DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS BACHARELADO EM GEOGRAFIA Monografia DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE CAPÃO DO LEÃO - RS. EDER PEREIRA DA SILVA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

BACHARELADO EM GEOGRAFIA

Monografia

DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOSNO MUNICÍPIO DE CAPÃO DO LEÃO - RS.

EDER PEREIRA DA SILVA

Pelotas, 2013

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EDER PEREIRA DA SILVA

DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOSNO MUNICÍPIO DE CAPÃO DO LEÃO - RS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Geografia do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, como requisito para obtenção de título de Bacharel em Geografia.

Orientadora: Profª. Drª. Rosangela Lurdes Spironello

Pelotas, 2013

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EDER PEREIRA DA SILVA

DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOSNO MUNICÍPIO DE CAPÃO DO LEÃO - RS.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Geografia do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas, como requisito para obtenção de título de Bacharel em Geografia.

Data da aprovação

____/____/____

Banca examinadora:

_______________________________Profª. Drª. Rosangela Lurdes Spironello – Universidade Federal de Pelotas

_______________________________Profª. Drª. Liz Cristiane Dias – Universidade Federal de Pelotas

_______________________________Profª. Drª. Erika Collischonn – Universidade Federal de Pelotas

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Dedico esta pesquisa a toda minha família e amigos, em especial a meus pais Pedro e Santa, e aos meus amores Fabiane e Maria Eduarda por estarem sempre ao meu lado e terem me ajudado a realizar este sonho.

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AGRADECIMENTOS

A todos que de alguma maneira contribuíram para que este sonho se

tornasse realidade, a todos os meus familiares e amigos, aos professores,

funcionários e colegas do curso de Geografia da Universidade Federal de Pelotas.

A meus pais Pedro e Santa pelo exemplo que são para mim e pela educação

que me proporcionaram sempre baseada no respeito e no amor.

A minha companheira Fabiane pelo amor e carinho dedicados a mim, e por

estar sempre ao meu lado, mesmo nos momentos mais difíceis.

A minha princesinha Maria Eduarda, anjinho que Deus enviou para iluminar e

encher de amor a minha vida.

A minha irmã Denise e aos meus sobrinhos Pierre e Cristian pelo carinho e

amizade que a mim dedicaram.

A meus sogros José Francisco e Elizabeth por me receberem de braços

abertos em sua família e pelo carinho e amor dedicados a princesinha Maria

Eduarda.

A minha avó Dedé pelo exemplo de força e de coragem para seguir em frente

sempre, mesmo nos momentos mais difíceis.

Em memória a meu avô Dudu pelo exemplo que deixou a todos que tiveram o

prazer de ter convivido com a pessoa maravilhosa que ele foi, com certeza levarei

para toda minha vida os ensinamentos que ele me passou.

A minha orientadora a Profª. Drª. Rosangela Lurdes Spironello pelo empenho

e dedicação na orientação para a concretização deste trabalho.

Em memória a Profª. Drª. Rosa Elane Antoria Lucas pela dedicação ao curso

de Geografia da Universidade Federal de Pelotas.

A meus colegas da escola onde trabalho, em especial a Gilsiara da Silva

Zacarias Dutra, mais que uma diretora, uma amiga querida.

Aos funcionários da Secretaria Municipal de Obras, Urbanismo e Meio

Ambiente de Capão do Leão, em especial ao Sr. Ricardo Decker da Cruz, Diretor de

Meio Ambiente do município, pela importante contribuição para a realização deste

trabalho.

A Ranna pela amizade canina e companheirismo nas noites de estudo.

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- O lixo da pessoa ainda é propriedade dela?

- Acho que não. Lixo é domínio público.

- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra

da nossa vida privada se integra com a sobra da vida dos outros. O lixo é

comunitário. É a nossa parte mais social...

Lixo - Crônica de Luís Fernando Verissimo

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RESUMO

O crescimento acelerado da população mundial, somado a sua concentração em áreas urbanas, e ao seu estilo de vida, focado na produção, no consumo e no desenvolvimento econômico, tem levado a sociedade a consumir cada vez mais produtos e bens industrializados. Fatores estes, que elevam a necessidade de se explorar os recursos naturais do nosso planeta para sustentar este processo. Desta forma, o homem gerou uma degradação ambiental sem precedentes na história da humanidade. Produzimos uma quantidade enorme de resíduos e lixo, e ainda não conseguimos encontrar alternativas para evitar os impactos negativos causados ao meio ambiente. Os resíduos sólidos urbanos se tornam um dos maiores problemas ambientais a serem enfrentados pelos municípios e seus governantes. Neste cenário este trabalho foi desenvolvido, tendo como objeto de estudo o município de Capão do Leão/RS, onde se realizou um diagnóstico de como o município trata seus resíduos sólidos urbanos e se está em conformidade com a Lei 12.305/10, Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A metodologia utilizada por esta pesquisa partiu de uma ampla análise bibliográfica a fim de fundamentá-la na questão dos resíduos sólidos urbanos, além de aplicação de entrevista com o Diretor do Departamento de Meio Ambiente de Capão do Leão. Também foi realizado um trabalho de campo com observação in loco das áreas de coleta e destinação dos resíduos sólidos urbanos no município. Após estes procedimentos foi possível constatar que a PNRS trouxe importantes avanços para a gestão dos resíduos sólidos urbanos, porém, ainda demandará de um longo período e de uma boa dose de recursos para que os municípios se adaptem as suas rígidas normas. Verificamos que Capão do Leão ainda carece de estrutura para atender algumas das determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas tem se esforçado para cumpri-las nos devidos prazos. O município tem tomado medidas importantes na busca por uma gestão mais eficiente dos seus resíduos sólidos urbanos, reduzindo assim, os impactos negativos causados ao meio ambiente, desativando seu aterro controlado e enviando seus resíduos sólidos urbanos para o aterro sanitário localizado em Minas do Leão, na região central do Estado do Rio Grande do Sul. Porém, outras medidas necessitam ser adotadas para melhorar a gestão dos resíduos sólidos urbanos no município, durante a coleta e tratamento destes resíduos, e principalmente desenvolver campanhas de Educação Ambiental, visando a sensibilização e conscientização da população, para que esta colabore com a melhora do serviço de coleta dos resíduos sólidos urbanos de Capão do Leão, diminuindo a geração de resíduos através do consumo consciente, e segregando corretamente os diferentes tipos de resíduos gerados, para que mantenham o seu potencial de aproveitamento. É necessário o engajamento de todos, sociedade, órgãos públicos e privados para que possamos ter uma gestão dos resíduos sólidos, realmente eficiente, diminuindo os impactos negativos ao meio ambiente.

Palavras-Chave: Resíduos Sólidos, Resíduos Sólidos Urbanos, Aterro Sanitário, Meio Ambiente.

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Lista de Figuras

FIGURA 1 Fases do gerenciamento de resíduos sólidos nos municípios....... 39

FIGURA 2 Mapa de localização do município de Capão do Leão/RS............. 59

FIGURA 3 Organograma da estrutura administrativa responsável pela

limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos urbanos de

Capão do Leão............................................................................ 60

FIGURA 4 Imagem da coleta tradicional em Capão do Leão.......................... 61

FIGURA 5 Imagem das lixeiras seletivas utilizadas de forma inadequada no

Centro de Capão do Leão.. ........................................................... 62

FIGURA 6 Imagem de resíduos depositados de forma inadequada na

Avenida Narciso Silva, Centro de Capão do Leão......................... 63

FIGURA 7 Imagem de embalagens danificadas e resíduos sólidos

espalhados pelo canteiro central da Avenida Narciso Silva, no

Centro de Capão do Leão............................................................ 64

FIGURA 8 Imagem de resíduos depositados de forma inadequada em

frente à Câmara de Vereadores e à Secretaria Municipal de

Educação, Cultura e Desporto de Capão do Leão........................ 64

FIGURA 9 Imagem de resíduos depositados de forma inadequada em

frente à Secretaria Municipal de Obras Urbanismo e Meio

Ambiente e em frente à Vigilância em Saúde e Pronto Socorro

Municipal de Capão do Leão........................................................ 65

FIGURA 10 Imagem da Central de Transbordo dos resíduos sólidos de

Capão do Leão............................................................................ 66

FIGURA 11 Imagem da caçamba da prefeitura depositando os resíduos

recolhidos da zona rural............................................................... 66

FIGURA 12 Imagem do contêiner com os resíduos sólidos urbanos de Capão

do Leão. ....................................................................................... 67

FIGURA 13 Mapa de localização dos municípios de Capão do Leão e Minas

do Leão/RS................................................................................. 68

FIGURA 14 Imagem do Aterro Sanitário da Central de Resíduos do Recreio

em Minas do Leão/RS................................................................. 69

FIGURA 15 Imagem de localização da Sede do município, Bairro Jardim

América, antigo aterro controlado e a estação de transbordo de

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resíduos sólidos de Capão do Leão............................................. 71

FIGURA 16 Imagem do antigo aterro controlado de Capão do Leão, ainda

em operação................................................................................ 72

FIGURA 17 Imagem do aterro controlado desativado de Capão do Leão, em

fase recuperação......................................................................... 73

FIGURA 18 Imagem da vegetação se desenvolvendo no aterro controlado

desativado................................................................................... 73

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Lista de Quadros

Quadro 1 Gestão de resíduos sólidos dos municípios brasileiros.................... 35

Quadro 2 População urbana e rural no Brasil (2010)....................................... 35

Quadro 3 Geração em toneladas/ano de resíduos sólidos urbanos e o seu

crescimento percentual no Brasil (2008 - 2011)............................... 43

Quadro 4 Geração per capta de resíduos sólidos urbanos no Brasil................ 43

Quadro 5 Composição Gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos no Brasil... 48

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Listas de Abreviaturas e Siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos

Especiais.

CEMPRE Compromisso Empresarial Para Reciclagem

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

DOU Diário Oficial da União

FEE

UNFPA

Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul

Fundo de População das Nações Unidas

IBAM Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

IMA Instituto de Meio Ambiente

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PNRS Politica Nacional de Resíduos Sólidos

PNSB Plano Nacional de Saneamento Básico

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

SEMA Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul

SINIMA Sistema Nacional de Informações em Meio Ambiente

SINIR Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos

Sólidos

SINISA Sistema Nacional de Informações em Saneamento

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento

SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

SUASA Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária

UFPEL Universidade Federal de Pelotas

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Sumário

CAPÍTULO I...............................................................................................................14

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................14

CAPÍTULO II..............................................................................................................19

2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................19

2.1 Reflexões sobre a questão ambiental e a Geografia....................................19

2.2 Gestão do serviço de saneamento básico no Brasil.....................................24

2.3 Política Nacional de Saneamento Básico (Lei n° 11.445/2007)...................24

2.4 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal Nº 12.305/10)...........26

2.5 Resíduos Sólidos Urbanos...........................................................................28

2.5.1 Resíduos e Lixo.....................................................................................30

2.5.2 Resíduos Sólidos...................................................................................31

2.6 Gestão de Resíduos Sólidos........................................................................34

2.7 Planos de Gestão de Resíduos Sólidos.......................................................36

2.8 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos............................................38

2.9 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos...........................................39

2.9.1 Geração dos resíduos sólidos urbanos..................................................41

2.9.2 Coleta e transporte de resíduos sólidos urbanos...................................45

2.9.3 Processos de tratamento dos resíduos sólidos urbanos........................47

2.9.4 Processo de Compostagem...................................................................49

2.9.5 Processo de Reciclagem.......................................................................50

2.9.6 Processo de Incineração........................................................................53

2.9.7 Destinação final......................................................................................54

2.9.8 Mudança de paradigma através da Educação Ambiental......................55

CAPÍTULO III.............................................................................................................57

3 METODOLOGIA..................................................................................................57

3.1 Delineamentos da Pesquisa.........................................................................57

3.2 Coleta e análise de dados............................................................................57

CAPÍTULO IV............................................................................................................59

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS..................................................59

4.1 Caracterização geral da área de estudo.......................................................59

4.2 Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em Capão do Leão/ RS........60

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CAPÍTULO V.............................................................................................................78

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................81

APÊNDICE A.............................................................................................................85

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CAPÍTULO I

1 INTRODUÇÃO

A população humana atingiu a marca de sete bilhões de habitantes ao final do

ano de 2011, segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA 2011),

divisão da População da ONU. Isto só foi possível graças aos avanços médicos,

científicos e tecnológicos que garantiram uma maior expectativa de vida para as

pessoas.

Por outro lado, devemos compreender que para atender o crescimento das

necessidades básicas desta população é necessário que o meio ambiente sustente

essa demanda e que esta por sua vez, respeite os limites do meio ambiente.

Porém, o aumento da população mundial e o estilo de vida adotado pela sua

grande maioria, focado na produção, no consumo e no desenvolvimento econômico,

consomem cada vez se mais recursos naturais e produzem maior quantidade lixo e

resíduos sólidos. Isto faz com que a degradação ambiental, provocada pela

sociedade contemporânea, chegue a um patamar sem precedentes na história da

humanidade.

A geração e o destino de seus resíduos são alguns dos maiores problemas

que as ações antrópicas ocasionam ao meio ambiente. Transformando-o em um dos

grandes desafios a serem gerenciados por grandes, médios e pequenos municípios

e que seus governantes deverão enfrentar ao longo das próximas décadas.

A gestão de resíduos sólidos é um dos serviços que mais oneram os cofres

públicos, onde a coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos de

forma ambientalmente adequada se tornaram um fardo pesado para os municípios,

devido ao rápido aumento na quantidade e complexidade da produção de resíduos

sólidos, como resultado da urbanização e do crescimento econômico.

Nesse contexto, resolver os problemas relacionados aos resíduos sólidos se

tornou um dos principais desafios colocados à sociedade urbana contemporânea,

pois este assunto, que por muito tempo foi tratado com absoluto descaso, tem sido

muito debatido nas últimas décadas, não só pela comunidade científica, mas

também pela mídia, ONGs, ambientalistas, entre outros.

Além de ser alvo constante dos órgãos fiscalizadores do serviço público,

como órgãos ambientais e o Ministério Público, visto que a sociedade finalmente se

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deu conta da relevância que envolve este assunto e da complexidade que possui.

Por compreender diversos aspectos da organização social: ambiental, saúde,

educação, político, econômico, administrativo, tecnológico, etc., configura-se como

uma importante questão socioambiental, que o habilita como objeto a ser estudado

pela da Geografia.

Pensando nessa perspectiva, e compreendendo que o tema é extremamente

relevante para a Geografia é que optamos por pesquisar esta temática no município

de Capão do Leão-RS, a qual está diretamente ligada às questões ambientais.

A escolha do município de Capão do Leão como área de estudo, se deu

primeiramente pela preocupação com o seu desenvolvimento e com a qualidade

ambiental, assim como, a qualidade de vida de seus cidadãos.

Capão do Leão é um município em que há uma forte relação de exploração

do meio ambiente, pois algumas das suas principais atividades produtivas possuem

um grande potencial de impactos ambientais. A exploração mineral de saibro e

granito, monoculturas de arroz irrigado, as áreas de reflorestamento com eucalipto e

pinus entre outras atividades, muitas delas introduzidas sem critérios técnicos para a

mitigação dos prejuízos ambientais, sociais ou econômicos.

Atualmente Capão do Leão destina corretamente seus resíduos sólidos

urbanos, porém nem sempre foi assim, durante anos esta questão foi tratada com

descaso pelos órgãos públicos do município, e os resíduos do município eram

simplesmente depositados em um lixão a céu aberto, sem qualquer análise técnica

para avaliar quais impactos negativos poderiam causar, sendo expostos a presença

de insetos, animais e pessoas não autorizadas.

Este lixão foi utilizado como depósito dos resíduos sólidos do município

durante 19 anos, até ser transformado em um aterro controlado, que ainda estava

longe de ser o método ideal para dispor estes resíduos, que apenas passaram a

receber uma cobertura de saibro, realidade esta, comum a muitos municípios

brasileiros.

Diante desta realidade, entendemos que este é um momento propício para a

discussão do tema, pois desde 2010 está em vigor a Lei Nº 12.305/2010, Decreto Nº

7.404/2010, a qual instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). Esta

lei tem como finalidade, regulamentar todo o ciclo de vida dos resíduos sólidos,

desde a sua geração até o seu descarte final, conforme o seu artigo 1º.

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Por isso, avaliar como Capão do Leão está se adequando a Política Nacional

dos Resíduos Sólidos se torna importante não apenas para a comunidade local,

como também para toda a região onde o município está inserido, pois servirá de

parâmetro para compará-lo com outras realidades e assim, avaliar melhor a situação

de cada um.

É fundamental trazer à tona a discussão sobre o que está sendo feito com os

resíduos sólidos gerados no município, porque, apesar da intensa exposição deste

tema nas diversas mídias, a sociedade ainda não se deu conta de que é um dever

seu, exercer sua cidadania, participando das decisões importantes para seu

município e exigindo que o poder público passe a adotar métodos eficientes de

gerenciamento dos resíduos sólidos, os quais ocasionem o menor impacto possível

ao meio ambiente, além de tomar medidas que reduzam os custos sociais e

econômicos.

Segundo Logarezzi (2004, p. 221):

Vale destacar, de modo geral, a importância de que tanto atividades de pesquisa quanto ações de estruturação e gestão sejam desenvolvidas na perspectiva de articulação objetiva entre os aspectos de gestão e de educação que perfazem a questão dos resíduos sólidos, de modo que os resultados obtidos – na pesquisa e nas ações – em gestão auxiliem/favoreçam a educação e que, por sua vez, os resultados obtidos – na pesquisa e nas ações – em educação auxiliem/favoreçam a gestão.

Por ser a Geografia a ciência que trabalha diretamente as relações

sociedade/natureza, entendemos que esta exerce um importante papel na

construção de propostas para a gestão apropriada dos resíduos sólidos, tendo

assim, muito a contribuir com o tema, no sentido de encontrar alternativas

sustentáveis para o seu tratamento e disposição final.

Assim, a presente proposta aponta como objetivo geral: diagnosticar como o

município de Capão do Leão - RS realiza o tratamento de seus resíduos sólidos

urbanos (RSU), e se está em conformidade com a Politica Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS).

Como objetivos específicos, temos os seguintes: realizar um levantamento

bibliográfico sobre o tema em questão e sua relação com a Geografia; identificar as

principais mudanças que a Política Nacional dos Resíduos Sólidos traz para os

municípios; verificar como se dá a adequação à nova Política Nacional dos Resíduos

Sólidos por parte do município de Capão do Leão/RS; analisar como se dá o

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tratamento aos Resíduos Sólidos gerados pelo o município de Capão do Leão;

verificar se estão sendo tomadas medidas para reduzir a geração de Resíduos e que

medidas são estas.

Para melhor compreender a dinâmica estrutural do referido trabalho, este se

encontra dividido em cinco capítulos, sendo que no capítulo I, constitui-se a parte

Introdutória, Justificativa e Objetivo Geral e Objetivos Específicos, procurando assim

delinear o corpus da pesquisa.

No Capítulo II, apresentamos o embasamento teórico da pesquisa por meio

da revisão bibliográfica, onde expomos as questões que fundamentam os problemas

dos resíduos sólidos, seus diferentes conceitos e classificações e evidenciando

algumas características dos resíduos sólidos urbanos.

Neste mesmo capítulo, contém algumas considerações sobre o

gerenciamento e a legislação ambiental brasileira dos resíduos sólidos, desde a

geração, a coleta, o tratamento, a disposição final e a possibilidade de mudança de

paradigmas no modo de lidar com estes resíduos. Pois este consiste no enfoque

central da pesquisa.

No capítulo III, aproveitamos para evidenciar os processos metodológicos

utilizados para alcançar os objetivos fundamentais da pesquisa, no qual delineamos

toda a metodologia empregada para a coleta e análise e discussão dos dados da

pesquisa.

No capítulo IV apresentamos a análise e discussão dos resultados obtidos

com a pesquisa sobre a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos de origem

urbana no município de Capão do Leão/RS, onde analisamos a situação atual dos

resíduos sólidos do município, assim como, uma breve caracterização do município

para aqueles que não o conheçam, além de apresentarmos o histórico de como

Capão do Leão trata seus resíduos desde a sua emancipação em 1982.

Finalmente no capítulo V, abordamos as reflexões finais sobre o trabalho

realizado, destacando a importância do estudo sobre resíduos sólidos urbanos e

concluindo com as respostas para os questionamentos lançados no início da

pesquisa.

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CAPÍTULO II

2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo da pesquisa, consta uma ampla revisão bibliográfica a fim de

realizar a fundamentação teórica do tema, Resíduos Sólidos Urbanos, conceituando-

o e classificando-o. Para isto, foram utilizados livros, Leis, normas, manuais

técnicos, artigos científicos, teses e dissertações vinculadas ao assunto.

2.1 Reflexões sobre a questão ambiental e a Geografia

A preocupação com as condições ambientais do nosso planeta, ultimamente

tem saído das discussões científicas e assumido papel de destaque nos meios de

comunicação de massa, principalmente nas últimas décadas. Com isto, passou a ser

amplamente discutido nos mais diversos segmentos da sociedade, tanto no campo

social, político e econômico.

Trabalhos científicos de cunho ambiental vêm tendo uma grande aceitação

por parte da sociedade, talvez pelo reconhecimento da gravidade dos problemas

ambientais, face à exploração desordenada dos recursos, que nem sempre são

renováveis, ou em consequência da poluição da água e da atmosfera, os estudos

ambientais vêm tendo uma grande aceitação e estão se difundindo tanto em

trabalhos propriamente geográficos como em trabalhos interdisciplinares.

A ciência, com certeza teve um papel importante nessa disseminação do

ambientalismo. A Geografia, por exemplo, sempre teve o meio ambiente como foco

de seus estudos e objetivos. Como evidencia Mendonça (1998, p. 22): “Os princípios

básicos e os objetivos principais, assim como o objeto de estudo da geografia,

desde a sua origem como ciência, são de caráter eminentemente ambientalista”.

O mesmo autor destaca ainda que “a geografia é sem sombra de dúvida, a

única ciência que desde sua formação se propôs o estudo da relação entre os

homens e o meio natural do planeta”. (MENDONÇA 1998, p. 23).

O interesse da sociedade pelo meio ambiente se deu principalmente a partir

da década de 70 do século passado, quando alguns setores da sociedade,

começaram a entender que os recursos naturais do nosso planeta eram esgotáveis

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e que o ritmo acelerado do desenvolvimento antrópico, levaria a humanidade a um

colapso ambiental, o qual afetaria a sua própria vida.

Em 1972, houve a Conferência das Nações Unidas que ocorreu em

Estocolmo, na Suécia, e foi à primeira atitude mundial a tentar um acordo para

preservação do meio ambiente. O primeiro princípio desta conferência versa que:

O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras. A este respeito, as políticas que promovem ou perpetuam o apartheid, a segregação racial, a discriminação, a opressão colonial e outras formas de opressão e de dominação estrangeira são condenadas e devem ser eliminadas. (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS, 1972).

A partir de então, surgiram várias conferências que estabeleceram inúmeras

metas de redução da poluição e da degradação ambiental. Entretanto, o que se

percebe é que cada vez se polui e degrada mais o meio ambiente, ignorando as

metas estabelecidas, tudo isso, em prol do desenvolvimento econômico que move a

sociedade contemporânea.

Nesse contexto, Porto-Gonçalves (2006, p. 52), afirma que: “...o período de

globalização neoliberal que legitimou a questão ambiental é, paradoxalmente,

aquele que levou mais longe a destruição da natureza”.

Entretanto, há de se considerar que a relação do homem com a natureza

passou a entrar em conflito ainda no final do século XVIII, com o advento da

revolução industrial que começou na Inglaterra, quando as máquinas à vapor

permitiram aumentar a produção e o consumo de bens, passando assim, da

manufatura em escala artesanal à produção em massa com escala industrial.

Transformou também a questão logística, pois os produtos puderam ser

transportados para mercados longínquos, assim como as matérias-primas que

puderam ser trazidas de longas distâncias.

Era o início do capitalismo e da globalização neoliberal política, econômica e

cultural da produção, do consumo e dos problemas ambientais, que se

estabeleceram com as metas de crescimento econômico a qualquer custo, trazendo

a degradação ambiental e desigualdade social como consequências, principalmente

aos países menos desenvolvidos.

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Porto-Gonçalves (2006), afirma que surgiu uma nova Geografia Social,

construída pela nova ordem de poder global, em que os países desenvolvidos,

detentores da técnica, “multinacionalizam” a produção e o consumo de seus

produtos.

A indústria, com a máquina a vapor, não tem mais que estar junto ao local aonde é produzida a matéria-prima, sobretudo quando a máquina a vapor é adaptada aos transportes (ferrovias e navegação oceânica). Inicia-se uma profunda e radical transformação na geografia social e de poder mundial, com enormes efeitos ecológicos, na medida em que se dissocia o lugar de onde se extrai a matéria do lugar onde ela é transformada e consumida. A revolução técnica, vê-se, é uma transformação nas relações de poder manipular a matéria e, com ela, conformar a sociedade e o ambiente ao mesmo tempo. (PORTO-GONÇALVES 2006, p. 28)

A partir da revolução industrial o homem não parou mais de se apropriar dos

recursos naturais, sendo cada vez maior a necessidade de obter matérias-primas

para sustentar a produção e o consumo da sociedade que não param de crescer,

mesmo que para isso, seja necessário pagar um alto custo ambiental que ameaça a

sua própria existência.

Guatarri (1990, p. 07), constata que: “O planeta Terra vive um período de

intensas transformações técnicocientíficas, em contrapartida das quais engendram-

se fenômenos de desequilíbrios ecológicos que, se não forem remediados, no limite,

ameaçam a vida em sua superfície”.

Segundo Mendonça (1998, p. 10), a produção de bens e o consumo que

sustentam a sociedade contemporânea se mostram insustentáveis não só ao meio

ambiente, mas a própria sociedade, visto que, diminuem a sua qualidade de vida à

medida que esgotam os recursos naturais e degradam o meio ambiente.

Nestes aproximadamente duzentos anos de industrialização do planeta, a produtividade de bens materiais e seu consumo se deu de forma bastante acelerada. Como esse processo de industrialização desrespeitou a dinâmica dos elementos componentes da natureza, ocorreu uma considerável degradação ao meio ambiente. Essa degradação tem comprometido a qualidade de vida da população de várias maneiras, sendo mais perceptível na alteração da água e do ar, nos “acidentes” ecológicos ligados ao desmatamento, queimadas, poluição marinha, lacustre, fluvial e morte de inúmeras espécies de animais que hoje se encontram em extinção. (MENDONÇA 1998, p. 10).

Tal degradação ganha proporções elevadas principalmente onde a sociedade

se aglomera. Os centros urbanos-industriais, periferias, fundos de vales, são áreas

20

Page 21: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

potencialmente conflitantes, as quais dividem espaço com o lixo e a miséria, quando

não há planejamento e saneamento básico mínimo.

Félix Guatarri (1990) entende que a mídia é quem exerce o controle sobre a

sociedade, sendo responsável pelo modelo de vida atual, produzindo através do

marketing e da publicidade, a necessidade de se consumir produtos e serviços, não

pela demanda em si, mas sim, pelo status e o prazer do consumo.

O capitalismo pós-industrial [...] tende, cada vez mais, a descentrar seus focos de poder das estruturas de produção de bens e de serviços para as estruturas produtoras de signos, de sintaxe e de subjetividade, por intermédio, especialmente, do controle que exerce sobre a mídia, a publicidade, as sondagens etc. (GUATARRI, 1990, p. 30 - 31)

Guatarri defende então, que a sociedade deveria se apropriar do poder da

mídia, a fim de formar um novo modelo de desenvolvimento, baseado no social, mas

sem descuidar do ambiental, essencial para a sua própria qualidade de vida, assim

formando opiniões e induzindo a sociedade a mudar o seu modo de vida para um

modelo mais sustentável.

Um ponto programático primordial da ecologia social seria o de fazer transitar essas sociedades capitalísticas da era da mídia em direção a uma era pós-mídia, assim entendida como uma reapropriação da mídia por uma multidão de grupos-sujeito, capazes de geri-la numa via de ressingularização. (GUATARRI, 1990, p. 46)

Em um primeiro momento isso parece inviável, entretanto, percebermos o

poder de alcance da internet e das redes sociais, por exemplo, onde qualquer

pessoa pode expressar a sua opinião sobre os mais diversos assuntos e levantar a

bandeira das minorias e abordando temas de interesse social.

De modo geral Leff (2001), defende que estamos passando por uma crise

racional e não ecológica, pois os problemas ambientais seriam apenas uma questão

de conhecimento.

A crise ambiental não é crise ecológica, mas crise da razão. Os problemas ambientais são, fundamentalmente, problemas do conhecimento. Daí podem ser derivadas fortes implicações para toda e qualquer política ambiental – que deve passar por uma política do conhecimento –, e também para a educação. Apreender a complexidade ambiental não constitui um problema de aprendizagens do meio, e sim de compreensão do conhecimento sobre o meio. (LEFF, 2001, p. 217).

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Page 22: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

É preciso sim, repensar o ato de consumir e a relação com os impactos

causados ao meio ambiente, principalmente os impactos de grande escala, como

indicam Almeida e Ribeiro et. al.(1993):

O ato de consumir determinados produtos que se apresentam como elo final da cadeia produtiva também impactam, em grau variado, o ambiente natural. Os exemplos de combustíveis fósseis usados nos veículos de transporte e do lixo, que são resíduos dos processos de consumo da sociedade, são os mais representativos (ALMEIDA E RIBEIRO et. al. 1993, p. 50):

O homem precisa entender que apesar do seu desenvolvimento técnico-

científico, e do seu antropocentrismo, ainda são as forças da natureza que regem a

existência da vida na Terra, como destaca Mendonça (1986).

Mesmo integrantes de espaços apropriados pelo homem e sua sociedade, não escapam ao controle do fluxo de matéria e energia que rege a existência do sistema solar, do planeta Terra e de seus componentes. É bem verdade que em muitos lugares – como as grandes cidades e seu cotidiano, por exemplo –, tem-se a falsa impressão de que o homem é o grande regente, de que a “natureza” e suas forças ou não existem ou foram subjugadas aos desígnios humanos. É mesmo incrível que, numa abordagem geográfica, sejam esquecidos o relevo que forma o suporte à existência da cidade, da água e do ar que sustentam a vida de seus habitantes, do alimento que produzido no solo os nutre etc. (MENDONÇA 1986, p. 127)

Enfim, diante de tudo que foi exposto, fica claro que a sociedade precisa

urgentemente reduzir os impactos causados ao meio ambiente, pois as

consequências ocasionarão problemas a si próprios.

2.2 Gestão do serviço de saneamento básico no Brasil

O tema gestão no serviço de saneamento básico ganha cada vez mais

espaço, na busca de se elaborar bons planejamentos e um bom gerenciamento dos

recursos destinados a este setor. A área de saneamento básico se estabeleceu

como uma questão central no planejamento de qualquer Município, Estado, do

Distrito Federal ou da União.

Porém, a Pesquisa Nacional de Serviço de Saneamento Básico - PNSB 2008

apontou que o saneamento básico está ainda muito aquém das necessidades mais

elementares da população brasileira. Assim, embora, em 2008, 68,8% do esgoto

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Page 23: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

coletado tivesse sido tratado no país, menos de um terço dos municípios 28,5% fez

o tratamento, com acentuadas diferenças regionais.

Estas informações comprovam a necessidade de investimentos no setor de

saneamento básico, não só na parte de infraestrutura, mas também, na área de

gestão.

O Brasil vem apresentando ao longo dos últimos anos uma maior

preocupação com a sustentabilidade ambiental. As questões de saneamento básico

e saúde tem feito parte da consciência da sociedade brasileira e receberam recentes

legislações, com destaque para a Política Nacional de Saneamento Básico (Lei n°

11.445/07) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Lei n° 12.305/10).

2.3 Política Nacional de Saneamento Básico (Lei n° 11.445/2007)

Tratando especificamente da Política Nacional de Saneamento Básico

(PNSB) (Lei n° 11.445/2007), esta estabeleceu as diretrizes nacionais para o

saneamento no Brasil, instituindo metas de desenvolvimento social relacionado a

desenvolvimento sanitário, passando a exigir o planejamento da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios, relativas aos serviços públicos de saneamento

básico.

A Lei nº 11.445, de 05 de janeiro de 2007, estabelece as diretrizes nacionais

para o saneamento básico, cujas principais estão descritas abaixo, com base em

seu artigo 3º:

Saneamento básico trata do conjunto de serviços, infraestruturas e

instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário,

limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas

pluviais urbanas.

Prevê ainda a universalização dos serviços com a ampliação progressiva do

acesso de todos os domicílios ocupados ao saneamento básico, e o controle social

do conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade

informações, representações técnicas e participações nos processos de formulação

de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados com os serviços públicos

de saneamento básico.

Tratando especificamente da questão dos resíduos sólidos, a referida lei

aponta que a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos são um conjunto de

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Page 24: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte,

transbordo, tratamento e destino final dos resíduos doméstico e do resíduo originário

da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

De acordo com a Política Nacional de Saneamento Básico, a União, os

Estados, o Distrito Federal e os Municípios, devem estabelecer planos específicos

para os diferentes serviços de saneamento, como para o serviço de limpeza urbana

e de manejo de resíduos sólidos, ou podem também, juntá-los em um único plano de

saneamento básico.

A Lei n° 11.445/07 também prevê a cobrança de taxas para a realização dos

serviços públicos de saneamento básico, a fim de promover a sustentabilidade

econômico-financeira destes serviços, sempre que possível, mediante remuneração

pela cobrança dos serviços:

I - de abastecimento de água e esgotamento sanitário:

II - de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos:

III - de manejo de águas pluviais urbanas:

O artigo 35 da referida lei, trata exclusivamente das taxas ou tarifas

decorrentes da prestação de serviço público de limpeza urbana e de manejo de

resíduos sólidos urbanos, as quais devem levar em conta a adequada destinação

dos resíduos coletados e poderão considerar:

I - o nível de renda da população da área atendida;

II - as características dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles

edificadas;

III - o peso ou o volume médio coletado por habitante ou por domicílio.

Ao regular a prestação destes serviços, a Política Nacional de Saneamento

Básico, estabeleceu que os serviços públicos de saneamento básico são essenciais

e por este motivo, devem ser priorizados pelas administrações públicas.

Os serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos,

constituem um dos quatro componentes de saneamento básico, compreendendo as

atividades relacionadas aos resíduos sólidos urbanos, que incluem os resíduos

domésticos, somados aos resíduos originários da varrição e limpeza pública.

Estas atividades abrangem a coleta, o transbordo, o transporte, a triagem

para fins de reuso ou reciclagem, o tratamento, a disposição final, a varrição, capina

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Page 25: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

e a poda de árvores em vias e logradouros públicos, além de outros eventuais

serviços pertinentes à limpeza pública urbana.

Outra lei importante sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a

Lei Nº 12.305, de 02 de agosto de 2010, a qual Institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos e altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

2.4 A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal Nº 12.305/10)

No seu artigo 1º, esta lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,

dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como, sobre as

diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,

incluindo os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos

instrumentos econômicos aplicáveis.

No primeiro parágrafo deste mesmo artigo, a lei cita que estão sujeitas à

observância desta lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado,

responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que

desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de

resíduos sólidos.

Ainda no artigo 1º, o seu segundo parágrafo, deixa claro que esta lei não se

aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação específica.

De acordo com o artigo 2º da referida lei, aplicam-se aos resíduos sólidos,

além do disposto nesta lei, nas Leis nºs 11.445, de 05 de janeiro de 2007, 9.974, de

06 de junho de 2000, e 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas estabelecidas

pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do Sistema

Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à

Sanidade Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização

e Qualidade Industrial (Sinmetro).

A gestão integrada de resíduos sólidos é um conjunto de ações voltadas para

a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões

política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a

premissa do desenvolvimento sustentável.

No que diz respeito ao gerenciamento de resíduos sólidos, este é

compreendido como o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas

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Page 26: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final

ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente

adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de

resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na

forma desta lei.

A PNRS considera em seu artigo 3º, inciso IV, o ciclo de vida do produto,

como uma série de etapas que envolvem o desenvolvimento do produto, a obtenção

de matérias-primas e insumos, o processo produtivo, o consumo e a disposição final.

Como disposição final ambientalmente adequada, a lei afirma que é a

distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais

específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a

minimizar os impactos ambientais adversos.

Já a destinação final ambientalmente adequada, a lei considera como a

destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a

recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos

órgãos competentes.

A respeito da destinação e disposição ambientalmente adequadas dos

resíduos sólidos, é valido ressaltar que não há método com o qual se possa alcançar

impacto ambiental zero, pois qualquer atividade humana causará algum impacto

negativo ao meio ambiente, o que se pode e deve buscar é a minimização destes

impactos.

Para a lei a logística reversa é um instrumento de desenvolvimento

econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios

destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor

empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou

outra destinação final ambientalmente adequada. A coleta seletiva, que de acordo

com a lei, é a coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua

constituição ou composição.

Já a reutilização, para a PNRS, é o processo de aproveitamento dos resíduos

sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química, observadas as

condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se

couber, do SNVS e do Suasa. Enquanto a reciclagem é o processo de

transformação dos resíduos sólidos, que envolve a alteração de suas propriedades

físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou

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Page 27: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos

competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa.

Com a nova Política Nacional de Resíduos Sólidos, as principais obrigações

dos municípios passaram a ser a criação de metas para a destinação final

ambientalmente adequada de seus resíduos sólidos, a implantação de aterros

sanitários para disposição de rejeitos que não servirem para a reciclagem, a

elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS)

e a organização e manutenção, em parceria com a União, o Estado e o Distrito

Federal, do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos

(SINIR).

2.5 Resíduos Sólidos Urbanos

Para fins de referenciar esta pesquisa, consideramos como resíduos sólidos

urbanos, aqueles resíduos oriundos de atividades domésticas, gerados nas

residências urbanas do município, juntamente com os resíduos da limpeza urbana

realizada pela prefeitura. Este conceito está de acordo com a definição da Lei

Federal nº 12.305/10, que instituiu a Politica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS):

Os resíduos sólidos urbanos englobam os resíduos domiciliares, isto é, aqueles originários de atividades domésticas em residências urbanas e os resíduos de limpeza urbana, quais sejam, os originários da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas, bem como de outros serviços (PNRS, 2010).

Existem na literatura diversas definições e classificações sobre resíduos

sólidos urbanos. Por este motivo, sempre que se trabalha com o tema é necessário

se esclarecer o que está se considerando como tal, pois, como afirmam Teixeira e

Bidone (1999, p.15), se torna difícil definir resíduos sólidos urbanos, que segundo

eles:

Neste tipo de resíduos são mais evidentes as interferências dos serviços e/ou setores e/ou empresas responsáveis pelos mesmos. Assim, resíduos sólidos urbanos podem ser considerados como sendo constituídos por resíduos domésticos, comerciais e industriais, resíduos de varrição e os provenientes de serviços. Por serviços, podem ser entendidos a limpeza de bocas de lobo e galerias, canalizações e órgãos acessórios da rede de coleta de esgoto, a limpeza e poda de jardins, além da coleta de resíduos de produção transiente... Mas, também resíduos sólidos urbanos podem ser apenas os resíduos domésticos, comerciais e industriais; ou ainda, mais os resíduos de serviços de saúde. (TEIXEIRA E BIDONE, 1999, p.15).

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Page 28: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Os resíduos sólidos urbanos são com certeza um dos principais problemas a

serem enfrentados pela sociedade moderna. Resultado do consumo de bens e

serviços, os resíduos crescem à medida que aumenta o consumo, o que de fato tem

ocorrido em proporções geométricas.

De nada adianta, a administração pública se empenhar em resolver os

problemas causados pelos resíduos sólidos urbanos se a sociedade não colaborar e

mudar seus hábitos de consumo.

Com este intuito a PNRS baseia-se no princípio de responsabilidade

compartilhada e em seu artigo 3° – inciso XVII - delega que:

A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta lei.

Porque a maioria dos problemas ambientais vem seguida de questões sociais

e econômicas, que acabam por impactar grande parte da sociedade, ou seja, o

problema ambiental é compartilhado.

A partir de agora, a responsabilidade pelo gerenciamento e descarte final dos

resíduos sólidos, passa a ser compartilhada entre todos os atores de seu ciclo de

vida, desde os fabricantes, distribuidores, importadores e revendedores,

consumidores e administração pública.

A Politica Nacional de Resíduos Sólidos foi elaborada pelo governo brasileiro

com a expectativa de ser uma nova forma de lidar com o gigantesco problema dos

resíduos urbanos e exigirá mudanças de hábitos de todos os cidadãos, seja em

casa, na escola, no trabalho. A lei estabelece uma ordem de prioridades, em que

primeiro é necessário reduzir a geração de resíduos, se não for possível, devemos

reutilizá-los, e em ultimo caso reciclar o que não puder ser reutilizado.

2.5.1 Resíduos e Lixo

A diferenciação entre resíduo e lixo também é um tema complexo, podendo

apresentar várias definições que variam de acordo com o objetivo de quem o define.

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Page 29: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Ao tratarmos como “resíduos sólidos” ao invés de “lixo” já aponta uma

mudança de paradigma no modo de abordar este tema. Pois a palavra lixo, utilizada

anteriormente, aponta “a pobreza cultural e o desprezo que se tem dedicado ao

tema” conforme destaca (ANDRADE, 2008, apud FERNANDES, 2001, p. 01).

Teixeira e Bidone (1999, p.15), afirmam que: “...para definir lixo, ou resíduos

sólidos, encontra-se dificuldades, pois existem diversas formas e pontos de vista

para fazê-lo e, em geral, são definidos de acordo com a conveniência e preferência

de cada um”.

Calderoni (2003, p. 49), considera que: “...o conceito de lixo e de resíduo

pode variar conforme a época e o lugar. Depende de fatores jurídicos, econômicos,

ambientais, sociais e tecnológicos”. Para alguns, lixo está associado ao poder

público e o resíduo está associado ao setor industrial. O mesmo autor afirma que

“resíduo é um material que tem valor comercial, e lixo é um material descartado que

não tem valor comercial”.

Para Logarezzi (2004, p. 95):

A categoria dos resíduos é ampla e incluem os resíduos particulados dispersíveis, os gasosos, os líquidos, os esgotos etc, gerados nos mais diversos contextos, como domicílio, escola, comércio, indústria, hospital, serviços, construção civil, espaço público, meios de transporte, agricultura, pesca etc.

Logarezzi (2004, p. 222) também considera que, o que difere lixo de resíduo

são seus valores sociais, econômicos e ambientais, o autor entende que “resíduo é

aquilo que sobra de uma atividade qualquer, natural ou cultural”. O mesmo autor

cita que, “nas atividades humanas em geral, geramos resíduos (e não lixo)”, porém:

...ao ser descartado um resíduo pode ter seu status de resíduo (que contém valores sociais, econômicos e ambientais) preservado, ao longo do que pode ser chamada de rota dos resíduos, a qual geralmente envolve descarte e coleta seletivos, obedecendo aos 3’Rs que são reduzir, reutilizar e reciclar; caso contrário, um resíduo pode, por meio do descarte comum, virar lixo. (LOGAREZZI, 2004, p. 222).

Este mesmo autor entende ainda, que resíduos descartados como lixo,

“geralmente adquirem aspectos de inutilidade, sujidade, imundície, estorvo, risco

etc., envolvendo custos sociais, econômicos e ambientais para sua manipulação

primária (pelo gerador), sua destinação e confinamento” (LOGAREZZI, 2004, p. 223)

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Page 30: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Fadini e Fadini (2001, p. 09) afirmam que, chamamos ‘lixo’ a uma grande

diversidade de resíduos sólidos de diferentes procedências, dentre eles, o resíduo

sólido urbano gerado em nossas residências.

2.5.2 Resíduos Sólidos

A Lei Federal nº 12.305/10 (PNRS) define como rejeitos: resíduos sólidos que,

depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por

processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem

outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

A mesma Lei Federal nº 12.305/10 (PNRS), faz a definição de resíduos

sólidos como:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (PNRS 2010)

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da NBR 10.004

(2004), define resíduo sólido como:

Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: urbana, agrícola, radioativa e outros (perigosos e/ou tóxicos). Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT 2004).

A Lei Federal nº 12.305/10 (PNRS) em seu artigo 13, classifica os resíduos

sólidos:

I - quanto à origem:

a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em

residências urbanas;

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Page 31: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de

logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;

c) resíduos sólidos urbanos: resíduos domiciliares + resíduos de limpeza

urbana.

d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os

gerados nessas atividades, excetuados os resíduos de limpeza urbana, serviços

públicos de saneamento básico, serviços de saúde, da construção civil e de serviços

de transportes;

e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas

atividades, excetuados os resíduos sólidos urbanos;

f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações

industriais;

g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde,

conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do

Sisnama e do SNVS;

h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas,

reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da

preparação e escavação de terrenos para obras civis;

i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e

silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;

j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos,

terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;

k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou

beneficiamento de minérios;

II - quanto à periculosidade:

a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,

carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo

risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou

norma técnica;

b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea "a".

Parágrafo único. Respeitado o disposto no artigo 20, os resíduos de

estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, se caracterizados como não

31

Page 32: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou volume, ser

equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público municipal.

Assim, como a PNRS a ABNT também faz uma classificação dos riscos

potenciais dos resíduos ao meio ambiente e à saúde pública, dividindo-os em

perigosos, inertes e não inertes, apesar de algumas diferenças as duas

classificações são muito parecidas. Conforme a ABNT (NBR 10.004, 2004).

Classe I - Perigosos: são resíduos que apresentam uma ou mais

características, como: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou

patogenicidade;

Classe II - Não perigosos que se subdividem em:

Classe II A - Não inertes: são resíduos que podem apresentar propriedades

como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade na água;

Classe II B - Inertes: são rochas, vidros, certos plásticos e borrachas;

Para Monteiro et. al. (2001, p. 25) “resíduo sólido ou simplesmente "lixo" é

todo material sólido ou semi-sólido indesejável e que necessita ser removido por ter

sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a este

ato”. O mesmo autor entende ainda que:

...as características a serem apresentadas nos resíduos sólidos variam segundo alguns indicadores sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, as comunidades apresentam diferenças entre si que vão refletir na composição física dos resíduos, aumentando substancialmente as dificuldades nos processos de gestão dos mesmos. (MONTEIRO et. al. 2001, p. 25).

Já para LIMA-E-SILVA et al. (2002, p. 204-205), que através do Dicionário

Brasileiro de Ciências Ambientais, conceitua resíduo sólido como:

Todo e qualquer refugo, sobra ou detrito resultante da atividade humana, excetuando dejetos e outros materiais sólidos; pode estar em estado sólido ou semi-sólido. Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com sua natureza física (seco ou molhado), sua composição química (orgânico e inorgânico) e sua fonte geradora (domiciliar, industrial, hospitalar, etc.).

2.6 Gestão de Resíduos Sólidos

A gestão de resíduos sólidos é parte importante da administração pública,

pois reflete diretamente sobre a saúde da população, e a preservação dos recursos

32

Page 33: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

naturais, especialmente do solo e dos recursos hídricos, além de da questão social,

pois interfere na camada da população que tem os resíduos sólidos como um meio

de sobrevivência.

Dados do IBGE (2010), da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB

(2008) apontam que os serviços de manejo dos resíduos sólidos compreendem a

coleta, a limpeza pública, bem como a destinação final desses resíduos, e exercem

um forte impacto no orçamento das administrações municipais, podendo atingir 20%

dos gastos da municipalidade.

Além do alto custo financeiro, o tratamento dos resíduos sólidos torna-se cada

vez mais difícil, pois à medida que eles crescem em quantidade (posto que cada vez

se produz, consome e descarta mais, incentivado pelo modelo econômico de

desenvolvimento adotado), como também em complexidade, (devido a sua

composição cada vez mais poluente), tornando o ambiente cada vez mais

fragilizado.

A gestão de resíduos sólidos no Brasil fica a cargo das prefeituras na maioria

dos municípios, conforme mostra o Quadro 1, abaixo.

Quadro 1: Gestão de resíduos sólidos dos municípios brasileiros.

Exclusivamente pelas Prefeituras 88%

Prefeituras + empresas privadas 11%

Exclusivamente por empresas Pouco mais de 1%

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados PNSB (2008).

Outro problema enfrentado pelos gestores e que torna ainda mais difícil o

gerenciamento dos resíduos sólidos é a distribuição concentrada da sociedade

brasileira, que se aglomera nos centros urbanos-industriais, e na sua grande

maioria, em periferias, morros e fundos de vales.

Segundo o IBGE (2010), o total de municípios brasileiros no ano de 2010, era

de 5.565, com uma população de 190.755.799 habitantes. Deste total, 84,36% se

concentravam nos centros urbanos, conforme se observa no Quadro 2.

Quadro 2: População urbana e rural no Brasil (2010)População urbana 160.925.792 84,36%

População rural 29.830.007 15,64%

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados IBGE (2010)

33

Page 34: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Diante da complexidade alcançada pelo tema em questão, e da falta de uma

orientação que ordenasse os planejamentos e investimentos públicos e privados na

gestão dos resíduos sólidos, tornando as medidas gerenciadoras imediatistas e

muitas vezes adotadas através de intervenções jurídicas, o sistema de gestão dos

resíduos sólidos enfrenta momentos de uma grave crise, pois os órgãos jurídicos e

ambientais, assim como a sociedade não toleraram mais o descaso na destinação

destes resíduos, dispostos na sua grande maioria de maneira inadequada aos

padrões mínimos sanitários e ambientais.

Com este cenário, se tornou imprescindível à presença de uma lei que

normatizasse a gestão dos resíduos sólidos urbanos. Por este motivo destacamos a

importância da Lei Federal nº 12.305/10 (PNRS), no ordenamento desta questão tão

relevante para o país, pois nas suas Disposições Gerais, como por exemplo, em seu

artigo 4o:

A Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos.

Dentre os pontos mais importantes da lei, destacamos a determinação para

que todos os entes da federação elaborem seus Planos de Gestão de Resíduos

Sólidos.

2.7 Planos de Gestão de Resíduos Sólidos

O artigo 12 da PNRS obriga que a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios forneçam todas as informações necessárias sobre os resíduos sob sua

esfera de competência, para que se possa realizar um diagnóstico completo sobre a

situação dos resíduos sólidos no Brasil. “Artigo 12. A União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios organizarão e manterão, de forma conjunta, o Sistema

Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir), articulado

com o Sinisa e o Sinima”.

34

Page 35: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

A lei também estabelece através do artigo 15 e do artigo 17, respectivamente,

que a União elabore o Plano Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos e os Estados

elaborem o Plano Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos, ambos com vigência por

prazo indeterminado e horizonte de 20 anos, e que deve ser atualizado a cada 4

anos.

Os planos deverão conter o diagnóstico atual da situação dos resíduos

sólidos, a proposição de cenários, metas de redução, reutilização, reciclagem, de

aproveitamento energético dos gases gerados pelos resíduos sólidos, metas para a

eliminação e recuperação de lixões, para a inclusão social e à emancipação

econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis, além de programas,

projetos, ações e medidas para incentivar e viabilizar a gestão regionalizada dos

resíduos sólidos, diretrizes para o planejamento e demais atividades de gestão de

resíduos sólidos, entre outros.

Com relação ao Distrito Federal e os Municípios, a PNRS, através do seu

artigo 18, também os condiciona a elaborarem o seu Plano de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos para terem acesso a recursos da União destinados a serviços

relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, entre outros.

Assim como o artigo 10, que obriga os municípios e o Distrito Federal a

realizarem a gestão integrada e gerenciamento dos resíduos sólidos da sua esfera

de competência. A lei determina que todos os municípios brasileiros e o Distrito

Federal deverão elaborar um plano de gestão integrada de resíduos sólidos, o qual

possibilite diagnosticar a situação dos resíduos sólidos gerados no respectivo

território, tomando conhecimento da sua origem e volume, com a devida

caracterização dos resíduos e das formas de destinação e disposição final, a serem

adotadas pelas administrações públicas.

A PNRS prevê também, que este plano considere sempre as dimensões

política, econômica, ambiental, cultural e social, e que a partir do controle social,

busque promover o desenvolvimento sustentável da sua comunidade.

Este plano deverá contemplar ainda, a utilização racional dos recursos

ambientais, e o combate a todas as formas de desperdício e à minimização da

geração de resíduos sólidos.

Os municípios e o Distrito Federal, somente poderão ser dispensados da

elaboração do plano de gestão integrada de resíduos sólidos, se optarem por

participar de consórcios intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos, ficando

35

Page 36: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

obrigados, deste modo, a participarem do plano intermunicipal de gestão dos

resíduos sólidos.

2.8 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

O gerenciamento de resíduos sólidos é compreendido como o conjunto de

ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte,

transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos

sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com

plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma da Lei Nº 12.305

(PNRS).

Segundo Monteiro et. al. (2001), Gerenciamento Integrado de Resíduos

Sólidos Urbanos, é em síntese:

...o envolvimento de diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo, elevando assim a qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade, levando em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos – para a eles ser dado tratamento diferenciado e disposição final técnica e ambientalmente corretas –, as características sociais, culturais e econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais (MONTEIRO et. al., 2001, p. 08).

Neste sentido, o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos é um

documento indispensável ao processo de gestão ambiental, apontando e

descrevendo as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, contemplando os

aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta,

armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como, a proteção à

saúde pública.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos é exigido aos geradores de

resíduos sólidos de natureza física ou jurídica e estão sujeitos à elaboração de plano

de gerenciamento de resíduos sólidos: os geradores de resíduos sólidos dos

serviços públicos de saneamento básico, resíduos industriais, resíduos de serviços

de saúde e resíduos de mineração. Além dos estabelecimentos comerciais e de

prestação de serviços que gerem resíduos perigosos, ou gerem resíduos que,

mesmo caracterizados como não perigosos, por sua natureza, composição ou

36

Page 37: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

volume, não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder público

municipal;

Além das empresas de construção civil, os responsáveis pelos terminais e

outras instalações, inclusive empresas de transporte geradoras de resíduos de

serviços de transportes, ou ainda os responsáveis por atividades agrossilvopastoris.

Segundo o guia de orientação para adequação à Política Nacional de

Resíduos Sólidos (PNRS) as etapas de execução dos serviços de limpeza urbana,

coleta e transporte dos resíduos, tratamento e disposição final e as tecnologias

existentes para cada fase do gerenciamento de resíduos sólidos serão

determinantes na escolha do modelo operacional a ser implantado (Fig. 1).

Figura 1: Fases do gerenciamento de resíduos sólidos nos municípios.Fonte: PricewaterhouseCoopers (PwC Brasil, 2011)

2.9 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos

O gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos exige o envolvimento dos

diferentes órgãos da administração pública e da sociedade civil, com a finalidade de

realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final dos resíduos, a

fim de melhorar a qualidade de vida da população e manter a cidade limpa.

37

Page 38: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Levando em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos de resíduos – para a eles ser dado tratamento diferenciado e disposição final técnica e ambientalmente corretas –, as características sociais, culturais e econômicas dos cidadãos e as peculiaridades demográficas, climáticas e urbanísticas locais (MONTEIRO et. al. 2001, p. 08).

O primeiro ponto em que se deve investir quando se trata de resíduos

sólidos é a não geração, pois é a técnica de menor custo social, ambiental e

econômico, sendo a única maneira de se causar impacto “zero”, pois todas as outras

formas de gestão de resíduos sólidos causará algum tipo de impacto. Não sendo

possível não gerar os resíduos, pois tudo que a sociedade produz, consome e

descarta, gera algum tipo de resíduo, então a melhor alternativa é a de reduzir a sua

geração.

Segundo Teixeira e Bidone (1999, p.16): “...a redução na fonte e/ou origem é

a redução de resíduos devido a sua geração. Sua realização pode ser através de

alterações de hábitos, processos e/ou materiais, ou ainda, através de opções ao

adquiri produtos”.

A própria Lei Federal nº 12.305/10 (PNRS) adverte que na gestão e

gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de

prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos

sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

O artigo 42 da referida lei, em seu inciso I, ordena que o poder público

poderá instituir medidas indutoras e linhas de financiamento para atender,

prioritariamente, às iniciativas de prevenção e redução da geração de resíduos

sólidos no processo produtivo.

Nesse contexto, incumbe ao Distrito Federal e aos municípios a gestão

integrada dos resíduos sólidos gerados nos respectivos territórios, sem prejuízo das

competências de controle e fiscalização dos órgãos federais e estaduais.

O gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos se divide em quatro etapas

principais, que vão desde a geração dos resíduos, passando pela coleta e

transporte, pelos processos de tratamento e termina com a destinação final. Todas

estas etapas devem ser planejadas para que tenham a maior eficiência possível

social, econômica e ambiental.

Cada uma destas etapas depende das demais para obter maior eficiência,

como por exemplo, os processos de tratamento dos resíduos serão muito mais

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Page 39: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

eficazes se nas etapas anteriores os responsáveis pela geração segregarem

corretamente seus resíduos e a coleta e transporte forem realizados de maneira

seletiva, encaminhando cada um dos resíduos para o tipo de tratamento específico

daquele material.

É necessário acrescentar que a destinação final não cessa o

gerenciamento dos resíduos sólidos, pois estes ainda necessitam de uma série de

cuidados mesmo após a sua disposição em aterro sanitário, que vão desde a

produção de gases e chorume até ao tempo que estes materiais permanecerão

impactando o meio ambiente.

2.9.1 Geração dos resíduos sólidos urbanos

Como dissemos anteriormente, esta pesquisa considera como resíduos

sólidos urbanos aqueles resíduos oriundos de atividades domésticas, gerados nas

residências urbanas, juntamente com os resíduos da limpeza urbana.

O crescimento da população do planeta que vem ocorrendo rapidamente, pois

em apenas 25 anos, crescemos dois bilhões. Esse aumento populacional somado

ao atual modelo econômico de incentivo a produção e ao consumo de bens e

serviços, acaba incentivando também a geração cada vez maior de resíduos sólidos.

Sabemos que não há maneira de não se gerar resíduos sólidos nos dias

atuais, ainda mais com o modo de vida que levamos, nos aglomerados dos centros

urbanos em especial.

Como afirma Godecke et. al. (2012, p.1700):

Um maior contingente populacional e a concentração em áreas urbanas resultam em ampliação na utilização dos serviços ecossistêmicos, cuja depleção ocorre tanto pela utilização para a produção e consumo, como pelos danos decorrentes do retorno dos resíduos à natureza, após sua utilização pelo homem. (...) Aspectos econômicos e culturais se associam à questão demográfica para acelerar o ritmo da deterioração dos recursos ambientais. A quantidade de resíduos sólidos produzidos pelas populações guarda relação não só com o nível de riqueza, refletido na capacidade econômica para consumir, mas também com os valores e hábitos de vida, determinantes do grau de disposição para a realização do consumo. (GODECKE, et. al. 2012, p.1701).

A geração dos resíduos sólidos é influenciada pelo número de habitantes,

área da produção, condições climáticas, pelos hábitos e costumes da população,

39

Page 40: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

nível educacional, poder aquisitivo entre outros. Teixeira e Bidone (1999, p.16)

explicam que:

...ainda influenciam também na geração de resíduos: clima, geografia, condições socioeconômicas, características de sexo e idade dos grupos populacionais além do tipo de controle exercido no sistema pelo órgão responsável pelos resíduos.

Como vimos, a geração de resíduos depende de vários fatores que vão desde

o cultural, o nível e hábito de consumo, a renda e os padrões de vida das

populações, e até mesmo de fatores climáticos.

No caso do Brasil o volume de resíduos sólidos urbanos gerados em 2010

pela população é 6,8% superior ao registrado em 2009. Foram quase 61 milhões de

toneladas de resíduos sólidos urbanos produzidos em doze meses e, o aumento

populacional no país não é desculpa para esse crescimento: o estudo mostrou que a

geração de resíduos aumentou seis vezes mais do que a população em 2010, o que

significa que, neste ano, cada brasileiro produziu sozinho, uma média de 378 kg de

resíduos sólidos, ou seja, mais de 1 kg por brasileiro por dia. (ABRELPE, 2010).

O mais grave é que deste montante, cerca de 30 milhões de toneladas de

resíduos sólidos foram descartadas diretamente no meio ambiente ou tiveram

destinação inadequada, pela disposição em aterros precários ou vazadouros a céu

aberto. Somente no estado do Rio Grande do Sul (RS) aproximadamente 30% dos

resíduos sólidos urbanos coletados ainda apresentaram destinações inadequadas

(ABRELPE, 2010).

Analisando o período de dez anos entre 2000 e 2010, a geração de resíduos

sólidos no Brasil cresceu 7 vezes e meia em relação ao crescimento da população.

Enquanto a população brasileira cresceu 12%, a geração de resíduos sólidos no

mesmo período, cresceu 90% segundo o IBGE (2010).

Isto se deve ao aumento do consumo desta população, influenciado pelo

crescimento da renda dos trabalhadores, bem como pelas políticas públicas do

governo e de incentivo a produção e o consumo para favorecer o crescimento

econômico do país.

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e

Resíduos Especiais - ABRELPE, a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil

40

Page 41: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

registrou um crescimento de 1,8%, de 2010 para 2011, enquanto a geração per

capita cresceu 0,8% no mesmo período (ABRELPE, 2011).

Este aumento segue a tendência que vem sendo observada nos anos

anteriores, porém em ritmo menor, conforme demonstra o Quadro 3.

Quadro 3: Geração em toneladas/ano de resíduos sólidos urbanos e o seu crescimento percentual no Brasil (2008 - 2011).

Ano 2008 2009 2010 2011

Toneladas 52.933.296 57.011.136 60.868.080 61.936.368

Crescimento (%) 0,6 7,7 6,8 1,8

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de pesquisas ABRELPE (2008 a 2011).

A geração per capta de resíduos sólidos urbanos no Brasil também tem

demonstrado crescimento nos últimos anos, apesar de em 2008, ter tido uma leve

queda, se analisarmos o Quadro 4, veremos que de 2008 a 2011, teve um aumento

de 12%.

Quadro 4: Geração per capta de resíduos sólidos urbanos no Brasil (kg/hab/ano).Ano 2008 2009 2010 2011

Kg/habitante 337,0 359,4 378,4 381,6

Crescimento (%) -1,0 6,6 5,3 0,8

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de pesquisas ABRELPE (2008 a 2011).

Enfim, a geração de resíduos sólidos urbanos tem atingindo patamares

insustentáveis, o que combinada com a inadequação do seu destino final, vêm

contribuindo em larga escala para a degradação do meio ambiente, reduzindo a

biodiversidade e resultando na perda da qualidade ambiental do planeta.

Outra alternativa para diminuir este nível de produção de resíduos sólidos

urbanos que atingimos é o incentivo a reutilização de materiais, posto que o simples

reaproveitamento do material que seria descartado, impede que o mesmo vá para o

lixo.

O artigo 32 da PNRS estabelece que as embalagens devam ser fabricadas

com materiais que propiciem a reutilização ou a reciclagem. Mas que a reciclagem

só deve ocorrer quando não for possível a reutilização dos materiais.

41

Page 42: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Segundo o glossário ICLEI, reutilização é processo de aproveitamento dos

resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química.

Teixeira e Bidone (1999, p.16) afirmam que:

A reutilização consiste no aproveitamento do material nas condições em que é descartado, submetendo-o a pouco ou nenhum tratamento, exigindo apenas operações de limpeza, colocação de etiquetas, entre outras, como é o caso de reutilização de caixas, tambores e garrafas de vidro.

Existem casos em que não é possível a reutilização das embalagens por

diversos motivos, entre eles, o fato do produto contido na embalagem seja tóxico,

como o caso dos agrotóxicos, por exemplo.

Em relação aos resíduos da limpeza urbana, como o próprio nome já diz, são

os resíduos oriundos dos serviços de limpeza urbana realizado pela administração

pública, como a varrição de ruas, a capina, entre outras. Em pequenos municípios

geralmente não tem grande volume, ao contrário de grandes municípios.

Monteiro et. al. (2001, p. 3), contribui dizendo que: “...apenas os municípios

maiores mantêm serviços regulares de varrição em toda a zona urbanizada, com

frequências e roteiros predeterminados”.

O mesmo autor diz que, “...nos demais municípios esse serviço fica restrito à

varrição apenas das ruas pavimentadas ou dos setores de comércio da cidade”,

além da ação de equipes de trabalhadores em roteiros determinados “executando

serviços de raspagem, capina, roçagem e varrição dos demais logradouros

públicos”. (MONTEIRO et. al. 2001, p. 3).

2.9.2 Coleta e transporte de resíduos sólidos urbanos

A coleta e o transporte dos resíduos sólidos urbanos são peças fundamentais

para a qualidade do serviço de limpeza urbana. Este serviço é de responsabilidade

do município e na sua grande maioria, é realizado somente pela prefeitura, apesar

de em alguns municípios, geralmente nos grandes, haver uma parceria com

empresas privadas para a realização do serviço.

Durante este processo, o usuário é responsável pela parte interna da coleta,

ou seja, anterior a ela, acondicionando e armazenando os resíduos de maneira

42

Page 43: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

correta, em função da quantidade, da composição dos resíduos gerados e da

frequência de coleta. Segundo Angelis Neto (2006), cabe ao poder público apenas

“definir de padrões, tipos ou métodos de acondicionamento e realizar a devida

fiscalização na fase externa, dinâmica, e com roteiro elaborado”. (ANGELIS NETO

et. al. 2006, p. 90).

Segundo Monteiro et. al. (2001, p. 45), “...acondicionar os resíduos sólidos,

significa prepará-los para a coleta de forma sanitariamente adequada, como ainda

compatível com tipo e a quantidade de resíduos”.

Monteiro et. al. (2001), entende que “a coleta do lixo é o segmento que mais

se desenvolveu dentro do sistema de limpeza urbana e o que apresenta maior

abrangência de atendimento junto à população”, ao mesmo tempo em que é a

atividade do sistema que demanda maior percentual de recursos por parte da

municipalidade. (MONTEIRO et. al. 2001, p. 3).

Apesar do esforço dispensado por algumas prefeituras, a maioria dos

municípios ainda realiza a coleta de modo tradicional, ou seja, todos os resíduos são

transportados misturados, dificultando o aproveitamento destes resíduos, pois os

tornam sujos e com mau cheiro e assim, passam a ser considerados rejeitos.

Teixeira e Bidone (1999, p.18), apresentam na sequência, como pode ser

compreendido o sistema de coleta dos resíduos sólidos urbanos. Assim, esta coleta

pode ser comum ou tradicional (quando coleta todos os resíduos misturados),

diferenciada (quando separa os resíduos segundo sua fonte geradora: doméstico,

industrial, serviços de saúde, entulhos, entre outras) e seletiva (quando separa

segundo o tipo de resíduos: papel, plástico, vidro, matéria orgânica, metais e

diversos ou reciclável, descartável e perigosos, por exemplo).

De acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (2011, p. 11), a coleta

seletiva de materiais recicláveis, entre 2000 e 2008 aumentou cerca de 120% no

número de municípios que desenvolvem tais programas, sendo que, a maioria está

localizada nas regiões Sul e Sudeste, ainda não ultrapassando 18% dos municípios

brasileiros.

A coleta seletiva pode ser realizada de três maneiras, de porta em porta, com

postos de entrega voluntária, ou ainda, através das cooperativas de reciclagem, esta

última pode se dar de maneira formal ou informal.

Um dos maiores entraves da coleta seletiva no Brasil é o seu custo de

operação, pois segundo CEMPRE (2012, p.9), a coleta seletiva tem um custo médio

43

Page 44: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

de R$ 424,00 por tonelada, enquanto o valor médio da coleta tradicional de resíduos

sólidos é de R$ 95,00 por tonelada. Percebemos que o custo da coleta seletiva no

país, ainda está 4,5 vezes maior que o custo da coleta convencional, porém, este

custo vem caindo ao longo dos anos.

De acordo com a Política de Resíduos Sólidos, terão prioridade no acesso

aos recursos do governo federal “os municípios que implantarem o serviço de coleta

seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de

catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis”. Estes recursos são fundamentais

para a maioria dos municípios brasileiros que dependem dele para gerenciar o

serviço municipal de coleta e tratamento de resíduos sólidos.

A implantação de um programa de coleta seletiva é com certeza peça

fundamental de estruturação do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. É a

partir da coleta seletiva destes materiais, desde que previamente segregados pelos

geradores, que se podem destinar os resíduos reutilizáveis e recicláveis para as

cooperativas de triagem e reciclagem, facilitando os processos de tratamento dos

resíduos sólidos.

2.9.3 Processos de tratamento dos resíduos sólidos urbanos

Segundo a Resolução Nº5 do Conselho Nacional do Meio Ambiente -

CONAMA, (1993), o sistema de tratamento de resíduos sólidos são um conjunto de

unidades, processos e procedimentos que alteram as características físicas,

químicas ou biológicas dos resíduos e conduzem à minimização do risco à saúde

pública e à qualidade do meio ambiente.

Monteiro et. al. (2001, p. 119) define tratamento dos resíduos sólidos “como

uma série de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o potencial

poluidor”, evitando assim, o seu descarte em locais inadequados ou os

transformando em materiais não poluentes.

Nesse contexto, para realizar o tratamento correto dos resíduos sólidos

urbanos é preciso, primeiramente, conhecer as suas características, sendo que a

44

Page 45: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

análise pode ser realizada segundo suas propriedades físicas, químicas e

biológicas.

Os dois métodos mais utilizados no planejamento dos resíduos sólidos são a

geração per capta e a composição gravimétrica. O primeiro é indispensável para

poder projetar as quantidades de resíduos a coletar e a dispor, enquanto o segundo

é um método muito utilizado para conhecer as características dos resíduos sólidos

urbanos, consistindo eu um diagnóstico completo da quantidade e composição dos

materiais, indicando a possibilidade de aproveitamento das frações recicláveis e da

matéria orgânica existentes nos resíduos.

É através da composição gravimétrica que se pode saber qual a quantidade

de resíduos orgânicos, recicláveis e não recicláveis que compõem os resíduos

gerados no município.

Por isso, se torna indispensável conhecer as características gravimétricas dos

resíduos sólidos, para a partir daí, estudar os métodos de tratamento a serem

empregados para os resíduos sólidos coletados, compostagem, reciclagem e

incineração, por exemplo.

De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, produzido pela a

ABRELPE (2011, p.32), na composição gravimétrica média dos resíduos sólidos

urbanos coletados no Brasil, permite visualizar de um modo geral, que mais de 50%

é formada por resíduos orgânicos, como podemos observar no Quadro 5.

Quadro 5: Composição Gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos no Brasil.

Materiais Porcentagem

Orgânicos 51,4

Recicláveis 31,9

Outros 16,7

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da pesquisa ABRELPE (2011)

Esta composição, porém, varia bastante de uma região para outra, pois está

relacionada com características culturais de cada local, por exemplo, quanto maior a

renda per capta, menor o percentual de resíduos orgânicos.

Monteiro et. al. (2001 p. 33), afirma que “...as características do lixo podem

variar em função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e

climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as comunidades

45

Page 46: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

entre si e as próprias cidades”. O autor explica que existem alguns fatores que

influenciam as características dos resíduos sólidos como os fatores climáticos

(chuvas, temperatura, estação do ano, etc.), épocas especiais (férias, feriados, etc.),

fatore demográficos (população urbana ou rural) e fatores socioeconômicos (nível

cultural, educacional, poder aquisitivo e etc.).

Andrade (2008) também destaca que, o índice de desenvolvimento local influi

na característica dos resíduos sólidos produzidos, dizendo que:

Quanto maior é o desenvolvimento de uma região, aquele desenvolvimento realizado e almejado nos moldes do capitalismo, maior será a concentração de plásticos e papéis nos resíduos sólidos em relação à matéria orgânica, mais presente, por sua vez, em regiões menos desenvolvidas. Isso é devido ao estilo de vida típico das sociedades que vivem a globalização, fundadas a partir de um maior consumo de produtos industrializados. (ANDRADE 2008, p. 86).

Os processos de tratamento dos resíduos sólidos urbanos evoluíram muito

nos últimos anos com o auxílio de novas tecnologias e técnicas, as quais

possibilitam o aproveitamento dos materiais com uma maior eficiência. Dentre eles

destacam-se a compostagem, a reciclagem e a incineração.

2.9.4 Processo de Compostagem

A compostagem é arte de transformar resíduos e rejeitos em adubo, aquilo

que geraria elevados custos econômicos, sociais e ambientais, pode ser

transformado em fomento a vida, em adubo para as plantas. Como destacam

Teixeira e Bidone (1999, p. 18): “A arte de fazer compostos orgânicos do lixo, é um

método para decomposição do material orgânico putrescível existente no lixo, sob

condições adequadas, de forma a se obter um composto orgânico (húmus) para

utilização na agricultura”.

Se levarmos em conta que mais da metade dos resíduos sólidos urbanos

brasileiros são formados por materiais orgânicos, em torno de 51,4%, chegaremos à

conclusão de que, a compostagem é um processo de tratamento que deve receber

especial atenção pelos responsáveis pelo gerenciamento dos resíduos sólidos

urbanos, pois é uma maneira simples, barata e que pode ser realizada pelos

próprios funcionários da prefeitura ou órgão responsável pelos resíduos sólidos

urbanos.

46

Page 47: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Somando a compostagem ao processo de reciclagem dos resíduos passíveis

destes tratamentos, reduziria em mais de 80% o volume de resíduos sólidos

enviados para os locais de disposição final, o que geraria uma grande economia de

recursos financeiros, além de prolongar a vida útil destes locais.

Monteiro et. al. (2001, p. 124) define compostagem como sendo o “processo

natural de decomposição biológica de materiais orgânicos (aqueles que possuem

carbono em sua estrutura), de origem animal e vegetal, pela ação de

microrganismos”. Segundo o autor para que a compostagem ocorra não é

necessário à adição de qualquer componente físico ou químico à massa dos

resíduos.

A compostagem pode ocorrer de duas maneiras, a aeróbia, necessitando da

presença de oxigênio no processo de decomposição ou anaeróbia, a qual não há a

presença de oxigênio no processo.

Monteiro et. al. (2001, p. 124), explica que durante a compostagem anaeróbia

“a decomposição é realizada por microrganismos que podem viver em ambientes

sem a presença de oxigênio”. Este processo ocorre somente em condições ideais de

baixas temperaturas, e acaba exalando mau cheiro, além de ter um processo de

decomposição estabilizado.

O mesmo autor ainda afirma que a compostagem aeróbia, é mais indicada

para a decomposição da matéria orgânica contida nos resíduos sólidos urbanos,

sendo que este método “é realizado por microrganismos que só vivem na presença

de oxigênio. A temperatura pode chegar a até 70ºC, os odores emanados não são

agressivos e a decomposição é mais veloz”. (MONTEIRO et. al. 2001, p. 124).

O resultado do processo de compostagem aeróbia é o húmus, produto

orgânico utilizado na agricultura, especialmente na agroecológica, porque possui um

potencial para a fertilização dos solos, pois melhora suas características físicas,

principalmente em solos com baixo teor de material orgânico.

Monteiro et. al. (2001, p. 120), ainda argumenta que “uma instalação de

compostagem só deve ser implantada se estudos técnicos e econômicos assim o

indicarem, levando em conta a disponibilidade de área para aterros, mercado para o

composto, custo da instalação etc”. Como sempre acontece, o lado econômico é

quem realmente determina a viabilidade do tratamento.

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Page 48: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

2.9.5 Processo de Reciclagem

Reciclar é produzir um novo produto com o aproveitamento de materiais já

utilizados, ou seja, a reciclagem é o processo que utiliza resíduos inorgânicos secos,

aqueles que podem ser encaminhados novamente ao processo produtivo, composto

por papéis, metais, vidros e plásticos, entre outros, que são novamente

transformados em produtos comercializáveis no mercado de consumo.

Segundo Monteiro et. al. (2001, p.120) “denomina-se reciclagem a separação

de materiais do lixo domiciliar, tais como papéis, plásticos, vidros e metais, com a

finalidade de trazê-los de volta à indústria para serem beneficiados”.

O processo de reciclagem agrega valores sociais, econômicos e ambientais

aos resíduos sólidos urbanos, pois além de gerar oportunidades sociais para os

catadores destes materiais, fornecendo-lhes trabalho e renda a partir dos materiais

reciclados, que incrementarão a economia local com o aumento do consumo e a

geração de tributos adicionais ao município, ainda trarão enormes benefícios ao

meio ambiente pela diminuição no volume de materiais a serem rejeitados.

Por isto, é considerada uma das fases essenciais no gerenciamento integrado

de resíduos sólidos urbanos, reduzindo o volume de resíduos a serem depositados

nos aterros, e dando-lhes status de matéria-prima para a fabricação de novos bens e

produtos, com o objetivo de economizar recursos e energia, por exemplo.

Monteiro et. al.(2001, p.113) aponta que “entre as alternativas para tratamento

ou redução dos resíduos sólidos urbanos, a reciclagem é aquela que desperta o

maior interesse na população, principalmente por seu forte apelo ambiental”. Ainda

segundo o autor, os principais benefícios ambientais da reciclagem são “a economia

de matérias-primas não-renováveis, a economia de energia nos processos

produtivos e o aumento da vida útil dos aterros sanitários”.

Conforme destaca Logarezzi (2004), um resíduo ao ser descartado, somente

manterá seu status de resíduo preservado, se forem respeitados seus valores

sociais, econômicos e ambientais no momento do descarte e coleta, que para tal,

deverão ser seletivos, ao longo do que o autor chama de rota dos resíduos, que

sempre deverão obedecer aos 3’Rs (reduzir, reutilizar e reciclar), “caso contrário, um

resíduo pode, por meio do descarte comum, virar lixo”. (LOGAREZZI 2004, p. 223)

Monteiro et. al. (2001, p. 120) ainda destaca que a reciclagem propicia uma

série de vantagens ambientais e socioeconômicas, as quais o autor cita:

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Page 49: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Preservação de recursos naturais;

Economia de energia;

Economia de transporte (pela redução de material que demanda o aterro);

Geração de emprego e renda;

Conscientização da população para as questões ambientais.

Porém, ainda segundo Monteiro et. al. (2001, p. 113): “O grande desafio para

implantação de programas de reciclagem é buscar um modelo que permita a sua

auto-sustentabilidade econômica”, pois geralmente, acaba necessitando de

subsídios do poder público como ocorre em países desenvolvidos, tornando difícil

sua aplicação em países em desenvolvimento.

Uma das saídas seria investir nas cooperativas de catadores, como acontece

em alguns municípios que estão conseguindo agregar o fator social aos seus

programas de reciclagem, formando cooperativas de catadores para atuarem na

separação de materiais recicláveis existentes em seus resíduos sólidos.

Algumas das principais vantagens da utilização de cooperativas de catadores

são: geração de emprego e renda para pessoas necessitadas, redução das

despesas com a coleta e reciclagem, diminuição no volume de materiais a serem

depositados em aterros, entre outras.

Em contrapartida, a prefeitura deve investir na infraestrutura da cooperativa

como na formação dos trabalhadores, oferecendo-lhes cursos de alfabetização e

formação profissional, além da aquisição de galpões de reciclagem, prensas,

uniformes, equipamentos de proteção e etc., de modo a melhorar as condições de

vida e trabalho dos cooperados e permitir a valorização final dos seus produtos

comercializados no mercado de recicláveis.

Monteiro et. al. (2001, p. 130), alerta que as receitas diretas das usinas de

reciclagem ou de compostagem, aquelas advindas da venda dos seus produtos,

dificilmente cobrirão o seu custo de operação, não devendo estas serem encaradas

sob um ponto de vista estritamente comercial. Porém, a realidade é outra quando

analisamos os benefícios sociais, sanitários e ambientais “se mostra altamente

favorável quando se ponderam as receitas indiretas, ambientais e sociais com

potencial expressivo de retorno político”. (MONTEIRO et. al. 2001, p. 130).

Tanto as usinas de reciclagem, como as de compostagem dependem da

elaboração de um estudo de viabilidade econômica para sua implantação e

operação, pois necessitarão de verbas para aquisição do terreno, máquinas e

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Page 50: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

equipamentos, licenciamentos ambientais, além das despesas de mão-de-obra para

os diversos setores das cooperativas e outras despesas de manutenção.

Também devem ser considerados os diversos benefícios da implantação

dessas usinas que vão desde a geração de emprego e renda para os catadores de

materiais recicláveis, conscientização ambiental da população, a redução do volume

de resíduos nos aterros, economia de recursos naturais e energia, entre outros.

2.9.6 Processo de Incineração

A incineração é uma técnica que visa reduzir o peso e o volume dos resíduos

sólidos a serem depositados nos aterros, através de uma combustão controlada.

Este é um método de tratamento realizado em fornos especiais, com a mistura de

altas temperaturas e a introdução de oxigênio para combustão dos resíduos.

Como afirma Prigol (2010, p. 28), “A incineração é um processo de redução

de peso (em até 70%) e de volume (em até 90%) do lixo através de combustão

controlada, de 800 a 1.000 o C, visando a disposição final”. Ainda segundo o autor,

“esta é uma alternativa indicada para o caso de grande quantidade de resíduos

sépticos e/ou perigosos ou quando se têm grandes distâncias a serem percorridas

entre a coleta e disposição final”.

Monteiro et. al. (2001, p. 140), também contribui dizendo que:

A incineração é um processo de queima, na presença de excesso de oxigênio, no qual os materiais à base de carbono são decompostos, desprendendo calor e gerando um resíduo de cinzas. Normalmente, o excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10 a 25% acima das necessidades de queima dos resíduos.

O autor chama a atenção ainda para outra questão, que existem poucas

usinas de incineração, as quais são utilizadas exclusivamente para incineração de

resíduos de serviços de saúde e de aeroportos. Estas por sua vez, não atendem aos

requisitos mínimos ambientais da legislação brasileira.

Teixeira e Bidone (1999, p.19), destacam ainda que para a “...incineração do

lixo, compostos orgânicos são reduzidos a seus constituintes minerais,

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Page 51: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

principalmente, dióxido de carbono gasoso e vapor d’água e a sólidos inorgânicos

(cinzas)”. É um processo de redução de peso e volume destes resíduos por meio de

combustão controlada, sendo possível muitas vezes gerar energia com os gases

resultantes deste processo.

2.9.7 Destinação final

A destinação final dos resíduos sólidos deve ser um método empregado

depois de esgotadas todas às alternativas de aproveitamento destes materiais,

sendo enviados para estes locais, apenas os rejeitos que sobram neste processo.

De acordo com Monteiro et. al. (2001, p. 3), no Manual de Gerenciamento

Integrado de resíduos sólidos:

O problema da disposição final assume uma magnitude alarmante. Considerando apenas os resíduos urbanos e públicos, o que se percebe é uma ação generalizada das administrações públicas locais ao longo dos anos em apenas afastar das zonas urbanas o lixo coletado, depositando-o por vezes, em locais absolutamente inadequados, como encostas florestadas, manguezais, rios, baías e vales.

Para a destinação deve se procurar as alternativas mais adequadas no

âmbito ambiental e social, mesmo que não exista nenhum método de destinação

que não gere impactos negativos ao meio ambiente, é necessário que se adote

aqueles que gerem os menores impactos possíveis.

Logarezzi (2004, p. 227), afirma que:

Gestores ambientalmente responsáveis não devem considerar o confinamento ou a segregação como etapa final do processo e, sobretudo como superação do problema dos resíduos, pois, mesmo após esses procedimentos, os resíduos continuam lá e representam ainda importante potencial de problemas.

Para a PNRS disposição final ambientalmente adequada é aquela que

classifica os rejeitos em aterros, seguindo uma série de normas operacionais

específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a

minimizar os impactos ambientais adversos.

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Page 52: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Quanto à disposição final de resíduos sólidos, as formas atualmente mais

comuns são: Vazadouro a céu aberto ou lixão, aterro controlado e aterro sanitário.

Vazadouro a céu aberto ou lixão é o local de descarga de qualquer tipo de

resíduo ou rejeito a céu aberto e sem qualquer tipo de medida de proteção ao meio

ambiente e a saúde pública. É uma forma totalmente inadequada de disposição de

resíduos sólidos, pois não obedece nenhum critério técnico, o que faz com que seu

custo seja aparentemente mais baixo. Porém, a utilização deste método se torna

muito nocivo ao meio ambiente e a saúde pública.

Aterro controlado é o local de descarga de resíduos que minimiza alguns

impactos ambientais, pois os resíduos após serem depositados, são cobertos com

material inerte, porém, sem a impermeabilização do solo, de tratamento do chorume

ou tratamento de gás. Também se torna inadequado, pois os resíduos são

despejados em bruto sobre o solo, sendo que ao final do dia são cobertos com uma

camada de terra.

Aterro sanitário é considerado pela lei como a disposição final

ambientalmente correta, é o local de descarga de rejeitos no qual são empregadas

técnicas que permitem o controle da poluição e a proteção da saúde pública. Neste

método, o solo é impermeabilizado anteriormente ao depósito dos resíduos, e depois

são adotadas medidas para tratamento do chorume e dos gases oriundos dos

resíduos depositados.

É importante ressaltar que a Lei nº 12.305/10 estabeleceu o prazo até agosto

de 2014 para que os vazadouros ou lixões bem como os aterros controlados sejam

encerrados ou recuperados.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305/2010 instituiu em seu

decreto nº 7.404/2010, a eliminação de lixões e aterros controlados deve acontecer

até agosto de 2014 e a disposição final ambientalmente adequada de rejeitos,

conforme estabelecido pela lei, deve ser em aterros sanitários.

2.9.8 Mudança de paradigma através da Educação Ambiental

A principal mudança visando à melhoria na gestão dos resíduos sólidos

urbanos necessita de ações ligadas à educação ambiental. Essas ações são

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Page 53: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

importantes, pois possibilitam que a sociedade adquira os conhecimentos

necessários para modificar o quadro atual de degradação socioambiental,

assumindo atitudes positivas em relação ao meio ambiente.

A atuação dos cidadãos na matriz de consumo pode fazer uma grande

diferença na geração dos resíduos sólidos urbanos, desde que este passe se

relacionar e tratar os seus resíduos de forma responsável.

Essa atuação depende de uma mudança no modo de consumir, em que o

consumidor deverá privilegiar produtos com padrões ecológicos, que garantam a sua

procedência, utilização de embalagens retornáveis e recicláveis e minimização da

geração de resíduos durante a fabricação.

Teixeira e Bidone (1999, p. 62) explicam que é fundamental lembrar que os

programas de coleta seletiva e tratamento dos resíduos sólidos dependem de

estratégias voltadas a educação ambiental, pois segundo eles devemos considerar

que “a redução e a reutilização antecedem o dilema do acúmulo destes resíduos

sólidos”.

O poder público deve manter a população permanentemente mobilizada

através de campanhas de sensibilização e conscientização através da educação

ambiental, pois o sucesso da implantação de qualquer tratamento de resíduos

sólidos exige a mobilização de todos os cidadãos, para que as diretrizes e metas da

PNRS sejam obedecidas.

O marco legal para a educação ambiental no território brasileiro é a Lei nº

9795, da Política Nacional de Educação Ambiental, estabelecida em 27 de abril de

1999.

Logarezzi (2004, p. 240-246), explicita que o desenvolvimento de uma

educação ambiental universalizante que envolva a educação não-formal e a formal.

Pois segundo o autor “educação não-formal abrange governantes, catadores e

cidadãos e prioriza cursos de capacitação e atividades educativas”. Enquanto “a

educação formal se refere às atividades de uma educação emancipatória realizada

no âmbito escolar que pressupõe a formação do sujeito cidadão”.

Enfim, percebemos que a educação ambiental é a melhor maneira de se

mudar o paradigma estabelecido na questão dos resíduos sólidos, pois somente ela

pode mudar a mentalidade das pessoas, fazendo com que entendam a

responsabilidade que cada um tem na melhoria da qualidade ambiental e social.

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Page 54: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

CAPÍTULO III

3 METODOLOGIA

3.1 Delineamentos da Pesquisa

Do ponto de vista da metodologia empregada para alcançar os objetivos

propostos nesta pesquisa que se propôs diagnosticar o atual estágio do tratamento

dos resíduos sólidos urbanos no município de Capão do Leão/RS, foram executados

os seguintes procedimentos:

3.2 Coleta e análise de dados

Inicialmente fizemos um levantamento bibliográfico por meio de vários livros,

artigos técnicos, teses, dissertações e monografias de autores diversos que

discorrem sobre lixo, resíduos, resíduos sólidos (RS), resíduos sólidos urbanos

(RSU), gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos (GRSU), coleta seletiva, lixão,

aterro controlado, aterro sanitário, desenvolvimento sustentável, legislação aplicada

ao meio ambiente, políticas públicas, impacto ambiental, município de Capão do

Leão, entre outros. Vários foram os autores pesquisados, dentre eles destacam-se:

Teixeira e Bidone (1999), Monteiro et. al. (2001), Calderoni (2003), Logarezzi (2004).

A pesquisa documental foi realizada em órgãos como a Fundação de

Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul (FEE) e Instituto de Meio

Ambiente (IMA), Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Politica Nacional de Resíduos Sólidos

(PNRS), Plano Nacional de Saneamento Básico (PNSB), Programa das Nações

Unidas para o Ambiente (PNUMA), Associação Brasileira de Empresas de Limpeza

Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), Departamento de Meio Ambiente da

Prefeitura Municipal de Capão do Leão, biblioteca da Universidade Federal de

Pelotas (UFPEL) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Em um segundo momento, com base em (LEITE, 2009) foi elaborado um

conjunto de questões, abertas e fechadas, totalizando 40 perguntas. Estas questões

foram aplicadas em forma de entrevistas no mês de dezembro de 2012, com

profissionais do Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura de Capão do Leão e

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Page 55: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

com o responsável pelo gerenciamento do recolhimento dos resíduos sólidos

urbanos no município. A relação das questões que tratam sobre o diagnóstico dos

resíduos sólidos em Capão do Leão pode ser visualizada no Apêndice A;

Em linhas gerais, grande parte deste trabalho foi realizado in loco, em que o

Departamento Municipal de Meio Ambiente de Capão do Leão foi uma das principais

fontes para a obtenção de dados para o presente estudo, através do contato e

entrevistado, Sr. Ricardo Decker da Cruz, Geólogo e Diretor de Meio Ambiente do

município de Capão do Leão.

No momento seguinte, foi realizado um trabalho de campo com observação

direta às áreas de coleta e destinação dos resíduos sólidos urbanos, no município

de Capão do Leão. Foram feitas algumas tomadas de fotografias para destacar e

registrar a forma como vêm sendo trabalhada de maneira efetiva a questão dos

resíduos sólidos no município.

A primeira visita foi feita ao antigo aterro controlado de Capão do Leão, para

observar em qual estágio está à recuperação da área degradada com a disposição

de resíduos. Posteriormente, se visitou a atual estação de transbordo de Resíduos

Sólidos Urbanos, local onde os resíduos são armazenados e carregados em

contêineres para serem transportados para o aterro sanitário da Central de Resíduos

do Recreio, que se localiza no município de Minas do Leão, situado a

aproximadamente 260 km de Capão do Leão, na região central do Estado do Rio

Grande do Sul.

Para identificar a localização dos municípios foram gerados dois mapas

temáticos no programa TerraView versão 4.2.2. disponível para donwload na página

do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Após a aplicação das entrevistas, os dados foram tabulados, discutidos e

analisados, sendo apresentados no capitulo IV.

Por fim, foram tecidas as considerações a respeito da temática em estudo.

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Page 56: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

CAPÍTULO IV

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Caracterização geral da área de estudo

A presente pesquisa foi desenvolvida no município de Capão do Leão,

localizado na região Sudeste do Rio Grande do Sul, entre as coordenadas de

Latitude: 31º 76’ S, Longitude: 52º 48’ W e Altitude média de 21m, abrangendo uma

superfície de 785,373Km². Pode ser considerado um município ainda jovem, pois

sua emancipação do município de Pelotas ocorreu em 03 de maio de 1982. A Fig. 2

mostra o mapa de localização da área de estudo.

Figura 2: Mapa de localização do município de Capão do Leão/RS.Fonte: Elaborado pelo autor.

De acordo com o Censo Demográfico 2010, do IBGE, Capão do Leão possui

uma população total de 24.298 habitantes, dos quais 22.382 habitantes na área

urbana, que representam 92,12% do total e 1.916 habitantes na área rural,

representando 7,88% do total. O município possui ainda, uma densidade

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Page 57: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

demográfica de 31,1 hab/km², além de um PIB de R$ 367.763,00, resultando em um

PIB per capita de R$ 15.138,00 (IBGE 2010); (FEE 2010).

4.2 Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos em Capão do Leão/ RS

Com base na temática da pesquisa e na perspectiva de ampliar a discussão

no âmbito da Geografia, efetuamos a aplicação de entrevistas e visitas in loco na

área de estudo. Mas antes, se torna pertinente apresentar como é composta a

estrutura administrativa da Prefeitura Municipal de Capão do Leão, a qual contém

organizada as secretarias e o setor responsável pela limpeza urbana e manejo dos

resíduos sólidos urbanos, conforme o organograma abaixo, (Fig. 3).

Figura 3: Estrutura administrativa responsável pela limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos urbanos de Capão do Leão.Fonte: Elaborado pelo autor.

A gestão da coleta e manejo dos resíduos sólidos de Capão do Leão fica sob

a responsabilidade da Secretaria de Obras, Urbanismo e Meio Ambiente do

município, mais precisamente do seu Departamento de Serviços Urbanos, cabendo

ao Departamento de Meio Ambiente realizar a fiscalização do mesmo.

Para realizar somente o trabalho de coleta a prefeitura estima despender

diariamente, em torno de R$ 1.500,00 reais com um sistema municipal de limpeza

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Page 58: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

urbana, composto por 10 funcionários e 2 caminhões prensa, além de algumas

caçambas que coletam os resíduos de localidades mais afastadas e da zona rural.

Da mesma forma, para realizar a gestão de resíduos sólidos o município de

Capão do Leão utiliza de recursos próprios, e apesar de haver a possibilidade legal,

não é cobrada da população nenhuma taxa específica para este serviço.

Alguns municípios incluem essa taxa de forma discriminada, junto ao seu

Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), porém, no caso de Capão do Leão não

existe ainda um controle dos custos totais que envolvem a operação de coleta e

manejo e disposição final dos resíduos sólidos, e até mesmo as medidas

mitigadoras que necessitam ser realizadas nas áreas degradas pela disposição

desses resíduos, o que torna difícil obter um cálculo preciso das taxas que devem

ser cobradas da população.

O serviço de coleta de resíduos sólidos urbanos atinge 100% da população

leonense, porém, não é realizada de forma seletiva, ou seja, estes resíduos ainda

são recolhidos de forma tradicional em caminhões prensa (Fig. 4).

Figura 4: Imagem da coleta tradicional em Capão do Leão.Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Nestes caminhões os resíduos são prensados sem segregação, papéis,

plásticos, vidros, metais, resíduos orgânicos que representam a maioria dos

resíduos sólidos urbanos descartados em Capão do Leão. Estes resíduos acabam

sendo misturados a outros não recicláveis, inclusive poluentes como pilhas, baterias,

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Page 59: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

lâmpadas fluorescentes e fraldas descartáveis, contaminando e dando aspecto de

sujidade e mau cheiro aos resíduos sólidos produzidos no município, atraindo

insetos e animais, potenciais vetores de doenças, dificultando seu reaproveitamento.

Mesmo não havendo a coleta seletiva em Capão do Leão, no início de 2012 a

prefeitura instalou dezenas de lixeiras seletivas em diversos pontos do município.

Porém, de nada adianta a população acondicionar cada resíduo em sua lixeira

específica, se na hora do recolhimento os resíduos são misturados, prensados e

levados para o mesmo destino.

Aqueles cidadãos que se propõem a segregar seus resíduos de forma correta

acabam sendo desestimulados ao perceberem que de nada adiantou o seu esforço.

Na Fig. 5, podemos observar que as lixeiras seletivas de Capão do Leão não

têm funcionalidade e estão sendo utilizadas apenas, como depósito de lixo.

Figura 5: Imagem das lixeiras seletivas utilizadas de forma inadequada no Centro de Capão do Leão.Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Com a falta de segregação e coleta seletiva no município, os resíduos sólidos

urbanos de Capão do Leão passam a ser considerados como lixo, sem nenhum ou

pouco valor agregado a si, perdendo ou diminuindo a capacidade de seu

aproveitamento, condenando-o a onerar os cofres públicos ao serem enviados para

o aterro sanitário.

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Assim, é comum observar em dias de coleta, os resíduos sólidos

acondicionados em sacolas plásticas, caixas de papelão e sacos de lixo, jogados em

pleno canteiro central da avenida principal do município, a espera do caminhão

coletor, conforme pode ser verificado na (Fig. 6).

Figura 6: Imagem de resíduos depositados de forma inadequada na Avenida Narciso. Silva, Centro de Capão do Leão.Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Este método de acondicionamento e disposição dos resíduos sólidos adotado

em Capão do Leão, além de poluir visualmente a paisagem urbana do município,

dificulta a ação de catadores, que precisarão danificar as embalagens para retirar os

materiais recicláveis misturados ao lixo comum.

Além de expor estes resíduos à presença de animais e insetos, possíveis

vetores de doenças, que acabam espalhando os resíduos em via pública.

A não utilização de lixeiras apropriadas para a disposição dos resíduos

sólidos dificulta o trabalho dos responsáveis pelo seu recolhimento, como podemos

evidenciar na (Fig. 7).

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Page 61: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Figura 7: Imagem de embalagens danificadas e resíduos sólidos espalhados pelo canteiro central da Avenida Narciso Silva, no Centro de Capão do Leão.Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

A situação do acondicionamento inadequado dos resíduos sólidos segue da

mesma forma por toda a extensão da Avenida Narciso Silva, inclusive em frente aos

órgãos públicos municipais, como a Câmara de Vereadores e a Secretaria Municipal

de Educação Cultura e Desporto (Fig. 8 a e b).

Figura 8: Imagem de resíduos depositados de forma inadequada em frente à Câmara de Vereadores (a) e à Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto de Capão do Leão (b).Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Até mesmo a Secretaria Municipal de Obras Urbanismo e Meio Ambiente, o

Pronto Socorro Municipal e a Vigilância em Saúde, que deveriam fiscalizar a

disposição destes resíduos parecem não ter percebido este problema, conforme

observamos na (Fig. 9 a e b).

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(a) (b)

Page 62: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Figura 9: Imagem de resíduos depositados de forma inadequada em frente à Secretaria Municipal de Obras Urbanismo e Meio Ambiente (a) e em frente à Vigilância em Saúde e Pronto Socorro Municipal de Capão do Leão (b).Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Deste modo, entendemos que nem mesmo os órgãos responsáveis pela

gestão e fiscalização dos resíduos sólidos urbanos de Capão do Leão demonstram

preocupação aparente com o impacto visual negativo causado pela disposição

inadequada destes resíduos em vias públicas.

O fato mais grave desta situação é o mau exemplo deixado à população do

município, por que se nem mesmo os órgãos públicos segregam e dispõem seus

resíduos de forma adequada, como cobrar que a população faça a sua parte.

Episódios como estes, acabam ainda por desestimular o turismo em Capão

do Leão, pois literalmente sujam a imagem do município, principalmente para

aquelas pessoas que estejam visitando-o, e que pretendam residir ou investir no

município. Com certeza estas pessoas não levarão uma boa impressão da situação

que presenciaram.

No que se refere aos resíduos sólidos urbanos recolhidos diariamente em

Capão do Leão, estes são enviados para uma Central de Transbordo, a qual está

em operação no município desde 2011, localizada no distrito da Hidráulica.

Nesta estação de transbordo Fig. 10, os resíduos recolhidos pela prefeitura

são depositados em contêineres para, posteriormente, serem transportados para o

aterro sanitário.

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(a) (b)

Page 63: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Figura 10: Imagem da Central de Transbordo de Capão do Leão.Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Na Fig. 11 temos o registro do momento em que uma caçamba chega à área

de transbordo dos resíduos, localizado no distrito da Hidráulica.

Figura 11: Imagem da caçamba da prefeitura depositando os resíduos recolhidos da zona rural.Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.Esta área de transbordo dos resíduos ainda carece de uma melhor estrutura,

pois não possui cobertura, deixando os contêineres dos resíduos expostos as ações

do tempo. Em dias de chuva, por exemplo, os resíduos são encharcados,

aumentando seu peso e volume e o mais grave, produzindo chorume, que ao vazar

dos contêineres, além de produzir mau cheiro, contamina a área.

63

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Na Fig. 12, podemos ver o contêiner cheio de resíduos sólidos urbanos,

aguardando o caminhão que o levará para o aterro sanitário.

Figura 12: Imagem do contêiner com os resíduos sólidos urbanos de Capão do LeãoFonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Segundo a prefeitura, já existe um projeto para melhorar a infraestrutura do

local, com a cobertura da área e a impermeabilização do solo com a construção de

um piso de concreto para que os resíduos sejam despejados antes de irem para os

contêineres, assim possibilitando a segregação dos resíduos recicláveis, antes de

serem enviados para o aterro sanitário.

No entanto, estas medidas acabam sendo paliativas e até mesmo,

inadequadas, pois o correto seria a separação dos resíduos sólidos antes e durante

a coleta e não após, quando os resíduos já entraram em contato com possíveis

contaminantes, assumindo a condição de lixo.

As melhorias já deveriam ter sido realizadas, face ao tempo que o local está

em funcionamento, pois às condições ainda são precárias. No local não existe água

encanada, luz elétrica e nem ao mesmo, vigilância durante a noite e aos fins de

semana, ficando apenas um funcionário da prefeitura, durante o horário da coleta,

controlando a entrada e saída dos caminhões e a transferência dos resíduos para os

contêineres. Ou seja, não existe um controle sobre a entrada de pessoas não

autorizadas no local, em dias e horários em que não se realiza a coleta.

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Page 65: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Atualmente, o aterro sanitário que recebe os resíduos sólidos urbanos de

Capão do Leão, fica situado no município de Minas do Leão, localizado na região

central do Rio Grande do Sul.

Estes resíduos percorrem uma distância de 260 km de Capão do Leão até

Minas do Leão, sendo depositados no Aterro Sanitário da Central de Resíduos do

Recreio – CRR de propriedade da empresa (SIL - Soluções Ambientais Ltda.).

O mapa abaixo Fig. 13 mostra a localização dos municípios de Capão do

Leão e Minas do Leão, para observarmos a distância que os resíduos percorrem.

Figura 13: Mapa de localização dos municípios de Capão do Leão e Minas do Leão/RS.Fonte: Elaborado pelo autor.

Segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul

(SEMA), o aterro sanitário da SIL, está localizado a 80 km de Porto Alegre, e recebe

diariamente, cerca de duas mil toneladas de resíduos urbanos, provenientes de 140

municípios do Estado, representando um total de 35% da população gaúcha. Para

receber este grande volume de resíduos sólidos o aterro conta com uma área de 45

ha, da qual, 17 ha estão em operação.

A empresa SIL, fica responsável pelo transporte e manejo dos resíduos desde

a estação de transbordo em Capão do Leão até a disposição final no aterro

sanitário.

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Page 66: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

A Fig. 14 mostra o Aterro Sanitário da Central de Resíduos do Recreio em

operação no município de Minas do Leão-RS, em uma mina de carvão desativada.

Figura 14: Imagem do Aterro Sanitário da Central de Resíduos do Recreio em Minas do Leão/RS.Fonte: http://www.sil-residuos.com.br/

Conforme informações obtidas, a empresa SIL afirma que o aterro possui uma

capacidade total para receber 25 milhões de toneladas de resíduos sólidos, e tem

uma vida útil estimada em 23 anos.

A vida útil do aterro sanitário poderia ser ainda maior se houvesse uma

preocupação dos gestores dos resíduos sólidos em enviar para o aterro somente

aqueles rejeitos que tivessem esgotadas a sua capacidade de aproveitamento, ou

seja, os resíduos não recicláveis.

Em entrevista com o administrador do Bairro Jardim América (um dos

responsáveis pelo setor de coleta dos resíduos sólidos urbanos em Capão do Leão),

senhor Luiz Antônio de Carvalho, quando perguntado sobre quantas vezes é

realizada a coleta de resíduos sólidos no município, este destacou que a coleta de

resíduos sólidos é realizada duas vezes por semana na região central da cidade,

incluindo as localidades do Teodósio, Parque Fragata e Cerro do Estado, além do

Bairro Jardim América, e ainda quinzenalmente na zona rural do município.

Com relação à quantidade de resíduos sólidos recolhidos, a informação

levantada foi de que, quinzenalmente são coletados na zona rural cerca de 3

toneladas de resíduos sólidos, enquanto na zona urbana são coletadas diariamente

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Page 67: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

uma média de 20 toneladas de resíduos sólidos urbanos gerados pelos habitantes

do município.

Ao dividirmos estas 20 toneladas de resíduos, pelos 22.382 habitantes

urbanos de Capão do Leão, se obtêm uma geração média diária de 0,893 kg de

resíduos sólidos per capta no município. Enquanto na zona rural, dividindo as 3

toneladas quinzenais geradas pelos seus 1.916 habitantes, teremos um valor per

capta de 1,565 kg a cada quinze dias, o que representa uma média diária de 0,104

kg, ou seja, oito vezes e meia menor.

Segundo o senhor Luiz Antônio de Carvalho, a explicação para essa grande

diferença entre o volume de resíduos coletados nas zonas rural e urbana do

município, se deve ao fato dos habitantes da zona rural, descartarem apenas os

resíduos sólidos inorgânicos, pois aproveitam os resíduos orgânicos como adubo

para fertilizar as suas hortas e jardins, ou utilizam-no como fonte de alimento para

animais como suínos e aves. Por outro lado, como ponto negativo, a queima de

resíduos é mais comum na zona rural, do que na zona urbana, devido a maior

dificuldade de acesso as áreas de recolhimento e a fiscalização dos órgãos

competentes.

Isso indica a necessidade da realização de campanhas de conscientização e

orientação das populações urbana e rural, para um melhor aproveitamento do

potencial energético dos resíduos sólidos orgânicos e o descarte correto dos

resíduos inorgânicos com isso, poderia se obter uma considerável redução no

volume de resíduos sólidos descartados como lixo.

Capão do Leão possui grande potencial para o aproveitamento dos resíduos

sólidos orgânicos, pois a maioria das residências do município possuem terrenos

amplos, permitindo o cultivo de pequenas hortas, jardins e árvores frutíferas ou de

sombra, o que seria um facilitador para este processo.

Apesar de todos estes problemas encontrados, e analisando um breve

histórico do tratamento dos resíduos sólidos urbanos de Capão do Leão,

observamos que o município tem avançado no sentido de buscar alternativas para

diminuir os impactos negativos causados ao meio ambiente e a saúde de seus

cidadãos. Pois até pouco tempo, o município depositava seus resíduos em um lixão

a céu aberto, mais precisamente até o ano de 2001.

Conforme Cabeda (2005, p. 27) “O município de Capão do Leão não tinha

nenhuma legislação ambiental específica até o ano de 1999, a partir do ano 2000

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Page 68: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

começou a ser criado o Código Ambiental Municipal”. Ainda segundo o mesmo

autor, “só em 2001 foi feito um projeto técnico para transformar o lixão em aterro

controlado com licença de operação”.

A Fig. 15 apresenta a localização da Sede do município, além do bairro

Jardim América, localizado a leste da Sede municipal, bairro que concentra a maior

parcela da população do município, além do antigo aterro controlado desativado de

Capão do Leão que fica na localidade do Cerro do Estado, ao sul da Sede municipal

e por fim, a estação de transbordo de resíduos sólidos, localizada a nordeste da

Sede municipal.

Figura 15: Imagem de localização da Sede do município, Bairro Jardim América, antigo aterro

controlado e a estação de transbordo de resíduos sólidos de Capão do Leão.Fonte: Elaborada pelo autor, a partir de imagens de satélite do Google Earth, jan. 2013.

De acordo com o diretor do Departamento de Meio Ambiente do município,

Sr. Ricardo Decker da Cruz, não havia nenhum tipo de reclamação da população

sobre este local, pois o mesmo se encontrava longe de logradouros e residências.

Este aterro controlado de Capão do Leão, Fig. 16 esteve em funcionamento

até o ano de 2011, quando foi desativado e o município passou a enviar seus

resíduos para o aterro sanitário de Minas do Leão.

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Page 69: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Figura 16: Imagem do antigo aterro controlado de Capão do Leão, ainda em operação.Fonte: Imagem acervo Dep. de Meio Ambiente de Capão do Leão, 10/05/04.

Decker informou que desde que foi desativado estão sendo tomadas medidas

de recuperação da degradação ambiental ocorrida na área do antigo aterro

controlado, através de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas1 o qual

prevê a mitigação dos processos poluentes inerentes ao depósito de resíduos

sólidos.

Medidas como o isolamento da área do antigo aterro controlado, com a

colocação de barreiras para impedir a entrada de pessoas e novos depósitos de

resíduos no local, além do controle do escoamento superficial das águas pluviais no

aterro, para prevenir a infiltração da água e a produção do chorume. Através de uma

análise constante do solo e da água a montante e a jusante do aterro, é realizado o

controle da liberação do chorume.

A desativação do antigo aterro controlado de Capão do Leão, com a

interrupção da disposição de resíduos sólidos no local, somada as medidas

mitigadoras que estão sendo tomadas, estão melhorando as condições da área

degradada, e aos poucos a natureza vai se restabelecendo, mesmo em condições

adversas, algumas plantas nascem sobre a montanha de lixo (Fig. 17). Na Fig. 18,

também podemos perceber que as primeiras plantas a se desenvolverem no local,

são as espécies primárias como gramíneas e arbustivas.

1 Informação fornecida pelo Diretor de Meio Ambiente Ricardo Decker da Cruz em entrevista realizada no Departamento de Meio Ambiente de Capão do Leão, em dezembro de 2012.

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Page 70: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Estas espécies primárias são importantes por que se desenvolvem em

condições adversas e abrem caminho para o surgimento de outras espécies que

dependem de condições mais favoráveis para o seu desenvolvimento.

É necessário salientar que, mesmo que aparentemente a recuperação da

área degradada pelo antigo aterro controlado de Capão do Leão esteja em um

processo adiantado, ele é apenas superficial, pois a natureza precisará de décadas

para se recuperar de tamanho trauma causado pela disposição de um grande

volume de resíduos no local.

A prefeitura deverá continuar monitorando a área por muitos anos ainda, e

promovendo as medidas necessárias para que o tempo de recuperação seja

reduzido.

A Lei nº 12.305 estabeleceu o fim dos lixões no Brasil até o ano 2014,

instituindo também, que sejam enviados para a disposição final, que deverá ser a

mais adequada possível em aterros sanitários, apenas aqueles materiais os quais

não houver a possibilidade de aproveitamento, chamados de rejeitos.

Porém, conhecendo as dificuldades financeiras na qual se encontram a

maioria dos municípios brasileiros, é necessário saber de onde virão os recursos

financeiros para viabilizar a implantação da referida lei na sua plenitude.

Na opinião em relação à Lei nº 12.305, que instituiu a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, Decker respondeu ser:

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Figura 17: Imagem do aterro controlado desativado de Capão do Leão, em fase recuperação. Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Figura 18: Imagem da vegetação se desenvolvendo no aterro controlado desativado.Fonte: Fotografia do autor, registrada em 25/01/13.

Page 71: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

“...tecnicamente correta, porém, distante da realidade atual da grande maioria dos municípios do país, contrastante ainda com as diversas realidades das regiões do Brasil, apesar de possuir longo prazo para cumprimento de metas estabelecidas.”

Ele destaca ainda, que: “forçar a tomada de atitude seria o principal benefício

gerado pela Lei nº 12.305, mas que, porém esbarra ainda, nas questões: financeira,

técnica e logística”.

Decker informou também, que: “apesar de existirem recursos Estaduais e

Federais para implantação de coleta seletiva, aterros sanitários, recuperação de

lixões desativados, entre outros, estes recursos não são facilmente acessíveis”. No

entanto, segundo ele “o município carece ainda de um setor específico para realizar

projetos e captar recursos, pois não há secretaria própria para planejar a área de

saneamento entre outros”.

Segundo Cabeda (2005, p.38), “o município tinha a intenção de construir um

aterro sanitário”, obtendo inclusive Licença Prévia do órgão ambiental estadual para

a obra, mas, segundo Decker, hoje não existe previsão para construção de um

aterro sanitário no município, devido ao dispêndio financeiro que adviria da sua

operação, normalmente proibitivo para municípios do porte de Capão do Leão.

Quando questionado se a prefeitura possui políticas públicas com um

programa de educação ambiental, que vise o aproveitamento e destinação

adequada dos resíduos, coleta seletiva, utilização correta das lixeiras, entre outros,

Decker respondeu que sim, descrevendo o recolhimento de óleo de cozinha, as

lixeiras da coleta seletiva instaladas no início de 2012 nas principais avenidas e em

frente a prédios públicos do município, e por fim, a coleta seletiva como exemplos.

Contudo, afirmou que ainda não foi implantado o serviço de coleta seletiva no

município, por não existir uma central de triagem adequada à disposição do material

segregado. Assim, de nada adiantaria coletar seletivamente os resíduos e dispor

junto com a carga não segregada.

Em relação ao recolhimento de óleo de cozinha usado, este é um projeto

privado de uma empresa que pretende utilizá-lo como insumo para a fabricação de

rações para animais. A empresa busca uma parceria com o município, para recolher

o óleo de cozinha usado, em postos de coleta instalados pela prefeitura, geralmente

em escolas da rede municipal de ensino.

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Page 72: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Decker informou ainda, que também existe um projeto voltado à separação e

aproveitamento de resíduos orgânicos, através da instalação de composteiras

domésticas, um projeto piloto em execução, em convênio com da Universidade

Federal de Pelotas (UFPEL), realizado por alunos do curso de Engenharia Sanitária

e Ambiental.

Enfim, a Lei nº 12.305, previu entre outras obrigações, que os municípios

criassem seu Plano de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos até agosto de 2012,

como forma de continuarem tendo acesso aos recursos da União para manejo dos

seus resíduos sólidos, além do comprometimento dos municípios em eliminarem de

todos os lixões existentes no país até agosto de 2014.

Neste sentido, Capão do Leão está em conformidade com a lei, pois eliminou

seu lixão em 2001, transformando-o em aterro controlado e desde 2011, está

enviando seus resíduos sólidos para um aterro sanitário fora do município, conforme

informamos anteriormente.

Salientamos que esta pesquisa não faz a avaliação da coleta informal de

resíduos sólidos existente no município, cuja dimensão e amplitude são de difícil

mensuração. No entanto, pensamos ser pertinente deixar registrado, de acordo com

Decker, que existem no município em torno de 15 catadores de materiais recicláveis

que, segundo ele, estão em fase de organização de uma associação de reciclagem.

Também não foi possível observar a composição gravimétrica dos resíduos

sólidos urbanos coletados no município, pois ainda não foi realizado nenhum estudo

a respeito, pela prefeitura, que por este motivo não dispõe destes dados. Deixando

assim, estes dois assuntos como sugestão para futuros trabalhos, pois se tratam de

aspectos extremamente relevantes para o diagnóstico dos resíduos sólidos, até

mesmo para informação da própria prefeitura, que necessita de dados para melhorar

a gestão dos resíduos sólidos urbanos.

De acordo com o que foi analisado, percebemos que apesar dos avanços

alcançados com a criação da Lei nº 12.305, instituindo a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, ainda há muito a ser feito nesta questão. Pois, a lei prevê uma

série de mudanças, extremamente necessárias, mas que são de difícil

implementação, principalmente por parte dos municípios, que em sua grande

maioria, não dispõem de recursos financeiros para concretizá-los e se adequarem a

referida lei.

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Page 73: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Mesmo assim, a relevância da Lei nº 12.305 está na perspectiva de quebra de

um paradigma que há muito está instituído de que os resíduos sólidos são um

problema sem solução. Pois, se quisermos evoluir enquanto sociedade moderna,

precisaremos tratar com responsabilidade todo e qualquer impacto que causarmos

ao meio ambiente. Neste sentido, os resíduos sólidos são com certeza um dos

impactos mais complexos que o homem precisa enfrentar, na sua relação

conflituosa com o meio ambiente.

A questão dos resíduos sólidos urbanos que durante muito tempo foi tratada

com descaso pelos órgãos públicos, especialmente municipais, cuja única

preocupação era retirar estes resíduos do alcance da população, e colocá-los em

locais onde esta não pudesse ver ou sentir os seus impactos. Impactos estes,

causados ao solo, aos recursos hídricos, a flora e fauna e a própria sociedade

depositando os resíduos em lugares muitas vezes impróprios, sem qualquer tipo de

estudo quanto aos problemas ambientais que poderiam causar.

Atualmente, a situação está melhorando, pois existe uma legislação mais

rígida e que responsabiliza aqueles que a descumprirem, o Ministério Público e os

órgãos ambientais tem estado atentos aos crimes contra o meio ambiente, nos quais

estão atuando com o rigor necessário para coibir os excessos.

No caso específico de Capão do Leão, a prefeitura paga R$ 84,00 reais pela

tonelada de resíduos sólidos enviados ao aterro sanitário, o que totaliza R$ 1.680,00

reais por dia, e R$ 33.600,00 reais por mês.

Somados estes valores ao custo da coleta que é de R$ 1.500,00 reais por dia

e R$ 30.000,00 reais por mês, chegaremos a um total de R$ 63.600,00 reais

mensais gastos com a gestão dos resíduos sólidos, valor significativo para as

finanças do município, mas que poderia ser melhor aplicado se houvesse um maior

planejamento.

É visível que ainda há muito a ser feito para que a gestão dos resíduos

sólidos seja considerada eficiente, temos que enaltecer o fato da disposição final dos

resíduos sólidos leonenses, ser adequada em aterro sanitário devidamente

legalizado.

Porém, ainda precisam ser tomadas medidas focando a redução do volume

de resíduos descartados, através da Educação Ambiental da população, inserindo,

por exemplo, a prática dos 3’Rs, ou seja, reduzir, reutilizar e reciclar, sendo que,

para que os resíduos sejam reciclados, devemos investir na segregação dos seus

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Page 74: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

diferentes tipos na fonte geradora, posteriormente na coleta destes resíduos,

tornando mais fácil e rentável a compostagem dos resíduos orgânicos e a triagem e

reciclagem dos resíduos recicláveis.

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Page 75: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

CAPÍTULO V

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As questões ambientais ganharam enorme destaque ultimamente na mídia,

muito se fala em meio ambiente, sustentabilidade, porém, se torna cada vez mais

difícil conciliar os interesses ambientais com os interesses econômicos.

O mundo capitalista tratou de transformar o meio ambiente em um grande e

lucrativo negócio. Empresas, muitas vezes, grandes corporações, vendem uma

imagem de responsabilidade ambiental, se dizem protetoras do meio ambiente, que

investem no futuro do planeta, mas na maioria dos casos, isso não passa de uma

mera jogada de marketing, pois seu grande objetivo é o lucro.

Os consumidores aos poucos estão mudando sua consciência e passando a

dar importância a produtos com o selo de responsabilidade ambiental no momento

de comprar, muitos não se importam em pagar um pouco mais caro por esse tipo de

produto, como por exemplo, os produtos orgânicos. No entanto, é preciso ficar

atentos à procedência destes produtos para ter certeza de que são realmente de

empresas e produtores que respeitam o meio ambiente.

No caso dos resíduos sólidos, se faz necessário investir na Educação

Ambiental, não apenas dos cidadãos, mas também dos gestores destes resíduos,

pois muitos ainda estão despreparados para gerir este problema, insistem em tratar

como lixo, os resíduos que podem ser reaproveitados, voltando para a cadeia

produtiva, e ainda gerar renda para os trabalhadores do setor de reciclagem.

Entendemos que com o investimento na Educação Ambiental, poderemos

alcançar a excelência na gestão dos resíduos sólidos, pois somente ela é capaz de

sensibilizar as pessoas para que estas se engajem na campanha de redução dos

impactos ambientais, causados por resíduos que ao invés de ficarem durante anos

poluindo o meio ambiente, podem ser aproveitados através do tratamento adequado

para cada tipo de material.

Com a sensibilização será possível conscientizar as pessoas de que aquilo

que está se jogando fora, nem sempre é rejeitável e muitas vezes possui valor de

reaproveitamento ou para a indústria da reciclagem, podendo gerar energia ou

matéria-prima para outros produtos.

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Page 76: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Além disso, com o melhor aproveitamento dos resíduos sólidos, as pessoas

que encontram nestes resíduos os recursos necessários para sobreviver, podem

aumentar a sua renda, e ao mesmo tempo reduzir a quantidade de resíduos que

serão depositados no meio ambiente, significa reduzir também, o “crime ambiental”

que incide da disposição dos resíduos sólidos na natureza.

Este processo deveria começar pelas escolas, com a introdução de projetos

de Educação Ambiental, para a partir das crianças, buscar a sensibilização de suas

famílias, amigos e vizinhos, e assim atingir o maior número possível de cidadãos.

Muitas vezes, estes projetos podem sair de parcerias com as universidades,

empresas ou até mesmo com o auxílio de voluntários. Assim, não necessitam de

grandes investimentos das prefeituras, bastando que sejam elaborados bons

projetos, que devem ser geridos de forma séria e por pessoas com conhecimento na

área. Por este motivo a prefeitura de Capão do Leão deve investir na realização de

projetos de caráter ambiental.

Muitas vezes soluções simples e baratas, desde que com pessoas engajadas

em alcançar os objetivos propostos, podem dar melhores resultados que outras em

que os gestores investem elevados recursos na contratação de empresas

“especializadas”, que só estão interessadas no aspecto financeiro dos projetos.

Ao longo deste trabalho foi possível conhecer e analisar dados e informações

sobre a realidade do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos de

Capão do Leão, que permitiram diagnosticar como o município realiza o tratamento

de seus resíduos, atendendo aos objetivos principais desta pesquisa.

Assim, destacamos que a partir da metodologia empregada, foi possível

atender a demanda de informações sobre as questões levantadas.

Percebemos a partir da presente pesquisa, que Capão do Leão, assim como

a muitos municípios, apresenta algumas dificuldades para se adequar a Politica

Nacional de Resíduos Sólidos. Esta adequação esbarra, principalmente, em

dificuldades técnicas e financeiras, políticas.

Ao identificar as principais mudanças que a Política Nacional dos Resíduos

Sólidos trouxe para os municípios, foi possível perceber que a referida lei,

representa um enorme avanço na regulamentação da gestão dos resíduos sólidos

no país, mas demandará de tempo e de recursos financeiros que deverão ser

disponibilizados pela União e pelos Estados aos Municípios, para que estes possam

se adequar as normas desta lei.

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Page 77: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

Pois os municípios receberam uma série de obrigações, as quais deverão

cumprir sob pena de sofrerem diversas sansões previstas na nova lei, porém ainda

não lhe foram dadas as condições necessárias para cumprirem estas obrigações.

Por exemplo, verificamos que as medidas que estão sendo tomadas para

reduzir a geração de resíduos sólidos em Capão do Leão ainda são paliativas e

insuficientes, necessitando de maiores investimentos dos governantes do município.

No caso da destinação dos resíduos sólidos, Capão do Leão já está em

conformidade com a PNRS, pois destina seus resíduos para o aterro sanitário de

Minas do Leão.

Concluindo, a Política Nacional de Resíduos Sólidos é uma lei no nível de

países desenvolvidos, difícil de ser implementada em um país ainda, distante do

desenvolvimento, principalmente no que diz respeito a educação.

Somente respeitará o meio ambiente, aquela sociedade que respeita a si

própria em primeiro lugar. Por isto a educação de qualidade deve ser o carro chefe

na implementação de qualquer política publica, pois é através dela, que as pessoas

terão a consciência da sua responsabilidade no desenvolvimento sustentável de sua

sociedade.

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Page 78: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

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APÊNDICE A

84

Page 85: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

QUESTIONÁRIO – PREFEITURA MUNICIPAL DE CAPÃO DO LEÃO, RS.

O objetivo deste questionário é fornecer dados precisos para que a pesquisa que visa diagnosticar a situação dos resíduos sólidos urbanos no município de Capão do Leão, RS.

Aluno:

Orientadora:

Prefeitura:

Endereço:

Data da Realização: ___/___/____

1. Quem realiza a coleta de resíduos sólidos no município?

( ) Prefeitura

( ) Terceirizada Qual empresa? _________________________________

2. Quantos caminhões e funcionários realizam a coleta regular no município?

Caminhões:______________ Funcionários:_______________

3. Qual é a produção diária de resíduos sólidos urbanos no município?

( ) Até 10 toneladas

( ) Até 20 toneladas

( ) Até 30 toneladas

( ) Até 40 toneladas

( ) Até 50 toneladas

( ) Outros ______________

4. Quantos bairros do município são atendidos pela coleta regular? E em porcentagem?

Quantos bairros:___________ Porcentagem:____________

85

Page 86: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

5. Qual é a produção diária de resíduos sólidos por bairro ou localidade?

Centro:____________

Jardim América:__________

Teodósio:___________

Parque Fragata:____________

Cerro do Estado:____________

Outros:______________________________________________________________

6. Qual a frequência de recolhimento nos diversos setores e bairros?

( ) 1 vez por semana:_______________________________________

( ) 2 vezes por semana:________________________________________

( ) 3 vezes por semana:__________________________________________

( ) Todos os dias:__________________________________________________

7. A prefeitura coleta o lixo na área rural? Qual a quantidade (toneladas por dia) gerada nesta área? Qual a porcentagem abrangida? Qual a periodicidade da coleta?

( ) Sim, Toneladas dia:_______, Porcentagem:______, Periodicidade:_________

( ) Não

8. O município cobra pelo serviço de limpeza pública e/ou coleta seletiva de lixo? Em caso afirmativo, qual a forma de cobrança (taxa, preço, imposto)?

( ) Sim, Forma de cobrança:_______________________________

( ) Não

9. Qual o destino atual dos resíduos sólidos urbanos do município:

( ) Aterro sanitário Quantos: ______

( ) Aterro controlado Quantos: ______

( ) Vazadouro à céu aberto(lixão) Quantos: ______

( ) Vala Séptica Quantos: ______

( ) Outros Quantos: ______

10.Há quanto tempo este método utilizado pelo município?

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Page 87: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

( ) Inferior à 1 ano

( ) De 1 à 5 anos

( ) De 5 à 10 anos

( ) De 10 à 20 anos

( ) Superior à 20 anos.

11.Como estes resíduos eram depositados anteriormente?

( ) Aterro sanitário Quantos: ______

( ) Aterro controlado Quantos: ______

( ) Vazadouro à céu aberto(lixão) Quantos: ______

( ) Vala Séptica Quantos: ______

( ) Outros Quantos: ______

12.A Prefeitura tem um levantamento do número de lixões/aterros ativos e desativados?

( ) Sim Quantos: Ativos: ___________ Desativados: _____________

( ) Não.

13.Nos lixões desativados foram utilizados alguns procedimentos visando à recuperação da área?

( ) Não.

( ) Sim, Quais procedimentos?

_______________________________________________

14.A prefeitura recebia reclamações de moradores próximos aos lixões/aterros:

( ) Sim. Essas reclamações eram: ( ) Frequentes ( ) Esporádicas ( ) Raras

( ) Não.

Em caso de resposta positiva, quais as principais reclamações?

Resposta: _______________________________________________________________

___________________________________________________________________

15.O que é feito com os resíduos sólidos de serviço de saúde do município?

87

Page 88: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

( ) Incinerados

( ) Vala séptica

( ) Outros _________________________________

16.Qual a sua opinião sobre a Lei nº 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos?

Resposta:___________________________________________________________

___________________________________________________________________

17.Quais os principais benefícios gerados pela Lei nº 12.305?

Resposta:___________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

18.Quais os principais impasses encontrados na adequação dos municípios à Lei nº 12.305?

Resposta:___________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

19.Existem recursos estaduais ou federais para implantação de aterros sanitários ou recuperação de lixões desativados?

( ) Sim

( ) Não

20.Em caso de resposta positiva, o município requereu esses recursos? São valores condizentes com a necessidade? São acessíveis?

Resposta:___________________________________________________________

___________________________________________________________________

21.O município possui especialistas nesta área para realizar projetos e captar recursos?

Resposta:___________________________________________________________

88

Page 89: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

___________________________________________________________________

22.A quem pertence o terreno onde funciona o aterro?

( ) Prefeitura

( ) Outro:__________________

23.Qual a área total do aterro e há quanto tempo ele funciona?

Resposta: _______________________________________________________________

___________________________________________________________________

24.Qual a vida útil estimada para essa área? Quando esse cálculo foi previsto? Houve alterações da proposta inicial?

Resposta: _______________________________________________________________

___________________________________________________________________

25.É paga alguma taxa (aluguel) pela prefeitura para uso desta área? Qual o valor por mês?

( ) Sim, Valor: ________

( ) Não

26.Quem realiza o transporte dos resíduos sólidos até o aterro sanitário?

( ) Prefeitura

( ) Terceirizada Qual empresa? _________________________________

27.Quanto custa o transporte dos resíduos sólidos até o aterro sanitário?

Resposta: _______________________________________________________________

___________________________________________________________________

28.Qual a distância que estes resíduos sólidos são transportados até o aterro sanitário?

Resposta:

29.A área recebe resíduos de outros municípios? De quais? Existe uma parceria entre estes municípios? O município recebe algo por isto? Quanto?

89

Page 90: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

( ) Não

( ) Sim,

Descrição:_________________________________________________________

30.Os serviços são acompanhados pela prefeitura? Por qual departamento/secretaria? Com qual frequência? Quem é o responsável?

( ) Não

( ) Sim,

Descrição:_________________________________________________________

___________________________________________________________________

31.Há fiscalização da área por algum órgão ambiental? Qual? Com que frequência?

( ) Não

( ) Sim, Órgãos e frequência: __________________________________________

___________________________________________________________________

32.Existe previsão de uma área para construção de um aterro sanitário no município? Há um local definido? Há um projeto de estudo de impacto ambiental?

( ) Não

( ) Sim,

Descrição:_________________________________________________________

___________________________________________________________________

33.Existem catadores de materiais recicláveis no município?

( ) Sim. Quantos? ________

( ) Não

34.Em caso de reposta positiva, eles estão organizados em alguma cooperativa de catadores?

90

Page 91: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

( ) Sim. Quantas?__________

( ) Não

35.Existe coleta seletiva no município?

( ) Sim

( ) Não

36.Já foram realizados estudos com relação a receptividade da população à coleta seletiva:

( ) Sim,

Resultados:________________________________________________________

( ) Não

37.Existe alguma empresa no município associada à reciclagem?

( ) Sim, Empresa:

_________________________________________________________

( ) Não

38.A prefeitura possui um programa de educação ambiental, que visa a destinação adequada dos resíduos, coleta seletiva, utilização de lixeiras, entre outros?

( ) Não

( ) Sim,

Descrição:_________________________________________________________

39.Existe algum programa/projeto voltado à separação de resíduos orgânicos e inorgânicos?

( ) Não

( ) Sim,

Descrição:_________________________________________________________

91

Page 92: DIAGNÓSTICO DA DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS.doc

40. Estimativa da composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos

coletados no Município de Capão do Leão nos últimos anos:

( ) Não

( ) Sim, Descrição:

Resíduos 2009 2010 2011 2012Material reciclável

MetaisAço

AlumínioPapel, papelão e tetrapak

PlásticoVidro

Matéria orgânica

Ficam aqui nossos sinceros agradecimentos.

Dados do responsável pelas informações:

Nome completo:_____________________________________________________

Função na prefeitura municipal:_________________________________________

Assinatura:__________________________________________________________

Carimbo do setor responsável

92