Descrição detalhada das actividades desenvolvidas · Desenvolvimento de fichas individuais de...
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Descrição detalhada das actividades desenvolvidas
As publicações e alguns dados adicionais sobre o projecto podem ser consultados no
‘site’
http://algol.fis.uc.pt:8080/CEMDRX/Members/fgil/ptdc-aur-urb-113635-2009
Todas as referências inseridas no texto remetem para este repositório. Além disso,
também se faz referência, no caso das publicações à entrada numérica ordenada na
tabela do ponto 6 (Publicações) deste relatório.
Tarefa 1
A Tarefa 1 foi desenvolvida de acordo com o previsto, tendo-se recolhido vasta
bibliografia e documentação de apoio ao projecto, nomeadamente publicações
científicas da área e projectos de recuperação de centros históricos, em particular de
Coimbra, fornecidos pelas Instituições responsáveis, nomeadamente IGESPAR, DRCC,
IHRU e CMC.
A execução desta tarefa permitiu concluir que a questão da cor não é recente e que é
transversal e interdisciplinar. Nesta perspectiva, a interdisciplinaridade em que o
projecto se baseia e que promove, responde convenientemente ao enquadramento
bibliográfico e normativo que envolvem a questão da cor.
Além da bibliografia indicada na proposta do projecto aprovado pela FCT, foi possível
referenciar, numa base ampla, em que a ‘cor’ é o descritor de referência, uma literatura
vasta [‘Bibliografia cronológica sobre teoria da cor.pdf’]. Alguma desta literatura foi
adquirida no âmbito do projecto. A literatura elencada permitiu identificar alguns casos
que configuram situações de boas práticas internacionais e que têm vindo a ser
destacadas nas publicações e eventos produzidos no âmbito do projecto.
Esta tarefa permitiu igualmente referenciar os programas e a legislação especificamente
dirigidos aos centros históricos, permitindo concluir que o PRAUD, na Alta de
Coimbra, e o Procom, na Baixa, foram os programas com maior impacto no objecto
estudado. Esta tarefa foi igualmente relevante para, no âmbito de outras tarefas
(designadamente a tarefa conclusiva de Planeamento e desenvolvimento do projecto),
desenvolver uma cartografia de intervenções recentes que alteraram a configuração
cromática dos edifícios da Alta de Coimbra [‘Programas de intervenção nos CH’s
portugueses.pdf’].
Tarefa 2
No âmbito da Tarefa 2 foram feitos vários levantamentos de casos de estudo
interessantes para o desenvolvimento do projecto, nomeadamente a nível do casario e de
alguns monumentos significativos do Centro Histórico de Coimbra, assim como de
edifícios de valor histórico, para estudo comparativo. Referimo-nos aqui a casas
particulares ou pertencentes à Autarquia e a 5 monumentos ou edifícios de valor
histórico (Panteão Nacional no mosteiro de Santa Cruz, Torre de Almedina, Palácio de
Sub-Ripas, Colégio de Jesus e mosteiro de Santa Clara-a-Velha). Na sequência destas
actividades, procedeu-se à recolha de mais amostras, para completar uma colecção
significativa de edifícios do CHC que ainda preservam revestimentos antigos. Em
conjunto com amostras de outros 47 edifícios guardadas de outro projecto
(POCI/HEC/60371/2004), seguiu-se o estudo das amostras quanto às várias camadas
existentes, tipo de argamassa, de barramento colorido ou branco usado, à existência de
pintura, e distribuição de cores (Trabalho das Tarefas 5 e 6).
Foi realizada a identificação e caracterização dos edifícios seleccionados do CH,
recorrendo ao preenchimento de fichas-síntese de avaliação de cada imóvel. Tais fichas-
síntese contêm diversos aspectos informativos de cada edifício, nomeadamente
históricos, arquitectónicos e construtivos, e tiveram por base fichas-tipo de trabalhos
realizados pelo LNEC na área de estudos cromáticos, nomeadamente, no CH de Sintra e
no Projecto Integrado do Castelo, em Lisboa.
Obteve-se a caracterização morfo-tipológica dos edifícios, nomeadamente o
levantamento arquitectónico e fotográfico, a identificação e localização no tecido
histórico em estudo [‘MapaIntervençãoCHC.pdf’], a caracterização dos materiais e
técnicas ancestrais utilizadas, o registo do valor estético-histórico e a identificação de
anomalias, entre outros (SILVA, J. Mendes – Bases para o restauro dos revestimentos
históricos do Centro Histórico de Coimbra. Coimbra: Instituto Pedro Nunes, 2008.
Relatório final do projecto FCT; A Epiderme do Centro Histórico de Coimbra – Estudos
Cromáticos e Contributos para a sua Conservação; Dissertação de Mestrado;
Universidade de Évora, 2009). Os levantamentos arquitectónicos foram fornecidos pela
Câmara Municipal de Coimbra [‘Alçados-CMC.zip’ e ‘FichasAlta-CMC.zip’].
Em 2011, realizou-se uma análise ao CHC para seleccionar os edifícios a estudar, quer
ao nível dos sistemas construtivos tradicionais, quer das anomalias identificadas. A
selecção dos edifícios foi efectuada tendo por critérios, época, valor arquitectónico, tipo
de argamassa dos revestimentos, importância das técnicas de execução dos
revestimentos e acabamentos históricos, anomalias identificadas, entre outros factores
de caracterização. Foram inspeccionados 52 edifícios e efectuadas as respectivas com a
identificação do edifício, tipologia, época, identificação do revestimento, estado actual
de conservação, fotografias e outras observações. Para além desta ficha foi também
elaborada uma ficha para apoio dos trabalhos de recolha e descrição de amostras, com a
indicação da localização do edifício, localização da extracção da amostra, estado de
conservação do revestimento, estratigrafia das camadas do revestimento (emboço,
reboco, barramento e pinturas), e outras observações. Desta análise resultou uma
proposta de selecção de edifícios para caracterizar os seus revestimentos. Os trabalhos
tiveram a supervisão da Eng.ª Rosário e do Dr. Santos Silva, e tiveram a colaboração da
Técnica de Conservação e Restauro Martha Tavares.
Numa segunda fase, procedeu-se à campanha de recolha de amostras. Posteriormente à
remoção da mostra os locais foram devidamente refechados com argamassas adequadas,
essencialmente constituídas por uma mistura de areia de diferentes granulometrias, cal e
água. Os trabalhos foram fotografados e devidamente registados em relatório
[‘RelatórioNazaréNeves.pdf’]. Os trabalhos foram contratualizados com a Técnica de
Conservação e Restauro Nazaré Neves.
Por último, algumas amostras foram enviadas para o LNEC para desenvolvimento de
estudos de caracterização laboratorial, sendo que as amostras seleccionadas e
submetidas a ensaios laboratoriais foram as seguintes: Colégio de Jesus – friso e pano
de fachada; Mosteiro de Santa Cruz (Claustro do Silêncio) – tecto; Casa Sub-Ripas –
pano de fachada; edifício do antigo conservatório, localizado no largo da Sé Velha –
pano de fachada; edifício de habitação localizado na Rua do Colégio Novo – pano de
fachada. Os trabalhos tiveram a supervisão da Eng.ª Rosário e do Dr. Santos Silva, e
tiveram a colaboração da Técnica de Conservação e Restauro Martha Tavares.
Dos trabalhos desenvolvidos resultaram várias comunicações
[1 - ‘ColóquioReabilitaçãoUrbana2012programa.pdf’, 2, 3 e 4 – ‘CHNPU-T3-pg52-
Lisboa.pdf’]
3 delas em eventos apoiados pelo projecto
[Encontro Reabilitação Urbana: Os centros históricos, 18, 19 e 20 de Outubro de 2012,
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Museu da Ciência da UC Coimbra -
http://www.ces.uc.pt/eventos/patrimonio/index.php?id=5950&id_lingua=1 ; Exposição
As areias do Mondego: da extração à construção, 19 de outubro de 2012 a 10 de
fevereiro de 2013, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Coimbra -
http://www.ces.uc.pt/eventos/patrimonio/index.php?id=5950&id_lingua=1; III
Colóquio de Doutorandos/as do CES, 9 e 10 de novembro de 2012 -
http://www.ces.uc.pt/coimbrac/pages/pt/programa-do-coloquio.php; Seminário
Internacional sobre Património Cultural: Portugal - Brasil, 24 e 25 de janeiro de 2013,
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (dia 24), Sala Keynes-FEUC (dia 25) e Cafetaria do
Museu da Ciência (a partir das 17h00 do dia 25) -
http://www.ces.uc.pt/eventos/index.php?id=6497&id_lingua=1&pag=6636]
Tarefa 3
No âmbito do projecto desenvolveu-se, entre Maio de 2012 e Julho de 2013, um estudo
aos revestimentos e acabamentos em edifícios do Centro Histórico de Coimbra (CHC).
O desenvolvimento desta tarefa contou com a participação de Joana Abrantes, Paulo
Peixoto e Pedro Providência, da qual se reúnem aqui os elementos referentes ao estudo
de cor.
O trabalho desenvolvido teve por objectivo o aprofundamento dos estudos de cor dos
arruamentos do CH de Coimbra, nomeadamente no que diz respeito a metodologias de
percepção das imagens parcelares e de conjunto.
A área de estudo [‘MapaZonaIntervenção-CHC.pdf’] é comum a diversos estudos e
projectos que têm sido desenvolvidos no âmbito do CHC e integra-se na Zona Tampão
da Área Classificada Património Mundial da Unesco [‘ÁreaUnescoCoimbra.pdf’].
Os elementos analisados e produzidos no presente estudo apresentam-se organizados de
modo a constituírem uma base de dados dos revestimentos e acabamentos do CHC antes
e depois das intervenções que ocorreram, essencialmente, a partir do início do séc. XX.
Neste estudo são analisadas as relações cromáticas que se estabelecem entre os
diferentes elementos arquitectónicos que participam no desenho do alçado dos edifícios
do CHC, tendo por base a caracterização arquitectónica iniciada em 2002. Em
2005/2007 foi efectuado o registo cromático correspondente aos edifícios que então
preservavam os revestimentos e acabamentos históricos (No presente estudo integrou-se
a análise dos levantamentos efectuados no âmbito do projecto Bases para o Restauro
dos Revestimentos Históricos do Centro Histórico de Coimbra -
POCI/HEC/60371/2004 - e da dissertação de mestrado de Pedro Providência, ‘A
Epiderme do Centro Histórico de Coimbra – Estudos Cromáticos e Contributos para a
sua Conservação’, pela Universidade de Évora em 2009, publicada pela Imprensa da
Universidade de Coimbra sob o título ‘A Cor do Centro Histórico de Coimbra’, 2012), e
em 2013 foi efectuado o registo cromático correspondente às intervenções que se
realizaram, principalmente, a partir de 2002. Este estudo analisa comparativamente as
pré-existências cromáticas registadas em 2005/2007 e as existências cromáticas
registadas em 2013 [‘ExistenciasCromaticasCHC.pdf’].
LEVANTAMENTO 2009
Em 2005 e 2007, observação e caracterização de 124 alçados, de 107 edifícios, do CH
da Alta de Coimbra, previamente seleccionados de um conjunto de 510 alçados, de 417
edifícios, sendo que nesta selecção se procurou identificar os edifícios que conservavam
os revestimentos e acabamentos históricos originais. Para o efeito, recorreu-se ao apoio
de fichas-síntese e dos levantamentos arquitectónicos dos alçados em papel
(Os
levantamentos arquitectónicos foram fornecidos pelo Gabinete para o Centro Histórico
da Câmara Municipal de Coimbra). Tais fichas-síntese contêm diversos aspectos
informativos de cada edifício, nomeadamente históricos, arquitectónicos e construtivos,
e tiveram por base fichas-tipo de trabalhos realizados pelo LNEC na área de estudos
cromáticos, nomeadamente, no CH de Sintra e no Projecto Integrado do Castelo, em
Lisboa.
A partir do estudo da tipologia de alçado do edifício predominante na Alta de Coimbra
foi desenvolvido um diagrama representativo desse modelo, com percentagens da
presença dos diversos elementos arquitectónicos.
O diagrama foi aplicado aos edifícios com levantamentos colorimétricos elaborados
entre 2005/2007, ensaiando diversas combinações de cores nos diferentes elementos
arquitectónicos.
Elaborou-se um quadro síntese das cores utilizadas em cada edifício e por elemento
arquitectónico, permitindo uma leitura da imagem urbana de Coimbra, e uma Carta de
Cor: planta da Alta de Coimbra, com representação das pinturas de panos de fachada.
LEVANTAMENTO 2013
Em 2013, foi feita a observação e a caracterização de 168 alçados correspondentes a
168 edifícios. Os edifícios estudados correspondem a edifícios que foram
intervencionados essencialmente a partir de 2002. Deste trabalho fazem parte:
Desenvolvimento de fichas individuais de caracterização dos edifícios, a partir do
modelo utilizado em 2005/2007, com registo de elementos de identificação do edifício,
localização, levantamento fotográfico, identificação arquitectónica (número de pisos,
época, estado de conservação, informação colorimétrica dos diferentes elementos
arquitectónicos na fachada), referência a intervenções ou elementos dissonantes e
anomalias dos revestimentos da fachada; Levantamento fotográfico exaustivo dos
edifícios, incluindo a sua integração na envolvente, elementos construtivos singulares e
as anomalias nos revestimentos e acabamentos; Levantamento colorimétrico, com base
no sistema Natural Colour System (NCS).
Foi aplicado o diagrama modelo aos edifícios caracterizados com os resultados obtidos
nos levantamentos colorimétricos actuais.
Foram elaborados um quadro síntese das cores utilizadas em cada edifício e por
elemento arquitectónico, permitindo uma leitura das cores utilizadas nas intervenções
essencialmente a partir de 2002, quadro síntese das anomalias registadas, que facilitam a
percepção do estado de conservação dos edifícios e poderá servir como elemento de
suporte para uma reflexão sobre as soluções adoptadas e as suas repercussões nos
revestimentos; Carta de Cor: planta da Alta de Coimbra, com representação das pinturas
de panos de fachada [‘RelatórioJoanaAbrantesFichas2013.zip’].
Este trabalho deu lugar à apresentação de várias comunicações de divulgação e em
eventos científicos nacionais e internacionais
[5 - ‘spc-32.pdf’, 6 – ‘IPPC-palestra-PP.pdf’, 7 – ‘PP-Campinas.pdf’, 8, 9 – ‘T4-35-
3CI-XIJTRCP.pdf’ e 10 -
http://www.inovacao.usp.br/uspconferencias/cultural/palestrantes.html]
Tarefa 4
A Tarefa 4 foi desenvolvida de acordo com o previsto, tendo-se efectuado vários
contactos com os parceiros do projecto, como a CMC e o IGESPAR, e outras entidades
como a DRCC, o IHRU e o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Também a colaboração
com o LNEC tem sido de grande importância, uma vez que parte do trabalho de análise
de amostras está aí a ser realizada e a esta Instituição pertencem dois dos consultores
deste projecto. Estabeleceu-se uma ligação ao grupo responsável pela candidatura da
Universidade de Coimbra a Património Mundial e à Associação RUAS (Recriar a
Universidade, Alta e Sofia), envolvendo, como fundadores, a Universidade de Coimbra,
a Câmara Municipal de Coimbra, a Direcção Regional da Cultura do Centro e a
Coimbra Viva (Sociedade de Reabilitação Urbana) [http://www.uc.pt/ruas/info].
Esta Tarefa foi concluída com sucesso, verificando-se que as colaborações estabelecidas
foram cimentadas. Assim, os elementos publicados e a publicar no âmbito deste
projecto estarão à disposição dessas Instituições, ficando a equipa disponível para
continuar o trabalho através de novos projectos e parcerias.
Tarefa 5
Como já foi referido, em conjugação entre a Tarefa 2 e a Tarefa 5, realizou-se a recolha
de amostras significativas em todos os edifícios escolhidos.
No âmbito da Tarefa 5, foi lançado um concurso para uma das bolsas suportadas pelo
orçamento do CES, com a incumbência de acompanhar e realizar análises laboratoriais
que conduziram à execução e estudo do comportamento ao envelhecimento de
protótipos de revestimentos como solução alternativa (Tarefa 6).
Foi também lançado um concurso para uma bolsa suportada pelo mesmo orçamento,
para acompanhar o estudo e manipulação de imagens híper-espectrais e criação de base
de dados, com início a 12 de Março de 2012.
Foram analisadas no LNEC, por contrato de serviços previsto no orçamento do CES,
algumas das amostras recolhidas, através de várias técnicas como o registo fotográfico
macro e micro, descrição a olho nu das camadas e sua identificação por difracção de
raios-X global e das fracções finas, análise química, granulometria, petrografia e
microscopia electrónica de varrimento, entre outras [‘Relatório1LNEC.pdf’ e
‘RelatórioFinalLNEC.pdf’]. No âmbito destes trabalhos, um dos membros da equipa do
projecto realizou um estágio de várias semanas no LNEC.
Nos laboratórios da Universidade de Coimbra, foram realizadas as análises das outras
amostras recolhidas, através de técnicas de microscopia óptica, petrografia, difracção de
raios-X [‘CHC-XRD.zip’], fluorescência de raios-X [‘CHC-XRF.zip’], espectroscopia
Raman e espectroscopia de Reflectância [’CHC-EspReflect.zip’]. Foram também
analisadas amostras de pigmentos minerais puros pelas mesmas técnicas, para criação
de uma base de dados consistente [’KremerRaman.zip’ e ‘KremerXRD.zip’,
‘KremerVsComuns.pdf’].
As análises das amostras do ponto de vista espectro-colorimétrico foram executadas
usando um espectrofotómetro adquirido no âmbito deste projecto, dando cumprimento à
execução do resto da verba atribuída à UC.
Estes estudos permitiram avançar para a Tarefa 6, levando ao desenvolvimento de
amostras protótipo que foram estudadas quanto ao seu comportamento em termos de
resistência a tratamentos de envelhecimento acelerado, comparado com o processo de
envelhecimento natural.
Foi igualmente feita uma campanha de recolha de imagens híper-espectrais dos
revestimentos de vários edifícios assim como de conjuntos de casas do Centro Histórico
de Coimbra e dos pigmentos puros acima referenciados. Este trabalho foi executado na
UBI e na UC.
O processamento das imagens híper-espectrais trouxe ao projecto uma abordagem
inovadora na manipulação da cor e da textura dos objectos em estudo ao nível espectral,
independente do iluminante, aspecto não contemplado pela mais comum abordagem
através de códigos tricromáticos da cor usando ‘software’ do tipo AutoCad. Possibilita,
por acréscimo da informação do iluminante, apresentar um plano de cor alternativo, por
comparação com imagens antigas e a partir da informação recolhida da análise dos
materiais aplicados nos revestimentos dos edifícios. Este trabalho foi desenvolvido em
meio MatLab.
De um modo mais detalhado, esta Tarefa, decorreu do seguinte modo:
Nas zonas históricas de Coimbra encontram-se ainda edifícios medievais em bom
estado de conservação. No entanto, os revestimentos e acabamentos históricos, que
perduraram ao longo dos séculos, têm vindo recentemente a ser substituídos perdendo-
se assim testemunhos únicos dos materiais e técnicas tradicionais de construção. São
ainda muitas as habitações existentes que tiveram a sua origem nos séculos XVIII e
XIX.
A conservação do núcleo urbano histórico da cidade de Coimbra, como estudo de caso,
é importante na medida em que, não se encontra ainda excessivamente descaracterizada.
Por outro lado, subsistem edifícios de importância para a identidade da imagem deste
núcleo urbano. A caracterização dos revestimentos e acabamentos históricos e sua
conservação é importante para a salvaguarda da imagem do centro histórico.
No âmbito da Tarefa 2 foram feitos vários levantamentos de casos de estudo
interessantes para o desenvolvimento do projecto, nomeadamente a nível do casario e de
alguns monumentos significativos do Centro Histórico de Coimbra, assim como de
edifícios de valor histórico, para estudo comparativo. Referimo-nos aqui a casas
particulares, monumentos ou edifícios de valor histórico (Panteão Nacional no mosteiro
de Santa Cruz, Palácio de Sub-Ripas e Colégio de Jesus).
A primeira fase do trabalho incidiu numa análise visual e de reconhecimento dos
edifícios, compilada através do preenchimento de fichas, onde foram descritos o estado
de conservação, as técnicas de construção e as técnicas de acabamentos observadas.
Durante as observações aos edifícios procedeu-se à identificação da sua localização;
caracterizaram-se as tipologias de alçado e procurou-se identificar o período histórico a
que estes pertencem; identificaram-se eventuais anomalias e interpretaram-se os
respectivos agentes responsáveis pela degradação; caracterizaram-se, à vista desarmada,
os tipos de revestimentos identificados, nomeadamente cor, composição e estratigrafia.
Na sequência do trabalho foi feita a recolha de amostras significativas de revestimentos
que preservavam várias camadas, desde a original à mais actual, em função da
variedade dos seus constituintes como o tipo de argamassas, de barramentos e de
pinturas. As amostras foram recolhidas com o recurso à contratação de uma especialista
em conservação e restauro [‘RelatórioNazaréNeves.pdf’ e Figuras 5.1 a 5.3 em
‘FigurasTarefas5-6.pdf’].
O objectivo desta recolha de amostras foi identificar os materiais (agregados e ligante)
bem como a metodologia utilizada de modo a evitar incompatibilidades de materiais em
futuras obras de restauro ou reabilitação que também afectam a estética do CHC, porque
esta está directamente relacionada com os acabamentos dos revestimentos em termos de
textura, cor ou ambos. A uniformidade do revestimento dependerá da granulometria e
das quantidades dos materiais utilizados na argamassa, da regularidade da preparação da
argamassa e da suavidade do suporte. Na construção moderna pretende-se um
revestimento o quanto mais suave e mais uniforme possível, mas é fundamental não
esquecer que em edifícios antigos os acabamentos e as técnicas modernas podem não
ser esteticamente a solução mais apropriada, muito menos ainda para um caso especial
como um centro histórico.
Importa em primeiro lugar fazer uma caracterização geológica da zona de implantação
da cidade:
A cidade de Coimbra localiza-se na Orla Meso-Cenozoica Ocidental, formação
geotectónica dominada por rochas sedimentares de vários tipos. Considerando a zona
urbana da cidade e seus arredores é possível encontrar calcário, calcários margosos,
margas, calcários dolomíticos, dolomitos, arenitos, cascalheiras e depósitos aluvionares.
O CHC situa-se sobre as chamadas Camadas de Coimbra s.s. ou mais recentemente,
designadas em conjunto com as Camadas de S. Miguel, por Formação de Coimbra
pertencentes ao Jurássico inferior (Sinemuriano-Carixiano inferior). As Camadas de
Coimbra s.s. são constituídas essencialmente por bancadas dolomíticas e de calcários
dolomíticos de cor amarelo acastanhado com estruturação convoluta, por vezes com
aspecto brechoide e com intercalações de lentículas margosas. No seu conjunto definem
as zonas mais elevadas da cidade e foram utilizadas para a edificação de muitos dos
monumentos do CHC mas também para as construções menos imponentes.
São actualmente poucos os locais onde se conseguem observar afloramentos desta
formação devido à ocupação urbana da cidade de Coimbra. Um deles está, integrado na
Muralha da Cidade na subida da Couraça da Estrela para a Couraça de Lisboa, junto à
antiga porta da cidade denominada de "Porta de Belcouce" onde é possível verificar que
a inclinação das camadas tem um sentido inverso ao da encosta que sobe até à Alta da
cidade. Nesta zona a rocha in situ foi aproveitada como alicerce e suporte da muralha e
algumas das casas estão adossadas à muralha. O desnível desde a Couraça de Lisboa até
ao patamar do rio é bastante acentuado, sendo possível de visualizar nas escadas que a
ligam à Rua da Alegria com cerca de 32m, apresentando lateralmente pequenos
patamares de solo ocupados por hortas em épocas anteriores mas actualmente
abandonados. Nestes patamares está presente uma formação geológica recente
denominada Areias Vermelhas do Estádio, do período Quaternário, constituída por
depósitos terrígenos. Da Rua da Alegria até ao nível do Parque Dr. Manuel Braga a
variação de cota é de aproximadamente mais 10m originando um total de diferença de
cotas de cerca de 40m mas que atinge 70m na zona mais a Este.
Relativamente a depósitos recentes são por demais conhecidas as aluviões do rio
Mondego que só teve o seu caudal regularizado em meados do seculo XX. Antes disso
eram conhecidos os extensos areais utilizados quer para actividades lúdicas quer para a
exploração de agregados utilizados na construção civil, e dos quais ainda há restos de
construções utilizadas para o efeito e persiste na memória dos mais antigos. A
constituição destas areias é bastante variada, consistindo essencialmente em partículas
de quartzo, feldspato, micas e fragmentos de rochas que pelo movimento das águas
sofreram arredondamento, apresentando os fragmentos de xisto pouca esfericidade
devido ao seu carácter lamelar.
A riqueza de cor do CHC não é apenas devida aos rebocos e pinturas, existindo ainda
outros elementos decorativos das fachadas com relevante impacto colorido: esgrafitos,
grafitos, guarnições dos vãos em pedra policromada, socos das fachadas marcados por
cores diferentes do resto do pano. No presente estudo, a nossa atenção foi focalizada
principalmente nos revestimentos de cal (rebocos, barramentos e pinturas).
Com base no que foi analisado anteriormente acerca das amostras recolhidas das
fachadas dos edifícios do CHC foram seleccionados alguns revestimentos
representativos: o Fingido de Pedra (F) que se trata de um revestimento monocamada de
2 cm com uma aparência rochosa (similar ao arenito), o Barramento Branco (BBr), o
Barramento Vermelho (BVm), o Barramento Amarelo (BAm), o Barramento Azul-claro
(BAz) e a Pintura de Azul-escura (PAz) [Figura 5.4 em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’].
Como trabalho prospectivo, e aproveitando uma intervenção de fundo no edifício do
Colégio de Jesus, foram recolhidas amostras de vários fingidos de pedra encontrados,
que revelaram resultados interessantes e promissores do ponto de vista deste projecto
[11 – ‘SPAD_Newsletter_2_2010.pdf’].
O Colégio da Companhia de Jesus teve o início da sua edificação em 1547 fazendo
parte do conjunto arquitectónico da Sé Nova de Coimbra, classificada como
monumento nacional desde 1910. O Colégio de Jesus apresenta diversificados fingidos
de pedra – executados com técnicas distintas, a partir de diferentes composições de
argamassa – em vários elementos arquitectónicos que definem os seus alçados [Fig. 5.5
em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’].
Assim, as amostras permitiram caracterizar os revestimentos e acabamentos aplicados
no tempo da sua fundação e subsequente remodelação no tempo da reforma Pombalina.
Identificaram-se argamassas de cal contendo areia do rio local. As camadas finais dos
revestimentos foram aplicadas com acabamentos suaves num barramento branco com
cerca de 1 mm de espessura. Estas amostras foram comparadas com outras da época do
‘Estado Novo’. Estas revelaram a presença de novos revestimentos com espessura de 2
a 3 mm, feitos de pasta de cal, pó de pedra e areia. Esta camada exterior, que substituiu
o acabamento em barramento branco, funcionou como simulacro da aparência e cor da
pedra local usada em edifícios históricos [11 - ‘SPAD_Newsletter_2_2010.pdf’].
Os resultados dos ensaios in situ e laboratoriais realizados no LNEC permitiram obter
algumas informações relevantes sobre o revestimento, tais como as diversas camadas
constituintes, a composição da argamassa de reboco fingindo pedra e a técnica de
execução e o acabamento.
O revestimento fingindo pedra do friso é formado por duas camadas, sendo a camada de
reboco bastante espessa e compacta, e o acabamento final a simular pedra conseguido
através da técnica do escacilhado.
Os resultados da caracterização química, mineralógica e microestrutural da amostra do
friso do Colégio de Jesus indicam que a argamassa é composta por cal e agregados
siliciosos. A presença de caulinite, associada à existência de aluminossilicatos na pasta
de cal carbonatada, indicia que a cal tem origem num calcário margoso. A argamassa
apresenta um traço rico em ligante, com uma razão ponderal cal:areia de 1:2,
apresentando-se bastante coesa e em bom estado de conservação.
Após os resultados dos ensaios laboratoriais observou-se que este revestimento foi
executado com perfeição e qualidade técnica, comprovando o que expõem os antigos
tratadistas, que a boa escolha dos materiais e a técnica de aplicação cuidada resultam
num revestimento mais duradouro e resistente.
Uma observação atenta ao património arquitectónico da cidade de Coimbra revela a
existência de uma vasta riqueza em revestimentos históricos, muitos deles com
acabamentos e motivos decorativos, nomeadamente rebocos, barramentos e caiações
pigmentados, com diferentes cores, esgrafitos e grafitos com representações alusivas a
figuras geométricas, vegetais, animais, humanas, entre outras, azulejos, localizados em
maior predominância a adornar os beirados e os fingidos de pedra com distintas texturas
a representar diferentes elementos arquitectónicos.
É curioso o propósito da Arquitectura quando, ao longo da história, deu origem a
edifícios revestidos com fingidos de pedra. Se por um lado os aspectos económicos
parecem fundamentais (soluções construtivas mais baratas do que o recurso a
alvenarias) por outro lado, o facto de em muitos dos casos estes elementos decorativos
terem sido identificados nas zonas mais elevadas e menos acessíveis dos edifícios,
revela preocupações construtivas.
Revela-se ainda um grande interesse pelo artifício, i.e. pela capacidade de manipular a
matéria e a técnica para com alguns materiais, mais baratos e correntes, simular outros
(mais raros e nobres)!
Outro aspecto curioso, destes acabamentos decorativos, é a fiabilidade da imagem
pétrea que simulam, justificada, com base em estudos laboratoriais, que tal facto se deve
quer à selecção cuidada dos materiais utilizados, quer ao rigor na sua execução.
Os fingidos de pedra constituem um dos motivos ornamentais mais representativos das
superfícies arquitectónicas e dos revestimentos históricos da cidade de Coimbra,
encontrando-se espalhados por variados locais da cidade, simulando os mais diversos
elementos arquitectónicos que completam a imagem histórica desta cidade, motivo pelo
qual importa preservar estes elementos enquanto parte integrante da nossa identidade
cultural. Por outro lado, importa levar este património ao conhecimento do cidadão,
através de acções de sensibilização que promovam uma nova forma de olhar para este
património muitas vezes “escondido” quer pela dificuldade de identificar este
património dado o elevado rigor de execução que apresentam a reproduzir uma imagem
idêntica à de verdadeiros elementos pétreos, quer pela sua localização muitas das vezes
fora da linha do horizonte do observador. Pela sua raridade é urgente conservar os
exemplos que hoje em dia começam a escassear no Centro Histórico de Coimbra.
Estes resultados foram objecto do 1º relatório elaborado pelo LNEC
[‘Relatório1LNEC.pdf’], de parte do 2º relatório do LNEC [‘RelatórioFinalLNEC.pdf’],
dando conta dos trabalhos encomendados no âmbito deste projecto, e de mais duas
publicações orais em congressos [12 – ‘spc-31.pdf’, 13 – ‘Argamassas2014-
Coimbra.pdf’].
Outro edifício importante para este estudo, foi a casa de Sub-Ripas, que apresenta
igualmente fingidos de pedra, embora diferentes dos do Colégio de Jesus.
A Casa de Sub-Ripas ou Sub-Ribas, construída no século XVI, divide-se em dois
blocos: a chamada Casa de Cima ou Casa do Arco, edificada em 1514, de arquitectura
manuelina e renascentista, e a Casa de Baixo ou Casa da Torre, adaptada a habitação de
uma torre medieval da cerca coimbrã. As janelas e as portas exteriores e interiores da
Casa de Baixo são maioritariamente manuelinas e a decoração constituída por florões e
outros elementos naturalistas tardo-góticos. Este conjunto habitacional é considerado
monumento nacional desde 1910. Os revestimentos exteriores da Casa Sub-Ripas são
em fingidos de pedra, sobretudo os da Casa de Cima [Fig. 5.6 em ‘FigurasTarefas5-
6.pdf’].
A Casa Sub-Ripas é considerada por alguns historiadores como um dos edifícios mais
emblemáticos da arquitectura civil quinhentista de Coimbra. Para além da importância
histórica e arquitectónica, este edifício apresenta os revestimentos exteriores de alguns
dos seus panos de fachada cobertos por um fingido de pedra, constituído por argamassas
de cal. Os fingidos de pedra que cobriam o pano de fachada da Casa de Baixo,
revestimentos entretanto removidos na intervenção da DGEMN, no séc. XX, mas que
subsistem na Casa de Cima, apresentam uma técnica de execução bastante cuidada,
semelhante à identificada nos panos de fachada do interior da Sé de Évora. Identifica-se
um reboco de cor parda, constituído por agregados de diferentes cores e tamanhos, cuja
superfície é golpeada por uma ferramenta aguçada, com espaçamentos variáveis entre os
50 e os 100mm, e sobre o qual é sobreposta uma argamassa de cal para simular a junta.
Foi retirada uma amostra, com a estratigrafia completa deste fingido, de uma parede do
túnel, para caracterização laboratorial.
Com este estudo foi possível obter algumas informações relevantes sobre o estado de
conservação dos revestimentos, a composição da argamassa de revestimento fingindo
pedra tais como as diversas camadas constituintes, a composição da argamassa, a
técnica de execução e o acabamento.
O revestimento fingindo pedra que cobre a fachada exterior da Casa Sub-Ripas (Casa de
Cima) é formado por duas camadas de reboco, sendo a camada de reboco 2, a mais
externa, aplicada em três sub-camadas e o acabamento final a simular pedra é
conseguido através da lavagem do ligante, ficando o agregado à vista. O fingimento da
estereotomia da alvenaria de pedra apresenta um padrão rectangular com
aproximadamente 100 cm de largura por 40 cm de altura e a simulação das juntas é
conseguida através da aplicação de um barramento de cal aplicado sobreposto ao
reboco.
Os resultados da caracterização química e mineralógica indicam que a argamassa é
composta por cal e agregados siliciosos. A presença de caulinite, associada à existência
de hidromagnesite e carboaluminatos de cálcio hidratados na pasta de cal carbonatada,
indicia que a cal tem origem num calcário dolomítico margoso.
A argamassa do reboco 1 apresenta um traço mais rico em ligante em relação ao reboco
2.
O reboco 2 (mais exterior) apresenta um traço com uma razão ponderal cal:areia de 1:7.
Após a análise atenta do edifício e da caracterização geológica constatou-se que as
rochas utilizadas na estrutura do edifício são da mesma origem das rochas utilizadas no
ligante das argamassas, ou seja, as rochas da região de Coimbra: calcário dolomítico e
calcário margoso.
Estando certos de que as preocupações metodológicas adotadas pela DGEMN na
intervenção à Casa de Sub-Ripas, nos anos 80, estavam em conformidade com as
recomendações internacionais em património histórico, caso contrário a intervenção não
teria sido distinguida com um prémio internacional, e tendo em conta a análise ao
estado de conservação dos revestimentos do edifício, podemos afirmar que os
revestimentos de cal são adequados aos edifícios antigos, contrariamente aos
revestimentos de cimento portland e tintas acrílicas, uma vez que a Casa de Cima
apresenta os revestimentos de cal em bom estado de conservação – degradação
superficial pontual [15] -, apesar de estarem sujeitos a condições atmosféricas e de
ambiente semelhantes aos revestimentos da Casa de Baixo, que se apresentam em
acelerado estado de degradação – degradação profunda generalizada [13 -
‘Argamassas2014-Coimbra.pdf’, 14 – ‘ITECONS-paper69.pdf’ e ‘ITECONS-
poster.pdf’].
Além deste edifício, foram analisados mais alguns monumentos históricos e uma série
de revestimentos de casas de habitação, como se referiu anteriormente. Como se referiu,
também se aproveitaram para o presente estudo amostras anteriormente recolhidas
(POCI/HEC/60371/2004), não havendo necessidade de uma nova recolha demasiado
grande [‘AmostrasCHC-RaimundoMS.pdf’].
Caracterização das amostras
Para uma abordagem mais aprofundada a análise da evolução estratigráfica, dos
materiais (granulometria e avaliação mineralógica do agregado) e as técnicas
construtivas das várias amostras, foi utilizado um microscópio estereoscópico Nikon
SMZ800 com uma faixa de zoom de 1x a 6,3 x equipado com uma câmara digital. A
escala de tamanhos utilizada para partículas foi a de Uddent e Wentworth (McManus,
1988).
A identificação pigmentos utilizados nas pinturas de cal e barramento de cal coloridos
foi feita por difracção de raios-X (DRX), por Fluorescência de raios-X (XRF) e
Espectroscopia de Reflectância (EspReflect) [‘CHC-XRD.zip’, ‘CHC-XRF.zip’, ’CHC-
EspReflect.zip’].
A camada de emboço e a camada de reboco, classificadas como camadas internas, são
as camadas que funcionam como suporte para aquelas que dão o toque final à fachada
de um edifício. A camada de emboço é uma camada de base com uma granulometria
superior que funciona como esqueleto do revestimento e o reboco é a camada acima
desta, geralmente com uma espessura e granulometria menores e que serve como um
suporte para um acabamento final tal como uma pintura de cal.
Na identificação das camadas das amostras observou-se a quantidade e o tipo de
camadas. Foi verificado que nas amostras seleccionadas existem 34% de camadas
internas (camada de emboço), mais do que as camadas de acabamento (barramento ou
pintura de cal) quando considerados separadamente, mas menos quando considerados
em grupo (47%). Deste último grupo o número máximo de camadas de pintura de cal
individualizadas mas sobrepostas foi de oito, sendo frequente a existência de 3 ou 4
camadas. Também é importante referir que 33% das amostras apresenta uma pintura de
cal imediatamente sobre a camada de emboço, sem a existência de uma camada de
reboco intermediária [‘Contagem de carateristicas dos edifícios.xlsx’].
Durante a observação à lupa das várias amostras procurou-se localizar um exemplar de
cada mineral que mais provavelmente existisse numa areia do Rio Mondego que tivesse
sido utilizada na argamassa original. Além do tipo de constituintes procurou-se
identificar se a sua forma é geralmente rolada devido à erosão provocada pelo rio.
Os minerais que se encontraram em maior frequência foram quartzos e micas, tendo
sido também identificados xistos em pouca quantidade mas em várias amostras. Os
agregados utilizados em cada argamassa apresentavam uma forma rolada provocada por
erosão o que veio comprovar o facto de se tratar de uma areia de rio.
Além de compostos minerais foram identificados vestígios de madeira, cordel e nódulos
de cal resultantes da má preparação das argamassas.
Para uma melhor observação deste minerais identificados foram retiradas fotografias
com um microscópio óptico a algumas das amostras anteriormente referidas. Foram
seleccionadas 17 amostras com critério de serem as amostras mais representativas do
ponto de vista da cor e foram compiladas fichas individuais para cada amostra com as
principais informações.
As camadas internas, de emboço e de reboco, apresentam algumas diferenças
granulométricas, proporção ligante/agregado, tipo de cal e cor. Nessas camadas,
principalmente nas camadas de emboço, verificou-se que apresentam diferentes
colorações que podem ser justificadas pelo tipo ou a origem da cal. Em Coimbra a cal
utilizada antigamente era essencialmente dolomítica e portanto mais escura (resultado
da decomposição térmica de calcário dolomítico), com o avançar dos anos começou a
ser mais recorrente o uso de uma cal branca, principalmente calcítica. Ambas as
variedades de cal estão igualmente distribuídas nas amostras analisadas. A análise
realizada por difracção de raios X no LNEC provou efectivamente a presença de
dolomite [CaMg(CO3)2] nas amostras do Colégio de Jesus e no Mosteiro de Santa Cruz
o que permite associar a utilização desta cal a épocas mais antigas. Foi ainda
identificada a presença de minerais de argila, principalmente caulinite
[Al2Si2O5(OH)4] que tanto pode ser considerada associada à rocha original sujeita à
calcinação ou a impurezas nos agregados utilizados. A análise térmica diferencial foi
também utilizada em ensaios realizados no LNEC para determinar o teor de calcite na
argamassa verificando-se que este varia entre 15 e 53% da amostra total em massa,
sendo frequente que rebocos mais externos tem teores de calcite mais elevados, o que é
de fácil compreensão pois nas camadas superficiais é utilizada uma menor quantidade
de agregado para a superfície ficar com um melhor acabamento.
A consistência das amostras recolhidas mudam com a proporção ligante/agregado que
pode ser muito diferente de um edifício para outro. Assumindo que uma argamassa com
uma boa consistência foi feita com uma proporção de 1:3, por comparação, é possível
admitir que o traço das argamassas utilizadas na realização dos emboços das amostras
recolhidas pode variar entre 1:2, 1:3 e 1:4. Os valores obtidos para os vários traços
variaram entre 1:1 e 1:7, sendo mais frequentes os valores anteriormente assinalados
[‘RelatórioFinalLNEC.pdf’].
O tamanho do agregado das camadas de emboço revelou que estamos a lidar com uma
areia que vai de muito grossa a cascalho (<4mm) de natureza siliciosa composta de
quartzo com superfície arredondada, feldspato e micas (essencialmente moscovite).
Foram também observados fragmentos de xisto arredondados nas argamassas das várias
camadas interiores.
O tamanho das partículas da camada de reboco não atinge valores tão altos como nas
camadas de emboço, só é possível encontrar areia de média a muito grossa (<2mm).
Quando as amostras das camadas de reboco são observadas com um microscópio
estereoscópico, é possível verificar que a constituição dos agregados é idêntica à
presente nas camadas de emboço, onde o quartzo ainda continua a ser o mineral
predominante com a mesma forma arredondada. As micas (biotite e moscovite) e o
feldspato também estão sempre presentes [Fig. 5.7 em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’].
Com o objectivo de se confirmar a natureza mineralógica dos agregados empregues, o
seu estado de alteração e a eventual formação de produtos de alteração/neoformação nas
pastas, procedeu-se à análise ao microscópio óptico de polarização (MO) de lâminas
delgadas das amostras seleccionadas. Em termos do tipo de agregados, a petrografia
confirmou os resultados da DRX, isto é, trata-se de areias ricas em grãos de quartzo
(mono e poliminerálico), feldspatos alcalinos, mica e fragmentos de xisto. Em termos da
pasta, para além de algumas fissuras e poros de dimensão variável, confirma-se a
utilização de cal aérea. Observaram-se indícios de fenómenos de
dissolução/recristalização devido à acção da água, nomeadamente pela deposição de
carbonatos em zonas porosas e microfissuras [‘RelatórioFinalLNEC.pdf’].
Em complemento à observação petrográfica, foram efectuadas observações ao
microscópio electrónico de varrimento com microanálise de raios X (MEV-EDS) de
superfícies polidas e fracturas que mostraram a presença de gesso e talco nas camadas
mais exteriores [Figura 5.8 em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’]. Com excepção da argamassa
do Reboco 3 do Edifício do Largo da Sé Velha, nas restantes encontraram-se compostos
hidratados que se atribuem a reacções entre a cal e alguns grãos de areia alterados. Esta
situação foi favorecida pela acção da água, a qual originou ainda a formação de
compostos de neoformação carbonatados, que terão contribuído para o bom estado de
conservação dessas argamassas. A existência destes compostos de neoformação,
nomeadamente os carbonatos secundários e os próprios compostos hidratados, é
indicativa de que se trata de argamassas antigas [‘RelatórioFinalLNEC.pdf’].
As amostras analisadas encontram-se, em geral, em bom estado de conservação, embora
com vestígios de colonizações biológicas (todas as amostras, à excepção das dos
Edifícios da Casa Sub-Ripas e da Rua do Colégio Novo 6) e de alguns compostos de
alteração, como sais de cloretos (Casa Sub-Ripas e Edifício do Largo da Sé Velha),
carbonatos alcalinos (Casa Sub-Ripas e Edifício da Rua do Colégio Novo 6) e gesso
(Edifício do Largo da Sé Velha) [‘RelatórioFinalLNEC.pdf’].
Com o objectivo de avaliar o teor de compostos potenciadores de reacções de
degradação ou ainda compostos indiciadores da eventual utilização dum ligante
hidráulico, efectuaram-se as determinações dos teores de sílica solúvel pelo método do
óxido de polietileno, sulfatos pelo método gravimétrico com cloreto de bário, cloretos
por potenciometria e álcalis (sódio e potássio) por espectrofotometria de absorção
atómica.
A sílica solúvel nas argamassas de cal pode ter várias origens: presença de ligantes
hidráulicos, alteração de agregados siliciosos, emprego de materiais com características
pozolânicas ou eventuais tratamentos de consolidação com produtos à base de
siloxanos. Os valores mais elevados de sílica solúvel foram obtidos nas argamassas CJ2
e CS/Reboco 2.Relativamente ao teor em cloretos verifica-se que os teores mais altos
correspondem a argamassas onde foi detectada por DRX a presença de halite. Os iões
cloretos nas argamassas estão normalmente associados à exposição a ambientes salinos
ou ao emprego de areias de origem marinha.
Quanto ao ião sulfato, o maior teor obtido foi na argamassa LS-Reboco 3, uma
argamassa em que foi detectada a presença de gesso. De assinalar que nas restantes
argamassas os teores obtidos indiciam existir também alguma contaminação por
poluição atmosférica.
Relativamente aos teores de álcalis (sódio e potássio), embora sejam os usuais em
argamassas de ligante aéreo (relativamente baixos), verifica-se que os maiores valores
foram obtidos para as argamassas da Casa Sub-Ripas. A origem dos álcalis nas
argamassas também é diversa, sendo por exemplo componentes vulgares de sais
alcalinos, de ligantes hidráulicos como o cimento portland ou da alteração de minerais
dos agregados, tais como feldspatos e micas. Tendo em conta estas considerações,
nomeadamente teores de sílica solúvel e de álcalis relativamente baixos pode-se inferir
da não utilização de ligantes hidráulicos nas argamassas analisadas
[‘RelatórioFinalLNEC.pdf’].
A argamassa de reboco do friso do Convento de Jesus (amostra CJ2) apresenta boas
características mecânicas, nomeadamente resistência à compressão e módulo de
elasticidade muito elevados, e boa compacidade. Assim, parece tratar-se de uma
argamassa executada cuidadosamente por mão-de-obra especializada.
As restantes argamassas analisadas apresentam valores médios de resistência mecânica
e de coeficiente de capilaridade, compatíveis com argamassas antigas de cal em bom
estado de conservação.
A amostra de argamassa do Mosteiro de Santa Cruz (SC) [Fig. 5.9 em ‘FigurasTarefas5-
6.pdf’] apresenta valores de resistência mecânica um pouco inferiores e coeficiente de
capilaridade ligeiramente superior. O ensaio foi realizado sobre uma amostra que incluía
reboco e barramento (dada a dificuldade de separação) e é assim possível que a eventual
maior porosidade do barramento tenha influenciado os resultados.
As argamassas analisadas nos edifícios em estudo, pela antiguidade, durabilidade e
composições, têm elas próprias um valor histórico considerável. Este facto, aliado ao
bom estado de conservação geral confirmado, fundamentam a recomendação de se optar
pela sua preservação e manutenção [‘RelatórioFinalLNEC.pdf’, 13 – ‘Argamassas2014-
Coimbra.pdf’, 15 - ‘ITECONS-paper68.pdf’].
Algumas das amostras retiradas dos edifícios do CHC possuem várias camadas
sobrepostas com cores diferentes e portanto foi realizado um registo da cor e respectivas
alterações ao longo do tempo. Além da grande variedade de cores e da ordem pela qual
foram colocadas ao longo do tempo, os materiais utilizados para este efeito foram
também identificados.
Atendendo apenas às camadas coloridas (barramento e pinturas de cal), foi possível
concluir que cores representam melhor o nosso grupo de amostras. As cores que
aparecem na maior parte dos casos são o branco, o rosa e o amarelo.
Geralmente, o branco é apenas uma camada de cal aplicada sem a adição de pigmentos,
aditivo ou areia, sobre o reboco ou directamente sobre a camada de emboço, para dar a
cor branca à fachada ou apenas para ser usado como uma camada de primário para a
aplicação de uma pintura de cal de cor diferente.
A quantidade de acabamentos exteriores que representam barramentos de cal é de 15%,
no entanto é possível que este número outrora fosse maior porque 78% dos
revestimentos recolhidos dos edifícios antigos encontram-se actualmente cobertos com
várias pinturas.
As camadas de acabamento de cal coloridas, que dão o toque final à fachada do edifício,
devem possuir uma granulometria menor. A dimensão global do agregado é mais
uniforme e pertence ao grupo da areia fina a areia grosseira (1mm). A mineralogia do
agregado é idêntica à apresentada nas camadas interiores sendo essencialmente
constituída por quartzo e micas com uma forma arredondada. No barramento azul é
muito fina e uniforme (<0,25mm) e não apresenta quaisquer micas na constituição da
argamassa, de modo que a mineralogia é essencialmente dominada por quartzo
transparente . Este fato pode ser justificado com o pressuposto de que a areia se tratava
de areia de rio Mondego lavada ou areia de duna, usada normalmente para
revestimentos de interiores, por ser mais fina e mais branca.
Embora a presença de carbonato de cálcio seja muito notória na forma da calcite
(CaCO3), resultado da carbonatação de cal, e o quartzo como componente principal do
agregado, foram identificados hematite (Fe2O3) no barramento de cal vermelho e
grafite (C) barramento cinza. No caso do barramento azul admitiu-se que o pigmento
azul era orgânico, por ser impossível identificá-lo por DRX. A amostra cinza também
pode ter carvão que não é detectável por DRX.
Os pigmentos que dão a cor às pinturas de cal do CHC foram identificados do mesmo
modo. Assim como aconteceu nos difractogramas dos barramentos a presença do
carbonato de cálcio (CaCO3) é uma constante resultante da utilização da cal. O
carbonato de cálcio magnesiano (CaMg(CO3)2) também está presente devido à origem
do calcário dolomítico. Nas pinturas de cal amarelas e ocres foi identificado goethite
(FeOOH) em várias quantidades, nas vermelhas e rosa, foi detectada a presença de
hematite (Fe2O3) e nas pinturas de cor azul revelou a presença de lazurite
(Na6Ca2Al6Si6O24(SO4)2). Apesar do facto de a lazurite ser produzida artificialmente
mostra uma correspondência muito grande quando comparada com a composição do
mineral natural, também conhecido por azul-ultramarino. A presença de gesso
(CaSO4.2H2O) é justificada pela sulfatação de cal, devido à presença de enxofre na
atmosfera [‘Classificação da amostra.xlsx’, ‘RelatórioTiago.pdf’ e 16 – ‘HMC13-
LCatarino.pdf’].
Nalgumas das pinturas de cal brancas mais superficiais foi identificado dióxido de
titânio (TiO2) no DRX. Este fato permite-nos datá-la como a mais recente,
principalmente a partir de meados do século XX porque desde essa época e até durante
alguns anos atrás, os materiais modernos com esse elemento na sua constituição, tais
como argamassas à base de cimento e tintas plásticas, foram muito usados na
reabilitação de edifícios do CHC.
O problema com a reabilitação recorrendo a materiais diferentes daqueles que foram
usados antigamente para realizar o revestimento é a incompatibilidade em termos da
solução estrutural e estética. A solução estrutural de utilizar as argamassas de cimento
na reabilitação de um edifício antigo não é viável porque as argamassas de cal possuem
propriedades e comportamentos diferentes. Uma outra solução inadequada para a
reabilitação de um revestimento realizado com cal é a utilização de tintas plásticas
porque estas não permitem que as paredes "respirem", aumentando as patologias
relacionadas com a humidade.
Essas incompatibilidades de materiais também afectam a estética do CHC, porque esta
está directamente relacionada com os acabamentos dos revestimentos em termos de
textura, cor ou ambos. A uniformidade do revestimento dependerá da granulometria e
das quantidades dos materiais utilizados na argamassa, da regularidade da preparação da
argamassa e da suavidade do suporte. Na construção moderna pretende-se um
revestimento o quanto mais suave e mais uniforme possível, mas é fundamental não
esquecer que em edifícios antigos os acabamentos e as técnicas modernas podem não
ser esteticamente a solução mais apropriada, muito menos ainda para um caso especial
como um centro histórico.
Com base no trabalho realizado é possível tirar algumas conclusões sobre os materiais
utilizados nos revestimentos dos edifícios analisados do CHC. Os agregados utilizados
na realização de argamassas têm sempre a mesma superfície arredondada característica
de sedimentos transportados pela água. Dada a facilidade de antigamente explorar areia
do rio, perto da cidade, concluiu-se que este poderia ser o lugar de onde era retirada a
areia, confirmando a informação existente na memória colectiva porque era activo até
meados do século XX. A mineralogia das areias encontradas é também consistente com
os depósitos aluviais existentes no rio Mondego. O quartzo está presente em grande
quantidade tendo o feldspato e mica como acessórios. Dependendo do uso pretendido, a
areia deve ser sempre crivada para remover as partículas mais grossas visto que foram
retiradas partículas dimensões superiores a 40mm e no caso das camadas de emboço as
partículas mais grosseiras encontradas têm dimensões de cerca de 4mm, enquanto que
nas camadas reboco o tamanho máximo é de cerca de 2 mm. No caso do barramento
azul-claro analisado a mineralogia e o tamanho do agregado não é consistente com o
tipo de agregados mencionados acima. A dimensão média do agregado é muita pequena,
ou seja, a maior parte das partículas tem dimensões entre 0,250 e 0,125mm e é quase
inteiramente constituída por quartzo, o que indica que deve ser areia de duna geralmente
usado para acabamentos interiores finos. O facto de ter sido usada no exterior pode
indicar uma preferência do dono de obra por um acabamento mais elegante.
As cores presentes nas amostras retiradas dos edifícios antigos são muito reduzidas em
número: branco (pinturas de cal ou tintas mais recentes), amarelo, rosa, vermelho e azul.
Essas cores estão presentes tanto nas pinturas de cal como em barramentos. Os
pigmentos inorgânicos encontrados foram hematite (rosa e vermelho), goethite (amarelo
e ocre), lazurite (azul) e grafite (cinza). Em camadas recentes também foi encontrado
dióxido de titânio, revelando que era uma pintura do século XX. O número de cores
sobrepostas na mesma fachada é geralmente de 3 a 4, embora cada uma delas possa ter
mais do que uma pintura de cal.
Apesar de algumas camadas de emboço e reboco possam ter uma fraca consistência, a
maioria dos barramentos (na última camada ou presentes em camadas interiores) possui
sempre uma boa consistência com uma desagregação muito difícil. Na verdade, é uma
camada com uma espessura de alguns milímetros mas com a vantagem de que mesmo
com o desgaste do tempo retém as suas características visuais e embora este tipo de
acabamento não seja frequente actualmente deve ter correspondido a um período
específico de tempo porque depois disso foram sempre cobertas com várias camadas de
tinta.
Paralelamente a estes estudos, foram recolhidas no âmbito deste projecto amostras do
Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, que foram analisadas num outro contexto no LNEC.
Este estudo revelou resultados semelhantes aos encontrados em outros monumentos,
particularmente na presença de agregados predominantemente siliciosos, provenientes
de materiais aluviais do rio Mondego e afluentes [17 - ‘ICDS12-artigo.pdf’ e ‘ICDS12-
apresentação.pdf’].
Quanto à análise da cor e materiais que lhe dão origem, fez-se um primeiro estudo
colorimétrico sobre a distribuição e tipo de cores nas várias camadas dos revestimentos
encontrados nos edifícios estudados [18 - ‘spc-33.pdf’ e 19 - ‘2WS-CIBSC.pdf’ em
‘2WS-CIBSC-programa.pdf’].
Das campanhas realizadas para recolha de imagens híper-espectrais de casas exemplo e
dos espectros de Reflectância de pigmentos puros, foi desenvolvida uma plataforma
para incluir na base de dados mais alargada proposta neste projecto
[‘KremerVsComuns.pdf’]. Estes pigmentos puros, comerciais foram caracterizados
através das técnicas de XRD e Raman, para atestar a sua pureza e tamanho
[‘KremerXRD.zip’ e ‘KremerRaman.zip’]. Os espectros de Reflectância serviram
também para a sua caracterização, além do estudo do efeito do tamanho do grão, assim
como de misturas de pigmentos, afim de se poder prosseguir para a manipulação das
imagens híper-espectrais obtidas de uma tela pintada, como protótipo de análise, e das
fachadas de edifícios do CHC [‘RelatórioJorge1.pdf’, ‘RelatórioJorge2.pdf’,
‘RelatórioJorge3.pdf’, ‘RelatórioJorge4.pdf’ e ‘RelatórioJorge5.pdf’]. A partir destas
imagens e desses espectros, conseguiu-se proceder à manipulação das imagens de
revestimentos de edifícios do Centro Histórico de Coimbra (CHC), podendo-se
substituir tanto a cor, como a textura mais recentes, pelos elementos existentes em
camadas anteriores.
Destas tarefas produziram-se várias publicações [20 - ‘Istambul-B1.18.pdf’ e 21 –
‘Istambul-B1.28.pdf’ em ‘ProceedingsIstambul.zip’, 22 – ‘RIAO2013.pdf’, 23 -
‘Cordoba2012.pdf’ e 24 - ‘Física2014.pdf’], estando em preparação uma publicação
[‘RIAO2013-artigo.pdf’].
Tarefa 6
Uma vez caracterizados os revestimentos antigos e os materiais que os constituem
iniciou-se o estudo e realização de novos revestimentos baseados em materiais o mais
semelhantes possível com os antigos, tendo como objectivo garantir a maior
compatibilidade possível entre eles e um aspecto coerente com o CHC em termos de
cor, textura e técnicas de revestimentos utilizadas.
Protótipos
Uma vez caracterizados os revestimentos antigos e os materiais que os constituem
iniciou-se o estudo e realização de novos revestimentos baseados em materiais o mais
semelhantes possível com os antigos tendo como objectivo garantir a maior
compatibilidade possível entre os materiais antigos e os modernos, e um aspecto
coerente com o CHC em termos de cor, textura e técnicas de revestimentos utilizadas.
Esses novos revestimentos irão ser analisados em termos de variação de cor de dois
modos: variação de cor em função da quantidade de pigmento adicionada na argamassa;
tentativa de relacionar a variação de cor provocada pelo envelhecimento natural com a
variação provocada por um ciclo de envelhecimento artificial definido em função dos
valores climáticos da zona de Coimbra.
Selecção de materiais
Nesta fase, o objectivo principal foi estudar o desempenho de amostras de revestimento
feito com materiais locais e que são compatíveis com os antigos edifícios do CHC e seu
envelhecimento. Pretende-se simular alternativas construtivas que podem ser aplicadas
na reabilitação desta zona da cidade. No caso de não ser possível a utilização de
materiais exclusivamente locais, devido à inexistência que cumpram este requisito (cal
dolomítica), foi necessário encontrar materiais modernos que sejam compatíveis e
resultem numa boa solução construtiva [‘RelatórioTiago.pdf’ e 25 – ‘HMC13-
TDuarte’].
Com base nos revestimentos analisados começámos a identificar os materiais
necessários para a realização de argamassas compatíveis, precisámos portanto de um
agregado similar e um ligante de cal.
O suporte da argamassa escolhido foi o tardoz de um azulejo de parede 10x20cm onde
foram aplicadas inicialmente uma camada de argamassa de maior espessura (camada de
emboço), seguindo-se uma argamassa fina (reboco), que pode ser o acabamento final (se
for um barramento) ou a base para uma pintura de cal.
O agregado encontrado nos revestimentos de CHC apresenta em quase todos os casos as
características da areia do Rio Mondego. Por isso realizámos a colheita de material em
três áreas distintas em ambas as margens laterais do Rio Mondego. No entanto, num dos
barramentos o agregado mostra características de transporte eólico, ou seja, elementos
bem ordenados, de granulometria bem definida (0,125-0,5mm) e arredondados. Como a
área onde se pode encontrar material deste género perto de Coimbra está localizada ao
longo da costa, no norte da Figueira da Foz, a recolha deste material foi realizada perto
da aldeia de Mira, onde a exploração de areia fina ainda era comum no século XX.
A areia do Rio Mondego foi retirada de três zonas diferentes. As zonas 1 e 2 [Figura 6.1
em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’] estão localizadas onde foi outrora o areeiro de Coimbra
onde era realizada a exploração de areia de rio. A Zona 3, localizada a montante das
zonas 1 e 2 e na margem oposta, situa-se junto à ponte da Portela.
A areia recolhida das dunas de Mira é uma areia diferente da areia de rio por ser mais
fina e muito mais clara. Esta areia foi utilizada num caso específico em que não se podia
correr o risco de utilizar a areia de rio por conter componentes como as micas escuras e
feldspatos que “contaminariam” a cor pretendida, um azul muito claro semelhante ao
existente na fachada do edifício da Rua do Colégio Novo.
Toda areia utilizada na realização das amostras foi inicialmente passada num peneiro de
10mm para retirar os componentes maiores e que não eram utilizáveis em termos de
revestimento de paredes.
A areia foi colocada em estufa a uma temperatura de 50°C até estar seca sendo de novo
crivada com um peneiro de malha quadrada de 4mm.
O passo seguinte foi o da classificação granulométrica para avaliar as diferentes areias
recolhidas e ponderar qual o melhor uso que se destina a cada uma. Com era esperado a
areia da zona 1 e da zona 2 são muito semelhantes (d50 ≈ 2mm), embora na
granulometria da zona 2 sejam mais predominantes os agregados com dimensões entre
4 a 2 mm.
Das curvas granulométricas concluiu-se que a areia da zona 3, por ter uma maior
percentagem de finos a partir de 1mm comparativamente às outras zonas, seria crivada a
1mm e utilizada em camadas mais exteriores do revestimento onde se requer uma areia
muito mais fina.
Como as areias das zonas 1 e 2 apresentavam características semelhantes e
essencialmente grosseiras foram misturadas e utilizadas só nas camadas de emboço.
A cal usada na construção de edifícios do CHC varia entre uma cal mais escura
dolomítica (resultado da calcinação do calcário dolomítico) e uma cal branca,
principalmente calcítica. Hoje em dia já não é fabricada cal com calcário dolomítico em
Coimbra, pelo que não é possível encontrar no mercado um calcário dolomítico igual ao
que foi usado outrora. Depois de uma busca acerca de qual cal utilizar, optámos por
uma cal em pasta hidrófuga com o nome "D. Fradique", feita por FRADICAL Lda para
revestimentos exteriores de edifícios de acordo com a EN 459-1:2010 “Cal de
construção: Definições, especificações e critérios de conformidade”. A cal em pasta já
foi testada em trabalhos de reabilitação desde 1996, e fornece um alto grau de
impermeabilidade à água e elevada permeabilidade ao vapor de água (Fradical, sd).
A utilização desta cal em pasta é recomendada para argamassas de camadas interiores às
quais deve ser adicionado um aditivo pozolânico que confere características hidráulicas
resultantes da reacção pozolânica e permite uma secagem mais rápida (Fradical,sd).
Para as camadas de acabamento foi utilizada uma argamassa da mesma marca
previamente doseada com micro-areias e pó de mármore, identificada como "Estuque de
Cal" e cuja única diferença é que o tamanho das partículas incorporadas quando
comparada com a cal em pasta.
Dos materiais da Fradical®, para a camada de emboço, foram utilizados a cal hidrófuga
em pasta e o aditivo pozolânico. A cal em pasta trata-se de um material com muito boa
trabalhabilidade, fendilhação nula após conclusão dos trabalhos, boa aderência aos
materiais de suporte, baixo coeficiente de capilaridade, elevada durabilidade, boa
plasticidade, hidrófuga, condutibilidade térmica constante, bactericida e permeável ao
vapor de água. A carbonatação óptima de uma camada com 1,5cm de espessura dá-se
aos 240 dias (variável em função da humidade relativa).
O composto predominante na cal em pasta D. Fradique é o Hidróxido de Cálcio
[Ca(OH)2], existindo também em fraca proporção Carbonato de Cálcio [CaCO3],
Hidróxido de Magnésio [Mg(OH)2] e Óxido de Magnésio [MgO].
O Aditivo Pozolânico D. Fradique é uma pozolana artificial em pó. Trata-se de um
metacaulino e a sua adição a argamassas de cal aérea confere-lhes características de
hidraulicidade resultantes da reacção pozolânica. A sua utilização possibilita ainda o
encurtamento de prazos de execução dos revestimentos e assentamentos. O aditivo
pozolânico é essencialmente constituído por óxidos de alumínio e sílica sendo que o
diâmetro máximo das suas partículas não ultrapassa os 710 µm.
Para as camadas de reboco foi utilizada a Massa de Estuque de Cal para exterior que
traz na sua constituição uma areia de granulometria superior a 100 µm, contém cal aérea
hidrófuga em pasta, micro areias e pó de mármore em pó. Esta massa destina-se a
proporcionar acabamentos lisos quer em interiores, quer em exteriores.
O tamanho das partículas presentes na cal em pasta e no estuque de cal foi determinado
para permitir uma comparação entre ambas. As partículas presentes na cal em pasta são
maiores (<500 um, com d50 = 47μm), enquanto o estuque de cal tem partículas mais
finas (<45μm, com d50 = 3.2μm). O tamanho do aditivo pozolânico é inferior a 177μm
com d50 = 35μm.
Os barramentos foram constituídos por duas camadas de argamassa: a camada de
revestimento de base, com um traço de 1:3, onde se utiliza cal em pasta, areia de rio
zona 1 e 2 e aditivo pozolânico (15 % do volume de cal utilizada) e com uma espessura
de cerca de 1,5 cm; e a camada de acabamento tem cerca de 5 mm de espessura
realizada com uma argamassa colorida ou não, dependendo se o aspecto final da
fachada é realizado com uma pintura de cal.
A pintura de cal azul-escura (PAz) é feita com cal em pasta com pigmento azul e é
aplicada sobre uma camada de reboco de cal (superfície branca e mais lisa) com uma
trincha própria para este tipo de pintura.
Os pigmentos mais comuns encontrados em revestimentos antigos do CHC foram para a
cor vermelha a hematite (Fe2O3), para o amarelo a goethite (Fe2O3.H2O) e para o azul
a lazurite (Na6Ca2Al6Si6O24 (SO4)2). Sendo pigmentos minerais decidiu-se fazer uma
escolha semelhante, encontrando-se materiais disponíveis para venda ao público em
qualquer loja de materiais de construção, como foi feito nos dias antigos.
Outra característica importante dos pigmentos é o tamanho das partículas que foi
determinado por analisadores de tamanho de partículas por difracção laser de Beckman-
Coulter mod. LS230, 0.04 a 2000μm. Os pigmentos analisados foram todos
classificados como muito finos pois os valores obtidos de d50 variam de 0,90 μm a 1,4
μm.
Realização das amostras
A fim de as amostras realizadas serem tão semelhantes quanto possível às amostras
recolhidas e para testar a performance e o comportamento de vários tipos de
barramentos, elas foram realizadas com diferentes materiais. O BVm é composto por
estuque de cal com areia de rio com partículas de dimensão inferior a 1mm, com um
traço de 1:1 e pigmento vermelho, o BAm foi realizado com estuque de cal e pigmento
amarelo [Figura 6.2 em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’], o BAz é uma mistura de estuque de
cal, areia de duna com um traço de 1:1 e pigmento azul.
Após a realização destas amostras, elas permaneceram fechadas em ambiente de
laboratório. Embora o tempo de carbonatação da cal indicado pelo fabricante é de 240
dias para as camadas com uma espessura de 1,5 cm (Fradical, sd), na prática os
revestimentos externos são imediatamente sujeitos a condições climáticas após a sua
aplicação. Ainda assim decidiu-se efectuar um tempo de cura mínimo de cerca de 28
dias para que as amostras pudessem ter consistência e impedir a sua rápida
desintegração quando submetido ao ciclo de envelhecimento [‘RelatórioTiago.pdf’ e 25
– ‘HMC13-TDuarte’].
Palete de Cor
Outro trabalho realizado foi a elaboração de uma palete com vários tipos de
revestimento característicos de Coimbra mas com um degradê de cor [‘Palete de
Cor.xlsx’]. A única variável na elaboração de cada revestimento foi a quantidade de
pigmento para uma argamassa com um traço de 1:1 ou constituída apenas por ligante e
pigmento.
A quantidade de pigmento base, a partir da qual se analisou a variação da cor com o
aumento ou diminuição da massa de pigmento adicionada, foi determinada através da
realização de várias amostras por tentativa/erro até atingir uma solução que fosse a mais
parecida possível com a retirada dos edifícios antigos.
Vejamos o exemplo do Barramento Azul que foi baseado no barramento azul claro
existente no edifício da Rua do Colégio Novo. Tendo em conta as granulometrias e
aspecto dos materiais e do revestimento existente no edifício foram comparadas as
seguintes amostras:
- Barramento azul claro (antigo);
- Estuque de cal + pigmento (lazurite)
- Estuque de cal + areia de duna (1:1) + pigmento (lazurite)
- Cal em pasta + areia de duna (1:1) + pigmento (lazurite)
Após serem realizadas várias destas amostras para também tentar atingir uma cor final o
mais parecida à existente chegou-se à conclusão de que, observando à lupa binocular, o
pigmento utilizado tinha uma granulometria muito mais fina do que aquele que foi
utilizado antigamente e a granulometria da areia de duna é mais elevada do que a do
agregado existente no barramento antigo. Ainda assim, tendo em conta o aspecto final e
por avaliação visual a solução que se assemelhava mais à original era a de estuque de
cal e areia de duna.
Cada linha da palete é composta por cinco discos com um diâmetro de 5cm
aproximadamente e uma espessura de 5mm [Figura 6.3 em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’].
A primeira linha é composta por cinco amostras sem pigmento: estuque de cal, cal em
pasta, estuque de cal com areia de rio; estuque com areia de duna e cal com areia de
duna. As restantes linhas são revestimentos coloridos cuja constituição foi baseada nas
diferentes cores e tipos de revestimento encontrados pelo CHC: barramento vermelho;
pintura de cal azul, barramento amarelo, azul e rosa. O barramento vermelho foi
realizado com estuque de cal, areia de rio com um traço de 1:1 e pigmento vermelho em
diferentes quantidades. As amostras de pinturas de cal azuis são essencialmente
constituídas por cal e lazurite. Para o barramento amarelo utilizou-se a cal em pasta e
novamente a areia de rio novamente no traço de 1:1. Para os barramentos azul-claros e
rosa foram utilizadas menores quantidades de pigmento quando comparadas com as
amostras anteriores, como ligante foi utilizado o estuque de cal só que no barramento
azul-claro utilizou-se a areia de duna como ligante e barramento rosa não levou
agregado.
Quando foram definidos todos os materiais e respectivas quantidades a utilizar foi
realizada a palete efectuou-se a medição da cor de cada amostra com o
espectrocolorímetro.
Ciclo de Envelhecimento
Como o envelhecimento natural de uma argamassa é um processo demorado resolveu-se
investigar os principais agentes de envelhecimento para os tentar simular. Foram
considerados como principais agentes de degradação as variações na temperatura
ambiente, irradiação solar e a erosão causada pela acção da chuva. Os respectivos
valores foram estimados levando-se em conta os valores climatológicos padrão de
Coimbra e transpostos para um ciclo de envelhecimento simulado numa câmara de
Xénon [‘UV radiation watch in Portugal.pdf’, ‘sol_chuva_Coimbra2005_2011.xls’].
O envelhecimento das amostras foi realizado numa câmara de envelhecimento artificial
acelerado Q-SUN XE-3-HS [Figura 6.4 em ‘FigurasTarefas5-6.pdf’].
Os valores utilizados para o ciclo de envelhecimento foram determinados através da
observação de vária informação recolhida do ‘site’ do Instituto Português do Mar e da
Atmosfera, da tese “Impactes Ambientais da Barragem da Aguieira: modificações no
clima local” de Maria Elisabete Seabra Nogueira (1996) e das normais climatológicas
(1971-2000) fornecidas pelo Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra.
Os valores de temperatura máxima e mínima utilizados no ciclo de envelhecimento
foram retirados das normais climatológicas de 1980 a 2010 de Bencanta.
A temperatura de um revestimento exterior sujeito à radiação solar apresenta uma
temperatura superior à do ambiente, a determinação do seu valor é possível através da
seguinte fórmula:
tse=te+(∝_s×R)/he
em que:
tse : Temperatura da superfície exterior – [°C];
te: Temperatura do ambiente exterior – [°C];
αs: Coeficiente de absorção da radiação solar – [-];
R: Radiação solar global – [W/m2];
he: Condutância térmica superficial exterior – [W/m2. °C].
O valor de te utilizado foi o valor da temperatura ambiente máxima exterior e
considerou-se o valor de he = 25 W/m2.°C para as estações frias (Outono e Inverno) e
he = 18 W/m2.°C para as estações quentes (Primavera e Verão).
Os valores do coeficiente de absorção da radiação solar são sobretudo condicionados
pela cor e os valores da intensidade da radiação global depende de diversos factores, tais
como: a latitude geográfica, a altitude do local, a estação do ano, a hora do dia, a
orientação e inclinação da superfície que recebe a radiação, a poluição atmosférica e o
ambiente circundante, nomeadamente o sombreamento que provoca sobre a superfície.
Dos valores de Radiação solar global possíveis para cada orientação optou-se por
utilizar os valores da orientação a Sudeste (SE) pelo facto de a média dos valores
anteriores ser maior.
A precipitação foi determinada em função dos valores médios mensais de 2005 a 2011,
da área da câmara que vai ser afectada pela chuva e do caudal que vem predefinido na
câmara. Assim sendo como o valor da precipitação é constante o que vai variar é a
duração da chuvada.
Sabendo que:
Pluviosidade (mm)= (Volume de água (litros))/(Área (m^2)),
se de 2005 a 2011 durante o mês de Janeiro choveram em média 89,4mm, tendo em
conta a área da câmara (0,324 m2), temos que na câmara de envelhecimento chove um
caudal de 0,12 litros/min durante aproximadamente 242 minutos.
Os valores de irradiação utilizados para o envelhecimento das amostras foram
determinados a partir dos valores médios mensais de radiação global das normais de
1961 a 1990 (Quadro 3.6).
Tendo em conta que a câmara de envelhecimento tem um valor mínimo de radiação de
0,25 W/m2.nm e um máximo de 0,68 W/m2.nm, e que nas especificações da câmara de
envelhecimento é dito que os valores de irradiação mais utilizados em testes de
envelhecimento são 0,35 ou 0,55 W/m2.nm no comprimento de onda de 340nm, sendo
os 0,55 comparáveis à irradiação solar no Verão e os 0,35 à irradiação no Inverno, estes
valores foram ligeiramente alterados. Ficou assim estabelecido que os valores de
irradiação para este trabalho teriam de variar entre 0,35 e 0,68 W/m2.ºC.
Os valores de irradiação para a Primavera e para o Verão de 0,71 e 0,72W/m2.ºC
respectivamente, foram reduzidos para o valor máximo estabelecido pela câmara,
0,68W/m2.ºC. O valor de irradiação para a estação de Outubro foi aumentado para os
0,35W/m2ºC por ser este o valor mínimo de irradiação estabelecido pelas definições do
equipamento.
Quanto às temperaturas mínimas no interior da câmara, estas foram inicialmente
aumentadas para o valor mínimo atingível pela câmara de 10ºC. Como os valores
mínimos de temperatura são influenciados pela temperatura ambiente de laboratório (a
câmara deve funcionar entre os 21ºC e 30ºC), as temperaturas mínimas foram definidas
por tentativa erro em função destas condições. As temperaturas mínimas foram apenas
utilizadas para os passos do ciclo de envelhecimento sem irradiação porque, a
temperatura mínima atingível num passo com irradiação é de aproximadamente 32ºC.
As temperaturas foram também alteradas para valores superiores em função da
irradiação e da temperatura do ‘black panel’.
A temperatura de superfície exterior, controlada pelo ‘black panel’ instalado no interior
da câmara, tive de ser alterada também para irem de encontro às capacidades da câmara.
Os valores da tse. foram reduzidos em 10ºC e 15ºC nos passos em que temos irradiação e
precipitação simultaneamente porque o arrefecimento do ‘black panel’ provocado pela
chuva diminuía a sua temperatura de tal modo que a câmara não conseguia atingir o
valor determinado.
O ciclo de envelhecimento teve uma duração total de 144 horas em que para cada mês é
simulado numa duração de 12 horas para zona de Coimbra, sendo representados no total
em cinco fases:
Temperatura baixa e precipitação;
Temperatura elevada e irradiação;
Temperatura elevada, irradiação e precipitação;
Temperatura elevada e irradiação;
Temperatura baixa.
O número de fases foi condicionado pelas características da câmara de envelhecimento
e a duração de cada fase foi determinada tendo em conta o número de horas de
insolação médio mensal em Coimbra de 2005 a 2011. Por esta razão, como o número de
horas de insolação é menor no Inverno e no Outono, a duração e o número de fases
foram determinados pelo número de horas de precipitação.
Foram estabelecidos 144, 288, 432, 576 e 720 horas de envelhecimento para
corresponder 1-5 anos. Para estabelecer uma relação entre o envelhecimento natural e o
simulado na câmara também foram colocadas no exterior amostras de revestimento,
orientadas a SE para estarem sujeitas a condições climáticas semelhantes às analisadas e
permitir a comparação de resultados.
Para avaliar a degradação das amostras de envelhecimento natural [Figura 6.5 em
‘FigurasTarefas5-6.pdf’] e envelhecimento na câmara, foram analisadas as seguintes
propriedades antes e após o envelhecimento: cor (determinada com um
espectrofotómetro CM700d em locais pré-definidos nas amostras) e o aspecto
superficial (por avaliação visual).
Tentou relacionar-se um envelhecimento artificial realizado numa câmara de
Xénon com o envelhecimento natural causado pelas condições climáticas naturais, foi
possível retirar
algumas conclusões para as amostras de Fingido de Pedra e de Barramento Branco. Para
o ciclo de
envelhecimento definido com base nos valores climáticos de Coimbra, o Fingido de
Pedra atinge uma
alteração de cor em 18 dias semelhante à obtida ao fim de 6 meses no caso de ser
aplicado no exterior.
Quanto ao Barramento Branco foi possível concluir que alteração de cor se deve
principalmente à
poluição atmosférica porque as alterações provocadas pelo ciclo de envelhecimento
artificial não são
detetáveis pelo olho humano, enquanto para as amostras no exterior essas alterações já
são visíveis [‘RelatórioTiago.pdf’].
Ao analisar os valores obtidos para os fingidos de pedra reparamos que para as amostras
colocadas na câmara temos uma variação da cor dividida em três patamares. A primeira
fase trata-se da remoção do excesso de cal e finos mais à superfície e as fases seguintes
trata-se de uma mudança de cor que se traduz num escurecimento da amostra que tende
a estabilizar a partir de um ΔE*≥6 aproximadamente. Para as amostras coloridas, a
variação de cor no caso de envelhecimento artificial é abrupta no 1º ano (1º ciclo
completo de 1 semana), estabilizando a partir daí (ΔE*≥6 para barramentos azuis e
pinturas vermelhas e mais baixa para os barramentos amarelos e pinturas azuis e
vermelhas, ΔE*≥3). Quanto às amostras expostas a envelhecimento natural, no exterior,
a sua evolução foi muito maior, atingindo em 6 meses valores de ΔE* iguais a 7 para
barramentos vermelhos, 12 para pinturas azuis e 15 para barramentos amarelos. Estes
resultados serão em breve objecto de uma publicação.
Tarefa 7
Na generalidade do projecto, além de várias publicações e organização de eventos
(descritos ao longo do texto), também foram executadas várias acções de formação e
divulgação [26 – ‘StoneArtworks.pdf’, 27 - ‘ALuzeaCor.pdf’, 28 –
‘CinquentenarioLaser-UTAD.pdf’, Programas República do saber na RTP2 29 -
‘RepSaber-pgm 41 - 2012 -10 23.wmv’ e 30 - ‘RepSaber-pgm 51 - 10.12.2012.wmv’].
Foi igualmente escrito um capítulo de um livro sobre pigmentos, tendo como referência
os resultados deste projecto [31 - Pigmentos de origem mineral: caso de estudo dos
revestimentos do Centro Histórico de Coimbra, ‘14-CatarinoGil.pdf’ no livro
‘ProvenienciaMateriaisGeologicos.pdf’]. Além disso, os trabalhos conducentes aos
Doutoramentos de dois elementos da equipa do projecto (Luís Freire e Pedro
Providência), foram largamente desenvolvidos no âmbito deste projecto e serão em
breve finalizados e defendidos. Por último, um dos bolseiros (Tiago Duarte), obteve a
sua aprovação na Ordem dos Engenheiros a partir do trabalho que desenvolveu no
âmbito do projecto, tendo conseguido de imediato colocação numa empresa da sua área
de especialização em Engenharia Civil.
Deste relatório será elaborado um livro, já contratualizado com uma editora de Coimbra
e a sair nos próximos meses.