabajo Social, está

disponível em espanhol no site: http://www.ifsw.org/cm_data/GQSSWET_es.pdf .

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As instituições pesquisadas também recorrem às considerações do ―Conselho de

Ministros de Trabalho Social da Europa‖ que reconhece o papel do trabalho social como pro-

fissão, qualificando como investimento no bem estar futuro da Europa e recomendando que a

formação seja de acordo com sua natureza profissional, que requer o mais alto nível de res-

ponsabilidade em torno das decisões, maturidade e elevado nível de competência, portanto,

requer uma formação profissional adequada.

Os programas analisados apresentam algumas características comuns em relação

ao perfil formativo: uma formação básica geral, fundamentalmente em ciências aplicadas,

psicologia e direito; uma formação específica em trabalho social (teoria e prática) e formação

para poder atuar diante das novas realidades como a convergência educativa europeia, as so-

ciedades multiculturais e a internacionalização do trabalho social.

De acordo com o Livro Branco, a nova realidade de convergência europeia em

torno da educação, títulos e perfis profissionais, a formação profissional se converte no prin-

cipal componente da formação técnica universitária. A formação do trabalhador social tem

passado por muitas modificações ao longo da história, especialmente a partir da década de

1990 com as transformações tecnológicas, econômicas e sociais que geram mudanças nos

conteúdos, métodos e formas sociais de trabalho.

Se tradicionalmente se adquiria uma formação para toda a vida, na atualidade a

formação está presente ao longo de toda a vida, se antes o trabalhador social era formado para

ser polivalente, hoje deve ser formado também para a especialização.

O conceito de competência adotado no Livro Branco tem o enfoque holista, em

que a competência profissional mobiliza uma série de atributos para trabalhar exitosamente

em diferentes contextos e com diferentes situações emergenciais. Os conhecimentos se com-

binam com habilidades e percepção ética dos resultados do trabalho, com a capacidade de

comunicar e entender os pontos de vista dos companheiros de profissão e dos usuá-

rios/clientes, habilidade de negociar e fazer intercâmbio de informações.

O perfil profissional é a descrição de competências e habilidades necessárias para

o desempenho de uma profissão e das condições para o desenvolvimento profissional. O do-

cumento entende que o trabalhador social é um profissional da ação social que tem uma com-

preensão ampla das estruturas e processos sociais, das mudanças sociais e do comportamento

humano, que lhe capacitam para:

Intervir em situações sociais que vivem indivíduos, famílias, grupos, orga-

nizações e comunidades, assistindo, manejando conflitos e exercendo me-

diação;

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Participar na formulação de políticas sociais;

Contribuir na cidadania ativa, mediante o empoderamento e a garantia de

direitos sociais;

Todos eles têm o objetivo de contribuir, em conjunto com outros profissionais da

ação social para:

A integração social de pessoas, famílias, grupos, organizações e comuni-

dades;

A constituição de uma sociedade coesa;

O desenvolvimento da qualidade de vida e bem estar.

A comissão definiu as seguintes competências profissionais para o trabalhador so-

cial:

1. Capacidade para trabalhar e avaliar de maneira conjunta com pessoas, fa-

mílias, grupos, organizações e comunidades, suas necessidades e circuns-

tâncias.

2. Planejar, implementar, revisar e avaliar a prática do trabalho social com

pessoas, famílias, grupos, organizações e comunidades e com outros pro-

fissionais.

3. Apoiar as pessoas para que sejam capazes de manifestar as necessidades,

ponto de vista e circunstâncias.

4. Atuar para a resolução das situações de risco com os usuários/clientes as-

sim como, para riscos próprios e dos colegas de profissão.

5. Administrar e ser responsável, com supervisão e apoio, da própria prática

Profissional dentro da organização, (trata da administração e responsabili-

dade do próprio trabalho).

6. Demonstrar competência profissional no exercício do trabalho social. (atu-

alização do conhecimento, dos marcos legais, políticos e procedimentos).

Cada um destes âmbitos profissionais se concretiza em realizações profissionais e

critérios de realização que ajudam a concretizar o conjunto de competências profissionais que

os trabalhadores sociais devem adquirir. O documento apresenta um quadro (anexo1) com a

unidade de competência, realizações profissionais e critérios de realização, que facilita a visu-

alização e identificação de como se desenvolve cada competência.

A comissão de elaboração do Livro Branco fez a valoração das competências ge-

néricas definidas pelo projeto Tuning, entrevistando professores, profissionais, egressos e

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alunos. Utilizou uma tabela com pontuação para as competências genéricas27

. A escala da

pontuação era de um a quatro, sendo ―um‖ o valor mais baixo. De acordo com os entrevista-

dos, a ordenação das competências é a seguinte:

1. Resolução de problemas

2. Habilidades nas relações interpessoais

3. Capacidade de organização e planejamento

4. Trabalho em equipe de caráter interdisciplinar

5. Capacidade de análise e síntese

6. Compromisso ético

7. Trabalho em equipe

8. Tomar decisões

9. Raciocínio crítico

10. Reconhecer a diversidade e multiculturalidade

11. Adaptação às novas situações

12. Capacidade de gestão de informação

13. Iniciativa e espírito empreendedor

14. Motivação para a qualidade

15. Criatividade

16. Conhecimentos de outras culturas e costumes

17. Conhecimento de língua estrangeira

18. Aprendizagem autônoma

19. Conhecimento de informática relativo ao âmbito de estudo

20. Trabalhar em um contexto internacional

21. Liderança

22. Sensibilidade para temas relacionados ao meio ambiente

As competências específicas da formação profissional do trabalhador social que

foram classificas em seis grandes grupos segundo sua natureza, foram redefinidas em 25

competências específicas que diferenciam o trabalho social de outras disciplinas. Estas com-

petências foram submetidas para as considerações de estudantes, professores, egressos, profis-

sionais e responsáveis de entidades empregadoras.

1. Atuar com pessoas, famílias, grupos, organizações e comunidades para

conseguir mudanças, promover o desenvolvimento dos mesmos e melho-

27 A tabela está disponível no site do Tuning América Latina, no endereço:

http://tuning.unideusto.org/tuningal/index.php?option=content&task=view&id=219&Itemid=248 .

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rar as condições de vida através da utilização de métodos e modelos de

trabalho social.

2. Intervir com pessoas, famílias, grupos, organizações e comunidades para

ajudá-los a tomar decisões fundamentadas a respeito de suas necessidades,

circunstância, riscos, opções preferenciais e recursos.

3. Promover o crescimento, desenvolvimento e independência das pessoas

identificando as oportunidades para formar e criar grupos, utilizando os

programas e as dinâmicas de grupo para o crescimento individual e o for-

talecimento das habilidades.

4. Responder a situações de crises valorando a urgência de situações, plane-

jando e desenvolvendo ações para fazer o enfrentamento das mesmas e a-

valiar os resultados.

5. Avaliar as necessidades e opções possíveis para orientar uma estratégia de

intervenção.

6. Trabalhar de maneira eficaz dentro do sistema de redes e equipes interdis-

ciplinares e multiorganizacionais com o propósito de colaborar no estabe-

lecimento de fins, objetivos e tempo de duração.

7. Administrar e ser responsável por seu próprio trabalho, definindo priorida-

des e avaliando a eficácia do seu programa de trabalho.

8. Desenhar, implementar e avaliar projetos de intervenção social.

9. Investigar, analisar, avaliar e utilizar o conhecimento atual das melhores

práticas do trabalho social para revisar e atualizar os próprios conhecimen-

tos sobre o contexto do trabalho.

10. Apoiar o desenvolvimento de redes para fazer frente às necessidades e tra-

balhar a favor dos resultados planejados, verificando com as pessoas as re-

des de apoio que podem acessar e desenvolver.

11. Estabelecer relações profissionais com objetivo de identificar a forma mais

adequada de intervenção.

12. Preparar, produzir, implementar e avaliar os planos de intervenção com os

usuários e os colegas de trabalho, negociando o fornecimento de serviços

que devem ser empregados e avaliando a eficácia dos planos de interven-

ção com as pessoas.

13. Utilização da mediação como estratégia de intervenção destina na resolu-

ção alternativa de conflitos.

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14. Contribuir na promoção e melhoria da prática do trabalho social, partici-

pando no desenvolvimento e análise das políticas que se implementam.

15. Analisar e sistematizar a informação que proporciona o trabalho como co-

tidiano, como suporte para rever e melhorar as estratégias profissionais

que devem responder as situações sociais emergentes.

16. Estabelecer e atuar na resolução de situações de risco por meio de identifi-

cação prévia e definição da natureza dos mesmos.

17. Trabalhar com comportamentos que representem riscos para o usuário, i-

dentificando e avaliando as situações circunstâncias que configura tal

comportamento e elaborando estratégias de modificação dos mesmos.

18. Defender pessoas, famílias, grupos, organizações e comunidades e atuar

em seu nome se a situação requerer.

19. Preparar e participar nas reuniões de tomada de decisões para defender os

interesses das pessoas, famílias, grupos, organizações e comunidades.

20. Administrar conflitos, dilemas e problemas éticos complexos, identifican-

do-os, desenhando estratégias de superação e refletindo sobre seus resulta-

dos.

21. Contribuir na administração de recursos e serviços, colaborando com os

procedimentos implicados em sua obtenção, supervisionando sua eficácia

e assegurando sua qualidade.

22. Administrar, apresentar, compartilhar histórias e informes sociais, man-

tendo-os completos, fiéis, acessíveis e atualizados como garantia da toma-

da de decisões e valores profissionais.

23. Trabalhar dentro de padrões acordados para o exercício do trabalho social

e assegurar o próprio desenvolvimento profissional utilizando a assertivi-

dade profissional para justificar as próprias decisões, refletindo critica-

mente sobre as mesmas.

24. Estabelecer, minimizar e administrar os riscos para si mesmo e para os co-

legas por meio de planejamento, revisão e seguindo as ações para minimi-

zar o estresse e o risco.

25. Administrar e dirigir entidades de bem estar social.

A formação do trabalhador social, de acordo com o Livro Branco, deve ser uma

formação integral que atenda tanto aos conteúdos disciplinares, competências profissionais e

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atitudes que contribuam para gerar profissionais que não só sejam capazes de fazer, mas que

conheçam a realidade em que trabalham e sejam capazes de analisá-la criticamente. O livro

propõe uma estrutura geral para a formação em trabalho social no Espaço Europeu de Educa-

ção Superior, com conteúdos comuns obrigatórios com 35% das matérias, conteúdos instru-

mentais e conteúdos específicos de cada universidade, propõem que os cursos tenham 240

créditos ECTS, sendo 156 específicos e 84 próprios das universidades. Ao final, apresenta um

quadro resumo que contém a denominação das matérias, uma relação de conteúdos e as com-

petências gerais e específicas a que respondem.

O Livro Branco traz a produção coletiva dos profissionais, estudantes, professores

e empregadores da organização do curso de trabalho social, que conteúdos e competências são

necessárias para desenvolver profissionais para a nova realidade do século XXI, a realidade

do Espaço Europeu de Educação Superior e das possibilidades de mobilidades dos cidadãos

europeus.

A educação superior europeia está passando por modificações, por isso é necessá-

rio o esforço do todos os envolvidos no processo. Processo que não é homogêneo. Durante o

período de Estágio de Doutorado no Exterior - PDEE – na Universidade Autônoma de Barce-

lona, foi possível acompanhar o movimento de estudantes e professores contrários às novas

diretrizes. Em várias universidades da Europa, houve manifestações, inclusive na Universida-

de de Barcelona com a presença da polícia no sentido de reprimir as manifestações.

A Associação de Profissionais de Serviço Social de Portugal (APSS, 2006) se

manifestou em relação ao processo de Bolonha, considerando que são necessários quatro anos

(240 ECTS) para garantir a formação desejada de licenciatura em Serviço Social, e que a for-

mação de graduação ―deverá conceder uma particular atenção à componente do estágio (ou

estágios) supervisionado, e a outras instâncias formativas que favoreçam contato dos estudan-

tes com a realidade social e profissional‖. Teme-se que a redução da carga horária interfira na

qualidade da formação e consequentemente na empregabilidade. Para Cruz (2004), Três anos

poderão formar um cientista social generalista, mas sem as competências dadas pelos quatro

anos, com reflexos no reconhecimento pelo mercado da valia profissional desses cientistas

sociais.

A implementação do paradigma educativo, da aprendizagem centrada no estudan-

te, na aquisição de competências, segundo Cruz (2004, p.3) ―não se faz apenas por via admi-

nistrativa, nem imediatamente. É uma mudança de cultura, e como todas as adaptações cultu-

rais, leva um tempo a acontecer. Importa por isso ser prudente na ousadia, para que a inova-

ção traduza efetivamente qualificação‖.

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Conhecer a proposta do Espaço Europeu de Educação Superior – EEES e o Livro

Branco em Trabalho Social, permitiu aprofundar a reflexão a respeito da unificação de cursos

num país grande como o Brasil e na proposta do Mercosul, também de como é possível pen-

sar uma proposta curricular não partindo de conteúdos disciplinares, mas de competências

profissionais a serem desenvolvidas e pensando no desenvolvimento de competência e habili-

dade transversais na proposta curricular no curso. É uma proposta com novos paradigmas que

gera questionamentos de como será a formação dos profissionais de Serviço Social no futuro.

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3. O DESAFIO NA BUSCA DE RESPOSTAS

Neste capítulo, relata-se o processo de desenvolvimento da pesquisa, faz-se a ca-

racterização das Instituições de Ensino Superior com cursos de Serviço Social que fizeram

parte da amostra e a caracterização dos entrevistados.

3.1 O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

Considerou-se que o tema ―competências e habilidades‖, embora presente em dis-

cussões de eventos de formação, é pouco conhecido e debatido no Serviço Social. A pesquisa

buscou responder o problema: ―Qual a concepção de competências e habilidades no Serviço

Social e como é contemplada na formação profissional a partir Diretrizes Curriculares da Re-

solução CNE/CES 15/2002?‖

Ponderou-se que a pesquisa exploratória, ou de aproximação à realidade social28

, é

a mais adequada para desvendar o problema. Esta metodologia possibilita a flexibilidade no

desenvolvimento e o uso de diferentes técnicas de coleta de dados como: levantamentos bibli-

ográficos, documentais e depoimentos. A pesquisa fez uso de dados quantitativos e qualitati-

vos, priorizando o uso da metodologia qualitativa29

, ―a metodologia inclui as concepções teó-

ricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o

sopro divino do potencial criativo do investigador‖ (MINAYO, 2001, p.16). Compreendendo

que teoria e metodologia andam juntas e como escreve Minayo (2001, p.16), ―a metodologia

deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses

teóricos para o desafio da prática‖.

A pesquisa qualitativa possibilita o estudo de questões particulares, ―ela trabalha

com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, [...] aprofun-

28 Estudos exploratórios ou de aproximação à realidade social. Têm a finalidade de colher informação para reco-

nhecer, localizar e definir problemas, fundamentar hipóteses, receber ideias ou sugestões que permitam aperfei-

çoar a metodologia, depurar estratégias, etc., visando uma formulação mais precisa do esquema definitivo. (SO-

RIANO, 2004, p. 27). 29

Segundo Strauss (2008), a metodologia qualitativa pode ser usada para explorar várias substâncias sobre as

quais pouco se sabe e para obter detalhes intrincados sobre fenômenos como sentimentos, processos de pensa-

mento e emoções que são difíceis de extrair ou de descobrir através de pesquisas mais convencionais.

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da-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não

captável em equações, médias e estatísticas‖. (MINAYO, 2001, p.21-22).

Para compreender o objeto: ―A apropriação de competências e habilidades, no

âmbito da formação profissional, do Serviço Social a partir da Resolução CNE/CES

15/2002‖, consideraram-se como universo da pesquisa todos os cursos de Serviço Social do

Brasil30

em junho de 2007, quando se fez a coleta de informações para definir a amostra da

pesquisa.

Para a definição da amostra, realizou-se um corte temporal, considerando ape-

nas cursos criados até 1997. Esta data é utilizada como corte de investigação, pois, como os

cursos em geral são de quatro anos, os que iniciaram até 1997 puderam ser avaliados e tive-

ram tempo para encaminhar a revisão curricular a partir de 2003, de acordo com a resolução

CNE / CES 15/2002.

Diante disto, verificaram-se no site do MEC/INEP, todas as instituições de ensino

que oferecem o curso de serviço social, foi elaborada uma planilha com as seguintes informa-

ções de cada Instituição de Ensino Superior (IES): Estado, Nome da IES, Cidade em que se

efetiva o curso, Modalidade (Presencial/distância), Data de início do funcionamento do curso,

Prazo para integralização do curso (o tempo necessário para o aluno completar o curso), Car-

ga Horária Mínima do Curso, Regime Letivo (anual/semestral), Turnos de Oferta (matutino,

vespertino/noturno), Criação Documento (criado por Portaria, Decreto, etc.), Nº do Documen-

to (o número do documento que cria o curso na IES), Data de publicação do documento de

criação do curso, Reconhecimento/Documento (se o curso é reconhecido por portaria, decreto

etc.), Nº do Documento de reconhecimento do curso, Data de Publicação do reconhecimento

do curso, Categoria Administrativa (se a instituição é pública, privada, filantrópica), Site (en-

dereço eletrônico da IES), Endereço da Sede. Para fins de visualização, encontra-se no apên-

dice (apêndice 1- CD) a relação das instituições, por região, cidade, modalidade e data de iní-

cio de funcionamento do curso.

Na coleta das informações sobre cursos de Serviço Social registrados junto ao

MEC/INEP, em junho de 2007, foram identificados 261 cursos. A partir da planilha inicial,

identificou-se que 78 cursos (apêndice 5 CD) iniciaram as atividades até dezembro de 1997.

Os 78 cursos, que de acordo com os dados do MEC/INEP, estão distribuídos nas cinco regi-

ões geográficas do país, havendo uma concentração na região sudeste com 38 cursos e na re-

gião sul com 20 cursos, (ver gráfico 5).

30 Em pesquisa realizada no portal MEC /INEP, em junho de 2007, identificaram-se 261 cursos de Serviço Soci-

al.

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O passo seguinte foi identificar dos cursos criados até dezembro 1997, quais reali-

zaram revisão curricular a partir de 2003. Apurou-se junto ao site das IES, da ABEPSS e do

Lattes – CNPQ, o contato com a coordenação dos 78 cursos de Serviço Social.

Figura 5 Gráfico 5: Distribuição por Região Geográfica de Cursos de Serviço Social Criados até Dezembro de

1997.

No dia 04 de julho de 2007, foi encaminhado um correio eletrônico (apêndice 5)

para 77 coordenações de cursos de Serviço Social. Não foi possível o contato via e-mail com

a coordenação de um curso. No e-mail, foi questionado se o curso passou por revisão de Ser-

viço Social, se passou por revisão curricular a partir de 2003 e quando foi implementada a

grade atual do curso. Até o dia 13 de setembro de 2007, 11 IES responderam à correspondên-

cia. Assim, reiniciou-se o processo de contato com as IES para obter a data de implantação da

atual grade curricular (apêndice 5 CD). Em 30 de setembro de 2007, das 78 IES pesquisadas

que haviam implantado o curso antes de 1997, 43 haviam realizado revisão curricular com

implementação de nova grade curricular a partir de 2003. No gráfico 6, evidencia-se que das

43 IES, 33 estão nas regiões Sudeste e Sul, ou seja, 68,75%. Na região Centro Oeste, duas

IES, no Nordeste, seis e no Norte, duas.

Dos 43 cursos que fizeram parte desta amostra, 14 estão em IES públicas. A regi-

ão sul tem apenas uma IES pública federal em comparação a quatro estaduais, no Nordeste há

uma concentração de públicas federais com quatro cursos. A região também tem um curso em

Instituição pública estadual. Na categoria administrativa privada dos 29 cursos, 16 estão em

IES filantrópicas, sendo dez na região sudeste.

Page 108: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

107

Figura 6 Gráfico 6: Distribuição por Região Geográfica de IES criadas até dez. 1997 e que realizaram revisão

curricular a partir de 2003.

Para a amostra de coleta de dados final, consideraram-se: os cursos de Serviço

Social da região Sul e Sudeste, por apresentarem uma concentração de IES e por ter sido pos-

sível o deslocamento para a realização da pesquisa. Com o intuito de conhecer o processo de

definição das diretrizes curriculares para o Serviço Social, se definiu entrevistar os membros

da Comissão de Especialistas31

de Ensino em Serviço Social – MEC/SESU.

Das 33 IES da Região Sul e Sudeste, fizeram parte da amostra, três IES públicas e

três privadas que realizaram a revisão entre 2003 e 2007. Com o intuito de identificar a diver-

sidade entre as IES, se consideraram os cursos mais antigos e mais jovens de cada região,

sempre com paridade entre público/privado.

A seguir, apresenta-se um quadro das IES das regiões Sudeste e Sul que realiza-

ram revisão curricular a partir de 2003, e sinalizam-se as seis IES que fizeram parte da amos-

tra da pesquisa aqui apresentada.

Tabela 7 IES das Regiões Sudeste e Sul que realizaram Revisão Curricular a partir de 2003.

Região INSTITUIÇÃO DE ENSINO SU-

PERIOR (IES)

Cidade Data de início

do funciona-

mento do

curso:

Justificativa de

amostra

SD Universidade do Estado do Rio de

Janeiro – UERJ

RIO DE JANEIRO 13/5/1944

31 A comissão de especialistas é formada por profissionais de notório saber. Eles são indicados pela categoria

profissional e designados pelo MEC. Para a pesquisa, considerou-se a comissão de especialistas dos períodos:

1997-1998; 1998-2000; 2000-2002.

Page 109: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

108

Região INSTITUIÇÃO DE ENSINO SU-

PERIOR (IES)

Cidade Data de início

do funciona-

mento do

curso:

Justificativa de

amostra

SD Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUCSP

SÃO PAULO 22/8/1946 privada + antiga

SD Universidade Veiga de Almeida –

UVA

RIO DE JANEIRO 10/3/1952

SD Universidade de Ribeirão Preto –

UNAERP

RIBEIRAO PRE-

TO

1/10/1962

SD Faculdades Integradas Maria Imacu-

lada – FIMI

PIRACICABA 25/4/1963

SD Faculdade de Serviço Social de Bau-

ru – FSSB

BAURU 10/9/1964

SD Universidade de Taubaté - UNITAU TAUBATÉ 1/3/1966

SD Centro Universitário das Faculdades

Metropolitanas Unidas - FMU

SAO PAULO 20/7/1968

SD Universidade do Vale do Paraíba –

UNIVAP

SAO JOSÉ DOS

CAMPOS

10/5/1969

SD Universidade Federal Fluminense –

UFF

CAMPOS DOS

GOYTACAZES

29/12/1969 publica + nova32

SD Universidade Católica de Santos –

UNISANTOS

SANTOS 3/4/1970

SD Instituto Superior de Ciências Apli-

cadas - Isca – ISCA

LIMEIRA 20/5/1970

SD Centro Universitário Augusto Motta

– UNISUAM

RIO DE JANEIRO 1/3/1974

SD Universidade de Marília - UNIMAR MARÍLIA 1/2/1976

SD Universidade de Santo Amaro –

UNISA

SAO PAULO 17/5/1976

SD Faculdades Integradas Antônio Eu-

frásio de Toledo de Presidente Pru-

dente – FIAETPP

PRESIDENTE

PRUDENTE

4/2/1985

SD Faculdades Integradas de Botucatu –

UNIFAC

BOTUCATU 11/2/1985

SD Universidade Castelo Branco - UCB RIO DE JANEIRO 12/4/1989

SD Faculdades Integradas de Caratinga

– FIC

CARATINGA 15/3/1993

SD Universidade Vale do Rio Doce –

UNIVALE

GOVERNADOR

VALADARES

7/2/1994 privada + nova

SUL Pontifícia Universidade Católica do

Rio Grande do Sul – PUCRS

PORTO ALEGRE 20/3/1945

SUL Pontifícia Universidade Católica do

Paraná – PUCPR

CURITIBA 27/5/1945

SUL Universidade Federal de Santa Cata-

rina – UFSC

FLORIANÓPOLIS 7/3/1959 publica + antiga

SUL Universidade Estadual de Londrina –

UEL

LONDRINA 16/2/1973

SUL Universidade Estadual de Ponta

Grossa – UEPG

PONTA GROSSA 1/3/1974

SUL Faculdades Integradas Espírita –

FIES

CURITIBA 2/3/1975

32 Inicialmente, dentro dos critérios propostos, foi selecionada a Universidade Estadual do Rio de Janeiro –

U ERJ, entretanto, no momento da coleta de dados, em conversa telefônica com a coordenação do curso, verifi-

cou-se que a revisão curricular ainda estava sendo realizada e a universidade estava em greve, o que dificultaria a

coleta de dados. Diante da situação, a UERJ foi substituída para Universidade Federal Fluminense UFF.

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109

Região INSTITUIÇÃO DE ENSINO SU-

PERIOR (IES)

Cidade Data de início

do funciona-

mento do

curso:

Justificativa de

amostra

SUL Universidade do Contestado – UnC CACADOR 28/3/1977

SUL Universidade do Vale do Rio dos

Sinos – UNISINOS

SAO LEOPOLDO 14/8/1984

SUL Universidade Estadual do Oeste do

Paraná - UNIOESTE

TOLEDO 23/2/1987

SUL Universidade Comunitária Regional

de Chapecó – UNOCHAPECÓ

CHAPECÓ 1/8/1989

SUL Universidade do Contestado – UnC CANOINHAS 1/3/1992

SUL Universidade Estadual de Londrina –

UEL

LONDRINA 28/2/1994 pública + nova

SUL Universidade de Cruz Alta - UNI-

CRUZ

CRUZ ALTA 4/3/1997 privada + nova

Fonte: INEP/MEC.

No decorrer da pesquisa, foi realizada pesquisa bibliográfica, considerando a ca-

tegoria competência e habilidade, a historicidade do uso dessa categoria no ensino superior e a

historicidade do Serviço Social no Brasil.

Para a coleta de dados, foi organizado um roteiro de entrevista para cada grupo de

sujeitos entrevistados: comissão de especialistas, coordenadores de curso e professores de

Serviço Social. Todas as entrevistas foram presenciais, por isso, foram agendadas com ante-

cedência, respeitando a disponibilidade dos sujeitos envolvidos. O local da entrevista foi defi-

nido pelos entrevistados. Devido a distância entre os sujeitos pesquisados e sua disponibilida-

de, a coleta de dados ocorreu entre agosto de 2008 e julho de 2009. As entrevistas foram gra-

vadas, com permissão dos sujeitos entrevistados (apêndice 3 – termo de consentimento livre e

esclarecido) em equipamento digital e posteriormente transcritas.

No momento do agendamento da entrevista com a coordenação do curso, foi soli-

citado cópia de documentos, como: projeto político-pedagógico e planos de ensino das disci-

plinas que compõem o núcleo de fundamentos do trabalho profissional (estágio, pesquisa,

ética, processo de trabalho e fundamentos históricos teóricos metodológicos de Serviço Soci-

al). Todas as IES disponibilizaram o projeto político-pedagógico, entretanto, o mesmo não

ocorreu com os planos de ensino.

3.2 FONTES DE DADOS DA PESQUISA

Para a realização desta tese, foram utilizadas: a pesquisa bibliográfica, as entrevis-

tas e análise documental;

Page 111: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

110

Pesquisa bibliográfica

Durante todo o processo, utilizou-se a pesquisa bibliográfica. Inicialmente foi rea-

lizado levantamento bibliográfico além de teses e monografias da PUC-SP que trataram do

assunto. Realizou-se levantamento no Portal da União Europeia, no Portal Capes, na base de

dados ebscohost, na base de dados Wilson e no Scielo, no site do MEC e do INEP, no site

eurydice, na biblioteca da UFSC, da Universidade Autônoma de Barcelona e na Universidade

de Barcelona. Além disso, realizou-se pesquisa e aquisição de material em várias livrarias

nacionais e na Espanha.

Os entrevistados - sujeitos da pesquisa

Comissão de Especialistas de Serviço Social para o MEC/SESu;

Os coordenadores dos cursos selecionados na amostra;

Pelo menos um professor de cada curso selecionado.

Análise documental

Foi analisado o projeto político-pedagógico dos seis cursos selecionados na amos-

tra.

3.2.1 Comissão de Especialistas de Serviço Social para o MEC/SESU

A Comissão de Especialistas é formada por profissionais de notório saber na área,

e designada pelo MEC. Em 1997, o Ministério de Educação e do Desporto, por meio da Se-

cretaria de Educação Superior – SESu tornou público e convocou as Instituições de Ensino

superior a apresentar propostas para as novas Diretrizes Curriculares dos cursos superiores,

respondendo à LDB de 1996. As Diretrizes curriculares foram elaboradas pelas comissões de

Especialistas de cada área de conhecimento.

A primeira comissão de especialistas de ensino do Serviço Social foi designada

para o período de 1997-1998. Os nomes que compuseram a comissão foram indicados pela

ABESS. Dessa primeira comissão, fizeram parte as professoras: Marilda Iamamoto, Maria

Rachel Tolosa Jorge, Marina Maciel, Maria Marieta dos Santos Koike e Mariangela Belfiore

Wanderley. A Comissão tinha como tarefa analisar os pedidos de autorização de cursos de

Serviço Social e elaborar os ―Padrões de Qualidade para Autorização e Reconhecimento de

Cursos de Graduação em Serviço Social‖.

A segunda comissão de especialistas de ensino do Serviço Social foi nomeada pe-

lo Secretário do Ensino superior do MEC, na portaria n. 48, de 10/03/98, para o período de

1998-2000, os professores que fizeram parte dessa comissão foram: Marilda Iamamoto, Mari-

Page 112: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

111

angela Belfiore Wanderley e Maria Bernadete Martins Pinto Rodrigo. Coube a comissão, pro-

por as ―Diretrizes Curriculares para o Serviço Social‖.

Uma terceira comissão de especialistas foi nomeada por meio da Portaria n. 1.518,

de junho de 2000, os professores designados para um mandato de dois anos foram: Bernadete

de Lourdes Figueiredo de Almeida, Ivete Simionato e José Paulo Netto.

Considerando o objeto desta tese, optou-se por não limitar a pesquisa aos mem-

bros da segunda comissão de especialistas, aquela que propôs as diretrizes Curriculares para o

Serviço Social, mas na medida do possível, entrevistar todas as pessoas que fizeram parte das

três comissões de especialistas do Serviço Social.

A seguir, apresenta-se uma tabela com algumas características dos membros da

comissão de especialistas:

Tabela 8 Caracterização dos membros das Comissões de Especialistas do Serviço Social

NOME GRADUAÇÃO

EM SS

DOUTORADO PÓS-

DOUTORADO

ATUAÇÃO PROFIS-

SIONAL

Bernadete de Lourdes

Figueiredo de Almeida

UFPB 1971 PUC SP – 1990 PUC SP 2004 Professora da UFPB

desde 1985

Ivete Simionatto UFSC 1977 PUC SP - 1993 2003 European

University Institu-

te, EUI, Itália.

Grande área:

Ciências Sociais

Aplicadas

Professora da UFSC

desde 1980

José Paulo Netto UFJF 1969

PUC SP 1990 Professor titular da U-

FRJ desde 1988.

Maria Bernadete Martins

Pinto Rodrigo

PUC RS

1969

PUC SP 2002 Professora da PUC PR

desde 1985.

Maria Marieta dos Santos

Koike

UFCE 1963 UFPE 1999 Professora da UFPE

desde 1981

Maria Rachel Tolosa

Jorge

PUC SP 1963 PUC SP - 1993 Professora da PUC SP

de 1976 a 1993

Pro UNESP 1993 -2001

Mariângela Belfiore

Wanderley

PUC SP 1971 PUC SP 1992 1996 e 2003 École

des Hautes Études

en Sciences Socia-

les, EHESS, Fran-

ça.

Professora da PUC SP

desde 1972

Marilda Villela Iamamoto UFJF 1971 PUC SP 2001

Ciências Soci-

ais

Iniciou carreira docente

na PUC SP 1980, foi

professora da UFRJ de

1987 a 1997 e da UERJ

desde 2000

Marina Maciel UFMA 1970 PUC SP 2001 Professora da UFMA

desde 1971

Fonte: Currículo Lattes e entrevista.

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112

Para a efetivação das entrevistas, fez-se o agendamento prévio com o envio do ro-

teiro da entrevista (apêndice 1). As entrevistas foram gravadas digitalmente e transcritas. Infe-

lizmente, por questões de agenda, não foi possível entrevistar dois membros das comissões de

especialistas: Marina Maciel e José Paulo Netto.

3.2.2 Caracterização das IES/cursos pesquisados

Foram pesquisadas seis IES com curso de Serviço Social da região sul e sudeste

do país: três públicas e três privadas. Todas iniciaram o curso de Serviço Social até 1997 e

foram visitadas entre agosto e novembro de 2008.

Tabela 9 IES Pesquisadas

Região Instituição de ensino

superior

Cidade Data de

início do

funciona-

mento do

curso:

Categoria administrativa Currículo

em anda-

mento no

momento

da entre-

vista/visita

Número

de vagas

SD

Pontifícia Universida-

de Católica de São

Paulo – PUCSP

SÃO

PAULO

22/08/1946 Universidade Privada -

Comunitária - Confessio-

nal - Filantrópica

2006 100 anu-

ais

SD

Universidade Federal

Fluminense – UFF

NITERÓI 06/06/1945 Universidade Pública

Federal

1999 espe-

rando

resolução

para im-

plantar

novo em

200933

110 anu-

ais

SD

Universidade Vale do

Rio Doce - UNIVALE

GOVER-

NADOR

VALA-

DARES

07/02/1994 Universidade Privada -

Filantrópica

2007 80 anuais

SUL

Universidade Federal

de Santa Catarina –

UFSC

FLORI-

ANÓPO-

LIS

07/03/1959 Universidade Pública

Federal

1999/200834

140 anu-

ais

SUL

Universidade Estadual

de Londrina – UEL

LON-

DRINA

16/02/1973 Universidade Pública

Estadual

2003 80 anuais

SUL

Universidade de Cruz

Alta – UNICRUZ

CRUZ

ALTA

04/03/1997 Universidade Privada –

Comunitária

2007 30 anuais

Fonte: INEP/MEC e coordenação do curso.

No contato com a coordenação do curso, solicitou-se cópia do Projeto Político-

pedagógico e dos planos de ensino das disciplinas: Estágio, Ética, Processo de trabalho e

Fundamentos históricos teóricos e Metodológicos de Serviço Social. Em relação ao Projeto

33 O Projeto Político Pedagógico analisado é de 1999. Não se teve acesso ao que foi revisado por ainda não ter

passado pelos trâmites necessários para sua aprovação. 34

O projeto político-pedagógico é de 1999, teve alterações em 2008 – mas ainda não foi realizada a revisão

como um todo.

Page 114: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

113

Político-pedagógico, todas cederam uma cópia (em papel ou digital), mas em relação aos pla-

nos de ensino, não foi possível obter de todas as IES.

3.2.3 Caracterização dos coordenadores de curso de Serviço Social entrevis-

tados

As entrevistas com coordenador (a) de curso foram realizadas entre agosto e de-

zembro de 2008. Todas foram marcadas com antecedência, gravadas digitalmente e transcri-

tas. A entrevista seguiu um roteiro (apêndice 2), previamente informado ao entrevistado. Dos

seis coordenadores, cinco são mulheres e um é homem e todos possuem formação em Serviço

Social, mas há uma grande variação na época da formação, um da década de 1970, dois nos

anos 1980, um da década de 1990 e um em 2000.

Tabela 10 Características Coordenador (as) entrevistado (as)

Região Instituição de Ensino supe-

rior (IES)

IES e Ano de Gradu-

ação em Serviço

Social

Maior forma-

ção/ IES/

Data

Atuação profissional

no Ensino Superior

SD Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo –

PUCSP

PUC SP em 1971 Doutorado

PUC SP em

2006

Professora PUC SP

desde 1982

SD Universidade Federal Flu-

minense

Universidade Costa

Rica em 1994

Doutorado

2008 UFRJ

Professor da UFF

desde 2006

SD Universidade Vale do Rio

Doce – UNIVALE

Faculdades Integra-

das de Caratinga em

2001

Mestrado

UFRJ em

2006

Professora na Univale

desde 2005

De 2003-06 professora

UNIPAC

SUL Universidade Federal de

Santa Catarina – UFSC

Universidade de

Taubaté em 1984

Doutorado

PUC SP em

2004

Professora da UFSC

desde 2006

Prof. Universidade

Taubaté de 1990 a

2006

SUL Universidade Estadual de

Londrina – UEL

PUC SP em 1986 Doutorado

PUC SP em

2005

Professora da UEL

desde 2003

Prof. da UNISA en-

tre2000/01

SUL Universidade de Cruz Alta

– UNICRUZ

Instituto Superior de

Ciências Aplicadas,

ISCA em 2000

Mestrado em

Educação.

Universidade

Autônoma de

Assunción,

em 2006

Professora UNICRUZ

desde 2002

Fonte: currículo Lattes e entrevista.

A disparidade, da data de formação, mostra a diversidade no tempo de histórico

de envolvimento nas discussões profissionais. Em relação à pós-graduação, quatro entrevista-

dos possuem doutorado e os outros dois mestrados, todos com a última formação nesta década

Page 115: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

114

de 2000. Chama atenção, que os dois cursos em que a coordenação tem título de mestre, estão

em IES privadas e foram criados em 1994 e 1997.

3.2.4 Características das (os) professoras (res) entrevistadas (os)

No momento em que se agendou a entrevista com os coordenadores, foi manifes-

tado o desejo de entrevistar professores específicos do Serviço social e solicitou-se que na

medida do possível, os coordenadores pudessem agendar com pelo menos um professor, o

que permitiu entrevistar duas professoras em duas IES.

Tabela 11 Caracterização das Professoras Entrevistadas

Região Instituição de Ensino Superior (IES) Graduação em

SS em:

Pós-Graduação Atuação Profis-

sional

SD Universidade Federal Fluminense - UFF UNB1976 Doutorado UFRJ

2005

Prof. da UFF

desde 1994

Prof. UERJ

entre 1993/95

SD Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo – PUCSP

PUC SP 1967 Doutorado PUC

SP

2002

Prof. da PUC SP

desde 1979

SD Universidade Vale do Rio Doce – UNI-

VALE

UNIVALE 2002 Especialização

PUC MG 2004

Prof. da Univale

desde 2007

SD Universidade Vale do Rio Doce – UNI-

VALE

UNIVALE 2002 Especialização

PUC MG 2004

Prof. da Univale

desde 2004

SUL Universidade Federal de Santa Catarina –

UFSC

PUC Campinas

1973

1998 – pós-

doutorado Insti-

tuto de Etnologia

e Antropologia

Culturalle Uni-

versità di Perugi-

a, IE-

A/PERUGIA,

Itália.

Prof. da UFSC

desde- 1994

SUL Universidade Estadual de Londrina –

UEL

1979 - UEL Mestrado PUC

SP1998

Prof. UEL desde

1981

SUL Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ Universidade

Católica de

Pelotas, UCPEL

1994

Doutoranda PUC

RS

Prof. da Unicruz

desde 2000

SUL Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ Universidade de

Caxias do Sul,

UCS 2003

Mestrado PUC

RS 2006

Prof. da Unicruz

desde 2006

Fonte: currículo Lattes e entrevista.

A entrevista foi realizada com os professores interessados em participar da pes-

quisa e com disponibilidade na data em que se visitou a IES. Em duas IES, UNIVALE e U-

NICRUZ, a entrevista foi realizada com duas professoras conjuntamente. A entrevista seguiu

Page 116: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

115

um roteiro (apêndice 4) previamente elaborado e foi gravada em sistema digital com posterior

transcrição.

Na tabela 11 ―Caracterização das Professoras Entrevistadas‖, verifica-se que todas

as entrevistadas possuem graduação em Serviço Social, e têm investido na formação continu-

ada por meio de cursos de especialização na área.

Page 117: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

116

4. A VOZ DOS SUJEITOS - SISTEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO DAS ENTREVIS-

TAS

O quarto capítulo desvela as falas dos entrevistados, o que compreendem por

competências e habilidades e como ocorre sua apropriação na formação profissional. Para a

análise, os dados foram sistematizados de acordo com as diferentes concepções de competên-

cias e habilidades e nas variadas formas de sua apropriação na formação profissional, respei-

tando o que foi proposto no ―Termo de Consentimento Livre e Esclarecido‖ item ‗f‘ que o uso

dos dados fornecido é reservado à autora da tese, sendo preservado o respeito ao anonimato.

Assim, para expor a fala dos entrevistados utilizar-se-á numeração.

Para a sistematização e análise dos dados foram definidos dois eixos analíticos:

Compreensão de competências e habilidades.

Apropriação das competências e habilidades na formação do Serviço Social.

Foram entrevistados 21 profissionais, sete da Comissão de Especialistas de Servi-

ço social para o MEC/SESu, seis coordenadores de curso e oito professores .

Um dos critérios definidos para a definição das IES pesquisadas é que tivessem

realizado a revisão curricular a partir de 2003. Dos entrevistados, um coordenador e um pro-

fessor não participaram do processo de revisão curricular: ―Não, eu não participei das discus-

sões de revisão, pois foi o ano que ingressei como professora efetiva, mas acompanhei o que

o pessoal comentava sobre as discussões e elaboração. O comentário que se tinha é que o

currículo tinha uma preocupação muito grande com as políticas públicas”.

Em todas as IES, a revisão curricular foi um processo participativo com a presen-

ça de docentes e discentes e, em algumas, de profissionais. A fala dos entrevistados mostra a

importância da participação de professores e alunos na comissão de revisão curricular:

Nós sentíamos que os alunos eles não conseguiam ter uma visão assim, ampliada

dos conteúdos que faziam parte da formação. Tentamos assim, fazer com que os do-

centes participassem. (entrevistado 9).

Enfim, eu tô na coordenação do curso, na verdade assumi recentemente. Conheço

um pouco do currículo porque a gente viveu um processo agora de discutir o currí-

culo pra formalizar o programa, num momento de superação já, que precisou por-

que não foi formalizado na câmara de ensino e graduação aqui da universidade.

(entrevistado 10).

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117

Tanto eu quanto os demais professores participamos indiretamente, dando as con-

tribuições e existia uma Equipe de revisão curricular que era responsável de con-

densar as nossas discussões e materializar isso na proposta curricular. (entrevista-

do 11).

A gente fez todo um instrumental, usamos o instrumental com os alunos de quarto

alunos, então a gente pegou ponto por ponto da formação profissional. (entrevista-

do 13).

Então estávamos praticamente dois anos trabalhando no projeto político-

pedagógico, discutindo a questão das diretrizes. Nós temos vários professores que

não são específicos do Serviço Social, então a gente fez um trabalho que foi de dis-

cutir as diretrizes com cada professor da área, que vinha trabalhar conosco. (entre-

vistado 15).

Recomeçou o movimento de revisão curricular efetivamente em dois mil e cinco, nós

começamos também uma avaliação, que a gente não chamou de processo de ajuste

do currículo. Foi feita uma comissão na escola, plenário departamental, essa co-

missão estudou durante dois anos para poder viabilizar este ajuste. (entrevistado

20).

O processo de revisão curricular das IES, segundo os entrevistados, teve como ba-

se os documentos e diretrizes curriculares propostas pela ABEPSS e as diretrizes curriculares

definidas na Resolução n. 15/ 2002:

As diretrizes da ABEPSS, ela são sugestões, mas nós trabalhamos com as duas, até

tem uma, a do MEC bastante recente, que é a define as três mil horas, e isso tam-

bém é outra questão que fez também com que nós realizássemos, porque nós tínha-

mos um curso com duas mil setecentas e cinqüenta horas. (Entrevistado 9).

Ele segue, na verdade a perspectiva da ABEPSS que é mais ampla que a resolução

quinze. (entrevistado 10).

Fomos a primeira escola do país a implantar um novo currículo, mesmo antes da

aprovação em noventa e seis da diretriz curricular da ABEPSS, com o processo de

discussão em noventa e cinco a gente já tinha iniciado, obviamente que tem pontos

importantes, do ponto de vista de referência do debate nacional, mas ainda fomos

percebendo ao longo da implantação que tínhamos problemas nesse do processo de

implantação, e que culminou então numa nova revisão curricular. (entrevistado 13).

A ABEPSS sempre esteve presente aqui, a gente sempre considerou, a gente fez um

estudo como é que podia a partir das orientações da ABEPSS, atender ao que o

MEC também queria. Não como nomenclatura, mas a ABEPSS sempre foi orienta-

ção da universidade. (entrevistado 21).

Dois entrevistados salientaram que as diretrizes curriculares da ABEPSS constitu-

íram-se como uma direção para a formação profissional, mas nas IES é preciso cumprir as

normativas do MEC através da Resolução n. 15/ 2002. Enquanto uma defende a proposta cur-

ricular centrada na perspectiva marxista, a outra questiona o papel da universidade e a plurali-

dade de pensamentos.

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118

A gente tem um currículo pautado na tradição marxista, ou seja, construído bem

dentro das orientações das diretrizes curriculares, mas com este complicador que

quando o MEC diz que é uma coisa e a ABEPSS diz outra, a tendência é ficar, como

se diz, com o MEC. (entrevistado 11).

Sem dúvidas a redução feita pelo MEC é grande, agora eu não sei até onde, quando

se quer mudar um processo de formação para o Brasil, enfim, e também as diretri-

zes de uma forma mais ampliada, a proposta da ABEPSS, talvez ela tivesse, como é

que vou te dizer, muito dirigidas para uma corrente de pensamento e eu não acho

que isso seja saudável para uma diretriz de um curso superior. A própria dimensão

de universidade ela não comporta essa direção tão específica, para uma perspectiva

teórica, eu acho que o processo de formação ele tem que tentar ser cada vez mais

ampliado. No meu entendimento, essa redução do CNE ela tenha a ver com deixar

espaço para uma abertura maior, isso não é uma questão para ser tratada assim,

mas é a minha observação. (entrevistado 9).

4.1 AS DIFERENTES NOÇÕES E COMPREENSÕES DE COMPETÊNCIAS E HABILI-

DADES EXPRESSAS PELOS SUJEITOS ENTREVISTADOS

Em todos os níveis de ensino, a noção de competência tem sido adotada como

princípio da organização curricular, junto com as ideias de transversalidade e interdisciplina-

ridade. A nova lógica curricular é quebrar a hegemonia da organização por disciplinas, assim

a organização e seleção de conteúdos/conhecimentos serão realizadas pela noção de compe-

tência.

No ensino superior, até pouco tempo, considerava-se competência o domínio de

uma disciplina de conhecimento por parte do estudante, atualmente esta definição tem tido um

caráter mais operacional em que o desenvolvimento de competências permita ao acadêmico a

execução de ações concretas, ações que fazem parte de um roll de atividades determinadas

para cada profissão.

No Serviço Social brasileiro, as competências profissionais são definidas pela Re-

gulamentação da Profissão Lei n. 8.662, de 7 de julho de 1993 e nas diretrizes curriculares

através do Parecer CNE/CES N°492/2001.

É fundamental para esta tese, desvendar os significados atribuídos à noção de

competências pela equipe de especialistas, pelos coordenadores e pelos professores dos cursos

de Serviço Social. Esses significados atribuídos terão reflexo no desenvolvimento da proposta

curricular, pois as concepções da equipe de especialistas se refletirão na proposta de diretrizes

curriculares para o curso de Serviço Social e as concepções elaboradas pelos coordenadores e

professores se refletirão na elaboração do Projeto Político Pedagógico institucional e na práti-

ca pedagógica.

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119

Estudos como o de Ropé e Tanguy (1997) mostram a dificuldade de conceituar

competência e delimitar seu uso. Observou-se que a incerteza conceitual foi uma característi-

ca marcante dos entrevistados, em algumas falas com um sentido vago e genérico. Verificou-

se também, uma diversidade de concepções, que como já visto no capítulo I, não é unânime.

Alguns entrevistados apontaram a dificuldade de conceituar ou definir competência, por e-

xemplo: ―essa é uma questão a ser bastante discutida”; “não sei se esta definição está corre-

ta [...] é uma coisa para a gente pensar”; “é difícil explicar isso”; “não sei se consegui ex-

plicar”; “eu estava pensando o que queremos entender por isso? É uma questão que está em

aberto, não tenho resposta‖.

Uma questão inicial a ser pesquisada foi saber se houve, no decorrer do processo

de revisão curricular, reflexões sobre o entendimento de competências e habilidades, se havia

uma compreensão institucional sobre o assunto, inclusive na SESu. Três entrevistados relata-

ram que houve no grupo de trabalho a discussão sobre competências e habilidades e dois deles

fizeram referência à Lei de regulamentação da profissão:

Em relação às competências e habilidades, o que o MEC era a avaliação por com-

petências e habilidades, e a gente reverteu esse processo, por que a gente tinha cla-

reza do direcionamento teórico, social, político, da formação profissional e reite-

rando as habilidades e competências da Lei de Regulamentação da profissão. (En-

trevistado 1).

Essa é uma discussão ela veio para o acompanhamento do próprio currículo, quem

o profissional que se quer formar, precisa entender também as questões da compe-

tência. [...] para o currículo foi dada uma ênfase especial para essa questão da

competência e habilidade, pois se parte da Lei que regulamenta a profissão, das a-

tribuições do AS, é claro que as atribuições que você tem de ter para desenvolver

determinadas competências e habilidades que está estritamente relacionados com a

questão das atribuições, a própria lei separa o que são as competências gerais, das

atribuições privativas que são as específicas, aí se entende que é aquilo que o curso

vai propiciar para que o profissional consiga dar conta, dar respostas. Quando um

curso faz essa opção, e procura dar esse diferencial, que é trabalhar com essa ques-

tão do ensino do trabalho profissional, do ensino prática. Isso é uma preocupação

que aqui me chamou a atenção. (entrevistado 10).

Nós discutimos cada ponto, inclusive tivemos que debater sobre a competência, so-

bre as habilidades, então foi bastante interessante e com a participação de todos os

professores, pra mim isso foi o mais importante, uma construção bem coletiva. (en-

trevistado 15).

Os demais entrevistados declararam que não se lembravam da discussão ou que

ela não houve:

Eu não lembro efetivamente de discutirmos sobre competências e habilidades, por

que agente ficou pouco tempo com isso. Na comissão nós não tínhamos que eu lem-

bre um conceito concreto. (entrevistado 2) .

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120

Agora eu me lembro muito pouco da discussão que a gente tenha feito sobre habili-

dades e competências. [...] eu acho que a gente não tem ainda incorporada esta

questão, principalmente das competências [...] competência é um conceito pouco

trabalhado, não lembro exatamente como é que a gente trabalhou este tema. (entre-

vistado 3).

Aqui basicamente sobre competências e habilidades, nestes termos nós não estamos

discutindo não. (entrevistado 12).

Nós discutimos cada ponto, inclusive tivemos que debater sobre a competência, so-

bre as habilidades, então foi bastante interessante e com a participação de todos os

professores, pra mim isso foi o mais importante, uma construção bem coletiva. (en-

trevistado 15).

Não, a gente não fez uma discussão sobre competências e habilidades, na verdade,

a gente fez uma discussão geral se o curso dava conta das competências e habilida-

des do profissional. Eu acho que a gente fez um trabalho de ver se o que estava pre-

visto o curso dava conta. Nada, além disto. [...] A gente trabalhou. Está escrito no

projeto o desenvolvimento de competências e habilidades, o perfil, tudo está lá. A-

gora, o perfil é muito mais ditado pelo projeto curricular geral, que foi feito uma o-

rientação geral, a universidade fez uma orientação geral, pra todos os cursos o que

tinha que conter. E então a gente seguiu o roteiro. (entrevistado 21).

Para facilitar a análise dos dados e sua leitura, as informações foram sistematiza-

das a partir das diferentes noções e compreensões de competências e habilidades expressas

pelos entrevistados.

Quatro entrevistados relacionaram o conceito de competência com conhecimento,

que como visto no capítulo I, é o posicionamento do Parlamento Europeu Marco Europeu de

Qualificação para a aprendizagem permanente, que define competência como a capacidade de

utilizar conhecimentos, destrezas e habilidades pessoais, sociais e metodológicas, em situa-

ções de estudo ou de trabalho e em desenvolvimento profissional e pessoal.

Para os entrevistados, competência é:

Capacidade de análise, de explicação, de desvelamento da processualidade da vida

social [...] pressupõe capacidade de operar ações profissionais, suas técnicas, téc-

nico político. (entrevistado 1).

Competência, só vou ter competência se eu tiver conhecimento, e ele tem de ser só-

lido, absolutamente certo, não posso fazer de conta que eu sei alguma coisa, pois

esse fazer de conta, vai se traduzir na minha ação. [...] Se eu tiver conhecimento e

certeza daquilo, [...] se eu conheço se sei e se tenho isto com segurança a minha a-

ção é eficaz. (entrevistado 2).

A nossa competência está fundada no conhecimento, claro que tem que avaliar a

qualidade desse conhecimento. [...] A competência está sempre associada a conhe-

cimento, conhecimento de várias naturezas e intensidades diferentes, [...] é todo um

conjunto curricular de sabedorias e de saberes. (entrevistado 4).

A competência está articulada a habilidade. E pensei para, além disso, que pra ter

competência e habilidade para trabalhar, eu preciso conhecer ter uma formação

que de conta de compreender todas as dimensões. (entrevistado 18).

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A competência muitas vezes é relacionada ao saber fazer. O entrevistado 1 negou

que competência seja simplesmente saber fazer. Ele afirmou: ―eu não compreendo a compe-

tência como a habilidade para o saber fazer, [...] pressupõe o saber fazer, mas pressupõe

antes, previamente uma capacidade de analisar para ser capaz de ser sujeito, capaz de dire-

cionar dentro dos limites sociais e institucionais dados”.

Entender a competência como além do saber fazer, negar a competência como o

simples executar algo com qualidade é o que propõe Macedo (2002, p. 120), quando diz que

embora o conceito de competência se aproxime ao saber fazer, não se reduz a ele, sendo mais

complexo, aberto e flexível.

O conceito utilizado pela OIT, Projeto Tuning e MEC relacionam competência

com o saber fazer, que é a operacionalização do conhecimento em determinado contexto. Ve-

rifica-se que três entrevistados relacionaram competência com o saber fazer profissional:

Se pensar no senso comum é isso, se faz algo direito é competente, se não faz é in-

competente. [...] É saber desenvolver bem, é saber lidar bem com o instrumental de

trabalho, mas ele não está dissociado da minha leitura dessa realidade que então

passa pela questão metodológica e teórica, da questão ético-política. (entrevistado

11).

Competência, como algo relacionado à capacidade exclusiva, específica, entendi-

mento de competência como o saber fazer, o quê? Com quê? Para quê? Onde? (en-

trevistado 16).

Competência e habilidade ficam um corpo só, porque eu sei mais e eu posso até

procurar mais, criar mais, acho que a habilidade tem tudo haver com a prática, um

curso que não oferece inúmeras possibilidades práticas, ele não ta oferecendo o e-

xercício do saber na realidade, então não entendo como o curso a distancia vai su-

prir esse espaço, como é que ele vai ter uma relação saber-fazer. [...] O que vai a-

contecer é que determinada realidade vai demandar conhecimentos específicos da

realidade, e se a gente ancorar nessa realidade se percebe a finalização e se conse-

gue aproximar mais esse saber e esse fazer. Saber fazer uma coisa profissional tem

de ter muita clareza. (Entrevistado 4).

Perrenoud propõe que competência é a capacidade de mobilizar um conjunto de

recursos cognitivos para solucionar situações. Este conceito também é defendido por Miguel

(2007), quando diz que competências são estruturas complexas que são acionadas para resol-

ver determinado problema e realizar atividades cotidianas e da vida profissional, orientadas

para a transformação da realidade.

Um dos entrevistados abordou a competência na perspectiva de uma estrutura

complexa do pensamento/faculdade de mobilizar recursos:

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122

Eu diria que a competência é a capacidade para analisar e explicar os processos

sociais da sociedade presente, essa explicação que vai permitir estabelecer possibi-

lidades na ação profissional, que precisa não só clareza para analisar as possibili-

dades de ação que já estão contidas na realidade que eu vou atuar e requer desse

profissional não só a capacidade de fazer propostas, mas de implementar essas

propostas dentro dos diferentes níveis que o assistente social trabalha, em nível de

execução, assessoria, planejamento, consultoria, assessoria aos movimentos sociais,

instituições, enfim, exercer as atividades que lhe são pertinentes, como as visitas

domiciliares, estudos sociais, perícias, mas que não é só o saber fazer. (entrevistado

1).

Seis entrevistados expressaram que a competência está relacionada à interven-

ção/exercício profissional, identificando a competência a partir de quem as faz. Assim, as

competências técnicas ou específicas são desenvolvidas com a especialização. São aquelas

competências específicas de uma determinada profissão ou ocupação. Necessitam um grau de

especialização e normalmente são desenvolvidas por meio de programas de formação de edu-

cação superior ou formação profissional:

Penso que se tem que cada vez mais pensar na competência necessária a um profis-

sional hoje, a necessidade de ter um profissional atento às mudanças da realidade,

a um conhecimento mais profundo da realidade, para que possa ser propositivo,

porque é uma profissão interventiva. Então eu penso que esta competência para a

intervenção é alguma coisa que tem que trabalhar mais. [...] Então, um profissional,

tem que ter condição de a partir de um conhecimento da realidade poder elaborar a

intervenção, saber elaborar a sua intervenção. Temos que investir na nossa forma-

ção na questão da intervenção. (entrevistado 3).

Competência é aquilo que delimita o campo profissional e que diferentes profissões

têm como horizonte o seu campo de atuação seja na divisão sócio técnica do traba-

lho, e tem várias competências que são colocadas para diferentes profissões, eu a-

cho que o holl das competências define, cria certa identidade na profissão é um

campo de atuação profissional. (entrevistado 6).

A competência profissional do serviço social se alia a competência profissional téc-

nica, a competência profissional ético-política [...] então competência profissional

no Serviço Social é a competência para a leitura da realidade, para a realidade em

que estou trabalhando, uma leitura das políticas públicas respondendo as necessi-

dades postas pela realidade, sem perder de vista a perspectiva crítica que estrutura

a formação profissional, isso é competência. (entrevistado 8).

Eu penso que competência é aquilo que o profissional tem, ela estaria muito ligada

à utilização do próprio instrumental, da abordagem, parece que habilidade está

mais ligada ao técnico-operativo, a questão das competências das habilidades, é o

que especifica exatamente o que o Assistente Social faz aquilo que ele vai expressar,

aquilo que ele vai exercer, da finalidade mesmo. Acho que caracteriza o próprio e-

xercício [...] diria que são mesmo os aspectos que detalham que especificam que

desdobram o que o assistente social faz. O que ele pode fazer, o que está dentro do

campo de atuação dele, então tudo que fazemos remete a essa questão. (entrevistado

9).

As competências e habilidades caracterizam o próprio exercício [...] diria que são

mesmo os aspectos que detalham, que especificam que desdobram uma certa manei-

ra o que o assistente social faz, e o que ele pode fazer, o que está dentro do campo

de atuação. (entrevistado 10).

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Competência é formar um profissional, um assistente social, capaz de responder as

questões que lhe são colocadas, dentro das particularidades de sua profissão, den-

tro da divisão do trabalho, dentro do âmbito institucional, com as demandas que lhe

são colocadas. [...] que ele seja capaz de em qualquer instituição que vá trabalhar,

não apenas de executar, mas também formular, avaliar, pensar novas propostas, fa-

zendo esta articulação entre, o que é colocado e o que é realidade demanda. (en-

trevistado 20).

.

Miguel (2005) entende que a competência é como uma potência de condutas a-

daptadas a uma situação e que é constituída de conhecimentos intelectuais, habilidades e des-

trezas, atitudes e valores. Três entrevistados, ao se referirem à competência, a relacionam com

o que propõe Miguel.

A competência passa por um arcabouço, teórico, metodológico, ético, político, que

nós Assistentes Sociais devemos deter para saber fazer aquilo que é pertinente a

nós, saber fazer uma leitura de realidade, de saber como nos deparar com aquela

expressão concreta, às vezes mínima da questão social, saber fazer aquela articula-

ção entre aquele micro tão micro. (entrevistado 5).

A competência e habilidade é o profissional ser capaz de atuar não só com a forma-

ção generalista, mas ao mesmo tempo atuar nas questões específicas das demandas

da política. (entrevistado 1).

As competências e habilidades é um conjunto de conhecimentos técnicos, teóricos,

metodológicos e ético-políticos, que o aluno tem que ter para desenvolver, vamos

dizer, aquilo que compete a ele. Então, a competência dada tanto pelo conhecimen-

to quanto pelo instrumental técnico delimitado em torno de um objeto de trabalho.

(entrevistado 17).

O entrevistado 7 lembrou dos antagonismos no interior da profissão:

Competência é saber lidar com os antagonismos da profissão, responder as neces-

sidades da classe trabalhadora sem desconhecer as necessidades do capital. (entre-

vistado 7).

Falar em competências e habilidades traz ao pensamento o jargão funcionalista da

profissão discutido no seminário de Teresópolis, no que diz respeito ao instrumental técnico, a

partir do texto de Lucena Dantas. O entrevistado 12 apontou que é importante pensar nas

competências e habilidades profissionais a partir de uma perspectiva crítica, posicionamento

também defendido pelo entrevistado 14, que o desenvolvimento das competências e habilida-

des profissionais pode ser operacionalizado para atingir os objetivos propostos no projeto éti-

co-político da profissão.

No jargão do Serviço Social quando se escuta falar em competências e habilidades

muitas vezes caímos naquela velha discussão do debate funcionalista, aquela coisa

de procurar fazer de acordo a necessidade institucional, então tem que ter um corpo

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de estratégias que se apliquem a um determinado processo de intervenção social. E

aí o profissional tem que ter certa habilidade para lidar com isto e as competências.

Estamos pensando em como fazer esta relação com a realidade social através de

uma perspectiva teórica e metodológica crítica, que o aluno se aproprie de elemen-

tos da teoria social crítica, com perspectiva histórico-crítica por trás. (entrevistado

12).

As competências e as habilidades são um conjunto de conhecimentos, de referên-

cias, de instrumentos, de técnicas que você deve se apropriar pra poder exatamente

fazer a mediação entre aquilo que nós concebemos como papel do profissional, co-

mo atribuições do profissional, [...] acho que a competência é muito ligada nas pos-

sibilidades de desenvolver a capacidade teórica, técnico-política, operacional para

realizar os nossos objetivos, pra realizar a perspectiva em um projeto político que

se tem para profissão. (entrevistado 14) .

A competência é relacionada com as atribuições legais da profissão, com a defini-

ção do perfil profissional das diretrizes curriculares. Este posicionamento é defendido por

Simões (1988 apud Ramos, 2008 p.154), bem como por Ramos (2007), que se refere às com-

petências ―entendidas na totalidade da formação profissional, enquanto desdobramentos do

perfil profissional do assistente social proposto nas Diretrizes Curriculares‖ (p.151). Seis en-

trevistados manifestam este posicionamento:

Temos algo que são as atribuições privativas da profissão que está muito claro na

Lei de regulamentação da profissão de noventa e seis. As competências e as habili-

dades, sem dúvida, nas atribuições privativas sempre se tem colocado que vamos di-

rigir, implementar, na área do Serviço Social. Quando nos deparamos com as com-

petências e habilidades, que na verdade tem que haver uma articulação com essas

atribuições, nós vamos perceber, que as nossas competências e habilidades, elas se

dão de forma muito ampla, então é aquilo que é pertinente ao Serviço Social, mas

também a outras profissões que também podem desenvolver as competências gerais.

[...] percebo que as diretrizes curriculares têm dado elementos para que o aluno

possa ter claro a existência de uma competência técnico-operativa, não só operativa

mas metodológica, capaz de fazer, implementar aquelas políticas dentro de um en-

frentamento da questão social. Então isso é competência. (entrevistado 5).

A questão da competência em primeiro lugar foi tratada a partir da lei de regula-

mentação da profissão, ali é o grande caminho onde se tem estabelecidas as compe-

tências profissionais, a lei de regulamentação da profissão faz parte do projeto éti-

co político, mas muitas vezes se esquece desse campo e se centra em várias outras

discussões que ficam periféricas. As competências não se reduzem à lei, porque ela

é o nosso norte, ela é a nossa diretriz. [...] se tem como ponto de partida aquilo que

está posto na lei de regulamentação da profissão, no código de ética que compõe o

campo de competência e habilidade. (entrevistado 6).

Para o currículo se teve uma lógica, foi dada uma ênfase especial para essa questão

da competência e habilidade, pois se parte da Lei que regulamenta a profissão, das

atribuições do assistente social. (entrevistado 10).

É um perigo pensar em competências e habilidades como a massificação do ponto

de vista formal, isso leva a uma visão meramente da razão instrumental. [...] Então

só tem sentido discutir competências, habilidades, instrumental técnico-operativo,

dentro de um marco de concepção e prática profissional, por que senão efetivamen-

te eu vou reproduzir uma razão meramente instrumental, positivista, basta você fa-

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zer isso para você ser um bom profissional, aquilo que se podia chamar de uma no-

va tecnificação para a profissão. (entrevistado 13) .

Competência e habilidade é todo aquele aparato ético-político-teórico-

metodológico, acho que as coisas andam muito juntas, então não dá pra pensar a

competência desarticulada, não é só no técnico operativo, tem que estar muito bem

atrelada ao teórico-metodológico, tem que ter definição, tem que ter bastante co-

nhecimento do método, tem que ter presente o projeto ético-político da profissão.

(entrevistado 15).

A competência pode ser entendida como um atributo individual em que o indiví-

duo que possua determinada competência, tem um diferencial de competitividade. Dois entre-

vistados entendem que a competência é um atributo individual, que depende da capacidade e

esforço do estudante. ―As competências estão relacionadas à questão individual‖ (entrevista-

do 19). ―Competência é aquilo que diz respeito ao aluno. Do que ele vai ter que dar conta no

trabalho, no que diz respeito, não necessariamente, exclusivamente a ele, mas que diz respei-

to a ele também‖. (entrevistado 21).

4.2 APROPRIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NA FORMAÇÃO DO

SERVIÇO SOCIAL

A incorporação das noções de competências e habilidades no processo de forma-

ção profissional ocorre no cotidiano das ações pedagógicas, como no decorrer das disciplinas,

em oficinas e laboratórios, no estágio e na pesquisa/extensão. Ao analisar o conteúdo das en-

trevistas, verificou-se que em alguns momentos a apropriação ocorre por meio do discurso

(fala). Os entrevistados expressaram a importância do desenvolvimento de competências e

habilidades, apesar de não deixarem claro como isso acontece no cotidiano da IES. Para al-

guns, a apropriação se dá por meio da discussão, da relação professor-aluno.

O entrevistado 9 argumentou que para além de formar um profissional tecnicista,

se forme profissionais críticos, com perspectiva investigativa e com entendimento da profis-

são no contexto sócio-histórico.

Vou voltar, acho que já falei. Temos uma capacitação ético-político-teórico-

metodolótica que é para contribuir para o exercício técnico-operativo, porque não

adianta formar um profissional tecnicista, então eu acho que tem que ser alguém

que tenha um posicionamento crítico, que busque, que entenda a importância inclu-

sive da investigação na atuação, que tenha também consciência da importância do

conhecimento no Serviço Social. Que tenha discussão sobre a própria direção do

projeto ético-político da profissão, que consiga compreender a profissão, dentro

deste contexto sócio-histórico, que não consiga ver só a sua atuação lá na institui-

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ção, no seu município, enfim, que tem capacidade fundamental desse processo de

trabalho. (entrevistado 9).

O entrevistado 12 afirmou que as competências e habilidades estão configuradas

no perfil profissional e questionou como elas serão expressas no cotidiano curricular.

Agora, ainda que não se discuta eu acho que se configura na formação profissional,

um profissional com certas competências e habilidades, não se pode negar isto faz

parte também de um perfil. As habilidades e competências estão configuradas den-

tro de um perfil profissional. E acho que tem que partir desse perfil que estaria co-

locado pela própria diretriz curricular, analisar a fundo como estão colocando es-

tas questões. Porque aí entra o debate, como que se vai expressar esta questão das

competências e habilidades no currículo? É uma questão que está em aberto, não

tenho resposta. (entrevistado 12).

Para o entrevistado 13, o Serviço Social enquanto profissão interventiva precisa

conhecer a realidade e atuar de forma competente. Já o entrevistado 14 relacionou com a

competência gerencial de políticas públicas.

Esse aluno ele tem que ser competente pra muitas coisas, não é? Se a profissão é

uma profissão de uma intervenção, ele tem que conhecer essa realidade, conhecer

essa realidade significa conhecer o técnico-operativo e o ético-político. Significa

conhecer os meios, as estratégias, as competências da profissão e do espaço sócio-

ocupacional que ele está atuando, como é que um aluno pode trabalhar numa Or-

ganização Não Governamental, se ele não conhece o que é orçamento, se ele não

conhece o que é um recurso público, se ele não conhece o que é, digamos assim,

quais são os mecanismos de aprovação de um projeto de lei, para te dar alguns e-

xemplos, então nós temos que produzir isso na formação profissional. (entrevistado

13).

Quando nós debatemos gestão, nós estamos falando de gestão de políticas públicas,

por exemplo, nós estamos falando do Estado como o primeiro responsável por pro-

ver uma estrutura de serviços, de benefícios, projetos, programas, nós estamos fa-

lando de planejamento. Então, o aluno tem que ter habilidade, tem que ter capaci-

dade e visão do que é planejamento, as escolhas que ele vai fazer, do planejamento

estratégico, participativo, nós estamos falando de gestão de política pública, de ca-

pacidade de fazer a leitura de um orçamento, por exemplo. (entrevistado 14) .

O entrevistado 18 identificou o espaço de sala de aula, a relação professor aluno,

como e quais discussões podem ser provocadas pelo professor em relação às competências e

habilidades.

Pensando mais na questão da dinâmica da sala de aula, assim, eu particularmente

desde que cheguei aqui, tenho uma facilidade muito grande, para lidar com os alu-

nos, tenho uma relação muito legal com eles, e às vezes a gente precisa mesmo

chamar atenção em algumas coisas, acho que assim, algumas posturas, a gente ta

discutindo competências e habilidades, mas passa pela questão da discussão do có-

digo de ética algumas posturas que o profissional precisa assumir, para que o aluno

chegue aqui, ele não chega mesmo pronto, então por isso, se você percebe alguma

coisa você chama, às vezes pode colocar particularmente, ou pode colocar numa si-

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tuação sem dizer pra quem é, trazer um pouco isso pra realidade, quando é uma

disciplina teórica, por exemplo Teoria Política, ela discuti um pouco a questão do

Estado, a formatação do Estado, como é que os pensadores vão estar pensando a

estrutura do Estado e aí eu consigo fazer um pouco com eles para pensar isso hoje,

como é que é isso hoje? Como é que um profissional do Serviço Social vai lidar com

este Estado que ele tem hoje? (entrevistado 18).

Há um entendimento de que as competências são um atributo individual e portan-

do, sua apropriação e desenvolvimento depende do esforço individualizado, independente da

proposta curricular do curso.

Eu acho que esta questão de competência e habilidade ela passa também pelo cam-

po individual. De subjetividade mesmo de trabalho. Às vezes, com colega de traba-

lho se vê a dificuldade que tem de fazer uma interpretação então, não é uma questão

do currículo ou da diretriz não dar conta, mas eu acho que talvez, aquele aluno é

que não dá conta mesmo da apreender, de elaborar. Não se tem dados concretos

pra dizer, é possível contribuir com o desenvolvimento da competência e habilidade

da formação do aluno, mas não é responsabilidade só do corpo docente, também é

da capacidade individual e até do esforço de cada um. Porque, às vezes o aluno tem

certa dificuldade, mas ele se empenha, ele ta ali todo dia então ele vai. Outros não,

ficam esperando tudo pronto. (entrevistado 11).

O entrevistado 12 expressou dúvidas quanto ao desenvolvimento de competências

e habilidades como algo individual ou se acontece na relação com outras pessoas.

O laboratório prepara o aluno para aprofundar elementos que tenham a ver com

habilidades. Tanto no plano pessoal porque, de fato o aluno já tem suas próprias

habilidades e ele possa experimentar também novas habilidades a partir de conhe-

cimento de outras áreas, vivenciar um estágio e conhecer experiências que podem

ser inovadoras, ou experiências também já conhecidas, mas que produzem elemen-

tos novos. Então esta questão habilidade, eu não sei se passaria só pelo plano indi-

vidual e também pelo reconhecimento desta articulação com outras experiências de

outros alunos, que possam enriquecer a prática individual do aluno na formação

profissional. Só que habilidades, podemos pensar como uma questão mais individu-

al, não é? Mas também podemos pensar que é um conjunto de experiências concre-

tas de habilidades podem ser reconhecidas através da formação profissional. (en-

trevistado 12).

Os sujeitos entrevistados também destacaram que a pedagogia utilizada pelos pro-

fessores pode interferir no desenvolvimento de competências e habilidades. Para o entrevista-

do 19, cabe ao professor identificar as necessidades de cada aluno e contribuir no seu desen-

volvimento:

Eu digo que está um pouco atrelada a capacidade pessoal de cada um, que tem uma

relação histórica com a sua formação inicial, que aluno é esse que chega aqui?

Qual a formação básica na educação que ele teve e formação familiar? Qual que é

a história de vida? Qual a oportunidade que ele teve, de ser propositivo um dia? De

desenvolver alguma habilidade? Ele tem habilidades que não puderam ser desen-

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volvidas por alguma outra questão? E aí é muito complexo para nós enquanto do-

centes, dar conta de tudo isso numa sala de trinta alunos, cada um é cada um, com

sua história de vida, enfim, mas é possível, na medida em que a gente tem a capaci-

dade da formação, do acúmulo mesmo, os debates em sala, a discussão que a gente

trava em sala, o conhecimento teórico que a gente traz, a relação que a gente faz

desse conhecimento teórico com aquilo que tá lá fora esperando, tem que sair da

sala de aula, eu acho que é possível sim contribuir para desenvolver essas compe-

tências e habilidades. [...] conhecendo a individualidade do aluno a gente pode fa-

zer proposições diferentes, a gente pode fazer dinâmicas em sala de aula, fazer um

atendimento mais individualizado, chamar um pouquinho mais junto, eu acho que

tem possibilidade sim, realmente não tem receita. (entrevistado 19).

A organização curricular por disciplinas e seus conteúdos tem sido uma prática

recorrente. Perrenoud (1999) argumenta que a escola é marcadamente disciplinar e que quan-

do se trabalha com competências, as disciplinas devem servir de meios para o seu desenvol-

vimento. Macedo (2002:117) diz que ―a noção de competências tem buscado responder às

questões sobre como selecionar e organizar conhecimentos sem referência explicita às disci-

plinas escolares‖. Diante do impasse entre organizar o currículo por competências, ou por

disciplinas, Macedo (2002) propõe que a disciplina desempenhe seu papel de manutenção e

controle, mas que os saberes disciplinares sejam submetidos às competências, que podem ser

desenvolvidas em várias disciplinas e no conjunto interdisciplinar. Mesmo que o currículo

não seja formatado por objetivos, estes devem estar claros para os professores e alunos e que a

ênfase do espaço de sala de aula, seja alcançar os objetivos propostos e não de dar conta do

conteúdo.

É comum no cotidiano escolar a organização dos programas e disciplinas serem

consideradas com o ponto de partida do conteúdo. Como se verifica nas falas dos entrevista-

dos, os Projetos Político-pedagógicos analisados são construídos a partir dos conteúdos. Há o

entendimento de que as competências e habilidades são um conteúdo e não um modelo curri-

cular e seu desenvolvimento acontece de acordo com as perspectivas e ações dos professores.

Os projetos analisados têm como referência as diretrizes curriculares (ABEPSS/MEC), e defi-

nem os conteúdos e as competências profissionais, entretanto não há uma organicidade entre

eles. Identifica-se uma tendência de compreender o desenvolvimento de competência e habi-

lidade como o ensino de competências profissionais, especificamente dos instrumentais utili-

zados no cotidiano do Serviço Social.

O entrevistado 18 lamentou que não tivesse uma disciplina específica para discutir

competências e habilidades profissionais e salienta a ideia da transversalidade do desenvolvi-

mento das competências e habilidades, que para além das disciplinas, pode acontecer por

meio de seminários e eventos.

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[...] Eu acho que a forma de conduzir essa questão (de desenvolvimento de compe-

tências e habilidades) é um pouco o momento que se está ministrando a disciplina,

Você tem essa situação lá na realidade, onde você atua, e aí o que o Serviço Social

pode propor? Como é que a gente vai se posicionar mediante a isso? Eu acho que a

gente passa um pouco por isso, eu acho que a forma da gente trabalhar isso é por

dentro mesmo das discussões na disciplina, porque no momento a gente não tem a-

inda uma disciplina faça isso, e para, além disso, eu acho que a gente tem seminá-

rios, algum evento que a gente tem, realmente discute um pouco essa questão da a-

tuação no Serviço Social. (entrevistado 18).

Os entrevistados 9 e 17 se referem às competências profissionais definidas na Lei

de Regulamentação da Profissão para ser trabalhada nas disciplinas.

As competências e habilidades constam na lei de regulamentação, no artigo quarto

e artigo quinto, a primeira coisa que faço com os alunos do primeiro semestre é a-

presentar de forma bem geral: Olha nós temos uma lei de regulamentação, coloco

principalmente os artigo quarto e quinto, a questão do estágio, e depois na discipli-

na de processo de trabalho eu tento desmembrar um pouco isso, eu acho que a gen-

te tenta trabalhar isso, então eu acho que dividir um pouco os conteúdos nas disci-

plinas que lhe cabem, assim, sistema de gestão, de planejamento, trabalhar o plane-

jamento, elaboração, implementação do projeto. (entrevistado 9).

Então no momento da revisão decidimos que o desenvolvimento de habilidades e

competências deveria estar vinculado muito mais estreitamente a própria universi-

dade, os docentes teriam que ter responsabilidade sobre essa formação. Então aí

nós fizemos uma proposta curricular que o estudante ele vai para o estágio somente

na sétima fase, depois que ele tem todas as disciplinas teóricas. E aí se formou um

núcleo duro de disciplinas, que seria de ensino da prática, entre aspas, que começa-

ria na terceira fase e iria até a sexta fase. Esperávamos que o aluno, depois de cur-

sar todas as disciplinas de forma mais integrada que seria o núcleo duro de prática,

ele sairia melhor preparado para ir o campo de estágio, então ele faria uma experi-

ência profissional no campo de estágio, mas ele teria uma série de competências e

habilidades já desenvolvidas que ele teria uma formação não tão dependente do su-

pervisor de campo ou da instituição. [...] Então, se fez a opção de trabalhar a partir

das atribuições e as competências da lei, nós vimos três grandes vertentes que o As-

sistente Social atua: na questão dos estudos sociais, na questão das instituições, do

planejamento; e na questão dos movimentos sociais. Então, ali deu um pouco a di-

reção de que em que áreas que a gente formaria, discutiria a questão da prática

profissional. (entrevistado 17).

Para além do desenvolvimento das competências profissionais, o entrevistado 16

destacou a importância da formação para a leitura da realidade:

Na disciplina de Estágio com certeza, a gente já vai direto buscando o desenvolvi-

mento de competências e habilidades, para o aluno se dar conta, que ele tem algu-

mas atividades, tem algumas questões que se coloca para ele, no primeiro momento

fazer a leitura de realidade, como fazer isso? Quais são as habilidades, as compe-

tências inclusive, pra poder fazer isso. No segundo momento planejar, agora que

planejamento é esse? E conseqüentemente depois monitorar e avaliar, avaliar o

processo de trabalho que ele esteja inserido, mas também avaliar o que aquilo ser-

viu para sua formação. Então estamos o tempo inteiro buscando as diretrizes, bus-

cando nas resoluções e principalmente na própria lei de regulamentação. (entrevis-

tado 16).

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O entrevistado15 expôs que as competências e habilidades fazem parte da disci-

plina de estágio, enquanto que o entrevistado 17 reforçou que o ensino e desenvolvimento de

competência acontecem no conjunto de disciplinas, para o aluno entrar no estágio melhor pre-

parado e não depender exclusivamente do campo de estágio e do supervisor para isso.

Eu acredito que o desenvolvimento de competências e habilidades, pelas nossas dis-

cussões se dá principalmente nas disciplinas de processo de trabalho, na de funda-

mentos queira ou não, de uma forma ou outra isso aparece, talvez isso tenha que se

tornar objeto de estudo, pensar sobre isso. Mas me parece que de maneira mais ex-

plicita aparece nas disciplinas de processo de trabalho. (entrevistado 15).

Por exemplo, na disciplina que eu trabalho (pesquisa), eu retomo com os alunos

aquela resolução 196 eu pego com eles todas aquelas indicações, das competências

profissionais no campo da pesquisa, a lei de regulamentação, e vou vendo: desde a

construção do objeto e da aplicação desse objeto com o Serviço Social eu sempre

digo: Não vamos ensinar ninguém a dançar porque o curso não é de dança. O que o

objeto de pesquisa tem haver com a nossa área, o Serviço Social? Então, desde tra-

balhar a escolha do objeto, escolha de método, a própria pesquisa de campo, a a-

bordagem, o compromisso, a gente trabalha na disciplina. [...] A disciplina Serviço

Social e Questão Social, ela está voltada exclusivamente pra esse objeto profissio-

nal, e a gente tem tentado promover, até em eventos, formas de estar pensando a

questão das competências e habilidades, porque uma coisa que é importante levar

em consideração é espaço sócio ocupacional para discutir a competência e habili-

dade. (entrevistado 15).

A disciplina que eu sempre estive junto, da família e segmentos sociais vulneráveis,

se elegeu que a intervenção seria concentrada num estudo social. Então os estudan-

tes desta disciplina eles tem toda a discussão sobre família, como é que se aborda?

Conceitos. Como é que se fazem os indicadores? Como é que é a relação da família

como a política social? Como é que são os processos de intervenção com famílias.

Na prática tem um convênio com determinadas instituições em que se desenvolve

um estudo social das famílias. Então, esse estudo social é totalmente acompanhado

pelos professores, nessa disciplina que é prática e tem uma parte teórica sobre en-

trevista, observação, perícia, ética, então, pensando isso e depois ele vai fazer. En-

tão é um estudo social que o aluno faz a partir de no mínimo três entrevistas, que

são visitas domiciliares, contatos institucionais, tudo o que se precisa fazer pra ana-

lisar uma determinada situação. Ele faz este estudo e o final é o relatório que nós

devolvemos, são os professores que são responsáveis por esse estudo e é devolvido

para as instituições. (entrevistado17).

No cotidiano universitário, professores e alunos repetem práticas de ensino-

aprendizagem clássicas, com pouco espaço para a criatividade e interação. Uma forma de di-

namizar o processo educativo é o uso de laboratórios e oficinas.

Entende-se que as oficinas sejam espaços pedagógicos destinados à formação pro-

fissional, orientada por professores, em que estão disponíveis diferentes tipos de equipamen-

tos e materiais para o ensino-aprendizagem. Para Moita (2006), a oficina enquanto dispositivo

pedagógico caracteriza-se pela troca de experiências para a construção coletiva do saber, de

análise da realidade e sistematização dos conhecimentos.

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Nos projetos político-pedagógicos, é importante que as oficinas e/ou laboratórios

explicitem que competências se propõem a desenvolver, pois ao defini-las em termos de com-

portamento, se acredita que elas possam ser observadas, verificadas no decorrer do processo.

Para que na avaliação se consiga determinar os avanços dos alunos. No caso específico do

Serviço Social, é comum as oficinas desenvolverem os instrumentais utilizados pela profissão

como visita domiciliar, parecer, relatórios, atendimento individualizado e de grupo, etc.

Na perspectiva de desenvolvimento de competências, as atividades curriculares

estão integradas, portanto as oficinas/laboratórios devem estar articuladas às disciplinas, sem

dissociar esses componentes curriculares. Atividades como oficinas e/ou laboratórios têm a

perspectiva diferente das disciplinas e se espera que a relação teoria e prática seja fortalecida.

De forma geral, o número de alunos nessas atividades é menor que o das disciplinas, o que

aparece na fala dos entrevistados 8 e 21, que também salientam que as oficinas facilitam a

aproximação do aluno com a realidade.

A proposta que temos agora é que todas as disciplinas se complementem para dar

conta das competências e habilidades postas, por exemplo: na oficina I, a sala é di-

vidida em dois, então eles vão aprendendo a construir uma base teórica, como se

analisa um texto, e como se faz análise da realidade, como se constrói um relatório

sobre essa realidade, como constrói uma leitura sobre a questão cultural. Aprende-

se a fazer uma análise de conjuntura. Na oficina II vai ter contato com os instru-

mentos. Conseguiu-se construir os instrumentos em sala de aula, enfim é uma cons-

trução de todos os instrumentos. Na oficina III é a construção de uma pesquisa. En-

tão eles têm pesquisa no segundo ano como disciplina. Então vão construir um pro-

jeto de pesquisa, com objeto, objetivo e ao término da oficina se tem o pesquisado.

Na oficina IV, se tem a intervenção, é no terceiro, o aluno já está no estágio, então

vai construir uma especificidade a partir do campo interventivo dele, vai recortar

uma realidade e analisá-la, e propor a partir do que ele analisou. Na oficina V, tem

tecnologias da informação, então ele vai aprender com essas tecnologias. E vai ter

acesso a todos os sistemas de informação que o Serviço Social trabalha, como o

SEPIA. E é também a construção do TCC, pois já teve a pesquisa. Na oficina VI, é a

construção e a socialização do TCC. Então as oficinas estão bem montadinhas. (en-

trevistado 8).

Nesta oficina, somos duas professoras à noite, e duas pela manhã, ela vai trabalhar

com tudo o que diz respeito ao trabalho direto com usuários, a orientar a população

na identificação de recursos para atendimento e defesa de seus direitos, estudos so-

cioeconômicos, visitas, perícias. O que esta disciplina trabalha? A partir do plano

teórico que é lhe dado, ela vai ensinar o aluno. Como? Sempre com a fundamenta-

ção teórica como ferramenta, então se trabalha com a observação, com o cenário

da organização, quais as forças presentes, como é que trabalha com mediação, co-

mo é que você faz esta relação entre o singular, o universal e o particular, o que

significa enxergar, o que significa desvendar a realidade, depois se trabalha com a

escuta, que qual é a diferença entre escutar e ouvir, depois entrevista, e depois es-

tudo social, estudo socioeconômico, visitas domiciliares, perícias, toda a documen-

tação e trabalho com grupo. Sempre com o aporte teórico, sempre com entendimen-

to, por isso se chama oficina e sempre com classe menores, com no máximo 15 alu-

nos. [...] se trabalha com o material que eles trazem do estágio, por exemplo, regis-

tro, relatório, documentação. E se trabalha com situações que a mídia traz.

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As Oficinas de Formação Profissional têm um caráter de levar o aluno a ir se apro-

ximando da realidade com a qual ele vai trabalhar. Então, no primeiro ano ele vai

conhecer a cidade, quais as expressões da questão social que estão nas cidades, ele

vão ver morador de rua, crianças, algumas coisas das organizações para conhecer

a cidade. No segundo ano, ele vai conhecer as respostas que o Serviço Social dá a

estas expressões, então vai se aproximar dos Assistentes Sociais, para ver como é

que o Serviço Social atende o homem de rua, as propostas que ele tem, como é que

ele atende crianças vítima de violência? Então, a entrevista com Assistente Social,

pra conhecimento da organização. (entrevistado 21).

O entrevistado 10 disse que as oficinas ampliam os espaços da prática, mas que

não podem subestimar. Este mesmo entrevistado chamou atenção para o fato de que nas ofici-

nas pode haver uma separação entre o momento da discussão teórica e o momento de apreen-

são da prática profissional, contribuindo para a dicotomia teoria e prática.

Entendo que no próprio projeto não especifica muito essa concepção mais geral, há

uma preocupação com as competências e habilidades específicas [...] a forma como

foi incorporado aqui me parece mais a partir dos instrumentais técnicos operativos,

dentro da oficina há uma preocupação disso. [...] assim, se terá um profissional

competente, com habilidades para trabalhar com uma visão muito restrita a questão

do instrumental por si só. E não como algo que um meio para atingir aquilo que se

espera com uma visão crítica.

Acho que a ideia é muito boa, essa ideia de você ampliar, trabalhar em outros espa-

ços, o estagio não dá conta sozinho, mas não pode ser subestimado, que daí nessa

concepção acho que ele ficou subestimado, o estágio é o espaço da síntese e da pró-

pria questão do desenvolvimento de competências e habilidades, então eu entendo

que essa questão das competências e habilidade é o profissional ser capaz de atuar

não só com a formação generalista mas ao mesmo tempo atuar nas questões especí-

ficas das demandas da política.

O mais importante no trabalho é o grupo de alunos, então a turma inteira, isso que

é processual, a ideia não era separar o teórico e a prática, mas na prática me pare-

ce que isto aconteceu. Tanto que, aqui entre os alunos é usual falar: você fez a teó-

rica ou prática? Na teórica discuti os conceitos e a prática nas oficinas, e tem aí to-

da uma postura de o aluno ir a campo, de se aproximar um pouco do que são os

conselhos.

Nas oficinas o aluno vai para um bairro acompanha aproximadamente um semestre,

atividades do Centro comunitário, em determinados momentos atividades do Conse-

lho Municipal de Saúde, agora no Conselho de Assistência, etc. e se trabalha tam-

bém toda a questão do instrumental, a observação, o conteúdo necessário para o

local de trabalho. É a parte operacional vamos dizer assim.

Quando tem assistente social no local ela é a referência, mas nem sempre tem. O

aluno observa se possível, entrevista o assistente social, e depois traz para a sala de

aula, discute, analisa. [...] se entendeu que não é o estágio que tem de conta de todo

o saber profissional.

A ideia da oficina é muito boa, mas do jeito que está, foi apropriado como uma par-

te de disciplina teórica e outra prática, isto é contrário às diretrizes e a concepção

da ABEPSS. (entrevistado 10).

Os entrevistados 13 e 19 salientaram que as oficinas/laboratórios são espaços pri-

vilegiados para a apropriação de competências e habilidades, enfatizando os instrumentais.

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Na oficina de trabalho profissional, vão ter que dar conta dessa discussão (compe-

tências e habilidades). No segundo ano, se antecipa além das relações entre deman-

das postas as instituições, mais ou menos já começa com as primeiras discussões do

instrumental-técnico-operativo, identificando o espaço sócio ocupacionais, as habi-

lidades, as atribuições de competência. Então tudo isso, diário de campo, já se ini-

cia, o que é senso comum, vinculado a discussão do caminho investigativo, ela já i-

niciou a partir do segundo ano. E no terceiro, já tratando de intervenção profissio-

nal, obviamente vinculando a discussão entre legislação social e legislação profis-

sional, porque a discussão de legislação profissional é que vai materializar essas

atribuições. (entrevistado 13).

[...] nas oficinas eles apresentam o campo de estágio, e aí eu tenho que saber o que

o Assistente Social trabalha, o aluno vai trazer, por exemplo, o questionário, a ficha

de entrevista domiciliar, a ficha de avaliação socioeconômica, então se discute um

pouco como é que o instrumento foi pensado e utilizado, claro que o campo de está-

gio não da conta de aprofundar. (entrevistado 19).

4.2.1 O projeto político-pedagógico da IES e a formação profissional

Toda instituição de ensino, da pré-escola ao ensino superior, precisa elaborar o

projeto político-pedagógico. O desenho do PPP retrata o que se pretende realizar, relaciona o

presente com o futuro projetado, Gadotti (2004) diz que:

Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar sig-

nifica tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período

de instabilidades e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada

projeto contém de estado melhor do presente. Um projeto educativo pode ser toma-

do como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os

campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores. (p. 579).

O projeto político-pedagógico é construído no coletivo da instituição de ensino,

não apenas o agrupamento de grade curricular, com planos de ensino e de atividades, não é

algo para ser construído para dar respostas burocráticas, e sim, para ser vivenciado. Rios

(1982, p. 75) argumenta:

De nada adianta construir um belíssimo plano apenas com a finalidade de apresentá-

lo quando for solicitado, para atender às exigências de organismos burocráticos, ou

um bonito folheto para atrair consumidores de "nosso produto". O projeto não é algo

que é feito e em seguida "mostrado". Ele é vivenciado desde o primeiro momento

como parte da dinâmica da prática dos educadores. Nele, sem dúvida, entra a provi-

soriedade, porque não temos apenas certezas, e porque devemos contar com eventu-

ais interferências de alguns elementos do próprio contexto. Mas nele entra também a

esperança, que conta mesmo com a incerteza (quando tenho certeza "absoluta", não

preciso ter esperança), mas que a ela alia a ação, o empenho para a construção do

trabalho.

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É o PPP que dará o direcionamento do curso, explicitará seu compromisso com a

formação e com a sociedade, por isso é considerado projeto político, pelo seu compromisso

com os interesses reais e coletivos de onde está inserido. E pedagógico, no sentido de propici-

ar formação do cidadão participativo, responsável, comprometido, criativo e crítico.

Um projeto político-pedagógico para Gadotti (2004, p. 579) apóia-se:

No desenvolvimento de uma consciência crítica e cidadã;

No envolvimento da comunidade interna e externa da escola;

Na participação e na cooperação das várias esferas de governo; e

Na autonomia, responsabilidade e criatividades como processo e como produto do

projeto.

As IES têm autonomia relativa em relação aos órgãos centrais do sistema educa-

cional (INEP, MEC), ou seja, têm liberdade para definir ações e organizar projetos que aten-

dam suas necessidades e peculiaridades, mas é importante que estejam conectadas com as

diretrizes nacionais propostas e com o conjunto da sociedade.

Neste item, se quer compreender como os coordenadores e professores dos cursos

de Serviço Social pesquisados, identificaram as peculiaridades do projeto político-pedagógico

da instituição e seu reflexo na formação profissional.

Considerando que cada PPP é construído por um conjunto de pessoas que estão

em IES diferentes, bem como, em uma área geográfica diversa, com condições socioeconômi-

cas e culturais diferenciadas, espera-se que mesmo seguindo as diretrizes nacionais e/ou da

ABEPSS, apresentem características específicas para atender à realidade local e regional, que

sejam inovadoras, entendendo que a inovação

[...] procura maior comunicação e diálogo com os saberes locais e com os diferentes

atores e realiza-se em um contexto que é histórico e social, porque humano. A ciên-

cia emergente opõe-se às clássicas dicotomias entre ciências naturais/ciências soci-

ais, teoria/prática, sujeito/objeto, conhecimento/realidade. Trata-se, portanto, de

buscar a superação da fragmentação das ciências e suas implicações para a vida do

homem e da sociedade. (VEIGA, 2003, p. 274).

Cada Projeto Político-Pedagógico depende, portanto da ousadia do grupo de diri-

gentes, professores e alunos, da ousadia de cada IES e de cada curso assumir-se com seu dife-

rencial. Buscou-se identificar junto aos entrevistados as peculiaridades do PPP para a realida-

de em que está inserido.

Os entrevistado 8 e 14 definiram que o diferencial do PPP é o direcionamento pa-

ra a gestão de políticas públicas, com disciplinas de políticas setoriais. A formação em políti-

ca social, também foi o diferencial evidenciado pelo entrevistado 10. Ele destacou que o curso

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enfatiza a proteção social, o processo de trabalho e que as disciplinas têm características de

oficinas.

O diferencial do nosso currículo é a gestão das políticas públicas, com disciplina de

políticas setoriais, política de seguridade, gestão I e II, política social, tem política

social no segundo ano, na política setorial se consegue passar por todas as políticas

e o aluno tem clareza de todas as políticas públicas que existem, de todos os espa-

ços sócio-ocupacionais do Serviço Social tanto do ponto de vista das políticas,

quanto da gestão da organização das políticas e a legislação referente a essas polí-

ticas, e as técnicas de gestão, então no que tange a habilidade técnica e a compe-

tência a proposta curricular está dando conta. Mas ta faltando melhorar um pouco

no que tange ao projeto ético-político profissional. (entrevistado 8) .

Eu penso que a nossa formação se preocupa com a formação em gestão e planeja-

mento, até porque os Assistentes Sociais, em níveis diferenciados, assumem funções

de chefia, de coordenação. Na área de saúde, por exemplo, o Serviço Social tem ex-

periências importantes pelo Brasil na coordenação de equipes em serviços de saú-

de, em hospitais, e, eu acho que na área sócio-jurídica se teve algum acúmulo. (en-

trevistado 14).

O PPP é no mínimo diferente, ele tem dois núcleos. Um núcleo que é chamado aqui

de núcleo “duro” do currículo, ele tem poucos pré-requisitos, que possibilita a fle-

xibilidade para o próprio estudante fazer o caminho dentro do projeto de formação

dele. Dentro desse núcleo duro tem duas frentes privilegiadas um que é da Política

Social e o outro que é da questão do trabalho, na verdade do ensino do exercício

profissional. Primeiro me deixa falar da política, que isso diferencia o curso, essa

opção que é feita aqui diferencia de forma geral dos cursos em geral que estão por

aí. Em relação à política o fato de não ter pré-requisito o aluno, começa as discipli-

nas de Serviço Social e Política Social essas duas disciplinas na segunda e terceira

fase são trabalhadas de uma concepção mais geral da política Social dos padrões

de proteção social. A rede de proteção social na verdade, acho que isso que dife-

rencia nesse currículo a proteção social, a ênfase a questão da seguridade e da cri-

ança e adolescente, vai ter três disciplinas ligadas a área da seguridade, isso eu a-

cho que é diferente, que é: Serviço Social e Seguridade Social da Saúde, Serviço So-

cial e Seguridade Social Previdência, Serviço Social e Seguridade Social Assistên-

cia, então isso pra mim é um diferenciador, e eu acho que é interessante pelo menos

na a questão da seguridade, e que acaba não fica Política Social no Geral. [...] O

outro núcleo, o da questão trabalho e que tem uma série de disciplinas no próprio

estágio dentro do currículo se estrutura em função disso. O aluno da terceira fase

entende que o exercício profissional que é entendido como trabalho, tem uma disci-

plina chamada Introdução ao Processo de trabalho, na quarta, quinta e sexta fase,

ele vai ter desdobramentos desta perspectiva com disciplinas que são voltadas pra

questão de Serviço Social, Movimentos Sociais e Conselhos de Direito, e Processo

do Trabalho do Serviço Social, Movimentos Sociais e Conselhos de Direito, então é

um bloco de duas disciplinas que vai pegar o eixo do movimento Social tanto traba-

lhando conceitualmente, teoricamente, uma que vai trabalhar isso e uma outra que

é uma disciplina , que a idéia me parece ser voltada com uma característica de ofi-

cina. Então, o que se espera dentro das competências e habilidades, então essa ofi-

cina ela está no bloco como a de processo de trabalho. (entrevistado 10).

Os entrevistados 11, 16 e 18 destacaram que o diferencial do curso é trabalhar

com a leitura da realidade, em especial a realidade regional, com as novas possibilidades de

atuação do Serviço Social.

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O atual currículo atende a necessidade de formação profissional. Porque é um cur-

rículo que tem uma preocupação com a leitura da realidade, as disciplinas, elas es-

tão pensadas de forma que possibilitam essa leitura da dinâmica societária, tem

uma disciplina no segundo período Formação Sócio-Histórica Regional que trata

da realidade da região. (entrevistado 11) .

Desde o início do curso, a disciplina que é história regional, que ela atende princi-

palmente o conhecimento acerca da cidade, do município, da região, e nós temos

disciplinas também, que na verdade são essas disciplinas que até entra como optati-

vas, que são disciplinas que, queira ou, não a gente sempre ta trazendo a questão da

realidade local. (entrevistado 16).

Eu creio que esta proposta sempre tem atendido as necessidades da formação pro-

fissional, as disciplinas que propomos discutir que é até uma coisa muito recente, a

atuação do Serviço Social em outras áreas que não são tão históricas a repercussão

do Serviço Social, como é no Serviço Social Sócio-Ambiental, a gente não conseguiu

nem bibliografia, eu acho que é bem legal isso de estar articulado com as necessi-

dades, de considerar a questão da historicidade e a questão das transformações pe-

las quais a sociedade vai passando, temos de ver o que é que é macro, mas também

as particularidades da região, a construção da hidrelétrica, a exploração da mine-

ração.(entrevistado 18) .

O entrevistado 12 argumentou que o curso está fundamentado em três eixos: aná-

lise da teria social, fundamentos e prática. Os dois primeiros oferecem o suporte teórico para a

entrada no estágio, e paralelo ao estágio, terá acesso a laboratórios de instrumentos e técnicas.

De acordo com a organização da grade seriam, três eixos de importância. Tem um

eixo de análise da Teoria Social, o outro é o eixo de Fundamentos e tem o eixo que

seria o Prático, através do estágio e de iniciativas que estariam ligadas para enten-

der esta dimensão instrumental da intervenção profissional. Então, é importante

porque nos primeiros três anos o aluno está com um conjunto de disciplinas de

Fundamentos Teóricos, de Teoria Social e também de Ética, que de alguma forma

daria uma base para depois ele, a partir do quarto período entrar no estágio. E a-

qui são quatro períodos de estágio. [...] Então a partir deste momento o aluno entra

no estágio, na lógica curricular, ele vai ter acesso também a algumas disciplinas do

eixo que se conhece como Laboratório de instrumentos e técnicas, que é uma parte

aonde se viria a conhecer elementos da intervenção profissional e instrumentaliza-

ção das práticas, inclusive ligadas a elementos da pesquisa e de sistematização da

prática. (entrevistado 12).

O entrevistado 13 apontou as diversas formas de interação do aluno com o espaço

acadêmico: disciplinas, oficinas, grupos de supervisão e núcleos temáticos, bem como a im-

portância para a reflexão do perfil do aluno e a realidade em que está inserido, notificando que

a maioria dos alunos são trabalhadores. A proposta do curso é que o aluno inicie se reconhe-

cendo como sujeito social e ao final tenha acúmulo para atuar em vários espaços profissionais.

Além das disciplinas nós temos oficinas, supervisão acadêmica em grupos, e tam-

bém disciplinas teóricas com cinquenta alunos em sala de aula, um número menor

de alunos em atividades como: supervisão acadêmica com 14 alunos, oficinas de

formação em trabalho profissional até quinze alunos e núcleos temáticos até vinte

alunos. Os núcleos têm temas transversais ao curso como: Gênero e igualdade, jus-

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tiça, saúde e qualidade de vida, raça, etnia, relações de trabalho, família e socieda-

de. Os alunos necessariamente têm que passar por dois núcleos ao longo do curso, e

têm que participar de quatro formações diferenciadas, as formações são com quinze

alunos dos diversos anos, e também a nossa contrapartida com profissionais Assis-

tentes Sociais em campo e alunos de mestrado e doutorado.

A discussão do perfil é algo que se pensa desde sempre. Porque se tem a concepção

de profissão e de profissional e a profissão tem um processo de ruptura com o con-

servadorismo, com o marco de uma perspectiva crítica, a partir da realidade, obvi-

amente, nós temos que pensar o perfil do profissional do ponto de vista de sua in-

serção nessa realidade, então um profissional crítico, um profissional competente,

com uma perspectiva ética, enfim, aquilo que são constitutivos do projeto ético polí-

tico profissional do Serviço Social. [...] Pensar a questão do perfil também parte de

pensar quem é esse aluno, no nosso caso, é um aluno estudante, trabalhador, que na

maioria das vezes vem de uma precarização do ponto de vista do trabalho, parte

desses alunos que procura o curso de alguma maneira já tiveram uma relação com

as expressões da questão social.

Então, o primeiro ano ele passa por isso, como é que ele se reconhece como aluno,

como é que ele se reconhece como sujeito social, e a partir daí no primeiro ano, a

aproximação desse aluno com as expressões da questão, indo à favela, a cortiços,

aos bairros, participando das lutas sociais, no poder executivo, no legislativo, no

poder judicial, essa insegurança demanda esforços da profissão num espaço sócio-

ocupacional. No terceiro ano a inserção do aluno no estágio, quarto ano plano sín-

tese e a passagem para a formação profissional. [...] com a discussão mais adensa-

da do debate contemporâneo da profissão, e ao mesmo tempo o acúmulo adensado

nos vários espaços profissionais, e também a agenda da categoria, o Congresso

Mundial, o CBAS, os encontros da ABEPSS, do ENPESS, quer dizer, toda essa a-

genda, e ao mesmo tempo, a particularidade da ação nos espaços profissionais do

ponto de vista do referencial técnico-metodológico, técnico-operativo, habilidades,

competências, desafios, e nos espaços sócio-ocupacionais. (entrevistado 13).

Os entrevistados 17 e 20 entenderam que a proposta curricular prioriza a prática

profissional, sem abrir mão da competência teórica, e que a formação profissional deve estar

vinculada mais à Universidade que ao campo de estágio. O entrevistado 21 fez a leitura inver-

sa, já que o diferencial do curso é priorizar a teoria e método.

Esse departamento sempre quis trabalhar muito esta questão da prática profissio-

nal, é um departamento que tinha uma tradição de se vincular a estas questões. [...]

Nós teríamos que pensar nas competências e habilidades. Víamos que tinha uma

distância muito grande entre aquilo que se discutia aqui e aquilo que o estudante

fazia lá fora, a influência do supervisor de campo era às vezes, muito maior, porque

é uma relação muito próxima, Então, foi à hora que se falou: nós temos que assumir

isto! Foi na tentativa de dar outro modelo. (entrevistado 17).

Essa universidade valoriza muito a questão da prática, é uma cultura que ela tem

uma preocupação, pode não ser uma coisa tão regrada, porque não é um curso prá-

tico, ao contrário tem bastantes investimentos teóricos, mas tem uma preocupação

muito grande com essa não separação da universidade com a realidade, com a prá-

tica profissional, com as assistentes sociais, tanto assim, que promove eventos, cur-

sos, encontros, fórum de supervisores. (entrevistado 20).

Sempre tem esta discussão grande aqui na universidade, porque se tem um diferen-

cial, para bem e para mal, que é assim: o nosso aporte é o aporte teórico o desen-

volvimento de habilidades para se apropriar do conhecimento pra poder enxergar a

realidade, então, eu acho que se prioriza a teoria e o método, que vão iluminar a

prática. Tem-se uma determinação de trabalhar com essa parcela de argumentação,

de uma leitura da realidade que vá se aproximando pra compreendê-la melhor, se

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trabalha muito qual é o cenário onde a ação do Assistente Social se desenvolve, o

que são os espaços sócio-ocupacionais, quais são as forças presentes e o ensino da

ferramenta, do instrumento de trabalho vem pra, a partir desse suporte. Então, eu

acho que o nosso diferencial é a prioridade do estudo da teoria e do método, depois

da prática. (entrevistado 21).

Um projeto profissional, segundo Netto (2008), é construído pela categoria profis-

sional que, no caso do Serviço Social, foi o conjunto de organizações CFESS/CRESS, A-

BEPSS, ENESSO e associações profissionais. O projeto profissional está em conexão com a

sociedade e suas mudanças, por isso também se transforma para responder à nova realidade. É

nele que estão definidos os valores, os objetivos, as funções, os requisitos teóricos, práticos e

institucionais, que legitimam a profissão e as bases das relações com usuários, com outras

profissões e com organizações públicas e privadas.

A definição de Braz (2004, p. 56) para projeto ético-político é:

Conjunto de valores e concepções ético-políticas por meio das quais setores signifi-

cativos da categoria dos assistentes sociais se expressam, tornando-o representativo

e, por vezes, hegemônico, isto é, quando, democraticamente detém e direciona os

espaços fundamentais da profissão no Brasil. Este direcionamento ocorre quando há

reconhecimento de suas ações e formulações por parcela decisiva da categoria, tor-

nando-o (o projeto ético-político) legítimo como perante ela.

O projeto ético-político do Serviço Social se concretiza no cotidiano através da in-

tervenção profissional e se materializa segundo Braz (2004), nas dimensões:

a) Dimensão da produção de conhecimentos no interior do Serviço Social: É a esfera de

sistematização das modalidades práticas da profissão, onde se apresentam os processos

reflexivos do fazer profissional. Esta dimensão investigativa da profissão tem como

parâmetro a afinidade com as tendências teórico-críticas do pensamento social. Dessa

forma, não cabem no projeto ético-político contemporâneo, posturas teóricas conser-

vadoras, cujo horizonte é a manutenção da ordem.

b) Dimensão político-organizativa da profissão: ─ Aqui se assentam tanto os fóruns de de-

liberação quanto as entidades representativas da profissão. Fundamentalmente, o con-

junto CFESS/CRESS, a ABEPSS e ENESSO. Por meio dos fóruns consultivos e deli-

berativos destas entidades representativas são tecidos os traços gerais do projeto,

quando são reafirmados (ou não) determinados compromissos e princípios.

c) Dimensão jurídico-política da profissão: Temos aqui o aparato jurídico-político e insti-

tucional da profissão que envolve um conjunto de leis e resoluções, documentos e tex-

tos políticos consagrados no seio profissional. Há nessa dimensão duas esferas dife-

renciadas, porém articuladas, são elas: um aparato político-jurídico de caráter estrita-

mente profissional; e um aparato jurídico-político de caráter mais abrangente. No pri-

meiro caso, temos determinados componentes construídos e legitimados pela categoria

tais como: o atual Código de Ética Profissional, a Lei de Regulamentação da Profissão

(Lei 8662/93) e as Diretrizes Curriculares (resolução 15/2002). No segundo, temos o

conjunto de leis advindas do capítulo da Ordem Social da Constituição Federal de

1988 que, embora não exclusivo da categoria, foi fruto de lutas que envolveram os as-

sistentes sociais

e, por outro lado, faz parte do cotidiano profissional de tal forma que

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pode funcionar como instrumento viabilizador de direitos através das políticas sociais

que executamos e/ou planejamos.

No decorrer da entrevista, questionou-se a consolidação do projeto ético-político

defendido pela categoria profissional no cotidiano institucional. O entrevistado 1 disse que a

consolidação ocorre a partir das dimensões político-organizativa e jurídico-política da profis-

são, quando por meio de entidades representativas da categoria, se consegue inferir no proces-

so avaliativo dos cursos, direcionando o conteúdo a ser avaliado pelo ENADE.

Na hora que foi identificado que o MEC abriu as portas, só tinha uma saída, o re-

gistro do projeto ético político e institucional. É importante, pois hoje as provas no

ENADE são feitas a partir da proposta da ABEPSS, A avaliação dos consultores

consideram a proposta da ABEPSS, [...] à medida que eles forem se pautando nas

diretrizes da ABEPSS, a comissão de especialistas, elas se tornam unânime. Agora

se tem um limite legal de não poder vetar, mas pode fazer uma avaliação criteriosa

e o norte da avaliação técnico profissional, acho que na sua grande prevalência tem

sido a referência da ABEPSS. Vejo sintomas nisso com os colegas que avaliam. As

provas do ENADE. Acho que está tendo certa correspondência não com as diretri-

zes legalmente instituídas, mas com a proposta. E a discussão hoje do projeto ético

político, um dos pilares é a concepção de formação profissional, ou seja, tudo isso é

uma luta acadêmica, profissional e naturalmente legal. (entrevistado 1).

Para o entrevistado 6, a consolidação do projeto ético-político ocorre através da

dimensão da produção de conhecimentos, com uma prática competente do ponto de vista prá-

tico, teórico e político. ―[...] o projeto implica o compromisso com a competência, que só

pode ter como base o aperfeiçoamento intelectual do assistente social. Daí a ênfase numa

formação acadêmica qualificada, fundada em concepções teórico-metodológicas críticas e

sólidas, capazes de viabilizar uma análise concreta da realidade social‖. (NETTO, 2008, p.

155).

Hoje se tem muita em cena a repetição do que é ético-político. Essa construção foi

um grande avanço que a gente tem, agora resta saber como é que isto vem aconte-

cendo em termos da formação de um profissional que vai se colocar no mercado de

trabalho, que tem uma necessidade de ter uma prática profissional competente, mas

não competência só no ponto de vista operativa, mas também competência no ponto

de vista teórico, no ponto de vista político. (entrevistado 6).

O entrevistado 8 questionou a consolidação do projeto ético-político e argumentou

que apenas 40% dos formandos conseguem atribuir ao fazer profissional uma perspectiva

crítica.

A proposta atende as demandas, mas eu também tenho a preocupação com o projeto

profissional, eu não sei se consegue sair daqui consolidando o projeto profissional

da categoria, então eu acho isso muito difícil. [...] o curso forma 40 alunos, destes

uns 40% tem uma firmeza de uma perspectiva crítica do ponto de vista ético, eu as-

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socio isto a uma perspectiva conservadora da sociedade, da família. Mesmo porque,

a formação profissional é uma das mediações da vida do estudante, e ele está numa

sociedade conservadora, individualista, e a formação profissional não vai dar conta

de tudo. (entrevistado 8).

Por meio de uma formação competente, é como os entrevistados 9, 14, 15, 16, 18,

19 e 20 identificaram a consolidação do projeto ético-político, uma formação que siga as ori-

entações da ABEPSS, com rigoroso trato teórico-metodológico e que possibilite ao aluno um

posicionamento crítico e investigativo.

Temos uma capacitação ético-político-teórico-metodológica que é para contribuir

para o exercício técnico-operativo, porque, às vezes, e aí eu volto àquela questão,

não adianta formar um profissional tecnicista, tem que ser alguém que tenha um po-

sicionamento crítico, que busque e que entenda a importância da investigação na

atuação, que tenha também consciência da importância do conhecimento no Serviço

Social, que tenha uma discussão sobre a direção do projeto ético-político da profis-

são, que consiga compreender a profissão, dentro deste contexto sócio-histórico,

que não consiga ver só a sua atuação lá na instituição, no seu município, enfim, que

tenha capacidade fundamental desse processo de trabalho. (entrevistado 9).

[...] isso foi sempre pra nós um processo muito orgânico, ou seja, pensar a forma-

ção profissional na perspectiva de integrar um projeto nacional, projeto ético polí-

tico da categoria, portanto, as orientações de, de ABESS ou de ABEPSS, do CFESS,

sempre teve um significado muito importante, sempre tivemos o compromisso de a-

companhar esse processo, de acatar as deliberações das entidades da categoria, e

ao mesmo tempo de se integrar ao processo de debate político, do ponto de vista da

implementação das políticas sociais públicas, que afinal, é o nosso âmbito maior de

atuação, de intervenção profissional. (entrevistado 14).

Nós discutimos a formação a partir das diretrizes aprovadas pela ABEPSS, e tam-

bém as diretrizes aprovadas no Conselho Nacional de Educação (MEC). (entrevis-

tado 15).

Nós readequamos o projeto, as diretrizes, todo um conjunto de bibliografias, que es-

tá além das diretrizes, [...] e por todo o conjunto do conhecimento que o Serviço So-

cial vem construindo, produzindo na área do Serviço Social, eu acho que isso faz

com que o processo de formação se torne bastante comprometedor no sentido de

dar conta de uma formação de um profissional crítico, [...] nós estamos tendo um

feedback dos alunos, da posição ético-político, que é uma questão muito interessan-

te, que na medida que nós fazemos a gestão daquilo que as diretrizes nacionais es-

tão colocando, fomos tendo um retorno bem interessante dessa posição, uma posi-

ção crítica, crítica no sentido de pensar muitas coisas, de ampliar a visão, de ter

uma postura de respeito em relação a diferença, em relação ao outro. (entrevistado

16).

Então eu entendo que estamos atendendo a essas necessidades (de formação profis-

sional) até porque, é interessante colocar, dentro dos núcleos de formação e segun-

do as diretrizes da ABEPSS se procura contemplar inclusive nas primeiras páginas

do nosso projeto, as disciplinas dentro dos núcleos de formação profissional. (en-

trevistado 18).

Toda essa revisão foi justamente no sentido de viabilizar essa formação de uma

forma que se considera importante, dentro daquilo que está previsto pelos órgãos

que regulamentam a profissão, mas perpassa também pela questão do próprio alu-

no, quer dizer, é a formação que nós queremos, é a formação que nós entendemos,

que no âmbito da profissão é aquela que vai dar conta de fazer uma leitura da rea-

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lidade, aquela que vai dar conta de após essa leitura fazer uma intervenção, mas

que também perpassa um pouco essa questão do aluno, que formação é essa que ele

veio buscar? E que formação é essa que ele dá conta de incorporar. (entrevistado

19).

O curso se fundamenta nas orientações da ABEPSS e nas leis de Diretrizes e Bases

da LDB e MEC, na lei, enfim, onde se definiu os princípios que são colocados na

ABEPSS, dando ênfase de fato ao tratamento rigoroso, teórico, metodológico a for-

mação profissional. (entrevistado 20).

A construção e efetivação de um Projeto Político Pedagógico demandam tempo,

inclusive para amadurecer a ideia e o comprometimento das pessoas envolvidas. Gadotti

(2004, p. 580) destaca alguns elementos facilitadores para o êxito de um projeto:

Uma comunicação eficiente. Um projeto dever ser factível e seu enunciado facil-

mente compreendido;

Adesão voluntária e consciente ao projeto. Todos precisam estar envolvidos. A co-

responsabilidade é um fator decisivo no êxito de um projeto;

Bom suporte institucional e financeiro: vontade política, pleno conhecimento de to-

dos, principalmente dos dirigentes, e recursos financeiros claramente definidos;

Controle, acompanhamento e avaliação do projeto. Um projeto que não pressupõe

constante avaliação não consegue saber se seus objetivos estão sendo atingidos;

Uma atmosfera, um ambiente favorável. Não é desprezível certo componente mági-

co-simbólico para o êxito de um projeto, uma certa mística (ou ideologia) que ci-

menta a todos os que se envolvem no design de um projeto;

Credibilidade. As ideias podem ser boas, mas, se os que as defendem não têm pres-

tígio, comprovada competência e legitimidade, só podem obstaculizar o projeto; e

Um bom referencial teórico que facilite encontrar os principais conceitos e a estrutu-

ra do projeto.

O autor frisa que, a falta desses elementos, dificulta a elaboração e implantação do

PPP, e que no processo se enfrenta a descrença dos que acreditam que não adianta pensar em

um bom projeto, sem vontade política dos dirigentes. Entretanto, o pensamento e a prática dos

dirigentes não mudam sem pressão dos demais.

O entrevistado 2 não atua com a formação, mas, aponta as dificuldades na forma-

ção, a partir do que tem observado de estagiários e colegas recém formados. O entrevistado

identificou que os estagiários e recém formados, chegam com um discurso ideológico, mas

com dificuldades de operacionalização. Este posicionamento é reforçado pelo entrevistado 6,

que fez uma análise da implementação das novas diretrizes no geral, e aponta que os cursos

não estão conseguindo fazer a mediação entre o campo teórico e a pratica profissional.

Não tenho mais contato com a formação, mas tenho com formando e recém forma-

dos. Eu percebo nos últimos cinco anos uma fragilidade nos colegas recém forma-

dos. Que dá uma percepção de pouca profundidade do conhecimento, muita infor-

mação e ai um saltitar permanente. Na conversa com algumas pessoas se percebe

um discurso falacioso, com uma ideologia marxizada, sem ter nem um conteúdo de

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prática. Então eu não consigo ver nem a competência nem a habilidade. (entrevis-

tado 2).

O problema que eu vejo é na operacionalização é o grande impasse, se continua

tendo uma percepção bastante teórica na profissão sem construir um mecanismo de

mediação do fazer profissional, no ensino mesmo das diferentes disciplinas, que são

desdobradas as grandes matérias que compõem as diretrizes curriculares. [...] se

tem uma diversidade muito grande na realidade brasileira, isto vem criando impas-

ses na formação profissional, ora se tem currículos bastante voltados a uma capaci-

tação no campo teórico, ora o currículo voltado mais numa visão pragmatista, que

uma coisa bastante grave de uma volta de um conservadorismo, de uma volta de e-

lementos do currículo anterior que se pensava superado, sem uma relação com o

campo da fundamentação teórica. Eu acho que ainda não se chegou com estas dire-

trizes curriculares a fazer um trabalho mais amplo de mediação do campo teórico

com o chamado campo da prática profissional [...] o aluno que está hoje no curso,

ele não sai com uma grande formação teórica e nem com competência prática-

operativa e nem conseguindo fazer a mediação, não dá para se trabalhar no nosso

curso sem uma sólida formação teórica, mas de nada adianta uma forte formação

teórica se não se consegue fazer a mediação para a natureza da nossa profissão, is-

so não tem nem uma serventia, se continua fazendo uma formação profissional que

separa os dois campos, hoje nos nossos cursos, não se está conseguindo nem fazer

uma forte formação teórica, nem uma competência de formação no ponto prático

operativo, ainda a maior dificuldade é fazer a mediação entre esses dois campos

que foi a proposta que se pensou quando formulou as novas diretrizes curriculares,

avançar neste campo teórico do currículo de 82 para o campo prático operativo, o

campo teórico consegue ser uma ferramenta para leitura realidade e construção in-

terventiva que o Serviço Social tem que saber que essa é uma característica da nos-

sa profissão na divisão técnica do trabalho. (entrevistado 6).

A mediação entre a formação teórica e o exercício profissional é reforçada pelo

entrevistado 7, que apontou também, como dificuldade, a falta de comprometimento com a

aproximação destes campos formativos.

Eu acho que está tendo um distanciamento, entre o que está se passando na forma-

ção e o que está se passando na realidade do exercício profissional. É preciso apro-

ximar mais, é preciso desenvolver pedagogias, conteúdo, práticas pedagógicas,

pesquisa, investigação, está faltando comprometimento, que aproxime a formação

do exercício, e ambos da realidade. (entrevistado 7) .

A falta de comunicação, entre as diferentes áreas do saber, é a dificuldade aponta-

da pelo entrevistado 3, que entende que universidade ―é um lugar - mas não só ela - privilegi-

ado para conhecer a cultura universal e as várias ciências, para criar e divulgar o saber, mas

deve buscar uma identidade própria e uma adequação à realidade nacional‖. (WANDERLEY,

1988, p. 15).

Mas eu acho que a nossa formação tinha que ser um pouco mais flexível, num senti-

do de facilitar um diálogo maior no universo do conhecimento. Sem perder obvia-

mente a nossa especificidade. Mas falta um pouco, pelo que eu conheço aqui da I-

ES, nós ainda estamos muito fechados no nosso campo, com uma dificuldade maior

na formação, não no conhecimento. Não estamos fechados do ponto de vista da

questão do conhecimento, mas da formação profissional. O nosso aluno não transi-

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ta pela universidade, o nosso aluno está dentro do curso, que hoje não dá mais, se

tem que favorecer um trânsito maior, inclusive percebe o objetivo da ampliação do

universo cultural. Eu penso ainda precisaria se pensar em ampliar na formação o

diálogo interdisciplinar. (entrevistado 3).

O modelo de ensino universitário com a integração entre ensino, pesquisa e exten-

são é apontado pelo entrevistado 11, sendo que a falta de fomento para o curso de Serviço

Social é uma dificuldade apontada para implementar a iniciação científica e ampliar os proje-

tos de extensão que no momento da pesquisa, possuía apenas dois projetos.

Nós não temos no curso pesquisa, iniciação científica, temos poucos projetos de ex-

tensão, com poucos alunos envolvidos. Estamos atualmente com dois projetos. Um

projeto voltado para o trabalho com jovens em comunidades rurais, desenvolvidos a

partir dos princípios da agroecologia em parceira com o BNDS e o PNUD. Temos

um na área da criança e do adolescente, tínhamos o Asa Delta, que agora não tem

mais. (entrevistado 11).

As características dos alunos que entram na IES, como a dificuldade de leitura, a

imaturidade, o imediatismo, o conservadorismo e a falta de uma visão crítica da realidade, são

os principais entraves para a consolidação do projeto ético-político apontados pelos entrevis-

tado 8 e 14.

Os nossos alunos não têm o hábito de leitura, não têm hábito de enfrentar uma aná-

lise mais apurada da realidade. Eu tenho um verdadeiro temor do neoconservado-

rismo, da grande convivência de perspectivas profissionais absolutamente conser-

vadoras, misturadas com uma fala absolutamente eclética, contra as perspectivas

críticas do projeto ético-político-profissional contemporâneo. [...] Olha a primeira

grande dificuldade que eu vi agora, é a mesma de quando eu era estudante, é uma

transposição de conteúdos dados no antigo, para o currículo novo. (entrevistado 8).

Os alunos vêm pra graduação hoje com muito menos idade, eles vêm imaturos, sem

hábito de leitura, com uma visão imediatista das coisas, com dificuldade de apro-

priação dos conceitos, dificuldade até de concentração das leituras. Então, esta é a

nossa luta diária, eu acho que se deparar com a realidade hoje, com a complexida-

de dos fenômenos do atual contexto mundial e enfim, regional, nacional, e a respon-

sabilidade temos em desenvolver nos alunos, em despertar nos alunos. (entrevistado

14).

As dificuldades com a infraestrutura são apontadas pelos entrevistados 17, 20,

como a não realização de concursos públicos para substituição de professores aposentados, a

contratação de professores substitutos com um período de no máximo 2 anos, situações que

geram a rotatividade de docentes e o comprometimento da equipe com o projeto. Os entraves

burocráticos e excesso de alunos por professores, também dificulta a implementação da dire-

ção social do projeto.

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Agora, o que acontece é que por conta desta história dos processos de trabalho, es-

ta questão das competências e habilidades, ela se misturou e a proposta por um

problema interno do departamento, de muitas aposentadorias, neste momento, mui-

tos professores substitutos que mudavam a cada dois anos, então esta proposta ela

não conseguiu se fixar da forma como ela foi pensada, idealizada num primeiro

momento. Então, ela até, eu posso dizer, que ela teve problemas sim, eu acho que

ela teve uma desconfiguração, porque muitas pessoas vão circulando e sem a ideia

do projeto. (entrevistado 17).

Do ponto de vista do conteúdo, da direção social do curso, existem alguns proble-

mas dentro do currículo, que não são apenas do currículo, do ponto de vista peda-

gógico. Eu acho que o currículo ele de fato precisaria fazer algumas alterações, das

quais, se pleiteou no relatório do ajuste, do ponto de vista pedagógico, do ponto de

vista interno da escola, em termos da infraestrutura, do número de alunos, da ques-

tão mais acadêmica e burocrática. Um dos problemas é que a grade curricular que

entrou em vigor, ela não tem pré-requisito. (entrevistado 20).

Nas diretrizes curriculares do Serviço Social, a dimensão investigativa tem um ei-

xo central na formação do futuro Assistente Social. Porém, os desafios são muitos no campo

da formação profissional. A dimensão investigativa também se relaciona com as práticas soci-

ais que devem estar pautadas no âmbito das práticas sociais coletivas, pois é impossível para o

Serviço Social enquanto profissão, dialogar com ele mesmo sem interagir multi e interdisci-

plinarmente com outras profissões, até porque a realidade social é dinâmica e em movimento,

é mais complexa que apenas uma equação numérica ou uma realidade a-histórica. Martinelli

(1999) destaca que: ―se queremos produzir práticas sociais que tenham a dimensão do coleti-

vo, temos que dialogar com saberes múltiplos, temos que pesquisar e pesquisar com qualida-

de‖ (p. 21).

A dimensão investigativa é parte da formação profissional. Isto faz com que uma

das competências do docente é saber formar o futuro profissional para a prática da pesquisa,

como uma ferramenta de trabalho no seu campo de atuação.

O Ministério de Educação e Cultura - MEC caracteriza as Instituições de Ensino

Superior, quanto a sua competência e responsabilidade, classificando-as como instituições

universitárias e não universitárias. Nesta classificação, deixa claro que a obrigatoriedade de

desenvolvimento de atividades regulares de pesquisa é das Universidades, cabe a elas traba-

lhar com o tripé da educação que é: ensino, pesquisa e extensão. Já as demais Instituições de

Ensino Superior são responsáveis apenas pelo ensino. As seis IES que fazem parte da pesqui-

sa aqui apresentada são universidades, portanto além de oferecerem formação para pesquisa

através de disciplinas, oficinas e núcleos, devem desenvolver atividades de iniciação científica

e de extensão.

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A proposta de formação profissional de Serviço Social tem considerado a necessi-

dade de formar profissionais pesquisadores. As diretrizes curriculares propostas pela Associa-

ção Brasileira de Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), em 1996, propõem como princípios:

Superação da fragmentação de conteúdos na organização curricular, evitando-se a

dispersão e a pulverização de disciplinas e outros componentes curriculares;

Estabelecimento das dimensões investigativa e interventiva como princípios forma-

tivos e condição central da formação profissional e da relação teoria e realidade;

Indissociabilidade nas dimensões de ensino, pesquisa e extensão.

A Lei n. 8662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão de Assistente

Social, estabelece entre as competências e habilidades técnico-operativas: realizar pesquisas

que subsidiem formulação de políticas e ações profissionais.

Tanto a proposta curricular da ABEPSS de 1996, como as diretrizes curriculares

do MEC de 2002, propõe que a matéria de pesquisa trate do debate teórico-metodológico,

elaboração de projetos de pesquisa, elaboração e análise de indicadores socioeconômicos.

As respostas dos entrevistados mostram a preocupação e centralidade da dimensão

investigativa nos cursos.

O entrevistado 11 mostrou as dificuldades das IES, de possibilitarem aos estudan-

tes o acesso e a participação em projetos de iniciação científica e de extensão, e por outro la-

do, a importância que o curso de Serviço Social dá à investigação, articulando a pesquisa ao

estágio e ao TCC. O entrevistado 19 ressaltou a dificuldade de investimentos em projetos de

extensão, enquanto o entrevistado 15 argumentou que a IES tem uma preocupação com a ci-

dade e investe em projetos de extensão e pesquisa.

Nós não temos no curso pesquisa, iniciação científica, temos poucos projetos de ex-

tensão, com poucos alunos envolvidos. Estamos atualmente com dois projetos. Um

projeto voltado para o trabalho com jovens em comunidades rurais, desenvolvidos a

partir dos princípios da agroecologia em parceira com o BNDS e o PNUD. Temos

um na área da criança e do adolescente, tínhamos o Asa Delta, que agora não tem

mais. [...] Então, os nossos alunos, eles não têm a oportunidade de vivenciar a pes-

quisa. Este novo currículo se tentou amarrá-lo de forma que a disciplina de pesqui-

sa ande junto com uma iniciação do estágio, preferencialmente que o campo de es-

tágio suscite no aluno a pesquisa e o desenvolvimento do TCC posteriormente. (en-

trevistado 11).

Tem-se trabalhado com uma limitação muito grande no âmbito da extensão, de uma

maneira geral, não só para o Serviço Social, então hoje além da docência, estou a-

tuando na área de extensão na universidade. (entrevistado 19).

Sempre se tem a preocupação com a cidade, então se faz projetos de extensão, pro-

jetos de pesquisa e trazemos muito o pessoal aqui pra dentro da universidade, o que

é muito interessante e tem um resultado excelente para ao aluno essa aproximação.

(entrevistado 15).

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O entrevistado 14 argumentou que a Universidade está localizada em uma região

estratégica, região com alto desenvolvimento econômico, consequentemente a IES e o curso

têm investimentos em pesquisa e extensão. O entrevistado 20 disse que a Universidade acredi-

ta que a pesquisa deva atravessar o ensino, assim, a maioria dos professores está articulado a

núcleos de pesquisa.

A universidade tem uma posição estratégica na região. Está na terceira cidade do

sul do país, a segunda do estado, e também há uma grande expectativa do município

ter a intervenção, a interferência, a influência da universidade na região. Então,

também isto sempre foi uma preocupação do departamento, desde antes da Consti-

tuição, nós já fazíamos projetos de extensão e pesquisa, preocupados com o desen-

volvimento da região e com a prática profissional dos Assistentes Sociais que nós

estávamos formando. Por isso, sempre fomos intercalando projetos de extensão e de

pesquisa na região, e aí projetos de capacitação de profissionais, exatamente para

entender como é que as políticas sociais locais de desenvolviam, em plena era da

aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, da Lei Orgânica da Assistên-

cia Social. Então assim, de um modo geral, as políticas sociais sempre foram obje-

tos de estudo, de análise, de preocupação e de atuação do departamento. (entrevis-

tado 14).

Temos uma preocupação muito grande com a questão da pesquisa no ensino, por-

que a pesquisa, a investigação tem que atravessar a formação profissional como um

todo, porque ela é quem vai ajudar o aluno a de fato desmontar toda aquela cultura

que ele traz que ele só vai conseguir isso de fato na universidade, saber olhar, ava-

liar, analisar, estudar a realidade, e a partir dali ajudar a identificar que demandas

são colocadas. [...] Se fez um levantamento entre os projetos de extensão, os proje-

tos de pesquisa, essa escola tem um conjunto de atividades de peso muito importan-

te, a maioria dos professore tem um núcleo de pesquisa. (entrevistado 20) .

A lei da oferta e da procura é uma característica das relações econômicas, em ge-

ral, quando maior a oferta de um determinado produto ou serviço, menor o seu valor, ao con-

trário, em situações de baixa oferta ocorre à valorização do preço. No que diz respeito às pro-

fissões, quando existe excesso de profissionais e falta de procura, significa que o mercado está

saturado. Existem situações em que não há postos de trabalho suficientes para o número de

profissionais existentes no mercado, que em consequência das mudanças tecnológicas se criou

a necessidade de novas formações.

A realidade da globalização, da reestruturação produtiva e da acumulação flexível,

mudou o cenário do mundo do trabalho e da formação profissional, exigindo mais qualifica-

ção dos trabalhadores, sendo mais seletivo e excludente. As mudanças geradas pela reorgani-

zação do capital têm influenciado na formação, especialmente na destinada a atender os dita-

mes do mercado.

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147

Macedo (2002) alerta que a intensa aproximação entre escola e mercado não é

uma característica da contemporaneidade, ela vem se fortalecendo desde a I Guerra Mundial.

E, ―no contexto da mercantilização, as propostas curriculares centradas na noção de compe-

tência têm tido papel de destaque, frequentemente associadas à organização de sistemas de

avaliação, e tendo por referência o mercado de trabalho‖ (p. 132).

A influência do mercado produtivo na educação mudou o foco da educação, de

bem público com o horizonte de desenvolvimento de toda a sociedade, para um bem privado

que passa a ser tratado como um valor de troca. Na formação do serviço social, há um com-

prometimento com a defesa dos direitos dos cidadãos, com valores éticos como a honestidade

e o respeito ao ser humano, enfim é uma profissão que traz no seu bojo o compromisso com a

transformação social.

Para as IES, a empregabilidade, ou pelo menos a possível empregabilidade dos

egressos é importante para garantir a continuidade da formação e até mesmo influenciar no

marketing institucional, o que pode ser observado na divulgação dos cursos que, de forma

geral, destacam o mercado de trabalho para a profissão.

O entrevistado 3 lembrou que o Serviço social é uma profissão assalariada, que

depende da contratação das instituições públicas e privadas.

Nós temos que saber que vivemos num tempo de neoliberalismo, mas, como é que

nós nos colocamos em face a isto? Porque na verdade nós temos que discutir a

competência necessária pra ingressar num mercado de trabalho, e o mercado de

trabalho não é um palavrão. Porque nós formamos os nossos alunos para o merca-

do. Não é pra se submeterem ao mercado, mas se a gente não formar para esse

mercado nós não servimos pra nada. Por que vamos exercer nossa função no mer-

cado, e temos que olhar e não questionar que competências este mercado espera do

profissional hoje. Até para se fazer a crítica e se inserir criticamente neste mercado.

Ou para superar o que o mercado está pedindo. Mas de qualquer forma, um diálogo

com o mercado sempre tem. [...]. Nós estamos numa profissão que é assalariada e,

portanto ela tem que ser empregada por instituições privadas ou públicas. Não so-

mos profissionais liberais que nos nossos consultórios podemos decidir a quem nós

devemos fazer nossas ações (risos). O conhecimento abrangente da realidade, das

demandas do mercado e das metodologias, dos instrumentos e ferramentas necessá-

rias à intervenção é que tem que ser relacionado. Que não se caia nem em grandes

análises, e nem em um praticismo que também nos leva muito longe. Então eu acho

que é neste campo que nós temos que discutir as competências e habilidades profis-

sionais. (entrevistado 3).

O entrevistado 4 destacou que o aluno de Universidade pública tem garantia de

empregabilidade, que o mercado atribui uma qualidade superior ao aluno formado em IES

pública em relação aos egressos de instituições privadas.

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Olha, os alunos que eu acompanhei até o ano de dois mil e quatro foram os da (cita

uma universidade pública) eles já têm uma marca indelével, que é aluno do ensino

público, que a sociedade absorve, porque o ensino público contraditoriamente é me-

lhor. (entrevistado 4).

Os entrevistados 12, 14 e 21 afirmaram que os alunos formados na IES têm se in-

serido no mercado de trabalho, nas instituições públicas, por meio de concurso.

Eu acho interessante pensar isto (currículo e formação profissional) porque o aluno

nos últimos três, quatro anos ele vem se caracterizando por ser um aluno que, que

praticamente se insere no mercado de trabalho, é importante isto. Nos últimos con-

cursos públicos que tem acontecido, em toda a região do sudeste tem muito aluno

obtendo aprovação, um índice muito alto de aprovação em concurso público. Eu

acho que isto é importante, porque mostra que a nossa formação profissional, está

dando também uma pitada no sentido de formar um profissional que atenda uma

certa necessidade do mercado. (entrevistado 12).

Então esta preocupação do que estava acontecendo com os nossos alunos depois de

saírem da universidade, também sempre foi muito importante, ver os nossos alunos

sendo aprovados nos concursos públicos, interagindo, se inserindo no debate, na

militância. Os nossos alunos sempre passaram muito bem nos concursos. Nós não

temos nenhum aluno desempregado, da última turma. Quando o aluno sai, passa em

concurso. (entrevistado 14).

Tem uma discussão grande, se costuma dizer dávamos aulas de costas para o mer-

cado, agora estamos um pouquinho mais de lado, assim, eu diria. Mas nossos alu-

nos sempre se saíram muito bem, em seleções, em concursos, tal. (entrevistado 21).

O entrevistado 21 afirmou que até pouco tempo a IES estava totalmente avessa às

necessidades do mercado e que, atualmente, tem se aproximado. Segundo dados do INEP,

aproximadamente 90% dos estudantes que participam do Enade declararam que eles buscam

na educação superior a formação profissional, ou seja, um ensino superior profissionalizante.

O entrevistado 16 argumentou que a IES discute a realidade local e regional, mas não prioriza

a formação profissional para as necessidades do mercado:

Perguntamos o que o mercado está querendo, mas assim, o que nós temos para ofe-

recer? Também nessa questão da demanda e da oferta, porque quando discutimos o

mercado, é muito mais discutir que mercado é esse, do que para responder o que o

mercado está pedindo, então assim, “Ah ta pedindo Assistente Social” pra que?

Mas discutimos para levar em conta as necessidades regionais, locais, até pra ter

sentido aqui o curso. (entrevistado 16) .

É preciso ter claro que o papel de uma instituição de educação superior, muito

mais que instrutora e fornecedora de competências para o mercado, é depositária da cultura

nacional; entretanto, no mundo competitivo, com grande oferta de cursos de Serviço Social,

em que o maior empregador de assistentes sociais é o serviço público, ter seus egressos apro-

vados em concursos é mérito institucional. É importante lembrar que de forma geral os con-

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cursos públicos são realizados por IES ou suas fundações, consequentemente, o mesmo pro-

fissional que está na formação é o elaborador das provas de concurso.

Neste capítulo, se utilizou a fala dos sujeitos para analisar o entendimento de

competências e habilidades e de como elas são incorporadas na formação profissional. No

próximo, se completará o estudo do objeto a partir da análise dos Projetos Político-

Pedagógicos.

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5. A FORÇA DOS DOCUMENTOS - SISTEMATIZAÇÃO DO CONTEÚDO DO PRO-

JETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) DOS CURSOS PESQUISADOS

A intenção ao analisar o PPP é identificar como se explicita o conceito de compe-

tência e como se operacionaliza na formação profissional.

De acordo com Resolução CNE/CES 15/2002 - Diretrizes Curriculares para o

Serviço Social, o projeto pedagógico de formação profissional a ser oferecida pelo curso de

Serviço Social deverá explicitar:

a) o perfil dos formandos;

b) as competências e habilidades gerais e específicas a serem desenvolvidas;

c) a organização do curso;

d) os conteúdos curriculares;

e) o formato do estágio supervisionado e do Trabalho de Conclusão do Curso;

f) as atividades complementares previstas.

Para a análise dos projetos político-pedagógicos, se utilizou como critério os seis

itens propostos na Resolução CNE/CES 15/2002.

5.1 PERFIL DOS FORMANDOS/EGRESSOS

O perfil profissional é a descrição de competências e capacidades requeridas para

o desempenho de uma ocupação ou profissão e permite ao profissional atuar em determinado

posto de trabalho.

Para a elaboração do perfil desejado, as IES podem considerar as seguintes nor-

mativas: CBO - Classificação Brasileira de Ocupações, diretrizes curriculares do MEC, lei de

regulamentação da profissão e código de ética. Além dos conhecimentos técnicos, recomenda-

se considerar o contexto regional e profissional, a necessidade profissional regional e a em-

pregabilidade.

O traçado do perfil do egresso de qualquer curso superior é de fundamental impor-

tância para a compreensão daquilo que é esperado do estudante ao longo de sua tra-

jetória pela IES. Assim, no Projeto Político Pedagógico dos cursos deve ser estabe-

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lecido o perfil do profissional que se deseja formar a partir do potencial dos ingres-

santes, do desenvolvimento das habilidades acadêmicas, buscando alcançar as com-

petências profissionais necessárias para o exercício da profissão. Esse delineamento

é de extrema importância, pois é a partir do perfil do profissional que se deseja for-

mar que se estabelecem as competências profissionais de uma área e esse perfil ideal

deve estar claramente descrito no projeto pedagógico do curso. (BRITO, 2008. P

844).

É a partir da caracterização do perfil do formando/egresso desejado, que são defi-

nidas as competências e habilidades que a IES precisará desenvolver no processo de forma-

ção, bem como, os conteúdos teórico-práticos e atividades complementares.

Dos seis projetos político-pedagógico (PPP) analisados, apenas um não contém o

item perfil dos formandos/egressos. Verifica-se que as IES apresentam no PPP o perfil de

formando/egresso com características gerais da profissão, a partir do que foi normatizado nas

diretrizes curriculares (MEC e ABEPSS), mas não acrescentam características específicas

para as necessidades regionais, como propõe a flexibilidade das diretrizes. Na tabela 12, foi

destacado o conteúdo do perfil dos formandos/egressos, que é igual ou muito próximo das

diretrizes curriculares da ABEPSS de 1996.

Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando

propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresari-

ais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

Profissional dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente

em sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no

conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho.

Profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de

Ética do Assistente Social.

Lembrando que o projeto político-pedagógico da UFF, que foi analisado, é o de

1999. A IES fez recentemente a revisão do PPP, mas no momento do contato com a institui-

ção, o projeto ainda não havia sido aprovado para ser implantando. O PPP da UFSC também é

de 1999, com adaptações em 2008. Uma das entrevistadas da IES afirmou: ―na proposta de

diretrizes curriculares da ABESS em 1996 a UFSC tinha uma participação ativa, o que se re-

fletiu no projeto político-pedagógico‖.

Tabela 12 Perfil do Formando/egresso no Projeto Político Pedagógico das IES pesquisadas

IES Perfil dos formandos/egressos

Universidade

Estadual de

Londrina – UEL

Profissional que atua na malha dos serviços sociais, formulando e implementando pro-

postas para sua expansão e desenvolvimento, por meio de políticas sociais públicas,

empresariais, de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

Profissional dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em

sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto

das relações sociais e no mercado de trabalho.

Profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética

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IES Perfil dos formandos/egressos

do Assistente Social.

Profissional capacitado para ser gestor, de forma, a saber, planejar, gerir e administrar

serviços sociais.

Profissional habilitado para intervir através do uso adequado de estratégias, instrumen-

tos e técnicas na relação direta com a população usuária de serviços sociais.

Universidade de

Cruz Alta –

UNICRUZ

O perfil profissional desejado supõe um profissional que atua nas expressões da questão

social, formulando e implementando propostas de intervenção para seu enfrentamento.

Profissional dotado de formação generalista com capacidade de promover o exercício

pleno da cidadania e a inserção criativa e propositiva dos usuários do Serviço Social no

conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho. Profissional comprometido com

os valores e princípios norteadores do Código de Ética do Assistente Social.

Universidade

Federal de Santa

Catarina - UFSC

Pretende formar profissionais que atuem crítica e competentemente nas expressões da

questão social especialmente no âmbito das políticas, nos processos sócio-assistenciais,

político-organizativos, planejamento e gestão, formulando e implementando propostas

de intervenção para seu enfrentamento, com capacidade de contribuir para o exercício

pleno da cidadania, viabilizando a inserção criativa e propositiva dos usuários do Servi-

ço Social, no conjunto das relações sociais e no mercado de trabalho.

Propõe a formação de um profissional com um perfil científico/investigativo capaz de

inserir-se crítica e propositivamente em processos coletivos de trabalho, particularmente

nas políticas públicas; com competência para atuar no âmbito dos processos político-

organizativos, de planejamento e gestão e sócio-assistenciais, conforme as competências

e atribuições da profissão.

Universidade

Vale do Rio

Doce - UNIVA-

LE

O Assistente Social formado na UNIVALE será capaz de pensar proposições capazes de

ir além das demandas postas pelas classes dominantes e, atuando de forma criativa e

construtiva, poderá contribuir para efetivar mudanças à dinâmica societária atual. Sua

prática deve se orientar para a desmistificação das condições e relações de trabalho que

circunscrevem sua ação profissional, rompendo as formas alienadas de ser e de viver

que se manifestam cotidianamente nas relações da prática Serviço Social e demais fato-

res profissionais, entre o Estado e as classes sociais.

Poderá atuar com a população ou junto a organizações populares, sindicais e comunitá-

rias, promovendo e participando de movimentos sociais; assessorando e supervisionan-

do entidades sociais, indivíduos, grupos e organizações sociais; prestando consultoria

social; emitindo pareceres, realizando diagnóstico social e perícia. O campo de trabalho

abrange empresas públicas ou privadas, previdência social, educação, desenvolvimento

de recursos humanos, saúde e segurança pública.

Pontifícia Uni-

versidade Cató-

lica de São Pau-

lo – PUCSP

Os princípios norteadores do processo formativo são direcionados à formação de um

profissional dotado de competência teórico-crítica, com uma sólida aproximação às

vertentes do pensamento social contemporâneo e suas expressões teórico-práticas no

Serviço Social.

Reafirmam o perfil proposto ABEPSS/MEC 1999.

Profissional que atua nas expressões da questão social, formulando e implementando

propostas para seu enfrentamento, por meio de políticas sociais públicas, empresariais,

de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

Profissional dotado de formação intelectual e cultural generalista crítica, competente em

sua área de desempenho, com capacidade de inserção criativa e propositiva, no conjunto

das relações sociais e no mercado de trabalho.

Profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética

do Assistente Social.

Universidade

Federal Flumi-

nense – UFF

Não consta.

Fonte: PPP das IES pesquisadas

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153

5.2 AS COMPETÊNCIAS E HABILIDADES GERAIS E ESPECÍFICAS A SEREM DE-

SENVOLVIDAS NO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

No primeiro capítulo desta tese, explicitou-se que existem várias concepções de

competência e que no ensino superior há uma preocupação no desenvolvimento das compe-

tências gerais ou transversais, que são aquelas compartilhadas por várias profissionais e o

desenvolvimento de competências específicas de uma determinada profissão. No Serviço So-

cial, as competências específicas estão normatizadas na Lei de regulamentação da profissão -

Lei n. 8.6662, de 7 de junho de 1993, nas diretrizes curriculares elaboradas pela ABEPPS e

nas diretrizes curriculares para os cursos de Serviço Social – Resolução n. 15, de 13 de março

de 2002.

Dos seis PPPs analisados, nem um deles define o que se entende por competência

e/ou habilidade. Cinco PPPs apresentam um item com o título ―Competências e Habilidades‖,

e se utilizam do marco legal para construí-lo. Verifica-se que quatro PPPs citam a Lei de Re-

gulamentação da Profissão (foi sublinhado na tabela13, apêndice 3 CD).

Todos os PPPs manifestam intenção de formar profissional competente, crítico e

propositivo, entretanto, não explicitam o que é um profissional competente.

O propósito é formar bacharéis em Serviço Social, dotados de competência em sua

área de atuação, generalistas em sua formação intelectual e cultural, munidos de am-

plo acervo de informações necessárias em tempos de globalização, capazes de for-

mular propostas de trabalho criativas e inovadoras. (PPP – UFF).

A apreensão da sociedade brasileira é tida como base para a definição das diretrizes

fundamentais da formação que se explicitam na direção social do curso. Direção so-

cial que se define a partir das demandas postas pelo movimento da sociedade, visan-

do a articulação efetiva de um projeto social das classes subalternas em suas relações

com as forças dominantes, o que implica na consolidação de uma legitimidade da

profissão junto aquelas classes e no compromisso real e efetivo com os interesses

coletivos e históricos da classe trabalhadora, na construção de uma hegemonia na re-

lação entre classes sociais. [...] A condução da prática nesta direção pressupõe ne-

cessariamente outras dimensões, traços e competências que constituem o perfil do

profissional que se pretende formar, ou seja, uma competência teórica, técnica ope-

rativa e ético-política. (PPP – PUC SP).

Nem um dos seis PPPs analisados deixa clara a concepção de competências e ha-

bilidades na proposta curricular e como serão desenvolvidas no decorrer do curso, em que

momento, disciplina ou atividade as competências citadas serão contempladas.

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5.3 A ORGANIZAÇÃO DO CURSO

Na elaboração do projeto político-pedagógico, as IES tomam como referência a

legislação pertinente como: Diretrizes Curriculares MEC e/ou ABEPSS, LDB e projeto ético-

político da profissão. Os dados aqui apresentados podem ser visualizados na tabela 16 ―orga-

nização dos cursos das IES pesquisadas‖ (apêndice 4 CD).

A organização de cinco cursos pesquisados se dá a partir dos três núcleos de fun-

damentos propostos pelas diretrizes curriculares da ABEPSS (nova lógica curricular) e do

MEC (conteúdos curriculares), que são:

Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social

Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira

Núcleo de fundamentos do trabalho profissional

A carga horária dos cursos analisados é de mais de 3000 horas no total, incluindo

atividades complementares e estágio; quatro PPPs definem as disciplinas que compõem cada

núcleo e sua carga horária.

Os projetos político-pedagógicos analisados explicitam em seus princípios organi-

zativos a necessidade de flexibilidade curricular de acordo com a realidade, de romper a

fragmentação do processo de ensino-aprendizagem, de articular o ensino teórico e a prática e

da necessidade da indissociabilidade do ensino, da pesquisa e da extensão:

[...] foi elaborado um currículo flexível e adequado às exigências regionais, capaz de

proporcionar a construção de conhecimentos, competências e habilidades. A base

curricular possui um mínimo de pré-requisitos, permitindo o fluxo do acadêmico

dentro do curso, [...] Com o propósito de superar as fragmentações do processo de

ensino e aprendizagem e abrir novos caminhos para a construção de conhecimentos

como experiência no decorrer da formação profissional, a organização curricular

sustenta-se no tripé dos conhecimentos constituídos pelos núcleos de fundamentação

da formação profissional, quais sejam: Núcleo de fundamentos teórico-

metodológicos da vida social; Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica

da sociedade brasileira; Núcleo de fundamentos do trabalho profissional.

[...] A articulação entre o ensino teórico e a prática é de fundamental importância pa-

ra realizar a interação das disciplinas curriculares com a realidade do espaço profis-

sional, oportunizando a consolidação dos conhecimentos. (PPP - UNICRUZ).

A organização curricular deve superar as fragmentações do processo de ensino e a-

prendizagem, abrindo novos caminhos para a construção de conhecimentos como

experiência concreta no decorrer da formação profissional. Tal estrutura se sustenta,

portanto, no tripé dos conhecimentos constituídos pelos três núcleos de fundamenta-

ção da formação profissional. (PPP – UFSC).

A organização do Curso de Serviço Social em sua nova formatação se fundamenta

nas Diretrizes Curriculares aprovadas pelo MEC em que se busca garantir:

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A apreensão crítica da totalidade sócio-histórica na qual se insere o serviço social,

sua constituição e desenvolvimento;

A compreensão dos processos sociais com os quais os profissionais se defrontam no

sentido de potencializar mediações no enfrentamento das diferentes expressões da

questão social;

Flexibilidade na organização do currículo no intuito de possibilitar a existência de

outros componentes curriculares, tais como: oficinas, seminários temáticos, ativida-

des complementares;

Indissociabilidade entre estágio, supervisão acadêmica e formação profissional;

Indissociabilidade nas dimensões de ensino, pesquisa e extensão;

Desenvolvimento de uma atitude ética no processo de formação. (PPP – UNIVA-

LE).

Observando as orientarão da LDB e das diretrizes curriculares recomendadas pela

SESu/MEC e pela ABESS, a organização curricular do curso de Serviço social do

DSSN deverá pautar-se pelos seguintes princípios:

Indissociabilidade do ensino pesquisa e extensão, realizando as funções da universi-

dade e favorecendo a integração entre teoria e prática;

Flexibilidade na organização do currículo expressa na lógica de sua organização e na

presença de diferentes componentes curriculares: disciplina, oficinas, laboratórios,

seminários temáticos e atividades complementares;

Permanente integração entre a universidade e a sociedade e, mais especificamente,

entre academia e o campo profissional, estimulando o enraizamento do curso na rea-

lidade regional/local e abrindo canais a sociedade civil organizada;

Integração entre estágio, supervisão acadêmica e profissional;

Integração na vida universitária, intensificando o intercâmbio com outras áreas co-

nexas, através da ampliação da oferta de disciplinas eletivas e projetos integrados de

caráter interdisciplinar;

Atualização do conteúdo programático, sintonizando-o com a realidade do presente

e suas tendências de desenvolvimento;

Desenvolvimento permanente de uma atitude ética no processo formativo;

Reconhecimento do aluno como sujeito ativo do processo de ensino-aprendizagem,

incentivando o desenvolvimento da sociabilidade e criatividade, de competências

cognitivas e habilidades operativas profissionais;

Rigoroso tratamento teórico, metodológico e histórico da realidade social e do servi-

ço social, apoiado na teoria crítica e no debate plural entre as principais matrizes do

pensamento social na modernidade.

Preservação de padrões idênticos de qualidade entre os cursos noturno e vespertino.

[...] A flexibilidade da organização curricular expressa-se também na diversificação

dos componentes curriculares, tradicionalmente centrados em disciplinas. (PPP –

UFF).

Os cursos demonstram interesse em formar profissionais competentes para o exer-

cício profissional, mesmo que não definam competência ou como será desenvolvida no decor-

rer do curso.

Núcleo de Fundamentos do Trabalho Profissional.

Objetivo: Capacitar o aluno para o trabalho profissional competente, fundamentado

no conhecimento crítico do modo de ser e de pensar do Serviço Social, no processo

de sua constituição histórica. (PPP - PUC SP).

O Núcleo de Fundamentos do Trabalho Profissional

Propõe-se a trabalhar com;

Apreensão das demandas - consolidadas e emergentes - postas ao Serviço Social, vi-

sando à formulação de respostas profissionais adequadas às tensões que caracteri-

zam o contexto atual da profissão.

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Exercício profissional cumprindo as competências e atribuições previstas na legis-

lação profissional em vigor.

Domínio dos métodos de investigação e intervenção de forma a possibilitar a cons-

trução de conhecimento na área do Serviço Social. (PPP – UEL).

[...] foi elaborado um currículo flexível e adequado às exigências regionais, capaz de

proporcionar a construção de conhecimentos, competências e habilidades. A base

curricular possui um mínimo de pré-requisitos, permitindo o fluxo do acadêmico

dentro do curso, sendo oferecida uma entrada por ano. (PPP – UNICRUZ).

Reconhecimento do aluno como sujeito ativo do processo de ensino-aprendizagem,

incentivando o desenvolvimento da sociabilidade e criatividade, de competências

cognitivas e habilidades operativas profissionais. (PPP – UFF).

O PPPs explicitam que a formação profissional vai além das atividades regulares

de ensino:

Além das atividades regulares de ensino, constituem-se também atividades acadêmi-

cas:

Aula inaugural promovida no início de cada semestre letivo com temas de interesse

da profissão relacionados a uma análise de conjuntura que propicie o pensamento

crítico.

Recepção dos calouros por meio de informes concernentes ao curso e a introdução

discursiva a respeito da profissão.

Realização da semana do assistente Social, durante o mês de maio, através de pro-

gramação conjunta: coordenação de graduação e da pós-graduação, chefia do depar-

tamento, demais coordenações, CALISS/PET, representantes da ABEPSS e órgão

político-organizativo – CRESS – objetivando promover o debate de assuntos perti-

nentes à profissão.

Realização da Semana Acadêmica, no início do segundo semestre letivo, através de

ação conjunta, com a discussão dos aspectos político-pedagógicos e didáticos do

curso. (PPP – UFSC).

O currículo na sua organização procura dar visibilidade às questões macro, eviden-

ciando suas manifestações locais, através da articulação entre as disciplinas de um

núcleo e outro.

Em sua dinâmica, o currículo desenvolve seminários, visitas monitoradas, atividades

laboratoriais, pesquisas bibliográficas e de campo, eventos comunitários, entre ou-

tros, que favoreçam a construção de conhecimentos através de metodologias ade-

quadas como o envolvimento do acadêmico em atividades práticas à área do Serviço

Social.

As atividades de pesquisa e extensão, viabilizadas através do Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação Científica – PIBIC e do Programa Institucional de Bolsa de

Extensão – PIBEX, vinculado ao Laboratório de Práticas em Serviço Social – LA-

PRASS enriquecem o currículo acadêmico pela formulação de ações que melhor

correspondem à problemática do contexto social enfocado. (PPP – UNICRUZ).

O currículo pleno ora apresentado contempla: disciplinas obrigatórias e eletivas –

recomendadas e de livre escolha – disciplinas optativas em torno de questões cen-

trais dessa área de conhecimento que possam favorecer a diversificação do aluno a-

través da abordagem de tópicos especiais; oficinas voltadas para o desenvolvimento

da atitude investigativa e da pesquisa, laboratórios para o experimento de técnicas e

instrumentos de trabalho; seminários de orientação para a produção de trabalho cien-

tífico conclusivo do curso (TCC); atividades complementares estimuladoras do de-

senvolvimento político e científico dos estudantes. (PPP - UFF).

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157

A avaliação deve ser uma constante nas instituições de ensino, não apenas avaliar

o processo de desenvolvimento dos acadêmicos, mas também os docentes e avaliar o próprio

projeto político-pedagógico e as práticas educativas. Um amplo processo de avaliação se utili-

za de diversos instrumentos, conforme propõe os projetos político-pedagógicos analisados:

O acompanhamento do ensino no Curso de Serviço Social é realizado através de re-

uniões entre os docentes, os quais se reúnem a cada semestre, buscando articular e

compatibilizar os conteúdos para evitar sobreposição e garantir a visão do conjunto

do processo de formação. Também, são realizadas reuniões com discentes buscando

apresentar discussões acerca do processo de formação.

Os critérios de avaliação do ensino são discutidos e os professores são orientados

sobre a importância da implementação das Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço

Social. (PPP – UNICRUZ).

O acompanhamento do ensino no Curso de Serviço Social é realizado através de re-

uniões entre os docentes de disciplinas afins ou complementares, os quais se reúnem

a cada semestre, buscando articular e compatibilizar os conteúdos para evitar sobre-

posição e garantir a visão do conjunto do processo de formação. Os critérios de ava-

liação do ensino também são discutidos e os professores são orientados sobre as Di-

retrizes Gerais para o Curso de Serviço Social. [...] O entendimento do quadro do-

cente é que um processo de avaliação deve procurar avaliar o ensino, bem como a

aprendizagem uma vez que estes dois processos nunca estão dissociados. Para isso,

além dos processos de avaliação gerais externos (SINAES, ou outros) e singulares

das disciplinas curriculares, o curso reconhece a necessidade de criar um sistema in-

tegral de avaliação que permita qualificar o processo de ensino-aprendizagem garan-

tindo uma elevada qualidade de ensino. (PPP – UFSC).

São instrumentos de acompanhamento e avaliação do currículo:

A orientação acadêmica dos alunos na escolha das disciplinas a serem cursadas. A-

través desse instrumento será possível acompanhar o desenvolvimento do fluxo de

disciplinas estabelecido pelos alunos. Essa informação é de fundamental importância

para a avaliação da adequação da proposta curricular ‗as condições apresentadas pe-

lo alunado, identificando possíveis pontos de estrangulamento no desenvolvimento

da graduação;

Os fóruns pedagógicos organizados semestralmente, por período, acompanham prio-

ritariamente o ensino. Esses fóruns, organizados por uma representação de período

contribuirão para um acompanhamento e avaliação do desenvolvimento e adequação

dos conteúdos propostos nas ementas das disciplinas a seus objetivos pedagógicos.

Nos fóruns se realizará a discussão da programação das atividades de cada período e

a avaliação dos resultados alcançados. As informações produzidas nesses fóruns po-

derão retratar as condições em que se dá a implantação do currículo sinalizando pos-

síveis necessidades de capacitação e ainda ajuste de alguns conteúdos propostos.

O acompanhamento da implantação da política de estágio, extensão e pesquisa que,

será desenvolvido, semestralmente, em conjunto pela Coordenação de Estágio, Co-

ordenação de Curso e SSN, avaliando sua integração ao ensino teórico-prático. As

informações sistematizadas nesse acompanhamento fornecerão os elementos para a

identificação das virtuais dificuldades encontradas pelos núcleos temáticos no de-

senvolvimento de sua proposta integradora entre esses três elementos, bem como,

em sua tarefa de gerador de pesquisas entre docentes e discentes.

Todos esses instrumentos culminam com o seminário de avaliação da implantação

do currículo que se realizará anualmente, no qual as discussões dos três instrumentos

precedentes se articulam, podendo produzir uma visão da totalidade do processo de

implantação do currículo. Fornecendo informações vitais para eventuais correções e

também de ações nas áreas que se apresentarem com maiores dificuldades. (PPP –

UFFF).

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O sistema de avaliação do projeto pedagógico é coordenado pela Coordenação do

Curso e discutido no interior das Comissões Didáticas por período. Essa instância é

coordenada por um professor eleito entre seus pares e/ou indicado pela Chefia de

Departamento, tendo por base o Plano de Atividades do professor, é formada com a

participação de todos os professores do período e por representantes dos alunos de

cada turno, diretamente vinculada à Coordenação de Curso e trabalha especialmente

com o acompanhamento e avaliação do projeto pedagógico, no que se refere a:

Conteúdos que expressem a direção social do curso;

Observância aos eixos e objetivos dos períodos;

Articulação dos conteúdos, tanto na horizontalidade do período, como na verticali-

dade entre os espaços pedagógicos;

Garantia da interdisciplinaridade a partir da articulação com os professores dos ou-

tros cursos, na perspectiva da interpretação e acompanhamento dos conteúdos ne-

cessários à formação do assistente social requeridos pelas outras áreas de conheci-

mento;

Levantamento de diagnóstico e propostas de soluções conjuntas aos desafios da ação

pedagógica em relação às especificidades de cada período e na particularidade do

perfil do alunado, considerando especialmente o perfil dos alunos do curso.

Identificação de entraves ao processo de ensino e de aprendizagem em situações par-

ticularizadas na relação aluno e professor, que mereçam apreciação do conjunto dos

professores e representantes dos alunos;

Avaliação sistemática do processo de avaliação do ensino e da aprendizagem dos a-

lunos;

Conselho de classe a cada final de semestre.

O processo de avaliação do ensino e da aprendizagem do aluno não se limita ao seu

desempenho em provas ou trabalhos realizados nos diversos espaços pedagógicos. A

concepção de graduação aponta para uma série de ações que extrapolam a geografia

sala de aula e que organizam o processo de ensino-aprendizagem de forma a levar o

aluno a se tornar sujeito do seu próprio processo de formação. (PPP – PUC SP).

5.4 OS CONTEÚDOS CURRICULARES

Em relação aos conteúdos a serem desenvolvidos no decorrer do curso, identifica-

se uma organização curricular por disciplinas. Os projetos político-pedagógicos analisados

apresentam as disciplinas com as respectivas ementas, e referência bibliográfica. A UEL, U-

NICRUZ e UNIVALE apresentam os objetivos para cada disciplina.

O PPP da PUC SP além de definir objetivos por disciplinas, propõe a transversali-

dade e objetivos para cada período:

Apresentam-se os conteúdos curriculares do projeto pedagógico do curso de Serviço

Social, com a indicação das áreas de persistência e área de recorrência e espaços pe-

dagógicos responsáveis, ressaltando que a programação será toda organizada e dis-

cutida nas Comissões Didáticas. O quadro objetiva cada conteúdo, a correspondente

área específica e a transversalidade desse conteúdo entre os diferentes espaços peda-

gógicos. [...] A lógica da transversalidade que norteou a construção do referido qua-

dro partiu, primeiramente, da explicitação do conteúdo, da área a que esse conteúdo

se refere e, enquanto pertinência, quais os espaços pedagógicos responsáveis pelo

seu desenvolvimento.

Primeiro ano: aproximação das expressões da questão social

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Objetivo: aproximação científica da realidade social e do Serviço Social, conhecen-

do as manifestações da questão social em sua multiplicidade caleidoscópica e os

fundamentos teóricos e sócio-históricos que as explicitam.

Segundo ano: aproximação das respostas profissionais às manifestações da questão

social e início da preparação para o estágio.

Objetivo: reconstrução histórica do processo de desenvolvimento da sociedade bra-

sileira e do Serviço Social como profissão, e das respostas profissionais constituídas

nesse percurso histórico. Debate atual sobre a configuração da profissão como traba-

lho.

Terceiro ano: capacitação teórico-operativa para a intervenção profissional, na ope-

ração e reconstrução das múltiplas respostas profissionais às demandas sócio-

históricas dirigidas à profissão.

Objetivo: introduzir o aluno no exercício profissional, proporcionando sua capacita-

ção técnico-operativa e a reconstrução da prática, através da investigação e do apro-

fundamento das diferentes tendências teórico-metodológicas presentes no debate e

na prática profissional, no atual momento da sociedade brasileira.

Quarto ano: síntese e discussão da profissão na contemporaneidade

Objetivo: reflexão teórica sobre a prática profissional, contribuindo para síntese da

concepção de profissão situada no contexto das relações sociais e na dinâmica con-

juntural, levando o aluno a inserir-se criticamente no debate presente na categoria

profissional. (PPP PUC SP).

A UFSC ressalta a superação da fragmentação do processo de ensino-

aprendizagem e propõe como alternativa a fundamentação da formação nos três núcleos de

fundamentação:

A organização curricular deve superar as fragmentações do processo de ensino e a-

prendizagem, abrindo novos caminhos para a construção de conhecimentos como

experiência concreta no decorrer da formação profissional. Tal estrutura se sustenta,

portanto, no tripé dos conhecimentos constituídos pelos três núcleos de fundamenta-

ção da formação profissional, quais sejam: Teóricos e Metodológicos da Vida Soci-

al, Formação Sócio-Histórica da Sociedade Brasileira, do Trabalho Profissional.

(PPP- UFSC).

O Projeto Político-Pedagógico da UFF define os conteúdos e faz algumas reco-

mendações pedagógicas gerais e específicas para cada disciplina. Nas recomendações gerais,

destaca-se o aprendizado de línguas estrangeiras (espanhol e inglês) visando à inserção no

MERCOSUL.

Recomendações pedagógicas gerais:

Todas as disciplinas deverão ter como prioridade o tratamento da temática estudada

na atualidade.

As disciplinas de créditos externo deverão ser solicitadas mediante explicitação de

seu objetivos no currículo.

O debate ético deve perpassar todas as disciplinas que tenham um componente práti-

co-profissional.

Observações:

A disciplina eletiva Redação e Leitura deverá ser negociada com o Departamento de

Letras, para ser ofertada a todos os alunos.

Uma recomendação acadêmica a ser feita a todos os alunos do curso refere-se à ne-

cessidade do estudo de línguas – em especial o inglês e o espanhol – que deverá ser

estimulado, visto ser o domínio desses idiomas indispensável ao desenvolvimento

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acadêmico e ao mercado de trabalho atual, considerando-se, inclusive, o intercâmbio

de serviços nos marcos do MERCOSUL.

A Escola de Serviço Social vem se empenhando na aquisição de microcomputadores

para docentes pesquisadores e alunos. Esta é uma condição para viabilização de um

laboratório de informática.

5.5. FORMATO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO E DO TRABALHO DE CONCLU-

SÃO DO CURSO

As IES entendem o estágio como obrigatório e concomitante ao período escolar,

com supervisão sistemática no espaço do estágio (supervisor de campo) e supervisão acadê-

mica, de acordo com o de plano de ação. Dos seis cursos analisados, quatro apresentaram no

PPP o regulamento de estágio. O conteúdo dos PPPs analisados encontra-se no apêndice 6 em

CD.

Nos Projetos vistos, há uma preocupação em deixar claro o objetivo do estágio,

que é de capacitar o estudante para o exercício profissional.

Possibilitar ao aluno a experiência de sistematização e planificação da ação profis-

sional, de forma a atender as demandas colocadas.

Capacitar o aluno para o exercício profissional. (PPP - UEL).

O estágio visa capacitar o acadêmico a compreender, analisar e intervir na realidade

social, a partir do contexto histórico e conjuntural, no qual se processa o trabalho

profissional do Assistente Social. A partir deste objetivo geral, constituem objetivos

específicos do Estágio Supervisionado:

Incentivar o acadêmico a conhecer a realidade do campo de estágio (recursos, estru-

tura, funcionamento, etc) relacionando-o às políticas sociais;

Iniciar a capacitação técnico-operativa através da ação;

Analisar o comportamento ético-profissional nos processos de trabalho;

Viabilizar a integração de conhecimento e experiência pessoal e profissional através

do processo contínuo de análise das práticas sociais;

Proporcionar e estimular o aprendizado do trabalho em equipe e a socialização de

conhecimentos;

Utilizar ferramentas conceituais para estudo dos processos sociais, focalizando o

processo de trabalho do assistente social, de modo a analisar e, em sincronia, intervir

na realidade social;

Articular os conhecimentos trabalhados no conjunto das disciplinas do curso.

Incentivar a utilização das metodologias de pesquisa como elemento fundamental à

cientificidade de ação profissional;

Compreender o processo de planejamento social como instrumento de ação profis-

sional;

Desenvolver a capacidade de formular e avaliar uma proposta de ação;

Conhecer ações administrativas de programas e/ou serviços, como modo de imple-

mento de ações de serviços sociais;

Incentivar o registro, a documentação e o processo de avaliação em todos os níveis

de intervenção. (PPP – UNICRUZ).

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161

O estágio supervisionado obrigatório se configura a partir da inserção do aluno no

espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-lo para o exercício profissional.

(PPP – UFSC).

As diretrizes Curriculares dos Cursos de Serviço Social estabelecem que o estágio

no curso de Serviço Social é uma atividade curricular obrigatória que se configura a

partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-lo pa-

ra o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática e direta, presen-

cial. (PPP – PUC SP) .

O processo de estágio pressupõe a supervisão sistemática pelo profissional que

acompanha o cotidiano do estagiário, e pelo professor, supervisor acadêmico.

[...] pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita pelo professor su-

pervisor e pelo profissional do campo, através da reflexão, acompanhamento e sis-

tematização com base em planos de estágio, elaborados em conjunto entre Unidade

de Ensino e Unidade Campo de Estágio. (PPP – UEL).

[...] A supervisão de Estágio encontra-se organizada através de um dispositivo que

articula três espaços diferentes: a supervisão de campo, a supervisão acadêmica e a

sala de aula, nas disciplinas de Estágio Supervisionado. Esse dispositivo focaliza a

capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa do estagiário em

Serviço Social.

[...] A supervisão acadêmica acontece em turno diurno na universidade em forma in-

dividual ou em pequenos grupos, durante uma hora a cada quinze dias e deve contar

em cada fase (Estágio Supervisionado I, II e III) com 75% de presença do estagiário,

como um dos requisito para aprovação do Estágio Supervisionado.

Os acadêmicos que apresentarem atestado de trabalho demonstrando a impossibili-

dade de comparecer em turno diurno, poderão realizar a supervisão acadêmica em

turno noturno. (PPP – UNICRUZ).

No tocante ao Estágio Curricular Supervisionado é preciso destacar uma particulari-

dade da formação profissional do assistente social, que é o fato do estagiário contar

o profissional assistente social enquanto supervisor de campo, além do professor en-

quanto supervisor acadêmico, cujas atividades estão bem delineadas e expressas no

Manual de Estágio Curricular do Curso de Serviço Social. O processo de supervi-

são acadêmica acontece por meio de Oficinas de Supervisão Acadêmica, que serão

organizadas por áreas temáticas (tais como: criança e adolescente, saúde pública e

privada, assistência social, direitos humanos e sistema penitenciário, educação, pre-

vidência, habitação, etc.) definidas a partir da inserção dos alunos nos mais diferen-

tes campos de estágio. (PPP – UNIVALE).

A supervisão será realizada pelo profissional de campo, através de reflexão, acom-

panhamento e sistematização da atividade cotidiana do estagiário, com base em pla-

nos de estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que

oferecem estágio e que terá acompanhamento pela Faculdade, nas instâncias da Su-

pervisão Acadêmica e da Coordenação de Estágios. (PPP – PUC SP).

O estágio obrigatório do Serviço Social é de no mínimo 15% da carga horária do

curso, conforme diretrizes curriculares, parecer nº 492/2001, CNE/CES. Uma IES consultada

definiu o último ano como o período de estágio (7º e 8º semestres). As demais definem o pe-

ríodo de estágio a partir do terceiro ano ou 5º semestre.

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O Estágio Supervisionado constitui-se como momento privilegiado de aprendizado

teórico-prático do trabalho profissional. Terá duração mínima de 15% sobre as 2720

horas do curso. (PPP – UEL).

Cada fase de Estágio Supervisionado (I, II e III) apresenta uma carga horária de 135

horas no local de estágio, as mesmas são divididas em 9 horas semanais, durante 15

semanas do decorrer do semestre letivo. O total da carga horária no local de estágio

corresponde a 405 horas divididas nas três fases do Estágio Supervisionado, cum-

primentando a exigência de 15 % de horas da carga horária mínima do Curso (2700

h). (PPP – UNICRUZ).

É prevista também, por outro lado, a realização do estágio obrigatório com a carga

horária distribuídas nas 7º e 8º fases, perfazendo 450 horas no total. (PPP – UFSC).

O estágio, enquanto atividade indispensável integradora do currículo, prevê uma

carga horária prática de 12 horas semanais, que abrange a presença do aluno nas ins-

tituições onde realiza estágio prático, mediante orientação de um assistente social,

supervisor de campo, totalizando 180 horas semestrais ou 720 horas ao longo do

curso. (PPP – UFF).

O estágio é obrigatório para alunos do 5º ao 8º período com carga horária mínima

prevista de 105 horas semestrais, totalizando uma carga horária de 420 horas. (PPP –

PUC SP).

O estágio requer uma avaliação em seu processo, avaliação que será realizada em

conjunto pelo supervisor de campo, supervisor acadêmico e com a participação do alu-

no/estagiário. Neste processo, se verifica a concretização dos objetivos propostos e o desen-

volvimento das competências e habilidades.

O processo de avaliação está relacionado à situação pedagógica da aprendizagem,

não só pelos seus discursos, programas e projetos, mas também pelos resultados ex-

perimentados.

A avaliação do acadêmico quanto à capacitação para o trabalho profissional, consti-

tuirá na análise dos seguintes pontos:

Capacidade de formular e fundamentar uma proposta de intervenção (viabilidade,

argumentação que contemple estudo da problemática a ser trabalhada, coerência me-

todológica);

Capacidade de articular processos metodológicos de análise, propostas de ação e

fundamentação teórica;

Capacidade de elaborar e utilizar instrumentos profissionais;

Postura profissional: responsabilidade, pontualidade, ética, relacionamento interpes-

soal e interprofissional;

Domínio de conhecimentos demonstrados na elaboração de diversos registros (plano

de estágio, diário de campo, relatórios, planos de ação, etc).

O processo de avaliação contempla diferentes instâncias e momentos que se organi-

zam em forma articulada durante cada semestre: no final do semestre, o estagiário é

avaliado pelos supervisores/as acadêmicos/as e de campo na visita ao campo de es-

tágio do/a supervisor/a acadêmico/a, com participação do estagiário. Essas avalia-

ções são complementadas pelo processo de avaliação continua realizada nas disci-

plinas de Estágio Supervisionado. (PPP – UNICRUZ).

O estágio curricular é concomitante ao período letivo escolar e tem seus critérios de

avaliação determinados pelas Diretrizes de Estagio do Curso. (PPP – UFSC).

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A avaliação do aproveitamento do estágio curricular considerará aprova-

ção/reprovação, sem atribuição numérica ou conceito. (PPP – PUC SP).

No curso de Serviço Social, o Trabalho de Conclusão de Curso é uma exigência

para obtenção do diploma de bacharel. O TCC é uma monografia em que o aluno expressa a

síntese de sua formação. É comum as IES terem normativas específicas para o TCC que po-

dem ou não estar no projeto político-pedagógico. As informações contidas nos Projetos Polí-

tico Pedagógicos analisados estão na tabela 19. (apêndice 7 CD).

Os seis Projetos Político-Pedagógicos determinam o TCC como exigência curri-

cular e o compreendem como:

[...] um momento de síntese e expressão da totalidade da formação profissional. É o

trabalho no qual o aluno sistematiza o conhecimento resultante de um processo in-

vestigativo, originário de uma indagação teórica, preferencialmente gerada a partir

da prática do estágio no decorrer do curso. (PPP – UEL).

O objetivo do Trabalho de Conclusão do Curso de Serviço Social é proporcionar aos

alunos a oportunidade de demonstrar o conhecimento construído no processo de

formação com aprofundamento e capacidade de delimitação temática, bem como a

sistematização da experiência de estágio num ensaio teórico e/ou exposição dos re-

sultados de uma pesquisa. (PPP – UNICRUZ).

Objetivos do TCC:

Aprofundar teoricamente questões presentes no trabalho profissional a partir da con-

juntura relacionando-as ao projeto político, econômico e social vigente.

Contribuir para o desenvolvimento e a ampliação da produção científica na área do

Serviço Social.

Sistematizar e produzir conhecimentos no âmbito da profissão, especialmente das li-

nhas de pesquisa de Departamento. (PPP – UFSC).

O TCC é uma exigência curricular para obtenção do diploma de bacharel em Serviço

Social; é um trabalho pedagógico de natureza teórico-prática; é um processo de a-

preensão e sistematização de conhecimentos do aluno, resultante das indagações ge-

radas, principalmente pela prática de estágio curricular. (PPP – PUC SP).

A ABEPSS entende que o TCC é um momento de síntese da totalidade da forma-

ção profissional e deve ser gerado preferencialmente a partir da experiência de estágio curri-

cular. O que também se verifica na pesquisa aqui apresentada:

É o trabalho no qual o aluno sistematiza o conhecimento resultante de um processo

investigativo, originário de uma indagação teórica, preferencialmente gerada a partir

da prática do estágio no decorrer do curso. (PPP- UEL).

Entende-se a monografia como o resultado final do processo de produção de conhe-

cimento iniciado no primeiro semestre de Estágio Supervisionado, sustentado nos

conhecimentos apropriados nos espaços das disciplinas da Base Curricular corres-

pondente a esses semestres e dos espaços de supervisão. Para sua elaboração são re-

tomados pelos acadêmicos e orientadores os relatórios produzidos durante os três

semestres de Estágio. (PPP – UNICRUZ).

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Resultante, preferencialmente, da reflexão teórica motivada pela experiência de es-

tágio, o TCC é o trabalho final apresentado pelo aluno para obtenção do diploma,

como exigência curricular. (PPP – PUC SP).

O acadêmico, ao desenvolver um TCC, precisa da orientação de um professor pa-

ra desenvolvê-lo dentro de padrões e exigências metodológicas e acadêmico-científicas. De

forma geral, a avaliação do TCC é realizada através de banca examinadora pública.

Portanto, o TCC se constitui numa monografia científica elaborada sob a orientação

de um professor e avaliada por banca examinadora. (PPP – UEL).

O Trabalho de Conclusão do Curso de Serviço Social consiste em uma monografia

científica orientada por um/a assistente social e professor/a [...] A Banca Examina-

dora é constituída pelo/a professor/a orientador/a, por um professor do Curso de

Serviço Social indicado/a pela Comissão de Monografia e um convidado do acadê-

mico/a. O convidado do aluno deverá necessariamente possuir o título de graduação

em Serviço Social. (PPP – UNICRUZ).

[...] efetuado sob orientação de um professor e avaliado por banca examinadora

composta por três docentes. (PPP – UFF).

[...] é elaborado sob orientação de um professor e avaliado por um professor leitor,

constituindo-se uma banca examinadora, pública. (PPP – PUC SP).

No processo de orientação do TCC leva-se em conta a escolha temática realizada pe-

lo discente, a carga horária do professor e a área de concentração de seu domínio. A

avaliação final do TCC é efetuada através de Banca Examinadora. (PPP – UNIVA-

LE).

5.6. AS ATIVIDADES COMPLEMENTARES PREVISTAS

Nas atividades complementares, o acadêmico deve interagir na sua formação por

meio de sua participação em programas de ensino, pesquisa e extensão, que são atividades

extracurriculares, mas consideradas pertinentes para a formação acadêmica. A carga horária

das atividades complementares é prevista em 5% da carga horária do curso. O conteúdo dos

PPPs analisados sobre as atividades complementares estão na tabela 20 (apêndice 8 CD).

Entre os objetivos das atividades complementares está o de flexibilizar o currícu-

lo, possibilitar ao acadêmico aprofundamento temático e a descoberta de novas aptidões.

São partes de uma política permanente de estímulo ao desenvolvimento político-

cultural e científico dos estudantes. (PPP - UFF).

No projeto pedagógico do Curso de Serviço Social as atividades complementares

revestem-se de fundamental importância na formação profissional na medida em que

o processo de ensino-aprendizagem se projeta para além dos espaços da Universida-

de na direção de experiências relacionadas ao enfretamento das expressões da ques-

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tão social, seja nos lócus dos territórios da Metrópole, na dimensão da cultura, no

contato com a população, com movimentos sociais, com organizações da categoria,

conselho de direitos, com os diversos espaços sócio-ocupacionais, na prática partici-

pativa discente, etc., concorrendo para a objetivação do perfil do profissional a ser

formado. (PPP – PUC SP).

As atividades complementares têm por objetivo dar relevância às atividades de ensi-

no, pesquisa e extensão, afirmando a dimensão investigativa como princípio forma-

tivo e como elemento central na formação profissional. (PPP – UNICRUZ).

A definição das atividades complementares é realizada por cada IES que podem

ser a participação em projetos de iniciação científica, extensão, monitoria, seminários, deba-

tes, palestras, estágio extracurricular e representação estudantil.

Estas atividades constituem-se de: Participação em Conferências e Conselhos de sa-

úde, de assistência social, criança e adolescente, e outros; Elaboração de projetos de

extensão comunitária; Participação em grupos de estudo; núcleos de pesquisa; Ela-

boração de projetos de pesquisas (construção de instrumentos; coleta de dados e

construção de relatórios); Apresentação e publicação de trabalhos de iniciação cien-

tífica; Participação e organização de seminários, mostras e congressos; Organização

e participação em semanas acadêmicas. (PPP - UNICRUZ).

[...] contabilizada a participação em atividades extracurriculares como seminários,

congressos, encontros, palestras, debates, oficinas, defesas de trabalho de conclusão

de curso de graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado, monitoria, i-

niciação científica, inserção em núcleos de estudo e pesquisas e outras atividades ci-

entíficas, profissionais e culturais. (PPP – UFSC).

As atividades complementares, dentre as quais podem ser destacadas a monitoria,

visitas monitoradas, iniciação científica, projeto de extensão, participação em semi-

nários, publicação de produção científica e outras atividades definidas no plano aca-

dêmico do curso. (PPP – UNIVALE).

São partes de uma política permanente de estímulo ao desenvolvimento político-

cultural e científico dos estudantes, envolvendo: atividades culturais coletivas,

monitoria, participação em eventos científicos, profissionais e culturais com

apresentação de trabalhos, estudos complementares, visitas monitoradas, programas

de iniciação científica e de extensão. (PPP – UFF) .

No elenco dessas atividades ganham destaque os projetos de iniciação científica, as

monitorias nos diversos espaços pedagógicos, trabalhos, comunicações e artigos a-

presentados em Revistas e/ou eventos. Inscreve-se, ainda, a participação dos alunos

em Seminários, simpósios, congressos e outras modalidades oficiais de encontros

quer da própria categoria profissional, quer de áreas afins, quer de interesses advin-

dos do campo das práticas sociais, uma vez que a inserção dos alunos nos espaços

sócio-ocupacionais, cedentes dos estágios curriculares, favorece a sua formação a-

través de ações interdisciplinares e interprofissionais. Incentiva-se o registro siste-

matizado de suas primeiras produções acadêmicas, a exemplo de trabalhos, comuni-

cações e artigos apresentados nos eventos e respectivas formas de publicação.

Outra modalidade de atividade complementar está na prática de representação estu-

dantil tanto quando da inserção dos alunos nos seus órgãos de representação local,

regional e nacional como nas instâncias colegiadas da Universidade e da Organiza-

ção da Categoria – ABEPSS, ERESS, ENESSO -, cujo processo incorpora o próprio

aprendizado acerca de participação política da cidadania. Fazem parte, ainda, visitas

institucionais e atividades culturais sempre monitoradas pelos professores e/ou co-

responsáveis pela formação dos alunos, a exemplo dos Supervisores de Campo de

estágio curricular. (PPP – PUC SP).

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Na análise dos Projetos Políticos-Pedagógicos, evidenciou-se o reconhecimento e

legitimação do projeto de formação e das diretrizes curriculares propostas pela ABEPSS, bem

como, o reconhecimento e a intenção de operacionalização do Projeto Ético-Político-

Profissional e explicitam os itens propostos pela Resolução CNE/CES 15/2002 - Diretrizes

Curriculares para o Serviço Social. Os PPPs analisados não são construídos a partir de uma

proposta curricular por competência, mas fazem referência às competências profissionais ne-

cessárias na formação profissional.

A seguir, apresentam-se as considerações finais, pontuando as conclusões e suges-

tões.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada nesta tese conduz a algumas considerações sobre seu objeto

de estudo: apropriação de competências e habilidades, no âmbito da formação profissional do

Serviço Social, a partir da Resolução CNE/CES 15/2002. Aqui se retoma pontos referidos no

transcorrer da tese, para aprofundar as reflexões que se travam a respeito da temática.

O final do século XX e início do século XXI trouxeram grandes transformações

sociais influenciadas pelos avanços tecnológicos. Na educação superior, organismos como

Banco Mundial, OCDE e UNESCO, defendem a ampliação da oferta e uma política educa-

cional supranacional. Na Europa, impulsionado pelo processo de Bolonha, criou-se o Espaço

Europeu de Educação Superior, que deverá efetivar o novo sistema de educação superior até

2010, possibilitando maior mobilidade do trabalho e dos cidadãos. A Declaração de Bolonha

estabelece um sistema de créditos comum (ETCS) para facilitar a mobilidade estudantil, sen-

do que os créditos não necessitam serem todos desenvolvidos em instituições de ensino supe-

rior, mas precisam ser reconhecidos pelas IES. É neste espaço que se insere o desenvolvimen-

to do conceito de competências.

No Brasil, a discussão sobre competências e habilidades tem início com a LDB de

1996 e se concretiza no ENADE, que faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educa-

ção Superior. É nesse contexto que emerge de forma mais sistemática a discussão de compe-

tências no ensino superior. Efetivamente não há uma definição para competência, embora se

identifique que o ensino superior facilita o desenvolvimento de competências profissionais,

exercendo uma função orientadora que permite o reconhecimento e potencialização de habili-

dades dos alunos de acordo com sua capacidade e interesse.

O conceito de competência é polissêmico como se pode verificar no estudo de di-

ferentes autores contido no 1º capítulo. Para fins desta pesquisa, tomou-se o entendimento de

competência como um conjunto de potencialidades que possibilita um desempenho exitoso,

que se materializa ao responder uma demanda complexa que implica resolver problemas em

um contexto particular. Diz-se que uma pessoa possui determinada competência quando mos-

tra desempenho em uma área específica, no desenvolvimento de tarefas concretas e relevan-

tes, nas quais proporciona respostas ou soluções variadas e pertinentes, com recursos próprios

e externos.

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As habilidades sempre se referem ao fazer e à realização de atividades. As

habilidades fazem parte das competências necessárias ao desenvolvimento pessoal e

profissional.

As diretrizes curriculares propostas pela ABEPSS não mencionam as competên-

cias genéricas ou transversais, que são as competências compartilhadas por um grupo de pro-

fissionais, mas não específicas de um determinado posto de trabalho ou profissão. São conhe-

cimentos que atravessam diferentes profissões e/ou atividades profissionais. São capacidades

genéricas que possibilitam a um profissional sucesso em uma gama variada de ocupações, tais

como: domínio das tecnologias de comunicação e informação, comunicação escrita e oral,

atuação em equipe e adaptabilidade às mudanças. Nas diretrizes curriculares para o Serviço

Social definidas no Parecer CNE/CES 492/2001, é acrescentada uma competência genérica

que é a ―utilização dos recursos da informática‖, pois na sociedade do desenvolvimento tecno-

lógico, o domínio de conceitos e teorias é tão importante quanto saber encontrar, interpretar e

fazer uso das informações para a solução dos problemas cotidianos e futuros da sociedade.

A partir da Declaração de Bolonha, se questiona o currículo centrado nos conteú-

dos e se estimula a elaboração e execução de propostas curriculares orientadas pela polivalên-

cia, flexibilidade, pertinência, redução de carga horária, menor presença na instituição de en-

sino e ênfase no básico. A organização curricular por competência tem uma nova lógica, que

está associada às ideias de transversalidade e de interdisciplinaridade.

O currículo por competência demanda a elaboração do perfil desejado para o e-

gresso, e a partir dele, a definição das competências necessárias e de como serão desenvolvi-

das no decorrer da formação. Esse modelo de currículo exige mudanças no cotidiano da for-

mação, pois o foco não é mais o conteúdo, e as competências serão trabalhadas nas matérias

e/ou disciplinas, que precisam ser pensadas numa perspectiva de transversalidade e interdisci-

plinaridade.

A hipótese que norteou a pesquisa foi de que não houve apropriação pelos cursos

de Serviço Social dos conceitos de competências e habilidades, embora estejam contidos nas

diretrizes curriculares, o que se confirma na análise dos dados pesquisados.

A sistematização dos dados foi conduzida a partir de dois eixos: a) compreensão

de competências e habilidades, e b) apropriação das competências e habilidades na formação

do Serviço Social. Destacam-se, a seguir, alguns pontos de cada eixo.

Compreensão de Competências e Habilidades

Quanto à concepção de competências e habilidades, os entrevistados não tinham

uma reflexão prévia sobre o tema e mostraram interesse em conhecer e discutir o assunto. No

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conjunto dos entrevistados, há uma heterogeneidade conceitual, não há entendimento único

para competência, um mesmo entrevistado se apropria de mais de um conceito ou entendi-

mento de competência, embora, se denote ênfase na relação com as competências profissio-

nais definidas na lei de regulamentação da profissão, com os instrumentos e técnicas necessá-

rios para a intervenção profissional, com os conteúdos metodológicos e atividades práticas.

A abrangência atribuída à competência denuncia como essa noção pode ser vaga,

o que explica a evidente falta de consenso dos entrevistados. Entende-se que a implementação

de uma proposta curricular nesta perspectiva esbarra na fragilidade e ambiguidade conceitual.

Portanto, faz-se necessário instigar a discussão conceitual de competência na formação do

Serviço Social e de organização curricular por competências e habilidades.

Apropriação das Competências e Habilidades na Formação do Serviço Social

Constatou-se que a apropriação de competências e habilidades ocorre no cotidiano

da formação profissional, nas disciplinas, nos espaço de sala de aula, nas oficinas e laborató-

rios, nas atividades complementares, nos estágios e nos projetos de pesquisa e extensão. Os

entrevistados falam do desenvolvimento de competências de habilidades e de sua necessidade,

entretanto não conseguem verbalizar como isso ocorre no cotidiano da formação. Na análise

do conteúdo das entrevistas, identifica-se que a apropriação ocorre através do discurso (fala),

do marco legal, da relação teoria e prática e como atributo individual.

Como os entrevistados afirmaram, o ensino por competência é algo que não é cla-

ro, que ainda está em discussão, isto se evidencia nos projetos político-pedagógicos, pois há

uma reprodução das normativas legais na sua elaboração, seja a partir das diretrizes curricula-

res da ABEPSS, das diretrizes curriculares do MEC e da Lei de Regulamentação da Profissão,

não há uma reflexão sobre as competências nem sobre as necessidades e particularidades lo-

cais e/ou regionais de onde o profissional irá atuar para além do que é genérico para todo pro-

fissional.

Na análise dos projetos político-pedagógicos, identificou-se forte influência das

diretrizes curriculares da ABEPSS de 1996, lembrando que elas foram amplamente divulga-

das, o mesmo não ocorreu com as diretrizes curriculares elaboradas pela comissão de especia-

listas e aprovadas pela ABEPSS em 1999 e nem com as diretrizes curriculares definidas no

parecer CNE/CES 492/2001. Deste fato, pode-se depreender o reconhecimento da ABEPSS

como entidade coordenadora da construção do projeto de formação profissional.

Verificou-se que as IES apresentam o perfil de formando/egresso com caracterís-

ticas gerais da profissão, a partir do que foi normatizado nas diretrizes curriculares (MEC e

ABEPSS). Explicitam em seus princípios organizativos a necessidade de flexibilidade curri-

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cular de acordo com a realidade, de romper a fragmentação do processo de ensino-

aprendizagem, de articular o ensino teórico e a prática e da necessidade da indissociabilidade

do ensino, da pesquisa e da extensão. Entretanto, não é construído um perfil do egresso para a

realidade regional/local e não deixa claro como se viabilizará a flexibilidade curricular.

Quanto à apropriação das competências e habilidades, ficou evidente que nem

uma das IES pesquisadas organizou o projeto político-pedagógico a partir da concepção de

currículo por competência, entretanto as competências e habilidades são um item fundamental

e importante na estruturação curricular, pois os seis PPPs analisados manifestam intenção de

formar profissionais competentes críticos e propositivos, porém não explicitam o que é um

profissional competente. Nem um deles definiu competência e/ou habilidade, e os cinco que

apresentaram o item ―Competências e Habilidades‖, reproduziram as da Lei de Regulamenta-

ção da Profissão.

Em síntese, os Projetos Político Pedagógicos analisados utilizam jargões como

competência teórica, técnico-operativa e ético-política, mas não explicitam o seu entendimen-

to nem como no decorrer do curso essas competências serão desenvolvidas. Também não de-

finiram em que momento, disciplina, atividade e competências elencadas serão contempladas.

Os projetos definem conteúdos e competências conforme as diretrizes curriculares da A-

BEPSS e/ou parecer CNE/CES 492/2001, entretanto o fazem como algo estanque, não rela-

cionando na proposta curricular as ementas, conteúdos e competências. Os dados revelam que

nos cursos investigados, o ensino é ainda de natureza transmissiva, reprodutora e conteudista.

Não é intenção aqui propor ou sugerir a formação através do modelo de currículo

por competência, que é apenas um dos modelos possíveis, mas apontar que há fragilidades na

concepção de competências e habilidades e na discussão de currículo por competência no en-

sino superior brasileiro como um todo e no Serviço Social.

Pensar no desenvolvimento de competências e habilidades na formação do Servi-

ço Social requer um criterioso estudo para identificar as funções, competências e atribuições

que vêm sendo realmente requisitadas, necessárias e praticadas pelo conjunto da categoria

profissional do Serviço Social na atualidade, bem como, um amplo debate de como as compe-

tências possam ser desenvolvidas na formação, e de como incluí-las nos currículos de forma

transversal.

Destaca-se que há uma preocupação de que o currículo por competência não se

reduza a uma lógica de treinamento e execução de tarefas. É preciso ter claro que uma propos-

ta de currículo por competência não abre mão do conhecimento, mas exige pensar sobre o

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conhecimento necessário à formação, sua transmissão e inclusive sobre as relações de poder

nele implicadas. É crucial não relativizar a importância do conhecimento.

Ao final da pesquisa, considera-se relevante apontar:

Que o Serviço Social brasileiro precisa se manter firme em seus propósitos de

viabilizar um projeto ético-político comprometido com a transformação social, e que o

conjunto da categoria por meio de seus órgãos representativos pesquise e discuta as neces-

sidades da formação, inclusive revendo a Lei de Regulamentação da Profissão que já tem

mais de dez anos.

Que o Serviço Social tenha claro, e eleja as competências e habilidades, profissio-

nais e transversais necessárias para uma formação e intervenção qualificada e que elas

possam orientar a construção do projeto político-pedagógico.

Que a proposta curricular para o Serviço Social, independente de ser por objetivo,

por conteúdo ou por competência e habilidade, não se atenha ao atendimento das exigên-

cias de organismos internacionais de aligeiramente dos cursos, nem de uma formação para

interesses imediatos, vinculados ao conceito de utilidade com competências consideradas

concretas para o momento, mas obsoletas para um futuro próximo. Não é demais lembrar,

que o mercado é complexo e competitivo e suas exigências mudam rapidamente, portanto

é preciso resistir à mercantilização da educação e garantir uma formação com qualidade,

comprometida com a sociedade democrática e cidadã, capaz de conciliar os objetivos eco-

nômicos, sociais e culturais.

Que sem dúvida um dos atores mais importantes para garantir a qualidade da for-

mação no Serviço Social é o professor (docente do ensino superior), portanto, é premente

incentivos para a pós-graduação stricto sensu e que os programas de pós invistam na for-

mação não apenas de pesquisadores, mas do docente, oferecendo disciplinas como didáti-

ca e metodologia do ensino, atividades complementares com discussões de currículo e de

projeto político-pedagógico e oportunidades de estágios de docência. Trata-se de dar à

formação da docência a mesma importância que à formação de pesquisadores.

A construção do conceito de competência e habilidade e de como é apreendido no

Serviço Social, foi um desafio, que se espera continue a instigar outros profissionais para en-

riquecer a discussão da formação profissional no Serviço Social, possibilitando uma formação

com qualidade.

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182

APÊNDICE 1 - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM MEMBROS DA COMISSÃO DE

ESPECIALISTAS PARA CONSTRUÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES DE

SERVIÇO SOCIAL

Nome completo do Especialista:

Formação

Como descreveria sua experiência profissional e sua vivência na educação superior de

Serviço Social e na área de avaliação?

Por que fez parte da comissão de especialista?

O que esperava da atuação como membro da comissão?

Qual era a proposta para a comissão solicitada pelo MEC?

Como a comissão se organizou?

Quais as principais características e respectivas diferenças entre a proposta curricular do

MEC e da ABEPSS?

Como foi a negociação entre a comissão de especialistas, ABEPSS e MEC?

Qual foi a maior dificuldade para a comissão?

Qual foi a proposta da Comissão para o MEC em relação as competência e habilidades

gerais e específicas?

Como avalia hoje a implementação da proposta curricular no MEC? E a proposta da

ABEPSS?

O que compreende por competências e habilidades?

Como tem visto o desenvolvimento das competências e habilidades profissionais na

formação acadêmica?

Entende que a proposta curricular atual atende às necessidades de formação profissio-

nal?

Como descreveria as tendências dos processos de avaliação da educação superior brasi-

leira?

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183

APÊNDICE 2 - ROTEIRO DE ENTREVISTA COM COORDENADORES DE CURSO

DE SERVIÇO SOCIAL

Instituição de Ensino

Nome completo do coordenador:

Formação

Tempo na instituição:

Tempo na coordenação do curso:

O atual currículo de Serviço Social na IES foi implantado quando?

Você participou da revisão curricular?

Se sim, o que poderia destacar do processo de implantação do atual currículo de Serviço

Social esta IES?

O que destaca do atual currículo de Serviço Social desta IES?

A proposta curricular atual atende as necessidades de formação profissional?

O que compreende por competências e habilidades?

Houve ou há na instituição discussões sobre Competências e Habilidades?

Como tem visto o desenvolvimento das competências e habilidades profissionais na

formação acadêmica?

Qual a proposta do curso de Serviço Social desta IES em relação à formação de compe-

tências e habilidades no âmbito da formação profissional?

Como ocorre o ensino de Competências e Habilidades para os acadêmicos de Serviço

Social?

Page 185: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

184

APÊNDICE 3 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, _____________________________________________________________________,

RG _________________, DECLARO para fins de participação em pesquisa, na condição de

sujeito objeto da pesquisa, que me foi devidamente esclarecida, a qual tem por finalidade

fornecer dados para a Tese de doutoramento intitulada: ―Competências e Habilidades nas Di-

retrizes Curriculares para o Curso de Serviço Social‖, trabalho este em processo de desenvol-

vimento pela autora (Rosiléa Clara Werner), do curso de DOUTORADO EM SERVIÇO SO-

CIAL DA PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO, quanto aos se-

guintes aspectos:

a) Que a pesquisa objetiva compreender como se encontra o desenvolvimento do currícu-

lo do curso de Serviço Social em relação às competências e habilidades no âmbito da

formação profissional a partir da Resolução CNE/CES 15/2002;

b) Que a coleta de informações da pesquisa é feita por meio de filmagem, bem como por

meio de uma entrevista que será gravada, cujo roteiro se encontra anexado a este Ter-

mo de Consentimento Livre e Esclarecido, também por mim lido;

c) Que estará a mim assegurada a disponibilidade para esclarecimentos sobre a metodo-

logia aplicada na pesquisa;

d) Que para mais esclarecimentos posso contatar a autora (Rosiléa C. Werner) e orienta-

dora responsável Profª. (Mariangela Belfiore Wanderley), pelo telefone, respectiva-

mente (47 96256068) e (11 99607117);

e) Que me será garantida total liberdade de me recusar a participar ou retirar meu consen-

timento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalidade alguma e sem prejuízo algum

para mim;

f) Que o uso dos dados fornecidos é reservado à autora da tese acima mencionada, sendo

preservado o respeito ao meu anonimato;

g) Que a informação sobre os dados da pesquisa podem ser divulgados e publicados des-

de que cumprido o disposto no item f.

h) Que tenho ciência de possíveis desconfortos, como, por exemplo, a minha disponibili-

dade de tempo para a entrevista, com duração de aproximadamente uma hora e meia e

a marcação de outra entrevista, caso haja necessidade de complementação das infor-

mações coletadas.

DECLARO, portanto, que após convenientemente esclarecida pela autora e ter en-

tendido o que me foi explicado, consinto voluntariamente em participar desta pesquisa.

____________,_____de____________de 2008

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APÊNDICE 4- ROTEIRO DE ENTREVISTA COM PROFESSORES DE CURSO DE

SERVIÇO SOCIAL

Instituição de Ensino:

Nome completo do professor:

Formação:

Tempo na instituição:

Tempo no ensino de Serviço Social:

A proposta curricular atual atende as necessidades de formação profissional?

O que compreende por competências e habilidades?

Houve ou há na instituição discussões sobre Competências e Habilidades?

Como ocorre o ensino de Competências e Habilidades para os acadêmicos de Serviço

Social?

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186

APÊNDICE 5 – E-MAIL ENVIADO AS COORDENAÇÕES DE CURSOS DE SERVI-

ÇO SOCIAL CRIADOS ATÉ DEZEMBRO DE 1997

São Paulo, 04 de julho de 2007.

Á COORDENAÇAO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Sou estudante de doutorado do Curso de Serviço Social da Pontifícia Universida-

de Católica de São Paulo (PUC SP), orientanda da Professora Maria Lucia Rodrigues.

Minha pesquisa de doutorado tem como tema: Estudo Avaliativo da Imple-

mentação das Competências e Habilidades no Curso de Serviço Social a partir das Dire-

trizes Curriculares Resolução CNE/CES – 15/2002.

Para definir a amostra da pesquisa necessito das seguintes informações de sua u-

nidade de ensino;

1. O curso de Serviço Social passou por revisão curricular a partir de

2003?

2. A grade curricular atual foi implementada quando?

Tenho o compromisso ético de manter sigilo quanto estas informações.

Aguardo retorno por e-mail – [email protected].

Agradeço sua atenção e disponibilidade em contribuir com este levantamento ini-

cial de dados. Estou a sua disposição para qualquer esclarecimento por este e-mail ou telefone

(11) 85586698.

Abraço; Rosiléa Clara Werner.

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APÊNDICE 1 – INSTITUIÇÕES DE SERVIÇO SOCIAL AUTORIZADAS PELO

MEC ATÉ ABRIL DE 2009 POR REGIÃO/CIDADE/MODALIDADE DE

ENSINO E INÍCIO DO CURSO,

Tabela 1 Instituições de Serviço Social Autorizadas pelo MEC até abril de 2009 por

Região/cidade/modalidade de ensino e início do curso

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

CO Centro Universitário da Grande Dourados -

UNIGRAN

DOURADOS Presencial 03/02/2003

CO Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG VARZEA

GRANDE

Presencial 29/01/2007

CO Faculdade Ad 1 - UniSaber/AD1 BRASILIA Presencial 17/02/2006

CO Faculdade Cenecista de Brasília - FACEB BRASILIA Presencial 02/02/2007

CO Faculdade Cenecista de Rondonópolis - FACER RONDONOPOLIS Presencial 14/02/2005

CO Faculdades Integradas de Três Lagoas - AEMS TRES LAGOAS Presencial 27/04/2005

CO Faculdades Unidas do Vale do Araguaia - UNIVAR BARRA DO

GARCAS-MT

Presencial 18/02/2008

CO Universidade Anhanguera- UNIDERP CAMPO

GRANDE

Distância 07/02/2007

CO Universidade Anhanguera- UNIDERP CAMPO

GRANDE

Presencial 02/02/2007

CO Universidade Católica de Brasília - UCB BRASILIA Presencial 20/07/2005

CO Universidade Católica de Goiás - UCG GOIANIA Presencial 12/03/1957

CO Universidade Católica Dom Bosco - UCDB CAMPO

GRANDE

Presencial 01/08/1972

CO Universidade de Brasília - UnB BRASILIA Presencial 01/08/1972

CO Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT CUIABA Presencial 09/03/1970

CO Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO GOIANIA-GO Presencial 02/08/2008

NE Centro Universitário da Bahia - FIB SALVADOR-BA Presencial 28/07/2008

NE Centro Universitário do Maranhão - UNICEUMA SAO LUIS Presencial 01/02/2007

NE Faculdade Adelmar Rosado - FAR TERESINA Presencial 14/02/2000

NE Faculdade Cearense - FaC FORTALEZA-CE Presencial s/d

NE Faculdade de Ciências Aplicadas Doutor Leão

Sampaio - FALS

JUAZEIRO DO

NORTE

Presencial 28/12/2005

NE Faculdade de Ciências e Cultura da Bahia - FCCB SALVADOR Presencial 15/08/2005

NE Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do Rio

Grande do Norte - FACEX

NATAL Presencial 31/01/2001

NE Faculdade de Excelência Educacional do Rio Grande

do Norte - SUDERN

NATAL-RN Presencial 02/05/2007

NE Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de

Cajazeiras - FAFIC

CAJAZEIRAS Presencial 05/02/2007

NE Faculdade Delta - FacDelta SALVADOR Presencial 30/01/2006

NE Faculdade do Sul - FACSUL ITABUNA Presencial 05/06/2006

NE Faculdade Evilásio Formiga - FEF CAJAZEIRAS-PB Presencial 03/03/2008

NE Faculdade Integrada do Recife - FIR RECIFE-PE Presencial s/d

NE Faculdade Integrada Tiradentes - MACEIO Presencial 01/08/2006

NE Faculdade Internacional do Delta - INTA PARNAIBA-PI Presencial 16/02/2009

NE Faculdade José Augusto Vieira - FJAV LAGARTO Presencial 07/08/2006

NE Faculdade Nobre de Feira de Santana - FAN FEIRA DE Presencial 25/02/2002

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Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

SANTANA

NE Faculdade Regional da Bahia - FARB SALVADOR Presencial 14/02/2007

NE Faculdade Santo Agostinho - FSA TERESINA-PI Presencial 16/02/2009

NE Faculdade Terra Nordeste - FATENE CAUCAIA-CE Presencial 02/02/2009

NE Faculdade Vasco da Gama - FVG SALVADOR-BA Presencial 15/08/2005

NE Faculdade Vasco da Gama - FVG SALVADOR-BA Presencial 21/01/2008

NE Instituto de Ciências Jurídicas e Sociais Professor

Camillo Filho - ICF

TERESINA Presencial 03/02/2003

NE Instituto de Educação Superior Raimundo Sá -

IESRSA

PICOS Presencial 01/08/2006

NE Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão -

IESMA

IMPERATRIZ-

MA

Presencial 03/01/2005

NE Instituto de Ensino Superior Santa Cecília - IESC ARAPIRACA-AL Presencial s/d

NE Instituto Superior de Teologia Aplicada - INTA SOBRAL Presencial 20/03/2007

NE Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP RECIFE Presencial 26/02/1973

NE Universidade Católica de Salvador - UCSAL SALVADOR 02/05/1944

NE Universidade do Estado do Rio Grande do Norte -

UERN

MOSSORO Presencial 01/03/1965

NE Universidade Estadual da Paraíba - UEPB CAMPINA

GRANDE

Presencial 16/11/1959

NE Universidade Estadual do Ceará - UECE FORTALEZA Presencial 25/03/1950

NE Universidade Federal da Bahia - UFBA SALVADOR-BA Presencial 02/03/2009

NE Universidade Federal da Paraíba - UFPB JOAO PESSOA Presencial 17/10/1969

NE Universidade Federal de Alagoas - UFAL MACEIO Presencial 11/03/1957

NE Universidade Federal de Alagoas - UFAL ARAPIRACA Presencial 15/09/2006

NE Universidade Federal de Pernambuco - UFPE RECIFE Presencial 06/05/1940

NE Universidade Federal de Sergipe - UFS SAO

CRISTOVAO

Presencial 01/03/1954

NE Universidade Federal de Sergipe - UFS SAO

CRISTOVAO

Presencial 05/05/2003

NE Universidade Federal do Maranhão - UFMA SAO LUIS Presencial 05/01/1953

NE Universidade Federal do Piauí - UFPI TERESINA Presencial 23/03/1977

NE Universidade Federal do Recôncavo da Bahia -

UFRB

CACHOEIRA-BA Presencial 01/09/2008

NE Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

UFRN

NATAL Presencial 02/03/1945

NE Universidade Potiguar - UNP NATAL Presencial 10/02/2005

NE Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO RECIFE-PE Presencial s/d

NE Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO SALVADOR Presencial 07/02/2006

NE Universidade Tiradentes - UNIT ARACAJU Distância 10/06/2006

NE Universidade Tiradentes - UNIT ARACAJU Presencial 20/04/1989

NE Universidade Tiradentes - UNIT ESTANCIA Presencial 02/02/2007

NE Universidade Tiradentes - UNIT ITABAIANA Presencial 02/02/2007

NE Universidade Tiradentes - UNIT PROPRIA Presencial 02/02/2007

NO Centro Universitário do Norte - UNINORTE Manaus Presencial 24/08/1998

NO Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná -

CEULJI/ULBRA

JI-PARANA Presencial 05/03/2003

NO Centro Universitário Luterano de Palmas - CEULP PALMAS Presencial 14/08/2000

NO Centro Universitário Luterano de Santarém - CEULS SANTAREM Presencial 05/02/2007

NO Centro Universitário Nilton Lins -

UNINILTONLINS

Manaus Presencial 16/10/2003

NO Escola Superior Batista do Amazonas - ESBAM MANAUS-AM Presencial 11/02/2008

Page 190: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

NO Faculdade Atual da Amazônia - FAA BOA VISTA-RR Presencial 26/01/2009

NO Faculdade da Amazônia - FAMA VILHENA Presencial 31/01/2005

NO Faculdade da Amazônia Ocidental - FAAO RIO BRANCO Presencial 02/03/2006

NO Faculdade de Macapá - FAMA MACAPA Presencial 01/08/2005

NO Faculdade do Acre - FAC RIO BRANCO Presencial 16/06/2005

NO Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas -

FIESC

COLINAS DO

TOCANTINS

Presencial 20/02/2006

NO Faculdade Martha Falcão - FMF MANAUS-AM Presencial 16/02/2008

NO Faculdade Metropolitana de Manaus - FAMETRO MANAUS Presencial 14/03/2005

NO Faculdade Salesiana Dom Bosco - FSDB MANAUS Presencial 02/02/2003

NO Faculdade Táhirih - FT MANAUS-AM Presencial s/d

NO Faculdades Integradas Aparício Carvalho - FIMCA PORTO VELHO-

RO

Presencial 07/04/2008

NO Faculdades Integradas do Tapajós - ISES SANTAREM-PA Presencial s/d

NO Instituto de Ensino Superior do Acre - IESACRE RIO BRANCO Presencial 15/12/2003

NO Instituto Macapaense de Ensino Superior - IMMES MACAPÁ Presencial 01/08/2002

NO Universidade da Amazônia - UNAMA BELEM Presencial 02/01/1985

NO Universidade do Tocantins - UNITINS TOCANTINS Distância 02/02/2006

NO Universidade Estadual de Roraima - UERR BOA VISTA Presencial 01/08/2006

NO universidade Federal do amazonas Manaus Presencial 01/06/1945

NO universidade Federal do amazonas COARI Presencial 01/01/2004

NO Universidade Federal do Amazonas - UFAM PARINTINS-AM Presencial 01/06/2007

NO Universidade Federal do Pará - UFPA BREVES-PA Presencial 02/01/2009

NO Universidade Federal do Pará - UFPA BELEM Presencial 30/12/1957

NO Universidade Federal do Tocantins - UFT MIRACEMA DO

TOCANTINS-TO

Presencial 01/08/2007

SD Centro Superior de Ensino e Pesquisa de Machado -

CESEP

MACHADO Presencial 05/02/2007

SD Centro Universitário - UNIABEU BELFORD ROXO Presencial 14/02/2005

SD Centro Universitário - UniFIAM-FAAM SAO PAULO-SP Presencial 02/02/2009

SD Centro Universitário Amparense - UNIFIA AMPARO Presencial 05/02/2007

SD Centro Universitário Assunção - UniFAI SAO PAULO Presencial 09/02/2005

SD Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM RIO DE JANEIRO Presencial 01/03/1974

SD Centro Universitário Barão de Mauá - CBM RIBEIRAO

PRETO

Presencial 01/02/1999

SD Centro Universitário Claretiano - CEUCLAR BATATAIS-SP Distância 04/02/2009

SD Centro Universitário da Fundação Educacional

Guaxupé - UNIFEG

GUAXUPE Presencial 02/02/2004

SD Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas - FMU

SAO PAULO Presencial 20/07/1968

SD Centro Universitário de Formiga - UNIFORMG FORMIGA Presencial 05/02/2007

SD Centro Universitário de Jales - UNIJALE JALES Presencial 23/01/2005

SD Centro Universitário de Lins - UNILINS LINS Presencial 31/12/1958

SD Centro Universitário de Sete Lagoas - UNIFEMM SETE LAGOAS-

MG

Presencial 11/02/2008

SD Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA VOLTA

REDONDA

Presencial 05/03/2001

SD Centro Universitário de Votuporanga - UNIFEV VOTUPORANGA Presencial 18/02/1999

SD Centro Universitário do Sul de Minas - UNIS-MG VARGINHA Presencial 01/08/2002

SD Centro Universitário do Triângulo - UNITRI UBERLANDIA Presencial 03/03/1994

SD Centro Universitário Geraldo Di Biase - UGB BARRA DO

PIRAI-RJ

Presencial 05/02/2007

Page 191: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

SD Centro Universitário Geraldo Di Biase - UGB VOLTA

REDONDA-RJ

Presencial 05/02/2007

SD Centro Universitário Ibero-Americano - UNIBERO SAO PAULO-SP Presencial 21/01/2008

SD Centro Universitário Ítalo-Brasileiro - UniÍtalo SAO PAULO-SP Presencial 01/07/2008

SD Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix -

IMIH

BELO

HORIZONTE-MG

Presencial 11/02/2008

SD Centro Universitário Monte Serrat - UNIMONTE SANTOS Presencial 01/02/2007

SD Centro Universitário Newton Paiva - NEWTON

PAIVA

BELO

HORIZONTE-

MG/ EAD

Distância 01/02/2008

SD Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio -

CEUNSP

ITU Presencial 30/01/2007

SD Centro Universitário Plínio Leite - UNIPLI NITEROI Presencial 06/02/2004

SD Centro Universitário Salesiano de São Paulo -

UNISAL

AMERICANA Presencial 10/07/1972

SD Centro Universitário Una - UNA BELO

HORIZONTE

Presencial 01/08/2006

SD Centro Universitário Una - UNA BELO

HORIZONTE

Presencial 01/02/2007

SD Escola de Estudos Superiores de Viçosa - ESUV VICOSA Presencial 01/02/2007

SD Escola Superior de Ciências da Santa Casa de

Misericórdia de Vitória - EMESCAM

VITORIA Presencial 17/02/2003

SD Faculdade Capixaba de Nova Venécia - UNIVEN NOVA VENECIA Presencial 21/08/2006

SD Faculdade Católica de Uberlândia - CATÓLICA UBERLANDIA Presencial 01/09/2005

SD Faculdade Ceres - FACERES SAO JOSE DO

RIO PRETO

Presencial 01/02/2006

SD Faculdade Cidade de Guanhães - Facig - Facig GUANHAES Presencial 16/10/2006

SD Faculdade de Ciências Administrativas e Contábeis

Santa Lúcia - FCACSL

MOGI-MIRIM Presencial 13/02/2006

SD Faculdade de Ciências Gerenciais - FACIG CLAUDIO-MG Presencial 01/02/2007

SD Faculdade de Ciências Gerenciais de Manhuaçu -

FACIG

MANHUACU-

MG

Presencial 02/02/2009

SD Faculdade de Ciências Humanas de Aguaí - Facha AGUAI Presencial 01/08/2001

SD Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de

Conselheiro Lafaiete - FACESA

CONSELHEIRO

LAFAIETE

Presencial 01/08/2002

SD Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas Santo

Agostinho - FACISA

MONTES

CLAROS

Presencial 01/03/2002

SD Faculdade de Mantena - FAMA MANTENA Presencial 14/02/2005

SD Faculdade de Mauá - FAMA - FAMA MAUA Presencial 18/02/2002

SD Faculdade de Minas - FAMINAS MURIAE Presencial 02/02/2004

SD Faculdade de Mirandópolis - FAM MIRANDOPOLIS

-SP

Presencial s/d

SD Faculdade de Presidente Prudente - FAPEPE PRESIDENTE

PRUDENTE-SP

Presencial 26/05/2008

SD Faculdade de Serviço Social de Bauru - FSSB BAURU Presencial 10/09/1964

SD Faculdade de Serviço Social de Passos - FASESP PASSOS Presencial 04/02/2002

SD Faculdade de Vila Velha - UNIVILA VILA VELHA Presencial 25/02/2002

SD Faculdade Divinópolis - FACED DIVINOPOLIS Presencial 01/02/2005

SD Faculdade FLAMA - FSSSL DUQUE DE

CAXIAS

Presencial 04/08/1997

SD Faculdade Frutal - FAF FRUTAL Presencial 13/02/2006

SD Faculdade Norte Capixaba de São Mateus - FAMAT

- FAMAT

SAO MATEUS-

ES

Presencial 02/02/2009

SD Faculdade Novo Milênio - FNM VILA VELHA Presencial 10/02/2003

Page 192: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

SD Faculdade Paulista de Serviço Social - FAPSS-SP. SAO PAULO Presencial 02/03/1940

SD Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano

do Sul - FAPSS-SCS

SAO CAETANO

DO SUL

Presencial 01/03/1966

SD Faculdade Redentor - FACREDENTOR ITAPERUNA Presencial 03/07/2002

SD Faculdade Regional Serrana - FUNPAC VENDA NOVA

DO IMIGRANTE-

ES

Presencial 02/02/2009

SD Faculdade Reunida - FAR ILHA SOLTEIRA Presencial 01/08/2001

SD Faculdade Salesiana de Vitória - UNISALES VITORIA Presencial 28/08/2000

SD Faculdade Sudoeste Paulista - FSP AVARE Presencial 30/01/2006

SD Faculdade Tijucussu - TIJUCUSSU SAO CAETANO

DO SUL

Presencial 01/02/2003

SD Faculdade Vale do Gorutuba - FAVAG NOVA

PORTEIRINHA

Presencial 22/09/2003

SD Faculdades Adamantinenses Integradas - FAI ADAMANTINA-

SP

Presencial 12/03/2007

SD Faculdades de Dracena - FADRA DRACENA-SP Presencial 01/08/2007

SD Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo de

Presidente Prudente - FIAETPP

PRESIDENTE

PRUDENTE

Presencial 04/02/1985

SD Faculdades Integradas de Botucatu - UNIFAC BOTUCATU Presencial 11/02/1985

SD Faculdades Integradas de Caratinga - FIC CARATINGA Presencial 15/03/1993

SD Faculdades Integradas de Fernandópolis - FIFE FERNANDOPOLI

S

Presencial 04/04/2005

SD Faculdades Integradas de Santa Fé do Sul - FUNEC SANTA FE DO

SUL

Presencial 14/02/2000

SD Faculdades Integradas do Norte de Minas - Funorte - MONTES

CLAROS-MG

Presencial 13/09/2004

SD Faculdades Integradas do Vale do Ribeira - FIVR REGISTRO-SP Presencial 16/03/2009

SD Faculdades Integradas Maria Imaculada - FIMI PIRACICABA Presencial 25/04/1963

SD Faculdades Unificadas Doctum de Teófilo Otoni - TEOFILO

OTONI-MG

Presencial 17/02/2003

SD Instituição de Ensino São Francisco - IESF MOGI-GUACU-

SP

Presencial s/d

SD Instituto de Educação Superior São Francisco de

Assis de Teófilo Otoni - IESFATO

TEOFILO OTONI Presencial 02/08/2004

SD Instituto de Ensino Superior e Pesquisa - INESP DIVINOPOLIS Presencial 28/02/2005

SD Instituto Manchester Paulista de Ensino Superior -

IMAPES

SOROCABA Presencial 31/01/2005

SD Instituto Municipal de Ensino Superior de Bebedouro

Victório Cardassi - IMESB

BEBEDOURO Presencial 01/02/2003

SD Instituto Superior de Ciências Aplicadas - Isca -

ISCA

LIMEIRA Presencial 20/05/1970

SD Instituto Superior de Ciências Humanas e Sociais

Aplicadas de Abaeté - ISAB

ABAETE-MG Presencial 01/02/2007

SD Pontifícia Universidade Católica de Campinas -

PUC-Campinas

CAMPINAS Presencial 01/03/1950

SD Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais -

PUC Minas

BELO

HORIZONTE

Presencial 08/07/1946

SD Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais -

PUC Minas

CONTAGEM Presencial 01/08/1996

SD Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -

PUCSP

SÃO PAULO Presencial 22/08/1946

SD Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro -

PUC-Rio

RIO DE JANEIRO Presencial 01/03/1946

SD União das Faculdades dos Grandes Lagos - Unilago - SAO JOSE DO Presencial 01/03/1990

Page 193: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

UNILAGO RIO PRETO

SD Universidade Camilo Castelo Branco -

UNICASTELO

SAO PAULO Presencial 01/02/2007

SD Universidade Camilo Castelo Branco -

UNICASTELO

FERNANDOPOLI

S-SP

Presencial 02/02/2009

SD Universidade Castelo Branco - UCB RIO DE JANEIRO Presencial 13/02/2006

SD Universidade Castelo Branco - UCB RIO DE JANEIRO Presencial 12/04/1989

SD Universidade Católica de Santos - UNISANTOS SANTOS Presencial 03/04/1970

SD Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL SAO PAULO Presencial 05/02/1996

SD Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL SAO PAULO Presencial 16/02/2004

SD Universidade de Marília - UNIMAR MARILIA Presencial 01/02/1976

SD Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP RIBEIRAO

PRETO

Presencial 01/10/1962

SD Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP GUARUJA Presencial 14/02/2005

SD Universidade de Santo Amaro - UNISA SAO PAULO-SP Distância 22/04/2008

SD Universidade de Santo Amaro - UNISA SAO PAULO Presencial 17/05/1976

SD Universidade de Santo Amaro - UNISA SAO PAULO Presencial 01/02/2005

SD Universidade de Taubaté - UNITAU TAUBATE Presencial 01/03/1966

SD Universidade de Uberaba - UNIUBE UBERABA Presencial 01/02/1999

SD Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ RIO DE JANEIRO Presencial 13/05/1944

SD Universidade do Grande Rio Professor José de Souza

Herdy - UNIGRANRIO

RIO DE JANEIRO Presencial 31/01/2008

SD Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP SAO JOSE DOS

CAMPOS

Presencial 10/05/1969

SD Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP JACAREI Presencial 31/01/2005

SD Universidade Estácio de Sá - UNESA RIO DE JANEIRO

Vila Valquirie

Presencial 09/02/2004

SD Universidade Estácio de Sá - UNESA RIO DE JANEIRO Presencial 16/08/2004

SD Universidade Estácio de Sá - UNESA RIO DE JANEIRO Presencial 16/08/2004

SD Universidade Estácio de Sá - UNESA CABO FRIO Presencial 14/02/2005

SD Universidade Estácio de Sá - UNESA RIO DE

JANEIRO/

Presencial 14/02/2005

SD Universidade Estácio de Sá - UNESA RIO DE

JANEIRO-

RJ/MADUREIRA

Presencial 06/03/2008

SD Universidade Estadual de Montes Claros -

UNIMONTES

MONTES

CLAROS

Presencial 10/03/2003

SD Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita

Filho - UNESP

FRANCA Presencial 26/01/1977

SD Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF JUIZ DE FORA Presencial 24/04/1948

SD Universidade Federal do Espírito Santo - UFES VITORIA Presencial 05/01/1971

SD Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ RIO DE JANEIRO Presencial 05/07/1937

SD Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM UBERABA-MG Presencial 03/03/2009

SD Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri - UFVJM

TEOFILO OTONI Presencial 25/09/2006

SD Universidade Federal Fluminense - UFF NITEROI Presencial 06/06/1945

SD Universidade Federal Fluminense - UFF CAMPOS DOS

GOYTACAZES

Presencial 29/12/1969

SD Universidade Federal Fluminense - UFF BOM JESUS DO

ITABAPOANA

Presencial 03/03/2003

SD Universidade Federal Fluminense - UFF RIO DAS

OSTRAS

Presencial 12/04/2004

SD Universidade Guarulhos - UNG GUARULHOS Presencial 30/01/2006

Page 194: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

SD Universidade Guarulhos - UNG ITAQUAQUECET

UBA-SP

Presencial 07/02/2008

SD Universidade José do Rosário Vellano - UNIFENAS CAMPO BELO-

MG

Presencial 02/01/2007

SD Universidade Nove de Julho - UNINOVE SAO PAULO-SP Presencial 01/02/2008

SD Universidade Nove de Julho - UNINOVE SAO PAULO-SP Presencial 02/02/2008

SD Universidade Nove de Julho - UNINOVE SAO PAULO-SP Presencial 01/02/2009

SD Universidade Nove de Julho - UNINOVE SAO PAULO-SP Presencial 01/02/2009

SD Universidade Paulista - UNIP ARACATUBA-SP Presencial 11/02/2008

SD Universidade Paulista - UNIP SAO JOSE DO

RIO PRETO-SP

Presencial 11/02/2008

SD Universidade Paulista - UNIP SOROCABA-SP Presencial 11/02/2008

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC IPATINGA Presencial 04/09/2000

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC UBA Presencial 01/02/2004

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC BOM

DESPACHO

Presencial 02/02/2004

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC TEOFILO OTONI Presencial 02/02/2005

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC VAZANTE Presencial 02/02/2005

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC UBERLANDIA Presencial 07/03/2005

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC SAO

FRANCISCO

Presencial 02/08/2005

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC ITAJUBA Presencial 02/02/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC ALMENARA Presencial 06/02/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC BURITIS Presencial 06/02/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC CURVELO Presencial 06/02/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC UBERABA Presencial 06/02/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC BETIM Presencial 14/02/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC POTE Presencial 06/03/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC SAO GOTARDO Presencial 02/08/2006

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC ITAMBACURI Presencial 01/02/2007

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC VARZEA DA

PALMA-MG

Presencial 01/02/2007

SD Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC LEOPOLDINA-

MG

Presencial 02/02/2007

SD Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO JUIZ DE FORA Presencial 01/08/2004

SD Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO BELO

HORIZONTE

Presencial 02/08/2004

SD Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO SAO GONCALO Presencial 02/08/2004

SD Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO CAMPOS DOS

GOYTACAZES-

RJ

Presencial 01/02/2008

SD Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO NITEROI-RJ Presencial 01/02/2008

SD Universidade São Francisco - USF SAO PAULO Presencial 08/10/1974

SD Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE GOVERNADOR

VALADARES

Presencial 07/02/1994

SD Universidade Vale do Rio Verde - UNINCOR BETIM Presencial 06/02/2006

SD Universidade Vale do Rio Verde - UNINCOR TRES

CORACOES

Presencial 05/02/2007

SD Universidade Veiga de Almeida - UVA RIO DE JANEIRO Presencial 10/03/1952

SD Universidade Veiga de Almeida - UVA CABO FRIO Presencial 21/02/2005

SUL Centro Universitário de Maringá - Ceumar -

SESUMAR

MARINGA Presencial 02/02/2003

SUL Centro Universitário Franciscano - Unifra SANTA MARIA Presencial 01/03/2000

Page 195: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

SUL Centro Universitário Leonardo da Vinci -

UNIASSELVI

INDAIAL-SC/

EAD

Distância 02/05/2008

SUL Centro Universitário Metodista - IPA PORTO ALEGRE Presencial 22/02/2005

SUL Escola Superior de Educação Corporativa - ESEC SAO JOSE-SC Presencial s/d

SUL Faculdade Ampére - FAMPER AMPERE-PR Presencial 08/02/2008

SUL Faculdade Anita Garibaldi - FAAG SAO JOSE Presencial 01/03/2005

SUL Faculdade Centro Oeste do Paraná - FACEOPAR LARANJEIRAS

DO SUL-PR

Presencial s/d

SUL Faculdade Concórdia - FACC CONCORDIA-SC Presencial s/d

SUL Faculdade de Ciências Aplicadas de Cascavel -

FACIAP

CASCAVEL Presencial 13/02/2006

SUL Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde de

União da Vitória - Uniguaçu

UNIAO DA

VITORIA

Presencial 16/02/2004

SUL Faculdade de Ensino Superior do Centro do Paraná -

UCP

PITANGA Presencial 02/02/2004

SUL Faculdade de Integração do Ensino Superior do Cone

Sul - FISUL

GARIBALDI Presencial 20/02/2007

SUL Faculdade do Noroeste Paranaense - FANP NOVA

ESPERANCA

Presencial 01/02/2004

SUL Faculdade Educacional de Medianeira - FACEMED MEDIANEIRA Presencial 01/08/2001

SUL Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de

Apucarana - FECEA

APUCARANA Presencial 25/02/2002

SUL Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de

Paranavaí - FAFIPA

PARANAVAI Presencial 04/03/2002

SUL Faculdade Guairacá - FAG GUARAPUAVA Presencial 19/06/2006

SUL Faculdade Ingá - UNINGÁ MARINGA Presencial 12/02/2007

SUL Faculdade Kantun - KANTUN CAXIAS DO

SUL-RS

Presencial 03/08/2009

SUL Faculdade Metropolitana de Guaramirim - FAMEG GUARAMIRIM-

SC

Presencial s/d

SUL Faculdade Metropolitana de Maringá - UNIFAMMA MARINGA-PR Presencial 09/02/2009

SUL Faculdade Padre João Bagozzi - Faculdade Bagozzi CURITIBA-PR Presencial s/d

SUL Faculdade Portal - PORTAL PASSO FUNDO-

RS

Presencial 26/02/2009

SUL Faculdade São Judas Tadeu de Pinhais - FAPI PINHAIS Presencial 01/01/2005

SUL Faculdade União das Américas - UNIAMÉRICA FOZ DO IGUACU Presencial 11/03/2002

SUL Faculdade Unilagos - UNILAGOS MANGUEIRINH

A

Presencial 10/03/2003

SUL Faculdades Integradas do Brasil - UNIBRASIL CURITIBA Presencial 02/08/2005

SUL Faculdades Integradas Espírita - FIES CURITIBA Presencial 02/03/1975

SUL Faculdades Integradas Machado de Assis - FIMA SANTA ROSA Presencial 28/02/2005

SUL Faculdades Itecne de Cascavel - ITECNE CASCAVEL Presencial 13/02/2006

SUL Instituto de Ciências Sociais do Paraná - ICSP CURITIBA-PR Presencial s/d

SUL Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR CURITIBA Presencial 27/05/1945

SUL Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do

Sul - PUCRS

PORTO ALEGRE Presencial 20/03/1945

SUL Universidade Católica de Pelotas - UCPEL PELOTAS Presencial 23/03/1962

SUL Universidade Comunitária Regional de Chapecó -

UNOCHAPECÓ

CHAPECO Presencial 01/08/1989

SUL Universidade de Caxias do Sul - UCS CAXIAS DO SUL Presencial 08/03/1976

SUL Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ CRUZ ALTA Presencial 04/03/1997

SUL Universidade de Passo Fundo - UPF PASSO FUNDO Presencial 02/08/2004

SUL Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC SANTA CRUZ

DO SUL

Presencial 28/02/2000

Page 196: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Reg

ião

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Cidade Modalida

de

Data início do

curso

SUL Universidade do Contestado - UnC CACADOR Presencial 28/03/1977

SUL Universidade do Contestado - UnC CANOINHAS Presencial 01/03/1992

SUL Universidade do Contestado - UnC CURITIBANOS Presencial 10/02/2003

SUL Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC SAO MIGUEL

DO OESTE

Presencial 19/02/2001

SUL Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC CAPINZAL Presencial 12/02/2007

SUL Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC JOACABA-SC Presencial s/d

SUL Universidade do Planalto Catarinense - UNIPLAC LAGES Presencial 10/02/2003

SUL Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL TUBARAO Presencial 13/02/1976

SUL Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL PALHOCA Presencial 11/08/2003

SUL Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI ITAJAI Distância 23/02/2007

SUL Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS SAO LEOPOLDO Presencial 14/08/1984

SUL Universidade Estadual de Londrina - UEL LONDRINA Presencial 16/02/1973

SUL Universidade Estadual de Londrina - UEL LONDRINA Presencial 28/02/1994

SUL Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG PONTA GROSSA Presencial 01/03/1974

SUL Universidade Estadual do Centro Oeste -

UNICENTRO

GUARAPUAVA Presencial 01/03/2001

SUL Universidade Estadual do Oeste do Paraná -

UNIOESTE

TOLEDO Presencial 23/02/1987

SUL Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC FLORIANOPOLI

S

Presencial 07/03/1959

SUL Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC FLORIANOPOLI

S

Presencial 12/04/1999

SUL Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA -

UNIPAMPA

SAO BORJA-RS Presencial 16/10/2006

SUL Universidade Federal do Paraná - UFPR MATINHOS-PR Presencial 31/07/2006

SUL Universidade Luterana do Brasil - ULBRA CANOAS-RS Distância 31/03/2008

SUL Universidade Luterana do Brasil - ULBRA CANOAS-RS Presencial 01/08/1980

SUL Universidade Luterana do Brasil - ULBRA CACHOEIRA DO

SUL

Presencial 03/08/1999

SUL Universidade Luterana do Brasil - ULBRA CARAZINHO Presencial 01/08/2000

SUL Universidade Luterana do Brasil - ULBRA GRAVATAI Presencial 02/08/2004

SUL Universidade Norte do Paraná - UNOPAR LONDRINA Distância 12/02/2007

SUL Universidade Paranaense - UNIPAR UMUARAMA Presencial 06/02/2006

SUL Universidade Paranaense - UNIPAR FRANCISCO

BELTRAO-PR

Presencial 05/02/2007

SUL Universidade Regional de Blumenau - FURB BLUMENAU Presencial 03/08/1987

SUL Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio

Grande do Sul - UNIJUI

SANTA ROSA Presencial 29/07/2002

SUL Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio

Grande do Sul - UNIJUI

IJUI Presencial 04/08/2003

SUL Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões - URI

FREDERICO

WESTPHALEN

Presencial 04/03/1996

SUL Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões - URI

SAO LUIZ

GONZAGA

Presencial 02/08/2004

Fonte: INEP/MEC site: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/curso.stm

Page 197: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

APÊNDICE 2 - INSTITUIÇOES DE ENSINOSUPERIOR QUE IMPLANTARAM

O CURSO DE SERVIÇO SOCIAL ATÉ DEZEMBRO DE 1997

Tabela 1Instituições de Ensino Superior que implantaram o Curso de Serviço Social até dezembro de

1997.

Regi

ão

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Início do

curso:

Respostas e-mail/

fone

Faz parte da

amostra

CO Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT 9/3/1970 2007/2 Sim

CO Universidade Católica Dom Bosco – UCDB 1/8/1972 2007 Sim

NE Universidade Federal da Paraíba - UFPB 17/10/1969 2003 Sim

NE Universidade Estadual do Ceará - UECE 25/3/1950 2006/1 Sim

NE Universidade Federal do Maranhão - UFMA 5/1/1953 2006 Sim

NE Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP 26/2/1973 2005 sim

NE Universidade Federal do Piauí - UFPI 23/3/1977 2007 sim

NE Universidade Tiradentes - UNIT 20/4/1989 2004 sim

NO Universidade da Amazônia - UNAMA 2/1/1985 2004 sim

NO Universidade Federal do Pará - UFPA 30/12/1957 2005 sim

SD Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ 13/5/1944 Revisão 2003/4

implan. 2008

sim

SD Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -

PUCSP

22/8/1946 2007/1 sim

SD Universidade Veiga de Almeida - UVA 10/3/1952 2006 sim

SD Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP 1/10/1962 2005/ 2007 sim

SD Faculdades Integradas Maria Imaculada - FIMI 25/4/1963 2006 sim

SD Faculdade de Serviço Social de Bauru - FSSB 10/9/1964 2005 sim

SD Universidade de Taubaté - UNITAU 1/3/1966 2004 sim

SD Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas - FMU

20/7/1968 2003 sim

SD Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP 10/5/1969 Implantado

2002/2003

sim

SD Universidade Federal Fluminense - UFF 29/12/1969 2003 sim

SD Universidade Católica de Santos - UNISANTOS 3/4/1970 2006 sim

SD Instituto Superior de Ciências Aplicadas - Isca -

ISCA

20/5/1970 2003 sim

SD Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM 1/3/1974 2007 sim

SD Universidade de Marília - UNIMAR 1/2/1976 Em 2007 sim

SD Universidade de Santo Amaro - UNISA 17/5/1976 2000 abepss/

2005 /2007

sim

SD Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo

de Presidente Prudente - FIAETPP

4/2/1985 2007 sim

SD Faculdades Integradas de Botucatu - UNIFAC 11/2/1985 2005 sim

SD Universidade Castelo Branco - UCB 12/4/1989 Atualização em

2003

sim

SD Faculdades Integradas de Caratinga - FIC 15/3/1993 2006/2 sim

SD Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE 7/2/1994 2007 sim

SUL Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do

Sul - PUCRS

20/3/1945 Revisão final

2002, imp. 2003

sim

SUL Universidade Estadual de Londrina - UEL 16/2/1973 Implantado em

2002

sim

SUL Universidade Estadual de Londrina - UEL 28/2/1994 Implantado em

2003

sim

SUL Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 7/3/1959 2001/ estão em sim

Page 198: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Regi

ão

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Início do

curso:

Respostas e-mail/

fone

Faz parte da

amostra

revisão P 2008

SUL Pontifícia Universidade Católica do Paraná -

PUCPR

27/5/1945 Revisão 2002

ajustes 2003

sim

SUL Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG 1/3/1974 2007 sim

SUL Faculdades Integradas Espírita - FIES 2/3/1975 Implantadas em

2005

sim

SUL Universidade do Contestado - UnC 28/3/1977 2006 sim

SUL Universidade do Vale do Rio dos Sinos -

UNISINOS

14/8/1984 revisão em 2006

implantado em

2007

sim

SUL Universidade Estadual do Oeste do Paraná -

UNIOESTE

23/2/1987 2004 sim

SUL Universidade Comunitária Regional de Chapecó -

UNOCHAPECÓ

1/8/1989 2007 sim

SUL Universidade do Contestado - UnC 1/3/1992 2007 sim

SUL Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ 4/3/1997 implantado 2007 sim

CO Universidade Católica de Goiás - UCG 12/3/1957 revisão é de 1999 não

CO Universidade de Brasília - UnB 1/8/1972 2001/2 não

NE Universidade Federal de Pernambuco - UFPE 6/5/1940 2001 não

NE Universidade Católica de Salvador - UCSAL 2/5/1944 não responde não

NE Universidade Federal do Rio Grande do Norte -

UFRN

2/3/1945 2001 não

NE Universidade Federal de Sergipe - UFS 1/3/1954 2002 não

NE Universidade Federal de Alagoas - UFAL 11/3/1957 não responde não

NE Universidade Estadual da Paraíba - UEPB 16/11/1959 1999 não

NE Universidade do Estado do Rio Grande do Norte -

UERN

1/3/1965 2001 não

NO universidade Federal do amazonas 1/6/1945 revisão 2001 não

SD Universidade Federal Fluminense - UFF 6/6/1945 não responde não

SD Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro -

PUC-Rio

1/3/1946 2000 não

SD Centro Universitário Salesiano de São Paulo -

UNISAL

10/7/1972 não responde não

SD União das Faculdades dos Grandes Lagos - Unilago

- UNILAGO

1/3/1990 não responde não

SD Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 5/7/1937 2001/2 não

SD Faculdade Paulista de Serviço Social - FAPSS-SP. 2/3/1940 não responde não

SD Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais -

PUC Minas

8/7/1946 2002 não

SD Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF 24/4/1948 2001 - fone estão

em reforma agora

não

SD Pontifícia Universidade Católica de Campinas -

PUC-Campinas

1/3/1950 2000 não

SD Centro Universitário de Lins - UNILINS 31/12/1958 leu diz que vai

responder e-mail

não

SD Faculdade Paulista de Serviço Social de São

Caetano do Sul - FAPSS-SCS

1/3/1966 não responde não

SD Universidade Federal do Espírito Santo - UFES 5/1/1971 2002 não

SD Universidade São Francisco - USF 8/10/1974 não responde não

SD Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita

Filho - UNESP

26/1/1977 2002 não

SD Centro Universitário do Triângulo - UNITRI 3/3/1994 reformulado 2001 não

SD Universidade Cruzeiro do Sul - UNICSUL 5/2/1996 implantada em

2002

não

Page 199: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

Regi

ão

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR Início do

curso:

Respostas e-mail/

fone

Faz parte da

amostra

SD Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais -

PUC Minas

1/8/1996 2002 não

SD Faculdade de Serviço Social Santa Luzia - FSSSL 4/8/1997 não responde não

SUL Universidade de Caxias do Sul - UCS 8/3/1976 não responde não

SUL Universidade Católica de Pelotas - UCPEL 23/3/1962 2001 não

SUL Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL 13/2/1976 2002/2 não

SUL Universidade Regional de Blumenau - FURB 3/8/1987 revisão em 2002 não

SUL Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e

das Missões - URI

4/3/1996 2001 não

SUL Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL 4/8/1997 2002/2 não

SUL Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL 4/8/1997 2002/2 não

Page 200: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

APÊNDICE 3 – TABELA- COMPETÊNCIAS E HABILIDADES NO PROJETO

POLÍTICO PEDAGÓGICO DAS IES PESQUISADAS

Tabela 1 Competências e Habilidades no Projeto Político Pedagógico

IES Competências/ habilidades/atitudes.

Universidade Estadual de

Londrina – UEL

As competências e atribuições privativas do assistente social se

encontram na Lei 8662, de 7 de junho de 1993 que regulamenta a

profissão do Assistente Social tornando revogada a Lei 3252, de 27 de

agosto de 1957. Esta lei estabelece as seguintes competências e

habilidades técnico-operativas para o profissional de Serviço Social:

Formular e executar políticas sociais em órgãos da administração

pública, empresas e organizações da sociedade civil;

Elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;

Contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões

institucionais;

Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

Realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações

profissionais;

Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública,

empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às

políticas sociais e à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da

coletividade;

Orientar a população na identificação de recursos para atendimento e

defesa de seus direitos;

Realizar estudos sócio-econômicos para identificação de demandas e

necessidades sociais;

Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre

matéria de Serviço Social;

Exercer funções de direção em organizações públicas e privadas na área

de serviço social;

Assumir o magistério de Serviço Social e coordenar cursos e unidades

de ensino;

Supervisionar diretamente estagiários de Serviço Social

Universidade de Cruz Alta -

UNICRUZ

Habilidades gerais:

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação ético-política,

teórico-metodológica, como requisito fundamental para o exercício de

atividades técnico-operativas, com vistas à:

Compreensão do significado social da profissão e de seu

desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional,

desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;

Identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular

respostas profissionais para o enfrentamento da questão social e

Utilização de recursos da informática.

No campo Ético-Político: Capacidade de situar a profissão no contexto

sócio-econômico em que está inserida, buscando reconhecer os

processos históricos que atravessam as instituições de ensino e do

exercício profissional; Entendimento, crítica e aprofundamento do

processo de discussão da denominada “direção social”, estabelecido

pelo Código de Ética Profissional do Serviço Social e seu

atravessamento no ensino e exercício profissional.

No campo Teórico-Metodológico: Capacidade de fundamentar o

processo de formação profissional a partir das vertentes atuais do

pensamento social, de forma a estabelecer parâmetros que possibilitem a

definição clara dos elementos constitutivos do processo de trabalho de

Serviço Social; Capacidade de particularizar as determinações das

relações sociais situadas no espaço-tempo, história e cultura e seu

Page 201: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Competências/ habilidades/atitudes.

rebatimento nas políticas sociais setorizadas, nos sistemas de proteção e

movimentos sociais, na relação indivíduo-sociedade, e nas instituições

presentes na prática profissional.

No campo Técnico-Operativo: Desenvolvimento de uma atitude

investigativa que possibilite a prática criativa e propositiva; Capacidade

de Intervenção por meio de um instrumental que caracterize a prática

social; fundamentando-o na perspectiva teórico-metodológica adotada;

Capacidade de estabelecer relações profissionais que priorizem o

trabalho em equipe e o exercício da interdisciplinaridade; Habilidade

para operar com recursos da informática, multimídia e outros;

Habilidades específicas

De acordo com a Lei 8662 de 07 de junho de 1993 que regulamenta a

profissão constituem competências do Assistente Social:

Elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos

da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e

organizações populares;

Elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que

sejam do âmbito de atuação do serviço social com participação da

sociedade civil;

Encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos,

grupos e a população;

Orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido

de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na

defesa de seus direitos;

Planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;

Planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a

análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;

Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta

e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às

matérias relacionadas ao Serviço Social;

Prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria

relacionada as políticas sociais, no exercício e na esfera dos direitos

civis, políticos e sociais da coletividade;

Planejamento, organização e administração de Serviço Sociais e de

Unidade de Serviço Social;

Realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de

benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública

direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.

Constituem atribuições privativas do Assistente Social:

Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos.

Pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;

Planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidades de

Serviço Social;

Assessoria e Consultoria a órgãos da administração pública direta e

indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço

Social;

Realizar vistoria, perícias técnicas, laudos periciais, informações e

pareceres sobre a matéria de Serviço Social;

Assumir, no magistério de Serviço Social tanto em nível de graduação

como pós-graduação, disciplina e funções que exijam conhecimento

próprios e adquiridos em cursos de formação regular;

Treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço

Social;

Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de

graduação e pós-graduação;

Dirigir e Coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de

Page 202: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Competências/ habilidades/atitudes.

pesquisa em serviço social;

Elaborar provas, presidir e compor banca de exames e comissões

julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes

Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos do Serviço Social;

Coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados

sobre assunto de Serviço Social;

Fiscalizar e exercício profissional através dos Conselhos Federal e

Regionais;

Dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas e

privadas;

Ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira

em órgãos e entidades representativas da categoria profissional.

Universidade Federal de Santa

Catarina – UFSC

Gerais

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-

metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o

exercício de atividades técnico-operativas, com vistas à:

• compreensão do significado social da profissão e de seu

desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional,

desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;

• identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular

respostas profissionais para o enfrentamento da questão social;

• domínio dos recursos gerenciais, informacionais e operacionais,

presentes na instituição, que envolvem o exercício profissional

concretamente.

Específicas

A formação profissional deverá desenvolver a capacidade de:

• elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área

social;

• contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões

institucionais;

• planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

• realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações

profissionais;

• prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública,

empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às

políticas sociais e à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da

coletividade;

• orientar a população na identificação de recursos para atendimento e

defesa

De seus direitos;

• realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres

sobre matéria de Serviço Social.

Universidade Vale do Rio

Doce - UNIVALE

A) Gerais

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-

metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o

exercício de atividades técnico-operativas, com vistas à:

• compreensão do significado social da profissão e de seu

desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional,

desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;

• identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular

respostas profissionais para o enfrentamento da questão social;

• utilização dos recursos da informática.

B) ESPECÍFICAS com relação às capacidades para intervenção

previstas na Lei de Regulamentação da profissão de nº 8862/93, a

formação profissional deverá propiciar as seguintes habilidades:

Page 203: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Competências/ habilidades/atitudes.

Elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;

Contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões

institucionais;

Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

Realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações

profissionais;

Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública,

empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às

políticas sociais e à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da

coletividade;

Orientar a população na identificação de recursos para atendimento e

defesa de seus direitos;

Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre

matéria de Serviço Social.

Exercer funções de direção em organizações públicas e privadas na área

de serviço social;

Assumir o magistério de Serviço Social e coordenar cursos e unidades

de ensino;

Supervisionar diretamente estagiários de Serviço Social

Universidade Federal

Fluminense – UFF1

A organização atual do curso não tem atribuído a devida importância à

formação de habilidades profissionais e o desenvolvimento de

instrumental técnico-interventivo. Recusando uma visão tecnicista dos

meios e instrumentos de trabalho, esse tipo de formação requer um

consistente arsenal teórico e metodológico, que contemple a

interlocução com as diferentes matrizes do pensamento social na

modernidade, respeitando o pluralismo de idéias, não confundindo com

o ecletismo vulgar. Também o aprendizado sobre os processos de

trabalho em que se insere o assistente social tem se mostrado frágil,

dificultando o acompanhamento dos avanços da produção acadêmico-

profissional recente e uma leitura crítica do mercado de trabalho.

[...] Verifica-se, pois, um conjunto de alterações nas condições e

relações de trabalho e, conseqüentemente, nos processos de trabalho que

se inserem os assistentes sociais. Tais mudanças afetam suas condições

de vida, sua subjetividade, com repercussões na releitura que fazem de

si próprios e dos sujeitos sociais com os quais se acham vinculados.

Exige outros aportes teóricos, novas leituras acerca da realidade sócio-

política brasileira, outras traduções que questão social e das demandas

potenciais e reais que a sociedade apresenta à profissão,

consubstanciando-se em novos desafios á formação acadêmica

universitária na atualidade.

O projeto tem como grande desafio da reforma curricular: qualificar

profissionais com competência para decifrar a (re) produção e

expressões da questão social no âmbito das relações entre as classes e

destas como Estado no país. Mas, também, profissionais capazes de

propor e elaborar políticas e programas governamentais/ou empresariais

e iniciativas à sociedade civil organizada, contribuindo com sua

implementação.

Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo –

PUCSP

Segundo as diretrizes Curriculares aprovadas pelo MEC:

A formação profissional deve viabilizar uma capacitação teórico-

metodológica e ético-política, como requisito fundamental para o

exercício de atividades técnico-operativas, com vistas à

Apreensão crítica dos processos sociais numa perspectiva de totalidade;

Análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as

particularidades do desenvolvimento do capitalismo no país;

1 O PPP não apresenta um item especifico de Competências e Habilidades – apresenta-se

aqui fragmentos de texto sobre o assunto.

Page 204: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Competências/ habilidades/atitudes.

Compreensão do significado social da profissão e de seu

desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional,

desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade;

Identificação das demandas presentes na sociedade, visando formular

respostas profissionais para o enfrentamento da questão social,

considerando as novas articulações entre o público e o privado.

Estes elementos estão em consonância com as determinações da Lei n.

8662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão de assistente

social e estabelece as seguintes competências e habilidades técnico-

operativas:

Formular e executar políticas sociais em órgãos da administração

pública, empresas e organizações da sociedade civil;

Elaborar, executar e avaliar planos, programas e projetos na área social;

Contribuir para viabilizar a participação dos usuários nas decisões

institucionais;

Planejar, organizar e administrar benefícios e serviços sociais;

Realizar pesquisas que subsidiem formulação de políticas e ações

profissionais;

Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública,

empresas privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às

políticas sociais e à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da

coletividade;

Orientar a população na identificação de recursos para atendimento e

defesa de seus direitos;

Realizar estudos sócio-econômicos para identificação de demandas e

necessidades sociais;

Realizar visitas, perícias técnicas, laudos, informações e pareceres sobre

matéria de Serviço Social;

Exercer funções de direção em organizações públicas e privadas na área

de serviço social;

Assumir o magistério de Serviço Social e coordenar cursos e unidades

de ensino;

Supervisionar diretamente estagiários de Serviço Social

A título de complementação, elencamos o conjunto de competências e

atribuições do assistente social, previsto na Lei 8662 (07.06.1993), que

regulamenta a profissão do assistente social. Evidentemente são

possibilidades e capacidades que se forjam na prática profissional de

uma vida toda, com os primeiros alicerces fincados no período de

formação na graduação.

I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a

órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades

e organizações populares;

II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos

que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da

sociedade civil;

III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos,

grupos e à população;

V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no

sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no

atendimento e na defesa de seus direitos;

VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;

VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a

análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;

VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública

direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às

matérias relacionadas no inciso II deste artigo;

IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria

relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos

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IES Competências/ habilidades/atitudes.

civis, políticos e sociais da coletividade;

X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de

Unidade de Serviço Social;

XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de

benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública

direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.

Constituem atribuições privativas do Assistente Social:

I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos,

pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;

II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade

de Serviço Social;

III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e

indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço

Social;

IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e

pareceres sobre a matéria de Serviço Social;

V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação

como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos

próprios e adquiridos em curso de formação regular;

VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço

Social;

VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço

Social, de graduação e pós-graduação;

VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de

pesquisa em Serviço Social;

IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões

julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes

Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço

Social;

X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos

assemelhados sobre assuntos de Serviço Social;

XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e

Regionais;

XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas

ou privadas;

XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão

financeira em órgãos e entidades representativas da categoria

profissional.

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APÊNDICE 4 – TABELA – ORGANIZAÇÃO DOS CURSOS DAS IES

PESQUISADAS

Tabela 1 a organização dos cursos das IES pesquisadas

IES Organização do curso.

Universidade

Estadual de

Londrina –

UEL

O curso está organizado nos três núcleos:

Núcleo de Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Vida Social

Compreender o conjunto de fundamentos teórico -metodológicos e ético-políticos para

conhecer o ser social enquanto totalidade histórica, fornecendo os componentes

fundamentais para o entendimento da sociedade burguesa, em seu movimento

contraditório.

Apreensão crítica do processo histórico como totalidade.

Abordagens de conteúdos teóricos a partir das exigências do cotidiano profissional.

Disciplinas Série

Ciência Política 1a.

Economia Política 1a.

Filosofia 1a.

Sociologia 1a.

Psicologia Social 2a.

Antropologia 2a.

Ética profissional 2a.

Direito 3a.

Núcleo de Fundamentos da Formação Sócio-Histórica da Sociedade Brasileira

Compreender a sociedade brasileira resguardando as características históricas

particulares que presidem a sua formação e desenvolvimento urbano e rural, em suas

diversidades regionais e locais.

Analisar o significado do Serviço Social em seu caráter contraditório, no bojo das

relações entre as classes e destas com o Estado, abrangendo as dinâmicas institucionais

nas esferas estatal e privada.

Investigação sobre a formação histórica e os processos sociais contemporâneos que

conformam a sociedade brasileira, no sentido de apreender as particularidades da

constituição e desenvolvimento do capitalismo e do Serviço Social no país.

Apreensão do significado social da Profissão desvelando as possibilidades de ação

contidas na realidade.

Disciplinas Série

Formação Econômica, Política, Social e Cultural do Brasil 1a.

Política Social 2a.

Políticas Sociais Setoriais 3a.

Política de Seguridade Social 3a.

Movimentos Sociais e Política Social 4a.

Trabalho e Sociedade 4a.

Núcleo de Fundamentos do Trabalho Profissional

Apreender os elementos constitutivos do Serviço Social como uma especialização do

trabalho: trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica; os componentes éticos

que envolvem o exercício profissional; a pesquisa, o planejamento e a administração

em Serviço Social; o estágio supervisionado e a monografia de conclusão de curso.

Apreensão das demandas - consolidadas e emergentes - postas ao Serviço Social,

visando à formulação de respostas profissionais adequadas às tensões que caracterizam

o contexto atual da profissão.

Exercício profissional cumprindo as competências e atribuições previstas na

legislação profissional em vigor.

Domínio dos métodos de investigação e intervenção de forma a possibilitar a

construção de conhecimento na área do Serviço Social.

Disciplinas Série

Fundamentos do Serviço Social I 1a.

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IES Organização do curso.

Oficinas 1a., 2a., 3a., 4a.

Pesquisa em Serviço Social 2a.

Fundamentos do Serviço Social II 2a.

Planejamento Social 3a.

Prática Profissional I 3a.

Gestão em Serviço Social I 3a.

Prática Profissional II 4a.

Perspectivas Profissionais na Atualidade 4a.

Comunicação Social 4a.

O Ensino da Supervisão em Serviço Social 4a.

Gestão em Serviço Social II 4a.

Atividades Acadêmicas Obrigatórias

Estágio Supervisionado I 3a.

Estágio Supervisionado II 4a.

TCC 4a.

Carga horária: Disciplinas: 2652; Estagio 544, TCC 68; Atividades complementares

164;

Total: 3428 horas/aula

Universidade de

Cruz Alta –

UNICRUZ

De acordo com as diretrizes e com base em discussões com o corpo docente e discente

e em estudos e debates realizados com profissionais de estabelecimentos ligados ao

Serviço Social, principalmente dos Campos de Estágio, foi elaborado um currículo

flexível e adequado às exigências regionais, capaz de proporcionar a construção de

conhecimentos, competências e habilidades. A base curricular possui um mínimo de

pré-requisitos, permitindo o fluxo do acadêmico dentro do curso, sendo oferecida uma

entrada por ano.

A Base Curricular do Curso de Serviço Social está organizada de modo a atender aos

objetivos propostos. Compõe-se de 45 disciplinas, distribuídas em 08 períodos. O

número de créditos é de 199, totalizando uma carga horária de 2985 horas/aula. Os

estágios são realizados no 5º, 6º e 7º períodos, com um total de 405 horas, em turno

diurno. O Trabalho de Conclusão do Curso é realizado no 8º semestre.

O acompanhamento do ensino no Curso de Serviço Social é realizado através de

reuniões entre os docentes de disciplinas afins ou complementares, os quais se reúnem

a cada semestre, buscando articular e compatibilizar os conteúdos para evitar

sobreposição e garantir a visão do conjunto do processo de formação. Os critérios de

avaliação do ensino também são discutidos e os professores são orientados sobre as

Diretrizes Gerais para o Curso de Serviço Social.

O currículo destaca com ênfase especial os seguintes elementos da ação profissional:

projeto ético-político, lei de regulamentação da profissão, campo das políticas públicas

(como espaço privilegiado) e a ação profissional definida como um conjunto de

procedimentos, atos e atividades, articulada aos processos político-organizativos de

planejamento e de gestão e aos processos sócio-assistenciais.

Com o propósito de superar as fragmentações do processo de ensino e aprendizagem e

abrir novos caminhos para a construção de conhecimentos como experiência no

decorrer da formação profissional, a organização curricular sustenta-se no tripé dos

conhecimentos constituídos pelos núcleos de fundamentação da formação profissional,

quais sejam: Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social; Núcleo de

fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira; Núcleo de

fundamentos do trabalho profissional.

Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social, que compreende um

conjunto de fundamentos teórico-metodológicos e ético-políticos para conhecer o ser

social;

Disciplinas:

Serviço social I e II Sociologia I e II

Filosofia I e II

Antropologia

Introdução a Psicologia

Psicologia Social

Page 208: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Organização do curso.

Ciência Política

Economia Política

Metodologia Científica

Informática aplicada

Estatística

Português

Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira, que

remete à compreensão das características históricas particulares que presidem a sua

formação e desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais e locais;

Disciplinas:

História Social Política e Econômica do Brasil I e II

Realidade Regional

Política Social I e II

Direito e Cidadania Optativas I e II Desenvolvimento Sustentável I e II

Seminários Temáticos I II e III

Núcleo de fundamentos do trabalho profissional, que compreende os elementos

constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho: sua trajetória

histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o

exercício profissional, a pesquisa, o planejamento e a administração em Serviço Social

e o estágio supervisionado.

Disciplinas:

Introdução ao S. S.

Oficinas I e II

Fundamentos Históricos e Teórico Metodológicos do S. S. I e II

Gestão social I e II

Pesquisa em S. S. I e II

Ética Profissional

S. S. Contemporâneo

Serviço Social III e IV

Estágio Supervisionado I II e III

Trabalho de Conclusão de Curso.

A articulação entre o ensino teórico e a prática é de fundamental importância para

realizar a interação das disciplinas curriculares com a realidade do espaço profissional,

oportunizando a consolidação dos conhecimentos.

As especificidades de cada disciplina são pensadas no contexto de cada núcleo:

fundamentos teórico-metodológicos da vida social; fundamentos da formação sócio-

histórica da sociedade brasileira e fundamentos do trabalho profissional. O currículo

na sua organização procura dar visibilidade à questões macro, evidenciando suas

manifestações locais, através da articulação entre as disciplinas de um núcleo e outro.

Em sua dinâmica, o currículo desenvolve seminários, visitas monitoradas, atividades

laboratoriais, pesquisas bibliográficas e de campo, eventos comunitários, entre outros,

que favoreçam a construção de conhecimentos através de metodologias adequadas

como o envolvimento do acadêmico em atividades práticas à área do Serviço Social.

As atividades de pesquisa e extensão, viabilizadas através do Programa Institucional

de Bolsa de Iniciação Científica – PIBIC e do Programa Institucional de Bolsa de

Extensão – PIBEX, vinculado ao Laboratório de Práticas em Serviço Social –

LAPRASS enriquecem o currículo acadêmico pela formulação de ações que melhor

correspondem à problemática do contexto social enfocado.

Carga horária: Disciplinas: 2400; Estagio 450; TCC; Atividades complementares 150

Total: 3000

Universidade

Federal de

Santa Catarina

– UFSC

Além das atividades regulares de ensino, constituem-se também atividades

acadêmicas:

a) Aula inaugural promovida no início de cada semestre letivo com temas de

interesse da profissão relacionados a uma análise de conjuntura que propicie o

pensamento crítico.

b) Recepção dos calouros por meio de informes concernentes ao curso e a

introdução discursiva a respeito da profissão.

c) Realização da semana do assistente Social, durante o mês de maio, através de

Page 209: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Organização do curso.

programação conjunta: coordenação de graduação e da pós-graduação, chefia

do departamento, demais coordenações, CALISS/PET, representantes da

ABEPSS e órgão político-organizativo – CRESS – objetivando promover o

debate de assuntos pertinentes à profissão.

d) Realização da Semana Acadêmica, no início do segundo semestre letivo,

através de ação conjunta, com a discussão dos aspectos político-pedagógicos

e didáticos do curso.

Vale ressaltar que o curso está organizado em oito períodos (semestres) letivos,

compostos por cinco disciplinas em média, que por sua vez podem ser ministradas em

72 horas/aula (4 créditos), 54 horas/aula (3 créditos) ou 36 horas/aula (3 créditos).

[...] Conforme exigências da profissão estão previstas também as atividades

indispensáveis de estágio supervisionado, classificados em obrigatórios e não

obrigatório, e trabalho de conclusão de curso, com suas especiais cargas.

Deve-se ressaltar ainda que o curso de Serviço Social da UFSC, em atendimento as

diretrizes da ABEPSS, estabeleceu no interior das suas disciplinas algumas das novas

estratégias pedagógicas recomendadas, especialmente as atividades complementares

como seminários temáticos e as oficinas de processo de trabalho.

A organização curricular deve superar as fragmentações do processo de ensino e

aprendizagem, abrindo novos caminhos para a construção de conhecimentos como

experiência concreta no decorrer da formação profissional. Tal estrutura se sustenta,

portanto, no tripé dos conhecimentos constituídos pelos três núcleos de fundamentação

da formação profissional, quais sejam: Teóricos e Metodológicos da Vida Social,

Formação Sócio-Histórica da Sociedade Brasileira, do Trabalho Profissional.

Carga horária: Disciplina obrigatória: 2250; Optativas: 72; Estágio: 450; TCC 72;

Optativas livres: 144; Sub-Total 2538 horas/aula

Total: 3240 horas/aula.

Universidade

Vale do Rio

Doce –

UNIVALE

A organização do Curso de Serviço Social em sua nova formatação se fundamenta nas

Diretrizes Curriculares aprovadas pelo MEC em que se busca garantir:

A apreensão crítica da totalidade sócio-histórica na qual se insere o serviço

social, sua constituição e desenvolvimento;

A compreensão dos processos sociais com os quais os profissionais se

defrontam no sentido de potencializar mediações no enfrentamento das

diferentes expressões da questão social;

Flexibilidade na organização do currículo no intuito de possibilitar a existência

de outros componentes curriculares, tais como: oficinas, seminários

temáticos, atividades complementares;

Indissociabilidade entre estagio, supervisão acadêmica e formação profissional;

Indissociabilidade nas dimensões de ensino, pesquisa e extensão;

Desenvolvimento de uma atitude ética no processo de formação.

Os conteúdos dos núcleos de fundamentação estão distribuídos segundo 03 (três)

modalidades:

Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social:

Integram este núcleo os conhecimentos pertinentes à compreensão do

desenvolvimento do ser social, em suas múltiplas determinações, situado

historicamente no processo de constituição, desenvolvimento da sociedade burguesa.

Compõem este núcleo as disciplinas: Acumulação Capitalista, Questão Social e

Serviço Social I, Acumulação Capitalista, Questão Social e Serviço Social II,

Antropologia Cultural, Economia Política, Filosofia, Psicologia Social, Teoria Política

e Serviço Social, Teoria Sociológica, Trabalho e Sociabilidade.

Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira:

IIntegram este núcleo os conteúdos relativos à particularidade da formação-histórica

brasileira; os aspectos regionais que permitiram a consolidação de determinados

padrões de desenvolvimento capitalista; as relações entre Estado e Sociedade;

constituição e dinâmicas orgânico-institucionais; e, as diferentes expressões da questão

social. Compõem este núcleo as disciplinas: Classes, Movimentos Sociais e Serviço

Social I, Classes, Movimentos Sociais e Serviço Social II, Direito e Legislação Social,

Page 210: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Organização do curso.

Formação sócio-histórica do Brasil e Serviço Social, Formação Sócio-Histórica

Regional, Política Social e Serviço Social I, Política Social e Serviço Social II, Política

Social Setorial I, Política Social Setorial II, Política Social Setorial III, Seguridade e

Serviço Social.

Núcleo de fundamentos do trabalho profissional:

Integram este núcleo os conteúdos pertinentes à profissionalização do exercício

profissional enquanto especialização do trabalho no âmbito público e privado que

demarcam a institucionalização e desenvolvimento da profissão. Compõem este núcleo

as disciplinas: Administração e Planejamento em Serviço social, Avaliação e

Monitoramento em Serviço Social, Análise de Indicadores Sociais e Serviço Social,

Estatística Aplicada ao Serviço Social, Ética e Serviço Social, Fundamentos Históricos

e Teórico-metodológicos do Serviço Social I, Fundamentos Históricos e Teórico-

metodológicos do Serviço Social II, Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos

do Serviço Social III, Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos do Serviço

Social IV, Introdução ao Serviço Social, Introdução ao Trabalho Científico no Serviço

Social, Laboratório de Pesquisa em Serviço Social, Oficina de Formação Profissional,

Questões Emergentes na Contemporaneidade I, Questões Emergentes na

Contemporaneidade II, Pesquisa em Serviço Social, Português, Processo de Trabalho e

Serviço Social, Serviço Social e Tradição Marxista, Questão sócio-ambiental e Serviço

Social, Serviço Social no Judiciário, Serviço Social e Gestão de Políticas Públicas,

Questão Urbana e Serviço Social.

Carga horária: Disciplinas: 2412; Estagio: 405; Atividades complementar: 54; Oficinas

de supervisão: 288

Total: 3159

Universidade

Federal

Fluminense -

UFF

Observando as orientarão da LDB e das diretrizes curriculares recomendadas pela

SESu/MEC e pela ABESS, a organização curricular do curso de Serviço social do

DSSN deverá pautar-se pelos seguintes princípios:

Indissociabilidade do ensino pesquisa e extensão, realizando as funções da

universidade e favorecendo a integração entre teoria e prática;

Flexibilidade na organização do currículo expressa na lógica de sua

organização e na presença de diferentes componentes curriculares: disciplina,

oficinas, laboratórios, seminários temáticos e atividades complementares;

Permanente integração entre a universidade e a sociedade e, mais

especificamente, entre academia e o campo profissional, estimulando o

enraizamento do curso na realidade regional/local e abrindo canais a

sociedade civil organizada;

Integração entre estágio, supervisão acadêmica e profissional;

Integração na vida universitária, intensificando o intercâmbio com outras áreas

conexas, através da ampliação da oferta de disciplinas eletivas e projetos

integrados de caráter interdisciplinar;

Atualização do conteúdo programático, sintonizando-o com a realidade do

presente e suas tendências de desenvolvimento;

Desenvolvimento permanente de uma atitude ética no processo formativo;

Reconhecimento do aluno como sujeito ativo do processo de ensino-

aprendizagem, incentivando o desenvolvimento da sociabilidade e

criatividade, de competências cognitivas e habilidades operativas

profissionais;

Rigoroso tratamento teórico, metodológico e histórico da realidade social e do

serviço social, apoiado na teoria crítica e no debate plural entre as principais

matrizes do pensamento social na modernidade.

Preservação de padrões idênticos de qualidade entre os cursos noturno e

vespertino.

Atendendo aos requisitos de flexibilização, foi excluída a obrigatoriedade formal de

co-requisitos e pré-requisitos na estruturação curricular, o que significa desconhecer a

procedência necessária de certos conteúdos sobre outros no desenvolvimento do

processo formativo. Todavia, tal reconhecimento será processado através de uma

orientação acadêmica aos alunos na escolha das disciplinas a serem cursadas,

considerando-se recomendações pedagógicas e os interesses dos alunos, efetuada

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IES Organização do curso.

através de comissão de assessoramento à Coordenação de Curso. Assim, obtém-se a

flexibilidade da estrutura curricular condizente com o regime de créditos, evitando-se

posturas irresponsáveis do tipo laissez-faire.

A flexibilidade da organização curricular expressa-se também na diversificação dos

componentes curriculares, tradicionalmente centrados em disciplinas. O currículo

pleno ora apresentado contempla: disciplinas obrigatórias e eletivas – recomendadas e

de livre escolha – disciplinas optativas em torno de questões centrais dessa área de

conhecimento que possam favorecer a diversificação do aluno através da abordagem

de tópicos especiais; oficinas voltadas para o desenvolvimento da atitude investigativa

e da pesquisa, laboratórios para o experimento de técnicas e instrumentos de trabalho;

seminários de orientação para a produção de trabalho científico conclusivo do curso

(TCC); atividades complementares estimuladoras do desenvolvimento político e

científico dos estudantes.

Este conjunto é complementado com duas atividades indispensáveis integradoras do

currículo: o estágio supervisionado – aqui tratado como atividade prática integrada a

uma disciplina – o que será desdobrado a seguir - e o trabalho de conclusão de curso,

exigência para obtenção do grau de bacharel, efetuado sob orientação de um professor

e avaliado por banca examinadora composta pro três docentes.

Considerando o caráter teórico prático do curso, as 4 disciplinas de Estágio

supervisionado envolvem uma carga horária teórica de 90 horas semestrais, das quais

4 horas semanais – ou 60 horas semestrais -, dedicadas a supervisão por parte de

docentes e 2 horas semanais – ou 30 horas semestrais-, dedicadas ao desenvolvimento

d um programa de trabalho junto aos núcleos temáticos de pesquisa e extensão,

atividades estas integradas ao estágio.

O estágio enquanto atividade indispensável integradora do currículo, prevê uma carga

horária prática de 12 horas semanais, que abrange a presença do aluno nas intuições

onde realiza estágio prático, mediante orientação de um assistente social, supervisor de

campo, totalizando 180 horas semestrais ou 720 horas ao longo do curso, o que

ultrapassa o mínimo recomendado (15% da carga horária total do curso).

A carga horária mínima constante na proposta de diretrizes curriculares da área é de

2700 horas/aula (afora o estágio prático) e no currículo pleno é de 2867 horas/aula

assim distribuídas:

Disciplinas obrigatórias, 27 das quais com carga horária de 60 horas/aula

(1620) e as 4 disciplinas de estágio supervisionado com carga teórica de 90

horas/aula (360 horas), totalizando 198 horas/aula; disciplinas optativas: 3

com carga horária de 60 horas totalizando 180 horas;

Disciplinas eletivas: 3 de 60 horas/aula cada, totalizando 180horas/aula;

Laboratórios: 3, sendo 2 com carga horária de 60 minutos e 1 com 30

horas/aula, totalizando 150 horas/aula;

Seminários: 1 com 60 horas/aula;

Oficinas: 3 com carga horária de 60 horas/aula, totalizando 180 horas/aula;

Atividades complementares (monitoria, extensão, eventos científicos,

atividades culturais, iniciação científica, etc.), correspondem ao mínimo de

5% da carga horária do curso, o que corresponde a 137 horas/aula.

O total parcial é de 2867 horas/aula. A que se acresce o estágio prático com 720

horas/aula, perfazendo uma carga teórica-prática de 3587 horas/aula.

A prioridade é um curso – tarde e noite- com concentração no turno noturno – e uma

oferta de 110 vagas, distribuídas em duas entradas anuais.

Carga horária: Disciplinas obrigatórias: 1980; Disciplinas optativas: 180; Disciplinas

eletivas: 180; Laboratório: 150; Seminários: 60; Oficinas: 180; Atividades

complementares: 137; Total parcial 2867; Estagio 720

Total 3587

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo - PUCSP

O projeto se estrutura por três áreas de fundamentos, organizadoras dos eixos e

objetivos de cada período, dos conteúdos nos diversos espaços pedagógicos, do TCC,

do estágio e atividades complementares. Em torno das três áreas eleitas, a estrutura

curricular se organiza em espaços pedagógicos diferenciados - disciplinas, oficinas de

formação e de trabalho profissional e núcleos temáticos – atentos ao aprendizado

individual, que tomam a teoria ou a prática como ponto de partida.

Page 212: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Organização do curso.

As áreas são:

Núcleo de Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Vida Social

Objetivo: compreensão do ser social e do processo de desenvolvimento do

conhecimento, situados historicamente no processo de constituição e desenvolvimento

da sociedade, com ênfase no modo de produção capitalista.

Disciplinas:

Fundamentos filosóficos para o Serviço Social

Teoria Política

Teoria Sociológica

Psicologia Social

Introdução ao Pensamento Teológico

Trabalho e Questão Social

Núcleo de Fundamentos da Formação Sócio-Histórica da Sociedade Brasileira

Objetivo: Conhecimento das particularidades da formação social brasileira, inserida na

divisão internacional do trabalho, a ser analisada em seu movimento estrutural e

conjuntural, na totalidade das esferas econômica, político-ideológica e sócio-cultural,

orientada pela ótica que articula as faces agrárias e urbanas da sociedade brasileira.

Disciplinas:

Política Social no Brasil

Classes e Movimentos Sociais

Projetos Societários e Profissão

Núcleo de Fundamentos do Trabalho Profissional.

Objetivo: Capacitar o aluno para o trabalho profissional competente, fundamentado no

conhecimento crítico do modo de ser e de pensar do Serviço Social, no processo de sua

constituição histórica.

Disciplinas:

Fundamentos Histórico Teórico Metodológico do Serviço Social

Gestão Social

Ética Profissional

Investigação em Serviço Social

Seminários de TCC

Oficinas de:formação profissional e de trabalho profissional

Supervisão acadêmica

Núcleos temáticos:

Violência e justiça

Família e sociedade

Relações de trabalho

Qualidade de vida e saúde

Pobreza e desigualdade

Relações de gênero, raça e etnia

TCC

Carga horária: Disciplinas: 2686; Atividades complementares: 114; Estágio: 420;

TCC: 68;

Total: 3220

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APÊNDICE 5 – TABELA – CONTEÚDO CURRICULAR DAS IES

PESQUISADAS

Tabela 1 - Conteúdo Curricular das IES Pesquisadas

IES Conteúdos curriculares.

Universidade

Estadual de

Londrina -

UEL

Ciência Política

Economia Política

Filosofia

Sociologia

Psicologia Social

Antropologia

Ética profissional

Direito

Formação Econômica, Política, Social e Cultural do Brasil

Política Social

Políticas Sociais Setoriais

Política de Seguridade Social

Movimentos Sociais e Política Social

Trabalho e Sociedade

Fundamentos do Serviço Social I

Oficinas

Pesquisa em Serviço Social

Fundamentos do Serviço Social II

Planejamento Social

Prática Profissional I

Gestão em Serviço Social I

Prática Profissional II

Perspectivas Profissionais na Atualidade

Comunicação Social

O Ensino da Supervisão em Serviço Social

Gestão em Serviço Social II

Universidade

de Cruz Alta -

UNICRUZ

Introdução ao Serviço Social

Expressões da Questão Social na Sociedade Contemporânea

Serviço Social e Acumulação Capitalista

Processo de Formação da Sociedade Brasileira

Filosofia - NC

Língua Portuguesa – NC

Serviço Social: Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos I

Serviço Social e Política Social: Sistemas de Proteção Social

Introdução ao Processo de Trabalho

Processo de Formação da Sociedade Regional

Sociologia - NC

Ciência Política

Metodologia de Pesquisa –NC

Serviço Social: Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos II

Serviço Social: Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos I

Serviço Social e Seguridade Social: Previdência Social e Saúde

Serviço Social: Movimentos Sociais e Conselhos de Direito

Serviço Social e Processo de Trabalho I: Movimentos Sociais e Conselhos de Direito

Pesquisa em Serviço Social I

Antropologia - NC

Informática - NC

Serviço Social: Instituições e Organizações

Serviço Social e Processo de Trabalho II: Instituições e Organizações

Serviço Social e Processo de Trabalho I: Movimentos Sociais e Conselhos de Direito

Pesquisa em Serviço Social II

Page 214: Desafios contemporâneos na formação profissional: o ... Clara... · profissional do Serviço Social. Constatou-se que o conceito de competência é polissêmico, tanto para os

IES Conteúdos curriculares.

Serviço Social e Seguridade Social: Assistência Social

Ética Profissional do Serviço Social

Administração e Planejamento em Serviço Social I

Seminário Temático I

Serviço Social: Famílias e Segmentos Sociais

Serviço Social e Processo de Trabalho III: Famílias e Segmentos Sociais

Administração e Planejamento em Serviço Social II

Oficina de Estágio I

Estágio em Serviço Social

Psicologia - NC4

Direitos Sociais e Cidadania02

Serviço Social e Processo de Trabalho IV: Monitoramento e Avaliação

Optativa I04

Oficina de Estágio II

Economia Política – NC

Estágio em Serviço Social II

Políticas Sociais Setoriais

Projetos de Trabalho de Conclusão de Curso

Oficina de Estágio III

Optativa IIEstágio em Serviço Social III

Trabalho de Conclusão de Curso

Optativa III

Serviço Social e Inclusão Produtiva

Serviço Social na Sociedade Contemporânea

Seminários Temáticos II

Universidade

Federal de

Santa Catarina

- UFSC

A organização curricular deve superar as fragmentações do processo de ensino e

aprendizagem, abrindo novos caminhos para a construção de conhecimentos como

experiência concreta no decorrer da formação profissional. Tal estrutura se sustenta,

portanto, no tripé dos conhecimentos constituídos pelos três núcleos de fundamentação

da formação profissional, quais sejam: Teóricos e Metodológicos da Vida Social,

Formação Sócio-Histórica da Sociedade Brasileira, do Trabalho Profissional.

Composição dos conteúdos das Disciplinas Obrigatórias nos Núcleos

Núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social, que compreende um

conjunto de fundamentos teórico-metodológicos e ético-político para conhecimento do

ser social. Este núcleo é o responsável peal compreensão e explicitação teórico-análitica

dos aspectos individuais, relações e fatos sociais (micro e macro abordagens), em seu

sentido histórico e contemporâneo. Trata da compreensão do desenvolvimento da

sociedade atual em seus aspectos econômicos, sociais, políticos, filosóficos e culturais

assim como, dos fenômenos e manifestações institucionais, culturais em sua relação

com o fundamento da ação profissional.

Disciplinas do núcleo de fundamentos teórico-metodológicos da vida social:

Serviço Social e Realidade Social

Teoria do Conhecimento e Filosofia da Ciência

Teoria Sociológica

Serviço Social e Pensamento Contemporâneo

Antropologia Social I e II

Psicologia Social I e II

Direito e Cidadania

Núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira, que remete

à compreensão das características particulares que presidem a sua formação e

desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais e locais. Conhecimento

da constituição econômica, social, política e cultural da sociedade brasileira, em sua

situação dependente, urbano-industrial, na diversidade regional e local, questão agrária

e agrícola. Devem ser objetos de estudo e análise: os padrões de produção capitalista

brasileira nos diferentes modelos de gestão e organização do processo de trabalho, suas

conseqüências culturais e sociais, tanto individuais como grupais e de segmentos de

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IES Conteúdos curriculares.

classe, sendo o eixo condutor da ordenação dos conteúdos a questão social e os

fenômenos de exclusão.

Disciplinas do núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade

brasileira

História Geral do Brasil

Introdução ao Serviço Social

Serviço Social e acumulação Capitalista no Brasil

Serviço Social e Política Social: Modelos de Proteção Social

Serviço Social: Fundamentos Históricos e Teórico-metodológicos

Política Social e Formação Sócio Histórica, Econômica Brasileira

Serviço Social e Política Social: Padrões Atuais de Proteção Social

Economia Política

Serviço Social e Seguridade Social: Saúde

Serviço Social e Seguridade Social: Previdência

Serviço Social e Política de Atenção à Criança e ao Adolescente

Serviço Social e Seguridade Social: Assistência Social

O núcleo de fundamentos do trabalho profissional compreende os elementos

constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho, sua trajetória

histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o

exercício profissional, a pesquisa, o planejamento, a administração em Serviço Social e

o estágio supervisionado.

Considera-se a profissionalização do Serviço Social como uma especialização do

trabalho coletivo e sua intervenção como a concretização de um processo que tem como

objeto as diferentes e múltiplas expressões da questão social e das necessidades sociais.

O processo de trabalho no Serviço Social exige, portanto, a definição de objetos,

objetivos, instrumentos e técnicas de atuação, além de referências teórico-

metodológicas que são sustentação aos elementos indicados.

Em relação ao Serviço social, a sua finalidade maior na realidade brasileira e

catarinense é a defesa dos direitos sociais, a ampliação da cidadania e o atendimento das

necessidades sociais da população, por meio da implantação das políticas sociais. A

concretização de tais finalidades implica, no entanto, na realização de ações concretas

viabilizadas através dos serviços prestados à população usuária.

É a partir desta compreensão que se poderá construir e implementar as estratégias e

técnicas de intervenção, combinando as diferentes dimensões intelectiva, operativa e

ontológica, própria da teoria social crítica.

Disciplinas do núcleo de fundamentos do trabalho profissional

Introdução aos Processos de Trabalho no Serviço Social

Ética Profissional do Serviço Social

Serviço Social: Movimentos Sociais e Conselhos de Direitos

Processos de Trabalho no Serviço Social em Movimentos Sociais e Conselhos de

Direitos

Administração em Serviço Social

Serviço Social: Instituições e Organizações

Processos de Trabalho no Serviço Social em Instituições e Organizações

Pesquisa em Serviço Social

Serviço Social: Família e Segmentos Sociais Vulneráveis

Processos de Trabalho no Serviço Social: família e Segmentos Sociais Vulneráveis

Planejamento em Serviço Social

Supervisão pedagógica de Estágio Curricular I e II

Estágio Curricular Obrigatório I e II

Assim, a formação do assistente social na UFSC, dividida por três núcleos de formação

é composta por 43 disciplinas, sendo 10 do núcleo de fundamentos teórico-

metodológico da Vida Social, 12 do núcleo de Formação Sócio-histórica da sociedade e

16 do núcleo de fundamentos do trabalho profissional, além de três de livre escolha do

estudante em créditos optativos (sendo uma do DSS e as demais podem ser cursadas em

outros departamentos), somam-se a grade as disciplinas Tópicos Especiais em Serviço

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IES Conteúdos curriculares.

Social e Trabalho de Conclusão de Curso.

[...] a composição integral do currículo vigente, com as respectivas ementas e carga

horárias, encontra-se em anexo.

Disciplinas:

Serviço social e realidade social

Teoria do conhecimento e filosofia da ciência

Teoria sociológica

Ciência Política

Serviço social e pensamento contemporâneo

Antropologia social I

Psicologia I

Antropologia Social II

Psicologia II

Direito e Cidadania

História geral do Brasil

Introdução ao Serviço Social

Serviço Social e acumulação capitalista no Brasil

Serviço Social e política social: modelos de proteção social

Serviço Social: fundamentos históricos e teórico-metodológicos

Política Social e Formação Sócio Histórica, economia brasileira

Economia Política

Serviço Social e política social: Padrões Atuais de Proteção Social

Serviço Social e Seguridade Social: Saúde

Serviço Social e Seguridade Social: Previdência

Serviço Social e Política de Atenção à Criança e ao Adolescente

Serviço Social e Seguridade Social: Assistência Social

Introdução aos processos de Trabalho no Serviço Social

Ética Profissional do Serviço Social

Processo de trabalho no Serviço Social em Movimentos sociais e Conselho de direitos

Administração em Serviço Social

Serviço Social: instituições e Organizações

Processos de Trabalho no Serviço Social em Instituições e Organizações

Pesquisa em Serviço Social

Serviço Social: famílias e segmentos sociais Vulneráveis

Processos de trabalho no Serviço Social: Família e Segmentos Sociais Vulneráveis

Planejamento em Serviço Social

Supervisão Pedagógica de Estágio Curricular Obrigatório I

Estágio Curricular Obrigatório I

Supervisão Pedagógica de Estágio Curricular Obrigatório II

Estágio Curricular Obrigatório I I

Disciplinas optativas:

Avaliação de Políticas e Projetos Sociais

Direitos Humanos e Ética

Direitos Sociais, controle Social e Serviços Sociais

Famílias, Redes e Política Social

Financiamento da seguridade Social e Controle Social

Reforma do Estado e Serviços Sociais

Infância, Adolescência e Sociedade

Serviço Social e Sociedade Cível

Sistemas de Informação para o Serviço Social

Serviço Social e Relação de Gênero

Serviço Social e desafios profissionais contemporâneos

Projeto de Trabalho de Conclusão de Concurso

Instrumental Técnico-Operativo

Supervisão |Pedagógica de Estágio curricular (não Obrigatório) I

Supervisão |Pedagógica de Estágio curricular (não Obrigatório) II

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IES Conteúdos curriculares.

Universidade

Vale do Rio

Doce -

UNIVALE

Disciplinas

Núcleo dos fundamentos teórico-metodológicos da vida social

Acumulação Capitalista, Questão Social e Serviço Social I

Acumulação Capitalista, Questão Social e Serviço Social II

Antropologia Cultural

Economia Política

Filosofia

Psicologia Social

Teoria Política e Serviço Social

Teoria Sociológica

Trabalho e Sociabilidade

Núcleo dos fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira

Classes, Movimentos Sociais e Serv. Social I

Classes, Movimento Sociais e Serv. Social II

Direito e Legislação Social

Formação Sócio-Histórica do Brasil e Serviço Social

Formação Sócio-Histórica Regional

Política Social e Serviço Social I

Política Social e Serviço Social II

Seguridade Social e Serviço Social

Política Social Setorial I

Política Social Setorial II

Política Social Setorial III

Núcleo dos fundamentos do trabalho profissional

Administração e Planejamento em Serviço Social

Avaliação e Monitoramento em Serviço Social

Análise de Indicadores sociais e Serviço Social

Estatística Aplicada ao Serviço Social

Ética e Serviço Social

Fundamentos H.T.M. do Serviço Social I

Fundamentos H.T.M. do Serviço Social II

Fundamentos H.T.M. do Serviço Social III

Fundamentos H.T.M. do Serviço Social IV

Introdução ao Serviço Social

Oficina de Formação Profissional

Introdução ao Trabalho Científico no Serviço Social

Pesquisa em Serviço Social

Português

Processo de Trabalho e Serviço Social

Serviço Social e Tradição Marxista

Questões Emergentes na Contemporaneidade I

Questões Emergentes na Contemporaneidade II

Laboratório de Pesquisa em Serviço Social

Questão sócio-ambiental e Serviço Social

Serviço Social no Judiciário

Serviço Social e Gestão de Políticas públicas

Questão Urbana e Serviço Social

Universidade

Federal

Fluminense -

UFF

Disciplinas obrigatórias:

Introdução ao Serviço Social

Fundamentos históricos e teórico-metodológicos do Serviço Social I, II e III

Economia política

Sociologia

Psicologia

Pensamento social I, II e III

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IES Conteúdos curriculares.

Processo de Trabalho e Serviço Social I, II

Filosofia

Ética e Serviço Social

Teoria política

Política Social I e II

Direito e legislação social

Movimentos sociais e educação popular

Administração e planejamento

Formação sócio-histórica do Brasil

Questão social do Brasil

Questão urbana e rural no Brasil

Relações de gênero e questão social

Família, grupos de convívio e redes sociais

Estágio supervisionado I, II, III e IV

Disciplinas eletivas:

01 disciplina sobre redação e leitura (60 horas) (recomendada)

02 disciplinas de livre escolha (60 horas)

Disciplinas optativas

Tópicos especiais em políticas setoriais

Tópicos especiais em fundamentos do Serviço Social

Tópicos especiais em questão social

Oficinas:

Oficina de conhecimento

Oficina de texto

Oficina de pesquisa

Seminário de TCC

Laboratórios de instrumentos e técnicas I, II, e III

Recomendações pedagógicas gerais:

Todas as disciplinas deverão ter como prioridade o tratamento da temática estudada na

atualidade

As disciplinas de créditos externo deverão ser solicitadas mediante explicitação de seu

objetivos no currículo

O debate ético deve perpassar todas as disciplinas que tenham um componente prático-

profissional.

Observações:

A disciplina eletiva Redação e Leitura deverá ser negociada com o Departamento de

Letras, para ser ofertada a todos os alunos.

Uma recomendação acadêmica a ser feita a todos os alunos do curso refere-se a

necessidade do estudo de línguas –em especial o inglês e o espanhol – que deverá ser

estimulado, visto ser o domínio desses idiomas indispensável ao desenvolvimento

acadêmico e ao mercado de trabalho atual, considerando-se, inclusive, o intercâmbio de

serviços nos marcos do MERCOSUL.

A Escola de Serviço Social vem se empenhando na aquisição de microcomputadores

para docentes pesquisadores e alunos. Esta é uma condição para viabilização de um

laboratório de informática.

Pontifícia

Universidade

Católica de

São Paulo -

PUCSP

Apresentam-se os conteúdos curriculares do projeto pedagógico do curso de Serviço

Social, com a indicação das áreas de persistência e área de recorrência e espaços

pedagógicos responsáveis, ressaltando que a programação será toda organizada e

discutida nas Comissões Didáticas. O quadro objetiva cada conteúdo, a correspondente

área específica e as transversalidade desse conteúdo entre os diferentes espaços

pedagógicos. Para a compreensão desse quadro é necessário recorrer ao item áreas de

fundamentos, quando detalhamos os espaços pedagógicos responsáveis pelo

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IES Conteúdos curriculares.

desenvolvimento dos conteúdos específicos de cada área.

A lógica da transversalidade que norteou a construção do referido quadro partiu,

primeiramente, da explicitação do conteúdo, da área a que esse conteúdo se refere e,

enquanto pertinência, quais os espaços pedagógicos responsáveis pelo seu

desenvolvimento. Na seqüência, em relação ao mesmo conteúdo, assinalamos quais os

espaços pedagógicos que se utilizam desse conteúdo como recorrência, destacamos as

áreas a que esses espaços pedagógicos pertencem.

[...]

Eixos e objetivos para cada período:

Ao abrigo e no interior dessas áreas, definem-se os eixos e objetivos de cada período de

formação profissional:

Primeiro ano: aproximação das expressões da questão social

Objetivo: aproximação científica da realidade social e do Serviço Social, conhecendo as

manifestações da questão social em sua multiplicidade caleidoscópica e os fundamentos

teóricos e sócio históricos que as explicitam.

Segundo ano: aproximação das respostas profissionais às manifestações da questão

social e início da preparação para o estágio

Objetivo: reconstrução histórica do processo de desenvolvimento da sociedade

brasileira e do Serviço Social como profissão, e das respostas profissionais constituídas

nesse percurso histórico. Debate atual sobre a configuração da profissão como trabalho.

Terceiro ano: capacitação teórico-operativa para a intervenção profissional, na operação

e reconstrução das múltiplas respostas profissionais às demandas sócio-históricas

dirigidas à profissão.

Objetivo: introduzir o aluno no exercício profissional, proporcionando sua capacitação

técnico-operativa e a reconstrução da prática, através da investigação e do

aprofundamento das diferentes tendências teórico-metodológicas presentes no debate e

na prática profissional, no atual momento da sociedade brasileira.

Quarto ano: síntese e discussão da profissão na contemporaneidade

Objetivo: reflexão teórica sobre a prática profissional, contribuindo para síntese da

concepção de profissão situada no contexto das relações sociais e na dinâmica

conjuntural, levando o aluno a inserir-se criticamente no debate presente na categoria

profissional

Disciplinas:

Fundamentos do Serviço Social I, II, III, IV

Psicologia social

Fundamentos filosóficos para o Serviço Social I, II

Teoria sociológica I, II

Teoria política

Ética profissional

Investigação em serviço social

Oficina de formação profissional I, II, III, IV

Oficina de trabalho profissional I, II, III, IV

Política social 0, III

Trabalho e questão social I, II

Classes e movimentos sociais

Investigação em serviço social

Projetos societários e profissão

Supervisão acadêmica, I, II, III, IV

Introdução ao pensamento teológico

Seminários de TCCs, II

Núcleo temático

Gestão Social I. II

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APÊNDICE 6 – TABELA - FORMATO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Tabela 1- Formato do Estágio Supervisionado por IES Pesquisada

IES Estágios

Universidade

Estadual de

Londrina - UEL

Objetivos do Estágio Supervisionado I e II

Possibilitar ao aluno a experiência de sistematização e planificação da ação

profissional, de forma a atender as demandas colocadas.

Capacitar o aluno para o exercício profissional.

Estágio Supervisionado: É uma atividade curricular obrigatória que se configura a

partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional objetivando capacitá-lo

para o exercício do trabalho profissional, o que pressupõe supervisão sistemática.

Esta supervisão será feita pelo professor supervisor e pelo profissional do campo,

através da reflexão, acompanhamento e sistematização com base em planos de

estágio, elaborados em conjunto entre Unidade de Ensino e Unidade Campo de

Estágio, tendo como referência a Lei 8662/93 (Lei de Regulamentação da

Profissão) e o Código de Ética do Profissional (1993).

O Estágio Supervisionado constitui-se como momento privilegiado de

aprendizado teórico-prático do trabalho profissional. Terá duração mínima de

15% sobre as 2720 horas do curso, conforme diretrizes curriculares do CNE –

parecer nº 492/2001 CNE/CES.

O Estágio Supervisionado é concomitante ao período letivo escolar, na 3ª e 4ª

séries.

Universidade de

Cruz Alta -

UNICRUZ

Apresenta todo o regulamento do estágio

São considerados atividades de estágio curricular os programas, projetos e

atividades de Serviço Social realizadas em estabelecimentos públicos e privados,

nas organizações e entidades da sociedade civil, bem como os projetos de

pesquisa e extensão com participação e coordenação de docentes assistentes

sociais do Curso de Serviço Social da UNICRUZ.

As disciplinas de Estágio Supervisionado de Serviço Social I, II e III, de nove

créditos cada, ocorrem a partir do 5º período do Curso. Estas disciplinas

constituem um momento privilegiado de relação teoria/prática, a partir do

processo desencadeado nas demais disciplinas do Curso. Estas disciplinas

colocam-se em seqüência, sendo a primeira, pré-requisito da segunda e esta da

terceira.

Para matricular-se na disciplina de Estágio Supervisionado I e iniciar estágio

curricular, o acadêmico deve ter cursado no mínimo 1350 horas/aula, incluindo a

aprovação das disciplinas: Pesquisa em Serviço Social I, Ética Profissional,

Serviço Social III e Política Social I do 4° semestre do Curso.

O Estágio curricular se desenvolve através da articulação de três espaços: a

supervisão de campo, a supervisão acadêmica e a sala de aula, seja Estágio

Supervisionado I, II ou III. Cada fase de Estágio Supervisionado (I, II e III)

apresenta uma carga horária de 135 horas no local de estágio, as mesmas são

divididas em 9 horas semanais, durante 15 semanas do decorrer do semestre

letivo. O total da carga horária no local de estágio corresponde a 405 horas

divididas nas três fases do Estágio Supervisionado, cumprimentando a exigência

de 15 % de horas da carga horária mínima do Curso (2700 hs).

A supervisão acadêmica acontece em turno diurno na universidade em forma

individual ou em pequenos grupos, durante uma hora a cada quinze dias e deve

contar em cada fase (Estágio Supervisionado I, II e III) com 75% de presença do

estagiário, como um dos requisito para aprovação do Estágio Supervisionado.

Os acadêmicos que apresentarem atestado de trabalho demonstrando a

impossibilidade de comparecer em turno diurno, poderão realizar a supervisão

acadêmica em turno noturno.

Dos Objetivos do Estágio

O estágio visa capacitar o acadêmico a compreender, analisar e intervir na

realidade social, a partir do contexto histórico e conjuntural, no qual se processa o

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IES Estágios

trabalho profissional do Assistente Social. A partir deste objetivo geral,

constituem objetivos específicos do Estágio Supervisionado:

Incentivar o acadêmico a conhecer a realidade do campo de estágio (recursos,

estrutura, funcionamento, etc.) relacionando-o às políticas sociais;

Iniciar a capacitação técnico-operativa através da ação;

Analisar o comportamento ético-profissional nos processos de trabalho;

Viabilizar a integração de conhecimento e experiência pessoal e profissional

através do processo contínuo de análise das práticas sociais;

Proporcionar e estimular o aprendizado do trabalho em equipe e a socialização de

conhecimentos;

Utilizar ferramentas conceituais para estudo dos processos sociais, focalizando o

processo de trabalho do assistente social, de modo a analisar e, em sincronia,

intervir na realidade social;

Articular os conhecimentos trabalhados no conjunto das disciplinas do curso.

Incentivar a utilização das metodologias de pesquisa como elemento fundamental

à cientificidade de ação profissional;

Compreender o processo de planejamento social como instrumento de ação

profissional;

Desenvolver a capacidade de formular e avaliar uma proposta de ação;

Conhecer ações administrativas de programas e/ou serviços, como modo de

implemento de ações de serviços sociais;

Incentivar o registro, a documentação e o processo de avaliação em todos os

níveis de intervenção.

Da Supervisão de Estágio

A supervisão de Estágio encontra-se organizada através de um dispositivo que

articula três espaços diferentes: a supervisão de campo, a supervisão acadêmica e

a sala de aula, nas disciplinas de Estágio Supervisionado. Esse dispositivo focaliza

a capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa do

estagiário em Serviço Social.

Perfil do/a Supervisor/a de Campo

Assistente Social com o devido registro na forma da Lei 8.662/93 que trata da

regulamentação profissional;

Compromisso com a formação profissional;

Capacidade de análise e sistematização do exercício profissional;

Competência para acompanhar o processo de formação em campo de estágio dos

acadêmicos;

Conhecimento aprofundado do Código de Ética Profissional e da Lei de

Regulamentação da Profissão de Assistente Social;

Disposição para participar de atividades programadas pelo Curso de Serviço

Social da UNICRUZ.

Funções e atribuições do/a Supervisor/a de Campo

Abordar em forma contínua a correlação teoria/prática nas atividades de estágio;

Assumir a responsabilidade de orientar o trabalho prático do estagiário;

Orientar a elaboração do plano de estágio em conjunto com o/a professor/a

supervisor/a acadêmico/a;

Atender as exigências de documentação, avaliação e reuniões realizadas pela

coordenação dos estágios;

Atribuir ao estagiário um conceito referente a seu desempenho conforme Planilha

de Avaliação do Curso de Serviço Social da UNICRUZ.

Comprometer-se a participar das atividades programadas pelo Curso no que diz

respeito à supervisão a fim de manter a unidade pedagógica.

Supervisão Acadêmica

A supervisão acadêmica é um espaço de formação articulado ao dispositivo de

estágio. Acontece quinzenalmente de forma individual ou em pequenos grupos e

encontra-se organizada pelas áreas de atuação nas que se desenvolvem os estágios

do Curso de Serviço Social, assim como, pelos horários disponíveis dos

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IES Estágios

professores para supervisionar.

Cada professor/supervisor dispõe de quatro horas semanais específicas para

desenvolver o trabalho de supervisão acadêmica.

Perfil do/a Supervisor/a Acadêmica

Assistente social e professor/a do Curso de Serviço Social da UNICRUZ;

Experiência profissional na área de Serviço Social;

Conhecimento da realidade local e regional;

Capacidade de construir metodologias para orientação do processo de formação

dos estagiários;

Competência para analisar o processo de trabalho do Serviço Social, determinado

pelas configurações estruturais e conjunturais da questão social e pelas formas

históricas de seu enfrentamento;

Experiência em atividades de pesquisa da área de Serviço Social;

Habilidades para trabalhar de forma articulada com os/as supervisores de campo,

professores/as das disciplinas de Estágio Supervisionado e coordenador/a de

estágios;

Apropriação da proposta de formação do Curso de Serviço Social da UNICRUZ;

Disponibilidade horária em turno diurno e/ ou noturno.

Funções e atribuições do/a Supervisor/a Acadêmico/a

Acompanhar e avaliar as atividades desenvolvidas pelo estagiário;

Orientar o estagiário quanto às propostas pedagógicas da prática de estágio;

Indicar bibliografia e abordar conteúdos específicos referentes às especificidades

do campo de estágio, articulando o conhecimento teórico-prático;

Orientar a elaboração do plano de estágio, caderno de campo, relatórios

semestrais e planos de ações, segundo corresponda às disciplinas Estágio

Supervisionado I, II ou III;

Realizar encontros quinzenais, individuais e/ou grupais com os estagiários;

Avaliar os estagiários junto com os supervisores de campo nas visitas semestrais

realizadas aos campos de estágio;

Orientar os estagiários na elaboração dos pôsteres e comunicações em eventos de

divulgação referentes aos estágios organizados pela UNICRUZ e por outras

universidades;

Receber e analisar a freqüência, relatórios e outros documentos dos estágios junto

com o/a supervisor/a de campo e a coordenação de estágios;

Participar de reuniões com a coordenação de estágios e com os supervisores de

campo;

Garantir uma relação ética durante todo o processo entre o supervisor de campo,

instituição conveniada, estagiário e coordenação do estágio.

Da Coordenação do Estágio

O Coordenador de Estágios é o orientador geral do processo que focaliza a

formação dos estagiários, trabalhando de forma articulada as diferentes interfaces

do dispositivo de Estágios Supervisionados.

Perfil do Coordenador/a de Estágio:

Docente do Curso de Serviço Social da UNICRUZ e Assistente Social;

Experiência profissional como assistente social em diferentes áreas de atuação;

Experiência docente, preferentemente vinculada ao Estágio Supervisionado;

Experiência em pesquisa na área de Serviço Social;

Conhecimento da realidade local e regional;

Participação em atividades de pesquisa e extensão da UNICRUZ;

Apropriação da proposta de formação do Curso de Serviço Social da UNICRUZ;

Capacidade de coordenar atividades docentes e discentes;

Competência para gerenciar o processo de formação na área de estágios.

Capacidade para coordenar as relações inter institucionais com profissionais e

gestores das instituições conveniadas para realização de estágios e intra-

institucionais, com os diferentes setores da Universidade, associados ao estágio.

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IES Estágios

Compromisso com a profissão e sua direção ético-política.

Atribuições e funções do/a Coordenador/a de Estágios:

Assegurar os campos de estágio e supervisão a todos os acadêmicos do curso;

Coordenar e acompanhar todas as atividades relacionadas ao estágio;

Contatar e propor convênios com instituições públicas e privadas que oportunizem

campo de estágio;

Manter permanentemente atualizados os conteúdos, bibliografias e documentação

referente ao estágio;

Organizar a distribuição dos estagiários nos campos de estágio: elaboração de

critérios;

Providenciar semestralmente as informações sobre os campos de estágio,

supervisores e estagiários ao Conselho Regional em Serviço Social – CRESS 10º

Região;

Articular as disciplinas de Estágio Supervisionado com as supervisões acadêmicas

e de campo;

Receber, organizar, controlar e fornecer toda a documentação referente ao estágio;

Encaminhar os estagiários aos campos de estágio munidos de carta de

apresentação;

Manter contatos periódicos através de reuniões, com os supervisores de campo,

supervisores acadêmicos e estagiários;

Avaliar os campos de estágio e o processo de supervisão;

Orientar os estagiários que reprovaram as disciplinas de estágio e estão fazendo as

mesmas novamente.

Do Estagiário

Consideram-se estagiários do Curso de Serviço Social os acadêmicos

devidamente matriculados nas disciplinas de Estágio Supervisionado I, II ou III.

São responsabilidades dos estagiários:

Assinar termo de compromisso de estágio;

Respeitar os compromissos estabelecidos nos convênios firmados com os

estabelecimentos;

Observar e respeitar as normas e/ou regulamento do estabelecimento conveniado e

do estágio do Curso de Serviço Social;

Comparecer às reuniões e encontros programados pelos supervisores/as

acadêmico/a e de campo e coordenação de estágios;

Cumprir prazos determinados quanto à entrega de documentação, relatórios e

demais tarefas exigidas;

Cumprir a carga horária mínima estabelecida com o local de estágio, com a

supervisão de campo e com a disciplina de Estágio Supervisionado;

Comunicar previamente as possíveis faltas ao local de estágio à coordenação do

estágio;

Cumprir os objetivos do estágio supervisionado conforme consta no regulamento

de estágio;

Comunicar à coordenação de estágio quaisquer irregularidades;

Observar e seguir o Código de Ética Profissional.

Do Campo de Estágio

Constituem campos de estágio as instituições públicas ou privadas, organizações e

entidades da sociedade civil e/ou projetos que preencham os requisitos básicos

indispensáveis a uma complementação educacional. Nestes locais os

estagiários/as devem desenvolver a prática de Serviço Social num processo de

ensino-aprendizagem, como parte integrante de sua formação profissional.

O estabelecimento considerado campo de estágio deve, necessariamente, possuir

um Assistente Social devidamente habilitado, que se responsabilize pelas ações do

Serviço Social e pelo aluno estagiário.

São aceitos como campo de estágio os locais que desenvolvem ações nas áreas:

assistência social, jurídica, educação, previdência, saúde, habitação entre outras,

demandas instituídas e instituintes; os Programas de pesquisa que contemplem as

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IES Estágios

dimensões investigativas e interventivas no cotidiano da práxis profissional, que

possuam em sua equipe um Assistente Social devidamente habilitado/a; os

espaços de pesquisa da UNICRUZ que por excelência propiciam o estudo

investigativo, do pensar crítico, que possuam na sua equipe interdisciplinar um

Assistente Social.

Os campos de estágio do Curso de Serviço Social encontram-se localizados na

região de abrangência da UNICRUZ, levando em conta o perfil do estagiário de

Curso de Serviço Social e respondendo às demandas dos acadêmicos por estagiar

em suas cidades de origem. Para isso as instituições conveniadas encontram-se

localizadas em vinte e quatro (24) municípios da região,[...].

A atual configuração do espaço sócio-institucional do Assistente Social no

Município de Cruz Alta e Região faz com que os estágios de Serviço Social

predominem em locais diretamente vinculados às políticas públicas, destacando-

se, entre outros, as Secretarias Municipais de Assistência Social e Saúde.

A região de influência da UNICRUZ pode ser caracterizada como um campo

sócio-institucional do Serviço Social, “em expansão e formação”. Em expansão,

pois os dados quantitativos demonstram que existe um interessante aumento de

contratações de profissionais assistentes sociais. Em formação, pela existência de

cursos de Serviço Social na região que ainda não formaram ou estão formando as

primeiras turmas, assim como pela contratação de profissionais formados nos

últimos cinco anos na maioria dos locais de trabalho desse espaço geográfico.

A partir desse contexto, os campos de estágio do Curso de Serviço Social

encontram-se organizados por áreas de atuação, favorecendo desta forma o

aprofundamento do estudo das diferentes políticas sociais vinculadas aos espaços

de estágio: [...].

Avaliação do Estágio

O processo de avaliação está relacionado à situação pedagógica da aprendizagem,

não só pelos seus discursos, programas e projetos, mas também pelos resultados

experimentados.

A avaliação do acadêmico quanto à capacitação para o trabalho profissional,

constituirá na análise dos seguintes pontos:

Capacidade de formular e fundamentar uma proposta de intervenção (viabilidade,

argumentação que contemple estudo da problemática a ser trabalhada, coerência

metodológica);

Capacidade de articular processos metodológicos de análise, propostas de ação e

fundamentação teórica;

Capacidade de elaborar e utilizar instrumentos profissionais;

Postura profissional: responsabilidade, pontualidade, ética, relacionamento

interpessoal e interprofissional;

Domínio de conhecimentos demonstrados na elaboração de diversos registros

(plano de estágio, diário de campo, relatórios, planos de ação, etc.).

O processo de avaliação contempla diferentes instâncias e momentos que se

organizam em forma articulada durante cada semestre: no final do semestre, o

estagiário é avaliado pelos supervisores/as acadêmicos/as e de campo na visita ao

campo de estágio do/a supervisor/a acadêmico/a, com participação do estagiário.

Essas avaliações são complementadas pelo processo de avaliação continua

realizada nas disciplinas de Estágio Supervisionado.

A nota final do estágio é discutida e acordada com o supervisor de campo, no

momento da avaliação semestral realizada no estabelecimento considerado como

campo de estágio, com base na ficha padronizada de avaliação permanente.

Para a avaliação do desempenho do estagiário utiliza-se a atribuição de notas na

escala de zero a dez. O estagiário deverá, necessariamente, obter média igual ou

superior a cinco durante o período letivo. A nota recebida do supervisor

acadêmico soma-se à nota obtida no espaço de sala de aula da disciplina de

Estágio Supervisionado e divide-se por dois, obtendo-se assim a média final. O

acadêmico que não alcançar a média mínima de cinco será considerado reprovado,

devendo obrigatoriamente refazer a disciplina correspondente ao Estágio

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IES Estágios

Supervisionado.

Da Documentação do Estágio

Técnica

Planilha de avaliação do estagiário;

Planilha de freqüência do estagiário (supervisão de campo);

Planilha de freqüência do estagiário (supervisão acadêmica);

Plano de Estágio;

Planificação de Ações;

Caderno de Campo;

Administrativa

Convênio com as instituições;

Carta de apresentação do estagiário;

Termo de compromisso;

Seguro de estágio.

A carga horária de estágio é de 450 hs e tem oficina de estagio do 5º ao 7º

semestres

Universidade

Federal de Santa

Catarina - UFSC

As Diretrizes de Estágio Curricular do Serviço social regulamentam o estágio

obrigatório e não obrigatório somente será autorizado para estudantes a partir da

5º fase.

O curso tem as disciplinas de Estágio Curricular (não obrigatório) I e II com carga

horária de 36 horas cada

O estágio supervisionado obrigatório se configura a partir da inserção do aluno no

espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-lo para o exercício profissional, o

que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita conjuntamente

por professor supervisor e por profissional do campo, com base em planos de

estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e organizações que

oferecem estágio.

O estágio curricular é uma das atividades obrigatórias para integralização do

currículo, sendo desenvolvido em organizações e/ou instituições sociais

habilitadas pela coordenação de estágio do curso, nos termos da Lei de

regulamentação da Profissão e do Código de Ética Profissional. O estágio

curricular é concomitante ao período letivo escolar e tem seus critérios de

avaliação determinados pelas Diretrizes de Estagio do Curso.

Assim o estágio e supervisão obrigatórios têm como pré-requisitos o conjunto das

disciplinas previstas até a 6 º fase da matriz curricular.

Como requisito pedagógico, o aluno deverá elaborar um plano de estágio e ao

término do estágio apresentar um relatório final, numa sistemática organizada por

regulamento próprio.

Na revisão de 1991 o curso enfatizou o caráter interventivo da profissão e da

necessidade de qualificação do exercício profissional dos futuros profissionais,

assim alterou a concepção das disciplinas de processo de trabalho,

redimensionando-as a uma proposta pedagógica de oficinas teórico-práticas.

Assim, previu-se a antecipação das experiências profissionais para debate nas

disciplinas, permitindo a concentração do estágio curricular obrigatório e a

respectiva disciplina de supervisão pedagógica integralmente na 7º fase. É

prevista também, por outro lado, a realização do estágio obrigatório com a carga

horária distribuídas nas 7º e 8º fases, perfazendo 450 horas no total.

Na oitava fase tem a disciplina Processos de Trabalhos no Serviço Social:análise e

Avaliação, centrada na experiência do estágio curricular obrigatório, articulada

com as demais disciplinas do currículo. [...] tem o objetivo de analisar e avaliar a

experiência de estágio, tendo como parâmetro as dimensões teórico-

metodológicas, técnico-operativas e ético-políticas da formação profissional.

Através dessa experiência, pretende-se criar um espaço de discussão coletiva

sobre o que é “ser assistente social” a partir das diferentes experiências do estágio

curricular. Essa disciplina contribui também para realização da avaliação

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IES Estágios

curricular.

Embora considerada uma experiência positiva por estudantes, professores e parte

dos supervisores, não se desconsidera as dificuldades que existem para a

implementação de uma proposta complexa como esta, pois o novo desenho tem

demandado uma reorganização interna das instituições campo de estágio, de sua

relação com a universidade e com os estudantes. Implica também mudanças na

forma clássica de acompanhamento aos estudantes pelos docentes e pelos

supervisores de campo.

Está em processo uma maior articulação entre as disciplinas do Núcleo de

formação do trabalho profissional e os conteúdos ministrados, tendo sempre a

clareza de que a realidade não constitui em mero pano de fundo e que este

profissional que se quer formar tem que vivenciar, de fato, a função básica da

universidade, ou seja, o ensino, a pesquisa e a extensão e que, para tal, as

condições materiais, físicas, humanas e financeiras devem ser garantidas.

Universidade Vale

do Rio Doce -

UNIVALE

A proposta de prática acadêmica do Curso de Serviço Social da UNIVALE

expressa pelo Manual de Estágio Curricular do Curso de Serviço Social1 foi

elaborada tendo como suporte de implementação a Política de Prática

Acadêmica: uma proposta da Faculdade de Serviço Social da Universidade

Federal de Juiz de Fora. Tal proposta apresenta um alto nível de qualidade e

ousadia, no que tange à superação do teoricismo estéril que assolou a profissão na

década de 80 (e acreditamos, também, em grande parte da década de 90),

considerando que a proximidade do Serviço Social com a teoria crítica de Marx,

passou – e ainda passa -, por uma série de confusões e equívocos.

Fato é que, com as chamadas mudanças no mundo do trabalho, como forma de

expressão do novo modelo de acumulação (flexível), a profissão de Serviço Social

- e não só -, carece em rever o seu arsenal interventivo, a partir das novas (e

velhas) requisições da sociedade contemporânea. É, então, visando qualificar o

alunado como partícipe desse processo, que o curso de Serviço Social/UNIVALE

vislumbra a capacitação teórico-metodológica e técnico-instrumental, de acordo

com a disciplina Oficinas de Formação Profissional e dos Componentes

Curriculares intitulados Oficina de Supervisão Acadêmica (I, II, III, IV).

A Oficina de formação profissional será ministrada no 5º período do curso,

quando o aluno já recebeu uma carga significativa de disciplinas que compõem os

três Núcleos da Formação Profissional propostos pela atual ABEPSS,

principalmente, as concernentes ao Núcleo do Trabalho Profissional, com especial

destaque para Fundamentos históricos teórico-metodológicos do Serviço Social I,

II, III e IV; Trabalho e Sociabilidade; e, Processo de Trabalho e Serviço Social.

Sendo assim, o foco central da Oficina de Formação Profissional é o de investigar

e conhecer o caráter polifacético da „questão social‟, expresso nos „problemas

sociais‟ regionais, nacionais e globais, configurados nas áreas de intervenção da

profissão. Esta disciplina possui ainda, espaço para a observação e aproximação

dos alunos ao cotidiano profissional, tendo como ementa:

Estratégias de intervenção profissional: análise de conjuntura e análise

institucional. Produção de informação e registros de documentação. Elaboração de

estudo social, laudos, pareceres e exames criminológicos. Técnicas de trabalhos

com movimentos populares (Projeto Pedagógico do Curso de Serviço

Social/UNIVALE - 2008).

As Oficinas de Supervisão Acadêmica são componentes curriculares e têm início

no 5º período, quando o alunado ingressa no estágio, que é:

1 O Manual de Estágio Curricular do Curso de Serviço Social foi elaborado em 2006 com o

objetivo de sistematizar as reflexões realizadas pelo corpo docente acerca das diretrizes para a realização

do Estágio Curricular Supervisionado, expressando assim, a política de estágio do referido Curso,

orientando-se pela regulamentação institucional do estágio em vigor. Neste sentido, ele contempla as

Disposições Gerais para o Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Serviço Social (Critérios de

abertura de campo; Condições para a realização do estágio; recomendações; Atribuições: do professor

responsável pelo estágio, do professor supervisor acadêmico, do profissional supervisor de campo e do

aluno estagiário); Orientação quanto a documentação para regularização do estágio; Orientação acerca

das atividades a serem desenvolvidas pelos alunos em cada período de estágio.

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IES Estágios

[...] concebido como processo de qualificação e treinamento teórico-

metodológico, técnico-operativo e ético-político do aluno, inserido no campo

profissional, em que realiza sua experiência de aprendizagem sob a supervisão

direta de um assistente social, que assume a função de supervisor de campo

(IAMAMOTO, 1998, p. 290).

No tocante ao Estágio Curricular Supervisionado é preciso destacar uma

particularidade da formação profissional do assistente social, que é o fato do

estagiário contar o profissional assistente social enquanto supervisor de campo,

além do professor enquanto supervisor acadêmico, cujas atividades estão bem

delineadas e expressas no Manual de Estágio Curricular do Curso de Serviço

Social. O processo de supervisão acadêmica acontece por meio de Oficinas de

Supervisão Acadêmica, que serão organizadas por áreas temáticas (tais como:

criança e adolescente, saúde pública e privada, assistência social, direitos

humanos e sistema penitenciário, educação, previdência, habitação, etc.) definidas

a partir da inserção dos alunos nos mais diferentes campos de estágio. Sendo

assim, a cada semestre pode ocorrer variação quanto ao número de temáticas de

acordo com o número de alunos inseridos e em relação aos campos de estágio.

Mais que destacar a forma de organização das Oficinas de Supervisão Acadêmica

entendemos ser necessário destacar a importância desta forma de

acompanhamento acadêmico da realização do Estágio Curricular Supervisionado.

O atual projeto pedagógico está pautado por uma formação profissional de cunho

generalista, contudo, entendemos que, tal formação não se faz possibilitando ao

aluno vivenciar experiências de estágio nas mais diversas áreas, pelo contrário, o

aprendizado dos elementos da prática profissional, capazes de serem

desenvolvidos em qualquer área, somente serão possíveis de serem apreendidos

enquanto processo. Por isso priorizamos a permanência do aluno num mesmo

campo de estágio durante os 04 (quatro) períodos do estágio.

Cabe destacar que tal dinâmica propicia ainda uma interação entre alunos do 5º,

6º, 7º e 8º períodos que, apesar de estarem em momentos diferenciados da

formação, realizam troca de saberes que contribui significativamente para este

processo e para o amadurecimento do aluno. Metodologicamente isto se torna

possível na medida em que a supervisão acadêmica está organizada por eixos

temáticos, possibilitando o debate entre os alunos dos referidos períodos,

resguardadas as particularidades da formação profissional em cada um deles.

Apesar da existência de uma interface, cada uma das áreas temáticas acima

citadas está orientada por uma política social setorial, o que exige do professor

supervisor acadêmico um aprofundamento do debate acerca destas para subsidiar

as análises do trabalho profissional e suas particularidades em cada uma das áreas

específicas. Além disto, o espaço das Oficinas de Supervisão Acadêmica é

concebido de forma que permita um acompanhamento particularizado tanto dos

campos de estágio quanto do aluno estagiário, estreitando a relação entre os três

sujeitos fundamentais neste processo - aluno, supervisor de campo e supervisor

acadêmico – e possibilitando a construção e amadurecimento conjunto no decorrer

do processo.

Podemos ainda, afirmar que esta forma de organização da supervisão acadêmica

consiste num grande diferencial do Curso oferecido pela UNIVALE, não somente

por considerar as orientações das Diretrizes Curriculares para os Cursos de

Serviço Social propostas pela ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e

Pesquisa em Serviço Social, mas, também, em relação a outros Cursos na região.

Em traços gerais, as Oficinas de Supervisão Acadêmica têm o seguinte conteúdo

programático:

Oficina de Supervisão Acadêmica I: Desenvolvimento da capacidade de

compreensão das ações propostas no campo de estágio: análise institucional,

caracterização da população usuária, campo de estágio: estudo de demandas e

condução de registro técnico. Compreensão das formas da ação profissional.

Oficina de Supervisão Acadêmica II: Organização, estruturação de estratégias de

enfrentamento das demandas institucionais. Elaboração de projeto de intervenção

que contemple as demandas e lacunas observadas nas ações propostas pelo

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IES Estágios

Serviço Social. O debate da instrumentalidade e Serviço Social.

Oficina de Supervisão Acadêmica III: Desenvolvimento da atitude investigativa

do assistente social, de sua capacidade de compreensão da intervenção,

compatível com os diversos campos de atuação profissional reconhecendo as

dimensões ético-políticas e teórico-metodológicas que compõem a ação

profissional.

Oficina de Supervisão Acadêmica IV: O significado da supervisão do campo no

processo de formação profissional. A análise do contexto institucional visando à

avaliação dos programas sociais desenvolvidos pela instituição e pelo Serviço

Social com vistas à formulação de um projeto de avaliação e monitoramento da

intervenção social.

Ainda no que se refere ao Estágio Curricular Supervisionado, cabe destacar a

importância do professor do Curso de Serviço Social que é Responsável pelo

Estágio. A este professor cabe a implementação e articulação do estágio curricular

dos alunos do Curso de Serviço Social da UNIVALE, tendo como preocupação

fundamental pensar e encaminhar uma política de estágio em articulação com as

diretrizes curriculares da formação profissional do assistente social.

Compete ao Responsável pelo Estágio Curricular Supervisionado:

Realizar, a cada semestre, contatos com as instituições campos de estágio e

supervisores de campo obedecendo aos critérios para abertura, ampliação e/ou

manutenção das vagas de estágio objetivando oferecer um leque de opções para os

alunos do curso. Em casos especiais, o aluno que tenha interesse em alguma

instituição para campo de estágio, deverá dirigir-se a Coordenação de Estágio, em

tempo hábil, para que a mesma efetue análise do projeto e abertura oficial do

campo de estágio.

Selecionar, credenciar e acompanhar os campos de estágio;

Propor/rever modelos de documentação: Plano de Estágio; Projeto de Ação

Profissional; Roteiro de Avaliação de Relatório Semestral; Avaliação pelo

supervisor de campo do processo de trabalho do aluno no campo de estágio;

Avaliação pelos professores do processo de trabalho junto aos campos de estágio;

Avaliação do aluno quanto ao processo de estágio;

Encaminhar e publicizar, no final de cada semestre, a avaliação do processo de

estágio para os diferentes segmentos: alunos, professores e supervisores;

Apresentar e debater a política de estágio com os alunos do 4º período;

Proporcionar divulgação ampla, se possível até a pré-matrícula, do número de

vagas de estágio por área temática e os requisitos para seleção;

Orientar os alunos sobre os critérios para a realização do estágio curricular,

seleção do campo a ser realizado o estágio e encaminhamento oficial do estagiário

ao campo;

Propor e definir os grupos de alunos, de acordo com as áreas temáticas, para a

inserção nas Oficinas de Supervisão Acadêmica;

Possibilitar contatos, parcerias e troca de informações das instituições campos de

estágio dos e dos supervisores com a Coordenação de Estágio e professores

visando estabelecer canais de comunicação contínua (encontro, reuniões,

seminários, visitas, etc.);

Promover reunião entre os professores da disciplina objetivando democratização e

discussão das questões referentes ao estágio; troca de informações e experiências

entre os professores; busca de unidade no encaminhamento da disciplina;

articulação do processo de estágio com a proposta curricular;

Representar o curso de Serviço Social da UNIVALE nas questões referentes ao

estágio supervisionado;

Discutir e encaminhar, em conjunto com professor da disciplina e supervisores de

campo, o desligamento ou a transferência de alunos do estágio, desde que seja

detectado problemas relacionadas à extinção de programas/projetos; inadaptação,

irresponsabilidade e ou desinteresse;

Publicizar e possibilitar o acesso aos alunos, professores e supervisores do

material produzido pela Coordenação, por alunos, por professores e do material

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IES Estágios

relativo a estágio e áreas temáticas, de interesse desses segmentos.

Universidade

Federal Fluminense

- UFF

Considerando o caráter teórico-prático do curso, as 4 disciplinas de Estágio

Supervisionado envolvem: uma carga horária teórica de 90 horas semestrais, das

quais 4 horas semanais – ou 60 horas semestrais –, dedicadas à supervisão por

parte de docentes e 2 horas semanais – ou 30 horas semestrais – dedicadas ao

desenvolvimento de um programa de trabalho junto aos núcleos temáticos de

pesquisa e extensão, atividades estas integradas ao estágio.

O estágio, enquanto atividade indispensável integradora do currículo, prevê uma

carga horária prática de 12 horas semanais, que abrange a presença do aluno nas

instituições onde realiza estágio prático, mediante orientação de um assistente

social, supervisor de campo, totalizando 180 horas semestrais ou 720 horas ao

longo do curso, o que ultrapassa o mínimo recomendado (15% da carga horária

total do cursos).

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo - PUCSP

As diretrizes Curriculares dos Cursos de Serviço Social estabelecem que o estágio

no curso de Serviço Social é uma atividade curricular obrigatória que se configura

a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional, objetivando capacitá-

lo para o exercício profissional, o que pressupõe supervisão sistemática e direta,

presencial. A supervisão será realizada pelo profissional de campo, através de

reflexão, acompanhamento e sistematização da atividade cotidiana do estagiário,

com base em planos de estágio elaborados em conjunto pelas unidades de ensino e

organizações que oferecem estágio e que terá acompanhamento pela Faculdade,

nas instâncias da Supervisão Acadêmica e da Coordenação de Estágios.

O estágio integra, pois, o processo de ensino-aprendizagem constituindo atividade

educacional planejada, acompanhada e avaliada que coloca o aluno em contato

com o ambiente real de trabalho, no interior mesmo do mercado de trabalho.

O estágio é obrigatório para alunos do 5º ao 8º período com carga horária mínima

prevista de 105 horas semestrais, totalizando uma carga horária de 420 horas.

O estágio se realiza no espaço de ação profissional, em organizações públicas,

privadas, governamentais, não-governamentais e movimentos sociais. O estágio

também é oferecido em projetos de iniciação científica e projetos de extensão da

Faculdade e da Universidade.

Para o aluno, o estágio é o espaço privilegiado de aproximação inicial ao mundo

do trabalho, na observação direta e no desenvolvimento de habilidades no campo

profissional do Serviço Social. A vivência do estágio profissional traz, par ao

aluno, o conhecimento de aspectos que auxiliam a tomada de decisão no processo

de vir a ser profissional, bem como, auxilia o estabelecimento de relações entre o

saber organizado, adquirido na Universidade, e o saber reconstruído na prática

profissional.

[...] em sua atividade educacional o assistente social, supervisor no campo de

estágio, efetiva o papel fundamental de apresentar ao aluno as possibilidades e

limites de ação profissional no âmbito das relações organizacionais e das políticas

sociais. A relação supervisor de campo – estagiário é, pois, base de motivação,

interesse e envolvimento, na busca de conhecimento, no momento dos primeiros

passos que o aluno empreende no campo profissional.

As contribuições recolhidas na dinâmica da parceria Faculdade de Serviço social

da PUC-SP e supervisores de Campo, nos últimos dois anos, apontam o caráter de

flexibilidade e especificidades que o Plano de Estágio deva conter, indicativos do

horizonte profissional e de formação do aluno e que atribuem sistematicidade às

ações educacionais, bem como permitem a reflexão constante que diferentes

conjunturas impõem às características específicas do Serviço Social, nos espaços

sócio-ocupacionais.

Uma das premissas para a qualificação do Plano de Estágio, por via de

conseqüência, é sua referência ao Plano de Trabalho profissional, enquanto

instrumento que permite a referência sobre atribuições, funções e

responsabilidades, resultando no contrato de ações facilitadoras para formação de

novos profissional; considera-se pois o Plano de Estágio como „orientador “do

processo de aprendizagem profissional, nas relações entre determinado exercício

profissional do Serviço Social na organização e o Projeto Pedagógico do Curso de

Serviço Social.

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IES Estágios

A parceria institucional entre as organizações campo de estágio e a faculdade de

Serviço Social PUC-SP vem ganhando qualificação crescente mediada por

reuniões periódicas (mensais) entre os supervisores de campo e os supervisores

acadêmicos (professores de Supervisão Acadêmica). As pautas estão referidas ao

projeto pedagógico do curso e aos entraves institucionais à sua implementação. A

qualificação dos supervisores de campo exige, também, uma atualização de

conhecimentos em relação aos projeto profissional. Nesse aspecto está prevista a

dotação de vagas aos supervisores de campo nos Núcleos Temáticos, bem como

debates abertos a esse público acerca do processo de formação profissional ou

outros temas pertinentes, como contra partida institucional.

A avaliação do aproveitamento do estágio curricular considerará

aprovação/reprovação, sem atribuição numérica ou conceito.

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APÊNDICE 7 – TABELA - TCC NOS PROJETOS POLÍTICO PEDAGÓGICOS

Tabela 1 TCC nos Projetos Político Pedagógicos

IES TCC

Universidade

Estadual de

Londrina - UEL

Trabalho de Conclusão de Curso: é uma exigência curricular para obtenção de

diploma no curso de graduação em serviço Social.

Deve ser entendido como um momento de síntese e expressão da totalidade da

formação profissional. É o trabalho no qual o aluno sistematiza o conhecimento

resultante de um processo investigativo, originário de uma indagação teórica,

preferencialmente gerada a partir da prática do estágio no decorrer do curso. Este

processo de sistematização, quando resultar de experiência de estágio, deve

apresentar os elementos do trabalho profissional em seus aspectos teórico-

metodológico-operativos. Realiza-se dentro de padrões e exigências

metodológicas e acadêmico-científicas. Portanto, O TCC se constitui numa

monografia científica elaborada sob a orientação de um professor e avaliada por

banca examinadora.

Universidade de

Cruz Alta -

UNICRUZ

Apresenta todo o regulamento de TCC:

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

Dos Aspectos Gerais

O Trabalho de Conclusão do Curso de Serviço Social consiste em uma

monografia científica orientada por um/a assistente social e professor/a da

UNICRUZ, que versa sobre os temas abrangidos pelo currículo pleno com foco

na experiência de estágio supervisionado.

A monografia é elaborada considerando-se, quanto ao seu conteúdo, a

problematização da experiência de estágio supervisionado desenvolvida pelo/a

acadêmico/a, a vinculação direta do seu tema com o Serviço Social e sua

articulação com as áreas do conhecimento identificadas pelas disciplinas ofertadas

no currículo pleno do Curso de graduação em Serviço Social.

Entende-se a monografia como o resultado final do processo de produção de

conhecimento iniciado no primeiro semestre de Estágio Supervisionado,

sustentado nos conhecimentos apropriados nos espaços das disciplinas da Base

Curricular correspondente a esses semestres e dos espaços de supervisão. Para sua

elaboração são retomados pelos acadêmicos e orientadores os relatórios

produzidos durante os três semestres de Estágio.

A estrutura formal da monografia segue os critérios e as normas institucionais de

monografia da Universidade de Cruz Alta, constantes no Manual de Estrutura e

Regulamentação das Pró-Reitorias de Ensino, Pesquisa e Extensão.

O objetivo do Trabalho de Conclusão do Curso de Serviço Social é proporcionar

aos alunos a oportunidade de demonstrar o conhecimento construído no processo

de formação com aprofundamento e capacidade de delimitação temática, bem

como a sistematização da experiência de estágio num ensaio teórico e/ou

exposição dos resultados de uma pesquisa.

O processo de elaboração do TCC desenvolve-se no oitavo semestre do Curso,

através da disciplina de TCC que resulta da articulação de dois espaços: a

orientação e a sala de aula. Enquanto o primeiro desses espaços configura um

trabalho de produção individual orientada, o segundo configura-se como um

espaço coletivo de socialização de experiências associadas à produção de

conhecimento, de abordagem de questões gerais que atravessam o processo de

escrita científica e de focalização no estudo das normas estabelecidas para a

produção de monografias.

Articulado a esses espaços funciona uma Comissão de Monografia, com a

função de acompanhar, contribuir e organizar o processo de elaboração e defesa

do TCC.

Da Comissão de Monografias

O processo de elaboração do TCC é organizado através de uma Comissão de

Monografias integrada por um professor pertencente ao Curso de Serviço Social,

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IES TCC

professores Assistentes Sociais e o/a Coordenador/a dos Estágios do Curso de

Serviço Social. Essa Comissão trabalha em articulação com o/as orientadores/as e

o/a Professor/a da Disciplina.

Compete aos professores membros da Comissão de Monografias: proporcionar

conjuntamente com o professor da disciplina de TCC, orientação básica aos

alunos em fase de iniciação da monografia; indicar professores orientadores;

solicitar projeto e formulário de confirmação de orientador, homologar os

projetos de TCC, organizar a composição e cronograma de Bancas de Avaliação,

providenciar o encaminhamento à Biblioteca Central das cópias de monografias

aprovadas.

Dos Professores Orientadores

O Trabalho de Conclusão de Curso será desenvolvido sob a orientação de um

professor Assistente Social do Curso de Serviço Social. Cabe ao acadêmico

escolher o professor orientador, devendo, para esse efeito, realizar o convite

levando em consideração que a aceitação do convite pelo professor dar-se-á

mediante a assinatura de termo de compromisso e entrega de um projeto de

monografia.

Poderá o aluno contar com a colaboração de profissional Assistente Social não

pertencente ao quadro docente do Curso de Serviço Social ou ainda com um

professor da Universidade de Cruz Alta, com conhecimento de área a fim de atuar

como co-orientador, sem ônus para a Instituição, desde que tenha a aprovação do

seu orientador e seguindo suas diretrizes.

O professor orientador freqüenta as reuniões convocadas pela Comissão de

Monografia; atende seus acadêmicos orientandos, em horário previamente fixado;

participa das bancas para as quais estiver designado, em especial as de seus

orientandos.

Do Perfil do Professor Orientador

Assistente Social e Professor/a do Curso de Serviço Social da UNICRUZ.

Experiência em pesquisa na área de Serviço Social.

Participação em atividades de pesquisa propostas pelo Curso, vinculadas às linhas

de investigação.

Conhecimento da realidade local e regional vinculada aos estágios

supervisionados.

Capacidade de guiar ao acadêmico no processo de produção de conhecimento

através do desenvolvimento de metodologias específicas para o alcance dos

objetivos propostos para o processo de elaboração do TCC.

Domínio das normas ABNT para elaboração de trabalhos científicos.

Do Perfil do Professor da Disciplina

Assistente Social e Professor/a do Curso de Serviço Social da UNICRUZ.

Experiência em pesquisa na área de Serviço Social.

Participação em projetos de pesquisa.

Conhecimento do processo pedagógico proposto pelo Curso de Serviço Social em

relação aos Estágios Supervisionados.

Experiência em escrita científica a partir de publicações.

Domínio das normas ABNT para elaboração de trabalhos científicos.

Do Projeto de Monografia

Este projeto constitui a materialização do processo de planejamento da pesquisa

que dará lugar à formulação do TCC. A estrutura desse projeto de monografia

compõe-se de: Tema e problematização; Justificativa; Objetivos; Metodologia;

Levantamento bibliográfico inicial e Cronograma. A estrutura formal segue os

critérios técnicos estabelecidos nas formas da ABNT sobre documentação, no

qual forem eles aplicáveis.

O acadêmico aprofunda a elaboração do projeto de monografia junto a seu

professor/a orientador/a, para ser homologado pela Comissão de Monografias.

A Comissão de Monografias classifica os projetos em três categorias:

Homologado; Homologado com restrições; Não Homologado. A partir da

primeira categoria, orientador/a e orientando/a dedicam-se à elaboração do TCC,

a segunda categoria indica sugestões por parte da Comissão para revisão de

alguns dos elementos do projeto. O projeto não homologado é devolvido para ser

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IES TCC

refeito e entregue novamente num prazo de 15 dias à Comissão de Monografias a

fim de possibilitar uma nova avaliação.

Da Avaliação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)

O processo de elaboração de TCC é avaliado em diferentes instâncias, momentos

e por diferentes participantes:

Avaliação contínua a partir do espaço de orientação incluindo nesse processo a

auto-avaliação do orientando.

Avaliação do projeto de TCC pela Comissão de Monografia, a partir do processo

de homologação dos projetos.

Avaliação do resultado, a partir da Banca Examinadora.

Da Banca Examinadora

A Banca Examinadora é constituída pelo/a professor/a orientador/a, por um

professor do Curso de Serviço Social indicado/a pela Comissão de Monografia e

um convidado do acadêmico/a. O convidado do aluno deverá necessariamente

possuir o título de graduação em Serviço Social.

Da Defesa da Monografia

As sessões de defesa são públicas. Na defesa, o aluno tem até 30 (trinta) minutos

para apresentar seu trabalho e cada componente da Banca Examinadora até 10

(dez) minutos para fazer sua argüição, dispondo ainda o discente de outros 10

(dez) minutos para responder a cada um dos examinadores.

A atribuição de notas dar-se-á após o encerramento da etapa de argüição,

obedecendo ao sistema de notas individuais por examinador, levando em

consideração:

Relevância do trabalho para a área do Serviço Social;

Coerência quanto aos objetivos do trabalho;

Adequação da metodologia utilizada ao assunto;

Capacidade de análise desenvolvida no trabalho;

Capacidade de argumentação;

Clareza, objetividade e domínio do conteúdo;

Correção lingüística adequada;

Observância das normas de apresentação científica.

A nota final do aluno será a média aritmética das notas atribuídas pelos membros

da banca examinadora. Para aprovação o aluno deve obter nota mínima de 7

(sete), na média aritmética das notas atribuídas individualmente pelos

examinadores.

Para o aluno que não atingir a nota mínima para aprovação dar-se-á um prazo de

30 (trinta) dias para refazer os pontos considerados insatisfatórios e/ou

reformulações parciais da monografia. A nota final atribuída pela Banca

Examinadora é considerada definitiva e as considerações registradas em ata

redigida pelo Presidente e membros da Banca.

Universidade

Federal de Santa

Catarina - UFSC

O TCC é uma exigência parcial do curso para obtenção do bacharelado em

serviço social. Constitui-se em atividade obrigatória indispensável e integradora

do currículo, a exemplo do estágio. Apresenta-se na forma de monografia,

resultado de investigação e reflexão critica sobre temática especifica no âmbito da

profissão, com apoio de orientação própria. É elaborado individualmente e deverá

ser apresentado em banca pública, composta por 3 membros. Está previsto um

semestre para sua realização, fazendo parte da matriz curricular como disciplina

no 8º semestre, com carga horária de 72horas. O TCC é regido por uma normativa

específica “Diretrizes do Trabalho de Conclusão de Curso”.

Objetivos do TCC:

Aprofundar teoricamente questões presentes no trabalho profissional a partir da

conjuntura relacionando-as ao projeto político, econômico e social vigente.

Contribuir para o desenvolvimento e a ampliação da produção científica na área

do Serviço Social.

Sistematizar e produzir conhecimentos no âmbito da profissão, especialmente das

linhas de pesquisa de Departamento.

Universidade Vale

do Rio Doce -

UNIVALE

O Trabalho de Conclusão de Curso, em sua primeira etapa, consiste na

identificação da temática a ser estudada, na delimitação do objeto, no

levantamento de hipóteses e objetivos e, em um primeiro esforço, de realização de

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IES TCC

uma problematização do que foi eleito como problema de estudo. Nesse contexto,

a orientação do TCC extrapola os limites postos por uma disciplina de

metodologia científica. Trata-se, outrossim, da construção do conhecimento

específico, ou seja, há a exigência do acompanhamento sistemático.

Dada essa complexidade do processo, faz-se necessário que ele se inicie no 7º

período, estendendo-se até a conclusão do 8º período, quando o tratamento e a

análise teórica da temática escolhida encontram um momento mais aprofundado

de elaboração.

No processo de orientação do TCC leva-se em conta a escolha temática realizada

pelo discente, a carga horária do professor e a área de concentração de seu

domínio. A avaliação final do TCC é efetuada através de Banca Examinadora.

Universidade

Federal Fluminense

- UFF

O TCC é uma exigência para obtenção do grau de bacharel, efetuado sob

orientação de um professor e avaliado por banca examinadora composta por três

docentes.

Tem um Seminário de TCC para orientar na elaboração de monografia final de

curso.

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo - PUCSP

Resultante, preferencialmente, da reflexão teórica motivada pela experiência de

estágio, o TCC é o trabalho final apresentado pelo aluno para obtenção do

diploma, como exigência curricular. Durante um semestre o aluno participa dos

seminários de TCC que têm, como objetivo, discutir coletivamente a pertinência e

a relevância dos diferentes objetos de estudo propostos pelos alunos, articular os

temas às linhas de pesquisa da Faculdade e orientar os procedimentos teórico-

metodológicos pertinentes. Esse processo se realiza dentro dos padrões e

exigências metodológicas do trabalho científico e é elaborado sob orientação de

um professor e avaliado por um professor leitor, constituindo-se uma banca

examinadora, pública.

Da natureza:

O TCC é uma exigência curricular para obtenção do diploma de bacharel em

Serviço Social;

É um trabalho pedagógico de natureza teórico-prática;

É um processo de apreensão e sistematização de conhecimentos do aluno,

resultante das indagações geradas, principalmente pela prática de estágio

curricular;

Dos Requisitos:

Está habilitado à realização do TCC, o (a) aluno (a) que cumprir os seguintes

requisitos:

Ter cumprido a carga horária do 5º e 6º períodos e ter obtido aprovação do espaço

pedagógico de supervisão acadêmica I e II;

Estar realizando ou ter realizado estágio curricular de 7º período;

Ter cursado ou estar cursando o conjunto de créditos das disciplinas: fundamentos

teórico metodológico do serviço social I, II, III, e IV; fundamentos filosóficos

para o Serviço Social I e II; oficina de formação profissional I, II, III, IV; ética

profissional; investigação; trabalho e questão social; projetos societários e

profissão; oficina do trabalho profissional I, II, III e iv; supervisão acadêmica I,

II, III e IV e seminários de TCC.

Da carga horária:

O projeto prevê 68 horas para orientação de TCC, configurando um espaço

pedagógico com dois créditos semestrais, na relação de 5 alunos para cada

professor orientador.

Da orientação:

A elaboração do TCC se da no 4º ano do curso, correspondendo ao 7º e 8º

períodos letivos, sob orientação de um professor (a) da Faculdade de Serviço

Social;

A escolha e a delimitação do tema e a elaboração do respectivo projeto de

pesquisa são realizados na disciplina de TCC, alocada no 6º período do curso;

O TCC é orientado por um professor (a) da área de Serviço Social designado

conforme sua área de conhecimentos, pesquisa ou experiência profissional;

As orientações se dão semanalmente;

Compete ao professor orientador o registro em diário das suas orientações, com a

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IES TCC

respectiva assinatura do (a) aluno (a)

Da avaliação:

O mês de outubro é a data limite para o professor orientador e aluno (a) indicarem

a finalização do TCC no ano letivo em curso;

O TCC deve ser entregue em 2 (dois) exemplares encadernados na data prevista

em calendário, acompanhados de resumo impresso em disquete conforme modelo

da Faculdade.

O TCC é apresentado publicamente para uma banca examinadora composta pelo

professor orientador, que preside os trabalhos, e pelo professor leitor;

A nota final do aluno será a média das notas conferidas pelo professor leitor e o

professor orientador. A nota atribuída pelo professor orientador considera o

processo de elaboração e o produto apresentado, com base em critérios de

presença nas sessões de orientação e apresentação de produção ao longo do ano

letivo;

Será considerado aprovado o (a) aluno (a) que obtiver a nota mínima de 5,0

(cinco). Cabe aos professores orientadores e leitores divulgar a nota conferida,

registrando-a na ata de apresentação, com cópia a serem fornecidas aos alunos

(as).

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APÊNDICE 8 – TABELA - ATIVIDADES COMPLEMENTARES NOS

PROJETOS POLÍTICO PEDAGÓGICOS

Tabela 1 - Atividades Complementares nos Projetos Político Pedagógicos

IES Atividades Complementares

Universidade

Estadual de

Londrina - UEL

Não fala nada específico de atividades complementares, apenas a carga horária de

150 e devem ser realizadas no período vespertino

Universidade de

Cruz Alta -

UNICRUZ

As atividades complementares têm por objetivo dar relevância às atividades de

ensino, pesquisa e extensão, afirmando a dimensão investigativa como princípio

formativo e como elemento central na formação profissional.

Estas atividades constituem-se de: Participação em Conferências e Conselhos de

saúde, de assistência social, criança e adolescente, e outros; Elaboração de projetos

de extensão comunitária; Participação em grupos de estudo; núcleos de pesquisa;

Elaboração de projetos de pesquisas (construção de instrumentos; coleta de dados

e construção de relatórios); Apresentação e publicação de trabalhos de iniciação

científica; Participação e organização de seminários, mostras e congressos;

Organização e participação em semanas acadêmicas.

As atividades complementares têm por objetivo dar relevância às atividades de

ensino, pesquisa e extensão, afirmando a dimensão investigativa como princípio

formativo e como elemento central na formação profissional.

Estas atividades constituem-se de: Participação em Conferências e Conselhos de

saúde, de assistência social, criança e adolescente, e outros; Elaboração de projetos

de extensão comunitária; Participação em grupos de estudo; núcleos de pesquisa;

Elaboração de projetos de pesquisas (construção de instrumentos; coleta de dados

e construção de relatórios); Apresentação e publicação de trabalhos de iniciação

científica; Participação e organização de seminários, mostras e congressos;

Organização e participação em semanas acadêmicas.

As atividades complementares somam 135 horas

Universidade

Federal de Santa

Catarina - UFSC

As Atividades Complementares traduzidas no Currículo do Curso de Serviço

Social da UFSC pelas disciplinas “Seminários Temáticos e Atividades

Complementares” I e II, ministradas na 4ª e 8ª fases têm por objetivo proporcionar

ao estudante momentos de especificidade e aprofundamento de temáticas

relevantes ao seu processo de formação. São constituídos por seminários,

congressos, encontros, oficinas, monitoria, iniciação científica, inserção nos

núcleos de estudos e pesquisa e outras atividades aprovadas pelo colegiado do

curso de graduação em serviço social. As duas disciplinas totalizam 72 horas. [...]

cada qual com 2 créditos (36 horas/aula).

São disciplinas programadas para proporcionar ao estudante momentos de

especificidade e aprofundamento de temáticas relevantes ao seu processo de

formação profissional, sendo contabilizada a participação em atividades

extracurriculares como seminários, congressos, encontros, palestras, debates,

oficinas, defesas de trabalho de conclusão de curso de graduação, dissertações de

mestrado e teses de doutorado, monitoria, iniciação científica, inserção em núcleos

de estudo e pesquisas e outras atividades científicas, profissionais e culturais.

Os eventos programados pela UFSC, abordando temas afins ao Serviço Social, não

precisam de aprovação prévia para validação das horas. Os eventos programados

por instituições fora da UFSC, deverão ter autorização do professor da disciplina.

[...] Durante o semestre letivo são realizados três encontros presenciais para

apresentação da proposta da disciplina e do seu programa, assim como para

orientações que se fizerem necessárias para o aluno em relação a eventuais dúvidas

e sobre o encaminhamento do Relatório de Participação.

As duas disciplinas contam com o auxílio de um monitor que, além do professor,

está à disposição dos estudantes em horários que abrangem os períodos matutino,

vespertino e noturno, totalizando 12 horas.

Quanto à avaliação das duas disciplinas, são atribuídos 4,0 (quatro) pontos para a

comprovação das 36 horas/aula, 1.0 (um) ponto para o comparecimento aos três

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IES Atividades Complementares

encontros presenciais e 5,0 (cinco) pontos ao Relatório de Participação. A

participação em eventos terá carga horária mínima computada de até 10

horas/aula. Para cada participação em bancas de defesa são atribuídas 2 (duas)

horas. O aluno poderá computar o máximo de 5 (cinco) participações em defesas

No período avaliado.

Universidade Vale

do Rio Doce -

UNIVALE

As atividades complementares, dentre as quais podem ser destacadas a monitoria,

visitas monitoradas, iniciação científica, projeto de extensão, participação em

seminários, publicação de produção científica e outras atividades definidas no

plano acadêmico do curso, correspondem a até 5% da carga horária total do

currículo pleno (54 horas).

Tais atividades são de realização obrigatória e, havendo necessidade, sua

regulamentação deve ser elaborada pelo Colegiado de Curso, tendo como

referência norma institucional aprovada pelo CONSEPE. O Coordenador de

Curso, juntamente com o Colegiado de Curso será responsável pela indicação do

responsável pelo registro das atividades discentes ao longo do processo de

formação profissional.

Universidade

Federal Fluminense

- UFF

Atividades complementares (monitoria, extensão, eventos centificos, atividades

culturais, iniciação científica etc), correspondentes ao mínimo de 5% da carga hora

curso, o que corresponde a 137 horas/aula

São partes de uma política permanente de estímul ao desenvolvimento político-

cultural e científico dos estudantes, envolvendo: atividades culturais coletivas,

monitoria, participação em eventos científicos, profissionais e culturais com

apresentação de trabalhos, estudos complementares, visitas monitoradas,

programas de iniciação científica e de extensão

Pontifícia

Universidade

Católica de São

Paulo - PUCSP

As atividades complementares circunscrevem-se como uma diretriz das atividades

extensionistas “no entendimento de que o conceito de sala de aula não deve ser

limitado ao espaço físico tradicional – deve integrar todos os espaços dentro e fora

da universidade, em que se realizam os processos sociais com toda a sua

complexidade, passando a expressar um conteúdo multi, inter e transdisciplinar

(PDI, 2005:58)

No projeto pedagógico do Curso de Serviço Social as atividades complementares

revestem-se de fundamental importância na formação profissional na medida em

que o processo de ensino-aprendizagem se projeta para além dos espaços da

Universidade na direção de experiências relacionadas ao enfretamento das

expressões da questão social, seja nos lócus dos territórios da Metrópole, na

dimensão da cultura, no contato com a população, com movimentos sociais, com

organizações da categoria, conselho de direitos, com os diversos espaços sócio-

ocupacionais, na prática participativa discente, etc., concorrendo para a

objetivação do perfil do profissional a ser formado. Vinculada à pesquisa, a

atividade complementar oportuniza a pesquisa de caráter pedagógico articulada

com o ensino e a extensão. O principio educativo-pedagógico dessa atividade visa

introduzir o aluno no processo de construção do conhecimento. Nessa perspectiva,

a dimensão investigativa da atividade complementar suscita novos conhecimentos

e questionamentos, movimentando o ensino, a extensão e possibilitando emergir

novas indagações para a pesquisa. A atividade complementar também instiga a

capacidade de inserção criativa e propositiva do aluno no conjunto das relações

sociais, com ênfase na condição de sujeito de ensino-aprendizagem.

O Projeto Pedagógico da Faculdade de Serviço Social prevê um conjunto de

atividades curriculares complementares às de sala de aula, desenvolvidas pelos

alunos, individual, ou preferencialmente em grupo, constituindo parte integrante

do seu currículo e histórico escolar. No elenco dessas atividades ganham destaque

os projetos de iniciação científica, as monitorias nos diversos espaços

pedagógicos, trabalhos, comunicações e artigos apresentados em Revistas e/ou

eventos. Inscreve-se, ainda, a participação dos alunos em Seminários, simpósios,

congressos e outras modalidades oficiais de encontros quer da própria categoria

profissional, quer de áreas afins, quer de interesses advindos do campo das práticas

sociais, uma vez que a inserção dos alunos nos espaços sócio-ocupacionais,

cedentes dos estágios curriculares, favorece a sua formação através de ações

interdisciplinares e interprofissionais. Incentiva-se o registro sistematizado de suas

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IES Atividades Complementares

primeiras produções acadêmicas, a exemplo de trabalhos, comunicações e artigos

apresentados nos eventos e respectivas formas de publicação.

Outra modalidade de atividade complementar está na prática de representação

estudantil tanto quando da inserção dos alunos nos seus órgãos de representação

local, regional e nacional como nas instâncias colegiadas da Universidade e da

Organização da Categoria – ABEPSS, ERESS, ENESSO -, cujo processo

incorpora o próprio aprendizado acerca de participação política da cidadania.

Fazem parte, ainda, visitas institucionais e atividades culturais sempre monitoradas

pelos professores e/ou co-responsáveis pela formação dos alunos, a exemplo dos

Supervisores de Campo de estágio curricular.

O conjunto de todas as atividades complementares é regido por critérios

pedagógicos com pesos diferenciados como demonstra a tabela de pontuação

abaixo, exatamente pela sua natureza e respectiva proporcionalidade. É de

competência dos espaços de cada Comissão Didática por período letivo, agregar

dos respectivos professores e alunos, discutir, elencar e definir quais e quantas

atividades complementares deverão ocorrer, objetivando, sempre, articular as

diferentes modalidades e o conteúdo desenvolvido no período, favorecendo sua

socialização.

As propostas de tais atividades podem advir de demandas dos professores ou até d

apropria direção do curso quando organiza ações coletivas quanto a questões

centrais da formação da categoria, em face de temáticas que emergem das

condições sócio-históricas da nossa sociedade. Este tratamento didático-

pedagógico dado às atividades complementares aponta uma qualificação para os

alunos no domínio de análise da realidade social, na apreensão das diferentes

manifestações da Questão Social – objeto da profissão – na crítica conjuntural

onde se expressam os desafios postos à profissão e aos profissionais em cada

momento histórico.

Atividades Pontuação

Visitas monitoradas 05

Atividade cultural 05

Participação em congresso, seminário, encontros da categoria

profissional ou de interesse da área

05

Iniciação científica 60

Monitoria 40

Estágio de pesquisa e/ou extensão 20

Trabalho, comunicações e artigos apresentados em revistas e/ou

eventos

10

Curso de extensão/ aperfeiçoamento (mínimo 30 horas) 10

Representação discente em instâncias colegiadas, da Universidade

e Organização da categoria (ABEPSS, ENESSOR, ERESS)

05

Registro de documentação de eventos acadêmicos 05

Gravação de textos das disciplinas para a fitoteca (01 por fita) 01

Organização de eventos junto à Faculdade ou Organismos da

Categoria

05

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ANEXO 1 MODELO DE QUADRO DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS - FONTE ANECA

1. Capacidad para trabajar y valorar de manera conjunta con personas, familias, grupos, organizaciones y comunidades sus necesidades y

circunstancias.

Unidad de competencia Realizaciones profesionales Criterios de Realización Actividades previstas para establecer relaciones

profesionales

Revisión de casos y otra bibliografía. Identificar y acceder a informes de casos y otra información.

Leer y revisar información

Identificar y acceder a fuentes que puedan completar la

información obtenida.

Contactar con otros para recoger información adicional

que pueda ayudar a comprender la situación

Identificar, contactar y coordinarse con personas, familias, grupos,

organizaciones y comunidades que puedan facilitar información

relevante respecto al proceso que estamos tratando.

Respetar los límites y la práctica profesional ética y no

discriminatoria, cuando se establezca relación con individuos,

familias, grupos, organizaciones, instituciones y/o comunidades.

Seguir los procedimientos institucionales establecidos y cauces

legales de consentimiento informado y confidencialidad de la

información compartida.

Analizar toda la información para identificar, con el

sistema cliente, la forma más adecuada de intervención

Identificar la naturaleza de la intervención y los procesos

requeridos para establecer la relación profesional, incluyendo,

cuando sea necesario, el contacto con la persona que deriva.

Analizar y evaluar toda la información disponible.

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Desarrollar una estrategia que permita una intervención óptima.

Identificar cualquier deber y requisito legal a tener en

consideración en la intervención.

Unidad de competencia Realizaciones profesionales Criterios de Realización

Informar siempre que se requiera, facilitando la comprensión e

interiorización de los deberes y responsabilidades.

Indagar si esta información ha sido comprendida y responder a las

preguntas o dudas que se planteen.

Facilitar información adicional cuando sea necesario.

Trabajar con personas, familias, grupos, organizaciones

y comunidades para identificar, analizar y comprender

la información que nos facilitan

Apoyar a las personas para identificar, reunir, analizar y

comprender sus necesidades, circunstancias, impacto colateral y

recursos relevantes para hacerles frente.

Asegurarse de que la información facilitada es precisa y coherente.

Identificar lagunas de información y comunicarlo a las fuentes

apropiadas.

Capacitar a las personas, familias, grupos,

organizaciones y comunidades a analizar, identificar,

clarificar y expresar sus fortalezas, expectativas y

limitaciones

Ayudar a las personas, familias, grupos, organizaciones y

comunidades a identificar sus expectativas, limitaciones, derechos

y responsabilidades como ciudadanos.

Apoyar a las personas de cara a identificar los obstáculos

Tra+B5bajar con personas, familias, grupos,

organizaciones y comunidades para que sean capaces de

valorar y tomar decisiones bien fundamentadas, acerca

de sus necesidades, circunstancias, riesgos, opciones

preferentes y recursos

Ayudar a las personas, familias, grupos, organizaciones y

comunidades a identificar, valorar sus propias necesidades y

circunstancias y riesgos asociados, así como las opciones y recursos

más adecuados para hacerles frente, decidiendo la opción más

viable, teniendo en cuenta los requisitos legales.

Ayudar a identificar debilidades y potencialidades de la red de

apoyo social, mediante el soporte y fomento de relaciones que

favorezcan el crecimiento individual, el desarrollo y la autonomía.

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Unidad de competencia Realizaciones profesionales Criterios de Realización

Valorar las necesidades y opciones posibles para

orientar la estrategia de intervención

Valorar y revisar las opciones preferentes de las

personas, familias, grupos, organizaciones y/o

comunidades.

Indagar acerca de las opciones preferidas, los recursos identificados

y su viabilidad, teniendo en cuenta los recursos disponibles.

Analizar si la estrategia elegida en función de todos los

condicionantes posibles (requisitos legales de acceso,

disponibilidad de plazas, tiempo de espera, etc) es viable.

Cuando las opciones de preferencia no son viables, trabajar otras

opciones y recursos alternativos, así como las consecuencias de las

necesidades no cubiertas.

Identificar las lagunas en el suministro de servicios, las necesidades

no cubiertas y los servicios idóneos.

Valorar las necesidades, riesgos y opciones de las

personas, familias, grupos, organizaciones y

comunidades teniendo en cuenta los requisitos legales y

de otra índole.

Analizar las necesidades, circunstancias y riesgos, teniendo en

cuenta las prioridades y conflictos potenciales entre diferentes

necesidades e intereses así como el impacto en el entorno.

Valorar las diferentes opciones teniendo en cuenta los aspectos

legales, organizacionales y otros requisitos, los riesgos, las

opciones de preferencia y los recursos o alternativas disponibles.

Trabajar con el sistema cliente para tomar decisiones acerca de las

opciones disponibles.

Valorar y recomendar una estrategia apropiada al

sistema cliente.

Evaluar, justificar y recomendar un curso de acción teniendo en

cuenta la información existente, los deberes del trabajador social,

las nociones y opciones preferentes del sistema cliente, los recursos

disponibles y la red de apoyo con la que cuenta.

Fonte: ANECA, Agencia Nacional de la Calidade y Acreditación. Libro Blanco: título de Grado en Trabajo Social. Madri, 2004.