Descarga de Peso e Discrepância de Comprimento nos Membros Inferiores em Adolescentes com Escoliose...

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1 UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIENCIAS DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA DISCREPÂNCIA DE DESCARGA DE PESO E DE COMPRIMENTO NOS MEMBROS INFERIORES EM ADOLESCENTES COM ESCOLIOSE IDIOPÁTICA KARINA MOREIRA VEIGA

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UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIENCIAS DA SAÚDE

CURSO DE FISIOTERAPIA

DISCREPÂNCIA DE DESCARGA DE PESO E DE COMPRIMENTO NOS

MEMBROS INFERIORES EM ADOLESCENTES COM ESCOLIOSE

IDIOPÁTICA

KARINA MOREIRA VEIGA

ASSIS2012

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DESCARGA DE PESO E DISCREPÂNCIA DE COMPRIMENTO NOS

MEMBROS INFERIORES EM ADOLESCENTES COM ESCOLIOSE

IDIOPÁTICA

KARINA MOREIRA VEIGA

A495FD4

Projeto de pesquisa apresentado como Iniciação Cientifica em Fisioterapia na Universidade Paulista – UNIP Assis.

Orientador: Profª Ms Cássia Saade

Pacheco.

ASSIS2012

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................04

2. JUSTIFICATIVA ..........................................................................................07

3. OBJETIVOS.................................................................................................08

3.1 Objetivo Geral...........................................................................................08

3.2 Objetivo Específico..................................................................................08

4. MATERIAL E MÉTODO...............................................................................08

4.1 Sujeito........................................................................................................08

4.2 Material......................................................................................................09

5. RESULTADO ESPERADO .........................................................................10

REFERÊNCIAS................................................................................................11

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1. INTRODUÇÃO

A coluna vertebral é um pilar ósseo formado por curvaturas fisiológicas

em convexidade anterior e posterior, denominadas lordose e cifose,

respectivamente. Responsável pela postura ereta do tronco e pelo alinhamento

da cabeça, suas curvaturas fisiológicas são responsáveis pela distribuição do

peso entre todos os segmentos vertebrais, sem ocorrer à sobrecarga no

sistema articular1.

Quando em equilíbrio, a coluna possui estabilidade e mobilidade

simultaneamente, devido a ajustes automáticos, realizado pelos tensores

musculares, comandados pelo sistema nervoso central. Porém, pode deformar-

se e tornar-se rígida pela interferência desses mesmos tensores1.

A presença de curvatura lateral na coluna vertebral é considerada

patológica, denominada de escoliose, uma deformidade estática e evolutiva2.

Nesse caso, as vértebras sofrem inclinação e rotação permanente1,3. Se a

escoliose ocorrer na coluna dorsal, devido à ligação das costelas com as

vértebras, resultará em deformidade do gradeado costal, que se salientará do

lado da convexidade à medida que as vértebras giram4,5. Por outro lado, há

encurtamento dos músculos da concavidade da curva e enfraquecimento dos

músculos da convexidade 6,4.

A escoliose pode ser de origem congênita (má formação da coluna no

feto) ou adquirida. Esta pode ocorrer devido a problemas neurológicos que

atingem os músculos do tronco, alterações ósseas, traumas, encurtamento de

um membro, decorrente de um mau posicionamento e por comprometimento

da visão ou audição3,5. Porém, noventa e oito por cento são idiopáticas, ou

seja, sem causa definida6. As teorias defendem que a escoliose idiopática

ocorre devido a desequilíbrios neuromusculares, hormonais ou por sobrecarga

física ou emocional5. Enfim, qualquer desequilíbrio estático pode gerar uma

escoliose2.

No estirão da adolescência, o crescimento ósseo se faz de maneira

brusca. O tecido conjuntivo impõe uma resistência contra esse acelerado

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crescimento, porém, quando a estrutura óssea não consegue vencer a

resistência do tecido conjuntivo, o elemento ósseo se altera e encurva-se

durante o crescimento, o que provoca a instalação e desenvolvimento da

escoliose, que afeta mais de vinte por cento da população infantil2,6.

Nos casos idiopáticos, a coluna torácica é mais acometida pela

escoliose, preferencialmente do lado direito, há acunhamento das vértebras e a

coluna lombar curva-se de modo a compensar 7,8,9. A coluna interfere e sofre

interferência da cintura pélvica, escapular e dos membros. Portanto, os

portadores de escoliose, apresentam algumas características típicas, como

assimetria do triângulo de Tales, gibosidade, presente na posição de Adam,

ombros e cristas ilíacas desnivelados, discrepância dos membros inferiores e

posicionamento anormal da cabeça 7,9.

A escoliose pode ser classificada de duas formas. A primeira em relação

ao grau de gravidade, em que curvas até 20° do ângulo de Cobb, recomenda-

se observação, para avaliar se há piora em um pequeno período e tratamento

preventivo. Se a curva é entre 20º e 40º Cobb, indica-se colete de manutenção

(Milwaukee ou similar) 23 horas por dia associado ao tratamento, até o final da

fase de risco (estirão). E caso a curva seja maior que 40º Cobb, realiza-se

tratamento cirúrgico10.

A segunda classificação, mais antiga, considera a escoliose de acordo

com sua evolução. Pré-escoliose: crianças com má postura, que em

radiografias podem até não apresentarem uma curva patológica, mas

apresentam pequenas anomalias estáticas, recomenda-se acompanhamento

atento do crescimento. Na escoliose do primeiro grau há o aparecimento da

deformidade em posição ortostática, mas não em decúbito, aconselha-se

repouso (proibição de esportes) e colete, se essa deformidade piora no fim da

tarde indica-se tratamento corretivo. Escoliose do segundo grau: a deformidade

ocorre em posição ortostática e em decúbito, só desaparece com uma tração

entre cabeça e pés, é aconselhado tratamento diário das retrações e uso

rigoroso do colete. Escoliose de terceiro grau: que aparecem em todas as

posições, em pé, em decúbito e até sob tração. Podem ser flexíveis, quando

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seu grau varia dependendo da posição ou fixas, quando seu grau não se altera

em nenhuma das posições. Seu tratamento é cirúrgico2.

A discrepância no comprimento dos membros inferiores, assim como a

escoliose, pode ser de origem congênita ou adquirida. As congênitas podem

ser morfológicas, devido a um encurtamento ou sobrecrescimento, ou podem

ser posturais, por contratura em postura intrauterina. Nas adquiridas, estão

exposição das placas de crescimento em tratamentos radioterápicos, sequelas

de lesões traumáticas ou infecciosas das placas fisárias e fraturas

consolidadas viciosamente8.

Luxação unilateral do quadril, joelho em flexão ou recurvado, adução do

quadril, retrações musculares e escoliose podem causar a assimetria dos

membros inferiores. Para avaliar essa diferença, deve-se lançar mão de

avaliação clínica e exame radiográfico. Utiliza-se fita métrica para mensuração

aparente e real, tomando como base pontos anatômicos móveis e fixos8.

Para avaliar a discrepância real no comprimento dos membros inferiores,

realiza-se a medida das espinhas ilíacas ântero-superiores até os maléolos

mediais ou pede-se ao paciente que fique em decúbito dorsal, com flexão de

joelhos a 90°, se um joelho é mais alto que o outro, indica que a tíbia desse

segmento é maior, se um joelho se anterioriza mais que o outro, indica que o

fêmur dessa extremidade é maior11.

Para avaliar a discrepância aparente no comprimento dos membros

inferiores, ou seja, em que não há desigualdade no tamanho ósseo, mas

obliquidade pélvica (desigualdade entre as espinhas ilíacas súpero-

posteriores), realiza-se a medida da cicatriz umbilical até o maléolo medial. Na

região proximal do fêmur, a referência pode ser a espinha ilíaca ântero-superior

ou o trocanter maior. Na região distal, as interlinhas articulares ou maléolos

medial e lateral8,11.

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2. JUSTIFICATIVA

Esse tema foi escolhido por se tratar de uma deformidade comum que

acomete muitos adolescentes e que pode acarretar sequelas por toda a vida.

Essa pesquisa é de suma importância para a Fisioterapia, uma vez que

as deformidades da coluna vertebral podem incidir sobre os membros inferiores

e, pouco se publicou sobre a escoliose com a discrepância do comprimento e

da descarga de peso dos membros inferiores.

Estudos da postura e da reeducação postural tem apontado o uso

assimétrico do corpo com descargas de peso diferentes nas bases plantares12.

Assim, esse estudo propõe elucidar possíveis relações da escoliose e sua

assimetria corporal com a descarga de peso nos MMII, o que poderá contribuir

para o aprimoramento do diagnóstico e do plano de tratamento de pacientes

com escoliose idiopática na adolescência.

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3. OBJETIVO

3.1 Objetivo Geral

Avaliar em adolescentes com diagnóstico de escoliose a presença da

discrepância de comprimento e descarga de peso nos membros inferiores

(MMII).

3.2 Objetivo Específico

- Avaliar a relação da descarga de peso com o grau da escoliose

idiopática;

- Relacionar a descarga de peso com o lado da convexidade ou da

concavidade escoliótica;

- Detectar diferença no comprimento dos membros inferiores no

diagnóstico de escoliose idiopática e associá-la a convexidade ou concavidade

da curvatura escoliótica e o grau da deformidade (ângulo de Cobb).

4. MATERIAL E MÉTODO

4.1 Sujeito: serão selecionados para a amostra 30 adolescentes entre 10 e 18

anos, encaminhados por médicos, fisioterapeutas ou pessoas que saibam da

pesquisa, com o diagnóstico médico de escoliose e que apresentam exame

radiográfico que confirme a presença da escoliose.

- Critério de inclusão: adolescentes de 10 a 18 anos com diagnóstico de

escoliose idiopática e confirmação diagnóstica por exame radiológico

que aceitem anuir ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE).

- Critério de exclusão: serão excluídos deste estudo indivíduos fora da

faixa etária de 10 a 18 anos, que não tenham diagnóstico de escoliose

confirmado pelo exame radiológico, e não aceitem anuir ao TCLE.

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4.2 Material:

- fita métrica: uma fita métrica plástica padrão graduada em milímetros

para mensurar o comprimento real e aparente dos MMII, desde a

espinha ilíaca ântero-superior até os maléolos internos e da cicatriz

umbilical até os maléolos internos.

- duas balanças analógicas: para registrar a descarga de peso nos

MMII serão utilizadas duas balanças analógicas, calibradas igualmente

com peso de 1 kg antes da coleta de dados de cada sujeito. As balanças

estarão acopladas em uma plataforma de madeira (1m X 1m de

dimensão, e altura de 10 cm), para nivelar as balanças com o piso, sem

criar possíveis instabilidades posturais pelo sujeito estar “subindo em

balanças”. O paciente deverá subir na plataforma e em posição

ortostática colocar seus pés sobre as marcas, no centro de cada balança

(distância entre os pés de aproximadamente 10 cm) e permanecer por

trinta segundos para registro do valor em cada balança (pé direito e pé

esquerdo). O sujeito sairá da balança e repetirá este processo três

vezes, para maior confiabilidade.

- Negatoscópio: será utilizado para observação da imagem radiológica

e medir o grau da escoliose pelo método de Cobb - será traçado uma

linha paralela à borda superior da primeira vértebra que mais se inclina

na direção da concavidade e uma linha paralela na borda inferior da

última vértebra com maior angulação em direção à concavidade, depois

se traçará uma linha perpendicular em cada uma dessas retas de modo

que elas se cruzem, formando o ângulo de Cobb e revelando o grau da

escoliose.

Os dados serão tabulados em ambiente Excel para avaliação de

estatística simples e teste de correlação e significância da amostra.

A pesquisa deverá durar aproximadamente seis meses, desde a triagem

dos indivíduos com escoliose, a avaliação de cada adolescente, e a coleta de

dados, com análise estatística e conclusão do trabalho.

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A avaliação de cada adolescente com diagnóstico de escoliose será

realizada nas dependências da Universidade Paulista (UNIP), localizada na

Rua Myrtes Spera Conceição, em Assis - SP, após aprovada pelo Comitê de

Ética em Pesquisas.

5. RESULTADO

Espera-se com essa pesquisa detectar a diferença no comprimento dos

membros inferiores e na descarga de peso de adolescentes com escoliose

idiopática e associá-la a convexidade ou concavidade da curvatura e com o

grau da deformidade.

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REFERÊNCIAS

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3. KENDALL, F.P. Et All. “Postura.” In: Músculos provas e funções com postura e dor. Tradução de Marcos Ikeda. 5ª ed. SP: Editora Manole, 2007.

4. MARQUES, A.P. Escoliose Tratada com Reeducação Postural Global. Revista de Fisioterapia Universidade de São Paulo, v.3, n.º1/2, p. 65-68 jan./dez., 1996.

5. TIDSWELL, M. “Deformidades da coluna vertebral.” In: Ortopedia para fisioterapeutas. Tradução de Tania Clarete. --SP: Editora Premier, 2001.

6. BIENFAIT, M.; SANTOS, A. Escoliose, Calamidade tão Desconhecida. Revista Fisioterapia, São Paulo.

7. FAÇANHA, F.A.M.; DAFINO, H.; GONZAGA, M.C. Escoliose Idiopática no Adolescente: Instrumentação Posterior. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Sociedade Brasileira de Reumatologia.

8. HEBERT, S. Et All. “Desigualdade de comprimento dos membros inferiores” e “Coluna Toracolombar: deformidades” In: Ortopedia e traumatologia: princípios e prática. 3ª ed. SP: Editora Artmed, 2002.

9. ROCHA, E.S.T.; PEDREIRA, A.C.S. Problemas Ortopédicos Comuns na Adolescência. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, p.225-233, 2001.

10.BRUSHINI, S. “Escoliose.” In: Ortopedia Pediátrica. 2ª ed. SP: Editora Atheneu, 2001.

11.HOPPENFELD, S. “Exame do Quadril e da Pelve” In: Propedêutica Ortopédica- Coluna e Extremidades. Tradução de Antonio Augusto. --SP: Editora Atheneu, 2008.

12.VIEIRA, A. O Método de Cadeias Musculares e Articulares G.D.S.: Uma Abordagem Somática. Movimento (Porto Alegre),v.8,n°1,p.41-49 1998.