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DESAFIOS DA MULHER EMPREENDEDORA DE BELO HORIZONTE E REGIÃO METROPOLITANA Bruna Rabello Feres 1 Nayara Peixoto Silva 2 Marta Alves de Souza 3 RESUMO O empreendedorismo feminino vem crescendo na cidade de Belo Horizonte e região metropolitana, sendo visto como fator de mudança tanto comportamental, quanto cultural. Portanto, o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) criou o Prêmio Mulher de Negócios como incentivo para ajudar mulheres com o sonho de se tornarem empreendedora de sucesso. A pesquisa teve como objetivo geral identificar o perfil e as dificuldades enfrentadas para empreender das inscritas no projeto. Desta forma, foi elaborado e aplicado um questionário, contendo 18 perguntas divididas em três grupos, sendo: o perfil das respondentes, motivação para o negócio e estágio do negócio, que identificou o perfil, as dificuldades, o comportamento e os fatos que levaram as mulheres a empreender. A intermediação se deu através de um link elaborado pelas pesquisadoras que proporcionou sigilo, confiabilidade e comodidade em suas respostas. Através do questionário foi possível constatar que as mulheres passaram a assumir tarefas totalmente fora do âmbito familiar, buscando a satisfação pessoal, profissional e financeira, mas não deixando a família de lado. Entretanto, foi possível observar que a maior dificuldade apresentada pelas inscritas no início do empreendimento foi a ausência do capital e burocracia. Logo, as mulheres tendem a empreender por necessidade de sustento e autonomia. PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo feminino; Mulher empreendedora; Perfil empreendedor; Empreendedorismo. 1 INTRODUÇÃO No cenário econômico mundial, a importância do empreendedorismo não é mais uma dúvida, pois para Dolabela: Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra entepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação (DOLABELA 1999, p.43). Logo, pode-se conceituar o empreendedorismo como sendo o conhecimento do nicho do mercado que almeja atingir, buscando inovação, agilidade e eficiência. 1 Graduanda do curso de administração do Centro Universitário de Belo Horizonte UNIBH e-mail: [email protected] 2 Graduanda do curso de administração do Centro Universitário de Belo Horizonte UNIBH e-mail: [email protected] 3 Professora orientadora. Mestre em Administração e Planejamento de Sistema de Informação do Centro Universitário de Belo Horizonte UNIBH e-mail: [email protected]

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DESAFIOS DA MULHER EMPREENDEDORA DE BELO HORIZONTE E REGIÃO

METROPOLITANA

Bruna Rabello Feres1

Nayara Peixoto Silva2

Marta Alves de Souza3

RESUMO

O empreendedorismo feminino vem crescendo na cidade de Belo Horizonte e região

metropolitana, sendo visto como fator de mudança tanto comportamental, quanto cultural.

Portanto, o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) criou o

Prêmio Mulher de Negócios como incentivo para ajudar mulheres com o sonho de se

tornarem empreendedora de sucesso. A pesquisa teve como objetivo geral identificar o perfil

e as dificuldades enfrentadas para empreender das inscritas no projeto. Desta forma, foi

elaborado e aplicado um questionário, contendo 18 perguntas divididas em três grupos, sendo:

o perfil das respondentes, motivação para o negócio e estágio do negócio, que identificou o

perfil, as dificuldades, o comportamento e os fatos que levaram as mulheres a empreender. A

intermediação se deu através de um link elaborado pelas pesquisadoras que proporcionou

sigilo, confiabilidade e comodidade em suas respostas. Através do questionário foi possível

constatar que as mulheres passaram a assumir tarefas totalmente fora do âmbito familiar,

buscando a satisfação pessoal, profissional e financeira, mas não deixando a família de lado.

Entretanto, foi possível observar que a maior dificuldade apresentada pelas inscritas no início

do empreendimento foi a ausência do capital e burocracia. Logo, as mulheres tendem a

empreender por necessidade de sustento e autonomia.

PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo feminino; Mulher empreendedora; Perfil

empreendedor; Empreendedorismo.

1 INTRODUÇÃO

No cenário econômico mundial, a importância do empreendedorismo não é mais uma

dúvida, pois para Dolabela:

Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução da palavra

entepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu

perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo de atuação

(DOLABELA 1999, p.43).

Logo, pode-se conceituar o empreendedorismo como sendo o conhecimento do nicho

do mercado que almeja atingir, buscando inovação, agilidade e eficiência.

1 Graduanda do curso de administração do Centro Universitário de Belo Horizonte UNIBH – e-mail:

[email protected] 2 Graduanda do curso de administração do Centro Universitário de Belo Horizonte UNIBH – e-mail:

[email protected] 3 Professora orientadora. Mestre em Administração e Planejamento de Sistema de Informação do Centro

Universitário de Belo Horizonte UNIBH – e-mail: [email protected]

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Grandes mudanças têm sido observadas na área econômica, haja visto as inúmeras

crises noticiadas e divulgadas no cotidiano. Novas ferramentas e novas estratégias vêm sendo

usadas e a mais recente no Brasil tem sido o empreendedorismo. Segundo Dornelas (2001):

O conceito de empreendedorismo tem sido muito difundido no Brasil, nos últimos

anos, intensificando-se no final da década de 1990 [...] já que, principalmente nos

Estados Unidos, país onde o capitalismo tem sua principal caracterização, o termo

entrepreneurship é conhecido e referenciado há muitos anos, não sendo, portanto,

algo novo ou desconhecido (DORNELAS,2001, p.01).

No caso brasileiro, mais especificamente em Minas Gerais, o empreendedorismo vem

crescendo constantemente sendo que o SEBRAE (2013) destaca que “A participação do

empreendedorismo feminino vem aumentando e cerca de 51% das micro e pequenas empresas

mineiras, já estabelecidas, são administradas por mulheres”. Outra forma de evidenciar que o

crescimento do empreendedorismo feminino é uma realidade é o Prêmio SEBRAE (2013)

“Mulher de Negócio que identifica, seleciona e premia os relatos de vida de mulheres

empreendedoras de todo o país, as quais transformaram seus sonhos em realidade e cuja

história de vida hoje é exemplo para outras que possuem o mesmo sonho”.

Dentro de uma sociedade historicamente machista, o que se evidencia são empecilhos,

burocracias e um desrespeito com as mulheres que buscam alcançar seus sonhos na hora de

iniciar seus empreendimentos. Além disso, as dificuldades são enfrentadas por elas de

maneira independente de sua classe social, raça, credo ou religião. Diante dessas informações,

o problema da pesquisa foi definido de acordo com a seguinte pergunta: Qual é o perfil das

mulheres empreendedoras inscritas no Prêmio Mulher de Negócios do SEBRAE e quais são

as principais dificuldades enfrentadas por elas para empreender?

O objetivo geral da pesquisa consiste em analisar o perfil empreendedor das mulheres

inscritas no Prêmio Mulher de Negócios do SEBRAE, em Belo Horizonte e região

metropolitana do ano de 2015 e as dificuldades que elas enfrentam para tornarem-se

empreendedoras de sucesso. Este estudo será realizado através de pesquisas sobre a história

da mulher no mercado de trabalho e os setores no qual o empreendedorismo feminino é

predominante.

Os objetivos específicos são identificar as características das mulheres

empreendedoras e verificar como se deu o empreendedorismo, se por necessidade ou

oportunidade.

Compreende-se que o empreendedorismo vem crescendo a cada ano e cada vez mais

pelo gênero feminino, de acordo com dados exibidos pelo SEBRAE (2013), portanto, o

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presente trabalho busca destacar as dificuldades e sucesso das mulheres empreendedoras que

participam do Prêmio Mulher de Negócios, realizado pelo SEBRAE na região de Belo

Horizonte e região metropolitana. A pesquisa apresentará a relevância da mulher

empreendedora no mercado de trabalho desta região, através de pesquisa de campo. Deste

modo, o trabalho mostra-se importante para o meio acadêmico, pois dará subsídio para o

crescimento do corpo docente e discente proporcionando crescimento individual, coletivo e

pessoal dos alunos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EMPREENDORISMO

Empreendedorismo é a capacidade de coordenar, idealizar e realizar projetos e

serviços, voltados para o desenvolvimento de habilidades e competências relacionadas à

criação ou inovação de um projeto. Para Dolabela (1999);

Empreendedorismo é um neologismo derivado da livre tradução de

entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos ao empreendedor,

seu perfil, suas origens, seu sistema de atividade, seu universo de atuação e é antes

de tudo, aquele que se dedica à geração de riquezas em diferentes níveis de

conhecimento, inovando e transformando conhecimento em produtos ou serviços em

diferentes áreas. (DOLABELA, 1999, p. 68)

Sendo assim, possui como caraterística o espírito empreendedor, criativo e

pesquisador que busca constantemente novas soluções, novos caminhos e novas

oportunidades, mantendo a vista às necessidades do público alvo. Logo, o empreendedorismo

vem contribuindo para o crescimento dos países causando o desenvolvimento econômico e

social.

O termo empreendedorismo deriva do francês, “entrepreneur”, que significa “fazer

algo”, aquele que assume riscos e começa algo novo e surgiu no início do século XVI.

Conforme Chiavenato (2007):

Na verdade, o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem,

pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de

identificar oportunidades. Com esse arsenal, transforma ideias em realidade, para

benefício próprio e para benefício da comunidade. Por ter criatividade e um alto

nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos

que, combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma ideia simples e mal

estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado. [...] O empreendedor é a

essência da inovação no mundo, tornando obsoletas as antigas maneiras de fazer

negócio (CHIAVENATO, 2007, p. 05).

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Transformações contínuas nos últimos períodos, principalmente a partir do século XX

podem ser observadas por todo o mundo, as pessoas estão transformando o seu estilo de vida,

utilizando técnicas e mecanismos para reaproveitar o que já existe.

De acordo com Birley (2001, p. 07), “a capacidade empreendedora, não é nem um

conjunto de características da personalidade, nem uma função econômica. É, sim, um padrão

coeso e mensurável de compartimento gerencial”.

Para que essas inovações se tornem motivo de sucesso, existem pessoas que possuem

características visionárias, querem algo diferenciado, são pessoas que empreendem, ou seja,

que inovam.

No cenário atual, a definição do empreendedorismo que mais se enquadra é a de

Dornelas (2001, p. 37), “o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um

negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados”.

2.2 EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

A partir da década de 1990, o termo empreendedorismo ganhou destaque no Brasil e

passou a ser bastante discutido. Com a ajuda de entidades orientadoras, o tema se

desenvolveu, favorecendo o desenvolvimento econômico do país.

Segundo Dornelas (2001);

O empreendedorismo ganhou força no Brasil somente a partir da década de 1990,

com a abertura da economia que propiciou a criação de entidades como Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Sociedade

Brasileira para Exportação de Software (SOFTEX), antes desse momento o termo

empreendedor era praticamente desconhecido e a criação de pequenas empresas era

limitada, em função do ambiente político e econômico nada propicio do nosso país.

(DORNELAS, 2001, p.24).

Os órgãos SEBRAE e SOFTEX que fizeram a disseminação do tema

empreendedorismo no Brasil, foram criados pelo governo para a sobrevivência dos

trabalhadores no mercado.

O SEBRAE é uma entidade privada sem fins lucrativos criada em 1972 com a missão

de promover a competitividade e o desenvolvimento das micro e pequenas empresas e

fomentar o empreendedorismo.

A Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro, conhecida

como Softex, é gestora, desde a sua criação em 1996, do Programa para Promoção da

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Exportação do Software Brasileiro (Programa SOFTEX), considerado prioritário pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O Brasil apresenta ações históricas e algumas mais recentes que visam desenvolver

programas de ensino sobre o empreendedorismo para potencializar o país perante o mundo

neste milênio.

Dornelas (2001, p. 25) cita exemplos:

a) Os programas SOFTEX e Geração de Novas Empresas de Software, Informação e

Serviço), que apoiam atividades de empreendedorismo em software, estimulando o

ensino da disciplina em universidades e a geração de novas empresas de software

(startups);

b) Ações voltadas à capacitação do empreendedor, com os programas EMPRETEC e

Jovem Empreendedor do SEBRAE. E ainda o programa Brasil Empreendedor do

Governo Federal, dirigido à capacitação de mais de 1 milhão de empreendedores em

todo país e destinando recursos financeiros a esses empreendedores, totalizando um

investimento de oito bilhões de reais;

c) Diversos cursos e programas sendo criados nas universidades brasileiras para o

ensino do empreendedorismo. É o caso de Santa Catarina, com programa

Engenheiro Empreendedor, que capacita alunos de graduação em engenharia de todo

o país. Destaca-se também o programa REUNE, da Confederação Nacional das

Indústrias (CNI), de difusão do empreendedorismo nas escolas de ensino superior do

país, presente em mais de duzentas instituições brasileiras;

d) A recente explosão do movimento de criação de empresas de Internet no país,

motivando o surgimento de entidades com o Instituto e-cobra, de apoio aos

empreendedores das ponto.com (empresas baseadas em Internet), com cursos,

palestras e até prêmios aos melhores planos de negócios de empresas Start-ups de

Internet, desenvolvidos por jovens empreendedores;

e) Finalmente, mas não menos importante, o enorme crescimento de incubadoras de

empresas no Brasil. Dados da Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos de Tecnologias Avançadas (ANPROTEC) mostram que em 2000

havia mais de 135 incubadoras de empresas no país, sem considerar as incubadoras

de empresas de Internet, totalizando mais de 1.100 empresas incubadoras, que geram

mais de 5.200 empregos diretos.

Em 1997, foi criada a pesquisa internacional GEM - Global Entrepreneurship Monitor

e, em 2000, o Brasil participou e apareceu como o país que possuía a melhor relação entre o

número de habitantes adultos que começam um novo negócio e o total dessa população: 1 em

cada 8 adultos.

O Brasil ocupou o primeiro lugar, mas com a ampliação das pesquisas, para

envolver outras nações, o país desceu alguns pontos: quase um empreendedor para

cada sete pessoas. [...] uma enorme fatia da população brasileira registrou nas juntas

comerciais, entre 1985 e 2001, oito milhões de empresas. [...] o país tem uma das

maiores taxas de criação de empresas por necessidade – 41% (CHIAVENATO,

2007, p. 11).

Segundo Dornelas (2008), esse tipo de empreendedorismo é mais comum em países

em desenvolvimento, como ocorre com o Brasil, e também influencia na atividade

empreendedora total desses países. Assim, não basta o país estar ranqueado nas primeiras

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posições do GEM - Global Entrepreneurship Monitor, o que o país precisa buscar é a

otimização do seu empreendedorismo de oportunidade.

O Brasil é um país que possui empreendedores, acima da média mundial, mas o alto

índice de empreendedores surge de uma demanda urgente, empreendedorismo por

necessidade, ou seja, é preciso analisar e avaliar todas as alternativas em um planejamento

estratégico antes de iniciar um investimento.

2.3 CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR

O empreendedor projeta ideias para colocá-las em prática no futuro, de acordo com

Dolabela:

O empreendedor é alguém que define por si mesmo o que vai fazer e em que

contexto será feito. Ao definir o que vai fazer, ele leva em conta seus sonhos,

desejos, preferências, o estilo de vida que quer ter. Dessa forma, consegue dedicar se

intensamente, já que seu trabalho se confunde com o prazer (DOLABELA,1999, p.

68).

Para Dornelas (2008, p.17), o empreendedor possui características extras, além dos

atributos do administrador, e alguns atributos pessoais que, somadas características

sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de uma nova empresa.

Em uma época em que ser empreendedor é quase um imperativo, é muito importante

lembrar que por trás das novas ideias que vêm revolucionando a sociedade, existe

muito mais do que a visão de futuro e talento individual. Análise, planejamento

estratégico operacional e capacidade de implementação são elementos essenciais no

sucesso de empreendimentos inovadores (DORNELAS, 2001, p.13).

É nesse contexto que estão inseridas as principais características empreendedoras onde

Dornelas (2001, p. 21) afirma que os empreendedores de sucesso:

a) São visionários: apresentam visão de negócio definida e estruturada de acordo

com seus objetivos;

b) sabem tomar decisões: tomam decisões no momento certo e principalmente em

situações adversas, implementando-as de maneira objetiva;

c) sabem explorar ao máximo as oportunidades: identificam oportunidades de

negócio ainda não são inseridas na realidade empresarial que se encontram;

d) São líderes e formadores de equipes: delegam tarefas de acordo com as principais

necessidades e objetivos da empresa, elencando o potencial e competências dos

colaboradores;

e) planejam: realizam planejamentos periódicos com o intuito de delinear ações e

definir estratégias;

f) possuem conhecimento: são amplos conhecedores do segmento de atividades no

qual estão inseridos com o objetivo de prevenirem falhas e identificar novas

oportunidades de atuação;

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g) assumem riscos calculados: estudam detalhadamente as situações de tomada de

decisão para que as consequências da alternativa escolhidas sejam as mais benéficas

possíveis.

Em “Formação Empreendedora na Educação Profissional”, elaborado pelo

MEC/SEBRAE (BRASIL, 2000, p. 40) constam os resultados da pesquisa, que agrupam as

competências e habilidades dos empreendedores da seguinte forma:

1. Busca de oportunidade e iniciativa: - Faz as coisas antes de solicitado ou antes de

forçado pelas circunstâncias; - Age para expandir o negócio a novas áreas, produtos

ou serviços; - Aproveita oportunidades fora do comum para começar um negócio,

obter financiamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistência.

2. Persistência: - Age diante de um obstáculo; - Age repetidamente ou muda de

estratégia a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo; - Assume

responsabilidade pessoal pelo desempenho necessário para atingir metas e objetivos.

3. Comprometimento: - Faz um sacrifício pessoal ou esforço extraordinário para

completar uma tarefa; - Colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles, se

necessário, para terminar um trabalho; - Esmera-se em manter os clientes satisfeitos

e coloca em primeiro lugar a boa vontade em longo prazo, acima do lucro de curto

prazo.

4. Exigência de qualidade e eficiência: - Encontra maneiras de fazer as coisas

melhor, mais rápido ou mais barato; - Age de maneira a fazer coisas que satisfazem

ou excedem padrões de excelência; - Desenvolve ou utiliza procedimentos para

assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou que o trabalho atenda a padrões

de qualidade previamente combinados.

5. Correr riscos calculados: - Avalia alternativas e calcula riscos; - Age para reduzir

os riscos ou controlar os resultados; - Coloca-se em situações que implicam desafios

ou riscos moderados.

6. Estabelecimento de metas: - Estabelece metas e objetivos que são desafiantes e

que têm significado pessoal; - Define metas de longo prazo, claras e específicas; -

Estabelece objetivos de curto prazo, mensuráveis.

7. Busca de informações: - Dedica-se pessoalmente a obter informações de clientes,

fornecedores e concorrentes; - Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou

fornecer um serviço; - Consulta especialistas para obter assessoria técnica ou

comercial.

8. Planejamento e monitoramento sistemáticos: - Planeja dividindo tarefas de grande

porte em subtarefas com prazos definidos; - Revisa seus planos constantemente,

levando em conta os resultados obtidos e mudanças circunstanciais; - Mantém

registros financeiros e utiliza-os para tomar decisões.

9. Persuasão e rede de contatos: - Utiliza estratégias deliberadas para influenciar ou

persuadir os outros;

10. Independência e autoconfiança: - Busca autonomia em relação a normas e

controles de outros; - Mantém seu ponto de vista, mesmo diante da oposição ou de

resultados inicialmente desanimadores; - Expressa confiança na sua própria

capacidade de complementar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio.

11 - Utiliza pessoas chave como agentes para atingir seus próprios objetivos; - Age

para desenvolver e manter relações comerciais (BRASIL MEC/SEBRAE 2000, p.

40).

A partir dessas características, entende-se que o empreendedor é aquele que identifica

oportunidades, é uma pessoa ousada e criativa, mas que precisa de aprendizado diário para se

motivar. Portanto, a soma de suas características e do próprio cotidiano, os empreendedores

acabam inovando e a partir desta inovação ou de uma nova ideia, surge uma empresa.

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2.4 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

Em uma perspectiva histórica, é possível observar que a mulher foi estigmatizada

como um ser frágil e submisso pela sociedade patriarcal, isto fica claro na frase segundo

Santos (2006, p. 103), “[..] as mulheres com a consolidação do sistema patriarcal na idade

média não foram privadas somente de seus direitos, mas da condição de seres humanos [...]”.

Há algum tempo atrás a função da mulher era administrar o lar, ou seja, quem

esforçava-se para manter a família era somente o homem. As mulheres viviam de maneira

limitada, com dificuldades para impor suas atitudes e decisões, não eram respeitas e não

tinham reconhecimento sobre nenhuma função desempenhada.

Antes da Revolução Industrial, as mulheres menos favorecidas poderiam trabalhar,

mas sem a proteção das leis trabalhistas, pois, na maioria das vezes, trabalhavam como

domésticas para ajudar na renda familiar, as mulheres mais favorecidas foram instruídas pelas

famílias a servirem o lar e somente exercerem as funções de dona de casa.

Após a Revolução Industrial, no século XVIII, as mulheres iniciaram sua participação

no mercado de trabalho, reivindicando seus direitos trabalhistas.

A invasão do cenário urbano pelas mulheres, no entanto, não traduz um

abrandamento das exigências morais. Ao contrário, quanto mais ela escapa da esfera

privada da vida doméstica tanto mais a sociedade burguesa do século XIX lança

sobre seus ombros o anátema do pecado, do sentimento de culpa do abandono do lar

(RAGO, 1985,p.63).

Em 1943, houve um avanço na edição de normas protetivas à mulher, que foi a

promulgação da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), solidificando todas as matérias

relativas ao trabalho e o exercício da atividade empregatícia da mulher.

Como resultado do avanço da mulher, no mercado de trabalho, pode-se considerar o

exemplo do setor público, onde as mulheres são maioria, cerca 53,5% do setor é composto por

mulheres, contra 45,5% de homens, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2012).

Atualmente, o perfil da mulher encontra-se diferente em relação ao início do século,

pois além de ocupar cargos de responsabilidade assim como os homens, as mulheres também

cumprem outras tarefas, como: ser mãe, administradora da casa, esposa, e muitas vezes, a

única fonte de renda da família.

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As mulheres estão trabalhando enquanto os homens estão desempregados; as

mulheres estão saindo do isolamento do lar; as mulheres estão ganhando o seu

dinheiro e a independência que ele confere; as mulheres estão conquistando direitos

públicos, no lugar de seus anteriores privilégios domésticos; as mulheres estão

apreendendo habilitações “masculinas” (montar, atirar, administrar um negócio),

desmistificando, assim, a competência masculina e desafiando o direito implícito

masculino de liderar (SANTOS, 2006, p. 149).

As lutas e conquistas da mulher no mercado de trabalho atual só puderam ser

percebidas e reconhecidas após elas provarem a sua competência e capacidade produtiva.

2.5 A MULHER EMPREENDEDORA

Desde quando as mulheres ingressaram no mercado de trabalho, é possível observar

que as características dos homens e mulheres, sejam eles empreendedores ou empreendedoras,

têm muito em comum, mas apesar de algumas características serem semelhantes, existem

diferenças em termos de trabalho entre eles, começando pelas motivações e habilidades para

os negócios, e que são levadas ao empreendimento. As diferenças podem ser atribuídas, a

partir da educação e de experiências profissionais (HISRICH, 2004).

Júlio (2002) concorda com Tom Peters quando ele menciona que prefere mulheres

dinâmicas para liderar uma empresa.

Recordo-me de uma palestra de Tom Peters, proferida em 2000. Perguntaram-lhe:

“Se o senhor tivesse uma grande empresa e fosse se aposentar, o que faria?” Sem

tibubear, ele respondeu que contrataria para o mais alto cargo executivo uma mulher

dinâmica e inteligente, recrutada em uma boa escola. Em seguida, selecionaria 100

jovens talentosos, já familiarizados com os instrumentos e ambientes da era digital, e

os colocaria sob as ordens dessa líder. Segundo ele, essa seria a fórmula ideal para

garantir a longevidade da empresa, com elevados padrões de qualidade e

competitividade. Exagero à parte concordo que a proposta de Peters aponta para

modelos corretos de reivindicação das organizações. As mulheres, sem dúvida, têm

se adaptado mais rapidamente a essa realidade competitiva dos novos tempos

(JULIO, 2002, p. 135).

Segundo Raposo; Astoni (2007) entende-se que foi através do empreendedorismo que

as mulheres conseguiram conquistar o seu lugar no mercado de trabalho, o que as tornou

capazes de conciliar as suas atividades profissionais com suas obrigações familiares:

As condições de independência adquiridas pela mulher vão além da Revolução

Feminista de 1969, quando várias mulheres protestantes queimaram peças íntimas

em praça pública. A atual conjuntura econômica empurra a mulher a auxiliar nas

questões financeiras da família, tornando se, muitas vezes, a chefe da casa, como

aponta a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

IBGE (RAPOSO; ASTONI, 2007, p. 36).

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Dados fornecidos pelo relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2006),

confirmam o crescimento da atividade empreendedora das mulheres na criação de negócios. O

Brasil é o sexto país colocado quanto ao empreendedorismo feminino.

As mulheres decidem empreender pela mesma razão que os homens, almejam o

sustento de si mesmas e da sua família, construir uma carreira e obter a independência

financeira. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, aumentou a disputa por

homens e mulheres que buscam se igualar por oportunidades, por posições hierárquicas de

destaque, cargos e reconhecimento na profissão. No entanto, as mulheres buscam acabar com

os diversos estereótipos sociais e culturais para tentar superar diversas barreiras.

Segundo dados da cartilha do SEBRAE (2014), em 2010, as mulheres

empreendedoras, quando questionadas os motivos que as levaram a abrir um negócio por

conta própria, apontaram as seguintes razões, como sendo as principais: identificação de

uma oportunidade de negócios (62,1%), experiência anterior (30,3%), ou ainda por estar

desempregada, ter sido demitida ou estar insatisfeita com a empresa em que trabalhava

(13%). Entretanto, segundo Machado (2009), é possível dividir as mulher empreendedoras

em três grupos diferentes: 1- as empreendedoras por acaso, que são aquelas que iniciam

seus negócios sem terem seus objetivos ou até mesmo seus planos claros, elas normalmente

possuem pouca experiência em negócios; 2- as empreendedoras forçadas, que por algum

motivo ou circunstância tiveram que assumir um negócio; e 3- as empreendedoras criadoras

que são aquelas que tiveram coragem e motivação para criar suas empresas. De acordo com

Etel Tomaz (2003):

A mulher economicamente ativa tem como principais características: a motivação –

as mulheres encontram motivação no trabalho fora de casa e buscam fazê-lo da

melhor forma possível; capacidade de trabalhar em grupo – as mulheres tiveram a

oportunidades de aprender a trabalhar em grupo, convivendo com os filhos,

vizinhos; intuição – o uso da intuição no processo decisório vai além da coleta e

análise de dados e informações gerenciais; criatividade – para realizar algo inovador,

as mulheres vão à busca do novo sem temer correr riscos; administrar conflitos – a

vida em família permite a mulher o desenvolvimento da habilidade de resolução de

conflitos; organização – metódica e organizada, a mulher consegue organizar sua

vida pessoal e profissional; administrar recursos escassos – diante das dificuldades

encontradas para administrar a vida em família e suas inúmeras necessidades, a

mulher aprendeu a trabalhar com recursos escassos; atenção para o detalhe – uma

característica importante das mulheres é a capacidade de cuidar dos detalhes;

administração do tempo – a dupla jornada de trabalho tem permitido as mulheres

desenvolver uma habilidade especial na gestão do tempo; simultaneidade – a

capacidade de pensar e decidir sobre diferentes coisas ao mesmo tempo é uma

característica que as mulheres adquiriram com a realização de várias atividades

simultâneas ( ETEL TOMAZ 2003, p. 44).

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Segundo Robbins, as mulheres empreendedoras possuem habilidades interpessoais

de influência, como:

As mulheres encorajam a participação, a partilha do poder e da informação e tentam

aumentar a autoestima dos seguidores. Preferem liderar pela inclusão e recorrem a

seu carisma, experiência, contatos e habilidades interpessoais para influenciar os

outros (ROBBINS 2003, p. 413).

3 METODOLOGIA

Para elaboração desta pesquisa, foram utilizados, quanto à abordagem, os métodos

quantitativos e qualitativos. Richardson et al (1999) definem que o método quantitativo:

Caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de

informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as

mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas como

coeficiente de correlação, análise de regressão etc. E método qualitativo: pode ser

caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e

características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção

de medidas quantitativas de características ou comportamentos. (RICHARDSON et

al, 1999, p.70)

Toda pesquisa quantitativa deve obrigatoriamente utilizar uma metodologia

científica para descobrir qual deve ser a abordagem correta para o público alvo, dentro de

uma margem de erro e um nível de confiabilidade aceitável.

O método qualitativo busca significados atribuídos aos fatos que são observados. No

caso deste tipo de método o pesquisador se propõe a participar, a compreender e a

interpretar as informações que ele seleciona e obtém a partir da pesquisa. Segundo Lakatos;

Marconi (2011):

O método qualitativo difere do quantitativo não só por não empregar instrumentos

estatísticos, mas também pela forma de coleta e análise dos 20 dados. A

metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais

profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece

análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de

comportamento (LAKATOS; MARCONI, 2011,p.269).

Com relação aos tipos de pesquisa, foi utilizada no ponto de vista da natureza, a

pesquisa básica, com o objetivo de gerar conhecimentos novos e úteis no processo de

aquisição de novos conhecimentos. Porém, nos tipos de objetivos de pesquisa foi abordado

a pesquisa exploratória, que estabelece critérios, métodos e técnicas para a elaboração de

uma pesquisa e visa oferecer informações sobre o objeto desta e orientar a formulação de

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12

hipóteses. Há indicações na literatura que para criar uma maior familiaridade com o tema

da pesquisa deve-se usar de levantamentos bibliográficos e questionário, ferramentas estas

componentes do processo de pesquisa exploratória.

Quanto aos procedimentos, foi elaborado um questionário com questões fechadas,

dividido em três partes, sendo elas: o perfil da mulher empreendedora, a motivação para o

negócio e estágio do negócio, da mulher inscrita no Prêmio Mulher de Negócios, oferecido

pelo SEBRAE, no ano de 2015, que aborda o perfil empreendedor, suas dificuldades e

sucesso no empreendimento exatamente como ocorrem, sendo a coleta de dados referentes

aos mesmos e à análise e interpretação desses dados de uma amostra, buscando novas

interpretações ou mesmo interpretações complementares. Segundo Gunther (2006, p.75), “a

análise de documentos é a variante mais antiga para realizar pesquisa, especialmente no que

diz respeito à revisão de literatura”.

Quanto ao tipo de técnica de coleta de dados, foi utilizado um roteiro exploratório,

estruturado com questionário que foi aplicado a uma amostra de empreendedoras de

segmentos diferentes, sendo esta amostra definida por meio das participantes que

responderem o questionário, as inscritas são do Prêmio Mulher de Negócios do SEBRAE

de Belo Horizonte e região Metropolitana do ano de 2015. As questões foram

desenvolvidas com a finalidade de medir atitudes, comportamento, circunstâncias e fatos

que levaram as mulheres a empreender. O questionário forneceu dados numéricos de uma

amostragem suficientes para elaboração de gráficos e tabelas que servirão como forma de

apresentação dos mesmos.

A coleta dos dados foi realizada através de um questionário online, contendo 18

questões fechadas, enviado para as inscritas no projeto por email, onde 42% responderam de

um total 250. Após a aplicação dos questionários, as respostas foram reunidas, tabuladas e

analisadas a partir das informações disponibilizadas pelas inscritas.

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13

4 DADOS E ANÁLISE DA PESQUISA

4.1 PRÊMIO MULHER DE NEGOCIOS

O prêmio Mulher de Negócios foi criado em 2003 e reconhece fundadoras de

empresas inovadoras, com potencial de crescimento e que causam impacto na sociedade em

que estão.

As vencedoras recebem 16 horas de consultoria gratuita com o SEBRAE e uma

viagem internacional. O prêmio é dividido em três grandes categorias: Microempreendedor

Individual (MEI), Pequenos Negócios e Produtora Rural. Para participar da disputa, é preciso

que a empresa seja liderada por uma mulher e que esteja registrada formalmente. A

empreendedora deve escrever e enviar sua história para o SEBRAE durante o período de

cadastro do prêmio, reassaltando que a história deve ser real e verdadeira, pois na fase de

visitas as informações serão conferidas. A primeira etapa de seleção é feita com a ajuda dos

escritórios estaduais do SEBRAE, que também premia as vencedoras locais. Só serão eleitas

as empreendedoras que cumprirem todos os requisitos determinados pela FNQ (Fundação

Nacional da Qualidade).

4.2 PERFIL

Busca-se conhecer o perfil das empreendedoras que participaram da pesquisa e

identificar itens importantes como: o estado civil, possui filhos, a faixa etária, o grau de

escolaridade, tempo de existência da empresa e faixa de renda.

Os dados coletados evidenciam que 57% das mulheres são casadas, 18% são solteiras,

14% são divorciadas, 8% possuem união estável e 1% são viúvas; 69% têm filhos. Desta

forma, percebe-se que a maioria das mulheres são casadas e possuem filhos, apresentando

maiores responsabilidades com o lar, marido, criação dos filhos e, mesmo assim, se

comprometem e dedicam uma grande parte do tempo aos empreendimentos para garantir

melhor qualidade de vida à família e satisfação pessoal.

38% das empreendedoras tem idade entre 31 e 40 anos, são as que mais se arriscam

para montar seu próprio negócio, como mostra o gráfico. 27% são mulheres entre 18 e 30

anos, 22% para as mulheres de 40 e 50 anos e 13 % para as de 50 e 60.

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De acordo com o gráfico 1, a maioria das empreendedoras possui como grau de

escolaridade o ensino superior completo, elas representam 34% e, no entanto, a sua

experiência conquistada ao longo dos anos as tornaram boas profissionais na área, sensíveis às

mudanças. Outras empreendedoras, com segundo índice maior, de 33%, estão as que

concluíram sua Pós Graduação. O gráfico ainda mostra 13% das empreendedoras com curso

superior Incompleto, 18% com ensino médio completo e apenas 2% com Ensino Médio

Incompleto, o que apresenta que todas possuem estudo, e estão sempre buscando mais

conhecimento.

2%

18%

13%

34%

33%

Gráfico 1 - Grau de escolaridade

Ensino médio incompleto

Ensino médio completo

Ensino superior incompleto

Ensino superior completo

Pós grauada

Fonte: Da pesquisa (2015)

Observa-se que no gráfico 2, 45% das empresas possuem mais de oito anos de

mercado, ou seja, estão estabilizadas. 23% das empresas têm entre 3 e 4 anos no mercado,

17% de 1 a 2 anos, 10% de 5 a 6 anos e 5% de 7 a 8 anos. Segundo pesquisa do IBGE (2006),

a taxa de sobrevivência das Micros e Pequenas Empresas com até dois anos em exercícios foi

de 73,1%, em consideração às empresas abertas no ano de 2006. O que mais influencia no

fechamento das Micros e Pequenas Empresas são a falta do planejamento, de técnica de

marketing, de avaliação de custo e fluxo de caixa, entre outros.

17%

23%

10%

5%

45%

Gráfico 2 - Tempo de existência do empreendimento

1 a 2 anos

3 a 4 anos

5 a 6 anos

7 a 8 anos

Mais de 8 anosFonte: Da pesquisa (2015)

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15

Com relação a faixa de renda das empreendedoras cerca, de 51% faturam acima de 5

salários mínimos e 49% possuem uma renda de até 5 salários mínimos.

De acordo com o gráfico 3, 70% das pesquisadas trabalham mais que oito horas

diárias. 15% trabalham 8 horas, 6% trabalham menos que 8 horas e 9% trabalham em home

Office.

A flexibilidade de horário é importante para o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida

profissional. As mulheres que possuem seu próprio negócio têm a liberdade de estruturar seu

dia, adaptando os compromissos de trabalho às necessidades da família. Mas, ter flexibilidade

de horário não significa menos horas de trabalho, a maioria das pesquisadas trabalham muito

mais que uma jornada tradicional de 8 horas diárias.

De acordo com a questão oito do questionário, antes de iniciar o empreendimento,

62% das pesquisadas estudaram ou realizaram curso sobre ele. Os empreendedores, segundo

Dornelas (2007, p. 108) “são sedentos pelo saber e aprendem continuamente, pois sabem que,

quanto maior o domínio sobre um ramo de negócio, maior é a chance de êxito”.

6%

15%

70%

9%

Gráfico 3 - Horas de trabalho por dia

Menos que 8

8 horas

Mais que 8 horas

Home Office

Fonte: Da pesquisa (2015)

De acordo com o gráfico 4, a maior área de atuação dos empreendimentos está

concentrada no comércio 48%, seguido de negócios 27%, 3º setor com 11%, indústria com

10% e negócios sociais com 4%.

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16

27%

48%

10%

4%11%

Gráfico 4 - Qual a área de atuação do empreendimento

Négocios

Comércio

Indústria

Negócios sociais

3º Setor

Fonte: Da pesquisa (2015)

4.3 MOTIVAÇÃO PARA O NEGÓCIO

Sobre as mulheres pesquisadas, 63% gostavam do que faziam e, por isso, deram

continuidade no estilo do trabalho. Para Dornelas (2007, p. 112):

Quando os empreendedores adoram o seu trabalho, esse amor se torna o principal

combustível que os mantém cada vez mais animados e autodeterminados, tornando-

os melhores vendedores de suas ideias, produtos e serviços, pois sabem, como

ninguém, a maneira de fazê-lo.

De acordo com o gráfico 5 as pesquisadas responderam o que as influenciou a se

tornarem empreendedoras, para, 42% foi a satisfação pessoal, 21% necessidade, 17% opção,

11% flexibilidade de estabelecer o próprio horário, 7% empresa familiar e 2% indicação. A

razão para iniciar uma atividade é um tema diverso e a motivação difere de pessoa para

pessoa indo de encontro com a necessidade de cada um. Embora o empreendedorismo traga

satisfação pessoal, autonomia financeira entre outros fatores, os impactos causados por ele

também afetam a vida das empreendedoras. Segundo Chiavenato (2007):

A motivação está intimamente relacionada com as necessidades pessoais. Assim, as

necessidades direcionam o comportamento daqueles que procuram satisfazer as

carências pessoais. Tudo o que leva a alguma satisfação dessas necessidades motiva

o comportamento, isto é, provoca as atitudes das pessoas (CHIAVENATO, 2007,

p172).

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17

21%

7%

2%17%

42%

11%

Gráfico 5 - Influência a se tornar uma empreendedora

Necessidade

Empresa Familiar

Indicação

Opçao

Satisfação pessoal

Flexibilidade de estabelecer o

próprio horário

Fonte: Da pesquisa (2015)

O gráfico 6 apresenta as principais dificuldades encontradas pelas empreendedoras no

início do seu empreendimento, onde 58% foram por falta de capital, 22% conhecimento do

empreendimento, 9% público distante, 7% outros (neste caso, as pesquisadas escreveram suas

respostas, como: filhos, concorrência, o novo. As pessoas não sabiam bem o que era um

restaurante de massas, falta de vivência na profissão, pessoas comprometidas para

desenvolver um trabalho com a mesma seriedade e comprometimento que eu tenho e

reconhecimento público) e 4% por preconceito de gênero.

58%

9%

22%

4% 7%

Gráfico 6 - Dificuldades encontradas no início do seu

empreendimentoCapital

Público distante

Conhecimento do empreendimento

Preconceito do gênero

Outros

Fonte: Da pesquisa (2015)

De acordo com o gráfico 7, os fatores que mais atrapalharam, ao iniciar um

empreendimento, das inscritas no Prêmio Mulher de Negócios, com 25% outros (falta de

empréstimo com banco no caso de MEI (micro empreendedor individual), investimento alto,

pouco capital, Burocracia com documentos, principalmente na prefeitura), 24%

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18

crise/economia, 21% impostos exorbitantes, 13% mercado restrito, 8% preconceito, 7%

criatividade na continuação do projeto e 2% modismo.

Observa-se que os fatores que mais atrapalham iniciar um empreendimento é a

situação econômica brasileira atual, que inclui impostos exorbitantes, dificuldade com o

crédito para os pequenos empreendedores.

21%

8%

2%24%

13%

7%

25%

Gráfico 7 - Fatores que atrapalharam ao iniciar o empreendimento

Impostos exorbitantes

Preconceito

Modismo

Crise/ Economia

Mercado Restrito

Criatividade na continuação do

projetoOutros

Fonte: Da pesquisa (2015)

O gráfico 8, aborda como vem sendo demonstrado o crescimento do

empreendedorismo feminino. Pode-se observar que a alternativa “as mulheres estão mais

independentes” obteve 65% da pesquisa e 3% da pesquisa acredita que foi pela falta de

emprego ofertado no mercado. Desta forma, observa-se que o principal motivo para o

crescimento do empreendedorismo feminino, foi à busca por independência das mulheres e

não pela falta de emprego ofertado no mercado.

Ainda sobre a necessidade pela qual a mulher empreende, o relatório

Empreendedorismo no Brasil 2010 - GEM (2010) mostra que “As mulheres investem no

empreendedorismo pela mesma razão que o homem, ou seja, visando o sustento de si mesma,

de suas famílias, o enriquecimento de vidas pela carreira e pela independência financeira”.

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19

3%

65%

15%

8%9%

Gráfico 8 - O crescimento do empreededorismo feminino

Falta de emprego ofertado no mercado

As mulheres estão mais independentes

Por inovação abertura do mercado de

trabalho para a mulherPor existir mais condições favoráveis para a

mulherOutros

Fonte: Da pesquisa (2015)

Conforme o gráfico 9 apresenta, a participação no Prêmio Mulher de Negócios do

SEBREAE o fator que mais contribui para a maioria, no caso, 38% das mulheres é a

realização profissional, em seguida 23% melhoria de vida para a família e independência

financeira, 10% satisfação pessoal, 3% necessidade de um emprego e outros. De acordo com

Chiavenato (2007):

As pessoas agem para atingir objetivos pessoais que são determinados pelas suas

necessidades individuais. À medida que o trabalho conduz direta ou indiretamente

rumo a seus próprios objetivos, as pessoas tendem a realizá-lo mais e melhor. Como

o trabalho está voltado para o alcance dos objetivos empresariais, torna-se

importante relacioná-lo também com o alcance dos objetivos pessoais daqueles que

o realizam (CHIAVENATO, 2007, p. 174).

23%

10%23%

3%

38%

3%

Gráfico 9 - O fator que contribui para o crescimento do

empreendedorismo feminino em Belo Horizonte e região

MetropolitanaMelhoria de vida para a família

Satisfação pessoal

Independencia Financeira

Necessidade de ter um emprego

Realização profissional

Outros

Fonte: Da pesquisa (2015)

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20

Como mostra o gráfico 10, os resultados obtidos, ao se tornarem empreendedoras, de

acordo com as pesquisadas foi de 52% aceitação no mercado, 21% empreendimento aceito,

15% permanência no projeto, 6% lucro esperado e outros.

Segundo Dornelas (2008), empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e

processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades, e a perfeita

implantação destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso.

21%

15%

6%

52%

6%

Gráfico 10 - Resultados obtidos ao se tornarem empreendedoras

Empreendimento aceito

Permanência no projeto

Lucro esperado

Aceitação no mercado

Outros

Fonte: Da pesquisa (2015)

4.4 ESTÁGIO DO NEGÓCIO

O gráfico 11 apresenta a fase que a empreendedora identifica que o negócio se

encontra, 67% das pesquisadas diz que a empresa vai bem e está focada em crescer, 21% está

começando a empresa, 6% está passando por problemas e buscando ideias de negócio.

Segundo Dornelas (2007, p.109) “assumir riscos talvez seja a característica mais conhecida

dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos calculados

e sabe gerenciá-los avaliando as reais chances de sucesso”. Por isso, mais da metade das

pesquisadas estão com a empresa estáveis e focadas em crescimento, pois a partir do

momento que entende bem do negócio e se dispõe a assumir riscos calculados existem

grandes chances de sucesso.

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21

67%

21%

6% 6%

Gráfico 11 - Fase do negócio

Minha empresa vai bem e estou

focada em crescer

Minha empresa está começando

Minha empresa está com

problemas

Estou buscando ideias de negócio

Fonte: Da pesquisa (2015)

O gráfico 12 indica que 42% das pesquisadas pretendem melhorar o próprio

empreendimento através de cursos, 21% através de eventos, 14% cursos de

empreendedorismo, 12% contratando especialistas para o quadro da empresa e 11%

contratando uma consultoria. Isto mostra que, a maioria optou por adquirir novo

conhecimento e, de acordo com Dornelas (2007), os empreendedores são sedentos pelo saber

e aprendem continuamente, buscam conhecimento por meio de cursos e eventos, além de

realizarem estudos sobre o mercado em que vislumbram atuar.

21%

42%

14%

12%

11%

Gráfico 12 - Como melhorar o próprio empreendimento

Através de eventos

Realizando cursos nas áreas que

pretendo melhorar

Realizando cursos de

empreendedorismo

Contratando especialistas para o

quadro da empresa

Contratando uma consultoria

Fonte: Da pesquisa (2015)

A mensuração dos dados da pesquisa se faz necessária para embasar a análise com

informações reais, expostas pelas inscritas no prêmio de forma clara e objetiva.

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22

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Com o empreendedorismo em alta e o mercado atual desaquecendo é o momento de se

reinventar é o momento de ser diferente e empreendedor. Entre esses fatores, as mulheres

inscritas no Prêmio Mulher de Negócios, oferecido pelo SEBRAE enxergam o

empreendedorismo como oportunidade profissional e satisfação pessoal. Esta pesquisa

desenvolveu-se com o objetivo geral de compreender o perfil, as dificuldades e o setor de

maior participação das mulheres inscritas no prêmio e objetivo específico verificou as

características e como se deu o empreendedorismo, por necessidade ou oportunidade.

Constatou-se que as mulheres estão fazendo sucesso à frente dos negócios e

principalmente, estão realizadas e orgulhosas do seu empreendimento. Desta forma, na análise

da pesquisa é possível observar que a maior parte das mulheres inscritas no projeto tem como

características principais: o foco, a determinação, o otimismo e a persistência. O perfil foi

definido por mulheres com idade de 31 a 40 anos, casadas, com filhos e ensino superior

completo e que enxergaram uma maior oportunidade no comércio para ingressar no mercado

de Belo Horizonte e região metropolitana e encontraram como principal dificuldade para

iniciar o empreendimento, o capital inicial.

As inscritas no Prêmio Mulher de Negócios resolveram empreender pela realização

profissional e satisfação pessoal, apesar de a necessidade também fazer com que elas

tomassem essa iniciativa por possuírem filhos e terem que ajudar na renda familiar. Diante de

toda pesquisa e análise dos dados, conclui-se que as mulheres de hoje procuraram empreender

de maneira viável e segura, de forma que possam conciliar o meio familiar com o

empreendimento.

Existe uma preocupação em manter a estabilidade do empreendimento, onde a maioria

das mulheres pretendem realizar eventos e cursos em áreas que não dominam para melhorar o

próprio empreendimento. Entretanto, as pesquisadas acreditam que seu negócio vai bem, está

estável, pois a maioria possui mais de oito anos de mercado, e pretendem crescer.

Deste modo, a expectativa aguardada durante toda a construção da pesquisa foi

alcançada e surpreendeu as pesquisadoras que tinham em mente outra visão do resultado com

relação às dificuldades encontradas no início do seu empreendimento, acreditava se que o

preconceito do gênero fosse uma das maiores dificuldades, mas se ele ocorreu, foi superado.

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23

Portanto, o objetivo geral e os objetivos específicos foram alcançados e o problema de

pesquisa foi respondido.

A sugestão apontada pelas pesquisadoras consistiu em uma construção do sonho de

forma planejada e viável ao momento de cada empreendedora, estudando a viabilidade do

empreendimento, com planejamento, pesquisa de campo e orçamentos, para assim identificar

custos e despesas, lucros e rendimentos ao longo do empreendimento, mas levando em conta

a atual situação financeira, assim sendo a empreendedora terá conhecimento geral do seu

empreendimento.

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ou-Livro/Pesquisa-Empreendedorismo-Feminino#. Acesso em 26 mar. 2015.

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SEBRAE. Fatores Condicionantes e Taxa de Mortalidade de Empresas no Brasil.

Brasília, agosto 2004. Disponível em: http://www.sebrae.com.br. Acesso em 05 jun. 2015

TOMAZ, Etel Competência e sensibilidade são sinônimos de sucesso. Revista SEBRAE –

Mulheres deixam sua marca no desenvolvimento do país. Brasília, N° 8, março/abril 2003.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

Somos estudantes do curso de Administração do oitavo período do Centro Universitário de

Belo Horizonte – Uni BH. Estamos realizando uma pesquisa com as inscritas no Prêmio

Mulher de Negócios oferecido pelo SEBRAE no ano de 2015, para identificar qual é o perfil

das mulheres empreendedoras inscritas no projeto e quais são as principais dificuldades

enfrentadas por elas para empreender. Ressalta-se que a aplicação desta pesquisa está

autorizada pelo órgão do SEBRAE. Agradecemos antecipadamente pela atenção e

participação.

PERFIL DAS RESPONDENTES

1 – Estado Civil:

[ ] Casada [ ] Divorciada [ ] União Estável

[ ] Solteira [ ] Viúva

2 – Tem filhos:

[ ]Sim; Quantos:__________ [ ] Não

3 – Faixa etária:

[ ] 18 à 30 anos [ ] 41 à 50 anos

[ ] 31 à 40 anos [ ] 51 à 60 anos

4 – Grau de escolaridade:

[ ] Ensino Fundamental [ ] Ensino Médio Completo

[ ] Ensino Médio Incompleto [ ] Ensino Superior Completo

[ ] Ensino Superior Incompleto [ ] Pós Graduada

5 – Tempo de existência do empreendimento?

[ ] 1 à 2 anos [ ] 3 à 4 anos

[ ] 5 à 6 anos [ ] 7 à 8 anos

[ ] Mais de 8 anos:______________________

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6 - Faixa de renda:

[ ] Renda acima de 5 salários mínimos

[ ] Renda de até 5 salários mínimos

7 - Quantas horas por dia você trabalha?

[ ] Menos que 8 horas [ ] 8 horas

[ ] Mais que 8 horas [ ] Home office

8 - Você fez algum curso ou estudou sobre o seu empreendimento antes de começa-lo?

[ ]Sim [ ]Não

9 – Qual a área de atuação do empreendimento:

[ ] Negócios [ ] Comércio

[ ] Indústria [ ] Negócios sociais

[ ]3ª. Setor

MOTIVAÇÃO PARA O NEGÓCIO

10 - Trabalhava nele antes e gostava do que fazia?

[ ] Sim [ ] Não

11 - O que influenciou a se tornar uma empreendedora?

[ ] Necessidade [ ] Empresa familiar

[ ] Indicação [ ] Opção

[ ] Satisfação Pessoal [ ] Flexibilidade de estabelecer meu próprio horário

12 - Quais as dificuldades encontradas no início do seu empreendimento:

[ ] Capital [ ] Público distante

[ ] Conhecimento do empreendimento [ ] Preconceito de gênero

Outros:_________________________________

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13 – Quais fatores mais atrapalharam ao iniciar o empreendimento? (nesta questão pode

marcar mais de uma opção)

[ ] Impostos exorbitantes [ ] Preconceito

[ ] Modismo [ ] Crise / Economia

[ ] Mercado Restrito [ ] Criatividade na continuação do projeto

[ ] Outros:_________________________________

14 - O empreendedorismo vem crescendo consideravelmente nos últimos anos pelo

gênero feminino. Por qual motivo você acredita nisso?

[ ] Falta de emprego ofertado no mercado

[ ] As mulheres estão mais independentes

[ ] Por inovação abertura de mercado de trabalho para a mulher

[ ] Por existe mais condições favoráveis para a mulher

Outros:___________________________________________________

15 – Com a participação no projeto Mulher de Negocio oferecido pelo SEBRAE, qual o

principal fator que contribui para o crescimento do empreendedorismo feminino em

Belo Horizonte e região Metropolitana na sua opinião:

[ ] Melhoria de vida para a família [ ] Satisfação Pessoal

[ ] Independência Financeira [ ] Necessidade de ter um emprego

[ ] Realização profissional Outros:___________________________

16 – Quais resultados foram obtidos ao se tornar uma empreendedora:

[ ] Empreendimento aceito [ ] Permanência do Projeto

[ ] Lucro esperado [ ] Aceitação no mercado

Outros:____________________________

ESTÁGIO DO NEGÓCIO

17 - Em que fase você considera estar seu negócio:

[ ] Minha empresa vai bem e estou focada em crescer

[ ] Minha empresa está começando

[ ] Minha empresa está com problemas

[ ] Estou buscando ideias de negócio

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18 - Como pretende melhorar o próprio empreendimento

[ ] Através de eventos

[ ] Realizando cursos nas áreas que pretendo melhorar

[ ] Realizando cursos de empreendedorismo

[ ] Contratando especialistas para o quadro da empresa

[ ] Contratando uma consultoria