Diagnostico do Potencial Ecoturistico do Municipio de Monte Alegre - Pará

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MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA RODOLPHO TOURINHO NETO Ministro de Estado SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA LUCIANO DE FREITAS BORGES Secretrio

GOVERNO DO ESTADO DO PAR ALMIR JOS DE OLIVEIRA GABRIEL Governador do Estado SECRETARIA EXECUTIVA DE INDSTRIA, COMRCIO E MINERAO ALOISIO AUGUSTO LOPES CHAVES Secretrio de Estado

PREFEITURA MUNICIPAL DE MONTE ALEGRE JARDEL VASCONCELOS CARMO Prefeito Municipal

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS

Diretor Presidente Diretor de Hidrologia e Gesto Territorial Diretor de Geologia e Recursos Minerais Diretor de Administrao e Finanas Diretor de Relaes Institucionais e Desenvolvimento Superintendente Regional de Belm Chefe do Departamento de Gesto Territorial

Carlos Oiti Berbert Gil Pereira de Souza Azeredo Antnio Juarez Milmann Martins Jos de Sampaio Portela Nunes

Augusto Wagner Padilha Martins Xafi da Silva Jorge Joo

Cssio Roberto da Silva

MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA SECRETARIA DE MINAS E METALURGIA

INFORMAES PARA GESTO TERRITORIAL - GATE PROGRAMA DE INTEGRAO MINERAL EM MUNICPIOS DA AMAZNIA PRIMAZ

DIAGNSTICO DO POTENCIAL ECOTURSTICO MUNICPIO DE MONTE ALEGRE

Autor: JOS MARIA DO NASCIMENTO PASTANA Gelogo

BELM 1999

CRDITOS DE AUTORIA JOS MARIA DO NASCIMENTO PASTANA

Reviso Geral Agildo Pina Neves Jos de Moura Carreira INFORMAES PARA GESTO TERRITORIAL - GATE PROGRAMA DE INTEGRAO MINERAL EM MUNICPIOS DA AMAZNIAPRIMAZ Executado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM Superintendncia Regional de Belm

Coordenao Editorial a cargo da Superintendncia Regional de Belm

PASTANA, Jos Maria do N. Diagnstico do potencial ecoturstico do municpio de Monte Alegre Programa Informaes para Gesto Territorial. Estado do Par: CPRM, 1999. Municpio de Monte Alegre p.:il.; + mapa Executado pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais CPRM, Superintendncia Regional de Belm

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS EQUIPE TCNICA COORDENADOR EXECUTIVO: MANOEL DA REDENO E SILVA SUPERVISOR: AGILDO PINA NEVES COORDENADOR DA REA OESTE: JOS MARIA DO NASCIMENTO PASTANA EQUIPE EXECUTORA: Jos Maria do Nascimento Pastana Sheila Cristina Fonseca Rosa (estagiria) PARTICIPAO: Alain Giorgio Bahia Xavier (PMMA) Aluzio Maral Moraes de Souza Antnio Pereira de Arajo Jnior Expedito Jorge de Souza Costa Graciete Branco Cunha da Silva Nelci Sadeck (SETRANS/MTA) DIGITAO: Josiane Macedo de Oliveira* Sheila Cristina Fonseca Rosa Tatiana Brasil Brando Gandra (PMS) APOIO DE CAMPO: Denise Silva Pamplona (estagiria) Raimundo Jos Machado Bahia * EDITORAO E CARTOGRAFIA DIGITAL: Jos Ferreira da Rocha * Rosinete Borges Cardoso Rodrigues* NORMALIZAO BIBLIOGRFICA: DOCUMENTAO FOTOGRFICA: Maria La Rebouas de Paula Jos Maria do Nascimento Pastana Thiago do Carmo Jnior (PMMA) Pinon Friaes FORMATAO: Josiane Macedo de Oliveira* * Prestador de Servio

AGRADECIMENTOS Para a elaborao deste "Diagnstico do Potencial Ecoturstico", foram necessrios a coleta e o ordenamento de um grande nmero de informaes relacionadas atividade turstica no municpio Monte Alegre. Nessas aes, foram essenciais o apoio e a parceria fornecidos por instituies e pessoas fsicas atuantes no municpio, quer no fornecimento de material para pesquisa bibliogrfica, na gerao de informaes, na cesso de fotos ilustrativas, quer no apoio durante os trabalhos de campo. Desta maneira, ficam aqui registrados os agradecimentos da CPRM/PRIMAZ Prefeitura Municipal de Monte Alegre, na pessoa do Exmo. Sr. Prefeito, Dr. Jardel Vasconcelos Carmo, pelo apoio irrestrito equipe; Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente, atravs de seu titular, Dr. Alain Giorgio Bahia Xavier, bem como Secretaria Municipal de Educao, Cultura, Desporto e Turismo, na pessoa da Professora Aldenora C. da Silva, chefa do Departamento de Cultura, pelo fornecimento de informaes consubstanciadas e atuais; ao Dr. Thiago do Carmo Jnior, Secretrio Municipal de Obras, Urbanismo e Terras Patrimoniais, o qual, juntamente com o Sr. Pinon Friaes, ecologista e historiador, foram responsveis pela cesso de grande parte da documentao fotogrfica que apresentada neste trabalho; ao Dr. Nelci Sadeck, engenheiro da SETRANS e, inegavelmente, o maior conhecedor dos stios arqueolgicos com pinturas rupestres de Monte Alegre, pelo fornecimento de farta literatura sobre o setor turstico regional, fundamental para a pesquisa bibliogrfica; ao Sr. Raimundo Jos Machado Bahia ("Deputado"), pelo apoio durante os trabalhos de campo; e, s demais pessoas e/ou instituies, que contriburam direta ou indiretamente para a realizao deste Diagnstico do Potencial Ecoturstico do Municpio de Monte Alegre.

SUMRIO 122.l 2.2 2.3 2.4 33.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 44.1 4.2 4.3 4.4 4.5 55.1 5.2 5.3 5.3.1 5.3.1.1 5.3.1.2 5.3.1.3 5.3. l .4 5.3.2 5.3.2.1 5.3.2.2 5.3.2.3 5.3.2.4 5.3.3 5.3.3.1 5.3.3.2 5.3.3.3 CONSIDERAES GERAIS CARACTERIZAO DO MUNICPIO Localizao e acesso rea e populao Clima Estrutura poltico administrativa INFRA-ESTRUTURA Malha rodoviria Hospedagem Comunicao e energia Saneamento Sistema bancrio Sade e Educao A HISTRIA DE MONTE ALEGRE O Incio da Colonizao O Perodo Pombalino O fim do Perodo Colonial A Cabanagem em Monte Alegre Depois da guerra civil POTENCIAL TURSTICO Introduo Conceituao Atrativos tursticos Atrativos histrico culturais Stios arqueolgicos e pinturas rupestres Stios lticos Stios cermicos Stios com petroglifos Atrativos fsicos Bacias hidrogrficas Cachoeiras Formaes rochosas Fontes termais sulfurosas Atrativos biolgicos Vrzea Cerrado/Savana Floresta 1 7 7 9 9 10 11 11 13 13 14 15 15 17 17 18 19 21 22 24 24 24 25 25 26 42 42 42 43 43 47 57 67 75 75 76 77

5.3.3.4 5 3.4 5.3.4.1 5.3.4.2 5.3.4.3 5.3.5 5.3.5.1 5.3.5.2 5.3.5.3 5.3.5.4 5.3.5.5 5.3 5.6 5.3.5.7 67ANEXO

Garas e botos Atrativos esportivos Pesca esportiva Montanhismo e rapel Canoagem Outros atrativos Festas religiosas Festas populares Festas cvicas Exposies Gastronomia Artesanato Folclore CONCLUSES E RECOMENDAES BIBLIOGRAFIA Mapa do Potencial Ecoturstico

78 78 78 79 79 79 79 81 81 81 82 82 83 84 86

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

1 CON SIDERAES GERAIS No atual contexto econmico mundial, o turismo a atividade que apresenta os mais elevados ndices de crescimento, movimentando, anualmente, a fantstica cifra de US$ 3,5 trilhes. Na ltima dcada, a expanso do setor atingiu cerca de 57% (EMBRATUR, 1994), da suplantando economia De acordo com a Organizao Mundial de Turismo, o nmero de turistas que empreendeu viagens internacionais, no ano de 1995, estimado em 534 milhes de pessoas; para o ano 2000, a previso de 661 milhes. Em termos de ganhos financeiros, o crescimento do turismo internacional passou de US$18 bilhes, em 1970, para US$324 bilhes, em 1993 Em termos de gerao de emprego, de acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo, o mercado turstico empregou cerca de 183 milhes de pessoas, no ano de 1991, com previso de atingir 203 milhes, em 1994. Atualmente, estimase que o setor turstico empregue um em cada nove trabalhadores no mundo, o que representa cerca de 300 milhes de empregos. Segundo o Dossi da Europa (in QUINTO, 1990), o turismo constitui uma das principais fontes geradoras de emprego nos pases da Comunidade Europia, representando cerca de 6% do emprego total, ocupando 7,5 milhes de europeus. Segundo MAYA (in QUINTO, op cit), significativo o nmero de pessoas que, anualmente, realizam algum tipo de viagem para fora de suas regies de origem, na busca de novos conhecimentos, renovao de energia ou, simplesmente, em viagens de puro lazer, na busca da valoriNa Amrica do Sul, a Argentina ocu1

zao do cio. Esse nmero chega a atingir 200 milhes de pessoas, anualmente.

segmentos

tradicionais

mundial, como as indstrias blica, automobilstica e petrolfera (revista VEJA, de 16/10/96).

(EMBRATUR, 1994). Por se tratar de uma indstria sem chamins, possvel de se desenvolver sem causar agresses ao meio ambiente, desde que devidamente planejada, e, tambm, pelo seu carter educativo, o turismo comea a despontar como um instrumento de sustentao de um novo modelo de desenvolvimento, capaz de envolver os mais diversos segmentos da sociedade, contribuindo, decisivamente, para a melhoria da qualidade de vida, nas regies com vocao para a atividade turstica.

Atualmente, a Frana o pas mais procurado por turistas do mundo inteiro, tendo sido visitada por cerca de 60 milhes de pessoas, no ano de 1995. Em seguida, vm a Espanha, os Estados Unidos, a Itlia, o Reino Unido, a China, a Hungria, o Mxico, a Polnia e a ustria.

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pa a 1a colocao (31 lugar no "ranking" mundial), sendo visitada por cerca de 4,1 milhes de turistas ao ano. Em segundo lugar, aparece o Uruguai (41 no "ranking" mundial) com 2,5 milhes de turistas ao ano.

EMBRATUR, podem ser citados os programas criados, especificamente, com o objetivo de mudar o perfil do turismo do Brasil (Folha do Meio Ambiente, 04/97): - Programa Nacional de Municipaliza-

Nesse panorama mundial, o Brasil, apesar de possuir dimenses continentais, incomensurveis recursos naturais, cerca de 8 mil quilmetros de litoral e algumas das regies mais ricas em vida animal do planeta, tem, no turismo, uma de suas atividades de menor desempenho, detendo apenas 0,05 % do mercado turstico mundial e ocupando um insignificante 42 lugar entre os pases mais procurados plos turistas internacionais. Ainda de acordo com a revista VEJA (16/10/96), no ano de 1995 o Brasil foi visitado, somente, por 2 milhes de turistas, sendo suplantado pela minscula pennsula de Macau (28 lugar), pela Romnia (37 lugar) e pelo quase desconhecido Baharein (39lugar), alm do vizinho Uruguai, anteriormente citado. Segundo reportagem da Folha do Meio Ambiente (Braslia, 04/97), "o destino Brasil representa apenas 0,3 % do total de viagens e a receita em divisas no ultrapassa a casa dos US$ 2 bilhes". Para reverter esse quadro, necessria a adoo de medidas visando a promoo, cada vez mais intensa, da atividade turstica, em nveis nacional e internacional, alm da busca da sua sustentabilidade, a longo prazo.

o do Turismo (PNMT) - criado em agosto de 1995, envolve 151 entidades diferentes; em apenas 2 anos, engajou 757 municpios em todo o pas, treinando mais de 1.000 monitores municipais. O PNMT, coordenado pela EMBRATUR, segue a orientao da Organizao Mundial do Turismo - OMT, cadastrando municpios com potencial turstico e promovendo o treinamento de guias de ecoturismo. - Programa de Qualificao Pro-

fissional dos Recursos Humanos - responsvel pelo treinamento de 32 mil trabalhadores do setor turstico; para o ano de 1997, estavam previstos recursos oriundos do Fundo de Assistncia ao Trabalhador - FAT, da ordem de US$ 16 milhes. - Programa Nacional do Finan-

ciamento do Turismo - com recursos de R$ l bilho, oriundos do BNDES. - PRODETUR - com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, visando a aplicao de US$ 800 milhes em obras de infra-estrutura bComo aes efetivas do governo federal, atravs do Instituto Brasileiro de Turismo sica, nos principais plos tursticos do Nordeste.2

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- PROECOTUR - financiado atravs do BID, visa a aplicao de US$ 210 milhes para o ordenamento do ecoturismo, na Amaznia Legal. No contexto nacional, a Amaznia destaca-se por sua extrema exuberncia, sendo detentora da maior reserva de matas tropicais do planeta, da mais extensa e complexa bacia hidrogrfica e, tambm, da maior diversidade gentica da face da terra, alm de abrigar inmeras culturas indgenas, artesanais, etc. Em funo dessa incomensurvel riqueza em recursos naturais, a regio vem experimentando, nos ltimos anos, o crescimento de um tipo particular de atividade turstica, denominada ecoturismo ou turismo ecolgico. Dentre as definies usualmente empregadas para o ecoturismo, podem ser destacadas as seguintes: - " a atividade de lazer voltada para a valorizao do cio, em que o homem busca, por necessidade e por direito, a revitalizao da capacidade interativa e do prazer ldico nas relaes com a natureza" (QUIN-

" uma forma de turismo que combina a conservao com o desenvolvimento, pois cria opes econmicas que incentivam a populao a conservar o meio ambiente"(GLASER & MARCUS, 1996). De uma forma bem mais simples, o ecoturismo pode ser caracterizado como aquele turismo desenvolvido em reas com potencial ecolgico, onde a referida atividade interage com a preservao ambiental. Detentor de cerca de 50% dos atrativos tursticos da regio amaznica, de acordo com os dados do Programa de Estudos e Pesquisas dos Vales Amaznicos - PROVAM/1995 - SUDAM/OEA, publicados no jornal O LIBERAL (Reprter 70, de 18/11/96), o Estado do Par representa uma das regies de maior potencial para investimentos no setor turstico. Todavia, ainda de acordo com aquela reportagem, apesar de todo o potencial, o turismo receptivo, no Estado, ainda insignificante, registrando apenas 40.600 turistas ao ano, os quais permanecem, em mdia, 2,5 dias. A gerao de renda a partir da atividade turstica, no Par, de apenas US$ 78,2 milhes ao ano, dos quais somente 10% esto relacionados a turistas estrangeiros. Para tentar mudar esse quadro e promover a alavancagem do setor turstico no Estado necessrio, inicialmente, o3

TO,1990). " um segmento da atividade turstica que utiliza, de forma sustentvel, o patrimnio natural e cultural, incentiva sua conservao e busca a formao de uma conscincia ambientalista atravs da interpretao do ambiente, promovendo o bem-estar das populaes envolvidas" (EMBRA-TUR,1994).

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conhecimento do real potencial das reas com maiores vocaes tursticas, em especial para o ecoturismo; em paralelo, devem ser estabelecidas aes junto a agentes financeiros nacionais e internacionais, na busca de recursos para investir na rea de infraestrutura: ampliao e/ou melhoramento da malha viria, combinada com a criao e/ou ampliao de sistemas porturios e aeroporturios, saneamento bsico, rede hoteleira, energia, sade, educao (incluindo educao ambiental), qualificao de mo-de-obra, etc. Por sua reconhecida capacidade na gerao de emprego e internalizao de renda, a atividade turstica vem tendo sua importncia cada vez mais destacada, como elemento indutor do fortalecimento econmico do Estado do Par. Essa importncia vem sendo demonstrada atravs de sucessivas aes governamentais, nas esferas federal, estadual e municipal. Recentemente, o governo do Estado priorizou a indstria do turismo para a concesso de incentivos fiscais e financeiros, atravs da Lei Estadual n 5.943, de 02.02.96 (SECTAM, 1998). Em nvel federal, a criao do PROECOTUR representa, provavelmente, o marco mais importante para a impulso do turismo na Amaznia. Tendo como principal objetivo o ordenamento do eco t u r is m o na Amaznia Legal, o PROECOTUR coordenado pela Secretaria da Amaznia Legal, do MMA, tendo o BID como agente financeiro. Os recursos so da ordem de US$ 210

milhes, sendo US$ 10 milhes somente para a fase de pr-investimentos. Esses recursos sero internalizados de forma igualitria no setor pblico e na iniciativa privada, com 50% para cada uma das partes. O programa abrange os nove estados que compem a Amaznia Legal, sendo que em cada um destes foi selecionada uma regio de reconhecida vocao turstica, onde foi instalado um plo de ecoturismo. No Estado do Par, atravs de uma ao da Secretaria de Estado de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM, foi selecionado o Plo Tapajs, que inclui os municpios de Santarm, Belterra, Aveiro e Itaituba, na bacia do Tapajs, alm de Monte Alegre, Alenquer, bidos e Oriximin, na margem esquerda do Amazonas. Segundo a SECTAM, "a seleo da regio do Plo Tapajs se constitui em opo apropriada, no s porque dispe unidades viveis para explorao sob o manejo ecoturstico, como tambm, no entorno das mesmas, situa-se uma variada cadeia de produtos tursticos potenciais, favorecendo, junto oferta de interesse ecolgico, um extraordinrio e diversificado roteiro de opes". Entre outros atrativos, o Plo Tapajs constitudo por regies de extrema beleza cnica, representadas por florestas nativas, praias de gua doce, campos naturais, reas de cerrado, vrzeas, cachoeiras, rios, lagos, serras, cavernas, etc, alm disso, merecem destaque4

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as lindssimas fauna e flora, que compem os mais diferentes ecossistemas, geralmente ainda bem preservados. O conhecimento e posterior ordenamento de todo esse potencial, deve constituir-se em um dos objetivos primordiais do

Aramana Turismo. Apoio: SECTAM e ITERPA. 3 - Fortalecimento Institucional Coordenao: Itaituba. Participao: Fundao Esperana, UFPA e Associao Crist de Moos. Prefeitura Municipal de

PROECOTUR/Plo Tapajs. A cidade de Santarm, principal centro irradiador de progresso para todo o oeste paraense, tem um destaque especial na estrutura organizacional do Plo Tapajs, a qual est assim constituda: ! Coordenao Institucional - SECTAM Apoio: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Estratgico -SEDE.

Apoio: SEICOM, PARATUR e GTT. 4 - Marco Regulatrio Coordenao: Estado. Apoio: Secretaria de Estado de DesenSECTAM/Governo do

volvimento Estratgico SEDE/Governo do Estado. 5 - Estudos e Projetos

! Coordenao Operacional - Prefeitura Municipal de Santarm Apoio: GTT e Trade ! Secretrias Tcnicas: 1 - Planejamento do Ecoturismo nos municpios do Plo Coordenao: Prefeitura Municipal de Santarm. Coordenadoria Municipal de Turismo Participao: Secretarias de Turismo dos Municpios do Plo. Apoio: PARATUR. 2- reas Protegidas Coordenao: Belterra. Participao: Prefeituras de Oriximin, Itaituba e bidos; Grupo Gestor da FLONA do Tapajs e Prefeitura Municipal de

Coordenao: Secretaria de Estado de Desenvolvimento Estratgico -

SEDE/Governo do Estado. Apoio: SEPEAN, SEICOM., PARATUR, GTT. Um dos integrantes do Plo Tapajs, o Municpio de Monte Alegre, est situado na poro nor-noroeste do Estado do Par, na margem esquerda do rio Amazonas. Originrio de uma das mais antigas fundaes urbanas do interior paraense, Monte Alegre um municpio extremamente rico em recursos naturais, que representam importantes atrativos tursticos, destacando-se, entre outros, as cavernas com pinturas rupestres, as fontes termais sulfurosas, as reas de vr-

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zea, os campos naturais, os rios e lagos piscosos, etc., alm do rico artesanato, a deliciosa cozinha regional, o clima saudvel e, sobretudo, a extrema hospitalidade de seu povo. A avaliao de todo esse imenso potencial, a partir da formao de um

banco de dados, capaz de subsidiar a elaborao de polticas pblicas voltadas para o fortalecimento do turismo da regio e, conseqentemente, da melhoria da qualidade de vida da populao, o objetivo principal do presente trabalho.

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2 CARACTERIZAO DO MUNICPIO 2.1 - Localizao e Acesso Parte integrante da Mesorregio do Baixo-Amazonas, o municpio de Monte Alegre est localizado na poro do. O acesso fluvial, efetuado por meio de embarcaes de mdio porte (barco-motor) e, eventualmente, de grande porte (navio tipo Catamar), que operam no trecho Belm/Manaus, atravs do rio Amazonas, fazendo escala em Monte Alegre. As viagens tm freqncia semanal, cobrindo um percurso de 850 km em 72 horas. Com Santarm, o acesso fluvial realizado diariamente ( exceo de domingo), atravs de barcos-motor de pequena e mdia tonelagem, que realizam um percurso de 100 km em 6 horas. Outra opo utilizar uma lancha-motor, que realiza essa viagem em 4 horas. Existe, ainda, uma terceira opo, que o uso combinado de transporte fluvial/rodovirio. H uma balsa que sai diariamente de Santarm ( exceo do domingo), transportando pessoal e veculos, inclusive nibus de passageiro, levando 2:30h para fazer o percurso Santarm/Santana do Tapar. Dali, atravs da rodovia PA-255, a cidade de Monte Alegre acessada num tempo aproximado de l :30h.

nor-noroeste do estado do Par, entre as coordenadas de 0022'51" de latitude Norte e 0225'35" de latitude Sul, e 5341'11" e 5454'12" de longitude Oeste (fig. 1). A cidade de Monte Alegre, sede municipal, est situada na poro sul-sudeste do municpio, na margem esquerda do paran do Gurupatuba, prximo ligao deste com o rio Amazonas, tendo como coordenadas centrais 0202'27MS e

5404'08"W, que correspondem sede da Prefeitura Municipal. Monte Alegre est ligada s duas principais cidades do Estado do Par - Belm e Santarm - por vias area, terrestre e fluvial. A ligao com a capital do Estado, por via area, efetuada por meio de aeronaves de pequeno e mdio portes, tipos Caravan e Bandeirante, das empresas PENTA e TAIL, respectivamente. Os vos so dirios e com escalas, de segunda a sbado, com durao aproximada de 3:00h sendo a distncia entre as duas cidades, em linha reta, de 630 km. A ligao com Santarm efetuada atravs das aeronaves supramencionadas, das mesmas empresas areas, cobrindo a distncia de 85 km num vo de aproximadamente 25 minutos, diariamente, de segunda a sba-

A ligao de Monte Alegre com os demais municpios vizinhos (Prainha,

Alenquer, bidos e Oriximin) pode ser realizada, tambm, por vias fluvial e terrestre. No primeiro caso, so utilizados7

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PROGRAMA DE INTEGRAO MINERAL EM MUNICPIOS DA AMAZNIA

-PRIMAZMAPA DE LOCALIZAOSURINAME 56 GUIANA INGLESA

RORAIMA0

ALMERIM

52

ILHA CAVIANA

ILHA MEXIANA

48 0

ALENQUER MONTE ALEGRE

PRAINHA SANTARM

AMAZONAS4

MARANHO

4

TOCANTINS8 8

MATO GROSSO56 52 48

MUNICPIO DE MONTE ALEGREESCALA 1:10.000.000

Figura 01

Servio Geolgico do Brasil

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barcos-motor, enquanto que o acesso, por via rodoviria, efetuado atravs da PA-254, havendo linhas regulares de nibus para cobrir esses percursos. 2.2 - rea e Populao A atual configurao do municpio de Monte Alegre foi estabelecida com base na Lei n 158, de 31/12/48, que criou os municpios de Juruti, bidos, Alenquer, Monte Alegre, Prainha e Itaituba, a partir do desmembramento de Santarm. De acordo com os dados oficiais (IBGE, 1994), a rea do municpio de 20.232,50 km2, conforme aprovado na Resoluo-PR N 0064, de 12 de setembro de 1994, na qual foram estabelecidos os valores para as reas dos estados e municpios do Brasil.

de Monte Alegre do tipo awi, clima tropical chuvoso, no qual as temperaturas mdias mensais nunca atingem valores inferiores a 18C e a precipitao do ms menos chuvoso alcana menos de

60mm, com perodo seco bem definido, deixando vestgios na vegetao e no apresentando variaes de estaes, com amplitude trmica inferior a 5C (SUDAM, 1984). A caracterizao climtica teve como base a srie de dados, coletados durante 11 anos na estao meteorolgica do Instituto Nacional de MeteorologiaINMET, localizada no prprio municpio, apresentados por OLIVEIRA JNIOR (1998). As temperaturas mdias mensais variam de 25,7 a 27,TC, enquanto que a mdia das mximas varia de 30,0 a

A populao atual, de acordo com o ltimo censo efetuado pelo IBGE (1996), de 49.602 habitantes, apresentando um pequeno crescimento populacional em relao ao censo anterior (1991 - 46.591 habitantes), da ordem de 5,64%, num perodo de 5 anos. Desse total, 37,75%, representam a populao urbana (18.727 habitantes), enquanto os 62,25% restantes correspondem populao rural (30.875 habitantes). 2.3 - Clima De acordo com a classificao de Kppen, o clima dominante no municpio

32,5C e a mdia das mnimas de 21,0 a 22,0C (SUDAM, op cit). O perodo mais chuvoso vai de fevereiro a maio, com precipitaes pluviomtricas mdias mensais superiores a 200mm, destacando-se o ms de abril como o auge desse perodo "invernoso" (317,2mm), contribuindo com 18% do total anual de chuva. O perodo menos chuvoso compreende os meses de setembro, outubro e novembro, com mdias mensais inferiores a 50mm, sendo que os dois ltimos contribuem, individualmente, com apenas 2% do total anual de chuva, correspondendo ao pice do perodo se9

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co "vero". A insolao mdia mensal, durante o vero, sempre superior a 225,00 horas (OLIVEIRA JNIOR, op. cit.).

cia da Cmara exercida pela vereadora Ismnia Reis Vasconcelos da Costa (PSDB).

A estrutura organizacional da Pre2.4 - Estrutura Poltico-Administrativa. feitura Municipal, de acordo com a Lei n 3.294, de 1989, est caracterizada O poder poltico-administrativo est representado pelo prefeito atual, o odontlogo Jardel Vasconcelos Carmo (PSDB), alm dos 13 vereadores que compem a Cmara Municipal, sendo 4 do PMDB, 3 do PSDB, 3 da coligao PTB/PL, 2 do PDT e l do PT; a presidnpelo

Gabinete do Prefeito, 2 Assessorias (Assessoria Tcnica e Assessoria Jurdica) e 7 Secretarias Municipais (Administrao; Finanas; Educao, Cultura, Desporto e Turismo; Sade; Assistncia e Bem Estar Social; Obras, Urbanismo e Terras Patrimoniais; Agricultura e Meio Ambiente).

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3 - INFRA ESTRUTURA semelhana da grande maioria dos municpios paraenses, Monte Alegre extremamente carente em termos de infra-estrutura bsica, muito embora a atual administrao esteja empenhada na priorizao de investimentos nos setores de educao, estradas, saneamento, etc. Entretanto, para uma regio que tem no potencial turstico uma de suas maiores vocaes, torna-se urgente a adoo de polticas pblicas voltadas para o fortalecimento da infra-estrutura bsica, em nvel municipal, alm da criao de uma conscincia generalizada de que o turismo um importante instrumento de crescimento econmico, capaz de A partir do cruzamento da PA-254 com a PA-423 (localidade denominada Placas), seguindo para oeste, em direo ao rio Maecuru, partem inmeras estradas de penetrao, para o norte e para o sul da PA-254 a intervalos regulares de 5 km; essas estradas secundrias so denominadas de Setores, sendo que aquelas direcionadas para o sul recebem as numeraes mpares (Setor l a Setor 13), enquanto as que se dirigem para o norte possuem as numeraes pares (Setor 2 a A malha rodoviria instalada no municpio est representada por trs rodovias estaduais, responsveis pela ligao de Monte Alegre com os municpios vizinhos, alm de vrias estradas municipais e ramais diversos, que respondem pelas ligaes intramunicipais. A rodovia PA-423, com direo aproximada N-S e 48 km de extenso, liga a sede do municpio PA-254, altuA PA-254 a mais importante rodovia estadual, com uma extenso de 100 km dentro do espao municipal, lira da localidade denominada Placas. Embora sem pavimentao, apresenta condies razoveis de trfego durante a11

gando Monte Alegre aos municpios de Prainha (a leste), Alenquer, bidos e Oriximin (a oeste). Apresenta direo geral E-W e razoveis condies de trfego durante o ano inteiro, mesmo no sendo pavimentada. Essa rodovia constitui, tambm, a principal ligao com a importante "zona das colnias", que representa um dos ncleos agrcolas do municpio.

contribuir para a gerao de emprego e renda, e, conseqentemente, para a melhoria da qualidade de vida da populao. 3.1- Malha rodoviria

Setor 14). Ao longo dos setores, esto instalados os assentamentos agrcolas, que respondem por grande parte da produo do municpio.

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maior parte do ano (foto 1), exceo do trecho onde a mesma corta o igarap Ipepaqu, que fica quase intransitvel

Monte Alegre ao porto de Santana do Tapar, no vizinho municpio de Santarm, local da travessia do rio Amazonas, atravs de balsa motorizada, para a cidade de Santarm. Dentro do municpio de Monte Alegre, a PA-255 tem uma extenso de 90 km, apresentando razoveis condies de trfego (foto 2) durante o ano inteiro. Essa rodovia a principal via de acesso "zona dos lagos", onde esto concentrados importantes ncleos urba-

durante o perodo de inverno. Todavia, a partir do presente ano, com a construo de uma ponte de concreto com 20m de comprimento sobre o referido curso d'gua, o trfego ao longo da PA-423 ser contnuo, durante todo o ano.

A rodovia PA-255 liga a cidade de

nos, na poro sul do municpio.

Foto 1 Rodovia PA-423 mesmo no sendo pavimentada, a rodovia apresenta razoveis condies de trfego, durante o ano inteiro.

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Foto 2 Rodovia PA-255 que liga a cidade de Monte Alegre ao porto de Santana do Tapar (Municpio de Santarm), apresentando razovel condies de trfego.

3.2-Hospedagem A falta de infra-estrutura bsica tem grande reflexo nos meios de hospedagem do municpio. Mesmo sendo considerado uma estncia hidromineral, Monte Alegre dispe de trs hotis em razoveis condies, instalados na sede municipal, capazes de abrigar os viajantes e turistas que, esporadicamente, visitam a regio.

aparelho de TV. O hotel est localizado no bairro da Cidade Alta, na esquina da Trav. Dr. Carlos Arnbio Franco com a rua Rui Barbosa (foto 3), cobrando uma diria de

R$ 15,00 a R$ 25,00, com direito a caf da manh. Os demais meios de hospedagem esto restritos a algumas penses ou hospedarias, sem condies de receber fluxo turstico, razo pela qual no so aqui citados. 3.3 - Comunicao e Energia

O Hotel Casa de Frias, um antigo convento de propriedade da Congregao Religiosa Irms da Imaculada Conceio, encontra-se, atualmente, arrendado para o Sr. Rui Macedo, o qual mantm em funcionamento um pequeno, porm agradvel hotel, dispondo de 12 quartos com banheiro privativo e ventilador, alguns poucos com frigobar e Dentre os sistemas de comunicao instalados em Monte Alegre, destacam-se os servios prestados populao pela Empresa de Correios e Telgrafo - ECT, que mantm uma agncia na sede municipal, responsvel pelo recebimento e envio de cartas e telegramas, alm do servio de Sedex.13

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Foto 3 Hotel Casa de Frias, localizado no bairro da Cidade Alta.

Os rgos de comunicao de massa esto representados pela rdio FM Pinta - Cuia, de propriedade do empresrio Mateus Almeida, inaugurada no ano 1998, alm de uma repetidora de TV que retransmite as programaes das redes Globo e Bandeirante. Os servios de telefonia so operacionalizados pela TELEMAR, que dispe de 17 telefones pblicos e cerca de 1.100 terminais de telefonia convencional, alm de postos de servios instalados nas vilas de Ingls de Sousa e Mulata. A gerao de energia eltrica est a cargo do Grupo Rede/CELPA, que mantm um sistema composto por 9 grupos geradores, com uma potncia instalada de 3.000

KWA. Essa potncia est sendo ampliada em mais 845 KWA, atravs da instalao de 5 novos grupos geradores, por meio de servios terceirizados pela empresa Guascor do Brasil. 3.4 - Saneamento O saneamento bsico, na cidade de Monte Alegre est restrito a uma rede de 27 galerias pluviais, que somente atende parte da cidade. Em virtude da inexistncia de rede de esgotamento sanitrio, os efluentes oriundos dos domiclios e das unidades comerciais so lanados, diretamente, nas vias pblicas, a cu aberto, drenando para o Paran do Gurupatuba, que passa em14

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frente cidade. A destinao final das guas servidas e dos dejetos sanitrios so as fossas domiciliares, secas ou negras; na ausncia destas, as guas servidas so lanadas diretamente nas sarjetas, a cu aberto. A produo diria de lixo na cidade de 19,2 toneladas, sendo 12 toneladas de lixo residencial e comercial, 7 toneladas de inertes e 0,2 tonelada de lixo hospitalar (QUARESMA, 1998). Na rea urbana, a coleta desse lixo efetuada, diariamente, enquanto que nos bairros perifricos a coleta irregular, ficando a prpria populao incumbida de queimar ou enterrar o lixo, ou, simplesmente, jog-lo a cu aberto. A disposio final do lixo coletado efetuada, atualmente, em dois verdadeiros lixes a cu aberto. O abastecimento d'gua, efetuado pela Companhia de Saneamento do Par COSANPA, ainda realizado de forma precria, atravs da captao de aqferos subterrneos, por meio de baterias de poos tubulares rasos (12 a 14 metros de profundidade), com utilizao de bombas a vcuo. A oferta atual da ordem de 2.500 m3/dia, suprindo, apenas, 63% da demanda, o que implica em um dficit dirio de 1.500/m3 (PASTANA & SOUZA, 1998). A gua que distribuda populao foi submetida a anlise bacteriolgica (SOUZA, 1998), no apresentando nenhum indcio de contaminao por coliformes, devido eficincia no processo de clorao, na estao de tratamento (ETA) da COSANPA. Todavia, as anlises bacteriolgicas efetuadas em amostras pro-

cedentes de poos Amazonas e tubulares rasos, perfurados por particulares, em suas prprias residncias, revelaram a presena de coliformes totais e coliformes fecais, indicando a contaminao pela presena de fossas negras s proximidades dos poos, tornando essas guas imprprias para o consumo humano. 3.5 - Sistema Bancrio O sistema bancrio que opera em Monte Alegre est representado por duas agncias instaladas na sede municipal, sendo uma do Banco do Brasil e a outra do Banco da Amaznia Sociedade Annima - BASA, localizadas na cidade alta e na cidade baixa, respectivamente. Essas duas agncias operam com o sistema "on line", no horrio das 10:00 h s 14:00 h, nos dias teis. Na agncia do Banco do Brasil est instalado um caixa eletrnico, com terminal para saques e outras operaes bancrias, funcionando das 10:00 h s 17:00 h, de segunda a sexta-feira. 3.6 - Sade e Educao Em Monte Alegre, o sistema de sade administrado e operacionalizado plos governos federal, estadual e municipal, atravs da Fundao Nacional de Sade (FNS), da Secretaria de Estado de Sade (SESPA) e da Secretaria Municipal de Sade (SESMA), respectivamente. A FNS dispe da melhor e mais antiga15

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unidade hospitalar instalada no municpio Unidade Mista de Monte Alegre - dotada de 20 leitos e responsvel pelas internaes hospitalares, atendimentos de emergncia e assistncia ambulatorial bsica. A participao da SESPA consiste numa ao conjunta com o municpio, desenvolvendo o Plano Municipal de Sade e o Programa de Agentes Municipais de Sade. A SESPA dispe, tambm, de um consultrio mdico exclusivo para os segurados do IPASEP, alm de um consultrio odontolgico. A rede municipal de sade conta com o Centro de Sade Nilo Peanha, alm de 51 postos de atendimento, com 44 salas de curativos, prestando assistncia ambulatorial bsica. A prefeitura dispe, ainda, de um consultrio mdico exclusivo para os segurados do Instituto de Previdncia do Municpio de Monte Alegre - 1PMMA, alm de um consultrio odontolgico. A rede particular integrada por dois consultrios mdicos e dois consultrios odontolgicos, alm de trs pequenos laboratrios de anlises clnicas. A exemplo de todo o interior para-

ense Monte Alegre enfrenta srios problemas relacionados educao, registrando altas taxas de evaso escolar e baixas taxas de aprendizagem. O sistema de ensino instalado no municpio mantido, exclusivamente, pelo Poder Pblico, representado pela Secretaria de Estadoa

de

Educao

(SEDUC), atravs da 6 URE (Unidade Regional de Ensino), e pela Secretaria Municipal de Educao, Cultura, Desporto e Turismo. A Universidade Federal do Par (UFPa) responsvel pelo curso de Licenciatura Plena em Letras, ministrado durante o recesso escolar, enquanto que o Estado, em parceria com o municpio, mantm dois cursos profissionalizantes Habilitao em Magistrio e Agropecuria - alm do Supletivo de 1 e 2 graus e do Projeto Gavio, destinado reciclagem de professores. Existem atualmente, no municpio, 190 escolas municipais de ensino fundamental e 41 escolas estaduais, que abrigam um contingente de 17.250 alunos (cerca de 35% da populao municipal), sob a orientao de 640 professores. Existe apenas uma escola de 2 grau, na sede municipal, com l. 170 alunos matriculados.

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4 - A HISTRIA DE MONTE ALEGRE De acordo com o historiador Arthur Csar Ferreira Reis (1942), Monte Alegre representa uma das mais antigas fundaes urbanas da Amaznia, cuja a origem antecede prpria ocupao da regio plos colonizadores lusitanos. Segundo os relatos histricos, o primeiro navegador estrangeiro que explorou a regio do Mdio-Baixo Amazonas foi o espanhol Francisco Orellana, em 1540, durante a sua viagem ao longo do Grande Rio, percorrendo-o de sua nascente at sua foz. Essa viagem deu origem a muitas lendas, como a da tribo das ndias Amazonas, que deu nome regio, ao principal rio e ao maior Estado, o Amazonas. No incio do sculo XVII, preocupado com a constante presena de invasores estrangeiros, o governo portugus enviou vrias expedies Amaznia, a fim de combat-los. Uma dessas expedies, comandada por Francisco Caldeira Castelo Branco, fundou a atual cidade de Belm, capital do estado do Par, no ano de 1616. A partir de Belm, foram organizadas vrias outras expedies, que subiram o rio Amazonas com a finalidade de expulsar os invasores das terras sob o domnio lusitano. 4.1- O Incio da Colonizao Os primeiros colonizadores portugueses chegaram regio do Mdio-Baixo AmaEmbora no exista uma definio com relao poca de fundao do ncleo originrio da atual cidade de Monte Alegre, aceito que os Capuchos da Piedade teriam iniciado a colonizao do municpio, a partir da criao de17

zonas em 1639, integrando a expedio comandada pelo capito Pedro Teixeira

(FRIAES, 1997). O primeiro local visitado foi o aldeamento de Gurupatuba, localizado na margem esquerda do Paran homnimo, cuja denominao foi herdada dos ndios Gurupatuba, antigos habitantes da regio. Alm dos Gurupatuba, outros grupos de silvcolas viviam na regio, como os Carabocas, os Bubuizes, os Mariaus e os Serranos (REIS, 1942). No incio da colonizao portuguesa, coube aos religiosos Capuchos da Piedade grande parte das terras da margem esquerda do rio Amazonas, para fundarem "misses" que tinham como principal objetivo a catequese dos ndios, daquela regio. Segundo alguns historiadores, essa catequese teria sido iniciada no comeo do sculo XVIII, antes de 1710, considerando que uma Carta Rgia datada de 2 de julho, daquele ano, entregava, a regio do Jari, aos padres da Companhia de Jesus, excluindo os religiosos das ordens das Mercs e da Piedade, os quais, no entendimento daqueles historiadores, j se encontravam em servio de catequese, na margem esquerda do Amazonas (FERREIRA PENA,...).

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uma misso, na aldeia dos Gurupatuba, s margens do Paran homnimo; posteriormente, a mesma teria sido transferida para o local onde est erigida, atualmente, a sede municipal (CORRA, 1976). Existem, todavia, controvrsias entre os historiadores com relao ordem religiosa que estabeleceu a primeira "misso" na aldeia de Gurupatuba. Segundo Arthur Cezar Ferreira Reis, um dos mais brilhantes estudiosos da histria de Monte Alegre, o primeiro posto de catequese na aldeia foi estabelecido por religiosos da Companhia de Jesus, jesutas, ainda no sculo XVII. De acordo com o mesmo autor, o jesuta missionrio Joo Felipe de Bettendorf, nascido em Luxemburgo, visitou a aldeia de Gurupatuba em 1661, tendo ali erguido uma cruz. A partir de 1681, a aldeia passou a contar com a presena permanente dos religiosos Inacianos, responsveis pela edificao de uma igreja a Nossa Senhora da Conceio. Nesse perodo, Gurupatuba experimentou uma fase de grande desenvolvimento, chegando a representar, pela sua importncia, o papel de uma verdadeira capital das misses do Baixo Amazonas. Com a chegada dos frades da Piedade, regio, Gurupatuba passou para o domnio dos mesmos, que ali se estabeleceram por mais de meio sculo, edificando, entre outras obras, um grande templo em homenagem a So Francisco de Assis, hoje padroeiro da cidade de Monte Alegre. Durante a administrao dos frades da Piedade, a posio de destaque que era ocupada por Gurupatuba foi transferida para

Gurup, onde aqueles religiosos construram uma estrutura maior. Por sua posio geogrfica, Gurupatuba representava o ncleo populacional amaznico mais ocidental, sob o domnio portugus. O estabelecimento das misses religiosas na Amaznia obedecia a um critrio geogrfico, uma vez que as mesmas se situavam, geralmente, em pontos estratgicos. Assim, alm do religioso, existia o cunho poltico, pois, a pretexto de guarnecer as misses estabelecidas, o governo de Portugal instalava fortificaes militares em pontos estratgicos, estendendo o seu domnio atravs de uma regio que, por fora do Tratado de Tordesilhas, pertencia Espanha. 4.2 - O Perodo Pombalino Com a morte de D. Joo V, rei de Portugal, subiu ao trono seu filho D. Jos, que nomeou Sebastio Jos de Carvalho e Melo - o marqus de Pombal - para a Secretaria de Negcios Estrangeiro, em 1750. Pombal logo se transformou em um influente estadista do governo portugus e, durante sua administrao, foram tomadas importantes medidas relacionadas ao Brasil, como a extino do Estado do Maranho, o fim do regime de capitanias hereditrias e a criao da Companhia Geral do Comrcio do GroPar, destinada ao fomento da produo e da exportao. Ao proclamar a libertao dos indgenas brasileiros, em 1755, Pombal entrou em18

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atrito com os religiosos da Companhia de Jesus, resultando na revolta dos Jesutas, no Par. O agravamento da crise, em Portugal, culminou com a expulso dos jesutas, tanto da nao portuguesa como de suas colnias, o que ocorreu em 1757. Para governar o Estado do GroPar e Maranho, Pombal nomeou seu irmo, Francisco Xavier de Mendona Furtado, que chegou regio amaznica em 1757. O novo governador realizou uma excelente administrao, adorando, entre outras medidas, a criao de vilas em substituio s misses religiosas instaladas na regio. Em 1758, durante uma viagem Mariu, no rio Negro, onde se encontraria com representantes do governo espanhol, a fim de tratar da demarcao dos limites entre as terras das coroas Lusitana e Espanhola, Mendona Furtado aportou em Gurupatuba, no dia 27 de fevereiro; nessa mesma data, a antiga misso foi elevada categoria de vila, recebendo a denominao de Monte Alegre, em aluso a uma vila situada ao norte de Portugal, e, tambm, beleza que o local proporcionava aos visitantes (REIS, 1942). Como vila, Monte Alegre alternou pocas de grande progresso com pocas de dificuldades, durante todo o perodo colonial. Sua economia baseava-se na produo agrcola - notadamente no plantio do cacau, um dos principais produtos de exportao, cuja cultura fora introduzida em 1802, por

D. Marcos de Noronha Brito, o Conde dos Arcos (FRIAES, 1997) - na pesca e na pecuria, esta ltima incentivada pelo Capito General Manoel Bernardo, encantado com as belas campinas existentes no territrio montealegrense (REIS, op cit). Alm disso, a vila de Monte Alegre tornou-se famosa pela produo de cuias pintadas, responsvel, at hoje, pela denominao de "pinta-cuias", para todos os montealegrenses. 4.3- O Fim do Perodo Colonial Encerrado o Perodo Pombalino, a ascenso de D. Maria I ao trono de Portugal devido ao falecimento de D. Jos -n no trouxe, de imediato, qualquer mudana significativa para as vilas instaladas na regio amaznica. Em Monte Alegre, como em todo o restante da Amaznia sob o domnio portugus, nas ltimas dcadas do Perodo Colonial, o quadro social era extremamente desfavorvel ao primitivo habitante da regio - o ndio -do qual dependia qualquer ao executada pelo poder constitudo ou plos colonos. Sem a presena do ndio, o Estado no teria mo-de-obra para a colheita, para a construo de obra pblicas e para os contingentes militares; os colonos no teriam como desenvolver suas atividades. Todavia, mesmo sendo reconhecida a sua importncia para o desenvolvimento da regio, o ndio era vtima da voracidade do Estado, atravs das aes de diretores de vilas que os exploravam e os hostilizavam,19

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num flagrante descumprimento s instrues legais de proteo aos silvcolas. Esses desmandos s foram minimizados a partir do governo de D. Francisco Maurcio de Souza Coutinho, que tambm foi o responsvel pela instalao, em Monte Alegre, de uma serraria para beneficiamento de madeiras nobres- principalmente o cedro- cujos troncos eram carregados pelo rio Amazonas, em direo ao Atlntico. A serraria Real, inaugurada no final do sculo XVIII, beneficiava as toras de cedro, transformando-as em pranchas que eram comercializadas com Belm, e, desta, exportadas para Lisboa, a fim de atender s grandes construes que eram realizadas em Portugal. A "pesca" e o posterior beneficiamento de toras de madeiras-de-lei transformou-se em um prspero negcio para os montealegrenses, que se tornaram em grandes fornecedores de matria-prima para a construo naval, notadamente em Belm, onde eram construdos navios para a frota lusitana (REIS, op cit). Na segunda dcada do sculo XIX, devido escassez de matria-prima e m administrao exercida pelo governo do Estado, a serraria Real encerrou suas atividades, em Monte Alegre, transferindo-as para o vizinho municpio do bidos. Essa transferncia representou mais uma perda para Monte Alegre, que, ao final do perodo colonial, via diminuir sua importncia econmica.

Os ideais que nortearam a Revoluo Francesa (Liberdade, Igualdade e Fraternidade) espalharam-se pelo novo mundo e chegaram Amaznia, no incio da 3a dcada do sculo XIX (1821), encontrando um clima propcio sua disseminao. Em Belm, as diferenas eram marcantes entre os reinis (pessoas naturais do reino) e os paraenses; enquanto os primeiros representavam o poder e a opulncia, aos nativos restavam o malestar, a fome e as demais dificuldades que sempre so impostas s classes menos favorecidas. Dessa maneira, as idias de democracia dos filsofos europeus passaram a constituir a aspirao maior da gente da regio. O inevitvel choque entre esses dois grupos sociais ecoou por todo o interior do Estado. Em Monte Alegre, a elite social e econmica era representada plos fazendeiros de gado, os proprietrios das plantaes de cacau, os exploradores do setor madeireiro, enfim, os senhores da terra. A grande maioria da populao, representada por descendentes de ndios, vivia margem das mais elementares conquistas sociais e, naturalmente, sonhava com mudanas nesse to injusto quadro social. Assim, a sonhada Independncia foi recebida com grande entusiasmo plos montealegrenses e, a 12 de outubro de 1822, Monte Alegre declarava sua adeso ao novo sistema liberal. Por ocasio da Independncia do Brasil, Monte Alegre ainda detinha status de vila, o que foi mantido, mesmo aps a no20

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va diviso administrativa da Amaznia, estabelecida pelo Conselho Provincial, depois de decretado o Cdigo do Processo Criminal do Imprio (REIS, op cit). 4.4 - A Cabanagem em Monte Alegre A cabanagem, o nico movimento revolucionrio atravs do qual o povo brasileiro chegou efetivamente ao poder, foi desencadeada na Provncia do Gro-Par, no perodo de 1833 a 1840. quela poca, embora o Brasil j estivesse independente h mais de uma dcada, no norte do Pas, mais precisamente no Par, os portugueses agiam como se a Nao Brasileira ainda fosse colnia de Portugal, causando profundo mal-estar e descontentamento na populao nativa, notadamente nos mais pobres, que residiam nas periferias da capital e nas regies ribeirinhas. Estes, via de regra, viviam em habitaes extremamente modestas, cobertas de palhas e denominadas "cabanas". Assim, a principal causa da revolta era o antagonismo entre portugueses e brasileiros, fomentador de um crescente sentimento de dio aos dominadores, aliado a um forte sentimento nacionalista. Com a exploso do movimento revolucionrio na capital da Provncia, precipitado pela morte prematura do cnego Batista Campos-mentor intelectual da Cabanagem - Monte Alegre passou a viver dias de agitao, assumindo a segurana

da vila o capito-mor Antnio Clemente Malcher (ironicamente, primo do primeiro presidente cabano, Flix Antnio Clemente Malcher, um montealegrense), que comandava a terceira Companhia da Guarda Nacional. Sob o comando de Antnio Malcher, Monte Alegre preparou-se para a luta armada, guarnecendo a vila para enfrentar um possvel ataque dos rebeldes cabanos, alm de enviar uma expedio a Belm, para apoiar as foras "legalistas". A seguir, aliou-se a Santarm, onde funcionava a Comarca do Baixo Amazonas, cujo juiz de direito - Dr. Joaquim Rodrigues de Souza - assumiu a defesa da regio, promovendo as aes necessrias manuteno "da ordem e da legalidade", em todo o Baixo Amazonas. O clima de tenso perdurou por todo o ano de 1835. Todavia, o esperado ataque a Monte Alegre no aconteceu, apesar das ondas de boatos que davam conta da presena cabana, s proximidades. O estado de tenso atingiu o clmax no final daquele ano, quando foi descoberto o plano cabano para tomar de assalto a vila, na noite de Natal. Com a priso dos mentores da pretensa invaso - Hilrio Incio Pereira, Jos Pires, Alexandre Sanches de Brito, Isidro Antnio Raiol e Teodoro Ruiz Vieira - imaginaram os montealegrenses que o perigo havia passado. Todavia, na madrugada de 28 de fevereiro de 1836, depois de ocuparem Breves e21

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Garupa, os cabanos finalmente atacaram Monte Alegre. A primeira vtima foi o capito- mor Antnio Clemente Malcher, seguindo-se a execuo de inmeros moradores. Monte Alegre, da mesma forma que as demais vilas do Alto e Baixo Amazonas, estava sob o domnio cabano (REIS op cit).

o vigrio Antnio Macrio Alves da Costa, o juiz municipal Tomaz Ferreira e o juiz de rfos Vitrio de Assuno. E, a 22 de julho de 1836 tinha fim a dominao em Monte Alegre, muito embora os cabanos tenham realizado outras tentativas de retomada do poder. Finalmente, em outubro do mesmo

Durante a ocupao de Monte Alegre, o governo da Provncia era exercido por Eduardo Angelim, que foi o terceiro presidente cabano. Os rebeldes de Monte Alegre, circunstancialmente no poder, reuniram a cmara local e impuseram o reconhecimento de Angelim como presidente da Provncia. A vitria cabana, quela altura, estava consumada. A partir de Monte Alegre, os rebeldes, cada vez mais fortalecidos com a chegada de novos adeptos causa, desencadeavam expedies aos ncleos que ainda opunham alguma resistncia dominao cabana. Entretanto, na capital, aumentava cada vez mais a resistncia revoluo cabana. Em abril de 1836, frente de um forte aparato militar, o general Francisco Jos Soares Andra conseguia depor Eduardo Angelim e retomar o governo da Provncia. Da mesma maneira, o Alto e o Baixo Amazonas tambm iniciavam sua reao, na tentativa de restaurar a "legalidade" em toda a regio. Em Monte Alegre, frente da resistncia estavam o presidente da Cmara, Francisco Jos Nunes,

ano, aportou em Santarm uma grande expedio enviada pelo general Soares Andra, com o objetivo de expulsar definitivamente os cabanos e pacificar a regio, contando com o apoio de Monte Alegre, que enviou um contingente para reforar a tropa legalista. Ao final do movimento cabano. Monte Alegre havia pago um alto preo: alm das centenas de vidas ceifadas, de ambos os lados conflitantes, os caoais, sua principal fonte de riqueza, estavam destrudos ou abandonados. 4.5 - Depois da Guerra Civil A partir de 1840, a recuperao da economia do municpio passou a ser a maior preocupao em Monte Alegre. Essa recuperao foi iniciada na regio dos lagos e s margens dos principais rios da regio, o Amazonas, o Maecuru e o Gurupatuba. Tradicional sociedade de agricultores e pastores, os montealegrenses dedicaram-se, novamente, a lavrar terra, abrindo novos cacoais e implantando novas fazendas de criao de gado. E o esforo no foi em vo, haja vista que, em22

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menos de duas dcadas, o municpio j estava produzindo caf, algodo e cacau (REIS, op cit). Na vila, poca habitada por apenas 4.000 moradores, a cmara concedia terrenos nas partes alta e baixa da cidade, alm de incentivar a abertura de novos comrcios, visando aumentar a renda local.

seiva da Hevea brasiliensis (seringueira), atividade que influenciou, de maneira definitiva, a histria econmica da Amaznia.

Aps a proclamao da Repblica, ocorreu uma ampla reorganizao da administrao pblica brasileira, sendo extintas as Cmaras Municipais e criados os Conselhos Municipais. Em Monte Alegre, a extino da Cmara ocorreu no dia 3 de fevereiro de 1890 (Decreto n 27), sendo

Uma significativa mudana, na vida do municpio, comeou a ocorrer a partir de 1860, quando, atrada pelas vantagens oferecidas para a explorao dos seringais, a mo-de-obra montealegrense foi abandonando a lavoura do cacau e a criao do gado, migrando para os vales dos rios Tapajs, Xingu e Madeira. Assim como outros milhares de brasileiros, os exagricultores de Monte Alegre tambm foram seduzidos pela possibilidade de auferir maiores ganhos com a extrao da

criado, no mesmo dia, o Conselho de Intendncia Municipal (Decreto n 28), com a imediata nomeao de todos os seus membros. No ano seguinte, foi realizado o primeiro pleito municipal, sob o regime republicano, sendo eleito o Presidente do Conselho (e, conseqentemente, o Intendente Municipal), Augusto Teodorico Nunes, alm dos vogais Pedro Paulo de Macedo, Miguel Maria A. Lopes, Joo Antnio Dias de Lima e Verssimo Ferreira de Moraes (CORRA, 1976).

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5 - POTENCIAL TURSTICO 5.1 - Introduo O municpio de Monte Alegre extremamente rico em recursos naturais, que constituem reas de grande beleza cnica. Entre outros, destacam-se as florestas e savanas, os rios e lagos piscosos, os igaraps de guas frias, as belas cachoeiras e mirantes naturais, alm das reas de vrzea, com suas exuberantes fauna e flora, constituindo ecossistemas bem preservados. Em adio, merecem tambm destaque o clima saudvel, o artesanato diversificado, o rico folclore e a deliciosa cozinha regional. Todavia, o maior potencial do municpio, com relao ao setor turstico, est representado pelas fontes termais sulfurosas da regio do Erer e, principalmente, pelo complexo de serras (Erer, Lua, Aroxi e Paytuna) que abrigam stios arqueolgicos com impresses da arte rupestre, registros cientificamente comprovados da mais remota ocupao humana na Amaznia e, possivelmente, nas Amricas. Nesse contexto, a prpria sede municipal- a cidade de Monte Alegre- e o seu entorno possuem inmeros atrativos que podem ser aproveitados em prol da atividade turstica, em funo de suas importncias histrico-cultural, contemplativa, cientfica ou de puro lazer. Turismo de Massa - " um tipo de24

5.2 - Conceituao Uma vez que este trabalho destinado a pessoas ainda no familiarizadas com as terminologias usualmente empregadas por especialista em turis-

mo/ecoturismo, so apresentados, a seguir, alguns conceitos bsicos sobre o tema, extrados do "Guia de Preparao do Pr-Investimento do PROECOTUR nos Plos de Ecoturismo", elaborado pelo Ministrio do Meio Ambiente, do Recursos Hdricos e da Amaznia Legal MMA, atravs da Secretaria de Coordenao da Amaznia, em 1998. Ecoturismo - " um segmento da atividade turstica que utiliza, de forma sustentvel, o patrimnio natural e cultural, incentiva sua conservao e busca a formao de uma conscincia ambientalista por meio da interpretao do meio ambiente, promovendo o bem-estar das populaes envolvidas". Ecoturista - aquele (a) que se dedica pratica do ecoturismo;em geral, um indivduo que tem acesso a informaes sobre ecologia, meio ambiente e culturas diversas. Destino Ecoturstico - "rea de elevado valor ecolgico e cultural, favorvel prtica do ecoturismo".

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turismo no qual os turistas,em grande nmero, so tratados de forma homognea, levados a conhecer os mesmos atrativos"; praticado por turistas inexperientes, que querem conhecer uma amostragem dos

meios e normas, visando a atrao de empreendimentos ecotursticos particulares". No , necessariamente, uma rea geograficamente definida, podendo consistir de corredores tursticos ou de grupos de atrativos complementares, unidos por um roteiro turstico. 5.3 - Atrativos tursticos Os recursos naturais disponveis no municpio de Monte Alegre, passveis de utilizao no setor de turis-

principais atrativos de um lugar (ou um Pas), onde tudo novo e interessante em relao sua limitada experincia. Turismo Segmentado - "modalidade de turismo com enfoque especfico"; baseia-se na atrao de segmentos do turismo, como observao de aves, pesca esportiva, turismo cientfico, canoagem, etc. Atrativos Tursticos - "so recursos naturais e culturais de interesse turstico que despertam o interesse de potenciais visitantes". Produtos Tursticos - "so atrativos tursticos preparados para receber os visitantes e atender a suas expectativas". Indutores de Fluxo - "so aqueles fatores que motivam (ou induzem) o visitante a tomar a deciso de passar suas frias (ou, simplesmente, a permanecer por mais tempo) em um determinado destino". Plo de Ecoturismo - " uma zona prioritria para investimentos, na qual o poder pblico implantar

mo/ecoturismo, foram classificados como Atrativos Histrico-Culturais, Fsicos, Biolgicos e Esportivos, de acordo com suas respectivas potencialidades como fatores indutores de fluxo. Merecem, ainda, destaque as inmeras manifestaes culturais, representadas por festas populares, cvicas, religiosas, folclricas e gastronmicas, alm do artesanato e das comidas tpicas. 5.3.1- Atrativos histrico-culturais Dentre os inmeros Atrativos Histrico-Culturais, merecem destaque os "stios arqueolgicos" e as "pinturas rupestres", testemunhos da mais remota ocupao humana na Amaznia, qui, nas Amricas. Os stios mais conhecidos esto localizados na poro centro-sul do municpio, bem caracterizados no complexo constitudo pelas serras da Lua, do Erer, do Paituna e do Aroxi.25

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5.3.1.1 - Stios arqueolgicos e Pinturas rupestres De acordo com os relatos histricos, as primeiras informaes sobre a existncia de arte rupestre na regio de Monte Alegre, foram registradas no incio do sculo XIX, pelos pesquisadores alemes Carlos Frederico Felipe de Martius (botnico) e Hohann Baptist Von Spix (zologo), que empreenderam uma viagem de estudos pelo Brasil, de 1817a 1820. Em 1871, C. F. Hartt, outro pesquisador alemo, desenvolveu estudos na regio de Monte Alegre, reportando-se s pinturas rupestres da serra da Lua. Em 1889, A. R. Wallace publicou um trabalho contendo descries das serras e grutas da regio, fazendo referncias s pinturas rupestres. Orvile Derby, em 1898, descreveu a serra do Aroxi, assinalando a exalao de gases quentes a partir de uma cavidade localizada na encosta da mesma, o que foi ratificado, bem mais tarde, em 1930, por Adolpho Ducke, que realizou pesquisas na Amaznia, entre 1919 e 1928. As pinturas rupestres localizadas na gruta de Itatupaoca (serra do Erer) foram assinaladas por Katzer, em 1933 (in SILVEIRA et ai, 1984). Mais recentemente, nas duas ltimas dcadas, a regio vem sendo objeto de estudos especficos, o que constitui uma notvel contribuio cientfica, notadamente nos campos da espeleologia e da arqueologia amaznicas. Dentre ou-

tros, podem ser destacados como de alta relevncia tcnico-cientfica os seguintes trabalhos: Roteiro Espeleolgico das Serras do Erer e Paituna (Grupo Espeleolgico Paraense/GEP: SILVEIRA, L.T.;

PINHEIRO,

R.V.L.;

PINHEIRO

S.V.L.

1984); Arte Rupestre no Par:

Anlise de Alguns Stios de Monte Alegre (CONSENS, M 1987);

Relatrio Preliminar Sobre o Levantamento e Escavaes na Caverna da Pedra Pintada, Monte Alegre , Par, Brasil, 1991: A Segunda Etapa de Campo do Projeto Arqueolgico Santarm (ROOSEVELT, A.C. 1991); Paleoindian Cave Dwellers in the Amazon: The Peopling of the Americas (ROOSEVELT, A.C. et ai. 1996).

As reas que contm os stios arqueolgicos esto relacionadas a uma das mais proeminentes estruturas geolgicas da bacia sedimentar do Mdio-Baixo Amazonas, denominada Domo de Monte Alegre, localizado na poro centro-sul do municpio, a noroeste da sede municipal.

O Domo de Monte Alegre apresenta uma forma aproximadamente elptica, com eixo maior de direo NE-SW e cerca de 30 km de extenso, e um eixo menor NW-SE, com 16 km. A poro central do26

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Domo, conhecida como Plancie Erer, apresenta coberto por um relevo tipo

do plano,

circundada por um anel de serras, onde esto situadas as grutas com pinturas rupestres (foto 4).

vegetao

savana,

Monte Alegre Serra do Erer 1 4 5 3 2 Serra do Paytuna

Foto 4 - Domo de Monte Alegre: uma das mais proeminentes estruturas geolgicas da Bacia Sedimentar do Mdio-Baixo Amazonas, constitudo por rochas do Perodo Paleozico, com idades estimadas entre 380 e 350 milhes de anos. Apresenta uma poro central com relevo plano onde se desenvolve uma vegetao do tipo savana (plancie do Erer), circundada por um anel de serras, onde esto localizadas as grutas com arte rupestre. 1- Pedra do Mirante 2- Gruta da Pedra Pintada 3- Pedra do Pilo 4- Serra da Lua 5- Gruta Itatupaoca

As rochas que compem o Domo so do Perodo Paleozico, representadas pelas formaes Erer, Curu, Faro e Monte Alegre, com idades estimadas entre 380 e 350 milhes de anos, alm da Formao Alter do Cho, do Perodo Tercirio, iniciado h 65 milhes de anos. Os seis principais stios arqueolgicos identi-

ficados por M. CONSENS (1987), na regio de Monte Alegre, esto associados s serras do Erer, Lua, Paituna e Aroxi, localizadas a oeste-sudoeste da sede municipal, em distncias que variam entre 12 a 15 km, em linha reta, cujo acesso efetuado por via rodoviria, atravs da PA 255, que d aceso Colnia Agrcola N27

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cleo Ingls de Souza, complementado por estradas vicinais e ramais. Alguns dos atrativos histrico-

deste do Domo de Monte Alegre, onde est situada a serra do Erer (PASTANA et ai, 1974).

culturais do municpio esto relacionados serra do Erer, um dos mais importantes acidentes geogrficos da regio. A serra do Erer est localizada na poro centro-sul do municpio, a oeste da cidade de Monte Alegre, distante 12 km da mesma, em linha reta. Apresenta uma forma alongada, com direo geral N60E, possuindo 4 km de comprimento, largura de l a 1,5 Km e altitude mxima de 220 m, sendo parte integrante do anel de serras que circunda a plancie do Erer (fotos 5 e 6). O perfil irregular e acidentado, exibindo topo plano e encostas abruptas, chegando a formar paredes com mais de 100 m de altura. Os solos so rasos e cascalhentos (OLIVEIRA JNIOR, 1998), enquanto que a vegetao dominantemente do tipo savana, com presena de campos limpos, campos sujos e cerrados (SILVEIRA et ai, 1984); s vezes, marcante a presena de cactos, notadamente no topo da serra. Geologicamente, a serra constituda por rochas sedimentares-arenitos-da Formao Erer, pertencente ao Perodo Devoniano, com idade aproximada de 380 milhes de anos, determinada atravs de estudos de fsseis. A orientao da serra (N60E) perfeitamente coincidente com a direo de uma grande falha geolgica (Falha do Erer) que trunca o flanco su-

O acesso a serra efetuado por via rodoviria, atravs da PA-255, desde a sede municipal at o Ncleo Ingls de Sousa, num percurso de 15 km; a partir do Ncleo, seguindo para o sul, utilizada a estrada que leva vila do Erer, sendo o deslocamento, a partir daquela vila, realizado atravs de caminhos secundrios e ramais, alguns dos quais levando diretamente s grutas. Esse deslocamento geralmente efetuado em veculo do tipo "Pick-up", tracionado, uma vez que as vias de acesso se desenvolvem, em grande parte, sobre um solo extremamente arenoso.

Na serra do Erer propriamente dita (uma vez que a serra da Lua, na realidade, parte integrante da serra do Erer), os atrativos histrico-culturais, conhecidos, est representado pela gruta Itatupaoca ou gruta da Capela, localizada no lado sudeste da serra, a uma altitude aproximada de 215 m.

A gruta Itatupaoca foi estudada, em 1984, pelo Grupo Espeleolgico Paraense (GEP), que apresentou uma descri o completa do local, incluindo uma planta baixa, em escala, onde podem ser observados vrios detalhes da gruta (fg 2). Em destaque, mostra um grande salo abobadado, com 36 m de extenso, onde28

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

29

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

celebrada

uma

missa

no

Natal

Serra da Lua

(SILVEIRA et ai, 1984). CONSENS, em 1987, ao estudar a gruta Itatupaoca, documentou a existncia de um stio com manifestaes arqueolgicas da arte rupestre. Em 1991, ROOSEVELT publicou os primeiros resultados de suas pesquisas antropolgicas na regio de Monte Alegre, onde estudou, entre outras, a gruta Itatupaoca, na qual a eminente pesquisadora norte-americana e sua equipe realizaram alguns testes com o auxlio de um trado, visando a deteco de remanescentes pr-histricos, para identificao e posterior datao. Todavia, foram recuperados apenas alguns fragmentos de cermica, relacionada a estgios culturais cermicos recentes, e descobertos alguns desenhos pintados e parcialmente recobertos por vegetao. A destacar a beleza da gruta de Itatupaoca, ressalta-se a colorao esverdeada de sua entrada, dada plos musgos e outras pequenas plantas que recobrem as paredes internas, Na referida serra, existem magnficos exemplos de pinturas polcromas, a cu-aberto e no interior das grutas. As pinturas representam uma grande variedade de motivos, reproduzidos geralmente nas cores vermelha e amarela, mais raramente em marrom e branca. Entre os vrios painis a cu-aberto, destaca-se um grande painel de pinturas rupestres, mostrando, entre outros, o desenho de um crculo com cerca de 1 m de dimetro, apresentando um ncleo amarelo-ocre e uma poro perifrica vermelha; esse desenho, que segundo os habitantes da regio simboliza a lua, responsvel pela consagrada denominao de serra da Lua. Nesse painel, podem ser observados outros desenhos bastante ntidos, mostrando crculos concntricos, com raios ou caudas, ou simples impresses de mos, todos em pintura vermelha (foto 7). Esse painel est localizado em um paredo, a cerca de 100 m de desnvel em relao base da serra, sendo acossado atravs de um caminho bastante ngreme; para quem chega serra da Lua atravs da estrada principal, o primeiro painel a ser visitado.30

A serra da Lua constitui, na realidade, uma parte da serra do Erer, estando localizada na extremidade sudoeste, desta ltima.

permanentemente midas pela presena da gua que se infiltra atravs da rocha permevel. Outro importante atrativo, localizado na serra do Erer a Pedra do Mirante; contudo, como inexiste registro arqueolgico, a mesma, ser descrita no captulo referente aos atrativos fsicos.

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Fotografia: Thiago do Carmo Jnior

Foto 7: Painel a cu-aberto, com pinturas rupestres. Serra da Lua, Monte Alegre (PA).

Outras pinturas rupestres encontradas em painis a cu-aberto, na Serra da Lua, mostram figuras humanas ou de animais, reproduzindo cenas diversas, como caadas, nascimento, etc (fotos 8 e 9).

Fotografia: Thiago do Carmo Jnior

Foto 08 - Detalhe de pinturas rupestres, mostrando figuras humanas e animais. Serra da Lua Monte Alegre (PA). 32

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Fotografia: Thiago do Carmo Jnior

Foto 09 - Detalhe de pinturas rupestres, mostrando figuras humanas e animais. Serra da Lua Monte Alegre (PA).

Serra do Paituna Est situada 2 km ao sul da serra do Erere (foto 4), possuindo direo NNW/SSE, com cerca de 3 km de extenso, largura mdia de l km e, aproximadamente, 200 m de altitude. constituda por arenitos da Formao Erer, apresentando encostas ngremes e declives acentuados; essas rochas acham-se freqentemente fraturadas, sendo que as principais fraturas so responsveis pelo con-

trole de inmeras grutas ou cavernas, as quais esto estruturadas segundo extensas e profundas fendas, que seccionam os arenitos que compem a serra do Paituna. A serra contm alguns dos mais importantes stios arqueolgicos da regio, representados tanto nas grutas como em outras formas naturais, esculpidas pela eroso elica, constituindo blocos lricos que recebem denominaes diver33

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sas, distribudos ao longo das encostas e no topo da serra. Dentre as grutas encontradas na serra do Paituna, destacam-se as grutas do Mrriep, do Labirinto e da Pedra Pintada, enquanto os principais stios lricos esto representados pela Pedra do Pilo, Pedra do Cogumelo e Pedra da Tartaruga, esta ltima localizada entre a serra do Paituna e a serra do Erere. Dentre todos esses atrativos, somente a Gruta da Pedra Pintada e a Pedra do Pilo so consideradas como atrativos histricoculturais", devido presena de painis com pinturas rupestres, sendo descritos no presente captulo. Os demais, sem a presena das pinturas polcromas, sero tratados no captulo referente aos atrativos fsicos. Gruta da Pedra Pintada Inegavelmente, o mais importante "atrativo histrico-cultural" j identificado na regio, a "Gruta da Pedra Pintada" vem sendo objeto de estudo de inmeros pesquisadores brasileiros e estrangeiros, os quais, no entanto, sempre procuraram enfocar o registro, a localizao e a descrio das pinturas rupestres, na referida gruta. A Gruta da Pedra Pintada est localizada no extremo sudeste da serra do Paituna, com cerca de 120 m de altura, em relao ao rio Amazonas. Apresentase retilnea, com direo N30W, sendo bastante fresca e ventilada, bem ilumina-

da, com acesso relativamente fcil, atravs de um ramal de estrada que leva diretamente entrada principal.

A gruta apresenta cerca de 80 m de desenvolvimento, tendo sua entrada principal representada por um amplo portal, com 9 m de largura e 8 m de altura (fotos 10 e 11), em cujas paredes se encontram painis com pinturas rupestres (fotos 12 e 13).

Em 1984, o Grupo Espeleolgico Paraense (GEP) realizou um amplo trabalho sobre espeleologia, na regio de Monte Alegre, incluindo um estudo detalhado da Gruta da Pedra Pintada, fazendo uma descrio completa da mesma, acompanhado de uma planta baixa, em escala, cuja reproduo mostrada na figura 3.

Mais recentemente, a partir de 1991, a gruta foi alvo de estudos especficos, atravs da antroploga ANNA norte-

americana

Dra.

CURTENIUS

ROOSEVELT, que realizou escavaes estratigrficas e estudos arqueobiolgicos, complementados por dataes radiocarbnicas. Esses trabalhos permitiram, pesquisadora, documentar as principais fases ocupacionais hipotticas para a regio, possibilitando um melhor entendimento da evoluo das culturas que ali se desenvolveram, desde a chegada dos primeiros habitantes at aos dias atuais.34

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Foto 10: gruta da Pedra Pintada - entrada principal. Monte Alegre - PA. Fotografia: Thiago do Carmo Junior.

Foto 11: gruta da Pedra Pintada - entrada principal, vista do interior para o exterior. Detalhes da parede e do teto da gruta. Foto: Thiago do Carmo Junior.

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Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Fotografia: Thiago do Carmo Jnior

Fotos 12 e 13 - Painel com pinturas rupestres, no interior da Gruta da Pedra Pintada; abaixo, detalhes de uma das pinturas.

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Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

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Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Os trabalhos desenvolvidos pela Dra. ANNA ROOSEVELT e equipe consistiram, inicialmente, de um levantamento topogrfico da gruta e seu entorno; em seguida, foram realizadas 20 sondagens com trado , dentro e fora da gruta, para avaliar a qualidade, a extenso e a natureza dos depsitos mais antigos. O passo seguinte foi a execuo de 6 escavaes no interior da gruta, cada uma com seo de l m x l m, nos locais propcios descoberta de depsitos arqueolgicos mais profundos e bem preservados, conforme a indicao dos furos de trado

o, revelaram idades entre 4.000 e 3.000 anos, indicativas do Perodo Formativo (ROOSEVELT, op cit). Abaixo das camadas escuras, apareceu um estrato de colorao cinza, sem registro de remanescentes humanos antigos. A seguir, apareceu uma camada de colorao cinza-escura, contendo diferentes materiais, incluindo fragmentos de cermica e rochas. Nessa camada, foram coletadas amostras de material orgnico (carapaas de moluscos, tartarugas e carvo) e efetuadas 4 dataes radiocarbnicas, que forneceram idades entre 7.500 e 6.500 anos, posicionando essa camada no Perodo Arcaico (ROOSEVELT, op cit). Abaixo do depsito Arcaico, ocorre

(ROOSEVELT, 1991). Todas as escavaes atingiram a rocha fresca, que representa o piso original da gruta. O depsito arqueolgico, encontrado, apresentou uma espessura aproximada de 1,50 m, desde a superfcie at alcanar a rocha fresca. De acordo com a descrio detalhada da pesquisadora norte-americana, o depsito multicomposto inicia com um pacote de camadas escuras, marromacinzentadas, contendo carvo e material de poste, associados com cermica

uma camada arenosa, de colorao amarela a acinzentada, com cerca de 25 cm de espessura, na qual no foram observados registros de remanescentes humanos antigos. Depois dessa camada estril, apareceu uma camada muito escura, com cerca de 20 cm de espessura, "constituda da vrias superfcies de ocupao, cobertas com micro-lascas lticas, instrumentos lticos, pigmentos, numerosas sementes de palmeira carbonizadas e algum carvo

recente; as dataes radiocarbnicas, efetuadas em amostras de carvo e material de poste, forneceram idades entre 1.000 e 500 anos, posicionando esse estrato no Perodo de Chefia. A poro inferior das camadas marromacinzentadas apresentou, alm de

cermica, semente carbonizada e carvo, que, submetidos datao, revelaram38

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

(as aspas reproduzem descries "ipsi literis" da Dra. Arma Roosevelt). Essa camada de ocupao apresentou duas pores distintas, sendo uma poro superior, onde predominam micro-lascas do material ltico, representado por diabsio, arenito silicifcado e cristais de quartzo, alm de instrumentos uni e bifaciais, lascados por presso e percusso; a poro inferior apresentou um material um pouco diferente, com abundante lascas de quartzo e numerosas peas de rocha, estas ltimas, s vezes, manchadas de vermelho, provavelmente pelo prprio pigmento

utilizado em algumas pinturas rupestres. Em toda a camada escura era freqente a presena de sementes de palmeiras, alm de alguns pedaos de carvo. As oito dataes radiocarbnicas, efetuadas nesses materiais (sementes e carvo), revelaram idades entre 11.100 e 10.300 anos, posicionando essa camada cultural no Perodo Paleondio (ROOSEVELT, op cit).

A seguir, mostrada de forma resumida, a distribuio das camadas culturais que compem o depsito arqueolgico da Gruta da Pedra Pintada.

CAMADAS CULTURAIS 1.000 a 500 anos (dataes radiocarbnicas em CHEFIA Camadas escuras, marrom acinzentadas FORMATIVO carvo e material de poste, associadas com cermica recente). 4.000 a 3.000 anos (dataes radiocarbnicas em smentes carbonizadas e carvo, associdas com cermica formativa) CERMICO ARCICO Camada estril, cinza 1,50 m PR-CERMICO 7.500 A 6.500 anos (4 dataes radiocarbnicas Camada cinza escura Camada estril, amarela e cinza (25cm) Camada muito escura (20 cm) Camada arenosa amarela, estril (15 a 25 cm) Rocha fresca xxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx PALEONDIO ARCICO em crapaas de moluscos, tartarugas e cravo) Sem registros de remanescente humanos antigos 11.300 a 10.300 anos (8 dataes radiocarbnicas, em carvo e sementes de palmeiras) Sem registro de remanescente humanos antigos

Fonte: ROOSEVELT, 1991

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Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Os trabalhos realizados pela Dra. Anna Roosevelt, em Monte Alegre, mais especificamente na Gruta da Pedra Pintada, representam a primeira informao, cientificamente comprovada, sobre a presena de Paleondios na regio amaznica, indicando uma associao dos mesmos com a arte rupestre; mostram, tambm, as similaridades entre esses stios Paleondios e outros j estudados em diferentes lugares, nas Amricas. Os resultados desses trabalhos, segundo a pesquisadora norte-americana, sugerem que as pinturas rupestres de Monte Alegre podem representar "algumas das mais antigas j identificadas no Novo Mundo e parte do estgio Paleoltico da arte rupestre".

Assim, de acordo com a descoberta arqueolgica da Dra. Anna Roosevelt, em Monte Alegre esto documentadas as melhores evidncias acerca dos povos mais antigos que habitaram a regio, provavelmente no final do Pleistoceno e incio do Holoceno (pocas geolgicas que compem o Perodo Quaternrio): os Paleondios Amaznicos. Pedra do Pilo Parte integrante da serra do Paituna, a Pedra do Pilo representa uma monumental escultura natural, localizada na poro sul da referida serra, com cerca de 120 m acima do topo da mesma (foto 14).

Fotografia: Thiago do Carmo Jnior

Foto 14 - Vista geral da Pedra do Pilo, observada de sul para norte. Serra da Paituna, Monte Alegre-PA.

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Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Fotografia: Thiago do Carmo Jnior

Foto 15 - Detalhe da Pedra do Pilo, observada de norte para sul.

A Pedra do Pilo uma das mais belas formas erosivas identificadas na regio, resultado de um processo de eroso elica, aluando sobre os arenitos da Formao Erer (foto 15). A partir desse mirante natural, possvel uma viso panormica de toda a regio, destacandose, ao sul, o esplendor da rea de vrzea, com seus inmeros lagos e, ao fundo, o rio Amazonas.

s proximidades da Pedra do Pilo, na encosta da serra do Paituna, existe um grande painel, com magnfico exemplo de arte rupestre de Monte Alegre (foto 16). Esse painel apresenta uma grande variedade de desenhos e figuras geomtricas, com destaque para um conjunto de quadrados que se interceptam, lembrando um calendrio do tempo.41

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Fotografia: Thiago do Carmo Jnior

Foto 16 Painel com pinturas rupestres, s proximidades da Pedra do Pilo. Monte Alegre - PA.

5.3.1.2-Stios lticos Representam aqueles locais onde so encontrados restos de artefatos indgenas, confeccionados em rochas e/ou minerais. Em Monte Alegre, merece destaque o stio ltico identificado e estudado pela Dra. Anna Roosevelt, na gruta da Pedra Pintada (Serra da Lua), onde foram encontrados, durante as escavaes estratigrfcas, objetos confeccionados em quartzo e calcednia, representados, principalmente , por pontas de flechas e lminas (Roosevelt et al, 1996). 5.3.1.3 - Stios Cermicos So os locais onde ocorrem restos de cermica indgena, estando bem

representados, entre outros, na serra do Erer, onde foram descobertos fragmentos de cermica representativa de estgios culturais cermicos recentes (Roosevelt, 1991). Na sede municipal, foram localizados stios cermicos na praa da Matriz e no morro do Surubeju, os quais, todavia, ainda no foram objeto de estudos especficos (informaes verbais).

5.3.1.4 - Stios com petroglifos So os locais onde existem rochas com desenhos em baixo-relevo, executados por primitivos habitantes da regio. Segundo informaes verbais, existem stios com petroglifos na cachoeira da Muira, no rio Maecuru.42

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5.3.2 Atrativos Fsicos 5.3.2.1 Bacias Hidrogrficas Pelas peculiaridades inerentes regio, as guas superficiais assumem uma importncia fundamental para as populaes amaznicas, uma vez que representam os acessos naturais s reas mais nvias, alm de constiturem sua principal fonte de alimentos. Assim, a rede hidrogrfica, integrada por 3 grandes bacias, cujos principais cursos d'gua so os rios Amazonas, Maecuru e Jauari (alto curso), destaca-se como um dos mais importantes atrativos fsicos do municpio de Monte Alegre. Alm de grandes e belos rios, essas bacias possuem igaraps de guas frias e cristalinas, bem como lagos piscosos e de acentuada beleza cnica, com seus ecossistemas bem preservados.

Atualmente, o Amazonas considerado o maior rio do mundo, tanto em extenso - 6.885 km - como em volume d'gua, lanando ao mar cerca de 300.000 m3 de gua, por segundo. As nascentes do rio Amazonas esto localizadas na Cordilheira dos Andes, no Peru, a uma altitude de 4.000 metros, a partir da confluncia dos rios Marann e Ucayali . Ao penetrar em territrio brasileiro, prximo cidade de Tabatinga (AM), recebe a denominao de Solimes, conservando-a por um percurso de 1.550 km, at cidade de Manaus, capital do vizinho Estado do Amazonas. A partir da, recebe o seu maior afluente da margem esquerda - o rio Negro - e passa a ser denominado rio Amazonas, at desaguar no oceano Atlntico. O rio Amazonas um tpico rio

Bacia do Amazonas Situada na poro sul do municpio, a bacia do Amazonas serve de limite entre Monte Alegre e os municpios de Prainha e Santarm, ocupando cerca de 15% do espao municipal e tendo como principal integrante o rio homnimo, que corta o municpio de Monte Alegre no sentido de oeste para leste e, depois, do sudoeste para nordeste, num percurso aproximado de 100 km. Nessa bacia, alm do grande rio, uma das paisagens mais marcantes a vrzea, que compreende as reas temporariamente submetidas s inundaes do Amazonas.

de plancie, com declive muito fraco. Para um percurso aproximado de 3.000 km - de Tabatinga at o oceano Atlntico - o desnvel topogrfico de 65m, o que d uma declividade mdia de apenas 20mm/km. Suas guas so barrentas, devido grande quantidade de argila em suspenso. O rio Amazonas possui largura e profundidade bastante variveis. Em frente cidade de bidos (PA), atinge sua parte mais estreita (1,9 km) e profunda (130m), conhecida como "garganta do Amazonas"; sua largura mxima est registrada s proximidades de Parintins (AM) e em frente Santarm 50 km).43

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Dentro do Municpio de Monte Alegre, a largura do Amazonas varia de 500m (a jusante da Vila de Guieiras, na vrzea) at 12 km (da margem esquerda do paran de Monte Alegre at o meio do rio, na divisa com o municpio de Prainha). A correnteza varia de 2.000 m/h, durante a estiagem, at 4.500 m/h, no perodo das enchentes, enquanto que a vazo varia de 200.000 m3/seg. a 300.000 m3/seg., lanando no mar cerca de 160 milhes de toneladas de material em suspenso, a cada ano. Alm do potencial para diversos segmentos do ecoturismo, a bacia hidrogrfica do Amazonas representa, tambm, um importante componente na economia do municpio e de toda a regio, por sua contribuio significativa na produo de pescado. Bacia do Maecuru A bacia do Maecuru ocupa cerca de 75% de toda a rea do municpio, distribuindo-se pelas pores norte e oeste, na divisa com Alenquer. O rio Maecuru constitui o principal curso d'gua, podendo ser definido como um rio tipicamente montealegrense, tendo sua bacia confinada, integralmente, ao municpio de Monte Alegre. O mdio e o alto cursos do rio Maecuru, situados ao norte da rodovia PA-254, so praticamente inacessveis visitao, pela presena de inmeras ca-

choeiras e corredeiras, obstculos naturais navegao. O seu baixo curso, ao contrrio, pode ser facilmente acossado por embarcaes de pequeno porte (impulsionadas por motor-de-popa), a partir da sede municipal, atravs do Lago Grande de Monte Alegre, local onde o rio Maecuru desgua. As nascentes do rio Maecuru situam-se no extremo norte do municpio de Monte Alegre, com coordenadas de

0 23' 30" N e 54 50' 27" WGr, na divisa com os municpios de Almerim (a leste) e Alenquer (a oeste). Trata-se de uma regio bastante elevada, com altitudes entre 300 e 400 metros, aplainada e densamente florestada, integrante do Planalto Dissecado Norte da Amaznia

(NASCIMENTO et ai, 1976). A partir da , o rio Maecuru corre no sentido norte-sul, segundo trechos sinuosos e pouco profundos, extremamente encachoeirados, atravessando regies desabitadas e de aspecto selvagem, com fauna e flora, exuberantes. Prximo foz, apresenta como caracterstica marcante meandros ou curvas pronunciadas, que cortam a regio de vrzea, compondo, no conjunto, um padro tipicamente anastomosado, resultando em um espetculo natural de rara beleza. No baixo curso do Maecuru, merece destaque a presena de inmeros lagos de grande beleza cnica, ricos em peixes e propcios observao de pssaros.44

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Bacia do Jauari Est situada na poro leste do municpios, na divisa com Prainha, ocupando cerca de 10% da rea total de Monte Alegre. O rio Jauari o principal curso d'gua, acompanhado por um afluente da margem esquerda; todavia, somente os altos cursos desses dois rios compem a bacia do Jauari, dentro dos limites do municpio de Monte Alegre. O extremo norte dessa bacia (Serra do Jauari) de difcil acesso, caracterizando uma regio plana e elevada, com altitudes prximas dos 200 metros, recoberta de Floresta Densa e Floresta Aberta com Palmeiras, sendo parte integrante do Planalto Rebaixado da Amaznia - lado norte da Bacia do Amazonas (NASCIMENTO et ai, op cit). Nessa bacia, alm da beleza cnica, destaca-se a riqueza da fauna e da flora. Igaraps So pequenos cursos d'gua, geralmente estreitos, pouco profundos e de difcil navegabilidade. Na poro centrosul do municpio, que corresponde regio habitada, e, conseqentemente, dotada de razovel infra-estrutura de acesso, merecem destaque, entre outros, o igarap Au e o igarap do Erer. O igarap Au , tambm conhecido como Cauu, um dos maiores afluentes do rio Maecuru, tendo suas nascentes

localizadas ao norte do rodovia PA-254, entre os ramais do Setor 2 e do Setor 4. Atravessa toda a poro setentrional do municpio, correndo de norte para sul, passando na vila da Mulata e prximo Andirobal; em seguida, toma o rumo oeste, at vila do Au da Fazenda. A partir desse ponto, inflete novamente para sul, at desaguar no rio Maecuru, altura da vila de Turar, prximo ao local onde a PA-225 atravessa o Maecuru. Ao longo desse percurso, o igarap Au recebe diversas denominaes, tais como Au da Mulata, Au do Ubim e Au das Pedras. Em cada um desses trechos, podem ser observadas belas paisagens e diversos outros atrativos fsicos do municpio de Monte Alegre, com destaque para a cachoeira do Au das Pedras. O igarap do Erer, bem menos extenso do que o anterior, corta toda a plancie homnima, de norte para sul, at desaguar no Lago Grande, prximo sede municipal. Como curiosidade, apresenta certos trechos de seu leito completamente revestido por lajeiros de rocha fresca. No vero, alguns desses trechos ficam completamente secos. Alm do Au e do Erer, merecem tambm destaque os igaraps Ipepaqui (ao norte da sede municipal, facilmente acessado atravs da PA - 254) e Jatuarana, que representam dois cursos d'gua perenes, de guas lmpidas e frias, propcias para banhos.

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Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Lagos Os lagos de Monte Alegre esto concentrados, principalmente, na poro sul do municpio, nas bacias dos rios Amazonas e Maecuru, intimamente relacionados com as reas de vrzea. Alm de importantes atrativos tursticos, os lagos desempenham um papel fundamental na economia municipal, como grandes produ-

tores de pescado. Nos entorno dos lagos, situam-se as regies de vrzea, periodicamente inundadas, com seus campos naturais e exuberantes flora e fauna, alm de solos de grande fertilidade (foto 17). So tambm marcantes as presenas de inmeras fazendas, com seus rebanhos de bovinos e eqinos.

Fotografia: Raimundo Cosme de Oliveira Junior

Foto 17 Lago Paracari, mostrando uma tpica rea de vrzea, com seus campos naturais e solos frteis. Monte Alegre - PA.

Os lagos de Monte Alegre representam "tpicos lagos de vrzea, ocupando depresses da plancie aluvial em formao, ou seja, reas ainda no inteiramente colmatadas (entulhadas/ preenchidas) pelo material depositado durante as cheias, no processo normal de construo das vrzeas; possuem margens pouco definidas e profundidades que variam de 2 a 6 metros, durante as cheias, e de pou-

cos centmetros a 2 metros, nas vazantes" (SILVEIRA et al, 1984). Durante as enchentes, inmeros lagos tomam-se interligados, constituindo um nico corpo de gua; no vero, quando as guas atingem seus nveis mnimos, esses lagos tomamse novamente individualizados, variando, a cada perodo (cheia/seca), sua forma e dimenses.46

Diagnstico do Potencial Ecoturstico - Cidade de Monte Alegre

Alm do potencial paisagstico, os lagos de Monte Alegre constituem locais propcios prtica da pesca esportiva, "camping", observao de pssaros e/ou vitria-rgia; cada um apresenta seu atrativo especfico, tomando-se necessria a realizao de um levantamento geral de informaes, a fim de serem estabelecidos roteiros ecotursticos diferenciados, para visitaes. Localizado na poro centro sul do municpio, o L