DIA DA INDÚSTRIA - sfiec.org.br · da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo...

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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará Ano VI n N o 62 n JULHO/2012 Impresso Especial 9912285067/2011-DR/CE FIEC CORREIOS 3 Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT DIA DA INDÚSTRIA CNI e FIEC entregam em 26 de julho comendas a quatro personalidades com atuação marcante no impulso das atividades fabris e do desenvolvimento econômico do país e do Ceará Fernando de Mendonça Herbert Fisk Johnson Jr. (in memorian) José Vilmar Ferreira Maria Suzete Dias de Vasconcelos /sistemafiec @fieconline

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Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do CearáAno VI n No 62 n JULHO/2012

ImpressoEspecial

9912285067/2011-DR/CEFIEC

CORREIOS

3

Impresso fechado, pode ser aberto pela ECT

DIA DA INDÚSTRIACNI e FIEC entregam em 26 de julho comendas a quatro personalidades com atuação marcante

no impulso das atividades fabris e do desenvolvimento econômico do país e do Ceará

Fernando deMendonça

Herbert Fisk Johnson Jr.(in memorian)José Vilmar Ferreira

Maria SuzeteDias de Vasconcelos

/sistemafiec

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José Vilmar Ferreira Herbert Johnson

Maria SuzeteDias Vasconcelos

Fernando deMendonça

Revista da FIEC. – Ano 6, n 62 (jul. 2012) -– Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 -

v. ; 20,5 cm.Mensal.ISSN 1983-344X

1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias doEstado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.

CDU: 67(051)

Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação Taís

Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434, 9187-5063, 8857-1594 e 8786-

2422 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec

Federação das Indústrias do Estado do Ceará — FIECDIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira

Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa

Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI

Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho

Serviço Social da Indústria — SESICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro, Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius, Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo

do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo

Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — SENAICONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes

da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio

Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães

Instituto Euvaldo Lodi — IELDiretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales

Instituto de Desenvolvimento Industrial – INDIRoberto Proença de Macêdo – presidente

Instituto FIEC de Responsabilidade Social – FIRESORoberto Proença de Macêdo – presidente Wânia Cysne de Medeiros Dummar – vice-presidente

JULHO 2012 | No 62

Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará

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EconomiaPERSPECtIvAS PROmISSORASInvestimentos previstos pelo governo

do estado e a iniciativa privada

reservam à economia cearense

uma trajetória de crescimento

SustentabilidadeFORmAçãO DE AgENtESPrograma Agentes de

Responsabilidade Social já

formou oito turmas envolvendo

236 pessoas e 140 empresas

SENAIOLImPíADA DO CONHECImENtODelegação com 19 alunos de

seis escolas do SENAI/CE está

se preparando para competir

com os melhores do país

16

46

18

Seções

Inovações&Descobertas...........6 MensagemdaPresidência........7

Notas&Fatos..............................8

Gestão das águas Sobral

3428

Rio+20AvANçOS INSUFICIENtESA falta de ousadia foi criticada,

apesar de avanços como a inclusão

do desenvolvimento sustentável

para erradicação da pobreza

Inova CearáCULtURA DA INOvAçãOMovimento quer criar no Ceará

uma ambiência favorável à

inovação por meio da aliança

entre diversos parceiros

22

41

DESAFIOS E CONtRAStESMesmo em um período de forte estiagem, culturas irrigadas no Ceará conseguem apresentar crescimento médio de 3% na produção

CENtRO INtEgRADOUnidade conjunta do SESI/SENAI inaugurada em Sobral é uma das mais modernas do paísem termos arquitetônicos ede funcionalidade

Dia da IndústriaUm cientista cearense e três industriais serão agraciados com as comendas Ordem do Mérito Industrial, da CNI, e Medalha do Mérito Industrial, da FIEC

12CAPA

| RevistadaFIEC | Julho de 20124 5Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

InovaçoesDescobertas&

SAnITáRIo PRoDuz FERTIlIzAnTES, ElETRICIDADE E não GASTA áGuA

Uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) descobriu que uma substância retirada das sementes do açaí pode ser usada para a produção de plástico natural para aplicaão em próteses ósseas, especialmente as cranianas. Segundo artigo publicado na revista Pesquisa Fapesp, o plástico – criado como trabalho de mestrado e doutorado dos pesquisadores Laís Gabriel e André Jardini – apresenta as mesmas características do poliuretano feito com petróleo. Maciel explica que o poliuretano possui compatibilidade com tecidos vivos e não libera substâncias tóxicas quando implantado. Se a matéria-prima utilizada para sua produção for de origem vegetal, o preço de fabricação cai drasticamente. Maciel cita o exemplo de uma prótese craniana de biocerâmica que custa, em média, 120 mil reais. Com o plástico feito à base da semente de açaí, o produto pode ser cinco vezes mais barato.

Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estão desenvolvendo uma tecnologia que permite usar forno de micro-ondas para cozer cerâmica. O trabalho, elaborado por integrantes do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da UFSCar, foi apresentado (como artigo científico) no 56º Congresso Brasileiro de Cerâmica, realizado em junho em Curitiba. Intitulado Monoqueima de Porcelanas Esmaltadas em Forno de Micro-ondas, o artigo descreve a produção, em laboratório, de um coelho de cerâmica de aproximadamente 5 centímetros de altura e 8 centímetros de largura. Segundo Ruth Kiminami, docente do DEMa e uma das autoras da pesquisa, é um corpo cerâmico complexo. "Pegamos um corpo cerâmico bem complexo. Agora, a gente quer aumentar o tamanho e outros formatos", enfatiza a professora. Segundo ela, o método convencional, chamado biqueima, utiliza mais tempo e energia porque depende da queima do corpo cerâmico sem esmalte, numa primeira fase, e de uma nova queima, depois que o material passa por um processo de esmaltação. “Com esse procedimento em fases, o processo de produção leva no mínimo 18 horas. No forno de micro-ondas, a queima da cerâmica é feita em apenas 24 minutos”, garante Ruth Kiminami.

CADEADo “AVISA” quAnDo ESTá SEnDo VIolADo

Duas empresas israelenses, especializadas em mecanismos de bloqueio e rastreamento GPS, criaram um cadeado inteligente que envia um alerta quando a fechadura é violada ou aberta pela pessoa errada. Também avisa se for deslocado, nos casos em que protege objetos móveis de valor. Batizado de WatchLock, a tecnologia usa um sistema de trava acoplado com chip e GPS que permite ao usuário monitorar a segurança de suas propriedades por meio de celular, smartphone ou computador. “Basicamente, nós fazíamos produtos para diferentes soluções de monitoramento”, diz Maxim Prilutsky, um dos criadores do WatchLock. “A ideia então foi juntar as soluções de maneira que duas unidades – o cadeado e o GPS – protegessem um ativo. Se falarmos, por exemplo, em caminhões,

o dispositivo protege ao mesmo tempo o caminhão e o motorista”, garante. O WatchLock está sendo comercializado na Europa por cerca de 380 dólares por bloqueio, com uma taxa de 7 dólares por mês para manutenção, alertas e monitoramento.

Cientistas da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura, desenvolveram um sistema de tratamento de esgotos que produz fertilizantes e eletricidade, é autossuficiente no fornecimento de água e não polui. Usado com um vaso sanitário de dois compartimentos, para separar os dejetos líquidos dos sólidos, o sistema funciona por meio de sucção a vácuo, similar à utilizada em aviões, e apenas 0,2 litro de água em cada descarga. Para otimização do sistema, ele abastece uma unidade de reprocessamento capaz de aproveitar os dejetos para produção de gás metano, por meio de biorreatores, que é queimado para gerar eletricidade. Os dejetos líquidos, por sua vez, vão para uma planta de processamento, onde são usados na produção de fertilizantes. A água restante é redirecionada para reuso pelo próprio sistema, servindo para novas descargas. Em Cingapura, o projeto está recebendo 10 milhões de dólares do governo para uma etapa inicial de testes. A inovação será implantada em hotéis, resorts e comunidades isoladas, sem interligação com os sistemas tradicionais de esgoto.

PláSTICo DE AçAí

MensagemdaPresidênciaRoberto Proença de macêdo

A indústria do estado do Ceará está mais uma vez em festa com a realização da solenidade de entrega das comendas Ordem do Mérito Industrial e Medalha do Mérito Industrial no dia 26 de julho, em comemoração ao Dia Indús-tria, que transcorreu em 25 de maio. Este ano, um cientista receberá da CNI a Ordem do Mérito Industrial e três indus-triais serão reverenciados pela FIEC com a Medalha do Mé-rito Industrial. Os homenageados dignificam o nosso meio empresarial e, por suas realizações, simbolizam a capacidade do cearense de vencer desafios. A Ordem do Mérito Industrial foi criada pela CNI como a mais importante insígnia da entidade. Por isso vejo com imensa satisfação a nossa entidade maior colocar na sua galeria de homenageados o grande cientista cearense Fernando de Mendonça, um jovem de 83 anos, fun-dador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), além de representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq) na Nasa. A FIEC criou a Medalha do Mérito Industrial para destacar a atuação firme no impulso das atividades fabris e do de-senvolvimento econômico do Ceará. Ao agraciar Herbert Fisk Johnson Jr. (in memorian), empresário norte-americano fun-dador do Grupo Johnson no Ceará, Maria Suzete Dias de Vas-concelos, presidente do Laboratório Madrevita, e José Vilmar Ferreira, presidente da Aço Cearense, temos a plena certeza de estarmos enriquecendo a galeria dos nomes memoráveis reco-nhecidos pela concessão desta comenda.

Todo dia é diada indústria

O momento de festa é também propício para refletir-mos sobre os passos e caminhos que pretendemos seguir no futuro. Ao fazermos uma breve análise a respeito do per-fil da indústria cearense, verificamos que ela responde por 24,5% da economia do Ceará, gerando 334 000 empregos, sendo que 73,9% das empresas estão concentradas na região metropolitana de Fortaleza. Somente os segmentos têxtil e vestuário, calçados, alimentos e bebidas e a construção civil concentram 75% dos empregos gerados. Os cinco principais setores exportadores são calçados, couros, castanha de caju,

ceras vegetais e têxtil, que respon-dem por mais de 72,6% do total exportado pelo estado nos cinco primeiros meses deste ano. No entanto, o segmento indus-trial cearense ainda carece de di-versificação de produção e de pro-dutos com maior valor agregado. Este é o nosso maior desafio. Nesse sentido, a FIEC tem feito um gran-de esforço na busca de mecanismos que estabeleçam uma relação per-manente entre universidades, em-presas e governos, através da qual se consolide em nosso meio a cul-tura da inovação.

A indústria brasileira está sendo afetada pela crise mun-dial com maior intensidade do que os outros setores da economia. Os bens industriais não estão acompanhando o ritmo de exportação dos nossos produtos básicos. E país nenhum consegue se desenvolver de forma sustentável se não contar com um parque industrial diversificado, forte e competitivo para atender ao mercado externo e interno.

“ A FIEC tem feito um

grande esforço na

busca de mecanismos que

estabeleçam uma relação

permanente entre universidades,

empresas e governos, através

da qual se consolide em nosso

meio a cultura da inovação.

CERâMICA EM FoRno DE MICRo-onDAS

| RevistadaFIEC | Julho de 20126 7Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

FoRTAlEzA recebeu, em 7 de julho, uma manhã saudável e divertida para as crianças. 4 300 pessoas participaram da ação no Parque do

Cocó, promovida pelo Serviço Social da Indústria (SESI/CE) e pela Rede Globo, por meio da TV Verdes Mares. A atividade fez parte do Medidinha Certa, quadro do programa Fantástico que tem como objetivo estimular a adoção de hábitos saudáveis e incentivar a qualidade de vida do público infantil. A garotada pôde medir o índice de massa corpórea (IMC) e cuidar da saúde com atividades físicas variadas, praticando futebol, futsal e vôlei de praia e brincando na cama elástica e no tobogã. Tudo ao ar livre e sob orientação do jornalista Zeca Camargo e do preparador físico Márcio Atalla. Mais de 1 500 crianças e adolescentes foram medidas e pesadas. Os números foram preocupantes: 49% dos meninos avaliados estão obesos ou com sobrepeso, contra 45% das meninas.

Notas&FatosO q U E A C O N t E C E N O S I S t E m A F I E C , N A P O L í t I C A E N A E C O N O m I A

Nova diretoria do sindgráfica é empossada

POSSE

Notas&FatosmEDIDINHA CERtA NO COCÓ

Mais de 4 000 pessoas participaram

ASSOCIAçãO CAAtINgALIvRO SObRE PRESERvAçãO DO ECOSSIStEmAA Associação Caatinga lançou em 12 de julho o livro de fotografias Caatinga: um Novo Olhar, editado pela Tempo d'Imagem, em Fortaleza. O objetivo da obra é sensibilizar a sociedade para a preservação da caatinga, bioma tipicamente brasileiro, desmistificando o imaginário de espaço seco e sem vida. A seleção de imagens é assinada por 17 fotógrafos renomados, como Araquém Alcântara, Celso Oliveira, Renato Stockler, Maurício Albano, Sheila Oliveira e Alexandre Gambarini, dentre outros. O livro já havia sido lançado internacionalmente em três eventos durante a Rio+20. Caatinga: um Novo Olhar está à venda na Saraiva MegaStore em todo o Brasil e na Associação Caatinga. Para adquiri-lo, basta enviar e-mail para [email protected] ou [email protected].

COSmétICOS

CiN/Ce pRospeCta NegóCios Na ColôMbiaSIStEmA FIEC

sesi e seNai passaM a teR gestão iNdividualizada

o CEnTRo Internacional de Negócios (CIN/CE) da FIEC, em conjunto com a CNI e com cofinanciamento da Comissão Europeia, por meio do Programa Al-Invest, está articulando o Prospect, projeto de prospecção de mercado in loco, que será realizado de 19 a 25 de agosto e terá a Colômbia como país-alvo. Quatorze empresas de pequeno e médio portes foram selecionadas para irem à terceira edição do programa. Em 2012, participarão empreendimentos da Bahia, Ceará, Goiás e Pernambuco. Analistas em comércio exterior dos centros internacionais dos quatro estados visitarão importadores e distribuidores de cosméticos para o mercado colombiano e realizarão visitas técnicas a entidades do setor de cosméticos daquele país. Cada empresa contemplada com a prospecção receberá um relatório específico e customizado com informações estratégicas para a inserção no mercado-alvo.

o SERVIço Social da Indústria (SESI/CE) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) terão gestão individualizada. Atualmente, um único gestor conduz as duas instituições, integrantes do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC). A decisão foi comunicada pelo presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, aos presentes à reunião da diretoria plena da FIEC realizada em 16 de julho. Em 1º de agosto, o engenheiro Fernando Ribeiro de Melo Nunes assumirá a Direção do Departamento Regional do SENAI/CE. O economista Francisco das Chagas Magalhães continua no cargo de superintendente regional do SESI/CE. Roberto Macêdo apontou a implantação do Programa de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira, desenvolvido pelo SENAI e que receberá recursos do BNDES da ordem de R$ 1,9 bilhão em todo o país e de R$ 94 milhões para o SENAI do Ceará, como um dos motivos para a individualização das gestões.

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n o Prêmio Sindiverde de Jornalismo Ary Albuquerque recebe inscrições até 30 de setembro. O objetivo da premiação é destacar as melhores reportagens sobre reciclagem e transformação de material veiculadas na imprensa brasileira. O Prêmio Ary Albuquer-que vai distribuir 21 000 reais nas categorias mídia impressa (jornal e revista), mídia eletrônica (televisão) e mídia digital (internet). Podem concorrer reportagens publicadas ou veiculadas de 1º de janeiro a 30 de setembro de 2012. Os vencedores serão anun-ciados durante a abertura da Recicla Nordeste 2012, que será realizada de 17 a 19 de outubro. Mais informações: (85) 3224 9400.

AGENDA

O SInDICATo da Indústria Gráfica do Estado do Ceará (Sindgráfica)

empossou sua nova diretoria, eleita para o período 2012-2014, em 16 de julho, na Casa da Indústria. Francisco Eulálio Santiago Costa, da Expressão Gráfica, é o novo presidente da entidade. O empresário Fernando Esteves deixou a presidência destacando a unificação do setor em

seu mandato. Eulálio Costa espera contribuir para a consolidação da união do setor. “O trabalho da nova diretoria é de dar continuidade ao processo de fortalecimento da indústria gráfica do estado. Nós temos um grupo forte que pode fazer muito. Conclamamos a união de todos para desenvolver a indústria gráfica do Ceará”, disse o presidente do Sindgráfica em seu discurso de posse.

n A FábRICA em Maracanaú da indústria indiana Suzlon, do ramo de energia eólica, está em operação desde junho. O empreendimento na região metropolitana de Fortaleza contou com um investimento de 2 milhões de reais. A unidade engloba serviços de estocagem, manutenção e conta ainda com linha fabril de painéis elétricos e eletrônicos e uma linha de montagem de hubs, a parte frontal das turbinas eólicas. Em parceria com a Aeris Energy, a Suzlon conta com outra unidade de produção no Ceará, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém.

n o CEARá se tornou o primeiro estado do Norte-Nordeste a ter cartões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em todos os seus municípios. A marca foi atingida em 4 de julho, com a entrega do Cartão BNDES em Abaiara, na região do Cariri. Desde 2003, quando o produto foi lançado, foram emitidos 12 584 cartões no Ceará, sendo 99% deles para micro e pequenas empresas. Os cartões somam 622 milhões de reais em limite de crédito pré-aprovado. Para o bom desempenho no Ceará, o BNDES conta com a parceria da FIEC e dos agentes emissores, especialmente o Banco do Brasil.

n o InFoRMATIVo on-line da Rede de Tecnologia do Ceará (Retec/CE), o RetecInforma, chegou em julho à 100ª edição. Criado em novembro de 2003, o RetecInforma circula mensalmente com o objetivo de difundir informações na área de tecnologia. A Retec/CE promove a transferência de tecnologias de gestão mediante consultorias empresariais e informações estratégicas. A rede, estruturada pelo IEL/CE, conta com 1 677 usuários cadastrados, sendo 1 042 demandantes e 635 ofertantes. Para realizar seu cadastro ou obter mais informações, acesse www.ce.retec.org.br ou envie e-mail para [email protected].

CURTAS---------------------

SINDmÓvEIS

top Móvel 2012 bate ReCoRde de iNsCRiçõeso SInDICATo das Indústrias do Mobiliário do Estado do Ceará (SindMóveis) realiza, de 3 a 6 de setembro, a Top Móvel Brasil 2012, a feira mais importante do setor moveleiro do Norte-Nordeste. O novo Centro de Eventos do Ceará receberá a Top Móvel, que espera reunir mais de 30 000 visitantes. Em 5 de julho, o evento bateu o recorde de 647 inscrições em apenas um dia. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.feiratopmovel.com.br. A expectativa é que a Top Móvel Brasil 2012 tenha a participação de mais de 200 expositores, 30 000 visitantes e realização de negócios superior a 200 milhões de reais, valores que representam 30% a mais do que na edição de 2010. Realizada a cada dois anos, a feira chega à sua 12ª edição, sempre com o objetivo de ser um canal fundamental para a aproximação entre as duas pontas da cadeia produtiva de móveis: fabricantes e lojistas/compradores. Informações pelo telefone (85) 3433 6959.

>> Cartas à redação contendo comentários ou sugestões de reportagens podem ser enviadas para a Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM) Avenida Barão de Studart, 1980, térreo, telefone: (85) 3421-5434. E-mail: [email protected]

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| RevistadaFIEC | Julho de 20128 9Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

NUMA - Núcleo de Meio Ambiente

Um cientista cearense recebe a Ordem do Mérito Industrial, da CNI, e três industriais receberão a Medalha do Mérito Industrial, da FIEC

CNI e FIEC homenageiam personalidades

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) realizará em 26 de julho a entrega da Medalha do Méri-to Industrial aos industriais José Vilmar Ferreira, presi-

dente da Aço Cearense, Maria Suzete Dias de Vasconcelos, pre-sidente do Laboratório Madrevita, e Herbert Fisk Johnson Jr. (in memorian), empresário norte-americano precursor do Grupo Johnson no Ceará. Na mesma solenidade em home-nagem ao Dia da Indústria, data comemorada nacionalmente

Dia da Indústria

em 25 de maio, o cientista cearense Fernando de Mendonça será agraciado com a Ordem do Mérito Industrial, comenda máxima da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Fundador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e representante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na National Aeronautics and Space Administration (Nasa), Mendonça é também

idealizador e articulador do Instituto Nacio-nal para Pesquisas Científicas e Aplicadas em Energia – organismo similar ao Instituto Tec-nológico de Aeronáutica (ITA) a ser implanta-do no estado com o propósito de reter talentos cearenses para impulsionar o avanço tecnoló-gico. O Instituto foi registrado em janeiro des-te ano na Junta Comercial do Ceará (Jucec).

Não menos importantes ao desenvolvi-mento sustentável do Ceará e do país são os industriais homenageados em 2012 pela FIEC. Referência para a siderurgia nacional, o presidente da Aço Cearense, José Vilmar Ferreira, tornou-se exemplo de empreen-dedor no meio industrial por ter fundado e transformado uma pequena loja no bem su-cedido Grupo Aço Cearense.

Em 1979, o empresário iniciou sua primei-ra empresa, a Ferro OK – empreendimento no ramo de produtos siderúrgicos localizado em Fortaleza, com foco no mercado da constru-ção civil. Transformada na Aço Cearense, a empresa se dedicou durante 15 anos à comer-cialização exclusiva de produtos nacionais, passando posteriormente a trabalhar também com aços planos importados, que, depois de industrializados, são distribuídos em todo o território nacional. Passados 30 anos, a Ferro OK deu lugar ao Grupo Aço Cearense, com-posto pelas empresas Aço Cearense Comer-cial, Aço Cearense Industrial e Siderúrgica Norte Brasil S/A (Sinobras), localizada no Pará. Ao todo, o grupo gera mais de 3 000 em-pregos diretos, além de muitos indiretos.

A empresária Maria Suzete Dias de Vas-concelos lidera o Laboratório Madrevita, fundado em 1955 pelo esposo, o empreende-dor José Dias de Vasconcelos. A história de sucesso começou com a fabricação do medi-camento Madrevita – produto que deu nome à empresa, que começou a ampliar, nos anos 60, sua linha e segmento de atuação. O Ma-drevita conquistou o mercado farmacêutico nacional com marcas fortes e de tradição no mercado local como Aseptol, Supertônico, Tussibel, Sanoverme e Puritol, dentre outros. A empresa atua nos segmentos farmacêutico e cosmético – higiene pessoal. A unidade fa-bril possui área de 10 000 metros quadrados. Seu processo produtivo está em conformida-de com os padrões mais avançados da tecno-logia industrial. Comercializa seus produtos em todo o país.

O pioneirismo é o traço marcante de ou-tro empreendedor escolhido pela FIEC para a homenagem do Dia da Indústria. Então pre-sidente da SC Johnson, fabricante das Ceras Johnson e de outros produtos de limpeza, o industrial americano Herbert Fisk Johnson Jr. veio ao Ceará em 1935 para pesquisar as potencialidades da carnaúba – principal insu-mo para os produtos fabricados pela empresa. Depois de conhecer de perto o cultivo da ár-vore, a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis, o empresário decidiu instalar uma unidade no Ceará. Graças à car-naúba, a Ceras Johnson virou uma potência que atua em mais de 20 países e fatura bilhões de dólares anualmente. Falecido em 1978, o empresário foi sucedido pelo filho Samuel Johnson, hoje à frente da organização.

José Vilmar Ferreira Herbert Johnson

Maria SuzeteDias Vasconcelos

Fernando deMendonça

Ordem do Mérito Industrial

AOrdem do Mérito Industrial foi criada pela Diretoria da CNI

em 1958, e é destinada a premiar personalidades e instituições, nacionais e estrangeiras, que se tenham tornado dignas do reconhecimento ou da admiração da indústria brasileira. A insígnia da ordem tem no anverso o símbolo da CNI, colocado entre palmas e montado sobre uma estrela de oito braços, dourada e no reverso, em idêntico círculo dourado, a legenda Confederação Nacional da Indústria e Brasil. A fita é de gorgorão de seda verde e amarela, achamalatada, com orlas azuis e frisos brancos. O Grande Colar é acompanhado por uma placa dourada com as insígnias da ordem.

Os agraciados usam a insígnia pendente de uma fita colocada ao lado esquerdo do peito. Todos podem usar, na lapela, rosetas da ordem. O número máximo de concessões da Ordem do Mérito Industrial é de dez por ano. Estão, entre os agraciados com a Ordem do Mérito Industrial, personalidades como o ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubitscheck de Oliveira, Sua Alteza Real Príncipe de Gales e herdeiro do trono da Grã-Bretanha, Charles Philip Arthur George, e o industrial Jorge Gerdau Johannpeter.

| RevistadaFIEC | Julho de 201212 13Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

1974 – César Cals de Oliveira Filho, Thomás Pompeu de Souza Brasil Netto e Raul Barbosa.

1975 – Industrial Carlito Narbal Pamplona.

1976 – Virgílio de Morais Fernandes Távora e Mário Henrique Simonsen.

1979 – Industrial José Dias de Macêdo.

1982 – Industrial Édson Queiroz, empresário João Gomes Grangeiro, José Danilo Rubens Pereira e Albano do Prado Franco.

1983 – Valfrido Salmito Filho, economista Firmo Fernandes de Castro e industrial Jacques Rabinovich.

1984 – José Adauto Bezerra, Albanisa Rocha Sarasate e Francisco Ariosto Holanda.

1985 – Industrial Adalberto Benevides de Magalhães, industrial Moisés Santiago Pimentel e industrial Hermano Chaves Franck.

1990 – Tasso Ribeiro Jereissati, Ciro Moreira Cavalcanti e empresário Jaime Tomás de Aquino.

1992 – Carlos Mauro Cabral Benevides, empresário Francisco Ivens Dias Branco e empresário Fernando Nogueira Gurgel.

1993 – Empresário Amarílio Proença de Macêdo, empresário Alexandre Grendene Bartelle e Antônio Balhmann Cardoso Nunes Filho.

1994 – Benedito Clayton Veras Alcântara e Antônio Albuquerque Souza Filho.

1995 – General Nilton Moreira Rodrigues, jornalista Demócrito Dummar e empresário Alberto Baquit.

1996 – Empresário Jaime Machado da Ponte, empresário José Flávio Costa Lima e Raimundo José Marques Viana.

1997 – Ednílton Gomes de Soares, empresário Alberto Targino e Alexandre Figueira Rodrigues.

1999 – Andrea Sandro Calabi, Pedro Felipe Borges e Luís Roberto de Andrade Ponte.

2000 – Antônio Martins Filho, Luiz Esteves Neto e Lúcio Gonçalo de Alcântara.

Agraciados com a Medalha do Mérito IndustrialDesde que foi instituída pela FIEC, em 1974, a Medalha do Mérito Industrial já foi outorgada a 82

personalidades que atuaram em prol do desenvolvimento econômico do Ceará. São elas:

2001 – Yolanda Vidal Queiroz, Martus Antônio Rodrigues Tavares, Francisco Roberto André Gros e Celso Monteiro Furtado.

2002 – Empresário Geraldo Cabral Rola, Byron Costa de Queiroz e Francisco de Queiroz Maia Júnior.

2003 – Industrial José Tavares Lopes, Carlos Eduardo Moreira Ferreira e Roberto Cláudio Frota Bezerra.

2004 – Presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter; diretor presidente do Grupo Jandaia, Antônio Cláudio Gomes Figueiredo, e o fundador e presidente da TP & E - Tarcísio Pinheiro & Economistas Associados Ltda, José Tarcísio Rodrigues Pinheiro.

2005 – Presidente da Marisol, Vicente Donini, proprietário das empresas de confecções Terceira Via e da Flor do Vale, Adolfo Araújo e o então secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará, Régis Dias.

2006 – Presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, e o então secretário de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Hélio Barros.

2007 – Roberto Smith, presidente do BNB, empresário Lauro Fiúza Júnior, presidente do Grupo Servtec, e marechal Casimiro Montenegro (post-mortem), representado pela esposa Maria Antonieta Montenegro.

2008 – Empresário Assis Machado Neto, diretor-presidente da Construtora Mota Machado, industrial Raimundo Delfino, fundador da Santana Textiles, e o cientista José Osvaldo Carioca.

2009 – Pedro Philomeno Ferreira Gomes (post-mortem), empresário e ex-presidente da FIEC, Fernando Cirino Gurgel, e empresário Jocely Dantas de Andrade Torres.

2010 – Airton Queiroz, presidente da Fundação Edson Queiroz e chanceler da Universidade de Fortaleza, empresário e ex-presidente da FIEC, Jorge Parente Frota Júnior, e industrial do setor de confecções Vicente Paiva (post-mortem).

2011 – Ciro Ferreira Gomes, ex-governador do Ceará, empresário e ex-presidente da entidade, Francisco José Andrade Silveira, e o industrial João Batista Fujita.

Medalha do Mérito Industrial

AMedalha do Mérito Industrial foi criada pela FIEC, mediante a Resolução no 01, de 16 de maio de 1974, para ser concedida a empresários e outras personalidades com atuação marcante

no impulso das atividades fabris e do desenvolvimento econômico do Ceará, por meio de relevantes serviços prestados ao setor industrial cearense. A insígnia da ordem tem no anverso o símbolo da FIEC dentro de um círculo dourado, montado sobre uma estrela de oito braços nas cores azul, branco e dourado. O reverso tem o mesmo formato do desenho sem legenda. A fita é de gorgurão de seda chamalotada, com orlas azuis e frisos brancos. A primeira edição da Medalha do Mérito Industrial homenageou o então governador César Cals de Oliveira Filho, o ex-governador Raul Barbosa e o empresário Thomaz Pompeu de Sousa Brasil Neto.

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| RevistadaFIEC | Julho de 201214

segmento responde hoje por 52,7% das riquezas produzidas pela indústria. Desse modo, o desem-penho da indústria de transformação será decisi-vo na performance do setor industrial de nosso estado em 2012.

A perspectiva é positiva em relação ao comér-cio exterior. De acordo com a última edição do Ceará em Comex – estudo elaborado mensalmen-te pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da FIEC –, nossas exportações somaram 614,5 milhões de dólares no primeiro semestre de 2012, superando os 610,3 milhões de dólares obtidos em igual período do ano passado e atingindo o maior valor para o período desde 1999. Entre janeiro e junho, a corrente de comércio exterior do estado, que corresponde à soma de todas as exportações e importações, somou 1,75 bilhão de dólares, sendo o maior resultado dos últimos dez anos.

A alta das exportações cearenses foi puxada, preponderantemente, por produtos que, tradicio-nalmente, compõem a pauta exportadora principal do Ceará: calçados, couros e castanha de caju. Jun-tos, os três itens acumularam mais de 357 milhões de dólares em vendas externas, mais da metade de tudo que o estado enviou nos seis primeiros meses do ano para o mercado externo.

Na liderança, estão calçados, com 165,9 mi-lhões de dólares captados. Em segundo lugar, vêm couros e peles, que somaram 103 milhões de dó-lares exportados. Em seguida, castanha de caju se destaca com 88,3 milhões de dólares em vendas externas, segundo dados do MDIC. O desempe-nho desses três setores e mais o de ceras vegetais – outro segmento representativo nas exportações cearenses – representa em torno de 70% de total exportado ao longo do semestre.

De janeiro a junho de 2012, as importações cearenses registraram um salto de 22,4%, che-

gando a 1,14 bilhão de dólares – valor aproxima-damente 22% superior aos 939 milhões de dóla-res importados no primeiro semestre de 2011. Em contrapartida, a balança comercial cearense (diferença entre o que foi exportado e importa-do) ficou negativa em 535 milhões de dólares.

Dados do MDIC indicam que as importações fo-ram puxadas pela compra de combustível e deriva-do, que cresceu 249% no primeiro semestre de 2012 face ao mesmo período de 2011. Somam-se a isso as aquisições no mercado internacional de outros seto-res como ferro e aço, trigo, geradores e eletroeletrô-nicos e máquinas e metal-mecânico. A boa notícia é que a maioria dos produtos adquiridos no mercado internacional serve de insumo destinado a ampliar a competitividade da indústria do estado, incremen-tando ainda mais sua economia.

Segundo o superintendente do CIN, Eduardo Bezerra Neto, parte dos importados é formada de matérias-primas que serão beneficiadas por indús-trias locais e depois reexportadas com maior valor agregado, a exemplo dos laminados de ferro. No caso dos geradores, a perspectiva do titular do CIN é que eles servirão de insumo para viabilizar a insta-lação de novos parques eólicos no Ceará.

Petrobras confirma refinaria

A confirmação neste mês de julho de que a Refinaria Premium II não será mais adiada e que será cumprido o cronograma inicial do Plano de Negócios da Petrobras para

o período 2011-2015, com início de suas operações previsto entre o final de 2017 e meados de 2018, reforça o cenário positivo para a economia do Ceará. Desde, claro, que a novela tenha um final feliz, diante de tantas idas e vindas. Considerado empresa-âncora do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), o empreendimento promete alavancar a estrutura socioeconômica cearense. As previsões do Banco Central é que, sozinha, a Premium II será responsável por produzir um impacto adicional de 25,2% no PIB do estado, com o incremento de 11,1 bilhões de dólares na economia.

Confirmado o cronograma de implantação da refinaria de petróleo Premium II, somado a outros reforços importantes para sua economia, o Ceará prossegue em sua trajetória de crescimento

Perspectivas continuam promissoras

Em 2012, a economia mundial tende a reduzir seu crescimento para aproximadamente 2,5% em função da crise externa que atinge, sobretudo, países da União Europeia. Nesse cenário, a

perspectiva para a economia brasileira este ano, segundo o ministro da Fazenda Guido Mantega, é superar 2,5%, embora economistas garantam que dificilmente a geração de riquezas no Brasil cresça além dos 2% em 2012. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aposta no índice de 2,1% para a economia do país e de apenas 1,6% para a indústria. Quanto à economia cearense, a previsão é mais oti-mista. As projeções do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) para o Produto Interno Bruto (PIB) do estado, em 2012, indicam incremento de até 5%, mais que o dobro da perfor-mance esperada para a economia brasileira.

Esse índice pode vir a ser ainda maior, à medida que ocor-rer o reaquecimento do setor industrial este ano. Investimentos do governo do estado e da iniciativa privada, face à demanda gerada por novos empreendimentos em curso, tendem a pro-mover a expansão da indústria, proporcionando maior dina-mismo econômico ao Ceará.

Responsável por 24,5% do PIB, o setor industrial cearense tem como base principal a indústria da transformação. Dados do Ins-tituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), órgão ligado à Fede-ração das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), revelam que esse

Economia do Ceará

ÂNGELA CAvALCANTE

A refinaria do Ceará terá capacidade de processar 300 000 barris de petróleo por dia, abastecendo o mercado com óleo diesel 10 ppm (63,5% da produção), nafta petroquímica (15,3%), querosene de aviação (12,6%), coque (2,8%) e óleo bunker (1,6%).

O Ceará tem outras cartas na manga para continuar ampliando suas riquezas, como a Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP). A perspectiva apontada em recente boletim regional divulgado pelo Banco Central, com base em dados da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), é que o empreendimento representará um reforço de mais 4 bilhões de dólares ao PIB estadual.

A cravação das primeiras estacas ocorreu em 17 de julho, dando início à construção do empreendimento.

Na alta das exportações cearenses, calçados estão liderando, com 165,9 milhões de dólares exportados

17Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Delegação com 19 alunos de seis escolas do SENAI/CE está se preparando para competir com os melhores do Brasil

Em busca de uma medalha nacional

P ara participar de uma olimpíada, os atletas passam me-ses ou até anos treinando com o objetivo de superar suas próprias metas e também as dos outros competidores.

Em se tratando de conhecimento, não é diferente. Imagine horas de treinamentos diários com professores superviso-res, momentos de motivação, acompanhamento psicológico. Tudo isso para aperfeiçoamento da técnica e da preparação dos alunos de forma integralizada visando à etapa nacional da Olimpíada do Conhecimento, uma competição de educa-

Olimpíada do Conhecimento

ção profissional que reúne os melhores estudantes do Brasil de cursos técnicos e de aprendizagem profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).

A Olimpíada do Conhecimento, organizada pelo SENAI, é a maior competição de educação profissional das Amé-ricas, e vai reunir mais de 700 estudantes em São Paulo, de 12 a 18 de novembro. Durante quatro dias, os alunos serão testados em provas que simulam desafios do dia a dia

do trabalho em 60 ocupações profissionais da indústria, do comércio e do setor de serviços.

A delegação do SENAI/CE é composta por 19 alunos de seis escolas, verdadeiros atletas do conhecimento que, após vencerem as provas estaduais, disputarão em diversas áreas com competidores de todas as partes do país. O cli-ma de motivação nessas unidades é a máxima da preparação dos alunos.

Uma das coordenadoras de equipe da de-legação cearense na Olimpíada do Conhe-cimento, a analista educacional Andreza Rezende destaca que o grupo está bastante empolgado para superar os próprios limites e ter uma boa nota na competição nacional. Conforme Andreza, a dedicação dos alunos é grande, uma vez que já passaram pelas seleti-vas estaduais, competindo com outros alunos do próprio estado e, agora, estão na etapa de intensificação dos treinamentos e aperfeiçoa-mento das técnicas.

Os alunos que vão para a Olimpíada do Conhecimento em novembro treinam cerca de oito horas por dia e têm à disposição um professor orientador para cada área do conhe-cimento, além de acompanhamento psicoló-gico em grupo e individual. Tudo isso é neces-sário para fazer os ajustes técnicos e melhorar o desempenho, a fim de que o resultado seja o melhor possível na competição”, diz Andreza.

Nas provas, os competidores devem in-

terpretar e resolver desafios semelhantes aos enfrentados no ambiente real de trabalho. Os quesitos de avaliação são definidos a partir das exigências do mercado de trabalho e das atua-lizações tecnológicas das empresas. Vencem o torneio os estudantes que conseguem as me-lhores notas nos quatro dias de provas.

Este ano, o SENAI/CE terá a participação de dois alunos competidores na categoria por-tadores de deficiência, ambos do Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Si-queira, na Barra do Ceará. Esta será a primeira vez que a Olimpíada do Conhecimento conta-rá com provas específicas para que tal público mostre suas habilidades.

PAOLA vASCONCELOS

Avaliação da qualidade

O desempenho dos alunos na Olimpíada do Conhecimento forma um conjunto de indicadores que ajuda o SENAI a avaliar

a qualidade da educação profissional. Esses indicadores, que apontam tendências tecnológicas e mudanças nos perfis profissionais, também orientam a atualização dos currículos nas escolas da instituição. Com isso, o SENAI mantém seus cursos sintonizados com as necessidades das empresas.

Além de mostrar ao país o talento dos jovens profissionais brasileiros, a Olimpíada do Conhecimento é a vitrine da qualidade da educação profissional patrocinada pela indústria brasileira e uma exposição das novas tendências nos processos industriais e dos perfis profissionais exigidos pelo mercado de trabalho.

Nas provas, os competidores interpretam e resolvem desafios como os enfrentados no trabalho

Aluno é avaliado durante a fase estadual da Olimpíada do Conhecimento

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| RevistadaFIEC | Julho de 201218 19Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Entenda todas as etapas

RESULTADO DA FASE ESTADUAL - JUNHO 2012

Seleção (etapa escolar)

Cada centro de formação do SENAI é responsável por escolher seus melhores alunos para a etapa estadual. os competidores devem ter no mínimo 400 horas em cursos de aprendizagem ou qualificação industrial, ou formação técnica de nível médio na área. Podem ter no máximo 21 anos completos no ano da reali-zação da etapa nacional, nunca terem participado da olimpíada do Conhecimento e serem inscritos em apenas uma modalidade.

Etapa estadual

Cada unidade do SENAI que deseja competir deve elaborar propostas de provas para as ocupações, englobando plane-jamento, forma de execução e elaboração de produto final, que serão selecionadas para a aplicação na etapa estadual. os competidores são avaliados e os melhores colocados se classificam para representar seu estado no torneio nacional. São conferidas medalhas de ouro, prata e bronze e certifica-dos de participação aos concorrentes.

unIDADE oCuPAção CoMPETIDoR

WCC Tornearia Josué Santos Teixeira Mecânica de Usinagem Cícero Emerson Ferreira TI- soluções em software Juliana Bezerra Patrício Confecção de Roupas Jéssica de Lima Nonato WDS Eletrônica Industrial Mauri Saraiva dos Santos Instalação e Manutenção de Redes PC Edilaine Santiago de oliveira Mecânica de Automóveis Ramires Nascimento Moreira Mecânica de Automóveis Germano Costa – PCD TI Antônio Fernandes de oliveira – PCD Mecânica de Manutenção Alexandre Benício e Francisco Heleno Mecatrônica Daniel Garrison

AUA/CETAE Fresagem Anderson Soares Aplicação de Revestimentos Cerâmicos Yago Rodrigo Construção em Alvenaria Gustavo Régis

CETAFR Eletricidade Industrial Alexandre Ferreira da Conceição CERTREM Panificação Allison Mateus Tomas Moraes Confeitaria Amanda Karine Jales de Matos AABMS Desing da Moda Ana Carla Andrade Luz

Etapa nacional

Esta fase é similar à anterior, porém com maior competitividade e responsabilidade. Uma parceria com o Senac possibilitou a inclusão de três áreas do setor de comércio e serviços. É também decisiva para quem sonha em chegar ao WorldSkills, repre-sentar Brasil no exterior e conquistar experiência internacional. Para muitos, é também uma grande vitrine profissional, na qual os melhores colocados são disputados por empresas e obtêm excelente posição no mercado de trabalho.

WorldSkills

Como uma olimpíada esportiva, competidores de todo o mundo confrontam suas habilidades profissionais em busca de uma medalha.

deverão executar tarefas do dia a dia do trabalho nas empresas dentro de rigorosos prazos e padrões de qualidade. Os portadores de Síndrome de Down vão competir na ocupação de panificação. Os ca-deirantes disputarão medalhas na ocupação de mecânica de automóveis. Os deficientes visuais competirão em tecnologia da informação e os au-ditivos participarão de provas de costura industrial.

Para Germano Costa, é gratificante estar entre os oito cadeirantes do país que vão participar da competição. Diz que ele mesmo fez algumas adap-tações para utilização dos equipamentos e ferra-mentas no desempenho das atividades e que vem contando com o apoio integral dos profissionais de sua escola do SENAI para intensificar e mais bem se preparar para a competição. “É um privilégio fazer parte dessa competição que vai abrir portas para outras oportunidades e também para superar meus próprios desafios. Eu estou me dedicando muito aos treinamentos.”

O professor de mecânica do SENAI da Barra do Ceará, Wellington Belo, é quem orienta Germano Costa. Apesar de reconhecer que o mercado de trabalho, de uma forma geral, ainda não está total-mente preparado para receber esses profissionais, afirma que o nível de conhecimento e habilidades de Germano tem alto nível de excelência, o que o torna um profissional diferenciado.

G ermano Costa Ferreira, de 33 anos, sofreu um acidente que o fez perder o movimento das pernas quando tinha 24 anos. Mexer

com carros sempre foi uma habilidade sua, e por isso há oito anos ele resolveu abrir um negócio em sua própria residência: adaptação de veículos para pessoas como ele, cadeirantes ou ainda amputa-das ou com nanismo. Para ampliar seus conheci-mentos de autodidata, Germano entrou no Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira para fazer o curso Mecânica Geral, por meio do Pro-grama SENAI de Ações Inclusivas (PSAI).

Também no mesmo programa, na mesma escola, está o deficiente visual Antônio Fernan-des, de 29 anos, aluno do Curso de Informática. Os dois são as apostas do Ceará, este ano, na modalidade para portadores de deficiência, na Olimpíada do Conhecimento. Eles fazem parte de um grupo de 40 pessoas com deficiência em todo o Brasil que participará da competição pela primeira vez em 2012.

A exemplo do que é exigido dos demais estu-dantes, durante as provas, os alunos deficientes

Eficiência atoda prova

Germano Costa: "É um privilégio fazer parte dessa competição que vai abrir portas para outras oportunidades"

Antônio Fernandes: "Treino bastante para superar as dificuldades"

Antônio Fernandes, que vai competir na área de informática, no manuseio do pacote Office, tam-bém está em fase de treinamento. Segundo ele, é necessário fazer alguns ajustes no seu treinamento para que possa alcançar um bom desempenho nas provas. “Estamos treinando bastante para superar as dificuldades.” O professor orientador de Fernandes, João Batista de Oliveira, ressalta que toda a adapta-ção necessária para sua atuação, como leitores de telas e softwares especializados, foram colocados à disposição para as aulas e treinamento.

Inclusão social

D e acordo com a gestora do Programa SENAI de Ações Inclusivas, Loni Mânica, o SENAI oferece capacitação

profissional para pessoas com deficiência. Nas olimpíadas anteriores, esse trabalho era apresentado em oficinas demonstrativas. Neste ano, os deficientes participarão das provas e concorrerão a medalhas e certificados que confirmarão a qualificação técnica e pessoal para o desempenho da profissão.

Loni explica que o objetivo de colocar deficientes na competição é fazer com que esses alunos sejam vistos pelo público e pelos empresários da indústria como indivíduos competentes. “Os empresários que visitarem a Olimpíada do Conhecimento verão que essas pessoas são capazes de desenvolver ações dentro das empresas.” Outro ganho, diz, é a convivência entre os jovens estudantes: “Eles vão dividir com os demais competidores o auditório e o refeitório. Isso favorecerá a inclusão social dos deficientes”.

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| RevistadaFIEC | Julho de 201220 21Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Foi considerada avanço a inclusão do desenvolvimento sustentável com erradicação da pobreza, mas a falta de ousadia do texto foi criticada

Positiva, mas insuficiente

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvol-vimento Sustentável, a Rio+20, que contou com a participação de 190 nações, foi concluída no final

de junho com a divulgação do documento denominado O Futuro que Queremos. Com 49 páginas, seis capítulos e 283 itens, seu conteúdo aborda preservação ambiental, educação, emprego, renda, desenvolvimento e outros itens importantes à sustentabilidade da vida no planeta. Para o governo brasileiro, o saldo da conferência, vista como o maior evento já realizado pelas Nações Unidas, foi consi-derado positivo e tido como um avanço no compromisso de atrelar desenvolvimento sustentável à erradicação da pobreza em todo o mundo.

“Daqui para frente, o principal é fazer com que o de-senvolvimento sustentável se transforme em paradigma em todos seus aspectos – social, ambiental e econômico”, ponderou o chefe da delegação do Brasil no encontro, em-baixador André Corrêa do Lago. Para a presidente Dilma

Rio+20

Rousseff, o documento deve ser considerado “um ponto de partida, não de chegada. É necessário ter um ponto de partida. O que nós temos de exigir é que, a partir daí, as nações avancem”.

Enquanto as autoridades brasileiras consideraram um avanço a inclusão do desenvolvimento sustentável com a er-radicação da pobreza, os movimentos sociais e alguns líderes estrangeiros condenaram a falta de ousadia do texto. Dessa forma, a Rio+20 foi marcada também por protestos e encon-tros paralelos de organizações não governamentais (ONGs). Dentre os mais contundentes, o da Cúpula dos Povos, que reuniu 50 000 participantes, em dez dias, e entregou ao se-cretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, um docu-mento enfatizando que a economia verde não é solução para as questões sociais e ambientais que afetam hoje o planeta. “A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às convicções e crenças dos diferentes povos”, diz o texto.

O tom dos críticos foi de frustração e cobrança pela falta de ambição do docu-mento da conferência e pelo fato de as rei-vindicações da sociedade civil terem ficado “totalmente de fora” do documento da con-ferência. Na opinião do Kumi Naidoo, do Greenpeace Internacional, um dos ativistas da Cúpula dos Povos, "a Rio+20 foi um fra-casso de proporções épicas. O único resul-tado dessa cúpula é a raiva justificada, uma raiva que devemos transformar em ação".

No balanço feito pelos veículos de comuni-cação, o texto final da Rio+20 é considerado fraco por não trazer metas nem prazos, mas uma série de adiamentos e pedidos de estu-dos. Dentre os pontos mais criticados está o trecho afirmando que os padrões de consumo precisam mudar, mas que não diz como isso vai acontecer: afirma apenas que os países vão estudar o assunto. Outro tema insuficiente está relacionado ao fundo de financiamento para ajudar os países menos desenvolvidos,

que não teve uma direção concreta. Somente que “será estudada uma maneira de arreca-dar dinheiro de fontes diversas”. Já o governo brasileiro, líder das negociações, afirma que o documento foi uma vitória diplomática, e que era o "acordo possível".

É necessário ter um ponto

de partida. O que nós temos de exigir é que, a partir daí, as nações avancem.

Dilma Rousseff, presidente do Brasil

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Indústria sustentável

C om uma participação efetiva no encontro, inclusive com a montagem de uma área interativa de 320 metros quadrados, a

Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que a indústria brasileira já fez importantes avanços no caminho da sustentabilidade e assumiu o compromisso de continuar investindo em processos de produção mais eficientes e de racionalização do uso dos recursos naturais. “A indústria foi uma das protagonistas dos debates da Rio+20. O desafio agora é cumprir os compromissos assumidos e continuar avançando”, disse o gerente executivo da Unidade de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Shelley Carneiro.

Em documento entregue pelo presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a entidade se compromete a disseminar novas tecnologias, processos e melhores práticas para a conservação dos recursos naturais, identificar metas e construir indicadores de sustentabilidade, além de investir em educação e capacitação profissional. Outro compromisso da CNI é promover a articulação entre empresários e governos para incentivar a produção sustentável. Os compromissos da CNI estão no documento A Indústria Brasileira no Caminho da

Sustentabilidade, apresentado à sociedade em encontro que reuniu mais de mil líderes empresariais.

Segundo o texto, a indústria brasileira reduziu consideravelmente o impacto de sua atividade no meio ambiente nos últimos 20 anos, desde a Eco-92, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa, reciclando, usando insumos renováveis, reaproveitando a água. Dentre outros detalhes o documento destaca que a celulose e o papel produzidos no Brasil provêm integralmente de florestas plantadas, e que a indústria química

Robson Braga: “Hoje, sustentabilidade e a necessidade de aumento da competitividade andam de mãos dadas”

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| RevistadaFIEC | Julho de 201222 23Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

O atual Mapa Estratégico da Indústria, elaborado pela CNI, define como objetivo do setor produtivo o desenvolvimento sustentável.

Segundo o documento, a indústria deve exercer uma atitude proativa na gestão ambiental, envolvendo fornecedores, comunidades, órgãos competentes e demais partes interessadas, de modo a assegurar a sustentabilidade de projetos, empreendimentos e produtos ao longo do seu ciclo de vida.

Ciente dessa necessidade, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) instituiu em 2003, por iniciativa do Núcleo de Meio Ambiente (Numa), o Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental. O objetivo da comenda é reconhecer as empresas industriais que tenham se destacado na preservação do meio

ambiente e implementado atividades que resultem na melhoria da qualidade ambiental, de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável, de modo a servirem de modelo para outras indústrias.

Segundo o gerente do Numa, Renato Aragão, as ações em favor do meio ambiente e da comunidade são hoje exigência da sociedade, o que incentiva o contínuo processo de inovação dentro das empresas, a fim de produzirem cada vez mais com menos recursos. “Na sociedade globalizada, com alta competitividade entre empresas e elevado nível de informação, os consumidores têm forte poder de escolha. Por isso não basta apenas oferecer um bom produto. É necessário vender também a imagem da corporação.”

Neste ano, as inscrições para a nona edição do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental seguem até 17 de agosto. A premiação possui quatro modalidades: Produção mais Limpa, Reuso da Água, Educação Ambiental e Integração com a Sociedade. Para participar, as empresas do setor industrial, filiadas aos sindicatos do Sistema FIEC, devem ter implantado projeto de melhoria de qualidade do meio ambiente. Cada empresa poderá concorrer com projeto referente a qualquer das modalidades, que tenha sido efetivamente implantado até a data da inscrição e que possa ser divulgado pela FIEC/Numa. É necessário que a empresa esteja em dia com as exigências da legislação ambiental vigente.

No Ceará

Não basta apenas oferecer um bom

produto. É necessário vender também a imagem da empresa.

Renato Aragão, gerente do Numa

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reduziu em 47% suas emissões de CO² em dez anos. A geladeira fabricada atualmente no país consome 60% menos energia do que há uma década e cada automóvel usa 30% menos água no processo de produção. A sardinha enlatada brasileira é certificada internacionalmente em critérios da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) para preservação da biodiversidade marinha.

Robson Braga anunciou no encontro o compromisso da entidade de divulgar, a cada quatro anos, os avanços da indústria nacional em sustentabilidade, destacando que o documento “é resultado de um esforço inédito da indústria nacional de reportar à sociedade seu desempenho sustentável”. O líder industrial propôs, ainda, ao governo desonerações

tributárias para a produção que preserve o meio ambiente. “É importante que o sistema tributário considere a dimensão ambiental da atuação das empresas, com um corte de impostos mais agressivo para quem utilizar os recursos naturais de maneira eficiente e adotar modelos sustentáveis de produção”.

O presidente da CNI afirmou que a preocupação da indústria brasileira com a preservação ambiental, comprovada no documento, não é prática de marketing. “As indústrias brasileiras não tratam da sustentabilidade como uma manifestação de boas intenções. Cada vez mais, incorporam seus princípios nos planos de negócios. Hoje, sustentabilidade e a necessidade de aumento da competitividade andam de mãos dadas.”

SERVIÇO:

As inscrições devem ser realizadas por meio de formulário disponível no site do Numa (http://www.fiec.org.br/meioambiente/ficha_insc.asp) e posterior entrega de projeto e documentação na FIEC, até o prazo final de 17 de agosto. O regulamento completo pode ser acessado em http://www.fiec.org.br/meioambiente/premio_fiec.asp.

AvANçOS DA INDúSTRIAO documento elaborado pela CNI alinha os avanços na conservação do meio ambiente de 16 setores da indústria, responsáveis por 90% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial. Eis um resumo por setor, associação setorial e entidade.

• Sucroenergético (Fórum Nacional Sucroenergético)No Brasil, as usinas de açúcar e etanol são autossuficientes em energia, uma vez que utilizam o próprio bagaço da cana-de-açúcar para gerar energia para o seu funcionamento. Nos canaviais, os fertilizantes industrializados estão sendo substituídos por adubos minerais, o que contribui para a redução das emissões de gases do efeito estufa. O setor, por meio do Fórum Nacional Sucroenergético, está desenvolvendo um sistema de certificação voluntário que estabelecerá padrões para práticas responsáveis em todo o processo produtivo para açúcar e etanol. • Alumínio (Associação Brasileira da Indústria de Alumínio – Abal)

O Brasil possui um dos mais altos índices de reciclagem de alumínio do mundo, sendo campeão no aproveitamento de latas para bebidas. Hoje, 97,6% das embalagens de alumínio produzidas e distribuídas no país são recicladas. Além disso, o setor mantém uma matriz energética essencialmente

hídrica, o que faz com que as emissões dessa indústria no Brasil fiquem bem abaixo da média mundial. São 4,2 toneladas de CO² equivalente por tonelada de alumínio, ante a média mundial de 9,7 toneladas. * Celulose e papel (Associação brasileira de Celulose e Papel – Bracelpa)Um dos principais atributos de sustentabilidade do setor é de que 100% da matéria-prima (madeira) para a produção de celulose e papel vêm de florestas plantadas. São 2,2 milhões de hectares de plantações de pinus e eucalipto. Essas florestas são manejadas seguindo boas práticas e, em sua maioria, certificadas por instituições internacionais. O setor utiliza uma técnica de plantação em mosaico, que mescla florestas plantadas com a floresta nativa. Com essa atuação, o segmento mantém hoje 2,9 milhões de hectares de áreas nativas

preservadas. Desde 1980, o setor vem investindo em tecnologia para aumentar a produtividade de madeira por hectare de floresta plantada. A produtividade de eucalipto aumentou 83%, e a de pinus dobrou, atingindo 100% de lá para cá.

• Química (Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim)Um balanço feito pelo setor dos resultados de ações de sustentabilidade entre 2001 e 2010 mostra evoluções importantes, como a redução de 47% das emissões de gases de efeito estufa. Isso ocorreu, principalmente, devido ao investimento na diversificação de fontes de energia (aumento do uso de gás natural) e aprimoramento do processo produtivo. No período, houve uma queda de 65% no consumo de óleo combustível, que foi substituído pelo gás natural e outras fontes renováveis. Outro destaque do balanço foi a racionalização do consumo de água, que recuou 34% por tonelada de produto químico entre 2001 e 2011. O setor registrou avanços igualmente na reciclagem de efluentes – o índice de reciclagem passou de menos de 5% em 2001 para média próxima a 30% em 2010.

• Elétrica e eletrônica (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – Abinee)Nos últimos 20 anos, o setor investiu na produção de tecnologias inovadoras que aumentaram a eficiência energética e a produtividade. Em 2010, o selo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica) foi outorgado a 3 778 modelos de equipamentos, distribuídos em 31 categorias e envolvendo 206 fabricantes. Estima-se que as ações do Procel, criado em 2003, resultaram na economia de 6 131 milhões de quilowatts, dos quais um terço é decorrente de geladeiras e freezers. A geladeira produzida hoje no país consome 60% menos energia do que a fabricada dez anos atrás. Esses índices se estendem a outros equipamentos, como freezers, condicionadores de ar, computadores e motores elétricos. Desde 2010, o CFC, gás que geralmente estava presente em geladeiras e condicionadores de ar, não integra nenhum produto do setor eletroeletrônico.

FoTo: JoSÉ SoBRINHo

| RevistadaFIEC | Julho de 201224 25Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

• Cimento (Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP)O setor se destaca em eficiência energética. Por meio de coprocessamento, utiliza resíduos (pneus e biomassa, por exemplo) na produção de energia como combustível alternativo em fornos de cimento. De um total de 870 000 toneladas de resíduos provenientes de diversos setores, 672 000 toneladas são utilizadas como insumos energéticos e 198 000 como substitutos de matérias-primas. Além disso, há recuperação de áreas de extração de minérios não metálicos. • Alimentos (Associação Brasileira da Indústria Alimentícia – Abia)

As indústrias de alimentos têm investido em certificações e programas de responsabilidade ambiental, além de atuar fortemente no mercado de carbono. As marcas nacionais para comercialização de atum e sardinha são certificadas, respectivamente, pela

Dolphim Safe, que garante a pesca seletiva sem atingir os golfinhos, e Friends Of The Sea, que segue critérios da FAO na preservação da biodiversidade marinha. Destaque-se, ainda, no setor de alimentação, que 90% da matriz energética é renovável. A principal fonte de energia é o bagaço da cana-de-açúcar, que respondeu por 75,7% da energia consumida em 2010. Há esforços também na economia de água. Entre 2004 e 2009, a relação entre uso de água utilizada e litro de cerveja produzida passou de 4,37 para 3,9 litros. • Máquinas e equipamentos (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos – Abimaq)Uma das prioridades do setor é o desenvolvimento de máquinas e equipamentos cada vez mais eficientes no uso de energia elétrica. O projeto Cidade da Energia é um polo permanente, em São Carlos, no interior de São Paulo, onde são realizadas pesquisas sobre energia limpa. Dados da Abimaq mostram que 90% das empresas do setor adotam políticas para minimizar o impacto ambiental e mais de 60% das grandes empresas têm certificação ISO 14 001. A associação criou, em 2009, o

projeto Carbono Zero, que incentiva a adoção de medidas para reduzir as emissões de CO². • Têxtil (Associação Brasileira da Indústria Têxtil – Abit)Algumas empresas conseguiram neutralizar 100% de seus efluentes. Muitas usam uma máquina chamada “desfibriladeira”, que faz retornar os retalhos às origens (fibras de algodão). Há ainda propostas voltadas para a responsabilidade ambiental e social das empresas. O projeto Algodão Responsável Brasileiro (ARB) começa a operar na safra de 2012. A BCI, Better Cotton Initiative, iniciou a produção no país do algodão BC (better cotton), uma proposta que inclui redução do consumo de água e de defensivos, melhoria do solo, das relações de trabalho e maior rastreabilidade. Já o Selo Qual (Programa Brasileiro de Autoregulamentação de Roupas Profissionais, Militares, Escolares e Vestimentas) certifica roupas profissionais e atesta se houve, na fabricação delas, a preservação do meio ambiente. • Automotivo (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – Anfavea)Os centros de P&D automotivos, no Brasil e no mundo, priorizam motorizações mais eficientes, de menor consumo e emissões, bem como combustíveis alternativos aos derivados de petróleo. O setor fez inovações sustentáveis em seus produtos. Houve uma importante expansão do uso de etanol, combustível renovável, em veículos, com a criação do automóvel flex. O etanol começa agora a ser usado em motocicletas e aviões. Um automóvel fabricado hoje no país emite 28 vezes menos poluentes do que um veículo produzido há 30 anos. Destaca-se também esforço na racionalização do consumo de água. Houve uma queda de 30% na quantidade utilizada para produção de um veículo nos últimos três anos – passou de 5,5 metros cúbicos, em 2008, para 3,92 metros cúbicos, em 2011. • Construção (Câmara Brasileira da Indústria da Construção – CBIC)A adoção de novos produtos, métodos construtivos ou modelos de gestão, com foco na sustentabilidade, assegura às empresas da construção maior eficiência no uso de insumos. A CBIC desenvolve o Programa Inovação Tecnológica, que difunde a inovação entre as empresas. Além da redução do impacto sobre o meio ambiente, essas inovações trazem

como ganho direto a melhoria da qualidade de vida dos usuários de empreendimentos residenciais, comerciais ou públicos. Dentre os projetos patrocinados pela CBIC está o Casa Eficiente, desenvolvido pela Universidade Federal de

Santa Catarina, que propõe que as residências podem alcançar um nível de consumo zero de energia ou Zero Energy Building (ZEB). Nessa proposta, a quantidade de energia gerada na própria residência é suficiente para atender a toda demanda da família.

• Elétrico (Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico – Fmase)O setor adota práticas para reduzir o impacto socioambiental dos processos de instalação, como adoção de rede subterrânea, redes ecológicas, a gestão da arborização urbana e a utilização de boas práticas na construção. Os empreendimentos do setor elétrico incorporam estudos ambientais em todas as suas etapas, integrados aos estudos de engenharia. O segmento possui controles e medidas que diminuem os riscos de acidentes e vai criar um Selo de Energia Elétrica Renovável (pelo lado da produção) e um Selo de Energia Elétrica Sustentável (pelo lado do consumo), reconhecidos internacionalmente, para certificar os produtos nacionais produzidos com um percentual expressivo de fontes renováveis. Os selos vão contribuir para a competitividade da indústria brasileira. • Aço (Instituto Aço Brasil – IABr)Na siderurgia brasileira, os índices de recuperação de água chegam a 97,6% e há um trabalho permanente de aproveitamento de resíduos e coprodutos. O setor gera mais de 600 quilos de coprodutos por tonelada de aço bruto, dos quais 80% são reaproveitados na produção de cimento, bases de estradas, fertilizantes e corretivos de solos, dentre outras aplicações. O carvão usado na siderurgia é obtido a partir de florestas plantadas, com certificações. As emissões de CO²

das empresas do setor são compensadas pela fotossíntese das florestas. Há ainda o reaproveitamento do poder calorífico dos gases gerados na produção para cogeração de energia elétrica. O índice de reaproveitamento dos gases é de 98% na coqueria, 88%

nos altos fornos e 64% nas aciarias. Esse esforço também ajuda a reduzir as emissões de CO². A indústria do aço se comprometeu com o Ministério do Meio Ambiente a atingir, em até quatro anos, 100% de florestas plantadas para atender à sua demanda de carvão vegetal. Em abril, o Instituto Aço Brasil lançou, com o ministério, o Protocolo de Sustentabilidade do Carvão Vegetal, no qual ratifica o compromisso com a produção sustentável de carvão vegetal. Está sendo executado o Programa de Qualificação de Fornecedores, no qual os negócios só são fechados com quem cumpre todas as exigências legais. • Mineração (Instituto Brasileiro de Mineração – Ibram)No setor de mineração, a reciclagem e o reaproveitamento de água chegam a 90% na exploração de ferro, ouro, bauxita e carvão mineral. Outros minérios apontam índice igual ou superior a 50%. Há também ações para aumentar a eficiência energética. O uso de minerodutos até as regiões portuárias otimiza a energia, já que a polpa de minério transportada com o auxílio da gravidade retira caminhões das estradas, diminuindo o uso de combustíveis fósseis e, consequentemente, a emissão de gases do efeito estufa. Há ações na preservação da biodiversidade. Na exploração de minério de ferro, por exemplo, foi feita a manutenção de 1,1 mil hectares de área protegida, 7 000 hectares de revegetação e foram plantados 5 milhões de viveiros de mudas em 2010. • Petróleo e gás (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis – IBP)Houve redução na geração de resíduos da produção de petróleo nos últimos dois anos. No Brasil, o volume médio de derrames de petróleo e derivados para o meio ambiente é 20 vezes inferior à média mundial. O setor tem adotado medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas atividades de produção de petróleo e gás natural e de refino. Dentre elas a construção de refinarias voltadas para a produção de diesel integrada à produção de petroquímicos, a introdução de plantas de GTL (gas-to-liquids) e o maior o controle de emissões em refinarias existentes. A produção nacional de etanol e biodiesel tem peso importante no mercado brasileiro de combustíveis, representando 27% da produção nacional de petróleo. O programa de produção e uso de etanol de cana-de-açúcar no Brasil é hoje o mais importante programa de energia renovável do mundo.

| RevistadaFIEC | Julho de 201226 27Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Sobral ganha centro integradoNovo equipamento é um dos mais modernos do país em termos arquitetônicos e de funcionalidade

C om 239 anos comemorados em julho, Sobral vive mais uma importante fase de seu desenvolvimento com a chegada de empresas do setor automotivo e metal-

-mecânico, caracterizando o quarto ciclo econômico da região. Antes, o município já houvera sido marcado pelos ciclos têxtil, do cimento e do calçado, o que o coloca como um dos maiores exportadores do Ceará. Hoje, Sobral é polo comercial, industrial e educacional na zona norte. Tem, por-tanto, diversos motivos para comemorar. Dentre eles, a im-

plantação de quatro novas indústrias, três do ramo automo-tivo e outra da área alimentícia. As vantagens geográficas e financeiras também atraem investidores de todo o país, fazendo com que algumas indústrias mudem a localização de sua sede para lá.

É nesse contexto que se insere o Centro Integrado SESI/SENAI inaugurado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) em 3 de julho, homenageando Sil-vana Machado dos Santos (SESI) e José Euclides Ferreira

SESI/SENAI

Gomes Junior (SENAI). O novo equipamento, considerado um dos mais modernos do país em termos arquitetônicos e de funcionalidade, surge para ampliar o atendimento às demandas das empresas instaladas no norte e noroeste do estado, impulsionando o desenvolvimento do setor industrial, em especial, os segmentos calçadista, vestuário, metal-mecânico e cons-trução civil. Foram investidos cerca de 17 mi-lhões de reais, possibilitando o atendimento a 160 indústrias e outros 540 estabelecimentos localizados em 36 municípios.

A estrutura física da unidade integrada, ins-talada próximo ao Centro de Convenções, in-clui pátio para abrigar unidades móveis, salas polivalentes para oficinas móveis, laboratórios, salas de aula, oficinas especializadas, auditó-rio com 240 lugares, biblioteca, consultórios, academia de ginástica e ginásio poliesportivo, dentre outras benfeitorias. Com isso, a expec-tativa é que sejam desenvolvidas, em ambientes dinâmicos, competências básicas, específicas e profissionais necessárias para a atuação dos tra-balhadores e o incremento da competitividade da indústria do Ceará. Já em 2012, somente o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE) vai abrir mil matrículas e tem como meta alcançar 2 500 em 2013, em cursos que variam de 40 a 1 200 horas/aula. O Servi-ço Social da Indústria (SESI/CE), por sua vez, terá condições de realizar 6 000 matrículas nas áreas de educação básica e continuada, 24 000 atendimentos na área de saúde e 15 000 em ati-vidades voltadas a esporte, cultura e lazer.

Segundo o superintendente do SESI e diretor regional do SENAI, Francisco das Chagas Maga-lhães, o desenvolvimento de Sobral hoje extra-pola o seu entorno não apenas na região norte, mas também em relação aos empreendimentos que estão surgindo no estado, como no Comple-xo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). “Por isso a unidade surge como instrumento pre-ponderante para que esse quadro se consolide em uma região que já deu mostras substanciais de seu potencial econômico." Para Magalhães, o centro integrado cria um ambiente propício para irradiar ações nas áreas de saúde e lazer vol-tadas ao trabalhador, bem como colabora para qualificar mão de obra aos diversos setores que estão se instalando em nosso estado.

O prefeito de Sobral, Clodoveu Arruda, diz que a cidade está vivendo o seu quarto ciclo de desenvolvimento e a prefeitura tem procu-

rado ampliar as possibilidades que estão di-retamente ligadas à chegada dos grandes em-preendimentos ao estado. "Temos nos voltado para a instalação de um polo metal-mecânico que também será afetado pela chegada da siderúrgi-ca no Pecém, além de outros setores como o do agronegócio." Para ele, a unidade do SESI/SENAI se adequa perfeitamente às necessidades do mu-nicípio e da região em termos de qualificação de mão de obra e aos conceitos de qualidade de vida oferecidos pelos programas do SESI. "A prefeitura vem estudando parcerias com as duas instituições em cursos e eventos que, tenho certeza, terão re-flexos diretos na clientela da região, tornando essa unidade, em pouco tempo, referência no estado."

Ex-presidente da FIEC nas duas gestões anteriores a Roberto Proença de Macêdo, Jor-ge Parente Frota Júnior entende que a inau-guração da unidade conjunta em Sobral re-presenta a consolidação de um processo que começou à época em que esteve à frente da entidade. Quando o governador Cid Gomes era prefeito de Sobral, Jorge Parente chegou a discutir a ampliação do SESI/SENAI, já le-vando em conta a representatividade econô-mica do município para o Ceará. Segundo ele, as condições oferecidas pela unidade vão na linha do que se pretende para incrementar o crescimento da economia cearense. "Hoje, diante do que o Ceará vivencia, a interiori-zação deve ser buscada pelas instituições comprometidas com o desenvolvimento, e o Sistema FIEC está fazendo isso, porque a uni-dade não se voltará somente para a questão da formação profissional, mas também terá atenção e cuidado com a qualidade de vida

O centro integrado cria um ambiente

propício para irradiar ações nas áreas de saúde e lazer voltadas ao trabalhador, bem como colabora para qualificar mão de obra.

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Francisco das Chagas Magalhães, diretor regional do SENAI/CEFo

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| RevistadaFIEC | Julho de 201228 29Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Orgulho para o Sistema FIEC

O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, afirmou durante a solenidade de inauguração do SESI/SENAI em Sobral que a nova unidade, a partir

de sua infraestrutura física, técnica, tecnológica e humana, "é realmente digna de orgulho para todos nós do Sistema FIEC, para Sobral e para todo o Ceará". Ele lembrou que a FIEC, por meio do SESI e do SENAI, está presente em Sobral desde 1988, mas suas instalações originais se tornaram pequenas e inadequadas para atender à nova realidade do desenvolvimento industrial que Sobral e municípios vizinhos vivenciam. Por isso, disse o dirigente classista, foram realizados estudos para identificar as demandas do presente e, principalmente, do futuro. "Demolimos tudo o que existia e construímos este belo equipamento que representou investimento superior a 17 milhões de reais e que só foi possível graças ao total apoio técnico e financeiro da CNI."

Segundo Roberto Macêdo, o SESI e o SENAI serão pilares de sustentação para o processo de geração de conhecimento e desenvolvimento socioeconômico do estado, em especial, de Sobral e municípios vizinhos. Ressaltou também

o espírito de parceria que vem caracterizando a relação do Sistema FIEC com as empresas da região, e agradeceu a cooperação da prefeitura desde as gestões de Cid Gomes, passando por Leônidas Cristino e agora Clodoveu Arruda. Ao se dirigir ao governador Cid Gomes, disse que poderia incluir o "equipamento no conjunto das escolas de formação profissional do estado, pois ele brotou dos mesmos ideais que movem a sua pessoa a promover uma verdadeira revolução educacional no Ceará com a construção de 140 escolas profissionalizantes".

O Sistema FIEC teve a clareza de

entender a importância desse instrumento, o que significa também apostar nas boas iniciativas que vêm tornando Sobral um município de destaque no estado.Carlos Roberto Carvalho Fujita, diretor administrativo da FIEC

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do trabalhador, dentro do que preconiza a Confederação Nacional da Indústria (CNI).”

O diretor administrativo da FIEC, Carlos Ro-berto Carvalho Fujita, afirma que Sobral é um polo irradiador de desenvolvimento da região norte, que pode também gerar reflexos em ou-tras regiões do estado. Ele acha, por isso, que o

SESI/SENAI vai consolidar as vocações locais visando atender às demandas por qualificação e serviços de saúde e educação." O Sistema FIEC teve a clareza de entender a importância desse instrumento, o que significa também apostar nas boas iniciativas que vêm tornando Sobral um município de destaque no estado." Para o dire-tor financeiro da entidade, José Carlos Braide Nogueira da Gama, o Sistema FIEC amplia sua abrangência na região norte por causa da impor-tância de Sobral para o Ceará, fato que não pode ser ignorado pelas instituições que acreditam no desenvolvimento do estado.

De acordo com José Carlos Gama, a interio-rização do desenvolvimento é também um com-ponente fundamental. Basta observar que são os polos econômicos fora das capitais que têm proporcionado a consistência do crescimento da região Nordeste. "Quando trazemos, portanto, os serviços não só de formação de mão de obra, mas também os do SESI, voltados à qualidade de vida do trabalhador, isso não se dá por acaso, mas a partir de uma demanda que se apresenta agora e deverá ser bem maior em futuro breve."

O tempo foi o senhor da

razão e hoje obtivemos um centro integrado bem estruturado e com investimentos bem maiores.

Cid Gomes, governador

do estado do CE

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Governador reafirma compromisso

C id Gomes aproveitou a reinauguração do Centro Integrado SESI/SENAI para reafirmar o compromisso de construir 140 escolas

profissionalizantes no Ceará até o final do seu governo. "Podem me cobrar", afirmou. “Até agora, já foram erguidas 88 escolas nas quais estão sendo oferecidos 55 cursos diferentes a partir das vocações regionais.” Segundo o governador, com as 140 escolas em funcionamento, todos os municípios cearenses acima de 25 000 habitantes terão uma unidade profissionalizante. “Os que não possuírem esse número de habitantes vão ter acesso às escolas por meio de consórcios intermunicipais.”

Ele enalteceu o trabalho desenvolvido pela CNI e as federações de indústrias no âmbito da formação profissional, destacando que o Brasil não teria alcançado os resultados que hoje comemora sem a decisiva colaboração do Sistema Indústria. Mesmo assim, entende que ainda é preciso fazer muito para melhorar o nível de qualificação da mão de obra no país, a partir dos desafios que se apresentam pelos novos tempos. O governador lembrou que Sobral não recebe a unidade do SESI/SENAI sem mérito, já

que é atualmente um grande produtor do segmento calçadista e se prepara para entrar em nova fase de crescimento econômico com a chegada de um polo metal-mecânico. Cid Gomes fez referência aos estudos encetados para a ampliação da unidade do SESI/SENAI quando Jorge Parente era presidente da FIEC, com recursos que giraram à época em cerca de 6 milhões de reais. "O tempo foi o senhor da razão e hoje obtivemos um centro integrado bem estruturado e com investimentos bem maiores."

Homenageados

Silvana Machado dos SantosEx-diretora da Escola do SESI Thomaz Pompeu de Sousa Brasil, em Fortaleza, Silvana Machado faleceu aos 27 anos. Mesmo jovem, conseguiu construir uma história consistente e bonita na instituição, marcando sua presença e liderança no trabalho renovador dos programas destinados à formação de alunos. Filha de Jaime Machado da Ponte e Maria Celsina Barreira Machado, após 30 anos de seu falecimento, ainda é lembrada pelos que a conheceram por sua vida plena de significado e atos nobres, voltados para o bem servir, semeando lições de vida, de amor e companheirismo na sua missão educadora. Ela foi representada na solenidade pelos filhos Ticiane e Rafael, e o irmão, Assis Machado, que afirmou ter sido importante para eles que a imagem e o nome de Silvana ficassem eternizados em um equipamento de alta qualidade como aquele.

José Euclides Ferreira Gomes JúniorSexto filho de José Euclides Ferreira Gomes e Carmosina Pimentel Ferreira Gomes, José Euclides se casou com Maria José Ferreira Gomes e tiveram os filhos Ciro, Lúcio, Lia, Ivo e Cid Gomes. Nascido em Sobral, foi prefeito da cidade de 1977 a 1982 e reconhecido, à época, como

o melhor prefeito do município, título conquistado posteriormente pelo filho, Cid, em dois mandatos consecutivos. José Euclides faleceu aos 78 anos, deixando legado de comprometimento com a cidadania, traduzido na sua frase: "A melhor política é trabalhar pelo povo, com simplicidade, eficiência e probidade". Ao agradecer a homenagem em nome da família, o governador Cid Gomes lembrou que o pai fora um homem rude e intelectual, ao mesmo tempo que buscou no estudo a solução para a sua vida prática. “Sempre foi um inconformado, o que nos inspirou na vida pública."

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| RevistadaFIEC | Julho de 201230 31Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Estrutura do Centro Integrado

SEnAINo portfólio do Centro de Formação Profissional do SENAI José Euclides Ferreira Gomes Junior constam oficinas de solda, mecânica geral, construção civil, informática, automação, eletrônica e calçados, consultorias no processo produtivo, em gestão empresarial e em segurança no trabalho, desenvolvimento de produtos, revisão de layout e cronometragem. Os cursos disponíveis inicialmente são Leitura e Interpretação de Desenho Mecânico, Metrologia, Mecânico de Manutenção de Máquinas Industriais, Soldador no Processo Revestido Aço Carbono e Aço Baixa Liga, Auxiliar Administrativo Financeiro, Controladores Lógico Programáveis (CLP), Comandos Pneumáticos, Eletropneumática, Comandos Hidráulicos, Eletro-hidráulica, Eletricidade Básica, Instalação Elétrica Predial, Comandos Elétricos, Pedreiro de Alvenaria, Assistente de Produção, Operador de Computador e NR 10 (Básico e Complementar), dentre outros.

SESIO portfólio de serviços do Núcleo de Negócio do SESI Silvana Machado dos Santos contempla várias áreas. Na de educação e cultura, estão disponíveis serviços de educação básica (ensinos fundamental e médio) e educação continuada com a oferta de 62 cursos voltados para a formação pessoal e profissional, educação digital, leitura e matemática. Na área de qualidade de vida, estão à disposição serviços de saúde e segurança do trabalho, com atendimento na saúde do trabalho e saúde ocupacional, assistência médica e odontológica e exames de auxílios diagnósticos. Além disso, o programa Vida Saudável, com a oferta de ginástica laboral, circuitos

de estilo de vida, jogos, formação esportiva, musculação, ginástica. A área de responsabilidade social empresarial contará com atendimento em consultoria e mobilização para a gestão socialmente responsável.

Giovani Balduino – diretor industrial da TAC Motors – Estamos em processo de instalação na cidade; a empresa é de Santa Catarina, e consideramos a unidade do SESI/SENAI como importante equipamento para a formação de mão de obra, já que o setor na região ainda carece desse preparo que o mercado hoje exige. A unidade é, sem dúvida, bem estruturada para oferecer diversos serviços, garantindo aos empresários que pensam em se instalar na região a certeza de que terão profissionais aptos para o mercado de trabalho. Agora, é só criar demanda para que a unidade do SESI/SENAI possa atuar diretamente.

Jocely Dantas (representante da FIEC na região norte) - A unidade chega no momento certo, tanto no aspecto da qualificação, como em relação aos programas de qualidade de vida ofertados pelo SESI. A região norte, puxada por Sobral, cresceu bastante nos últimos anos e o Sistema FIEC teve a percepção disso ao construir a unidade, uma das

mais modernas do país. Não tenho dúvida: em pouco tempo o investimento feito aqui dará o retorno que a região espera.

Jaime belicanta (presidente do Sindicalf) - O SESI e o SENAI estão de parabéns por entregar esse equipamento a Sobral e à região norte. Falo não só pelo setor calçadista, mas por todo o segmento econômico do entorno, por ser essa estrutura importante nos campos da educação profissional e de saúde e lazer do trabalhador da indústria. Considero que a unidade está na direção do desenvolvimento que Sobral propicia ao estado. Por isso terá papel preponderante para consolidar os setores econômicos que começam a se mostrar vocacionados em Sobral e no estado como um todo.

Osterno Júnior (presidente do Sindimóveis) - A unidade do SESI/SENAI vem de certa forma atender a uma necessidade do polo moveleiro de Marco (região noroeste), porque sempre pedimos uma maior proximidade com o setor na região. Agora, será possível a realização de cursos seja dentro das próprias empresas por meio de unidades móveis, ou mesmo

no SESI/SENAI. Temos várias possibilidades de parceria com o segmento moveleiro e vamos aproveitá-las ao máximo.

Opiniões

Com população de quase 200 000 habitantes, Sobral é hoje uma das economias mais dinâmicas do estado. Se-gundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o município tem mais de 160 empresas industriais, garantin-do emprego formal a mais de 30 000 trabalhadores.

Setores predominantes: calçadista, construção civil, alimentos e bebidas, cimenteiro, moveleiro e metal-mecânico, dentre outros.

A Fábrica da Votorantim Cimentos foi implantada em 1968 e tem capacidade para produzir cerca de 600 000 tonela-das por ano de cimento da marca Poty e gerar mais de 500 empregos diretos. A Grendene, uma das maiores empresas

do setor calçadista brasileiro, emprega atualmente mais de 17 000 funcionários de Sobral e localidades vizinhas.

Sobral vem recebendo ultimamente montadoras automoti-vas. A TAC Motors, que está mudando sua sede de Joinville (SC), foi a primeira. A montadora deve investir mais de 200 milhões de reais e gerar 1 200 empregos no total. Outra in-dústria do ramo automobilístico que está sendo implantada é a Marcovel, fabricante de ônibus da marca Marcopolo.

No seguimento de temperos, irá se instalar, no Distrito de Jaibaras, a Sabor do Norte, fato visto como um impulso para os produtores locais venderem seus produtos.

SAIbA MAIS

Roberto Smith (presidente da Adece) – Avalio como de grande importância para a região esse empreendimento. A Adece vem acompanhando o desenvolvimento da região e aposta que o crescimento econômico do estado terá nesse equipamento do SESI/SENAI um apoio fundamental.

Honório Pinheiro (presidente da FCDl) – Vejo como o aprofundamento de um processo de crescimento que Sobral e a região vêm tendo nos últimos anos e que deve ser acelerado com esse equipamento, que influenciará não só a indústria, mas também a economia como um todo. Fo

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| RevistadaFIEC | Julho de 201232

Mesmo sendo 2012 ano de forte estiagem, a produção de frutas no Ceará, majoritariamente em culturas irrigadas, deve apresentar crescimento médio de 3%

Desafios e contrastes

N os cinco primeiros meses deste ano a média de chuva no Ceará atingiu a marca de 352,1 mm, 50,4% a menos do que o esperado para o período caracterizado como inver-

noso no estado. Maio, para se ter uma ideia, registrou a segunda menor quantidade de chuva para o mês desde 1974. Foram ape-nas 19,6 mm. Em 33 municípios, a Fundação Cearense de Mete-orologia e Recursos Hídricos (Funceme) não mencionou chuva no mês. Os dados revelam a sexta pior estiagem desde 1950 no Ceará. Como justificativa, a Funceme aponta que a distribuição espacial e temporal das chuvas foi bastante ruim, em virtude do esfriamento das águas do Atlântico Sul. Com isso, as águas fi-caram mais frias por lá e mais quentes no Atlântico Norte, pre-judicando a Zona de Convergência Intertropical (ZCI), que é o sistema de nuvens responsável pelas chuvas no norte da região Nordeste nos primeiros meses do ano.

Gestão da água no Ceará

A carência de chuvas em 2012 fez com que o governo federal criasse um plano específico de combate à estiagem, incluindo desde ações emergenciais de distribuição de água, até a liberação de recursos para agricultores que perderam suas safras. Como medidas imediatas para conter o problema da falta de água, o Exército intensificou a operação carro-pipa e a construção de cisternas. A ideia é minimizar os efeitos da seca, já que esperan-ça de chuvas agora somente em janeiro de 2013. Mesmo diante dessas iniciativas governamentais, como ainda faltam mais de cinco meses para a quadra invernosa, é lamentável que muitos sertanejos, em pleno século 21, ainda tenham de lidar com tan-tas dificuldades para sobreviver com um mínimo de dignidade.

Mas, em meio ao quadro de seca, o Ceará vive um contras-te deveras interessante: cerca de 40% das exportações de frutas brasileiras passam pelo Porto do Pecém, e a produção é oriunda

LUIZ HENRIQUE CAMPOS

principalmente da região Nordeste. Nesse quadro, o estado ocupa posição de destaque. O setor de fruticultura, incluindo a castanha de caju, foi res-ponsável por 45,3% das exportações cearenses no primeiro semestre de 2012, movimentando 122 milhões de dólares. Destacam-se as exportações de melão (19,9 milhões de dólares), banana (5,6 mi-lhões de dólares), manga (2,1 milhões de dólares) e melancia (2,1 milhões de dólares). A produção de frutas no Ceará, majoritariamente culturas irriga-das, apresenta menor vulnerabilidade à irregula-ridade das chuvas, como a que se apresenta neste ano. Segundo relatório do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) referente ao primeiro trimestre de 2012, espera-se um cres-cimento médio de 3% para a produção de frutas no Ceará no ano, com destaque para a estimativa de crescimento na produção de melão (41,9%) e de melancia (31,9%). Vale destacar que, nos três primeiros meses de 2012, as exportações de frutas frescas cresceram 34,3% no Ceará, ante igual pe-ríodo de 2011 (26,97 de dólares contra 20,09 mi-lhões de dólares). Os números mostram a força do setor no estado, que é o terceiro maior exportador de frutas do país, atrás da Bahia e de Pernambuco.

O contraste entre a carência de chuvas e os prejuízos causados a pequenos agricultores em virtude da estiagem deste ano – e a boa produ-ção agrícola baseada na fruticultura irrigada – alia-se a um outro componente importante na discussão sobre a questão da água no Ceará: o conceito de distribuição de nossos recursos hí-dricos. Considerada modelo no Brasil, a gestão de recursos hídricos no estado foi desenhada para ocorrer de forma integrada, descentraliza-da e participativa. Nesse sentido, o planejamento é feito mediante o gerenciamento dos potenciais hídricos, por meio das bacias hidrográficas e seus comitês, responsáveis pela definição de prioridades e seu valor de uso, tendo em vista o aspecto econômico de utilização desse bem.

É esse modelo referencial de gestão dos recur-sos hídricos que permite ao Ceará ter hoje, mesmo em período de estiagem, quase 70% de acúmulo de água em nossos reservatórios. Diante disso, cabe uma pergunta: por que ainda temos de conviver, hoje, com pessoas enfrentando dificuldades em relação à necessidade de água? Para o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), Francisco Rennys Aguiar Fro-ta, uma das respostas está relacionada à localiza-ção espacial de muitas comunidades cearenses: "A distribuição espacial dessas comunidades dá-se de forma extremamente difusa, dificultando o acesso à água a toda a população, devido à necessidade

elevada de recursos financeiros para atendimento a todas as localidades".

De acordo com Francisco Rennys, a solução para o abastecimento de água nessas situações reside em ajustar diversas alternativas, dentre elas, poços, construídos no embasamento cris-talino, mesmo com as limitações de vazão e qua-lidade de água, em combinação com a utilização de dessalinizadores; barragem subterrânea para armazenamento de água em pacote aluvional e uso de cisternas individuais. "Diante da con-solidação dessa política de gestão dos recursos hídricos e de todos os programas adotados pela Secretaria dos Recursos Hídricos, podemos es-perar, como perspectiva futura, que todos os cearenses possam ter acesso à água potável para atendimento às suas necessidades básicas, con-vivendo de maneira digna com o fenômeno das secas no semiárido, pois todos os seus efeitos são plenamente assimiláveis." Ele admite, no entan-to, que essa solução não se dará a curto prazo.

Como componentes importantes em relação ao futuro do modelo hídrico do Ceará, Rennys cita o cinturão das águas e a transposição de ba-cias do Rio São Francisco. O projeto do cinturão trata-se de um grande sistema gravitário de ca-nais que, originando-se praticamente na entrada no Ceará do chamado Eixo Norte do Projeto de Transposição de Águas do Rio São Francisco para o Nordeste Setentrional, destina-se a assegurar oferta de água ao consumo humano. Além dis-so, ressalta o dirigente da Cogerh, "o cinturão das águas permitirá a adução das águas transpostas do São Francisco para a maioria do território cearen-se, inclusive às regiões mais secas do estado, bem como àquelas de potencial turístico e econômico".

As cisternas individuais são alternativas para os períodos de seca

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35Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Modelo pioneiro no Brasil

A política de Recursos Hídricos do Ceará é pioneira no país ao adotar como conceito de gestão das águas os

princípios da descentralização, integração e participação. Nesse contexto, foi criada em abril de 1987 a Secretaria dos Recursos Hídricos e, posteriormente, a Cogerh, em 1993. Hoje, é responsável pelo gerenciamento e disciplinamento de mais de 90% das águas acumuladas no estado, estando, sob a administração da companhia, 136 dos mais importantes açudes públicos estaduais e federais, além de reservatórios, canais e adutoras da bacia metropolitana de Fortaleza. Por meio desse monitoramento, é possível coordenar um sistema que lida com a oferta de água superficial e subterrânea do Ceará, envolvendo os recursos existentes em reservatórios e poços artesianos, e com a manutenção, operação de obras hídricas e organização de usuários nas 11 bacias hidrográficas do Ceará.

Já a distribuição por comitês de bacias permite aproximação com as comunidades mediante a troca de informações sobre a quantidade e meios de utilização dos recursos hídricos. A cogestão se dá com a tomada de decisões coletivas e negociadas, a fim de que as decisões funcionem como política de gestão a ser implementada nessas bacias. Para isso, participam das decisões dos comitês usuários e o poder público, os quais, em conjunto, decidem qual uso deve ser dado à água em determinado período. Decisões que são compartilhadas em assembleias das quais participam representantes da sociedade civil organizada: sindicatos, associações, prefeituras, pescadores, vazanteiros, irrigantes e indústrias, que deliberam por maioria.

Em termos de representatividade, o colegiado do comitê de bacia é composto por representantes de instituições governamentais e não governamentais, distribuídos em quatro setores, a partir da seguinte distribuição percentual: usuários (30%), sociedade civil (30%), poder público municipal (20%) e poder público estadual/federal (20%). A metodologia para a formação dos comitês estabelecida pela Cogerh definiu também três níveis de atuação (açude, vale perenizado e bacia hidrográfica) no sentido da integração das ações para apoiar a organização dos usuários. Outras características dos comitês de bacias é que cada um tem regimento interno, as assembleias são públicas, os membros têm poder de voto, os mandatos de todos os integrantes são de dois anos, todos os membros podem se candidatar aos cargos da diretoria (composta por presidente, vice-presidente e secretário geral), os comitês podem criar comissões e câmaras técnicas e a quantidade de membros é variável, devendo apenas obedecer aos percentuais dos quatro setores representados.

COMITÊS DE BACIAS HIDROGRÁFICAS

Bacias Ano de instalação Número de membros Municípios que compõem a bacia

Curu 1997 50 15Baixo Jaguaribe 1999 46 9Médio Jaguaribe 1999 30 13Bababuiú 2002 48 12Alto Jaguaribe 2002 40 24Salgado 2002 50 23Metropolitanas 2003 60 31Acaraú 2004 40 27Litoral 2006 40 11Coreaú 2006 30 21

Entrevista: Francisco Rennys Aguiar Frota

Consolidação do modelo

Presidente da Cogerh, Francisco Rennys Aguiar Frota destaca o modelo de gestão das águas no

Ceará e seus princípios fundamentais, mas reconhece que o abastecimento de água potável para consumo humano é um dos principais problemas para a sobrevivência e melhoria da qualida-de de vida das populações das peque-nas comunidades rurais no estado. Ele afirma, todavia, que diante da consoli-dação da política de gestão dos recur-sos hídricos, e de todos os programas adotados pela Secretaria dos Recursos Hídricos, é possível esperar que todos os cearenses possam ter acesso a água potável para atendimento às suas ne-cessidades básicas, convivendo de ma-neira digna com o fenômeno das secas no semiárido. Veja a seguir a entrevista.

Como o senhor analisa o modelo de gestão de recursos hídricos no Ceará? O modelo de gestão adotado em nosso estado atende aos seguintes princípios fundamen-

tais: o gerenciamento deve ser integrado, descentralizado e participativo, sem a dis-sociação dos aspectos qualitativos e quan-titativos, considerando as fases aérea, su-perficial e subterrânea do ciclo hidrológico. A unidade básica a ser adotada para o pla-nejamento e gerenciamento dos potenciais hídricos é a bacia hidrográfica. A água, por ser um recurso limitado, torna-se um bem de elevado valor econômico, sendo a co-brança por sua utilização entendida como fundamental para a racionalização do seu uso. Atualmente, a Cogerh é responsável pelo gerenciamento de uma ampla infraes-trutura hídrica composta por 315 quilôme-tros de canais, 200 quilômetros de aduto-ras e sistemas de distribuição e 138 açudes públicos, sendo 75 estaduais e 63 federais operados em cooperação com o Departa-mento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), com capacidade total de acumu-lação de 18,2 bilhões de metros cúbicos, o que representa cerca de 90% da capacidade total do Ceará. Esses reservatórios estão distribuídos em 12 regiões hidrográficas, nas quais o estado está subdividido.

Em relação à distribuição da água em nosso estado, a partir desse modelo, como estaria hoje a repartição percen-tual entre consumo humano, irrigação e possível cota de prevenção a fenôme-nos futuros? A irrigação atualmente é responsável pelo maior consumo da água disponível no Ceará, com 65% do total, seguido do setor de saneamento (33%) e do setor industrial (1%). Os demais usos, principalmente piscicultura e carcinicul-tura, consomem o restante da disponibi-lidade total.

Para o futuro, há perspectiva desse

modelo de repartição se manter, ou faz parte da política de recursos hídricos aumentar a distribuição percentual para o consumo ou a irrigação? Existe uma perspectiva de alteração nessa distribui-ção, com aumento crescente da participa-ção do setor industrial no consumo total, podendo chegar a mais de 5% em menos de dez anos. A ampliação do consumo hídrico industrial é resultado da política atual de desenvolvimento econômico do estado, voltada para facilitar a instalação de novos empreendimentos privados. Ao longo dos últimos anos, o Ceará reforçou sua capacidade de fornecimento de água e energia, ampliou a malha rodoviária e aeroportuária, atraindo grandes empre-endimentos, que hoje se encontram em fase de implantação, tais como: refinaria, siderúrgica e termelétricas.

Por que conceitualmente temos um

modelo referencial de gestão dos re-cursos hídricos? A consolidação do mo-delo de gestão adotado no Ceará se deu por dois aspectos fundamentais: efetivo gerenciamento quantitativo e qualitativo dos recursos hídricos, resultado da cria-ção da Cogerh, e ampliação diferenciada da infraestrutura de oferta e atendimen-to da demanda. Ao longo dos últimos 25 anos, foram construídos 87 açudes com capacidade total de acumulação de 10 bi-lhões de metros cúbicos, aproximadamente

“ Podemos esperar como perspectiva futura que todos os cearenses possam ter acesso a água potável para atender às suas necessidades básicas. ”

Açude Castanhãoé o maior do estado

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| RevistadaFIEC | Julho de 201236 37Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

332,9 quilômetros de canais e 1.455,6 quilômetros de adutoras, permitindo o atendimento a uma população de mais de 4,3 milhões de cearenses.

Temos um modelo de referência, e

estamos com quase 70% de nossa ca-pacidade de acumulação nos nossos reservatórios, por que, então, o proble-ma da falta de água ainda persiste? O abastecimento de água potável para con-sumo humano é um dos principais pro-blemas para a sobrevivência e melhoria da qualidade de vida das populações das pequenas comunidades rurais no estado, tendo em vista que a distribuição espacial dessas comunidades dá-se de forma ex-tremamente difusa, dificultando o acesso de água a toda população por causa da necessidade elevada de recursos financei-ros para atendimento a todas as comuni-dades em um curto prazo.

É sabido que o gargalo estaria em pequenas comunidades distantes das áreas cobertas por esses reservatórios. Como resolver isso? A solução ideali-zada para solucionar o abastecimento

Entrevista: Francisco Rennys Aguiar Frota

de água nessas situações está assente na combinação de diversas alternativas: po-ços, construídos no embasamento crista-lino, mesmo com as limitações de vazão e qualidade de água, em combinação com a utilização de dessalinizadores, barra-gem subterrânea para armazenamento de água em pacote aluvional; e uso de cisternas individuais.

Há no Ceará comunidades, todavia,

bem próximas aos reservatórios, mas que não têm acesso à água. Por que isso ocorre? Todos os programas e ações da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) têm por objetivo central a democratiza-ção do uso da água. Dentre os quais des-tacamos o Programa de Abastecimento de Água de Pequenas Comunidades, im-plantado por meio da Sohidra, que tem como princípios a busca da autossusten-tabilidade, a parceria com as prefeituras e empresas de saneamento e a necessidade de conscientização da própria comunida-de. Porém, vale ressaltar novamente a ne-cessidade elevada de recursos financeiros para atendimento a todas as comunida-des, em um curto prazo.

Diante desse nosso modelo, o que podemos esperar em termos de fu-turo? Há possibilidade de não mais termos de conviver com problemas como os que enfrentamos agora? Diante da consolidação desta políti-ca de gestão dos recursos hídricos e de todos os programas adotados pela Secretaria dos Recursos Hídricos, po-demos esperar como perspectiva futu-ra que todos os cearenses possam ter acesso a água potável para atender às suas necessidades básicas.

O cinturão das águas e a transposi-ção de bacias do Rio São Francisco se adequam ao atual modelo? O proje-to Cinturão de Águas do Ceará (CAC) permitirá a adução das águas transpos-tas do São Francisco para a maioria do território cearense, inclusive para as re-giões mais secas do estado, bem como para aquelas de potencial turístico e econômico. Atualmente, está em exe-cução o Projeto Executivo do Trecho I – Jati-Cariús: extensão da ordem de 160 quilômetros e vazão pré-estimada em 25 a 30 metros cúbicos/segundo.

Cinturão das águas: grande promessa

Omodelo de gestão dos recursos hídricos no Ceará conseguiu introduzir o conceito de descentralização, integração e participação

na distribuição da água, tornando-se referência. Nem por isso, todavia, conseguiu solucionar o problema da falta de água em várias comunidades do estado. Este ano, por exemplo, mesmo com quase 70% da capacidade hídrica ocupada nos grandes reservatórios, a população da zona rural de grande parte dos municípios cearenses sofre com o desabastecimento provocado pela estiagem. O mais grave é que as soluções para resolver esse problema crônico continuam no papel, sem perspectivas de avanços a curto prazo. A justificativa para esse quadro seria o fato de o estado possuir

comunidades rurais muito pequenas e isoladas, o que dificulta o acesso da água sem o dispêndio de grandes recursos para lhes fazer chegar o benefício.

É nesse contexto que se insere o Projeto Cinturão das Águas, pensado a partir da utilização das águas que deverão chegar ao Ceará por meio da transposição do Rio São Francisco. A ideia é que, quando concluído, o empreendimento complemente o sistema hídrico cearense e assegure o abastecimento de água para a totalidade da população. Hoje, por exemplo, a transposição não garantiria a chegada de água à região dos Inhamuns, uma das áreas mais secas e isoladas do Ceará. Com o cinturão, mediante um conjunto de canais e adutoras, com extensão de 3 000 quilômetros, será dada segurança hídrica ao estado. O cinturão trata-se de um sistema adutor extenso, com cerca de 1 200 quilômetros de comprimento, quase integralmente gravitário – com somente um pequeno bombeamento na parte litoral final –, com trechos em canais em corte ou aterro, obras de travessia de talvegues e elevações topográficas por meio de sifões, aquedutos e túneis.

Com o cinturão, na verdade, haverá uma potencialização do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, que antes abasteceria apenas as bacias do Jaguaribe e Metropolitanas. Agora, como o novo modelo, serão incluídos mais 20 novos grandes açudes. Para que isso ocorra, será construído um canal principal que margeará a Chapada do Cariri, aproximadamente no sentido leste-oeste, para depois, com diretriz sul-norte, atravessar as bacias do Alto Jaguaribe e Poti-Parnaíba, atingindo a bacia do Acaraú. No primeiro trecho, serão investidos 1,5 bilhão de reais, sendo

400 milhões de reais oriundos do governo do estado e o restante assegurado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo a Secretaria de Recursos Hídricos, o investimento total previsto é de 28 bilhões de reais, até 2040.

No momento, está em execução o Projeto Executivo do Trecho I – Jati-Cariús. A estimativa da secretaria é que esse primeiro trecho seja concluído até o fim de 2014. Além do cinturão, o governo tem outro importante projeto no aspecto hídrico: o Eixão das Águas. Com ele, haverá garantia hídrica durante 30 anos na região metropolitana de Fortaleza e aos projetos estruturantes do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), como siderúrgica, refinaria e Zona de Processamento e Exportação (ZPE).

Zona rural sofre com o desabastecimento provocado pela estiagem

Projeto Eixão das Águas

Convivência com o semiárido

Construir as bases para definir uma lei específica para o semiárido cearense, considerando as questões políticas ambientais, sociais e culturais da região. Esse

é o conceito do documento Bases para formulação de uma política estadual de convivência com o semiárido cearense, elaborado pelo Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos da Assembleia Legislativa, mediante discussões do Pacto das Águas. O fórum é composto por diversos órgãos e entidades que, após a realização de um diagnóstico, foram envolvidos na montagem de um plano estratégico para os recursos hídricos do estado. No trabalho, são apontadas as diretrizes e identificados instrumentos de ação para a construção de uma política estadual em seus aspectos

fundamentais e em orientações para integrar as diversas políticas setoriais específicas, tendo por base um arcabouço jurídico legal.

Nesse sentido, foram sugeridos caminhos para a formulação de instrumentos legais, a partir da criação e operacionalização de comissões especiais do parlamento cearense, para, em prazos determinados, consolidar a política estadual de convivência com o semiárido. As questões fundamentais foram elaboradas a partir de cinco eixos: Economia, Meio Ambiente, Comunicação, Cultura e Educação, Serviços Básicos e Difusão de Conhecimentos Científicos e Tecnológicos no Semiárido Cearense. O documento é resultado das discussões travadas durante os seminários, encontros e oficinas realizados durante um ano, com a participação de cerca de 86 instituições.

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| RevistadaFIEC | Julho de 201238 39Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Cerca de 87% do estado do Ceará estão inseridos no semiárido, ambiente caracterizado pela escassez de disponibilidade de água devido à intermitência das chuvas.

Além disso, 75% do território estão situados em rochas cristalinas, que apresentam baixa disponibilidade de água subterrânea e ainda baixa qualidade.

A vazão média fornecida para a região metropolitana de Fortaleza é de sete metros cúbicos/segundo de água potável.

A capacidade total de armazenamento de água superficial é de 17,8 bilhões de metros cúbicos. Apenas 25% desse valor podem ser uti-lizados, devido à grande evaporação, à vazão dos rios, intermitência e intensidade de chuvas.

A demanda hídrica é distribuída da seguinte forma: 61% para irriga-ção, 26% para abastecimento humano e 13% para abastecimento industrial. A demanda hídrica humana é de 378.298.485 metros cú-bicos/ano. No entanto, não há um cadastro atualizado de usuários, especialmente na zona rural.

O Ceará conta com 71 000 hectares com infraestrutura de irrigação, sendo apenas 58 000 hectares cultivados.

No Ceará, não existe uma lei que estabeleça as políticas públicas espe-cíficas de saneamento. A revisão da legislação atual sobre o gerencia-mento dos recursos hídricos, de 1992, precisa ser revisada de acordo com os integrantes do Pacto das Águas.

De acordo com a Articulação para o Semiarido, o Ceará conta com mais de 40 000 cisternas que representam fonte de água para beber a mais de 40 000 famílias. No entanto, essa política deve ser revisada, a fim de que se possa monitorar a qualidade da água e a manutenção dos equipamentos já instalados.

Demanda de água no setor industrial, de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), organismo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC):

Demanda hídrica industrial estadual: 191.012.796 metros cúbicos/ano.

Distrito Industrial de Maracanaú, 300 000 metros cúbicos/mês.

Distrito Industrial de Pacajus/Horizonte, 110 000 metros cúbicos/mês.

Indústrias isoladas, acima de 259 200 metros cúbicos/mês.

Termelétrica MPX, 2.073.600 metros cúbicos/mês.

Siderúrgica, 3.888.000 metros cúbicos/mês.

Dados gerais do cenário atual dos recursos hídricos do Ceará

FoNTE: CoNSELHo DE ALToS ESTUDoS E ASSUNToS ESTRATÉGICoS DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA (PACTo DAS áGUAS)

A ideia é criar uma ambiência para favorecer a cultura da inovação no Ceará, a partir de diversas alianças

Movimento impulsiona cultura da inovação

C riar uma ambiência para favorecer a cultura da inovação no Ceará, a partir da aliança entre universidades, setor produtivo, poder público e lideranças sociais. Esse é o

conceito do Movimento Inova Ceará, lançado durante o Inova Ceará 2012, ocorrido nos dias 4 e 5 de julho, no Hotel Vila Galé. No documento, que dá norte ao movimento, assinado pela Fe-deração das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e parceiros do poder público e instituições de ensino e do setor privado, é ressaltado que "incentivar o espírito empreendedor do cea-rense é a chave para construir o futuro de uma sociedade mais justa". A carta propugna ainda que "acreditar no futuro e agir criativamente no presente, compreendendo os desafios que a modernidade impõe, deve ser o foco nessa articulação em prol do desenvolvimento sustentável".

Inova Ceará

Como parte do movimento, a FIEC, por meio do Institu-to de Desenvolvimento Industrial (INDI), celebrou convênio com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), para o desenvolvimento do projeto Apóstolos da Inovação. A iniciativa consiste em reunir seis estudantes do ITA e seis de universidades cearenses para estudar problemas e demandas relacionados ao desenvolvi-mento econômico do estado. O Inova Ceará, em sua 8ª edição, também promoveu o 2º Seminário Cearense de Startups, am-pliando o conceito do evento, ao incluir em sua denominação a perspectiva de startups como incentivo à criação de empre-sas como esse perfil no estado.

Para o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, a carta de intenção representa o começo das ações de um futuro

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41Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Mas crescer e agregar

valor requer criar mercados e tempo para se estabelecer.

Carlos Pacheco, reitor do ITA

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que se prenuncia promissor a partir desse traba-lho que está se abrindo. Ele destacou que a Fe-deração está apenas dando um passo inicial em um processo que necessita do apoio e do esforço de cada um dos atores envolvidos em prol do desenvolvimento cearense. "Tenho certeza que em breve haverá muito a comemorar." Roberto Macêdo afirma que o esforço por inovação é de propriedade da comunidade que envolve poder público, academia e setor produtivo: "Estamos em um processo de coordenação para nos jun-tarmos em uma ação na qual a palavra-chave é inovação, que é ampla e, por isso, requer a par-ticipação de todos, porque busca também uma mudança cultural".

Segundo o coordenador do Inova Ceará, Car-los Matos, o evento ganhou uma nova vertente, ao se passar a discutir o Ceará nesse contexto. "Fazer um seminário para discutir a inovação no mundo talvez fosse interessante, importante, mas, para nós, inovação tem de impactar no desenvolvi-mento do Ceará. Para ele, o Inova 2012 busca essa interação entre o setor público, privado e univer-sidades, "porque, por mais que nós saibamos, há sempre algo a aprender, há sempre algo que pode ser feito diferente". Carlos Matos ressaltou que a ideia é que o Inova não se encerre em um evento, pois os desafios estão postos: "Reduzir a miséria, reduzir a pobreza, fazer empresas e empresários fortes e capazes de gerar empregos, fortalecendo a economia do Ceará".

Secretário da Ciência e Tecnologia do Estado (Secitece), Renê Barreira reitera o compromisso do governo do estado em se engajar e desenvolver ações para a ambiência da inovação. “Não há ou-tro caminho que não seja esse”, diz. Ele destaca o papel da FIEC, como também das universidades

e do setor produtivo. Aponta que, em termos de Brasil, a CNI é um instrumento fundamental no processo de inovação. "Sabemos todos que só vamos desenvolver a inovação em nosso estado com uma agenda de convergência entre setor produtivo, academia e governo. O secretário lembra que o Ceará já possui um marco legal nesse campo. “No entanto, o mais importante é disseminar a cultura da inovação por meio da interiorização e das MPEs."

Reitor do ITA, o engenheiro Carlos Pacheco fez questão de destacar, durante a assinatura do con-vênio com a CNI e a FIEC, que o cenário de médio e longo prazo para o Brasil é auspicioso. "Eu costu-mo dizer que o crescimento do Brasil já está con-tratado, o que precisamos é definir agora como va-mos crescer. Se como produtor de commodities, ou agregando mais valor aos nossos bens e servi-ços. Portanto, temos muitos desafios pela frente." Conforme ele, se queremos uma sociedade pro-dutiva, com melhores salários, temos de conciliar alguns fatores. Dentre eles, inovação é consensual, seja no setor público ou no setor privado. De acor-do com Pacheco, não existe um modelo isolado de inovação. "Mas crescer e agregar valor requer criar mercados e tempo para se estabelecer.”

O reitor deu um recado àqueles que pensam que para fazer inovação basta apenas ter conhe-cimento técnico: "A sua capacidade de saber fazer as coisas é mais importante do que o conheci-mento que você possui. É preciso saber usar o que você sabe. A inovação no século 21 não valoriza apenas a área do conhecimento técnico, mas é necessário saber se adequar ao perfil de um bom gestor e ter capacidade de lidar com as situações que o dia a dia lhe reserva".

Apóstolos da Inovação

P ensar os problemas e oportunidades que o Ceará tem a oferecer aos empreendedores que queiram desenvolver a economia do

estado. Apostando nesse princípio, o projeto Apóstolos da Inovação reuniu durante três semanas, sob a coordenação do INDI, seis estudantes do ITA e seis de universidades cearenses para estudar possibilidades em relação ao momento pelo qual passa o Ceará. A seleção dos participantes foi realizada mediante currículo e entrevistas. Das instituições locais, há estudantes da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Faculdade Christus, Universidade de Fortaleza (Unifor), Instituto Federal

pessoas e identificar demandas, no terceiro eixo vamos de fato buscar os apoios necessários para desenvolver as ideias que forem surgindo, com o intuito de promover o desenvolvimento da economia cearense por meio da busca de problemas que valem a pena ser solucionados."

Para Rogério Guerra, estudante de Engenharia de Telecomunicações do IFCE, a intenção de participar do projeto surgiu justamente a partir do desafio de buscar oportunidades dentro das condições colocadas hoje pelo estado. "Eu sempre quis ser um empreendedor. Não me interessa buscar um bom emprego. Aprendi que eu é que devo criá-lo." Estudante de curso da área de tecnologia, Rogério destaca que, infelizmente, as universidades brasileiras não preparam o estudante para empreender. No seu caso, por exemplo, teve de buscar por conta própria ampliar seus conhecimentos sobre gestão. "O projeto da FIEC é isso: proporciona a possibilidade de unir os campos de conhecimento, ao mesmo tempo que lança um desafio a todos nós".

Estudante de Engenharia Civil-Aeronáutica no ITA, Orlando Lustosa é presidente do Centro Acadêmico Santos Dumont, maior entidade representativa dos estudantes perante entidades oficiais. Como motivação para compor o grupo, ele diz que, além da oportunidade de se aprofundar sobre um tema que é de seu interesse – a infraestrutura –, a metodologia do trabalho é desafiadora: "Estamos vivenciando a experiência de um trabalho de explosão. Tivemos pouco tempo para ver tudo, e produzir um documento, o que é desafiador".

Projeto Apóstolos da Inovação: seis estudantes do ITA e seis de universidades cearenses

de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Fa7.

Divididos em três grupos de quatro pessoas, eles estiveram reunidos de 4 a 27 de julho para se debruçar sobre seis áreas temáticas: energia, metal-mecânica, construção civil, educação, agronegócio e tecnologia da informação. Ao final do período, no qual tiveram a oportunidade de visitar empresas e instituições acadêmicas, ouvir empresários e debater diversos temas, cada grupo apresentou um documento tratando sobre essas áreas.

O projeto Apóstolos da Inovação surgiu há três meses. Resulta de uma reunião entre Carlos Matos, Carlos Pacheco (ITA) e representantes da CNI, Sérgio Moreira e Júlio Alves. Dessa reunião, conta Júlio, "saímos com a inspiração de criarmos um ambiente para desenvolvermos startups para pensar as demandas da economia do Ceará". Para isso, se começou a pensar que a ideia se estruturaria a partir de três pilares: pessoas preparadas, atender a uma demanda que já existe e estruturar ações para propor soluções a tais desafios. Desde o início, afirma Júlio, ficou claro que seria necessária a criação de um ecossistema favorável. Era preciso ligar os pontos desses três pilares. "Basicamente o Inova Startups consiste em unir esses pontos", diz.

Segundo Júlio Alves, ex-aluno do ITA, o primeiro passo nesse sentindo é procurar engajar pessoas e encontrar líderes comprometidos. "O Apóstolos da Inovação é isso: une alunos do ITA e locais." Outro ponto que se quer atingir na proposta, explica, é buscar fomentar a criação de ideias por meio de soluções inovadoras. "E, depois de encontrar

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| RevistadaFIEC | Julho de 201242 43Julho de 2012 | RevistadaFIEC |

Marília Vieira: "Entendemos que a prosperidade da indústria depende diretamente da prosperidade local"

Ainda neste semestre estaremos consolidando

o convênio e implementando o primeiro produto.

Pedro Jorge Ramos Vianna, gerente executivo

da Unidade de Economia e Estatística do INDI/FIEC

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Os observatórios industriais são uma área criada pela FIEPR para fazer estudos prospectivos para a indústria e para a sociedade paranaense e que brevemente será aplicada na FIEC

Investimento na indústria do futuro

Q uais os setores industriais portadores de futuro para o Ceará? Que estratégias precisam ser adotadas para im-pulsionar o desenvolvimento desses segmentos? Conhe-

cer o potencial e planejar o crescimento sustentado da indústria e do próprio estado é o objetivo dos observatórios industriais, uma metodologia bem sucedida que a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) importará em breve do Paraná.

Desenvolvido e aplicado desde 2004 pela federação parana-ense, o case de sucesso foi apresentado pela palestrante Marília Vieira, gerente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná

Inovação

(FIEPR), durante a 8ª edição do Inova Ceará. Convidada es-trategicamente pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI) da FIEC para expor no evento o painel Tendências do Futuro, a executiva participou também de reunião para discutir detalhes sobre a possível parceria.

“Os observatórios são uma área criada pela FIEPR para fa-zer estudos prospectivos para a indústria e para a sociedade paranaense. Eles são incumbidos de ajudar a Federação a al-cançar a visão de desenvolvimento sustentável no estado por meio de uma série de projetos estruturantes de longo prazo”,

explica a gerente, que considera a metodologia “plenamente aplicável” no Ceará. “Não acredito numa cópia de modelo. Mas entender a problemá-tica mais importante do momento para o estado e desenhar uma abordagem metodológica sob me-dida para o problema são perfeitamente plausíveis. Existem pessoas competentes, bem formadas aqui (no Ceará). Então, não há nada que impeça. Só vejo facilidades. O que tem de acontecer é apenas a to-mada de decisão”, reforça.

De acordo com o economista Pedro Jorge Ramos Vianna, gerente executivo da Unidade de Economia e Estatística do INDI, o órgão já recebeu o aval do presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, para desenvolver a minuta do convênio, que viabi-lizará a elaboração de projetos similares no Ceará. “Ainda neste semestre estaremos consolidando o convênio e implementando o primeiro produto”, antecipa. Segundo Pedro Jorge, dois projetos serão inicialmente implementados: o levantamento dos setores portadores de futuro e a definição das ro-tas estratégicas de desenvolvimento. No Paraná, a FIEPR já desenvolve, além desses, outros projetos como a articulação das rotas estratégicas, as cidades inovadoras 2030 e os perfis profissionais para a in-dústria paranaense.

“Nós conduzimos um processo prospectivo de identificação de setores portadores de futuro para o estado num horizonte de dez anos. Na sequência, elaboramos rotas estratégicas setoriais, também para um horizonte de dez anos, visando desenvol-ver esses setores. Temos também uma iniciativa em curso, que são as cidades 2030, que se propõe a pen-sar as cidades num horizonte de 20 anos, a fim de que elas estejam num passo propício ao surgimento

de empresas e indústrias de alto valor agregado e para que as pessoas que habitam nessas cidades se-jam as mais inovadoras possíveis para trabalharem nesse novo ambiente”, disse Marília Vieira.

Segundo a palestrante, há outro projeto em an-damento no Paraná – a identificação dos perfis pro-fissionais de futuro: “Se as indústrias vão mudar, se queremos coisas novas, quem são esses profissionais que vamos precisar? Então, neste momento, esta-mos realizando um trabalho bastante robusto para identificar quem são esses perfis de profissionais que iremos necessitar”. Conforme Marília Vieira, todos os projetos do observatório têm em comum o propósito de ajudar o estado a caminhar de forma segura rumo a um desenvolvimento sustentável.

Nessa perspectiva, explica que o observatório da indústria questiona qual o papel e a responsabilida-de de todos e de cada um. “Nós entendemos que a prosperidade da indústria depende diretamente da prosperidade local. Por isso implementamos no Pa-raná redes de desenvolvimento local para estimular a cidadania e envolver as pessoas.”

Resultados

P assados quase oito anos desde a implementação da metodologia, o Paraná já está colhendo os frutos desse trabalho. “A gente observa uma mudança cultural. Antes, não

fazia parte dos discursos e nem das práticas de empresários, da academia ou do governo falar em planejamento de longo prazo. Agora todos falam da importância disso e todos se propõem a fazer”, observa Marília Vieira.

Outro avanço é que anteriormente a FIEPR era propositiva. Ou seja, sempre realizava e financiava tudo. Agora, as instituições buscam a Federação e pedem que ela faça planejamentos de longo prazo para elas. Conforme a gerente, é uma mudança total de comportamento, inclusive de posicionamento e de imagem. “Nós construímos um espaço que não existia.”

Em termos de estado, a palestrante conta que muitas das ações propostas como necessárias pelo observatório para que as visões de futuro se concretizassem estão ocorrendo por iniciativa

dos próprios atores. “Cada universidade se apropria e começa a implementar no seu tempo, de acordo com sua possibilidade e sua área de atuação. Aquilo que compete às instituições de terceiro setor também está ocorrendo. Marcos regulatórios complexos, que nós acreditávamos que eram entraves maiores, também estão se realizando.”

Marília Vieira se refere, principalmente, ao marco legal relativo à geração e à distribuição de energias renováveis, às PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas). “Hoje, é possível ter unidades geradoras de energias renováveis em qualquer lugar. Essa energia pode ser gerada para alimentar uma empresa ou uma casa. E o que sobra ainda pode ser distribuído para a rede.” O marco regulatório que permite que isso se realize agora não existia, mas se tornou realidade a partir da experiência do Paraná. “Isso era uma coisa maior, que acreditávamos ser mais difícil de acontecer no Paraná. E agora é um marco regulatório nacional”, completa.

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A figura do agente

na empresa já produziu resultados fantásticos.

Cybelle Borges, gerente

do NRS do SESI/CE

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No Ceará, participam do programa 140 empresas, reunindo 236 agentes. A instituição já formou oito turmas

SESI/CE forma agentes

Não é mais possível viver em um mundo no qual as pessoas, as instituições e as empresas não estão co-nectadas entre si nem com seu meio. Por isso cada

vez mais a sociedade, incluindo as empresas, volta-se para a responsabilidade social visando não apenas a sustenta-bilidade de suas atividades, como também a conquista de transformações sociais por dias melhores.

“Não podemos mais imaginar, como preconiza a ISO 26 000, que as empresas não tenham em seus modelos de gestão e desenvolvimento a questão da responsabilidade social”, diz Francisco das Chagas Magalhães, superinten-dente do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), entidade do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Sistema FIEC) com atuação marcante na garantia de saúde

Sustentabilidade

e na promoção da melhoria da qualidade de vida dos traba-lhadores da indústria, além de fomentar a responsabilidade social nas empresas industriais. Dentre as ações nessa área, por meio do Núcleo de Responsabilidade Social Empresa-rial (NRSE), está o programa Agente de Responsabilidade Social, uma ação de vanguarda realizada desde 2007.

Trata-se de uma estratégia de mobilização e organização do setor empresarial referente à temática, mediante a cria-ção de uma rede de representantes das empresas, formada e capacitada para uma atuação planejada, tanto em relação à busca de soluções internas, ou seja, metodologias de ges-tão em responsabilidade social empresarial para o negócio, quanto ao engajamento de forma cooperada entre as em-presas para o enfrentamento de desafios coletivos.

No Ceará, participam do programa 140 empresas, reunindo 236 agentes. O SESI/CE já formou oito turmas de agentes e também gerou um modelo de consórcio empresarial (Projeto Ceres-Barra do Ceará) e três subco-mitês (Barra do Ceará, Maranacaú e Messe-jana). “O agente de responsabilidade social é um ente capaz de promover mudanças, sem-pre focalizando interesses coletivos. A ativida-de dele é uma oportunidade de conjugar, na mesma frase, desenvolvimento com preserva-ção”, afirma Magalhães.

Segundo a gerente do NRSE do SESI/CE, Cy-belle Borges, o agente de responsabilidade social cria cidadania dentro da empresa. “A figura do agente na empresa já produziu resultados fantás-ticos. Implantar ações de responsabilidade social é uma decisão da empresa que pode impactar profundamente na visão de mundo de seus ges-tores, colaboradores e clientes.” Ela explica que a formação realizada pelo SESI utiliza a metodolo-gia Teia da Vida, que sensibiliza os agentes para que busquem suas próprias soluções. “É uma forma de empoderamento dos agentes para que sejam líderes de transformação social na sua vida e também dentro da empresa.” Os agentes de responsabilidade social passam por capaci-tação e depois agem como multiplicadores. O objetivo é atuar em rede para ter um resultado melhor, a partir da inclusão de práticas susten-táveis dentro do ciclo produtivo.

Cybelle Borges acrescenta que o SESI/CE trabalha com uma série de consultorias e pro-jetos para dar suporte às empresas que queiram

Encontro com os agentes de responsabilidade social e representantes de indústrias

promover seus primeiros passos na área de res-ponsabilidade social ou implantar ações espe-cíficas. “Primeiro, é preciso a adesão formal da empresa ao programa. Depois, é escolher entre os seus quadros um colaborador para receber a capacitação. Os próximos momentos são refe-rentes às etapas de formação de rede, capacita-ção e execução do projeto.”

SERVIÇO:

As empresas interessadas em formar colaboradores com agentes de responsabilidade social podem entrar em contato com o NRSE-SESI/CE, pelo telefone (85) 3421 5850.

“É claro que nós tivemos uma redução de custos, mas essa sim-ples ação integrou nossos colaboradores para uma mudança de pos-tura em relação ao uso dos copos descartáveis, o que indiretamente internaliza valores importantes que serão multiplicados”, diz Godofre-do Solon Batista Silva, de 31 anos, que está à frente do Comitê So-cioambiental da Cobap e é agente de responsabilidade social desde 2010. No comitê, a empresa realiza atividades para a comunidade do seu entorno, em Maracanaú, direcionadas a jovens. No projeto Prosa, por exemplo, jovens são capacitados para trabalhar com conscienti-zação ambiental, por meio de artes e teatro, para escolas, empresas e outras instituições. Além disso, estão na segunda turma do Projeto Jovem Aprendiz na empresa e realizam um projeto de geração de ren-da com mulheres artesãs de Maracanaú.

A tuar de forma responsável socialmente não quer dizer fazer filantropia puramente ou espalhar emblemas com dizeres de preservação ambiental. A principal característica da atividade

do agente de responsabilidade social empresarial é ser um instru-mento fomentador de transformações, sejam elas no âmbito pessoal, profissional ou corporativo. E isso pode acontecer de várias maneiras. Na empresa Cobap, do ramo de embalagens e papelão, uma medida simples ajudou a diminuir custos, mas trouxe um resultado muito maior na integração e na mudança de atitude de seus funcionários. Foi uma das tarefas do agente de responsabilidade social da em-presa atuar como um incentivador da troca de pilhas de copos de plásticos descartáveis – aqueles que levam centenas de anos para se decompor na natureza – por garrafas squeeze, de uso individual.

Transformando vidas

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Compromisso

Acoordenadora do Instituto Gerdau na unidade cearense da empresa, Alice Pereira da Silva, sempre teve perfil

e foi envolvida com movimentos sociais e trabalho voluntário. Por esse motivo, entende que chegar a ser agente de responsabilidade social é um “presente”: “Um dos melhores que recebi na vida. Além do aprendizado adquirido, é uma forma de trabalhar em rede em prol de um mundo mais socialmente responsável e sustentável, bem como é uma oportunidade de, por meio das vivências, compartilhar crescimento e metodologia de gestão para lidar com o tema responsabilidade social”.

Existem várias ações e projetos apoiados pela Gerdau, sempre com foco em educação. Alice coordena um deles, o Projeto Pescar, de formação profissional inicial para jovens em situação de vulnerabilidade social. “Já conseguimos inserir no mercado de trabalho 80% dos jovens egressos deste projeto em

Integração com a comunidade

“O líder não é aquele que faz tudo pelos outros, é o que faz tudo com os outros.” A declaração é da agente

de responsabilidade social ligada ao Grupo Ypióca, educadora social Mozarina Costa, de 39 anos, coordenadora do Projeto Fonte da Vida, que assiste crianças e adolescentes da comunidade São Miguel, uma das mais vulneráveis socialmente da capital cearense.

Ela foi indicada para ser agente pela empresa mesmo sem ser funcionária de seus quadros. Ainda como líder comunitária – denominação que não é mais adequada à execução das atividades que implementa –, Mozarina realizava atividades sociais itinerantes com crianças e jovens do São Miguel. As atividades cresceram tanto que a empresa patrocinou a compra de uma propriedade para abrigar as ações dos projetos e fornece todo o suporte necessário para que elas ocorram.

Nada mais simbólico do que os muros do projeto Fonte da Vida e da sede da Naturágua, empresa do Grupo Ypióca, estarem colados fisicamente. Lá, numa comunidade onde a exclusão social e a violência reprimem a cidadania de pessoas sem posse, mas dignas, formando territórios proibidos, Mozarina comanda um lugar com cara de

cidade do interior, no qual crianças e jovens se sentem livres e protegidos para brincar, aprender, alimentar-se e também fazer aulas culturais e esportivas.

No período da manhã e da tarde, cerca de 60 crianças diariamente fazem incentivo escolar. Conforme Mozarina, não se trata somente de fazer a tarefa, mas de brincar, aprender e aprofundar outras disciplinas, ler na biblioteca, jogar bola, comer, utilizar o computador. No projeto, há também brinquedoteca, dança, capoeira, hip hop e caratê. Para ela, foi um passo muito importante na sua vida tornar-se uma agente de responsabilidade social. “A gente percebe o quanto é importante fazer algo que é construído. Na minha experiência como líder comunitária, isso não existia, as pessoas ficavam esperando as coisas e não faziam nada para mudar a sua realidade, se sentiam cada vez mais dependentes do outro. E hoje isso não ocorre. Todo mundo tem um potencial a ser desenvolvido, independentemente da situação econômica, do lugar onde mora. Essa é a nossa missão”, afirma Mozarina. Hoje, a coordenadora da Fonte da Vida, que já foi presidente da Associação de Moradores do São Miguel, é funcionária de Grupo Ypióca.

grandes empresas e ajudamos a transformar a realidade de muitas famílias.”

O conteúdo da formação do curso de Agente de Responsabilidade Social, segundo ela, foi importante para redescobrir sua atuação enquanto cidadã e voluntária, saindo de uma esfera assistencial para uma de desenvolvimento sustentável. “Isso foi o maior ganho. Profissionalmente, a oportunidade de aplicar metodologia de gestão já adquirida com a vivência empresarial na área de responsabilidade social e fazer com que essa metodologia chegasse às instituições sociais, públicas e civis, além de outras empresas, é o mais gratificante”, conta Alice.

A metodologia Teia da Vida, utilizada como sensibilização na formação dos agentes, que preconiza que o próprio indivíduo encontre seus caminhos e soluções para resolução de problemas, pode-se dizer também que foi um casamento com a visão de mundo de Alice: “Vem ao encontro da minha filosofia de vida e do meu cotidiano. É assim que trabalho e vivo, com essa oportunidade de criar e inovar em soluções para os problemas que sempre existirão, além da capacidade de compartilhar referidas soluções com outros em situação similar. Todos somos capazes e a comunicação é a chave para realizarmos esse trabalho em rede”.

Dentre os resultados do seu trabalho estão o aumento do número de voluntários na organização, além da ajuda no processo de maturidade no apoio e formação aos projetos sociais beneficiados pela instituição e disseminação do conteúdo na formação de redes sociais, envolvendo o primeiro, o segundo e o terceiro setores. Tudo incentiva cada vez mais para que o trabalho não pare e a rede realmente fortaleça seus laços. Para tanto, Alice agora tem como desafio conseguir formar uma rede de responsabilidade social e investimento social privado atuante no município de Maracanaú, região metropolitana de Fortaleza. “Um sonho que deu seu passo inicial este ano, com o consórcio do SESI Atleta do Futuro entre sete empresas no município e que, por meio de metodologia de gestão, liderança e trabalho em equipe, já inicia seus frutos.”

Mozarina Costa: “O líder não aquele que faz tudo pelos outros, é o que faz tudo com os outros”

Todos somos capazes e a comunicação é a chave

para realizarmos esse trabalho em rede.

Alice Pereira da Silva, coordenadora do

Instituto Gerdau no Ceará

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zadas palestras nos canteiros de obras. O ganho que temos é social. Qual ganho pode ser maior? Ver os resultados é gratificante”, resume Maria das Graças Dias de Sousa, idealizadora do projeto Descobrindo Saberes e diretora da Construtora Dias de Sousa.

Shyrlene acredita que o apoio da direção da empresa colabora para que o projeto alcance bons resultados: “Temos alguns meninos que chegaram aqui crianças e hoje, já adolescentes, vão bem na escola e trabalham como menor aprendiz na empre-sa. Ver que eles se desenvolveram positivamente é o mais importante”.

U ma casa que é espaço de sociabilidade, aprendizagem e diversão. Assim atua, desde 2008, o projeto Descobrindo Saberes, ação

de responsabilidade social da Construtora Dias de Sousa. Na casa-escola, no bairro Guararapes, em Fortaleza, o projeto recebe atualmente 53 crianças e adolescentes de sete a 18 anos, filhos de funcio-nários da construção civil, para atividades de arte--educação com foco no desenvolvimento pessoal.

A coordenadora do projeto é Shyrlene Lima, economista doméstica e especialista em Gestão das Organizações do 3º Setor e em Treinamento e Desenvolvimento. Shyrlene conta que há tempos a empresa montou um núcleo de responsabilidade social, mas que as ações, por meio do Descobrindo Saberes, ganharam corpo depois de sua passagem pelo curso Agentes de Responsabilidade Social.

“Já havia outros profissionais e algumas ativida-des em julho, no período de férias escolares. Mas era preciso uma ação contínua para realmente gerar impacto na vida das crianças e das famílias”, explica Shyrlene. Hoje, são realizadas atividades nas terças, quartas e quintas-feiras, durante todo o ano. O proje-to conta com várias atrações para os jovens: oficinas de percussão, capoeira, dança, teatro, atendimento odontológico, espaço para leitura com biblioteca, passeios, palestras e ações sócio-pedagógicas, além de outras voltadas para cultura e lazer.

“O projeto aposta no crescimento das pessoas, prestando assistência de qualidade, sendo um agente de transformação. Queremos dar oportuni-dade para que esses jovens trilhem seus caminhos com base na educação, em valores éticos, na cida-dania. Envolvemos toda a família. Também são reali-

Espaço de sociabilidade

Maria das Graças Dias de Sousa: “O projeto aposta no crescimento das pessoas, prestando assistência de qualidade, sendo um agente de transformação”

Projeto conta com várias atrações para

os jovens

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